Macbee entrevista Alexandre da Veiga

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Macbee entrevista Alexandre da Veiga
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Macbee entrevista Alexandre da Veiga
Categorias : Entrevistas
Publicado por Devilfox em 14/5/2010
Entrevista com Alexandre da Veiga, autor da versão Windows do emulador RockNES, feita por
Macbee em meados do ano 2000:
Macbee: Bom, vamos começar da maneira tradicional: diga sua idade e quando foram seus
primeiros contatos com o NES e com emulação.
Alexandre: Olá. Tenho 20 anos. Meu primeiro contato com o NES foi com meus 9, 10 anos... Um
amigo meu ganhou um NES com o cartucho Top Gun... Pra eu que estava acostumado com o
clássico River Raid, foi um choque... ;o) Fui apresentado ao mundo da emulação com os meus
primeiros contatos com a internet, em 1995. Na época, eu não imaginava que isso seria possível...
Foi a chance que eu tive de jogar todos os jogos que eu sempre quis! Já com relação ao
desenvolvimento de um emulador, a idéia veio no ano passado.
Macbee: Como foi seu envolvimento com o RockNES? Você estava ligado ao projeto desde o início
ou se juntou a ele posteriormente? A versão para Windows foi sugestão sua ou idéia do autor
original, Fx3?
Alexandre: Não, eu sequer conhecia o RockNES. Minha área preferida na computação é o
desenvolvimento de jogos. Comecei desenvolvendo um jogo de futebol para a calculadora HP48G.
Em 1997, desenvolvi pequenas coisas com a biblioteca Allegro para DOS, que é utilizada em
praticamente todos os emuladores para DOS (inclusive o RockNES). No início do ano passado,
comecei a desenvolver pequenas coisas com o DirectX (Windows). Comecei, então, a desenvolver
um pequeno jogo de futebol (em 2D) utilizando DirectX. Na metade do desenvolvimento... BUM!
Perdi meu HD... e todo o código fonte do jogo... Foi quando eu parei pra pensar: "eu preciso dominar
completamente o DirectX pra desenvolver corretamente um jogo desde o início... Porque então não
desenvolver um emulador?" Além disso, na época, não existia nenhum emulador "decente" de NES
pra Windows. Eu então primeiramente decidi o console a ser emulado. A decisão foi fácil: NES. Um
videogame que eu joguei durante anos, relativamente fácil de se desenvolver (se comparado ao
N64, por exemplo ;o))... Mas logo percebi que seria apenas mais um emulador precário, só que pra
Windows... E eu não tinha (e não tenho) tempo para me dedicar ao emulador. Foi então que
comecei uma pesquisa de emuladores de NES para DOS, que eu pudesse portar pra Windows. Até
o momento, eu conhecia apenas o Nesticle! Como o Nesticle não era mais atualizado (e já existe
uma versão pra Windows), descartei-o. O emulador que mais rapidamente evoluía era o RockNES.
Foi quando eu mandei um e-mail para o Fx3 sugerindo portar o emulador para Windows. Os
primeiros e-mails foram em inglês, até eu descobrir que ele era... brasileiro! Foi quando eu passei a
fazer parte do RockNES.
Macbee: As mudanças (emulação de mappers novos, etc.) nas versões mais recentes do RockNES
são feitas por vocês dois, ou essa função é só do Fx3? Quero dizer, sua função é estritamente
converter o programa para o Windows ou vocês trabalham juntos para descobrir como emular o que
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ainda falta?
Alexandre: O Fx3 é quem realmente desenvolve o emulador. CPU, mappers, etc são por conta
dele. O que eu faço é (quando possível) revisar o código... e portá-lo pra Windows.
Macbee: Como é a relação com os criadores dos outros emuladores de NES? Vocês trocam
informações, existe uma rivalidade ou nem uma coisa nem outra?
Alexandre: Eu achava que existiria esse esquema de rivalidade... mas, pelo menos comigo, não
aconteceu. Ainda no desenvolvimento da primeira versão do RockNES X, eu estava com problemas
no buffer de áudio e no modo de vídeo em 8 bits. Entrei em contato com o desenvolvedor do
NESTen (o nome é esse mesmo?) e ele me ajudou prontamente. Mas, no final, eu acabei
encontrando uma solução completamente diferente. ;o)
Macbee: Quais os seus objetivos com o RockNES? O que o diferencia dos demais emuladores de
NES na sua opinião?
Alexandre: Torná-lo o melhor emulador - e quem sabe definitivo - de NES. Realmente falta pouca
coisa para torná-lo "completo". Isso com relação à emulação. Talvez até o fim do ano isso seja
possível. Ainda pretendo criar um e-mail para as pessoas enviarem suas "listas de desejos", para
que eu realmente saiba o que ainda é preciso desenvolver no RockNES X. Eu estou fazendo muita
coisa nova, por isso o atraso na nova versão... O que diferencia? Hum.... Essa pergunta talvez fosse
melhor respondida pelo Fx3, mas eu acho que o que diferencia o RockNES dos demais é a
quantidade dos jogos emulados - e com qualidade. O RockNES não é o emulador mais rápido, mas
é o que melhor emula o NES. A versão para Windows (acredito eu) tornou o RockNES ainda mais
conhecido, pela interface bem mais amigável e a possibilidade de se jogar com tela cheia, como no
videogame...
Macbee: Muitos sites sobre emulação descrevem o RockNES como uma espécie de sucessor do
Nesticle, que historicamente foi um dos mais importantes emuladores já criados e diretamente
responsável pela enorme popularização do assunto, no fim dos anos 90. Como você analisa essa
comparação?
Alexandre: O Nesticle realmente é um ponto de referência na emulação. Acho que não preciso
comentar muito sobre ele. Mas, para jogar, a maioria das pessoas preferem o RockNES, que possui
uma emulação mais completa, além das facilidades da versão Windows. Talvez daqui há pouco
tempo o RockNES seja a nova referência para a emulação NES. Por esse lado, a comparação é
válida. Já com relação ao "lado histórico" do Nesticle... é possível compará-lo ao Ultra HLE por
exemplo... que foi outro marco da emulação.
Macbee: Como você encara a imensa quantidade de emuladores de NES que surgiram
recentemente? Muitos deles parecem não ser projetos a longo prazo. Acha isso prejudicial de
alguma forma, acredita
que quanto mais emuladores de NES existirem, melhor será a imagem da emulação de Nintendo, ou
acha que tanto faz?
Alexandre: Muita gente começa a desenvolver novos emuladores porque existe bastante material
sobre o assunto disponível, existem códigos-fonte de emuladores inteiros disponíveis... Muitos deles
devem ser abandonados pela dificuldade em evoluir. A quantidade não importa muito, e, sim, a
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qualidade. Se existirem muitos emuladores de boa qualidade, é ótimo. Caso contrário, não
acrecentam nada. Mas acho que não atrapalham a imagem da emulação.
Macbee: A emulação perfeita do NES será possível em pouco tempo ou esse ainda é um sonho
distante?
Alexandre: É um sonho próximo. Apenas os mappers... podem ser "descobertos" novos mappers,
mas serão poucos.
Macbee: O autor do emulador SMYNES afirma que sua emulação é quase completa, e
provavelmente por isso cobra alguns dólares pelo programa. O que você pensa de cobrar pelos
emuladores, atitude comum anos atrás, e que depois de uma certa pausa volta a ser considerada
por alguns autores?
Alexandre: O dinheiro é a recompensa pelo trabalho, com certeza... Se o desenvolvedor do
emulador o estiver desenvolvendo com a intenção de ganhar dinheiro, não vejo problema nisso. A
maioria dos emuladores não é desenvolvida com esse intuito, por isso são de graça. São feitos nas
horas vagas, quase como um hobby.
Macbee: Um assunto dentro da emulação de NES em que ninguém chega a um consenso é com
relação à palheta de cores dele. A diferença de cores entre os emuladores é enorme, e as opiniões
são muito divididas sobre qual emulador é mais fiel na representação das cores originais do NES.
Como foram pesquisadas as cores para o RockNES e qual a sua visão sobre o assunto?
Alexandre: A primeira versão do RockNES que tive contato possuía paletas de vários emuladores
diferentes... Era possível escolher qual paleta usar... Próximo do lançamento da primeira versão, foi
adotada uma nova paleta, que parece ser praticamente perfeita... Parece que algum maluco
conseguiu capturar os valores RGB de cada cor... mas preciso confirmar isso com o Fx3, que está
diretamente ligado a isso.
Macbee: Em que você acha que o RockNES é mais fiel ao NES? E o que você acha que ainda falta
muito a ser trabalhado para que fique como o original?
Alexandre: Acho que no aspecto técnico o RockNES é muito similar. O que falta é eu poder
encaixar um cartucho no meu PC ;o) Falando sério, o RockNES está num estágio onde falta pouco
para ser igual ao NES original... Mas o Fx3 é quem dá a palavra final sobre isso.
Macbee: E quanto ao NES sem estar emulado, tecnicamente falando, quais as características dele
que você mais gosta e quais as que menos gosta?
Alexandre: A possibilidade em usar chips extras nos cartuchos... no mais, é bem "comum". A que
menos gosto... é o número de cores simultâneas... realmente poderiam ser mais!
Macbee: Para o pessoal que gosta de alterar gráficos dos jogos, o Nesticle é uma ferramenta
essencial, pois ele tem um editor muito bom. Porém, devido à sua compatibilidade limitada, o
número de opções de jogos que podem ser alterados acaba sendo muito pequeno. Existe algum
projeto de ser incluído um editor gráfico em alguma versão futura do RockNES?
Alexandre: Já está na lista de possíveis "features" a entrarem na versão 2.0 (para dezembro/2000).
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Ainda não conversei com o Fx3 sobre as dificuldades em se desenvolver este editor. Como já
mencionei, em breve será divulgado um e-mail para as pessoas enviarem o que gostariam de ver no
RockNES X.
Macbee: Recentemente, o programa Meridian conseguiu fazer com que as músicas do NES fossem
executadas em estéreo e o resultado é surpreendentemente bom. Essa ou outras alterações que
venham a ser criadas que tornem o NES emulado mais avançado que o NES de verdade têm
chance de aparecer em alguma versão futura do RockNES?
Alexandre: Sim, claro! Quanto melhor... melhor! Além do som, aceleração 3D para filtrar a imagem
(interpolação) é algo bastante requisitado.
Macbee: Finalizo perguntando qual o seu jogo predileto de NES.
Alexandre: Castlevania III (a versão em japonês, porque o som é bem melhor!)
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