dermatite atópica canina
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dermatite atópica canina
FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS - FMU UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA Giovanna Bini Guidolin DERMATITE ATÓPICA CANINA SÃO PAULO 2009 Giovanna Bini Guidolin DERMATITE ATÓPICA CANINA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado no Curso de Medicina Veterinária da FMU, sob orientação da Prof. Dra. Ana Claudia Balda. SÃO PAULO 2009 Giovanna Bini Guidolin DERMATITE ATÓPICA CANINA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado no Curso de Medicina Veterinária da FMU, sob orientação da Prof. Dra. Ana Claudia Balda. Aprovado em: Profa. Dra. Ana Claudia Balda FMU - Orientador Prof. Ms. Arnaldo Rocha FMU Mv. Fernando Felippe de Carvalho Dedico este trabalho aos meus pais, por terem transformado o meu sonho em realidade. Á minha pequenina Mel,razão de minhas escolhas, dedico este trabalho e o meu amor incondicional. AGRADECIMENTOS Existem situações na vida em que é fundamental poder contar com o apoio e a ajuda de algumas pessoas. Durante todo o percurso até chegar a realização deste trabalho de conclusão pude contar com várias, e a estas pessoas prestarei, através de poucas palavras, os meus mais sinceros agradecimentos. Ao meu pai e minha mãe, por terem tornado possível a realização do meu sonho, e dessa forma terem contribuído imensamente para a construção do meu futuro. Agradeço por terem acreditado na minha capacidade, pelos intermináveis momentos de apoio e pelas doces palavras ditas nos momentos de dificuldade. Á Professora Ana Claudia Balda, orientadora deste trabalho, que em pouco tempo se tornou um exemplo ao qual irei seguir. Agradeço pelo seu conhecimento, sua atenção e boa vontade. Aos meus amigos, companheiros de cinco longos e inesquecíveis anos, por terem feito parte de momentos muito importantes da minha vida. As dificuldades não foram poucas...Os desafios foram muitos...Os obstáculos muitas vezes pareciam intransponíveis...O desânimo quis contagiar, porém a garra e a tenacidade foram mais fortes, sobrepondo esse sentimento. Agora, ao olhar para trás, a sensação do dever cumprido se faz presente e posso constatar que as noites de sono perdidas, o cansaço, os longos tempos de leitura, as dores no corpo, as viagens adiadas, a ansiedade em querer fazer e a angústia de muitas vezes não o conseguir, não foram em vão. Aqui estou, como sobrevivente de uma longa batalha, porém, muito mais forte, com coragem suficiente para seguir em frente e alcançar todos os meus objetivos. „‟OS MEUS SONHOS NÃO TEM FIM‟‟ (Anônimo) RESUMO GUIDOLIN, G.B. Dermatite Atópica Canina [Canine Atopic Dermatitis] n̊ pág. 39, 2009. Os mecanismos da dermatite atópica ainda não estão totalmente definidos, porém sabe-se que a patogenia da atopia envolve um defeito na barreira epidérmica que pode provocar maior contato entre sistema imunológico cutâneo e antígenos ambientais. Trata-se de uma doença inflamatória crônica, recorrente e intensamente pruriginosa. Não existe predileção racial definida, porém por tratar-se de doença genética têm sido relatada em maior quantidade em cães de raça pura. Geralmente a sintomatologia aparece em cães de 1 a 3 anos, não havendo predisposição sexual. Quando a atopia se desenvolve, trata-se de um quadro insolúvel que deverá ser sempre acompanhado pelo médico veterinário. Este trabalho tem como objetivo revisar os mecanismos envolvidos na Dermatite Atópica Canina, que está se tornando um problema crescente na rotina da clínica de pequenos animais. Palavras-chave: Cães. Prurido. Dermatologia. Dermatite Atópica. ABSTRACT GUIDOLIN, G.B. Canine Atopic Dermatitis [Dermatite Atópica Canina] n̊ pág. 39, 2009. The mechanisms of atopic dermatitis are not yet fully defined, but it is known that the pathogenesis of atopic disease involves a defect in epidermal barrier that can lead to increased contact between skin and immune system environmental antigens. It is a chronic inflammatory disease, recurrent and intensely itchy. There is no racial predilection defined, but because it is a genetic disease have been reported in greater quantities in purebred dogs. Symptoms usually appear in dogs from one to three years, with no sexual predisposition. When atopy develops, it is an insoluble framework that should always be accompanied by a veterinarian. This article has an objective of a review about Canine Atopic Dermatitis that is an increasing problem in the small animal practice. Key words: Dogs. Pruritus. Dermatology. Atopic Dermatitis LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 - Cão Labrador, de 4 anos de idade com eritema interdigital em quadro de atopia...........................................................................20 FIGURA 2 - Cão Shar Pei, de 2 anos de idade, com hiperpigmentação em caso de atopia com malasseziose secundária..............................20 FIGURA 3 - Cadela Cocker Spaniel, de 7 anos com alopecia,hiperqueratose e hiperpigmentação em caso de atopia.........................................21 FIGURA 4 - Cadela, Poodle, de 8 anos de idade com hiperqueratose e hiperpigmentação em região perianal e perivulvar em caso de atopia........................................................................................21 FIGURA 5 - Cadela, Shih Tzu, de 5 anos de idade com hiperpigmentação e liquenificação em quadrode Atopia, com malasseziose secundária.....................................................................................26 FIGURA 6 - Mesma cadela da figura 1, após 9 meses de controle do quadro, utilizando doses baixas de corticóide (0,5mg de prednisolona á cada 6 dias), banhos frequentes, controle parasitário e redução da exposição antigênica................................................................26 LISTA DE ABREVIATURAS DAC - Dermatite Atópica Canina HA - Hipersensibilidade Alimentar DAPE - Dermatite Alérgica á Picada de Ectoparasitas et al - e outros p. - Página Hrs - Horas IgG - Imunoglobulina G IgE - Imunoglobulina E SRD - Sem Raça Definida LISTA DE SÍMBOLOS % - Por Cento mg - Miligramas kg - Kilogram SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .........................................................................12 2 ETIOLOGIA .............................................................................15 3 FISIOPATOLOGIA .................................................................16 3.1 Fatores Responsáveis pela Intensificação da Respostosta Imunoalérgica em Cães........................................................17 4 CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS.........................................19 5 DIAGNÓSTICO .......................................................................22 5.1 Análises Laboratoriais ..........................................................23 6 TRATAMENTO .......................................................................25 6.1 Exposição ao Alérgeno ..........................................................27 6.2 Imunoterapia ..........................................................................27 6.3 Ácidos Graxos Essenciais ......................................................28 6.4 Recuperação da Função da Barreira ...................................29 6.5 Anti-Histamínicos .................................................................30 6.6 Terapia Tópica ......................................................................30 6.7 Glicocorticóides ....................................................................31 6.7.1 Efeitos Colaterais Relacionados á Corticoideterapia ............32 6.8 Ciclosporina.............................................................................32 6.9 Outras Recentes Possibilidades no Tratamento...................33 7 PROGNÓSTICO.......................................................................35 8 CONCLUSÃO............................................................................36 REFERÊNCIAS............................................................................37 1 INTRODUÇÃO O diagnóstico da etiologia do prurido em cães não é tarefa fácil para o clínico veterinário, particularmente pela variação da apresentação clínica dos casos (LUCAS, 2007). Dentre as doenças pruriginosas, destacam-se na rotina cotidiana da clínica de pequenos animais os casos de dermatites alérgicas. Antes de definir um diagnóstico de alergopatia, outras enfermidades pruriginosas devem ser descartadas, entre essas enfermidades, estão a escabiose, foliculiute superficial pruriginosa, doenças autoimunes, malasseziose, entre outras. Para que se obtenha sucesso em se firmar o diagnóstico preciso, o exame clínico deve ser completo, destacando-se os pontos chave relacionados a um animal alérgico (LUCAS, 2003). A alergia é uma resposta imunológica exagerada, que se desenvolve após a exposição a um determinado antígeno e que ocorre em indivíduos geneticamente susceptíveis e previamente sensibilizados (NASCENTE et al, 2006). As dermatites alérgicas são seguramente os quadros mais frequentemente relacionados ao prurido em cães, sendo a Dermatite Alérgica á Picada de Ectoparasitas (DAPE), a Hipersensibilidade Alimentar (HA) e Dermatite Atópica as mais importantes e frequentes em nosso meio (SCOTT et al, 2001). A Atopia Canina é apontada como o segundo distúrbio cutâneo alérgico mais comum em cães e é descrita como presente em 10 a 15% da população canina dependendo do autor consultado, sendo menos frequente apenas que a Dermatite Alérgica à Picada de Pulgas (HILLIER; GRIFFIN, 2001; SOUZA; HALLIWELL, 2001; SCOTT et al 2001). Como a primeira dermatopatia alérgica mais frequente, autores indicam a DAPE, e estima-se que 50% dos animais com ectoparasitas podem desenvolver a doença. A Hipersensibilidade Alimentar é a menos frequente, representando aproximadamente 10% dos animais com dermatopatias alérgicas (SCOTT et al, 2001; LUCAS, 2007; HILLIER; GRIFFIN, 2001). Estes números não levam em consideração o fato de que muitas vezes estas dermatopatias apresentam-se associadas umas ás outras, complicando em parte a análise da frequência de ocorrência. Não há predisposição racial confirmada nem sexual ou etária. Sabese que as três dermatopatias alérgicas podem acometer animais adultos e jovens, sendo que a maioria dos casos ocorre entre 2 e 5 anos de idade (SCOTT et al, 2001). A Dermatite Atópica Canina (DAC) é uma doença geneticamente programada em cães, onde os pacientes tornam-se sensibilizados a antígenos ambientais. Além disso a Atopia foi definida como uma doença alérgica mediada por anticorpos IgE e IgG alérgeno-específico. O papel das células de Langerhans, células T e Eosinófilos também estão sendo reconhecidos como importantes componentes do processo da doença (SCOTT et al, 1995; SCOTT et al, 2001). Os primeiros sintomas da Dermatite Atópica geralmente ocorrem entre 6 meses e 3 anos de idade e em cães com mais de sete anos eventualmente observados, sendo que, cerca de 70% dos cães desenvolvem o problema entre 1 e 3 anos de idade, todos caracterizados por prurido intenso. Embora uma predisposição sexual não tenha sido comprovada no desenvolvimento da Dermatite Atópica, alguns autores têm observado uma incidência maior da doença em fêmeas (SCOTT et al, 2001; HILLIER, 2002). Como a DAC constitui-se em uma genodermatose, maior ocorrência da doença têm sido observada em cães de raças puras, principalmente das raças Boxer, Chihuahua, Yorkshire Terrier, Shar Pei Chinês, Cairn Terrier, West Highland White Terrier, Scotish Terrier, Lhasa Apsos, Shih Tzu, Fox Terrier de pelo duro, Dalmata, Pug, Setter Irlandês, Setter Inglês, Boston Terrier, Golden Retrivers, Labrador Retrivers, Cocker Spaniel, Schnauzer Miniatura, Tervuren belga, Shiba inus e Beacucerons (SCOTT et al, 2001). Embora na Dermatite Atópica o prurido possa ser considerado sazonal, de acordo com a integridade da barreira epidérmica, das condições climáticas e da exposição á alérgenos, geralmente ele é continuo e diuturno, podendo apresentar intensificações principalmente nas estações mais quentes do ano. Nos Estados Unidos, cerca de 80% dos cães com Atopia sazonal manifestam sinais clínicos iniciais no período da primavera ao outono e 20% apresentam sintomatologia no inverno (GRIFFIN; DEBOER, 2001; SCOTT et al, 2001; HILLIER, 2002). Outra marcante característica do prurido na Dermatite Atópica é sua pronta resposta em 81% das vezes, a terapia glicocorticóide (HILLIER, 2002). Para que se firme o diagnóstico de Atopia frente a um quadro pruriginoso, a abordagem diagnóstica do veterinário deve ser o descarte das outras dermatites alérgicas. O meio mais efetivo e que é apontado por diferentes autores é a eliminação racional de cada uma das possibilidades, sendo elas a Dermatite Alérgica á Ectoparasitas (DAPE) e Hipersensibilidade Alimentar (LUCAS, 2007; SCOTT et al, 2001). Inicialmente o clínico terá que avaliar a possibilidade da presença de pulgas, carrapatos ou de infestação do paciente avaliado. A alergia á picada de pulga é uma reação de hipersensibilidade mista (tipos I e IV ) a componentes antigênicos existentes na saliva da pulga. Embora as pulgas estejam presentes comumente durante o ano todo, a doença usualmente começa no verão e gradualmente tende a ser um problema perene (WILLEMSE, 2002). Se os animais apresentarem parasitas, estes devem ser eliminados através do tratamento com anti-pulgas, sendo eficazes em intervalos menores do que o indicado pelo fabricante. Em ambientes infestados, tratar o local onde os animais permanecem, e seus contactantes (WILLEMSE, 2002). Após a eliminação dos parasitas por 40-60 dias, havendo melhora no quadro lesional e do prurido, confirma-se o diagnóstico de DAPE. O controle parasitário em um animal Atópico deve ser rigoroso, pois este animal não pode sequer receber a picada do parasita. Caso não haja melhora, passa-se para o segundo passo que é o descarte de Hispersenbilidade Alimentar (LUCAS, 2003). A Hipersensibilidade Alimentar que acomete cães e gatos é uma desordem cutânea pruriginosa e não sazonal, associada presumivelmente ao material antigênico presente na dieta, e quase que exclusivamente causada por proteínas (primariamente glicoproteínas) e peptídeos, que escapam a digestão e são absorvidos através da mucosa. Assim as reações alérgicas aos alimentos podem ser divididas basicamente naquelas de início rápido (tipo I) e de início lento (tipo IV). Os dois tipos de reação podem ocorrer isolada ou concomitantemente (NASCENTE et al, 2006). O único método eficiente e mais frequentemente utilizado para o diagnóstico de Hipersensibilidade Alimentar é a dieta de eliminação. Deve-se alterar a dieta do animal por oito a treze semanas, utilizando ração comercial com proteínas hidrolisadas, ou comida caseira com fontes de proteínas desconhecidas pelo organismo. A dieta deve ser baseada em uma fonte de proteína e uma fonte de carboidrato, como por exemplo, arroz e carne de ovelha, em uma mistura de 1:1 para cães (NASCENTE, 2006; LUCAS, 2003; HILLIER, 2002; FARIAS, 2007; SCOTT et al, 2001). Durante o período de teste, deve-se evitar o uso de medicações com flavorizantes, na medida em que estes podem precipitar uma resposta imunoalérgica, e a água oferecida ao animal deve ser mineral (SCOTT et al, 2001). A dieta deve ser individualizada de acordo com o caso, e sempre baseada nos dados obtidos pela anamnese. Para que se estabeleça o diagnóstico de HA, o animal deve apresentar remissão dos sintomas com a dieta de eliminação, e posteriormente o clínico deverá liberar a antiga alimentação e observar o recrudescimento do quadro em 72 horas a 10 dias. Caso o paciente não melhore após a dieta, fica estabelecido o diagnóstico de Atopia (NASCENTE et al, 2006). 2 ETIOLOGIA A exata ocorrência desta doença na população canina é desconhecida, estima-se que de 10 a 15% da população canina seja afetada pela Dermatite Atópica e represente 21% das causas de problemas tegumentares em cães. As estimativas são provavelmente mais baixas quando se considera que muitos cães Atópicos nunca são apresentados ao veterinário, seja por apresentarem sintomas leves ou porquê apresentam apenas otite externa intermitente, que normalmente não é atribuída a Dermatite Atópica Canina. (FARIAS, 2007; LUCAS, 2007). A DAC é uma doença de pele de caráter genético e inflamatório na qual o paciente torna-se sensibilizado a antígenos ambientais mediante a formação de anticorpos IgE que causa afecção alérgica pruriginosa (OLIVRY et al, 2001; SOUZA; MARSELLA, 2001; SCOTT et al, 2001). Os antígenos responsáveis por desencadear a resposta imune observada na DAC recebem o nome de alérgenos e estão no ambiente, promovendo uma reação de hipersensibilidade do tipo I. Estes alérgenos são bolores, pólens, debris da epiderme humana, sementes de gramíneas, penas e a poeira doméstica. Entre os ácaros de poeira doméstica, destaca-se o Dermatophagoides farinae (HILLIER, 2002; OLIVRY et al, 2001). Acredita-se que os cães geneticamente predispostos absorvem por via percutânea, inalam ou ingerem diversos alérgenos que podem causar a reação pruriginosa ( SCOTT et al, 2001). 3 FISIOPATOLOGIA A patogênese da Dermatite Atópica canina é extremamente complicada, uma vez que envolve fatores genéticos, diversas células inflamatórias, inúmeros mediadores inflamatórios, uma barreira cutânea deficiente, e provavelmente uma ação bacteriana (DETHIOUX, 2006). O extrato córneo da epiderme é a primeira linha de defesa entre o organismo e o ambiente. É formado pelos corneócitos, que são células achatadas que representam o estágio final da diferenciação dos ceratinócitos basais. A barreira á penetração de irritantes, alérgenos e agentes infecciosos está localizada nas porções inferiores do extrato córneo, sendo que a espessura da camada córnea varia entre as regiões corporais na tentativa de aumentar a proteção das áreas expostas a maior fricção e trauma (CORK et al, 2006 apud FARIAS, 2007). A Atopia é uma reação de hipersensibilidade do tipo I, que é mediada principalmente pela IgE. As reações do tipo I são aquelas que envolvem predisposição genética, produção de anticorpos reagentes, além da degranulação de mastócito. São reações que geralmente se iniciam após o segundo contato com o antígeno, sendo também chamadas de reações imediatas (SCOTT et al, 1996). Os antígenos absorvidos por via percutânea encontram-se com IgE nas células de Langerhans, os quais são capturados, processados e apresentados aos linfócitos T alérgeno específicos. Há uma consequente expansão preferencial de células T helper2 culminando em produção aumentada de IgE pelos linfócitos B. A IgE interage com mastócitos e basófilos através dos receptores específicos. A expansão subsequente ao alérgeno forma ligações cruzadas com duas moléculas de IgE induzindo degranulação e liberação ou produção de mediadores que produzem reações alérgicas, histamina, leucotrienos e citosinas (SCOTT et al, 2001; WILLENSE, 2002). Há fortes evidências de que defeitos genéticos primários na barreira epidérmica podem ser determinantes no desenvolvimento da Dermatite Atópica. A IgE se distribui pela superfície das células dendríticas e de mastócitos, originando a formação do complexo antígeno-anticorpo, o realce da capacitação e da apresentação antigênica e a degranulação mastocitária, o que conduz a amplificação da resposta imune, da inflamação e do prurido associado a Dermatite Atópica (CORK et al, 2006 apud FARIAS, 2007). A via epicutânea é a principal via de penetração dos alérgenos na pele, além de ser a principal responsável pelos escores clínicos e pela persistência do prurido e dos sintomas lesionais em cães com DAC (DETHIOUX, 2006). Um estudo recente relata que foram feitas tentativas de se estabelecer um modelo clínico para Atopia Canina, mediante o uso de altas doses de IgE, porém, verificou-se sucesso limitado neste experimento (EGLI, 2002 apud MARSELLA, 2006). Achados desta natureza, talvez expliquem as especulações de que diferentes formas de IgE, possuam diferentes potenciais patogênicos e que há mecanismos adicionais podendo exercer papéis decisivos na patogenia da Dermatite Atópica (MARSELLA, 2006). 3.1 Fatores Responsáveis pela Intensificação da Resposta Imunoalérgica em Cães Os alérgenos provenientes dos ácaros da poeira doméstica são os principais responsáveis pela sensibilização e pelo desenvolvimento dos sintomas clínicos de doenças alérgicas em ambiente intradomiciliar. Estes vivem normalmente em roupas de cama, travesseiros, carpetes, tapetes e outros materiais do domicílio. A umidade e a temperatura do ar são os mais importantes fatores que determinam o local onde os ácaros vivem, seu crescimento e as variações sazonais de sua população (COLLOFF et al, 1991 apud FARIAS, 2007). Os trofo-alérgenos capazes de induzir uma resposta de hipersensibilidade geralmente têm origem nas proteínas de carne bovina, suína, equina e de frango, do leite (caseína e lactona), do ovo, do trigo, da aveia e de derivados da soja ou em fungos e algas presentes na água. Dessa forma, a grande variedade de proteínas e ingredientes utilizados na composição da ração, bem como os seus métodos de processamento e conservação, têm sido responsáveis pela indução da resposta imunoalérgica em cães. Adicionalmente está bem estabelecido que o alimento pode realçar a reação de hipersensibilidade de origem alérgica e não alérgica (SCOTT et al, 2001; COLLOFF et al, 1991 apud FARIAS, 2007; NASCENTE et al, 2006). Embora a verdadeira ocorrência das reações de hipersensibilisdade aos trofo-alérgenos em cães atópicos ainda não tenha sito determinada, acredita-se que esta ocorra entre 19,6 e 30,6% dos cães com prurido não sazonal, podendo estes apresentar sintomas dermatológicos, gastroentéricos ou uma combinação de ambos, em até 48 horas após a ingestão de alimentos (MARSELLA, 2006). O aumento da presença de Malassezia packydermatis e Staphylococcus intrmedius na pele de cães atópicos têm sido observadas, principalmente em áreas seborréicas e eritematosas da pele, realçando a resposta inflamatória tegumentar (LUCAS et al, 2007). 4 CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS O principal sintoma associado a Dermatite Atópica é o prurido em áreas com ou sem lesão, podendo ser localizado ou generalizado. Este geralmente se inicia de forma moderada, porém tende a intensificação com a cronicidade da doença (SCOTT et al, 2001). A topografia lesional observada independe de sua via de exposição aos alérgenos (epicutânea, respiratória ou oral). Este fato sugere que existem certas áreas da pele onde existe maior possibilidade de fricção, trauma e quebra de sua barreira, tenham maior quantidade de células T de memória e sejam mais susceptíveis ao desenvolvimento das lesões (MARSELLA, 2006). É comum observar lesão em pavilhão auricular, extremidades distais dos membros, axilas e região inguinal. Em virtude do prurido, pode-se observar também lesões por lambedura dos membros (FIGURA 1), atrito da face contra o chão, entre outros. As lesões de pele em cães atópicos, são geralmente aquelas associados com o auto traumatismo, malasseziose secundária (FIGURA 2), seborréia seca laminar e furfurácea. Estas podem resultar no aparecimento de alopecia parcial ou generalizada (FIGURA 3), pápulas, pústulas, hiperpigmentação (FIGURA 4), liquenificação tegumentar, tonsura, escoriações e erosões encimadas por crostas. Em fase crônica, as lesões são observadas principalmente nos locais onde há prurido intenso e repetido e a pele é eritrodérmica e disqueratótica (SCOTT et al, 1996; SCOTT et al, 2001; GRIFFIN; DEBOER, 2001). A piodermite estafilocócica acomete em torno de 68% dos cães atópicos. Geralmente é superficial, mas pode ser profundo em alguns casos (HILLIER, 2002). A otite externa está presente em 86% dos cães com Dermatite Atópica, sendo geralmente caracterizada em fase aguda, por eritema, hiperplasia e exsudação ceruminosa nos pavilhões auriculares e condutos auditivos, e na fase crônica, caracteriza-se por hiperplasia, estenose, hiperceratose ou liquenificação, sendo comum a presença de infecção bacteriana ou por malasseziose associada ao quadro ( HILLIER, 2002). Os sinais clínicos relatados que não estão relacionados com a pele podem ocorrer ocasionalmente em cães atópicos e incluem rinite, asma, distúrbios urinários, gastrointestinais e hipersensibilidade hormonal. Cadelas atópicas podem apresentar estro irregular, baixas taxas de concepção, e alta incidência de pseudociese (OLIVRY; HILL, 2001b). FIGURA 1: Cão Labrador, de 4 anos de idade com eritema interdigital em quadro de atopia. Fonte: LUCAS, 2007. FIGURA 2: cão Shar pei, de 2 anos de idade, com hiperpigmentação em caso de atopia com malasseziose secundária. Fonte: LUCAS, 2007. FIGURA 3: Cadela Cocker Spaniel, de 7 anos com alopecia, hiperqueratose e hiperpigmentação em caso de atopia. Fonte: LUCAS, 2007. FIGURA 4: Cadela, Poodle, de 8 anos de idade com hiperqueratose e hiperpigmentação em região perianal e perivulvar em caso de atopia. Fonte: LUCAS, 2007. 5 DIAGNÓSTICO O diagnóstico da atopia baseia-se no histórico, exame físico, excluir outros possíveis diagnósticos e no teste intradérmico (SCOTT et al, 2001). Deve-se excluir uma ampla variedade de doenças antes de condenar um animal a atopia. Para o diagnóstico diferencial, considera-se piodermite superficial, sarna sarcóptica, malasseziose, demodiciose, hipersensibilidade a parasitas intestinais, hipersensibilidade hormonal, hipersensibilidade bacteriana, HA, DAPE entre outros. Outro fator a ser avaliado é que doenças consideradas no diagnóstico diferencial também podem acompanhar um quadro de atopia, ou seja, o animal apresenta a enfermidade e concomitantemente outras dermatopatias que podem agravar o quadro (SCOTT et al, 2001; LUCAS; CANTAGALLO; BEVIANI, 2007). Devem ser realizados raspados de pele para a exclusão de sarna sarcóptica em cães com quadro intensamente pruriginoso e histórico e sintomas tegumentares compatíveis com escabiose. Caso os raspados apresentem resultados negativos para a presença de formas adultas, ovos ou fragmentos do ácaro e seja forte a suspeita de escabiose, terapia específica deve ser imediatamente instituída. Devem-se obter amostras da superfície da pele em mais de um local acometido, por meio de “imprint”, para realização de exame citológico e fazer swab de pústulas para a cultura bacteriana se houver uma resposta inapropriada a antibioticoterapia. O exame citológico, bem como a cultura bacteriana das orelhas acometidas também é indicado (HILLIER, 2002). Após a exclusão dos demais possíveis diagnósticos, e existindo histórico e sinais clínicos de Dermatite Atópica é necessário fazer o controle dos fatores perpetuantes incluindo piodermite, malasseziose, otite externa, demodiciose e doenças crônicas da pele. Uma minuciosa inspeção direta da pele deve ser realizada para a identificação de ectoparasitas como pulgas, piolhos ou carrapatos, bem como uma avaliação parasitológica do cerúmem para a exclusão de otocaríase em animais com otite externa pruriginosa. Histórico ou sinais clínicos sugestivos de dermatite alérgica a picada da pulga são fortes indicações para o tratamento adulticida e larvicida no animal e em todos os seus contactantes, bem como para a instituição de controladores de crescimento no animal e no ambiente (HILLIER, 2002). Se após a exclusão da DAPE houver persistência do prurido de moderado a intenso e não sazonal, será necessário manter o controle de pulgas e o animal deverá ser submetido a exclusão dietética para se verificar a possibilidade de Hipersensibilidade Alimentar (HILLIER, 2002; SCOTT et al, 2001; FARIAS, 2007). A dieta de eliminação consiste em retirar da alimentação do animal por determinado período (mínimo de 45 dias) todos os ingredientes que este já tenha ingerido anteriormente, administrando em seu lugar uma dieta baseada em uma fonte protéica e um carboidrato. As diversas opções de ração comercialmente formuladas para o uso como dieta de eliminação oferecem como vantagem a fácil utilização pelos proprietários além de serem nutricionalmente completas e balanceadas. Entretanto não devem conter corantes conservantes e aromatizantes, e os suplementos vitamínicos e minerais devem ser suspensos (NASCENTE et al, 2006). Há registros de que alguns cães pruríticos não melhoram com o uso de rações comerciais, mas apresentam, melhora acentuada quando alimentados com dietas caseiras (NASCENTE et al, 2006). Após o período de dieta estabelecido, desafia-se o animal com sua dieta original e observa recidiva entre 72 horas e 14 dias. Este teste confirma o diagnóstico de HA, porém não identifica claramente a qual alérgico do componente da dieta original provocou a reação de hipersensibilidade (LUCAS, 2007; NASCENTE et al, 2006). Se após o período de teste ocorrer melhora apenas parcial do prurido e dos sintomas clínicos, o paciente apresenta dermatite atópica, porém neste caso, os trofo-alérgenos são mais um dos fatores que precipitam, mantêm ou exacerbam a inflamação e o prurido relacionados á doença. Se o animal apresentar melhora do prurido e dos sintomas tegumentares abaixo de 50%, firma-se o diagnóstico de Atopia (HILLIER, 2002; HALLIWELL et al 2005; SCOTT, 2001; OLIVRY et al 2005 apud FARIAS, 2007). Após a confirmação da DAC, a detecção dos alérgenos envolvidos no quadro pode ser feita com o teste intradérmico e testes alérgicos in vitro ou sorológicos (SCOTT et al, 1996). 5.1 Análises Laboratoriais Segundo Scott et al (2001, p. 584) : „‟...Deve ser enfatizado que os testes laboratoriais nunca devem substituir uma anamnese cautelosa, um meticuloso exame físisco e a completa eliminação dos demais diagnósticos. Devido a pouca especificidade dos testes in vitro, eles não devem ser utilizado para o diagnóstico da atopia...‟‟. O teste intradérmico é considerado o único método in vivo aceito para investigações a respeito de drogas antialérgicas, sendo o preferido na detecção dos alérgenos causadores de sinais nos cães. Ele consiste na injeção intradérmica dos alérgenos suspeitos e na observação da hipersensibilidade do tipo imediata, porém, um resultado positivo não é um pré-requisito para o diagnóstico de DAC, sendo mais útil para selecionar os alérgenos ao qual o paciente possui anticorpos sensibilizantes na pele. Assim, é necessário que as respostas positivas sejam interpretadas correlacionando-as com o histórico do animal (HILLIER; DEBOER, 2001; SCOTT et al, 1996; HILLIER, 2002). Em relação aos testes alérgicos sorológicos (in vitro), eles podem ser úteis, quando o teste intradérmico não for possível por interferência de drogas, comprometimento grave da pele, quando os resultados forem negativos em um cão com grande evidência de DAC ou quando a dessensibilização com base no teste intradérmico for mal sucedida (SCOTT et al, 1996; SCOTT et al, 2001). Estes testes identificam os anticorpos IgE específicos circulantes no soro dos pacientes atópicos. Dentre eles estão: o teste radioalergoabsorvente (RAST), o ensaio imunoabsorvente ligado a enzimas (ELISA) e o ensaio imunoenzimático de fase líquida, que detectam níveis relativos de IgE alérgeno específicos no soro (SCOTT et al, 1996; SCOTT et al, 2001). Níveis elevados de IgE séricas podem provocar reações falso-positivas no teste alérgico sorológico, assim sendo, a ocorrência de falsos-positivos é comum, o que caracteriza uma de suas principais desvantagens (SCOTT et al, 1996; SCOTT et al, 2001). Quanto ao exame histopatológico da pele, este foi considerado não específico para diagnóstico de atopia nos cães. Entretanto, se estabeleceu recentemente que essas lesões exibem características inflamatórias com padrão de cronicidade e dermatite perivascular hiperplástica, puras ou espongióticas. São encontradas células epiteliotrópicas como células de Langerhans, linfócitos e raros eosinófilos. Na derme encontram-se mastócitos, linfócitos e ocasionalmente eosinófilos intactos ou degranulados (OLIVRY; HILL, 2001c). 6 TRATAMENTO A dermatite atópica é uma doença incurável mas pode ser controlada na maioria dos casos. Os proprietários devem ser instruídos sobre os fatores que podem agravar ou gerar crises de prurido, sobre a natureza crônica da doença e a possibilidade de exacerbações periódicas e todos devem ser considerados na proposta do tratamento do paciente (LUCAS; CANTAGALLO; BEVIANI, 2007). Devido a complexidade da cascata inflamatória que conduz a dermatite atópica o sucesso do controle terapêutico exige a manutenção da hidratação cutânea, o reconhecimento e a minimização da exposição e\ou a eliminação dos fatores exacerbadores da inflamação e do prurido atópico, tais como agentes infecciosos, ectoparasitas, irritantes, alérgenos e fatores emocionais, além da modulação da resposta imunológica (FARIAS, 2007). A eliminação dos efeitos somatórios e a diminuição do limiar pruriginoso são pontos importantes a serem considerados no início do tratamento. Terapias tópicas, dessensibilização, drogas antipruriginosas sistêmicas, ácidos graxos, anti-histamínicos e ocasionalmente drogas imunossupressoras constituem o arsenal terapêutico para o tratamento da DAC (FIGURA 5), (FIGURA 6) (SCOTT et al, 2001). Um dos primeiros passos no tratamento da DAC é o controle do limiar pruriginoso e a eliminação dos efeitos perpetuantes. Em alguns indivíduos, há o chamado efeito somatório, que ocorre quando mais de um agente que estimula o prurido é necessário para desencadear os sinais clínicos. Dessa forma, torna-se imperativo quando for o caso, o controle das outras hipersensibilidades, a exemplo da dermatite alérgica à picada de pulgas, da hipersensibilidade alimentar e de infecções secundárias (Stafilococus intermedius e Malassezia pachydermatis) e outros fatores estimulantes do limiar pruriginoso (MARSELLA; SOUZA, 2001; LUCAS, 2004; OLIVRY; SOUZA, 2001). O uso de antibióticos na maioria das vezes constitui a primeira medida no tratamento da DAC. A droga de escolha é a Cefalexina, administrada por via oral, e quando se confirma à presença de malassezíose, antifúngicos como o cetoconazol são necessários como parte adjuvante do tratamento (OLIVRY; SOUZA, 2001). FIGURA 5: Cadela, Shih Tzu, de 5 anos de idade com hiperpigmentação e liquenificação em quadro de Atopia, com malasseziose secundária. Fonte: LUCAS, 2007 FIGURA 6: Mesma cadela da figura 1, após 9 meses de controle do quadro, utilizando doses baixas de corticóide (0,5mg de prednisolona a cada 6 dias), banhos freqüentes, controle parasitário e redução da exposição antigênica. Fonte: LUCAS, 2007 6.1 Exposição ao Alérgeno Esta opção é a mais desejável para o tratamento da atopia , porém na prática são raros os casos em que se torna possível impedir completamente a exposição ao alérgico causador da dermatite atópica. Deve-se destacar que entre as possibilidades de alérgenos que levam ao quadro, nem todos os animais reagem ao mesmos antígenos. É possível reduzir a carga antigênica através de medidas de higiene introduzidas no meio ambiente do animal: colchão anti-pulgas, aspiradores com filtros, acaricidas, desnaturantes, expor menos os animais aos vegetais e as regiões mais empoeiradas da casa. Desumidificadores em locais de estocagem e aplicação de desinfetantes parasiticidas podem colaborar na redução da pressão alergênica (DETHIOUX, 2006; LUCAS; CANTAGALLO; BEVIANI, 2007; LUCAS, 2007). Os ácaros do pó doméstico (Dermatophagoides farinae e D. pteronyssinus) são identificados como vetores frequentemente responsáveis pela dermatite atópica canina, estando presentes em almofadas, colchões, tapetes e outros. Eliminar componentes que podem acumular ácaros pode ser uma manobra útil no controle da doença (DETHIOUX, 2006). É sempre interessante salientar que a dermatite atópica envolve fatores genéticos imunológicos e ambientais sendo que tais medidas são capazes de apenas minimizar os seus sintomas clínicos e exacerbações periódicas (FARIAS, 2007). 6.2 Imunoterapia Poderá ser realizada se o alérgeno ou os alérgicos forem identificados com precisão, e consiste na administração de doses crescentes de um extrato de alérgenos aos quais o animal revelou sensibilidade. A teoria aceite nos últimos quarenta anos é que a inoculação de pequenas quantidades de alérgenos específicos induz uma resposta do sistema imunitário que posteriormente desenvolve IgG ou anticorpos „‟bloqueadores‟‟ (DETHIOUX, 2006). Estudos revelam, que quando combinada com outras tratamentos (anti-histamínicos, xampus ou ácidos graxos) a imunoterapia específica é efetiva em mais de 75% dos cães atópicos, sendo que estes não precisarão de terapia com glicocorticóides (MARSELLA, 2006). A vantagem da imunoterapia em relação ao tratamento sintomático convencional inclui a baixa frequência de administração, o baixo risco de efeitos colaterais devidos à administração prolongada e o potencial de alterar permanentemente o curso da doença (HILLIER, 2002). A vacina é feita para cada paciente com base nos resultados dos testes intradérmicos e sorológicos. Para a confecção dessa vacina podem ser usados três tipos de alérgenos: em emulsão, precipitados em alúmen e aquosos. Os alérgenos aquosos são mais vantajosos, pois são mais rapidamente absorvidos, necessitam de doses menores e requerem injeções múltiplas e frequentes, sendo os mais utilizados nesse procedimento (SCOTT et al, 2001). A indução convencional inicia o procedimento com uma injeção subcutânea semanal (soluções de dessensibilização preparadas na França) ou com intervalos de 2 -3 dias (EU), aumentando progressivamente a dose de antígenos contidos na solução aquosa. Na fase de manutenção a dosagem é adaptada a cada caso específico e varia entre 5 a 20 dias entre duas inoculações. A imunoterapia deverá ser mantida ao longo de toda a vida do animal, não existindo qualquer referência a cura ( HILLIER, 2001; GRIFFIN, 2001 apud DETHIOUX, 2006). A imunoterapia específica não foi associada com o desenvolvimento de nenhuma doença secundária, nem com a incidência do aparecimento de infecções. Esta terapia não necessita do acompanhamento de hemogramas completos, exames bioquímicos e urinálise (GRIFFIN, 2006). Os benefícios da imunoterapia são comprovados, e cerca de 50 a 80% das respostas são consideradas boas a excelentes demonstrando melhora clínica dos pacientes. É bem aceito que esse tratamento é eficiente, valioso e relativamente seguro para cães atópicos (SCOTT et al, 1996; SCOTT et al, 2001). 6.3 Ácidos Graxos Essenciais A suplementação em ácidos graxos tem como objetivo, em primeiro lugar, restabelecer a função da barreira que está afetada nos casos de dermatite atópica canina, proporcionando recursos á pele que lhe permitam executar essa função (DETHIOUX, 2006). Em segundo lugar, combater a inflamação através da passagem da produção de mediadores pró inflamatórios (prostaglandinas E2 e leucotrienos B4) para a produção de prostaglandinas e leucotrienos não inflamatórios. Os ácidos graxos são agentes terapêuticos importantes, mas seu uso tem de ser ajustado, pois requer diversas semanas de suplementação antes de serem visíveis efeitos positivos. É indispensável utilizar doses muito elevadas para obter uma ação sobre o produto, sendo que também não existe uma quantidade ideal determinada. Podem ser empregues sem qualquer hesitação , uma vez que permitem reduzir as quantidades de corticosteróides e anti-histamínicos (DETHIOUX, 2006). Sugere-se que cães com atopia exibem anormalidades nos lipídios que formam a proteção da epiderme, levando à perda de água e hiperidrose. Desta forma, há evidências de que a administração oral de altas doses de ômega 6 poderia melhorar os sinais clínicos provocados por tal alteração. A suplementação de ácidos graxos na dieta poderia, portanto, diminuir a perda de água pela pele. O mecanismo sugerido é que essas substâncias se incorporam aos lipídeos intracelulares da epiderme. Assim, como a perda de água está aumentada em cães atópicos, a suplementação oral com ácidos graxos essenciais e a aplicação tópica de óleos poderiam levar à normalização da barreira epidérmica (MARSELLA, 2006; OLIVRY; HILL, 2001). 6.4 Recuperação da Função da Barreira A perda de água existente na dermatite atópica canina está associada á xerose, a inflamação, ao prurido e a perda da função da barreira epidérmica, o que favorece a penetração epicutânea de aero-alérgicos (FARIAS, 2007). O conceito de „‟Skin Barrier‟‟ têm sido utilizado em empresas de ração na tentativa de minimizar a perda de água trans-epidérmica e conseqüentemente o ressecamento e quebra da função da barreira cutânea. Este conceito esta ligado a dietas que contêm ingredientes que aumentam a proteção da pele, como ácido pantotênico, inositol, nicotinamida, colina, histadina, além de níveis diferenciados de ômegas 3 e 6 e ervas como a curcumina e aloe vera (DETHIOUX, 2006; LUCAS, 2007). A hidratação da pele representa peça fundamental no controle da doença, e esta deverá ser pouco agredida. A preferência deverá ser por uso regular de xampús que não alterem o micro clima e PH cutâneo, que sejam hidratantes, emolientes e umectantes e dessa forma ajudam a recuperar a função da barreira da pele e eliminar e minimizar a absorção de alérgicos ambientais e irritantes (FARIAS, 2007; DETHIOUX, 2006; LUCAS, 2007). 6.5 Anti- Histamínicos Os anti histamínicos são amplamente utilizados, porém poucos estudos demonstram a eficácia dos anti-histamínicos no controle do prurido e inflamação dos cães com dermatite atópica ( FARIAS, 2007). Seu mecanismo de ação baseia-se em inibir os efeitos fisiológicos da histamina, bloqueando seus receptores. O uso deste fármaco esta mais intimamente relacionado com o intuito de reduzir as dosagens de corticosteróides administradas.O grau de sucesso é da ordem de 30% valor que pode parecer relativamente baixo, sendo que a resposta a terapia anti-histamínica varia de caso para caso e entre as várias classes desse fármacos (DETHIOUX, 2006; FARIAS, 2007). Um estudo recente, no qual se revisou o efeito dos anti-histamínicos em pacientes caninos atópicos, a terfenadina, a hidroxizina e a clemastina foram os mais eficientes , resultando em minimização do prurido e do eritema presentes no quadro clínico da dermatite atópica (OLIVRY; MUELLER, 2003). Por não exercer efeitos secundários graves, são agentes de grande utilidade numa abordagem global da patologia. São freqüentemente utilizados em combinação com os ácidos graxos essenciais (DETHIOUX, 2006). 6.6 Terapia Tópico Os produtos tópicos constituem uma importante arma na dermatologia veterinária, pois promovem reidratarão da pele, limitam as super infecções, combatem os alérgicos, possuem ação paliativa, o custo dos produtos é viável e têm fácil utilização. Os animais associam rapidamente o procedimento da aplicação dos tópicos com o alívio do seu desconforto, aceitando muito bem a aplicação destes (DETHIOUX, 2006). Os xampus com aveia coloidal glicerina, aloe vera e alantoína podem ser utilizados com grande frequência (2 vezes por semana), os xampus ditos fisiológicos ricos em ceramidas e ômegas e que não alterem as características da pele, podem ser utilizados em igual propósito. Devem ser evitados xampus com peróxido de benzoila, malaleuca e clorexidine em concentração maior que 3% para uso frequente. Xampus com corticóides podem ser utilizados com cautela e se o paciente não estiver utilizando outro tipo de corticóide (LUCAS, 2007). 6.7 Glicocorticóides Os corticosteróides são moléculas lipossolúveis e estão distribuídos por todo o organismo. Administrados por via oral ou através de aplicação local são rapidamente absorvidos pelo corpo e dispersam-se pela totalidade dos tecidos. Os corticosteróides fixam-se aos receptores do cortisol e reproduzem os efeitos deste hormônio natural (DETHIOUX, 2006). A ação dos glicocorticóides processa-se no núcleo da célula, estimulando ou atenuando a expressão de vários genes que, em particular, inibem acentuadamente a síntese de citoquinas pró-inflamatórias. Na pele os queratinócitos e as células de Langherans constituem os principais alvos (DETHIOUX, 2006). Os corticosteróides promovem efeito satisfatório no controle do prurido em 57 a 100% dos cães com dermatite atópica, sendo sua eficácia clínica estimada entre 58% e 86%. Seja sob a forma tópica ou sistêmica, os corticóides são sempre parte integrante do tratamento desta patologia. (OLIVRY; MUELLER, 2003; OLIVRY; SOUZA, 2001). No caso da dermatite atópica, pretende-se uma ação antiinflamatória dos corticóides, optando sempre pelas moléculas menos potentes como a prednisona, prednisolona e metilprednisolona, que comportam a vantagem de apresentar uma ação rápida e um efeito mineralocorticóide quase inexistente (DETHIOUX, 2006). Corticosteróides orais de curta ação como a prednisona e prednisolona na dose de 0,5 a 1 mg\kg, podem ser indicados no controle da exacerbação aguda da inflamação e do prurido relacionados a dermatite atópica. Seu uso a longo prazo deve ser restrito aos animais com dermatite atópica crônica, que não respondem a terapias alternativas e dependem dos corticóides para controlar o prurido (HILLIER, 2002). Nesses caos, após a instituição da dose de 0,5mg\kg\24horas, seu uso deve ser espaçado para cada 48 horas e em seguida para cada 72 horas. Sua dose então deve ser reduzida e espaçada, até ser encontrado um equilíbrio entre ausência de sinais clínicos e de efeitos colaterias da corticoideterapia. Nos casos em que o espassamento ou a diminuição da dose, causam o aparecimento de recidiva dos sintomas, a associação com outros princípios deve ser tentada (SCOTT et al, 2001; HILLIER, 2002). A utilização conjunta de outros agentes terapêuticos quer sob a forma tópica ou mesmo de origem nutricional permite muitas vezes reduzir as dosagens de corticosteróides administradas (DETHIOUX, 2006). 6.7.1 Efeitos Colaterais Relacionados á Corticoideterapia Os efeitos variam de atrofia tegumentar, calcificação metastática, telagioctasias, poliúria, polidipsia, polifagia, ganho de peso, retenção de sódio e água vômito, pancreatite, dislipidemias, hipertensão, tromboembolismo, atrofia da musculatura apendicular e desenvolvimento cicatrização,úlceras de infecções oportunistas, gastrointestinais, infecções efeito imunossupressor, microbianas, atrasos de hiperadrenocorticismo (FARIAS, 2007; DETHIOUX, 2006). Os corticóides de longa duração não devem ser indicados para o tratamento e controle da dermatite atópica, pois tem alta propensão para a indução de efeitos colaterias (SCOTT et al, 2001). Muitos pacientes necessitarão de tratamento ad eternum e estes devem ser acompanhados por exames laboratoriais (hemograma, urinálise, função hepática e renal, glicemia, triglicérides e colesterol) a cada 3 meses para avaliar alterações precoces e descontinuar a terapia em caso de mudanças importantes (LUCAS, 2007). 6.8 Ciclosporina Estudos recentes sobre o uso da ciclosporina A para o tratamento da dermatite atópica canina têm demonstrado alta eficácia e mínimos efeitos colaterias (RADOWICZ; POWER, 2004). A ciclosporina A é um potente imunossupressor pertencente a família dos inibidores da calceurina, uma vez absorvida age primariamente nas células T ligando-se a uma proteína intracelular, a ciclofilina-1, inibindo a calcineurina e suprimindo a transcrição de citosinas, como a IL2 e IFNy. A ciclosporina age nos mastócitos, eosinófilos e nas células de Langherans, reduzindo as respectivas funções de apresentação de antígeno, tendo assim vários efeitos imunomoduladores benéficos na dermatite atópica (AKDIS et al, 2006; LEUNG, 2000 apud FARIAS, 2007; DETHIOUX, 2006). Estudos revelaram que a dose de 5mg\kg a cada 24 horas causam uma indução efetiva dos efeitos da ciclosporina para controlar os sintomas da dermatite atópica. É necessário tratamento por no mínimo 30 dias até se observar resposta clínica. Após evidenciada melhora no estado geral do animal, passa-se para uma dosagem de manutenção, quer pela redução da dose diária ou pelo aumento do intervalo de administração (GRIFFIN, 2006; HILLIER, 2002). Guaguère, Stefan e Olivry (2004) relatam um trabalho em que o objetivo fora comparar a eficácia da ciclosporina versus o uso de glicocorticóides no tratamento da atopia canina. Ambas as medicações resultaram em uma melhora similar nas lesões da pele e no prurido, entretanto, verificou-se que a incidência de infecções bacterianas na pele, foi menor em cães recebendo ciclosporina do que nos tratados com metilprednisolona. Para tratamentos de longa duração, a ciclosporina torna-se uma alternativa (GUAGUÉRE et al, 2004). Dessa forma o uso da ciclosporina têm permitido melhoria da qualidade de vida e minimização do uso de corticosteróides, sendo a medicação de escolha para o controle da atopia crônica em cães com menos de 10kg que não respondem adequadamente a instituição de medidas que controlem os fatores perpetuastes da atopia, á terapia hidratante e\ou aos antihistamínicos (LUCAS et al, 2007). Os efeitos do uso da ciclosporina são visualizados após 30 dias de uso contínuo, devendo ser inicialmente associada com anti-histamínicos ou corticosteróides orais. A ciclosporina deve ser administrada fora das refeições em um intervalo mínimo de duas horas (HILLER, 2002; DETHIOUX, 2006). Efeitos colaterais são incomumente observados e incluem vômito ou diarréias intermitentes , hirsutismo, hiperplasia gengival e neoplasias orais (RADOWICZ; POWER, 2004). 6.9 Outras Recentes Possibilidades no Tratamento Há relatos do uso de inibidores da fosfodiesterases, como a pentoxifilina 10 mg/kg via oral, duas vezes ao dia (Hillier, 2002), para o tratamento da DAC. Esta droga possui propriedades imunomoduladoras e em cães é relatada a supressão da produção de interferons (inibe as propriedades pró-inflamatórias das citocinas), o uso desta droga reduz o prurido e o eritema. A pentoxifilina é bem tolerada e considerada segura para uso em animais. Efeitos colaterais graves não foram relatados, sendo que os mais comuns foram vômito e diarréia (MARSELLA; OLIVRY, 2001). O tracolimus é uma lactona macrolítica produzida pelo fungo Streptomyces tsukubaensis e, embora seja distinto quimicamente da ciclosporina, seu mecanismo de ação é semelhante, inibindo a resposta dos linfócitos T aos antígenos e a produção de citocinas responsáveis pela proliferação destes. Uma das vantagens dessa droga é que seu uso pode ser tópico, limitando os riscos de efeitos colaterais sistêmicos. Em cães atópicos seu principal efeito é a diminuição do eritema, contudo a diminuição do prurido não é significativa (MARSELLA; OLIVRY, 2001). Em seres humanos com asma e rinite alérgica, o uso de um tipo de anticorpo monoclonal (IgG1) contra IgE, tem se mostrado efetivo no tratamento. Ele reconhece e mascara o epítopo na região CH3 do IgE responsável pela alta afinidade pelos mastócitos e basófilos. Desse modo, reduz os níveis séricos de IgE e regula os receptores IgE das células dendríticas circulantes. A terapia anti-IgE está começando a ser pesquisada em cães, e vacinação com o peptídeo anti-IgE tem demonstrado uma diminuição do IgE total, controlando os sinais clínicos associados à DAC (MARSELLA, 2006) 7 PROGNÓSTICO Apesar do avanço na compreensão de sua etiopatogênese, a DAC continua sendo um significante desafio terapêutico para os clínicos veterinários, em particular nos casos de pacientes que apresentam doença inflamatória crônica recorrente e intensamente pruriginosa (FARIAS, 2007). O cão que apresenta atopia, deverá ser acompanhado pelo veterinário por toda a vida, pois o tratamento estabelecido é a longo prazo, ou ad eternum, e suas evoluções ou recaídas devem ser cuidadosamente analisadas. A administração prolongada de medicamentos possibilita o surgimento de efeitos colaterais e o aparecimento de doenças graves o que caracteriza um prognóstico de evolução reservado, então reavaliações constantes destes pacientes serão necessárias (SCOTT et al, 2001; FARIAS, 2007; LUCAS, 2007). O estudo da aplicação dos antagonistas dos receptores de quimiocinas em medicina veterinária, associado ao uso de terepia tópica e imunomoduladora, pode permitir que animais gravemente acometidos possam reduzir a frequência de crises agudas, prolongar o intervalo entre crises, além de otimizar o controle da dermatite atópica a longo prazo (HILLIER, 2002). Seu controle envolve a recuperação da barreira tegumentar, a eliminação de infecções bacterianas ou micóticas e a minimização da exposição a aero-alérgenos e irritantes, associado ao uso crônico de terapia antiinflamatória, anti-alérgica ou imunomoduladora (DETHIOUX, 2006). O principal objetivo do clínico veterinário é dar conforto ao paciente atópico, orientar o cliente que a palavra de ordem é o controle do quadro e infelizmente não há cura definitiva. Além do uso de medicamentos, outras manobras poderão ajudar o paciente a ter uma melhor qualidade de vida (LUCAS, 2007). A terapia do cão atópico deve ser baseada em três princípios básicos, utilização do menor número de fármacos, obtendo o melhor índice de melhora clinica possível, oferecendo ao paciente, menos efeitos colaterais (LUCAS; CANTAGALLO; BEVIANI, 2007). Paralelamente a educação do proprietário é uma peça fundamental no controle da dermatite atópica devendo este ser bem orientado para que tenha a real percepção da doença e motivação pessoal para controlar a inflamação e o prurido relacionado a esta doença, mantendo assim a qualidade de vida de seu cão (SCOTT et al, 1996; SCOTT et al, 2001) 8 CONCLUSÃO Os mecanismos da atopia ainda não são totalmente definidos, porém sabe-se que a patogenia da atopia envolve um defeito na barreira epidérmica que pode provocar maior contato entre o sistema imunológico cutâneo e antígenos ambientais. Esta complexa interação resulta em sintomas como inflamação e congestão, que promovem eritema e prurido, levando a escoriações e maior exposição a microorganismos oportunistas como bactérias e leveduras, finalmente oferecendo processos secundários de desqueratinização, malasseziose e foliculite bacteriana, levando a um controle difícil da sintomatologia. Todo esse quadro gera processos crônicos, diminui em muito a qualidade de vida dos animais e preocupa muito os proprietários . Face ao exposto, pode-se considerar a DAC como uma doença de importância crescente na clínica de pequenos animais. Assim sendo, reconhecer o problema e iniciar terapia adequada são os pontos-chave para conseguir controlar a doença, uma vez que não existe cura. O plano diagnóstico inicia-se com o intuito de promover o controle em relação aos fatores perpetuantes. É necessário estabelecer os possíveis diagnósticos diferenciais, baseados na resenha, histórico e sinais clínicos. Por ser uma dermatopatia caracterizada por prurido intenso, além do cão, ela gera aflição ao proprietário, que deve ser esclarecido a respeito das recidivas do quadro e do quão é gradual a melhora após o início do tratamento. A terapia do cão atópico deve ser baseada em três princípios básicos: utilização do menor número de fármacos, obtendo o melhor índice de melhora clinica possível, oferecendo ao paciente, menos efeitos colaterais, visando estabelecer uma melhor qualidade de vida ao animal e conforto ao proprietário. REFERÊNCIAS ARLIAN, L. G. ; PLATTS-MIILS, T. A. E. Definitively diagnosing atopic dermatitis in dogs. Journal of Allergy and Clinical Immunology, (Supplement 406), v. 107, n. 3, p. 406 - 413, 2001. DAVID, D. Reações Alimentares. In: RHODES, K. H. Dermatologia de pequenos animais: consulta em 5 minutos. Revinter, p. 253 - 256, 2005. DETHIOUX, F. A dermatite atópica canina, um desafio para o clínico. Focus, edição especial, p. 7 - 56, 2006. FARIAS, M. R. Dermatite atópica canina: da fisiopatologia ao tratamento. Clínica Veterinária, n. 69, p. 48 - 62, 2007. GUAGUÉRE, E. ; STEFAN, J. ; OLIVRY, T. Ciclosporin A: a new drug in the Field of canine dermatology. 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