Jornal da Casa / Casa do Brasil
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# 21 – maio 2013 Martinho Da Vila O retorno do eterno bamba N O dia 4 de maio, Martinho Da Vila voltou ao Uruguai para apresentar seu show Pop-Clásico, com músicas de seu último disco ―4.5 Atual‖, celebrando assim 45 anos de carreira, junto com sua filha, a pianista Maíra Freitas (foto). Martinho José Ferreira nasceu em Duas Barras, uns 170 km distantes da capital do estado de Rio de Janeiro, em 12 de fevereiro de 1938. Filho de lavradores, sua primeira profissão foi como Auxiliar de Químico Industrial. Um pouco mais tarde, enquanto servia o exército como Sargento Burocrata, cursou a Escola de Instrução Especializada, tornando-se escrevente e contador, profissões que abandonou em 1970, quando deu baixa para se tornar cantor profissional. Apesar de ter nascido no interior do Rio de Janeiro e hoje morar na Barra da Tijuca, Martinho foi criado na Serra dos Pretos Forros, num morro que era bastante pacato, meio mineirado e que nem sequer tinha escola de samba até então. Sua vida de sambista (ritmista, passista, compositor, puxador de samba enredo, presidente de ala e administrador) começou na extinta Escola de Samba Aprendizes da Boca do Mato. Simpatizante no Carnaval da escola Império Serrano, aos poucos foi se apaixonando pelos Unidos de Vila Isabel. Ingressou e passou a dedicar-se de corpo e alma à Escola do bairro de Noel Rosa em 1965 e a história da Unidos de Vila Isabel se confunde com a de Martinho, que passou a ser chamado de o Da Vila. Como parte da ala de compositores, é autor -sozinho ou em parceria- de vários sambas enredo da agremiação: ―Três Acontecimentos Históricos‖ (1967), ―Quatro Séculos de Modas e Costumes‖ (1968), ―Iaiá do Cais Dourado‖ (1969), ―Glórias Gaúchas‖ (1970), ―Onde o Brasil Aprendeu a Liberdade‖ (1972), ―Sonho de um Sonho‖ (1980), ―Prá Tudo Se Acabar na Quarta-Feira‖ (1984), ―Raízes‖ (1987) e ―Gbala – Viagem ao Templo da Criação‖ (1993). Para o ano de 1988, compôs o lendário ―Kizomba, Festa da Raça‖ (Kizomba é uma palavra africana que significa encontro de identidades e festa de confraternização), com o qual a Vila Isabel conquistou o título de Campeã do Centenário da Abolição da Escravatura, seu primeiro campeonato no Grupo Especial. Também é autor do samba enredo ―Soy Loco Por Ti América‖, elaborado em parceria com os carnavalescos Alexandre Louzada e Alex Varela, que deu à Vila o título máximo do carnaval de 2006. Nunca exerceu a presidência administrativa da escola, mas por várias vezes esteve à frente da agremiação da qual é o Presidente de Honra. Desde que sua carreira artística surgiu para o grande público, nos III e IV Festival da Record (1967-68) com a música ―Menina Moça‖ e os explosivos partidos-altos ―Casa de Bamba‖ e ―O pequeno burguês", Martinho sempre atingiu enormes vendagens de seus discos, quebrando o tabu dos sambistas que precisavam de vozes intermediárias para chegar à massa. JornalDaCasa é uma publicação de CasaDoBrasil | Editor: Leonardo Moreira Web: www.casadobrasil.com.uy | Twitter: @casadobrasiluy | Mail: [email protected] # 21 – maio 2013 Martinho sempre gostou mais do Carnaval de rua que do Desfile Oficial. Mas hoje reconhece só acompanhar o desfile da escola azul e branca pela Avenida Marquês de Sapucaí. ―É que antes tudo era mais descontraído, hoje tem que estar cumprimentando e tirando fotos o tempo inteiro‖, disse na conferência de imprensa, quando esteve em Montevidéu, em 2011. Perguntado sobre qual é sua filosofia de vida, respondeu: ―Fazer tudo de-va-gar, de-va-ga-rinho… É verdade, quem anda devagar faz mais coisas e chega aos lugares aonde quer ir. Quem corre muito às vezes nem chega ou chega cansado. E cultuar a alegria. Não existe felicidade sem alegria. Admiro muito as pessoas que falam coisas sérias sorrindo‖, filosofou. Martinho disse alguma vez que o botequim é mesmo um templo onde os solitários se sentem bem acompanhados com seus copos, pensando… Um lugar sagrado que funciona também como consultório democrático, onde às vezes se é paciente e outras, analista. Em 1997, foi inaugurado em Vila Isabel o Butiquim do Martinho, que se tornou ponto de encontro de sambistas. Sobre seu fechamento, o compositor apontou como as principais razões sua mudança do bairro e o fato de o bar ficar dentro de um shopping, o que gerou mais de uma confusão. ―Mesmo assim me arrependi porque eu não sabia que tanta gente gostava do botequim. Depois de um tempo entendi que aquilo já não era mais de mim, passou a ser do coletivo, e até hoje me reclamam‖, desabafou. Embora internacionalmente conhecido como sambista, com várias composições gravadas no exterior, Martinho da Vila é um legítimo representante da MPB e compositor eclético, tendo trabalhado com o folclore e criado músicas dos mais variados ritmos brasileiros, tais como ciranda, frevo, coco, samba de roda, capoeira, bossa nova, calango, sambaenredo, toada e sambas africanos. Foi o primeiro sambista a ultrapassar a marca de um milhão de cópias com o CD ―Tá delícia, Tá gostoso‖ lançado em 1995. Pai de oito filhos e avô de sete netos, Martinho conservou o estado civil de solteiro até conhecer Clediomar Corrêa Liscano Ferreira, no início da década de noventa. Para compensar, em maio de 1993, casou-se duas vezes com Cléo, no civil e no religioso. E foi o próprio Martinho quem manuscreveu o convite aos amigos. Martinho, que além de músico, é cantor, compositor, pesquisador e escritor, admitiu que o processo de criação é um trabalho solitário. ―As músicas que tenho feito com parceiros, geralmente alguém manda uma melodia e eu faço a letra, ou vice-versa, ou tem uma música que não acabaram e eu finalizo, mas sempre por separado. Nunca sentei junto de ninguém para criar‖. Apesar de ser compositor indutivo e cantor sem formação acadêmica, ele tem uma grande ligação com a música erudita e idealizou, em parceria com Maestro Leonardo Bruno, o Concerto Negro, espetáculo sinfônico que enfoca a participação da cultura negra na música erudita. Também participou do projeto Clássicos do Samba, sob a regência do Maestro Sílvio Barbato. Seu espírito de pesquisador incansável está impregnado em discos como ―O canto das lavadeiras‖, baseado no folclore brasileiro, lançado em 1989, ou ―Lusofonia‖, do início de 2000, reunindo músicas de todos os países de língua portuguesa. Também é autor de 10 livros, entre os quais se destacam: ―Vamos brincar de política?‖ (1986), dedicado ao público juvenil, o autobiográfico ―Kizombas, andanças e festanças‖ (1992), a ficção ―Ópera negra‖ (1998) e ―Joana e Joanes – Um romance fluminense‖ (1999). ―O Martinho da Vila é uma das mais importantes lideranças dos movimentos negros do Brasil. Ele é do negro, o cantor das mulheres, ele é político, é considerado o nosso poeta maior. Amo demais ele‖, afirmou Benedita da Silva, ex Governadora do Estado do Rio de Janeiro. ―Ainda que procurasse da primeira à última letra do alfabeto, não encontraria uma palavra para definir a importância do Martinho. Ele é o nosso xodó". # 21 – maio 2013 Ao pé da letra O pequeno burguês R eformulador do samba-enredo, ao qual deu maior dinâmica, Martinho da Vila foi se consagrar como estilizador de um outro tipo de samba, o partido-alto. ―O que fiz foi pegar o partido-alto -que não era usado nem nas escolas, ficando apenas nos grupos e rodinhas- e dar uma forma, armando uma historinha com versos e refrão muito característico‖, esclareceu o sambista em entrevista a Tárik de Souza, nos anos oitenta. Esse esquema ele usou em seu primeiro grande sucesso, ―O pequeno burguês‖, e noutros sambas lançados na ocasião. Ele narra a luta de um personagem sem recursos, que dá duro para se formar numa faculdade particular e receber o seu ―canudo de papel‖. Além de vitorioso nas carreiras de cantor e compositor, Martinho tornou-se um batalhador pela valorização e difusão da cultura negra. Mas felizmente Eu consegui me formar Mas da minha formatura Não cheguei participar Faltou dinheiro prá beca E também pro meu anel Nem o diretor careca Entregou o meu papel... O meu papel! Meu canudo de papel... E depois de tantos anos Só decepções, desenganos Dizem que sou um burguês Muito privilegiado Mas burgueses são vocês Eu não passo De um pobre coitado E quem quiser ser como eu Vai ter é que penar um bocado Um bom bocado! Vai penar um bom bocado... Felicidade! Passei no vestibular Mas a faculdade É particular Particular! Ela é particular... Livros tão caros Tanta taxa prá pagar Meu dinheiro muito raro Alguém teve que emprestar O meu dinheiro Alguém teve que emprestar... Morei no subúrbio Andei de trem atrasado Do trabalho ia prá aula Sem jantar e bem cansado Mas lá em casa À meia-noite Tinha sempre a me esperar Um punhado de problemas E criança prá criar... Para criar! Só criança prá criar... Discos onde ouvir Martinho da Vila – Martinho da Vila (1969) Neguinho da Beija-Flor – Da Vila e da Viola (1994) Jair Rodrigues – De todas as bossas (1998) Waguinho – Receita da felicidade (2001) Vários intérpretes – Os bambas do samba 2 (2002) # 21 – maio 2013 Telinhas e telonas C om direção de Jayme Monjardim, a novela feita e exibida pela TV Globo entre 2011 e 2012, ―A vida da gente‖, já está nas telas do Canal 12, de segunda à sexta-feira, às 19 horas. Ana (Fernanda Vasconcellos), Rodrigo (Rafael Cardoso) e Manuela (Marjorie Estiano), nascidos e crescidos em Porto Alegre, conviveram como irmãos postiços durante sete anos, desde que Eva (Ana Beatriz Nogueira), mãe delas, e Jonas (Paulo Betti), pai dele, se casaram. Hoje, no auge da juventude, hormônios à flor da pele, Ana e Rodrigo se descobrem apaixonados, ao mesmo tempo em que, por ironia do destino, seus pais iniciam um violento e litigioso processo de separação. Ana é uma tenista em ascendência na carreira e acaba engravidando de Rodrigo, para revolta de sua fútil mãe e de Vitória (Gisele Fróes), a treinadora fria e calculista. Logo após dar a luz a Júlia, que inicialmente é apresentada como suposta irmã dela e de Manuela, Ana sofre um grave acidente de carro que a deixa em coma por seis anos. Júlia (Jesuela Moro) acaba sendo criada por Manuela, irmã mais nova de Ana, que cresceu à sombra da irmã "talentosa e perfeita", e se sente rejeitada pela mãe por ter nascido com uma leve descoordenação de movimentos que a faz mancar. Tímido e inseguro, por causa do temperamento frio e materialista do pai, Rodrigo amadurece ao descobrir e assumir sua filha com Ana, ao lado de Manuela. A afinidade entre eles vai crescendo dia a dia, e os três passam a viver como uma família de fato. Cinco anos depois, Ana sai do coma, provocando uma reviravolta na vida de todos e tendo que lidar com um novo mundo. A ajuda para a nova fase virá com o Dr. Lúcio (Thiago Lacerda), um médico neurologista, dedicado aos pacientes, ético e íntegro, que vive sozinho desde que perdeu a esposa para um câncer incurável, e que se apaixona por Ana. A trama de ―A Vida da Gente‖ tinha como pano de fundo as relações familiares, o mesmo do seriado ―Tudo Novo de Novo‖ (2009), também de autoria de Lícia Manzo. "Quis trazer para o centro da ficção o que estamos vivendo e experimentando hoje, em novos desenhos das relações familiares e humanas", afirmou a autora. "É uma novela com muita emoção, simples e que traz à tona situações e experiências que podem acontecer com qualquer um. É uma crônica muito bem feita sobre as relações humanas", completou o diretor, Jayme Monjardim. # 21 – maio 2013 Lícia Manzo explicou como o tema "coma" entrou na novela: "O coma tem um caráter emblemático, parece estacionado na fina fronteira entre a morte e a vida. E eu diria que o coma (ou a volta do coma, e reencontrar sua vida seguindo sem você), é o eixo central da novela. Em volta deste eixo, procurei construir uma espécie de 'crônica' das relações familiares atuais." A autora afirmou que ―A Vida da Gente‖ era uma novela tradicional: "Embora aborde novas configurações em família, a novela segue uma estrutura tradicional, clássica, sem nenhuma pretensão de inovar coisa alguma. Ao contrário, nela pago um tributo a tudo o que me formou e a que assisti a vida inteira. A Vida da Gente é um melodrama tradicional." A equipe de produção de arte da novela ficou responsável por indicar os profissionais que orientaram o elenco em seus laboratórios. A atriz Fernanda Vasconcellos, por exemplo, teve o acompanhamento de uma professora de tênis durante mais de quatro meses. A atriz aprendeu a coreografar as partidas que foram gravadas para a trama. Já Marjorie Estiano e Neuza Borges, que dirigiram um bufê na novela, aprenderam como é o dia a dia de uma doceira na casa de uma profissional. As cenas dos primeiros capítulos foram gravadas no Mato Grosso do Sul, Argentina e Rio Grande do Sul. Em Bonito (MS), Fernanda Vasconcellos e Rafael Cardoso gravaram belas cenas subaquáticas em um lago com águas cristalinas. Em Ushuaia, na Patagônia Argentina, Fernanda e Ana Beatriz Nogueira gravaram nos parques, bosques e lagos da região conhecida como "o fim do mundo". Em seguida, as atrizes se encontraram com Gisele Fróes na capital argentina. Em Buenos Aires, durante quatro dias, as atrizes gravaram em San Telmo, Puerto Madero, Caminito, entre outros lugares. Em Porto Alegre, a equipe gravou em locais como a Casa de Cultura Mario Quintana, o Mercado Público, o Cais do Porto, o Parque Moinhos de Vento, entre outros. Algumas gravações na capital gaúcha chegaram a movimentar cerca de 70 pessoas, entre elenco, equipe e figuração. No Cais do Porto, as cenas foram à bordo do tradicional barco Cisne Branco, que navegou pelo Rio Guaíba com os personagens Ana e Rodrigo. Em Gramado, as gravações foram realizadas nos principais pontos turísticos da cidade, como a Rua Borges de Medeiros e a Igreja Matriz. Na trama, Gramado era a cidade onde morava Iná (Nicette Bruno), avó de Ana e Manu. A reta final das gravações em viagens foi em Canela, cidade vizinha a Gramado. Lá, a direção explorou as belezas naturais em cenas no Parque da Ferradura com os atores Rafael Cardoso e Fernanda Vasconcellos. O museu e casa de chá "Castelinho Caracol" serviu como cenário para cenas de Iná e Laudelino (Stênio Garcia) . A simplicidade e realismo foram a base para os quase 70 ambientes projetados em estúdio para a novela. A ideia, segundo a cenógrafa Erika Lovisi, era passar a noção de cotidiano, além de explorar algumas características dos personagens em cada cenário. Além da cidade cenográfica, uma quadra de tênis foi construída na Central Globo de Produção especialmente para a novela, assim como parte da arquibancada. O tamanho era o mesmo de uma quadra real de saibro (23,77m de comprimento e 8,23m de largura). Parte da figuração e os cenários dos estádios foram inseridos ao redor da quadra virtualmente. Para a realização deste trabalho, fotografaram-se diferentes tipos de estádio e modelaram as imagens em 3D. A finalização foi feita em uma máquina de composição, para que as imagens reais se unissem às virtuais. Neuza Borges, então com 70 anos, sofreu um acidente vascular cerebral hemorrágico durante a novela. A atriz retornou às gravações após ser afastada por um mês. # 21 – maio 2013 Tem fome de que Yakisoba vegano Y akisoba, também grafado yakissoba, é um prato de origem chinesa que em japonês significa, literalmente, "macarrão de sobá frito". O prato, conhecido internacionalmente, é composto por legumes e verduras que podem ou não ser fritos juntamente com o macarrão e aos quais se agrega algum tipo de carne. É um dos pratos mais tradicionais do Mato Grosso do Sul, notadamente na capital, Campo Grande, para onde foi levado por imigrantes japoneses originários da ilha de Okinawa, que chegaram à cidade em 1908, já no primeiro ano da imigração japonesa no Brasil. Em São Paulo, também é muito popular, sendo que o macarrão sobá (de trigo sarraceno) pode ser encontrado facilmente no bairro da Liberdade. Também é servido em lojas de fast-food e casas de comida oriental delivery. Ingredientes - ½ xícara de brócolis picado - ½ xícara de couve-flor picada - 1 xícara de água - 1 cenoura cortada em rodelas finas - 50g de azeitonas fatiadas - 100g de cogumelos champignon - 50g de alho-poró cortado em rodelas - Pimentão vermelho, amarelo e verde, picado (50 g cada) - 50g de tomates cereja picados - 1 cebola roxa média picada - Repolho e repolho roxo picado (100g cada) - 150g de castanhas variadas (de caju, amêndoas torradas, macadâmias, do Pará, avelãs, etc.) - 50g de algas wakame (encontradas em lojas de artigos orientais) - 3 colheres de sopa de óleo de gergelim torrado (encontrado em lojas orientais) - 6 colheres de sopa de óleo vegetal de sua preferência (soja, milho, canola ou girassol) - 5 colheres de molho shoyo - 1 pitada de louro em pó - 1 pitada de orégano - 1 pitada de salsa desidratada - 1 pitada de páprica picante - 1 pitada de gergelim torrado - 250g de macarrão tipo espaguete, grano duro (sem ovos) ou de macarrão especial para yakissoba, desde que este não contenha ovos. - 1 colher de chá de amido de milho (maizena) - 1 colher de sopa de alho picado Modo de preparo Em uma panela grande, de preferência Wok, aqueça o óleo vegetal e o óleo de gergelim. Refogue, ao mesmo tempo, todos os ingredientes, exceto as castanhas, a água, o shoyo e o amido de milho. Em outra panela grande, cozinhe o espaguete. Enquanto refoga os vegetais, acrescente aos poucos a água e o shoyo, sempre misturando bem. Cozinhe em fogo baixo por alguns minutos (10min aprox.) com a tampa fechada. Para saber o ponto ideal de cozimento dos vegetais, experimente as fatias de cenoura, se elas estiverem cozidas, todo o resto estará. Quando todos os vegetais estiverem cozidos e com aspecto escuro (por ação do shoyo) dissolva o amido de milho em uma xícara com um pouco de água e acrescente aos poucos. Isso fará com que o líquido escuro que está na panela dos vegetais engrosse, tornando-se um molho cremoso. Escorra o espaguete e junte-o à panela dos vegetais. Misture bem. Desligue o fogo e acrescente as castanhas. Rendimento: 4 porções # 21 – maio 2013 Presentes Armazém Cia de Teatro vai deixar marca A rmazém Companhia de Teatro, festejando 25 anos de vida, vem pela primeira vez ao Uruguai apresentar seu último (e vigésimo quinto) espetáculo ―A marca da Água‖, nos dias 28, 29 e 30 de maio, no Teatro Solís. A companhia foi formada em 1987, em Londrina, em meio à efervescência cultural vivida pela cidade paranaense na década de 80 – de onde saíram nomes importantes no teatro, na música e na poesia. Liderados pelo diretor Paulo de Moraes, o senso de ousadia daqueles jovens buscando seu lugar no palco impregnaria para sempre os passos do grupo: a necessidade de selar um jogo com o seu espectador, a imersão num mundo paralelo, recriado sobretudo pela ação do corpo, da palavra, do tempo e do espaço. Sempre baseando seus espetáculos em pesquisas temáticas (com a criação de uma dramaturgia própria com ênfase nas relações do tempo narrativo) e formais (que se refletem na utilização do espaço, na construção da cenografia, ou nas técnicas utilizadas pelos atores para conviver com o risco de encenar em cima de um telhado, atravessando uma fina trave de madeira ou imersos na água), a questão determinante para a companhia segue sendo a arte do ator. Busca-se para o ator uma dinâmica de corpo, voz e pensamento que dê conta das múltiplas questões que seus espetáculos propõem. E a encenação caminha no mesmo sentido, já que é o corpo total do ator que a determina. Apesar da construção de espetáculos tão díspares e complementares como ―A Ratoeira é o Gato‖ (1993), ―Alice Através do Espelho‖ (1999), ―Toda Nudez Será Castigada‖ (2005) e ―Antes da Coisa Toda Começar‖ (2010), o Armazém Companhia de Teatro, com sede no Rio de Janeiro desde 1998, segue sua trajetória sempre investindo numa linguagem fragmentada, que ordene o movimento do mundo a partir de uma lógica interna. Essa lógica interna é a voz do Armazém, talvez o grande protagonista do mundo representacional da companhia. Em ―Marca de agua‖, o título é expressivo para a história de Laura, uma mulher de 40 anos que, ameaçada desde a infância de ter o cérebro internamente inundado, nunca falou ao marido do problema, nem das cirurgias por que passou para evitar o pior. Agora, com vários episódios na vida envolvendo a água — como o afogamento do pai — ela volta a ter o problema da infância. O que é diferente, característico de Laura, é o fato de agora não querer se curar mas, sim, dar forma a seu sofrimento, uma fugidia mas implacável melodia dentro de sua cabeça. Entre a memória de episódios da infância, cenas reais e toda uma riqueza de visões, o caminho de Laura se afasta do de sua família # 21 – maio 2013 na rotina cotidiana, mas a envolve sempre com pai, mãe, irmão e marido; no presente como no passado, ela é levada pela água, que a lembra de que a qualquer momento pode dar-se, no cérebro, a inundação fatal. Um belo e austero cenário é formado por uma parede onde nascem passagem e espelho, e um pequeno lago com a água essencial à ação, tudo enriquecido pelo videografismo de Rico e Renato Vilarouca e luz de Maneco Quinderé. Os figurinos de Rita Murtinho, à prova d’água, são exatos e Rico Viana dá o apoio necessário da música que persegue Laura e acompanha o clima da ação. Mas ―Marca da Água‖ pede algo mais para expressar o universo de Laura, real e imaginário: é muito bom o vasto peixe em cena, criado pelo Giramundo Teatro de Bonecos, como são também bons os barcos feitos por Eduardo Félix e a cabeça de escafandro, por Eduardo Andrade. A direção é de Paulo de Moraes, que como sempre conduz a ação com grande comedimento, emprestando ao texto todo o respeito que merece, sem sacrifício das linguagens cênicas; andamentos e marcas, como tons e gestos, são cuidada expressão do que o texto diz, assim como do que ele quer dizer. O elenco acompanha com retilínea composição a racionalidade emocional do entrecho. Ricardo Martins, Marcos Martins, Marcelo Guerra e Lisa E. Fávero atuam como um coro harmônico de muitas vozes afinadas para que Patrícia Selonk detalhe o seu instigante solo. A atriz, sem dramatismos e exterioridades, mergulha no túnel de águas revoltas da personagem com rigor racional e fina emocionalidade. Demonstração da maturidade e inteligência da intérprete. Como o enredo permite, as situações transbordam de qualquer realismo e se sustentam menos nos diálogos do que nas ações realizadas. Os três atores e duas atrizes se molham e se secam seguidas vezes, saem e entram das situações mais improváveis, sempre atravessados por um fluxo de energia física que desfaz qualquer psicologia, como metáforas vivas da fluidez sem fronteiras do elemento água. Nesse arrojo de corpos e materiais soltos, a complexidade da relação entre neurônios e pensamentos se deslinda em um discurso poético e concreto, matéria bruta falando mais alto, ou alcançando mais longe que as explicações científicas. O melhor exemplo da força dessa retórica sem palavras ou sentidos óbvios se dá quando todos tocam juntos seus acordeões. É um momento de grande beleza, até porque nele a cena se torna pura música e restaura potências esquecidas da teatralidade. É uma experiência imperdível.