Os Cinco Continentes de Gondwana

Transcrição

Os Cinco Continentes de Gondwana
BIG BANG, O COMEÇO DE TUDO.
Desde os primórdios da civilização, o homem não se
satisfaz em observar os eventos isolados e sem explicação,
necessita de uma compreensão da ordem subjacente do
mundo. Ainda hoje ansiamos por saber por que estamos
aqui e de onde viemos. Acreditamos que fomos feitos da
matéria estelar. A nossa relação atômica e molecular com o
resto do Universo é uma ligação real e realista.
O século XX é o tempo em que se concretizaram os
sonhos mais antigos do homem, em que a humanidade ganhou asas e tornou realidade as aspirações de Dédalo, Ícaro,
da Vinci e de Santos Dumont. Respirando ar, homens a
bordo de aviões supersônicos, como o Tupolev Tu -144,
russo, o mais rápido avião de passageiros, levando 126 pessoas, atingiu a velocidade de 2.587 km por hora, realizou a
circunavegação do nosso planeta, em dezembro de 1988,
em tempo recorde.
Em outubro de 1992, o primeiro serviço de passageiros transatlântico, supersônico, era efetuado pela fantástica máquina, o Concorde da Air France, que deslizando
acima da atmosfera, transportava 128 passageiros, voando a
2.300 km por hora, fazia a volta ao globo em 32 horas e 49
minutos. Retirado do mercado em 2003, por ser considerado antieconômico. Mas o maior avião de passageiros do
mundo é o Boeing 747- 400 dos EUA, que comporta 567
passageiros e voa a uma velocidade de 1.030 km por hora.
O inicio do século XXI nós trouxe mais uma novidade em
aviação comercial, o gigantesco Super Jumbo A-380, dos
EUA, de dois andares, pode levar até 525 passageiros.
Foi nos finais do século XVIII, que o grande geólogo escocês James Hutton resumiu em poucas palavras a
vastidão e a imensidão de tempo em que a Terra, o Sol, o
Sistema Solar, as galáxias e o Universo se desenvolveram.
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Ele sublinhou que não há “vestígios de um começo,
nem previsão de um fim”.Esta frase desafiou a concepção
de um tempo muito limitado para a criação do mundo e
abriu uma nova era de pensamento geológico e cosmológico.No início do século XX surgem novos conceitos e teorias com relação ao estudo do Universo. Em 1905, o físico
alemão Albert Einstein desenvolve a Teoria da Relatividade, modificando, pela primeira vez, fundamentos da física
desde a época de Newton.
A mais importante alteração trazida pela Relatividade é que o tempo deixa de ser absoluto. Einstein é um dos
maiores gênios científicos de todos os tempos, nasceu em
Ulm na Alemanha em 1879, morreu em 18 de abril de
1955.A sua obra de física matemática é considerável e marca profundamente a ciência moderna. Em 1907 a Teoria da
Relatividade ganha uma formulação matemática mais prática com o físico alemão Hermann Minkowski. Nas equações
de Minkowski o espaço não tem apenas largura, comprimento e altura, as três dimensões usuais.Há também uma
quarta dimensão,o tempo.
Em 1916, Einstein lança as bases para uma melhor
compreensão do Universo; oferecendo aos cientistas diferentes perspectivas da origem do Universo e de toda a matéria, e, com isso, a formulação de modelos cosmológicos
consistentes. Amplia sua Teoria da Relatividade para englobar os efeitos da força da gravidade. Seu esquema teórico passa a se chamar Teoria da Relatividade Geral. Com
ela, pela primeira vez, os físicos têm fórmulas que podem
ser aplicadas ao Universo inteiro. E por meio dessas fórmulas que, mais tarde, se calcula a expansão das galáxias a
partir de uma grande explosão inicial, o Big Bang.
O modelo mais aceito atualmente é a Teoria do Big
Bang (Grande Explosão), que começou a ser elaborada ainda na década de 20. Georges Lemaître foi o primeiro teóri2
co do Big Bang. O mais produtivo desses modelos cosmológicos foi elaborado pelo físico soviético Albert Friedmann, em 1922. Ele postulou um Universo em expansão
com o tempo, a partir de uma situação no passado, de extrema densidade. As observações do astrônomo americano
Edwin Powell Hubble, enunciadas em 1929, sugeriam que
teria havido um tempo, chamado instante do Big Bang, em
que o Universo teria nascido de uma grande explosão cósmica que envolveu toda a matéria e energia do Universo
atual, entre 13,7 a 20 bilhões de anos atrás.
Até então o Universo fora infinitesimalmente pequeno e extremamente compacto, denso e quente, um ovo
cósmico cujo núcleo continha todos os elementos da estrutura do Universo, concentravam-se em um único ponto de
temperatura e densidade energética altíssimas. Esse ponto
explodiu - no instante “zero” do tempo - e iniciou-se a permanente expansão que é observada até hoje, as galáxias se
afastam umas das outras em grande velocidade. À medida
que o Universo se expandia, ele se resfriava.
A evolução do Universo, de acordo com a Teoria da
Relatividade, depende da densidade da matéria nele existente. A Teoria sobre a origem do Universo enunciada em
1948, pelo físico George Gamow, nascido em Odessa, antigo Império Russo, hoje parte da Ucrânia, propunha que o
Big Bang não é uma explosão no espaço, mas uma explosão
do espaço e do tempo.
O espaço e o tempo têm a sua origem no Big Bang.
Não havia tempo antes do Big Bang e todo o espaço foi
envolvido na explosão.O Universo do espaço e do tempo
começou, como um imenso caldeirão quente de energia,
governado por leis físicas. O Big Bang pode ser o início do
Universo ou então uma descontinuidade na qual foi destruída a informação sobre a história anterior do Universo, que
na realidade devia existir.
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A visão da Terra como parte do Universo tem
variado com o tempo. Novos conceitos e teorias, como a
Teoria Geral da Relatividade, de Einstein, ofereceram aos
cientistas diferentes perspectivas da origem do Universo e
de toda a matéria existente no Cosmo. Formulada por Niels
Bohr, cientista dinamarquês, em 1913, contemporâneo de
Albert Einstein, a mecânica quântica introduz um inevitável
elemento de imprevisibilidade ou casualidade na ciência.
Em 1926, a Lei das Probabilidades é desenvolvida a
partir do Princípio de Planck e o Princípio da Incerteza de
Werner Heisenberg, cientista alemão. De acordo com a Teoria o Universo é imprevisível, nada pode ser previsto. Em
1927, define-se o Princípio da Incerteza, sobre a qual se
baseia quase toda a física moderna. É o passo definitivo
para o estabelecimento da mecânica quântica, o autor da
definição é Werner Carl Heisenberg.
De acordo com esse Princípio, não é possível medir
com absoluta precisão, ao mesmo tempo, a velocidade e a
posição dos átomos. Ao medir uma velocidade, o cientista
sempre perturba o átomo, tirando-o um pouco da sua posição. Esta, então, já não pode ser estimada com todo o rigor.
E vice-versa: quando se tenta descobrir a posição do átomo, modifica-se sua velocidade, e a medição fica prejudicada. Nunca podemos estar certos quanto à posição e velocidade de uma partícula. O Principio da Incerteza da mecânica quântica significa que certos pares de quantidades, tais
como posição e velocidade de uma partícula, não podem ser
ambas previstas com rigor absoluto.
As estrelas oferecem muitas pistas sobre a origem
do Universo, bem como sobre a origem da Terra e do próprio homem, que possivelmente, são compostos da mesma
matéria das estrelas. Os dados radiométricos das rochas
mais antigas da Terra e da Lua dão-nos pistas sobre a idade
do Sistema Solar, cerca de 5 bilhões de anos. O resfriamen4
to e a consolidação sob o efeito da gravidade dos gases interestelares e poeiras criaram o Sol e endureceram progressivamente objetos amontoados por concreção e que se condensaram para formar os planetas e as suas luas.
A Via Láctea é um exemplo de uma grande galáxia
em espiral de aglomerados de estrelas. O Sol nasceu no seio
da Via Láctea, a sua luz é feita de partículas minúsculas e
indivisíveis. Na parte interior do Sistema Solar, os planetas
primitivos eram aglomerados irregulares de rocha e metal,
de detritos,dos componentes secundários da nuvem inicial,
do material que não dispersara quando o Sol incandesceu.
Esses planetas foram se aquecendo durante o período formativo. Acredita-se que a Terra se formou como o
restante do Sistema Solar, há cerca de 4,6 a 5 bilhões de
anos atrás, da mesma nuvem interestelar primitiva de gás,
poeira e dejetos vindos do espaço sideral, das remotas regiões galácticas, a partir dos quais se condensou e deu origem
às estrelas e planetas do nosso Sistema Solar.Impactos de
alta velocidade geraram calor e, as camadas superiores da
Terra se fundiram para formar um oceano global de rocha
liquida. O Planeta, ainda novo, guarda o calor da explosão
estelar e, por isso, seu interior quente expele incessantemente rios de lava dos vulcões. No decorrer da história do
Planeta, os continentes navegaram sobre a rocha derretida.
Durante um tempo indeterminado o globo terrestre
girou no espaço em volta do Sol, a poeira e o material sólido se consolidaram formando o núcleo, o manto e a crosta.
O Planeta Terra apresenta cinco camadas concêntricas - a
crosta, o manto superior, o manto inferior, o núcleo externo
e o núcleo central. Os continentes, ilhas e as terras do fundo do mar compõem a parte externa da crosta terrestre. A
crosta da Terra é uma pele de rochas, sua espessura varia de
6 a 11 km sob os oceanos e de 25 a 50 km nos continentes.
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Sua porção externa é sólida e formada por três tipos
de rochas: ígneas, sedimentares e metamórficas. Envolvendo o núcleo externo está o manto superior da Terra, que é
uma camada pastosa com cerca de 670 km de espessura.
Compõe-se predominantemente de silício, oxigênio, alumínio,ferro e magnésio. Sua temperatura varia de 870°Celsius,
junto à crosta, e até 2.200°Celsius, junto à parte externa do
núcleo. As rochas densas desta zona fluem, em tempo geológico, sob o calor e pressão intensos.
Em contraste, o mais espesso manto inferior, com
2.230 km é inteiramente sólido. Devido ao imenso peso das
rochas de cima, o manto é muito denso e quente. Provavelmente é a pressão que o conserva em estado de fusão.
Quando um ponto fraco ocorre na crosta, a rocha superaquecida, situada abaixo, expande-se e torna-se liquida numa
temperatura de 1.100 graus Celsius de calor.
O núcleo da Terra é dividido em, núcleo externo líquido, com 2.250 km de espessura. Encontra-se entre 3.000
e 5.000 km de profundidade. O núcleo exterior tem temperaturas que variam entre 2.200° Celsius na parte superior e
5.000° Celsius nas regiões mais profundas, é formado por
ferro e níquel líquidos. A sua natureza líquida foi deduzida
pela informação de sismos.
O núcleo central sólido, que se situa entre 5.000 e
6.370 km de profundidade, tem a espessura de 1.225 km, é
composto de níquel e ferro em estado sólido, em conseqüência da grande pressão do interior do planeta.Tem uma
temperatura de 5.000° Celsius.Está envolto por ferro líquido, esta camada gera o campo magnético da Terra.O ponto
central do núcleo e do globo fica a 6.500 km da superfície.
As rochas pré-cambrianas tiveram origem nos escudos cristalinos, tais escudos foram as primeiras rochas formadas na Terra. A crosta original foi constituída de rochas
ígneas tais como lavas e granitos que se solidificaram. A
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maior parte da crosta continental é posterior ao período
Arqueano. Só na Austrália Ocidental, sul da África e sul da
Groenlândia há rochas sedimentares com 3,5 bilhões de
anos, as mais antigas, contendo fósseis de estrematólitos,
microorganismos da época do Arqueano, prova da existência da vida na Terra.Trata-se, de fato, das primeiras massas
surgidas sobre o globo terrestre.
A rocha derretida irrompe através da crosta, como
um jorro de massa liquefeita, a lava. Nas erupções vulcânicas, gases e materiais fundidos no manto da Terra, atingem
a superfície, através de uma abertura na crosta terrestre. O
material expelido – lava, cinzas e poeira, acumulam-se sob
a forma de um cone, com uma cratera no centro. O resfriamento da lava espalhada sobre a superfície da terra, dá origem às rochas ígneas extrusivas (resfriadas na superfície) e
intrusivas (resfriadas abaixo da superfície).
As rochas ígneas como o basalto, se originam de
derrames de magma dos vulcões. As sedimentares, são
formadas por material retirado de rochas pelo processo de
erosão. Os sedimentos que dão origem a essas rochas, constituem uma camada distinta denominada depósito sedimentar. Durante milhões de anos, materiais produzidos à custa
de destruição das rochas preexistentes, acumulam-se sob a
forma de sedimentos, cascalho, arenito e barro. Removidos
pela água corrente, pelo vento e pelo gelo, originam as rochas sedimentares que cobrem cerca de 75% da superfície
terrestre.
A maior parte dos sedimentos é de origem marinha,
mas muitos são continentais, nas bases das montanhas, nos
vales dos rios e dos lagos. Os solos produzidos pelo intemperismo cobrem a maior parte da superfície da Terra. Muitos depósitos minerais hoje existentes na crosta terrestre
correspondem à localização de antigos mares rasos. Finalmente, constituíram-se rochas metamórficas, foram altera7
das pelo calor, pela pressão ou por ação química. As metamórficas, como o granito, resultam de transformações químicas de rochas sedimentares e ígneas.
Na época da sua formação, a Terra era muito quente
e sem atmosfera, foi então dominada por violentas erupções
vulcânicas, e toda a sua superfície ficou coberta por uma
grossa camada de lava incandescente. Os vulcões expeliam
gases, como vapor de água. Os gases retidos no seu interior
foram libertados formando atmosferas. No processo, a Terra atraiu uma atmosfera gasosa primordial à sua volta. A
atmosfera original não continha oxigênio, mas uma grande
quantidade de outros gases.
Esses gases permaneceram acima da superfície,
produzindo as primeiras atmosferas diferentes da que existe hoje na Terra, compostas de gás metano, amônia, sulfeto
de hidrogênio, água e hidrogênio, insuportáveis e irrespiráveis para qualquer ser vivente. O mundo tem-se transformado muitas vezes, desde que as crostas duras e rochosas
dos continentes e as massas líquidas dos oceanos se formaram há cerca de 4 bilhões de anos. Durante mais da metade
da existência da Terra, que teve origem há 5 bilhões de anos e durante toda a Era Pré-Cambriana Arqueana de 4,6
bilhões de anos, não existiu vida em nosso planeta.
A Teoria atual da história da Lua supõe uma colisão
há 3,9 bilhões de anos atrás, entre a Terra e um gigantesco
asteróide, tão grande como o planeta Marte. Poeira, detritos
e restos resultantes do colossal impacto, foram expelidos
para fora da superfície da Terra, e entraram em órbita à volta da Terra, aglutinaram-se lentamente para formar a Lua.
Tanto a Terra como a Lua foram sujeitas a intenso
bombardeamento nas suas histórias remotas, tal como o
sistema solar foi varrido da maioria dos detritos da sua formação. Nosso planeta foi formado por acréscimo de escombros resultantes dos Grandes Bombardeios dos cometas
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e asteróides. Sobre a Lua, os últimos estágios desta tempestade cósmica são ainda visíveis, fenômeno mostrado nas
fotografias tiradas da sua superfície, coberta de crateras.
Os meteoros são corpos sólidos, rochosos, que se
movem no espaço exterior e ao penetrarem na atmosfera
terrestre, por atrito com gases, provocam luminescência. O
grande fluxo de meteoritos é considerado responsável por
cerca de 100 toneladas do material extraterreno que cai na
Terra a cada dia. O maior meteoro conhecido é o Grootfontem, ainda hoje semi-enterrado nas proximidades da cidade
do mesmo nome, na África do Sul, onde caiu. Seu peso é
calculado em 70 toneladas.
Já os asteróides são pequenos corpos celestes, rochosos, que giram em redor do Sol, remanescentes sólidos
da poeira original da qual teriam se formado o Sol, a Terra
e os outros planetas, há 4,6 bilhões de anos. Os asteróides
bombardeiam a Terra milhares de vezes, diariamente. Na
região, entre os planetas Júpiter e Marte, fica o “Cinturão
de Asteróides”que orbitam ao redor do Sol, são fragmentos
rochosos variando em tamanho, que não conseguiram juntar-se num único planeta à época da formação do sistema
solar. Desencadeiam ocasionais tempestades de asteróides
bombardeando a Terra e a Lua.
Possívelmente células vivas foram trazidas nos meteoritos ou cometas nos fragmentos de gelo, trouxeram a
água e a semente da vida do espaço e a semearam nos oceanos primitivos que cobriam a Terra. Os processos nucleares nos interiores das estrelas, a luz, os relâmpagos, raios e
trovões, contribuíam para os processos planetários que conduziam à vida e a sustentavam. Foram conquistados novos
ambientes como a terra e o ar.
Cometas são corpos celestes do sistema solar que
gravitam em redor do Sol, seus componentes mais comuns
são o hidrogênio, o oxigênio, o carbono e o sódio, sempre
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sob a forma de moléculas geladas. No interior do núcleo, há
também blocos sólidos,cujo tamanho vão de um grão de
areia até rochas e granitos gigantescos.Os processos de colisão afetaram a evolução da vida na Terra de uma forma
bem maior e talvez tenha criado as condições para os mamíferos se desenvolverem, levando ao surgimento do Homo
sapiens.
Durante um bilhão de anos a agitação cósmica e geológica foi aos poucos diminuindo enquanto o planeta esfriava. Como a superfície arrefeceu, o vapor de água se
condensou em nuvens de chuva e violentas tempestades
assolaram a Terra despejando dilúvios de água, formando
os primeiros oceanos. A água cobriu toda a superfície do
Planeta, que se tornou um mundo aquático e durou por 500
milhões de anos. Geologicamente a Terra pode ser descrita
como uma esfera de crosta rochosa, totalmente coberta de
água e envolvida por uma camada gasosa (atmosfera).
Milhões e milhões de anos antes da vida surgir nos
mares, a superfície das águas do grande Oceano que cobria
a Terra, estava vazia. Onde agora existem continentes, nada se erguia acima das ondas impetuosas.Todo o Oceano
era movimentado apenas por gigantescas vagas, que se erguiam ao comando da lua e dos ventos. Escuras, negras,
varriam a superfície do mar vazio, caindo apenas sobre si
mesmas, terríveis, poderosas, solitárias.
Há 3,4 bilhões de anos atrás, ocorreram eventos
geológicos dramáticos no fundo do Grande Oceano. Ao
longo de uma linha que se estendia por milhares de quilômetros, uma ruptura apareceu na rocha basáltica do leito
oceânico. Forças internas rugindo nas entranhas do núcleo
em convulsão provocaram uma grande fratura na estrutura
básica da Terra, e por ali começou a fluir rocha fervendo,
derretida. Ao escapar da prisão interna, o magma entrou em
contato com a água do mar. No mesmo instante a rocha
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explodiu, enviando colunas de vapor e lava liberados pelo
manto superior da Terra. A rocha de granito do leito foi o
berço dos continentes, formou a primeira crosta continental.
Através do tempo seguiram-se milhares de erupções
vulcânicas gigantescas, uma espessa camada de lava cobriu
toda a Terra.Com o tempo o magma foi se solidificando,
crescendo, para se tornar uma partícula infinitesimal de
terra naquele grande vazio. As raízes do hipotético, lendário, supercontinente Godínia nasceram nas trevas, em meio
às turbulentas ondas do oceano, ao nada.
E por centenas de milhões de anos, da ruptura extensa no leito do Oceano, grande quantidade de rocha liquida foram sendo vomitados do manto fervente, forçando o
caminho para cima, através das fendas abertas, cada parcela
dando sua contribuição para acumulação de material que se
formava no leito do Oceano. Nessas ocasiões, pressões gigantescas se acumulavam por baixo da ruptura e depois
explodiam com violência extrema arremessando nuvens de
vapor, cinzas e lava incandescente a dezenas de quilômetros
acima das águas que cobriam o globo terrestre.
Por muitos milhões de anos, o supercontinente Godínia lutou no seio do grande Oceano, esforçando-se em
nascer como terra. Obstinadamente, centímetro a centímetro, foi crescendo arduamente, acolhendo a lava dos vulcões
que sacudiam o fundo do Oceano. O núcleo e o manto da
Terra estavam em violentas convulsões. Tais explosões,
indescritíveis em sua fúria, elevavam a altura do continente
ainda submerso, a lava deslizando pelos lados das montanhas em formação e aderindo ao material rochoso que escapara antes, consolidando a crosta terrestre.
Submerso por outros milhões de anos, o vulcão
submarino sibilou e rugiu como um animal acuado, vomitou rocha derretida e cinza ardente, que se depositou sobre a
superfície das montanhas constituídas de blocos de lava
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solidificados. Palmo a palmo, os detritos foram se aglutinando, até que o grande continente se formou. O supercontinente Godínia aflorava sobre as ondas. Assim foi o processo turbulento do Universo, a violência do nascimento.
Por um bilhão de anos o continente esteve nesse precário
equilíbrio. O supercontinente Godínia era filho da violência.Nasceu como lugar desolado, estéril e sem vida, e assim
ficou por tempo indeterminado.
Sucessivos eventos cataclísmicos provocaram grande transformação da crosta terrestre. O primordial supercontinente de Godínia desmantelou-se em diversos continentes que ficaram à deriva pelos imensos oceanos, impulsionados pelas placas tectônicas em comoção. Em um longo
espaço de tempo geológico, as massas de terra flutuantes de
Godínia, se uniram novamente para formar o supercontinente Pangéia (do grego toda a terra).
Milhões de anos se passaram. O Sol prosseguia em
seus ciclos majestosos. A Lua crescia e definhava, as ondas
corriam pela superfície dos oceanos, ora calmas, outras vezes enfurecidas. Milhares de vezes o clima mudou, o gelo
desceu sobre o supercontinente, seu peso e sua força rompendo as rochas, formando a terra. E durante outros milhões
de anos, a ação dos glaciares, dos raios e trovões, da chuva,
do vento e do clima foi pulverizando as montanhas de lava
petrificada decompondo-as em solo, modelando a face da
Terra, oferecendo condições para a vida se desenvolver.
As atmosferas primitivas compunham-se dos mais
variados átomos e eram ricas em hidrogênio e hélio. A luz
solar incidindo sobre as moléculas da atmosfera primitiva,
dinamizava-as, induzindo choques moleculares e produzindo moléculas maiores. Sob as leis inexoráveis da física e da
química essas moléculas interagiam, caiam nos oceanos
primitivos, agiam num processo de divisão, nova síntese e
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transformação, caminhando lentamente para a formação de
moléculas de complexidade cada vez maior.
Impelidas pelas leis da física e da química prosseguiam no seu desenvolvimento produzindo moléculas ainda maiores - moléculas muito mais complexas do que os
átomos iniciais que as tinham formado, mas ainda microscópicas segundo os padrões humanos. Os componentes
químicos iniciais necessários à origem da vida são as moléculas mais abundantes no Universo, e os átomos necessários, foram produzidos no interior das estrelas gigantes
vermelhas. A vida é feita de moléculas.
Átomo - é a unidade básica da matéria comum
constituída de pequeno núcleo (formado de prótons e nêutrons) circundado por elétrons em órbita.
Ácido nucléico – é o material genético de toda a vida na Terra, consiste em seqüências de unidades chamadas
nucleótidos, dispostos em degrau, formando um duplo hélice. Existem duas variedades principais de ácidos nucléicos,
o ADN e o ARN. Em todos os organismos, as moléculas
hereditárias são ácidos nucléicos.
Proteína - juntamente com os ácidos nucléicos, a
principal base molecular da vida na Terra.
Molécula – grupamento estável de dois ou mais átomos, que caracterizam quimicamente certa substância.
Essas moléculas são as mesmas de que somos feitos:
os blocos de construção dos ácidos nucléicos, que são o
nosso material hereditário e os blocos de construção das
proteínas, os artífices moleculares que executam o trabalho
da célula; foram produzidos pela atmosfera e os oceanos da
Terra primitiva. Depois de algum tempo, os oceanos atingiram a consistência de um caldo morno, gelatinoso, uma
sopa primordial de aminoácidos, elementos essenciais à
vida. As primeiras formas de vida surgidas nos oceanos, há
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3,5 bilhões de anos eram insignificantes, quase invisíveis,
liquens e musgos.
Entre as inúmeras espécies de moléculas orgânicas
complexas que se formavam e dissipavam nesse caldo, surgiu uma molécula que era capaz de produzir, a partir dos
blocos de construção moleculares da água que a cercava,
uma cópia bastante exata de si mesma. Esse sistema molecular - capaz de duplicação, mutação e reprodução de suas
mutações é um aglomerado de moléculas capaz de evoluir
por seleção natural; eram os primórdios da vida que surgia.
A vida é definida como um sistema autocontrolado
de moléculas que podem duplicar-se a si próprias de geração em geração. Na história da Terra primitiva, os elementos que constituíam a vasta maioria dos tecidos vivos ( hidrogênio, carbono, oxigênio e nitrogênio), estavam disponíveis em alguma forma, e a energia era abundante.
Os blocos de construção da vida vieram para a Terra
por meio de impactos de asteróides e cometas. Nas partes
externas da nebulosa solar, distante do Sol, as temperaturas
eram muito mais baixas, levando a uma abundância de gelo
de água e de outros gases congelados, tais como gás metano, amônia, dióxido de carbono, monóxido de carbono. Os
voláteis na Terra devem ser derivados desse reservatório
distante no Sistema Solar Externo. A maioria do material da
biosfera e de nossos próprios corpos é material de cometa,
proveniente do Sistema Solar Externo.
Os cometas e muitos asteróides são imensamente ricos em elementos biogênicos, aqueles elementos voláteis
como carbono e nitrogênio que são essenciais para a vida
orgânica. O cometa Halley, por exemplo, tem aproximadamente 25% de sua massa composta por material orgânico.
Pode-se presumir que o caldo primordial da Terra primitiva
foi abastecido de orgânicos pré-bióticos dessa forma – via
depósito durante o Pesado Bombardeio de asteróides e co14
metas. É possível que os microorganismos possam ter migrado de outros planetas nos fragmentos expelidos durante
o período do bombardeamento; poderiam abrigar microorganismos dos raios cósmicos durante a passagem interplanetária.
Em 1924, o russo Aleksander Ivanowitch Opárim
formula a teoria segundo a qual a vida teria começado a
partir da combinação de substâncias inorgânicas em reações
de oxidação e fermentação aproveitando uma atmosfera rica
em hidrogênio. Contudo, o que observamos hoje nem sempre existiu. A vida se desenvolveu na Terra em um ambiente pontuado de catástrofes de impacto. Á época da origem
da vida, cerca de 3,5 bilhões de anos atrás a Terra estava
suportando grande número de gigantescos impactos de asteróides e cometas a cada 400 mil anos, e talvez de objetos
menores com maior freqüência, que trouxeram consigo
água e compostos orgânicos que favoreciam a vida.
As mais primitivas formas de vida podem ter-se assemelhado a organismos como bactérias que existem nas
nascentes quentes ”géiseres", associadas à atividade vulcânica. Os organismos estrematólitos vivem na lava incandescente dos vulcões e em soluções ferventes e concentradas
de ácido sulfúrico nas fontes em erupção, como vivem nos
poços profundos e respiradouros hidrotermais na Terra.
As criaturas vivem desde os picos nevados do Everest, nas profundezas das fossas oceânicas e nos desertos
áridos do Atacama. Vivem na gota de água absorvida por
um simples cristal de sal. A vida se sustenta nos lugares
mais impossíveis e inacreditáveis, mesmo os organismos
microscópicos não perdem a oportunidade de se instalar e
lutam pela sobrevivência até o ultimo alento da matéria.
É muito curioso, que haja atualmente bactérias conhecidas vivendo a muitos quilômetros na profundidade da
Terra. A vida prospera dentro da rocha ígnea, os estremófi15
los alimentam-se da própria pedra. Pode ser que a única
vida que tenha sobrevivido as grandes catástrofes tenha
sido a vida nas profundezas, tornando-se o ancestral da vida
terrestre contemporânea.Os primeiros ancestrais de microorganismos que ainda existem fossem termófilos que cresciam à temperatura próxima da ebulição da água, significa
que os primeiros organismos na Terra evoluíram nas profundezas, em altas temperaturas. Assim, há um sentido pelo
quais os impactos teriam ajudado na origem da vida.
A Terra possui o seu próprio motor térmico: os processos radioativos no interior do núcleo ajudam a gerar gases para atmosfera e produzem movimentos das placas da
crosta. A presença de gases diversos, incluindo o vapor da
água, providenciou a mistura de substâncias da qual a vida
tem evoluído, assim como a fina camada protetora, rica em
oxigênio e nitrogênio, que forma a atmosfera.
A Terra, ao girar à volta do Sol, recebe o calor, gera
gases e transforma a sua crosta, forma montanhas, oferece
às várias formas de vida um ambiente ideal para a evolução.
Desta forma iniciou-se um processo de evolução que atingiria o desenvolvimento de organismos auto-reprodutores
cada vez mais complexos. As primeiras formas primitivas
de vida consumiram vários materiais, inclusive sulfeto de
hidrogênio e liberaram o oxigênio.
Gradualmente a atmosfera foi-se modificando no
sentido da composição que apresenta hoje e garantiu o desenvolvimento das formas mais elevadas de vida, admiravelmente afinadas com o meio ambiente específico, adaptadas a tais condições, mas as condições mudaram, o clima
variou, mas os organismos conseguiram manter-se. Um
maior número de espécies de organismos morreu no decorrer do tempo geológico da Terra, do que o número que existe hoje. O segredo da evolução é o tempo, a morte é a reciclagem global.
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A evolução através da seleção natural, a brilhante
descoberta de Charles Darwin e Alfred Russel Wallace em
meados do século XIX, explica os milhares de milhões de
anos desse processo lento e continuo de transformação. A
evolução biológica tem sido acompanhada por uma complexidade cada vez maior. Os organismos mais complexos
que existem atualmente na Terra contêm muito mais informação armazenada, quer genética, quer extragenética, do
que os organismos mais complexos de há 200 milhões de
anos atrás.
A maior parte dos organismos depende muito mais
da sua informação genética, que está ”pré-programada” no
seu sistema nervoso, do que da sua informação extragenética, adquirida durante a vida. Com os seres humanos é, na
realidade, com todos os mamíferos passa-se o contrário.
Embora o nosso comportamento ainda seja altamente controlado pela nossa herança genética, temos através do cérebro uma oportunidade muito maior de abrir novo caminho
comportamental e cultural em escala de tempo curta.
Todos os organismos no planeta Terra têm cromossomos que contêm o material genético transmitido de geração em geração. Em todos os organismos, as moléculas
hereditárias são ácidos nucléicos ADN E ARN. Na realidade, esta linguagem genética comum constitui uma prova de
que todos os organismos da Terra descendem de um mesmo
antepassado, de um exemplar único da origem da vida, de
há cerca de 3,5 bilhões de anos.
Entre as adaptações está a que chamamos de inteligência. A inteligência é uma extensão da tendência evolutiva, aparente no mais simples dos organismos – a tendência
de controlar o meio ambiente. O método biológico habitual
de controle é o material hereditário, a informação transmitida pelos ácidos nucléicos de uma geração à outra.
17
Mas a inteligência necessita de informação de qualidade adaptável desenvolvida durante a existência de um
único individuo. Atualmente uma variedade de organismos
na Terra possui essa qualidade que chamamos de inteligência. Todos animais a têm, em maior ou menor grau, mais
ela é mais evidente e desenvolvida nos seres humanos. Foi
isso mais que qualquer outra coisa que elevou o homem ao
seu presente nível de eminência no planeta Terra. Somos o
produto de 4,5 bilhões de anos de uma evolução biológica
lenta e fortuita. Não há razão para pensar que o processo de
evolução tenha parado. O homem é um animal de transição.
Não é o clímax da criação. Há leis da Natureza que se aplicam, inexoravelmente, em todo o Universo.
O desenvolvimento futuro do homem será provavelmente uma combinação entre a evolução biológica, o
mecanismo genético e uma associação íntima de organismos e máquinas inteligentes. Num sentido muito real os
seres humanos são máquinas montadas pelos ácidos nucléicos a fim de assegurar uma duplicação eficiente de outros
ácidos nucléicos. De certa forma os nossos impulsos mais
fortes, o nosso caráter, as necessidades mais prementes, são
todos uma expressão da informação codificada no material
genético.O homem é o produto do meio em que se criou e
também onde vive, no entanto, uma grande parte é herança
genética.
Não resta dúvida de que o nosso mecanismo instintivo pouco mudou desde os dias de caçadores coletivos de
há milhares de anos. Nossa sociedade, porém, mudou imensamente desde aquela época e os maiores problemas de
sobrevivência do mundo contemporâneo podem ser compreendidos nos termos desse conflito - o que sentimos que
devemos fazer em função dos nossos instintos primitivos e
o quanto sabem que devemos fazer em função do nosso
aprendizado extragenético.
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Se adquirirmos um respeito profundo pelos outros
seres humanos como co-depositários desse patrimônio precioso de 4,5 bilhões de anos de evolução, por que não deverá essa identificação aplicar-se também a todos outros
organismos da Terra, que são igualmente produto de 4,5
bilhões de anos de evolução? Todos os organismos que
existem na Terra são nossos irmãos, porque são feitos da
mesma matéria estelar que nós. Vivemos em um mundo
entre uma imensidão de outros mundos.
As teorias de Darwin no campo da seleção natural
mostraram que não há uma trilha que nos conduza diretamente das formas simples ao ser humano; muito ao contrário, a evolução avança aos solavancos, e a maioria das formas de vida leva a becos sem saída na cadeia evolucionária.
Somos o produto de uma longa série de acidentes biológicos. Na perspectiva cósmica não há razão para se pensar
que sejamos os primeiros, os últimos ou os melhores.
É urgente percebermos o nosso relacionamento profundo com outras formas de vida, tanto simples como complexas. Saber que os átomos que nós deram origem foram
sintetizados no âmago das estrelas em gerações precedentes. Estarmos conscientes da nossa íntima relação, tanto na
forma quanto na matéria, com o resto do Universo.
Apesar da aparente diversidade de formas de vida
terrestre, elas são idênticas no sentido mais profundo. Elefantes e ratos, bactérias e baleias, todos utilizam os ácidos
nucléicos para armazenar e transmitir informação hereditária. Todos usam proteínas na catálise e no controle. Todos
os organismos da Terra usam o mesmo código genético.
Em corte transversal a estrutura celular do sêmen
humano é quase idêntica a de protozoário ciliado. A clorofila e a hemoglobina e as substâncias responsáveis pela coloração de vários animais são todas essencialmente a mesma
molécula. É difícil fugir á conclusão – que de certa forma
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está implícita na seleção natural de Darwin – de que toda a
vida na Terra evoluiu de um único tipo original.
Durante esse tempo geológico todo o clima era instável. Pequenas variações na produção de luz solar, no movimento orbital do planeta, nas nuvens carregadas de vapor,
nos oceanos, e nas calotas polares provocaram mudanças
climáticas, destruindo grupos inteiros de organismos e causando a proliferação exuberante de outros grupos antes insignificantes. Baseada no princípio da seleção de Darwin, a
idéia de que, em qualquer população de organismos autoreprodutores, há variações de matéria e formação genética
entre os diversos indivíduos.
Tais diferenças implicam que alguns indivíduos sejam mais hábeis do que outros para atingir as conclusões
corretas a respeito do mundo à sua volta, e agir de acordo
com elas. Estes indivíduos estarão mais aptos a sobreviver e
reproduzir e, assim, seu padrão de comportamento e pensamento se tornará dominante. Tanto quanto sabemos, nada
de semelhante à inteligência humana apareceu na Terra há
menos de algumas dezenas de milhões de anos.
E é verdadeiro que, no passado, o que chamamos de
inteligência constituiu uma sobrevivência vantajosa. Nos
nossos dias, não temos de esperar 10 milhões de anos pela
próxima mudança, pois vivemos numa época em que o
mundo se transforma a uma velocidade sem precedentes.
Assim, a recente e rápida evolução da inteligência humana
é não só a causa, mas também a única solução concebivel
para o grande número de problemas que se nos põem.
Com o passar do tempo o clima na Terra esfriou. As
florestas diminuíram. Os pequenos animais arbóreos (primatas) desceram das árvores para procurar alimento nas
savanas. Evoluíram lentamente para o humanóide primitivo
Aprenderam andar eretos e passaram a utilizar ferramentas
rústicas. Começaram a comunicar-se por gestos e voz.
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Interessaram-se pelo fogo provocado pelos raios.
Desenvolveram a caça coletiva, inventaram a escrita, superstição e religião, a ciência e a tecnologia. Então a criatura foi capaz de ponderar sobre o mistério das suas origens,
o caminho estranho e tortuoso pelo qual emergira do material estelar. Era matéria cósmica a contemplar-se a si mesma. Era um espécime do povo das estrelas. E ansiava por
retornar às suas origens.
O PLANETA TERRA
A Terra é o maior dos planetas rochosos no Sistema
Solar e, como resultado do seu volume, retém um interior
quente, a temperatura pode alcançar 6.000°Celsius no núcleo, tão quente como a superfície do Sol. O calor interno
torna a Terra um dos corpos mais sismicamente ativos do
Sistema Solar. Sobre a superfície, causa atividade vulcânica, e a grande profundidade, conduz o movimento das placas separadas da crosta. Este movimento de dobrar as rochas da crosta cria as cadeias de montanhas. Nos perímetros
das placas é criada nova crosta. As forças atmosféricas,
vento e água, contribuem também para dar nova forma à
superfície da Terra, erodindo a rocha e depositando materiais para formar novos estratos de rocha sedimentar.
Todos esses processos, em conjunto, atuam para renovar a superfície do planeta ao longo de centenas de milhões de anos, alterando as cicatrizes de impactos antigos
que se vêem sobre as superfícies de tantos corpos no sistema solar.Somente são visíveis poucas crateras de impactos recentes, insinuações da antiga, turbulenta história da
Terra. A ação exercida pelas forças ancestrais modificou a
superfície da Terra; seguindo-se as chuvas, glaciares, rios,
águas subterrâneas, vento e ondas que provocam erosão
constante, transportando detritos e depositando-os.
21
A Terra é moldada em outras formas de relevo pela
deposição desses detritos. Os glaciares arrancam pedaços
de rocha dos lados dos vales, os rios transportam esses
fragmentos ao longo da correnteza e os ventos levantam e
transportam partículas de areia e poeira. A velocidade do ar
e da água determina a força erosiva de ventos e rios, e os
fragmentos de pedregulho que arrastam consigo tornam
estes agentes grandemente abrasivos, depositados em vales
ou montanhas esses detritos compõem o solo. A formação
do solo é um processo muito complexo. Envolve a interação do clima, tipo de rocha, topografia e biótica. Estes fatores atuam ao longo do tempo e variam substancialmente
com o local, alguns solos e os seus produtos estão se formando há centenas de milhões de anos.
Há muitos fatores que tornam a Terra um planeta
único. As formas dinâmicas, sempre em mudança, sua atmosfera, oceanos, placas movediças, gases e vulcões, diversas formas de vida, solos variados, vegetação, animais e
aves, e a presença do ser humano, tudo contribui para um
único sistema biofísico. Do equador aos pólos, das montanhas às profundezas dos oceanos, plantas e animais seguem
seus ciclos de vida criados pelos climas e nutrientes, nos
solos e nas águas. É possível documentar períodos de arrefecimento da Terra e mudanças no clima, ocorridos entre os
milhões de anos, numa escala global.
A Terra é um planeta do Sistema Solar, além de girar à volta do Sol, a Terra também gira em torno de um eixo
que passa pelos pólos geográficos norte e sul. Vista acima
do pólo norte, a Terra gira em sentido contrário ao dos ponteiros do relógio, e circunda o Sol no mesmo sentido. Em
relação à distância do Sol, ocupa uma posição privilegiada
quanto aos extremos de variação de temperatura, o que facilita a evolução da vida. O nosso planeta é um palco muito
pequeno na imensa arena cósmica nas imediações da parte
22
planetária do Sistema Solar. Visto do espaço é apenas um
pálido ponto azul na grande escuridão que o envolve.
O eixo da Terra é inclinado, em relação ao plano da
órbita, em 23,5°. A orientação do eixo da Terra não é estritamente fixa, mas oscila à volta num circuito de 26.000
anos. Como resultado desta precessão, as estações do ano,
agora, parecerão fora do padrão de 5.000 anos atrás, pois
desde esse tempo o eixo de rotação da Terra mudou de direção.Outros efeitos também se deram em períodos de dezenas de milhares de anos para mudar ligeiramente a inclinação do globo, mudanças que podem ter afetado bastante o
clima da Terra.Há provas de que essas mudanças resultaram
em idades glaciares periódicas.
A história da Terra divide-se em fases chamadas Eras, Períodos e Épocas. As Eras correspondem às principais
etapas de seu desenvolvimento. A idade das Eras geológicas é a mesma do Sistema Solar, calculada a partir do estudo dos meteoritos. As Eras podem ser subdivididas em etapas menores, denominadas Períodos e estes em Épocas.
A Era Pré-Cambriana compreende as Eras Arqueana e Proterózoica, estendendo-se desde a origem da Terra
até cerca de 600 milhões de anos atrás, quando surgiram os
primeiros animais – medusas, vermes e esponjas. Portanto,
o Pré-Cambriano representa 90% de toda a história do nosso planeta. É denominada de Era Primária.
Possivelmente a vida se desenvolveu durante a Era
Pré-Cambriana Proterozóica que teve início há 2,5 bilhões
de anos Há 2 bilhões de anos atrás surgem as primeiras
formas de vida, organismos unicelulares - bactérias e algas.
As bactérias são microorganismos unicelulares, desprovidos de núcleo individualizado, pertencente ao grupo que
abrange todos os organismos procariotes, à exceção das
cianofíceas (micróbios), logo aparecem os primeiros micróbios com núcleos - eucariontes. Após cerca de 1 bilhão de
23
anos, muitos dos processos metabólicos básicos de que depende a vida, existiam.
Na passagem da Era Pré-Cambriana Proterozóica
para a Paleozóica ocorre à súbita expansão e diversificação
dos animais. Há 650 milhões de anos surgiram nos mares,
abaixo do gelo, animais complexos como medusas, vermes,
esponjas e moluscos. O clima arrefeceu, as drásticas mudanças formaram uma camada de gelo de mil metros de
espessura sobre a terra e os mares, que ficaram totalmente
cobertos. A temperatura era de 40° Celsius negativos, o
fenômeno se estendeu por 10 milhões de anos. Lentamente
o gelo recuou e a temperatura aqueceu.
A Era Paleozóica começou há 600 milhões de anos,
durou 370 milhões de anos. Na Paleozóica predominaram
os invertebrados marinhos. No Período Cambriano, há 570
milhões de anos, aparecem os trilobitas que seriam a forma
dominante de vida marinha durante o Cambriano, surgiram
também outros organismos que tinham conchas duras, e os
primeiros peixes primitivos. A vida era limitada aos oceanos, desenvolvia-se lentamente no caldo morno da água.
Portanto, há indícios da existência de mar durante o
Período Cambriano, 570 milhões de anos atrás, na região da
bacia amazônica e em todo o continente sul-americano
onde foi encontrado o fóssil de trilobitas, esqueletos de peixes e moluscos impressos nas formações rochosas. O grupo
de trilobitas constitui uma classe extinta de artrópodes.
No Período Ordoviciano, há 508 milhões de anos atrás, apareceram os primeiros invertebrados.Viviam no supercontinente Pangéia grandes diversidades de pequenos
animais marinhos com conchas.
Período Silusiano, há 438 milhões de anos, começam a aparecer às primeiras plantas terrestres.
No Período Devoniano, há 409 milhões de anos, aparecem os anfíbios, escorpiões-do-mar atingindo até 3 m,
24
e trilobitas gigantes, grandes tartarugas, houve a diversificação dos peixes; surgiram as plantas primitivas.
No Período Carbonífero, há 363 milhões de anos, a
Terra foi recoberta por densa vegetação, formaram-se extensas florestas tropicais, que vieram criar grandes reservatórios de carvão e petróleo, oriundos de depósitos sedimentares marinhos e outros que se acumularam, indicando sucessivos movimentos da crosta terrestre. Os vertebrados
saíram do mar para a terra, surgem os anfíbios dando origem aos grandes répteis terrestres. Os primeiros dinossauros se espalham por todo o supercontinente de Pangéia.
No Período Permiano, iniciado há 288 milhões de
anos (durou 50 milhões de anos), ocorre a expansão dos
gimnospermas (coníferas) e a extinção dos corais primitivos.Durante o Permiano as condições climáticas eram extremas, toda a Terra ficou coberta por grossas camadas de
gelo; a atividade vulcânica foi intensa.
Foi em 1922, que Wegener criou a tese de que, toda
a grande massa de Terra do continente ancestral existente
em primeiras épocas da formação da Terra, até 250 milhões
de anos atrás, formava um único supercontinente, o Pangéia (do grego toda a terra). Era cercado pelo antigo mar de
Pantalassa (atual oceano Pacífico) e pelo Mar de Tetis, que
se estendia a partir do que é hoje o mar Mediterrâneo em
direção ao leste, até o sudeste da Ásia.
O supercontinente Pangéia começa a se dividir durante a Era Mesozóica no sentido leste-oeste, em virtude
das fendas ocasionadas pela pressão vinda do núcleo central da Terra e das forças tectônicas que movimentam as
massas sólidas sobre as liquidas. Essa divisão teria dado
origem a dois subcontinentes, Laurásia e Gondwana, que se
afastam lentamente um do outro. As correntes oceânicas e o
clima global se alteraram drasticamente.
25
O marco divisor entre a Era Paleozóica e a Mesozóica é a extinção de 99 % de animais e vegetais existentes, como resultado do princípio da fragmentação do supercontinente Pangéia. A Era Secundária ou Mesozóica, compreende o período de 250 milhões de anos, até 65 milhões
de anos atrás, inclui o Triássico, Jurássico e Cretáceo.
Durante o Período Triássico, aparecem os primeiros
mamíferos. Alguns répteis foram substituídos por novos
grupos, como as tartarugas, lagartos e crocodilos gigantes.O
períodoTriássico se caracteriza pela presença de grandes
sáurios aquáticos e terrestres como os dinossauros e pterossauros. Surgem os monstros marinhos Plesiossauros, Ictiossauros, Mosassaurus, que se incluem entre os mais ferozes répteis marinhos da Era Mesozóica, eram carnívoros,
atingiam até 10 m de comprimento e viveram nos mares e
oceanos da terra, no Triássico, Jurássico e Cretáceo.
Dinossauros vagavam pelo Pangéia, coberto por
densas florestas, eles dominaram a terra e os mares durante
160 milhões de anos, até desaparecer completamente, deixando fósseis em todos os continentes, inclusive na Austrália e Antártica. Os gigantescos dinossauros, Brontosauros,
Brachiosaurus,de até 22 m de comprimento e 6 m de altura,
chegavam a ter 50 toneladas de peso, eram herbívoros.
Muitos outros, como o Tyrannosaurus Rex de 15 m de
comprimento e 6 m de altura, eram carnívoros; eram os
maiores predadores do Triássico. Entre os dinossauros havia diferentes espécies, uns carnívoros outros vegetarianos.
No Período Jurássico, entre 208 e 146 milhões de
anos aparecem animais de transição entre répteis e aves,
que evoluíram dos dinossauros ou dos répteis. As rochas
Jurássicas contêm os fósseis mais antigos da Terra. Fósseis
de moscas, vespas, baratas, abelhas e formigas; eram abundantes os tipos atuais de crustáceos marinhos. Há 200 milhões anos atrás os continentes formavam grandes planí26
cies, muitos se situavam a poucos metros acima do nível do
mar ou totalmente cobertos pelas águas.
O Período Cretáceo teve início há 135 milhões de
anos,durou 72 milhões de anos. Na flora, surgem os primeiros grupos de plantas floríferas (angiospermas), se espalharam pela terra. Na fauna, apareceram os primeiros mamíferos pequenos (marsupiais).Os tubarões povoam os mares.
Há 130 milhões de anos, com a sucessão de períodos dominados por convulsões da crosta terrestre o subcontinente de
Gondwana começa a desagregar-se dando origem a cinco
continentes.As fendas ocasionadas pelos cataclismos, forçaram a separação e afastamento da América do Sul, África,
Índia, Austrália (Austrália, Nova Zelândia e Nova Guiné,
formavam uma única massa continental) e Antártica.
Há cerca de 115 milhões de anos atrás a separação
da África e América do Sul prossegue, a Índia tinha se separado da África e migrava em direção da Ásia. Há 110
milhões de anos os continentes se afastam mais, forma-se
um mar raso entre eles e a progressiva formação do Oceano
Atlântico e Índico.A atual configuração foi estabelecida há
65 milhões de anos.A posição dos novos continentes e a
seqüência da quebra determinam as rotas migratórias disponíveis, a inter-relação ou características comuns, dos animais, das plantas e minerais que existem hoje. No fim do
Cretáceo os oceanos regrediram, originaram-se cadeias de
montanhas tais como: as Cordilheiras dos Andes, dos Himalaias e as Antárticas.
A Era Mesozóica assistiu á intensa atividade do núcleo central do planeta, freqüentes mudanças da crosta terrestre e a extinção completa dos grandes sáurios. Foi a época em que ocorreram os eventos mais dramáticos do Planeta
Terra. A placa tectônica do Mar de Pantalassa, precursor do
Pacífico, em colisão com a placa Americana levantou o
continente 1.800 m acima do nível do mar.
27
A transição da Era Mesozóica para a Cenozóica caracteriza-se pelo desaparecimento dos dinossauros no final
do Cretáceo, não deixando sobreviventes, também os grandes répteis marinhos e seus primos voadores desapareceram. Um meteoro gigantesco caiu sob a Terra e causou a
perda de 75% de todos os animais existentes. Entre os diversos tipos de insetos surgem as baratas, as formigas e os
escorpiões, eles existem há 350 milhões de anos, são sobreviventes de todas as catástrofes, até da bomba atômica.
Esta mudança marca o começo da Era Cenozóica e
do Período Terciário que inclui cinco épocas: Paleoceno,
Eoceno, Oligoceno, Mioceno e Plioceno.
Há 65 milhões de anos surgem os mamíferos, os
ancestrais dos cetáceos e os primeiros símios antropomorfos; quando teve inicio a propagação dos megamamíferos
que dominaram a terra por 2 milhões de anos, de aves e
plantas com flores. O impacto de um asteróide no Arizona
provocou uma nuvem de poeira com cinzas e detritos que
bloqueou a luz do sol durante muitos meses, impedindo a
fotossíntese. Nesse cataclismo foram extintas 55% das espécies de plantas e de seres vivos.
Com a violenta turbulência da crosta terrestre, há
55 milhões de anos, o eixo de rotação da Terra oscilou e
mudou de direção, deslocando a região do atual Oceano
Glacial Ártico e dos territórios do norte da Europa e da Sibéria para o sul, situando as terras do atual Canadá na faixa
do Equador.O Oceano Ártico ficou sendo um mar raso de
águas mornas deixando, ao norte, a grande depressão oceânica que ocupava anteriormente. Passou a confrontar-se
com uma extensa área de florestas luxuriantes de coníferas
que dominavam toda a região norte da Europa, época em
que os mamutes, os dinossauros e tigres dentes-de-sabre,
perambulavam pelas pastagens verdejantes da Sibéria.
28
Tranformações extremas do globo terrestre ocorreram centenas de vezes na história geológica do Planeta. Na
época do Mioceno há 23,5 milhões de anos, com o choque
das Placas Tectônicas adjacentes, inicia-se a formação das
Montanhas Rochosas, Andes Antárticos e Alpes europeus.
Período Quaternário apresenta apenas duas épocas:
a época do Pleistoceno que ocorreu há 3 milhões de anos, e
o atual. Esse Período assistiu à formação do sistema montanhoso do planeta, ao movimento dos continentes até a sua
posição atual, e à tendência do arrefecimento do clima que
culminou na Idade do Gelo, no hemisfério Norte, a conseqüente expansão de camadas de gelo e queda do nível dos
oceanos. Também ao aparecimento dos primeiros hominídeos, há 2 milhões de anos..
Há 400 mil anos a Groenlândia, situada no mar Glacial Ártico estava coberta com grossas camadas de gelo de
até 5 mil metros de profundidade e vastas áreas da Europa
e da América do Norte estiveram debaixo de centenas de
metros de gelo até 15.000 anos atrás. Contudo a Terra aqueceu, os glaciares recuaram, os níveis dos mares subiram,
os baixios continentais e vales de rios inundaram, criando
novos hábitats para plantas e animais.Tais mudanças com
alterações climáticas rigorosas e conseqüentes Eras Glaciais
ocorreram centenas de vezes ao longo dos últimos 3 milhões de anos, no chamado período Quaternário da história
da Terra.
Alfred Wegener, meteorologista e geofísico alemão
(1880–1930), é o autor da célebre teoria das translações
continentais. A atual configuração e a posição dos continentes foram estabelecidas há cerca de 65 milhões de anos,
mas continua em constante transformação. A América do
Sul e a África, por exemplo, afastam-se 7 cm por ano, ampliando a área ocupada pelo Oceano Atlântico. O Mar
29
Vermelho também está se alargando e o continente africano
migra em direção ao continente europeu.
O deslocamento da crosta terrestre denominado deriva dos continentes, é resultado de um processo da reconstrução permanente da crosta terrestre, que não é continua,
mas divide-se em vários blocos, as placas tectônicas, separadas por grandes fendas vulcânicas em permanente atividade no fundo do mar.Através dessas fendas, o magma sobe
do manto para a superfície, adicionando novos materiais à
crosta. Isso expande o fundo do mar e movimenta os blocos
que formam a superfície em diferentes direções. A solidificação do magma em camadas superpostas ao longo das
fendas vulcânicas forma grandes cordilheiras oceânicas. A
Dorsal do Atlântico Médio tem 73.000 km de extensão e
picos de até 3.800 m de altura.
Existe a lenda de que grandes massas de terra localizavam-se nos atuais oceanos Pacífico,Índico e Atlântico, os
hipotéticos continentes de Mu, Lemúria e Atlântida. Lemúria é o continente que se presume ter existido no Índico, ao
sul da Ásia à qual estaria ligado, bem como por Madagascar
à África e ao sul estaria unido à Austrália. Forças geológicas abriram fissuras profundas na crosta terrestre submergindo-os; separando os continentes e formando os mares.
Atlântida era um continente que se supõe ter existido no Oceano Atlântico, a oeste do Estreito de Gibraltar.
Segundo os geólogos atuais, seria uma terra desaparecida
no oceano, de que restam ainda vestígios representados pelo
Arquipélago dos Açores, da Ilha da Madeira e das Canárias,
que fazem parte da cordilheira submarina, que se estende
longitudinalmente no oceano,a Dorsal Meso-Atlântica, cujos picos emergem como ilhas vulcânicas. Atlântida ligavase à África abrangia a parte Norte, na região do Atlas, indo
até o limite do atual Saara então coberto pelas águas do mar
Mediterrâneo.
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Atlântida foi afundando por etapas, a primeira ocorreu 14.000 a.C. num tremendo cataclismo, devido à colisão
das placas tectônicas convergentes, Africana e Eurásiana,
que produziram violentos abalos terrestres. A segunda em
8.500 a.C. no final da Idade do Gelo, quando houve a grande erupção do vulcão submarino Thera, no Mediterrâneo,
que provocou intensos tremores e deslizamentos de terra. A
agitação da água do mar dentro da caldeira gigantesca do
vulcão, causou ondas de até 100 m de altura.
De acordo com escritos de Platão, essa civilização
altamente tecnológica já existia a milhares de anos antes
dessa data. Há 27 mil anos atrás, o nível dos oceanos era
bem mais baixo algo entre 110 e 120 metros, com a movimentação da crosta terrestre devidas às forças tectônicas, o
nível do mar elevou-se novamente e muitas ilhas, continentes e cidades foram engolidas pelas águas.A Terra é um
planeta dinâmico, com forças continuamente ativas dentro
dele.Continentes submergiram, outros nasceram, oceanos
mudaram de posição e de forma ao longo do tempo.
Abalos de terra, e outras provas, demonstram que a
crosta terrestre, uma camada sólida e rígida, é fragmentada
em partes chamadas placas tectônicas. Os limites das placas
coincidem com as principais zonas de sismos, também com
cadeias vulcânicas ao longo delas. Existem evidências de
atividade vulcânica que inclui placas movediças de rochas,
causando desenvolvimento ativo de montanhas.
As várias partes do antigo continente de Gondwana
mostram um melhor ajuste geológico, mas preciso, como
entre a África e América do Sul. Wegener pôs em ordem as
evidências para mostrar que o encaixe envolvia a justaposição de vales de rios e cadeias de montanhas, similares formações rochosas que continham fósseis e depósitos minerais iguais.
31
No inicio do século XVII, o filósofo e ensaísta inglês Francis Bacon já tinha chamado a atenção para o fato
inédito, tal como Snider Pellegrini em 1858, que apontou as
características similares de fósseis de plantas encontrados
em depósitos de carvão de ambos os continentes. Em 1922,
Wegener expôs a sua teoria de que os continentes tinham
sido impulsionados para as suas atuais posições.Muitos
cientistas aceitaram a teoria de Wegener, de que os continentes se moveram até as suas posições atuais, porque há
crescentes provas geológicas, tal como apresentadas por
Alex du Troit da África do Sul,que prova similariedade em
áreas ditas como tendo estado,nalgum tempo,juntas entre si.
Dentro de instante geológico de cerca de 5.000 anos,
o campo magnético da Terra contraiu-se a zero, e então
reapareceu com o norte e o sul magnéticos trocados. O vestígio magnético desta troca é encontrado em grupos alternados de rochas ao longo dos sulcos do meio dos oceanos.
As descobertas de inversões magnéticas em rochas no fundo dos oceanos, o caráter vulcânico das cristas oceânicas e
a idade dos basaltos oceânicos cobertos por uma camada de
sedimento geologicamente jovem, contribuíram para o conhecimento da expansão do fundo do mar e daí para a Teoria das Placas Tectônicas, que pode ser considerada uma
atualização das idéias de Wegener acerca do movimento
dos continentes.
Nos últimos 50 anos, a tecnologia moderna tem dado muita informação. Formalizaram-se as provas da validade da Teoria da Expansão Continental no registro das rochas e na distribuição de plantas e animais. Com a Tectônica das Placas, é possível explicar melhor a formação de
montanhas, assim como a distribuição de sismos, vulcões e
de muitas formas de vida.O leito oceânico vive em constante movimento, arrasta e muda de lugar continentes e ilhas.
32
A Geotectônica das placas, segundo a qual a superfície terrestre está dividida em várias placas rígidas que se
movimentam, umas em relação às outras e em relação à
camada inferior, liquida, composta de magma, resultando
na deriva continental. Na borda das placas tectônicas costumam ocorrer terremotos, vulcanismo e processos ligados
à formação de montanhas.
Foram identificadas sete placas principais: a do
Pacífico, Norte-Americana, Sul-Americana, Eurasiana, Africana, Indo-Australiana, Antártica e dezenas de placas
menores. Ao longo de milhões de anos, as placas moveramse consideravelmente. Têm-se separado como as placas
divergentes que se afastam progressivamente, dando origem
aos oceanos, ou como as placas convergentes que se dirigem para o mesmo ponto e colidem, formando as mais
altas montanhas e as profundas fossas oceânicas, escorregando entre si ao longo das falhas.
No meio dos oceanos Atlântico e Indico, e na parte
ocidental do Oceano Pacífico, existem longas fendas onde o
material derretido veio à superfície para formar cadeias
submarinas de vulcões. Este material em fusão tem origem
nos depósitos de magma dentro do manto superior da Terra,
e cristaliza-se como basalto ao resfriar. Estas cadeias de
vulcões oceânicos formam um sistema interligado com cerca de 60.000 quilômetros de extensão, às vezes fraturado
em vários locais. As placas movem-se cerca de 5 cm por
ano. Algumas placas separam-se mais rapidamente, como
as placas de Nazca e do Pacífico que se movem cerca de 20
cm por ano. Quando as placas colidem, as zonas de colisão
são marcadas por grandes terremotos, como os ocorridos no
final do século XX no Japão, Irã e Afeganistão.
Outro tipo de limite de placa envolve duas placas
deslizando uma sob a outra ao longo da linha de falhas. O
exemplo mais conhecido e a falha de Cascádia (San Andre33
as), na Califórnia, na costa oeste norte-americana, de 1.000
km de comprimento, tem sido associada com os grandes
terremotos em São Francisco e Los Angeles.A placa do
Pacífico desliza na direção norte em relação à placa Norteamericana adjacente. Os terremotos são manifestações de
deslizamentos ocorridos nas falhas geológicas.
Os vulcões surgem por causa do choque das camadas rochosas superficiais que formam a crosta terrestre,
conhecidas como placas tectônicas. Nas áreas onde elas se
encontram, as altas pressões e as elevadas temperaturas do
centro da Terra provocam fendas por onde o magma é impulsionado para fora. Ao entrar em contato com o ar, a lava
resfria e solidifica,formando uma elevação cônica,o vulcão.
A faixa que circunda o Oceano Pacífico é chamada
de “Circulo de Fogo”, por causa da presença de cadeias
vulcânicas ao longo dela, com vulcões em atividade. Quase
todos os vulcões ativos do mundo estão localizados em
bordas de placas convergentes. Aproximadamente 82% dos
vulcões em função se situam no “Circulo de Fogo”, na
junção da placa do Pacífico com as placas, norte-americana,
sul-americana, e indo-australiana.
A faixa também chamada de “Anel de Fogo” estende-se por 40 mil quilômetros nas profundezas do oceano
Pacífico, está se tornando mais ativa.A região abrange a
cordilheira dos Andes, no oeste da América do Sul, as montanhas Rochosas, no oeste da América do Norte, as ilhas do
Japão, das Filipinas e da Indonésia. Outros 12% se localizam na região denominada Dorsal do Atlântico, uma cordilheira submarina que corta esse oceano de norte a sul e tem
a forma de um S.
Os vulcões ativos ocorrem geralmente ao longo de
linhas de falhas entre placas tectônicas, ou ao longo das
rachaduras do meio do oceano. O abalo sísmico ocasionado
pela erupção do vulcão submarino, em 26 de dezembro do
34
ano 2004, no Oceano Índico provocou um gigantesco tsunami, de ondas altíssimas, que varreu todo litoral da Indonésia, atingiu violentamente o sul da Índia, e a costa da África, matando mais de 270 mil pessoas. A maior parte das
vítimas (160.080) se encontrava na província de Aceh, na
ilha de Sumatra, a mais próxima ao epicentro do terremoto.
As grandes falhas oceânicas ficam paralelas aos arcos de
ilhas vulcânicas formadas como resultado de colisões de
placas oceânicas entre si, sendo as configurações mais profundas sobre a superfície da Terra.
A profundidade média dos oceanos é de 3.795 m,
mas o relevo submarino não é homogêneo. Apresenta desde
grandes cadeias de montanhas com picos superiores a 3.000
m, até depressões profundas como as fossas abissais. No
Pacífico Central existe a mais profunda depressão conhecida, a fossa oceânica das Marianas, ao longo das ilhas Marianas, com 2.550 km de extensão e 11.898 metros de profundidade, é a mais profunda depressão conhecida.
Há várias falhas ao longo das ilhas do Japão e próxima da ilha de Mindanao nas Filipinas se encontra a grande fossa abissal de 10.790 metros, uma das mais profundas
fossas marinhas. No Atlântico existe a fossa de Porto Rico
ao longo da ilha com 8.648 metros, no Índico a de Java
com 7.724 metros de profundidade, a fossa Kermadec com
10.047 m, próxima à ilha de Tonga, a do Pacífico na costa
oeste do Peru-Chile com 8.066 m. A Bacia de Eurásia com
5.449 metros, e depressões, de Planet com 9.140 m na Nova Guiné, de Horizon com 10.882 m nas Ilhas Fiji.
As profundas depressões no solo, com lagos de origem pelágica, salinos, são vestígios de mares isolados por
movimentos tectônicos, como o Mar Morto em Israel situado a 394 m abaixo do nível do mar, o Mar de Aral com 68
m de profundidade e o Mar Cáspio com 980 m de profundidade, os dois últimos situados no sul da Rússia européia.
35
Estes lagos são muitas vezes característicos das regiões
desérticas e geralmente sujeitos a secar. O grande lago
Baikal na Sibéria, próximo à fronteira da Mongólia, atualmente com 30.500 km² de superfície, já foi em tempos remotos um vasto mar de água doce; tem 1.620 m de profundidade, é o lago mais profundo da terra, possivelmente a
cratera originada pelo impacto de um gigantesco meteoro
(fragmento mineral que veio do espaço interplanetário).
Na época do Mioceno, há 23,5 milhões de anos atrás, com a colisão das placas tectônicas adjacentes Norteamericanas com a Placa do Pacifico, inicia-se a formação
das montanhas dobradas da América Central, das Montanhas Rochosas da América do Norte e do Canadá.
O Mar Vermelho no Egito, é um exemplo de uma
nova expansão do fundo do mar, enquanto que no leste da
África existe uma zona cortada de depressões, como o alongado Vale da Fenda (Grande Rift), que se estende por
mais de 2.890 quilômetros, através de Zimbábue, Moçambique, Malawi, Tanzânia, Quênia e Etiópia, em cujos vales
se situam os grandes lagos, - o Turcana com 4.250 km² de
superfície e 73 m de profundidade, fica na divisa da Etiópia
com o Quênia, lago que dá origem ao Nilo Azul. O lago
Kiwu de origem vulcânica situado no Zaire, o lago Tanganica com 32.900 km² de superfície e 1.435 m de profundidade entre Tanzânia e Zaire.
O lago Vitória entre Quênia, Uganda e Tanzânia
com 68.800 km² de superfície e 100 m de profundidade,
onde se acha a nascente principal do Nilo Branco. O lago
Niassa ou Malawi, com 22.490 km² de superfície e 706 m
de profundidade, entre Malawi e Zâmbia, bem como os
demais lagos formados nas crateras de vulcões extintos.
Talvez o Vale da Fenda represente uma nova rachadura e
separação continental, daqui a um tempo imprevisto no
futuro. Há vários vulcões ativos ao longo do Vale Rift.
36
A EXPANSÃO DA VIDA NA TERRA.
Todas as espécies vivas são sujeitas à extinção. Mudanças no ambiente, alterações climáticas, cataclismos como transformação brusca e de grande amplitude da crosta
terrestre, doenças, predadores ou outras espécies mais competitivas na busca por alimentos, podem levar as espécies a
desaparecer. Os fósseis demonstram que a Terra foi povoada por inúmeras espécies que foram extintas. São reconhecidas pelo menos cinco grandes extinções em massa, separadas por períodos de centenas de milhões de anos.
Uma gigantesca extinção ocorreu 440 milhões de
anos atrás, no fim do período Ordoviciano. O brutal congelamento do planeta (glaciação) e a conseqüente alteração no
ambiente marinho eliminaram 95 % dos seres vivos do planeta. Há 370 milhões de anos, no fim do período Devoniano, uma série de extinções, que podem ter durado 20 milhões de anos, dizimou cerca de 70% das espécies existentes. Uma das possíveis causas seria a colisão do meteoro
“Antártica” com a Terra. O impacto desse gigantesco meteoro teria provocado a “Grande Morte”. O evento colossal
desencadeou alterações profundas na superfície do Pangéia,
começaram a abrirem-se fendas e abismos assustadores.
A maior catástrofe ocorreu no período Permiano, há
288 milhões de anos atrás, com o início da desagregação do
supercontinente Pangeia. Morreram 70% das espécies terrestres e 96 % das marinhas. Outras causas que também
podem ter contribuído para essa tragédia, foram as imensas
erupções vulcânicas que ocorriam na região dos Montes
Urais ao longo de 2400 km na Sibéria, sufocando o ambiente com cinzas e escuridão durante meses, impedindo a
ação da radiação da luz solar no processo da fotossíntese.
A lava fervente expelida pelos vulcões cobriu toda a região.
37
Entre 250 e 200 milhões de anos atrás, no fim do período Triássico e começo do Jurássico, 80% dos seres marinhos foram eliminados, tendo por causa a fragmentação do
supercontinente Pangéia e formação de Laurásia e Gondwana, ocasionada pela superatividade vulcânica. Um gigantesco meteoro ou cometa, o bólido Cretáceo-Terciário ou
CT colidiu com a Terra ao final do período Cretáceo da
história geológica, há 65 milhões de anos atrás. Em 1981,
cientistas americanos, Luis e Walter Alvarez e seus colegas,
descobriram que a poeira tóxica que pairou na atmosfera
ocasionada pelo impacto do gigantesco meteoro, havia sido
responsável pela extinção em massa dos dinossauros e mais
de 60% de todas as espécies vivas do planeta.
Tal colisão, que escavou a cratera Chicxulub (México), de duzentos quilômetros, foi o impacto de um objeto
com o tamanho do cometa Halley – cerca de quarenta quilômetros de diâmetro. Objetos do tamanho do C.T. colidiram com a Terra aproximadamente 10 mil vezes durante
seu primeiro bilhão de anos. O impacto do CT teve uma
grande influência sobre a história da vida na Terra.
Existem indícios de que naquela época ocorria intensa atividade vulcânica na região da atual Índia..Em 30 de
junho de 1908, caiu um meteoro no vasto território de Tunguska, região deserta da taiga, a imensa floresta siberiana,
norte da Sibéria, abrindo uma cratera de 270 km de diâmetro, o impacto devastou e queimou 80 milhões de árvores da
floresta boreal de coníferas, numa extensão de 10.000 km².
Os dinossauros Pterossáurios, eram répteis voadores que viveram do Jurássico ao Cretáceo, durante 100 milhões de anos. Esses répteis voavam, tinham a envergadura
de asas de cerca de 11m, o pescoço não muito longo, a
cabeça dotada de focinho com dentes salientes e agudos. O
corpo compacto e a cauda longa terminavam numa membrana larga da pele semelhante a um leme.
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As pernas posteriores eram fortes e as anteriores eram usadas para sustentar as membranas das asas. Quando
em terra, utilizavam as quatro patas, arrastando-se desajeitadamente, eram adaptados para a vida no mar e para voar.
Algumas espécies menores sobreviveram à destruição refugiando-se nas águas do mar, como o dragão voador Pterossáurios, que viveu ignorado até o século XV, nas cavernas
dos Montes Cárpatos, na Romênia, caçando e se alimentando das ovelhas dos fazendeiros da região. Os fósseis do
dragão foram encontrados recentemente. Os ossos foram
datados, pelo carbono-14, para o ano de 1.475 da nossa era.
Na China, existe a mitologia do dragão. Diz a lenda, que há 50 mil anos atrás, havia dragões voadores da era
dos dinossauros, possuíam cauda de serpente, quatro patas
com garras e duas grandes asas, viviam em grutas nas montanhas e saiam para caçar animais domésticos. Quando atacados, defendiam-se soltando fogo pela boca, também, para
aquecer os ovos nos ninhos, das temperaturas do frio intenso das montanhas onde viviam. O dragão está presente na
tradição chinesa, foi o símbolo de poder dos imperadores
chineses, figura nas comemorações festivas,danças, pinturas e murais.
O principal componente da evolução é o tempo.
Somente indo ao encontro de um passado de cerca de 3,5
bilhões de anos, o fenômeno da evolução dos seres vivos se
torna claro.Os fósseis são a única fonte de informação sobre
a longa história da vida no nosso planeta. Esses milhões de
anos do passado são igualmente partes da história da Terra.
Carbono-14 Isótopo radioativo do carbono, formado
em decorrência do impacto de raios cósmicos na atmosfera
terrestre. O carbono-14 foi a grande revolução na datação
de restos orgânicos, no entanto, é o uso do carbono-14, um
elemento radioativo. Desenvolvido em 1949, por Willard F.
Libby, químico norte-americano, esse processo permite
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medir a atividade do carbono-14, presente em ossos, madeiras ou carvão e compará-lo com o existente nos seres vivos.
Achados de fósseis humanos e de animais no mundo, jogam novas luzes sobre a vida e a passagem do homem
pelo planeta. No Saara marroquino, uma equipe da Universidade de Chicago chefiada pelo arqueólogo Paul Sereno
encontra, restos de dois animais que viveram na Terra há 90
milhões de anos; o Carcharodontosaurus saharicus (réptil
com dentes do tubarão, do Saara), um dinossauro de 15
metros de comprimento, cujo crânio sozinho mede 1,60 m
de circunferência, e o Deltadromeus agilis, um carnívoro de
ossos delgados de 8,5 metros de comprimento.
Os processos de colisão de asteróides e cometas afetaram a evolução da vida na Terra de uma forma bem maior
e talvez tenham criado as condições para os mamíferos se
desenvolverem, levando ao surgimento do Homo sapiens
Na evolução das espécies, os primeiros antropóides precederiam de perto o surgimento do homem.
Durante o Período Eocênico, há 55 milhões de anos,
existia uma grande proliferação de primatas, tanto arbóreos
como terrestres, assistindo-se a evolução de uma linha de
descendência que provavelmente conduziu ao homem. Os
primeiros fósseis de primatas encontrados na África e Ásia
datam de 45 a 50 milhões de anos. Surgem os primeiros
hominóides, o africano e o asiático considerados como o
começo da espécie humana.
O primeiro vestígio fóssil encontrado na Etiópia em
1994, é de um cérebro de aspecto vagamente humano, data
de 18 milhões de anos, do Período Miocênico, quando apareceram no continente africano os primeiros primatas antropóides,o Proconsul ou Dryopithecus e o Ramapithecus
prováveis antecessores dos homens e dos macacos. O Proconsul era quadrúpede e arbóreo, provavelmente um antepassado dos grandes macacos e também do Homo sapiens.
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Estimulados por mudanças ambientais e outros fatores desconhecidos, primatas e hominóides seguiram caminhos evolutivos diferentes entre 5,2 e 8 milhões de anos
atrás. A família do macaco do sul da África, o australopithecus, divide-se em três ramos, que lentamente evoluem
para gorilas, chimpanzés e humanos. Os hominóides adaptaram-se à floresta e à savana e com o passar do tempo desenvolveram a faculdade da postura ereta o que lhes permitiu caminhar sobre duas pernas.
O homem mais primitivo, isto é, um mamífero da
família Hominidae, o homo habilis, viveu no fim da época
Pliocênica, há cerca de 5,2 milhões de anos atrás; a partir
dessa forma primitiva o homem evoluiu através da época
Pleistocênica. Habitava as vastas savanas africanas, na Tanzãnia e na África do Sul, um meio ambiente hostil, com
uma enorme variedade de predadores carnívoros, ferozes.
Fósseis do Australopithecus anamensis foram descobertos no Quênia, em 1993, mostram que o anamensis já
caminhava sobre duas pernas, entre 4,6 e 3,9 milhões de
anos atrás. Há cerca de 4,5 milhões de anos, havia uma
grande variedade de bípedes, alguns consideravelmente
maiores do que os Australopithecus grácil da África Oriental, que os havia antecedido alguns milhões de anos antes.
Os locais onde habitavam estão associados com a manufatura de utensílios feitos de pedra e de ossos de animais, de
chifres e de dentes.
O Australopithecus grácil era pequeno e flexível,
tinha de 1 a 1,35m de altura e pesava 30 kg, caminhava
sobre duas pernas. Foi contemporâneo do Homo habilis,
mas muito mais antigo.Viveu na região do Quênia Há cerca
de 4,4 milhões de anos, viveu o Australopithecus ramidus,
primata, parente próximo do primitivo ancestral humano.O
esqueleto dessa espécie foi apontada como o mais antigo
hominídeo.Habitava cavernas na atual Província do Cabo e
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Gauteng, caçava animais e comia plantas. O fóssil foi encontrado na Etiópia em 1994, aparentava ter 1,5m de altura
e pesar até 60 kg.
A mais antiga e segura prova do bipedalismo foi encontrada em 1974, na região do Médio Awash na Etiópia,
por Donald C. Johanson. Era o esqueleto apelidado de
Lucy, um Australopihtecus afarensis do gênero feminino,
que vagava pela região há 3,4 milhões de anos atrás, documenta uma transição na evolução humana. Em 1976, a
arqueóloga inglesa Mary Leakey, encontrou em Laetoli, na
Tanzânia, pegadas fossilizadas de 3 homideos, que caminharam por ali, sobre uma planície coberta de cinzas vulcânicas, aproximadamente 3,5 milhões de anos atrás. As pegadas provam que aqueles primatas andavam sobre duas
pernas. Fósseis de humanos e pré-humanos encontrados no
Olduvai Gorge, junto à fronteira da Tanzânia datam de dois
milhões de anos.
Uma mandíbula de 2,3 milhões de anos, foi encontrada no Deserto da Etiópia em 1994, pertencente ao gênero
Homo, ancestral do homem moderno e 400 mil anos mais
velho do que o Homo habilis, o mais antigo até então descoberto. Na África Oriental, clareiras na floresta permitiram
aos pastores e agricultores de cereais descerem para o Rift
Valley na Etiópia, para o Quênia e Tanzânia, onde a humanidade pode ter tido origem. A invenção da ferramenta de
pedra rudimentar e o uso de utensílios de caça e pesca feitos
de ossos de animais, distinguiu os primeiros humanos de
outros hominídeos.
Os fósseis mais antigos atribuídos ao gênero Australopithecus robustus (ou talvez Homo habilis), considerado
o primeiro hominídeo a fabricar utensílios de pedra, foram
encontrados na savana da África Oriental, no sopé do monte Ngorongoro, antigo vulcão, perto do desfiladeiro Olduvai
Gorge, (Tanzânia) e em Koobi Fora (Quênia), os fósseis
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foram descobertos pelo antropólogo queniano Louis Leakley.em 1959.Os australopithecus viveram na África até
cerca de 1,7 milhões de anos.
O achado mais famoso ocorreu em 1930,de um fóssil hominídeo datado de 1,75 a 2.milhões de anos. O fóssil
foi encontrado, no Gran Rift Valley, na Tanzânia. Um outro fóssil de hominídeo foi encontrado na Ásia Central, nas
estepes do Cazaquistão, datado entre 1,9 e 2,34 milhões de
anos. Fósseis hominídeos encontrados na Cave Longgupo
na província de Sichuan, na China datam cerca de 1,9 milhões de anos, e assemelham-se à primitiva espécie humana, o Homo habilis. Isso sugere um êxodo da África bastante anterior. Há a possibilidade de que o Homo erectus, evoluiu independente na Ásia, e não é uma espécie africana.
Pesquisas recentes baseadas em provas fósseis e genéticas sugerem que os hominídeos migraram para fora da
África, em várias ocasiões, há 2 milhões de anos. Alterações no clima teria sido um fator decisivo nessas primeiras
migrações. Uma teoria sugere que há 2 a 3 milhões de anos
uma mudança de clima generalizada levou à substituição
das florestas tropicais na África Oriental pelas savanas, o
que favoreceu a espécie Homo que se adaptou melhor ao
terreno aberto, começou a empreender grandes caminhadas.
Inicialmente, seguindo os grandes mamíferos quando esses animais começaram a se deslocar para o norte e
na direção leste, na seqüência da expansão da pradaria. No
decorrer das suas migrações, as primeiras espécies Homo,
transpuseram várias pontes terrestres que surgiram durante
as sucessivas Idades do Gelo,dos últimos 2 milhões de anos.Aparentemente o Homo erectus,datando de cerca de 1,8
milhões de anos, migrou das planícies da África para tão
longe como a China e o Sudeste da Ásia, cujos vestígios
estão claramente associados com o mais antigo emprego
controlado do fogo, numa caverna em Zhoukondian na
43
China. Outro fóssil foi descoberto por Weng Chung-pei em
1929, nos arredores de Pequim, chamado de “O Homem de
Pequim”, datado de 460.000 anos a.C. Em 1976, Richard
Leakey, do National Museums of Kenya, referiu a existência de um crânio de Homo erectus com 1,5 milhões de anos,
quase intacto.
Um estudo recente dos paleantropólogos e arqueólogos coloca a origem da espécie humana, no continente
africano de 2 milhões de anos atrás. O grupo africano pode
ser considerado uma forma primitiva do Homo sapiens,
linhagem da qual derivaram as primeiras populações de
seres humanos modernos. Os mais antigos fósseis conhecidos, com as características do homem moderno, são aqueles
do sitio Omo1 (Etiópia), da desembocadura do rio Klasies
(África do Sul), e de Qafzet (Israel ), que datam entre
90.000 e 110.000 a.C.
A África, berço dos hominídeos é o cenário da evolução humana. Nos últimos 200 mil anos, a evolução da
espécie, conforme a doutrina de Charles Darwin, permitiu o
aparecimento do Homo sapiens moderno. Gradualmente, a
inteligência se desenvolveu no cérebro dos seres humanos,
no entanto, só parcialmente no dos animais, nalguns desenvolveu-se mais, como nos chimpanzés e gorilas, nos golfinhos, baleias, elefantes, castores, gatos e cães.
Sir Arthur Keith, um estudioso inglês da evolução
humana, propôs, que em sua opinião, as qualidades que
distinguem o homem começaram a emergir no volume cerebral do Homo Erectus com cerca de 750 cm³ a 1250 cm³
de massa encefálica, evoluindo no Homo Sapiens para
1.100 cm³ a 1.800 cm³ de volume cerebral. A seleção natural funcionou como uma espécie de crivo intelectual, produzindo cérebros e inteligências cada vez mais aptas a fazer
face às leis da natureza.
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No final do século XX, tornou-se possível seqüênciar as bases do DNA, podia-se ter uma medida quantitativa
do relacionamento entre humanos e chimpanzés, e acontece
que as duas espécies compartilham 99,6 % de seus genes
ativos. Se não tivéssemos muito mais do que a prova biológica molecular, ainda assim ficaria muito claro que não há
nada em nós que seja qualitativamente diferente de nossos
parentes mais próximos, os chimpanzés – com a possível
exceção de um talento para a linguagem - a faculdade de
falar é uma característica humana. Num fóssil de Homo
habilis com mais de 2 milhões de anos, foram detectados
indícios, numa região do cérebro, de vários centros necessários para o desenvolvimento da fala, fato que constitui uma
virada fundamental na evolução dos seres humanos.
O desenvolvimento da linguagem, dos utensílios e
da civilização pode ter ocorrido aproximadamente na mesma época. Há muito a descobrir a respeito da origem e dispersão da espécie humana. OHomo sapiens parece ter-se
desenvolvido na África nos últimos 200 mil anos, e terem
migrado para fora desse continente durante os últimos 100
mil anos.Os seus descendentes começaram a se estender
além do seu local de origem para colonizar ambientes menos hospitaleiros na Europa e na Ásia. Para isso fizeram uso
da sua inteligência que lhe permitia construir abrigos, confeccionar roupas utilizando agulhas de osso, e dominar o
fogo, habilitando-os a sobreviver e prosperar mesmo quando camadas de gelo cobriam a maior parte do mundo setentrional.
A colonização da Europa provavelmente começou
entre 1 milhão a 700 mil anos a.C. Os achados arqueológicos mais antigos encontrados na Europa foram os fósseis do
Homo sapiens arcaico chamado de Neanderthal. Os primeiros esqueletos dessa espécie, início da fase humana mo-
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derna, são descobertos em 1865, nos arredores do Vale do
Neander em Düsseldorf, na Alemanha.
Em 1879, em paredes de grutas em Altamira na Espanha,foram descobertas pinturas de animais pré-históricos,
como rinocerontes, bisões, veados, tigres dentes-de-sabre,
touros e mamutes lanudos, uma mega-fauna do período
Pleistoceno (Idade do Gelo), quando as pessoas caçavam
grandes animais selvagens ao longo da beirada das geleiras,
há 40.000 a 130.000 a.C.Em 1940, na França, foram descobertas pinturas de animais nas paredes das cavernas de Lascaux, em Dordonha, datadas de 20.000 a.C.Em 1933, foram
encontrados desenhos a carvão vegetal nas paredes da caverna Cosquer, na França, da era do paleolítico superior, o
período final da Idade da Pedra Lascada, há 27.000 anos.
Os Neanderthais desapareceram há cerca de 40.000
anos no Oriente Médio e 35.000 anos na Europa, assimilados ou exterminados pela chegada do Cro-Magnon (Homo
sapiens), compartilharam o continente europeu, próximo a
cinco mil anos.Homo sapiens sapiens, o humano moderno
apareceu no final do Período Quaternário, surgiu no continente africano entre 150 e 100.mil anos atrás. Emigrou para
o norte, para a Europa, entre 45 a 100.mil anos, e depois se
dispersou pelo mundo. Foi assinalado na China de 68 mil
anos a.C.
A espécie humana, Homo sapiens sapiens, pertence
ao gênero Homo (que inclui nossos antepassados hominideos) na familia Hominidae, que envolve os primatas (orangotango, gorilas e chimpanzés). A China foi habitada desde os
tempos mais primitivos. Restos de hominídeos foram achados na China O homo sapiens apareceu nas culturas paleolíticas na região de Ordos, Hebei, e no sudoeste, por volta 30
mil anos a.C.. No vale do rio Huang Ho (Amarelo), a agricultura primitiva chinesa dependia muito do painço e do
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cultivo do arroz, provas da existência de arrozais no delta
do Yang-tzé datam do 10° milênio a.C.
O homem moderno já ocupava a maior parte do então mundo habitável por volta de 60.000 a.C. Isso inclui a
Austrália povoada em 60.000 – 40.000 a.C. por ancestrais
dos aborígenes que construíram canoas e barcos marítimos
para cruzar o mar aberto entre Java (então unida ao Sudeste
da Ásia) e o continente desabitado da Nova Guiné.
O êxito do homem moderno, Homo sapiens sapiens,
na colonização da Terra, deve-se à mudança evolutiva na
forma física e capacidade mental dos hominídeos. Embora a
sua anatomia básica pouco se tenha alterado, os traços distintivos dos hominídeos, como a postura ereta, o caminharem sobre duas pernas, a face vertical, dentes menores, e
cérebro maior, foram aperfeiçoados em cada espécie e subespécie sucessiva. A capacidade média do cérebro dos modernos humanos é três vezes maior à dos grandes primatas.
Devido à variação genética, os indivíduos de uma
população têm uma tolerância ao redor do seu nicho ecológico, mas para além de um limite particular de diferenças,
as espécies são incapazes de viver. As comunidades são
fortemente ligadas ao seu ambiente físico, ou habitat.
Uma vez que o clima, os solos, e os fatores “bióticos” variam ao redor do mundo, as populações são obrigadas a se adaptar. O conjunto de plantas e animais de uma
região ocorrem em grupos particulares, refletindo a sua
adaptação uns aos outros e ao meio ambiente. A interação
da “biota” com o clima, solo, relevo e outras condições tem
sido tema de muita descoberta ecológica. Sobre a terra e
nos oceanos, existem claros agrupamentos regionais de
“biota” contribuindo para diferenças entre locais. Mudanças
no clima tenham elas ocorrido há milhões de anos atrás ou
no século passado, requerem ajustamentos dos organismos.
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Charles Darwin (1809-1882), célebre naturalista inglês, foi um dos muitos cientistas que conceberam padrões
de evolução dos seres vivos. Em 1831, participou com outros cientistas, de uma expedição de volta ao mundo, que
durou cinco anos. Nessa viagem obteve informações para
fundamentar a Teoria da Evolução. Em expedição cientifica
ao Madagascar, a quarta ilha maior do mundo, separada do
continente africano há mais de 50 milhões de anos; desenvolveu-se ali uma fauna e flora própria, que não se encontram em nenhuma parte - ali vive um fóssil vivo, o pequeno
e gracioso primata de grandes olhos – o lêmure, que despertou atenção especial de Darwin. Os chamados fósseis vivos são espécies vegetais e animais que viveram durante
um grande período de tempo geológico sem sofrer transformações vultosas, inclui espécies extintas de peixes dotados de barbatanas ou lobadas.
O Celacanto, como os dinossauros, surgiu no Triássico há 250 milhões de anos; é uma espécie de peixe fóssil,
considerado como animal de transição, que se pensava extinto, já que as espécies similares desapareceram, aproximadamente há 70 milhões de anos, no final do Cretáceo.
Até que um exemplar foi pescado nas águas do Canal de
Moçambique em 1939. Outro exemplar foi pescado por um
nativo da ilha de Anjouan a oeste de Madagascar em 1952.
O Celacanto é considerado um dos pontos capitais
da evolução do homem dos seus antepassados animais, é
semelhante a uma perca gigante, mede 1,65m de comprimento, tem cauda dupla, possui dentes possantes de predador, barbatanas lobuladas em forma de pincel, barbatanas
peitorais e do abdome com aspecto de patas.Verifica-se que
não estão longe dos membros dos vertebrados quadrúpedes.
A evolução biológica tem sido acompanhada por
uma complexidade cada vez maior. Os organismos mais
complexos que existem atualmente na Terra contêm muito
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mais informação armazenada, quer genética, quer extra genética, do que os organismos mais complexos de há 200
milhões de anos atrás. A evolução é um fenômeno lento e
gradual sofrido pelos seres vivos, a partir de formas primitivas até as formas complexas atuais. Os fósseis fornecem
os registros da história da Terra que provam a existência da
evolução. Outros estudos em Biologia, Fisiologia, Genética,
Embriologia e outros campos dão provas seguras a favor
desse processo.
A pré-história pesquisada é apenas a ponta de iceberg que remonta ao aparecimento da espécie humana na
Terra. Paleontólogos, arqueólogos, antropólogos, cientistas
e pesquisadores, ampliaram a visão do passado em milhões
de anos.Seria impossível compreender a história da raça
humana sem considerar as suas descobertas.Toda interpretação do passado é sempre provisória, no sentido de que
não passa de uma hipótese; não importa quantas vezes os
resultados de experiências concordem com uma Teoria,
talvez amanhã os cientistas discordem das teses atuais e
formulem novos modelos, conceitos, leis de astronomia e
física do futuro.
Charles Darwin convenceu a maioria dos estudiosos
de que a evolução realmente ocorrera. Viajou ao Arquipélago de Colón (Galápagos), um conjunto de ilhas vulcânicas, pertencentes ao Equador, localizadas a 1.000 km ao
largo da costa do Pacífico. As ilhas nasceram do fogo das
profundezas da Terra, das forças geológicas em convulsão
que as moldaram, solidificando a lava incandescente vomitada pelos vulcões.As Galápagos são uma cadeia de vulcões
submarinos que se aglomeraram formando o arquipélago.
O Arquipélago de Galápagos é um caldeirão repleto
de vida, abriga uma singular e estranha fauna que se constitui de espécies únicas de animais,está situado em cima da
linha do Equador, tem um clima abrasador, infernal, mas na
49
temporada das chuvas da primavera se transforma em um
paraíso verde e florido.ocalizado na encruzilhada das correntes oceânicas; da corrente fria de Humboldt, que parte da
Antártica em direção ao Equador e esfria a água do Pacífico e da corrente Equatorial, quente, que se dirige do Equador para os pólos e leva calor.A temperatura favorável das
águas do Oceano beneficia a diversidade da vida nas ilhas.
O grupo de ilhas vulcânicas das Galápagos são os
locais mais ativos do mundo, vulcões geram uma ilha após
a outra, que se originam das profundezas da crosta oceânica. Deslocam-se 5 cm por ano, sobre uma placa quente
equivalente a uma esteira geológica rolante. Foi lá, nas Ilhas Galápagos, que Darwin reuniu o principal material da
sua célebre obra, “A Origem das Espécies”, publicada em
1859. Nesse livro ele expôs a teoria da evolução das espécies pela seleção natural. Naturalistas do mundo todo visitam as ilhas e se deslumbram com a vida estranha e singular desse mundo exótico.
A existência de espécimes únicos no reino animal
nas Galápagos e Madagascar deu a Darwin a oportunidade
de observar a evolução e adaptação ao meio ambiente. É o
hábitat de tartarugas gigantes (galápagos), de couraça de
até 0,90 m de diâmetro, alcançam o peso de 150 kg, longevas, podem viver de 123 até 200 anos. As tartarugas formam a ordem mais antiga dos répteis, apareceram há mais
de 200 milhões de anos, são animais de sangue frio, ovíparos. Na Era Mesozóica, os répteis se desenvolveram extraordinariamente, originaram-se a partir dos anfíbios. Todas
as tartarugas são protegidas por uma couraça. A cabeça e
membros são retraídos, as extremidades dos membros são
achatadas, como remos.
As Quelídridas das Galápagos são de tamanho volumoso, a cabeça grande, o pescoço longo e enrugado, dotado de franja, carapaça rugosa e a cauda longa. São terres50
tres, herbívoras, alimentam-se de plantas e capim. As maiores tartarugas verdes vivem nos mares quentes das ilhas
Galápagos, geralmente nas águas rasas do litoral, vêm à
superfície a cada hora para respirar. As tartarugas põem os
ovos num ninho raso, escavado no chão, em lugar onde haja
bastante sol.
O iguana ou dragão marinho, que parece um remanescente da época dos dinossauros couraçados do Triássico.
Duas espécies de iguanas vivem nas ilhas Galápagos, a espécie Amblyrhynchus, gênero de répteis sáurios iguanídeos,
escamados. A cabeça do iguana é grande, com formato triangular, e por baixo dela existe um grande enrugamento da
pele, com saco dilatável. No dorso, da nuca até a cauda apresenta uma crista de espinhos. Possuem escamas granulares sobre os lados do corpo, nas costas e na barriga.
Nas quatro patas robustas possuem cinco dedos dotados de garras. A cauda é mais comprida do que o corpo, o
animal utiliza-a para defender-se. A cor predominante é a
verde com manchas pardas, azul e verde escuras, podem
mudar de cor. São ovíparos. Podem atingir de 1,30 a 1,80m
de comprimento. Vivem em praias rochosas e comem algas
marinhas, insetos e plantas. O iguana terrestre deposita seus
ovos nas cinzas vulcânicas ainda mornas.
O Arquipélago das Galápagos é um cadinho fascinante para a vida, ali desabrocha o cacto nas dobras da lava
resfriada, o alimento preferido das tartarugas. Vivem ali
lobos marinhos, focas, pingüins, corvos marinhos que não
voam, enormes leões marinhos a guerrear pelas fêmeas nas
praias, lagartos marinhos que em outros tempos eram terrestres, mas, para sobreviver voltaram ao mar. Enormes
albatrozes, com asas de dois metros de envergadura, sobrevoam o Oceano disputando a presa com atobás de perna
azul. Lindos flamingos rosa chafurdam nas poças de lama à
beira dos gêiseres, à procura de alimento.
51
As três espécies de tentilhões das árvores, que se diferenciam pelos bicos, pássaros inteligentes; praticam uma
engenhosa maneira de tirar gordas lagartas dos orifícios das
árvores; primeiro, cortam com o bico uma haste fina de
graveto, aparam-na segurando com os pés, depois a enfiam
no orifício espetando a lagarta e trazendo-a para fora, deliciam-se com a lauta refeição.
Em 1871, Charles Darwin publicou o livro “A Descendência do Homem”, obra na qual expõe sua teoria de
que o ser humano descende de primatas. Na sua viagem à
Terra do Fogo, a região distante e inóspita de cada lado do
assustador Estreito de Magalhães, que recebeu o nome de
“Canto mais remoto da Terra”, a despeito das tempestades
de neve quase infindáveis, soprando a pouca distância do
solo.A Terra do Fogo,possui uma fascinante grandiosidade.
Geleiras caem verticalmente para o Oceano e, atrás delas,
picos cobertos de gelo, destacam-se contra o céu pálido.
Milhares de pingüins reais desfilam pelas encostas
geladas e colônias inteiras de morsas, focas e leões marinhos espreguiçam na praia ou engalfinham-se em lutas pelas fêmeas Até o século XIX, as tempestades uivantes e o
terreno desolado, desencorajavam os exploradores e deixavam os indígenas Yahgan, descendentes de aborígines australianos, viverem em paz durante 11.000 anos. Os habitantes fueginos, pareceram a Charles Darwin, que visitou a
região, “criaturas mais desprezíveis e miseráveis que já
conheci, sendo comparados a animais selvagens, pelo comportamento e modo primitivo de vida”.Em rituais canibalescos, com danças e cantos, sacrificavam seus inimigos.
52
O CONTINENTE AFRICANO.
Desde a Era Arqueana, há 4 bilhões de anos da formação do supercontinente Pangéia até o inicio da Era Mesozóica há 250 milhões de anos, a história geológica da
Terra foi se desenrolando lentamente. Aconteceu a fragmentação do Pangéia resultando na formação de dois subcontinentes: Gondwana e Laurásia. Há 145 milhões de anos, iniciou-se a desagregação do subcontinente Gondwana,
provocado pelo intenso vulcanismo. A contínua instabilidade e comoção da crosta terrestre abriram fendas que separaram a América do Sul, África e a Índia; surgiram os Oceanos Atlântico e Índico, fenômeno que se prolongou por
mais de 75 milhões de anos, resultando na atual configuração terrestre.
A África separou-se da América do Sul e da Ásia,
tornando-se o segundo maior continente do mundo, com
30.270.643 km² de superfície. É banhado a oeste pelo Oceano Atlântico, á leste pelo Mar Vermelho e o Oceano Índico. Ao norte pelo Mar Mediterrâneo e ao sul pelo Oceano
Atlântico e Índico. É cortado pela linha do Equador, situase entre os trópicos de Câncer e Capricórnio. Continente de
grandes reservas minerais, mas de climas muito difíceis.
Contudo centenas de tribos primitivas vivem satisfatoriamente em desertos e florestas. Importantes civilizações têm
surgido no continente, na Antiguidade e na Idade Média.
No período em que a África fazia parte do continente de Gondwana possuía o clima tropical úmido, era a
época em que a região do Saara estava coberta por imensas
florestas, onde perambulavam dinossauros, tigres dente-desabre, elefantes, búfalos, zebras e girafas. O ambiente tropical úmido favorecia a vida, que fervilhava nas florestas,
savanas e lagoas.Caudalosos rios serpenteavam por toda a
África, inclusive, onde hoje se expande o Deserto do Saara.
53
Em conseqüência da fragmentação de Gondwana e catastróficas mudanças climáticas, o Saara começou a desertificar.
O lago Chade, situado na África Central, era um imenso mar interior de água doce que abrangia toda a região
da atual Guiné, Niger, Nigéria e Chade, com milhões de
km² de superfície, estendendo-se além pela planície amazônica na América do Sul e África, continentes ainda unidos
entre si. Atualmente o lago Chade tem apenas 27.000 mil
km² de superfície, e 7 metros de profundidade, devido a
intensa evaporação pelo calor e assoreamento pelas tempestades de areia vindos do Deserto do Saara. É formado
fundamentalmente por pântanos, sendo considerado remanescente do antigo mar interior que existia naquele tempo.
Deságuam no lago Chade, os rios Chari e Logone que tem
suas nascentes no maciço do Adamaoua que se eleva no
pico Hosére Vokré com 2.049 m de altitude, e os rios Hadejia, o Komadugu Gana, e outros rios menores.
Há 1,5 milhões de anos atrás hominídeos caçadores,
deslocando-se da África Oriental caminham para o Norte
atravessando o deserto de Saara, na altura uma região de
abundante vegetação e caça. Ao Norte do Equador, a transição das atividades de caça e coleta para a produção de
alimentos começou por volta de 13.000 anos a.C. e lentamente se desenvolveu. O cultivo de cereais chegou ao norte
da África vindo do oeste da Ásia
A África Tropical foi o hábitat dos primeiros hominídeos que faziam ferramentas de pedra, controlavam o
fogo e construíam abrigos. Há apenas 1 milhão de anos os
seres humanos começaram a povoar as áreas limítrofes com
a Ásia e a Europa. Cerca de 400 mil anos atrás, grupos de
seres humanos se estabeleciam até o Norte da China e se
estendiam em direção ao Sul, na Índia e o Sudeste Asiático.
O povoamento da África foi crucialmente determinado pelas limitações físicas do continente. A existência de
54
desertos e florestas equatoriais em grandes áreas tornava a
agricultura e a comunicação muito difíceis. As tribos primitivas comunicavam-se pelo som dos tambores A África é
uma terra de grandes contrastes. No continente, o mais tropical do mundo, predominam as altas temperaturas, máxima
registrada na Líbia de 57,7º Celsius, mas também existem
faixas subtropicais nas extremidades norte e sul, com máxima registrada no Marrocos de menos de 23,9° Celsius.
Grande parte de seu território é formado por desértos. No Norte da África, situa-se o maior deserto quente do
mundo, a árida região do Deserto do Saara, com temperaturas de até 54°Celsius ao sol, representa um terço de todo
território africano. O Saara ocupa 8.670.000 km² de superfície. A região é atravessada pelo Trópico de Câncer ao sul
do Magreb,do planalto da Líbia e do delta do Nilo no Egito.
O Saara se espalha a oeste do Mar Vermelho, na
Somália, Etiópia, Egito, ao sul da Argélia, por trás do Atlas
Saariano e Tunísia, vai até os limites de Mali, Mauritânia,
Niger e Chade. Ao norte das estepes do Sudão estende-se
a vastidão de areia e formações de rochas do Deserto, salpicado, aqui e ali de pequenos oásis habitados.Na margem da
região central, encontra-se o Sahel, uma estreita faixa de
terra semi-árida ao sul do Deserto, que atravessa 12 países
africanos de oeste a leste, uma savana de transição que se
prolonga até a margem do lago Chade.O Sahel é uma região de matas espinhosas, capim áspero, árvores de acácia
dispersas pelo terreno arenoso, de cujas folhas se alimentam
as girafas, modelando a árvore como um guarda-chuva.
Nos séculos chuvosos de 20.000 a.C., habitantes do
Magreb (a região que abrange a planície litoral do Mediterrâneo e os montes Atlas) que faziam arco e flecha, povoaram o Saara antes árido, mas que com as chuvas freqüentes
tornou-se produtivo.Até há 7 mil anos atrás o deserto de
Tassili era coberto de ciprestes; a região de Ahaggar era
55
uma vasta pradaria onde viviam girafas e avestruzes; e o
deserto de Tenéré, uma das regiões mais áridas do Saara,
era um mar, de cuja fauna viviam numerosos povos de pescadores e cujo vestígio é o atual lago Chade. A região do
Chade é desértica ao norte, o Saara cobre 40% do território, onde se encontra o grande maciço vulcânico do Tibesti.
No subsolo encontram-se grandes lençóis de água potável.
Varias espécies de plantas nativas foram cultivadas
nas terras úmidas do Saara, fato comprovado, em vista das
belíssimas pinturas rupestres achadas através do Saara, nas
grutas do maciço de Tassili, do Tibesti e no Hoggar, datando de 10.000 a 40.000 mil anos atrás.As primitivas pinturas
mostravam figuras de elefantes, búfalos e girafas acompanhadas por manadas de gado domesticado pastando nos
campos. Outras pinturas representavam seres humanos dançando e seres sobrenaturais nos quais acreditavam.
A modificação na inclinação da Terra e da sua rotação em milhares de anos alterou o clima no continente africano. Há 11.500 a.C.no final da Idade do Gelo, houve uma
mudança repentina do clima.Os megamamíferos foram extintos.As áreas de florestas cerradas e pastagens cultiváveis
se contraíram no período de mudanças climáticas, levando à
alterações consideráveis nos métodos consolidados de produção e distribuição de alimentos.
Por volta de 3.000 a.C., com a gradual transformação do clima, teve início a desertificação progressiva da
área saariana, que ao largo dos séculos provocou incontáveis migrações de animais e tribos para o litoral marítimo
ou as verdes pradarias do sul. As terras foram tornando-se
paulatinamente secas e áridas, as plantas morreram, os numerosos rios que percorriam outrora a região secaram, lagos evaporaram deixando no fundo grossas camadas de sal.
No Saara se formaram vastos planaltos calcáreos,
grandes acumulações de dunas de areia que cobrem imen56
sos espaços e planícies varridas pelos ventos, cobertos de
areia grossa. O clima seco, caracterizado pela secura do ar e
pela variação da temperatura, pela violência dos ventos
quentes (síroco), também pelas tempestades de areia.Os
ventos provocam a erosão por desagregação das rochas e
arrastam os detritos formando as dunas de areia, que muitas
vezes se elevam até 300 m de altura e mudam-se constantemente, de acordo com a direção dos ventos que as empurram. A vegetação é rara, alguns arbustos e ervas espinhosas, resistentes ao calor. Os animais que ali vivem são os
dromedários, raposas, antílopes, ônix, lebres, chacais, répteis, roedores, vermes, insetos e algumas aves.
Os desertos são regiões inacessíveis aos ventos chuvosos do mar e submetidos a uma estiagem contínua. Dai
provêm uma ausência de vegetação quase total, um relevo
de origem eólica e dunas de areia devido ao efeito dos ventos. Um clima sujeito a bruscas variações de temperatura e
uma inabitabilidade quase absoluta a não ser na orla da região desértica e nos oásis, muitas vezes criados pelo homem. Os berberes, de raça negróide, é o principal povo que
vive no deserto do Saara. Nos tempos antigos, os tuaregues,
feroz tribo nômade de berberes, vigiavam as rotas das caravanas e muitas vezes as atacavam e saqueavam.
Após a desertificação do Saara (2.500 anos a.C.) a
África viu-se dividida numa área mediterrânea e outra tropical, sendo a região subdesértica do Sahel o ponto de convergência das culturas desenvolvidas em ambas. Acentuaram-se os contrastes entre os nômades do deserto e as tribos sedentárias de sua periferia.
Berço da humanidade, a África sempre se caracterizou por sua variedade de crenças e tradições. A quantidade
de línguas, costumes e práticas religiosas foram sempre tão
diversificadas quanto a paisagem, composta ora por desertos, florestas exuberantes e montanhas, ora por pântanos,
57
rios e lagos. A história desse continente de contrastes é
pouco conhecida e estudada por outros povos. Com exceção
da Região Norte, onde floresceu a civilização egípcia, há
poucos registros da trajetória de seus habitantes antes da
chegada dos muçulmanos, a partir do século VII.
Há 2.200 a.C. houve uma grande seca que abrangeu
toda a atual Grécia, Turquia, Iraque, Irã, Egito e a Etiopia.
A seca provocada pela dramática mudança do clima se prolongou por dezenas de anos, o Nilo secou desde as nascentes na Etiópia, e a fome destruiu o grande Império Egípcio.
O Egito, graças ao Nilo, integrava um conjunto à parte, ao
qual se ligavam os Núbios (Sudão e Etiópia), anexados pela
IV dinastia com o nome de País de Kush.Até o ano 750
a.C.reina o esplendor da cultura kushita no Sudão.No século V a.C. a faixa norte sofreu colonização fenícia e grega,
mais tarde os romanos ocuparam o norte da África até o
Egito.As costas de Zanzibar eram alcançadas pelos árabes
e etíopes do Reino de Axum estabelecido no século I d.C.
Fundado em 900 a.C.. o Reino de Meroe situado na
junção dos rios, Nilo Azul e Nilo Branco, foi derrubado no
ano 400 d.C. pelo Reino de Axum, estado mercantil da Etiópia. A riqueza de Axum derivava do comércio marítimo e
exportação de marfim africano e em 400 d.C. sua frota naval dominava o Mar Vermelho, comercial e militarmente.
Mas no ano 700 d.C. Axum entrou em conflito com o poder
muçulmano e sua frota foi destruída pelos árabes.No século
VII - II a.C. instala-se a cultura Nok no atual território da
Nigéria, dela descendem os Yorubas do sul.Somente no ano
1.000 surge o reino de Yoruba e desenvolve-se na região.
Em 150 d.C.as tribos berberes e mandingas começam a dominar o Sudão.A expansão do comércio transaariano impulsionou os Estados do cinturão sudanês.Dois dos
maiores, Gana e Mali foram criados por povos mandingas
que se espalhavam pelo oeste da África. O império de Ga58
na, que prosperou entre os séculos VIII a XI, foi fundado
pelo grupo soninquê dos mandingas na área ao norte dos
rios Senegal e Niger, é destruído pelos Almorávidas em
1076, seita religiosa e política dominante na Espanha e no
Norte da África de 1061 a 1147.
Na região sahélio-sudanesa nos séculos IV-XV d.C.,
desenvolveu-se o rico império de Mali,centralizado nas
cidades de Gao e Timbuktu, cidades florescentes, situadas
ao longo do rio Niger, região de terra fértil, e grandes jazidas de ouro no maciço de Fouta Djalon .O império Mali
estende-se da cidade de Timbuktu até o Atlântico, torna-se
o maior centro comercial de ouro e diamantes, dentre os
impérios sudaneses.Criado por povos mandingas, cuja cultura misturava elementos animistas locais a outros de influência islâmica.É dominado pelo Império Songhai em 1546.
Entre os séculos V- XIV, o Império Songhai desligado de Mali estende-se do Senegal ao centro do Saara.
Jóias, ouro e sal eram transportados através do abrasador
deserto no lombo dos camelos. O camelo foi introduzido na
África no período romano, trazido da Ásia Central no ano
100 d.C. Essa criatura extraordinária deu prosseguimento às
caravanas que atravessavam o deserto rumo aos portos do
litoral do norte. Extraía-se sal nas minas dos antigos lagos,
agora secos. O sal é um elemento essencial na alimentação,
era valioso e disputado.
O Império Songhai, é o primeiro grande Estado muçulmano dessa região. Atinge o apogeu durante o reinado
de Mansa Musa em 1312, quando se expande até a costa do
Atlântico. Em 1324, o rei Mansa Musa foi à Meca em peregrinação, levou muito ouro com seu enorme séqüito, chegando à Cairo distribuiu o ouro entre os peregrinos que se
dirigiam à cidade sagrada de Meca, na Península Arábica.
Multidões seguiam para o Templo de Caaba, orar à Allah,
Deus único, clemente e misecordioso e admirar a Pedra
59
Negra (um meteorito, pequena rocha que veio do espaço
sideral, exposta no Templo). Nos séculos XIII-XV, foram
islamizados os peul, mandê e hauçá do Sudão e os Impérios de Gana e do Mali. Nos séculos seguintes, os muçulmanos dominaram os poderosos Impérios do Mali e Songhai. Em 1450, foi criada a primeira Universidade de Sankore. Torna-se um importante centro intelectual, atraindo
estudantes e professores de todo o mundo islâmico.
A África desse período era formada por diversos
reinos, nações, cidades-Estado e tribos, cada um com suas
crenças, ritos e costumes. Durante o domínio árabe, o islamismo funcionou como um elemento catalisador e permitiu
o aparecimento de Estados unitários autônomos no norte da
África. Na faixa entre o Norte e a África Subsaariana, no
entanto, as guerras provocadas pela presença islâmica desintegraram o Império Gana, a partir do século XI.
Entre 1.000 e 1.500 o Islã se expandiu em direção
ao sul e através do Saara para o interior dos Estados do Cinturão Sudanês, do Senegal ao Nilo. Mercadores e viajantes
atravessavam o Saara com caravanas de camelos, partindo
dos depósitos comerciais em uma das extremidades do deserto, ao sul dos Montes Atlas no Marrocos e Walata no
Mali, artigos de luxo e sal eram levados para a África Negra do sul. Em troca, traziam artigos de couro, escravos,
ouro e diamantes. A expansão do comércio transaariano
impulsionou as cidades-Estado.
Mais a leste ficava o Império Kanure, fundado por
povos desérticos em Kanem, a leste de lago Chade A oeste
de Mali ficavam as cidades-Estado dos Hauçás, Kano,Zaria,
Katsina.Ao longo da costa oriental, havia muitas cidadesEstado muçulmanas, onde o povo e a civilização suaíli inseriram esta parte da África em um complexo comercial do
Oceano Indico. Kilwa Kisiwani prosperou como entreposto
60
para ouro do Zimbábue, trazido via Sofala. Em 1740, o reino de Lozi estabelece-se na planície do rio Zambeze.
No século X a.C. o expansionismo banto chega ao
vale do Grande Rift, e métodos complexos de irrigação são
usados na região.Pesquisas sugerem que bantos, um povo
de agricultores de raça negra, relacionados pela língua e
físico aos primitivos povos da África Ocidental, surgiu na
bacia do rio Congo nos séculos 1V-V, d.C. a procura de
pastos para as ovelhas e vacas, plantando sementes expandiu-se na África Meridional. O processo envolveu confronto com caçadores e coletores da região, o povo Khoisan.
Prevaleceram os agricultores bantos, mais numerosos, que se tornaram presença lingüística e cultural dominante no leste e sudeste africano, e foram responsáveis pelos primeiros reinados comerciais da região, como o do
império do Grande Zimbábue, que floresceu até o ano de
1400 d.C. Na região do atual Zimbábue no vale do Zambeze, surgiu entre os séculos XV – X1X, o reino de Monomotapa, conhecedor da metalurgia do ferro, cobre e ouro, e que
mantinha intenso comércio de metais e marfim com a Índia.
A partir do século XV todas essas civilizações seriam influenciadas pelas expedições portuguesas e espanholas, que modificariam as práticas comerciais, introduziriam
a cristianização, o tráfico negreiro, e teve início a colonização ocidental do continente africano.
Por volta do século X d.C. os árabes fixaram-se ao
longo da costa mediterrânea. Parte dos habitantes no norte é
de raça branca, tuaregues e mouros. Os beduínos (áraboberberes) perfuram poços artesianos nos oásis, criam cabras
e cultivam tamareiras, cujos frutos são a sua riqueza.No sul
do Saara habitam povos, principalmente da raça negra. Os
Negróides africanos podem ser classificados em três grupos
principais: 1) os da Guiné (guinéus) e do Sudão (sudaneses); 2) os bantos; 3) os pigmeus, os san ou boxímanes e
61
hotentotes. Os guinéus e sudaneses vivem na região do Sudão ao sul do deserto do Saara. Ao sul do Sudão fica a região dos bantos. As diversas tribos e nações que compreendem as populações de bantos vivem da agricultura, criação
de gado e da produção de laticínios.
A floresta equatorial atravessa o continente do leste
a oeste, do Quênia ao Gabão. No cinturão das grandes chuvas, diárias, próximo do equador, a criação de gado ou outros animais, é praticamente impossível, por causa da mosca tse-tsé, que transmite a “doença do sono”. As tribos de
negritos dispersas na floresta equatorial do Gabão, Uganda
e Congo, subsistem do cultivo do inhame, da bananeira, da
mandioca, e de palmeiras produtoras de coco e óleo.A costa
oeste da África consiste de savanas, estepes e desertos com
temperaturas elevadas, poucas chuvas e secas freqüentes. O
nordeste da África é quente e árido, a chuva é escassa, a
zona é sujeita as secas severas.
O semideserto estéril das montanhas ao Norte contrasta com as planícies do Sul cobertas de savanas do interior, que abrigam uma fauna rica e variada. As savanas são
espaços abertos cobertos de gramíneas, arbustos e mato
rasteiro. Apresentam um exuberante tapete de pasto verde
No centro e ocidente predominam as características equatoriais e tropicais com chuvas torrenciais, que quando caem
alagam tudo.Florestas e bosques cobrem grandes extensões.
No Período Terciário, aproximadamente há 23,5
milhões de anos atrás ocorreu uma gigantesca colisão entre
a placa tectônica Sul-Americana e a placa Africana. Com o
choque houve enorme enrugamento do solo formando
grandes cadeias de montanhas ao longo da costa litorânea e
na área central. O continente africano consiste numa série
de planaltos cortados a leste pelo Rift Valley (Vale da Fenda), é um vale estreito de desabamento tectônico, formado
pela depressão de uma área entre duas falhas, ao longo do
62
qual acontecem freqüentes erupções vulcânicas, existem
muitos lagos e vales alongados.
A partir da costa a Tanzânia estende-se por um planalto com altitude média de 1.000 m até o lago Malawi, que
tem 30.800 km² de superfície e 678 m de profundidade, e o
lago Tanganica, com 32.893 km² e 1.435 m de profundidade no Rift Valley. O Rift Valley Oriental divide as Northern
Highlands, que são dominadas pelo maciço montanhoso
Kilimanjaro,onde se situa o monte Kibo de 5.985 m de altitude e o monte Kenya de 5.200 m de altitude, no Quênia.
O ponto mais alto da Etiópia com o Ras Dashen Terara de 4.620m e o pico Elgon de 4.321m de altitude, onde
a paisagem do país é dominada por um planalto montanhoso dividido pelo meio pelo Rift Valley.O rebordo da imensa
bacia do rio Congo,a leste,è formado pela cadeia de Mitumba, com o monte Karisimbi de 4507m de altura,ao largo
do Rift Valley e pelo maciço de montanhas vulcânicas do
Ruwenzori, com o monte Stanley de 5130 m de altitude.
No continente há várias depressões, entre elas o de
Tungubutu, do Chade, do Congo, do Calahari e do Zambeze, cujos bordos abruptos ficam voltados para o mar, como
os cumes dos montes de Fouta Djallon, Camarões, Montes
de Cristal, Drakensberg, entre outras cadeias de menor altitude distribuídas pelo continente africano montanhoso.
Compreende ainda, ao noroeste o Magreb, região de
montanhas Rife e a Cordilheira do Atlas enquadrada por
planaltos, que atravessa Marrocos, Argélia e Tunísia, e o
maciço de Hoggar na Argélia. O ponto culminante é o monte Jebel Toubkai que se eleva a 4.165 m de altitude, no
Marrocos. Na fronteira com a Líbia, a noroeste de Chade
situam-se as montanhas vulcânicas do Tibesti que atingem
3.415 m no pico de Emi Koussi. E o maciço de Darfur, no
Sudão, junto à fronteira do Chade, com o monte Kinyeti de
3.187 m de altura.
63
Histórica e geograficamente a África é separada pelo deserto do Saara. Continente de grandes contrastes climáticos pode-se dividir em duas, com base na cultura e até
certo ponto no clima - o norte da África e a África ao sul do
Saara. No árido Norte habitam os povos de língua árabe,
desde Marrocos, o Saara Ocidental, Argélia, Tunísia, Líbia
e Egito, todos eles climática e culturalmente semelhantes ao
Médio Oriente e onde se situam os desertos da Líbia e da
Núbia. As populações árabes estão concentradas ao longo
do Mediterrâneo. O norte da África produziu as grandes
civilizações da Antiguidade, como o do Egito e Cartago.
Os primeiros habitantes do Marrocos (capital Rabat), foram os berberes, que ainda ali vivem. No século XII
d.C. foram invadidos pelos árabes e convertidos ao Islã. As
principais culturas da região são a cevada e o trigo, plantam
também cítricos e batata que dependem da irrigação. Mais
de um terço do território de Marrocos é montanhoso.
A Tunísia (capital Tunis) tem seu território colonizado por fenícios por volta do ano 1000 a.C. Eles fundam
Cartago (atual Tunis), que domina o comércio no mar Mediterrâneo até ser destruída pelos romanos em 146 a.C.
quando a região torna-se parte do Império Romano. Os árabes conquistam o território no século VII da Era Cristã,
fazendo de Tunis o centro da cultura islâmica do norte da
África. Seu território é montanhoso, é fértil ao norte e desértico ao sul, na área agrícola a Tunísia produz trigo, cevada, azeitonas e cítricos. O principal produto de exportação é
o petróleo.
A Argélia (capital Argel), é o 2° maior país do continente africano, com uma área de 2.381.741 km², e uma
população de 34,4 milhões (em 2008). Foi uma província
do Império Romano. As planícies férteis do litoral atraem,
desde a Antiguidade, invasores de diversas origens, berberes, fenícios, cartagineses e romanos. Na Idade Média, vân64
dalos e bizantinos sucedem-se nessa região, ocupação que
se estende desde o século VII, quando foi anexada ao Império Bizantino, até o século XVI. Argel era um porto de
comércio de escravos.Com expansão do Islamismo passa
ao domínio árabe até o século XIX. Em 1834 é conquistada
pela França, que a transforma em colônia, por 132 anos. A
luta pela independência começa depois da 2ª Guerra Mundial. Em março de 1962, França reconhece a sua independência. Atualmente o petróleo e o gás natural são a base da
economia do país. 85% do seu território é ocupado pelo
deserto do Saara.
A Líbia (capital Trípoli) tem seu litoral povoado, na
Antiguidade, por berberes, fenícios, cartagineses, gregos,
romanos e vândalos, tendo feito parte do Império de Alexandre, o Grande, no século IV a.C., esteve na posse dos
romanos durante 500 anos. Foi incorporada ao Império Bizantino, no século IV, da Era Cristã. Em 642 d.C. a região
foi conquistada pelos árabes quando se expandem pelo norte da África. Em 1517, o território cai sob o domínio do
Império Turco-Otomano, situação que se mantém até 1911.
Líbia conquista a independência em 1951. O petróleo é a base da economia, é responsável por mais de 90%
das exportações. O grande planalto do Saara ocupa 93% do
território da Líbia. O país não tem lagos nem rios permanentes, cerca de dois terços da água é obtida de poços artesianos, dos grandes lençóis de água do subsolo do Saara.
A República Árabe do Egito possui uma área de
1.001.449 km², e população de 76,8 milhões (2008), têm a
posição geográfica estratégica, no encontro do continente
africano com o asiático, com destaque no Norte da África e
no Oriente Médio. O Egito é o berço de uma das mais importantes civilizações da Antiguidade. Teve início há 6.000
anos a.C. com a unificação das tribos nômades indoeuropéias que se instalam na região do vale do Rio Nilo, na
65
Idade Neolítica, divididos em pequenos estados independentes. Criam Cidades-estado como Tebas, Mêmphis e Tânis, que se foram coligando até abranger todo o vale, desde
o delta até a 5ª catarata, isto é, as cidades e vilas do Alto e
Baixo Egito.
Os primeiros habitantes do vale do Baixo Nilo eram grupos nômades, que praticavam a caça e a coleta, na
rica vegetação natural da planície de inundação do rio Nilo
e abundância de caça selvagem das regiões vizinhas. O
norte da África era menos árida do que hoje, e as bordas
dos desertos eram cobertas por ricas pastagens. No fim da
Idade do Gelo, os habitantes do norte da África começaram
a criar gado e cultivar trigo e cevada; sustentada pela cheia
anual do rio Nilo a agricultura se desenvolveu, comunidades cresceram e prosperaram. Época em que começou a
agricultura em terras de aluvião depositadas no vale do Nilo, e o uso da irrigação para cultivar frutas e legumes.
Vindo da Etiópia, o rio Nilo corre através das terras
do Egito, do sul ao norte, deságua no Mediterrâneo por um
extenso delta. Em Cartum no Sudão, juntam-se as águas do
Nilo Azul e do Nilo Branco. Partindo da junção, o curso do
Nilo Azul pode ser acompanhado para sudeste através da
fronteira com a Etiópia até o lago Tana, onde se derrama
em grande catarata, nasce nas terras altas etíopes a 2700 m.
Seguindo o curso do Nilo Branco para o sul e os vastos
pântanos do Sudd, através de Uganda, encontra sua nascente no lago Vitória. O rio Nilo tem 6.695 km, é o 2° maior
rio do mundo em extensão. Forma uma bacia hidrográfica
de 2.867.000 km². O Nilo é a arteria vital para a economia
dos países que atravessa.
Em 3.500 a.C. os egípcios inventam a vela para barcos de navegação no rio Nilo, estabelecem um Estado unificado por volta de 3.200 a.C., Menés, rei do Alto Egito,
subjugou o Baixo Egito, e fundou a primeira dinastia que
66
governou o país durante 500 anos de paz e prosperidade.
Construiu a nova capital chamada Memphis. A arte, arquitetura, pirâmides monumentais e túmulos do antigo Egito
estão entre os tesouros da civilização, é o paraíso dos arqueólogos e dos turistas Em 3.600 a.C. os egípcios começam a confeccionar objetos de cobre, jóias e ornamentos.
No Oriente Próximo a soldagem de ferro é inventada. Os
egípcios trazem ouro de outras regiões da África. Em 2.300
a.C. cavalos selvagens são arrebanhados nas estepes do sul
da Rússia, domesticados, são utilizados no trabalho do
campo e combates de guerra.
A capital deslocou-se para Tebas, em cerca de 3.000
a.C. com o Egito unificado sob um único faraó. A prosperidade do Império veio da estabilidade do governo e da
administração centralizada de recursos.Os egípcios construíram canais e reservatórios para as águas do Nilo, cultivaram trigo, cevada e cânhamo e descobriram a técnica da
rotatividade do solo.No começo do Antigo Reinado, da 3ª e
5ª Dinastia (2685-2180 a.C.), época dos reis edificadores de
pirâmides, foram construídas gigantescas obras de arte, o
imenso poder e prestigio da monarquia egípcia se refletiu
na construção da Pirâmide do rei Zoser, em Saqqara.
Foram construídas, a famosa Esfinge, a Grande Pirâmide de Quéops, e as pirâmides dos faraós Quéfrem e
Miquerinos, uma das maiores estruturas da época. Localizam-se no deserto em Gizé, nas imediações do Cairo, edificadas com milhares de enormes blocos de pedra,entre os
anos de 3.700 e 2.600 a.C. Eram destinadas para abrigo das
sepulturas dos faraós; são atrações turísticas do mundo.
Em 2.500 a.C.os egípcios descobrem a utilidade da
planta de papiro, como material para produzir papel e
inventaram a tinta para a escrita. Em 1.497 a.C o reinado de
Thutmosis III, marca o apogeu do Império, entre as construções, estão os célebres templos consagrados ao deus
67
Amon, em Karnak e Luxor no Alto Egito, possuem colunas
redondas, com capitel em forma de lótus estilizado.Em
1.370 a.C. o faraó Akhenaton fortalece o culto monoteísta
ao deus Sol. De 1333-1323 a.C. Tutankhamon, faraó da 18ª
dinastia reina sobre todo o Egito, chegando ao trono com
nove anos de idade, reina desde Mêmphis perto do Cairo
até a 4ª catarata, com a ajuda do regente Ay. Restabeleceu
no seu esplendor o culto de Amon. Em 1290 a.C. reina o
faraó Ramsés II.
Após a invasão persa de 525 a.C. iniciou-se o processo de decadência. Inúmeros governantes e conquistadores chegaram e partiram desde então: persas, gregos e romanos, aos quais se seguiram no século VII, às conquistas
dos muçulmanos e a conversão da região ao Islamismo. Em
332 a.C.o Egito torna-se parte do Império de Alexandre, o
Grande, este constrói a cidade de Alexandria em 331 a.C.
um dos centros culturais de maior infuência do mundo clássico. Roma apodera-se do Egito depois da derrota de Marco Antônio e Cleópatra. Em 304 a.C. Ptolomeu I, governador macedônio do Egito, funda uma dinastia independente
que governa até o ano 30 a.C.
Em 642 d.C. o Egito cai em poder dos árabes. Em
1517, turcos otomanos dominam Egito por 250 anos. Em
1798, Napoleão Bonaparte conquista o Egito e controla o
país até 1801, quando os britânicos o expulsam e se apoderam da capital Cairo e do porto de Alexandria. Em 1.822,o
francês Jean François Champollion, descobre a Pedra Rosetta, por meio da qual decifra os hieróglifos egípcios.Com
a crescente influência européia, Egito torna-se protetorado
do Reino Unido a partir de 1882.
Ferdinand de Lesseps inicia a construção do Canal
de Suez, que é concluído em 1869. O Canal de Suez liga o
Mar Vermelho ao Mediterrâneo, permitindo mais acesso à
Índia e ao Oceano Pacifico, possui 163 km de extensão e 55
68
m de largura. Ingleses e egípcios assinam em 1936, um
tratado que assegura a presença militar do Reino Unido na
zona do Canal. Em 1956, o Canal de Suez passa ao controle
do Egito. Em 1922, o país conquista a independência.
A maior parte do território egipcio é desértica salvo
na costa do mar Mediterrâneo e nas margens do Nilo, essencial à sobrevivência do país, o rio garante o fornecimento de água, energia elétrica e possibilita a agricultura ao
longo do seu curso rumo ao norte. Em 1953, foi construída
no Nilo a represa de Aswam, uma das maiores do mundo.
No Egito 90% da população vive junto ás margens do Nilo.
Á oeste do Nilo fica o Deserto da Líbia região árida e calcária, consiste de vales baixos e declives, ao norte tem uma
grande área abaixo do nível do mar,a Depressão de Qattara.
Entre os patrimônios da humanidade estão, a Necrópole de Memphis, Campo das Pirâmides de El-Gizeh a
Dakshur, Antigas Necrópoles de Tebas e Luxor, Monumentos Núbios, de Abu Simbel a Philae, Cairo Islâmico, Ruínas
Cristãs de Abu Mena. Egito possui diversas cidades históricas, entre elas a capital Cairo onde está o magnífico Museu
do Cairo, Abu Mena, El-Gizeh, Memphis, El Minya, Tebas,
Luxor, Abu Simbel.
A Repúbica do Sudão (capital Cartum) é o maior
país da África, possui um território de 2.503.890 km², e
uma população de 39,4 milhões (2008). Está situado ao sul
do Egito. Conhecido como Núbia, na Antiguidade, o Sudão
teve o norte de seu território controlado pelo Egito. Foi incorporado ao mundo árabe pela expansão Islâmica no século VII. Tem 570 grupos étnicos diferentes e mais de 100
línguas, pelo que foi difícil para formar uma nação.
Em 1820, o Sudão é conquistado e unificado pelo
Egito. Em 1898, o país é submetido ao domínio conjunto
egípcio-britânico. Conquista a independência em 1956, mas
a paz é perturbada pela ação de grupos étnicos rivais e re69
beldes separatistas. No norte do país, o pedregoso deserto
do Saara se estende para oeste, até se transformar numa
imensidão de dunas de areia e no maciço de Darfur que
junto à fronteira do Chade atinge 3.071m, a leste as montanhas do Mar Vermelho sobem 2.000 m acima da planície
costeira. O rio Nilo atravessa o país do sul ao norte, garante
a energia elétrica e a irrigação. A maioria dos habitantes
vive junto ao Nilo, de agricultura de subsistência e da pecuária,o petróleo é principal produto de exportação do país.
A Etiópia (capital Adis-Abeba) ex-Abissinia, é um
dos países mais antigos do mundo, possui uma população
de 85,2 milhões (2008) e uma área de 1.127.127 km², dominada por um planalto montanhoso vulcânico, dividido ao
meio pelo Rift Valley. Nas terras altas do ocidente, tem
origem o Nilo Azul que começa no lago Tana e corre para o
norte. Á leste das terras altas está o Deserto de Denakil,
onde existe uma depressão que desce até 116 m abaixo do
nível do mar, a temperatura média fica em 34° Celsius. Secas periódicas assolam a nação etíope e a metade da população sofre com a fome. Campos e pastagens cobrem três
quartos do território e sustentam o rebanho bovino.
Couro e café são os principais produtos de exportação.A tradição etíope considera como marco da fundação
de sua dinastia real a união entre a rainha de Sabá e o rei
Salomão de Israel. O cristianismo é introduzido pelos coptas e torna-se a religião predominante no século IV d.C. No
século V d.C. estabelece-se o reino de Axum,que estende
seu domínio sobre região do mar Vermelho.A Etiópia resiste à invasão árabe no séculoVII,conservando a fé cristã.
A Uganda (capital Campala) no leste, é um país de
lagos e pântanos, entre eles o lago Vitória, que abrange
68.800 km² de superfície e tem 100 m de profundidade, é o
maior lago da África. A disposição dos lagos é determinada pelos declives e falhas do Rift Valley, com a Cordilheira
70
de Ruwenzori no oeste de Uganda. Desde o século X, diversas tribos ocupam o território.Em 1894,Uganda torna-se
protetorado do Reino Unido.Em1962,obtêm independência.
A África Meridional apresenta vastas regiões de terras áridas e semi-áridas e a população é mais dispersa. A
Namíbia é habitada por povos bantos. É um país árido do
sudoeste africano, com a área de 824.292 km² em grande
parte desértica, as dunas de areia do Deserto Namib são
praticamente desabitadas, uma faixa estreita de aproximadamente 135.000 km², orla toda a costa atlântica do país, o
interior é tomado pelo Deserto de Kalahari. Durante os últimos 80 milhões de anos, ventos sopram do mar e amontoam a areia em dunas de até 300 m de altura.
Nos limites do Deserto de Namib e do Kalahari a
flora consiste em cacto, arbustos baixos espinhosos, capim
de folhas rígidas e plantas rasteiras.Aqui e acolá cresce uma
árvore frondosa de baobá, que necessita levar suas raízes
até 15 m de profundidade para alcançar água.A temperatura
pode atingir até 60° Celsius ao sol. A chuva é muito rara
nessa região, só chove em espaços muito prolongados.
Períodicamente as regiões desérticas são invadidas
por nuvens de gafanhotos (locustas),que aparecem em formações de até 20 km, pousando em terra cobrem as dunas
de areia e devoram todo verde que existe.As fêmeas desovam na areia quente e quando os saltões eclodem comem o
resto das plantas que sobrou.O gafanhoto é a praga mais
terrível do deserto.
Na orla costeira do Namib todas as manhãs o nevoeiro vindo do mar estende-se sobre as dunas e sobre a vegetação sedenta, a umidade do ar dá condições para a vida
se desenvolver.Vivem ali raposas, lagartos, porcos-espinho,
formigas, aranhas, besouros, escorpiões, vespas e cobras
venenosas como a naja tripudian.
71
De surpresa, chegam manadas de elefantes vindos
da floresta equatorial do norte, para refrescar-se nas águas
do mar. Para aproveitar as águas tépidas dos trópicos, na
época do acasalamento e procriação, vêm das águas geladas
da Antártica milhares de pingüins e focas e no seu encalço
seguem as baleias e leões marinhos, seus predadores.
Quando os filhotes estão em condições a colônia volta para
seu lugar de origem, abandonando as areias quentes do
Namib.
O Deserto de Kalahari se estende por 930.000 km²
no interior de Namíbia e Botsuana. No verão, sem nenhuma
umidade o calor pode atingir 50° Celsius. Quando a longa
temporada de seca acaba, na breve estação das chuvas da
primavera o deserto desperta e como um milagre da natureza os espinheiros brotam, o capim seco torna-se verde e as
areias cobrem-se de flores multicoloridas. E o mesmo fenômeno da natureza se repete ao sul de Namib no deserto
Great Karoo,que nessa época se parece com o lendário Jardim do Éden, verde e florido.
As ilhas do Cabo Verde foram usadas desde século
XV e até o final do século XIX, por traficantes de escravos
como entreposto para reunir os escravos e abastecer os navios. O Senegal, Guiné, Serra Leoa, Costa do Marfim, Angola, e quase toda costa oeste da África, foi usada como
centro de comércio de escravos negros africanos, principalmente as regiões colonizadas pelos portugueses.
Niger (capital Niamei) com a área de 1.186.408
km², tem dois terços de seu território no Deserto do Saara, o
retante situa-se em zona semidesértica do Sahel. O aspecto
geográfico central de Niger é o maciço de Ajir. Nestas
montanhas que se elevam das planícies do Saara em picos
recortados que atingem 1900 m de altura, chove às vezes o
suficiente para que nasçam alguns arbustos espinhosos.
72
Durante o transcorrer dos últimos 15 milhões de anos o clima da África mudou constantemente, e por conseqüência tornou alguns lugares totalmente inabitáveis. Areia
e terra arenosa cobrem a maior parte das planícies do deserto ao norte e leste, uma região onde praticamente nunca
chove e è desabitada, com exceção de alguns oásis de tamareiras, ocupados por tuaregues. A fauna inclui búfalos,
dromedários, antílopes, leões, hipopótamos e crocodilos.
Povoada desde o período neolítico, a região que corresponde ao atual Niger foi habitada por povos nômades da
nação ioruba que apascentavam seus camelos, cavalos, vacas e cabras, mas as secas destruíram o seu meio de subsistência. Na região sudoeste atravessada pelo rio Niger há
solos férteis, que vem sofrendo acentuado processo de desertificação, resultado do desmatamento e da agropecuária
predatória. Niger é habitado por diversos grupos étnicos de
negróides: hauçás, djemas, fulas, tuaregues e iorubas, que
cultivam o inhame, mandioca, milho e arroz. Com 14,7
milhões de habitantes em (2008), assolados pela seca e pela
fome o povo é miserável. O urânio é a base da economia.
Nigéria (capital Abuja) situada na costa oeste tem a
maior população do continente de 151,5 milhões (2008),
ocupando um território de 923.770 km², rico em petróleo e
recursos minerais. É um dos países mais importantes da
África. A exitência de cerca de 250 grupos étnicos, com
línguas e culturas diferentes, gera tensões permanentes. A
vida do povo ioruba, cristãos, centra-se no sul, enquanto o
domínio dos hauçás, muçulmanos, é ao norte. Juntar todos
esses povos e formar uma nação mostrou-se uma tarefa
muito difícil. O país torna-se palco de conflitos étnicos e
religiosos, típicos da região na franja sul do Saara.Os britânicos, em luta com os portugueses pelo controle do tráfico
de escravos, obtêm o domínio do litoral oeste no século
73
XVIII. Em 1914 a Nigéria torna-se colônia britânica. Obtêm a independência em 1960.
O rio Niger nasce no maciço montanhoso de Fouta
Djallon, situado na fronteira da atual República da Serra
Leoa com a de Guiné. Do monte Loma Mansa de 1.948 m
de altura descem as águas do Niger, que atravessa a Guiné e
entra na Nigéria e em grandes volteios corre para o oeste e
deságua no Golfo da Guiné, no oceano Atlântico, por um
imenso delta. Tem 4.184 km de extensão; no seu percurso
recebe diversos tributários, formando uma bacia hidrográfica que abrange a área de 2.092.000 km². As bacias dos rios
Niger e Benué banham 60% do território da Nigéria, fertilizando a terra e fixando ao campo mais da metade da população. O país possui grandes depósitos de gás e petróleo,
que juntos respondem por 90% das exportações.
A República Democrática do Congo, ex-Zaire (capital Kinshasa) possui uma área de 2.344.858 km² e uma população de 64,7 milhões (2008), é o terceiro maior país da
África. Fica no centro do continente e tem um estreito acesso ao Oceano Atlântico. Tem um dos maiores rios navegáveis do mundo, o rio Congo. O rebordo da bacia do Congo
a leste é formado pela cadeia do Mitumba ao longo do Rift
Valley, e pela cadeia vulcânica do Ruwenzori.
A imensa bacia do rio Congo com 3.700.000 km²,
rio que nasce na República Democrática do Congo, corre
por 4.667 km rumo oeste. Na extremidade sudeste o lago
Mweru de 4.920 km² e 14 de profundidade, alimenta o
principal afluente do Congo que corre para o norte, o Lualaba. Desenhando uma grande ferradura para o norte e oeste, o rio Congo recebe o Ubangi à medida que desce do
planalto central, deságua no Oceano Atlântico.
Atravessado pela linha do Equador, o país é coberto
por uma extensa floresta tropical, montanhas, vulcões,
grandes rios e rica vida selvagem. As pastagens da savana a
74
leste e sul abrigam girafas, elefantes, leões, antílopes e
rinocerontes, que são protegidos em reservas, como o Parque Nacional do Virunga, Upemba e do Salonga.
Apesar de ter solos férteis e exportarem minerais, a
República Democrática do Congo é um país pobre. A região é ocupada desde a Antiguidade, por povos negróides
congo, luba, azande, bantos da África Oriental e por povos
vindos do Rio Nilo. Habitam o país mais de 200 grupos
indígenas, sobretudo de origem banto. Os povos da grande
bacia do rio Congo e da costa oeste da África são negróides. Ali vivem os pigmeus ou negritos, os bantos, os mukambas, os vatusis e os massais. Os das florestas vivem da
agricultura e da caça, os das zonas montanhosas do oeste,
mais secas, são caçadores e criadores de gado. Nas terras
secas do sul vivem os bosquímanos, bantos e zulus.
Os pigmeus, ou negritos, são uma raça de homens
pequenos, tendo de 1,20 a 1,35 m de altura, pouco civilizados e de tipo degenerado, talvez por causa de uniões consangüíneas. Antigos habitantes das nascentes do Nilo constituem o núcleo da população indígena nas regiões do centro e sul da África Equatorial, vivem atualmente na floresta
chuvosa da bacia do rio Congo. Alimentam-se principalmente da caça e coleta de nozes e raízes na floresta. Geralmente trocam carne e outros produtos da floresta por bananas e artigos produzidos por seus vizinhos, os bantos.
Esta enorme região caiu nas mãos do rei Leopoldo
II, da Bélgica em 1885, que a explorou como um domínio
privado. Em 1908 torna-se colônia da Bélgica. A República
Democrática do Congo adquire a independência em 1960.O
envolvimento de países vizinhos e vários grupos guerrilheiros na guerra civil que devasta o país, tem como pano de
fundo a disputa por um território que guarda imensas riquezas minerais,como diamantes,ouro,estanho, cobre e cobalto.
75
A República do Zimbábue tem como capital a cidade de Harare. A antiga cidade de Zimbábue é sede de uma
desenvolvida civilização urbana que floresce na região entre os séculos IX e XIII. Traficantes de escravos portugueses vindos de Moçambique chegam ao território a partir do
século XVI. O britânico Cecil Rhodes obtém as concessões
para a exploração mineral da região. Tropas britânicas esmagam a resistência das tribos nativas de bantos, de língua
shona e matabele, e a região torna-se um protetorado do
Reino Unido em 1888. Independente desde 1980.
O Zimbábue está situado no sudoeste africano e não
tem acesso ao mar. Os planaltos ondulados do médio veld
(savana) descem suavemente para o norte e para o sul deste
platô central, chegando até as baixas regiões ribeirinhas do
rio Limpopo e do Save no sul e do Zambeze no norte.
O rio Zambeze, inicia seu curso no planalto de Lunda, em Angola, tem uma extensão de 3.600 km, forma uma
bacia de 1.330.000 km², e deságua no canal de Moçambique, formando um grande delta. Na fronteira norte com
Zâmbia e Zimbábue, o Zambeze corre por uma série de
desfiladeiros e com um quilômetro de largura precipita-se
de 120 m de altura, formando as cataratas Vitória. As cataratas, o lago Kariba e diversos parques nacionais onde vivem leopardos, elefantes e rinocerontes, estão entre as principais atrações turísticas do Zimbábue.
É um dos países mais desenvolvidos da África. O
solo fértil e o clima favorecem a agriculura. Recebe grande
fluxo de turistas para visitar as Cataratas de Vitória, os parques nacionais de Mosi-oa-Tunya /Vitória Falls, Mana Pools, monumentos nacionais do Grande Zimbábue, e as Ruínas de Khami construções dos povos bantos do século IX
d.C. No Parque Nacional Rodes-Matapos foram encontradas pinturas rupestres em cavernas, de animais como bisontes, mamutes, veados e ursos, fato que comprova a pre76
sença dessas espécies na região em época pré-histórica, e
de hominídeos que os caçavam.
A África do Sul (capital Pretória) com uma área de
1.219.090 km² está situada na extremidade sul do continente africano, é composta por um planalto central, tendo ao
sul e leste os Montes Drakensberg. O rio Orange ou Garieb,
nasce nas encostas desses Montes, corre do leste para oeste,
muito variável no regime de suas águas (depende das chuvas), deságua no Atlântico, tem 2.018 km de extensão.
O homem mais primitivo, o australopithecus, habitava outrora numa extensa área da África do Sul. Era ocupada há 120.000 a.C.pelo Homo sapiens sapiens. Restos de
ossos de animais, conchas e carvão, foram encontrados numa gruta perto de Port Elisabeth, eram caçadores e coletores, alimentavam-se de cágados, mariscos, peixes, ovos de
aves e caça de animais.
Há 2.000 ano a.C. os bosquímanos ou san, povo
nômade, do sul da África, que habita principalmente o deserto de Kalahari (Namíbia e Botsuana) entre o lago Ngami,
que é alimentado pelas águas do delta do Okavango e o rio
Orange, ao norte do Cabo. O deserto é uma mistura brutal
ondulante de areia, de sentinelas de rochas isoladas elevando os picos ao alto.Os bosquímanos e os hotentotes relacionam-se aos pigmeus.Alguns são um pouco mais altos do
que os pigmeus, também são nômades, caçadores e coletores de raízes e frutas. Rastreadores exímios, são hábeis em
acuar a caça. As tribos nômades vagueiam pelo deserto,
ocasionalmente assentam-se por pouco tempo em locais
mais favoráveis, onde houver caça e frutas para colher.
Ali onde o clã acampou, é apenas um ponto de parada, instalado em baixo de um gigantesco baobá. O lugar de
cada família é demarcado por galhos e pedras empilhadas.
Não há cabana, nenhum abrigo além da relva jogada de
qualquer maneira sobre armações de galhos. A área de cada
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família contêm apenas espaço suficiente para que os membros deitem em buracos escavados para os quadris. As mulheres são responsáveis pelo fogo, levam-no em brasidos,
de um lugar para outro, onde o grupo se dirige. Alimentam
a fogueira para espantar os animais ferozes e a escuridão.
De espinheiros aderindo à superfície de areia avermelhada, escaldada pelo sol, saiam pequenos animais, serpentes e tartarugas rastejando, escorpiões e aranhas correndo de um lado para outro à noite, em busca de alimento. As
hienas sempre á espreita da carniça emitiam suas risadas
maníacas na escuridão. Antílopes velozes, ônix e gnus desconfiados e seus predadores movimentando-se durante o dia
na busca incessante de comida e água. Aquela extensão
cruel de calor sufocante durante o dia e frio intenso à noite
era suportada numa ousadia indescritível pelos seres que ali
viviam. Logo seriam obrigados a migrar, deixar seu hábitat
e o lago moribundo.
Havia quase uma década que muito pouco chovia, a
terra estava crestada e os arbustos secaram. A água do lago
Ngami estava secando, o nível baixara muito e a água se
tornava cada vez mais salobra. O hipopótamo deitado na
água barrenta, com apenas as narinas expostas, sabia que
em breve deveria deixar aquele lugar.As zebras que vieram
ao lago beberam com relutância a água fétida.Duas leoas,
esperavam de tocaia, deitadas na relva seca e amarelada,
viram uma manada de zebras se aproximar.
Um rinoceronte, parecendo em sua grotesca armadura como nos últimos três milhões de anos, desceu ruidosamente até a água e começou a revirar a lama, procurando
por raízes, cansado, bebeu da água salobra e se foi pela trilha batida na vegetação ressecada. Um punhado de flamingos rosas elevou-se da outra extremidade do lago, voando
em arcos pelo céu, fazendo voltas em círculos graciosos,
78
depois seguiram para o norte. Eles também estavam abandonando o lago agonizante.
Os bosquímanos ou san, eram caçadores nômades, o
povo sem lar. Viviam perambulando pelo deserto Kalahari,
caçando e colhendo raízes. Por onde quer que o povo san
viajasse durante os últimos 15.000 anos deixara em rochas
e cavernas um registro da sua passagem.Grandes animais
correndo pela savana, com homens em perseguição, estavam gravados nas paredes das rochas; os esplendidos rinocerontes pintados por esses artistas selvagens, eram extraordinárias obras de arte.
O típico homem do clã dos bosquímanos tem entre
1,20 e 1,45m de altura, de cor parda meio amarelado, magro e extremamente enrugado. O rosto mais parece o mapa
de uma bacia aquática muito antiga, marcada pelas trilhas
de mil animais. As rugas os acompanham desde os vinte
anos, é a marca do seu povo. Quando ele sorri mostra os
dentes brancos que se distinguem na pele negra.Os cabelos
dos san não crescem como os dos outros negros, aparecem
em pequenos tufos retorcidos, separados uns dos outros por
espaços de couro cabeludo vazio, é uma carapinha ventilada
que protege do sol escaldante.As mulheres têm nádegas de
grandes proporções, algumas se projetam tanto para trás
que parecem corcovas.
Antigamente, o clã nada sabia sobre a agricultura ou
sobre criação de animais, vivia apenas de carne obtida pelo
uso das flechas envenenadas, se não conseguissem caça, a
dieta estaria confinada a raízes, bulbos, melões, roedores,
cobras e larvas que as mulheres pudessem encontrar.Os
hotentotes foram, outrora, caçadores como os bosquímanos,
mas hoje dependem da criação de gado vacum e ovino.
A África do Sul, no século XV, foi ocupada por uma
onda de povos bantos do Norte guardadores de gado e cultivadores de cereais, cujos modernos descendentes são gru79
pos como os chosas e os zulus. Em 1652, chegaram dois
grupos de colonizadores europeus, holandeses e huguenotes
franceses. Os ingleses fixaram-se no Cabo em 1806.
A colonização européia no século XVII, culminou
num governo de minoria branca e uma controversa política
de segregação racial foi implantada em 1948. Os africanos
negróides, eram confinados numa série de Estados Negros.
Após 50 anos de discriminação, o regime de apartheid termina com a primeira eleição multirracial, em 1994, mas
deixa a herança das desigualdades sociais. Foi libertado o
líder negro Nelson Mandela, prisioneiro político de longa
data que combatia a segregação racial. A África do Sul possui dentre 48,8 milhões de habitantes, 76 % de população
negra, 12 % de brancos e 12% de mestiços e outras raças.
Os europeus penetraram no continente africano a
partir do século XV. A influência européia na África já era
bastante considerável até o século XVIII. Eles buscavam
matéria prima e mão-de-obra escrava, negociadas em diversos entrepostos comerciais estabelecidos ao longo da costa
africana. Era praticado o comercio de Especiarias, de marfim e o tráfico de escravos. A partir do século XIX,os europeus dominaram e colonizaram o território, estendendo seu
poder sobre os povos africanos até meados do século XX.
O controle político avançou para o interior e em séculos seguintes todo o continente africano foi invadido,
disputado e dividido, por potências européias - França, Grã
Bretanha, Portugal, Espanha, Alemanha, Bélgica.A influência dos estrangeiros, foi o principal fator da desagregação
da estrutura social dos povos africanos. Ocupados por países estrangeiros, apesar da repressão dos invasores, em
muitas nações africanas a resistência persistiu. As conquistas nacionalistas iniciaram um processo que levou ao colapso dos colonizadores europeus e a maior parte dos países
africanos conquistam a independência em 1950, 1960,
80
1964, 1966 e até 1975, todas as nações africanas tornamse independentes.
A atual África se divide em 53 países com seus governos próprios. São eles: Marrocos, Argélia, Tunísia, Líbia, Egito, Saara Ocidental, Mauritânia, Mali, Niger, Chade, Sudão, Djibuti, Eritreia, Senegal, Gâmbia, GuinéBissau, Guiné, Serra Leoa, Costa do Marfim, Libéria,Guiné
Equatorial, Gana, Togo, Benin, Burkina Faso, Nigéria,Camarões, República Centro Africana, Etiópia, Gabão,
República Democrática do Congo, Uganda, Quênia, Somália, Ruanda, Burundi,Tanzânia, Angola, Zâmbia, Malavi,
Namíbia, Botswana, Zimbábue, África do Sul, Lesoto, Suazilândia, Moçambique,Ilhas São Tomé e Príncipe, Ilhas do
Cabo Verde, Ilhas Comores, Ilhas Mauricio, Ilhas Seicheles, e a Ilha da República Malgaxe ou Madagascar, que se
separou do continente africano há mais de 50 milhões de
anos, desenvolveu uma fauna e flora próprias, que não se
encontram em nenhuma outra parte do mundo.
A África é povoada ao Norte por raças brancas: berberes, israelitas, árabes de raça semítica e etíope. No
Norte são faladas as línguas, árabe, berbere, aramaico, francês, inglês, espanhol, italiano, alemão e línguas nativas. Na
época colonial, várias línguas européias tornaram-se línguas
oficiais de países africanos. O francês, o português e o inglês são falados em muitas regiões.Mas em geral são usadas
línguas nativas, mandinga, hauçá, ibo, fula, ioruba, suaíli,
banto, suazi, somali, afar, shona, zulu, africânder.Abaixo,
rumo ao Centro e Sul estão a África Subsaariana onde habitam raças negras, palco de constantes guerras civis sangrentas; as disputas por recursos minerais e os conflitos étnicos
e religiosos continuam a fomentar confrontos armados.
A maior parte das desavenças deve-se à descolonização do continente, nos meados do século XX. As atuais
fronteiras dos países africanos foram determinadas durante
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os tempos coloniais, muitas vezes atravessando zonas tribais e separando membros dos mesmos grupos étnicos ou
juntando tribos tradicionalmente antagônicas. A guerra
permanente interrompe gravemente a produção agrícola,
fazendo deslocar as pessoas, que as colheitas não chegam
sequer a ser plantadas.
Mais de 60%da população africana depende da agricultura para sua subsistência. Cultivam milho, sorgo, arroz,
amendoim, mandioca, tabaco, algodão e cana-de-açúcar.
Cultiva-se também frutas e legumes, bananas, mangas,
tamareiras, cítricos, parreiras e oliveiras.Os habitantes das
savanas da África Ocidental cultivam cereais e pastoreiam
animais; os tuaregues do Saara criam gado e camelos.
A África é o continente mais pobre do mundo. As
secas prolongadas e o alastramento dos desertos em zonas
marginais são a maior causa da fome, isto pode observar-se
na vasta região do Sahel. Há falta de alimentos, de remédios e de recursos essenciais para sobrevivência. A mortandade infantil é grande. A fome tem sido um problema
sério no continente, desde tempos antigos, há registros de
fome no Egito há 6.000 anos a.C.
Apesar disso, há países e regiões prósperos. A África do Sul produz um quinto das riquezas do continente graças à exportação de ouro, minério de ferro, diamante e carvão. Os países do Norte africano são ricos em minerais, a
Argélia, Líbia e Nigéria são grandes produtores de petróleo,
que também se encontram em Angola, Benin, Guiné-Bissau
e Egito.O gás natural existe na Argélia, Líbia, e Egito.Tanto
o petróleo, como gás natural e o carvão se formaram de
restos de animais e de colossais florestas que povoaram o
continente em tempos remotos,é o combustível fóssil.
Em 1.822, na costa oeste africana, entre Serra Leoa,
Guiné e Costa do Marfim é fundada Libéria, com capital
Monróvia, como refúgio para escravos norte-americanos
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libertos, que vivem de agricultura de subsistência e pesca.
Estão em constante conflito com as tribos indígenas do interior há muito tempo ali fixadas. Em 1847 é proclamada a
independência da Libéria.
A África tropical úmida inclui a região Central e
Oriental, desde a Guiné Equatorial, Gabão, Congo, República Democrática do Congo, Uganda, Quênia e Tanzânia,
onde predominam as características equatoriais. Florestas e
bosques cobrem 3/4 desses territórios. As savanas africanas
possuem uma das faunas mais ricas e variadas do mundo.
Vivem ali, zebras, antílopes, elefantes, rinocerontes, hipopótamos, girafas, búfalos, leões, chitas, leopardos, hienas,
chacais, dromedários, chimpanzés, gorilas, mandris, lobos,
raposas, várias espécies de roedores e insetos.
A diversidade de aves é imensa, avestruzes, papagaios, pássaros canoros e colibris, águias, falcões e outras
aves de rapina. Serpentes venenosas, crocodilos, sapos e
tantos outros animais e aves; algumas dessas espécies estão
ameaçadas de extinção.Em nenhuma parte da terra existe
algo que se compare à variedade da vida selvagem africana,
grande parte da qual pode ser vista num cenário natural.
Mas hoje, muitos animais apenas sobrevivem nos
numerosos parques nacionais espalhados pelo continente,
como o Krugel National Park na África do Sul, o Tsavo
National Park no Quênia (um dos maiores), o Serengeti
National Park na Tanzânia, e o grande Parque Nacional de
Virunga, na República Democrática do Congo. A Reserva
Nacional de Massai Mara no Quênia, tem 25.000 km², ali
vivem leões,gnus, zebras, chacais, rinocerontes e elefantes.
A flora africana é rica e variada, entre os vegetais
pode-se citar a gigantesca árvore baobá, de tronco excessivamente grosso, pode atingir até 23 metros de circunferência, rica em depósito de água na casca esponjosa, é muito
disseminada nas savanas.Crescem palmeiras diversas, como
83
a tamareira e o coqueiro, a acácia espinhosa, ébano, acaju,
canchu. Entre as plantas alimentares cresce a vinha, o cacaueiro, a oliveira, cana-de-açúcar, café, algodoeiro, baunilha e cravo-da-índia. Na produção mineral salienta-se o
ouro, diamantes, cobre, fosfatos, petróleo e gás natural.
A cobertura vegetal no continente, no entanto, vem
sendo reduzida pelo desmatamento de grandes áreas, pelo
corte de árvores nobres pelas serrarias, com finalidade de
exportação. Atualmente a África conserva apenas 33% das
suas florestas originais. As maiores extensões de florestas
nativas remanescentes encontram-se no Gabão, no Congo e
na República Democrática do Congo.
A África, hábitat original do homem primitivo ficava longe das geleiras da Idade do Gelo. Ainda assim foi
afetada pelas mudanças do clima ocorridas nessa época, em
outros continentes Apesar do ambiente hostíl e marcantes
variações climáticas, o homem conseguiu adaptar-se ao
meio, e as populações humanas continuaram a crescer e se
expandir além do seu local de origem.
De qualquer forma somos todos africanos. Há 100
mil anos o Homo sapiens sapiens, saiu da África para povoar a Europa, Ásia, América, Austrália e outros continentes onde as condições de sobrevivência eram favoráveis.
Pelos achados arqueológicos no Cazaquistão, na Ásia Central, há 50 mil anos viveu na região o ancestral dos europeus, de parte dos asiáticos e dos habitantes do subcontinente indiano.
RIO AMAZONAS E A FLORESTA TROPICAL
O primordial rio Amazonas que corria pelo continente de Gondwana, antes da fragmentação da grande massa de terra, tinha como nascedouro o imenso lago Chade,
um mar interior de água doce na África Central. As volu84
mosas águas do rio Amazonas corriam do leste para o oeste, e atravessando o território sul-americano recebia inúmeros afluentes, lançava suas águas no Oceano Pacífico.
Um cataclismo geológico bloqueou o trajeto milenar
do caudaloso rio Amazonas para o Pacífico, com o surgimento da Cordilheira dos Andes que se elevou como conseqüência da colisão das Placas Tectônicas. As águas represadas derramaram-se pela planície amazônica. Formou-se
um imenso mar interior de água doce, alimentado pelas
nascentes que desciam das geleiras dos Andes.
Durante milhões de anos seguintes, depósitos de areia oriundos de processos erosivos das rochas da Cordilheira, da neve, da água das geleiras, do vento que levou
substâncias orgânicas, tudo isso resultou no processo de
assoreamento do fundo do mar de águas rasas. Nas áreas
obstruídas por sedimentos e pedregulho foi crescendo vegetação, formando grandes ilhas de terra firme. Com as sucessivas e drásticas mudanças climáticas o mar desapareceu,
deixando pântanos e grandes lagoas.As águas das chuvas
torrenciais e as enchentes cavaram seu leito próprio direcionando o curso do rio Amazonas para o leste, ao Oceano
Atlântico.
A Cordilheira dos Andes teve origem no período
Terciário, entre a época do Paleoceno e o Mioceno, quando
a placa Tectónica do Pacífico e a placa Continental SulAmericana colidiram violentamente. O choque entre duas
placas tectonicas forma pressões laterais enormes elevando
camadas de rochas sedimentares. A costa ocidental da América do Sul sofreu intenso enrugamento e dobras que
formaram a Cordilheira dos Andes e uma sucessão de
montanhas que se estendem por todo o continente sulamericano.
Os Andes são uma longa cadeia de montanhas que
domina a costa ocidental da América do Sul, com 9.000 km
85
de extensão. Emergem do mar das Antilhas, se estendem
até o Cabo Horn, no Pacífico, atravessando Colômbia, Equador, Peru, Bolívia, Chile, Patagônia e mergulham nas
profundezas do Oceano Pacífico até Antártica.Os Montes
Transantárticos são um prolongamento da Cordilheira dos
Andes. Os cumes mais elevados dos Andes, são o Aconcágua, na Argentina (vulcão 7.010 m), Ojos del Salado (6.908
m) entre a Argentina e o Chile; o Nevado de Misti (6.822
m) e o Huascarán (6.768 m) no Peru; o Ilampu (6.617 m) e
o Nevado de Sajama (6.542 m) na Bolívia; o Chimboraço
(6.310 m) e Cotopaxi (5.960 m) vulcões ativos, no Equador.
A atividade da crosta terrestre e o trabalho destrutivo das forças de erosão dão à superfície da Terra um aspecto irregular. O enrugamento das rochas é a causa mais comum de formação de montanhas; foram assim constituídas
as grandes cadeias dos Alpes, as Cordilheiras do Himalaia,
dos Andes e as Montanhas Rochosas. Os Andes estão sujeitos a terremotos e a erupções vulcânicas, com numerosos
vulcões em atividade. A Cordilheira influencia a formação
de importantes bacias hidrográficas, na parte norte, como a
do Amazonas e do Orenoco e a grande bacia da Prata à leste do continente, que é composto de planícies e planaltos.
O rio Amazonas tem sua origem na Cordilheira dos
Andes, próximo à Arequipa, no Peru, em duas pequenas
nascentes. Um filete de água desce dos picos gelados do
Nevado de Misti, a 6.822 metros de altura, é a nascente do
rio Apurimac ou Catonga, a outra nascente, a do rio Urubamba tem sua origem no pico Huágro. Das escarpas de
gelo descem como pequenos regatos, formam cascatas e
mais córregos juntam-se a eles, ganham velocidade e não
tardam a ser um rio, após juntar suas águas alguns quilômetros abaixo, arrastando gelo e lama na sua furiosa descida
pelas montanhas.
86
O Apurimac e o Urubamba são os dois mais importantes rios que dão origem ao Ucayali, um dos principais
formadores do Amazonas. Suas águas velozes despencam
em cachoeiras, rugem nas fendas esgueirando-se como serpentes, invadem e correm através da selva tropical já como
Ucayali, dirigindo-se para o norte, e lá embaixo, próximo
ao vilarejo de Nauta, juntam o formidável volume de água
ao rio Marañon. O Ucayali, desde as nascentes até desembocar no Marañon percorre 3000 km do território peruano.
O rio Marañon Superior, nasce no lago Lauricocha,
no Peru, formado pelas águas que descem do maciço Huánuco e Pasco, tem 2406 km de extensão até a sua junção
com o Huallaga seu maior afluente.Após a confluência,
suas águas volumosas correm por entre os vales e selva
tropical no rumo norte, até a junção com o Ucayali, quando
formam o rio Solimões. Logo abaixo, a 4.200 km do Oceano Atlântico fica Iquitos, porto fluvial peruano.
O Amazonas inicia o seu curso grandioso em território peruano com o nome de Solimões, penetra em território
brasileiro na localidade de Tabatinga, e ali se encontra a
4000 km de distância da sua embocadura no Atlântico e a
somente 65 m acima do nível do mar. Mas somente após
encontrar-se com o Rio Negro, 16 quilômetros abaixo de
Manaus, toma o nome de Amazonas.
Na foz do Rio Negro a largura do Amazonas vai além de 96 quilômetros. Embora correndo juntas, a água
escura do Rio Negro não se mistura por quilômetros e quilômetros, com a água turva e barrenta do rio Solimões, de
água verde. O Rio-Mar, que nasce de dois filetes de água no
Peru termina como um gigante no Brasil, sua profundidade
varia de 30 a 130 metros, chega a ter na sua foz mais de 100
metros de profundidade.
As águas vêm de longe, das encostas andinas cobertas de neve e de milhares de nascentes obscuras, ao norte,
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do Planalto das Guianas, e ao sul, do Planalto Brasileiro.
Mas, agora, a viagem chegou ao fim; num ritmo de 240 mil
m³ por segundo, a formidável torrente precipita-se sobre o
oceano, termina por empurrá-lo para trás, numa pentração
violenta e profunda, inunda o próprio mar com águas barrentas, carregadas de folhas, raízes, galhos, sedimentos e
ilhas verdes de plantas lacustres, flutuantes.
Enlameado, o verde transforma-se numa imensa
mancha amarela, que se prolonga mar adentro a centenas de
quilômetros da costa. Na maré alta, as águas do oceano
procuram penetrar no interior do estuário do rio, mas a enorme pressão da massa fluvial torna inútil o esforço. Como que represado, o Amazonas parece proibido de lançar
suas águas no oceano. De repente, no limite das águas doces e salgadas, forma-se uma pequena onda. O equilíbrio é
rompido e o rio inicia sua retirada.
Vencendo as águas do Amazonas, a maré montante
atravessa os baixios e bancos de areia do estuário e vagalhões de 4 metros de altura da água do mar, irrompem de
súbito em sentido oposto ao do fluxo das águas do rio. E
sobem rio acima, com grande rugido, surdo e fragoroso,
que se ouve a quilômetros de distância. É o som das ondas
que arrebentam seguidamente, penetrando rio acima. É a
pororoca, que se manifesta com uma violência particularmente destruidora. A influência da maré alta estende-se até
790 km acima da foz. Na ocasião das cheias, o Amazonas
penetra no Oceano adentro até cerca de 400 km.
Não foram os portugueses os primeiros europeus a
contemplarem o violento combate das águas travado na foz
amazônica. Antes mesmo que as caravelas de Cabral aportassem no Brasil, o navegador espanhol Vicente Yañez Pinzón já havia descoberto a desembocadura deste rio, a que
deu o nome de Santa Maria de la Mar Dulce.
88
Penetrando pelo imenso estuário, emoldurado pela
compacta parede de floresta, Pinzón chegou a explorar 20
km rio acima, depois retornando, acompanhou o litoral norte atá a altura do rio Oiapoque. Em 1541, outro espanhol,
Francisco Orellana, realizou uma travessia histórica. Partindo de Quito, no Equador, percorreu mais de 4.500 km
através do Marañon, do Solimões e do Amazonas, cujo estuário atingiu depois de meses de viagem e de privações.
O Amazonas é um típico rio de planície, tem a extensão de 6.992,06 quilômetros, desde a principal nascente,
o Apurimac, até a foz no Atlântico. Éo mais longo rio do
mundo. Forma uma imensa bacia fluvial de 7.050.000 km²,
cujas nascentes se estendem da Serra Nevada de Cochabamba na Bolívia aos maciços do Cerro do Pasco no Peru, e
cuja direção comum das águas é do sul para o norte, enquanto o rio principal, o Amazonas, formado por toda essa
gigantesca massa de água volta-se para o Oceano Atlântico,
corre de oeste para o leste..Atravessa as florestas tropicais
peruanas e brasileiras, e lança-se no Atlântico formando
uma embocadura de 300 km. A largura da sua foz principal
é de 92 quilômetros.
Alguns dos seus numerosos afluentes, no território
brasileiro, estão entre os mais extensos do mundo. Os mais
caudalosos e principais da margem direita são:
O Javari que nasce na Serra da Contamana no território peruano e marca o limite entre o Peru e o Brasil, tem
1.056 km de extensão.
O Jutai tem 1.200 km, nasce nas planícies do oeste
do Estado do Amazonas.
O Juruá nasce na Serra da Contamana, no Peru, tem
3.283 km.de extensão.
O Tefé tem 990 km, nasce no Estado do Amazonas.
O Purus tem uma extensão de 3.220 km, nasce nos
altiplanos dos Andes peruanos.
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O Madeira, rio do Estado de Rondônia e do Amazonas, tem um curso de 3.380 km desde as nascentes, é
formado pela junção dos rios Mamoré e Guaporé. O Mamoré nasce no sopé do Nevado de Sajama próximo à Cochabamba na Bolívia, pelo Madre de Dios e Beni que descem da Cadeia de Ilimani, tem suas nascentes nos Andes
bolivianos,correm através dos pampas dos Moxos e das
planícies pantanosas de Chiquitos. O rio Madeira é o maior
afluente da margem direita do Amazonas, suas águas correm por 1,7 mil quilômetros no território brasileiro.
Enquanto que o Guaporé nasce a oeste da Chapada
dos Parecís, no Mato Grosso, suas águas rolam em direção
noroeste contornando a Serra dos Parecís e o prolongamento desta que, em Rondônia, toma o nome de Pacaás Novos.
As águas do Guaporé correm no rumo norte até a confluência com o Mamoré, na junção nasce o rio Madeira, que
vai descendo em direção à planície até a foz no Amazonas.
O Tapajós tem sua origem nos rios que formam o
Juruena; nascem no norte da Chapada dos Parecís no Mato
Grosso, que após a junção das suas águas com o rio Teles
Pires toma o nome de Tapajós até sua foz no Amazonas,
mistura suas águas verde-escuras próximo à cidade de Óbidos. Tem um curso de 2.000 km.
O Xingu nasce na encosta norte da Serra do Roncador no Mato Grosso, tem um curso de 1.980 km, deságua
no Amazonas perto da cidade de Santarém.
O Tocantins origina-se de dois grandes rios, o Araguaia e o Tocantins. O Araguaia nasce na parte leste das
Serra das Vertentes no planalto goiano, tem 2627 km de
extensão. O Tocantins nasce na confluência dos rios Alma e
Maranhão, em Goiás e se junta ao Araguaia no Estado do
Pará, tem uma extensão de 2.640 km, deságua na foz do
Amazonas, no Atlântico.
90
Na margem esquerda deságua o Putumayo ou Içá,
nasce na vertente oriental dos Andes, na Colômbia, tem
uma extensão de 1.800 km.
O Japurá nasce na Lagoa de Santiago na Colômbia,
no sopé dos Andes, tem uma extensão de 2200 km.
O rio Negro nasce na Venezuela tem 2250 km de
extensão, corre para o sul, recebe o rio Cassiquiare formado
por um braço do Orenoco que liga as duas grandes bacias
fluviais, é um dos vestigios da época em que o Amazonas
corria para o oceano Pacífico. Seus principais afluentes são
os rios Uaupés, Içana, Rio Branco.
O Trombetas nasce na Serra de Tumucumaque no
Pará, faz divisa com Suriname, tem 570 km.
O Jarí nasce na Serra de Tumucumaque no Amapá
na fronteira com Guiana Francesa, tem 600 km de extensão.
Muitos outros rios deságuam no Amazonas, quase
todos navegáveis, alimentados no seu percurso por centenas
de igarapé-açus, igarapé-mirins e nascentes originadas nos
pântanos e nas encostas das montanhas. Agora o Amazonas não é mais um rio comum, rompe suas próprias margens com fúria brutal. Em alguns lugares suas margens distanciam-se tanto que dum lado do rio não se vê o outro.
Amazônia, maior rede fluvial do mundo, os rios são
as ruas, por ele passam os casamentos, os batizados, os enterros, passa o trabalhador, a polícia, o padre, o comerciante
e o pescador; através deles se faz visita, compra e se vai ao
médico na cidade. O barco é, para o amazonense, o que é
para o pantaneiro mato-grossense o cavalo e o boi de sela.
A evaporação intensa proveniente da enorme quantidade de água dos rios e da selva quente-úmida dessa região produz um clima diferente. Existe o verão que vai de
abril a setembro com calor e chuva, e inverno que vai de
outubro até março, com calor e muito mais chuva. O calor
91
intenso, úmido e pegajoso dá um ar sufocante e incômodo
ao visitante vindo de climas temperados.
A grande extensão do Amazonas faz com que as águas de suas enchentes, vinda das mais remotas partes do
interior do continente, atinjam o seu curso em diferentes
partes, como também em diferentes épocas. Enquanto o
Marañon em Mainas no sopé dos Andes, já em janeiro está
muito cheio, as águas do Solimões só em fevereiro começam a subir, enquanto o Amazonas abaixo do Rio Negro, só
atinge seu nível máximo nos fins de março. No Solimões e
mais para o leste, a enchente avança para o interior e sobe
até 12 metros, alaga até 50 km de floresta de cada lado do
rio A inundação anual dá inicio a uma migração notável.
Os indígenas da região observam as formigas e se
afastam do rio a mesma distância que os insetos, animais
fogem para a parte mais alta da terra firme. Os peixes, ariranhas e os crocodilos, seus predadores, os seguem e caçam
em volta dos troncos da floresta alagada. Durante as cheias
dos rios, formam-se ilhas de saúvas em migração quando,
com habilidade, improvisam balsas de seus corpos unidos
por baixo e por cima um do outro, e assim navegam rio
abaixo, fugindo da enchente.
Os pássaros e os macacos refugiados nos topos das
árvores não perecem com esse tumulto da natureza. Os golfinhos guiam-se pelo sonar nas águas turvas do rio à procura das presas. O poraquê, peixe-elétrico – emite 600 volts
de eletricidade para imobilizar a caça. Bandos de cormorões
e garças caçam os peixes que ficam na superfície da água.
Assim é, que o centro do continente sul-americano
é constituído por uma cadeia de planícies ligadas entre si,
que se estendem desde a embocadura do Orenoco até o Rio
da Prata e até o Estreito de Magalhães. E do sopé da Cordilheira Oriental dos Andes até o Amazonas, formando uma
92
única e colossal bacia, que estende três braços gigantescos
para o Oceano Atlântico.
A região da bacia Amazônica, é coberta quase que
toda, de um extremo ao outro por colossais florestas virgens. Regada pelas freqüentes chuvas equatoriais, com seus
cerca de 5,5 milhões de quilômetros quadrados é a maior
floresta tropical úmida do planeta e a mais rica em biodiversidade. A maior parte da Floresta Amazônica, cerca de
3,3 milhões de quilômetros quadrados pertence ao Brasil.
Cortada pela Linha do Equador, a Amazônia corresponde a cerca de 30% da América do Sul, abrangendo parte
do território do Brasil, Guiana Francesa, Suriname, Guiana,
o sul da Venezuela, parte do sudeste da Colômbia, toda a
parte oriental do Equador e do Peru e nordeste da Bolívia.
A Amazônia brasileira, ou Região Norte, é uma vasta área tropical - que originalmente era um mar de água
doce - drenada pelo rio Amazonas e os seus mais de 7 mil
afluentes. Ocupando a metade norte do país, este sistema
fluvial passa através de vastas regiões de floresta tropical.
É integrado pelos Estados do Amazonas, do Pará,
Acre, Rondônia, Amapá e Roraima. É também considerada
Amazônia Legal a região compreendida pela parte norte de
Mato Grosso, norte do Estado de Tocantins e oeste do Maranhão, perfazendo um total de 3,9 milhões de quilômetros
quadrados. Boa parte desta área apresenta acentuada identidade física, de relevo fundamentalmente plano.
A Amazonia é um território de constituição muito
recente. Alguns dos seus terrenos se formaram durante o
Período Terciário, mas outros, talvês a maior parte, estruturaram-se no período geológico Quaternário. Para comprovar que, em tempos remotos existiu um mar em toda região
amazônica, é necessário examinar a formação da camada de
solo que, geralmente, não passa da espessura média de 40
centímetros, constituída de húmus da decomposição das
93
folhas e troncos de árvores caídas. Sob esta superfície verifica-se a incidência de vasta camada de areia, que pode
aprofundar-se sem limite previsível. Quando o terreno é
sujeito a fortes chuvas, ocasiona erosão em forma de crateras profundas que são chamadas de voçorocas.
O rio Amazonas corre, através de uma vasta planície, que se estende para o norte e para o sul do seu leito,
sempre percorrendo a grande depressão que constitui a planície amazônica. As primeiras cachoeiras dos grandes rios
que levam suas águas ao Amazonas encontram-se em Alcobaça no Tocantins, Vitória no Xingu, Itaituba no Tapajós
e Porto Velho no Madeira.
A grande planície amazônica termina nessas localidades junto às cachoeiras, e começa a encosta do Planalto
Central Brasileiro. Os rios agora, dirigem os seus cursos
através de terrenos acentuadamente inclinados para a grande depressão. Porém, a Amazônia amplia-se além da planície amazônica, abrangendo 400 km de trecho encachoeirado do rio Madeira entre Porto Velho e Guajará-Mirim, que
constitui um degrau que separa a Planície amazônica do
Planalto.
A primeira cachoeira, a de Santo Antônio, fica a 6
km acima de Porto Velho, e a 1.000 km aproximadamente
da foz do Madeira no Amazonas. Ali termina a planície
amazônica, mas continua a Amazônia que se dilata ainda
por todo o trecho das cachoeiras do Madeira, e de todo o
curso do rio Guaporé. A cidade de Porto Velho situa-se a
60 m acima do nível do mar e Guajará-Mirim a 122 m.
Nos grandes afluentes da margem direita que delimitam a planície amazônica, existem saltos, cachoeiras,
pântanos, charcos, corredeiras e inundações, praias de areias brancas e águas tranqüilas e uma fauna ictiológica a mais
rica do mundo. Peixes perigosos, desde os maiores de dois
metros, bagres carnívoros, a terrível e voraz piranha de den94
tes afiados como navalha que devora qualquer presa morta
ou ferida em poucos minutos.
Baiacus de pele venenosa, poraquês que emitem terríveis choques elétricos, arraias de ferrões venenosos, o
minúsculo peixe candiru (vandelia cirrhosa), que descarna
os animais mortos em poucos segundos; penetra nas aberturas anal e vaginal das pessoas que se banham nas águas por
ele habitadas, obrigando os nativos protegerem os órgãos
genitais ao entrar no rio. Existem ainda milhares de jacarés
e ariranhas sempre famintos, a procura de presas. Há o pirarucu de carne deliciosa, o tambaqui, o pacu, surubim, dourado, tucunaré e milhares de outras espécies. É possível
encontrar mais espécies de peixes num lago amazônico menor do que em todos os rios da Europa juntos.
O curioso peixe-boi ( trichechus manatus) é um
mamífero, o filhote nasce em lagunas abrigadas e nada quase que imediatamente. A fêmea destes estranhos animais
tem as mamas em baixo das nadadeiras da frente. O peixeboi é da ordem de sirênio, grande animal aquático, de respiração aérea, que tem os membros anteriores dispostos em
longas barbatanas em forma de cotovelo, cauda horizontal,
achatada em forma de remo, não fendida no meio, focinho
muito grande com alguns pêlos e boca pequena. Os sirênios
distinguem-se dos cetáceos porque tem dentes incisivos e
molares e cinco dedos nos membros anteriores. São desprovidos de membros posteriores e de orelhas externas.
Atingem, em média, 2 a 3 metros e pesam até 160
quilos. Vivem exclusivamente nas águas doces das bacias
do Orenoco e do Amazonas. Nadam vagarosamente e saem
para alimentar-se de plantas gramíneas, nas águas costeiras
e rasas das baías, lagoas e estuários das regiões tropicais do
Oceano Atlântico. No Brasil o peixe-boi, hoje é bastante
raro. Esse animal, quando mergulha, pode permanecer até
15 minutos debaixo da água, sem respirar. Seus membros
95
anteriores estão adaptados ao nado. O dugongo é parente
próximo do peixe-boi e do manatí, do qual se diferencia
pela cauda bifurcada como a da baleia.
O vale do rio Amazonas é a mais extensa bacia hidrográfica do mundo, quase toda coberta pela soberba vegetação tropical, constituindo a “Hiléia Brasileira” que ocupa
38,5% do território nacional. Possui três tipos de vegetação,
classificada segundo a proximidade dos rios – a mata de
igapó, mata de várzea e mata de terra-firme.
A mata de igapó é uma espécie de floresta submersa, localizada no terreno alagado pelos rios. A mata da várzea é uma mata de inundação temporária. Nela encontra-se
grande quantidade de seringueiras, palmeiras, jatobás, maçarandubas e extensos pacovais.
As matas de terra firme não são inundadas pelas
cheias dos rios e ocupam a maior parte da região, suas árvores podem atingir até 60 metros de altura, e o contato de
suas copas fechadas forma um telhado verde capaz de reter
95% da luz solar. Cresce ali a frondosa castanheira, mogno, ipé roxo e amarelo, cerejeira, gonçalo alves, pau-ferro,
canela, pau-marfim, imbuia, jacarandá, maracateana, angelin, cedro vermelho, andiroba, maçaranduba, guaiçara, aroeira-do-norte, pinho amazônico, figueira, pau-d´allho, roxinho, macaúba, copaíba, sucupira, gameleira e cipós gigantescos envolvendo troncos de espessas ramagens.
A maioria das espécies é de folhagem permanente,
renovam-se pouco a pouco. Como estão em regiões quentes
e úmidas, possuem folhas largas (latifoliadas), que absorvem mais energia solar. Essas florestas são muito compactas, de cor verde escura. As copas das árvores, em diversos
níveis, tocam-se, formando uma defesa muito densa à luz.
Assim o interior dessa floresta é muito escuro mal
ventilado e muito úmido. Há árvores esparsas cujas copas
se colocam bem acima da grande maioria das plantas.
96
Quando faltam essas ramagens que se sobressaem, as copas
de todas as árvores da mesma altura formam um dossel
continuo e uniforme. A selva amazônica é paraíso e inferno, porque é bela, assustadora e terrível. Esconde sob o
manto verde fascínio, mistérios e muitos perigos. Horizontes infinitos de beleza natural, clima tropical, úmido e chuvoso. Matas gigantescas, cujo solo nunca viu o sol.
Chove muito na selva, principalmente de outubro a
março. É uma verdadeira estufa. Por cima, copas fechadas
de árvores de 70 m de altura e 6 m de circunferência; por
baixo uma camada de meio metro de folhas fofas, úmidas
no chão.Temperatura de 40º Celsius, de sufocante calor
úmido de dia e 6º graus durante a noite; madrugadas de frio
úmido. Pelo fato de o rio Amazonas correr ao lado da Linha
do Equador, ali não há crepúsculo, a noite desce rapido.
Maior região florestal de toda a Terra, com inúmeras
variedades de espécies vegetais e animais. Ali a natureza
em tudo exagerou, os cipós lenhosos de enormes grossuras
são freqüentes, chegam a ter sessenta metros de comprimento. Plantas aquáticas cujas folhas gigantescas têm dois
metros de diâmetro, como a maravilhosa Victória Régia,
que cresce nos remansos tranqüilos dos lagos e pântanos
amazonenses, suas flores são brancas e perfumadas.
É de mencionar a riqueza dessas matas em leguminosas, moráceas e sapotáceas. As palmeiras são um componente importante desta vegetação, como babaçu, buriti, pupunha, juçara e palmito branco. Ocorre também o guaraná,
tabaco, malva, juta, pequi, cupuaçu, cacau e café selvagem.
Encontra-se também, diversas frutas silvestres e de cultivo,
como marmelo, taperebá, ingá, açaí, jenipapo, tucumã,
mucajá, caju, banana, limão bravo, graviola, abacate, biriba,
jaca, manga, sapotilha, guabiroba, tarumã, cupuaçu do qual
se fazem deliciosos sucos, doces e sorvetes. Plantas aromáticas como baunilha, canela, pimenta do reino, cravo, casta97
nha-do-pará. Nos ocos das árvores ou na terra, as abelhas
de várias espécies fazem as suas colméias e produzem mel
saborosíssimo, que é disputado pelos indígenas.
Mundo selvagem onde impera a lei do mais forte, do
mais astuto, mais esperto, na luta constante pela sobrevivência. Violência, botes nas sombras da noite, ciladas traiçoeiras ao som de estranha orquestra que vai do esturro da
onça pintada aos silvos da serpente e gorjeio dos pássaros.
Florestas impenetráveis, cheias de perigo e beleza. Quente e
úmida a floresta é a estufa natural das mais lindas orquídeas, cujas flores variam do branco à púrpura e ao amarelo,
com pintas e desenhos fantásticos e surreais.
Os solos nas florestas tropicais, chuvosas, de cor
vermelha (latossolos), são sujeitos à drenagem excessiva,
portanto, de pouca fertilidade (terra Catanduva). A cor resulta da ação química da água da chuva sobre os minerais
de ferro. Os solos formados sob as florestas são escuros e
ácidos. A exuberância de folhas e troncos, o colossal mundo verde é formado mais pelo calor e umidade. Vão-se
constituindo lentamente com as folhas e os frutos que caem
das árvores, acumulam-se no chão úmido e quente do laboratório selvagem.
Então as raízes dos enormes troncos das árvores da
floresta tropical não se aprofundam no chão, mas espalhamse como pés de galinha, levando às suas células os princípios vitais do crescimento. Não possuem a raiz penetrante
(peão) que se aprofunda no solo, mas criam raízes para os
lados da base do tronco que a sustentam em posição vertical, e que se estendem para longe na parte subterrânea.
A cobertura vegetal das florestas tropicais é densa e
contínua, com solos geralmente pobres, retira seus nutrientes do húmus formado da decomposição de galhos, troncos
e folhas. A luxuriante vegetação amazônica dá a falsa impressão de um terreno extremamente fértil. Entretanto, se
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for retirada a cobertura vegetal, toda a região pode-se transformar, com rapidez, numa imensa área desértica. O solo
protegido por essa floresta não serve para exploração agrícola intensa ou para pecuária, já que rapidamente perde a
fertilidade após a derrubada da vegetação.
Embora a Amazônia possua a mais rica e mais vasta
floresta tropical do mundo, sua flora ainda é muito pouco
conhecida. A vegetação tropical em geral e as florestas úmidas são um reflexo de sua extraordinária riqueza e diversidade. Nenhuma floresta do mundo possui tantas epífitas e
parasitas crescendo sob a forma de musgos, liquens, ervas,
cipós e bromélias. Enroscam-se, enlaçam, procurando subir
aos galhos mais altos à procura do sol.
Vivem numa luta constante, onde muitas vezes o
pequeno acaba esmagando o grande, como sucede com o
micróbio no organismo humano.Ataca silenciosamente na
forma de uma minúscula sementinha levada pelo vento e
pelos pássaros. Ao cair sobre uma árvore a sementinha começa a brotar e a sugar as suas energias. Crescendo verticalmente no vegetal à qual se agregou, desce as suas raízes
para baixo introduzindo-as no solo.
Além de florestas de diversos tipos a Hiléia amazônica reúne varias formas de campos. Nas regiões de cerrados que ocorrem na Amazônia, encontram-se um tipo de
vegetação, caracterizado por conjuntos de árvores baixas,
de troncos tortuosos, em geral dotados de casca grossa e
suberosa, espinhos e folhas cobertas com pêlos. Essas espécies estão adaptadas à seca e aos incêndios que ocorrem
com freqüência; no solo estendem-se tapetes de gramíneas.
O valor da fauna amazônica é incalculável, devido
às propriedades e aos hábitos que os animais possuem. A
fundamental importância dos animais da Amazônia está no
papel que eles representam dentro do ecossistema da floresta tropical úmida. A vegetação e a fauna criaram um mu99
tualismo inseparável; uma não pode existir sem a outra.
Essa dependência mútua é essencial para o seu equilíbrio.
Embaixo de seculares castanheiros e jequitibás vagam índios ferozes, deslizam cobras peçonhentas, jibóias
arborícolas, formigas antropófagas e a grande formiga preta, a tocandira, que chega a 22 mm de comprimento, de
picada muito dolorosa, capaz de produzir vômitos e desmaios. Crescem plantas carnívoras e árvores-formigueiros,
que abrigam no seu interior colônias desses insetos.
Escorpiões, aranhas caranguejeiras e nuvens de minúsculos piuns, muriçocas e carapanãs. A cobra sucuri ou
anaconda, que vive nos rios e nas florestas próximas a eles,
alimenta-se de peixes, aves e mamíferos; mata a presa enroscando-se nela, e a engole inteira, após triturar-lhes os
ossos por compressão muscular. Atinge mais de doze metros de comprimento, e chega a pesar até 200 quilos.
No meio amazônico, que compreende mais de cinco
milhões de quilômetros quadrados do mais rico ecossistema
do mundo, é impossível obter-se uma lista completa de todas as espécies. Existem gambás, morcegos, macacos, tamanduás, preguiças, tatus, roedores diversos, ouriços, preás, capivaras, pacas, cutias, botos, cachorros-do-mato, guarás,quatis, iraras, furões, lontras, ariranhas, onças, javalís,
antas, peixe-boi,caititus,veados, queixadas.Todos esses animais estão ameaçados de extinção, com a devastação das
florestas tropicais e conseqüente destruição de seu hábitat.
Há também enorme variedade de espécies de aves,
como mergulhão, cormorão, garça, ganso, codorniz, jaçanã,
rola, mutum, gaivota, coruja, gavião, falcão, urubu, jacu,
melro, arara, periquito, papagaio, tucano, carriça, papamosca, sanhaço, andorinha, pica-pau, sabiá, beija-flor. Os
pássaros são quase tão abundantes quanto os insetos, as
diversas espécies de borboletas formam nuvens multicoloridas contra o céu azul, e o seu papel no ecossistema é mui100
to grande e diversificado. Assim como os pássaros, os insétos são importantes polinizadores das plantas.
Os cursos de água e igarapés no interior da floresta
amazônica ativam o crescimento de uma exuberante vegetação ciliar, a qual é beneficiada por substâncias nutrientes
fornecidas pela água e por maior quantidade de luz solar.
Essa vegetação é uma verdadeira fábrica de elementos nutritivos sob a forma de folhas, flores e frutos, que caem e se
acumulam no solo ou são varridos para a água. Esse processo ajuda a sustentar um grande número de peixes.
Em acréscimo às variáveis encontradas hoje no solo
e no clima, há também o importante papel representado
pela história da região na diversidade e na distribuição das
espécies; as mudanças climáticas da Terra no Pleistoceno e
em tempos mais recentes também afetaram profundamente
a região amazônica. Durante os períodos de clima mais
seco a extensão dos cerrados aumentou e a das florestas
diminuiu, dividindo-a em manchas. Esse fato, por sua vez,
isolou as espécies separando-as em dois ou mais grupos e
aumentando as possibilidades de mudanças evolutivas, antes que o dossel da floresta formasse de novo uma superfície contínua com o retorno do clima úmido.
Brasil, o maior país tropical do mundo apresenta
grande variedade de paisagens - áreas de vegetação herbáceo-lenhosa como o cerrado, a caatinga, a mata Atlântica, o
pantanal-matogrossense, pampas do sul, ou simplesmente
campos limpos. As savanas de terra firme, que são áreas
isoladas, de cerrados, cobertas de capim rasteiro e subarbustos de folhas grandes e duras, algumas árvores baixas,
retorcidas, de cascas grossas e fendidas, esparsamente distribuídas pela região.
Os cerrados são valiosas como pastagens. Essas áreas são sempre circundadas por florestas. Os campos e
cerrados do Planalto Central, característico de Mato Grosso,
101
de Minas Gerais, Goiás, oeste da Bahia, leste e sul do Maranhão, Mato Grosso do Sul, que se estendem também aos
Estados de São Paulo e Paraná e ocupam imensas ”ilhas de
vegetação” na Amazônia, recobrem uma área aproximada
de dois milhões de quilômetros quadrados ou cerca de 23%
do território brasileiro.
Amazônia é reconhecidamente a mais rica e mais
vasta floresta tropical do mundo. Aglomerado exuberante,
arbitrário e louco de troncos e hastes, ramaria unida e multiforme, por onde serpeava, em curvas imprevistas, em balanços largos, em anéis repetidos e fatais todo um mundo de
lianas e parasitas verdes, que fazia em alguns trechos uma
rede intransponível. Fervilhante de animais, pássaros, insétos e rios povoados de peixes. Possuindo riquezas e misérias, junto das pedras preciosas, ouro, prata, diamantes, minério de ferro, alumínio, cassiterita (minério de estanho),
borracha, petróleo, gás e madeira, estão as doenças e a hostilidade das tribos selvagens e das feras.
Estigmatizada tristemente pelas doenças endêmicas
que atacam as populações da Amazônia, que, combatidas,
continuam a resistir. A malária, a febre amarela, amebíase,
ancilostomíase, leishmaniose, hanseníase, esquistossomose,
tripanossomíase (Doença de Chagas), tuberculose, leptospirose, pênfigo (Fogo Selvagem), pneumonia, hepatite e a
sífilis, doenças transmitidas pelo homem, por mosquitos,
por animais e pelo meio-ambiente.
Essas doenças continuam grassando entre a população sertaneja do interior, é um item importante pela sua
potencialidade patogênica nos trópicos úmidos. A região,
pelas características do clima, favorece a proliferação do
mosquito transmissor e do parasito causador da doença em
seu interior. Atualmente, essas doenças e outras endemias
sofrem um cerco pela ação sanitária do governo.
102
A região amazônica, sempre atraiu pessoas notáveis
do mundo todo, naturalistas, cientistas, etnólogos, botânicos, escritores, médicos e estudiosos do meio ambiente.
Muitos cientistas europeus percorreram a Amazônia, entre
eles os naturalistas ingleses Charles Robert Darwin, Alfred
Russel Walace, Henry Walter Bates. O escocês Richard
Spruce, o suíço Louis Agassiz e sua esposa Elizabeth. Os
franceses, Charles Marie de la Condamine, Henry Coudeau,
o botânico Auguste de Saint Hilaire.
O cientista, naturalista e geólogo alemão Alexander
von Humboldt que, entre 1799 e 1804, explorou a América
Central e América do Sul, inclusive percorreu todo o território brasileiro.Os naturalistas alemães,Carl Friedrich Philipp von Martius e Johann Baptist von Spix, fizeram uma
expedição de três anos pelo interior do Brasil onde catalogaram 6.500 espécies de plantas e 3.400 espécies de animais, além de encontrar fósseis em Minas Gerais e na Bahia
(1817). O explorador e naturalista Willy Aureli que em
1963, percorreu as florestas amazônicas.
O grande tormento, a verdadeira tortura que aflige o
ousado explorador desta região, é o mosquito. As dolorosas
ferroadas da mosca “bizogó”, das mutucas, do berne (larva
de mosca inoculada sob a pele), das muriçocas, do “pólvora”, “borrachudo” do “lambe olho”, e o pavoroso, infernal
“pium”, inexorável inseto que sem tréguas inocula seu ferrão arrancando lágrimas de dor e desespero. Persegue, ferreteia, insiste, gruda, forma nuvens, desde os primeiros alvores até o cair da noite.
Enxames de insetos e aracnídeos de todas as espécies, como o microscópico carrapato-pólvora, que permanece em grandes grupos sobre as folhas de vegetação aguardando a passagem de um hospedeiro, suas picadas deixam forte coceira e prurido infernal. Pernilongos, abelhas,
marimbondos, formigas, pulgas, aranhas, percevejos, bi103
chos-do-pé, moscas varejeiras, piolhos, centopéias, sanguessugas, baratas, cupins, traças, escorpiões e carrapatosde-boi, perseguem o corajoso sertanista.
Terra de contrastes, ora o silêncio de santuário das
florestas virgens, ora os medonhos urros das feras e o grito
selvagem do índio. Quem entra primeira vez na selva amazônica, nada compreende. Para ele, as árvores são apenas
árvores, a agitação dos seus ramos, simples soprar do vento,
as pisadas no chão que se lhe deparam nada mais lhe indicam do que os rastos de um animal que por ali passou, as
inúmeras vozes da floresta não significam mais do que um
ruído para seus ouvidos.
Pouco a pouco, observando, vê desvendar-se na sua
frente o secreto sentido das coisas, mas não almeja adquirir
o conhecimento dos indígenas, que nasceram e sempre viveram naquela imensa floresta. Estes, em cada árvore descobrem um abrigo, um alimento, uma arma, um veneno,
uma bebida, um remédio ou uma sombra para o repouso. A
sua experiência de vida neste universo verde, cheio de dons
da natureza, é completa e absoluta nos menores detalhes, é
a principal condição da sua existência.As maravilhas e os
perigos da impenetrável e angustiante Amazônia persistem,
são as realidades da região mais inimaginável e misteriosa
do mundo.
A corrida para as terras da Amazônia começou na
década de 1970. O governo federal adotou a política da
integração da região amazonense, incentivando a ocupação,
nos Estados de Mato Grosso, Rondônia, Acre, Pará, Roraima e Amazonas. Vindos do Nordeste e do Sul, colonos pobres instalaram-se na região ao longo dos grandes eixos de
penetração na floresta, a rodovia BR-364, a rodovia Transamazônica, e a “ rodovia da soja” BR-163.
O governo concedeu áreas de 10 alqueires de terra
por família, para cultivo, se o colono não conseguisse tornar
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produtiva a terra no prazo de cinco anos, ele perderia o direito à propriedade definitiva, e a posse retornaria ao governo federal. No encalço dessa avalanche de migrantes
pobres, vieram os fazendeiros, madeireiros, garimpeiros,
grileiros, pistoleiros e todo tipo de aventureiro. Os interesses do mercado globalizado estão invadindo a Amazônia,
acelerando a sua destruição. Nos últimos quarenta anos,
quase 20% da floresta amazônica foi dizimada, centenas de
pessoas morreram em conflitos pela posse da terra, não
contando os indígenas que foram encurralados pelos fazendeiros ou expulsos das suas terras.
Nessa nova fronteira agrícola, sem lei, dominada pelas armas, pelo terror, pelas motosserras e tratores, os funcionários do Ibama, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e Recursos Naturais Renováveis e outros agentes do governo contando com apenas algumas dezenas de fiscais para
monitorar um território que se estende por milhares de quilômetros quadrados de floresta. Esses homens podem ser
corruptos e ineficazes, muitas vezes por absoluta falta de
recursos, por estarem mal equipados, sem condução ou sem
combustíveis para as viaturas e pior, mal remunerados.
Aos produtores de soja se juntaram os madeireiros e
fazendeiros criadores de gado, intensificando o desmatamento e entrando cada vez mais no interior da floresta, corroendo, formando enormes clareiras e destruição, como
cicatrizes no corpo da floresta milenar. O desmatamento
para pecuária e agricultura é o principal fator de destruição.
A extração de madeiras nobres, por madeireiros, que abrem
redes de estradas, em busca de mogno, no meio da floresta,
é a marca visível da atividade clandestina das serrarias que
trabalham a todo vapor ao longo das estradas.
Clareiras são abertas por motosserras e tratores,
queimadas para dar lugar a lavouras de soja e pecuária. Ao
mesmo tempo, as árvores estão sendo derrubadas e retiradas
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pelas serrarias, ou queimadas para abrir novas áreas de cultivo nos estados do Pará, Mato Grosso, Acre e Rondônia. A
madeira extraída ilegalmente é vendida, num amplo esquema de fraudes e contrabando, de milhões de metros cúbicos,
a compradores dos Estados Unidos, Europa e Ásia.
Nas áreas desmatadas, a chuva, o sol, o vento, a atividade humana e a pecuária provocam degradação do solo.
De camada pobre e de pouca profundidade, que não serve
para exploração agrícola intensa ou para pecuária, já que
rapidamente perde a fertilidade após a derrubada da vegetação e vira cerrado de capim e arbustos ralos, e com o passar do tempo com o sol causticante transforma-se em deserto.E principalmente causa a destruição do meio ambiente.
A Amazônia encontra-se sob a ameaça constante de
desmatamento, inclusive de desertificação, à medida que
avança a ocupação humana. E talvez a causa mais alarmante seja a invasão da floresta amazônica por estrangeiros à
procura de madeiras nobres e plantas medicinais para seus
laboratórios, que são patenteadas como sua propriedade.
AS PRIMEIRAS CIVILIZAÇÕES.
A pré-história, o primeiro período da História Universal, se nicia com o surgimento dos primeiros hominídeos, antepassados do homem moderno, há cerca da 3,5
milhões de anos, e termina com o aparecimento da escrita
por volta de 4.000 mil anos a.C. Divide-se em três fases:
Paleolítico, Mesolítico e Neolítico.
O Paleolítico é conhecido como a Idade da Pedra
Lascada, vai de 3,5 milhões de anos a 10.000 a.C.Os hominídeos começam a desenvolver a linguagem oral,vivem em
pequenos bandos nômades e utilizam técnicas rudimentares
para conseguir alimento. Começam a utilizar o fogo, provocado por raios e incêndios nas florestas. Vivem em grupos e
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habitam copas de árvores ou espaços ocos nos troncos, cavernas e tendas feitas de ramos de arbustos.
À medida que o homem progredia na utilização das
ferramentas de pedra, adquiria maior domínio sobre o ambiente em que vivia. O machado de pedra bruta foi suplantado por facas, machados e pontas de flechas fabricadas em
sílex. Inventou a agulha, o anzol, o arpão, o arco e a flecha.
O conjunto global de povos e nações atuais resulta
de um longo processo de evolução social, que remonta a
cerca de dois milhões de anos. Foi então que a humanidade
começou a definir-se claramente como algo único no planeta - por contraste com os grandes primatas - através de alterações físicas e mentais, tais como a maneira de andar ereto
e cérebros muito maiores do que o dos macacos.
Nos últimos 40.000 anos ocorreu o grande salto evolutivo: a capacidade desenvolvida para a linguagem, a faculdade de criar novos instrumentos e o talento para planejar antecipado. Seres humanos haviam povoado quase todo
o mundo então habitável, desde os úmidos trópicos até as
bordas dos desertos áridos e vastas regiões polares.
O Mesolítico é o período de transição entre o Paleolítico e o Neolítico, que se estende de 10.000 a 8.000 a.C
Os grupos humanos aprendem a fazer o fogo e utilizá-lo
para defender-se e afugentar as feras.Começam a domesticar os animais, semear sementes e a cultivar algumas espécies de plantas, o que dá inicio a fixação do homem na terra. Registros arqueológicos começam a surgir desde 11.000
a.C sobre o inicio do cultivo de plantas e grãos.
O Neolítico, chamado de Idade da Pedra Polida estende-se de 8.000 a 4.000 a.C. Os hominídeos desenvolvem a agricultura, a domesticação e a criação de ovelhas,
cabras, bovinos e porcos.A organização tribal dá lugar a
comunidades tribais. Os grupos humanos se fixam na terra
e se estabelecem em povoados agrícolas. As migrações o107
correm mais raramente, apenas quando a terra se esgota,
vão então em busca de áreas férteis e campos com gramíneas para o gado. Supersticiosos, rendem preces aos espíritos dos animais e da floresta, adoram as forças da Natureza
e cultuam os antepassados.
Uma das mais importantes descobertas na história
da humanidade foi, de que sementes plantadas crescem.
Isso aconteceu no inicio do Mesolítico, há cerca de 10.000
anos a.C. Os homens primitivos caçavam, pescavam e colhiam grãos, bagas e raízes silvestres.Os primeiros povos
que guardaram sementes e as plantaram viviam no sudoeste
da Ásia.As primeiras culturas foram cereais: trigo e cevada,
que eram gramíneas silvestres cultivadas e melhoradas.
No Neolítico entre 8.350-7.350 a.C. foi fundada Jericó no vale do rio Jordão, na Palestina (4 hectares), primeira cidade murada do mundo. Era protegida por uma vala
cortada na rocha e um muro de pedra com sólida torre circular. Em 5.000 a.C. teve início a colonização da planície
aluvial da Mesopotâmia. A área cultivada era restrita à
disponibilidade de chuvas ou nascentes naturais. Mudança
importante da fase seguinte foi o desenvolvimento de técnicas eficazes de irrigação permitindo a expansão do povoamento, sustentavam povoados de mais de mil pessoas.
Definida pela urbanização e pela escrita, a civilização teve inicio na Mesopotâmia e no Elão, estendeu-se para
o Egito, ao vale do Indus, à Creta e Ásia Menor.As mais
antigas civilizações da história,européias, asiáticas e africanas surgem por volta de 8.000-2.000 a.C.época do aparecimento das Cidades-estado e do desenvolvimento da escrita.
No Neolítico, conhecido como Idade dos Metais (do
Cobre em 4.500 a.C., do Bronze em 3.000 a.C., do Ferro
em 2.000 a.C.), desenvolvem a técnica da fundição do cobre, do estanho, do bronze e da prata e por último o do ferro, completando a revolução iniciada com a agricultura e o
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pastoreio.Domesticação de cavalos nas estepes da Ásia
Central em 2.500 a.C.As atividades humanas passam a depender cada vez mais da coletividade e começam a se formar as primeiras civilizações humanas.
As principais civilizações são: a suméria, acadiana,
assíria, hebraica, hitita, babilônica, egípcia, fenícia, persa,
chinesa, hindú e outras civilizações asiáticas. Ocupam uma
região que se estende da Índia ao mar Mediterrâneo e dos
mares Negro e Cáspio ao Oceano Índico.A aridez dos grandes desertos dessa área, como o Deserto Arábico e do Saara, contrasta com a fertilidade dos vales, banhados pelos
rios Orontes na Síria, Jordão na Palestina, Tigre e Eufrates
na Mesopotâmia, Nilo no Egito, Rio Amarelo na China e
dos rios Indus e Ganges na Índia.
Crescente Fértil é a região que se estende, em arco,
do rio Nilo até o Golfo Pérsico, atravessando os atuais territórios do Líbano, Israel, Jordânia, Síria, Turquia e Iraque.
Seu traçado lembra a Lua em quarto crescente. Por ser a
única região irrigada por rios, Tigre e Eufrates, no oeste, e
Nilo, no leste, em meio a desertos do Saara, da Arábia, Negev e Sinai é chamada de Crescente Fértil. Ao longo da
faixa de terra que vai do Rio Nilo ao Tigre e Eufrates, estabelecem-se importantes civilizações da Antiguidade.
As primeiras civilizações surgiram nas férteis bacias
aluviais dos principais rios, que desciam dos contrafortes
montanhosos.O rio Eufrates nasce nas montanhas da Armênia e tem um curso de 2.900 km, o rio Tigre desce da Cordilheira do Tauro armênio e tem uma extensão de 2.000
km. Os dois rios irrigam as planícies áridas do Oriente Próximo, onde a agricultura começou.
As vilas agrícolas iam da Palestina até os Montes
Zagros, área com pluviosidade suficiente para cultivar cereais.Canais de irrigação permitiam que o povoamento se
estendesse às planícies das baixadas, onde a chuva era es109
cassa. Mas, se irrigadas, as planícies férteis do sul da Mesopotâmia sustentavam cidades com milhares de habitantes.
Entre as cidades mais antigas foram fundadas: a cidade de
Jarmo na Babilônia (atual Iraque) desenvolveu-se em 7.000
a.C. Ugarit na Fenícia (atual Líbano) em 6.000 a.C. Essas
civilizações criaram meios de transporte como barcos de
pele e carros puxados por animais.
No início da agricultura, entre 7.500 - 6.000 a.C.,
segundo o método de datação com carbono 14, teve inicio o
desenvolvimento da cidade-colméia de Çatal Hüyük na
Anatólia (região da Turquia), a maior cidade da época, as
casas eram construídas de tijolo de barro e pedra. A vila de
Çatal Hüyük ocupava 13 hectares, não era protegida por
muralhas.Achados nos sítios arqueológicos da planície central da Turquia em 1961, entre outros fósseis, foi encontrada cerâmica pintada, sofisticada, que já era produzida; tecidos e tear eram usados e cultivava-se linho e diversos produtos para alimentação.
Em 4.000 a.C. os fundamentos da civilização mesopotâmica haviam sido estabelecidos. Extensos sistemas de
canais de irrigação mantinham comunidades agrícolas
prósperas, permitindo que o comércio e o artesanato prosperassem. As primeiras cidades históricas da Suméria surgiram a partir destas comunidades bem-sucedidas.
A descoberta da agricultura originou a mais antiga
civilização, a dos sumérios caucasianos, aparentados aos
dravidianos da Índia, provavelmente vieram da Ásia Central, instalaram-se na Mesopotâmia dos vales dos rios Tigre
- Eufrates, em cerca de 10.000 a.C. convivendo com tribos
de origem semita que ali viviam desde tempos remotos.
Fundam, ao sul, Cidades-estado onde floresciam as civilizações acadiana, babilônica e assíria.
A classificação de caucasiano é relativa a indivíduo
pertencente à maior divisão étnica da espécie humana, que
110
tem características distintivas, tais como a cor da pele, que
varia de muito clara a morena e cabelos finos, entre lisos a
ondulados ou crespos. Esta divisão inclui grupos de povos
nativos da Europa, Norte da África, Oriente Médio, Ásia
Central, Rússia e o subcontinente indiano. Um dos aspectos
mais impressionantes sobre a história das línguas desses
povos, é que a maioria delas se desenvolveu a partir de uma
raiz comum. Muitas das línguas faladas hoje têm uma única
origem, a família indo-européia. Muitos linguistas situam o
indo-europeu entre 6.000 e 5.000 a.C.
O antropólogo alemão Max Muller, afirma que os
primeiros caucasianos eram tribos de nômades procedentes da Cordilheira do Altai, na Ásia Central, que se espalharam em sucessivas ondas migratórias pela Ásia no sentido
do Ocidente. Maioria desses grupos se fixou na região do
Cáucaso e nas estepes entre o Mar Negro e o Cáspio. Originaram-se dos antigos uighures. Afirma-se que os uighures
tinham alcançado um alto nível de civilização, conheciam a
arquitetura, medicina, matemática, astrologia, mineração,
produção têxtil e agricultura e as praticavam com grande
habilidade e conhecimento.
Qual seria a origem exata dos uighures? Diz a tradição popular que vieram do lendário continente de Lemúria,
que se situava no Oceano Índico, entre a África e Austrália,
que foi submergindo nas águas do Oceano, vagarosamente,
durante milênios e afundou totalmente há 24.000 anos atrás.
Esse cataclismo foi provocado pelas transformações de
grande amplitude da crosta terrestre na Idade do Gelo.
Portanto, o povo Uighur não é de origem mongólica,
mas de tipo caucasiano, de cabelos castanhos e olhos azuis,
embora habitassem na Mongólia. No século VII d.C., os
uighures possuíam um extenso Império na Mongólia Central, a capital era Karakota, ao sul do Lago Baikal, próximo
da atual capital da Mongólia, Ulan Bator.Outra cidade que
111
foi habitada pelos uighures, Onjin, fica situada nas areias do
Deserto de Gobi, não muito distante das margens do lago
Gaxum.Segundo a antiga tradição, o atual Deserto de Gobi
já foi uma região fértil, com uma grande planície cultivada,
com muitas cidades habitadas pelo povo Uighur.
Afirma-se que esse Império já existia há 18.000 anos atrás. Estendia-se por toda a Ásia, desde o Pacifico,
através da China, Mongólia, Ásia Central, até as margens
norte e leste do Mar Cáspio. O Império Uighur chegou ao
apogeu em 15.000 a.C. O declínio teria sido em virtude de
um cataclismo climático, que começou por volta de 15.000
a.C. (Idade do Gelo), a região de Gobi, paulatinamente, foi
se transformando, de uma região fértil em deserto árido. O
clima seco não favorecia a agricultura e a fome assolou o
país, levando ao declínio da civilização em 840 d.C.
Mesmo debilitado o Império Uighur ainda durou por
centenas de anos, centralizado em Turfan, uma típica cidade uighur, outrora capital do Reino, que foi conquistada por
Genghis Khan no século XIII. O Reino foi destruído, tomado pelos mongóis, os remanescentes uighures migraram
para oeste; habitam atualmente a província chinesa de Sinkiang, no Turquestão e na Manchúria. A cidade de Turfan
situa-se na Depressão de Turfan, a 1500 m abaixo do nível
do mar, é o local mais quente da China.
***
Suméria, antigo território da baixa Mesopotâmia,
por volta de 4.000 a.C. desenvolvem-se cidades importantes
na região. Sua história prolonga-se até o final do 3° milênio
a.C. e desaparece com a conquista do seu país pelos elamitas e os semitas amoreus. No 4° milênio a.C. a Mesopotâmia meridional entre Nippur e o inicio do Golfo Pérsico foi
ocupada pelos sumérios e acadianos, vizinhos ao norte. Na
primeira metade do 3° milênio a.C. a organização política
112
de ambos baseava-se em Cidades-estado sob o domínio de
Uruk, Ur e Kish onde a hegemonia se alternava.
O chefe militar semita Sargão I, de Acade, invade e
conquista Suméria em 2.371-2.220 a.C. e anexa ao Império Acadiano.Os acadianos originam-se de tribos semitas
que habitam o Norte da Mesopotâmia.Sob o reinado de
Sargão I, conquistam e unificam as Cidades-estado sumérias inaugurando o primeiro Império Mesopotâmico da história. O Império desmorona-se em 2.180 a.C. após a invasão dos povos asiáticos vindos das montanhas do Cáucaso.
Os sumérios recuperam o poder, mas enfraquecidos por
guerras internas não resistem aos amoreus, povo semita do
Norte, que invade as Cidades-estado sumérias e acadianas e
fundam a cidade de Babilônia (atual Iraque).
Em 2.050 a.C.o Amoreu Sumuabum fundou a primeira dinastia da Babilônia, cujo sexto rei, Hamurabi, em
1.728 a.C. realizou a unificação da Suméria e de Acade
num Império Babilônico, centralizado. Criou o Código de
Hamurabi em 1.961 a.C. O Código tem suas penas baseadas no princípio de ”olho por olho, dente por dente”, conhecido como Lei de Talião. Ao autor do delito é infringido
o mesmo castigo que impôs a vitima. Baseado em antigas
leis sumérias, compõe-se de 282 artigos.
O domínio da metalurgia forneceu aqueles que o
possuíam grandes vantagens militares sobre quem não tinha
esse conhecimento, tal como a roda quando apareceu por
volta de 4.000 a.C. no Cáucaso, nas proximidades do Mar
Negro e se espalhou pelo mundo antigo. Na mesma época
surgiram os cavalos, vindos das estepes do sul da Rússia.
Cavalos domesticados atrelados a carros de combate primitivos mudaram a natureza da guerra na Antiguidade.
Nessas regiões desenvolve-se a agricultura, principal atividade desses povos. Utilizam técnicas de irrigação e
drenagem do solo, construção de canais, diques e reservató113
rios. Essas civilizações deixam importantes contribuições,
como o alfabeto, as pirâmides, os conhecimentos da Astronomia, de Astrologia, sistemas de pesos e medidas e calendários lunares e solares. Usam a metalurgia do bronze, carros com rodas, o arado, fazem comércio com outras cidades
e povos por terra, bem como por navegação marítima, para
isso construíram grandes barcos de junco.
Construíram as Cidades-estado de Ur, Uruk, Eridu,
Lagach, Nippur e Kish. Os sumérios foram os criadores de
uma das duas mais antigas civilizações históricas. Sua influência cultural artística e religiosa foi grande, ficou na
Ásia principalmente na Babilônia e na Assíria. Criaram a
escrita cuneiforme e a primeira coleção sistemática de leis,
o Código de Ur-Namu em 2.775 a.C.A escrita cuneiforme
terá surgido cerca de 6 mil anos na Suméria, tendo aparecido depois no Egito como hieróglifos, há 3.000 anos a.C. no
Vale do Indo em 2.500 a.C. e os modernos caracteres na
China há 2.000 a.C. A escrita pode ter passado da Suméria
para o Vale do Indo e também para o Egito.
Em 1.750 a.C. matemáticos babilônios já compreendem os conceitos da raiz cúbica e raiz quadrada Em 1.500
a.C. os sumérios desenvolveram a escrita alfabética (base
das escritas modernas européias). Fizeram observações
astronômicas, dividiram o dia em 24 horas e hora em minutos e segundos, desenvolveram negócios e métodos bancários.A partir dessa época e até ao tempo dos Selêucidas a
Babilônia foi uma das mais importantes cidades do Oriente.
Caldeia, nome antigo da Babilônia a que tinha por
capital a cidade de Babilônia, abrangeu todo o vasto território compreendido entre o Tigre e o Eufrates, da Suméria
até o Golfo Pérsico. Elão era o antigo estado vizinho da
Caldeia, com a capital Susa. Os seus reis conquistaram a
Caldeia, e apoiaram a Babilônia contra a Assíria, que acabou por dominar o Elão. No século XIII a.C. Nabucodono114
sor I, torna-se um dos primeiros reis da Babilônia. Nabucodonosor II, o Grande, rei da Caldéia (Babilônia) de 605 a
562 a.C. guerreou contra o Egito, destruiu o reino de Judá e
sua capital Jerusalém e ganhou territórios na Arábia.
Por volta de 539 a.C. após um novo período de hegemonia liderado pelo rei Nabuconodosor II, a Babilônia é
incorporada ao Império Persa pelo rei Ciro, o Grande. Em
332 a.C.Alexandre Magno, da Macedônia, conquista Babilônia e o reino de Elão com sua capital, a cidade Susa.
O declínio da civilização suméria foi marcado pela
anexação do Tigre-Eufrates pelos assírios (1.050 a.C.) que
já ocupavam as cabeceiras do Tigre há 3.000 anos a.C. Senaquerib, rei da Assíria, entre 705 e 681 a.C.conquista a
Babilônia. Após a destruição da Assíria e o saque à capital
Ninive em 612 a.C., pelos medas e citas, a Babilônia vitoriosa, manteve as terras baixas da Mesopotâmia.
Os Assírios resultam da mistura das tribos de semitas vindos da Samaria (região da Palestina) e os povos do
norte do Rio Tigre, por volta de 1.000 a.C. No reinado de
Assur, no ano de 883 a.C. conquistam seus vizinhos e formam o Império Assírio, que se estende da Pérsia até a
cidade egípcia de Tebas. Suas principais cidades-Estado
eram Assur e Ninive.
Uma antiga civilização agrícola já existia no Irã,
quando os arianos de origem indo-européia chegaram por
volta de 2.000 a.C., dividiram-se em dois grupos: os medas
e os persas. Os Persas, tribos nômades aparentados dos
Citas do Cáucaso, deslocam-se para a região do Irã, mesclando-se aos povos locais. Por volta de 700 a.C. fundam
cidades-Estado como Pasárgadas e Persópolis, vivem sob
hegemonia meda.
Em 550 a.C. Ciro, o Grande, funda o Império Persa.
Rebelou-se e derrotou o rei meda Astyages e uniu os medas
aos persas para fazer do Irã o poder dominante na Ásia e
115
Oriente Próximo.Assim os povos iranianos, recém chegados da Ásia Central, dominaram os centros de poder do
mundo mesopotâmico. Ciro II submete as sociedades da
Mesopotâmia, consolida a hegemonia no Irã, conquista a
Babilônia, o reino da Lídia e as colônias gregas da Ásia
Menor. Mais tarde sucumbiria a diversas invasões. Os árabes conquistam o país e introduzem o islamismo em 642
a.C. em seguida foram substituídos por turcos e mongóis.
Os persas praticam a agricultura, a pecuária, o artesanato, a metalurgia, a mineração de metais e pedras preciosas. Realizam intensos intercâmbios comerciais. Constroem estradas de pedra e canais para facilitar o transporte,
as trocas e o correio a cavalo. Implantam uma economia
monetária, adotam um sistema de pesos e medidas e instituem impostos fixos. Em 330 a.C. Alexandre, o Grande, derrota o Império Persa. No século VII d.C. a Mesopotâmia foi
invadida pelos árabes da Pérsia, que estabeleceram sua capital em Bagdá.
No século XIII d.C.o Irã (Pérsia) recupera a independência e passa a ser governado, no decorrer do tempo,
por várias dinastias.Os árabes, povo do Oriente Médio, pertencem ao grupo da grande família semítica. O tronco camito-semítico é o 2° mais importante do mundo em extensão
geográfica, compreende o Norte da África e o Oriente Médio.Compõe-se de três grupos principais: o semítico, egípcio e o berbere.
*
Hebreus, povo de origem semita, pastores nômades,
originários dos desertos da Mesopotâmia, da região de Ur,
pequeno reino situado na margem direita do Eufrates, subordinado à Caldéia. Em 2.211 a.C. sob a liderança do patriarca Abraão, os hebreus migram para Palestina. Percorrendo os desertos da Mesopotâmia até Harã na Babilônia,
chegam à terra de Canaã, onde se estabelecem na cidade de
116
Hebron. O patriarca Abraão é descendente de Sem filho de
Noé; marido de Sara, pai de Isaac e de Ismael. Ismael, é
fruto da união entre Abraão e a escrava egipcia Agar, que
viviam, segundo a Bíblia, numa confederação de tribos no
deserto da Arábia. De Abraão descende o povo judeu e, por
Ismael descendem os Árabes.
Chefiados por Jacó ou Israel (filho de Abraão) os
hebreus saindo de Hebron á procura de pastos para seus
rebanhos e de melhores condições de vida, atravessam o
deserto da península do Sinai e chegam a Memphis no Egito,onde acabam sendo escravizados pelos hicsos. O período
de escravidão dos judeus no Egito se prolongou por 400
anos. Hicsos, povos da Antiguidade originários da Síria,
que se estabeleceu na metade oriental do Delta do Nilo em
2160-1580 a.C. Fundaram sua capital na cidade de Aváris.
Os hicsos se integraram ao povo egípcio e dominaram o
Médio Império por 500 anos, pela 15ª -16ª e 17ª dinastia.
Em 1.500 a.C.após grandes flagelos que assolaram o
povo egípcio, os hebreus foram liberados da escravidão
pelo faraó Ahmóses. Voltaram à Canaã em busca de um
território seguro, a“Terra Prometida”, guiados pelo patriarca Moisés, o maior vulto do Antigo Testamento, chefe dos
hebreus, guiou seu povo livre da escravidão do Egito, pelo
deserto do Sinai no episódio bíblico conhecido como Êxodo, peregrinação que durou 40 anos.
Nessa época é criada a primeira religião monoteísta
da História (culto a Yahwé, Deus Único), baseada nos Dez
Mandamentos, revelados a Moisés no Monte Sinai. A partir
dos Dez Mandamentos, Moisés elabora os fundamentos do
judaísmo. Produz uma literatura importante, contida em
parte na Bíblia e no Talmude. As duas obras são hoje a base
da religião e da vida comunitária judaica.
Jericó foi a primeira cidade que se deparou aos hebreus quando entraram na Terra Prometida. Josué, chefe
117
dos hebreus,depois de Moisés, atravessou o rio Jordão, cercou os muros da cidade de Jericó e com seus exércitos apossou-se da cidade, conquistando a Terra de Canaã, na
Palestina.Por volta de 1029 a.C. as 12 tribos hebraicas organizam-se numa confederação político-religiosa para defender suas terras e seus santuários, sob o comando de Saul.
Em 1.000 a.C.o rei Davi o sucede e une os reinos de
Israel e Judá. Sob o domínio do rei Salomão, Israel alcança o apogeu entre 966 e 926 a.C. O reino unificado expande-se dominando todas as Cidades-estado da Cananéia.
Praticam a agricultura, o pastoreio, o artesanato e o comércio com os povos vizinhos. Utilizam o trabalho escravo e de
servos. As tribos são dirigidas de forma absoluta pelos chefes-patriarcas, que acumulam as funções de sacerdote, juiz
e chefe militar.Os notáveis patriarcas foram Abraão, Isaac,
Jacó ou Israel, José, Moisés e Josué. Os reis históricos que
governaram os hebreus foram Saul, Davi e Salomão.
Em 926 a.C. o reino divide-se em dois, o de Judá
ao sul, com a capital em Jerusalém e o de Israel, ao norte.
Após a morte de Salomão, um período de crise põe em dúvida a sobrevivência da nação judaica, conquistada por vários povos Em 586 a.C. o rei da Babilônia, Nabucodonosor,
com um grande exército de guerrilheiros caldeus, assírios e
de moabitas invade e saqueia a cidade de Jerusalém. Os
hebreus enfraquecidos pelas rivalidades, são incorporados
ao Império Babilônico e deportados para a Babilônia como
escravos. O tempo do cativeiro na Babilônia vai desde 586
a 538 a.C., isto é, durante 48 anos.
Inicia-se a Iª Diáspora judaica, dispersão dos judeus
pelo mundo. Nessa época Babilônia é conquistada pelo Império Persa. Em 538 a.C. a publicação do Édito de Ciro, o
Grande, rei da Pérsia, dá liberdade aos hebreus e lhes permite o retorno da Caldéia para Israel. Em 70 a.C.o general
romano Tito invade o reino de Israel e conquista Jerusa118
lém. Os judeus recusaram-se cultuar o imperador romano,
então Jerusalém e o Primeiro Templo de Salomão são destruídos pelos romanos e os judeus são expulsos da Palestina. A proibição de retornar à região leva a segunda Diáspora judaica, então eles migram para outras cidades e para
outros países.
A seita judaica dos essênios, fundada no tempo dos
Macabéus, no século II a.C., cuja doutrina tinha grande
analogia com ás dos primeiros Cristãos.Distinguiam-se pela
vida ascética e celibatária, instalados em mosteiros escavados nas montanhas, de difícil acesso, na região desértica do
Mar Morto.Diz a tradição que Jesus Cristo conviveu com
eles por muitos anos. Em 1956, são descobertos os “Manuscritos do Mar Morto”, fragmentos de antigos textos hebraicos, escondidos pela tribo dos essênios nas cavernas
perto do antigo assentamento de Khirbet Qumrãn, na região
de Jericó, datando de 200 a.C.
Em 132 d.C. houve a grande rebelião judaica contra Roma que resultou em violenta repressão e prisões em
massa. Expulsos novamente de seu território, os judeus
dispersam-se pelo mundo. Em 636 os árabes invadem a
Palestina e ocupam Jerusalém. Constroem o “Domo da Rocha”, o grande monumento da arquitetura islâmica, concluído em 692, alçou Jerusalém a condição de lugar santo para
o Islã. Desde a destruição do 1° Templo e o exílio na Babilônia, a Judéia foi ocupada por uma sucessão de impérios
poderosos: assírios, babilônico, persa, ptolomaico, selêucida, romano, bizantino, os impérios islâmicos, culminando
com incorporação da região ao Império Turco-Otomano,
de 1517 a 1917, seguindo-se a ocupação inglesa em 1920.
Em 1909, sob o patrocínio do banqueiro judeu barão
de Rothschild e do governo norte-americano, instala-se nas
proximidades de Jaffa a 1ª colônia agrícola (kibutz) da Palestina. Desde 1922, os ingleses exerceram uma influência
119
preponderante no país. Após a aprovação pela ONU do
plano da partilha da Palestina entre árabes e judeus, no dia
14 de maio de 1948, é criado oficialmente o Estado de Israel, fato que leva à expulsão dos árabes palestinos que vivem
há séculos na região da Palestina.A guerra entre palestinos
e judeus, pela ocupação e posse do território continua até
hoje sem solução.
*
Fenícia, antiga região localizada no Oriente Médio,
na região da Palestina, entre os Montes Casio, Carmelo e
Líbano (atual Líbano, capital Beirute),o histórico território
dos fenícios, cuja cultura floresceu por mais de 2.000 anos
a partir de 3.000 a.C. Possuía uma estreita faixa costeira
úmida e fértil com o interior montanhoso na costa ocidental da Síria, até o Carmelo ao sul. A sua história foi marcada por sucessivas ocupações estrangeiras, de hititas, egípcios, assírios, persas. Tiro (Sur), antiga cidade costeira, famosa pelo seu comércio e indústria de púrpura, foi tomada
por Nabucodonosor II, após um cerco de treze anos e, depois por Alexandre Magno, rei da Macedônia, em 332 a.C.
ficando sob domínio grego até 63 a.C.quando se torna província romana.Conquistada pelos Cruzados em 1123.
Os fenícios, povo de origem semítica, vindos da
margem do Golfo Pérsico, estabeleceram-se no litoral mediterrâneo, na encosta do monte Líbano. Fundaram cidades
essencialmente marítimas como Cádiz e Málaga na costa
sul espanhola, Tiro (Sur), Sidon (Sayda) Trípoli, Baalbek,
Anjar, donde partiam frotas que iam comercializar e colonizar em toda a bacia do Mediterrâneo e até o Mar Vermelho,
no Atlântico e no Báltico.
Desenvolvem técnicas de navegação e fabricação de
barcos, vidro, tecidos e artesanato metalúrgico.Realizam
um forte intercambio com as cidades gregas, egípcias e as
tribos litorâneas da África e da Península Ibérica no Medi120
terrâneo. Fundam colônias no norte da África, a mais importante era Cartago, fundada em 814 a.C Cartago e Cádiz
foram os principais portos de comercio do estanho na Antiguidade. A habilidade dos fenícios como grandes navegadores e mercadores, ficou célebre. Negociavam principalmente com vidro, cerâmica, papiro, tecidos, perfumes, incenso e especiarias da Índia e da Arábia e metais preciosos
da África. A partir de 800 a.C a Fenícia faz parte, sucessivamente, do Império Babilônico, do Império Persa e do
Império Macedônico. Com a queda de Tiro, em 332 a.C. a
hegemonia passa para Cartago, que enfrenta os romanos nas
Guerras Púnicas.Cartago é derrotada em 146 a.C.
Há relatos de que fenícios, nas suas viagens pelos
mares distantes descobriram “Uma grande terra no Ocidente”, por volta de 500 a.C.Os antigos Hebreus e Fenícios de
origem semítica, foram os primeiros povos a abandonar a
escrita hieroglífica em favor de um alfabeto. O antigo alfabeto fenício é considerado como o antepassado do alfabeto
grego, e indiretamente, como o do alfabeto latino e de todos
os alfabetos ocidentais. O alfabeto português consta fundamentalmente de 23 letras, além dessas letras, há três que só
se podem usar em casos especiais: k, w, y. Originou-se do
romano, que se desenvolveu do grego. O alfabeto grego foi
influenciado, através do tempo, pelos alfabetos fenício e
hebraico.
*
Os Citas antigos povos bárbaros e na maior parte
nômades, vindos do nordeste da Ásia, são considerados
como antepassados dos Sármatas, antigo povo espalhado do
mar Báltico ao mar Negro e Cáspio, mais tarde fundiramse com os eslavos. Os Citas da Sibéria, mestres do Ouro,
viveram entre os anos de 2.700 e 600 a.C.na região de Tyva, nas planícies abaixo das montanhas Sayan Ocidental,
hoje República de Tyva, capital Kyzyl, na Ásia Central,
121
próximo à fronteira da Mongólia, um território pouco povoado, de pradarias e picos cobertos de neve.
Era um povo nômade, notável na arte e na guerra,
criavam cavalos, carneiros, cabras e vacas. Cavaleiros exímios e guerreiros cruéis usavam a caveira de suas vítimas
como taças para bebida, faziam parte de um grupo de língua
iraniana. Domesticaram os cavalos descendentes de uma
espécie selvagem indígena das estepes do Sul da Rússia. Os
cavalos mongóis são os únicos parentes sobreviventes da
espécie da qual todos os cavalos domesticados descendem.
Compunham-se de tribos diversas, mas tinham o
mesmo modo de vida e costumes funerários parecidos, e
uma cultura em comum. Um dos traços culturais mais marcantes é o habito de reproduzir animais na arte. A sudeste
de Tyva, nas montanhas Altay, nos sítios funerários havia
tatuagens de peixes nos corpos congelados de citas, assim
como diversos peixes de ouro como ornamento, além de
milhares de felinos de ouro de Arzhan. Os Citas eram exímios cavaleiros e grandes guerreiros, mas também tinham
alto nível de desenvolvimento cultural, tinham ourives habilidosos, que trabalhavam o ouro com arte esplendorosa.
Invadiram a Mesopotâmia no século VII a.C. venceram Ciro II e lutaram com êxito em 513 a.C.contra Dario.
No final do século VI a.C. outras tribos vieram para esse
território, possivelmente nômades vindos do que é hoje o
Cazaquistão ou do Irã. No século V a.C. guiados por povos
do Império Khazar, seus parentes, que habitavam as estepes
ao norte do mar Cáspio, os Citas migraram para Citia,
região de estepes entre o mar Negro e mar Cáspio. Sua cultura espalhou-se na direção oeste, pelo sul da Rússia e da
Ucrânia, chegando à Alemanha e desapareceu da história
por volta do século I a.C. no inicio da era cristã. O Império
Khazar era o Estado mais civilizado da região, desde a queda dos Citas no século I a.C.Os khazares governaram um
122
território que se estendia a oeste até Sambat (Kiew) e o sul
até a cidade de Kherson.
*
A Anatólia, península da Ásia Menor (Turquia asiática) é uma das mais antigas regiões da Terra. Habitada
desde 4.000 a.C. por hititas, frigios, lídios, persas, capadócios, romanos, armênios, sucessivamente. Durante séculos,
serviu como campo de batalha para conquistadores estrangeiros. O território é ocupado por povos hititas, nômades
procedentes do Cáucaso, que no fim do 3° milênio a.C.
invadem a região, estabelecem em 1.640 a.C. o primeiro
reino de Hatti na Capadócia (Turquia), tendo Hattusha como capital.
Os hititas vieram orientados pelos khazares, povo
antigo aparentado com os Citas, que habitavam as estepes
ao norte do Mar Cáspio. Desenvolvem uma política expansionista contra Síria, Babilônia e Egito. O apogeu do Império Hitita acontece sob Hatusil III. Para sua segurança,
construíram cidades subterrâneas escavadas em rochas; no
interior das montanhas fizeram redes de aquedutos destinados a captar a água da chuva e armazenar nos poços do subterrâneo. Cavaram grutas com 260 quilômetros de corredores nas profundezas, ali estocavam alimento, água e escondiam camelos e cavalos. No subsolo fabricavam armas e
equipamentos para defesa.
Recentemente os arqueólogos encontraram nesses
subterrâneos secretos da Capadócia, fósseis de ossos de
camelos, pedaços de cerâmica, aquedutos e poços para armazenar água e outros indícios da ocupação hitita. Em
1.594 a.C. os hititas invadem e destroem a capital Babilônia
e põem fim ao Império Babilônico, mas não resistem à invasão dos aqueus, povo grego antigo, em 1.200 a.C.
Por volta do século I d.C. as incursões ao norte da
China, deram inicio a uma série de invasões que, nos quatro
123
séculos seguintes, ameaçaram as civilizações estabelecidas
na Grécia, Roma, Norte da China, Pérsia e Índia. Tais invasões foram causadas pelos avanços dos nômades da Ásia
Central e resultaram no retrocesso das civilizações.
Os invasores não eram de origem indo-européia, eram povos do nordeste da Ásia, ligados por parentesco e
tradições comuns. Não possuíam controle central, embora
tenham se difundido a partir de uma única região. Tinham
tipo físico variado, mas em geral com características mongólicas, a maioria falava idiomas de grupos altaicos do nordeste da Ásia, hoje representados por dialetos turcos.
Eram povos pastores e, na guerra, lutavam como
arqueiros montados, com cavalos rápidos criados nas estepes. Os centros de poder desses povos altaicos estavam nas
regiões férteis, junto à Grande Muralha da China e na Mongólia, ao norte do deserto de Gobi. Estabeleceram confederações que incluíam nômades iranianos e tribos mongólicas
das florestas da Sibéria, turcos, ávaros, visigodos e hunos.
Os Turcos, povo originário do Norte da China, descendem dos grupos étnicos altaicos. Os turcos azuis (kök
türük), chamados de tu-kin pelos chineses, governaram, nos
séculos VII e VIII d.C, um Império, que ia da Manchúria no
Norte da China, abrangia o deserto de Gobi na Mongólia, as
regiões dos Montes Altai, do lago Baykal e do lago Balkhash, estendia-se pelas estepes áridas à oeste do Syr Darya,
rio do sul da Rússia, até o Mar de Aral.
No ano 550 d.C. esses nômades altáicos foram conduzidos pelos turcos para oeste, para fora da Mongólia, em
guerras de conquista e saques às cidades invadidas. Os povos turcos, cuja dominação se estabeleceu primeiro na península da Anatólia (Ásia Menor), sobre as ruínas do domínio dos Abácidas, dinastia muçulmana de 37 califas árabes.
Descendente de Al-Abbas (tio do profeta Maomé) cujo
primeiro governante foi Abul Abbas que destronou os Omí124
adas (661 a 744) e que reinou em Bagdá de 750 a 1258. Os
Seljúcidas, a dinastia turca que reinou nos séculos XI a
XIII, ocupou lugar preponderante no Oriente Médio, penetraram na Europa no século XV, e fundaram um poderoso
Estado sobre as ruínas do Império Bizantino.
A cidade de Constantinopla (Istambul) é a sede do
Império Bizantino de 395 até 1.453, criado por Teodósio
em 395, quando é conquistada pelos turcos Seljúcidas que
criam o Império Turco-Otomano em 1.458. O apogeu do
Império ocorre no reinado do sultão Suleiman I. Sob o
domínio turco-otomano a cidade de Constantinopla torna-se
a capital do mundo islâmico. O Império se espalhou levando o Islã, pelo Oriente Médio, o Norte da África, expandiuse do Rio Indus ao Mar Mediterrâneo. No fim do século
XVII, inicia-se um período de decadência do Império Turco-Otomano, cuja queda em 1.918 marca o nascimento da
Turquia moderna.
A Turquia sempre ocupou uma posição estrategicamente importante, ligando Europa à Ásia. O centro do planalto da Anatólia é limitado ao norte e ao sul pelas cadeias
montanhosas orientais da Anatólia, que culminam no topo
vulcânico de Agri Dagi (Monte Ararat, 5.166 m ) de altitude, no maciço da Armênia. A Turquia possui importantes
patrimônios mundiais, como as áreas históricas de Istambul
(antiga Constantinopla), Parque Nacional Göreme e Enclaves Rupestres da Capadócia, a cidade hitita de Hattusha, o
sitio arqueológico de Nemrud Dagh. A Turquia asiática
(Anatólia) ocupa 97% da área total do Estado.
*
Os vikings povos escandinavos superaram os fenícios como grandes navegadores. Eram piratas e saqueadores de cidades litorâneas, mas também colonizadores.
Quando os noruegueses descobriram que havia diversas
125
ilhas no Atlântico Norte com ambiente muito semelhante
ao de sua terra natal, começaram a procurar uma vida melhor, mais terra para cultivar.As primeiras incursões vikings
ocorreram no ano de 793 da nossa era, nas costas irlandesas. No século seguinte, várias bases norueguesas foram
estabelecidas na Irlanda, sendo a mais famosa Dublin, fundada em 841. A repentina ampliação de atividades escandinavas ultramarinas coincidiu com a crescente demanda de
mercadorias que só podiam ser obtidas no Mar do Norte e
no Ártico.
As morsas eram as principais fontes de marfim; as
barbatanas de tubarão e peles de animais das regiões árticas, como da marta zibelina eram muito valiosas. Em resposta à demanda desses artigos, os navegadores escandinavos como Ottar, aventuraram-se para muito longe em busca
de novas mercadorias. A colonização da Islândia pelos
noruegueses teve inicio por volta do ano de 870. Emigrantes com famílias, viajando em 24 grandes barcos chegaram
ao sul da Islândia, onde estabeleceram colônias.
O viking Erik, o Ruivo, navegador e corsário norueguês, banido da sua pátria, atravessou o Mar do Norte, costeou o litoral da Escócia, passou por Islândia, cruzou o Oceano Glacial Ártico e depois de meses navegando em mares tempestuosos, aportou em Groenlândia em 985. Ali estabeleceu fazendas e povoados, e fixou-se por muitos anos. Os vikings alcançaram uma grande ilha a qual deram o
nome de Terra Nova (Newfoundland), situada na embocadura do rio São Lourenço na América do Norte, atualmente
pertencente ao Canadá. Povoados foram encontrados ali e
mais ao sul o de L´Anse aux Meadows, fundado pelos vikings.
126
O SUBCONTINENTE INDIANO.
Até a Era Mesozóica, há 245 milhões de anos atrás,
todos os continentes estavam reunidos em um único supercontinente chamado Pangéia, que era banhado a leste, pelo
imenso Mar de Tétis e a oeste pelo primitivo Mar de Pantalassa (atual Pacífico). Num extraordinário evento geológico, Pangéia começa a se dividir no sentido leste-oeste
formando dois subcontinentes: Laurásia e Gondwana. Há
135 milhões de anos atrás, forças tectônicas vindas do núcleo do planeta abrem fendas profundas na superfície de
Gondwana e inicia-se uma lenta desagregação, dando origem a cinco continentes, entre eles o indiano.
Durante a Era Cenozóica, cerca de 65 milhões de
anos atrás, no fenômeno chamado de deriva dos continentes, a placa tectônica Indo-australiana desloca-se em direção à placa Euro-asiática, a violenta colisão entre as duas
placas convergentes forma a estupenda Cordilheira do Himalaia. O deslocamento da crosta terrestre que formou o
Himalaia entre o período Secundário e o final doTerciário,
consolidou-se por meio da lenta sucessão de diferentes fases de levantamento.Esse processo formou o Grande Himalaia, onde aparecem rochas do oceano a uma altura de 6.000
metros
A placa tectônica Eurasiana rodou sobre os lados do
subcontinente indiano, puxando enormes extratos sedimentares do mar então ali existente, na forma de grandes dobras
montanhosas. Três cadeias foram formadas em épocas geológicas sucessivas. De norte a sul, a Índia está dividida em
três grandes regiões topográficas – os Himalaias e seus
contrafortes, que se estendem por toda a fronteira norte,
onde o terreno imensamente gelado cobre 15% da área total
da superfície, sobem as elevações a mais de 7.000 m, nas
cordilheiras de Ladakh e Karakoram.
127
O subcontinente indiano tem como embasamento
um rígido bloco de rochas graníticas e gnáissicas, mais da
metade é formada por um dos maiores fragmentos do antigo
continente de Gondwana, que teria unido outrora, no período Primário, todo o oceano Índico – da África á Austrália
- só se rompendo no início do Secundário. Na Índia o que
resta desse antigo continente é o planalto do Deccan, do
qual se separam dois blocos isolados, o planalto de Assam,
a nordeste, e a ilha do Sri Lanka, ao sul.
A planície indo-gangética, região fértil e densamente povoada, incluindo o planalto do Deccan, é moderadamente elevada. O clima é de monção, tropical, equatorial ao
sul, árido tropical no noroeste, e frio de montanha, ao norte.
A cadeia do sul, forma o Ghatts Ocidental na costa oeste do
Deccan e Ghatts Oriental na costa leste. Devido a pressão
das forças tectônicas, o granito e gnaisse que predominam
no planalto formaram áreas salientes e deprimidas que, trabalhadas por intensa erosão diferencial – motivada pela
dureza desigual das rochas, resultaram numa série de cristas
dessimétricas, como nos montes Vindhya e Satpura.
As franjas das cordilheiras himalaias se estendem
desde o Pamir até a orla montanhosa tibetano-birmanesa, ao
longo de 2400 km. Ao norte é a mais elevada, tem os picos
mais altos do mundo, o Monte Everest com 8.848 m de
altitude, no Tibet. Na cadeia do Pamir e do Karakoram estão os espetaculares píncaros, de Godwin Austen K-2 de
8.611 m de altura e o pico de Kanchenjunga de 8.598 m no
Nepal, o Nanga Parbat de 8.126 m de altitude no norte do
Paquistão.
O antigo escudo do Deccan é separado do Himalaia,
do Hindu Kush e Montes Sulaiman – todos de formação
recente – por grandes fossas tectônicas ocupadas por planícies resultantes da deposição do material aluvial do rio
Indo a oeste, do Ganges ao norte, e do Ganges e Brahmapu128
tra reunidos, a nordeste. A planície do Indo é formada por
depósitos sedimentares quaternários, que recobrem o embasamento pré-cambriano. As montanhas do norte e da extremidade ocidental são dobramentos terciários misturados
com rochas da Era Secundária. A Cordilheira de Vindhya a
leste do Golfo de Cambay separa a planície indo-gangética,
do planalto do Deccan. .
Sobre o complexo relevo da Índia, onde, a distâncias
relativamente curtas,fragmentos de velhos continentes imóveis desde o Primário, estão associados a montanhas ainda
agitadas por grandes e constantes tremores, o clima de
monção e as grandes chuvas equatoriais fizeram surgir espécies de vida extremamente prolíficas, as mais sufocantes
do reino vegetal e as mais agressivas do reino animal.
Nesse imenso território, os climas são variados, desde as neves eternas dos Himalaias às selvas tórridas e desertos de ambientes hostís. A flora e a fauna são por isso mesmo diversas, as raças e as línguas numerosas, testemunhando um povoamento antiqüíssimo e invasões sucessivas.
Protegida ao Norte pelas intransponíveis geleiras do Himalaia e do Karakoram, orlada de costas extensas, o subcontinente indiano, estaria isolado, se uma larga brecha não tivesse aberta a noroeste, pelo vale do Indo.
Seres humanos habitavam o subcontinente indiano,
há mais de dois milhões de anos.Alguns dos mais antigos
artefatos de pedra descobertos vieram de um sitio próximo
à Rawalpindi no Paquistão.Provas da atividade humana
existem em quase todas as partes do sul da Ásia, e utensílios de pedra pertencentes ao Paleolítico aparecem em
grande quantidade.As provas mais antigas do aparecimento
da ocupação agrícola sedentária vieram dos limites ocidentais do vale do Rio Indo (atual Paquistão), no 8° milênio
a.C.No inicio do Neolítico começa o cultivo da cevada,
painço e trigo que datam de períodos muito antigos, quando
129
os animais começaram ser domesticados e homens aprenderam a fazer e utilizar o fogo.O homem se fixa na terra e
se reúne em povoados agrícolas, formando os primeiros
núcleos urbanos, ou vilas.Os remanescentes dos povoamentos são provas da ocupação da Índia pelos povos antigos.
Três mil anos a.C.os habitantes do vale do rio Indo,
construíram aproximadamente cem cidades.As maiores
delas Harappa e Mohenjo-Daro edificaram suntuosos palácios e templos, criaram um tipo de escrita e talharam selos
de rara perfeição. Dedicados à agricultura de irrigação, eles
fomentaram uma economia próspera e mantiveram um intercâmbio comercial ativo, entre o oceano Indico e as fraldas do Himalaia, usando o rio Indo como principal via de
comunicação.
Nas áreas montanhosas da Ásia Central há muitos
lugares históricos: mosteiros, templos e ruínas de antigos
reinos como Hunza, Zanskar, Bhutan, Balkash. Segundo as
antigas tradições indianas e esotéricas, o Império Rama se
estabeleceu há pelo menos 15.000 anos a.C. no norte e no
oeste da Índia. Os nagas, um povo de origem branca, de
pele escura, que, de acordo com o Ramayana (o antigo épico indiano), foi a primeira raça a chegar à Índia, por volta
de 30.000 anos atrás. Seu país de origem era Birmânia
(Myanmar), na região de Burma (Mandalay).
Mudaram-se depois para o planalto do Deccan, no
sul da Índia, onde até hoje se encontram remanescentes
desse povo e o nagali é uma língua isolada só falada na
região. Foram os nagas que fundaram o Império Rama, o
maior e mais poderoso de toda a Ásia, na época. Construíram sua capital em Nagpur, no Madhya Pradesh, onde fica
hoje uma moderna cidade, de onde passaram a levar a sua
religião e seus conhecimentos para a Babilônia e o Egito.
De acordo com as pesquisas arqueológicas o Império Rama se estendia desde o vale do Indo, onde hoje é o
130
Paquistão, o Gujarate, às planícies do Ganges e ao sul do
Deccan. Já foram escavadas diversas cidades desse Império,
do qual faziam parte as sete cidades Rishi do Império, a
Mohenjo-Daro, Harappa, Lothal, Kalibanga, Nagpur, Benares e Patna. Essas cidades já existiam há 6.000 anos a.C.
Supõe-se que o Império Rama foi contemporâneo
das grandes culturas ocidentais da Atlântida e de Osiris. O
continente de Atlântida, pelos escritos de Platão e antigos
registros egípcios se localizava no Oceano Atlântico, a oeste do Estreito de Gibraltar. A civilização osiriana se estendia pelo Mediterrâneo e norte da África. A Cidade-estado
de Osíris submergiu no Mediterrâneo em 8.500 a.C.em consequência dos violentos abalos sísmicos provocados pela
erupção do vulcão Thera, que se elevava não longe da ilha
de Creta. Gigantescos maremotos açoitaram os continentes.
A planície indo-gangética, berço da civilização indiana é ocupada em 3.500 a.C. Ela teria sido uma grande extensão desértica, se não fosse atingida pelo regime de monções que lhe trazem vida, favorecendo as culturas. A penetração cultural do vale do Rio Indo, em toda sua extensão
ainda está sendo revelada. As escavações arqueológicas em
1925, revelaram centros de povoamentos paleolíticos
(10.000 a.C.) nos vales de Sohan (Punjab), Narmada (Deccan), Harrapa (Punjab) e Mohenjo-Daro (Sindh). Descobertas recentes incluem Kot Diji ( Sindh), Kalibanga (Rajastan), Rupar (Punjab) e o porto de Lothal (Gujarate).
A cidade de Mathura, situada à margem do rio Yamuna é uma das cidades mais antigas da Índia, foi construída há mais de 3.500 a.C., berço do Império Krishna,cujo
reino se estendia pelo Norte da Índia e pelo Paquistão, sua
capital era a antiga Dwarka, cidade litorânea no Gujarate.
No fim da década de 1950, foi descoberta a antiga
cidade-porto de Lothal, no Mar da Arábia, fica ao sul a 80
quilômetros de Ahmadabad. É interessante notar que o por131
to fica longe do Golfo de Cambay; para chegar ao litoral,
atravessa-se uma área de aproximadamente 20 km de terra
seca. É obvio que uma grande mudança geológica ocorreu
na época e o nível dos oceanos caiu muito desde então.
Apesar de sua abertura para o oceano, as principais
influências que o mundo indiano sofreu chegaram por terra.
A presença das civilizações ocidentais se faz sentir desde
antes da invasão dos árias, criando, no terceiro e segundo
milênios a.C., centros ligados à civilização Suméria, como
as cidades de Harappa e Mohenjo-Daro, foram as primeiras
e mais importantes civilizações do vale do Rio Indo, sobreviveram por cerca de mil anos (2.550-1550 a.C), e desapareceram com a invasão dos árias há cerca de 2000 a.C.que
destruíram as cidades e dominaram a península indiana.
Na era pré-ariana de 3.250 a 1.750 a.C. os dravidianos, povo uralo-altáico, que se estabeleceu originalmente
no Norte da Índia, antes da chegada dos árias, oferece vestígios evidentes de sangue negro. A família lingüística dravidiana, mantém uma área compacta no sul do Deccan e
Sri Lanka.Os primeiros arianos do mundo eram procedentes
de Aryana, nome antigo do Afeganistão. A cidade afegã de
Kabul está pendurada na interseção de trilhas de caravanas
usadas há mais de três mil anos, era cercada, a oeste, pela
cadeia de montanhas Koh-i-Baba, com picos de mais de
cinco mil metros de altura, e ao norte pelo ainda maior
Hindu Kush, um dos maiores maciços montanhosos da Ásia. No inverno, aquelaas cadeias majestosas ficam cobertas
de grossas camadas de gelo e neve.
A ocupação pelos arianos teve conseqüências surpreendentes para a Índia, visto que lhe trouxeram o sânscrito, a religião védica, o sistema de castas e os principais elementos da sua cultura. As correntes migratórias ocuparam o norte da Índia e o Irã.Os drávidas foram deslocados
para o sul, para o Deccan, pelos invasores.Esses antigos
132
habitantes da região, praticamente foram submersos pelas
posteriores ondas migratórias de arianos, protonórdicos,
povos procedentes do Afeganistão (Ásia Central), que entraram através dos passos de Khyber no Hindu Kush e dos
passos Karakoram e Khunjarab nos Himalaias.
Os invasores puseram fim às antigas estruturas tribais nos vales do rio Indo, do Ganges e do Deccan.Os nômades, recém-chegados à Índia, eram caçadores e pastores,
criadores de gado e cavalos. Aos poucos foram adotando
técnicas de agricultura sedentária dos drávidas conquistados, que plantavam trigo e cevada. Eles tinham a pele clara,
cabelos e olhos castanhos, crenças, hábitos e cultura diferen
te do conjunto de características do povo que dominaram.
A expansão dos árias para o leste da planície gangética, desloca-se das regiões do Punjab para o Doab, a região
entre o Ganges e seu afluente Yamuna, de terra fértil, que
será disputada ao longo da história. Os invasores arianos
introduziram na Índia o cavalo domesticado e a fundição do
ferro e do bronze. Derrubaram extensas florestas no norte
da Índia, para cultivo de cereais e comercialização da madeira. Dispondo de armas de ferro, armaduras e carros de
combate submeteram a população local e estabeleceram
diversos reinos. Sua língua, o sânscrito, foi a base de uma
literatura tão desenvolvida quanto a grega e latina. Do confronto entre os dois povos, nasce a civilização hindu.
Os árias introduziram o sistema de castas baseado
em princípios da religião védica, que encontra a sua expressão ideológica no hinduismo e no bramanismo. As raízes
do hinduísmo encontram-se nas tradições dos primeiros
habitantes da Índia, a cultura dravídica e a religião dos árias
que incorporou a religião védica, fundamentada no sacrifício e nos textos orais sagrados. As estruturas econômicas e
sociais se solidificaram numa estratificação de castas, o
processo que leva a formação de camadas hierárquicas, que
133
de certa forma, subsiste até hoje, apesar de ter sido abolido
o sistema de castas.
O bramanismo védico predomina no século VI a.C.
O védico deu origem ao sânscrito e aos antigos dialetos
vulgares dos quais surgiram as modernas línguas indoarianas. Sânscrito é o idioma falado nos primórdios da civilização, espalhou-se pela Índia, Oriente Médio e Europa.
No idioma sânscrito foram compilados os Vedas – os chamados livros do “conhecimento”, um conjunto de hinos e
rituais de culto. Escritos em sânscrito, língua sagrada, os
Vedas deram à Índia as bases da sua cultura e contribuíram
para estruturar o conjunto de crenças, atitudes e valores que
formaram sua civilização.
A influência ariana foi profunda sob o ponto de vista
cultural, lingüístico e religioso, tornando a região norte a
mais representativa dessa tradição. Em nenhuma outra civilização, talvez, a religião esteve tão intimamente ligada à
direção dos negócios públicos e ao comportamento humano. É a própria base da estrutura social e como sustentáculo
da coletividade indiana. No tempo do bramanismo tradicional a sociedade indiana regulava-se pelo Darma, doutrina
que é simultaneamente a lei, um estatuto, a ética e a religião, e cuja fonte é o Veda.
Os árias impuseram a divisão de castas, pouco a
pouco, codificando-a cada vez mais, a fim de manter uma
distinção racial entre a sua própria raça considerada pura e
a das populações cujos territórios tinham invadido. A divisão da sociedade em castas adquiriu, desde então, uma rigidez a que a noção de Carma, o conjunto das ações do indivíduo e suas conseqüências (destino) acrescentam um caráter rigoroso, punitivo.
O Bramanismo com as suas quatro castas principais
e grandes subdivisões intermediarias consolidou o prestígio
da casta sacerdotal dominante (brâmanes) e a autoridade
134
feudal dos guerreiros conquistadores. A religião ordena um
sistema de castas que é dominada pelos brâmanes, ou sacerdotes, pelos xatrias (guerreiros e nobres), vaixias, ou
homens livres (comerciantes e fazendeiros) os sudras, a
classe servil (empregados e servos), e os dalit ou intocáveis
que fazem o trabalho mais sujo. Todos aqueles que não
pertencem a qualquer uma destas quatro castas estão fora
do sistema, e não têm direito ou qualquer existência social.
Os “sem casta” são aqueles que são designados com
nome de dalit ou intocáveis, são o pó da sociedade, não
podem ser tocados, porque poluem o tocado. Todos os “sem
casta” desempenham as profissões mais humildes, desprezíveis e imundas. São estes os caçadores, açougueiros, peixeiros, curtidores, carrascos, coveiros, limpadores de latrinas, varredores de rua, puxadores de riquixás, cesteiros,
lixeiros, vendedores ambulantes e outros gatos-pingados.
Chamados de intocáveis por causa da sua impureza, vivem
em aldeias afastadas ou em bairros exteriores. A casta infeliz dos intocáveis é massiçamente composta de pobres diabos que são desprezados pela sociedade, não podem misturar-se com os outros, por convivência, amizade ou casamento, até sua sombra é evitada.
Nascidos para servirem às três outras castas, os sudras sofrem de uma considerável inferioridade social e religiosa. Essa divisão da vida hindu só é tolerável devido a
crença de que dentro do ser humano existe uma alma imortal, que renasce milhões de vezes, de acordo com a lei moral ou Carma que prevalece no Universo.O individuo poderá renascer como um pessoa de casta, se for esse seu mérito.A origem histórica do budismo situa-se no nordeste da
Índia, entre os séculos VI e IV a.C..quando surgiu o grande
reformador, chamado Siddharta Gautama, “Buda, o Iluminado”. Nasceu em Kapilavastu em 563 a.C.e foi o fundador
do budismo.
135
Os grandes épicos indianos incluem textos sagrados,
como o Mahabharata, que contém o famoso poema Bhagavat Gita escrito em 500 a.C. Ramayana outra antiga e importante literatura épica, que, junto a textos sagrados conta
a história do príncipe Rama e seu Império. A religião védica se caracteriza por um mundo de deuses e deusas elementares, como Surya, Agni, Rudra, Indra, Vayu, Hanuman o
deus-macaco, os dois filhos de Shiva e Parvati, Ganesh, o
deus-elefante e o jovial Kartikeyya, que conduzem à trindade principal e superior de deuses, Brahma, Vishnu, e Shiva.
Por volta do século VI a.C o Norte da Índia tinha
pelo menos 16 unidades políticas organizadas, algumas
ainda repúblicas tribais, outras já monarquias absolutas. O
reino de Magadha instala-se a partir do século VI a.C. e
torna-se o berço do primeiro Grande Império autóctone da
Índia, o do Mauryas, estava estabelecido na rica planície do
rio Ganges. No século V a.C. o número de grandes reinos
foi reduzido para quatro, e após um século de guerras, foram incorporados ao reino de Magadha.
Enquanto os reinos indianos do Nordeste disputavam entre si a hegemonia, o Oeste recebia influências persas. Em 530 a C. começam as primeiras invasões dos Persas
(iranianos) que conquistam Gandhara (agora Afeganistão) e
grande parte do Punjab. As invasões irãnico-gregas dos
séculos VI a IV a.C. não afetaram Magadha, o estado mais
poderoso da Índia, situado no vale do Ganges. Durante dois
séculos, as possessões indianas do Imperador Dario I, permaneceram sujeitas à Pérsia. A fama de Persépolis chegou
até Pataliputra (Patna), capital de Magadha.
Em 331 a.C. os exércitos de Alexandre, o Grande da
Macedônia, vencedor de Dario III, após conquistar a Pérsia Aquemênida, invadem a região do Indo assegurando à
Grécia o domínio da Índia. Com a morte de Alexandre, em
136
323 a.C. Chandragupta Maurya tomou o reino de Magadha
e anexou a região a leste do Indo, em 305 a.C.
A dinastia Maurya fundada por Seleuco, rei da Síria
cresceu com Bindussara filho de Chandragupta, e atingiu o
apogeu sob comando de seu neto, o imperador Ashoka, que
reinou desde 320 a 185 a.C.dominou todo o subcontinente a
partir de uma base em Patna, exceto o extremo sul. Ashoka
e seus descendentes foram a força dirigente por trás de uma
unificação cultural que incluiu a organização e difusão do
budismo, baseada nos ensinamentos de Sidhartha Gautama.
Mas o domínio da dinastia Maurya sobreviveu pouco tempo
após a morte de Ashoka, em 227 a.C.
No final do século I° a.C., a Índia foi invadida pelos
Citas, povos asiáticos vindos do Norte.A civilização indiana
era ligada ao Sudeste Asiático, pelo comércio e por vínculos culturais desde os tempos pré-históricos. Por volta do
século I° a.C.a Índia havia estabelecido relações mais estreitas com o Oriente Próximo, e também, através do Império Kushan, com a China e a Ásia Central.
Na metade do século II d C. os reinos estrangeiros
do Norte estavam em decadência, e novos grupos invasores
emergiram. Os povos de língua tâmil (dravídica) ao sul de
Tâmil Nadu (antiga Madras), ocuparam brevemente o Sri
Lanka e construíram portos no extremo sul da Índia. Os
povos do Deccan espalharam-se pela península. No começo
do século IV d.C. a Índia recuperou a hegemonia com a
dinastia indiana dos Gupta. Chandragupta II, reinou de 375
até 534 d.C., com base em Magadha, dominou de Sind e
Pundjab até Bengala.No reinado de Kumaragupta I, filho de
Chandragupta II,a dinastia atingiu o seu apogeu. Reinos separados prosperaram dentro do Império Gupta por200 anos.
Infelizmente, uma nova ameaça surgira na fronteira
Noroeste do Império, a invasão dos hunos em 485. Os Guptas não conseguiram sustar-lhes o avanço. A Dinastia dos
137
Guptas, contudo, sobreviveu, mas muito diminuída. Coube
ao príncipe Harcha (605-647) reagrupar a Índia do Norte e
do Centro sob um domínio único, o engrandecimento da
Índia Imperial estava restaurado.
Em 520, matemáticos indianos Aryabhata e Varamyhara inventaram os números do sistema decimal, que hoje
usamos. É um equívoco atribuir aos árabes a invenção dos
números Foi a época clássica da civilização do norte da
Índia, que sobreviveu ao colapso político do Império, causado por novas invasões dos hunos.
Citas e hunos destroem a dinastia Gupta em 535, dividindo o reino em dois Estados. Tais invasões foram causadas pelo avanço dos nômades das estepes da Ásia Central, vindos dos planaltos da Cordilheira Altay e do deserto
de Gobi, na Mongólia. Os invasores não eram de origem
indo-européia, eram povos ligados por parentesco e tradições comuns. Não possuíam controle central, embora tenham se difundido a partir de uma única região.
O subcontinente indiano recebeu diversas culturas e
formas de povoamento, os árias, a influência helenística e a
cultura islâmica. O domínio muçulmano continuou com os
goriditas e os turcos mamelucos. As dinastias turcas continuaram controlando grande parte do subcontinente, rechaçando várias tentativas de invasão dos mongóis. No século
X, os Ganenévidas, dinastia turca, ocupou o vale do Ganges. O sultanato de Delhi, criado no século XIII, subsistiu
até o século XVIII. No século XIV, entretanto, acentuou-se
a decadência das dinastias turcas, que foram perdendo parte
dos territórios que tinham dominado.
Desde 1.402, uma nova investida dos mongóis, chefiada por Tamerlão (Timur Lenk), conquistador tártaro,
descendente de Ghengis Khan, penetrou no subcontinente,
no qual voltavam a adquirir força os reinos indianos. Mais
tarde, entre os anos de 1505 e 1525 os mongóis com Babur,
138
bisneto de Tamerlão, à frente de um exercito de guerreiros
nômades do Afeganistão conquista o Norte da Índia, invade
Delhi e funda o Segundo Império do Grande Moghul que
prospera durante 200 anos.
Os descendentes de Babur consolidaram o Islamismo, especialmente no noroeste (Paquistão). Em 1526, Akhbar, o Grande, considerado como o maior dos Mongóis,
submete os príncipes do Rajastan para controlar toda a
Índia do Norte e parte do Deccan. A dinastia Moghul governou até 1707. Por volta de 1632 a 1650, a cultura e as
artes se desenvolveram; data desta época a construção do
Taj Mahal, um mausoléu todo de mármore branco, erigido
perto de Agra, pelo imperador Shah Jahan, em memória de
sua quarta esposa, a favorita sultana Mumtaz-i-Mahal. É
uma jóia da arquitetura muçulmana da época dos mongóis.
O deserto de Thar a sudoeste, na província do Rajastan, contém uma vasta área de dunas de areia, o clima árido
e a fragilidade do solo são fatores preponderantes para o
processo de desertificação em curso na região. Jaipur, conhecida como “Cidade Rosada” por causa das suas construções de arenito rosa, tornou-se capital do Rajastan em 1567.
Os rajputs, ferozes guerreiros hindus, ofereceram
grande resistência aos invasores mongóis muçulmanos que
na época estavam invadindo a Índia. Muitas batalhas foram
travadas nas planícies poeirentas do Deserto de Thar, no
Rajastan. Foi durante essas guerras que começou o costume
hindu do Suttee..Esse hábito estranho exige que a viúva se
jogue na pira funerária do marido morto e pereça com ele.
Essa prática começou no século XVI, quando uma
princesa hindu atirou-se na pira do rei, para não ter que se
casar com o conquistador, o imperador mongol, que acabava de derrotar o exercito do seu marido. Todas as damas de
companhia, cerca de cinqüenta mulheres seguiram o seu
exemplo, jogando-se também na fogueira. Durante muitos
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anos esse costume vigorou na Índia, hoje o governo proibiu
o Suttee. Chittorgardh, a antiga capital do Rajastan é o berço da tradição do Suttee.A sociedade da região é a mais
rigorosa e conservadora das tradições hindus.
As famosas feiras anuais em Pushkar, no Rajastan,
reúnem milhões de pessoas, uma extraordinária mistura de
vendedores ambulantes e mercadores vindos dos mais remotos confins da Índia, trazem a mercadoria no lombo dos
camelos e acampam na praça em tendas de couro. Multidões enchem as ruas, dervixes, mendigos e encantadores de
serpentes, vendedores, moças envoltas em sáris de tons
brilhantes de vermelho, amarelo ou laranja, com sininhos
nos tornozelos, pulseiras e anéis, dançam no meio do povo.
A multidão de homens apresenta um mar de turbantes amarelos, vermelhos, laranjas e azuis. Por toda a parte
reina uma balbúrdia sem controle. O eco de vozes e gritos é
ensurdecedor. Vacas perambulam no meio da multidão sem
que ninguém as perturbe. O espetáculo que mais chama a
atenção do público são as corridas de camelos.
Ao norte da Índia, a bramanização foi profunda. Já
na Índia meridional, os numerosos cultos pré-bramânicos
subsistem e constituem um dos mais vigorosos elementos
do hinduísmo atual.Os vínculos culturais criados foram
capazes de resistir aos invasores que se seguiram aos árias,
às disputas dinásticas, ao avanço do Islã (século VIII d.C.),
aos freqüentes períodos de anarquia e aos primeiros contatos com os europeus.
Com a queda do Império Moghul, a presença européia, até aqui limitada às áreas costeiras, começou a se
fazer sentir. Coube aos portugueses descobrir em 1498, o
caminho marítimo da Índia e estabeleceram o monopólio do
acesso aos mares indianos até o fim do século XVI. Em
1510, os portugueses se estabelecem na Índia, conquistam a
província de Goa na costa de Malabar, no oeste do país. A
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bacia de Goa constitui um dos melhores portos portugueses
no Oceano Índico. Até o século XV, as especiarias da Índia,
pimenta, canela, cravo, nóz-moscada, marfim e ouro, vinham para a Europa pelo Mar Vermelho até Suez, daí seguiam em caravanas pelo deserto da Líbia até Cairo e Alexandria, onde embarcavam para Veneza, que na época era o
grande mercado europeu.
Em 1740, franceses, holandeses e britânicos controlam os negócios e instalam portos em Madrasta, Bombaim
e Calcutá. A administração britânica significou um transtorno para a economia indiana, pois instalou sistemas e mecanismos de desenvolvimento, que canalizaram todos os
benefícios para a Inglaterra. Em sucessivas campanhas
empreendidas a partir de 1798, as tropas da Companhia das
Índias Orientais conquistaram o território indiano. Os britânicos controlavam efetivamente toda a Índia desde 1805.
Em 1867, a Companhia das Índias Britânicas se instala em
caráter definitivo em Bombaim e Calcutá e comercia com a
Europa e China.
A Índia produz as matérias primas, principalmente o
algodão, para as fábricas inglesas O artesanato têxtil, que
exportava tecidos de excelente qualidade, constituía um
obstáculo para o crescimento da indústria têxtil inglesa. A
ruína dessa indústria, baseada em tecelões individuais,
trouxe o empobrecimento generalizado do povo. Com isso,
a economia indiana foi completamente desmantelada.
Embora praticando o princípio “dividir para governar”, a dominação inglesa, devido ao seu caráter centralizado, se viu totalmente hostilizado pelo nacionalismo indiano,
que reuniu os mais diversos movimentos antibritânicos. Os
principais organismos se uniram efetivamente em 1855,
constituindo o Congresso Nacional Indiano, que se tranformou no principal elemento da reivindicação da indepen-
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dência. A idéia de que a rebelião violenta não traria resultados, começou a ganhar adeptos.
O apóstolo dessa concepção foi Mohandas Karamanchand Ghandi, chamado “ o Mahatma” (Grande Alma).
Advogado, educado na Inglaterra, regressou à Índia em
1915, logo percebeu a necessidade de superar a limitada
“cooperação” anglo-indiana. Ghandi tratou de incorporar os
muçulmanos à causa autonomista e deu particular importância à mobilização popular. Pacifista, Ghandi desencadeia
em 1920, um amplo movimento de desobediência civil. O
movimento propunha o boicote aos produtos britânicos e às
instituições coloniais e a não violência. O movimento se
espalhou por toda a Índia.
A liderança incansável de Ghandi, asceta que dava
pessoalmente exemplo de tudo que pregava e que foi várias
vezes preso. As diferenças religiosas também foram usadas
pelos ingleses. Ao longo do período colonial, toda essa manipulação provocou inúmeras explosões sociais. Em 1880, é
organizado o Movimento Nacionalista Indiano que pressiona para o fim do domínio britânico. Há descontentamento
geral e ataques violentos de extremistas.
Uma nova campanha entre 1930 e 1934, tinha como
bandeira a independência total e a luta contra o monopólio
estatal do sal. As prisões estavam abarrotadas de presos,
que afluíam sem cessar e sem resistir. As autoridades britânicas já não sabiam o que fazer e não tiveram outra saída,
depois do fim da Segunda Guerra Mundial, senão negociar,
pois tinha recrudescido a luta contra o colonialismo britânico, que só termina com a independência da Índia em 15 de
agosto de 1947. A Grã-Bretanha chamou de volta seu último vice-rei na Índia, Lord Mountbatten.
Com o advento da independência em 1947, sob incentivo britânico, líderes muçulmanos indianos decidem
formar um Estado independente, o Paquistão. A partilha do
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território, baseada em critérios religiosos, provoca o deslocamento de mais de 2 milhões de pessoas, fato que colaborou numa divisão violenta e tumultuada do país, em Índia e
Paquistão. Milhares de pessoas foram transferidas das suas
habituais regiões para outros lugares. Radicais prosseguiram em sua tática em expulsar os hindus do Punjab e forçar
a volta de seis milhões de muçulmanos que vivem espalhados pela Índia. Enquanto isso, outras lutas inter-religiosas
se desenvolviam em outras partes do país, confrontos entre
hindus e muçulmanos.
A península ficou dividida em dois países - de um
lado a União Indiana, do outro o Paquistão, criado com o
propósito de reunir a população muçulmana em uma só
região. A União Indiana reunia uma grande quantidade de
raças, grupos étnicos, lingüísticos e culturais, consolidando
o sentimento de unidade nacional. Regionalmente, as diferenças entre o norte e o sul são sensíveis, correspondem a
duas faces da civilização indiana. O mais grave problema
interno enfrentado pela Índia, é o dos constantes conflitos
desencadeados pelas rivalidades comunitárias, entre bengalis, imigrantes nepaleses e demais minorias étnicas do Estado, por questões religiosas. Uma onda de violência assolou
o país, aconteceram seqüestros, atentados e assassinatos.
Menos de um ano depois da independência, os conflitos entre hindus e muçulmanos provocaram um doloroso
drama, o assassinato da figura mítica de Ghandi, em 30 de
janeiro de 1948, por um fanático sikhs, de nome Naturam
Vinaiac Godse, em meio de uma reunião de centenas de
milhares de pessoas em praça pública.
A Índia, uma nação na qual os hindus são a imensa
maioria, enfrenta movimentos nacionalistas de algumas de
suas minorias. As tensões entre Índia e Paquistão se acentuaram em 1990, devido o apoio paquistanês aos movimentos
autonomistas de Caxemira, e a região foi palco novamente
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de violentos combates entre as tropas indianas e os militantes islâmicos, apoiados pelo Paquistão. A disputa com Paquistão em torno do próspero território de Caxemira a noroeste, continua insolúvel e é causa de muitos atos terroristas.
A religião hindu é praticada por 83% da população,
11% são muçulmanos, 3,5% pratica outras religiões e 2,5%
são sikhs. No sentido religioso, um sikh é alguém que acredita em um só Deus e que segue os gurus que revelam seus
ensinamentos.O Guru Nanak, hindu de nascimento (1.4691.539) foi o fundador do sikhismo. Os sikhs, grupo étnico
cuja religião mistura o hinduismo e o islamismo, formam
uma organização pela independência do Punjab, no Norte
da Índia. Uma serie de atentados levou o governo de Indira
Gandhi, em setembro de 1984, à ordem de invasão do santuário supremo de todos os sikhs, o Templo Dourado de
Amritsar, no Punjab. Centenas de sikhs morreram. Em represália, os rebeldes assassinaram Indira, provocando nova
explosão de violência.
A misteriosa Índia, que tanto fascinava os antigos, o
cobiçado alvo das viagens dos navegadores famosos, a terra
das especiarias e produtos preciosos, corresponde, ao vasto
subcontinente que se estende das montanhas de Karakoram
e dos Himalaias ao norte, até o cabo Comorim ao sul, próximo à linha do Equador.
O clima na Índia é determinado pelas monções; é
quente e seco durante oito meses por ano, chove copiosamente durante o verão. É um problema difícil no país, que
tem periodicamente terríveis secas. Os caprichos das estações são por vezes catastróficos; as tormentas devastam os
campos, a seca castiga com rigor, as inundações destroem
as colheitas. Com as calamidades os agricultores perdem
tudo, sofrem mais os pobres que não tem a quem recorrer.
A agricultura é a pedra angular da Índia. A produção
básica é de arroz, cultiva-se também a cevada, trigo, milho,
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sorgo, cana-de-açúcar, chá-da-índia (Thea sinensis), juta,
algodão, gergelim, várias frutas e leguminosas, e cardamomo cujas sementes são utilizadas como condimento aromático e como chá. Trata-se com maior cuidado a irrigação,
que assegura o melhor rendimento da produção. O sistema
de irrigação é feito por desvios de água dos rios ou lagos
para compridos canais ladeados de pequenos diques de terra, distribuídos pela área.
Para não cansarem a terra, os agricultores indianos
praticam a rotação de culturas a ser plantada. Destas culturas, a do arroz e talvez a mais importante, quando a irrigação do terreno, pode ser feito de modo suficiente, pois o
arroz é a base da alimentação indiana. O cultivo do arroz
necessita de mão-de-obra abundante; o arranque das mudas
é seguido de transplantação, feita a mão, com o corpo inclinado durante horas e pés descalços dentro da água.
A economia da Índia no passado era essencialmente
rural, atualmente é uma mistura de lavoura de aldeia, agricultura moderna, artesanato, uma série de indústrias modernas, e inumeráveis serviços de apoio, mas 31,6% da economia indiana vêm da agricultura. O setor têxtil tem uma
eficiência elevadíssima. Em poucas décadas, a Índia conseguiu grandes avanços tecnológicos, mas não conseguiu resolver o problema da fome de sua população. A crise econômica da primeira década de 1970 atingiu duramente a
Índia, dependente da importação de petróleo.
Longe, na periferia das cidades, vêem-se pequenos
acampamentos cheios de pessoas que não tem onde morar,
que vieram para a cidade grande na esperança de encontrar
trabalho. São as favelas indianas. Ao lado de populações
miseráveis, há considerável parcela de indianos com acesso
à educação, o que garante à nação destaque na produção
científica – farmacêutica e informática. Nos últimos anos, a
Índia torna-se o maior exportador mundial de software. O
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impacto desse crescimento, no entanto, reflete-se pouco e
lentamente nas condições de vida da maioria da população.
Outrora, o comércio era principalmente alimentado
pelas caravanas de camelos, que cruzavam as estradas, recebendo as cargas nos grandes portos do litoral e transportando-as para o interior, para as províncias do Noroeste,
onde ficavam ligadas à rede internacional dos Caminhos da
Seda. Esses caminhos ligavam o litoral da Síria à China
atravessando as regiões montanhosas do Afeganistão e o
Deserto de Gobi, e avançando pelos postos dos oásis que
alcançavam através desses desertos, chegavam à bacia do
rio Tarim na China.
A travessia do deserto era a mais difícil e sofrida,
pois as pessoas corriam o risco de morrer de sede e de fome, serem mortos por animais ferozes, atacados por beduínos salteadores, picados por cobras venenosas ou engolidos
por areias movediças. Havia também o perigo das tempestades de areia. O atravessamento das florestas oferecia o
perigo dos ataques de bandos de selvagens. A caravana
seguia em interminável fila de camelos, com caminhar lento
e mugidos, onde se misturavam os gritos dos condutores.
A importância atribuída ao gado, na Índia, não desmerece em nada à das culturas, ele circula livremente por
entre os transeuntes nas ruas. As vacas leiteiras são rodeadas de especiais cuidados. Matar uma vaca e comer a carne
é considerado crime grave, igual ao assassinato de um homem. Na vida cotidiana das populações rurais, as cobras
najas ocupam um papel importante. Na Índia, as vacas, as
cobras e os macacos, são sagrados.O encantador de serpentes é uma das figuras mais conhecidas e típicas de Índia.
Pulando sob os galhos das árvores nas florestas, ou
correndo sob as ruínas dos templos, nos parques públicos,
ou invadindo as residências, existe uma multidão de babuínos de todos os tamanhos e espécies. Os bois são utilizados,
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pela população como animais de tração, nos trabalhos do
campo, para puxar o arado ou a carroça. Num meio onde a
locomoção é muitas vezes difícil, os elefantes domesticados
são utilizados para o transporte de pessoas e carga. Outras
vezes, nos festejos populares e comemorações desfilam
pelas ruas, ricamente enfeitados de fitas e quinquilharias.
Nas vilas e nas cidades, os comerciantes ocupam geralmente um bairro cujas ruas têm lojas de um lado e de
outro e muitas vezes ocupam todo o espaço da rua.. Além
do comércio de porta, há numerosos vendedores ambulantes que percorrem as ruas apregoando os artigos que vendem, transportam-nos em tabuleiros ou em cestos de vime
postos na cabeça, ou então suspensos na extremidade de
uma vara mantida em equilíbrio num dos ombros. Há inúmeras bancas e cozinhas improvisadas onde é preparado, na
hora, o alimento solicitado. A aglomeração e o movimento
de pequenos automóveis como táxis, jinriquixás, vacas,
elefantes e pessoas nas ruas são estonteantes.
O jinriquixá, veículo pequeno e leve de duas rodas,
corre rapidamente pela rua levando um passageiro, puxado
por um homem a pé, magro e moreno, vestido só com um
pano amarrado na cintura e turbante branco na cabeça, outro jinriquixá é puxado por um homem em bicicleta, ou o
mais moderno jinriquixá a motor que substitui os puxados
por pessoas.Esse transporte singular é praticado também na
China e em outros países do Oriente asiático.
O quadro exótico das ruas inclui a multidão de mulheres envoltas em vistosos sáris de seda dos pés à cabeça,
exibindo várias pulseiras, longos brincos nas orelhas e jóias
ao pescoço, um sinal vermelho no meio da testa, essa é a
aparência típica da mulher indiana. Os carregadores com
seus turbantes brancos e camisas vermelhas, calças largas
de algodão e sapatos pontudos. É um mundo cheio de vida,
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um bombardeio de imagens, cheiros, sabores, sons, texturas
e experiências fascinantes.
As barracas com cozinhas improvisadas vendem as
mais exóticas comidas, desde formigas, rãs e gafanhotos
crocantes, até filés de cobra d´água empanados e uma variedade incrível de crustáceos, peixes e roedores. De acordo
com o costume dos países asiáticos a maioria das pessoas
come o alimento pegando com os dedos da mão direita,
porque a mão esquerda é considerada impura, exceto na
China onde se utilizam pauzinhos.
Ainda existem florestas inexploradas por todo continente indiano, mas atualmente estão ameaçadas pelo desmatamento. Nos Ghates Ocidentais, região do Bangalore
vive o panda gigante, animal que está a beira da extinção,
pela escassez de folhas de bambu seu principal alimento, as
várias espécies de bambu que proliferavam nessa área, estão desaparecendo. Entre as madeiras preciosas, de lei, das
quais a Índia era grande produtor, atualmente escassas, existe ainda a teca (Tectona grandis), produzida na Costa do
Malabar na região de Karnataka, no Travancare e no Gujarate, cuja resistência á ação da água a indicava para construção de navios e barcos. Existem florestas de pinheiros ao
norte de Délhi e as montanhas do Himalaia são povoadas
de cedros e bétulas.
O ébano, o pau-rosa (Dalbergia latifólia), e o precioso sândalo (Santalum álbum hinn) produzido no sul. Os
perfumes e o incenso têm importância invulgar no mundo
oriental. Um dos mais procurados perfumes é o de almíscar.
Além das madeiras a Índia exporta gomas e resinas, mirra,
balsâmina, aloes, cinábrio e outros que servem também
como corantes, condimentos e medicamentos.
As florestas das montanhas são santuários para muitos animais como chacais, porcos-espinho, cobra naja tripudians cujo pescoço se dilata quando ela enraivece; a co148
bra real que pode alcançar até 4,40 m de comprimento e 9
kg de peso, é alimentada e venerada pela população. Leopardos, guepardos, leões, tigres, zebras, ônix, antílopes,
elefantes, búfalos, lagartos e crocodilos, animais que vivem
nas grandes florestas, pântanos e grandes rios. Aves como
avestruzes, pavões, perdizes, cucos, papagaios, melros e
uma infinidade de pássaros canoros vivem nas matas das
planícies tropicais.
Os principais recursos minerais da Índia é o carvão
e o ferro, há também ricas minas de metais preciosos, como
ouro, prata, cobre, mercúrio, magnésio, mica, pedras preciosas e semipreciosas, diamante, rubi, topázio, safira, esmeralda, lápis-lazúli, cristal de rocha, aos quais se acrescenta a pesca da pérola, do coral, do nácar e das conchas de
madrepérola. Mais da metade do Estado de Caxemira é um
árido deserto, mas existem ali importantes reservas de petróleo. As minas de sal do litoral estão sob o monopólio do
Estado.
A vasta península triangular indiana que ocupa o
sul da Ásia está parcialmente isolada do resto do continente
asiático. Separada a oeste pelo mar da Arábia e pelas montanhas Sulaman no Afeganistão, a leste pelo Golfo de Bengala e a cadeia montanhosa Arakan Yoma, no Mianmar, ao
sul pelo Oceano Índico e ao norte pela imponente Cordilheira dos Himalaias.
Nesse imenso território, de 3.287.263 km² - cerca
de 10% da superfície asiática, é o segundo país mais populoso do mundo com 1,186 bilhão (2008) de habitantes, ali
vive um sexto da população mundial, sendo 72% de origem
indo-ariana, 25% de drávidas ao sul e 3% de outras nacionalidades. Existe uma importante população aborígine,
principalmente nas florestas e montanhas centrais e grupos
mongóis no norte montanhoso. Os idiomas oficiais são o
hindi e inglês. No entanto, dezoito línguas são reconhecidas
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oficialmente, como o bengali, tâmil, telugu, marati, urdu,
gujarati, punjabe, caxemir, shindi, sânscrito, embora seja
falada uma infinidade de línguas e dialetos locais.
As línguas indo-arianas derivadas do sânscrito, são
dominantes no país, como conseqüência natural da influência que os arianos exerceram no desenvolvimento da Índia.
Trata-se na verdade, de um patrimônio comum, uma civilização cujas formas de vida e de pensamento conseguiram
integrar, num mundo à parte, centenas de milhões de pessoas, de raças, de religiões e mais de 700 idiomas diferentes,
que revelam traços de conduta semelhantes, ainda que, em
diversas ocasiões, eles não se apresentem de maneira facilmente definível.
Na seção oriental da planície do Ganges, Uttar e Bihãr encontra-se uma civilização agrícola em desenvolvimento há 10.000 anos. A coexistência de diversos sistemas
de exploração do solo para produção de milho e arroz contribui para o encontro e fusão de grupos raciais e culturais
distantes, como o mediterâneo-armênico e o munda, povo
do nordeste da Índia, integrados na população dravídica já
antes da chegada dos árias.
A população da Índia formou-se ao longo de milênios por uma multiplicidade de raças e culturas, incluindo
os diferentes grupos étnicos, que se impuseram aos primitivos habitantes da região. Contudo, dentro da grande variedade de tipos humanos encontrados no país, podem-se distinguir dois grupos, ligados a diferentes origens culturais:
os drávidas e os arianos. A maioria dos habitantes tem origem nos povos arianos. Ao norte subsiste a influência das
invasões árabes, dos séculos VII e VIII, e de mongóis do
século XII. No planalto do Deccan e ao sul predominam os
povos de origem drávida.
A Índia é uma confederação de 28 Estados extremamente diversos; a única coisa que mantém o país unido é
150
o hinduísmo. Tem como capital Nova Délhi (aglomeração
urbana 15.900.000 em 2007), uma massa fervilhante de
pessoas que se movimenta pelas ruas da metrópole. Outras
cidades importantes são Mumbai (Bombaim), Calcutá, Madras, Bangalore, Patna, Agra, Jaipur, Hiderabade, Ahmedabad, Kampur, Nagpur, Puna, Luknan, Calicute. A maioria
dos Estados tem sua própria língua, embora o hindi seja a
língua oficial, a rupia indiana é a moeda do país. Cada Estado tem sua própria cultura, sistema de escrita e leis civis.
Por seu movimento marítimo, Calcutá ocupa o primeiro
lugar entre os portos internacionais do país. Contudo, o
fator principal são as ferrovias que a ligam com o coração
do Deccan e com as planícies do Ganges.
Os maiores rios que banham a Índia são, o Ganges,
o Indo, Narmada, Brahmaputra, Godavari, Krishna, Mahanadi e muitos outros. O Ganges (Ganga) grande rio da Índia, com 2700 km de extensão, origina-se de vários regatos
alimentados pelas geleiras do Kamet (7758 m) e do Nanda
Devi (7.816 m), no Himalaia central, na sua trajetória recebe o rio Yamuna em Allahabad, banha Benares (Varãnasi), Patna e Baghalpur, une-se ao Brahmaputra antes de
lançar o caudal das águas por um grande e pantanoso delta
de 58.753 km², no golfo de Bengala. A bacia do GangesBrahmaputra se estende por 1.730.000 km² através da Índia
e Bangladesh. O Brahmaputra nasce no lago Mansarovai
no Himalaia, tem 2840 km de extensão.
As pessoas peregrinam pela Índia para verem e serem vistas pelas divindades. Centros importantes e sagrados
de peregrinação, como Varãnasi (Benares), situam-se nas
margens dos grandes rios. Locais famosos incluem Kurukshetra palco de guerra do Mahabharata, Ayodhya a antiga
capital do Império Rama, ou Mathura no centro-norte da
Índia, onde nasceu Krishna. Benares, já foi descrita como
151
“cidade oração”. É uma das mais antigas cidades do mundo,
fazia parte do mítico Império Rama.
Há milhares de anos os hindus rezam e meditam
nas margens do Ganges, o rio mais sagrado da Índia. Ganga, é a deusa do rio Ganges. É aqui que cada hindu ortodoxo deve ser cremado, e todos os dias se vêem pilhas de cadáveres ardendo nas piras crematórias sob plataformas de
madeira nos degraus, que descem até o rio. O Ganges é,
para os hindus, o rio sagrado, no qual se banham os inúmeros peregrinos, praticando rituais ancestrais, um dos aspectos culturais da Índia. Tomar banho no rio Ganges é uma
prática religiosa; acredita-se que todos os pecados ou o
Carma negativo, são lavados pelas águas sagradas. Um fato
curioso sobre o Ganges e que, enquanto se despejam no rio
as cinzas de centenas de cadáveres, esgotos sem tratamento
e outros detritos, os testes de água mostram que ela é de
uma pureza espantosa, não tem poluição.
A Índia possui importantes patrimônios históricos.
Foram descobertas em 1819, as famosas Cavernas Elephanta na ilha Ghapapuri, de Ajanta e de Ellora. Desconhecidas
do mundo por dois mil anos, supõem-se que foram escavadas na rocha maciça por volta do século II a.C. O Forte e o
Mausoléu Taj Mahal em Agra, Templo do Sol em Konarak,
Templo Brihadisvara em Thanjavur, Parques Nacionais
Kaziranga, Royal Manas, Keoladeo, Surdanbans, Nanda
Devi. Logo ao sul de Ahmadabad fica Lothal, outra cidade
muito antiga, uma das Sete Cidades do Império Rama.
O subcontinente indiano com a área original de
4.490.439 km², atualmente está dividido em sete países independentes: Índia, Paquistão, Nepal, Bangladesh, Sri Lanka, Butão e Maldivas. Desde a pré-história até o fim da
ocupação britânica e a independência em 1947, Índia constituía um único e imenso país, com história própria, de civilizações, invasões, impérios, conturbado por guerras e riva152
lidades,épocas de prosperidade; todos esses acontecimentos
compartilhados por diversos povos, grupos sociais e etnias
que a habitavam, até a época da divisão do subcontinente.
O governo da República da Índia é parlamentarista,
tendo como Presidenta, Pratibha Patil (desde 2007) é a primeira mulher a ocupar o cargo na história do país. O Primeiro-ministro é Manmohan Singh (desde 2004).
*
A República do Sri Lanka (antigo Ceilão) é uma ilha
do Oceano Índico, situada ao largo da costa sudoeste da
Índia, dela separada pelo canal de Palk.Constituída por um
fragmento do bloco peninsular indiano, com o qual tem em
comum a constituição geológica, terras miocênicas permeáveis do período Terciário que cobrem o norte da ilha.
Sri Lanka possui uma área de 65.610 km² e uma
população de 19,4 milhões (2008), tem como capital a cidade de Colombo. Composição étnica: cingaleses 74%,
tâmeis 16%, 10% outros. Língua: sinhala, tâmil (oficiais).
Povoada pelos vedas nos tempos pré-históricos,
substituídos pelos tâmis que chegaram à ilha há cerca de
dois mil anos. A ilha de Ceilão foi invadida sucessivamente
por tâmis, cingaleses e indo-europeus, que deram origem a
uma civilização avançada.Torna-se um importante centro
da cultura budista, introduzida no século III, a.C.
Em 1505, chegaram os portugueses, cento e cinquenta anos depois os holandeses expulsaram os lusitanos.
Em 1796, os britânicos que já haviam se apossado da Índia,
tornaram a ilha como sua colônia. Revoltas e tumultos nacionalistas conseguem a independência em 1948, mas aceitam o protetorado da Coroa britânica. Nessa época conflitos
étnicos, entre cingaleses e a minoria tâmil, sacodem o país.
Em 1978, é instalada a República do Sri Lanka.Em 2005 é
153
eleito o socialista Mahinda Rajapakse como presidente e
Ratnasiri Wikremanayake como primeiro-ministro.
*
A República das Maldivas com a área de 298 km²,
têm como capital a cidade de Male.É um arquipélago formado por cerca de 1.200 pequenas ilhas coralíneas e atóis,
situado à sudoeste da extremidade sul da Índia, o Cabo
Comorim no Oceano Índico.Os maldivos, excelentes navegadores e pescadores sempre mantiveram um contato estreito com o continente asiático. Foi dos asiáticos, no século
XII, que eles receberam a influência árabe e muçulmana.
A população maldiva, de 311 mil habitantes (2007),
tem origem nas imigrações dos povos drávidas, cingaleses e
indo-arianos, procedentes da Índia Os colonizadores portugueses chegaram às Maldivas, escala obrigatória em sua
rota para o Extremo Oriente. Em 1.887, Maldivas aceitou o
protetorado do Império Britânico. Em 26 de julho de 1.965
conseguiu a independência. Em 1968, é instalada a República presidencialista, com Mohamed “Anni”Nasheed como presidente ( desde 2008).
*
O Bangladesh, capital Dacca, pequeno país muçulmano, dissidente do Paquistão, possui uma área de 147.570
km², e uma população de 161,3 milhões, com 98% de bengalis, muçulmanos. Situado no Golfo de Bengala, no delta
do rio Padma – que se forma pela confluência dos rios Meghna, Ganges e Brahmaputra. Bangladesh é uma planície de
férteis terras aluviais, nas quais se cultivam arroz, chá e
juta. Há grandes extensões de florestas e de pântanos.
O Bangladesh é um estado de formação recente, mas
é uma velha nação, com raízes no antigo reino de Banga.
Sua história já está documentada a milhares de anos, no
antigo poema épico Mahabharata, indiano.Foi ocupado pelo
governo britânico por 190 anos. Étnica e culturalmente
154
homogênea, essa sociedade nasceu há 25 séculos, pela fusão da população bengali local com imigrantes arianos provenientes da Ásia Central. Seu surgimento como nação
independente ocorreu em 1971, como República parlamentarista. Em 2002, foi eleito como presidente Iajuddin Ahmed e primeiro-ministro Fakhruddin Ahmed desde (2007).
*
O Butão, capital Timfu, pequeno reino de apenas
46.640 km², e 700 mil habitantes (2008). Está situado no
coração das grandiosas montanhas do Himalaia, entre a
Índia e o Tibet. Seus gigantescos vizinhos, China, Índia e os
picos mais elevados do planeta, impuseram ao país um
grande isolamento do resto do mundo. Durante a década de
60, Butão começou a emergir do isolamento.
Embora somente 6% do território sejam cultiváveis,
o país vive da agricultura, setor que emprega cerca de 90%
dos butaneses. Butão é um reino de monastérios budistas, a
maioria deles fechada aos estrangeiros. Dominado pelos
tibetanos, no século XIX Butão torna-se uma colônia do
Reino Unido. Em 1949, o país obtém a independência. O
governo é uma monarquia parlamentarista tendo como
chefe de Estado o rei Jigme Khesar Namgyel Wangchuck,
(desde 2006) e como primeiro-ministro Jigme Yoser Thinley (desde 2008).
*
O pequeno reino do Nepal, com capital Kathmandu,
possui uma área de 147.181 km², e uma população de 28,8
milhões (2008).Encravado nas encostas dos Himalaias, está
rodeado pela Índia a oeste, sul e leste e tem fronteira com a
China. Os nepaleses são descendentes de indianos, tibetanos e mongóis. País sem acesso ao mar, é constituído por
três regiões geográficas bem distintas, a planície de Tarai,
fértil e tropical, os platôs centrais cobertos de pastagens e
florestas, e a cordilheira do Himalaia, que abriga os cumes
155
mais altos do mundo. A oeste encontra-se o pico Annapurna (8078 m) e o Manaslu (8125 m), a leste ficam os picos
do Cho Oyu (8154 m) e o Everest (8847 m).
As diferentes alturas determinam uma grande diversidade de climas, desde o tropical chuvoso até o frio
rigoroso das altas montanhas. Quanto à flora montanhosa,
as encostas apresentam-se cobertas de bosques de coníferas,
acima crescem bétulas, rododendros e ervas que sobem até
o limite dos gelos eternos. O longo vale de Khatmandu estende-se verde e fértil, semeado de templos e mosteiros,
abarrotado de turistas estrangeiros e nepaleses.
Os telhados angulares dos templos se destacam acima dos tetos inclinados da cidade velha, com seu encanto
medieval, seus inúmeros pagodes quadrados, os pequenos
templos e santuários em cada esquina, o constante tilintar
dos sinos e o cheiro de incenso no ar.Guirlandas de flores
enfeitam as estatuas e ouve-se o murmúrio incessante de
preces.Ali um asceta errante, com a cabeleira desgrenhada,
vestindo apenas um pano em volta da cintura, senta nos
degraus de um templo.Acolá caminha um monge de cabeça
raspada e túnica cor de açafrão.
Pela manhã se vêem porcos, cabras, búfalos e vacas
andando pelas ruas e ninguém os incomoda. Em Khatmandu também tem uma grande quantidade de adivinhos, especialistas em ervas curativas, gurus de diversas origens, nepaleses, indianos, tibetanos, europeus e outros ocultistas. A
cidade tem a reputação de ser uma área de atividade para os
praticantes do ocultismo negro. A maioria da população
professa o hinduismo mesclado a crenças budistas.
Um sistema agrícola arcaico forma as bases da economia nepalesa, ocupando 88% da população. O turismo
ganha impulso, apesar da enorme pobreza do país. Em maio
de 2.008, com a abdicação do último rei, foi instalda a Re-
156
pública do Nepal. Escolhido como presidente Ram Baran
Yadav, e como primeiro-ministro Pushpa Kamae Dahal.
*
A República Islâmica do Paquistão, capital Islamabad, possui o território de 796.096 km², ocupa o vale do
Indo e dos seus afluentes, á oeste da Índia. As fronteiras
mais sensíveis são com a Índia a leste, e o Afeganistão a
oeste. Têm fronteiras pequenas com o Irã e a China. É um
país montanhoso, semi-árido, possui desertos na fronteira
com a Índia e com o Irã, de clima seco, com exceção da
bacia do rio Indo. Essa é, praticamente, a única área irrigada do território, própria para a cultura extensiva de cereais e
algodão, essencial para a economia. A maioria da população vive da agricultura nas áreas perto dos rios.
O rio Indo origina-se na Cordilheira de Karakoram
no nordeste do Paquistão, deságua no mar da Arabia formando um grande delta. Tem um curso de 3.180 km e uma
bacia fluvial de 960.000 km². As águas que descem dos
Himalaias permitem o cultivo de vastas regiões áridas.
No processo da independência do subcontinente indiano, em 1947, os líderes muçulmanos indianos decidem
formar um Estado independente, o Paquistão. A partilha
baseada em critérios religiosos provoca o deslocamento de
mais de 2 milhões de pessoas. Choques entre hindus e muçulmanos deixam 200 mil mortos, inaugurando o antagonismo entre a Índia e o Paquistão. Na época da divisão, o
Paquistão foi formado por dois territórios muito separados
entre si, o Paquistão Ocidental e Oriental. Em 1971,o Paquistão Oriental conquistou a independência passando a
chamar-se Bangladesh.
O islamismo ou Islã é uma religião de fidelidade a
Deus (Allah), que começou na Arábia, berço do islamismo,
com o profeta Muhammad (Maomé),fundador da religião,
nascido em Meca em 570 d.C. Para os árabes muçulmanos
157
a Mesquita de Omar concluída em 696 d.C.em Jerusalém,
assim como Meca e Medina ambas na Arábia Saudita, são
cidades sagradas para os fieis e alvo da tradicional peregrinação dos muçulmanos do mundo todo.
A lei do Islã conhecida como Sharia, foi compilada
por especialistas religiosos e refere-se a qualquer atividade
individual ou comunitária. Os muçulmanos xiitas distinguem-se por seguirem rigorosamente os ensinamentos dos
seus imãs ou aiatolás. Eruditos sunitas em geral vêem a
devoção a santos e santuários como ameaça ao culto exclusivo a Deus. Os xiitas adotam uma visão diferente, visitam
os túmulos de seus imãs como parte dos deveres religiosos.
Todo muçulmano deve seguir a Sharia, sistema de
leis religiosas islâmicas, que ordena a crença em um só
Deus (Allah).Todos os dias, cinco vezes por dia, da sacada
da mesquita o muezim chama os fieis à oração. E os muçulmanos colocam os tapetes de oração no chão, dobram
seus joelhos em direção à Meca, se prosternam, oram, se
levantam, oram, se prosternam de novo, sempre quatro vezes. Realizam mudas súplicas a Deus, só os lábios se mexem. ”Não há senão um só Deus e Maomé é seu Profeta”.
A Sharia determina a vida, conduta religiosa, moral
e social de todos os seus adeptos, assim como a maneira de
se vestir e até os cuidados com a higiene. Pela lei da Sharia,
a mulher é discriminada. A crença na superioridade masculina está arraigada fundo na mentalidade muçulmana.
No Paquistão, Irã e em outros países de religião islâmica, as mulheres são obrigadas a seguir os severos códigos de vestimenta e comportamento, regidos pelo Islã. Vestem longas burcas (xador) negras, que envolve todo o corpo, da cabeça aos tornozelos, deixando apenas um pequeno
retângulo de renda bordada em frente dos olhos por onde
vêem o mundo, sem que ninguém lhes veja o rosto.
158
Geralmente as mulheres jovens são oferecidas em
casamento em troca de um bom dote, e são os pais que escolhem o noivo dentro do clã, também se casam entre parentes. A vontade dos pais é sempre soberana. Os homens
podem ter tantas esposas quantas desejem. Moram todos
juntos, as diversas esposas e seus filhos, irmãs, irmãos e
tios, sogros e avós, como uma grande família.
Os mullah são os muçulmanos de grande conhecimento da teologia e leis sagradas. Os imãs e aiatolás fundamentalistas fazem uma interpretação literal do Alcorão e
são os guardiões rigorosos da Sharia, junto ao povo. Para
ser um bom muçulmano é preciso aceitar Deus, orar, jejuar,
dar esmola, e viajar à Meca, pelo menos uma vez na vida.
Os muçulmanos xiitas tomaram o poder no Irã em 1978,
sob a liderança de aiatolá Ruhollah Khomeini. Até o presente o Irã e seu vizinho Paquistão, estão marcados por
tensões étnicas e religiosas entre grupos de origem indiana,
muçulmanos sunitas e xiitas.
Paquistão possui importantes cidades, como Islamabad, Faisalabad, Ravalpindi, Peshawar, além de Karachi
que é um movimentado porto no Mar da Arábia, uma via
vital para escoamento da produção. Karachi e Lahore são
grandes centros de fabricação de têxteis. A cidade de Lahore, é também o baluarte cultural e artístico do Paquistão,
uma metrópole dinâmica, localizada no meio de uma planície sem defesas naturais, já foi conquistada, destruída e
reconstruída inúmeras vezes. Outras indústrias produzem
uma grande variedade de produtos petrolíferos, materiais de
construção, de alimentos e de papel.
Na vastidão da Ásia Central, no norte do Afeganistão, elevam-se as montanhas majestosas e sombrias do Hindu Kush, onde nasce o rio Oxus ou Amu Darya que corre
para oeste pelas planícies de Samarcanda. A leste fica a
passagem de Khyber, e ao sul da cidade de Kandahar se
159
estendem os desertos intermináveis de Baluquistão. Para o
leste, aquelas imponentes montanhas do Hindu Kush se
unem aos montes de Pamir e ao Karakoram e ao sul se elevam os próprios cumes do Himalaia, em sua curva para
leste através do espinhaço da Ásia.
No extremo noroeste do Paquistão ficam as Grandes
Terras Altas, a oeste, na fronteira com Afeganistão,estão
situados os espetaculares píncaros do Karakoram e do Pamir. Á leste o desfiladeiro de Khyber, com a abertura da
Rota da Seda em 112 a.C.fez parte da rota de comércio
entre as grandes civilizações através da Ásia Central ligando a China ao Ocidente e a Roma.
Durante milhares de anos o desfiladeiro tem sido
invadido por grupos indesejáveis. Persas, gregos, mongóis,
afegãos e britânicos, já tentaram conquistar a Índia, conduzindo seus exércitos através deste desfiladeiro. No século
VI, a.C. o rei persa Dario, conquistou grandes área do Afeganistão e continuou a marcha através do desfiladeiro de
Khyber até o rio Indo..
Dois séculos depois foram os generais de Alexandre, o Grande que conduziram suas tropas através do desfiladeiro.Ghengis Khan destruiu grande parte da Rota da Seda, enquanto Marco Polo seguiu o rastro das caravanas no
caminho do Oriente.Atualmente pelo desfiladeiro de Khyber são contrabandeadas armas de todo tipo e grande quantidade de entorpecentes, como a heroína, ópio e haxixe.
A travessia das montanhas do Hindu Kush pelo desfiladeiro, na fronteira entre Afeganistão e Paquistão é uma
verdadeira prova de coragem. Ao amanhecer, o sol lança
seus primeiros raios pelos rochedos íngremes. A paisagem é
cor de poeira, em tons marrom-acinzentados. As encostas
de rocha e os blocos de granito ameaçam precipitar uma
avalanche de pedras e seixos sufocando os passantes.
160
A estrada atravessa os territórios tribais do Passo
Khyber, serpenteando entre penhascos de xisto e calcário.
As montanhas áridas e imponentes margeiam profundos
desfiladeiros e se erguem em cumes nevados da cordilheira
do Hindu Kush, ao norte. Uma confusão de atalhos se entrecruza antes de desaparecer atrás de pedras e colinas. Esses atalhos têm sido pisados durante séculos, por exércitos
de conquistadores, contrabandistas, guerrilheiros e caravanas de camelos vindas da China e dos confins da Ásia Central. Milhares de pessoas procedentes do Afeganistão entram diariamente no Paquistão, em jipes, a pé, montados em
cavalos ou camelos que sobem a ladeira, arquejantes. Um
passo em falso e despencará a montaria e o homem, abismo
abaixo. O cavalo avança com calma pelas trilhas íngremes,
sem se incomodar com o homem que leva na garupa.
Em 1979,com a invasão do Afeganistão pelos soviéticos surgiram grupos de guerrilheiros islâmicos,os mudjahedin, que lutavam para expulsá-los do país. Depois em
1992, os mudjahedin começaram a lutar entre si por questões de etnia e religião. Em 1996 até 2001, apareceu a Milícia Islâmica Sunita Taliban, um grupo fundamentalista que
consolidou seu domínio sobre 90% do país. O Taliban impôs a lei islâmica severa, movendo guerra às etnias rivais,
destruindo qualquer herança cultural que o afegão possa ter.
Durante muitos séculos, existia uma estrada cheia de
curvas que ia de Kabul ao histórico Vale de Bamiyan, onde
o budismo florescera séculos antes do nascimento de Maomé. As montanhas tinham cerca de cinco mil metros de
altura, costados ameaçadores, cujos picos nenhum homem
havia escalado, elas dominavam a paisagem do Koh-i-Baba.
Bamiyan está situado no coração do Hindu Kush, e
muito embora houvesse montanhas mais altas na Ásia, como os picos nas cadeias de Pamir, Karakoram e do Himalaia, eram todos mais altos mas nenhuma suplantava aque161
las montanhas do Afeganistão em sua grandeza rochosa e
vale encantador.No Vale de Bamiyan, há dois mil anos atrás, foram esculpidos no penhasco rochoso duas estatuas
de Budas Gigantes, de trinta metros de altura.
De ambos os lados das estatuas, por toda a extensão
do gigantesco nicho, o rochedo tinha sido escavado, formando uma infinidade de cavernas sombrias e túneis que
formavam um emaranhado dentro do penhasco, onde os
monges budistas se alojavam, usavam-nas como moradia e
como abrigo para os peregrinos. A paisagem variava, indo
de picos cobertos de neve aos desertos, dos precipícios à
formações rochosas. Bamyian havia sido outrora, um reduto
florescente do budismo, até cair sob o domínio islâmico.
Na época em que caravanas de camelos cruzavam o
Vale seguindo a Rota da Seda, passaram invasores um atrás
do outro, Ghengis Khan, o neto dele Kublai Khan, no século XIII, macedônios, sassanidas, árabes, mongóis e, em
1988 os soviéticos, e recentemente os norte-americanos,
caçando o guerrilheiro Bin Laden nas cavernas das montanhas do Afeganistão, também os terroristas das Milicias do
Taliban, que no seu fanatismo religioso, seu desprezo pela
história, pela cultura e arte do país, dinamitaram os Budas
Gigantes de Bamiyan, reduzindo-as a pó.
No Paquistão estão importantes patrimônios da humanidade: as Ruínas Arqueológicas de Mohenjo-Daro e
Taxila; Ruínas Budistas de Takht-i-Bahi; Monumentos Históricos de Thatta; Fonte e Jardins de Shalamar em Lahore.
O Paquistão fazia parte da Índia até 1947, partilha
com ela uma história de antiqüíssimas civilizações, migrações e invasões. A disputa por Caxemira envenena as relações com a Índia, caso não solucionado até a data presente.
A violência também faz parte da política interna, em conflitos étnicos e rivalidades entre muçulmanos sunitas (majoritários) e xiitas. A religião islâmica é praticada por 96,7%
162
da população e 3,3% outras religiões O idioma oficial é o
urdu, fala-se também o punjabi, sindi, saricoli e inglês. O
Paquistão possui uma população de 167 milhões (2008).
Governo: República parlamentarista tem como presidente Asif Ali Zardari (desde 2008) e como primeiroministro Yousaf Raza Gilani (desde 2008).
A CIVILIZAÇÃO CHINESA.
A China, país da Ásia Oriental, com dimensões continentais, é o terceiro maior país em extensão territorial do
mundo, com 9.572.900 km², uma potência industrial e econômica, è o mais populoso, conta com 1,336 bilhão de habitantes no ano de 2.008. A língua oficial é o mandarim. Mais
de 92% de chineses são da etnia han. É o berço da mais
antiga civilização do mundo.
Um dramático fenômeno da geologia, iniciado no
Cretáceo, há 200 milhões de anos atrás, estendendo-se até
o Mioceno, moldou seu território. Nas áreas que emergiram
do leito marinho na colisão da placa tectônica do subcontinente indiano com a placa da Eurásia, o cataclismo causou
o soerguimento da cordilheira do Himalaia e criou o altíssimo planalto do Tibet, pontilhado de vulcões, muitos ainda
ativos.O Himalaia tornou-se a cordilheira mais alta do
mundo, e continua a crescer um centímetro por ano, devido
o deslocamento para o norte da massa do subcontinente
indiano.
As eras de soerguimento e erosão esculpiram o calcáreo em cavernas e montes serrilhados que margeiam os
rios como dentes de dragão. As novas altitudes alteraram
os padrões climáticos, criando desertos ao norte e alagando
o sudeste da China com as chuvas das monções. No leste,
nas planícies fertilizadas por inundações fluviais e rodeadas
por cadeias montanhosas moldadas pelas intempéries, a
163
civilização chinesa se estabeleceu inicialmente, há cerca de
10.000 anos a.C. ao longo do rio Yang-tsé, praticando agricultura de irrigação, mas principalmente o cultivo do arroz
e colza, em terras alagadas. Tornou-se uma das primeiras
regiões a domesticar plantas e animais, garantindo o sustento de uma população que veio a ser, mais tarde, a mais numerosa do mundo.
Os grandes rios da China, alimentados pelas geleiras
do planalto cortam o país seguindo para o leste. O Yangtsé, nasce nas montanhas do Tibet, tem 6.200 km de extensão, atravessa a China meridional e deságua no Mar da
China O Yang-tsé é a verdadeira corrente vital da China. A
primeira garganta do Yang-tsé, de nome de Garganta de
Wuxi, de cerca de 40 km de extensão, possui altos penhascos se elevando de ambos os lados.
Os vapores que percorrem o grande rio vão de Xangai a Xongqing carregados de mercadorias. Pequenos barcos a vapor, balsas de velas enfunadas e sampanas atulhadas de gente, serpenteiam ao longo das margens. A Garganta de Qutang é a última e a mais espetacular, com precipícios verticais se arrojando num estreito desfiladeiro de menos de 100 m de largura. O Huang Ho (Rio Amarelo) com
5.464 km de extensão e uma colossal bacia de 1.807.199
km². De sua mística nascente no platô Quinghai-Tibet, a
4.300 metros de altitude, o rio percorre as planícies do norte
em que os primeiros habitantes da China aprenderam a cultivar e irrigar, fazer cerâmica e pólvora, elevar e enterrar
dinastias imperiais.
Poucos rios incorporam a alma de uma nação mais
profundamente que o rio Amarelo. Ele é para a China o
berço da civilização, um símbolo de glória perene, uma
força da natureza temida e venerada, é um vale fértil e densamente povoado. Foi batizado de Huang em homenagem
ao lendário fundador do Império chinês. Deságua no Golfo
164
Bo Hai no Mar Amarelo. Infelizmente hoje esse rio está
morrendo, manchado pela poluição e contaminado pelo
esgoto industrial e doméstico.
O rio Mekong nasce no Tibet, corre para o sul pelo
território chinês, entra e atravessa a Indochina, deságua no
Mar da China, tem 4.500 km de extensão. Todos esses rios
são navegáveis, formando importantes vias fluviais de comunicação e transporte.
A civilização chinesa desenvolveu-se relativamente
isolada, protegida a sudoeste pela Cordilheira do Himalaia,
ao norte pelo deserto de Gobi e planalto da Mongólia. Gobi,
é uma vasta depressão que se estende por 1.036.000 km²,
abriga a região montanhosa dos Montes Altay, de solo frágil e clima árido, terrivelmente desigual, chove raramente,
variando em períodos de cada vinte a cinqüenta anos.O
deserto de Gobi, até o final do Cretáceo, era uma terra fértil
e úmida coberta de florestas, onde vagavam milhares de
dinossauros e animais de várias espécies.
A China limita-se a noroeste pelas majestosas dunas
do deserto de Taklimakan que domina uma bacia surgida há
250 milhões de anos, durante o processo de formação da
Eurásia, atualmente o Taklimakan se estende por 320.000
km². Ao norte as cadeias de montanhas abrigam as maiores
florestas intocadas da China, e é nelas que vivem os ameaçados de extinção, tigres siberianos. Á leste limita-se pelo
Oceano Pacífico. Ao sul pelo Oceano Índico.
Comunidades neolíticas agrícolas, ancestrais diretos
da civilização chinesa surgiram em 8.000 a.C. no sul da
China, onde os solos eram ideais para a agricultura primitiva. Numerosos sítios deram provas da existência de uma
agricultura já instalada nessa época, baseada no cultivo do
arroz e painço, e criação de porcos. Foram descobertos vestígios da primeira cerâmica de argila, na costa sul, datada
de 5.500 a.C. No sul da China, o arroz crescia selvagem,
165
mas logo esta planta útil passou a ser cultivada, também no
norte por lavradores do vale do Yang-tsé..
A China foi habitada desde os tempos préhistóricos, como o demonstra a descoberta em 1929, do
Sinanthropus pekinensis, um exemplar do Homo erectus
datado de 460 mil anos atrás, vivia nos arredores de Pequim, em Shanxi, Guangxi e Yunnan. O Homo erectus, está
presente na China há 1,9 milhões de anos, demonstra ser
anterior a Era Quaternária. Foram descobertos os fósseis de
Homo habilis na Gruta Longgupo, na Província de Sichuan.
O Homo sapiens sapiens, apareceu nas culturas paleolíticas
na região de Ordos, Hubei e no sudoeste, por volta de
30.000 anos a.C. Nas grutas são descobertas pinturas e inscrições rupestres datando de 8.000 a.C.
Desde o período pré-histórico diferentes povos ocuparam a China. É provável que as aldeias se tivessem
unido para formar estados em várias regiões, mas os indícios arqueológicos situam a primeira civilização, a Xia,
com sua antiga capital Xianyang, nos vales do médio e baixo rio Amarelo.A sudeste de Xianyang fica a maior pirâmide do mundo, conhecida como “Grande Pirâmide da
China”,de cerca de 4.000 a.C., portanto anterior à dinastia
Xia.
Textos escritos sugerem que o rei Xia uniu várias
tribos guerreiras numa federação, assim surgiu a primeira
dinastia Xia,.e seus imperadores foram os primeiros governantes autênticos, depois dos “Cinco Monarcas” que governaram de 2.852 a 2.206 a.C. A dinastia Xia reinou de 2.205
a 1767 a.C. Nessa época a China desenvolve a criação de
animais domésticos e a irrigação das lavouras. Sucederamse-lhes vinte e duas dinastias que correspondem aos grandes períodos da história chinesa.
Entre elas está a dinastia Shang, que teve origem no
vale Huang e data do início da Idade do Bronze, durou até
166
1.122 a.C., embora se considere que a história chinesa só
começa com a dinastia Chou em 1.122 a.C. Foram construídas grandes cidades muradas, foi inventada a primeira escrita chinesa baseada em pictogramas e expandiram seu
território através de campanhas militares. Foram derrotados
pela Dinastia Zhou, confederado Xia, que durou vários séculos.
Em 551 a.C. nasce Confúcio (Kung Fu-tsé), o célebre filósofo e erudito chinês, fundador do Confucionismo.
No século III a.C. o reino Zhou, do nordeste da China estava enfraquecido por vários anos de ataques perpetrados por povos tribais guerreiros do norte e noroeste. A China estava dividida em diversos estados feudais. Após o colapso do reino, começaram as guerras entre estados rivais,
por fim um dos estados vassalos dos Zhou, o Chin, ganhou
ascendência e assumiu o controle dos outros estados.
Durante quase dois mil anos, sucedem-se lutas internas pelo poder entre senhores feudais e disputas religiosas entre taoistas seguidores dos filósofos Lao-tsé (século
VI) e Tchuang-tsé (século IV) e confusionistas adeptos de
Confúcio (século VI). Em 328 a 308 a.C.o Estado de Chin,
na fronteira noroeste, controlou o noroeste e o oeste e, na
ultima metade do século III a.C.destruiu os rivais até dominar toda a China em 221 a.C.
Durante o reinado Chin, apareceu um líder chamado Chin Shih Huang-ti, que em 211 a.C. unificou a nação
destroçada por rivalidades e guerras. O Imperador Chin
Shih Huang-ti, que governava o grande Império, introduziu
novas técnicas agrícolas, como drenagem, a rotação de culturas, a adubação e irrigação. Foi um período de inovação
na tecnologia, na ciência e no governo, e de agitação filosófica, quando se impuseram as principais correntes de pensamento chinês: confusionismo, taoísmo e legalismo.
167
A maior parte da população se concentrava na região leste, ocupada por grandes planícies onde estão as grandes áreas agrícolas chinesas. Incentivou e desenvolveu a
agricultura, a metalurgia do bronze, a fabricação de seda,
tecidos e cerâmica, e o comercio com outros países.A introdução das ferramentas de ferro a partir de 500 a.C.e o uso
da tração animal contribuiu para aumentar a produtividade
agrícola.No Estado de Chin, a aristocracia feudal foi substituida por uma burocracia rígida e centralizada.O novo sistema entrou em vigor através de um código penal rigoroso.
Em 215 a.C., para defender a fronteira nordeste da
invasão dos nômades das estepes da Ásia Central, que destruíam e saqueavam as aldeias chinesas, o Imperador Chin
Shih Huang-ti mandou reconstruir a Grande Muralha antiga, feita de terra batida e parcialmente destruída pelo tempo. Com 7300 quilômetros de comprimento, a Muralha
estende-se pela planície, protegendo as nascentes do rio
Huang Ho (Rio Amarelo) através do Deserto de Taklimakan até Ordos.
Continuou a construção até Pequim na extensão de
3.459 quilômetros e ramificações de mais de 2.864 quilômetros. Feita de tijolos cozidos era inexpugnável para a
época, visou proteger o Norte do país das invasões dos exércitos turcos e mongóis. Senhor absoluto e arbitrário, de
temperamento guerreiro, cruel e sanguinário não parava
nunca. Aproveitando a mão de obra ociosa com o fim das
guerras, empregou mais de um milhão de pessoas na construção da muralha. Essa obra gigantesca sacrificou milhares
de vidas de soldados e camponeses chineses.
O Imperador Chin Shih Huang-ti, tomado pelo devaneio de imortalidade procurou-a intensivamente até o
fim. A seu mando os alquimistas da corte, procuravam descobrir uma substância que o imortalizasse. Já com saúde
abalada, melomaniaco, usava altas doses de mercúrio como
168
recurso para prolongar a vida infinitamente. Crente na continuação da vida após a morte, para proteger-se mandou
esculpir um exército em terracota, com 10.000 guerreiros
em tamanho real. Autorizando para que fossem enterrados
em volta do seu túmulo, junto com as pessoas vivas que o
serviam, suas esposas, concubinas, mandarins, generais,
eunucos, cavalos, alimentos e jóias, tudo que lhe pertencia,
particularmente.
Mandou construir o seu mausoléu em Lintong Xian.
Em 210 a.C. o 1º Imperador da Dinastia Chin, Shih Huangti fez a sua úlima viagem, morreu aos 50 anos. No funeral
foram seguidas todas as ordens do Imperador. Em 1974,
realizadas as escavações em volta do mausoléu, foi descoberto o túmulo do Imperador Chin. Os soldados de terracota
ficaram 2.000 anos debaixo da terra, descobertos pelos arqueólogos, tornaram-se atração turística.
Entre os séculos III e I a.C. os sábios chineses inventam o pergaminho de pele de cabra, como material de
escrita e no século II, criam o papel de fibra vegetal. Inventam a pólvora, a bússola, um sistema monetário e de pesos
e medidas. A China alcançara um grau de homogeneidade
cultural e social sem paralelo, milhares de anos antes do
nascimento das culturas ocidentais. Expande-se pela Ásia
Central e sudeste asiático e amplia o domínio até o Golfo
Pérsico.
Em 210 a. C. após a morte do Imperador Chin, começou a 5ª dinastia dos Imperadores Han, que reinou durante quatro séculos. Em 102 a.C.navios chineses alcançam
a costa leste da Índia, o comércio com outros países prosperou. Em 271 d.C. o uso da bússola magnética permitiu a
navegação nos mais distantes oceanos.
O desenvolvimento da Rota da Seda, como rota de
comércio entre a China e o Ocidente, era a principal ligação com o mundo exterior. A antiga Rota da Seda, saia da
169
China para oeste, ao longo do platô tibetano, atravessando o
deserto de Gobi até Dunhuang, onde termina a Grande Muralha da primeira dinastia Han, e entrando pela província de
Sinkiang-Uighur, no extremo oeste. Neste ponto a Rota da
Seda se subdividia: a trilha norte levava a Kashgar, através
de Turfan; a trilha sul contornava os pântanos salgados de
Lop Nor e o deserto de Taklimakan.
Deste ponto a rota subia o vale do Wakhan, chegando até Báctria e a Pérsia (Irã), aonde as caravanas vindas da Ásia Menor, Damasco e Jerusalém se encontravam,
prosseguindo para o Oriente. Dentro da China as principais
vias de comunicação eram os rios e canais por onde passavam incontáveis sampanas ( embarcações), cheias de carga.
O budismo floresceu na China durante a Dinastia
Tang (618-907 d.C) e exerce até hoje uma influência religiosa e cultural muito grande.Tang Sung funda a Dinastia
Sung. Durante os 300 anos da dinastia China tornou-se o
império mais extenso do mundo. A dinastia Sung, que governou de 960 até 1269 d.C.é considerada a Idade de Ouro
da China.Expandiu-se o comercio com outras nações e os
navios chineses levaram porcelana e sedas para as Índias
Orientais, Pérsia e África. Houve nessa época grande prosperidade em todas as áreas. O papel-moeda foi nventado
pelos chineses, no ano 806 d.C. séculos antes dos europeus.
Em 1206, exércitos mongóis liderados pelo maior
chefe militar mongol, Ghengis Khan, iniciam a invasão e a
conquista da Ásia, e põe fim à Dinastia Sung. Em 1229, os
mongóis sob as ordens de Kublai Khan, neto de Ghengis
Khan, controlavam toda a China inclusive Pequim (Beijing), a capital do Império, e em 1264, Kublai Khan funda a
dinastia Yuan na China.
Em 1236, os mongóis invadem e conquistam a Rússia, em 1480 após 250 anos de ocupação, o czar Ivan III,
subjuga e encerra o domínio mongol no território russo. Em
170
1300 o Império Mongol ia de Kiew ao Golfo Pérsico, e da
Birmânia (Myanmar) à Coréia. Em 1368, o chefe mongol
Tamerlão assume o poder em Samarcanda, às margens da
Rota da Seda, domina a grande rede de estradas para o comércio através da Ásia Central e estende seu Império à
China. Trava campanhas implacáveis, conquistando o norte
da Índia, a Pérsia e a Síria e derrota os otomanos em Ankara em 1.402. O comandante chinês Zhu Yuanzhang com seu
exercito e camponeses rebeldes lutando contra o governo
dos mongóis, capturou Nanquim e Pequim, e expulsou os
mongóis da China.O último imperador mongol, Toghon
Timur fugiu da China, retirando-se para as estepes da
Mongólia,onde morreu em combate.
Os meninos mongóis adolescentes, capturados pelos soldados chineses, eram castrados, retiravam-lhes os
testículos e o pênis, portanto, tornavam-se eunucos e eram
educados para servir na Cidade Proibida, no harém do Imperador, às ordens das esposas e concubinas.
A Dinastia Ming fundada por Hung-Wu assume o
poder, reina desde 1.356 até 1.644. Nessa época o Império
se estende da Birmânia à Coréia, contudo, as principais
características da civilização chinesa, tinham sido criadas
no tempo das Dinastias Han, Tang e Song. Várias invenções feitas na época chegaram ao Ocidente, como a pólvora, o papel de fibra vegetal e a bússola.
A Grande Muralha foi restaurada e prolongada para
7.400 km. Durante os três séculos de poder da dinastia
Ming, construíram-se vários palácios, inclusive o Palácio
Imperial em Pequim, e centenas de navios chineses viajavam pelos oceanos Índico e Atlântico. Se alinhassem todas
as muralhas construídas pelas diversas dinastias, teriam 25
mil quilômetros de extensão. Era como um dragão, o símbolo do poder chinês, abraçando todo o território.
171
Qual povo poderia ter viajado e explorado o mundo
na pré-história? Há dois antigos textos clássicos chineses
que falam sobre importantes expedições marítimas a uma
grande terra ao leste. O primeiro data de 2.250 a.C. e o segundo é de 400 d.C. Navegadores desconhecidos precederam os exploradores europeus nos primeiros anos do século
XV. Na época, só havia uma nação com os recursos materiais, os conhecimentos científicos, uma imensa frota de navios e a experiência em viagens marítimas para efetuar essa
viagem extraordinária de descobrimento.A nação era a China, que abriga uma das mais antigas civilizações da Terra.
No inicio do século XV, a China sob o Império
Ming, era a nação mais avançada da Terra, excedia em importância todas as demais nações. E não havia prova maior
da superioridade que as embarcações produzidas em sua
indústria naval. Seus exércitos já usavam armas de fogo
quando ingleses, portugueses e espanhóis ainda lutavam
com lanças e flechas. Mas o maior contraste entre o avanço
chinês e o atraso europeu estava na engenharia naval.
Zhu Di era o quarto filho de Zhu Yuanzhang, que
se tornou o primeiro imperador da Dinastia Ming (1.356),
adotando o título dinástico de Hong Wu. Por volta de 1400,
Zhu Di, o Filho do Céu, comandava o país e sua gigantesca
frota de navios, da sua majestosa e misteriosa capital murada, a Cidade Proibida. Zhu Di levou o país ao seu auge
econômico. Ordenou a duplicação dos estaleiros na margem
do Yang-tsé, em Nanquim, ele tinha por objetivo criar um
império marítimo que cobrisse todos os oceanos. Todos os
países visitados deveriam saber quem era o ocupante legítimo do Trono do Dragão, O Filho do Céu - Zhu Di.
Foram os chineses os primeiros exploradores a alcançar o Novo Mundo, pelo menos 500 anos antes de Cristóvão Colombo, conforme o mapa do cartógrafo chinês
Moyi Tong, copiado a partir de um original de 1418. O ma172
pa primitivo descreve com riqueza de detalhes, onde constam a América do Sul, Central e do Norte, uma grande ilha
onde se situaria a Austrália e até trechos da Antártida.
Datam de 1402, as primeiras cartas de navegação, a
de Kangnido, de autoria de Chuan Chin e Li Hui,onde constam os continentes da África e Ásia. A carta de 1420, de
Wu Pei Chi, com instruções chinesas de navegação, a de
1422 de Mao Kun, chinês, que mostra a rota seguida pela
frota de Zheng He no Oceano Índico.
Havia outras cartas náuticas, como o mapa de 1424,
mostrando continentes que foram visitados por exploradores desconhecidos, assinado pelo cartógrafo veneziano Zuane Pizzigano. Apresentava a Europa e partes da África; e
desenhadas estavam também duas grandes ilhas, muito distantes, no Atlântico Ocidental. O nome que lhes foi dado
era Satanazes e Antília. Antilia significava uma ilha no lado
oposto do Atlântico. Portanto, as duas ilhas eram na verdade, as atuais ilhas caribenhas de Porto Rico e Guadalupe, e
que alguém havia feito um levantamento topográfico preciso das ilhas, cerca de 70 anos antes de Colombo chegar ao
Caribe.
A Patagônia, o Cabo Horn e a Cordilheira dos Andes, constam do mapa de 1513 de Piri Reis, cartógrafo e
almirante renomado, a serviço do sultão turco Solimão II.
Baseado parcialmente no Mapa do Mundo de 1428, juntamente com o desenho de animais e plantas da Patagônia,
que haviam sido mapeados um século antes de serem avistados pelos navegadores europeus. Outros mapas antigos
mostravam a Antártida, a costa leste da África, a Austrália,
o Caribe, a Groenlândia, o Ártico, as costas do Pacífico e
do Atlântico tanto da América do Norte como do Sul, muito
antes da chegada dos europeus.
Para poderem desenhar esses mapas com tanta precisão, esses exploradores, teriam feito obrigatoriamente,
173
uma viagem de circunavegação do globo terrestre. Deviam
ter sido hábeis em navegação astronômica a fim de cobrir
as enormes distâncias envolvidas, precisaram navegar durante muito tempo, reabastecer-se de água potável e de alimentos, as costas das ilhas e continentes encontrados. Assim, desembarcavam e permaneciam durante meses em
terra firme, plantando e colhendo verduras e cereais, caçando animais e pescando, preparando-se para prosseguir a
viagem. Além, de providenciar suprimentos para a continuação da viagem, levavam plantas e animais de uma terra
para outra.
Transferiram plantas alimentícias das Américas, da
África, da Ásia e da Austrália, como a batata, batata-doce,
cana-de-açúcar, mandioca, bambu, coco, inhame, banana,
açafrão, gengibre, tomate, fruta-pão, amendoim, algodão,
amora, tabaco, abóbora, feijão, milho, arroz, hibisco, pimentão, laranja, abacaxi. Muitas dessas plantas já cresciam
no Havaí e em outras terras que não eram seu hábitat original, quando os europeus lá chegaram. Nada menos de 94
gêneros de plantas eram comuns apenas na América do Sul
e na Australásia. Depois do arroz, natural da China, o milho
é a cultura mais prolífica da terra. É nativo do México e
espalhou-se pelo mundo, por intermédio das frotas chinesas, até hoje é alimento básico de numerosos países.
Cada navio capitania media cerca de 150m de comprimento e 50m de largura. O tamanho assombroso dos
navios e da armada chinesa não tinha comparativos de igualdade na época, pois os navios de Zhu Di eram monstros
de alto mar construídos de teca. (tectona grandis), árvore
nativa da Ásia, que fornece excelente madeira para a construção de embarcações. As velas eram feitas de tecido de
seda, sustentadas por mastros de bambu.
Os navios do Imperador teriam por missão navegar
em todos os mares do mundo e preparar cartas náuticas dos
174
mesmos. No centro, navegavam as grandes naus capitanias,
cercadas por um grande conjunto de juncos mercantes de
28m de comprimento e 10m de boca. As grandes frotas
chinesas empreenderam expedições científicas que os europeus sequer poderiam começar a igualar em escala e abrangência.A mais famosa “frota de tesouros” de 250 navios
partiu de Nanquim em 1421 sob a orientação do Grande
Eunuco almirante Zheng He, um comandante de extraordinária bravura e conselheiro íntimo do Imperador.
Navegou pela costa da África, foi levado pela forte
corrente marítima sul-equatorial, que o trouxe ao litoral
Norte do Brasil, no Maranhão. Ali ficaram por um relativo
tempo, deixaram pequenas colônias de famílias de emigrantes chineses e indianos que viajavam no navio. Relacionaram-se com as índias arauaques e tupiniquins, que viviam
no litoral brasileiro, deixando seus genes no Brasil.
Além dos navios de “tesouros” a frota incluía mais
de 3.500 outros navios que estavam sob o comando de quatro Eunucos, Hong Bao, Zhou Man, Zhou Wen e Yang
Qing, que percorreram separadamente os oceanos do mundo durante três anos. Iniciaram a viagem em 1421, circunavegaram o mundo e retornaram à China em 1423.Os navios
voltavam à China abarrotados de todos os tipos de produtos
exóticos, como âmbar cinzento e dourado, incenso, sândalo,ouro, prata, cavalos, leões, leopardos, avestruzes, elefantes, papagaios, pavões, madeiras preciosas e cardamomo.
Os grandes “navios de tesouros”, gigantes de nove
mastros, saiam de Nanqim e podiam permanecer até três
meses no mar, cobrir uma distância de 7.200 km sem ir a
terra para se reabastecer de alimentos e água potável, pois
vinham providos do necessário. Levavam alimentos básicos
– feijão-soja, trigo, painço e arroz. O feijão-soja era cultivado em tinas de barro, durante todo o ano, e era usado de
várias maneiras. As verduras frescas como repolho, beter175
raba e nabo eram cortados, salgados e socados em barris de
barro, onde se transformavam em conserva. Os brotos de
bambu eram enterrados em areia.
Levavam frutas cítricas em grande quantidade – limão, laranja, pomelo e coco, que eram secadas, caramelizadas e armazenadas a bordo para, durante três meses, dar
aos tripulantes proteção contra o escorbuto. Os juncos levavam enorme quantidade de água potável e reabasteciam
seus tanques sempre que havia oportunidade, mas sabiam
também como dessalinizar e purificar a água do mar. Os
navios transportavam grande variedade de espécimes da
flora e animais domésticos que os chineses tencionavam
plantar em terras descobertas.
A armada fantástica fez muitas viagens pelo Oceano Indico entre 1400 e 1430. Buscavam nos portos das ilhas
– todo tipo de especiarias.O porto de Calicute no sul da
Índia era centro de distribuição de porcelana chinesa e tecidos indianos, tornando-se um dos principais eixos do comércio no Oceano Indico. O comércio de especiarias era de
importância suprema, oferecendo a mercadores e navegadores a oportunidade de juntarem imensas fortunas.
Era, portanto, as Especiarias a mercadoria mais cobiçada pelos piratas, que atacavam os navios, principalmente no Estreito de Málaca.Por toda a península da Malásia, do arquipélago da Indonésia e no sudeste da Ásia o
comercio era dominado pelos chineses. Nas ilhas de Bali,
Java, Sumatra, Bornéo, Nova Guiné, Célebes, Molucas,
Komodo e outras “Ilhas das Especiarias” adquiriam pimenta, cravo-da-índia, colorau, noz-moscada, louro, coentro,
açafrão, canela, gengibre, mostarda, funcho, hortelãpimenta e outras espécies aromáticas, que se usam como
condimento na alimentação.
Uma frota chinesa explorara o mundo antes dos europeus. O circundamento completo da terra já teria sido
176
feito, 100 anos antes da expedição de Fernão de Magalhães. Os chineses tinham bem mais de seis séculos de experiência em navegação oceânica, baseando seus cálculos
na Estrela Polar e nas estrelas que circulam em torno do
pólo a altas altitudes e que nunca se erguem ou se põe. A
costa nordeste do Brasil descoberta pelas frotas mercantes
de Zhou Man e Hong Bao, aparecia em mapas desenhados
antes dos exploradores europeus se fazerem ao mar. O litoral onde se situa o porto de São Luís do Maranhão consta
do mapa baseado de 1428, as latitudes dos deltas do Amazonas e do Orenoco, estão corretas.
A frota de Zheng He, nessa épica expedição, fez levantamentos topográficos em todos os continentes do mundo. Marinheiros e concubinas dessas grandes frotas estabeleceram colônias permanentes ao longo da costa das Américas do Norte, Central e do Sul, banhados pelo Oceano
Pacífico e por todo o litoral do Atlântico, na Austrália nas
ilhas e através do Oceano Índico, até a África Oriental.
As grandes frotas chinesas e seus navios mercantes
de abastecimento ligariam todas essas colônias e bases.O
fato é que os chineses tinham os navios, os conhecimentos
especializados, os recursos e o tempo para realizar essa extraordinária circunavegação do globo, como também que
ninguém mais, nessa época, poderia ter feito isso.
No final do ano de 1423, Zhu Di morreu nas estepes
do Norte, durante a perseguição ao líder mongol Arugathai.
Seu filho Zhu Gaozhi subiu ao trono. Nesse mesmo dia Zhu
Gaozhi, que era contrário à política do pai de expansão naval, proclamou um decreto suspendendo todas as viagens de
navios em expedições ao exterior. As obras de construção e
reparo de navios mercantes foram paralisadas.
Os últimos remanescentes das grandes frotas de descobrimentos voltaram para China em fins de 1423, após
dois anos e meio no mar, encontraram o país convulsionado
177
e transformado, além da possibilidade de reconhcimento. A
tripulação e o comandante Zhen He não sabiam dos acontecimentos dramáticos ocorridos na terra natal.Durante sua
ausência houve uma grande e repentina mudança da política no país.Por ordem do imperador Zhu Gaozhi,o mandarim Liu Daxia, que estava à frente do Ministério da Guerra,
suspendeu todas viagens marítimas de exploração e ordenou a destruição de mapas e registros escritos do período.
Zhu Gaozhi faleceu um ano depois de ter subido ao
trono e foi sucedido pelo filho, Zhu Zhanji, que continuou a
política do pai. Com a morte de Zhu Zhanji, em 1435, a
mais extremada aversão a pessoas e negócios com os estrangeiros instalou-se no país. Foi decretada a proibição do
comércio e das viagens ao exterior. O embargo ao comércio
externo foi mantido com rigor nos 100 anos seguintes, reforçando-o ainda mais. Em fins 1424, a história da China
foi estabelecida para os séculos vindouros.
O legado de Zhu Di, de Zheng He e das grandes
frotas de exploração foi suprimido, e com o tempo caiu no
esquecimento. A China deu as costas à sua gloriosa herança
marítima e cientifica e retirou-se para um longo e autoimposto isolamento do mundo exterior, voltou-se para dentro de si mesma, fechou-se para o mundo. Foram desativados os estaleiros e queimados os projetos e os planos de
construção de grandes navios mercantes e de exploração.
Foram confiscados e destruídos os registros existentes das
expedições de Zheng He, queimados os diários de bordo, as
anotações e os mapas. As colônias estabelecidas na África,
na Austrália e nas Américas do Norte e do Sul foram abandonadas e deixadas à sua sorte.
Alguns poucos documentos e mapas salvos da destruição confirmam que várias frotas chinesas realizaram
realmente viagens de exploração nos primeiros anos do
século XV. Não apenas contornaram o Cabo da Boa Espe178
rança e cruzaram o Atlântico para mapear as ilhas que estão
desenhadas no mapa de Pizzigano de 1424, mas tinham
continuado a viagem e explorado a Antártica e o Ártico, as
Américas do Norte e do Sul e cruzado o Pacífico até Austrália. Eles haviam solucionado os cálculos da latitude e
longitude e mapeado a Terra e o Céu com igual precisão.
Na ilha de Java e por toda a Indonésia o legado de Zheng
He continua vivo, é lembrado em comemorações anuais,
com grande pompa. Sua estátua está erigida no centro da
praça principal da capital Jacarta.
Os Manchús invadem a China a partir do noroeste e
estabelecem a Dinastia Qing, que sucedeu ao último dos
imperadores Ming. Desde 1683 e até 1912, a Dinastia Qing,
representou o regresso ao poder dos Manchús, aparentados
com os mongóis, trazendo paz e prosperidade à China. No
entanto, o Imperador indolente e viciado em ópio se acomodou, surgiram as intrigas, rivalidades e guerras com os
vizinhos. O governo Qing tornou-se fraco e corrupto, sem
autoridade, não se contrapõe às ambições estrangeiras.
Em 1800, a Companhia das Índias Orientais desenvolve atividades na China; os ingleses contrabandeiam ópio
para a China como moeda de troca por outros produtos;
interesses comerciais entram em choque entre a China e a
Grã Bretanha e trava-se a Guerra do Ópio, que termina em
1842. A China perde 5 portos principais, inclusive Hong
Kong, para os britânicos. A China recuperou o controle de
Hong Kong, em 1997, depois de 155 anos de domínio britânico da Ilha. Em 1911, o Tibet foi declarado como território chinês e anexado como uma província da China.
Nas densas florestas de bambu da Província de Sichuan, vive a panda gigante e nas montanhas geladas do
Tibet, cobertas de abetos, se abrigam os tigres e os ursos
selvagens. Em 1610, quando havia uma imensa procura de
chá na Europa, a China seu principal produtor, transporta179
va-o pela Rota da Seda, através dos vastos desertos, florestas selvagens e altos desfiladeiros nas montanhas.
Em 1912, Pu-Yi, o último imperador, homem fraco,
sem autoridade, abdicou do trono e foi proclamada a república. Nos 40 anos seguintes prevaleceu a desordem política
e militar. É fundado o Partido Comunista Chinês em 1921,
que se alia ao Kuomintang. Em 1926, Chang Kai-shek, dá
inicio à reunificação do Estado e torna-se presidente da
China, em 1943 é eleito novamente.
Debilitada pela guerra civil, a China não oferece resistência contra o Japão que em 1931, invade a Manchúria
e cria o Protetorado do Manchukuô, sob o governo fantoche
de Pu-Yi, o último imperador da dinastia manchú. Reiniciase a guerra civil; a vitória coube aos comunistas e a Republica Popular da China foi proclamada em outubro de 1949.
Os comunistas liderados por Mao Tse-Tung assumem o poder em Pequim, e durante quatro anos (de 1965 a
1969), promovem a revolução cultural na China.. Chiang
Kai-shek refugia-se em Formosa. Em 1976, morre Mao
Tse-Tung, segue-se a reorientação da política e modernização, sob o governo de Deng Chiaoping, que é eleito como
chefe da Comissão Militar do Partido Comunista Chinês.
Dando continuidade às reformas empreendidas em 1978 por
Deng Chiaoping, os planos de Zhu Rongji, primeiro ministro, voltaram-se para a reestruturação do sistema financeiro
e a proceder a adaptação das empresas estatais às regras de
livre mercado.
Após um século de lideres poderosos, de convulsões e transformações políticas, sociais e econômicas, a
história da China voltou a ser marcada pela trajetória das
pessoas comuns. Para controlar o consumo de petróleo no
país, a maioria dos cidadãos chineses utiliza a bicicleta co180
mo meio de locomoção. Em vez de carros, são milhares de
bicicletas que se despejam pelas ruas como uma enorme
avalanche, normalmente no inicio da manhã e final da tarde.Além de ser um hábito saudável é também econômico.
A China permanece como um enigma para o resto
do mundo. A história do país tem tendendência de combinar longos períodos de estabilidade dinástica com períodos
mais curtos de mudança súbita e dramática. Antes isolada,
agrária e indiferente às outras sociedades e culturas, o futuro da China è agora o de uma nação moderna, com comércio com todos os países. País de cultura milenar, berço de
importantes religiões orientais, como o confucionismo, o
taoísmo e budismo, vive sob o regime comunista há 50 anos. Uma das mais antigas civilizações do mundo, a China
possui muitas cidades históricas como Xangai, Beijing,
Guangzou, Shenzhen,Wuhan,Tianjin,Chongqing, Shenhang
e muitas outras.
Em 1994, teve inicio a construção da colossal barragem das Três Gargantas, no rio Yang-tsé. O projeto foi
concluído em maio 2006 e a maior hidrelétrica do mundo
foi inaugurada. A estrutura principal tem 185m de altura.
Comunidades inteiras,aldeias, vilas e cidades que seriam
inundadas pela represa foram transferidas para outras regiões. Aproximadamente 1.400.000 pessoas foram deslocadas
das margens do rio e reassentadas em outros locais. Gigantescas turbinas foram instaladas para gerar eletricidade. O
projeto também visa o controle das cheias do rio Yang-tsé
desde as nascentes.
Em 12 de maio de 2008, um catastrófico terremoto
de 7,8 na escala Richter abalou a região de Sichuan, no sudoeste da China, deixando 68.977 mortos, 18.630 desaparecidos e aproximadamente 1,5 milhões de desabrigados. Em
dias seguidos, tremores secundários sacudiram a cidade de
Cheng-du, na adjacência do epicentro, atingindo 6,1 na es181
cala Richter. Grandes desmoronamentos de terra e rachaduras nas comportas provocaram o transbordamento de represas e lagos, inundando aldeias e cidades.
A catástrofe teve origem na colisão das placas tectônicas do Pacífico com a placa Euro-asiática, que encontram suas bordas naquela região. Em conseqüência houve
tremores de terra no Norte do Paquistão e do Afeganistão,
locais de intensa atividade vulcânica que se localizam no
encontro das mesmas placas tectônicas.
Dez dias antes do terremoto na China, o violento
ciclone Nargis, de categoria 4, com ventos de 200 km por
hora e chuvas torrenciais, varreu o leste de Myanmar, matando 100 mil pessoas, inúmeros animais e desabrigando 33
mil pessoas.Uma das forças mais destrutivas do Universo,
o ciclone formou-se no Oceano Pacífico e levantando ondas
de 5 m de altura dirigiu-se ao Golfo de Bengala, a violência
do vento fustigou a região do Delta do rio Irrawaddy, avançando continente adentro, inundou e destruiu tudo que encontrou pela frente, aldeias inteiras, plantações e casas, alcançando a capital, Rangoon.
A Mãe-Terra está muito irada, a Natureza está dando sinais de impaciência pela agressão que está sofrendo,
principalmente nos dois últimos séculos. Para abrandar a
dor sofrida pelo povo nas perdas do grande terremoto em
Sichuan e das enchentes em Myanmar, e dar-lhes um pouco
de alegria, o governo chinês não cancelou nem transferiu os
Jogos Olímpicos, programados há cinco anos atrás, com
inicio para o dia 8 de agosto de 2.008.
Na data prevista realizaram-se as competições, com
entusiasmo e espírito esportivo, na qual tomaram parte milhares de atletas de 204 delegações de diversos países do
mundo. A abertura dos Jogos foi fantástica, um esplendor
de arte e tecnologia, realizada no estádio ”Ninho de Pássa-
182
ro” em Pequim (Beijing).Sob orientação do presidente da
China, Hu Jintao. Os Jogos Olímpicos foram um sucesso.
POVOS DA AMÉRICA PRÉ-COLOMBIANA.
A América do Norte e do Sul são dois imensos continentes ligados entre si por uma estreita faixa de terra, o
Istmo do Panamá. Atravessados por imponente Cordilheira,
rica em grandiosos vulcões e gigantescos picos cobertos de
neve, que se estende sem interrupção, formando cadeias
ligadas por grandes maciços numa extensão de 17.000 mil
quilômetros, do Estreito de Behring no extremo norte., até o
Cabo Horn no extremo sul.Correm paralelas e próximas ao
litoral, prolongando-se além pelo continente Antártico formando os Montes Transantárticos.A disposição geográfica
permite distinguir três Américas: do Norte,Central e do Sul.
A expansão das geleiras decorrente da queda da
temperatura média da terra caracteriza as Eras Glaciais.
Nesse período, o gelo dos pólos avança, cobrindo 30% da
superfície terrestre. No Hemisfério Sul, as geleiras chegaram até a Patagônia, na Argentina, e no Hemisfério Norte
atingiram a América do Norte, a Europa e parte da Ásia. A
última glaciação, a Idade do Gelo (Pleistoceno), começou
há 1,64 milhões de anos. Não foi o primeiro episódio de
clima frio na história, 35 milhões de anos atrás, um grande
bloco de gelo se formou na Antártica. O auge da Era Glacial aconteceu há 20 milhões de anos. As temperaturas caíram novamente entre 14 e 11 milhões de anos atrás.
Grandes geleiras começaram a avançar pela América do Norte e Eurásia setentrional há cerca de 3,2 milhões
de anos. As Idades do Gelo perduraram por dezenas de milhões de anos, com vários e extensos intervalos entre as
glaciações. Nesse período de tempo a maior parte dos continentes ficava coberta pelo gelo. Diversas vezes, lençóis de
gelo impenetráveis se expandiram, cobrindo grande parte
183
da Europa, Ásia e América do Norte e toda Groenlândia,
bloqueando mares que, na seqüência, se retraíram.
O crescimento das geleiras provocou uma diminuição da água, que reduziu o nível dos mares em mais de
147 metros, muito abaixo do encontrado hoje, e como conseqüência as terras emersas formaram pontes que ligaram
as principais áreas e inúmeras ilhas marítimas isoladas em
um único continente, que aumentou em cerca de 30%.
Nessa época, a cada período aproximado de 12 mil
anos, os continentes passaram por extremos de calor e frio,
dilúvios e seca, mais intensos do que quaisquer outros registrados nos últimos séculos. Houve mudanças abruptas do
clima, com resfriamentos repentinos e conseqüentes glaciações, alternados por períodos interglaciais de clima quente.
Nos últimos 2,7 milhões de anos já ocorreram cerca de 30
glaciações, cada uma delas durou aproximadamente 100
mil anos. Atualmente o mundo está num período interglacial. Uma nova Era Glacial deve ocorrer no Hemisfério Norte daqui a 25 mil anos.
No Período Paleolítico, conhecido como a Idade da
Pedra Lascada, que vai de 3,5 milhões de anos a 10.000
a.C. surgem os primeiros hominídeos antepassados do Homo sapiens-sapiens, o homem moderno. Seres humanos
haviam povoado quase todo o mundo então habitável, desde
os úmidos trópicos até as bordas dos desertos áridos e vastas regiões polares.Tal ocupação é notável por ocorrer na
Idade do Gelo, quando vastas geleiras avançavam e recuavam periodicamente, e florestas temperadas se alternavam
com a tundra congelada.
A capacidade humana única em se adaptar a mudanças ambientais foi um fator crucial para a sobrevivência e
dispersão da espécie. Durante o período de grandes modificações climáticas da Terra, aproximadamente há 65 mil
anos a.C., o Estreito de Behring, entre Ásia Oriental e A184
mérica do Norte, tornou-se uma estrada seca e possibilitou
a migração de povos e animais. Grupos esparsos chegaram
entre 63 a 45 mil anos e outras sucessivas levas chegaram
entre 35 a 10 mil anos a.C.
O homem chegou ao Novo Mundo no auge da Era
do Gelo. Atravessando a pé o Estreito de Behring, chegaram os povos chukchis, caçadores do norte da Sibéria,
penetrando nas ricas terras de caça das planícies americanas. Possivelmente os índios das Américas são seus descendentes, pois apresentam traços evidentes de origem
asiática. Por algum tempo, as camadas de gelo da América
do Norte se expandiram e fecharam a rota para o sul. Um
corredor sem gelo abriu-se outra vez em 12 mil anos a.C.
Perseguindo a caça, os nômades continuaram os deslocamentos para o sul, passando pelo istmo do Panamá. Esses
antecessores das atuais tribos da América do Sul encontraram terra, pesca e caça de variedade infinita.
Os últimos 10 mil anos, quando prevaleceram as atuais condições climáticas, são apenas a última de uma dezena ou mais de fases que interromperam a Idade do Gelo.
Este período assistiu a uma explosão sem precedentes do
número de seres da espécie humana e seu impacto no mundo. Alguns cientistas acreditam que as variações genéticas
entre os povos indígenas da América são tão grandes que
denotam três ou quatro ondas migratórias. Estes primeiros
povoadores eram provavelmente de origens mais diversas,
alguns podem ter chegado através do mar, e outros através
de pontes terrestres.
Entre as teorias sobre o povoamento da América, a
mais conhecida è a que pregava Ales Hrdlicka. Este antropólogo defendia a idéia de que grupos humanos, vindos da
Ásia, periodicamente cruzavam a ponte terrestre sobre o
Estreito de Behring, durante a última Idade do Gelo ao
185
redor de 62.000 a 20.000 anos a.C. Outras rotas, além desta,
deveriam ter sido usadas pelos antigos povoadores.
Para Paul Rivet, antropólogo e etnólogo francês,
(nascido em 1876), que dedicou a maior parte do seu trabalho às raças da América equatorial. A América recebeu elementos asiáticos através do Estreito de Behring em levas
sucessivas, mas elementos australianos teriam atingido o
extremo sul da América do Sul e esta migração poderia ter
ocorrido pelas vias, Austrália, Antártica e as várias ilhas
existentes neste trajeto. Para fundamentar sua teoria, Rivet
procurou demonstrar afinidades étnicas e culturais existentes entre a Austrália e o extremo sul da América do Sul.
Outros pesquisadores acreditam que houve um deslocamento humano, com embarcações, aproveitando a direção da corrente marinha de Kuro-Shio, que teria atingido às
costas equatorianas, vindos do Japão.Também há correlação da cultura Olmeca, localizada no golfo do México, com
a cultura Shang, da China. Essa população amplamente
dispersa pela América do Norte, Central e América do Sul,
do fim do Paleolítico, ainda que as terras de caça se estendessem até o extremo do continente sul-americano, tinham
mais dificuldade em encontrar alimento à medida que a
Idade do Gelo chegava ao fim.
Chegando às Américas, os caçadores siberianos espalharam-se através dos continentes americanos, originando
centenas de tribos, com línguas e modos de vida diferentes.
Os das bacias Amazônica e do Orenoco eram principalmente caçadores, mas praticavam também, alguma agricultura.
Os indígenas das planícies americanas e dos pampas eram
nômades, deslocando-se atrás da caça e de plantas silvestres
comestíveis. Tal dispersão e adaptação ao novo ambiente é
uma das mais notáveis realizações dos ancestrais dos indígenas americanos. Antes nômades caçadores de animais
selvagens e coletores de frutas e sementes, algumas tribos
186
de índios das terras americanas começaram a se fixar em
acampamentos e a praticar a agricultura incipiente.
O Homo sapiens sapiens tem sua origem na África.
Do continente africano, ondas migratórias levaram o ser
humano a todos os cantos da terra. Á distante Austrália há
50.000 anos, para a América, através de uma ligação terrestre há 45.000 anos a.C. Os primeiros australianos, ancestrais dos aborígines, eram caçadores e pescadores de pele
escura, originais do Sudeste Asiático. Chegaram à Oceania
caminhando. Naquela época havia pontes de terra firme
entre as diversas ilhas do Pacífico até a Austrália e Nova
Zêlandia.
Perseguindo a caça se espalharam para o sul, chegando até os confins da Terra do Fogo, no extremo do continente sul-americano. Devem ter entrado em conflito com
os habitantes nativos, os fueguinos, na disputa por caça e
território. Pelas análises referentes aos primeiros habitantes
da Patagônia e das ilhas da Terra do Fogo, na Argentina,
eram parentes dos antigos australianos.O povo australomelanésio quase foi extinto pelos novos invasores. Sobreviveram poucas pessoas que se refugiaram em outras terras.
***
Quando Cristovam Colombo aportou no Novo
Mundo, em 1492, pensou que tinha chegado à Índia, ele deu
aos habitantes o nome de “índios”. Ficou fascinado, pois
encontrou um continente riquíssimo em ouro e prata, diamantes, minérios e pedras preciosas. Extensas florestas povoadas por uma fauna variada de mamíferos, aves e répteis
e rios abundantes em peixe.Era o paraíso terrestre de abastança, onde floresciam importantes civilizações autóctones
e viviam milhares de pessoas. Após muitos anos caçando e
colhendo plantas silvestres como seminômades, os índios
em terras andinas na América Central e do Sul praticaram a
187
agricultura (7.000 a.C.). Cultivavam as plantas nativas da
região, o algodoeiro, coca, tabaco, cacau, inhame, banana,
pimenteira, quina,baunilha,cana-de-açúcar, tomateiro, mandioca, batata-doce, abóbora e o feijão. O milho era o alimento fundamental.
Viviam em vilarejos permanentes que mais tarde se
tornaram cidades. Este estágio de desenvolvimento foi o
ponto de partida para a civilização e crescimento de Estados, com população de milhares de pessoas, hierarquias de
classes sociais, organização pública de serviços, administração e governo. Os astecas do México descendem dos
fenícios, grandes navegadores, que nas suas esguias embarcações guiando-se pela estrela Polar percorreram todos os
mares da terra e chegaram às Américas.
Calcula-se que, na época da chegada dos primeiros
europeus, no final do século XV, havia no continente americano aproximadamente 40 milhões de habitantes, entre
diversas nações indígenas. Entre estes, os aborígines pelesvermelhas dos Estados Unidos e do Canadá, quase extintos;
caraíbas das Antilhas, também quase desaparecidos; olmecas, toltecas e astecas do México; maias da península de
Yucatã e Guatemala; chibchas da Colômbia, incas do Peru,
arauaques, yanomamis, tupis, guaranis do Brasil e Paraguai.
No final do século XVI, as guerras promovidas pelos europeus, escravidão, as doenças trazidas pelos brancos
e os suicídios coletivos de tribos indígenas inteiras, que
desesperados diante da perda da liberdade, dos valores culturais, reduziram a cifra a pouco mais de um milhão de indivíduos. Isso representou, sem dúvida, um genocídio, um
crime contra a humanidade. Os indígenas eram considerados pelos europeus como subumanos que não tinham alma,
assim como as mulheres, negros e macacos. Naquele tempo, supunha-se que só os varões adultos eram humanos.
188
Os índios escravizados foram utilizados pelos conquistadores, em todo tipo de trabalho forçado, nas lavouras
e nas guerras de conquista de novos territórios. As populações nativas estavam divididas em sociedades independentes, pertencentes a centenas de famílias de línguas diferentes e possuindo uma grande variedade de culturas. Ao redor
e entre estes núcleos de civilização, as comunidades eram
governadas por chefes tribais.
De um lado, estavam os caçadores da Idade da Pedra, tais como os esquimós, povos das regiões polares entre
a baía de Hudson e o Estreito de Behring, no Alasca, e os
matacos do Grande Chaco argentino, de outro, estavam as
civilizações complexas, altamente desenvolvidas da América Central e dos Andes, onde os maias, astecas e incas estabeleceram uma tradição cultural de mais de mil anos. Prosperaram na América Central, no México, as primeiras culturas: a Tabasco, Nahuatl, Huasteca, Zapoteca do Monte
Alban e Mixteca, entre outras. Esses povos cultuavam os
deuses da natureza: o Sol, a Lua, a Chuva, o Vento, o deus
da Vida e da Morte. Sacrificavam seres humanos e animais
em oferenda aos seus deuses, muitas tribos eram canibais.
A agricultura dos indígenas do norte da América do
Sul e do México conhecia plantas diferentes das cultivadas
no resto do mundo. Eles plantavam milho, mandioca, amendoim, abacaxi, pimentão, batata-doce, cacau, tomate,
inhame, feijão, abóbora e pequi, que eram seus alimentos
principais, além da caça e da pesca. Cultivavam ainda o
algodão e o tabaco. Os que habitavam as montanhas, no
canto Noroeste do continente sul-americano, onde hoje se
localizam a Colômbia, o Equador e o Peru, várias tribos
desenvolveram um alto grau de civilização. Os incas praticavam eficazes sistemas de agricultura com terraceamento e
irrigação. Os principais produtos de cultivo era o milho e a
mandioca, originários da região.
189
Os indígenas da extremidade meridional do continente sul-americano passavam seus dias na procura de plantas comestíveis, ou de animais para caçar, na região fria e
desolada. Os das florestas do leste e do nordeste do continente praticavam uma agricultura baseada na derrubada da
mata e queimada. No local cultivavam as plantas até que a
fertilidade do solo fosse exaurida; deslocavam-se então para
outro lugar, e ali montavam seus acampamentos.
As Civilizações do México e da Guatemala tem origem comum, a cultura Olmeca, que se desenvolve ao longo
da costa do golfo de Campeche, no México, há 7.000 a.C.
Os olmecas, predecessores dos maias, formaram a civilização mais antiga da América Central e possivelmente de
todas as Américas. Deixaram engenhosas criações e esculturas. Por volta de 1500 a.C., porém, os olmecas desapareceram, por motivos ignorados, talvez assimilados pelos
conquistadores. Foram sucedidos pelos maias, que criaram
um império comercial que cobria toda a América Central e
as ilhas do Caribe.
A grande civilização dos maias desenvolveu-se nas
florestas tropicais da península de Yucatã, Guatemala e
Honduras, prosperou durante mais de um milênio, entre os
séculos IV a.C.e IX d.C. As grandes realizações do norte
de Yucatã, os templos de Palenque, Chichen Itzá e de Uxmal contavam mais de três séculos de existência no século
IX. Durante o século X, a civilização maia começou declinar, foi a época em que foi dominada pelos toltecas.
A data convencional para o início do Período Clássico das civilizações da América Central é o ano 250 d.C.
época das realizações culturais e artísticas notáveis. Os
maias adotaram a escrita hieroglífica, e erigiram estelas
com inscrições relativas à história. Eles constroem edifícios
de pedra monumentais, usam avançadas técnicas de irrigação e praticam com perfeição a fiação, a tintura e a tecela190
gem do algodão. Cultivam o milho, abóbora e mandioca,
essa trindade proporcionou uma dieta saudável com a qual
povos das Américas se alimentavam durante milênios.
O auge do governo teocrático, no qual a autoridade
máxima vem dos deuses, ocorre entre os maias durante seu
Império. São politeístas, com destaque para deuses da natureza, como o do Céu, do Sol, da Lua,da Chuva, do Vento,do
Milho, da Vida e da Morte. Os astrônomos maias calcularam a duração exata do ano solar (365 dias) e do mês lunar,
inventaram a idéia de casas decimais e o conceito do zero.
Na fase do apogeu, nos anos de 600 a 900 d.C.a
influência desse povo estende-se do sul do México à Costa
Rica, fazendo prosperar os centros religiosos de Tikal, Uaxactún, Bonampak, Palenque,Uxmal e Chichén Itzá. Em
426, a Dinastia Maia de 16 reis é fundada em Copán, na
atual Honduras. Entretanto, após esse glorioso período houve um declínio considerável, entre os anos de 900 a 1531
d.C. sobrevivem apenas as Cidades-estado das montanhas
na Guatemala e na península de Yucatan.
O alto grau de crescimento atingido por outras civilizações pré-colombianas da América Central e do Sul,
também se evidencia nas majestosas pirâmides maias de
Chichén Itzá e Uxmal, a cidade de Tenochtitlán localizada
no México e a cidade de pedra de Machu Picchu no Peru.
Presume-se que por volta de 800 d.C. chegaram os primeiros colonizadores na Ilha da Páscoa, vindos da Polinésia.
Traços marcantes da sua cultura são os gigantescos menires
esculpidos em blocos de pedra, em forma humana, dispostos verticalmente ao longo da praia, como guardiões da ilha.
A civilização Maia, que os chineses encontraram no
México era tão antiga quanto a chinesa. Seus ancestrais, os
olmecas, remontam há mais de 7.000 a.C. Os maias dominaram o sul do México, a Península do Yucatan e regiões
191
da América Central, como Guatemala e Honduras. Formavam uma Civilização importante até o século XV d.C.
Em 1421, a era maia já tinha chegado ao fim, por
causa das rivalidades e guerras internas, mas os chineses
teriam encontrado uma civilização muito antiga e adiantada. Praticavam a agricultura irrigada, cultivavam o milho,
feijão, abóbora, batata, batata-doce, mandioca e tomate que
são plantas nativas da América do Sul e de alguma maneira cruzaram o mundo antes das viagens de descobrimento
dos europeus.
Pode-se admitir a possibilidade de contatos bastante
repetidos ao longo da história, levando em conta a quantidade de outros fatos importantes compartilhados. Deve-se,
portanto, supor uma origem comum de duas civilizações.
Os laços entre civilizações pré-históricas do México e a
China, porém não terminam com o conhecimento do cultivo
de cereais e plantas e a criação de animais domésticos. São
impressionantes as semelhanças visíveis entre muitos aspectos das civilizações da América Central e do Sul e as do
leste e sudoeste da Ásia.
Da costa do México banhada pelo Pacífico até a região central do Peru, os costumes e o povo são muito parecidos com os chineses. A prova da presença de colônias
chinesas, é vista a oeste do Golfo da Venezuela. Algumas
tribos nativas que vivem nessa área remota apresentam no
sangue traços de genes chineses. Essa descoberta constitui
uma prova da existência de um elo racial entre índios sulamericanos e os chineses.
A Civilização Maia clássica, não foi um fenômeno
isolado.Culturas regionais importantes desenvolveram-se
no México, no vale de Oaxaca, onde Monte Alban tornouse uma grande cidade, decaiu no século X d.C. Tenochtitlán, em cerca de 300 a.C.a 950 d.C.foi a grande civilização religiosa dominante na América Central, precedeu a dos
192
toltecas, mas esta prosperidade não durou muito tempo, por
volta de 980 d.C. Tenochtitlán foi destruída por invasores
toltecas e sucedida por Tula.
No ano 1.000 os toltecas de Tula fundam um Império que floresce durante os 200 anos seguintes. Dominam
grande parte do México e a península de Yucatã a partir de
Tula, sua capital, quase até o final do século XII. Os toltecas eram um povo indígena do altiplano central do México,
arquitetos e artesãos extraordinários, e que cultuavam o
deus Quetzacoalt ao qual ofereciam sacrifícios de vidas
humanas.A destruição de Tula no século XII pelos astecas,
assinala a fragmentação do Vale do México em Cidadesestado. Os náuatle ou astecas invadiram o Vale do México,
por volta de 1174, dominaram a região até o século XVI,
mantiveram uma sociedade altamente desenvolvida e centralizada. Eram descendentes diretos da dinastia dos toltecas, falavam a língua náuatle.
Esse povo guerreiro veio dos desertos do norte, se
fixou nas ilhas pantanosas em torno do lago Texcoco, ai
construíram a capital do seu Império Tenochtitlán (atual
cidade do México), em 1325. Adoravam o deus Quetzacoalt, a Serpente Emplumada, ao qual ofereciam, em sacrifício, os corações ainda palpitantes arrancados do peito dos
seus inimigos e prisioneiros de guerra. Cultuavam uma
multiplicidade de deuses da Natureza aos quais ofereciam
sangue e vidas humanas. Também sacrificavam para os
deuses da Guerra, do Sol, da Chuva e para a Serpente Emplumada. Durante os séculos IX e X, um conflito lançara os
astecas contra os maias da península de Yucatã, os astecas
os venceram. Antes subjugados pelos toltecas, depois sob
domínio dos astecas o Império Maia declina lentamente.
O Império Asteca, no início do século XV, ocupava
a oitava parte do México atual, expande-se sob o reinado de
Montezuma II (de 1502 a 1520), e agrupa 500 cidades e 15
193
milhões de habitantes. No decurso dos séculos XIV e XVI,
eles formaram um grande Império, controlado de sua capital Tenochtitlán, a primeira Cidade-estado.
Os astecas tinham uma cultura material, marcada
por edificações de pedra, escultura e ourivesaria suntuosa.
Tenochtitlán é considerada a mais bela do mundo na época
das conquistas espanholas. A cidade, na época, tinha 300
mil habitantes, sistema de aquedutos, mercados, parques
públicos, jardim zoológico e templos monumentais em
forma de pirâmide.Descobriram a utilidade da obsidiana,
vidro vulcânico natural, do qual usavam as lâminas para
fabricar facas e pontas de flechas. As frutas usadas entre os
astecas eram: a fruta-pão, abacate, mamão, ananás e banana.
Entre 1519 e 1520, o conquistador espanhol Hernan
Cortez, inicia a guerra contra o Império Asteca. Contando
com o apoio das populações subjugadas pelos astecas, e que
odeiam seus conquistadores, derrota o Imperador Montezuma II, e ocupa Tenochtitlán, que sitiado, se rende pela
fome. A população asteca foi dizimada numa guerra de genocídio, pelo sanguinário capitão Cortez.
***
Em época pré-histórica, grupos de indígenas deslocando-se atrás de caça, vieram da América Central atravessando o Istmo do Panamá e ocuparam os altiplanos dos
Andes na América do Sul. As civilizações dos Andes Centrais constituíam-se de muitos Estados independentes, como
os povos Chavim, Paraca, Moche, Nazca, Huari, Tiachuanaco e Atacameno, culturas pré-incaicas que se fixaram no
litoral e no interior peruanos. A cultura Chavim, entre os
séculos XX a.C. a II a.C. desenvolveu-se no norte do Peru.
Éo ponto de partida tanto para a civilização inca,
que deixou ao mundo magnífica herança em técnicas de
194
tecelagem, cerâmica, ourivesaria, engenharia e agricultura,
quanto para as culturas que se expandiram no litoral peruano, a dos Paracas que se iniciou no ano 100 a.C. a Nazca,
também a de Tiachuanaco, que floresceu nas montanhas,
na região do lago Titicaca na Bolívia, culturas que se desenvolveram nos últimos séculos antes da Era Cristã.
Entre os anos 100 e 500 d.C. Tiwanakue e Waru,
importantes centros Moche, tornam-se os principais centros
urbanos da parte sul e central dos Andes, com fortes estruturas administrativas, grandes edifícios e técnicas altamente
desenvolvidas. Até o século VII, muitas civilizações aí se
sucederam praticando a agricultura com irrigação através de
um perfeito sistema de canais. Os povos que ocupavam o
litoral norte chamavam-se mochicas. Em 850, os chimús
sucederam os mochicas, e fundaram o Império Chimú em
1200, constroem a capital Chan Chan no vale do Moche.A
metalurgia atingiu com eles seu maior desenvolvimento.A
última grande civilização litorânea do Peru é o reino de
Chimú, cerca de cem anos antes de aparecerem os incas.
Os Andes Centrais foram o berço de outras importantes civilizações. Entre os anos 600 e 1.000 d.C. assistiram a ascensão e queda de um poder imperial com base em
Huari nos Andes Peruanos. Muitos elementos da religião e
arte Huari se desenvolveram em Tiahuanaco na Bolívia, e
foram adotados no Peru. Por pouco tempo, Huari tornou-se
a capital de um Estado político, que abrangia a maior parte
do Peru, mas em 1.000 d.C.a cidade foi destruída e abandonada. Só com a conquista dos incas (povo quíchua) no século X d.C. o Peru foi reunificado.
Os incas do Peru, Bolívia e Equador, as culturas do
Vale do México e os maias do sul do México e Guatemala,
são os três grandes focos da civilização no continente americano antes da chegada dos europeus. Contribuem para a
formação étnica e cultural dos países atuais. Pela influência
195
e pelas realizações materiais, as Civilizações Maia, Asteca
e Inca não tiveram paralelo na América pré-colonial.
Além dos incas, outras populações, como chibchas,
chimus, diaguitas, chegaram a atingir apreciável estágio de
desenvolvimento em território sul-americano.Habitando nas
escostas dos Andes, os chibchas constituíram uma das civilizações mais desenvolvidas da América pré-colombiana.
Por ocasião da conquista espanhola, estavam organizados
em uma espécie de confederação e já dispunham de cidades
com cerca de 20 mil habitantes.Estabelecidos na costa oeste
do Peru, os chimus, desenvolveram uma notável técnica de
irrigação e tinham cidades bem organizadas, depois invadidas e destruídas pelos incas. Já os calchaquis ou diaguitas,
localizados a noroeste da Argentina, possuíam uma organização menos complexa que a dos chibchas e chimus, refletindo forte influência das civilizações Tiachuanaco e Inca.
A ERA DOS DESCOBRIMENTOS.
A rota que seguia por terra para a China, para as Ilhas das Especiarias e a Grande Rota da Seda que corria
através da China, chegando ao Oriente Médio, foi bloqueada em 1261, quando o Império Otomano sitiou Bizâncio
(Istambul), situada à margem do Estreito de Bósforo. Findou o cerco com a tomada da cidade pelos turcos em 1453.
O Egito também fechou as fronteiras. Portanto, todas as
rotas terrestres, inclusive a rota marítima do Bósforo, para o
Oriente estavam nesse momento fechadas para os europeus.
Uma nova rota oceânica teria de ser encontrada.
A conquista da fortaleza moura de Ceuta, em 1415,
marca o inicio da expansão colonial portuguesa. Portugal se
lança a essa empreitada buscando uma rota alternativa, que
contorna a África e evita a travessia do Mediterrâneo, já
dominado por comerciantes italianos e muçulmanos. Na
196
Espanha, os reis católicos Fernando II e Isabel I de Aragão
e Castela, começam logo financiar as viagens às Índias.
Depois dos chineses retirarem-se para o isolamento,
outras nações européias viajaram, guiando-se pelos mapas
escritos pelas expedições de Zen He. Todos os exploradores, colonizadores e descobridores, seguiram as rotas singradas pelas frotas do Imperador Zhu Di. O Mapa Mundial
de 1424, de Zuane Pizzigano, era de importância incalculável para o governo português, e outros mandatários interessados nas expedições marítimas. Esse mapa mostrava as
Índias Orientais e revelava as rotas marítimas para as Ilhas
das Especiarias e China, costeando a África, passando pelo
Cabo da Boa Esperança e o Oceano Índico ou cruzando o
Estreito de Magalhães para o Pacifico.
Nicolau Copérnico, célebre astrônomo polonês, nascido em 1473, demonstrou o duplo movimento dos planetas
sobre si mesmos e em volta do Sol. Afirmou ser a Terra
uma esfera; até esta data acreditava-se em ser a terra quadrada. Em 1543, em seu livro “Sobre a Revolução dos Corpos Celestes”, ele defende o heliocentrismo, Teoria de que
todos os planetas, inclusive a Terra, giram em torno do Sol.
Essa nova Teoria foi condenada pelo Papa Paulo
V,como contrária às Escrituras Sagradas.Em 1632, o ilustre
matemático, físico e astrônomo italiano Galiléu Galilei publicou obras que confirmam as teorias astronômicas de Copérnico. A Cúria Romana declara como herético o sistema
de Copérnico. Galileu é preso pela Inquisição e forçado a
negar publicamente as suas idéias para se livrar de ser
queimado vivo na fogueira.
Durante a Idade Média, período que abrange o final
do século V d.C. até século XV, prosseguindo até meados
do século XIX, durante aproximadamente mil e quinhentos anos, em quase toda a Europa, o comportamento individual e coletivo era determinado e vigiado pela Igrejá Ca197
tólica. Em 1231, o papa Gregório IX funda a Inquisição,
Tribunal da Igreja Católica, instituído para julgar e punir os
acusados de heresia. O poder da Igreja Católica Romana era
imenso, mantinha submissas as nações, seus exércitos, seu
povo, seus nobres e seus reis.
O calendário Juliano reformado é proposto pelo papa Gregório XIII, em 1.582, chamado de calendário Gregoriano, é o que vigora hoje na maior parte do mundo cristão.
Portugal foi o último país europeu a abolir os autos
da Inquisição, nos quais pessoas que ousassem criticar ou
se opor a doutrina da Igreja, incluíndo infiéis, hereges, judeus, mouros, protestantes e mulheres suspeitas de feitiçaria
eram julgados, torturados e condenados à morte na fogueira. De todos os países europeus, Portugal e Espanha continuaram sendo os mais rigorosos conservadores da doutrina
da igreja católica romana.
São famosos os nomes dos grandes navegadores, cientistas e exploradores europeus, cujas façanhas os cobriram de gloria ao findar do século XV, época dos grandes
descobrimentos marítimos e científicos. Portugueses, espanhóis, franceses, italianos e ingleses, homens do mar corajosos, como Américo Vespúcio, Bartolomeu Dias, Vasco da
Gama, Cristóvão Colombo, Fernão de Magalhães, Jacques
Cartier, Juan Dias de Solis, Pedro Alvarez Cabral, Vasco
Nunes de Balbôa,Vicente Yanéz Pinzón,Pedro de Mendoza,
Bastidas de la Cosa, Hernandez de Córdoba e tantos outros.
Eles seguiram orientados pela nova Teoria de Copérnico, a qual afirmava a Terra ser uma esfera, e não quadrada, então ninguém correria o perigo de cair no abismo
no fim do oceano, como se acreditava. Nessa época, um
grande número de navegadores e exploradores europeus
chegou às Américas do Norte, Central e América do Sul.
Em 1482, Bartolomeu Dias, almirante português
comandava um esquadrão de três navios, que deveriam ten198
tar fazer a volta pela ponta meridional da África, o Cabo da
Boa Esperança. Bartolomeu, foi seguido por Vasco da Gama, que recebeu ordens de D. Henrique, o Navegador, rei
de Portugal, de continuar navegando em volta do Cabo e
chegar à Índia e às Ilhas das Especiarias.
Após dar a volta pelo Cabo da Boa Esperança, Vasco da Gama prosseguiu viagem, subindo a costa Oriental da
África, chegando aos portos famosos de Sofala, Kilwa,
Zanzibar, Mombaça, Malindi e Calicute no sul da Índia,
desenvolvidos pelas frotas chinesas e indianas ao longo dos
séculos, quando o comércio no Oceano Índico era o mais
lucrativo do Mundo.Em 1498, Vasco da Gama fez a primeira viagem marítima européia de ida e volta à Índia.
Em 1513, Vasco Nunes de Balboa atravessou o Istmo do Panamá, foi o primeiro europeu a ver o oceano Pacífico. O povoamento do continente começou em 1519, nas
praias do Golfo do Urubá na costa do Istmo do Panamá, na
América Central. Logo teve inicio o processo de ocupação
e exploração de todo continente, das riquezas e dos povos
que o habitavam. Em 1520, conquistadores espanhóis, Hernando de Soto alcança a Flórida na América do Norte e
viaja pelo Mississipi acima, no ano seguinte Coronado explora o sudoeste até Califórnia.
Dos Andes caribenhos aos Andes colombianos percorria Gonçalo Jimenez de Quesada, Nicolas Federmann
vinha da Venezuela e Sebastian de Belalcazar o conquistador de Quito, descia os Andes para a Colômbia.O Capitão
Diogo de Almagro veio abrindo caminho desde o sul do
Peru através de desertos, por cima dos Andes. Pedro de
Mendoza fundador de Buenos Aires em 1536 e Pedro de
Valdivia, que exploravam as regiões do extremo Chile, seguiram, alcançando a Terra do Fogo. Em 1540, Assunção e
Buenos Aires já tinham sido povoadas, o Rio da Prata explorado, a Patagônia invadida, faltava o Amazonas.
199
Francisco Pizarro, seguro na sua conquista dos incas, ordena a Gonçalo seu irmão, e a Francisco Orellana,
que saiam à procura da rica cidade e da terra tão comentada pelos indígenas. A fabulosa cidade de “El-Dorado”. Saindo do Peru, entrando na selva acompanhado de quatro
mil índios e quinhentos espanhóis,Orellana descobre o rio
Amazonas.Fica deslumbrado com esse imenso mar de água
doce e pela exuberância da flora e fauna.
Os conquistadores eram nomeados como adelantados, ou governadores das províncias conquistadas, como
Vasco Nunes de Balbôa, navegador espanhol, Alvãr Nuñez
Cabeça de Vaca, governador do Paraguai espanhol, em
1541. Foi a época em que os primeiros conquistadores europeus percorreram as Américas. Francisco Pizarro, Fernando Cortez, Alonso de Ojeda, Juan de la Cosa, Gil Gonçalves Dávila, Pedro de Alvarado, Francisco de Montijo,
Ponce de Leon, Fernão de Magalhães e centenas de outros,
que sonhavam com a descoberta do Eldorado!
A lendária cidade coberta de ouro e pedras preciosas
enlouqueceu centenas de pessoas. Durante anos e anos, a
fábula exerceu um místico fascínio sobre eles. Exploradores, aventureiros, piratas, padres, degredados, comandantes,
coronéis e soldados, se aventuraram pela Amazônia, desbravando sertões, negociando, catequizando, lutando e escravizando os índios, mas só tinham um sonho na mente - a
descoberta do Eldorado.
Os navegadores portugueses receberam apoio financeiro de D. Henrique, o Navegador, infante português, filho
de D. João I, um dos nomes mais ilustres da história de Portugal. D.Henrique fundou uma escola de navegação, um
observatório astronômico e estaleiros para construção de
navios, em Sagres, junto ao Atlântico. Chamou do estrangeiro cosmógrafos e matemáticos ilustres, e, com eles, se
entregou ao estudo de cartas náuticas. Era uma Academia
200
para cartógrafos, construtores navais e fabricantes de instrumentos; foram desenvolvidas novas técnicas de navegação. De Sagres teriam partido as primeiras caravelas que se
arrojaram à conquista dos mares desconhecidos, dando impulso às muitas viagens de exploração e colonização.
As grandes navegações dos séculos XV e XVI são
motivadas pela necessidade dos reinos europeus expandirem seus domínios territoriais e conquistar novas rotas de
comércio. O principal motivo é chegar ao Oriente, mas precisamente às Índias, região fornecedora de Especiarias e um
novo mercado de consumo. Os navegadores europeus partiam levando copias de mapas chineses antigos, que mostravam exatamente a rota para o desconhecido Novo Mundo.
Certamente, em 1492, Cristóvão Colombo possuía uma
copia desse mapa.
Encontraram colonos chineses quando da sua chegada nas terras alcançadas. Marinheiros e suas mulheres,
dessas grandes frotas chinesas, estabeleceram-se na Malásia, na Índia, na costa da África, nas Américas do Norte,
Central e do Sul, Austrália, Nova Zelândia e em ilhas do
Pacífico. Nas suas viagens os chineses trouxeram nos navios diversos animais domésticos, como galinhas, marrecos,
gatos, cachorros, cavalos, cabras e plantas diversas, principalmente o arroz e a soja que é a cultura agrícola mais importante da China, foi disseminada pelo mundo a partir das
frotas chinesas. Já os ratos e ratazanas vieram como clandestinos, escondidos nos porões dos navios.
Os exploradores europeus descobriram provas e artefatos deixados por seus predecessores. Cacos de porcelana, oferendas, estelas em colunas de pedra com inscrições
entalhadas de intrincados hieróglifos deixados por almirantes chineses, marcando as suas realizações. Destroços de
juncos dos navios nas costas africanas, das Américas, da
201
Austrália e Nova Zelândia; flora e fauna transplantadas de
seu hábitat de origem que prosperavam nas novas terras.
De acordo com a lenda repassada de geração em geração, pelos pajés indígenas sul-americanos, dizia que, viajantes de pele clara, que usavam tunicas longas feitas de
tecido branco chegaram de navios, pelo Pacífico, desembarcaram no litoral do Chile, muito antes dos europeus.
Geólogos indianos viajavam na frota do Grande Eunuco
Zhou Man, que subiu pela costa oeste da América do Sul.
Eles eram homens altos, de pele clara, usando túnicas brancas compridas, soltas. Os indianos originários do Vale do
Indo são descendentes da raça ariana, de pele branca, aparentados com os iranianos. Tradicionalmente vestem roupas
brancas, longas, usam barba e turbantes na cabeça.
Foram encontradas oferendas votivas de deuses hindus, de Gamesha o deus elefante, e Hanuman o deus macaco, que são duas das mais importantes divindades dos devotos hindus do Sul da Índia de onde a frota zarpou. Em Calicute, porto do sul da Índia, embarcaram sacerdotes, engenheiros de mineração e geólogos indianos.
Navegando no Golfo do México, explorando as ilhas do mar do Caribe, juncos chineses chegaram à costa
nordeste da América do Sul, na região do delta do rio Orenoco, na Venezuela, onde teriam se reabastecido de água e
alimentos frescos, e velejaram para o sul. As correntes marítimas os teriam levado pela costa leste do Brasil até Cabo
Blanco no sul da Argentina.
Era realmente possível, que juncos mercantes levados pelos ventos para longe de seu curso, entrassem no estuário do Amazonas e tivessem navegado pelo grande rio
até a foz do Rio Negro onde começa o Solimões e até a
confluência do Marañon, no Peru, deixando colônias fundadas de marinheiros indianos e chineses, nas margens dos
rios. Contam-se histórias, que são afirmadas pelo folclore
202
indígena acerca de tribos de mulheres brancas, guerreiras,
as “Amazonas”.
Nesse contexto a lenda das amazonas, as mulheres
guerreiras e dos colares de pedra verde, esmeraldas (muiraquitã), que traziam ao pescoço, pode ter fundamento.
Pesquisas feitas por geneticistas americanos no ano 2.000,
encontraram semelhanças entre genes chineses e de tribos
indígenas do Amazonas e Mato Grosso do Sul. Ìndios Mayoruna ou Matsé, povo indígena da família lingüística pano,
que habita a região do rio Javari, na sua foz no Solimões
(Amazonas). São índios altos, de cabelos e pele clara. Supõe-se que são descendentes de colonos indianos que aqui
aportaram em 1421, na frota chinesa de Zhou Man, que
subiu o rio Amazonas até o Peru.
Francisco Orellana, explorador espanhol, acompanhou Francisco Pizarro na conquista do Peru. Descobriu
em 1541 a foz do Amazonas e a Ilha de Marajó. Quando
explorava o rio Amazonas, observou que havia grandes
povoados construídos às margens do grande rio. Eram aldeias indígenas com aproximadamente 5 mil pessoas em
cada povoado. Moravam em grandes palhoças, construções
de aproximadamente 40 metros, de telhados redondos cobertos com folhas de palmeira. Eram cercadas por altas paliçadas de troncos de árvores.
A praça central tinha 90 metros de diâmetro e em
torno dela que se localizavam as tabas. Em cada oca moravam famílias de até 40 pessoas. Cultivavam mandioca, milho, abóbora, batata-doce, algodão e pequi. Criavam animais domésticos, galinhas, porcos, cachorros e gatos. Os
homens se dedicavam à caça e a pesca, também eram guerreiros. Plantavam em terra preta, muito fértil, cujo segredo
de preparo era guardado em sigilo. Esses selvagens possuíam a formula secreta de produzir a terra negra, fértil, que
cobria o solo original amarelo e arenoso, com uma camada
203
aproximada de um metro de profundidade. O solo fértil
produzia alimentos em abundância para a população. Nos
primórdios, desde o ano 305 a.C. o preparo, a conservação
da terra, e a rotação das culturas agrícolas eram segredos de
Estado, na China, o assunto era tratado só pelo Imperador.
Talvez esses colonos chineses e indianos tivessem trazido o
segredo da China ou receberam-no do comandante da frota
chinesa, Zheng He, autorizado a fazê-lo.
AMÉRICA DO SUL, O NOVO MUNDO.
No final do século XV, os exploradores europeus
em busca de rotas para a Ásia encontraram a América, continente até então desconhecido pela Europa, e um oceano de
extensão inimaginável. Perplexos, chegaram à conclusão
de que todos os oceanos estavam interligados entre si.
O navegador e geógrafo italiano Américo Vespúcio,
nasceu em Florença, esteve a serviço da Espanha e Portugal
em viagens de descobrimento. Navegando pelo Atlântico á
procura de nova rota para as Índias, enfrentou fortes correntes marítimas e ventos alísios que vergastaram suas caravelas e as impeliram na direção Oeste, para a costa do continente americano. Assim, Américo Vespúcio, por acaso e
imerecidamente entrou para a história; os cartógrafos emprestaram o seu nome para batizar o novo continente recém-descoberto, de América.
Cristóvão Colombo, genovês a serviço da Espanha,
em 1492 obteve de Isabel de Aragão e Castela, a rainha
Católica, três caravelas com as quais se lançou ao descobrimento de um Novo Mundo. Atravessou o Atlântico, sua
missão era fazer a volta a terra pelo Oeste e chegar à Ásia,
esperava alcançar a Índia, já que a rota que contornava a
África pelo Sul era dominada pelos portugueses.
204
As caravelas de Cristóvão Colombo passaram ao
longo da costa da Venezuela, atingiram Trinidad e as Ilhas
do Caribe em 12 de outubro de 1492. Na sua terceira viagem de descobrimento em 1498, chegou à América do Sul,
costeou o litoral nordeste do continente, levando sua frota
para o Atlântico Sul, onde tentaria atravessar o Estreito de
Magalhães para o Pacifico.
A América do Sul é banhada ao norte e noroeste
pelo mar das Antilhas (Caribe), a nordeste, leste e sudeste
pelo Oceano Atlântico e a oeste pelo Oceano Pacífico. Separa-se da Antártica pelo Estreito de Drake e une-se à América Central pelo Istmo do Panamá. Tem formato triangular,
com o vértice voltado para o sul. Apresenta quatro regiões
nitidamente identificáveis: a oeste estão a Cordilheira dos
Andes e os Planaltos Andinos, no centro as grandes planícies do interior, os velhos maciços orientais e o extenso
Planalto da Patagônia, ao sul. O continente sul-americano
estende-se dos trópicos até as zonas subpolares, e tem grande diversidade de climas, ao norte predomina o clima equatorial. Os trópicos cobrem uma grande área no norte, com a
parte sul de clima temperado.
A zona maior, tropical úmida, é caracterizada por
extensas florestas no Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela e
Gu-ianas, é a maior floresta tropical do mundo, a Amazônia.Possui abundante fauna selvagem, incluindo lhamas,
alpacas, antas, onças, tatus, javalis, preguiças, tamanduás e
gigantescas sucuris, rios povoados de peixes, e um exército
alado das mais variadas espécies.O tatu, a preguiça e o tamanduá, são fósseis vivos, sobreviventes do Período Terciário de 50 milhões de anos atrás.
Nas áreas do centro, mais secas, de pouca chuva,
localiza-se o cerrado, onde crescem arbustos e prevalece a
vegetação espinhosa. As regiões subtropicais e temperadas
do sul do continente são marcadas por extensas áreas de
205
gramíneas, com árvores dispersas, como nos pampas da
Argentina, até as zonas subpolares no sul da Patagônia. Na
direção oeste, estendem-se as áreas desérticas onde a vegetação é esparsa. Nos Andes Centrais, a chuva concentra-se
nas fraldas orientais, que são arborizadas. Ao largo do lado
ocidental, árido, a vegetação é esparsa é composta em geral
por arbustos espinhosos, e a vida animal é limitada. A região mais seca de todas é o deserto de Atacama, no norte do
Chile onde não chove há mais de 50 anos.
Formando a extensa muralha rochosa dos Andes na
qual a América do Sul se recosta, o Istmo do Panamá é a
ponte ligando suas duas metades. È o ponto mais estreito do
sudoeste da América Central. Continua depois de curta interrupção, com cadeias mais baixas de colinas de granito e
na sua parte mais baixa, a força das águas do oceano Atlântico reunida no Golfo do México para romper este gigantesco dique no seu ponto mais fraco, de 46 km de largura, tem
agido por milhares de anos em vão.
Em 1879, o engenheiro francês Ferdinand Lesseps
começou a construção do canal do Panamá, que liga o Oceano Atlântico ao Pacífico. Derrotado pelo clima, doenças e
inúmeras mortes dos trabalhadores, Lesseps desistiu. O
Canal foi concluído em 1914, pelos Estados Unidos, que
compraram a concessão da companhia francesa que a possuía, e obtiveram o controle exclusivo da zona do Canal.
Pelo acordo o Canal do Panamá e suas instalações passaram
ao controle panamenho no ano 2.000. O Canal tem 82 km
de extensão, 91,5 metros de largura mínima, 26 metros de
profundidade e três eclusas duplas.
A Cordilheira dos Andes que se estende desde o
extremo norte da América do Sul até a gelada Terra do Fogo, separa a região da costa do Pacífico, quente e seca, das
bacias úmidas dos rios Amazonas e Orenoco, dos pampas
temperados, ao longo do rio da Prata, e das planícies esté206
reis e batidas pelo vento da Patagônia. A orla da costa oeste
da América do Sul, de cerca de 7.500 km de extensão e de
35 a 180 km de largura, estende-se do sul para o norte, no
sopé dos Andes. É uma estreita, na sua maior parte estéril
orla, com praias planas banhadas pelas águas do Pacífico.
Nas ricas entranhas de toda a Cordilheira dos Andes
existem os mais diversos minérios: - grandes minas de ouro, de cobre, de estanho, de chumbo e as famosas minas de
prata, situadas em Potosi na Bolívia e nas de Copiapó, no
Chile. No árido Deserto de Atacama situam-se as grandes
minas de salitre (nitrato de sódio) usado como adubo nitrogenado nas plantações, cobre, enxofre e ferro.
Nos maciços de Huánuco e Pasco se enraízam novamente duas cadeias que, estendendo-se a leste de Lima,
capital peruana, reúnem ao mais considerável de todos os
maciços de montanhas dos Andes, a região de Cuzco que
fica na extremidade leste deste maciço, ao qual se agrega a
mais alta, ao mesmo tempo uma das maiores bacias da cadeia dos Andes, isto é, o Planalto da Lagoa de Titicaca, ou
Chucuíto, lago de água salgada, com 8.965 km² de superfície e 370 m de profundidade situada a 3.854 m acima do
nível do mar, entre a Bolívia e Peru.
O lago contém diversas ilhas, a Ilha do Sol, da Lua
e a Ilha da Serpente. Nas águas do lago crescem juncos
(totora) de até 6 metros de altura, de cuja fibra os indígenas
fazem seus barcos. Na maior das ilhas, dedicada á deus
”Sol”, centro da religião Inca, os soberanos construíram um
templo magnífico, com as paredes revestidas de ouro. A
cidade de pedra de Cuzco, no Peru, fortaleza pré-incaica,
até o ano de 1.538 foi a sede da mais antiga civilização sulamericana, o Império Inca, está situada a 3.420 m de altitude nos Andes.
As inúmeras e profundas cavernas e desfiladeiros
existentes na Cordilheira, nas proximidades de Cuzco, são
207
evidências de fundo de mar existente naquela região em
tempos remotos. Os violentos tsunamis que resultaram dos
choques das Placas Tectônicas de Nazca e a Sulamericana, ocasionaram grandes erosões das rochas submarinas.
O Chimborazo, um dos montes mais elevados do
globo considerado como um vulcão extinto, mais recentemente, do interior da cratera que se levanta a prumo até as
nuvens, soltava nuvens de fumaça, e um chumaço de vapor
ergue-se da bocarra como a respiração de um monstro das
profundezas da terra que o sufoca. Está ensaiando para
voltar à atividade. Na extensão da Cordilheira tem numerosos vulcões ativos.
Os tremores de terra são muito freqüentes em toda a
cadeia, que abrem precipícios e deslizamentos entre as geleiras. Em meados de agosto de 2007, um terremoto de 7,8
graus da escala Richter, abalou e destruiu a cidade de Pisco, situada na costa do Pacífico no sopé da Cordilheira Ocidental dos Andes, no Peru. No cataclismo morreram 519
pessoas, 1.300 ficaram feridas e milhares desabrigados.
Os terremotos são tremores na superfície da Terra,
causados pelo encontro das placas tectônicas a 300 m abaixo do solo.As regiões mais sujeitas a abalos sísmicos localizam-se próximo das bordas das placas tectônicas, como
no oeste da América do Sul, onde se encontram as Placas
de Nazca e a Placa Sul-Americana, e nas regiões onde novas placas estão se formando, como no “Cinturão de Fogo”,
no Oceano Pacífico.A montanha vulcânica, mais alta do
mundo, é a Mauna Kea, no Havaí, tem 10.203 m a partir do
fundo do Oceano, mais 4205 m que ficam acima das águas.
A vida nos Andes é um desafio às criaturas que nele
habitam. O frio extremo, de até 20 graus negativos nos
altiplanos de 5.000 metros de altitude e de até 60 graus negativos nos cumes das geleiras, o ar rarefeito, a falta de
208
oxigênio e o vento gélido que sopra dos picos das montanhas faz da vida um eterno combate.No longo e rigoroso
inverno andino, a água doce que corre das montanhas congela. A maioria dos lagos salgados solidifica-se, alguns são
aquecidos pelos géiseres, que são fontes com erupções periódicas próximos aos vulcões. É o local predileto dos flamingos rosa, mergulhões e gansos selvagens de passagem,
e outras aves de arribação.
No breve verão andino, de apenas 4 meses, o ciclo
da vida recomeça. Os sobreviventes do inverno surgem das
tocas à procura do alimento. A neve derretida deixa descobertos os cadáveres dos animais doentes, fracos, filhotes de
aves mortos pela fome, que o frio congelou. Ao entardecer
começa a grande luta mortal O grande felino raramente
visto, perigoso e dissimulado puma sai á caça. Persegue os
guanacos machos que pastam com seus grandes haréns de
fêmeas, rápido salta pelos montes na perseguição da presa.
A vida persevera nos altiplanos andinos. Ali vive a
raposa prateada de pele preciosa, saltitam pelas montanhas
bandos de vicunhas, que são primas dos guanacos, as viscachas que são coelhos montanheses, lhamas e alpacas, o
colibri chimboraço suga o néctar das flores do cacto, o carcajú ou texugo americano, o caracará que come os restos de
carniça. Vivem nas montanhas muitas aves e roedores. As
corujas e os periquitos verdes, escavam seus ninhos nos
barrancos à beira do mar.
E voando por entre os mais altos picos nevados dos
Andes, o condor, ave fóssil de um milhão de anos, da época dos dinossauros, atualmente a maior das aves voadoras
do mundo. Seu corpo mede um metro de comprimento.
Tem a envergadura de azas de três metros.. Pesa 15 quilos e
vive até 65 anos. Tem uma visão excelente, pode ver uma
pequena presa a 1.000 metros de altura. Alimenta-se de
209
cadáveres de animais mortos e congelados durante o inverno, mas também caça pequenos animais, aves e répteis.
No lado oposto da Cordilheira dos Andes, no extremo sul da Argentina, na direção oeste do planalto frio e
semi-árido, estendem-se por 673.000km² as áreas desérticas
da Patagônia, onde a vegetação é esparsa e a aridez decorre
da existência de cordilheiras que impedem as precipitações.
Nos dias plenos do curto verão, tempestades violentas podem acontecer, com ventos soprando a 100 km por
hora. Os ventos fortes sopram o dia todo, varrem os altiplanos. A neve nunca derrete e torres de rochas erguem-se
acima das geleiras, são restos de vulcões extintos. O mundo das geleiras está em constante evolução.
Acontecem colossais avalanches de geleiras gigantescas que quebram e se desprendem dos maciços elevados,
deslizando montanha abaixo, destroem tudo no seu caminho, até despencar no mar com estrondo ouvido a grande
distância. Sob o gelado litoral voam fragatas, biguás, andorinhas do mar, gaivotas, mergulhões, albatrozes, na caça de
peixes. Nos declives pedregosos e na areia desfilam ordenadamente multidões de pingüins. Milhares de focas e leões
marinhos arrastam-se e engalfinham em luta pelas fêmeas.
O continente sul-americano é cortado pela linha do
Equador e pelo Trópico de Capricórnio. Oferece contrastes
climáticos entre o norte, onde predomina o clima equatorial, e o sul onde prevalece o clima temperado. É percorrido
de norte a sul pela Cordilheira dos Andes ao longo da costa
do Pacífico, desde o estreito de Magalhães até o norte da
Venezuela, na extensão de 7.500 km.Os velhos maciços
orientais sul-americanos acompanham a costa atlântica continental.A região é caracterizada pela presença dos maciços
das Guianas e Brasileiro, separados pela depressão amazônica. O Maciço das Guianas alteia-se ao norte da Planície
Amazônica formando escarpas para o lado brasileiro.
210
O Maciço Brasileiro expande-se para o interior do
Brasil, onde se encontram as grandes planícies sedimentares, que ocupam um terço do território continental. Sua
formação deve-se a depósitos aluvionais recentes, e nelas
podem ser destacadas três unidades fundamentais, servidas
pelo sistema de drenagem dos importantes cursos de água
da América do Sul. As planícies da Bacia do Orenoco, ao
norte, sofrem os efeitos de fortes enchentes e inundações,
provocadas pela descida dos rios andinos. Entre os planaltos, Brasileiro e das Guianas, a Bacia Amazônica apresenta
a mais importante unidade aluvional, cercada por vastos
terraços de areia, argila e cascalhos no curso superior do rio
Amazonas.
Finalmente, mais ao sul, a Bacia do Prata forma a
vasta área arenosa do Chaco, freqüentemente pantanosa,
mas em parte drenada pelos afluentes do rio Paraná. Já em
território exclusivamente argentino,os imensos pampas caracterizam-se pelo nivel plano de seu relêvo. O Planalto da
Patagônia encontra-se na região meridional do continente.
Cortado por numerosos vales, o vasto planalto é formado de
camadas sedimentares terciárias. É uma região agreste, fria
e quase desértica.
O continente sul-americano caracteriza-se, ainda,
pela grande riqueza dos seus rios. Além da maior massa
fluvial do mundo, a bacia Amazônica, ocupa uma área de
7.050.000 km², são dignas de consideração especial a extensa bacia do Orenoco (2370 km) que abrange 945.000
km² no norte do continente, a bacia da Prata com 3.140.000
km², composta pelos rios Paraná (4390 km), Paraguai (2078
km) e Uruguai (2046 km) no sudeste.Á elas deve-se acrescentar a importância do volume de água formado pelo Tocantins (2640 km) e seu afluente Araguaia (2627km) com
uma bacia de 813.674 km², da bacia do São Francisco
(3161km), que abrange 645.067 km² em terras brasileiras.
211
No território brasileiro, as reservas de águas subterrâneas encontram-se em aqüíferos.Embora ainda não haja
dados precisos sobre os grandes reservatórios subterrâneos
de água no Brasil, considera-se que os principais aqüíferos
são: o Guaraní; o Serra Grande, Cabeças e o Poti-Piauí, no
subsolo do Piauí e do Maranhão; o São Sebastião, na Bahia;
o Açu, no Rio Grande do Norte; o Solimões e o Alter do
Chão, na Amazônia; do Bauru e da Serra Geral, no Sudeste.
O Aqüífero Guarani, é um dos maiores e principais
reservatórios subterrâneos de água doce da América do Sul,
ocupa 1,19 milhões de km². Ele se estende pelo subsolo de
Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais,
São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, e
por partes do território do Paraguai, Uruguai e da Argentina. Uma camada de rocha basáltica contém as águas e as
protege da contaminação.
** *
A noticia do descobrimento do Novo Mundo foi recebida na Europa com grande júbilo. Populações inteiras
afluíam aos portos a procura de lugar nos navios destinados
às novas terras. Vinham aventureiros, fidalgos, ladrões,
degredados, prostitutas, criminosos e desempregados. Chegavam às legiões cobiçosas de riquezas do além-mar. Espanha queria garantir o monopólio da sua descoberta. Os portugueses desejavam assegurar as rotas marítimas ao Sul do
Atlântico.
As disputas entre Portugal e Espanha acirraram-se
em 1492, com o descobrimento da América pelo navegador
genovês Cristóvão Colombo, a serviço da coroa espanhola.
Atuando como árbitro, o papa Alexandre VI, a pedido de
Fernando V e Isabel de Aragão e Castela, soberanos espanhóis, católicos, para evitar a guerra entre Portugal e Espanha, pois que, D. João I, rei de Portugal, se julgava também
212
com direito às terras descobertas, o papa decidiu que se
fizesse um acordo entre as partes em conflito.
E, em 7 de junho de 1494, depois de duras negociações, é assinado o Tratado de Tordesilhas, que estabelece os
limites dos territórios descobertos pelas duas potências durante o período da expansão marítima. O Tratado de Tordesilhas divide o mundo a partir de um meridiano, a 370 léguas a oeste do Arquipélago de Cabo Verde.
A linha de demarcação estabelecida pelo Tratado,
excluía os espanhóis da maior parte do leste da América do
Sul. Todas as terras recém-descobertas a oeste da linha passavam a pertencer à Espanha e as terras a leste a Portugal.
Dera assim o Papa posse aos portugueses e aos espanhóis
de todas as terras descobertas do Novo Mundo, com a alegação da prioridade de descobrimento.
Este acordo foi ratificado pelo papa Júlio II. Permaneceu válido até 1750, quando passa a vigorar o princípio
de que a terra pertence a quem a ocupa. Segundo o Tratado,
Portugal, só teria o pedaço do território do Brasil correspondente a uma linha reta que ligasse Belém no Pará até
Laguna em Santa Catarina, as demais terras a oeste desta
linha pertenceriam à Espanha. Portugal estabeleceu a maior
colônia sul-americana, o Brasil, enquanto a Espanha ocupou a maioria da parte remanescente do continente.
Neste imenso triangulo sul-americano, de mais de
17.766.478,50 km², vivem cerca de 385,9 milhões de pessoas (estimativa de 2.008), de várias etnias e distribuídos
num quadro geopolítico e econômico bastante desigual.
Entre os diversos países e mesmo no interior de cada um
deles, registram-se contrastes marcantes na distribuição das
riquezas, salientando-se grandes diferenças regionais, determinadas áreas concentram núcleos altamente ativos e
densamente povoados, enquanto outras permanecem quase
abandonadas e inabitadas, vivendo na extrema pobreza.
213
As ex-colônias espanholas da América Latina, são Venezuela, Colômbia, Equador, Peru, Bolívia, Chile, Argentina, Uruguai e Paraguai.A região recebe esse nome
porque a língua dos colonizadores deriva do latim, e ficou
sendo a língua oficial desses países.Ao norte foram criados
três países pequenos - Guiana, de língua inglesa, a Guiana
Francesa onde se fala francês e o Suriname, de língua holandesa.Os países que fazem parte deste continente têm as
suas fronteiras determinadas pelas potências coloniais, espanhola e portuguesa, que a ocuparam desde o século XVI.
A América Latina herdou uma estrutura racial complexa.As sociedades, portuguesa e hispano-americana, eram
compostas de uma grande maioria de índios, um número
menor de mestiços e uma minoria de brancos. A base indígena desta pirâmide era maior no Peru, no México e na
Guatemala, e menor no Rio da Prata e no Chile. Desde o
ano de 1510, quando começou o tráfico escravo da África
para a América, acrescentou o negro, do qual descendem os
mulatos e outros grupos miscigenados.
As principais guerras de libertação contra a Espanha
na América Latina duraram até 1826. Envolveram duas
forças: uma liderada pelos venezuelanos, general Simón
Bolívar e Antônio José de Sucre, convergindo para o Peru,
baluarte central da Espanha e a outra, pelo Exército dos
Andes, tendo à frente San Martin, da Argentina, e Bernardo
O´Higgins, do Chile, atacando Lima, a capital do Peru.
A absoluta maioria das colônias sul-americanas torna-se independente e rompe os vínculos que as prendiam
aos reinos ibéricos. Contudo, o processo de formação dos
Estados nacionais mostra-se bastante acidentado, a instabilidade econômica reflete-se em freqüentes crises políticas
internas, constantes revoltas e revoluções. Ai surge o caudilho, líder em tempos de guerra ou ditador militar, represen-
214
tava interesses regionais e econômicos. Os 50 anos após a
independência foram a época clássica do caudilismo.
A velha divisão colonial entre a minoria privilegiada
que monopolizava terras e cargos e a massa de camponeses
e trabalhadores que sobrevivem à independência era cada
vez maior e mais exigente dos seus direitos. O novo poder
baseava-se na hacienda (grande latifúndio), propriedade
rural que dependia do trabalho servil. A escravidão foi abolida em quase toda a América do Sul, mas sobreviveu de
forma atenuada até 1840. O Brasil era uma sociedade escravagista até 1888, onde o negro era propriedade do “senhor”. A escravidão era tida como componente vital do
sistema agrícola do país. Mesmo após a abolição, os negros
e mulatos, continuaram na base da pirâmide social - incultos, pobres, sem profissão e sem emprego.
A segunda metade do século XIX testemunha uma
transformação nas camadas integrantes da população sulamericana especialmente no sul e sudeste, onde se verifica
a entrada maciça de imigrantes europeus, não só portugueses e espanhóis, mas principalmente italianos, alemães,
austríacos, poloneses, ucranianos e outras etnias do leste
europeu. Tanto o Brasil como a Argentina receberam grandes contingentes desses povos. Os imigrantes europeus dão
novo impulso à agricultura, fixando-se em terras ainda inexploradas.
O Estado se consolida pelos interesses agrários e
mercantís, assentando sobre eles o poder.O processo de
industrialização, porém, inicia-se com bastante atraso em
países de economia agropastoril. A Segunda Guerra Mundial força o desenvolvimento de indústrias básicas, principalmente as siderúrgicas.Somente nos fins do século XIX, e
principalmente durante o século XX, e que as antigas colônias presenciam a formação de uma consciência continen-
215
tal, visando ao aproveitamento das semelhanças reconhecidas entre as diversas nações e seus interesses comuns.
Um fenômeno comum, entretanto, parece atingir
todos os países sul-americanos: o crescimento demográfico
explosivo e a tendência crescente para a concentração urbana. Em todo o continente verifica-se um fluxo migratório
intenso das zonas rurais para as grandes cidades. Geralmente enfrentando a miséria e a fome nos lugares natais, a população rural tende a procur nas cidades os meios para elevar seu nível de vida. A atração urbana, entretanto, pouco
tem ajudado a essa gente, cuja mão-de-obra, sem qualificação, não pode ser absorvida pela indústria avançada.
Com as esperanças frustradas, acaba por contentarse com a prestação de serviços mal renumerados e instáveis, habitando nas periferias das cidades, em favelas insalubres e miseráveis, ou simplesmente morando na rua e
dormindo em praça pública.Em conseqüência,um dos grandes problemas enfrentados por esses migrantes e o desemprego. A indústria está centrada no beneficiamento de produtos agrícolas e na produção de bens de consumo.
No Brasil e na Argentina abrange setores como extração e refino de petróleo, siderurgia, metalurgia, química
e automobilistica.O Brasil é responsável por cerca de três
quintos da produção industrial sul-americana, a mineração
do cobre, estanho, manganês, ferro, zinco, chumbo, alumínio, prata e ouro. A América do Sul possui grandes recursos
naturais e graves problemas econômicos e sociais.
Nas décadas 1960 e 1970, a maior parte dos paises
sul-americanos estava submetida à ditaduras militares, apoiadas pelos Estados Unidos.Turbulências políticas continuam, a despeito da democratização iniciada na década de
1980. Nos últimos anos, o continente passa por uma “onda
de esquerda”.Em vários países,presidentes considerados de
216
esquerda são eleitos, ao contrário da situação vivida em
décadas passadas.
Os países da América do Sul estão aqui relacionados
conforme sua localização no continente - Guiana Francesa
(território Ultramarino), Suriname, Guiana, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru, Bolívia, Chile, Argentina, Paraguai,
Uruguai e o Brasil, com o mais extenso território. O território das Guianas está encrustado entre o norte do Brasil, o
leste da Venezuela e o oceano Atlântico, o território das
Guianas tem aproximadamente 500.000 km². Era habitado
por ameríndios caraíbas, warraus e arauaquis. Na língua
indígena, guiana significa“Terra de muitas águas”.
Politicamente, a região acha-se dividida entre a República Cooperativa da Guiana, República do Suriname e a
Guiana Francesa (possessão da França), ocupando extenso
planalto que se inclina ao norte para o oceano e, ao sul, separam-se da bacia do Amazonas por um conjunto de baixos
maciços montanhosos. As linhas gerais do relevo são determinadas, por extensas plataformas, separadas por profundas incisões, em cujo fundo se alojam os vales.
Na fronteira com a Venezuela e o Brasil, as plataformas elevam-se em bruscos degraus rochosos. O mais
alto desses relevos é a serra Paracaíma, que culmina no
monte Roraima (2734 m), ponto de encontro dos territórios
venezuelano, brasileiro e guianense. De uma altura de 975
metros do monte Roraima, despencam as águas da mais alta
catarata do mundo, batizada de “ del Angel” em homenagem ao explorador que a encontrou.
A serra de Paracaíma separa a bacia do rio Branco
(afluente do Rio Negro) da bacia do Essequibo, o rio mais
importante das Guianas. Tanto o Essequibo como seus
afluentes descem a serra formando saltos e cataratas como
de Kaieteur (247 m), no rio Potaro. Ao sul, na fronteira
com o Brasil, o relevo decai de oeste para leste (serra Aca217
rai, 1500 m, serra de Tumucumaque, 850 m), apresentandose cortado por muitos rios torrenciais.
Embora as costas das Guianas tivessem sido avistadas por Colombo no final do século XV, em sua terceira
viagem às Américas, só depois de despertada a atenção dos
europeus pela lenda das riquezas do Eldorado e que elas
começaram a ser visitadas por exploradores.
GUIANA FRANCESA.
Departamento Ultramarino, pertencente à França,
possui a superfície de 83,5 mil km². Capital Caiena. População 208 mil (2007). Limita-se a oeste com o Suriname, ao
sul e a leste com o Brasil e ao norte com Atlântico. Clima
equatorial. Geológicamente apresenta três zonas disintas: as
terras do sul pertencem ao maciço Guiano, de formação
rochosa antiga de montanhas baixas, de origem vulcânica,
erodidas pelas chuvas torrenciais. A região do noroeste é
constituída por degraus montanhosos de cerca de 350 m de
altitude, que correm paralelos à costa, e a faixa costeira é
formada por planícies baixas.
A Guiana Francesa possui vários rios navegáveis,
os principais são o Oiapoque, na fronteira com o Brasil, o
Mana e o Maroni. Ao longo dos rios e da faixa costeira entre Caiena e Iracoubo, o solo é aluvional. A planície costeira, coberta por florestas e pântanos é excepcionalmente
fértil. Cerca de 80% da população é constituída de créoles,
representantes de uma grande mistura racial, de elementos
europeus, africanos, asiáticos e indígenas. O idioma oficil é
o francês, falam-se também línguas asiáticas e nativas.
A França começou a colonizar o território e as ilhas
em 1604, aproveitando-os como colônia penal, principalmente a famosa “Ilha do Diabo” que era uma prisão de se218
gurança máxima. Os prisioneiros, degredados e criminosos,
viviam ali em condições subumanas, sua odisséia foi descrita no livro “Papilon” de autoria de Henry Charriére, um
degredado fugitivo do inferno prisional da Ilha. Só em 1944
é que a Guiana Francesa deixou de ser colônia penal.
As florestas, que cobrem mais de 95% do território,
têm sido pouco aproveitadas devido à falta de meios de
transporte e comunicação. O ponto mais alto é a Serra de
Tumucumaque com 850 m de altitude, na divisa com o Brasil. A 50 km ao norte da capital Caiena, existe uma base
espacial da França, é o Centro Espacial de Kourou, que
opera ali desde 1968.
REPÚBLICA DO SURINAME
Os caraíbas, povo indígena que habitava as Pequenas Antilhas, estabeleceram-se ao largo da costa atlântica
das Américas Central e do Sul, dispersando-se depois pelo
interior do continente e pelas ilhas perto da costa, massacrando os pacíficos arauaques que ocupavam as terras desde os primórdios. Invadiram a região das Guaianas, da Colômbia, regiões do norte do rio Amazonas e do Orenoco.A
maioria deles era nômade.Outros viviam em comunidades
pequenas, dedicados à caça e à pesca. Plantavam milho,
abóbora e mandioca. Eram destemidos, hábeis e ferozes
guerreiros. Faziam sacrifícios humanos a seus deuses e
praticavam o canibalismo.
O território da Guiana Holandesa, atual Suriname,
ocupa uma área de 163.820 km², é o menor país em extensão do continente, limita-se a oeste com a Guyana, ao sul
com o Brasil, a leste com a Guiana Francesa e ao norte com
o oceano Atlântico.A planície costeira do Suriname é baixa
e arenosa, com algumas áreas abaixo do nível do mar. No
interior, depois da faixa costeira cultivada com cana-de219
açucar situa-se uma zona de savana arenosa, e ao sul desta,
começa uma área de floresta densa e intocada (92% da área
total do país).O clima é equatorial chuvoso.
A floresta estende-se para o interior até as terras da
Guiana, que são uma extensão da cadeia de montanhas Tumucumaque, no extremo nordeste do Brasil. O clima é típico da zona tropical. A agricultura baseada no cultivo do
arroz e da cana-de-açucar, é uma das atividades importantes do país. Cerca de 70% das receitas externas provém da
exportação de bauxita. No começo do século XVII, os holandeses se estabeleceram no Suriname e iniciaram o tráfico
e comércio de escravos africanos.Em 1863, foi abolida a
escravidão e a mão-de-obra africana foi substituída por trabalho semi-escravo, de imigrantes hindus, indonésios e chineses.
A população do Suriname caracteriza-se pela presença de várias raças e línguas, embora o holandês seja a
língua oficial, fala-se também o javanês, o chinês, o hindu e
línguas indígenas. A capital Paramaribo abriga cerca de
35% da população.Em 1975, a Guiana Holandesa torna-se
independente com o nome de Suriname. Possui uma população de 461 mil (2007).O presidente atual é Runaldo Venetiaan.
REPÚBLICA COOPERATIVA DA GUIANA.
Antiga terra dos indígenas arauaques, caraíbas e waraus é o único país de colonização britânica na América do
Sul. A maior parte do seu território de 214.999 km², é uma
planície coberta de florestas, que só se eleva ao sul, na fronteira com o Brasil. A economia é baseada no plantio de
cana-de-açucar, arroz e pecuária. Possui grande reserva de
bauxita, ouro e diamantes. Além do inglês, língua oficial,
falam-se línguas asiáticas, hindu, urdu e línguas nativas.
220
A Guiana limita-se a oeste com a Venezuela, ainda a
oeste e ao sul com o Brasil e a leste com o Suriname, ao
norte é banhada pelo Atlântico. O planalto da Guiana sofreu
uma depressão abaixo do nível marítimo em fins do Terciario e inicio do Quaternário, mas elevou-se novamente em
tempos geológicos mais recentes, inclinando-se em direção
ao mar. No interior é constituído por uma superfície uniforme, recoberto pela savana e com as extremidades limitadas por gargantas profundas. Na divisa brasileira se encontram as serras Acarai e da Pacaraíma. Os rios da bacia
do Essequibo servem como vias de comunicação. Seu clima
é típico das terras equatoriais.
Os habitantes revelam uma miscigenação complexa:
de europeus, índios e negros, também, muitos hindus e chineses, população asiática que veio substituir a mão-de-obra
escrava, durante o período da colonização inglesa. Os indígenas Yanomami espalham-se pelo interior das florestas do
sul. Na capital Georgetown, concentra-se a população de
origem européia. A independência do país só se concretiza
a 23 de fevereiro de 1970. População 736 mil
(2007).Composição: indianos 51%, afro-americanos 30%,
euramerindios 11%, outros 8%. Presidente do país Bharrat
Jagdeo. Mantem disputas fronteiriças com Venezuela e
Suriname.
REPÚBLICA BOLIVARIANA DA VENEZUELA.
A Venezuela situa-se no litoral norte da América do
Sul, com seus 2.800 km de costa, banhadas pelo mar das
Antilhas e o oceano Atlântico. Ao sul, limita-se com o Brasil, a oeste, com a Colômbia e a leste com a Guiana. Apresenta um litoral recortado, com penínsulas e ilhas no mar do
Caribe. A costa atlântica é quase toda construída pelo delta
do Orenoco, é uma área baixa, plana, alagadiça e arenosa,
221
recortada por uma serie de canais naturais que entrelaçam
os vários braços em que se divide o rio.
Entre a região dos lhanos e a Guiana corre o rio Orenoco, do qual são tributários quase todos os cursos de
água venezuelanos e muitos dos colombianos. O grande rio
nasce a 1.000 metros de altitude, na serra Parima (fronteira
com o Brasil), e desce para oeste fazendo uma curva, que
serve de limite natural com a Colômbia. Atravessa o território seguindo para leste, quando despeja suas águas no Atlântico, num amplo delta, após percorrer 3.000 km. Possui
uma bacia fluvial de 945.000 km².
O país se divide em três zonas naturais. Em primeiro
lugar estão, as altas montanhas dos Andes e outras cadeias
não-andinas que se situam a oeste e norte; no centro-sul há
o extenso planalto das Guianas e outras elevações. O ponto
mais alto da Venezuela é o Pico Bolívar com 5775 m de
altitude, à sudoeste, numa ramificação dos Andes. As terras
quentes e baixas que circundam o lago Maracaíbo (13.600
km²,o maior da América do Sul),no extremo noroeste, incluem uma das áreas mais populosas do país. Duas ramificações da cordilheira dos Andes do norte separam a bacia
do lago Maracaíbo do sistema de drenagem do rio Orenoco,
a leste. Ao sul ficam as extensas planícies de vegetação
herbácea, os lhanos, que são savanas para pastagem.
No sudeste, fica o vasto e antigo platô granítico das
Terras Altas da Guiana, que se estende até as fronteiras do
Brasil e da Guiana, formando uma região pouco habitada,
selvagem, com savanas, rios e platôs. O maciço das Guianas e a região montanhosa do norte constituem as mais antigas formações rochosas da América do Sul, especialmente
importantes porque dos seus depósitos aluvionais afloram
as infiltrações petrolíferas.
Antes da chegada de Cristovão Colombo, em 1498,
a região era habitada por índios arauaques e caraíbas. Na
222
sua terceira viagem à América, Colombo navegou ao longo
das costas guianesas e penetrou no golfo de Paria. No ano
seguinte, em 1499, outra expedição, que contava com a
presença do navegador Américo Vespúcio,o espanhol Alonso de Ojeda e Juan de la Cosa, explorou a costa da Venezuela, entre as Guianas, até o lago de Maracaìbo.
Durante a viagem Vespúcio observou as habitações
de palafitas, dos nativos, que estavam construídas sobre o
Lago Maracaíbo; o fato lembrou ao navegador italiano as
construções de Veneza, que o fez denominar a região “Pequena Veneza” ou Venezuela. A ocupação da Venezuela
continental começou depois que os espanhóis se assenhorearam da ilha Margarita, no mar das Antilhas.
No início do século XVI, o banco alemão Weiser,
recebe da Espanha concessão para colonizar e explorar o
território. O contrato é rescindido em 1546, e a região passa
a ser administrada pela Audiência Real de Caracas. Durante o domínio colonial, a Venezuela foi organizada como
Capitania Geral do Vice-Reinado de Nova Granada. A partir da fundação de Caracas, em 1567,começou a tomar forma de colônia. No século XVIII, se tornou a colônia agrícola mais importante, produtora de cacau, cuja cultura deu
lugar à formaçãço de uma aristocracia crioula baseada no
uso da mão-de-obra escrava africana.
Francisco de Miranda e Simón Bolívar, dois dos
maiores líderes da independência latino-americana, nasceram na capitania espanhola. Em 19 de abril de 1810, começa a luta pela independência. Miranda se tornou comandante do exército, Bolívar aderiu ao programa de libertação de
Miranda, com o apoio da oligarquia cacaueira. Apoiado por
importantes líderes militares como Antônio José de Sucre,
Marino, José A.Páez, empreendeu campanhas vitoriosas, na
metade norte do continente.
223
Simon Bolívar, o Libertador, conduz a campanha
militar pela independência, que é conquistada em 1819.
Forma-se a Gran-Colômbia, composta por Venezuela, Colômbia, Panamá e Equador, é presidida por Simon Bolívar.
Mas a independência fica muito aquém dos sonhos de Bolívar, que em 1824, parte para libertar a Bolívia e o Peru. A
Gran-Colômbia fragmenta-se e, na Venezuela, a oligarquia
rural exerce o poder por quase um século de ditaduras sucessivas, guerras civis e disputas fronteiriças.
A partir da primeira década do século XX, a Venezuela tornou-se um dos principais exportadores de café do
mercado mundial. Na década de 20, foram descobertas
grandes jazidas de petróleo e iniciou-se a exploração. Mas a
riqueza proveniente do petróleo não beneficia todo o país, a
maior parte dos lucros fica com as companhias internacionais, que obtêm a concessão de exploração, só uma pequena
parte é investida e consumida principalmente em Caracas.
A renda atinge limites perigosos de má distribuição,
o que, aliado ao crescimento da classe média urbana, provoca os movimentos de reformas políticas que apresentam
como reinvidicações principais, a reforma agrária e a diversificação industrial. Esse amplo território de 916.445 km², é
marcado por violentos contrastes, que vão desde a diversidade da paisagem até a distribuição desigual de suas riquezas. A economia é totalmente baseada na exploração e refino do petróleo, petroquímica e indústria siderúrgica.
No litoral, em Maracaíbo e no Golfo de Paria, encontram-se as principais bacias petrolíferas. Além de hidrocarbonetos, o país conta com jazidas de ferro, bauxita,
manganês, tungstênio, ouro, diamantes e cromo.Cultiva-se
cana-de-açucar, café, arroz e milho.Na região dos lhanos
criam-se grandes rebanos bovinos.
Rafael Caldera, eleito presidente em 1969, pacifica a
nação após dezenas de anos de guerrilhas e legaliza os par224
tidos de esquerda. Em fevereiro de 1999, tomou posse o
presidente eleito Hugo Rafael Chávez Frías, reeleito em
2000 e em 2006.Chávez declara apoio ao socialismo como
sistema de organização social e econômica. A nova Constituição promulgada em 1999 muda o nome do país para Repúbica Bolivariana da Venezuela ( em referência à Simón
Bolívar), e mexe nas instituições do Estado.
Em janeiro de 2005, Chávez assina uma lei de reforma agrária para acabar com os latifúndios improdutivos.
Em 2006, o governo assume o controle de 32 campos de
petróleo operados por empresas estrangeiras, e amplia o
controle estatal sobre a exploração petrolífera. Oficializa a
nacionalização dos quatro consórcios de multinacionais que
exploram as jazidas de petróleo da faixa do rio Orenoco.
As cidades principais são: Caracas, Valência, Barquisimeto, Maracaíbo. A língua oficial é o espanhol. A população é de 28,1 milhões (2008). Composição: eurameríndios 67%, europeus ibéricos 21%, afro-americanos 10%,
outros 2%.
REPÚBLICA DA COLÔMBIA.
As costas da Colômbia foram visitadas em 1499,
pelos navios de Américo Vespúcio, Alonso de Ojeda e Juan
de la Cosa. Os navegadores exploraram o lago Maracaibo e
costearam a península de Guajira. Cristovam Colombo passou no litoral colombiano em 1502, na sua quarta viagem à
América. O país recebeu o nome em sua homenagem.
O litoral da Colômbia era habitado por índios caraíbas e arauaques e o seu planalto, por chibchas, agricultores
e mineradores, espalhados pelo norte do país e na região
onde é hoje o Panamá. Os grupos mais adiantados eram os
que habitavam o vale do rio Cauca e o planalto de Bogotá.
A tradição histórica de algumas tribos permite relacionar
225
esses grupos com outras culturas avançadas do norte e sul
do continente americano.
Os chibchas do planalto de Bogotá já tinham atingido um nível de desenvolvimento comparável ao das tribos
íncas do Peru central. Os chibchas sabiam trabalhar os metais e possuíam notável senso artístico.As populações da
zona norte da Colômbia eram menos desenvolvidas.O maior grupo que habitou a região,o dos pacíficos arauaques
cujos descendentes, os guajiros,vivem até hoje junto ao mar
das Antilhas.Os ferozes caraíbas ocupavam uma grande
parte da costa e o vale do baixo Madalena. Cartagena, fundada em 1533, torna-se uma das principais bases do império espanhol na América, porto exportador de ouro e prata.
Entre 1536 e 1539, Gonzalo Jiménes de Quesada
dominou os povos indígenas, e fundou a cidade de Santa
Fé de Bogotá.A população foi submetida ao sistema de trabalho escravo. Após 280 anos de colonialismo espanhol, a
maioria dos indígenas colombianos desapareceu, foi dizimada por doenças e guerras com os conquistadores. A concessão das terras ao longo do mar das Antilhas, feito pela
coroa espanhola a favor do fundador de Bogotá, resultou no
aumento dos limites da Colônia de Nueva Granada, como a
Colômbia foi conhecida até 1861.
Ela abrangia os atuais territórios do Panamá, Venezuela, Equador e Colômbia. Nueva Granada foi governada
pelo vice-rei do Peru até 1718, passando a vice-reinado
independente em 1740. Santa Fé de Bogotá transforma-se
na capital do vice-reinado. A cidade está situada no coração
dos Andes, a 2611 m de altitude, num planalto dominado
pelos montes Monserrate e Guadalupe. Bogotá, a atual capital política e econômica da Colômbia, é também uma das
maiores metrópoles da América do Sul.
Em 1783, nasceu em Caracas, José Antônio de la
Santíssima Trinidad Simón Bolivar y Palácios. Educado na
226
Europa, torna-se estadista e militar venezuelano, lidera as
lutas pela independência dos países latino-americanos. Em
Bogotá, em 20 de julho de 1810, se inicia a rebelião contra
o domínio espanhol. Em 1819, os exércitos de Simón Bolívar vencem os espanhóis e é fundada a República de la
Gran-Colômbia, constituída com a Colômbia, Venezuela,
Panamá e Equador. A vitoriosa campanha política e militar,
de Simon Bolívar, o leva em 1821, a ser presidente da recém-formada Gran-Colômbia. Em 1830, Venezuela e Equador passam a ser independentes; em 1903, o Panamá se
separa da Colômbia.
A República da Colômbia situa-se no extremo noroeste do continente da América do Sul e ao sul do Istmo do
Panamá. É banhada pelo oceano Atlântico (mar das Antilhas ou do Caribe) e pelo Pacífico. País com 1.141.748 km²
de território, formado por uma tríplice ramificação da cordilheira dos Andes que percorre o país de norte a sul.
A cordilheira ocidental próxima ao Pacífico, a central e a oriental, separadas entre si pelos amplos vales dos
rios Cauca e do Magdalena.A cordilheira Central destaca-se
por seus imponentes vulcões.Das formações vulcânicas
emergem doze grandes picos, cinco dos quais cobertos por
neves eternas. São os nevados de Huila (5150m), de Tolima
(5620m),de Ruiz (5400m),de Quindío (5150m) e de Santa
Isabel (5100 m).
Limitado ao norte pelo vasto delta do Magdalena, o
rio mais importante do país, (mede 1.550 km) e é uma das
mais importantes vias de comunicações colombianas. Á
oeste limita-se pela planície litoral do Pacífico, a sudoeste
pelo Equador, ao sul com o Peru, a leste estendem-se as
terras planas com florestas e savanas que descem em direção ao Orenoco e ao Amazonas, na fronteira com o Brasil.
Essa configuração resulta em uma grande variedade
climática, das terras geladas dos picos nevados andinos ao
227
clima tropical da Amazônia. Mais da metade do território
colombiano corresponde a vastas planícies cobertas de savanas e a floresta tropical, o restante é ocupado pela cordilheira dos Andes e pelas regiões costeiras, a oeste, onde
vivem 90% dos colombianos.Estas planícies, denominadas
lhanos, são recobertas de campo limpo herbáceo ou de savana, são irrigadas pelos grandes rios que nascem na vertente oriental dos Andes e vão engrossar as águas do Orenoco e do Solimões. As lagoas e os pântanos são paisagens
características do litoral colombiano do oceano Pacífico.
Em toda a faixa costeira e ao longo das encostas
predominam as florestas, que dificultam as comunicações.
Apesar do desenvolvimento do transporte aéreo, rodoviario
e ferroviário,os rios continuam sendo as “estradas” preferidas na Colômbia.O Magdalena, sobretudo, desempenha
papel muito importante como via navegável. Outra importante via fluvial é o rio Cauca, que atravessa as terras altas,
de clima ameno e solo mais fértil. Foi pelo Cauca que subiram os primeiros conquistadores, e foi à sua volta que surgiram os primeiros centros culturais de importância.
As cidades principais são: Bogotá (capital), Cali,
Medellin, Barranquilla, Cartagena. A população colombiana de 46,7 milhões (2008), é formada, a maioria por mestiços de índios, negros e brancos, e a minoria por europeus
ibéricos. Os mestiços de sangue índio ainda conservam seus
costumes e tradições apesar da influência cultural espanhola. Em zonas afastadas, como a península de Guajira, ou nas
regiões interiores da Amazônia, estão os grupos indígenas
que conseguiram sobreviver a quatro séculos de perseguição e descrimação pelos conquistadores europeus.
A principal atividade econômica da Colômbia é a
agricultura, com destaque para o cultivo do café, em seguida do cacau, cana-de-açucar, algodão, banana, tabaco, arroz, batata, milho, trigo. Grande parte da população traba228
lha na agricultura, mas poucos são donos de suas próprias
terras.A maioria das fazendas pertence a um grupo reduzido
de grandes proprietários rurais, e as terras restantes são divididas em numerosos minifúndios, o que compromete o
seu aproveitamento econômico.
As riquezas e a extensão das jazidas minerais da Colômbia estão relacionadas com a formação geológica da
cordilheira dos Andes. O subsolo colombiano contém ricas
jazidas, de ouro, diamantes, platina, esmeralda, ferro, prata,
petróleo, carvão e sal. Foram encontrados ainda, depósitos
de urânio, enxofre, cobre, zinco, chumbo, cromo e estanho.
O café, o petróleo, o gás natural e o carvão são as maiores
fontes de divisas de exportação, legal, mas as receitas do
tráfico da cocaína processada excedem todas as outras.
Ex-combatentes liberais liderados por Pedro Antônio Marin e Manuel Marulanda criam,em 1964, as Forças
Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).Outras guerrilhas de esquerda, como o Exercito de Libertação Nacional
(ELN), e o Movimento Revolucionário 19 de abril (M-19),
e as milícias camponesas de extrema direita (AUC),.são
fundadas e a guerra civil avança pelo país. Mais de 40% do
território colombiano está sob contole desses grupos.Os
atentados da guerrilha crescem paralelamente ao tráfico de
drogas. São os maiores responsáveis pela violência no país.
Além de milhares de camponeses expulsos de suas
terras pelos conflitos, a violência política e a do narcotráfico causam milhares de mortes no país. Os movimentos
guerrilheiros, especialmente as Farc e o M-19, continuam
muito ativos, com seqüestros de políticos e torturas. No
centro desse panorama de violência, a droga e seus traficantes se instalaram como um autêntico núcleo de poder Os
grandes cartéis da droga - de Medellín e de Cali - fizeram
do país um grande produtor mundial de cocaína.
229
Atualmente, não existem guerras ou disputas fronteiriças na América do Sul.Contudo, há consideráveis lutas
civis entre grupos de guerrilha e governos em vários países
do continente.Na Colômbia, Equador e no Peru, os cartéis
de narcotráfico, continuam a ser o problema principal.
A presidência da Colômbia é ocupada por Álvaro
Uribe, eleito em 2002, reeleito em 2006.
REPÚBLICA DO EQUADOR.
Desde 2500 a.C o.atual território do Equador era
ocupado por diversos povos. A região foi uma zona de fronteira com influência das civilizações nazca, tiachuanaco,
huari, chibcha e mexica. Também há indícios de contato
com povos do Pacífico, japoneses e polinésios. Nos séculos
VI e VII, o território era habitado pela nação Cara que fundou o reino de Quito.Os equatorianos são na maioria descendentes do povo quíchua.
Pela mesma época, tanto a nação Chimú, proveniente da zona costeira norte do Peru, como o Império Inca começaram a exercer pressão sobre o povo Cara. No século
XIV, o território esteve dividido entre vários estados guerreiros. Os quíchuas, índios agricultores que viviam na região são dominados pelos incas por volta de 1450. Em 1478,
o inca Tupác Yupanqui unificou os povos agrícolas que
habitavam o território do Equador.
Nos anos seguintes, a região norte do país quíchua,
cujo centro estava em Quito, tornou-se centro comercial e
cultural da grande Civilização Inca. A rivalidade na sucessão entre Ataualpa de Quito e Huáscar de Cuzco enfraqueceu o poder do Império Inca. Em 1534, o exercito, sob o
comando do Sebastian Benalcázar e Diego de Almagro,
enviados por Pizarro, subjugou o reino de Quito. Os nativos
230
foram reduzidos a uma semi-escravidão no regime das encomiendas.
O Equador passa a integrar o Vice-Reinado de Lima, e depois em 1717 até 1740, ao novo Vice-Reinado de
Nova Granada que inclui o Equador, Panamá, Colômbia e
Venezuela. Dominada por uma nobreza rural, clericarista e
conservadora a Sierra sustentava o governo. Coube ao general Antônio José de Sucre, enviado por Simon Bolívar,
concretizar o fim da era colonial espanhola em 1822. Equador se vinculou á Federação da Gran-Colômbia, até 1830,
quando se torna independente e adota o nome de Equador.
A República do Equador limita-se ao norte com a
Colômbia, a leste com o Peru, a oeste é banhado pelo Oceano Pacífico. Possui a área de 272.045 km².O nome de
Equador deriva do fato de a linha do equador passar pelo
meio do país. Seu território, situado no noroeste da América
do Sul, é cortado por duas cadeias montanhosas da cordilheira dos Andes. Entre elas há elevados planaltos (altiplano), onde se situa Quito, a capital do país, numa altitude de
2850 m, região sujeita a terremotos, e onde predomina população de origem indígena, o povo quíchua.
Na face ocidental localiza-se o ponto culminante do
país, o vulcão Chimborazo, 6.272 m de altitude. Existem
vinte vulcões ativos no Equador. O Cotopaxi situa-se na
cordilheira Oriental, e com seus 5.897 m, é o vulcão ativo
mais alto do mundo. A região da Sierra equatoriana ocupa
15% da superfície total do país, e aí se concentra cerca da
metade da população do país.Nessa área, os indígenas dedicam-se ao pastoreio ou empregam-se, em condições servís,
nas grandes “haciendas”de proprietários brancos.
O Equador compreende, a oeste a região costeira,
planície litoral de clima equatorial; no centro, a Sierra, elevados planaltos dominados por vulcões e cavados por bacias interiores que concentram a maior parte da população.
231
Praticamente isolada pelo braço leste da cordilheira, a porção oriental equatoriana da planície amazônica, é selvagem
e quase toda recoberta pela selva e pouco habitada.
O país abriga o arquipélago das Galápagos, ou Colón, com treze ilhas e uma infinidade de ilhotas e recifes de
origem vulcânica, localizado a cerca de 1.000 km do litoral
equatoriano, no Pacífico, povoadas por espécimes animais
únicos. O Arquipélago desempenhou papel essencial para a
formulação de uma das teorias mais importantes da história
da humanidade.
Em 1831, a bordo do navio Beagle, Charles Darwin
passou por lá, e ficou muito impressionado pelo modo com
que esses animais diferem em cada ilha do grupo. A fauna
de Galápagos inclui animais extintos em outras partes do
mundo, como tartarugas gigantes e grandes iguanas. Foi a
partir de seu estudo desses animais que Charles Darwin
começou a formular a Teoria da Evolução das Espécies.
As principais culturas do país são: de arroz, cacau,
café, cana-de-açucar, banana, tabaco e algodão. O subsolo é
rico em petróleo, ouro, prata, chumbo, cobre, ferro e carvão. O gás natural e o petróleo formam a maior receita de
exportação do Equador. Turbulências políticas e disputas
fronteiriças com o Peru, marcam a história equatoriana.
A mestiçagem dos indígenas com os espanhóis e o
aporte de escravos africanos, influencía a composição étnica atual.Os grupos indígenas, que representam 25% da população pressionam o governo para serem reconhecidas as
suas nacionalidades distintas dentro da sua região.A população equatoriana soma 13,6 milhões em 2008.
As cidades mais importantes do Equador são: Guayaquil, Quito, Cuenca, Machala, Ambato, Ibarra, Esmeraldas. O espanhol é língua oficial, mas falam-se no país as
línguas indígenas, principalmente o quíchua e chibcha.
232
Desde janeiro de 2007, está no governo do país como presidente eleito o esquerdista Rafael Correa.
REPÚBLICA DO PERU.
Nas cavernas próximas de Ayunco no Peru, foram
encontradas evidências de vida humana datados de 15.000
a. C. mas grupos esparsos de caçadores-coletores viviam na
região desde há 35.000 a.C. Os Sican, povos primitivos,
pré-colombianos, habitavam o litoral norte do Peru.A Civilização peruana emergiu há 3.000 a.C.já com agricultura
irrigada, cerâmica elaborada e tecidos feitos de algodão, de
lã de lhama e de alpaca.
O Peru, país dos incas (quíchuas), situa-se a noroeste da América do Sul, banhado, a oeste pelo Pacífico.Tem
fronteira, ao norte, com o Equador e Colômbia, a leste com
o Brasil, Bolívia e Chile. Com a superfície de 1.285.216
km², é o terceiro maior país do continente, com aproximadamente 28,8 milhões de habitantes em 2007, com a composição étnica de 45% de quíchuas e aimarás, eurameríndios 37%, europeus ibéricos 15% e outros 3%.
Acompanhando a linha costeira, o Peru estende-se
por cerca de 2.000 km, com uma largura máxima de 1250
km. É país intertropical, localizando-se entre a faixa do
equador e os 18° de latitude sul. O litoral concentra as maiores cidades, entre elas a capital Lima (antiga Ciudad de
los Reyes), Paita, Arequipa, Callao, Chiclayo, Trujillo, San
Juan e Cuzco a antiga capital dos Incas, nos Andes peruanos. A passagem ferroviária mais alta do mundo, com 4829
m, situa-se no percurso Lima - la Oroya.
Nas ilhas do litoral vive uma imensidade de aves
marínhas, elas produzem uma das riquezas do Peru.O excremento, depositado nas encostas das ilhas pelos pássaros,
233
forma o guano, substância rica em fósforo e nitrogênio, que
constituem um ótimo e disputado adubo para a agricultura.
A cordilheira dos Andes possui grandes reservas
minerais, ouro, cobre, chumbo, zinco, prata, carvão, petróleo e gás natural. A cordilheira corta ao comprido o território do Peru, dividindo-o em três regiões diferntes entre si. A
porção ocidental constitui a Costa, de terras áridas e secas,
ao centro a área da cordilheira, uma série de cadeias de
montanhas com altiplanos e vales profundos, chama-se a
Sierra. A leste, as encostas e contrafortes orientais dos Andes e a planície amazônica formam uma região quente e
úmida, a Montaña.
Os Andes peruanos dividem-se em dois ramos principais, a cordilheira Oriental e a Ocidental, esta última
constituindo o divisor de águas entre a bacia amazônica e a
do Pacífico. Próximo à cordilheira Oriental, o horizonte
uniforme do altiplano (puna) é quebrado por uma série de
picos vulcânicos, cobertos de neve, são vulcões adormecidos ou extintos, como Misti (5822 m),o Chacaui (6075m), o
Pichu Pichu (5700 m), o Ampato (6378 m) e o Coropuna
(6615 m). Nessa área são freqüentes os abalos sísmicos.
Estes vulcões são remanescentes da grande cadeia formada
no Período Terciário.
Tanto o lago Titicaca, como o vulcão Misti, situamse no sul do Peru, aonde a cordilheira chega a atingir 450
km de largura.Em direção ao norte, envolvido pelas montanhas, localiza-se o vale luxuriante do rio Huatanay e a cidade de Cuzco, próxima a Machu Picchu, e sede do Império
Inca.Um pouco acima, fica o Pampa de Junin, área de grandes lagos e nascente do rio Mantaro, afluente do Apurimac.
Ao norte do Pampa de Junin, os dois ramos da cordilheira unem-se no Cerro de Pasco (4300 m) onde nascem
os rios Marañon e Huallaga. Ambos em conjunto com o
Ucayali (constituído pelo Apurimac, Mantaro, Urubamba e
234
outros), vão unir-se a nordeste do país para formar o rio
Solimões (Amazonas).
O ponto culminante dos Andes peruanos, o monte
Huascarán (6768m) está situado na cordilheira Blanca, uma
das ramificaçãoes da cadeia ocidental. Toda a região costeira do Peru é desértica, contando com apenas alguns oásis.
Exceto na vertente amazônica, não existem florestas nos
Andes. Até 3.800 m de altitude as encostas são cobertas de
uma estepe arbustiva, e mais acima, por uma vegetação
herbácea do tipo desértico.
Ocupando o nordeste do Peru, a planície amazônica
assenta-se sobre uma vasta bacia sedimentar que separa os
Andes do Escudo Brasileiro. A região é atravessada pelas
ramificações das nascentes do Amazonas-Ucayali, Marañon
e Huallaga,cujas bacias encontram-se separadas por modestas elevações.O restante da região de Montaña está coberto
por uma densa floresta, com árvores de até 50 m de altura.
Toda a Montaña é escassamente povoada, com as cidades
agrupando-se à margem dos rios. A maior é Iquitos, localizada no alto Solimões, em comunicação fluvial com o oceano Atlântico, através do Amazonas no território brasileiro.
O povo quíchua (inca) se espalhava por toda a região andina desde tempos pré-históricos. Há indícios de uma
agricultura incipiente praticada desde 7.000 a.C., era cultivado o milho, mandioca e abóbora, a base de sua alimentação.Os incas form os últimos intérpretes da história précolombiana na América do Sul.
A história inca iniciou-se no século XI, com uma
migração desde o sul até o altiplano de sudoeste. A civilização expandiu-se rapidamente durante os anos 1000 a 1531,
ao longo da Cordilheira dos Andes, em território do Peru,
Equador, Chile e Bolívia. No apogeu, em 1470, com a incorporação dos reinos de Quito e Chimú, a conquista de
Tiachuanaco e a região do lago Titicaca, o Império se es235
tende da Colômbia até o sul da costa chilena e ao norte da
Argentina, com uma população de 6 milhões de habitantes,
governados pelos reis Incas.
Sob a liderança de Manco Capac, (o primeiro dos
doze reis “históricos”, até o fim do Império), construíram
uma cidade que acreditavam estar situada no centro do
mundo. Por isso deram-lhe o nome de Cuzco, que em lingua quíchua, significa “umbigo”.A fortaleza-capital dos
incas, Cuzco, é fundada em 1.250 d.C. Situada num vale
andino a 3.420 metros de altitude, a região é sujeita à terremotos, a cidade foi atingida e destruída diversas vezes.
A arquitetura foi um dos pontos fortes da antiga cultura inca.Construíram com perícia edifícios, pontes e canais, e uma extensa rede viária de aproxidamente 22 mil
quilômetros, ligando os confins do Império à capital, Cuzco, viabilizaram a agricultura nas regiões montanhosas dos
Andes, talhando o relevo em degraus múltiplos e utilizaram
extensivamente a irrigação.Nas regiões desérticas do litoral,
irrigaram a terra por meio de tanques e canais.
Cultivavam milho, mandioca, abóbora, batata-doce,
feijão, pimentão e tomate seus principais alimentos. Dominavam a metalurgia, utilizando o ouro, a prata, o cobre e o
estanho para confeccionar utensílios, máscaras funerárias,
esculturas e ornamentos. Cultuavam o Sol e os deuses da
Natureza, aos quais faziam sacrifícios de vidas humanas.
Os prisioneiros capturados em guerras eram sacrificados em
festas canibalescas.
É o único povo pré-colombiano da América do Sul,
a domesticar animais. Entre eles estão a lhama, usada para
o transporte, além de fornecer carne, couro e esterco, e a
alpaca, da qual obtém a lã e a carne. Não conheciam a roda,
transportavam tudo no lombo de lhamas, os viajantes serviam-se de escadas feitas na pedra para galgar as elevações.
A economia inca baeava-se na agricultura, não havia pro236
priedade privada, e as terras eram divididas em três partes:
as do Inca (rei), as do Sol, e as do povo, pequenos quinhões
destinados para cada família.
Construíram uma notável rede de estradas, de traçado retilíneo revestidas com dura argamassa, organizaram
um sistema de mensageiros, que se comunicava com todo o
Império, desde o Oceano Pacífico até o Atlântico. O caminho “transcontinental”, ao qual chamaram de “Peabirú”,
construído de pedras, partia do litoral peruano, transpunha a
cordilheira dos Andes e pelo meio da selva, atravessava
montanhas, rios e campos e terminava no litoral brasileiro,
em São Vicente, Província de São Paulo.
Durante cinco séculos, os incas construíram um
grande Império e governaram a América do Sul a partir de
Cuzco, sua magnífica capital, que é testemunha da grandeza do antigo Império. Nas ruínas ainda existentes pode-se
observar a perfeição com que executavam suas obras e o
cuidado com os detalhes. Entre suas magníficas e elaboradas obras arquitetônicas está a cidade de Machu Picchu,
localizada nos cumes dos Andes a 4 mil metros de altura
sobre o Vale Urubamba, em 800 d.C. Situada a cerca de 80
km de Cuzco, foi construída por ordem do imperador Pachacuti, fundador do Império Inca.
As ruínas foram descobertas em 1911, pelo arqueólogo norte-americano Hiram Bingham. Há evidências de
que o monumento era um local sagrado, de grande importância religiosa e simbólica para o povo Inca. Restam centenas de ruínas de habitações de pedra, provavelmente pertencentes à elite e sacerdotes. As ruínas da cidade de Machu
Picchu são dignas de admiração; consideradas como patrimônio da humanidade, atraem turistas do mundo todo.
Nos séculos precedentes às conquistas espanholas,
os incas mantiveram o domínio sobre todos os outros povos
da região. A partir de Cuzco, o Imperador Inca exerce um
237
rígido controle sobre o extenso território, por meio de uma
burocracia altamente treinada, uma religião estatal, um poderoso exército e uma avançada rede viária.
A expansão sob Huayna Capac, colocou estas instituições sob forte pressão. Os Estados subjugados estavam
descontentes pelas imposições diversas e cobrança de altos
impostos. Huayna Capac teve dois filhos Atahualpa e Huascar. Quando o pai morreu em 1526, os dois começaram a
disputar o trono. As divisões entre grupos dominantes e
subordinados foram agravadas pela hostilidade entre elite
inca do interior, região de Cuzco, ao sul, e os que viviam
nas regiões fronteiriças, ao norte, em Quito.
A pretexto das desavenças, irrompe uma guerra civil, que dividiu o Império em duas metades, a parte norte
chefiada por Atahualpa e o sul liderado por Huascár seu
irmão. Atahualpa conseguiu derrotar Huascar, fez amizade
com os espanhóis, mas foi traído por Pizarro, que o aprisionou na província de Cajamarca. Pizarro fixou um resgate
em ouro e prata, mas tendo recebido, mandou executar Atahualpa, em 1533, em seguida atacou e ocupou Cuzco.
Enfraquecidos pelas guerras fratricidas os incas foram conquistados e destruídos entre os anos de 1531 e
1533, pelo cruel aventureiro espanhol, Francisco Pizarro
que, invadiu o rico Império Inca com auxílio dos seus irmãos Gonçalo e Fernando. O fim do Império Inca, foi com
a ocupação de Quito por Sebastian Belalcázar em 1533. No
entanto, durou pouco a paz entre os espanhóis. Pizarro desentendeu-se com seu rival capitão Diego de Almagro, e
este aprisionado, foi executado. Como vingança, o filho de
Almagro assassinou Francisco Pizarro, em 1541.
A descoberta das ricas minas de prata, estanho,cobre
e chumbo, situadas nas encostas da montanha de Potosi nos
Andes bolivianos, em 1545, seguiu-se das minas de Huancavélica em 1563, fatos esses que ainda mais açularam a
238
cobiça de riquezas incas nos espanhóis.A colônia é elevada
a Vice-Reinado do Peru em 1543.
Os indígenas vinham sendo dizimados pelo trabalho
escravo nas minas e fazendas. Obrigados à servidão, rebelam-se em 1780; a revolta é liderada pelo descendente da
família real inca, Tupac Amaru II,que foi morto em batalha
pelas forças espanholas. A revolta se estende até o Equador
e só é controlada três anos depois. Os incas desapareceram
como nação, pouco depois do contato com os espanhóis,
foram exterminados em guerras, por doenças trazidas pelos
europeus, para as quais não possuíam imunidade ou reduzidos à humilhante e severa escravidão.
Os três séculos de colonização foram marcados pelo
monopólio comercial exercido pela Espanha, que absorvia
todas as riquezas da colônia, pelo predomínio eclesiástico
nas áreas política e social, e pelos funcionários enviados de
Madri. No princípio do século XIX, com o colapso do Império espanhól, as colônias americanas foram, uma a uma,
proclamando sua independência. Em 1819, o general argentino José de San Martin inicia a luta contra os espanhóis,
auxiliado pelas tropas do general Antônio José de Sucre
enviadas por general Simon Bolívar, derrota os espanhóis
em 1824. Independente, em 1828, o país liberta os indígenas do trabalho forçado, e os negros da escravidão.
Pertencentes ao grupo pré-colombiano dos aimarás,
os indígenas que habitam as imediações do lago Titicaca,
mantem suas tradições e a língua nativa. O lago Titicaca é
um dos lagos mais altos do mundo, está situado a 3812 m
de altitude,com uma área 8965 km², sua profundidade é
variavel entre 30 m a 270 m. Marca a divisa entre o Peru e a
Bolívia. A Cuzco espanhola ergueu-se sobre as muralhas
da antiga capital inca, num símbolo expressivo da imposição de uma cultura sobre a outra; esta, no entanto, ainda
conseguiu sobreviver. Metade dos indígenas peruanos são
239
descendentes diretos dos antigos incas e de outras civilizações pré-colombianas. O espanhól, quíchua e o aimará, são
as línguas oficiais do Peru.
Os indígenas, que habitam a maior parte da Sierra e
a vertente amazônica dos Andes, na selva, permanecem
isolados, não integrados à sociedade moderna, praticam
uma agricultura primitiva, donos de uma cultura pouco elaborada. O povo conserva a língua quíchua, os costumes e os
rituais antigos, vivem organizados em tribos ou comunidades camponesas. Mais de 82% da população do país tem
origem indígena. Relegados ao analfebetismo e à pobreza
quase absoluta, vivem isolados em povoados localizados
principalmente no altiplano andino, onde a agricultura garante sua subsistência, se dedicam ao cultivo de milho, arroz, batata, fumo, mandioca, algodão e coca.
Nos centros urbanos, como Lima e seus arredores,
ameríndios e mestiços são fortemente discriminados pela
minoria branca. Os migrntes rurais, sem trabalho e sem
meios de sustento na cidade, acabaram por constituir favelas, onde vivem de bicos, à espera de melhores oportunidades. A desigualdade social é grande e 70% da força de trabalho atua na economia informal.
Recentemente, o Peru experimentou uma séria crise
política. As profundas divisões sociais deram origem, em
1980, ao movimento Sendero Luminoso, formado por um
grupo guerrilheiro inspirado nas idéias do líder comunista
chinês Mão Tse-tung.. As atividades terroristas do grupo,
iniciadas em Ayacucho, resultaram na perda de 23.000 vidas de militares e civis.O país se envolve numa sucessão de
conflitos desastrosos com os vizinhos, Colômbia, Bolívia e
Chile, mais conflitos na fronteira com o Equador no inicio
de 1995, levam a um confronto armado entre os dois países.
Ao longo da história do Peru independente, o poder
é exercido pelos generais, sendo constantes os golpes de
240
Estado. Em 1990, é eleito presidente Alberto Fujimori, que
dá amplos poderes aos militares na repressão ao terrorismo.
Em 1995, Fujimori e reeleito novamente. Em 2000, candidata-se para o terceiro mandato, é reeleito, toma posse em
meio a violentos protestos da oposição. Poucos meses depois, apresenta carta de renúncia. A situação começa a mudar quando o economista indígena Alejandro Toledo é eleito presidente em 2001. Em 2006, o ex-presidente Alan Garcia vence as eleições com maioria de votos, na posse, anuncia apoio ao tratado de livre-comércio com os EUA.
O Peru é um dos maiores produtores de coca, de
uso comum na cultura indígena. Estima-se que no vale do
rio Huallaga seja produzida 60% da coca, com a qual se
elabora a cocaína..As plantações são protegidas pela guerrilha. A agricultura e a mineração são as principais fontes de
receita, mas presume-se que o comercio ilegal de coca,
supere todos os recursos obtidos com as exportações legais.
Patrimônios da humanidade: Cidade de Cuzco, Santuário Histórico de Machu Picchu, Sitio Arqueológico de
Chavim, Parque Nacional de Huascarán, Zona Arqueológica Chan Chan, Parques Nacionais Manu e Rio Abiseo, Centro Histórico de Lima, Linhas e Grifos de Nazca.
REPÚBLICA DA BOLÍVIA.
Incrustado no centro-oeste da América do Sul, seu
território de 1.098.581 km², é habitado por 9,7 milhões de
pessoas (2008). Limita-se com o Brasil ao norte e a leste,
com o Paraguai a sudeste, com a Argentina ao sul, com o
Chile e o Peru a oeste. A Bolívia é um país interior sem
ligações diretas com o mar. De solo montanhoso formado à
Oeste pelos altos Planaltos dos Andes, que em seu território
atinge a largura máxima de 650 km. É onde se localizam o
árido altiplano andino e as principais cidades, como La Paz,
241
a 3636 m de altitude, a capital mais alta do mundo A partir
de Pasco, no Peru, os Andes dividem-se em duas ramificações, as cordilheiras Ocidental e Oriental.
A Bolívia apresenta tal diversidade de relevo, que
seu clima e extremamente variável de região para a região.
Assim, verifica-se uma zona tórrida nas provincias dos llanos, já na zona das yungas a temperatura é média. As terras
mais baixas do Altiplano formam uma zona temperada, e as
regiões do Altiplano mais elevadas constituem a zona fria, e
nas altitudes das grandes cumes cobertos de neves eternas,
define-se a zona glacial.
As geladas alturas dos Andes e seus planaltos cobrem todas as terras centro-ocidentais do país, enquanto as
do leste avançam por baixas planícies tropicais de aluvião.
Este violento contraste determina a variedade de clima,
vegetação e recursos naturais. O maciço andino, é de solo
pobre e desértico, mas a cordilheira Oriental, seu ramo mais
importante possui vultosas jazidas minerais. O relevo boliviano encontra-se constituído por duas regiões: a andina ou
Ocidental, que se subdivide na Cordillera, no Altiplano e
nas Yungas e Vales, ocupando um terço do território nacional. A região dos llanos ou planícies do leste, também chamada de Oriente, coberta por densas florestas tropicias,
pertencentes à Hiléia Amazônica.
A região dos Vales é favorável às atividades agrícolas, a do Altiplano é a área mais ocupada, principalmente
pelos indígenas que constituem 55% da população, que se
compõe de três grupos, o aymará, quíchua e guarani. Os
dois primeiros vivem no Altiplano, vales e yungas. Estes
grupos não se fundiram e conservam seus idiomas e tradições originais.Os guaranis habitam as planícies fronteiriças
com o Paraguai.Os mestiços de índios e europeus são 25%,
portanto,o indígena compõe o elemento étnico predominante no país, 20% constituem-se de brancos, negros e asiáti242
cos. A cordilheira Ocidental é constituída por uma serie de
cumes de origem vulcânica, separados por passagens entre
as montanhas a cerca de 4.000 m de altitude, que possibilitam a ligação com o Pacífico. O cume mais elevado é o
Nevado de Sajama (6542 m), em cujo sopé crescem extensos bosques utilizados na fabricação de carvão vegetal.
A cadeia Oriental encerra alguns dos mais altos picos do país, como o Illampu (6360 m), o Illimani (6460 m),
o Chachacomani (6203 m) e serve como divisor de águas
entre a bacia interior do Altiplano e de vários afluentes do
Amazonas e do rio da Prata.O lago Titicaca, é dividido com
o Peru, representa uma saída para a costa do Pacífico.Uma
linha de transporte naval liga os portos de Guaqui na Bolívia e Puno no Peru.Mais ao sul encontra-se o vasto pântano
salgado ”Salar de Uyuni”em cuja margem passa a estrada
de ferro para Antofagasta, porto chileno, no Pacífico.
Há 2.000 a.C. a região da atual Bolívia era habitada
sucessivamente por povos de origens diversas, guerreiros e
coletores, agricultores e pastores. Muito antes da invasão
incaica, o território boliviano abrigava civilizações singulares. Tribos de urus, povos antiquissimos e primitivos, cuja
fixação às margens do lago Titicaca remonta às primeiras
migrações de caçadores siberianos, através do Estreito de
Behring. Esses grupos habitavam nos terraços andinos, onde surgiu a civilização Tiahuanaco-Huari em 600 a.C. a
1000 d.C.As ruínas desta cidade encontram-se ao sul do
lago. Esta civilização chegara a um alto grau de aprimoramento na arquitetura, cerâmica e trabalhos em metal.
A variedade de clima permitiu a criação de gado, o
cultivo da batata, do algodão, do milho e da coca. No século IX, Tiahuanaco se expandiu, formando um Império. Em
1100, os incas, originários do vale de Cuzco, no Peru, submeteram os povos andinos constituindo uma confederação
de estados sob o Império Inca. Os índios quíchuas e ayma243
rás (collas) que habitavam o Altiplano são dominados no
século XIII pelos incas.
Nas imediações dos lagos Titicaca e Poopó, chuvas
mais abundantes e temperaturas mais elevadas permitiam
alguma atividade agrícola. A região é densamente povoada
pelos indígenas quíchuas e aymarás, a população aproveita
os vales dos rios e os terraços sucessivos recortados nas
montanhas, concebidos pelos incas, para agricultura. Os
indígenas não conheciam a roda e nem o arado. As zonas
ocidental e meridional do Altiplano prestam-se apenas para
a criação de ovelhas, lhamas e vicunhas que são animais
domésticos muito úteis na Bolívia, fornecem carne e lã, e as
lhamas, um bom meio de transporte.
A Bolívia que outrora fez parte do Império Inca foi
conquistada pelos espanhóis Pizarro e Almagro, em 1538,
que ali fundaram a capital Chuquisaca (atual Sucre ).La
Paz, sede do governo e capital administrtiva, foi fundada
em 1548, no lugar da aldeia Chuquiapó,dos índios aymarás,
situada a 3630 m de altitude, hoje ocupa um amplo vale.
Em 1559, foi estabelecida a Audiência de Charcas,
dependente de Vice-Reinado do Peru, mas funcionando
como centro administrativo da região que compreendia os
territórios atuais da Bolívia, Argentina, Paraguai, Uruguai e
Norte do Chile, além do sul do Peru até Cuzco. Em 1776,
foi criado o Vice-Reinado da Prata, abrangendo quase o
mesmo território que a Audiência de Charcas.
A vida do índio no Altiplano é toda subordinada ao
problema da terra. Apesar da importância social da terra, a
base econômica do Altiplano boliviano sempre foi extração
mineral. Em 1545, na cordilheira Central, a 4200 m de
altitude, foram descobertas pelos espanhóis as minas de
prata de Potosí, de cujos veios a Espanha extraiu imensa
quantidade de prata, estanho e cobre que contribuíram para
consolidr a riqueza dos países europeus.Consideradas no
244
século XVI, entre as mais ricas, e que determinaram uma
espantosa afluência de aventureiros e mineradores espanhóis sedentos de riquezas americanas.
Em conseqüência, os indígenas são escravizados para trabalhar nas minas de prata. Na exploração das minas, a
servidão do índio foi absoluta, e à medida que a mineração
se transformava na preocupação máxima dos conquistadores, a exploração da mão-de-obra indígena tornava-se desumana, arregimentando milhares de indivíduos para atender a crescente demanda de prata. Centenas de milhares de
índios morreram trabalhando até a exaustão.
Em 1571, surgiu a primeira revolta contra os espanhóis, lideradas por Tupac Amaru, descendente de reis incas, não alcançando sucesso. Anos mais tarde, ocorreu segunda revolta chefiada por Tupac Amaru II, mas, a rebelião
indígena fracassa novamente ante o poderío espanhól.
Em 1808, o Alto Peru, como a região era conhecida,
é uma das colônias espanholas a se rebelar, conquistando a
liberdade na batalha de Aiacucho. A independência boliviana só se concretizou a 6 de agosto de 1825, depois da vitória das tropas comandadas pelo general Antônio José Sucre,
do estado-maior do general Simón Bolívar. Em homenagem
de seus libertadores, o Alto Peru passou a se denominar
República da Bolívia e a capital recebeu o nome de Sucre.
Com a república, desencadeou-se um violento jogo
de interesses diversos, tanto na Bolívia como nos países
vizinhos recém-libertados do domínio espanhol. A história
desse período acha-se marcada pela violência interna e externa. De 1825 a 1898, registraram-se mais de sessenta revoltas, levantes e revoluções. A oposição existente entre
diferentes setores militares contribuiu para a eclosão de
lutas fratricidas. A Bolívia é conhecida pela sua instabilidade política, houve 192 golpes de Estado em 156 anos, em
consequência ocorreram muitas trocas de presidentes.
245
Na guerra do Pacífico, em 1879 a 1883, Chile, Peru
e Bolívia, lutam entre si, para controlar o importante deserto de Atacama, rico em depósitos de nitrato. Bolívia perde
toda a região de Antofagasta, sua única saída para o mar. A
vitória do Chile tornou-o a maior potência do Pacífico.
Estendendo-se da região das yungas e dos vales para
o norte e leste do país, até os limites com o Brasil, Paraguai
e Argentina, encontram-se as extensas planícies denominadas de llanos de Mojos. Nos llanos tropicais do leste e do
norte, região de florestas e savanas (cerrados) pratica-se a
criação de gado e cultiva-se arroz, soja e cana-de-açucar,
além disso, há jazidas de hidrocarbonetos.
O Gran Chaco possui uma parte da região, nos vales entre os rios que o atravessam, composta de pântanos
cobertos de gramíneas palustres. Estende-se desde a fronteira com a Argentina, ao sul, até os limites do Paraguai a leste. Nas estepes, áreas menos acidentadas de solo estéril semi-árido, são recobertas por vegetação herbácea e arbustiva, povoado por uma rica fauna de animais selvagens e pássaros. Em 1889, a Bolívia perde parte do território do Chaco para a Argentina.
Em 1903, para solucionar os conflitos com os seringueiros brasileiros, a Bolívia vende ao Brasil o território do
atual Estado do Acre. Em troca, o Brasil compromete-se a
construir a estrada de ferro Madeira-Mamoré, ligando o
Oriente (leste) boliviano ao rio Amazonas. A ferrovia deveria chegar ao porto Riberalta, na Bolívia, mas os trabalhos
foram interrompidos em 1913, quando a exportação do latex sofreu um grande colapso. O governo brasileiro indenizou a Bolívia em moeda corrente. A descoberta de petróleo
no sudeste do país, no sopé dos Andes, provoca a guerra do
Chaco, de 1932 a 1935, na qual a Bolívia perde três quartos do território do Chaco para o Paraguai.
246
Em 1951, o presidente civil eleito Victor Paz Estenssoro, promove a reforma agrária e a nacionalização das
minas, o que provoca boicote internacional ao estanho boliviano. Seguem-se diversos golpes militares e o país mergulha na instabilidade. Em 1971, o general Juan José Torres é
deposto pelo general Hugo Bánzer Suárez. A eclosão de
protestos violentos, greves e diversas tentativas de golpes
de Estado levam o Exercito a assumir o controle do país,
em 1974. Bánzer renuncia em 1978, abrindo novo período
de golpes e contragolpes militares.
Em1993, o governo de Gonzalo Sanchez de Lozada, provoca conflitos com os camponeses, em virtude da
política de erradicação do cultivo da coca e com a Central
Operária Boliviana por causa das privatizações das estatais,
em especial ás da área de mineração. Os protestos populares ganham intensidade no decorrer dos anos 2000 em diante, fato que agrava a crise e a pobreza no país.
Abolindo o regime de servidão, a reforma agrária
boliviana, sem orientação adequada, intensificou a proliferação de minifúndios e não solucionou o problema da população rural. Esta é a principal razão do deslocamento de
grande número de famílias para a região do Oriente. A população se concentra nos fundos planos dos vales, que se
encontram intensamente cultivados.
Na região das yungas (zona limítrofe das montanhas) que são formadas por ondulações, colinas ou elevações abruptas, cortadas por afluentes do Mamoré e do Beni,
cultiva-se amplamente a coca, cujas folhas secas são consumidas pelos indígenas do Altiplano para compensar os
efeitos da altitude e aplacar a fome. O café, cacau, cana-deaçucar, soja e coca, são as principais culturas desta zona de
clima subtropical. Os solos aluvionais destes vales são profundos e bem drenados, e o mais importante deles e o de
Cochabamba uma das mais importantes zonas agrícolas do
247
país. Na região das yungas e dos vales há culturas permanentes, sobretudo frutíferas, ao lado de uma atividade de
subsistência baseada no cultivo de milho, trigo e batata.
Além das bacias internas do Altiplano a Bolíva possui duas outras grandes bacias fluviais na região do Oriente,
a que converge para o rio Amazonas com os rios constituintes do rio Madeira - o rio Beni, o Mamoré, o Guaporé (Itenez).A bacia boliviana do Prata, ao sul, é formada pelos rios
Paraguai e seu afluênte Pilcomayo, que nasce nos Andes.
Em 1996, Bolívia acerta com o Brasil a construção
de um gasoduto que transportará gás boliviano de Tarija, do
departamento de Santa Cruz de la Sierra para Porto Alegre,
e São Paulo. Em toda a zona subandina, desde Trinidad até
fronteira com a Argentina, no Gran Chaco, encontram-se
vestígios de grandes jazidas de petróleo e gás natural.As
grandes reservas minerais constituem o principal recurso
econômico do país. Na época colonial foram exploradas
intensamente as minas de prata de Potosí, atualmente explora-se na região, a cassiterita, (minério de estanho).
A partir de 2006, os dirigentes dos quatro departamentos mais ricos do leste da Bolívia (Santa Cruz,Tarija,
Pando e Beni) incitam um amplo movimento de oposição
ao governo do presidente de origem indígena Evo Morales
(2006).Os governadores dos quatro departamentos revoltosos anunciam sua autonomia em relação ao governo central
e convocam uma greve geral.
O país vive enorme crise, com ameaça de divisão
pairando sobre seu futuro.Centenas de bolivianos atravessam a fronteira do Brasil em Cobija na província de Pando,
procurando refúgio nas cidades brasileiras de Brasiléia e
Epitaciolândia, no Acre, após violentas ações dos manifestantes contrários ao presidente Evo Morales. Em maio de
2008 é aprovada a autonomia regional dos quatro departamentos insurgentes.
248
REPÚBLICA DO CHILE.
Situado na costa sudoeste do continente sul-americano, encravado entre a cordilheira dos Andes e o oceano
Pacífico, o Chile é um país de conformação peculiar, possui
o território mais estreito do mundo, levando-se em conta o
seu comprimento de 4320 km. A largura máxima é de 180
km, e a mínima de 25 km, e toda esta área de 756.102 km²
acha-se inteiramente comprimida entre fronteiras físicas de
difícil acesso. Apenas em Antofagasta, o Chile alcança a
maior largura, aproximadamente 260 km. A estreiteza do
território, espremido entre o maciço andino e o mar, bem
como sua longa extensão confere ao país uma grande diversidade de condições ambientais.
O país apresenta diferentes paisagens, ao norte, o
amplo deserto de Atacama – uma das regiões mais secas da
Terra – separa-o do Peru e da Bolívia, a leste, a gigantesca
barreira dos Andes, ao sul, a cadeia montanhosa costeira,
que desde o Puerto Montt, convertem-se num labirinto de
ilhas, arquipélagos, fiordes, recifes, e picos nevados dos
Andes. No extremo-sul o Cabo Horn, sua última fronteira,
aponta para as vastidões geladas e inóspitas da Antártica. Á
oeste, na imensidão das águas do Pacifico, a cerca de 3780
km da costa, situa-se a tropical e enigmática Ilha de Páscoa
(Rapa Nui). Esta ilha vulcânica tem despertado o interesse
de arqueólogos e cientistas pelos estranhos monólitos esculpidos em pedra, de idade e origem desconhecida.
As terras chilenas apresentam os mais diversos contrastes geográficos, zonas de clima tipicamente mediterrâneo, vales aluvionais e altitudes majestosas de rocha viva,
fiordes profundos diante de uma infinidade de ilhas costeiras, punas ralas e florestas densas, além de subsolo rico em
249
minerais, como ouro, prata, nitrogênio, minério de ferro,
manganês, chumbo, carvão, gás natural e petróleo.
O clima é árido ao norte, frio e úmido no extremosul e temperado no resto do país. Sua população de 16,8
milhões (2008), é bastante homogênea, cerca de 95% dos
chilenos são mestiços de indígenas e europeus.Atualmente,
só restam algumas tribos de araucanos puros, nas regiões
setentrionais e nas ilhas austrais. O idioma oficial é o espanhol, mas falam-se também línguas indígenas. Na língua
dos índios aimarás, chile, significa “confins da terra”.
O território continental chileno divide-se em - Relevos Andinos, o Norte Grande e o Norte “Chico” ou Pequeno, a Região Central, a Região do Bío Bío, a Região dos
Lagos e os Fiordes do Sul. Quanto às características do relevo, o Chile apresenta três zonas mais ou menos paralelas.
Á leste fica a cordilheira Central, ao longo do litoral corre a
cadeia Costeira, e entre estas duas formações montanhosas
insere-se a Depressão Intermediária.
A cordilheira Central chilena se revela como uma
muralha compacta, onde os altos topos de suas montanhas
poucos se destacam. Atinge suas altitudes máximas nos
picos culminantes de Ojos del Salado (6870m), Llullaillaco
(6723 m), Cerro Mercedário (6770 m) e Cerro Tupungato
(6550 m). Também o Aconcágua com 6960 m, ponto culminante das Américas faz parte deste maciço, mas encontra-se em território argentino. Os altiplanos dos Andes são
compostos de rochas e de solos estéreis.
Ao norte, junto à fronteira com Bolívia e o Peru, a
cordilheira andina forma um grande altiplano a 3000 m de
altitude. É aí que se encontra a Puna de Atacama (puna,
planalto frio da cordilheira dos Andes, situado entre 3000 e
5000 m de altitude), em cujo centro um lago de águas salgadas dá origem ao “Salar de Atacama”. A cadeia Costeira
cai abruptamente sobre o Pacífico encerrando numerosos
250
lagos salgados de águas quentes, onde brotam gêiseres. Os
flamingos rosa na sua viagem migratória, acampam na beira
desses lagos para se alimentar de insetos e vermes,a sua
permanência oferece beleza e movimento á vida no deserto.
O que é hoje o Deserto de Atacama, no Norte Grande do Chile, nos primórdios do tempo, cerca de 15.000
anos a.C. era coberto pelas águas do mar.Tem aproximadamente 140.000 km² de superfície, ocupa uma faixa estreita, de 35 a 175 km de largura, entre o Pacífico e os Andes,
cujos paredões elevam-se a pique a mil metros de altura.
Origina-se da presença de correntes oceânicas frias, que
inibem a precipitação. O Deserto de Atacama é recordista
em aridez, não caiu uma gota de água entre os anos de 1919
a 1970. Em Arica não chove há 50 anos, mas a cerração que
surge do oceano favorece o crescimento de arbustos xerófilos, isto é, adaptados à escassez de água.
Em Arica, os camelos importados da Ásia são dos
poucos animais domésticos capazes de resistir ao clima
desértico. É difícil acreditar que algo possa sobreviver neste
clima árido, com 50° Celsius durante o dia. A névoa úmida
que vem do mar todas as manhãs, sustenta a pouca vida e a
planta típica da região, o cacto, em cujo caule esférico e
espinhoso ficam suspensas as gotículas de água, que aliviam a sede das poucas espécies de aves e insetos, do casuar e
do guanaco que se alimentam dos brotos do cacto. Serpentes venenosas ziguezagueam pela areia escaldante.
Arbustos espinhosos salpicam a terra árida, mas existem pequenos oásis onde os indígenas se abrigam e criam cabras e ovelhas.Só existem possibilidades agrícolas no
sopé do maciço andino, ali se estabeleceram dezenas de
núcleos estáveis de antigas sociedades de índios atacamas,
quíchuas e aimarás, embora suas áreas variem bastante em
extensão. Nas bordas do deserto, situa-se a cidade de São
Pedro de Atacama, habitada desde 12.000 a.C. pelos índios
251
atacamas. Na região o cultivo agrícola é limitado, pela salinidade do solo e pela escassez de água.
Mas o principal produto do Norte Grande é o cobre,
cuja exploração se concentra em Chuquicamata e Mantos
Blancos. Há abundância de minérios no solo desértico,
grandes minas de cobre de Calama, enxofre, salitre, nitratos, gás natural e petróleo, todos importantes itens de exportação. A usina de Tocopilla fornece energia elétrica para as
minas de cobre. Os portos marítimos de Arica, Iquique e
Antofagasta oferecem transporte para os minérios. Ao longo das praias do Atacama acumulam-se morros de sal.
Adiante de Calama, próxima ao litoral, situa-se a
pequena cidade de Cobija,a região mais seca do mundo,
durante o dia faz 47º graus Celsius de calor e durante a noite a temperatura cai para 5°graus negativos.A secura do
Deserto mumifica os corpos das pessoas mortas e enterradas na areia,em 1982,foram achadas múmias de 11.000 a.C.
Descobertas arqueológicas realizadas na gruta de
Milodón, nas vizinhanças de Puerto Natales, comprovam
que os primeiros grupos humanos chegaram ao Chile, mais
de 9.000 a.C.eram os atacamenos e diaguitas. Na região do
Norte Grande, mas exatamente no Cajón del Rio Loa existem vestígios de terraços agrícolas com canalização para a
irrigação das culturas.Encontram-se também os restos de
uma cidade-fortaleza com pequenas casas de pedra, restos
de cerâmica e vários objetos de madeira entalhada.
A região de Atacama era ocupada pelos índios atacamas até o século XV, quando passa ao domínio dos incas.
No território compreendido entre Copiapó ao norte, e Puerto Montt no sul, habitavam os indígenas araúcanos (mapuches), que se opunham ferozmente a qualquer invasão vinda
do norte. Era uma gente belicosa, dedicada à caça e agricultura, chegaram a desenvolver técnicas de irrigação do solo.
Mais ao sul, viviam os povos pescadores, os yamanas e os
252
alacalufes, e no extremo-sul viviam os patagões e os fueguinos fixados na Terra do Fogo e nas ilhas austrais. Nômades, estes habitantes primitivos viviam num estado de
extremo atraso cultural.
Fernão de Magalhães, a serviço da Espanha, cruza o
estreito que hoje tem seu nome, e chega ao Chile em 1520.
A primeira expedição conquistadora espanhola, procedente
de Lima, sob o comando de Diego de Almagro, penetrou no
território chileno em 1535, mas logo depois se viu obrigado
a voltar a Cuzco. Em 1541, outra expedição sob o comando
do espanhol Pedro de Valdivia, companheiro de Pizarro, foi
enviada para as terras ao sul de Arica.
Valdivia conquista o Vale Central e funda a cidade
de Santiago, em torno da pequena colina a que deu o nome
de Cerro de Santa Luzia. A cidade é construida num vale
abrigado, de clima temperado, entre a cadeia de montanhas
litorâneas a oeste e os Andes no interior. A nova cidade foi
muitas vezes atacada pelos índios araúcanos, comandados
pelos famosos chefes, Lautaro e Caupolicán, os indígenas
continuavam opondo a mais obstinada resistência à expansão espanhola em direção às suas terras ao sul.
Num desses combates, em 1553, os espanhóis sofreram esmagadora derrota, morrendo o próprio comandante Pedro Valdivia, sucedeu-lhe o governador Francisco Villagran. Formou-se assim, o território de frontera, que durante mais de três séculos, constituiu uma zona militar de
limites estáveis. Com a morte de Valdivia o Chile fora declarado Capitania Geral, subordinada ao Vice-Reinado do
Peru. Mas os descendentes dos incas e os araúcanos (mapuches) continuaram hostís à Capitania Geral.
No início do século XIX, Bernardo O´Higgins, filho
de imigrante irlandês residente no Peru, nomeado governador, começa a luta pela independência, obtida graças ao
apoio do general argentino José de San Martin, que cruza os
253
Andes, com seu exercito e derrota os espanhóis na batalha
de Maipú. Em 12 de fevereiro de 1818, é proclamada a
independência do Chile.
O general O´Higgins governa como ditador, até
1823, hostilizado pelos aristocratas e conservadores viu-se
obrigado a renunciar a presidência. Um país sem liderança,
teve que enfrentar os conflitos entre as várias facções e ao
mesmo tempo, tratar de questões fronteiriças com a Bolívia,
o Peru, a Argentina e com os aguerridos índios araúcanos
das zonas meridionais, a leste dos Andes.
O Vale Central é uma planície fértil, com 800 km
de comprimento, é onde atualmente se localizam 70% dos
principais vinhedos, e onde vivem 60% da população chilena. Contrastando com o clima desértico do Norte Grande,
onde o rio Loa seca completamente nos dias tórridos de
verão, a região do Vale Central apresenta condições climáticas tipicamente mediterrâneas. Graças ao clima, todos os
rios desta região são perenes e formam várias bacias muito
férteis. O rio Bío Bío, Maule, Aconcágua, Maipo, Rapel,
Mataquito e Itata.
No Chile Central, as cidades fazem parte da paisagem desde a época colonial. As importantes fundações remontam ao século XVI, com Santiago, Valparaiso e Viña
del Mar, e ao século XVIII, Los Angeles, San Felipe, San
Fernando,Curicó,Talca, Linares,Concepción e Talcahuano.
A Grande Santiago, capital interna de um país todo litorâneo, localiza-se no centro do vale do rio Mapocho, é o centro financeiro, político, administrativo, industrial e comercial do Chile.
De Arica, a cidade mais setentrional do Chile, parte
a ferrovia que une o Pacífico com La Paz, a capital da Bolívia. Antofagasta é o maior centro chileno produtor de cobre
e conta com um porto unido por ferrovias com a Bolívia e a
Argentina. Valparaiso é um grande centro industrial e Viña
254
del Mar a mais concorrida estação balneária do Pacífico
meridional. E, em plena Patagônia quase no extremo sul,
ergue-se Punta Arenas, importante centro petrolífero.
O Chile é um dos importantes produtores de vinho
de todo mundo. As videiras, introduzidas em 1851, produzem vinhos excelentes. A atividade pesqueira constitui outro recurso de inegável importância para a nação chilena. O
guano, aglomerado nas rochas do continente e das ilhas
costeiras, resulta da acumulação de excrementos e cadáveres de aves marinhas, constituindo um fertilizante de excelente qualidade para a agricultura do país, é também exportado. O nitrato de sódio (salitre) constitui importante fonte
de exportações, a zona produtiva do nitrato ocupa um vasto
setor das Províncias de Tarapacá, Antofagasta e Atacama,
mas a maior riqueza mineral é constituida pelo cobre.
O minério é encontrado em praticamente todo o território nacional, mas as jazidas mais importantes estão em
Antofagasta, no Atacama e El Teniente, nas próximidades
de Santiago. O minério de ferro é encontrado, em maior
concentração nas Províncias de Atacama e Coquimbo.
Após décadas de distúrbios políticos, golpes militares e ditaduras, o Chile é agora uma das nações socialmente
mais desenvolvidas da América do Sul e das mais prósperas, no aspecto econômico. A exportação de cobre - do qual
é o maior produtor mundial - de frutas, vinho e pescado, são
as suas principais fontes de receita. A composição étnica
chilena é de 95% de europeus ibéricos e eurameríndios. O
idioma oficial é o espanhol. Em 2006, foi eleita como presidente do país, a socialista Michelle Bachelet.
REPÚBLICA DA ARGENTINA.
Há 12.000 anos a.C. pequenas comunidades humanas vivem da caça e da pesca no território da atual Argenti255
na. Nos anos 600 a 900 d.C. o Noroeste é povoado por comunidades com organizações sociais complexas, influenciadas pelas civilizações maia e asteca, da América Central.
Os primeiros colonizadores do território argentino, no século XVI, encontraram uma população indígena bastante diferenciada, com culturas que variavam segundo os ambientes
físicos em que viviam, sendo que 70% dessa população
habitavam a região noroeste.
Os indígenas ocupavam os vales e as passagens das
regiões noroeste e das serras pampeanas, além da Puna
(planalto frio dos Andes, situado entre 3.000 e 5.000 m), os
habitantes dessa área eram povos de língua quíchua. Viviam em núcleos sedentários, criavam lhamas. No contato
com os incas aperfeiçoram a sua agricultura com o uso de
terraços e irrigação do solo, constituindo o milho a base da
sua agricultura. Os quíchuas cultuavam o Deus do Milho.
A Puna e a Prepuna são um prolongamento dos
grandes altiplanos do norte e da Puna de Atacama, no Chile. No setor pertencente à Argentina, o planalto é extenso e
árido, com altitude média de 3.500 m, encrespado por montanhas vulcânicas, com picos culminantes que superam
6.000 m. Localiza-se ali o ponto mais alto da América, o
pico Aconcágua de 6.965 m. O planalto é parcialmente ocupado por vales planos, onde aparecem os Salares de
grande área, cobertos de dura camada de sal. A Puna apresenta um clima rígoroso agravado pela secura do ar.
A Puna e a zona de Humahuaca constituíam o dominio dos atacamenos e diaguitas, desde os primórdios. As
extensas planícies do Chaco, dos Pampas e a Mesopotâmia
eram habitadas por povos coletores, caçadores e pescadores, que viviam em aldeias provisórias. Eram nômades. No
Chaco viviam os chiriguanos, os matacos, os tobas e abipones. Já na Mesopotâmia habitavam os guaranis, os charuas
256
e quiloazas. Os pehuendes, ranqueles, puelches e mapuches,
estavam dispersos pelos Pampas.
Argentina, segundo maior país da América do Sul,
com a superfície de 2.780.403 km², mais 17.283 km² das
ilhas do Atlântico meridional; situa-se ao sul do continente.
Limita-se ao norte com a Bolívia, a nordeste com o Paraguai, a leste com o Brasil, Uruguai e Oceano Atlântico, ao
sul com Oceano Pacífico, a oeste, com a cordilheira dos
Andes que percorre o país de norte a sul, forma uma fronteira natural entre o Chile e a Argentina. Na divisa com a
Bolívia, a cordilheira ocupa quase um terço do território
argentino, enquanto ao sul, a largura dessa fronteira montanhosa diminui nitidamente.
Os Andes constituem, também, a linha divisória das
águas que correm para o Pacífico e o Atlântico. O enorme
sistema fluvial dos rios Paraguai, Paraná e Uruguai, que é o
segundo maior do continente drena o sul a partir do Chaco,
e o oeste desde as terras altas do Uruguai antes de desaguar
no estuário do Rio da Prata. Sobressaem as correntes fluviais, que alimentadas pelas águas tropicais, convergem para
os grandes rios Paraná e Uruguai. A área que abrange esses
rios forma a Mesopotâmia argentina. A bacia da Prata compreende 3.140.000 km².
Ao norte, no limite com a Bolívia e do Paraguai, situam-se as florestas subtropicais e pantanosas do Gran
Chaco uma zona que se estende na área fronteiriça com o
Paraguai a nordeste. Pantanoso em alguns locais e seco e
árido em outros, coberto de mato e arbustos espinhosos, de
vegetação mirrada e homogênea.
Durante o período quaternário, um movimento vertical descendente provocou a depressão do atual Pampa sulamericano preenchida, posteriormente, por camadas de sedimentos de origem eólica e fluvial Os pampas foram formados pelo cascalho e areia, trazidos pelas corredeiras que
257
descem dos Andes. Das substâncias depositadas derivam
os espessos extratos de lodo pampeano (terra preta).A imponente massa orográfica dos Andes cuja altitude ultrapassa
4.000 m exerce grande influência sobre o clima. As temperaturas médias decrescem na direção norte-sul. O traço mais
característico do relevo é o predomínio das planícies de
baixa altitude, com extensas áreas de solo profundo e fértil.
No centro-oeste essas planícies constituem os Pampas, a região característica da Argentina, é limitada pelas
cordilheiras andinas. O clima é árido porque as montanhas
interrompem a circulação do ar úmido procedente do Pacífico. Se distingue por um terreno originalmente desprovido
de vegetação arbórea, de clima temperado, sem estação
seca, coberto o ano todo por um tapete verde de gramíneas.
Nos Pampas, em suas imensas planícies e pastagens desenvolveu-se um dos maiores rebanhos de gado do mundo,
constituem a maior fonte de riqueza do país, e em sua periferia que estão situadas as principais cidades argentinas.
Mais ao sul, configura-se uma região totalmente diferente, o planalto de clima semi-árido e frio da Patagônia,
cortado de vales profundos, estende-se do litoral Atlântico
até os Andes. O relevo caracterizado por morros e serras,
cobertas por uma vegetação de estepe, arbustiva, até a altitude de 500 m e herbácea acima desse limite. Plantas xerófilas (que vivem em lugares secos) dispersas no solo pobre,
pedregoso, batidas pelos ventos do oeste, formam a vegetação da estepe patagônica, onde se criam extensivamente
ovinos. Ocupa o terceiro lugar na exportação da lã. Explora-se também o petróleo do qual possui importantes jazidas.
Entre muitos fósseis de animais pré-históricos encontrados recentemente, o argentino Rodolfo Cori, descobriu em 1995, o esqueleto de um dinossauro que supera
oTyrannosaurus rex, um réptil que viveu no final do Cretáceo, há cerca de 100 milhões de anos atrás.O achado fós258
sil do dinossauro gigante, tinha 4 metros de altura e 15 metros de comprimento,com cráneo de 2 m de diâmetro. O
sáurio viveu na região de Neuquém, deserto da Patagônia
no sul da Argentina. Da mesma época, troncos gigantescos
de árvores fossilizados, estão expostos na superfície da terra. Os vales andinos da Patagonia e as serranias eram o domínio das tribos dispersas da grande família dos araúcanos
(mapuches),dos tehuelches, onas e yahganes povos nômades, caçadores e pescadores.
Nos Andes, região da Patagônia, com as encostas de
suas montanhas cobertas de gelo e neve permanentes, onde
se pratica o esqui, situa-se a cidade de São Carlos de Bariloche, centro turístico para onde convergem anualmente
milhares de pessoas para praticar os esportes de inverno.
Bariloche é hoje um dos principais centros turísticos da
Argentina. De cumes cobertos por neves eternas, as montanhas encontram-se sulcadas por inúmeros rios e correntes
que deságuam em grandes lagos, como Lago Buenos Aires,
o Viedma, Argentino e Nahuel Huapi, formados pelas águas das geleiras andinas.
Finalmente, no extremo sul do continente, a massa
montanhosa, que pouco a pouco vai perdendo altitude, apresenta um grande fracionamento, com formação de canais, arquipélagos, ilhas e braços de mar.A maior dessas
ilhas, a Terra do Fogo, forma, com várias outras o chamado
“arco das Antilhas austrais”,que se relacionam com o continente por afinidades estruturais e morfológicas. Em Ushuaia na Terra do Fogo, criam-se grandes rebanhos de ovinos.
Os povos Yahgan e Ona habitam o território, desde os primórdios, apesar do seu clima glacial.
As explorações organizadas pela Espanha no século
XVI, levaram Américo Vespúcio, em 1502, até o estuário
do rio, que batizaram de Rio da Prata. O território que é
hoje Argentina, era habitado por grandes famílias de indí259
genas, querandis no leste, charruas nos pampas, quíchuas
nos Andes e guaranís no nordeste, quando os conquistadores espanhóis, liderados por Juan Diaz de Solís aportaram
no Rio da Prata, em 1516. No mesmo ano, Diaz de Solís, o
líder da expedição foi morto pelos indígenas querandis.
Para deter o avanço português, a Espanha enviou
Don Pedro de Mendoza à região, investido do título de adelantado (governador) do Rio da Prata. Mendoza fundou, em
1536, sobre as barrancas do Riachuelo, o núcleo de Nuestra Señora Sancta Maria del Buen Aire, um pequeno povoado, que desde o começo sofreu implacável assédio dos
índios, foi destruído por eles e abandonado, a cidade foi
reconstruída por João de Garay em 1580, no mesmo local.
Desde o início da colonização, os espanhóis avançaram pelo sistema fluvial do Rio da Prata, ou vindos de noroeste, desceram os contrafortes dos Andes, procedentes do
Peru, descendo para o sul, conseguiram achar uma saída até
o vale dos grandes rios. Fundaram vários núcleos urbanos
que constituem hoje as principais cidades do país. Diego de
Almagro percorreu o noroeste argentino, em 1536. Seis
anos depois, Diego de Rojas cruzou a mesma região, que
ficou conhecida como Tucumán, e chegou até a embocadura do Carcaraná.
No território, ainda pertencente ao Vice-Reinado do
Peru, no século XVII, na região do Guayrá, no Paraguai,
missionários jesuítas fundam as “reduções”, aldeias fortificadas para acolher e catequizar os índios. Incentivam a produção de erva-mate, tabaco, algodão e a criação de gado,
utilizando a mão-de-obra indígena. Pressionados pela invasão espanhola, muitos araucanos do Chile (mapuches), emigraram para a região centro e sudoeste da Argentina.
No final do século XVIII, ocorrem significativas
mudanças políticas e econômicas, é criado o Vice-Reinado
da Prata, em 1776, englobando os atuais, Chile, Bolívia,
260
Paraguai, Argentina e Uruguai. O intenso comércio transforma o porto de Buenos Aires em capital do novo ViceReinado. Com o desenvolvimento verificado após a criação
do Vice-Reinado da Prata, surgiu um dado novo no processo de colonização do território argentino. A figura do fazendeiro latifundiário criollo, descendente de espanhol, a
nova classe, cada vez mais poderosa e independente.
Os índios foram expulsos da Patagônia, e as amplas
estepes foram divididas em latifúndios destinados à criação
e pastoreio de lanígeros. A ocupação do território era completada com o extermínio dos índios na região do Chaco,
nos Pampas e na Patagônia.
A derrota dos ingleses nas duas tentativas de ocupar
Buenos Aires entre 1806 e 1807, inspira a revolução que
derruba o vice-rei espanhol em 1810, e culmina na indendência proclamada em Tucumán.O general José de San
Martin, é considerado o artífice das vitórias militares que
garantiram a emancipação política da Argentina, proclamada a 9 de julho de 1816.Após a independência o país enfrentou sérios conflitos internos.No ano seguinte, violenta
guerra civil se alastrou entre as províncias contrárias à
submissão a um governo central. As contínuas guerras civis
tiravam a oportunidade para o país se desenvolver. Sucederam-se crises sociais,financeiras graves e golpes de Estado.
Muitos sacrifícios e muitas lutas custaram aos argentinos à definição de sua unidade territorial, as fronteiras
criadas pelo Vice-Reinado da Prata, estimularam disputas
territoriais. Tais desentendimentos levaram os argentinos a
guerras internacionais.A fronteira ainda indefinida com o
Chile só foi fixada em 1902.A questão da soberania sobre a
região que é hoje o Uruguai motivou, em 1825 a 1828, a
primeira guerra com o Brasil, chamada de Cisplatina, nessa
guerra a Argentina perde a Banda Oriental.
261
Na segunda metade do século XIX, a construção de
uma ampla rede de estradas de ferro, a partir dos portos de
Santa Fé, Rosário e Buenos Aires, contribui decisivamente
para dar coerência funcional à região. A grande corrente
migratória, principalmente de espanhóis e italianos, que
entrou no paìs de 1860 a 1914, distribuiu-se por toda a região platina e alcançou as bases para que a economia, fundada na exportação de produtos primários, alcançasse seu
nível mais alto. País essencialmente agrícola, a Argentina
cultiva trigo, milho,soja, centeio, cana-de-açucar, vinhedos,
algodão, linho, árvores frutíferas,erva-mate, mas sobretudo
a criação de gado que constitui a maior riqueza do país.
Na região subandina encontra-se uma sucessão de
oásis de agricultura baseada na irrigação. Planta-se cana-deaçucar e cítricos ao norte, e videiras no centro. Á leste da
cordilheira estendem-se as planícies, no norte, a do Chaco,
com vegetação subtropical e cultivo de algodão; no centro,
o Pampa, de solos férteis e profundos, com clima temperado, onde se desenvolve a criação de bovinos e ovinos, assim como o cultivo de trigo, milho, soja e forragens.
Desde o início, a cultura de cereais centralizou-se no
Pampa. Em poucos anos a Argentina passou de uma produção deficitária de trigo para uma situação de liderança na
exportação desse cereal e do milho. A conquista das férteis
“terras negras” tomadas dos índios, após 1880, consolidou
o processo de desenvolvimento agrícola. A criação de gado
bovino é uma das principais atividades econômicas da Argentina, é a principal exportadora mundial de carne.
Em nome do liberalismo econômico e político, Bartolomeu Mitre, que ocupava a presidência da Argentina
(1862 a 1868), se aliou a D. Pedro II, imperador do Brasil e
a Venancio Flores, presidente do Uruguai, para uma guerra
de extermínio contra o Paraguai, conhecida como Tríplice
Aliança. A guerra começou em 1864 e foi até 1870, termi262
nou com a morte do presidente paraguaio Francisco Solano
Lopez. Paraguai foi derrotado e espoliado, único país onde
os indígenas guaranís haviam preservado sua identidade.
Este conflito sangrento custou ao Paraguai 330 mil vidas
entre soldados e civis, maioria de homens adultos.
A sucessão de governos que representavam os interesses dos latifundiários agroexportadores terminou quando
a classe média e o incipiente proletariado levaram Hipólito
Yrigoyen ao governo em 1916. As classes dominantes insatisfeitas com seu governo derrubaram Yrigoyen em 1919.
Uma aliança entre a burguesia, o proletariado e as Forças
Armadas ocupou o cenário político na época da Segunda
Guerra Mundial. A mobilização popular, em 1946, levou à
presidência o então coronel Juan Domingo Perón. Seu governo nacionalizou as companhias de comércio exterior,
bancos, estradas de ferro, companhias de gás e telefone.
Elevou a participação dos trabalhadores na renda nacional a
50%, e impôs uma avançada legislação social.
Sua esposa, Evita,foi um elo de excepcional carisma entre Perón e os trabalhadores e influiu na conquista do
voto feminino. O “Peronismo” foi a principal força política
na Argentina entre os anos 1946 e 1976.Após a morte de
Perón sua vice- presidente Isabelita é empossada no cargo.
Um golpe militar depõe Isabelita em 1976. A junta militar
chefiada pelo general Jorge Rafael Videla toma o poder. A
ditadura militar governa o país de 1976 a 1983.
Associado ao continente acha-se o arquipélago das
Malvinas, que repousa sobre a plataforma continental. A
Argentina reclama a posse das Malvinas que foram invadidas pela Grã Bretanha em 1833. No dia 2 de abril de 1982,
forças da Argentina ocuparam as ilhas Malvinas. Dois meses depois, após uma guerra que deixou mais de mil mortos,
a bandeira britânica voltou a tremular nas Malvinas, cuja
posse voltou para Grã Bretanha.
263
Nas eleições de 1989, o peronista Carlos Saúl Menem foi eleito presidente. Ao contrário de Perón, no primeiro ano de governo privatizou a empresa estatal petrolífera,
os meios de comunicação, os telefones e a companhia aérea
do Estado. A persistente crise econômica e social, somada
às mudanças de Menem em relação à doutrina do justicialismo tradicional, provocou convulsões nas instituições do
país. Ao final do seu segundo mandato consecutivo, Menem enfrenta um grande desgaste, causado pela estagnação
da economia, o elevado índice de desemprego e pelos numerosos casos de corrupção no seu governo.
Grave crise econômica se instala em 2002, quando o
Produto Interno Bruto despenca 10,9 %, o desemprego atinge 21% da força de trabalho e mais da metade da população argentina passa a viver abaixo da linha de pobreza. As
reformas introduzidas pelo presidente Menen foram consideradas como uma restruturação geral, começando um período de crescimento econômico.A partir de 2003, a economia argentina mostra expressiva recuperação.O forte
crescimento da economia permite significativa recuperação
da qualidade de vida e a redução da pobreza, o desemprego
diminui, mesmo assim, os conflitos sociais persistem.
A população do país atinge 39,9 milhões em 2008.
A composição étnica é de maioria de argentinos descendentes de imigrantes europeus 85%, sobretudo de espanhóis e
italianos.A população indígena 7,5%, é composta de 15
povos indígenas e três povos mestiços, concentrados no
norte e sudoeste do país.Os araúcanos (mapuches), kollas e
os tobas são as etnias mais numerosas. A língua oficial é o
espanhol, mas falam-se também as línguas indígenas.
Como na maioria dos países em desenvolvimento,
grande parte da população está concentrada nas cidades,
especialmente na região do Prata, e cerca de um terço dos
argentinos, sendo a maioria de origem européia, vive na
264
província de Buenos Aires. As maiores cidades argentinas
são, a capital Buenos Aires, Córdoba, Rosário, La Plata,
Mendoza, San Miguel de Tucumán, Mar del Plata,Santa Fé,
Bahia Blanca, Salta, Santiago del Estero.
Mar del Plata, a maior cidade balneária da Argentina
e um de seus principais centros turísticos, está ligada a Buenos Aires por moderna rodovia. A Argentina possui vários patrimônios culturais e naturais, entre eles estão as
Missões Jesuíticas dos Guaranis, o Parque Nacional dos
Glaciares e o Parque Nacional do Iguaçu.
O governo do país é exercido pela presidenta Cristina Fernandez de Kirchner (2007), que desde a sua posse
enfrenta problemas com as greves dos agricultores e pecuaristas, reivindicando menores impostos.
REPÚBLICA DO PARAGUAI.
Ocupando uma área de 406.752 km², na região centro-sul da América do Sul, o Paraguai situa-se entre três
países muito maiores. Ao norte e noroeste limita-se com a
Bolívia, a oeste e sudoeste faz divisa com a Argentina, e a
leste com o Brasil. A composição étnica paraguaia é em sua
maioria (95 %), de mestiços de indígenas e espanhóis, com
uma população estimada em 6,2 milhões (2008). Idiomas
oficiais, espanhol e guaraní. Cidades: Assunção, Ciudad del
Este, San Lorenzo,Concepción, Villarica, Encarnación.
Paraguai é país sem litoral, situado no centro da bacia do Rio da Prata. Existe um nítido contraste entre as duas
regiões divididas pelo rio Paraguai. A Oriental, de território
pouco elevado, de planícies regadas pelos afluentes dos rios
Paraguai e Paraná cobertas de florestas é a que apresenta a
maior produção agrícola. Além da soja, principal produto
de exportação, há o cultivo de trigo, milho, cana-de-açucar,
mandioca e tabaco.
265
Os planaltos orientais não passam de uma continuação do Planalto Brasileiro, de pequenas elevações e cadeias
de morros. É o rio Paraná, que traça as fronteiras orientais e
meridionais do país. As chamadas terras baixas orientais
situam-se entre o médio Paraguai e o Alto Paraná, constituindo planícies inundáveis. São formadas principalmente por
aluviões recentes, mas dispõe de solos muito férteis.
Contudo, na estação das chuvas, os rios extravasam,
inundando extensas áreas e dando origem a grandes trechos
pantanosos, alguns permanentes, como a região dos lagos
Ypoá e Ipacaray. Essas terras constituem os solos mais importantes do país, ai se concentra a maior parte dos cultivos
e dos rebanhos de bovinos e ovinos. A criação de gado tem
sido a atividade básica desde os primórdios da colonização.
A região Ocidental estende-se a oeste do rio Paraguai, é a planície alagadiça do Gran Chaco paraguaio, uma
planura homogênea e inexpressiva formada por grossas
camadas de sedimentos carreados desde os Andes pelos
numerosos rios que a atravessam. O Chaco caracteriza-se
pela vegetação de savana, presença de bosques de espinheiros, densas gramíneas nas áreas pantanosas e de formações
herbáceas, arbustos e grupos esparsos de palmáceas, interrompida por manchas de tosca vegetação rasteira. Com a
progressiva diminuição das chuvas no oeste, determina áreas em que só crescem cerca de dez espécies de vegetais
xerófilos, predominam mirrados agrupamentos de acácias,
mimosas e palmeiras.
Encontra-se também esparso pela floresta o quebracho, a árvore da qual se extrai o tanino usado nos curtumes
de couro. À medida que o terreno avança na direção da
fronteira com a Bolívia, a região torna-se mais seca e árida,
muda para mato semidesértico, a noroeste. O Chaco é um
santuário zoológico para inúmeras espécies de mamíferos,
répteis, pássaros e insetos. Nas áreas de terras férteis da
266
região cultiva-se o algodão, e no cerrado pratica-se extensiva criação de gado.
O rio Paraguai, que liga o norte ao sul, é a mais importante via navegável e comercial num país sem acesso ao
mar. Nasce na Serra do Araporé (cordilheira dos Parecís)
próximo à Diamantino, no Mato Grosso, atravessa a planície do Pantanal, banha o Brasil, o Paraguai e a Argentina,
deságua na margem direita do rio Paraná, tem 2500 km de
extensão. Seus afluentes da margem esquerda são os rios
Cuiabá, o São Lourenço, o Rio Apa, Aquidaban, o Taquarí.
Na margem direita desemboca o rio Negro, San Carlos e o
Pilcomayo, que serve de divisa com Argentina.
Costeando os contrafortes orientais dos Andes, vindos do Peru, as expedições de Domingos Martinez de Irala,
de Juan de Ayolas, Juan de Salazar e Juan de Garay, foram
os primeiros europeus a explorar as terras interiores da bacia platina em 1520 e 1526, hoje território paraguaio. Irala
fundou o porto e o forte onde se originou Assunção. O território paraguaio incluía, então, toda região ao longo dos rios
Paraná e Uruguai, bem como, a atual província argentina de
Buenos Aires, sendo tudo considerado como dependência
do Vice-Reinado do Peru.
Na década de 1530, os colonizadores espanhóis encontraram uma grande população indígena na região do
Paraguai.Três grupos ocupavam a bacia do rio Paraguai,
guaranis na região central, e guaycurus e payagúas, ao sul,
na região do Chaco.A sociedade guarani era sedentária,
praticavam o cultivo da mandioca, da abóbora, da batatadoce e do milho. Não formavam uma comunidade política
sujeita a um poder central.Eles pertenciam a muitas tribos e
falavam uma língua comum, o guarani. Eram organizados
em aldeias sob a chefia dum cacique e um pajé da tribo.Os
diversos grupos eram autônomos.Os guaycurus e os paya-
267
gúas eram caçadores e pescadores nômades, assaltavam as
plantações guaranis para roubar-lhes o produto do cultivo.
Os conquistadores estabeleceram-se no forte Nuestra Señora de la Assuncion, construído em 1537, por Domingos Martinez de Irala.Assunção seria a capital da província do Rio da Prata, durante um século.Uma poderosa
oligarquia intermediária se desenvolveu nos portos de Buenos Aires e Montevideo relegando Assunção ao segundo
plano.Em 1776, Buenos Aires tranformou-se em Vice-Reinado do Rio da Prata e o Paraguai passou a sua jurisdição.
Quando da vinda de Alvãr Nunes Cabeça de Vaca,
em 1542, nomeado como adelantado de Assunção, ele escolheu o caminho por terra para Assunção partindo do litoral de Santa Catarina. Entraram pelo Itapuçu até o rio Ivai e
por este abaixo até chegar ao rio Paraná e depois por terra
até Assunção.Essa era trilha muito frequentada no século
XVI, para as relações entre os portugueses do Brasil, e os
espanhóis do Paraguai. Foram conduzidos por Alfonso Velido e Fernando de Salazar, compondo-se o grupo de trinta
pessoas, mais os guias indígenas. Por conflitos de interesses, os partidários de Irala prenderam, em 1545, Alvãr Nunes Cabeza de Vaca,embarcando-o no navio de retorno à
Espanha.
Em 1550, a caravela de Don Diogo de Sanabria
chegou à ilha de Santa Catarina no litoral do Brasil. Foi por
ele fundada a vila de São Francisco do Sul, em 1552. João
de Salazar, capitão do navio, mandou de Santa Catarina,
por terra à Assunção, a Cristovam de Saavedra com comitiva, a fim de comunicar a Domingos Martinez de Irala, da
nomeação de Don Diogo de Sanabria para “adelantado” do
Rio da Prata. Para que mandasse a São Gabriel víveres e
recursos para que todos pudessem subir o rio Paraná e o rio
Paraguai até Assunção.
268
Notável na época da implantação colonial foram a
longa dominação civil e religiosa das missões jesuítas, que
se estendeu de 1609 a 1768 (159 anos).Para proteger os
guaranís da escravidão, os padres jesuítas projetaram estabelecer uma república teocrática, criando uma espécie de
domínio, a leste e ao sul do território. A região das Missões
Jesuíticas, abrangia o sudeste do Paraguai, nordeste da Argentina, oeste e noroeste do Paraná e noroeste do Rio Grande do Sul, no território brasileiro.
Implantaram centenas de ”reduções”, nas quais estabeleceram uma sociedade organizada e auto-suficiênte.
As “reduções” chegaram a concentrar 300.000 guaranís,
não eram apenas centros de educação e civilização. Os índios, sob rígida disciplina, eram educados para o trabalho
nas lavouras, no pastoreio e no artesanato. Militarizados
para enfrentar as invasões dos bandeirantes paulistas a cata
de escravos. No século XVIII, a área das “missões” é alvo
de ataques de espanhóis e portugueses caçadores de escravos. Os índios resistem tenazmente, mas são massacrados,
após a expulsão dos jesuítas, de Portugal em 1759, e da
América em 1768, pelo marquês de Pombal. As “reduções”
são pilhadas e partilhadas pelos colonizadores. Consta como patrimônio mundial, a Missão Jesuítica da Santíssima
Trindade de Paraná e de Jesus de Tavarangue.
O Paraguai torna-se independente da Espanha em
1811, e vive em isolamento até 1840, quando morre o ditador José Gaspar Rodriguez Francia, no poder desde 1814.
Na esteira das lutas pela independência do domínio espanhol, a luta pela hegemonia nos territórios do ex-ViceReinado do Rio da Prata culminou com a imposição de
Buenos Aires como nova capital. O Paraguai resistia à política de impostos portuários do porto de Buenos Aires e suportava as pressões do Brasil no sentido de impor a livre
navegabilidade aos seus rios interiores.
269
Em 1844 a 1862, assume a presidência do Paraguai
o advogado Carlos Antônio Lopez. Progressista, Lopez
abriu o país às relações internacionais e defendeu a soberania, resistindo pelas armas ao presidente argentino Rosas,
que pretendia sua incorporação à Argentina. Promoveu o
progresso com a ajuda de técnicos estrangeiros. Imprensa,
escolas, ferrovias, telégrafo, frota mercante e de guerra,
uma indústria florescente, fomento à lavoura e um ativo
comércio com o exterior, marcaram sua administração.
Em 1862, foi sucedido por seu filho, Francisco Solano Lopez. Por essa época, o Paraguai era um Estado moderno e próspero, verdadeira exceção na América do Sul.Os
progressos alcançados conferiam ao Paraguai um destaque
no continente. O modelo político paraguaio, que entrava em
choque com os governos argentino e brasileiro e com o
imperialismo inglês, constituía um sistema independente,
90% da propriedade da terra estavam nas mãos do Estado.
O governo paraguaio tinha o monopólio de exportação de
madeiras, da erva-mate e do tabaco. O comércio exterior
era quse completamente nacionalizado
Solano Lopez, por ocasião da intervenção da armada
brasileira na guerra civil uruguaia em 1864, julgando ameaçada a estabilidade da região do Prata, declarou guerra ao
Brasil. Para alcançar o sul brasileiro, viu-se obrigado a atravessar o território argentino, e esse incidente resultou na
aliança da Argentina, Brasil e Uruguai, contra o Paraguai.
Os três países coligados viram a oportunidade de obter territórios fronteiriços há muito disputados.
Em 1865, Brasil, Argentina e Uruguai, representados respectivamente por D. Pedro II, Bartolomeu Mitre e
Venâncio Flores, assinaram, com anuência do governo britânico, o tratado conhecido como Tríplice Aliança, mediante o qual foi levada a cabo uma guerra que culminou com a
destruíção do Paraguai e o extermínio de quase 80% da sua
270
população. Durante a guerra, foi feito um recrutamento geral, todo paraguaio capaz foi colocado em serviço ativo,
formaram-se batalhões de mulheres e regimentos de garotos
entre doze e quinze anos de idade.
A guerra prosseguiu, as tropas brasileiras lutavam
sob comando de Duque de Caxias, mais tarde sob as ordens de Conde D´Eu. Após cinco anos de árduos combates,
a guerra culminou com a derrota completa das forças paraguaias,o terrível saldo de toda população adulta massacrada,que lutou bravamente até o fim, só ficaram com vida
crianças, mulheres e velhos. Terminou com a morte do presidente Francisco Solano Lopez (março de 1870), no Cerro
Corá. Nos custos da derrota, além do genocídio, o Paraguai
perdeu 160.000 km² de seu território, foi obrigado aceitar a
livre navegabilidade dos seus rios. Pagou altas indenizações
ao Brasil, à Argentina e ao Uruguai. O Paraguai estava devastado, as culturas tinham sido destruídas e os rebanhos, a
maior riqueza do país, havia desaparecido. Suas terras, suas
fábricas e seus serviços foram privatizados.
Em 1870, logo depois da derrota ante a coligação
dos três países, o Paraguai adotou uma Constituição liberal
que esteve em vigor por setenta anos. Iniciou-se então uma
recuperação lenta e difícil, prejudicada por lutas estéreis
entre os azules, liberais e anticlericais, e os colorados conservadores e latifundiários.
As fronteiras ainda não totalmente definidas, entre o
Paraguai e a Bolívia, tornaram-se a causa de repetidos incidentes a partir de 1929. Por essa época Bolívia começara a
explorar seus recursos petrolíferos no Chaco Oriental. Multiplicaram-se os conflitos de fronteira, quando a Bolívia
estabeleceu postos militares no território reclamado pelos
paraguaios. Em 1932, começou a guerra do Chaco que durou até 1935, travada num deserto espinhoso e insalubre. O
271
resultado da guerra foi favorável ao Paraguai, o país conquista três quartos da região em disputa, rica em petróleo.
A República do Paraguai, socialmente caracterizada
pelo contraste entre uma pequena minoria abastada e a oficialidade burocrática, de um lado, e de outro, a grande maioria pobre e inculta. Toda a economia está baseada na agricultura e o comércio de produtos importados sem taxas,
constitui uma grande fonte de receita do Paraguai. Conhecido centro de comércio de contrabando, o país é também
rota do tráfico internacional de drogas.
Mas as origens de sua pobreza devem ser encontradas concernentes à história, à política e à sociedade da nação paraguaia.A instabilidade de governos e golpes suces
sivos até 1954, quando o comandante do Exército, general
Alfredo Stroessner, derruba o presidente Federico Chavez,
e instala um regime ditatorial baseado no apoio do Partido
Colorado.Nesse período, a corrupção se generaliza.Um golpe militar em 1989,depõe Stroessner, que se asila no Brasil.
Após décadas de ditadura, o regime político é instável, como mostram as frequêntes tentativas de golpes militares. Em 1993, é eleito, pelo partido Colorado, Juan Carlos Wasmosy, sua política de abertura de mercado provoca
protestos no campo, onde vivem 54% da população do país.
Na região leste do Paraguai vive um grande número
de brasileiros “os brasiguaios”, que ocupam uma área cada
vez mais próxima à fronteira com o Brasil, fonte de tensão
com os habitantes locais. Em agosto de 1999, os sem-terra
paraguaios, organizam protestos contra agricultores vindos
do Brasil. Em 2000, o Congresso aprova um programa de
privatização nas áreas de telecomunicações, ferrovias e distribuição de água.A crise institucional é agravada, em 2001,
por protestos de camponese contra a política econômica.
Em 2003 é eleito como presidente do Paraguai, Nicanor Duarte, pelo partido Colorado.O Paraguai pressiona o
272
Brasil a rever os termos do Tratado de Itaipu, as autoridades
paraguaias reivindicam, também, uma revisão do preço da
energia,que é comprada pelo Brasil por preços inferiores
aos de mercado.As hidreléticas feitas em associação com
Brasil, a Itaipú,e com a Argentina,Yacyretá, fornecem energia abundante e barata ao país, em vista de que, o Paraguai
têm a grande oportunidade de desenvolver a sua indústria.
Como parte do acordo de cooperação militar com os
Estados Unidos, em 2006, surge a especulação sobre a instalação de uma base militar na região do Chaco, próximo a
Tríplice Fronteira entre Paraguai, Brasil e Argentina.
Em 2008, foi eleito como presidente do Paraguai, o
bispo católico Fernando Lugo, de linha esquerdista, que
renunciou ao sacerdócio para poder se candidatar. Após a
sua eleição surgem comentários sobre o comportamento
indecoroso cometido pelo ex-bispo, como a paternidade de
três filhos, reivindicada por três mulheres diferentes.
REPÚBLICA ORIENTAL DO URUGUAI.
O Uruguai, segundo país menor da América do Sul,
está situado no sudeste do continente, à margem esquerda
do estuário do rio da Prata. Este pequeno território independente, de 176.215 km², limita-se ao norte e nordeste
com o Brasil, a leste com o oceano Atlântico; e ao sul com
o rio da Prata, a oeste, acha-se separado da República Argentina pelo rio Uruguai. O rio Uruguai (do indígena rio
das aves), nasce na Serra do Mar, no Estado de Santa Catarina, Brasil, com o nome de Pelotas até a foz do Canoas,
quando passa chamar-se Uruguai, se junta ao rio Paraná
para formar o rio da Prata. Tem 1.500 km de extensão.
Os grandes rios limítrofes, Uruguai e da Prata, e o
oceano Atlântico dão ao Uruguai facilidades de navegação
e contato com o exterior. As costas, tanto as fluviais como a
273
marítima, citando-se em primeiro lugar o centro turístico
de Punta del Este, oferecem uma sucessão de belas praias
de areias brancas e finas, e modernos hotéis, sendo o balneário um grande atrativo turístico.
O solo do interior do território apresenta suaves colinas (cuchillas). Seu relevo é um prolongamento do sul do
Brasil, apóia-se sobre antigas formações geológicas relacionadas com o gigantesco escudo cristalino, o GuiânicoBrasileiro. O trabalho erosivo dos rios e arroios transformou o relevo primitivo numa planície suavemente ondulada. Sua altitude media é de 300 m acima do nível do mar, é
coberto por campos de pastagens naturais que integram os
pampas, que também se estendem pelo sul do Brasil e da
Argentina. A vegetação de pradaria ocupa cerca de 73,3 %
da superfície do país,com apreciável valor forraginoso.
A atividade pastoril é a mais importante da economia uruguaia.O Uruguai é dotado de uma rede de cursos de
água bastante densa, com saída para o mar. Uma parte das
águas e colhida pelo rio Uruguai e seu grande afluente, o
rio Negro (800 km de extensão).O rio da Prata serve de
intermediário entre o Uruguai e o oceano, e é navegável por
canais naturais, com acesso a Montevideu e Buenos Aires.
As férteis terras e florestas da parte oriental do rio
Uruguai são habitadas desde há 10 mil anos a.C. Os conquistadores europeus ao chegarem no século XVI, encontraram o território habitado por três grupos culturais.Os
indios charruas, caçadores nômades, os chanaés, que desenvolveram uma agricultura incipiente nas margens do rio,
e os guaranís, que além de algumas técnicas agrícolas, dominavam a cerâmica e a navegação ribeirinha em canoas.
Embora vivessem em pequenos grupos e dispersos, estes
nativos, valentes, exímios combatentes, opuseram feroz
resistência aos conquistadores.
274
Em 1517, Juan Diaz de Solis adentrou o território do
rio da Prata acima, vindo a morrer ferido por uma flecha
indígena. Apesar de terem explorado o rio da Prata desde
1515, os espanhóis só povoaram o solo uruguaio cerca de
um século mais tarde, quando conseguiram dizimar os charruas e outros grupos indígenas, a ferro e fogo. Em 1527,
Sebastian Gaboto, o primeiro europeu a penetrar pelos rios
Paraná e Uruguai, estabeleceu a primeira colônia espanhola
da região.A ocupação, realmente, começou depois de 1603,
quando Hernando Arias de Saavedra, governador de Assunção, introduziu a criação de gado na margem oriental do
rio Uruguai, em 1611. Pastos naturais abundantes, o clima
favorável e a abundância de água fizeram com que os rebanhos de bovinos, equinos e ovinos prosperassem.
A pecuária encontrou melhor desenvolvimento na
parte norte do país ficando a região costeira do sul com a
maior concentração agrícola e industrial. Os grandes rebanhos deram impulso à agropecuária que atualmente é a
principal base da economia, com destaque para a produção
de lã, carne e cereais.A atividade pastoril extensiva não
necessita de grande número de trabalhadores, apesar de
ocupar 85 % da superfície útil do país. Apenas 10,5 % das
terras férteis destinam-se a cultura de cereais e vinhedos.
Desde o inicio de sua história, o território viu-se envolvido pela cobiça dos espanhóis de Buenos Aires e dos
portugueses do Rio de Janeiro, devido à sua posição estratégica. A Espanha utilizava o estuário do Prata como escoadouro das riquezas do Peru, e Portugal desejava para si a
margem esquerda como base para o comércio no Atlântico
Sul.Em busca de gado e de rios que os levassem ao interior
do rio da Prata, os portugueses avançaram pela então chamada Banda Oriental, fundando a Colônia do Sacramento,
em 1680, motivo de constante discórdia com os espanhóis.
275
Os espanhóis fundaram São Felipe de Montevidéu,
em 1726, junto a uma baía bem guardada, próxima ao Cerro (elevação de 136 m de altitude) e à via fluvial de trânsito
para Buenos Aires. A situação geográfica de Montevidéu
imprimiu à nova cidade rápido desenvolvimento e seu porto
adquiriu grande importância. Assim como Buenos Aires,
Montevidéu dependeu do Vice-Reinado do Peru até 1776,
quando foi criado o Vice-Reinado do Rio da Prata, com
Buenos Aires como capital e Montevidéu como base naval.
Por fim a Banda Oriental tornou-se parte reconhecida do vice-reino espanhol com sede na Argentina. Quando
os argentinos se libertaram do domínio espanhol em 1810,
os comerciantes de Montevidéu recusaram-se a aceitar Buenos Aires como nova metrópole. Os portugueses do Brasil
em 1817 invadiram a Banda Oriental, ocuparam Montevidéu e por cinco anos o Uruguai foi incorporado ao Brasil,
sob o nome de Província Cisplatina. Comandados pelo general Artigas os uruguaios derrotaram e expulsaram as forças brasileiras do seu território, na batalha de Ituzaingó.
O general José Gervásio Artigas (1764-1850), fundador da nação uruguaia e chefe do seu povo, na luta contra
Espanha pela independência do país, conseguida em 18 de
julho de 1825. Patriota destemido, comandante audaz, despertou na nação o sentimento de liberdade. O Uruguai foi
controlado, alternadamente, por portugueses e por espanhóis durante 150 anos, até obter finalmente a independência, em 1827, à qual se seguiram quarenta anos de guerra
civil. O século XIX uruguaio, foi marcado por lutas internas, disputas com países vizinhos, como o Brasil, Argentina
e Paraguai, e mudanças bruscas de governo.
A nação dividira-se na luta política, formaram-se
dois partidos, Blanco, conservador e Colorado, liberal.O
crescente antagonismo entre os colorados e blancos provoca uma guerra civil entre 1839 e 1851.A repressão aos mo276
vimentos populares reivindicativos acabou por acirrar a luta
entre elementos, grupos e facções de esquerda e de direita.
Em 1963, em meio ao clima conturbado e aos choques de
idéias e interesses destacou-se uma organização guerrilheira
urbana, os Tupamaros (nome tomado do inca Tupac Amaru), grupo rebelde praticante de atividades terroristas.
Ao tornar-se país independente, o Uruguai já contava com rebanhos bovinos, ovinos e suínos de alguns milhões de cabeças e deles extraia e processava carne, pele,
couro e lã. Na Grande Montevidéu se concentram mais da
metade da atividade industrial, como metalurgia, química,
farmacêutica, fábricas de bebidas, cimento, calçados, tecidos, bem como vários frigoríficos, com industrialização de
carne para exportação.
O país possui 3,5 milhões de habitantes. Na composição étnica predominam brancos de descendência européia
88 %, há minorias de origem indígena (charruas) 8%, e
africana 4%.O padrão de vida do país está entre os melhores do continente. Cerca de 90 % da população vive em
cidades, a metade na capital, Montevidéu. As maiores cidades são, Montevidéu, Salto, Paysandú, Las Piedras, Rivera,
Maldonado, Punta del Este.
Tabaré Vasquez, eleito em 2005, torna-se o primeiro
presidente de esquerda na história do Uruguai.
BRASIL-COLÔNIA DE PORTUGAL
Paralelamente à missão de Vasco da Gama,de apossar-se do comércio de Especiarias, o rei D. João II, de Portugal (1481 a 1495), enviou o experiente navegador português, Pedro Álvares Cabral, para encontrar a América do
Sul, as terras que constavam do Mapa Mundial de 1428,
que acreditava existirem, conforme dizia o documento pre-
277
cioso que estava em sua posse. Não alcançou esse momento. Morreu prematuramente em 1495.
O seu sucessor D. Manuel I (1495 a 1521), ordenou
a Pedro Álvares Cabral, em viagem para a Índia e os reinos
do Extremo Oriente que tomasse posse da parte Ocidental
das Índias. Portugal sabia da existência de terras a oeste
desde a chegada de Colombo à América e já havia garantido parte delas pelo Tratado de Tordesilhas em 1494. O acordo assinado por Portugal e Espanha, traça um meridiano
localizado 370 léguas a oeste do arquipélago de Cabo Verde, passando sobre as atuais cidades de Belém (Pará) e Laguna (S.C.). Portugal fica com as terras a leste e a Espanha
com as terras a oeste dessa linha.
Seus navegadores conheciam bem as correntes marítimas do Atlântico Sul. Cabral, num desvio de rota para
oeste, seguindo instruções de Portugal, avistou sinais de
terra próxima e sua esquadra atinge o litoral sul da Bahia,
deparando-se com o Monte Pascoal. Pedro Álvares Cabral
e seus navios prosseguem, até atingir um bom porto, ao
qual foi dado o nome de Porto Seguro.
Em 22 de abril de 1500, Cabral desembarca na costa
sul-americana; em seguida ruma para o continente e finca
no solo uma cruz de madeira com as armas da Coroa Portuguesa, tomando, assim, posse da nova terra, em nome do rei
de Portugal, D. Manuel I.Um grupo de indígenas, pasmos,
observava a cena e a gente diferente jamáis vista por eles.
À terra descoberta deu o nome de Terra de Santa
Cruz, mudando depois para Brasil, por causa da grande
quantidade de árvores de pau-brasil existentes na região, de
cuja madeira extraía-se um precioso corante vermelho, que
servia para tingir tecidos; foi objeto de intenso comércio
nos tempos coloniais, até a extinção da árvore. Os portugueses começaram a colonizar e fixar povoamentos no Brasil apenas no ano de 1530. Trouxeram nos navios, degreda278
dos, ladrões, criminosos, contraventores e todo tipo de prisioneiros tirados das cadeias de Portugal.
Em 1532, Martim Afonso de Souza, líder da primeira expedição colonizadora das terras brasileiras, introduz no
país o cultivo da cana-de-açucar. O governo português procurou uma alternativa econômica que, além de tornar a Colônia rendosa, fixasse as populações portuguesas na terra
para assegurar a sua posse. Capturavam indígenas obrigando-os ao trabalho escravo nas lavouras.
O problema da posse foi resolvido com a implantação da cultura de cana-de-açúcar mantida pela mão-de-obra
escrava indígena e depois africana. As grandes propriedades canavieiras também ocupavam grandes extensões de
terra com a criação de gado, utilizando-o como alimento e
como animais de carga nas lavouras canavieiras. Criavam
animais domésticos, como porcos, galinhas, cabras e cavalos, os cachorros utilizavam em caçadas de animais. A demanda brasileira por trabalho escravo impulsionou os mercados portugueses na África Ocidental. Na primeira metade
do século XVI, chegam os primeiros escravos africanos.
Começa o ciclo açucareiro, o mercado europeu estava ávido por açúcar. Com solo apropriado para o cultivo da
cana e facilidade de comprar escravos, a faixa fértil costeira
entre Pernambuco e Rio de Janeiro passa a ser o centro da
cultura canavieira. Estimativas do final do século XVII indicam a existência de 528 engenhos na colônia. Os engenhos se espalham pelo Nordeste. Os colonos cultivam também tabaco e algodão.
O sistema de expedições colonizadoras era muito
dispendioso para o governo e Dom João III, rei de Portugal, em 1532, resolveu dividir o Brasil em “Capitanias Hereditárias”. O monarca efetuou a partilha do litoral brasileiro em 14 capitanias e entregou cada uma a um donatário
benemérito, homens de sua confiança, que se encarregaram
279
de colonizar o Brasil; para isso receberam amplas concessões e direitos quase ilimitados.
A costa paranaense ficou pertencendo à Martim Afonso de Souza e a seu irmão Pero Lopes de Souza, a quem
couberam as capitanias de S. Vicente e Sant´Anna. O donatário funda São Vicente, a primeira vila da colônia, no atual
estado de São Paulo. Estas capitanias eram limitadas a oeste
pela linha de Tordesilhas.
Duarte Coelho, donatário da capitania de Pernambuco, toma posse do território em 1535, e funda a vila de Olinda. Por culpa dos colonos portugueses, explodiu uma
revolta dos índios, que até ai se mostravam pacíficos. Os
habitantes da povoação de Olinda foram sitiados, os indígenas aproximando-se da povoação lançaram uma grande
quantidade de flechas às quais tinham amarrado mechas de
algodão acesas. Assim, atearam fogo nos tetos das choupanas dos colonos, cobertas de capim. Os prisioneiros capturados eram sacrificados em festejos da tribo.
Decorrido algum tempo, o rei Dom João III, sentiu o
desinteresse dos donatários e, como conseqüência, o fracasso do sistema das capitanias, resolveu então criar um poder
central, nomeando Tomé de Sousa, como primeiro governador geral do Brasil, em março de 1549, com plenos poderes de decisão. Ele fundou na Bahia a cidade de Salvador, como sede do governo.Em 1553, Duarte da Costa substitui Tomé de Sousa como governador geral. Envolve-se em
conflitos entre donatários e jesuítas em torno da escravização dos índios, e é forçado a voltar para Portugal.
Em 1557, é nomeado o terceiro governador geral,
Mem de Sá. Com a ajuda dos jesuítas Manoel da Nóbrega e
José de Anchieta ele neutraliza a aliança entre índios tamoios e franceses. É fundada a cidade de São Sebastião do
Rio de Janeiro. O desempenho eficiente de Mem de Sá contribui para firmar a posição do governo geral na colônia.
280
Em 1568, é oficializado pelo governador geral Salvador Correa de Sá o tráfico de escravos negros. Cada senhor de engenho de açúcar fica autorizado a comprar até
120 escravos negros por ano. Navios negreiros faziam a
rota entre Brasil e Guiné, Benin, Costa de Marfim, Mali,
Congo, Angola e Moçambique, onde os escravos negros
eram vendidos, pagos em ouro ou trocados por tabaco.
Durante quatro séculos seguintes, foram traficados
aproximadamente 4 milhões de escravos africanos, vieram
amontoados nos porões dos navios negreiros, de modo que
muitos morreram durante a viagem. Vendidos como mercadoria formaram a grande massa trabalhadora nas plantações
de cana-de-açucar, nos cafezais e na mineração. Os negros
substituiram os índios, considerados ineficientes para o
trabalho agrícola.
Em 1580, Felipe II, que reinava sobre a Espanha assume o trono de Portugal. O Tratado da União Ibérica entre
a Coroa portuguesa e a espanhola vigora até 1640, isto é,
pelo espaço de 60 anos. Os caminhos abertos pela criação
de gado pelos bandeirantes, apresadores de índios, mineradores, tropeiros e missionários, estendem o território brasileiro para muito além do estipulado no Tratado de Tordesilhas. A expansão é facilitada pela união das Coroas Ibéricas, mas continua mesmo após a separação das mesmas. A
ocupação do interior do território brasileiro pelos bandeirantes garantiu a posse da terra aos portugueses.
Em 1640, o duque de Bragança é aclamado rei de
Portugal, como dom João IV, mas os espanhóis não aceitam
o fim da União Ibérica. Portugal e Espanha entram em
guerra, mas só em 1648, Portugal conquista sua independência. Acordos firmados entre Portugal e Espanha nos
anos de 1750 e 1777 asseguraram praticamente todo o atual
território brasileiro a Portugal. Nesse período o país tem sua
área aumentada em mais de duas vezes. Em 1759, Sebastião
281
José de Carvalho e Mello, marquês de Pombal, nomeado
ministro todo-poderoso do rei D.José I de Portugal, extingue o sistema de Capitanias Hereditárias que voltam para as
mãos da Coroa portuguesa.
Em 1777 morre D. José I, sua filha Dona Maria I, é
coroada rainha de Portugal. No seu governo o Marquês de
Pombal caiu no ostracismo, foi afastado do centro de decisões do poder.A assinatura do Tratado de Badajoz, em
1801, restabelece a demarcação acertada em 1750, pelo
Tratado de Madri, que reconhece com base no direito de
posse pelo uso, a presença luso-brasileira nas terras desbravadas em processo de ocupação.
As bandeiras eram expedições armadas, com o fim
de capturar índios, descobrir minas de ouro e diamantes e
tomar posse das terras. Eram inúmeras caravanas de homens destemidos, marchando a pé, de surrão de couro às
costas, vestidos de grossas calças e camisões de algodão,
largos chapéus de palha na cabeça, armados de machados,
compridos e afiados facões, garruchas, pistolas e munição.
Calçavam botas de couro de cano alto.Quando no interior
dos sertões, caminhavam orientando-se pelo sol, bússola e
pelas estrelas. Seguiam os cursos dos rios e os atravessavam, circundavam pântanos insalubres e serranias inóspitas. Compunham as bandeiras todo tipo de pessoas, homens
brancos, negros, mamelucos, índios mansos, mulheres, crianças, padres e grande número de animais domésticos, cães
e animais de carga.
Nada detinha essas bandeiras, nem os desfiladeiros e
precipícios, nem a sede ou a fome, tormentas ou temporais
de chuva ou ciladas de índios selvagens. No ciclo do ouro
os bandeirantes portugueses não conheceram limites, invadiram os sertões desde o Tietê em São Paulo até Santa Cruz
de la Sierra na Bolívia. Percorreram a Bahia, Espirito San-
282
to, Rio Grande do Norte, subiram o rio Amazonas até a
Cordilheira dos Andes no Peru.
No final do século XVII, os exploradores encontram ricas jazidas de ouro em Minas Gerais, Bahia, Goiás e
Mato Grosso. As bandeiras de conquista, centenas delas,
corriam os sertões. Os capitães Jorge Dias, Fernão Dias
Paes Leme, Manoel Borba Gato, Bartolomeu Bueno da
Silva, todos eles chefes duros, valentes, ambiciosos, remexeram a terra, os rios, revolveram grupiáras, cascalho dos
barrancos e dos ribeirões, à procura de ouro e diamantes.
Milhares de portugueses invadem essas regiões.
O que incendiava a imaginação dos bandeirantes
paulistas e portuguesas era a febre de riqueza das minas e
de escravos índios, que valiam ouro e se vendiam em São
Paulo e Rio de Janeiro. Os boatos da existência de muito
ouro no sertão dos Goitacás (povo indígena extinto) no
Espirito Santo alvoroçaram Portugal. As bandeiras sucediam-se, apressadas. Corriam notícias que havia uma montanha resplandecente de esmeraldas.
A notícia do achado reboou na Corte Portuguesa
como um trovão, despertou a cobiça e a ambição pela riqueza fácil. Imediatamente chegaram, em voragem, ordens
formais d´El-Rei D. João V (1706-1750), lançando o imposto sobre a extração. A Coroa estendia as garras, queria
todos os diamantes acima de vinte quilates. Um quinto do
ouro descoberto pertencia à Coroa, como taxa. Saiam milhares de arrobas de ouro, diamante, esmeralda e prata. O
ouro sufocava o Reino e a notícia de tanta riqueza deixava
em delírio os salões de Lisboa. Portugal assanhou-se na
doida cobiça das minas do Brasil-Colônia. Fidalgos e cortesãos portugueses festejavam a riqueza.
Quando, mais tarde, as minas foram se exaurindo,
mas o fisco português atormentava os mineradores querendo receber ouro, além de criar numerosos impostos para
283
assegurar os lucros da Corte de Lisboa. O Reino, desvairado pelos milhares de arrobas de ouro puro, que lhes chegavam do Brasil, não sabia guardá-lo, esbanjava as mãos
cheias. Proprietários e mineradores descontentes pela pressão do governo em cobrar altos impostos incentivam rebeliões em diversas regiões da Colônia.
Em 1789, acontece a Inconfidência Mineira, movimento de independência de Minas Gerais, que transforma
o alferes José Joaquim da Silva Xavier, o Tiradentes, em
herói nacional, foi preso e enforcado no Rio em praça pública, em 21 de abril de 1792.
No início do século XIX, nossos diamantes, esmeraldas, pedras peciosas de todas as cores e pau-brasil ajudaram a solidificar a hegemonia britânica nos mares. Com
nossas riquezas se defenderiam de Napoleão Bonaparte no
Bloqueio Continental. Foi o ouro do Brasil, Arca da colônia
portuguesa, que estabilizou o Império Britânico.
Em 1807, Napoleão Bonaparte havia riscado Portugal do mapa da Europa, e culpavam-no pela fuga da Família Real para o Brasil. Don João e sua Corte, assustados,
fugiram ao ouvir os tambores triunfantes do general Jean
Andoche Junot, chegando a Lisboa à frente do Exército
Francês. Com a invasão de Portugal pelas tropas napoleônicas,em 26 de fevereiro de 1808, a família real e a corte portuguesa se transferem as pressas para Rio de Janeiro.
Chegaram aproximadamente 15.000 pessoas compondo a corte do príncipe regente Dom João. O grupo incluía a família Real, pessoas da nobreza, conselheiros reais
e militares, médicos, ministros, desembargadores, juizes,
advogados, comerciantes, valdevinos, estróinas e prostitutas, entre eles um enxame de aventureiros. Também viajavam vários bispos, freiras, muitos clérigos, damas de companhia, camareiros, pajens e cozinheiros.
284
Uma efervescência e grande excitação dos recémchegados, ávidos de ouro e de aventuras amorosas, caíram
sobre a sociedade patriarcal, obscura, do Brasil-colônia. Era
uma corte cara, perdulária, corrupta e voraz. Com isso a
vida na cidade de Rio de Janeiro muda radicalmente. A
malandragem prosperava nas ruas da cidade e nas províncias. Em 1816, veio na companhia do duque de Luxemburgo o botânico Auguste de Saint Hilaire que pemaneceu no
Brasil até 1822. Explorou os territórios de Goiás, Mato
Grosso, São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais e Espírito Santo, percorrendo cerca de 15.000 quilômetros colhendo plantas medicinais.
A mais famosa expedição científica que acompanhou a princesa Leopoldina, austriaca, (recém-casada em
Viena, por procuração, com o futuro imperador D.Pedro I),
desembarcou em 1817. Chefiada pelo botânico alemão Karl
Friedrich Philipp von Martius, de 23 anos, e o também
botânico Johann Baptist von Spix. Incumbidos de estudar
plantas, animais, minérios e indígenas brasileiros, percorreram mais de 10.000 quilômetros pelo interior do Brasil.
Vieram também, artistas, pintores, poetas e estudiosos.
O regente Dom João, com a morte da mãe, rainha D.
Maria I (A Louca), é coroado rei de Portugal, Brasil e Algarves. O Brasil é elevado a Reino-Unido em 16 de fevereiro de 1815, pelo rei D. João VI, que governava no Rio de
Janeiro, onde era a sede do seu reino. A elevação da Colônia à situação de Reino praticamente corta os vínculos coloniais com a metrópole. Entre as primeiras decisões tomadas por Dom João, estão: a abertura dos portos às nações
estrangeiras, fundação do Banco do Brasil e do Jardim Botânico, criação da Academia Militar e da Marinha, a Bibliotéca Real, a Imprensa Régia e Escola Superior de Medicina.
Em 1816, dom João envia forças navais para sitiar
Montevidéu e ocupar a Banda Oriental (Uruguai), território
285
integrante do antigo Vice-Reinado do Prata. Seu objetivo é
se tornar regente do império colonial espanhól na América
enquanto durasse a ocupação da Espanha por Napoleão. O
Brasil anexa a Banda Oriental a seu território em 1821, como Província Cisplatina. Localizada na entrada do estuário
do rio da Prata, a Cisplatina é uma área de alto valor econômico e estratégico para brasileiros e argentinos.
Expulsos os franceses de Portugal, e com as agitações em torno da Coroa em 1820, D. João VI, voltou à
Lisboa para tomar posse do trono português. Levou toda a
Família Real de regresso para Lisboa, exceto o filho mais
velho, o príncipe D. Pedro, de 22 anos, que deixava como
regente do Brasil. Em 26 de abril 1821 a frota real zarpou,
levando de retorno 5.000 mil cortesãos, parasitas da Coroa.
A Independência do Brasil foi declarada oficialmente no dia 7 de setembro de 1822, quando numa viagem a
São Paulo, o regente D. Pedro proclama a separação política entre a Colônia e a Metrópole portuguesa. Estadista português e primeiro imperador do Brasil (1798-1834) Pedro
de Alcântara Bragança e Bourbon, è aclamado Imperador
e coroado pelos pares do Reino, recebendo o título de D.
Pedro I, em 1° de dezembro de 1822.
D. Pedro I, desde o início do seu governo, tivera
que lutar contra notável oposição. Autoritário, impunha sua
vontade aos ministros, ia perdendo a popularidade, por causa do gênio irascível e do governo arbitrário. Em 1825, o
Imperador envia tropas para a Cisplatina, mas elas são derrotadas em 1827, na batalha de Passo do Rosário. Em 1828,
após dificeis negociações, o Brasil e a Argentina reconhecem a independência do Uruguai.
D. Pedro I governou o Brasil até 7 de abril de
1831, quando desgostoso com a situação desfavorável, abdicou em favor do seu filho D. Pedro de Alcântara, de apenas 5 anos de idade, que ficou sob a tutela de José Bonifá286
cio de Andrada e Silva, até os 15 anos. Após a abdicação de
D.Pedro I, as Regências Trinas tentaram em vão pôr fim à
guerra civil nas províncias e à insubordinação do Exército.
E em 1840, foi antecipada a maioridade de D. Pedro que é
coroado Imperador do Brasil, como D. Pedro II, em 1841.
D. Pedro I, seu pai, retirou-se para Portugal.
Em 1865, irrompe a Guerra do Paraguai. Foram
convocados, homens pobres, mulatos e negros para formar
os batalhões de voluntários da pátria. Escravos africanos
recebem alforria para ser transformados em soldados. Esse
esforço de mobilização é necessário já que o Paraguai tem
efetivos maiores que as forças da aliança. Os conflitos na
região ocorrem por causa da disputa pela estratégica região
do Rio da Prata.
O ditador paraguaio Francisco Solano Lopes abre
várias frentes na fronteira com o Brasil, invade Rio Grande
do Sul e avança em direção ao Uruguai. Brasil, Argentina e
Uruguai firmam o Tratado da Tríplice Aliança, e atacam os
exércitos paraguaios. Em 1869 os soldados da aliança entram em Assunção, capital do Paraguai. Solano Lopes é
morto em batalha em Cerro Corá. Quase dois terços da população do Paraguai são dizimados nessa terrivel guerra.
Por quase quatrocentos anos o Brasil foi uma sociedade escravagista, onde negros e mulatos faziam parte das
camadas sociais mais baixas, serviam para o trabalho como
escravos. Os fazendeiros portugueses e brasileiros tornaram-se tão dependentes da escravatura, que o governo pressionado pelo movimento abolicionista, só gradualmente
promulga leis que limitam a escravidão, até que a prática é
oficialmente abolida em 13 de maio de 1888. Portugal foi o
último país a acabar com o tráfico de escravos africanos.
A princesa Isabel, filha de D. Pedro II assina a Lei
Áurea que extingue definitivamente a escravidão no Brasil,
mas sem as medidas que garantam aos ex-escravos inserção
287
plena na sociedade, como acesso a educação e a terra. Estavam livres, mas não possuiam nada. A pesada herança escravocrata, assim, permanece na sociedade brasileira até
hoje, na forma de discriminação racial, social e econômica.
O problema social transforma-se em questão política
para a elite dirigente. A abolição desagrada os fazendeiros,
que exigem indenizações pela perda do que consideram
suas propriedades. Como não são bem sucedidos, aderem
ao movimento republicano.O Império perde sua última base
de sustentação política.
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.
Com o movimento político-militar de descontentes
com o governo de D. Pedro II, o Brasil deixou de ser monarquia. No dia 15 de novembro de 1889, foi proclamada a
República do Brasil, pelo marechal Manuel Deodoro da
Fonseca, que foi nomeado como chefe do Governo Provisório. D.Pedro II e a família real partiram para Portugal.
No dia 24 de fevereiro de 1891, foi promulgada a I°
Constituição da República Federativa do Brasil.
O Marechal Deodoro, atacado pela oposição e para
evitar o derramamento de sangue, renuncia ao cargo de Presidente da nação e passa o poder ao vice-presidente, marechal Floriano Peixoto que governa até 1894, quando assume
Prudente de Morais.À proporção que se aproximava a eleição para presidente da República do Brasil em 1930, o conflito de interesses entre Minas Gerais e São Paulo aumentava. Rompeu-se a política do café-com-leite. Minas em
represália entra para a oposição e forma a Aliança Liberal.
Getúlio Dornelles Vargas, estadista gaúcho, natural
de São Borja, candidato à presidência da República pela
Aliança Liberal é derrotado pelo Dr. Júlio Prestes do Parti288
do Republicano Paulista, candidato do Governo para sucessão de Washington Luís Pereira de Souza. Júlio Prestes
consegue eleger-se com o apoio da máquina eleitoral do
governo paulista. Esse fato provocou grande descontentamento nos meios políticos mineiros e gaúchos.
Irrompe a crise entre os opositores, quando, após
intensa conspiração, no dia 3 de outubro de 1930, eclode no
Rio Grande do Sul e alastra-se pelo país o movimento político-militar, encabeçado pelos estados da Paraíba, Minas
Gerais e Rio Grande do Sul, sob o comando de Getúlio
Dornelles Vargas. Dentro da conjuntura política nacional, a
rápida adesão dos paranaenses à revolução, o principal era
o motivo, pois visava impedir que Júlio Prestes assumisse a
presidência da República. Com a queda de Washington
Luís encerra-se o período da República Velha.
Vitorioso, Getúlio Vargas assume a chefia do Governo Provisório de caráter ditatorial. Na presidência da
República, adota uma política populista e nacionalista, moderniza a economia do país. Em 26 de novembro de 1930,
cria o Ministério do Trabalho, e nomeia como Ministro, seu
amigo particular,o gaúcho Lindolfo Leopoldo Bökel Collor.
Pelo Decreto n° 19.710, em 18 de fevereiro de 1931,
foi instituído o registro civil obrigatório.
Em 1932, cria a Justiça Eleitoral e é elaborado o
Novo Código Eleitoral que institui o voto secreto e o direito
das mulheres de votar e serem votadas. Cria sindicatos
oficiais, reestrutura a Previdência Social, incorporando praticamente todas as categorias de trabalhadores urbanos.
Em 1° novembro de 1942, Getúlio Vargas cria a nova moeda, o cruzeiro, em substituição ao mil réis. O cruzeiro era a moeda que circulou até o ano de 1986. Para assegurar o apoio dos trabalhadores, o governo Vargas institui o
salário mínimo, estabelece a jornada de trabalho de oito
horas diárias e torna obrigatória a carteira profissional.
289
Em 1937, instala a ditadura do Estado Novo, com
forte repressão política.O governo do Estado Novo garante
grande avanço nas políticas sociais e econômicas pela implantação de ampla legislação trabalhista e o apoio à industrialização, com projetos oficiais nas estratégicas áreas siderúrgica e petrolífera.Em 1943 Getúlio Vargas cria o SENAI
e o SESI.Entra em vigor um novo conjunto de regras trabalhistas, com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),
que sistematiza e amplia a legislação trabalhista.
A oposição ao Estado Novo havia crescido entre intelectuais, estudantes, religiosos e empresários, Vargas perdeu o controle da situação. Em 29 de outubro de 1945, è
pressionado pelos ministros militares a deixar o poder. Renuncia e volta para São Borja. Reeleito presidente da República em 1950, pelo Partido Trabalhista Brasileiro e apoio
de Ademar de Barros, então influente político paulista e do
seu partido PSP, Partido Social Progressista, Vargas toma
posse e preside o país até 1954.
Reprisando a política do Estado Novo, retoma a
política nacionalista e populista do seu governo. Implanta o
monopólio estatal do petróleo, cria a Petrobras, em outubro
de 1953, e nacionaliza a produção da energia elétrica com a
Eletrobrás. As correntes nacionalistas o apoiam e apostam
na industrialização do país como motor do crescimento
econômico. É combatido pela oposição conservadora, de
civis e militares. As Forças Armadas exigem a sua renúncia. Vargas suicida-se com um tiro no peito na madrugada
de 24 de agosto de 1954.
Paraná era governado, na ocasião, pelo governador
Afonso Alves de Camargo, deposto em 5 de outubro de
1930, sendo nomeado em seu lugar, como Interventor Federal, Mário Alves Monteiro Tourinho, natural de Antonina.
Em julho de 1932, é substituído por Manoel Ribas, natural
290
de Ponta Grossa, nomeado por Getúlio Vargas, como Interventor, ocupou o cargo até 1945, por 13 anos consecutivos.
Com a queda do Estado Novo de Getúlio Vargas,
em 1945, e após cinco governadores provisórios, em 1947,
assume o governo do Estado do Paraná, Moysés Wille Lupion de Troia, governa até 1951, quando passa o governo
para Bento Munhoz da Rocha Neto. Em 1956 Moysés Lupion volta a governar o Paraná, até 31 de janeiro de 1961.
Em outubro de 1955, Juscelino Kubitschek de Oliveira é eleito presidente da República, tendo como vice
João Goulart. Juscelino toma posse em 1956, com um discurso desenvolvimentista e anuncia o lema “cinqüenta anos
(de progresso) em cinco” (de governo).Seu Plano Nacional
de Desenvolvimento, privilegia os setores de energia, transporte, alimentação, industria de base e educação.
Com os investimentos externos, Kubitschek estimula a diversificação da economia nacional. Em 1957, Kubitschek inicia a construção de Brasília a nova capital do país,
localizada no Planalto Central, em Goiás. A cidade-símbolo
da integridade nacional é inaugurada em 1960. Juscelino sai
do governo deixando grande crescimento econômico, baseado na industrialização.
Em 1961, Jânio Quadros vence as eleições para a
Presidência da República e João Goulart é eleito para vice.
Jânio renuncia sete meses depois e o vice-presidente João
Goulart assume o governo. De tendência esquerdista, é destituido em 31 de março de 1964, por um golpe militar que
implanta o “Regime Militar”, que vai até 1985. O período é
marcado por autoritarismo, surpressão dos direitos constitucionais, perseguição política e militar, prisão e tortura dos
opositores e censura prévia dos meios de comunicação.
O general Humberto de Alencar Castello Branco é
eleito presidente, pelo Congresso Nacional. Segue o general Artur da Costa e Silva, eleito para a Presidência em
291
1967. Em 1969, assume o general gaúcho Emilio Garrastazu Médici. Em 1974, assume o general gaúcho Ernesto Geisel. É iniciada a abertura política. Em 1979, assume a Presidência o general fluminense João Batista de Oliveira Figueiredo. Acelera a abertura política iniciada no governo
Geisel. O regime militar governa o país por 21 anos.
Em 1985, Tancredo Neves é eleito presidente da
República pelo Colégio Eleitoral, não chega a tomar posse,
na véspera é internado no hospital gravemente doente, onde
morre. Seu vice José Sarney assume o cargo. No seu governo a inflação marca seu recorde nacional, chega a 225% ao
mês, 2.708,39% ao ano. A situação econômica estava insustentável. No peródo até 1994 a moeda brasileira foi muito
desvalorizada e muda de nome cinco vezes: cruzeiro, cruzado, cruzado novo, cruzeiro, cruzeiro real e real.
Em 1994, é eleito para presidente da República, o
sociólogo Fernando Henrique Cardoso. As principais medidas do governo estão ligadas à estabilidade econômica e às
reformas constitucionais. Para estabilizar a economia lança
o Plano Real. Abre a economia ao capital estrangeiro e privatiza estatais. É reeleito em 1998, para mais um mandato
de quatro anos. Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-metalúrgico
e ex-sindicalista, concorre à Presidência e é derrotado por
três vezes.Vence em 2002 e se reelege em 2006. Faz um
governo populista, com tendência esquerdista.
*
O Brasil é uma república federativa composta por
26 Estados e Distrito Federal. Localizado na porção centrooriental da América do Sul, é o maior país do Hemisfério
Sul e quinto maior do mundo, com 8.514.876,6 km² de área. Limita-se ao norte com a Guiana Francesa, o Suriname,
Guiana e as Repúblicas da Venezuela e Colômbia. A oeste
com as Repúblicas, do Peru, Bolívia, Paraguai e Argentina,
292
ao sul com o Uruguai, a sudeste, leste e nordeste com o
oceano Atlântico.
A extensão da costa no Atlântico é de 7.920 km, que
se estende da Foz do Rio Oiapoque, no Cabo Orange, ao
norte, e Arroio Chui na fronteira do Uruguai, ao sul. Os
pontos extremos do país são - ao norte, a nascente do rio
Ailã, na Serra do Caburaí, na fronteira de Roraima com a
Guiana; ao sul, o Arroio Chui, na fronteira do Rio Grande
do Sul com o Uruguai; a leste, a Ponta do Seixas, na Paraíba; a oeste, a nascente do Rio Moa, na Serra da Contamana
(Serra do Divisor), na fronteira do Acre com o Peru.
O Brasil é dono de grandes diferenças geográficas,
climáticas, econômicas e sociais. A linha equatorial corta a
Amazônia na altura da cidade de Macapá (Amapá) no extremo norte.O trópico de Capricórnio cruza o território nacional sobre a cidade de São Paulo. Possui clima equatorial,
tropical de altitude, tropical atlântico, sub-tropical, semiárido e árido no nordeste.A condição de ser um país tropical
resulta da combinação de sua posição geográfica e seu relevo modesto,com médias altimétricas inferiores a 1000 metros, constituindo exceção às áreas realmente montanhosas.
O relevo brasileiro tem formação antiga e resulta
principalmente da ação das forças internas da Terra e da
sucessão de ciclos climáticos, cuja alternância de climas
quentes e úmidos com áridos e semi-áridos, favorece o processo de erosão. O país é formado por planaltos cristalinos
e de planaltos sedimentares, com apenas 3% do território
constituindo área montanhosa acima de 900 metros de altura. As baixas altitudes, conjugadas com a localização geográfica, levam à predominância dos climas quentes, do tipo
tropical ou equatorial; à presença de extensas áreas de florestas quentes e úmidas, de campos, cerrados e caatingas.
A baixa altitude dos planaltos brasileiros provém da
antiguidade de suas origens. Enquanto as grandes cordilhei293
ras do mundo contemporâneo se formaram no Período Terciário, há uns 65 milhões de anos, o Escudo Brasileiro remonta a mais antiga das eras geológicas - o Pré-Cambriano.
Os terrenos arqueozóicos do Pré-Cambriano, formados há
mais de 3,5 bilhões de anos, e por isso fortemente rebaixado pela prolongada erosão, denominam-se “complexo brasileiro”, que ocupa 1/3 da superfície do país.
Os terrenos proterozóicos (Pré-Cambriano, mais recente), formaram-se há cerca de 2 bilhões de anos, ocupam
4% da superfície do país. Os escudos mais antigos e rígidos caracterizam-se pela presença de rochas cristalinas e
estão associadas à existência de jazidas de minerais metálicos como o ferro, manganês, ouro, níquel, chumbo, bauxita,
pedras preciosas e minerais atômicos.
O Brasil possui 64% do território formado por bacias sedimentares, 36% por escudos cristalinos. Em sua
grande parte, as estruturas geológicas mais antigas, no caso
das bacias sedimemtares datam da Era Paleozóica à Mesozóica.As bacias sedimentares formaram-se a partir do acúmulo de sedimentos em depressões.È um terreno rico em
combustíveis fósseis,como carvão, petróleo, gás natural e
xisto.Foi descoberta pela Petrobrás, em 2007, uma grande
reserva de gás e petróleo no megacampo de Tupi, na Bacia
de Santos. A faixa litorrânea do Sudeste abriga outras importantes jazidas, situadas na Bacia de Campos, na plataforma continental, e em águas profundas e ultraprofundas
do pré-sal.
A área total do pré-sal cobre uma faixa de 800 quilômetros de comprimento por 200 quilômetros de largura
máxima, do norte de Santa Catarina, ao sul do Espirito Santo. O pré-sal é a camada que fica abaixo de uma espessa
acumulação de sal, nas profundezas do oceano, situa-se de
5 a 8 mil metros de profundidade. As mais importantes reservas de petróleo e gás estão sob essa camada de sal, for294
mada há 100 milhões de anos, no Cretáceo, período de separação dos continentes americano e africano. As grandes
reservas de carvão mineral é explorado em Santa Catarina a
céu aberto.O gás natural também é extraído, no sul do país,
das jazidas de xisto betuminoso (rocha metamórfica contendo hidrocarbonetos).
O Escudo Brasileiro manteve suas altitudes mais
elevadas em dois extensos planaltos, separados entre si por
terras baixas, platôs e planícies: o Planalto das Guianas e o
Planalto Brasileiro. O das Guianas ocupa o norte da Amazônia. Eleva-se no sentido sul-norte, atingindo a média de
600 metros na fronteira do Brasil com a Venezuela e as
Guianas.
Nesse ponto constitui-se uma região serrana, com
picos isolados e os pontos culminantes do país: o pico da
Neblina (3014 m) e o pico 31 de março ( 2992 m), ambos
na Serra Imeri, no Estado do Amazonas, e o pico Roraima
(2727 m) na Serra do Paracaima, em Roraima, fronteira
com a Guiana. O Planalto das Guianas ultrapassa as fronteiras brasileiras, penetrando nos países limítrofes. Quanto ao
Planalto Brasileiro, ocupa o conjunto de terras altas situadas
ao sul do rio Amazonas, subdivide-se em cinco planaltos
menores: o Central, do Meio-Norte, da Borborema, o Atlântico e Meridional.
O Planalto Central domina a faixa sul da Amazônia,
a maior parte do território norte de Mato Grosso, estendendo-se para leste, até o vale do São Francisco.
O Planalto do Meio-Norte engloba o norte de Goiás, o Maranhão e o Piaui, indo desde o nordeste do Pará até
o noroeste do Ceará.
O Planalto da Borborema, ou Nordestino, é marcado pelas escarpas da Serra da Borborema, próxima ao litoral, que se projeta para o interior, desde o Ceará e Rio
Grande do Norte até a Bahia.
295
O Planalto Atlântico estende-se desde a Bahia até o
litoral de Santa Catarina, constitui o conjunto de blocos
cristalinos que se alinham acompanhando o litoral. Nos
rebordos do planalto há duas serras: a Serra do Mar e a da
Mantiqueira, é onde se encontram as maiores altitudes do
Planalto Brasileiro: o pico da Bandeira (2890 m), e o das
Agulhas Negras (2787 m).
O último constituinte do Planalto Brasileiro é o Planalto Meridional, sua periferia elevada estende-se do Rio
Grande do Sul até o Paraná e São Paulo, prosseguindo pelo
sudoeste de Minas Gerais, sul de Goiás e Mato Grosso;
prolongando-se pelo Paraguai, Argentina e Uruguai.
A região do Pantanal Mato-Grossense é a mais típica planície do país, localizando-se nos rebordos ocidentais
do Planalto Brasileiro. Chega a atingir 500 quilômetros de
extensão (no sentido norte-sul) e mais de 200 quilômetros
de largura, apenas no território nacional, é parte das planícies chaco-pampeanas. Periodicamente é invadido pelas
águas, em especial às do Rio Paraguai e seus afluentes.
As divisões regionais do território foram estabelecidas no decorrer da história do Brasil. Com a Constituição
de 1988, fica definida a nova divisão, foram criadas cinco
regiões: Centro-Oeste, Nordeste, Norte, Sudeste e Sul. O
objetivo é reunir estados com traços físicos, humanos, econômicos e sociais comuns, o que ajuda no planejamento de
políticas voltadas para áreas com necessidades semelhantes.
A região Centro-Oeste, é formada pelos estados de
Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e pelo Distrito
Federal. O relevo da região, localizada no extenso Planalto
Central, caracteriza-se por terrenos antigos e aplainados
pela erosão, que originaram os chapadões. A oeste do estado de Mato Grosso do Sul e a sudoeste de Mato Grosso
encontra-se a depressão do Pantanal Mato-Grossense, cortado pelo rio Paraguai e sujeita à cheias durante parte do
296
ano. É a maior bacia inundável do mundo, com plantas e
fauna diversificada. Nos planaltos a vegetação é de cerrado.
A economia do Centro-Oeste baseia-se na agricultura e pecuária. A transferência da capital federal do Rio de
Janeiro para Brasília, em 1960, acelera o povoamento da
região e contribui para seu desenvolvimento. A agroindústria é o setor econômico mais importante da região. Ela é a
maior produtora de soja, algodão, girassol, arroz, milho e
cana-de-açucar. Centro-Oeste também possui o maior rebanho bovino do país. As indústrias são principalmente do
setor de alimentos e de produtos como adubos, fertilizantes
e rações, além de grandes frigoríficos e usinas de etanol.
O crescimento econômico da região deve-se, sobretudo, ao bom desempenho do setor agropecuário. A grande
produção de grãos beneficia a indústria e o comércio de
exportação. A adaptação da soja ao solo do cerrado devastou grande parte da vegetação local e a cultura do grão avança para o norte do Mato Grosso, rumo à floresta Amazônica, que está sendo ameaçada de destruição.
A região Nordeste, é formada pelos estados de Maranhão, Piauí, Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte,
Alagoas, Sergipe, Paraíba e Bahia.A maior parte do território nordestino é constituído e aplainado pela erosão. O rio
São Francisco é o maior da região e a única fonte de água
perene para as populações que habitam suas margens, banha Minas Gerais, Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco.
Outro rio importante é o rio Parnaíba. Nasce no Maranhão,
corre para o norte numa extensão de 1.766 km, faz divisa
entre Maranhão e Piauí, a bacia ocupa uma área de 330
mil km², deságua no Atlântico formando um delta oceânico.
Além da beleza da paisagem do Delta do Parnaíba,
surge um cenário de ilhas, lagoas, igarapés e praias de areia
fina, dunas e coqueirais. No Piauí existem mais de setecentos importantes sítios arqueológicos: da Serra da Capivara
297
guarda evidências de humanos que viveram na região há 60
mil anos, o lugar foi descoberto em 1973, durante uma expedição dirigida pela arqueóloga francesa Niéde Guidon.
Abriga ainda, o sitio das Sete Cidades onde se encontram formações rochosas estranhas e cavernas com pinturas rupestres. Até 9 mil anos atrás, naquela região corriam
rios caudalosos e toda a área era coberta por densa floresta
tropical, habitada por preguiças e tatus gigantes, tigresdente-de sabre, mastodontes e cavalos selvagens, fauna
pintada nas paredes das cavernas de rocha calcária.
Na Formação Santana em Alagoas, encontra-se um
lago salino do Período Cretáceo, no depósito pelágico foram encontrados fósseis de libélulas e escorpiões gigantes.
O paleontólogo padre Giuseppe Leonardi encontrou pegadas fósseis de até 80 cm de diâmetro em Araraquara, SP
(1980). O paleontólogo Fausto Luis de Souza Cunha, identifica fóssil de mamífero conhecido como Xenoungulado,
de 70 milhões de anos, em Itaboraí, RJ. (1982).
Por causa das diferentes características físicas que
apresenta a Região Nordeste encontra-se dividida em quatro
sub-regiões: o meio-norte, zona da mata, agreste e sertão,
de clima semi-árido. A vegetação de caatinga e cerrado
ocupa quase todo o território e a faixa litorânea é coberta
por vegetação de restinga e salinas. A agricultura e a pecuária sofrem com os longos períodos de seca. A terra é fértil,
quando chove, as lavouras produzem milho, feijão, arroz,
algodão, cana-de-açucar, cacau, café, côco-da-baía, banana.
Paralelamente é praticada a agricultura irrigada no
Vale do São Francisco. Novas culturas são implantadas na
região, o cultivo de frutas tropicais, como manga, acerola,
melão, uva de mesa e tomate. A pecuária e o setor avícola
registram um aumento considerável nos últimos anos.A boa
adaptação dos caprinos ao clima semi-árido faz com que o
Nordeste tenha o maior rebanho do país.
298
A Bahia é o maior e mais populoso estado do Nordeste, abriga a maior proporção de negros e mulatos do
Brasil, a cultura africana tem grande influência na vida
cultural do Estado. Com a mais extensa faixa litorânea do
Brasil, tem praias famosas, como as de Porto Seguro, Ilhéus, Trancoso, Praia do Forte, Costa do Sauípe. Possui
grande diversidade de atrações naturais, na região central
destaca-se a chapada Diamantina, com inúmeras grutas,
cachoeiras e cavernas. Na entrada da Baía de Todos os Santos está situada a cidade turística de Salvador.
O processo de modernização é marcado pela descoberta e pela exploração do petróleo no Recôncavo Baiano, e pela construção da Usina Hidrelétrica de Paulo Afonso, de Luiz Gonzaga e de Sobradinho no rio São Francisco.
Incentivos fiscais favorecem a implantação do Pólo Industrial de Aratú e do Pólo Petroquímico de Camaçari, na região metropolitana de Salvador.
O Nordeste é a região mais pobre do país. No fim do
século XIX, o ciclo da borracha na Amazônia dá início à
migração dos nordestinos, que aumenta no século XX para
a Região Sudeste, principalmente para a cidade de São Paulo,o maior destino dos retirantes, e para o Centro-Oeste,
com a construção de Brasília.Além da atração econômica
de outras regiões,os grandes fluxos migratórios são motivados pelos longos períodos de seca, e, sobretudo, pelas precárias condições de vida, mesmo nas regiões não atingidas
pela estiagem.O nordestino migra, fugindo da seca e fome.
O grande número de cidades litorâneas com lindas
praias de areia fina e águas tépidas contribuem para o desenvolvimento do turismo no Nordeste. A cidade de Fortaleza, capital do Ceará, é um dos centros turísticos mais
procurados do Brasil, pelas famosas praias, pelo clima tropical e pela excelente culinária. Ao sul do Estado situa-se a
Floresta Nacional do Araripe ende está a maior concentra299
ção de fósseis do Período Cretáceo (entre 140 e 65 milhões
de anos atrás).
Na Bahia, região central do Estado destaca-se o Parque Nacional da Chapada Diamantina, apresentando inúmeras formações rochosas, rios e cachoeiras, entre outras, a
Cachoeira da Fumaça que despenca de 340 metros de altura. Grutas e cavernas, com formações de estalactites da Era
Paleozóica de 900 milhões de anos atrás, e achados de fósseis de trilobitas no interior das cavernas. Ao longo de
7.920 quilômetros de extensão, o litoral brasileiro, além de
belas praias, possui manguezais, lagoas, coqueirais, serras e
dunas de areia. No litoral do Rio Grande do Norte estão
alinhadas imensas dunas de sal.
As cidades mais visitadas por estrangeiros são do
Nordeste, como Salvador, Fortaleza e Natal A cidade de
Recife, com forte atrativo turístico e comercial vem se consolidando como centro de excelência em eletroeletrônica
graças às pesquisas realizadas nos laboratórios da Universidade Federal de Pernambuco.
A Região Norte, é formada pelos estados de Amapá,
Roraima, Amazonas, Pará, Tocantins, Acre e Rondônia.
Localizada entre o maciço das Guianas, ao norte, o planalto
Central, ao sul, a Cordilheira dos Andes, a oeste, e o Oceano Atlântico a noroeste, a Região Norte é banhada pelos
grandes rios das bacias, Amazônica e do Tocantins. A maior parte da região apresenta clima equatorial. A floresta
amazônica possui a vegetação mais abundante, e é uma das
áreas de maior biodiversidade do planeta.
A Região Norte detém 85,26 % das áreas indígenas,
cerca de 200 mil índios vivem nessa região. No Pará, em
cavernas no sitio da Pedra Pintada, em desenhos rupestres
há indicios de presença humana datados de 11.300 anos. O
crescimento econômico ocorre à custa do aumento da pecuária extensiva, do avanço da agricultura ao sul e ao leste da
300
região, das ações ilegais de madeireiros e das pressões urbanas para obras de infra-estrutura. O sucesso das plantações de soja no Centro-Oeste abre novas fronteiras agrícolas em direção à Região Norte.
A economia baseia-se no extrativismo vegetal de
produtos como látex, açaí, madeira e castanha.A região é
também muito rica em minérios, lá está a serra dos Carajás,
no Pará, a mais importante área de mineração do país, de
onde se extrai grande parte do minério de ferro brasileiro
exportado, de cobre e de ouro. A serra do Navio no Amapá
é rica em manganês. A Zona Franca de Manaus investe em
infra-estrutura e oferece incentivos fiscais para que indústrias se estabeleçam na região.
A Região Sudeste, formada pelos estados de Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Situase na parte mais elevada do planalto Atlântico, onde estão
as serras da Mantiqueira, do Mar e do Espinhaço. No seu
relevo destacam-se os planaltos com escarpas e depressões.
Os climas predominantes na região são o tropical úmido e o
tropical semi-úmido, com geadas ocasionais. No litoral do
Espírito Santo, ao sul da capital Vitória, localiza-se a cidade
de Guaraparí, com praias conhecidas pela areia monazítica.
A mata tropical nativa que cobria o litoral foi devastada durante o povoamento e no período de expansão do
cultivo do café. No noroeste do estado de Minas Gerais
predomina a vegetação de cerrado que se caracteriza, principalmente, pela presença de pequenos arbustos e árvores
retorcidas, com casca grossa e folhas recobertas de pelos.
O solo revestido de gramíneas é deficiente em nutrientes e com alta concentração de alumínio dá à mata uma
aparência seca, de savana tropical. No vale do rio São Francisco e por todo o norte da região encontra-se a caatinga,
formada por pequenas árvores de galhos espinhosos e de
folhas rígidas, ocorrem também às cactáceas espinhosas,
301
plantas destituídas de folhas, de caule oblongo e grosso,
com amplas reservas de água.
No começo do século XVIII, depois do fim do ciclo
da cana-de-açucar no Nordeste e da descoberta das grandes
jazidas de ouro e diamantes em Minas Gerais, o coração
econômico do Brasil-colônia deslocou-se para o triângulo
formado por São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Com a corrida do ouro em Minas, foram fundadas as cidades históricas de Ouro Preto, Mariana, Tiradentes, Sabará,
Diamantina e São João del Rei, que prosperaram em função
do ciclo do ouro. São a principal atração turística e patrimônio de arquitetura e arte colonial. Outra atração são as
estâncias hidrominerais, como São Lourenço, Caxambú e
Poços de Caldas.
A região do Triângulo Mineiro era chamada de Sertão do Novo Sul, Geral Grande ou Sertão da Farinha Podre.
Essas plagas eram dominadas pelos indígenas araxás, donos
legítimos da terra. Havia notícias da abundância de ouro na
região, e profusão de diamantes no rio Bagagem, fato que
empolgava as mentes e incentivava as ondas de garimpeiros
para o Sertão do Novo Sul.
O núcleo inicial da colonização do Sertão Grande se
originou no Arraial das Abelhas, depois Desemboque. Em
torno do Desemboque nasciam aldeias ocupadas pelos garimpeiros à procura de ouro e diamantes. Entre elas a aldeia
de São Domingos, hoje Araxá, Farinha Podre (cidade de
Uberaba), Arraial da Ventania hoje cidade de Araguari,
Vila de N.S. da Saúde de Poços de Caldas, Nossa Senhora
do Patrocínio do Salitre, São Pedro de Uberabinha, hoje
importante cidade de Uberlândia. Todos os dias surgiam
novos acampamentos, vilas e cidades.
Nasceram inúmeros centros urbanos, destacando-se
Araxá, notável cidade turística, famosa pelas fontes de água mineral sulfurosa, fontes radioativas, o Grande Hotel
302
de Araxá e as Termas. Surgiam por todo o território do Triângulo Mineiro, fazendas iniciais de criação de gado, ocupando os cerrados. As terras de cultura do Sertão da Farinha
Podre é o mais fértil território das Minas Gerais.
Atualmente é uma das mais prósperas regiões do
Sudeste. Seu clima é ameno e saudável. Triângulo Mineiro
é hoje a terra dos grandes rebanhos de gado, de fazendas
agrícolas, na sua maioria mecanizadas, com extensas plantações de soja, milho e cafezais a perder de vista. Grandes
extensões de terra estão ocupadas com o cultivo da canade-açúcar para produção do etanol, combustivel.
Com quase todo território localizado em planaltos,
Minas Gerais tem uma paisagem marcada por montanhas,
vales e grutas, com o pico da Bandeira, na serra do Caparaó, com 2890 metros de altitude. Em 1975, foi encontrado
pelo arqueólogo brasileiro Walter Neves, no sitio arqueológico da Lapa Vermelha em Minas Gerais, um fóssil humano de 11 mil anos. No crânio feminino encontrado descobriram-se feições aborígenes ou australo-melanésias. Os
antepassados do fóssil devem ter chegado à América vindo
do Sudeste Asiático. Batizada como Luzia, a mulher de
traços fortes, lembra os aborígenes da Austrália.
Localizam-se em Minas Gerais as nascentes de duas importantes bacias hidrográficas, a do rio Paraná e a bacia do São Francisco. O rio São Francisco nasce na serra da
Canastra, tem 3161 km de extensão, forma uma bacia de
645.067 km². Além de importante para a navegação o São
Francisco possui bom potencial hidrelétrico.Nele estão instaladas as usinas de Paulo Afonso e Sobradinho na Bahia;
Moxotó em Alagoas,Três Marias, Furnas em Minas Gerais.
A Região Sudeste abriga as três mais importantes
metrópoles nacionais - São Paulo, Rio de Janeiro e Belo
Horizonte. Formam as maiores regiões metropolitanas do
país, reunindo 20% da população. O Sudeste responde pela
303
maior parcela da riqueza do Brasil. Movimentada pelas
maiores montadoras e siderúrgicas do país, a produção industrial da região é diversificada. A Região é o maior parque industrial do Brasil.
Em 1727, o militar e sertanista paraense, Francisco
de Melo Palheta traz as primeiras mudas e sementes de café
para o Brasil, contrabandeadas da Guiana Francesa. O cultivo é iniciado no Pará e, décadas depois, as mudas vão
sendo plantadas ao redor de São Paulo. Estendendo-se as
lavoras por outras regiões, o café ganha o interesse dos
grandes proprietários. Das pequenas plantações nas vizinhanças da corte entre 1810 e 1820, os cafezais espalhamse por todo o vale do Paraíba. No inicio do século XX, cobrem extensas faixas de terra desde o norte do Estado do
Paraná até o Espírito Santo. O café torna-se o principal produto agrícola do país, fazendo dos cafeicultores, concentrados no Sudeste, conhecidos como “barões do café “, a elite
econômica e política brasileira até meados do século XX.
Os serviços e o comércio são os principais ramos de
atividade e representam a maior parte da riqueza da Região
Sudeste. A agricultura demonstra elevado padrão técnico e
boa produtividade O extenso cultivo do café, soja, cana-deaçucar, milho, feijão, laranja, está entre os mais importantes
do país. O Sudeste também possui riqueza mineral, como as
jazidas de ferro e manganês na serra do Espinhaço. Da Bacia de Campos, no Rio de Janeiro, sai a maior parte do petróleo brasileiro.Com a descoberta de nova reserva petrolífera localizada na Bacia de Santos, o Sudeste consolida-se
como a nova fronteira para a exploração do petróleo e gás
natural do país.
São Paulo é o estado mais populoso e com maior
parque industrial, responsável por sua liderança na produção econômica do país. Marcado pela imigração, o estado
recebeu italianos, portugueses, espanhóis, alemães, japone304
ses, judeus, sírios e libaneses, que ajudaram a construir sua
riqueza, sua história e seus costumes. A agropecuária paulista é diversificada e de bom padrão tecnológico.
O Estado de São Paulo detém a liderança no cultivo
de cana-de-açucar e laranja, além de ser um dos maiores
produtores de grãos, café, leite e aves. O setor de serviços e
comércio, que responde por 66,5% da economia do estado,
emprega quase 2 milhões de pessoas. A cidade de São Paulo é a capital brasileira do turismo de negócios, onde o comércio varejista é o maior empregador.
A Região Sul, faz fronteira a oeste com Paraguai e
Argentina, ao sul com Uruguai, a leste com oceano Atlântico. É formada pelos estados do Paraná, Santa Catarina e
Rio Grande do Sul. A excessão do norte do Paraná, onde
predomina o clima tropical, na Região Sul o clima dominante é o subtropical, com temperaturas mais baixas registradas durante o inverno, com surgimento de geadas e ocasionalmente de neve, nas serras catarinenses e gaúchas. A
vegetação acompanha essa variação da temperatura, nos
locais mais frios predominam as matas de araucárias e nos
pampas os campos de gramíneas.
Das grandes florestas de araucária que povoavam as
regiões do Paraná e de Santa Catarina até o inicio do século XX, restou pouco desses pinheirais. Uma das mais importantes florestas subtropicais do mundo está quase dizimada, por causa da excelência da sua madeira para a construção e do desmatamento para colonização da região.
A Região Sul possui grande potencial hidrelétrico,
destacando-se a grande usina hidrelétrica binacional de Itaipu, construída no rio Paraná, na fronteira com o Paraguai. O rio Paraná se forma da junção de dois rios: o Paranaíba que desce da serra da Mata da Corda, no Triangulo
Mineiro e do rio Grande, que nasce na serra da Mantiqueira. Unem as suas águas na divisa entre Mato Grosso do Sul,
305
Minas Gerais e São Paulo, tem cerca de 4.390 km de extensão desde a nascente até a foz no Atlântico.A bacia do rio
Paraná abrange cerca de 880 mil km². Apresenta o maior
aproveitamento hidrelétrico do Brasil.
Os afluentes do rio Paraná, também contam com
grande potencial para a geração de energia. O rio Grande
abriga as usinas hidrelétricas de Água Vermelha e de Marimbondo, o rio Tietê a usina de Três Irmãos, na foz do
Tietê está à usina hidrelétrica da Ilha Solteira, mais abaixo
fica a de Jupiá, e na foz do Paranapanema fica a usina de
Porto Primavera. O rio Paranapanema abriga as usinas de
Capivara e Taquaruçú. No rio Iguaçu, afluente do Paraná,
foram construídas várias usinas hidrelétricas, entre elas, a
de Foz do Areia, Salto Santiago, Salto Osório, Salto Caxias.
O rio Iguaçu forma-se da junção de múltiplos pequenos regatos que se originam na encosta da Serra do Mar,
no município de Piraquara, no Paraná, e diversos afluentes
que recebe no seu trajeto pelo solo paranaense. Tem 1320
km de extensão. Na sua foz, na fronteira entre o Brasil e a
Argentina forma as “Cataratas do Iguaçu”, com 62 metros
de altura, despenca as águas numa faixa de 3700 metros de
largura em várias quedas sucessivas, formando um panorama espetacular admirado por milhares de turistas.
O uso de técnicas agrícolas modernas propicia boa
produtividade às culturas de café, milho, trigo, arroz, feijão
e tabaco. Os estados do Sul são os maiores produtores do
país de soja, trigo, milho, batata, mel, cebola, maçã e uva.
Grandes rebanhos bovinos são criados nos pampas gaúchos
e nos pastos formados do Paraná. A criação de aves e suínos em Santa Catarina e Paraná, também é importante fonte de renda. Como nas outras regiões, o setor de serviços
responde pela maior parte das riquezas dos estados sulistas.
Depois vem a indústria, com destaque para os setores metalúrgico, automobilístico, têxtil, e grandes frigoríficos.
306
Após a abolição, houve necessidade premente de
mão-de-obra para as plantações de cana-de-açucar e algodão do Nordeste, de cana-de-açucar e café no Sudeste, de
café e outras lavouras no Sul. D. Pedro II autoriza a entrada
de imigrantes europeus, para tanto envia agentes de seu
governo para angariar mão-de-obra na Europa. No final do
século XIX e inicio do século XX, tanto o Brasil como a
Argentina receberam uma imigração maciça, principalmente de italianos, espanhóis, portugueses, alemães, holandeses, poloneses, ucranianos e outras etnias do leste europeu.
Os imigrantes europeus contribuem grandemente
para o desenvolvmento da economia, baseada na pequena
propriedade rural de policultura. Multidões chegam ao sul e
se fixam no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.
Com a colonização do norte do Paraná houve um grande
fluxo de imigrantes japoneses para as lavouras de café na
região.Como reflexo de sua melhor condição de vida, comparativamente aos habitantes de outras regiões do país, os
moradores do Sul têm uma expectativa de vida maior.
Da intensa miscigenação de raças que se processa
no território nacional, desde os primórdios da colonização
portuguesa, resultou a grande variedade de tipos étnicos que
compõe a população brasileira. Para a formação do povo
brasileiro contribuíram as diversas nações indígenas que
habitavam o país na época do descobrimento; os colonizadores portugueses; os escravos africanos; as sucessivas correntes migratórias de europeus de diversas nacionalidades,
e o elemento japonês, que começou a desembarcar no Brasil na metade do século XX..
Atualmente o Brasil possui 194,2 milhões de habitantes (2008). Na composição étnica da população brasileira, os brancos respondem por 49,7%, os pardos 42,6%, pretos 6,9%, os amarelos 0,5 e os indígenas 0,3%.Na Bahia
307
concentra-se a maior população negra 15,7% e no Rio de
Janeiro 12%.
A QUESTÃO DO ACRE.
O Estado do Acre é situado no extremo oeste da Região Norte, faz fronteira com o Peru pela serra do Divisor, e
pela confluência dos rios Beni, Mamoré-Guaporé com a
Bolívia. Todo o território era originariamente coberto pela
Floresta Amazônica, rica em seringueiras de onde se extrai
a borracha. O transporte fluvial, concentrado nos rios Juruá
e Moa, a noroeste do estado, e Tarauacá, Envira e o Purús,
a sudoeste, é o mais importante meio de circulação. Na verde superfície extensa da planície amazônica dois rios grandes, muito semelhantes, o Purús e o Juruá, lançam suas águas no Solimões, que adiante toma o nome de Amazonas.
Esses cursos d’água cujas fontes brotam nos contrafortes andinos fluem quase paralelamente, transportam a
riqueza do sertão, a borracha, que definiram impulso desbravador aquela região, a partir do começo do século XIX.
Sulcaram estes rios, inúmeros coletores de plantas medicinais, contrabandistas e aventureiros, a cata de aves raras e
animais para comercializar na Europa.
O Acre foi a última grande área a ser incorprada ao
Brasil. Pelos acordos de limites do período colonial, confirmados no Império, o território pertencia à Bolívia, com
uma pequena parte reinvidicada pelo Peru.Em 1867,foi firmado o Tratado de Ayacucho, que fixa a fronteira, entre os
dois países na confluência dos rios Beni e Mamoré.
A façanha brasileira de desbravamento conquista o
domínio do que é hoje o estado do Acre. Devido à tenacidade e coragem do cearense, que fugindo da grande estiagem que afligiu a sua terra natal, no decorrer dos anos 1877
a 1879. Quando o Ceará foi flagelado por terrivel seca, o
interior do Amazonas começou a povoar-se.
308
Levas numerosas de flagelados da seca aportavam a
Belém e Manaus, com o organismo combalido pela fome, e
eram logo recrutados pelo comércio e embarcados nos vapores para a longa e torturante jornada da qual muitos nunca mais voltavam, mortos nas barracas pelas endemias reinantes e peculiares às regiões tropicais Os empreiteiros
largavam esses homens seminus e esqueléticos aqui e ali, à
margem dos rios navegáveis, com grande quantidade de
mantimentos, armas e munições, a mercê da sorte, para a
colheita do látex da seringueira.
Todo o imenso vale do rio Amazonas encheu-se de
cearenses, tangidos da terra natal pelo fenômeno climático
assolador, que secava os rios, despovoava os lares, tornava
ermos os campos, transformava terras verdejantes em áridas
estepes da morte.Fugitivos da seca do Nordeste povoaram
os sertões entre Juruá e Purus, ricos em seringais nativos.
Foram assim se formando os seringais, constituindo
as propriedades da terra, se arraigando no espírito daquela
gente inculta a idéia da soberania do Brasil, incontestável e
única sobre todos aqueles rios de águas caudalosas e de
todas aquelas exuberantes e opulentas florestas onde a seringueira era uma mina inesgotável e o seringueiro a figura
triunfante. E não mais parou a onda povoadora.
O Ceará despovoava-se em benefício da Amazônia.
O Amazonas tornou-se o refúgio predileto do cearense acossado pela seca. O povoamento foi sempre crescente.
Expulsos da terra natal pela inclemência do sol, penetraram
ousadamente a mata opressora em cujo seio úmido a morte
imperava. Subiram os largos rios em cujas margens dominava o índio, que se precavia, se amoitava nas sebes e no
cimo das árvores, de tocaia, a espreita do invasor para expulsá-lo, ou matá-lo.O cearense ia à cata da seringueira, na
floresta virgem, disputando ao silvícola a terra e a água, e
ao clima inóspito a própria vida.
309
Vieram, nessas levas de desesperados, homens ousados e inteligentes na sua rudeza de sertanejos, que souberam reviver o período colonial da conquista dos sertões
bravios.Foi uma verdadeira colonização que se operou nas
florestas amazônicas, remontando à esse tempo a intensificação da industria extrativa da borracha. Milhares de seringueiros ficaram sepultados nos barrancos, abatidos pelas
doenças tropicais, como a malária e a febre amarela, pelas
lutas com os indígenas ou atacados por animais selvagens.
Milhares triunfaram e se fixaram na região, tornando-se donos de seringais vastos, tão grandes que nem eles
mesmos lhes conheciam os limites, conquistados palmo a
palmo ao índio e ao impaludismo, e cuja posse a arma de
fogo assegurava, marcando-a indelével com o sangue do
indígena..A contribuição da região acreana na produção e
no desenvolvimento da industria extrativa da borracha noAmazonas foi incalculável.
O povoamento, encaminhado pelo comércio, de preferência às bacias do Juruá e Purús, onde a seringueira era
abundante e o clima era menos hostil. A extração do látex
da borracha nos seringais era precedida pela demarcação da
área a ser coletada. Destinavam aquele trabalho à homens
nordestinos, mestiços índios e a raças ainda não sofisticadas. Não era fácil, embrenhar-se na selva à procura das seringueiras, manejar os facões específicos para cortar a casca
da árvore e colocar o suporte para recolher o látex. As ferramentas de trabalho dos seringueiros eram o facão, o machado, foice e a serra. Eram utensílios indispensáveis, tanto
no desempenho da empreitada, como na defesa pessoal.
O sertão e os terrenos alagadiços fervilhavam de insetos, parasitos e vermes de toda espécie. Formigas, sapos,
aranhas, cobras, ratos, vespas, moscas, abelhas e sanguessugas.Tudo o que pudesse morder ou picar de forma insuportável estava ali bem representado. Apesar de todo cuida310
do, mesmo assim, eram atacados, ferroados, sugados, picados.Deviam também, proteger-se dos animais selvagens e
dos indígenas, que viviam na selva, era um perigo iminente.
A maioria dos homens usava botas de cano longo,
calças de brim amarradas nos tornozelos e camisas de manga longa. Após o dia longo de trabalho exaustivo, tomavam
o rumo das barracas. Antes de entrar, juntavam-se, nus,
debaixo de um chuveiro comunitário, e depois, só de calções de algodão, entravam nas barracas, onde o homem
incumbido de cozinhar naquele dia, já colocara sobre a mesa tosca, pratos de alumínio, colheres e canecas. Uma moringa com água no canto da mesa, e os panelões de feijão
com charque, raiz de mandioca cozida e farinha. Os homens
caíam famintos sobre a comida e devoravam tudo.
As autoridades bolivianas reagiram ao que consideram invasão do seu território e como medida para reconquistá-lo, fundaram Puerto Alonso (Porto Acre), uma sede
administrativa para recolhimento de impostos. A Bolívia
estabeleceu sua soberania no Acre, os seringueiros se rebelam e expulsam do território o delegado boliviano, ato que
toma caráter de uma verdadeira revolução.
Os seringueiros opunham-se ao governo boliviano,
que pretendia ser soberano sobre este pedaço do Brasil,
situado entre o rio Madeira e o Javarí, afluentes do Amazonas. O direito brasileiro a este pedaço de chão, fundamentase na longa posse de toda esta região, consagrada pelo trabalho de homens nordestinos e pelo seu suor derramado na
labuta árdua nos seringais. Baseia-se na riqueza que eles
aqui fomentaram e expandiram.
Os habitantes brasileiros da região do Acre, não aceitavam a bruta desnacionalização promovida pela Bolívia.
Se a Pátria os abandonava, pelo desinteresse da diplomacia
do presidente Campos Sales na defesa da sua causa, eles
criavam outra pátria. Não podendo ser brasileiros resolve311
ram não ser bolivianos. A primeira insurreição acreana aconteceu em 1° de maio de 1899, chefiada pelo jornalista e
advogado cearense José de Carvalho.
Surgiu, nesse ambiente conturbado pela revolta dos
seringueiros, a figura enigmática de Luiz Galvez Rodrigues
de Arias. Nascido na Espanha, veio para o Brasil levado por
seu espírito de aventura. Chegou à Manaus num navio mercante, e logo se interessou pelo negócio da borracha. Homem de grande audácia embarcou num vapor que se dirigia
para a região do Acre. Inteligente e comunicativo conquistou a simpatia do povo, integrando-se na política local,
insuflou entre os seringueiros a insurreição contra a exploração do governo da Bolívia..
Luiz Galvez, foi um personagem cuja atuação na
História do Acre foi positiva, teve papel relevante no desempenho e na condução da política acreana, por ocasião
da Independência do Acre. No dia 14 de julho de 1899, foi
proclamado o Estado Independente do Acre e eleito Luiz
Galvez seu Presidente. Acercou-se ele de algumas figuras
acreanas de relevo, que o auxiliaram. Luiz Galvez não tinha
capacidade de comando, mas era sagaz, aventureiro por
temperamento, acobertado pelo governo do Amazonas apreendeu a situação e reuniu elementos que lhe deram o
necessário apoio moral e financeiro.
O ato decisivo foi motivado pelo acordo secreto entre a Bolívia e os Estados Unidos, em 1901, para o arrendamento de todo o território acreano ao The Bolivian Syndicate. Que tinha em mira administrar e explorar as riquezas naturais do território do Acre, por um período de 30
anos, competindo-lhe auferir os proventos, 60 % preservados para o governo boliviano e 40 % para o Syndicate. O
Syndicate tinha como principais sócios Percival Farqufar e
Emilian Roosevelt, filho do presidente dos EUA.
312
O Estado Independente do Acre, comandado por
Luiz Galvez, foi o primeiro gesto de revolta contra a Bolívia. Entretanto, Galvez tornara-se um elemento indesejável,
suspeito, pelo governo brasileiro, que interveio e retirou
Galvez do cenário acreano, reconhecendo os direitos da
Bolívia na região. Galvez é preso é conduzido à Manaus,
onde sua figura singular desaparece da paisagem. A República do Acre teve a vida efêmera de apenas oito meses.
Em 1902, o agrimensor gaúcho Plácido de Castro
reúne algumas centenas de seringueiros e ocupa a vila de
Xapuri. Em seguida prepara e comanda uma ação militar
ampla e desbarata as fortes posições bolivianas. O Brasil
ocupa militarmente o Acre. Em 24 de janeiro de 1903, encerrava-se o domínio da Bolívia no Acre. Plácido de Castro
era um comandante valente, destemido, afeito aos combates, que muitos travara nos campos do Rio Grande do Sul,
sua terra natal, ao mando de Gumercindo Saraiva de quem
aprendera a tática fria e arguta de guerrilha.
A revolução acreana que durara 171 dias pôs fim à
ocupação boliviana, devolvendo as terras situadas entre os
rios Madeira e Javarí à soberania brasileira. Esse feito custou a vida do bravo gaúcho José Plácido de Castro, que foi
assassinado por Alexandrino José da Silva, subdelegado de
polícia do Acre A vitória dos seringueiros contra forças
regulares da Bolívia dirigidas pelo coronel Rozendo Rojas
repercutiu no país inteiro.O coronel Don Lino Romero informou o general Manuel Maria Pando da derrota boliviana.
A celebração do Tratado de Petrópolis em 17 de novembro de 1903, assinado pelos diplomatas brasileiros
Ministro Barão do Rio Branco e Assis Brasil, e pelo Doutor
Fernando Guachala e Cláudio Pinilla, pela Bolívia, estabelece os limites definitivos e dirime a secular contenda de
fronteira com a Bolívia.Atualmente a superfície do Estado
313
do Acre brasileiro é de 152.581,4 quilômetros quadrados,
com uma população de 680.073 (2008).
Analisando bem a questão, se a ação de Luiz Galvez
e do bravo agrimensor gaúcho José Plácido de Castro, não
fosse perturbada pelo Governo Federal, a solução do Tratado de Petrópolis não seria tão oneroso para o Brasil. O Tratado estabeleceu uma indenização à Bolívia de dois milhões de libras esterlinas e a construção de uma estrada de
ferro - Madeira-Mamoré - que partindo de porto Santo Antônio, em Rondônia (Porto Velho), trecho encachoeirado do
rio Madeira até Guajará-Mirim, no rio Mamoré, prosseguindo até Riberalta, na confluência do rio Beni com o Madre de Dios, na Bolívia, para escoamento e exportação da
borracha, através dos portos de Manaus e Belém. Além
disso, teria que pagar uma grande indenização ao Syndicate
de Farqufar. Compromissos avalizados pelo então presidente da República do Brasil, Rodrigues Alves.
De 1902 até 1920, Acre era uma região riquíssima,
produtora do látex da borracha.Com a concorrência asiática,
faliu a indústria da borracha, e faliu toda a região que a
produzia. Desaparelhada para a luta, sem lavoura, sem pecuária, sem outra fonte de riqueza explorada, a miséria acercou-se dos seringais. A fome bateu à porta dos barracões
dos seringueiros. A borracha aviltada na sua cotação comercial, deixou de ser uma indústria lucrativa e os seringais, pouco a pouco, foram se despovoando.
A concorrência asiática ameaçava seriamente a borracha nacional, pelo aumento extraordinário da sua produção e pelas condições de exploração dos seringais cultivados, donde o barateamento da similar oriental. Os ingleses
exploravam cientificamente no Oriente, arrebatando a hegemonia acreana. Apesar de o Estado ser ainda um grande
produtor de borracha – em grande parte vinda de árvores
nativas – a floresta vem sendo devastada. O principal mo314
tivo para essa destruição é a exploração da madeira. A pequena indústria limita-se a serrarias e engenhos de açúcar.
Com o declínio da extração da borracha e a estagnação econômica, o Acre retoma o crescimento nos anos 40 e
50, sustentado principalmente por recursos da União. Em
1962,o Acre é elevado à condição de Estado. Nos anos 70,
o Acre recebe investimentos incentivados pelo governo
federal, em diversos setores, principalmente na pecuária.
Há pequeno crescimento da economia. No decorrer do tempo agravam-se os problemas econômicos e sociais, como as
disputas de terra,os desmatamentos, a corrupção política e a
violência no campo e nas cidades. Acontecem assassinatos
políticos como o do Chico Mendes, líder seringueiro e sindicalista, morto em 1988. Tornou-se mundialmente conhecido por denuncias da destruição da Floresta Amazônica.
Em 2005 é iniciada a construção da Rodovia Interoceânica, que possibilitará o acesso do Brasil, pelo Acre, a
três portos peruanos (Ilo, Matarani e San Juan), facilitando
o escoamento de produtos brasileiros para a Ásia.
NAÇÕES INDÍGENAS DO BRASIL
É importante evidenciar, que os primeiros humanos
a ocuparem o continente sul-americano foram os diferentes
povos indígenas. Ao desembarcar, em 1492, os navegantes
portugueses e espanhóis, tiveram o primeiro contato com os
gentios, os mais antigos habitantes destas terras. Presumese que havia aproximadamente cinco milhões de índios.
No continente habitavam populações indígenas que
pouco ou nenhum contato mantinham com a civilização
andina. Desde a bacia do Orenoco, até as terras planas dos
pampas argentinos, passando por todo o território central do
continente, e pela orla atlântica, inúmeros povos espalha-
315
vam seus núcleos primitivos nas florestas, savanas, planaltos e terras altas dos velhos maciços.
Eram mais rudes e não chegaram a organizar nenhuma unidade política de importância, tampouco estabeleceram áreas definitivas para sua fixação, eram seminômades. Viviam dos produtos fornecidos por uma caça fortuita, da pesca e da coleta. Algumas tribos cultivavam milho, mandioca e abóbora em áreas desmatadas na floresta.
Há 60 mil anos atrás o nordeste brasileiro já é ocupado por grupos humanos, conforme vestígios encontrados
em São Raimundo Nonato, interior do Piauí, mais antigos
do que os antes encontrados, o homem de Neanderthal na
Alemanha que data de 30 mil anos. Ferramentas e restos de
fogueiras, datados de 58 mil anos, achados no sitio do Boqueirão da Pedra Furada, no Piauí, reforçam a tese da ocupação da América desde aquela época. Os indígenas sulamericanos conservam muitos dos seus usos e costumes
tradicionais, vivendo quase à margem da civilização imposta pelos conquistadores europeus.
A ocupação da Amazônia vem do final do período
Paleolítico, Idade da Pedra Lascada..Achados como pinturas rupestres, carvão, ossos de animais e utensílios encontrados na Caverna da Pedra Pintada, em Monte Alegre no
Pará, determinam que os paleoíndicos amazônicos eram tão
adiantados como os demais povos da América pré-colombiana; quando do aparecimento da cerâmica no Equador e
Colômbia no ano 3.000 a.C.e o início do trabalho em metal
no Peru há 2.000 a.C.
A partir da Oceania, de barco, o homem teria chegado ao litoral oeste da América do Sul e caminhado até o
interior do subcontinente. O sitio da Pedra Pintada, no Pará,
guarda indícios de que a floresta Amazônica já era ocupada
há 11,5 mil anos atrás, época em que vive Luzia, o mais
antigo fóssil humano, encontrado na região da Lagoa Santa,
316
em Minas Gerais. O território brasileiro era habitado por
numerosas tribos que pertenciam a quatro grandes nações tupi-guarani, arauaque, caraíba e jê. Os indígenas brasileiros possuíam quatro grupos lingüísticos: o tupi-guarani,
macro-jê, caribe e arauaque, existindo mais de 170 dialetos
diferentes. Sob o nome de “tupi”estão vários grupos indígenas de culturas semelhantes, como tupi-guarani, tupinambá
e tupiniquin.
Em 1000 a.C.a 1500 d.C.os indígenas tupi, povo sedentário da América Central, chegam ao atual território
brasileiro e se espalham, dizimando os grupos nômades que
habitavam a região. Ocuparam as Guianas, o norte e o litoral brasileiro. O tronco tupi é formado pelas famílias linguisticas Tupi-guarani, Munduruku, Juruna, Arikém, Tupari, Ramarâma, Mondé.
A grande nação Guarani representa os maiores grupos de povos indígenas que habitavam extensas regiões da
América do Sul. Localizados no Sul e no Sudeste, os guaranis ocupavam o litoral, os campos e as florestas do Brasil,
da Bolívia, do Paraguai e o norte da Argentina. No Paraguai, até hoje, a sua presença é numerosa, conservam sua
língua e tradições, o idioma guarani é o mais empregado no
país. Os povos da família tupi-guarani conheciam a navegação fluvial, a cerâmica, a rede e a agricultura. Plantavam
milho, mandioca, abóbora, algodão e fumo.
Distinguem-se os povos arauaques, que era a designação comum a diversas nações indígenas distribuídos por
vários Estados brasileiros e países da América do Sul. Os
arauaques pertencem à família de línguas andino-equatoriais, habitavam a bacia Amazônica desde o litoral do Maranhão, parte de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Roraima, no Brasil, e ainda em regiões das ilhas do Caribe, no
Peru, Bolívia, Guiana, Guiana Francesa e no Suriname. Os
Caraíbas habitavam as Pequenas Antilhas, região das Guia317
nas, Colômbia, parte do litoral centro-americano, regiões do
norte do rio Amazonas e do Orenoco.
A nação Jê, pertence à família lingüística do tronco
Macro-jê, que reúne diversas línguas faladas por povos indígenas do Brasil Central e do Sul do país, que inclui os jê,
maxacali, kariri e bororo; mais os caingangues e xoclengues
que possuem pequenos aldeamentos (reservas), nos estados
de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
O povo do tronco macro-jê habitava o cerrado, desconhecia o uso da rede para dormir, possuíam uma cerâmica e agricultura muito rudimentar. Viviam da coleta de alimentos silvestres, da caça e pesca.
A grande família dos Yanomâmi habita o extremo
norte do Amazonas, Roraima, o sudeste da Colômbia, sul
da Venezuela e as Guianas. Nas regiões Norte e Centrooeste do Brasil que a presença indígena é maior. As etnias
mais populosas são os guaranis e os caingangues. O povo
ticuna, também numeroso, habita a região do alto Solimões
no Amazonas e Mato Grosso do Sul.
Na Amazônia sul-americana existem diversas nações indígenas. Algumas totalmente isoladas, outras com
contatos intermitentes, ou permanentes e outras integradas à
civilização dos brancos.Terra dos hostis silvícolas juaperís,
dos ticunas, cuarinas, waimiri, tucanos, tijucas, piratapuias,
muras. Tribos e mais tribos localizadas nas cabeceiras dos
grandes rios,contendo milhares de índios, maués, maku,
munduruku, kayabi, nambikuara, kampa, apiacá, capanana,
parecí, paritintin, kulina, arara, juruna, kayapó, parakanã,
tapuia, arawak, bororo, xavante, javaé, karajá, xerente, kamayurá,suiá, kalapalo, katukina, carijó, apurinã, karipuna,
waiwai, yanomâmi, makuxí, wapixana, sateré-mawé, cintalarga, pacaás-nova, kaxinawá, palikan, janamadí, uruenwanwan, yawanawá do Acre, os cuicuru do Xingú.
318
Dentre todas as tribos ferozes de índios americanos,
os jivaros da Amazônia brasileiro-colombiana, sempre
mantiveram uma liderança macabra. Usam horríveis métodos de mutilação dos adversários vencidos nas batalhas.
Decepam a cabeça dos inimigos, reduzem a miniatura e
enfeitam suas casas com esses troféus. Os mundurukus do
Alto Amazonas, eram degoladores, tendo suas malocas rodeadas de troféus de cabeças cortadas dos inimigos.
No início da colonização os índios são escravizados
e obrigados ao trabalho forçado. O cativeiro é proibido por
Portugal em 1595, mas a captura, a aculturação e a chacina
continuam. Calcula-se que no ano de 1500, existiam cinco
milhões de índios no Brasil. Em cinco séculos foram reduzidos a 500 mil indivíduos, que representam 0,3% da população brasileira, aproximadamente.
Esses povos possuíam costumes, língua e modos de
vida diferentes dos europeus. Era uma organização socialista. Dedicavam-se à caça, pesca e coleta de frutas, em grupo,
distribuindo o resultado por igual a todos. Não existia entre
eles propriedade particular, nem conheciam o dinheiro, seus
tesouros são penas de pássaros, quem as tem muitas, é rico.
Algumas tribos cultivavam roças de milho e mandioca. Cada família tem, para comer, a mandioca que lhe é própria.
Possuíam uma estrutura social baseada no coletivismo primitivo, plantavam e colhiam em comunidade.
As aldeias dos índios chamadas de tabas ficavam
dispostas em círculo ao redor de uma praça. Em geral suas
habitações eram construídas redondas, com a cobertura em
cone revestida com folhas de palmáceas trançadas com cipó, as paredes eram armações de taquara rebocadas com
barro. A choupana era habitada por várias famílias, parenta
ou não. Não tem divisões no interior. Ninguém tem quarto
separado. A cada ocupante, porém, marido e mulher, cabem
um espaço estabelecido, o espaço correspondente doutro
319
lado é tomado por outro habitante. Assim as choças ficam
repletas. Cada ocupante tem seu fogo próprio.
O chefe da choupana tem seu lugar no centro da habitação. Cada cabana é provida de uma pequena porta. Ela é
tão baixa que as pessoas precisam curvar-se para entrar.
Poucas aldeias contam com mais de doze cabanas. Entre
elas há uma ocara ou terreiro livre, onde se reúnem em conferências, dançam e sacrificam os seus prisioneiros capturados na guerra.
Dormem em redes tecidas de fio de algodão pelas
mulheres da aldeia, amarram-nas acima do solo batido, em
dois mourões, ou acomodam-se sobre jiraus, forrados com
folhas ou peles de animais. No meio da habitação, conservam permanentemente uma fogueira, e quando viajam levam o fogo junto num braseiro. Em volta das palhoças,
havia geralmente uma cerca de pau-a-pique, em que ficavam espetadas as caveiras dos inimigos mortos na guerra. A
exposição dos crânios realçava a glória da vitória.
Cada nação indígena revela diferentes costumes e
tradições, crença e organização social, mas a maioria dos
grupos compartilha algumas características, como o pequeno aldeamento de 30 a 100 pessoas. Fixam suas aldeias de
preferência, em lugares em cuja proximidade tem água e
lenha, assim como caça e pesca. Se uma região se exaure,
transferem seu lugar de moradia para outro. Quando querem mudar, reúnem-se em grupos, escolhem o novo lugar e
edificam suas cabanas.
Cercam suas tabas com uma fortificação de estacas
de troncos de palmeira, rachados. Estas cercas de três ou
mais metros de altura, fazem-nas tão cerradas que nenhuma
flecha pode atravessá-las. Entre tribos antropófagas, é uso
espetar sobre estacas à entrada da aldeia, as cabeças dos
inimigos sacrificados e devorados em grandes festejos.
320
Existem na mata plantas tóxicas que são utilizadas
pelos índios para pegar peixes, eles usam o cipó tingui, o
timbó, o andá ou cauaçu. As folhas e o cipó são triturados e
jogados no rio ou lago para tontear os peixes, quando são
apanhados mais facilmente pelos pescadores. A Yuruparipina é árvore de espinhos venenosos. Ayahuasca ou santodaime, bebida alucinógena preparada pela decocção de ramos e folhas do cipó caapi, se extrai o narcótico que é usado pelos pajés em atividades religiosas.
Curare, veneno vegetal usado pelos índios para envenenar as pontas das flechas, Tiuba, favo de mel que embriaga, o arbusto do Ipadu ou da coca, cujas folhas e casca
contem vários alcalóides, dos quais se produzem a cocaína;
a folha é usada pelos indígenas para mascar, acalma a fome
e a sede, e é usada nas cerimônias religiosas, especialmente
pelos pajés. O Cânhamo ou maconha (Cannabis Indíca)
cujas folhas e inflorescências, secas e trituradas, são usadas
como droga alucinógena pelos silvícolas, para animar os
festejos e danças, em agradecimento aos deuses pela boa
caça e pesca. São os jivaros peritos na fabricação do curare, empregado basicamente na caça, provoca a morte dos
atingidos em poucos minutos.Cabe aos feiticeiros a manipulação do curare. É empregado o cipó“uirarí” como matéria prima, o veneno de aranhas caranguejeiras, escorpiões,
abelhas, e outros insetos peçonhentos. A ação do curare é
paralisar todo o sistema nervoso e provocar a morte por
sufocação.
Os índios comem larvas de besouro da palmeira, de
taquara, de jaracatiá e de cana-de-açúcar; lagartas de borboletas e gafanhotos. Comem tanajuras ou içás de saúva. Preparam uma bebida alcoólica, o cauim, que pode ser de
mandioca, do fruto de pequi, milho, coco, banana, caju, ou
ananás. Que após ser mastigado pelas mulheres da tribo,
fica por alguns dias em potes de barro para fermentação.
321
O índio brasileiro é de estatura média, corpo reforçado, olhos negros pequenos, amendoados, como na raça
mongólica, orelhas grandes, cabelo negro, liso, dentes alvos
e pés pequenos, não possuindo barba. A sua pele é da cor
de cobre, avermelhada. Andavam quase nus, ornavam a
cabeça com cocar de penas de pássaros, no pescoço usavam
colares de ossos, contas coloridas ou de dentes dos inimigos. Na cintura, vestiam uma faixa de penas.
Como levavam uma vida de guerreiros, os índios eram vingativos e ferozes. Envenenavam as pontas das flechas com o violento veneno curare, extraído da casca de
certos cipós. Hospitaleiros, mas desconfiados com os desconhecidos, simples, incultos e selvagens, zelosos da sua
independência, valentes nos combates, cruéis nas vinganças, mas eram capazes de sentimentos nobres e generosos.
A religião dos índios reconhecia a existência de um
Ser Supremo, o Tupã, isto é, o Altíssimo. Adoravam o Sol,
e a Lua. Acreditavam em gênios, a quem atribuíam influência boa ou má. Eram extremamente supersticiosos. Os
pajés eram ao mesmo tempo sacerdotes, feiticeiros, curandeiros e adivinhos.Diziam-se medianeiros entre a divindade
e os mortais.O cacique possuía uma autoridade absoluta
durante a guerra,e gozava de grande influência em tempos
de paz.Como não usavam moeda alguma,faziam troca de
gêneros dos quais necessitavam, fumo, flechas e cerâmica.
No trabalho, era o dever da mulher fazer as plantações e colheitas da mandioca, milho, feijão e cará. Assar o
beijú, preparar a bebida, fiar e tecer, fazer cestos, redes,
esteiras e potes de barro, além de cozinhar, atender as necessidades do marido, parir e cuidar das crianças. Os passatempos favoritos dos homens são os festejos, as danças e as
lutas, para os quais pintam o rosto e o corpo com tinta vermelha de urucum misturado com carvão e jenipapo, em
interresantes desenhos.A música e a dança constituíam uma
322
atividade importante na vida dos indígenas. Usavam-na em
guerras, em festas religiosas a também por ocasião dos enterros. Nessas oportunidades pintavam o corpo, usando as
cores condizentes com a solenidade.
Certos costumes da população sertaneja são considerados, hoje, uma herança de nossos índios. Forte, criado
sem roupas ao sabor das intempéries, vivendo seus hábitos
primitivos, o índio passa os dias caçando, pescando ou preparando as clareiras no meio do mato para a plantação. Ele
é feliz até a chegada do homem branco que traz para ele
doenças desconhecidas, para as quais o índio não tem imunidade e nem remédios. Essas doenças aliadas à propagação
de vícios da embriaguês devastam populações inteiras.
Eles conheciam e usavam como remédio, a ervamate, o guaraná, a flor da datura, a folha do ipadú (coca)
como soporífero, e quando mastigado matava a fome e a
sede. Usavam a casca da árvore quina para curar a malária,
a febre amarela e outras febres endêmicas. Conheciam a
raiz da ipecacuanha que cura a disenteria. Muita coisa, que
o mundo civilizado conhece hoje, o índio já conhecia há
milhares de anos.A família indígena, além do alimento
principal que é o beiju, feito de farinha de mandioca, come
produtos dos rios e lagoas, peixes, tartarugas, cágados, tracajás e seus ovos. Nos campos e nas matas caça o macaco,
o veado-campeiro, capivaras, caititus, pacas, antas, e aves
como jacutinga, jacu e outros que consegue apanhar.O índio se alimenta também de raiz da mandioca, do milho,
batata doce e de uma infinidade de frutas silvestres, além do
mel que é encontrado nos troncos de árvores e no chão.
Cada aldeia geralmente tem seu conjunto de crenças
a respeito da estrutura do Universo. Os índios cultuam seus
deuses misteriosos, seres sobrenaturais como Deus do sol,
da lua, do raio, do trovão, espíritos da floresta, do vento, da
água, dos espíritos bons e maus. São extremamente supers323
ticiosos. Acreditam nessas divindades boas ou demoníacas,
eles temem as desgraças. Recorrem às danças e ao pajé para
acalmar a sua ira.
A poligamia é privilégio dos caciques e chefes guerreiros, o índio comum tem direito a uma só esposa. Existe o
divórcio. Não há prostituição. Vivem em coletividade com
várias famílias instaladas em malocas. Dividem o produto
do trabalho por todos igualmente. A autoridade do cacique
é absoluta e o poder é hereditário, transmitido de pai para o
filho.Também, o pajé é muito respeitado por todos, uma
mistura de feiticeiro, médico, profeta, sacerdote e conselheiro da tribo.
Diversas nações indígenas habitam o território mato-grossense (muitas já extintas), entre eles os povos indígenas da família lingüística Bororo e Kaiapó, do tronco
Macro-jê, os terena e parecí são da família lingüística Arauaque; os paiaguás (extintos) pertenciam à família lingüística Guaicuru. Ao tronco tupi da família lingüística
Tupi-guarani pertencem os guaranis, os apiaká e kayabi,
habitam os municípios de Juara, Porto dos Gaúchos e Aripuanã. Tribos pertencentes à nação kaxinauá, pareci, xavante e tantas outras, habitam as terras mato-grossenses. Os
indígenas da tribo karipuna habitam a região de GuajaráMirim e Porto Velho (RO) às margens do rio Madeira.
A grande nação indígena nambikuára, da família
lingüistica Nambikuára, é habitante da região da Serra do
Norte, no Estado do Mato Grosso. Ocupam os territórios
banhados pelos rios amazônicos, acham-se espalhados pelos vales do Rio Juruena, Arinos, Rio do Sangue, Papagaio,
Aripuanã, Juina, Roosevelt, nos municípios de Vila Bela da
Santíssima Trindade, Diamantino, Barra do Bugre, Alto
Paraguai, Pontes e Lacerda, Aripuanã (MT) e campos de
Vilhena (RO). Seu núcleo principal (tribo cinta-larga) habita entre os rios 12 de Outubro e Roosevelt. Um grande
324
grupo habita o noroeste nas vizinhanças do rio Madeira e
dos tributários do Giparaná, nos campos de 14 de Abril e
José Bonifácio. Á leste habitam o vale do rio Tapajós, a
oeste o do rio Guaporé.
É constituída de três agrupamentos étnicos: Nambikuára do campo, do norte e do sul, falam diversos dialetos
da língua nambikuára que são radicalmente diferentes do
tupi-guarani. Antes das expedições de 1907,de Cândido
Rondon não existiam senão vagas notícias sobre os índios
da Cordilheira do Norte, a mais central das populações
primitivas do continente sul-americano. Entre eles foi encontrado o grupo de cultura Jê-botocudo, do tronco Macrojê, evoluindo para a cultura Nu-arauak.
O nambikuara tem a pele de cor acobreada. Os cabelos lisos, duros, pretos. Os pés são relativamente grandes,
pernas finas e musculosas. Abdome saliente, mãos pequenas. Altura 1,65 m homens, mulheres 1,50 m, estatura mediana, robustos, de largas espáduas, olhos negros, oblíquos.
Barba rala lembra o tipo mongól.
A região da Serra do Norte era coberta de florestas
colossais. Entretanto, margeando os grandes rios, ou adornando os mananciais, a floresta, por toda parte, cresce e
domina, conforta com sua sombra e seus frutos; espanta
com suas formas esquisitas.Do outro lado da corrente de
água, os sons confusos da mata levantam-se em surdina,
para compor a serenata vespertina de sons. Borboletas
brancas, amarelas, verdes, azuis, com nuanças de bronze,
como pedacinhos de papel de cor, juntam-se em multidão
para beber na orla do rio, matizando o tapete ondeante, à
sombra das grandes árvores.
Nessa hora crepuscular surgem da mata, que margeia o rio, enxames de mosquitos borrachudos, mamangabas, mosquitos-pólvora, pium, muriçocas, louva-a-deus,
besouros, pernilongos, vorazes e agressivos, cuja picada é
325
incômoda e dolorida, a pele incha e coça. Nuvens desses
insetos sobrevoam as águas do rio e servem de alimento aos
peixes que saltam para apanhá-los.
As diversas nações indígenas do Estado de Mato
Grosso estavam dispersas pela Chapada dos Parecís e por
todo o planalto da Cordilheira do Norte. Acomodados em
malocas no meio da selva, entre a margem esquerda do Juruena e o lado direito do rio Aripuanã foi encontrada uma
civilização fóssil, pela expedição de Cândido Rondon em
1907. O povo indígena Irantxé, de língua isolada, viviam
em plena Idade da Pedra Lascada, usando machados de
pedra mal polida, facas de madeira, ignorando a navegação,
andavam totalmente nus, dormindo diretamente sobre o
solo, não conheciam a fabricação de cerâmica nem a rede
de dormir. Viviam, quase, em absoluta segregação.
Muitos não tinham visto homens de raça branca ou
negra. Não conheciam animais domésticos. Os que habitavam o vale do Juruena eram os mais atrasados, eram menos
sociáveis, mais agressivos, construíam choças rudimentares. Não tinham chefes permanentes. Viveram até o início
do século XX, completamente apartados do resto da população; rodeadas de outras tribos, durante séculos, fugiam ao
contágio de usos e costumes de seus vizinhos.
Os índios da nação Parecí, foram descobertos em
1718, pertencem à família lingüística arauaque, habitam as
nascentes do Rio Verde, Juba, Cabaçal e do Jaurú. Toda a
tribo vive espalhada pelas cabeceiras dos tributários do rio
Paraguai, do Juruena, do Guaporé no município Vila Bela
da Santíssima Trindade, de Diamantino, Tangará da Serra,
Barra dos Bugres no planalto dos Parecís. O chapadão triste, arenoso e inóspito, é a pátria Parecí.
O planalto dos Parecís é formado de camadas de areião interrompidas em alguns pontos, por pequenas extensões de terreno argiloso; não apresenta nenhum afloramento
326
de rocha vulcânica. O Chapadão dos Parecí é um mar de
areia, desolador, grande mancha de deserto. Sem nascentes
de água e sem sombra de árvores.
.Os pontos mais elevados destas terras são formados
por grandes campos, de cuja superfície se levantam altas e
compridas dunas de areia semelhantes às ondas do oceano,
é areia balofa e solta. Estes campos não oferecem pastagens, cresce neles apenas certa qualidade de arbusto baixo,
de folhas ásperas. Os cerrados são escassamente povoados
por arbustos muricí-cascudo, caracterizados por grandes
folhas peludas, ásperas, vegetação baixa, de casca grossa,
galhos contorcidos, como se estivessem sofrendo.
Os Parecís constroem choupanas grandes, com teto
cônico, cobertas de folhas de palmeiras, de portas baixas e
pequenas. Até quarenta pessoas dormem numa palhoça. Ao
centro, um esteio alto e forte. À noite armam redes em raio,
levando desse esteio para os caibros laterais; entre uma rede
e outra, acendem uma pequena fogueira, que clareia e esquenta o interior da cabana.
À medida que o índio brasileiro vai tendo contato
com a civilização, desorganiza sua vida social, perde sua
cultura, fica marginalizado, transforma-se num ser sem destino, doente, preguiçoso e viciado; obrigado a assumir a
posição de pária numa sociedade que não é a dele, deprimido, muitas vezes recorre ao suicídio, fato que ocorre com
muitos jovens indígenas.
A partir de 1718, teve início a exploração das terras,
florestas e rios da Amazônia, principalmente de Mato Grosso, situado no coração da América do Sul, com a linha geodésica em Cuiabá. Era uma vasta extensão de terras ainda
desconhecidas, cruzadas de raro em raro por grupos de
bandeirantes paulistas e mineiros, que, passando pela trilha
por eles próprios rasgada através da Cordilheira do Norte,
327
iam e vinham na sua faina de buscar ouro e diamantes, arrebanhar índios e emprenhar as índias.
Metiam-se esses aventureiros, Continente adentro,
seguiam o curso dos rios, embrenhavam-se nas matas, abrindo picadas a golpe de facão e machado, marcando caminhos no meio da floresta com os cascos dos seus cavalos.
E naqueles tempos muitos desses desbravadores se haviam
fixado em vários pontos do território mato-grossense, estabelecendo fazendas de criação de gado. Em seguida requeriam a El-Rei cartas de sesmaria. Eles formaram a nobreza
campesina que atua e influência a política do Estado, até
tempos atuais.
Desde o século XVIII, foram esses sertões percorridos por bandeirantes, sertanistas, naturalistas, etnólogos,
cientistas, garimpeiros e aventureiros de toda espécie. No
início do século XX, Cândido Mariano da Silva Rondon,
coronel, depois nomeado marechal, do Corpo de Engenharia Militar, foi encarregado pelo presidente da República
Afonso Pena, de ligar à Capital, pelo fio telegráfico, os territórios do Amazonas, do Acre, do Alto Purus e do Alto
Juruá. Por intermédio de Goiás via Cuiabá, capital de Mato
Grosso, já em comunicação com o Rio de Janeiro.
Os pontos extremos da linha telegráfica seria Cuiabá-Santo Antônio do Rio Madeira (Porto Velho).O fio cruzaria o grande divisor das águas platinas e amazônicas. Entre 1907 e 1908 a Comissão de Cândido Rondon, transpôs o
rio Juruena, e entrou em pleno território dos Nambikuáras
e Tapaniunas, atravessou o rio Juína, o Camararé, e o 12 de
Outubro e seguiu até a confluência do Arinos com o Juruena. Atingiu o coração da Serra do Norte.
Em 17 de dezembro de 1913, o sertanista e engenheiro, marechal Cândido Mariano Rondon, numa épica
expedição, acompanhou o presidente dos EUA Theodore
Roosevelt (54 anos),.o filho Kermit, George Cherry, biólo328
go e amigo do presidente, além de uma grande comitiva de
guias, barqueiros e provisões, pela região de Mato Grosso,
Rondônia, Acre e Amazonas. Quando Roosevelt deparou-se
com o rico dossel de copas verdes, ficou deslumbrado. O
interesse principal do presidente era descobrir onde ficava o
Rio da Dúvida.
Durante um ano o grupo navegou e explorou os rios
e florestas da parte Noroeste do país.O rio procurado e descoberto por Roosevelt, nasce nos campos de Vilhena (RO)
invade e corre a oeste de Mato Grosso, entre barrancos,
corredeiras, despencando em cachoeiras, toma o rumo norte, junta as águas ao rio Aripuanã e deságua no rio Madeira.
Foi assim nomeado em homenagem ao presidente norteamericano que o percorreu em barco a motor.
O etnólogo alemão Karl von den Steinen, na expedição que fez pelo Brasil, nos anos 1884 a 1888, percorreu os
sertões da Amazônia principalmente o de Amazonas, Mato
Grosso, Pará e Goiás, pesquisando os costumes e a cultura
dos povos indígenas.Assim como A. de Saint-Hilaire, naturalista francês e o cientista alemão Alexandre von Humboldt, pesquisadores, desembarcaram na Venezuela em 16
de junho de 1799, quando teve início a excursão pelos rios
e sertões do Brasil; percorreram o território sul-americano
até Patagônia, pesquisando a flora e a fauna, até meados
do século XIX.
Edgard Roquete Pinto, era médico, cientista e escritor (1884-1954). Deixou estudos de etnografia, antropologia e mineralogia. Acompanhou a Comissão Rondon na
implantação das linhas telegráficas desde Cuiabá a Santo
Antônio do Madeira, em Rondônia. È famosa sua teoria, de
que tudo é interação na natureza. Uma coisa depende da
outra para se desenvolver e viver.
Quem atravessa as terras de Mato Grosso, nota que
seus rios orientados para o Norte, contribuintes do Amazo329
nas, e os que vão se lançar no rio Paraguai, nascem como
irmãos gêmeos, lado a lado; entre uns e outros não há montanhas, brotam da terra e correm cada qual para seu destino. As águas do Juruena se aproximam das que procuram o
rio do Sangue, e perto de Diamantino, o espaço de terra que
separa o rio Paraguai do rio Arinos é ainda menor.
***
A ocupação mais antiga da região do Paraná está relacionada ao povoamento primitivo da América do Sul. O
território que forma o Estado do Paraná foi habitado por
diferentes populações humanas, continuamente, em épocas
diversas, remonta até 12 mil anos atrás, de acordo com os
sítios arqueológicos encontrados em diferentes regiões. Mas
se refletirmos sobre a ocupação em épocas anteriores, é
provável que seja confirmada a presença do homem nessa
região em épocas mais remotas, de há 40 mil anos a.C.
Os povos indígenas do Paraná pertenciam a duas
grandes áreas culturais: a da floresta tropical e a marginal.
No primeiro grupo está a grande família Tupi-guarani, com
suas inúmeras tribos, e no segundo a maior parte da nação
Jê, onde se destacam os caingangues, xoklengues (botocudos) e os xetá (extintos).Essas populações ocuparam as terras paranaenses durante mais de 2 mil anos.Os caingangues
da nação Jê, vieram do Brasil Central e ocuparam imensas
áreas dos estados da Região Sul e a Província de Missiones.
As tribos, da grande nação Guarani, migraram da insalubre região dos rios Madeira e Guaporé, infestada por
transmissores de malária e febre amarela, e expandiram-se
por todo o sul do continente. Ocuparam as bacias dos rios
Paraná, Paraguai e Uruguai, isto é, toda Bacia do Prata.
Eles mantiveram esse vasto domínio até a chegada dos primeiros europeus, ocupando os vales e as terras adjacentes
de quase todos os grandes rios e seus afluentes.Com a che330
gada dos guaranis e na altura que estes iam conquistando os
vales dos rios, os caingangues foram sendo empurrados
para o centro-sul do Estado do Paraná e passaram a ocupar
os campos de Palmas e Guarapuava e os sertões dos vales
dos rios Tibagi e Ivai.
Os ferozes índios xoklengues, ou botocudos, assim
chamados por usarem adorno facial (botoque) em forma de
disco feito de madeira leve, que prendiam a um furo no
lábio ou na orelha, por este costume, identificam-se com
certas tribos aborígenes da Austrália. Eram guerreiros audaciosos e brutais, com sede de sangue. Atacavam e defendiam-se com valentia. Os prisioneiros eles sacrificavam aos
deuses em cerimoniais elaborados. Praticavam a tortura, o
canibalismo e a feitiçaria. Habitavam as terras da margem
esquerda do rio Iguaçu, no Estado de Santa Catarina e as
áreas próximas do litoral sulbrasileiro.
As florestas, de ambas as margens do Iguaçu, eram
escassamente povoadas por posseiros, caboclos e latifundiários pecuaristas. Na época da colonização do Paraná, os
indígenas que viviam nessa região, percebendo que suas
terras eram invadidas pelos colonos europeus, iniciaram
uma resistência tenaz à ocupação de seus territórios. Tomando posse dos sertões paranaenses os bandeirantes portugueses e paulistas expulsaram, destruíram e aprisionaram
os indígenas. Dizimados por guerras e pelas doenças trazidas pelo homem branco, muitos dos sobreviventes embrenharam-se nas florestas ainda não exploradas.
As terras hoje paranaenses pertenciam à Espanha,
por força do Tratado de Tordesilhas. Em 18 de outubro de
1541, o solo paranaense foi pisado pela figura histórica de
Dom Alvãr Nuñes Cabeza de Vaca, adelantado (governador) espanhol do Paraguai, que iniciou a marcha rumo a
Assunção partindo do litoral de Santa Catarina em direção
oeste, com 250 homens e 26 cavalos. Seguiu uma rota ter331
restre através dos campos de Curitiba e Campos Gerais pelo
“Caminho do Peabirú”, chegou ao Paraguai, após cinco
meses de caminhada e 1600 quilômetros percorridos a pé.
Em 1554, a Espanha decidiu estender o domínio do
rei Luís Felipe II, na região. Assim, Rodriguez de Vergara,
preposto do governador espanhol do Paraguai, determinou a
fundação do povoado de Ontiveros, nas margens do rio
Paraná, pouco abaixo das Sete Quedas, porém dois anos
depois, foi transferida para as proximidades da foz do rio
Piquiri. O deslocamento do vilarejo deu-se em virtude da
grande presença de índios na região. Neste novo local o
núcleo foi denominado Ciudad Real del Guayrá.
Em abril de 1581, foi proclamado rei de Portugal,
Luís Felipe II, já rei da Espanha.Assim, o Brasil,como as
demais colônias portuguesas, passavam para o domínio
espanhol.Em 1600,o Governo espanhol de Assunção transforma a Ciudad Real em sede da Província de Guayrá. A
nova Província estende o domínio espanhol a todo oeste do
Paraná. Fundou diversas povoações na região do Guayrá,
com a finalidade de dominar os índios da grande família
Tupi-guarani, que habitavam aquelas terras. Também, para
deter as seguidas invasões dos bandeirantes portugueses
para oeste da linha de Tordesilhas, na preação dos índios.
O território do Guayrá se estendia do rio Paranapanema ao Iguaçu e do Rio Paraná ao Tibagi, compreendia
parte da região norte, todo noroeste e oeste do Paraná.. Foi
local de trânsito de espanhóis que saiam de Assunção no
Paraguai, atravessavam o interior do Paraná, seguindo pelo
“Caminho do Peabirú” e suas ramificações, em direção às
vilas de São Vicente e Cananéia no litoral paulista, e outros
povoamentos do litoral brasileiro.
Os jesuítas espanhóis vieram ao Brasil em 26 de fevereiro de 1549, com o Governador Geral Tomé de Souza.
Eram da Ordem de Santo Agostinho de Loyola, da Compa332
nhia de Jesus, fundada em 1534, chefiada pelo padre Manoel da Nóbrega, dedicavam-se a catequizar os índios e educar os colonos. Entre os séculos XVI e XVIII, constroem
inúmeras capelas, igrejas, seminários, colégios e conventos.
A partir de 1602, para proteger os indígenas da escravidão e evitar o seu aniquilamento total pelos conquistadores, os padres jesuítas fundaram aldeamentos indígenas
por ordem do rei Felipe III, da Espanha e Portugal. Reuniram os índios convertidos em aldeias chamadas de Reduções. Esta providência não agradou a numerosos espanhóis,
partidários da escravidão dos índios.
Os padres jesuítas fundaram as Reduções do Guayrá
e criaram cerca de trinta Missões, onde estabeleceram um
sistema social cooperativo, com economia baseada em diferentes formas de trabalho comunitário e na socialização da
produção e do consumo. Os jesuítas visavam dentro das
Reduções realizarem a catequese indígena e empregar sua
mão-de-obra para a empresa colonial. Os índios nestas aldeias não eram totalmente livres.
Durante o governo espanhol, foram criadas pelos
jesuítas 13 Reduções no Paraná. Próximo das Missões,
existiam dois povoados, que foram fundados, o primeiro
em 1555, a Ciudad Real del Guayrá na foz do Piquiri no
rio Paraná e outro a Villa Rica del Espiritu Santu, em
1576, na confluência dos rios Corumbatai e Ivai, vilas que
serviam de apoio logístico para os espanhóis A idéia era
criar uma República Guarani nas terras de domínio de Castela (Espanha).Os jesuítas fundam uma empresa comercial
em Sete Povos das Missões, no norte do Rio Grande do Sul.
Por volta de 1610, os jesuítas instalaram diversas
Reduções nas margens dos grandes rios, como Paraguai,
Uruguai, Paraná e seus afluentes como Paranapanema, Tibagi, Ivai, Piquiri e Iguaçu. Ao longo do século XVII, os
bandeirantes paulistas procuraram impedir a expansão es333
panhola ao sul do rio Paranapanema. Aconteceram os primeiros assaltos dos bandeirantes às Reduções do Guayrá.
Iniciou-se a destruição dos aldeamentos. Essas aldeias, bem
como os povoados de Ciudad Real e Vila Rica, foram atacadas e destruídas por diversas expedições portuguesas.
Em 1629, durante o governo espanhol do rei Filipe
IV, a região das Missões do Guayrá foi invadida pelo bandeirante português, caçador de escravos, Antônio Raposo
Tavares, com aproximadamente 3.000 homens armados.
Este tinha plena consciência de ilegalidade da ação, pois
contrariava os altos interesses da Coroa Espanhola. Atacou
as Reduções dos jesuítas, mas encontrou forte resistência
dos indígenas. Durante vários meses permaneceu nas margens do Tibagi, capturando índios para serem vendidos em
São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia. Cerca de 60.000 foram
caçados e levados como escravos. Milhares de silvícolas
foram mortos. A região foi palco de guerra de destruição
desses territórios indígenas. Os paulistas, ano após ano,
organizaram sucessivas expedições e destruíram todas as
Missões do Paraná capturando os índios, e em pouco tempo, das Reduções do Paraná não restaram mais do que desoladas ruínas.
Com a restauração do Reino de Portugal em 1640, e
a coroação do rei Dom João IV, parte do território que
compreendia as Missões Jesuíticas foi incorporada ao Brasil. Pelos idos de 1654, os jesuítas fundaram com o remanescente das Reduções destruídas uma república religiosa,
com o nome de Território das Missões. A região abrangia o
sudeste do Paraguai, nordeste da Argentina, oeste e sudoeste do Paraná, oeste de Santa Catarina e noroeste do Rio
Grande do Sul.
A Espanha reconheceu com relutância, pelo Tratado de Madri, em 1750,e de Santo Ildefonso em 1777, o domínio português, sobre as terras a oeste da linha de Tordesi334
lhas, a fronteira avançou até o Rio Paraná, terras estas que
ficaram em completo abandono desde a destruição das Reduções pelos bandeirantes paulistas. Em 1754, os Guaranis
de Sete Povos das Missões se recusam a deixar suas terras
no território do Rio Grande do Sul e tem início a Guerra
Guaranítica. Os Sete Povos das Missões são dominados e
aniquilados em 1756.
Em Portugal, no reinado de D. José I, é nomeado
ministro o marquês de Pombal, que, em 1759, decreta a
expulsão da Ordem dos Jesuítas, de Portugal, do Brasil e
das colônias portuguesas. Pombal, homem autoritário e sem
escrúpulos, sem medir as conseqüências desta ordem radical, privou o Brasil dos melhores professores Os índios
perderam os seus defensores nas comunidades fechadas
das reduções.
Ao longo do tempo os portugueses e espanhóis caçavam e escravizavam os índios porque não eram considerados homens, mas animais, como os negros e os macacos.
Tanto era assim que os primeiros bandeirantes sustentavam
seus cães de caça com a carne de índio, sem que isso fosse
considerado crime ou pecado. Capturavam o gentio como
faziam com a onça, anta ou javali. Durante quase cinco séculos, os índios foram caçados, escravizados, perseguidos,
quase exterminados, ou expulsos das suas terras.
Em 1910, foi criado o Serviço de Proteção ao Índio,
pelo marechal Cândido Rondon. Em 1967 foi substituído
pela Fundação Nacional do Índio (Funai).Somente a Constituição Federal de 1988, reconhece os direitos originários
dos índios sobre as terras que tradicionalmente ocupam; é
também reconhecida a diversidade étnica. Foram criadas
reservas indígenas federais que são, atualmente, os principais locais de preservação da cultura e das línguas nativas.
O Brasil tem mais de 500 mil índios que represemtam 0,3% da população, ocupam 635 áreas indígenas, com
335
mais de 101,2 milhões de hectares, o equivalente a 12% do
território nacional. A maior concentração de índios está na
Região Norte, principalmente no Amazonas (17% do total),
onde se encontra a maior parcela (36 %) das terras indígenas. As etnias mais numerosas espalhadas pelo país são os
ticuna, guarani, caingangue, macuxi, terena, guajajara, xavante, yanomâmi, pataxó, potiguara..
Outrora, os indígenas da nação caingangue eram
numerosos no Paraná, os remanescentes dessa população
e em menor número os guaranis, 715 famílias ao todo, correspondem a apenas 1,8% da população indígena nacional,
estão assentados nos Postos Indígenas (reservas federais).
Os índios da grande nação Guarani, até hoje marcam uma
forte presença no Paraguai, com a cultura e língua nativas.
Nos anos 90, o governo Collor determina a demarcação de diversas áreas indígenas. Foi demarcada em 1998,
no Estado de Roraima, na fronteira com Venezuela e Guiana, a reserva indígena Raposa /Serra do Sol com 1,7 milhão hectares, foi homologada em 2008 como área continua, abriga mais de 15 mil índios de cinco etnias, com predomínio da nação Yanomâmi. A violência na região se intensifica com a persistência dos fazendeiros (grileiros) que
ocupam a área ilegalmente, em retirar-se. No Mato Grosso
foi criado o Parque Indígena do Xingu. Outras áreas menores foram demarcadas em diversos Estados.
Os índios da Amazônia, principalmente a grande
família yanomâmi, também os manoki, panará, kayapó e
guaicuru, estão sendo cercados, suas terras invadidas, ocupadas e exploradas. Estão sendo expulsos do seu território
tradicional, um destino dramático partilhado por muitos
dos 170 povos indígenas da Amazônia. Cerca de um quarto
da Amazônia brasileira é terra indígena. De um lado, por
fazendeiros criadores de gado, madeireiros, garimpeiros,
seringueiros, castanheiros, rizicultores e sojicultores. Tam336
bém por caçadores, bandidos, grileiros com jagunços, posseiros e aventureiros sem escrúpulo que chegam ás aldeias
trazendo bijuteria, espelhos e outras quinquilharias, e pior
de tudo, armas e bebidas alcoólicas.
Em troca levam peles de animais selvagens, sagüis,
macacos, tartarugas, peixes de aquário, araras, papagaios e
diversos pássaros canoros, que serão vendidos no estrangeiro como animais de estimação. Além dos aventureiros e
contrabandistas de ouro, diamantes e pedras preciosas que
chegam do estrangeiro, também chegam madeireiros orientais que ocupam as florestas da Amazônia, devastando as
reservas de madeiras nobres.
OCEANIA
A Oceania é o menor continente do mundo, com superfície terrestre de 8.480.354 quilômetros quadrados,
composta de um grupo de ilhas espalhadas no hemisfério
sul. Só a Austrália corresponde por 90,6% da área emersa
da Oceania seguida de Papua Nova Guiné e Nova Zelândia
(8,6%) e das ilhas e atóis que se espalham pelo oceano Pacífico (menos de 1%) A Oceania compõe-se de 14 países:
Austrália, Fiji, ilhas Marshall, ilhas Salomão, Kiribati, Micronésia, Nauru, Nova Zelândia, Palau, Papua Nova Guiné,
Tonga, Samoa, Tuvalu e Vanuatu. As ilhas do Pacífico são
divididas em três áreas etnogeográficas: Polinésia, no extremo leste, Melanésia na região central e Micronésia ao
norte.
Cerca de 60 mil a.C. o nível muito mais baixo do
mar ligava Tasmânia, Austrália e Papua Nova Guiné num
só território, como também se uniram as diversas ilhas do
oceano. Os primeiros navegadores asiáticos, ousados, aventuraram-se na direção do grande continente australiano. Foi
uma jornada pioneira e arriscada, que partiu do sudeste A337
siático, enfrentando o imenso Oceano Pacífico, em frágeis
chalupas de junco, numa considerável travessia marítima.
Os australianos aborígenes estavam entre os primitivos viajantes. Um estranho e misterioso mundo acolheu os
recém-chegados; imenso, abrangendo o norte tropical, povoado de florestas e desertos causticantes, ao sul de clima
ameno, mediterrâneo. Algumas plantas comestíveis encontradas se assemelhavam às da Ásia e eram familiares.
Os animais eram totalmente diferentes, havia cangurus gigantescos, de até três metros de altura e diversos animais enormes aparentados com bois, grandes leões indígenas com jubas imensas, além de aves pernaltas como os
moas de até 3 metros de altura, que habitavam Nova Zelândia (extintos),emus, grandes aves que percorrem campos
secos da Austália alimentando-se de frutos e plantas, e a
linda ave-do-paraíso da Nova Guiné. Graciosos coalas grudados nos galhos dos eucaliptos, alimentando-se das folhas.
Mas foi a fartura de peixes e moluscos, disponíveis
nas costas litorrâneas e nos rios, que atraiu a atenção dos
aborígenes, e nestas áreas concentraram-se os primeiros
povoados humanos. Mas a maioria desses sítios se perdeu,
pois, há cerca de 6 mil anos atrás o mar subiu até o nível
atual e hoje eles se encontram na plataforma continental,
sob a água do oceano.
Embora o modo de vida aborígene, se baseasse na
caça, pesca e coleta (nunca se tornaram agricultores), desenvolveram relações complexas com o ambiente. Em áreas
desertas, pequenos grupos nômades espalhavam-se por milhares de quilômetros e nas regiões férteis existiam vilarejos permanentes. Mudanças consideráveis ocorreram 6 mil
anos atrás, com a introdução de plantas e animais domesticados, vindos da Ásia, trazidos pelos chineses.
As populações nativas da Oceania apresentam variações outras, afora as raciais. Os polinésios são altos e mo338
renos. Embora racialmente misturados apresentam traços
caucasóides. Provaelmente ocorreram diversas migrações
vindas da Ásia, cada uma apresentando diferenças quanto à
origem.Os aborígenes australianos são, literalmente, um
povo da Idade Paleolítica. Suas ferramentas são rusticamente feitas de pedra lascada. Eles não conhecem a cerâmica
nem a tecelagem, o arco e a flecha são ignorados. Nas ilhas,
as populações vivem principalmente da pesca e da agricultura. Os coqueirais abundantes nas ilhas do Pacífico Sul,
fornecem cocos e óleo para alimentação, material para
construção e para combustível. Os Maoris, da Nova Zelândia são grandes navegadores, constroem canoas compridas,
estreitas e velozes, de tamanho gigantesco.
Os principais grupos de ilhas da Melanésia e Polinésia Ocidental foram as primeiras a serem povoadas nos dois
últimos milênios, por colonizadores marítimos. Após mil
anos de isolamento geográfico, desenvolveu-se em Tonga e
Samoa uma cultura material polinésia característica, introduzida na Polinésia Oriental por volta de 400 d.C.Entre os
anos 400 e 1000 d.C. povoadores polinésios dominavam o
Pacífico, navegando em grandes barcos a vela chamados de
Hokulé-a, ou em pequenas canoas duplas alcançaram, praticamente, cada ilha do triângulo polinésio. Eram hábeis navegadores e desbravadores.
A maior parte das ilhas da Melanésia ( a leste, nordeste e sudeste da Nova Guiné) recebeu seus primeiros
habitantes no 2º e 1º milênios a.C.quando grupos mercantis
marítimos trazendo plantas e animais domesticados ocuparam a área. Samoanos pré-históricos se aventuraram para o
leste em canoas e se instalaram nas ilhas Marquesas. Os
povoadores se estenderam pelas ilhas do Havaí por volta de
400 d.C.época em que os primeiros polinésios chegaram à
ilha da Páscoa, dando início a uma cultura extraordinária.
339
Os demais grupos de milhares de ilhas da Polinésia,
espalhadas pelo Pacífico, incluindo a Nova Zelândia, foram
povoados principalmente a partir de Samoa-Tonga e ilhas
Marquesas, entre 1000 e 1300 d.C.Uma multiplicidade de
culturas independentes evoluiu neste “universo de ilhas”,
mas foram destruídas pelo choque com o contato europeu
entre séculos XVII a XIX. Quando os europeus chegaram,
Cook e outros exploradores encontraram a Nova Zelândia
ocupada por 250 mil maoris. Um estilo de vida baseado na
caça e coleta, complementado por horticultura na região
costeira, predominava. O contato e o povoamento europeu
levaram à confrontação violenta, que resultou na rápida
ruptura da tradicional sociedade e cultura maori.
A maioria das ilhas da Oceania é de origem vulcânica, com clima quente e úmido, cobertas de florestas tropicais, das quais cerca de um terço das matas nativas foi devastada. Atualmente a economia das ilhas do Pacífico é
essencialmente agrícola, com plantações de subsistência e
monocultura de exportação, principalmente de coco. Historicamente, os países da Oceania foram dominados pelos
europeus, no fim do século XVIII. As populações nativas
foram praticamente exterminadas, hoje, as minorias indígenas como os aborígenes da Austrália e maoris da Nova Zelândia lutam pela preservação étnica e cultural do seu povo.
A Nova Zelândia é uma das grandes exportadoras mundiais
de lã de carneiro.
Os cumes mais altos das montanhas da Oceania são
os picos Wilhelm de 4694 m. em Papua Nova Guiné, o
Mauna Kea de 4210 m e o Mauna Loa de 4170 m nas Ilhas
do Havaí.
COMUNIDADE DA AUSTRÁLIA.
A Austrália está situada no meio da Placa IndoAustraliana, onde não se consolidaram montanhas durante a
340
Era Terciária. As terras altas do leste da Austrália, os remanescentes desgastados das antigas montanhas, são uma série
de planaltos elevados; a parte oeste é um velho planalto
erodido ligado ao leste por vastas bacias sedimentares.A
paisagem árida alterna entre escarpas erodidas, planícies e
depressões contendo desertos de areia e lagos salgados.
Disposta geograficamente a sudoeste da Oceania,
com uma área de 7.703.429 km² a Austrália é o sexto país
do mundo em extensão territorial. Limita-se com Estreito
de Torres ao norte e mar de Timor a noroeste, o mar de Coral a nordeste e mar da Tasmânia a sudoeste, Oceano Índico
a oeste e Pacífico ao sul. Essa plataforma continental se
separou da Antártica entre 100 e 140 milhões de anos atrás
Foi berço de espécies animais e marinhas únicas do
planeta, também dos aborígenes que povoaram a Austrália
há mais de 60 mil anos. O Homo sapiens sapiens entrou na
Austrália e Nova Guiné oriundo do Sudeste Asiático, possivelmente através de jangadas de bambu ou juncos chineses..Essas migrações tornaram-se possíveis pelo fato de
durante a última Idade do Gelo, numerosas pontes de terra
uniam ilhas e continentes.
As ilhas do Pacífico Ocidental foram povoadas na
mesma época da colonização da Austrália e Nova Guiné,
quando os níveis do mar permitiam a sua ligação ao continente asiático..A Austrália ocupa a parte continental da Oceania e a ilha de Tasmânia. Região formada por grandes
planaltos e vastas bacias de fundo plano, sendo um terço
desértico. Orlada a leste pelos Alpes Australianos, onde se
situa o monte Kosciuszko de 2286 m de altitude, em cujo
sopé nasce o rio Murray. A Grande Cordilheira Australiana
se estende ao longo da costa oriental.
No interior encontra-se o Grande Vale Central, uma
planície desértica, rodeada de estepes e savanas. No centro
do continente, em pleno deserto pedregoso fica o lago Eyre,
341
de água salgada, de 10.000 km² de superfície, remanescente
do antigo mar. A zona desértica avança em direção do oeste, apresenta no noroeste o Grande Deserto de Areia com
400.000 km² de extensão, deserto de Tanami no Território
do Norte, de Gibson no oeste, de Simpson de 145.000 km²
na região central e o Grande Deserto Vitória no sul, com
647.000 km².
Austrália, terra de contrastes e contradições, apresenta grande diversidade de paisagens, entre densas florestas tropicais antigas, na região norte, desertos a oeste e no
interior, montanhas nevadas e praias. A flora e a fauna australiana são muito diferenciadas. As árvores mais comuns
são os esguios eucaliptos que chegam à assombrosa altura
de 100 metros e as frondosas acácias. A maior parte dos
mamíferos da região são marsupiais, como canguru, coala,
vombate e possum. A variedade de répteis era quase infinita. A vida alada era tão rica e variada que se contava aos
milhares, destacam-se, a exótica cacatua branca de crista
amarela e os minúsculos periquitos verdes e amarelos.
O rato almiscarado, mamífero marsupial, vive na
Austrália há 12 milhões de anos. Outro animal bizarro, o
ornitorrinco (Ornithorhynchus anatinus) é encontrado exclusivamente no sul e leste da Austrália, na Nova Guiné e
na Tasmânia. O ornitorrinco, mamífero ovíparo (se reproduz por meio de ovos), é um gênero de mamífero tão primitivo, que constitui uma curiosidade entre os mamíferos atuais. Altamente adaptado à vida aquática, cujos dedos das
patas anteriores são unidos por membranas, e os das patas
traseiras têm fortes garras. Tem bico semelhante ao do pato,
a cauda chata. Mede 0,60 m de comprimento. Orienta-se na
água por intermédio do sonar localizado no seu largo bico.
O ornitorrinco e a eqüídna são do gênero de mamíferos monotremados, únicos em todo o mundo, tem os aparelhos – digestivo, urinário e reprodutor terminando num
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órgão comum - a cloaca; tem apenas um só orifício para
todas as excreções na extremidade posterior do corpo.São
também dotados de coracóide (um dos três ossos componentes da cintura escapular dos vertebrados ovíparos de
respiração pulmonar), constituindo uma forma de transição
entre répteis, aves e mamíferos.
A eqüídna, é coberta de espinhos, de focinho que
termina numa espécie de bico e que vive em tocas; alimenta-se de insetos, formigas e vermes que apreende com a
língua comprida e viscosa.Os monotremos, são os únicos
mamíferos que põe ovos, não possuem glândulas mamárias
verdadeiras; o leite escorre de poros situados dentro dos
folículos pilosos, no abdômen da fêmea.
Os castores, roedores semi-aquáticos, constroem suas represas como inteligentes engenheiros.Crocodilos de até
6 metros de comprimento que sobreviveram aos dinossauros habitam o rio Adelaide. Grandes casuares vivem nos
campos e se alimentam de frutas que caem das árvores.O
canguru é um animal marsupial, as fêmeas destes animais
têm uma bolsa na barriga, onde carregam os minúsculos
filhotes recém-nascidos, por meses, até ficarem fortes.Se
instalaram na Austrália e na Nova Guiné há pelo menos 15
milhões de anos.A enorme quantidade de cangurus que saltitam por todo território australiano, são considerados como
praga; alimentam-se de ervas e folhas verdes.
A Austrália, por longos séculos isolada do mundo,
criou a sua flora e fauna sem igual no Planeta. A terra é de
planícies de solo negro, coberta de pastagens imensas, salpicadas de grupos de árvores; onde vivem bandos de avestruzes, que quando asustados disparam a correr, ligeiros
como o vento. Os plessiossauros viveram em águas geladas, há 130 milhões de anos, quando este continente estava
coberto pelas águas do Oceano Glacial Antártico.
343
A Grande Barreira Coralina, é o maior recife de corais do mundo, com mais de dois mil e quinhentos quilômetros de comprimento e oitenta de largura, situa-se na
costa nordeste do Queensland, um paraíso cheio de cavernas subterrâneas habitadas por cardumes de peixes de cores
vibrantes, tartarugas-verdes, tubarões-baleia e golfinhos.
Congrega mais de mil ilhas e 2600 recifes de corais. É a
maior estrutura formada por criaturas vivas do globo terrestre e também uma das mais preservadas.
No norte da Austrália, o clima é árido tropical, com
predomínio de florestas tropicais; o sul do território australiano tem clima temperado, mediterrâneo. No sudeste, de
clima subtropical concentra-se 75% da população. Descendentes de europeus, principalmente britânicos, é a grande
maioria na Austrália e na Nova Zelândia.
As tribos aborigenes habitam as terras que formam a
Austrália desde tempos pré-históricos. Calcula-se que havia
uma população de 750 mil indivíduos, que tinham cerca de
700 dialetos, antes da chegada dos colonizadores europeus.
Essa população declinou drasticamente durante o século
XIX, especialmente devido ao impacto com o homem branco. No ano de 1606, o espanhól Vaez de Torres explorou o
estreito que leva o seu nome, entre Austrália e Nova-Guné.
No entanto, a colonização somente começou após a
chegada do explorador inglês capitão James Cook que desembarcou na ilha em 1770, fincou a bandeira do Reino
Unido na baía de Sydney, consolidando a posse britânica.
Em fins de janeiro de 1788, oito meses depois de zarpar da
Inglaterra, a frota de onze navios, sob o comando do capitão Arthur Phillip chegou à Austrália, atracou na colônia de
Nova Gales do Sul, para ali despejar seus mais de mil sentenciados, na baia de Botany Bay em Sidney, onde foi fundada uma colônia penal para criminos ingleses. A deporta-
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ção de prisioneiros britânicos durou até 1868. Em 80 anos a
Austália recebeu 160 mil prisioneiros.
A população começa a crescer com a chegada maciça dos imigrantes ingleses, escoceses e irlandeses. Os
imigrantes chegando àquelas áreas tomaram posse de vastas
extensões de terras devolutas, expulsando os aborígenes,
donos legítimos. As guerras pela posse das terras custaram
a vida de 80% dos aborígenes. Famílias inteiras foram envenenadas ou expulsas das suas terras.Os aborígenes perderam primeiro seus territórios ricos em recursos naturais.
Os europeus se apoderaram das áreas de pesca e das
terras férteis mais adequadas para o cultivo, e dos campos
para a criação de ovelhas e produção de lã, com que abasteciam a dinâmica indústria têxtil inglesa. Atualmente, uma
minoria aborigene habita áreas hostis para o europeu, como
o Deserto Central ou as selvas do Norte do país, consevando suas tradições religiosas e sociais. A economia se desenvolve com a ocupação de vastas regiões em pastagens para
criação de ovelhas, porém começou a crescer sem parar a
partir de 1850, em decorrência da “Corrida do Ouro”.
Rica em recursos naturais a Austrália distingue-se
pelo parque industrial avançado na extração mineral de carvão, ferro, ouro, bauxita, cobre, prata, urânio, níquel, tungstênio, chumbo, diamante, petróleo e gás natural. Possui o
maior rebanho mundial de ovinos criados nas estepes e savanas do interior, e é o mais importante produtor mundial
de lã, carne e leite.A Austrália é um país jovem e impressiona pelo alto desenvolvimento conseguido em tão pouco
tempo, é uma das melhores economias do mundo. Com alto
padrão de vida, é a nação com o melhor Índice de Desenvolvimento Humano. Possui uma população de 21 milhôes
(2008), sendo 95% de britânicos. Lingua oficial, inglês.
Embora seja um país independente desde 1901, pertence à Commonwealth of Austrália (Comunidade da Aus345
trália), tendo como chefe de Estado formal a rainha Elisabeth II, soberana do Reino Unido, representada pela governadora-geral, Quentin Bryce.O país é uma monarquia parlamentarista comandada pelo primeiro-ministro Kevin Rudd,
eleito em 2007.A Austrália se divide em seis Estados e dois
territórios. A capital Canberra, cidades Sydney, Melbourne,
Brisbane, Perth, Adelaide, Newcastle.
Possui três bacias hidrográficas - da Carpentária a
nordeste, Artesiana a leste, Murray-Darling com 910.000
km², no sudeste. Os rios principais que banham a Austrália
concentram-se no leste, o Darling com 2720 km. de extensão e o Murray com 2575 km. Nas terras baixas do Queensland, gado bovino e ovelhas são criadas em propriedades
imensas, pertencentes a latifundiários ingleses.
A Austrália possui valiosos patrimônios mundiais:
Parque Nacional Kakadu; Grande Barreira Coralina; Zona
Selvagem da Tasmânia; Parques das Florestas da Costa
Leste Australiana; Parque Nacional Uluru; Trópicos Úmidos de Queensland; Sitio Arqueológico de Riversleigh.
Existem evidências, de que no período Permo-Triássico, há
250 milhões de anos, houve a queda de um gigantesco meteoro na região de Kakadu, atingindo a borda noroeste da
placa continental australiana, o impacto deixou uma cratera
de 22 km de diâmetro e ocasionou colossais tsunamis.
Houve uma extinsão em massa, morreram 90% das criaturas da terra.
Regiões povoadas por grandes florestas de eucaliptos e acácias, como Queensland, ocasionalmente, são atingidas por violentas tempestades secas, com nuvens negras
carregadas de eletricidade, relâmpagos riscando o céu, seguidas por explosões de raios e trovões, provocando incontroláveis e devastadores incêndios. Essas tempestades não
trazem chuva. Em fevereiro de 2009, um incêndio nas florestas de eucaliptos, na região sul de Victoria, já consumiu
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mais de mil casas e matou 181 pessoas. De difícil controle,
está se estendendo rumo norte, às planícies do Queensland.
AOTEAROA / NOVA ZELÂNDIA.
O arquipélago de Aotearoa / Nova Zelândia, situa-se
no sul da Oceania, a 1600 km a sudeste da Austrália, tem
uma área de 270.534 km². Consiste em duas ilhas principais, separadas pelo Estreito de Cook,bem como várias ilhas menores.A Ilha do Norte é vulcânica, e apresenta planaltos e gêiseres, seu clima é subtropical, enquanto na extremidade meridional da Ilha do Sul é comum o inverno
com neve. É cruzada pela cadeia montanhosa dos Alpes do
Sul, sobressaindo o Monte Cook de 3764 metros de altura.
Aotearoa, a Terra da Longa Nuvem Branca, assim
chamada pelos nativos. Foi povoada em torno de 750 e
1000 anos atrás, pelos maoris, vindos da Polinésia. Eles
desenvolveram uma cultura avançada, de alto nível, na fabricação de tecidos, construção de casas e de canoas e na
horticultura. Em 1642, o holandês Abel Tasman chegou à
Ilha do Sul, a maior, mas foi impedido de desembarcar pela
resistência dos maoris. Em 1769, o britânico James Cook,
realizou um reconhecimento da costa das duas ilhas, do Sul
e do Norte, abrindo as portas para a colonização.
De 1850 a 1950, vastas áreas de floresta na Ilha do
Norte foram dizimadas, deixando colinas inclinadas e secas,
que foram cobertas com gramíneas para criação de grandes
rebanhos de ovelhas. Com amplas áreas de pastagem a
Nova Zelândia produz lã, carne bovina e de carneiro. A
base da economia é agricultura e pecuária. Há também reservas de carvão, petróleo e gás natural.
Em 1840, foi proclamada a anexação da Nova Zelândia à Coroa Britânica, como colônia. Tem como base de
governo a monarquia parlamentar, é membro da Comuni347
dade Britânica,com chefe de Estado a rainha Elisabeth II,
representada pelo governador-geral Anand Satyanand
(2006), e primeiro-ministro John Key (2008).Capital Wellington, outras cidades Auckland, Christchurch, Manukau.
Possui uma população de 4,2 milhões (2008). A composição étnica é de europeus 86%, maoris 10%, polinésios 4%.
O idioma oficial é o inglês e maori.
O CONTINENTE ANTÁRTICO.
Durante a Era Mesozóica, com as transformações
sucessivas do globo terrestre, pelo movimento das placas
tectônicas e vulcanismo, o clima mudou drasticamente. O
subcontinente de Gondwana começou a rachar;grandes fendas separam a América do Sul, a África e a Índia, que pelo
processo de deriva afastam-se rumo leste. O continente da
Antártica, que há 135 milhões de anos atrás, estava unido à
Austrália e América do Sul, separa-se progressivamente.
O continente da Antártica está situado no Pólo Sul,
com uma área de 13,2 milhões de km²,é cercado pelas águas confluentes dos oceanos Pacífico, Atlântico e Índico.O
continente Antártico é o quinto maior do mundo, o mais
frio e menos hospitaleiro; consiste num alicerce de rocha
continental, com uma cobertura de gelo maciço sobreposta,
com espessura média de dois mil metros e volume de cerca
de 30 milhões de quilômetros cúbicos, que se estende por
todo o território. A única exceção nesse cenário glacial é a
Peninsula Antártica, região que não permanece gelada o
ano inteiro. A Antártica é separada de todas as outras massas de terra pelas águas tempestuosas e agitadas do Oceano
Glacial Antártico. Possui várias ilhas adjacentes.
As geleiras formam-se do acúmulo de gelo que se
origina da deposição continua de neve sobre partes da superfície dos continentes. As geleiras concentram cerca de
348
três quartos da água doce existente no planeta que corresponde a 77,2 % das águas continentais. As geleiras continentais recobrem a Antártica, no Pólo Sul, e a Groenlândia
no Circulo Polar Ártico. No Pólo Norte não há geleiras –
nessa região não existe continente - a massa de gelo flutua
sobre o Oceano Glacial Ártico. O Circulo Polar Ártico, abriga vários mamíferos terrestres, entre os quais: lebres,
roedores, raposas, lobos, ursos e manadas de caribús selvagens (Rangifer tarandus).
Apesar da maior parte da água doce de todo o mundo estar armazenada na camada de gelo da Antártica (com
até 4.800 m de espessura), o continente é também o mais
seco do mundo, porque a temperatura muito baixa limita a
humidade que o ar pode reter. Existem vales secos e únicos,
onde as rochas ficam expostas, não chove nunca, são os
locais mais secos do mundo. No inverno, sua superfície
gelada é duplicada pelo congelamento dos oceanos. As calotas polares são muito importantes para o equilíbrio ambiental do planeta, pois interferem no nível dos oceanos.
Embora as condições ambientais sejam severas, várias espécies de animais se adaptaram ao clima rigoroso. A
Antártica possui uma rica fauna marinha que inclui focas,
elefantes-marinhos, baleias e diversas espécies de pingüins.
Vivem nos rochedos da costa multidões de pássaros marinhos. A vida marinha prospera nas águas ricas em nutientes
em volta da Antártica. O fitoplancton é abundante, como o
pequeno “krill”, parecido com camarão, e que faz parte da
cadeia alimentar que inclui crustáceos, moluscos, peixes,
baleias, elefantes-marinhos, focas e golfinhos.
Em algumas poucas regiões o continente possui
uma cobertura vegetal rasteira composta por algas, liquens
e musgos.Prevalecem climas muito frios nas regiões polares.Com temperaturas inferiores a O° Celsius no verão,
podendo alcançar 80º Celsius negativos no inverno.Por cau349
sa do desvio do eixo da Terra, as regiões polares recebem
obliquamente os raios solares, e embora durante os meses
de verão não haja praticamente escuridão, há pouca radiação solar, que não é suficiente para aquecer a superfície da
terra congelada.
O continente Antártico abriga o Pólo Geográfico
Sul, a 90° de latitude Sul, além do Pólo Magnético Sul, cuja
localização não é fixa. Oculta sob o gelo o lago Vostok, de
água doce, com 10.000 km² de extensão, o maior do mundo. Alguns dos picos mais altos da Antártica como o Erebus
(vulcão ativo, de 3734 m) e o Kirkpatrick (4530 m), se localizam nos Montes Transantárticos, um prolongamento
geológico da cordilheira dos Andes que percorre a faixa
centro-sul do continente antártico, dividindo-o em duas
partes. As montanhas Transantárticas, que formam um limite entre a Antártica Oriental e Ocidental, são uma das maiores cadeias montanhosas do mundo.
A Península Antártica é uma cadeia de ilhas relacionadas com a cordilheira dos Andes, geologicamente mais
nova, onde se encontram vários vulcões em atividade. Na
base das montanhas Transantârticas, em frente da Antártica
Ocidental, existe um cinturão de sedimentos dobrados, com
a idade de 65 milhões de anos. Nessa época uma série de
movimentos da crosta terrestre, acompanhou a atividade
vulcânica intensa e as erupções que ocorreram, podem estar
ligadas à formação das montanhas Transantárticas.
Geologicamente, a Antártica Oriental consiste, numa antiga crosta continental, que remonta a Era Arqueozóica, quando fez parte do supercontinente Pangéia. Muitas
rochas e fósseis da Antártica são iguais aos encontrados nos
continentes que estavam unidos entre si. Na parte Oriental
destaca-se o monte Sör Rondane (3630 m) e Menzies (3355
m). A porção Ocidental também é formada por um planalto
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elevado, com picos que se erguem, no monte Sidley a 4141
metros de altitude, e no maciço Vinson a 5140 metros.
Na região existem estações de pesquisa de vários
países, ocupadas por cientistas. O clima severo não permite
que abriguem moradores permanentes. A temperatura chega
a 89,2° Celsius negativos, na estação Vostok. Ventos fortes
e gelados sopram continuamente de oeste para leste, sobre a
superfície da terra e dos mares que circundam a Antártica.
Vinte e sete países possuem bases de pesquisa científica no
continente antártico, entre os quais o Brasil, que desenvolve
atividades na Base Comandante Ferraz.
Em 1961, entrou em vigor o Tratado da Antártica,
que internacionalizou a região e regulamentou seu uso exclusivamente para pesquisas com fins pacíficos. As atividades humanas no continente restringem-se à pesca regulamentada desde 1982, e investigação científica. Foi descoberta pelos cientistas a maior depressão no continente antártico, a Fossa Subglacial Bentley com 2538 m de profundidade.
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