Liahona de Junho de 2006
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A IGREJA DE JESUS CRISTO DOS SANTOS DOS ÚLTIMOS DIAS • JUNHO DE 2006 HISTÓRIA DA CAPA: Uma Nova Abordagem com Relação ao Profeta Joseph, p. 16 Por Que É Importante a Maneira como Você Se Veste, pp. 28, 32 O Que Esperar Quando Você É Ordenado Diácono, p. 12 Treinamento Mundial de Liderança, p. 49 Junho de 2006 Vol. 59 Nº. 6 A LIAHONA 26986 059 Publicação oficial em português d’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias A Primeira Presidência: Gordon B. Hinckley, Thomas S. Monson, James E. Faust Quórum dos Doze: Boyd K. Packer, L. Tom Perry, Russell M. Nelson, Dallin H. Oaks, M. Russell Ballard, Joseph B. Wirthlin, Richard G. Scott, Robert D. Hales, Jeffrey R. Holland, Henry B. Eyring, Dieter F. Uchtdorf, David A. Bednar Editor: Jay E. Jensen Consultores: Monte J. Brough, Gary J. Coleman, Yoshihiko Kikuchi Diretor Gerente: David L. Frischknecht Diretor Editorial: Victor D. Cave Editores Sêniores: Larry Hiller, Richard M. Romney Diretor Gráfico: Allan R. Loyborg Gerente Editorial: Victor D. Cave Gerente Editorial Assistente: Jenifer L. Greenwood Editores Associados: Ryan Carr, Adam C. Olson Editor(a) Adjunto: Susan Barrett Equipe Editorial: Shanna Butler, Linda Stahle Cooper, LaRene Porter Gaunt, R. Val Johnson, Carrie Kasten, Melvin Leavitt, Sally J. Odekirk, Judith M. Paller, Vivian Paulsen, Sara R. Porter, Jennifer Rose, Christy Rusch, Don L. Searle, Rebecca M. Taylor, Roger Terry, Janet Thomas, Paul VanDenBerghe, Julie Wardell, Kimberly Webb Secretário(a) Sênior: Monica L. Dickinson Gerente de Marketing: Larry Hiller Gerente Gráfico da Revista: M. M. Kawasaki Diretor de Arte: Scott Van Kampen Gerente de Produção: Jane Ann Peters Equipe de Diagramação e Produção: Cali R. Arroyo, Collette Nebeker Aune, Brittany Jones Beahm, Howard G. Brown, Julie Burdett, Thomas S. Child, Reginald J. Christensen, Kathleen Howard, Denise Kirby, Tadd R. Peterson, Randall J. Pixton Diretor de Impressão: Craig K. Sedgwick Diretor de Distribuição: Kris T Christensen A Liahona: Diretor Responsável: Wilson R. Gomes Produção Gráfica: Eleonora Bahia Editor: Luiz Alberto A. Silva (Reg. 17.605) Tradução: Edson Lopes Assinaturas: Cezare Malaspina Jr. © 2006 Intellectual Reserve, Inc. Todos os direitos reservados. O texto e o material visual encontrado n’ A Liahona podem ser copiados para uso eventual, na igreja ou no lar, não para uso comercial. O material visual não pode ser copiado se houver qualquer restrição indicada nos créditos constantes da obra. As dúvidas sobre direitos autorais devem ser encaminhadas para Intellectual Property Office, 50 East North Temple Street, Salt Lake City, UT 84150, USA; e-mail: [email protected]. A Liahona pode ser encontrada na Internet em vários idiomas no site www.lds.org. Para vê-la em inglês clique em “Gospel Library”. Para vê-la em outro idioma clique no mapa-múndi. REGISTRO: Está assentado no cadastro da DIVISÃO DE CENSURA DE DIVERSÕES PÚBLICAS, do D.P.F., sob nº 1151-P209/73 de acordo com as normas em vigor. “A Liahona” © 1977 d’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias acha-se registrada sob o número 93 do Livro B, nº 1, de Matrículas e Oficinas Impressoras de Jornais e Periódicos, conforme o Decreto nº 4857, de 9-11-1930. Impressa no Brasil por Prol Editora Gráfica – Avenida Papaiz, 581 – Jd. das Nações – Diadema – SP – 09931-610 ASSINATURAS: A assinatura deverá ser feita pelo telefone 0800-130331 (ligação gratuita); pelo e-mail [email protected]; pelo Fax 0800-161441 (ligação gratuita); ou correspondência para a Caixa Postal 26023, CEP 05599-970 – São Paulo – SP. Preço da assinatura anual para o Brasil: R$ 18,00. Preço do exemplar em nossa agência: R$ 1,80. Para Portugal – Centro de Distribuição Portugal, Rua Ferreira de Castro, 10 – Miratejo, 2855-238 Corroios. 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LIAHONA, JUNHO DE 2006 P A R A O S A D U LT O S 2 8 10 16 25 32 43 48 Mensagem da Primeira Presidência: A Voz do Espírito Presidente James E. Faust A Plenitude do Evangelho: A Queda de Adão e Eva Clássicos do Evangelho: O Perfil de um Profeta Presidente Hugh B. Brown Joseph Smith: O Profeta da Restauração Mensagem das Professoras Visitantes: Exercer Caridade e Ajudar as Pessoas em Dificuldade A Importância do Recato Vozes da Igreja Vigiada Kimberly Webb Só Mais Cinco Minutos Elaine Brown Preslar Pequenas Decisões, Bênçãos Eternas Víctor Pino Fuentes Reunir o Casal de Dançarinos Kurt Stättner Comentários 49 Apoio à Família REUNIÃO MUNDIAL DE TREINAMENTO DE LIDERANÇA: APOIO À FAMÍLIA 50 56 61 66 72 O Casamento É Essencial ao Plano Eterno de Deus Élder David A. Bednar Uma Solene Responsabilidade de Amar e Cuidar uns dos Outros Élder L. Tom Perry Os Pais Têm um Dever Sagrado Bonnie D. Parkin Lares Celestiais, Famílias Eternas Presidente Thomas S. Monson A Família: Proclamação ao Mundo IDÉIAS PARA A NOITE FAMILIAR Estas idéias podem ajudá-lo a usar esta edição de A Liahona para reforçar seu ensino tanto na sala de aula como em casa. “O Perfil de um Profeta”, p. 10: Convide duas pessoas da família a agirem como advogados, e faça com que leiam a parte de perguntas e respostas da conversa contida no artigo. Mostre a lista de características de um verdadeiro profeta apresentada pelo Presidente Hugh B. Brown, e peça aos membros da família que estão representando as testemunhas que digam como Joseph Smith demonstrava essas qualidades. Leia os três últimos parágrafos do artigo e testifique das bênçãos de seguir ao profeta vivo. “Perguntas e Respostas”, p. 22: Ensaie como compartilhar um exemplar do Livro de Mórmon com alguém da família explicando o que é o livro, mostrando um versículo predileto e convidando-o(a) a ler determinados versículos ou capítulos. Peça ao membro da família que recebeu o exemplar para fazer algumas perguntas. A família pode debater como responder a elas. O A M I G O : PA R A A S C R I A N Ç A S PA R A O S J O V E N S 7 21 22 26 28 37 38 Usar Dois Nomes Jean Brice Lagoua Poster: Procrastinação Perguntas e Respostas: Qual É a Melhor Maneira de Apresentar o Livro de Mórmon a um Amigo de Outra Religião? Breves Mensagens A Resposta no Livro 28 A Consciência das Andrew Confer e Coisas Sagradas Miles T. Tuason O Momento Decisivo Elsworth Gillett A Consciência das Coisas Sagradas Élder D. Todd Christofferson Você Sabia? Venham Aprender e Divertir-se Paul VanDenBerghe Ao procurar o anel do CTR escondido neste número, pense nas bênçãos que recebe por guardar os mandamentos. A2 A4 A6 A8 A10 A12 A15 A16 Vinde ao Profeta Escutar: Grato pela Obra Missionária Presidente Gordon B. Hinckley Tempo de Compartilhar: Guardar os Mandamentos Linda Magleby De um Amigo para Outro: Uma Decisão Firme Élder E. Israel Pérez Da Vida do Presidente Wilford Woodruff: O Martírio do Profeta A Manteigueira Patricia R. Jones Bem-Vindo ao Sacerdócio A2 Grato pela Obra Aarônico e à Missionária Organização dos Rapazes Charles W. Dahlquist II Só para Divertir: Figura das Escrituras Caixa–Flanelógrafo Dominical NA CAPA Frente: Fotografia: John Luke. Verso: Fotografia: Matthew Reier e John Luke. CAPA DE O AMIGO Fotografia: Ruth Schönwald. TÓPICOS DESTA EDIÇÃO “A Consciência das Coisas Sagradas”, p. 28: Mostre gravuras de pessoas usando tipos diferentes de roupas e pergunte onde elas devem ser usadas. Use o artigo para definir as “roupas de domingo” e explique como as roupas adequadas demonstram respeito ao Pai Celestial. Peça aos membros da família que relacionem os lugares que são sagrados. Planeje meios de vestir-se adequadamente em locais sagrados. “Uma Decisão Firme”, p. A6: Represente as duas situações referentes à Palavra de Sabedoria descritas pelo Élder E. Israel Pérez, sem indicar a decisão dele. Depois de cada representação, peça aos membros da família que adivinhem qual foi a reação do Élder Pérez. Conclua a leitura das histórias e empregue o conselho dele para debater decisões que os membros da família podem tomar agora a fim de combater futuras tentações. “A Manteigueira”, p. A10: Peça a alguém da família que ensine a lei do dízimo usando 10 moedas ou outros pequenos objetos. Conte a história da manteigueira e discuta por que a vasilha significava tanto para Emma. Compartilhe experiências e testemunhos pessoais a respeito da lei do dízimo. A= O Amigo Obediência, A4, A6 Arrependimento, 7 Palavra de Sabedoria, A6 Caridade, 25 Primária, A4 Dever para com Deus, A12 Procrastinação, 21 Diáconos, A12 Professoras Visitantes, 25 Dízimo, A10 Profetas, 10 Ensino, 1 Queda de Adão e Eva, 8 Escrituras, A15 Rapazes, A12 Espírito Santo, 2 Recato, 28, 32 Exemplo, 45 Restauração, 10, 16 História da família, 46 Revelação, 2, 43 Jardim do Éden, 8 Reverência, 28 Jesus Cristo, 8, 44 Roupa de domingo, A16 Joseph Smith, 10, 16, A8 Roupas, 28, 32 Livro de Mórmon, 22, 26 Sacerdócio Aarônico, A12 Mandamentos, A4 Seminário, 38 Martírio, A8 Templo, 38 Mestres familiares, A4, 6 Trabalho de membro Meus Padrões do missionário, 22, 38 Evangelho, A4 Trabalho missionário, Noite Familiar, 1 26, A2 BACKGROUND © ARTBEATS A L I A H O N A JUNHO DE 2006 1 2 MENSAGEM DA PRIMEIRA PRESIDÊNCIA A Voz do Espírito P R E S I D E N T E J A M E S E . FA U S T Segundo Conselheiro na Primeira Presidência PINTURA: DAMIR KRIVENKO; FOTOGRAFIA: BUSATH PHOTOGRAPHY S into profundamente a responsabilidade que tenho de ensinar coisas sagradas. Tenho plena consciência de que o mundo está mudando e de que será radicalmente diferente daquele que conheço. Os valores mudaram. A decência básica e o respeito pelo que é bom estão desaparecendo. Uma escuridão moral está se instaurando. Em muitos aspectos, nossos jovens são a esperança do futuro; são como diamantes valiosos, que brilham ainda mais em meio à escuridão reinante. Uma passagem das escrituras encontrada em Doutrina e Convênios exorta-nos: “Dai ouvidos à voz do Deus vivo”.1 A voz do Espírito está ao alcance de todos. O Senhor ensinou: “O Espírito ilumina todo homem [e toda mulher] (…) que dá ouvidos a sua voz”. Afirmou ainda que “todo aquele que dá ouvidos à voz do Espírito vem a Deus, sim, o Pai”.2 Algumas pessoas procuram encontrar a vida em abundância, e Paulo deixou claro que é “o espírito [que] vivifica”.3 O próprio Salvador declarou: “As palavras que eu vos disse são espírito e vida”.4 são o “amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança”.5 A alegria que buscamos não é uma mera sensação de euforia passageira, mas uma felicidade interior constante, aprendida por meio de longa experiência e da confiança em Deus. O ensinamento de Leí a seu filho Jacó esclarece: “Os homens existem para que tenham alegria”.6 Para alcançarmos esse grande objetivo, precisamos dar “ouvidos à voz do Deus vivo”. Afirmo como testemunha viva que alcançamos a alegria ao darmos ouvidos ao Espírito. E falo por experiência própria. As pessoas que pautam sua vida pelo evangelho “[vivem] felizes”7, assim como os nefitas. Em todo o mundo, nos muitos países em que a Igreja está estabelecida, os membros poderiam adicionar seu testemunho ao meu. Inúmeras evidências mostram que a promessa de paz, esperança, amor e alegria são dons do Espírito. Nossa voz une-se em súplica para que todos os filhos de Deus venham também a desfrutar essas dádivas. A Alegria É um Dom As Vozes do Mundo Alguém talvez pergunte quais seriam então os frutos do Espírito? Paulo respondeu que Todavia, ouvimos outras vozes. Paulo disse que “há (...) tanta espécie de vozes no Afirmo como testemunha viva que alcançamos a alegria ao darmos ouvidos ao Espírito. E falo por experiência própria. A L I A H O N A JUNHO DE 2006 3 mundo”8 que competem com a voz do Espírito. A voz do Espírito está sempre presente, mas é serena. Isaías afirmou: “E o efeito da justiça será paz, e a operação da justiça, repouso e segurança para sempre”.9 O adversário tenta silenciar essa voz com inúmeras vozes altas, persistentes, persuasivas e atraentes: Nossos jovens são bombardeados pelo mal e pela iniqüidade como em nenhuma outra geração. Ao presenciar tal situação, lembro-me das palavras do poeta americano T. S. Eliot: “Onde está a sabedoria que perdemos no conhecimento? Onde está o conhecimento que perdemos nas informações”?11 Talvez seja mais difícil para a nova geração permanecer • Vozes negativas que relembram as injustiças que as fiel; de certa forma, até mais desafiador do que puxar carpessoas acham que sofreram. rinhos-de-mão pelas planícies. Quando um pioneiro fale• Vozes queixosas que detestam os desafios e o trabalho. cia na imensidão do território inexplorado dos Estados • Vozes sedutoras que incitam à sensualidade. Unidos, seus restos mortais eram enterrados e os • Vozes lisonjeiras que nos acalentam com carrinhos-de-mão seguiam viagem para o segurança carnal. Oeste, mas os sobreviventes enlutados • Vozes intelectuais que professam sofisticatinham esperança pela alma eterna desse ção e superioridade. ente querido. Contudo, quando alguém • Vozes orgulhosas que confiam no braço morre espiritualmente no deserto do de carne. pecado, a esperança pode ser substituída • Vozes aduladoras que nos incham de pelo temor e a preocupação com o bemorgulho. estar eterno da pessoa amada. • Vozes céticas que destroem a esperança. Muitos da nova geração foram condicionassim como • Vozes hedonistas que nos impelem à busca dos pelo mundo a ter ambições sem limites e pequenas de prazeres. a querer satisfazê-las de imediato. Eles não quegotas de • Vozes de comerciais que nos tentam a desrem economizar nem trabalhar. Tais desejos tinta numa tela pender “dinheiro naquilo que não tem valor egoístas e impacientes tornam-nos suscetíveis formam uma [e nosso] trabalho naquilo que não pode às tentações. O Livro de Mórmon identifica quapaisagem, nossas satisfazer”.10 tro tipos de tentações a que Satanás recorre: decisões de cada • Vozes delirantes que instigam o desejo de minuto moldam o • Acumular riquezas; “sensações fortes”. Não me refiro a drogas nosso caráter. ou álcool, mas à busca de experiências peri• Ganhar poder sobre os outros; gosas e que causem risco à vida apenas pelo • Adquirir popularidade aos olhos do mundo; prazer. A vida, até mesmo a nossa própria, é tão pre• Buscar os prazeres da carne e as coisas do mundo.12 ciosa que somos responsáveis por ela perante o Senhor A tática de Satanás é “desviar da verdade o coração e não devemos brincar com ela. Quando perdida, não é deles, para que se tornem cegos e não compreendam as possível recuperá-la. coisas que para eles foram preparadas”.13 Ele lança mão de artifícios para obscurecer nossa visão e dispersar Bombardeados por Mensagens nossa atenção. Hoje em dia, sofremos um ataque constante de vozes O Presidente Heber J. Grant (1856–1945) afirmou: que nos dizem como viver, como satisfazer nossas pai“Se formos fiéis na obediência aos mandamentos de xões, como ter tudo o que desejamos. Ao alcance da Deus, Suas promessas se cumprirão integralmente. (...) mão, há programas de computador, bancos de dados, Entretanto, o problema é que o adversário da alma dos canais de televisão, computadores interativos, receptores homens lhes cega a mente. Ele joga areia, por assim de satélite e redes de comunicação que nos sufocam com dizer, em seus olhos, e eles ficam cegos por causa das informações. Existem menos locais para refúgio e paz. coisas deste mundo”.14 4 FOTOGRAFIAS: JOHN LUKE, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS A Ouvir Vozes Justas Como vamos conseguir escolher as vozes que escutaremos e nas quais acreditaremos? As repercussões para nós individualmente são imensas. A fim de sobrevivermos espiritualmente, precisamos fazer pelo menos estas quatro coisas: Primeiro, devemos exercer com sabedoria o arbítrio moral. Amaléqui ensinou-nos como podemos fazer escolhas corretas: “Nada há, que seja bom, que não venha do Senhor; e o que é mau vem do diabo”.15 A cada momento, repetidamente, precisamos escolher entre o que vem do Senhor e o que vem do diabo. Assim como pequenas gotas de tinta numa tela formam uma paisagem, nossas decisões a cada minuto moldam o nosso caráter. Segundo, precisamos ter um propósito. David Ben Gurion, falecido ex-primeiro ministro de Israel, fez certa vez uma declaração sobre Leon Trostky, um dos mentores da revolução comunista russa. Segundo ele, Trostky não era um líder. Era alguém brilhante, mas não um líder, pois não tinha nenhum propósito.16 Todos na vida necessitam de um propósito. Como membros da Igreja de Cristo, devemos refletir sobre o resultado de nossa salvação.17 Alguém disse: “É preciso ter convicções firmes, do contrário seremos presas fáceis”. Os mais fiéis dentre os nefitas tiveram de concentrar-se para ouvir a voz que precedeu a visita do Salvador. “Ouviram uma voz que parecia vir do céu; e olharam em todas as direções, porque não entendiam a voz que ouviam; e não era uma voz áspera nem forte; entretanto, apesar de ser uma voz mansa, penetrava-lhes até o âmago, de modo que não havia parte de seu corpo que não tremesse; sim, penetrou-lhes na própria alma e fez-lhes arder o coração.”18 Eles ouviram a voz pela segunda vez e não a compreenderam. Quando a ouviram pela terceira vez, S ugiro uma solução simples para escolhermos o canal que sintonizaremos: ouvir e seguir a voz do Espírito. Essa solução é serena num mundo encantado pelo que é ruidoso, apressado e pelo que é trepidante. A L I A H O N A JUNHO DE 2006 5 “aguçaram os ouvidos para escutá-la; e seus olhos estavam voltados para o lugar de onde vinha o som; e olhavam fixamente para o céu, de onde vinha o som”.19 Se nos propusermos a escutar a voz do Espírito, também aguçaremos os ouvidos, olharemos com fé para a fonte da voz e contemplaremos fixamente o céu. Terceiro, devemos fortalecer nosso testemunho. Todos precisamos estudar o plano de salvação e aprender sobre nossa relação com Deus. Ao andarmos pela fé, experiências espirituais que fortificarão nossa fé e testemunho serão confirmadas em nosso coração. Quarto, devemos estudar as escrituras, que são “a voz do Senhor e o poder de Deus para a salvação”.20 O Senhor também disse o seguinte sobre Sua palavra nas escrituras: “Pois é minha voz que vo-las diz; pois vos são dadas pelo meu Espírito”.21 Sugiro uma solução simples para escolhermos o canal que sintonizaremos: ouvir e seguir a voz do Espírito. É uma solução antiga, eterna e talvez não seja valorizada numa sociedade sempre em busca de algo novo. Exige paciência num mundo que procura a satisfação instantânea dos prazeres. Essa solução é discreta, serena e sutil num mundo encantado pelo que é ruidoso, apressado, trepidante, espalhafatoso e brutal. Essa solução exige que sejamos contemplativos enquanto as pessoas a nossa volta procuram estímulos físicos sem cessar. (Isso pode parecer tolo numa época em que estamos expostos a tanta imundície que nem vale a pena mencionar.) Essa solução é uma mensagem única, constante e atemporal num mundo que logo se entedia com a ausência de intensidade, variedade e novidade. Essa solução nos obriga a andar pela fé num mundo governado pela visão.22 Com os olhos da fé, enxergaremos verdades eternas, invisíveis e espirituais, enquanto a maioria das pessoas do mundo depende apenas de coisas concretas, conhecidas somente por meio dos sentidos físicos. Precisamos aprender a refletir sobre as coisas do Espírito e a dar ouvidos aos Seus sussurros, filtrando a estática gerada por Satanás. Ao entrarmos em sintonia com o Espírito, ouviremos “a palavra do que está por detrás de [nós], dizendo: Este é o caminho, andai nele”.23 Ouvir a “voz do Deus vivo” nos dará “paz neste mundo 6 e vida eterna no mundo vindouro”.24 Esses são os mais preciosos de todos os dons de Deus.25 ■ NOTAS 1. D&C 50:1. 2. D&C 84:46–47. 3. II Coríntios 3:6. 4. João 6:63. 5. Gálatas 5:22–23. 6. 2 Néfi 2:25. 7. 2 Néfi 5:27. 8. I Coríntios 14:10. 9. Isaías 32:17. 10. 2 Néfi 9:51. 11. “Choruses from ‘The Rock’ ”, The Complete Poems and Plays (1930), p. 96. 12. Ver 1 Néfi 22:23. 13. D&C 78:10. 14. Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Heber J. Grant (2002), p. 30. 15. Ômni 1:25. 16. Ver Academy of Achievement, “Interview: Shimon Peres”, Internet, http://www. achievement.org. 17. Ver D&C 46:7. 18. 3 Néfi 11:3. 19. Ver 3 Néfi 11:4–5. 20. D&C 68:4. 21. D&C 18:35. 22. Ver II Coríntios 4:18; 5:7. 23. Isaías 30:21. 24. D&C 59:23. 25. Ver D&C 14:7. I D É I A S PA R A O S M E S T R E S FAMILIARES Depois de estudar a mensagem em espírito de oração, escolha um método de ensino que estimule a participação dos ouvintes. Seguem-se alguns exemplos: 1. Ligue um rádio e sintonize-o em estações diferentes. Saliente que em algumas emissoras o som é puro e em outras há estática. Compare os ruídos às vozes do mundo e, em seguida, a boa recepção à sintonia com a voz do Espírito. Mencione alguns dos conselhos do Presidente Faust sobre como ouvir o Espírito. 2. Para falar sobre como ouvir melhor a voz do Espírito, converse com a família sobre algumas das 11 vozes citadas pelo Presidente Faust que podem encobrir nossa recepção do Espírito ou sobre as quatro maneiras ensinadas por ele para “sobrevivermos espiritualmente”. Peça aos membros da família que contem experiências que tiveram ao reconhecer e seguir a voz do Espírito. 3. Peça aos membros da família que leiam as seguintes escrituras citadas pelo Presidente Faust: João 6:63; II Coríntios 3:6; D&C 50:1; 84:46–47. Peça-lhes que identifiquem o tema que permeia essas passagens. Leia partes do artigo que descrevam as bênçãos que receberemos ao seguirmos a voz do Espírito. Testifique do poder do Espírito em sua própria vida. Usar Dois Nomes Para representar o Salvador, eu precisava reconciliar-me com meu pai. JEAN BRICE LAGOUA FOTOGRAFIA: JOHN FAOSEKE, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS U m ano depois de entrar para a Igreja, tive o desejo de servir numa missão de tempo integral. Durante a entrevista com o bispo para preencher os formulários, ele perguntou-me: “Você tem algum problema com alguém que ainda não tenha sido resolvido?” Respondi que não, pois disse a mim mesmo que não era o caso, ignorando os sentimentos negativos entre mim e meu pai. Declarei-me digno e pronto para servir. Os dias que se seguiram foram extremamente dolorosos. A consciência da necessidade de reconciliar-me com meu pai atingiu-me a alma e me amargurou. Meu pai nunca se preocupara com os filhos. Todos nós chegáramos ao ponto de não mais falar com ele. Se alguém me perguntava sobre meu pai, respondia sem remorso: “Morreu”. Eu não via motivo para tentar fazer as pazes com alguém que se recusava a ouvir-me. Eu não sentia que lhe fizera mal. Pelo contrário, eu achava que era ele que precisava tomar a iniciativa de pedir-me perdão. No entanto, a necessidade de ir conversar com meu pai não me saía da mente. Certa noite, fui visitálo. Ele morava a cerca de 300 quilômetros de distância. A primeira hora de nosso diálogo foi entremeada de insultos, acusações mútuas e palavras que realmente muito magoavam. Apesar dessa conversa marcada pela ira, meu desejo de reconciliação era forte. Com a ajuda do Espírito de Deus, finalmente conseguimos, depois de cinco horas, chegar a sentimentos positivos. Depois de muitas lágrimas, conseguimos abraçar-nos, felizes por finalmente compreendermos a raiz do problema que nos levara a ter tanta raiva um do outro por tanto tempo. No final, meu pai pegou um copo de água morna e, ao falar, despejou seu conteúdo, como se faz na África em sinal de reconciliação. Em seguida, deu-me sua bênção depois de fazer um retrospecto de tudo o que acontecera no passado e de comprometer-se a arrependerse de seus erros. Sou imensamente grato ao Pai Celestial que me inspirou a procurar essa conversa que culminou no arrependimento de ambas as partes. Como missionário na Missão Costa do Marfim Abidjan, senti grande felicidade ao usar uma plaqueta na qual estavam inscritos dois nomes: Lagoua, o nome de meu pai, e Jesus Cristo, o de meu Salvador. ■ A L I A H O N A JUNHO DE 2006 7 A PLENITUDE DO EVANGELHO A Queda de Adão e Eva Continuação de uma série que analisa as crenças básicas de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. A maioria das igrejas cristãs ensina que a Queda foi uma tragédia e que, se Adão e Eva não tivessem comido do fruto proibido, eles e toda a sua posteridade poderiam agora viver em felicidade interminável no Jardim do Éden. Contudo, a verdade revelada aos profetas dos últimos dias ensina que a Queda não foi uma catástrofe — sem ela, Adão e Eva nunca teriam posteridade. Assim, a Queda foi um passo necessário no plano do Pai Celestial para proporcionar a felicidade eterna a Seus filhos. Sem Morte, Sem Posteridade, Sem Progresso “Se Adão não houvesse transgredido”, ensinou Leí a seu filho Jacó, “não teria caído, mas permanecido no Jardim do Éden. (...) 8 E não teriam tido filhos; portanto teriam permanecido num estado de inocência, não sentindo alegria por não conhecerem a miséria; não fazendo o bem por não conhecerem o pecado. Mas eis que todas as coisas foram feitas segundo a sabedoria daquele que tudo conhece. Adão caiu para que os homens existissem; e os homens existem para que tenham alegria” (2 Néfi 2:22–25). Depois que Adão e Eva comeram do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, seus olhos abriramse, e Eva rejubilou-se pelas oportunidades trazidas pela transgressão: “Se não fosse por nossa transgressão, jamais teríamos tido semente e jamais teríamos conhecido o bem e o mal e a alegria de nossa redenção e a vida eterna que Deus concede a todos os obedientes” (Moisés 5:11). Comer do fruto trouxe a mortalidade, com suas muitas oportunidades de escolha entre o bem e o mal, e permitiu que Adão e Eva tivessem filhos. Assim, a Queda tornou À ESQUERDA: ADÃO E EVA NO JARDIM, DE STANLEY GALLI; À DIREITA: DETALHE DE CRISTO NO GETSÊMANI, DE HEINRICH HOFMANN, CORTESIA DE C. HARRISON CONROY CO. possível a vinda dos filhos do Pai Celestial ao mundo, para que recebessem um corpo físico e participassem do “grande plano de felicidade” (Alma 42:8). “Portanto esta vida se tornou um estado de provação”, um período para aprendermos e crescermos, arrependermo-nos e superarmos as fraquezas, “um tempo de preparação para o encontro com Deus” (Alma 12:24). O Pecado Original O resultado da transgressão de nossos primeiros pais, explicou o Presidente Smith, “foi o banimento da presença de Deus e (...) a introdução da morte física no mundo. A maioria (...) [dos cristãos] afirma que todas as crianças que vêm a odos os este mundo estão maculadas pelo ‘pecado descendentes original’ ou participam da transgressão de de Adão e Eva Adão em seu nascimento. A segunda regra herdam certos efeitos da de fé refuta essa doutrina tola e errônea”.3 Transgressão, Não Pecado Queda, mas por causa O Presidente Joseph Fielding Smith Todos os descendentes de Adão e Eva herda Expiação de Jesus (1876–1972) ensinou: “Nunca me refiro ao dam certos efeitos da Queda, mas por Cristo, responderemos papel desempenhado por Eva nesta queda causa da Expiação de Jesus Cristo responsomente por nossos como pecado nem acuso Adão de pecado. deremos somente por nossos próprios próprios pecados. (...) Foi uma transgressão da lei, mas não um pecados. As crianças que morrem antes pecado (...), pois era algo que Adão e Eva precisavam da idade da responsabilidade “estão vivas em Cristo” fazer!”1 (Morôni 8:12) e não precisam de arrependimento ou batismo (ver Morôni 8:8–11). No tocante a essa distinção, o Élder Dallin H. Oaks, do Quórum dos Doze Apóstolos, observou: “Essa diferença entre pecado e transgressão faz-nos pensar na Os Mandamentos no Jardim escolha cuidadosa das palavras da segunda regra de fé: O Senhor deu mandamentos a Adão e Eva no Jardim ‘Cremos que os homens serão punidos por seus pródo Éden, dois dos quais eram multiplicar-se e encher a prios pecados e não pela transgressão de Adão’ (grifo Terra (ver Gênesis 1:28) e não comer do fruto da árvore do autor). É também semelhante a uma distinção conhedo conhecimento do bem e do mal (ver Gênesis 2:17). cida no Direito. Alguns atos, como o assassinato, são criEsses dois mandamentos foram concebidos de modo a mes por serem intrinsecamente errados. Outros atos, obrigar Adão e Eva a fazerem uma escolha. O Presidente como fazer uma cirurgia sem licença, são crimes apenas Smith ensinou: “O Senhor disse a Adão que se ele desepor serem legalmente proibidos. À luz dessas distinções, jasse permanecer no estado em que se encontrava no o ato que produziu a Queda não constituiu pecado — jardim, não deveria provar do fruto, mas se quisesse algo intrinsecamente errado — mas uma transgressão, comê-lo e passar pela morte, tinha liberdade para fazêalgo errado por ser formalmente proibido. Em outras lo”.4 Diante desse dilema, Adão e Eva optaram pela situações, essas palavras muitas vezes são usadas como morte — tanto física quanto espiritual — o que permitiu sinônimos, mas é importante fazer a distinção nas cira eles mesmos e a sua posteridade adquirirem conhecicunstâncias da Queda”.2 mento e experiência e participarem do plano de felicidade do Pai que conduz à vida eterna. ■ Embora Adão e Eva não tivessem pecado, devido a sua transgressão sofreriam certas conseqüências, duas das quais foram a morte espiritual e a morte física. A NOTAS 1. Doctrines of Salvation, comp. Bruce R. McConkie, 3 vols. morte física chegou a Adão e Eva no fim de sua vida (1954–1956), vol. 1, pp. 114–115. terrena, mas a morte espiritual ocorreu quando foram 2. “The Great Plan of Happiness”, Ensign, novembro de 1993, p. 72. 3. Answers to Gospel Questions, comp. Joseph Fielding Smith Jr., 5 vols. expulsos do Jardim do Éden e afastados da presença de (1957–1966), vol. 1, p. 82. 4. Answers to Gospel Questions, vol. 4, p. 81. Deus (ver Alma 42:9). T A L I A H O N A JUNHO DE 2006 9 CLÁSSICOS DO EVANGELHO O DE UM Perfil PROFETA PRESIDENTE HUGH B. BROWN (1883–1975) E u gostaria de defender por alguns minutos a idéia de que o evangelho de Jesus Cristo foi restaurado em nossos dias e de que esta é Sua Igreja, organizada sob Sua direção por meio do Profeta Joseph Smith. Apresentarei algumas razões para minha fé e minha lealdade à Igreja. Talvez consiga fazê-lo de modo mais sucinto se mencionar uma entrevista que tive em Londres, na Inglaterra, em 1939, pouco antes da eclosão da [Segunda Guerra Mundial]. Eu conhecera um cavalheiro inglês muito importante, membro da Câmara dos Comuns e anteriormente um dos magistrados da Suprema Corte da Inglaterra. Em minhas conversas com esse homem, “desconcertantes para a alma”, como ele as qualificara, tratávamos de diversos assuntos, como negócios, direito, política, relações internacionais, guerra e com freqüência religião. Certo dia, telefonou-me 10 Somente pelos sussurros do Espírito Santo alguém pode vir a conhecer as coisas de Deus. Por meio dessa influência, declaro saber que Joseph Smith é um profeta de Deus. e pediu que eu fosse a seu escritório para explicar-lhe alguns aspectos do evangelho. Ele observou: “Acho que vai haver uma guerra. Se isso acontecer, você terá que voltar para a América e talvez nunca nos voltemos a ver”. Seu comentário sobre a iminência do conflito e da possibilidade de não nos encontrarmos novamente mostrou-se profético. Quando cheguei ao seu gabinete, ele disse que ficara intrigado com algumas de minhas afirmações. Pediu-me que preparasse um dossiê sobre o mormonismo (...) e o discutisse com ele como se tratasse de uma questão jurídica. Ele disse: “Você afirmou crer que Joseph Smith foi um profeta. Garantiu acreditar que Deus o Pai e Jesus de Nazaré apareceram a ele. Não consigo entender como um advogado do Canadá, um homem treinado em lógica e provas, pode aceitar tais declarações absurdas. O que me falou de Joseph Smith A PRIMEIRA VISÃO DE JOSEPH SMITH: GREG K. OLSEN. REPRODUÇÃO PROIBIDA Hugh B. Brown nasceu em Salt Lake City, Utah, em 24 de outubro de 1883, filho de Lydia Jane e Homer Manly Brown. Aos 15 anos, a família mudou-se para o Canadá. Em 17 de junho de 1908, casou-se com Zina Young Card, filha de Charles O. Card (fundador de Cardston, Alberta, no Canadá) e neta de Brigham Young, no Templo de Salt Lake. Tiveram seis filhas e dois filhos. O Presidente Brown era advogado e exerceu essa atividade primeiro no Canadá e depois nos Estados Unidos. Serviu no exterior como major no exército canadense durante a Primeira Guerra Mundial. De 1946 a 1950, foi professor de religião e coordenador de assuntos de veteranos na Universidade Brigham Young. Em 1953, enquanto trabalhava como presidente da Richland Oil Development Company of Canada Ltd. (Companhia de Desenvolvimento Petrolífero do Canadá, Ltd.), foi chamado para servir como Assistente dos Doze Apóstolos. Em 10 de abril de 1958, foi ordenado Apóstolo e, em 22 de junho de 1961, apoiado como conselheiro do Presidente David O. McKay. Serviu na Primeira Presidência até a morte do Presidente McKay em 18 de janeiro de 1970, quando retomou sua posição no Quórum dos Doze Apóstolos. Morreu em 2 de dezembro de 1975. 12 ILUSTRAÇÃO À ESQUERDA: SAM LAWLOR; À DIREITA: PAUL MANN parece inacreditável, mas acho que deveria preparar um dossiê em cerca de três dias e deixar-me examiná-lo para que possa discutir com você o assunto”. Sugeri que começássemos imediatamente e tivéssemos uma reunião de mediação, que é um encontro entre ambas as partes litigantes de uma ação judicial. Nela, o queixoso e o réu, com o respectivo advogado, examinam as reivindicações de cada um e tentam chegar a um acordo, sem ter que ir a juízo posteriormente. Propus que achássemos alguns pontos comuns a partir dos quais poderíamos discutir minhas idéias “inacreditáveis”. Ele concordou prontamente. Nos poucos minutos de que disponho agora, posso fornecer-lhes apenas uma breve sinopse da conversa de três horas que se travou em seguida. Para fazer melhor uso do tempo, empregarei o método de perguntas e respostas em vez da narração. Comecei indagando: “Posso proceder, vossa senhoria, partindo do pressuposto de que é cristão?” “Sim.” “Suponho que vossa senhoria crê na Bíblia — no Velho e no Novo Testamentos?” “Creio!” “Acredita na oração?” “Acredito!” “Vossa senhoria afirma que minha crença no fato de Deus ter falado com um homem em nossa época é fantasiosa e absurda?” “A meu ver, é.” “Crê que Deus em algum momento Se comunicou com alguém?” “Certamente. Temos provas disso por toda a Bíblia.” “Ele falou com Adão?” “Sim.” “Com Enoque, Noé, Abraão, Moisés, Jacó, José e os demais profetas?” “Creio que falou com cada um deles.” “Acredita que o contato entre Deus e o homem cessou quando Jesus veio à Terra?” “Não, nessa época a comunicação atingiu o ápice, o ponto culminante.” “Crê que Jesus era o Filho de Deus?” “Ele era.” “Acredita que depois da ressurreição de Jesus, um certo advogado, que também era fabricante de tendas, chamado Saulo de Tarso, falou a caminho de Damasco com Jesus de Nazaré, que fora crucificado, ressuscitara e ascendera ao céu?” “Acredito.” “Saulo ouviu a voz de quem?” “A voz de Jesus Cristo, pois Ele mesmo Se apresentou.” “Então (...) afirmo solenemente que esse era o procedimento padrão para Deus Se comunicar com o homem nos tempos bíblicos.” “Creio que aceito tal idéia, mas isso cessou pouco depois do primeiro século da era cristã.” “Por que julga que parou?” “Não sei dizer.” “Acha que Deus não Se pronunciou desde aquela época?” “Tenho certeza que não.” “Deve haver um motivo; pode-me apresentar um?” “Não sei a razão.” “Posso sugerir algumas razões possíveis: talvez Deus não Se comunique mais com o homem porque não pode. Ele perdeu esse poder.” Ele replicou: “É claro que isso seria uma blasfêmia”. “Bem, se rejeita essa suposição, talvez Ele não Se comunique mais com os homens por não nos amar mais. Ele não Se interessa mais pelo que os homens fazem.” “Não”, retrucou ele, “Deus ama todos os homens e não faz acepção de pessoas.” “Então se Ele pode falar conosco e nos ama, a única outra resposta possível, a me ver, é que não precisamos Dele. Tivemos tantos avanços na ciência e somos tão instruídos que não necessitamos mais de Deus.” Então ele declarou, com a voz trêmula ao pensar na guerra que se aproximava: “Sr. Brown, jamais houve uma época da história do mundo em que a voz de Deus fosse tão necessária quanto hoje. Talvez o senhor possa dizer-me por que Ele não Se manifesta mais”. Minha resposta foi: “Ele Se manifesta, sim. Ele fala, mas os homens precisam de fé para ouvi-Lo”. Em seguida, começamos a preparar o que eu poderia chamar de “perfil de um profeta”. (...) Nós dois concordamos que as seguintes características devem distinguir um homem que afirme ser profeta: A. Ele afirmaria com destemor que Deus lhe falou. B. Qualquer homem que se proclamasse profeta, seria um homem honrado com uma mensagem honrada; nada de grandes alardes, conversas com os mortos, nem visão sobrenatural, mas com uma declaração inteligente da verdade. C. Qualquer homem que afirmasse ser um profeta de Deus proclamaria sua mensagem sem medo e sem fazer nenhuma concessão covarde à opinião pública. D. Se ele falasse em nome de Deus, não recuaria, ainda que seus ensinamentos fossem novos e contrários às idéias comumente ensinadas na época. Um profeta presta testemunho do que viu e ouviu, e raramente se vale de argumentos e raciocínios elaborados para provar que está certo. O importante é sua mensagem e não ele próprio. E. Esse homem falaria em nome do Senhor, proclamando: “Assim diz o Senhor”, como o fizeram Moisés, Josué e outros profetas. F. Esse homem prediria acontecimentos futuros em nome do Senhor e eles se concretizariam, como aconteceu com Isaías e Ezequiel. G. Ele teria uma mensagem importante não apenas para seus contemporâneos, mas com freqüência para todas as épocas futuras, como foi o caso de Daniel, Jeremias e outros. H. Ele teria coragem e fé suficientes para enfrentar as perseguições e dar sua vida, se necessário, pela causa que abraçou, como fizeram Pedro, Paulo e outros. I. Tal homem denunciaria a iniqüidade com S r. Brown”, disse ele, “jamais houve uma época da história do mundo em que a voz de Deus fosse tão necessária quanto hoje. Talvez o senhor possa dizerme por que Ele não Se manifesta mais.” Minha resposta foi: “Ele Se manifesta, sim. Ele fala, mas os homens precisam de fé para ouvi-Lo”. “ audácia. Certamente seria rejeitado ou perseguido pelas pessoas de sua época, mas as gerações posteriores, os descendentes de seus opositores, construiriam monumentos em sua honra. J. Ele seria capaz de fazer coisas sobrehumanas, proezas que nenhum homem poderia realizar sem a ajuda de Deus. As conseqüências ou resultados de sua mensagem e obra seriam uma evidência convincente de seu chamado profético. “Pelos seus frutos os conhecereis” [Mateus 7:20]. K. Seus ensinamentos estariam em perfeita harmonia com as escrituras e suas palavras e ensinamentos se tornariam escritura. “Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo” (II Pedro 1:21). Apresentei-lhe apenas um esboço que vossa senhoria pode completar, expandir e então avaliar e julgar o Profeta Joseph Smith em relação à obra e magnitude de outros profetas. Como estudioso da vida do Profeta Joseph Smith há mais de 50 anos, digo-lhe que (...), por esses padrões, Joseph Smith qualifica-se como um profeta de Deus. Creio que Joseph Smith foi um profeta de Deus porque falava como um Profeta. Foi o primeiro homem desde a morte dos Apóstolos de Jesus Cristo a fazer as afirmações que os profetas sempre fizeram, [a saber], que Deus Se comunicara com ele. Ele viveu e morreu como um profeta. Creio que foi um Profeta de Deus porque deu a este mundo algumas das maiores revelações jamais feitas. Creio que foi um Profeta de Deus porque predisse muitos eventos futuros, fatos que só Deus poderia produzir. João, o bem-amado discípulo de Jesus, declarou: “O testemunho de Jesus é o espírito de profecia” [Apocalipse 19:10]. Se Joseph Smith tinha o testemunho de Jesus, ele tinha o espírito de profecia e, se tinha o espírito de profecia, era um profeta. Declaro-lhes, como declarei ao meu amigo, que assim como qualquer outro homem que já viveu, ele tinha um testemunho de Jesus, pois, como os Apóstolos da antigüidade, ele O viu e O ouviu falar. Ele deu sua vida por esse testemunho. Desafio qualquer homem a citar alguém que tenha dado mais provas do chamado divino de Jesus Cristo do que o Profeta Joseph Smith. Creio que Joseph Smith foi um profeta, pois fez muitas coisas sobre-humanas. Uma delas foi traduzir o Livro de Mórmon. Alguns não concordam, mas asseguro-lhes que o Profeta Joseph Smith, ao traduzir o Livro de Mórmon, fez algo sobre-humano. Desafio-os (...) a escrever uma história sobre os antigos habitantes da América. Redijam como ele, sem nenhuma fonte de consulta ou material de referência. Incluam em seu relato 54 capítulos relativos a guerras, 21 capítulos de história, 55 capítulos sobre visões e profecias e não se esqueçam de, ao começarem a escrever sobre visões e profecias, certificar-se de que seu registro esteja em estrita concordância com a Bíblia. Escrevam 71 capítulos sobre doutrina e exortação e, aí também, precisam harmonizar cada declaração com as escrituras ou serão desmascarados como impostores. Têm que redigir 21 capítulos sobre o ministério de Cristo e tudo o que afirmarem que Ele disse e fez, e cada testemunho que incluírem em seu livro sobre Ele devem ILUSTRAÇÃO, À ESQUERDA: PAUL MANN; À DIREITA: JOSEPH SMITH: ALVIN GITTINS E le permaneceu sentado e escutou com atenção; e por fim, declarou: “Sr. Brown, será que seu povo dá o devido valor ao significado de sua mensagem?” estar em absoluta conformidade com o Novo Testamento. Pergunto-lhes: gostariam de incumbir-se de tal empreendimento? Sugiro-lhes que empreguem figuras de linguagem, símiles, metáforas, narrações, exposições, descrições, recursos de oratória, aspectos épicos, líricos, lógicos, bem como parábolas. Estariam dispostos a incumbir-se de tal trabalho? Peço que se lembrem ainda de que o homem que traduziu o Livro de Mórmon era um rapaz que não tivera a oportunidade de estudar como vocês, mas ainda assim ditou essa obra em pouco mais de dois meses e fez pouquíssimas correções, se é que as fez. Por mais de 100 anos, alguns dos melhores estudiosos e eruditos do mundo vêm tentando refutar o Livro de Mórmon usando a Bíblia, mas nenhum conseguiu mostrar que algo escrito nele não esteja em estrita harmonia com as escrituras. (...) Joseph Smith incumbiu-se de outras obras sobrehumanas e, entre elas, realizou as seguintes: Ele organizou a Igreja. (Saliento que nenhuma constituição escrita pelos homens sobreviveu mais de 100 anos sem modificações ou emendas, nem mesmo a constituição dos Estados Unidos. A lei básica ou constituição da Igreja jamais foi alterada.) Ele começou a levar a mensagem do evangelho a todas as nações, uma proeza ainda em curso. Começou, por ordem divina, a reunir milhares de pessoas em Sião. Instituiu a obra vicária pelos mortos e construiu templos com essa finalidade. Prometeu que certos sinais acompanhariam os que crêem e há milhares de testemunhas do cumprimento dessa promessa. Eu disse a meu amigo: “(...) Não compreendo por que vossa senhoria diz que minhas afirmações são fantasiosas. Tampouco entendo por que pessoas que alegam crer em Cristo perseguiriam e executariam um homem cujo único propósito era provar a veracidade do que elas mesmas professavam, ou seja, que Jesus é o Cristo. Eu poderia entender que elas perseguissem Joseph caso ele dissesse: ‘Eu sou o Cristo’ ou afirmasse: ‘Cristo não existe’ ou declarasse que outra pessoa era o Cristo. Se fosse assim, os seguidores de Cristo estariam justificados para opor-lhe resistência. Mas o que ele proclamou foi: ‘Falo-vos Daquele a quem afirmais servir. (...) Testifico que O vi e falei com Ele. Ele é o Filho de Deus. Por que me perseguis por isso?’ ” (...) Talvez alguns de vocês estejam curiosos para saber qual foi a reação do juiz após nossa conversa. Ele permaneceu sentado e escutou com atenção; em seguida, fez algumas perguntas precisas e pertinentes e por fim declarou: “Sr. Brown, será que seu povo dá o devido valor ao significado de sua mensagem?” O senhor dá? E prosseguiu: “Se o que o senhor me disse for verdade, trata-se da maior mensagem transmitida a este mundo desde que os anjos anunciaram o nascimento de Cristo”. Essas foram as palavras de um juiz, um grande estadista, um homem de rara inteligência. E ele lançou o desafio: “O senhor tem noção da importância do que disse?” E continuou: “Quisera que fosse verdade. Espero que seja verdade. Deus sabe que deve ser verdade. Quem me dera”, disse ele com lágrimas nos olhos, “que algum homem aparecesse na Terra e declarasse com autoridade: ‘Assim diz o Senhor’ ”. Como disse anteriormente, nunca mais o vi. Apresentei-lhes de modo sucinto alguns dos motivos pelos quais creio que Joseph Smith foi um Profeta de Deus. Mas acima de tudo, digo-lhes de todo o coração que, pelas revelações do Espírito Santo, sei que Joseph Smith foi um Profeta de Deus. Embora essas provas e muitas outras que poderiam ser citadas, contribuam para conceder a alguém uma convicção intelectual, somente pelos sussurros do Espírito Santo alguém pode vir a conhecer as coisas de Deus. Por meio dessa influência, declaro saber que Joseph Smith é um profeta de Deus. Agradeço a Deus por esse conhecimento. ■ Trechos da versão modificada e publicada de um discurso proferido na Universidade Brigham Young em 4 de outubro de 1955; a pontuação, o uso de iniciais maiúsculas e a ortografia foram atualizados. A LIAHONA JUNHO DE 2006 15 Joseph Smith: O Profeta da Restauração O menino Joseph sendo consolado por seu pai depois de uma dolorosa cirurgia (acima); carregado nas costas de seu irmão mais velho Alvin (à direita); quando jovem, recebendo instruções durante a visita de Morôni em seu quarto (página ao lado); estudando a Bíblia (detalhe, página ao lado). 16 FOTOGRAFIAS: MATTHEW REIER, EXCETO QUANDO INDICADO EM CONTRÁRIO; AO FUNDO © COMSTOCK A maior parte do mundo pode não ter notado o nascimento de um menino no seio de uma família pobre da zona rural de Vermont no dia 23 de dezembro de 1805. Esse evento chamou pouca atenção na Terra, mas não no céu. Esse nascimento fora profetizado havia muito tempo e até mesmo fora predito o nome do bebê: José (ver 2 Néfi 3:15). Esse menino desconhecido tinha apenas 14 anos quando os céus se abriram para ele numa visão de Deus o Pai e Seu Filho. O jovem Joseph soube depois que seu nome “seria considerado bom e mau entre todas as nações” (Joseph Smith — História 1:33). Hoje, seu nome é considerado bom no coração de milhões de pessoas. Sua história foi retratada num novo filme, Joseph Smith: o Profeta da Restauração. As fotos deste artigo foram tiradas dessa produção, exibida atualmente em muitos centros de visitantes da Igreja em todo o mundo. A L I A H O N A JUNHO DE 2006 17 18 O filme mostra o lado contemplativo e espiritual do Profeta Joseph (à esquerda), bem como acontecimentos-chave de sua vida. Num momento romântico com a esposa Emma (detalhe, no alto, à esquerda); rejubilando-se com Emma depois do nascimento de seu filho (acima); repreendendo os carcereiros por seu linguajar impróprio (à esquerda); retirando as placas de ouro no Monte Cumora (abaixo, à esquerda); sofrendo na Cadeia de Liberty À ESQUERDA, FOTOGRAFIA: CHRISTINA SMITH; ABAIXO, À DIREITA, FOTOGRAFIA: JOHN LUKE (abaixo). A LIAHONA JUNHO DE 2006 19 A Produção de JOSEPH SMITH: O PROFETA DA RESTAURAÇÃO Como contar em 68 minutos a história de um homem de realizações sobre-humanas? Para uma proeza assim, é preciso planejamento de longo alcance, preparação intensa, oração — e o tipo de ajuda que as produtoras de cinema não costumam receber. As pessoas envolvidas nas filmagens de Joseph Smith: O Profeta da Restauração podem testificar que no decorrer do projeto contaram com um auxílio que lhes permitiu ir além do que poderiam fazer sozinhos — por exemplo, para selecionar os protagonistas e para desfrutar condições atmosféricas ideais em dois dias de filmagens externas em meio a vários dias de constante tempo ruim. O resultado é um filme que descreve o Profeta Joseph Smith como um homem com qualidades humanas, mas com a capacidade extraordinária de atender à orientação divina e liderar as pessoas segundo essa direção. A produção do filme exigiu uma coordenação e planejamento minuciosos. Por exemplo: • As filmagens aconteceram ao longo de vários meses em Nauvoo; no norte do Estado de Nova York; no histórico povoado Upper Canada perto de Ottawa; no O trabalho nos bastidores da produção contou com o apoio constante da equipe de filmagem, dos maquiadores e cabeleireiros (à esquerda e abaixo, à direita); espalhando neve para uma cena de inverno em Nauvoo (à direita); e a criação em estúdio de uma diminuta cela FOTOGRAFIA DE CENAS DO FILME © ULTIMATE SYMBOL de prisão (abaixo). 20 povoado Lincoln’s New Salem perto de Springfield, Illinois; no rio Mississipi; em Manchester, Inglaterra; e no Estúdio Cinematográfico da Igreja, perto da Universidade Brigham Young em Provo, Utah. • O filme tem um elenco principal de cerca de 40 atores. Uma equipe de mais de 100 pessoas participou da produção, e algumas cenas incluíram até 300 atores locais como figurantes. Além disso, muitos moradores das diferentes locações foram contratados para trabalhar como maquiadores, cabeleireiros, etc. • O guarda-roupa foi o resultado de pesquisas aprofundadas, a fim de que se criassem trajes autênticos, semelhantes aos usados no início do século XIX. • O filme foi produzido sob a direção da Primeira Presidência e pelo Departamento de Recursos Audiovisuais da Igreja. Ele estreou em 17 de dezembro de 2005, uma semana antes do bicentenário do nascimento de Joseph Smith, no Legacy Theater [Teatro O Legado] no Joseph Smith Memorial Building [Edifício Memorial de Joseph Smith] na Praça do Templo. ■ FOTOGRAFIA: CRAIG DIMOND o ã ç a n i t s a r c o r P SE NÃO COMEÇAR, VOCÊ JAMAIS . . . (VER D&C 60:13). A LIAHONA JUNHO DE 2006 21 Perguntas e Respostas “Qual é a melhor maneira de apresentar o Livro de Mórmon a um amigo de outra religião?” A LIAHONA A melhor maneira de apresentar o Livro de Mórmon é orar para receber inspiração do Espírito e então segui-la. Isso pode significar o uso de uma abordagem diferente com cada amigo. Para preparar-se para partilhar o Livro de Mórmon, leia a introdução desse volume de escrituras. Ela dá uma visão geral do livro, em termos que você pode usar nas explanações a seu amigo. Se seu amigo não souber o que é o Livro de Mórmon, dê uma breve explicação. Diga que se trata de outro testamento de Jesus Cristo, que é um volume de escrituras redigido por profetas que viveram no continente americano. Pode explicar que o Livro de Mórmon foi escrito para os nossos dias e traduzido pelo Profeta Joseph Smith. Por fim, preste seu testemunho do Livro de Mórmon. Depois de oferecer o Livro de Mórmon, incentive seu amigo a começar a lê-lo. Pode sugerir algumas passagens iniciais. Em geral, 22 Ore pedindo inspiração para saber a melhor maneira de apresentar o Livro de Mórmon a um amigo. Prepare-se estudando e orando sobre o Livro de Mórmon. Faça explicações simples sobre o Livro de Mórmon, sugira algumas passagens para seu amigo começar a ler e preste testemunho do livro. Se você não dispuser de um livro para oferecer, seu amigo pode solicitar um exemplar gratuito do Livro de Mórmon por meio de um cartão da amizade ou no site www. mormon.org. os missionários convidam as pessoas a lerem a introdução, 3 Néfi 11 e Morôni 10:3–5. Se desejar, leia também para seu amigo alguns de seus versículos preferidos e diga-lhe o que significam para você. Se você não tiver um exemplar do Livro de Mórmon para oferecer, indique o site www.mormon.org ou dê a seu amigo um cartão da amizade. Seu amigo pode receber um exemplar gratuito solicitando-o no site. O livro será enviado pelo correio ou entregue pelos missionários, segundo a preferência de seu amigo. É importante partilhar o Livro de Mórmon com as pessoas porque ele testifica de Cristo e da Restauração do evangelho. O Presidente Gordon B. Hinckley afirmou recentemente: “O Livro de Mórmon foi revelado pelo dom e poder de Deus. Ele fala como a voz que clama do pó em testemunho do Filho de Deus. Fala de Seu nascimento, de Seu ministério, de Sua Crucificação e Ressurreição e de Seu aparecimento aos justos na terra de Abundância no continente americano. FOTOGRAFIA: JOHN LUKE, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS Ele é algo tangível, que pode ser manuseado, que pode ser lido, que pode ser testado. Leva em seu interior uma promessa de sua origem divina. Milhões de pessoas colocaram-no à prova e descobriram que ele é um registro sagrado e verdadeiro” (“As Grandes Coisas que Ele Revelou”, A Liahona, maio de 2005, pp. 80–82). Convide seu amigo a ser um dos milhões que já leram e oraram sobre o Livro de Mórmon e receberam um testemunho de sua veracidade. LEITORES amigos, as pessoas aprenderão com Sempre tive vontade nosso exemplo que esse testemunho é de partilhar o Livro de verdadeiro e também terão o desejo de Mórmon, mas nunca encon- adquiri-lo. trava a maneira ideal. Com Gisela M., 21, Moçambique o passar do tempo, ganhei confiança nas doutrinas do evangelho e Certa vez, uma amiga tive o desejo de proporcionar a todos a de outra religião estava mesma alegria que eu sentia ao seguir fazendo aniversário. a Jesus Cristo. Só então percebi que, ao Resolvi dar-lhe de pre- oferecer o Livro de Mórmon a alguém, sente um Livro de Mórmon. deveria prestar testemunho das mudan- Escrevi na dedicatória que essa era a ças que ele ocasionara em minha vida e coisa mais preciosa que eu poderia na de outras pessoas. Se formos bons oferecer-lhe e embrulhei-o. Isso lhe A LIAHONA JUNHO DE 2006 23 despertou a curiosidade, e ela começou a lê-lo Uma boa forma de apresentar naquele mesmo instante. o Livro de Mórmon é: “Gostaria Marcus A., 16, Brasil de dar-lhe um livro que contém a história de um povo que viveu Compartilhar o Livro de Mórmon pode causar nas Américas”. Eu escreveria apreensão, mas sei que se você orar antes uma dedicatória com meus sentimentos e res- pedindo ajuda e a orientação do Espírito Santo, tudo correrá bem. Nos últimos quatro exemplares que ofereci, marquei algumas de minhas escrituras preferidas (incluindo Morôni 10:3–6) com lápis vermelho e então coloquei um marcador para indicar a página. Assim, a pessoa que recebe o livro já tem um ponto de partida. Um livro de 500 páginas pode assustar um pouco. Em geral, explico que o povo do Livro de Mórmon constitui as “outras ovelhas” a que Cristo se referiu em João 10:16. Em seguida, presto meu testemunho. Rebecca C., 17, Illinois, EUA Em primeiro lugar, concentre-se nos pontos que você tem em comum com o amigo e diga que cremos em Jesus Cristo como nosso Salvador e na Bíblia como a palavra de Deus. Em seguida, diga-lhe que acreditamos em outro volume de escrituras chamado peito pelo Livro de Mórmon. E pediria também S “ e tivermos o desejo e orarmos a esse respeito, podemos receber inspiração sobre como (...) dar um Livro de Mórmon a um vizinho. (...) Precisamos encontrar a melhor maneira de ajudar, de acordo com as nossas melhores possibilidades.” ao Senhor que ajudasse meu amigo a com- Élder Charles Didier, da Presidência dos Setenta, em “Ensinar com o Coração”, A Liahona, junho de 2004, p. 8. deiro e que nos ajuda em nossa vida e ajudará preender que o Livro de Mórmon é uma obra inspirada. Ana B., 15, Brasil Apresente o Livro de Mórmon acompanhado da Bíblia. Dessa forma, você pode explicar que se trata de outro testamento de Cristo e que esses dois volumes de escrituras se complementam. Pode mencionar também que Cristo esteve na América e que o relato de Sua visita no Livro de Mórmon nos permite compreender melhor a vida Dele. Sei que esse livro é verdanossos amigos. Cathy U., 17, França As respostas da revista A Liahona e dos leitores são concedidas à guisa de orientação, não como pronunciamentos doutrinários da Igreja. Livro de Mórmon e que ele também testifica que O QUE VOCÊ ACHA? Jesus é o Cristo. Você pode usar algumas passa- Jovens leitores: Mandem sua resposta, junta- gens da Bíblia que tratam do Livro de Mórmon, mente com seu nome, data de nascimento, ala e como Salmos 85:11; Isaías 29:11–12; Ezequiel estaca (ou ramo e distrito) e fotografia (incluindo 37:15–17; e João 10:16. a permissão escrita de seu pai ou mãe para a Christopher W., 16, Califórnia, EUA publicação dela) para: Questions and Answers 7/06 Para mim, a melhor maneira de compartilhar 50 E. North Temple St. Rm. 2420 o Livro de Mórmon é sempre levar minhas escri- Salt Lake City, UT 84150–3220, USA turas para a escola e nas férias. Ao ler o Livro de Mórmon em público, tenho muitas oportuni- Ou por e-mail: [email protected] Favor responder antes de 15 de julho de 2006. dades de apresentá-lo às pessoas, pois elas querem saber o que estou lendo. Isso costuma 24 funcionar, e dois amigos meus já me pediram PERGUNTA um Livro de Mórmon. Ajudo-os a compreender “Voltei para a Igreja e tentei começar uma que Deus não se lembra apenas de uma nação, nova vida depois de cometer alguns erros, mas mas de todas. tenho medo de recaídas. Como posso superar Matilde C., 18, Peru esses temores?” ■ MENSAGEM DAS PROFESSORAS VISITANTES Em espírito de oração, leia a mensagem a seguir e escolha as escrituras e os ensinamentos que melhor atendam às necessidades das irmãs a quem visita. Fale de suas experiências e de seu testemunho e incentive as irmãs a fazerem o mesmo. Bênçãos de Pertencer à Sociedade de Socorro: Em harmonia com o lema da Sociedade de Socorro, “A caridade nunca falha”, cada irmã é incentivada a desenvolver e exercer o puro amor de Cristo em todos os aspectos de sua vida. É ainda encorajada a preocuparse com as pessoas de sua família, ala e comunidade e a ajudá-las. O Que É a Caridade? Morôni 7:47: “A caridade é o puro amor de Cristo e permanece para sempre”. Élder Marvin J. Ashton (1915–1994) Como Podemos Praticar a Caridade e Nutrir as Pessoas em Dificuldade? Anne C. Pingree, segunda conse- do Quórum dos Doze Apóstolos: “Com lheira na presidência geral da freqüência, equiparamos a caridade ao ato de visitar os doentes, levar alimentos aos necessitados ou dividir o que temos de sobra com os menos afortunados. Na realidade, a verdadeira caridade é muitíssimo mais do que isso. A verdadeira caridade não é algo que se doa, mas que se adquire e que se torna parte de você mesmo. E quando a virtude da caridade se enraizar em seu coração, você nunca mais será o mesmo (...). Talvez a maior manifestação de caridade consista em sermos bondosos uns com os outros, não julgarmos ou rotularmos as pessoas, considerarmos os acusados inocentes até prova em contrário ou permanecermos em silêncio, em vez de condenarmos. Caridade é aceitarmos as diferenças, fraquezas e falhas alheias; termos paciência com alguém que nos decepcionou; ou resistirmos ao impulso de ficarmos magoados (...). Caridade é nos recusarmos a tirar proveito das fraquezas de alguém e estarmos dispostos a perdoar a uma pessoa que nos tenha ofendido. Caridade é esperarmos o melhor uns dos outros” (“The Tongue Can Be a Sharp Sword”, Ensign, maio de 1992, pp. 18–19). Morôni 7:48: “Rogai ao Pai, com toda a Sociedade de Socorro: “Assim como Alma, testifico que ‘é por meio de coisas pequenas e simples que as grandes são realizadas’ [Alma 37:6]. Em nossa casa, essas coisas pequenas e simples — nossos atos diários de caridade — proclamam a nossa convicção: ‘Eis-me aqui, envia-me’. Presto meu testemunho de que o maior gesto de caridade desta vida e de toda a eternidade foi a Expiação de Jesus Cristo. Ele deu a vida voluntariamente para expiar os meus pecados e os de vocês. Expresso minha devoção a Sua causa e o desejo que tenho de servi-Lo sempre que Ele me chamar, seja onde for” (“Caridade: Uma Família e Uma Casa de Cada Vez”, A Liahona, novembro de 2002, p. 110). Presidente Howard W. Hunter (1907–1995): “Exortamo-los a trabalha- rem e exercerem uma influência profunda para o bem ao fortalecerem a família, a Igreja e a comunidade. (...) Aqueles que seguem a Cristo tentam aplicar Seu exemplo. Seu sofrimento por nossos pecados, fraquezas, pesares e enfermidades deve motivar-nos a igualmente estender a mão, com caridade e compaixão, às pessoas a nossa volta. Nada mais justo que o lema da organização feminina mais antiga do mundo — a Sociedade de Socorro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias — seja ‘A Caridade Nunca Falha’” (“Stand Firm in the Faith”, Ensign, novembro de 1994, p. 97). ■ A LIAHONA JUNHO DE 2006 25 ILUSTRAÇÃO: SHANNON CHRISTENSEN Exercer Caridade e Ajudar as Pessoas em Dificuldade energia de vosso coração, que sejais cheios desse amor”. BREVES MENSAGENS A RESPOSTA NO LIVRO ANDREW CONFER, CONFORME R E L ATA D O A M I L E S T. T U A S O N É “ lder Confer, pode continuar a ensinar-me”, disse a voz do outro lado da linha, “mas não sobre o Livro de Mórmon.” Christine Yong, nossa nova pesquisadora, desejava aprender mais sobre nossa religião. Élderes na Missão Cingapura, eu e meu companheiro estávamos animados por termos uma pesquisadora como Christine. Ela e sua irmã Sara pareciam sinceramente interessadas no evangelho. Contudo, durante as semanas em que lhes ensinamos as palestras, apresentaram dúvidas sobre Joseph Smith e o Livro de Mórmon. Não queríamos desistir, portanto marcamos outra visita. Fui à casa delas com o líder da obra missionária de nosso ramo, Patrick Lim, enquanto meu companheiro foi dar outras palestras com outro membro. Eu e o irmão Lim planejáramos ensinar a Christine sobre o arrependimento, o batismo e o dom do Espírito Santo. Em geral, convidávamos as pessoas ao batismo ao abordarmos esse princípio. Contudo, não tínhamos certeza de que Christine, devido a suas dificuldades e hesitações, estivesse preparada para esse convênio. Antes da visita, oramos para ter o Espírito. Durante a palestra, Christine pareceu compreender o arrependimento e o batismo. Contudo, enquanto o irmão Lim estava ensinando sobre o dom do Espírito Santo, Christine externou dúvidas. “Élderes, não tenho certeza de que Deus responderá mesmo a minhas orações”, admitiu ela, reticente. Descrevemos os sentimentos calmos e serenos trazidos pelo Espírito, mas ela não tinha familiaridade com a influência do Espírito Santo. Ela tentara orar e ler as escrituras, mas isso não estava surtindo os efeitos esperados. Por alguns instantes, não sabíamos o que responder. Então, uma escritura veio-me à mente e senti-me inspirado a usá-la, embora estivesse no Livro de Mórmon, que ela pedira que não usássemos no ensino. Pedi a Christine que lesse Éter 12:6: “Quisera mostrar ao mundo que fé são coisas que se esperam, mas não se vêem; portanto, não disputeis porque não vedes, porque não recebeis testemunho senão depois da prova de vossa fé”. Ao explicar que nossa fé no Senhor é testada antes de recebermos uma resposta do Pai Celestial, senti fortemente o Espírito no coração. Orei para que Christine também sentisse o mesmo. E foi isso que aconteceu. “Estou muito tocada. Muito tocada mesmo”, disse Christine, com lágrimas nos olhos. “É o Espírito, Christine. É assim que nos sentimos quando influenciados pelo Espírito”, respondi com o irmão Lim, ambos com lágrimas que também começavam a banharnos o rosto. Depois de lermos esse versículo com ela e ensinarmos outros princípios, Christine aceitou nosso convite e logo foi batizada. ■ O MOMENTO DECISIVO ELSWORTH GILLETT ILUSTRAÇÃO: JUSTIN KUNZ F ui criado como membro da Igreja em Belize, mas nem sempre fui um seguidor fiel do Senhor. Minha família estava entre os primeiros membros da Igreja do país, mas tivemos muitas provações. Meu pai abandonou-nos, deixando minha mãe sem emprego, com três filhos. A fé que minha mãe tinha no Senhor permitiu-nos vencer as dificuldades. Ela trabalhava arduamente para sustentar-nos e aproximar-nos do Senhor, mas tive que adquirir meu próprio testemunho. Por algum tempo, escolhi caminhos errados, principalmente por causa de más companhias. Esses amigos me influenciaram a afastar-me do Senhor, em vez de achegar-me a Ele. O momento decisivo foi quando resolvi passar a maior parte de meu tempo com jovens da Igreja. Senti o maravilhoso espírito que irradiavam, o que proporcionou uma alegria incomum à minha vida. Ver meus amigos partir para servir ao Senhor no campo missionário trouxe-me um espírito ainda mais forte. Servir como missionário era a última coisa que eu tinha em mente até resolver dirigir-me ao Senhor em oração para descobrir se era essa a Sua vontade. Ao orar, senti o poder do Espírito Santo manifestar-se em meu coração de modo arrebatador. Nunca testemunhara antes um poder tão sublime. Essa experiência me levou a saber que a missão era a coisa certa para mim. Conversei com meu presidente de ramo, preparei-me espiritual e financeiramente e por fim servi numa missão de tempo integral. Hoje, posso dizer sem nenhuma dúvida que sei que este é o evangelho restaurado de Jesus Cristo e que o Presidente Gordon B. Hinckley é um profeta vivo, vidente e revelador, chamado por Deus para declarar Sua palavra e conduzir todas as pessoas ao rebanho de nosso Pai Celestial. Como disse Morôni, é preciso ler o Livro de Mórmon, ponderar na alma e assim receberemos respostas às perguntas de nosso coração (ver Morôni 10:3–5). ■ A LIAHONA JUNHO DE 2006 27 A Consciência das Coisas Sagradas Da Presidência dos Setenta M Vestimo-nos de modo formal na Igreja e em outras ocasiões sagradas não por sermos importantes, mas porque a ocasião o é. 28 uito tempo atrás, uma jovem de outra parte dos Estados Unidos foi passar algumas semanas na casa de parentes. Em seu primeiro domingo, foi à Igreja com uma blusa simples e elegante, uma saia na altura dos joelhos e um suéter claro com botões. Estava usando meia-calça e sapatos sociais e seu penteado era simples, mas feito com cuidado. No todo, sua aparência transpirava graça jovial. Infelizmente, sentiu-se logo deslocada. Parecia que todas as outras jovens de sua faixa etária estavam usando saias informais, algumas muito acima dos joelhos; usavam também camisetas justas, que às vezes mal chegavam à cintura; não usavam meias nem meias-calças; e calçavam tênis ou sandálias de dedo. Poderíamos esperar que, ao verem a nova moça, as outras percebessem o quanto seu modo de vestir-se era inadequado para a capela e o Dia do Senhor e imediatamente mudassem para melhor. Contudo, a triste verdade é que foi a visitante que, para não destoar do grupo, adotou os hábitos das anfitriãs. Esse exemplo ilustra uma de minhas preocupações. Referindo-me à sociedade em geral, infelizmente acho que muitos de minha geração não incutiram nos mais jovens a consciência das coisas sagradas. Neste artigo, espero ajudá-los a aprimorar sua capacidade de reconhecê-las e tratá-las com o devido respeito. Entre tantas coisas sagradas pelas quais devemos demonstrar reverência — as escrituras, os profetas, o corpo físico, a Deidade — concentrarei minha atenção no respeito pelos locais e eventos sagrados. Na verdade, muito do que quero transmitir-lhes não pode ser passado de uma pessoa para outra; precisa vir de dentro de cada um. Mas se eu puder ajudar a propor-lhes alguns temas de reflexão, o Espírito poderá agir em vocês a fim de não precisarem que ninguém lhes diga o que é sagrado e como agir, pois sentirão por si mesmos. Será parte de sua natureza; de fato, muito disso já o é. Roupas de Domingo Nossos templos e capelas são dedicados ao Senhor como um espaço sagrado. Em cada templo há a inscrição: Santidade ao Senhor — A Casa do Senhor. A consciência das coisas sagradas deve levar-nos a agir e falar com reverência dentro e nos arredores desses prédios e deve induzir-nos a vestir-nos da maneira certa quando lá estivermos. A falta de recato no vestuário desonra o corpo, a criação mais sagrada de Deus. O vestuário e a aparência indecentes, desleixados ou sujos em momentos e locais sagrados são um escárnio à santidade da casa do Senhor e ao trabalho lá realizado. Há vários anos, minha ala no Tennessee usou uma escola secundária para as reuniões da Igreja aos domingos enquanto nossa capela, que sofrera estragos com a FOTOGRAFIAS: STEVE BUNDERSON, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS É L D E R D. TO D D C H R I S TO F F E R S O N V ocês são santos da grandiosa dispensação dos últimos dias — cultivem uma aparência condizente. passagem de um tufão, estava em reforma. Uma congregação de outra religião reunia-se no mesmo prédio durante a construção de sua nova igreja. Fiquei chocado a ver os trajes dos membros dessa outra congregação. Não havia um único terno ou gravata entre os homens. Vestiam-se como se estivessem vindo de um campo de golfe ou indo para lá. Era difícil achar uma mulher de vestido ou algo além de calças informais ou até mesmo shorts. Se eu não soubesse que estavam na escola para as reuniões de sua igreja, seria levado a crer que se tratava de um evento esportivo. Comparativamente, os padrões de vestuário dos membros de nossa ala eram bem mais elevados, mas estou começando a achar que a diferença está diminuindo cada vez mais, pois observo uma tendência em nosso povo para aproximar-se dos hábitos do mundo. Antes falávamos de “roupas de domingo”. As pessoas entendiam essa expressão como as melhores roupas que tinham. As peças específicas do vestuário poderiam variar de uma cultura para outra e segundo a condição financeira, mas era o melhor de que dispunham. Deus ofende-Se quando vamos a Sua casa, principalmente em Seu dia 30 santificado, sem nos arrumarmos e vestirmos da maneira mais cuidadosa e recatada que permitirem nossas circunstâncias. Se um membro nos confins do Peru precisa atravessar um rio a nado para chegar à Igreja, o Senhor certamente não Se ofenderá com uma mancha de água barrenta em sua camisa branca. Mas como esperar que Deus não Se entristeça ao ver alguém que, mesmo tendo roupas de sobra e fácil acesso à capela, vai à Igreja com calças de moletom e camiseta? Com minha vivência ao viajar pelo mundo inteiro, garanto que os membros da Igreja com menos recursos acabam encontrando meios de chegar às reuniões dominicais limpos e bem vestidos, com roupas apresentáveis, as melhores que têm. Por outro lado, aqueles cujos bens ultrapassam em muito suas necessidades são os que costumam ir à Igreja em trajes descuidados ou sujos. O Vestuário Importa? Algumas pessoas acham que o vestuário e o penteado não têm importância — afirmam que o que conta é o interior da pessoa. Creio que é o interior da pessoa que verdadeiramente importa, mas é isso que me preocupa. O vestuário descuidado em locais e ocasiões sagrados é uma mensagem sobre o que há no coração. Pode denotar orgulho, rebelião ou outra coisa, mas no mínimo revela: “Não vejo diferença entre o sacro e o profano”. Nessa condição, as pessoas distanciam-se facilmente do Senhor. Não dão valor ao que têm. Preocupo-me com elas. A menos que adquiram alguma compreensão das coisas sagradas e despertem a sensibilidade para elas, essas pessoas correm o risco de um dia virem a perder tudo o que mais importa. Vocês são santos da grandiosa dispensação dos últimos dias — cultivem uma aparência condizente. Esses princípios se aplicam a atividades seus convênios com Deus. Seu senso de e ocasiões sagradas ou que exijam revedever para com Deus diminuirá e por fim rência: batismos, confirmações, ordenaserá esquecido. A partir daí, eles se preoções, bênçãos de enfermos, a cuparão apenas com seu próprio conadministração do sacramento e assim por forto e com a satisfação de seus apetites diante. Doutrina e Convênios ensina-nos desenfreados. Por fim, passarão a despreque nas ordenanças do evangelho “manizar as coisas sagradas, até mesmo a Deus, festa-se o poder da divindade”. (D&C e então desprezarão a si mesmos. 84:20) Sou grato pelos sacerdotes, mestres gir e trajarTratar com Cuidado o que É Sagrado e diáconos que usam gravata e camisa social nos de modo Lembrem-se sempre de que à medida (branca, se possível) para oficiar no sacraa honrar que a santidade crescer dentro de vocês e mento. Eles demonstram que valorizam ocasiões e locais for-lhes confiado mais conhecimento e come respeitam a Deus e a ocasião. sagrados é uma preensão, vocês devem tratar essas coisas Recentemente, li o comunicado de um demonstração de com cuidado. O Senhor ensinou: “Aquilo homem que incentivava seus colegas a usar nossa reverência que vem de cima é sagrado e deve ser menterno e gravata para aparecer juntos num ao Senhor. cionado com cuidado e por indução do evento público em homenagem à organizaEspírito” (D&C 63:64). Deu-nos também ção a que pertenciam. A reunião era cívica, o mandamento de não lançar pérolas aos não de natureza religiosa, assim não a chamaríamos de sagrada. Contudo, ele compreendia o princí- porcos ou entregar aos cães o que é sagrado (ver 3 Néfi 14:6; D&C 41:6), o que significa que não se deve falar de pio de que algumas coisas merecem respeito e que nosso coisas sagradas com as pessoas que não estejam preparavestuário é parte dessa expressão. Ele disse que se vestiria das para dar-lhes o devido valor. de modo mais formal não por considerar-se importante, Sejam sábios com o que o Senhor lhes conceder. É “mas porque a ocasião era tão importante”. Esse comentáalgo que Ele lhes confiou. Vocês não devem, por exemrio contém uma verdade fundamental. Na realidade, não plo, falar do conteúdo de sua bênção patriarcal com se trata de nós mesmos. Agir e trajar-nos de modo a honqualquer pessoa. rar ocasiões e locais sagrados diz respeito a Deus. Todas as coisas sagradas e santas hão de ser reveladas As Bênçãos da Reverência e reunidas nesta última e sublime dispensação. Com a Quando vocês desenvolverem uma reverência cada Restauração do evangelho, da Igreja e do sacerdócio de vez mais profunda pelas coisas sagradas, o Espírito Santo Jesus Cristo, temos livre acesso a um tesouro inestimável se tornará seu companheiro freqüente e depois consde coisas sagradas. Não podemos negligenciá-las ou tante. Vocês crescerão em entendimento e verdade. As deixá-las escapar. escrituras referem-se a isso como uma luz que se torna Em vez de deixarem sua vida vagar à deriva num mar “mais e mais brilhante, até o dia perfeito” (D&C 50:24). de negligência, aumentem o grau de obediência estrita. Esse processo também é descrito como crescer de graça Espero que pensem, sintam, vistam-se e ajam de modo em graça. O próprio Salvador progrediu dessa forma até a demonstrar reverência e respeito pelas coisas, locais e alcançar a plenitude e vocês podem seguir Seus passos ocasiões sagrados. Oro para que a consciência das coisas (ver D&C 93:12–20). É a isso que os conduzirá a conssagradas se destile em sua alma como orvalho do céu. ciência das coisas sagradas. Que isso os aproxime de Jesus Cristo, que morreu, resPor outro lado, aqueles que não valorizarem as coisas suscitou, vive e é seu Redentor. Que Ele os torne santos sagradas as perderão. Sem um sentimento de reverência, como Ele é santo. ■ sua conduta e atitude se tornarão cada vez mais displicenTrechos de um discurso proferido numa transmissão via satélite tes. Eles se distanciarão da segurança proporcionada por do Sistema Educacional da Igreja em 7 de novembro de 2004. DETALHE DE CRISTO COM UM MENINO: CARL HEINRICH BLOCH A A LIAHONA JUNHO DE 2006 31 A Importância do Recato Quem Eu Queria Ser? Um acontecimento de alguns anos atrás mudou minha atitude em relação ao recato. Ao preparar-me para uma atividade da Mutual, vesti shorts muito curtos; jamais me ocorrera que fossem impróprios. As atividades planejadas para aquela terça-feira incluíam uma apresentação dos missionários de tempo integral, que nos dariam conselhos práticos sobre a obra missionária. Um dos últimos assentos desocupados estava a meu lado. Por alguns breves instantes, os missionários começaram a discutir, o mais discretamente possível, sobre quem se sentaria perto de mim. Embora nunca tenham sido explícitos, compreendi que estavam sem jeito devido a meus trajes. Naquele momento, apesar de meu constrangimento, comecei a compreender o que significa o recato. Percebi que eu estava fazendo rapazes virtuosos sentirem-se pouco à vontade — e que poderia também fazer homens pouco virtuosos sentirem-se à vontade demais. Comecei a entender melhor o tipo de companhia que eu desejava para mim e, ainda mais importante, que tipo de pessoa eu queria ser. Daquele momento em diante, não só me 32 sentia preparada para as mudanças que estava prestes a efetuar, mas ansiava por fazê-las. Chelsea Anderson, Ohio, EUA Desfile dos Padrões Em outubro de 2004, a organização das Moças e dos Rapazes de nossa estaca realizou um evento chamado “Recato no Vestuário”, com base no livreto Para o Vigor da Juventude. Tratava-se de um desfile de moda dividido em três partes: roupas informais, moda esportiva e roupas formais. Pedimos a cada um dos rapazes e moças que escolhesse três conjuntos de roupas e os ajudamos a selecionar quais eram adequadas. Convidamos seus líderes e pais para essa atividade. Demos ênfase a versículos das escrituras sobre o corpo como templo (ver I Coríntios 6:19–20) e os conselhos de nosso profeta, o Presidente Gordon B. Hinckley. A atividade exerceu um efeito positivo; os jovens de nossa estaca agora se preocupam mais com a aparência e o vestuário adequados. Teresa de Jesús Contreras de Ramírez, México Dicas de Recato O recato é certamente um desafio no mundo de hoje, principalmente para as adolescentes. Sei muito bem, pois sou uma delas, mas é possível seguir os padrões em todos os momentos e ainda acompanhar a moda. Aqui vão algumas dicas que considero úteis: • Comprem várias blusas compridas sem mangas, de cores diferentes que vocês possam pôr para dentro das calças a fim de não deixarem a barriga à mostra, como FOTOGRAFIAS: CHRISTINA SMITH, EXCETO QUANDO INDICADO EM CONTRÁRIO; FOTOGRAFIAS COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS Vestir-se com recato é difícil no mundo de hoje. Neste artigo, membros da Igreja contam como respondem às seguintes perguntas: Como garantir que suas roupas primem pelo recato? Como promover o recato na família, ala ou estaca (ou ramo e distrito)? Que lições aprendeu sobre a importância do recato? RECATO E MODA Quando eu era mais nova, queria vestir-me exatamente como minhas amigas da escola. A contragosto, obedecia aos desejos de minha mãe quanto ao recato. Hoje sou grata a ela por ter fixado padrões claros e dado o exemplo. Agora tenho meu próprio testemunho sobre a importância do recato. É perfeitamente possível vestir-se dentro dos padrões e na moda. Roberta Eggenberger, Suíça TESTEMUNHOS SOBRE O RECATO Meu entendimento dos motivos para vestir-me com recato aumentou gradualmente a partir de meu batismo na Igreja. Hoje tenho grande respeito por pessoas vestidas com recato, cujo olhar brilha com a luz da castidade. Nem sempre é fácil vestir-nos de acordo com os padrões, mas se nos empenharmos, Deus certamente nos ajudará. Olga Khripko, Ucrânia Creio que demonstramos nossa humildade e respeito ao Pai Celestial quando cultivamos uma aparência decente e asseada e nos cobrimos adequadamente. acontece com blusas mais curtas; • Costurem uma tira de tecido na extremidade de blusas demasiadamente curtas; • Se o tecido de uma blusa for composto principalmente de algodão, comprem um número acima do seu para que não fique apertada ou curta demais depois da primeira lavagem; • Comprem shorts masculinos compridos quando estiverem à venda no verão; • Se a parte de cima de um vestido 34 for reveladora, cortem-na e transformem o vestido em saia; então, usem uma bela blusa que combine com ela; • Comecem a fazer compras com antecedência para os bailes formais e outros eventos especiais a fim de não serem tentadas a comprar algo inadequado na última hora. Muitas jovens desistem de vestir-se com recato por acharem difícil demais, mas garanto que é possível! Jami Elsmore, Nevada, EUA FOTOGRAFIA DO TEMPLO DE SALT LAKE: CRAIG DIMOND Sharlene Cherry, Filipinas PROTEÇÃO CONTRA A TENTAÇÃO “O recato na aparência e no vestuário vai ajudá-las a protegerem-se das tentações. Talvez seja difícil encontrar roupas recatadas, mas isso é possível se fizerem o devido esforço. (...) Vocês podem ser atraentes sem faltar com o recato. (...) Tracem, porém, alguns parâmetros bem rígidos, uma linha no chão, por assim dizer, que jamais ultrapassarão.” guarda-roupa fosse digno de oração. Garanti-lhes que a convicção de Néfi em 1 Néfi 3:7 se aplica tanto a questões corriqueiras quanto às de grande relevância: “Sei que o Senhor nunca dá ordens aos filhos dos homens sem antes preparar um caminho pelo qual suas ordens possam ser cumpridas”. Minhas filhas concordaram em orar a Carolyn Bailey, Inglaterra respeito, e dentro de uma semana encontramos belos vestidos, em lugaPresidente Gordon B. Hinckley, “Permaneçam no Caminho As Roupas Justas Também São res inesperados, que pudemos Elevado”, A Liahona, maio Inadequadas reformar para pô-los totalmente de 2004, p. 114. Muitos acham que o recato no nos padrões. vestir significa apenas um corpo sufiContinuamos a fazer do cientemente coberto, mas as roupas recato um tópico de oração. justas também são inadequadas, Aprendi a seguir os suaves susmesmo quando revestirem totalmente o corpo. Isso se surros do Espírito, mesmo aplica tanto às mulheres quanto aos homens. Muitos quando isso significa fazer deslocanão percebem que as roupas justas atraem a atenção mentos maiores, vasculhar até o último para a anatomia, desviando-a do propósito dos estudos, cabide nas lojas ou fazer grandes ajustes nas negócios, liderança ou adoração. Se as roupas se ajustarem roupas. Quero que minhas filhas saibam que valorizo adequadamente e com conforto, contribuirão para que a o recato a ponto de fazer todos os esforços necessários. Jerie Jacobs, Califórnia, EUA atenção dos interlocutores esteja voltada para o rosto uns dos outros, o que resultará numa comunicação mais eficaz. Um Lembrete Diário Tenho uma gravura do Salvador e uma fotografia do Templo de Londres Inglaterra no meu guarda-roupa. Quando o abro para pegar minhas roupas, isso serve de lembrete para que eu me mantenha pura e respeitável a fim de um dia poder ir ao templo e adorar o Senhor em Sua casa. Judith Rasband, Utah, EUA O Corpo É um Templo O Estado da Bahia, Brasil, onde vivo, tem um clima bastante quente e assim as pessoas têm dificuldade para vestir-se com recato. Mas sinto algo especial quando estou trajado de modo a convidar o Espírito a estar comigo. Sei que o corpo é um templo de Deus e que deve ser tratado com respeito. Stephan Cerqueira Levita, Brasil Motivo de Oração Depois de um dia desanimador de compras para um baile formal com duas de minhas filhas, voltamos para casa exaustas e desconsoladas. Não acháramos um único vestido dentro dos padrões. Incentivei minhas filhas a levarem seus desejos ao Senhor em oração. Elas olharam para mim perplexas, sem se convencer de que um problema de Uma Mesa-Redonda Uma idéia para promover o recato entre as jovens é propor uma mesa-redonda com os rapazes. Esse método aproximou os jovens de nossa ala em reflexões sérias sobre esse princípio do evangelho. Alguns dos sacerdotes que convidamos para participar não demonstraram entusiasmo no início, pois não queriam ofender as jovens que constituiriam o público. Para ajudar a pô-los à vontade, reunimo-nos antes para conversar sobre o que eles diriam sobre o recato e como poderiam apresentar suas idéias sem ferir suscetibilidades. Sentimos o Espírito durante a mesa-redonda. As moças participaram da discussão e ouviram com atenção o que os rapazes tinham a dizer. Um dos rapazes disse para elas: “Poderíamos começar com total recato nas reuniões da Igreja?” As jovens reagiram de modo bastante positivo aos conselhos oferecidos por seus amigos. John Wilkinson, Utah, EUA A LIAHONA JUNHO DE 2006 35 O Corpo É uma Dádiva BELEZA INTERIOR Antes de entrar para a Igreja, eu não compreendia o conceito de recato. No espaço de poucos meses após meu batismo, aprendi que uma peça de vestuário não me tornaria mais bela; na verdade, a beleza vem de dentro. Estou empenhandome para servir ao Senhor da maneira que Ele nos pede. Durante meu último ano da escola secundária, decidi que precisava fortalecer meu testemunho antes de mudar de cidade para ir à faculdade. Estudei tudo o que pude sobre a vida do Salvador e Seu sacrifício expiatório. Ao fazê-lo, a realidade de Seu amor tocou-me de modo tão profundo que lágrimas me vieram aos olhos. Percebi que sou verdadeiramente uma filha amada de Deus. Quando passei a compreender no fundo da alma a magnitude disso, percebi que devemos vestir-nos com recato não só para evitar maus pensamentos na mente dos rapazes, mas também por ser um modo de mostrar gratidão por uma das dádivas mais maravilhosas que Deus nos concedeu: nosso corpo. Sugiro que os membros da Igreja aprendam a vestir-se com recato ao amarem e respeitarem a si mesmos e ao Senhor e desejarem honrar o dom que Ele lhes ofereceu. Só adquiri um testemunho forte desse princípio quando aprendi a amar o Pai Celestial e o Salvador de modo mais profundo. Brenda Petty, Idaho, EUA Tentar Comprar pela Internet Ao sair do Templo de Los Angeles Califórnia certa vez, fiquei consternada ao ver que o vestido de algumas noivas contrariava os padrões. Pouco depois, vi noivas em outro grupo com vestidos recatados, mas ainda assim muito belos. Perguntei onde tinham achado vestidos tão bonitos e elas responderam com entusiasmo e em uníssono: “Na Internet!” A Internet pode ser uma fonte de roupas adequadas. ■ Anne Elwell, Califórnia, EUA Roseangela Barreto, Brasil “Os profetas de Deus sempre aconselharam Seus filhos a vestir-se com recato. A maneira pela qual vocês se vestem é um reflexo de como são interiormente. Seu vestuário e aparência enviam aos outros mensagens a seu respeito, influenciando o seu modo de agir, assim como o dos outros. Quando estão bem-arrumados e vestidos com recato, convidam a companhia do Espírito e podem exercer uma boa influência naqueles que os cercam. (...) Entre as roupas indiscretas estão saias e shorts muito curtos, roupas apertadas, blusas que não cobrem a barriga e outros trajes reveladores. As moças devem usar roupas que cubram os ombros e evitar vestimentas que sejam decotadas na frente ou atrás, ou reveladoras de qualquer outro modo. Os rapazes também devem manter o recato na aparência. Todos devem evitar os extremos nas roupas, aparência e penteado. Estejam sempre limpos e apresentáveis, evitando ficar desleixados ou inadequadamente informais no vestir, no arrumar-se ou em suas maneiras. Perguntem a si mesmos: ‘Será que eu me sentiria à vontade vestido dessa maneira, se estivesse na presença do Senhor?’” Para o Vigor da Juventude (livreto, 2001), pp. 14–16. 36 DETALHE DE CRISTO COM UM MENINO: CARL HEINRICH BLOCH; O VESTUÁRIO REFLETE SUA PERSONALIDADE Você Sabia? Aconteceu em Junho 1o de junho de 1801: Brigham Young, segundo presidente da Igreja, nasceu em Vermont. Morreu aos 76 anos de idade em Salt Lake City, Utah. 19 de junho de 1836: Lorenzo Snow, quinto presidente da Igreja, foi batizado perto de Kirtland, Ohio, aos 22 anos de idade. 27 de junho de 1844: O Profeta Joseph Smith e seu irmão Hyrum Dica de Liderança foram assassinados na Cadeia de Você já leu Jacó 5? Leu mesmo? Carthage, em Illinois. John Taylor, terSe prestar atenção, verá que é o ceiro presidente da Igreja, disse que maior capítulo do Livro de Mórmon esse martírio seria um testemunho — uma parábola sobre o Senhor para o mundo de que o “surgimento da vinha, seu servo e as oliveiras. do Livro de Mórmon e [este] livro de E perceberá que contém algumas Doutrina e Convênios da igreja (...) valiosas lições de liderança. Leia custou o melhor sangue do século Jacó 5 novamente atentando para dezenove” (D&C 135:6). o exemplo do Senhor da 18 de junho de vinha. Veja que tipo de 1850: O Presidente “Testifico que líder ele é. Observe sua John Taylor nossas orações, paciência, sua disposição (1808–1887), na proferidas com para ouvir conselhos, época membro humildade e sinceseu amor pelas pessoas do Quórum dos ridade, são ouvidas à sua volta e começará a Doze Apóstolos, assimilar algumas das e outros missionáe respondidas. É lições que você pode rios, chegaram à algo miraculoso, aprender com o Senhor França para abrir a mas é real.” da vinha. Missão Francesa. Presidente Gordon B. Hinckley, “Um Humilde e Contrito Coração”, A Liahona, janeiro de 2001, p. 103. BRIGHAM YOUNG: JOHN WILLARD CLAWSON; MARTÍRIO DE JOSEPH E HYRUM: GARY SMITH Desfile de Jovens Escoceses Mais de vinte jovens das alas Dundee II e Dundee Bingham da Estaca Dundee Bingham participaram do primeiro Desfile dos Jovens do município de Dundee. Mais de mil adolescentes participaram do evento, realizado em homenagem aos jovens notáveis de Dundee, seus talentos e seu serviço aos habitantes da cidade. Depois do desfile pela cidade, o prefeito dirigiu a palavra à multidão. Em seguida, alguns dos grupos de jovens fizeram demonstrações de atividades como futebol, hóquei, saltos de animadoras de torcida, tae kwon do e malabarismo. Os rapazes e moças de Dundee aceitaram com entusiasmo a oportunidade de representar a Igreja nessa ocasião histórica e pretendem participar do evento anualmente. A L I A H O N A JUNHO DE 2006 37 38 r e p n A d e m r a e h n e V t r i R d -S e E iV PA U L VA N D E N B E R G H E Revistas da Igreja FOTOGRAFIAS: PAUL VANDENBERGHE N o cume do Altiplano — os elevados planaltos da Cordilheira dos Andes, na fronteira da Bolívia com o Peru — está o Lago Titicaca. A 3.800 metros acima do nível do mar, é o mais alto lago do mundo navegável por grandes embarcações. É também o berço mítico de uma das mais antigas civilizações americanas, os Incas. Segundo a lenda, o sol enviou os fundadores da civilização inca à Terra na Ilha Titicaca. Ao longo do ano, a água do lago permanece a uma temperatura quase constante de 11º C; é um pouco fria para nadar e gelada demais para um batismo. Mas foi no Lago Titicaca que Roberto Carlos Condori Pachuri, de 16 anos, foi batizado no ano passado. Às vezes, o racionamento de água na cidade impede o uso da pia batismal da capela de El Alto, Bolívia, o que os obriga a ir ao lago. Roberto Carlos lembra-se bem de seu batismo, mas não por causa da água e sim devido ao cálido espírito que sentiu ao tornar-se membro da Igreja. Roberto Carlos travou contato com a Igreja por meio de seu amigo José Luís Mamani Kari, de 15 anos. “Fui ao seminário”, conta Roberto Carlos. “Foi a primeira vez que entrei numa capela da Igreja e senti um certo receio.” Mas logo viu que era bem-vindo. De fato, 15 dos cerca de 30 jovens que costumam freqüentar o seminário semanalmente não são membros da Igreja. Os jovens do Ramo Batallas, Distrito Titicaca Bolívia, vão ao seminário nas noites de quinta-feira e estudam em casa durante a semana. “Convido meus amigos para virem aprender”, diz Ángela Daniela Sanjines Flores, de 16 anos, “e divertimo-nos depois.” Por que Roberto Carlos Condori Pachuri, da Bolívia, conheceu a Igreja por intermédio de um amigo e começou a freqüentar o seminário. “Eu gostava das coisas que estava aprendendo”, conta ele. No ano passado, Roberto Carlos foi batizado no Lago Titicaca. A LIAHONA JUNHO DE 2006 39 eles vêm? “A verdade é que alguns vêm para brincar e divertir-se, outros têm o desejo de aprender e outros comparecem a convite dos amigos.” Roberto Carlos queria freqüentar o seminário por todos esses motivos. “Eu gostava das coisas que estava aprendendo e tenho muitos amigos aqui”, explica. “Jogamos futebol ou voleibol depois da aula.” Foi no seminário e nas palestras com os élderes que ele aprendeu sobre os profetas antigos, um profeta vivo hoje e a visita de Cristo às Américas. Foi por meio do aprendizado das verdades do evangelho que Roberto Carlos se filiou à Igreja. O Presidente Spencer W. Kimball (1895–1985) tinha um lema que nos ajuda a recordar nossos deveres como membros-missionários: “Faça-o!” Ele prometeu que se testificássemos da Restauração, seríamos abençoados. José Luís sabe que isso é verdade. 40 “Foi uma ótima sensação”, relata José Luís referindo-se à experiência de ver Roberto Carlos aceitar o evangelho. “Eu queria partilhar meu testemunho e assim o fiz.” Coragem em Cochabamba Em Cochabamba, acerca de 260 quilômetros a sudeste de El Alto, os jovens freqüentam o seminário diário pela manhã. Fora das atividades da Igreja, esses jovens costumam sentir-se pressionados pelos amigos para rebaixar seus padrões. “É difícil ser membro da Igreja aqui porque estou cercado de inúmeras pessoas que querem induzir-me a fazer coisas ruins”, diz Cristhian Pérez, de 19 anos, da Ala La Chimba, Estaca Cochabamba Bolívia Cobija. “É por isso que acho que nossos amigos são uma das coisas mais importantes.” Embora muitos desses rapazes e moças sejam os únicos membros da Igreja de sua escola ou mesmo família, sempre podem contar com o apoio uns dos outros. Cristhian prossegue: “A maneira de ajudarmo-nos mutuamente na Igreja é irmos ao seminário e realizarmos atividades juntos”. “Somos como uma família e cuidamos uns dos outros”, concorda Miriam Eugenia Copa Fernández, de 19 anos, da Ala Alalay, Estaca Cochabamba Bolívia Jaihuayco. “É uma excelente forma de começar a manhã, pois a alegria me acompanha ao longo de todo o dia.” O apoio espiritual que esses jovens oferecem uns aos outros ao aprenderem e crescerem juntos fortalece-os cada vez mais. “O seminário vem ajudando-me a superar minhas fraquezas e tentações e a tomar decisões melhores”, diz Nefía Flores, de 18 anos, da Ala América, Estaca Cochabamba Bolívia Cobija. À medida que os rapazes e moças fortificam seu testemunho, tornam-se um melhor exemplo para os amigos. “Os quatro anos que passei no seminário foram de grande valia, pois cada aula e cada conselho ajudaram-me a enfrentar uma dificuldade específica”, conta Luís Carlos Gonzales Jaimes, de 19 anos, da Ala La Chimba, que está preparando-se para servir como missionário. Como há um templo em Cochabamba, muitos dos jovens da região vão lá regularmente para buscar forças. “O fato de termos um templo aqui em Cochabamba traz-me muita felicidade. Temos o privilégio de freqüentá-lo todas as semanas”, diz Harold Reinaldo Salazar, de 18 anos, da Ala Petrolero, Estaca Cochabamba Bolívia Jaihuayco. “Fazer batismos lá é uma experiência inesquecível.” Por verem o vigor do testemunho nos atos de seus amigos, como quando vão ao templo, esses jovens sabem que podem recorrer uns aos outros para ter força espiritual. “Respeito-os muito”, diz Miriam acerca de seus amigos. “São espiritualmente fortes e estão preparados para enfrentar todas as dificuldades que surgirem. Confio neles. Eles têm um testemunho inabalável da Igreja. São corajosos. São divertidos.” Ter um templo em Cochabamba é uma grande bênção para os jovens da região. Muitos deles vão ao templo semanalmente. Os membros dessa classe do seminário de Cochabamba dizem que são mais do que amigos: são como uma família. Da esquerda para a direita: Nefía Flores, Alejandra Gamboa, Luís Carlos Gonzales Jaimes, Miriam Eugenia Copa Fernández, Cristhian Pérez, Yescenia Salgado e Harold Reinaldo Salazar. Desjejum com Amigos No extremo leste da cidade, cerca de 20 jovens da Ala Colcapirhua, Estaca Cochabamba Bolívia Los Alamos, reúnemse todos os dias às 5h30 da manhã para um desjejum simples antes do início do seminário às 6h. “Acordo cedo porque sei que se vier ao seminário, isso me ajudará a ter o Espírito e aproximar-me de Deus ao longo do dia”, diz Jenny Linares, de 18 anos. Em geral, o desjejum consiste em pão com açúcar e mate, uma bebida à base de ervas, ou api, A LIAHONA JUNHO DE 2006 41 Acima, da esquerda para a direita: “Os quatro anos no seminário ajudaram-me muito.” —Adán Quintela Aparício “Podemos aprender tantas coisas que nos ajudam para o restante da vida.” —Franz Condori “O seminário é como um escudo em minha vida.” —María D. Justiniano uma bebida feita com milho branco e roxo moídos. Mas os jovens vão ao seminário mais pelo alimento espiritual do que pelo desjejum. “É sempre uma alegria ir ao seminário”, diz Luly Bravo, de 14 anos. “Os jovens iluminam nosso dia de manhã. Vamos para aprender mais sobre nosso Pai Celestial e Seu Filho.” “A verdade é que os quatro anos de seminário fizeram-me pensar muito mais na missão”, diz Diego Díaz, de 18 anos. “É por isso que estou formando-me no seminário — para poder ir para a missão.” Franz Condori, de 20 anos, da Ala Arocagua, Estaca Cochabamba Bolívia Universidad, concorda. Foi batizado há quatro anos e pretende servir como missionário em breve. “Quando me tornei membro da Igreja, já traçara a meta de ir para a missão, e os quatro anos no seminário foram muito proveitosos”, testifica. “Sei que as escrituras que sempre lemos e estudamos me ajudarão a responder às perguntas que me fizerem quando eu for missionário.” Fortes em Santa Cruz Acerca de 300 quilômetros a leste de Cochabamba está Santa Cruz. Com essa distância, o clima muda; faz muito mais calor 42 aqui. Mas as coisas mais importantes não mudam. A freqüência diária ao seminário faz toda a diferença na vida dos jovens de Santa Cruz. “Precisamos pôr em prática os princípios que aprendemos nas aulas do seminário”, diz Adán Quintela Aparício, de 18 anos, da Ala Estación, Estaca Santa Cruz Bolívia Cañoto. “É um grande privilégio termos o programa do seminário na Igreja, onde podemos aprender tantas coisas que nos ajudam para o restante da vida.” Cercados por todos os lados pelas tentações e pela pressão para rebaixarem seus padrões, os jovens da Bolívia acharam proteção e apoio nas verdades do evangelho. “O seminário é como um escudo em minha vida”, diz María D. Justiniano, de 18 anos, do Ramo Carmen, Estaca Santa Cruz Bolívia El Bajío. “É um escudo porque me protege todos os dias na escola. Por exemplo, os professores apresentam teorias evolucionistas e coisas do gênero, e no seminário somos bem preparados para isso. Adquirimos a capacidade de pensar por nós mesmos e a sentir no coração que Deus foi de fato o Criador deste mundo.” Em uma coisa todos esses jovens bolivianos estão de acordo, do elevado Altiplano ao calor de Santa Cruz: ao reunirem-se, fortalecem-se no evangelho e aumentam sua capacidade de resistir às tentações do mundo. “Quando um graveto está isolado, é fácil quebrá-lo”, explica Franz Condori. “Mas quando juntamos vários gravetos, não é mais possível. Quando há união num grupo, é difícil que alguém ou algo nos derrube. Auxiliamos uns aos outros.” ■ VOZES DA IGREJA Na manhã seguinte, a Rachael partiu numa viagem de férias de duas semanas com a família. Uma sensação estranha apoderou-se de mim logo que ela partiu, mas tentei esquecê-la e entretive-me desfazendo as malas. “Estou tensa por não estar acostumada a este lugar”, concluí. “Vou precisar de algum tempo para habituar-me.” Era quase meia-noite quando comecei a sentir uma forte dor de Vigiada Kimberly Webb Revistas da Igreja Q uando encontrei o endereço que eu rabiscara no caderno, achei a casa assustadora. Era uma grande casa antiga e cinza que fora reformada e dividida em apartamentos, mas parecia mais uma mansão mal-assombrada saída de um filme em preto e branco. Contudo, eu queria muito ui às pressas conhecer Rachael e assim no escuro subi com determinação até a os frágeis degraus. varanda. Algum tempo antes, Subitamente, quando eu consultara fiquei paralisada. as ofertas de moradia Não ouvi nada, no mural da sede do mas senti alguém instituto, os inúmeros se aproximar. anúncios tinham-se embaralhado como uma colcha de retalhos composta de papel e percevejos. Mas um deles destacava-se dos demais; trazia um desenho infantil de uma boneca que dizia: “Esta sou eu, a Rachael. Gosto de correr, ouvir jazz e comer chocolate”. Sorri. Não havia muitos detalhes sobre o apartamento, mas a jovem com quem eu viria a dividi-lo parecia divertida. Depois de conversar com a Rachael por algum tempo, achei o sentimento dentro da casa acolhedor. Ignorei minhas primeiras impressões negativas e mudei-me para lá algumas semanas depois. ILUSTRAÇÕES: KRISTIN YEE F garganta. “Devo ser alérgica a algo”, pensei. Fiz uma pequena busca a minha volta até encontrar as velas perfumadas da Rachael. Resolvi leválas para fora de casa. Pouco antes, eu descobrira que a luz externa da entrada principal da casa não funcionava, assim deixei a porta entreaberta ao sair para ter pelo menos um filete de luz. Descalça, fui às pressas, no escuro, até a varanda. Subitamente, fiquei paralisada. O ar noturno estava calmo. Não ouvi nada, mas senti alguém aproximar-se. “Volte para casa, antes que outra pessoa o faça.” As instruções do Espírito foram inequívocas e urgentes. Ainda segurando as velas, corri no escuro até chegar à sala de estar e bati a porta com força. Imediatamente depois de trancá-la, a maçaneta girou. Fiquei boquiaberta vendo-a girar para um lado e para o outro sem fazer barulho. Alguém se escondera na frente da casa! Ele tentara seguir-me e entrar comigo na sala, mas por uma questão de segundos não conseguiu. Agora, a única coisa que nos separava era uma frágil porta de madeira. Instintivamente, comecei a bater na porta com o punho com toda a força. Não sei quanto tempo fiquei ali, orando em silêncio, na expectativa de um acontecimento. Por fim, uma sensação de paz tranqüilizou-me e garantiu-me que a ameaça passara e que eu estaria em segurança no restante da noite. Na manhã seguinte, minha mãe telefonou-me. Ela e meu pai estavam viajando, do contrário eu já poderia tê-los contatado. Antes de ter a ocasião de narrar à minha mãe o ocorrido, ela disparou: “Eu estava preocupada com você! Tenho a impressão de que a entrada de sua casa é perigosa. A iluminação é boa? Seria muito fácil para alguém esconder-se lá”. Tremi ao dar-me conta do quão perto eu estivera de ser atacada — tão perto que até minha mãe sentira 44 o perigo a mais de 300 quilômetros de distância. Então, ela me disse que tentara telefonar-me no dia anterior para avisar-me de suas impressões. “Não consegui contatá-la por telefone, então orei. Eu sabia que não poderia protegê-la, mas o Pai Celestial sim.” Minha mãe tinha razão. Um estranho escondera-se na entrada e estava me vigiando. Mas o Senhor também estava me observando e indicou-me como agir. Sei que nem sempre o Senhor nos poupa de tragédias, mas se eu O seguir, Ele não permitirá que Seus planos para minha vida se frustrem. Seu desejo para mim naquela noite era proteger-me, e sou grata por Ele ter velado por mim. ■ Num dia de verão, fizemos uma caminhada em volta de um lago numa floresta nas proximidades de nossa casa. O tempo estava perfeito: ensolarado e quente com uma brisa refrescante e agradável que vinha do lago. Ao percorrermos a trilha, mostrávamos uns aos outros as flores do campo e as diferentes espécies de árvores. Falamos do quanto o Pai Só Mais Cinco Minutos Elaine Brown Preslar N ossa família gosta muito da natureza. Passamos quase todos os sábaacob, de dos ao ar livre: no verão, sete anos fazendo caminhadas em de idade, locais afastados, acampando, disse: “Acho que o andando de bicicleta ou aprelugar mais bonito ciando belas paisagens; e do mundo é onde andando de trenó, esquiando estão todas as ou fazendo passeios na neve coisas que nos no inverno. São momentos lembram Jesus”. maravilhosos com a família que dão a mim e meu marido a oportunidade de conversar com nossos três filhos. J Celestial deve amar-nos para criar tal beleza para nosso deleite. Tentamos chegar a um acordo sobre qual era o lugar mais bonito que já víramos. Um dos filhos sugeriu o Parque Nacional Yellowstone, nas redondezas. Outro escolheu um dos nossos locais prediletos para acampar. Pensamos em nossa viagem ao litoral e na beleza de uma trilha de esqui pela floresta com Pequenas Decisões, Bênçãos Eternas Víctor Pino Fuentes A primeira vez que ouvi o evangelho foi ainda criança, quando meus pais aceitaram a visita dos missionários em nossa casa em Antofagasta, Chile. Fui criado na Igreja, mas pouco me empenhei para adquirir um testemunho pessoal. Assim, acabei por tornar-me menos ativo e deparei-me com as dificuldades da vida sem o auxílio do poder divino do evangelho. Contudo, minha mãe fiel continuou a amar-me e permaneceu como um exemplo sereno de retidão. Embora minha esposa seja também membro da Igreja, nenhum de nós dois sentia a urgência ou necessidade de seguir os padrões aprendidos na juventude. Com o passar do tempo, porém, a vida em nosso lar mudou drasticamente para pior. Devido aos desconcertantes problemas que estávamos enfrentando, minha esposa resolveu começar a freqüentar as reuniões da Igreja com nossa filha. Eu não tinha o menor desejo de acompanhá-las, mas elas voltavam para casa todas as semanas e contavam o que tinham aprendido. Algum tempo depois, comecei a receber as visitas dos mestres familiares, dois irmãos fiéis que enxergavam meu potencial divino, mesmo que eu próprio não o fizesse. Lentamente, começou a acontecer uma mudança em meu coração, mas no início me recusei a admiti-lo. Todos os domingos, minha esposa passava minhas roupas na esperança de que eu fosse à Igreja com ela. Eu era teimoso demais para vestir as roupas, mas comecei a ir à reunião sacramental usando jeans e camiseta. Como costumam fazer muitos membros menos ativos, eu sentava-me no banco mais perto da porta para ser o último a entrar e o primeiro a sair, sem dar a ninguém a chance de dirigir-me a palavra. Após vários meses, percebi que não estava sendo um bom exemplo para meus filhos ou abençoando minha família com o sacerdócio como deveria. Tomei a decisão de nunca mais faltar um domingo à Igreja. Eu vira a aplicação dos princípios do evangelho iluminar minha vida e dei-me conta de que deveria ter tomado essa decisão tão simples muito antes. Como o Senhor estava ansioso para abençoar a mim e minha família! Minha esposa, eu e nossos filhos logo fomos selados no Templo de Santiago Chile. Sou grato por uma mãe que me ensinou diligentemente os princípios do evangelho, por uma esposa que me incentivou a vivê-lo com seu amor e exemplo, por mestres familiares fiéis e por um Pai Celestial que esperou pacientemente que eu seguisse o evangelho a fim de abençoar-me mais do que eu julgava possível. ■ A LIAHONA JUNHO DE 2006 45 árvores cobertas de neve reluzente. Nosso filho mais novo, Jacob, de sete anos, que até então ouvira nossa conversa sem intervir, opinou: “Acho que o lugar mais bonito do mundo é onde estão todas as coisas que nos lembram Jesus”. As coisas que nos lembram Jesus? Tentei mentalmente fazer a ligação e então percebi que Jacob se referia à Praça do Templo, em Salt Lake City. Com o templo magnífico, as árvores, as fontes e jardins floridos, a Praça do Templo é de fato um lugar lindo. Mas para Jacob, a Praça do Templo significa mais do que apenas a beleza exterior da natureza. Por ter nascido com um delicado problema cardíaco, Jacob já passou por três cirurgias do coração e incontáveis exames, com muitas outras operações ainda previstas. O médico de Jacob vem com freqüência a Idaho mas, para as cirurgias e alguns exames, precisamos dirigir-nos ao centro médico das Crianças da Primária em Salt Lake City. Esses deslocamentos costumam ser marcados pela ansiedade e preocupação com a saúde de Jacob, e descobrimos que uma visita à Praça do Templo ajuda-nos a acalmar os nervos e a recordar o plano do Pai Celestial e a necessidade de confiarmos Nele. Na véspera da mais recente e complicada cirurgia de Jacob, levamo-lo à noite ao centro de visitantes da Praça do Templo, onde nos sentamos e contemplamos a gloriosa estátua do Salvador — o Christus. Na paz, calor e segurança do colo dos pais e sem querer ir embora, Jacob ficou quieto de uma forma atípica para uma criança de sua idade e pedia sem 46 cessar que ficássemos “só mais cinco minutos”. Acabamos ficando lá por mais de uma hora. Quando por fim precisamos partir, todos estávamos em paz e preparados para lidar com a cirurgia qualquer que fosse seu resultado. A meu ver, Jacob acha a Praça do Templo bonita não por causa do que vê lá, mas devido ao que sente. As dádivas do Pai Celestial de paz, esperança e consolo são mais belas do que qualquer coisa que Jacob se lembre de ter visto com os olhos físicos. Compreender o plano do Pai Celestial e confiar em Sua vontade e aceitá-la podem trazer paz e alegria indescritíveis. Quando ficamos desanimados, perturbados ou com medo, há um lugar que podemos buscar — não uma bela localidade qualquer, mas nosso Salvador Jesus Cristo. E acho que Jacob tem razão: não há nada mais lindo do que isso. ■ Reunir o Casal de Dançarinos Kurt Stättner D urante 25 anos, trabalhei no centro da Cidade de Wiener Neustadt, Áustria. Num dia ameno de maio, estava passeando num calçadão no meu horário de almoço e vi uma livraria. Perto da porta, havia duas enormes caixas cheias de livros em promoção. Fiquei curioso para saber que tipo de obras estavam à venda a um preço tão baixo e peguei o livro de cima de uma das caixas. Sem nenhum interesse particular de comprá-lo, abri-o e vi o desenho de um casal dançando. Para minha grande surpresa, também encontrei o nome de Gretl Stättner. No mesmo instante, lembrei-me de que esse era o nome da segunda esposa de meu pai. Eu não pensara nela havia muitos anos. Meu pai era funcionário da alfândega, mas também um daneu pai çarino entusiasta conheceu e administrava sua sua própria escola segunda esposa, de dança. Alguns Gretl, em sua anos depois do escola de dança. divórcio de meus Eu sabia que ela pais, meu pai tinha o direito de conheceu a Gretl ser selada a ele. na escola de dança. Contudo, o relacionamento deles foi curto, pois meu pai morreu de complicações de uma apendicite ainda jovem, aos 35 anos. Quando estava à beira da morte no hospital, acho que ele esperava que Gretl fosse cuidar de mim, pois sabia que minha mãe não se importava comigo. Por esse motivo, meu pai casou-se com a Gretl apenas três horas antes de falecer. Entretanto, a Gretl ainda era muito nova e estava sob a influência dos pais. Como ela não tinha como cuidar de mim, cresci em famílias adotivas temporárias. Enquanto eu estava na livraria segurando o livro, vendo não só o nome Stättner, mas também o casal que dançava, subitamente percebi que essa era a esposa legal de meu pai. M Ela tinha o direito de ser selada a ele. Minhas pesquisas subseqüentes mostraram que a Gretl nunca se casara de novo e que morara em Viena, onde possuíra um salão de pedicuro. Eu também recordava seu nome de solteira e onde residira sua família, os Weißenbergs. Eu e minha esposa tentamos contatá-los, mas ficamos decepcionados ao verificar que nenhum membro da família estava vivo. Fizemos uma visita ao cemitério, mas nada obtivemos no início, pois a lápide do jazigo familiar trazia apenas uma lista de sobrenomes. Então, ocorreu-nos que alguém tinha de pagar pelo túmulo e sua manutenção e consultamos as autoridades para tentar obter informações sobre o proprietário. Foi-nos dado um nome que nos levou a Viena, a uma senhora que, como logo ficamos sabendo, era sobrinha de Gretl. Ela forneceu-nos não só todas as datas necessárias para a realização das ordenanças do templo pela Gretl, mas também dados sobre todos os membros da família falecidos: pais, avós e tios. Por coincidência, tomamos também conhecimento de que, quando jovens, minha esposa e a sobrinha de Gretl tinham entrado na mesma escola secundária na mesma época e ambas tinham-se formado no mesmo dia. Como o mundo é pequeno. Eu e minha esposa enviamos o nome de todos os familiares ao templo e então realizamos pessoalmente as ordenanças no Templo de Frankfurt Alemanha. Sou profundamente grato por essa oportunidade e tenho a firme convicção de que o fato de encontrar o livro de minha madrasta não foi mera coincidência. Nossa conversa com a sobrinha revelou que a Gretl tivera muitos livros e que a sobrinha doara alguns, guardara outros e vendera uma parte. Somente um livro chegara a Wiener Neustadt e fui eu que o achei. ■ A LIAHONA JUNHO DE 2006 47 COMENTÁRIOS O Tempo do Senhor A Igreja mudou minha vida e a de meus entes queridos. Senti o Espírito em muitas ocasiões. O estudo das escrituras e dos artigos redigidos por nossos profetas e líderes auxiliaram-me imensamente. Um artigo de grande utilidade foi “Ocasião” (Outubro de 2003), do Élder Dallin H. Oaks, do Quórum dos Doze Apóstolos. Confio no Senhor completamente e sei que há um tempo para todas as coisas. Gostaria de agradecer ao Élder Oaks por esse artigo que tanto me ajudou e fortaleceu meu testemunho do Senhor Jesus Cristo. Victor Santana Arias, República Dominicana e seu Talento Deix BRILHAR! Eu e meu marido gostaríamos de agradecer-lhes pela grande variedade de belas fotografias que estamos acostumados a ver na revista A Liahona e principalmente dar os parabéns pelas maravilhosas imagens em preto e branco das edições de conferência geral. Muitíssimo obrigada aos fotógrafos habilidosos que tornam possíveis essas verdadeiras jóias de arte visual. Somos extremamente gratos por ter olhos para ver tais imagens e ler o conteúdo desta revista maravilhosa em nosso próprio idioma, mês após mês. Obrigada! Iranilson Leite Machado, Brasil Injeção de Ânimo O Desejo de Pregar o Evangelho Desejo agradecer-lhes por esta maravilhosa revista! Temos pouquíssimos materiais da Igreja em russo, então cada edição de A Liahona é uma nova injeção de ânimo para permanecermos dignos por um bom tempo. Obrigado também pela coluna Perguntas e Respostas. São exatamente os questionamentos que preocupam nossos jovens. Está Invadindo-me a Alma Sergei Antamanov, Rússia Carmen T. De Ruscitti, Venezuela Ao preparar-me para a missão de tempo integral, estou estudando materiais inspiradores, entre os quais A Liahona. Gostaria de agradecer pela edição de fevereiro de 2005 e principalmente pelo belo artigo do Élder e Irmã Christensen, “Sete Lições para Compartilhar o CONCEPÇÕES ARTÍSTICAS INSPIRADAS NO NOVO TESTAMENTO Em 2007, publicaremos materiais relacionados ao Novo Testamento, que será ensinado na Escola Dominical. Artistas profissionais podem enviar obras-de-arte inspiradas no Novo Testamento para serem submetidas a nossa apreciação. Remetam amostras de seu trabalho para [email protected] ou mandem pelo correio exemplares coloridos para New Testament Art, Liahona Magazine, 50 E. North Temple St., Room 2420, Salt Lake City, UT 84150-3220, USA. Favor enviar apenas cópias, pois não serão devolvidas. Data-limite: 31 de outubro de 2006. 48 Evangelho”. Ele inspirou-me e aumentou meu desejo de proclamar o evangelho. Ao refletir sobre esse artigo, compreendi melhor a grande importância desta obra. O desejo de pregar o evangelho está invadindome a alma. A COLHEITA DO SENHOR, MARILEE CAMPBELL, REPRODUçÃO PROIBIDA Jóias de Arte Visual Reunião Mundial de Treinamento de Liderança Apoio à Família 11 DE FEVEREIRO DE 2006 Os discursos da Reunião Mundial de Treinamento de Liderança estão incluídos nas revistas A Liahona e Ensign de junho de 2006 e no site www.lds.org para que os membros os utilizem com a família e para o ensino. A IGREJA DE JESUS CRISTO DOS SANTOS DOS ÚLTIMOS DIAS É L D E R DAV I D A . B E D N A R Do Quórum dos Doze Apóstolos O Ideal Doutrinário do Casamento F omos enfaticamente aconselhados pela Primeira Presidência a dedicar o melhor de nossos esforços ao fortalecimento do casamento e do lar. Essas instruções nunca foram tão necessárias quanto no mundo de hoje, quando a santidade do casamento está sendo atacada e a importância do lar está sendo enfraquecida. Embora a Igreja e seus programas apóiem o casamento e a família, e geralmente sejam bem-sucedidos 50 nisso, devemos sempre lembrar esta verdade básica: Nenhuma organização ou instituição pode tomar o lugar do lar ou desempenhar suas funções essenciais.1 Conseqüentemente, falarei hoje a vocês, primeiro, como homens e mulheres, como marido e mulher, como pai e mãe—e em segundo lugar como líderes do sacerdócio e das auxiliares da Igreja. Minha designação é abordar o papel essencial do casamento eterno no plano de felicidade de nosso Pai Celestial. Enfocaremos o ideal doutrinário do casamento. Minha esperança é que uma análise de nossas possibilidades eternas e um lembrete de quem somos e por que estamos aqui na mortalidade proporcionem orientação, consolo e esperança fortalecedora a todos nós, independentemente de nosso estado civil ou situação pessoal atual. A disparidade entre o ideal doutrinário do casamento e a realidade da vida diária pode às vezes parecer muito grande, mas vocês estão gradualmente agindo e se tornando muito melhores do que provavelmente percebem. Por que o Casamento É Essencial Em “A Família: Proclamação ao Mundo”, a Primeira Presidência e o Conselho dos Doze Apóstolos afirmaram “que o casamento entre homem e mulher foi ordenado por Deus e que a família é essencial ao plano do Criador para o destino eterno de Seus filhos”.2 Essa importante frase da proclamação nos ensina muito sobre o significado doutrinário do casamento e salienta a importância do casamento e da família no plano do Pai. O casamento justo é um mandamento e um passo essencial no processo de criação de um relacionamento familiar FOTOGRAFIA DE CAPA: CRAIG DIMOND; FOTOGRAFIA: WELDEN C. ANDERSEN E JOHN LUKE, EXCETO SE INDICADO O CONTRÁRIO; FOTOGRAFIA DE UM CASAL EM UM BALANÇO E DE ALIANÇAS: ROBERT CASEY. REPRODUÇÃO PROIBIDA O Casamento É Essencial ao Plano Eterno de Deus Peço que tenham em mente as seguintes perguntas ao abordarmos os princípios relacionados ao casamento eterno: Pergunta 1: Em minha própria vida, estou me esforçando para me tornar um marido ou esposa melhor, ou me preparando para ser um marido ou esposa, ao compreender e aplicar esses princípios básicos? Pergunta 2: Como líder do sacerdócio ou auxiliar, estou ajudando as pessoas a quem sirvo a compreender e aplicar esses princípios básicos, fortalecendo assim o casamento e o lar? Ao refletirmos fervorosamente a respeito dessas perguntas e pensarmos em nosso próprio relacionamento conjugal e em nossas responsabilidades na Igreja, testifico que o Espírito do Senhor iluminará nossa mente e nos ensinará as coisas que precisamos fazer e onde melhorar (ver João 14:26). amoroso que pode ser perpetuado além da morte. Duas importantes razões doutrinárias ajudam-nos a compreender por que o casamento eterno é essencial ao plano do Pai. Razão 1: A natureza do espírito masculino e a do feminino completam-se e aperfeiçoam-se mutuamente e, portanto, o homem e a mulher devem progredir juntos rumo à exaltação. A natureza e a importância eternas do casamento só podem ser plenamente entendidas dentro do conceito abrangente do plano do Pai para Seus filhos. “Todos os seres humanos — homem e mulher — foram criados à imagem de Deus. Cada indivíduo é um filho (ou filha) gerado em espírito por pais celestiais que o amam e, como tal, possui natureza e destino divinos.”3 O grande plano de felicidade possibilita que os filhos e filhas espirituais do Pai Celestial obtenham um corpo físico, adquiram experiência terrena e progridam rumo à perfeição. “O sexo (masculino ou feminino) é uma característica essencial da identidade e do propósito pré-mortal, mortal e eterno de cada um”4 e, em grande medida, define quem somos, por que estamos aqui na Terra e o que devemos fazer e nos tornar. Para propósitos divinos, os espíritos masculinos e femininos são diferentes, distintos e complementares. Depois que a Terra foi criada, Adão foi colocado no Jardim do Éden. É importante notar, contudo, que Deus disse que não era bom que o homem estivesse sozinho (Gênesis 2:18; Moisés 3:18), e Eva tornou-se a companheira e adjutora de Adão. A combinação ímpar de capacidades espirituais, físicas, mentais e emocionais do homem e da mulher é necessária para levar a efeito o plano de felicidade. Individualmente, nem o homem nem a mulher pode cumprir os propósitos de sua criação. Por desígnio divino, homens e mulheres devem progredir juntos rumo à perfeição e a uma plenitude de glória. Como os homens e as mulheres diferem em temperamento e capacidade, eles devem trazer para A L I A H O N A JUNHO DE 2006 51 o relacionamento conjugal suas próprias perspectivas e experiências. O homem e a mulher contribuem de modo diferente, porém igual para uma unidade e união que não podem ser alcançadas de nenhuma outra forma. O homem completa e aperfeiçoa a mulher, e a mulher completa e aperfeiçoa o homem, à medida que aprendem um com o outro e se fortalecem e se abençoam mutuamente. “Nem o homem é sem a mulher, nem a mulher sem o homem, no Senhor” (I Coríntios 11:11; grifo do autor). Razão 2: Por desígnio divino, o homem e a mulher são ambos necessários para trazer filhos à mortalidade e para oferecer-lhes o melhor ambiente para que eles cresçam e sejam nutridos. O mandamento dado na antiguidade a Adão e Eva de multiplicaremse e encherem a Terra continua válido hoje em dia. “Deus ordenou que os poderes sagrados de procriação sejam empregados somente entre homem e mulher, legalmente casados. Os meios pelos quais a vida mortal é criada foi designada por Deus.”5 Portanto o casamento entre um homem e uma mulher é o canal autorizado pelo qual os espíritos pré-mortais entram na mortalidade. A completa abstinência sexual antes do casamento e a total fidelidade no casamento protegem a santidade desse canal sagrado. Um lar com um marido e uma esposa amorosos e leais é a composição suprema, na qual os filhos podem ser criados com amor e retidão — e na qual as necessidades espirituais e físicas dos filhos podem 52 ser atendidas. Assim como as características exclusivas dos homens e das mulheres contribuem para a plenitude de um relacionamento conjugal, essas mesmas características são vitais para criar, cuidar e ensinar os filhos. “Os filhos têm o direito de O Élder Parley P. Pratt expressou de modo muito belo as bênçãos que recebemos ao aprendermos, compreendermos e nos esforçarmos para aplicar em nossa vida o ideal doutrinário do casamento. nascer dentro dos laços do matrimônio e de ser criados por pai e mãe que honrem os votos matrimoniais com total fidelidade.”6 Princípios Orientadores As duas razões doutrinárias que analisamos sobre a importância do casamento eterno no plano de felicidade do Pai sugerem princípios orientadores para aqueles que estão se preparando para o casamento, para os que são casados e para nosso serviço na Igreja. Princípio 1: A importância do casamento eterno somente pode ser compreendida no contexto do plano de felicidade do Pai. Freqüentemente falamos sobre o casamento e o enfatizamos como a unidade fundamental da sociedade, o alicerce de uma nação forte e uma instituição sociológica e culturalmente vital. Mas o evangelho restaurado ajuda-nos a compreender que ele é muito mais do que isso! Será que falamos sobre o casamento sem ensinarmos devidamente a importância do casamento no plano do Pai? Destacar o casamento sem vinculá-lo à doutrina simples e fundamental do plano de felicidade não provê suficiente orientação, proteção ou esperança num mundo que se torna cada vez mais confuso e iníquo. Bem faríamos em lembrar o ensinamento de Alma — de que “Deus deu mandamentos [aos filhos dos homens] depois de ter-lhes revelado o plano de redenção” (Alma 12:32; grifo do autor). O Élder Parley P. Pratt expressou de modo muito belo as bênçãos que recebemos ao aprendermos, compreendermos e nos esforçarmos para aplicar em nossa vida o ideal doutrinário do casamento: “Foi Joseph Smith quem me ensinou a valorizar e amar o carinhoso relacionamento de pai e mãe, marido e mulher; irmão e irmã, filho e filha. Foi com ele que aprendi que a esposa que está dentro do meu coração pode ser unida a mim para esta vida e por toda a eternidade; e que as refinadas emoções e afetos que nos FOTOGRAFIA DE FLOR E FAMÍLIA: STEVE BUNDERSON. REPRODUÇÃO PROIBIDA; FOTOGRAFIA DE PARLEY P. PRATT. REPRODUÇÃO PROIBIDA aproximaram um do outro emanaram da fonte do divino amor eterno. (. . .) Eu já havia amado, mas não sabia por quê. Mas agora amava — com uma pureza — uma intensidade de sentimentos elevados e exaltados que erguem minha alma acima das coisas transitórias deste mundo abjeto e a expandem como o oceano. (. . .) Em resumo, agora posso amar com o espírito e também com o entendimento. Mas, naquela época, meu querido e amado irmão Joseph Smith (. . .) simplesmente ergueu um canto do véu e permitiu que eu vislumbrasse rapidamente a eternidade.”7 Como homens e mulheres, maridos e esposas, e como líderes da Igreja, será que conseguimos ver que a importância do casamento eterno somente pode ser compreendida no contexto do plano de felicidade do Pai? A doutrina do plano dá esperança a homens e mulheres e prepara-os para o casamento eterno, sobrepujando temores e incertezas que podem fazer com que alguns adiem ou evitem o casamento. Uma compreensão correta do plano também fortalece nossa determinação de honrar firmemente o convênio do casamento eterno. Nosso aprendizado individual, nosso ensino e nossos testemunhos tanto no lar quanto na Igreja serão magnificados, se ponderarmos e compreendermos mais plenamente essa verdade. Princípio 2: Satanás deseja que todos os homens e mulheres sejam tão miseráveis quanto ele. Lúcifer ataca impiedosamente e distorce as doutrinas que mais importam para nós individualmente, para nossa família e para o mundo. Onde o adversário está concentrando seus ataques mais diretos e diabólicos? Satanás trabalha sem cessar para confundir a compreensão dos sexos, para promover o uso prematuro e iníquo do poder de procriação e impedir o casamento justo — precisamente porque o casamento foi ordenado por Deus e a família é um ponto central do plano de felicidade. Os ataques do adversário contra o casamento eterno continuarão a aumentar em intensidade, freqüência e sofisticação. Como hoje estamos engajados em uma guerra pelo bem-estar do casamento e do lar, em minha última leitura do Livro de Mórmon prestei especial atenção à maneira pela qual os nefitas se prepararam para suas batalhas contra os lamanitas. Observei que o povo de Néfi “conhecia o intento de [seus inimigos] e, portanto, prepararam-se para enfrentálos” (Alma 2:12–13; grifo do autor). Ao ler e estudar, aprendi que um entendimento do intento do inimigo é um requisito-chave para a preparação eficaz. Devemos igualmente ponderar o intento de nosso inimigo nessa guerra dos últimos dias. O plano do Pai foi criado para orientar Seus filhos, ajudá-los a ser felizes e levá-los em segurança de volta à presença Dele. Os ataques de Lúcifer contra o plano visam confundir os filhos e filhas de Deus, torná-los infelizes e impedir seu progresso eterno. O grande intento do pai de todas as mentiras é que todos nos tornemos tão miseráveis quanto ele (ver 2 Néfi 2:27), e ele trabalha para distorcer os elementos do plano do Pai que ele mais odeia. Satanás não tem um corpo; não pode casar-se e não terá família. Ele se esforça persistentemente para confundir os propósitos divinamente designados dos sexos, do casamento e da família. Vemos em todo o mundo a prova crescente da eficácia do trabalho de Satanás. Mais recentemente, o diabo tentou combinar e tornar legalmente válida a A L I A H O N A JUNHO DE 2006 53 54 se aproximam do Senhor (ver 3 Néfi 27:14), ao aprenderem a servir e a amar-se mutuamente, ao compartilharem experiências de vida e crescerem juntos e se tornarem um e à medida que são abençoados pela união de suas naturezas distintas, eles começam a se dar conta da plenitude que o Pai Celestial deseja para Seus filhos. A felicidade final, que é o próprio objetivo do plano do Pai, é recebida por meio da realização e cumprimento Marido e mulher se tornam mais unidos à medida que, individualmente e com firmeza, “se achegam a Cristo”. honroso dos convênios do casamento eterno. Como homens e mulheres, maridos e esposas e como líderes da Igreja, uma de nossas maiores responsabilidades é a de ajudar os jovens a aprenderem sobre o casamento justo e a prepararem-se para ele por meio de nosso exemplo pessoal. Se os rapazes e moças observarem a dignidade, a lealdade, o sacrifício e o cumprimento honroso dos convênios em nosso casamento, eles, então, procurarão imitar os mesmos princípios em seu relacionamento de namoro e casamento. Se os jovens perceberem que fizemos do conforto e conveniência de nosso companheiro ou companheira eterna a nossa maior prioridade, então eles se tornarão menos egoístas e mais capazes de doar-se, de servir e de criar igualmente um relacionamento duradouro. Se os rapazes e as moças notarem que existe respeito mútuo, afeto, confiança e amor entre o marido e a mulher, então se esforçarão para cultivar essas mesmas características na vida deles. Nossos filhos e os jovens da Igreja aprenderão mais com o que fazemos e com o que somos — mesmo que se lembrem relativamente pouco do que dizemos. Infelizmente, muitos membros jovens da Igreja atualmente têm receio e tropeçam em seu progresso rumo ao casamento eterno porque viram muitos divórcios no mundo e muitos convênios quebrados em seu lar e na Igreja. O casamento eterno não é apenas um contrato legal temporário que pode ser encerrado a qualquer momento por qualquer motivo. Ao contrário, trata-se de um convênio sagrado com Deus que pode ser válido nesta vida e por toda a eternidade. A lealdade e a fidelidade no casamento não podem limitar-se a palavras bonitas proferidas em sermões, mas devem ser princípios evidentes em nosso próprio relacionamento de convênio de casamento. Ponderando a importância de nosso exemplo pessoal, será que discernimos áreas em que precisamos melhorar? Será que o Espírito Santo está inspirando nossa mente e abrandando nosso coração — e nos incentivando a agirmos e sermos melhores? Como líderes do sacerdócio e das DETALHE DE ELE RESSUSCITOU: DEL PARSON. REPRODUÇÃO PROIBIDA; FOTOGRAFIA: DEREK ISRAELSEN. REPRODUÇÃO PROIBIDA confusão sobre os sexos e o casamento. Se olharmos para além da mortalidade e para a eternidade, é fácil discernir que as alternativas falsas que o adversário defende jamais poderão conduzir à plenitude que se torna possível pelo selamento de um homem e uma mulher, à felicidade de um casamento justo, à alegria de uma posteridade ou às bênçãos do progresso eterno. Tendo em vista o que sabemos sobre o intento do inimigo, cada um de nós deve ficar particularmente atento ao buscar inspiração pessoal sobre como podemos proteger e salvaguardar nosso próprio casamento—e sobre como podemos aprender e ensinar princípios corretos no lar e em nossas designações da Igreja referentes ao significado eterno dos sexos e o papel do casamento no plano do Pai. Princípio 3: As maiores bênçãos de amor e felicidade são obtidas por meio do relacionamento no convênio do casamento eterno. O Senhor Jesus Cristo é o ponto central de um relacionamento de convênio do casamento. Observem como o Salvador se encontra no ápice desse triângulo, com a mulher na base de um dos ângulos e o homem na base do outro ângulo. Pensem agora no que acontece no relacionamento entre marido e mulher à medida que eles, individualmente e com firmeza, “se achegam a Cristo” e se esforçam para serem perfeitos Nele (Morôni 10:32). Graças ao Redentor e por intermédio Dele, marido e mulher se aproximam um do outro. À medida que o marido e a mulher auxiliares, será que estamos concentrando nossos esforços no fortalecimento do casamento e do lar? O marido e a mulher precisam passar um tempo juntos para fortalecerem-se mutuamente e fortalecerem seu lar contra os ataques do adversário. Em nosso empenho de magnificar nossos chamados na Igreja, estamos involuntariamente impedindo os maridos e esposas, os pais e mães, de cumprirem suas sagradas responsabilidades no lar? Por exemplo: Será que às vezes marcamos reuniões desnecessárias e atividades que acabam interferindo no relacionamento essencial entre marido e mulher e no relacionamento deles com os filhos? Ao ponderarmos sinceramente essas questões, tenho certeza de que o Espírito nos está ajudando neste exato momento e continuará a nos ajudar a aprender as coisas que devemos fazer no lar e na Igreja. Os Recursos Espirituais de que Precisamos Nossa responsabilidade de aprender e compreender a doutrina do plano, de apoiar e sermos um exemplo de um casamento justo, e de ensinar princípios corretos no lar e na igreja pode fazer com que nos perguntemos se estamos à altura da tarefa. Somos pessoas comuns que precisamos realizar um trabalho extraordinário. Há muitos anos, minha mulher e eu estávamos atarefadamente tentando dar conta das inúmeras exigências simultâneas de uma família jovem e cheia de energia — e da Igreja, carreira e responsabilidades comunitárias. Certa noite, depois que Uma de nossas maiores responsabilidades é a de ajudar os jovens a aprenderem sobre o casamento justo e a prepararem-se para ele por meio de nosso exemplo pessoal. as crianças foram dormir, conversamos muito sobre a eficácia com que estávamos cuidando de todas as nossas prioridades importantes. Demonos conta de que não receberíamos as bênçãos prometidas na eternidade se não honrássemos mais plenamente o convênio que tínhamos feito na mortalidade. Resolvemos juntos agir e ser melhores como marido e mulher. Essa lição aprendida há tantos anos fez uma enorme diferença em nosso casamento. A doce e simples doutrina do plano de felicidade nos proporciona uma preciosa perspectiva eterna — e ajuda-nos a compreender a importância do casamento eterno. Fomos abençoados com todos os recursos espirituais de que necessitamos. Temos a plenitude da doutrina de Jesus Cristo. Temos o Espírito Santo e a revelação. Temos as ordenanças de salvação, convênios e templos. Temos o sacerdócio e profetas. Temos as santas escrituras e o poder da palavra de Deus. Temos A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Testifico que fomos abençoados com todos os recursos espirituais de que necessitamos para aprender sobre o casamento justo, para ensinálo e fortalecê-lo — e que realmente podemos viver juntos e felizes como marido e mulher e família na eternidade. No sagrado nome de Jesus Cristo. Amém. ■ NOTAS 1. Ver Carta da Primeira Presidência, 11 de fevereiro de 1999; ver A Liahona, dezembro de 1999, p. 1. 2. “A Família: Proclamação ao Mundo”, A Liahona, outubro de 2004, p. 49. 3. A Liahona, outubro de 2004, p. 49. 4. A Liahona, outubro de 2004, p. 49. 5. A Liahona, outubro de 2004, p. 49. 6. A Liahona, outubro de 2004, p. 49. 7. Autobiography of Parley P. Pratt, ed. Parley P. Pratt Jr. (1938), pp. 297–298. A L I A H O N A JUNHO DE 2006 55 Uma Solene Responsabilidade de Amar e Cuidar uns dos Outros É L D E R L . TO M P E R R Y Do Quórum dos Doze Apóstolos Equilibrar Nossas Responsabilidades O assunto que me foi designado é a seguinte frase da proclamação sobre a família: “O marido e a mulher têm a solene responsabilidade de amar-se mutuamente e amar os filhos”.1 Quero abordar esse assunto de modo diferente do que vocês estão acostumados em outras reuniões de treinamento. Não citarei muitos manuais. Em vez disso, 56 quero falar de coração para coração sobre o seu serviço no reino de nosso Pai Celestial. O propósito de nos reunirmos é compreendermos melhor como equilibrar nossas responsabilidades de amar e cuidar de nossa família, com os outros chamados especiais que o Pai Celestial nos deu. Quando a Igreja foi organizada em 6 de abril de 1830, o Profeta Joseph Smith recebeu uma revelação que hoje é a vigésima primeira seção de Doutrina e Convênios. Uma parte da revelação diz o seguinte: “Eis que um registro será escrito entre vós; e nele serás [Joseph Smith] chamado vidente, tradutor, profeta, apóstolo de Jesus Cristo, élder da igreja pela vontade de Deus, o Pai, e pela graça de vosso Senhor Jesus Cristo, Sendo inspirado pelo Espírito Santo a lançar o alicerce dela e edificá-la para a santíssima fé. (. . .) Portanto vós, ou seja, a igreja, dareis ouvidos a todas as palavras e mandamentos que ele vos transmitir à medida que ele os receber, andando em toda santidade diante de mim; Pois suas palavras recebereis como de minha própria boca, com toda paciência e fé” (D&C 21:1–2, 4–5). Entre as primeiras instruções dadas à Igreja recém-organizada, estava a de seguir a inspiração e a revelação provenientes do Senhor, por intermédio de Seu profeta no cumprimento de nossas responsabilidades de edificar Seu reino. Ele prometeu orientar-nos no curso que teríamos de seguir para levar adiante essa grande obra. O Conselho do Profeta Creio que o Presidente Gordon B. Hinckley, nosso profeta atual, deu-nos a chave para conseguirmos equilibrar nossas responsabilidades, em uma reunião mundial de treinamento de liderança anterior, realizada em 21 de junho de 2003. Naquela transmissão ele declarou: “Vocês (...) têm o privilégio de representar o Redentor do mundo ao levarmos adiante este trabalho. Vocês têm o privilégio de falar da maravilha que é a Expiação do Senhor Jesus Cristo em favor de Seus filhos e filhas. Acaso existe privilégio maior do que esse? Regozijem-se por esse privilégio que é seu. Sua oportunidade de servir não vai durar para sempre. Muito em breve, haverá apenas a lembrança da grandiosa experiência que estão tendo agora. Nenhum de nós realizará tudo que desejamos. Mas façamos o melhor que pudermos. Tenho certeza de que FOTOGRAFIA: ROBERT CASEY. REPRODUÇÃO PROIBIDA Em todas as épocas da história, Deus deu Sua lei divina a fim de salvaguardar e proteger a união sagrada entre marido e mulher. o Redentor então dirá: ‘Bem está, servo bom e fiel’ (Mateus 25:21).” 2 Como devem lembrar, naquela transmissão ele explicou as quatro partes de nossas responsabilidades. A primeira se aplica ao assunto que estamos abordando nesta transmissão. Ele declarou: “Primeiro, é fundamental que não negligenciem sua família. Nada que vocês possuem é mais precioso. Sua esposa e filhos merecem a atenção de seu marido e pai. No final de tudo, é o relacionamento familiar que levaremos para além desta vida. Parafraseando as escrituras: ‘Pois que aproveita ao homem servir fielmente na Igreja e perder sua própria família?’ (ver Marcos 8:36).”3 Essa tem sido a mensagem constante de nossos profetas desde os primeiros dias da organização da Igreja. O lugar mais importante para o ensino e a liderança do evangelho é a família e o lar. Se seguirmos essas instruções, receberemos designações e planejaremos programas, atividades e cursos que complementarão e apoiarão nossa família. A maneira como utilizamos o nosso tempo e mantemos o equilíbrio na vida é fundamental para a forma como desempenharemos nossos deveres familiares e nosso serviço na Igreja. Disciplinem-se de forma a seguir o conselho do profeta sobre como determinamos as prioridades do uso de nosso tempo. Cristo e a alcançarem a vida eterna. A vida eterna é a maior dádiva de Deus a Seus filhos e somente é obtida por meio de um relacionamento familiar. Esse relacionamento precisa começar com a união entre marido e mulher, que é sagrada para o Senhor e não deve ser tratada levianamente. O convênio do casamento é essencial ao plano do Senhor e ao propósito pelo qual Ele criou o céu e a Terra. Em todas as épocas da história, Ele deu Sua lei divina a fim de salvaguardar e proteger a união sagrada entre marido e mulher. Seu(Sua) Companheiro(a) Eterno(a) Comecem conversando com seu companheiro ou companheira eterna sobre quanto tempo precisam passar juntos para fortalecer seu casamento e expressar o amor que sentem um pelo outro. Essa é sua maior prioridade. A Igreja existe para ajudar as pessoas e famílias a achegarem-se a Seus Filhos Segundo, pensem nas necessidades espirituais de seus filhos. Quanto tempo é necessário para assegurar que vocês estão próximos deles? É sua responsabilidade, como pai e mãe, prover um tempo adequado para eles, pois a educação mais importante que os filhos recebem Estabelecer Prioridades Adequadas A L I A H O N A JUNHO DE 2006 57 deve vir dos pais. Precisamos conhecer bem o que a Igreja ensina a nossos filhos para que estejamos em harmonia com esses ensinamentos ao instruirmos cada filho. Por exemplo: O folheto Para o Vigor da Juventude, citando a proclamação da família, dá aos jovens o seguinte conselho sobre a família: “A felicidade na vida familiar é mais provável de ser alcançada quando fundamentada nos ensinamentos do Senhor Jesus Cristo. O casamento e a família bem-sucedidos são estabelecidos e mantidos sob os princípios da fé, da oração, do arrependimento, do perdão, do respeito, do amor, da compaixão, do trabalho e de atividades recreativas salutares.”4 O folheto prossegue: “Ser parte de uma família é uma grande bênção. Sua família pode proporcionar-lhes companheirismo e felicidade, auxiliá-los a aprender princípios corretos em uma atmosfera de amor e ajudá-los a preparar-se para a 58 vida eterna. Nem todas as famílias são iguais, mas cada uma delas é importante para o plano do Pai Celestial. Façam sua parte para edificar um lar feliz. Sejam agradáveis, úteis e atenciosos com os outros. Muitos problemas no lar são criados porque os membros da família falam ou agem de modo egoísta ou maldoso. Interessem-se pelas necessidades de outras pessoas da família. Procurem ser pacificadores em vez de provocar, brigar e discutir. Lembrem-se de que a família é a unidade mais sagrada da Igreja.”5 Prover o Sustento de Sua Família Nossa terceira prioridade é prover o sustento de nossa unidade familiar. Citando novamente a proclamação sobre a família: “Segundo o modelo divino, o pai deve presidir a família com amor e retidão, tendo a responsabilidade de atender às necessidades de seus familiares e de protegê-los.”6 Precisamos manter boas aptidões para ter um emprego rentável. Num mundo que está mudando sempre, precisamos manter-nos atualizados ou nossas aptidões se tornarão obsoletas. Mesmo que estejamos atarefados em designações da Igreja, não devemos deixar passar oportunidades de ampliar nosso desenvolvimento e melhorar o bem-estar de nossa família. Isso exige um investimento adequado de tempo e um planejamento a fim de preparar-se para o futuro. Esse conselho se aplica tanto às irmãs quanto aos irmãos. Embora a responsabilidade de prover o sustento da família caiba primariamente ao pai, a proclamação declara que “enfermidades, falecimentos ou outras circunstâncias”7, podem exigir que vocês, irmãs, usem ou desenvolvam aptidões para o sustento da família. Servir na Igreja O quarto item em nossas prioridades é a nossa dedicação no tempo FOTOGRAFIA: STEVE BUNDERSON. EXCETO INDICAÇÃO AO CONTRÁRIO, A REPRODUÇÃO É PROIBIDA; PROFETA AMERICANO: DEL PARSON; FOTOGRAFIA: WAGON © PHOTOSPIN; FOTOGRAFIA DE MULHERES: DANNY SOLETA A educação mais importante que os filhos recebem deve vir dos pais. que passamos nas atividades da Igreja. As famílias ativas da Igreja valorizam o tempo que passam na Igreja e tomam decisões na vida familiar de modo a abrir espaço para isso. Os líderes precisam ter especial sensibilidade a diferentes situações familiares ao fazerem chamados e criarem expectativas. As famílias com crianças pequenas nas quais ambos os pais têm chamados pesados, que os tiram de casa, provavelmente sentirão que as atividades da Igreja interferem em sua vida familiar. Os líderes da Igreja podem ajudar, reconhecendo e valorizando o esforço dos membros em equilibrar o serviço na Igreja com suas responsabilidades familiares. Envolver os Membros da Família Existem maneiras de aumentarmos o convívio com a nossa família enquanto servimos em chamados na Igreja, envolvendo a família, quando adequado, em nosso serviço na Igreja. Quero dar-lhes um exemplo pessoal. Existem maneiras de aumentarmos o convívio com a nossa família enquanto servimos em chamados na Igreja. Meu pai serviu como bispo durante minha juventude. Era um homem ocupado e muito atarefado em seu trabalho como advogado. Também era muito ativo nas questões cívicas e bastante requisitado como orador público. E, além disso, era pai de seis filhos. Sempre serei grato por meu pai ter estabelecido corretamente suas prioridades. Minha mãe sempre foi sua primeira prioridade. Isso era visível pela maneira como ele a tratava. A isso se seguia uma real dedicação a cada um dos filhos. Quando eu tinha cerca de seis anos, ganhei um carroção vermelho como presente de Natal. Ele era exatamente igual a esta miniatura. O pequeno carroção vermelho criou um vínculo real entre meu pai e eu. Em sua vida atarefada, ele tinha que encontrar maneiras de envolver a família em suas atividades, sem diminuir sua própria produtividade. Grande parte de seu serviço como bispo aconteceu durante a Grande Depressão da década de 1930. Muitos dos membros de nossa ala estavam em situação desesperadora. Como bispo, ele tinha a responsabilidade de suprir os meios para a sobrevivência deles. Essa parecia ser uma boa atividade para um bispo, seu filho e um carroçãozinho vermelho. Eu voltava para casa da escola e encontrava empilhados ao lado da garagem — farinha, açúcar, trigo e outros mantimentos. Sabia, então, que naquela noite meu pai e eu ficaríamos juntos. Quando ele voltava para casa, o pequeno carroção vermelho estava carregado de suprimentos que seriam levados a uma família. Nós dois, caminhando juntos e conversando, cumpríamos nossa designação de bem-estar entregando mantimentos aos necessitados. Pude testemunhar pessoalmente o amor e carinho que um bom líder do sacerdócio tinha pelos membros de sua ala. Mais importante que isso, tive a oportunidade de passar um tempo precioso com meu pai. Concentrar-se nas Prioridades Básicas Quero incentivá-los a fazer o que lhes ensinamos na primeira reunião mundial de treinamento de liderança. Lembro a vocês que todas as unidades da Igreja estão em estágios diferentes de desenvolvimento e todas as unidades têm necessidades diferentes. Quando estivermos planejando nossos programas da Igreja, as famílias precisam ser levadas em consideração. A L I A H O N A JUNHO DE 2006 59 a família a alcançar salvação e exaltação no reino eterno do céu. O Guia da Família Há vários anos, publicamos um Guia da Família especial. Era para ser usado por todos os membros, especialmente pelos recém-conversos ou aqueles que tinham pouca experiência na Igreja. Incentivamos vocês a usá-lo. Ele começa com a declaração: “A família é a unidade básica de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e o grupo social mais importante no tempo e na eternidade. Deus estabeleceu as famílias com o intuito de proporcionar felicidade a nós, Seus filhos, para que aprendêssemos princípios corretos numa atmosfera amorosa e nos preparássemos para a vida eterna. O lar é o melhor local para o ensino, o aprendizado e a aplicação dos princípios do evangelho.”8 Mais uma vez incentivamos vocês para que consultem os ensinamentos úteis desse livreto. O Exemplo do Salvador Nosso Senhor e Salvador ministrou pessoalmente às pessoas, erguendo os abatidos, dando esperança aos desanimados e buscando os perdidos. Por meio de Suas palavras e ações, mostrou às pessoas que as amava, compreendia e valorizava. Ele reconhecia a natureza divina e o valor eterno de cada indivíduo. Mesmo quando chamava as pessoas ao arrependimento, condenava o pecado sem condenar o pecador. Da mesma forma que nosso Salvador, como líderes da Igreja devemos amar as pessoas a quem servimos, expressar carinho e preocupação a cada uma delas individualmente. Que o Senhor nos abençoe na sagrada responsabilidade que Ele nos concedeu, é minha oração. Em nome de Jesus Cristo. Amém. ■ NOTAS 1. “A Família: Proclamação ao Mundo”, A Liahona, outubro de 2004, p. 49. 2. “Regozijar-nos pelo Privilégio de Servir”, Treinamento Mundial de Liderança, 21 de junho de 2003, p. 22. 3. Treinamento Mundial de Liderança, 21 de junho de 2003, p. 22. 4. A Liahona, outubro de 2004, p. 49. 5. Para o Vigor da Juventude, (folheto, 2001), p. 10. 6. A Liahona, outubro de 2004, p. 49. 7. A Liahona, outubro de 2004, p. 49. 8. Guia da Família, (2001), p. 1. O Guia da Família (código do material 31180 059) pode ser obtido nos centros de distribuição e centros de serviço da Igreja. 60 CRISTO COM AS CRIANÇAS: HARRY ANDERSON; FOTOGRAFIA: BUSATH PHOTOGRAPHY Advirto novamente que não podemos sobrecarregar nossos membros com mais de um chamado além do de mestre familiar e de professora visitante. Disciplinem-se a aterem-se às prioridades básicas e ficarão surpresos de ver como a inspiração do Senhor vai orientá-los ao cumprirem suas responsabilidades como servos em Seu reino. O enfoque principal da Igreja restaurada é proporcionar-nos oportunidades de ajudarmos o Senhor em Sua obra — de levar a efeito a imortalidade e vida eterna do homem. Fazemos isso principalmente fortalecendo a família. Em uma época de declínio moral, incertezas políticas, agitação internacional e instabilidade econômica, nosso enfoque no fortalecimento e estabilização da família precisa ser ampliado e magnificado. O próprio propósito da Igreja é auxiliar Os Pais Têm um Dever Sagrado B O N N I E D. PA R K I N Presidente Geral da Sociedade de Socorro Responsabilidades Familiares S e eu pudesse fazer com que uma coisa acontecesse aos pais e líderes desta Igreja seria que sentissem o amor do Senhor na vida deles a cada dia, ao cuidarem dos filhos do Pai Celestial. Talvez não seja algo que eu diga que vá tocarlhes o coração, mas o que o Espírito sussurrar para vocês. Sigam essa doce inspiração. Lembro-me vividamente de quando a Proclamação sobre a Família nos foi dada: 23 de setembro de 1995. Eu estava sentada no Tabernáculo, na Reunião Geral da Sociedade de Socorro. O Presidente Hinckley era o último orador. Ele apresentou “A Família: Proclamação ao Mundo”. Fez-se silêncio na congregação, mas foi acompanhado de um sentimento de entusiasmo, uma reação do tipo: “Sim — precisamos ajudar nossa família!” Lembro-me de ter sentido que aquilo era tão correto! Lágrimas correram-me pelo rosto. Ao olhar para outras irmãs sentadas ao meu redor, pareceu-me que elas estavam tendo sentimentos semelhantes. Havia tantas coisas na proclamação, que mal pude esperar para conseguir uma cópia e estudá-la. A proclamação afirma a dignidade das mulheres. É significativo notar que ela foi dada em primeiro lugar para as mulheres da Igreja na Reunião Geral da Sociedade de Socorro — sei que o Presidente Hinckley valoriza as mulheres. Estamos todos aqui como líderes da Igreja. Somos muito ocupados. Mas precisamos lembrar-nos — tal como vocês — de que nossa principal responsabilidade é para com a nossa família. Lembrem-se, ela é uma das poucas bênçãos que levaremos conosco para a eternidade!1 Newel K. Whitney era um bispo nos primórdios da Igreja em Kirtland. Tal como vocês, bispos de hoje, ele devia estar muito atarefado fazendo muitas coisas boas. Mas foi repreendido pelo Senhor e recebeu o mandamento de “pôr em ordem sua família (. . .)” (D&C 93:50; grifo da autora). Irmãos e irmãs, esse conselho se aplica a todos nós. Muitos de vocês são pais e avós, ou talvez o sejam algum dia. Mas quer sejam casados ou não, somos todos membros de uma família. Pensem um minuto em sua própria família. O que vocês amam nela? Eis uma coisa que amo na minha: Fico muitíssimo feliz por meus quatro filhos adorarem a companhia uns dos outros. Que doutrina sobre a família é ensinada na Proclamação? Gostaria de enfocar um parágrafo. “Segundo o modelo divino, o pai deve presidir a família com amor e retidão, tendo a responsabilidade de atender às necessidades de seus familiares e de protegêlos. A responsabilidade primordial da mãe é cuidar dos filhos. Nessas atribuições sagradas, o pai e a mãe têm a obrigação de ajudar-se mutuamente como parceiros iguais.”2 Adoro as palavras: “Segundo o modelo divino”. Sermos pais faz parte do modelo divino do Pai Celestial para Seus filhos. Como pais, temos a divina responsabilidade de prover o sustento, proteger e cuidar de nossa família. Como esses princípios — prover, proteger e nutrir — nos ajudam a criar filhos justos? Prover A Proclamação diz que os pais devem prover “as necessidades” da vida. Mas quais são essas necessidades? Sim, são um teto sobre a cabeça A L I A H O N A JUNHO DE 2006 61 e comida na mesa. Mas graças ao plano do evangelho, sabemos que há mais do que isso. Incluem aptidões — coisas que edificam o caráter. Vejamos alguns exemplos. Provemos as necessidades de nossos filhos quando os ensinamos a trabalhar. Quero contar-lhes sobre meu neto Jacob. Ele não queria ir para a escola. A mãe dele tentou muitas coisas. Por fim, sentou-se com ele e disse: “O papel do papai é trabalhar e ganhar dinheiro. Meu papel é ficar em casa e cuidar de você, de seus irmãos e de sua irmã. E seu papel é ir para a escola”. Quando Jacob compreendeu o princípio, ele o aceitou e foi para a escola. Também ensinamos nossos filhos a trabalhar esperando que façam tarefas e, quando adequado, que trabalhem fora de casa. Ajudamos nossos filhos a prover seu próprio sustento ensinando-lhes o valor do trabalho. Comecem cedo! Meu marido diz que a maior dádiva que seu pai lhe deu foi a independência — porque o ensinou a trabalhar. Administrar nossas finanças é algo que também nos ajuda a sermos bons 62 provedores. Como pais, planejem juntos o seu orçamento. Ensinem a seus filhos a diferença entre desejos e necessidades. Não coloquem fardos financeiros indevidos nos ombros de seu cônjuge. Quando o Presidente Hinckley nos aconselhou a livrar-nos das dívidas, um pai que conheço sentou-se com seus filhos casados e perguntou como estavam as finanças deles. Ficou surpreso ao descobrir que dois tinham grandes dívidas. Perguntou-lhes, então, se poderia ajudá-los a fazer um plano. Os estudos e a instrução possibilitam aos pais proverem o sustento da família. Incentivem seus filhos a conseguirem toda instrução que puderem. Em alguns países, os jovens não conseguem se qualificar para os empréstimos do Fundo Perpétuo para a Educação porque não concluíram o curso médio. No mundo atual, é importante que os pais continuem a aprender. Proteger O segundo princípio é proteger. Proteção do quê? Do perigo — tanto físico quanto espiritual. Protegemos nossos filhos quando ensinamos que eles têm valor divino, quando vamos para a Igreja em família, quando realizamos a Reunião de Noite Familiar, quando oramos em família, quando estudamos juntos as escrituras. Isso tudo é muito simples, mas testifico que proporciona uma vigorosa proteção. A Proclamação ensina que os pais têm o dever sagrado de proteger os filhos. Os maus-tratos podem ser emocionais, como subestimar o cônjuge ou um filho, tratá-los como se fossem inúteis negando amor e afeição. O pai não protege a família quando bate na esposa ou nos filhos. Uma irmã da África Ocidental disse que antes de filiar-se à Igreja o pai batia na mãe e nos filhos. “Agora”, disse ela, “ele nos trata com respeito e ternura porque sabe que somos filhos de Deus”. Os pais protegem os filhos prestando atenção nos amigos que eles escolhem. Uma adolescente ficou zangada quando o pai a questionou sobre suas atividades noturnas. O pai explicou que a proclamação dizia que ele devia ser o protetor de sua família e que ele amava a filha e era por isso que queria certificar-se de que ela estaria segura. Precisamos também proteger nossos filhos das influências da mídia. Saibam o que seus filhos estão assistindo na televisão, no cinema e na casa dos amigos. Se tiverem um computador em casa, certifiquem-se de que seja um instrumento para coisas “virtuosas, amáveis, de boa fama ou louváveis” (13ª Regra de Fé). Somos protegidos quando seguimos o profeta vivo. De que modo vocês foram protegidos como família ao seguirem o conselho do Presidente Hinckley de lerem o Livro de Mórmon? FOTOGRAFIA: STEVE BUNDERSON, ROBERT CASEY, CRAIG DIMOND E MATTHEW REIER Recebi recentemente a carta de uma irmã da Inglaterra. Ela escreveu: “Minha família teve muitas dificuldades no ano passado quando meu marido decidiu não ir mais à Igreja. Ele tinha sido ativo a vida inteira e já fizera parte de bispados. Clamei do fundo do coração ao Senhor para saber o que fazer para não ter ressentimentos nem amargura. Realizava a noite familiar e as orações em família sozinha com meus filhos. Certa vez no templo, senti-me inspirada, por causa do desafio de ler o Livro de Mórmon, a não mais ler as escrituras sozinha com meus filhos, mas a levar as crianças e as escrituras até onde quer que meu marido estivesse na casa. Portanto, todas as noites, às nove horas, íamos procurá-lo. Ele está lendo conosco — não o fez a princípio, mas agora o faz. Está indo às reuniões da Igreja, juntase a nós na oração familiar e lidera os debates sobre o evangelho. Meus filhos foram instrumentos do Senhor e levaram a palavra do amor que redime a meu marido. Isso tem sido uma grande bênção para minha família”. Nutrir O terceiro princípio é nutrir. Com que isso se parece? O que é nutrir? Como é nutrir? Nutrir se assemelha a gostar, parece-se com esta escritura: “Com persuasão, com longanimidade, com brandura e mansidão e com amor não fingido; com bondade” (D&C 121:41–42). Vou dar-lhes alguns exemplos. Penso que nutrir se parece com disciplinar com amor. Uma jovem mãe pára seu filho quando ele não obedece. Toma o rosto dele nas mãos, olha em seus olhos e diz: “Ouça o que estou dizendo”. Precisamos ensinar nossos filhos a tomarem decisões sábias, mas não podemos remover as conseqüências de suas ações. Lembrem-se de que a base do plano de nosso Pai Celestial é o arbítrio. O que é nutrir? Grande parte do ensino e da formação de relacionamentos na família acontece em breves momentos não planejados durante a rotina diária. A mesa de jantar é um lugar para conectar-nos uns aos outros, compartilhar nossas atividades do dia, ouvir e incentivar-nos mutuamente e rir juntos. Sei que o riso alivia o fardo. Queridos pais e mães, estabeleçam um horário regular para as refeições de seus entes queridos. Vocês encerram sua função de pais quando seus filhos estão crescidos e moram sozinhos? Não, isso nunca tem fim. Estamos envolvidos no trabalho de criar uma família eterna. Enquanto meu marido e eu servíamos em uma missão na A L I A H O N A JUNHO DE 2006 63 Inglaterra, um de nossos filhos veio visitar-nos com a família. Lembro-me de tê-lo ouvido dizer: “Viemos porque precisamos ser nutridos”. Uma vez pais, sempre pais. Isso não é o máximo? Ao terminar de ler o Livro de Mórmon em dezembro, fiquei impressionada ao ver que até Mórmon aconselhou seu filho adulto, Morôni: “Sê fiel em Cristo, meu filho; (...) possa Cristo animar-te (...) e sua misericórdia e longanimidade e a esperança de sua glória e da vida eterna permaneçam em tua mente para sempre” (Morôni 9:25). Como é nutrir? Às vezes é difícil conseguir mais de uma palavra como resposta da boca de um adolescente. Eis uma pergunta que descobri ser extremamente útil para mudar isso: “Qual é o maior desafio ou problema que você está enfrentando agora?” Isso abre as portas para que os jovens compartilhem o que sentem. E quando eles o fizerem, apenas escutem! Não julguem, nem aconselhem, nem façam coisa alguma. Apenas escutem. Ficarão impressionados com as conexões e vínculos que se formarão. Bispos e conselheiros, essa mesma pergunta pode ser muito poderosa ao entrevistarem os jovens em suas alas. Criar soa como orar em família. Uma das lembranças mais duradouras que tenho de meu pai é a de ajoelhar com meus irmãos e minha irmã junto à cama de meus pais, em seu pequeno quarto, e ouvir meu pai suplicar ao Pai Celestial que abençoasse nossa mãe que estava no hospital. Ouvir meu pai expressar-se do fundo do coração ajudou-me a saber que há um Deus no céu que nos ouve. Orem por seus 64 filhos a respeito da escola e peçam proteção para eles durante o dia. Nossos filhos ficam sabendo de nosso amor e expectativas quando nos ouvem orar por eles. Fortalecer a Família Como líderes, de que modo vocês fortalecem e apóiam as famílias das pessoas que vocês servem? Podem usar esses mesmos princípios — prover, proteger e nutrir — para fortalecer as famílias de sua ala. Os líderes apóiam os pais honrandoos, e não passando à frente deles para assumir os cuidados de um filho. Vocês podem ser mentores e compartilhar interesses, mas respeitem a maneira como os pais gostariam que as coisas fossem feitas. Uma mãe disse: “Sempre me pareceu que as últimas pessoas que meus filhos adolescentes queriam ouvir eram meu marido e eu. Às vezes, meus filhos, cedendo à pressão de amigos, deixavam de ouvir os pais. Sou grata pelos sábios líderes da Igreja que aconselharam nossos filhos. Eles nunca assumiram nosso papel de pais. Eles os ouviram, mas apoiaram nossa orientação e os encaminharam de volta a nós”. Como família, todos temos necessidades. Quero deixar algumas palavras do fundo do coração para as mães que criam os filhos sozinhas. Gostaria de contar a vocês a história de uma mãe de cinco filhos, cujo marido foi enviado ao Iraque em 2003. Ela contou: “Quando meu marido partiu para o Iraque, no início de fevereiro, tínhamos três carros bons. Contudo, em novembro, todos os carros quebraram e não pudemos consertar dois deles. Nessa mesma época, meu filho de dezessete anos veio me dizer que não planejava servir em uma missão porque não tinha certeza se o evangelho era verdadeiro. Se houve um momento em minha vida no qual eu precisava das bênçãos do sacerdócio, foi naquele momento. Não me lembro dos detalhes de quando e onde, mas lembro-me claramente de ter recebido mais de uma bênção de portadores do sacerdócio dedicados, durante aquela época. Sempre soube que podia chamar meus mestres familiares e que eles viriam. Nenhum deles conseguiu consertar minha perua, mas puderam dar-me uma bênção do sacerdócio muito necessária e encontrar alguém que pudesse consertar o carro”. Dedicados mestres familiares fizeram algo muito significativo para aquela família, e eles podem fazer o mesmo para toda família em que o pai ou a mãe esteja criando os filhos sozinhos, conhecendo-a, conquistando sua confiança e concedendo bênçãos do sacerdócio. Bispos, líderes de grupos de sumos sacerdotes, presidentes de quórum de élderes — aquelas mães precisam das bênçãos do sacerdócio no lar, assim como as nossas extraordinárias irmãs solteiras. O Presidente Hinckley admoestounos, há dez anos, sobre “a mancha que lentamente cobre o mundo”, na época em que a Proclamação foi publicada. Aquela declaração profética reafirmou “os padrões, doutrinas e práticas referentes à família” do Senhor.3 Por outro lado, o mundo tenta ditar o papel das mulheres e da maternidade. As mulheres de hoje ouvem que precisam de uma carreira Os líderes apóiam os pais honrando-os, e não passando à frente deles para FOTOGRAFIA: DEREK SMITH assumir os cuidados de um filho. emocionante, de organizações das quais possam participar e, se tiverem os recursos, de filhos. O honroso papel de mãe está cada vez mais fora de moda. Quero deixar isso bem claro: Não podemos permitir que o mundo menospreze o que sabemos que nos foi dado por desígnio divino. Irmãs, gostaria de falar diretamente a vocês por alguns instantes. Como membros da Sociedade de Socorro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, é nossa bênção e responsabilidade cuidar da unidade familiar e apoiá-la. Todas nós pertencemos a uma família, e toda família precisa ser fortalecida e protegida. Minha maior ajuda para tornar-me uma dona de casa veio, em primeiro lugar, de minha própria mãe e de minha avó e, em seguida, das irmãs da Sociedade de Socorro das diversas alas em que moramos. Aprendi a fazer coisas e vi o exemplo da alegria que sentimos ao criarmos um lar onde as pessoas querem estar. A partir de janeiro de 2006, haverá novas diretrizes para as reuniões e atividades de Aprimoramento Pessoal e Doméstico. Elas têm maior flexibilidade para que todas as irmãs participem. Líderes da Sociedade de Socorro, certifiquem-se de que as reuniões e atividades que vocês planejarem fortaleçam o lar de todas as irmãs. As professoras visitantes são outro instrumento de apoio à família. Espero que todas tenham a oportunidade de ser professoras visitantes. As professoras visitantes não apenas fortalecem uma irmã espiritualmente, mas também têm a oportunidade única de ajudar e verificar as necessidades dela. Líderes da Sociedade de Socorro, sejam diligentes em suas reuniões do comitê de bem-estar e ao relatarem as necessidades espirituais e materiais identificadas por suas professoras visitantes. O Puro Amor de Cristo Aos casados, peço que pensem: O que fez com que se apaixonasse por seu cônjuge? Lembrar essas coisas pode encher seu coração de perdão. Expressem seu amor um pelo outro. Uma mulher pode fazer a diferença na vida do marido ao edificar sua autoconfiança. Um marido pode iluminar até o dia mais sombrio com três simples palavras: “Eu amo você”. Uma das maiores dádivas que os pais podem dar aos filhos é mostrar-lhes que se amam. Nosso papel como pais na criação de filhos justos é prover o sustento, proteger e cuidar e fazemos isso como parceiros iguais. Fazemos o mesmo como líderes. Ser líder é um trabalho árduo. Ser pai ou mãe é um trabalho árduo. Ficamos desanimados, mas continuamos em frente. Creio que aprendemos muito sobre o puro amor de Cristo em nossa família e por meio do serviço na Igreja. Como pais e líderes, precisamos dar a nossos filhos o amor que o Pai Celestial nos concede. Em Morôni 8:17, lemos: “Estou cheio de caridade, que é amor eterno”. Acrescentem a isso as palavras do Senhor: “Como que com um manto, revesti-vos do vínculo da caridade, que é o vínculo da perfeição e paz” (D&C 88:125). Convido-os a vestirem o manto da caridade em todas as suas atividades e a envolverem sua família no puro amor de Cristo. Como famílias e líderes, envolvamos nossos entes queridos com o manto da caridade para que possamos voltar à presença de nosso Pai Celestial e viver com Ele juntos para sempre. Em nome de Jesus Cristo. Amém. ■ NOTAS 1. Ver Gordon B. Hinckley, “Regozijar-nos pelo Privilégio de Servir”, Treinamento Mundial de Liderança, 21 de junho de 2003, p. 22. 2. “A Família: Proclamação ao Mundo”, A Liahona, outubro de 2004, p. 49. 3. “Enfrentar com Firmeza as Artimanhas do Mundo”, A Liahona, janeiro de 1996, 100. A L I A H O N A JUNHO DE 2006 65 Lares Celestiais— Famílias Eternas P R E S I D E N T E T H O M A S S. M O N S O N Primeiro Conselheiro na Primeira Presidência Edificar um Lar Eterno É com muita humildade que represento a Primeira Presidência como o último orador desta reunião. Fomos inspirados e edificados pelas palavras do Élder Bednar, do Élder Perry e da irmã Parkin. Nossos pensamentos se centralizaram no lar e na família ao sermos relembrados que “o lar é a base de uma vida digna, e nenhuma outra coisa pode substituí-lo nem cumprir suas funções essenciais”.1 Um lar é muito mais do que uma casa construída com madeira, tijolos 66 ou pedras. Um lar é feito de amor, sacrifício e respeito. Somos responsáveis pelo lar que construímos. Precisamos edificar com sabedoria, porque a eternidade não é uma viagem curta. Haverá calmarias e ventos, sol e trevas, alegria e tristezas. Mas se realmente tentarmos, nosso lar pode ser um pedaço do céu aqui na Terra. As coisas que pensamos, as ações que praticamos, a vida que levamos, não apenas influenciam o sucesso de nossa jornada terrena, como também assinalam o caminho para nossas metas eternas. Algumas famílias da Igreja são compostas de mãe, pai e filhos, todos em casa, ao passo que outras testemunharam a triste partida de um, depois outro e mais outro de seus membros. Às vezes, uma única pessoa compõe uma família. Seja qual for sua composição, a família tem continuidade — porque as famílias podem ser eternas. Podemos aprender com o Arquiteto Mestre — sim, o Senhor. Ele nos ensinou como precisamos edificar. Ele declarou: “[Toda] casa dividida contra si mesma não subsistirá” (Mateus 12:25). Mais tarde, admoestou: “Eis que minha casa é uma casa de ordem (. . .) e não uma casa de confusão” (D&C 132:8). Em uma revelação dada por intermédio do Profeta Joseph Smith em Kirtland, Ohio, em 27 de dezembro de 1832, o Mestre aconselhou: “Organizai-vos; preparai todas as coisas necessárias e estabelecei uma casa, sim, uma casa de oração, uma casa de jejum, uma casa de fé, uma casa de aprendizado, uma casa de glória, uma casa de ordem, uma casa de Deus” (D&C 88:119; ver também 109:8). Onde poderíamos encontrar uma planta mais adequada com a qual Ele pudesse edificar sábia e devidamente? Essa casa respeitaria o código de construção descrito em Mateus, sim, uma casa construída “sobre a rocha” (Mateus 7:24, 25; ver também Lucas 6:48; 3 Néfi 14:24, 25), uma casa capaz de suportar as chuvas da adversidade, as enchentes da oposição e os ventos da dúvida, que estão sempre presentes em nosso mundo desafiador e em constante mudança. Alguns poderiam perguntar: “Mas essa revelação foi dada para orientar a construção de um templo. Será que ela é relevante hoje em dia?” Eu responderia: “Acaso não declarou o Apóstolo Paulo: ‘Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?’” (I Coríntios 3:16). Deixem que o Senhor seja o empreiteiro geral de nosso projeto de construção. Depois, todos podemos ser mestres-de-obras, responsáveis por partes vitais do projeto inteiro. Todos então seremos construtores. Além de edificar o nosso FOTOGRAFIA: BUSATH PHOTOGRAPHY E MATTHEW REIER; A IMAGEM DE CRISTO: HEINRICH HOFMANN, CORTESIA DE C. HARRISON CONROY CO. próprio lar, também temos a responsabilidade de ajudar a edificar o reino de Deus aqui na Terra, servindo fiel e eficazmente em nossos chamados na Igreja. Gostaria de prover-lhes diretrizes divinas, lições de vida e pontos a ponderar ao começarmos a construir. Ajoelhem-se para Orar “Confia no Senhor de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas” (Provérbios 3:5–6). Assim falou o sábio Salomão, filho de Davi, rei de Israel. Neste continente americano, Jacó, o irmão de Néfi, declarou: “Confiai em Deus com a mente firme e orai a ele com grande fé” (Jacó 3:1). Esse conselho divinamente inspirado chega até nós hoje tão claro quanto água cristalina a uma Terra ressecada. Vivemos numa época complicada. Há bem poucas gerações atrás, ninguém poderia imaginar o mundo em que vivemos hoje e os problemas que nele existem. Estamos cercados pela imoralidade, pornografia, violência, drogas e uma infinidade de outros males que afligem a sociedade moderna. Temos o desafio, sim, a O Mestre aconselhou: “Organizai-vos; preparai todas as coisas necessárias e estabelecei uma casa, sim, uma casa de oração, uma casa de jejum, uma casa de fé”. A L I A H O N A JUNHO DE 2006 67 68 temos diante de nós. Contudo, sempre contamos com ajuda. Ele que conhece cada um de Seus filhos responderá nossa oração fervorosa e sincera, se buscarmos ajuda para guiá-los. Essa oração resolverá mais problemas, aliviará mais sofrimentos, evitará mais transgressões e proporcionará mais paz e alegria à alma humana do que qualquer outra coisa. Além de precisarmos dessa orientação para nossa própria família, fomos chamados a cargos em que temos responsabilidade por outros: como bispo ou conselheiro, como líder de um quórum do sacerdócio ou de uma organização auxiliar. Líder, você tem a oportunidade de exercer uma grande influência na vida de outras pessoas. Pode haver aqueles que têm familiares menos ativos ou não-membros; alguns podem ter-se afastado dos pais, não dando atenção a suas súplicas e conselhos. Podemos muito bem ser o instrumento nas mãos do Senhor para fazer algo importante na vida de alguém em tal situação. Sem a orientação de nosso Pai Celestial, porém, não podemos fazer tudo a que fomos chamados a fazer. Essa ajuda vem por meio da oração. Foi perguntado a um famoso juiz americano o que nós, como cidadãos dos países do mundo, poderíamos fazer para reduzir o crime e a desobediência à lei e trazer paz e alegria à nossa vida e ao nosso país. Ele respondeu, pensativo: “Eu sugeriria uma volta ao antigo costume de orar em família”. Como povo, quão gratos somos pelo fato de a oração familiar não ser um costume antiquado entre nós. Há um significado real neste conhecido ditado: “A família que ora unida, permanece unida”. O próprio Senhor ordenou que tivéssemos oração familiar, ao dizer: “Orai ao Pai no seio de vossa família, sempre em meu nome, a fim de que vossas mulheres e vossos filhos sejam abençoados” (3 Néfi 18:21). Como pais, professores e líderes em qualquer cargo, não podemos nos dar ao luxo de tentar realizar essa jornada potencialmente perigosa pela mortalidade, sem o auxílio celeste para ajudar-nos na orientação daqueles que estão sob nossa responsabilidade. Ao oferecermos a Deus nossas orações familiares e pessoais, façamos isso com fé e confiança Nele. Ajoelhem-se para orar. Aceitem a Tarefa de Servir Tomemos, como exemplo, a vida do Senhor. Tal como um brilhante facho de luz de virtude foi a vida de Jesus, ao ministrar entre os homens. Ele deu força aos membros do inválido, visão aos olhos dos cegos, audição aos ouvidos dos surdos e vida ao corpo dos mortos. Suas parábolas pregavam Seu poder. Com a parábola do bom samaritano Ele ensinou: “Ama teu semelhante” (ver Lucas 10:30–35). Por meio de Sua bondade para com a mulher apanhada em adultério, Ele ensinou a compreensão compassiva FOTOGRAFIA: ROBERT CASEY responsabilidade de não apenas manter-nos “[imaculados]” (Tiago 1:27), mas também de guiar nossos filhos e outras pessoas sob nossa responsabilidade com segurança através dos mares tempestuosos do pecado que nos cercam, para que possamos voltar a viver um dia com nosso Pai Celestial. A educação de nossa própria família exige nossa presença, nosso tempo e o máximo de nosso empenho. Para sermos eficazes em nosso ensino, precisamos ser vigorosos em nosso exemplo para os membros de nossa família estar disponíveis para passar algum tempo com cada um deles e também para aconselhar e orientar. Freqüentemente nos sentimos sobrecarregados com a tarefa que (ver João 8:3–11). Em Sua parábola dos talentos, Ele nos ensinou a progredir e a esforçar-nos para alcançar a perfeição (ver Mateus 25:14–30). Ele bem poderia estar nos preparando para nosso papel na edificação de uma família eterna. Cada um de nós — seja um líder do sacerdócio ou de uma organização auxiliar — é responsável por seu chamado sagrado. Fomos designados para o trabalho ao qual fomos chamados. Em Doutrina e Convênios 107:99 o Senhor disse: “Portanto agora todo homem aprenda seu dever e a agir no ofício para o qual for designado com toda diligência”. Ao ajudarmos a abençoar e fortalecer os que estão sob nossa responsabilidade em nossos chamados na Igreja, estamos de fato, abençoando e fortalecendo sua família. Assim, o serviço que realizamos em nossa família e em nossos chamados na Igreja pode ter conseqüências eternas. Há muitos anos, como bispo em uma ala grande e heterogênea, de mais de mil membros, localizada no centro de Salt Lake City, enfrentei inúmeros desafios. Certa tarde de domingo, recebi o telefonema do proprietário de uma drogaria que ficava dentro dos limites de nossa ala. Ele disse que naquela manhã, um rapaz tinha ido até sua loja e comprado um sorvete. Ele pagara a compra com dinheiro que havia tirado de um envelope e depois, quando saiu, esqueceu de levar o envelope. Quando o proprietário teve a chance de examiná-lo, descobriu que era um envelope de oferta de jejum com o nome e o telefone de nossa ala impresso nele. Ao descrever-me o menino que estivera em sua loja, imediatamente identifiquei quem era: um jovem diácono de nossa ala que fazia parte de uma família menos ativa. Minha primeira reação foi ficar chocado e desapontado ao pensar que um de nossos diáconos havia coletado dinheiro de oferta de jejum para ajudar os necessitados e tinha ido a uma loja no domingo para comprar guloseimas com /’esse dinheiro. Decidi visitar aquele menino naquela tarde para ensiná-lo a respeito dos fundos sagrados da Igreja e ‘/de seu dever como diácono de coletar e proteger esse dinheiro. Ao dirigir-me para sua casa, fiz uma oração silenciosa pedindo orientação sobre como abordar a situação. Cheguei e bati na porta. A mãe do menino abriu a porta e me convidou para entrar na sala de estar. Embora a sala estivesse mal iluminada, pude ver que era pequena e pobre. Os poucos móveis que ali havia estavam bem estragados. A própria mãe parecia muito cansada. Minha indignação pelos atos do filho naquela manhã desapareceu de meus pensamentos ao me dar conta que ali estava uma família realmente necessitada. Senti-me inspirado a perguntar à mãe se havia comida na casa. Com lágrimas nos olhos, ela admitiu que não havia nada. Disse-me que o marido estava desempregado havia algum tempo e que eles estavam precisando desesperadamente não apenas de comida, mas também de dinheiro para pagar o aluguel para que não fossem despejados daquela casa tão pequena. Não mencionei o assunto das doações de oferta de jejum, pois me dei conta de que o menino O serviço que realizamos em nossa família e em nossos chamados na Igreja pode ter conseqüências eternas. provavelmente estava desesperadamente faminto quando parou na farmácia. Em vez disso, cuidei imediatamente para que a família fosse ajudada, para que tivessem alimento para comer e um teto sobre a cabeça. Além disso, com a ajuda dos líderes do sacerdócio da ala, conseguimos arranjar emprego para o marido para que ele pudesse prover o sustento da família no futuro. Como líderes do sacerdócio e das auxiliares, temos o direito de receber a ajuda do Senhor ao magnificarmos nossos chamados e cumprirmos nossas responsabilidades. Busquem a ajuda Dele e, quando a inspiração chegar, sigam essa inspiração para saberem aonde ir, quem A L I A H O N A JUNHO DE 2006 69 Estendam a Mão para Resgatar Em nossa jornada pela trilha da vida, haverá vítimas. Algumas saem da estrada que conduz à vida eterna, para descobrir que o atalho escolhido conduz a uma rua sem saída. A indiferença, a negligência, o egoísmo e o pecado, todos trazem sérias conseqüências em termos de vidas humanas. Há aqueles que, por motivo inexplicado, seguem por um caminho diverso, para mais tarde descobrirem 70 que seguiram o caminho da dor e do sofrimento. Em 1995, a Primeira Presidência, pensando naqueles que se perderam do rebanho de Cristo, publicou uma declaração especial chamada “Um Convite para Voltar”. A mensagem continha este apelo: “Para você que por qualquer motivo estiver fora do convívio da Igreja, dizemos: Volte. Convidamos você a retornar e partilhar da felicidade que conheceu. Você encontrará muitos com os braços abertos para recebê-lo, ajudá-lo e dar-lhe consolo. A Igreja precisa de sua força, amor, lealdade e devoção. Há um curso traçado e seguro pelo qual uma pessoa pode voltar a ter as bênçãos plenas de ser membro da Igreja, e estamos prontos para receber todos os que desejarem fazê-lo.” Talvez uma cena freqüentemente repetida vá ajudá-los a compreender melhor suas oportunidades pessoais de estender a mão para resgatar. Vejamos uma família que tem um filho chamado Jack. Durante toda a juventude de Jack, ele e seu pai brigaram muito. Certo dia, quando estava com 17 anos de idade, eles tiveram uma briga particularmente feia. Jack disse ao pai: “Essa foi a gota d’água. Vou sair de casa para nunca mais voltar!” Ele foi até o seu quarto e fez uma mala. A mãe implorou que ele ficasse, mas ele estava zangado demais para ouvir. Deixou-a chorando junto à porta. Saindo para o quintal, ele estava para atravessar o portão, quando ouviu o pai chamá-lo: “Jack, sei que grande parte da culpa por você sair de casa é minha. Eu realmente sinto muito por isso. Quero que saiba que quando quiser voltar, você será sempre bemvindo. E eu tentarei ser um pai melhor para você. Quero que saiba que eu amo você e sempre o amarei”. Jack não disse nada, mas foi para a estação rodoviária e comprou uma passagem para um lugar distante. Enquanto estava sentado no ônibus vendo os quilômetros passarem, seus pensamentos se voltaram para as palavras do pai. Ele começou a se dar conta de quanta coragem e quanto amor foram exigidos do pai para que ele dissesse aquilo. O pai tinha pedido perdão. Tinha-o convidado a voltar, e suas últimas palavras ficaram soando no ar quente de verão: “Eu amo você”. Jack sabia que o próximo passo deveria ser seu. Deu-se conta de que a única maneira de ter paz consigo mesmo era mostrar ao pai o mesmo tipo de maturidade, bondade e amor que o pai mostrara para com ele. Jack desceu do ônibus. Comprou uma FOTOGRAFIA: ROBERT CASEY; O SENHOR É MEU PASTOR: SIMON DEWEY. REPRODUÇÃO PROIBIDA visitar, o que dizer e como dizê-lo. Podemos ter uma idéia e pensar nela constantemente, mas somente quando a colocamos em prática, é que abençoamos vidas humanas. Sejamos verdadeiros pastores dos que estão sob nossa responsabilidade. John Milton escreveu este poema, “Lycidas”: “As ovelhas famintas erguem os olhos e não são alimentadas” (linha 125). O próprio Senhor disse ao profeta Ezequiel: “Ai dos pastores de Israel que (...) não [apascentam] as ovelhas” (Ezequiel 34:2–3). Temos a responsabilidade de cuidar do rebanho, das preciosas ovelhas, dos ternos carneiros que estão em toda parte — em casa em nossa própria família, nas casas de nossos parentes e esperando por nós em nossos chamados na Igreja. Jesus é nosso exemplo maior. Ele disse: “Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas” (João 10:14). Temos a responsabilidade de ser pastores. Que cada um de nós aceite a tarefa de servir. Sejamos verdadeiros pastores dos que estão sob nossa responsabilidade. passagem de volta e começou a viagem de volta para casa. Chegou pouco depois da meianoite, entrou na casa e acendeu a luz. Ali na cadeira de balanço estava seu pai, com a cabeça baixa. Quando ergueu o rosto e viu Jack, ele ergueu-se da cadeira. Os dois correram um para os braços do outro. Jack disse mais tarde: “Aqueles últimos anos que fiquei em casa estiveram entre os mais felizes da minha vida”. Ali estava um pai que, suprimindo a paixão e dominando o orgulho, estendeu a mão para resgatar seu filho, antes que ele se tornasse parte daquele imenso “batalhão perdido”, que resulta de famílias separadas e lares desfeitos. O amor é o grande remédio, o bálsamo que cura; o amor tão freqüentemente sentido, tão raramente expresso. Do monte Sinai ressoa em nossos ouvidos: “Honra teu pai e tua mãe” (Êxodo 20:12). E mais tarde, daquele mesmo Deus, veio o mandamento: “Juntos vivereis em amor” (D&C 42:45). Sigam a Planta do Senhor Ajoelhem-se para orar. Aceitem a tarefa de servir. Estendam a mão para resgatar. Cada uma dessas coisas é uma página essencial na planta de Deus para fazer da casa um lar, e do lar, um pedaço do céu. O equilíbrio é a chave para nós em nossas sagradas e solenes responsabilidades em nosso próprio lar e em nossos chamados na Igreja. Precisamos usar de sabedoria, inspiração e bom senso ao cuidarmos de nossa família e cumprirmos nossos chamados na Igreja, pois cada uma dessas coisas é de fundamental importância. Não podemos negligenciar nossa família; não podemos negligenciar nossos chamados na Igreja. Edifiquemos com aptidão, não tomemos atalhos e sigamos Sua planta. Então, o Senhor, nosso inspetor de construção, poderá dizernos, como disse quando apareceu a Salomão, um construtor de outra época: “Santifiquei a casa que edificaste, a fim de pôr ali o meu nome para sempre; e os meus olhos e o meu coração estarão ali todos os dias” (I Reis 9:3). Teremos então um lar celestial e uma família eterna e seremos capazes de ajudar, fortalecer e abençoar outras famílias também. Oro com muita humildade e sinceridade para que essa bênção seja concedida a cada um de nós. Em nome de Jesus Cristo. Amém. ■ NOTA 1. Carta da Primeira Presidência, de 11 de fevereiro de 1999; ver A Liahona, dezembro de 1999, p.1. A L I A H O N A JUNHO DE 2006 71 PA R A A S C R I A N Ç A S • A I G R E J A D E J E S U S C R I S TO D O S S A N TO S D O S Ú LT I M O S D I A S • J U N H O D E 2 0 0 6 OAmigo VINDE AO PROFETA ESCUTAR Grato pela Obra Missionária PRESIDENTE GORDON B. HINCKLEY recebi sua carta recentemente. Tenho apenavio que me levou à Inglaterra nas uma sugestão: esqueça-se de si mesmo atracou no porto de Plymouth na e dedique-se ao trabalho”. Pouco antes, noite de 1º de julho de 1933. Nós, naquela mesma manhã, eu e meu compaos três missionários a bordo, tomamos o nheiro lêramos as seguintes palavras do trem que partia do porto para Londres, onde Senhor: “Porque qualquer que quiser salvar chegamos tarde da noite. No dia seguinte, a sua vida, perdê-la-á, mas, qualquer que recebi a designação de ir para Preston, perder a sua vida por amor de mim e do Lancashire. Depois do que pareceu uma evangelho, esse a salvará” (Marcos 8:35). longa e solitária viagem ferroviária, fui receEssas palavras do Mestre, seguidas da Quando jovem, bido na estação por meu companheiro, que carta de meu pai, penetraram o âmago de o Presidente me levou a nossa humilde morada, perto da meu ser. Fui ao nosso quarto, ajoelhei-me e Hinckley serviu Capela Vauxhall, onde fora pregado o prifiz uma promessa solene ao Senhor. Fiz o como missionário meiro sermão missionário SUD em 1837. convênio de que tentaria esquecer a mim de tempo integral Meu companheiro anunciou então que nas Ilhas Britânicas. mesmo e perder-me em Seu serviço. iríamos para o centro da cidade para realizar Aquele dia de julho de 1933 foi meu Ele contou-nos uma reunião de rua. Fiquei apavorado. dia de decisão. Uma nova luz entrou em algumas de suas Cantamos um hino e fizemos uma oração. minha vida e uma nova alegria em meu experiências. Em seguida, ele passou-me a palavra. Um coração. A neblina da Inglaterra pareceu grupo de pessoas formou-se a nossa volta. Sua fisionodissipar-se e vi o sol brilhar. Minha experiência na mismia era ameaçadora. Na época, o mundo estava na fase são foi enriquecedora e maravilhosa e sempre serei mais crítica da Grande Depressão e a região de grato por isso. Lancashire fora duramente atingida. As pessoas eram Demos graças ao Senhor pelo evangelho glorioso pobres; calçavam tamancos de madeira. As roupas eram de Seu Filho Amado que foi restaurado na Terra. um reflexo dos tempos penosos em que viviam. Era difí- Lembremos que cada um de nós tem o privilégio e cil compreendê-las: eu vinha do Oeste dos Estados oportunidade de fazer nossa própria declaração de fé, Unidos e elas falavam um dialeto de Lancashire. coragem e verdade que culminará no cumprimento do Nas primeiras semanas, fiquei desanimado. Escrevi mandamento divino de levar o evangelho ao mundo. ● para meu bom pai e confiei-lhe que sentia estar desperDe “Taking the Gospel to Britain: A Declaration of Vision, Faith, diçando meu tempo e o dinheiro dele. Ele respondeu Courage, and Truth”, Ensign, julho de 1987, pp. 2–7, e “Missionary Journal”, Ensign, julho de 1987, pp. 8–11. com uma carta muito curta que dizia: “Querido Gordon, O A2 No Hyde Park em Londres, durante sua missão nas Ilhas Britânicas, o jovem Élder Hinckley atraía a atenção por ser um excelente orador. O AMIGO JUNHO DE 2006 A3 MEUS PADRÕES DO EVANGELHO MEUS PADRÕES DO EVANGELHO MEUS PADRÕES DO EVANGELHO MEUS PADRÕES DO EVANGELHO Seguirei o plano Recordarei meu Escolherei o que é Serei honesto com o do Pai Celestial convênio batismal certo. Sei que posso Pai Celestial, com o para mim. e ouvirei o Espírito arrepender-me próximo e comigo Santo. quando errar. mesmo. MEUS PADRÕES DO EVANGELHO MEUS PADRÕES DO EVANGELHO MEUS PADRÕES DO EVANGELHO MEUS PADRÕES DO EVANGELHO Usarei o nome do No Dia do Senhor, Honrarei meus pais Manterei minha Pai Celestial e de farei o que me e farei minha parte mente e meu corpo Jesus Cristo com ajudará a sentir-me para fortalecer sagrados e puros reverência. Não perto do Pai Celestial minha família. e não usarei empregarei palavras e Jesus Cristo. substâncias prejudiciais. vulgares ou impuras. MEUS PADRÕES DO EVANGELHO MEUS PADRÕES DO EVANGELHO MEUS PADRÕES DO EVANGELHO MEUS PADRÕES DO EVANGELHO Observarei o recato Lerei e verei apenas Ouvirei somente Buscarei bons amigos ao vestir-me a fim coisas do agrado músicas agradáveis e tratarei as pessoas de mostrar respeito do Pai Celestial. ao Pai Celestial. com bondade. ao Pai Celestial e Nota: Caso não queira arrancar as páginas da revista, faça uma fotocópia desta atividade, copie-a à mão ou imprima-a da Internet no site www.lds.org. Para a versão em inglês, clique em “Gospel Library”. Para os demais idiomas, clique no mapamúndi. A4 MEUS PADRÕES DO EVANGELHO Viverei hoje de modo a ser digno de ir ao templo um dia e farei minha parte para ter uma família eterna. FOTOGRAFIA: DAVID STOKER COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS a mim mesmo. TEMPO DE COMPARTILHAR GUARDAR OS MANDAMENTOS “Portanto, se guardardes seus mandamentos, ele vos abençoará e far-vos-á prosperar” (Mosias 2:22). L I N DA M A G L E B Y Daniel e outros jovens foram escolhidos pelo Rei Nabucodonosor para serem instruídos na língua e costumes do país. O soberano ordenou que fossem alimentados com carne e vinho. Daniel desejava obedecer aos mandamentos do Pai Celestial, por isso pediu permissão para que ele e seus amigos ingerissem comida saudável e bebessem apenas água por 10 dias. Depois desse período, o estado de saúde de Daniel e seus companheiros era melhor do que o de todos os demais jovens. Por não terem medo de guardar os mandamentos do Pai Celestial, Daniel e seus amigos foram abençoados (ver Daniel 1). Enquanto Trace, de 10 anos, e seus amigos estavam vendo televisão, começou um programa ao qual Trace sabia que não deveria assistir. Depois de alguns minutos, sentia-se péssimo. Finalmente, teve coragem de dizer: “Não posso ver esse programa”. Dois de seus amigos fizeram o mesmo. Eles mudaram de canal. Depois, a mãe de Trace disse-lhe que o sentimento que ele tivera era o Espírito Santo incentivando-o a escolher o que é certo. Trace e seus amigos foram abençoados com uma sensação de paz por terem cumprido os mandamentos do Pai Celestial. Daniel foi obediente na antigüidade e, assim como Trace, podemos ser obedientes hoje. O Espírito Santo nos ajudará a saber o que é certo e verdadeiro. O Espírito Santo nos guiará e ajudará a regressar ao Pai Celestial e Jesus. § Atividade Para fazer cartões de Meus Padrões do Evangelho, remova a página A4, cole-a em cartolina e depois recorte ao longo das linhas pontilhadas. Faça uma das atividades abaixo. 1. Sente-se em círculo com seus amigos ou familiares. Ao cantar um hino ou música, faça um dos cartões circular pelo grupo. Pare de cantar e peça à pessoa que estiver segurando o cartão que leia o padrão em voz alta e diga como isso pode ajudá-la a escolher o que é certo. Recomece a brincadeira. 2. Escolha um cartão para memorizar e tente viver esse padrão durante uma semana. Leia-o todos os dias e pense em como seguir esse padrão. Faça um relato de suas experiências a alguém da família. Idéias para o Tempo de Compartilhar 1. Mostre um cartaz com os Dez Mandamentos ou anote-os no quadro-negro (ver Êxodo 20:3–17). Em 20 pedaços de papel, escreva os números de 1 a 10 duas vezes — um número por pedaço. Coloque-os fora de ordem no chão, com a face escrita voltada para baixo. Trabalhando em duplas (uma criança mais nova com uma mais velha), faça um jogo da memória, pedindo à criança mais nova que jogue um saquinho de feijão sobre um dos papéis. Vire-a e peça à criança mais velha que jogue o saquinho de feijão em outro papel. Se o número do segundo papel for o mesmo do primeiro, retire-os e peça às crianças que recitem o mandamento em voz alta e demonstrem ou digam uma maneira pela qual podemos cumpri-lo. Se os números não corresponderem, vire os papéis para baixo de novo e passe a vez para a dupla seguinte. Continue até abordar todos os mandamentos. Use uma experiência pessoal para explicar como foi abençoado por guardar um mandamento. 2. Use paradas numa estrada para ajudar as crianças a aprender as Beatitudes. Comece contando a história do Sermão da Montanha. Use a gravura 212 do Pacote de Gravuras do Evangelho (Sermão da Montanha). Separe as crianças em quatro grupos e peça-lhes que andem pelas paradas. Em cada parada, conte uma história usando uma ilustração do Pacote de Gravuras do Evangelho relacionada a uma bem-aventurança. Discuta como as crianças podem viver o ensinamento e cantem um hino que trate do princípio. Por exemplo, leia Mateus 5:6 (“fome e sede de justiça”), mostre a gravura 217 do Pacote de Gravuras do Evangelho (A Mulher na Fonte), discuta o que podemos fazer para seguir Jesus Cristo e cantem um hino sobre o Salvador; leia Mateus 5:9 (“pacificadores”), mostre a gravura 311 do Pacote de Gravuras do Evangelho (Os Ânti-Néfi-Leítas Enterram Suas Espadas), discuta como podemos ser pacificadores no lar e na escola e cantem um hino sobre a bondade. ● O AMIGO JUNHO DE 2006 A5 DE UM AMIGO PARA OUTRO UMA DECISÃO FIRME De uma entrevista que o Élder E. Israel Pérez, que serviu como Setenta de Área de 1997 a 2005, concedeu a Melvin Leavitt, das Revistas da Igreja. M eus pais e meus três irmãos mais velhos foram batizados em Quetzaltenango, Guatemala, quando eu tinha apenas seis anos de idade. Sou grato pela sabedoria e coragem que demonstraram ao aceitar a verdade. Meus pais e maravilhosos professores da Primária ensinaram-me os princípios eternos do evangelho. Aprendi a amar nosso Pai Celestial e Seu Filho, Jesus Cristo, e a saber que o Pai Celestial sempre nos abençoa, caso sejamos obedientes. Na primeira vez que recebi a designação para fazer um pequeno discurso, fiquei apreensivo, pois não pronunciava a letra “r” corretamente. Não parava de me perguntar: “Como vou fazer?” Minha mãe tranqüilizou-me: “Deus vai abençoá-lo e tudo correrá bem”. E foi exatamente isso que aconteceu e nunca mais tive A6 dificuldade com a letra “r”. Aos oito anos de idade, fui batizado com calças brancas emprestadas. A roupa era grande demais, mas minha mãe dobrou a bainha e fixou-a com alfinetes. Funcionou muito bem até o momento em que as calças se molharam. Quando saí da água, o peso do tecido encharcado soltou os alfinetes. Tropecei na calça emprestada e caí de joelhos. Imediatamente, veio-me à mente a idéia de que esse tombo era um lembrete para que eu sempre me ajoelhasse e orasse para pedir o auxílio de nosso Pai Celestial em tudo. Quando fui ordenado diácono, senti que devia tomar algumas decisões importantes em minha vida. Tomar a resolução de nunca ingerir bebida alcoólica ou fumar e de ser obediente. Certa vez, aos 16 anos de idade, estava num restaurante com alguns amigos da Igreja. Um homem que conhecia um de nós entrou e disse: “Quero convidar todos vocês a tomarem um drinque aqui comigo agora!” ILUSTRAÇÃO: BETH M. WHITTAKER “Decidi este dia servir ao Senhor Deus que vos fez” (Moisés 6:33). Lembro-me de levantar e responder: “Nenhum de nós toma bebida alcoólica. Se quiser beber, vá procurar outra companhia.” Esse homem tinha mais de 20 anos, era bem maior do que eu e muito forte. Furioso, trouxe um copo de bebida até mim e exclamou: “Vou obrigar você a tomar isso!” Repliquei: “Nem tente fazer isso. As conseqüências podem não ser nada agradáveis”. Ele tentou agarrarme e forçar-me a beber. Logo em seguida, ele estava estirado no chão. Eu simplesmente não tinha força suficiente para defender-me daquele homem, mas o Não importa onde ou com quem estejamos; podemos sempre viver à altura de nossos princípios. Se tomarmos uma decisão firme de uma vez por todas, quando surgirem as tentações não precisaremos indagar-nos: “O que farei?” ou “O que não farei?” A decisão já estará tomada. Nunca estamos sós. Embora Sua criação seja imensa, nosso Pai Celestial conhece a vida de cada um de nós. Conhece nosso coração. Conhece nossos pensamentos. Deu-nos Seu plano perfeito de felicidade porque nos ama. Sempre está em busca de maneiras de abençoar-nos. ● Pai Celestial concedeu-me o que me faltava. Muito depois, quando eu já estava casado, era pai e homem de negócios, fui convidado para participar de um almoço com o presidente da República da Guatemala. Encontrava-me numa sala com muitos outros convidados. Quando o presidente entrou, os garçons serviram vinho para que todos se unissem num brinde em sua homenagem. Cobri minha taça com a mão. O presidente indagou: “Sr. Pérez, não vai brindar conosco?” Respondi: “Sr. Presidente, se perguntar se lhe desejo sucesso em seu governo, direi que sim. Mas se me pedir que tome bebida alcoólica, direi não. Sou membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Se isso for um problema, posso retirar-me agora mesmo”. Ele replicou: “Não, não”. Eles tomaram o vinho e sentaram-se. Pouco depois, o presidente disse: “Fale-me um pouco sobre sua Igreja”, e assim o fiz. O Élder Pérez foi criado em uma família amorosa. Acima, à esquerda: Com um ano de idade. Centro: na fileira de trás, com seus irmãos, irmãs e os pais, Roberto e Ignacia. À direita: Sentado ao lado da mãe e seus primos. DA VIDA DO PRESIDENTE WILFORD WOODRUFF O Martírio do Profeta Em abril de 1844, o Presidente Joseph Smith chamou os Doze Apóstolos para servir como missionários no leste dos Estados Unidos. Wilford Woodruff já servira como missionário na Inglaterra e na América, mas foi obediente ao Profeta. Fez as malas e preparou-se para a viagem. Todos os apóstolos, com exceção de Willard Richards e John Taylor, foram chamados como missionários para continuar a pregar o evangelho. Estás prestes a iniciar a missão. Deus te abençoe, Irmão Woodruff. Vai em paz. A8 ILUSTRAÇÃO: SAL VELUTTO E EUGENIO MATOZZI Quando foi despedir-se do Profeta, o Élder Woodruff percebeu que ele estava triste. O Élder Woodruff também sentiu tristeza, ainda que desconhecesse o motivo. Dois meses depois, o Élder Woodruff estava pregando o evangelho no Maine quando recebeu terríveis notícias. Já tomaste conhecimento, Élder Woodruff? O Profeta foi assassinado! Joseph Smith foi morto a tiros na Cadeia de Carthage! Embora muitos santos estivessem preocupados e achassem que a Igreja não sobreviveria sem o Profeta Joseph Smith, o Élder Woodruff não sentiu medo. Ele recebeu a designação de ir consolar os santos na Europa e liderá-los até o chamado de um novo profeta. O Élder Woodruff partiu imediatamente para reunir-se com os outros apóstolos em Nauvoo. Agora sei por que eu estava tão triste naquele dia. Era a última vez que eu veria o Profeta Joseph aqui na Terra. Embora nosso Profeta tenha sido morto por causa de seu testemunho, as chaves do reino de Deus ainda estão na Terra. Os céus não se fecharam. O Pai Celestial continuará a comunicar-Se conosco e a guiar Seus discípulos. Sejam humildes e fiéis e o Senhor os abençoará. Adaptado de Preston Nibley, The Presidents of the Church (1974), pp. 115–117. O AMIGO JUNHO DE 2006 A9 A Manteigueira PAT R I C I A R . J O N E S Inspirado numa história verídica “ L á vem o restante da família”, disse Athena para a mãe. “Chegaram bem na hora do seu jantar de aniversário!” “Por favor, coloque um vaso de flores na mesa e também a manteigueira”, pediu a mãe. Quando Athena pôs o belo prato trabalhado na mesa da cozinha, os raios do sol brilharam através dele, projetando feixes coloridos nas paredes. A mãe correu o dedo suavemente pelos delicados motivos trabalhados no vidro. Fechando os olhos, reviveu a história que ouvira tantas vezes. Louisa Bishop, de 12 anos, balançava lentamente a irmãzinha de poucos meses, Emma, na velha cadeira de balanço talhada à mão. Sua mãe estava deitada na cama, com o rosto quase tão pálido quanto os travesseiros brancos. Uma doença letal chamada difteria acometera as crianças da família, matando três dos cinco irmãos de Louisa. Exausta pelo excesso de trabalho e pela tristeza, a mãe de Louisa também adoecera. Justamente quando parecia que a felicidade jamais voltaria a brilhar em seu mundo, nasceu a pequena Emma. Louisa, agora curada, cuidava com amor da irmãzinha para que a mãe também ILUSTRADO POR JULIE F. YOUNG “E de tudo quanto me deres, certamente te darei dízimo” (Gênesis 28:22). iz Fel rsário ive An pudesse descansar e restabelecer-se. Emma, por sua vez, adorava a irmã mais velha. Com o passar dos anos, a amizade que unia Emma e Louisa aprofundou-se. Quando Emma tinha 11 anos de idade, Louisa casou-se e seu marido partiu para servir como missionário na Inglaterra. Emma adorava ir à casa de Louisa todos os dias para ajudar. Certo dia, quando estava varrendo o chão, Emma parou para observar em silêncio Louisa esvaziar a manteigueira de vidro brilhante e colocar o conteúdo num pote. “Espero que ela não esteja fazendo o que estou suspeitando”, pensou Emma. Louisa foi até a bacia d’água que servia de pia e despejou um pouco de água limpa do jarro. Em seguida, lavou cuidadosamente a manteigueira e colocou-a sobre um pano de prato para secar. Voltando-se para Emma, entregou-lhe o pote de manteiga. “Agora, querida Emma, preciso que leve isso ao bispo e pague meu dízimo.” Emma cruzou os braços e balançou a cabeça. “Não vou fazer isso!” exclamou. “Você precisa dessa manteiga mais do que o bispo.” Louisa fez uma expressão austera com a boca, mas seus olhos brilhavam de deleite pela oportunidade de ensinar algo. “Emma”, ralhou ela com doçura, “o dízimo é uma lei que precisa ser cumprida. Se estou disposta a fazer um sacrifício tão grande como deixar meu marido servir numa missão longínqua, certamente posso fazer algo pequeno como abrir mão de um pouco de manteiga.” Emma não estava convencida. “Mas não é um algo insignificante quando você já tem tão pouco.” “Não se preocupe”, disse Louisa com um sorriso. “Tenho fé em que o Senhor proverá.” Emma olhou mais de perto e viu que os olhos da irmã estavam cheios de lágrimas. Louisa acreditava verdadeiramente no que estava dizendo! Emma pegou o pote de manteiga e partiu sem dizer mais nada, embora ainda tivesse dúvidas. Quando voltou à casa de Louisa, Emma parou “Sempre paguem o dízimo e deixem os resultados nas mãos do Senhor.” Élder Joseph B. Wirthlin, do Quórum dos Doze Apóstolos, “Dívidas Terrenas, Dívidas Celestiais”, A Liahona, maio de 2004, p. 41. no vão da porta e ficou boquiaberta e com os olhos arregalados: a manteigueira estava de volta à mesa e com meio quilo de manteiga! Os olhos de Emma fizeram a pergunta que seus lábios eram incapazes de pronunciar: de onde viera a manteiga? Louisa sorriu. “Avisei que o Senhor proveria”, afirmou. Em seguida, pegou um prato limpo no armário para pôr a manteiga. Foi de novo à bacia e encheu-a de água limpa. Lavou a bela manteigueira de vidro e a tampa. Mas em vez de colocá-las sobre o pano de prato para secarem gota a gota, enxugou-as e entregou-as a Emma. “Quero oferecer-lhe este presente”, disse. “E sempre que olhar para a manteigueira, quero que se lembre de que o Senhor sempre cuidará de nós se guardarmos Seus mandamentos. Lembre-se disso, Emma. O dízimo vem em primeiro lugar.” Os olhos de Emma ficaram rasos d’água ao aceitar o presente. Ao longo de toda a vida, Emma lembrou-se da lição que aprendera. Todos os anos, quando a família se reunia em seu aniversário, ela contava a história de novo. Após a morte de Emma, a manteigueira passou de uma geração a outra da família. E todos os que a viam ouviam a história de como Emma aprendeu a sempre pagar o dízimo. ● Adaptado do diário de James Richard Lofthouse, filho de Emma. O AMIGO JUNHO DE 2006 A11 “[Andai] conforme a santa ordem de Deus” (Alma 7:22). BEM-VINDO ao Sacerdócio Aarônico e à Organização dos Rapazes Presidente Geral da Organização dos Rapazes É Uma mensagem especial para os meninos que logo completarão 12 anos. com enorme satisfação que lhe dou as boas-vindas ao Sacerdócio Aarônico. Que momento emocionante de sua vida! Na semana anterior ao meu aniversário de 12 anos, eu mal podia esperar para ser ordenado diácono e espero que você se sinta da mesma forma. Vou falar de algumas coisas que você pode aguardar com ansiedade. Para Começar Antes de completar 12 anos, você se reunirá com o bispo ou presidente de ramo para falar de sua dignidade e preparação para receber o Sacerdócio Aarônico. Depois de seu décimo segundo aniversário, seu nome será apresentado na reunião sacramental para um voto de apoio. O Sacerdócio Aarônico lhe será conferido e você será ordenado ao ofício de diácono. Sua família será convidada para passar esse maravilhoso momento a seu lado. A12 O Sacerdócio Aarônico Sua experiência no Sacerdócio Aarônico incluirá as três coisas a seguir: fraternidade, instrução e serviço.Você trabalhará, aprenderá, atingirá metas e servirá junto com os demais portadores do sacerdócio. Você está um pouco tenso com a idéia de distribuir o sacramento pela primeira vez? Não se preocupe. Antes de receber qualquer designação, um de seus líderes lhe explicará exatamente o que fazer. Alguém estará a seu lado para ajudá-lo, assim como você também auxiliará um novo diácono no futuro. Nas reuniões do sacerdócio, você aprenderá que o Sacerdócio Aarônico “possui as chaves do ministério de anjos e do evangelho do arrependimento e do batismo (...) para remissão de pecados” (D&C 13:1) e que os portadores do Sacerdócio Aarônico têm o dever de “convidar todos a virem a Cristo” (D&C 20:59). Continuará a aprender os princípios do evangelho e a seguir o Salvador. FOTOGRAFIAS: RUTH SCHÖNWALD, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS C H A R L E S W. DA H L Q U I S T I I Melquisedeque, a investidura no templo e a tornar-se um marido e pai fiel. Sessão Geral do Sacerdócio e Outras Reuniões Além das reuniões semanais do Sacerdócio Aarônico em sua ala ou ramo, a cada mês de abril e outubro você se reunirá com portadores do sacerdócio de todo o mundo na sessão do sacerdócio da conferência geral. Nessa ocasião, apóstolos e profetas o ensinarão a cumprir seus deveres do sacerdócio e a tornar-se uma pessoa melhor. Haverá também serões e outras atividades especiais ao longo do ano. Um banquete espiritual, intelectual e social o aguarda. Mutual O Sacerdócio Aarônico é um sacerdócio preparatório. Prepara-o para o Sacerdócio de Melquisedeque, bem como para uma vida inteira de serviço. Você se envolverá no serviço aos membros da ala ou ramo e à comunidade. Alcançamos a verdadeira felicidade na vida ao servirmos o próximo. E ao servir, seus talentos crescerão e se desenvolverão. Você poderá ocupar posições de liderança. Essas experiências ajudarão a prepará-lo para o serviço missionário. Distintivo Dever para com Deus A Primeira Presidência declarou: “Desejamos que todos os rapazes se esforcem para ganhar (...) o distintivo Dever para com Deus”. Esse programa o ajudará a crescer por meio do estabelecimento e cumprimento de metas dignas. Você trabalhará com os líderes do Sacerdócio Aarônico, com o bispo ou presidente de ramo e com seu pai e mãe. Alguns dos requisitos do programa: durante seus anos de portador do Sacerdócio Aarônico, você fará coisas como ler as escrituras diariamente, preparar algumas refeições para a família, lavar e passar suas roupas durante um mês e preencher a seção “Meu Diário Pessoal” de seu livreto Dever para com Deus. Quando você conquistar os certificados Dever para com Deus de diácono, mestre e sacerdote, fará jus à medalha Dever para com Deus. É uma grande realização, mas a verdadeira bênção do programa é que ele o ajudará a preparar-se para receber o Sacerdócio de A14 A atividade semanal da organização dos Rapazes e Moças chama-se Mutual. É uma oportunidade para os jovens da ala ou ramo reunirem-se num contexto social Ao empenhar-se para e aplicarem os princípios do ganhar seu distintivo evangelho ensinados nas reuDever para com Deus, niões dominicais. Como diávocê estudará as cono, você fará na Mutual escrituras, preparará coisas do agrado de rapazes refeições para a família de 12 e 13 anos. Como pode e realizará muitas ter certeza disso? Porque você outras atividades que ajudará a escolher as atividaajudarão a prepará-lo des. Ao tornar-se mestre e para o Sacerdócio de depois sacerdote, as atividades Melquisedeque, a mudarão a fim de corresponinvestidura no templo, der a seus interesses. Uma vez a missão e a por mês, os rapazes reúnempaternidade. se com as moças. Isso o ajudará a aprender a cultivar relacionamentos salutares com todas as jovens. Honrar o Sacerdócio Minha bênção patriarcal exorta-me: “Honra teu pai e tua mãe, mas acima de tudo, honra o sacerdócio, pois será tua salvação”. O mesmo aplica-se a você. Estou ansioso para trabalhar a seu lado ao empenharmo-nos para seguir a Jesus Cristo, cujo sacerdócio você logo possuirá. ● NOTA 1. Carta da Primeira Presidência, 28 de setembro de 2001. SÓ PARA DIVERTIR Figura das Escrituras A o contar histórias das escrituras, esta figura pode representar qualquer moça dos relatos bíblicos, como Ester, uma das dez virgens ou uma serva. Cole-a em cartolina, pinte-a, recortea e depois a transforme em boneco de palito, figura para flanelógrafo ou fantoche de saco de papel. Faça várias figuras e pinte o cabelo e as roupas de cada uma com cores diferentes. ● Nota: Caso não queira arrancar as páginas da revista, faça uma fotocópia desta atividade, copie-a à mão ou imprima-a da Internet no site www.lds.org. Para a versão em inglês, clique em “Gospel Library”. Para os demais idiomas, clique no mapa-múndi. Boneco de Palito Figura para Flanelógrafo Fantoche de Saco de Papel O AMIGO JUNHO DE 2006 A15 Você pode fazer uma caixa de histórias de flanelógrafo e realizar várias outras atividades dominicais. P ara fazer uma caixa-flanelógrafo dominical, é preciso cola; lápis de cor; pincel atômico; tesoura; régua; flanela, feltro ou outro material semelhante; uma grande caixa (ver a fotografia abaixo); e gravuras, fotografias, desenhos do evangelho ou adesivos. (Opcional) A16 1. Recorte a flanela ou outro material 3 mm a menos que a largura e o comprimento de um lado da caixa; em seguida, cole-a na caixa (ver a fotografia). 2. Decore o restante da caixa como quiser, com desenhos, gravuras, ilustrações de histórias do evangelho ou fotografias de sua família realizando atividades dominicais. 3. Encha a caixa de jogos, quebra-cabeças, histórias ilustradas e outras atividades propostas na revista A Liahona, nos manuais da Primária ou criadas por você mesmo. ● FOTOGRAFIAS: ROBERT CASEY, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS Caixa-Flanelógrafo Dominical VITRAL DE UMA CAPELA DA ESTACA DE SALT LAKE LIBERTY. A Primeira Visão, de Lucy Thurston Kinney “Vi dois Personagens cujo esplendor e glória desafiam qualquer descrição, pairando no ar, acima de mim. Um deles falou-me, chamando-me pelo nome, e disse, apontando para o outro: Este é Meu Filho Amado. Ouve-O” (Joseph Smith — História 1:17). U m novo filme detalha a vida de Joseph Smith, “o Profeta e Vidente do Senhor, [que] com exceção apenas de Jesus, fez mais pela salvação dos homens neste mundo do que qualquer outro homem que jamais viveu nele” (D&C 135:3). “Ver Joseph Smith: O Profeta da Restauração”, p. 16.
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