Sermao Dia da ASA 2014

Transcrição

Sermao Dia da ASA 2014
Sermão sugestivo para o Dia da ASA
2 de agosto de 2014
O Maior “Misericordiador” do Mundo
Introdução
No livro “Amar é sempre certo” Josh Macdowell descreve na introdução o
seguinte cenário: “Sem lar e faminto. Rabiscadas num pedaço de papelão com
lápis de cera, as palavras prendem sua atenção mesmo antes de parar antes do
semáforo de um cruzamento movimentado. Você não pode evitar ver o homem
na esquina, bem perto da janela do carro, aparentemente voltando o cartaz e o
olhar tristonho diretamente para você. A camisa dele, de flanela e em farrapos, é
pequena demais. As calças estão rasgadas e sujas. O cabelo é oleoso e
despenteado, e o rosto coriáceo está sombreado por uma barba de vários dias.
Os olhos, que você tenta evitar, parecem vazios por causa das privações e da
negligência. Ele certamente tem um ar de desabrigado e faminto.
Na mesma hora a sua mente transborda de uma ladainha de respostas, como se
um comitê de conselheiros internos estivesse gritando sugestões todos ao
mesmo tempo. A cada pensamento surge um protesto do outro lado do seu
cérebro, insistindo em que você ignore os conselhos.
Tenha uma atitude amorosa. Dê ao pobre homem essa nota de cinco reais que
está em sua carteira. Não, não lhe dê dinheiro. Ele provavelmente irá gastá-lo na
mesma hora com bebidas. Esse homem não passa de um vigarista e beberrão
tentando enganar as pessoas com sua farsa de desabrigado e faminto. Os seus
cinco reais ajudarão mais os sem-lar e esfomeados se forem empregados na
missão de resgate local.”
Por certo este cenário é mais do que comum em qualquer lugar que
andemos nas cidades, por certo você também já passou por esta dúvida
entre ajudar, ceder ao apelo de misericórdia ou ceder à razão.
É nesta hora que nos lembramos de Deuteronômio 15.11 que diz:
“Livremente abrirás a mão para o teu irmão, para o teu necessitado, e para o teu
pobre na tua terra.”
Se claramente a Bíblia nos recomenda tal ato, não devemos contestar,
jamais deveríamos deixar que nosso estado mental nos leve à dúvida, o
texto bíblico é imperativo, não é condicional, é uma expressão livre, de
decisão pessoal, mas ao mesmo tempo uma obrigação quando nos
autodenominamos cristãos.
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I. O Maior “Misericordiador” do Mundo
Não existe esta palavra no dicionário. Mas é um termo que se encaixa
àquele que é dotado de grande misericórdia.
E o que é misericórdia? É um sentimento de compaixão despertado pela
desgraça ou pela miséria alheia. De origem latina a palavra é uma junção da
palavra “miserere”: ter compaixão e “cordis”: coração.
Ter compaixão do coração, significa ter capacidade de sentir aquilo que a
outra pessoa sente, aproximar seus sentimentos dos sentimentos de
alguém, ser solidário com as pessoas. Aqui Jesus se encaixa neste perfil,
pois é alguém que em todas as circunstâncias, do menor merecedor ao que
mais merecia, sempre usava de misericórdia.
Escrevendo em 1892, no Signs of the Times, e transcrito no Beneficência
Social, p. 15, Ellen White é objetiva e esclarecedora:
“O Senhor Jesus disse: Felizes os misericordiosos, porque eles alcançarão
misericórdia. Nunca houve tempo em que fosse maior a necessidade do
exercício da misericórdia do que hoje. Ao redor de todos nós estão os
pobres, os sofredores, os aflitos, os tristes, os que estão prestes a perecer.”
Ao olhar para as pessoas, você vê o que Jesus via? Você sente o que Ele
sentia? Como seguidores de Cristo precisamos rever nosso conceito de
amor ao próximo e de misericórdia.
Olhe à sua volta, veja que em cada esquina há uma oportunidade de
exercermos nosso amor cristão.
Olhe dentro de você, veja o que seu coração sente quando vê tudo isso.
Pense no que você seria e onde estaria se alguém algum dia não tivesse
usado de misericórdia para contigo.
A bondade de em emprestar algo que precisamos, ou ajudar em uma crise,
são gestos gentis, e demonstrativos da Misericórdia.
Um dia tomei um ônibus lotado. Logo depois, entrou uma senhora e observei
que não havia mais nenhum lugar para que sentasse. Levantei-me e insisti
que sentasse em meu lugar, e ela agradecida olhando em meus olhos disse:
“O senhor não é daqui, não é?” Por quê, perguntei. “Ora, porque os daqui
não fazem isso, não são tão gentis assim.”
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Aquilo me chamou a atenção para o fato de que ela tinha razão, realmente
eu não era daquele lugar, mas logo me veio a ideia de que eu e você “não
somos daqui”. Fomos criados para sermos cidadãos de um “mundo melhor”.
Aqui estamos de passagem, cujo passaporte já está vencendo, e nosso visto
de permanência também, logo iremos retornar para a Nova Terra, a
Celestial. Cada ato e gesto de Jesus mostravam que não pertencia àquela
sociedade. Ele era de outro mundo.
Por isso havia muitas dúvidas sobre Ele. Veio mesmo de Nazaré? Pode vir
alguma coisa boa de lá? É mesmo filho de Deus? Quantas vezes duvidam
de nossa origem, duvidam de nossa filiação? Não acreditam em nós, bem,
se a causa são seus gestos de misericórdia, seus atos de amor pelo
próximo, tudo bem. Podem continuar duvidando.
Ser um grande “misericordiador” não é tarefa fácil. É praticamente ir na
contramão de um mundo onde todos querem ser iguais, menos ajudar os
diferentes, num mundo onde igualdade é um termo comum, mas os comuns
nunca são iguais. Onde o acesso é livre a todos, mas os que necessitam são
impedidos de acessar o que precisam. Um verdadeiro paradoxo,
contradição total. Jesus, no seu tempo, já protestava contra isso, quando
dizia “aquilo que quereis que os homens vos façam, façais vós também”
Ser um “misericordiador” é manter a todo instante o espírito de necessidade
alerta para quando vier a oportunidade não hesitarmos, e sem dúvida
nenhuma atendermos os que precisam.
II. Misericórdia Divina
Todos somos resultados de um amor sem medida. Somos também resultado
de um ato de bondade. Pois o Senhor concedeu misericórdia ao perdoar
nossos pecados.
Em alguns lugares existem as “Casas de Misericórdia”, são instituições de
caridade, criadas com a missão de socorrer enfermos e inválidos.
Nossas igrejas deveriam ser além de tudo “Casas de Misericórdia”.
Algumas igrejas colocam entre seus preceitos as chamadas obras de
caridade, e estas devem ser seguidas por seus fiéis, são chamadas de obras
temporais e ações espirituais.
São elas: Dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem sede,
vestir os nus, dar pousada aos peregrinos, assistir aos enfermos, vestir e
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visitar os presos, enterrar os mortos. As ações espirituais são: Dar bom
conselho, ensinar os que não sabem, consolar os tristes, perdoar as injúrias,
sofrer com paciência, rogar a Deus pelos necessitados.
Na Idade Média, misericórdia também era o nome dado ao punhal que os
cavaleiros traziam do lado direito da cintura, era usado para matar o inimigo,
já derrubado, caso este não pedisse misericórdia, o golpe fatal era dado com
este punhal e era chamado de golpe de misericórdia.
E atos de bondade são legitimados por outros atos de bondade. Assim como
o Senhor Deus nos concede a cada dia Sua bondade em nos amar, em nos
manter e perdoar, deveríamos de alguma maneira retribuir isso.
Como o próprio Deus não necessita que usemos de misericórdia em Seu
favor, deixa claro que se “fizermos a um destes pequeninos a Mim o
fizestes”. Mateus 25:40
“Os que têm adquirido riquezas, adquiriram-nas pela aplicação dos talentos que
lhes foram dados por Deus; mas esses talentos para a conquista de bens foramlhes dados a fim de que pudessem aliviar os que estão na pobreza. ... Os
campos têm sido abençoados por Deus, e em Sua bondade fez provisão para os
necessitados.” Salmos 68:10 - O Ministério do Amor, p.13
Muitos de nós reclamamos que o mundo está cheio de miséria e pobreza, e
problemas por todos os lados. Saiba que Deus nunca quis que fosse assim,
Ele é um Deus de benevolência. Quando criou o fez com ampla provisão
para o ser humano, deu o suficiente para que nunca faltasse.
Mas este mesmo homem caiu em pecado, trouxe a miséria para si e para os
outros, e mesmo assim Deus não recolheu suas bênçãos, e muitos que são
abençoados com riquezas têm negado aos pobres parte destas riquezas,
por isso há tanta miséria.
Sofrimento e miséria não precisariam existir se os homens cumprissem o
seu dever como mordomos fiéis dos bens do Senhor.
É a infidelidade do homem que gera o estado de sofrimento em que está
mergulhado a humanidade.
A simpatia de Cristo pela humanidade sofredora é evidente nos seus atos,
fica claro na sua reprovação ao próprio povo escolhido que negava ajuda
aos mais desafortunados. Ele sempre se colocava no lugar do homem, por
isso veio na forma mais baixa que o Céu poderia ter escolhido, como um ser
humano sofredor.
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Seu coração era sempre movido de terna compaixão para com os
diferentes, os rejeitados. Sentia pena de uma mulher acusada de adultério, e
veja que ela tinha culpa sim, no entanto até os culpados merecem uma nova
chance. Sentia pena de um líder importante que usava de seu poder para
cometer desvios, mesmo assim o Senhor se oferece para ir a sua casa,
dizendo Zaqueu, hoje em sua casa vou entrar. Sentia pena até mesmo
daqueles que o rejeitavam, negavam Sua presença em suas vidas.
Este mundo é um imenso hospital, e doentes atacados pela doença que
Satanás espalhou precisam ser curados, resgatados, e o Senhor Deus além
do Seu Poder de Cura precisa usar instrumentos humanos, você e eu, para
realizar esta cura e trazer alivio.
III. Uma Receita do Céu
Tiago 1:27 afirma: “A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta:
Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e guardar-se da corrupção do
mundo.”
Aqui temos o primeiro item de uma receita prescrita para solucionar os males
de um mundo caído. Uma religião de verdade é aquela que sai dos púlpitos,
desce dos bancos, sai para fora do templo e encontra eco nos corações
sedentos e desprezados.
Sair do conforto de nossas casas também faz parte desta receita. Vestir mais
os sapatos do outro. Exercitar os músculos da fé para garantir um estilo de
vida mais saudável espiritualmente falando.
Costumo dizer que o problema de hoje não é falta das coisas, mas sim a
abundância das mesmas. Temos muitas opções, temos tanto que sobra no
prato todos os dias, estraga-se comida nos silos, esbanja-se nas mesas de
restaurantes. O Brasil é recordista em desperdício de alimentos. Que
paradoxo, visto que há 50 milhões de pessoas que vivem abaixo da linha da
pobreza, inclusive faltando-lhes comida.
Então só nos resta concordar que o Senhor está certo quando afirma que é
nossa negligência e falta de amor que leva o mundo à miséria.
No entanto, mesmo que não consigamos aliviar todas as misérias alheias,
precisamos ter em mente nosso compromisso pessoal.
Pode parecer um mistério o fato de Deus permitir que uns sejam tão ricos e
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outros tão pobres, mas é claro que este homem em estreita relação com
Deus e colocando em prática seus preceitos entenderá e cumprirá a parte
que lhe corresponde em aliviar os mais desprovidos.
Desde o início Deus deixou leis claras quanto ao cuidado com os mais
humildes. As sobras da colheita deveriam ser distribuídas. Uma parte das
ofertas deve ser destinada aos carentes e obras de caridade.
Na providência de Deus os acontecimentos têm sido ordenados de maneira
que tenhamos sempre os pobres conosco, a fim de que sejam no coração
humano um constante exercício dos atributos do amor e da misericórdia.
O homem deve cultivar a bondade e compaixão de Cristo; não deve
distanciar-se dos tristes, dos aflitos, necessitados e angustiados. Signs of
The Times, junho 1892.
“Ao passo que o mundo necessita simpatia, orações e assistência do povo
de Deus, ao passo que precisa ver a Cristo na vida de Seus seguidores, o
povo de Deus se acha em igual necessidade de ocasiões de exercer
simpatia, de dar eficácia a suas orações e desenvolver neles um caráter
segundo o modelo divino. É para proporcionar essas oportunidades que
Deus colocou entre nós os pobres, os desafortunados, os doentes e
sofredores.” Ministério do Amor, p. 15
Por que você e eu não tentamos ver o quadro de uma outra maneira? Porque
não nos arriscamos em virar o jogo? Por que insistimos em achar no outro a
culpa pelo abandono, escassez e negligência?
Convido você a seguir estas orientações, que podem se tornar regras para
que nossa parte nesta história tenha pelo menos um final feliz.
Comece agora:
1. Faça uma lista daquilo que não usa e ainda guarda em casa para doar
(roupas, calçados, brinquedos, etc.).
2. Determine um tempo por semana para fazer o bem a quem necessita.
3. Ao fazer as compras no supermercado, adquira alguns alimentos
para doar.
4. Planeje seus gastos por semana, mês e ano.
5. Reduza o uso do computador uma hora por dia e use esse tempo para
orar por alguém.
6. Faça uma obra de caridade.
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7. Apadrinhe uma criança órfã, ou amparada pelos Núcleos.
8. Participe da Recolta e aumente seu alvo cada ano.
9. Ensine os filhos a doar brinquedos usados e o acompanhe nesta
doação.
10.Faça campanha de sopão para distribuição nas noites frias de
inverno.
11. Participe como voluntário de um projeto social.
12.Faça compras coletivas de gêneros de primeira necessidade, para
baixar o custo.
13.Participe do Mutirão de Natal.
14.Seja exemplo para ensinar, ensine o que sabe.
Essas ações ajudarão a diminuir, pelo menos um pouco, a fome e a
necessidade de quem tanto precisa.
Conclusão:
O Senhor Jesus está voltando, e talvez faça algumas perguntas.
Não sei exatamente que perguntas fará, mas sei as que não fará. Ele não vai
perguntar quantos carros pude comprar, mas sim quantas pessoas
transportei no meu carro para ajudar.
Não irá perguntar o tamanho de minha casa, mas se abri minhas portas para
receber quem precisava de um abrigo. Não irá perguntar o quanto de dízimo
devolvi, mas se devolvi para ajudar a pregação do evangelho. Não irá
perguntar quantos sermões preguei, mas quantos corações consegui atingir
pelo exemplo de minha conduta. Jesus quer saber se pode contar comigo
hoje, agora e sempre que Ele precisar.
E assim nos transformar no melhor “misericordiador” que está Terra já viu.
Pr. Enildo do Nascimento
Coordenador da ASA e ADRA
Associação Paulista Central
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