Senso Incomum, edição #02

Transcrição

Senso Incomum, edição #02
Direito
de quem?
Lucas Felipe Jerônimo
JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO UFU ● ANO 01 ● Nº 03 ● ABRIL ‐ MAIO/2011
Sistema de ingresso na
universidade pauta discussão de
estudantes e professores da UFU
ATUALIDADES: Transplantes no HC ganham reforços com alunos da Saúde • Universitários
dialogam sobre mídia e tecnologia com Marcelo Tas • CIÊNCIA: Empresa Júnior da Engenharia
desenvolve projetos e presta consultoria • CULTURA: Projeto do Curso de Teatro oferece oficinas
gratuitas • Diversidade marca Calourada 2011 • Dança é nova opção de graduação
Editorial
Bazinga!
Sem medo de desafios
O Senso (in)comum chega a sua terceira
edição superando desafios. O primeiro foi
montar o jornal como projeto de graduação e não
atividade curricular, com a participação de duas
alunas bolsistas e diversos voluntários, além de
uma docente e uma técnica. Vencido o primeiro,
não poderíamos nos esquivar do tema que tomou
conta das conversas dos estudantes da UFU
desde o início do semestre: o sistema de ingresso
na universidade. Tratar do assunto com a
profundidade que ele merece, exigiu da nossa
equipe uma reportagem especial. Nela, ouvimos
gestores, professores e, especialmente, alunos
sobre se e como a absorção de um número maior
do que o previsto de ingressantes está
modificando a rotina em sala de aula. Sem buscar
vítimas e vilões, tentamos fugir das polêmicas e
Stella Vieira
mostrar a questão sob outra perspectiva: como
os fatos atingem você, nosso leitor, o estudante
da UFU. O texto explica também o que é o
PAAES, resgata seus principais momentos e abre
espaço para alunos e professores dizerem o que
pensam a respeito das cotas sociais como forma
de ingresso no ensino superior. Sabemos que o
assunto divide opiniões, até mesmo entre nossa
equipe. Por isso, você também vai encontrar
aqui, na página de opinião, dois artigos que se
posicionam em direções opostas sobre este tema.
Nosso intuito não é apontar respostas certas ou
erradas, mas oferecer a você o maior número
possível de informações para ampliar seu olhar
fugindo dos lugares comuns. Agora, o desafio é
seu: ler, refletir e construir uma posição sobre o
assunto. Boa leitura!
VOZES
Quem sai ganhando?
Em 2008, a UFU substituiu seu Programa
Alternativo de Ingresso no Ensino Superior
(PAIES) pelo Programa de Ação Afirmativa de
Ingresso no Ensino Superior (PAAES). De
acordo com o edital, a medida visava beneficiar
os alunos com vagas “destinadas exclusivamente
aos candidatos que tenham cursado, na rede
pública, os últimos quatro anos do Ensino
Fundamental e todo o Ensino Médio Regular”.
Na prática, não foi o que aconteceu. No
início deste ano, a lista de aprovados continha
alunos da rede privada que se matricularam
assegurados por liminares. Se estava expresso no
edital, me pergunto por que esses alunos
burlaram a principal regra do processo seletivo?
Ingenuidade? Vaidade? Eu fico com a segunda
opção. Em outras universidades existem sistemas
parecidos, que reservam parte das vagas para
alunos de escola pública, e sempre deram certo.
Por que na UFU foi diferente? Se a UFU
destinou parte de suas vagas para alunos da rede
pública, eles têm direito de assumi-las, é a eles
que o Judiciário deveria defender.
Para não gerar mais polêmica, a UFU
Caiu na rede
Cinema e estereótipo
http://migre.me/4dSc8
A turma do OmeleTV se reúne e faz uma crítica
sobre como o Brasil é retratado nos filmes
americanos, tendo como referências a recente
animação “Rio” e o personagem Zé Carioca.
Mas Poxa Vida
http://migre.me/4dTfM
VOZES
Natália de Oliveira Santos
admitiu o mesmo número de alunos de escolas
públicas. Uma sala que deveria ter em média 40
alunos, hoje tem 50. Alguns cursos tiveram 17
estudantes excedentes, o que acarreta não só um
problema de espaço físico, mas também no
desgaste dos professores, na lotação dos
laboratórios, das lanchonetes e das filas do RU.
Para piorar, os alunos de escola pública não
foram os únicos prejudicados. Aqueles de escola
particular que não se inscreveram em respeito às
regras do edital também sairam perdendo, assim
como os que teimaram se inscrever, mas não
conseguiram a liminar para se matricular, pois
estas foram concedidas apenas para alguns.
Quem saiu ganhando nessa história?
Infelizmente, a qualidade do ensino
público não permite que os seus alunos disputem
as vagas na universidade em pé de igualdade com
os da rede particular, mas deveria. Enquanto o
problema que está na base da educação pública
não é resolvido, as instituições criam alternativas
para tentar minimizar a desigualdade. Isso gera
acomodação? Ela já existe há muito tempo e o
primeiro passo tem que ser dado por alguém.
Lucas Felipe Jerônimo
Friday
http://migre.me/4dSfK
O vídeo da adolescente americana Rebecca
Black chamado “Friday” recebeu destaque na
mídia mundial e ganhou várias versões na forma
de paródia, entre elas “Tuesday” criada por um
garoto. Mais de 1 milhão de visualizações.
Isso é pop!
http://migre.me/4eL2b
O “Mas Poxa Vida” do PC Siqueira traz uma Rihanna e Britney Spears anunciaram em
reflexão cômica sobre sonhos, o medo de escuro conversa no Twitter o lançamento da música
e a presença de Deus no Twitter.
“S&M” em versão remix.
Pra lá de Bagdá
http://migre.me/4dTbz
Mundo dos jogos
http://migre.me/4eLQU
O site Machinima apresenta como seriam os
“Jovens dançando em um show”, pode parecer fatalities de personagens lendários do mundo
uma coisa comum, mas não neste vídeo que dos games, como Mario, Link e Pac Man caso
arranca risadas de muita gente!
eles participassem de Mortal Kombat.
Olhar o sol, sem peneira
Marina Martins
O inciso I do artigo 206 da Constituição
Federal prevê “a igualdade de condições para o
acesso e permanência na escola”. Pautado nesse
princípio, contraditoriamente, foi elaborado o
projeto que reserva metade das vagas em
universidades federais para alunos que cursaram
todo o ensino médio na rede pública. O projeto
causou polêmica e, desde meados de 1990, gera
discussão entre os que consideram a proposta
uma forma de amenizar a desigualdade de
oportunidades entre brancos e negros, alunos de
escolas pública e privada e aqueles que
consideram uma forma de mascarar a verdadeira
causa do problema.
É preciso considerar as sérias
desigualdades sociais que marcam o Brasil. É
indiscutível que os que não têm condição de
pagar por uma escola particular não conseguem
concorrer de igual para igual com os que
cursaram, pelo menos, o ensino médio na rede
privada. Mas esse problema se dá justamente pela
falta de qualidade do ensino básico no país.
Tentar amenizar essa desigualdade, permitindo
que os desfavorecidos consigam entrar na
universidade sem preparo, não resolve o
problema, que vem da base, e até compromete
carreiras. Um aluno que não consegue concorrer
no vestibular pode não conseguir acompanhar
um curso superior também. Afirmam José
Goldemberg e Eunice R. Durham: “Uma política
afirmativa correta deve oferecer aos alunos das
escolas públicas, especialmente negros e pobres,
oportunidades de superarem as falhas de sua
formação anterior”.
Além disso, amenizar um problema tão
sério e de tanto tempo retira, de certa forma, uma
grande parcela da responsabilidade dos órgãos
públicos de investirem em educação
fundamental, de melhorarem o ensino gratuito.
O deputado Aldo Rebelo, do PC do B de São
Paulo, ressaltou em discussão na Câmara dos
Deputados: “Essa falsa omissão pode levar a um
processo de acomodação e retardar, portanto, a
solução verdadeira definitiva, que é a escola
pública de boa qualidade para todos”.
Não é mais possível tapar o sol com a
peneira. O sistema de cotas, contrário ao seu
objetivo, segrega ainda mais quem estudou em
escola privada e quem estudou em escola
pública. Não diminui as diferenças e aumenta o
preconceito dentro das universidades. Será
mesmo que o projeto foi pensado a partir da
preocupação em aumentar as oportunidades dos
menos favorecidos? Eu não acredito nisso!
Expediente
Arte e Diagramação: Danielle Buiatti
Revisão: Mônica Rodrigues Nunes
O jornal-laboratório Senso (in)comum é produzido por discentes, docentes e técnicos do Curso
de Comunicação Social – Jornalismo da Universidade Federal de Uberlândia como projeto de
graduação e atividade curricular.
colaboração
Reportagem e redação: Arthur Franco, Carolina
Tomaz, Cindhi Belafonte, Diélen Borges, Elisa
Chueiri, Lucas Felipe Jerônimo, Melina Paixão e
Raíssa Caixeta
Opinião: Natália de Oliveira Santos, Paula Graziela Oliveira e Stella Vieira
instituição
Fotografia: Arthur Franco, Carolina Tomaz,
Reitor: Alfredo Julio Fernandes Neto
Diretora da FACED: Mara Rúbia Alves Marques Diélen Borges, Elisa Chueiri, Lucas Felipe JerôCoordenadora do curso de Jornalismo: Adriana nimo, Marina Martins, Melina Paixão, Rodrigo
Mendonça.
Cristina Omena dos Santos
Tiragem: 2000 exemplares
equipe
Impressão: Imprensa Universitária - Gráfica UFU
Editora-chefe: Ana Spannenberg (MTB 9453) E-mail: [email protected]
Reportagem, redação e edição: Laura Laís e Ma- Telefone: (34) 3239-4163
rina Martins
MUNDO UNIVERSITÁRIO
Hospital de Clínicas é referência em transplantes
Para Ângela, a prática completa a formação
O Hospital de Clínicas da Universidade
Federal de Uberlândia realiza transplantes de
órgãos há 27 anos e é referência para a região,
atendendo cidades do Triângulo Mineiro e Alto
Paranaíba. As especialidades do HC são as
cirurgias de córneas e de rins. Dois residentes e
três especializandos atuam diretamente no setor
de transplante renal e outras duas residentes no
setor de oftalmologia.
A especializanda em nefrologia, Ângela
Elvira Pinha Martins integra o setor e colabora
participando de todo o processo de
transplantação. Entre as atividades desenvolvidas
estão a fase pré-operatória, juntamente com os
exames do paciente que ingressa no HC. Nesta
fase, os estudantes assistem à cirurgia e realizam o
tratamento do transplantado ministrando os
medicamentos adequados. “A prática é
acompanhada de aulas teóricas e as funções são
supervisionadas por médicos já formados. Poder
praticar em cada etapa deixa a minha formação
completa”, relata Ângela.
Os residentes do terceiro ano de
especialização em Oftalmologia estão envolvidos
em procedimentos semelhantes e são
supervisionados por dois médicos credenciados
no Banco de Olhos. Uma das tarefas da residente
Thays Resende Damião é estabelecer a
articulação entre o Hospital de Clínicas e a
central de transplantes do estado: “A partir da
verificação do paciente, fazemos seu cadastro na
fila de espera e encaminhamos para o MG
Transplantes. Quando ocorre a captação de uma
córnea é estabelecido um ranking de
compatibilidade.” Além disso, são os residentes
que contatam o paciente para averiguar a sua
aptidão para o transplante. O processo envolve
ainda o acompanhamento da cirurgia e a
avaliação do desenvolvimento pós-operatório.
O processo de doação de órgãos segue o
protocolo da Central de Notificação, Captação e
Doação de Órgãos e Tecidos (CNCDOs). A
Regional Oeste, que opera em Uberlândia e mais
86 cidades, está vinculada ao Hospital de
Clínicas, que funciona como um centro
transplantador. “O paciente receptor vem para o
HC, passa por uma avaliação prévia e são
realizados todos os exames em caráter de
urgência. O paciente apto é encaminhado para o
centro cirúrgico”, afirma Deusdélia Dias
Magalhães Rodrigues, coordenadora de
Enfermagem dos Transplantes Renais.
Dificuldades nas doações
Embora o índice de cirurgias tenha
aumentado nos últimos anos devido a
campanhas e políticas de incentivo a doações,
segundo o médico coordenador da Unidade de
Transplantes Renais, Heleno Batista de Oliveira,
Lucas Felipe Jerônimo
Lucas Felipe Jerônimo
Estudantes de Medicina e Enfermagem participam de todas as etapas do processo
"Cultura da não‐doação" é a maior dificuldade, afirma o
médico Heleno Oliveira
a maior dificuldade no setor ainda é a escassez de
doações: “É preciso mudar a cultura da nãodoação, eu sempre penso que não é uma vida que
se perde, mas que são quatro ou cinco que vão
surgir”. O médico coordenador do MG
Transplantes em Uberlândia, Thomson Marques
Palma aponta como problema para a realização
dos transplantes o acesso do paciente ao órgão.
“Um paciente que faça diálise em uma cidade
distante da qual será realizada o transplante
caracteriza uma dificuldade”, diz
A problemática comum encontrada se
refere à falta de conhecimento do processo de
Lucas Felipe Jerônimo
doação e transplante de órgãos por parte da
população e também dos profissionais de saúde.
De acordo com Palma, a Central deve ser
notificada a cada possibilidade de doador, o que
não acontece. A manutenção dos sinais vitais do
paciente doador em caso de morte encefálica
ainda é considerada um obstáculo, o que requer
uma equipe preparada, aparelhos e
medicamentos.
Captação dos órgãos
Um potencial doador é identificado a
partir de ligações feitas diariamente para os
hospitais de referência em trauma, neurocirurgia
e neurologia na região. Identificada um possível
doador, o MG Transplantes envia para o hospital
as diretrizes do Ministério da Saúde sobre o
processo de doação, e mantém o paciente sob
monitoramento. Após a autorização para a
doação dos órgãos por parte da família, a central
de transplantes inicia o processo de distribuição
entrando em contato com as equipes, estadual
ou nacional, de acordo com a necessidade. Em
seguida são realizados os exames para verificar na
lista de espera o paciente mais compatível. Para o
início da cirurgia é preciso que haja consenso das
equipes que farão parte da divisão dos órgãos
quanto ao momento apropriado, então é
realizado o transplante. É função do MG
Transplantes avaliar se o processo foi realizado
com sucesso e se os resultados das instituições
estão adequados.
Marcelo Tas dialoga com estudantes em Uberlândia
ral de Uberlândia (UFU), organizaram o evento
pelo quinto ano consecutivo.
Esta edição teve recorde de público: 800
credenciados, entre eles, universitários e pessoas
da comunidade. A palestra foi sobre “Revolução
digital e novas mídias”. Tas fez um paralelo com
sua própria carreira, narrando suas experiências
Rodrigo Mendonça
O jornalista Marcelo Tas participou do
“Diálogos Universitários”, em Uberlândia, no dia
seis de abril. O programa é uma parceria entre
uma empresa privada e universidades de todo o
Brasil. Estudantes da Assessoria Consultoria Planejamento Econômico (ACPE), empresa júnior
do Instituto de Economia da Universidade Fede-
O jornalista destacou a oportunidade de debater com universitários como um aprendizado
com educação, tecnologias e comunicação.
Dos tempos de faculdade, entre 1978 e
1983, quando fez Engenharia Civil e parte do curso de Rádio e TV na USP, Tas relembrou as turmas de “nerds”. Contou que, com eles,
desenvolveu alguns projetos pioneiros, como a
edição de um jornal humorístico e os vídeos da
produtora independente Olhar Eletrônico.
O público reagiu com nostalgia quando
Tas relembrou seus antigos trabalhos na TV. Entre os principais destaques estão o repórter Ernesto Varela (TV Gazeta), o Professor Tibúrcio
(Rá-Tim-Bum) e o Telekid (Castelo Rá-TimBum), os dois últimos, educativos.
Novas mídias
“A história da tecnologia não começou
recentemente, não começou com Bill Gates”, disse Marcelo Tas ao relembrar os precursores das
mídias digitais, como o inventor Arthur C. Clarke, autor de “2001: Uma Odisseia no Espaço” e
de artigos científicos da revista “Wireless World”.
Em 1945, Clarke já previa um “mundo sem fios”.
O jornalista relembrou ainda algumas
tecnologias do passado recente, como o vídeocassete e os primeiros celulares, conhecidos como “tijolões”, até chegar ao Twitter. Tas admitiu
Diélen Borges
Diélen Borges
Apresentador do “CQC” falou sobre mídias e tecnologias
Tas afirmou que o profissional do futuro é o que sabe
ouvir
que esta ferramenta “mudou o jeito de fazer o
CQC”, programa que ele apresenta na Band, porque possibilita saber o que o público está dizendo na internet sobre o conteúdo.
Em entrevista ao Senso (in) comum, Tas
disse que aprende muito dialogando com estudantes: “essa molecada que está estudando, nascendo num mundo novo em termos de mídias e
de comunicação tem muito para me ensinar”. O
apresentador lembrou que “grandes empresas,
que estão hoje transformando a realidade que a
gente vive, nasceram dentro das universidades,
como Google, Microsoft, Facebook e Apple”.
Democratização do acesso à universidade
Cláusula da ficha de inscrição é utilizada como brecha para burlar regras do sistema de
ingresso pelo PAAES e abre o debate
Cindhi Belafonte, Elisa Chueiri, Laura Laís e Melina Paixão
O primeiro semestre de 2011 começou
com uma polêmica sobre o sistema de ingresso
dos alunos pelo PAAES (Programa de Ação Afirmativa de Ingresso ao Ensino Superior). O processo seletivo é destinado apenas aos alunos de
escolas públicas, mas, apesar dessa determinação,
alunos de escolas particulares conseguiram, por
meio de ações liminares, realizar suas matrículas.
Segundo dados da Diretoria de Processos
Seletivos (DIRPS-UFU), dos 934 aprovados no
programa, 366 eram de escolas particulares, sendo que, nos cinco cursos mais concorridos da universidade, apenas 16,7% dos aprovados
representavam o ensino público. Atualmente, a
UFU conta com 71 alunos a mais do que a quantidade de vagas disponibilizadas por alguns cursos,
o que, para Inaê Vasconcellos, membro do Diretório Central dos Estudantes (DCE), “comparado
ao contingente de alunos de escolas particulares
da cidade, não são muitos estudantes”.
Mesmo assim, o número de universitários
dentro das salas de aula está maior em alguns cursos, como nos de engenharia, que somaram ao todo cerca de 30 alunos acima do convencional. Só
na Engenharia Elétrica, são oito. Para Kleiber David Rodrigues, coordenador do curso, aconteceu
um inchaço nas turmas das disciplinas do ciclo básico e isso pode ser negativo. “O desempenho acadêmico terá reflexos que vão aparecer ao longo
dessa cadeia. Agora eles não têm aulas em laboratórios. A partir do quarto período é que vamos
ver os reflexos diretos”, explica Rodrigues.
Conforme Darizon Alves de Andrade, vice-reitor da instituição, “os cursos estão fazendo
um esforço concentrado, para absorver os estudantes que foram inseridos no sistema via judicial
ainda neste semestre.” A intenção é garantir a esses alunos o direito à vaga na universidade até
que haja uma “definição e julgamento destas decisões preliminares.”
A estudante do sétimo período de Engenharia Elétrica, Camila Casadei Crespo, 22, enxerga as interferências que a entrada excessiva de
alunos pode causar. “Temos muitas aulas no laboratório. Ficam seis ou sete alunos numa bancada
mexendo com circuitos, por exemplo, e não são
todos que conseguem mexer. Além disso, tem
muita matéria que as engenharias elétrica e biomédica fazem juntas. Com esse excedente de alunos, numa sala que já é grande, quem fica no
fundo não consegue nem ouvir o que o professor
está falando”, comenta a futura engenheira.
Para o professor do curso de Pedagogia,
Roberto Valdés Puentes, dizer que se pode ensinar bem e aprender bem, independente do número de alunos em sala de aula, é um erro do ponto
de vista pedagógico e didático. Ele explica que os
processos de ensino-aprendizagem, além de serem socializados, também se caracterizam individualmente. Dessa forma, o professor tem de
pensar o seu trabalho levando em consideração
as características específicas de cada um dos alunos. “Quando a turma é muito grande, perde-se a
possibilidade de atender às necessidades individuais”, sintetiza. Ele também afirma que em um processo de construção de conhecimento, que
ocorre pelo trabalho colaborativo, na busca por
solução de problemas de aprendizagem em sala
de aula entre alunos e professor, com certeza, o
excesso de estudantes interfere de maneira negativa.
Apesar do inchaço, o DCE realiza
campanha para alertar que não ocorra discrimina-
ção na sala de aula e que nem os estudantes de
escolas particulares e nem os de pública que entraram depois sejam rechaçados. Inaê não acredita que alunos de ensino médio possam pensar,
sozinhos, em entrar com ação civil pública, pela
vara em que se pode conseguir mais facilmente
uma liminar. “Um adolescente dessa idade não
tem esse tipo de contato, esse tipo de trâmite”,
afirma. Para ela, “os estudantes são instruídos
pelos diretores e donos de escolas privadas. São
essas pessoas que têm burlado o edital e orientado seus estudantes a fazerem isso e são elas que
devem ser responsabilizadas pelo que tem acontecido”, explica.
Segundo o graduando do primeiro período de Jornalismo, Hugo de Sousa Alves, que ingressou na universidade pela terceira chamada
do PAAES, destinada apenas aos alunos de escola pública, o relacionamento é natural. “Acho que
não tem diferença nenhuma, nem preconceito”,
opina.
Controle da inscrição
A polêmica que envolve o caso PAAES
teve início a partir de uma brecha encontrada na
ficha de inscrição do candidato. Dentre os diversos nomes de escolas públicas listados, havia a
opção “Outra”, que tinha o objetivo de garantir
que alunos de escolas públicas de cidades próximas, não constantes da lista, pudessem participar
do processo.
Esta opção foi utilizada por alunos de escolas particulares para que conseguissem efetuar
suas inscrições. Carolina Rezende e Gabriela
Sampaio contam que, desde a primeira etapa, foram orientadas pelo colégio em que estudavam, a
entrar com processo judicial. “Na escola, fomos
instruídas a procurar um advogado e entrar com
pedido de mandado de segurança para que pudéssemos prestar o PAAES.”
Maria Luísa Vilela, aluna do primeiro período de Jornalismo, garantiu sua vaga por meio
de liminar judicial e esclarece: “Eu passei na seleção, não achei justo não entrar. Eu sabia que era
destinado a escola pública, mas sou contra o sistema de cotas, por isso entrei com liminar. Tenho consciência de que a concorrência é injusta,
mas eu não tenho culpa.”
Fátima Carvalho, estudante do 3º período de Geografia e membro do DCE vê a questão
das cotas como medida paliativa necessária no
cenário de educação atual. “O PAAES veio de
forma emergente principalmente para que os alunos de escola pública tenham acesso aos cursos
mais cotados na universidade. Historicamente
não existe alunos de escola pública nos cursos de
Medicina, de Direito ou de Engenharias. É muito difícil. Então o PAAES veio como medida prioritária para esses cursos.”
Para o vice-reitor, a polêmica do caso
vem de um aspecto social. “Há uma dificuldade
da sociedade de assimilar a forma como essa Resolução pretende fazer inserção social dos estudantes”, afirma. Segundo ele, os editais estão
sendo reavaliados pelos Conselhos, mas a universidade não pode impedir ou limitar as inscrições.
“Nós não temos o direito de fiscalizar o aluno no
ato de sua inscrição. Nós só podemos checar sua
condição no ato da matrícula. Isso é um aspecto
legal, então, qualquer um pode se inscrever. Uma
vez que o candidato participou, se o juiz entende
que ele passa a ter o direito a vaga, nós temos que
acatar. É um problema que temos enfrentado.”
No dia 29 de março de 2011, em reunião
extraordinária do Conselho de Gradação (CONGRAD), a UFU decidiu aderir ao Sistema de Seleção Unificada (SiSU) para o processo seletivo do
primeiro semestre de 2012. A medida visa substituir o tradicional vestibular e estabelece que a seleção de novos alunos seja realizada com base no
Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).
O processo já havia sido adotado pela universidade no início de 2010, como método de ingresso para cursos com demanda inferior a cinco
candidatos por vaga. Após a resolução, o SiSU en-
tra em vigor para todos os cursos oferecidos na
universidade, com exceção daqueles que exigem
provas de habilidades específicas.
Apesar do novo sistema avaliativo, o PAAES ainda permanece em vigor como um dos
processos de seleção para ingresso no Ensino Superior. “O PAAES é um programa que foi instituído pelo conselho Universitário da
Universidade Federal, e até que o CONSUN se
manifeste de forma diversa, o PAAES é um programa aprovado existente e a ser continuado”, esclarece o vice-reitor.
Sistema de ingresso na UFU
O polêmico percurso do PAAES
Entenda o PAAES
O Programa de Ação Afirmativa de
Ingresso ao Ensino Superior (PAAES) é um
Processo Seletivo de ingresso na UFU,
composto por três etapas, nas quais ocorre
uma avaliação seriada do aprendizado nos
conteúdos programáticos nas séries do Ensino
Médio.
O programa foi instituído em 2009,
em substituição ao Programa Alternativo de
Ingresso ao Ensino Superior (PAIES) e é
destinado exclusivamente a alunos que
tenham cursado os últimos quatro anos do
Ensino Fundamental e todo o Ensino Médio
Regular na rede pública.
Para os candidatos do PAAES, que
acontece anualmente, são destinadas 50% do
total das vagas dos cursos com regime de
entrada semestral e 25% do total das vagas
dos cursos com entrada anual.
Fala, UFU!
O Senso (in)comum perguntou a professo‐
res e alunos sobre o sistema de cotas como
modo de ingresso na universidade. Confira!
CONTRÁRIO ÀS COTAS
“Eu tenho uma ideia antiquada de que os
homens são todos iguais. Existem coisas que nos
diferenciam, mas na essência somos todos iguais.
Somos diferentes em gosto, em culturas, em
sexo, mas, privilégio não é exatamente aquilo
que se deve buscar para a sociedade. No caso do
PAAES, imagine que haja um número
determinado de vagas para todos. Essas vagas
acabam sendo sistematicamente ocupadas por
alunos de escolas particulares. Aí, para igualar as
pessoas, faz-se com que parte das vagas sejam
exclusivas para a escola pública. O pessoal da
escola privada vai continuar com a mesma
motivação e incentivo para estudar e passar no
vestibular. Portanto, eles estudarão mais que
antes, já que diminuiu o número de vagas
disponíveis. O pessoal que entrar nas vagas da
escola pública não terá que estudar tanto quanto
o da escola privada. E pior: como no Brasil a
gente quer levar vantagem em tudo, e a
vantagem é passar, não é aprender, o pessoal da
escola particular, que vai ser o real e
efetivamente privilegiado vai ficar “pê da vida”,
porque na visão superficial se dá bem quem
passa no vestibular. Tem-se que fazer com que o
segundo grau seja bom. O resto é paliativo. Não,
o resto é tiro no pé. Pior do que paliativo. E pior:
as pessoas brigam por cotas, mas quem está
brigando para que as escolas públicas do país
tenham de fato o mesmo nível das escolas
privadas? Eu sou contra todo tipo de cota,
porque elas não resolvem, não ajudam. Elas
geram a discriminação com a qual dizem que
querem acabar.”
Deolindo Menck, Professor do Instituto de
Economia
“Eu sou contra a política de cotas
porque é uma política paliativa e tira a
responsabilidade do Governo de melhorar a
educação básica. Eles falam que a melhora da
educação básica demora e por isso a gente
precisa fazer um reajuste agora para
democratizar o acesso à universidade, mas o que
a gente faz na verdade é diminuir a qualidade do
ensino na universidade, porque diminui a
qualidade dos alunos que entram e os alunos não
entram preparados devidamente. O que
acontece é que tem que haver imediatamente
uma reforma na educação, desde as bases até
todo o ensino fundamental. A gente tem que
investir na educação para poder ter um ensino
universitário ótimo e ter alunos que possam ser
selecionados igualmente, independentemente
de classe social ou etnia.”
Camila Amorim Jardim, Aluna do 3º período
de Relações Internacionais
“Eu sou contra a política de cotas,
porque é uma maneira de discriminação e todo
mundo tem a mesma capacidade de ingressar no
Ensino Superior. Se houver alguma diferença, o
modo de resolver não seria a realização de cotas
e sim a melhoria do ensino básico de escolas
públicas, para nivelar com o ensino das escolas
particulares.”
Pedro Laini Martins, Aluno do 3º período de
Ciência da Computação
FAVORÁVEL ÀS COTAS
“Eu tenho uma posição favorável às
cotas. No meu entendimento, o Brasil é um país
que historicamente se comportou de maneira
injusta com os setores mais empobrecidos, com
os setores originários da terra, os nativos, por
exemplo os indígenas e os negros, em especial e
com isso, efetivamente, a gente foi alimentando
sistemas. Se o sistema continua da maneira
como estava ele seria simplesmente um
reprodutor das realidades já existentes. Então
havia a necessidade de haver um rompimento
com isso, embora de maneira transitória. No
meu entendimento, o melhor que se pode fazer
é trabalhar para a qualidade do ensino básico de
tal maneira que todos tenham possibilidade
igual de acesso ao Ensino Superior, mas como
isso não existe, não é real, os mais pobres e
alguns setores sociais étnicos acabam ficando
impossibilitados de entrar em uma universidade
pública, se não houver a possibilidade da
distinção das cotas durante um período. Então
até que nós tenhamos uma situação melhorada
e tenhamos uma quantidade maior desses
setores com acesso a universidade, há a
necessidade de se ter a experiência das cotas. “
Cláudio di Mauro, Professor do Instituto de
Geografia e Coordenador do Curso de
Especialização em Gestão de Recursos
Hídricos.
“Eu sou a favor de cotas para ingresso
nas universidades públicas para estudantes de
escolas públicas, mas não para negros. Porque
não é simplesmente porque a pessoa é negra que
ela não vai poder ter acesso a universidade.
Tudo bem que o nosso país tem uma formação
histórica de que geralmente as pessoas de classes
mais baixas são negras ou afrodescendentes, mas
eu conheço casos de negros com boa condição
social. São negros que entraram em
universidades por causa de sistemas de cotas.
Isso às vezes priva um aluno de escola pública
que necessitava mais do que ele. Então eu acho
que tem que ter um equilíbrio, justamente
porque se você ficar aplicando as cotas, o
governo nunca vai investir onde é exatamente
necessário, que é na educação básica. Os alunos
têm que chegar preparados na universidade,
portanto não são necessárias cotas da
universidade para dentro. Até que haja essa
reparação na educação, esse investimento,
porque a gente sabe que leva muito tempo e é
um investimento muito grande e não é de uma
hora para outra, às vezes leva gerações para
melhorar a educação básica. Então, nesse meio
período, até ajustar totalmente a situação e a
gente ter um grau de qualidade na educação
básica brasileira, tem que ter as cotas para os
alunos de escolas públicas.”
Cecília Pacheco Lemos, Aluna do 3º período
de Relações Internacionais
“Eu sou a favor como uma medida
paliativa, já que uma mudança estrutural na
educação demora muito, mas eu acho que tem
que haver investimento para mudança.”
Isabela Martins Pompeu, Aluna do 3º
período de Relações Internacionais
FORMAÇÃO
Empresa júnior abre espaço para prática profissional
Alunos das engenharias elétrica e biomédica desenvolvem consultoria através da Conselt
Fotos: Carolina Tomaz
Carolina Tomaz
Diretor Presidente da Conselt, Marco Aurélio Camilo Camin, explica que a empresa não tem fins lucrativos
A inserção no mercado, muitas vezes, não
é uma atividade tão simples, mas algumas
oportunidades dentro da própria faculdade,
durante a graduação, podem ajudar tanto a
conseguir um emprego, quanto a ganhar
experiência para exercer a futura profissão. Entre
essas oportunidades, estão as empresas juniores,
como a Conselt (Empresa Júnior de Consultoria
em Engenharia Elétrica), da Universidade
Federal de Uberlândia (Ufu), criada em 1994.
A empresa possui 19 membros, sendo 17
da engenharia elétrica e dois da engenharia
Biomédica. O processo seletivo é aberto para
estudantes do terceiro ao sexto períodos nos dois
cursos. A seleção é feita através de provas escritas,
dinâmicas de grupo e entrevistas. O intuito do
processo, segundo Marco Aurélio Camilo
Camim, diretor presidente, é ensinar o aluno a
passar pelas mesmas etapas de seleção das
empresas de mercado.
Na prática, os alunos podem atuar nas
áreas de consultoria em Eletrônica Analógica e
Digital,
Controle
e
Automação,
Telecomunicações e Eletrotécnica. A empresa
oferece, ainda, o desenvolvimento de páginas da
internet, instalações elétricas e projetos de
circuitos elétricos.
Camin explica que a Conselt não tem fins
lucrativos e que os custos e melhorias na própria
empresa são obtidos através dos trabalhos
oferecidos. “Prestamos um serviço de criação de
um website que cobramos um preço 50% mais
barato que o valor de mercado. É um valor
simbólico, não visando lucro”. O presidente da
empresa júnior esclarece que os trabalhos ficam
submetidos a organização da diretoria de
projetos, coordenada pela aluna Ana Bárbara
Fernandes Neves, mas que todos os membros
contribuem de alguma forma na sua execução.
Entre os trabalhos de maior destaque,
está o aterramento de um edifício, que envolveu
grande dedicação dos membros da empresa, com
execução de laudos técnicos. Camim ressalta
também a maior consultoria feita pela Conselt,
para a Petrobrás, e um novo modelo de alarme
para carro. “Ele enviava uma mensagem para o
celular caso o veículo fosse roubado”, descreve. A
empresa júnior trabalha atualmente com o
desenvolvimento de uma lixeira falante.
A Conselt conta com o auxílio de um
professor tutor, que colabora nos
esclarecimentos de dúvidas na execução dos
trabalhos e oferece apoio nos projetos.
Mistérios do Universo
Marina Martins
Câmeras capturam
imagens de raios
Molécula pode inibir
Estudo decifra vírus da
crescimento de tumores dengue
INPE
Pesquisadores do Grupo de Eletricidade
Atmosférica (Elat) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) começaram a observar as
descargas atmosféricas sob diferentes ângulos.
Em janeiro, eles capturaram as primeiras imagens coloridas de raios já registradas no mundo
com câmeras com altas resolução e velocidade.
Segundo o coordenador do projeto, Osmar Pinto Júnior, as imagens produzidas permitirão analisar, com maior precisão, as características dos
raios e avaliar os impactos sobre os objetos que
atingem no solo. (Fonte: Agência FAPESP)
Primeiras fotografias registradas
Professor Ronaldo da Silva Mohana Borges, coordenador
do Laboratório de Genômica Estrutural do IBCCF
IBCCF
Segundo a pesquisa de Tatiana Lobo,
doutoranda do Instituto de Bioquímica Médica –
(IBqM/UFRJ), uma molécula encontrada na
glândula salivar de uma espécie de carrapato, o
Ixodes scapularis, pode impedir o crescimento de
tumores. A substância (ixolaris) foi identificada
em 2002 por um grupo de pesquisadores brasileiros do National Institutes of Health como um
potente anticoagulante. Não há a necessidade de
um exemplar do carrapato para a obtenção da
substância. A molécula é produzida através de
um processo de recombinação genética feito em
laboratório. (Fonte: www.olharvital.ufrj.br)
IBQM
Carrapato Ixodes scapularis
O Laboratório de Genômica Estrutural
do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho
(IBCCF-UFRJ) vem estudando as estruturas
moleculares do vírus da dengue para entender
como ocorre sua interação com a célula
hospedeira. A análise é o ponto de partida para
o desenvolvimento de kits de diagnóstico da
doença mais eficientes e baratos e, futuramente,
de drogas ou mesmo de uma vacina para o
controle da dengue. Os resultados preliminares
mostram que o mapeamento das proteínas do
vírus da família Flaviviridae tem sido bem
sucedido. (Fonte: www.olharvital.ufrj.br)
Atualmente, quem ocupa o cargo é Carlos
Eduardo Tavares, professor do curso de
Engenharia Elétrica. “Eu ajudo os alunos do
CONSELT com prazer, porque é uma
oportunidade muito boa para o crescimento
profissional deles”, sintetiza o docente. Na
execução de projetos que não são de sua
especialidade, outros profissionais são
consultados.
Carlos Eduardo Tavares, destaca a Conselt como
oportunidade de crescimento
Arquivos de
história
Documentos estão
disponíveis em
acervos da UFU
Raíssa Caixeta
A Universidade Federal de Uberlândia
(UFU) possui um grande acervo de discos, fotografias, documentos, mapas, livros, fitas cassetes,
folhetos e jornais antigos. Esses arquivos, que ficam no Centro de Documentação e Pesquisa em
História (CDHIS), preservam a memória e servem como fonte para pesquisadores.
O órgão foi criado em 1985 por professores do Departamento de Ciências Sociais com o
objetivo de selecionar, arquivar e preservar esta
documentação e contava, inicialmente, com material recolhido através de pesquisas e doações
particulares. Hoje, os acervos são diversificados e
servem a pesquisadores como fonte de consulta,
complementando o Instituto de História.
Os acervos estão disponíveis para a comunidade interna e externa à UFU. O Centro de
Documentação fica no segundo piso do bloco
1Q, no Campus Santa Mônica. O atendimento
ocorre de segunda a sexta-feira nos turnos da manhã e tarde. Mais informações: (34) 3239-4204
ou [email protected].
OLHARES
EXTENSÃO
Com que
roupa eu vou?
Teatro para a comunidade
Alunos ministram oficinas abertas ao público
Marina Martins
Marina Martins
costumam ter muita freqüência e
interesse. Já na UFU, os alunos que
vão escolheram ir e, por isso, é mais
prazeroso e dá mais vontade de
trabalhar como professor de teatro”.
As oficinas oferecem preparo
físico e técnico, com exercícios de
alongamento e de aquecimento,
dinâmicas e jogos. Moraes, que
também fez curso de acrobacia e usa o
que aprendeu nas aulas, explica que,
para aprender a atuar, é preciso mais que
ensaios de texto simplesmente. “Acho
importante o ator trabalhar corpo e voz, que são
seus principais instrumentos”. As atividades
ministradas exercitam também a confiança entre
o grupo e a desenvoltura individual e conjunta.
Paula Caroliny Nunes da Silva, aluna das
oficinas de sábado, relata o quanto gosta da
oportunidade: “A gente que estuda em escola
estadual tem um sonho de vir para UFU.
Qualquer brechinha que aparece para estar aqui
dentro, a gente fica muito satisfeito e vem
correndo, porque admira quem estuda aqui e
sabe que os cursos são realmente bons”. Tassiana
Borges Silva, que cursa Agronomia na UFU e
também participa nos sábados, conta que tem
muita vontade de atuar e que quando procurou
as oficinas imaginava que seriam apenas ensaios,
mas se surpreendeu com a liberdade que sentiu
nas aulas.
A estudante Emanuelle Santos da Cunha,
que começou a participar no mês de abril, explica
que as oficinas a ajudarão a trabalhar sua timidez
Atividades exercitam a confiânça no outro
Treinar a prática como professores de
teatro e oferecer a alunos de escolas públicas e à
comunidade em geral a oportunidade de
aprenderem um pouquinho sobre a arte de atuar.
Com esses objetivos, estudantes do Curso de
Teatro da Universidade Federal de Uberlândia
(UFU) realizam oficinas como estágio
obrigatório para licenciatura. A atividade faz
parte do projeto Comunidade na UFU
(COMUFU) e acontece três vezes por semana,
às segundas-feiras e sábados. Neste semestre, os
responsáveis pelas oficinas realizadas na UFU são
Ana Carolina Coutinho, Bruna Bulkool e Marcos
Prado Moraes.
Moraes considera que as oficinas ensinam
muito sobre como improvisar e se adequar ao
ritmo e realidade de cada participante. “Estou
aprendendo através das dificuldades que eles têm
e dos processos de cada um”, ressalta. O
estudante destaca a diferença entre as oficinas
realizadas nas escolas públicas e na própria
universidade, abertas para a comunidade. “Na
escola é muito burocrático e as aulas não
e a aprender a lidar melhor com as pessoas. “Eu
faço um curso de modelo e meu professor
sugeriu procurar um curso de teatro, então
resolvi ligar na UFU e me interessei pelas
oficinas”.
Já Michele Santos Fernandes freqüenta
desde o semestre passado e destaca que as
oficinas são válidas para exercitar a paciência, o
emocional e para melhorar a respiração e a
movimentação. “O que eu mais gosto é poder
interagir com pessoas que só encontro aos
sábados e também saber que tudo o que fizer
durante os encontros vai ficar lá. É um lugar onde
posso me abrir e não ter nenhum problema.
Aprendo a confiar mais no outro”.
As oficinas duram um semestre e, ao
longo do processo, os exercícios vão evoluindo e
aumentando a noção dos alunos sobre o trabalho
do ator. Ao final de cada período, a depender da
turma, é realizada, ainda, uma pequena
encenação.
Participe!
As inscrições são gratuitas e a atividade é
aberta a todos os interessados.
Local: sala de encenação do bloco 3M,
Campus Santa Mônica
Horário: Segunda-feira, das 14h às 17h e
sábados, das 9h às 12h e das 13h30 às
17h30.
Informações: (34) 3239 4413
www.demac.ufu.br
Calourada eclética atrai estudantes
Mais de 14 mil pessoas prestigiaram shows nos campi da UFU
Campus Umuarama, na quinta-feira, 31/03;
“Dom Capaz” e “Maria Fumaça”, de Uberlândia,
que subiram no palco montado no
estacionamento da reitoria da UFU, no sábado,
02/04, dia também de Trivolt, de Araxá, e de
Monograma e Fusile, vindas da capital mineira.
As bandas, selecionadas pelo Coletivo
Goma, “esquentaram” o público para o show
principal, do ex-vocalista do Ira!, Nazi, no
sábado, 02/04. O cantor pediu para que as
barreiras fossem retiradas e que o público se
aproximasse do palco e comentou, ao final, que o
show em Uberlândia foi um dos melhores que já
fez. O encerramento foi no domingo, com show
das bandas mineiras “Mata Leão” e “The
Folsoms” e, em seguida, da gaúcha “Cachorro
Grande”, na praça Sérgio Pacheco.
Elisa Chueiri
O grande desafio para montar o evento
de recepção aos calouros em 2011 foi a busca da
diversidade. A intenção foi contemplar a
variedade de gostos e opiniões dos estudantes da
Universidade Federal de Uberlândia (UFU),
com debates e programações culturais em todos
os campi da instituição. O evento aconteceu
entre os dias 29 de março e 3 de abril e foi
organizado pela nova gestão do Diretório Central
de Estudantes (DCE), “Agora só falta você”.
O tema principal dos debates foi a
“Democratização do acesso ao Ensino Superior”,
mas atividades paralelas também discutiram
sobre diversidade sexual, ação sindical,
movimento estudantil, normas de graduação,
ciência e tecnologia, verdade e anistia,
sustentabilidade e direitos humanos. Uma
novidade foi a Oficina de Midialivrismo, que
ocorreu na manhã do primeiro dia e preparou os
interessados em participar da Cobertura
Colaborativa. Esta foi uma experiência inédita
que, como afirma o DCE, ajudou na repercussão
dos eventos em sites e redes sociais.
Na programação cultural, a Calourada
2011 trouxe shows de cantores locais e regionais,
como as bandas uberlandenses “Entropia” e
“Skyhell”, que animaram o rock’n roll da quartafeira, 30/03, no CC Santa Mônica; a dupla
sertaneja “Carvalho e Mariano”, que tocou no
Nazi elogiou o público de Uberlândia
Elisa Chueiri
Inaê Vasconcellos, membro do DCE, ao
fazer um balanço do evento, considera que a
meta foi atingida. “Desde o começo a gente
planejou uma calourada que tivesse show de
pagode, sertanejo, rock, hard rock”, diz. A
programação eclética agradou e atraiu um
público variado. Heldson Luiz da Silva, aluno do
quarto período de Ciências da Computação,
destaca a presença de bandas locais. “Foi bem
misturado, mas não a ponto de causar conflito
entre os grupos, pois houve dia para cada estilo
musical”, comenta.
Fora de tom
Diego Aguirre, outro integrante do DCE,
conta que houve apenas um incidente no evento.
Na sexta-feira, 1º de abril, ocorreu uma briga
entre um ex-aluno de engenharia da UFU e o
técnico de som da banda Balakubaku, que iria se
apresentar no Centro de Convivência (CC) do
Campus Santa Mônica. Em nota de
esclarecimento, a banda informou que o show foi
suspenso, pois o técnico foi agredido e precisou
ser encaminhado ao hospital. O ex-aluno foi, por
engano, considerado membro da Charanga, mas
a Associação Atlética Acadêmica das
Engenharias lançou nota oficial se desculpando
pelo ocorrido e demonstrando repúdio a
qualquer tipo de violência.
Paula Graziela Oliveira
Quantas vezes você já se fez essa
pergunta? Por mais bobo que pareça ser,
quando escolhemos algo para vestir nos
cobrimos de signos, de diversos significados
que transmitem muito mais sobre nós do que
podemos imaginar. As informações veiculadas
nas vestimentas permitem a comunicação
entre as pessoas sem a utilização de palavras, o
que é muito perigoso. Afinal, o quanto alguém
deseja que saibam sobre ela?
Você acha que não, mas quando você
vê aquela sua amiga vestida em um modelo
com pouquíssimos centímetros, o que vem a
sua mente? Mesmo que inconsciente,
informações são absorvidas pelo observador e
outras transmitidas por ele por meio das
roupas. Dessa maneira uma comunicação se
estabelece, muito antes de palavras serem
dirigidas.
Isso não é recente. Desde a origem da
humanidade, formas de linguagens foram
surgindo para que os homens pudessem
interagir. Penas, pinturas no corpo, chapéus,
perucas, jóias, vestidos. Em diferentes
períodos da história, roupas e ornamentos
foram utilizados para mostrar posição social,
condição financeira, estado emocional e
muitos outros status. Essas possibilidades de
comunicação crescem cada vez mais
conforme a evolução humana, e claro, aguçam
aqueles interessados em compreender a
sociedade a estudarem sobre elas.
Uma dessas curiosas pelo modo de ser
humano é Alison Lurie, autora do livro A
Linguagem das Roupas, que é referência para
quem quer entender sobre o assunto. Ela não
teve dificuldades de perceber a comunicação
além da língua, até escreve: “podemos mentir
na linguagem das roupas ou tentar dizer a
verdade; porém, a menos que estejamos nus
ou carecas, é impossível ficarmos em silêncio”.
As roupas permitem que o homem
transmita sua ideologia, classe social, valores,
personalidade antes mesmo de que ele
converse com alguém. Essas informações que
são passadas caracterizam cada indivíduo,
sendo assim, o vestuário é uma ferramenta
para o destaque da individualidade na
sociedade. Mas se destacar nem sempre quer
dizer que você conseguiu mostrar quem
realmente é.
Sair comprando tudo o que se vê na
TV e em revistas, sem nem gostar do modelo,
das cores, dos tecidos, não faz sentido algum.
Vestir é algo natural para nós, fazemos isso
desde nosso nascimento. Mostrar quem
somos também. Se fazemos isso com o corpo,
com palavras, com as roupas não pode ser
diferente. Podemos ser influenciados por tudo
aquilo que vemos e lemos, mas nada pode
esconder o que realmente somos.
Então, o que você está tagarelando por
meio dessa comunicação não-verbal?
Cuidado! Se eu fosse você, pensaria duas
vezes antes de pegar a primeira roupa que ver
no guarda-roupa.
FORMAÇÃO
Baila comigo!
Fotos: Arthur Franco
Novo curso de Dança reforça potencial artístico da cidade e região
Formação permite que se reflita sobre o papel de artista cidadão
O ano de 2011 começa com
mais uma opção de formação na
Universidade Federal de Uberlândia
(UFU), o Curso de Dança. Vinculado
à Faculdade de Artes, Filosofia e
Ciências Sociais (Fafics), a graduação
é voltada para a modalidade
contemporânea, com duração de
quatro anos e habilitação em
interpretação teatro-dança.
A dança faz parte da cultura da
cidade de Uberlândia. As escolas
Película perfeita
especializadas nessa atividade são
numerosas e promovem apresentações
em vários eventos durante o ano, além
da participação em diversos festivais. A
cidade é sede, inclusive, do maior
evento de dança da região, o Festival
de Dança do Triângulo, que há 23 anos
faz parte da programação cultural de
Uberlândia e atrai públicos e
dançarinos de todas as partes do país.
A aluna Paula Poltronieri
acredita que a criação do curso vai
trazer mais respeito para a dança na
região, uma vez que vai proporcionar
aos uberlandenses a oportunidade de
uma maior valorização para a área.
Diego Zobre, único aluno do curso,
concorda e aponta ainda o quanto a
criação da graduação é interessante
para a população, “porque a formação
acadêmica é importante em qualquer
área que você vai prestar um trabalho.
Então, a dança em Uberlândia e na
região só tem a ganhar com o curso.”
Letra a letra
Elisa Chueiri
Piratas do Caribe 4
Nesta sequência, Jack
Sparrow encontra-se com uma
pessoa de seu passado, filha de
Barbanegra. Os dois saem em
busca da Fonte da Juventude com
o Capitão Barbossa, mas Jack não
sabe se ela está do seu lado ou
apenas usando-o para conseguir o
que quer. A estréia será no dia 20
de maio.
Não se pode viver sem amor
O filme conta a história
de Gabriel, menino de nove anos
que vai ao Rio de Janeiro para
procurar seu pai. Na capital
carioca, ele esbarra com figuras
singulares: João, um advogado
desempregado; Pedro um
homem que precisa escolher
entre esposa e profissão; e Gilda,
dançarina de casa noturna. No
desenrolar, vários fatos mostram
a importância do amor. Estréia
prevista para seis de maio.
Matizes
Dirigido pelo uberlandense Jair Moreira, o filme trata do
tema da intolerância racial, com a
história de três amigas que passam por situações complicadas
envolvendo a experiência do preconceito. O longa mescla ficção e
documentário, por apresentar depoimentos de representantes da
cultura afro da cidade.
Nascido no teatro
Criada dentro da proposta do
Programa de Apoio a Planos de
Reestruturação e Expansão das
Universidades Federais (Reuni), a
graduação faz parte dos 61 cursos hoje
oferecidos pela UFU. Segundo a
coordenadora e professora, Ana
Carolina Mundim, a proposta partiu
de professores do curso de Teatro. Foi
pensando na integração da já
consolidada graduação de teatro e da
modalidade de dança que se construiu
a base de todo o currículo. A intenção,
enfatiza ela, é criar uma relação híbrida
entre as habilitações.
Ana Carolina destaca o
pioneirismo da nova graduação, única
na região. Além disso, considera que a
cidade possui uma demanda por
profissionais da área, que pode ser
percebida pelo seu grande potencial
cultural e que o curso poderá reforçar.
“A partir do momento que os alunos
Arthur Franco
entram na academia, eles começam a
pensar cada vez mais sobre a própria
dança, sobre o que estão fazendo,
sobre qual a proposição artística e
sobre o seu posicionamento enquanto
artista cidadão”, completa. O novo
curso será oferecido semestralmente,
sendo ofertadas 15 vagas para aulas no
regime integral. Os alunos concluintes
se formarão bacharéis em Dança.
Serão ofertadas 15 vagas por semestre
Saindo do forno
Lucas Felipe Jerônimo
Glee: The Music Presents The Warblers
O elenco da série norte-americana
Glee lança um novo álbum. O CD traz a
versão do coral “The Warblers” para os hits
“Teenage Dream” de Katy Perry, “Raise Your
Glass” de Pink e “Somewhere Only We
Know” da banda Keane. O lançamento
aconteceu no dia 19 de abril.
Arthur Franco
O Café de Portinari na exposição do Mundo Português
Luciene Lehmkul
A autora aborda em seu livro a
Exposição do Mundo Português e o “Café”,
quadro de Portinari, que permite perceber um
estilo que passaria a ser dominante na cultura
nacional. Através do quadro, é possível entender
a representação do mundo real e as distorções
da sociedade brasileira naquele período.
Luan Santana ‐ Ao vivo no Rio
Brooklyn
Colm
Toibin
No Brasil o cenário sertanejo recebe o
novo álbum do cantor Luan Santana: “Ao
vivo no Rio”. O CD, que chegou às lojas a
partir de 11 de abril, apresenta músicas
gravadas no HSBC Arena, em dezembro do
ano passado. As canções “Química do amor”
com Ivete Sangalo e “Adrenalina” são
destaques.
Granvizir
1950. Eilis Lacey vive na pequena
Enniscorthy, Irlanda, até receber uma oferta
de trabalhar e estudar no Brooklyn, Estados
Unidos. Deixando a família para trás, Eilis
parte para América e encontra o amor.
Entretanto, ela é obrigada a voltar para a
Irlanda e escolher entre o dever e o amor.
Os Bastidores do Wikileaks
O primeiro CD da banda mineira Daniel Domschett‐Berg
Granvizir reforça a trajetória underground do
grupo. “Pare” é o primeiro single lançado em
formato digital. O CD produzido pela
gravadora carioca Blast Records chega às lojas
em breve, sem data definida.
Penso,
logo clico
Lucas Felipe Jerônimo
lyricstraining. com
O site apresenta um método fácil e divertido para aprender e
melhorar habilidades de línguas
estrangeiras como o inglês, atra-
O livro revela os bastidores do site
Wikileaks, palco de escândalos e divergências
em setembro de 2010. Domscheit-Berg expõe
a falta de transparência e neutralidade da
organização, além de mostrar a evolução do
site e as tensões internas da corporação.
vés de vídeos de música que vo- conhecer um canal do Youtube
cê escuta e preenche as letras com covers nacionais e internacidas canções.
onais. Frederico Oliveira de
Uberlândia é quem faz as perforcapinaremos. com
mances.
O que é febre na internet se encontra no “Capinaremos”. São ti- super. abril. com. br/ superverde/
rinhas sobre situações curiosas e Um pouco de meio ambiente: o
engraçadas sempre com uma re- site da revista SuperInteressante
ferência ao mundo virtual.
possui uma seção que trata sobre a natureza, ações do homem
youtube. com/ user/ fredcovers e sustentabilidade.
Como dica musical, vale a pena
seriemaniacos. com. br/ blog
Perdeu algum episódio de sua
série preferida?
Fique por
dentro de
notícias,
resumos Grey´s Anatomy
e crítica. Saiba mais sobre os termos que fazem parte do dia a
dia de quem assiste seriados e
acompanhe ainda a audiência
dos programas.