da primavera árabe à ditadura no egito?
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da primavera árabe à ditadura no egito?
16/08/2013 DA PRIMAVERA ÁRABE À DITADURA NO EGITO? Fernando Alcoforado* Em 17/02/2011, publicamos no Blog de Falcoforado (http://fernando.alcoforado.zip.net) o artigo Cenários futuros de evolução da crise no Egito (2) no qual foram traçados os cenários de evolução da crise descritos a seguir: Cenário 1: Classes dominantes, Exército e Estados Unidos/ União Europeia unificados em torno do objetivo de manter o estado egípcio sob seu controle obtêm sucesso na superação da crise econômica e social. Movimentos Sociais unificados na luta pelo controle do estado egípcio obtêm concessões importantes com a implantação da democracia representativa no Egito e na realização de avanços nos planos econômicos e sociais. Neste cenário, o processo político não seria radicalizado. Cenário 2: Classes dominantes, Exército e Estados Unidos/ União Europeia unificados em torno do objetivo de manter o estado egípcio sob seu controle não obtêm sucesso na superação da crise econômica e social. Movimentos Sociais unificados radicalizariam a luta pelo controle do estado egípcio visando a implantação da democracia representativa no Egito e a realização de mudanças econômicas e sociais importantes. Este cenário poderia levar também a retrocessos se um movimento islâmico surgir para tomar o controle do Estado numa repetição da Revolução Iraniana de 1979 ou se as Forças Armadas impedirem uma transição, ainda que conturbada, para a democracia. Poderiam acontecer também avanços políticos como o ocorrido na Turquia moderna em que os militares atuariam de forma a conter o radicalismo islâmico dentro de um modelo constitucional. Cenário 3: Classes dominantes, Exército e Estados Unidos/ União Europeia unificados em torno do objetivo de manter o estado egípcio sob seu controle obtêm sucesso na superação da crise econômica e social. Movimentos Sociais divididos entre si na luta pelo controle do estado egípcio obtêm concessões limitadas na implantação da democracia representativa no Egito e na realização de avanços nos planos econômicos e sociais. Neste cenário, o processo político não seria radicalizado. Cenário 4: Classes dominantes, Exército e Estados Unidos/ União Europeia unificados em torno do objetivo de manter o estado egípcio sob seu controle não obtêm sucesso na superação da crise econômica e social. Movimentos Sociais, divididos inicialmente, tendem a crescer e a se unificarem radicalizando a luta pelo controle do estado egípcio visando a implantação da democracia representativa no Egito e a realização de mudanças econômicas e sociais importantes. Este cenário poderia ser radicalizado e se transformar no Cenário 2. De fevereiro de 2011 até o momento atual, os cenários 1 e 3 não aconteceram porque as Classes dominantes, Exército e Estados Unidos/ União Europeia unificados em torno do objetivo de manter o estado egípcio sob seu controle não obtiveram sucesso na superação da crise econômica e social do Egito. Após a queda do regime de Mubarak, prevaleceu o Cenário 4 quando houve avanços na implantação da democracia representativa no país da qual resultou a eleição de Mohamed Mursi vinculado à Irmandade Muçulmana. Durante o governo do presidente Mursi, surgido de uma poderosa revolução democrática, o Egito enfrentava uma grave crise socioeconômica, com 8% de inflação, desemprego em torno de 15% (entre os jovens chega a 40%) e uma economia semiparalisada, onde o turismo, uma das principais fontes de divisas, responsável por 10% do PIB decaiu 30%. No dia 30 de junho passado, uma multidão de 17 milhões de egípcios, equivalente a 35% da população do país (84 milhões de habitantes), exigiu a saída do presidente Mursi. Novamente, no dia 03 de julho, cerca de 30 milhões saíram às ruas em todo o Egito para comemorar a queda de Mursi. Apesar da afirmativa de alguns analistas de que teria havido um golpe de estado, houve na realidade outra revolução popular em que o Exército assumiu o comando político do Egito devido ao fracasso do governo Mursi. Mursi e a Irmandade Muçulmana foram removidos do poder depois de 12 meses também por acreditar que os 51,7% dos votos obtidos em segundo turno em 2012 eram um salvo-conduto para transformar o Egito em um país islâmico. Após a queda de Mursi, os partidos de oposição ao governo, agrupados na Frente de Salvação Nacional, deram apoio explícito ao Exército para que este tomasse o poder e organizasse a “transição” rumo às eleições democráticas em seis meses. Os quatro pontos que unificavam toda a oposição eram: 1) Renúncia imediata de Mursi; 2) Governo de transição com eleições em pelo menos seis meses; 3) Medidas econômicas em favor das massas populares; e, 4) Suspensão da atual Constituição e elaboração de uma nova. Constata-se, portanto, que o Egito evoluiu do Cenário 4 para o Cenário 2. Afirmamos em fevereiro de 2011 que este cenário poderia levar também a retrocessos se um movimento islâmico surgisse como ocorreu com a Irmandade Muçulmana que tentou controlar o Estado repetindo a Revolução Iraniana de 1979 ou se as Forças Armadas tentassem impedir uma transição, ainda que conturbada, para a democracia. Para conter a ascensão da Irmandade Muçulmana e fazer prevalecer seus interesses, o Exército interveio. A intervenção militar no Egito pode levar a avanços políticos como o ocorrido na Turquia moderna ou a retrocessos com a instauração de uma ditadura militar. *Fernando Alcoforado, 73, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona, http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (P&A Gráfica e Editora, Salvador, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011) e Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), entre outros. Fonte: http://fernando.alcoforado.zip.net/
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