3 Redes informais de conhecimento
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3 Redes informais de conhecimento
GLEDSON ANTONIO DA SILVA O MAPEAMENTO DE REDES INFORMAIS DE CONHECIMENTO COMO FERRAMENTA PARA A GESTÃO DO CONHECIMENTO ORGANIZACIONAL E O PAPEL DO BIBLIOTECÁRIO São Paulo 2008 GLEDSON ANTONIO DA SILVA O MAPEAMENTO DE REDES INFORMAIS DE CONHECIMENTO COMO FERRAMENTA PARA A GESTÃO DO CONHECIMENTO ORGANIZACIONAL E O PAPEL DO BIBLIOTECÁRIO Monografia apresentada ao Departamento de Biblioteconomia e Documentação da Escola de Comunicação e Artes da Universidade São Paulo – CBD ECA USP, como exigência parcial para obtenção do título de Bacharel em Biblioteconomia. Orientadora: Profa. Dra. Asa Fujino São Paulo 2008 i Silva, Gledson Antonio O mapeamento de redes informais de conhecimento como ferramenta para a Gestão do Conhecimento organizacional e o papel do bibliotecário / Gledson Antonio da Silva. – São Paulo: G.A. Silva, 2008. 56 p. Trabalho de Conclusão de Curso – Escola de Comunicações e Artes/USP, 2008. Gestão do conhecimento, redes sociais, mapas de conhecimento, redes informais, análise de redes sociais e bibliotecário. ii Termos de Aprovação Nome do Autor: Gledson Antonio da Silva Título da monografia: O mapeamento de redes informais de conhecimento como ferramenta para a gestão do conhecimento organizacional e o papel do bibliotecário Presidente da Banca: Profª Drª Asa fujino Banca Examinadora: Profº. Drº. Instituição: USP Bibliotecária Instituição: BVGSP Aprovada em: ___/___/___ iii A Valter e Izaurinda iv Agradecimentos Aos meus pais Valter e Izaurinda que me deram todo apoio necessário para a conclusão desse curso, torcendo, comemorando e me incentivando a todo o momento. À Asa Fujino por tudo que representa pra mim através da sua ética, profissionalismo, paciência e competência. Aos meus amigos do CBD, pelos nossos encontros na sala de alunos ou nos corredores onde compartilhávamos nossos anseios, nossas angústias, alegrias, conquistas, e principalmente nossos conhecimentos. Dentre esses, especialmente para a tríade: Luciana, Viviane e Patrícia, pela pauta do dia; e para Ana Carolina, Thiago Gaudêncio, Tiago Murakami e Dyane Cunha pela amizade. À Edlane por sua amabilidade, paciência e compreensão. À Regina Fazioli que me incentivou a percorrer os caminhos da Gestão do Conhecimento através de nossas conversas e práticas na Biblioteca Virtual do Governo do Estado de São Paulo. A todos os professores e funcionários do Departamento de Biblioteconomia e Documentação, por contribuírem de forma significativa para a minha formação. Ao pessoal da Biblioteca e da área de Tecnologias Educativas do Banco Real pelo companheirismo e pela oportunidade de fazer a teoria virar prática. v Sumário 1 Introdução ............................................................................................................1 1.1 Objetivo.........................................................................................................2 1.1.1 1.2 Objetivos específicos .............................................................................2 Procedimentos Metodológicos ......................................................................2 2 Informação e conhecimento .................................................................................4 3 Redes informais de conhecimento .....................................................................12 4 Mapas de conhecimento ....................................................................................24 4.1 Tipos e definições de mapeamento ............................................................24 4.2 Utilização e importância do mapa de conhecimento ...................................30 5 O papel do bibliotecário na construção de mapas de conhecimento .................32 6 Considerações finais ..........................................................................................43 7 Referências bibliográficas ..................................................................................45 vi Resumo O presente trabalho tem como objetivo refletir sobre a concepção e elaboração de mapas de redes informais de conhecimento nas organizações e sobre as competências necessárias para o profissional bibliotecário atuar com esta atividade. Para isto, foi realizado um levantamento bibliográfico apresentando as definições de informação e de conhecimento e sua importância na gestão do conhecimento para as organizações. O trabalho apresenta a técnica de análise de redes sociais (S.N.A.) como ferramenta para construção de mapas de conhecimento, definindo-os e descrevendo seus diferentes tipos, compartilhamento de informações. bem como sua relevância para o O papel do bibliotecário, suas habilidades e competências para a construção de mapas de conhecimento recebem destaque, concluindo-se que este profissional está habilitado para esta prática. Palavras chave: Gestão do conhecimento, redes sociais, mapas de conhecimento, redes informais, análise de redes sociais e bibliotecário. 1 1 Introdução Administrar e ter domínio do conhecimento existente em seu território é preocupação de toda empresa. Lew Platt, ex-presidente da Hewlett Packard (HP), expressou bem isso quando ele disse: “se a HP soubesse o que a HP sabe, nossa rentabilidade seria três vezes maior” (DAVENPORT e PRUSAK, 1998, p. XIII). Pois, conhecimento com a globalização dos mercados, aumento da concorrência e da competitividade, passou a ser visto como algo estratégico, capaz de manter a empresa ativa em seu mercado de atuação. O conhecimento é algo que está na cabeça das pessoas e é transmitido de uma forma totalmente social onde, na maioria dos casos, isso acontece na informalidade, através das chamadas redes sociais. Para que a empresa aproveite melhor seu potencial de geração de conhecimento, se torna essencial conhecer o funcionamento dessas redes, que também chamamos de redes informais de conhecimento. Para isso, temos como ferramenta a nos auxiliar nesse processo os mapas de conhecimento. Portanto, este trabalho visa mostrar a competência do profissional bibliotecário para a elaboração desses mapas, como ferramenta para auxiliá-lo na sua atividade de fornecer e indicar fontes de informação e conhecimento independente de seu suporte. No caso, na construção desses mapas consideramos as pessoas como fonte de conhecimento que suporta esse ativo intangível tão cobiçado pelas empresas. Por fim, esperamos que com esse trabalho, possamos contribuir para que o profissional bibliotecário passe a oferecer um serviço diferenciado a seus usuários. Que os Sistemas de Informação transcendam, as formas tradicionais de disseminação e uso da informação e do conhecimento, auxiliando as organizações a aproveitarem melhor os recursos intangíveis existentes. 2 1.1 Objetivo O trabalho tem como objetivos refletir sobre a concepção e elaboração de mapas de redes informais de conhecimento nas organizações e sobre as competências necessárias para o profissional bibliotecário atuar com esta atividade. 1.1.1 Objetivos específicos • Refletir sobre a elaboração de Mapas de Conhecimento como subsídio para a Gestão do Conhecimento nas organizações; • Apresentar um método de elaboração de Mapas de Conhecimento; • Analisar as competências profissionais necessárias para a elaboração de Mapas de Conhecimento; • Apontar o potencial de inserção do bibliotecário nessa área. 1.2 Procedimentos Metodológicos O método utilizado foi o de caráter heurístico, onde se fez um levantamento bibliográfico sobre teorias já existentes e posteriormente uma análise crítica a respeito do alinhamento dessas teorias com as práticas. Etapas da pesquisa: 1 - Levantamento bibliográfico sobre geração de conhecimento, redes informais de conhecimento, redes sociais, análise de redes sociais, mapas do conhecimento e perfil do bibliotecário; 2 - Fichamento, leitura e análise do material coletado; 3 – Redação da monografia; 3 Foi utilizado como fontes de pesquisa: artigos, livros, revistas, etc. A maioria dos materias pesquisados está disponível na internet, em bancos de dados de texto integral e no acervo da biblioteca do Banco Real. Os termos usados na estratégia de busca para reunião dos materiais que compõe a bibliografia do trabalho foram: social network, gestão do conhecimento, mapas de conhecimento, mapeamento de conhecimento, redes sociais, social network analisys, análise de redes sociais, papel do bibliotecário, profissional da informação. Para a elaboração deste trabalho não tivemos preocupação com a limitação do período de abrangência da literatura, mas priorizou-se textos a partir do ano 2000, com exceção de obras de referência ou obras clássicas no assunto. 4 2 Informação e conhecimento A informação e o conhecimento de longe são recursos essenciais tanto para o meio acadêmico quanto para o meio profissional. Com esses conseguimos tanto o avanço tecnológico que a sociedade precisa, quanto o desenvolvimento econômico que as empresas procuram. Além disso, esses são recursos imprescindíveis para a manutenção e existência das redes sociais. Como lidar com o conhecimento humano é uma das questões mais relevantes dentro da Gestão do Conhecimento. Este trabalho tem como objetivo apresentar o mapeamento de redes informais de conhecimento como ferramenta para a Gestão de Conhecimento dentro de uma organização, destacando a importância do papel do bibliotecário neste processo. É preciso, portanto, entender a que conhecimento estamos nos referindo. Para isto nos reportamos a autores como Drucker (1994), Toffler (1994), Quinn (1992) e Reich (1991) que destacam a importância do conhecimento na sociedade atual reconhecendo que vivemos na “sociedade do conhecimento”. Para estes autores vivemos o momento em que o conhecimento desempenha papel chave na economia, deixando de ser apenas um recurso e se tornando o único recurso significativo para as organizações, desbancando a tríade capital, terra e mão-de-obra. Em linhas gerais, pode-se dizer que concordam que o futuro pertence às pessoas que detêm o conhecimento, salientando que o poder econômico e a produção de uma empresa moderna dependem mais de suas capacidades inovadora e de prestação de serviços do que em seus ativos imobilizados. Nonaka e Takeuchi (1997) observando o modo como as empresas japonesas geravam conhecimento, constataram que esse é o novo recurso competitivo para essa nova era. 5 Assim como o conhecimento, a informação é muito importante dentro de uma empresa, pois melhora o seu desempenho. “A informação é um vetor estratégico importantíssimo, pois pode multiplicar a sinergia dos esforços ou anular o resultado do conjunto dos esforços” (LESCA e ALMEIDA, 1994, p.67). Nos dias atuais, é consensual dizer que a informação é algo essencial para as organizações. Seja para a tomada de decisões, elaboração de processos, lançamento e criação de produtos, enfim, a informação se faz um recurso imprescindível nas organizações. Apresentar um conceito para informação e conhecimento não é tarefa fácil. Autores como McGarry (1999) e Davenport e Prusak (1998) se referem a esta dificuldade, destacando que a epistemologia destaca esforços a fim de estabelecer o significado de informar e conhecer. Tálamo (2004) define informação da seguinte forma Informação é sempre fluxo e para o sujeito ela funciona como uma troca com o mundo exterior, o que lhe confere seu caráter social. Assimilada, interiorizada e processada por um sujeito especifico, ela é base para sua integração no mundo, propiciando ajustes contínuos entre o mundo interior e o mundo exterior (p.01). Avaliando a importância das pessoas nos processos de troca de informação, Choo (2003) destaca que as organizações valem-se da informação por formas distintas. Inicialmente ela é coletada no ambiente e interpretada para a construção de significados (sense making) procurando sua retenção. Em seguida é utilizada para criação de novos conhecimentos (knowledge creating) por meio de sua conversão (de tácito para explícito) e do compartilhamento da informação. Finalmente, procura e analisa a informação para a tomada de decisões (decision making). 6 Este autor mostra a relação entre informação e conhecimento através de um ciclo, no qual atrela a necessidade, a busca e o uso de informação, levando de uma situação à outra. Ou seja: - necessidade de informação: apresenta-se primeiramente com um sentimento de incerteza, conforme esse sentimento diminui a necessidade de informação chega à consciência e então a questão é formalizada; - busca de informação: o modelo é analisado valendo-se de categorias importantes para o desenvolvimento do foco e da estratégia da pesquisa (iniciação, encadeamento e pesquisa) e outras que sofrem influência do ambiente cultural e organizacional, onde a escolha das fontes de informação vai depender do indivíduo e da sua motivação que gerou a busca (diferenciação, monitoramento, extração, verificação e conclusão). - uso da informação: análise da informação que resulta um novo conhecimento ou ação. Nesse âmbito, a informação serve para responder questões, resolver problemas, tomar decisões, negociar posições, ou construir significados para determinada situação. Em uma relação análoga, Barreto (1996, p.2), liga informação e conhecimento, ressaltando que “se a informação é percebida e aceita como tal, colocando o indivíduo em um estágio melhor, consciente consigo mesmo e dentro do mundo onde se realiza a sua odisséia individual”, então esta relação de fato se realizou. Ainda sobre a relação entre informação e conhecimento, vale destacar Nonaka e Takeuchi (1997, p.64). Para eles “a informação é um fluxo de mensagens, enquanto o conhecimento é criado por esse próprio fluxo de informação, ancorado nas crenças e compromissos de seu detentor”. Assim, entendemos que a informação está no domínio pessoal do receptor, isto é, é ele quem define se a mensagem recebida acrescenta algum valor ao estado anterior, estabelecendo sentido e modificando atitudes. Passemos então a conceituar conhecimento. 7 Partindo do pressuposto de que o conhecimento é inerente às pessoas, então o agenciamento dos relacionamentos e a confiança entre os indivíduos nas organizações apresentam papel decisivo na criação do conhecimento. Segundo Krogh, Ichijo e Nonaka (2001, p.61) isto ocorre por que “para compartilhar o conhecimento pessoal, os indivíduos devem confiar em que os outros estejam dispostos a ouvir e a reagir às suas idéias”. Relacionamentos saudáveis criam condições para o compartilhamento de insights e para a livre discussão das preocupações, admitindo a organização espontânea de pequenas comunidades, “fonte de criação do conhecimento na empresa” (op. cit). Miranda (1999, p.287) diferenciou os tipos de conhecimento, classificando-os em explícito, tácito e estratégico: Conhecimento explícito é o conjunto de informações já explicitadas em algum suporte (livros, documento etc.) e que caracteriza o saber disponível sobre o tema específico; Conhecimento tácito é o acúmulo de saber prático sobre um determinado assunto, que agrega convicções, crenças, sentimentos, emoções e outros fatores ligados à experiência e à personalidade de quem o detém; Conhecimento estratégico é a combinação de conhecimento explícito e tácito formado a partir das informações estratégicas e de informações de acompanhamento, agregando-se o conhecimento de especialistas. Para Nonaka e Takeuchi (1997) existem dois tipos de conhecimento: explícito e tácito. Acreditam que o conhecimento explícito é formal e sistemático. Este conhecimento “pode ser expresso em palavras, números, e facilmente comunicado e compartilhado sob a forma de dados brutos, fórmulas científicas, procedimentos codificados ou princípios universais” (p.07). Já o conhecimento tácito é difícil de ver e exprimir, como aponta Nonaka e Takeuchi (1997): 8 O conhecimento tácito é altamente pessoal e difícil de formalizar, o que dificulta a sua transmissão e compartilhamento com os outros. Conclusões, insights e palpites subjetivos incluem-se nesta categoria de conhecimento (...) está profundamente enraizado nas ações e experiências de um indivíduo, bem como em suas emoções, valores ou ideais (p.7). É importante lembrar que esses dois tipos de conhecimentos são inerentes às redes sociais. E é a interação entre o conhecimento tácito e explícito que permitirá a criação de novos conhecimentos. “O modelo dinâmico da criação do conhecimento humano é criado e expandido através da interação social entre o conhecimento tácito e o conhecimento explícito” (NONAKA e TAKEUCHI, 1997, p. 67). Esses autores chamaram essa interação de “conversão do conhecimento”, apontando para a importância de visualizar essa conversão como um “processo ‘social’ entre indivíduos e não confinada dentro de um indivíduo”, ou seja, nas redes sociais, que têm como característica se manterem valendo-se da interação entre diversos indivíduos para a criação de novos conhecimentos. Os autores supracitados dividem o conhecimento tácito em duas dimensões: técnica – refere-se a um tipo de capacidade informal e difícil de definir, ou habilidades capturadas no termo know-how; e cognitiva – consiste em esquemas, modelos mentais, crenças, percepções tão arraigadas que tomamos como certas, refletindo nossa realidade e visão do futuro. Em seu estudo Nonaka e Takeuchi (1997), verificaram que o conhecimento organizacional é composto pelo conhecimento explícito e pelo conhecimento tácito, porém, para ser difundido dentro de uma organização o conhecimento tácito tem que ser transformado em palavras ou números que permitam sua compreensão. Uma vez mensurado, o conhecimento tácito torna-se explícito, gerando assim, o conhecimento organizacional. 9 Os autores destacam então, a importância da organização reconhecer o conhecimento tácito, apontando a relevância de suas três principais implicações. A primeira refere-se à origem de uma nova perspectiva da organização, que passa a ser vista como um organismo vivo, que compartilha a mesma compreensão e rumo, considerando o conhecimento tácito como parte integrante do conhecimento da organização. A percepção da importância do conhecimento tácito é a segunda implicação relevante para a organização, levando a um novo olhar sobre a inovação, que surge com a criação de novos conhecimentos através da interação entre os membros da organização. Para criar conhecimento, “o aprendizado que vem dos outros e as habilidades compartilhadas com os outros precisam ser internalizados, modificados, enriquecidos e traduzidos de modo a se ajustarem à identidade e auto-imagem da empresa” (NONAKA e TAKEUCHI, 1997, p.10). A terceira implicação importante está ligada à mudança na forma de pensar, atentando mais ao conhecimento transmitido informal e assistematicamente, considerando os insights, palpites e intuições subjetivas, obtidos por meio do uso de metáforas, imagens ou experiências. Como vimos, reconhecendo-se como certo que a informação e o conhecimento são inerentes às redes sociais, sua importância social e econômica é conseqüência do efeito que causam nas pessoas e nas organizações. Nesse âmbito, constatamos a necessidade de entender como ocorre o fluxo de conhecimento e informação para que esses possam ser melhor aproveitados de forma a gerar mudanças significativas no contexto em que as pessoas estão inseridas. Segundo Perrotti (2004), na ultima década o interesse pelo tema Gestão do Conhecimento cresceu exponencialmente a ponto de colocá-lo em destaque na 10 literatura e também dentro das empresas, com a criação de cargos específicos ou grupo de trabalho para implantação de alguma prática relativa ao assunto. O interesse pela gestão do conhecimento provavelmente intensificou-se quando a sociedade percebeu que a produção intelectual estava conseguindo gerar mais riqueza, em comparação com a produção industrial. Ou seja, modelos antigos que deram certo em um bom período de tempo se encontravam defasados em conseqüência da concorrência do mercado. Vale salientar que, para a Ciência da Informação, o termo “Gestão do Conhecimento” é considerado uma buzzword, ou seja, um termo criado para gerar um grande alarido em torno disso. Segundo Collison e Parcell (2005, p. 24-25), não podemos gerenciar conhecimento, o que se pode fazer é gerenciar o ambiente no qual o conhecimento possa ser criado, descoberto, capturado, compartilhado, destilado, validado, transferido, adotado, adaptado e aplicado. Krogh, Ichijo e Nonaka (2001), também seguem a mesma linha de pensamento, quando afirmam que não se gerencia conhecimento, apenas se capacita o ambiente para a sua geração. Bukowitz e Williams (2002) definem Gestão do Conhecimento (GC) como sendo o processo pelo qual a organização gera riqueza, a partir do seu conhecimento e capital intelectual. Com um posicionamento mais pragmático Teixeira (1999) define GC como certa forma de olhar a organização em busca de pontos dos processos de negócios em que o conhecimento possa ser usado como vantagem competitiva. Em sua tese de mestrado Perrotti (2004) refere que A gestão do conhecimento é uma forma de tornar o ambiente favorável para que a organização identifique suas competências, encontre os conhecimentos que ela já possui, aprenda o que precisa, compartilhe e use estes conhecimentos na velocidade necessária ao desenvolvimento dos seus negócios (p.43). 11 A implantação coordenada da GC cria uma vantagem competitiva sustentável e de difícil imitação, pois está enraizada nas pessoas que trabalham na empresa, e não em recursos físicos, que são facilmente imitáveis pelos concorrentes (Quinn et al., 1997) e menos flexíveis para reagir às incertezas do ambiente (Thomke & Reinertsen, 1998). Assim como Perotti (2004), para a produção deste trabalho nos basearemos na definição de GC que a entende pelo processo de identificar quais conhecimentos são necessários para alavancar as competências essenciais (estratégia); mapear quais destes conhecimentos e competências a organização já dispõe (mapeamento de conhecimento) e monitorar o ambiente. Assim, uma ferramenta para gerir o conhecimento é o Mapa de Conhecimento. Para Davenport e Prusak (1998) um mapa de conhecimento indica o conhecimento, mas não o contém. Trata-se de um guia e não um repositório. O desenvolvimento de um mapa do conhecimento envolve localizar conhecimentos importantes dentro da organização e depois publicar em algum tipo de lista ou quadro que mostre onde encontrá-lo. Mapas do conhecimento apontam tipicamente para pessoas e também para documentos e banco de dados. Como vimos, uma das preocupações das organizações na Sociedade do Conhecimento é lidar com o chamado “conhecimento tácito”, ou seja, aquele conhecimento que está na cabeça das pessoas, muito difícil de disseminar, medir e avaliar. A transferência desse conhecimento se dá principalmente através do processo de socialização, ou seja, por meio do contato entre as pessoas, pois esse é um processo de compartilhamento de experiências, que promove a criação de conhecimento tácito na forma de modelos mentais ou habilidades técnicas compartilhadas. Assim, é de fundamental importância saber como se dá a interação das pessoas dentro da organização. Passemos então a pensar sobre as Redes. 12 3 Redes informais de conhecimento A organização em redes sempre foi uma característica peculiar do ser humano, pois esse sempre procurou se inserir em grupos de interesses nos quais pudesse compartilhar relações de amizade, de trabalho, de cooperação, enfim, relações que garantissem a sua sobrevivência. Essas relações se modificam no decorrer da sua existência, pois elas acompanham os diferentes tipos de necessidades que o ser humano tem em sua caminhada. Com isso, ele cada vez mais aumenta as suas relações e conseqüentemente constrói a sua rede de forma exponencial na medida em que ele se insere nas diferentes realidades e cenários de sua vida. As Redes implicam agrupamentos que se estabelecem por relações horizontais de cooperação, cuja dinâmica envolve relacionamento de grupos, pessoas, organizações ou comunidades. Costumam ser informais, tácitas, descentralizadas, flexíveis e dinâmicas (TOMAÉL, ALCARÁ, DI CHIARA, 2005). Redes são instrumentos apropriados para a economia capitalista baseada na inovação, globalização e concentração descentralizada; para o trabalho, os trabalhadores e empresas voltadas para a flexibilidade e adaptabilidade; para uma cultura de desconstrução e reconstrução contínuas; para uma política destinada ao processamento instantâneo de novos valores e humores públicos; e para uma organização social que vise a suplementação do espaço e invalidação do tempo (CASTELLS, 2001). As redes sociais são mecanismos usados para o compartilhamento de conhecimento e informação entre os sujeitos que as compõem através das interações desses dentro da mesma, contribuindo assim para o processo de inovação. Cada sujeito possui um papel específico dentro da rede e sua relação com os outros é que vai determinar o funcionamento desta, que se modifica de acordo 13 com os diferentes papéis que cada indivíduo assume em suas relações e interações dentro da mesma (op. cit.). Segundo Castells (2001) as redes sociais são representadas por sujeitos (nós) que mantém relacionamentos com propósitos específicos, são esses relacionamentos que mostrarão como esse sistema funciona. A formação das redes se dá por meios e formas variados, podendo acontecer tanto por meios formais (e-mails, listas de discussões, portais corporativos, etc.) quanto por meios informais (conversas na hora do café, encontros após o expediente, amigos carona, etc.), presenciais ou virtuais, nos quais pessoas alinhadas com o mesmo objetivo trocam experiências; adquirindo, criando e disseminando conhecimento em suas áreas de atuação (ALCARÁ et. al, 2006; TOMAÉL, ALCARÁ, DI CHIARA, 2005). Como vimos, apesar da estrutura hierárquica e formal que existe dentro de uma organização, seus membros compartilham informações de outras formas, nem sempre vinculados a elas, ou seja, de modo informal. Davenport e Prusak (1998) acreditam que é nas redes informais das organizações que se concentram os melhores sinais do mercado do conhecimento. Dentro destas redes as pessoas trocam informações, apontando quem detém determinado conhecimento, o que favorece o trabalho na empresa. Grande parte do trabalho das empresas é feito por que as pessoas estão continuamente perguntando umas as outras, através de redes informais, quem sabe fazer aquele trabalho. “Mercados do conhecimento formam-se ao redor das redes formais e informais; portanto, fornecer informações sobre estas redes é uma boa maneira de tornar o conhecimento visível” (op. cit., p.44). Krogh, Ichijo e Nonaka (2001) acreditam que as redes informais favorecem de modo crucial a criação de conhecimento por permitir o compartilhamento de conhecimento tácito. 14 Davenport e Prusak (1998) verificaram que as redes informais apresentam algumas vantagens dentro da informalidade. Acreditam que, como as informações são passadas boca a boca, elas geram confiança, uma vez que a pessoa recorre a quem tem credibilidade, aceitando sua sugestão ou indicação. Como aspecto positivo das redes informais destaca-se o dinamismo e a interatividade. Como as pessoas estão em contato permanente, atualizam suas informações na medida em que mudam as condições, sem depender do organograma e lista de ramais, sempre tão estáticos: A maior parte das fofocas corporativas é uma forma de transferência de conhecimento sobre processos internos (...) no trabalho, o que parece fofoca de trabalho, é, na verdade, a rede informal de conhecimento se atualizando (DAVENPORT e PRUSAK, 1998, p.45). Davenport e Prusak (1998) destacam que a vantagem do conhecimento é uma vantagem sustentável, haja vista que os ativos do conhecimento aumentam quando são usados, diferente de outros ativos materiais que diminuem com o uso, pois “idéias geram novas idéias, e o conhecimento compartilhado permanece com o doador ao mesmo tempo em que enriquece o recebedor” (p.20). Assim, a Rede Informal é importante para a empresa por ser uma estrutura que produz conhecimento. Capra (apud TOMAÉL, ALCARÁ, DI CHIARA, 2005, p.94) destaca a importância das Redes nas organizações: (...) na era da informação – na qual vivemos – as funções e processos sociais organizam-se cada vez mais em torno de redes. Quer se trate das grandes empresas, do mercado financeiro, dos meios de comunicação ou das novas ONGs globais, constatamos que a organização em rede tornou-se um fenômeno social importante e uma fonte crítica de poder. Por seu caráter dinâmico as redes tornam-se ambientes para o compartilhamento da informação e troca de experiências. Acabam gerando 15 informações pertinentes para o setor em que atuam. Assim, para a organização a Rede Social passa a ser uma fonte valiosa que contribui para o processo de inovação. Em seu trabalho Tomaél, Alcará e Di Chiara (2005) abordam esta questão. Revisando a literatura a respeito, verificaram que as redes sociais mantêm canais e fluxos de informação e conhecimento embasados na confiança e respeito entre as pessoas, assim as pessoas se aproximam, compartilham informações e ampliam seus conhecimentos, fomentando o desenvolvimento de inovações na empresa. Krogh, Ichijo e Nonaka (2001) referem que é importante que o conhecimento tácito, gerado nas redes informais, seja transformado, desenvolvido e aprimorado dentro das organizações, uma vez que a Era da Informação busca desenvolver empresas capazes de compartilhar conhecimento. Neste sentido, as redes tornamse essenciais para as empresas, pois, contribuem para o refinamento dos ativos organizacionais ao passo que permitem que as organizações, ao distinguir as características das redes, tornem o compartilhamento mais vantajoso. Em seu estudo Alcará (et al., 2006) apresentam as redes sociais como instrumento estratégico para a inteligência competitiva, e verifica que as redes sociais colaboram para o fortalecimento da cultura organizacional voltada para o compartilhamento da informação e do conhecimento, além de contribuir efetivamente para a compreensão e elaboração de estratégias mais eficientes para o processo de inteligência competitiva e funcionamento do contexto organizacional. Os autores apontam ainda que as redes permitem a identificação de especialistas de diferentes áreas e de experiências inovadoras bem sucedidas. Como principal desvantagem das redes informais Davenport e Prusak (1998) apresentam a não documentação, o que dificulta seu acesso, uma vez que este depende de conversas casuais que nem sempre podem ocorrer, o que torna este conhecimento por vezes indisponível ou inacessível. Os autores supracitados entendem que o uso dos computadores em rede criou uma infra-estrutura potencial para o intercâmbio do conhecimento organizacional, abrindo importantes possibilidades para a gestão do conhecimento. 16 Os computadores são ferramentas importantes por sua capacidade de armazenar informações, propiciando o conhecimento através de recursos como correio eletrônico, groupware, internet e intranet. Com estas ferramentas é possível o intercâmbio do conhecimento. Contudo, os autores alertam que esta tecnologia da informação é apenas um sistema de distribuição e armazenamento para a troca de conhecimento. Se a cultura organizacional não favorecer a criação do conhecimento o computador servirá apenas de depósito de cultura não compartilhada. [...] o que faz as organizações funcionarem é o conhecimento. O conhecimento não é algo novo. Novo é reconhecer o conhecimento como um ativo corporativo e entender a necessidade de geri-lo e cercá-lo do mesmo cuidado dedicado à obtenção de valor de outros ativos tangíveis. A necessidade de extrair o máximo de valor do conhecimento organizacional é maior agora do que no passado (...) numa economia global o conhecimento pode ser a maior vantagem competitiva de uma empresa” (DAVENPORT e PRUSAK, 1998, p. 14-15). Portanto, se as empresas não mapearem estas redes, não terão acesso a todas as vantagens nelas inseridas, sendo a principal delas o conhecimento. Dentro da Gestão do Conhecimento a forma de lidar com o conhecimento tácito é uma das questões mais relevantes especialmente devido a dificuldade em aferi-lo e avaliá-lo em uma organização. Dentro de uma empresa, o conhecimento necessário para seu funcionamento distribui-se em: bancos de dados com informações explícitas estruturadas (4%), informações explícitas não estruturadas, como documentos do Word (16%) e conhecimento tácito (80%) (RASMUS apud GUIMARÃES e MELO, 2005). 17 Como vimos o conhecimento tácito é pessoal e difícil de formalizar, tendo em vista que se dá por meio das redes informais. Mas, se o conhecimento tácito representa 80% do conhecimento de uma empresa, ele não pode ser ignorado. Desta forma, para acessar este conhecimento torna-se necessário entender como ocorre a interação entre as pessoas nas redes informais. Uma técnica que permite entender a dinâmica das interações sociais em uma organização é a Análise de Redes Sociais ou Social Networking Analysis (S.N.A.). Segundo Guimarães e Melo (2005) a S.N.A. é uma técnica interdisciplinar que permite a leitura das interações sociais favorecendo a interpretação estatística do papel do sujeito ou grupo dentro de um contexto, oferecendo uma perspectiva deste contexto. Estes autores destacam que a técnica S.N.A. tem como objetivo identificar oportunidades ou desafios, reconhecendo lacunas no fluxo do conhecimento, permitindo mapear sua interação na organização. Guimarães e Melo (2005) verificaram que a técnica de S.N.A. pode ser aplicada na área médica, na sociologia e em sistemas de recomendação de especialistas. Outros estudos apresentam a S.N.A. como instrumento que pode ser utilizado no campo da Gestão do Conhecimento (BUSCH et al., 2001; CROSS et al., 2001; PARKER et al., 2001). Dentro de uma organização a S.N.A. pode auxiliar na identificação de dificuldade de comunicação entre as pessoas de um mesmo processo chave ou grupo, que pode surgir devido fronteiras funcionais, hierárquicas e físicas. Entre os benefícios esperados com a aplicação da técnica de S.N.A. destacam-se: Integrar a rede de pessoas que participam de processos de negócios da empresa; identificar os indivíduos centralizadores de informação da rede pesquisada e motivá-los para disseminar 18 informações entre seus pares e; capacidade de avaliar o desempenho de um grupo de pessoas que deve trabalhar de forma integrada (Cross e Parker apud Guimarães e Melo, 2005, p.08). Assim, verificamos que a S.N.A. é uma técnica que poderá auxiliar no mapeamento do conhecimento da empresa. Guimarães e Melo (2005) apontam duas formas de fazer uma análise de rede social: análise de rede pessoal e análise de rede em grupos fechados. Na análise de rede pessoal uma pessoa é mapeada a fim de verificar quais são seus relacionamentos na empresa. Feito este levantamento é realizada uma análise dos relacionamentos atuais e os que seriam ideais a pessoa seguir. Por fim é feito um diagnóstico que aponta os grupos com os quais a pessoa deve se relacionar para ser mais pró-ativa, equilibrando sua rede. A principal desvantagem desta forma de análise é justamente o fato de só “poder ser usada para análise os relacionamentos de uma única pessoa” (GUIMARÃES e MELO, 2005, p.26). A análise de rede em grupos fechados se inicia com a delimitação do grupo estratégico que será analisado. Isto feito deve-se coletar de cada componente do grupo o tipo e grau de relacionamento com os demais membros. Com base nestes dados realiza-se uma análise do grupo e também do papel de cada pessoa nele inserido. A última etapa consiste em apresentar ao grupo o diagnóstico com as conclusões do trabalho (op. cit). As principais desvantagens deste método, segundo Guimarães e Melo (2005, p.27), são: a demora para coletar informações em grupos muito grandes e não considerar certos relacionamentos importantes “por estarem fora do grupo estratégico, (...) isto pode ser muito prejudicial, pois muitas vezes relacionamentos importantes ultrapassam a fronteira do grupo”. 19 Baseando-se em dados empíricos os autores verificaram que o uso da S.N.A. mostrou-se eficaz quando aplicado a: gestão de mudanças, diagnósticos de Gestão do Conhecimento, ferramenta de Páginas Amarelas, Comunidades de Prática e Gestão de Competência. Passemos então a apresentar os benefícios do uso da S.N.A. quando aplicados a cada uma destas situações. Sobre a aplicação da S.N.A. em gestão de mudanças os autores entendem que os processos de modificação que ocorrem em empresas, por não serem aceitos por todos, causam conflitos. Estes podem ocorrer com a instalação da prática da Gestão do Conhecimento, por exemplo. Uma solução para este problema encontra-se comunicação focada, em que se mostra ao público afetado que a modificação proposta será positiva para ele. Guimarães e Melo (2005) revelam como a técnica da SNA é útil nestes casos: O mapeamento da rede de confiança (quem confia em quem) e da rede de aquisição de informação (com quem você busca informação sobre determinado assunto) auxilia nesta etapa (...) através da técnica é possível evidenciar quem são as pessoas mais influentes (information brokers e hubs) dentro do grupo que será afetado pela mudança, é possível ter uma atuação ainda mais focada nestes indivíduos, fazendo um esforço inicial maior para sensibilizar esses durante a etapa de comunicação dos benefícios da mudança. (2005, p.28) A aplicação da S.N.A. em diagnósticos de Gestão do Conhecimento mostrase positiva no que se refere à compreensão do fluxo de conhecimento dentro de um grupo. Esta compreensão é justamente a tarefa mais difícil na G.C., pois grande parte dos diagnósticos é voltada para o entendimento dos aspectos culturais que levam a padrões que corrompem o fluxo de conhecimento na rede, minimizando a relevância da compreensão e identificação da própria rede (op. cit.). 20 A técnica de S.N.A. vai justamente ao encontro desta questão, tornando possível construir rede tais como a de consciência das competências (de quais pessoas você conhece as competências) e de aquisição de informação (com quem você busca informação sobre determinado assunto), permitindo que assim se tenha uma visão de como ocorre o fluxo do conhecimento dentro do grupo. Através destas redes é possível descobrir também as pessoas que possuem as competências criticas para a empresa (...) e descobrir onde estão os gargalos do conhecimento dentro do grupo (GUIMARÃES e MELO, 2005, p.29). A aplicação da técnica S.N.A. mostra-se útil em ferramentas de Páginas Amarelas, que de acordo com Krogh, Ichijo e Nonaka (2001), são instrumentos de Gestão de Conhecimento que possibilitam a identificação das habilidades relevantes dos empregados. Guimarães e Melo (2005) entendem que neste contexto a S.N.A. favorece, pois, indica e permite o acompanhamento e avaliação da criação de uma ferramenta de Páginas Amarelas dentro de um grupo ao analisar a rede de consciência das competências (de quais pessoas você conhece a competência?) apontando quando certo grupo se conhece em termo de suas competências e conhecimentos. Antes de abordar a aplicação da S.N.A. em Comunidades de Práticas, faz-se necessário entendê-las. Segundo Krogh, Ichijo e Nonaka (2001) as Comunidade de Práticas são formadas por indivíduos que aprendem com a participação nas práticas grupais e com a memorização gradual de tarefas. É um grupo em que os membros aprendem conhecimentos já existentes no âmbito específico, tendo suas fronteiras definidas nitidamente pelas respectivas tarefas, cultura e história. Os autores acrescentam que a composição da Comunidade de Prática é bastante estável e os novos membros demoram algum tempo para se tornarem participantes plenos. 21 Assim, para Guimarães e Melo (2005) a aplicação da S.N.A. em Comunidades de Práticas mostra-se eficiente na medida em que: Na análise de rede social, redes como as de aquisição de informação (com quem você busca informação sobre determinada prática?) e redes provenientes da análise da rede pessoal de algumas pessoas-chave dentro de uma prática, podem ajudar na escolha de participantes da comunidade de prática em questão, permitindo definir com mais clareza quem inserir e quando inserir as pessoas dentro da comunidade, conforme sua evolução (p.29). No contexto das comunidades de práticas pode-se ainda empregar a S.N.A. avaliando a efetividade da comunidade com o passar do tempo. “Comparações entre as diversas redes de aquisição de informação geradas ao longo do tempo permitem uma maior compreensão e avaliação da comunidade como fonte de informação prática” (op. cit.). Os benefícios da aplicação de S.N.A. também foram observados pelos autores em Gestão de Competência. Resumidamente, a Gestão de Competências trata do conhecimento, competências e características dos funcionários da organização visando a produção de sucesso. Assim o gestor de competências deve conhecer seus funcionários, verificar seu nível de proficiência, liderá-los e motivá-los, recrutando-os para a conversão do conhecimento tácito em explicito (SVEIBY, 1998). Neste caso, Guimarães e Melo (2005) destacam que a S.N.A. atuará auxiliando na avaliação do indivíduo quanto a sua habilidade em determinada competência, considerando a perspectiva do grupo em que o sujeito está inserido, o que não ocorrem em outros tipos de avaliação: Uma forma de levar em consideração a perspectiva do grupo onde o indivíduo trabalha, na hora de mensurar a proficiência em determinada competência desse indivíduo, é por meio da técnica S.N.A. Um mapeamento da rede de consciência das competências 22 (de quais pessoas você conhece as competências) dentro do grupo de trabalho do indivíduo pode fornecer subsídios para enriquecer a mensuração da proficiência desse indivíduo (p.31). Em seu estudo Guimarães e Melo (2005) aplicaram a técnica de S.N.A. para uma atividade de suporte na Petrobras, que acabava de receber novos funcionários. Neste caso a aplicação teve o objetivo de avaliar como se dava a dinâmica de troca de conhecimentos entre os novos empregados e os antigos. A amostra selecionada foi composta por 19 pessoas e a técnica empregada foi a análise da rede de grupos fechados. Os autores mapearam três tipos de redes: redes de conhecimento (quem conhece quem), redes de comunicação regular (quem se comunica regularmente com quem) e redes de pessoas com potencial de conhecimento para ajudar (quem tem conhecimento para me ajudar), pois, elas permitem avaliar o potencial de compartilhamento de conhecimento dentro do grupo em questão. O resultado deste estudo revelou que um dos novos funcionários (3 anos de empresa) aparece em grande evidência nas três redes, o que demonstra potencial para liderança dentro do grupo. Um funcionário que tem entre 6 de 12 anos na empresa foi o mais isolado dentro das três redes, apontando para necessidade de um trabalho voltado ao aspecto motivacional deste membro dentro do grupo. Outro resultado alcançado refere-se à comunicação dentro do grupo. Verificou-se que a rede de comunicação regular restringe o aumento da densidade da rede de potencial para conseguir conhecimento. Frente a estes dados os autores sugeriram atacar inicialmente a questão de comunicação regular, ou seja, acesso entre as pessoas. Para isto indicaram Práticas de Gestão do Conhecimento, que aumentam o acesso entre pessoas. Num segundo momento, pôde-se propor práticas que aumentem o conhecimento das competências das pessoas da rede ao membro do grupo, 23 sugerindo a implantação de uma base de especialista (páginas amarelas) como exemplo de prática. Segundo os autores a principal conclusão do trabalho foi o “fato de se enxergar não mais o indivíduo, e sim o grupo de indivíduos, o que permitiu uma compreensão mais aprofundada do contexto ao qual o grupo está inserido” (p.47). Entendemos que está mais do que na hora de as organizações repensarem a estrutura hierárquica tradicional e passar a dar mais atenção ao relacionamento entre os seus colaboradores. Dessa forma, estarão direcionando o seu foco para grupos de pessoas, que constituem o seu capital intelectual, demonstrando interesse em investir em conhecimento, combustível vital para a alavancagem na nova ordem econômica mundial. Com a aplicação da técnica de Análise de Redes Sociais (S.N.A.), podemos ter um instrumento vital para a construção de Mapas de Conhecimento, os quais nos apontarão em quais pontos (nós) há necessidade de investimento em conhecimento. Por meio do mapeamento das redes sociais é possível diagnosticar e verificar como se dá a transferência de conhecimento dentro das organizações, processo vital, para o acúmulo do capital intelectual e valorização dos ativos intangíveis. No capítulo que segue abordaremos as características desta ferramenta para a Gestão de Conhecimento. 24 4 Mapas de conhecimento Diversos recursos comunicativos são utilizados para a criação de uma unidade de pensamento entre os integrantes de um determinado meio social. Utilitários com representações visuais são constantemente usados para homogeneizar esse processo. A elaboração de recursos que viabilizem o mapeamento de sistemas evolutivos voltados à gênese do conhecimento humano em suas diversas óticas e com um grau maior de flexibilidade, garante um processo mais complexo. Além de tornar-se necessário considerar um número maior de fatores que interferem no resultado final, já que se trata de um mapa capaz de retratar um processo em constante transformação é necessário que o sistema de mapeamento nesses casos, utilize-se de uma linguagem plausível e de fácil entendimento, capaz de atingir o completo quadro de integrantes da empresa em questão. Para que se possam estabelecer relações de importância e significado na utilização do mapeamento como recurso de identificação e representação do conhecimento informal e/ou social utilizado em uma empresa, passemos por conhecer algumas definições de mapas em suas diversas áreas de uso. 4.1 Tipos e definições de mapeamento Mapa conceitual: refere-se a uma técnica de organização do conhecimento. O termo mapa remete a representações, lista descritiva ou relações. Assim como, de acordo com o Dicionário de Língua Portuguesa a palavra conceitual apresenta-se como relativa a conceito como produto da razão, idéia das características gerais do objeto. Partindo desta definição de mapa conceitual é possível considerar que se trata da representação de um conjunto de idéias do pensamento, um recurso utilizado para organizar uma determinada área do conhecimento humano, vista sob recursos visuais que possibilitem o reconhecimento diverso e as relações que entre 25 seus diversos aspectos acontecem (COSTA e KRUCKEN, 2004). Veremos a seguir algumas definições de Mapa Conceitual. De acordo com Moreira e Buchweitz (1987, p.10), mapas conceituais são “representações gráficas de uma estrutura de conhecimentos demonstrada hierarquicamente, apresentando forma e representação condizentes com a maneira como os conceitos são relacionados, diferenciados e organizados”. Sherratt e Schlabach (1990, p.60) consideram de forma semelhante o mapeamento conceitual: Envolve a identificação de conceitos ou idéias pertencentes a um assunto, e a descrição das relações existentes entre essas idéias na forma de um desenho esquemático. O objetivo deste mapa é representar a compreensão de um indivíduo sobre um corpo de conhecimento e ilustrar as relações entre as idéias que são significativas para este indivíduo. A definição oferecida por Gaines e Shaw (apud COSTA, 2003, p.67), traz um enfoque voltado para as limitações sintáticas e semânticas que podem ocorrer na representação do mapa operacional: Uma forma de diagrama especificamente direcionado para fornecer uma linguagem visual parecida com as características da linguagem natural do texto, no sentido de que eles possam estar sujeitos às limitações sintática e semântica, e sua capacidade de representação pode variar de uma forma muito informal e uma forma extremamente formal. Lanzing (1997, p.1) relaciona o mapa conceitual à estrutura de uma rede hipertextual: Mapeamento conceitual é uma técnica para representação do conhecimento de forma gráfica. Gráficos do conhecimento são redes de conceitos. A rede consiste de nodos [de informação] com 26 apontadores e links com arcos ou subdivisões. Os nodos representam os conceitos e os links representam as relações entre conceitos. Novak (1984,) aponta duas as principais características do mapa conceitual. A primeira delas diz respeito aos conceitos que são representados de forma hierárquica, como um conceito generalizado inicialmente e posteriormente mais específico. Uma segunda característica é a relação dos conceitos no domínio do conhecimento representada em referências cruzadas nos mapas conceituais. Mapa cognitivo: a cognição é um conceito geral que alcança todas as formas de conhecimentos, incluídos a percepção, o raciocínio e o julgamento (Chaplin,1985, p.85). Considera-se, segundo Cossette e Audet (1992, p.331), um mapeamento cognitivo como representações gráficas sobre uma série de conjuntos de representações discursivas feitas pelo sujeito sobre um determinado objeto (o problema) cuja representação gráfica é o resultado final da interpretação que seu analista obtém sobre o problema. Os mapas cognitivos são extremamente ricos, no que diz respeito à representação gráfica de uma percepção do indivíduo sobre uma determinada situação problema, ele assume caráter bastante particular ou, ainda, extremamente subjetivo, tendo em vista que só faz sentido para aqueles envolvidos na sua construção. (RIEG; ARAUJO FILHO apud COSTA e KRUCKEN, 2004) O mapeamento cognitivo apresenta-se como um fundamental recurso de sondagem no levantamento e exploração de possíveis causas referentes ao problema, para que posteriormente o processo de análise e resolução do mesmo seja facilitado e alcancem melhores resultados. Mapas semânticos: segundo Costa (2003), Mapa semântico é um tipo de mapa de conhecimento que permite registrar o conhecimento individual e coletivo, gerando um entendimento comum. 27 O mapa semântico é uma estruturação categórica de informação, representada graficamente, e tem sido utilizada com sucesso em diversas aplicações relacionadas à aprendizagem. São diagramas que ajudam a visualizar como se relacionam as apalavras entre si (op. cit.). Segundo Costa (2003), a elaboração dos mapas semânticos proporciona uma oportunidade de participar ativamente de um exercício mental que recupera o conhecimento armazenado, e principalmente de ver os conceitos que estão sendo recuperados, permitindo o desenvolvimento de vocabulário. Sobre mapeamento semântico Costa (2003, p.61) relata que: O mapa semântico não é algo novo; durante os anos oitenta, sua aplicação foi muito difundida, circulando sob as seguintes categorias: trama semântica, conexão de redes semânticas ou mapas estruturais. Porém nos últimos anos ele retoma sua importância devido às investigações sobre cognição, aquisição da linguagem e processamento da informação. Mapas de conhecimento Antes de apresentamos os Mapas de Conhecimento, consideramos importante retomar que o conhecimento é algo muito amplo, que não pode ser visto, previsto, tão pouco controlado. Segundo Nonaka e Takeuchi (1997), o conhecimento não se apresenta de forma linear, resulta de combinações de tipos de conhecimentos e está vivo nas pessoas. Assim sendo, para que fique acessível a todos, é necessário que o mapa seja elaborado em uma linguagem adequada aos usuários. O conhecimento novo, segundo Nonaka (2000) sempre começa pelo indivíduo: Um pesquisador brilhante tem uma idéia que leva a uma nova patente. A sensibilidade intuitiva em tendência de mercado de um 28 gerente de nível médio transforma-se no catalisador de um novo conceito de produto importante. Um operário de uma fábrica usa anos de experiência para descobrir uma inovação de um processo. Em cada um desses casos, o conhecimento pessoal de um indivíduo foi transformado em conhecimento organizacional, valorizado pela empresa como um todo. (NONAKA, 2000, P.46). Baumard, (apud COSTA, 2003) identifica diversos tipos de conhecimento e suas funções, explorando sua riqueza, versatilidade e densidade. Para o autor a função do conhecimento é determinada de acordo com seu caráter: individual ou organizacional, explícito ou tácito. Logo é preciso uma análise mais ampla de que o conhecimento é algo adquirido de uma única forma objetiva e explícita, e envolve em seu processo de assimilação questões mais subjetivas, particulares, cognitivas e organizacionais que serão determinadas pelo indivíduo ou pelo grupo. Como vimos, Nonaka e Takeuchi (1997) destacam que o conhecimento tácito é o conhecimento pessoal incorporado à experiência individual, criado em um conceito prático, e que para ser comunicado e compartilhado é necessário que seja convertido em explícito. Enquanto que o conhecimento explícito é o conhecimento objetivo, articulado em linguagem oral. Desta forma, os mesmos apresentam quatro modos de conversão do conhecimento, que se constitui na base de sua teoria para a criação do conhecimento nas empresas: A) Tácito para Tácito: socialização (compartilhamento de experiências); B) Tácito para explícito: explicitação (articulação do conhecimento tácito em conceitos explícitos); C) Explícito para explícito: combinação (sistematização de conceitos); D) Explícito para Tácito: internalização (incorporação do conhecimento explícito no tácito); 29 Ainda de acordo com Nonaka e Takeuchi (1997), criação do conhecimento organizacional é fruto de uma interação contínua e dinâmica entre o conhecimento tácito e explícito que evolui de acordo com as metas que se deseja alcançar. Mapas do conhecimento são excelentes aliados para o processo de organização do conhecimento, pois ele busca deixar de uma forma explícita o modo como nosso cérebro faz associações, seja através do uso de palavras, imagens, números, lógica, cores para fazer ligações entre idéias e assuntos, fazendo com que usemos nossa mente e nossos conhecimentos de forma mais eficiente. Os mapas de conhecimento surgem como uma ferramenta capaz de localizar especializações, mapear conhecimentos ativos que possam ser formalizados e conseqüentemente transformados em objeto acessível. Probst, Raub e Romhardt (apud COSTA e KRUCKEN, 2004, p.6) reforçam que estes tipos de representações “aumentam a transparência e auxiliam a identificação de especialista ou de fontes do conhecimento, permitindo, assim que o usuário classifique o conhecimento novo em relação ao existente e ligue tarefas com especialistas ou ativos do conhecimento”. A razão de construir um mapa do conhecimento é de disponibilizar uma ferramenta para que as pessoas saibam aonde ir quando precisarem de conhecimento. Diminuindo assim, o tempo das pessoas em localizar fontes de conhecimento útil, cuja localização, poderia ser muito difícil e muitas vezes até impossível se fosse realizada de outra forma, o mapa do conhecimento também serve para fazer um levantamento do conhecimento disponível dentro da organização (COSTA e KRUCKEN, 2004). Os mapas de conhecimento são utilizados para a identificação de conhecimentos internos e externos às organizações, já que reforçam competências e tornam possível a transparência de competências que necessitam ser criadas. Mapas do Conhecimento podem ser considerados substitutos naturais dos atuais organogramas, pois conhecimento não está relacionado à posição hierárquica que um indivíduo possui em uma determinada organização, ou seja, quem aparece no topo de uma estrutura hierárquica, nem sempre possui mais conhecimento que 30 aqueles que estão logo mais abaixo. Afinal, o conhecimento pode existir em qualquer escala de uma hierarquia organizacional e muitas vezes aqueles que precisam de determinado conhecimento acabam ignorando essa estrutura hierárquica para poderem ter acesso ao mesmo (DAVENPORT e PRUSAK, 1998). Existem diversos recursos capazes de representar os mapas de conhecimento, tais como: topografias, mapas de ativos do conhecimento, mapas de fontes do conhecimento, mapas geográficos de ativos do conhecimento, matrizes do conhecimento, entre outros. Sendo que é de fundamental importância que sejam constantemente atualizados, com registros vivos e dinâmicos (op. cit) Preisseler, Roehl e Seemann (apud COSTA e KRUCKEN, 2004) destacam que os mapas de conhecimento são mais produtivos quando existe um mercado interno eficiente de conhecimento. 4.2 Utilização e importância do mapa de conhecimento Costa (2003) destaca que, para o Observatório Europeu Leader, ser competitivo significa poder suportar a concorrência do mercado. Assim sendo, tornase cada vez mais necessário que as empresas encontrem formas organizacionais que desenvolvam competências e conhecimentos estratégicos e que principalmente saibam gerenciá-los. Silva e Batalha (apud COSTA e KRUCKEN, 2004) consideram competitividade como a capacidade de dado sistema produtivo obter rentabilidade e manter participação de mercado no âmbito interno e externo, de maneira sustentada. Desta forma, os mapas apresentam-se como um importante recurso, capaz de subsidiar a análise dos fatores que afetam ou venham afetar sua competitividade e sucesso em diferentes aspectos e em diversos setores empresariais. Segundo Costa (2004), a aplicação de mapas tem sido bastante difundida em pesquisa social, devido à capacidade de se analisar um problema de forma 31 sistêmica. Desta forma, é possível evidenciar fatores que estão relacionados de modo geral com a questão em análise e ao foco da mesma. A autora ainda apresenta as evidências da questão em análise, que podem ser vestígios de outras situações: Percebe-se que em muitos casos, as causas e os sintomas do problema se misturam e sua natureza é tão complexa que se necessita de ferramentas que abordem esta complexidade sem simplificar a realidade em excesso. (Costa, 2004) Diante das citações colocadas, é possível considerar a tamanha importância que o recurso de mapeamento do conhecimento traz para empresas, permite focar a problemática em questão, e assim como nos diz Costa (2004), permite elaborar categorias e estruturas lógicas para compreendê-lo e elaborar ações para solucionálo. Costa (2004) destaca alguns fatores que são considerados fundamentais na construção coletiva de mapas, tornando-se elementos diferenciais na competitividade, colaborando nas relações de compartilhamento de informações e conhecimentos tácitos e explícitos. São eles: A) Ambiente e clima de trabalho favorável à participação e à troca; B) Objetivos compartilhados entre os atores, de forma que haja convergência de intenções na discussão; C) Vocabulário comum; D) Profissional competente e capacitado para a tarefa de traduzir informações verbais e não verbais mais ou menos explícitas em um produto visual, para ser validado pelos integrantes da discussão; E) A cultura/prática de construção e utilização de representações visuais na empresa; 32 5 O papel do bibliotecário na construção de mapas de conhecimento Para refletirmos acerca do papel do bibliotecário na construção de mapas do conhecimento torna-se necessário antes pensarmos na formação deste profissional e na sua atuação na sociedade do conhecimento. A figura do bibliotecário é geralmente associada a bibliotecas silenciosas e cheias de livros, cabendo ao bibliotecário zelar por sua organização e manutenção do acervo, através de um catálogo. Esta visão estava atrelada a uma biblioteca tradicional, que visava unicamente à transmissão de informações a seus usuários. Com o avanço tecnológico e crescimento econômico, a sociedade globalizada passa a ter outras necessidades. Neste processo as bibliotecas também passam por mudanças, especialmente aquelas alocadas em empresas. Sobre este processo de evolução Rezende (2002) menciona que as bibliotecas corporativas procuram se adaptar a realidade global. Após o período da biblioteca tradicional surgiram os centros de informações, que armazenavam publicações, e após esta, no início dos anos 90, foi a vez das bibliotecas virtuais, cujo foco de atuação era o acesso à informação ao invés do acúmulo de acervos. A autora entende que com o contínuo avanço tecnológico e crescente fluxo de informação, as empresas passaram a se preocupar em possuir informação precisa e relevante. Assim, tornou-se necessário desenvolver um sistema de informação flexível e eficiente que analisasse, interpretasse e adequasse a informação à realidade da empresa e do cenário econômico - transformando esta informação em conhecimento relevante. Neste contexto surge o “Centro de Conhecimento” ou “Knowledge Center”. Valentim (2000) aponta que no Centro de Conhecimento o acesso ao conhecimento e informação se dá através de base de dados, sistemas eletrônicos e 33 “páginas amarelas” (Internet e Intranet); a administração centra-se em produtos e serviços para a organização e o foco de atuação do bibliotecário é a transmissão de informação e conhecimento. Uma vez que funções, objetivos e modos de recuperação da informação nas bibliotecas corporativas acompanharam o avanço das tecnologias, a atuação do bibliotecário, que quer se manter na empresa, também tem que acompanhar. “Para atuar no contexto das empresas privadas é importante o profissional da informação ter um perfil que incorpore facilmente as mudanças que permeiam o ambiente empresarial (....)” (TOMAÉL e ALVARENGA, 2000, p.83). Tendo em vista a necessidade de mudanças na atuação do profissional da informação no contexto organizacional, Tomaél e Alvarenga (2000) realizaram um estudo apontando o perfil ideal deste profissional, em que se destaca: • Dominar as técnicas de controle e recuperação da informação; • Possuir conhecimentos de administração e gerência; • Controlar, tratar, recuperar e disseminar informação; • Ter conhecimentos de softwares, domínio e manuseio de equipamentos e predisposição para incorporar as inovações que surgem nesse segmento; • Reconhecer e identificar as fontes bibliográficas da área em que a empresa atua; • Buscar e disponibilizar informações na Internet; • Conhecer as redes e serviços de informação disponíveis para a empresa os quais possa utilizar como mais um recurso informacional que favoreça a sua atuação; • Ter ciência da área em que a empresa atua é essencial para o provimento da informação que a mesma precisa; • Interagir com o ambiente onde a empresa está inserida, tanto no ambiente interno quanto no externo; • Antecipar a demanda – fornecer a informação antes que a mesma seja solicitada; • Agregar valor à informação que provê; 34 • Possuir conhecimentos de línguas estrangeiras; • Desenvolver suas atividades em consonância com o interesse do cliente/usuário da informação. Perfetti (2004) acredita que o biblioteconomista deve ter conhecimentos e habilidades para a gerência de informações em suportes locais e diversificados. Além disto, deve ser curioso, pró-ativo, criativo e dedicado ao acesso às informações. Para atender as novas características e exigências do mercado, pautadas nos princípios da Gestão do Conhecimento, Castro (apud Silva et al.) considera imprescindível ao bibliotecário: [...] dominar os saberes biblioteconômicos, tendo em vista que estas atribuições são inerentes à formação acadêmica do profissional da informação/bibliotecário. Logo, é essencial que o bibliotecário tenha o domínio das técnicas da biblioteconomia, que devem estar associadas ao conhecimento cultural abrangente, dinamismo, especialização em áreas específicas do conhecimento e competência para transformar informação e conhecimento em fontes de vantagens e lucros para as organizações (2001, p.74) Frente às características do mercado de trabalho na sociedade do conhecimento é necessário que, em sua formação, o bibliotecário tenha subsídios para compreender o fluxo de informação dentro de organização, mediando, gerenciando e administrando os processos de transferência da informação, analisando seu contexto e facilitando a todos o seu acesso. Conforme as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ministério da Educação (2001), as competências e habilidades mínimas na formação dos profissionais da área de biblioteconomia são as seguintes: 35 De caráter geral: • “Gerar produtos a partir dos conhecimentos adquiridos e divulgá-los; • Formular e executar políticas institucionais; • Elaborar, coordenar, executar e avaliar planos, programas e projetos; • Utilizar racionalmente os recursos disponíveis; • Desenvolver e utilizar novas tecnologias; • Traduzir as necessidades de indivíduos, grupos e comunidades nas respectivas áreas de atuação; • Desenvolver atividades profissionais autônomas, de modo a orientar, dirigir, assessorar, prestar consultoria, realizar perícias e emitir laudos técnicos e pareceres; • Responder a demandas sociais de informação produzidas pelas transformações tecnológicas que caracterizam o mundo contemporâneo. De caráter específico: • Interagir e agregar valor nos processos de geração, transferência e uso da informação, em todo e qualquer ambiente; • Criticar, investigar, propor, planejar, executar e avaliar recursos e produtos de informação; • Trabalhar com fontes de informação de qualquer natureza; • Processar a informação registrada em diferentes tipos de suporte, mediante a aplicação de conhecimentos teóricos e práticos de coleta, processamento, armazenamento e difusão da informação; • Realizar pesquisas relativas a produtos, processamento, transferência e uso da informação”. Valentim (2000, p.22) acredita que a formação do Bibliotecário supõe o desenvolvimento de determinadas competências e habilidades, entre elas, produzir e difundir conhecimentos, sendo capazes de atuar junto a instituições e serviços, como centros de documentação ou informação e serviços ou redes de informação. 36 As afirmações que os autores vêm apresentando revelam que a atividade básica do bibliotecário é tratar a informação, sabendo localizá-la e disponibilizá-la. Localizar e disponibilizar informação são essencialmente as características dos Mapas de Conhecimento. Como vimos em Melo e Guimarães (2005) para que um profissional construa um mapa de conhecimento é necessário que ele seja capaz de elaborar um questionário, coletar informações, analisá-las e finalmente, apresentar os resultados. Desta forma, acreditamos, pelo exposto até aqui, que o bibliotecário tem condição, perfil e formação profissional suficientes para produzir um Mapa de Conhecimento. Para reforçar este argumento, nos referimos à Mason (1990, p.125) que acredita que os Profissionais da Informação devem aplicar seus conhecimentos tendo em vista basicamente uma finalidade: “obter a informação certa, a partir da fonte certa, para o cliente certo, no tempo certo e na forma mais adequada para o uso a que se destina e a um custo que seja justificado pelo seu uso”. Conforme vimos no capítulo anterior, apontar onde o conhecimento está localizado, de forma a facilitar o acesso e conseqüentemente aproveitar de forma eficaz os recursos da organização justificando o seu fim são as características básicas do mapa do conhecimento, características essas que estão totalmente alinhadas ao exposto por Mason como competência do profissional bibliotecário. Tendo em vista que o mapeamento é um recurso de identificação e representação do conhecimento informal e/ou social, e considerando as habilidades dos bibliotecários, podemos então concluir que o bibliotecário tem competência para construir Mapas de Conhecimento. Marchiori (2002, p.68), escrevendo sobre a atuação do bibliotecário dentro de um serviço de informação, acredita que esse tem habilidade para fazer o mapeamento, planejamento e estruturação de pessoas e fluxo de informação. Aponta ainda, alguns deveres deste profissional, que sustentam nossa hipótese. São eles: 37 • AUXILIAR na definição das atividades do usuário e na explicitação de suas necessidades de informações; • LOCALIZAR E DISSEMINAR informação de qualidade, criar consciência estratégica para captação de informação de interesse; • PRIORIZAR: o 1- informações relevantes para o usuário e/ou grupo de usuários. o 2- qualidade da informação no que diz respeito à exatidão, utilidade, aplicabilidade, contextualização e meio de difusão; • PERSONALIZAR a forma de apresentação da informação; • UTILIZAR ferramentas de modelagem e apresentação da informação para torná-la atraente; • DESENVOLVER pensamento crítico e analítico para entender problemas de informação e comunicação; • ADMINISTRAR com tecnologia de informação analisando criticamente seu custo, qualidade e complexidade. Complementando a colocação da autora supra citada, Eyre (1973, p.188) acrescenta que no Serviço de Informação o bibliotecário deve: “recuperar a informação; selecionar; adquirir; avaliar; analisar; registrar; disseminar”. Apesar de já ter sido abordado em capitulo próprio, consideramos relevante retomar o conceito e o objetivo do Mapa de Conhecimento, a fim de esclarecer a relação que fazemos entre a sua construção e o perfil do bibliotecário para esta atividade. 38 Como vimos, a partir da técnica de Análise de Redes Sociais (S.N.A.), é possível fazer a leitura das interações sociais favorecendo a interpretação estatística do papel do sujeito ou grupo dentro de um contexto, oferecendo uma perspectiva deste com o objetivo de identificar oportunidades ou desafios, reconhecendo lacunas no fluxo do conhecimento, permitindo mapeá-lo (MELO e GUIMARÃES, 2005). Os mapas do conhecimento nada mais são do que instrumentos informacionais. Sendo a informação o produto do trabalho do bibliotecário, conforme aponta Santos (2002): “a peça fundamental no desenvolvimento das atividades do Profissional da Biblioteconomia. O conhecimento de seu fluxo, a percepção do ambiente informacional, a destreza no manuseio e no uso de recursos tecnológicos que favorecem o acesso, o tratamento, a recuperação e o uso de informações facilita a geração de novos conhecimentos para empresa” (p.103). Podemos concluir que construir o mapa do conhecimento está no domínio do profissional bibliotecário. Como se pode ver, o papel do bibliotecário muitas vezes se torna negligenciado e conseqüentemente mal aproveitado nas organizações uma vez que, conforme verificamos na literatura apontada, esse profissional tem formação e habilidades suficientes para contribuir com a empresa através da construção de mapas do conhecimento tornando-a mais sustentável. Pensando ainda na atuação do bibliotecário na construção dos Mapas de Conhecimento, parece-nos relevante recorrer à Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), documento que reconhece, nomeia, codifica os títulos e descreve as características das ocupações do mercado de trabalho brasileiro, que foi disponibilizado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) em 2002. 39 A CBO 2002 é uma versão que contém as ocupações organizadas e descritas por famílias, que constituem um conjunto de ocupações similares correspondente a um domínio de trabalho mais amplo que aquele da ocupação. Os profissionais da informação estão codificados na CBO (2002) sob número 2612, formando uma família que compõe: • 2612-05 – Bibliotecário, Bibliógrafo, Biblioteconomista, Cientista da informação, Consultor de informação, Especialista de informação, Gerente de informação, Gestor de informação. • 2612-10 – Documentalista – Analista de documentação, Especialista de documentação, Gerente de documentação, Supervisor de controle de processos documentais, Supervisor de controle documental, Técnico de documentação, Técnico em suporte de documentação. • 2612-15 – Analista de informações – Pesquisador de informações de rede. As competências pessoais do profissional da informação descritas na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO 2002) são: manter-se atualizado, liderar equipes, trabalhar em equipes e em rede, demonstrar capacidade de análise e síntese, demonstrar conhecimentos de outros idiomas, demonstrar capacidade de comunicação, demonstrar capacidade de negociação, agir com ética, demonstrar senso de organização, demonstrar capacidade empreendedora, demonstrar raciocínio lógico, demonstrar capacidade de concentração, demonstrar pró-atividade e demonstrar criatividade. Em seu trabalho Faria et al. (2005) traçam um paralelo entre as competências do profissional da informação e as atuais exigências das empresas no contexto da sociedade do conhecimento baseando-se nas descrições da Classificação Brasileira de Ocupações (CBO). As autoras verificaram que as competências estabelecidas na CBO para esses profissionais convergem para as competências requeridas nos atuais paradigmas das empresas. Isto posto, podemos então concluir que os bibliotecários, como profissionais da informação, têm o perfil adequado para atuar em áreas de Gestão do 40 Conhecimento construindo Mapas de Conhecimento, já que sua formação tem, entre seus objetivos, a capacitação para esta atividade. Considerando a Gestão do Conhecimento, Davenport e Prusak (1998, p. 133) verificam que “as organizações precisam de pessoas para extrair o conhecimento daqueles que o têm, colocar esse conhecimento numa forma estruturada e mantê-lo ou aprimorá-lo agregando-lhe valor ao longo do tempo”. Eles concordam que as universidades não ensinam essas habilidades, contudo, apontam que nos currículos de Jornalismo e Biblioteconomia a atividade está mais próxima. Para os profissionais bibliotecários, que podem ser considerados verdadeiros trabalhadores do conhecimento e “gatekeepers”, ou como Davenport e Prusak (1998) o classificaram, corretores do conhecimento, é importantíssimo saber identificar quem são as pessoas que precisam de conhecimento e aquelas que possuem esse conhecimento. Isso não só permite um melhor planejamento na constituição e uso de seu acervo, como também se torna ferramenta indispensável para melhorar o fluxo de informação e conhecimento dentro da organização através da promoção de encontros entre aqueles que possuem e aqueles que precisam de conhecimento (MOREIRA, 2005). Nonaka e Takeuchi (1997) entendem que na sociedade do conhecimento o trabalhador do conhecimento é o maior ativo. Estes autores reportam-se a Druker e definem o trabalhador do conhecimento como um executivo que sabe como alocar o conhecimento para uso produtivo. Nas palavras de Sveiby (2001) trabalhador do conhecimento é aquele funcionário altamente qualificado e com alto nível de escolaridade, cujo trabalho consiste em “converter informação em conhecimento, na maioria das vezes utilizando suas próprias competências, às vezes com auxílio de fornecedores de informação ou de conhecimento especializado” (p.23). Sendo o bibliotecário considerado o profissional da informação, acreditamos que dentro da organização comprometida com a Gestão do Conhecimento o bibliotecário é um profissional qualificado para desempenhar este papel. 41 Davenport e Prusak (1998) destacam o papel do bibliotecário corporativo que pode se tornar indispensável corretor do conhecimento: Corretores do conhecimento colocam em contato compradores e vendedores: aqueles que precisam do conhecimento e aqueles que o possuem (...) eles gostam de explorar suas organizações, descobrir o que as pessoas fazem e quem sabe o quê; gostam de entender o quadro maior, o que lhes permite saber onde obter o conhecimento (p.33-34). Bibliotecários são ótimos exemplos desse tipo de pessoa em uma organização, com seu papel de guia na busca de informações, colocando em contato não só pessoas e materiais informacionais, como também pessoas com outras pessoas (DAVENPORT e PRUSAK, 1998). As bibliotecas corporativas são ambientes que costumam atender toda a organização, com isso se torna tarefa fácil para o bibliotecário identificar pessoas com interesses semelhantes e colocá-las em contato. Além disso, esses profissionais valorizam muito o atendimento aos seus usuários/clientes e possuem técnicas avançadas para encontrar não só aquilo que eles lhe solicitam, mas também aquilo que eles realmente precisam. Tudo isso, faz desse profissional não só um trabalhador da informação, mas também do conhecimento (op. cit). A literatura revela que algumas empresas têm um responsável geral pela GC, o chamado CKO (Chief Knowledge Officer), cargo geralmente ocupado por executivos da alta gerência. Dentro das atribuições do CKO, está a identificação do conhecimento relevante para a empresa. Identificando o conhecimento, verifica-se que as demais etapas do processo de GC: coletar, armazenar e disponibilizar o conhecimento podem ser realizadas pelo gerente do conhecimento. O gerente do conhecimento poderá auxiliar a criação do mapa do conhecimento ou páginas amarelas (op. cit). 42 Como vimos anteriormente, o mapeamento do conhecimento consiste em localizar o conhecimento importante para a organização e depois disponibilizá-lo entre seus diversos membros. O principal objetivo dos mapas do conhecimento é mostrar às pessoas onde buscar o conhecimento que necessitam (op. cit). Davenport e Prusak (1998) descrevem ainda outras áreas para a atuação do gerente do conhecimento: o desenvolvimento de portais do conhecimento, estruturação de glossários e indexação do conteúdo das bases de dados. Refletindo sobre a atuação do bibliotecário na Gestão do Conhecimento nas empresas, com ênfase no processo de mapeamento do conhecimento, Hommerding (2001) verificou que, embora não seja ainda uma prática comum e efetiva a participação de bibliotecários nos processos de mapeamento do conhecimento nas empresas, existe um grande potencial de atuação e contribuição deste profissional nesses processos. A atuação do bibliotecário nas corporações é importante, pois, segundo Davenport e Prusak (1998, p. 132), poucos são os funcionários capazes de esquematizar e estruturar o seu próprio conhecimento, e menos ainda os que têm tempo disponível para colocar o conhecimento que detém em um sistema que permita a sua recuperação. Conforme observamos, podemos concluir que o profissional bibliotecário em decorrência da sua atuação e formação apresenta habilidades e competências para a elaboração de mapas do conhecimento e está alinhado a esta prática. Vimos que para a construção de um mapa de conhecimento é necessário coletar informações, analisá-las e apresentar os seus resultados. Essas são basicamente as atividades do bibliotecário que pode se resumir em coleta, análise, síntese, representação e organização do conhecimento. Como foi apontado por Davenport e Prusak (1998, p. 133), o currículo acadêmico do profissional bibliotecário é um dos que estão mais alinhados a estas atividades. 43 6 Considerações finais Como vimos, o conhecimento para as organizações passou a ser algo considerado estratégico e fator relevante para a competitividade. Em um mercado globalizado a capacidade de inovação das empresas se tornou algo vital. Dessa forma, observamos que para as empresas sobreviverem nesse mercado precisam aproveitar de uma forma eficiente seus ativos do conhecimento. Para o mercado globalizado, conhecimento é algo que tem valor, mas com determinada data de validade. Passou a ser um bem totalmente perecível, pois o que é novidade e diferencial hoje, pode não ser mais amanhã e se tornar requisito básico. Portanto, trabalhar para que as organizações adotem uma cultura de inovação é um desafio para todos. O conhecimento, como fonte de inovação das empresas, é algo que habita as pessoas às atividades inovativas e sua transmissão e/ou disseminação se dá através de formas sociais. Em muitos casos, a transmissão e disseminação acontece através das chamadas redes informais de conhecimento. Aproveitar e fazer uso desse conhecimento existente é muito mais importante do que apenas possuí-lo. Dessa forma, os mapas de conhecimento se apresentam como um facilitador para esse processo. Os mapas de conhecimento são considerados ferramentas da Gestão do Conhecimento indicados para mapear a estrutura do conhecimento existente, embora sua função não seja a de conter conhecimento, mas a de apontar para as pessoas que o possuem. Com isso, ele se torna ferramenta valiosa para que o profissional bibliotecário cumpra sua função como disseminador da informação e do conhecimento. Vale a pena ressaltar na conclusão desse trabalho que, apesar de considerarmos aspectos importantes dentro do tema estudado, em função do tempo e do escopo para esse TCC, não foram abordados os assuntos como: o mapeamento de redes informais de conhecimento que se localizam e se formam 44 fora do ambiente da empresa através de comunidades de prática, grupos de discussão, sites de relacionamentos, fóruns, etc.; a educação continuada dos bibliotecários; a atuação dos bibliotecários dentro da chamada web social, etc. Também não foi possível desenvolver um estudo de caso. Deixamos como sugestão para que sejam explorados em estudos futuros, pois acreditamos que esses aspectos são totalmente relevantes para termos um cenário de atuação do profissional bibliotecário nessa área mais próximo da realidade. 45 7 Referências bibliográficas ALCARÁZ, A.R.; TANZAWA, E.C.L.; DI CHIARA, I.G.; UCHOA JUNIOR, P.P.M.; HECKLER, V.C.; RODRIGUES, J.L.; VALENTE, S.S. As redes sociais como instrumento estratégico para a inteligência competitiva. TransInformação, Campinas, v.18, n.02, p.143-153, 2006. BARRETO, A.A. A eficiência técnica e econômica e a viabilidade de produtos e serviços de informação. Revista Ciência da Informação, Brasília, v.25, n.03, p.405414, 1996. BUKOWITZ, W.R., WILLIAMS, R.L. Manual de gestão do conhecimento: ferramentas e técnicas que criam valor para a empresa Porto Alegre: Bookman, 2002. BUSCH, P.A.; RICHARDS, D; DAMPNEY, C.N.G. Visual mapping of articulable tacit knowledge. Australian symposium on information visualization, Sydney, Australia, 2001. 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