iii[::i¿t_",.::f - Biblioteca Digital de APA
Transcrição
iii[::i¿t_",.::f - Biblioteca Digital de APA
"INVEN<;AO REESTRUTURA<;ÁO DE NA PRODU<;ÁO iii[::i¿t_",.::f~~..,. ~' . DR. * UM EGO FEMININO ACOMPANHADA POÉTICA DE UMA PACIENTE FABIO LEITE LOBO (Da Sociedadc Psicanalítica o DO EU" ** do Rio de janeiro) Desde os trabalhos pioneiros de Sigmund Freud, a pesquisa psicanalítica revelou a importáncia do papel do Ego no quadro da saúdc e da doenca mentais, e a Psicanálise a pouco e pouco passou a por seu fulcro na Psicologia do Ego. Numeroso ról de. investigadores entregaram-se a tarcfa de descobrir e descrever as particularidades da origem, da estruturacño, do desenvolvimento, do funcionamento normal e patológico do Ego. Dentre todos, Federn, Anna Freud, Hartmann, Kris, Loewenstein, D. Rapaport, W. Hoffer, Spitz, Fairbairn, M. Klcin e colaboradores e E. Erikson trouxeram contribuscñes hoje clássicas no corpo de doutrina psicanalítico. Em minha práctica, tive oportunidade de tratar de um caso que por questoes particularíssimas permite, documentar alguns des tes aspectos, sobretudo quanto aos processos de estructuracáo (mais apropriaelamente, a "rccstruturacño regressiva") do Ego, através de producño literária dc urna paciente. Para melhor avaliar o material em que a doente descreve a "invencáo do eu", denorninacáo por c1a dada ao processo, resumirei a seguir alguns elementos de seu tratamcnto, que se estcndeu por cerca ele 4 anos (aproximadamente 700 horas de análise). Trata-se de tuna moca de 35 anos, a quern charnarei Ana, com forrnacño universitária, mais vc1ha quinzc meses que outra irrná, filhas de um matrimonio cm que o pai, embora tendo ocupado posicóes públicas de destaque, era urna figura fraca, dominado pela. máe, mulhe forte, impositiva e absorvente, descendente ele tradicional familia brasileira. No mundo infantil de Ana (que ainda roje vive com os pais, a tia e a irmñ ) tem muita importancia urna outra figura de rnulher, irrná mais ve1ha ela máe, que com esta sernpre * Trabalho apresentado ao 3Q Congresso Latino-Americano tiago do Chile, Janeiro de 9960. . ** Trabajo publicado en portugués a pedido del autor. de Psicanálise - San- FABlO LEITE LOBO 72 morou e, teve ligacáo muito estreita. Seu marido, tambem fraco, embora brilhantc, tinha igualmente, amisade muito grande com o pai de Ana. Podese dizcr que Ana, desde seu nascirnento, movirncntou-se num ambiente de dois casais "hornossexuais", dominado pelas duas mulhcrcs gigantes da clñ, sobretude 'pela tia, verdadeiro "patriarca" da família. Quando Ana estava com cerca de oito 'meses de idade, a tia teve um filho, o único, que veio a merrer de moléstia infecciosa que "Ana e a irrná tcriam trazido da cscola", na época cm que a paciente teria cérea de. 6 anos de idade. A rnáe de Ana, tcve eclampsia por ocasiáo do seu nascimcnto, acontecímento muito dramatizado pelas gigantes. Depois de urna infancia doentia, Ana foi cedo internada num colégio de frciras, onde ficou até o término do ginásio, voltando para casa apenas nos fins de semanas e nas férias escolares, Foi das primeiras alunas da sua c1asse, posicáo que continuou a ocupar em todo curso universitário, durantc o qual teve sério brealedoum, relacionado com aulas curriculares sobre assuntos atinentes a sexualidade e scus desvios, ministradas por professor "rnuito crú" ern abordar éstes assuntos, no dizer de Ana. Namorou e amou pela primcira vez¡ aos 24 anos, a um militar que na época cortcjava uma colega sua. Abandonada por ele pouco tempo depois, Ana tevc novo brcaledoum, e, entrou num desenvolvimento neurótico, caractcrizado sobrctudo por auto-avallacáo negativa de sua fcminilidade, por delírio de ciúmes e atividades persecutórias envolvendo o militar e a colega que ele anteriormente cortejava. Pouco tempo depois, interessa-se amorosamente pelo médico que a assistira, tambem médico de grande amiga sua e para .este, para a esposa e para a máe dele, transfere toda a atividade fiscalizadora, ciumenta e persecutória. Entretante, percebendo-se cada dia rnais angustiada, Ana busca um psicoterapeuta, para o qual, algum tempo depois, arra sta a amiga, que também corneca um tratamcnto. Com á morte dóste, a amiga de Ana, entra em análise comigo e meses depois sou procurado por Ana, presa de muito sentimcnto de culpa pela mortc do psicotcrapeutia e de prcocupacóes pela sortc da amiga. Entrementes, há cerca de 6 anos, Ana fez ligacáo amorosa com outro parceiro, a quem também conheceu através de·uma outra amiga por qucm ele na ocasiáo se interessava amorosamente. Conquista-o, tem com ele um romance a principio exuberante e muito satisfatório para ambos, mas que aos poucos esfria devido a exigencias monopolizadoras por parte de Ana. Na primeira entrevista, Ana traj ava um tailleur de cor escura, sem talhe, que le clava urna aparencia dura e viril, aparencia esta realccada por uma fisionomía fechada, carrancud, utoritári, de quem é superior. Embora evidcnternente angustiada e comovida, fez a entrevista de pé, caminhado de urn lado para o outro, como quern está tratando de um negócio comercial com um sócio pouco valioso e que desoja Icsá-la. Um detalhe, todavia, chamou-me a atencáo : Ana trazia, graciosa e feminilmente disposto no pescoco, um lenco estampado, de belo e atraente colorido.· N aquela montanha de secura, ded ureza, de hostilidade, aquele lenco era o último sinal da mulher Ana. N este quadro, iniciei o tratarnento de Ana cujo descnrolar, muito diná- 73 "tNVEN<;;.í\O DO EU" mico e difícil nao será mencionado aqúi, a nao ser no que se referir a intencáo que me levou a aprcsentar este trabalho ao Congrcsso de Santiago. Em fins do terceiro ano de tratamento Ana auscntou-se, deliberadamente" durante cerca de 20 días, de suas entrevistas e ao r eciniciálas trouxe-rnc tres cadernos de poesias que escre.vera, febrilmente, nesse período e que me revelariarn, disse Ana, "como cstive pertubada e preocupada com meus problemas, embora me sinta diferente como da agua para o vinho". Das cento e poucas poesías déstcs cadernos, selecionei urnas vintc, para documentar este trabalho, através das quais se pode acompanhar as etapas básicas ele sua lenta e penosa prospecáo do Ego, até que ele surge imperativo e busca fazer-se o timoneiro da personalielade de, Ana, C0l110 se poderá ver na maiória das poesias, esse desbastamento das camadas deformadoras estratificadas pelo Super-Ego e pelo Id, e ésse afloramento e. expansño do Ego, se rcalizararn numa atmósfera de permanente rejeicáo e hostilidade ao analista, com a utilizacáo de técnicas paranoidcs, obscssivas, fóbicas e histéricas, cronologicarncnte eleitas e utilizadas de acórdo com o evolvcr ela situacáo analítica. Marginalrnente e antes de passar ao tema deste trabalho, quero chamar la atencáo para o actinq-out como mecanismo de dcícsa 'e para a ncccssidade de scrcm revisadas e reformulaelas sua conccituacáoe sua valor izacño na teoría e na prática psicanalíticas. Além ele fazer sua análise em quase permanente transferencia negativa, o que a ajudou a manipular com as angústias mobilizadas pela retomada de contato com seus obj etos internos, máus e excitantes, Ana usou e abusou do actituj-out, sobretudo para proteger o analista de seus impulsos perigosos (ora vorazcs, ora destrutivos, ora passivos, etc.), E, assim, gracas a utilizacño déstc mecanismo ainda tao temido e anatematizado por grande número de analistas, poude cla recuperar extensas áreas ele sua personalidade e ter mais presenca na viela. Algumas ele suas poesias documentam isto: POESIA ABSTRA T A Nao Vocé nao pode me ajudar Sou (dentro de mim Linhas Pcdacos Fragmentos Nao consigo ser um Há Dentro de mim retalhos Que nao se combinam A com B O A fugiu o A náo casa com B Ninguém 'Pode me ajudar Nao consigo ser um dentro de mim CRIME Pois é Hornem matou Matou Dois dentro de mim luz¡ sombra noite dia bem mal homern 111 á u eh egou matou a luz teru sombra o' dia noite 74 FABIO LEITE LOBO Os pedacos do um Quando eu cato alí o acolá Se repelem Fogem E dentro de mim Pequen o infinito Eu nao os acho mais Nao Eu sou nao Eu nao eisto nao a luz p'ra cá a sombra p'ra lá Maldito a luz e cozida na sombra ande se viu dia sem sombra o bem sern mal o fria existe sem ealór? hornem máu vou pela vida carcassa vazia sem día sem noitc luz e sombra bem e mal Nao consigo nem ser nao vestido se foi estou núa, RECORDA~ÁO DA CASA DOS MORTOS Virgilio Vi gia lio Tú sabes vergilio que tú ao lado de lio deseendo no inferno verdade vergilio jogando dados tú e lio lio ganhou lio sem forma Ql1S0U INTERROGA~ÁO Cristo jesus redentor mor res por mrrn porque dá lá toma cá por que deves morrer para eu vivero te incorporar o carpo de lio teu carpo vergilio. é Com referencia a "inocnciio de Bu", as pocsias de Ana podem ser distribuidas, cm geral até na ordrnen cronológica de sua producáo, segundo os graneles períodos que caracterizaram seu tratamento. A urna prirnerirat etapa ref erern-se poesias nas quais sao aludidas, reveladas, descritas suas voracidades, suas invejas a ciúmes, suas pulsóes agressivas e destrutivas, desencadeadas na luta para monopolizar seu objeto amado in- 75 "rNVEN<;;ÁO DO EU" fantil, e para a íastar :de destruir os r ivais que sucessivamcnte a arneacaram, ou provocadas pelas decepcñes e raivas contra éste objeto, ora infiel, ora deficiente, sempre exigente e Irustrador. Eis alguns exemplos : CAstIGAR COMPOSI<::ÁO Voltei Maria nome registrado gruta é uma ampóla que conté m por cenímetro cúbico amor ódio e outros derivados há há também agua bi distilada apirogénica escura Escura esta é a aspero é de volta o tcmpo gru ta o caminho a gruta passou na n130 o tempo gruta escura meninas escuta esta é a gruta faco parte da gruta quem sou eu nesta gruta ódio derivados um nervo carne atcncáo OS 50 amor é solucño aquosa peso molecular meninos suspenda o tratamento nao provoque o aparecirnento de formas resistentes é aconse1háve1 manter o paciente sob / obscrvacáo ou simplesmente um tenue cosro VARIANDO Vamos xinga o mundo olha para trás com raiva grita nemes feios malcriacño pensamento porque me expulsam da gruta temo a vida lá fora nao quera nasccr sou parte da gruta fiz mal a gruta sem explicacño estou de castigo eu vivo lá fora. filen gósto assim meu gósto é desgostar de coisa nova que ficou no meu lugar F ABIO LEITE 76 LOBO odeio meu pai tenho raiva de minlia m ác nao ped i para nasccr sofrcr SQU revol ucionrio número vintc e tres no partido missño pixa parede meu gusto foi lutar sem cessar cem vézes lutar pelo meu lugar mas o gusto se rcnova nova é urna nova que das coisas novas já nao temo ceder mcu lugar. e ao estrangciro cuspo bem alto dentro de mim YOCe nao pisa nao nao pedi para nasccr sofrer Vamos sorriso ao mundo olha para trs com scguranca bran dura nomcs bonitos cortesía morreu lTICU pai ~ minha m áe tcm oitcnta anos nao pcd i para nascer sofrer, Noutra sene de pocsias, Ana, após ter renunciado a tais impulsos e solucóes, devido as tremendas angústias que entáo se desenvolveram, Ana, descreve tentativas de solucóes de cornpromisso, sobretudo a de ser mulher /horuern, do agrado das gigantes da clá, dcsprezando e tratando como máu e per sccutórico seu Ego ferninino, Veja-se as scguintes poesias : LEDO LEDA Ledo é 11m 1ll0,0 a moca é leda leda é a presa o soldado é ledo ledo coitado coitada da leda lea na grade vé o soldado ledo ledo tem pena pena a leda leda chora suspira o ledo ledo olha led'a leda pisca ledo ledo cisca leda CEMITÉRIO Jaz ·Iia jaz paz j az srm el. tem paz alí j.z. DO JAZZ 77 "tNVENC;;AO DO EU" ledo perto aperta o ledo ledo beija ledo beijo derrete grade foge corren do ledo leda ledo leda. RELO~ÁO nao tive pai nem tenho máe geracño de injecáo sern pad rinho registro pelo madrinha catalogado Felix Pacheco murada rn RECUERDOS DI1 IPACARAf Ah essas cures essas formas elas que me fechavam o ilha e cu pequcnino ser anulando diantc delas lTIC poro poder vi ver recuerdos recuerdos se me minado presente de natal religiño um dais andar para frente bom :d';a boa tarde van bem abrigado de qucm cmpacou canta o ponto ponta lanca avanca al i meu Sao Jorge espanto o ogre de papel cortesía modo social levantar de manhñ sete horas café com leite alrnóco a urna jan tar as sete bolo nao se come foro do rcfcicño ir ~ privada todos os dias P~rque u'a revolucáo? eu riño 50U eu nao existo cm mim tuda vestido vestido nao gente. é é Referindo-se a urna etapa seguinte, caracterizada pela luta contra o retorno de seu Ego feminino ("máu"), que costantemente arnea cava a solucño neurótica penosamente conseguida, há urna série de poesías de Ana, dcntre as quais transcrevo: F ABIO LEITE 78 LOBO VOLTINHA LADAÍNHA Meia noite Boite meia noite mu1her mundana meia noite atomizador desodorante whisky falsificado meia a eu q que sofrimento foi ser ente noitc roubo assalto um marta PARA CONTAR VERDADE dais feridos noite revista confidencial ausente ab sente fora da vida verdade meia meia noitc farmacia meia de bairro noite fazcdor de anjinlios meia noitc a eu q que sofrimento foi ser vivente irreal trico no colo gato cochilando de fantasia lucia noite nésse mundo construido dia a dia feirico no chao farofa galinha meia noite mulher zozinha meia noite doze horas concretas meia noite meio dia no jap áo. a eu q que sofrimento foi ser circulo fechado negativo de um retrato girando capengando satélite d'ésse mundo imundo verso ite missa est reverso ao contrário vade retrum beelzebnt. JaGO DO AMOR J\ . .. pareado desde o parto atada a ésse cruel amor ah! é lá vai a barquinha carregada de é esperanca espera paga a prenda é outra vez outra nao se escreve com U'A 79 HrNVEN(i\o DO EU" com poderia amar se desde o parto atara matara eu o amor. é paga prenda pede perdño ao moco do lado é teu narnorado nao carnes cornecar nao quero jogar, Num outro grupo, Ana historia o ressurgimento e a acietacáo de sue Ego fcrninino, inicialmente débil e trópcgo, su paulatina cxpansño, seu quotidiano Iortalecimcnto, descreyendo os obstáculos que te ve de superar. as reparacóes que emprendeu, os objetos internos que abandonou, as técnicas que utilizou, etc. Citarei apenas as seguintes, dentre dezenas de poesias referentes a esta fase: BATISMO Ma ti zou batizou no rio ma ria Maria auto noma nomeada Maria auto ri autorizada a viver com o nome de Maria batizada olha O arco-iris Maria que foi pedacos de muitas córes antes de ver odia POESIA CONCRETA Sim Sim vocé pode me aj udar sou dentro de mim sim eu enfin j á consigo ser um há dentro de rnim um e utdo se combinou AsemE o A chegou o A escorracou com E vocé sim 11lC ajudou o parto sern dór nnsceu o filbo catado al i acolá o filho maldito que dentro de mim pcqueno monstro o eu se formar 'nño deixava sirn eu sou Maria sou má existo Maria ex-isto. CAN<;ÁO AMIGO Eu canto inventou neste canto nao extranhes meu eu contó a morte do cao o eu nao me digas 80 FABro LEITE LOBO que mais bcla a concha a concha furt a.iór bela é vida dai vida ela léa ou lia sirnplesmcnte fingia e se escandia sernpre foi ela ledo didi que canrava de dia era demais mas cara máscara de carnaval. que capsulava insulava a leda digo eu te declaro que a arte moderna feia é porque se pinta a concha quando lindo e belo: é tao semente o verdadeiro ODISSÉA MEU DEU Patcr dimite ilis Poi dimite 'todos eles elas as córes do arco-iris que me fizcram muito mal cu era assini urn bichinho Éraco nem simples verme inerme diance delas elas todas elas as que 111C da vam pño ou leite sorvete de mal Pai Sao Jorge entño vocé se rí indiferente claro era urna vez um dragño sombra do arco-iris Sao Jorge rua da alfa fan fan de 'Iuem fandega fanfarras farras de' rosas eu, Sofrí tormentos e pavores eu ví Circe e o ogre de papel Polifemo me assustot n135 o pior o piar e canto das Sereias que espatifam o barco da gente na arcia é mas cu cheguci estou no porto leda fugiu da grade e o dcgrédo nao recordará um dia a menos que me lembre de contá-Jo COlDO história da Carochinha. 81 "tNVEN<;;AO DO EU" rosas Ai meu Sao Jorge eu te adoro en te amo hoje amanhñ semprc, Desse último grupo, que ro, cm especial, transcrevcr algumas poesías que revelam o processo psicológico seguido pela paciente na sua "inveucño do cu", queconfirma e documenta postulados da teoria da origcm e da estruturacño nada acrescento de novo ancles postulados, a hao ser urna documcntacño concreta, dcmonstrativa e definitiva des ses proccssos já formulados cmpiricamente, expontancamcntc descrita por uma paciente cn forma pocticn, documcntacño que cla extrai de suas pro íundezas cm condicócs de c1esligamento c de solidño semelhantcs a de urna verdadeira situacáo de nascimcnto. N estas poesías podemos ver como Ana, valendo-se de elementos c1curna outra situacño cm que tcve de "nascer para peder se relacionar corn", isto é, de sua expcriéncia no aprendizado da linguagcm, podemos ver como Ana "re-Forma" seu Ego Feminino scguindo leis, etapas, etc., do que estou tentado a denominar ele urna Fonética e de urna Morfología c10 Ego. E yema-la, cm sua reconstituicáo poética, emitir seus prirneiros e toscos "Si11Sde ego" ("É dansanc1o ... Rack anc1 Roll", a seguir transcrita. Em seguida surpreendemó-Ia a elcborar "[onentas de Ego" e a combiná-Ios cm "sílabas de ego" ("Poema sem neme", "Nenérn", "Eco-Eu"), até conseguir formar "oocábulo de ego", substantivo, individualizado, ("Batismo", "Poesia concreta", "Odisséa", acima transcritos), "uocábu!o de ego" que doravante poc1c entrar cm qualquer "frase", isto é, cm qualquer situacño vital, SC1l1perder esta individualidade re-conquistada, adjetivávcl mas nao mais deforrnávcl ("Uni-Verso", "Era U1l1avez", "Fi1l1") : É DANSANDO ... ROCK (poesia cm linguagem AND ROLL UNI de gringo) E Er Ea Ec in Ek instigar ré: Ea eu Ed Er Ea EH Dais elles end. VERBO vestir vestir invesrigar eu reunir sol ver ver o 'que disperso une solver enigma une é FABla LEITE 82 LOBO universo solvido .olvido falso verso. ERA POESIA SEM NOME Assim comeca a historia de Carochinha A Ah B era uITIa vez urna menininha Ba pequcnininha oprimida murada tao castigada que nem ao menos tinha beba nao Ba Ba Baba' sim Ba AJ,a o A Bá um Babá Bábá bábá Que foi Iáiá Nao pos so nanar tenho medo do escuro O Oh B Bobo nao Beba sim Bábá sim Bábá bábá Lampeño vern aí Durma Jáiá \Vela Bábá Tiro nao é de Lampeño é estouro de Sao joáo, eu e saiu por aí borralheira eh orando gemendo quero meu eu gata hoje é princesa inveritou seu en nem varinha de condño nao por obra de fada custou UIU rosário de lágrimas mas inventan-se o eu ECO-EU NENEM Acordo A ler no caminho VI Dou e da da vi ne nem ou um neném da di va Cor UNA eu no caminho VEZ 83 nascí ncm "tNVEN<;;ÁO DO su" da vi da. agora sei andar nern sei falar F1M nem sei gritar ne gosto de vocé eu caso estrada de Roma adeus Baba Boí nao sou mais ia ia iáiá casei sou Sinhá neném, sim ha S1M S1NHÁ. 'E cssa evolucíio "fonética" do Ego Feminino, ende nao faltam tropecos, titubcios, rcgressócs, etc. (cm "Meu Deus", "Cancño", "Uni-Verso", por exemplo ) , é feita sob o ferrete da solidáo, da dar e da angústia e termina-se como um parto e como um nascimento : com um protesto e com urna reconciliacáo : P. s. DESCR1<;:ÁO E PAZ Jnven~jO Do A paz eu é Doeu assim descobriu o eu I'A'IlIO LEnE dentro LOBO de d(eu)s. Toneleros, 104 (Copacabana) Rio de Janeiro - Guanabara Brasil. RESUMO Coro base cm producño poética de urna paciente o Autor documenta técnicas e processos j descritos teoricamente com referencia a (re-) cstruturacño do ego. Comparando-os com processos e etapas mais tarde seguidos pela crianca na aprendizagem á da l l ngua, outro instrumento o Autor cxemplifica, paciente, em sua imprescind ivcl nas poesías criadas "invenc áo do Eu" forma de ego", "silabas de ego", que, finalmente, ao cstabelccimicnto de relncfies cm pleno tratamento sucesivamente sons ttt integra no "vocábulo psicanali tico, de ego", obpjetais, como a "fonernus de ego" individualizado, F ABIO LEITE 84 LOBO substantivo, adjetivável no questfío, mas nao mais deformáve1. Segundo o Autor, poder-se-Is falar, de verdadeiras "Fonética" e "morfología do ego". M'arginalmente ao tema, o Autor acentua a necessidade de serem revisadas e reformuladas a conccituacíío e a avaliacño do actin g-out na teoria e na técnica psicanal iticas, caso cm da existencia RESUMEN Basándose, en la producción poética de una paciente suya, el Autor documenta técnicas y procesos ya teóricamente conocidos en lo que se refiere a la (re-) estructuración del ego. Comparando sus hallazgos con procesos y etapas ulteriormente seguidos por el niño en el aprendizaje del lenguaje, otro instrumento necesario al establecimiento de relaciones objetales, el Autor ejemplifica, en las poesías creadas .duranre el trntarniento psicoanalítico, cómo la paciente, en su "invención del yo" construye sucesivamente "sonidos de ego", "fonemas de ego", "s ilabas de ego", que, finalmente, integra. en el "vocábulo de ego" individual isado, substantivo, adjctivable, pero no ro,;' deformable. Según el Autor, se podría hablar, en el caso presentado, de la existencia de verdaderas "fonética" y "morfología" del ego. Marginalmcnte al tema,' el Autor pone énfasis en la necesidad de que sean revisadas y reformuladas la conceptuación y la valoración del acting out en la teoría y en la técnica psicoanal itic as. ABSTRACT With basis on the poetic production of a woman, the Author proves teehniques and processes, already described theorctically, refering 'to the (re-)estructuration of the ego. These are compared with processes and steps later taken by the child while it learns to speak, another indispensable instrument of objectal relations, as the Author gives some examples with poems creatcd during the psychoanalytical trcatment with the patient whom in her "invention of the I", forms gradually, "sounds of ego", "phonema of ego", "sylables of ego", which she finally integra tes in the "vocablo of ego', individualised, indcpendent, substantive and adjectivable but no more deformable. The Author's thought about the features of this case is that the existence of a real "phonetic" and "morphology of ego" may be assertcd, Beside that theme, rhe Author accentuates that a revisation and reformulation is nccessary for better judgement and valuation of thc acting-otit in psychoanalytical theory and technique,