Contextualizando a tutoria em EAD - CINFOP
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Contextualizando a tutoria em EAD - CINFOP
Márcia Helena Mendonça Mariluci Alves Maftum Verônica de Azevedo Mazza Contextualizando a tutoria em EAD MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Secretaria de Educação Básica UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ Pró-Reitoria de Graduação e Ensino Profissionalizante Centro Interdisciplinar de Formação Continuada de Professores Os textos que compõem estes cursos, não podem ser reproduzidos sem autorização dos editores © Copyright by 2005 - EDITORA/UFPR - SEB/MEC Universidade Federal do Paraná Praça Santos Andrade, 50 - Centro - CEP 80060300 - Curitiba - PR - Brasil Telefone: 55 (41) 3310-2838/Fax: (41) 3310-2759 - email: [email protected] http://www.cinfop.ufpr.br Presidente da República Federativa do Brasil Luis Inácio Lula da Silva Ministro da Educação Fernando Haddad Secretário de Educação Básica Francisco das Chagas Fernandes Diretora do Departamento de Políticas da Educação Infantil e Ensino Fundamental Jeanete Beauchamp Coordenadora Geral de Política de Formação Lydia Bechara Reitor da Universidade Federal do Paraná Carlos Augusto Moreira Júnior Vice-Reitora da Universidade Federal do Paraná Maria Tarcisa Silva Bega Pró-Reitor de Administração da Universidade Federal do Paraná Hamilton Costa Júnior Pró-Reitora de Extensão e Cultura da Universidade Federal do Paraná Rita de Cassia Lopes Pró-Reitor de Graduação da Universidade Federal do Paraná Valdo José Cavallet Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Federal do Paraná Nivaldo Rizzi Pró-Reitor de Planejamento da Universidade Federal do Paraná Zaki Akel Sobrinho Pró-Reitor de Recursos Humanos da Universidade Federal do Paraná Vilson Kachel Diretor da Editora UFPR Luís Gonçales Bueno de Camargo CINFOP Centro Interdisciplinar de Formação Continuada de Professores Coordenador Geral - Valdo José Cavallet Coordenadora Pedagógica - Ettiène Guérios Secretaria Gloria Lucia Perine Jorge Luiz Lipski Nara Angela dos Anjos Diagramação Arvin Milanez Junior - CD-ROM Clodomiro M. do Nascimento Jr Everson Vieira Machado Leonardo Bettinelli - Design - CD-ROM Priscilla Meyer Proença - CD-ROM Rafael Pitarch Forcadell - CD-ROM Equipe Operacional Neusa Rosa Nery de Lima Moro Sandramara S. K. de Paula Soares Silvia Teresa Sparano Reich Revisão Maria Simone Utida dos Santos Amadeu Revisão de Linguagem Cleuza Cecato Professores, autores, pesquisadores, colaboradores Alcione Luis Pereira Carvalho Altair Pivovar Ana Maria Petraitis Liblik Andréa Barbosa Gouveia Angelo Ricardo de Souza Christiane Gioppo Cleusa Maria Fuckner Dilvo Ilvo Ristoff Ettiène Guérios Flávia Dias Ribeiro Gilberto de Castro Gloria Lucia Perine Irapuru Haruo Flórido Jean Carlos Moreno Joana Paulin Romanowski José Chotguis Laura Ceretta Moreira Lílian Anna Wachowicz Lucia Helena Vendrusculo Possari Márcia Helena Mendonça Maria Augusta Bolsanello Maria Julia Fernandes Mariluci Alves Maftum Marina Isabel Mateus de Almeida Mario de Paula Soares Filho Mônica Ribeiro da Silva Onilza Borges Martins Paulo Ross Pura Lúcia Oliver Martins Roberto Filizola Roberto J. Medeiros Jr. Sandramara S. K. de Paula Soares Serlei F. Ranzi Sônia Fátima Schwendler Tania T. B. Zimer Verônica de Azevedo Mazza Vilma M. M. Barra Wanirley Pedroso Guelfi Técnicos em Educação Especial Dinéia Urbanek Jane Sberge Maria Augusta de Oliveira Monica Cecília G. Granke Sueli de Fátima Fernandez Consultoria Pedagógica e Análise dos Materiais Didáticos em EAD Leda Maria Rangearo Fiorentini UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SISTEMA DE BIBLIOTECAS - BIBLIOTECA CENTRAL COORDENAÇÃO DE PROCESSOS TÉCNICOS Mendonça, Márcia Helena Contextualizando a tutoria em EAD / Márcia Helena Mendonça, Mariluci Alves Maftum, Verônica de Azevedo Mazza; Universidade Federal do Paraná, Pró-Reitoria de Graduação e Ensino Profissionalizante, Centro Interdisciplinar de Formação Continuada de Professores; Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica. - Curitiba : Ed. da UFPR, 2005. 70p. : iI. - (Formação de tutores, 1) ISBN 85-7335-143-8 Inclui bibliografia 1. Ensino a distância. I. Maftum, Mariluci Alves. II. Mazza, Verônica de Azevedo, 1962-. III. Universidade Federal do Paraná. Centro Interdisciplinar de Formação Continuada de Professores. IV. Brasil. Secretaria de Educação Básica. V. Título. CDD 371.3 COLEÇÃO FORMAÇÃO DE TUTORES Módulo 1 - Contextualizando a tutoria em EAD Módulo 2 - Mediando a comunicação em tutoria Módulo 3 - Avaliando a Aprendizagem em EAD AUTORES E COLABORADORES CD da Coleção Formação de Tutores Avaliando a Aprendizagem em EAD Mediando a Comunicação em Tutoria Contextualizando a tutoria em EAD Irapuru Haruo Flórido José Chotguis Márcia Helena Mendonça Mariluci Alves Maftum Marina Isabel Mateus de Almeida (org.) Mario de Paula Soares Filho Sandramara S. K. de Paula Soares (org.) Verônica de Azevedo Mazza (org.) Mensagem da Coordenação Caro(a) cursista, Ao desejar-lhe boas-vindas, apresentamos a seguir alguns caminhos para a leitura compreensiva deste material, especialmente elaborado para os cursos do CINFOP. Ao se apropriar dos conteúdos dos cursos, você deverá fazê-lo de maneira progressiva, com postura interativa. Você deve proceder à leitura compreensiva dos textos, ou seja, refletindo sobre as possibilidades de aplicação dos conhecimentos adquiridos na sua própria realidade. Aproveite ao máximo esta oportunidade: observe os símbolos e as ilustrações, consulte as fontes complementares indicadas, elabore sínteses e esquemas, realize as atividades propostas. Tão logo seja iniciado o seu estudo, você deve elaborar uma programação pessoal, baseada no tempo disponível. Deve estabelecer uma previsão em relação aos conteúdos a serem estudados, os prazos para realização das atividades e as datas de entrega. A intenção dos cursos do CINFOP é a de que você construa o seu processo de aprendizagem. Porém, sabemos que tal empreendimento não depende somente de esforços individuais, mas da ação coletiva de todos os envolvidos. Contamos com as equipes de produção, de docência, de administração, contamos principalmente com você, pois sabemos que do esforço de todos nós depende o sucesso desta construção. Bom trabalho! A Coordenação LISTA DE SÍMBOLOS O material didático foi elaborado com a preocupação de possibilitar a sua interação com o conteúdo. Para isto utilizamos alguns recursos visuais. Apresentamos a seguir os símbolos utilizados no material e seus significados. Realize a pesquisa, complementando o estudo com as leituras indicadas, para aprofundamento do conteúdo. Realize a compreensão crítica do texto, relacionando a teoria e a prática. Realize as atividades que orientam o acompanhamento do seu próprio processo de aprendizagem. Registre os pontos relevantes, os conceitos-chave, as perguntas, as sugestões e todas as idéias relacionadas ao estudo que achar importantes, em um caderno, bloco de anotações ou arquivo eletrônico. Realize as atividades que fazem a síntese de todo o estudo, verificando as compreensões necessárias ao seu processo de formação. Realize as atividades que consolidam a aprendizagem, aproximando o conhecimento adquirido ao seu cotidiano pessoal e profissional. SUMÁRIO UNIDADE DIDÁTICA 1 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA .......................1 APRESENTAÇÃO ............................................................................................................1 OBJETIVO GERAL ...........................................................................................................2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .............................................................................................2 UNIDADE 1 SOBRE A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (EAD) ................................................3 1.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA ...........................................................................................3 1.2 FUNDAMENTOS E CONCEITOS DE EAD ...............................................................12 1.3 CARACTERÍSTICAS DA EAD ..................................................................................15 UNIDADE 2 ATORES E MEIOS DE COMUNICAÇÃO NO PROCESSO EDUCATIVO EM EAD ...............................................................................17 2.1 O ALUNO ...................................................................................................................17 2.2 O PROFESSOR.........................................................................................................19 2.3 O TUTOR ...................................................................................................................21 2.4 COMUNICAÇÃO ATRAVÉS DE MEIOS ....................................................................22 UNIDADE 3 POLÍTICAS E LEGISLAÇÃO EM EAD ......................................................25 3.1 POLÍTICAS DE EAD ..................................................................................................25 3.2 LEGISLAÇÃO BRASILEIRA VIGENTE SOBRE EAD.................................................27 CONSIDERAÇÕES FINAIS E EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO ............................33 REFERÊNCIAS ..............................................................................................................37 UNIDADE DIDÁTICA 2 TUTOR E PRÁTICA DE TUTORIA ............................................41 APRESENTAÇÃO ..........................................................................................................41 1.1 O TUTOR E O PAPEL QUE DESEMPENHA............................................................41 1.2 CONCEITOS E SIGNIFICADOS A RESPEITO DO TUTOR .....................................44 1.3 PAPEL E FUNÇÕES DO TUTOR .............................................................................46 1.4 RELAÇÃO ALUNO/TUTOR ......................................................................................51 UNIDADE 2 MODELOS DE TUTORIA: A DISTÂNCIA E PRESENCIAL ......................53 2.1 TUTORIA A DISTÂNCIA............................................................................................56 2.2 TUTORIA PRESENCIAL ...........................................................................................57 2.3 LINHAS GERAIS DA TUTORIA ................................................................................58 SÍNTESE DAS ATIVIDADES QUE UM TUTOR DESEMPENHA...................................63 REFERÊNCIAS ..............................................................................................................67 GLOSSÁRIO...................................................................................................................69 Contextualizando a Tutoria em EAD UNIDADE DIDÁTICA 1 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Márcia Helena Mendonça APRESENTAÇÃO Prezado Aluno Nesta Unidade didática procuramos proporcionar-lhe uma visão geral da Educação a Distância (EAD), fornecendo a base que fundamentará e motivará sua prática tutorial. Estamos interessados em sua valorização profissional e em incentivá-lo em aplicar o aprendido no seu contexto de trabalho. Para este resultado, porém, é importante destacar o seu papel ativo no processo de ensino-aprendizagem. Aproveite ao máximo esse nosso passeio inicial pelo universo da educação à distância, participando efetivamente deste desafio. Na interação permanente com seus professores e tutores, aventure-se nesta construção coletiva de uma nova visão da educação, de uma nova linguagem e de novas maneiras de apreender a realidade. Partindo do pressuposto de que o papel do aluno na EAD não se desenvolve mais como mero espectador e receptor passivo do conteúdo programático, recomenda-se que o processo de ensino-aprendizagem o torne partícipe constante e permanente na construção do conhecimento. Os textos ofertados devem ser objeto não apenas de leitura, mas de reflexão sobre seus conteúdos e significantes, de forma a viabilizar uma visão crítica da problemática enfrentada e das soluções apresentadas. Procure deter-se a cada novo conhecimento para refletir e aprofundar seu entendimento com novas e importantes informações. A seqüência recomendada é: leitura do texto, pesquisa nas fontes indicadas, exercícios e atividades propostas. Mantenha um caderno para suas anotações, dúvidas e reflexões. 1 Nesta Unidade Didática vamos nos dedicar aos conceitos, natureza, características e perspectivas da Educação a distância. Estudaremos os fundamentos teóricos, metodológicos, políticos e legais da EAD. Nossos objetivos são: OBJETIVO GERAL: a) Permitir ao estudante um conhecimento amplo do surgimento da EAD e seu desenvolvimento até nossos dias e facilitar o entendimento dos fundamentos, políticas e bases legais da EAD, especialmente no Brasil. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: a) Identificar o que seja educação a distância, comparar as diferentes perspectivas conceituais sobre EAD e analisar suas principais características. b) Interpretar e distinguir o diálogo mediado e compreender sua importância para a EAD. c) Identificar o papel de cada um dos atores da EAD e o significado dos meios e da organização. d) Identificar os fatores que deram origem e desenvolveram a EAD, oferecendo uma visão histórica do processo. Seja Bem Vindo ao Mundo da Educação a Distância! 2 Contextualizando a Tutoria em EAD UNIDADE 1 SOBRE A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (EAD) As rápidas inovações tecnológicas e as constantes transformações do mercado de trabalho têm colocado um desafio aos sistemas educacionais em todo o mundo: fornecer maiores e mais diversificadas oportunidades educativas, sem o correspondente aumento orçamentário. Muitas instituições educacionais estão respondendo a este desafio desenvolvendo programas de Educação a Distância (EAD), construindo uma ponte entre os atores do processo educativo quando fisicamente separados. A EAD vem experimentando uma rápida mudança nos últimos dez anos, quando as novas tecnologias estão abrindo novas oportunidades para estudantes fisicamente afastados dos grandes centros educacionais, para aqueles que necessitam de formas mais flexíveis para estudar, para os que não puderam estudar na época oportuna e para quem necessita de educação continuada. Em acréscimo a isto, a EAD vem experimentando uma crescente aceitação, embora ainda pequena, por parte das instituições educacionais (MORGAN JR, 1995; KAUFMAN, 1995), possibilitando a transição do modelo de escolas centralizadas às escolas descentralizadas, onde a dinâmica flexível de relacionamentos de aprendizagem permite às escolas irem até aos estudantes. E, para tanto, visando-se atingir uma elevada qualidade no ensino e aprendizagem a distância, devem ser consideradas as suas perspectivas teóricas, as do sujeito que aprende, e do seu contexto tais como características do público alvo e opção tecnológica adotada como recurso didático (NAIDU, 1994, p. 23-41). 1.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA A importância em conhecer as origens do ensino a distância e sua evolução para a aprendizagem a distância atual, está em se poder 3 estabelecer o nexo causal e os principais fatores de desenvolvimento dessa vertente educacional. Veja, a seguir, um resumo dos principais momentos dessa evolução no mundo (LANDIM, 1997): 1728 - A Gazeta de Boston, em sua edição de 20 de março, oferece num anúncio: "material para ensino e tutoria por correspondência". 1833 - O número 30 do periódico sueco Lunds Weckoblad comunica a mudança de endereço, durante o mês de agosto, para as remessas postais dos que estudam "Composição" por correspondência. 1840 - Surge um sistema de taquigrafia a base de fichas e intercâmbio postal com os alunos, criado pelo inglês Isaac Pitman, que em 1843, passa a ter correção pela Phonographic Correspondence Society. 1856 - Em Berlim, a Sociedade de Línguas Modernas patrocina os professores Charles Toussain e Gustav Laugenschied para ensinar francês por correspondência. 1858 - A Universidade de Londres passa a conceder certificados a alunos externos que recebem ensino por correspondência. 1873 - Surge, em Boston, Estados Unidos, a Sociedade para a Promoção do Estudo em Casa. 1883 - Começa a funcionar, em Ithaca, no Estado de Nova Iorque, Estados Unidos, a Universidade por Correspondência. 1891 - Universidade de Chicago cria o Departamento de Ensino por Correspondência. O Colégio de Agricultura da Universidade de Wisconsin mantém correspondência com alunos que não podem abandonar seu trabalho para voltar às aulas no campus. Nos Estados Unidos são criadas as Escolas Internacionais por Correspondência. 1894 - O Rutinsches Fernelehrinstitut de Berlim organiza cursos por correspondência e a obtenção do Abitur (aceitação de matricula na Universidade). 1903 - Julio Cervera Baviera abre, em Valência, Espanha, a Escola Livre de Engenheiros. As Escolas Calvert de Baltimore, Estados Unidos, criam um Departamento de Formação em Casa, para 4 Contextualizando a Tutoria em EAD acolher crianças de escolas primárias que estudam sob a orientação dos pais. 1910 - Professores rurais do curso primário começam a receber material de educação secundária pelo correio, em Vitória, Austrália. 1911 - Ainda na Austrália, com a intenção de minorar os problemas das enormes distâncias, a Universidade de Queensland começa a experiência por correspondência para solucionar a dificuldade. 1914 - Na Noruega, funda-se a Norst Correspndanseskole e, na Alemanha, a Fernschule Jena. 1920 - Na antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), implanta-se sistema de ensino por correspondência. 1922 - A New Zeland Correspondence School começa suas atividades com a intenção inicial de atender a crianças isoladas ou com dificuldade de freqüentar as aulas convencionais. A partir de 1928, atende também a alunos do ensino secundário. 1938 - No Canadá, na cidade de Victória, realiza-se a Primeira Conferência Internacional sobre a Educação por Correspondência. 1939 - Nasce o Centro Nacional de Ensino a Distância na França (CNED), que, em princípio, atende, por correspondência, a crianças refugiadas de guerra. É um centro publico, subordinado ao Ministério da Educação Nacional. 1940 - Na década de 40 diversos países do centro e do leste europeu iniciam esta modalidade de estudos. Já por estes anos os avanços técnicos possibilitam outras perspectivas que as de ensino meramente por correspondência. 1946 - A Universidade da África do Sul (UNISA) começa a ensinar também por correspondência. 1947 - Através da Rádio Sorbonne, transmitem-se aulas de quase todas as matérias literárias da Faculdade de Letras e Ciências Humanas de Paris. 1951 - A Universidade da África do Sul, atualmente única Universidade a Distância na África, dedica-se exclusivamente a desenvolver cursos a distância. 1960 - Funda-se o Beijing Television College, na China, que encerra suas atividades durante a Revolução Cultural, o que acontece 5 também ao restante da educação pós-secundária. 1962 - Inicia-se, na Espanha, uma experiência de Bacharelado Radiofônico. A Universidade de Dehli cria um Departamento de Estudos por Correspondência, como experiência para atender aos alunos que, de outro modo, não podem receber ensino universitário. 1963 - Surge na Espanha o Centro Nacional de Ensino Médio por Rádio e Televisão, que substitui o Bacharelado Radiofônico, criado no ano anterior. Inicia-se, na França, um ensino universitário, por rádio, em cinco faculdades de Letras (Paris, Bordeaux, Lille, Nancy e Strasbourg) e na Faculdade de Direito de Paris, para os alunos do curso básico. Duas instituições neozelandesas se unem (Victoria University of Wellington e Massey Agricultural College) e formam a Massey University Center for University Extramural Studies da Nova Zelândia. 1968 - O Centro Nacional de Ensino Médio por Rádio e Televisão da Espanha se transforma no Instituto Nacional de Ensino Médio a Distância (INEMAD). 1969 - Cria-se a British Open University, instituição verdadeiramente pioneira e única do que hoje se entende como educação superior a distância. Inicia seus cursos em 1971. A partir desta data, a expansão da modalidade tem sido inusitada. 1972 - Cria-se em Madri, Espanha, a Universidad Nacional de Educación a Distância (UNED), primeira instituição de ensino superior a suceder a Open University em nível mundial. 1974 - Criada a Universidade Aberta de Israel, que oferece, em hebreu, cerca de 400 cursos em domínios variados. 1975 - Criada a Fernuniversitatt, na Alemanha, dedicada exclusivamente ao ensino universitário. 1979 - Criado o Instituto Português de Ensino a Distância, cujo objetivo era lecionar cursos superiores para população distante das instituições de ensino presencial e qualificar o professorado. 1988 - O Instituto Português de Ensino a Distância da origem a Universidade Aberta de Portugal. Segundo a FernUniversität (Alemanha), existem aproximadamente 1.500 instituições, no mundo inteiro, atuando em EAD, atingindo 10 6 Contextualizando a Tutoria em EAD milhões de estudantes ou até o dobro, no entender de alguns estudiosos. Em alguns países, como a Espanha, mais de 10% da população adulta está matriculada em algum curso dentro desta modalidade (GARCÍA ARETIO, 1994). Este índice alcança os 40% em outros países, como a Colômbia. País Nome da Instituição Fund. Alunos África do Sul University of South Africa / UNISA 1973 130.000 China China TV University Sistem / CTVU 1979 530.000 Coréia Korea National Open University / KNOU 1982 210.578 Espanha Univ. Nacional de Educación a Distancia / UNED 1972 110.000 França Centre National d'Enseignement à Distance/CNED 1939 184.614 Grã-Bretanha The Open University / UKOU 1969 157.450 Índia Indira Gandhi National Open University / IGNOU 1985 242.000 Indonésia Universitas Terbuka / UT 1984 353.000 Irã Payame Noor University / PNU 1987 117.000 Tailândia Sukhothai Thammathirat Open Univesity / STOU 1978 216.800 Turquia Anadolu University / AU 1982 577.804 Fonte: Preti, 2000. A partir dos anos 90, as Universidades a Distância incluiram outra modalidade de comunicação educativa em seus cursos: a internet, possibilitando um grande impulso para a EAD. Atualmente, são mais de oitenta países que adotam a EAD em todos os níveis de ensino, em sistemas formais e não formais, atendendo a milhões de estudantes. Conheça algumas Universidades Virtuais no Mundo. Visite os seguintes sites: Teaching and Learning Centers, disponível em: <http://www.armstrong.edu/FDteaching.htm> Center of Teaching Excellence. University of Kansas, disponível em: <http://www.ku.edu/~cte/resources/ websites.html> Instituto Tecnológico y de Estudios Superiores de Monterrey. Universidad Virtual de México. Disponível em: <http://www.ruv.itesm.mx/> 7 Universidade de Aveiro. Portugal, disponível em: <http://ua.pt/> Universidade Nacional de Educação a Distância. Espanha, disponível em: <http://wwwuned.es> Conheça também uma relação de outras Universidades, pesquisando nos sites a seguir: NUPPEAD - Núcleo de Pesquisa e projetos em Educação a Distância, disponível em: <http://wwwnupeead.unifacs.br/univ-virt.htm> Directorio Global de Universidades, disponível em: <http://www.galilei.com.ar/> Braintrack University Index, disponível em: <http://www.braintrack.com/> No Brasil, os principais marcos históricos foram (PIMENTEL, 1995): 1923 - Fundação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. 1936 - Doação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro ao Ministério da Educação e Saúde. 1937 - Criação do Serviço de Radiodifusão Educativa do Ministério da Educação. 1959 - Início das escolas radiofônicas em Natal (RN). 1960 - Início da ação sistematizada do Governo Federal em EAD; contrato entre o MEC (Ministério da Educação) e a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil): expansão do sistema de escolas radiofônicas aos estados nordestinos, que faz surgir o MEB - Movimento de Educação de Base - sistema de ensino a distância não formal. 1965 - Início dos trabalhos da Comissão para Estudos e Planejamento da Radiodifusão Educativa. 1966 a 1974 - Instalação de oito emissoras estaduais de televisão educativa. 1967 - Criada a Fundação Padre Anchieta, mantida pelo Estado de São Paulo com o objetivo de promover atividades educativas e culturais através do rádio e da televisão (iniciou suas transmissões em 1969); constituída a Feplam (Fundação Educacional Padre Landell de Moura), instituição privada sem fins lucrativos, que 8 Contextualizando a Tutoria em EAD promove a educação de adultos através de tele-educação por multimeios. 1969 - TVE Maranhão/CEMA - Centro Educativo do Maranhão: programas educativos para a 5ª série, inicialmente em circuito fechado e a partir de 1970 em circuito aberto, também para a 6ª série. 1970 - Portaria 408 do MEC - emissoras comerciais de rádio e televisão: obrigatoriedade da transmissão gratuita de cinco horas semanais de 30 minutos diários, de segunda a sexta-feira, ou com 75 minutos aos sábados e domingos. É iniciada em cadeia nacional a série de cursos do Projeto Minerva, irradiando os cursos de Capacitação Ginasial e Madureza Ginasial, produzidos pela Feplam e pela Fundação Padre Anchieta. 1971 - Nasce a ABT - inicialmente como Associação Brasileira de Tele-Educação, que já organizava desde 1969 os Seminários Brasileiros de Tele-Educação atualmente denominados Seminários Brasileiros de Tecnologia Educacional. Foi pioneira em cursos a distância, capacitando os professores através de correspondência. 1972 - Criação do Prontel - Programa Nacional de Tele-Educação que fortaleceu o Sinred - Sistema Nacional de Radiodifusão Educativa. 1973 - Projeto Minerva passa a produzir o Curso Supletivo de 1º Grau, II fase, envolvendo o MEC, Prontel, Cenafor e secretarias de Educação. 1973-74 - Projeto SACI conclusão dos estudos para o Curso Supletivo "João da Silva", sob o formato de telenovela, para o ensino das quatro primeiras séries do 1º grau; o curso introduziu uma inovação pioneira no mundo, um projeto piloto de teledidática da TVE, que conquistou o prêmio especial do Júri Internacional do Prêmio Japão. 1974 - TVE Ceará começa a gerar tele-aulas; o Ceteb - Centro de Ensino Técnico de Brasília - inicia o planejamento de cursos em convênio com a Petrobrás para capacitação dos empregados desta empresa e do projeto Logus II, em convênio com o MEC, para habilitar professores leigos sem afastá-los do exercício docente. 1978 - Lançado o Telecurso de 2º Grau, pela Fundação Padre 9 Anchieta (TV Cultura/SP) e Fundação Roberto Marinho, com programas televisivos apoiados por fascículos impressos, para preparar o tele-aluno para os exames supletivos. 1979 - Criação da FCBTVE - Fundação Centro Brasileiro de Televisão Educativa/MEC; dando continuidade ao Curso "João da Silva", surge o Projeto Conquista, também como telenovela, para as últimas séries do primeiro grau; começa a utilização dos programas de alfabetização por TV - (MOBRAL), em recepção organizada, controlada ou livre, abrangendo todas as capitais dos estados do Brasil. 1979 a 1983 - É implantado, em caráter experimental, o Posgrad pós-graduação Tutorial a Distância - pela Capes - Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de Ensino Superior - do MEC, administrado pela ABT Associação Brasileira de Tecnologia Educacional - com o objetivo de capacitar docentes universitários do interior do país. 1981 - FCBTVE trocou sua sigla para FUNTEVE: Coordenação das atividades da TV Educativa do Rio de Janeiro, da Rádio MEC-Rio, da Rádio MEC-Brasília, do Centro de Cinema Educativo e do Centro de Informática Educativa. 1983 / 1984 - Criação da TV Educativa do Mato Grosso do Sul. Início do "Projeto Ipê", da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo e da Fundação Padre Anchieta, com cursos para atualização e aperfeiçoamento do magistério de 1º e 2º Graus, utilizando-se de multimeios. 1988 - "Verso e Reverso - Educando o Educador": curso por correspondência para capacitação de professores de Educação Básica de Jovens e Adultos/ MEC Fundação Nacional para Educação de Jovens e Adultos (EDUCAR), com apoio de programas televisivos através da Rede Manchete. 1991 - O "Projeto Ipê" passa a enfatizar os conteúdos curriculares. 1991 - A Fundação Roquete Pinto, a Secretaria Nacional de Educação Básica e secretarias estaduais de Educação implantam o Programa de Atualização de Docentes, abrangendo as quatro séries iniciais do ensino fundamental e alunos dos cursos de formação de professores. Na segunda fase, o projeto ganha o título de "Um salto 10 Contextualizando a Tutoria em EAD para o futuro". 1992 - O Núcleo de Educação a Distância do Instituto de Educação da UFMT (Universidade Federal do Mato Grosso), em parceria com a Unemat (Universidade do Estado do Mato Grosso) e a Secretaria de Estado de Educação e com apoio da Tele-Universite du Quebec (Canadá), criam o projeto de Licenciatura Plena em Educação Básica: 1ª a 4ª séries do 1º grau, utilizando a EAD. O curso é iniciado em 1995. A EAD tem evoluído muito no Brasil a partir de 1995. Para saber mais sobre o momento da EAD no Brasil atual consulte o site da Secretaria da Educação a Distância - SEED, do Ministério da Educação, disponível em: < http://portal.mec.gov.br/seed> Pesquise também sobre algumas experiências notáveis como o PROFORMAÇÃO (Programa de Formação de Professores em Exercício); PAPED (Programa de Apaio à Pesquisa em Educação a Distância); TV Escola; Rede Educação/CEDRT e UNITINS. Como sugestão consulte o site da SEED anteriormente referido ou autores como Maia (2003); Barreto (2003). Foram fatores que propiciaram o nascimento e desenvolvimento da EAD (GARCIA ARETIO, apud RODRIGUES, 2004): a) os avanços sócio-políticos (aumento da demanda social por educação, a democratização do acesso à educação e a existência de camadas desatendidas da população); b) a necessidade de aprender ao longo de toda a vida (educação permanente ou continuada); c) as transformações tecnológicas; d) os avanços nas ciências da educação; e) a insuficiência dos sistemas convencionais. 11 1.2 FUNDAMENTOS E CONCEITOS DE EAD Apenas como exercício de reflexão, antes de prosseguirmos, com base na evolução histórica e no seu conhecimento prévio, conceitue EAD. Depois compare suas anotações com as definições que mostramos a seguir. Vejamos algumas definições de Educação a Distância (EAD): Educação a Distância é uma forma sistematicamente organizada de autoestudo onde o aluno se instrui a partir do material de estudo que Ihe é apresentado, o acompanhamento e a supervisão do sucesso do estudante são levados a cabo por um grupo de professores. Isto é possível através da aplicação de meios de comunicação capazes de vencer longas distâncias (DOHMEM, 1991). Educação/Ensino a Distância é um método racional de partilhar conhecimento, habilidades e atitudes, através da aplicação da divisão do trabalho e de princípios organizacionais, tanto quanto pelo uso extensivo de meios de comunicação, especialmente para o propósito de reproduzir materiais técnicos de alta qualidade, os quais tornam possível instruir um grande número de estudantes ao mesmo tempo, enquanto esses materiais durarem. É uma forma industrializada de ensinar e aprender (PETERS, 2001). Ensino a Distância pode ser definido como a família de métodos instrucionais onde as ações dos professores são executadas a parte das ações dos alunos, incluindo aquelas situações continuadas que podem ser feitas na presença dos estudantes. Porém, a comunicação entre o professor e o aluno deve ser facilitada por meios impressos, eletrônicos, mecânicos ou outros (MOORE e KEARSLEY, 1996). O termo Educação a Distância esconde-se sob várias formas de estudo, nos vários níveis que não estão sob a contínua e imediata 12 Contextualizando a Tutoria em EAD supervisão de tutores presentes com seus alunos nas salas de leitura ou no mesmo local. A educação a distância se beneficia do planejamento, direção e instrução da organização do ensino (HOLMBERG, 1981). Keegan et al (1991), preferem definir a EAD através das características, que apontam: a) separação física entre professor e aluno, que a distingue do ensino presencial; b) influência da organização educacional (planejamento, sistematização, plano, organização dirigida etc.), que a diferencia da educação individual; c) utilização de meios técnicos de comunicação para unir o professor ao aluno e transmitir os conteúdos educativos uso da mídia; d) previsão de uma comunicação bidirecional, onde o estudante se beneficia de um diálogo e da possibilidade de iniciativas de dupla via; e) possibilidade de encontros ocasionais com propósitos didáticos e de socialização. A EAD, no sentido fundamental da expressão, é o ensino que ocorre quando o “ensinante” e o “aprendente” estão separados (no tempo ou no espaço). No sentido que a expressão assume atualmente enfatiza-se mais a distância no espaço e se propõe que ela seja contornada através do uso de tecnologias de telecomunicação e de transmissão de dados, voz e imagens (incluindo dinâmicas, isto é, televisão ou vídeo) (CHAVES, 1999). A Educação a Distância é um sistema tecnológico de comunicação bidirecional que pode ser massivo e que substitui a interação pessoal na sala de aula entre professor e aluno como meio preferencial de ensino pela ação sistemática e conjunta de diversos recursos didáticos e o apoio de uma organização e tutoria que propiciam uma aprendizagem independente e flexível (GARCIA ARETIO, 1994). 13 Preti (1996) comenta a definição de Garcia Aretio (1994), destacando os seguintes elementos: a) a distância física professor-aluno: a presença física do professor ou do tutor, isto é do interlocutor, da pessoa com quem o estudante vai dialogar não é necessária e indispensável para que se dê a aprendizagem. Ela se dá de outra maneira, "virtualmente"; b) de estudo individualizado e independente: reconhece a capacidade do estudante de construir seu caminho e seu conhecimento, de se tornar autodidata, ator e autor de suas práticas e reflexões; c) um processo de ensino-aprendizagem mediatizado: a EAD deve oferecer suportes e estruturar um sistema que viabilizem e incentivem a autonomia dos estudantes nos processos de aprendizagem. d) o uso de tecnologias: os recursos técnicos de comunicação, que hoje têm alcançado um avanço espetacular (correio, rádio, TV audiocassete, hipermídia interativa, internet), permitem romper com as barreiras das distâncias, das dificuldades de acesso à educação e dos problemas de aprendizagem por parte dos alunos que estudam individualmente, mas não isolados e sozinhos. Oferecem possibilidades de se estimular e motivar o estudante, de armazenamento e divulgação de dados, de acesso às informações mais distantes e com uma rapidez incrível. e) a comunicação bidirecional: o estudante não é mero receptor de informações, de mensagens; apesar da distância, busca-se estabelecer relações dialogais, criativas, críticas e participativas. Segundo a Universidade de Wisconsin, Continuing Education Extension, dos Estados Unidos Educação a Distância é definida como uma experiência de ensino/aprendizagem planejada que usa um grande espectro de tecnologias para alcançar os alunos a distância e é desenhado para encorajar a interação com os alunos e a comprovar o aprendizado (RAGHVAN e TRIPATHI, 1998). 14 Contextualizando a Tutoria em EAD Os mesmos autores, indicam as definições de duas outras Universidades norte-americanas. A University of Maryland System Institute for Distance Education define o termo Educação a Distância como uma variedade de modelos educacionais que tem em comum a separação física entre os professores e alguns ou todos os estudantes. Já o Engineering Outrech da University of Idaho entende que, no seu nível mais básico, Educação a Distância ocorre quando o professor e os alunos estão separados por distância física, e a tecnologia (voz, vídeo, dados e impressos), freqüentemente associada com comunicação presencial é usada como elemento de ligação para suprir a distância. 1.3 CARACTERÍSTICAS DA EAD A partir das posições de Keegan et al (1991) e Preti (1996), podemos citar como características fundamentais da EAD: a) Separação física professor-aluno e aluno-tutor, o que a distingue do ensino presencial; o diálogo presencial não é necessário e indispensável para que se dê a aprendizagem; ela se dá de maneira virtual, permitindo que professor e aluno possam arranjar suas obrigações, realidades, disponibilidades e interesses da forma que melhor atendam seus objetivos. b) Influência da organização educacional (planejamento, sistematização, organização dirigida, etc.), que também a diferencia da educação individual. O planejamento é indispensável para o sucesso dos programas de EAD. As improvisações, tão comuns na educação presencial, não têm lugar na EAD. Acompanhamento e apoio tutorial são características que exercem influência marcante nessa modalidade de ensino-aprendizagem. c) Processo de ensino-aprendizagem mediatizado: a EAD deve oferecer suportes e estruturar um sistema que viabilize e incentive a autonomia dos estudantes nos processos de aprendizagem, com o reconhecimento de sua capacidade de construir seu caminho, seu conhecimento, por ele mesmo, de 15 se tornar autodidata, ator e autor de suas práticas e reflexões. d) Utilização de meios técnicos de comunicação para unir, de forma em geral assíncrona, o professor ao aluno e transmitir os conteúdos educativos uso da mídia; trata-se de serem oferecidas possibilidades de se estimular e motivar o estudante, de armazenamento e divulgação de dados, de acesso às informações mais distantes. Os avanços das TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação) têm permitido que os efeitos sejam cada vez mais sentidos e as oportunidades multiplicadas. e) Previsão de uma comunicação bidirecional, onde o estudante se beneficia de um diálogo, em especial o mediado, e da possibilidade de iniciativas de mão dupla, estabelecendo relações dialogais, criativas, críticas e participativas. f) Possibilidade de encontros ocasionais com propósitos didáticos e de socialização. Segundo sua percepção, as características de abertura, flexibilidade, adaptabilidade, eficácia e economia seriam mais evidentes na EAD ou no Ensino Presencial? Pesquise em Garcia Aretio (1994) ou em outros textos sobre EAD a que tenha acesso. Você agora já conhece as principais características a respeito da EAD e poderá identificar as semelhanças e as diferenças dessa modalidade com a educação presencial. Com base no texto da unidade, em outros materiais sobre EAD e em suas experiências prévias como aluno e/ou professor, construa uma tabela comparativa entre a educação a distância e a educação presencial. 16 Contextualizando a Tutoria em EAD UNIDADE 2 ATORES E MEIOS DE COMUNICAÇÃO NO PROCESSO EDUCATIVO EM EAD Não são os atores que são diferentes no ensino presencial e no processo ensino-aprendizagem a distância, e sim o papel a ser desempenhado. É preciso lembrar, entretanto, que não existe uma única forma de educação presencial, nem uma única forma de educação a distância. O que se pode comparar são as possibilidades e potencialidades de cada meio, as práticas mais comuns na sala de aula convencional e aquelas utilizáveis em EAD. A redefinição dos papéis dos professores e alunos pelo uso da tecnologia envolve questões como estilos de ensino, necessidade de controle por parte do professor, concepções de aprendizagem e a percepção da sala de aula como um sistema ecológico mais amplo, no qual os papéis de professores e alunos estão começando a mudar. 2.1 O ALUNO Preti (2000) nos lembra que o aprendizado pode ter, do ponto de vista do aprendiz, dimensões ontológica, política, metodológica, técnico-instrumental, afetiva e operacional. A participação do aluno, no entanto, é elemento “sine qua non” para que essas dimensões se concretizem e, conseqüentemente, se construa a autonomia que caracteriza o processo. Mas, como fazer isso na EAD onde os aprendizes estão, na maioria das vezes, espacialmente distantes, afastados ou dispersos? Para enfrentar esse desafio a modalidade tem inventado as mais diferentes soluções, como os momentos presenciais (individuais ou coletivos), o estímulo à organização dos aprendizes em 17 comunidades educativas em seus locais de moradia ou de trabalho, o acompanhamento tutorial, fazendo uso também dos recursos tecnológicos de comunicação. Retomando Preti (2000) temos que autonomia, autoformação, autoaprendizagem, aprendizagem aberta, aprender a aprender e autoregulação. São terminologias diferentes que remetem a concepções e práticas diferenciadas, mas que têm em comum recolocar o aprendiz como sujeito, autor e condutor de seu processo de formação, apropriação, reelaboração e construção do conhecimento. Estas novas práticas buscam superar tanto as concepções que colocam em foco os “determinantes externos” (empirismo) como os “determinantes internos” (apriorismo) caminhando em direção a uma visão relacional e interacionista (dialética). Em EAD, em que consiste AUTONOMIA? Segundo Preti (id), a autonomia, uma palavra em moda nas duas últimas décadas, foi e é a bandeira de luta na educação. Queremos uma universidade e uma escola com autonomia. Em sua etimologia, autonomia vem do grego, resultado da composição do pronome reflexivo, com posição atributiva, autós (próprio, a si mesmo) com o substantivo nomos (lei, norma, regra): capacidade de autogovernar. Autonomia, pois, rima com democracia, com cidadania. A dificuldade está em sabermos, porém, da luta que se trava nos bastidores, para ser exercida. Há resistências, pois autonomia representa perda para quem está no poder, para quem se coloca no outro lado da relação como detentor do “saber” e das decisões a serem tomadas. Já no entender de Pineau (2002) autonomia, no viés pedagógico significa a capacidade que o sujeito tem de tomar para si sua própria formação, seus objetivos 18 Contextualizando a Tutoria em EAD e fins, isto é, tornar-se sujeito e objeto de formação para si mesmo. Na relação pedagógica, significa, de um lado, reconhecer no outro sua capacidade de ser, de participar, de ter o que oferecer, de decidir, de não desqualificá-lo, pois, a educação é um ato de liberdade e de compartilhamento. E, nesse sentido, ela revela sua estreita e indissociável ligação com o político. Por outro lado, não é fácil para o professor, que se coloca como “dirigente” da formação do seu aluno, tomar para si sua formação, ainda mais que, na Educação a Distância, a figura do professor presencial “diretivo” não é visível, desaparece, provocando no cursista um sentimento de abandono, de estar só. 2.2 O PROFESSOR Nas Instituições a Distância a docência não é direita utilizando-se recursos técnicos possibilitam uma comunicação bidirecional com os alunos e a eficácia do processo depende grandemente da figura do tutor. A docência está mais focada na motivação da aprendizagem independente e autônoma do aluno, dependendo portanto de um planejamento prévio da metodologia das atividades e de materiais didáticos muito mais depurada do que ensino presencial (GARCIA ARETIO, 1994). É preciso que muito embora seja destacado o papel do Professor como sendo um animador, “um orientador - que apresenta modelos, faz mediações, explica, redireciona o foco e oferece opções - sendo como um co-aprendiz que colabora com outros professores e profissionais” (SHERRY et al, 1997; BERGE, 1997), isso não pode ser uma visão total e definitiva. A maioria dos professores ou instrutores que utilizam atividades de ensino mediadas pelo computador prefere assumir o papel de 19 moderador ou facilitador da interação e da aprendizagem (SHERRY, 1998). Nessa vertente, destaca-se caber ao professor decidir seu grau de envolvimento e intervenção nas diversas atividades e contextos de comunicação em rede, optando, por exemplo, por se excluir de discussões e dando mais liberdade para os alunos ou, por outro lado, mantendo uma forte presença na conversação para corrigir, informar, opinar, convidar alunos para participar. Há, porém, que se destacar a visão de Nunan quando nos diz que, "embora a instrução mediada pela rede facilite a aprendizagem independente e colaborativa e esteja em harmonia com a visão construtivista do conhecimento, e embora ela ofereça um grande potencial para aqueles que aderem a abordagens de aprendizagem construtivistas, centradas no aluno e colaborativas", não há nada inerente ao meio virtual que conduza a isso (NUNAN, 1999, p. 5274). De qualquer forma, as possibilidades de mudanças na educação pela introdução progressiva da tecnologia têm gerado questionamentos nos professores sobre o seu papel social e sua prática pedagógica. Ao decidir adotar para sua prática pedagógica online um modelo centrado no aluno, na interação e cooperação entre participantes, a EAD encontrou dificuldades em abrir mão do controle da sala de aula convencional, como constatou Gunawardena (1992, p. 58-71), assinalando que alguns alunos encontraram igual dificuldade em assumir responsabilidade pela sua própria aprendizagem e solicitaram apoio constante. Reveste-se, assim, de grande importância o papel do tutor. 20 Contextualizando a Tutoria em EAD 2.3 O TUTOR De início consistia numa atuação bastante limitada, voltada apenas para questões referentes ao conteúdo. Novas atividades e responsabilidades foram, aos poucos, incorporadas ao trabalho da tutoria diante das demandas que surgiram. A partir disto, foi possível perceber a necessidade do tutor ter uma atuação mais abrangente, direcionada tanto para aspectos relacionados a conteúdos como também tecnológicos e educacionais, podendo fazer uma integração destes conhecimentos para a construção de uma Educação a Distância mais atraente e eficaz. A relação no processo de tutoria tem tríplice aspecto: professor, educador e tutor. O aspecto de professor se projeta quando colabora com o estudante para acordar a crítica e a criatividade, quando são colocadas no plano de julgamento e aproveitamento do já vivenciado. O de educador manifesta-se, quando os valores que induzem à autonomia são o foco principal. Desta visão, os dois papéis se concretizam no processo de tutoria. Em outras palavras, tratando-se de construção do saber, a tutoria é marcada pelo trabalho de estruturar os componentes de estudo, orientar, estimular e provocar o participante a construir o seu próprio saber, partindo do princípio de que não há resposta feita, a cada um compete “criar” um pronunciamento marcadamente pessoal. (EMERENCIANO et al, 1998). Na tutoria há uma dimensão de busca que perpassa a aprendizagem e caracteriza-se como uma presença. A presença é representada como um campo em que podem conviver passado e futuro, subsidiando projeções a serem vividas autonomamente. A tutoria pode se dar de duas formas: a distância (o aluno, individualmente, entrará em contato com o tutor, através de meios de comunicação disponíveis, nos horários definidos anteriormente) 21 ou presencialmente (o aluno, individualmente ou em pequenos grupos, se encontrará no Centro com o seu tutor). Você já prestou atenção que enquanto lê este texto diversas idéias vão lhe ocorrendo? Isso pode nos mostrar que o conhecimento não é formado de maneira linear, mas sim numa constante relação e conexão com outros conhecimentos, formando uma rede de informações. Neste mesmo sentido, Landon afirma que devemos abandonar sistemas conceituais fundamentados na idéia de margem, hierarquia e linearidade e substituí-los por outros como a multilinearidade, nós, links e redes. Reflita sobre o papel do tutor em EAD nesta nova perspectiva de construção do conhecimento. Anote suas impressões (LANDON, 1992 apud RIBEIRO e JUCÁ, 2001). 2.4 COMUNICAÇÃO ATRAVÉS DE MEIOS Assista ao filme Mens@gem para você, protagonizado pelos atores Tom Hanks e Meg Ryan, e a trilogia “Matrix”, com Keanu Reeves, e reflita sobre a influência do desenvolvimento das TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação), sobre as interações sociais e as relações interpessoais. Anote suas impressões. A EAD é uma alternativa pedagógica de grande alcance e que deve utilizar e incorporar as novas tecnologias como meio para alcançar os objetivos das práticas educativas implementadas, tendo sempre em vista as concepções de homem e sociedade assumidas e considerando as necessidades das populações a que se pretende servir. Segundo Lisboa (2002), o ferramental tecnológico utilizado pela EAD pode ser classificado em dois grupos principais: um para a 22 Contextualizando a Tutoria em EAD geração de material didático e outro para interação entre participantes e informação/conhecimento, cada um deles subdividido em básicas e avançadas. Em função dos tipos de mídia de distribuição da informação educacional, o ferramental tecnológico pode ser classificado como: mídias síncronas (TV, rádio, chat, videoconferência, teleconferência) ou mídias assíncronas (material impresso, CDROM, audiotape, vídeotape, internet, e-mail). Também há a considerar que a EAD caracteriza-se pela utilização simultânea de meios. A entrega do material relativa ao curso poderá ser realizada via correio ou diretamente ao aprendiz. Este poderá também utilizar este meio para se comunicar com seu tutor ou com o professor-especialista. Porém, especialmente o trabalho de tutoria a distância poderá ser realizado, preferencialmente, utilizando-se o telefone, o fax, o correio ou o correio eletrônico. Os dados relativos ao percurso dos alunos, bem como das informações de adequações do material, das atividades de tutoria, e das avaliações deverão ser armazenados, criando-se bancos de dados muito úteis para funções informativas, de análise e de investigação científica. O fundamental, porém, não é estar usando este ou aquele meio de comunicação, mas que seja estabelecida, efetivada e dinamizada uma rede interativa constante e contínua que viabilize o diálogo entre todos os componentes envolvidos no processo educativo. O surgimento das novas tecnologias e a crise dos meta-discursos da modernidade proporcionaram a morte das distâncias espaço-tempo, um processo de desterritorialização irreversível e uma virtualização do 23 espaço real. Tem-se a criação, portanto, do ciberespaço, considerado por Lévy (1999) como o “sistema com o desenvolvimento mais rápido de toda a história das técnicas de comunicação”. O ciberespaço permite que haja uma reciprocidade na comunicação e a partilha de um contexto, transformando o sistema de comunicação de massa em um sistema todos para todos. O texto apresentado nessa Unidade traz uma síntese da história dos meios de comunicação usualmente utilizados na Educação a Distância no Brasil. Procure investigar mais detalhadamente a história de, pelo menos, um desses meios (rádio, televisão, material impresso, informática). Levando em conta as características da EAD já estudadas e na sua experiência presente de aluno nessa modalidade educativa, faça uma análise crítica de seu desempenho e participação. Inclua no seu relato que dificuldades e facilidades você tem encontrado ou espera encontrar? 24 Contextualizando a Tutoria em EAD UNIDADE 3 POLÍTICAS E LEGISLAÇÃO EM EAD 3.1 POLÍTICAS DE EAD O período pós-constituinte, como, aliás, ocorreu em outras ocasiões em que aconteceram mudanças na Carta Magna do país, foi bastante fértil em alterações nas legislações complementares que buscam adequar leis e regulamentos, por vezes ultrapassados ou incompatíveis com os novos dispositivos constitucionais. A Educação não escapou a este processo de reformulações, ainda em curso, com a aprovação de uma nova lei de diretrizes e bases, a proposta de um plano nacional de educação e uma série de outras modificações que devem continuar nos próximos anos (GARCIA, 2000). Foi o que vimos acontecer com a edição de toda uma coleção de atos legislativos que conformaram a política adotada para a EAD. Como explica Niskier (1996), a educação à distância no Brasil é cercada de preconceitos e considerada um ensino de segunda classe, muito embora o sistema regular de ensino seja impotente para atingir todo o país. Esta situação, difere inteiramente do que ocorre em inúmeros países em desenvolvimento, que há anos vêm adotando esta modalidade de ensino e a ela atribuindo o mesmo valor e credibilidade dos cursos convencionais. Porém, não se percebeu, durante quase todo o tempo, o estabelecimento de políticas no campo da EAD. Na perspectiva de mudar um pouco esse cenário e fazer a consolidação da modalidade, foi criada, em 2002, uma comissão de especialistas, no próprio Ministério da Educação e pelo Conselho Federal de Educação, com a responsabilidade de propor linhas para a definição de políticas na EAD e a viabilização da Universidade Aberta no Brasil. Veio à luz, por essa via, o documento denominado: 25 “Ensino a Distância: Uma Opção”, que vai dar origem à legislação educacional que se seguiu. Em decorrência de compromisso assumido na Conferência Mundial sobre Educação para Todos, realizada na Tailândia em 1990, foi elaborado no Brasil o Plano Decenal de Educação para Todos, para o período compreendido entre 1993 e 2003 cujo item 8, trata do Sistema Nacional de Educação à Distância. O Sistema está direcionado para a pré-escola, a educação especial, o ensino básico e tecnológico. Com a edição da nova Leis de Diretrizes e Bases (Brasil, 1996), a EAD recebeu amparo legal e aval para contribuir na solução dos graves problemas educacionais do país. Conheça o reflexo do acerto desta medida, consultando os principais resultados do I Censo Brasileiro do Ensino Superior a Distância (VIANNEY et al, 2003). Tudo leva a crer que a política assinalada esta de acordo com o conceito de Lima (2003): a Educação a Distância pode ser uma modalidade educativa que venha democratizar o conhecimento em favor das diferentes camadas da sociedade e, dependendo da concepção filosófico-política que venhamos a adotar em nosso quadro teórico, podemos tornar a EAD um processo emancipatório e crítico de formação humana, ou um processo de treinamento adestrado ou de alienação. Para saber mais sobre as políticas de EAD visite o site da Universidade Virtual Brasileira, disponível em: <http://www.uvb.com.br/main/index.jsp> 26 Contextualizando a Tutoria em EAD 3.2 LEGISLAÇÃO BRASILEIRA VIGENTE SOBRE EAD A Constituição Federal (Brasil, 1988) assegura o direito do brasileiro à educação (art. 7º) e determina que as regras educacionais sejam fixadas pela União (art. 22). Em decorrência disso e no sentido previsto na política alinhada pelo Conselho Federal da Educação, com o auxílio de parlamentares com visão aberta para o papel da EAD na estruturação da cultura nacional, foi produzida a legislação que estabeleceu as bases legais da EAD no Brasil: a) Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394, de 20/12/1996) b) Decreto nº 2.494, de 10/02/1998 (publicado no Diário Oficial da União - D.O.U. de 11/02/1998) c) Decreto nº 2.561, de 27/04/1998 (publicado no D.O.U. de 28/04/1998) d) Portaria Ministerial nº 301, de 07/04/1998 (publicado no D.O.U. de 09/04/1998 e) Resolução nº1, do Conselho Nacional de Educação de 03/04/2001 A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394, de 20/12/1996) estabeleu, entre outras disposições: a) o Poder Público deve incentivar o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância; b) o ensino a distância desenvolve-se em todos os níveis e modalidades de ensino e de educação continuada; c) a educação a distância organiza-se com abertura e regime especiais; d) a educação a distância será oferecida por instituições especificamente credenciadas pela União; e) caberá à União regulamentar requisitos para realização de exames; para registro de diplomas relativos a cursos de educação a distância; 27 f) caberá aos sistemas de ensino normatizar a produção, controle e avaliação de programas e autorizar sua implementação; g) poderá haver cooperação e integração entre os diferentes sistemas; h) a educação a distância terá tratamento diferenciado, que incluirá: custos reduzidos na transmissão por rádio e televisão; concessão de canais exclusivamente educativos; tempo mínimo gratuito para o Poder Público, em canais comerciais. O Decreto nº 2.494, de 10/02/1998 regulamenta o Art. 80 LDB e dá outras providências. Alguns dos pontos mais importantes sobre este Decreto, que merecem ser ressaltados, segundo Lobo Neto (1998): O caput do Art. 1º adota um conceito de educação a distância, entendida como: a) "uma forma de ensino que possibilita a auto-aprendizagem"; b) "com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados"; c) "apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunicação". Já no Parágrafo Único do mesmo Artigo, reconhece o regime especial como "flexibilidade de requisitos para admissão, horário e duração, sem prejuízo, quando for o caso, dos objetivos e das diretrizes curriculares fixadas nacionalmente". Restringe a "instituições públicas ou privadas especificamente credenciadas para esse fim" a possibilidade de oferecer cursos à distância que conferem certificado ou diploma de conclusão de ensino fundamental para jovens e adultos, do ensino médio, da educação profissional e de graduação. A oferta de programas de pós-graduação lato e stricto sensu (mestrado e doutorado) na modalidade a distância foi remetida a uma futura regulamentação (Resolução nº1, do Conselho Nacional de Educação de 03/04/2001). Os atos de credenciamento de instituições são de competência do Ministro de Estado da Educação para as instituições vinculadas ao sistema federal de ensino e para as 28 Contextualizando a Tutoria em EAD instituições de educação profissional de nível tecnológico e de ensino superior dos demais sistemas. O prazo de credenciamento das instituições e de autorização dos cursos é limitado a cinco anos, podendo ser renovado após avaliação, o que se compatibiliza com as normas de credenciamento e autorização de cursos adotados pelo sistema federal de ensino. Os certificados e diplomas dos cursos a distância realizados em instituições estrangeiras deverão ser revalidados para gerarem efeitos legais, de acordo com as normas vigentes para o ensino presencial. A avaliação do rendimento do aluno para fins de promoção, certificação ou diplomação nos cursos a distância deve ser feita no processo e por meio de exames presenciais. Segundo Fragale Filho (2003), merece ainda atenção outros instrumentos legais (Decretos) e normativos (Portarias) cujo conhecimento será útil ao estudante de EAD. São relacionados a seguir na ordem hierárquica das leis: Decreto 2.026, de 10/10/1996 estabelece procedimentos para o processo de avaliação dos cursos e instituições de ensino superior. Decreto n.º 2.306, de 19/08/1997 traz a regulamentação das instituições de ensino superior. Decreto nº 3.276, de 6/12/1999 dispõe sobre a formação em nível superior de professores para atuar na área de educação básica, e dá outras providências. Decreto nº 3.860, de 9/07/2001 dispõe sobre a organização do ensino superior, a avaliação de cursos e instituições, e dá outras providências. Portaria nº877, de 30 de julho de 1997 estabelece procedimentos para o reconhecimento de cursos/habilitações de nível superior e sua renovação. Portaria n.º 971, de 22/08/1997 traz definição dos procedimentos para o cumprimento do disposto no art. 18, do Decreto nº 2.306 (Informação das instituições de ensino 29 superior sobre condições de ensino-aprendizagem). Portaria nº 301, de 7/04/1998 normatiza os procedimentos de credenciamento de instituições para a oferta de cursos de graduação e educação profissional tecnológica a distância. Portaria nº1.465/2001 de 12/07/2001, estabelece critérios e procedimentos para o processo de recredenciamento de instituições de educação superior do sistema federal de ensino. Portaria nº1.466/2001 de 12/07/2001 fixa critérios e procedimentos para a autorização de cursos fora de sede por universidades. Portaria nº 335, de 6/02/2002 cria a Comissão Assessora para a Educação Superior a Distância. Consulte o texto com a minuta de decreto para regulamentação da educação a distância, na versão disponibilizada para a análise pública, em abril de 2005. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/min_ead.pdf> A legislação atual enfatiza que a EAD favorece a democratização de oportunidades de acesso à educação. Reflita sobre as formas como isso poderá ocorrer. Registre suas anotações. Com base no que foi discutido nesta unidade didática e, considerando seu ambiente de trabalho atual, elabore uma proposta geral de um curso em EAD que pudesse ser de interesse para sua unidade e/ou instituição. Defina: a área de conhecimento do curso, o conteúdo, os objetivos, o tipo de aluno que se pretende atingir, o tempo, os recursos necessários, a metodologia empregada. Não se preocupe com detalhes sobre tutoria, avaliação e elaboração de materiais didáticos. Esses temas serão abordados nos 30 Contextualizando a Tutoria em EAD próximos módulos e, ao longo de nosso curso, você poderá ir aprimorando a sua proposta. Como sugestão final, gostaríamos de indicar a leitura de duas obras: “Estórias de quem gosta de ensinar” (ALVES, 2003) e “Fomos maus alunos” (DIMEMSTEIN e ALVES, 2003). 31 Contextualizando a Tutoria em EAD CONSIDERAÇÕES FINAIS E EXERCÍCIOS DE AUTOAVALIAÇÃO Espero que possam estimular uma reflexão profunda sobre sua prática docente e/ou tutorial. Com nossos votos de sucesso e descobertas sempre renovadas em sua jornada pelos caminhos da EAD. EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO 1. Palavras cruzadas 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. Chaves 1. Autor brasileiro que comentou as características da EAD indicadas por Garcia Aretio. 2. Palavra que veio substituir a expressão ensino da sigla EAD. 3. Documento que a lei brasileira condiciona a validação em instituição de ensino nacional. 4. Destinatário e partícipe do processo de ensinoaprendizagem. 5. Seu desenvolvimento foi vital para a expansão da EAD. 6. Sua forma mediada é essencial para a aplicabilidade dos princípios da EAD. 7. Foi a primeiro meio de comunicação utilizado para o ensino à distância. 33 Nos quadros negritados, aparecerá uma atividade chave para o sucesso da aprendizagem em EAD, que será objeto de uma das próximas Unidades Didáticas. 2. Verdadeiro ou Falso Assinale as seguintes afirmativas com V (se verdadeiras) ou F (se falsas): a. ( ) A separação professor-aluno na EAD é absoluta em todas as circunstâncias. b. ( ) A EAD somente foi regulamentada no Brasil a partir da LDB de 1948. c. ( ) As dificuldades do sistema presencial de ensino não foram suficientes para superar os preconceitos que consideram a EAD como ensino de segunda classe. d. ( ) O cursista em EAD além de aluno é construtor do próprio conhecimento. e. ( ) As fontes centrais do conhecimento na EAD são o professor e/ou o tutor. f. ( ) Uma concepção processual, planejada, científica, sistemática e globalizadora faz referência, fundamentalmente ao enfoque tecnológico da EAD. 34 Contextualizando a Tutoria em EAD SOLUÇÕES DOS EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO Palavras cruzadas 1. P R E T I 2. E D U C A Ç 3. T I T U L O 4. A L U N O 5. I N T E R N E T 6. D I Á L O 7. C A R T A Ã O G O Verdadeiro ou Falso a. (F) b. (F) c. (V) d. (V) e. (F) f. (V) 35 Contextualizando a Tutoria em EAD REFERÊNCIAS ALVES, R. Estórias de quem gosta de ensinar. 6ª ed. 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Saber quem é, que formação anterior possui, de que contexto social vem, são indagações que usualmente permeiam as discussões entre docentes e dirigentes de instituições de ensino. Estas indagações ocorrem principalmente quando se destinam ao embasamento da construção do projeto pedagógico da instituição e dos cursos que oferta. Nesta Unidade pretendemos trazer à sua reflexão esses questionamentos próprios de um tema de vital importância para o sucesso de uma proposta de curso em EAD, o tutor, o seu papel e modelos de tutoria. 1.1 O TUTOR E O PAPEL QUE DESEMPENHA Não se tem um conceito ou idéia homogênea a respeito do tutor, nem tão pouco o porque da eleição desse termo para designar ao agente mediador do processo ensino. 41 aprendizagem no sistema de EAD. Conquanto, é o termo mais utilizado nas diversas experiênciasde educação nessa modalidade no Brasil e em outros países. Esse termo é bastante polêmico assim como é também o seu papel e suas funções. Maggio (2001) explicita que na educação a distância existem algumas questões em torno das quais permanentemente se traduzem em dúvidas e interrogações, sendo mais comuns aquelas que dizem respeito ao tutor. As questões comumente presente são: o Tutor seu papel, suas funções, as tarefas que cabe desempenhar, as responsabilidades que deve assumir no processo ensino aprendizagem, como avaliar o seu trabalho. Reforça que essas, sem dúvida, são com freqüência questionadas, porém sempre se tem mais dúvidas e questionamentos do que respostas. E, que oriundam tanto dos gestores quanto dos próprios tutores que se vêem muitas vezes na dúvida e no impasse da clareza do seu papel . Alguns autores relatam que, apesar da palavra tulela significar uma ação de responsabilidade que alguém assume em relação a outra, tal responsabilidade normalmente é assumida quando o tutelado é menor de idade pelas leis de um país ou em situação de algumas doenças ou necessidades específicas, estando incapaz ou sem condições de gerenciar seus bens e sua vida de um modo geral. Castillo Aredondo e Garcia Aretio (1996) dizem que a abrangência da significação deste termo na EAD se estende para além dessa compreensão. A discussão a respeito do tutor e do papel que desempenha deve ser antecedida por uma reflexão sobre a estrutura organizacional da EAD e suas especificidades. Além das atividades meios para sua implantação e manutenção, essa modalidade de ensino implica três grandes grupos de atividades-fim: o desenho do curso e a produção 42 Contextualizando a Tutoria em EAD de materiais didáticos; a distribuição dos materiais, impressos, televisivos, virtuais bem como o planejamento da recepção pelos alunos e o registro acadêmico; e, o processo de apoio à aprendizagem, por meio da ação tutorial (SALGADO, 2004). Conquanto existam algumas controvérsias a respeito do tutor, do papel que desempenha, das competências, características e atitudes que deve possuir é de consenso que este agente deve: a) Possuir formação superior. b) Ter experiência profissional em formação acadêmica. c) Articular teoria e prática educativa de forma crítica. d) Familiarizar-se com os meios eletrônicos de informação e comunicação. e) Desenvolver a capacidade empática e de escuta ativa. f) Estar envolvido com a educação de adultos. g) Ter clara a idéia dos desafios que essa modalidade de ensino apresenta aos alunos. h) Desenvolver espírito de cooperação. i) Ter habilidades de trabalho em equipe. j) Saber planejar a ação tutorial. Nos apontamentos de Martins (2005, p. 8): “a educação a distância aparece no final do século passado com mais vigor como modalidade que revisa seus princípios fundamentais, renova seus paradigmas pedagógicos, incorpora a tecnologia no sentido instrumental criando espaços para o aprofundamento conceitual sobre a temática, por entender que este é um campo extremamente complexo. [...] Essa forma de educação utiliza as diferentes mediações do processo de comunicação, entre tutor e aluno, permitindo relações interpessoais de qualidade, ainda que virtuais, num tempo pedagógico necessário e adequado a cada estudante, mediante a flexibilidade que interpenetra todo o processo de aprendizagem diferencial do estudante. A comunicação docente/discente/tecnologias que envolve o debate sobre o ensino aberto e a distância, exige dos docentes novos esquemas mentais, novas concepções acerca do saber dialogado, de intercâmbios singulares, criatividade, disponibilidade para investigação contínua, direcionados a um compromisso real com políticas democráticas e de eqüidade social. Para dar conta desse compromisso, a universidade precisa ser constantemente lugar de produção do saber, fato este que requer seja ela, também, tempo de reflexão, já que o núcleo de qualidade, da vida acadêmica se diferencia pela produção própria/coletiva e crítica, num contexto pluralista e democrático”. 43 Assim, o sistema educacional tem nessa perspectiva um papel primordial. Quais as dúvidas que você tem sobre o tutor? Que habilidades e que conhecimentos você acredita que o tutor deva ter? Para você: que é o tutor e o quê ele faz? Volte ao texto de Martins (2005) acima e veja a ênfase que a autora põe, na necessidade de NOVOS modos e NOVAS formas de ver e conceber coisas já existentes, porém reorganizadas e ressignificadas de acordo com o momento, concepção e necessidade de mundo. Uma dessas, é o processo de ensino aprendizagem que vem sendo necessário ser pensado incluindo novos modelos, para a qual o agente mediador desse processo também necessita incorporar novos hábitos para que não haja descompasso. Neste momento convidamos a você a dar uma pausa e assistir o filme Mudança de Hábito. Que analogia você pode fazer com o que acontece com alguns personagens da trama relativo ao modo de viver e encarar as coisas com o que explicitamos acima? Você já havia pensado a respeito das mudanças na forma de fazer as coisas? De que forma você acredita que houve mudanças na EAD e no processo ensinoaprendizagem? Como você relaciona o processo ensino-aprendizagem na EAD com o filme? Anote suas reflexões. 1.2 CONCEITOS E SIGNIFICADOS A RESPEITO DO TUTOR Os termos mais comuns utilizados para designar o agente mediador do processo ensino aprendizagem na EAD são, tutor, facilitador, consultor e assessor. Arredondo e Aretio dizem que essa polissemia 44 Contextualizando a Tutoria em EAD referente ao tutor diz mais especificamente a momentos de ação tutorial para com o aluno durante o percurso do curso, à proposta do curso e à instituição, pois, o tutor, segundo Castillo Arredondo e Garcia Aretio (1996): a) Desempenha as funções de professor quando ensina, explica e tira dúvidas a respeito do conteúdo. b) Realiza funções de tutor quando ajuda e tutela o aluno nas necessidades durante o desenvolvimento de sua aprendizagem. c) Assume a função de assessor quando aconselha e sugere soluções para as dificuldades encontradas. d) Faz papel de orientador nos momentos em que guia e indica o que mais convém em determinadas circunstâncias. e) E age como facilitador quando torna mais compreensível e exequível os conteúdos e as atividades. O tutor é considerado principalmente como a figura presencial, o vínculo que une o aluno à instituição. Desta forma, exerce a ação de diminuir a distância entre os professores especialistas e as necessidades do apoio institucional. A palavra tutela, ampliada no sistema de EAD denota como característica principal do tutor: fomentar o desenvolvimento do estudo independente. Sua figura passa a ser basicamente a de um orientador da aprendizagem do aluno, por vezes, isolado e solitário, que necessita de intervenção, de apoio e orientação de acordo com suas carências e demandas para prosseguir no seu estudo. (id) Gutierrez e Prieto (1994) denominam o tutor de assessor pedagógico, e dizem que este tem como função prioritária complementar, atualizar, facilitar e possibilitar a mediação pedagógica. Os autores reforçam a importância de uma “ponte” entre a instituição e o interlocutor, que permita passar do informativo ao comunicativo educativo, acompanhando um processo com a finalidade de enriquecê-lo com sua experiência e conhecimento. 45 Com base nos apontamentos anteriores, considerando suas experiências de vida e possíveis experiências em EAD reflita. O que lhe parece ser o tutor? Na sua opinião qual a palavra ou termo que melhor exprime quem seja esse agente? Elabore um conceito ou explicite o conjunto de idéias que lhe vêm à mente a respeito do tutor em um texto de um parágrafo. 1.3 PAPEL E FUNÇÕES DO TUTOR O Papel do tutor se constitui figura chave na EAD, na medida em que: a) Facilita a compreensão do aluno em relação ao material didático. b) Torna mais compreensíveis e exeqüíveis alguns conteúdos e algumas atividades. c) Promove a comunicação e o diálogo entre aluno-aluno e entre aluno-tutor. d) Colabora na superação do sentimento da ausência do professor presencial. e) Rompe com possíveis isolamentos do aluno. f) Estimula a aquisição de habilidades para o uso dos meios tecnológicos principalmente da informática. g) Estimula o crescimento da pessoa em si e da sua cidadania como sujeito de um processo social. No sistema de EAD o papel do tutor é fundamental, pois é por seu intermédio que se garante a interrelação personalizada e contínua do aluno ao sistema e viabiliza uma articulação entre os elementos do processo. Pela importância e posição que ocupa a sua 46 Contextualizando a Tutoria em EAD participação se estende a vários âmbitos. A condição básica para que o processo aconteça é o estabelecimento de uma comunicação empática entre assessor e estudante (GUTIERREZ e PRIETO, 1994; PRETI, 1996). A definição do papel do tutor e de sua ação tutorial estão diretamente relacionados à compreensão do significado que se possui em relação a EAD (MARTINS, 2001). Portanto, é considerável que na medida do possível o tutor participe da fase de planejamento da proposta de curso. Tenha também participação na construção dos materiais didáticos discutindo os conteúdos, a formatação dos materiais impressos a ser utilizados e o sistema de acompanhamento e avaliação do aluno e do curso. Para desempenhar sua função tutorial, o tutor deve receber formação específica concernente a modalidade de EAD, e possuir profundo conhecimento de todo o sistema que dará suporte ao aluno, bem como ter clareza de suas funções e competências como tutor. Embora não se espere que o tutor seja um especialista em todos os componentes curriculares do curso, ele deve conhecer muito bem os guias ou manual de estudos e instruções do curso, os demais recursos didáticos e de apoio a aprendizagem como fitas de vídeos, materiais impressos, textos complementares e outros materiais preparados para o uso dos alunos (PRETI, 1996). Ao tutor cabe desempenhar no concernente as tarefas ou funções estabelecidas pela instituição de acordo com a proposta de curso e da organização institucional para o seu desenvolvimento, ou seja, apesar da amplitude das funções da tutoria é no projeto pedagógico do curso que seu papel se consolida, que toma uma forma específica, onde devem estar explicitados os atores envolvidos no processo e a definição das participações articuladas à proposta como um todo. 47 É de certo consenso entre autores que se dedicam ao estudo da temática de EAD que em maior ou menor grau e de acordo com a proposta de curso e os recursos disponíveis e sua competência profissional o tutor desempenha as seguintes funções interdependentes, pedagógica, orientadora e motivadora e gestora: a) Função pedagógica Para desempenhar a função pedagógica inerente à ação tutorial é requerido do tutor que ele possua além da formação acadêmica superior, conhecimentos específicos de EAD. E, ainda, de processos de aprendizagem e concepções pedagógicas, bem como ter conhecimento do conteúdo da disciplina que está sob sua responsabilidade na tutoria. Caso contrário, corre-se o risco de o tutor desempenhar funções simplificadas de monitoria ficando a função pedagógica ao encargo dos materiais didáticos. Exemplos de como o tutor cumpre função docente de didática é quando esclarece dúvidas que os alunos apresentam relativas ao conteúdo das disciplinas e ou módulos de estudo. Ainda, quando avalia sua aprendizagem e detecta dificuldades tornando necessário complementar estudos por meio de novos textos ou outros recursos. Castillo Arredondo e Garcia Aretio (1996) apud Martins (2001), colocam que os aspectos mais importantes da função docente são informar, orientar, motivar, assessorar. Estes aspectos visam possibilitar que os alunos desenvolvam, entre outras, as habilidades e técnicas de trabalho intelectual, métodos de estudo, estratégias de aprendizagem, o interesse contínuo pela investigação, a utilização de outros recursos e meios técnicos e audiovisuais. b) Função orientadora e motivadora Durante o desenvolvimento do curso o tutor estimula, orienta e motiva o aluno quando abre espaços para discutir com ele sobre sua organização das atividades acadêmicas e de autoaprendizagem. É importante reforçar que acredita na capacidade de aprendizagem e de autonomia do aluno. O tutor deve estar 48 Contextualizando a Tutoria em EAD atendo para as dificuldades que o aluno possa encontrar ligadas a compreensão e adaptação a esta modalidade de estudo para que não resulte em desânimo e consequentemente abandono do curso. São várias as possibilidades em que o tutor ao desempenhar as atividades de tutoria, concomitantemente, também realiza funções de âmbito relacional, comunicativo e estimulador. Alguns exemplos são, quando o aluno faz uma remessa de atividades e/ou trabalho pelo correio eletrônico ou solicita algum esclarecimento. Neste caso, o tutor, não tardando em dar uma resposta, ainda que seja somente a de acusar recebimento e informar que em breve entrará em contato para a efetiva resposta. Com tal atitude estará valorizando a procura do aluno, de certa forma comunicando que está ali e atento ao que está acontecendo com seus alunos. Agindo assim, motiva-o a prosseguir com seus esforços de estudo. c) Função gestora Algumas funções administrativas e organizativas que o tutor desempenha são: 1) Estabelecer junto ao Coordenador do Curso ou de outras instâncias responsáveis pelo mesmo, horário (s) e dia (s) da semana para permanência no local destinado ao desenvolvimento da tutoria Núcleo ou Centro de Atendimento. De acordo com o cronograma de atendimento, o aluno poderá recorrer ao tutor de forma presencial ou pelos meios de comunicação disponíveis. 2) A determinação do turno de atendimento, manhã, tarde e/ou noite e a possível inclusão dos finais de semana ou não, é de responsabilidade da instituição. Isso será estabelecido de acordo com a característica da proposta, com as necessidades de cada curso e do modelo tutorial adotado. 3) Realizar avaliação prevista pela instituição em relação à proposta do curso, à infra-estrutura disponibilizada, ao apoio administrativo, ao modelo tutorial, aos materiais didáticos 49 impressos, fitas de vídeos, bibliografia recomendada - , às disciplinas, à forma de avaliação. 4) Manter contato com os demais membros da equipe e com os especialistas responsáveis pela elaboração dos materiais didáticos. Em síntese, você já deve ter percebido que são várias as funções que cabe ao tutor desempenhar e que, na maioria das vezes uma está relacionada a outra, e que nenhuma assume menor ou maior importância no processo. Por isso, afirmamos anteriormente que as funções pedagógicas, relacionais e administrativas são interdependentes, pois ao realizar um ação, o tutor poderá atender a aspectos que abarcam as três instâncias mencionadas. Ao reportar-se à função orientadora e motivadora do item b, é importante considerar a autonomia do aluno na aprendizagem. Assim, a autonomia, em sua etiologia, vem do grego, resultado da composição do pronome reflexivo, com posição atributiva, autos (próprio, a si mesmo) com o substantivo nomos (lei, norma, regra). Para os gregos, significa a capacidade de cada cidade se autogovernar, de elaborar seus preceitos e suas leis, dos cidadãos decidirem o que fazer. Era o pleno direito à liberdade política e econômica. É uma qualidade inerente à cidadania (PRETI, 2004). Na relação pedagógica autonomia significa, reconhecer no outro sua capacidade de ser, de participar, de ter o que oferecer, de decidir, uma vez que a educação é um ato de liberdade e de participação. E, nesse sentido, ela revela sua estreita e indissociável ligação com o político (id.). Ter autonomia significa ser autor da própria vida, da sua linguagem e argumentação e do próprio agir. Infere-se daí a necessidade da coerência entre o falar 50 Contextualizando a Tutoria em EAD e o agir, entre a ação e o conhecimento (MARTINS, 2005, p.17). O que vem a sua mente ao pensar na palavra autonomia? De que forma o aluno pode exercer a autonomia no seu processo ensino-aprendizagem? Como cidadão, adulto e estudante, você se considera autônomo? Relacione fatos em que considera ter exercido a autonomia. Para completar sua reflexão sugerimos que consulte um dicionário para ler o que ele traz sobre esse termo. A harmonia, a atenção dispensada a cada elemento e etapa do curso considerando o aluno como sujeito primordial no processo ensino aprendizagem e o tutor como elo, facilitador, mediador. Isso, reforça o que Preti (1996, p. 45) explicita sobre o tutor: “constitui um elemento dinâmico e essencial no processo ensinoaprendizagem, oferendo ao aluno suporte cognitivo, metacognitivo, motivacional, afetivo, social para que estes apresentem um desempenho satisfatório durante o curso”. Pedimos que nesse ponto do percurso em que você se encontra, teça alguns comentários a respeito da importância do tutor no processo ensino aprendizagem em EAD. 1.4 RELAÇÃO ALUNO/TUTOR O número de alunos que um tutor deve se responsabilizar durante o curso é uma preocupação que percebemos com freqüência permear as discussões na EAD. Algumas propostas de EAD, como Programa de Profissionalização de Profissionais de Saúde - PROFAE do Ministério da Saúde, no Brasil se destina à formação de especialista na área da enfermagem, preconiza até 25 alunos por tutor. Nesta proposta além das atividades individuais que cada aluno deve realizar e enviar ao seu tutor, são previstas atividades práticas como 51 por exemplo, uma aula a ser ministrada à uma turma de alunos de algum curso ou uma proposta de educação permanente de uma instituição de saúde. A avaliação dessa aula pelo tutor é presencial, necessitando o estabelecimento de calendário, já que o mesmo deverá assistir 25 aulas em horários, datas e locais diferentes. Para a obtenção do título é exigido um Trabalho de Conclusão de Curso, individual ou em grupos de até três alunos. A Universidade Nacional de Educación a Distância (UNED), em Madri preconiza 20 a 30 alunos por tutor. O curso de graduação em Pedagogia em EAD da UFPR é organizado por disciplinas, sendo que cada uma tem um tutor e um professor. O tutor deve atender a grupos distintos de 25 alunos por semana, assim ao final do mês terá atendido 100 alunos, o que equivale a dizer que cada tutor tem sob sua responsabilidade 100 alunos (SÁ, 2001). Reforçamos, o que irá determinar a relação tutor-aluno no que corcene ao quantitativo é a proposta de curso. Um curso de especialização que prevê a realização de uma monografia por aluno com defesa pública, com certeza exigirá mais de um tutor do que um curso de aperfeiçoamento para o qual provavelmente será exigido um trabalho grupal ou mesmo individual com menos exigência de rigor metodológico que uma monografia. Em relação ao número de alunos por tutor, elabore uma proposta (que você esteja envolvido ou crie uma) e apresente qual a relação tutor/aluno, justificando o porquê. Você determinou uma relação quantitativa, precisará explicitar as características do curso, ou seja: quais os recursos tecnológicos disponíveis, quem são os alunos, quem são os atores envolvidos na proposta. 52 Contextualizando a Tutoria em EAD UNIDADE 2 MODELOS DE TUTORIA: A DISTÂNCIA E PRESENCIAL Alguns modelos tutoriais já foram desenhados e utilizados por diversas instituições nas propostas em EAD. A seguir, faremos breve referência aos que temos conhecimentos. Contudo, ressaltamos que, o que irá definir o modelo de tutoria é a proposta pedagógica da instituição, levando em consideração as especificidades regionais, nível de formação que se pretende, duração do curso, clientela a ser atendida, meios tecnológicos que dispõe, equipe de profissionais e apoio administrativos, materiais didáticos, entre outros. A tutoria deve ser vista como educação individualizada e cooperativa, centrada no sujeito da aprendizagem, o aluno. Desta forma, é uma ação coordenada e mediatizada que põe à disposição do aluno os mais variados recursos disponíveis, que lhe permita, com autonomia, desenvolver sua trajetória de aprendizagem alcançando seu objetivo primordial, o de aprender (PRETI, 1996). A tutoria se constitui em componente de fundamental importância tanto no sucesso do desenvolvimento do curso como também em causa de baixa evasão de alunos. Não deve ser compreendida apenas como uma peça de um sistema com a função de possibilitar a mediação entre aluno e material didático. Mas, deve ser entendida: “como um dos elementos do processo educativo que possibilita a resignificação da educação a distância, principalmente em termos de possibilitar, em razão de suas características, o rompimento da noção de tempo/espaço da escola tradicional: tempo como objeto, exterior ao homem, não experiencial” (MENEZES, 2003). 53 Com base nas idéias de Menezes (2003), você acredita que na relação interpessoal tutor-aluno, é possível o rompimento da noção tempo/espaço da escola tradicional. De que forma isso pode acontecer? Embora não seja a única forma de promover a interação aluno-aluno e aluno-tutor-docente-instituição ela é ímpar, pois insere um componente pessoal, humanizado. Assim, ela faz a mediação entre o estudante, o material didático e o professor mediante uma comunicação ativa e personalizada (MASUDA, 2005). Após discutirmos com você vários aspectos da EAD, nas suas especificidades, incluindo a figura do tutor, agora queremos trazer à reflexão outro aspecto próprio dessa modalidade de educação. É bem provável que você já tenha atentado para o fato de que a EAD trabalha com a formação e qualificação de adultos. Estes, na maioria das vezes tiveram formação anterior fundamentada no modelo tradicional, bancária na qual a autonomia para gerenciar o seu processo aprendizagem não era considerada. Ao contrário, o aluno era desmotivado a se colocar como partícipe dos espaços de aprendizagem. Há, que se considerar que muitos desses alunos estiveram afastados dos ambientes escolares por período prolongado de tempo. E, que nesse período houve um avanço extraordinário no surgimento e na utilização dos meios de informação e comunicação nos ambientes escolares. Isso resulta em que a maioria destes alunos não tenha desenvolvido a cultura da comunicação informatizada. O tutor, respeitando a autonomia da aprendizagem de cada aluno se colocando a sua disposição mediante orientações, supervisões, estará contribuindo para que gradativamente desenvolvam a autonomia. 54 Contextualizando a Tutoria em EAD Não se pode desconsiderar, também, que o aluno adulto agrega ao seu processo ensino aprendizagem peculiaridades próprias dessa faixa etária, como por exemplo, a idade cronológica, o fato de já estarem inseridos no mundo do trabalho e dele já ter sentido suas exigências em decorrência dos avanços tecnológicos e outros mais, que determinam algumas de suas expectativas ao iniciar uma nova trajetória de estudo. Nesse contexto consideramos importante as afirmações de Martins (2001, p. 171-172): “os projetos que se propõem a desenvolver EAD com base metodológica consistente precisam assegurar um fluxo de comunicação interativa e bidirecional, mediada pela ação tutorial com o acompanhamento pedagógico e a avaliação sistemática das aprendizagens dos alunos. Não se concebe mais a idéia de educação como um processo de inculcação ou de modelagens de comportamentos, mas sobretudo uma ação consciente e co-participativa, que possibilite ao aluno a construção de um projeto profissional político e inovador”. Corroborando as idéias anteriores a autora explicita “o sub-sistema de tutoria, muito mais do que um aspecto estrutural e de assistência ao estudante, deve ser visto como o atendimento à educação individualizada e cooperativa” e complementa citando Delise et al: “uma abordagem pedagógica centrada no ato de aprender que põe à disposição do estudante-adulto recursos que lhe permitam alcançar os objetivos do curso totalmente, desenvolvendo a autonomia em sua caminhada de aprendizagem”. Ressaltamos logo acima que o aluno adulto tem peculiaridades no seu processo ensino aprendizagem. Pela importância que atribuímos uma reflexão a esse respeito, convidamos a você, para antes de prosseguir o estudo deste texto, ler a síntese de Fiorentini (1997) baseada em Rivilla, A. M. e Fernandez, S. que elenca alguns traços característicos da aprendizagem dos adultos: a) Interesse em enriquecer seu mundo cognoscitivo por integrarse melhor na sociedade em contínua mudança e evolução. b) Adaptação limitada, uma vez que sua própria experiência lhe ajuda a reestruturar sua aprendizagem. c) Impaciência, a partir de uma economia de tempo e de esforço; 55 dinamismo, praticidade e distanciamento da abstração desnecessária para o aprender. d) Ritmo individual distinto para aprender, o que requer maior flexibilidade em conteúdos e em metodologia. e) Responsabilidade pessoal, necessidade de sentir-se partícipe e responsável no processo educativo. É ideal contar com sua cooperação no planejamento, realização e avaliação do plano de trabalho educativo. f) Emotividade, muito sujeito às possíveis frustrações, ao medo do fracasso, ao ridículo, à não aceitação por parte do grupo. É ideal criar um clima cooperativo sem competitividade. g) Resistência à mudança, uma vez que o adulto possui grande carga de experiência e princípios, o que pode implicar em sensação de ameaça na situação presente e um interrogante para o amanhã. h) Verificação, no sentido de compensar o esforço pelo conhecimento dos resultados e do estado que se encontra no processo formativo. i) Motivação, que responde a uma tensão interior que lhe anima a conseguir a meta proposta, originando e potencializando seu interesse por sua educação. 2.1 TUTORIA A DISTÂNCIA A tutoria a distância poderá ocorrer de forma individual ou coletiva. Na individual o aluno entrará em contato com o tutor por intermédio dos meios de comunicação que dispõe e de acordo com sua preferência e horários pré-estabelecidos (telefone, carta, correio eletrônico, rádio, fórum, web cam, sala de conversa chat). Nesta modalidade, o tutor tem a oportunidade de dar atenção individual auxiliando o aluno a partir de seu contexto pessoal. Na coletiva um grupo de alunos com situações similares se reúne podendo formular algumas questões ou dúvidas e solicitar ajuda do 56 Contextualizando a Tutoria em EAD tutor no esclarecimento. Para tanto, poderão utilizar um sistema interativo de comunicação, como os já citados. A tutoria grupal tem a vantagem de: a) Promover interação entre alunos. b) Permitir compartilhar idéias e conhecimentos. c) Promover o desenvolvimento de trabalho cooperativo e o espírito de equipe. d) Estimular o surgimento do confronto de idéias e concepções e a busca de soluções. Chamamos a atenção para o fato de que a tutoria a distância não prescinde de uma organização de horários para atendimento. Tal como a presencial necessita de horários definidos previamente e informados aos alunos. É certo que nessa modalidade há uma maior flexibilidade devido à multiplicidade de recursos de comunicação disponíveis. No caso de o aluno lançar mão do correio eletrônico, por exemplo, ele poderá enviar sua mensagem no horário de sua disponibilidade e o tutor também assim o fará. 2.2 TUTORIA PRESENCIAL Igualmente na tutoria a distância, a presencial também pode ser realizada individual ou coletiva. Neste caso o aluno individualmente ou em pequenos grupos irá ao encontro do tutor no local onde ele faz sua permanência. Neste encontro os alunos poderão tirar dúvidas de compreensão do conteúdo, da realização das atividades, avaliar seu processo ensino aprendizagem, mostrar resultados de seu trajeto de estudo como leituras, atividades realizadas, trabalhos propostos, etc. Enquanto que o tutor além de procurar atender as demandas dos alunos, pode fornecer-lhes pistas, diretrizes e outros materiais que ajudarão a incrementar a sua aprendizagem. 57 A tutoria presencial tem importante função na transição do estudante de uma posição mais passiva de aprendizagem, o que ocorre normalmente ao longo de todo o ensino fundamental e médio, para uma posição mais ativa, em que ele passa a ser o agente de sua própria aprendizagem, exercendo papel fundamental e decisivo neste processo. Busca criar novos hábitos e comportamentos no sentido de traçar uma estratégia de estudo que permita alcançar metas específicas dentro de um cronograma marcado pelas avaliações presenciais. Trata-se de criar o hábito de estudar diariamente, identificando e diferenciando o essencial do complementar e de tornar a EAD um processo menos solitário e mais comunitário, colocando a presença humana no processo de aprendizagem (MASUDA, 2005). Alertamos que para lograr êxito e cumprir a sua finalidade tanto a tutoria individual quanto a grupal deve ser planejada, registradas em cronograma e os alunos terem ciência, antecipadamente, a fim de que também se organizem para a participação. 2.3 LINHAS GERAIS DA TUTORIA Nos contatos com os alunos, quer seja presencial ou a distância, individual ou coletivo, além das funções pedagógicas, o tutor tem grande oportunidade de estabelecer vínculos de confiança, credibilidade através da qualidade do acolhimento que faz demonstrando interesse, cordialidade e aceitação pela procura do aluno. Isso promove auto-estima e motiva o aluno a continuar sua permanência no curso. Colocamos anteriormente que o aluno da EAD é essencialmente adulto e oriundo predominantemente de formação tradicional. Essas observações se estendem ao tutor, pois como o aluno, a maioria 58 Contextualizando a Tutoria em EAD teve também formação profissional nesse modelo. Portanto, é importante que o tutor tenha conhecimento e domínio no uso dos recursos da informática e da comunicação, para estimular e fomentar que os alunos lancem mão desses recursos e participem de discussões nos espaços reservados para tal. É importante que o tutor fomente a organização de grupos de estudos e de discussões e trocas de idéias independentes ou mediatizados por ele, de maneira presencial ou virtual. A organização de grupos de alunos para estudarem e desenvolverem atividades previstas: a) Motiva, estimula e facilita a compreensão dos conteúdos. b) Ajuda superar dificuldades e a vencer com mais facilidade os momentos de desânimos. c) Promove a interação entre alunos e desenvolve o espírito de trabalho em equipe. d) Diminui a dependência da figura do tutor e do professor presencial que é ainda uma cultura marcante no processo aprendizagem da maioria dos estudantes. Você concorda com as afirmações anteriores, quanto a importância do estudo em grupo? Você é dessas pessoas que se beneficia do estudo de grupo? Registre suas opiniões a favor ou contrárias. Justifique. Caso sua opinião coadune as reflexões do texto, você teria mais algum benefício a acrescentar as já apresentadas? Na organização do modelo tutorial poderão ser previstos encontros coletivos presenciais ou por teleconferência para: a) Exposição de temas relevantes condizentes à proposta por especialistas, principalmente os responsáveis pela elaboração do material didático. b) Avaliações presenciais mediante provas escritas. c) Apresentação de trabalhos na forma de seminário. 59 Na maioria dos cursos organizados no Brasil no sistema de EAD, são previstos dois encontros ou momentos presenciais. O primeiro deles, usualmente antecede a qualquer desenvolvimento de atividades de aprendizagem e tem como objetivo primordial fornecer orientações relativas a organização/instituição e ao curso. Enquanto que o encontro final se destina mais à avaliação do processo, de confraternização, entre outras. MARTINS (2001, p. 14) diz que “no primeiro encontro com o aluno o tutor deve expressar um comportamento de excelente receptividade dentro de um clima motivacional de entendimento pleno”. Consideramos importante que seja previsto no mínimo um encontro no início e no final do curso. Apresentamos a seguir uma listagem que organizamos com algumas atividades que consideramos comuns e necessárias para a realização do primeiro momento presencial ou virtual de um curso. a) Apresentar a instituição e seu projeto político institucional. b) Apresentar a equipe de tutores, professores, apoio administrativo e tecnológico. c) Divulgar cronograma de atividades que serão desenvolvidas e possibilidades de flexibilização de datas. d) Apresentar normas e rotinas da instituição e do curso, bem como ao tipo de certificação que terá direito ao término do curso. e) Explicitar as expectativas que se tem em relação ao aluno. Neste momento é importante enfatizar que o sistema de EAD pressupõe maior autonomia do aluno no gerenciamento de seu tempo e modos de aprendizagem. Explicitar que cabe ao aluno procurar ajuda do tutor, pois este tem a liberdade e autonomia para identificar suas necessidades de tutoria. f) Evidenciar as expectativas em relação ao tutor, a finalidade da tutoria e dos momentos presenciais coletivos e individuais. Deixar claro que este tempo não é destinado a uma organização de estudo, mas sim de troca de idéias e ajuda para solucionar dúvidas e apontar caminhos. 60 Contextualizando a Tutoria em EAD g) Mostrar os recursos que terão acesso como: correio eletrônico, fone, fax, chat, fórum. para manter comunicação entre aluno e instituição, tutores, professores e entre os próprios alunos. h) Informar o acesso aos recursos didáticos que serão utilizados, materiais impressos, biblioteca, sites, plataformas virtuais, videoconferências, entre outros. i) Apresentar o ambiente virtual no qual o aluno terá acesso aos conteúdos e dados acadêmicos durante o curso para que possa acompanhar seu rendimento escolar. j) Orientar de que forma o aluno poderá utilizar os materiais impressos, seqüência das disciplinas e ou módulos, interrelação de conteúdos entre as disciplinas. k) Discutir o sistema de avaliação de sua aprendizagem. l) Explicitar a organização do plano de tutoria. Esta etapa é muito importante e não se pode desconsiderar nenhum detalhe que venha colaborar no esclarecimento do aluno, pois é neste momento que ele normalmente faz a real opção para realizar o curso. Portanto, as informações devem ser corretas, claras e objetivas. Devem estar bem especificados para os alunos os recursos que necessitará tantos nas questões de tempo pessoal, tecnologias e financeiros para concluir o curso. Este é o período adequado para o tutor conhecer os alunos e começar identificar pontos e aspectos das necessidades de apoio específico, aprofundando essas informações no decorrer da proposta. 61 Contextualizando a Tutoria em EAD SÍNTESE DAS ATIVIDADES QUE UM TUTOR DESEMPENHA Analisamos vários escritos a respeito do tutor e das atividades e/ou funções que desempenha em uma diversidade de proposta de cursos tanto de tutoria a distância como presencial. Dessa busca resultaram os itens que relacionamos no agrupamento a seguir. Antes, porém, chamamos atenção que as atividades que serão desempenhadas em uma proposta de curso pode não ser condizente a outra, pois um plano tutorial deve ser organizado de acordo com cada realidade com vistas a atingir seus objetivos. 1. Orientar, assessorar e atuar como facilitador da aprendizagem do aluno. 2. Proceder orientação individual, presencial, ou a distância. 3. Orientar metodologia de estudo individual auxiliando em seu planejamento, sugerindo formas de organização do tempo e estratégias para o estudo individual dos materiais didáticos, ou seja, o melhor itinerário para prosseguir no curso. 4. Indicar caminhos para resoluções de dúvidas de conteúdo. 5. Identificar e orientar as dificuldades no desenvolvimento dos trabalhos e atividades. 6. Participar do processo avaliativo dos alunos . 7. Participar de forma contínua do processo ensino aprendizagem do aluno. 8. Auxiliar e estimular os alunos na sua auto-avaliação. 9. Ajudar o aluno a tomar consciência de suas falhas e dificuldades a fim de reorientar seus esforços. 10. Manter contato freqüente com os alunos. 11. Usar meios eletrônicos de informação e comunicação para contatar com o aluno. 12. Estimular o uso de alternativas (internet - fórum, chat) de interação com os demais colegas de curso. 13. Ocupar cargos e representações dentro dos Centros, Núcleo e nos órgãos colegiados da Instituição. 63 14. Ajudar o aluno a se adaptar ao método de estudo em EAD. 15. Apoiar e estimular para o prosseguimento dos estudos. 16. Estimular o interesse dos alunos pela atividade e discutir suas expectativas. 17. Permitir que o aluno seja autônomo na seleção das questões a serem discutidas bem como no encaminhamento das mesmas. 18. Realizar a retroalimentação do processo ensino aprendizagem. 19. Desenvolver e promover a comunicação dentro do grupo (presencial ou virtual). 20. Participar na organização de encontros coletivos presenciais ou não, seminários temáticos, atividades práticas de ensino, entre outros. 21. Proporcionar a oportunidade dos alunos se reunirem e realizarem atividades grupais nos Centros, Núcleos (ou qualquer outra denominação que a instituição adota) ou fora deles. 22. Avaliar os materiais de instrução utilizados no curso. 23. Fazer o registro dos resultados (notas ou conceitos) no sistema de acompanhamento acadêmico de alunos. 24. Participar na avaliação do curso. 25. Avaliar sistematicamente a sua própria atuação. 26. Participar de treinamento para atualização principalmente no conteúdo específico da disciplina e nas questões de EAD. 27. Organizar sua permanência no Centro ou Núcleo, horários, dias da semana. 28. Organizar um diário de anotações das demandas dos alunos. Independentemente do modelo tutorial adotado pela instituição com o objetivo de lograr êxito no desenvolvimento de uma proposta pedagógica. Esta deve ser organizada de forma sistemática com vistas a possibilitar fluência no contato com os alunos, propiciar um rápido retorno às solicitações, estimular a participação individual ou 64 Contextualizando a Tutoria em EAD coletiva, orientar o itinerário e a regularidade da participação. É também imprescindível que se tenha um conjunto de instrumentos de controle administrativo-acadêmico da participação do aluno para o registro de todos os aspectos relacionados à gestão de cada disciplina e do curso em si afim de possibilitar quando necessária a reorientação do aluno. Os recursos de registros serão os que melhor se adequar à modalidade de curso, on line ou semipresencial ou a combinação de ambos, livro de registro de notas, atividades, pastas de arquivos, CD room entre outros. A ação tutorial não pode se constituir em eventos aleatórios, isolados e espontâneos, mas de situações previsíveis. Portanto deve ser uma prática planejada que envolve uma seqüência de ações ordenadas após serem discutidas com toda a equipe de trabalho e formalizada por escrito, por meio de manuais. Da mesma forma, no plano individual de trabalho o tutor deve planejar as informações que fornece aos estudantes sistematizando-as de modo a diferenciá-las e seqüenciá-las no ordenamento de suas ações. 65 Contextualizando a Tutoria em EAD REFERÊNCIAS CASTILLO ARREDONDO, S. e GARCIA ARETIO, L. El professor tutor y la tutoría en el modelo UNED. In: GARCIA ARETIO, L. La educación a distancia y la UNED. Madrid: UNED, 1996. FIORENTINI, L. M. R. e REICH S. T. S. II Congresso Brasileiro de Educação superior a distancia, Minicurso: pedagogia de projetos, questões de planejamento da educação de adultos. Digital 2003. GUTIERREZ, F. e PRIETO, D. A mediação pedagógica: educação à distância alternativa. Campinas: Papirus, 1994. MAGGIO, M. O tutor na educação a distância. In: EDITH, L (org.) 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Dialética Processo racional dialógico que procede pela incessante união de contrários (tese e antítese) que se resolvem numa categoria superior a síntese. Empirismo Atitude que admite, quanto à origem do conhecimento, que este provenha exclusivamente da experiência, negando a existência de princípios puramente racionais. Mediatizados Através de algum meio; indireto. Metadiscurso Trata-se de um discurso sobre discurso. Caracteriza-se por aspectos lexicais de um texto que explicitamente se referem à organização do discurso do escritor em relação ao conteúdo ou ao leitor. Tem por objetivo direcionar o leitor ao que necessariamente se quer informar, fazendo com que o mesmo tenha sua atenção voltada para as intenções comunicativas do escritor. Mídias Designação dos meios de comunicação. Sine qua non [Lat. “Sem a qual não”]. Expessão que indica uma cláusula condição sem a qual não se fará certa coisa Virtua Que tem todos os requisitos para realizar-se, porém não existe de fato. 69