Jornal da Casa / Casa do Brasil

Transcrição

Jornal da Casa / Casa do Brasil
# 21 – maio 2013
Martinho Da Vila
O retorno do eterno bamba
N
O dia 4 de maio, Martinho Da Vila
voltou ao Uruguai para apresentar seu
show Pop-Clásico, com músicas de seu
último disco ―4.5 Atual‖, celebrando assim 45
anos de carreira, junto com sua filha, a
pianista Maíra Freitas (foto).
Martinho José Ferreira nasceu em Duas
Barras, uns 170 km distantes da capital do
estado de Rio de Janeiro, em 12 de fevereiro
de 1938. Filho de lavradores, sua primeira
profissão foi como Auxiliar de Químico
Industrial. Um pouco mais tarde, enquanto
servia o exército como Sargento Burocrata,
cursou a Escola de Instrução Especializada,
tornando-se
escrevente
e
contador,
profissões que abandonou em 1970, quando
deu baixa para se tornar cantor profissional.
Apesar de ter nascido no interior do Rio de
Janeiro e hoje morar na Barra da Tijuca,
Martinho foi criado na Serra dos Pretos
Forros, num morro que era bastante pacato,
meio mineirado e que nem sequer tinha
escola de samba até então. Sua vida de
sambista (ritmista, passista, compositor,
puxador de samba enredo, presidente de ala
e administrador) começou na extinta Escola
de Samba Aprendizes da Boca do Mato.
Simpatizante no Carnaval da escola Império
Serrano, aos poucos foi se apaixonando pelos
Unidos de Vila Isabel. Ingressou e passou a
dedicar-se de corpo e alma à Escola do bairro
de Noel Rosa em 1965 e a história da Unidos
de Vila Isabel se confunde com a de
Martinho, que passou a ser chamado de o Da
Vila. Como parte da ala de compositores, é
autor -sozinho ou em parceria- de vários
sambas enredo da agremiação: ―Três
Acontecimentos Históricos‖ (1967), ―Quatro
Séculos de Modas e Costumes‖ (1968), ―Iaiá
do Cais Dourado‖ (1969), ―Glórias Gaúchas‖
(1970), ―Onde o Brasil Aprendeu a
Liberdade‖ (1972), ―Sonho de um Sonho‖
(1980), ―Prá Tudo Se Acabar na Quarta-Feira‖
(1984), ―Raízes‖ (1987) e ―Gbala – Viagem
ao Templo da Criação‖ (1993).
Para o ano de 1988, compôs o lendário
―Kizomba, Festa da Raça‖ (Kizomba é uma
palavra africana que significa encontro de
identidades e festa de confraternização), com
o qual a Vila Isabel conquistou o título de
Campeã do Centenário da Abolição da
Escravatura, seu primeiro campeonato no
Grupo Especial. Também é autor do samba
enredo ―Soy Loco Por Ti América‖, elaborado
em parceria com os carnavalescos Alexandre
Louzada e Alex Varela, que deu à Vila o título
máximo do carnaval de 2006. Nunca exerceu
a presidência administrativa da escola, mas
por várias vezes esteve à frente da
agremiação da qual é o Presidente de Honra.
Desde que sua carreira artística surgiu para o
grande público, nos III e IV Festival da Record
(1967-68) com a música ―Menina Moça‖ e os
explosivos partidos-altos ―Casa de Bamba‖ e
―O pequeno burguês", Martinho sempre
atingiu enormes vendagens de seus discos,
quebrando o tabu dos sambistas que
precisavam de vozes intermediárias para
chegar à massa.
JornalDaCasa é uma publicação de CasaDoBrasil | Editor: Leonardo Moreira
Web: www.casadobrasil.com.uy | Twitter: @casadobrasiluy | Mail: [email protected]
# 21 – maio 2013
Martinho sempre gostou mais do Carnaval de
rua que do Desfile Oficial. Mas hoje
reconhece só acompanhar o desfile da escola
azul e branca pela Avenida Marquês de
Sapucaí. ―É que antes tudo era mais
descontraído,
hoje
tem
que
estar
cumprimentando e tirando fotos o tempo
inteiro‖, disse na conferência de imprensa,
quando esteve em Montevidéu, em 2011.
Perguntado sobre qual é sua filosofia de vida,
respondeu: ―Fazer tudo de-va-gar, de-va-ga-rinho… É verdade, quem anda devagar faz
mais coisas e chega aos lugares aonde quer
ir. Quem corre muito às vezes nem chega ou
chega cansado. E cultuar a alegria. Não
existe felicidade sem alegria. Admiro muito as
pessoas que falam coisas sérias sorrindo‖,
filosofou.
Martinho disse alguma vez que o botequim é
mesmo um templo onde os solitários se
sentem bem acompanhados com seus copos,
pensando… Um lugar sagrado que funciona
também como consultório democrático, onde
às vezes se é paciente e outras, analista. Em
1997, foi inaugurado em Vila Isabel o
Butiquim do Martinho, que se tornou ponto
de encontro de sambistas. Sobre seu
fechamento, o compositor apontou como as
principais razões sua mudança do bairro e o
fato de o bar ficar dentro de um shopping, o
que gerou mais de uma confusão. ―Mesmo
assim me arrependi porque eu não sabia que
tanta gente gostava do botequim. Depois de
um tempo entendi que aquilo já não era mais
de mim, passou a ser do coletivo, e até hoje
me reclamam‖, desabafou.
Embora internacionalmente conhecido como
sambista, com várias composições gravadas
no exterior, Martinho da Vila é um legítimo
representante da MPB e compositor eclético,
tendo trabalhado com o folclore e criado
músicas dos mais variados ritmos brasileiros,
tais como ciranda, frevo, coco, samba de
roda, capoeira, bossa nova, calango, sambaenredo, toada e sambas africanos. Foi o
primeiro sambista a ultrapassar a marca de
um milhão de cópias com o CD ―Tá delícia, Tá
gostoso‖ lançado em 1995.
Pai de oito filhos e avô de sete netos,
Martinho conservou o estado civil de solteiro
até conhecer Clediomar Corrêa Liscano
Ferreira, no início da década de noventa.
Para compensar, em maio de 1993, casou-se
duas vezes com Cléo, no civil e no religioso. E
foi o próprio Martinho quem manuscreveu o
convite aos amigos.
Martinho, que além de músico, é cantor,
compositor, pesquisador e escritor, admitiu
que o processo de criação é um trabalho
solitário. ―As músicas que tenho feito com
parceiros, geralmente alguém manda uma
melodia e eu faço a letra, ou vice-versa, ou
tem uma música que não acabaram e eu
finalizo, mas sempre por separado. Nunca
sentei junto de ninguém para criar‖.
Apesar de ser compositor indutivo e cantor
sem formação acadêmica, ele tem uma
grande ligação com a música erudita e
idealizou, em parceria com Maestro Leonardo
Bruno, o Concerto Negro, espetáculo
sinfônico que enfoca a participação da
cultura negra na música erudita. Também
participou do projeto Clássicos do Samba,
sob a regência do Maestro Sílvio Barbato.
Seu espírito de pesquisador incansável está
impregnado em discos como ―O canto das
lavadeiras‖, baseado no folclore brasileiro,
lançado em 1989, ou ―Lusofonia‖, do início
de 2000, reunindo músicas de todos os
países de língua portuguesa. Também é autor
de 10 livros, entre os quais se destacam:
―Vamos brincar de política?‖ (1986),
dedicado ao público juvenil, o autobiográfico
―Kizombas, andanças e festanças‖ (1992), a
ficção ―Ópera negra‖ (1998) e ―Joana e
Joanes – Um romance fluminense‖ (1999).
―O Martinho da Vila é uma das mais
importantes lideranças dos movimentos
negros do Brasil. Ele é do negro, o cantor das
mulheres, ele é político, é considerado o
nosso poeta maior. Amo demais ele‖, afirmou
Benedita da Silva, ex Governadora do Estado
do Rio de Janeiro. ―Ainda que procurasse da
primeira à última letra do alfabeto, não
encontraria uma palavra para definir a
importância do Martinho. Ele é o nosso xodó".
# 21 – maio 2013
Ao pé da letra
O pequeno burguês
R
eformulador do samba-enredo, ao qual
deu maior dinâmica, Martinho da Vila
foi se consagrar como estilizador de
um outro tipo de samba, o partido-alto. ―O
que fiz foi pegar o partido-alto -que não era
usado nem nas escolas, ficando apenas nos
grupos e rodinhas- e dar uma forma,
armando uma historinha com versos e refrão
muito característico‖, esclareceu o sambista
em entrevista a Tárik de Souza, nos anos
oitenta.
Esse esquema ele usou em seu primeiro
grande sucesso, ―O pequeno burguês‖, e
noutros sambas lançados na ocasião. Ele
narra a luta de um personagem sem
recursos, que dá duro para se formar numa
faculdade particular e receber o seu ―canudo
de papel‖. Além de vitorioso nas carreiras de
cantor e compositor, Martinho tornou-se um
batalhador pela valorização e difusão da
cultura negra.
Mas felizmente
Eu consegui me formar
Mas da minha formatura
Não cheguei participar
Faltou dinheiro prá beca
E também pro meu anel
Nem o diretor careca
Entregou o meu papel...
O meu papel!
Meu canudo de papel...
E depois de tantos anos
Só decepções, desenganos
Dizem que sou um burguês
Muito privilegiado
Mas burgueses são vocês
Eu não passo
De um pobre coitado
E quem quiser ser como eu
Vai ter é que penar um bocado
Um bom bocado!
Vai penar um bom bocado...
Felicidade!
Passei no vestibular
Mas a faculdade
É particular
Particular!
Ela é particular...
Livros tão caros
Tanta taxa prá pagar
Meu dinheiro muito raro
Alguém teve que emprestar
O meu dinheiro
Alguém teve que emprestar...
Morei no subúrbio
Andei de trem atrasado
Do trabalho ia prá aula
Sem jantar e bem cansado
Mas lá em casa
À meia-noite
Tinha sempre a me esperar
Um punhado de problemas
E criança prá criar...
Para criar!
Só criança prá criar...
Discos onde ouvir
Martinho da Vila – Martinho da Vila (1969)
Neguinho da Beija-Flor – Da Vila e da Viola (1994)
Jair Rodrigues – De todas as bossas (1998)
Waguinho – Receita da felicidade (2001)
Vários intérpretes – Os bambas do samba 2
(2002)
# 21 – maio 2013
Telinhas e telonas
C
om direção de Jayme Monjardim, a
novela feita e exibida pela TV Globo
entre 2011 e 2012, ―A vida da gente‖,
já está nas telas do Canal 12, de segunda à
sexta-feira, às 19 horas.
Ana (Fernanda Vasconcellos), Rodrigo (Rafael
Cardoso) e Manuela (Marjorie Estiano),
nascidos e crescidos em Porto Alegre,
conviveram como irmãos postiços durante
sete anos, desde que Eva (Ana Beatriz
Nogueira), mãe delas, e Jonas (Paulo Betti),
pai dele, se casaram. Hoje, no auge da
juventude, hormônios à flor da pele, Ana e
Rodrigo se descobrem apaixonados, ao
mesmo tempo em que, por ironia do destino,
seus pais iniciam um violento e litigioso
processo de separação.
Ana é uma tenista em ascendência na
carreira e acaba engravidando de Rodrigo,
para revolta de sua fútil mãe e de Vitória
(Gisele Fróes), a treinadora fria e calculista.
Logo após dar a luz a Júlia, que inicialmente é
apresentada como suposta irmã dela e de
Manuela, Ana sofre um grave acidente de
carro que a deixa em coma por seis anos.
Júlia (Jesuela Moro) acaba sendo criada por
Manuela, irmã mais nova de Ana, que
cresceu à sombra da irmã "talentosa e
perfeita", e se sente rejeitada pela mãe por
ter nascido com uma leve descoordenação de
movimentos que a faz mancar. Tímido e
inseguro, por causa do temperamento frio e
materialista do pai, Rodrigo amadurece ao
descobrir e assumir sua filha com Ana, ao
lado de Manuela. A afinidade entre eles vai
crescendo dia a dia, e os três passam a viver
como uma família de fato.
Cinco anos depois, Ana sai do coma,
provocando uma reviravolta na vida de todos
e tendo que lidar com um novo mundo. A
ajuda para a nova fase virá com o Dr. Lúcio
(Thiago Lacerda), um médico neurologista,
dedicado aos pacientes, ético e íntegro, que
vive sozinho desde que perdeu a esposa para
um câncer incurável, e que se apaixona por
Ana.
A trama de ―A Vida da Gente‖ tinha como
pano de fundo as relações familiares, o
mesmo do seriado ―Tudo Novo de Novo‖
(2009), também de autoria de Lícia Manzo.
"Quis trazer para o centro da ficção o que
estamos vivendo e experimentando hoje, em
novos desenhos das relações familiares e
humanas", afirmou a autora. "É uma novela
com muita emoção, simples e que traz à tona
situações e experiências que podem
acontecer com qualquer um. É uma crônica
muito bem feita sobre as relações humanas",
completou o diretor, Jayme Monjardim.
# 21 – maio 2013
Lícia Manzo explicou como o tema "coma"
entrou na novela: "O coma tem um caráter
emblemático, parece estacionado na fina
fronteira entre a morte e a vida. E eu diria
que o coma (ou a volta do coma, e
reencontrar sua vida seguindo sem você), é o
eixo central da novela. Em volta deste eixo,
procurei construir uma espécie de 'crônica'
das relações familiares atuais."
A autora afirmou que ―A Vida da Gente‖ era
uma novela tradicional: "Embora aborde
novas configurações em família, a novela
segue uma estrutura tradicional, clássica,
sem nenhuma pretensão de inovar coisa
alguma. Ao contrário, nela pago um tributo a
tudo o que me formou e a que assisti a vida
inteira. A Vida da Gente é um melodrama
tradicional."
A equipe de produção de arte da novela ficou
responsável por indicar os profissionais que
orientaram o elenco em seus laboratórios. A
atriz Fernanda Vasconcellos, por exemplo,
teve o acompanhamento de uma professora
de tênis durante mais de quatro meses. A
atriz aprendeu a coreografar as partidas que
foram gravadas para a trama. Já Marjorie
Estiano e Neuza Borges, que dirigiram um
bufê na novela, aprenderam como é o dia a
dia de uma doceira na casa de uma
profissional.
As cenas dos primeiros capítulos foram
gravadas no Mato Grosso do Sul, Argentina e
Rio Grande do Sul. Em Bonito (MS), Fernanda
Vasconcellos e Rafael Cardoso gravaram
belas cenas subaquáticas em um lago com
águas cristalinas.
Em Ushuaia, na Patagônia Argentina,
Fernanda e Ana Beatriz Nogueira gravaram
nos parques, bosques e lagos da região
conhecida como "o fim do mundo". Em
seguida, as atrizes se encontraram com
Gisele Fróes na capital argentina. Em Buenos
Aires, durante quatro dias, as atrizes
gravaram em San Telmo, Puerto Madero,
Caminito, entre outros lugares.
Em Porto Alegre, a equipe gravou em locais
como a Casa de Cultura Mario Quintana, o
Mercado Público, o Cais do Porto, o Parque
Moinhos de Vento, entre outros. Algumas
gravações na capital gaúcha chegaram a
movimentar cerca de 70 pessoas, entre
elenco, equipe e figuração. No Cais do Porto,
as cenas foram à bordo do tradicional barco
Cisne Branco, que navegou pelo Rio Guaíba
com os personagens Ana e Rodrigo.
Em Gramado, as gravações foram realizadas
nos principais pontos turísticos da cidade,
como a Rua Borges de Medeiros e a Igreja
Matriz. Na trama, Gramado era a cidade onde
morava Iná (Nicette Bruno), avó de Ana e
Manu.
A reta final das gravações em viagens foi em
Canela, cidade vizinha a Gramado. Lá, a
direção explorou as belezas naturais em
cenas no Parque da Ferradura com os atores
Rafael Cardoso e Fernanda Vasconcellos. O
museu e casa de chá "Castelinho Caracol"
serviu como cenário para cenas de Iná e
Laudelino (Stênio Garcia)
.
A simplicidade e realismo foram a base para
os quase 70 ambientes projetados em
estúdio para a novela. A ideia, segundo a
cenógrafa Erika Lovisi, era passar a noção de
cotidiano, além de explorar algumas
características dos personagens em cada
cenário.
Além da cidade cenográfica, uma quadra de
tênis foi construída na Central Globo de
Produção especialmente para a novela, assim
como parte da arquibancada. O tamanho era
o mesmo de uma quadra real de saibro
(23,77m de comprimento e 8,23m de
largura). Parte da figuração e os cenários dos
estádios foram inseridos ao redor da quadra
virtualmente. Para a realização deste
trabalho, fotografaram-se diferentes tipos de
estádio e modelaram as imagens em 3D. A
finalização foi feita em uma máquina de
composição, para que as imagens reais se
unissem às virtuais.
Neuza Borges, então com 70 anos, sofreu um
acidente vascular cerebral hemorrágico
durante a novela. A atriz retornou às
gravações após ser afastada por um mês.
# 21 – maio 2013
Tem fome de que
Yakisoba vegano
Y
akisoba, também grafado yakissoba, é
um prato de origem chinesa que em
japonês
significa,
literalmente,
"macarrão de sobá frito". O prato, conhecido
internacionalmente, é composto por legumes
e verduras que podem ou não ser fritos
juntamente com o macarrão e aos quais se
agrega algum tipo de carne.
É um dos pratos mais tradicionais do Mato
Grosso do Sul, notadamente na capital,
Campo Grande, para onde foi levado por
imigrantes japoneses originários da ilha de
Okinawa, que chegaram à cidade em 1908,
já no primeiro ano da imigração japonesa no
Brasil. Em São Paulo, também é muito
popular, sendo que o macarrão sobá (de trigo
sarraceno) pode ser encontrado facilmente
no bairro da Liberdade. Também é servido
em lojas de fast-food e casas de comida
oriental delivery.
Ingredientes
- ½ xícara de brócolis picado
- ½ xícara de couve-flor picada
- 1 xícara de água
- 1 cenoura cortada em rodelas finas
- 50g de azeitonas fatiadas
- 100g de cogumelos champignon
- 50g de alho-poró cortado em rodelas
- Pimentão vermelho, amarelo e verde, picado
(50 g cada)
- 50g de tomates cereja picados
- 1 cebola roxa média picada
- Repolho e repolho roxo picado (100g cada)
- 150g de castanhas variadas (de caju,
amêndoas torradas, macadâmias, do Pará,
avelãs, etc.)
- 50g de algas wakame (encontradas em
lojas de artigos orientais)
- 3 colheres de sopa de óleo de gergelim
torrado (encontrado em lojas orientais)
- 6 colheres de sopa de óleo vegetal de sua
preferência (soja, milho, canola ou girassol)
- 5 colheres de molho shoyo
- 1 pitada de louro em pó
- 1 pitada de orégano
- 1 pitada de salsa desidratada
- 1 pitada de páprica picante
- 1 pitada de gergelim torrado
- 250g de macarrão tipo espaguete, grano
duro (sem ovos) ou de macarrão especial
para yakissoba, desde que este não
contenha ovos.
- 1 colher de chá de amido de milho
(maizena)
- 1 colher de sopa de alho picado
Modo de preparo
Em uma panela grande, de preferência Wok,
aqueça o óleo vegetal e o óleo de gergelim.
Refogue, ao mesmo tempo, todos os
ingredientes, exceto as castanhas, a água, o
shoyo e o amido de milho. Em outra panela
grande, cozinhe o espaguete. Enquanto
refoga os vegetais, acrescente aos poucos a
água e o shoyo, sempre misturando bem.
Cozinhe em fogo baixo por alguns minutos
(10min aprox.) com a tampa fechada. Para
saber o ponto ideal de cozimento dos
vegetais, experimente as fatias de cenoura,
se elas estiverem cozidas, todo o resto
estará.
Quando todos os vegetais estiverem cozidos
e com aspecto escuro (por ação do shoyo)
dissolva o amido de milho em uma xícara
com um pouco de água e acrescente aos
poucos. Isso fará com que o líquido escuro
que está na panela dos vegetais engrosse,
tornando-se um molho cremoso. Escorra o
espaguete e junte-o à panela dos vegetais.
Misture bem. Desligue o fogo e acrescente as
castanhas.
Rendimento: 4 porções
# 21 – maio 2013
Presentes
Armazém Cia de Teatro vai deixar marca
A
rmazém
Companhia
de
Teatro,
festejando 25 anos de vida, vem pela
primeira vez ao Uruguai apresentar seu
último (e vigésimo quinto) espetáculo ―A
marca da Água‖, nos dias 28, 29 e 30 de
maio, no Teatro Solís.
A companhia foi formada em 1987, em
Londrina, em meio à efervescência cultural
vivida pela cidade paranaense na década de
80 – de onde saíram nomes importantes no
teatro, na música e na poesia. Liderados pelo
diretor Paulo de Moraes, o senso de ousadia
daqueles jovens buscando seu lugar no palco
impregnaria para sempre os passos do grupo:
a necessidade de selar um jogo com o seu
espectador, a imersão num mundo paralelo,
recriado sobretudo pela ação do corpo, da
palavra, do tempo e do espaço.
Sempre baseando seus espetáculos em
pesquisas temáticas (com a criação de uma
dramaturgia própria com ênfase nas relações
do tempo narrativo) e formais (que se
refletem na utilização do espaço, na
construção da cenografia, ou nas técnicas
utilizadas pelos atores para conviver com o
risco de encenar em cima de um telhado,
atravessando uma fina trave de madeira ou
imersos na água), a questão determinante
para a companhia segue sendo a arte do
ator. Busca-se para o ator uma dinâmica de
corpo, voz e pensamento que dê conta das
múltiplas questões que seus espetáculos
propõem. E a encenação caminha no mesmo
sentido, já que é o corpo total do ator que a
determina.
Apesar da construção de espetáculos tão
díspares e complementares como ―A Ratoeira
é o Gato‖ (1993), ―Alice Através do Espelho‖
(1999), ―Toda Nudez Será Castigada‖ (2005)
e ―Antes da Coisa Toda Começar‖ (2010), o
Armazém Companhia de Teatro, com sede no
Rio de Janeiro desde 1998, segue sua
trajetória sempre investindo numa linguagem
fragmentada, que ordene o movimento do
mundo a partir de uma lógica interna. Essa
lógica interna é a voz do Armazém, talvez o
grande
protagonista
do
mundo
representacional da companhia.
Em ―Marca de agua‖, o título é expressivo
para a história de Laura, uma mulher de 40
anos que, ameaçada desde a infância de ter
o cérebro internamente inundado, nunca
falou ao marido do problema, nem das
cirurgias por que passou para evitar o pior.
Agora, com vários episódios na vida
envolvendo a água — como o afogamento do
pai — ela volta a ter o problema da infância. O
que é diferente, característico de Laura, é o
fato de agora não querer se curar mas, sim,
dar forma a seu sofrimento, uma fugidia mas
implacável melodia dentro de sua cabeça.
Entre a memória de episódios da infância,
cenas reais e toda uma riqueza de visões, o
caminho de Laura se afasta do de sua família
# 21 – maio 2013
na rotina cotidiana, mas a envolve sempre
com pai, mãe, irmão e marido; no presente
como no passado, ela é levada pela água,
que a lembra de que a qualquer momento
pode dar-se, no cérebro, a inundação fatal.
Um belo e austero cenário é formado por uma
parede onde nascem passagem e espelho, e
um pequeno lago com a água essencial à
ação, tudo enriquecido pelo videografismo de
Rico e Renato Vilarouca e luz de Maneco
Quinderé. Os figurinos de Rita Murtinho, à
prova d’água, são exatos e Rico Viana dá o
apoio necessário da música que persegue
Laura e acompanha o clima da ação.
Mas ―Marca da Água‖ pede algo mais para
expressar o universo de Laura, real e
imaginário: é muito bom o vasto peixe em
cena, criado pelo Giramundo Teatro de
Bonecos, como são também bons os barcos
feitos por Eduardo Félix e a cabeça de
escafandro, por Eduardo Andrade. A direção é
de Paulo de Moraes, que como sempre
conduz a ação com grande comedimento,
emprestando ao texto todo o respeito que
merece, sem sacrifício das linguagens
cênicas; andamentos e marcas, como tons e
gestos, são cuidada expressão do que o texto
diz, assim como do que ele quer dizer.
O elenco acompanha com retilínea
composição a racionalidade emocional do
entrecho. Ricardo Martins, Marcos Martins,
Marcelo Guerra e Lisa E. Fávero atuam como
um coro harmônico de muitas vozes afinadas
para que Patrícia Selonk detalhe o seu
instigante solo. A atriz, sem dramatismos e
exterioridades, mergulha no túnel de águas
revoltas da personagem com rigor racional e
fina emocionalidade. Demonstração da
maturidade e inteligência da intérprete.
Como o enredo permite, as situações
transbordam de qualquer realismo e se
sustentam menos nos diálogos do que nas
ações realizadas. Os três atores e duas
atrizes se molham e se secam seguidas
vezes, saem e entram das situações mais
improváveis, sempre atravessados por um
fluxo de energia física que desfaz qualquer
psicologia, como metáforas vivas da fluidez
sem fronteiras do elemento água. Nesse
arrojo de corpos e materiais soltos, a
complexidade da relação entre neurônios e
pensamentos se deslinda em um discurso
poético e concreto, matéria bruta falando
mais alto, ou alcançando mais longe que as
explicações científicas.
O melhor exemplo da força dessa retórica
sem palavras ou sentidos óbvios se dá
quando
todos
tocam
juntos
seus
acordeões. É um momento de grande beleza,
até porque nele a cena se torna pura música
e restaura potências esquecidas da
teatralidade. É uma experiência imperdível.