I neogénesis 2 - o exercício das Trevas - Eis

Transcrição

I neogénesis 2 - o exercício das Trevas - Eis
Olsa
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neogénesis
2
- o exercício das Trevas Eis-me. Encaro de novo a inquietante escuridão do monitor do
meu PC; vazio universal que suga-me a alma para um vórtice de tenebrosidade que mais ninguém reconhece/admite, pois apenas em mim
existe e através de mim se expressa em monopólio jamais exclusivo
e sempre solitário.
Estas letras de magro significado escorrem directas da minha
mente,
esparramando-se
no
teclado
e
reflectindo-se
vaidosas
no
ecrã metamorfoseado nessa página que lês. Suspiro na ressaca dum
estúpido êxtase em que me satisfiz por meros segundos, que se gastaram em anteriores horas inúteis; não sei o que quero… só sei que
tenho que o escrever!
Assolam-me imagens de simbólicos demónios, fantasmas que meramente reflectem o meu rosto inefável para um simples espelho ao
negro luar.
Can you understand the meaning of me?? Would you dare!? Comprehend this, and you’ll see your painful sins through me; I’m the
play of your actions. Please, just understand me… and cry!
Porque regressei eu aqui, a uma história já acabada? Sou assombrado por um ego infinito que é incontível em mim; regresso
porque aqui sou deus, irresponsável enquanto tirano. Aqui construo
I
apenas pelo puro prazer de depois destruir; aqui ajo cruel e impune; sem alguma dúvida, aqui sou divino.
Mas onde é «aqui»? Nada; um universo unidimensional onde nada
concreto poderá alguma vez existir, um mundo só de pensamento e
incapaz de reter qualquer matéria, no entanto intransmissível a
não ser pela sua materialização em tinta impingida num papel, ou
para sempre condenado a uma fugaz existência em que o penso para
de imediato o esquecer. No final das contas, o «aqui» sou eu, e eu
sou somente aqui!; cristalizado imortal sem perdão ou moral em
electrónicas imagens de letras, que de facto nem sequer existem
nem têm qualquer significância fora de mim, aguardando apenas o
momento derradeiro em que se sublimarão em substância por um esforço imbecil duma impressora qualquer que as converterá em definitivos espaços entre papel e tinta.
Papel&tinta!
Única
verdade
absoluta,
e
que
incessantemente
questiono e duvido crítico. Papel é tinta. Tinta negra como a minha alma, que debita incessante inteiros pesadelos ocasionalmente
amparados por uma inocente folha branca, tecido nunca arrancado da
minha pele enxuta por um olhar húmido e surdo. Trinta; e nega como
a sina chama quem acredita indecente no somatório pesado dos ocasos apanhados por um inconfidente coelho de bata, torcida peruca
cândida que tinha célere a puta de um solar mudo e curto. Tinta e
papel. Tinha o painel. Minha a babel!
De novo volto. Regresso. Reformo as palavras, recorro a significados, e recrio de forma corrente e inédita. Tudo o terminado
renasce, o fim torna-se num novo principio. Z é A!
∴
II
Num piscar, passeio-me numa esplendorosa selva viçosa, entre
ruínas, escombros escassos que vou desenhando e colorindo à medida
do avanço dos meus passos por este mundo revisitado; do nada emergido, da memória reerguido em nova imaginação. O reinventado planeta Jardim, é assim de nome.
O piar; só o piar pois dispenso criar as exóticas aves, escondidas algures entre vistosas copas de árvores decoradas por lianas… O piar enche-me os ouvidos durante a minha ociosa deambulação
de nostalgia. Ou encher-me-ia os ouvidos, o tal piar, se eu pudesse por qualquer milagre estar mesmo lá, e não defronte da secretária onde o descrevo; entrar por sortilégio na essência das palavras, naquele apertado e eterno espaço imedível entre a tinta e o
papel, lugar em que tudo acontece e a imaginação nasce e morre. Oh
como gostaria de morar ali, naquele espacinho, aquele encantado
reino que eu concedo existir!, pois eu na minha magnânima majestade o concebo. Eu quero, ele é. Eu oiço, ele pia; embora na verdade
eu nem chegue a ouvi-lo, mas ele continua a piar. E continuo o meu
passeio, sem nunca me mover.
folhas, folhas, folhas
folhas, ramo, folhas, ramo, folhas
folhas, ramo, ramo, folhas
tronco, ramo
pétalas
pétalas, corola, pétalas
tronco
caule
tronco
caule
erva, erva, erva, erva, erva, erva, erva, erva, erva, erva, erva
eu!
Nada existe. Eu sou!
III
A noite vem, sem nunca antes ter sido dia. O Satélite brilha
em prata perfurando o véu escuro, que imagino cobrir toda a paisagem anulando as restantes formas que poderiam ter sido possíveis.
A escuridão preenche-me em satisfação. Sou tornado aqui único
farol, iluminado pela razão, que mais não é que um sonho de embalar.
Vazio. Mato a Ordem, e tudo se desfaz. Novo principio. Caos!
Agora atrevo-me sem restrições, atrevo-me a ir mais além do
que antes tímido não fora. Imodesto, sou por fim omnipotente; tudo
posso, pois tudo sou. Ego=pancosmos. Eu!.
Recrio o Jardim; não mais esférico nem vegetal. Retorço-o numa
espiral descolorida como uma partida corda de guitarra que toco a
meu belo e exclusivo prazer, embora aqui não possua dedos… apenas
letras, para a fazer vibrar. Ele torna-se em todo o Universo.
Pinto-o de escalabar com salpicos de berritunil e suaves riscas de jiomônede clarinho. Deleito-me contemplando a minha obra de
arte, que reluz multicolorida na escuridão universal em melodiosos
tons de jí bemol.
∴
À medida que aqui fico, as memórias da minha aborrecida vida,
realmente existente em submissão ao cosmo que por vezes até duvido
existir, vão-se esfumando em pedacinhos de negrume que lacrimejo
distraído. Enquanto m’esqueço, liberto_me¡
Çou cada vês + Eu. B4 mi I stand, naked like a star burning in
heaven at night; sou a mirror que reflecte nothing, empty sonho
que
sou
tinta
on
paper,
contenho
all
things
em
me.
I
am,
sou/estou. Indivisível e infundível. Singular!
IV
I act by the mean of words; como o prévio criador que agora
tornei obsoleto Eu reformo a existência perante mim, expondo nela
tudo o que poderia ter sido. I play the Jardim, corda universal;
revibrar recriando-se beyond any imagination.
A sky of running water sob my feet, em tons laranjas, pedaços
fofos de carástril maduro e perfumado esvoaçam no ar como tiras de
algodão-doces fugidas duma boca qualquer. A hill of gray grass
swims over the sun q ñ há já+. Do ar, agarro e moldo novos corpos
vagamente semelhantes; dou-lhe contornos para que tu os leias como
anjos, como eu without sex ou çoul.
They r wicked, filled com all my sins; eles engage em wars,
extinguindo-se num suspiro, their bodies fall on terra like meteoritos, decaying stars! So beautiful!!. E ressuscitam, para guerrearem again, e morrerem de novo e de novo num endless fim. Scorching the land with their inflamados bodies, scars of mái pain.!
Then aborrecido I create a corner street. É noite foggy. Um
homem, à sombra dum candeeiro, está dobrado sobre um corpse avermelhado.
A knife desenterra-se da karne que se vai fexando láike an
flower at night, bebendo para si o blood that runs pela street
como um delicado tapete a convidar um qlq vampiru. The faca erguese, enqto o homem se desdobra e a guarda no pocket; caminha backward como um lion em caça. O corpo anima-se e ergue-se do floor,
afastando-se da luz do candeeiro.
O homem refugia-se predador na esquina, observando a mulher
que incauta regressa ao horizonte.
V
Caminhando para trás ele sai da rua, entra num prédio, closes
the door do seu quarto e sentar-se-á na cama. Abrindo um livro retirando da mesa de cabeceira, ele então lerá e chorou.
Na capa: /\ | _| Σ| | Σ| .
E na pág. aberta: Mata, pois ape-
nas Eu existo, tudo não passa dum sonho
m
eu, tu és um mero persona-
gem duma história ignorada; mata, pois sem inferno nem paraíso não
há moral, és livre e inconsequente!
Guardou o livro, e num pulo dirige-se à porta. Tudo se repete,
mas ela desta vez permanece esvaindo-se pelo chão até ao seu último suspiro. Ele lá fica até o sol brilhar, admirando a sua derradeira obra-prima… homenagem a um mundo que não é nunca foi jamais
será. A multidão pasmada, rodeia-o, e o homem sorri-lhes simpático
em agradecimento.
A police vem por fim. Ele não se move, apenas espera. Levam-no
para a esquarda e interrogam-no.
- Matei, porque o podia fazer; ela veio, eu estava lá e tinha
uma navalha. Matei-a. Nunca o tinha feito, quiz experimentar. É
diferente!
Indignados puseram-no logo em tribunal e excepcionalmente condenaram-no à morte; ele somente gargalhou em resposta.
Foi o tempo das suas últimas palavras, transmitidas por todos
os meios de comunicação.
- Morram!
E todos morreram, ele ficou só no mundo, sem fome sono pensamentos, vagueando por esboços e notas de rodapé. Till I lost interesse, and it all faded away; puff, como uma bolha de sabão n1
dedo mais atrevido.
VI
Procuro novos interesses, novas liberdades… 9 absolutos! As
palavras que me libertam, restringemme; pois condenamte ao seu
preconceituoso significado while tu as lês. kerU criar, e não recriar; wirp sçhp mpbp!!!.
E retorno aguém e aguém ao Jardim, meu mundo universal; mergulho na sua natureza inédita, e rebornome tal fénix negra e inarrável. The words die, to be given birth by me, new and never read
B4; just signs not symbols, scratches on the void, without meaning
just form. & náu dêi ár trú, láike mí.!
∴
çou livre pª inauguraR¡ HALeluia. Por fim sei a verdade, e sou
deus autêntico; pq a descrevo perante os teus eyes ignorantes. Lê Y
cry¡¡!!
Elu az guertul jufão polasdiaz ojil ráu jutamauniolito. Yuito
lopias ráu velpo, freinoimum ráu sadronetar! Municil, zarrojufão
carástril gliaz lepe.
Fraito jasde hióba galalara vuimum. Wartetar jí clarena drumelpo, lepe xerenetar; evecil prajufão grobiaz, kancumum oílpe.
Greniaz, ráu ívaiumum telarnetar? Ráu julcade; ráu reguí! Clíniaz difragoito nilpe municilráu.
Ertul jióba yíl troniolito praz vreúmum. Uilvelpo daivolito
santíbiolão, frejotiaz gebil xórnimum cátul. Lalaliopenetar tydrena kilpe, granujaba, najul, yuito wiloito; edondiaz barena vrenil
caúbito, xeleralara sipólimum. Lovoito airísjufão góil escalabar
az mavimum yuito berritunil yíl jiomônede azcerde dravudíocil blokiaz, hepe glaralarabofão; ertul telejódriaz bérumum!. Truil ráu-
VII
gaba
sêlvide
graínemunicil…
frujobavil?,
nerabanade
jivrúlito?…
reíquiaz!! Kancumum grejiba.
Rítioto ráu.
Valfínetar fonatul sipóde likúicil, quíkuímum elu fetenetar
bôniaz tavijul. Huilípe ojil watena grijalabar mertuliofão, municilráu lijalepe. Kráu yíl barena polasdias jivalde!
Ráu yuito cátul municilráu!!. Evicil lalarajufão yíl ráu góil
juíbepe daivolito.!
∴
Mas a forma ainda me prende; após a verdade, desejo a evasão
derradeira. Dissolvo-me, para destruir o poder que me entronou
aqui, e me engoliu submetendo-me à sua essência… anulo todas as
palavras, e filtro a renovada realidade adquirida tornando-a absoluta e verdadeira purificando-a para ti… último dogma inquebrável
derrubado.!
I’m the universe and the chaos; the whole & the nothing; am
me! Eis-me nu por ti para ti perante ti; lê-me em tuas próprias
palavras.
,
.
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…
VIII
.
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.!!
!
∴
Chora pois agora compreendes-me! Eu estendido até ao infinitesimal infinito das trevas que em mim existem e persistem, para
além de todo o cosmo imposto.!
O exercício finaliza-se na mordedura da cauda da serpente,
onde de novo e para sempre se retorna ao primordial vazio incarnado no definitivo omega jamais concretizável. Sublima-se o Jardim
em nada, até que alguém o recorde de novo para a insistente existência, que é o desvairado sonhar dos escritores/deuses!!.
Abrem-se os céus em Aquário,
tomba uma sã estrela partida
na caótica queda imprevista;
por duas vezes poeta etéreo,
é no mau terço que se desfaz
o santo, devotado às Trevas!
εγο
99
IX