Autor: Celso Gnecco .........Gerente de Treinamento

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Autor: Celso Gnecco .........Gerente de Treinamento
Autor: Celso Gnecco
.........Gerente de Treinamento Técnico
........ Sherwin-Williams do Brasil - Divisão Sumaré
Se a galvanização a quente já é, por si mesma, uma grande proteção anticorrosiva, então por
que pintá-la?
Dois motivos justificam a pintura de galvanizados:
a) a necessidade de cores para a estética, identificação ou sinalização, e
b) a máxima durabilidade em meios agressivos.
Somente a camada de zinco depositada é suficiente para proporcionar muitos anos de vida útil
ao aço carbono. No gráfico abaixo, extraído do Manual de Galvanização do ICZ, pode-se
observar o comportamento da galvanização em diversos meios.
...
espessura
µm
50
100
150
200
massa/área
g/m2
355
710
1.065
1.420
Tabela elaborada com base na norma ABNT NBR 7399 (massa específica do zinco: 7,10
g/cm3 )
Através do gráfico é possível estimar o tempo de duração das galvanizações a quente, por que
a camada é uniforme e constituída preponderantemente por zinco, sendo o desempenho da
proteção, função exclusivamente da espessura e da agressividade do meio ambiente. Observase também que a mesma espessura da camada de zinco exposta a um ambiente industrial e
que dura cerca de 10 anos para sofrer desgaste significativo, pode durar quase 40 anos
quando exposta a um ambiente rural (sem poluição e sem névoa salina).
Princípio da proteção
Utilizadas de proteção contra a corrosão do aço. Em clima úmido o tipo de corrosão mais
importante é o provocado por processos eletroquímicos. Quando dois metais diferentes são
colocados em contato em um líquido condutor de eletricidade chamado de eletrólito, o metal
mais eletronegativo, cede elétrons para o outro, que tem carência de elétrons. O metal mais
eletronegativo se sacrifica, cedendo os elétrons as custas da liberação de íons para o eletrólito.
A conversão do metal à íons, faz com que ele se desmanche. Já o que está recebendo os
elétrons permanece intacto.
É a corrosão eletroquímica. O metal mais eletronegativo, menos nobre, é o Anodo (o que se
corrói) e o metal mais eletropositivo é o Catodo (o que permanece intacto). Este é o princípio
das pilhas galvânicas - o eletrólito fecha o circuito e a lâmpada se acende, pois os elétrons
fluem do anodo para o catodo.
No desenho abaixo, os elétrons fuem através do fio metálico; a prova disto é quea lâmpada se
acende. No eletrólito, o transporte de cargas elétricas se realiza por meio de íons (sais, gases
ou ácidos dissolvidos na água.)
Para que a corrrosão eletroquímica ocorra, é necessário que existam as três condições:
a) metais com potenciais diferentes;
b) presença do eletrólito e
c) contato elétrico entre os metais.
No caso do par metálico zinco/ferro, o zinco é o anodo e o ferro o catodo. Já para o caso
ferro/cobre, o ferro é anodo e o cobre, catodo. Na tabela abaixo podem ser verificados os
potenciais anódicos e catódicos dos principais metais usados na engenharia.
ELEMENTOS
METÁLICOS
Magnésio
Alumínio
Zinco
Cromo
Ferro
Níquel
Hidrogênio
Cobre
Prata
Ouro
.................
POTENCIAL
mais
eletronegativo
- 2,38
- 1,66
- 0,76
- 0,74
- 0,44
- 0,23
0,00
+ 0,34
+ 0,80
+ 1,50
mais eletropositivo
- NOBRE
ANÓDICO
|
|
CATÓDICO
+ NOBRE
A galvanização é uma proteção do tipo catódica, ou seja o zinco se corrói protegendo o aço
que é composto basicamente por ferro. O ferro neste caso se comporta como catodo, daí o
nome de proteção catódica. Enquanto há zinco suficiente não há corrosão do ferro. Este tipo de
proteção é conhecida também como revestimento de sacrifício, pois o zinco se desgasta para
proteger o aço.
Isoladamente , o ferro tem velocidade de corrosão maior do que o zinco. Entretanto, na
galvanização, além do zinco se constituir em uma camada adicional, seus produtos de corrosão
são menos solúveis em água dos que os do ferro. O sucesso da associação zinco/ferro é devido
aos produtos de corrosão do zinco, geralmente brancos, que permanecem por tempos maiores
na superfície, dificultando a sua desintegração.
Em regiões rurais, se forma carbonato de zinco por causa do gás carbônico (CO2) da
atmosfera. Nas regiões marítimas e industriais, onde existem névoa salina e gás anidrido
sulfuroso (SO2) respectivamente, o desgaste é maior em virtude dos produtos de corrosão
serem principalmente cloreto de zinco e sulfato de zinco, ambos mais solúveis do que o
carbonato de zinco. A menor solubilidade do carbonato, é benéfica pois as águas de chuvas
não lavam a superfície tão rápido como acontece com os outros produtos de corrosão do zinco.
Isto explica as diferenças de comportamento mostradas no primeiro gráfico.
A pintura
Uma entidade australiana, a Australazian Zinc Development Association, efetuou um estudo
onde demonstrou a vantagem de se pintar o galvanizado:
No gráfico abaixo pode ser observado um resumo da pesquisa:
..
O aço pintado durou cerca de 3 anos para apresentar ferrugem. O mesmo aço porém
galvanizado, durou cerca de 4 anos e este aço galvanizado e pintado, durou mais de 10 anos.
A explicação é a sinergia: Os produtos de corrosão do aço são mais volumosos, possuem maior
solubilidade e em 3 anos levantam e destroem a tinta. Já os do zinco são menos volumosos,
menos solúveis e após 3 anos ainda não afetam a camada de tinta que continua protegendo. O
tempo total (11) é maior do que a soma das parcelas individuais (3 + 4 = 7). Isto é sinergia. A
tinta é a mesma, a espessura da camada é a mesma, mas a sua durabilidade sobre o zinco é
maior.
Aço comum
Aço galvanizado
O aço galvanizado pintado dura muito mais do que se pode supor, desde que sejam utilizadas
tintas adequadas. É muito freqüente observar-se que painéis e tubos galvanizados pintados,
apresentam destacamentos da pintura.
O motivo é o desconhecimento da maioria dos pintores que utilizam tintas à óleo e alquídicas
(primer e esmalte sintéticos), por serem estas as mais comuns e mais fáceis de serem
encontradas no mercado. Algumas semanas após a pintura, estas tintas apresentam, ainda,
aderência e desempenho satisfatório e no entanto, tempos depois começam se destacar.
Estes tipos de tintas falham quando aplicada sobre zinco pelas seguintes razões:
As tintas a óleo , os primers e os esmaltes sintéticos contém óleos vegetais. Estes óleos por
sua vez contém ácidos graxos livres que reagem com os produtos de corrosão do zinco de
caráter alcalino. Nesta reação dos compostos ácidos com os alcalinos, se formam sabões de
zinco. Por causa da alta permeabilidade ao vapor de água e ao oxigênio destas resinas, as
películas de tintas não estarão mais aderidas diretamente sobre o zinco, mas sobre seus
produtos de corrosão, principalmente óxido, hidróxido e sabões de zinco.
Compostos solúveis sob a película de tinta provocam o surgimento de bolhas por causa do
fenômeno de osmose, que também contribuem para agravar o problema de destacamento. A
presença de óxido de zinco na superfície, causa envelhecimento precoce da película de tinta
alquídica com conseqüente perda de aderência e de flexibilidade. Com o fissuramento, a água
penetra na interface Metal/Tinta, onde existem os compostos solúveis e os sabões, causando o
colapso total do sistema de pintura, culminando com o seu destacamento completo.
A solução é o emprego de tintas insaponíficáveis, de alta aderência e de alta
impermeabilidade. Até bem pouco tempo a tinta chamada "wash primer", a base de resina
vinílica, ácido fosfórico e pigmento de cromato de zinco, foi muito usada. O ácido reagia com a
superfície de zinco formando fosfato de zinco e o pigmento fornecida o cromato, formando um
complexo de cristais na superfície do zinco, que propiciava a aderência da tinta.
No entanto esta tinta não era tão impermeável e continha cromo, um metal pesado perigoso
para a saúde.
Posteriormente veio a tinta epoxi-isocianato, que hoje é a mais usada na indústria por oferecer
uma série de vantagens. A tinta epoxi-isocianato é insaponificável, se liga quimicamente ao
zinco e oferece uma excelente base de aderência para diversos sistemas de pintura, como por
exemplo alquídicos, acrílicos, epoxídicos e poliuretanos.
Atualmente existem também as tintas acrílicas à base de água que proporcionam grande
aderência sobre o galvanizado. Sobre os acrílicos à base de água devem ser usadas tintas de
acabamento também acrílicas.
Sistema de pintura para aço galvanizado
Lembrando que para estas superfícies, são necessárias tintas de alta aderência e alta
impermeabilidade, na tabela 1 são apresentados alguns sistemas:
MEIO
INTERNO
AMBIENTE
Úmido
PREP. DE SUPERF.
EXTERNO
Seco
Industrial
Seco
lixamento (lixa 120) e desengorduramento com pano limpo embebido em solvente limpo
PRIMER
Epóxi-isocianato
1 demão de 25 m m
Epóxi-isocianato
1 demão de 25 m
m
Epóxi-isocianato
1 demão de 25 m m
Epóxi-isocianato
1 demão de 25 m m
ACAB.
epóxi
2 demãos de 125 m m
total : 275 m m
epóxi
1 demão de 125 m
m
total : 150 m m
epóxi
1 demão de 125 m m
poliuretano
1 demão de 125 m m
total : 275 m m
poliuretano
1 demão de 125 m m
total : 150 m m
Quando o galvanizado deve ser pintado?
O quanto antes, de preferência enquanto o galvanizado está novo, pois se a camada de zinco
for consumida, mais difícil e cara fica a limpeza da superfície e por não existir mais a sinergia
do sistema zinco/tinta, menor será a durabilidade da pintura. O Sr. T.J.Eberhardt, fez as
seguintes considerações em artigo publicado na revista Eletric Light and Power, cujo resumo é
apresentada na tabela 2:
Tabela 2 - Pintura sobre aço galvanizado
Área afetada
Durabilidade
AUMENTO DO CUSTO DA LIMPEZA
EM RELAÇÃO A SUPERFÍCIE SEM FERRUGEM
sem ferrugem
10 a 12 anos
--
5 a 10 %
8 a 10 anos
25%
10 a 20 %
5 a 8 anos
duplica ou triplica
acima de 20 %
4 a 5 anos
depende da profundidade da corrosão e do meio
Da tabela, pode-se concluir que, se por hipótese, um sistema de pintura aplicado sobre
galvanizado intacto tiver durabilidade estimada em cerca de 10 a 12 anos (até apresentar
ferrugem), sobre galvanizado com cerca de 10 a 20 % de ferrugem, terá apenas a metade do
tempo previsto e custará o dobro ou até mesmo o triplo, em relação ao intacto. O aumento do
custo da preparação de superfície será tanto maior quanto mais danificado o galvanizado
estiver, devido à dificuldade de remoção dos produtos de corrosão, necessitando de
ferramentas mecanizadas ou de jateamento abrasivo. O pior, é a necessidade de trocar peças
corroídas, como custos ainda maiores. Até no caso de manutenção, a pintura do galvanizado,
enquanto ele está novo, é vantajosa, pois os gastos na ocasião da repintura serão apenas com
a remoção da camada de tinta envelhecida e com o lixamento superficial do galvanizado. Há
interesse na preservação da camada de zinco, que ainda estará íntegra para receber a nova
pintura e atuar junto com ela por outros tantos anos.
.

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