PDF - Sociedade Brasileira de Eubiose

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PDF - Sociedade Brasileira de Eubiose
REVISTA ON-LINE QUADRIMESTRAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE EUBIOSE
ANO II – Nº 5
JUNHO A SETEMBRO DE 2013
NAZARÉ DAS FARINHAS - BA
Sistema Geográfico Itaparicano
Fotografia: Jo Stein
EDITORIAL
A
Ciência Iniciática das Idades perpassa todo
o conhecimento humano. E forçando um
pouco o raciocínio, podemos afirmar que é, inclusive,
anterior ao estágio humano, na época em que os
Deuses ainda não haviam se manifestado em níveis
mais densos de matéria e consciência. Esta Ciência
Iniciática nos dias de hoje podemos denominar de
Eubiose.
Ora, a Eubiose diz-nos que durante a descida da
consciência divina para a face da Terra e o seu retorno
como produção, trabalho, experiência humana para
os Deuses, numa espécie permanente de sístole e
diástole, há o que denominamos de divinização do
humano e humanização do divino.
Mas para os seres humanos em geral e o discípulo
da Eubiose em particular, apresenta-se uma tarefa
espiritual, científica, artística em especial, que é
promover o entendimento da miríade de saberes
dispersos, provocados pela própria expansão
da consciência divina e também pela produção
multifacetada da experiência humana. É fundamental
organizar estas informações e também, ao mesmo
tempo, dar-lhe um sentido cósmico e universal.
Com a evolução do conhecimento humano em
forma vertiginosa nas últimas décadas, hoje se sabe
muito sobre a genética, o funcionamento do cérebro,
do cosmos, da física quântica, dos comportamentos
humanos, da robótica e de dezenas de especializações
de todo o tipo. Ao mesmo tempo, as pesquisas
arqueológicas aproximam-nos como nunca dantes de
civilizações praticamente desconhecidas até então.
A capacidade de armazenamento e cruzamento
de informações em computadores cada vez
mais poderosos e sofisticados é desconcertante.
Entretanto, por mais que a humanidade avance
nesses diversos setores da vida contemporânea,
mais difícil torna-se dar um sentido a sua vida diária,
inserir seu projeto de vida numa construção que se
apresente como global, universal.
Daí surge a necessidade de trazer os avanços da
ciência, da tecnologia e, porque não, da arte, para o
dia a dia das pessoas, sem o que grassa a angústia
e a incompletude existencial. Sem isso, o saber
especializado fica mais distante da esfera pessoal,
enquanto a demanda de conhecimento torna-se cada
vez mais rápida, exigente e complexa.
Mas as pessoas não estão indiferentes. Soluções
estão surgindo em toda parte. Novos conceitos
como pensamento ecológico, sustentabilidade e
interdisciplinaridade apontam saídas para essa
solidão angustiante do homem frente ao vórtice da
ciência e da tecnologia. Estas saídas apontam para a
comunicação em rede, equipes interdisciplinares que
buscam as complementaridades pessoais e grupais.
Tudo isso pela simples constatação que é impossível,
numa só pessoa, todas as formas de conhecimento
e informação. Daí, o compartilhar de saberes e a
multiplicação das melhores alternativas para todos.
Com o compartilhamento dos saberes
acontecendo em rede, em vez de estruturas
administrativas baseadas em hierarquias rígidas e
funcionais, poderemos já antever o fim das angústias
existenciais e o aceleramento da humanização
do divino e a divinização do humano. Com isso a
angústia da incompletude, de sentir-se solitário e
alienado do mundo, transforma-se em alegria plena
de estar participando de um projeto de evolução em
que Deuses e Homens trilham juntos o caminho.
v
PRAIA DE ITAPARICA
Fotografia: Associação Cultural Capuêra Angola Paraguassu
4
11
O MISTÉRIO
DOS NÚMEROS,
DOS SONS E
DAS CORES
Henrique José
de Souza
“A Evolução é a lei da Vida. O número é a lei do Universo.
A Unidade é a lei de Deus”.
(Princípios pitagóricos)
TRÊS INTELIGÊNCIAS INTELIGÊNCIA RACIONAL QI, INTELIGÊNCIA
EMOCIONAL QE,
INTELIGÊNCIA ESPIRITUAL QS
Cláudia Hohl Orsi
A Inteligência Cósmica está em tudo o que existe. Ela surge das duas grandes forças, Purusha (princípio espiritual,
alimentado pelo fogo cósmico Fohat) e Prakriti (princípio
criativo, alimentado pelo fogo cósmico Kundalini).
13
A BUSCA DE
ILUSÕES
Eliseu Mocitaiba
da Costa
14
A vida atual, repleta de distrações e divertimentos e pobre
de espiritualidade, vazia de tolerância, amor-sabedoria,
verdade e justiça, arrasta o ser humano para fora de si,
fazendo-o joguete de seus próprios sentidos em prejuízo
de sua qualidade de vida, que deveria ser a essência do
seu bem-viver. Essa mesma harmonia como fundamento
é a base de nova civilização.
EUBIOSE, CIÊNCIA
ACADÊMICA E
CIÊNCIA DAS
IDADES
Alberto Vieira da
Silva
Ciência, Religião, Arte
e Filosofia são apenas
quatro caminhos para o homem chegar à compreensão
do todo, da unidade de que faz parte. Prof. Henrique José de Souza
28
O NOVO PARADIGMA
ÉTICO-CIENTÍFICO
Eduardo Búrigo de
Carvalho
31
Paradigma vem do grego
paradeigma que significa
padrão, modelo.
Ética é o estudo dos juízos
de apreciação referentes à conduta humana, suscetível
de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja
relativamente à determinada sociedade, seja de modo
absoluto.
Científico é o que tem o rigor científico; método científico.
OS CÓDIGOS
DA ESFINGE: A
METÁFORA
Dirceu Moreira
Conta uma antiga lenda
que em certa noite de céu
muito límpido as estrelas
resplandeciam, bailando
no ar, como se estivesse acontecendo um grande espetáculo de incomensurável beleza.
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3
A MINHA MENSAGEM AO MUNDO ESPIRITUALISTA
QUINTA, SEXTA E SÉTIMA PARTES
ESPIRITISMO, OCULTISMO, TEOSOFIA E MAÇONARIA
O MISTÉRIO DOS NÚMEROS, DOS
SONS E DAS CORES!
IV
Hernrique José de Souza
Fundador da Sociedade Brasileira de Eubiose
“A Evolução é a lei da Vida. O número é a lei do Universo. A Unidade é a lei de Deus”.
(Princípios pitagóricos)
A Ciência dos números e
a arte da Vontade, já diziam
os sacerdotes de Mênfis, são
as duas chaves da Magia, que
abrem as portas do Universo.
O número não era
considerado pelos antigos
iniciados como uma quantidade
abstrata, mas como a virtude
intrínseca e ativa do Um
Supremo – origem da harmonia
universal. A Ciência dos
números era a das forças vivas,
das faculdades divinas em ação
nos mundos e no homem, no
macrocosmo e no microcosmo.
De fato, se partirmos da
“Unidade para a diversidade”
– segundo nos ensina uma das Estâncias de Dzyan,
isto é, de que “Deus se divide para realizar o supremo
sacrifício” – logo deparamos com a sua tríplice
manifestação, já com os nomes que lhe dão as várias
escolas filosóficas e religiosas, como por exemplo:
Vontade, Sabedoria e Atividade; Pai, Filho e Espírito
Santo – as Três Pessoas dos cristãos; a Trimurti
do esoterismo hindu – Brahmâ, o criador, Shiva,
o destruidor, ou melhor, transformador, e Vishnu,
o conservador; como forças centrífuga, centrípeta
e equilibrante, e até, nas Três Normas ou Parcas
mitológicas – Clotho, Lachesis e Atropos, cuja
primeira sustinha a roca, a segunda fazia girar o fuso e
a última cortava o fio.
Essa Causa Una e
Trina – Deus ou Logos
das principais religiões – é
adorada como Ishwara
ou Pratyagatma na Índia
(o Ser Supremo donde
emanaram todas as
individualidades; centro
de existência imutável, que
vive no seio da Existência
Única, como Logos Solar,
Espírito cósmico, Atmâ
etc.); como Tetragramaton
(Jod, Hé, Vau, Hé) na
Cabala. Considerado em
seu papel ativo, é chamado
o Demiurgo (o criador do
mundo, entre os gnósticos),
ou ainda, Viswakarma,
o Deus arquiteto, construtor do Universo. Pouco
importa o nome que lhe derem, é sempre o Deus com
atributos – Brahmâ-Saguna, proveniente da Divindade
abstrata sem atributos – Brahmâ-Nirguna.
Com essa tríplice manifestação, tudo evolui
através do Setenário, produzindo os refinamentos
infinitos da matéria imponderável – razão, portanto,
da multiplicidade das coisas e, desde logo, o fenômeno
dos sons e das cores – tal como na arte musical.
Harmonia, Melodia e Ritmo através das sete notas da
escala.
De fato, nos números, nos sons e nas cores estão
contidos os grandes mistérios da Vida.
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É como se disséssemos que, números, sons
e cores nada mais são do que um fenômeno
transcendentalíssimo produzido pela repercussão ou
eco (vibração, portanto) da Palavra ou Verbo, através
dos vários estados de matéria – cada vez mais densos –
até chegar a que conhecemos com o nome de “matéria
física”, ou mundo que lhe é correspondente¹¹.
Tal mistério está contido na doutrina do “VerboLuz ou Palavra universal e da evolução humana através
dos sete ciclos planetários”, seguida daquela outra
da “tríplice natureza do homem e do Universo, do
microcosmo e do macrocosmo, coroada pela Unidade
Divina”; como ainda, na que nos ensinam os Puranas:
“O Grande Arquiteto do mundo dá o primeiro impulso
ao movimento rotatório de nosso sistema, caminhando
alternadamente sobre cada planeta e sobre cada corpo”,
cujos planetas, como se sabe, são SETE! ¹²
No homem, por exemplo, através dos seus três
corpos, com os quais tem que atravessar – por meio da
experiência adquirida em múltiplas existências – os
sete estados de matéria, que no caso vertente, melhor
será dito, os sete estados de consciência da escala
evolutiva dos seres.¹³
O grande Iniciado que foi São Paulo, quando fala
de sua Epístola 1 aos coríntios, refere-se à existência
de “um corpo material, um corpo espiritual (o
‘perispírito’ dos espíritas) e um espírito”, embora que
as religiões vulgares confundam – “com o seu típico
materialismo”, como disse o genial teósofo espanhol
Roso de Luna – como um só, os dois distintos termos
de “Alma e Espírito”.
Por sua vez, Plutarco nos diz que “o homem se
compõe de três corpos: o físico, o astral ou anímico e
o espiritual”. E acrescenta: “Erram grandemente os
que confundem o Espírito ou Inteligência (nous) com
a Alma (Psyké). Não menos, os que confundem a Alma
(Psyké) com o Corpo (Soma). Da união do Espírito
com a alma, nasce a Razão; da união da Alma com
o Corpo, nasce a Paixão. Daqueles três Elementos,
a Terra deu o corpo; a Lua deu a alma e o Sol deu
o Espírito; donde se conclui que, o Homem justo e
consciente de todas essas coisas, é, ao mesmo tempo,
durante sua vida física, um habitante da Terra, da Lua
e do Sol.
Os antigos sábios hindus comparavam o homem a
uma flor de Loto: “Sua raiz corpórea está no fundo do
lago; suas folhas psíquicas, no seio tranquilo e “lunar”
das águas; enquanto, a sua corola – que é a alma já
livre da escravidão terrena, e seu perfume, como o
próprio Espírito – banham-se sob os vivificantes raios
do Sol!”.
O Loto é, de fato, o místico emblema da serenidade
budhica... porque, é a planta simbólica que, em sua
incomparável alegoria, consta de sete talos. Quatro (tal
como os “quatro princípios inferiores” do Budhismo
Esotérico) sustêm as respectivas folhas num plano
horizontal, determinado pelo nível das águas; dois
mais elevados sustêm outras duas folhas no ar,
formando os dois vértices inferiores de um triângulo,
em cujo vértice superior resplandece a Flor Sagrada,
isto é, a “Tríade Superior”, conhecida com o nome de
Atma, Budhi e Manas – verdadeiro Eu de cada homem,
para não dizer, os pequenos Eus de que é formada a
Humanidade inteira, como partículas do grande Eu ou
Consciência Universal!
Tudo isso se harmoniza, ainda, com as três forças
principais que agem através dos “sete chacras”
(centros de força) existentes no homem, porque, de
fato, elas são oriundas daqueles três “Aspectos do
Logos”; como as “Três Cordas da Vina de Shiva”, ou
melhor, as “três gunas” ou qualidades de matéria,
conhecidas com os nomes de Rajas, a atividade,
a energia, a força centrífuga; Tamas, a inércia, a
obscuridade, a força centrípeta, e Sattva, o ritmo ou
equilíbrio que daí resulta, donde: Verdade, Pureza e
Luz, ou Beleza, Verdade e Bondade, como querem
outros, mas, de qualquer modo, divinamente expressas
nas exigências musicais de Harmonia, Melodia e
Ritmo...!
E é partindo desse princípio – especialmente do
que era ensinado nos Colégios iniciáticos do antigo
Egito – que a Franco-Maçonaria adotou os Três graus
de Aprendiz, Companheiro e Mestre; do mesmo modo
que se acha maravilhosamente expresso nas “Três
Veredas ou Caminhos” das iniciações bramânicas,
isto é, Jnana, o conhecimento; Bhakti, a devoção e
Karma, a ação – sendo que os dois (caminhos) laterais
condizem perfeitamente com as duas “Colunas do
Templo de Salomão” (Jakim e Bohaz) e até... com o de
uma famosa Fraternidade trans-himalaia, conhecida
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como dos “Bhante-Jaul” (B e J, portanto), da qual as
velhas tradições afirmam ser seu Dirigente “o divino
Maha-Chohan” 14
Até mesmo no processo respiratório – ainda
hoje desconhecido da Ciência oficial, como muitas
outras coisas mais – vemos que é feito através dos
três seguintes nâdis (canal, conduto etc.): Ida, narina
esquerda ou lunar; Pingala, narina direita ou solar; e
Sushumna, ambas as narinas (melhor dito, respiração
central ou andrógina), por isso mesmo, o momento
em que os verdadeiros Yogis procuram comunicar-se
(ligar-se, unir-se, tal como o significado do termo Yoga:
união, ligação etc.) com seu Eu divino (seu Pai, seu
Cristo ou seu Deus, como querem outros).
Como se viu, a função respiratória ou do “Sopro
de Vida” no homem, obedecendo ao transcendental
problema do ternário divino, isto é, através de três
condutos ou canais (nâdis), sujeita-se, no entanto,
ao princípio metafísico do quaternário, porquanto,
o processo respiratório obedece a quatro tempos, a
saber: período de inspiração, período de conservação
do ar nos pulmões, de expiração e finalmente, da
conservação do ar fora dos pulmões. Assim acontece
com a respiração das marés: enchente, preamar,
vazante e baixa-mar; do mesmo modo que nos
períodos ou fases lunares de nova, crescente, cheia e
minguante, sendo que, neste caso, cada período é de
sete dias ou de vinte e oito para os quatro, cujo número
(28) encerra grandes mistérios que não podem ser
ditos de público.15
A cabala, por sua vez, nos fala de três mundos
manifestados e um não manifestado, relacionados
com os três sóis físico, psíquico e espiritual e mais
um oculto, cuja síntese maravilhosa está expressa no
Tetragrammaton sagrado, isto é, no Iod ou Jod, como
princípio ativo; o Hé, como princípio passivo; o Vau,
como equilibrante ou Espírito Santo e a repetição do
Hé, nada mais do que a quarta fórmula de tão sublime
operação mágica, como se disséssemos, a volta ou
retorno à Unidade!... 16
A Tríade ou “lei do Ternário” é, pois, a lei
constitutiva das coisas e a verdadeira chave da vida, já
que ela se nos apresenta em todos os graus da escala
da existência, desde a constituição da célula orgânica,
até a constituição hiperfísica do homem, do Universo
e de Deus – tal como uma Luz Eterna que traspassa
as coisas para tornar mais claras ou transparentes,
como mui bem expresso se acha em um oráculo de
Zoroastro:
O número três reina por toda parte no
universo
E a Mônada é o seu princípio.
Do mesmo modo que, nos Versos Doirados de
Pitágoras:
A Tríade Sagrada, imenso e puro símbolo
Fonte da Natureza e modelo dos deuses.
Assim é que, partindo da Unidade – como
dissemos no começo deste estudo, logo encontramos
o número Três e a seguir, o Sete, perfazendo aquele
misterioso número, que é o 137... de que os Livros
sagrados evitam falar aos profanos, quanto mais quem
de tal mistério nada conhece.
E com isso terminamos o presente capítulo, que só
teve por fim preparar as mentes dos nossos mui caros
leitores, para o que vamos tratar no seguinte, pois,
além de ser uma explanação mais clara do Um, do Três
e, mui especialmente, do SETE – através do mistério
das Raças e suas respectivas sub-raças – cada uma
delas representando um dos Sete graus de consciência
que a Humanidade é forçada a alcançar, durante a sua
peregrinação neste planeta – é ainda, a resposta àquela
pergunta que fizemos no fim do capítulo publicado no
número anterior desta revista. 17
v
H. J. SOUZA
Presidente da S. T. B.
11
- Dizem as escrituras que “o mundo foi criado em sete dias,
pelo poder do Verbo”, isto é, da Palavra, do SOM. Foi, portanto,
este que deu causa à formação do Universo.
E não foi outra a razão porque o grande vidente do século
XVIII, Emmanuel Swedenborg já afirmava que “a lei mais
essencial da Natureza é a da vibração. Um ponto morto, um ponto
imóvel é absolutamente impossível dentro do nosso sistema. Os
movimentos sutis, que chamamos de vibrações ou ondas; os mais
vigorosos, que chamamos de oscilações; as trajetórias dos planetas,
que chamamos de órbitas; as épocas da História, que conhecemos
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como ciclos; tudo, enfim, é um movimento ondulatório, cíclico,
de ondas no ar, no éter, na água, na aura, na terra, por nebulosas,
pensamentos, emoções de todo o imaginável etc.”.
O próprio termo PESSOA ou PER-SONA nos indica que é
“aquilo pelo qual o SOM se manifesta”.
A palavra Som procede do sânscrito swanas, cujo radical swan
quer dizer: ressoar, retinir etc.
Swan quer dizer ainda, cisne ou “a ave sagrada”, que ao
morrer, entoa um canto misterioso (tal como fazem outras aves)...
como despedida da vida. Foi daí que nasceu a frase muito usual
de “o canto do cisne na hora da morte”. Mozart afirmou que o seu
Réquiem “era o seu canto de cisne...”
O Hamsa é o cisne védico que cria os Universos como veículo
do Som eterno, o OM sagrado das tradições.
Este SOM é o Logos platônico, os trovões do Apocalipse, as
trombetas das visões de Ezequiel, a “Voz Divina” ou o “AkashaVani” dos hindus, o Vach (donde proveio o termo “vaca sagrada”,
tão mal compreendido por muitos fanáticos da moderna Índia), que
se manifesta como Sarasvati, a deusa da Palavra e da Eloquência.
É, ainda, representado no Swan-Yin dos chineses, ou “A
Voz melodiosa”, a Mãe da Sabedoria, donde procederam os
nomes Lohans ou Sohans, que tinham os seus sacerdotes – nome
também dado aos primitivos Arhats budistas, pelos belos hinos
que entoavam. Na mesma razão estão os “11 Dhâranis” ou
“mantrans”, usados nas escolas trans-himalaias (de acordo com o
“Senhor das 11 Faces!...”).
A própria palavra Lohengrin (Lohan-grin ou gwin, jim ou jina
etc.) de que se serviu o grande gênio inspirador da Humanidade
– que foi Wagner – é originário do Swan-Ritter brabantino do
“Cavaleiro do Cisne” etc., etc.
Nunca se deve esquecer de que “a música é a arte de sentir e
de pensar em sons”; daí, ser cognominada de “divina arte”, por ser
na Terra o reflexo incomparável da “harmonia das esferas”.
Dizem os livros sagrados: “Entre as cores e sons descansam
as chaves para os resultados objetivos dos processos ocultos do
pensamento. Não só por eles se produzem os efeitos diretos, como
também, por seu uso – consciente ou inconsciente – os poderes
elementais da Natureza podem ser captados e guiados pela
Vontade”!
Toda a Magia dos antigos consistia em se dirigirem eles aos
seus deuses nas suas próprias linguagens, isto é, segundo os
ensinamentos ocultos de que “a linguagem dos homens não pode
atingir aos Senhores”. Para dirigir-se a tão elevados Seres, mister
se faz empregar a linguagem de seu elemento respectivo... “E sobre
a natureza da linguagem de tais elementos, são eles, ainda, que nos
ensinam: “Ela é composta de SONS e não de palavras; de Sons, de
números e formas. Aquele que souber servir-se dessas três coisas
conjuntamente, atrairá a resposta do poder dirigente, isto é, do
deus, do gênio ou força regente do elemento especial de que tem
necessidade.
É a mesma linguagem, pois, das encantações ou dos mantras,
como são chamados nas Índias. O SOM é, com efeito, o agente
mágico mais poderoso e eficaz e a primeira das chaves que abre a
porta de comunicação entre os mortais e os Imortais.
Nos Upanishads se encontra: “No Svara estão os Vedas e os
Shastras, e no Svara está a música. Toda a gente está no Svara:
Svara é o próprio espírito”.
A verdadeira tradução da palavra Svara é a corrente da onda de
vida.
“Esse movimento ondulatório”, diz o grande sanscritista
Rama Prasad, na sua obra As forças sutis da Natureza, “é que
provoca a evolução da matéria cósmica não diferenciada no
universo diferenciado, e a involução deste no estado primitivo da
não diferenciação, e assim por diante, para todo o sempre. De onde
vem esse movimento? Esse movimento é o próprio espírito”.
A mesma palavra Atmã contém a raiz at, movimento eterno;
pode-se observar, de maneira significativa, que a raiz at se
relaciona com as raízes ah, sopro e as, ser, que não é outra coisa,
senão, uma variante dele. Todas as raízes têm por origem o som
produzido pela respiração dos animaee. (Nota da editora: conforme
o original)
Na ciência do Alento, o símbolo técnico da inspiração é sa
e o da expiração, ha. É fácil de ver como esses símbolos estão
ligados às raízes as e ah. A corrente da onda da vida precipitada
chama-se tecnicamente, Hansachasa, isto é, o movimento de ha
e sa. A palavra Hamsa, de que se faz tanto uso em muitas obras
sânscritas e que se emprega para significar Deus, não é, senão,
uma representação simbólica dos dois processos eternos de vida,
ha e sa.
A corrente primordial da onda de vida, diz ele ainda, é, pois,
a mesma corrente que, no homem, toma a forma dos movimentos
de inspiração e expiração dos pulmões e é a fonte da evolução e da
involução do Universo, fonte que penetra tudo.
“Foi o Svara que deu uma forma às primeiras acumulações das
visões do universo”; o Svara causa a involução e a evolução; o Svara
é o próprio Deus, ou melhor, o Grande Poderio (Maheshvara).
Pelo que se vê, Svara, ou aquilo que se pode chamar de
“o Hálito de Brahmâ”, não é nem mais nem menos do que a
inteligência abstrata, ou se tal expressão for mais compreensível, o
movimento inteligente.
E é por isso que no mesmo livro se encontra: “No Svara estão
pintados e representados os Vedas e os Shâstras, no Svara, os mais
elevados Gandharvas, e no Svara, todos os três mundos; o Svara é o
próprio ATMA”.
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- Maior mistério oculta-se no três e no sete a respeito dos
Sons e das Cores! Diremos apenas que, segundo é sabido, as cores
do espectro solar são sete, de acordo com os sete raios de Luz,
simbolizados nos Arcanjos, Elohim ou Dhyans-Chohans..., onde
cada um possui a sua tônica natural.
Simbolizam, ainda, os Sete estados de consciência pelos
quais a Humanidade tem de passar para alcançar a sua evolução
completa na Terra, dos quais os três primeiros são Atma-BudhiManas e os quatro outros, são os chamados “Quatro Princípios
inferiores”, que um dia serão esmagados, ou melhor, cavalgados
pela própria Humanidade redimida, segundo a tradição antiga do
“Kalki-avatara” ou o “Guerreiro descido das nuvens, cavalgando
um cavalo branco”.
Como é sabido, as Sete cores do prisma têm como matrizes ou
cores primárias: o amarelo, o azul e o encarnado; as outras quatro
são complementares, ou melhor, nuances daquelas três primeiras.
Assim é que, o magno problema da vida, comparado ao
mistério das 7 cores do espectro solar, está em se fazer desaparecer
as cores complementares que são nuances, mistura ou falsas
colorações das 3 cores primárias, ou melhor, da Tríade Superior –
Atmã-Budhi-Manas – a fim de que esta volva à sua original pureza
e luminosidade... É o que se pode chamar a posse completa da
Consciência Universal, já que a Tríade Superior, nada mais é do
que manifestação da Unidade-Síntese, cuja cor é o branco para a
maioria... mas, para os conhecedores dos altos mistérios da Vida, é
outra mui diferente!... (Dos nossos “Livros de Revelações”).
O número Sete é profundamente venerado pelos que
conhecem o mistério de tudo quanto se manifesta no universo,
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inclusive entre os brahmanes, em cujas escrituras se encontra, por
exemplo, o seguinte:
Sapta-Richis, os sete sábios da Índia;
Sapta-Pura, as sete cidades celestes;
Sapta-Dwipa, as sete ilhas santas (continentes e também
globos das cadeias planetárias, já que uma coisa é sombra da outra,
segundo a teoria hermética de que o que “está embaixo é igual ao
que está em cima”... Os continentes, segundo os Puranas, são sete:
Jambu, Plaksha, Salmali, Kusha, Kraunka, Shaka e Pushkàra);
Sapta-Saamudra, os sete mares;
Sapta-Nady, os sete rios sagrados;
Sapta-Par atta, as sete montanhas santas;
Sapta-Arania, os sete desertos sagrados;
Sapta-Vrukcha, as sete árvores celestes;
Sapta-Cula, as sete castas;
Sapta-Loka, os sete mundos superiores e inferiores etc...
Segundo os brahmanes, o número sete encerra em seu sentido
místico, uma representação alegórica do Deus irrevelado, da Tríade
inicial e da tríade manifestada: Zyaus, o Deus irrevelado – germe
imortal de tudo o que existe; Tríade inicial, Nara-Nari-Viradj,
porque Zyaus, tendo dividido seu corpo em duas partes (o Pai-Mãe
das escrituras santas), macho e fêmea – Nara e Nari, produziu
Viradj, o Verbo Criador. Tríade manifestada, Brahma, Shiva e
Vishnu (são as três deusas da Mitologia grega: Cloto, Lachesis e
Atropos, uma que fiava, outra que tecia e outra que cortava o fio;
do mesmo modo que Brahmâ é o Criador, Shiva o destruidor, ou
melhor, transformador e Vishnu, o conservador).
A Tríade inicial, puramente criadora, transforma-se em
Tríade manifestada, uma vez o Universo saído do Caos, para criar
perpetuamente, conservar eternamente e consumar sem cessar.
Devemos lembrar como um sinal indelével de origem, como os
Judeus deram, igualmente, um sentido misterioso ao número sete.
Segundo a Bíblia:
O mundo foi criado em Sete dias;
As terras devem repousar todos os Sete anos;
O ano do jubileu sabático volta todas as Sete vezes, Sete anos;
O grande lustre de oiro do templo tem sete braços, cujas
sete chamas representam os Sete planetas (melhor dito, “corpos
físicos” dos 7 Planetários!...)
Sete sacerdotes fazem ressoar sete trombetas durante sete dias
em volta de Jericó e as muralhas dessa cidade se desmoronam no
sétimo dia, depois que o exército israelita deu sete voltas em torno
dela.
Encontra-se no Apocalipse de João:
As sete igrejas (as sete religiões, embora a de Roma queira
ser a única);
Os sete candelabros;
As sete estrelas;
As sete lâmpadas;
Os sete selos (sinetes, símbolos etc.);
Os sete anjos (Michael, Gabriel, Samael, Raphael, Sachiel,
Anael e Cassiel. Seus nomes esotéricos são bem outros);
Os sete vasos;
As sete chagas.
Do mesmo modo, o profeta Isaías querendo dar uma ideia do
brilho da auréola que cerca Jehovah, diz:
“Que ela é sete vezes maior do que a luz do Sol e semelhante à
luz dos sete dias reunidos”.
A religião católica, que é uma cópia infiel de tudo isso, pois
foi onde arrecadou todos os retalhos de que se compõe, também
fala em Três Pessoas distintas e um só Deus verdadeiro, reproduz
o que dizem os judeus etc., etc. fala nas Sete profecias de Ezequiel
e até possui os candelabros de sete velas, que ela própria ignora
ser um símbolo dos Sete Elohim, Arcanjos etc. Sem falar em Jesus,
Maria e José, que nunca foram entidades viventes ou pessoas, como
ela (Igreja romana) o julga; do mesmo modo que copiou o PadreNosso, Ave-Maria e Salve-Rainha etc., etc., do Kodisck hebreu,
como também, dos textos hindus – como provaremos no decorrer
de nossa “Mensagem ao mundo espiritualista”.
E como acabássemos de comemorar o centenário de Goethe,
repetimos aqui estas suas palavras: “Para atingir a perfeição
na arte do colorido, o artista deve coordenar os efeitos morais
(o grifo é nosso) das cores, os seus efeitos fisiológicos, a sua
natureza técnica, enfim, a influência que sobre elas exercem as
circunstâncias exteriores. As cores atuam sobre a alma; podem
excitar-lhe sensações, despertar-lhe emoções – ideias que nos
tranquilizam ou nos agitam e que, ou provocam a tristeza ou as
alegrias”.
E é por isso que dizemos: e como “gostos e cores não se
discutem”, foi que gostamos ou preferimos a TEOSOFIA, por ser
a Cor Síntese donde as demais cores – as religiões e filosofias – se
derivaram!
Repetimos esta anotação publicada no número anterior desta
revista, no artigo intitulado “Iniciando pelo Rádio”, porque...
“água mole em pedra dura...” – pese isso a opinião de muita gente
que implica com repetições – inclusive o jesuíta L. Franca, que
chega a dizer nas suas Noções de História das filosofias: “Salvo
exceções (graças a Deus que existem “exceções”!...) a literatura
budhista é quase sempre escrita ‘no mais insuportável dos estilos’
(citando Barth, mui propositadamente, por ser favorável à sua
Igreja) e acrescenta por sua conta: “estilo derramado, prolixo,
enfadonho e repisado em inúmeras repetições”...
Se com todos esses defeitos o Budhismo não foi compreendido
(se é que não foi... pois acima da Consciência está o “Perinde ac
cadaver”...!) pelos Franca (sinônimo de lealdade, sinceridade,
franqueza e outras grandes virtudes), Barth e outros mais, que dirá
se a linguagem obedecesse ao estilo “não derramado...” desses
críticos do Ocidente, que se fizeram “filhos espúrios do Oriente”
ou o lugar donde procede toda a Luz que se “derrama” (aí, sim,
é que tem razão o derramar!) ou reflete por sobre a Humanidade
inteira!...
Mas é que, o jesuíta Franca, por exemplo, ignora ou finge
ignorar o que disse um outro mais sincero de sua Igreja – que foi
Frei Domingos Vieira, à página 845, do seu Dicionário da Língua
Portuguesa, quando fala do termo Budhismo: “No Cristianismo
existem vários traços do Budhismo na sua formação”... Diante
disso... se não presta o Tronco, que fará o resto da árvore, a
não ser que desta só existam “as parasitas” (ou “os parasitas”,
se o quiserem, como sugadores ou vampiros da “Árvore de
Bodhi”, donde provém o termo Budhismo ou Bodhismo, isto é,
“Iluminação, Sabedoria perfeita etc., etc.”) Não há como dizer:
Traduttore, traditore!”
13
- Muita gente confunde corpos com estados de consciência.
Daí o negarem a existência de três corpos e afirmarem que são sete.
Roso de Luna, em La Esfinge (obra que recomendamos aos
estudantes de Teosofia, por ser a mais sintética de quantas se
conhece), falando das classificações das várias escolas filosóficas,
junho a setembro de 2013
8
diz, a respeito do Homem sétuplo: “As duas classificações de yogis
e vedantinos são, no fundo, o precedente histórico da chamada
classificação setenária teosófica, que foi dada pela primeira vez
ao mundo ocidental na famosa obra de Sinnett “O Budhismo
Esotérico”, o qual, seguindo os ensinamentos de então, dividiu
o homem em um Ternário ou Tríade Superior, como diriam os
pitagóricos, a saber: Espírito, alma espiritual e mente superior
ou abstrata (“Atmâ-Budhi-Manas”, ligada pela mesma mente
ao Quaternário Inferior (“kama-manas”) ou mente animal e seu
invólucro kamarupico: “linga-sharira” ou corpo astral perispírito
dos espíritas, corpo glorioso (como diria São Paulo), “prana” ou
vida e “sthula-sharira” ou corpo físico”.
Isso importa em dizer que nesse quaternário inferior (os
quatro elementos: Sthula-sharira, Prana, linga-sharira e Kamarupa está o corpo físico, logo sustentado pela Alma, em Manas
e pelo Espírito, em Budhi e Atmâ. Na Vedanta, o Sthula-sharira
corresponde a Anna-maya-kosha; Prana, Linga-sharira e Kamarupa a Pranmaya-kosha; parte de Kama-rupa (daí a teosofia falar
em Mental inferior e Mental superior) e Manas, correspondendo a
Mana-maya-kosha, Vijñana-maya-kosha; Budhi e Atmã a Anandamaya-kosha e Atmã. Na Taraka-raja-yoga, os quatro princípios
inferiores correspondem a Sthula-upadhi; Manas a Sukshmaapadhi e Atmã a Atmã. Extraído do quadro de correspondências
dos elementos do Homem, segundo as várias escolas, da D. S. de
H. P. B.).
Pelo que se viu, esses elementos são o sustentáculo dos três
corpos, ou melhor, os veículos que os ligam entre si. Em outro
capítulo explanaremos melhor o caso, principalmente o que resta
post-mortem; que é o que se apresenta nas sessões de espiritismo;
que é o verdadeiro “ego” ou parte encarnante no homem etc.
Agora diremos, apenas que, esse quaternário inferior é o
esforço das quatro Raças que já apareceram... (residentes ainda
na conformação de nosso organismo) e a Tríade Superior, a parte
divina que age interna e externamente no homem... porquanto, a
raça ária a que pertencemos, vem desenvolvendo o Mental (isto é,
apurando as imperfeições de Manas inferior, para Manas superior,
a fim de que este seja banhado por Budhi (digamos, na 6ª RaçaMãe, mui longe de nossos dias, ainda) e, finalmente, na 7ª por
Atmã, ou melhor, redimindo a Humanidade do seu quaternário
inferior. Daí, a tradição do “Kalki-avatara” ou Cavalo Branco, isto
é, “o guerreiro que cavalga o cavalo branco” (Atmã, Budhi-Manas
cavalgando o quaternário inferior etc.)
No próximo capítulo, falando do passado, do presente e
do futuro da Humanidade até o final da Ronda, abordaremos o
assunto com maior amplitude.
14
- Daí, ainda, a razão porque muitos iniciados adotaram por
nome oculto aquele onde figurassem as duas letras misteriosas:
J. B. José Bálsamo, por exemplo, (Cagliostro) representando
a Maçonaria egípcia, não podia deixar de possuir um nome
esotérico nessas condições. Os próprios termos Jerusalém e
Belém (nascimento e morte hipotéticos de Jeoshua Ben Pandira, o
chamado Jesus pelos ignorantes da vida de tal Ser) se relacionam
ao caso. Do mesmo modo, Yokanan ou o mítico João Batista (J.
B., portanto), como predecessor do “Messias prometido” – já que
todo aquele que falar na Redenção Humana – através de seus “Sete
Redentores”, ou melhor, “partículas do Redentor-Síntese”, que
só virá no final da evolução humana, como a própria Humanidade
salva ou redimida (por seus próprios esforços) – dizemos, tal ou
tais Yokanans (ou João Batista), são o símbolo das colunas laterais
(J. e B., ou melhor, das duas Veredas ou Caminhos) cujo terceiro
– o do meio ou Karma – é Ele, o chamado Messias (o Messiah ou
Sosioh persa, o Maitreia das tradições trans-himalaias, ao qual se
tem erguido tantas estátuas no passado e até no presente, “cuja
vinda será no Ocidente”, como dizem tais tradições. Tudo isso está
ligado ao próprio nome de Shamballah, ou “País do Ocidente”, de
que teremos de falar em outro Capítulo). O Caminho central ou de
Karma é o de todos os Crestos, ou “homens da dor”, que em Cristos
se hão de tornar, quando houverem alcançado a Meta desejada, isto
é, o fim de tal caminho: a consciência plena de si mesmo!...
Afora as definições de Burnouf e de outros grandes
sanscritistas a respeito da palavra Maitreya, encontra-se em
“Fragments extraits du Kaudjour” (Annales du Musée Guimet,
tomo V, pág. 84), o seguinte: “Maitreya (ou do amor, Maitreya
ou Maitri-samadhi). Em tibetano Byams-pa. Ting-ge-hdzin, é
o samadhi ou contemplação. Byams-pa significa compaixão ou
complacente e corresponde a Maitri e a Maitreya. Maitri, é o amor
distribuído entre todos os seres. Maitreia, é o nome do Budha que
deve aparecer quando acabar o período assinalado a Sakya-Musi”.
(Nota da editora: conforme o original)
Todas essas definições não deixam de possuir o seu valor.
Porém, acrescente-se esta de hoje: Maitri provém de Maya (matéria
ou ilusão) e tri (três), que traduzido ao pé da letra, seria “três vezes
ilusão”, ou três ilusões, se o quiserem; mas, no seu verdadeiro
sentido oculto, é: aquele que venceu as três qualidades de matéria
(digamos os três corpos, os três mundos etc., etc.). É, portanto,
“o senhor dos três mundos” – o Rei dos Reis, cujo símbolo está
maravilhosamente expresso no do “Rei do Mundo”, entre seus
dois Ministros ou Colunas laterais (J. e B.) e representado, ainda,
por tudo quanto já se falou acima – inclusive os três Caminhos
ou Veredas etc. Como ainda, nos “Três Reis Magos”, que a Igreja
pensa terem sido reais ou verdadeiros, do mesmo modo que, alguns
ocultistas e até, teósofos eméritos.
Esse símbolo envolve, o maior de todos os mistérios, ou
seja o do Pranava ou Palavra Sagrada (o A U M), sujeita a sete
transformações, algo assim, como já se falou neste Capítulo a
respeito do Ternário através do Setenário...!
Em número atrasado desta revista, tivemos ocasião de explicar
como tal Palavra deve ser pronunciada e os seus grandes valores
ocultos. Porém, sem nos esquecermos de acrescentar que, todos
esses valores são nulos, quando semelhante processo é feito (como
muito bem disse o Mahatma K. H.), por pessoas de caráter mal
formado – principalmente, querendo fazer mau uso da mesma, em
benefício próprio, por isso mesmo, em detrimento do próximo (que
pela Lei das coisas, é a própria pessoa operadora. “Não faças aos
outros o que não queres que te façam”. “Ama ao teu próximo como
a ti mesmo”. São frases por demais expressivas para serem aqui
comentadas).
15
- O verdadeiro mês lunar é de 28 dias, isto é, sete dias para
cada uma das quatro fases lunares. Nenhuma outra ocasião melhor
para a reforma do Calendário do que o ano de 1933, pois começa
em um Domingo e no primeiro dia da Lua Nova. Tudo se ajustava
perfeitamente! Mas, como os anos tivessem de ser de 13 meses,
assombrou os adeptos de Gregório XIII – o autor da reforma
do antigo Calendário!... E assim, tal reforma ficará para... “as
calendas gregas” (donde provém a palavra Gregório)!...
16
- São as “Quatro Cabeças”, os quatro sóis Nahoas, os
quatro sóis da Cabala etc. Myer’s, na sua incomparável Cabala,
diz: “Aziluth: o nome com que se designa o mundo dos Sephirot,
chamado mundo das emanações. Olam Aziluth. Aziluth é o grande
Selo Sagrado, por meio do qual se copiaram todos os mundos que
têm em si impressos a imagem do Selo. E como este grande Selo
compreende três graus, que são os três sures (protótipos) de:
junho a setembro de 2013
9
1º - Nephesh: a alma vital,
2º - Ruah: a alma racional,
3º - Neshamad: alma suprema, assim os selados receberam
também três sures:
1º - Briah,
2º - Yectzirah,
3º - Asiah,
sendo estes três sures um só no selo.
Azilith: o supremo dos quatro mundos de Cabala, relaciona-se
unicamente com o puro espírito de Deus.
O mistério do Ternário que se faz quaternário para fundir-se
novamente no Um, está ainda contido nas “Três Faces cabalísticas”
(em hebreu: Partzuphim), que são:
1º - Arish – Anpin: o Face Larga,
2º - Seir – Anpin: a Face Curta,
3º - Resha-Hivrah: o Cabeça ou Face Branca
Essas três Cabeças, estão numa só cabeça (isto é, três mais um
igual a quatro, mas expresso numa só coisa... que tem o nome de
Attikah Kadosha – Santos antigos e as Faces).
Quando tais faces olham uma para a outra, os “Santos
antigos” em três cabeças, ou Attikah Kadosha, recebem a
denominação de Arikh Appayem, ou seja “Caras largas”.
17
- Tal pergunta, foi: Tendo a Humanidade vencido – na sua
longa ascensão para o Divino – o estado de consciência em que se
encontra atualmente – pouco importa se longe ainda do término
de experiências por que tem de passar até a sua completa redenção
– é admissível que a mesma continue agindo segundo os graus de
consciência alcançados em épocas remotíssimas de sua História –
embora que todos eles, harmônicos ou afins com a infância de sua
vida?
Todas as palavras sânscritas, hebraicas etc., conservamos na
sua verdadeira grafia.
REFERÊNCIA:
Dhâranâ nº 73 e 74, julho a dezembro de 1932.
TEMPLOS DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE EUBIOSE
SÃO LOURENÇO - MG
ITAPARICA - BA
NOVA XAVANTINA - MT
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TI
RÊS INTELIGÊNCIAS
nteligência Racional QI
I
I
nteligência Emocional QE
nteligência Espiritual QS
sCláudia Hohl Orsi
A
Inteligência Cósmica está em tudo o
que existe. Ela surge das duas grandes
forças, Purusha (princípio espiritual, alimentado pelo fogo cósmico Fohat) e Prakriti (princípio criativo, alimentado pelo fogo cósmico
Kundalini).
Esta Inteligência possui em si as sementes
de toda a vida obedecendo sempre às Leis da
Evolução, dos Ciclos e das Causas e Efeitos. A
Inteligência Cósmica aparece no ser humano
como “Eu Superior”.
Pelo Princípio do Mentalismo deixado pelo
Mestre dos Mestres do Antigo Egito, Hermés,
temos que “o Todo é Mente; o Universo é Mental.”
“O Universo é uma criação Mental do
Todo.” O Mundo é a manifestação da ideia primordial e a ideia primordial está na origem e
por trás de toda a criação.
Temos então, segundo Henrique José de
Souza, que “A inteligência é o espírito de Deus
no homem”.
A Eubiose trabalha harmonicamente
com três atributos divinos, para conduzir os
discípulos pelo caminho da evolução. São
estes: Inteligência – Amor – Vontade (Mente –
Emoção – Vontade), através da Escola – Teatro
– Templo.
Segundo Danah Zohar, que é diplomada em
Física, Filosofia e Religião, formada pelo MIT e
Harvard, as inteligências devem ser divididas da
seguinte forma:
a) Inteligência intelectual que trata do que
pensamos.
b) Inteligência emocional que trata do que
sentimos.
c) Inteligência espiritual que trata de quem
somos.
Diz ela que a Inteligência espiritual é que
mais nos diferencia de máquinas, computadores e outros animais, porque é a que nos dá o
senso de propósito, valor e sentido na vida. Dános o porquê da vida.
Até a década de 90 dava-se muito valor aos
testes de QI (Quociente de Inteligência), que
é medido através de uma série de avaliações.
Acontece que várias pesquisas foram feitas e
constatou-se que ter um alto QI não determinava o sucesso de uma pessoa. A arrogância, o
egoísmo e a timidez poderiam ser os motivos de
seu fracasso.
Chegou-se então à conclusão de que os
conhecimentos racionais combinados aos emocionais em perfeito equilíbrio podem sim levar o
indivíduo ao sucesso.
Aparece então o conceito de Inteligência
Emocional, sendo que o QE é o quociente de
inteligência emocional.
Já nos deixou Henrique José de Souza o
seguinte pensamento:
A
Inteligência
Cósmica
aparece no
ser humano
como “Eu
Superior”.
“Quem souber colocar sua inteligência ao lado do
coração, alcançará na Terra as maiores alturas.”
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11
Aristóteles, o grande filósofo, já conhecia a verdade
filosófica da Inteligência Emocional, que é levar em
consideração a hora e local para se manifestar. Ter o
controle sobre suas emoções.
Palavras de Aristóteles:
“ Qualquer um pode zangar-se. Isso é fácil.
Mas zangar-se com a pessoa certa, na
medida certa, na hora certa, pelo motivo
certo e da maneira certa, não é fácil.”
O segredo todo está no autocontrole.
O primeiro passo para se atingir o autocontrole é
que se faça um trabalho de autoconhecimento.
Com a consciência dos erros pode-se promover
sua correção. E com a consciência dos acertos, sua
ampliação.
Como alcançar esta inteligência?
Entre as aptidões básicas para isso temos o
autoconhecimento, a capacidade de empatia, o
reconhecimento das emoções dos outros e o saber se
relacionar.
I
C
omprovações científicas
Michel Persinger (neuropsicólogo) no início dos
anos 90 e Ramachandran (neurologista) em 1997
identificaram no cérebro humano o “Ponto Deus” ou
“Módulo Deus”, que é a necessidade humana de buscar
um sentido na vida.
No Brasil o professor de neurocirurgia da Faculdade
de Medicina de São Paulo, Raul Marinho Jr, com
seu livro A religião do Cérebro faz uma análise da
possibilidade da existência de uma área no cérebro,
responsável pelo conceito de Deus.
A Eubiose, em seu processo iniciático, trabalha com
os três atributos divinos que são:
VONTADE
MENTE
EMOÇÃO
Trabalhados através de:
nteligência Espiritual
TEMPLO
Ligada à inteligência Emocional, ela dá-nos o
sentido da vida.
Ela une de forma equilibrada razão e emoção.
Tem em si a capacidade de ser flexível, ter grau
elevado de autoconhecimento, capacidade de enfrentar
a dor e ter um aprendizado com o sofrimento causado
por ela, ser relutante em causar danos aos outros, fazer
analogias, viver o presente, descobrir a vocação, ter
compaixão, humildade, ser positivo.
A inteligência espiritual identifica os problemas e
dá ao indivíduo a capacidade e meios para que ele os
resolva da melhor forma.
O desenvolvimento desta inteligência independe de
crença religiosa.
Quem tem esta inteligência desenvolvida assume
mais riscos e age com entusiasmo em tudo o que faz. A
palavra entusiasmo vem do grego e quer dizer en+theos,
em Deus, sopro divino, inspiração divina. Age desta
forma porque tem fé. Tem certeza dos resultados.
Persevera.
Segundo alguns psicólogos, filósofos e teólogos, a
Inteligência Racional mais a Emocional equilibradas
podem trazer crescimento profissional, financeiro
e pessoal, mas só com a Inteligência Espiritual
desenvolvida o ser humano tem condições de alcançar a
paz interior e a verdadeira alegria de viver.
ESCOLA
TEATRO
E as três inteligências desenvolvidas são:
INTELIGÊNCIA ESPIRITUAL
iNTELIGÊNCIA
RACIONAL
iNTELIGÊNCIA
EMOCIONAL
v
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
1 - http://www.reocities.com/HotSprings/4630/ayurveda1.
htm
2 - http://jbonline.terra.com.br/jb/papel/colunas/
boff/2003/12/04/jorcolbof20031204001.html
3 - http://quesabemosnos.blogspot.com/2006/08/o-pontodeus-no-cerebro.html
4 - MARSHALL, Ian. ZOHAR, Danah. Inteligência Espiritual.
Viva Livros.
5 - GOLEMAN, Daniel. Inteligência Emocional. Objetiva
6 - MARINHO JR., Raul. A Religião do Cérebro.
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12
EM BUSCA DE ILUSÕES
sEliseu Mocitaiba da Costa
A vida atual, repleta de distrações e divertimentos e pobre de espiritualidade, vazia de
tolerância, amor-sabedoria, verdade e justiça, arrasta o ser humano para fora de si, fazendo-o
joguete de seus próprios sentidos em prejuízo de sua qualidade de vida, que deveria ser a essência do seu bem-viver. Essa mesma harmonia como fundamento é a base de nova civilização.
N
a vida moderna multidões de alucinados
apresentam-se em toda parte. A todo instante
os deprimidos, ansiosos, frustrados e insatisfeitos
denunciam a má qualidade de vida espiritual que reina
em todo lugar.
Grupos de desempregados buscam a todo custo
tomar posição entre os menos deserdados sempre
primando pelo interesse próprio pela facilidade de
ganho e colocação.
Alguns se colocam entre aqueles que governam,
esquecendo os momentos difíceis por que passaram
e partem para a vida e a posse do que é mais fácil. E,
abonados pela facilidade sem o menor vestígio de
consciência assumem a postura de defensores dos
pobres, envolvendo-se entre corruptos e desalmados.
As salas de bate-papo da internet revelam pessoas
desocupadas, vazias de princípios, sem vestígio
de nobreza moral, que se mascaram de gênios e
intelectuais. Elas acabam atraindo os incautos e levam
as crianças, que deslumbradas pelo fenômeno da
informática, partem por caminhos duvidosos, sem
educação e sentimento, cujo resultado quase sempre
acaba em desastres.
Os professores
e educadores foram
jogados ao ostracismo
da educação,
justamente, onde
deveriam vingar em
todas as famílias como
referência em toda a
sociedade.
Famílias inteiras buscam melhor qualidade de
vida para criar seus filhos. Sem contar aquelas que,
banhadas em soberbia, nutrem a doce ociosidade dos
desenganos e incertezas, escondendo-se por trás do
poder temporário em aparências, que sem estrutura,
com o tempo se desequilibra e cai.
Os governantes de todo o mundo, que não reinam
nem a si mesmos, chefiam um planeta desorientado e
sem rumo, expressando o fim dos tempos apodrecido e
gasto.
Muitos, depois de milênios sem conta, ainda buscam
desesperançados, algo que constatam tão distante, lá
no céu. Outros, almejando os conflitos ou crises nas
reformas sociais, políticas e financeiras para um mundo
melhor.
Com certeza a retomada de consciência pela reforma
da qualidade de sentimentos e pensamentos é necessária
e urgente em todos os recantos, onde, então, será feito o
maior investimento, pela própria humanidade, em um
novo edifício humano estruturado pela Consciência do
terceiro milênio.
junho a setembro de 2013
v
13
Eubiose,
Ciência Acadêmica e Ciência das Idades
sAlberto Vieira da Silva
Ciência, Religião, Arte e Filosofia são apenas quatro caminhos para o
homem chegar à compreensão do todo, da unidade de que faz parte. Prof. Henrique José de Souza
Introdução
D
e acordo com o conhecimento iniciático e
esotérico tradicional – e a própria Astrologia –,
a época de hoje coincide com a transição de um grande
ciclo evolutivo, o de Peixes, para o ciclo de Aquário.
Existem, porém, muitos outros aspectos não menos
importantes que têm a ver com mudanças determinadas
pela chamada Grande Fraternidade Branca – ou
Governo Oculto do Mundo – para a dinâmica da
evolução, aspectos esses estudados detalhadamente
dentro da Escola Iniciática da Sociedade Brasileira de
Eubiose, a Ordem do Santo Graal. Há 30 anos ou mais,
semelhante informação seria considerada especulativa e
até fantasiosa, mas o cenário mundial de hoje não deixa
dúvidas de que a Humanidade se encontra num de seus
grandes pontos de viragem.
Se bem que o presente artigo constitua não mais
que uma abordagem inicial ao tema que seu título
anuncia, é de considerar, desde logo, a importância
do conhecimento e da descoberta para o presente
momento da Civilização. E de tal forma que muitos
autores, pesquisadores, líderes de opinião da área das
Ciências Sociais não hesitam em chamar esse momento
civilizacional de “Sociedade do Conhecimento” e já não
de “Sociedade da Informação”, como era comum duas
ou três décadas atrás.
Pode-se perguntar como, da informação dispersa
ou focada num dado assunto, pode ser gerado
conhecimento; e como do conhecimento pode
surgir consciência. Trata-se de uma discussão que
se encontra além da epistemologia clássica, que
trata o conhecimento como algo adquirido de fora
para dentro do indivíduo, esquecendo seu potencial
interno, potencial esse demonstrado, aliás, por todos
os grandes gênios em qualquer dos campos do saber
humano. Como se sabe, a Epistemologia é um ramo da
Filosofia que trata da teoria do conhecimento. O que é
conhecimento? De onde vem o conhecimento? Quais
são as origens do conhecimento? O que é conhecimento
válido?
Porém, aquilo a que se chama de consciência
constitui uma realidade além do conhecimento. A
consciência não despreza o conhecimento, mas não
se satisfaz com ele, porque vai mais longe: ela avalia
e explora. Por outro lado, o conceito de “consciência”
também não se limita, em nossa Escola e na conotação
que lhe vem sendo dada no domínio público, à
“consciência moral” de que falam as igrejas e religiões.
Ela é algo muito mais amplo, é um sentido inerente
a cada ser humano que tem a ver com o próprio
desenvolvimento interno individual, e com o processo
de aprofundamento e alargamento da inteligência e da
sensibilidade. Assim, percebe-se que a consciência e sua
voz, a popularmente conhecida voz da consciência, é
algo muito próximo do que podemos chamar de intuição
e, no Oriente de cultura védica e budista chamada
buddhi, com o sentido de intelecto superior, inteligência
ou razão intuitiva, consciência “desperta”, enfim,
a faculdade que torna possível a Sabedoria. O Prof.
Henrique José de Souza, fundador da SBE, elabora esse
conceito de uma forma particularmente clara:
Manifesta-se no homem, a lei ou força vital,
tal como nos demais seres organizados, principalmente o Instinto, desde seu nascimento.
À medida, porém, que vai crescendo, começa
a perceber que em si existem duas personalidades distintas: uma como voz do Instinto,
e outra, como Voz da Intuição, ou antes, da
Consciência, que é, de fato, o verdadeiro Juiz
que nos impele a fazer o Bem e nos condena
– através do Remorso – quando praticamos
junho a setembro de 2013
14
o Mal. Desde então, desenvolve-se em nós um
fator a mais, que virá despertar os nossos
sentimentos ou paixões anímicas. Esse fator é
a Inteligência, mediante a qual observamos,
analisamos, discorremos, tiramos deduções,
formando, portanto, cada vez mais, a sua
Consciência, que é, finalmente, a conclusão
de tudo isso.1
Segundo os estudos realizados no âmbito da
Eubiose, a consciência é desenvolvida por estágios,
etapas que variam muito de indivíduo para indivíduo:
“estados de consciência” que se vão sucedendo ao
longo da evolução da mônada e, para alguns em estágio
mais avançado, quando entram no Mágico Triângulo
da Iniciação, que é o da Mônada Divina, a Consciência
Imortal, o Deus de cada Homem, como sugeria o Prof.
Henrique José de Souza, fundador da SBE.
A consciência como forma finíssima e aprimorada
de percepção individual, e também como objeto de
estudo, possui um sinônimo muito feliz em língua
inglesa – awareness2. E “Consciência” tornou-se um
tema conceitual que começa timidamente a surgir
internacionalmente em debates e pesquisas, inclusive
no seio das universidades, apesar de ter sido suscitado
ao mundo culto há mais de quarenta anos pelo notável
pensador e cientista social Edgar Morin, com a
publicação, em 1982, de Ciência com Consciência3. Uma
sociedade sustentada em conhecimento, como é a nossa,
e em conhecimento que cria permanentemente todo um
universo tecnológico, vê também sua responsabilidade
muitíssimo aumentada do lado da ética e da aplicação
adequada dessa mesma tecnologia, do ponto de vista
social e ambiental.
A Eubiose, apesar de sua ligação umbilical com o
conhecimento iniciático tradicional e demais expressões
da espiritualidade ao longo da História, não se encontra
limitada às interpretações reducionistas criadas da
deturpação progressiva das religiões e do próprio
conceito de espiritualidade, cada vez mais superficial e
engessado com adereços formais. O mundo de hoje é um
verdadeiro universo em expansão, um Novo Mundo em
formação... E os diálogos entre culturas e religiões antes
afastados, entre disciplinas do saber anteriormente
concorrentes e exclusivistas, geram progressivamente
uma consciência coletiva. Essa nova consciência em
formação encontra-se acima do predomínio de uma
identidade sobre a outra, justamente porque tem base
no diálogo e não no predomínio: é a “aldeia global”,
ligada por redes de informação e conhecimento,
na qual cada vez mais os seres humanos procuram
saber, aperfeiçoar-se por esforço próprio e não
pedindo a Deus que os ilumine... ou que os favoreça
de algum modo. A nova mentalidade procura manter-
Edgar Morin
O mundo de hoje é
se autônoma, independente dos
um verdadeiro uniantigos centros e líderes de opinião, verso em expansão,
predominantemente religiosos
um Novo Mundo em
ou políticos. Assim, importa que
formação...
a Eubiose seja considerada no
fluxo tendencial do melhor e mais contemporâneo em
termos de conhecimentos e práticas, e na perspectiva
do melhoramento humano, individual e socialmente
entendido de hoje para o futuro, não apenas como um
remanescente da Tradição Primordial, de olhos no
passado.
A discussão aqui proposta é instigadora e palpitante,
na medida em que, se a Ciência acadêmica se mostrou
durante os 150 anos anteriores aos meados do século
vinte, de um dogmatismo semelhante ao Catolicismo
e a outras formas de religião confessional, existem,
sem dúvida alguma, profundas mudanças no ar:
mudanças essas que definem tendências e práticas
que se aproximam muito da orientação da Tradição
ou Sabedoria Primordial, hoje quase esquecida e
sucessivamente deturpada, a mesma Árvore da
Sabedoria Universal, Árvore da Vida, Árvore dos
Sefiroth, “Árvore do Bem e do Mal”, a “Bo” ou
Árvore de Bodhi, no Oriente – a mesma à sombra
da qual, simbolicamente - mas como foi registrado
pelos contemporâneos –, o Budha histórico, Sidharta
Gautama, obteve a Iluminação.
Uma época de grandes mudanças
O processo de franca transformação operado, nas
últimas décadas, na Filosofia da Ciência foi gerado,
em grande parte, por autores com ligação à Academia.
Fato digno de menção e muito a propósito neste
contexto, é o de que o Prof. Henrique José de Souza
revelou a seus discípulos que, no início do século vinte,
vieram para a face da Terra sete misteriosos seres,
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Helena Petrovna Blavatsky, Mario Roso de Luna, Henrique José de Souza, Jean Piaget, Ludwig Von Bertalanffy, Basarab Nicolescu
da linhagem do Manu Primordial e portadores dos
arquétipos ou da projeção do estado de consciência
das futuras humanidades. Nascidos em 1900, cada um
dos sete, com a tônica de uma Ciência-Síntese, foram
educados e permaneceram em universidades ou com
elas relacionados até 1948. O que não deixa de ser
curioso, porque tal fato ou evento relatado pelo Mestre
muda completamente o eixo da evolução humana, da
fase da religião, da superstição e da crendice, para uma
nova fase ou era, baseada no saber, no conhecimento,
nos diálogos interdisciplinares e interculturais à
escala global, e assim por diante. Justamente, a “pósmodernidade” de nossos dias, identificada como
“sociedade do conhecimento”, com as universidades
e centros universitários literalmente bombando, como
se fala popularmente, com jovens e adultos buscando
formação ou atualização em suas áreas respectivas.
Graças a esse processo de mudança operado no
ambiente das universidades em todo o mundo, tem
sido possível, mediante rupturas sucessivas com o
paradigma científico clássico, autoritário, materialista
e dogmático – processo estudado detalhadamente
por Kuhn a partir dos anos 50 – e pela emergência
sucessiva de epistemologias e metodologias alternativas
no seio da comunidade científica. O próprio Kuhn foi
o primeiro a utilizar o termo “paradigma” na Ciência,
cuja utilização rapidamente se expandiu para outros
campos. Esse processo crítico e transformador ganhou
particular intensidade a partir da II Guerra Mundial,
com a contribuição de Piaget – grande mestre da
Epistemologia Genética entre outras áreas como
Pedagogia e Psicologia –, os trabalhos de Bertalanffy
(1977), Buckley (1976), Prigogine, Wiener, Morin,
Simon, Varela, Nicolescu (2000) – entre muitos outros
– também reclamando uma plena cientificidade, senão
mesmo uma radicalidade algo indignada em face de uma
... o Prof. Henrique
objetividade científica mitificada,
José de Souza reiludida, perdida, ou talvez nunca
velou a seus discíencontrada.
pulos que, no início
Por outro lado, o notável, difícil do século vinte,
e pioneiro trabalho do Dr. Mário
vieram para a face
Roso de Luna no sentido de expor
da Terra sete mis- com uma linguagem credível em
teriosos seres, da
qualquer meio intelectual e uma
linhagem do Manu
Primordial e portaexcelente base científica para sua
dores dos arquétiépoca -, o conhecimento como um
pos ou da projeção
tronco único, não fragmentado
do estado de conse sem dogmas limitadores,
ciência das futuras
dentro do desenvolvimento da
humanidades.
teosofia blavatskyana, parece
ter algum eco a partir dos anos
50, nos desenvolvimentos (entre outros) da Teoria
Geral dos Sistemas de Ludwig Von Bertalanffy e seus
desdobramentos na Systems Science, no Pensamento
Complexo de Edgar Morin e na Transdisciplinaridade,
mais conhecida inicialmente pelas mãos deste autor
e, recentemente, de Basarab Nicolescu, físico teórico
e fundador do CIRET – Centro Internacional para a
Pesquisa e os Estudos Transdisciplinares. A abordagem
transdisciplinar ganhou maior impacto a partir de 1996
quando foi lançada, em Portugal, a histórica “Carta
de Transdisciplinaridade”4, também assinada por
Edgar Morin e outros nomes sonantes da Ciência e da
intelectualidade mundiais.
Justamente, parece encontrar-se uma perspectiva
visceralmente iniciática tradicional, senão teosófica, se
o quisermos, na própria definição de “Complexidade”,
que a aproxima também de Vico e de algumas fontes
da filosofia grega, chinesa, védica e budista (MORIN,
1994, p. 146):
Complexus é o que é tecido em conjunto; é o
tecido obtido a partir de fios diferentes e que
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se transformaram num só. Por outras palavras, tudo isso se cruza e volta a cruzar, se
tece e volta a tecer, para formar a unidade da
complexidade; mas a unidade do complexus
não destrói a variedade nem a diversidade
das complexidades que a teceram.
Para alguns autores, é questionável se as propostas
do “Pensamento complexo” de Morin podem ou não
ser consideradas “científicas”. Contudo, a própria
classificação e conceituação de “o que é e o que não
é científico” desde o século XVI, não nasceu entre
cientistas, mas entre filósofos e pensadores, como
podemos encontrar em claramente argumentado em
Collingwood (1981). A Epistemologia e a Filosofia da
Ciência ocupam-se, normalmente, desses assuntos. A
Teoria Geral dos Sistemas de Von Bertalanffy também
não é considerada por muitos autores como uma
“teoria” no sentido estritamente científico, embora
constitua um corpus teórico notável, já com inúmeras
hipóteses e teses dentro da Academia, e aplicações
práticas que lhe emprestam, no mínimo, objetividade,
honestidade e propósito científicos. Por outro lado, a
não aceitação universal da abordagem do pensamento
complexo na Academia é questão que parece inserir-se
mais num sistema de valores e crenças dos próprios
cientistas do que na precisão de uma “Ciência” que,
absolutamente, não é unânime em muitas matérias,
conforme Morin (1994, p. 145):
[…] Como estabeleceram, de formas diversas, Popper, Holton, Kuhn, Lakatos, Feyerabend, há um núcleo não científico em toda
a teoria científica. […] Lakatos indicou que
há naquilo a que ele chama os programas de
investigação um «núcleo duro» indemonstrável e Thomas Kuhn, em A Estrutura das
Revoluções Científicas5, revela que as teorias científicas são organizadas a partir de
princípios que não têm qualquer relação com
a experiência, que são os paradigmas.
Por outras palavras, e trata-se de um paradoxo espantoso, a ciência desenvolve-se, não
só apesar do que há nela de não científico,
mas graças ao que há nela de não científico.
Mesmo assim, se a Transdisciplinaridade ainda está
sendo digerida – e com alguma dificuldade – pelos mais
conservadores, os diálogos entre os saberes acadêmicos
e destes com os saberes tradicionais, a descoberta de
novas áreas transversais, a interdisciplinaridade, a
transdisciplinaridade e o pensamento complexo já
são pauta corrente nas universidades e nos fóruns e
congressos internacionais. Pode constatar-se que os
diálogos interdisciplinares vêm crescendo em interesse
Pode constatar-se
nos últimos anos por parte dos
que os diálogos inestudiosos, em todo o mundo, e
terdisciplinares vêm
muito particularmente no Brasil,
crescendo em intedentro e fora do formalismo
resse nos últimos
tradicional das universidades,
anos por parte dos
mas, em qualquer caso, rompendo
estudiosos, em todo
paradigmas, avançando hipóteses, o mundo, e muito
criando sinapses inéditas entre
particularmente
ramos do saber, desfazendo
no Brasil, dentro e
barreiras.
fora do formalismo tradicional das
Neste ponto, convém notar
universidades, mas,
que o termo “disciplina” é
em qualquer caso,
usado nas ciências em geral
rompendo paradigpara denominar um campo
mas,
avançando
delimitado e especializado do
hipóteses, criando
saber, e não necessariamente uma
sinapses inéditas
disciplina escolar ou universitária.
entre ramos do saPortanto, quando se fala de
ber,
desfazendo
interdisciplinaridade, trata-se,
barreiras.
justamente, da ligação, conexão
ou diálogo entre diversas áreas do
saber científico, com o propósito de utilizar mutuamente
enfoques ou metodologias úteis ou necessárias.
Porém, a interdisciplinaridade não constitui
propriamente uma novidade, a não ser no fato,
inédito na História, de que ela é ampla e intensamente
exercitada a partir das largas centenas de disciplinas
científicas atualmente existentes; ao passo que,
antes de meados do século vinte, o número dessas
especializações era muito menor, permitindo que
um único pesquisador pudesse ser polígrafo, como
o próprio Dr. Roso de Luna se intitulava, ou um
pesquisador multi e interdisciplinar, como se chamaria
hoje.
Porém, tais mudanças aceleradas na Filosofia da
Ciência não parecem forçadas, impostas por um dogma
ou um grupo de pressão: os diálogos interdisciplinares
acontecem frequentemente e sucedem-se, diariamente,
por motivação espontânea, pela necessidade sentida
pelos pesquisadores a partir do momento em que
foram percebidos isomorfismos - aspectos em comum
– e complementaridades essenciais em áreas tão
diferentes como Cibernética e Biologia, Sociologia
e Meio Ambiente, Design e Gestão de Empresas e
muitas outras. É o Zeitgeist, o espírito do tempo...
O que não acontecia antes do século dezessete,
quando o fenômeno “Ciência” começou sua explosão
disciplinar na Europa pós-renascentista, a partir dos
pouco mais de meia dúzia de grandes campos do saber
então existentes, descendentes diretos do trivium e do
quadrivium medievais. Do mesmo modo, retirando
alguns aspectos específicos da Filosofia da Ciência
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contemporânea encontramos já o holismo, a perspectiva
sistêmica e o pensamento complexo nos teósofos de
Alexandria como Amônio Saccas e seus companheiros;
do Renascimento como Jacob Boheme; do século
dezoito como Giambattista Vico e Isaac Newton,
que terminou seus dias como filósofo e místico; nas
perspectivas de Humboldt e nos estudos naturalistas e
ensaios filosóficos de seu contemporâneo Goethe, na
passagem entre o século dezoito e dezenove, resgatados
e exaltados por Steiner, fundador da Antroposofia. E,
naturalmente, no movimento teosófico liderado por
Helena Blavatsky, antes de ser reduzido à condição,
ora de “Budismo Esotérico”, ora de “Catolicismo
Liberal” como quiseram, ora uns, ora outros de seus
mais ou menos acreditados sucessores, o que lhes valeu
o afastamento de vultos como Jiddu Krishnamurti,
Rudolph Steiner, Mário Roso de Luna, entre outros.
Não esquecendo também que, durante séculos,
adeptos da linha hermética e teóricos e práticos da
manipulação alquímica se chamaram a si mesmos de
“Filósofos da Natureza”, cultivando um conhecimento
interdisciplinar – embora sujeito aos horizontes
da época – e transdisciplinar, porque se tratava de
descobrir aspectos ocultos ou desconhecidos que
transcendiam ou se encontravam entre as poucas
disciplinas do conhecimento então constituído. A
questão principal no estudo e prática da Alquimia,
considerando suas raízes herméticas ou egípcias,
presentes também nos Rosacruzes originais, não era
dominar a Natureza para submetê-la aos caprichos
de uma exploração dominadora, como aconteceu e
acontece ainda hoje com o desmatamento abusivo e
ilegal e com os efluentes não tratados de indústrias e
de cidades inteiras: era, bem pelo contrário, inspirar o
conhecimento humano pelo conhecimento das leis da
Natureza em seus aspectos essenciais, para atingir um
grau particular de harmonia com ela, tanto em seu lado
visível como invisível. E, então, de posse dos segredos
da Natureza, conseguir a transmutação dos elementos
pesados (o corpo e a alma no ser humano) alegorizados
pelo chumbo, em ouro filosofal, ou o espírito liberto
e consciente do caixão de carne em que se encontra
encerrado.
Se a Natureza, considerada apenas em seus aspectos
biológicos, físicos e químicos, é um todo dotado de
uma incrível complexidade – leia-se, por consequência,
interação e interdependência – dentro da qual existem
trocas de informação permanentes, parece óbvio que,
ao fragmentar seu estudo em especialidades cada vez
mais autônomas, estáticas e sem articulação entre
elas, haja uma progressiva perda da visão do todo e
de seu dinamismo. Por outro lado, parece também
lógico que, se a Natureza configura um imenso sistema
... o todo é maior
autorregulado, inteligente, cada
do que a soma
uma dessas partes – que são as
de suas partes, e
disciplinas científicas – somada
o todo não está
com as demais, não consegue
sendo percebido
reproduzir o todo. Portanto, o todo
pela Ciência.
é maior do que a soma de suas
partes, e o todo não está sendo
percebido pela Ciência. Foram
essas e outras premissas que levaram, desde o início
dos anos 30 do século vinte, o biólogo austríaco Ludwig
Von Bertalanffy a rejeitar o cartesianismo científico e a
criticar a fragmentação disciplinar, passando assim a
formular os princípios de sua Teoria Geral dos Sistemas.
E como enquadrar as atividades e ciências humanas
nesse modelo?
Na mesma linha de pensamento, e mais
recentemente, Nicolescu (2000, p. 15), um dos
principais teóricos do pensamento transdisciplinar,
explica: “A transdisciplinaridade, como o prefixo
“trans” indica, diz respeito àquilo que está ao mesmo
tempo entre as disciplinas, através das diferentes
disciplinas e além de qualquer disciplina.” Segundo
Antônio Carlos Gil, especialista brasileiro em
metodologia científica, a abordagem transdisciplinar
não elimina, nem a abordagem disciplinar clássica,
nem as outras duas abordagens mais recentes, a
pluridisciplinar e a interdisciplinar, porquanto “Como
no caso da disciplinaridade, a pesquisa transdisciplinar
não é antagonista, mas complementar à pesquisa pluri e
interdisciplinar.” (GIL, 1999, p. 17).
O autor de Teoria Geral dos Sistemas sustinha, já
em meados do século vinte, que o enfoque sistêmico
não se resumia aos fenômenos físicos e biológicos e,
de certo modo, complicava-se na passagem do estudo
das comunidades biológicas para as comunidades
humanas: “As dificuldades [do enfoque sistêmico dentro
dos sistemas sociais] não estão somente na complexidade
dos fenômenos mas também na definição das entidades
consideradas” (BERTALANFFY, 1977, p. 257). O autor
sustinha que uma parte das dificuldades da abordagem
sistêmica deve-se ao fato de as Ciências Sociais tratarem
de sistemas socioculturais. Com efeito, para este autor
(Id., ibid.) “o homem não é um recebedor passivo de
estímulos provenientes do mundo exterior, mas em
sentido muito concreto cria seu universo”.
Deste ponto de vista, percebe-se que o ser humano,
a sociedade por ele criada e seu próprio universo
simbólico, se não se encontram fora da Natureza,
constituem um aspecto à parte, tanto ou mais complexo
do que a Natureza entendida apenas em sua vertente
física, química ou biológica. À parte, mas conectados
com ela, encontra-se uma complexa rede de interações,
visíveis e invisíveis. Na realidade, quando se aprofunda
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o estudo da esfera
do humano,
transgridemse os limites
da visibilidade
material e dos dados
percebidos pelos
sentidos físicos e
entra-se no domínio
da consciência, ou
seja, no domínio
do invisível: um
invisível apenas
perceptível
pelos “órgãos”
respectivos,
assim dizendo,
Antônio Carlos Gil
funções como a
inteligência e a sensibilidade e a evanescente inspiração
ou intuição, na companhia da qual sempre navegaram
os grande gênios, descobridores, os precursores de
mudanças. Em suma, uma natureza invisível e em vias
de conscientizar-se de si mesma, consistindo nesse
processo o que se chama de evolução, do ponto de vista
da Eubiose – e sem qualquer prejuízo do conceito com
o mesmo nome existente na Ciência acadêmica. Basta
entrar no vasto campo das Ciências Humanas e Sociais
para perceber que existe, na maior parte dos fenômenos,
uma objetividade invisível, percebida através de indícios
que falam mais à inteligência e à dedução, do que à
observação material, ainda que assistida por tecnologia.
Pode considerar-se, deste modo, uma Natureza
global ou integral, que possui sua parte visível e outra
sutil, invisível aos olhos do físico. O que, se hoje ainda
não é totalmente possível porque o ser humano vive
sobretudo para o corpo e para as emoções ligadas ao
corpo, certamente fará parte de etapas evolucionais
futuras da mônada.
O estudo da Natureza global e, muito
especialmente, a harmonização do ser humano com
ela – continuamente presente nos ensinamentos do
Prof. Henrique José de Souza e também induzida
significativamente pela abordagem ambiental
contemporânea – não significa, bem entendido, um
retorno da Humanidade às matas e ao desconforto
de uma vida dura, primitiva e perigosa. Significa, na
visão eubiótica, a conquista de um equilíbrio justo
entre ambientes naturais e ambientes que reflitam o
melhor da própria natureza humana, ou antes, de sua
verdadeira identidade que, segundo a Eubiose, é divina
“Como no caso da
em sua origem e em seu destino
disciplinaridade,
final, quando conseguir conquistar
essa mesma divina natureza que nela a pesquisa transdisciplinar não é
dorme em semente desde a noite da
Criação, ou do primeiro momento da antagonista, mas
complementar à
evolução – porque evolucionismo e
pesquisa pluri e
criacionismo não são incompatíveis, interdisciplinar.”
embora se encontrem muito
mal estudados e explicados, e
frequentemente na mão de fanáticos irredutíveis, tanto
religiosos, como pretensamente científicos.
Tudo isso pressupõe uma revisão conceitual de toda
a nossa civilização e a inserção de reformas importantes,
começando pela reforma das mentalidades, como
encontramos frequentemente em Morin, por exemplo
em “Os sete saberes para a educação do futuro”6 – ou,
na perspectiva da Eubiose, começando pelo interior do
próprio ser humano, como induziu o Prof. Henrique
José de Souza:
O homem moderno, que criou para si tantos
instrumentos de conforto, não poderia mais
volver ao seio das florestas como os seus ancestrais, vivendo primitivamente. Seria um
retrocesso, e a EUBIOSE não preconiza
retrocessos. O homem moderno criou uma
literatura, possui teatros, cinemas, rádios,
geladeiras, fogões elétricos, aviões, máquinas de lavar e passar roupa, telefone, automóveis etc. Ser-lhe-ia impossível prescindir
de tudo isso. A finalidade da EUBIOSE é
tornar o homem feliz, integrando-o harmonicamente nessa civilização, com um novo
caráter impresso em sua mentalidade: o
do homem viver procurando a felicidade
alheia. É uma afirmação que à primeira vista parece um tanto utópica, considerando a
posição atual do homem em meio das suas
próprias contradições internas e externas,
que caracterizam o nosso ciclo, e que são os
frutos da nossa formação didática errônea,
da perda da Tradição, e portanto, do meio
social distorcido e, porque não dizer, pervertido, em que vivemos. 7
E aí vem de novo o autor de O Método, suscitando
aos auditórios contemporâneos ansiosos por uma
saída para as rotinas da Ciência acadêmica clássica,
uma abordagem que não elimina a Ciência e o método
científico, mas que lhe permite experimentar roteiros
perdidos, esquecidos, ou ainda não encontrados,
justamente através de algo chamado consciência:
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Nós fazemos parte da Natureza e, ao mesmo
tempo, estamos separados dela. É um problema epistêmico. Será que o Homem faz parte
da Natureza? Sim e não. É preciso saber evitar este tipo de questão que nos obriga a uma
resposta binária. Nós pertencemos à Natureza e ao mesmo tempo estamos além dela
porque temos uma cultura, um espírito, uma
consciência.8 (MORIN, 2006, p.2).
Ciência clássica: as brechas epistemo-
-metodológicas e as novas propostas
Voltando à análise dos fundamentos da Ciência
acadêmica clássica, observa-se que a sua prática tem
base na observação racional e material dos fenômenos,
a partir do que passa a induzir hipóteses, a demonstrálas e, se for o caso, a induzir leis. Trata-se do chamado
método experimental-indutivo, que todos aprendem na
universidade, especialmente nos cursos mais voltados
para a prática da pesquisa. Porém, todos os que já
fizeram pesquisa científica testemunharam uma grande
dificuldade em encontrar leis ou princípios a partir da
observação de um universo amostral, normalmente
pequeno se comparado com o universo total a ser
pesquisado.
O indutivismo foi dominante na Ciência nos últimos
duzentos anos, mas as Ciências Sociais e Humanas, que
lidam com fenômenos mais subjetivos e evanescentes,
como pensamentos, atitudes e emoções, têm alguma
dificuldade em depender unicamente desta metodologia
para encontrarem leis e conclusões cientificamente
válidas. O indutivismo apresenta outro problema, já
identificado por David Hume no século dezoito: ele
tem base na probabilidade estatística, ou antes, na
falta dela... E quando a probabilidade desce abaixo
de certo índice devido à escala reduzida do universo
amostral, a generalização não constitui necessariamente
uma verdade, porque o universo estatístico não foi
totalmente estudado. Karl Popper, conhecido filósofo
contemporâneo, chega ao ponto de afirmar que a ciência
é um conhecimento provisório, que funciona através de
sucessivos falseamentos, o que é concordante com as
deduções de Kuhn (2003).
Collingwood, por sua vez, denunciou à academia
britânica dos anos 40 o processo de afastamento
compulsivo da Filosofia dos meios científicos, operado
com intensidade acrescida a partir do século dezenove.
Processo através do qual os “donos da ciência”
foram excluindo e remetendo, para um empirismo
desacreditado e conotado com pura especulação ou com
devaneios inconsistentes, todos os outros modelos de
observação e de interpretação do mundo, do “real”, do
homem e do universo, inclusive a própria Filosofia:
Antes do século XIX, os mais eminentes e
prestigiosos cientistas filosofaram sempre
sobre a sua ciência, tal como testemunham
os seus escritos. E dado que consideravam a
ciência natural como a sua obra principal,
torna-se razoável admitir que esses testemunhos abrangiam o campo da sua filosofia.
No século XIX propagou-se a moda de separar os estudiosos da ciência natural e os
filósofos em dois grupos profissionais, cada
qual pouco sabendo do trabalho do outro e
alimentando ainda menos simpatia por ele. 9
Na razão inversa do processo histórico de
fragmentação do conhecimento e de entronização
de uma ciência hiperanalítica, desenvolvida a partir
do final do século XVII até uma parte do século XX,
encontra-se, desde as últimas décadas deste último,
o advento da interdisciplinaridade científica e das
propostas sistêmicas e transdisciplinares, conforme
já foi exposto acima. Semelhante fragmentação, cuja
tendência Giambattista Vico – considerado por alguns
autores o precursor do pensamento sistêmico e da
epistemologia construtivista – já havia denunciado com
sua crítica ao pensamento cartesiano em sua Scienza
Nuova, publicada em 1725, entre outros escritos. Um
dos princípios nucleares do pensamento do filósofo
napolitano é o chamado Verum factum, pelo qual se
sustém que a verdade é validada através da invenção,
da criação e não, como sustinha Descartes, através
de axiomas baseados exclusivamente na observação.
Por outras palavras, uma hipótese cientificamente
verdadeira tem que mostrar que “funciona” na prática
e não através de um critério previamente definido,
porque, segundo o autor, a mente humana não pode
definir como verdadeiros os critérios pelos quais se
define a própria verdade. Ou colocando em forma de
um exemplo muito simples e próximo do cotidiano do
cidadão: quando as leis são elaboradas por políticos,
é de esperar que elas sejam as primeiras a defender a
classe política, seus interesses e sua rede de clientes e
fornecedores diretos...
Neste ponto, será lícito considerar que as mudanças
operadas nas últimas décadas têm implicações múltiplas
que atingem igualmente o modo clássico de gerir,
estruturar e organizar a pesquisa, a descoberta, e a
própria construção do conhecimento dito científico,
ou sua epistemologia. Em suma, o mundo de hoje
encontra-se num fértil período de nascimento de novas
formas de entender e gerar o conhecimento e, também,
de revisão crítica daquilo a que se chama de Ciência,
incluindo suas aplicações práticas, em forma das mais
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diversas tecnologias. Segundo Sato (2005, conferência),
esse processo de ruptura continua nos dias de hoje:
Na época pós-moderna, o conhecimento tem
gerado mal-estar e, não raro, a universidade tem sido objeto de descrédito e modelo de
autoritarismo. Parece haver uma ausência
de comunicação entre a realidade e o entusiasmo pela ciência. Construímos pesquisas
alienadas da realidade e negamos as inúmeras vozes silenciadas pelas nossas verdades.
Rauen (2002, p. 36) reconhece que “modernamente
[…] a exagerada fragmentação [do conhecimento
disciplinar] é ponto de empecilho”; e que “O real, pensase, deve ser abordado globalmente, como um sistema
de fatores inter-relacionados. Tal postura, contudo,
esbarra em nossos hábitos disciplinares”. Por isso
mesmo é que “Frente a essa realidade, desenvolvem-se
pesquisas multidisciplinares, cuja característica é, sem
negar, o valor de cada especialidade, romper com suas
divisões, para observar o problema complexo de uma
forma mais abrangente e completa” (RAUEN, 2002, p.
36).
Ainda segundo o mesmo autor (2002, p. 25),
“a ciência possui duas dimensões de estudo: a
epistemológica e a metodológica”. Quando se fala de
uma abordagem ou de um referencial, o que está em
causa é a dimensão epistemológica, ou “compreensiva”,
pertinente, portanto, às formas possíveis de
conhecer o objeto estudado, ou seja, “os aspectos
contextuais e de conteúdo” (Id, ibid.). Por outro lado,
a dimensão metodológica “trabalha os aspectos de
operacionalização, isto é, como a ciência deve chegar à
dimensão compreensiva” (RAUEN, 2002, p. 25).
Assim, as críticas e alternativas múltiplas que vêm
sendo desenvolvidas nas últimas décadas relativamente
ao método científico clássico, não eliminam sua
validade relativa, nem o eliminam, portanto, nas áreas
e circunstâncias que lhe são pertinentes; mas permitem
uma seriedade e objetividade mínimas em áreas e
circunstâncias nas quais o indutivismo não pode ser
aplicado para garantir respostas com base verídica. O
dogmatismo da Ciência “vitoriana”, que só acredita no
que se pode ser comprovado materialmente – como se a
lógica e a inteligência humana dependessem apenas de
objetos e fenômenos externos – também vem recebendo
duros golpes em sua inflexibilidade. Thomas Kuhn, já
referido atrás, com seu histórico e perturbador trabalho
A Estrutura das Revoluções Científicas – publicado
originalmente em 1962 pela Universidade de Chicago, e
ainda hoje um best-seller entre docentes e estudantes de
todas as áreas científicas em todo o mundo – evidenciou
a questão do falseamento na Ciência e pôs em causa
a objetividade das deduções científicas clássicas,
introduzindo a
importância das
influências ou
aspectos históricos,
sociológicos e
até pessoais nas
deduções dos
pesquisadores,
abalando o mito
de que a atividade
científica é
inteiramente lógica
e se deve basear
exclusivamente
na observação
empírica.
Thomas Kuhn
Apesar
do mito da objetividade no
método científico clássico,
... o mundo de
Kuhn demonstra que existe um
hoje encontra-se
enorme grau de subjetividade
num fértil período
na construção do conhecimento
de nascimento de
científico e, portanto, em sua
novas formas de
validade relativa. Assim, pode
entender e gerar o
questionar-se até que ponto é que
conhecimento e,
os resultados da pesquisa de um
também, de revicientista sobre um dado tema
são crítica daquilo
a que se chama de
são mais ou menos objetivos ou
Ciência, incluindo
reais do que as deduções de um
suas
aplicações
filósofo brilhante, as visões de
práticas,
em forma
um místico, as sensações de um
das mais diversas
iogue em estado de Samadhi, ou
tecnologias.
os dados que perpassam na mente
de um artista plástico em plena
inspiração criativa.
Outra característica da Ciência clássica, derivada
diretamente da época em que as Ciências Naturais
ocupavam a maior parte dos cientistas, é a de que ela
não serve para opinar sobre como a realidade deverá
ser, mas sim para perceber e descrever a realidade
como ela é. Se essa premissa é válida para as Ciências
Naturais até certo ponto, o estudo científico da realidade
humana em todas as suas manifestações mostra ou
descobre aspectos que, uma vez conhecidos, não podem
ficar indiferentes aos pesquisadores, por exemplo:
situações individuais e sociais degradantes, exploração
de crianças, jovens e até adultos em condições infrahumanas, violação de direitos humanos, hábitos
culturais de extrema violência acobertados ou não por
impunidade etc. A Medicina, como prática auxiliada
por diversas ciências e tecnologias, especializa-se em
agir sobre a realidade e melhorá-la. O Direito estabelece
como devem ser os comportamentos. A Psicologia
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Clínica, por exemplo, utiliza seus recursos para aplicálos nas perturbações do foro mental ou psíquico. Por
fim, a Ecologia, ciência que se constituiu como tal por
volta dos anos 60, enquanto explora seu objeto, que
consiste no estudo das relações ou interações entre
os seres vivos e destes com o meio ambiente, também
é obrigada a alertar e a prescrever medidas para
neutralizar os graves desequilíbrios da chamada pressão
antrópica, ou ação humana sobre o ambiente.
Assim, e porque o ser humano, ainda que numa
era científica e tecnológica, não é indiferente em
termos de afetividade e sensibilidade, observa-se que
diversas ciências passaram a conjugar a atividade de
pesquisa a uma ação reguladora do próprio objeto de
seus estudos. Foi assim que nasceram metodologias
de pesquisa científica como a Pesquisa Participante e
a Pesquisa-Ação. Portanto, não é surpreendente que o
Prof. Henrique José de Souza, quando discorre sobre a
Eubiose, descreva essa “vasta ciência futura”10 como
algo que ao mesmo tempo estuda, pesquisa, mas visa
aperfeiçoar e melhorar a condição humana. Justamente,
qualificando a Eubiose de Ciência Universal e dizendo-a
sinônimo de um Naturismo Espiritual, o Mestre
argumentou que “A nossa civilização afastou e continua
cada vez mais afastando o homem da Natureza”,
ressalvando, porém, que
Não se trata na EUBIOSE de uma comunhão com a Natureza, exclusivamente do
ponto de vista da saúde e da eugenia. A EUBIOSE é um naturismo que atende a estes
aspectos, e visa – e isto é que é importante – a
evolução interna e espiritual da Humanidade. Cogita do seu melhoramento; é um sistema de vida que pretende orientar a ciência e
a educação, estabelecer a harmonia social,
a política, a didática, a moral e o bem-estar
dos povos, para haver felicidade11.
Por sua vez, Morin (1994, p. 138) não deixa de fora
elementos algo imponderáveis – “não científicos” – na
abordagem científica clássica:
(...) A complexidade surge como dificuldade, como incerteza e não como clareza e
como resposta. (...) Vemos atualmente que
existe uma crise da explicação simples nas
ciências biológicas e físicas: desde então, o
que pareciam ser os resíduos não científicos
das ciências humanas, a incerteza, a desordem, a contradição, a pluralidade, a complicação etc., fazem hoje parte de uma problemática geral do conhecimento científico.
Uma Ciência das
consciências e do
melhoramento humano
Apesar do mito da
objetividade no método científico clássico, Kuhn demonstra que existe um
enorme grau de subjetividade na construção do conhecimento científico e,
portanto, em sua
validade
relativa.
Assim, pode questionar-se até que ponto
é que os resultados
da pesquisa de um
cientista sobre um
dado tema são mais
ou menos objetivos
ou reais do que as
deduções de um filósofo brilhante, as
visões de um místico, as sensações de
um iogue em estado
de Samadhi, ou os
dados que perpassam na mente de
um artista plástico
em plena inspiração
criativa.
Muito além de uma
perspectiva apenas místicoreligiosa, como redutoramente
é entendida com bastante
frequência, a Eubiose foi
apresentada desde o início como
uma ciência, cujo conceito o
próprio apresentador, Prof.
Henrique José de Souza, insinuava
mais do que definia no detalhe.
Uma ciência com traços algo
diferentes e inéditos relativamente
face à ciência acadêmica daquela
época, dogmática e analítica, que
os últimos 70 anos encarregaram
de semear de novas e admiráveis
tendências muitas delas
mostrando conceitos e práticas
francamente eubióticas.
A Eubiose, “Ciência da vida
bem vivida, isto é, harmônica
com a Natureza. É um programa
de trabalho, um processo de
fazer a Humanidade evoluir
e melhorar”12. Porém, não esquecendo uma base
fundamental comum aos ensinamentos de todos os
Grandes Iluminados ao longo da História, como foi
citado acima: “A finalidade da EUBIOSE é tornar
o homem feliz, integrando-o harmonicamente nessa
civilização, com um novo caráter impresso em sua
mentalidade: o do homem viver procurando a felicidade
alheia” 13.
O Mestre surge aqui, claramente, transmutando
o enfoque religioso da caridade, repetido, gasto,
frequentemente inoperante e até desvirtuado por uma
estrutura social desigual e por vezes desumana, num
traço do caráter a ser desenvolvido daqui para a frente
pela Humanidade, bem definido e muito prático: “Viver
procurando a felicidade alheia”. Mas será nesse traço
do caráter que consiste a cientificidade da Eubiose? –
pode perguntar-se. Não só, mas também, poderia ser a
resposta. Caráter é alma, faz parte da esfera afetiva e das
emoções. Sendo assim, onde se encontra aqui a ciência?
A não ser que haja, ou venha a haver uma Ciência do
Altruísmo... O que, aprofundando um pouco mais,
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não parece
descabido
porque,
sendo o ser
humano
uma criatura
social, que
necessita do
outro numa
relação e
interação
simbiótica
– embora
haja os que
prefiram
uma relação
parasitária
Henrique José de Souza - fundador da
- não existe
Sociedade Brasileira de Eubiose.
razão para
que os
cidadãos
não vivam para o bem comum com intensidade igual
à que vivem para si mesmos, pesquisando e aplicando
os fundamentos desse “bem viver” social no cotidiano,
numa verdadeira ecologia social. Aliás, a Ecologia
Humana já é um conceito hoje existente, como vertente
de pesquisa dentro da Ecologia.
Sem dúvida, a dimensão altruísta faltou durante
toda a evolução da Ciência moderna, do século
dezessete até hoje, uma vez que uma grande parte das
descobertas científicas e tecnológicas, pelo menos
nos últimos cem anos, foi apropriada por empresas
ou governos para daí retirarem os respectivos lucros e
predominância econômica, militar ou geoestratégica.
Mesmo dentro dos países tecnologicamente mais
avançados, o altruísmo social também ficou em falta,
na medida em que são os indivíduos ou famílias com
maior poder aquisitivo que efetivamente podem usufruir
do conhecimento e da tecnologia mais avançados,
começando pela Medicina e pela Educação de maior
qualidade.
Quando Henrique José de Souza insere uma
premissa altruísta numa nova (embora não o seja)
“Ciência da vida”, para “fazer a Humanidade
evoluir e melhorar”, faz entrar nesse domínio fontes
epistemológicas classicamente não consideradas pela
Ciência. Por exemplo, elementos intelectuais e culturais
do Oriente, relações lógico-dedutivas que se encontram
na prática filosófica, e os outros dados que fazem parte
da afetividade, da estética, das emoções. Será, porém,
que uma Ciência Integral não deve entrar em conta com
toda a informação possível? Por exemplo: a música é
menos real ou não é verdadeira só porque não entra nela
Quando Henrique
uma demonstração matemática
José de Souza inou uma série estatística? Porém, a
música desenvolve-se em sucessões sere uma premissa altruísta numa
e séries atemáticas acima, abaixo
nova (embora não
e ao longo da escala musical...
o seja) “Ciência da
Existirá, assim, uma Ciência da
vida”, para “fazer a
Música? E as artes plásticas deixam Humanidade evode ter valor epistemológico por não
luir e melhorar”,
se poder delimitar ou definir com
faz entrar nesse
exatidão a mensagem pintada numa domínio
fontes
epistemológicas
tela ou expressa numa coreografia
classicamente não
de dança? Haverá uma Ciência da
consideradas pela
Arte? Ou antes, a Lógica, as Artes,
Ciência.
a Filosofia em geral deixam de ser
fontes válidas de conhecimento
pelo fato de não seguirem um método experimental
e indutivo? Pelo contrário, porque nas artes existe
também experimentação, existem técnicas específicas
e existem resultados práticos. Haverá, finalmente, uma
diferença tão grande entre Ciência, Arte e Filosofia? E
no que respeita à afetividade? Será que o amor fraterno
e desinteressado entre pessoas não poderá constituir
uma fonte de experiência e de conhecimento? Além
da “Ciência do altruísmo” esboçada mais acima,
existirá também uma Ciência do Amor? Uma Ciência
da ética social, apesar de a Ética já ser uma disciplina
da Filosofia? E uma Ciência da felicidade? Existem
temas transversais que já se constituíram como ciência,
como a própria Ecologia, a Educação Ambiental etc.
Certamente, ética, altruísmo, amor, felicidade, são
temas chamados de transversais, alguns deles hoje
reconhecidos como epistemologicamente válidos
e que poderão, num futuro breve, ser estudados
cientificamente e aplicados para o aperfeiçoamento
individual e social.
Finalmente, pairando acima das demais e com
profundas raízes no Tempo e nos Grandes Mistérios,
existirá uma Ciência Geral oferecendo uma perspectiva
integral, que o ser humano poderá cultivar e com ela
progredir individualmente, contribuindo ao mesmo
tempo para o melhoramento humano em geral? Sem
dúvida: é a Ciência das Idades ou Sabedoria Iniciática
das Idades, entre muitos outros nomes, e sempre existiu
entre a Humanidade. É a Ciência ministrada desde
sempre, de acordo com as respectivas civilizações e suas
culturas, pelos mais altos Iniciados, pelos Adeptos, os
Grandes Iluminados, Avataras e seus discípulos mais
adiantados, dentro ou fora de discretas ou secretas
Fraternidades. Dessa Metaciência, Supraciência ou
Ciência das Ciências derivaram, ao longo da História,
as diversas ciências e movimentos filosóficos, os
movimentos relevantes nas artes e na cultura, e as
melhores iniciativas libertadoras do ser humano:
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arquitetura, matemática, geometria, música e todo o
avanço real da civilização sempre que foi necessário
esclarecer o povo, lançar as luzes da educação, eliminar
a tirania, humanizar a cidade. Porém, em função da
época e do lugar, seus representantes foram obrigados
a dissimular ou até a esconder sua Ciência, devido à
intolerância religiosa, à perseguição política - ou ambas
em conluio, como aconteceu durante os séculos em
que o Santo Ofício legislava sobre o que as pessoas
poderiam ou deveriam pensar, fazer ou acreditar.
Nos nossos dias, porém, caídas as mordaças
impostas por via política ou religiosa, não existe
razão para que essa Supraciência não seja cultivada
e progressivamente colocada em prática. Seu caráter
integrador não gera qualquer necessidade de oposição
à Ciência acadêmica e a quaisquer outras formas
de conhecimento e experiência, pelo contrário, a de
incentivá-las identificando nelas aspectos importantes
e saudáveis para a evolução da consciência humana
e da sociedade – desde que não haja fanatismo
nem dogmatismo. Para Mário Roso de Luna,
eminente teósofo e cientista desaparecido em 1931,
correspondente e amigo de Henrique José de Souza e
membro da STB (hoje SBE), ela é uma
(...) Ciência integral que penetra no maravilhoso e pode responder galharda às três
perguntas do enigma da Esfinge: «Quem
somos? De onde viemos? Para onde vamos?» Isso não conseguirá fazer a sua ciência pobre e positivista, porque tão somente
aquela ciência integral será capaz de nos
ensinar, documentada com o testemunho
da sabedoria de todos os povos e idades, que
do alto temos descido, do seio do Logos inefável, através das infinitas «Casas de devoção” de rutilantes astros e de «Moradas»,
como a que vislumbrou Teresa de Cepeda
em seus êxtases de iluminada consciente e
inconsciente... 14.
O trecho seguinte pode ajudar no entendimento
da linhagem dessa “Ciência da Vida”, que ao longo
dos séculos, desaparecidos os que ciclicamente a
apresentam ao mundo, sempre vem sendo reduzida e
deturpada por discípulos mais fiéis a seus umbigos e
tendências individuais do que a sua divina origem, à
razão de superficialíssimo “culto esoterista” ou “religião
esotérica”:
Espanha Mossarábica, fulgor magnífico
durante a Idade Média. Alquimistas!...
Ouro Filosofal!... Elixir de longa Vida!...
Cristian Rozenkreutz! Que sabem de Ti os
Finalmente, paique não leem no passado
rando acima das
com os olhos do Espírito,
demais e com proos que não pertencem à Tua
fundas raízes no
linhagem? Tradição de SaTempo e nos Granbedoria perdida e esquecides Mistérios, exisda, porém conservada pelos
tirá uma Ciência
eternos Guardiães da SuGeral oferecendo
prema Verdade, da Ciência
uma perspectiva
da Vida, da Sabedoria Antiintegral, que o ser
ga, da Sanatana-Dharma,
humano poderá
cultivar e com ela
da Religião-Sabedoria, da
progredir
indiviGupta Vidya, enfim, perdidualmente,
contrida e esquecida com o desenbuindo ao mesmo
volvimento da ciência motempo para o mederna, objetiva e analítica,
lhoramento humaciência de dentro para fora,
no em geral? Sem
e não de fora para dentro do
dúvida: é a Ciência
homem. 15
das Idades ou Sabedoria Iniciática
Afinal, “Ciência” tem a ver
das Idades, entre
com estar ou tornar-se ciente,
muitos outros noconsciente, conhecedor etc., de
mes, e sempre exisacordo com seu étimo latino
tiu entre a HumaniScientia. É de admitir, sem forçar
dade.
muito o conceito, que qualquer
orientação teórica ou prática que
proporcione ao ser humano, por
esforço e mérito próprio e pelo exercício do espírito
crítico e de descoberta, tornar-se ciente, consciente de
si mesmo e do universo à sua volta, cabe no conceito
de “Ciência”. Desde que o faça abrindo o mais rico
ou diverso conjunto possível de abordagens e opções,
do qual não ficam de fora a ciência acadêmica, os
conhecimentos tradicionais e o próprio aprimoramento
estético, afetivo e emocional. Fica claro que semelhante
Ciência Geral não se opõe conceitualmente a opção
alguma, a não ser à entronização da ignorância, da
crendice, da violência como solução dos problemas que
afligem a Humanidade, enfim, a rejeição da Inteligência,
da ponderação e do bom senso. A Ciência ou Sabedoria
das Idades é o ponto de encontro da Revelação
proveniente dos Grandes Iluminados ou Avataras com
o conhecimento, a sabedoria humana, a súmula da
experiência de muitos milhares de anos de evolução.
Fora do seio dos pouquíssimos redutos iniciáticos
nos quais essa Ciência-Mater possui reservas e
potencial, já existem em nossos dias, como foi
exposto anteriormente, propostas e práticas que vêm
sendo aprimoradas ao longo das últimas décadas;
propostas essas que se encontram dentro de uma linha
francamente harmônica com ela e, portanto, com
a própria Eubiose, conforme foi exposta pelo Prof.
Henrique José de Souza e por seu alter-ego Lorenzo
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24
Paolo Domiciani. Elas constituem portas abertas para
um novo tipo de abordagem ao conhecimento e ao
futuro das sociedades modernas e estão acessíveis por
clipes de vídeo, conferências, grupos de pesquisa e livros
disponíveis em bibliotecas universitárias e livrarias.
Não constituindo um saber iniciático completo, porém,
semelhantes modelos orientadores do pensamento
contêm uma filosofia de elevado nível e são capazes,
justamente, de ajudar a aprimorar a busca humana
pelo saber e pelos mistérios até hoje não resolvidos,
suscitando objetividade no conhecimento, mas sem
dogmas nem preconceito intelectual. Se os que os
cultivam forem capazes de entender e transformar
os dogmas científicos, religiosos e ideológicos e
ajudar a Humanidade a progredir pelo estudo, pelo
esclarecimento e pelo altruísmo, já terão feito uma parte
importante do que o Governo Oculto do Mundo espera
para o futuro imediato da evolução humana.
Do ponto de vista do indivíduo e de sua progressão
para estados superiores de consciência, não existem
realmente modelos, escolas ou instituições que
ofereçam o milagre da transformação de homens em
deuses, se esse processo não for acarinhado pelo próprio
indivíduo. Nenhum mestre ensina quem não pode ou
não quer aprender.
E por que será tão importante, desde logo, demarcar
a Eubiose apresentada e desenvolvida pelo Prof.
Henrique José de Souza das religiões populares ou
confessionais, e de atitudes como fé cega, crendice e
superstição? Por um lado, porque este estudo trata,
seriamente, da essência e raiz da Ciência enquanto
veículo de realização humana e de busca pelo saber
– não será esta uma das principais e mais nobres
aspirações do ser humano desde sempre? Por outro,
porque, tanto na citação acima como em inúmeros
outros artigos, estudos e ensinamentos ao longo dos
anos, o fundador da Sociedade Brasileira de Eubiose
acentuou a inserção da Eubiose na grande corrente
chamada de Ciência das Idades, Ciência Iniciática das
Idades, Sabedoria Iniciática, entre outras designações
semelhantes, que a demarcam da religião comum:
(...) Enquanto os homens não souberem interpretar o verdadeiro sentido da palavra
“religião” existirão templos, sacerdotes e...
até mesmo, Instrutores, sem falar nas exterioridades dos diversos cultos que nada
mais são do que ensinamentos encobertos
pelo véu de Maya, e... que, desgraçadamente, nem os seus próprios sacerdotes os sabem
interpretar. Rama, Buddha, Platão, Pitágoras etc., etc., nada mais foram do que
“seres superiores que nos deram doutrinas
eficazes, para que nós outros, por esforço
próprio, nos redimíssemos”.
Nenhum deles foi fundador de religiões, mas
reformador da Verdade única, adulterada
pelos seus pretensos discípulos. Buddha,
Cristo, Hiram ou outro nome qualquer com
que se queira personalizar a Centelha Divina, manifestada no homem, só podem ser
encontrados, ou melhor, adquiridos, pelo
conhecimento de si mesmo, de acordo com
as enigmáticas perguntas: “Quem és? De
onde vens? Para onde vais?”. O grande erro
humano está em procurar fora aquilo que se
encontra em estado latente dentro de cada
um de nós – a VERDADE ABSOLUTA.
Nosce te ipsum... Conhece-te a ti mesmo. 16
Naturalmente, semelhante declaração do grande
Mestre não é suficiente para que, imediatamente, a
Eubiose seja aceita no rol das disciplinas científicas, no
qual, do mesmo modo, não estaria confortável nem bem
classificada. A Eubiose é representante única de um tipo
de conhecimento e de motivação individual para seu
desenvolvimento, que não se enquadram na extrema
fragmentação típica do desenvolvimento da Ciência
humana ao longo dos últimos trezentos anos.
EUBIOSE é a ciência da Vida. E como tal,
é aquela que ensina os meios de se viver em
harmonia com as leis da Natureza, e consequentemente, com as leis universais, das
quais as primeiras se derivam. Pelo que
se vê, nenhuma diferença existe entre EUBIOSE e TEOSOFIA, porque esta, como
CIÊNCIA ou Sabedoria Divina, se propõe
a mesma coisa, como “Tronco donde se
originam as ciências, religiões, filosofias,
línguas e tudo mais quanto já existe e há de
existir no mundo”. Desse modo, não apenas
os “Adeptos da Boa Lei”, mas também, todos os Iluminados que a este mundo vieram,
pautaram a sua vida eubiótica ou teosoficamente, ensinando aos demais a que agissem
do mesmo modo. E isto, de acordo com a
evolução natural da época dos seus vários
aparecimentos. 17
Mas o Mestre, absolutamente ciente dos limites e
fronteiras entre Ciência acadêmica e Ciência das Idades,
adverte:
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25
(...) A EUBIOSE; não é um amontoado
informe de ciências ou de conhecimentos
tomados em todas elas, nem tão pouco, um
simples sistema de classificação, mas sim;
uma orientação especial de cada uma delas,
com um fim perfeitamente definido, que depende, diretamente, de nosso sistema psicológico. Cada faculdade predomina em uma
ordem especial de atividades, e estas devem
ser eubioticamente encausadas para assegurar o melhor funcionamento daquelas,
seu desenvolvimento e aperfeiçoamento, garantindo, além disso, como consequência do
seu legítimo uso científico e racional, uma
benéfica reação de felicidade. 18
Como foi referido no início, este artigo não é senão
uma breve introdução aos principais temas gerados
pela Eubiose a partir de seu tronco original, sugerido
pelo misterioso Adepto conhecido por “Dr. Maurus”,
apresentado a partir de 1948 pelo Prof. Henrique José
de Souza e depois, elaborado com mais detalhe por seus
heterônimos literários e iniciáticos Laurentus e Lorenzo
Paolo Domiciani.
As citações aqui perpassadas visam, tão somente,
resgatar momentos importantes da apresentação da
Eubiose e lançar um desafio para uma abordagem
desenvolvida e contemporânea dessa “vastíssima
Ciência futura” (DOMICIANI, 1954-1955). Ciência
essa que nos dias de hoje, quase 60 anos depois, é
menos futura, mas continua carente de uma definição
condigna, de uma estruturação capaz de ser percebida
por diversos públicos e pelas linguagens intelectuais
contemporâneas, bem como do aprofundamento de
seus “primeiros materiais construtivos” (Id.), muito
especialmente pela prática e pela pesquisa participante.
Em projeto encontram-se estudos mais
desenvolvidos sobre esta ampla temática, nos quais
o autor se propõe explorar - uma vez que, ainda
hoje, “faz-se necessário estabelecer uma constituição
científica de um corpo de doutrina eubiótica” 19 - os
isomorfismos entre a Eubiose iniciática, a Eubiose
científica, a Sabedoria iniciática, a Ciência acadêmica
e a Filosofia do Oriente e do Ocidente; enquadrar
no escopo da Eubiose as “Sete Ciências Sagradas”
reveladas pelo Mestre como elementos-base da
arquitetura da evolução do futuro; conceituar com
mais detalhe a vertente prática da Eubiose em seu
contato com o mundo cotidiano, colocando-a ao
alcance de qualquer homem ou mulher que já busque
ou sinta em si mesmo, seja qual for sua religião, etnia,
cultura ou proveniência, as mesmas características
ou princípios cultivados, pesquisados e desenvolvidos
pelos membros da Sociedade Brasileira de Eubiose e,
ainda que parcial, empírica
ou espontaneamente, por
milhares de pessoas em todo
o mundo.
A Eubiose, se
perspectivada em seu escopo
integral, constitui muito
mais do que uma instituição
humana tendo em seu seio
uma escola iniciática e
filosófica: essa é apenas uma
pequena ponta do iceberg, sujeita
A Eubiose é represocialmente a regras e limites formais sentante única de
um tipo de conhee, até, à acidez da ignorância e da
cimento e de moincompreensão. Ela constitui o bojo, a tivação individual
matriz de uma civilização inteira, um para seu desenvolvimento, que não
arquétipo de uma Nova Civilização,
se enquadram na
faltando ser realizada no mundo
extrema fragmenobjetivo, junto da Humanidade,
tação típica do dedurante um período que ultrapassa em senvolvimento da
muito o tempo de vida de qualquer ser Ciência humana ao
humano. Não se trata de um projeto, longo dos últimos
mais ou menos utópico, imaginado por trezentos anos.
um grupo de filósofos e intelectuais
idealistas, mas, com suficientes
motivos para afirmar, uma determinação cíclica, uma
criação da Lei que tudo e a todos rege, muito além da
vontade humana individual ou coletiva.
E pelos motivos acima, forçosamente, uma parte
constituinte de um vasto movimento universal que,
pouco a pouco, está e continuará tomando forma,
reformando conceitos, práticas e mentalidades em
todos os campos da atividade humana. Em suma,
criando terreno para desenvolver essa genialidade,
essa mentalidade brilhante, criadora, redentora... Não
religiosidade, porque a genialidade aliada à genuína
espiritualidade, como Fogo Sagrado, desde que
naturalmente desperta dentro do ser humano, penetra
dentro de tudo e tudo transforma, melhora e eleva. Ou
não existiria aquele antiquíssimo hino védico adaptado
por JHS para sua Escola Iniciática, que canta:
“Fogo sagrado! Fogo purificador! /.../
Centelha divina, que arde em todas as coisas
Alma gloriosa do Sol!”
v
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26
Notas
¹ - SOUZA, H. J. de. O que é Intuição (Terceira e última da série de
palestras do diretor-chefe da S.T.B.). Revista Dhâranâ nº 87/88 –
janeiro a junho de 1936.
²- Embora os termos de origem latina conscious e consciousness tam-
bém sejam utilizados, awareness provém da expressão verbal to be
aware, que significa estar ciente, consciente, desperto, alerta, sensível, conscientizar-se etc.
³ - MORIN, E. Ciência com consciência. Mem Martins: Publicações
Europa-América, 1994.
10
- DOMICIANI, L. P. O que é Eubiose? (Conclusão). Revista
Dhâranâ, nº 5-6, novembro de 1954 a fevereiro de 1955.
11
- SOUZA, H. J. de. A Eubiose. Revista Dhâranâ, nº 136, agosto
de 1948.
12
- SOUZA, H. J. A Eubiose. Revista Dhâranâ, nº 136, agosto de
1948.
13
- Idem.
14
- LUNA, 1993.
4
- I Congresso Mundial de Transdisciplinaridade. Convento da Arrábida, Portugal, 2-6 novembro 1994.
5
6
- KUHN, 2003.
15
- SOUZA, H. J. Fim de Ciclo. Revista Dhâranâ, nº 136, agosto de
1948.
16
- SOUZA, H. J. Respostas às perguntas dos leitores. Revista
Dhâranâ 13-17, janeiro a abril de 1927.
- MORIN, 2002
7
- SOUZA, H. J. A Eubiose. Revista Dhâranâ, nº 136, agosto de
1948.
17
8
- Tradução do autor.
18
9
- COLLINGWOOD, 1981, p. 9.
- DOMICIANI, L. P. O que é Eubiose? Revista Dhâranâ no. 4, setembro-outubro de 1954.
- DOMICIANI, L. P. O que é Eubiose? (Conclusão). Revista
Dhâranâ, nº 5-6, novembro de 1954 a fevereiro de 1955.
19
- Idem.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1 - BERTALANFFY, L. Von. Teoria Geral dos Sistemas. Petrópolis: Vozes, 1977.
2 - BUCKLEY, W. A sociologia e a moderna teoria dos sistemas. São Paulo: Editora Cultrix, 1976.
3 - COLLINGWWOD, R. G. Ciência e Filosofia. Lisboa: Editorial Presença, 1981. 4ª Ed.
4 - DOMICIANI, L. P. O que é Eubiose? Revista Dhâranâ nº 4,
setembro-outubro de 1954.
5 - DOMICIANI, L. P. O que é Eubiose? (Conclusão). Revista
Dhâranâ, nº 5-6, novembro de 1954 a fevereiro de 1955.
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5ª Ed. São
Paulo: Editora Atlas, 1999.
6 - KUHN, T. S. La Structure des Révolutions Scientifiques.
Paris: Flammarion, 1983.
7 - KUHN, T. S. A estrutura das revoluções científicas. 7.ª ed.
São Paulo: Perspectiva, 2003.
8 - LUNA, M. R de. O livro que mata a morte. São Paulo:
Editora Três, 1993.
9 - MORIN, E. Ciência com consciência. Mem Martins:
Publicações Europa-América, 1994.
10 - MORIN, E. Os sete saberes para a educação do futuro.
Lisboa: Instituto Piaget, 2002.
11 - MORIN, E. L’aventure de la science fait partie de
l’aventure de l’humanité, aventure inconnue. In: Inter Lettre
Chemin Faisant MCX-APC, N° 32, Mars-Avril 2006. P. 2-3.
Disponível em www.mcxapc.org. Acesso em 25-06-2006.
12 - NICOLESCU, B. Um novo tipo de conhecimento Transdisciplinaridade. In: NICOLESCU, B., PINEAU, G., 13
- MATURANA, H., RANDOM M., e TAYLOR, P. Educação e
Transdisciplinaridade. Edições Unesco: Brasília, 2000.
13 - RAUEN, F. J. Roteiros de investigação científica. Tubarão: Editora Unisul, 2002.
14 - SATO, M. Ressignificação da educação ambiental nos
contextos culturais. In: I ENEA: A formação do sujeito
ecológico como desafio da década para o desenvolvimento
sustentável. Agosto de 2005. Natal, Anais. Natal: I Encontro
Nordestino de Educação Ambiental, 2005, 7 p. [conferência].
15 - SOUZA, H. J. de. Respostas às perguntas dos leitores.
Revista Dhâranâ 13-17, janeiro a abril de 1927.
16 - SOUZA, H. J. de. O que é Intuição (Terceira e última
da série de palestras do diretor-chefe da S.T.B.). Revista
Dhâranâ nº 87/88 – janeiro a junho de 1936.
17 - SOUZA, H. J. de. A Eubiose. Revista Dhâranâ, nº 136,
agosto de 1948.
18 - SOUZA, H. J. de. Fim de Ciclo. Revista Dhâranâ, nº 136,
agosto de 1948.
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27
O NOVO PARADIGMA ÉTICO-CIENTÍFICO
sEduardo Búrigo de Carvalho
Paradigma vem do grego paradeigma que significa padrão, modelo.
Ética é o estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana, suscetível de qualificação do
ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente à determinada sociedade, seja de modo absoluto.
Científico é o que tem o rigor científico; método científico.
N
o momento atual, a humanidade está entrando
num novo milênio com uma perspectiva
diferente, mais humana, mais solidária e mais
fraternal. A era de Aquarius apregoa em seu âmago a
harmonização de todas as energias.
Rav Kuk, cientista que viveu no início da revolução
científica de nossa época e sentiu suas consequências
materiais, morais e sociais, disse: “À medida que a
ciência avança e torna-se mais forte em sua evolução, o
homem também se aproxima da luz divina” (SAFRAN,
1995, p.92). A evolução processa-se do mais simples
para o mais complexo, do imperfeito para o mais
perfeito, do heterogêneo para o homogêneo.
Entendemos que este é um momento ímpar para
refletirmos sobre paradigmas passados, dicotômicos
e paradoxais em que havia uma separação insuperável
entre ciência e fé, razão e emoção. Hoje se fala com toda
a veemência sobre inteligências emocional e espiritual,
características indispensáveis das pessoas que querem
atingir objetivos mais abrangentes e mais consistentes
em suas ações humanas. É o homem buscando o
humanismo, perdido ao longo do tempo, a dimensão
humana que aos poucos foi se deteriorando.
Neste momento a humanidade está buscando o
nexo, a inteligência do científico com o emocional e
o espiritual, a razão com o conhecimento esotérico e
cabalístico.
O trabalho desenvolvido pela Sociedade Brasileira
de Eubiose busca a conexão com a ciência. Procura
nas raízes místicas e esotéricas o caminho para a
racionalidade. Nesta busca não se nega, em hipótese
alguma, a racionalidade, buscam-se antes os limites
conhecidos da racionalidade para, a partir destes,
engendrar novas ações e padrões que insiram também
no corpo do conhecimento, aspectos novos vindos da
emoção e do espiritual, que até então eram eivadas de
irracionalidades.
O nosso grande desafio está em estudar
profundamente
estes conhecimentos
disponibilizados pela ímpar
capacidade do Professor
Henrique José de Souza ao
legar-nos os princípios éticos e
morais no comportamento do
homem novo.
A ciência é infinita e
inatingível em sua infinitude.
Da mesma forma a
consciência e a liberdade são
infinitas e por consequência
também inatingíveis em sua
infinitude.
O paradigma cartesiano, embora
suscetível de nos abrir para a busca da
verdade, limita as ações intelectuais
do homem em suas dimensões mais
abrangentes. Há necessidade de buscar
outros parâmetros e modelos que nos
assegurem uma visão de globalidade
do homem. Esta terá por certo
contribuições vindas da teoria quântica,
da lei da relatividade de Einstein, e dos
conhecimentos esotéricos trazidos por
uma nova concepção de Avatara, formando
assim, um novo paradigma ético-científico.
O pensamento hodierno pauta-se na
busca incessante pela VERDADE, embora
sabendo que não a teremos de forma cabal
e definitiva. Ela servirá sempre como
balizamento nas pesquisas científicas que
agora se sedimentam numa gama muito
maior de conhecimentos (científicos,
metafísicos, esotéricos). A convergência
crescente da ciência e ética é também uma
característica deste início de século. Onde
junho a setembro de 2013
Rav Kuk
““À medida que a
ciência avança e
torna-se mais forte
em sua evolução, o
homem também
se aproxima da luz
divina”
28
Willian James
Aristóteles
e quando o homem sente suas limitações, crescem os
desafios na busca da verdade. Esta busca contínua e
inquietante da verdade é que move a mente humana
e a faz capaz de desvendar os grandes mistérios que
envolvem o ser humano. Como dizia Kafka, escritor
húngaro, a verdade faz parte de algumas coisas
verdadeiramente grandes e raras desta vida que não
se podem comprar. É doada ao homem, assim como o
amor e a beleza.
Esta dádiva não ocorre sem o comprometimento do
homem em burilá-la, aperfeiçoá-la e vivê-la.
Compete pois ao homem, enquanto ser racional,
religioso, social e com emoções, realizar e procurar a
sua verdade e disseminá-la. Seu compromisso é com a
humanidade a partir das pessoas de suas relações. Não
há necessidades de grandes revoluções. Há necessidade
sim de uma revolução pessoal, de mudanças de
paradigma, e a veiculação através, preferencialmente,
da comunicação interpessoal. Se alterarmos padrões de
comportamento em nós, no nosso grupo familiar, nos
nossos grupos de contato, estaremos promovendo uma
Kant
Sócrates
Hobbes
sólida e eficaz revolução cultural, porque as pessoas
mudarão seus cânones a partir do convencimento e
da persuasão. Será uma mudança profunda, porque
pessoal.
Em 1902, Willian James, grande psicólogo
americano, redefiniu a descoberta de um novo contexto,
uma ordem invisível com a qual o indivíduo pode
conseguir harmonia. De todas as criaturas da face da
Terra, somente os seres humanos podem modificar
seus padrões. “Só o homem é o arquiteto de seu próprio
destino. A maior revolução em nossa geração é que os
seres humanos, modificando as atitudes mais íntimas de
suas mentes, podem modificar os aspectos exteriores de
suas vidas”. (Ferguson, 1980).
Ética e Ciência
Pode-se afirmar grosso modo que foi a partir de
Sócrates (469 a 399 a.C.) que a filosofia passa a se
preocupar com problemas relativos ao valor da vida,
com a ética, propriamente dita. Aristóteles trouxe à baila
a justiça, a amizade e os valores morais que, segundo
Bertand Russel
junho a setembro de 2013
Ortega y Gasset
29
ele, serviam para promover a ordem política.
Na Idade Média, com o advento do teocentrismo –
sistema humanístico que coloca Deus como centro das
preocupações humanas – aparece a ética cristã que tem
seu fundamento no amor ao próximo e o Deus cristão é
o princípio da felicidade e da virtude.
Hobbes (1588-1679) com o seu pensamento
homo hominis lupus est nega a virtude como dádiva e
representação da divindade.
Já nos séculos XVIII e XIX filósofos abrem guerra
ao humanismo teocêntrico e colocam em seu lugar o
humanismo antropocêntrico – sistema humanístico que
coloca o homem como o artífice, a causa e o efeito da
humanidade. O homem basta-se a si próprio. O homem
é o microcosmo e o mundo o macrocosmo. Todos os
componentes do macro estão no micro, apenas em
dimensões menores. “O homem nasce bom, a sociedade
o perverte” (Jean-Jacques Rousseau).
Em seguida Kant entende ética como obrigação de
agir de acordo com regras universais. O homem virtuoso
é reconhecido pelos homens e isso o motiva a ser ético.
Hegel concebe a ética como consciência do dever
(subjetivo) e formada pelos costumes, leis e normas da
sociedade (objetiva).
Na filosofia contemporânea a ética reveste-se dos
traços de uma moral utilitária e pragmática. Bertrand
Russel (1872-1970) diz que a ética é subjetiva. Os
indivíduos devem buscar a felicidade e, para isso, fazer
as melhores escolhas entre alternativas existentes.
Ortega y Gasset, filósofo espanhol, diz que nós somos as
nossas circunstâncias...
Vê-se neste estudo diacrônico e despretensioso que
o conceito de ética varia em seus aspectos qualitativos e
sempre de acordo com o contexto da humanidade, que
reflete na filosofia suas tendências, suas angústias e suas
conquistas.
Neste momento, tem-se a pretensão de vislumbrar
um caminho de esperança para a humanidade, não
pautado na linearidade do cartesianismo, nem no
relativismo absoluto. O que se quer é pautar in medio
virtus est. Sem antagonismo, sem ideologias totalitárias
quer de direita, quer de esquerda, o que se quer buscar
é o novo e o inaudito que possam descortinar um
paradigma mais humanizante. Humanismo este que
traga ao debate acadêmico não só o racional, mas o
emocional, o mítico, o alternativo...
A Ética segue o curso da água, sempre de cima para
baixo: governantes/governados; docentes/alunos; pais/
filhos e iniciados/não iniciados.
Os princípios éticos e o novo paradigma da ciência
são balizados por valores universais. SPES MESSIS IN
SEMINE, princípio eubiótico que fundamenta as ações e
Se alterarmos padrões de
atividades da SBE –
Sociedade Brasileira comportamento em nós, no nosso
grupo familiar, nos nossos grupos
de Eubiose é um
deles. As mudanças de contato, estaremos promovendo
de comportamento uma sólida e eficaz revolução
cultural, porque as pessoas
e de paradigmas,
mudarão seus cânones a partir do
que são citados
convencimento e da persuasão.
anteriormente,
só se processarão
se estiveram
alicerçados em
Vê-se neste estudo
vontade e no interior dos
diacrônico
e despretensioso
corações infantis.
que o conceito de ética
A criança de hoje é
varia em seus aspectos
delegada à missão do
qualitativos e sempre de
amanhã, que se constrói
acordo com o contexto da
nas ações do agora.
humanidade, que reflete na
Os conceitos de
filosofia suas tendências,
Beleza, Bondade,
suas angústias e suas
Sabedoria, Humildade
conquistas.
devem estar presentes na
formação do caráter do
homem do século XXI.
Em entrevista, o sociólogo alemão Claus Offe disse que
estamos prestes a não ter mais as grandes ideologias,
a vida societária dar-se-á, fundamentalmente, nas
comunidades, nas igrejas e nas organizações não
governamentais.
A era de Aquarius que se avizinha pressupõe a
harmonização entre os homens.
Já foi há muito anunciada. Ela precisa agora ser
vivenciada e preparada para que os homens do século
XXI possam ter um porvir mais humano, mais solidário,
mais feliz. Porque a felicidade é o bem supremo, que
todos buscamos e é a razão maior de nossa existência.
Na trilogia de Henrique José de Souza –
transformação, superação e metástase avatárica,
(transformação do Eu através da mudança das
tendências negativas em positivas, superação dos
acontecimentos do ciclo que afeta o Eu; e metástase
avatárica, isto é, fusão do Eu na consciência do
Avatara de Aquarius.) encontraremos os alicerces e
a metodologia para o nosso salto de qualidade, para
o novo paradigma ético-científico do novo milênio,
preparando assim o terreno e as sementes para uma
humanidade mais feliz e consciente.
v
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1 - MARTINS FILHO, Yves Gandra. Manual Básico de História
da Filosofia. Editora LTR. São Paulo.
2 - ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. Editora
Martins Fontes. São Paulo.
junho a setembro de 2013
30
OS CÓDIGOS DA ESFINGE: A METÁFORA
(adaptado do livro A Constelação do Mestre)
sDirceu Moreira
Conta uma antiga lenda que em certa noite de céu muito límpido as estrelas resplandeciam,
bailando no ar, como se estivesse acontecendo um grande espetáculo de incomensurável beleza.
N
aquele mesmo instante, Deus
contemplativamente olhava
para sua criação num ponto bem
específico, quando cinco lindíssimas
estrelas, formando um pentagrama
aproximaram-se Dele e perguntaram:
- O que está acontecendo, por que
observa tanto sua própria criação,
nosso Pai?
- Estão vendo aquele ponto azul na
imensidão de mim mesmo?
- Sim! Já estivemos lá por muito
tempo, onde semeamos a essência que
nos destes, e o fizemos no coração e
na mente de cada um deles, porque
também são nossos irmãos.
- Estou sentindo que é hora de lembrá-los
novamente, antes da prova final, para que não digam
que, como Pai, eu os esqueci.
- Então, nosso Pai e Senhor, o que quer que
façamos?
- Quero que levem novamente aquelas mesmas
essências, só que desta vez dita de outra maneira, para
ver se meus filhos olham um pouco mais para o Céu e
não só para as coisas da Terra.
Assim, o Criador, de tempos em tempos, tem
enviado seus filhos, mensageiros e anunciadores, como
o faz em relação ao Cavaleiro das Idades (que atravessa
cada ciclo), mas que passam despercebidos da grande
maioria dos homens, porque estão mergulhados na
materialidade.
Então Deus, naquele momento, tomou uma decisão
sábia e estratégica, e a seguir chamou uma por uma
das cinco estrelas, atribuindo-lhes dons, qualidades,
desafios e responsabilidades que acelerariam novamente
as mentes e os corações de seus filhos na face da terra do
planeta azul.
- Aproxime-se, primeiramente
esplendorosa estrela, fonte única do
conhecimento. Você terá a missão de
impulsionar o ser humano para um
novo estado de consciência. Chamála-ei de Estrela do SABER e será para
os homens como um Mestre na arte
de ensinar a pensar. Como síntese
do Saber, cabe-lhe dar aos homens
uma das propriedades da água, para
que aprendam a moldar-se diante
das mudanças que envio a todo o
momento e tenham flexibilidade para
o NOVO. A seguir metamorfoseou
a estrela num lindo Anjo de brancas
asas.
A seguir, olhou para a segunda estrela e disse:
- Aproxime-se, luz fulgurante, fonte única da força
impulsionadora da vontade. Terá, entre os homens,
a função de motivá-los, despertar-lhes o dom da
perseverança, a fim de que possam vencer a inércia
da preguiça que os acorrenta ao solo. Chamá-la-ei de
Estrela do QUERER, para que os conduzam a tornarse seres REALIZADORES na arte da ideia posta em
prática. Os homens, assim dotados da inteligência do
saber, poderão sonhar, planejando seu futuro, porque o
seu dom do querer, forçá-los-á a sair da acomodação em
que se encontram. Seja para eles o exemplo do espelho
que reflete o poder de liderança, para que aprendam a
comandar primeiro a si mesmos para que depois possam
estar preparados para comandar um grupo, uma cidade,
uma nação. A seguir metamorfoseou a segunda estrela
em poderoso Leão alado que soltava pelas narinas o
poder transformador do fogo.
Cada vez que chamava uma estrela, Deus olhava
novamente para aquele ponto azul, parte de si mesmo,
na imensidão do seu universo e projetava-se nele, para
descobrir as necessidades de seus filhos, a fim de poder
junho a setembro de 2013
31
doar aquilo que estivesse
de acordo com seu estado
de consciência. Dessa
maneira poderia conduzilos à descoberta interior
do quanto eles fazem parte
da própria Divindade.
Depois de
um momento de
contemplação, Deus
voltou-se para a outra
estrela e disse-lhe:
- Aproxime-se, luz de
inigualável potencial de
criatividade. Terá entre os homens a incumbência de
não lhes permitir a acomodação e a estagnação. Chamála-ei de Estrela do OUSAR, a fim de despertar neles
o potencial INOVADOR, a arte da eterna mudança,
a arte de sonhar, voar e realizar. Assim jamais viverão
estagnados e as inovações farão parte do seu mundo
novamente, porque nada pode viver sem movimento. A
seguir, metamorfoseou-a com o poder do AR, em uma
majestosa Águia.
- Agora, aproxime-se, serena estrela, você que
representa a essência contemplativa e o silêncio interior.
Terá entre os homens a missão de fazê-los voltar-se
para dentro de si, para que possam me redescobrir no
recôndito do seu SER. Assim não terão que reclamar
tanto, dizendo que estou ausente de suas vidas. Serei
então o templo vivo que tanto procuram fora de si
mesmos. Chamá-la-ei de Estrela do CALAR, para que
os conduza a MEDITAR na arte de buscar o equilíbrio
de corpo, alma e espírito. A seguir, como se a terra se
erguesse aos seus pés, metamorfoseou-a em magnífico
Touro alado.
Deus olhou para as quatro estrelas e chamou
aquela dentre as outras de um tamanho menor, mas
que pulsava intensamente brilho e fulgor de rara beleza.
Então disse-lhe:
- Aproxime-se, pequena e majestosa estrela. Dá-la-ei
o nome de a Quinta Essência com o poder Alquímico,
para que possa ensinar os homens como alcançar o
equilíbrio, a TEMPERANÇA, destes quatro elementos
(potenciais), para que os utilize de forma sábia e
amorosa, galgando um estado de vida-energia para
vida-consciência cada vez mais elevada. Mais do que
a inteligência no seu sentido superior, você ensinará
os homens que os códigos em forma de potencial das
quatro estrelas anteriores mais a que você traz, somente
farão sentido se tudo isso for vivenciado de forma
pragmática e que produza mudanças em suas vidas.
Diga a meus filhos que lhes dou asas novamente para
que relembrem que sabem
voar.
Terminado o trabalho,
Deus chamou as cinco
estrelas para perto de si e
disse, alertando-as:
- Cada uma de vocês
recebeu seus atributos,
valores, dons e qualidades
que as dignificam como
inspiradoras de meus diletos
filhos naquele lindo planeta
azul. Agora, resta-lhes
apenas cumprir a missão
enfrentando os desafios, para que, gradativamente,
meus filhos compreendam que o Bem e o Mal, na grande
maioria das vezes, são frutos da forma como eles fazem
uso do presente que venho lhes oferecendo, ao longo
dos tempos, inclusive, por intermédio de cada uma de
vocês e também de outros. Não são mais títeres, porque
portadores do mental, estão aptos a voar. Estas são
minhas sementes, árvores que um dia darão frutos que
eu mesmo colherei e, para tanto, eu as rego com todo
amor e sabedoria do Pai-Mãe cósmico.
Assim, aquelas potestades celestes projetaram-se
rumo àquele ponto azul no incomensurável Universo,
tão distante, mas tão perto como é o universo no seu
eterno paradoxo. Conta-se pela boca dos homens que
as estrelas, ao aproximarem-se da superfície daquele
planeta azul, e ao atravessarem um portal celeste, houve
como que uma chuva de estrelas, que se multiplicaram,
de tal forma que cada uma delas levava a essência das
demais, e em todas elas brilhava o reflexo da ESTRELA
MAIOR.
Entre tantos homens que contemplavam este lindo
mistério, apenas alguns puderam decifrar o enigma,
e um destes, grande sábio, elevou os braços aos céus e
disse:
- Bem-vindas cartas celestes reveladoras de grandes
mistérios aos homens!
Conta um dos antigos sábios que a quinta estrela
era o enigma, porque encontrar o equilíbrio entre corpo,
alma e espírito, somente começou a acontecer a poucos,
como até hoje. Muitos ainda estavam como aviões sem
um comandante experiente, ora conhecendo somente a
cabine de comando, pilotando-a cada um do seu modo,
conhecendo muito pouco sobre as duas asas e a traseira
da aeronave. Havia aqueles que conseguiam levantar
voo e percorriam enormes distâncias numa progressão
transcendente, como dizia o Mestre Kuthumi. Outros,
a uma progressão geométrica e havia ainda aqueles que
estavam em uma progressão aritmética, cujo lema era:
junho a setembro de 2013
32
devagar e sempre. Porém, nada agradável aos olhos do
Criador, pois permitimos que ainda existam aqueles
que nem levantam voo, outros ainda, nem sabem que
são aeronaves. Nossa consciência choca-se com o
presente, pois não o fizemos no passado, numa atitude
de sonegação do direito ao conhecimento. Para se ter
ideia de tal feito, uma PA (progressão aritmética), em
seu sexto termo e apenas exemplificando, chegaria
a 2,4,6,8,10,12, mental concreto. Na progressão
geométrica (PG), seria 64, a mente abstrata; e numa
progressão transcendente (PT), seria aproximadamente
4.2 bi (intuição). Talvez pudéssemos acrescentar a
PI progressão ao infinito (atabimânico), já que por
enquanto, desconhecemos até onde vai este potencial.
Por isso, Deus disse às estrelas que perguntassem aos
homens mais evoluídos, se faria sentido a chegada de
alguns, enquanto tantas ovelhas estariam desgarradas,
pois o dom foi distribuído a todos. Lembre-os também
de que, a quem muito for dado, muito será cobrado.
Cumprida a missão de terem semeado as qualidades
no coração e na mente dos homens, as estrelas
retornaram ao céu, esperando que os seres humanos
percebam que haviam se afastado da fonte que jorra
o conhecimento. Deixaram aos homens ainda um
dom que Deus lhes presenteou: A esperança, para
que não deixassem de sonhar com o amanhã. Assim,
quando se sentissem sem forças, com medo, inseguros,
provocados pela acomodação, e sentindo-se perdidos
no turbilhão de suas emoções e pensamentos, pudessem
olhar novamente para dentro de si e encontrar o
potencial de cada uma dessas estrelas brilhando no seu
interior, em vez de se postarem ora suplicando demais,
ora dizendo que estão abandonados por Deus. Quando
isto acontecer novamente e para se sentirem mais
confiantes, poderiam contemplá-las também no céu.
Mas o enigma da constelação da Esfinge continuará a
ser um grande mistério para os seres humanos, e só a
roda do tempo lhes dará a oportunidade de decifrar seus
códigos. Não espere o amanhã, pois o futuro é aqui e o
passado serão seus desafios não resolvidos. Portanto,
só restará aos homens, resolvê-los no presente, que é
onde tudo acontece. O homem pouco conhece do seu
passado, mas muito sofre por causa dele. O futuro veio
através dos atributos das cinco estrelas para antecipar,
num verdadeiro saque para o futuro, todo seu processo
de evolução, desde que o homem os coloque em prática
no seu dia a dia, aqui e agora, neste eterno presente.
Para finalizar, cito o professor Henrique José de
Souza: “eu falo para homens práticos”. Penso eu, que
sermos práticos (pragmatismo) é viabilizar a Eubiose
dentro de nós, no seio de nossa família e na sociedade,
que em si, é a própria prática em andamento. Ao
sermos pragmáticos, que representa o querer, façamolo de forma adequada, que é o saber; valendo-nos da
criatividade, que expressa o ousar; mas que o façamos
de olhos e ouvidos alertas, que é o calar; assim, nossas
atitudes terão coerência e equilíbrio que nos é dado pela
Quinta Essência ou da temperança. v
junho a setembro de 2013
33
SOCIEDADE BRASILEIRA DE EUBIOSE
www.eubiose.org.br
Fundador: Henrique José de Souza
Presidente: Hélio Jefferson de Souza
1º Vice-Presidente: Jefferson Henrique de Souza
2º Vice-Presidente: Selene Jefferson de Souza
DHÂRANÂ ON-LINE
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Diretor de Divulgação: Laudelino Santos Neto
Editora Geral: Ana Maria Muniz de Vasconcellos Corrêa
Editor de Texto: Laudelino Santos Neto
Revisores: Celso Martins e Marilene Melão Martins
Conselho Editorial: Alberto Vieira da Silva, Ana Maria Muniz de Vasconcellos Corrêa,
Angelina Debesys, Celina Tomida, Dirceu Moreira, Eurênio de Oliveira Jr., Francisco Feitosa
da Fonseca, Laudelino Santos Neto (Presidente) e Silvio Piantino.
Logo da Dhâranâ On-line: Marcio Pitel
Dhâranâ On-line - Revista de Ciência, Filosofia, Arte e Religiões Comparadas. É uma publicação
quadrimestral,
Órgão oficial da Sociedade Brasileira de Eubiose - SBE.
Editada pelo Conselho de Estudos e Publicações - Setor Editorial.
Ano II – edição 5 – junho a setembro de 2013
O conteúdo dos artigos assinados é de total responsabilidade de seus autores. Não é permitida a reprodução
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