adriano medeiros costa barcelona virtual

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adriano medeiros costa barcelona virtual
ADRIANO MEDEIROS COSTA
BARCELONA VIRTUAL:
NUNCA FOI TÃO FÁCIL PARA UM PEQUENO MUNICÍPIO SE INFORMAR
SOBRE SI MESMO E DE ACORDO COM SUA PRÓPRIA CULTURA
NATAL
2003
ADRIANO MEDEIROS COSTA
Barcelona virtual:
nunca foi tão fácil para um pequeno município
se informar sobre si mesmo e de acordo com sua própria cultura
Monografia apresentada à Universidade Federal do
Rio Grande do Norte – UFRN, como exigência
parcial para a obtenção do título de Bacharel em
Comunicação
Social,
com
habilitação
em
Jornalismo.
NATAL
2003
FOLHA DE APROVAÇÃO
Barcelona virtual:
nunca foi tão fácil para um pequeno município
se informar sobre si mesmo e de acordo com sua própria cultura.
Adriano Medeiros Costa
Monografia apresentada à Universidade Federal do Rio Grande do Norte –
UFRN, como exigência parcial para a obtenção do título de Bacharel em
Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo.
Data da Aprovação: 21/07/2003
Aprovada por:
Profº Dr. Adriano Lopes Gomes
Orientador
Profº Dr. Arnon Alberto Mascarenhas de Andrade
Membro
Profº Emanoel Francisco Pinto Barreto
Membro
NATAL
2003
AGRADECIMENTOS
Meus sinceros agradecimentos ao meu pai Adauto Tavares da Costa, a minha
mãe Creuza Medeiros de Carvalho Costa (in memoriam), aos meus irmãos Adauto
Filho, Fátima, Socorro e a Sidnei, sem o qual a realização deste trabalho não teria
sido possível.
EPÍGRAFE
“O PRIMEIRO dever do homem em sociedade he ser útil aos membros della; e
cada hum deve, segundo as suas forças Phisicas, ou Moraes, administrar, em
benefício da mesma os conhecimentos, os talentos que natureza, a arte, ou a
educaçaõ lhe prestou.” (sic)
Hipólito da Costa
Londres, 1º de junho de 1808.
(trecho da introdução do Correio Braziliense, que produziu sozinho no exílio de Londres numa
época em que não havia maquinas de imprimir no Brasil. Esse foi o primeiro jornal brasileiro e
circulou na clandestinidade ininterruptamente de junho de 1808 a dezembro de 1822).
“Não encontro defeitos. Encontro soluções.
Qualquer um sabe queixar-se”.
Henry Ford (1863 -1947=)
Desenvolveu a indústria automobilística e técnicas de produção que revolucionariam os
processos industriais como um todo.
RESUMO
A revista virtual Barcelona (www.barcelonarn.hpg.com.br) tem um enfoque
jornalístico e educacional, procurando analisar as características artísticas,
históricas, geográficas, econômicas, lingüísticas e sociológicas do município de
Barcelona, Rio Grande do Norte, Brasil. A revista é dirigida à população de
Barcelona, mas também é útil a qualquer pessoa interessada em assuntos ligados
ao sertão do nordeste brasileiro. Nele destaca-se a aparência tipicamente sertaneja,
ela é resultado do compromisso com o Movimento Armorial, movimento estético
idealizado por Ariano Suassuna na década de 70 de resgate e revalorização da
cultura do sertão brasileiro e representa a primeira tentativa de reunir artes para a
construção de uma cultura clássica brasileira. Fazem parte deste movimento
personalidades como o músico Antônio José Madureira, o artista plástico Francisco
Brennand, o multiartista Antônio Nóbrega, além do próprio Ariano Suassuna. O que
difere o site de Barcelona de outros é que ele não é turístico, nem sua preocupação
é a de formar professores, mas orientar comunidades inteiras através da notícia e da
informação. A preocupação não é a de fornecer notícias didaticamente para uso em
sala de aula, embora também tenha essa utilidade, mas possibilitar que pequenas
comunidades se conheçam, tenham consciência de sua própria realidade e sua
cultura para que tenham visão própria (tendo por base sua cultura) da realidade em
que vivem. Para que cientes dos problemas, vantagens e potencialidades, passem a
agir pela melhoria de suas condições de vida. Isto é, usar o Jornalismo como
instrumento de educação, mudança e de consciência.
Palavras-chaves: jornalismo, educação, Movimento Armorial, sertão, civic
journalism, Internet, estudos culturais, português arcaico e regionalismo, webdesign,
mídia, globalização, cidadania, e-democracy e educomunicação.
ABSTRACT
Barcelona‘s virtual magazine (www.barcelonarn.hpg.com.br) has a journalistic
and educational focus, trying to analyze the characteristics artistic, historical,
geographical, economical, linguistics and sociological of the municipal district of
Barcelona, Rio Grande do Norte, Brazil. The magazine is driven the Barcelona's
population, but it is also useful to anybody interested in linked subjects to Brazilian
northeast interior. In the site stands out the appearance typically country, resulted of
the commitment with the Armorial Movement, aesthetic movement idealized by
Ariano Suassuna in the decade of 70 of ransom and revaluation the Brazilian interior
culture and it represents the first attempt of gathering arts for the construction a
Brazilian classic culture. They are part of this movement personality as musician
Antônio José Madureira, the plastic artist Francisco Brennand, the multi artist Antônio
Nóbrega, besides own Ariano Suassuna. The difference between the Barcelona’s
site and others is that it isn’t tourist, nor your concern is the forming teachers, but to
guide whole communities through the news and of the information. The concern isn’t
supplying didactics news for use in class room, although it also has that usefulness,
but to make possible that small communities know herself, have conscience of your
own reality and your culture so that they have own vision (tends for your base
culture) of the reality in that live. So that aware of the problems, advantages and
potentialities start to act for the improvement of your life conditions. That is, to use
the Journalism as education instrument, change and of conscience.
Keywords: journalism, education, Armorial Movement, interior, civic journalism,
Internet, cultural studies, archaic Portuguese and regionalism, web design,
media, globalization, citizenship, e-democracy and edu-communication.
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO ...................................................................................................10
2 “LA BARCELONA BRASILEÑA” .....................................................................13
2.1 LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA ...................................................................................13
2.2 CLIMA ..................................................................................................................14
2.3 RELEVO E HIDROGRAFIA ........................................................................................14
2.4 POPULAÇÃO .........................................................................................................15
2.5 POLÍTICA ..............................................................................................................15
2.6 HISTÓRIA..............................................................................................................15
2.7 FLORA..................................................................................................................16
2.8 FAUNA .................................................................................................................16
2.9 ASPECTOS ECONÔMICOS .......................................................................................17
2.10 RECURSOS MINERAIS ........................................................................................17
2.11 TRANSPORTES E COMUNICAÇÃO ........................................................................17
2.12 RELIGIÃO..........................................................................................................17
2.13 FESTAS ............................................................................................................18
2.14 LITERATURA .....................................................................................................18
3
3.1
3.2
3.3
3.4
3.5
3.6
BARCELONA VIRTUAL ....................................................................................20
REVISTA IMPRESSA ................................................................................................20
REVISTA VIRTUAL ...................................................................................................22
INTERDISCIPLINARIDADE ........................................................................................22
ÚNICA PORTA VIRTUAL ...........................................................................................23
PÚBLICO ALVO ......................................................................................................24
EDUCOMUNICAÇÃO ...............................................................................................24
3.6.1
Material Didático on-line ........................................................................................ 26
3.7 JORNALISMO X GOVERNO LOCAL ............................................................................28
3.8 METODOLOGIA ......................................................................................................28
3.9 USABILIDADE ........................................................................................................30
3.10 MEMÓRIA .........................................................................................................30
3.11 CIVIC JOURNALISM ............................................................................................31
3.12 PRINCÍPIOS ÉTICOS ...........................................................................................31
3.13 RECURSOS FINANCEIROS ...................................................................................32
3.14 DIREITOS AUTORAIS ..........................................................................................33
3.15 LINHA EDITORIAL ...............................................................................................33
3.16 DIVULGAÇÃO ....................................................................................................34
4
4.1
4.2
4.3
4.4
4.5
NUNCA FOI TÃO FÁCIL....................................................................................36
SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO .................................................................................36
O FUTURO QUE FICOU PARA TRÁS ...........................................................................39
A CRIAÇÃO DA INTERNET........................................................................................40
A INTERNET NO BRASIL..........................................................................................42
RESOLUÇÃO DE NOMES .........................................................................................43
4.5.1
Domínio.................................................................................................................. 43
4.5.2
4.5.3
4.5.4
Com ....................................................................................................................... 44
Provedor Gratuito................................................................................................... 44
País........................................................................................................................ 45
4.6 POPULARIZAÇÃO DA TECNOLOGIA ...........................................................................45
4.6.1
4.6.2
4.6.3
Blog........................................................................................................................ 47
Webcam................................................................................................................. 49
E-mail..................................................................................................................... 50
4.7 O QUE É WEBDESIGN .............................................................................................51
4.7.1
4.7.2
4.7.3
Planejamento e Estrutura ...................................................................................... 51
Produção das Páginas........................................................................................... 52
Manutenção e Atualização..................................................................................... 53
4.8 A AURORA DO WEBJORNALISMO .............................................................................54
4.8.1
4.8.2
O primeiro jornal virtual do mundo ......................................................................... 55
O Webjornalismo no Brasil .................................................................................... 55
4.9 LEITURA ...............................................................................................................55
4.9.1
4.9.2
4.9.3
Leitor ...................................................................................................................... 55
Ciberleitor............................................................................................................... 56
Cibercidadão.......................................................................................................... 57
4.10
4.11
LIBERDADE DE EXPRESSÃO ................................................................................57
DEMOCRATIZAÇÃO DO CONHECIMENTO ...............................................................58
5
5.1
5.2
5.3
5.4
5.5
5.6
5.7
...PARA UM PEQUENO MUNICÍPIO SE INFORMAR SOBRE SI MESMO.......60
EXCLUSÃO............................................................................................................60
CENSURA VIRTUAL .................................................................................................61
CONHECER-SE A SI PRÓPRIO ..................................................................................63
SOLUÇÕES DE COMUNICAÇÃO ................................................................................63
FUTURO DIGITAL ...................................................................................................65
FUTURO DIGITAL PAGO ..........................................................................................67
VOLUNTARIADO, UM OUTRO CAMINHO .....................................................................69
6 ...E DE ACORDO COM SUA PRÓPRIA CULTURA. .........................................71
6.1 INFERIORIDADE CULTURAL .....................................................................................71
6.2 O MOVIMENTO ARMORIAL ......................................................................................72
6.2.2
Estética Armorial .................................................................................................... 74
6.3 MOVIMENTO ARMORIAL E CULTURA IBÉRICA ............................................................77
6.3.1
6.3.2
6.4
6.5
6.6
6.7
Juan Miró ............................................................................................................... 77
Antoni Gaudí .......................................................................................................... 78
FABIÃO DAS QUEIMADAS, UM CASO ARMORIAL .........................................................78
O SENTIMENTO DE RURALIDADE ..............................................................................84
WEBDESIGN ARMORIAL ..........................................................................................86
ALFABETO SERTANEJO ..........................................................................................88
6.7.1
O Ferro dos Costas................................................................................................ 91
6.8 CORES E DESIGN...................................................................................................93
7
NOBRE COMO CAMÕES – PEQUENO DICIONÁRIO DO PORTUGUÊS
ANTIGO FALADO EM BARCELONA. RN. BRASIL .........................................94
7.1 LINGÜÍSTICA .........................................................................................................94
7.2 LÍNGUAS EM EXTINÇÃO ..........................................................................................96
7.2.1 Estrangeirismos ............................................................................................................ 97
7.3 LÍNGUA PORTUGUESA, UMA FILHA DO LATIM .............................................................99
7.4 GALEGO-PORTUGUÊS, A AURORA DE NOSSA LÍNGUA...............................................100
7.4.1
Português Arcaico................................................................................................ 101
7.5 PORTUGUÊS DO BRASIL .......................................................................................101
7.6 LÍNGUA, DIALETOS E REGIONALISMOS....................................................................102
7.7 INVESTIMENTO E XENOFOBIA ................................................................................104
7.8 REGIONALISMO PASTICHE ....................................................................................106
7.9 PORTUGUÊS ANTIGO DE BARCELONA ....................................................................106
7.10 POR QUE ALGUMAS PALAVRAS SE TORNAM ARCAICAS?.......................................109
7.11 MAS, PARA ONDE VÃO OS VOCÁBULOS ARCAICOS?.............................................110
7.12 PARA QUE SERVEM OS ARCAÍSMOS? .................................................................111
8
CONCLUSÕES ................................................................................................112
REFERÊNCIAS.......................................................................................................113
ANEXOS .................................................................................................................136
ANEXO 1 – PÁGINA INICIAL DO SITE ...........................................................................136
ANEXO 2 – LINKS QUE CONSTAM NA REVISTA VIRTUAL BARCELONA ..............................137
ANEXO 3 – NOBRE COMO CAMÕES – PEQUENO DICIONÁRIO DO PORTUGUÊS ANTIGO
FALADO EM BARCELONA. RN. BRASIL ...................................................................143
ANEXO 4- REVISTA VIRTUAL BARCELONA VISTA PELA IMPRENSA ...................................171
ANEXO 5 – OLHARES ...............................................................................................174
ANEXO 6 - ARIANO SUASSUNA, SUA OBRA INSPIROU A REVISTA VIRTUAL BARCELONA ....175
10
1
INTRODUÇÃO
Esta monografia trata de uma revista virtual que se destina a informar a um
pequeno município, e pretende não só democratizar a informação a baixo custo bem
como informar respeitando as peculiaridades culturais da população para o qual ela
se destina. No caso, como objeto de estudo, trata-se da revista virtual Barcelona
(vide anexo 1); do município de Barcelona, RN, Brasil. Toda pesquisa está baseada
no tripé Comunicação – Educação – Informática: a Comunicação corresponde ao
“civic journalism”, um elo entre o cidadão e os problemas da comunidade;
a
1
Educação refere-se à instrução à distância e a Informática à Internet e tecnologias
correlatas.
Inicialmente “Barcelona Virtual - nunca foi tão acessível a um pequeno município
ler sobre si mesmo” aborda o município de Barcelona nos seus mais diferentes
aspectos: localização, clima, relevo e hidrografia, população, política, história, flora,
fauna, economia, recursos minerais, transporte, comunicação, religião, festas e
literatura.
A seguir, “Barcelona Virtual” aborda a as origens da mídia “revista”, suas origens
impressas e suas perspectivas virtuais. Além disso, também se aborda a questão da
interdisciplinaridade, o fato de a publicação ser o único meio de acesso virtual ao
município, público alvo, as perspectivas para a educomunicação, a possibilidade de
ser ter material didático on-line à disposição, metodologia empregada, usabilidade
ou elementos que facilitam a navegação, o propósito do banco de dados virtual, a
afinidade da pesquisa com o civic journalism, princípios éticos da publicação e o
regime quanto a coleta de recursos financeiros, direitos autorais, linha editorial e
estratégia de divulgação.
No capítulo seguinte são mostradas as novas tecnologias de comunicação,
como o computador, Internet, e-mail, webcam, blog. Além disso aborda temas como
a sociedade da informação, decifração de endereços virtuais, popularização das
1
Rede remota internacional de ampla área geográfica, que proporciona transferência de
arquivos e dados, justamente com funções de correio eletrônico para milhões de usuários ao redor do
mundo.
11
novas tecnologias, webdesign: como a revista foi planejada e estruturada e
produzida; manutenção e atualização; webjornalismo, como se dá a leitura num
meio virtual, princípios fundamentais da liberdade de expressão e sobre a
democratização do conhecimento.
A seguir é abordada a importância que é para uma cidade, por menor que seja,
ter um veículo de comunicação, bem como também a exclusão digital, formas de
censura virtual, soluções de comunicação; futuro digital, se incluído aí, o pago e
sobre como isso pode ser compensado com o voluntariado.
O capítulo a seguir aborda a importância de se respeitar às culturas minoritárias,
neste caso a sertaneja, em um veículo de comunicação, no caso específico deste
trabalho – a Internet. Além disso, aborda-se a questão do complexo de inferioridade
cultural em nossa história; o Movimento Armorial que serve de referência para a
revista, bem como a estética desse movimento e sua relação com a cultura ibérica.
Uma das ligações mais marcantes do Movimento com o município de Barcelona é
através da arte do poeta popular Fabião das Queimadas. Também é abordado o
sentimento de ruralidade presente em muitos interioranos que parte para as capitais.
O webdesign armorial, um novo canal virtual de expressão artística, os significados
das cores e designs da revista; o alfabeto sertanejo ou alfabeto armorial e sobre os
ferros de marcar gado da família Costa de Barcelona.
No capítulo final aborda-se o dicionário “Nobre como Camões –
Pequeno
dicionário do português antigo falado em Barcelona – RN - Brasil”, que na revista
virtual Barcelona ocupa um link2 específico. Nele, percebe-se que o que são hoje
resistências do português arcaico chegaram junto com os colonizadores e foram
preservadas pelas populações rurais e incultas do sertão brasileiro. Imune aos
modismos e a subserviência cultural das metrópoles, eles conservaram o falar
português da Idade Média. Muitas destas expressões, inclusive, foram usadas por
Luis de Camões, Padre Antônio Vieira e Gil Vicente em suas obras. Os traços desse
português medieval, isto é arcaico, foram preservados no interior do nordeste graças
à dificuldade de acesso à região. Isolados em fazendas, os colonos e seus
descendentes ficaram imunes às novas levas de portugueses que apareciam no
litoral, trazendo uma língua renovada.
2
O mesmo que hyperlink, isto é, vínculo ativo em um hypertexto ou hypermeio.
12
Além disso, há uma breve abordagem sobre a lingüística, as línguas em
extinção, os estrangeirismos, a língua portuguesa, o galego-português, o português
arcaico, o português do Brasil, línguas, dialetos e regionalismos, o investimento dos
países ricos fazem em seus dialetos minoritários, xenofobIa, os pretensos
dicionários regionalistas, o português antigo de Barcelona; o destino e a utilidade
dos vocábulos arcaicos.
13
2
“LA BARCELONA BRASILEÑA”
A revista virtual Barcelona é o único meio de acesso virtual ao município de
Barcelona. Localizado no interior do Estado do Rio Grande do Norte, região nordeste
do Brasil. Em um primeiro momento pode-se observar o nome do município:
Barcelona. Este nome passou a vigorar a partir de 1929, quando o prefeito de São
Tomé, município do qual Barcelona fazia parte, mudou o nome do povoado. A
escolha não foi inspirada, como se pensa, na cidade espanhola de mesmo nome,
mas em um seringal da Amazônia, onde o prefeito havia trabalhado.
Barcelona é um município que apresenta várias características peculiares do
sertanejo, no âmbito sócio-político-cultural (Vide anexo 5). A seguir encontram-se
algumas destas características do município.
2.1
LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA
O município de Barcelona, localizado no Estado do Rio Grande do Norte, região
nordeste do Brasil, tem seus 170km localizados na meso-região do agreste potiguar
e, respectivamente micro-região da Borborema potiguar.
Barcelona,
cujas
coordenadas
geográficas
são
5°57’(latitude)
e
35°56’(longitude) dista 104km (96km em linha reta) de Natal, capital do Rio Grande
do Norte. Constituem o município, juntamente com a sede, os distritos rurais de
Formigueiro, Santa Rita, Tijuca, Riacho da Onça, Santa Isabel, Arisco, Ramada,
Caiçara, Santa Maria, Riacho Fundo I, Riacho Fundo II, Santa Rosa, Poço do
Serrote e Cotovelo.
Os limites do município são:
a) Norte: Rui Barbosa e Riachuelo;
b) Sul: Lagoa de Velhos e Sítio Novo;
c) Leste: São Paulo do Potengi;
d) Oeste: São Tomé.
A sede do município está localizada a 120m acima do nível do mar.
14
Chega-se a Barcelona pelas rodovias RN 203 (via São Paulo do Potengi a São
Tomé). De São Paulo do Potengi vai se interligar à BR 304, via de acesso à Natal;
RN 093 (via Rui Barbosa e Riachuelo). De lá, através da BR 304, até a capital do
Estado.
2.2
CLIMA
O clima do município de Barcelona é megatérmico e semi-árido. Sob a influência
da baixa latitude, a temperatura anual oscila entre a mínima de 23ºC e a máxima de
33ºC. É salubre, ameno e seco (verão) e frio (inverno).
2.3
RELEVO E HIDROGRAFIA
O relevo barcelonense é muito acidentado e as inúmeras serras que circundam
a cidade, assentada sobre um vale, formam um cenário belíssimo, principalmente
durante o inverno que não tem data específica, acontecendo quando chega a
estação das chuvas. Dentre as serras há a da Arara, Vermelha, Mulungu, Sapato,
Machado, Formigueiro, Barroquinha e dos Bois, além dos serrotes Boqueirão e
Bonito.
A hidrografia da cidade é marcada pelo Rio Potengi (represado) que corta o
município no sentido oeste–leste e os seguintes riachos: Salgado, Formigueiro,
Santa Rosa, Camurim, das Cacimbas, Fundo, Onça, Formiga e do Umari. Merecem
destaque as lagoas das Flores, das Pedras e dos Caldeirões. Em todo município há
também vários açudes.
No dia 11 de agosto de 2000 foi inaugurado o trecho da Adutora Monsenhor
Expedito que traz para Barcelona água potável da Lagoa do Bonfim, próxima ao
litoral norte-rio-grandense. Oficialmente esta data marca o advento da água
encanada para os lares barcelonenses. Antes, as únicas fontes de abastecimento
eram os carros-pipas e as cisternas residenciais, além dos açudes.
15
2.4
POPULAÇÃO
O município de Barcelona tem 4.727 habitantes e 1.044 residências, distribuídos
conforme mostra a tabela 1.
TABELA 1: Distribuição da População do Município de
Barcelona - RN
LOCALIDADE
HABITANTES
RESIDÊNCIAS
Sede do município
Poço do Serrote
Formigueiro
Riacho Fundo I
Riacho Fundo II
Arisco
Santa Maria
Cotovelo
Santa Rosa
Caiçara
Riacho da Onça
Ramada
Santa Isabel
Tijuca
Santa Rita
2500
272
272
281
268
233
219
197
78
46
36
29
21
17
09
545
73
78
67
68
56
57
50
16
09
09
09
06
07
03
Fonte: Secretaria Municipal de Agricultura, março de 1999.
2.5
POLÍTICA
Diversos partidos estão representados em Barcelona, dentre eles há o PSB,
PMDB, PPB, PSDB, PPS, PFL. A câmara é composta por nove vereadores e o
município é comarca judiciária de São Tomé.
2.6
HISTÓRIA
A região onde hoje se situa o município de Barcelona foi colonizada na segunda
metade do século XIX por sertanejos vindos do Seridó, bem como de outras regiões
do Rio Grande do Norte e da Paraíba. Segundo o historiador Câmara Cascudo, a
primeira casa do “Salgado”, nome pelo qual a região era conhecida, foi construída
pelo Sr. José Maria do Nascimento, natural de Bodó em Cerro–Corá/RN, que ao
lado de dois irmãos foram os primeiros proprietários de terras. A fazenda Salgado já
16
era conhecida em 1864. Salgado, primeiro nome pelo qual Barcelona ficou
conhecida, se deve ao alto teor de salinidade dos terrenos do município.
A padroeira da cidade é Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, cujo dia é
comemorado em 2 de agosto. A escolha foi feita em 1918 por indicação do Padre
Cícero em Juazeiro. Foi dele também a sugestão sobre qual deveria ser o dia da
feira semanal, isto é, segunda–feira.
O mercado público da cidade foi construído em 1931. No dia 21 de março de
2001 ele foi demolido e em seu lugar foi construído um novo mercado. Já o cemitério
da cidade foi edificado em 1927.
Em 1929 o prefeito de São Tomé, município do qual Barcelona fazia parte,
mudou o nome do povoado de Salgado para Barcelona. A escolha não foi inspirada,
como se pensa, na cidade espanhola de mesmo nome, mas em um seringal da
Amazônia, onde o prefeito havia trabalhado.
Barcelona foi elevada à categoria de vila em 1938, através do decreto n° 603 do
interventor federal Rafael Fernandes Gurjão e em 17 de dezembro de 1958 obtém
sua emancipação política tornando-se município, por meio da lei nº 2.331 (Diário
Oficial do Estado de 28.12.1958) do governador Dinarte de Medeiros Mariz.
2.7
FLORA
A flora barcelonense é tipicamente a mesma do sertão nordestino. Porém, o
desmatamento representa um problema sério causado pela retirada indiscriminada
de lenha para Natal, onde ela é usada como fonte de combustível.
Dentre muitas outras, fazem parte da flora as árvores oiticica, catingueira,
aroeira, pau-d’árco, quixabeira, caibreira, umbuzeiro, marmeleiro, pereiro, mulungu,
juazeiro, angico, imburana, boã, algaroba, castanhol, coqueiro, carnaúba e cajueiro.
Há diversos cáctos como a macambira, xiquexique, facheiro, palmatória e cardeiro.
2.8
FAUNA
Em Barcelona a fauna é historicamente muito diversificada. Mas a falta de um
controle mais rigoroso por parte dos órgãos governamentais de defesa do meio
ambiente tem causado ao longo da história seríssimos casos de desequilíbrios
17
ecológicos, com a extinção de diversas espécies de animais no município. A caça
indiscriminada em períodos de reprodução e a captura para a comercialização
constituem os principais problemas.
2.9
ASPECTOS ECONÔMICOS
A economia de Barcelona está baseada na agricultura, pecuária e comércio. Na
cidade há uma indústria do setor de confecções.
2.10 RECURSOS MINERAIS
Em Barcelona há talco, diversos tipos de granito, quartzo (ametista), berilo
(U.S.A.), minerais metálicos, pagmatito e água marinha.
2.11 TRANSPORTES E COMUNICAÇÃO
Barcelona é ligada a Natal pela BR 101. Diariamente, diversas linhas de ônibus
da Empresa Alves ligam Barcelona à muitas cidades, inclusive à capital do Estado.
O primeiro transporte público de Barcelona foi um misto (transportava cargas e
passageiros, por isso era chamado de misto) de propriedade do Sr. Juvino
Guilherme de Souza.
O sinal de várias emissoras de rádio e televisão de Natal chega a Barcelona e
grande parte da população do município possui parabólicas. Os jornais da capital,
como o Diário de Natal e a Tribuna do Norte estão disponíveis em Barcelona.
2.12 RELIGIÃO
Em toda a sua história, o município sempre teve uma predominância muito
grande de católicos, são aproximadamente 95% da população. Há também uma
pequena minoria protestante, todos pertencentes à igreja “Assembléia de Deus”.
Outras religiões não são praticadas, ao que se sabe.
18
2.13 FESTAS
Em Barcelona, a Festa das Rosas que se realiza em maio é muito conhecida no
Estado. A Festa da Padroeira Nossa Senhora do Perpétuo Socorro em dois de
agosto já foi bem maior, mas hoje é basicamente de cunho religioso com vários dias
de missas e procissões. Sem exploração comercial da fé, é uma festa tipicamente
sertaneja. Durante o carnaval alguns blocos saem às ruas e bailes carnavalecos
irreverentes elegem todos os anos a rainha do carnaval. Na cidade ainda há
vaquejadas e festas em datas indeterminadas durante o ano inteiro.
Um instrumento musical comum nas festas de Barcelona é a sanfona, que é um
instrumento com a cara do nordeste brasileiro. Sua origem está no século XVII na
França. O sanfoneiro popular é um animador de forrós do interior. Resiste
culturalmente, mesmo fora da mídia de massa e é emblemática a sua formação
enquanto grupo musical: sanfona, triângulo, zabumba e pandeiro.
Uma festa que durante muito tempo foi realizada e que não costuma ser mais
comemorada atualmente é a festa de Boi de reis. Esta festa é um auto popular de
origem portuguesa, cuja dramaticidade gira em torno da morte e ressurreição do Boi.
Apresenta-se normalmente com 16 participantes, incluindo os tocadores. Os
integrantes do boi são classificados em dois grupos: enfeitados e mascarados.
Sendo o primeiro grupo composto pelo mestre, os galantes e damas, que
representam o lado sério do espetáculo, cantando velhas cantigas do século
passado, ou seja, louvações, saudações, benditos e baianos. O segundo grupo são
os mascarados, que fazem a parte cômica do espetáculo (Mateus, Birico e Catarina).
Trajam roupas surradas. O rosto melado de tisna representa vaqueiros escravos na
saga da pecuária nordestina. Aparecem ainda as figuras do Boi, a Burrinha, o
Gigante, completando assim a beleza do espetáculo. O acompanhamento é feito por
uma rabeca, um pandeiro e um instrumento de corda.
2.14 LITERATURA
No campo literário, o município destaca-se por ter sido residência de um grande
poeta potiguar: Fabião das Queimadas (1848 – 1928). Nascido escravo no município
de Santa Cruz (hoje Lagoa de Velhos), posteriormente veio habitar sucessivamente
19
os municípios de São Tomé, Sítio Novo e finalmente Barcelona. Seu nome
verdadeiro era Fabião Hermenegildo Ferreira da Rocha.
O folclorista Câmara Cascudo, no seu livro “Vaqueiros e Cantadores”,
descreve-lhe o tipo físico do poeta. Ele era um negro baixo, entroncado, robusto, de
larga cara “apratada” e risonha, nariz de congolês. Tinha os olhos tristes de escravo,
conservava a dentadura intacta e um bom-humor perene. Deixou inúmeros
romances sobre bois e cavalos de sua região.
O romancista brasileiro, José Mauro de Vasconcelos (RJ 1920), o autor do
romance “Meu Pé de Laranja Lima", estudou em Natal e esteve de férias por algum
tempo em Barcelona, nas quais ele escreveu "Barro Blanco". Para esse livro, ele se
inspirou na paisagem e na população do município.
20
3
BARCELONA VIRTUAL
Barcelona é uma revista que tem um enfoque jornalístico e educacional,
procurando
analisar
as
características
artísticas,
históricas,
geográficas,
econômicas, lingüísticas e sociológicas do município de Barcelona, Rio Grande do
Norte, Brasil.
A revista virtual Barcelona, face pragmática da pesquisa, tem a qualificação de
revista porque tem seu conteúdo publicado de forma analítica e seu sentido genérico
tem a proposta de ser um periódico que passa “em revista” questões literárias,
científicas, políticas, históricas e artísticas. Na verdade poder-se-ia dizer que a
palavra revista também tem o sentido de inspeção, exame minucioso. Além disso,
trata-se de uma publicação independente, sem fins lucrativos e sem nenhuma
relação com organismos oficiais.
3.1
REVISTA IMPRESSA
A primeira revista surgiu na Alemanha, em 1663, e possuía um nome
complicado
“Erbauliche
Monaths-Unterredungen”,
algo
como
“Edificantes
Discussões Mensais”, criada pelo teólogo e poeta Johann Rist, natural de
Hamburgo. Essa revista foi publicada até 1668. Não é por acaso que a história das
revistas tenha começado na Alemanha. Foi lá que, 200 anos antes dessa publicação
pioneira, o artesão Johannes Gutenberg desenvolveu a impressão com tipos móveis,
técnica usada sem grandes alterações até o século 20 para imprimir jornais, livros e
revistas.
Com a invenção e Gutenberg, panfletos esporádicos – que podiam, por
exemplo, trazer relatos sobre uma importante batalha – passaram a ser publicados
em intervalos cada vez mais regulares, tornando-se embriões das primeiras revistas
dignas desse nome, ou seja, um meio-termo entre os jornais com notícias
relativamente recentes e os livros. Além da Erbauliche alemã, outros títulos
apareceram ainda no século XVII, como a francesa Le Mercure (1672) e a inglesa
The Athenian Gazette (1690). Nessa época, as revistas abordavam assuntos
específicos e pareciam mais coletâneas de textos com caráter puramente didático.
21
A considerada primeira revista moderna é The Gentleman’s Magazine, publicada
na Inglaterra por Edward Cave. A maior parte de suas páginas era dedicada ao
entretenimento, incluindo ensaios, textos de ficção e poemas. Mas havia ainda
comentários políticos e críticas. Essa foi a primeira vez em que a palavra “magazine”
foi usada para esse tipo de publicação. Uma das revistas mais antigas ainda em
circulação é a National Geographic, uma das revistas científicas mais antigas do
mundo, que financia expedições e explorações.
No início do século XIX, começaram a ganhar espaço títulos sobre interesses
gerais, que tratavam de entretenimento às questões da vida familiar. É nesse
período também que surge a primeira revista feita no Brasil: As variedades ou
Ensaios de Literatura, criada em 1812, em Salvador, e que, na verdade, tinha muito
mais cara de livro, abordando temas eruditos. Poucas décadas depois em 1839,
nasceria a “revista do Instituto Histórico e Geographico Brazileiro”. Incentivando
discussões culturais e científicas, ela é a revista mais antiga ainda em circulação no
nosso país. Uma das revistas mais importantes do Brasil, cuja circulação chegava a
todo o território nacional, é “O Cruzeiro” fundada pelo jornalista Assis Chateaubriand
(1891-1968). O primeiro número de O Cruzeiro – ainda sem o “O” – teve uma
tiragem de 50 mil exemplares, trazendo contos e, principalmente, grandes
reportagens, ilustradas com desenhos e fotografias.
No século XX, com o aprimoramento das técnicas de impressão, o
barateamento do papel e a ampliação do uso da publicidade como forma de bancar
os custos de produção, as revistas explodiram no mundo todo, com títulos cada vez
mais segmentados, destinados a públicos com interesses muito específicos. Não
deixa de ser uma espécie de volta às origens.
Aquela que é considerada a primeira revista moderna, nasceu na Inglaterra e
chamava-se The Gentleman´s Magazine e foi criada por Edward Cave. A maior arte
das páginas era dedicada ao entretenimento, incluído ensaios, textos de ficção e
poemas. Mas havia ainda comentários políticos e críticas. Foi a primeira vez que a
palavra “magazine” foi usada para esse tipo de publicação. Uma das revistas mais
antigas em circulação é a National Geographic, uma das revistas mais antigas do
mundo, financiando expedições e explorações. Foi uma das primeiras a publicar
fotos coloridas, além de ser pioneira em vários tipos de imagens, como as do fundo
do mar, do espaço e de animais selvagens.
22
3.2
REVISTA VIRTUAL
Atualmente na Internet há muitas revistas virtuais, de conteúdo geral e
específico, mas as maiores têm seu conteúdo adaptado da versão impressa. O
conteúdo delas só está totalmente disponível para os assinantes das versões
impressas (o que não deixa de ser em parte uma inutilidade) ou para os assinantes
de portais como o UOL – Universo On-line ou o Terra.
Uma questão que muito se tem discutido é que revistas e jornais são domínios
locais e a Internet (rede remota internacional de ampla área geográfica, que
proporciona transferência de arquivos e dados, justamente com funções de correio
eletrônico para milhões de usuários ao redor do mundo.) é predominantemente
global. Muitas dessas publicações estão on-line. Mas a questão é: os seus clientes
do mundo digital não são os mesmos do mundo de papel. Porém, cada uma dessas
publicações gostaria de ter cada expatriado ou falante da língua em que as
informações são veiculadas como seu leitor, buscando ser dominante num conteúdo
global dessa língua. O desafio é incorporar os dois mercados de modo a
compatibilizar os dois públicos (local e virtual). Isso, para esse momento crucial em
que se vive na dicotomia entre o real e o virtual. No futuro, como se espera, todos
estarão on-line. Porém, assim mesmo ainda haverá o local x cosmopolita; e mesmo
que todos estejam on-line, os veículos de comunicação ainda terão que se
preocupar com a compatibilidade de seus conteúdos. Para Olav Junker Kjaer
“quando mais específico e personalizado for o público alvo, maior a possibilidade de
atingi-lo. Se fizer um site3 para todo mundo, estará concorrendo com Disney, MTV,
Louvre, Playboy etc.”. (1997, p. 48).
3.3
INTERDISCIPLINARIDADE
Para que a revista virtual fosse viabilizada foi preciso utilizar conhecimentos das
mais diferentes áreas como cultura sertaneja, Movimento Armorial, antropologia,
sociologia, lingüística, Internet, design, editoração, estética, história, meio-ambiente,
3
Abreviatura de website, que por sua vez é um lugar na rede mundial de computadores
(web=rede). Grupo de páginas na Internet. Cada página é um documento HTML que é transferido
para a Internet usando HTTP (HyperText Transfer Protocol), usada para transferir arquivos para o
servidor.
23
ciência e geografia dentre outros. Não para sua construção, em termos tecnológicos,
como também em termos de conteúdo no que diz respeito às reportagens, artigos,
entrevistas, crônicas e etc. Por isso, pode-se dizer que o projeto todo é caracterizado
por uma forte interdisciplinaridade. Com isso, se busca um ponto de convergência
entre o jornalismo e a educação. (vide anexo 2)
A proposta da revista é consciente da importância que adquirem os meios de
comunicação no espaço pedagógico, na formação do cidadão para a democracia, a
ética e a liberdade de expressão. É importante também tirar o máximo de proveito da
revolução da tecnologia da informação que alterou os conceitos clássicos de “modo
de produção”, “conhecimento” e “capital” . Por último é preciso analisar que efeitos a
revolução da informação trará para a economia, cultura e sociedade de pequenos
municípios. Pois pela primeira vez na história da humanidade, um pequeno povoado
pode ter acesso a um veículo de comunicação de baixo custo e inúmeras
possibilidades. É interessante ressaltar que todos; empresas, escolas, bancos,
ONG´s municípios dentre outros, são obrigados
a ter
uma estratégia
comunicacional. Os pequenos municípios não a têm por falta de interesse público ou
privado.
3.4
ÚNICA PORTA VIRTUAL
A revista virtual Barcelona (www.barcelonarn.hpg.com.br) é o único meio de
acesso virtual ao município de Barcelona, Rio Grande do Norte, Brasil. Esta revista
nasce fundamentada na convicção de que não é preciso muito para se ter um bom
veículo informativo, especialmente hoje em que os recursos de mídia são inúmeros,
ilimitados e de fácil acesso. A Internet é o meio mais democrático de informação,
porém de acesso ainda muito restrito. Mas a tendência é que seja cada vez mais
difundida com a diminuição dos preços dos equipamentos de informática. Tal e qual
ocorreu com o aparelho de televisão, dentro de algum tempo quase todos os
casebres de favelas pelo mundo estarão on-line.
24
3.5
PÚBLICO ALVO
A preocupação de difundir o pensamento e o trabalho de intelectuais e leitores
barcelonenses, ou de autores ligados ao semi-árido, estará viva desde o primeiro
momento. Ao fazê-lo, estreitarão ainda mais as relações da revista com as forças
progressistas e parceiros preocupados em estimular o avanço do pensamento
crítico. Tendo em vista que não é possível construir um mundo e um país novo sem
enfrentar o controle da informação.
O site é dirigido à população de Barcelona, mas é útil a qualquer pessoa
interessada em assuntos ligados ao sertão do nordeste brasileiro e serve como
modelo para outro projetos. Como por exemplo, sites específicos dirigidos a
comunidades negras, asiáticas, ciganas, amazônicas, pantaneiras, isto é, qualquer
minoria étnica ou cultural. O conteúdo da revista interessa também aos habitantes
de municípios próximos à Barcelona, com quem temos estreitas relações históricas,
culturais, sociais e econômicas.
O importante é fortalecer a cultura local de cada comunidade dentro da
democracia digital. É preciso trabalhar para fortalecer essa idéia, fundamental para
continuar “existindo” neste século XXI, que é o século onde há uma grande ameaça
de ser cibercolonizado por uma Internet muito manejada por representantes de
culturas que não são as nossas, nem tem a mesma idéia estética que a nossa.
Em Barcelona precisava-se de um meio de comunicação que falasse sobre eles
e para eles, um cidadão não pode ter sua fonte de informação limitada a um
telejornal, porque por falta de informação, as pessoas tendem a se alienar de sua
realidade local. É preciso despertar nas populações mais afastadas a curiosidade
pelo mundo, mas sem esquecer que o conhecimento dos problemas locais é
essencial.
3.6
EDUCOMUNICAÇÃO
O jornalismo não pode abandonar a essência de sua atividade – a busca da
informação de interesse público. Não pode compactuar com a falsa-imprensa
interessada em distrair o público com fofocas, casos escabrosos e reportagens
irrelevantes. Não pode ceder a esta invenção maldita chamada bastidor, criado em
25
substituição ao mundo real, na tentativa de representar os acontecimentos como
uma farsa permanente.
A educação não está dissociada do jornalismo e vice-versa. E se tudo puder ser
transmitido de forma agradável e curioso, então se podem atingir muitos objetivos
essenciais. Além disso é preciso transmitir a preocupação com a função social da
ciência. Na Internet trabalha-se com bits, mas as pessoas, em princípio, não
precisam de bits. É preciso achar utilidades para eles. Por isso, o site de Barcelona
não existe por afã de lucro. Ele pretende usar o jornalismo virtual como ferramenta
de educação para comunidades carentes. Por exemplo, ensinar um agricultor dicas
úteis para sua profissão e ao povo em geral sobre sua cultura.
Pode-se entender que mais importante que o acesso à Internet em si, o que por
si só já constitui um inigualável avanço, é a o acesso do usuário a informação
(sobretudo àquela sobre seu meio) sem passar pelas “travas de cobrança de
pedágio” dos sites cujo conteúdo só é liberado mediante pagamento. E isso deve ser
conseguido por vias governamentais, sem qualquer censura ou controle por meio
deste e com recursos oriundos do pagamento de impostos. Na ausência de um
governo sensível as necessidades educacionais do seu povo, deve ser estimulado o
engajamento da iniciativa privada mediante incentivos fiscais e leis especiais de
incentivo.
Nossa sociedade, deve com urgência aprofundar o debate e priorizar as ações
públicas relativas à educação e iniciativas cidadãs que evitem que o governo
controle a pauta do jornalismo educacional, embora não só do jornalismo
educacional. Além disso é preciso mostrar que o jornalista, especialmente o novo
profissional “infojornalista”, tem uma função primordialmente de responsabilidade
social. O jornalista é um educador, tendo em vista que quando se informa se educa.
A questão da educação continua sendo linha de frente para qualquer profissional, no
caso do jornalista é fundamental. É preciso ver o jornalista como um intelectual
educador. Nesse sentido, têm sido cada vez mais presente na mídia a figura do
“educomunicador”. Esse novo profissional é responsável por promover a
convergência entre a Educação e a Comunicação, contribuindo para o uso crítico e
pedagógico da mídia na escola, o desenvolvimento de meios de comunicação no
ambiente escolar, o entendimento do funcionamento dos meios de comunicação,
das novas tecnologias de informação e de educação à distância. Para Philippe
Quéau (2000: p. 38):
26
O desenvolvimento da Internet e da “sociedade mundial da
informação” representa uma oportunidade para se promoverem os
ideais da UNESCO: a livre circulação para todos, o avanço e a
difusão do conhecimento e o acesso de todos os povos ao que cada
um deles publica.
É importante desenvolver ferramentas que dêem condições para que o
jornalismo auxilie a educação de pequenas comunidades e minorias étnicas ou
culturais, aí inclusas as pobres, dentro da visão de sua própria cultura. Ao
estabelecer uma parceria entre educadores e jornalistas, esse projeto visa não só o
acesso à informação jornalística (notícias), mas também levar educação para a
cidadania, difundindo informações para educadores e produzindo material didático
sobre seu meio cultural e sócio-político para escolas através da Internet. O que, na
verdade, constituí-se na mais nova face do ensino à distância.
Através do jornalismo e da educação, é possível combater a pobreza, o
analfabetismo, estimular a proteção do meio ambiente e o fortalecimento dos direitos
humanos. Para Bernard Cassen, diretor geral do Le Monde Diplomatique “o
jornalista é como um professor, só que tem mais alunos” (2000: p. 22). Contudo,
nada disso avançará se os que estão diretamente sendo afetados não participarem
em sua realização. Por isso, é preciso fomentar a promoção da criação cultural dos
habitantes do município, apoiando-se nas forças vivas e progressistas de diversos
setores da sociedade.
A entrada em contato, por parte dos barcelonenses, ao mundo do conhecimento
significará, com certeza, um grande salto em seu desenvolvimento. Só o estudo e o
conhecimento podem tirá-los do isolamento crítico e fazê-los superar nossa condição
social resultado da seca e da falta de perspectivas. Se o conhecimento é poder (de
fazer e decidir) imagine o quanto a Internet pode ajudar. Inclusive, outros municípios
em situação idêntica.
3.6.1 Material Didático on-line
Se ainda há uma enorme dificuldade em promover o resgate da memória da
vida nos diferentes e variados espaços de uma grande metrópole, com relação aos
pequenos municípios o problema é ainda mais grave. Nesses locais a memória pode
estar se perdendo lentamente nas fotos tomadas por fungos no fundo dos armários,
na lembrança dos habitantes mais antigos que estão morrendo ou nos arquivos da
cidade, armazenados muitas vezes de forma precária. Dessa forma, toda uma
27
população tão cidadãos quanto quem mora nas metrópoles nada sabe sobre os
primeiros habitantes do município, sobre seus heróis, seus acontecimentos
marcantes. Desconhecem a sua própria identidade.
Nas escolas primárias e secundárias das pequenas cidades do interior
nordestino, muitas vezes há por parte dos professores a preocupação de se estudar
a história, geografia e a realidade do município onde a escola está situada. Até
porque muito do que acontece e do que se decide nas grandes capitais do país e no
mundo afeta diretamente a realidade dos pequenos municípios. Mas o trabalho com
esse tema enfrenta diversos problemas, desde a falta de material didático até a
própria adequação pedagógica desse material didático.
Há até em muitos municípios a vontade de se escrever livros sobre esse
município, seja por parte de professores, pesquisadores independentes, idosos ou
curiosos. Mas um dos maiores problemas enfrentados por quem se propõe a isso
são os altos custos cobrados pelas editoras e gráficas, a falta de interesse comercial
e a falta patrocínio inviabilizam a produção bibliográfica de obras sobre as pequenas
localidades
que ficam sem a oportunidade de conhecer a própria realidade,
respeitar o seu meio-ambiente e se o benefício que a auto-estima traz para quem
conhece a si próprio e a sua própria cultura. Além disso, os benefícios práticos
adquiridos com esse auto-conhecimento seriam dos mais diversos, desde a
valorização ao aproveitamento racional das potencialidades agrícolas, pecuárias e
minerais, bem como o conhecimento sobre suas reais necessidades. A investigação
da história local desenvolveria, através de pequenos museus; santuários, prédios,
históricos, trilhas e sítios; potenciais atrações turísticas. A cooperação entre um
grupo de cidades próximas poderia resultar num roteiro turístico que levaria turistas
pelos caminhos de antigas revoluções e por onde andavam bandos de cangaceiros.
No caso específico de Barcelona, por exemplo, do bando de Antônio Silvino.
Os pequenos museus poderiam ter seu acervo formado a partir da doação ou,
em último caso, da compra das coleções de “ajuntadores” idosos locais, muitos dos
quais preocupados com o destino do seu acervo, já que boa parte das novas
gerações na tem interesse na preservação de “velharias” históricas que são
importantes para a memória coletiva de um povo, por menor e mais pobre que este
seja. Porém, o ponto de partida para tudo isso é o auto-conhecimento, neste caso
bibliografia própria.
28
Se o mercado editorial formal é inviável, tudo poderia ser publicado via Internet
em sites ou publicações (jornais, revistas) em formato digital a custo quase zero. Se
a Internet ainda não é muito presente nos lares sertanejos, atualmente muitas são
as prefeituras, escolas e câmaras municipais informatizadas e com acesso a rede. À
partir da premissa de haver uma publicação on-line sobre seu próprio meio e um
computador que possa ser emprestado por alguns instantes, qualquer professor de
localidades remotas pode “baixar” o conteúdo destes sites e imprimi-los para o uso
de seus alunos como bibliografia.
3.7
JORNALISMO X GOVERNO LOCAL
Como muitas cidades do interior, em Barcelona há muitos conflitos de
interesses já que o serviço público é a maior fonte de renda da população do
município. A proposta da revista virtual é se manter distante desses interesses. Ser
um ponto de apoio e unanimidade.
É preciso clamar pela participação da geração digital nos movimentos
socioeconômicos, políticos e culturais como um meio de acelerar a transição para a
nova sociedade do conhecimento, uma vez que como se sabe, o capital do século
XXI é a criatividade e o saber. Esses “cibercidadãos”, informados, responsáveis e
construtivos, estão traçando seu próprio caminho para o futuro.
3.8
METODOLOGIA
Para sua viabilização, primeiro foram feitas entrevistas com algumas pessoas
do município aproveitando seu conhecimento de história oral, já que a cidade tem
deficiência de material bibliográfico sobre si mesma. Redação das informações
coletadas nos diferentes ramos da prática jornalística: reportagens, artigos, crônicas,
matérias, editorial. Posteriormente o material teve o seu texto adequado a leitura online, foi editado, distribuídos pelos links correspondentes, diagramado e ilustrado
com gravuras fotos, cores e formatos gráficos. Por último, o site foi enviado para a
Internet.
Durante a construção do site procuro-se chegar ao término dos fundamentos do
trabalho por caminhos próprios. Por exemplo, nenhum site de outra cidade foi
29
previamente estudado pelo autor. É importante ressaltar que após o “término” dos
fundamentos do site, espera-se atualizá-lo com freqüência tanto tendo em vista seu
aprimoramento gráfico, como também em termos de conteúdo. Foram inúmeros os
entraves: desde a falta de material bibliográfico sobre o município a ser consultada
até a quase inexistência de Internet em Barcelona para a população ter acesso a
sua revista. A pesquisa exigiu, acima de tudo, desenvolver a arte de saber ouvir,
deixando que a espontaneidade do contador venha à tona. Já a dificuldade de
acesso a web está sendo superada, graças ao crescente aumento de linhas
telefônicas e de computadores pela população do município.
As noticias do link Noticiário serão arquivadas (impressas e em formato digital)
sempre que elas estiverem desatualizadas e sejam substituídas.
A fim de que as informações do site seja bem utilizadas é importante promover
palestras para a população do município sobre jornalismo, educação e cidadania e
a relação dessas três áreas com os multimeios da Internet. Bem como sobre as
novas maneiras de interpretar a realidade.
Para se saber se os objetivos da revista foram alcançados serão convidadas
pessoas em Barcelona que nunca tenham construído sites para que diante de um
computador elas possam testar a revista virtual Barcelona. Elas deverão responder
um questionário sobre o seu perfil sócio-econômico (idade, renda, profissão, sexo,
estado civil), qual a sua opinião sobre o conteúdo, escolha de temas, expressão
(qualidade da língua), o que elas acharam, como está a aparência (estética), como
funciona a navegabilidade, em que o site lhe pode ser útil (interesse), qual o seu
interesse nas novas mídias, sugestões e etc. Também é interessante saber quais os
equipamentos de informática presentes nos lares de cada um (computador, modem
e etc.), com que freqüência cada um acessa a Internet, qual a porcentagem dos que
possuem e-mail (considerando o número de moradores de cada casa), quais as
principais mudanças em sua vida depois do advento da Internet, qual o conteúdo
que mais vêem na web, As reações devem ser anotadas e por último deve ser
esclarecido se o site funcionou como o planejado.
Teoricamente não haverá problema de localização, mesmo àqueles que não
sabem o endereço da revista, podem encontrá-la através de buscadores como o
Google, por exemplo, <http://www.google.com.br>. Espera-se também que os
usuários
entrem
em
contato
com
a
revista
virtual
através
de
e-mail
([email protected]), do blog (www.barcelona.blogger.com.br) e do grupo de
30
discussão (www.grupos.com.br/grupos/barcelonarn) e informem sobre o que acham
de seu conteúdo, bem como participem das discussões levantadas e façam críticas
e sugestões.
3.9
USABILIDADE
Para facilitar a navegação no site, ele não foi feito em frames4 e para aumentar
a área útil de informação todos os links estão dispostos horizontalmente
e no
mesmo local. Isto é, na parte superior. Além disso, sabe-se que quando o olhar
visualiza uma página, ele a percorre de cima para baixo e da esquerda para a
direita. Por isso, o título “Barcelona” no site da revista virtual está no canto esquerdo
superior. Para facilitar a navegação, todas as páginas têm o layout parecido. Na
parte inferior da página principal há um link para o e-mail da revista e informações
básicas sobre o site. É importante ressaltar que por ser virtual, a revista não têm
endereço fora do mundo cibernético.
3.10 MEMÓRIA
O objetivo desta pesquisa é criar um espaço e um banco de dados virtual para
a difusão e intercâmbio de idéias que tenham relação com o pequeno município de
“Barcelona”, localizado na microrregião da Borborema Potiguar.
Espera-se contribuir para a formação da consciência barcelonense e a reflexão
nas pessoas, onde quer que elas estejam. oferecendo aos seus leitores a
informação isenta e qualificada. Além de fomentar a cultura e promover os
intercâmbios culturais.
Pra a revista é importante fomentar a cultura e salvaguarda das peculiaridades
regionais e sociais, tanto na sua expressão tradicional quanto nas formas atuais de
expressão. Isto é, criar uma personalidade, uma maneira de ver o mundo e de
apresentá-lo aos leitores. Tudo a partir da reconstituição, conservação e
redescoberta da cultura sertaneja, tradições, história, geografia e vocabulário do
4
O mesmo que frameset ou quadro, isto é, documentos que dividem a janela do browser (ou
navegador) em vários documentos isolados.
31
português antigo, espera-se com isso que os habitantes voltem a ter orgulho dos
antepassados e de sua própria cultura.
3.11 CIVIC JOURNALISM
A revista tem seus princípios fundamentados no civic journalism americano,
cuja definição não é muito clara:
“Ao pé da letra seria jornalismo cívico, mas o sentido mais apropriado
seria o de ‘jornalismo público’, que também não é satisfatório, pois
tanto pode dar a idéia de uma espécie de jornalismo chapa branca,
como pode ser confrontado com a constatação tautológica de que
qualquer jornalismo é público. ‘Jornalismo cidadão’ também seria
uma boa maneira de transpor o conceito, mas ainda incompleta, pois
a relação entre mídia e cidadania não tem dependido apenas das
iniciativas da comunidade, mas sobretudo de empresas e
organizações. Ou seja, tradicionalmente, o civic journalism tem sido
praticado por meio de grandes projetos da iniciativa privada e não
propriamente pela mídia comunitária, embora o jornalismo
comunitário muito se assemelhe aos propósitos do civic journalism.
Quando grandes jornais resolvem, por exemplo, dedicar
sistematicamente parte de seu esforço de cobertura a causas
públicas, estão praticando civic journalism. Quando empresas não
jornalísticas resolvem financiar ou dar apoio institucional a coberturas
dos mesmos assuntos, também ingressam na mesma linha “(SILVA,
2001, p. virtual).
3.12 PRINCÍPIOS ÉTICOS
Para garantir a independência editorial e a liberdade de expressão a revista
virtual Barcelona não se restringirá a ter colaboradores fixos, devendo portanto,
contar com diversas colaborações ocasionais. Tentando assim retratar com o
máximo de fidelidade possível, o nosso próprio tempo.
A revista tem a intenção de estar em conformidade com os artigos 19, 26 e 27
da Declaração Universal dos Direitos do Homem (adotada pela ONU em 10 de
dezembro de 1948).
32
3.13 RECURSOS FINANCEIROS
Para a sua viabilização a revista virtual Barcelona não contou com nenhum
patrocínio ou apoio institucional. Nem para sua produção, pesquisa ou hospedagem.
Inclusive, a revista virtual se utiliza um site para hospedagem gratuitas de
homepages5 (www.hpg.com.br) para comprovar que ele podia ser feito com quase
nenhum custo.
A questão sobre a gratuidade do conteúdo na Internet tem sido muito debatida.
Afinal, além de uma redação jornalística, há muitos custos envolvendo grandes
empresas como os fabricantes de produtos eletrônicos que permitem a conexão
(microcomputador e modem), o provedor de acesso (que é pago mensalmente), a
companhia telefônica (que tarifa cada minuto de conexão) e as agências de
propaganda que criam os banners (anúncios virtuais). Porém, atualmente há uma
grande dificuldade para as empresas cobrar pelo noticiário que veiculam, porque
isso está virando commodity6, existe praticamente em qualquer portal. Embora ainda
haja mercado para as análises e informações setorizadas, o que não se encontra
com facilidade na Internet apesar de haver uma grande demanda e que não são do
interesse da imprensa que cobre o dia-a-dia.
Muitas publicações e serviços noticiosos como o Bloomberg, o maior portal de
notícias sobre economia e negócios do mundo, estão na Internet por uma questão
estratégica. Há alguns anos a Internet não passava de uma rede acadêmica que
permitia aos alunos e professores trocarem mensagens e intercambiarem
documentos e informações sobre suas pesquisas (e só permitia o uso de texto);
numa etapa seguinte, a Internet foi integrada ao ambiente Windows com cores,
imagens, som vídeo; agora já está presente nos cabos de TV. Por isso, muitas
empresas investem em seus portais noticiosos, mesmo tendo uma margem de lucro
reduzida ou prejuízo em alguns casos, como uma maneira de estar em dia com as
novas tecnologias digitais e demarcar espaço.
5
Página de entrada em um site da Web, ou de outro sistema de hipertexto ou de hipermídia, que
geralmente contém uma apresentação geral e um índice, com elos de hipertexto que remetem
às principais seções de conteúdo do site, visando facilitar a navegação pelo sistema; página
inicial.
6
Artigo ou objeto de utilidade, mercadoria para a venda.
33
No início dos anos 90, a mídia impressa no Brasil, jornais e revistas, começaram
a criar seus espaços na Internet. O lucro não foi a primeira motivação, apesar de
naquela época haver essa perspectiva a longo prazo, mas sim por uma questão de
dar um sinal de modernidade ao mercado, para seguir uma tendência mundial e
para atender ao público que viaja.
É importante ressaltar que após o “término” dos fundamentos do site, espera-se
atualizá-lo com freqüência tendo em vista tanto seu aprimoramento gráfico, quanto
em termos de conteúdo. Para isso, são necessários recursos financeiros e técnicos.
Por isso, a revista virtual pretende aceitar o apoio institucional e cultural como forma
de patrocínio de pessoas físicas e empresas consideradas éticas que acreditem em
nosso projeto, mas se recusa a aceitar anúncios ou apoio cultural de políticos ou da
administração de Barcelona. Ela não irá pôr o direito à informação dos habitantes de
Barcelona acima dos interesses do anunciante. Isso, porque a revista não deseja
perder a independência e a credibilidade frente ao leitor, tendo em vista inclusive a
preservação dos valores que os anunciantes desejam comprar.
Não haverá qualquer tipo de cobrança para se ter acesso ao conteúdo da
revista virtual, já que uma de suas principais propostas é a democratização da
informação. O conteúdo do site é de uso liberado para sua livre reprodução ou
transmissão por quaisquer meios eletrônicos, mecânicos, de gravação, fotográficos,
digitais; desde que citado o nome do autor e a fonte.
3.14 DIREITOS AUTORAIS
Os fundamentos teóricos e tecnológicos da pesquisa serão publicados na
revista virtual para sua livre reprodução ou transmissão por quaisquer meios
eletrônicos, mecânicos, de gravação, fotográficos, digitais. Na revista pede-se
apenas que o usuário cite em sua reprodução o nome do autor e a fonte.
3.15 LINHA EDITORIAL
Editorialmente, a revista virtual deve ter não só denuncias, mas também boas
notícias. Contar histórias de empreendedores, conversar com especialistas que
sugerem soluções, mostrar o cidadão comum em seu papel de herói moderno,
34
exaltar o sonho, a coragem, o trabalho. Com isso, o objetivo é influenciar as pessoas
a agir, ao serem expostas a esse conteúdo midiático. Incentivar os leitores com a
idéia de abrir um negócio, voltar a estudar, atuar como cidadão.
É princípio da publicação não submeter o conteúdo editorial à aprovação prévia
de qualquer forma de governo, dele representante ou poder constituído e resistir a
qualquer tipo de pressão ou intimidação que tenha a intenção de coibir a
democratização da informação e a liberdade de expressão. A revista garantirá a
objetividade e a capacidade de priorizar e personalizar a sua produção.
Os artigos ou crônicas publicadas no link “Crônicas”, com a assinatura do autor,
não traduzem a opinião da revista e visam divulgar tendências e debates. Sua
publicação obedece ao propósito de estimular a discussão os problemas sertanejos
contemporâneos e outras questões universais as quais os habitantes do interior do
nordeste brasileiro sofrem influência.
O conteúdo do link “Cultura” tem a proposta de divulgar a cultura sertaneja mas
também a alta cultura universal, procurando valorizar e enxergar o sertão como uma
unidade com identidade própria, mas que também está inserida dentro de um todo e
não uma cultura isolada.
O que difere o site de Barcelona de outros é que ele não pretende ser turístico,
nem sua preocupação é formar professores, mas orientar comunidades inteiras. A
preocupação não é fornecer notícias didaticamente para uso em sala de aula,
embora também tenha essa utilidade, mas possibilitar que pequenas comunidades
se conheçam, tenham consciência de sua própria realidade e sua cultura para que
tenham visão própria (tendo por base sua cultura) da realidade em que vivem. Para
que cientes dos problemas, vantagens e potencialidades, passem a agir pela
melhoria de suas condições de vida. Isto é, usar o Jornalismo como instrumento de
mudança e de consciência.
3.16 DIVULGAÇÃO
Para que os objetivos da revista virtual sejam de conhecimento público é
importante consolidar uma estratégia de meios (produção de materiais, campanhas
publicitárias, artigos de opinião) em diversos veículos de comunicação que
contribuam para a sensibilização da sociedade sobre a importância da difusão da
35
informação para o desenvolvimento das democracias nos pequenos municípios (vide
anexo 4).
A fim de que as informações do site seja bem utilizadas é importante promover
palestras para a população do município sobre jornalismo, educação e cidadania e
a relação dessas três áreas com os multimeios da Internet. Bem como sobre as
novas maneiras de interpretar a realidade.
Para se saber se os objetivos da revista foram alcançados serão convidadas
pessoas em Barcelona que nunca tenham construído sites para que diante de um
computador elas possam testar a revista virtual Barcelona. Elas deverão responder a
um questionário sobre o seu perfil sócio-econômico (idade, renda, profissão, sexo,
estado civil), qual a sua opinião sobre o conteúdo, escolha de temas, expressão
(qualidade da língua), o que elas acharam, como está a aparência (estética), como
funciona a navegabilidade, em que o site lhe pode ser útil (interesse), qual o seu
interesse nas novas mídias, sugestões e etc. Também é interessante saber quais os
equipamentos de informática presentes nos lares de cada um (computador, modem
e etc.), com que freqüência cada um acessa a Internet, qual a porcentagem dos que
possuem e-mail (considerando o número de moradores de cada casa), quais as
principais mudanças em sua vida depois do advento da Internet, qual o conteúdo
que mais vêem na web, As reações devem ser anotadas e por último deve ser
esclarecido se o site funcionou como o planejado.
36
4
NUNCA FOI TÃO FÁCIL...
O nascimento das novas mídias aumentou a capacidade de participação,
manifestação e expressão dos cidadãos. A Internet, em plena expansão, representa
um formidável instrumento de comunicação e informação capaz de ligar os
indivíduos do mundo inteiro em torno de temas tão variados como a literatura, a
arqueologia, a jardinagem ou o cotidiano de pequenas comunidades.
4.1
SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO
Havia, até poucos anos, em matéria de comunicação, três sistemas distintos: o
texto escrito, o som do rádio e a imagem. Cada um desses elementos foi o introdutor
de todo um sistema tecnológico. O texto deu origem à edição, a imprensa, o livro, o
jornal, a linotipia, a tipografia, a máquina de escrever, etc. O texto está, pois, na
origem de um verdadeiro sistema tecnológico. Assim como o som – que originou o
rádio, o gravador, o telefone e o disco. A imagem, por sua vez, produziu a pintura, a
gravura, os quadrinhos, o cinema, a televisão, o vídeo etc. A revolução numérica da
Internet faz os sistemas de signo convergirem para um sistema único: texto, som e
imagem exprimidos em bits. É a multimídia – o CD – Rom, os videogames, o DVD e,
sobretudo, a Internet. Isso quer dizer que não há mais diferenças entre sistemas
tecnológicos para veicular, indiferentemente, um texto, um som ou uma imagem. O
mesmo veículo permite transportar os três sinais – textos, sons e imagens – em
tempo real, em alta velocidade, junto ou separadamente. Esse sistema constitui uma
transformação radical porque muda a comunicação, na medida em que não há mais
diferença entre o sistema textual, o sistema da imagem. Resta apenas um sistema,
que se exprime na base de 0 e de 1 que circula no mesmo ritmo.
Atualmente, o sistema de comunicação criou uma rede, uma malha que abrange
o conjunto do planeta, o que torna possível a troca intensiva de informações. Mas há
um desafio que precisa ser enfrentado: diante da revolução das tecnologias da
informação e da comunicação é preciso favorecer a inovação e o desenvolvimento
econômico e preservar ao mesmo tempo a igualdade de chances.
37
A sociedade industrial, nascida há pouco mais de cem anos, cede lugar a uma
sociedade cujos principais recursos e riquezas são a informação. E a Internet está
no centro dessa revolução. Desenvolvimento tecnológico, fatores econômicos e
hábitos sociais são os três motores, intrinsecamente ligados, dessa nova sociedade.
A convergência da informação, das telecomunicações e do audiovisual, assim como
a digitalização dos dados favoreceram tecnicamente a passagem de uma sociedade
para a outra. A digitalização consiste em codificar dados analógicos sob a forma de
0 ou de 1. Ela permite processar, estocar e transmitir os dados mais fácil e
rapidamente, sem qualquer perda de informação. A linguagem binária atinge hoje
áreas tão variadas quanto a imagem, som, voz, vídeo, televisão, fotografia e as
possibilidades que ela oferece estão ao alcance de todos graças às novas
tecnologias. Porém, são os hábitos decorrentes deles que caracterizam a sociedade
da informação. A tecnologia digital envolve não somente a digitalização das
comunicações, mas também uma ampla gama de novos procedimentos e
instrumentos
como os satélites e a fibra ótica, por exemplo, que possibilitou o
surgimento dos celulares, livros eletrônicos, pager, disk player, computadores
pessoais e gravadores digitais.
As sociedades tecnicamente avançadas são chamadas de: sociedade do saber,
sociedade da informação, das comunicações, sociedade telemática. Em comum a
todos está a tese de que um novo impulso tecnológico – a tecnologia digital –
substituirá o capitalismo industrial. E as características desse novo capitalismo digital
serão a rapidez, a desmaterialização, descentralização e globalização.
Mas o advento da sociedade da informação não pode se reduzir a esses
desenvolvimentos tecnológicos, nem a suas ampliações econômicas. Os desafios
sociais são cruciais e o desenvolvimento da tecnologia da informação e da
comunicação não poderá ser feito em detrimento de uma parte da população. O
fosso digital entre países, regiões e cidades ricas e pobres está aumentando a cada
dia. Em muitos casos, isso se deve mais por indiferenças e falta de interesse dos
poderes públicos locais do que por falta de acesso às novas tecnologias. É
necessário, portanto, garantir a igualdade de acesso às novas tecnologias. Da
informação e da comunicação. Isso é uma questão tanto democrática quanto
pedagógica. Por isso, a sociedade da informação é uma chance única na história
das pequenas comunidades se educarem e se informarem como nunca antes foi
possível.
38
Para o pesquisador francês Thierry Leterre (2000: p. 9) pode-se distinguir três
grandes contribuições das novas tecnologias para a pedagogia:
a) Reservatório de instrumentos culturais (“Grande Biblioteca”);
b) Pedagogia ligada à informática;
c) Práticas coletivas (criar, por exemplo, o site de uma escola ou um jornal
eletrônico).
A sociedade da informação propiciou o retorno da escrita através do correio
eletrônico, dos sites e dos fóruns de discussão. Nesse sentido, a informática é um
meio cultural bastante tradicional. Ela desmente a idéia ampla e difundida de uma
sociedade audiovisual. Para Leterre (ibid.) “as novas tecnologias possibilitam a
revanche da ´alta cultura´ oferecendo-lhe meios de expressão inéditos. Numa livraria
real, um livro que venda 10 mil exemplares elimina o que vende 5 mil. No cibermundo, os dois fatos podem se produzir sem que um exclua o outro”. Além disso ele
também esclarece que:
Os fundamentos da governança moderna são colocados em questão
pelas novas tecnologias; eles pressupõem o exercício do poder em
nome do povo ou da nação, ou de uma coletividade definida. Ora,
nas redes nada disso existe; um africano pode apaixonar-se por uma
questão política debatida na Suíça, enquanto que um suíço poderá
interessar-se por uma outra questão que representa um problema na
África. É a idéia de vontade geral que é atingida; mas, ao mesmo
tempo, essa vontade geral era excludente: ela não dá a palavra a
qualquer um, mas apenas a cidadãos, e mais ainda a seus
representantes. Estamos assistindo, graças à Internet, a uma
espécie de “desautorização” da palavra; cada um é livre para se
expressar fora das fronteiras políticas naturais. (ibid.).
As tecnologias da informação e a cultura mantêm estreitas relações. Sendo um
meio de difusão, mas também instrumento de criação, a Internet torna-se um novo
agente de promoção e desenvolvimento da cultura através do mundo.
A Internet fez renascer o sonho utópico de uma comunidade humana
harmoniosa, planetária, em que cada um se apóia nos outros para aperfeiçoar seus
conhecimentos e afiar sua inteligência. O tripé tecnologia da informação – tecnologia
da comunicação – cultura deverá permitir a todos o acesso gratuito e fácil a
conteúdos educativos e culturais de qualidade. E essa oferta de cultura e educação
é imprescindível para o exercício de qualquer liberdade.
A revolução digital provocou profundas transformações em todas as áreas da
indústria cultural, da concepção à divulgação das obras.
39
A sociedade da informação coloca em evidência possibilidades ilimitadas de
comunicação, graças às quais os “ciber-cidadãos” construirão uma nova forma de
inteligência coletiva, apoiando-se na inter-criatividade (todo mundo pode ser ao
mesmo tempo receptor e criador de informações e não mais apenas consumidor
passivo) e na divisão dos recursos.
A Internet é a sinergia entre a escrita, a imagem fixa, o vídeo e a comunicação
por telefone que faz da rede web um novo espaço de desenvolvimento e interação, e
mesmo um novo paradigma.
Está surgindo o que se pode chamar de “ciber-democracia” ou “e-democracy”,
cidadãos através da Internet estão exercendo seu poder através de e-mails que
fazem chegar aos poderes públicos e de sites na Internet. Pela primeira vez surge a
possibilidade de expressão por parte dos pequenos grupos, e não apenas pelo voto
democrático maciço. Mesmo assim essa nova participação cidadã insere-se como
um complemento, e não em substituição, aos outros meios de expressão, dentre
eles o voto. Mesmo assim, os antigos meios de expressão deverão ser influenciados
pela ciber-democracia dando início a uma nova relação cidadão-governo.
Em condições economicamente favoráveis a Internet atinge todas as camadas
da população: estudantes, famílias, professores, profissionais, empresas, poderes
públicos, etc. Além disso, os preços dos computadores estão diminuindo, as
conexões estão se tornando gratuitas e os programas terão seus preços reduzidos.
Com isso a tendência natural é que haja a difusão da Internet. Ela é natural e é
apenas uma questão de tempo. Mas deve-se estar zeloso com relação a
democratização dos meios digitais. Para o futurólogo doutor em ciências Joel
Rosnay (2000: p. 25):
De fato, surfar na Internet, certamente pode levar a um borboletear
estéril, análogo ao ‘zapping’ na televisão, se essa atividade não for
contextualizada ou enquadrada. Daí a importância de incorporar
dados às informações, informações ao saber, saber aos
conhecimentos e conhecimentos às culturas.
4.2
O FUTURO QUE FICOU PARA TRÁS
Para o economista Mário Henrique Simonsen “A seta do tempo transforma
continuamente o presente em passado e o futuro em presente” (SIMONSEN apud
CORRÊA, 1997, p. 62). No início dos anos 80, os computadores demoravam a
40
começar a funcionar. Havia maquinas como o TK 80 e o CP 300. As quais não
serviam para grandes tarefas, mas faziam seus donos se sentirem no futuro. Futuro
que ficou para trás.
Com o processador de 8 bits e velocidade de 3,25 MHz (mil vezes menor que o
processador Pentium 4, da Intel), o pequeno TK 85 da Microdigital era tido como o
modelo ideal para os iniciantes. Bastava acoplar a uma televisão P&B e a pequena
caixa preta de meio quilo entrava em funcionamento. Algumas das marcas de
computadores nacionais mais famosas eram Cobra, Dismac, Microdigital, Microtec,
Prológica, Scopus e Unitron. No início da década de 90, com a abertura do mercado,
eles foram esquecidos.
Hoje, basta ligar o PC, dar um clique no mouse e o Windows abre seus
programas favoritos. Antes, era necessário digitar as instruções de cada programa.
A linguagem mais usada era o Basic e havia quem copiasse enormes listas de
instruções para ver um simples desenho na tela.
Hoje, os computadores são cada vez mais compactos, tanto que se torna difícil
digitar em seus miniteclados. No primeiro semestre de 2002 os técnicos da IBM
retiraram todos os periféricos de um computador de mesa e reuniram o essencial em
uma caixinha do tamanho de um baralho de cartas, criando assim o Mobile
Computing Core, licenciado pela empresa Antelope Tecnologies, que pode rodar
qualquer software na palma da mão ou aumentar a potência e a memória de laptops,
palms e câmeras digitais. Já no segundo semestre do mesmo ano, foi lançado o
Visual Keyboard, da Canestra, usa um sistema a laser que projeta as teclas em
qualquer superfície e um sensor reconhece o movimento dos dedos. Na mesma
época foi possível para a indústria de informática satisfazer àqueles que em plena
era digital preferem escrever e desenhar à mão. O InkLink Data Clip, da Seiko, por
meio de um clip na borda de um papel, capta tudo o que uma caneta especial
rabiscar, transferindo os traços diretamente para o computador. O aparelho conta
ainda com seu próprio software, dotado de recursos tradicionais de edição como
cortar, copiar, colar e ampliar em zoom.
4.3
A CRIAÇÃO DA INTERNET
Os primeiros estudos sobre a criação de uma enorme rede de comunicação
entre computadores começaram em 1962. Mas a Internet só foi criada em 1969, nos
41
Estados Unidos, quando a ARPA – Advanced Research Projects Agency (Agência
de Pesquisas e Projetos Avançados), ligada ao Departamento de Defesa norteamericano
(Pentágono),
conectou
computadores
de
quatro
universidades
americanas. Esse sistema era chamado de Arpanet.
A década de 60 foi o auge da Guerra Fria entre os Estados Unidos e a União
Soviética e os cientistas queriam construir uma rede de conexão que continuasse
funcionando em caso de bombardeio e outros tipos de ataque. Criaram então uma
rede em que todos os pontos se equivaliam, sem haver um comando central. Assim,
se B deixa de funcionar, A e C continuariam se comunicando.
Com o desenvolvimento da Arpanet foi possível estabelecer conexões
internacionais entre os Estados Unidos, universidades da Inglaterra e da Noruega
em 1973. Durante quase duas décadas (70 e 80) a Internet ficou restrita ao
ambiente acadêmico e científico. Até então ainda não existiam as siglas “http” e
“www”.
Em 1987, pela primeira vez foi liberado seu uso comercial nos EUA. Mas, só em
1992, é que a rede se popularizou. Começaram a aparecer no país várias empresas
provedoras de acesso à rede. Centenas de milhares de pessoas começaram a
publicar suas informações para um número cada vez maior de pessoas.
Em 1989 no Laboratório CERN (sigla para Laboratório Europeu de Física de
Partículas), na Suíça quando o cientista inglês Tim Berners-Lee propôs a criação de
um novo sistema de comunicação entre computadores. Ele sugeriu o uso do
hipertexto, um formato de organização de informações em que texto e imagem
ficavam interligados e onde era possível consultar dados citados em outros
documentos relacionados ao mesmo assunto. Isto é, rede surgia com o propósito de
ser uma linguagem que serviria para interligar os computadores daquele laboratório
a outras instituições de pesquisa, exibindo documentos científicos de forma simples
e fáceis de serem acessados.
Ao padronizar esse tipo de comunicação entre vários computadores, BernersLee criou o famoso “http”, a abreviação de hypertext transfer protocol, ou seja,
protocolo de transferência de hipertexto. Ele indica o padrão adotado para organizar
as informações (em hipertexto) que circulam entre os computadores.
No início da década de 90, o cientista inglês continuou desenvolvendo seu
sistema, mas com o objetivo de divulgá-lo no mundo todo, objetivo que acabou
sendo alcançado. Desse modo em 1991, nascia a WWW (World Wide Web), algo
42
como “rede mundial”, por onde circulariam essas informações em formato de
hipertexto. A Internet estava pronta para se popularizar, tarefa facilitada pelo
surgimento de programas especiais de navegação pela rede, como o Netscape
(1994) e o Internet Explorer (1995). O que determinou o crescimento da WWW foi a
criação de um programa chamado Mosaic, que permitia o acesso à Web num
ambiente gráfico, tipo Windows, ou seja, de maneira simples e objetiva.
4.4
A INTERNET NO BRASIL
Em 1989, a Fapesp – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São
Paulo, a UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro e o LNCC – Laboratório
Nacional de Computação Científica/RJ tiveram a iniciativa de introduzir a Internet no
Brasil.
No mesmo ano, com o objetivo de implantar uma infra-estrutura de serviços de
Internet, com abrangência nacional, o Ministério de Ciência e Tecnologia criou o
RNP – Rede Nacional de Pesquisas com o apoio de outros órgãos, entre eles a
Fapesp, interligando através de seu backbone7, instituições acadêmicas de,
inicialmente, onze estados brasileiros.
Em dezembro de 1994, um projeto piloto da Embratel colocava à disposição de
usuários privados o acesso à Internet por meio de linhas discadas. Mas, só dois
anos mais tarde, a rede começou a ser, efetivamente, utilizada como ferramenta
geradora de negócios.
No ano 2000, quando a Internet já se consolidava no País, iniciou-se a guerra
pelo fornecimento de acesso gratuito. Empresas de vários ramos de atividades
começaram a distribuir gratuitamente o conteúdo da Internet para seus clientes. Uma
tendência mundial. Hoje, pode-se dizer que a conexão à rede ganhou formas além
da linha telefônica. Como por exemplo a conexão via rádio e via cabo, que já são
realidade.
7
Parte de uma rede de computadores, ou sua estrutura física, que suporta o maior tráfego de
informações.
43
4.5
RESOLUÇÃO DE NOMES
Os endereços dos sites parecem ser totalmente caóticos, mas eles foram
criados dentro de uma lógica que permitisse a organização de milhões deles, de
modo a não haver dois exatamente iguais. Tome-se para efeito de exemplificação o
endereço da revista virtual Barcelona: http://www.barcelonarn.hpg.com.br
4.5.1 Domínio
Em um endereço de site, depois do www e do ponto vem o domínio, ou seja, o
nome ou a marca da instituição que o mantém na rede. Essa é a parte principal de
um endereço eletrônico, ajudando a diferenciar uns dos outros. Um domínio deve
ser curto o suficiente para que o usuário não fique desestimulado a acessá-lo, mas
também não pode ser tão curto que seja indecifrável e precise de uma legenda em
anexo.
O domínio da revista virtual Barcelona é “barcelonarn” (RN, de Rio Grande do
Norte), mas poderia ser “rvb”, “barcelona” “revistavirtualbarcelona”, “revista-virtualbarcelona”, “revista.virtual.barcelona”
ou qualquer outra combinação. Todavia é
importante tecer as seguintes considerações: se o domínio fosse “rvb” seria mais
rápido de digitar, mas em compensação seria difícil para quem não conhece o site
saber que ele pertence a uma revista virtual de Barcelona. Além do mais, sempre
que alguém anotasse o endereço como um lembrete, teria também que escrever do
que se tratava aquele site. Se o domínio fosse “barcelona” ele bem poderia ser de
um fã-clube do catalão Barcelona Futebol Clube, já “revistavirtualbarcelona” ficaria
muito extenso e além disso, se fossem ligados por pontos ou travessões ( – )
poderiam deixá-lo ainda maior. Num domínio de site não é aconselhável separar as
palavras, porque o travessão é confundível com o under line ( _ ) e isso acarretaria
perda de tempo para o usuário até que acertasse. Qualquer domínio pode ser
registrado por qualquer pessoa mediante o pagamento da anuidade ao provedor. A
questão sobre o domínio é tão importante no mundo virtual que inclusive há leilões
na Internet para venda de domínios universalmente famosos como “Jesus” ou um
nome que esteja em moda como astros do cinema ou terroristas. Como os usuários
se orientam pela lógica quando estão à procura de algo,
algumas empresas
costumam pagar altas somas por certos domínios. Por exemplo, pela lógica
comercial é muito útil para uma indústria de leite ter um site assim www.leite.com.br.
44
Por isso, há sempre pessoas atentas ao dia-a-dia da mídia que registram
previamente domínios ainda sem dono, mas com potencial de crescimento.
Esperando usá-los como um especulador usa suas ações numa bolsa de valores.
Um “investimento virtual”, por assim dizer.
O que é muito útil é que mesmo os sites com textos exclusivamente em russo,
grego ou chinês que usam alfabetos (pictogramas, no caso chinês) diferentes do
itálico usados pelas línguas ocidentais; isto é, as daqueles países mais avançados
tecnologicamente; podem perfeitamente ser acessados digitando o endereço em
itálico na barra de endereços do browser8.
4.5.2 Com
O ”com” é uma sigla usada para indicar o tipo de organização que tem o site.
No caso, uma organização comercial. Existem
outras siglas, como “edu” para
entidades educacionais, “ind” para indústrias, “inf” para informação, “jor” para
jornalismo (empresas que oferecem esse serviço, por exemplo), “org” para
organizações não-lucrativas, “mil” para organizações militares e “gov” para sites
governamentais. No entanto, é preciso ficar claro que essas siglas podem também
sofrer pequenas variações de acordo com a língua do provedor. Tome-se a última,
por exemplo, o “gov” se transforma em “gob” (de gobierno) nos de língua espanhola,
“gouv” nos de expressão francesa e “gv” nos de países de língua germânica. Na
verdade, a escolha por uma ou outra sigla não tem qualquer imposição, é uma
questão apenas de organização, por isso é comum encontrar sites de indústrias,
escolas ou veículos de comunicação com o “com” pelo simples motivo de que esse
é, dentre todos, o que ficou mais famoso.
4.5.3 Provedor Gratuito
O “hpg” do site da revista virtual Barcelona nada mais é do que o nome do
provedor que a hospeda gratuitamente. Neste caso significa “Home-Page Gratuita”,
mas essa sigla é puramente uma marca fantasia da empresa provedora de acesso.
Poderia ser qualquer outra e estar em outra posição, inclusive poderia ser um nome
8
Programa que exibe páginas web permitindo a navegação entre elas.
45
como “vilabol” ou “geocities”. O fato de se utilizar um provedor gratuito para
hospedar o site é mais um fator que favorece o baixo custo da manutenção da
publicação.
4.5.4 País
Por último, num endereço de site, vem a identificação do país ao qual o domínio
pertence. Trata-se de uma convenção. O “br” do endereço da revista virtual
Barcelona mostra que se trata de um site do Brasil. Da mesma forma, “ar” é
Argentina, “at” é Áustria, “au” é Austrália, “fr” é França, “pt” é Portugal e etc. Mas
nem todos são tão lógicos: “de” é da Alemanha porque os alemães chamam seu
país de “Deutschland”, “uk” é Reino Unido (United Kingdom) “dk” é Dinamarca
(Denmark), “uy” é Uruguai cujo nome oficial se escreve “Uruguay”. Só os Estados
Unidos não usam essa identificação de país, pois, no início, só havia Internet lá.
Curiosamente, muitos países têm ganhado muito dinheiro com isso. Por exemplo, o
minúsculo arquipélago de Tonga no Oceano Índico aluga o seu “to” (to, preposição
“para” em inglês) para sites de agências de turismo. Isto faz com que o endereço
fique não só prático como também fácil de lembrar como por exemplo,
www.newyork.to. Pelo mesmo motivo, muitas empresas de televisão têm adotado
em seu endereço o “tv” do arquipélago Tuvalu, também no Oceano Índico.
4.6
POPULARIZAÇÃO DA TECNOLOGIA
Com o crescimento da Internet, mudou a forma como as pessoas procuram por
informações e notícias. O jornal on-line e as novas tecnologias de transmissão de
notícias, seja via celulares WAP ou outros aparelhos portáteis, já estão servindo
como complemento e agregadores de valores aos tradicionais meios informativos
como o rádio, a TV e o jornal impresso. Discute-se ainda se as novas tecnologias
virtuais irão ou não substituí-las. Mas, se as novas tecnologias estão revolucionando
a informação a ponto de estimular mudanças e surgimento de novos hábitos,
imagine então o que está ocorrendo e pode ocorrer em comunidades afastadas que
não tinham acesso à informação e repentinamente se integram ao resto do mundo
através de computadores com acesso a Internet cujos preços são cada vez mais
46
baratos? Por isso, dentro da concentração do acesso aos recursos tecnológicos,
cresce cada vez mais a urgência em difundi-los antes que seja tarde demais. Pois, o
acesso à informação é básico para que se tenha realmente um regime democrático.
Os grandes meios de difusão são controlados por poderes financeiros, por
interesses variados, que não são os interesses sociais. A imprensa quer ganhar
dinheiro e legitimar a ordem que permite que eles ganhem dinheiro.
Sem a Internet, seria muito dispendioso publicar qualquer veículo abrangente de
informação sobre Barcelona. Além disso, é preciso abrir fronteiras. Até porque é
muito difícil competir nas grandes cidades com publicações ou sites já estabelecidos
e que têm investimentos já assegurados.
Já a dificuldade de acesso à web está sendo superada, graças ao crescente
aumento de linhas telefônicas e de computadores pela população do município.
Mas hoje, a tecnologia proporciona uma infinidade de recursos que
proporcionaram o surgimento de publicações independentes. Se antes era preciso
muito dinheiro para se publicar um jornal, ter um canal de TV ou uma estação de
rádio, hoje com a web, isso tudo mudou: há softwares de fácil uso como o
Dreamweaver; uma vez terminado o site, ele pode ser “hospedado” em um provedor
gratuito, um site permite a divulgação para qualquer lugar do mundo de músicas,
entrevistas em áudio, fotos vídeos e textos. Nem a língua é mais uma barreira já que
ou o texto pode vir com a opção de versão para um outro idioma ou o usuário pode
usar um dos inúmeros tradutores de textos disponíveis. Até disso, uma publicação
virtual também pode se valer de um grupo de discussão, no caso da revista virtual
Barcelona, para congregar não só os habitantes de Barcelona, como também
barcelonenses em qualquer lugar do mundo. Também pode-se utilizar salas de batepapo e ICQ´s, o que permitem a conversa em tempo real, inclusive com entrevistas
previamente agendadas; webcams para que se possa ter acesso a imagens da
cidade em tempo real, blogs ou diários virtuais que são de mais fácil utilização do
que o próprio site, livro-de-visitas, periodicamente pode ser feita uma enquête
interativa sobre um assunto pertinente do município ou região e finalmente um
endereço de e-mail pode permitir que os usuários entrem em contato não só com os
responsáveis pelo site como também com os colaboradores da publicação. Algumas
dessas ferramentas já se encontram em uso pela revista virtual Barcelona. Outros se
encontram em fase de implementação.
algumas dessas ferramentas.
A seguir algumas informações sobre
47
4.6.1 Blog
Um weblog (abreviadamente, blog) contém normalmente a publicação
freqüente de pensamentos; comentários sobre cultura, sociedade e opiniões
pessoais junto com fotografias, links e notícias relacionadas a web, um diário virtual
por assim dizer que pode ser individual ou coletivo, mantido por vários usuários. Ele
é atualmente o serviço mais pessoal da Internet.
Desde o início da WWW, os internautas já faziam coisas parecidas. A novidade
do blog foi à criação de scripts que facilitam a publicação das páginas. O formato
das páginas é em HTML9, o que o torna compatível com recursos tradicionalmente
usados em sites pessoais. Para fazer um blog, basta utilizar um formato pronto
disponível na biblioteca de estilos do servidor de blogs ou fornecer o formato básico
de sua página ou site. Para atualizá-lo basta inserir e publicar o conteúdo utilizando
os botões de comando. Há também ferramentas mais avançadas para os usuários
mais avançados. Os blogs são ainda mais atrativos porque as principais empresas
provedoras até o momento ainda o oferecem gratuitamente.
Acessível a qualquer usuário, a criação de blog é mais simples do que a
produção de site pessoal. Eles não são restritos a uma pessoa nem seguem temas
específicos – podem ser de empresas, instituições, grupos com o mesmo interesse.
O limite não existe e o internauta sente-se como se estivesse mandando uma
mensagem (post) instantânea para toda a web. Além disso, é possível incluir fotos,
vídeos e músicas. É possível atualizar a página a todo instante, de qualquer lugar
com acesso à rede e sem a necessidade de saber linguagem específica de
programação.
No
caso
da
revista
virtual
Barcelona
o
seu
blog
(www.barcelona.blogger.com.br) pode ser muito útil por ser um instrumento versátil,
informal e de atualização instantânea.
Onde as notícias não precisam ter a
formalidade e a mesma neutralidade que se espera do link Noticiário da revista.
Como há também a possibilidade de se acessar o arquivo de um blog, quem quiser
pode ler o que se passou num determinado dia na vida de uma pessoa ou na vida
9
HyperText Markup Language ou seja, linguagem / código das páginas web. Um documento
HTML contém texto, imagens e links para outros objetos web.
48
de uma cidade como se estivesse em um arquivo de jornal, desde que confie, claro
na credibilidade da fonte.
Outra característica dos blogs é a possibilidade que eles dão de “desafogar” os
grandes sites noticiosos em momentos de grandes acontecimentos mundiais quando
pessoas do mundo inteiro acorrem ao mesmo tempo para esses sites para saber o
que se passa num determinado momento. O primeiro momento de triunfo dos blogs
foi durante as horas e os dias sucessivos ao ataque terrorista de 11 de setembro de
2001 as torres do World Trade Center em Nova York e ao prédio do Pentágono em
Washington. Na ocasião, os sites de notícias ficaram congestionados com o acesso
em massa dos internautas famintos por informação. Os blogs tornaram-se a
alternativa, reproduzindo as notícias, muitas vezes in loco. Assim, cada “blogueiro”
passou a ser uma espécie de repórter, e também usava seu espaço para produzir
conteúdo, com uma visão particular do acontecimento, avisando familiares e
incluindo fotos das torres. O que importava no momento era a velocidade e a pessoa
que estava por trás daquela informação.
Durante a Guerra no Iraque, primeiro semestre de 2003, o blog mostrou ser uma
ferramenta de grande utilidade por seu baixo custo, facilidade operacional e
independência em relação a, como é de se esperar, precariedade de infra-estrutura
de um país em guerra. Durante o conflito, muitos jornalistas estrangeiros no Iraque
munidos de um computador pessoal, câmera digital e telefone celular informaram
sobre o cotidiano dos cenários do conflito para todo o mundo e de forma isenta. O
mesmo não acontecia com os a mídia impressa ou as grandes redes de televisão.
Alguns jornalistas, além de cobrir o conflito para uma grande rede de TV ou jornal,
paralelamente e de forma voluntária também publicavam um blog na Internet com
informações exclusivas que muitas vezes não foi possível ser divulgadas pelo
veículo de comunicação no qual trabalha.
O crescimento dessa ferramenta é vertiginoso. Hoje no Brasil, o blog líder de
audiência recebe quase meio milhão de internautas por mês; no ano passado, o
líder tinha 73 mil visitantes mensais (in: Blogue-se! – Faça o seu diário virtual na
Internet. Folha de São Paulo. Folha Informática. Capa. 26/02/2003).
49
4.6.2 Webcam
Webcam é uma câmera de vídeo acoplada a um computador ligado na Internet.
O micro usa essa câmera para tirar fotos em um determinado intervalo de tempo e
carrega essas imagens para um site para que elas sejam vistas por qualquer
internauta.
Há as webcams que atualizam as imagens a cada segundo, outras a cada
minuto e as em tempo real. Essa freqüência depende da velocidade de conexão.
A primeira transmissão de imagens ao vivo pela Internet aconteceu em 1993.
Dois anos antes, um grupo de cientistas da Universidade de Cambridge ávidos por
café se frustravam toda vez que eles desciam ou subiam até a máquina e
encontravam a cafeteira vazia. Criaram então a Trojam Room Coffee Cam, também
conhecida por XCoffee. Uma câmera de vídeo que registrava as imagens do nível
da bebida, que eram distribuídas em uma rede interna para a tela dos estudiosos.
As webcams permitem ver locais públicos e privados, além de fazer videopapo e
videoconferência pela rede. É possível, por exemplo, observar do Brasil um ponto de
ônibus na Holanda, um zoológico em Londres, o tráfico em determinadas avenidas
em Nova York, um shopping center em Tóquio ou para quem tem filhos, o
comportamento da criança numa creche. Há casos de interesse jornalístico como,
por exemplo, imagens de uma cidade sendo bombardeada por mísseis de um país
agressor. Além disso, há pessoas adeptas do exibicionismo que se popularizaram
por mostrar o dia-a-dia de sua casa, de seu quarto ou até suas relações sexuais pela
Internet. Se isso acontece é porque do outro lado há uma legião de voyeurs que dão
uma considerável audiência. Na verdade trata-se de uma invasão de privacidade
consentida.Há inclusive empresas em diversas partes do mundo especializadas em
oferecer strip-tease pela Internet. Para ter total acesso a isso, basta que o usuário
pague.
O preço acessível populariza cada vez mais o uso. O número de câmeras
conectadas à rede é impreciso. “Alguns sites especializados em estatísticas estimam
que hoje 60% dos computadores ligados à rede em todo o mundo tenham webcams”
(ZILVETI, 2003, p. 2).
Nas maiores cidades do mundo, há webcams em praticamente todos os lugares
interessantes. Como ela é de baixo custo. Para os pequenos municípios como
50
Barcelona, é perfeitamente possível a instalação de uma webcam para, por exemplo,
a transmissão de imagens de pelo menos o centro da cidade.
4.6.3 E-mail
Nunca dantes se teve tanto acesso as pessoas. Porém, essas pessoas têm a
liberdade de só entrar em contato com seu interlocutor quando querem. O e-mail é o
uso mais popular da Internet. Segundo o International Data Center, 10 bilhões de emails são disparados todo dia (DORIA. 2002. p. 3)
Trocava-se mensagens na Internet desde 1971. O método, no entanto, era uma
gambiarra no sistema. Só em agosto de 1982 que Jonathan Postel e David Crocker
publicaram dois RFCs, os 821 e o 822, estabelecendo um protocolo, um padrão para
o correio eletrônico. RFCs são a documentação técnica da Internet, as plantas de
como funcionam seus meandros. São de difícil compreensão para os leigos no
assunto. Em geral são escritos com o bom humor que já nasce no nome genérico:
RFC quer dizer Request for comment, algo com Apresentação aberta para
comentários. É importante dizer que o trabalho de Postel e Crocker no processo de
criação do e-mail foi gratuito, voluntário e feito em suas horas livres. Eles achavam
que só as universidades teriam interesse em usar e-mails para intercâmbio entre
pesquisadores e por isso não patentearam seu invento, motivo pelo qual o e-mail
rapidamente pode ser difundido livremente e aperfeiçoado.
O engano de Postel e Crocker é perfeitamente justificado quando se sabe que
em 1982 a rede não era usada pelo cidadão comum. Logo, exemplos assim nos
mostram que se hoje, os pequenos municípios como Barcelona e populações rurais
isoladas vivem à margem do e-mail e da Internet como um todo, há uma forte
perspectiva de que qualquer vaqueiro do sertão, por exemplo, receba as ordens de
seu chefe por e-mail. E o mais importante, sem ter que deixar de ser vaqueiro para
ter acesso a isso.
Mas como toda tecnologia benigna há sempre quem tente desvirtuá-la: no início
dos anos 90, tanto a rede quanto o e-mail eram vistos por boa parte da academia
como libertadores. Porque em teoria, se teria mais tempo livre porque poder-se-ia
trabalhar quando se desejasse. Todavia, o que se constatou posteriormente foi uma
aceleração da vida cotidiana e com ela uma sobrecarga de trabalho. Para piorar,
empresas se especializaram em enviar para os endereços de e-mails de pessoas do
51
mundo inteiro publicidade não solicitada (spam´s), que vão desde os apelos por
doações em dinheiro de supostos africanos com AIDS a convites à visita a sites de
pedofilia e de sexo em geral. Sobre isso, têm-se discutido se esse problema é uma
questão cultural ou tecnológica. Na Internet ainda não há uma boa definição do que
seja espaço público e privado, o que leva a crer que seja cultural. Contudo,
atualmente não só é possível o contato rápido e quase gratuito com familiares no
exterior, como também não há limitações geográficas para o intercâmbio cultural,
inclusive entre pesquisadores nas universidades.
4.7
O QUE É WEBDESIGN
Design é um termo genérico, mas que classifica todos os tipos de mídia que
façam uso de recursos visuais para atingir seus objetivos. O webdesign é, portanto,
design para a web, um arquiteto de informação em outras palavras. Há ainda o
design de games e o de multimídia, CD – Rom´s por exemplo. Atualmente há uma
forte tendência para a especialização dentro do webdesign como, por exemplo, o
webdesign de roteiros, imagens, estudo de interfaces e trilhas sonoras. Na verdade,
é preciso uma equipe para poder desenvolver um projeto grande. A parte sonora
deve ser desenvolvida por um designer de som, uma profissão específica.
O webdesign propriamente dito, sem considerar as especializações, engloba
três campos principais: planejamento e estrutura,
produção das páginas e
manutenção e atualização de websites.
4.7.1 Planejamento e Estrutura
O planejamento e estrutura visam organizar um roteiro para orientar os
visitantes do site de modo que eles consigam navegar sem problemas de localização
e interface. Além disso é importante prender a atenção do usuário e evitar que ele
desista e saia do site. Para isso, é preciso estudar muito bem a estrutura do site.
Nessa fase é muito útil utilizar uma ferramenta emprestada dos publicitários, o “brain
storms”, isto é literalmente “tempestades cerebrais”, que nada mais é do que o
diálogo em grupo de forma caótica com o fim de forçar o surgimento de uma boa
idéia. No caso da revista virtual Barcelona, ela foi previamente desenhada no papel
52
e teve suas várias possibilidades de navegação estudada, de modo a escolher o que
melhor sirva aos seus propósitos.
Um ponto importante que não deve ser esquecido é a proporcionalidade entre
tamanhos de fotos X tamanho de textos; a resolução, isto é, número de pixels das
fotos de modo a evitar que as fotos demorem muito a serem baixadas (visualizadas)
e deve haver atenção quanto a utilização de banners, os Up podem irritar o usuário
e desestimulá-lo a fazer outras visitas ao site. Alguns banners lincados na própria
home-page (página inicial) têm cores que não combinam com o site, outros são
grandes demais e isso é esteticamente agressivo. Cores, linguagem e forma dos
designers de um bom site devem respeitar não só a estética e o gosto do público ao
qual o site se destina, como também a cultura para o qual ele é dirigido, no nosso
caso, os princípios culturais que orientam o Movimento Armorial.
4.7.2 Produção das Páginas
No segundo estágio, o da produção das páginas, é o momento em que elas são
literalmente construídas. isto é, elas passam do planejamento no papel e de simples
esboços para o mundo virtual. As páginas são construídas com a utilização de um
editor de HTML, que formata e organiza os textos e as imagens. É no editor que
também são incluídos os links para as páginas associadas. É nesse campo que a
arte de construir sites tem tido os maiores progressos. Os softwares para a
construção de sites são cada vez mais práticos, inteligentes e fáceis de manejar. Um
dos precursores é o FrontPage. No caso específico do site da revista virtual
Barcelona foi usado o Dreamweaver, um dos mais utilizados do mercado, usado
tanto por iniciantes que pretendem apenas publicar uma página pessoal quanto
pelos profissionais e desenvolvedores, que manipulam home-pages complexas e
com recursos avançados. Aos primeiros, ele permite a montagem de páginas com
muita facilidade, inserindo e diagramando fotos e textos intuitivamente. Já para
quem pretende realizar um trabalho mais sofisticado, como os sites que utilizam
recursos avançados de programação, como e-commerce, Java ou formulários
interativos, o programa permite acesso também ao código fonte. Com esse
programa, em sua versão atual MX, o usuário amador poderá montar sua homepage com alguma sofisticação, mesmo sem ter conhecimento do assunto.
53
É preciso experimentar caminhos novos, questionar as noções virgentes até
vislumbrar conceitos totalmente originais. Porém, alguns efeitos como gif´s animados
e flashes são de grande impacto estético, mas um problema freqüente quanto a sua
utilização é a falta de critérios ao usá-lo. Não são todos os conteúdos que se
adequam a eles. No webdesign a temperança também é importante e muitos
recursos são utilizados sem levar em consideração a identidade cultural do usuário.
“Shows de efeitos” não devem ser usados sem motivo. Dessa forma a própria
liberdade de criação que desfruta o webdesign pode ser afetada no instante que a
desordem estética se põe como um entrave ao seu exercício pleno. Isso porque o
caos e o uso indiscriminado de recursos pode comprometer a própria navegabilidade
do site. Outro ponto é o excesso de recursos de ferramentas para interatividade,
isso pode deixar o site muito pesado.
Se for levado em consideração o imenso número de culturas originais que o
mundo abriga, como a sertaneja por exemplo, imagine-se então quão grande será a
quantidade de conceitos originais surgidos no âmbito do webdesign. O que não se
pode, é continuar no atual estágio de nivelamento e falta de critérios estilísticos que
nos encontramos. Por isso, é desprezível o argumento de que por ser uma
tecnologia americana, é impossível superá-los e deixar de copiá-los. Afinal, a história
nos mostra que se, por exemplo, o avião é uma invenção brasileira em terras
francesas, a aviação obteve seus maiores avanços com a contribuição da indústria
americana.
4.7.3 Manutenção e Atualização
O terceiro estágio é fundamental, pois a manutenção e a atualização de um site
deve ser constantes. Sem isso, os visitantes perdem o interesse pela publicação.
Quem continuaria a ler um jornal impresso que freqüentemente comete o desleixo de
repetir notícias antigas? Por isso tudo, um web site, como qualquer outra publicação
de uso mais antigo pela humanidade, nunca é um produto fechado, pronto e
acabado.
54
4.8
A AURORA DO WEBJORNALISMO
O início da era da informação digital, no final dos anos 80, gerou nos EUA a
iniciativa de oferecer conteúdo jornalístico pela Internet. Na época, a transposição da
produção jornalística estava resumida aos serviços de notícias específicas para um
segmento de público. Porém, antes disso, o 1º grande jornal que ofereceu serviços
on-line foi o The New York Times, em meados dos anos 70, com o seu conteúdo
oferecido para assinantes que possuíam pequenos computadores, em forma de
resumos e textos completos de artigos atuais.
O mundo virtual é dentre todos os meios de comunicação, aquele que tem tido o
maior número de avanços dentro do menor espaço de tempo possível. Isso, porque
a tecnologia digital tem permitido: “As únicas coisas que evoluem rapidamente são
as que não são práticas. Em tecnologia, o que não evolui é justamente aquilo ao
qual as pessoas se adaptam”.(VAZ. 2002. P. 3). Dessa forma deve-se evoluir, não
só em termos de design, mas também de conteúdo e os respectivos modos usados
para passar esse conteúdo, ou seja, reportagens, artigos, crônicas, tabelas,
entrevistas e etc. Da mesma forma que uma reportagem de jornal do século XIX em
quase nada se parece àquelas também de jornal, só que do século XXI; as de
webjornalismo por sua vez têm características próprias, adequadas ao meio
(computador), custo e tempo do usuário que teve suas opções de fontes de
informações duplicadas. Todavia, há certa acomodação em termos de evolução do
texto no webjornalismo. São poucos os que em detrimento da inovação copiam
formas e repetem conceitos já existentes e não pesquisam sobre novas estruturas
de informação textual. Logo, volubilidade propiciada pela web é desperdiçada.
Com a Revolução Virtual, o jornalista agora tem a possibilidade de disponibilizar
com mais rapidez as informações que possuem, da mesma forma, seu público alvo
tem a oportunidade de, pela primeira vez na história, interferir no processo de
comunicação de massa para ser o sujeito da ação, na medida que a Internet lhe
abre a oportunidade de escolher a informação que mais lhe interessa. Uma questão
têm sido cada vez mais discutida: a qualidade da informação:
Antes, a mídia vendia informação (ou entretenimento) a cidadãos.
Agora, via Internet, vendem consumidores a anunciadores. E quanto
mais alto for o número de consumidores, mais alto será o valor dos
anúncios publicitários. Com isso, a informação, na Internet, é
oferecida como uma isca: há atualmente mais de 3 mil jornais com
acesso livre e gratuito na Internet. Sem contar os canais de rádio e
televisão. E a informação é dada de graça, por que os patrões da
55
mídia deveriam gastar muito para consegui-la? Eles não querem
mais pagar por um produto que depois vão vender barato ou oferecer
gratuitamente. Por isso, satisfazem-se cada vez mais com uma
informação barata, cuja qualidade não parou de cair, em qualquer
lugar, nesses últimos dez anos. (RAMONET. 2002: p. 41).
4.8.1 O primeiro jornal virtual do mundo
Em Julho de 1999, entrou no ar o Diário Digital (www.diariodigital.pt), em
Portugal, considerado o primeiro jornal virtual que desenvolvia conteúdo específico
para a Internet em todo o mundo.
4.8.2 O Webjornalismo no Brasil
No Brasil, o primeiro jornal brasileiro a fazer uma cobertura completa no espaço
virtual foi o Jornal do Brasil, em 28 de maio de 1995. Mas, na época, o JB apenas
transcrevia o conteúdo de sua versão impressa para a Web.
Só em 1996, o Universo On-line lançou o 1º jornal em tempo real em língua
portuguesa, da América Latina, o Brasil On-line.
Porém, o 1º jornal on-line concebido e produzido especificamente para a Internet
brasileira, o Último Segundo, só entrou no ar no início de 2000, através do provedor
de acesso IG (Internet Grátis).
4.9
LEITURA
Em termos cronológicos, espera-se que o leitor de uma publicação periódica
on-line passe por três fases:
a) Leitor;
b) Ciberleitor;
c) Cibercidadão.
4.9.1 Leitor
O leitor contemplativo de livro e hegemônico, surgiu no final da Idade Média
(século XV) e foi predominante até meados do século XIX, caracterizava-se pela
56
ausência de pressa, pois se deparava com objetos e signos duráveis, palpáveis e
imóveis: pinturas, gravuras, mapas, partituras, além de livros. Sua relação com
esses signos perenes obedece quase sempre a uma seqüência clara, e a visão é o
sentido mais requisitado, a serviço de sua imaginação.
Já o leitor apressado da sociedade industrial;
e em certas culturas, pós-
industrial; é um habitante das grandes cidades que se move em meio a uma miríade
de signos urbanos móveis que povoam as metrópoles como sons e ruídos da vida
urbana, a palavra escrita agigantada em letreiros e outdoors, telas luminosas com
imagens em movimento etc. Ele também é um consumidor de publicações
impressas, ouvinte de rádio e, mais tarde, da televisão. Nesse ambiente quase tudo
é fugaz, para consumo rápido e imediato, como o jornal por exemplo. Para a
semioticista Maria Lucia Santaella Braga, depois da revolução industrial esses dois
tipos de leitor passaram a coexistir na sociedade (2001: p.71).
4.9.2 Ciberleitor
É tão somente um leitor já adaptado à leitura de textos virtuais, isto é,
acostumado a leitura de textos
noticiosos mais curtos que uma publicação
impressa, a leitura não linear propiciada pelos links (em hipertexto), a disponibilidade
de leitura em tempo real de matérias correlatas e de arquivo e a disponibilidade de
recursos multi-midiáticos como som, vídeo e galeria de imagens que complementam
a matéria. Navegar é uma atividade mais complexa do que ler um livro ou ver um
programa de TV. “O internauta está num estado permanente de prontidão perceptiva
e sua atividade mental deve estar em perfeita sintonia com as partes motora e
cognitiva. A linguagem do mundo virtual só existe quando o usuário atua e interfere
na mensagem” (BRAGA. 2001: p. 70).
Para a semioticista, o usuário da Internet é um leitor imersivo, um ser
mergulhado nas arquiteturas do ciberespaço10, onde todas as formas de signos
(som, imagem e texto) encontram-se lado a lado, digitalizadas e interligadas por
redes de dados sem fim e começo aparentes. Quem estabelece a ordem dessa
10
Termo originado do termo cyberspace que por sua vez surgiu de Cybernetics e encontrado
pela primeira vez no livro de ficção científica Neuromancer (1984) de William Gibson, uma rede de
computadores de realidade virtual. C e Cyber são indistintamente usados para tudo o que se refere a
computadores, Internet, tecnologia da informação e outros assuntos correlatos.
57
informação fragmentada disponível no universo virtual é o usuário. Ainda que tenha
de passar muitas vezes, por pontos preestabelecidos pelos autores das páginas
eletrônicas – os links, atalhos que ligam os incontáveis fragmentos de informação
que flutuam pela rede –, cada internauta tece sua teia particular de conexões, de
modo asseqüencial e multilinear, às vezes com uma lógica que é peculiar apenas a
ele e a mais ninguém.
4.9.3 Cibercidadão
Por sua vez, será o leitor que não está apenas em busca de notícia, mas de
compartilhar experiências e se expressar, como é o caso das comunidades virtuais.
Com relação às notícias virtuais essa fase já está presente, sempre que está à
disposição do leitor um espaço para que ele dê sua opinião sobre o assunto tratado
junto à redação ou aos demais leitores. Por isso, a Internet é a única mídia
inteiramente interativa e dialógica. No livro, jornal, rádio e TV, a comunicação tem
um só sentido –do emissor para o receptor. O telefone e o fax são interativos, mas
só conectam um número limitado de pessoas e são monossemióticos – o primeiro só
transmite o som e o segundo textos (e imagens) sobre papel (ibid.).
4.10 LIBERDADE DE EXPRESSÃO
A Internet dá vida nova aos princípios da liberdade de expressão, fundamental
para que a imprensa livre exista. Nenhum outro meio possibilita um fluxo de
informações tão livre, que ultrapassa os limites nacionais existentes e alcança uma
tal quantidade de pessoas a tão baixo custo.
A Internet também favorece a atividade política porque ela fortalece o sistema
governamental democrático, uma condição para o crescimento econômico. Nenhum
outro meio tem causado tanto incômodo aos governos de Estados totalitários, pela
facilidade que seus cidadãos têm de expressar opiniões incômodas ou perigosas
para os governantes. Para a ciberantropóloga Paula Uimonen da Universidade de
Estocolmo:
Independente do sistema econômico imperante, a tarefa dos meios
[de comunicação] nos países em desenvolvimento não consiste em
difundir informações ou servir como tribuna para o debate público,
mas principalmente em manter e facilitar o controle político. Nesses
58
países, a liberdade de imprensa é no máximo um ideal difuso, com
que ninguém se compromete verdadeiramente (2000:26, tradução
nossa).
A Internet representa um importante passo para o surgimento de uma imprensa
livre nos pequenos municípios, como Barcelona, por exemplo, porque o veículo, seja
apenas um site, portal ou revista virtual, não está sujeito a empastelamentos;
embargo de papel, tinta ou anunciantes. Não é preciso que se tenha uma sede fixa
dentro dos limites do município para o qual escreve, a mesmo que queira. Pode-se
construir um site e hospedá-lo num provedor de uma grande cidade ou até de outro
pais, bem longe de qualquer pressão ou influência do poder local.
4.11 DEMOCRATIZAÇÃO DO CONHECIMENTO
A proposta da revista virtual Barcelona é consciente da importância que
adquirem os meios de comunicação no espaço pedagógico, na formação do cidadão
para a democracia, a ética e a liberdade de expressão. É importante também tirar o
máximo de proveito da revolução da tecnologia da informação que alterou os
conceitos clássicos de “modo de produção”, “conhecimento” e “capital”. Por último é
preciso analisar que efeitos a revolução da informação trará para a economia,
cultura e sociedade de pequenos municípios. Pois pela primeira vez na história da
humanidade, um pequeno povoado pode ter acesso a um veículo de comunicação
de baixo custo e inúmeras possibilidades. É interessante ressaltar que todos;
empresas, escolas, bancos, ONG´s municípios dentre outros, são obrigados a ter
uma estratégia comunicacional. Os pequenos municípios não a têm por falta de
interesse público ou privado.
A revista virtual Barcelona é o único meio de acesso virtual ao município de
Barcelona, Brasil. Esta revista nasce fundamentada na convicção de que não é
preciso muito para se ter um bom veículo informativo, especialmente hoje em que os
recursos de mídia são inúmeros, ilimitados e de fácil acesso. A Internet é o meio
mais democrático de informação, porém de acesso ainda muito restrito. Mas a
tendência é que seja cada vez mais difundida com a diminuição dos preços dos
equipamentos de informática. Tal e qual ocorreu com o aparelho de televisão, dentro
de algum tempo quase todos os casebres de favelas pelo mundo estarão on-line.
59
A preocupação de difundir o pensamento e o trabalho de intelectuais e leitores
barcelonenses, ou de autores ligados ao semi-árido, estará viva desde o primeiro
momento. Ao fazê-lo, estreitarão ainda mais as relações da revista com as forças
progressistas e parceiros preocupados em estimular o avanço do pensamento
crítico. Tendo em vista que não é possível construir um mundo e um país novo sem
enfrentar o controle da informação.
A revista virtual Barcelona é facilmente localizável porque ela está inscrita em
um
dos
mais
acessados
buscadores
da
Internet,
o
Google,
<http://www.google.com.br>.
Espera-se que os leitores entrem em contato com a revista virtual através de email ([email protected]), do blog
(www.barcelona.blogger.com.br) e do
grupo de discussão (www.grupos.com.br/grupos/barcelonarn) e informem sobre o
que acham de seu conteúdo, bem como participem das discussões levantadas e
façam críticas e sugestões.
60
5
...PARA UM PEQUENO MUNICÍPIO SE INFORMAR
SOBRE SI MESMO...
Segundo relatório do PNDU – Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (1999) a população mundial contava apenas com 2,4% de
usuários de Internet, isto é, 97,6% da população nunca tinham utilizado Internet.
Eram apenas 0,8% na América Latina e no Caribe; 0,1% na África sub-saariana;
0,004% no Sudeste Asiático. Além disso, 88% dos internautas vivem em países
industrializados que, juntos, representam apenas 17% da população mundial. Está
surgindo uma nova forma de segregação social e isolamento.
5.1
EXCLUSÃO
A exclusão digital que não é necessariamente uma questão recursos
disponíveis, mas também de consciência e de mentalidade política. Por isso é
preciso diminuir desde já através de um projeto social o abismo das populações
“info-ricas” das “info-pobres”, isto é, lutar contra o fosso “digital”, a fim de criar as
condições adequadas para que as populações pobres possam expressar
efetivamente suas opiniões e idéias. Renovando a democracia participativa local.
Por isso, é importante democratizar a informação através de um veículo de
comunicação que é, ao mesmo tempo, um trabalho científico pragmático em seus
objetivos. Para Manuel Castells:
Em uma sociedade na qual o poder e a riqueza das pessoas,
empresas e países dependem da geração de informação, a
educação é o elemento fundamental de progresso. Mas
também de desigualdade e de exclusão social. Se há algo que
precisa mudar, é o sistema educacional. A tecnologia faz com
que, através da desigualdade de acesso à informação, se
ampliem as diferenças sociais. Então, numa sociedade em que
o mercado é fundamental na ampliação de recursos, sem uma
ação política deliberada haverá aumento da desigualdade.
(1999: p. 8)
61
Já para outros pesquisadores, a democratização da informática, e por tabela da
Internet, deve acontecer de modo estudado pelos governos no sentido de promover
a real (e não aparente) difusão da informação. Sempre que se anunciam medidas
governamentais para a ampliação do acesso à Internet, há alguns aspectos
geralmente negligenciados que precisam ser destacados:
Não basta que o estado queira garantir a todos os cidadãos o
acesso à Internet. O aumento da presença da população na
rede apenas transferiria o desnível social para dentro do
espaço virtual. Caso a comercialização da informação do
cyberspace continue progredindo, o cidadão conectado à rede
experimentará uma nova forma de marginalização. Para
resolver esse problema, o Estado precisa oferecer, ao lado de
sites gratuitos de e-government, as possibilidades de criação
de redes livres para os cidadãos. Esse aspecto, descrito Omo
“more community” e “more content” no World Development
Report de 1999, deveria ter a finalidade de franquear a todos
os cidadãos, independentemente de sua situação econômica,
o acesso gratuito a todas as informações sobre questões de
natureza econômica e cultural de seu entorno (GERMAN.
2001, p. 46).
5.2
CENSURA VIRTUAL
O tempo está ruim para os ditadores e isto se deve em grande parte aos
avanços na área das comunicações. A Internet, então, é, para muitos, um fenômeno
apocalíptico que tem deixado insone àqueles cuja fé ainda está nos dogmas do
totalitarismo de direita ou de esquerda. A Internet permite o acesso irrestrito a
qualquer tipo de informação e se já era difícil impedir a circulação de jornais reais de
oposição, imagine o que fazer então com algo virtual que vem não se sabe de onde
e formiga nos fios de linha telefônica, mais recentemente nos satélites.
A web incomoda porque ela lembra anarquismo. Sem desejar, a
“melhor
sociedade capitalista” contraditoriamente deu um tiro no próprio pé ao dar um
instrumento poderoso a uns inimigos que sempre quiseram sua destruição e já
andavam criando mofo – os anarquistas. Há muitos negócios sendo feitos, mas até
agora como prova o caso da livraria virtual “Amazon.com”, impera o paradoxo do
capitalismo sem lucro.
Porém, enquanto boa parte do mundo civilizado está on-line, países como a
Síria e o Iraque que são capazes de torturar quem disser que lá não há respeito aos
62
direitos humanos, dão graças a Alá pela precariedade dos seus serviços de telefonia
ter-lhes poupado da “besta-internet”. Mas, outros países não tiveram a mesma sorte
como. Por exemplo a Arábia Saudita, os patrícios de Maomé passaram dois anos
desenvolvendo um sistema de conexões que convergem para um provedor central
do governo onde o acesso a rede é controlado. A China, por sua vez, que assume
características de camaleão ao assumir a inacreditável feição de um “comunismo
pós-capitalista” é apenas uma ditadura oportunista, tanto que o Exército do Povo
está convocando os serviços de hackers, os piratas de computadores, prometendo
perdoar suas estripulias caso se tornem “guerreiros cibernéticos”. Ao mesmo tempo,
esse país é um dos que mais censura o jornalismo virtual.
Em Cuba só existem serviços de e-mails, e jornalistas já foram presos por usar a
Internet para enviar notícias ao exterior, o Irã controla informações políticas, a
Malásia censura sites noticiosos e o Vietnã alegando razões culturais bloqueia
jornais virtuais do exterior, e ainda, imagina-se porque, discussões sobre democracia
e direitos humanos. Porém a contradição mais berrante foi o caso da guerrilha
islâmica ultra-ortodoxa Taliban, no Afeganistão, ao mesmo tempo em que destruíam
computadores e televisores quando governavam aquele país em sua guerra santa,
eles mantinham um site na Internet.
Na verdade, a censura em tais países tão atrasados atinge todas as páginas
virtuais de informação, grande parte delas não necessariamente jornalísticas. Nos
paises democráticos há, por sua vez, a preocupação com a pedofilia, violência e a
pornografia de livre acesso para menores na rede, mas a diferença está em que
estes países discutem tais problemas à luz do código penal. Ainda é preciso
esclarecer que a educação da próxima geração deve partir dos pais, essa
responsabilidade não devia ser transferida para um governo.
Num futuro ainda incerto, quando os cidadãos de alguns países que hoje tem
sua imprensa amordaçada saírem de seus casulos isolacionistas tecidos por
vontades autoritárias, eles certamente ficarão surpresos com o que haverá nos
arquivos dos jornais e telejornais estrangeiros e o que cinematografia mundial
produziu sobre seus países ou sobre certos assuntos como sexo, liberdade e direitos
humanos. Espera-se que nenhum ocidental seja estraga prazer ao ponto de ir dizer
que “o mocinho morre no final!”. Eles terão muito o que conversar.
É dificílimo contrariar as próprias bases nas quais a Internet está fundamentada
– a liberdade, por exemplo. Censurá-la é um contra-senso. Mas o totalitarismo não é
63
sensato. Outra questão diz respeito ao censor: Quem poderia ser esse ser iluminado
que sabe tudo, sobre o que se deve ou não saber e sobre os meios de burlar sua
censura? Ninguém tem o direito, conhecimento ou divindade suficientes para
selecionar aquilo que uma sociedade deve ou não saber, seja qual for o conteúdo
destas informações.
5.3
CONHECER-SE A SI PRÓPRIO
Dentro do universo do ciberespaço, o conteúdo e a estética de um site tem que
ter a ver com a cultura na qual ele se insere tanto em termos de conteúdo, design,
linguagem e graficamente de acordo com a cultura e os valores estéticos no qual a
pequena comunidade possa se reconhecer. Por em destaque a identidade do
município e contribuir para manter vivo o debate político numa sociedade cada vez
mais influenciada pela televisão, pelos grandes jornais e portais virtuais. Por
exemplo, se pensarem termos arquitetônicos, é como se fosse comparada uma casa
pré-moldada de uma feita sob medida para o clima, a localização, a necessidade
espacial da família. A mesma coisa acontece com a construção de um site noticioso
e educativo.
5.4
SOLUÇÕES DE COMUNICAÇÃO
Em seu livro “A sociedade em rede”, Manuel Castells está convicto que o
mundo entrou em uma nova etapa multicultural e interdependente que só poderá ser
entendida e transformada a partir de uma perspectiva múltipla que reúna identidade
cultural, sistemas de redes globais e políticas multidimensionais. Por isso, o
ciberespaço é um meio ideal para a difusão da cultura sertaneja pela Internet, um
dos meios mais modernos e democráticos de comunicação que existe. Além disso, a
universalização da web é ideal para não só estimular as relações culturais dos
barcelonenses com conterrâneos residentes em outros lugares, como também de
Barcelona com outros municípios brasileiros e/ou povos estrangeiros. A Internet
ainda pode ser um estímulo ao sentimento de cooperação e voluntariado, ao
estimular o engajamento de estudantes e pessoas instruídas locais, bem como
estudantes universitários barcelonenses em outras cidades, na participação da
64
revista virtual através de textos, fotos, ilustrações, charges, depoimentos e artigos
que contribuam para a informação da população. Sensibilizá-los da importância de
se ter uma missão a desempenhar junto à sociedade, do mal que representa a
indiferença e da necessidade de se ter uma imprensa livre e educativa como
baluarte da democracia. Porém não é isso que têm sido priorizado nos últimos anos
pela imprensa. Para o jornalista Eugênio Bucci:
O princípio de democracia segundo o qual o jornalismo deveria
suprir a função de informar o cidadão e, assim, alimentar o
debate público está em crise aberta. Está em crise a idéias de
que o jornalismo deve atender incondicionalmente o direito à
informação, de que todo cidadão é titular. (Jornal do Brasil,
22/08/02, p. 4).
Dentro dessa visão “educomunicativa”; a Internet pode, pela primeira vez na
história de muitos municípios, atuar na formação da opinião pública da população.
Já que para ser ter opinião pública é preciso ter veículos de comunicação, estes
ainda distantes da realidade de cidadãos que não podem comprar jornal nem têm
poder aquisitivo para se tornar economicamente atrativa para uma estação de rádio
ou TV. Uma outra possibilidade seria ter tais órgãos financiados pelo governo.
Todavia, sucessivos governos dizem ter outras prioridades, quando não declaram
simplesmente a ausência de verbas para tal.
Outra solução seria a formação de cooperativas beneficentes entre a população
interessada em não ficar à margem dos meios de comunicação e, inclusive, poder
ter o registro cotidiano de sua história feito através das páginas de um periódico.
Veja o caso do Andøyposten. Editado por Bard Michaelsen, o jornal tem uma tiragem
de 2.600 exemplares e é publicado na remota ilha de Andøy, na Noruega. Por ter
uma população muito reduzida, a pequena ilha não possuía nenhum veículo de
comunicação. Contudo, é preciso lembrar que nas nações democráticas até os
cidadãos de regiões inóspitas continuam sendo cidadãos e têm todos os direitos
legados aos demais. Os menos de 3.000 habitantes da ilhazinha norueguesa
sempre acharam que tinham direito a ter um periódico em sua terra, por mais
“insignificante” que fosse. Então, a solução encontrada foi encontrada ao se formar
um grupo de 200 acionistas que periodicamente ajudam a pagar os custos do jornal.
O que não seria possível fazer com os lucros da tiragem de 2.600 exemplares por
edição. O Andøyposten sai às ruas três vezes por semana nas versões impressa e
65
virtual. Para isso necessita de apenas 10 empregados que produzem 1.800 páginas
anualmente.
Com o advento das novas tecnologias, tudo muda. Se hoje muitos dos recursos
são dispendiosos, é preciso lembrar que, apesar disso, na história humana nunca foi
tão fácil e barato se comunicar. É evidente, porém que, não antes nem depois, mas
durante esse processo, é preciso que a sociedade e o governo trabalhem juntos no
sentido de melhorar o nível de instrução básico de nossa população, pois para
Pierre Levy “Para a inteligência coletiva, o principal obstáculo à participação não é a
falta de computador, mas o analfabetismo e a falta de recursos culturais”. (2002. p.
3). Para o semioticista Umberto Eco a informática é a ferramenta que mais
facilmente poderá acabar com o analfabetismo, sobre isso ele diz:
Francamente, não acredito que a humanidade toda vá usar a
Internet. A rede vai acabar criando novas formas de divisão de
classes. As classes não serão mais baseadas em dinheiro,
mas sim em quem tem acesso à informação. Teremos aqueles
que vão acessar, manipular e interagir, aqueles que usarão a
rede apenas passivamente e aqueles que serão excluídos, os
proletários. Quando a divisão de classes se fazia de acordo
com a riqueza, era difícil dizer para milhões de pessoas pobres
“vou doar milhões de dólares e vocês enriquecerão”. Agora
seria mais fácil dar às pessoas analfabetas acesso gratuito à
Internet.(2000, p. 2)
5.5
FUTURO DIGITAL
A Internet é a infraestrutura de nosso futuro digital – e é um meio de poder
proporcionar uma maior transparência da atividade política e pode ajudar a fortalecer
as estruturas democráticas. Os governos continuarão a desempenhar um papel
específico, quando os cidadãos exigirem dos órgãos governamentais competentes
uma política cultural adaptada a nossa época que permaneça atenta às tendências
niveladoras dos meios de comunicação social e da indústria do entretenimento. Além
disso, as novas tecnologias de comunicação ao propiciar o acesso da informação
como bem público, podem aumentar a vigilância sobre as ações governamentais e
políticas através da Internet e a promoção e defesa da liberdade de expressão, bem
como dos direitos humanos. Sendo assim, o diálogo interinstitucional entre o
governo, a sociedade civil e organizações não-governamentais nacionais e
estrangeiras serão fortalecidas. Inclusive informando o poder público local sobre a
66
necessidade da liberdade de expressão, direito à informação e sobre a problemática
e o papel dos meios de comunicação em municípios pobres. Podendo com isso,
exigir administrações mais corretas e democráticas.
Só um trabalho de mobilização cidadã pode convencer os governos de países
pobres a fazer a liberdade de imprensa e a democratização da informação um
assunto público de interesse de toda a sociedade. Tais governos, não podem
continuar a ser indiferentes às condições sócio-econômicas e culturais de seus
cidadãos.
A revista virtual Barcelona pretende fazer uso do desenvolvimento de novas
tecnologias que possibilitem as ofertas on-line, em franca ascensão em todas as
regiões do mundo, tornando a Internet um meio de comunicação quase
indispensável para qualquer empreendimento. Ela também pretende provocar
alterações profundas, verdadeira mudança de parâmetro, na maneira como as
pessoas do município se relacionam e se informam a respeito da realidade. Criar
novos “universos” e “enterrar” velhos paradigmas.
Para Manuel Castells, surgiu uma nova economia nas últimas duas décadas do
século XX. Tal modelo teria duas características básicas: seria informacional e global
ao mesmo tempo:
a)Informacional porque os macrorganismos da sociedade (empresas, nações)
dependem de suas capacidades para gerar, processar e distribuir
informações;
b) Global porque todas as atividades produtivas que envolvem o consumo e a
circulação de mercadorias estão organizadas em fluxos, em conectividade.
Segundo Castells, o momento histórico atual aponta para a construção de uma
organização humana em torno da informação e das tecnologias que geram a própria
informação. O que caracteriza, portanto, as sociedades contemporâneas é a
aplicação de conhecimento para gerar mais conhecimento, como um anel que se
retro-alimenta, todos os dispositivos sociais estariam engajados na produção de
informação para se produzir e obter mais informação.
Sobre a Era da Informação, Castells a caracterizada seguinte forma:
a) A informação é a matéria-prima;
b) Todas as atividades humanas são condicionadas – pela informação;
c) A informação é a lógica das redes na produção de saber, na economia,
produção de bens e nas relações sociais.
67
Surge uma nova estrutura social manifestada conforme a diversidade de
culturas e instituições em todo o planeta na qual haverá:
a) Redefinição das relações entre homens, mulheres e crianças (sexualidade
e personalidade);
b) Consciência ambiental intrínseca das instituições com o apoio estatal;
c) Sistemas políticos mergulhados em uma crise de legitimidade;
d) Movimentos sociais fragmentados (locais);
e) Diferenças de identidades primárias, religiosas, étnicas, territoriais,
nacionais;
f) Busca pela identidade coletiva ou individual em um mundo de fluxos globais
de riquezas, poder e imagens.
Para Castells, a tecnologia não determina a sociedade: incorpora-a. Ela também
não determina a inovação tecnológica: utiliza-a. Ele afirma que a “sociedade das
redes” é na verdade, o sistema capitalista se renovando. Em sua face mais
complexa, poder-se-ia falar em uma verdadeira revolução econômica, política,
científica, religiosa e cultural operada pela alta produtividade dos bens materiais e
tecnológicos aliados a grande produção de idéias reveladas sob os auspícios da
globalização.
5.6
FUTURO DIGITAL PAGO
Para alguns, hoje a Internet já não representa mais apenas o sonho de um
mundo harmonioso, cooperativo e sem fronteiras. A banalização da web deu origem
a uma comunicação imperial, cuja educação seria somente um aspecto dessa
tecnologia:
Muitos consideram, não sem ingenuidade, que quando mais
comunicação em nossas sociedades, mais harmonia social
haverá nelas. E menos ainda quando ela é controlada por
grandes empresas de multimídia ou quando ela contribui para
aumentar as diferenças e as desigualdades entre os cidadãos
do mesmo planeta. A globalização dos mercados, dos circuitos
financeiros e do conjunto das redes imateriais leva a uma
desregulamentação radical, com todas as conseqüências –
como o declínio do papel do estado e dos serviços públicos. É
o triunfo da empresa e de seus valores, do interesse privado e
das forças do mercado. (RAMONET. 2002: p. 39).
68
Na visão desses pensadores, desde a fusão em fevereiro de 2000, entre a AOL
– America On-line e o conglomerado Times-Warner-CNN. Este último é o primeiro
grupo de comunicação planetária, e a AOL, um dos maiores portais de acesso a
web. Com essa fusão, a função comercial da mídia de massa está reforçada. Vender
torna-se um objetivo central. O temor é que com essa fusão, a Internet até aí
relativamente independente, tende a se tornar um elemento integrado no sistema
midiático. E sendo assim, vir a tornar-se até uma ameaça para a mídia tradicional,
na medida em que constitui uma plataforma capaz de integrar cada vez mais a
televisão, o cinema, a imprensa (inclusive as edições escolares), a música, os
videogames, a informação, os dados financeiros, o esporte, o banco pessoal, a
compra de ingressos de espetáculos ou de passagens, a secretária eletrônica, a
meteorologia, a documentação etc. Pois a Internet é hoje a única empresa integrada
capaz de fornecer, 24 horas por dia, sete dias por semana, informações,
conhecimentos, documentação, distrações, lazer, serviços e compras. A Internet
toma assim, cada vez mais a forma de um imenso centro comercial planetário.
Transforma a mídia de massa em máquinas de vender todo tipo de produtos e
serviços e, dentro desses serviços, a educação.
Com o monopólio e a comercialização da Internet é cada vez maior o medo com
relação à censura e outras práticas absurdas, como têm ocorrido em países nãodemocráticos, como a China, a Arábia Saudita e o Irã. Sobre isso é importante
lembrar:
Até hoje, dizia-se que a televisão tinha três funções: informar, educar
e divertir. E a maior crítica que se faz da televisão, enquanto mídia
de massa, é essa última função: divertir. O entretenimento pode ser
transformado em alienação, cretinização, embrutecimento; e levar à
descerebralização coletiva, ao condicionamento das massas e à
manipulação das mentes, principalmente dos jovens. Hoje o maior
receio em relação a Internet é de que as três principais funções
dessa nova mídia dominante passem a ser: anunciar, vender e vigiar.
(Ibid. p. 40).
Anunciar porque a economia da Internet é essencialmente de natureza
publicitária. A gratuidade na rede, quando há, só é possível porque anunciantes
assumem os custos do funcionamento do sistema, para que este repercuta nas
compras feitas pelos internautas. Vender porque este é, para muitos, o objetivo
principal da mídia Internet. O que já era na tradicional, mas a diferença é que com a
mídia tradicional, não se podia comprar diretamente. Por fim, vigiar se torna uma
função primordial não ó para regimes totalitários que querem cercear a liberdade de
69
expressão de seus cidadãos como também para as empresas que fica sabem quais
as preferências culturais, ideológicas, lúdicas e de consumo de quem navega pelo
ciberespaço. Podendo assim oferecer seus produtos ou vender seus dados para
outras empresas.
5.7
VOLUNTARIADO, UM OUTRO CAMINHO
Há alguns anos, o mundo e também o Brasil viram o início de uma onda de
civismo que defende a participação do voluntariado cidadão na luta por uma
sociedade mais justa ou, ao menos suportável para os mais pobres. Prova disso são
as ONG´s (Organizações Não-Governamentais). O ano de 2001 foi escolhido pelas
nações Unidas como o Ano Internacional do Voluntariado e isso representa o
reconhecimento internacional do voluntariado como fenômeno contemporâneo e
global.
Um dos maiores símbolos do combate a exclusão, foi Herbet de Souza com a
sua “Ação da cidadania contra a miséria e pela vida”. Atualmente, o voluntariado
ganhou status oficial com o programa do Governo Federal “Fome Zero”. O programa
é o carro-chefe de um conjunto de iniciativas e representa um chamamento para
uma ação coletiva no combate à forma mais dramática e perversa de desigualdade
social: a exclusão dos direitos
fundamentais, inclusive os de se alimentar e
trabalhar. Todos podem ser voluntários:
Trabalho voluntário é uma experiência aberta a todos. Não é só
quem é “especialista” em alguma coisa que pode ser voluntário.
Muito pelo contrário: todos podem contribuir, a partir da idéia de que
o que cada um faz bem, pode fazer bem a alguém. O que conta é a
motivação solidária, o desejo de ajudar, o prazer de se sentir útil.
Muitos profissionais preferem colaborar em áreas fora de sua
competência específica, exatamente para se abrir a novas
experiências e vivências. (OLIVEIRA. 2002: p. virtual)
A responsabilidade social é um dever de todos: empresários, profissionais
liberais, igrejas, governos, donas-de-casa, operários, servidores públicos e
estudantes. Basta que cada um contribua, dada a sua área de atuação profissional,
para que se tenha uma sociedade melhor. Se um agricultor pode doar alimentos ou
um médico dedicar algumas horas da sua semana a clinicar gratuitamente, um
estudante universitário, sobretudo os de instituições públicas, pode também tomar
iniciativas comunitárias que sirvam de compensação para pessoas desconhecidas,
70
mas que ajudam a pagar sua faculdade e o que é mais importante: precisam de
ajuda.
Se, por exemplo, estudantes de História fizessem monografias sobre os
municípios do interior de onde, inclusive, muitos deles vêm ao invés de mais um
estudo sobre a Revolução Francesa ou II Guerra Mundial. Esse material poderia
futuramente embasar um livro, ou melhor, tornar-se um livro didático para as
crianças destes municípios. Se a monografia também pudesse estar na Internet, o
que não implica praticamente em nenhum custo, todo o conteúdo poderia ser
acessado e aproveitado em sala de aula.
Ao ter responsabilidade social e usar conhecimentos das mais diversas áreas do
conhecimento sob os auspícios promissores do tripé: Comunicação – Educação –
Informática, a revista virtual Barcelona deseja, tendo na maioria das vezes fazer uso
primeiramente da história oral,
conhecer lembranças, sentimentos, experiências
pessoais e familiares, recolher relatos de acontecimentos marcantes em suas
diferentes interpretações e mostrar uma identidade, por mais virtual que seja, ao
povo para a qual ela se destina.
71
6
...E DE ACORDO COM SUA PRÓPRIA CULTURA.
Na revista virtual Barcelona destaca-se a aparência tipicamente sertaneja, ela é
resultado do compromisso com o Movimento Armorial, movimento estético
idealizado por Ariano Suassuna (vide anexo 6) na década de 70 de resgate e
revalorização da cultura do sertão brasileiro e representa a primeira tentativa de
reunir artes para a construção de uma cultura clássica brasileira. Fazem parte deste
movimento personalidades como o músico Antônio José Madureira, o artista plástico
José Brennad, o multiartista Antônio Nóbrega, além do próprio Ariano Suassuna.
6.1
INFERIORIDADE CULTURAL
O filósofo francês Edgar Morin é um entusiasta da mestiçagem brasileira.
Porém ele vê algo de errado com os brasileiros: uma síndrome de inferioridade
cultural. Numa entrevista à imprensa brasileira ele declarou:
Há um problema sério que é a síndrome do complexo de
inferioridade cultural, que tanto vi em seu país. Mais que problemas
estruturais e históricos que dificultam a relação entre os países mais
e menos desenvolvidos” – explica Morin – “essa síndrome é
responsável por uma série de absurdos na assimilação da própria
cultura. Escritores como Gabriel Garcia Márquez, Jorge Amado ou
Borges precisaram ser conhecidos na Europa para, apenas então,
ser reconhecidos em suas nações ou nos vizinhos de língua.
(MORIN apud GOUVEIA. 1997: p. 21).
Sabe-se que essa constatação psicológica não é inédita, muitos autores
“explicadores” do Brasil a têm abordado de forma ampla ou superficial e formulando
as mais diferentes teorias: Retrato do Brasil, 1928 (Paulo Prado, 1869 –1943); Casa
Grande & Senzala, 1933 (Gilberto Freyre, 1900 –1987); Raízes do Brasil, 1936
(Sérgio Buarque de Holanda, 1902 – 1982); Viva o Povo Brasileiro, 1994 (Darcy
Ribeiro, 1922 – 1997) dentre outros. Já se foi discutido se essa síndrome de
inferioridade cultural, não seria resquícios coloniais de um povo que não mandava
em si e que esperava que todas as decisões importantes fossem tomadas pela
metrópole. A questão é: porque não, à exemplo de outros países, não fazer as
passes com a metrópole, ou melhor com esse passado colonial? Antes dos
72
portugueses colonizarem o nosso país e trazer os escravos o Brasil não é ainda o
Brasil. Em sua última instância, o Movimento Armorial é a concretização dessas
passes porque a cultura popular brasileira que serve de base cultural para o
movimento é toda ela indígena, negra e portuguesa.
Há diversas pistas dentro da própria cultura popular do sertão que provam essa
irmandade entre colonizador e colonizado. Há no interior do nordeste brasileiro,
também em Barcelona, um ciclo de histórias populares de tradição exclusivamente
oral que relatam as peripécias de um “sabido” que sempre evitava que o rei lhe
pregasse uma peça, a despeito dos esforços reais. O povo chama o seu anti-herói
de “Camonge” que nada mais é do que um personagem do romance picaresco, à
maneira de João Grilo, personagem de diversos folhetos de cordel e da peça “O
Auto da Compadecida” de Ariano Suassuna. Provavelmente a partir de apenas uma
história, surgiram várias outras que são passadas através da tradição oral
nordestina. As histórias ora parecem se ambientar no sertão, ora lembram Portugal.
Muitas vezes o anti-herói tem ares de contestador e em outras parece conformado
em estar inserido numa sociedade de subserviência nobiliárquica. Pois bem, o
“sabido” Camonge tão querido pelo povo sertanejo, é na verdade a corruptela do
nome do poeta português Luís de Camões, o autor de Os Lusíadas.
6.2
O MOVIMENTO ARMORIAL
O Movimento Armorial foi idealizado pelo escritor paraibano Ariano Suassuna e
lançado oficialmente no dia 8 de outubro de 1970, através de um concerto da
Orquestra Armorial de Câmara, intitulado “Três séculos de música nordestina: do
Barroco ao Armorial”, e de uma exposição de gravuras, pinturas e esculturas. O
concerto e a exposição aconteceram na igreja barroca de São Pedro dos Clérigos,
bairro de São José, Recife.
Nos dias seguintes ao seu lançamento, o movimento não teve praticamente
nenhuma repercussão na imprensa. Mas em 1971 o Movimento Armorial já começa
a repercutir na imprensa brasileira, boa parte do mérito se deve as “aulasespetáculo” que Ariano Suassuna começa a levar para vários Estados do Brasil.
Além da Orquestra, Ariano também usa pinturas, gravuras, desenhos e livros de
poemas pala ilustrar suas aulas, onde há a explicação sobre o que é o Movimento
73
Armorial, suas origens, seus objetivos e onde Ariano começa a traçar seus planos de
defesa da cultura brasileira. O movimento vira tema de muitos debates além
fronteiras daquilo que Ariano considera o “coração do Nordeste” – Pernambuco,
Paraíba e Rio Grande do Norte.
“Armorial” é um substantivo que designa o livro onde vêm registrados os
brasões.
Ariano Suassuna passou a empregá-la
também
como
adjetivo.
Transformando-a, portanto, em um neologismo para identificar a arte que defendia e
defende, uma arte erudita que, baseada na cultura popular, é tão nacional quanto a
arte popular. Para Ariano, é imprescindível que se combata o processo de
vulgarização e descaracterização por elementos estranhos à nossa cultura.
Suassuna justifica o emprego do adjetivo “armorial” da seguinte forma: a primeira
razão é puramente uma questão estética, a beleza da própria palavra e o outro é
que para ele a heráldica, isto é, a arte dos Brasões, no Brasil é eminentemente
popular, presente desde os ferros de marcar boi do sertão nordestino, dos
estandartes, até nas bandeiras e escudos dos clubes de futebol espalhados pelo
país. Afirma Suassuna:
Foi aí que, meio sério, meio brincando, comecei a dizer que tal
poema ou tal estandarte de Cavalhada era “armorial”, isto é, brilhava
em esmaltes puros, festivos, nítidos, metálicos e coloridos, como
uma bandeira, um brasão ou um toque de clarim. Lembrei-me, aí,
também das pedras armoriais dos portões e frontadas do Barroco
brasileiro, e passei a estender o nome à Escultura com a qual
sonhava para o Nordeste. Descobri que o nome “armorial” servia,
ainda, para qualificar os “cantares” do Romanceiro, os toques de
viola e rabeca dos Cantadores – toques ásperos, arcaicos, acerados
como gumes de faca-de-ponta, lembrando o clavicórdio e a viola-dearco da nossa Música barroca do Século XVIII. (SUASSUNA apud
NEWTON JÙRNIOR, 1999, p. 87).
A arte armorial precedeu o movimento, não foi uma iniciativa de um grupo de
intelectuais reunidos para escrever um manifesto. Muito antes do lançamento oficial
do Movimento Armorial, vários artistas, intuitivamente ou não, já trilhavam o caminho
que mais tarde levaria ao Movimento Armorial: uma arte erudita brasileira que se
fundamentasse na cultura popular. Nas palavras do próprio Suassuna:
É um esforço para encontrar, no Brasil, uma arte que parta de raízes
eminentemente populares. Com isso, a pretensão de encontrar uma
arte brasileira, latino-americana e universal. O Movimento Armorial
não tem uma linha de princípios. É um movimento aberto. Aliás, nós
nem gostamos da palavra movimento, porque movimento é quase
sempre feito por teóricos, que lançam manifesto e pronto. Nós
partimos do trabalho criador. Começamos a criar juntos. Às vezes
isoladamente. Descobrimos, depois, características comuns. Então
74
nos unimos e batizamos o movimento com esse nome, que serve
apenas de bandeira nessa busca de uma arte brasileira.
(SUASSUNA apud NEWTON JÙRNIOR, 1999, p. 89).
O Movimento Armorial pode ser dividido em três fases distintas: a primeira fase
(1970 a 1975) considerada por Ariano Suassuna como experimental, a fase
Romançal iniciada precisamente no dia 18 de dezembro de 1975, com a estréia no
Teatro Santa Isabel (Recife) da Orquestra Romançal Brasileira. Essa segunda fase é
uma das mais fecundas do movimento. Além da orquestra, é nessa época que é
criado o Balé Armorial (origem do atual Balé Popular do Recife) e a estréia de
Antônio Carlos Nóbrega de Almeida como teatrólogo, com o espetáculo “A Bandeira
do Divino”. Nessa época, pelo país inteiro de criam peças teatrais e balés inspirados
no movimento nordestino. Depois do período experimental e romançal, a terceira
fase começa em 1981 muito embora se diga que essa data marca o provável fim do
Movimento Armorial. Nesse ano é publicado o famoso artigo “Despedida” (Diário de
Pernambuco. Recife. 9 de agosto de 1981), no qual como bem disse Carlos Newton
Júnior (ibid: p. 94 e 95) Ariano Suassuna se despede não da literatura como se
divulgou, mas sim de toda a publicidade em volta da sua produção. A prova disso é
que ele continua escrevendo e a todo momento surgem novos artistas que
confessam receber influência do Movimento Armorial. O interesse das novas
gerações continua grande e Suassuna, onde quer que fale, sempre fala para
auditórios lotados cuja presença é marcadamente jovem.
6.2.2 Estética Armorial
Durante quase dois anos, Suassuna assinou uma página literária semanal, no
extinto Jornal da Semana, do Recife, intitulada “Almanaque Armorial o Nordeste”. Foi
nesse jornal que ele propôs, pela primeira vez, uma definição geral da arte armorial:
A Arte Armorial Brasileira é aquela que tem como traço comum
principal a ligação com o espírito mágico dos “folhetos” do
Romanceiro Popular do Nordeste (Literatura de Cordel), com a
Música de viola, rabeca ou pífano que acompanha seus “cantares”, e
com a Xilogravura que ilustra sus capas, assim como com o espírito
e a forma das Artes e espetáculos populares com esse mesmo
Romanceiro relacionados. (ibid: p. 97).
Há no Movimento Armorial o fundamento de que a arte deve estar ligada a um
projeto nacional-popular. A arte deve se inspirar nas tradições populares, sem que
75
isso signifique uma concessão às elites do país, ao reacionarismo de direita ou a
sua pior face, o extremismo de direita:
(...)Ao defender, por exemplo, certa postura na transcrição da
linguagem popular, sem deformações em relação à norma culta,
Suassuna está se alinhando a José Américo de Almeida, cuja
posição encontra-se registrada já no prefácio de A Bagaceira (1928).
Quando à posição do Movimento Armorial em relação ao nacional e
ao universal, se coincide com a exposição de Tolstoi para que cada
um pinte a própria aldeia, coincide ainda com as idéias de Charles
Maurras em Réflexions sur A´llemagne, texto bastante apreciado
pelos nacionalistas do modernismo, pelo que se pode perceber em
nota de Cassiano Ricardo à 12ª edição do seu Martim Cererê (1928),
publicada em 1972. Por outro lado, quando Suassuna apregoa uma
arte erudita brasileira fundamentada na cultura popular, a idéia da
recriação a partir do romanceiro popular nordestino e de uma
heráldica popular brasileira aparece como elemento original e novo,
imprescindível para o entendimento da arte armorial. (NEWTON
JÚNIOR. ibid: p. 99).
As posições políticas e culturais de Ariano Suassuna, têm sido alvo de
interpretações equivocadas, muitas das quais têm sido rebatidas pelo próprio
Suassuna. Os equívocos vão deste a vinculação do nacional-popular com o
Fascismo e o Nazismo, via Estado e elite dominante, a referências ao populismo
latino-americano do século XX. Em suas réplicas (vide Arraes: o popular e o
nacional. In:ROCHA, Abelardo Baltar da et al. Porque Arraes. Recife: Pirata, 1986 P.
9 a 17) Ariano têm dito que seu nacional-popular está vinculado ao povo e não a
elite ou às classes dominantes. “Suassuna só entende o nacional enquanto
vinculado ao popular ou o erudito que nele se baseia” (NEWTON JÚNIOR. ibid: p.
101).
Por popular Suassuna entende que seja àquilo que é produzido pela maioria do
povo: analfabetos, semi-alfabetizados de pobres. Assim como o “quarto estado”, da
Revolução Francesa (1789), da qual ele tirou o conceito. Quanto ao erudito, é aquilo
produzido pela minoria do povo, cuja formação é diferente daquela pertencente ao
quarto estado. Diferença engendrada, em parte, por questões financeiras. Para
Suassuna a questão da arte popular é típica de culturas constituídas por povos que
dominam outros. A arte popular no Brasil, desde o século XVI, é feita por ibéricos
pobres, negros, mestiços e índios, à margem da cultura oficial portanto. Já a arte
erudita é realizada pela outra parcela da população, constituída por ibéricos
portadores da cultura oficial. Por ser encontrar, durante toda a nossa história, à
margem da cultura oficial, a arte popular brasileira ainda, a duras penas, sobrevive
autêntica sem receber influências da indústria cultural de massa. Sendo assim, o
76
Movimento Armorial pretende fazer uma arte erudita tão nacional quanto nossa arte
popular. Há sempre confusões e preconceitos sobre o que seja “popular” e “erudito”.
Ariano imagina uma elite popular e uma erudita, aquela que é nacional feita pelos
artistas armoriais e por todos àqueles preocupados com a essência da cultura
brasileira.
Toda a obra de Ariano Suassuna é profundamente ligada à arte popular do
Nordeste brasileiro. Em sua poesia há a influências do repente, do romanceiro
popular (inclusive com recriações), como por exemplo, “A Morte do Touro Mão de
Pau” de Fabião das Queimadas. Há alusões a bandeiras, ornatos, estandartes,
mitologias sertanejas, rabeca dos cantadores, a fauna e a flora do sertão,
xilogravuras, folhetos de cordel que pode reunir em um só objeto, os princípios da
arte popular brasileira. Sobre este último, Suassuna aponta três caminhos a serem
seguidos:
(...) um para a Literatura, o Cinema e o Teatro, através da Poesia
narrativa de seus versos: outro, para as Artes plásticas como a
Gravura, a Pintura, a Escultura, a talha, a Cerâmica ou a Tapeçaria,
através dos entalhes feitos em casca-de-cajá para as xilogravuras
que ilustram suas capas; e finalmente um terceiro caminho para a
Música, através das “solfas” e “ponteados” que acompanham ou
constituem seus “cantares”, o canto de seus versos e estrofes.
(SUASSUNA apud NEWTON JÚRNIOR, 1999, p. 107 e 108).
Um exemplo disso são as iluminogravuras. A partir de 1980, Ariano Suassuna
inicia os álbuns de iluminogravuras onde ele aprofunda sua experiência em integrar
texto e ilustração. Seus primeiros álbuns são “Sonetos com Mote Alheio” e “Sonetos
de Albano Cervonegro”. Os álbuns são, na verdade, livros de poemas não
encadernados e artesanais, publicados em tiragens reduzidas, portanto, contendo
10 iluminogravuras acondicionadas em uma caixa de madeira. Iluminogravura é
uma prancha de papel cartão, medindo 44 cm x 66cm, contendo um soneto escrito e
ilustrado à mão. Sobre isso diz Suassuna:
O sonho de unir o texto literário e a imagem num só emblema, para
que a Literatura, a Tapeçaria, a Gravura, a Cerâmica e a Escultura
falem, todas, através de imagens concretas, firmes e brilhantes,
verdadeiras insígnias das coisas. Insígnias de qualquer maneira
desenhadas, gravadas e iluminadas – sobre superfícies de pedra, de
barro-queimado, de tecido, de couro, de áspero papel, ou, então,
modeladas pela forma e pela imagem da palavra” (ibid. p. 123).
A iluminogravura foi assim batizada porque resulta da fusão da iluminura
medieval com os processos modernos de gravação em papel. A iluminura medieval
era feita em manuscritos e incunábulos, e originou-se nos mosteiros. As páginas
77
eram ricamente ornamentadas, com motivos florais, geométricos, monogramas,
letras iniciais de textos, cenas religiosas, dentre outras ilustrações, que dividiam ou
não o espaço com o texto, estendendo-se pelas margens do papel, em barras ou
molduras. Na Península Ibérica, eram comuns as figuras monstruosas, bestas-feras,
animais alados, e todo um repertório de imagens fantásticas de inspiração árabe.
À sua maneira e de acordo com sua contemporaneidade, é esse o ideal
pretendido pela revista virtual Barcelona ao unir várias artes através de um único
veículo – o virtual: imagem, webdesign e texto. Um povo falando de si próprio e
respeitando a própria cultura, no caso a sertaneja.
6.3
MOVIMENTO ARMORIAL E CULTURA IBÉRICA
Aparentemente trata-se de mera coincidência, mas só aparentemente. O
Movimento Armorial guarda muitas semelhanças com a cultura da Península Ibérica
porque se as origens do movimento estão na cultura popular, esta última por sua vez
têm suas origens em um Portugal e Espanha medievais que não existem mais.
6.3.1 Juan Miró
Há semelhanças estéticas, por exemplo, entre o traço do alfabeto baseado em
ferros de marcar boi do sertão que são usados na revista virtual Barcelona (vide
tópico 5) e as obras do artista catalão Juan Miró (1893 – 1983). Quer sua obra fosse
puramente abstrata, quer apresentasse elementos figurativos, Miro permaneceu leal
ao princípio surrealista de liberar as forças do inconsciente do controle da lógica e da
razão. No entanto, distinguiu-se de outros membros do movimento na variedade e
genialidade de sua obra, que não apresenta quaisquer dos artifícios superficiais que
muitas vezes caracterizaram o surrealismo.
As pinturas de Miró possuem traços simples, como se fossem feitas por um
homem primitivo ou por uma criança, mas repletas de metáforas visuais, cenas de
sonhos e paisagens imaginárias. Reproduziam apenas as sensações que as coisas
transmitiam.
78
6.3.2 Antoni Gaudí
Por ter sido sempre predominantemente uma região rural e agrícola, muito da
cultura da região sertaneja é intimamente ligada à sua natureza. Isso se pode bem
comprovar através das lendas folclóricas, das músicas e dos enfeites nas casas ou
das mulheres nas festas. Tudo feito a partir da própria cultura local. Da mesma
forma, é a arquitetura do também catalão Antoni Gaudí (1852-1926).
As formas surreais dos prédios de Gaudí, como o Templo da Sagrada Família
ou La Pedrera em Barcelona, foram inspiradas na natureza. Elas revolucionaram a
paisagem de Barcelona (Espanha) e a arte do século XX. Por exemplo, Gaudí dizia
que se a fumaça se retorce ao subir o arquiteto deve ajudá-la a sair fazendo
chaminés tortas, como as que estão no teto de La Pedrera. Em sua obra as cores
vivas, as curvas e as pedras irregulares são representações da natureza. Além das
formas retorcidas, também as formas fantásticas e voluptuosas, torres orgânicas
como formigueiros, colunas sem alinhamento, tetos retorcidos e superfícies cobertas
por cacos de cerâmica compõe o estilo do arquiteto. A obra de Gaudí deve algo à
arquitetura gótica e moura, ainda que não obedecesse a convenções e fosse
provocativo na sua livre manipulação do espaço arquitetônico.
6.4
FABIÃO DAS QUEIMADAS, UM CASO ARMORIAL
A arte de um dos maiores poetas potiguares que viveu e está sepultado em
Barcelona está intimamente ligada ao Movimento Armorial. O que mostra que o
movimento não é apenas um fenômeno pernambucano ou paraibano, mas algo
intimamente ligado à cultura popular de todo o sertão nordestino, inclusive àquele do
Rio Grande do Norte.
O poeta popular Fabião Hermenegildo Ferreira da Rocha (1848 – 1928),
conhecido por Fabião das Queimadas, nasceu no município de Santa Cruz, Estado
do Rio Grande do Norte (hoje Lagoa de Velhos), mas posteriormente veio a habitar
sucessivamente nos municípios de São Tomé, Sítio Novo e finalmente em
Barcelona.
O folclorista Câmara Cascudo, no seu livro "Vaqueiros e Cantadores",
descreve-lhe o tipo físico do poeta. Ele era um negro baixo, entroncado, robusto, de
79
larga cara "apratada" e risonha, nariz de congolês (figura 1). Tinha os olhos tristes
de escravo, conservava a dentadura intacta e um bom - humor perene.
FIGURA 1: Fabião das Queimadas
Fonte: Antologia Ilustrada dos cantadores. (LINHARES, Francisco e BATISTA, Otacílio. 2ª edição. Fortaleza:
Edições UFC. 1982. p. 5 e 6.)
Nascido escravo, muito jovem o poeta percebeu que para comprar a alforria
dele, da mãe e da sobrinha, precisaria usar sua arte, a mesma a que o fez ficar
conhecido como “O poeta dos Vaqueiros”: a poesia popular e os lamentos poéticos
do aboio. Um poeta popular contemporâneo assim o descreveu:
"Fabião das Queimadas
Era pequeno, me alembro
do cantadô Fabião;
Sua rabeca, seu baião
gemedô...
Poeta improvisadô
nego véi inteligente,
perigoso no repente
da poesia.
Onde cantava corria
um povão pra escutá
o poeta sem iguá
na ribeira.
80
E cantava a noite inteira
história de apartação,
das vaquejadas de então
que havia.
Sua rabeca gemia
no seu "Redondo Sinhá"
e a gaiganta retinia
num canto sentimentá.
Cosme Ferreira Marques
Fabião, foi empregado do major José Ferreira, nas Queimadas, localizado
nas férteis terras de Lagoa de Velhos. O poeta primeiro foi agricultor e vaqueiro.
Com o que lhe pagavam, ele pôde comprar uma pequena propriedade no Riacho
Fundo, zona rural do município de Barcelona.
Aos dezoito anos de idade, o poeta, com algumas economias que fez no
trabalho da agricultura, comprou uma rabeca, pois essa rabeca passava a ser um
instrumento não musical, mas com ela saiu cantando e tocando suas toadas e seus
repentes pelas vaquejadas, pelas cidades, festas particulares e povoados rurais de
sua região. Com isso, o poeta conseguiu ganhar dinheiro o suficiente para comprar a
sua própria liberdade por 800$000 (oitocentos mil réis ) e posteriormente a de sua
mãe, Antônia, e de uma sobrinha, Joaquina Ferreira da Silva, conhecida como
"Sinhaninha" com a qual o poeta casou e tiveram quinze filhos. Sobre sua mãe, que
ao ter sua alforria comprada finalmente ficara livre da opressão dos brancos, Fabião
das Queimadas escreveu os seguintes versos que demonstram seu amor filial:
“Quando forrei minha mãe,
A lua saiu mais cedo,
Pra alumiar o caminho
De quem deixava o degredo!
Minha mãe era pretinha,
Da cor de jabuticaba!
Porém, mesmo sendo preta,
Cheirava que só mangaba!
O nome de mãe é doce,
Que só a fruta madura!
Mas, passa o doce da fruta,
E o doce do nome atura!”
(LINHARES e BATISTA. Antologia Ilustrada dos cantadores. 1982: p. 6)
81
Para se ter uma idéia da facilidade com que o poeta versificava de improviso
sabe-se que num dia de chuva em Barcelona o poeta fazia compras no armazém de
Oscar Marinho de Carvalho. Como as embalagens eram de papel, ele resolveu
esperar a chuva passar. O comerciante então lhe fez um desafio prontamente aceito
pelo poeta - Fabião, diga-me uns versos que terminem com "adeus minhas
encomendas que você pode levar sua feira de graça”. Segundo o depoimento de
Adauto Tavares da Costa (2000), Fabião tirou o seu chapelão e olhando para a
chuva que caia lá fora recitou algo que permanecia inédito até a criação da revista
virtual Barcelona:
"Numa chuva com relâmpago,
Não há trovão que não gema
Nosso patrão tá dizendo:
Adeus minhas encomendas".
O folclorista Câmara Cascudo convidou Fabião das Queimadas para viajar
até Natal, capital do Rio Grande do Norte. Através de Cascudo, o poeta conheceu
muita gente importante da capital e no interior. Pessoas como o governador Ferreira
Chaves e o jornalista Eloi de Souza. Este último, grande admirador dos versos do
poeta popular. O poeta dos vaqueiros também se tornou conhecido também por
pensadores e artistas da cultura popular brasileira, tanto que foi estudado por Ariano
Suassuna e Orígenes Lessa, além de ter sido musicado por Antônio Nóbrega.
Fabião das Queimadas morreu aos 80 anos de idade, em 1928, vitimado
pelo tétano quando se feriu num espinho de macambira quando viajava montado em
um burro. Deixou inúmeros romances sobre bois e cavalos de sua região. Um
exemplo disso é o poema “A morte do touro mão de pau” que foi estudado por
Câmara Cascudo e Ariano Suassuna e musicado pela primeira vez por Antônio
Nóbrega (Nação Potiguar. CD. Natal: Scriptorin Candinha Bezerra. 1999). Sobre ele
diz Ariano Suassuna em entrevista ao caderno Muito do Diário de Natal (29/04/2000)
“(...) Tomei conhecimento, através de Vaqueiros e Cantadores, de Cascudo, de um
folheto composto por um grande poeta popular do Rio Grande do Norte, chamado
Fabião das Queimadas, do qual recriei alguns versos dentro de um poema meu. Foi
através de Cascudo que tomei conhecimento da poesia de Fabião das Queimadas”.
A seguir, a versão do poema feita por Ariano Suassuna.
82
A MORTE DO TOURO MÃO DE PAU
"À memória de meu pai que tendo sido assassinado também preferiu
a morte à desonra, a 9 de outubro de 1930"
Corre a serra Joana Gomes
Galope desesperado:
Um Touro se defendendo,
Homens querendo humilhá-lo,
Um touro com sua vida,
os homens em seus cavalos.
Cortava o gume das pedras
Um bramido angustiado ,
Se quebrava nas caatingas
Um galope surdo e pardo
E os cascos pretos soavam
Nas pedras de Fogo alado,
Enquanto o clarim da morte,
Ao vento seco e queimado,
Na poeira avermelhada
Envolvia os velhos cardos.
Os negros cascos soavam
Em chamas de fogo alado!
Rasgavam a serra bruta
Aboios mal arquejados
E, nas trilhas já cobertas
Pelo pó quente e dourado,
Um gemido de desgraça
Um gemido angustiado:
- “Adeus, Lagoa dos Velhos,
Adeus, vazante do gado!
Adeus, serra Joana Gomes
E cacimba do Salgado!
O touro só tem a vida:
Os homens tem seus cavalos”.
O galopar recrescia.
Brilhavam Ferrões farpados
E algemas de baraúna
Para o touro preparados.
Seu Sabino tinha dito:
- "Ele há de vir amarrado”!
Miguel e Antônio Rodrigues
De guarda-peito e encourados,
Na frente do grupo vinham,
Montados em seus cavalos
De pernas finas, ligeiras,
Ambos de prata arreados.
E, logo à frente, corria
O grande touro marcado
Manquejando sangue limpo
Nos caminhos mal rasgados,
Cortadas as bravas ancas
Por ferrões ensangüentados.
A serra se despenhava
83
Nas asas de seus penhascos
E a respiração fogosa
Dos dois fogosos cavalos
Já requeimava, de perto,
As ancas do manco macho
Quando ele, vendo a desonra,
Tentando subjugá-lo,
Mancando da mão preada
Subiu num rochedo pardo:
Num grito, todos pararam,
Pelo horror paralisados,
Pois sempre, ao rebanho, espanta
Que um touro do nosso gado
Às teias da fama-negra
Prefira o gume do fado.
E mal seus perseguidores
Esbarravam seus cavalos,
Viram o manco selvagem
Saltar do rochedo pardo:
Houve um grande torvelinho
De terno olhar assustado
E de aspas enfurecidas
Reviradas para o alto.
E o touro lançou seu último
Bramir de morte encrespado:
_”Adeus, Lagoa dos Velhos!
Adeus, vazante do gado!
Adeus, serra Joana Gomes
E cacimba do Salgado!
Assim vai-se o touro manco,
Morto mas não desonrado”!
Silêncio. A serra calou-se
No poente ensangüentado.
Calou-se a voz dos aboios,
Cessou o troar dos cascos.
E agora, só, no silêncio
Deste Sertão assombrado,
O touro sem sua vida,
Os homens em seus cavalos.
Ariano Suassuna
Além de sua poesia, Fabião das Queimadas era muito famoso pelo seu talento
com a rabeca. Esse instrumento é de uso típico nas músicas armoriais e têm uma
longa tradição ibérica.
A idéia de tocar um instrumento de cordas friccionando um arco começou há
muito tempo com os árabes, que dominaram a Europa por longos anos e lá deixou
uma rica herança, inclusive a desse instrumento, que eles chamavam de rabãb.
84
Na Idade Média, os trovadores e menestréis mexeram no dito instrumento: nas
cordas, na forma, na afinação, no modo de tocar e passaram longos anos cantando
amores e dores acompanhados pelo que ficou batizado de rabeca. Esse é o
instrumento que é utilizado em nossas músicas folclóricas ou nas poesias cantadas
do sertão, como eram as entoadas por Fabião.
O músico em geral, apóia o instrumento no peito ou no ombro esquerdo. Para
tocá-las os rabequeiros apóiam uma extremidade do instrumento sobre o ombro
esquerdo (ou direito) e outra parte suspendem levemente com o peito. Era assim
que procediam aos tocadores de viola da Idade Média. Enquanto isso, nos palácios
a música evoluía pedindo mais virtuosismo.
As rabecas são instrumentos, cuja sonoridade é estridente, fanhosa e ao
mesmo tempo tristonha. Ela tem som grave, com três ou quatro cordas. Os prelúdios
e os interlúdios executados nas rabecas são denominados "repinicados". Mas as
mudanças continuaram, de acordo com a necessidade dos músicos. Por isso a
rabeca é encontrada em vários tamanhos. Os mais conhecidos são a rabeca-violino,
a rabeca-viola e o rabecão.
No século XVI, na região de Cremona, norte da Itália, nasceu o Violino, que se
divorciou da rabeca. O primeiro, considerado modelo de perfeição, encastelou-se no
universo erudito e sofreu apenas mais algumas pequenas modificações,
principalmente a partir do período clássico, para ampliar a capacidade sonora,
consolidando-se na forma imortalizada até hoje. A rabeca, sem o mesmo status do
primo rico, sobreviveu nas mãos de artesãos e fiel à oralidade das tradições culturais
populares, dando continuidade às mutações como numa brincadeira de telefonesem-fio. Bem exemplifica isso, o fato de um ex-escravo não tocar um violino, mas
uma rabeca.
6.5
O SENTIMENTO DE RURALIDADE
Na agitada vida urbana, há quem pense em um dia ter tempo para olhar o pôr
do sol, prestar atenção nas fases da lua e na celebração da vida que é a natureza.
No sertão nordestino, os temas para a arte estão muito voltados para o meio
ambiente: seus pássaros, a seca, o artesanato de argila, a criação de gado e de
85
cabras. Num de seus sonetos mais conhecidos, o poeta árcade Cláudio Manoel da
Costa (1729 - 1789) escreveu:
Quem deixa o trato pastoril amado
Pela ingrata, civil correspondência,
Ou desconhece o rosto da violência,
Ou do retiro a paz não tem provado.
Que bem é ver nos campos transladado.
No gênio do pastor, o da inocência!
E que mal é no trato, e na aparência
Ver sempre o cortesão dissimulado!
Ali respira amor, sinceridade;
Aqui sempre a traição seu rosto encobre;
Um só trata a mentira, outro a verdade.
Ali não há fortuna, que soçobre;
Aqui quanto se observa, é variedade:
Oh ventura do rico! Oh bem do pobre!
O poeta vislumbra apenas duas possibilidades para quem deixa a convivência
no campo pela vida urbana: Para ele certamente o indivíduo desconhece a violência
nas cidades (interessante frisar que a poesia é do século XVIII) ou leva, por algum
motivo, uma vida intranqüila no campo. Pois bem, qual estudante interiorano perdido
na cinética das grandes cidades brasileiras já não pôs a mão no queixo e leu este
soneto num livro escolar de português ou literatura, soltando as rédeas de seus
pensamentos que galopam em disparada para seu distante lar rural? Onde,
geralmente, o tempo passa sem presa, se pode nadar e pescar em águas limpas, o
ar é puro, se ouve o canto dos pássaros, se pode comer alimentos sem agrotóxicos
e colhidos pelas próprias mãos sem ter que passar num caixa.
Fora isso, sabe-se que o processo de urbanização do Brasil, motivo pela
industrialização durante a segunda metade do século XX e a falta de políticas
agrárias eficientes levaram muitos agricultores a abandonar o campo rumo as
grandes cidades que se formavam. De meados dos anos 40 aos anos 80 inverteu-se
no Brasil a população rural / urbana. Hoje, 81% dos brasileiros vivem nas cidades
(dados IBGE. 2001). Esse aborto violento gerou nos brasileiros de hoje que
nasceram nas grandes cidades um desejo inconsciente de voltar para o seu meio
ambiente ancestral. Muitos brasileiros sentem falta do contato físico com a terra; ter
caminhadas como exercício, em vez de bicicletas ergométricas. Por isso, muitos
brasileiros compram chácaras no interior para passar os fins-de-semana, para morar
depois de juntar algum dinheiro ou quando se aposentar. É bem provável que muitos
86
brasileiros sofram daquela nostalgia do campo que os estudiosos chamam de
"síndrome pastoril". É uma saudade envergonhada, que se extravasa nas festas
juninas, na audiência de novelas com temas agrários.
Essa antiga tese foi estudada pela jornalista Gislene Silva numa tese de
doutoramento em Antropologia, na PUC - Pontifícia Universidade católica de São
Paulo com o título de "O imaginário rural do leitor urbano: o sonho mítico da casa no
campo". Num artigo publicado na revista Globo Rural (O sonho da casa no campo.
São Paulo: Editora Globo. Ano 16. nº 185. março de 2001. p. 63 à 65.), da qual é
repórter, ela esclarece que o estudo partiu da pergunta: "Por que muitos moradores
urbanos, que não possuem sítio ou fazenda, lêem regularmente a revista Globo
Rural?" Nele ela conclui que "A saudade do campo pode ser interpretada ainda
como expressão de sentimentos míticos que o homem, até mesmo o mais urbano e
moderno, carrega em relação à natureza, com a qual tinha uma ligação mais
harmoniosa e intensa no tempo das comunidades primitivas. Esse anseio rural
contemporâneo na virada do século XX para o XXI é mais contundente e
transgressor do que ideário pastoral conhecido no romper da Revolução Industrial
no século XIX. O que se deseja agora é não mitificar a urbanidade como o mais
seguro e mais puro dos mundos. A proposta, portanto é combater as vantagens
sociais, econômicas e culturais de uma borbulhante cidade com as qualidades
ambientais e harmônicas do meio rural.”“.
Em Barcelona, por exemplo, que é um município com pouco mais de quatro mil
habitantes
(2003:
dados
IBGE),
seus
moradores
costumam
ter
relações
interpessoais mais calorosas e intensas. Todos se conhecem, a sensação de
segurança aumenta porque é mais fácil localizar os estranhos. De acordo com a
tradição popular oral, costuma-se dizer que no interior todos sabem nome,
sobrenome, apelido, profissão e a presença ou a ausência de caráter de cada um.
6.6
WEBDESIGN ARMORIAL
Desde a Bauhaus que várias escolas e linhas de estudo da arte moderna –
sobretudo, as artes visuais – tentam descrever e decodificar uma sintaxe da
comunicação visual, ou seja, um conjunto de regras que possa estabelecer um
código comum. Acredita-se que linguagens seguem regras gerais de formulação
87
para uso comum. Deste modo, toda linguagem tem leis: é o que é chamada de
sintaxe. Conceitos como plano, formas, tons, etc, são e sempre serão elementos
fundamentais para a elaboração de signos visuais. Para o professor Donis A.:
A sintaxe visual existe. O modo como encaramos o mundo quase
sempre afeta aquilo que vemos. Assim como alguns grupos culturais
comem coisas que deixariam outros enojados, temos preferências
visuais arraigadas. O ambiente também exerce um profundo controle
sobre nossa maneira de ver. A sintaxe visual existe, e sua
característica predominante é a complexidade.(DONIS apud
SOARES JÚNIOR, 1999, p. 1).
Para Donis, ver é uma experiência, e a utilização de dados visuais para
transmitir informações representa a máxima aproximação que se pode obter com
relação à verdadeira experiência da realidade. A informação visual é o mais antigo
registro da história humana. Ver exige mecanismos interpretativos, contudo, o ato da
visão sempre evoca universalidade visto transpor as barreiras culturais, geográficas,
e, sobretudo, idiomáticas. “Dos desenhos rupestres até o alfabeto escrito – que
usamos até hoje –, as formas de codificação seguem um curso apontando uma
forma comunicativa mais eficiente” (ibid.).
As artes visuais geralmente trabalham com o binômio: utilidade e estética. Na
web, as pessoas sentem, antes de tudo, necessidade de design. Embora textos e
sinais sonoros continuem sendo importantes. Webdesign significa, portanto, a soma
de vários recursos (textos, fotos, cores, vídeos, sons, largura de banda, etc) e
mensagens comunicativas que anseiam por um “desenho” amplo, coeso e bem
comunicado.
O webdesign armorial, um novo canal virtual de expressão artística, e a arte
visual digital (também armorial) de uma forma em geral apontam os caminhos dessa
nova eficiência comunicativa. Pois a estética armorial, predominantemente
fundamentada na cultura
sertaneja, é àquela que é mais familiar ao gosto dos
naturais do sertão, isto é, fazem parte das preferências visuais arraigadas de nosso
inconsciente coletivo.
Em toda história da humanidade, a Internet é o primeiro meio de comunicação
que conseguiu reunir todos os tipos de signos – textos, som e imagem, o verbal,
auditivo e o visual, - numa mesma forma de linguagem, a linguagem digital dos bits,
onde a informação, sob qualquer forma, pode ser codificada e decodificada.
Portanto, dois fatores são favoráveis ao desenvolvimento de um webdesign armorial,
além da afinidade cultural do povo para o qual ele se destina:
88
a) O Movimento Armorial influencia um grande número de artes desde a
cerâmica, artesanato, música, literatura, xilogravura, iluminigravura, escultura,
teatro, etc. Deste modo, por não ser um movimento limitado a apenas uma
forma de arte, não faltarão “conteúdo armorial” para preencher as
necessidades multimidiáticas de um site (textos, fotos, cores, vídeos, sons,
gráficos, tabelas, etc);
b) O webdesign ainda não tem um objetivo teórico bem definido. As regras
não são fixas e se alteram à medida que as novas tecnologias evoluem.
Fazendo crer que dentro do mundo da grande rede as possibilidades são
praticamente infinitas. A conseqüência disso é que ainda há muita margem
para contribuições de diferentes culturas, fazendo o webdesign evoluir ainda
mais.
A identidade visual da revista virtual Barcelona foi desenvolvida utilizando o
conceito de modernidade, com fortes apelos de tecnologia. Sem negligenciar,
todavia, o seu compromisso com as idéias de Ariano Suassuna.
6.7
ALFABETO SERTANEJO
O cabeçalho que dá nome à revista virtual, canto superior esquerdo no monitor
de computador e que serve de logo-marca para a publicação, é escrito em letras do
“alfabeto armorial” ou “alfabeto sertanejo”. Ele foi desenvolvido à mão por Ariano
Suassuna a partir dos ferros de marcar boi. Interessado nas raízes da cultura
nordestina, ele estudou a fundo e identificou formas recorrentes em antigas marcas
de ferro do sertão do Cariri. (presente no livro Ferros do Cariri: uma heráldica
sertaneja. Recife: Guariba, 1974). Marcar a ferro quente no corpo do boi um signo de
seu dono é uma prática de mais de 4 mil anos e de quase 500 no Brasil.
Precursoras dos modernos logotipos com que as corporações se identificam
junto ao público, as marcas queimadas sobre o couro do gado são o mais primitivo
sinal de propriedade e há muito mexem com o imaginário dos artistas. Há registros
de ferros em gravuras do Egito antigo e em versos dos poetas gregos Anaximandro
e romano Virgílio.
Marcar a ferro escravos e criminosos não foi prática restrita apenas aos antigos
romanos, gregos e egípcios. Mesmo no Brasil ela ocorreu. “Tá ferrado”, expressão
89
da gíria que remete a essa prática, pode se tornar uma realidade também para os
homens livres, na fantasia recorrente de alguns artistas, que imaginam uma
vingança dos animais.
A prática de ferrar gado chegou ao Brasil através da Península Ibérica. Os
primeiros gados foram desembarcados em São Vicente em 1534, trazidos por Ana
Pimentel, mulher de Martin Afonso de Sousa.
As primeiras marcas foram
registradas no Rio Grande do Sul ainda no século XVI. Em “Kadiwéu”, o antropólogo
Darcy Ribeiro reproduz os desenhos dos ferros com que esses índios do Mato
Grosso marcavam seu gado. Ele observou que algumas de suas marcas antigas
foram simplificadas (ou substituídas por letras), para ocupar menos espaço,
preservando o valor comercial do couro, mas ainda conservam seu estilo geométrico
de linhas puras.
De início, as marcas eram feitas em grandes festas. Para o folclorista Luís da
Câmara Cascudo, essas festas atraiam cantadores, valentões, os melhores
vaqueiros para alguns dias de vida intensa e fraternal. Quem presenciou uma cena
dessas diz que não se esquece jamais do movimento dos vaqueiros e do cheiro do
couro queimado. Indelével não é só a marca, mas também a memória visual e
olfativa de quem a assistiu.
Foi o que aconteceu com o escritor Ariano Suassuna. Sua ligação com os ferros
sertanejos de marcar gado começou a se sedimentar em seu subconsciente desde
muito cedo. O dramaturgo diz que não considera a ferra de gado tão dramática e
cruel como parece à primeira vista, por atingir apenas a superfície do couro do
animal. É uma cena, de resto, incorporada ao cotidiano das fazendas.
Em seu livro “Ferros do Cariri — Uma Heráldica Sertaneja”, Ariano conta que
sua curiosidade intelectual pelo tema despertou ao ler em 1943 um livro do cearense
Gustavo Barroso, em que ele analisava as marcas familiares e as diferenças
acrescentadas por cada descendente como elementos de uma verdadeira heráldica.
Ao interesse antropológico e sociológico das marcas, aos poucos Ariano passou a
vê-las como “assunto artístico”.
A partir de um registro de vários ferros familiares feitos por seu antepassado
Paulino Villar, fazendeiro do século XIX, Ariano estudou a fundo as formas que
encontrou e as relacionou com a simbologia antiga. Segundo ele, o traço vertical,
chamado tronco, representa o céu; o horizontal, ou puxete, significa terra. Os dois
juntos podem formar o galho, a união imperfeita entre o divino e o ser humano. Ou
90
ainda a cruz, a união perfeita entre ambos. Há signos para o macho, a fêmea e para
a fusão sexual. Na figura 2, podem-se observar estas características na tipologia do
alfabeto armorial.
FIGURA 2: Alfabeto Armorial
Fonte: Ferros do Cariri: Uma Heráldica Sertaneja (Ariano Suassuna, Recife: Guariba, 1974).
O escritor viu semelhanças entre as formas meio hieroglíficas dos ferros
sertanejos mais abstratos com alguns dos signos ligados à astrologia, ao zodíaco e
à alquimia, e acha que alguns dos primeiros fazendeiros podem ter escolhido para
seus ferros os símbolos astrológicos de seus signos e planetas pessoais. Os
desenhos dos ferros familiares vão se alterando no decorrer das gerações. Cada
filho que começa a criar gado vai acrescentando sobre a base imutável do ferro
familiar, chamada mesa, as suas diferenças, chamadas divisas, que podem ser um
91
risco para um dos lados, uma meia lua, um pé de galinha, etc. Em geral, o filho mais
novo fica com a marca igual à do pai quando este morre. O pai de Ariano, último
filho, tinha o mesmo ferro de seu avô e de seu bisavô. O escritor guarda como
“objetos sagrados” os ferros com os quais seu pai marcava pessoalmente seu gado
nas fazendas Acauhan e Malhada da Onça.
6.7.1 O Ferro dos Costas
Como em todo o interior do nordeste brasileiro, em Barcelona também há uma
tradição hereditária dos ferros de marcar boi. Para efeito de exemplificação, veja a
pertencente à família Costa:
No início do século XX, Vicente Tavares da Costa (03/08/1882 – 19/12/1962),
chegou às terras do que hoje é o município de Barcelona, vindo de Trapiá (município
de Sítio Novo/RN) e anteriormente do município de Santana do Matos/RN, onde
nasceu. Aquele que viria a ser o patriarca do ramo da família Costa em Barcelona,
Rio Grande do Norte, Brasil, era filho de Antônio Francisco da Costa (filho de
Quitéria da Costa) e da neta de portugueses Bemvinda Joventina Tavares da Costa
(filha de Luzia Tavares). Na época, os Tavares e os Assunção, de quem Bemvinda
descendia, eram duas das famílias mais respeitadas da região de Santana do Matos.
Os Tavares ainda têm parentesco com as famílias Barros, Silva e Alves de Santana
do Matos.
Em 1923, Vicente da Costa comprou seu primeiro pedaço de terra por 3 mil e
500 contos de réis em Barcelona o que, depois de sucessivas aquisições, chegou a
se constituir na Fazenda Flores. O trato com a terra têm, na família Costa, uma
tradição de mais de oito gerações.
Vicente Costa casou posteriormente com Maria Arcangela da Costa (26/09/1877
– 08/06/1967), natural de Barcelona e filha de Manuel Francisco de Sousa com
Emiliana Maria da Conceição. Eles tiveram os seguintes filhos: Maria Salustina,
Luzia, Francisca Áurea, Anita, Geraldina, Terezinha, Antônio, Adauto, Rita, Severina
e Ana.
Após a morte de Vicente Tavares da Costa em 1962, seu filho Adauto Tavares
da Costa (nascido na Fazenda Flores [Barcelona],10/12/1926) conseguiu depois de
algum tempo reconstituir a Fazenda Flores desmembrada durante a partilha da
herança. Ele se casou em 12 de julho de 1952 com Creuza Medeiros de Carvalho
92
Costa (nascida em Lagoa de Velhos/RN, 15/05/1933 e falecida em Barcelona em
21/07/1991) filha de Savaget Marinho de Carvalho e Alzira Medeiros de Carvalho
(06/12/1908 – 18/02/1976), e seguiu a tradição agrária familiar.
Durante toda a sua história, cada membro da família Costa possuía um ferro
pessoal, tradicionalmente, os menores de idade usam o ferro do pai. Por isso, podese ver a posse de um ferro pessoal como um sinal de autonomia. Na cultura
pecuária do sertão, ter ferro com a respectiva “marca”, isto é, o desenho que fica no
couro do gado, é ter gado. Além disso, o filho que recebe o ferro do pai tem
autonomia para fazer pequenas altercações na marca ou instituir uma outra
totalmente nova. Esses dois fatores acontecem de uma geração para a outra na
família Costa. Veja as marcas de Antônio Francisco da Costa, de seu filho Vicente
Tavares da Costa e de seu neto Adauto Tavares da Costa na figura 3.
FIGURA 3: Ferros de marcar bois
As marcas de Antônio Francisco da Costa, de seu filho Vicente Tavares da Costa e de seu neto Adauto Tavares
da Costa, respectivamente.
Se a prática da ferra ainda persiste em lugares onde se cria o gado solto no
pasto — no Brasil, especialmente no Nordeste e no Rio Grande do Sul — cada vez
há mais gente interessada em partir dessas referências visuais para fazer criações
contemporâneas. A marca do artista pernambucano Francisco Brennand é um tipo
de brasão de ferro.
Prática ancestral e rudimentar, a marca de ferro de certa forma é recriada
também nas tatuagens dos jovens das grandes cidades. Muitos deles estampam na
pele o nome de seu namorado(a), ou “proprietário(a)”. Se as relações amorosas ou
as convicções hoje costumam serem fugazes, pelo menos na pele elas sobrevivem.
Há quem reproduza marcas familiares em objetos pessoais. Usam, por exemplo, a
93
marca de ferrar que eram de seus antepassados como um timbre aplicado em suas
cartas e textos.
6.8
CORES E DESIGN
Por questões de identidade local, as cores usadas na revista virtual Barcelona:
verde, vermelho, cinza e marrom, além do branco, e seus degrades são
rigorosamente as cores da bandeira municipal de Barcelona. Mas poderiam ser as
cores predominantes da paisagem sertaneja. O design por sua vez foi esboçado
com a preocupação de não haver formas estranhas ao ambiente do sertão ou de
uso excessivamente cosmopolita.
94
7
NOBRE COMO CAMÕES – PEQUENO DICIONÁRIO DO
PORTUGUÊS ANTIGO FALADO EM BARCELONA. RN.
BRASIL
“O passado da língua conduz
imediatamente o espírito
em direção ao seu futuro”.
Emile Littré
(autor do Littré, o mais conceituado dicionário da língua francesa)
Quem fala em diálogo das culturas precisa de fato falar do principal instrumento
que existe para essa finalidade – a língua.
7.1
LINGÜÍSTICA
Lingüística é o estudo da linguagem, da gramática das diferentes línguas e da
história desses idiomas. Antes de Noam Chomsky (1928 -
) esse ramo da ciência
tinha vivido poucos avanços significativos. Para ser mais exato, dois. O primeiro foi a
criação da tradição clássica, originada no mundo grego, que perdurou até o final do
século 19. O segundo salto foi o estruturalismo, criado pelo lingüista suíço Ferdinand
de Saussure (1857-1913).
Na visão clássica, estudava-se uma língua só por meio dos textos escritos. Os
lingüistas rastreavam registros escritos, desde as línguas antigas (latim, grego,
aramaico) até alcançar o presente. Esse tipo de abordagem exigia estudiosos que
dominassem várias línguas, fazendo descrições de cada caso. Havia pouca
capacidade de generalização, ou seja, de transpor o conhecimento acumulado sobre
uma língua. Era uma abordagem enciclopédica, que considerava os registros
escritos como o ponto alto de um idioma.
No começo do século XX, era essa visão normativa, com separação clara do
que era certo e o que era errado, que dominava o estudo da língua. Quer dizer: o
que importava não era saber como funcionava a linguagem, e sim estabelecer e
perpetuar as formas tidas como corretas, socialmente prestigiadas. Como exemplo
95
os textos de Rui Barbosa, que até a metade do século passado, foram tidos como
um exemplo de português culto. Essa visão também influenciava o ensino. Na
escola, estudava-se a origem da língua, davam-se aulas de latim e sobre as
mudanças que ocorreram na língua mãe, até chegar à língua moderna culta.
Saussure inovou, comparando o aprendizado de uma língua a um jogo de
xadrez. Numa partida em curso, qualquer pessoa pode tomar o lugar de um dos
jogadores, porque as regras do jogo são poucas e bem conhecidas. Por isso, não
importa muito saber como o cavalo foi parar ali, ou como a torre foi perdida. O que
vale é saber que, dada a situação das peças e conhecidas as regras, a partida pode
seguir, agora manejada por alguém que chegou depois do início. Assim é o
aprendizado da língua, disse ele: ninguém tem que obrigatoriamente saber a história
da língua para falá-la e escrevê-la aqui e agora. O estruturalismo, como ficou
conhecida essa modalidade de estrutura da língua, foi tão bem recebido que se
expandiu para as outras áreas como, por exemplo, a antropologia. Para os adeptos
dessa visão, estudar uma língua é realçar as estruturas que a compõem e descrevêlas, sem ligar para a história que a trouxe do mundo primitivo até o presente. Sendo
assim, estava aberto o caminho para uma abordagem científica da linguagem,
porque não se tratava mais de caçar o certo e o errado, mas de tomar a língua como
um objeto. Com isso, caía por terra a suposta superioridade de uma língua sobre
outra.
Para Ferdinand Saussure a língua é um sistema arbitrário e convencional de
signos usados na comunicação. Para ele o estudo da língua pode ser de tipo
diacrônico (tendo como objetivo as mudanças e a evolução da língua) ou sincrônico
(observação do funcionamento das línguas em determinado momento, tratando-a
como um sistema temporariamente autônomo.
Essa mudança tinha motivações concretas. Uma delas era o contato cada vez
mais freqüente com línguas não oriundas nem do latim nem do grego. Com sua
postura etnocêntrica e escritocêntrica, um lingüista clássico, defrontado com uma
língua indígena puramente oral, sem registro escrito, nada podia fazer. Se ele
quisesse conhecer o modo de ser daquela cultura, seria preciso outra atitude: gravar
as falas dos índios, anotá-las e depois descrevê-las no maior detalhe possível. O
estruturalismo permitia essa revolucionária abordagem: não há aquela visão
normativa, de certo e errado, nem necessidade de recorrer à história para entender o
presente. A ênfase recai sobre a base empírica, sobre os dados de linguagem
96
verificáveis. Pela primeira vez, a língua ganha estatuto científico, com autonomia em
relação à moral, á cultura, aos bons costumes. O idioma morreria com o último
falante nativo. Anos depois Chomsky disse que com a perda de uma língua se perde
uma pista, talvez irrecuperável, para a solução do mistério da linguagem humana.
Para Noam Chomsky, a língua consiste numa série de regras ou princípios
abstratos presentes na mente dos falantes. Para Chomsky que filosoficamente tem
uma posição racionalista e antiempirista, os lingüistas não devem enfatizar a
observação do comportamento lingüístico (‘performance’ ou ‘desempenho’) e sim
explicar a capacidade humana para falar (‘competência’). Segundo ele, a aquisição
da linguagem só é possível graças a uma “faculdade (mental) para a linguagem”,
inata e universal na espécie humana, em outras palavras inscrita no DNA. Enquanto
para os estruturalistas a língua era algo externo ao homem, para ele o foco era a
capacidade inata da linguagem. A divergência quanto ao empirismo se deve ao fato
de que para os estruturalistas a tarefa do lingüista consiste em descrever as línguas
tal como se apresentam, na fala das pessoas ou nos textos. Para Chomsky, esse
caminho positivista é um beco sem saída, ou melhor, um caminho sem fim, pois
cada época, cada região e mesmo cada indivíduo sempre modificam um pouco a
língua, de maneira que o trabalho seria uma catalogação infinita.
7.2
LÍNGUAS EM EXTINÇÃO
“A cada duas semanas uma língua desaparece da Terra”.(NÓBREGA, 2002: p.
3) A idéia de que uma língua possa entrar em extinção parece mais distante do que
as crescentes ameaças à biodiversidade do planeta.
A fala humana é dinâmica. Vive um estado de permanente mudança, no qual as
fronteiras são tênues. Nessas mudanças, há muito de acidental e arbitrário. É por
isso que não existem línguas lógicas. Há ainda que se considerar dentre a variações
de uma língua, as variações diatópicas (espaço geográfico), diafásicas (modalidades
expressivas) e diastráticas (extratos socioculturais), além disso, ainda há as
diferenças etárias e geracionais.
Existem hoje cerca de 6 mil línguas em todo o mundo. Sem contar os dialetos,
caso contrário o número poderia ser arredondado para 10 mil. A estimativa é de que
90% delas estarão extintas em 2100. Ou seja, 5.500 línguas vão morrer neste século
97
(fonte: The Power of Babel – A Natural History of Language, de John McWhorter,
Times Book, 2001). Imagine então, o que será das palavras arcaicas usadas no
sertão do nordeste brasileiro frente a essas perspectivas? Corre-se o risco de perder
boa parte da fascinante riqueza alcançada pela linguagem humana.
Na Idade Média, o português era falado com o uso de apenas 15.000 palavras.
Umas palavras resistem, outras caem em desuso. Língua também é uma questão de
moda. As pessoas tendem a escolher as palavras mais bonitas do momento. Como
é o caso de “cristaleira” que foi substituído pela “arca” e do “corpete” que perdeu
lugar para o “sutien”. Mas nenhum dicionário, nem o Houaiss que tem 228.500
verbetes (para efeito de comparação o Aurélio tem 160.000), pode se gabar de ter
abraçado todas as palavras do idioma. Por isso, permanecerá sempre aberto a
inclusões de novos vocábulos.
7.2.1 Estrangeirismos
Muito se tem discutido, inclusive no Congresso Nacional, sobre a correta
utilização da língua portuguesa. De um lado estão os puristas que abominam o uso
recorrente de palavras estrangeiras quando há equivalentes em português, como é o
caso do "delete" que apesar de ser uma palavra de origem latina no vocabulário
anglo-saxão, tem seu uso privilegiado em detrimento do "apagar". Do outro lado
estão os mais liberais que acham que o importante é ser compreendido e aceitam a
introdução de termos estrangeiros e lembram que a nossa língua portuguesa já é um
caldeirão de culturas há muito tempo. É só lembrar de termos como “abajur” (do
francês, abatjour) e “chau” (do italiano, ciao).
É preciso dizer que é possível se chegar um consenso, bastando apenas que os
dois lados abandonem a intransigência. Vejamos, no Brasil parece que muitos
termos estrangeiros não são usados de forma subserviente, mas sim para
especificar melhor uma situação. Em Portugal chama-se o mouse do computador de
rato (que é a tradução literal do termo inglês). Se alguém está em um computador e
outra diz "pegue o rato!", não se saberá se quem deve ser pego é o mouse ou um
rato que vai passando naquele instante. No Brasil, ao contrário, cada um saberá
perfeitamente sobre o que estão falando.
Talvez fosse o caso de seguir o exemplo dado pela Islândia. Os islandeses
devem ser o único povo moderno com capacidade para se comunicar fluentemente
98
com seus ancestrais de mil anos atrás: a língua islandesa permanece a mesma
desde que se separou do nórdico antigo. Para proteger sua língua da contaminação
de palavras estrangeiras, há uma comissão acadêmica que propõe - e os cidadãos
adotam a criação de palavras islandesas para os novos conceitos tecnológicos.
Assim, "telefone" tornou-se sími em islandês - um termo antigo para designar fio.
Televisão é sjónvarp, algo como "lançador de imagens". Rádio é útvarp ou
literalmente “radiodifusão”,
computador é tölva, isto é, um trocadilho com tala
(número) e völva que significa “adivinho”. Software é hugbúnaður ou literalmente
“equipamento de raciocinar”. Dentro dessa ótica, veja o que ocorreu com o vocábulo
sertanejo ombreira: No passado era assim que se chamavam os atuais cabides.
Hoje ninguém mais, à exceção de alguns sertanejos cultores de arcaísmos, usam
essa palavra nesse sentido. Para o homem moderno, ombreiras atualmente são as
partes complementares feitas de espuma de muitas roupas, como os ternos, por
exemplo, usadas para realçar os ombros.
Com o passar da moda, a palavra
possivelmente cairá no esquecimento, mas poderá ser outra vez reutilizada no futuro
se alguém
inventar, por exemplo, algum equipamento para secar ou guardar
roupas.
É importante dizer que o islandês é a língua mais próxima do nórdico antigo, é
semelhante à linguagem usada pelos antigos vikings, mais próxima do inglês arcaico
(incompreensível para quem fala o inglês do século XX) do que das modernas
línguas escandinavas como o sueco, o dinamarquês ou o norueguês. Seu alfabeto
mantém duas letras rúnicas que ninguém mais usa. É o único que ainda utiliza duas
letras medievais, o edh (D,d) e o thorn (P,p). A lei exige que os islandeses adotem
nomes tradicionais. É uma sociedade enraizada no arcaico, sem deixar de ser um
país moderno. Para que a diversidade seja tolerada, no mundo moderno, é preciso
antes de tudo que ela exista. Infelizmente até o ano 2199, segundo cálculos do
Projeto Rosetta (http://www.rosettaproject.org), prevê-se que 50 a 90% de todos as
línguas terão desaparecido. Há casos extremos de línguas africanas ou indígenas
das Américas que só são conhecidas por três, dois ou apenas um falante. Elas
foram arrastadas pelo ralo da história para o esquecimento pela força das línguas
dos colonizadores europeus.
O uso da língua apresenta implicações políticas importantes. Ele pode ser um
elemento de identidade ou caracterização étnica, ou um indicador de vínculo do
indivíduo a alguma classe ou grupo social, como se depreende no caso do emprego
99
de dialetos ou jargões específicos. A distinção entre as várias línguas geralmente
não está baseada em critérios puramente lingüísticos, e depende de fatores sociais,
históricos e até mesmo políticos-administrativos. Por exemplo, mesmo as línguaspadrão de muitos países, por vezes, apresentam apenas pequenas diferenças
dialetais: o dinamarquês, o sueco e o norueguês, por exemplo, são facilmente
compreensíveis para os falantes de qualquer um desses idiomas. Por isso, é
costume dizer que o que levou as línguas escandinavas, a exemplo de outras coirmãs, a serem consideradas “línguas” e não “dialetos” ou poder-se-ia dizer...
”regionalismos” de uma língua comum foi o fato delas terem sido “assessoradas” por
um exército. Veja a seguir, na tabela 2, exemplos da grande similaridade em
algumas línguas germânicas por meio dos vocábulos dia, neve e peixe
necessariamente nessa ordem.
TABELA 2: A Similaridade de vocábulos em línguas germânicas
ISLANDÊS
DINAMARQUÊS
INGLÊS
ALEMÃO
Dagur
dag
day
Tag
Snjór
sne
snow
Schnee
Fiskur
fisk
fish
Fisch
Fonte: Icelandic, what kind of language is that? (autor: Helmut Lugmayr, Nýjar Víddir, Reykjavik, 2000)
Por isso tudo, é preciso fomentar o estudo da língua portuguesa e a salvaguarda
de suas peculiaridades regionais e sociais, tanto na sua expressão tradicional
quanto nas formas atuais de expressão. Isto é, criar uma personalidade, uma
maneira de ver o mundo e de apresentá-lo aos leitores.
7.3
LÍNGUA PORTUGUESA, UMA FILHA DO LATIM
A língua portuguesa teve sua origem no latim vulgar, ou seja, popular, e se
desenvolveu na região da Lusitânia (atual Portugal e região espanhola da Galícia) a
partir do final do século III a.C. Nesta época, o Império Romano conquista a região e
institui o latim como língua oficial, o que, na interação com a língua local, dá início ao
processo de formação do português. A ocupação romana durou do século II a.C. ao
século V d.C. Posteriormente, o português sofre influência de outros povos que
100
invadem a Península Ibérica: os bárbaros, no século V, e os árabes, no século VIII.
A expulsão dos árabes, no século XII, leva à criação do reino independente de
Portugal. Com a expansão marítima portuguesa, entre os séculos XV e XVI, o idioma
se espalha por várias regiões da África, Ásia e América e recebe influência dos
dialetos locais.
7.4
GALEGO-PORTUGUÊS, A AURORA DE NOSSA LÍNGUA
Na região onde foi fundada e reconhecida (1143) a monarquia portuguesa pelo
rei D. Afonso Henriques, falava-se o dialeto galeziano, ou galego-português,
expressão lingüística comum á Galícia e a Portugal. No entanto, à medida que
Portugal estendia seus domínios para o sul, estabelecendo seus limites atuais, e
absorvendo os falares ou romances que aí existiam, iam se processando as
diferenciações lingüísticas, entre o falar dos galegos, que permaneceu estacionário,
e o falar dos portugueses, que evoluiu a ponto de tornar-se independente do galego.
Cindiu-se, então, a expressão galego-português em duas línguas diferentes: o
galego e o português que continuou sua evolução, tornando-se a língua de uma
nacionalidade.
Ainda hoje a língua galega e a portuguesa estão bem próximas. Veja estes
versos em galego:
“Quen, se eu clamase, me escoitaria dende os ordes
anxélicos? e ainda mesmo, se un deles
me tomase supetamente no seu corazón: eu esmorecería
pólo seu mais forte existir. Pois o belo non é mais
que o comezo do terrible, que ainda podemos soportar,
e admirámolo tanto na medida en que, tranquilo,
desdeña destruir-nos. Todo anxo é terrible.”
Assim começa a primeira das “Elexías de Duino” (Elegias de Duino), de Rainer
Maria Rilke, em tradução de Jaime Santoro para a língua galega (Edicións Espiral
Maior, A Coruña, 1995). Depois de décadas de repressão ordenada por Francisco
Franco Bahamonde (“Caudillo de España por la Grácia de Diós”) que instituiu em
toda a Espanha o uso exclusivo do castelhano a fim de apresentar seu país como
mais unitário do que realmente era; o galego, à exemplo do que aconteceu com o
catalão, tem se reafirmado como uma língua viva. Pelas livrarias da Galícia há cada
vez mais obras literárias em galego. Para o poeta e tradutor Nelson Ascher:
101
Essa é uma das estratégias às quais os idiomas ditos ´menores´ e
ameaçados de extinção recorrem para sobreviver: ampliar sua
literatura através da atividade tradutória. Graças a isso, os falantes
de português estão sendo presenteados com todo um acervo literário
que mesmo se não souberem qual é, podem ler e entender
perfeitamente. (ASCHER, 2002, p. 2).
7.4.1 Português Arcaico
A história do português abrange o período arcaico que vai do século XII até o
século XVI, e um período moderno, do século XVI em diante, quando surgem as
primeiras gramáticas. É importante ressaltar que durante esse período arcaico o
galego e o português ainda não se diferenciam. Por exemplo, a frase “hemos chus
drento en no sertão” é em português arcaico e quer dizer “vamos mais fundo pro
sertão”. Um lema, da época dos primeiros desbravadores em terras brasileiras.
No século XII aparece o primeiro texto inteiramente redigido em português. É a
“Cantiga da Ribeirinha”, poesia escrita por Paio Soares de Taveirós dedicada à D.
Maria Paes Ribeiro, a Ribeirinha. A eminente filóloga Carolina Michaelis de
Vasconcelos datou este primeiro documento da língua portuguesa de 1189. A partir
de então aparecem textos em poesia e, mais tarde, em prosa. Pode-se conhecer o
Português Arcaico através das poesias trovadorescas que estão reunidas em
“Cancioneiros” e, ainda, na prosa de cronistas como Fernão Lopes, Gomes Eanes
Zurara e Rui de Pina.
Em 1290, D. Dinis, o Rei Trovador, torna obrigatório o uso da língua portuguesa,
e funda, a primeira universidade, em Coimbra.
7.5
PORTUGUÊS DO BRASIL
O Brasil é o único país de língua portuguesa na América. O português falado no
Brasil colonial não sofreu as mudanças de pronúncia ocorridas no português da
metrópole portuguesa no século XVIII. Logo, os descobridores falavam uma língua
muito mais parecida com o português do Brasil do que com o português atual de
Portugal. Mas por engano ou ignorância, sempre que um cineasta ou um diretor de
TV brasileiro escala um ator para representar Pedro Álvares Cabral, se aconselha ao
102
ator que ele procure imitar o sotaque português. Um esforço constrangedor e
desnecessário, além de historicamente errado, diga-se de passagem.
Mesmo conservando o português de 1500, a língua portuguesa no Brasil foi
bastante influenciada pelas línguas indígenas, africanas e de imigrantes de outras
partes da Europa. Isso explica a presença de pronuncias regionais tão distintas,
como a do nordestino, a do mineiro, gaúcho e a do carioca, além das variações
superficiais no vocabulário. Apesar dessas diferenças, a língua portuguesa no Brasil
conserva a sua uniformidade em todo o território nacional. No entanto, pode-se
supor o que teria acontecido caso a corte portuguesa não tivesse vindo ao Brasil.
Para Ataliba de Castilho, professor de Filologia e Língua Portuguesa na USP, até
mesmo o sotaque dos cariocas não existiria se a corte portuguesa não chegasse ao
Brasil no século XIX: “É claro que o desembarque de 15.000 pessoas no Rio de
Janeiro mudou o jeito de falar da maioria da população. Como dava mais prestígio
falar como os fidalgos portugueses, a população do Rio de Janeiro foi assimilando
todos os chiados que hoje distinguem o típico falar dos cariocas” (2002: p. 32). Ele
diz que sem a vinda da corte, provavelmente não haveria muitas diferenças entre o
falar de um surfista carioca de um cantor de dupla sertaneja do interior de São
Paulo.
7.6
LÍNGUA, DIALETOS E REGIONALISMOS
Segundo os lingüistas, não há dialetos, isto é variantes idiomáticas, no Brasil e
sim regionalismos. São as diferenças que existem entre o português falado nas
diferentes regiões brasileiras. Na Alemanha, por exemplo, bem como em muitos
paises europeus, as diferenças de região são mais profundas: palavras mudam
drasticamente de forma e de gênero, há substantivos que só existem em um dialeto
particular. Às vezes dois dialetos de uma mesma língua são tão diferentes que ao
conversarem em seus dialetos puros, duas pessoas necessitariam de tradutor.
O dialeto não se escreve, só se fala. Ainda assim, existem alguns livros escritos
em dialeto, como forma de se preservar a tradição de certas regiões. Outro aspecto
interessante consiste no fato de que em muitos países ricos em dialetos, as crianças
têm dificuldades ao começar a freqüentar a escola, pois têm de aprender a língua
padrão depois de terem passado os primeiros anos de suas vidas ouvindo e falando
103
só em dialeto. Além disso, governos totalitários têm, ao longo da história, reprimido o
uso de dialetos como uma das formas de impedir o surgimento de aspirações por
autonomia em certas regiões.
Assim como os dialetos, os regionalismos lingüísticos representam a riqueza
cultural de um povo e devem ser preservados seja através da compilação para evitar
que se percam no tempo ou através da difusão. Mais que sinônimos para palavras
do português padrão, eles representam a maneira local de ver o mundo. A última
resistência contra o nivelamento dos costumes e a uniformidade das culturas.
Em alguns países, há muitas pessoas que por vergonha hesitam falar em
dialeto, pois onde se discriminam sotaques, imagine então falar dialeto em vez da
língua padrão! O mesmo ocorre com os regionalismos no Brasil. Além disso, os
termos de uso exclusivamente regionais e orais são vistos como pitoresco, usados
por pessoas não escolarizadas ou cômicos. Este último é bem exemplificado pela
piada sobre como se pode saber a origem de um assaltante em São Paulo. Se o
ladrão disser “ – Mãos pra riba, não se bula!” ele é nordestino. Na verdade, cedendo
à tentação dos estereótipos, as mesmas pessoas que acham o regionalismo
nordestino constrangedor, muitos deles os próprios nordestinos, são as que acham o
“r” acentuado e o “tchê” do gaúcho um charme. Logo, o estereótipo socioeconômico
se reflete no idioma. E isso não ocorre só no Brasil, na Itália, por exemplo, o norte
desenvolvido discrimina os italianos e os dialetos do sul menos desenvolvido; na
Alemanha é difícil para um alemão do leste (dos estados que outrora faziam parte da
comunista República Democrática Alemã) arranjar emprego como atendente de
telemarketing no oeste porque o sotaque do leste soa “pobre” aos ouvidos alemães.
Isso prova que o valor de um idioma, dialeto ou regionalismo nunca está dissociado
do apêndice econômico e que em um Brasil sem dialetos, os regionalismos
assumem o posto discriminatório que em outros países está reservado aos dialetos.
Desse modo, há a redução do número de falantes dos regionalismos. A situação é
agravada pela ausência de mecanismos de preservação, como os registros escritos
e a perda de prestígio. Neste último caso, chamado de transferência lingüística, os
falantes de palavras e expressões de menor representatividade substituem-nas por
uma outra dominante econômica e socialmente, com isso os regionalismos de
regiões mais pobres correm sério risco de extinção, já que sem eles (regionalismos e
dialetos) a cultura de um povo que ocupa um certo espaço sócio-geográfico se
104
descaracteriza. Há uma considerável desvalorização, esquecimento e por fim a
perda de identidade.
7.7
INVESTIMENTO E XENOFOBIA
Ironicamente, muitos dos países interessados em preservar suas línguas
nativas, dialetos e regionalismos, são aqueles acusados de querer impor sua cultura
aos países não desenvolvidos e de não respeitar as culturas locais enquanto que
nos países menos desenvolvidos, adesistas da cultura da vitimização, pouco fazem
para preservar seu patrimônio cultural, no nosso caso lingüístico, alegando que há
outras prioridades mais urgentes como se a cultura fosse um valor menor. Já o
sociólogo francês Pierre Bourdieu (2002: 47) nos mostrou que isso não é bem assim,
para
ele
o
capital
cultural
(diplomas,
conhecimentos,
códigos
culturais,
características lingüísticas, bons modos), o capital social (relacionamentos e redes
sociais) e o capital simbólico (reconhecimento) são recursos tão úteis quanto o
capital econômico (bens financeiros, patrimônio) na determinação e na reprodução
das posições sociais. A distribuição desigual do capital justifica as diferenças de
estratégia conduzida por cada ator social: como ele apreende as situações e se
acomoda a elas, ou como ele se exclui.
O que o governo desses países menos desenvolvidos não enxergam, ou fingem
não enxergar, é que a situação de subdesenvolvimento é um ciclo vicioso, não há
como desenvolver sem educação, cuja ausência contribui para um estado de letargia
socioeconômica: dificuldades em identificar problemas e apontar soluções e um
“desânimo” por resolvê-los. Em se tratando do sertão nordestino, para o prof. Dr.
Arnon Alberto Mascarenhas de Andrade (ANDRADE apud COSTA. p. 6) “temos, por
exemplo, toda uma geração que é suicida, que está destruindo nossas
potencialidades e que não conhece o semi-árido”.
Os países ricos, em sua maioria, vêem a própria cultura popular não de uma
forma envergonhada, mas com orgulho e a usam como base para outras realizações
modernas. Um exemplo disso é o rock and roll americano. O que é hoje um
fenômeno de massa mundial veio de ritmos da cultura popular dos Estados Unidos,
como o jazz e o country.
105
A lista de países desenvolvidos atentos às suas peculiaridades culturais é
imensa, Estados Unidos, França, Canadá, Reino Unido e etc. Sobre este último,
basta citar o culto britânico e mundial às realizações literárias de J. R. R. Tolkien,
autor do clássico “O senhor dos anéis” (The lord of the rings,1954), onde o autor cria
um mundo imaginário nos mínimos detalhes chegando inclusive a inventar línguas,
porém não só a narrativa como também as línguas foram baseadas no rico folclore e
nos idiomas anglo-saxões da antiga Inglaterra. Da mesma forma, é interessante
pensar que é possível fazer coisa semelhante tendo por base a cultura africana,
norueguesa, esquimó, chinesa e a brasileira, neste caso específico a sertaneja.
Outro desses países que demonstram preocupação com a suas peculiaridades
culturais é o Canadá.
Para muitos há um antigo mistério: o que é cultura canadense? Há quem diga
que é “principalmente americana”. Algumas pessoas acham que a “cultura
canadense” é um oximoro, mesmo admitindo que não sabem nada sobre a cultura
do Canadá. Na verdade, esse país que tem uma das mais altas qualidades de vida
do mundo e uma longa tradição de democracia e respeito pelo ser humano, vive a
dualidade de conviver entre duas culturas, à francesa e a inglesa. Por assim ser, o
governo
do
Canadá
mantém
o
Languages
Commissioner
of
the
N.W.T
(Comissariado das Línguas dos Territórios do Noroeste) na cidade de Yellowknife.
Trata-se de uma instituição do governo encarregada de preservar, fazer respeitar e
difundir as línguas nativas dessa região canadense, muitas das quais com um
número reduzidíssimo de falantes. Há a consciência de integrar e respeitar os
direitos dos povos originários do próprio país. Muito diferente do Marques de Pombal
que no século XVIII fez o que esteve ao seu alcance para que o tupi, guarani e as
outras milhares de línguas nativas brasileiras fossem silenciadas pela supremacia
do português. Porém, é importante não confundir ações como as do Languages
Commissioner com as do governo de outra província canadense, o Québec, de
expressão francesa que não satisfeito com a já ampla autonomia, pratica iniciativas
claramente xenófobas e separatistas. Onde se chega ao cúmulo de fiscais do
governo provincial e das cidades saírem às ruas para multar os letreiros que não
estiverem em francês, como uma polícia lingüística. Iniciativas como essas copiadas
em boa parte do mundo, inclusive em projetos em tramitação no nosso Congresso
Nacional, são demagógicas, nacionalistas e populistas e não devem ser confundidas
como o respeito à cultura das minorias, sejam elas étnicas ou culturais.
106
7.8
REGIONALISMO PASTICHE
Recentemente virou moda editar dicionários de regionalismos como o dicionário
de “gauchês” ou de “baianês”, este último é de grande valia, segundo os micos do
showbiz, para os turistas que pretendem desfrutar o carnaval de Salvador. O que
leva a alguém reunir palavras em um dicionário, por menor que seja? O afã pelo
pitoresco, o apreço pelo viés cômico das palavras ou a vontade de se sentir uma
espécie de Aurélio Buarque de Holanda ou Antonio Houaiss em escala tribal? No
Rio Grande do Norte, só para citar dois casos há o “Papo–Jerimum: Dicionário
rimado de termos populares” (Cleudo Alves Freire. Natal: Editora Sebo Vermelho. Nº
50. 2002. Coleção João Nicodemos de Lima) e o Dicionário de Matutês.
Pouquíssimos
são
os
dicionários
de
regionalismo
que
merecem
alguma
consideração, seja por falta de critérios, de apuro científico dos compiladores em
precisar as diferentes acepções (significados adicionais além da definição principal
de cada verbete) dos vocábulos, a etimologia, origem cronológica dos termos e a
citação de fontes bibliográficas; ou seja, pela eternização de antigos preconceitos,
estereótipos e pela preferência, como fins sensacionalistas, por incluir na obra
grande número de palavras de baixo calão (palavrões) em detrimento de outras
palavras realmente relevantes e curiosas.
7.9
PORTUGUÊS ANTIGO DE BARCELONA
No site da revista virtual Barcelona o link Idioma dá acesso ao Nobre como
Camões – Pequeno dicionário do português antigo falado em Barcelona (vide anexo
3) onde há o registro de vocábulos arcaicos, que se encontram em processo de
arcaizamento ou em desuso, por isso é que o subtítulo da compilação virtual faz
referência ao português “antigo” e não ao “arcaico”, uma vez que os vocábulos
arcaicos não constituem a totalidade da obra, mas sim uma parte importante. Além
disso, é importante dizer que além dos vocábulos usados no século XII até o século
XVI, e um período moderno, do século XVI em diante, um vocábulo também é
chamado de arcaico quando ele pertence à data remota em relação àquela em que
se emprega, isto é, são palavras antigas, em desuso ou praticamente sem uso na
107
época presente. Mesmo assim, há palavras que podem ter sido consideradas
arcaicas no século XIX e estarem em pleno uso nos dias de hoje. Esse é um grande
exemplo do velho chavão que diz que a língua é um organismo vivo.
A compilação dos vocábulos é um processo difícil porque é preciso estudar o
português arcaico, uma língua que não existe mais. Saber a pronuncia é quase
impossível já que não havia gravadores de voz na época. Para o desenvolvimento
da pesquisa foram utilizados recursos do estudo da lingüística histórica ou
diacrônica, esse estudo tem o objetivo de determinar a estrutura de dois ou mais
estados de língua cronologicamente distintos, com o intuito de, ao compará-los,
determinar os princípios que presidiram ao trânsito de um estado para o outro. Bem
como foram observados recursos da lexicografia, que é o estudo metódico das
palavras do léxico de uma língua, suas definições, origem, uso etc., aplicação
desses conhecimentos na elaboração de dicionários. Depois ainda foi feito, quando
possível, a comparação do vocábulo original do século XVI, com o que é falado em
Barcelona e regiões vizinhas. Todavia, no percurso em que o vocábulo vai desse
século até hoje, há ainda que se considerar acréscimos ou supressão de sílabas e
modificações na pronúncia feitas por influências regionalistas.
Longe de ser o registro de uma língua moribunda, há no vocabulário regionalista
a constatação de realeza do português falado no sertão do nordeste brasileiro. Os
que são hoje resistências do português arcaico chegaram junto com os
colonizadores e foram preservadas pelas populações rurais e incultas do sertão
brasileiro. Imune aos modismos e à subserviência cultural das metrópoles, eles
conservaram o falar português da Idade Média. Muitas destas expressões, inclusive,
foram usadas por Luis de Camões, Padre Antônio Vieira e Gil Vicente em suas
obras. Os traços desse português medieval, isto é, arcaico, foram preservados no
interior do nordeste graças à dificuldade de acesso à região. Isolados em fazendas,
os colonos e seus descendentes ficaram imunes às novas levas de portugueses que
apareciam no litoral, trazendo uma língua renovada. Porém nem todo erro é fruto do
uso do português arcaico.
Os vocábulos foram recolhidos através do contato informal com os habitantes do
município de Barcelona que têm em comum o seguinte perfil: são pobres, têm pouca
ou nenhuma instrução formal (para que a escolarização e, em alguns casos, os
preconceitos desta com a cultura popular não pudessem influenciar a sua
linguagem) e idosos porque estes são os que estão menos influenciados pelos
108
modismos e pela indústria cultural. As acepções, isto é, os diferentes significados no
“Nobre como Camões” foram dadas pelos próprios fornecedores dos vocábulos,
porém checadas e complementadas pelo autor.
Muitos dos costumes e do vocabulário do sertão evocam muito a Europa Ibérica,
sobretudo a camponesa e medieval. Nem todos os termos usados no nordeste
brasileiro são utilizados em Barcelona. Muitas das palavras usadas, inclusive, têm
seu sentido completamente diferente daquelas empregadas em outros Estados e até
cidades próximas. No dicionário constam tanto às acepções (significados adicionais
que o dicionário fornece além da definição principal de cada verbete), quanto à
etimologia (origem das palavras) da maioria delas, curiosidades sobre alguns
vocábulos, expressões e referências bibliográficas baseadas em grandes obras de
literatura portuguesa, regionalista brasileira e folhetos de cordel. Como por exemplo:
Tornar: 1.recorrer, 2.voltar (ex.: ele desmaiou, mas já tornou). O termo vem do
português arcaico e está presente na "Lenda do Rei Lear" (século XIII ou XIV)
do "Nobiliário" ou "Livro das Linhagens" do conde D. Pedro, Portugal "(...) e ouve
a tornar aa merçee d'ell-rrey de França(...)". O termo também é encontrado em
"Memorial do Convento" (1982) do escritor português contemporâneo José
Saramago "(...) agora que chegou de terras holandesas, vai tornar a Coimbra,
um homem que pode ser grande voador, (...)". O termo também é encontrado no
cordel O Pavão Misterioso " Viu a filha desmaiada,/Não pôde falar com ela,/Até
que a moça tornou,"
Adeus: o termo vem de "a", preposição + "Deus") antes que a TV e o rádio
chegassem ao sertão com a força de hoje. Era assim que as pessoas se
despediam no sertão (o termo "chau" [pronuncia-se "txao"; não existe a escrita
"tchau"] vem da palavra italiana "ciao". Ela se originou em Milão e chegou a
Roma em 1925. Usa-se chau nas despedidas, os italianos usam o termo tanto
nas despedidas quanto nas chegadas). Ver chau.
Durante a compilação dos verbetes, tentou-se orientar pelos pelos conselhos de
Noah Webster (1758 – 1843), lexicógrafo americano, sobre quais devem ser os
critérios fundamentais para separar as palavras passivas ou não de serem
dicionarizáveis.
109
a)
A linguagem muda constantemente;
b)
A mudança é normal;
c)
A linguagem falada é a linguagem;
d)
O que define a correção é o uso;
e)
Todo uso é relativo.
Tendo em vista a democratização da informação, foi decidido que o dicionário
seria publicado na Internet porque, do contrário, se fosse impresso, só um pequeno
público leitor no Rio Grande do Norte, que pode comprar livros, teria acesso à obra.
O pequeno dicionário do português antigo falado em Barcelona pretende ser um
banco de dados digital, já disponível na Internet, como obra de referência do
vocabulário antigo da língua portuguesa falado no sertão nordestino, dos termos
mais difundidos aos ameaçados de extinção. E é útil não só a quem se interessa
pela linguagem do sertão, mas também para quem, por exemplo, não entendeu uma
palavra falada por um sertanejo numa conversa informal, seja ele um habitante do
litoral ou do centro-sul do país – Quem nunca se deparou com isso? Só que quem
for consultar o dicionário vê-se que aquele sertanejo não é um “matuto”, que não
sabe falar português, mas usuário de termos também usados por reis portugueses
como dom Duarte e dom Diniz, tão nobre quanto Camões.
7.10 POR QUE ALGUMAS PALAVRAS SE TORNAM ARCAICAS?
A língua padrão é viva e desde que esteja sendo usada por um povo (não é o
caso do latim, do eslavo ou do nórdico antigo) ela permanece em constante mutação
e evolução pelos seus usuários. As pessoas sentem necessidade de adaptar
constantemente seu vocabulário aos novos tempos, novas tecnologias, novas
modas, novas profissões, etc. As palavras desprezadas são as arcaicas. Alguns
fatores que determinam a arcaização das palavras:
a) O desaparecimento das instituições, costumes e objetos a que elas faziam
referência;
b) O surgimento de sinônimos que passam a ser preferidos;
c) A degradação de sentido, isto é, certas palavras assumem uma carga
semântica pejorativa, o que faz com que sejam evitadas;
110
d) Os neologismos;
e) Os eufemismos.
7.11 MAS, PARA ONDE VÃO OS VOCÁBULOS ARCAICOS?
A rigor, para lugar nenhum. Simplesmente eles caem em desuso, mas estão
sempre presentes. Seja na memória de idosos, em antigas edições de obras
literárias, nas letras de antigas modinhas, em documentos oficiais nos arquivos e até
nas cartas de amor que nosso avô enviou a nossa avó.
Um arcaísmo pode estar perfeitamente registrado num importante dicionário,
como o Aurélio ou o Houaiss. Mas elas não são usadas comumente na língua culta.
O povo, porém, as conserva e as utiliza.
No dicionário há termos do português arcaico e expressões regionalistas usadas
em Barcelona. Inclui erros gramaticais (entenda-se aqui os aceitos pelo uso).
Também não foram corrigidas concordâncias nominais e verbais ou omissões de
sílabas e letras. O vocabulário sertanejo, de modo geral, é especial. Nele um filólogo
é capaz de perceber verdadeiros "artefatos de arqueologia lingüística", que não
chegam a ser fósseis porque são mantidos vivos no dia-a-dia. Mas muitas delas já
foram extintas ou estão em vias de extinção devido à difusão dos programas de
rádio e de televisão vindos de outras regiões do país. Por isso, durante a pesquisa
foram constatados dois tipos de arcaísmo: léxico e semântico. Os arcaísmos léxicos
são palavras que deixaram de ser usadas porque se tornaram desnecessárias ou
por que foram substituídas por sinônimos de formação variada, por exemplo,
“ombreira” substituída por outra pretensamente mais elegante “cabide” e “camiseiro”
pela mais genérica “guarda-roupas”. Os arcaísmos semânticos são os vocábulos
que hoje apresentam uma significação diversa daquela que ostentavam no passado.
Por exemplo “moda”, usada hoje quando se quer referir a um uso passageiro que
regula a forma de vestir, calçar e pentear, pode ser usada por pessoas em
Barcelona e em muitas outras pequenas cidades do nordeste para se referir à
cantiga, música e modinha.
111
7.12 PARA QUE SERVEM OS ARCAÍSMOS?
Como já foi citado no caso islandês, poderíamos utilizar os arcaísmos como um
“banco” no qual poderíamos recorrer para “sacar” palavras sempre que fosse
necessário para substituir vocábulos, desnecessariamente, incorporados a nossa
língua nativa. Nesse caso, a substituição poderia ser feita de duas formas:
a) Substituindo um termo estrangeiro pelo outro, simplesmente traduzindo-o;
b) Substituindo um termo estrangeiro por um vocábulo arcaico (em desuso) em
vez de traduzi-lo pelo seu correspondente moderno a fim de evitar confusões.
Por exemplo, o termo mouse que numa tradução literal do inglês significa
“camundongo”, mas neste caso se refere ao dispositivo de informática. Como
já foi dito, se traduzimos pela tradução literal como têm feito os portugueses,
corre-se o risco de não saber “exatamente” sobre o que nosso interlocutor se
refere. Porém, se encontrarmos um vocábulo arcaico da nossa língua para
substituir o mouse, além de não pecar por falta de exatidão, estaremos
fazendo uso de nossa própria língua num diálogo com o passado.
Como é possível que costumes antigos nos abram portas para mundos mentais
tão distantes no tempo? Não precisamos abandonar nossas raízes culturais para
sermos modernos. E foi justamente isso que nossa revista virtual quis mostrar ao
unir elementos da cultura sertaneja local, do Movimento Armorial e a Internet.
Os regionalismos do nordeste formarão um dialeto e posteriormente uma nova
língua? É impossível dizer isso hoje, pois o português é falado no Brasil há apenas
pouco mais de 500 anos. Qualquer afirmação nesse sentido é inconclusiva e
precipitada. Porém tendo em vista o que ocorreu com o latim vulgar a ser levado de
Roma e difundido pelas legiões romanas através da Europa e por ultimo se separou
da língua como galego-português. Quem garante que os séculos não trarão uma
nova secessão?
112
8
CONCLUSÕES
A pesquisa mostrou que é possível, graças às novas tecnologias, se ter um
veículo de comunicação a baixo custo por menor que um município seja, neste caso,
Barcelona.
No processo de criação da revista foram, na medida do possível, respeitadas as
particularidades culturais dos habitantes do município. Para isso, optou-se por ter o
Movimento Armorial como aporte teórico.
Através da revista virtual Barcelona, é possível tanto informar jornalisticamente o
município quanto usar seu banco de dados para preservar a memória local e ter
seus arquivos utilizados como material didático em sala de aula por estudantes do
município, no qual eles de uma forma prática e na versão on-line, ou na ausência
desta, impressa; podem estudar a própria realidade e o meio que as certas. Além
disso, o professor terá um material em constante atualização.
Para os habitantes do município que moram de outras partes do país a revista
através não só de suas informações como de seus recursos interativos pode servir
como um ponto virtual de referência.
113
REFERÊNCIAS
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COMPTON´S interative encyclopedia. EUA: Compton´s Home Library. 1997. CD –
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Adauto da Costa Filho
Adauto Tavares da Costa
Célia Rocha Barreto
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VAQUEJADA – A derrubada do boi. Galante. Volume II. Nº 23. Natal: Scriptorin
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136
ANEXOS
ANEXO 1 – PÁGINA INICIAL DO SITE
137
ANEXO 2 – LINKS QUE CONSTAM NA REVISTA VIRTUAL
BARCELONA
PÁGINA INICIAL
Na parte de cima da página inicial do site há o nome da revista “Barcelona”,
grafado em caracteres muito peculiares. Aquelas letras fazem parte do alfabeto
sertanejo, desenvolvido pelo escritor Ariano Suassuna. Para desenhar cada tipo
gráfico o escritor se baseou nos ferros de marcar bois do sertão. Marcar a ferro
quente no corpo do boi um signo de seu dono é uma prática de mais de 4.000 anos
e de quase 500 no Brasil.
Os ferros constituem uma verdadeira heráldica. Os desenhos dos ferros
familiares vão se alterando no decorrer das gerações. Cada filho que começa a criar
gado vai acrescentando sobre a base imutável do ferro familiar, chamada mesa, as
suas diferenças, chamadas divisas, que podem ser um risco para um dos lados, uma
meia lua, um pé de galinha, etc. Em geral, o filho mais novo fica com a marca igual à
do pai quando este morre.
As cores presentes na página inicial do site obedecem rigorosamente às da
bandeira do município de Barcelona, a qual pode-se ver logo no início.
EDITORIAL
Um breve texto ilustrado que além de saudar os visitantes tem a intenção de
informar os propósitos da revista virtual Barcelona.
Em Editorial constam os seguintes sub-links:
Tudo Bem? – Aqui dois jovens típicos de Barcelona, sem apresentam bem como
apresentam o seu município. Muito útil para que os internautas conheças como
é a vida de dois típicos jovens, dessa forma pode-se ter uma idéia de como é a
vida no município.
Dia de Barcelona – Neste link, um texto saúda o 17 de dezembro, dia da
emancipação de Barcelona. Um dia para, sobretudo os barcelonenses que
estão fora do município, recordar um pouco da sua infância e adolescência na
terra natal.
138
Saiu na imprensa – Aqui nada mais é do que jornalisticamente chama-se de
“clipagem”, ou seja, uma reunião de textos na íntegra sobre tudo o que saiu na
imprensa sobre a revista virtual Barcelona.
Para a imprensa – Aqui você encontra imagens de alta resolução e releases para
download e divulgação. Clicando com o botão direito e escolhendo a opção
"Save as" ou "Salvar destino como" para fazer download. Logotipos e capas ©
Copyright 2001-2002 revista virtual Barcelona. Esse material serve como
referência na preparação de artigos, programas de mídia, discursos,
reportagens e etc. A reprodução do conteúdo do site na imprensa ou por
qualquer outro meio é livre, desde que sejam mencionados a fonte REVISTA
VIRTUAL BARCELONA e o nome do autor.
Desafio – Neste link periodicamente têm uma pergunta interessante e divertida para
quem quiser ser testado.
Links barcelonenses – Uma relação de vários sites sobre as Barcelonas do mundo.
Nele há sugestões de sites sobre a Barcelona catalã, no que diz respeito ao
idioma, instituições públicas, educação, cultura, meios de comunicação,
museus, esportes, universidades, economia e muito mais. Grande parte das
páginas da Catalunha, cuja capital é Barcelona, além de estarem em catalão
também estão disponíveis em espanhol e às vezes em outras línguas. Há
também aqui uma lista de instituições brasileiras que mantêm relação com
Barcelona, bem como de sites cujo assunto se relacionam com a
fundamentação teórica dessa pesquisa. Todos os sites tiveram seu conteúdo
avaliado e sua qualidade comprovada pela revista virtual Barcelona.
Sobre esta pesquisa – Os fundamentos teóricos e tecnológicos da pesquisa estão
nele publicados na revista virtual para sua livre reprodução ou transmissão por
quaisquer meios eletrônicos, mecânicos, de gravação, fotográficos, digitais. Na
revista pede-se apenas que o usuário cite em sua reprodução o nome do autor
e a fonte. Esse link é dividido em outros três links:
a) Artigo científico;
b) Projeto de pesquisa;
c) Bibliografia.
139
NOTICIÁRIO
Este espaço se destina a divulgação de notícias curtas e objetivas sobre as
atualidades do município de Barcelona/RN. Útil para o barcelonense que vive longe
e quer se informar sobre a cidade.
ENTREVISTAS
No momento aqui há uma entrevista interessante com a professora (UFRN) e
atriz Clotilde Tavares e outra com a jornalista e professora (UFRN) Josimay Costa
sobre o tema “Cosmopolitismo X Cultura local”.
CULTURA
Este
link
aborda
reportagens
sobre
assuntos
relacionados
à
cultura
barcelonense especificamente e a cultura sertaneja de modo geral. Como por
exemplo, os poetas populares, os cristãos-novos (judeus convertidos na marra no
nordeste) dentre outros e o artigo “Em busca do que é ser barcelonense: A
investigação da cultura popular antiga e moderna” no qual há informações sobre
como a pesquisa foi feita e sobre a necessidade e as dificuldades de se estudar as
pequenas culturas.
Nesse link merece destaque uma reportagem sobre o poeta popular Fabião das
Queimadas, neto de escravos e criado em Barcelona, sobre ele diz Ariano Suassuna
em entrevista ao caderno Muito do Diário de Natal (29/04/2000) “(...) Tomei
conhecimento, através de Vaqueiros e Cantadores, de Cascudo, de um folheto
composto por um grande poeta popular do Rio Grande do Norte, chamado Fabião
das Queimadas, do qual recriei alguns versos dentro de um poema meu. Foi através
de Cascudo que tomei conhecimento da poesia de Fabião das Queimadas”.
O link Cultura para efeito de organização esta dividido nas diferentes formas de
arte e temáticas recorrentes nas artes. E em cada desses sub-links estão os textos
correspondentes a cada gênero. Os quais estão listados a seguir:
•
Literatura;
•
Fotografia;
•
Artes plásticas;
•
História;
•
Religião;
•
Cinema;
140
•
Música;
•
Teatro;
•
Paisagem;
•
Nossa Época;
•
Língua.
CRÔNICAS
Neste link constam, como o próprio nome diz, crônicas, artigos (não
reportagens), de autores que tecem reflexões pessoais sobre as relações do sertão
com mundo, mas não necessariamente.
O link Crônica se justifica na medida que deixa claro que apesar da cultura
sertaneja precisar ser valorizada, ela faz parte de um contexto cosmopolita. Afinal o
sertão do nordeste brasileiro não está isolado do mundo. De acordo com a temática
que abordam, o link está assim dividido:
•
Jornalismo;
•
Tecnologia;
•
Política;
•
Educação;
•
Economia;
•
Cotidiano.
NOSSA CIDADE
No link Nossa Cidade constam sub-links sobre a localização, clima, relevo e
hidrografia, população, política, história, flora, fauna, economia, recursos minerais,
transporte,
comunicação,
religião,
festas,
literatura,
curiosidades,
dicas
e
curiosidades de agricultura (Agrodicas), heráldica (breve histórico, fotos e escudos
de algumas famílias de Barcelona [uma alusão às idéias do Movimento Armorial]),
alfabeto sertanejo (Estabelecido por Ariano Suassuna, a partir dos ferros de marcar
bois, e apresentado no seu livro Ferros do Carriri: Uma Heráldica Sertaneja [Recife:
Guariba, 1974]).
De todos os sub-links do link Nossa Cidade. os de Política, Comunicação,
Agrodicas e Heráldica estão divididos, por sua vê, da seguinte forma:
•
Política:
- Eleições;
141
- Resultados eleitorais;
- Antigo título eleitoral;
- Publicidade antiga;
- Publicidade moderna.
•
Comunicação:
- Evolução da informação;
- Pioneirismo:
# Jornal Informativo da EPAM;
# 1ª Edição;
# 2ª Edição;
# 3ª Edição.
•
Agrodicas:
- Pecuária;
- Criação;
- Animais silvestres;
- Plantio;
- Horta;
- Pomar;
- Árvores.
•
Heráldica:
- O que é Heráldica?;
- Heráldica sertaneja;
- Os Costas;
- Medeiros;
- Marinho;
- Carvalho;
- Tavares.
IDIOMA
Este link dá acesso ao “Nobre como Camões – Pequeno dicionário do português
antigo falado em Barcelona. RN. Brasil”.
O pequeno dicionário do português antigo falado em Barcelona/RN é útil não só
a quem se interessa pela linguagem do sertão, mas também para quem, por
exemplo, não entendeu uma palavra falada por um sertanejo numa conversa
142
informal, seja ele um habitante do litoral ou do centro-sul do país – Quem nunca se
deparou com isso? Só que quem for consultar o dicionário verá que aquele sertanejo
não é um “matuto”, que não sabe falar português, mas um falante de uma língua
falada por reis portugueses como dom Duarte, dom Diniz, tão nobre quanto Camões.
HOMÔNIMAS
Neste link estão relacionadas as cidades pelo mundo que adotaram o nome de
Barcelona com informações sobre cada uma delas com destaque para a Barcelona
espanhola.
143
ANEXO 3 – NOBRE COMO CAMÕES – PEQUENO DICIONÁRIO DO
PORTUGUÊS ANTIGO FALADO EM BARCELONA. RN. BRASIL
expressão
é
encontrada
em
"A
Bagaceira",1928, de José Américo de Almeida)
A: primeira letra do alfabeto português (vem de
"a, valor de soletração que os antigos romanos
davam a esta vogal)
A lei do cão: vontade implacável, soberana, do
capeta
A retalho: "qualquer coisa" a retalho, isto é,
algo vendido por unidade, dividido, separado,
fracionado
Abafado: fruto verdoso, amadurecido "na
marra"
Abastar: o mesmo que bastar (a expressão
encontra-se em textos de dom Duarte [13911438], "O Eloqüênte", rei de Portugal)
Abestado: tolo, maluco (Há a pronúncia
"abêstádo", mas em Barcelona diz-se
"abéstádo")
Abrir as turbinas: diz-se isso quando se abre
as porteiras e o boi dispara numa vaquejada (o
termo abrir vem do latim "aperire", turbinas do
francês
"turbine").
Ver
"se
arroche!","vaquejada", "batedor de esteira",
"vaqueiro", levar e dá carga", "valeu o boi!", "boi
mobral", "levar um cambão"
Abrir dos peitos: ser inesperadamente
generoso (o termo é encontrado em "A
Bagaceira",1928, de José Américo de Almeida)
Abusado: 1. nervoso, irritado; 2. entediante,
monótono
Abuticar os olhos: abrir muito os olhos. Ver
butico de olho
Acabar no caritó: ficar solteirona
Academia: o mesmo que jogo de amarelinha
(o termo vem do grego "akadémeia" ou
"akadémia", isto é,região ajardinada perto de
Atenas, consagrada ao herói grego Ákademos,
onde Platão dava suas lições de filosofia)
Acatitar: arregalar os olhos fixando-os (a
expressão
é
encontrada
em
"A
Bagaceira",1928, de José Américo de Almeida)
Aceiro: 1. acostamento de uma estrada,
2.faixa de terra devoluta entre a cerca e a
estrada, 3.faixa de terra limpa, utilizada para
evitar a propagação de fogo nas queimadas (a
Achar uma botija: ficar rico (antigamente
punha-se dinheiro dentro de potes de barro,
lacráva-os e os enterrava. Diz o folclore que as
pessoas que morriam tendo botijas ainda
enterradas, ficavam com a alma presa na Terra
até que alguém do mundo dos vivos fosse
dessenterá-las, mesmo que o dinheiro tivesse
perdido seu valor. Para que isso fosse feito o
fantasma aparecia para um escolhido). Ver
botija
Acochar: o mesmo que apertar (o termo é
encontrado em "A Bagaceira",1928, de José
Américo de Almeida)
Acoitar: 1.encobrir um erro cometido por outro,
proteger (vem de "coitar": dar ajuda a
bandido),2.esconder
objeto
roubado,
3.esconder bandido
Acuado: intimidado
Açúcar-bruto: açúcar não refinado
Adeus: o termo vem de "a", preposição +
"Deus") antes que a TV e o rádio chegassem
ao sertão com a força de hoje. Era assim que
as pessoas se despediam no sertão (o termo
"chau" [pronuncia-se "txao"; não existe a
escrita "tchau"] vem da palavra italiana "ciao".
Ela se originou em Milão e chegou a Roma em
1925. Nós usamos chau nas despedidas, os
italianos usam o termo tanto nas despedidas
quanto nas chegadas)
Afinar o cabelo: 1. prosperar, 2. o animal
muda a pelagem quando começa a engordar (a
expressão
é
encontrada
em
"A
Bagaceira",1928, de José Américo de Almeida)
Afoito: corajoso, sem medo, audaz, ousado (o
termo vem de "a"+"fauto"[termo latino para
favorecido] e está presente no folheto Proezas
de João Grilo (1948) de João Ferreira de Lima
"Por não pagar a despesa/Que fez por sua
afoiteza,")
Afolozar: enlanguescer algo depois de muito
Agoniado (u): nervoso
Agora deu!: essa não!
Agradeço!: não aceitar algo terminantemente
(o termo é encontrado em "A Bagaceira",1928,
de José Américo de Almeida)
144
Agravar: insultar
Aguado: qualquer bebida que esteja com
pouco açúcar
Alcoviteiro: corretor de prostitutas
Algoz (ó): vagabundo, cachaceiro que serve
para dar recados e outros pequenos serviços,
fazer mandados (o termo vem do árabe
"alguzz", isto é, "nome de uma tribo de onde se
recrutavam carrascos"). Ver fazer mandados
Alisado: carinho em demasia
Alma: fantasma, assombração, alma penada (o
termo é encontrado no folheto Proezas de João
Grilo (1948) de João Ferreira de Lima "Os
ladrões dali fugiram, /Quando viram a alma em
pé.")
Alpendre: teto sustentado por colunas ou
pilastras para ventilar, proteger do sol, da
chuva e para fins ornamentais. Muito típico das
casas de fazenda
Alqueire: 1. medida agrária correspondente a
terreno que leva um alqueire de semeadura. O
equivalente no NE a 27.225m2, 2. Antiga
medida de capacidade para secos e líquidos,
equivalente a 13,8 litros. Em Barcelona um
alqueire equivale a 16 cuias de feijão, fariha,
milho ou outros cereais (cada cuia com
capacidade para 10kg). Neste município não se
usa alqueire para estipular a medição de terras
(o termo vem do árabe "al-kail", isto é, medida)
Alvoroçado:
doido,
amalucado
(sair
alvoroçado, o mesmo que sair apressado). Em
Barcelona pronuncia-se "alvóróçado")
Amarela: pessoa muito branca
Amarelo de ver: o mesmo que "careca de
saber"
Amassar: machucar
Amocambado: escondido (a expressão é
encontrada em "A Bagaceira",1928, de José
Américo de Almeida)
Amojada: quando o úbere da vaca ou de outra
fêmea de animais enche-se de leite e está
intumescido, isto é, inchado, nas vizinhanças
do parto
Antão: o mesmo que "de então" (a expressão
pertence ao português arcaico)
Apanhar: além de colher algo ou levar uma
surra, também têm os sentidos de comprar ou
trocar (o termo vem do espanhol "apañar"). Ver
fazer o apanhado
Apartar: separar (ex.: "os vaqueiros apartam
as vacas de leite", o termo é encontrado nos
sonetos de Luís de Camões [1524/5?-1580]
"De vós me aparto, ó Vida!" e em Memorial do
Convento [1982] do escritor português José
Saramago "(...) onde apartada assiste a rainha
ao ofício")
Aperreio (ê): problema, chateação (o termo é
encontrado no folheto de cordel O filho de
Evangelista do Pavão Misterioso "E, com
história de amor,/Muito lhe aperreava")
Apois: pois
Apragatar (-se): ficar estendido no chão como
se fosse alpercata (o termo "pragata" é
alpercata). O mesmo que espragatar-se. A
expressão é encontrada em A Bagaceira,1928,
de José Américo de Almeida
Aprisco: curral, cabana rústica ou lugar de
abrigo feito de paredes de alvenaria, com um
curral na frente coberto com o piso de ripas
para criação de cabras e ovelhas
Aprumar: 1.pôr a prumo, dar posição vertical
a, 2.no trânsito é dirigir sem sair da estrada, 3.
endireitar-se (o termo está presente em
Memorial do convento (1982) do escritor
português José Saramago "(...) aprumadas se
vêem as colunas sob a cornija percorrida de
latinas letras(...)")
Apurar: juntar dinheiro vendendo algo
Aquetar: o mesmo que aquietar, tranqüilizar,
acalmar (o termo vem de "a", valor de
soletração que os romanos davam a esta
vogal)
Aranha: pessoa que trabalha devagar, que
leva muito tempo para cumprir uma tarefa fácil
Arataca: armadilha de ferro similar a uma
dentadura que fica escondida sob as folhagens
com o intuito de pegar animais silvestres ou
ladrões. Ao pisar no centro da armadilha
aberta, um dispositivo aciona as duas peças
dentadas que encravam numa perna da vítima.
Se a perna não for partida, dificilmente o infeliz
sentindo dores lancinantes conseguirá arrastar
a pesada peça que para abrir necessitaria da
ajuda de dois outros homens (o termo vem do
tupi "arataca", isto é, o que apanha batendo
com estrépito)
Área: a primeira sala de uma casa que tenha
um portão de ferro em sua entrada principal
Areia-de-semitério: diz-se dos homens que
saem com muitas mulheres, como se diz
popularmente "que come tudo"
Ariar: ficar desnorteado, sem rumo (ex.: José
estava ariado, ele não sabia onde estava
apesar de passar todos os dias por aquela rua)
Arisco: terreno sílico-humoso, muito fértil (o
termo vêm de "areia")
Arisia: o mesmo que heresia, tolice, opinião
contrária ao senso comum (o termo arisia
apesar de vir de "heresia" não herdou seu
145
significado de heterodoxia religiosa. É uma
fixação gráfica de pronúncia defeituosa)
Armazém: 1. lugar rústico onde se vende
gêneros alimentícios e outras mercadorias a
grosso ou a granel 2. grande vão que serve de
depósito para colheitas, como o algodão
Assentar o cabelo: morrer
Assento: compostura (ex.: tome assento de
gente!). O termo é encontrado em "A
Bagaceira",1928, de José Américo de Almeida
Atacar: 1. amarar o cadarço dos sapatos, 2.
abotoar a camisa ou a calça
Arreata: tira de couro que serve para atacar as
sandálias
Atochar: pôr algo em algum lugar como que
enroscando
Arredar: desviar, afastar, remover para trás (o
termo vem do latim hipotético "adretrare", isto
é, fazer ir para trás. O termo é encontrado tanto
em Contos Fluminenses (1870) de Machado de
Assis "Havia cousa oculta que arredava
Margarida do casamento" quanto no folheto de
cordel "O pavão misterioso" de José Carmelo
de Melo Rezende, falecido em 1964,
"Evangelista, em silêncio,/ Cinco telhas
arredou.")
Atravesar: 1.cruzar, 2.passar
Arremediado: pessoa que não é rica, mas que
também não é muito pobre; que consegue viver
decentemente assim como subsistir, sem fazer
necessariamente parte da classe média
Arrenga: briga
Arriar: baixar (o termo é encontrado no folheto
de cordel "O pavão misterioso"de José Camelo
de Melo Rezende, falecido em 1964, "Que
arriava caibro e ripa/E não fazia zoada")
Arroba: Uma arroba equivale a 15kg. É uma
medida usual no sertão muito usada para medir
o peso, por exemplo, de algodão e carne
Arrochado (ó): na medida, no ponto
Ave!: Nossa Senhora!, Meu Deus! (o termo é
uma interjeição, uma abreviatura de Ave Nossa
Senhora!, isto é, Viva Nossa Senhora! Os
antigos romanos diziam: Ave César!, isto é,
Salve César!, numa referência ao seu
imperador)
Avexado: com pressa
Avoar: o mesmo que voar (a expressão vem
do português medieval)
Azeitona: é o que no centro-sul chama-se
jamelão (preta ou vermelha)
Azougado: imantado (também se diz azogado
[ó]. O termo é encontrado no folheto de cordel
"O pavão misterioso" de José Carmelo de Melo
Rezende, falecido em 1964, "Edmundo ainda
deu-lhe/Mais uma serra azougada")
Azougue: imã
Azucrinar: incomodar muito, chatear (a
expressão
é
encontrada
em
"A
Bagaceira",1928, de José Américo de Almeida)
Arrocho (ô): aperto ou amasso durante dança
ou namoro. Ver se arroche!
Arrodear: contornar
Arrodeio (u): perder tempo, ficar dando volta,
enrolação
Arrumar: 1.arranjar, 2.vestir (o termo é
encontrado tanto no folheto de cordel "O pavão
misterioso" de José Carmelo de Melo Rezende,
falecido em 1964, "Se quiser casar comigo/Se
arrume, vamos embora" quanto no folheto
Proezas de João Grilo (1948) de João Ferreira
de Lima "Escute o que eu vou dizer:/Veja lá
como se arruma-")
Arte: ato praticado pelas crianças buliçosas e
irrequietas sem maldade, traquinagens (o
termo é encontrado tanto no folheto Proezas de
João Grilo (1948) de João Ferreira de Lima "E
morreu depois da hora,/Pelas artes que fazia."
quanto no livro Menino de Engenho (1932) de
José Lins do Rêgo "-Este menino fez arte.
Chega estar afrontado-repararam, quando
apareci na cozinha.")
Arteito: irrequieto
B: segunda letra do alfabeto português (vem de
"be, valor de soletração que lhe davam os
antigos romanos
Babão: puxa-saco
Babugem: erva recém-nascida (a expressão é
encontrada em "A Bagaceira",1928, de José
Américo de Almeida). Ver marva
Bacorinho: porco novo (o termo é o diminutivo
de bácoro, isto é, porco novo e pequeno, leitão
e é o termo é encontrado no folheto Proezas de
João Grilo [1948] de João Ferreira de Lima
"Fez
outra
adivinhação:/Escondeu
uma
bacorinha")
Bacurau: adepto do PMDB (do tupi
"wakura'wa', pássaro noturno parente das
corujas)
Bagana: lanchinho, comida sem valor nutritivo
146
Baitola (ô): a expressão é originária do
nordeste brasileiro e em Barcelona têm seu
sentido original, isto é, homossexual masculino,
pederasta passivo
Baixar a crista: acalmar-se, baixar a bola
Baixo: andadura do cavalo de cela, cômoda e
adequada para viagens longas (a expressão é
encontrada em "A Bagaceira",1928, de José
Américo de Almeida)
Baladeira: o mesmo que estilingue
Balançar o maracá: o mesmo que rodar a
baiana (maracá é o nome do chocalho que as
cascavéis têm na ponta da cauda e que
balançam quando ameaçadas, para alertar ao
inimigo que ela já o viu)
Baleado: embriagado
guardar panelas e outros utensílios de casa (o
termo vem do francês "batterie")
Bebedor: tanque, coche onde o gado bebe
água
Beber água de chocalho: falar demais, o
mesmo que badalo
Beiços: lábios
Beijo: iguaria feita a base de leite condensado
e coco ralado, muito comum nas festas de
aniversários de crianças
Bejú: espécie de grude feito com farinha de
mandioca nas casas-de-farinha
Beradeiro (ê): caipira, matuto, gente de
cidades do interior ou lugares muito remotos
(também conhecido como beiradeiro (ê).
Banana leite: o mesmo que banana maçã
Beréu: casa de prostituição, baixo meretrício,
zona. Ver cabaré, cangerê
Banho de cuia: banho tomado com lata (ou
cuia) na ausência de um chuveiro
Besta-rudia: o mesmo que besta fera
Barbatão: touro não ferrado, que foi criado
solto, longe dos vaqueiros (o termo é
encontrado em "A Bagaceira",1928, de José
Américo de Almeida)
Bardiar: diz-se quando a água está misturada
com barro
Barra: nuvem carregada que aparece no
horizonte ao entardecer
Barraco: pequeno quiosque onde se vende
utilidades e gêneros alimentícios, incluindo
bebidas e lanches rápidos
Barreiro: fosso cavado em terreno argiloso
para reter e conservar as águas das chuvas (o
termo é uma referência a "barro" que por sua
vez se originou do latim hipotético "barru")
Bascuio: coisinha irrisória, sem importância
(ex.: comer bascuio, isto é, comer qualquer
coisa, se virar). Vem de asculho: lixo
Basculhar: o mesmo que vasculhar
expressão pertence ao português arcaico)
(a
Batedor de esteira: vaqueiro que numa
vaquejada se ocupa em auxiliar o vaqueiro que
vai puxar o rabo do boi, para isso ele imprensa
o animal numa cerca enquanto correm em
disparada. Ver "vaquejada", "se arroche!",
valeu o boi!", "vaqueiro", "levar e dá carga",
"abrir as turbinas", "boi mobral","levar um
cambão"
Bater do rabo: morrer (o termo é utilizado em
tom de troça quando do falecimento de uma
pessoa pobre, ex.: "seu Pedro bateu do rabo!")
Bateria: grelha de alumínio posta na parede,
cuja utilidade é servir de suporte para se
Bexiguento (i): desgraçado, filho da puta
(bexiguento era o estado em que se encontrava
quem tinha varíola há décadas atrás)
Bica: calha (vem de "bico" que por sua vez
vem do latim "beccu", de origem céltica)
Bico-doce: diz-se com as pessoas que querem
ser muito importantes, orgulhosas
Bilha: Pequeno pote (também conhecido como
quartinha)
Biloca: bola de gude
Bimba: pênis
Bisaco: mochila, saco grosseiro onde se põe
algodão durante a colheita (ver borná)
Boas-noites: como se dizia no passado e
como ainda hoje se diz em Portugal
Bodão: homem mulherengo, muito namorador
(o mesmo que pai-de-chiqueiro)
Bodega: mercadinho, pequeno supermercado
(originalmente o termo significa taberna pouco
asseada e vem do latim "apotheca", isto é,
depósito)
Bofe: nome popular para pulmão (da base buff,
onomatopéia do sopro)
Boi mobral: diz-se do boi que está correndo
numa vaquejada pela primeira vez. Ver "se
arroche!","vaquejada", "batedor de esteira",
"vaqueiro", "levar e dá carga", "valeu o boi!",
"boi mobral", "abrir as turbinas"
Bóia: comida, refeição (vem do
"bouél", mas é de origem germânica)
Boi-de-reis: Bumba-meu-boi
pessoa gorda, obesa
Bola-de-fogo: cometa
francês
bolofofo
(ô):
147
Bondade: Orgulho, soberba (ex.: Fulano é um
homem sem bondade!). Vem do latim: bonitate
Bonito: diz-se do tempo, quando vai chover
"está bonito"
Boqueirão: abertura nas serras, uma espécie
de garganta por onde corre ou não um rio
Borná: Saco grosseiro onde se põe algodão
durante a colheita, ou comida para cavalos,
burros...(daí vem a expressão "Fulano é a
última pedra do borná", isto é, gente muito
ruim. Durante o trabalho de colheita se põe
pedrinhas amarradas numa ponta do saco para
mantê-lo aberto./Ver bisaco). O termo vem de
"embornal" e sofreu sucessivas supressões,
tornado-se "bornal" e finalmente "borná")
Borrão: rascunho
Bosta-de-rolinha: cabelo encarapinhado. Ver
cabelo de fuá
Botar as mangas de fora: denunciar-se
Botar as tripas p'ra fora: vomitar tudo (ver
vomitar até as tripas)
Botar no mato: botar fora, botar no lixo
Botar o pé atrás: o mesmo que resistir
Botar questão: entrar na Justiça em busca dos
seus direitos
Botar: pôr, colocar (o termo é encontrado no
folheto Proezas de João Grilo (1948) de João
Ferreira de Lima "Vaqueiro botou o
cavalo,/Com uma braça deu nado,")
Bote p'ra derramar!: colocar algo franco
Botija: tesouro enterrado num pote (vem do
espanhol "botija"). Ver achar uma botija
Breguesso: qualquer objeto sem futuro
Brejeiro: cigarros de palha ou de papel e fumo
feitos a mão pouco antes de serem fumados (o
termo é uma referência as regiões de brejos)
Briba: espécie de lagartixa
Brida: rédea, antigo sistema de equitação no
qual o cavaleiro montava com os estribos
compridos, no bico do pé e com a perna
estendida em sela apropriada (o termo vem do
francês "bride", tirado do médio alto alemão).
Ver estribo
Briga de foice: quando algo é muito feio,
desastrado, sem jeito (o termo briga vem do
provençal "brega", foice do latim "falce")
Brote (ó): bolacha pequena, torrada, feita de
fariha de trigo (vem do holandês "brood", isto é,
pão. A palavra foi introduzida na época do
domínio holandês no NE brasileiro [1630-1654].
Segundo Gilberto Freyre, esta foi a única
palavra holandesa incorporada ao falar
nordestino.
Bruaca: 1.bolça de couro, 2.mulher sem valor
Bruguelo: filho muito pequeno
Buchada: Prato feito à base de víseras e
intestino de carneiro, ovelha cabrito ou bode
Bucho: barriga (o termo é encontrado no
folheto Proezas de João Grilo [1948] de João
Ferreira de Lima "E nasceu de sete
meses,/Chorou no bucho da mãe,")
Bucho-inchado: indisposição estomacal
Buchuda: diz-se de mulher grávida
Bueiro: tubulação de esgoto
Bozó: dado (ex.: jogou os bozós para ver se
estava com sorte hoje). Originalmente
significava o copo de couro usado no jogo de
dados ou o próprio jogo em si
Bufete: o mesmo que murro, soco (bofete)
Brabo: irritado, com raiva (brabo é sinônimo de
bravo,
brabeza=brabo
ou
bravo,
bravura=bravo), brabo também é uma trave de
madeira à mostra dentro de casa
Buliçoso: aquele que bole muito, irrequieto,
inquieto
Braça: uma braça equivale a seis pés (1,82m),
o comprimento de corda que um homem
consegue estender com os dois braços abertos
(esta medida ainda é muito usada na
agricultura em Barcelona, uma braça vale 10
palmos [cada palmo com aproximadamente
22cm] ou 2m e 1 palmo)
Bujão: 1.recipiente metálico que armazena gás
sob pressão, 2.pessoa muito gorda (vem do
francês bouchon, isto é, rolha)
Bulir: 1.mexer, remexer, 2.se aproveitar da
ingenuidade de uma mulher para manter
relações sexuais com ela (ex. "seu Antônio
deve está muito brabo, José mexeu com a filha
dele e sumiu no mundo")
Bunda-canaça: ato de apoiar a cabeça no
chão e jogar o corpo para frente, dando uma
cambalhota completa (é uma corruptela de
bunda-canástica ou bunda-canastra)
Brechar: olhar escondido, espiar pelas brechas
(vem
do
antigo
alto-alemão
brecha:
rompimento, através do francês brèche)
Burro-mulo: resultado do cruzamento entre
um asinino e um eqüino (feminino: mula)
Brecheiro (ê): tarado que brecha em casas
alheias
Butico de olho: momento em que os olhos se
encontram mais abertos do que o normal
quando se fita algo com grande surpresa (ex:
148
"quando José viu o preço do queijo, todos
viram o butico de olho dele"). Ver abuticar os
olhos.
Cabresto: controle, arreio, freio sobre alguém
(É uma peça de corda ou couro curtido com o
qual se prendem as cavalgaduras pela cabeça
usada para controlar um cavalo. O termo vem
do latim "capistru")
Cabrita: menina-moça, adolescente
Cabrocha: cabra jovem
Cabroeira: conjunto de cabras
C: terceira letra do alfabeto português
Cabaça: hímen, a virgindade de uma mulher
(termo chulo, vem do quimbundo "kabasu").
Ver tirar o cabaço, descabaçar
Cabueta (ê): traidor, alcagüete
Cabuêta: cabra safado, bandido, mal-feitor
Caçamba: basculante
Cachorra: o mesmo que cadela
Cabaré: casa de prostituição (corruptela de
cabaret, palavra francesa que designa casas
noturnas de espetáculo). Ver beréu
Cachorro da moléstia (u): desgraçado, cabra
ruim (ver gota-serena)
Cabelo de fogo: o mesmo que cabelo ruivo (o
termo é pejorativamente empregado para quem
tem cabelos dessa cor)
Caçote: sapo ou perereca de pequeno porte
(vem do quimbundo "risote", com troca do
prefixo por "ka", isto é, rãnzinha)
Cabelo de fuá: cabelo pixaim quando está
assanhado
Caçuá: cesto de vime utilizado para o
transporte de alimentos ou pequenos animais
Cabimento: intimidade. Ver Dar cabimento
Cafofo (ô): quartinho,
acanhada e velha
Cabôco: Rapaz, sujeito (corruptela de caboclo
(ô), que vem por sua vez do tupi "'kari'boka',
isto é, procedente do mato e designa o mestiço
do branco com o índio
Caboré: 1.nome vulgar de várias espécies de
aves da família dos Bubonídeos, como as
corujas, pertencentes ao gênero Glaucidium e
especialmente do G. brasilianum, 2.indivíduo
feio e de ar triste (o termo vem de "caburé" que
por sua vez vem do tupi)
Cabra: 1. capanga 2. rapaz, sujeito. O mesmo
que cabôco (o termo vem do latim "capra" e é
encontrado no cordel O filho de Evangelista do
Pavão Misterioso, de Manoel Apolinário
Pereira, falecido em 1955, "Abriu a porta e
mandou/O cabra descer na frente-") cabra da
peste/Cabra-da-peste:
1.homem
corajoso,
destemido, valoroso 2.afoito, 3.valentão (a
origem do termo se deve a como os índios do
nordeste brasileiro chamavam os invasores
brancos que traziam doenças, isto é, a peste as
aldeias indígenas)
Cabra-de-peia
(ê):
1.corajoso,
macho,
valentão, 2.Safado (sentido empregado em
Barcelona). Originalmente cabra-de-peia era
todo aquele que não reagia a castigos
corporais, esse é o sentido empregado em
1928 em "A Bagaceira" de José Américo de
Almeida
Cabrão: 1.bode, 2.homem alto (aumentativo do
desusado "cabro", isto é, bode)
Cabreiro: desconfiado
casinha
pequena,
Cagado e cuspido: igualzinho, muito parecido,
a cara de um é o cu do outro (vem de
encarnado e esculpido)
Caga-lona: ajudante que viaja em cima de
caminhão
Cagão: homem que não vale nada, frouxo
Caipora: fumante inveterado
Cair na fraqueza: 1. desmaiar devido a fome,
2.render-se a uma tentação, ser tratado a fazer
alguam coisa mesmo sabendo que isso
provavelmente
lhe
trará
conseqüências
desagradáveis
Caixa-prego: lugar longe demais, fim do
mundo calçolas: calcinha, calcinhas
Caldo-de-batata:
1.pessoa
fraca,
coragem, frouxa, covarde, 2.mesquinha
sem
Calibre: qualidade inerente num ser humano
ou animal (ex.: "seu João tem um calibre muito
bom!", isto é, "seu João apesar de já estar
velho, continua parecendo jovem")
Calombo: machucado saliente
Camarinha: quarto de dormir (usada em
Barcelona no século XIX e início do século XX
e presente em textos do rei português D. Diniz
[1279-1325] "O trovador" e no "Romance da
bela infanta")
Cambeta (ê): pernas tortas, arqueadas (vem
da raiz céltica "camb" com a idéia de curvar)
Cambito: pernas muito finas
149
Camiseiro: o mesmo que guarda-roupas
Campinadeira: ferramenta rural feita de uma
armação de madeira e lâminas puxada por um
boi e direcionada por um homem, cuja
serventia é a de cortar a terra para plantar (o
termo é uma referencia a "campina", isto é,
campo extenso e sem árvores)
Candeeiro: o mesmo que farol, recipiente de
vidro e zinco contendo líquido combustível e
provido de pavil feito com um chumaço de
algodão torcido. É utilizado para iluminação
onde não existe luz elétrica ou na ausência
temporária desta (em Barcelona se diz
"candieiro", fixação gráfica de pronúncia
defeituosa). Ver lamparina
Cangaia: peça de madeira colocada no lombo
dos animais para sustentar e transportar
diversos tipos de cargas (corruptela de
cangalha, há quem abrevie por canga, o termo
está presente no folheto Proezas de João Grilo
(1948) de João Ferreira de Lima "Quem canta
de graça é galo,/Cangalha só pra cavalo")
Cangerê: casa de prostituição,
meretrício, zona (ver beréu, cabaré)
baixo
Canhão: mulher feia, o mesmo que tribufu,
trem-virado (o termo designa originalmente a
arma de guerra inventada no século XIV
durante a Guerra dos Cem Anos e vem do
espanhol "caño", isto é, cano grande)
Caningado: pessoa que incomoda muito,
irritante. O mesmo que frechado
Caninguento: rabugento, chato, pentelho
Canjica: prato feito de caldo de milho verde
cozido com açúcar, leite de coco e sal. No
centro-sul chama-se "curau"
animal (o termo carcará vem do tupi. É uma
ave de rapina da família dos Falconídeos
[Milvago chimachima])
Carimbada: bolada, pedrada
Caritó: diz-se que uma mulher está no caritó
quando ela não casou
Carne verde: carne bovina ao natural
Carne-de-charque: carne bovina salgada,
disposta em mantas (o termo "charque" vem do
quíchua: "charqui")
Carne-de-sol: carne salgada, cortada em tiras
ou mantas, e posta para secar em varais, ao
sol. Muito útil quando ainda não existia
geladeiras. Pois o sal desidratava a carne e
impedia seu apodrecimento
Caroço (ô): semente; grão, parte dura e
lenhosa do pericarpo, nos frutos carnosos
chamados drupas, a qual envolve a amêndoa
(o termo "grão" não é usado em Barcelona)
Carregar uma barriga: diz-se quando uma
mulher está grávida
Carreira: o mesmo que fila, fileira. A expressão
não é usada quando se faz referência a
pessoas. Nesse caso usa-se "fila".(ex.: "o
sabugo de milho tem várias carreiras de grãos".
O termo vem do latim "carraria", isto é via,
estrada para carros
Carteira: o mesmo que carta de motorista
Casa de Noca: lugar onde ninguém manda
Casa-de-chapéu: 1.lugar muito longe, 2.casa
de mãe Joana, casa de noca
Casa-de-farinha: lugar onde se beneficia a
mandioca, dela fazendo farinha, beiju e etc.
Cantiga da perua: quando algo vai de mal a
pior, diz-se que está igual a cantiga da perua
Cascavilhar:
procurar
detalhadamente
Cantoria: desafio de cantadores de viola
Castanhola: o mesmo que amendoeira-daÍndia,
chapéu-de-sol,
castanheira
ou
amendoeira. É uma árvore da família das
Combretáceas (Terminalia catappa)
Capa-verde: alcunha pejorativa dada no século
XIX e primeira metade do século XX aos
protestantes em Barcelona. O termo significa o
demônio, o capeta.
com
atenção,
Catimbó: bruxaria, relativa aos ritos africanos
Capucho: invólucro da flor; cápsula dentro da
qual se forma o algodão (o termo vem do
italiano "cappuccio", isto é, capuz)
Catingueiro: habitante da caatinga
Cara feia: diz-se que uma pessoa está de cara
feia quando percebe-se que ela está com fome
Catôco: algo de dimensões muito pequenas,
pontinha de nada
Cara-lisa: pessoa cínica
Catombo: machucado saliente
Carão: repreensão. Ver dar um carão, levar um
carão
Catrepilha: o mesmo que escavadeira (o termo
se deve a Cater Piller, empresa que fábrica
estas máquinas)
Carcará: um parente das águias, é um dos
maiores predadores do sertão. Quando um
carcará ataca um bezerro ou uma ovelhinha,
ele arranca primeiro os olhos e a língua do
Catita: pessoa, animal ou coisa muito pequena
(originalmente é um ratinho novo 10cm a 12cm)
Catrevagem: gentinha (o termo pode ter vindo
de "catre": cama pobre, miserável/a palavra
catre vem do malaiala: kattil ou de
150
"catervagem/catrevage": grande quantidade de
alguma coisa)
usam o termo tanto nas despedidas quanto nas
chegadas)
Catruzar: importunar, incomodar (o termo é
uma supressão de "alcatruzar")
Cheio de artifício: diz-se isso com pessoas
que são muito jeitosas no trato com as pessoas
ou situações, procurando muitas vezes tirar
vantagens
Cavalo batisado: pessoa muito estúpida (O
"batizado" deve vir de oficializado, reconhecido)
Cavalo-do-cão: 1. pessoa metida a valente, 2.
uma espécie de marimbondo caçador
Chiar: o mesmo que se vangloriar
Cercado-de-solta: 1.não se trata de nenhuma
espécie de cercado. O termo é usado para
designar o lugar em que o gado é posto sem
cercas que contenham seus movimentos, onde
ele quase que se perde. Por isso o termo
adquiriu o sentido de morte, 2.vadiagem
Chinelada: pisa, surra dada com uma chinela
Ceroulas: peça do vestuário masculino, de
pernas compridas, usada por baixo das calças
(o termo vem do árabe vulgar "sarãul")
Cevar: educar, dar conselhos, orientar (em
Barcelona esta expressão é mais usada no
sentido de "dar de comer", "criar")
Chaboque: pedaço
Chaboqueiro (ô): aquele que tem feições
grosseiras
Chã-de-dentro: parte interior da coxa dos
bovinos (coxão mole)
Chã-de-fora: parte exterior da coxa dos
bovinos (coxão duro)
Chafurdo: fofoca, fuxico
Chaleira (ê): o mesmo que puxa-saco
Chamada: gole de cachaça (o mesmo que
"lapada")
Chamego (ê): sedução, flerte, namoro (do
verbo "chamar")
Chaminé: pequeno reservatório de lata de
pavil regulável e abastecido com óleo diesel
que serve para iluminação (o termo vem do
francês "cheminée")
Chibata: sinônimo de pênis
Chinfrim: sem valor
Chita: tecido ordinário de algodão, estampado
a cores (o termo vem do marata "chhit", marata
é uma língua indo-européia derivada do
sânscrito e predominante no sudoeste da Índia)
Chumbado: além de soldado ou pregado com
chumbo ou ferido por chumbo, o termo também
tem o sentido de embriagado, atacado por
doenças contagiosas.
Chumbrega (é): coisa ordinária, reles, ruim (a
origem do termo se deve ao militar aventureiro
alemão Friederich Hermann Schönberg, que
em 1615 comandou tropas portuguesas contra
os espanhóis e ditava a moda na corte. Em
Portugal Schönberg tornou-se "chumbergas" e
no Brasil colônia o termo virou "chumbrega"
com o sentido que tem até hoje). Escreve-se
também "xumbrega"
Chumbrega: coisa ordinária, reles, ruim (a
origem do termo se deve ao militar aventureiro
alemão Friederich Hermann Schönberg, que
em 1615 comandou tropas portuguesas contra
os espanhóis e ditava a moda na corte. Em
Portugal Schönberg tornou-se "chumbergas" e
no Brasil colônia o termo virou "chumbrega"
com o sentido que tem até hoje)
Cibito: pessoa magra ou macérrima, quase
sempre de pequena estatura (escreve-se
também "sibito")
Chamurro: diz-se do boi mal castrado ou
castrado depois de touro
Cipoada (u): dar em alguém com violência e
qualquer coisa (uma variação de "icipó", do tupi
"isi'pó")
Chanha: coceira, comichão na pele
Cobrador: trocador
Chapa: 1. dentadura postiça, 2. cédula eleitoral
de papel, 3. fotografia (como os mais velhos
ainda hoje ainda chamam, a explicação está
nas antigas chapas-úmidas de fotografias)
Cochinchina: lugar muito longe, do outro lado
da Terra (Cochinchina é originalmente o nome
antigo de uma região ao sul do Vietnã, que por
sua vez era conhecido como Indochina quando
ainda era uma colônia da França). Apesar de
incorreto também se usa "conchinchina" (o
mesmo que "meio mundo")
Chau: antes que a TV e o rádio chegassem ao
sertão com a força de hoje. As pessoas diziam
apenas "adeus" ao se despedirem (o termo
"chau" [pronuncia-se "txao"; não existe "tchau"]
vem da palavra italiana "ciao". Ela se originou
em Milão e chegou a Roma em 1925. Nós
usamos chau nas despedidas, os italianos
Coco: além do fruto do coqueiro em Barcelona
também significa "crânio, cabeça"
Cocorote: cascudo, pancada na cabeça dada
com os nós dos dedos da mão fechada
151
Coito: reunião de bandidos, ladrões, malfeitores
Cor de burro quando foge: diz-se isso
quando algo é de cor indefinida
Coivara: pilha de ramagens a qual se ateia
fogo na roça, para limpar o terreno e adubá-lo
com as cinzas se a intenção era é plantar uma
lavoura (o termo vem do tupi)
Corda: corda de fumo, rolo extenso de fumo
vendido em feiras-livres
Coleção de álcool: lápis hidrocor
Coleção: caixa de lápis de cor
Colosso: primeira secreção da glândula
mamária após o parto. Dura de um a dois dias
e não serve para consumo humano, mas é
fundamental para o desenvolvimento do
bezerro (o termo é uma modificação de
"colostro" e vem do latim "colostru")
Com a goitana: o mesmo que com a moléstia,
danado da vida (o mesmo que "com a gotaserena", "com a moléstia [u] dos cachorros",
"com o cão no couro" e "com o cão")
Coma: vírgula nas gramáticas antigas (o termo
vem do grego "kómma", isto é, pedaço, fatia;
pelo latim "comma")
Comadre/Compadre (u): forma de tratamento
usual entre um(a) padrinho/madrinha de
batismo e a mãe/pai de uma criança
Comedor de farinha: alguém que não sabe de
nada e não serve para nada a não ser para
comer (ver: "deixou de comer farinha")
Coré: porco
Corpête: sutiã
Costas-largas: diz-se que tem as costaslargas, aquele que tem muita influência, poder
Cova: 1.abertura retangular que se faz no
cemitério para o enterro de mortos, 2.pequena
cavidade que se faz na terra para o plantio de
sementes. O tamanho de uma plantação é
medido por covas. 1 mil covas vale 25 braças
ao quadrado (o termo vem da forma latina
hipotética vulgar "cova", por "cava")
Cova: antiga medida
cristaleira: armário onde se guardam objetos de
mesa
Cristão: além de adepto do cristianismo, o
termo também é usado no sentido de ser
humano, quando se quer referir a alguém de
forma muito genérica (é encontrado no folheto
Proezas de João Grilo (1948) de João Ferreira
de Lima "João Grilo foi um cristão/Que nasceu
antes do dia,")
Crueira: o último filho de um casal. O mesmo
que "raspa de tacho" (ex.: "aquele é o crueira"
Comer com a testa: ver o que se deseja sem
o poder possuir
Cubar: 1.ver, 2.espionar
Comer com farinha: algo fácil de fazer
Cu-de-jegue: 1.lugar muito ruim, 2.problema
difícil de ser resolvido
Comer no centro: quando algo foi grave,
radical, uma briga muito feia
Comer o couro: bater, surrar alguém
Comer o pão que o diabo amassou: sofrer
muito, passar por inúmeras provações
Confeito: o mesmo que bala (o termo vem do
latim "confectu": acabado, através do italiano:
confetto)
Conhecer pelo pêlo: diz-se que se conhece
algo pelo pêlo algo ou alguém quando a
conhece muito bem, de longe (o termo é uma
referência ao pecuarista que bem conhece o
seu rebanho. Ex.: "José veio me pedir dinheiro
emprestado mas neguei, aquele eu conheço
pelo pêlo")
Cuia: 1. fruto da cuieira, vasilha feita com a
casca desta fruto, cortada pelo meio ao
comprido, 2. vasilha semelhante a cuia, 3.
medida de capacidade que equivale a 1/32 do
alqueire (o termo cuia provém do tupi). Ver
alqueire
Cumieira: cume, parte mais alta do telhado de
um edifício (é encontrado no cordel O pavão
misterioso de José Camelo de Melo Resende,
falecido em 1964, "Bem no sobrado do
conde,/Na cumieira aterrou". o termo é uma
variação de "cumeeira" que vem de cume, que
por sua vez veio do latim "culmen")
Curioso: pessoa iletrada, porém conhecedora
de algo
Consolo (ô): chupeta para crianças
Cutelo: o mesmo que facão (o termo vem do
latim "cutellu", isto é, faca pequena)
Copo de coco: copo feito com um coco sem
casca e aberto circularmente em cima, é
atravessado por uma varinha de um hemisfério
a outro. Era usado pelos sertanejos muito
pobres nos séculos passados. Seu uso só veio
a desaparecer na segunda metade do século
XX.
Cutilada: golpe de cutelo, pau, faca ou foice (o
termo é encontrado no cordel O filho de
Evangelista do Pavão misterioso "Genival, com
muita calma,/Rebateu a cutilada/E de um golpe
tirou-lhe/O distintivo da farda.")
152
Dereito: o mesmo que direito (a expressão
pertence ao português arcaico)
Derradeiro: último (Grilo: "Talvez o Grilo não
minta,/Diga até a derradeira!")
Derramar: entornar
D: quarta letra do alfabeto português
Da bexiga taboca: é usado como um
superlativo de superioridade (ex. "essa cachaça
é da bexiga taboca!"). taboca vem do tupi
Da moléstia (u): é usado como um superlativo
de superioridade
Dá um caldo!: diz-se de uma mulher que não é
muito bonita mais dá para namorar
Danado: levado
Danar-se no mundo: desaparecer no mundo,
ir embora de forma aventureira
Descabaçar: desvirginizar, tirar a virgindade de
uma mulher (expressão chula). O mesmo que
tirar o cabaço. Ver cabaço
Descançar: o mesmo que dar à luz
Descer a ripa: dar uma pisa
Descer do ônibus: saltar do ônibus
Desmantelado:
1.
desorganizado,
arrebentado, 3. bagunceiro
2.
Desmentir (i): numa queda, sofrer luxação ou
ligeiro deslocamento nos ossos dos dedos das
mãos ou dos pés
Danou-se! (ô): 1. expressão de surpresa, e
agora?, Que coisa!, virgem!(o mesmo que
vige!, vote!, tá com a peste!), 2. sair apressado
(Grilo "João Grilo disse: - Danou-se!/
Misericórdia, São Bento!/Com isto mamãe se
dana!")
Despachado: pessoa desinibida, que resolve
tudo e com facilidade, sem cerimônia
Dar a gota (ô): Ficar irritado, enfurecido
(também usa-se "dar a gota-serena")
Destá (ê): deixa está, deixa p'ra lá, depois a
gente acerta as contas
Dar as horas: o mesmo que cumprimentar
Dezanove: dezenove (a expressão pertence ao
português arcaico)
Dar cabimento: dar liberdade, permitir
intimidade (Filho Pavão: "Ela procurou falarlhe/Ele não deu cabimento.")
Dar gosto ao cão: fazer a vontade do inimigo
Dar parte: denunciar, dar queixa a um
delegado de polícia (os termos vêm do latim
"parte", dar de "dare")
Dar um agrado: dar uma gorjeta ou um
dinheirinho
a
alguém,
uma
pequena
recompensa
Dar um carão: o mesmo que dar uma
repreensão pública (passar um carão, levar um
carão. O termo vem de cara fechada, cara de
repreensão de quem repreende)
Dar um quinau: ver quinau
Dar um toque: sondar alguém sobre algo (não
é gíria do centro-sul, é encontrada em "A
Bagaceira"[1928] de José Américo de Almeida)
De hoje a oito: dentro de uma semana, de
hoje a oito dias (incluindo o dia de hoje)
De lascar o cano: difícil, trabalhoso
Deixar de comer farinha:
"comedor de farinha")
morrer
(ver:
Dente queiro (ê): dente do siso, o último dos
molares
Despois: o mesmo que depois (a expressão
vem do português arcaico, foi usada por Luís
de Camões em "Os Lusíadas")
Dia: além de 24 horas, também é o período
que corresponde do nascer do sol ao seu
poente sem contar com as horas da noite (ex.:
"deixe aquela roupa de molho durante um dia e
uma noite")
Diadema: arco para prender os cabelos
(antigamente era um ornato em que os reis
cingiam a cabeça,vem do grego diadema, pelo
latim diadema)
Difrusso: gripe
Difusora (ô): serviço de utilidade pública, no
qual por meio de aparelhagens eletrônicas, é
usado para difundir ondas sonoras por meio
das quais se divulgam notícias e músicas (o
termo vem de "difusor", que por sua vez vem
do latim "diffusore", isto é, o que "transfega")
Dindim: soco de fruta congelado dentro de um
saquinho plástico (no RJ é conhecido como
"sacolé" e em SP "sucolito")
Disposto: 1. trabalhador, 2. pessoa que é "pau
para toda obra" (Grilo "O Sultão admirou-se/Da
sua disposição.")
Dizer: falar
Dizeres: palavras bonitas ditas ou escritas,
engalanadas
Dobrar à direita, à esquerda: virar à direita, à
esquerda
153
Doença do mundo: doença venérea
Doirado: dourado (a troca do "i" pelo "u" é
típico do português arcaico, o termo é
encontrado em Pavão "Todo o meu sonho
doirado/E Vê-la minha senhora".)
Dona: Tratamento de consideração dispensado
às senhoras (o termo vem do latim "domina",
isto é, senhora. Originalmente o termo é um
título honorífico feminino correspondente a
Dom que por sua vez precedia o nome próprio
de monarcas portugueses e brasileiros, assim
como de pessoas de elevada posição social na
Espanha e em Portugal. Mas esse uso no
Brasil perdeu-se no tempo, atualmente é usado
como forma de tratamento respeitosa nos
países de língua espanhola. Dom hoje é usado
pelos membros do alto clero. O termo vem do
latim "Dominu", isto é, senhor)
Dor-de-veado: dor pontiaguda que ocorre na
altura do braço depois de uma corrida muito
puxada (o termo vem de "dor desviada")
Dorminhar: o mesmo que dormir (a expressão
pertence ao português arcaico)
Dum: de um (fixação gráfica da pronúncia
defeituosa, o termo é encontrado no folheto de
cordel "O Pavão Misterioso" de José Camelo
de Melo Resende, falecido em 1964, "Onde
dormia a donzela,/ Debaixo dum cortinado")
Égua Forró: égua que tem incontinência
urinária (o termo é do século XIX e início do
século XX, mas hoje está em desuso)
Em quantidade: expressão que significa muito,
em grande quantidade (ex."naquele pomar
havia frutas em quantidade". O termo vem do
latim "quantitas", "atis"). Essa expressão não
tem o sentido relativo de muito ou pouco, é
sempre muito.
Embeiçar: beijar na boca (ex.: Ele estava
embeiçado com aquela moça)
Embolar: Atrapalhar, enrolar, confundir
Emburacar: entrar abruptamente em algum
lugar
Emendar os bigodes: lutar, brigar, esmurrar
Empalhar: se atrasar (ex.: pode ir! Mas não se
empalhe!)
Empeleitar: sistema de pagamento em que o
trabalhador é pago não pelo tempo que leva
para executar um serviço, mas sim pelo
serviço, não importando o tempo. Também se
diz "impeleitar".
Encafifado: 1. desconfiado, 2. encabulado
Encalcar: vedar as juntas de (duas peças de
ferro). O termo é encontrado no folheto de
cordel "O pavão misterioso" de José Camelo de
Melo Rezende,falecido em 1964, "Encalcando
em seu pavão,/Voou bastante vexado,")
Encapar: encadernar
Encarcar: apertar, fazer pressão (fixação
gráfica da pronúcia defeituosa, "encalcar")
E (É): Quinta letra do alfabeto português.
Conforme esclarece Marcos de Castro em seu
livro "A imprensa e o caos na ortografia" é
errada a pronúncia "ê", quando se diz, por
exemplo, as vogais: A, B(bê), C(cê), D(dê),
E(ê)...muito difundida no centro-sul do país.
Isso no que se refere ao nome das letras, não a
fonemas (que podem ser abertos como em
"hotel" ou fechado como em "pessoa").
Segundo o autor "(...) o nome da letra é sempre
aberto, é sempre como se tivesse um acento
agudo". Para ilustrar o caso ele cita os
exemplos de IBGE (Fundação Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística) e TVE (TV
Educativa). Ninguém diz "IBGÊ" ou "TVÊ". O
correto é como se pronuncia no nordeste
brasileiro, isto é, "é".
É foda!: é de foder!, é danado!
E mesmo que queijo: coisa fácil, facílima de
fazer
E pronto!: fim
Encasquetar: meter na cabeça
Encruado: emperrado; que não anda, não
progride
Enfado: cansaço
Engabelar: iludir
Engalobar: diz isso quando ao colocar alguma
coisa num lugar, se aproveita o espaço para
pôr mais uma coisa
Engangar grilo: ficar à toa, sem fazer nada
Engasga-gato: cachaça
Engolir corda: adular uma pessoa com
propósito de zombaria (ex.: "Engole corda
cacimbão", "José engole uma corda!")
Engomar: passar, no caso roupas (a origem da
expressão se deve ao fato de que antigamente
se usava goma de mandioca para passar roupa
com um ferro a brasa e ela ficar sem vincos)
Engrujado: encolhido, escondido (também se
escreve "engurujado")
154
Enguiçar: pular por cima do corpo de alguém,
diz-se que isso a impede de crescer
Enredar: fazer intriga, mexerico, enredo (o
termo vem de "rede" que por sua vez provém
do latim "rete", "retis")
Enrolar: enganar
Entonces: o mesmo que "de então" (a
expressão pertence ao português arcaico)
Enxerido (i): 1.ousado, 2.atrevido, 3.oferecido,
4.intrometido, 5. metido
Enxovia: cadeia, prisão (o termo vem do árabe
"al-jubb", isto é, poço, "aljube+ia" e está
presente no folheto Grilo "Pra depois de ser
julgado/ Ser posto na enxovia." O termo está
em desuso em Barcelona)
Equitare: medida de terra que vale 3 mil covas.
Ver cova
Erado: o mesmo que boi velho
Escambau: tem o sentido de "e tudo o mais"
Escavacar: cavar
Escorão: preguiçoso, quem por não querer
trabalhar se apóia no trabalho dos outros
Estribo: peça de metal ou madeira, em forma
de aro, pendente lateralmente da sela,
selim...etc, por meio de uma correia, na qual o
cavaleiro firma o pé ao montar e cavalgar (o
termo vem da forma germânica hipotética
"streup", através do catalão "estrep"). Ver brida
Estrondo: terremoto
Estucioso: enganador, ardiloso, manhoso (o
termo é uma variação de astucioso. Astúcia
vem do latim: astutia)
Estudar o caso: pensar melhor (Grilo: "temos
um roubo a fazer,/Desde ontem que estudo,")
Estudar: pensar
Estuque: o mesmo que forro (originalmente, é
a mistura de água, gesso e cola). Vem do
italiano "strucco")
Eu cegue!: o mesmo que "eu me dane!" (ex.:
eu cegue se isso não for verdade!)
Eu estava lambendo uma rapadura: o
mesmo que "eu estava doido, muito afim".
(ex.:"eu estava lambendo uma rapadura para
que ela me dissesse quem era o dito cujo")
Escorrego (ê): brinquelo de criança nos
parques, o mesmo que "escorregador" no resto
do país
Esmorrecer: desfalecer aos poucos, diminuir
de intensidade(luz, som etc.). O termo é
incoativo do antigo "esmorir" e é encontrado no
folheto "O pavão misterioso" de José Camelo
de Melo Rezende, falecido em 1964,"Vai à
presença do grande,/Se é homem, não
esmoreça!")
Espragatar (-se): o mesmo que ficar deitado
no chão, como uma alpercata (o termo
"pragata" é alpercata). O mesmo que
apragatar-se. A expressão é encontrada em "A
Bagaceira",1928, de José Américo de Almeida
F: sexta letra do alfabeto português.
Antigamente não se dizia "éfe", mas sim "fê"
Famosa: mulher bonita, famosa (o termo tanto
pode ser uma ariação do vocábulo "formosa",
como ver de famosa que por uma vez vem do
latim "famosa que por sua vez vem do latim
"famosus", já que famoso também tem o
sentido de extraordinário)
Fardo de algodão: cerca de 1.100kg
Farol: ver candeeiro
Espritado: valentão, enfurecido, manifestado,
com o diabo no couro (vem da corruptela de
espíritado)
Fartuna: quando se excede o suficiente (o
termo vem do latim "fartura")
Esquema: 1.negócio, 2.caso amoroso
Fazer arte: ver Arte
Esquisito (i): lugar abandonado, deserto
Fazer carreira: correr
Estalecido: 1.gripe, 2.gripe fraca
Fazer dinheiro: diz-se que alguém tem
condições de fazer dinheiro quando se tem um
patrimônio ou mercadorias que podem ser
vendidas e transformadas em dinheiro.
Estaqueado: rasgado
Estar com a macaca: o mesmo que estar com
muita pressa
Estar na tira: estar na miséria
Estar triste: comer muito (ex.: comeu tanto
que ficou triste)
Estoporar: 1.esbanjar, 2.desperdiçar
Estourar: ficar incontrolavelmente zangado
Fastio: falta de apetite
Fazer mandado: diz-se isso quando se vai, a
mando se alguém, fazer um pequeno serviço
como por exemplo dar um recado ou comprar
algo, a troco de nada ou de uma pequenina
remuneração.
155
Fazer o apanhado: pesquisar, investigar um
boato
Fazer sabão: a relação sexual entre duas
lésbicas
Fazer um
encomenda
serviço:
matar
alguém
por
Fechar o tempo: 1. ficar nublado, 2. início de
uma briga
Feijão branco: feijão-de-macassar (um dos
tipos de feijão branco)
Feijão-gordo: três tipos conhecidos são
gurgutuba (de arranca), cavalo-claro e preto. O
feijão branco (macaça) é o único que não é
gordo.
Feira da sulanca: feira de artigos baratos,
vindos de outros lugares
Ferrão: pedaço de pau com ferro pontiagudo
na ponta
Fiado: quando se compra algo para pagar
depois. O termo é invariável
Ficar no caritó: não casar
Ficar no rabo da gata: diz-se quando alguém
ficou em último lugar (o termo é uma expressão
das vaquejadas)
os soldados americanos qualificavam as festas
"para todos" quando estes estiveram servindo
numa base aérea no RN durante a 2a Guerra
Mundial). Ver Égua forró
Fraco: miserável (o mesmo que pica-fumo)
Franco: generoso, além dos sentidos de
sincero, leal, espontâneo, isenção de
pagamentos e francos (confederação dos
povos germânicos que invadiram a Gália, atual
França, no século V). O termo vem do
germânico "frank", isto é, livre, não
escravizado. É interessante notar que hoje
"França"em alemão,língua germânica, é
"Frankreich", que numa tradução literal seria
"Reino dos Francos", ou antes "Reino dos
Livres".
Frasqueira: nome usado antigamente para
designar as bolsinhas carregadas pelas
mulheres, porém as frasqueiras eram em forma
de cubos e bem maiores que as bolsinhas de
hoje)
Frear: brecar
Frechado: pesso que incomoda muito, irritante.
O mesmo que caningado (o termo vem de
frechar que é uma variação de "flexar")
Filho de criação: o mesmo que filho adotivo
Friso: granpo de metal usado para prender os
cabelos
Filho de goiamum: o mesmo que filho
ilegítimo, o qual não se sabe quem é o pai
Fruita (ú): o mesmo que fruta (em português
arcaico se dizia "fruita")
Fim de era: fim dos tempos, apocalipse (fim
vem do latim "fine", era do latim "aera")
Fubá: farinha de milho moída e não secado ao
sol ou ao fogo (o termo vem da língua angolana
quibundo "fuba", isto é, farinha de mandioca)
Findar: terminar (o termo está presente no
folheto de cordel "O pavão misterioso" de José
Camelo de Melo Resende, falecido em 1964,
"Se eu não casar com Creuza,/Findo os dias
enforcado!")
Flozô: homossexual masculino
corruptela de "florzinha")
(é
uma
Foi bater lá: diz-se quando alguém foi para
alhures, foi parar lá.
Foi uma riqueza: diz-se isso quando se quer
dizer que algum imprevisto acabou sendo muito
bom; foi uma sorte, uma graça divina (ex.: João
que batia na esposa sumiu a quatro anos, para
ela foi uma riqueza")
Fuleira: mulher da vida, prostituta, quenga,
rameira
Fuleiragem (ê): brincadeira de mal gosto
Fulgor: clarão, brilho, resplendor (o termo vem
do latim "fulgor", "is"e está presente em Grilo
"O castelo estava em flores,/Cheio de tantos
fulgores")
Fulô: sinônimo de flor
Fundura: profundidade
Fuxico: fofoca
Fuzuê: tumulto
Foja (ó): armadilha para capturar préas
Folote: roupa larga
Formosura: beleza (o termo é encontrado em
Grilo "Criou-se sem formosura,/Mas tinha
sabedoria")
Forró: arrasta-pé, festa dançante (há duas
origens para o termo, a mais provável é que
seja um modo abreviado de dizer "forrobodó" a
outra é que venha de "for all", assim era como
G: sétima letra do alfabeto português
Gabiru: rato grande e escuro
Gabola: quem
esnobando
é
convencido
e
fica
se
156
Gala: sêmen
Galalau: diz-se das pessoas de elevada
estatura. O mesmo que galamprão.
Galamprão: diz-se com as pessoas muito
altas. O mesmo que galalau.
Galego: assim se diz com quem é loiro ou
aloirado (o termo vem do latim "gallaecu" e diz
respeito a região da Galícia, na Espanha)
Gambiarra: coisa improvisada, para uso
temporário; como um teto a mais puxado de
uma casa já construída
Ganhar o mundo: sumir, desaparecer
Garajau: cesto de palha para se transportar
rapaduras
Garapa: 1. água com açúcar, 2. caldo de cana
Garapeiro: diz-se de quem gosta muito de
pedir caronas
Gás-óleo: querosene
Gastura: acidez estomacal, ânsia de vômito
Gato: ligação elétrica ilegal
Gavar: falar bem de alguém, o mesmo que
elogiar
Geladeira: refrigerador
Gibão: blusão de couro do vaqueiro para
protegê-lo dos espinhos da caatinga. Pode ser
de couro de gado ou de bode. O mesmo que
vesta (o termo é uma alteração do arcaísmo
"jubão")
Ginásio: em Barcelona é como se chama um
estabelecimento de ensino de 5ª a 8ª série (do
grego: gymnásion, pelo latim: gymnasium)
Gogó: garganta, no sentido figurado (O termo
é encontrado no Folheto Proezas de João Grilo
(1948) de joão Ferreira de Lima "Pegou uma
largatixa,/Amarrou pelo gogó,")
Gosto (ô): além de paladar e sabor também
tem os sentidos das figurados de simpatia,
inclinação, disposição, interesse, satisfação,
elegância e vontade (o termo vem do latim
"gustu"e está presente no cordel O Filho de
Evangelista do Pavão Misterioso, de Manoel
Apolinário Perreira, falecido em 1955, "Não
faço todos teus gostos,/Farei menos da metade
-")
Gota-serena: desgraçada, bandida (nome
vulgar
de
amaurose,
isto
é,
um
enfraquecimento ou perda total da vista sem
alteração dos meios transparentes do olho. Ver
cachorro da moléstia
Gozado: engraçado
Graça: nome (ex.: "qual é a sua graça,
mesmo?". O termo está fora de uso e vem do
latim "gratia", os crentes viam no nome, ou no
ato de nomear através do batismo, um sinal de
alguma dádiva divina)
Grafite: lápis. O mesmo que "lápis comum".
Isto devido ao grafita, um mineral preto ou
cinzento-escuro, cristalizado em lamelas
hexagonais, que constitui uma variedade do
carbono e é usado na fabricação de lápis (o
termo vem do grego "graph", raiz de grápho =
gravar + ita)
Grajau: o mesmo que garajau
Graúdo: grande, alto (O termo é encontrado no
Folheto Proezas de João Grilo (1948) de joão
Ferreira de Lima "Lá partimos o dinheiro,/Pois
aqui tudo é graúdo")
Grossa (ó): forte, quanto se referir a chuva (O
termo é encontrado no Folheto Proezas de
João Grilo (1948) de joão Ferreira de Lima "Sai
correndo pelo chão,/Será uma chuva
grossa/Nos barros de um sertão!")
Grude: 1. doce de goma de mandioca seca e
coco ralado, 2. sujeira da pele (o termo vem do
latim "gluten")
Grupo: além do sentido de conjunto, em
Barcelona grupo é como se conhece uma
antiga escola, Profssor Tertuliano Pinheiro
Filho (o termo é uma referência a grupo escolar
e vem do italiano "gruppo")
Guarda-louça: armário no qual se guarda a
louça. O mesmo que cristaleira
Guarda-roupa: armário
Guela: garganta
Guiné: o mesmo que galinha-d'angola (o termo
se refere à região da África conhecida como
"Guiné")
H: oitava letra do alfabeto português
História p'ra boi dormir: conversa mole
I: nona letra do alfabeto português
Igual a batata na areia do rio: algo criado ou
mantido desleixadamente (a origem do termo
está na facilidade que há em cuidar de uma
plantação de batatas)
157
Igual a cantiga da perua: quando algo vai de
mal a pior, diz-se que está igual a cantiga da
perua
Imbu: fruto típico do sertão. O mesmo que
Umbu (o vocábulo vem do tupi "imbu")
Impeleitar: ver empeleitar
Ingrês: o mesmo que inglês (a expressão
pertence ao português arcaico)
Insossa (ô): pessoa sem charme,sem graça
Intelijumento: termo usado para ridicularizar
as pessoas inteligentes que cometem um erro
absurdo. (o neologismo é uma mistura de
inteligente com jumento)
Jia: sinônimo de rã (o termo vem de uma
onomatopéia tupi "yui")
Jiquí: corredor feito de cercas no qual passam
bovinos de forma ordenada e controlada. É
muito usado quando se quer aplicá-los ou
vaciná-los. Duas portas nas extremidades do
corredor controlam a entrada e a saída dos
animais,
enquanto
varas
colocadas
transversalmente por dentre as cercas e por
baixo dos bovinos impedem, sempre que
necessário, que eles se deitem.
Interar: bastar (ex.: já estou interado de jogar
futebol, isto é, já estou farto de jogar futebol)
Jirau: quatro varas com forquilha fincadas no
chão sobre as quais uma série de varas bem
juntas eram estendidas. Sobre o jirau eram
postas as panelas feitas de barro na época e
utensílios de cozinha (o termo vem do tupi
"yurab", isto é, soltar)
Intiguichado: estado em que se encontra um
animal que comeu tingui. Ver tingui
João-redondo: teatro de fantoches (o mesmo
que "mamulengo")
Intuar: 1. idéia fixa, 2.plano, intento, propósito,
fim (o termo provavelmente é uma variação de
"intuito", esta por sua vez vem do latim
"intuitus",isto é, "vista de olhos")
Judiar: maltratar, atormentar (o termo é uma
antiga referência aos maus tratos dirigidos a
um judeu, "judeu+ar")
Invernada: Estação das chuvas em época
indefinida no período chamado impropriamente
de inverno (o termo vem do castelhano platino
"invernada")
Jururu: tristonho
Inverno: período de chuvas no sertão, seja
qual for o período do ano. Não tem nada a ver
com as estações.
Invocado: 1.brigão, valente, 2.fantástico (ex.:
"olhe que roupa invocada!")
Isonor (ô): o mesmo que isopor, "poliestireno"
(a origem do termo está na empresa regional
que fabrica o produto: ISOpreno do NORdeste)
L: décima primeira letra do alfabeto português.
Antigamente no sertão, não se pronunciava
"éle", mas sim "lê" ("lê" era o valor de
soletração que os romanos davam a esta letra,
precedido de um e que aparece nos nomes das
fricativas)
Labezinha: entidade fantástica com que se
pretende meter medo nas crianças. É a versão
feminina do bicho-papão.
Lambedor: charope medicinal feito de cascas
de frutos ou ervas
J: décima letra do alfabeto português (o termo
vem do grego "iota", pelo latim "iota", nome de
letra correspondente ao "i")
Lambreia: moto velha, fora de linha
Jabá: carne salgada de vaca, disposta em
mantas, carne seca, o mesmo que charque (o
termo vem do tupi "hebe",isto é, aquilo que tem
bom gosto")
Lamparina: pequeno reservatório de óleo
disel, azeite ou outra substância inflamável,
com um pavil no bico e utilizada para iluminar
feito geralmente com uma latinha de óleo
comestível soldada e com um bico de zinco.
Nela há um pavil de pano ou de algodão (o
termo vem do espanhol "lamparilla" e é
encontrado em Grilo "A qualquer hora da
noite,/Andando de lamparina?"). Ver candeeiro
Jarro: vaso
Jegue: sinônimo para burro e jumento (o termo
vem do inglês "jack-ass")
Jerico: asinino, burro, jumento
Jerimum (i): o mesmo que abóbora
Laminha: parte interna do coco verde
Lançol: o mesmo que lençol (a expressão
pertence ao português arcaico)
158
Lapada: 1. gole de cachaça (o mesmo que
"chamada"), 2. pisa, surra
Levar um carão: sofrer uma repreensão
pública. er carão, dar um carão.
Lápis comum: lápis. O mesmo que "grafite" (o
termo vem do latim "lapis", isto é, pedra.
Através do italiano "lapis")
Levar uma taboca: ser prejudicado, lesado
num negócio
Lápis tinta: caneta
Lapiseira: apontador
Laranja cravo: o mesmo que mexerica ou
mexeriqueira (termos populares), tangerina (o
termo vem de laranja tamgerina, isto é, de
Tânger, no Marrocos, com elipse do
substantivo (a árvore desse fruto é da família
das Rutáceas [Citrus nobilis])
Lascado: pobre
Latada: cobertura improvisada de palha de
coqueiro, folhas-de-flandres ou quaisquer
outros materiais
Légua: medida ainda em uso em Barcelona.
Uma légua equivale a 6.600m (o termo é
encontrado no cordel O filho do pavão
misterioso "Voaram umas vinte léguas,/Para o
lado do Poente;")
Lei: além dos sentidos de norma de direito,
convenção, regra, também tem o sentido de
educação que se dá uma criança, o modo e a
disciplina com que ela é criada; tudo o que se
refere a antigos costumes em desuso [lei
velha], o termo vem do latim "lege"
Lelé: ingênuo
Lesado: doido, bobo, distraído ao extremo (o
mesmo que "leso" [é])
Letra: sinal feito no gado com ferro de marcar
incandescente para se saber de onde vem
determinado bovino. Geralmente se usam as
iniciais da cidade ou da região de origem. Por
ex.: o gado da região norte-rio-grandense do
Potengi é marcado com "P"; os da cidade de
Rui Barbosa têm a marca "PO", "P" porque o
município é da região do Potengi e "O" porque
o antigo nome da localidade era Olho d'Água; o
gado de Santana do Mato por sua vez é
marcado com "X". (o termo vem do latim
"littera").Ver "marca"
Levar e dá carga: diz-se isso quando numa
vaquejada se conssegue levar o boi até a faixa
e derrubá-lo. Ver "vaquejada", "se arroche!",
"batedor de esteira", "vaqueiro", "valeu o boi!",
"abrir as turbinas","boi mobral", "levar um
cambão"
Levar um cambão: 1. diz-se isso numa
vaquejada quando o boi corre mais que o
cavalo, 2. levar desvantagem num negócio. Ver
"vaquejada", "se arroche!", "batedor de esteira",
"vaqueiro", "valeu o boi!", "abrir as turbinas",
“boi mobral", "levar e dá carga"
Lhe: forma oblíqua do pronome pessoal, de 3ª
pessoa do singular.O costume de se iniciar
frases com pronomes oblíquos é muito comum
no sertão nordestino, apesar de ser condenado
pela gramática atual. Tal costume era típico do
português arcaico (o termo vem do latim "illi" e
é encontrado no cordel O pavão misterioso
"Lhe propôs um bom negócio,/Oferecendo
dinheiro")
Liga: borracha para prender dinheiro
Língua-de-sogra: além do conhecido apito, em
Barcelona é uma tapioca de farinha de trigo
frita
Liso, leso e louco: sem dinheiro pra nada
Liso: sem um centavo
Loção: perfume, nome genérico para vários
tipos de perfume (o termo vem do latim "lotio",
"onis", isto é, "lavagem")
Loiça: o mesmo que louça, utensílios de mesa
de uma casa (o termo é uma resistência do
português arcaico e é usado ainda hoje em
Portugal)
Lombo: as costas, dôrso (o termo é
encontrado em Grilo "(...)O gadinho de meu
pai/ Passou com o lombo de fora!")
Luita: o mesmo que luta (palavra vinda do
português
arcaico,
é
encontrada
em
documentos de 1400 a 1600)
Lumiar: o mesmo que alumiar, iluminar (o
termo vem de "luminar" que por sua vez vem
do latim "luminaris")
M: Duodécima letra do alfabeto português.
Antigamente no sertão, inclusive Barcelona (até
a 2ª metade do século XX) não se pronunciava
"ême" mas sim "mê" (mê era o valor de
soletração que os antigos romanos davam a
esta letra, precedido de um e - que aparece no
nome das letras africanas)
Macaca: em Barcelona é um tipo de chicote de
cabo curto e usado para açoitar animais de
carga
Macacoa: o mesmo que virose
159
Macaxeira (ê): o mesmo que mandioca, aipim.
Planta da família das Euforbiáceas (Manihot
palmata)(o termo vem do tupi "makaxera")
Magote: muita gente, um bando (ex.: aquilo era
um magote de cabra sem futuro")
Mal triste: doença em que o gado pára de se
alimentar, de beber e morre. Assim se diz
apenas com relação ao gado (o termo é
encontrado no folheto de cordel Pedro Cem
"Deu murrinha nas ovelhas e mau triste em
todo gado.")
gado pode comê-la, mas não pode agitar o
sangue, nem sentir cheiro de estrume.
Maninha:
estéreis
diz-se
das
ovelhas
ou
cabras
Manipueira (ê): líquido leitoso e venenoso da
mandioca ralada a que se extrai com cuidado
por pressão antes de fazer a farinha e contém
ácido cianídrico (a expressão é de origem tupi
"manipuera",isto é, mandioca que já foi)
Maldar: suspeitar
Maniva: caule da mandioca destinado à
plantação ou a ração para bovinos (o termo
vem do tupi "maniwa",isto é, árvore de Mani)
Mamulengo: teatro de fantoches (o mesmo
que "joão-redondo")
Manopa: pulseira de couro curtido ou de corda
usada em bovinos ou eqüinos
Mandado: 1.ordem, 2.tarefa a que se delega a
alguém (no Pavão "Vivo como criminosa,/Sem
gozar a mocidade!")
Mão-de-vaca: em Barcelona assim se diz com
quem é sovina
Mané de vazante:
imprestável
sujeito
sem
futuro,
Maneiro: o mesmo que leve (o termo vem do
latim "manuariu", isto é, manejável)
Manga: além de fruto da mangueira (do
mamaiala "manga"), parte da roupa a qual
cobre o braço a partir do ombro, manga
também é o nome do recipiente de vidro que
junto com a armação de ferro resguarda o fogo
do candeeiro ou farol. Também chama-se
manga um cercado formado por duas cercas
de arame com um travessão ligando uma a
outra pelas extremidades. Onde também se
encontram pequenas estacas fincadas com
parte de comprimento dentro das águas de um
açude ou barreiro. O artifício é usado para que
o gado não suje a água nem aterre o barreiro
quando for beber na margem. Com suas
cabeças sobre o travessão e entre as estacas
só a cabeça do gado entra em contato com a
água. Seus excrementos ficam no solo, dentro
do cercado.
Mangalheiro:
vendedor
(pronuncia-se mangaieiro)
de
mangalho
Mangalho: produção caseira da lavoura ou de
artesanato que é vendido nas feiras-livres
(pronucia-se mangáio)
Mangar: ato de criticar, vaiar, zombar com o
propósito de brincar, sem maldade
Mangunzá: refeição típica feita de milho
cozido, açúcar e leite (é uma variação de
"mucunzá", vem da língua angolana kimbundo
"mu'kunza", isto é, milho cozido)
Maniçoba: planta da família das Euforbiáceas
(Manihot glaziovii). Nas fomes de 1915 as
pessoas comiam a batata desta planta sem
gosto. Dizem os agricultores sertanejos que o
Marca não!: não insista, não incomode por
favor!
Marca: sinal feito no gado com ferro de marcar
incandescente para distinguir os donos dos
animais. Geralmente se usam as iniciais dos
donos ou outra marca de sua preferência (o
termo vem do germânico "marka", isto é, sinal,
fronteira).Ver "letra"
Marchante: abatedor e comerciante de carnes
(vem do francês "marchand", isto é,
comerciante)
Maria-vai-com-as-outras: pessoa sem opinião
própria (esta expressão idiomática tem origem
religiosa e está ligada a Nossa Senhora. Isto
por que, normalmente, os rosários eram
formados por 150 Ave Marias - todas sempre
iguais, em seqüência, separadas apenas por
15 Pais Nossos. Ou seja, a uma Maria,
seguiam-se as demais. No passado, quando
uma pessoa tinha personalidade fraca, o povo
começou a dizer: é uma "Maria vai com as
outras...")
Marmota: pessoa feia, esmolambada, malvestida (vem do francês "marmotte", a origem
do termo está em marmota ser um nome
comum a mamíferos da família dos Ciurídeos,
pertencentes ao gênero Arctomys)
Marrã: ovelha novinha
Marretar (é): enganar, trapacear
Marreteiro (ê): trapaceiro, vigarista
Marva: Grama que aparece depois das chuvas.
Capim ralo, vegetação rasteira (talvez venha de
"malva": nome genérico de várias plantas da
família das Malváceas/do latim: malva). Ver
babugem
Mas tá!: é evidente, não está vendo?
Máscara: além do artefato que simula as
configurações de um rosto, máscara também é
160
uma peça de couro cru que cobre a visão do
boi para ele não ir longe. É levada na sela do
cavalo. Faz parte dos apetrechos do vaqueiro
(o termo vem do italiano "maschera")
Massada: demora (ex.: e esse ônibus que não
chega! Que massada!")
Matulão: saco nas costas, bisaco (o termo é o
aumentativo de "matula" e está presente em
Grilo "Sapato velho furado,/Nas costas um
matulão!")
Matuto: além de caipira, tem também o sentido
de tímido, desconfiado, acanhado, não
atualizado com os novos costumes (o termo é
uma referência aos habitantes do mato)
Me: forma oblíqua da 1ª pessoa do singular
usada como objeto direto e objeto indireto.
Condenado pela gramática do português atual,
o costume de se iniciar frases com pronomes
oblíquos é muito comum no sertão nordestino e
isso era típico do português arcaico (o termo
vem do latim "me", acusativo de "ego"). Grilo
"Me pague mil e quientos-/ Essa coité, seu
vigário,/É de mamãe mijar-dentro!")
Medonho: que causa medo, muito feio (o
termo se refere a "medo" que por sua vez vem
do latim "medus" e é encontrado em filho pavão
"Então, nesse mesmo ano,/Houve uma festa
medonha:")
Meieiro: aquele que cultiva a terra dos outros e
com o dono das terras divide ao meio a
produção(também se usa o termo "meiêro")
Meio mundo:
cochinchina
lugar
muito
longe.
Ver
Meio rádio-meio televisão: pederasta passivo
Meio-fio: guia da calçada
Meiota (ê): pequena dose de cachaça com
coca-cola
Mel de engenho: a calda grossa do açúcar
com o qual se faz a rapadura
Melado: 1.bêbado, 2 sujo (Grilo "O português
levantou-se,/ Tristonho e todo melado.")
Mequetrefe: indivíduo desqualificado
Merenda: lanche (o termo é encontrado no
romance "Menino de engenho [1932] de José
Lins do Rego "Levávamos merenda, pedaços
de pão e queijo, que as formigas comiam.")
Mialheiro: o mesmo que cofrinho
Milacria: 1.algo ruim, 2.feio
Misto: antigo ônibos outrora em circulação em
Barcelona que servia tanto para o transporte de
passageiros quanto de cargas)
Misturar-o-fato-com-areia: diz-se quando vai
acertar as contas com alguém de forma
violenta
Moco: surdo
Mode: de modo a, para, com o objetivo de...
Molenga: pessoa que demora muito para fazer
as coisas
Moléstia das cachorras!: diz-se isto quando
se quer dizer "que infelicidade!", "que azar!"
Moleza (ê): 1. infelicidade, azar (ex.: "perdi o
ônibus! Sé uma moleza!", isto é, "perdi o
ônibus! Que azar!"; "sé" é uma forma rápida de
se dizer "isto é"), 2."estar com moleza"= boa
vida
Momo: cacoete
Morador: caseiro, aquele que presta serviços
durante uma temporada nas terras de alguém,
inclusive tendo direito a uma casa enquanto
estiver prestando seus serviços
Morça: o mesmo que morso, isto é, mordidela,
mordedura. O termo pertencia ao jargão dos
sinais utilizados para marcar as orelhas das
ovelhas afim de se saber quem era o dono do
animal. O sinal dito morça corresponde a um
furo redondo (a expressão vem do latim
"morsus")
Morcego: cédula monetária de pequeno valor,
dinheiro miúdo.
Mosquiteiro: cortina de tule usada nas camas
e nos berços para evitar a picada de mosquitos
durante o sono
Motoca: o mesmo que moto (a origem do
termo está em motocicleta (o termo vem do
francês
"motocyclette",
posteriormente
modificada para motoca e moto)
Mourão: estaca em que se enfiam os paus da
cancela
Muafo: pano velho, roupa velha
Mula: resultado do cruzamento entre um
asinino e um eqüino (masculino: burro-mulo)
Mestre: além de significar homem que ensina,
professor, pessoa de muito saber, em
Barcelona o termo também se refere a pedreiro
(a expressão vem do latim antigo "maestre").
Ver servente
Mulher direita: mulher que tem
honesta, não promíscua, fiel, honrada
Metido a
convencidas
Mundiça: gentinha. Ver catrevagem
besta:
diz-se
de
pessoas
pudor,
Mulher-macho: mulher corajosa, valente, de
fibra, que enfrenta tudo
Munheca: pulso
161
Muriçoca: o mesmo que pernilongo, mosquito
Murrinha: qualquer doença que dá nos
galináceos, ouvinos, caprinos causando sua
morte (o termo é encontrado no cordel Pedro
Cem "Deu murrinha nas ovelhas e mau triste
em todo gado.")
Mutuca: mosca grande que incomoda muito e
cuja picada provoca dor. Nome de insetos
dípteros braquíceros da família dos Tabanídeos
(o termo vem do tupi "mbotuka", gerúndio de
mbotu, isto é, furar)
O: décima quarta letra do alfabeto português
O cão chupando manga: pessoa muito
capacitada
O cão em figura de gente: ousado, atrevido
O que não mata, engorda: é dito quando
alguém experimenta uma comida desconhecida
Oiças: corruptela de ouças, isto é, audição.
(ex.: você fala muito baixo para minhas oiças)
Olhar de cabra morta: o mesmo que olhar
vazio, sem expressão
N: décima letra do alfabeto português.
Antigamente no sertão, inclusive Barcelona (até
a segunda metade do século XX) não se
pronunciava "êne", mas sim "nê".
Na água e sal: 1. unicamente, 2. cozido sem
nenhum tempero ou ingredientes além do
básico (ex.: feijão na água e sal). A expressão
é encontrada em "A Bagaceira",1928, de José
Américo de Almeida
Na tira: o mesmo que falido
Não é p'r'o seu bico: o mesmo que "não se
iluda, ela é boa demais para você"
Não passa no mourão: Não da nem para a
saída, muito fraco, muito pouco (ex.: "aquele
candidato pensa que tem votos, mas ele não
passa nem no mourão")
Não se entender de gente: 1. ser ainda
criança, 2. não ter ainda nascido nêgo: negro,
preto quando se refere a raça. Para qualquer
outra coisa escura se diz "preto" (o termo é
uma fixação gráfica de pronúncia defeituosa)
Não tem nem p'ra um remédio: não tem
nada, está em falta completa
Não-me-toque: diz-se que uma pessoa está
"não-me-toque" quando ela está orgulhosa,
convencida, tanto que evita o contato social
Nota: cédula monetária, dinheiro (o termo vem
do latim "nota")
Novena: 1.espaço de tempo de nove dias
durante os quais se cumprem certas práticas
devotas 2. as práticas devotas de cada um dos
nove dias
Ombreira: nome antigo para cabide, só que
sempre de madeira (o termo vem do latim
"umeru" e é uma referência a ombros)
Onça: carro velho, caindo aos pedaços, que só
dá problema
Onde a porca torce o rabo: momento crucial
de um trabalho difícil, que exige habilidade
(esta expressão idiomática é muito antiga. Logo
que começou a criar porcos, o homem
percebeu um problema: os guinchos desses
animais eram insuportáveis. Até que alguém
descobriu que, torcendo o rabo do porco, ele
ficava em silêncio! É por isso que, até hoje,
quando atingimos o ponto crucial de algum
problema, dizemos que chegamos "onde a
porca torce o rabo!")
Ontonte: antes de ontem
Ôpa!: Oi! tudo bem? (usualmente é dito de
forma rápida. O termo pode ter surgido de "Ô
pá!" que é uma gíria para "rapaz", "cara" ainda
em uso em Portugal)
Opinião: capricho (O termo é encontrado no
Folheto Proezas de João Grilo (1948) de joão
Ferreira de Lima "Bartolomeu do Egito/ Foi um
rei de opinião")
Opinioso: orgulhoso
Outros quinhentos: o mesmo que outra
história (a expressão idiomática surgiu há mais
ou menos 200 anos, em Portugal e na
Espanha, os nobres que fossem insultados por
qualquer
pessoa
podiam
pedir
uma
indenização à corte. O autor da ofensa era
então condenado a pagar ao insultado 500
soldos, a moeda da época. Uma vez paga a
pena, qualquer nova afronta dirigida ao mesmo
nobre seria punida com nova cobrança. Ou
seja, outra culpa, outra história, outros
quinhentos soldos)
162
Oxe! (ô): mas o que é isso?, mas que coisa! (o
termo é um diminutivo de oxente, que por sua
vez é uma aglutinação de "ô gente!","ó gente!")
P: décima quinta letra do alfabeto português
por cima da carne seca: diz-se de alguém que
está em boa situação ou muito bem de vida
Pabular: vangloriar-se, gabar-se, contar
grandezas, desdenhar com superioridade
Pai-de-chiqueiro: homem mulherengo, muito
namorador (originalmente o termo se refere ao
bode ou carneiro reprodutor, o mesmo que
bodão)
Paidégua: aglutinação da expressão "pai de
uma égua" (é um termo pejorativo)
Palestra: conversa
Palma: espécie de cacto, usado para alimentar
o gado em épocas de seca
Panelada: prato próprio de almoço feito de
miúdos, intestinos e mocotós (pés) de boi, bem
temperado e servido com o pirão feito com o
próprio caldo da fervura e farinha de mandioca
Papa: mingau (vem do latim "pappa")
Papa-anjo: homem ou mulher que gosta de
namorar adolescentes
Papa-figo: de acordo com a crendice africana,
é um homem que come fígado de criança
(também se escreve "papafigo")
Papangu: sujeito grande e palerma
Papeira (ê): hipertrofia da glândula tireóides, o
mesmo que caxumba
Papoca (ó): qualquer pequeno caroço cutâneo,
pequeno tumor
Papoco (ô): estouro
Papudinho: tomador de cachaça
Para o ano: o mesmo que para o próximo ano,
para o ano novo (O termo é encontrado no
cordel O filho de Evangelista do Pavão
Misterioso, de Manoel Apolinário Pereira,
falecido
em
1955,
"Isabel
se
dispediu,/Dizendo:-até para o ano!")
Parada: ponto de ônibus
Parado: quem é desanimado
Parideira (ê): mulher que tem filhos quase todo
ano
Parir: dar cria, dar a luz (O termo é encontrado
no Folheto Proezas de João Grilo (1948) de
João Ferreira de Lima "Nasci na ditosa
hora/Que minha mãe me pariu!")
Passada: o mesmo que passo. É comum se
ouvir de um apressado sertanejo: aumente a
passada!(os soldados da antiga Roma
calculavam suas marchas em passadas, cada
uma com o comprimento de um passo duplo,
cerca de cinco pés ou um metro e meio. Hoje
uma passada é o equivalente a um passo,
aproximadamente noventa centímetros)
Passamento: 1.desmaio, 2. síncope (o termo
vem de "passar", que vem do latim hipotético
"passare" é encontrado no folheto de cordel O
pavão misterioso, de José Camelo de Melo
Rezende, falecido em 1964, "Não vi quando ele
encantou-se,/Porque
deu-me
um
passamento."). Ver turica
Passar precisão: passa precisão quem não
dispõe do mínimo recurso para viver, inclusive
quem passa fome (o termo é encontrado no
Folheto Proezas de João Grilo (1948) de João
Ferreira de Lima "Chegou e disse:Mamãe,/Morreu nossa precisão-/O ladrão, que
rouba outro,/Tem cem anos de perdão!")
Passar um pitú: fazer outra pessoa de bobo,
passar a perna, passar um quinau, enganar
(pitú é uma espécie de camarão, a expressão
tem a ver com a forma de defesa do animal)
Passar um quinau: ver quinau
Pássaro goteiro: quando começa uma chuva
e a água bate no teto, diz-se que o pássaro
goteiro começa a cantar
Pasta: o mesmo que creme-dental (o termo
vem do grego "paste", isto é, caldo engrossado
com farinha de trigo, pirão, pelo baixo-latim
"pasta". É uma alusão ao formato alongado do
creme-dental quando sai de seu invólucro com
o formato do macarão italiano, chamado de
"pasta")
Pastorar: vigiar, seguir alguém
Patota: coletivo para vagabundos, malfeitores,
grupo de pessoas ligadas por interesses
escusos (termo pejorativo)
Pé de pau: o mesmo que árvore
peba: 1. espécie de tatu, 2. algo de baixa
qualidade
Pebado: em maus lençóis, arrasado
Pé-de-lã: o mesmo que amante de mulher
casada
Pé-de-parede: roda-pé de uma parede
Pedir arrego: arranjo, acordo (é corruptela da
palavra de origem espanhola "erreglo")
Pé-duro: animal mestiço
163
Pegar a: começar a (o termo é encontrado em
Pavão "Pegaram a conversar, prestando pouca
atenção.")
Pica fumo: miserável, que faz questão de
pouca coisa (o mesmo que fraco)
Pegar o beco: ir embora
Pichitinho: pequenino
Pegar o feijão: o mesmo que almoçar
Picolé: o mesmo que no centro-sul sorvete no
palito
Peibufe (ê): tiro e queda, de imediato
Peido-de-velha:
espécie
de
triangular das festas de São João
bombinha
Picadeiro: monte de cana ou de lenha cortada
Pidão: pedinte
Pindaíba: penúria, pobreza
Peitar: enfrentar
Pinguinho: pouquinho
Peito lavado: vingado
Pinha: o mesmo que fruta do conde em outras
regiões
Peitoral: avental de couro usado pelos
vaqueiros que serve para protegê-lo de batidas
dos galhos da caatinga no peito (o termo vem
do latim "pectorale")
Pela lei velha: o mesmo que pelos antigos
costumes
Pelejar: teimar, insistir, batalhar, discutir (o
termo vem de "pêlo+ejar")
Pinicar: beliscar
Pinóia: coisa sem valor
Pisada: ritmo, andamento, velocidade quando
se referir aos pés. Aumentar a pisada, isto é,
aumentar o passo
piúba: ponta de cigarro
Pena: dó (ex.: "não tenha pena de quem só te
vez mal")
Pixotinho (ô): pequeno, miúdo (também se
escreve pichotinho)
Peniqueira (i): termo depreciativo para as
empregadas domésticas (o termo é uma
referência a penico)
Platibanda: moldura chata, mais larga que
saliente; grade de ferro ou muro que rodeia a
plataforma de um edifício; bordadura de um
canteiro (o termo vem do francês "platebande")
Pequeno: pequena dose de café, cafezinho
Pé-rapado: pessoa humilde, pobre. É uma
expressão idiomática encontrada em A
Bagaceira, 1928, de José Américo de Almeida
(no Brasil imperial, o calçado era um símbolo
de status. Os nobres, por exemplo, gostavam
de exibir-se em largas botas. Os ricos e
burgueses usavam sapatos sempre lustrosos.
Já os homens do povo andavam descalços, de
pé no chão e, por isso, eram chamados de pésrapados. A simbologia era tão forte que, assim
que recebia sua alforria, o escravo ia logo
comprar um par de sapatos, para ingressar na
classe dos "pés-calçados")
Pere aí!: espere aí! (a supressão do "es"
facilita a velocidade com que a expressão é
dita)
Pereba: ferida
Perneira: calça de couro curtido usada pelos
vaqueiros para protegê-lo dos espinhos da
caatinga
Pia de banheiro: o mesmo que lavatório
Pía!: o mesmo que olha!, está vendo!, é de não
acreditar!
Piar: 1.dar pios (aves, vocativo onomatopéico),
2.prender, atar, amarrar (os pés dos animais,
para se tirar leite das vacas é preciso apiá-las
antes)
Pode vir pondo!: pode vir irado! (o termo vem
do fato de que quando uma galinha está pondo
seus ovos ela fica irritadiça)
Ponche: refresco de fruta que pode ainda
conter vinho ou licor (o termo vem do inglês
"punch")
Pontas: o termo sempre no plural indica
chifres, 1. de bois, 2. quanto se quer insinuar
que alguém é corno
Ponto e vírgula: o mesmo que muito bom (o
termo é usado quando se refere a pessoas,
objetos ou animais)
português medieval)
Potoca: coisa sem valor
Pranta: o mesmo que planta (a expressão é
um arcaísmo, trocar o "l" pelo "r" é bem típico
do
Prata: moeda (o termo vem do baixo-latim
"plata", isto é, barra de prata, prata)
Prato de ágata: prato de ferro coberto por uma
fina camada de ágata, uma espécie multicolor
da calcedônia, um mineral de variedade fibroso
de sílica composta de opala e quartzo, em
diversas cores muito usado pelos pobres no
século XIX e início do século XX (ágata vem do
grego "achátes", pelo latim "achatas")
164
Preá: roedor herbívoro muito comum no NE do
Brasil
Precisão: Ver passar precisão
Prejura: pessoa feia, esmulambada
Presepeiro (ê): fanfarrão, escandaloso
Primeira!: quando algo ou alguém é muito bom
(ex.: "aquele cidadão é primeira!")
Priziaca: pessoa feia, desajeitada
Pronto: de uma vez, em definitivo
Propiedade: além dos sentidos de posse,
próprio, virtude particular, quantidade especial,
também significa gênese, qualidade que
procede da essência do ser (o termo vem do
latim "proprietas", "atis" e é encontrado em O
termo é encontrado no Folheto Proezas de
João Grilo (1948) de João Ferreira de Lima
"Outro Grilo como aquele/Perdeu-se a
propriedade.")
Proseador: conversador (o termo é encontrado
em versos de Patativa do Assaré "Sou poeta
agricultor/ Do interior do Ceará./ Mesmo assim,
sou proseador,/ Canto aqui, canto acolá.")
quinau em José, eu disse que ia para
Barcelona, mas na verdade irei para Natal".
Originalmente o termo tem o sentido de
correção. Dar quinau: corrigir com palavras,
mostrar que errou; Levar quinau: ser
emendado, como é encontrado no cordel
Proezas de João Grilo, de João Ferreira de
Lima, publicado em 1948, "João Grilo, em
qualquer
escala,/Tinha
do
povo
a
atenÇão,/Passava quinau no mestre,/Nunca
faltou com a lição./ Era um tipo inteligente-/No
futuro
e
no
presente,/João
dava
interpretação."). (o termo vem da expressão
latina "quin autem", isto é, mas ao contrário)
Quintura: qualidade de quente, calor, abafado
(o termo vem do latim "calentura". Também se
escreve "quentura")
Quiquiqui: fofoquinha
Quixabeira: árvore da família das Sapotáceas
(Bumelia sertorum), de flores cheirosas e frutos
comestíveis.
Quixó: casa velha
Puxavante: ato de puxar alguma coisa com a
mão e de forma violenta
Puxe o carro!: suma! Desapareça daqui!
Q: décima sexta letra do alfabeto português
Quadro-negro: lousa (verde)
Quantidade: ver em quantidade
Quartinha: Pequeno pote (também conhecido
como bilha)
Quartos: bunda (ex.: "cair com os quartos no
chão" é o mesmo que "cair de bunda no chão")
Que só a peste: o mesmo que muito
Que só: 1. expressão usada para aumentar
(ex.: bom que só), 2. Comparar (ex.: bom que
só doce)
Queimar ruim: diz-se quando uma pessoa fica
muito brava (ex.1: "Quando Antônio viu o que
fizeram ao seu carro, ele queimou ruim; ex.2:
"Quando José percebeu que estavam querendo
ridicularizá-lo, ele queimou ruim")
Quenga: 1.prostituta, 2.parte da cabeça de um
coco
Quengo: cabeça
Quinau: fazer outra pessoa de bobo, passar a
perna, passar um pitú (sentidos outrora
empregados em Barcelona, ex.: "passei um
R: décima letra do alfabeto português.
Antigamente no sertão, inclusive Barcelona (até
a 2ª metade do século XX) não se pronunciava
ére, mas sim rê (rê era o valor de soletração
que os romanos davam a esta letra, acrescido
com "e" protético e com deslocação do acento)
Rabeca: instrumento musical da Idade Média
na Europa. Presente até hoje no sertão do
nordeste brasileiro, é utilizada em nossas
músicas folclóricas. Antecessor do violino com
quatro cordas de tripa e retrós, das quais se
tiram os sons por meio de um arco. O
instrumento se toca apoiando-o na altura do
coração ou do ombro esquerdo (ou direito),
mas sempre com a voluta para baixo e com a
outra parte suspendem levemente com o peito.
Era assim que procediam os tocadores de viola
da Idade Média. As rabecas são instrumentos,
cuja sonoridade é estridente, fanhosa e ao
mesmo tempo tristonha. Os prelúdios e os
interlúdios executados na rabecas são
denominados "repinicados" (o termo vem do
árabe "rabad", através do provençal antigo
"rebec" ou do francês "rebec"). Também se diz
rebeca
Rabequeiro: tocador de rabeca
Rabiçaca: quando alguém vira o rosto para o
outro em sinal de desdém
Rabo da gata: ver ficar no rabo da gata
165
Rabo de cuia: diz-se isso quando se acha algo
muito sem valor, sem futuro (ex.: "esse seu
carro é muito rabo de cuia!")
Rabo-de-saia: o mesmo que mulher
Raiva: bolinha de goma de mandioca assada
Rala-bucho: o mesmo que festa dançante,
forró
Rama: primeiras folhas que aparecem nas
árvores depois das primeiras chuvas, cada um
dos ramos de um arvoredo (o termo vem de
"ramo", que por sua vez vem do latim "ramus").
Também conhecido como babugem.
Rameira: mulher da vida, prostituta (a origem
do termo se deve as mulheres de vida livre que
costumavam freqüentar as tabernas, pois em
Portugal se costumava colocar um ramo
pendente na porta das tabernas. É interessante
notar a alusão com o termo "rameiro", que são
aves que ao sair do ninho, voam de ramo em
ramo por não ter força para levantar o vôo.
perceber, fitar a vista, fixar a atenção (o termo
vem do latim "reparare" e está presente em
Menino de Engenho de José Lins do Rêgo
"Este menino fez arte. Chega estar afrontado repararam, quando apareci na cozinha.")
Retratista: aquele que tira retratos, fotógrafo.
Ver chapa retrato; fotografia (o termo é
encontrado no folheto de cordel O Pavão
Misterioso, de José Camelo de Melo Resende,
falecido por volta de 1964, "Depois, João
Batista viu/Um retratista vendendo/Alguns
retratos de Creusa.)
Riba: cima (ex.: "o livro está na prateleira de
riba". O termo vem do latim " ripa", isto é,
margem [elevada])
Ri-ri: o mesmo que zíper
Riscar: fazer desaparecer
Risco n´água: pessoa que não tem palavra
Raparigueiro (ê): homem muito namorador.
Ver "bodão"
Roçadeira: instrumento agrícula em forma de
lua crescente que serve para roçar, isto é,
cortar mato afim de limpá-lo para plantação (a
ferramenta está presente na bandeira da antiga
URSS e o termo é uma variação de
"roçadeiro")
Rasgado: aberto, sem censura, com base na
confiança
Roçado: terra de lavoura, especialmente de
mandioca, milho, feijão etc.
Raspa de tacho: 1.último filho de um casal,
2.último filho de um casal de prole numerosa. O
mesmo que crueira
Roçar: cortar, botar abaixo, roçar mato (o
termo vem do latim hipotético "ruptiare")
Rapariga: prostituta, mulher libertina (não
necessariamente paga)
Raspa: migalhas de uma rapadura tiradas ao
ser raspadas por uma faca, o que se tira ao
raspar um objeto (o termo vem de "raspar" que
por sua vez vem do germânico hipotético
"hraspon", isto é, arrancar)
Rodete: cilindro
mandioca
dentado
para
moer
a
Roer: enciumar (o termo vem do latim "rodere")
Rói-rói: 1.pequeno pedaço de tábua preso por
um cordão que ao ser girado provoca um
barulho, 2.barulho insistente
Rear: 1 acabar com alguém, desmoralizar, 2
porrada, pancada, batida
Roladeira: sela bem larga, usada pelos
vaqueiros
Rebeca (é): o mesmo que rabeca
Roseta: parte, saliência traseira da espora,
circular e dentada, para impulsionar os cavalos
(o termo vem de "rosa")
Rebocar: emboçar
Rebolo: cilindro
Reclava que só bode embarcado: reclamar
muito
Rosetar: divertir-se
Ruma: monte, bocado
Recreio:
intervalo,
folguedo,
deleite,
contentamente (o termo vem de "recrear" sua
vez vem do latim "recreare", isto é criar de
novo)
Rei do gado: corno (gíria muito recente
surgida de uma novela de mesmo nome da
Rede Globo)
Relabucho: o mesmo que rala-bucho
Renrém: arenga sem fim
Reparar:
além
de refazer, endireitar,
aperfeiçoar, também tem o sentido de
S: décima oitava letra do alfabeto português
Sabido: além de se referir ao conhecimento de
alguém, também significa "esperto" (o termo
vem de "saber", que por sua vez vem do latim
"sapere", isto é, ter gosto, ter juízo, conhecer.
O termo é encontrado no cordel Proezas de
João Grilo, de João Ferreira de Lima, publicado
166
em 1948, "A fama então de João Grilo/Foi de
nação em nação,/Por sua sabedoria/ E por seu
bom coração.") sabido: além de se referir ao
conhecimento de alguém, também significa
"esperto"(vem de saber, que por sua vez vem
do latim "sapere", ter gosto, ter juízo, conhecer.
O termo é encontrado no cordel Proezas de
João Grilo, de João Ferreira de Lima, publicado
em 1948, "A fama então de João Grilo/ Foi de
nação em nação,/ Por sua sabedoria/E por seu
bom coração.")
Saco de batata: assim se diz com quem é
obeso, e se muito obesa a pessoa for ainda se
acrescenta "muito mal arrumado"
Saideira: 1. o derradeiro copo de bebida, 2. a
última dança de um baile
Sambudo: com a barriga enorme (geralmente
só é usada ao se referir a crianças como por
ex. "menino sambudio". O termo é encontrado
no cordel Proezas de João Grilo, de João
Ferreira de Lima, publicado em 1948, "Assim
mesmo ele criou-se/ Pequeno, magro e
sambudo.")
Sangue virando
leucemia.
água:
o
mesmo
que
Sapecar: 1. atirar algo em alguém, 2. fazer
uma coisa mal feita
Sapo-de-rabo: homem baixo e gordo
Se abra, não!: o mesmo que "deixe de
gozação!"
Se arroche!: o mesmo que se segure em cima
da cela, bote o boi à baixo, imprense na cerca,
derrube o boi na faixa (o termo é um calão das
vaquejadas).
Ver
"batedor
de
esteira","vaquejada", "vaqueiro", "levar e dá
carga", "abrir as turbinas", "valeu o boi!", "boi
mobral", "levar um cambão"
Se arrumar: ver arrumar
Se demorar: se atrasar, custar a ir ou a vir (o
termo é encontrado no cordel O Pavão
misterioso de José Camelo de Melo Resende,
falecido em 1964, "-Acho bom se demorar!"
Se quebrar:
consumado
desistir
de
um negócio
já
Se torar: desistir de um negócio já consumado.
O mesmo que se quebrar
Seco: vazio
Senhorito! (ô): senhor (expressão usada em
tom de ameaça)
Ser gente: deixar de ser pobre; ter dinheiro,
mesmo que não muito. Costuma-se dizer "um
dia eu sou (serei) gente!"
Sereno: chuviscar
Seresta: 1. festa dançante com músicas
românticas acompanhadas por um teclado, 2.
na primeira metade do século XX, seresta era
uma reunião de amigos que se juntavam à
noite pelas ruas para cantar e tocar músicas
românticas acompanhadas por um violão, afim
de seduzir as mulheres as quais estavam
enamorados(Bem
similares
as
canções
trovadorescas da Idade Média, eram o que se
conhece por serenata)
Sertão: área que compreende o interior do
nordeste brasileiro, no polígono das secas. Por
ter sido historicamente um lugar isolado, é a
região onde se mais conservou oos costumes,
festas, religião hábitos, música, artesanato e o
vocabulário dos primeiros colonizadores
portugueses que chegaram ao Brasil no século
XVI. Herdeira da cultura medieval da Península
Ibérica, o sertão devido as suas peculiaridades
sociais, raciais e climáticas tem uma cultura
riquíssima e singular (A palavra sertão é uma
corruptela de um velho vocábulo africano que
os portugueses absorveram desde o tempo das
navegações, quando costearam a África.
Utilizado já em Portugal antes de passar para o
Brasil, o termo aqui viria a ter uma história rica
e fecunda. Seu significado mais importante é o
de "interior" (hinterland) ou "terras interiores".O
mundo afastado da costa. O vocábulo pode
cobrir uma parcela de um continente, de um
país, de uma região
Servente: 1. Que serve, 2. servente de
pedreiro, ajudante que amassa o barro, conduz
a argamassa, tijolos, água...etc, auxiliando o
trabalho do pedreiro (o termo vem do latim
"serviens", "entis"). Ver mestre
Sessar: ficar o gavião parado no ar com as
asas abertas
Sião: sela feminina para montagem em
eqüinos (o termo é uma referência ao Sião,
antigo nome da Tailândia)
Sibito: pessoa magra ou macérrima, quase
sempre de pequena estatura (escreve-se
também "cibito")
Sinal: além do sentido conhecido de "sinalizar",
também é uma marca utilizada pelos criadores
para distinguir seus caprinos dos de outros
donos (o termo vem do latim "signalis"). Ver
morço
Siquilo: biscoito de farinha de mandioca
Só não disse que era carne assada: só não
disse algo de bom dele, porque tudo de mal foi
dito
Solta (ô): duas cordas com duas manopas
(pulseiras) de sola
Sombrinha: pequeno quarda-chuva
167
Sopa: o mesmo que ônibus, microônibus ou
lotação
Sube: soube (fixação gráfica da pronúncia
defeituosa)
Suceder: acontecer, ocorrer (o termo é
encontrado no cordel Proezas de João Grilo, de
João Ferreira de Lima, publicado em 1948,
"Disse: - Eu dormirei hoje aqui,/Suceda o que
suceder."
Suspirar: respirar
Tanque: um dos nomes para açude
Tapioca: beiju de farinha de mandioca assado,
com coco e/ou manteiga
Tapuru: o bicho que dá na goiaba e em outras
frutas maduras
Tê: peça em forma de T que permite o múltiplo
uso de uma mesma tomada na rede elétrica
(em outras partes do país é chamado de
"benjamim")
Tem alma querendo reza: assim se diz
quando se percebe que alguém está se
insinuando, procurando namorado(a)
Ter abuso de: não suportar
T: décima nona letra do alfabeto português
Tá com a peste!: expressão de surpresa, eu
não acredito! virgem!: o mesmo que vige!,
danou-se!, vote!
Ter lembrança: recordar, rememorar (o termo
está presente no cordel Proezas de João Grilo,
de João Ferreira de Lima, publicado em 1948,
"-Senhor rei, tenho lembrança/Do tempo da
minha avó,")
Tá de ovo virado!: o mesmo que "está
irritado!"
Ter um escorpião no bolso: diz-se das
pessoas que nunca põe a mão no bolso, muito
sovinas
Tá pensando que boi deitado é vaca?: o
mesmo que "nem tudo o que aparenta ser, é"
Terelé: muito movimento, muitos transeuntes
(ex.: terelé de gente)
Tabaca: vagina, órgão sexual feminino
Ternontonte: o período há três dias atrás,
depois de antes de ontem, isto é, ontonte
Taboca (ó): engano, logro (vem do tupi
"ta'boka")
Taboqueiro (ô): quem dá taboca
Tabuleiro (ê): terra batida, arenosa, quase
sem árvores, vegetação e arbustos (o termo
vem de tábula, isto é, mesa). Uma terra
tabuleira é péssima para o cultivo
Tacaca: gambá
Taioba: bunda
Talha: pedaço de alguma coisa (ex. de como
normalmente de diz: talha de jerimum. O termo
vem de talhar (cortar, esculpir, gravar, entalhar)
que por sua vez vem de " taleare", isto é,
cortar)
Taludinha: crescida, desenvolvida
Tamarina: em Barcelona é chamado assim o
tamarindo (árvore e fruto)
Tambor: além de outros significados, é um
recipiente cilíndrico de ferro que serve para
transportar ou guardar líquidos e cereais.
Muitos sertanejos plantam feijão, por exemplo,
e guardam a colheita nos tambores, sendo
estes
limpos,
desumidificados
e
hermeticamente fechados com cera de abelha,
numa tentativa de evitar que o cereal dê
gorgulho (o termo vem do persa " tabir",
através do árabe "tambur")
Tamborete (ê): 1. pequeno banco de madeira,
2. pessoa baixinha
Testo (ê): tampa de barro de cobrir panela (o
termo vem do latim "testum" e está presente no
cordel O filho do pavão misterioso, de Manoel
Apolinário Pereira, falecido em 1955, "Testo pra
tua panela!")
Tila: jogo infantil que consiste em bater as
pedrinhas nas outras (a origem do termo é uma
onomatopéia)
Tilintar: fazer um ruído característico de sineta,
campainha, moeda ou similar (vocábulo
onomatopéico presente no cordel Proezas de
João Grilo, de João Ferreira de Lima, publicado
em 1948, "Bem no ouvido do duque,/O dinheiro
tilintou.")
Timbu: nome de ave (o termo está presente no
cordel Proezas de João Grilo, de João Ferreira
de Lima, publicado em 1948, "Saltava pra todo
lado, Que parecia um timbu.")
Tingui: 1.qualquer ração que faça mal ao
gado, 2.arbusto da família das Leguminosas
(Lupinus cascavela) que se ingerida pelo gado
causa sua morte se ele for incomodado, beber
água ou for tangido, pois seu sangue se agita
(o termo vem do tupi "tígwi"
Tipóia: 1. rede, 2. rede velha
Tirar o bode da chuva: Ir embora, retirar-se de
uma situação incômoda (no sertão, onde há a
criação tradicional de caprinos, sabe-se que o
bode é um animal próprio para regiões de
168
Tirar o couro: dar uma pisa
alto (o termo é encontrado no cordel O pavão
misterioso, de José camelo de Melo Rezende,
falecido em 1964, "Então disse Evangelista:/Minha roupa está trepada" e no cordel Proezas
de João Grilo, de João Ferreira de Lima,
publicado em 1948, "O caminho interrompido/E trepou-se num pinheiro.")
Tirinete: correria
Tribufu: o mesmo que mulher feia, trem virado
Tirinête: muito barulho, o mesmo que zuada,
zoada
Trinco: o mesmo que maçaneta de uma porta
pouca chuva. Ele inclusive chega a emagrecer
muito durante as estações das chuvas)
Tirar o cabaço: descabaçar, desvirginizar, tirar
a virgindade de uma mulher (expressão
chula).Ver cabaço
Toco de amarrar cachorro: pessoa muito
baixa
Tomar
barrigada:
quem
especula
dissimuladamente afim de saber o real preço
de algo (ex.: "João perguntou o preço do touro
a Luís sem demonstrar sua intenção de
comprar o animal")
Tomar o fôlego de alguém: dominar alguém
Tomar sentido: tomar cuidado
Tomar tenência: tomar cuidado, se endireitar
na vida
Torado: o mesmo que quebrado em um ou
mais pedaços
Torar: cortar em pedaços, decepar
Tornar: 1.recorrer, 2.voltar (ex.: ele desmaiou,
mas já tornou). O termo vem do português
arcaico e está presente na "Lenda do Rei Lear"
(século XIII ou XIV) do "Nobiliário" ou "Livro das
Linhagens" do conde D. Pedro, Portugal "(...) e
ouve a tornar aa merçee d'ell-rrey de
França(...)"O termo também é encontrado em
"Memorial do Convento" (1982) do escritor
português contemporâneo José Saramago "(...)
agora que chegou de terras holandesas, vai
tornar a Coimbra, um homem que pode ser
grande voador, (...)". O termo também é
encontrado no cordel O Pavão Misterioso " Viu
a filha desmaiada,/Não pôde falar com ela,/Até
que a moça tornou,"
Toró: chuva forte e demorada
Torrado: cozido, assado
Totó: jogo de futebol de mesa, bimbolim
Traçar: é o ato de misturar o cimento com a
areia e outros componentes quando se está
preparando massa para uma construção
Traíra: tipo de peixe
Tramela: pequeno pedaço de tábua com um
prego numa das pontas e presa na porta que
servia para fecha-las quando fechaduras de
ferro eram caras e difíceis
Troços: 1.órgão sexual masculino e seus
acompanhantes, 2.cacarecos, trastes
Troncho: torto, desalinhado (a expressão é do
português medieval)
Troucha: órgão sexual masculino
Turco: mascates árabes que perambulavam
pelo sertão, inclusive Barcelona, vendendo
seus produtos.A associação de qualquer árabe
com os turcos está presente até hoje e se deve
a um engano, porque no século XIX e início do
XX todos os árabes que chegavam ao Brasil
portavam passaportes do Império Otomano, já
que os turcos ocuparam seus países, como é o
caso do Líbano (o
termo vem do turco "turk")
Turica: o mesmo que síncope
U: vigésima letra do alfabeto português (o
termo vem de u, valor de soletração desta letra
entre os romanos)
Um dia eu serei gente!: a expressão é usada
quando alguém anceia por deixar de ser pobre;
quer ter dinheiro, mesmo que não muito
Umari: nome de duas plantas da família das
Leguminosas (Andira inermis e A. racimosa. O
termo vem do tupi "umarí")
Umbu: fruto típico do sertão. O mesmo que
imbu (o vocábulo vem do tupi "imbu")
Uniforme: 1. calça e paletó do mesmo tecido e
cor, 2. o mesmo que terno de um jogador
(neste caso o termo uniforme está em desuso),
3. farda de um estudante
Usura: além de lucro em excesso, tem o
sentido de mesquinharia ou ambição
Trem virado: mulher ou homem feio
Trepar: além de significar ato sexual, trepar
também é pôr algo em cima de algum lugar,
V: vigésima primeira letra do alfabeto
português (seu nome se formou do som criado
169
em português para o "u" romano semiconsoante)
Vá plantar batatas!: livrar-se de alguém que
importuna; mandar embora sem dar explicação
(a expressão idiomática surgiu em Portugal no
final do século passado. Nessa época as
indústrias não tinham vagas para oferecer. A
única atividade que ainda rendia frutos era a
agricultura. Assim, quando os operários vinham
à fábrica reclamar emprego, o proprietário
simplesmente respondia: "Ora vá plantar
batatas!" No Brasil, a expressão passou a ser
usada em diversas situações, sempre com
sentido sarcástico e até agressivo. "Vá
passear!")
Vaca: fêmea do touro (no início do século XX o
termo que vem do latim "vacca" não tinha em
Barcelona qualquer sentido pejorativo, como
hoje para designar as mulheres de vida livre)
Vadiar: transar muito
Valeu o boi!: diz-se isso quando um vaqueiro
consegue derrubar o boi dentro da faixa numa
vaquejada. Significa que aquela queda é válida
na contagem final dos pontos de uma
vaquejada. Ver "se arroche!", "batedor de
esteira", "vaqueiro", levar e dá carga", "abrir as
turbinas", "vaquejada", "boi mobral","levar um
cambão"
Vaqueirama (ê): além de reunião de vaqueiros
antes da vaquejada, em Barcelona esta palavra
tem o sentido de "grande quantidade de vacas"
Vaqueiro: 1. relativo a gado vacum, isto é, o
que compreende vacas, touros, novilhos e
bezerros, 2. pastor ou condutor de gado (o
termo
vem
de
"vaca").
Ver
"se
arroche!","vaquejada", "batedor de esteira",
levar e dá carga", "valeu o boi!", "abrir as
turbinas", "boi mobral"
Vaquejada: 1. reunião de gado de uma
fazenda, 2. festa muito popular no NE
brasileiro, onde vaqueiros montados em
cavalos soltam um boi num corredor cercado e
este se põe em disparada até ser pego pelo
rabo e jogado dentro de uma faixa de cal pelo
vaqueiro com o auxílio de um batedor de
esteira. Cada dupla de competidores corre
várias vezes com vários bois, no final a que
obtiver a maior pontuação vence (o termo vem
de "vaquejar", que por sua vez vem de "vaca").
Ver "se arroche!","valeu o boi!", "batedor de
esteira", "vaqueiro", "levar e dá carga", "abrir as
turbinas","boi mobral","levar um cambão"
Vara de bater pecado: diz-se de pessoas
magras demais
Varado: 1.pessoa muito
2.pessoa com muita raiva
afoita,
ousada,
Vexame: correria, pressa
venta: nariz (o termo vem do latim hipotético
"ventana" de ventus, isto é, "vento" através do
arcaísmo "ventão")
Verão: estação das secas em qualquer parte
do ano
Verdoso: o fruto que não está completamente
maduro
Verdura: folhagem e legumes
Vesta: blusão de couro do vaqueiro para
protegê-lo dos espinhos da caatinga. Pode ser
de couro de gado ou de bode. O mesmo que
gibão
Vexado: apressado (também se escreve
vechado. O termo se encontra no cordel O
pavão misterioso, de José Camelo de Melo
Rezende, falecido em 1964, "Encalcando em
seu pavão,/Voou bastante vexado")
Vexar: se apressar (o termo é encontrado no
folheto de cordel O pavão misterioso, de José
Camelo de Melo Resende, falecido em 1964,
"Os fotógrafos se vexaram,/Tirando o retrato
dela.")
Viçar: diz-se quando uma fêmea está no cio (o
termo vem de "mostrar viço", "vicejar")
Víche!: Nossa (Senhora)! (vem de "Virgem
'Santíssima'!")
Vida de gado: quem é vaqueiro, leva uma vida
de gado
Vige!: expressão de surpresa, virgem! (o
mesmo que vote!, danou-se!, tá com a peste!)
Virar casaca: mudar de opinião, passar para o
lado adversário conforme a conveniência (esta
expressão idiomática surgiu na Europa, há
mais de 200 anos. A França e a Espanha
viviam de olhos nas terras de um importante
soberano. Preocupado em defender seu
patrimônio, o homem mandou colocar em sua
cassaca de gala as cores nacionais desses
dois países. Assim, se eram os franceses que o
ameaçavam, ele se aliava aos espanhóis e
exibia em sua cassaca as cores desta nação.
Se, ao contrário, o perigo vinha da Espanha,
"virava a casaca" do avesso, passando a exibila com as cores da bandeira francesa)
Visagem: aparição, visão, ver fantasma
Visse?: diminutivo de "ouvisse?"
Vista: 1.olhos, 2.aparência (o termo é
encontrado no folheto de cordel O pavão
misterioso, de José Camelo de Melo Resende,
falecido em 1964, "Ficou com bonita vista-")
Vitalina: que não casou
170
Viúva: em Barcelona diz-se que é dá viúva
tudo o que é proveniente do governo,
sobretudo do municipal
Vivedor: 1.aquele que vive de luxo e de farra
sem se preocupar com o próprio sustento,
2.pessoa que sabe se virar e faz diversas
tarefas a fim de garantir a própria sobrevivência
Vivência: diz-se
experiência
de
quem
tem
muita
Viver meio mundo: ter experiência sabedoria
Viver na onça: viver na miséria
Vogar: 1. circular, 2. ter influência (ex.: esse
dinheiro não serve para nada, ele não voga!)
Volta: como substantivo é sinônimo de colar
Vomitar até às tripas: crise aguda de vômito
(ver botar as tripas p'ra fora)
Vote! (ô): expressão de surpresa, virgem! (o
mesmo que vige!, danou-se!, tá com a peste!)
X: vigésima
português
segunda
letra
do
alfabeto
Xaboqueiro (ô): grosso, estúpido, ignorante,
aquele que tem expressões grosseiras
(também se escreve "chaboqueiro")
Xenhenhém: órgão sexual feminino
Xerém: milho pilado para cuscuz e bolo
Xumbrega (é): coisa ordinária, reles, ruim (a
origem do termo se deve ao militar aventureiro
alemão Friederich Hermann Schönberg, que
em 1615 comandou tropas portuguesas contra
os espanhóis e ditava a moda na corte. Em
Portugal Schönberg tornou-se "chumbergas" e
no Brasil colônia o termo virou "chumbrega"
com o sentido que tem até hoje). Escreve-se
também "chumbrega".
Z: vigésima terceira letra do alfabeto português
(o termo vem do grego "dzeta", pelo latim
"zeta")
Zabumba: um tipo de bombo (vocábulo
onomatopéico)
Zuada: barulho, o mesmo que tirinête (o termo
é encontrado no folheto de cordel O pavão
misterioso, de José Camelo de Melo Resende,
falecido em 1964, "E não fazia zoada," e no
folheto Proezas de João Grilo, de João Ferreira
de lima, publicado em 1948, "-Balance a
mochila, amigo,/Pro duque ouvir a zoada.").
Também se escreve "zoada".
Zueira: barulho irritante
Zunhar: meter as unhas, unhar
171
ANEXO 4- REVISTA VIRTUAL BARCELONA VISTA PELA IMPRENSA
CLIPAGEM
Abaixo listamos os veículos de comunicação que noticiaram a criação e os
serviços da revista virtual Barcelona, bem como o conteúdo na íntegra do que foi
publicado.
TVU (TVU em Notícias)
29 de julho de 2002
Reportagem de 1mim e 58s sobre o site de Barcelona foi veiculada no telejornal
TVU em Notícias da TV Universitária da UFRN – Universidade Federal do Rio
Grande do Norte em Natal, com imagens do site, de Barcelona e entrevista com o
idealizador da revista concedida a José Antônio da Silva Júnior.
UFRN Notícias On-line, nº 29,
Ano II
31 de julho de 2002
Aluno de Jornalismo lança site sobre Barcelona
O aluno do Curso de Jornalismo, da UFRN, Adriano Medeiros Costa acaba de
lançar uma revista virtual sobre o município de Barcelona, no Rio Grande do Norte,
onde ele nasceu. No site, www.barcelonarn.hpg.com.br, pode-se ter acesso ao
noticiário local no NotiBarcelona, entrevistas instigantes no P&R (Perguntas e
Respostas), artigos independentes em Speculum (Espelho) e cultura, além de
informações sobre a geografia, as curiosidades e tudo que envolve a vida dos
sertanejos do lugar.
Adriano Costa diz que a revista foi resultado de um trabalho de três anos de
intensa pesquisa. Ele encontrou muitas dificuldades, entre as quais cita a falta de
bibliografia sobre o município e a existência de poucos computadores na cidade. Os
problemas bibliográficos foram superados quase que totalmente, graças à
contribuição de antigos moradores, que contaram grande parte da história de
Barcelona.
172
Adriano aposta no sucesso do site, e quando questionado sobre o problema do
pouco acesso à Internet em municípios do interior, ele se mostra otimista: “A Internet
é o meio mais democrático de informação, porém de acesso ainda muito restrito.
Mas a tendência é que seja cada vez mais difundida com a diminuição dos preços
dos equipamentos de informática. Tal e qual ocorreu com o aparelho de televisão,
dentro de algum tempo quase todos os casebres de favelas pelo mundo estarão online”.
Adriano não pretende parar por aí. A página virtual, que já faz parte de um
Projeto de Extensão no Curso de Jornalismo, deverá servir como projeto
experimental de conclusão do Curso. Além disso, o estudante pretende se
aprofundar ainda mais nas pesquisas com a intenção de tornar o site um projeto de
pesquisa para um curso de pós-graduação.
Diário de Natal, caderno Muito, capa
30 de julho de 2002
Uma Barcelona potiguar na Internet
O endereço é simples: www.barcelonarn.hpg.com.br. Através dele, o internauta
de todo o planeta pode compreender o que tem de interessante um dos municípios
do Rio Grande do Norte. Criado pelo estudante de Comunicação Social da UFRN,
Adriano Medeiros Costa, o site inclui tópicos bastante úteis ao pesquisador de
cultura popular, bem como curiosidades acerca da história e da geografia do lugar.
‘‘A idéia de mostrar a minha cidade na Internet veio quando eu pensava em um tema
para o projeto de extensão do curso’’, explica Adriano.
As referências à cultura ibérica e medieval, recorrentes quando se trata de
História do RN, foram uma constante no desenvolvimento do site. ‘‘Lembrei também
da minha experiência como um dos participantes do Jornal Informativo da EPAM, da
Escola Pedro de Azevedo Maia em seus três números mimeografados de abril, maio
e junho de 1992. Então decidi falar daquilo que eu mais conhecia e que sobre a qual
não existia nada ainda na Internet, isto é, Barcelona’’, comenta o futuro jornalista em
panfleto que descreve os objetivos do projeto.
A revista virtual de Barcelona, conforme pode se perceber através de rápida
consulta na Web, baseia-se no chamado ‘‘civic journalism’’ dos norte-americanos.
173
‘‘Ao pé da letra, seria jornalismo cívico, mas o sentido mais apropriado seria o de
jornalismo público, que também não é satisfatório, pois tanto pode dar a idéia de
uma espécie de jornalismo chapa branca, como pode ser confrontado com a
constatação tautológica de que qualquer jornalismo é público’’, prossegue
explicando.
No ar desde junho deste ano, o site tem peculiaridades que remontam à mais
profunda pesquisa cultural do Nordeste: o alfabeto do cabeçalho possui
características das letras usadas para ferrar gado, o que remete ao trabalho de
pesquisa do paraibano Ariano Suassuna. ‘‘Nosso objetivo é divulgar o pequenino
microcosmo Barcelona –, perdido nos confins do sertão do Nordeste brasileiro. No
site pode-se ter acesso ao noticiário no link NotiBarcelona, entrevistas no P&R
(Perguntas & Respostas), artigos independentes em Speculum e cultura’’, esclarece
Costa. A idéia de que ao se clicar www.barcelonarn.hpg.com.br chegue-se a uma
espécie de portal sobre o município de qualquer parte do mundo, é suficiente para
animar o criador do site a permanecer firme no seu ideal.
Diário de Natal (Caderno Cidades, pág. 2)
2 de agosto de 2002
Barcelona com site na rede Internet
O
município
de
Barcelona
agora
tem
site
na
internet.
A
página
www.barcelonarn.hpg.com.br hospeda notícias e artigos relacionados ao município
situado a 90 km de Natal. O site foi criado pelo estudante universitário Adriano
Medeiros Costa, que cursa jornalismo na UFRN.
174
ANEXO 5 – OLHARES
175
ANEXO 6 - ARIANO SUASSUNA, SUA OBRA INSPIROU A REVISTA
VIRTUAL BARCELONA
Dados biográficos
Ariano Suassuna (A. Vilar S.), advogado, professor, teatrólogo e romancista,
nasceu em Nossa Senhora das Neves, hoje João Pessoa, PB, em 16 de junho de
1927. Eleito em 3 de agosto de 1989 para a Cadeira n. 32, foi recebido em 9 de
agosto de 1990, pelo acadêmico Marcos Vinicius Vilaça.
É filho de João Urbano Pessoa de Vasconcelos Suassuna e de Rita de Cássia
Dantas Vilar Suassuna. Contava pouco mais de três anos de idade quando seu pai,
que governava o Estado no período de 1924 a 1928, foi assassinado no Rio de
Janeiro em conseqüência da cruenta luta política que se desencadeou na Paraíba
às vésperas da Revolução de 1930. Nesse mesmo ano, D. Rita Vilar Suassuna, que
se vira obrigada pela alta de segurança reinante em seu Estado a mudar-se para
Pernambuco, transferiu-se com os nove filhos do casal para o sertão paraibano, indo
instalar-se na Fazenda Acahuan, de propriedade da família, e depois na vila de
Taperoá, onde Ariano Suassuna fez os estudos primários.
A infância passada no sertão familiarizou o futuro escritor e dramaturgo com os
temas e as formas de expressão artística que viriam mais tarde constituir seu
universo ficcional ou, como ele próprio o denomina, seu “mundo mítico”. Não só as
estórias e casos narrados e cantados em prosa e verso foram aproveitados como
suporte na plasmação de suas peças, poemas e romances. Também as próprias
formas da narrativa oral e da poesia sertaneja foram assimiladas e reelaboradas por
Suassuna. Suas primeiras produções - publicadas nos suplementos literários dos
jornais do Recife, quando o autor fazia os estudos pré-universitários no Colégio
Osvaldo Cruz singularizavam-se pelo domínio dos ritmos e metros cristalizados na
poética nordestina.
Em 1946, ao ingressar na Faculdade de Direito do Recife, Ariano Suassuna
ligou-se ao grupo de jovens escritores e artistas que, tendo à frente Hermilo Borba
Filho, Joel Pontes, Gastão de Holanda e Aloísio Magalhães, acabavam de fundar o
Teatro do Estudante Pernambucano. Em 1947, escreveu sua primeira peça, Uma
mulher vestida de sol, que obteve o primeiro lugar em concurso de âmbito nacional
176
promovido pelo TEP (Prêmio Nicolau Carlos Magno). No ano seguinte,
especialmente para a inauguração da Barraca, o palco itinerante do TEP, escreveu
Cantam as harpas de Sião, peça totalmente refundida anos depois com o título de O
desertor de Princesa. A esses dois ensaios iniciais seguiu-se a peça Os homens de
barro (1949), em que as inquietações espirituais exacerbaram os processos
expressionistas empregados na primeira versão de Cantam as harpas de Sião. As
mesmas inquietações estiveram presentes em duas outras peças, Auto de João da
Cruz, que recebeu o Prêmio Martins Pena em 1950, e Arco desolado (menção
honrosa no concurso do IV Centenário da Cidade de São Paulo, 1954).
Após formar-se na Faculdade de Direito, em 1950, passou a dedicar-se também
à advocacia. Mudou-se de novo para Taperoá, onde escreveu e montou a peça
Torturas de um coração, em 1951. No ano seguinte, voltou a residir em Recife. São
dessa época O castigo da soberba (1953), O rico avarento (1954) e o Auto da
Compadecida (1955), peça que o projetou em todo o país e que seria considerada,
em 1962, por Sábato Magaldi “o texto mais popular do moderno teatro brasileiro”.
Encenado, em 1957, pelo Teatro Adolescente do Recife no Festival de Teatros
Amadores do Brasil realizado no Rio, o auto conquistou a medalha de ouro da
Associação Brasileira de Críticos Teatrais. Sucesso permanente de público e de
crítica, o Auto da Compadecida está hoje incorporado ao repertório internacional,
traduzido e representado em espanhol, francês, inglês, alemão, polonês, tcheco,
holandês, finlandês e hebraico.
Em 1956, Ariano Suassuna abandonou a advocacia para tornar-se professor de
Estética na Universidade Federal de Pernambuco. No ano seguinte, foi encenada a
sua peça O casamento suspeitoso, em São Paulo, pela Cia. Sérgio Cardoso, e O
santo e a porca; em 1958, foi encenada a sua peça O homem da vaca e o poder da
fortuna; em 1959, A pena e a lei, premiada dez anos depois no Festival LatinoAmericano de Teatro.
Em 1959, em companhia de Hermilo Borba Filho, fundou o Teatro Popular do
Nordeste, que montou em seguida a Farsa da boa preguiça (1960) e A caseira e a
Catarina (1962). No início dos anos 60, interrompeu a bem-sucedida carreira de
dramaturgo para dedicar-se às aulas de Estética na UFPe.
Foi membro fundador do Conselho Federal de Cultura (1967) e nomeado, pelo
Reitor Murilo Guimarães, diretor do Departamento de Extensão Cultural da UFPe
(1969). Ligado diretamente à cultura, iniciou em 1970, em Recife, o “Movimento
177
Armorial”, interessado no desenvolvimento e no conhecimento das formas de
expressão populares tradicionais. Convocou nomes expressivos da música para
procurarem uma música erudita nordestina que viesse juntar-se ao movimento,
lançado em Recife, em 18 de outubro de 1970, com o concerto “Três Séculos de
Música Nordestina do Barroco ao Armorial” e com uma exposição de gravura,
pintura e escultura.
Entre 1958-79, dedicou-se também à prosa de ficção, publicando o Romance
d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta (1971), laureado com o
Prêmio Nacional de Ficção conferido em 1972 pelo Instituto Nacional do Livro; e
história d’O rei degolado nas caatingas do serão/Ao sol da onça caetana (1976),
classificados por ele de “romance armorial-popular brasileiro”.
TEATRO: Uma mulher vestida de sol (1947; publicada em 1964); Cantam as
harpas de Sião, ou O desertor de Princesa (1984); Os homens de barro (1949); Auto
de João da Cruz (1950); Torturas de um coração, peça para mamulengos (1951); O
castigo da soberba, entremês popular (1953): O rico avarento, entremês popular
(1954); Auto da Compadecida (1955; publicada em 1957); O casamento suspeitoso
(1957; publicado em 1961); O santo e a porca (1957; publicada em 1964); O homem
da vaca e o poder da fortuna, entremês popular (1958); A pena e a lei (1959;
publicada em 1971); Farsa da boa preguiça (1960; publicada em 1973); A caseira e
a Catarina (1962); O santo e a porca. O casamento suspeitoso (1974).
FICÇÃO: Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta
(1971); História d’O Rei Degolado nas caatingas do sertão (1977).
OUTRAS: É de tororó, em colaboração com Capiba e Ascenso Ferrera (1950);
Ode (1955); Coletânea da poesia popular nordestina (1964); Iniciação à estética,
teoria literária (1975); O Movimento Armorial (1974); Seleta em prosa e verso
(contendo quatro peças inéditas). Organização, estudo e notas do prof. Silviano
Santiago (1975).
Fonte: Academia Brasileira de Letras

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