Liahona de Junho de 2006

Transcrição

Liahona de Junho de 2006
A IGREJA DE JESUS CRISTO DOS SANTOS DOS ÚLTIMOS DIAS • JUNHO DE 2006
HISTÓRIA DA CAPA:
Uma Nova
Abordagem com
Relação ao Profeta
Joseph, p. 16
Por Que É Importante
a Maneira como Você
Se Veste, pp. 28, 32
O Que Esperar Quando
Você É Ordenado
Diácono, p. 12
Treinamento Mundial
de Liderança, p. 49
Junho de 2006 Vol. 59 Nº. 6
A LIAHONA 26986 059
Publicação oficial em português d’A Igreja de Jesus Cristo
dos Santos dos Últimos Dias
A Primeira Presidência: Gordon B. Hinckley,
Thomas S. Monson, James E. Faust
Quórum dos Doze: Boyd K. Packer, L. Tom Perry,
Russell M. Nelson, Dallin H. Oaks, M. Russell Ballard,
Joseph B. Wirthlin, Richard G. Scott, Robert D. Hales,
Jeffrey R. Holland, Henry B. Eyring, Dieter F. Uchtdorf,
David A. Bednar
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Yoshihiko Kikuchi
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A Liahona:
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(A periodicidade varia de uma língua para outra.)
LIAHONA, JUNHO DE 2006
P A R A O S A D U LT O S
2
8
10
16
25
32
43
48
Mensagem da Primeira Presidência: A Voz do Espírito
Presidente James E. Faust
A Plenitude do Evangelho: A Queda de Adão e Eva
Clássicos do Evangelho: O Perfil de um Profeta
Presidente Hugh B. Brown
Joseph Smith: O Profeta da Restauração
Mensagem das Professoras Visitantes: Exercer
Caridade e Ajudar as Pessoas em Dificuldade
A Importância do Recato
Vozes da Igreja
Vigiada Kimberly Webb
Só Mais Cinco Minutos
Elaine Brown Preslar
Pequenas Decisões, Bênçãos Eternas
Víctor Pino Fuentes
Reunir o Casal de Dançarinos
Kurt Stättner
Comentários
49 Apoio à Família
REUNIÃO MUNDIAL DE TREINAMENTO
DE LIDERANÇA: APOIO À FAMÍLIA
50
56
61
66
72
O Casamento É Essencial ao Plano Eterno de Deus
Élder David A. Bednar
Uma Solene Responsabilidade de Amar e Cuidar uns dos Outros
Élder L. Tom Perry
Os Pais Têm um Dever Sagrado Bonnie D. Parkin
Lares Celestiais, Famílias Eternas Presidente Thomas S. Monson
A Família: Proclamação ao Mundo
IDÉIAS PARA A NOITE FAMILIAR
Estas idéias podem ajudá-lo
a usar esta edição de
A Liahona para reforçar
seu ensino tanto na sala
de aula como em casa.
“O Perfil de um Profeta”,
p. 10: Convide duas
pessoas da família a
agirem como advogados, e faça com que leiam a parte
de perguntas e respostas da conversa contida no artigo. Mostre a
lista de características de um verdadeiro profeta apresentada pelo
Presidente Hugh B. Brown, e peça
aos membros da família que estão
representando as testemunhas que
digam como Joseph Smith demonstrava essas qualidades. Leia os três
últimos parágrafos do artigo e
testifique das bênçãos de
seguir ao profeta vivo.
“Perguntas e Respostas”,
p. 22: Ensaie como
compartilhar um
exemplar do Livro de Mórmon
com alguém da família explicando
o que é o livro, mostrando um versículo predileto e convidando-o(a) a
ler determinados versículos ou capítulos. Peça ao membro da família
que recebeu o exemplar para fazer
algumas perguntas. A família pode
debater como responder a elas.
O A M I G O : PA R A A S C R I A N Ç A S
PA R A O S J O V E N S
7
21
22
26
28
37
38
Usar Dois Nomes
Jean Brice Lagoua
Poster: Procrastinação
Perguntas e Respostas:
Qual É a Melhor Maneira
de Apresentar o Livro de
Mórmon a um Amigo de
Outra Religião?
Breves Mensagens
A Resposta no Livro
28 A Consciência das
Andrew Confer e
Coisas Sagradas
Miles T. Tuason
O Momento Decisivo Elsworth Gillett
A Consciência das Coisas Sagradas
Élder D. Todd Christofferson
Você Sabia?
Venham Aprender e Divertir-se
Paul VanDenBerghe
Ao procurar o anel do CTR escondido neste
número, pense nas bênçãos que recebe por guardar
os mandamentos.
A2
A4
A6
A8
A10
A12
A15
A16
Vinde ao Profeta Escutar: Grato pela Obra
Missionária Presidente Gordon B. Hinckley
Tempo de Compartilhar: Guardar os Mandamentos
Linda Magleby
De um Amigo para Outro: Uma Decisão Firme
Élder E. Israel Pérez
Da Vida do Presidente Wilford Woodruff:
O Martírio do Profeta
A Manteigueira Patricia R. Jones
Bem-Vindo ao Sacerdócio
A2 Grato pela Obra
Aarônico e à
Missionária
Organização
dos Rapazes
Charles W. Dahlquist II
Só para Divertir: Figura
das Escrituras
Caixa–Flanelógrafo
Dominical
NA CAPA
Frente: Fotografia: John Luke.
Verso: Fotografia: Matthew Reier e John Luke.
CAPA DE O AMIGO
Fotografia: Ruth Schönwald.
TÓPICOS DESTA EDIÇÃO
“A Consciência das Coisas
Sagradas”, p. 28: Mostre gravuras de
pessoas usando tipos diferentes de
roupas e pergunte onde elas devem
ser usadas. Use o artigo para definir
as “roupas de domingo” e explique
como as roupas adequadas demonstram respeito ao Pai Celestial. Peça
aos membros da família que relacionem os lugares que são sagrados.
Planeje meios de vestir-se adequadamente em locais sagrados.
“Uma Decisão Firme”, p. A6:
Represente as duas situações referentes à Palavra de Sabedoria descritas pelo Élder E. Israel Pérez,
sem indicar a decisão dele. Depois
de cada representação, peça aos
membros da família que adivinhem
qual foi a reação do Élder Pérez.
Conclua a leitura das histórias e
empregue o conselho dele para
debater decisões que os membros
da família podem tomar agora a fim
de combater futuras tentações.
“A Manteigueira”, p. A10: Peça a
alguém da família que ensine a lei
do dízimo usando 10 moedas ou
outros pequenos objetos. Conte a
história da manteigueira e discuta
por que a vasilha significava tanto
para Emma. Compartilhe experiências e testemunhos pessoais a respeito da lei do dízimo.
A= O Amigo
Obediência, A4, A6
Arrependimento, 7
Palavra de Sabedoria, A6
Caridade, 25
Primária, A4
Dever para com Deus, A12
Procrastinação, 21
Diáconos, A12
Professoras Visitantes, 25
Dízimo, A10
Profetas, 10
Ensino, 1
Queda de Adão e Eva, 8
Escrituras, A15
Rapazes, A12
Espírito Santo, 2
Recato, 28, 32
Exemplo, 45
Restauração, 10, 16
História da família, 46
Revelação, 2, 43
Jardim do Éden, 8
Reverência, 28
Jesus Cristo, 8, 44
Roupa de domingo, A16
Joseph Smith, 10, 16, A8
Roupas, 28, 32
Livro de Mórmon, 22, 26
Sacerdócio Aarônico, A12
Mandamentos, A4
Seminário, 38
Martírio, A8
Templo, 38
Mestres familiares, A4, 6
Trabalho de membro
Meus Padrões do
missionário, 22, 38
Evangelho, A4
Trabalho missionário,
Noite Familiar, 1
26, A2
BACKGROUND © ARTBEATS
A L I A H O N A JUNHO DE 2006 1
2
MENSAGEM DA PRIMEIRA PRESIDÊNCIA
A Voz do
Espírito
P R E S I D E N T E J A M E S E . FA U S T
Segundo Conselheiro na Primeira Presidência
PINTURA: DAMIR KRIVENKO; FOTOGRAFIA: BUSATH PHOTOGRAPHY
S
into profundamente a responsabilidade
que tenho de ensinar coisas sagradas.
Tenho plena consciência de que o
mundo está mudando e de que será radicalmente diferente daquele que conheço. Os
valores mudaram. A decência básica e o respeito pelo que é bom estão desaparecendo.
Uma escuridão moral está se instaurando.
Em muitos aspectos, nossos jovens são a
esperança do futuro; são como diamantes
valiosos, que brilham ainda mais em meio
à escuridão reinante.
Uma passagem das escrituras encontrada
em Doutrina e Convênios exorta-nos: “Dai
ouvidos à voz do Deus vivo”.1 A voz do Espírito
está ao alcance de todos. O Senhor ensinou: “O
Espírito ilumina todo homem [e toda mulher]
(…) que dá ouvidos a sua voz”. Afirmou ainda
que “todo aquele que dá ouvidos à voz do
Espírito vem a Deus, sim, o Pai”.2 Algumas pessoas procuram encontrar a vida em abundância, e Paulo deixou claro que é “o espírito [que]
vivifica”.3 O próprio Salvador declarou: “As palavras que eu vos disse são espírito e vida”.4
são o “amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança”.5
A alegria que buscamos não é uma mera sensação de euforia passageira, mas uma felicidade interior constante, aprendida por meio
de longa experiência e da confiança em Deus.
O ensinamento de Leí a seu filho Jacó esclarece: “Os homens existem para que tenham
alegria”.6 Para alcançarmos esse grande
objetivo, precisamos dar “ouvidos à voz
do Deus vivo”.
Afirmo como testemunha viva que alcançamos a alegria ao darmos ouvidos ao Espírito.
E falo por experiência própria. As pessoas
que pautam sua vida pelo evangelho “[vivem]
felizes”7, assim como os nefitas. Em todo o
mundo, nos muitos países em que a Igreja
está estabelecida, os membros poderiam adicionar seu testemunho ao meu. Inúmeras
evidências mostram que a promessa de
paz, esperança, amor e alegria são dons do
Espírito. Nossa voz une-se em súplica para
que todos os filhos de Deus venham também
a desfrutar essas dádivas.
A Alegria É um Dom
As Vozes do Mundo
Alguém talvez pergunte quais seriam então
os frutos do Espírito? Paulo respondeu que
Todavia, ouvimos outras vozes. Paulo disse
que “há (...) tanta espécie de vozes no
Afirmo como
testemunha viva
que alcançamos
a alegria ao
darmos ouvidos
ao Espírito. E falo
por experiência
própria.
A L I A H O N A JUNHO DE 2006 3
mundo”8 que competem com a voz do Espírito. A voz do
Espírito está sempre presente, mas é serena. Isaías afirmou: “E o efeito da justiça será paz, e a operação da justiça, repouso e segurança para sempre”.9 O adversário
tenta silenciar essa voz com inúmeras vozes altas, persistentes, persuasivas e atraentes:
Nossos jovens são bombardeados pelo mal e pela iniqüidade como em nenhuma outra geração. Ao presenciar
tal situação, lembro-me das palavras do poeta americano
T. S. Eliot: “Onde está a sabedoria que perdemos no
conhecimento? Onde está o conhecimento que perdemos nas informações”?11
Talvez seja mais difícil para a nova geração permanecer
• Vozes negativas que relembram as injustiças que as
fiel; de certa forma, até mais desafiador do que puxar carpessoas acham que sofreram.
rinhos-de-mão pelas planícies. Quando um pioneiro fale• Vozes queixosas que detestam os desafios e o trabalho.
cia na imensidão do território inexplorado dos Estados
• Vozes sedutoras que incitam à sensualidade.
Unidos, seus restos mortais eram enterrados e os
• Vozes lisonjeiras que nos acalentam com
carrinhos-de-mão seguiam viagem para o
segurança carnal.
Oeste, mas os sobreviventes enlutados
• Vozes intelectuais que professam sofisticatinham esperança pela alma eterna desse
ção e superioridade.
ente querido. Contudo, quando alguém
• Vozes orgulhosas que confiam no braço
morre espiritualmente no deserto do
de carne.
pecado, a esperança pode ser substituída
• Vozes aduladoras que nos incham de
pelo temor e a preocupação com o bemorgulho.
estar eterno da pessoa amada.
• Vozes céticas que destroem a esperança.
Muitos da nova geração foram condicionassim como
• Vozes hedonistas que nos impelem à busca
dos pelo mundo a ter ambições sem limites e
pequenas
de prazeres.
a querer satisfazê-las de imediato. Eles não quegotas de
• Vozes de comerciais que nos tentam a desrem economizar nem trabalhar. Tais desejos
tinta numa tela
pender “dinheiro naquilo que não tem valor
egoístas e impacientes tornam-nos suscetíveis
formam uma
[e nosso] trabalho naquilo que não pode
às tentações. O Livro de Mórmon identifica quapaisagem, nossas
satisfazer”.10
tro tipos de tentações a que Satanás recorre:
decisões de cada
• Vozes delirantes que instigam o desejo de
minuto moldam o • Acumular riquezas;
“sensações fortes”. Não me refiro a drogas
nosso caráter.
ou álcool, mas à busca de experiências peri• Ganhar poder sobre os outros;
gosas e que causem risco à vida apenas pelo
• Adquirir popularidade aos olhos do mundo;
prazer. A vida, até mesmo a nossa própria, é tão pre• Buscar os prazeres da carne e as coisas do mundo.12
ciosa que somos responsáveis por ela perante o Senhor
A tática de Satanás é “desviar da verdade o coração
e não devemos brincar com ela. Quando perdida, não é
deles, para que se tornem cegos e não compreendam as
possível recuperá-la.
coisas que para eles foram preparadas”.13 Ele lança mão
de artifícios para obscurecer nossa visão e dispersar
Bombardeados por Mensagens
nossa atenção.
Hoje em dia, sofremos um ataque constante de vozes
O Presidente Heber J. Grant (1856–1945) afirmou:
que nos dizem como viver, como satisfazer nossas pai“Se formos fiéis na obediência aos mandamentos de
xões, como ter tudo o que desejamos. Ao alcance da
Deus, Suas promessas se cumprirão integralmente. (...)
mão, há programas de computador, bancos de dados,
Entretanto, o problema é que o adversário da alma dos
canais de televisão, computadores interativos, receptores
homens lhes cega a mente. Ele joga areia, por assim
de satélite e redes de comunicação que nos sufocam com
dizer, em seus olhos, e eles ficam cegos por causa das
informações. Existem menos locais para refúgio e paz.
coisas deste mundo”.14
4
FOTOGRAFIAS: JOHN LUKE, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS
A
Ouvir Vozes Justas
Como vamos conseguir escolher as vozes
que escutaremos e nas quais acreditaremos?
As repercussões para nós individualmente
são imensas. A fim de sobrevivermos espiritualmente, precisamos fazer pelo menos
estas quatro coisas:
Primeiro, devemos exercer com sabedoria o arbítrio moral. Amaléqui ensinou-nos
como podemos fazer escolhas corretas:
“Nada há, que seja bom, que não venha do
Senhor; e o que é mau vem do diabo”.15 A
cada momento, repetidamente, precisamos
escolher entre o que vem do Senhor e o que
vem do diabo. Assim como pequenas gotas
de tinta numa tela formam uma paisagem,
nossas decisões a cada minuto moldam o
nosso caráter.
Segundo, precisamos ter um propósito.
David Ben Gurion, falecido ex-primeiro
ministro de Israel, fez certa vez uma declaração sobre Leon Trostky, um dos mentores da
revolução comunista russa. Segundo ele,
Trostky não era um líder. Era alguém brilhante, mas não um líder, pois não tinha
nenhum propósito.16 Todos na vida necessitam de um propósito. Como membros da
Igreja de Cristo, devemos refletir sobre o
resultado de nossa salvação.17 Alguém disse:
“É preciso ter convicções firmes, do contrário seremos presas fáceis”.
Os mais fiéis dentre os nefitas tiveram de
concentrar-se para ouvir a voz que precedeu
a visita do Salvador. “Ouviram uma voz que
parecia vir do céu; e olharam em todas as
direções, porque não entendiam a voz que
ouviam; e não era uma voz áspera nem forte;
entretanto, apesar de ser uma voz mansa,
penetrava-lhes até o âmago, de modo que
não havia parte de seu corpo que não tremesse; sim, penetrou-lhes na própria alma
e fez-lhes arder o coração.”18 Eles ouviram a
voz pela segunda vez e não a compreenderam. Quando a ouviram pela terceira vez,
S
ugiro uma
solução
simples para
escolhermos o canal
que sintonizaremos:
ouvir e seguir a
voz do Espírito.
Essa solução é
serena num mundo
encantado pelo
que é ruidoso,
apressado e pelo
que é trepidante.
A L I A H O N A JUNHO DE 2006 5
“aguçaram os ouvidos para escutá-la; e seus olhos estavam voltados para o lugar de onde vinha o som; e olhavam fixamente para o céu, de onde vinha o som”.19 Se
nos propusermos a escutar a voz do Espírito, também
aguçaremos os ouvidos, olharemos com fé para a fonte
da voz e contemplaremos fixamente o céu.
Terceiro, devemos fortalecer nosso testemunho. Todos
precisamos estudar o plano de salvação e aprender sobre
nossa relação com Deus. Ao andarmos pela fé, experiências espirituais que fortificarão nossa fé e testemunho
serão confirmadas em nosso coração.
Quarto, devemos estudar as escrituras, que são “a voz
do Senhor e o poder de Deus para a salvação”.20 O Senhor
também disse o seguinte sobre Sua palavra nas escrituras:
“Pois é minha voz que vo-las diz; pois vos são dadas pelo
meu Espírito”.21
Sugiro uma solução simples para escolhermos o canal
que sintonizaremos: ouvir e seguir a voz do Espírito. É
uma solução antiga, eterna e talvez não seja valorizada
numa sociedade sempre em busca de algo novo. Exige
paciência num mundo que procura a satisfação instantânea dos prazeres. Essa solução é discreta, serena e sutil
num mundo encantado pelo que é ruidoso, apressado,
trepidante, espalhafatoso e brutal. Essa solução exige
que sejamos contemplativos enquanto as pessoas a
nossa volta procuram estímulos físicos sem cessar.
(Isso pode parecer tolo numa época em que estamos
expostos a tanta imundície que nem vale a pena mencionar.) Essa solução é uma mensagem única, constante
e atemporal num mundo que logo se entedia com a
ausência de intensidade, variedade e novidade. Essa
solução nos obriga a andar pela fé num mundo governado pela visão.22 Com os olhos da fé, enxergaremos
verdades eternas, invisíveis e espirituais, enquanto a
maioria das pessoas do mundo depende apenas de
coisas concretas, conhecidas somente por meio dos
sentidos físicos.
Precisamos aprender a refletir sobre as coisas do
Espírito e a dar ouvidos aos Seus sussurros, filtrando
a estática gerada por Satanás. Ao entrarmos em sintonia
com o Espírito, ouviremos “a palavra do que está por
detrás de [nós], dizendo: Este é o caminho, andai nele”.23
Ouvir a “voz do Deus vivo” nos dará “paz neste mundo
6
e vida eterna no mundo vindouro”.24 Esses são os mais
preciosos de todos os dons de Deus.25 ■
NOTAS
1. D&C 50:1.
2. D&C 84:46–47.
3. II Coríntios 3:6.
4. João 6:63.
5. Gálatas 5:22–23.
6. 2 Néfi 2:25.
7. 2 Néfi 5:27.
8. I Coríntios 14:10.
9. Isaías 32:17.
10. 2 Néfi 9:51.
11. “Choruses from ‘The Rock’ ”,
The Complete Poems and
Plays (1930), p. 96.
12. Ver 1 Néfi 22:23.
13. D&C 78:10.
14. Ensinamentos dos Presidentes
da Igreja: Heber J. Grant
(2002), p. 30.
15. Ômni 1:25.
16. Ver Academy of Achievement,
“Interview: Shimon Peres”,
Internet, http://www.
achievement.org.
17. Ver D&C 46:7.
18. 3 Néfi 11:3.
19. Ver 3 Néfi 11:4–5.
20. D&C 68:4.
21. D&C 18:35.
22. Ver II Coríntios 4:18; 5:7.
23. Isaías 30:21.
24. D&C 59:23.
25. Ver D&C 14:7.
I D É I A S PA R A O S M E S T R E S
FAMILIARES
Depois de estudar a mensagem em espírito de oração,
escolha um método de ensino que estimule a participação
dos ouvintes. Seguem-se alguns exemplos:
1. Ligue um rádio e sintonize-o em estações diferentes.
Saliente que em algumas emissoras o som é puro e em
outras há estática. Compare os ruídos às vozes do mundo
e, em seguida, a boa recepção à sintonia com a voz do
Espírito. Mencione alguns dos conselhos do Presidente
Faust sobre como ouvir o Espírito.
2. Para falar sobre como ouvir melhor a voz do Espírito,
converse com a família sobre algumas das 11 vozes citadas
pelo Presidente Faust que podem encobrir nossa recepção
do Espírito ou sobre as quatro maneiras ensinadas por ele
para “sobrevivermos espiritualmente”. Peça aos membros
da família que contem experiências que tiveram ao reconhecer e seguir a voz do Espírito.
3. Peça aos membros da família que leiam as seguintes
escrituras citadas pelo Presidente Faust: João 6:63; II
Coríntios 3:6; D&C 50:1; 84:46–47. Peça-lhes que identifiquem o tema que permeia essas passagens. Leia partes
do artigo que descrevam as bênçãos que receberemos ao
seguirmos a voz do Espírito. Testifique do poder do Espírito
em sua própria vida.
Usar Dois
Nomes
Para representar o Salvador, eu precisava reconciliar-me com meu pai.
JEAN BRICE LAGOUA
FOTOGRAFIA: JOHN FAOSEKE, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS
U
m ano depois de entrar para a Igreja, tive o desejo
de servir numa missão de tempo integral. Durante
a entrevista com o bispo para preencher os formulários, ele perguntou-me: “Você tem algum problema com
alguém que ainda não tenha sido resolvido?”
Respondi que não, pois disse a mim mesmo que não
era o caso, ignorando os sentimentos negativos entre
mim e meu pai. Declarei-me digno e pronto para servir.
Os dias que se seguiram foram extremamente dolorosos. A consciência da necessidade de reconciliar-me com
meu pai atingiu-me a alma e me amargurou. Meu pai
nunca se preocupara com os filhos. Todos nós chegáramos
ao ponto de não mais falar com ele. Se alguém me perguntava sobre meu pai, respondia sem remorso: “Morreu”.
Eu não via motivo para tentar fazer as pazes com
alguém que se recusava a ouvir-me. Eu não sentia que lhe
fizera mal. Pelo contrário, eu achava que era ele que precisava tomar a iniciativa de pedir-me perdão. No entanto,
a necessidade de ir conversar com meu pai não me
saía da mente.
Certa noite, fui visitálo. Ele morava a cerca de
300 quilômetros de distância. A primeira
hora de nosso
diálogo foi entremeada de insultos, acusações mútuas e
palavras que realmente muito magoavam. Apesar dessa
conversa marcada pela ira, meu desejo de reconciliação
era forte. Com a ajuda do Espírito de Deus, finalmente
conseguimos, depois de cinco horas, chegar a sentimentos positivos.
Depois de muitas lágrimas, conseguimos abraçar-nos,
felizes por finalmente compreendermos a raiz do problema que nos levara a ter tanta raiva um do outro por
tanto tempo. No final, meu pai pegou um copo de água
morna e, ao falar, despejou seu conteúdo, como se faz
na África em sinal de reconciliação. Em seguida, deu-me
sua bênção depois de fazer um retrospecto de tudo o que
acontecera no passado e de comprometer-se a arrependerse de seus erros.
Sou imensamente grato ao Pai Celestial que me inspirou a procurar essa conversa que culminou no arrependimento de ambas as partes. Como missionário na Missão
Costa do Marfim Abidjan, senti
grande felicidade ao
usar uma plaqueta na
qual estavam inscritos
dois nomes: Lagoua,
o nome de meu pai, e
Jesus Cristo, o de meu
Salvador. ■
A L I A H O N A JUNHO DE 2006 7
A PLENITUDE DO EVANGELHO
A Queda
de Adão e Eva
Continuação de uma série que analisa
as crenças básicas de A Igreja de Jesus
Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
A
maioria das igrejas cristãs ensina que a Queda foi
uma tragédia e que, se Adão e Eva não tivessem
comido do fruto proibido, eles e toda a sua posteridade poderiam agora viver em felicidade interminável
no Jardim do Éden. Contudo, a verdade revelada aos profetas dos últimos dias ensina que a Queda não foi uma
catástrofe — sem ela, Adão e Eva nunca teriam posteridade. Assim, a Queda foi um passo necessário no plano
do Pai Celestial para proporcionar a felicidade eterna a
Seus filhos.
Sem Morte, Sem Posteridade, Sem Progresso
“Se Adão não houvesse transgredido”, ensinou Leí a seu
filho Jacó, “não teria caído, mas permanecido no Jardim do
Éden. (...)
8
E não teriam tido filhos; portanto teriam permanecido
num estado de inocência, não sentindo alegria por não
conhecerem a miséria; não fazendo o bem por não conhecerem o pecado.
Mas eis que todas as coisas foram feitas segundo a sabedoria daquele que tudo conhece.
Adão caiu para que os homens existissem; e os homens
existem para que tenham alegria” (2 Néfi 2:22–25).
Depois que Adão e Eva comeram do fruto da árvore
do conhecimento do bem e do mal, seus olhos abriramse, e Eva rejubilou-se pelas oportunidades trazidas pela
transgressão: “Se não fosse por nossa transgressão,
jamais teríamos tido semente e jamais teríamos conhecido o bem e o mal e a alegria de nossa redenção e a
vida eterna que Deus concede a todos os obedientes”
(Moisés 5:11).
Comer do fruto trouxe a mortalidade, com suas muitas
oportunidades de escolha entre o bem e o mal, e permitiu
que Adão e Eva tivessem filhos. Assim, a Queda tornou
À ESQUERDA: ADÃO E EVA NO JARDIM, DE STANLEY GALLI; À DIREITA: DETALHE DE CRISTO NO GETSÊMANI, DE HEINRICH HOFMANN, CORTESIA DE C. HARRISON CONROY CO.
possível a vinda dos filhos do Pai Celestial
ao mundo, para que recebessem um corpo
físico e participassem do “grande plano de
felicidade” (Alma 42:8). “Portanto esta vida se
tornou um estado de provação”, um período
para aprendermos e crescermos, arrependermo-nos e superarmos as fraquezas, “um
tempo de preparação para o encontro com
Deus” (Alma 12:24).
O Pecado Original
O resultado da transgressão de nossos
primeiros pais, explicou o Presidente
Smith, “foi o banimento da presença de
Deus e (...) a introdução da morte física
no mundo. A maioria (...) [dos cristãos]
afirma que todas as crianças que vêm a
odos os
este mundo estão maculadas pelo ‘pecado
descendentes
original’ ou participam da transgressão de
de Adão e Eva
Adão em seu nascimento. A segunda regra
herdam certos efeitos da
de fé refuta essa doutrina tola e errônea”.3
Transgressão, Não Pecado
Queda, mas por causa
O Presidente Joseph Fielding Smith
Todos os descendentes de Adão e Eva herda Expiação de Jesus
(1876–1972) ensinou: “Nunca me refiro ao
dam certos efeitos da Queda, mas por
Cristo, responderemos
papel desempenhado por Eva nesta queda
causa da Expiação de Jesus Cristo responsomente por nossos
como pecado nem acuso Adão de pecado.
deremos somente por nossos próprios
próprios pecados.
(...) Foi uma transgressão da lei, mas não um
pecados. As crianças que morrem antes
pecado (...), pois era algo que Adão e Eva precisavam
da idade da responsabilidade “estão vivas em Cristo”
fazer!”1
(Morôni 8:12) e não precisam de arrependimento ou
batismo (ver Morôni 8:8–11).
No tocante a essa distinção, o Élder Dallin H. Oaks,
do Quórum dos Doze Apóstolos, observou: “Essa diferença entre pecado e transgressão faz-nos pensar na
Os Mandamentos no Jardim
escolha cuidadosa das palavras da segunda regra de fé:
O Senhor deu mandamentos a Adão e Eva no Jardim
‘Cremos que os homens serão punidos por seus pródo Éden, dois dos quais eram multiplicar-se e encher a
prios pecados e não pela transgressão de Adão’ (grifo
Terra (ver Gênesis 1:28) e não comer do fruto da árvore
do autor). É também semelhante a uma distinção conhedo conhecimento do bem e do mal (ver Gênesis 2:17).
cida no Direito. Alguns atos, como o assassinato, são criEsses dois mandamentos foram concebidos de modo a
mes por serem intrinsecamente errados. Outros atos,
obrigar Adão e Eva a fazerem uma escolha. O Presidente
como fazer uma cirurgia sem licença, são crimes apenas
Smith ensinou: “O Senhor disse a Adão que se ele desepor serem legalmente proibidos. À luz dessas distinções,
jasse permanecer no estado em que se encontrava no
o ato que produziu a Queda não constituiu pecado —
jardim, não deveria provar do fruto, mas se quisesse
algo intrinsecamente errado — mas uma transgressão,
comê-lo e passar pela morte, tinha liberdade para fazêalgo errado por ser formalmente proibido. Em outras
lo”.4 Diante desse dilema, Adão e Eva optaram pela
situações, essas palavras muitas vezes são usadas como
morte — tanto física quanto espiritual — o que permitiu
sinônimos, mas é importante fazer a distinção nas cira eles mesmos e a sua posteridade adquirirem conhecicunstâncias da Queda”.2
mento e experiência e participarem do plano de felicidade do Pai que conduz à vida eterna. ■
Embora Adão e Eva não tivessem pecado, devido a
sua transgressão sofreriam certas conseqüências, duas
das quais foram a morte espiritual e a morte física. A
NOTAS
1. Doctrines of Salvation, comp. Bruce R. McConkie, 3 vols.
morte física chegou a Adão e Eva no fim de sua vida
(1954–1956), vol. 1, pp. 114–115.
terrena, mas a morte espiritual ocorreu quando foram
2. “The Great Plan of Happiness”, Ensign, novembro de 1993, p. 72.
3. Answers to Gospel Questions, comp. Joseph Fielding Smith Jr., 5 vols.
expulsos do Jardim do Éden e afastados da presença de
(1957–1966), vol. 1, p. 82.
4. Answers to Gospel Questions, vol. 4, p. 81.
Deus (ver Alma 42:9).
T
A L I A H O N A JUNHO DE 2006 9
CLÁSSICOS DO EVANGELHO
O
DE UM
Perfil
PROFETA
PRESIDENTE HUGH B. BROWN (1883–1975)
E
u gostaria de defender por alguns
minutos a idéia de que o evangelho
de Jesus Cristo foi restaurado em nossos dias e de que esta é Sua Igreja, organizada sob Sua direção por meio do Profeta
Joseph Smith. Apresentarei algumas razões
para minha fé e minha lealdade à Igreja.
Talvez consiga fazê-lo de modo mais sucinto
se mencionar uma entrevista que tive em
Londres, na Inglaterra, em 1939, pouco
antes da eclosão da [Segunda Guerra
Mundial]. Eu conhecera um cavalheiro
inglês muito importante, membro da
Câmara dos Comuns e anteriormente um
dos magistrados da Suprema Corte da
Inglaterra. Em minhas conversas com esse
homem, “desconcertantes para a alma”,
como ele as qualificara, tratávamos de diversos assuntos, como negócios, direito, política, relações internacionais, guerra e com
freqüência religião. Certo dia, telefonou-me
10
Somente pelos
sussurros do Espírito
Santo alguém pode
vir a conhecer as
coisas de Deus.
Por meio dessa
influência, declaro
saber que Joseph
Smith é um profeta
de Deus.
e pediu que eu fosse a seu escritório para
explicar-lhe alguns aspectos do evangelho.
Ele observou: “Acho que vai haver uma
guerra. Se isso acontecer, você terá que
voltar para a América e talvez nunca nos
voltemos a ver”. Seu comentário sobre a
iminência do conflito e da possibilidade
de não nos encontrarmos novamente mostrou-se profético. Quando cheguei ao seu
gabinete, ele disse que ficara intrigado com
algumas de minhas afirmações. Pediu-me
que preparasse um dossiê sobre o mormonismo (...) e o discutisse com ele como se
tratasse de uma questão jurídica.
Ele disse: “Você afirmou crer que Joseph
Smith foi um profeta. Garantiu acreditar que
Deus o Pai e Jesus de Nazaré apareceram a
ele. Não consigo entender como um advogado do Canadá, um homem treinado em
lógica e provas, pode aceitar tais declarações
absurdas. O que me falou de Joseph Smith
A PRIMEIRA VISÃO DE JOSEPH SMITH: GREG K. OLSEN. REPRODUÇÃO PROIBIDA
Hugh B. Brown nasceu em Salt Lake City, Utah, em 24 de outubro de 1883, filho de Lydia Jane e Homer Manly Brown.
Aos 15 anos, a família mudou-se para o Canadá. Em 17 de junho de 1908, casou-se com Zina Young Card, filha de
Charles O. Card (fundador de Cardston, Alberta, no Canadá) e neta de Brigham Young, no Templo de Salt Lake.
Tiveram seis filhas e dois filhos. O Presidente Brown era advogado e exerceu essa atividade primeiro no Canadá
e depois nos Estados Unidos. Serviu no exterior como major no exército canadense durante a Primeira Guerra
Mundial. De 1946 a 1950, foi professor de religião e coordenador de assuntos de veteranos na Universidade Brigham
Young. Em 1953, enquanto trabalhava como presidente da Richland Oil Development Company of Canada Ltd.
(Companhia de Desenvolvimento Petrolífero do Canadá, Ltd.), foi chamado para servir como Assistente dos Doze
Apóstolos. Em 10 de abril de 1958, foi ordenado Apóstolo e, em 22 de junho de 1961, apoiado como conselheiro do
Presidente David O. McKay. Serviu na Primeira Presidência até a morte do Presidente McKay em 18 de janeiro de
1970, quando retomou sua posição no Quórum dos Doze Apóstolos. Morreu em 2 de dezembro de 1975.
12
ILUSTRAÇÃO À ESQUERDA: SAM LAWLOR; À DIREITA: PAUL MANN
parece inacreditável, mas acho que deveria preparar um
dossiê em cerca de três dias e deixar-me examiná-lo para
que possa discutir com você o assunto”.
Sugeri que começássemos imediatamente e tivéssemos uma reunião de mediação, que é um encontro
entre ambas as partes litigantes de uma ação judicial.
Nela, o queixoso e o réu, com o respectivo advogado,
examinam as reivindicações de cada um e tentam chegar
a um acordo, sem ter que ir a juízo posteriormente.
Propus que achássemos alguns pontos comuns a partir
dos quais poderíamos discutir minhas idéias “inacreditáveis”. Ele concordou prontamente.
Nos poucos minutos de que disponho agora, posso
fornecer-lhes apenas uma breve sinopse da conversa de
três horas que se travou em seguida. Para fazer melhor
uso do tempo, empregarei o método de perguntas e
respostas em vez da narração. Comecei indagando:
“Posso proceder, vossa senhoria, partindo do
pressuposto de que é cristão?”
“Sim.”
“Suponho que vossa senhoria crê na Bíblia —
no Velho e no Novo Testamentos?”
“Creio!”
“Acredita na oração?”
“Acredito!”
“Vossa senhoria afirma que minha crença
no fato de Deus ter falado com um homem em
nossa época é fantasiosa e absurda?”
“A meu ver, é.”
“Crê que Deus em algum momento Se comunicou com alguém?”
“Certamente. Temos provas disso por toda a
Bíblia.”
“Ele falou com Adão?”
“Sim.”
“Com Enoque, Noé, Abraão, Moisés, Jacó,
José e os demais profetas?”
“Creio que falou com cada um deles.”
“Acredita que o contato entre Deus e o
homem cessou quando Jesus veio à Terra?”
“Não, nessa época a comunicação atingiu o
ápice, o ponto culminante.”
“Crê que Jesus era o Filho de Deus?”
“Ele era.”
“Acredita que depois da ressurreição de Jesus, um
certo advogado, que também era fabricante de tendas,
chamado Saulo de Tarso, falou a caminho de Damasco
com Jesus de Nazaré, que fora crucificado, ressuscitara
e ascendera ao céu?”
“Acredito.”
“Saulo ouviu a voz de quem?”
“A voz de Jesus Cristo, pois Ele mesmo Se apresentou.”
“Então (...) afirmo solenemente que esse era o procedimento padrão para Deus Se comunicar com o homem
nos tempos bíblicos.”
“Creio que aceito tal idéia, mas isso cessou pouco
depois do primeiro século da era cristã.”
“Por que julga que parou?”
“Não sei dizer.”
“Acha que Deus não Se pronunciou desde
aquela época?”
“Tenho certeza que não.”
“Deve haver um motivo; pode-me apresentar um?”
“Não sei a razão.”
“Posso sugerir algumas razões possíveis:
talvez Deus não Se comunique mais com o
homem porque não pode. Ele perdeu esse
poder.”
Ele replicou: “É claro que isso seria uma
blasfêmia”.
“Bem, se rejeita essa suposição, talvez Ele
não Se comunique mais com os homens por
não nos amar mais. Ele não Se interessa mais
pelo que os homens fazem.”
“Não”, retrucou ele, “Deus ama todos os
homens e não faz acepção de pessoas.”
“Então se Ele pode falar conosco e nos
ama, a única outra resposta possível, a me
ver, é que não precisamos Dele. Tivemos
tantos avanços na ciência e somos tão instruídos que não necessitamos mais de
Deus.”
Então ele declarou, com a voz trêmula
ao pensar na guerra que se aproximava: “Sr.
Brown, jamais houve uma época da história
do mundo em que a voz de Deus fosse tão
necessária quanto hoje. Talvez o senhor
possa dizer-me por que Ele não Se manifesta mais”.
Minha resposta foi: “Ele Se manifesta,
sim. Ele fala, mas os homens precisam de
fé para ouvi-Lo”.
Em seguida, começamos a preparar o
que eu poderia chamar de “perfil de um
profeta”. (...) Nós dois concordamos que
as seguintes características devem distinguir
um homem que afirme ser profeta:
A. Ele afirmaria com destemor que Deus
lhe falou.
B. Qualquer homem que se proclamasse
profeta, seria um homem honrado com
uma mensagem honrada; nada de grandes
alardes, conversas com os mortos, nem
visão sobrenatural, mas com uma declaração inteligente da verdade.
C. Qualquer homem que afirmasse ser
um profeta de Deus proclamaria sua mensagem sem medo e sem fazer nenhuma concessão covarde à opinião pública.
D. Se ele falasse em nome de Deus,
não recuaria, ainda que seus ensinamentos
fossem novos e contrários às idéias comumente ensinadas na época. Um profeta
presta testemunho do que viu e ouviu, e
raramente se vale de argumentos e raciocínios elaborados para provar que está certo.
O importante é sua mensagem e não ele
próprio.
E. Esse homem falaria em nome do
Senhor, proclamando: “Assim diz o
Senhor”, como o fizeram Moisés, Josué
e outros profetas.
F. Esse homem prediria acontecimentos futuros em nome do
Senhor e eles se concretizariam,
como aconteceu com Isaías e
Ezequiel.
G. Ele teria uma mensagem importante não apenas
para seus contemporâneos, mas
com freqüência para todas as épocas futuras, como foi o caso de
Daniel, Jeremias e outros.
H. Ele teria coragem e fé suficientes para enfrentar as perseguições e dar sua vida, se
necessário, pela causa que
abraçou, como fizeram
Pedro, Paulo e outros.
I. Tal homem
denunciaria a
iniqüidade com
S
r. Brown”,
disse ele,
“jamais houve
uma época
da história do
mundo em que a
voz de Deus fosse
tão necessária
quanto hoje. Talvez
o senhor possa dizerme por que Ele não
Se manifesta mais.”
Minha resposta
foi: “Ele Se manifesta,
sim. Ele fala, mas
os homens precisam
de fé para
ouvi-Lo”.
“
audácia. Certamente seria rejeitado ou perseguido pelas pessoas de sua época, mas as
gerações posteriores, os descendentes de
seus opositores, construiriam monumentos
em sua honra.
J. Ele seria capaz de fazer coisas sobrehumanas, proezas que nenhum homem
poderia realizar sem a ajuda de Deus. As conseqüências ou resultados de sua mensagem
e obra seriam uma evidência convincente de
seu chamado profético. “Pelos seus frutos os
conhecereis” [Mateus 7:20].
K. Seus ensinamentos estariam em perfeita
harmonia com as escrituras e suas palavras e
ensinamentos se tornariam escritura. “Porque
a profecia nunca foi produzida por vontade
de homem algum, mas os homens santos de
Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo”
(II Pedro 1:21).
Apresentei-lhe apenas um esboço
que vossa senhoria pode completar,
expandir e então avaliar e julgar
o Profeta Joseph Smith em relação à obra e magnitude de
outros profetas.
Como estudioso da vida
do Profeta Joseph Smith há
mais de 50 anos, digo-lhe que
(...), por esses padrões, Joseph
Smith qualifica-se como um profeta
de Deus.
Creio que Joseph Smith foi
um profeta de Deus porque falava
como um Profeta. Foi o primeiro
homem desde a morte dos Apóstolos
de Jesus Cristo a fazer as afirmações
que os profetas sempre fizeram,
[a saber], que Deus Se comunicara
com ele. Ele viveu e morreu como
um profeta. Creio que foi um Profeta
de Deus porque deu a este mundo
algumas das maiores revelações
jamais feitas. Creio que foi um Profeta de
Deus porque predisse muitos eventos futuros, fatos que só Deus poderia produzir.
João, o bem-amado discípulo de Jesus,
declarou: “O testemunho de Jesus é o
espírito de profecia” [Apocalipse 19:10].
Se Joseph Smith tinha o testemunho de
Jesus, ele tinha o espírito de profecia e, se
tinha o espírito de profecia, era um profeta.
Declaro-lhes, como declarei ao meu amigo,
que assim como qualquer outro homem
que já viveu, ele tinha um testemunho de
Jesus, pois, como os Apóstolos da antigüidade, ele O viu e O ouviu falar. Ele deu sua
vida por esse testemunho. Desafio qualquer
homem a citar alguém que tenha dado mais
provas do chamado divino de Jesus Cristo
do que o Profeta Joseph Smith.
Creio que Joseph Smith foi um profeta,
pois fez muitas coisas sobre-humanas.
Uma delas foi traduzir o Livro de Mórmon.
Alguns não concordam, mas asseguro-lhes
que o Profeta Joseph Smith, ao traduzir o
Livro de Mórmon, fez algo sobre-humano.
Desafio-os (...) a escrever uma história
sobre os antigos habitantes da América.
Redijam como ele, sem nenhuma fonte de
consulta ou material de referência. Incluam
em seu relato 54 capítulos relativos a guerras, 21 capítulos de história, 55 capítulos
sobre visões e profecias e não se esqueçam
de, ao começarem a escrever sobre visões
e profecias, certificar-se de que seu registro
esteja em estrita concordância com a Bíblia.
Escrevam 71 capítulos sobre doutrina e
exortação e, aí também, precisam harmonizar cada declaração com as escrituras ou
serão desmascarados como impostores.
Têm que redigir 21 capítulos sobre o ministério de Cristo e tudo o que afirmarem que
Ele disse e fez, e cada testemunho que
incluírem em seu livro sobre Ele devem
ILUSTRAÇÃO, À ESQUERDA: PAUL MANN; À DIREITA: JOSEPH SMITH: ALVIN GITTINS
E
le
permaneceu
sentado e
escutou com
atenção; e por fim,
declarou: “Sr.
Brown, será que seu
povo dá o devido
valor ao significado
de sua mensagem?”
estar em absoluta conformidade com
o Novo Testamento.
Pergunto-lhes: gostariam de
incumbir-se de tal empreendimento?
Sugiro-lhes que empreguem figuras
de linguagem, símiles, metáforas,
narrações, exposições, descrições,
recursos de oratória, aspectos épicos,
líricos, lógicos, bem como parábolas.
Estariam dispostos a incumbir-se de tal trabalho? Peço
que se lembrem ainda de que o homem que traduziu
o Livro de Mórmon era um rapaz que não tivera a oportunidade de estudar como vocês, mas ainda assim ditou
essa obra em pouco mais de dois meses e fez pouquíssimas correções, se é que as fez. Por mais de 100
anos, alguns dos melhores estudiosos e eruditos do
mundo vêm tentando refutar o Livro de Mórmon
usando a Bíblia, mas nenhum conseguiu mostrar que
algo escrito nele não esteja em estrita harmonia com
as escrituras. (...)
Joseph Smith incumbiu-se de outras obras sobrehumanas e, entre elas, realizou as seguintes: Ele organizou a Igreja. (Saliento que nenhuma constituição escrita
pelos homens sobreviveu mais de 100 anos sem modificações ou emendas, nem mesmo a constituição dos
Estados Unidos. A lei básica ou constituição da Igreja
jamais foi alterada.) Ele começou a levar a mensagem
do evangelho a todas as nações, uma proeza ainda em
curso. Começou, por ordem divina, a reunir milhares de
pessoas em Sião. Instituiu a obra vicária pelos mortos e
construiu templos com essa finalidade. Prometeu que
certos sinais acompanhariam os que crêem e há milhares de testemunhas do cumprimento dessa promessa.
Eu disse a meu amigo: “(...) Não compreendo por
que vossa senhoria diz que minhas afirmações são fantasiosas. Tampouco entendo por que pessoas que alegam
crer em Cristo perseguiriam e executariam um homem
cujo único propósito era provar a veracidade do que elas
mesmas professavam, ou seja, que Jesus é o Cristo. Eu
poderia entender que elas perseguissem Joseph caso
ele dissesse: ‘Eu sou o Cristo’ ou afirmasse: ‘Cristo não
existe’ ou declarasse que outra pessoa era o Cristo. Se
fosse assim, os seguidores de Cristo
estariam justificados para opor-lhe
resistência. Mas o que ele proclamou foi: ‘Falo-vos Daquele a quem
afirmais servir. (...) Testifico que
O vi e falei com Ele. Ele é o Filho
de Deus. Por que me perseguis
por isso?’ ” (...)
Talvez alguns de vocês estejam
curiosos para saber qual foi a reação do juiz após nossa
conversa. Ele permaneceu sentado e escutou com atenção; em seguida, fez algumas perguntas precisas e pertinentes e por fim declarou: “Sr. Brown, será que seu
povo dá o devido valor ao significado de sua mensagem?” O senhor dá? E prosseguiu: “Se o que o senhor
me disse for verdade, trata-se da maior mensagem transmitida a este mundo desde que os anjos anunciaram o
nascimento de Cristo”.
Essas foram as palavras de um juiz, um grande estadista, um homem de rara inteligência. E ele lançou o
desafio: “O senhor tem noção da importância do que
disse?” E continuou: “Quisera que fosse verdade. Espero
que seja verdade. Deus sabe que deve ser verdade.
Quem me dera”, disse ele com lágrimas nos olhos,
“que algum homem aparecesse na Terra e declarasse
com autoridade: ‘Assim diz o Senhor’ ”.
Como disse anteriormente, nunca mais o vi.
Apresentei-lhes de modo sucinto alguns dos motivos
pelos quais creio que Joseph Smith foi um Profeta de
Deus. Mas acima de tudo, digo-lhes de todo o coração
que, pelas revelações do Espírito Santo, sei que Joseph
Smith foi um Profeta de Deus. Embora essas provas e
muitas outras que poderiam ser citadas, contribuam
para conceder a alguém uma convicção intelectual,
somente pelos sussurros do Espírito Santo alguém
pode vir a conhecer as coisas de Deus. Por meio dessa
influência, declaro saber que Joseph Smith é um profeta
de Deus. Agradeço a Deus por esse conhecimento. ■
Trechos da versão modificada e publicada de um discurso proferido na Universidade Brigham Young em 4 de outubro de 1955;
a pontuação, o uso de iniciais maiúsculas e a ortografia foram
atualizados.
A LIAHONA JUNHO DE 2006 15
Joseph Smith:
O Profeta da
Restauração
O menino Joseph sendo consolado por seu pai depois de
uma dolorosa cirurgia (acima); carregado nas costas de
seu irmão mais velho Alvin (à direita); quando jovem,
recebendo instruções durante a visita de Morôni em seu
quarto (página ao lado); estudando a Bíblia (detalhe,
página ao lado).
16
FOTOGRAFIAS: MATTHEW REIER, EXCETO QUANDO INDICADO EM CONTRÁRIO; AO FUNDO © COMSTOCK
A
maior parte do mundo pode não ter
notado o nascimento de um menino no
seio de uma família pobre da zona rural
de Vermont no dia 23 de dezembro de 1805. Esse
evento chamou pouca atenção na Terra, mas não
no céu. Esse nascimento fora profetizado havia
muito tempo e até mesmo fora predito o nome
do bebê: José (ver 2 Néfi 3:15).
Esse menino desconhecido tinha apenas 14 anos
quando os céus se abriram para ele numa visão de
Deus o Pai e Seu Filho. O jovem Joseph soube depois que seu nome “seria considerado bom e mau entre todas as nações” (Joseph Smith — História 1:33).
Hoje, seu nome é considerado bom no coração de milhões de pessoas.
Sua história foi retratada num novo filme, Joseph Smith:
o Profeta da Restauração. As fotos deste artigo foram
tiradas dessa produção, exibida atualmente em muitos
centros de visitantes da Igreja em todo o mundo.
A L I A H O N A JUNHO DE 2006 17
18
O filme mostra o lado contemplativo e
espiritual do Profeta Joseph (à esquerda),
bem como acontecimentos-chave de
sua vida.
Num momento romântico com a esposa
Emma (detalhe, no alto, à esquerda);
rejubilando-se com Emma depois
do nascimento de seu filho (acima);
repreendendo os carcereiros por seu
linguajar impróprio (à esquerda);
retirando as placas de ouro no Monte
Cumora (abaixo, à esquerda); sofrendo
na Cadeia de Liberty
À ESQUERDA, FOTOGRAFIA: CHRISTINA SMITH; ABAIXO, À DIREITA, FOTOGRAFIA: JOHN LUKE
(abaixo).
A LIAHONA JUNHO DE 2006 19
A Produção de
JOSEPH SMITH: O PROFETA DA RESTAURAÇÃO
Como contar em 68 minutos a história de um
homem de realizações sobre-humanas? Para uma
proeza assim, é preciso planejamento de longo
alcance, preparação intensa, oração — e o tipo de
ajuda que as produtoras de cinema não costumam
receber. As pessoas envolvidas nas filmagens de
Joseph Smith: O Profeta da Restauração podem testificar que no decorrer do projeto contaram com um auxílio que lhes permitiu ir além do que poderiam fazer
sozinhos — por exemplo, para selecionar os protagonistas e para desfrutar condições atmosféricas ideais
em dois dias de filmagens externas em meio a vários
dias de constante tempo ruim.
O resultado é um filme que descreve o Profeta Joseph
Smith como um homem com qualidades humanas, mas
com a capacidade extraordinária de atender à orientação
divina e liderar as pessoas segundo essa direção.
A produção do filme exigiu uma coordenação e
planejamento minuciosos. Por exemplo:
• As filmagens aconteceram ao longo de vários meses
em Nauvoo; no norte do Estado de Nova York; no
histórico povoado Upper Canada perto de Ottawa; no
O trabalho nos bastidores da produção contou
com o apoio constante da equipe de filmagem,
dos maquiadores e cabeleireiros (à esquerda
e abaixo, à direita); espalhando neve para
uma cena de inverno em Nauvoo (à direita);
e a criação em estúdio de uma diminuta cela
FOTOGRAFIA DE CENAS DO FILME © ULTIMATE SYMBOL
de prisão (abaixo).
20
povoado Lincoln’s New Salem perto de Springfield,
Illinois; no rio Mississipi; em Manchester, Inglaterra;
e no Estúdio Cinematográfico da Igreja, perto da
Universidade Brigham Young em Provo, Utah.
• O filme tem um elenco principal de cerca de 40 atores. Uma equipe de mais de 100 pessoas participou
da produção, e algumas cenas incluíram até 300 atores locais como figurantes. Além disso, muitos moradores das diferentes locações foram contratados para
trabalhar como maquiadores, cabeleireiros, etc.
• O guarda-roupa foi o resultado de pesquisas aprofundadas, a fim de que se criassem trajes autênticos,
semelhantes aos usados no início do século XIX.
• O filme foi produzido sob a direção da Primeira
Presidência e pelo Departamento de Recursos
Audiovisuais da Igreja. Ele estreou em 17 de dezembro de 2005, uma semana antes do bicentenário
do nascimento de Joseph Smith, no Legacy Theater
[Teatro O Legado] no Joseph Smith Memorial
Building [Edifício Memorial de Joseph Smith] na
Praça do Templo. ■
FOTOGRAFIA: CRAIG DIMOND
o
ã
ç
a
n
i
t
s
a
r
c
o
r
P
SE NÃO COMEÇAR, VOCÊ JAMAIS . . .
(VER D&C 60:13).
A LIAHONA JUNHO DE 2006 21
Perguntas e
Respostas
“Qual é a melhor maneira de apresentar o Livro de Mórmon a um
amigo de outra religião?”
A LIAHONA
A
melhor maneira de apresentar o
Livro de Mórmon é orar para receber inspiração do Espírito e então
segui-la. Isso pode significar o uso de uma
abordagem diferente com cada amigo.
Para preparar-se para partilhar o Livro de
Mórmon, leia a introdução desse volume de
escrituras. Ela dá uma visão geral do livro,
em termos que você pode usar nas explanações a seu amigo.
Se seu amigo não souber o que é o
Livro de Mórmon, dê uma breve explicação.
Diga que se trata de outro testamento de
Jesus Cristo, que é um volume de escrituras
redigido por profetas que viveram no continente americano. Pode explicar que o
Livro de Mórmon foi escrito para os nossos
dias e traduzido pelo Profeta Joseph Smith.
Por fim, preste seu testemunho do Livro
de Mórmon.
Depois de oferecer o Livro de Mórmon,
incentive seu amigo a começar a lê-lo. Pode
sugerir algumas passagens iniciais. Em geral,
22
Ore pedindo inspiração
para saber a melhor
maneira de apresentar
o Livro de Mórmon a
um amigo.
Prepare-se estudando e
orando sobre o Livro de
Mórmon.
Faça explicações simples sobre o Livro de
Mórmon, sugira algumas passagens para
seu amigo começar a
ler e preste testemunho
do livro.
Se você não dispuser de
um livro para oferecer,
seu amigo pode solicitar um exemplar gratuito do Livro de
Mórmon por meio de
um cartão da amizade
ou no site www.
mormon.org.
os missionários convidam as pessoas a lerem
a introdução, 3 Néfi 11 e Morôni 10:3–5. Se
desejar, leia também para seu amigo alguns
de seus versículos preferidos e diga-lhe o
que significam para você.
Se você não tiver um exemplar do Livro
de Mórmon para oferecer, indique o site
www.mormon.org ou dê a seu amigo um
cartão da amizade. Seu amigo pode receber
um exemplar gratuito solicitando-o no site.
O livro será enviado pelo correio ou entregue pelos missionários, segundo a preferência de seu amigo.
É importante partilhar o Livro de Mórmon
com as pessoas porque ele testifica de Cristo
e da Restauração do evangelho. O Presidente
Gordon B. Hinckley afirmou recentemente:
“O Livro de Mórmon foi revelado pelo dom
e poder de Deus. Ele fala como a voz que
clama do pó em testemunho do Filho de
Deus. Fala de Seu nascimento, de Seu ministério, de Sua Crucificação e Ressurreição e
de Seu aparecimento aos justos na terra de
Abundância no continente americano.
FOTOGRAFIA: JOHN LUKE, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS
Ele é algo tangível, que pode ser
manuseado, que pode ser lido, que
pode ser testado. Leva em seu interior uma promessa de sua origem
divina. Milhões de pessoas colocaram-no à prova e descobriram que
ele é um registro sagrado e verdadeiro” (“As Grandes Coisas que Ele
Revelou”, A Liahona, maio de 2005,
pp. 80–82).
Convide seu amigo a ser um dos
milhões que já leram e oraram sobre
o Livro de Mórmon e receberam um
testemunho de sua veracidade.
LEITORES
amigos, as pessoas aprenderão com
Sempre tive vontade
nosso exemplo que esse testemunho é
de partilhar o Livro de
verdadeiro e também terão o desejo de
Mórmon, mas nunca encon-
adquiri-lo.
trava a maneira ideal. Com
Gisela M., 21, Moçambique
o passar do tempo, ganhei
confiança nas doutrinas do evangelho e
Certa vez, uma amiga
tive o desejo de proporcionar a todos a
de outra religião estava
mesma alegria que eu sentia ao seguir
fazendo aniversário.
a Jesus Cristo. Só então percebi que, ao
Resolvi dar-lhe de pre-
oferecer o Livro de Mórmon a alguém,
sente um Livro de Mórmon.
deveria prestar testemunho das mudan-
Escrevi na dedicatória que essa era a
ças que ele ocasionara em minha vida e
coisa mais preciosa que eu poderia
na de outras pessoas. Se formos bons
oferecer-lhe e embrulhei-o. Isso lhe
A LIAHONA JUNHO DE 2006 23
despertou a curiosidade, e ela começou a lê-lo
Uma boa forma de apresentar
naquele mesmo instante.
o Livro de Mórmon é: “Gostaria
Marcus A., 16, Brasil
de dar-lhe um livro que contém
a história de um povo que viveu
Compartilhar o Livro de Mórmon pode causar
nas Américas”. Eu escreveria
apreensão, mas sei que se você orar antes
uma dedicatória com meus sentimentos e res-
pedindo ajuda e a orientação do Espírito Santo,
tudo correrá bem. Nos últimos quatro exemplares que ofereci, marquei algumas de minhas
escrituras preferidas (incluindo Morôni 10:3–6)
com lápis vermelho e então coloquei um marcador para indicar a página. Assim, a pessoa que
recebe o livro já tem um ponto de partida. Um
livro de 500 páginas pode assustar um pouco.
Em geral, explico que o povo do Livro de
Mórmon constitui as “outras ovelhas” a que
Cristo se referiu em João 10:16. Em seguida,
presto meu testemunho.
Rebecca C., 17, Illinois, EUA
Em primeiro lugar, concentre-se
nos pontos que você tem em
comum com o amigo e diga que
cremos em Jesus Cristo como nosso
Salvador e na Bíblia como a palavra de Deus. Em seguida, diga-lhe que acreditamos em outro volume de escrituras chamado
peito pelo Livro de Mórmon. E pediria também
S
“
e tivermos o
desejo e orarmos a esse
respeito, podemos
receber inspiração
sobre como (...) dar
um Livro de Mórmon
a um vizinho. (...)
Precisamos encontrar
a melhor maneira de
ajudar, de acordo
com as nossas melhores possibilidades.”
ao Senhor que ajudasse meu amigo a com-
Élder Charles Didier, da
Presidência dos Setenta,
em “Ensinar com o
Coração”, A Liahona,
junho de 2004, p. 8.
deiro e que nos ajuda em nossa vida e ajudará
preender que o Livro de Mórmon é uma obra
inspirada.
Ana B., 15, Brasil
Apresente o Livro de Mórmon acompanhado
da Bíblia. Dessa forma, você pode explicar
que se trata de outro testamento de Cristo e
que esses dois volumes de escrituras se complementam. Pode mencionar também que Cristo
esteve na América e que o relato de Sua visita
no Livro de Mórmon nos permite compreender
melhor a vida Dele. Sei que esse livro é verdanossos amigos.
Cathy U., 17, França
As respostas da revista A Liahona e dos leitores
são concedidas à guisa de orientação, não como
pronunciamentos doutrinários da Igreja.
Livro de Mórmon e que ele também testifica que
O QUE VOCÊ ACHA?
Jesus é o Cristo. Você pode usar algumas passa-
Jovens leitores: Mandem sua resposta, junta-
gens da Bíblia que tratam do Livro de Mórmon,
mente com seu nome, data de nascimento, ala e
como Salmos 85:11; Isaías 29:11–12; Ezequiel
estaca (ou ramo e distrito) e fotografia (incluindo
37:15–17; e João 10:16.
a permissão escrita de seu pai ou mãe para a
Christopher W., 16, Califórnia, EUA
publicação dela) para:
Questions and Answers 7/06
Para mim, a melhor maneira de compartilhar
50 E. North Temple St. Rm. 2420
o Livro de Mórmon é sempre levar minhas escri-
Salt Lake City, UT 84150–3220, USA
turas para a escola e nas férias. Ao ler o Livro
de Mórmon em público, tenho muitas oportuni-
Ou por e-mail: [email protected]
Favor responder antes de 15 de julho de 2006.
dades de apresentá-lo às pessoas, pois elas
querem saber o que estou lendo. Isso costuma
24
funcionar, e dois amigos meus já me pediram
PERGUNTA
um Livro de Mórmon. Ajudo-os a compreender
“Voltei para a Igreja e tentei começar uma
que Deus não se lembra apenas de uma nação,
nova vida depois de cometer alguns erros, mas
mas de todas.
tenho medo de recaídas. Como posso superar
Matilde C., 18, Peru
esses temores?” ■
MENSAGEM DAS PROFESSORAS VISITANTES
Em espírito de oração,
leia a mensagem a
seguir e escolha as
escrituras e os ensinamentos que melhor atendam às
necessidades das irmãs a quem
visita. Fale de suas experiências e
de seu testemunho e incentive as
irmãs a fazerem o mesmo.
Bênçãos de Pertencer à Sociedade
de Socorro: Em harmonia com o lema
da Sociedade de Socorro, “A caridade
nunca falha”, cada irmã é incentivada
a desenvolver e exercer o puro amor
de Cristo em todos os aspectos de sua
vida. É ainda encorajada a preocuparse com as pessoas de sua família, ala e
comunidade e a ajudá-las.
O Que É a Caridade?
Morôni 7:47: “A caridade é o puro
amor de Cristo e permanece para
sempre”.
Élder Marvin J. Ashton (1915–1994)
Como Podemos Praticar a Caridade
e Nutrir as Pessoas em Dificuldade?
Anne C. Pingree, segunda conse-
do Quórum dos Doze Apóstolos: “Com
lheira na presidência geral da
freqüência, equiparamos a caridade
ao ato de visitar os doentes, levar alimentos aos necessitados ou dividir o
que temos de sobra com os menos
afortunados. Na realidade, a verdadeira caridade é muitíssimo mais do
que isso.
A verdadeira caridade não é algo
que se doa, mas que se adquire e que
se torna parte de você mesmo. E
quando a virtude da caridade se enraizar em seu coração, você nunca mais
será o mesmo (...).
Talvez a maior manifestação de
caridade consista em sermos bondosos uns com os outros, não julgarmos
ou rotularmos as pessoas, considerarmos os acusados inocentes até
prova em contrário ou permanecermos em silêncio, em vez de condenarmos. Caridade é aceitarmos as
diferenças, fraquezas e falhas alheias;
termos paciência com alguém que
nos decepcionou; ou resistirmos ao
impulso de ficarmos magoados (...).
Caridade é nos recusarmos a tirar
proveito das fraquezas de alguém e
estarmos dispostos a perdoar a uma
pessoa que nos tenha ofendido. Caridade é esperarmos o melhor uns dos
outros” (“The Tongue
Can Be a Sharp Sword”,
Ensign, maio de 1992,
pp. 18–19).
Morôni 7:48: “Rogai
ao Pai, com toda a
Sociedade de Socorro: “Assim como
Alma, testifico que ‘é por meio de coisas pequenas e simples que as grandes
são realizadas’ [Alma 37:6]. Em nossa
casa, essas coisas pequenas e simples
— nossos atos diários de caridade —
proclamam a nossa convicção: ‘Eis-me
aqui, envia-me’. Presto meu testemunho de que o maior gesto de caridade
desta vida e de toda a eternidade foi
a Expiação de Jesus Cristo. Ele deu a
vida voluntariamente para expiar os
meus pecados e os de vocês. Expresso
minha devoção a Sua causa e o desejo
que tenho de servi-Lo sempre que Ele
me chamar, seja onde for” (“Caridade:
Uma Família e Uma Casa de Cada Vez”,
A Liahona, novembro de 2002, p. 110).
Presidente Howard W. Hunter
(1907–1995): “Exortamo-los a trabalha-
rem e exercerem uma influência profunda para o bem ao fortalecerem a
família, a Igreja e a comunidade. (...)
Aqueles que seguem a Cristo tentam aplicar Seu exemplo. Seu sofrimento por nossos pecados, fraquezas,
pesares e enfermidades deve motivar-nos a igualmente estender a mão,
com caridade e compaixão, às pessoas a nossa volta. Nada mais justo
que o lema da organização feminina
mais antiga do mundo — a Sociedade
de Socorro de A Igreja de Jesus Cristo
dos Santos dos Últimos Dias — seja
‘A Caridade Nunca Falha’” (“Stand
Firm in the Faith”, Ensign, novembro
de 1994, p. 97). ■
A LIAHONA JUNHO DE 2006 25
ILUSTRAÇÃO: SHANNON CHRISTENSEN
Exercer Caridade e Ajudar
as Pessoas em Dificuldade
energia de vosso coração, que sejais
cheios desse amor”.
BREVES MENSAGENS
A RESPOSTA
NO LIVRO
ANDREW CONFER, CONFORME
R E L ATA D O A M I L E S T. T U A S O N
É
“
lder Confer, pode continuar
a ensinar-me”, disse a voz do
outro lado da linha, “mas não
sobre o Livro de Mórmon.” Christine
Yong, nossa nova pesquisadora,
desejava aprender mais sobre nossa
religião.
Élderes na Missão Cingapura, eu e
meu companheiro estávamos animados por termos uma pesquisadora
como Christine. Ela e sua irmã Sara
pareciam sinceramente interessadas
no evangelho. Contudo, durante as
semanas em que lhes ensinamos as
palestras, apresentaram dúvidas sobre
Joseph Smith e o Livro de Mórmon.
Não queríamos desistir, portanto marcamos outra visita.
Fui à casa delas com o líder da
obra missionária de nosso ramo,
Patrick Lim, enquanto meu companheiro foi dar outras palestras com
outro membro. Eu e o irmão Lim planejáramos ensinar a Christine sobre o
arrependimento, o batismo e o dom
do Espírito Santo. Em geral, convidávamos as pessoas ao batismo ao abordarmos esse princípio. Contudo, não
tínhamos certeza de
que Christine,
devido a suas dificuldades e hesitações, estivesse
preparada para
esse convênio.
Antes da visita, oramos para ter o
Espírito.
Durante a palestra, Christine pareceu compreender o arrependimento
e o batismo. Contudo, enquanto o
irmão Lim estava ensinando sobre o
dom do Espírito Santo, Christine
externou dúvidas.
“Élderes, não tenho certeza de que
Deus responderá mesmo a minhas
orações”, admitiu ela, reticente.
Descrevemos os sentimentos calmos e serenos trazidos pelo Espírito,
mas ela não tinha familiaridade com
a influência do Espírito Santo. Ela
tentara orar e ler as escrituras, mas
isso não estava surtindo os efeitos
esperados.
Por alguns instantes, não sabíamos
o que responder. Então, uma escritura
veio-me à mente e senti-me inspirado
a usá-la, embora estivesse no Livro de
Mórmon, que ela pedira que não usássemos no ensino. Pedi a Christine que
lesse Éter 12:6: “Quisera mostrar ao
mundo que fé são coisas que se esperam, mas não se vêem; portanto, não
disputeis porque não vedes, porque
não recebeis testemunho senão
depois da prova de vossa fé”.
Ao explicar que nossa fé no Senhor
é testada antes de recebermos uma
resposta do Pai Celestial, senti fortemente o Espírito no coração. Orei
para que Christine também sentisse o
mesmo. E foi isso que aconteceu.
“Estou muito tocada. Muito tocada
mesmo”, disse Christine, com lágrimas
nos olhos.
“É o Espírito, Christine. É assim
que nos sentimos quando influenciados pelo Espírito”, respondi com
o irmão Lim, ambos com lágrimas
que também começavam a banharnos o rosto.
Depois de lermos esse versículo
com ela e ensinarmos outros princípios, Christine aceitou nosso convite
e logo foi batizada. ■
O MOMENTO
DECISIVO
ELSWORTH GILLETT
ILUSTRAÇÃO: JUSTIN KUNZ
F
ui criado como membro da
Igreja em Belize, mas nem sempre fui um seguidor fiel do
Senhor. Minha família estava entre
os primeiros membros da Igreja do
país, mas tivemos muitas provações.
Meu pai abandonou-nos, deixando
minha mãe sem emprego, com três
filhos.
A fé que minha mãe tinha no
Senhor permitiu-nos vencer as dificuldades. Ela trabalhava arduamente
para sustentar-nos e aproximar-nos
do Senhor, mas tive que adquirir
meu próprio testemunho. Por algum
tempo, escolhi caminhos errados,
principalmente por causa de más
companhias. Esses amigos me
influenciaram a afastar-me
do Senhor, em vez de
achegar-me a Ele.
O momento decisivo foi quando
resolvi passar a maior
parte de meu tempo com jovens
da Igreja. Senti o maravilhoso espírito que irradiavam, o que proporcionou uma alegria incomum à
minha vida. Ver meus amigos partir
para servir ao Senhor no campo
missionário trouxe-me um espírito
ainda mais forte.
Servir como missionário era a
última coisa que eu tinha em mente
até resolver dirigir-me ao Senhor em
oração para descobrir se era essa a
Sua vontade. Ao orar, senti o poder
do Espírito Santo manifestar-se em
meu coração de modo arrebatador.
Nunca testemunhara antes um poder
tão sublime. Essa experiência me
levou a saber que a missão era a coisa
certa para mim. Conversei com meu
presidente de ramo, preparei-me
espiritual e financeiramente e por fim
servi numa missão de tempo integral.
Hoje, posso dizer sem nenhuma
dúvida que sei que este é o evangelho restaurado de Jesus Cristo e que
o Presidente Gordon B. Hinckley é
um profeta vivo, vidente e revelador,
chamado por Deus para declarar Sua
palavra e conduzir todas as pessoas
ao rebanho de nosso Pai Celestial.
Como disse Morôni, é preciso ler o
Livro de Mórmon, ponderar na alma
e assim receberemos respostas às
perguntas de nosso coração (ver
Morôni 10:3–5). ■
A LIAHONA JUNHO DE 2006 27
A Consciência das
Coisas Sagradas
Da Presidência dos Setenta
M
Vestimo-nos de modo
formal na Igreja e
em outras ocasiões
sagradas não por
sermos importantes,
mas porque a
ocasião o é.
28
uito tempo atrás, uma jovem de
outra parte dos Estados Unidos foi
passar algumas semanas na casa de
parentes. Em seu primeiro domingo, foi à
Igreja com uma blusa simples e elegante,
uma saia na altura dos joelhos e um suéter
claro com botões. Estava usando meia-calça
e sapatos sociais e seu penteado era simples,
mas feito com cuidado. No todo, sua aparência transpirava graça jovial.
Infelizmente, sentiu-se logo deslocada.
Parecia que todas as outras jovens de sua
faixa etária estavam usando saias informais,
algumas muito acima dos joelhos; usavam
também camisetas justas, que às vezes mal
chegavam à cintura; não usavam meias nem
meias-calças; e calçavam tênis ou sandálias
de dedo.
Poderíamos esperar que, ao verem a nova
moça, as outras percebessem o quanto seu
modo de vestir-se era inadequado para a
capela e o Dia do Senhor e imediatamente
mudassem para melhor. Contudo, a triste
verdade é que foi a visitante que, para não
destoar do grupo, adotou os hábitos das
anfitriãs.
Esse exemplo ilustra uma de minhas preocupações. Referindo-me à sociedade em
geral, infelizmente acho que muitos de
minha geração não incutiram nos mais
jovens a consciência das coisas sagradas.
Neste artigo, espero ajudá-los a aprimorar
sua capacidade de reconhecê-las e tratá-las
com o devido respeito. Entre tantas coisas
sagradas pelas quais devemos demonstrar
reverência — as escrituras, os profetas, o
corpo físico, a Deidade — concentrarei
minha atenção no respeito pelos locais
e eventos sagrados.
Na verdade, muito do que quero transmitir-lhes não pode ser passado de uma pessoa para outra; precisa vir de dentro de cada
um. Mas se eu puder ajudar a propor-lhes
alguns temas de reflexão, o Espírito poderá
agir em vocês a fim de não precisarem que
ninguém lhes diga o que é sagrado e como
agir, pois sentirão por si mesmos. Será parte
de sua natureza; de fato, muito disso já o é.
Roupas de Domingo
Nossos templos e capelas são dedicados
ao Senhor como um espaço sagrado. Em
cada templo há a inscrição: Santidade ao
Senhor — A Casa do Senhor. A consciência
das coisas sagradas deve levar-nos a agir e
falar com reverência dentro e nos arredores
desses prédios e deve induzir-nos a vestir-nos
da maneira certa quando lá estivermos.
A falta de recato no vestuário desonra o
corpo, a criação mais sagrada de Deus. O vestuário e a aparência indecentes, desleixados
ou sujos em momentos e locais sagrados são
um escárnio à santidade da casa do Senhor e
ao trabalho lá realizado.
Há vários anos, minha ala no Tennessee
usou uma escola secundária para as reuniões da Igreja aos domingos enquanto
nossa capela, que sofrera estragos com a
FOTOGRAFIAS: STEVE BUNDERSON, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS
É L D E R D. TO D D C H R I S TO F F E R S O N
V
ocês são
santos da
grandiosa
dispensação dos
últimos dias —
cultivem uma
aparência
condizente.
passagem de um tufão, estava em reforma.
Uma congregação de outra religião reunia-se
no mesmo prédio durante a construção de
sua nova igreja.
Fiquei chocado a ver os trajes dos membros dessa outra congregação. Não havia
um único terno ou gravata entre os homens.
Vestiam-se como se estivessem vindo de um
campo de golfe ou indo para lá. Era difícil
achar uma mulher de vestido ou algo além
de calças informais ou até mesmo shorts. Se
eu não soubesse que estavam na escola para
as reuniões de sua igreja, seria levado a crer
que se tratava de um evento esportivo.
Comparativamente, os padrões de vestuário dos membros de nossa ala eram bem mais
elevados, mas estou começando a achar que
a diferença está diminuindo cada vez mais,
pois observo uma tendência em nosso povo
para aproximar-se dos hábitos do mundo.
Antes falávamos de “roupas de domingo”. As
pessoas entendiam essa expressão como as
melhores roupas que tinham. As peças específicas do vestuário poderiam variar de uma
cultura para outra e segundo a condição
financeira, mas era o melhor de que
dispunham.
Deus ofende-Se quando vamos
a Sua casa, principalmente em Seu dia
30
santificado, sem nos arrumarmos e vestirmos
da maneira mais cuidadosa e recatada que
permitirem nossas circunstâncias. Se um
membro nos confins do Peru precisa atravessar um rio a nado para chegar à Igreja, o
Senhor certamente não Se ofenderá com
uma mancha de água barrenta em sua camisa
branca. Mas como esperar que Deus não Se
entristeça ao ver alguém que, mesmo tendo
roupas de sobra e fácil acesso à capela, vai à
Igreja com calças de moletom e camiseta?
Com minha vivência ao viajar pelo
mundo inteiro, garanto que os membros da
Igreja com menos recursos acabam encontrando meios de chegar às reuniões dominicais limpos e bem vestidos, com roupas
apresentáveis, as melhores que têm. Por
outro lado, aqueles cujos bens ultrapassam
em muito suas necessidades são os que
costumam ir à Igreja em trajes descuidados
ou sujos.
O Vestuário Importa?
Algumas pessoas acham que o vestuário
e o penteado não têm importância — afirmam que o que conta é o interior da pessoa. Creio que é o interior da pessoa que
verdadeiramente importa, mas é isso que
me preocupa. O vestuário descuidado em
locais e ocasiões sagrados é uma mensagem
sobre o que há no coração. Pode denotar
orgulho, rebelião ou outra coisa, mas no
mínimo revela: “Não vejo diferença entre o
sacro e o profano”.
Nessa condição, as pessoas distanciam-se
facilmente do Senhor. Não dão valor ao que
têm. Preocupo-me com elas. A menos que
adquiram alguma compreensão das coisas
sagradas e despertem a sensibilidade para
elas, essas pessoas correm o risco de um dia
virem a perder tudo o que mais importa.
Vocês são santos da grandiosa dispensação
dos últimos dias — cultivem uma aparência
condizente.
Esses princípios se aplicam a atividades
seus convênios com Deus. Seu senso de
e ocasiões sagradas ou que exijam revedever para com Deus diminuirá e por fim
rência: batismos, confirmações, ordenaserá esquecido. A partir daí, eles se preoções, bênçãos de enfermos, a
cuparão apenas com seu próprio conadministração do sacramento e assim por
forto e com a satisfação de seus apetites
diante. Doutrina e Convênios ensina-nos
desenfreados. Por fim, passarão a despreque nas ordenanças do evangelho “manizar as coisas sagradas, até mesmo a Deus,
festa-se o poder da divindade”. (D&C
e então desprezarão a si mesmos.
84:20) Sou grato pelos sacerdotes, mestres
gir e trajarTratar com Cuidado o que É Sagrado
e diáconos que usam gravata e camisa social
nos de modo
Lembrem-se sempre de que à medida
(branca, se possível) para oficiar no sacraa honrar
que a santidade crescer dentro de vocês e
mento. Eles demonstram que valorizam
ocasiões e locais
for-lhes confiado mais conhecimento e come respeitam a Deus e a ocasião.
sagrados é uma
preensão, vocês devem tratar essas coisas
Recentemente, li o comunicado de um
demonstração de
com cuidado. O Senhor ensinou: “Aquilo
homem que incentivava seus colegas a usar
nossa reverência
que vem de cima é sagrado e deve ser menterno e gravata para aparecer juntos num
ao Senhor.
cionado com cuidado e por indução do
evento público em homenagem à organizaEspírito” (D&C 63:64). Deu-nos também
ção a que pertenciam. A reunião era cívica,
o mandamento de não lançar pérolas aos
não de natureza religiosa, assim não a chamaríamos de sagrada. Contudo, ele compreendia o princí- porcos ou entregar aos cães o que é sagrado (ver 3 Néfi
14:6; D&C 41:6), o que significa que não se deve falar de
pio de que algumas coisas merecem respeito e que nosso
coisas sagradas com as pessoas que não estejam preparavestuário é parte dessa expressão. Ele disse que se vestiria
das para dar-lhes o devido valor.
de modo mais formal não por considerar-se importante,
Sejam sábios com o que o Senhor lhes conceder. É
“mas porque a ocasião era tão importante”. Esse comentáalgo que Ele lhes confiou. Vocês não devem, por exemrio contém uma verdade fundamental. Na realidade, não
plo, falar do conteúdo de sua bênção patriarcal com
se trata de nós mesmos. Agir e trajar-nos de modo a honqualquer pessoa.
rar ocasiões e locais sagrados diz respeito a Deus.
Todas as coisas sagradas e santas hão de ser reveladas
As Bênçãos da Reverência
e reunidas nesta última e sublime dispensação. Com a
Quando vocês desenvolverem uma reverência cada
Restauração do evangelho, da Igreja e do sacerdócio de
vez mais profunda pelas coisas sagradas, o Espírito Santo
Jesus Cristo, temos livre acesso a um tesouro inestimável
se tornará seu companheiro freqüente e depois consde coisas sagradas. Não podemos negligenciá-las ou
tante. Vocês crescerão em entendimento e verdade. As
deixá-las escapar.
escrituras referem-se a isso como uma luz que se torna
Em vez de deixarem sua vida vagar à deriva num mar
“mais e mais brilhante, até o dia perfeito” (D&C 50:24).
de negligência, aumentem o grau de obediência estrita.
Esse processo também é descrito como crescer de graça
Espero que pensem, sintam, vistam-se e ajam de modo
em graça. O próprio Salvador progrediu dessa forma até
a demonstrar reverência e respeito pelas coisas, locais e
alcançar a plenitude e vocês podem seguir Seus passos
ocasiões sagrados. Oro para que a consciência das coisas
(ver D&C 93:12–20). É a isso que os conduzirá a conssagradas se destile em sua alma como orvalho do céu.
ciência das coisas sagradas.
Que isso os aproxime de Jesus Cristo, que morreu, resPor outro lado, aqueles que não valorizarem as coisas
suscitou, vive e é seu Redentor. Que Ele os torne santos
sagradas as perderão. Sem um sentimento de reverência,
como Ele é santo. ■
sua conduta e atitude se tornarão cada vez mais displicenTrechos de um discurso proferido numa transmissão via satélite
tes. Eles se distanciarão da segurança proporcionada por
do Sistema Educacional da Igreja em 7 de novembro de 2004.
DETALHE DE CRISTO COM UM MENINO: CARL HEINRICH BLOCH
A
A LIAHONA JUNHO DE 2006 31
A Importância
do Recato
Quem Eu Queria Ser?
Um acontecimento de alguns anos atrás mudou
minha atitude em relação ao recato. Ao preparar-me
para uma atividade da Mutual, vesti shorts muito curtos;
jamais me ocorrera que fossem impróprios. As atividades
planejadas para aquela terça-feira incluíam uma apresentação dos missionários de tempo integral, que nos
dariam conselhos práticos sobre a obra missionária. Um
dos últimos assentos desocupados estava a meu lado.
Por alguns breves instantes, os missionários começaram
a discutir, o mais discretamente possível, sobre quem
se sentaria perto de mim. Embora nunca tenham sido
explícitos, compreendi que estavam sem jeito devido a
meus trajes.
Naquele momento, apesar de meu constrangimento,
comecei a compreender o que significa o recato. Percebi
que eu estava fazendo rapazes virtuosos sentirem-se
pouco à vontade — e que poderia também fazer homens
pouco virtuosos sentirem-se à vontade demais. Comecei
a entender melhor o tipo de companhia que eu desejava
para mim e, ainda mais importante, que tipo de pessoa
eu queria ser. Daquele momento em diante, não só me
32
sentia preparada para as mudanças que estava
prestes a efetuar, mas ansiava por fazê-las.
Chelsea Anderson, Ohio, EUA
Desfile dos Padrões
Em outubro de 2004, a organização das Moças e
dos Rapazes de nossa estaca realizou um evento chamado
“Recato no Vestuário”, com base no livreto Para o Vigor
da Juventude. Tratava-se de um desfile de moda dividido
em três partes: roupas informais, moda esportiva e roupas
formais. Pedimos a cada um dos rapazes e moças que
escolhesse três conjuntos de roupas e os ajudamos a selecionar quais eram adequadas. Convidamos seus líderes
e pais para essa atividade. Demos ênfase a versículos das
escrituras sobre o corpo como templo (ver I Coríntios
6:19–20) e os conselhos de nosso profeta, o Presidente
Gordon B. Hinckley. A atividade exerceu um efeito positivo; os jovens de nossa estaca agora se preocupam mais
com a aparência e o vestuário adequados.
Teresa de Jesús Contreras de Ramírez, México
Dicas de Recato
O recato é certamente um desafio no mundo de hoje,
principalmente para as adolescentes. Sei muito bem, pois
sou uma delas, mas é possível seguir os padrões em todos
os momentos e ainda acompanhar a moda. Aqui vão algumas dicas que considero úteis:
• Comprem várias blusas compridas sem mangas, de
cores diferentes que vocês possam pôr para dentro das
calças a fim de não deixarem a barriga à mostra, como
FOTOGRAFIAS: CHRISTINA SMITH, EXCETO QUANDO INDICADO EM CONTRÁRIO; FOTOGRAFIAS COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS
Vestir-se com recato é difícil no mundo de hoje.
Neste artigo, membros da Igreja contam como
respondem às seguintes perguntas: Como
garantir que suas roupas primem pelo recato?
Como promover o recato na família, ala ou
estaca (ou ramo e distrito)? Que lições aprendeu
sobre a importância do recato?
RECATO E MODA
Quando eu era mais
nova, queria vestir-me
exatamente como
minhas amigas da
escola. A contragosto,
obedecia aos desejos
de minha mãe quanto
ao recato. Hoje sou
grata a ela por ter
fixado padrões claros
e dado o exemplo.
Agora tenho meu próprio testemunho sobre
a importância do
recato. É perfeitamente
possível vestir-se
dentro dos padrões
e na moda.
Roberta Eggenberger,
Suíça
TESTEMUNHOS
SOBRE O RECATO
Meu entendimento dos
motivos para vestir-me
com recato aumentou
gradualmente a partir
de meu batismo na
Igreja. Hoje tenho
grande respeito por
pessoas vestidas com
recato, cujo olhar brilha
com a luz da castidade.
Nem sempre é fácil
vestir-nos de acordo
com os padrões, mas
se nos empenharmos,
Deus certamente nos
ajudará.
Olga Khripko,
Ucrânia
Creio que demonstramos nossa humildade e
respeito ao Pai Celestial
quando cultivamos uma
aparência decente e
asseada e nos cobrimos
adequadamente.
acontece com blusas mais curtas;
• Costurem uma tira de tecido na extremidade de blusas demasiadamente
curtas;
• Se o tecido de uma blusa for composto
principalmente de algodão, comprem um
número acima do seu para que não fique
apertada ou curta demais depois da primeira
lavagem;
• Comprem shorts masculinos compridos
quando estiverem à venda no verão;
• Se a parte de cima de um vestido
34
for reveladora, cortem-na e transformem o
vestido em saia; então, usem uma bela blusa
que combine com ela;
• Comecem a fazer compras com
antecedência para os bailes formais e
outros eventos especiais a fim de não serem
tentadas a comprar algo inadequado na
última hora.
Muitas jovens desistem de vestir-se com
recato por acharem difícil demais, mas garanto
que é possível!
Jami Elsmore, Nevada, EUA
FOTOGRAFIA DO TEMPLO DE SALT LAKE: CRAIG DIMOND
Sharlene Cherry,
Filipinas
PROTEÇÃO
CONTRA A
TENTAÇÃO
“O recato na aparência e no vestuário vai
ajudá-las a protegerem-se das tentações. Talvez seja difícil encontrar
roupas recatadas, mas isso é possível se fizerem o devido esforço. (...)
Vocês podem ser atraentes sem faltar com o recato. (...) Tracem,
porém, alguns parâmetros bem
rígidos, uma linha no chão,
por assim dizer, que jamais
ultrapassarão.”
guarda-roupa fosse digno de oração.
Garanti-lhes que a convicção de Néfi
em 1 Néfi 3:7 se aplica tanto a questões corriqueiras quanto às de grande
relevância: “Sei que o Senhor nunca
dá ordens aos filhos dos homens sem
antes preparar um caminho pelo qual
suas ordens possam ser cumpridas”.
Minhas filhas concordaram em orar a
Carolyn Bailey, Inglaterra
respeito, e dentro de uma semana
encontramos belos vestidos, em lugaPresidente Gordon B. Hinckley,
“Permaneçam
no
Caminho
As Roupas Justas Também São
res inesperados, que pudemos
Elevado”, A Liahona, maio
Inadequadas
reformar para pô-los totalmente
de 2004, p. 114.
Muitos acham que o recato no
nos padrões.
vestir significa apenas um corpo sufiContinuamos a fazer do
cientemente coberto, mas as roupas
recato um tópico de oração.
justas também são inadequadas,
Aprendi a seguir os suaves susmesmo quando revestirem totalmente o corpo. Isso se
surros do Espírito, mesmo
aplica tanto às mulheres quanto aos homens. Muitos
quando isso significa fazer deslocanão percebem que as roupas justas atraem a atenção
mentos maiores, vasculhar até o último
para a anatomia, desviando-a do propósito dos estudos,
cabide nas lojas ou fazer grandes ajustes nas
negócios, liderança ou adoração. Se as roupas se ajustarem
roupas. Quero que minhas filhas saibam que valorizo
adequadamente e com conforto, contribuirão para que a
o recato a ponto de fazer todos os esforços necessários.
Jerie Jacobs, Califórnia, EUA
atenção dos interlocutores esteja voltada para o rosto uns
dos outros, o que resultará numa comunicação mais eficaz.
Um Lembrete Diário
Tenho uma gravura do Salvador e
uma fotografia do Templo de Londres
Inglaterra no meu guarda-roupa.
Quando o abro para pegar minhas
roupas, isso serve de lembrete para
que eu me mantenha pura e respeitável a fim de um dia poder ir ao templo e adorar o Senhor em Sua casa.
Judith Rasband, Utah, EUA
O Corpo É um Templo
O Estado da Bahia, Brasil, onde vivo, tem um clima bastante quente e assim as pessoas têm dificuldade para vestir-se com recato. Mas sinto algo especial quando estou
trajado de modo a convidar o Espírito a estar comigo. Sei
que o corpo é um templo de Deus e que deve ser tratado
com respeito.
Stephan Cerqueira Levita, Brasil
Motivo de Oração
Depois de um dia desanimador de compras para um
baile formal com duas de minhas filhas, voltamos para casa
exaustas e desconsoladas. Não acháramos um único vestido dentro dos padrões. Incentivei minhas filhas a levarem
seus desejos ao Senhor em oração. Elas olharam para mim
perplexas, sem se convencer de que um problema de
Uma Mesa-Redonda
Uma idéia para promover o recato entre as jovens
é propor uma mesa-redonda com os rapazes. Esse
método aproximou os jovens de nossa ala em reflexões
sérias sobre esse princípio do evangelho.
Alguns dos sacerdotes que convidamos para participar
não demonstraram entusiasmo no início, pois não queriam ofender as jovens que constituiriam o público. Para
ajudar a pô-los à vontade, reunimo-nos antes para conversar sobre o que eles diriam sobre o recato e como poderiam apresentar suas idéias sem ferir suscetibilidades.
Sentimos o Espírito durante a mesa-redonda. As moças
participaram da discussão e ouviram com atenção o que
os rapazes tinham a dizer. Um dos rapazes disse para elas:
“Poderíamos começar com total recato nas reuniões da
Igreja?” As jovens reagiram de modo bastante positivo aos
conselhos oferecidos por seus amigos.
John Wilkinson, Utah, EUA
A LIAHONA JUNHO DE 2006 35
O Corpo É uma Dádiva
BELEZA INTERIOR
Antes de entrar para
a Igreja, eu não compreendia o conceito de
recato. No espaço de
poucos meses após meu
batismo, aprendi que
uma peça de vestuário
não me tornaria mais
bela; na verdade, a
beleza vem de dentro.
Estou empenhandome para servir ao
Senhor da maneira
que Ele nos pede.
Durante meu último ano da
escola secundária, decidi que precisava
fortalecer meu testemunho antes de
mudar de cidade para ir à faculdade. Estudei
tudo o que pude sobre a vida do Salvador e
Seu sacrifício expiatório. Ao fazê-lo, a realidade de Seu amor tocou-me de modo tão
profundo que lágrimas me vieram aos olhos.
Percebi que sou verdadeiramente uma filha
amada de Deus. Quando passei a compreender no fundo da alma a magnitude disso,
percebi que devemos vestir-nos com recato
não só para evitar maus pensamentos na
mente dos rapazes, mas também por ser um
modo de mostrar gratidão por uma das dádivas mais maravilhosas que Deus nos concedeu: nosso corpo.
Sugiro que os membros da Igreja aprendam a vestir-se com recato ao amarem e
respeitarem a si mesmos e ao Senhor e
desejarem honrar o dom que Ele lhes
ofereceu. Só adquiri um testemunho forte
desse princípio quando aprendi a amar o
Pai Celestial e o Salvador de modo mais
profundo.
Brenda Petty, Idaho, EUA
Tentar Comprar pela Internet
Ao sair do Templo de Los Angeles
Califórnia certa vez, fiquei consternada ao
ver que o vestido de algumas noivas contrariava os padrões. Pouco depois, vi noivas em
outro grupo com vestidos recatados, mas
ainda assim muito belos. Perguntei onde
tinham achado vestidos tão bonitos e elas
responderam com entusiasmo e em uníssono: “Na Internet!” A Internet pode ser
uma fonte de roupas adequadas. ■
Anne Elwell, Califórnia, EUA
Roseangela Barreto,
Brasil
“Os profetas de Deus sempre aconselharam Seus filhos a vestir-se
com recato. A maneira pela qual vocês se vestem é um reflexo de
como são interiormente. Seu vestuário e aparência enviam aos outros
mensagens a seu respeito, influenciando o seu modo de agir, assim
como o dos outros. Quando estão bem-arrumados e vestidos com
recato, convidam a companhia do Espírito e podem exercer uma boa
influência naqueles que os cercam. (...)
Entre as roupas indiscretas estão saias e shorts muito curtos,
roupas apertadas, blusas que não cobrem a barriga e outros trajes
reveladores. As moças devem usar roupas que cubram os ombros
e evitar vestimentas que sejam decotadas na frente ou atrás, ou reveladoras de qualquer outro modo.
Os rapazes também devem manter o recato na aparência. Todos devem evitar os extremos nas roupas, aparência e penteado. Estejam sempre limpos e apresentáveis, evitando ficar desleixados ou
inadequadamente informais no vestir, no arrumar-se ou em suas maneiras. Perguntem a si mesmos:
‘Será que eu me sentiria à vontade vestido dessa maneira, se estivesse na presença do Senhor?’”
Para o Vigor da Juventude (livreto, 2001), pp. 14–16.
36
DETALHE DE CRISTO COM UM MENINO: CARL HEINRICH BLOCH;
O VESTUÁRIO REFLETE SUA
PERSONALIDADE
Você Sabia?
Aconteceu em Junho
1o de junho de
1801: Brigham Young,
segundo presidente
da Igreja, nasceu em
Vermont. Morreu aos
76 anos de idade em Salt Lake City,
Utah.
19 de junho de 1836: Lorenzo
Snow, quinto presidente da Igreja, foi
batizado perto de Kirtland, Ohio, aos
22 anos de idade.
27 de junho de 1844: O Profeta
Joseph Smith e seu irmão Hyrum
Dica de Liderança
foram assassinados na Cadeia de
Você já leu Jacó 5? Leu mesmo?
Carthage, em Illinois. John Taylor, terSe prestar atenção, verá que é o
ceiro presidente da Igreja, disse que
maior capítulo do Livro de Mórmon
esse martírio seria um testemunho
— uma parábola sobre o Senhor
para o mundo de que o “surgimento
da vinha, seu servo e as oliveiras.
do Livro de Mórmon e [este] livro de
E perceberá que contém algumas
Doutrina e Convênios da igreja (...)
valiosas lições de liderança. Leia
custou o melhor sangue do século
Jacó 5 novamente atentando para
dezenove” (D&C 135:6).
o exemplo do Senhor da
18 de junho de
vinha. Veja que tipo de
1850: O Presidente
“Testifico
que
líder ele é. Observe sua
John Taylor
nossas orações,
paciência, sua disposição
(1808–1887), na
proferidas
com
para ouvir conselhos,
época membro
humildade e sinceseu amor pelas pessoas
do Quórum dos
ridade, são ouvidas
à sua volta e começará a
Doze Apóstolos,
assimilar algumas das
e outros missionáe respondidas. É
lições que você pode
rios, chegaram à
algo miraculoso,
aprender com o Senhor
França para abrir a
mas é real.”
da vinha.
Missão Francesa.
Presidente Gordon B.
Hinckley, “Um Humilde
e Contrito Coração”,
A Liahona, janeiro de
2001, p. 103.
BRIGHAM YOUNG: JOHN WILLARD CLAWSON; MARTÍRIO DE JOSEPH E HYRUM: GARY SMITH
Desfile de Jovens Escoceses
Mais de vinte jovens das alas Dundee II e Dundee
Bingham da Estaca Dundee Bingham participaram
do primeiro Desfile dos Jovens do município de
Dundee. Mais de mil
adolescentes participaram do evento, realizado em homenagem
aos jovens notáveis de
Dundee, seus talentos
e seu serviço aos habitantes da cidade.
Depois do desfile pela cidade, o prefeito dirigiu a palavra à multidão. Em seguida, alguns dos grupos de jovens
fizeram demonstrações de atividades como futebol,
hóquei, saltos de animadoras de torcida, tae kwon do e
malabarismo. Os rapazes e moças de Dundee
aceitaram com entusiasmo a oportunidade
de representar a Igreja
nessa ocasião histórica e
pretendem participar
do evento anualmente.
A L I A H O N A JUNHO DE 2006 37
38
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PA U L VA N D E N B E R G H E
Revistas da Igreja
FOTOGRAFIAS: PAUL VANDENBERGHE
N
o cume do Altiplano — os elevados
planaltos da Cordilheira dos Andes,
na fronteira da Bolívia com o Peru —
está o Lago Titicaca. A 3.800 metros acima
do nível do mar, é o mais alto lago do mundo
navegável por grandes embarcações. É também o berço mítico de uma das mais antigas
civilizações americanas, os Incas. Segundo a
lenda, o sol enviou os fundadores da civilização inca à Terra na Ilha Titicaca.
Ao longo do ano, a água do lago permanece a uma temperatura quase constante
de 11º C; é um pouco fria para nadar e
gelada demais para um batismo. Mas foi no
Lago Titicaca que Roberto Carlos Condori
Pachuri, de 16 anos, foi batizado no ano
passado. Às vezes, o racionamento de água
na cidade impede o uso da pia batismal da
capela de El Alto, Bolívia, o que os obriga a
ir ao lago. Roberto Carlos lembra-se bem de
seu batismo, mas não por causa da água e
sim devido ao cálido espírito que sentiu ao
tornar-se membro da Igreja.
Roberto Carlos travou contato com a
Igreja por meio de seu amigo José Luís
Mamani Kari, de 15 anos. “Fui ao seminário”,
conta Roberto Carlos. “Foi a primeira vez que
entrei numa capela da Igreja e senti um certo
receio.” Mas logo viu que era bem-vindo. De
fato, 15 dos cerca de 30 jovens que costumam freqüentar o seminário semanalmente
não são membros da Igreja. Os jovens do
Ramo Batallas, Distrito Titicaca Bolívia, vão
ao seminário nas noites de quinta-feira e
estudam em casa durante a semana.
“Convido meus amigos para virem aprender”, diz Ángela Daniela Sanjines Flores, de
16 anos, “e divertimo-nos depois.” Por que
Roberto Carlos
Condori Pachuri, da
Bolívia, conheceu a
Igreja por intermédio de um amigo e
começou a freqüentar o seminário. “Eu
gostava das coisas
que estava aprendendo”, conta ele.
No ano passado,
Roberto Carlos foi
batizado no Lago
Titicaca.
A LIAHONA JUNHO DE 2006 39
eles vêm? “A verdade é que alguns vêm para brincar e
divertir-se, outros têm o desejo de aprender e outros comparecem a convite dos amigos.”
Roberto Carlos queria freqüentar o seminário por todos
esses motivos. “Eu gostava das coisas que estava aprendendo e tenho muitos amigos aqui”, explica. “Jogamos
futebol ou voleibol depois da aula.” Foi no seminário e nas
palestras com os élderes que ele aprendeu sobre os profetas antigos, um profeta vivo hoje e a visita de Cristo às
Américas. Foi por meio do aprendizado das verdades do
evangelho que Roberto Carlos se filiou à Igreja.
O Presidente Spencer W. Kimball (1895–1985) tinha um
lema que nos ajuda a recordar nossos deveres como membros-missionários: “Faça-o!” Ele prometeu que se testificássemos da Restauração, seríamos abençoados. José Luís
sabe que isso é verdade.
40
“Foi uma ótima sensação”, relata José Luís
referindo-se à experiência de ver Roberto
Carlos aceitar o evangelho. “Eu queria partilhar meu testemunho e assim o fiz.”
Coragem em Cochabamba
Em Cochabamba, acerca de 260 quilômetros a sudeste de El Alto, os jovens freqüentam o seminário diário pela manhã.
Fora das atividades da Igreja, esses jovens costumam sentir-se pressionados pelos amigos para
rebaixar seus padrões. “É difícil ser membro da
Igreja aqui porque estou cercado de inúmeras
pessoas que querem induzir-me a fazer coisas
ruins”, diz Cristhian Pérez, de 19 anos, da Ala
La Chimba, Estaca Cochabamba Bolívia
Cobija. “É por isso que acho que nossos
amigos são uma das coisas mais importantes.” Embora muitos desses rapazes e moças
sejam os únicos membros da Igreja de sua
escola ou mesmo família, sempre podem
contar com o apoio uns dos outros. Cristhian
prossegue: “A maneira de ajudarmo-nos
mutuamente na Igreja é irmos ao seminário
e realizarmos atividades juntos”.
“Somos como uma família e cuidamos
uns dos outros”, concorda Miriam Eugenia
Copa Fernández, de 19 anos, da Ala Alalay,
Estaca Cochabamba Bolívia Jaihuayco. “É
uma excelente forma de começar a manhã,
pois a alegria me acompanha ao longo de
todo o dia.”
O apoio espiritual que esses jovens oferecem uns aos outros ao aprenderem e crescerem juntos fortalece-os cada vez mais.
“O seminário vem ajudando-me a
superar minhas fraquezas e tentações e a
tomar decisões melhores”, diz Nefía
Flores, de 18 anos, da Ala América,
Estaca Cochabamba Bolívia
Cobija. À medida que os rapazes e moças fortificam seu
testemunho, tornam-se um
melhor exemplo para os
amigos.
“Os quatro anos que passei
no seminário foram de
grande valia, pois cada
aula e cada conselho ajudaram-me a enfrentar
uma dificuldade específica”, conta Luís
Carlos Gonzales Jaimes, de 19 anos, da Ala La
Chimba, que está preparando-se para servir
como missionário.
Como há um templo em Cochabamba,
muitos dos jovens da região vão lá regularmente para buscar forças. “O fato de termos
um templo aqui em Cochabamba traz-me
muita felicidade. Temos o privilégio de freqüentá-lo todas as semanas”, diz Harold
Reinaldo Salazar, de 18 anos, da Ala
Petrolero, Estaca Cochabamba Bolívia
Jaihuayco. “Fazer batismos lá é uma experiência inesquecível.”
Por verem o vigor do testemunho nos atos
de seus amigos, como quando vão ao templo,
esses jovens sabem que podem recorrer uns
aos outros para ter força espiritual.
“Respeito-os muito”, diz Miriam acerca de
seus amigos. “São espiritualmente fortes e
estão preparados para enfrentar todas as dificuldades que surgirem. Confio neles. Eles
têm um testemunho inabalável da Igreja. São
corajosos. São divertidos.”
Ter um templo em
Cochabamba é uma
grande bênção para
os jovens da região.
Muitos deles vão ao
templo semanalmente. Os membros
dessa classe do
seminário de
Cochabamba dizem
que são mais do
que amigos: são
como uma família.
Da esquerda para a
direita: Nefía
Flores, Alejandra
Gamboa, Luís
Carlos Gonzales
Jaimes, Miriam
Eugenia Copa
Fernández,
Cristhian Pérez,
Yescenia Salgado e
Harold Reinaldo
Salazar.
Desjejum com Amigos
No extremo leste da cidade, cerca de
20 jovens da Ala Colcapirhua, Estaca
Cochabamba Bolívia Los Alamos, reúnemse todos os dias às 5h30 da manhã para
um desjejum simples antes do início do
seminário às 6h.
“Acordo cedo porque sei
que se vier ao seminário, isso
me ajudará a ter o Espírito e
aproximar-me de Deus ao
longo do dia”, diz Jenny
Linares, de 18 anos.
Em geral, o desjejum
consiste em pão com açúcar e mate, uma bebida à
base de ervas, ou api,
A LIAHONA JUNHO DE 2006 41
Acima, da esquerda
para a direita:
“Os quatro anos no
seminário ajudaram-me muito.”
—Adán Quintela
Aparício
“Podemos aprender
tantas coisas que
nos ajudam para o
restante da vida.”
—Franz Condori
“O seminário é
como um escudo
em minha vida.”
—María D.
Justiniano
uma bebida feita com milho branco
e roxo moídos. Mas os jovens vão
ao seminário mais pelo alimento
espiritual do que pelo desjejum.
“É sempre uma alegria ir ao seminário”,
diz Luly Bravo, de 14 anos. “Os jovens iluminam nosso dia de manhã. Vamos para
aprender mais sobre nosso Pai Celestial
e Seu Filho.”
“A verdade é que os quatro anos de seminário fizeram-me pensar muito mais na missão”, diz Diego Díaz, de 18 anos. “É por isso
que estou formando-me no seminário —
para poder ir para a
missão.”
Franz Condori,
de 20 anos, da Ala
Arocagua, Estaca
Cochabamba
Bolívia Universidad,
concorda. Foi batizado há quatro
anos e pretende servir como missionário
em breve. “Quando me tornei membro da
Igreja, já traçara a meta de ir para a missão,
e os quatro anos no seminário foram muito
proveitosos”, testifica. “Sei que as escrituras
que sempre lemos e estudamos me ajudarão a responder às perguntas que me fizerem quando eu for missionário.”
Fortes em Santa Cruz
Acerca de 300 quilômetros a leste de
Cochabamba está Santa Cruz. Com essa distância, o clima muda; faz muito mais calor
42
aqui. Mas as coisas mais importantes
não mudam. A freqüência diária ao
seminário faz toda a diferença na
vida dos jovens de Santa Cruz.
“Precisamos pôr em prática os princípios
que aprendemos nas aulas do seminário”,
diz Adán Quintela Aparício, de 18 anos,
da Ala Estación, Estaca Santa Cruz Bolívia
Cañoto. “É um grande privilégio termos
o programa do seminário na Igreja, onde
podemos aprender tantas coisas que nos
ajudam para o restante da vida.”
Cercados por todos os lados pelas tentações e pela pressão para rebaixarem seus
padrões, os jovens da Bolívia acharam proteção e apoio nas verdades do evangelho.
“O seminário é como um escudo em
minha vida”, diz María D. Justiniano, de
18 anos, do Ramo Carmen, Estaca Santa
Cruz Bolívia El Bajío. “É um escudo porque
me protege todos os dias
na escola. Por exemplo, os
professores apresentam teorias evolucionistas e coisas
do gênero, e no seminário
somos bem preparados para
isso. Adquirimos a capacidade de pensar por nós mesmos e a sentir no coração
que Deus foi de fato o Criador deste
mundo.”
Em uma coisa todos esses jovens bolivianos estão de acordo, do elevado Altiplano
ao calor de Santa Cruz: ao reunirem-se, fortalecem-se no evangelho e aumentam sua
capacidade de resistir às tentações do mundo.
“Quando um graveto está isolado, é fácil
quebrá-lo”, explica Franz Condori. “Mas
quando juntamos vários gravetos, não é
mais possível. Quando há união num grupo,
é difícil que alguém ou algo nos derrube.
Auxiliamos uns aos outros.” ■
VOZES DA IGREJA
Na manhã seguinte, a Rachael
partiu numa viagem de férias de
duas semanas com a família. Uma
sensação estranha apoderou-se de
mim logo que ela partiu, mas tentei
esquecê-la e entretive-me desfazendo as malas. “Estou tensa por
não estar acostumada a este lugar”,
concluí. “Vou precisar de algum
tempo para habituar-me.”
Era quase meia-noite quando
comecei a sentir uma forte dor de
Vigiada
Kimberly Webb
Revistas da Igreja
Q
uando encontrei o endereço
que eu rabiscara no caderno,
achei a casa assustadora. Era
uma grande casa antiga e cinza que
fora reformada e dividida em apartamentos, mas parecia mais uma mansão mal-assombrada saída de um
filme em preto e branco.
Contudo, eu queria muito
ui às pressas
conhecer Rachael e assim
no escuro
subi com determinação
até a
os frágeis degraus.
varanda.
Algum tempo antes,
Subitamente,
quando eu consultara
fiquei paralisada.
as ofertas de moradia
Não ouvi nada,
no mural da sede do
mas senti alguém
instituto, os inúmeros
se aproximar.
anúncios tinham-se
embaralhado como uma
colcha de retalhos composta de papel e percevejos. Mas um deles
destacava-se dos demais; trazia
um desenho infantil de uma
boneca que dizia: “Esta sou eu,
a Rachael. Gosto de correr,
ouvir jazz e comer chocolate”.
Sorri. Não havia muitos detalhes sobre o apartamento, mas
a jovem com quem eu viria a
dividi-lo parecia divertida.
Depois de conversar com
a Rachael por algum tempo,
achei o sentimento dentro
da casa acolhedor. Ignorei
minhas primeiras impressões
negativas e mudei-me para lá
algumas semanas depois.
ILUSTRAÇÕES: KRISTIN YEE
F
garganta. “Devo ser alérgica a algo”,
pensei. Fiz uma pequena busca a
minha volta até encontrar as velas
perfumadas da Rachael. Resolvi leválas para fora de casa.
Pouco antes, eu descobrira que a
luz externa da entrada principal da
casa não funcionava, assim deixei a
porta entreaberta ao sair para ter pelo
menos um filete de luz. Descalça, fui
às pressas, no escuro, até a varanda.
Subitamente, fiquei paralisada.
O ar noturno estava calmo.
Não ouvi nada, mas senti alguém
aproximar-se.
“Volte para casa, antes que outra
pessoa o faça.” As instruções do
Espírito foram inequívocas e urgentes.
Ainda segurando as velas, corri no
escuro até chegar à sala de estar e bati
a porta com força. Imediatamente
depois de trancá-la, a maçaneta girou.
Fiquei boquiaberta vendo-a girar para
um lado e para o outro sem fazer
barulho.
Alguém se escondera na frente da
casa! Ele tentara seguir-me e entrar
comigo na sala, mas por uma questão
de segundos não conseguiu. Agora,
a única coisa que nos separava era
uma frágil porta de madeira.
Instintivamente, comecei a bater na
porta com o punho com toda a força.
Não sei quanto tempo fiquei ali,
orando em silêncio, na expectativa
de um acontecimento. Por fim, uma
sensação de paz tranqüilizou-me e
garantiu-me que a ameaça passara e
que eu estaria em segurança no restante da noite.
Na manhã seguinte, minha mãe
telefonou-me. Ela e meu pai estavam
viajando, do contrário eu já poderia
tê-los contatado. Antes de ter a ocasião de narrar à minha mãe o ocorrido, ela disparou: “Eu estava
preocupada com você! Tenho a
impressão de que a entrada de sua
casa é perigosa. A iluminação é boa?
Seria muito fácil para alguém esconder-se lá”.
Tremi ao dar-me conta do quão
perto eu estivera de ser atacada —
tão perto que até minha mãe sentira
44
o perigo a mais de 300 quilômetros
de distância.
Então, ela me disse que tentara
telefonar-me no dia anterior para avisar-me de suas impressões. “Não consegui contatá-la por telefone, então
orei. Eu sabia que não poderia protegê-la, mas o Pai Celestial sim.”
Minha mãe tinha razão. Um estranho escondera-se na entrada e estava
me vigiando. Mas o Senhor também
estava me observando e indicou-me
como agir.
Sei que nem sempre o Senhor
nos poupa de tragédias, mas se eu
O seguir, Ele não permitirá que Seus
planos para minha vida se frustrem.
Seu desejo para mim naquela noite
era proteger-me, e sou grata por Ele
ter velado por mim. ■
Num dia de verão, fizemos uma
caminhada em volta de um lago
numa floresta nas proximidades de
nossa casa. O tempo estava perfeito:
ensolarado e quente com uma brisa
refrescante e agradável que vinha do
lago. Ao percorrermos a trilha, mostrávamos uns aos outros as flores do
campo e as diferentes espécies de
árvores. Falamos do quanto o Pai
Só Mais Cinco
Minutos
Elaine Brown Preslar
N
ossa família gosta muito da
natureza. Passamos
quase todos os sábaacob, de
dos ao ar livre: no verão,
sete anos
fazendo caminhadas em
de idade,
locais afastados, acampando,
disse: “Acho que o
andando de bicicleta ou aprelugar mais bonito
ciando belas paisagens; e
do mundo é onde
andando de trenó, esquiando
estão todas as
ou fazendo passeios na neve
coisas que nos
no inverno. São momentos
lembram Jesus”.
maravilhosos com a família
que dão a mim e meu marido
a oportunidade de conversar
com nossos três filhos.
J
Celestial deve amar-nos para criar tal
beleza para nosso deleite. Tentamos
chegar a um acordo sobre qual era o
lugar mais bonito que já víramos. Um
dos filhos sugeriu o Parque Nacional
Yellowstone, nas redondezas. Outro
escolheu um dos nossos locais prediletos para acampar. Pensamos em
nossa viagem ao litoral e na beleza de
uma trilha de esqui pela floresta com
Pequenas
Decisões,
Bênçãos Eternas
Víctor Pino Fuentes
A
primeira vez que ouvi o evangelho foi ainda criança, quando
meus pais aceitaram a visita
dos missionários em nossa casa em
Antofagasta, Chile. Fui criado na Igreja,
mas pouco me empenhei para adquirir um testemunho pessoal. Assim,
acabei por tornar-me menos ativo e
deparei-me com as dificuldades da
vida sem o auxílio do poder divino do
evangelho. Contudo, minha mãe fiel
continuou a amar-me e permaneceu
como um exemplo sereno de retidão.
Embora minha esposa seja também
membro da Igreja, nenhum de nós
dois sentia a urgência ou necessidade
de seguir os padrões aprendidos na
juventude. Com o passar do tempo,
porém, a vida em nosso lar mudou
drasticamente para pior.
Devido aos desconcertantes
problemas que estávamos enfrentando, minha esposa resolveu
começar a freqüentar as reuniões
da Igreja com nossa filha. Eu não
tinha o menor desejo de acompanhá-las, mas elas voltavam para casa
todas as semanas e contavam o que
tinham aprendido. Algum tempo
depois, comecei a receber as visitas dos mestres familiares, dois
irmãos fiéis que enxergavam meu
potencial divino, mesmo que eu
próprio não o fizesse.
Lentamente, começou a acontecer uma mudança em meu coração, mas no início me recusei a
admiti-lo. Todos os domingos,
minha
esposa passava
minhas roupas na
esperança de que eu fosse à Igreja
com ela. Eu era teimoso demais para
vestir as roupas, mas comecei a ir à
reunião sacramental usando jeans e
camiseta. Como costumam fazer muitos membros menos ativos, eu sentava-me no banco mais perto da porta
para ser o último a entrar e o primeiro
a sair, sem dar a ninguém a chance de
dirigir-me a palavra.
Após vários meses, percebi que não
estava sendo um bom exemplo para
meus filhos ou abençoando minha
família com o sacerdócio como deveria. Tomei a decisão de nunca mais
faltar um domingo à Igreja. Eu vira a
aplicação dos princípios do evangelho
iluminar minha vida e dei-me conta de
que deveria ter tomado essa decisão
tão simples muito antes.
Como o Senhor estava ansioso para
abençoar a mim e minha família! Minha
esposa, eu e nossos filhos logo fomos
selados no Templo de Santiago Chile.
Sou grato por uma mãe que me
ensinou diligentemente os princípios
do evangelho, por uma esposa que
me incentivou a vivê-lo com seu amor
e exemplo, por mestres familiares
fiéis e por um Pai Celestial que esperou pacientemente que eu seguisse o
evangelho a fim de abençoar-me mais
do que eu julgava possível. ■
A LIAHONA JUNHO DE 2006 45
árvores cobertas de neve reluzente.
Nosso filho mais novo, Jacob, de
sete anos, que até então ouvira nossa
conversa sem intervir, opinou: “Acho
que o lugar mais bonito do mundo é
onde estão todas as coisas que nos
lembram Jesus”. As coisas que nos
lembram Jesus? Tentei mentalmente
fazer a ligação e então percebi que
Jacob se referia à Praça do Templo,
em Salt Lake City. Com o templo magnífico, as árvores, as fontes e jardins
floridos, a Praça do Templo é de fato
um lugar lindo. Mas para Jacob, a
Praça do Templo significa mais do que
apenas a beleza exterior da natureza.
Por ter nascido com um delicado
problema cardíaco, Jacob já passou
por três cirurgias do coração e incontáveis exames, com muitas outras
operações ainda previstas. O médico
de Jacob vem com freqüência a Idaho
mas, para as cirurgias e alguns exames, precisamos dirigir-nos ao centro
médico das Crianças da Primária em
Salt Lake City. Esses deslocamentos
costumam ser marcados pela ansiedade e preocupação com a saúde de
Jacob, e descobrimos que uma visita
à Praça do Templo ajuda-nos a acalmar os nervos e a recordar o plano
do Pai Celestial e a necessidade de
confiarmos Nele.
Na véspera da mais recente e complicada cirurgia de Jacob, levamo-lo
à noite ao centro de visitantes da
Praça do Templo, onde nos sentamos
e contemplamos a gloriosa estátua do
Salvador — o Christus. Na paz, calor
e segurança do colo dos pais e sem
querer ir embora, Jacob ficou quieto
de uma forma atípica para uma
criança de sua idade e pedia sem
46
cessar que ficássemos “só mais cinco
minutos”. Acabamos ficando lá por
mais de uma hora. Quando por fim
precisamos partir, todos estávamos
em paz e preparados para lidar com
a cirurgia qualquer que fosse seu
resultado.
A meu ver, Jacob acha a Praça do
Templo bonita não por causa do que
vê lá, mas devido ao que sente. As
dádivas do Pai Celestial de paz, esperança e consolo são mais belas do
que qualquer coisa que Jacob se lembre de ter visto com os olhos físicos.
Compreender o plano do Pai
Celestial e confiar em Sua vontade e
aceitá-la podem trazer paz e alegria
indescritíveis. Quando ficamos desanimados, perturbados ou com medo,
há um lugar que podemos buscar —
não uma bela localidade qualquer,
mas nosso Salvador Jesus Cristo. E
acho que Jacob tem razão: não há
nada mais lindo do que isso. ■
Reunir o Casal
de Dançarinos
Kurt Stättner
D
urante 25 anos, trabalhei no
centro da Cidade de Wiener
Neustadt, Áustria. Num dia
ameno de maio, estava passeando
num calçadão no meu horário de
almoço e vi uma livraria. Perto da
porta, havia duas enormes caixas
cheias de livros em promoção. Fiquei
curioso para saber que tipo de obras
estavam à venda a um preço tão baixo
e peguei o livro de cima de uma das
caixas. Sem nenhum interesse particular de comprá-lo, abri-o e vi o desenho de um casal dançando. Para
minha grande surpresa, também
encontrei o nome de Gretl Stättner.
No mesmo instante, lembrei-me de
que esse era o nome da segunda
esposa de meu pai. Eu não pensara
nela havia muitos anos.
Meu pai era funcionário da
alfândega, mas
também um daneu pai
çarino entusiasta
conheceu
e administrava
sua
sua própria escola segunda esposa,
de dança. Alguns
Gretl, em sua
anos depois do
escola de dança.
divórcio de meus
Eu sabia que ela
pais, meu pai
tinha o direito de
conheceu a Gretl
ser selada a ele.
na escola de
dança. Contudo,
o relacionamento
deles foi curto,
pois meu pai
morreu de complicações de uma
apendicite ainda jovem, aos 35 anos.
Quando estava à beira da morte no
hospital, acho que ele esperava que
Gretl fosse cuidar de mim, pois sabia
que minha mãe não se importava
comigo. Por esse motivo, meu pai
casou-se com a Gretl apenas três
horas antes de falecer. Entretanto, a
Gretl ainda era muito nova e estava
sob a influência dos pais. Como ela
não tinha como cuidar de mim, cresci
em famílias adotivas temporárias.
Enquanto eu estava na livraria
segurando o livro, vendo não só o
nome Stättner, mas também o casal
que dançava, subitamente percebi que
essa era a esposa legal de meu pai.
M
Ela tinha o direito de ser selada a ele.
Minhas pesquisas subseqüentes
mostraram que a Gretl nunca se
casara de novo e que morara em
Viena, onde possuíra um salão de
pedicuro. Eu também recordava seu
nome de solteira e onde residira sua
família, os Weißenbergs. Eu e minha
esposa tentamos contatá-los, mas ficamos decepcionados ao verificar que
nenhum membro da família estava
vivo. Fizemos uma visita ao cemitério,
mas nada obtivemos no início, pois a
lápide do jazigo familiar trazia apenas
uma lista de sobrenomes. Então,
ocorreu-nos que alguém tinha de
pagar pelo túmulo e sua manutenção
e consultamos as autoridades para
tentar obter informações sobre o
proprietário. Foi-nos dado um nome
que nos levou a Viena, a uma
senhora que, como logo ficamos
sabendo, era sobrinha de Gretl.
Ela forneceu-nos não só todas
as datas necessárias para a
realização das ordenanças
do templo pela Gretl, mas
também dados sobre todos os
membros da família falecidos:
pais, avós e tios.
Por coincidência, tomamos também conhecimento de que, quando
jovens, minha esposa e a sobrinha
de Gretl tinham entrado na mesma
escola secundária na mesma época e
ambas tinham-se formado no mesmo
dia. Como o mundo é pequeno.
Eu e minha esposa enviamos
o nome de todos os familiares ao
templo e então realizamos pessoalmente as ordenanças no Templo de
Frankfurt Alemanha. Sou profundamente grato por essa oportunidade
e tenho a firme convicção de que o
fato de encontrar o livro de minha
madrasta não foi mera coincidência. Nossa conversa com a
sobrinha revelou que a Gretl
tivera muitos livros e que
a sobrinha doara alguns,
guardara outros e
vendera uma parte.
Somente um livro
chegara a Wiener
Neustadt e fui eu que
o achei. ■
A LIAHONA JUNHO DE 2006 47
COMENTÁRIOS
O Tempo do Senhor
A Igreja mudou minha vida e a
de meus entes queridos. Senti o
Espírito em muitas ocasiões. O
estudo das escrituras e dos artigos
redigidos por nossos profetas e líderes auxiliaram-me imensamente.
Um artigo de grande utilidade foi
“Ocasião” (Outubro de 2003), do
Élder Dallin H. Oaks, do Quórum
dos Doze Apóstolos. Confio no
Senhor completamente e sei que
há um tempo para todas as coisas.
Gostaria de agradecer ao Élder
Oaks por esse artigo que tanto
me ajudou e fortaleceu meu testemunho do Senhor Jesus Cristo.
Victor Santana Arias,
República Dominicana
e seu Talento
Deix
BRILHAR!
Eu e meu marido gostaríamos de
agradecer-lhes pela grande variedade
de belas fotografias que estamos acostumados a ver na revista A Liahona
e principalmente dar os parabéns
pelas maravilhosas imagens em preto
e branco das edições de conferência
geral. Muitíssimo obrigada aos fotógrafos habilidosos que tornam possíveis essas verdadeiras jóias de arte
visual.
Somos extremamente gratos por
ter olhos para ver tais imagens e ler
o conteúdo desta revista maravilhosa
em nosso próprio idioma, mês após
mês. Obrigada!
Iranilson Leite Machado, Brasil
Injeção de Ânimo
O Desejo de Pregar o Evangelho
Desejo agradecer-lhes por esta
maravilhosa revista! Temos pouquíssimos materiais da Igreja em russo,
então cada edição de A Liahona é
uma nova injeção de ânimo para permanecermos dignos por um bom
tempo. Obrigado também pela
coluna Perguntas e Respostas. São
exatamente os questionamentos
que preocupam nossos jovens.
Está Invadindo-me a Alma
Sergei Antamanov, Rússia
Carmen T. De Ruscitti, Venezuela
Ao preparar-me para a missão
de tempo integral, estou estudando
materiais inspiradores, entre os quais
A Liahona. Gostaria de agradecer
pela edição de fevereiro de 2005 e
principalmente pelo belo artigo do
Élder e Irmã Christensen, “Sete
Lições para Compartilhar o
CONCEPÇÕES ARTÍSTICAS INSPIRADAS
NO NOVO TESTAMENTO
Em 2007, publicaremos materiais relacionados ao Novo
Testamento, que será ensinado na Escola Dominical.
Artistas profissionais podem enviar obras-de-arte inspiradas no Novo Testamento para serem submetidas a nossa
apreciação. Remetam amostras de seu trabalho para
[email protected] ou mandem
pelo correio exemplares coloridos para New Testament Art,
Liahona Magazine, 50 E. North Temple St., Room 2420, Salt Lake City, UT
84150-3220, USA. Favor enviar apenas cópias, pois não serão devolvidas.
Data-limite: 31 de outubro de 2006.
48
Evangelho”. Ele inspirou-me e
aumentou meu desejo de proclamar
o evangelho. Ao refletir sobre esse
artigo, compreendi melhor a grande
importância desta obra. O desejo de
pregar o evangelho está invadindome a alma.
A COLHEITA DO SENHOR, MARILEE CAMPBELL, REPRODUçÃO PROIBIDA
Jóias de Arte Visual
Reunião Mundial de
Treinamento de
Liderança
Apoio à Família
11 DE FEVEREIRO DE 2006
Os discursos da Reunião Mundial de Treinamento de
Liderança estão incluídos nas revistas A Liahona e Ensign
de junho de 2006 e no site www.lds.org para que os membros
os utilizem com a família e para o ensino.
A IGREJA DE JESUS CRISTO DOS SANTOS DOS ÚLTIMOS DIAS
É L D E R DAV I D A . B E D N A R
Do Quórum dos Doze Apóstolos
O Ideal Doutrinário do Casamento
F
omos enfaticamente aconselhados pela Primeira Presidência a dedicar o melhor de
nossos esforços ao fortalecimento do
casamento e do lar. Essas instruções
nunca foram tão necessárias quanto
no mundo de hoje, quando a santidade do casamento está sendo atacada e a importância do lar está
sendo enfraquecida.
Embora a Igreja e seus programas
apóiem o casamento e a família, e
geralmente sejam bem-sucedidos
50
nisso, devemos sempre lembrar esta
verdade básica: Nenhuma organização ou instituição pode tomar o lugar
do lar ou desempenhar suas funções
essenciais.1 Conseqüentemente, falarei hoje a vocês, primeiro, como
homens e mulheres, como marido
e mulher, como pai e mãe—e em
segundo lugar como líderes do sacerdócio e das auxiliares da Igreja. Minha
designação é abordar o papel essencial do casamento eterno no plano
de felicidade de nosso Pai Celestial.
Enfocaremos o ideal doutrinário
do casamento. Minha esperança é
que uma análise de nossas possibilidades eternas e um lembrete de quem
somos e por que estamos aqui na
mortalidade proporcionem orientação, consolo e esperança fortalecedora a todos nós, independentemente
de nosso estado civil ou situação
pessoal atual. A disparidade entre
o ideal doutrinário do casamento
e a realidade da vida diária pode às
vezes parecer muito grande, mas
vocês estão gradualmente agindo e
se tornando muito melhores do que
provavelmente percebem.
Por que o Casamento É Essencial
Em “A Família: Proclamação ao
Mundo”, a Primeira Presidência e o
Conselho dos Doze Apóstolos afirmaram “que o casamento entre homem
e mulher foi ordenado por Deus e
que a família é essencial ao plano do
Criador para o destino eterno de Seus
filhos”.2 Essa importante frase da proclamação nos ensina muito sobre o
significado doutrinário do casamento
e salienta a importância do casamento
e da família no plano do Pai. O casamento justo é um mandamento e um
passo essencial no processo de criação de um relacionamento familiar
FOTOGRAFIA DE CAPA: CRAIG DIMOND; FOTOGRAFIA: WELDEN C. ANDERSEN E JOHN LUKE, EXCETO SE INDICADO O CONTRÁRIO; FOTOGRAFIA DE UM CASAL EM UM BALANÇO E DE ALIANÇAS: ROBERT CASEY. REPRODUÇÃO PROIBIDA
O Casamento É
Essencial ao Plano
Eterno de Deus
Peço que tenham em mente as
seguintes perguntas ao abordarmos
os princípios relacionados ao casamento eterno:
Pergunta 1: Em minha própria
vida, estou me esforçando para
me tornar um marido ou esposa
melhor, ou me preparando para
ser um marido ou esposa, ao compreender e aplicar esses princípios
básicos?
Pergunta 2: Como líder do sacerdócio ou auxiliar, estou ajudando
as pessoas a quem sirvo a compreender e aplicar esses princípios básicos,
fortalecendo assim o casamento e
o lar?
Ao refletirmos fervorosamente a
respeito dessas perguntas e pensarmos
em nosso próprio relacionamento
conjugal e em nossas responsabilidades na Igreja, testifico que o Espírito
do Senhor iluminará nossa mente e
nos ensinará as coisas que precisamos
fazer e onde melhorar (ver João
14:26).
amoroso que pode ser perpetuado além da morte.
Duas importantes razões doutrinárias ajudam-nos a compreender por que o casamento eterno
é essencial ao plano do Pai.
Razão 1: A natureza do espírito
masculino e a do feminino completam-se e aperfeiçoam-se mutuamente e, portanto, o homem e a
mulher devem progredir juntos
rumo à exaltação.
A natureza e a importância eternas
do casamento só podem ser plenamente entendidas dentro do conceito
abrangente do plano do Pai para Seus
filhos. “Todos os seres humanos —
homem e mulher — foram criados à
imagem de Deus. Cada indivíduo é
um filho (ou filha) gerado em espírito
por pais celestiais que o amam e,
como tal, possui
natureza e destino divinos.”3
O grande plano de felicidade possibilita que os filhos e filhas espirituais
do Pai Celestial obtenham um corpo
físico, adquiram experiência terrena
e progridam rumo à perfeição.
“O sexo (masculino ou feminino)
é uma característica essencial da identidade e do propósito pré-mortal,
mortal e eterno de cada um”4 e, em
grande medida, define quem somos,
por que estamos aqui na Terra e o
que devemos fazer e nos tornar. Para
propósitos divinos, os espíritos masculinos e femininos são diferentes,
distintos e complementares.
Depois que a Terra foi
criada, Adão foi colocado
no Jardim do Éden. É
importante notar, contudo, que Deus disse que
não era bom que o homem estivesse
sozinho (Gênesis 2:18; Moisés 3:18),
e Eva tornou-se a companheira e adjutora de Adão. A combinação ímpar de
capacidades espirituais, físicas, mentais
e emocionais do homem e da mulher
é necessária para levar a efeito o plano
de felicidade. Individualmente, nem o
homem nem a mulher pode cumprir
os propósitos de sua criação.
Por desígnio divino, homens e
mulheres devem progredir juntos
rumo à perfeição e a uma plenitude
de glória. Como os homens e as
mulheres diferem em temperamento
e capacidade, eles devem trazer para
A L I A H O N A JUNHO DE 2006
51
o relacionamento conjugal suas próprias perspectivas e experiências. O
homem e a mulher contribuem de
modo diferente, porém igual para
uma unidade e união que não podem
ser alcançadas de nenhuma outra
forma. O homem completa e aperfeiçoa a mulher, e a mulher completa e
aperfeiçoa o homem, à medida que
aprendem um com o outro e se fortalecem e se abençoam mutuamente.
“Nem o homem é sem a mulher, nem
a mulher sem o homem, no Senhor”
(I Coríntios 11:11; grifo do autor).
Razão 2: Por desígnio divino, o
homem e a mulher são ambos necessários para trazer filhos à mortalidade e para oferecer-lhes o melhor
ambiente para que eles cresçam e
sejam nutridos.
O mandamento dado na antiguidade a Adão e Eva de multiplicaremse e encherem a Terra continua
válido hoje em dia. “Deus ordenou
que os poderes sagrados de procriação sejam empregados somente
entre homem e mulher, legalmente
casados. Os meios pelos quais a vida
mortal é criada foi designada por
Deus.”5 Portanto o casamento entre
um homem e uma mulher é o canal
autorizado pelo qual os espíritos
pré-mortais entram na mortalidade.
A completa abstinência sexual antes
do casamento e a total fidelidade
no casamento protegem a santidade
desse canal sagrado.
Um lar com um marido e uma
esposa amorosos e leais é a composição suprema, na qual os filhos
podem ser criados com amor e retidão — e na qual as necessidades
espirituais e físicas dos filhos podem
52
ser atendidas. Assim como as características exclusivas dos homens e
das mulheres contribuem para a plenitude de um relacionamento conjugal, essas mesmas características
são vitais para criar, cuidar e ensinar
os filhos. “Os
filhos têm o
direito de
O Élder Parley P. Pratt expressou de
modo muito belo as bênçãos que
recebemos ao aprendermos,
compreendermos e nos esforçarmos
para aplicar em nossa vida o ideal
doutrinário do casamento.
nascer dentro dos laços do matrimônio e de ser criados por pai e mãe
que honrem os votos matrimoniais
com total fidelidade.”6
Princípios Orientadores
As duas razões doutrinárias que
analisamos sobre a importância do
casamento eterno no plano de felicidade do Pai sugerem princípios orientadores para aqueles que estão se
preparando para o casamento, para
os que são casados e para nosso serviço na Igreja.
Princípio 1: A importância do
casamento eterno somente pode ser
compreendida no contexto do plano
de felicidade do Pai.
Freqüentemente falamos sobre o
casamento e o enfatizamos como a
unidade fundamental da sociedade,
o alicerce de uma nação forte e uma
instituição sociológica e culturalmente vital. Mas o evangelho restaurado ajuda-nos a compreender que
ele é muito mais do que isso!
Será que falamos sobre o casamento sem ensinarmos devidamente
a importância do casamento no
plano do Pai? Destacar o casamento
sem vinculá-lo à doutrina simples e
fundamental do plano de felicidade
não provê suficiente orientação,
proteção ou esperança num mundo
que se torna cada vez mais confuso
e iníquo. Bem faríamos em lembrar
o ensinamento de Alma — de que
“Deus deu mandamentos [aos filhos
dos homens] depois de ter-lhes revelado o plano de redenção” (Alma
12:32; grifo do autor).
O Élder Parley P. Pratt expressou
de modo muito belo as bênçãos que
recebemos ao aprendermos, compreendermos e nos esforçarmos para
aplicar em nossa vida o ideal doutrinário do casamento:
“Foi Joseph Smith quem me ensinou a valorizar e amar o carinhoso
relacionamento de pai e mãe,
marido e mulher; irmão e irmã,
filho e filha.
Foi com ele que aprendi que a
esposa que está dentro do meu coração pode ser unida a mim para esta
vida e por toda a eternidade; e que as
refinadas emoções e afetos que nos
FOTOGRAFIA DE FLOR E FAMÍLIA: STEVE BUNDERSON. REPRODUÇÃO PROIBIDA; FOTOGRAFIA DE PARLEY P. PRATT. REPRODUÇÃO PROIBIDA
aproximaram um do outro emanaram
da fonte do divino amor eterno. (. . .)
Eu já havia amado, mas não sabia
por quê. Mas agora amava — com
uma pureza — uma intensidade de
sentimentos elevados e exaltados
que erguem minha alma acima das
coisas transitórias deste mundo
abjeto e a expandem como o oceano.
(. . .) Em resumo, agora posso amar
com o espírito e também com o
entendimento.
Mas, naquela época, meu querido
e amado irmão Joseph Smith (. . .)
simplesmente ergueu um canto do
véu e permitiu que eu vislumbrasse
rapidamente a eternidade.”7
Como homens e mulheres, maridos e esposas, e como líderes da
Igreja, será que conseguimos ver que
a importância do casamento eterno
somente pode ser compreendida no
contexto do plano de felicidade do
Pai? A doutrina do plano dá esperança
a homens e mulheres e prepara-os
para o casamento eterno, sobrepujando temores e incertezas que
podem fazer com que alguns adiem
ou evitem o casamento. Uma compreensão correta do plano também
fortalece nossa determinação de honrar firmemente o convênio do casamento eterno. Nosso aprendizado
individual, nosso ensino e nossos
testemunhos tanto no lar quanto na
Igreja serão magnificados, se ponderarmos e compreendermos mais
plenamente essa verdade.
Princípio 2: Satanás deseja que
todos os homens e mulheres sejam
tão miseráveis quanto ele.
Lúcifer ataca impiedosamente e
distorce as doutrinas que mais importam para nós individualmente, para
nossa família e para o mundo. Onde
o adversário está concentrando seus
ataques mais diretos e diabólicos?
Satanás trabalha sem cessar para confundir a compreensão dos sexos, para
promover o uso prematuro e iníquo
do poder de procriação e impedir o
casamento justo — precisamente porque o casamento foi ordenado por
Deus e a família é um ponto central
do plano de felicidade. Os ataques do
adversário contra o casamento eterno
continuarão a aumentar em intensidade, freqüência e sofisticação.
Como hoje estamos engajados em
uma guerra pelo bem-estar do casamento e do lar, em minha última
leitura do Livro de Mórmon prestei
especial atenção à maneira pela qual
os nefitas se prepararam para suas
batalhas contra os lamanitas. Observei
que o povo de Néfi “conhecia o
intento de [seus inimigos] e, portanto, prepararam-se para enfrentálos” (Alma 2:12–13; grifo do autor).
Ao ler e estudar, aprendi que um
entendimento do intento do inimigo
é um requisito-chave para a preparação eficaz. Devemos igualmente ponderar o intento de nosso inimigo
nessa guerra dos últimos dias.
O plano do Pai foi criado para orientar Seus filhos, ajudá-los a ser felizes e
levá-los em segurança de volta à presença Dele. Os ataques de Lúcifer contra o plano visam confundir os filhos e
filhas de Deus, torná-los infelizes e
impedir seu progresso eterno. O
grande intento do pai de todas as mentiras é que todos nos tornemos tão
miseráveis quanto ele (ver 2 Néfi 2:27),
e ele trabalha para distorcer os elementos do plano do Pai que ele mais
odeia. Satanás não tem um corpo; não
pode casar-se e não terá família. Ele se
esforça persistentemente para confundir os propósitos divinamente designados dos sexos, do casamento e da
família. Vemos em todo o mundo a
prova crescente da eficácia do trabalho
de Satanás.
Mais recentemente, o diabo tentou
combinar e tornar legalmente válida a
A L I A H O N A JUNHO DE 2006
53
54
se aproximam do Senhor (ver 3 Néfi
27:14), ao aprenderem a servir e a
amar-se mutuamente, ao compartilharem experiências de vida e crescerem
juntos e se tornarem um e à medida
que são abençoados pela união de
suas naturezas distintas, eles começam a se dar conta da plenitude que
o Pai Celestial deseja para Seus filhos.
A felicidade final, que é o próprio
objetivo do plano do Pai, é recebida
por meio da realização e cumprimento
Marido e mulher se tornam mais
unidos à medida que, individualmente
e com firmeza, “se achegam a Cristo”.
honroso dos convênios do casamento
eterno.
Como homens e mulheres, maridos e esposas e como líderes da
Igreja, uma de nossas maiores responsabilidades é a de ajudar os jovens a
aprenderem sobre o casamento justo
e a prepararem-se para ele por meio
de nosso exemplo pessoal. Se os rapazes e moças observarem a dignidade,
a lealdade, o sacrifício e o cumprimento honroso dos convênios em
nosso casamento, eles, então, procurarão imitar os mesmos princípios em
seu relacionamento de namoro e casamento. Se os jovens perceberem que
fizemos do conforto e conveniência
de nosso companheiro ou companheira eterna a nossa maior prioridade, então eles se tornarão menos
egoístas e mais capazes de doar-se, de
servir e de criar igualmente um relacionamento duradouro. Se os rapazes
e as moças notarem que existe respeito mútuo, afeto, confiança e amor
entre o marido e a mulher, então se
esforçarão para cultivar essas mesmas
características na vida deles. Nossos
filhos e os jovens da Igreja aprenderão
mais com o que fazemos e com o que
somos — mesmo que se lembrem
relativamente pouco do que dizemos.
Infelizmente, muitos membros
jovens da Igreja atualmente têm
receio e tropeçam em seu progresso
rumo ao casamento eterno porque
viram muitos divórcios no mundo e
muitos convênios quebrados em seu
lar e na Igreja.
O casamento eterno não é apenas
um contrato legal temporário que
pode ser encerrado a qualquer
momento por qualquer motivo. Ao
contrário, trata-se de um convênio
sagrado com Deus que pode ser válido
nesta vida e por toda a eternidade. A
lealdade e a fidelidade no casamento
não podem limitar-se a palavras bonitas proferidas em sermões, mas devem
ser princípios evidentes em nosso próprio relacionamento de convênio de
casamento.
Ponderando a importância de
nosso exemplo pessoal, será que discernimos áreas em que precisamos
melhorar? Será que o Espírito Santo
está inspirando nossa mente e abrandando nosso coração — e nos incentivando a agirmos e sermos melhores?
Como líderes do sacerdócio e das
DETALHE DE ELE RESSUSCITOU: DEL PARSON. REPRODUÇÃO PROIBIDA; FOTOGRAFIA: DEREK ISRAELSEN. REPRODUÇÃO PROIBIDA
confusão sobre os sexos e o casamento. Se olharmos para além da
mortalidade e para a eternidade,
é fácil discernir que as alternativas falsas que o adversário defende jamais
poderão conduzir à plenitude que se
torna possível pelo selamento de um
homem e uma mulher, à felicidade de
um casamento justo, à alegria de uma
posteridade ou às bênçãos do progresso eterno.
Tendo em vista o que sabemos
sobre o intento do inimigo, cada um
de nós deve ficar particularmente
atento ao buscar inspiração pessoal
sobre como podemos proteger e
salvaguardar nosso próprio casamento—e sobre como podemos
aprender e ensinar princípios corretos no lar e em nossas designações
da Igreja referentes ao significado
eterno dos sexos e o papel do casamento no plano do Pai.
Princípio 3: As maiores bênçãos
de amor e felicidade são obtidas por
meio do relacionamento no convênio do casamento eterno.
O Senhor Jesus Cristo é o ponto
central de um relacionamento de convênio do casamento. Observem como
o Salvador se encontra no ápice desse
triângulo, com a mulher na base de
um dos ângulos e o homem na base
do outro ângulo. Pensem agora no
que acontece no relacionamento
entre marido e mulher à medida que
eles, individualmente e com firmeza,
“se achegam a Cristo” e se esforçam
para serem perfeitos Nele (Morôni
10:32). Graças ao Redentor e por
intermédio Dele, marido e mulher
se aproximam um do outro.
À medida que o marido e a mulher
auxiliares, será que estamos concentrando nossos esforços no fortalecimento do casamento e do lar?
O marido e a mulher precisam passar um tempo juntos para fortalecerem-se mutuamente e fortalecerem
seu lar contra os ataques do adversário. Em nosso empenho de magnificar
nossos chamados na Igreja, estamos
involuntariamente impedindo os
maridos e esposas, os pais e mães,
de cumprirem suas sagradas responsabilidades no lar? Por exemplo: Será
que às vezes marcamos reuniões desnecessárias e atividades que acabam
interferindo no relacionamento
essencial entre marido e mulher e no
relacionamento deles com os filhos?
Ao ponderarmos sinceramente
essas questões, tenho certeza de que
o Espírito nos está ajudando neste
exato momento e continuará a nos
ajudar a aprender as coisas que devemos fazer no lar e na Igreja.
Os Recursos Espirituais de que
Precisamos
Nossa responsabilidade de aprender e compreender a doutrina do
plano, de apoiar e sermos um exemplo
de um casamento justo, e de ensinar
princípios corretos no lar e na igreja
pode fazer com que nos perguntemos
se estamos à altura da tarefa. Somos
pessoas comuns que precisamos realizar um trabalho extraordinário.
Há muitos anos, minha mulher
e eu estávamos atarefadamente tentando dar conta das inúmeras exigências simultâneas de uma família
jovem e cheia de energia — e da
Igreja, carreira e responsabilidades
comunitárias. Certa noite, depois que
Uma de nossas maiores responsabilidades é a de ajudar os jovens a aprenderem
sobre o casamento justo e a prepararem-se para ele por meio de nosso exemplo
pessoal.
as crianças foram dormir, conversamos muito sobre a eficácia com que
estávamos cuidando de todas as nossas prioridades importantes. Demonos conta de que não receberíamos
as bênçãos prometidas na eternidade
se não honrássemos mais plenamente o convênio que tínhamos feito
na mortalidade. Resolvemos juntos
agir e ser melhores como marido e
mulher. Essa lição aprendida há tantos anos fez uma enorme diferença
em nosso casamento.
A doce e simples doutrina do
plano de felicidade nos proporciona
uma preciosa perspectiva eterna —
e ajuda-nos a compreender a importância do casamento eterno. Fomos
abençoados com todos os recursos
espirituais de que necessitamos.
Temos a plenitude da doutrina de
Jesus Cristo. Temos o Espírito Santo e
a revelação. Temos as ordenanças de
salvação, convênios e templos. Temos
o sacerdócio e profetas. Temos as santas escrituras e o poder da palavra de
Deus. Temos A Igreja de Jesus Cristo
dos Santos dos Últimos Dias.
Testifico que fomos abençoados
com todos os recursos espirituais
de que necessitamos para aprender
sobre o casamento justo, para ensinálo e fortalecê-lo — e que realmente
podemos viver juntos e felizes como
marido e mulher e família na eternidade. No sagrado nome de Jesus
Cristo. Amém. ■
NOTAS
1. Ver Carta da Primeira Presidência,
11 de fevereiro de 1999; ver A Liahona,
dezembro de 1999, p. 1.
2. “A Família: Proclamação ao Mundo”,
A Liahona, outubro de 2004, p. 49.
3. A Liahona, outubro de 2004, p. 49.
4. A Liahona, outubro de 2004, p. 49.
5. A Liahona, outubro de 2004, p. 49.
6. A Liahona, outubro de 2004, p. 49.
7. Autobiography of Parley P. Pratt, ed.
Parley P. Pratt Jr. (1938), pp. 297–298.
A L I A H O N A JUNHO DE 2006
55
Uma Solene
Responsabilidade
de Amar e Cuidar
uns dos Outros
É L D E R L . TO M P E R R Y
Do Quórum dos Doze Apóstolos
Equilibrar Nossas Responsabilidades
O
assunto que me foi designado é a seguinte frase da
proclamação sobre a família:
“O marido e a mulher têm a solene
responsabilidade de amar-se mutuamente e amar os filhos”.1 Quero abordar esse assunto de modo diferente
do que vocês estão acostumados em
outras reuniões de treinamento. Não
citarei muitos manuais. Em vez disso,
56
quero falar de coração para coração
sobre o seu serviço no reino de
nosso Pai Celestial. O propósito de
nos reunirmos é compreendermos
melhor como equilibrar nossas responsabilidades de amar e cuidar
de nossa família, com os outros chamados especiais que o Pai Celestial
nos deu.
Quando a Igreja foi organizada em
6 de abril de 1830, o Profeta Joseph
Smith recebeu uma revelação que
hoje é a vigésima primeira seção de
Doutrina e Convênios. Uma parte
da revelação diz o seguinte:
“Eis que um registro será escrito
entre vós; e nele serás [Joseph
Smith] chamado vidente, tradutor,
profeta, apóstolo de Jesus Cristo,
élder da igreja pela vontade de Deus,
o Pai, e pela graça de vosso Senhor
Jesus Cristo,
Sendo inspirado pelo Espírito
Santo a lançar o alicerce dela e edificá-la para a santíssima fé. (. . .)
Portanto vós, ou seja, a igreja,
dareis ouvidos a todas as palavras e
mandamentos que ele vos transmitir
à medida que ele os receber, andando
em toda santidade diante de mim;
Pois suas palavras recebereis como
de minha própria boca, com toda
paciência e fé” (D&C 21:1–2, 4–5).
Entre as primeiras instruções dadas
à Igreja recém-organizada, estava a de
seguir a inspiração e a revelação provenientes do Senhor, por intermédio
de Seu profeta no cumprimento de
nossas responsabilidades de edificar
Seu reino. Ele prometeu orientar-nos
no curso que teríamos de seguir para
levar adiante essa grande obra.
O Conselho do Profeta
Creio que o Presidente Gordon B.
Hinckley, nosso profeta atual, deu-nos
a chave para conseguirmos equilibrar
nossas responsabilidades, em uma
reunião mundial de treinamento de
liderança anterior, realizada em 21 de
junho de 2003. Naquela transmissão
ele declarou:
“Vocês (...) têm o privilégio de
representar o Redentor do mundo ao
levarmos adiante este trabalho. Vocês
têm o privilégio de falar da maravilha
que é a Expiação do Senhor Jesus
Cristo em favor de Seus filhos e
filhas. Acaso existe privilégio maior
do que esse?
Regozijem-se por esse privilégio
que é seu. Sua oportunidade de servir
não vai durar para sempre. Muito em
breve, haverá apenas a lembrança da
grandiosa experiência que estão
tendo agora.
Nenhum de nós realizará tudo que
desejamos. Mas façamos o melhor
que pudermos. Tenho certeza de que
FOTOGRAFIA: ROBERT CASEY. REPRODUÇÃO PROIBIDA
Em todas as épocas da história, Deus deu Sua lei divina a fim de salvaguardar e proteger a união sagrada entre marido e mulher.
o Redentor então dirá: ‘Bem está,
servo bom e fiel’ (Mateus 25:21).” 2
Como devem lembrar, naquela
transmissão ele explicou as quatro
partes de nossas responsabilidades.
A primeira se aplica ao assunto que
estamos abordando nesta transmissão. Ele declarou:
“Primeiro, é fundamental que não
negligenciem sua família. Nada que
vocês possuem é mais precioso. Sua
esposa e filhos merecem a atenção
de seu marido e pai. No final de tudo,
é o relacionamento familiar que
levaremos para além desta vida.
Parafraseando as escrituras: ‘Pois que
aproveita ao homem servir fielmente
na Igreja e perder sua própria família?’
(ver Marcos 8:36).”3
Essa tem sido a mensagem constante de nossos profetas desde os
primeiros dias da organização da
Igreja. O lugar mais importante para
o ensino e a liderança do evangelho
é a família e o lar. Se seguirmos essas
instruções, receberemos designações
e planejaremos programas, atividades
e cursos que complementarão e
apoiarão nossa família.
A maneira como utilizamos o
nosso tempo e mantemos o equilíbrio
na vida é fundamental para a forma
como desempenharemos nossos
deveres familiares e nosso serviço na
Igreja. Disciplinem-se de forma a
seguir o conselho do profeta sobre
como determinamos as prioridades
do uso de nosso tempo.
Cristo e a alcançarem a vida eterna. A
vida eterna é a maior dádiva de Deus
a Seus filhos e somente é obtida por
meio de um relacionamento familiar.
Esse relacionamento precisa começar
com a união entre marido e mulher,
que é sagrada para o Senhor e não
deve ser tratada levianamente. O convênio do casamento é essencial ao
plano do Senhor e ao propósito pelo
qual Ele criou o céu e a Terra. Em
todas as épocas da história, Ele deu
Sua lei divina a fim de salvaguardar
e proteger a união sagrada entre
marido e mulher.
Seu(Sua) Companheiro(a) Eterno(a)
Comecem conversando com seu
companheiro ou companheira eterna
sobre quanto tempo precisam passar
juntos para fortalecer seu casamento e
expressar o amor que sentem um pelo
outro. Essa é sua maior prioridade.
A Igreja existe para ajudar as pessoas e famílias a achegarem-se a
Seus Filhos
Segundo, pensem nas necessidades espirituais de seus filhos. Quanto
tempo é necessário para assegurar
que vocês estão próximos deles? É
sua responsabilidade, como pai e
mãe, prover um tempo adequado
para eles, pois a educação mais
importante que os filhos recebem
Estabelecer Prioridades Adequadas
A L I A H O N A JUNHO DE 2006
57
deve vir dos pais. Precisamos conhecer bem o que a Igreja ensina a nossos filhos para que estejamos em
harmonia com esses ensinamentos ao
instruirmos cada filho. Por exemplo:
O folheto Para o Vigor da Juventude,
citando a proclamação da família, dá
aos jovens o seguinte conselho sobre
a família:
“A felicidade na vida familiar é mais
provável de ser alcançada quando
fundamentada nos ensinamentos do
Senhor Jesus Cristo. O casamento e a
família bem-sucedidos são estabelecidos e mantidos sob os princípios da
fé, da oração, do arrependimento,
do perdão, do respeito, do amor, da
compaixão, do trabalho e de atividades recreativas salutares.”4
O folheto prossegue:
“Ser parte de uma família é uma
grande bênção. Sua família pode proporcionar-lhes companheirismo e
felicidade, auxiliá-los a aprender princípios corretos em uma atmosfera de
amor e ajudá-los a preparar-se para a
58
vida eterna. Nem todas as famílias são
iguais, mas cada uma delas é importante para o plano do Pai Celestial.
Façam sua parte para edificar um
lar feliz. Sejam agradáveis, úteis e
atenciosos com os outros. Muitos
problemas no lar são criados porque
os membros da família falam ou
agem de modo egoísta ou maldoso.
Interessem-se pelas necessidades de
outras pessoas da família. Procurem
ser pacificadores em vez de provocar,
brigar e discutir. Lembrem-se de que
a família é a unidade mais sagrada
da Igreja.”5
Prover o Sustento de Sua Família
Nossa terceira prioridade é prover
o sustento de nossa unidade familiar.
Citando novamente a proclamação
sobre a família:
“Segundo o modelo divino, o pai
deve presidir a família com amor e
retidão, tendo a responsabilidade
de atender às necessidades de seus
familiares e de protegê-los.”6
Precisamos manter boas aptidões
para ter um emprego rentável. Num
mundo que está mudando sempre,
precisamos manter-nos atualizados ou
nossas aptidões se tornarão obsoletas.
Mesmo que estejamos atarefados em
designações da Igreja, não devemos
deixar passar oportunidades de
ampliar nosso desenvolvimento e
melhorar o bem-estar de nossa família. Isso exige um investimento adequado de tempo e um planejamento
a fim de preparar-se para o futuro.
Esse conselho se aplica tanto às
irmãs quanto aos irmãos. Embora a
responsabilidade de prover o sustento
da família caiba primariamente ao pai,
a proclamação declara que “enfermidades, falecimentos ou outras circunstâncias”7, podem exigir que vocês,
irmãs, usem ou desenvolvam aptidões
para o sustento da família.
Servir na Igreja
O quarto item em nossas prioridades é a nossa dedicação no tempo
FOTOGRAFIA: STEVE BUNDERSON. EXCETO INDICAÇÃO AO CONTRÁRIO, A REPRODUÇÃO É PROIBIDA; PROFETA AMERICANO: DEL PARSON; FOTOGRAFIA: WAGON © PHOTOSPIN; FOTOGRAFIA DE MULHERES: DANNY SOLETA
A educação mais importante que os filhos recebem deve vir dos pais.
que passamos nas atividades da Igreja.
As famílias ativas da Igreja valorizam o
tempo que passam na Igreja e tomam
decisões na vida familiar de modo a
abrir espaço para isso.
Os líderes precisam ter especial
sensibilidade a diferentes situações
familiares ao fazerem chamados e
criarem expectativas. As famílias com
crianças pequenas nas quais ambos os
pais têm chamados pesados, que os
tiram de casa, provavelmente sentirão
que as atividades da Igreja interferem
em sua vida familiar. Os líderes da
Igreja podem ajudar, reconhecendo
e valorizando o esforço dos membros
em equilibrar o serviço na Igreja com
suas responsabilidades familiares.
Envolver os Membros da Família
Existem maneiras de aumentarmos
o convívio com a nossa família
enquanto servimos em chamados na
Igreja, envolvendo a família, quando
adequado, em nosso serviço na Igreja.
Quero dar-lhes um exemplo pessoal.
Existem maneiras de aumentarmos o
convívio com a nossa família enquanto
servimos em chamados na Igreja.
Meu pai serviu como
bispo durante minha
juventude. Era um homem
ocupado e muito atarefado
em seu trabalho como advogado.
Também era muito ativo nas questões cívicas e bastante requisitado
como orador público. E, além disso,
era pai de seis filhos. Sempre serei
grato por meu pai ter estabelecido
corretamente suas prioridades.
Minha mãe sempre foi sua primeira
prioridade. Isso era visível pela
maneira como ele a tratava. A isso
se seguia uma real dedicação a cada
um dos filhos.
Quando eu tinha cerca de seis
anos, ganhei um carroção vermelho
como presente de Natal. Ele era exatamente igual a esta miniatura. O
pequeno carroção vermelho criou
um vínculo real entre meu pai e eu.
Em sua vida atarefada, ele tinha que
encontrar maneiras de envolver a
família em suas atividades, sem diminuir sua própria produtividade.
Grande parte de seu serviço
como bispo aconteceu
durante a Grande
Depressão da década
de 1930. Muitos dos
membros de nossa ala
estavam em situação
desesperadora. Como
bispo, ele tinha a responsabilidade
de suprir os meios para a sobrevivência deles. Essa parecia ser uma
boa atividade para um bispo, seu
filho e um carroçãozinho vermelho.
Eu voltava para casa da escola e
encontrava empilhados ao lado da
garagem — farinha, açúcar, trigo e
outros mantimentos. Sabia, então,
que naquela noite meu pai e eu ficaríamos juntos.
Quando ele voltava para casa, o
pequeno carroção vermelho estava
carregado de suprimentos que seriam
levados a uma família. Nós dois,
caminhando juntos e conversando,
cumpríamos nossa designação de
bem-estar entregando mantimentos
aos necessitados.
Pude testemunhar pessoalmente o
amor e carinho que um bom líder do
sacerdócio tinha pelos membros de
sua ala. Mais importante que isso, tive
a oportunidade de passar um tempo
precioso com meu pai.
Concentrar-se nas Prioridades
Básicas
Quero incentivá-los a fazer o que
lhes ensinamos na primeira reunião
mundial de treinamento de liderança. Lembro a vocês que todas as
unidades da Igreja estão em estágios
diferentes de desenvolvimento e
todas as unidades têm necessidades
diferentes. Quando estivermos planejando nossos programas da Igreja,
as famílias precisam ser levadas em
consideração.
A L I A H O N A JUNHO DE 2006
59
a família a alcançar salvação e exaltação no reino
eterno do céu.
O Guia da Família
Há vários anos, publicamos um
Guia da Família especial. Era para
ser usado por todos os membros,
especialmente pelos recém-conversos ou aqueles que tinham pouca
experiência na Igreja. Incentivamos
vocês a usá-lo. Ele começa com a
declaração:
“A família é a unidade básica de
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos
dos Últimos Dias e o grupo social
mais importante no tempo e na eternidade. Deus estabeleceu as famílias
com o intuito de proporcionar felicidade a nós, Seus filhos, para que
aprendêssemos princípios corretos
numa atmosfera amorosa e nos preparássemos para a vida eterna.
O lar é o melhor local
para o ensino, o aprendizado e a aplicação dos
princípios do evangelho.”8
Mais uma vez incentivamos vocês
para que consultem os ensinamentos
úteis desse livreto.
O Exemplo do Salvador
Nosso Senhor e Salvador ministrou pessoalmente às pessoas,
erguendo os abatidos, dando esperança aos desanimados e buscando
os perdidos. Por meio de Suas palavras e ações, mostrou às pessoas que
as amava, compreendia e valorizava.
Ele reconhecia a natureza divina e
o valor eterno de cada indivíduo.
Mesmo quando chamava as pessoas
ao arrependimento, condenava o
pecado sem condenar o pecador.
Da mesma forma que nosso
Salvador, como líderes da Igreja
devemos amar as pessoas a quem
servimos, expressar carinho e preocupação a cada uma delas individualmente. Que o Senhor nos abençoe na
sagrada responsabilidade que Ele nos
concedeu, é minha oração. Em nome
de Jesus Cristo. Amém. ■
NOTAS
1. “A Família: Proclamação ao Mundo”,
A Liahona, outubro de 2004, p. 49.
2. “Regozijar-nos pelo Privilégio de Servir”,
Treinamento Mundial de Liderança, 21 de
junho de 2003, p. 22.
3. Treinamento Mundial de Liderança, 21 de
junho de 2003, p. 22.
4. A Liahona, outubro de 2004, p. 49.
5. Para o Vigor da Juventude, (folheto, 2001),
p. 10.
6. A Liahona, outubro de 2004, p. 49.
7. A Liahona, outubro de 2004, p. 49.
8. Guia da Família, (2001), p. 1.
O Guia da Família (código do material
31180 059) pode ser obtido nos centros de
distribuição e centros de serviço da Igreja.
60
CRISTO COM AS CRIANÇAS: HARRY ANDERSON; FOTOGRAFIA: BUSATH PHOTOGRAPHY
Advirto novamente que não podemos sobrecarregar nossos membros
com mais de um chamado além do
de mestre familiar e de professora
visitante. Disciplinem-se a aterem-se
às prioridades básicas e ficarão surpresos de ver como a inspiração do
Senhor vai orientá-los ao cumprirem
suas responsabilidades como servos
em Seu reino.
O enfoque principal da Igreja restaurada é proporcionar-nos oportunidades de ajudarmos o Senhor em Sua
obra — de levar a efeito a imortalidade e vida eterna do homem.
Fazemos isso principalmente fortalecendo a família. Em uma época de
declínio moral, incertezas políticas,
agitação internacional e instabilidade
econômica, nosso enfoque no fortalecimento e estabilização da família precisa ser ampliado e magnificado. O
próprio propósito da Igreja é auxiliar
Os Pais Têm um
Dever Sagrado
B O N N I E D. PA R K I N
Presidente Geral da Sociedade de Socorro
Responsabilidades Familiares
S
e eu pudesse fazer com que
uma coisa acontecesse aos
pais e líderes desta Igreja seria
que sentissem o amor do Senhor na
vida deles a cada dia, ao cuidarem
dos filhos do Pai Celestial. Talvez não
seja algo que eu diga que vá tocarlhes o coração, mas o que o Espírito
sussurrar para vocês. Sigam essa doce
inspiração.
Lembro-me vividamente de
quando a Proclamação sobre a
Família nos foi dada: 23 de setembro
de 1995. Eu estava sentada no
Tabernáculo, na Reunião Geral da
Sociedade de Socorro. O Presidente
Hinckley era o último orador. Ele
apresentou “A Família: Proclamação
ao Mundo”. Fez-se silêncio na congregação, mas foi acompanhado de um
sentimento de entusiasmo, uma reação do tipo: “Sim — precisamos ajudar nossa família!”
Lembro-me de ter sentido que
aquilo era tão correto! Lágrimas correram-me pelo rosto. Ao olhar para
outras irmãs sentadas ao meu redor,
pareceu-me que elas estavam tendo
sentimentos semelhantes. Havia tantas coisas na proclamação, que mal
pude esperar para conseguir uma
cópia e estudá-la. A proclamação
afirma a dignidade das mulheres. É
significativo notar que ela foi dada em
primeiro lugar para as mulheres da
Igreja na Reunião Geral da Sociedade
de Socorro — sei que o Presidente
Hinckley valoriza as mulheres.
Estamos todos aqui como líderes
da Igreja. Somos muito ocupados.
Mas precisamos lembrar-nos — tal
como vocês — de que nossa principal
responsabilidade é para com a nossa
família. Lembrem-se, ela é uma das
poucas bênçãos que levaremos
conosco para a eternidade!1 Newel K.
Whitney era um bispo nos primórdios
da Igreja em Kirtland. Tal como vocês,
bispos de hoje, ele devia estar muito
atarefado fazendo muitas coisas boas.
Mas foi repreendido pelo Senhor e
recebeu o mandamento de “pôr em
ordem sua família (. . .)” (D&C 93:50;
grifo da autora). Irmãos e irmãs, esse
conselho se aplica a todos nós.
Muitos de vocês são pais e avós,
ou talvez o sejam algum dia. Mas quer
sejam casados ou não, somos todos
membros de uma família. Pensem um
minuto em sua própria família. O que
vocês amam nela? Eis uma coisa que
amo na minha: Fico muitíssimo feliz
por meus quatro filhos adorarem a
companhia uns dos outros.
Que doutrina sobre a família é
ensinada na Proclamação? Gostaria
de enfocar um parágrafo. “Segundo o
modelo divino, o pai deve presidir a
família com amor e retidão, tendo a
responsabilidade de atender às necessidades de seus familiares e de protegêlos. A responsabilidade primordial da
mãe é cuidar dos filhos. Nessas atribuições sagradas, o pai e a mãe têm
a obrigação de ajudar-se mutuamente
como parceiros iguais.”2
Adoro as palavras: “Segundo o
modelo divino”. Sermos pais faz parte
do modelo divino do Pai Celestial para
Seus filhos. Como pais, temos a divina
responsabilidade de prover o sustento,
proteger e cuidar de nossa família.
Como esses princípios — prover,
proteger e nutrir — nos ajudam a
criar filhos justos?
Prover
A Proclamação diz que os pais
devem prover “as necessidades” da
vida. Mas quais são essas necessidades? Sim, são um teto sobre a cabeça
A L I A H O N A JUNHO DE 2006
61
e comida na mesa. Mas graças ao
plano do evangelho, sabemos que há
mais do que isso. Incluem aptidões —
coisas que edificam o caráter. Vejamos
alguns exemplos.
Provemos as necessidades de nossos filhos quando os ensinamos a trabalhar. Quero contar-lhes sobre meu
neto Jacob. Ele não queria ir para a
escola. A mãe dele tentou muitas coisas. Por fim, sentou-se com ele e disse:
“O papel do papai é trabalhar e ganhar
dinheiro. Meu papel é ficar em casa e
cuidar de você, de seus irmãos e de sua
irmã. E seu papel é ir para a escola”.
Quando Jacob compreendeu o princípio, ele o aceitou e foi para a escola.
Também ensinamos nossos filhos
a trabalhar esperando que façam tarefas e, quando adequado, que trabalhem fora de casa. Ajudamos nossos
filhos a prover seu próprio sustento
ensinando-lhes o valor do trabalho.
Comecem cedo! Meu marido diz
que a maior dádiva que seu pai lhe
deu foi a independência — porque
o ensinou a trabalhar.
Administrar nossas finanças é algo
que também nos ajuda a sermos bons
62
provedores. Como
pais, planejem juntos
o seu orçamento. Ensinem a seus
filhos a diferença entre desejos e
necessidades. Não coloquem fardos
financeiros indevidos nos ombros de
seu cônjuge. Quando o Presidente
Hinckley nos aconselhou a livrar-nos
das dívidas, um pai que conheço sentou-se com seus filhos casados e perguntou como estavam as finanças
deles. Ficou surpreso ao descobrir
que dois tinham grandes dívidas.
Perguntou-lhes, então, se poderia
ajudá-los a fazer um plano.
Os estudos e a instrução possibilitam aos pais proverem o sustento da
família. Incentivem seus filhos a conseguirem toda instrução que puderem. Em alguns países, os jovens
não conseguem se qualificar para
os empréstimos do Fundo Perpétuo
para a Educação porque não concluíram o curso médio. No mundo atual,
é importante que os pais continuem
a aprender.
Proteger
O segundo princípio é proteger.
Proteção do quê? Do perigo — tanto
físico quanto espiritual. Protegemos
nossos filhos quando ensinamos que
eles têm valor divino, quando vamos
para a Igreja em família, quando realizamos a Reunião de Noite Familiar,
quando oramos em família, quando
estudamos juntos as escrituras. Isso tudo é muito
simples, mas testifico que
proporciona uma vigorosa
proteção.
A Proclamação ensina
que os pais têm o dever sagrado de
proteger os filhos. Os maus-tratos
podem ser emocionais, como subestimar o cônjuge ou um filho, tratá-los
como se fossem inúteis negando
amor e afeição. O pai não protege a
família quando bate na esposa ou nos
filhos. Uma irmã da África Ocidental
disse que antes de filiar-se à Igreja o
pai batia na mãe e nos filhos. “Agora”,
disse ela, “ele nos trata com respeito
e ternura porque sabe que somos
filhos de Deus”.
Os pais protegem os filhos prestando atenção nos amigos que eles
escolhem. Uma adolescente ficou
zangada quando o pai a questionou
sobre suas atividades noturnas. O pai
explicou que a proclamação dizia que
ele devia ser o protetor de sua família
e que ele amava a filha e era por isso
que queria certificar-se de que ela
estaria segura.
Precisamos também proteger nossos filhos das influências da mídia.
Saibam o que seus filhos estão assistindo na televisão, no cinema e na
casa dos amigos. Se tiverem um computador em casa, certifiquem-se de
que seja um instrumento para coisas
“virtuosas, amáveis, de boa fama ou
louváveis” (13ª Regra de Fé).
Somos protegidos quando seguimos o profeta vivo. De que modo
vocês foram protegidos como família
ao seguirem o conselho do Presidente
Hinckley de lerem o Livro de Mórmon?
FOTOGRAFIA: STEVE BUNDERSON, ROBERT CASEY, CRAIG DIMOND E MATTHEW REIER
Recebi recentemente a carta de uma
irmã da Inglaterra. Ela escreveu:
“Minha família teve muitas dificuldades no ano passado quando meu
marido decidiu não ir mais à Igreja. Ele
tinha sido ativo a vida inteira e já fizera
parte de bispados. Clamei do fundo
do coração ao Senhor para saber o que
fazer para não ter ressentimentos nem
amargura. Realizava a noite familiar
e as orações em família sozinha com
meus filhos. Certa vez no templo,
senti-me inspirada, por causa do desafio de ler o Livro de Mórmon, a não
mais ler as escrituras sozinha com
meus filhos, mas a levar as crianças e
as escrituras até onde quer que meu
marido estivesse na casa. Portanto,
todas as noites, às nove horas, íamos
procurá-lo. Ele está lendo conosco —
não o fez a princípio, mas agora o faz.
Está indo às reuniões da Igreja, juntase a nós na oração familiar e lidera os
debates sobre o
evangelho. Meus
filhos foram instrumentos do Senhor e levaram a palavra do
amor que redime a meu marido. Isso
tem sido uma grande bênção para
minha família”.
Nutrir
O terceiro princípio é nutrir. Com
que isso se parece? O que é nutrir?
Como é nutrir? Nutrir se assemelha a
gostar, parece-se com esta escritura:
“Com persuasão, com longanimidade,
com brandura e mansidão e com
amor não fingido; com bondade”
(D&C 121:41–42). Vou dar-lhes alguns
exemplos.
Penso que nutrir se parece com
disciplinar com amor. Uma jovem
mãe pára seu filho quando ele não
obedece. Toma o rosto dele nas mãos,
olha em seus olhos e diz: “Ouça o que
estou dizendo”. Precisamos ensinar
nossos filhos a tomarem decisões
sábias, mas não podemos remover
as conseqüências de suas ações.
Lembrem-se de que a base do plano
de nosso Pai Celestial é o arbítrio.
O que é nutrir? Grande parte do
ensino e da formação de relacionamentos na família acontece em breves
momentos não planejados durante
a rotina diária. A mesa de jantar é
um lugar para conectar-nos uns aos
outros, compartilhar nossas atividades do dia, ouvir e
incentivar-nos mutuamente e rir juntos. Sei
que o riso alivia o fardo.
Queridos pais e mães,
estabeleçam um horário
regular para as refeições
de seus entes queridos.
Vocês encerram sua
função de pais quando seus filhos
estão crescidos e moram sozinhos?
Não, isso nunca tem fim. Estamos
envolvidos no trabalho de criar uma
família eterna. Enquanto meu marido
e eu servíamos em uma missão na
A L I A H O N A JUNHO DE 2006
63
Inglaterra, um de nossos filhos veio
visitar-nos com a família. Lembro-me
de tê-lo ouvido dizer: “Viemos porque precisamos ser nutridos”. Uma
vez pais, sempre pais. Isso não é o
máximo? Ao terminar de ler o Livro
de Mórmon em dezembro, fiquei
impressionada ao ver que até
Mórmon aconselhou seu filho adulto,
Morôni: “Sê fiel em Cristo, meu filho;
(...) possa Cristo animar-te (...) e sua
misericórdia e longanimidade e a
esperança de sua glória e da vida
eterna permaneçam em tua mente
para sempre” (Morôni 9:25).
Como é nutrir? Às vezes é difícil
conseguir mais de uma palavra como
resposta da boca de um adolescente.
Eis uma pergunta que descobri ser
extremamente útil para mudar isso:
“Qual é o maior desafio ou problema
que você está enfrentando agora?” Isso
abre as portas para que os jovens compartilhem o que sentem. E quando
eles o fizerem, apenas escutem! Não
julguem, nem aconselhem, nem façam
coisa alguma. Apenas escutem. Ficarão
impressionados com as conexões e
vínculos que se formarão. Bispos e
conselheiros, essa mesma pergunta
pode ser muito poderosa ao entrevistarem os jovens em suas alas.
Criar soa como orar em família.
Uma das lembranças mais duradouras
que tenho de meu pai é a de ajoelhar
com meus irmãos e minha irmã junto
à cama de meus pais, em seu pequeno
quarto, e ouvir meu pai suplicar ao Pai
Celestial que abençoasse nossa mãe
que estava no hospital. Ouvir meu pai
expressar-se do fundo do coração ajudou-me a saber que há um Deus no
céu que nos ouve. Orem por seus
64
filhos a respeito da escola e peçam
proteção para eles durante o dia.
Nossos filhos ficam sabendo de nosso
amor e expectativas quando nos
ouvem orar por eles.
Fortalecer a Família
Como líderes, de que modo vocês
fortalecem e apóiam as famílias das
pessoas que vocês servem? Podem
usar esses mesmos princípios — prover, proteger e nutrir — para fortalecer as famílias de sua ala.
Os líderes apóiam os pais honrandoos, e não passando à frente deles para
assumir os cuidados de um filho. Vocês
podem ser mentores e compartilhar
interesses, mas respeitem a maneira
como os pais gostariam que as coisas
fossem feitas. Uma mãe disse: “Sempre
me pareceu que as últimas pessoas
que meus filhos adolescentes queriam
ouvir eram meu marido e eu. Às vezes,
meus filhos, cedendo à pressão de amigos, deixavam de ouvir os pais. Sou
grata pelos sábios líderes da Igreja que
aconselharam nossos filhos. Eles nunca
assumiram nosso papel de pais. Eles os
ouviram, mas apoiaram nossa orientação e os encaminharam de volta a nós”.
Como família, todos temos necessidades. Quero deixar algumas palavras do fundo do coração para as
mães que criam os filhos sozinhas.
Gostaria de contar a vocês a história
de uma mãe de cinco filhos, cujo
marido foi enviado ao Iraque em
2003. Ela contou:
“Quando meu marido partiu para
o Iraque, no início de fevereiro, tínhamos três carros bons. Contudo, em
novembro, todos os carros quebraram
e não pudemos consertar dois deles.
Nessa mesma época, meu filho de
dezessete anos veio me dizer que
não planejava servir em uma missão
porque não tinha certeza se o evangelho era verdadeiro. Se houve um
momento em minha vida no qual eu
precisava das bênçãos do sacerdócio,
foi naquele momento. Não me lembro
dos detalhes de quando e onde, mas
lembro-me claramente de ter recebido
mais de uma bênção de portadores do
sacerdócio dedicados, durante aquela
época. Sempre soube que podia chamar meus mestres familiares e que
eles viriam. Nenhum deles conseguiu
consertar minha perua, mas puderam
dar-me uma bênção do sacerdócio
muito necessária e encontrar alguém
que pudesse consertar o carro”.
Dedicados mestres familiares fizeram algo muito significativo para
aquela família, e eles podem fazer o
mesmo para toda família em que o
pai ou a mãe esteja criando os filhos
sozinhos, conhecendo-a, conquistando sua confiança e concedendo
bênçãos do sacerdócio. Bispos, líderes de grupos de sumos sacerdotes,
presidentes de quórum de élderes —
aquelas mães precisam das bênçãos
do sacerdócio no lar, assim como as
nossas extraordinárias irmãs solteiras.
O Presidente Hinckley admoestounos, há dez anos, sobre “a mancha
que lentamente cobre o mundo”,
na época em que a Proclamação foi
publicada. Aquela declaração profética reafirmou “os padrões, doutrinas
e práticas referentes à família” do
Senhor.3 Por outro lado, o mundo
tenta ditar o papel das mulheres e da
maternidade. As mulheres de hoje
ouvem que precisam de uma carreira
Os líderes apóiam os pais honrando-os, e não passando à frente deles para
FOTOGRAFIA: DEREK SMITH
assumir os cuidados de um filho.
emocionante, de organizações das
quais possam participar e, se tiverem
os recursos, de filhos. O honroso
papel de mãe está cada vez mais fora
de moda. Quero deixar isso bem
claro: Não podemos permitir que o
mundo menospreze o que sabemos
que nos foi dado por desígnio divino.
Irmãs, gostaria de falar diretamente
a vocês por alguns instantes. Como
membros da Sociedade de Socorro
de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos
dos Últimos Dias, é nossa bênção e
responsabilidade cuidar da unidade
familiar e apoiá-la. Todas nós pertencemos a uma família, e toda família
precisa ser fortalecida e protegida.
Minha maior ajuda para tornar-me
uma dona de casa veio, em primeiro
lugar, de minha própria mãe e de
minha avó e, em seguida, das irmãs
da Sociedade de Socorro das diversas
alas em que moramos. Aprendi a fazer
coisas e vi o exemplo da alegria que
sentimos ao criarmos um lar onde
as pessoas querem estar. A partir de
janeiro de 2006, haverá novas diretrizes para as reuniões e atividades de
Aprimoramento Pessoal e Doméstico.
Elas têm maior flexibilidade para que
todas as irmãs participem. Líderes da
Sociedade de Socorro, certifiquem-se
de que as reuniões e atividades que
vocês planejarem fortaleçam o lar de
todas as irmãs.
As professoras visitantes são outro
instrumento de apoio à família. Espero
que todas tenham a oportunidade de
ser professoras visitantes. As professoras visitantes não apenas fortalecem
uma irmã espiritualmente, mas também têm a oportunidade única de
ajudar e verificar as necessidades
dela. Líderes da Sociedade de
Socorro, sejam diligentes em suas
reuniões do comitê de bem-estar e ao
relatarem as necessidades espirituais
e materiais identificadas por suas
professoras visitantes.
O Puro Amor de Cristo
Aos casados, peço que pensem: O
que fez com que se apaixonasse por
seu cônjuge? Lembrar essas coisas
pode encher seu coração de perdão.
Expressem seu amor um pelo outro.
Uma mulher pode fazer a diferença
na vida do marido ao edificar sua
autoconfiança. Um marido pode iluminar até o dia mais sombrio com
três simples palavras: “Eu amo você”.
Uma das maiores dádivas que os pais
podem dar aos filhos é mostrar-lhes
que se amam.
Nosso papel como pais na criação
de filhos justos é prover o sustento,
proteger e cuidar e fazemos isso como
parceiros iguais. Fazemos o mesmo
como líderes. Ser líder é um trabalho
árduo. Ser pai ou mãe é um trabalho
árduo. Ficamos desanimados, mas
continuamos em frente. Creio que
aprendemos muito sobre o puro
amor de Cristo em nossa família e
por meio do serviço na Igreja.
Como pais e líderes, precisamos
dar a nossos filhos o amor que o Pai
Celestial nos concede. Em Morôni
8:17, lemos: “Estou cheio de caridade,
que é amor eterno”. Acrescentem a
isso as palavras do Senhor: “Como
que com um manto, revesti-vos do
vínculo da caridade, que é o vínculo
da perfeição e paz” (D&C 88:125).
Convido-os a vestirem o manto da
caridade em todas as suas atividades
e a envolverem sua família no puro
amor de Cristo.
Como famílias e líderes, envolvamos nossos entes queridos com o
manto da caridade para que possamos
voltar à presença de nosso Pai Celestial
e viver com Ele juntos para sempre.
Em nome de Jesus Cristo. Amém. ■
NOTAS
1. Ver Gordon B. Hinckley, “Regozijar-nos
pelo Privilégio de Servir”, Treinamento
Mundial de Liderança, 21 de junho de
2003, p. 22.
2. “A Família: Proclamação ao Mundo”,
A Liahona, outubro de 2004, p. 49.
3. “Enfrentar com Firmeza as Artimanhas do
Mundo”, A Liahona, janeiro de 1996, 100.
A L I A H O N A JUNHO DE 2006
65
Lares Celestiais—
Famílias Eternas
P R E S I D E N T E T H O M A S S. M O N S O N
Primeiro Conselheiro na Primeira Presidência
Edificar um Lar Eterno
É
com muita humildade que
represento a Primeira
Presidência como o último
orador desta reunião. Fomos inspirados e edificados pelas palavras
do Élder Bednar, do Élder Perry
e da irmã Parkin. Nossos pensamentos se centralizaram no lar e na
família ao sermos relembrados que
“o lar é a base de uma vida digna,
e nenhuma outra coisa pode substituí-lo nem cumprir suas funções
essenciais”.1
Um lar é muito mais do que uma
casa construída com madeira, tijolos
66
ou pedras. Um lar é feito de amor,
sacrifício e respeito. Somos responsáveis pelo lar que construímos.
Precisamos edificar com sabedoria,
porque a eternidade não é uma viagem curta. Haverá calmarias e ventos,
sol e trevas, alegria e tristezas. Mas se
realmente tentarmos, nosso lar pode
ser um pedaço do céu aqui na Terra.
As coisas que pensamos, as ações
que praticamos, a vida que levamos,
não apenas influenciam o sucesso de
nossa jornada terrena, como também
assinalam o caminho para nossas
metas eternas.
Algumas famílias da Igreja são
compostas de mãe, pai e filhos, todos
em casa, ao passo que outras testemunharam a triste partida de um,
depois outro e mais outro de seus
membros. Às vezes, uma única pessoa compõe uma família. Seja qual for
sua composição, a família tem continuidade — porque as famílias podem
ser eternas.
Podemos aprender com o
Arquiteto Mestre — sim, o Senhor.
Ele nos ensinou como precisamos
edificar. Ele declarou: “[Toda] casa
dividida contra si mesma não subsistirá” (Mateus 12:25). Mais tarde,
admoestou: “Eis que minha casa é
uma casa de ordem (. . .) e não uma
casa de confusão” (D&C 132:8).
Em uma revelação dada por intermédio do Profeta Joseph Smith
em Kirtland, Ohio, em 27 de dezembro de 1832, o Mestre aconselhou:
“Organizai-vos; preparai todas as coisas necessárias e estabelecei uma
casa, sim, uma casa de oração, uma
casa de jejum, uma casa de fé, uma
casa de aprendizado, uma casa de
glória, uma casa de ordem, uma
casa de Deus” (D&C 88:119; ver
também 109:8).
Onde poderíamos encontrar uma
planta mais adequada com a qual Ele
pudesse edificar sábia e devidamente?
Essa casa respeitaria o código de
construção descrito em Mateus, sim,
uma casa construída “sobre a rocha”
(Mateus 7:24, 25; ver também Lucas
6:48; 3 Néfi 14:24, 25), uma casa capaz
de suportar as chuvas da adversidade,
as enchentes da oposição e os ventos
da dúvida, que estão sempre presentes em nosso mundo desafiador e em
constante mudança.
Alguns poderiam perguntar: “Mas
essa revelação foi dada para orientar
a construção de um templo. Será que
ela é relevante hoje em dia?”
Eu responderia: “Acaso não declarou o Apóstolo Paulo: ‘Não sabeis
vós que sois o templo de Deus e que
o Espírito de Deus habita em vós?’”
(I Coríntios 3:16).
Deixem que o Senhor seja o
empreiteiro geral de nosso projeto
de construção. Depois, todos podemos ser mestres-de-obras, responsáveis por partes vitais do projeto
inteiro. Todos então seremos construtores. Além de edificar o nosso
FOTOGRAFIA: BUSATH PHOTOGRAPHY E MATTHEW REIER; A IMAGEM DE CRISTO: HEINRICH HOFMANN,
CORTESIA DE C. HARRISON CONROY CO.
próprio lar, também temos a responsabilidade de ajudar a edificar o
reino de Deus aqui na Terra, servindo fiel e eficazmente em nossos
chamados na Igreja. Gostaria de prover-lhes diretrizes divinas, lições de
vida e pontos a ponderar ao começarmos a construir.
Ajoelhem-se para Orar
“Confia no Senhor de todo o teu
coração, e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em
todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas” (Provérbios
3:5–6). Assim falou o sábio Salomão,
filho de Davi, rei de Israel.
Neste continente americano, Jacó,
o irmão de Néfi, declarou: “Confiai
em Deus com a mente firme e orai a
ele com grande fé” (Jacó 3:1).
Esse conselho divinamente inspirado chega até nós hoje tão claro
quanto água cristalina a uma Terra
ressecada. Vivemos numa época
complicada.
Há bem poucas gerações atrás,
ninguém poderia imaginar o mundo
em que vivemos hoje e os problemas
que nele existem. Estamos cercados
pela imoralidade, pornografia, violência, drogas e uma infinidade de
outros males que afligem a sociedade
moderna. Temos o desafio, sim, a
O Mestre aconselhou: “Organizai-vos;
preparai todas as coisas necessárias e
estabelecei uma casa, sim, uma casa
de oração, uma casa de jejum, uma
casa de fé”.
A L I A H O N A JUNHO DE 2006
67
68
temos diante de nós. Contudo, sempre contamos com ajuda. Ele que
conhece cada um de Seus filhos
responderá nossa oração fervorosa
e sincera, se buscarmos ajuda para
guiá-los. Essa oração resolverá
mais problemas, aliviará mais sofrimentos, evitará mais transgressões
e proporcionará mais paz e alegria
à alma humana do que qualquer
outra coisa.
Além de precisarmos dessa orientação para nossa própria família,
fomos chamados a cargos em que
temos responsabilidade por outros:
como bispo ou conselheiro, como
líder de um quórum do sacerdócio
ou de uma organização auxiliar.
Líder, você tem a oportunidade de
exercer uma grande influência na
vida de outras pessoas. Pode haver
aqueles que têm familiares
menos ativos ou não-membros;
alguns podem ter-se afastado
dos pais, não dando atenção
a suas súplicas e conselhos.
Podemos muito bem ser o instrumento nas mãos do Senhor
para fazer algo importante na
vida de alguém em tal situação.
Sem a orientação de nosso Pai
Celestial, porém, não podemos
fazer tudo a que fomos chamados a fazer. Essa ajuda vem por
meio da oração.
Foi perguntado a um famoso
juiz americano o que nós, como
cidadãos dos países do mundo,
poderíamos fazer para reduzir
o crime e a desobediência à lei
e trazer paz e alegria à nossa
vida e ao nosso país. Ele respondeu, pensativo: “Eu sugeriria
uma volta ao antigo costume de orar
em família”.
Como povo, quão gratos somos
pelo fato de a oração familiar não ser
um costume antiquado entre nós. Há
um significado real neste conhecido
ditado: “A família que ora unida, permanece unida”.
O próprio Senhor ordenou que
tivéssemos oração familiar, ao dizer:
“Orai ao Pai no seio de vossa família,
sempre em meu nome, a fim de que
vossas mulheres e vossos filhos sejam
abençoados” (3 Néfi 18:21).
Como pais, professores e líderes
em qualquer cargo, não podemos
nos dar ao luxo de tentar realizar
essa jornada potencialmente perigosa pela mortalidade, sem o auxílio
celeste para ajudar-nos na orientação
daqueles que estão sob nossa
responsabilidade.
Ao oferecermos a Deus nossas
orações familiares e pessoais,
façamos isso com fé e confiança
Nele. Ajoelhem-se para orar.
Aceitem a Tarefa de Servir
Tomemos, como exemplo, a vida
do Senhor. Tal como um brilhante
facho de luz de virtude foi a vida de
Jesus, ao ministrar entre os homens.
Ele deu força aos membros do inválido, visão aos olhos dos cegos, audição aos ouvidos dos surdos e vida ao
corpo dos mortos.
Suas parábolas pregavam Seu
poder. Com a parábola do bom samaritano Ele ensinou: “Ama teu semelhante” (ver Lucas 10:30–35). Por
meio de Sua bondade para com a
mulher apanhada em adultério, Ele
ensinou a compreensão compassiva
FOTOGRAFIA: ROBERT CASEY
responsabilidade de não apenas manter-nos “[imaculados]” (Tiago 1:27),
mas também de guiar nossos filhos e
outras pessoas sob nossa responsabilidade com segurança através dos
mares tempestuosos do pecado que
nos cercam, para que possamos
voltar a viver um dia com nosso Pai
Celestial.
A educação de nossa própria
família exige nossa presença, nosso
tempo e o máximo de nosso empenho. Para sermos eficazes em nosso
ensino, precisamos ser vigorosos em
nosso exemplo para os membros de
nossa família estar disponíveis para
passar algum tempo com cada um
deles e também para aconselhar e
orientar.
Freqüentemente nos sentimos
sobrecarregados com a tarefa que
(ver João 8:3–11). Em Sua parábola
dos talentos, Ele nos ensinou a progredir e a esforçar-nos para alcançar
a perfeição (ver Mateus 25:14–30). Ele
bem poderia estar nos preparando
para nosso papel na edificação de
uma família eterna.
Cada um de nós — seja um líder
do sacerdócio ou de uma organização
auxiliar — é responsável por seu chamado sagrado. Fomos designados
para o trabalho ao qual fomos chamados. Em Doutrina e Convênios 107:99
o Senhor disse: “Portanto agora todo
homem aprenda seu dever e a agir no
ofício para o qual for designado com
toda diligência”. Ao ajudarmos a abençoar e fortalecer os que estão sob
nossa responsabilidade em nossos
chamados na Igreja, estamos de fato,
abençoando e fortalecendo sua família. Assim, o serviço que realizamos
em nossa família e em nossos chamados na Igreja pode ter conseqüências
eternas.
Há muitos anos, como bispo em
uma ala grande e heterogênea, de
mais de mil membros, localizada no
centro de Salt Lake City, enfrentei
inúmeros desafios.
Certa tarde de domingo, recebi o
telefonema do proprietário de uma
drogaria que ficava dentro dos limites
de nossa ala. Ele disse que naquela
manhã, um rapaz tinha ido até sua
loja e comprado um sorvete. Ele
pagara a compra com dinheiro
que havia tirado de um envelope e
depois, quando saiu, esqueceu de
levar o envelope. Quando o proprietário teve a chance de examiná-lo,
descobriu que era um envelope de
oferta de jejum com o nome e o
telefone de nossa ala impresso nele.
Ao descrever-me o menino que estivera em sua loja, imediatamente
identifiquei quem era: um jovem diácono de nossa ala que fazia parte de
uma família menos ativa.
Minha primeira reação foi ficar
chocado e desapontado ao
pensar que um de nossos
diáconos havia coletado
dinheiro de oferta de jejum
para ajudar os necessitados
e tinha ido a uma loja no
domingo para comprar guloseimas com /’esse dinheiro.
Decidi visitar aquele menino
naquela tarde para ensiná-lo
a respeito dos fundos sagrados da Igreja e ‘/de seu dever
como diácono de coletar e proteger
esse dinheiro.
Ao dirigir-me para sua casa, fiz uma
oração silenciosa pedindo orientação
sobre como abordar a situação.
Cheguei e bati na porta. A mãe do
menino abriu a porta e me convidou
para entrar na sala de estar. Embora a
sala estivesse mal iluminada, pude ver
que era pequena e pobre. Os poucos
móveis que ali havia estavam bem
estragados. A própria mãe parecia
muito cansada.
Minha indignação pelos atos do
filho naquela manhã desapareceu de
meus pensamentos ao me dar conta
que ali estava uma família realmente
necessitada. Senti-me inspirado a perguntar à mãe se havia comida na casa.
Com lágrimas nos olhos, ela admitiu
que não havia nada. Disse-me que o
marido estava desempregado havia
algum tempo e que eles estavam
precisando desesperadamente não
apenas de comida, mas também de
dinheiro para pagar o aluguel para
que não fossem despejados daquela
casa tão pequena.
Não mencionei o assunto das
doações de oferta de jejum, pois
me dei conta de que o menino
O serviço que realizamos em
nossa família e em nossos chamados
na Igreja pode ter conseqüências
eternas.
provavelmente estava desesperadamente faminto quando parou na
farmácia. Em vez disso, cuidei imediatamente para que a família fosse ajudada, para que tivessem alimento
para comer e um teto sobre a cabeça.
Além disso, com a ajuda dos líderes
do sacerdócio da ala, conseguimos
arranjar emprego para o marido para
que ele pudesse prover o sustento
da família no futuro.
Como líderes do sacerdócio e
das auxiliares, temos o direito de
receber a ajuda do Senhor ao magnificarmos nossos chamados e cumprirmos nossas responsabilidades.
Busquem a ajuda Dele e, quando a
inspiração chegar, sigam essa inspiração para saberem aonde ir, quem
A L I A H O N A JUNHO DE 2006
69
Estendam a Mão para Resgatar
Em nossa jornada pela trilha da
vida, haverá vítimas. Algumas saem
da estrada que conduz à vida eterna,
para descobrir que o atalho escolhido
conduz a uma rua sem saída. A indiferença, a negligência, o egoísmo e o
pecado, todos trazem sérias conseqüências em termos de vidas humanas. Há aqueles que, por motivo
inexplicado, seguem por um caminho
diverso, para mais tarde descobrirem
70
que seguiram o caminho da dor e do
sofrimento.
Em 1995, a Primeira Presidência,
pensando naqueles que se perderam
do rebanho de Cristo, publicou uma
declaração especial chamada “Um
Convite para Voltar”. A mensagem
continha este apelo:
“Para você que por qualquer
motivo estiver fora do convívio da
Igreja, dizemos: Volte. Convidamos
você a retornar e partilhar da felicidade que conheceu. Você encontrará
muitos com os braços abertos para
recebê-lo, ajudá-lo e dar-lhe consolo.
A Igreja precisa de sua força,
amor, lealdade e devoção. Há um
curso traçado e seguro pelo qual
uma pessoa pode voltar a ter as bênçãos plenas de ser membro da Igreja,
e estamos prontos para receber
todos os que desejarem fazê-lo.”
Talvez uma cena freqüentemente
repetida vá ajudá-los a compreender
melhor suas oportunidades pessoais
de estender a mão para resgatar.
Vejamos uma família que tem um
filho chamado Jack. Durante toda a
juventude de Jack, ele e seu pai brigaram muito. Certo dia, quando estava
com 17 anos de idade, eles tiveram
uma briga particularmente feia. Jack
disse ao pai: “Essa foi a gota d’água.
Vou sair de casa para nunca mais voltar!” Ele foi até o seu quarto e fez uma
mala. A mãe implorou que ele ficasse,
mas ele estava zangado demais para
ouvir. Deixou-a chorando junto à porta.
Saindo para o quintal, ele estava
para atravessar o portão, quando
ouviu o pai chamá-lo: “Jack, sei que
grande parte da culpa por você sair
de casa é minha. Eu realmente sinto
muito por isso. Quero que saiba
que quando quiser voltar,
você será sempre bemvindo. E eu tentarei ser um
pai melhor para você. Quero
que saiba que eu amo você e
sempre o amarei”.
Jack não disse nada, mas foi
para a estação rodoviária e comprou uma passagem para um lugar
distante. Enquanto estava sentado
no ônibus vendo os quilômetros
passarem, seus pensamentos se voltaram para as palavras do pai. Ele
começou a se dar conta de quanta
coragem e quanto amor foram exigidos do pai para que ele dissesse
aquilo. O pai tinha pedido perdão.
Tinha-o convidado a voltar, e suas
últimas palavras ficaram soando no
ar quente de verão: “Eu amo você”.
Jack sabia que o próximo passo
deveria ser seu. Deu-se conta de que
a única maneira de ter paz consigo
mesmo era mostrar ao pai o mesmo
tipo de maturidade, bondade e amor
que o pai mostrara para com ele. Jack
desceu do ônibus. Comprou uma
FOTOGRAFIA: ROBERT CASEY; O SENHOR É MEU PASTOR: SIMON DEWEY. REPRODUÇÃO PROIBIDA
visitar, o que dizer e como dizê-lo.
Podemos ter uma idéia e pensar
nela constantemente, mas somente
quando a colocamos em prática,
é que abençoamos vidas humanas.
Sejamos verdadeiros pastores dos
que estão sob nossa responsabilidade.
John Milton escreveu este poema,
“Lycidas”: “As ovelhas famintas
erguem os olhos e não são alimentadas” (linha 125). O próprio Senhor
disse ao profeta Ezequiel: “Ai dos pastores de Israel que (...) não [apascentam] as ovelhas” (Ezequiel 34:2–3).
Temos a responsabilidade de cuidar
do rebanho, das preciosas ovelhas,
dos ternos carneiros que estão em
toda parte — em casa em nossa
própria família, nas casas de
nossos parentes e esperando
por nós em nossos chamados na Igreja. Jesus
é nosso exemplo
maior. Ele disse: “Eu
sou o bom Pastor, e
conheço as minhas ovelhas” (João 10:14). Temos a
responsabilidade de ser pastores.
Que cada um de nós aceite a tarefa
de servir.
Sejamos verdadeiros pastores dos que estão sob nossa responsabilidade.
passagem de volta e começou a viagem de volta para casa.
Chegou pouco depois da meianoite, entrou na casa e acendeu
a luz. Ali na cadeira de balanço
estava seu pai, com a cabeça baixa.
Quando ergueu o rosto e viu Jack,
ele ergueu-se da cadeira. Os dois
correram um para os braços do
outro. Jack disse mais tarde:
“Aqueles últimos anos que fiquei
em casa estiveram entre os mais
felizes da minha vida”.
Ali estava um pai que, suprimindo
a paixão e dominando o orgulho,
estendeu a mão para resgatar seu
filho, antes que ele se tornasse parte
daquele imenso “batalhão perdido”,
que resulta de famílias separadas e
lares desfeitos. O amor é o grande
remédio, o bálsamo que cura; o amor
tão freqüentemente sentido, tão raramente expresso.
Do monte Sinai ressoa em nossos
ouvidos: “Honra teu pai e tua mãe”
(Êxodo 20:12). E mais tarde, daquele
mesmo Deus, veio o mandamento:
“Juntos vivereis em amor”
(D&C 42:45).
Sigam a Planta do Senhor
Ajoelhem-se para orar. Aceitem a
tarefa de servir. Estendam a mão para
resgatar. Cada uma dessas coisas é
uma página essencial na planta de
Deus para fazer da casa um lar, e do
lar, um pedaço do céu.
O equilíbrio é a chave para nós
em nossas sagradas e solenes responsabilidades em nosso próprio
lar e em nossos chamados na Igreja.
Precisamos usar de sabedoria, inspiração e bom senso ao cuidarmos de
nossa família e cumprirmos nossos
chamados na Igreja, pois cada uma
dessas coisas é de fundamental
importância. Não podemos negligenciar nossa família; não podemos
negligenciar nossos chamados na
Igreja.
Edifiquemos com aptidão, não
tomemos atalhos e sigamos Sua
planta. Então, o Senhor, nosso inspetor de construção, poderá dizernos, como disse quando apareceu
a Salomão, um construtor de outra
época: “Santifiquei a casa que edificaste, a fim de pôr ali o meu nome
para sempre; e os meus olhos e o
meu coração estarão ali todos os
dias” (I Reis 9:3). Teremos então
um lar celestial e uma família eterna
e seremos capazes de ajudar, fortalecer e abençoar outras famílias
também.
Oro com muita humildade e sinceridade para que essa bênção seja concedida a cada um de nós. Em nome
de Jesus Cristo. Amém. ■
NOTA
1. Carta da Primeira Presidência, de
11 de fevereiro de 1999; ver A Liahona,
dezembro de 1999, p.1.
A L I A H O N A JUNHO DE 2006
71
PA R A A S C R I A N Ç A S • A I G R E J A D E J E S U S C R I S TO D O S S A N TO S D O S Ú LT I M O S D I A S • J U N H O D E 2 0 0 6
OAmigo
VINDE AO
PROFETA ESCUTAR
Grato pela Obra
Missionária
PRESIDENTE GORDON B. HINCKLEY
recebi sua carta recentemente. Tenho apenavio que me levou à Inglaterra
nas uma sugestão: esqueça-se de si mesmo
atracou no porto de Plymouth na
e dedique-se ao trabalho”. Pouco antes,
noite de 1º de julho de 1933. Nós,
naquela mesma manhã, eu e meu compaos três missionários a bordo, tomamos o
nheiro lêramos as seguintes palavras do
trem que partia do porto para Londres, onde
Senhor: “Porque qualquer que quiser salvar
chegamos tarde da noite. No dia seguinte,
a sua vida, perdê-la-á, mas, qualquer que
recebi a designação de ir para Preston,
perder a sua vida por amor de mim e do
Lancashire. Depois do que pareceu uma
evangelho, esse a salvará” (Marcos 8:35).
longa e solitária viagem ferroviária, fui receEssas palavras do Mestre, seguidas da
Quando jovem,
bido na estação por meu companheiro, que
carta
de meu pai, penetraram o âmago de
o Presidente
me levou a nossa humilde morada, perto da
meu ser. Fui ao nosso quarto, ajoelhei-me e
Hinckley serviu
Capela Vauxhall, onde fora pregado o prifiz uma promessa solene ao Senhor. Fiz o
como missionário
meiro sermão missionário SUD em 1837.
convênio de que tentaria esquecer a mim
de tempo integral
Meu companheiro anunciou então que
nas Ilhas Britânicas. mesmo e perder-me em Seu serviço.
iríamos para o centro da cidade para realizar
Aquele dia de julho de 1933 foi meu
Ele contou-nos
uma reunião de rua. Fiquei apavorado.
dia de decisão. Uma nova luz entrou em
algumas de suas
Cantamos um hino e fizemos uma oração.
minha vida e uma nova alegria em meu
experiências.
Em seguida, ele passou-me a palavra. Um
coração. A neblina da Inglaterra pareceu
grupo de pessoas formou-se a nossa volta. Sua fisionodissipar-se e vi o sol brilhar. Minha experiência na mismia era ameaçadora. Na época, o mundo estava na fase
são foi enriquecedora e maravilhosa e sempre serei
mais crítica da Grande Depressão e a região de
grato por isso.
Lancashire fora duramente atingida. As pessoas eram
Demos graças ao Senhor pelo evangelho glorioso
pobres; calçavam tamancos de madeira. As roupas eram
de Seu Filho Amado que foi restaurado na Terra.
um reflexo dos tempos penosos em que viviam. Era difí- Lembremos que cada um de nós tem o privilégio e
cil compreendê-las: eu vinha do Oeste dos Estados
oportunidade de fazer nossa própria declaração de fé,
Unidos e elas falavam um dialeto de Lancashire.
coragem e verdade que culminará no cumprimento do
Nas primeiras semanas, fiquei desanimado. Escrevi
mandamento divino de levar o evangelho ao mundo. ●
para meu bom pai e confiei-lhe que sentia estar desperDe “Taking the Gospel to Britain: A Declaration of Vision, Faith,
diçando meu tempo e o dinheiro dele. Ele respondeu
Courage, and Truth”, Ensign, julho de 1987, pp. 2–7, e “Missionary
Journal”, Ensign, julho de 1987, pp. 8–11.
com uma carta muito curta que dizia: “Querido Gordon,
O
A2
No Hyde Park em Londres, durante sua
missão nas Ilhas Britânicas, o jovem
Élder Hinckley atraía a atenção por
ser um excelente orador.
O AMIGO JUNHO DE 2006
A3
MEUS
PADRÕES DO
EVANGELHO
MEUS
PADRÕES DO
EVANGELHO
MEUS
PADRÕES DO
EVANGELHO
MEUS
PADRÕES DO
EVANGELHO
Seguirei o plano
Recordarei meu
Escolherei o que é
Serei honesto com o
do Pai Celestial
convênio batismal
certo. Sei que posso
Pai Celestial, com o
para mim.
e ouvirei o Espírito
arrepender-me
próximo e comigo
Santo.
quando errar.
mesmo.
MEUS
PADRÕES DO
EVANGELHO
MEUS
PADRÕES DO
EVANGELHO
MEUS
PADRÕES DO
EVANGELHO
MEUS
PADRÕES DO
EVANGELHO
Usarei o nome do
No Dia do Senhor,
Honrarei meus pais
Manterei minha
Pai Celestial e de
farei o que me
e farei minha parte
mente e meu corpo
Jesus Cristo com
ajudará a sentir-me
para fortalecer
sagrados e puros
reverência. Não
perto do Pai Celestial
minha família.
e não usarei
empregarei palavras
e Jesus Cristo.
substâncias
prejudiciais.
vulgares ou impuras.
MEUS
PADRÕES DO
EVANGELHO
MEUS
PADRÕES DO
EVANGELHO
MEUS
PADRÕES DO
EVANGELHO
MEUS
PADRÕES DO
EVANGELHO
Observarei o recato
Lerei e verei apenas
Ouvirei somente
Buscarei bons amigos
ao vestir-me a fim
coisas do agrado
músicas agradáveis
e tratarei as pessoas
de mostrar respeito
do Pai Celestial.
ao Pai Celestial.
com bondade.
ao Pai Celestial e
Nota: Caso não queira
arrancar as páginas
da revista, faça uma
fotocópia desta
atividade, copie-a
à mão ou imprima-a
da Internet no site
www.lds.org. Para
a versão em inglês,
clique em “Gospel
Library”. Para os
demais idiomas,
clique no mapamúndi.
A4
MEUS
PADRÕES DO
EVANGELHO
Viverei hoje de modo
a ser digno de ir ao
templo um dia e farei
minha parte para ter
uma família eterna.
FOTOGRAFIA: DAVID STOKER COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS
a mim mesmo.
TEMPO DE
COMPARTILHAR
GUARDAR OS MANDAMENTOS
“Portanto, se guardardes seus mandamentos, ele vos
abençoará e far-vos-á prosperar” (Mosias 2:22).
L I N DA M A G L E B Y
Daniel e outros jovens foram escolhidos pelo
Rei Nabucodonosor para serem instruídos na
língua e costumes do país. O soberano ordenou que fossem alimentados com carne e vinho. Daniel
desejava obedecer aos mandamentos do Pai Celestial,
por isso pediu permissão para que ele e seus amigos
ingerissem comida saudável e bebessem apenas água
por 10 dias. Depois desse período, o estado de saúde
de Daniel e seus companheiros era melhor do que o de
todos os demais jovens. Por não terem medo de guardar os mandamentos do Pai Celestial, Daniel e seus amigos foram abençoados (ver Daniel 1).
Enquanto Trace, de 10 anos, e seus amigos estavam
vendo televisão, começou um programa ao qual Trace
sabia que não deveria assistir. Depois de alguns minutos, sentia-se péssimo. Finalmente, teve coragem de
dizer: “Não posso ver esse programa”. Dois de seus amigos fizeram o mesmo. Eles mudaram de canal. Depois, a
mãe de Trace disse-lhe que o sentimento que ele tivera
era o Espírito Santo incentivando-o a escolher o que é
certo. Trace e seus amigos foram abençoados com uma
sensação de paz por terem cumprido os mandamentos
do Pai Celestial.
Daniel foi obediente na antigüidade e, assim como
Trace, podemos ser obedientes hoje. O Espírito Santo nos
ajudará a saber o que é certo e verdadeiro. O Espírito Santo
nos guiará e ajudará a regressar ao Pai Celestial e Jesus.
§
Atividade
Para fazer cartões de Meus Padrões do Evangelho,
remova a página A4, cole-a em cartolina e depois recorte
ao longo das linhas pontilhadas. Faça uma das atividades
abaixo.
1. Sente-se em círculo com seus amigos ou familiares.
Ao cantar um hino ou música, faça um dos cartões
circular pelo grupo. Pare de cantar e peça à pessoa que
estiver segurando o cartão que leia o padrão em voz alta
e diga como isso pode ajudá-la a escolher o que é certo.
Recomece a brincadeira.
2. Escolha um cartão para memorizar e tente viver
esse padrão durante uma semana. Leia-o todos os dias
e pense em como seguir esse padrão. Faça um relato de
suas experiências a alguém da família.
Idéias para o Tempo de Compartilhar
1. Mostre um cartaz com os Dez Mandamentos ou anote-os
no quadro-negro (ver Êxodo 20:3–17). Em 20 pedaços de papel,
escreva os números de 1 a 10 duas vezes — um número por pedaço.
Coloque-os fora de ordem no chão, com a face escrita voltada para
baixo. Trabalhando em duplas (uma criança mais nova com uma
mais velha), faça um jogo da memória, pedindo à criança mais
nova que jogue um saquinho de feijão sobre um dos papéis. Vire-a
e peça à criança mais velha que jogue o saquinho de feijão em
outro papel. Se o número do segundo papel for o mesmo do primeiro, retire-os e peça às crianças que recitem o mandamento em
voz alta e demonstrem ou digam uma maneira pela qual podemos
cumpri-lo. Se os números não corresponderem, vire os papéis para
baixo de novo e passe a vez para a dupla seguinte. Continue até
abordar todos os mandamentos. Use uma experiência pessoal para
explicar como foi abençoado por guardar um mandamento.
2. Use paradas numa estrada para ajudar as crianças a
aprender as Beatitudes. Comece contando a história do Sermão
da Montanha. Use a gravura 212 do Pacote de Gravuras do
Evangelho (Sermão da Montanha). Separe as crianças em quatro
grupos e peça-lhes que andem pelas paradas. Em cada parada,
conte uma história usando uma ilustração do Pacote de Gravuras
do Evangelho relacionada a uma bem-aventurança. Discuta
como as crianças podem viver o ensinamento e cantem um hino
que trate do princípio. Por exemplo, leia Mateus 5:6 (“fome e
sede de justiça”), mostre a gravura 217 do Pacote de Gravuras do
Evangelho (A Mulher na Fonte), discuta o que podemos fazer para
seguir Jesus Cristo e cantem um hino sobre o Salvador; leia Mateus
5:9 (“pacificadores”), mostre a gravura 311 do Pacote de Gravuras
do Evangelho (Os Ânti-Néfi-Leítas Enterram Suas Espadas), discuta
como podemos ser pacificadores no lar e na escola e cantem um
hino sobre a bondade. ●
O AMIGO JUNHO DE 2006
A5
DE UM AMIGO
PARA OUTRO
UMA DECISÃO FIRME
De uma entrevista que o Élder
E. Israel Pérez, que serviu como
Setenta de Área de 1997 a 2005, concedeu a Melvin Leavitt, das Revistas
da Igreja.
M
eus pais e meus três irmãos
mais velhos foram batizados em
Quetzaltenango, Guatemala,
quando eu tinha apenas seis anos de idade.
Sou grato pela sabedoria e coragem que
demonstraram ao aceitar a verdade. Meus pais e
maravilhosos professores da Primária ensinaram-me os princípios eternos do evangelho.
Aprendi a amar nosso Pai Celestial e Seu
Filho, Jesus Cristo, e a saber que o Pai
Celestial sempre nos abençoa, caso sejamos
obedientes.
Na primeira vez que recebi a designação para
fazer um pequeno discurso, fiquei apreensivo, pois
não pronunciava a letra “r” corretamente. Não parava
de me perguntar: “Como vou fazer?” Minha mãe tranqüilizou-me: “Deus vai abençoá-lo e tudo correrá bem”.
E foi exatamente isso que aconteceu e nunca mais tive
A6
dificuldade com a letra “r”.
Aos oito anos de idade, fui
batizado com calças brancas
emprestadas. A roupa era
grande demais, mas minha
mãe dobrou a bainha e
fixou-a com alfinetes.
Funcionou muito bem
até o momento em que
as calças se molharam.
Quando saí da água, o peso
do tecido encharcado soltou os alfinetes. Tropecei
na calça emprestada e caí
de joelhos. Imediatamente,
veio-me à mente a idéia de
que esse tombo era um lembrete para que eu sempre me
ajoelhasse e orasse para pedir o
auxílio de nosso Pai Celestial
em tudo.
Quando fui ordenado diácono, senti que devia tomar algumas decisões importantes em minha
vida. Tomar a resolução de nunca ingerir bebida
alcoólica ou fumar e de ser obediente.
Certa vez, aos 16 anos de idade, estava num restaurante com alguns amigos da Igreja. Um homem que
conhecia um de nós entrou e disse: “Quero convidar
todos vocês a tomarem um drinque aqui comigo agora!”
ILUSTRAÇÃO: BETH M. WHITTAKER
“Decidi este dia servir ao Senhor Deus que vos fez” (Moisés 6:33).
Lembro-me de levantar e responder: “Nenhum de
nós toma bebida alcoólica. Se quiser beber, vá procurar
outra companhia.”
Esse homem tinha mais de 20 anos, era bem maior
do que eu e muito forte. Furioso, trouxe um copo
de bebida até mim e exclamou: “Vou obrigar você a
tomar isso!”
Repliquei: “Nem tente fazer isso. As conseqüências
podem não ser nada agradáveis”. Ele tentou agarrarme e forçar-me a beber. Logo em seguida, ele estava
estirado no chão. Eu simplesmente não tinha força
suficiente para defender-me daquele homem, mas o
Não importa onde ou com quem estejamos; podemos sempre viver à altura de nossos princípios. Se
tomarmos uma decisão firme de uma vez por todas,
quando surgirem as tentações não precisaremos indagar-nos: “O que farei?” ou “O que não farei?” A decisão
já estará tomada.
Nunca estamos sós. Embora Sua criação seja
imensa, nosso Pai Celestial conhece a vida de cada
um de nós. Conhece nosso coração. Conhece nossos
pensamentos. Deu-nos Seu plano perfeito de felicidade porque nos ama. Sempre está em busca de
maneiras de abençoar-nos. ●
Pai Celestial concedeu-me o que me faltava.
Muito depois, quando eu já estava casado, era pai
e homem de negócios, fui convidado para participar
de um almoço com o presidente da República da
Guatemala. Encontrava-me numa sala com muitos
outros convidados. Quando o presidente entrou, os
garçons serviram vinho para que todos se unissem
num brinde em sua homenagem. Cobri minha taça
com a mão. O presidente indagou: “Sr. Pérez, não vai
brindar conosco?”
Respondi: “Sr. Presidente, se perguntar se lhe desejo
sucesso em seu governo, direi que sim. Mas se me pedir
que tome bebida alcoólica, direi não. Sou membro de A
Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Se
isso for um problema, posso retirar-me agora mesmo”.
Ele replicou: “Não, não”. Eles tomaram o vinho e
sentaram-se. Pouco depois, o presidente disse:
“Fale-me um pouco sobre sua Igreja”, e assim o fiz.
O Élder Pérez foi criado
em uma família amorosa.
Acima, à esquerda: Com
um ano de idade. Centro:
na fileira de trás, com
seus irmãos, irmãs e os
pais, Roberto e Ignacia.
À direita: Sentado ao
lado da mãe e seus
primos.
DA VIDA DO PRESIDENTE WILFORD WOODRUFF
O Martírio do Profeta
Em abril de 1844, o Presidente Joseph Smith
chamou os Doze Apóstolos para servir como
missionários no leste dos Estados Unidos.
Wilford Woodruff já servira como missionário na
Inglaterra e na América, mas foi obediente ao Profeta.
Fez as malas e preparou-se para a viagem.
Todos os apóstolos,
com exceção de Willard
Richards e John Taylor, foram
chamados como missionários
para continuar a pregar o
evangelho.
Estás prestes a iniciar a missão.
Deus te abençoe, Irmão Woodruff.
Vai em paz.
A8
ILUSTRAÇÃO: SAL VELUTTO E EUGENIO MATOZZI
Quando foi despedir-se do Profeta, o Élder
Woodruff percebeu que ele estava triste. O
Élder Woodruff também sentiu tristeza, ainda
que desconhecesse o motivo.
Dois meses depois, o Élder Woodruff
estava pregando o evangelho no Maine
quando recebeu terríveis notícias.
Já tomaste conhecimento,
Élder Woodruff? O Profeta foi assassinado!
Joseph Smith foi morto a tiros na
Cadeia de Carthage!
Embora muitos santos estivessem preocupados e achassem
que a Igreja não sobreviveria
sem o Profeta Joseph Smith,
o Élder Woodruff não sentiu
medo. Ele recebeu a designação de ir consolar os santos na
Europa e liderá-los até o chamado de um novo profeta.
O Élder Woodruff partiu imediatamente para
reunir-se com os outros apóstolos em Nauvoo.
Agora sei por que eu estava
tão triste naquele dia. Era a última
vez que eu veria o Profeta Joseph
aqui na Terra.
Embora nosso Profeta
tenha sido morto por causa de seu
testemunho, as chaves do reino de
Deus ainda estão na Terra. Os céus
não se fecharam.
O Pai Celestial continuará
a comunicar-Se conosco e a
guiar Seus discípulos. Sejam
humildes e fiéis e o Senhor
os abençoará.
Adaptado de Preston Nibley, The Presidents of the Church
(1974), pp. 115–117.
O AMIGO JUNHO DE 2006
A9
A Manteigueira
PAT R I C I A R . J O N E S
Inspirado numa história verídica
“
L
á vem o restante da família”, disse
Athena para a mãe. “Chegaram
bem na hora do seu jantar de
aniversário!”
“Por favor, coloque um vaso de flores na
mesa e também a manteigueira”, pediu a
mãe. Quando Athena pôs o belo prato trabalhado na mesa da cozinha, os raios do sol
brilharam através dele, projetando feixes
coloridos nas paredes. A mãe correu o
dedo suavemente pelos delicados motivos
trabalhados no vidro. Fechando os olhos,
reviveu a história que ouvira tantas vezes.
Louisa Bishop, de 12 anos, balançava
lentamente a irmãzinha de poucos
meses, Emma, na velha cadeira de balanço
talhada à mão. Sua mãe estava deitada na
cama, com o rosto quase tão pálido quanto
os travesseiros brancos. Uma doença letal
chamada difteria acometera as crianças da
família, matando três dos cinco irmãos de
Louisa. Exausta pelo excesso de trabalho
e pela tristeza, a mãe de Louisa também
adoecera. Justamente quando parecia que
a felicidade jamais voltaria a brilhar em seu
mundo, nasceu a pequena Emma. Louisa,
agora curada, cuidava com amor da irmãzinha para que a
mãe também
ILUSTRADO POR JULIE F. YOUNG
“E de tudo quanto me deres, certamente te darei dízimo” (Gênesis 28:22).
iz
Fel rsário
ive
An
pudesse descansar e restabelecer-se. Emma, por sua
vez, adorava a irmã mais velha.
Com o passar dos anos, a amizade que unia Emma
e Louisa aprofundou-se. Quando Emma tinha 11 anos
de idade, Louisa casou-se e seu marido partiu para servir como missionário na Inglaterra. Emma adorava ir à
casa de Louisa todos os dias para ajudar.
Certo dia, quando estava varrendo o chão, Emma
parou para observar em silêncio Louisa esvaziar a manteigueira de vidro brilhante e colocar o conteúdo num
pote. “Espero que ela não esteja fazendo o que estou
suspeitando”, pensou Emma.
Louisa foi até a bacia d’água que servia de pia e despejou um pouco de água limpa do jarro. Em seguida, lavou
cuidadosamente a manteigueira e colocou-a sobre um
pano de prato para secar. Voltando-se para Emma, entregou-lhe o pote de manteiga. “Agora, querida Emma, preciso que leve isso ao bispo e pague meu dízimo.”
Emma cruzou os braços e balançou a cabeça. “Não
vou fazer isso!” exclamou. “Você precisa dessa manteiga
mais do que o bispo.”
Louisa fez uma expressão austera com a boca, mas
seus olhos brilhavam de deleite pela oportunidade de
ensinar algo. “Emma”, ralhou ela com doçura, “o dízimo
é uma lei que precisa ser cumprida. Se estou disposta a
fazer um sacrifício tão grande como deixar meu marido
servir numa missão longínqua, certamente posso
fazer algo pequeno como abrir mão
de um pouco de manteiga.”
Emma não estava convencida.
“Mas não é um algo insignificante
quando você já tem tão pouco.”
“Não se preocupe”, disse Louisa
com um sorriso. “Tenho fé em que o
Senhor proverá.”
Emma olhou mais de perto e viu que
os olhos da irmã estavam cheios de lágrimas. Louisa acreditava verdadeiramente no
que estava dizendo! Emma pegou o pote de
manteiga e partiu sem dizer mais nada,
embora ainda tivesse dúvidas.
Quando voltou à casa de Louisa, Emma parou
“Sempre paguem o dízimo e deixem os resultados
nas mãos do Senhor.”
Élder Joseph B. Wirthlin, do Quórum dos Doze
Apóstolos, “Dívidas Terrenas, Dívidas Celestiais”,
A Liahona, maio de 2004, p. 41.
no vão da porta e ficou boquiaberta e com os olhos
arregalados: a manteigueira estava de volta à mesa e
com meio quilo de manteiga! Os olhos de Emma fizeram a pergunta que seus lábios eram incapazes de pronunciar: de onde viera a manteiga?
Louisa sorriu. “Avisei que o Senhor proveria”, afirmou. Em seguida, pegou um prato limpo no armário
para pôr a manteiga. Foi de novo à bacia e encheu-a
de água limpa. Lavou a bela manteigueira de vidro e a
tampa. Mas em vez de colocá-las sobre o pano de prato
para secarem gota a gota, enxugou-as e entregou-as a
Emma.
“Quero oferecer-lhe este presente”,
disse. “E sempre que olhar para a manteigueira, quero que se lembre de
que o Senhor sempre cuidará de nós
se guardarmos Seus mandamentos.
Lembre-se disso, Emma. O dízimo
vem em primeiro lugar.” Os olhos
de Emma ficaram rasos d’água ao
aceitar o presente.
Ao longo de toda a vida, Emma
lembrou-se da lição que aprendera.
Todos os anos, quando a família se
reunia em seu aniversário, ela
contava a história de novo.
Após a morte de Emma, a
manteigueira passou de
uma geração a outra da
família. E todos os que a
viam ouviam a história de
como Emma aprendeu a
sempre pagar o dízimo. ●
Adaptado do diário de
James Richard Lofthouse,
filho de Emma.
O AMIGO JUNHO DE 2006
A11
“[Andai] conforme a santa ordem de Deus” (Alma 7:22).
BEM-VINDO
ao Sacerdócio Aarônico e à
Organização dos Rapazes
Presidente Geral da Organização dos Rapazes
É
Uma mensagem
especial para os
meninos que logo
completarão
12 anos.
com enorme satisfação que lhe dou as
boas-vindas ao Sacerdócio Aarônico.
Que momento emocionante de sua
vida! Na semana anterior
ao meu aniversário de 12
anos, eu mal podia esperar para ser ordenado diácono e espero que você
se sinta da mesma forma.
Vou falar de algumas coisas que você pode aguardar com ansiedade.
Para Começar
Antes de completar 12 anos, você se reunirá com o bispo ou presidente de ramo
para falar de sua dignidade e preparação
para receber o Sacerdócio Aarônico.
Depois de seu décimo segundo aniversário, seu nome será apresentado na reunião
sacramental para um voto de apoio. O
Sacerdócio Aarônico lhe será conferido e
você será ordenado ao ofício de diácono.
Sua família será convidada para passar esse
maravilhoso momento a seu lado.
A12
O Sacerdócio Aarônico
Sua experiência no Sacerdócio Aarônico
incluirá as três coisas a seguir: fraternidade,
instrução e serviço.Você trabalhará, aprenderá, atingirá metas e servirá junto com os
demais portadores do sacerdócio.
Você está um pouco
tenso com a idéia de distribuir o sacramento pela
primeira vez? Não se
preocupe. Antes de receber qualquer designação,
um de seus líderes lhe
explicará exatamente
o que fazer. Alguém
estará a seu lado para ajudá-lo, assim
como você também auxiliará um novo
diácono no futuro.
Nas reuniões do sacerdócio, você aprenderá que o Sacerdócio Aarônico “possui as
chaves do ministério de anjos e do evangelho do arrependimento e do batismo (...)
para remissão de pecados” (D&C 13:1) e
que os portadores do Sacerdócio Aarônico
têm o dever de “convidar todos a virem a
Cristo” (D&C 20:59). Continuará a aprender os princípios do evangelho e a seguir
o Salvador.
FOTOGRAFIAS: RUTH SCHÖNWALD, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS
C H A R L E S W. DA H L Q U I S T I I
Melquisedeque, a investidura no templo e a tornar-se
um marido e pai fiel.
Sessão Geral do Sacerdócio e Outras Reuniões
Além das reuniões semanais do Sacerdócio Aarônico
em sua ala ou ramo, a cada mês de abril e outubro você
se reunirá com portadores do sacerdócio de todo o
mundo na sessão do sacerdócio da conferência geral.
Nessa ocasião, apóstolos e profetas o ensinarão a cumprir seus deveres do sacerdócio e a tornar-se uma pessoa melhor. Haverá também serões e outras atividades
especiais ao longo do ano. Um
banquete espiritual, intelectual
e social o aguarda.
Mutual
O Sacerdócio Aarônico é um sacerdócio preparatório. Prepara-o para o Sacerdócio de
Melquisedeque, bem como para uma vida inteira de
serviço. Você se envolverá no serviço aos membros da
ala ou ramo e à comunidade. Alcançamos a verdadeira
felicidade na vida ao servirmos o próximo. E ao servir,
seus talentos crescerão e se desenvolverão. Você
poderá ocupar posições de liderança. Essas experiências ajudarão a prepará-lo para o serviço missionário.
Distintivo Dever para com Deus
A Primeira Presidência declarou: “Desejamos que
todos os rapazes se esforcem para ganhar (...) o distintivo Dever para com Deus”. Esse programa o ajudará a
crescer por meio do estabelecimento e cumprimento
de metas dignas. Você trabalhará com os líderes do
Sacerdócio Aarônico, com o bispo ou presidente de
ramo e com seu pai e mãe.
Alguns dos requisitos do programa: durante seus
anos de portador do Sacerdócio Aarônico, você fará
coisas como ler as escrituras diariamente, preparar
algumas refeições para a família, lavar e passar suas
roupas durante um mês e preencher a seção “Meu
Diário Pessoal” de seu livreto Dever para com Deus.
Quando você conquistar os certificados Dever para
com Deus de diácono, mestre e sacerdote, fará jus à
medalha Dever para com Deus. É uma grande realização, mas a verdadeira bênção do programa é que ele
o ajudará a preparar-se para receber o Sacerdócio de
A14
A atividade semanal da
organização dos Rapazes e
Moças chama-se Mutual. É
uma oportunidade para os
jovens da ala ou ramo reunirem-se num contexto social
Ao empenhar-se para
e aplicarem os princípios do
ganhar seu distintivo
evangelho ensinados nas reuDever para com Deus,
niões dominicais. Como diávocê estudará as
cono, você fará na Mutual
escrituras, preparará
coisas do agrado de rapazes
refeições para a família
de 12 e 13 anos. Como pode
e realizará muitas
ter certeza disso? Porque você
outras atividades que
ajudará a escolher as atividaajudarão a prepará-lo
des. Ao tornar-se mestre e
para o Sacerdócio de
depois sacerdote, as atividades
Melquisedeque, a
mudarão a fim de corresponinvestidura no templo,
der a seus interesses. Uma vez
a missão e a
por mês, os rapazes reúnempaternidade.
se com as moças. Isso o ajudará a aprender a cultivar relacionamentos salutares
com todas as jovens.
Honrar o Sacerdócio
Minha bênção patriarcal exorta-me: “Honra teu pai e
tua mãe, mas acima de tudo, honra o sacerdócio, pois
será tua salvação”. O mesmo aplica-se a você. Estou
ansioso para trabalhar a seu lado ao empenharmo-nos
para seguir a Jesus Cristo, cujo sacerdócio você logo
possuirá. ●
NOTA
1. Carta da Primeira Presidência, 28 de setembro de 2001.
SÓ PARA DIVERTIR
Figura das
Escrituras
A
o contar histórias das escrituras,
esta figura pode representar qualquer moça dos relatos bíblicos,
como Ester, uma das dez virgens ou uma
serva. Cole-a em cartolina, pinte-a, recortea e depois a transforme em boneco de
palito, figura para flanelógrafo ou fantoche
de saco de papel. Faça várias figuras e pinte
o cabelo e as roupas de cada uma com
cores diferentes. ●
Nota: Caso não queira
arrancar as páginas da
revista, faça uma fotocópia
desta atividade, copie-a
à mão ou imprima-a da
Internet no site www.lds.org.
Para a versão em inglês,
clique em “Gospel Library”.
Para os demais idiomas,
clique no mapa-múndi.
Boneco de Palito
Figura para
Flanelógrafo
Fantoche de Saco
de Papel
O AMIGO JUNHO DE 2006
A15
Você pode fazer uma caixa de histórias de flanelógrafo
e realizar várias outras atividades dominicais.
P
ara fazer uma caixa-flanelógrafo dominical, é preciso cola; lápis de cor; pincel atômico; tesoura;
régua; flanela, feltro ou outro material semelhante; uma grande caixa (ver a fotografia abaixo); e gravuras, fotografias, desenhos do evangelho ou adesivos.
(Opcional)
A16
1. Recorte a flanela ou outro material 3 mm a menos
que a largura e o comprimento de um lado da caixa; em
seguida, cole-a na caixa (ver a fotografia).
2. Decore o restante da caixa como quiser, com
desenhos, gravuras, ilustrações de histórias do evangelho ou fotografias de sua família realizando atividades
dominicais.
3. Encha a caixa de jogos, quebra-cabeças, histórias
ilustradas e outras atividades propostas na revista A
Liahona, nos manuais da Primária ou criadas por você
mesmo. ●
FOTOGRAFIAS: ROBERT CASEY, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS
Caixa-Flanelógrafo
Dominical
VITRAL DE UMA CAPELA DA ESTACA DE SALT LAKE LIBERTY.
A Primeira Visão, de Lucy Thurston Kinney
“Vi dois Personagens cujo esplendor e glória desafiam qualquer descrição, pairando no ar,
acima de mim. Um deles falou-me, chamando-me pelo nome, e disse, apontando para o outro:
Este é Meu Filho Amado. Ouve-O” (Joseph Smith — História 1:17).
U
m novo filme detalha a vida
de Joseph Smith, “o Profeta e
Vidente do Senhor, [que] com
exceção apenas de Jesus, fez mais pela
salvação dos homens neste mundo do
que qualquer outro homem que jamais
viveu nele” (D&C 135:3). “Ver Joseph
Smith: O Profeta da Restauração”, p. 16.

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