Abeco realiza sua I Reunião em Gramado, RS

Transcrição

Abeco realiza sua I Reunião em Gramado, RS
Informativo da Associação Brasileira de Ciência Ecológica e Conservação
Número 03 – Outubro a Dezembro de 2015
Editorial Mudanças na editoria da Natureza & Conservação O novo Editor Chefe da N&C, Jean Paul Metzger Foto: www.ib.unicamp.br Após três anos à frente da editoria da Revista Natureza & Conservação, o associado Rafael Loyola professor e pesquisador da Universidade Federal de Goiás, está deixando a função de Editor Chefe. Durante este período Rafael desempenhou um papel importante na manutenção do fator de impacto próximo a 1, na ampliação do corpo editorial e nos trâmites de migração para a Editora Elsevier. Certamente sua atuação determinada e eficiente contribuiu muito para a qualidade que se busca na ABECO. Já em janeiro de 2016 assumirá esta função o associado Jean Paul Metzger, da Universidade de São Paulo. Ecólogo de grande respeito no Brasil, Jean Paul tem atuado de maneira brilhante nos estudos de Ecologia da paisagem e suas aplicações na conservação da Mata Atlân5ca. A ABECO deseja ao novo Editor Chefe um ó5mo trabalho nestes próximos anos! Foto: www.iea.usp.br O ano vem chegando ao fim e com ele fazemos um balanço das a5vidades da ABECO. Certamente será um ano marcado na história recente do Brasil, pelo grave acidente a m b i e n t a l o c o r r i d o e m Mariana e que mobilizou ecólogos, conservacionistas e ambientalistas em geral para discu5r e se posicionar frente aos descasos ambientais que vêm ocorrendo no país. A A B E C O m a n i f e s t o u -­‐ s e publicamente e esclareceu o papel da ciência frente a casos como este. Na esfera cienHfica, a ABECO definiu e iniciou a organização do p r i m e i r o e v e n t o d a Associação, que ocorrerá no p r ó x i m o a n o . Administra5vamente, foram n o r m a 5 z a d o s a l g u n s procedimentos de apoio e organização de eventos c i e n H fi c o s , a l é m d o cadastramento da ABECO junto à SBPC. Também foi realizada enquete com os Associados que muito tem orientado os trabalhos da diretoria. Foi apresentada a nova home page agora mais funcional e dinâmica. Por fim, foi um ano de trabalho árduo, que certamente c o n t r i b u i u p a r a o c r e s c i m e n t o d e u m a sociedade par5cipa5va e atuante. Desejamos aos associados um 2016 de prosperidade nas suas a5vidades de ecólogos e conservacionistas! A diretoria Rafael Loyola esteve à frente da N&C de 2013 a 2015 O site da Abeco está de cara nova! Acesse www.abeco.org.br e navegue no novo site, repaginado e com novas funcionalidades! Curta também nossa página no Facebook! Abeco realiza sua I Reunião em Gramado, RS Atendendo aos anseios da maior parte dos associados, a I Reunião Bienal da ABECO ocorrerá conjuntamente com V Simpósio de Ecologia Teórica entre 16 e 19 de outubro de 2016, no Centro de Eventos da FAURGS em Gramado. Os dois eventos estão sendo organizados pela equipe do Departamento de Ecologia da UFRGS que brevemente disponibilizará detalhes da programação, inscrições, entre outros. Acompanhe as noHcias no site da ABECO. Informativo da Associação Brasileira de Ciência Ecológica e Conservação
Número 03 – Outubro a Dezembro de 2015
OPINIÃO Entre a informação e a desinformação: a diFcil análise de um acidente ambiental de magnitude nacional sem precedentes por FÁBIO VIEIRA Universidade Federal de Minas Gerais Talvez a sociedade brasileira jamais tenha vivido sob a cobertura jornalís5ca de um acidente ambiental tão intensa como a ocorrida após o rompimento da barragem de rejeitos de Fundão, de propriedade da SAMARCO e localizada em Mariana -­‐ MG. Certamente todo o interesse se deveu à magnitude do mesmo, com diversos termos sendo usados na sua designação: “tsuLama”, “avalanche de lama”, “lama tóxica”, “dilúvio de lama”, entre outros (1, 2, 3, 4). Não entrando no mérito das perdas humanas e econômicas, inques5onavelmente de dificílima reparação, uma grande parte do que se publicou e propagou do ponto de vista ambiental também pode ser analisado como um “tsunami de impropriedades”. Não há como em um espaço exíguo como esse relacionar tudo, mas usando somente exemplos da fauna de peixes exemplifico a questão: “É oficial: o rio Doce está completamente morto” (5); “Duzentas espécies de peixes do rio Doce ameaçadas pela lama” (6); “Pescadores convocam 'Arca de Noé' por WhatsApp para salvar peixes de dilúvio de lama” (4); “Pesquisadores descobrem possível nova espécie de peixe no rio Doce, antes da lama” (7); “Somente a próxima geração verá o rio Doce reviver” (8). Observa-­‐se claramente que a paixão predominou sobre a razão e a Ciência. O processo foi rapidamente catalisado através das redes sociais e uma comoção geral tomou conta de todos, condição que em poucos dias produziu e ainda produz uma massa incontável de “especialistas” nos mais diversos assuntos. Nesse período parece ter sido esquecido muito dos conhecimentos cienHficos prévios e passou a imperar o desespero cole5vo, incluindo o de leigos e profissionais. O que se observa, passados quase dois meses do acidente, é que a maioria do que se falou e escreveu foi dita por pessoas que sequer sabiam as caracterís5cas básicas de uma bacia hidrográfica ou da biota que ocorria no rio Doce. Para entender melhor essa questão, descor5no rapidamente as passagens a seguir: •  O rio Doce está morto: dentro da bacia hidrográfica os impactos do rompimento da barragem de Fundão es5veram restritos à calha do rio Doce e seus formadores (rio Gualaxo do Norte/Carmo). A5ngiram uma extensão de aproximadamente 670 km lineares entre a barragem e a foz em Regência – ES (9), e não 853 km (8). Considerando somente para efeito de análise uma faixa média de calha do rio com largura de 1 km (superes5mado), conclui-­‐se que a área afetada dentro da bacia seria de no máximo 670 km2 (calha dos rios + áreas marginais na porção alta). Essa área representa aproximadamente 0,81 % do total da bacia do rio Doce, es5mada em 83.000 km2, portanto, impossível falar em “rio morto”, seja para qualquer organismo que se use como exemplo. Uma bacia de drenagem é infinitamente maior que o rio principal! •  A citação de 200 espécies para a bacia é completamente desprovida de fundamento cienHfico. O levantamento completo da fauna de peixes conhecida do rio Doce relacionou 71 espécies na5vas (10). Considerando descrições posteriores e espécies novas ainda sem conhecimento formal, poderíamos extrapolar para 80 espécies. Portanto, de uma única tacada ocorreu um aumento de 150% na riqueza de espécies, mais que uma “superinflação taxonômica”; •  A espécie nova de piabanha descoberta em Cola5na foi ilustrada inicialmente com a imagem de uma curimba (Prochilodus), que após correção foi trocada para a de um Brycon. Entretanto, mais uma vez erraram e a espécie ilustrada foi um B. amazonicus, exó5co à bacia. Restou o desconhecimento para todos da verdadeira piabanha do rio Doce, que realmente é uma espécie nova e ameaçada de ex5nção, mas já era conhecida e está em processo de descrição (Brycon dulcis); •  “Projeto Arca de Noé” se propôs a recolher os peixes no ES em uma extensão de 145 km de rio com largura superior a 1 km em alguns trechos. Somente por essas medidas do rio já se teria ideia da inocuidade da empreitada, mas mesmo assim foi conduzida com ampla aceitação dos diversos setores da sociedade. Piorando o cenário, diversas fotos divulgadas mostraram espécies exó5cas sendo “cuidadosamente salvas”, sendo exemplo a piabanha (B. amazonicus) citada acima.
Informativo da Associação Brasileira de Ciência Ecológica e Conservação
Número 03 – Outubro a Dezembro de 2015
OPINIÃO (conanuação) Frente ao descrito, observa-­‐se de forma clara que muito do que está disponível para informação refere-­‐se a noHcias sem cunho cienHfico, com o detalhe de aqui ter sido ilustrado somente para a fauna de peixes. Diante das centenas de imagens chocantes de peixes mortos, poucos pararam para refle5r sobre uma tragédia oculta. A grande maioria das fotos retratava espécies exó5cas à bacia: dourado, mandi, bagre-­‐africano, 5lápia, carpa, curimba, pacamã, piranha, cascudo-­‐abacaxi, tucunaré, etc... que infestavam as águas e certamente estarão de volta no rio, talvez mais rápido que as espécies na5vas. Muitas dessas espécies exó5cas foram salvas durante a operação “Arca de Noé”, mostrando o quanto equivocada foi essa a5tude intempes5va. Nesse momento é necessária uma reflexão profunda e que ações concretas e bem direcionadas sejam adotadas com urgência. Não há muitas dúvidas que a área cujos impactos serão mais dificilmente contornados é o trecho entre a barragem de Fundão e o reservatório da UHE Risoleta Neves (115 km de extensão). Usando-­‐se os conhecimentos disponíveis sobre a bacia hidrográfica e sua biota, fica claro que os afluentes representam o elemento chave para a recuperação das áreas afetadas, e dessa forma necessitarão atenção e cuidados especiais (12, 13). Cabe ainda destacar que a UHE Risoleta Neves foi fundamental na atenuação da maior parte da onda de cheia com sedimentos, razão pela qual se encontra extremamente assoreada. Abaixo da mesma a propagação da onda ficou re5da dentro da calha, como em uma cheia de proporções menores quando não são alagadas as regiões laterais. Destaca-­‐se aqui que a manutenção atual do reservatório da UHE nos seus níveis mais baixos para atenuar os impactos de um acidente adicional pelo rompimento de outra barragem de rejeitos, cons5tui uma situação minimamente temerária. Essa decisão deveria ter sido baseada em laudo oficial emi5do por técnicos com formação para tal, e não por um despacho unicamente jurídico. Ao longo desse período ficou extremamente claro o quanto estamos longe de ter planos de con5ngenciamento adequados para um acidente dessas proporções. Esse fato resulta em questões ainda sem respostas, encaminhamentos inadequados ou com dados completamente conflitantes, sendo bom exemplo os elementos químicos dispersados pela água ou presentes no sedimento. Entretanto, se con5nuarmos a pautar a questão sob a ó5ca do sensacionalismo desprovido de base cienHfica, certamente não teremos êxito para alcançar a desejada recuperação ambiental. Todos os documentos usados para elaboração desse texto estão em formato PDF e se encontram disponíveis em arquivo compactado (zip) no seguinte link permanente: hyp://www.mediafire.com/download/xuo5ppwhabqq3m6/ABECO_Documentos_FVieira_2015_correto.rar N&C publica seu primeiro white paper Já está quase “saindo do forno” o primeiro white paper da revista Natureza & Conservação. Trata-­‐se de uma modalidade de publicação voltada para opiniões sobre questões variadas em ecologia e conservação, que deverá alcançar um público não necessariamente cienHfico, como tomadores de decisão, gestores e demais atores que fazem aplicações prá5cas da ciência ecológica. Neste primeiro ar5go é feita uma análise crí5ca da Lei de Proteção da Vegetação Na5va de 2012, que subs5tuiu o an5go Código Florestal. Segundo Pedro H. S. Brancalion, um dos autores do documento, esse ar5go “retoma o debate sobre temas polêmicos e atuais da nova lei, buscando orientar, com base no conhecimento cienHfico disponível, a tomada de decisão por parte do poder judiciário e governos estaduais. Trata-­‐se de um momento crucial para a efe5vidade da lei”. Pontos polêmicos da Lei, tais como o julgamento de Ações Diretas de Incons5tucionalidade pelo Supremo Tribunal Federal, a regulamentação do Programa de Regularização Ambiental pelos Estados, e a implementação do Cadastro Ambiental Rural serão deba5dos. Além de Pedro, o white paper é assinado pelos associados Rafael Loyola, Ricardo Rodrigues, Valério Pillar, Thomas Lewinshon e por LeHcia Garcia. O documento será produzido em forma impressa e disponibilizado aos associados e demais interessados. Aguarde! AGENDA 12 a 17 de junho de 2016 -­‐ Pirenópolis -­‐ GO -­‐ 5 9 t h A n n u a l S y m p o s i u m o f t h e I n t e r n a 5 o n a l A s s o c i a 5 o n f o r t h e Vegeta5on Science – IAVS 16 a 19 de outubro de 2016 -­‐ Gramado, RS -­‐ I Reunião da ABECO e V Simpósio de Ecologia Teórica – Gramado – RS ANUIDADE EXPEDIENTE Você ainda pode efetuar o pagamento da anuidade 2015. Existem várias maneiras de efetuar o pagamento. As informações completas podem ser ob5das no site da ABECO www.abeco.org.br Gestão ABECO 2013-­‐2016 Presidente: Valério Pillar Vice Presidente: Marcia C M Marques Diretor Secretário: Eduardo Vélez Diretora Tesoureira: Rosana Mazzoni