Repensando a premissa de adaptabilidade a partir do hábito

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Repensando a premissa de adaptabilidade a partir do hábito
REPENSANDO A PREMISSA DE ADAPTABILIDADE EM COMUNIDADES
TRADICIONAIS RURAIS: SISTEMAS AGROALIMENTARES EM TRANSIÇÃO?
RETHINKING THE ADAPTABILITY ASSUNPTION IN THE TRADITIONAL
RURAL COMMUNITIES: AGRO FOOD SYSTEMS IN TRANSITION?
Rodrigo de Jesus Silva1, Maria Elisa de Paula E. Garavello2.
1. Universidade Federal do Acre, Distrito Industrial, 69920-900 - Rio Branco, AC – Brasil;
Tel.
(68)
3228-1234/9904-9545
E-mail:
[email protected]
(Autor
para
correspondência).
2. Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ). Universidade de São Paulo.
Av. Pádua Dias,11, Agronomia, 13418-900 - Piracicaba, SP - Brasil - Caixa-Postal: 9, Tel:
(19) 34294225 Fax: (19) 34336016, E-mail: [email protected].
Recebido: 31/05/2015; Aceito 14/06/2015
RESUMO:
Há um intenso debate sobre as consequências da expansão do desenvolvimento
socioeconômico, do processo de globalização, no meio rural, no modo de vida e
particularmente nos sistemas agroalimentares de comunidades tradicionais, povos indígenas,
camponeses, etc. As mudanças de hábitos alimentares observadas nas cidades, no meio rural
tendem a ser acompanhadas por transformações nas formas de uso dos recursos naturais, na
produção de autoconsumo, na reprodução sociocultural e no modo de vida adquirido ao longo
décadas, séculos, de contato com a natureza. Neste sentido, inúmeros trabalhos na área de
ecologia humana destacam a adaptabilidade destas comunidades às mudanças
socioeconômicas e culturais. Contudo, a questão é que frequentemente desconsideram
aspectos históricos e teóricos inerentes ao próprio conceito de adaptação humana. Assim, o
objetivo do presente trabalho é problematizar a premissa de adaptabilidade às mudanças
socioeconômicas e culturais no contexto de comunidades tradicionais rurais, com enfoque
principalmente nas transformações agroalimentares.
Palavras-chave: Povos Tradicionais; Sistemas Agroalimentares, Ajustes Adaptativos.
ABSTRACT:
There is an intense debate about the consequences of socioeconomic development and
globalization process in the rural areas, on the lifestyle and particularly in the agro food
systems of traditional communities, indigenous peoples, peasants, etc. The nutritional
transition in traditional rural communities tend to be accompanied by changes in forms of use
of natural resources, in self-consumption production, socio-cultural reproduction and way of
life acquired over decades, centuries of contact with nature. Regarding this, several studies in
the human ecology area highlights the adaptability of these communities to the socioeconomic
and cultural changes. However, the point is that often disregard historical and theoretical
aspects inherent to the concept of human adaptation. So, the aim of this paper is to discuss the
adaptability premise to the socioeconomic and cultural changes in the context of traditional
rural communities, focusing mainly in the agro food transformations.
Keywords: Traditional People; Agro food systems, Adaptive adjustments.
comedor de todo seu universo biocultural
1. INTRODUÇÃO
A alimentação se torna um elo
desenvolvido a partir do manejo dos
chave para o entendimento da relação do
recursos naturais [6]. Vários estudos sobre
homem com a natureza, por possibilitar a
o processo de transição nutricional já
sobrevivência
atividades
foram realizados [4, 7-11]; porém, na
extrativistas e agrícolas de uso dos
escala de comunidades tradicionais rurais o
recursos naturais [1]. Ao nos colocar em
número ainda é bem restrito. Dentre
contato
que
aqueles que foram realizados, no caso com
compartilhamos com outros animais - as
comunidades ribeirinhas na Amazônia, foi
estratégias de sobrevivência e instintos
verificado uma tendência de mudança da
naturais
alimentação nas formas de uso dos
através
com
-
tudo
transforma
de
aquilo
tanto
o
meio
ambiente quanto os nossos corpos e
mentes, nossa cultura [2].
recursos naturais [8, 12, 13].
Diante
disso,
alguns
autores
Contudo, devido à expansão da
defendem que a mudança de hábitos
economia de mercado e à globalização
alimentares em comunidades rurais devido
mundial, principalmente, produções locais
à transição alimentar pode ser explicada a
têm
produtos
partir da diversidade de estratégias de
industrializados e processados de fácil
utilização dos recursos e adaptabilidade às
acesso, como óleos vegetais e gorduras [3].
condições sazonais do meio ambiente,
Este
transição
socioeconômico e cultural [14-17]. Embora
nutricional acentua o aparecimento de
reforcem a habilidade das populações
doenças crônicas ligadas à dieta: doenças
tradicionais no manejo e uso dos recursos
cardiovasculares, diabetes e câncer [4, 5].
naturais como forma de contornar os
sido
substituídas
processo
chamado
por
de
Por meio deste sistema de produção
moderno,
industrial,
os
problemas de alimentação, por meio do
sistemas
ponto de vista da adaptabilidade, estes
agroalimentares estão se transformando,
estudos reconhecem a interferência de
desvinculando o alimento da natureza e o
fatores socioculturais na alimentação.
Assume-se, portanto, que devido ao
Contudo, diante deste panorama torna-se
maior acesso das comunidades tradicionais
necessário discutir o próprio conceito de
rurais à cidade, a transição alimentar,
povos
recorrente
agroalimentares.
no
meio
urbano,
seja
tradicionais
e
sistemas
acompanhada por mudanças na relação
com a natureza, alterando todo o sistema
2. REVISÃO DE LITERATURA
agroalimentar, as formas de produção de
autoconsumo e uso dos recursos naturais
2.1 Povos Tradicionais e os
de subsistência. Como consequência, o
Agroecossistemas do Lugar
manejo da terra, o extrativismo vegetal e
Para
animal podem se tornar cada vez mais
Morán
[14]
os
povos
a
tradicionais se pautam por outro modelo de
adaptabilidade às mudanças recorrentes
visão de mundo, no qual natureza e
nos sistemas agroalimentares, colocando
sociedade são integradas, onde ambas
em risco a própria manutenção do modo de
emergem uma na outra de maneira
vida local.
simbiótica. Por meio dessa relação de
reduzidos,
impossibilitando
Neste cenário, a questão que se
mundo tais comunidades adquirem um
coloca para discussão em que medida a
profundo conhecimento dos processos
aproximação com o meio urbano e o modo
naturais e por meio disso estabelecem
de vida moderno tem promovido o
sistemas complexos de uso dos recursos
desenraizamento dos povos tradicionais e
naturais, pelo qual se preserva e até
até que ponto as comunidades tradicionais
incrementa a biodiversidade local [18].
rurais de fato se adaptam ao processo de
Arruda [19] ressalta que populações
transição, de mudança. De tal forma, o
tradicionais normalmente dependem do
objetivo do presente trabalho é discutir a
trabalho familiar para o próprio sustento e
premissa de adaptabilidade humana em
que empregam tecnologias de pequeno
comunidades
com
impacto, como artesanato, lavoura, pesca e
enfoque no processo de transformação dos
extrativismo. Identifica-se aí uma estreita
sistemas agroalimentares. Além disso, a
relação
intenção é caracterizar o conceito de
tradicionais com a questão ambiental de
adaptabilidade a partir do seu contexto
uso dos recursos naturais disponíveis para
histórico aplicado à ecologia, para assim
a subsistência.
tradicionais
rurais,
discutir a perspectiva de ajuste adaptativo
em
comunidades
tradicionais
rurais.
da
definição
de
populações
No Brasil, do ponto de vista legal o
termo aparece apenas recentemente, na Lei
“Essa
sobre a utilização e proteção da vegetação
dependência
se
nativa do Bioma Mata Atlântica de 2006.
manifesta inicialmente na própria
Na
sociedades
adaptação ecológica. A relação do
tradicionais são aquelas em que as relações
trabalhador rural com seu ambiente
pessoais
relações
sempre dependeu de um mínimo de
econômicas em frequência e importância
utensílios e bens de consumo que só
para sua manutenção e reprodução e, nesse
podiam ser produzidos em uma
processo, mantêm estreita relação com seu
economia diferenciada: quanto mais
território, ressaltando a especificidade dos
não fossem, armas, utensílios de
povos
metal
definição
da
Lei,
sobrepujam
tradicionais
as
com
relação
às
características do seu processo produtivo.
Posteriormente,
por
meio
e
sal.
Os
instrumentos
fundamentais para a exploração do
do
ambiente, de um lado o machado e
Decreto nº 6.040, de 07 de fevereiro de
enxada, de outro a espingarda e o
2007 o Governo Federal criou a Política
facão,
Nacional de Desenvolvimento Sustentável
localmente.”
não
são
produzidos
dos Povos e Comunidades Tradicionais
(PNPCT),
possibilitando
maior
Ao avaliar o processo migratório
reconhecimento da identidade e do direito
em
a terra e outras garantias. Por meio deste
Durham [20] reafirma que as condições de
decreto inúmeras culturas são reconhecidas
constituição
como tradicionais, dentre elas os povos
subsistência em clima tropical, diante de
quilombolas,
uma herança cultural comum, parecem ter
pescadores
artesanais,
ribeirinhos, etc.
No
comunidades
de
rurais
uma
tradicionais,
economia
de
condicionado um modo de existência
a
fundamentalmente semelhante em todo
um
meio rural do país, o que caracteriza a
conjunto de produtores autônomos que por
amplitude do termo tradicional para a
consumir boa parte do que produz para a
realidade rural brasileira.
população
meio
se
rural
brasileiro,
caracteriza
como
automanutenção e subsistência, sempre
Trata-se do que António Candido,
manteve contato com o mercado, mesmo
já em 1964 denominou “homem, cultura e
que
de
sociedade rústicas” usando o termo caipira
ferramentas agrícolas, sal, dentre outros, e
para a variante paulista, enquanto que
repasse de sobras da produção nos
Arruda [19] utiliza “povos tradicionais e
mercados locais [20]. Quanto a isso
cultura rústica”. Diante de um contexto
Durham [20] cita que:
atual de mudanças sociais globais em que o
esporádico,
para
compra
modo de vida das comunidades rurais tem
reproduzida
e
se aproximado cada vez mais ao do meio
simbólica é mantida, de forma que
urbano, os antropólogos tem questionado a
permitindo
validade do termo “tradicional”. Numa
favorece a preservação do conhecimento
perspectiva de preservação ambiental,
local e saberes acumulados a partir do uso
Cunha e Almeida [21] discutem que o
dos recursos naturais disponíveis. O lugar,
conceito de culturas tradicionais ainda está
portanto, é visto como a localidade
em construção.
específica
a
a
divisão
territorial
abundância
pela
qual
as
de
víveres
experiências
Neste trabalho, se optou pela
vividas, ao estimularem algum grau de
utilização do termo “povos tradicionais” na
enraizamento e construção de identidades,
medida em que ainda mantém as principais
torna-se algo importante para as pessoas,
características
gerando
relação
definidoras,
íntima
e
tal
como:
conhecimento
assim
um
sentimento
de
pertencimento [23].
aprofundado sobre os ciclos da natureza,
No lugar das tradições, Escobar
noção de território e permanência nele por
[23] assume a importância da práxis em
várias
reduzida
que o conhecimento local se desenvolve
acumulação de capital, porém com acesso
mais por meio da prática do que de um
ao mercado, importância das relações de
sistema
parentesco
atividades
compartilhados e livres de contexto in situ.
extrativistas, tecnologia simplificadas e de
Assim, os saberes tradicionais originados
baixo impacto de uso dos recursos,
por meio de um conjunto de atividades
autoreconhecimento e identificação pelos
práticas constitui-se por uma história de
outros do pertencimento à cultura [18].
práticas passadas que mudam de acordo
Estas características constituem o modo de
com a necessidade. No lugar das tradições
vida que na escala do lugar reproduz os
o ritmo de vida não é marcado pelo relógio
processos históricos e socioculturais de
ou pelas “necessidades” do mercado, a
sobrevivência.
natureza dita a práxis do cotidiano; espaço
gerações
e
sucessivas,
compadrio,
O termo lugar tem relação com o
“espaço do homem” que de acordo com
formal
de
conhecimentos
onde o tempo, um dos recursos mais
escassos da cidade, é farto e abundante.
Baiocchi [22] pode ser definido também
Hobart
[24]
defende
que
o
como as casas que o abrigam, as roças que
conhecimento local, em específico o
os mantêm vivos, os moradores e cidadãos
agrícola, deve ser visto como um conjunto
locais
de capacidade de improvisação, inerente a
cumpridores
dos
deveres
socialmente transmitidos, onde a vida é
um
contexto
espacial
e
temporal
determinado e não como específico apenas
antrópicos já foi abordado extensivamente
a um “sistema indígena de conhecimento”,
por inúmeros autores [27-29].
como sugere alguns. Gudeman e Rivera
Apesar da variação histórica e
[25] argumentam que os modelos locais
geográfica peculiar a cada cultura, os
são
agroecosssistemas tradicionais conjugam
experiências
de
vida
que
se
desenvolvem por meio do uso baseado em
inúmeras
características
semelhantes,
processos e práticas locais mais amplas.
como: produção de autoconsumo, baixos
Estes elementos fazem parte do
insumos agrícolas e tecnológicos, grande
arcabouço de saberes de uso dos recursos
diversidade de cultivares, uso de recursos
naturais que, em termos práticos, fornecem
naturais locais, dentre outros [30]. Nestes
alternativas de manutenção dos costumes,
agroecossistemas tradicionais, a variedade
garantindo
às
de espécies cultivadas é um elemento
condições de mudança. Estas variedades
chave para sustentabilidade agrícola, para a
respondem e são produto tanto das práticas
diminuição da demanda por insumos
culturais locais quanto das restrições
externos [31], pois abarca todo um
ambientais, desempenhando um papel
complexo biocultural de uso dos recursos
intrínseco na sobrevivência cultural, no
naturais de subsistência que auxilia na
repositório de costumes ancestrais, como
conservação da biodiversidade [26, 30] e
cultivares de receitas específicas, músicas,
na reprodução sociocultural [32].
assim
a
sobrevivência
artesanato, histórias de origem, de plantio,
Para
muitos
pesquisadores
a
colheita, processamento e armazenamento,
alimentação é compreendida como o meio
de rituais alimentares e técnicas agrícolas
fundamental
dentre outros [26].
condições socioeconômicas, culturais, e de
de
automanutenção
das
Sob esta perspectiva, a diversidade
adaptabilidade às condições sazonais e
de culturas e experiências humanas em
ambientais [14, 17, 33, 34]. Contudo, para
sistemas agroalimentares pode contribuir
entender
para a sobrevivência em caso de restrições
adaptabilidade humana o qual o presente
severas, tais como catástrofes ambientais,
trabalho aborda, é necessário retomar
estiagem prolongada, ataques de pragas,
partes da discussão histórica referente ao
erosão de terra e ou falta de crédito
tema.
melhor
a
perspectiva
de
agrícola. Vale destacar que o valor da
diversidade biocultural para aumentar a
2.2 O Conceito de Adaptabilidade no
estabilidade de ecossistemas naturais e
Contexto Sociocultural
Para entender melhor o intenso
contexto social e ambiental específico [36].
debate sobre adaptabilidade humana vale
Wilson [36] frisa que os genes sustentam
retomar a sua rica conjuntura histórica. O
certa influência nas atitudes e respostas
primeiro
sociais programadas:
marco
desta
discussão
não
poderia deixar de remontar ao pai da
De maneira determinística, para
evolução, Charles Darwin. Em seu livro
Wilson [36] a seleção natural operaria
“A expressão das emoções no homem e
ininterruptamente
nos animais” Darwin defende que muito
indivíduos ao ambiente, sendo que as
das nossas expressões emocionais são
estruturas
herdadas
remotos,
tenderiam a desaparecer com o tempo.
apoiando a ideia de que boa parte dos
Contemporâneo de Wilson, o renomado
comportamentos básicos de fuga, defesa,
biólogo Richard Dawkins publica em 1976
caça, dentre outros, são inatos [35]. Algo
o seu primeiro livro, provavelmente o mais
justificável com base na manifestação
conhecido também, “O Gene Egoísta”.
de
antepassados
similar nas mais diversas culturas.
para
socioculturais
adaptar
os
desvantajosas
Neste, Dawkins [37] além de
Muito por influência dos trabalhos
inverter a unidade\escala de ação da
de Darwin, inúmeros estudos ainda hoje
evolução do organismo ou espécie para o
continuam sendo direcionados com o
nível pontual do gene, propõe o conceito
objetivo de avaliar os aspectos biológicos
de meme. Podendo ser definido como um
do comportamento humano. Tamanha
análogo cultural do gene que, de certa
influência que vários autores extrapolaram
maneira, também estaria sobre controle dos
os limites teóricos do próprio Darwin,
mecanismos darwinianos de evolução, a
como descreve Lorenz em Darwin [35],
unidade
destacando elementos “evolucionistas” no
pensamento-conhecimento
comportamento humano, os quais ele
socialmente. Para Dawkins [37], a partir do
mesmo não atribua tal consideração.
momento
Um
dos
“extrapoladores”,
Edward
principais
O.
padrão
que
conhecimento
do
a
meme
seria
memorizado
transferência
(memes)
o
de
acumulado
Wilson
proporcionasse benefícios individuais ou
defende em seu livro “Sociobiology” uma
coletivos eles automaticamente seriam
base genético-evolucionista para a maioria
fixados culturalmente e assim transferidos
dos comportamentos sociais, justificando
para as gerações seguintes.
boa parte das atitudes individuais e padrões
socioculturais
mais
gerais
como
Entretanto, segundo Gould [38], ao
um
delegar a cultura e o comportamento social
processo de adaptação genética a um
ao controle dos genes, tanto Wilson quanto
Dawkins
recorrem
em
um
erro
ambientais ou hereditárias. Destacando
interpretativo a respeito dos conceitos de
uma premissa de potencialidade, Morin
potencialidade e determinação biológicas.
[39] cita que:
a
“No que diz respeito ao ser
inexistência de predisposições genéticas
vivo, ele sofre dupla determinação,
inatas – determinação – em relação ao
genética e ecológica (à qual se junta,
nosso comportamento humano, o ponto de
para o ser humano, a determinação
vista de potencialidade como sendo o
sociocultural) Mas, em seu computo
conjunto
respostas
e no seu comportamento, o ser vivo
comportamentais possíveis diante de uma
apropria-se da e identifica consigo a
gama de opções disponíveis, também não
determinação genética, que não deixa
pode ser refutado. Nesse sentido, Gould
de ser determinação, fornecendo-lhe,
[38] cita que:
ao
Ainda
que
não
possamos
ilimitado
provar
de
“Começamos a enxergar-nos
mesmo
tempo,
as
aptidões
organizadoras que lhe permitem não
como um animal que aprende;
sofrer
acabamos
as
determinismos e acasos do ambiente.
cultura
Ao mesmo tempo, esse ser vivo não
superam de longe as predisposições,
só extrai do ambiente os alimentos e
mais fracas, de nossa constituição
informações que lhe permitem ser
genética.”
autônomo, mas também sofre os
por acreditar que
influências
de
classe
e
passivamente
os
acontecimentos de sua vida que,
Desta maneira, podemos até pensar
em
punções
genéticas,
também sua experiência pessoal. Há,
ecológicas e socioculturais como sistemas
portanto, autonomia do individuo-
que nos pré-determinam por meio da tríade
sujeito em e por dupla subjugação.”
de
hereditárias
constituindo seu destino, constituem
influencias
subliminares
do
comportamento, hereditariedade, fatores
Defendendo um ponto de vista de
ambientais e culturais. Não obstante,
não hereditariedade, mas ainda sim um
mesmo
pré-
tanto determinístico, Morán [14] define
estabelecido ainda somos seres potenciais
adaptação no sentido não evolucionista,
em um contexto de vida que nos torna
não controlado pelos genes, como as
aptos ao livre arbítrio e à criatividade
mudanças fisiológicas e comportamentais
autônoma
de
direcionadas por mudanças ambientais.
determinísticas,
sejam
diante
de
um
modelo
predisposições
elas
culturais,
Ressaltando
aspectos
sobre
ecologia
humana de populações da Amazônia,
demandas nutricionais de subsistência
Morán [14] extrapola o campo de ação da
eram facilmente satisfeitas [15, 42]. Outros
adaptabilidade
que
trabalhos propõem a eficácia dos modelos
dependendo do grau de transformação que
de subsistência e manejo dos recursos dos
o sistema de subsistência de populações
caboclos
caboclas experimente diante do contato
automanutenção da população [14, 43].
ao
argumentar
interétnico com a modernidade, a relação
homem/ambiente pode se agravar.
da
Amazônia
para
a
Contudo, a evolução humana criou
uma
lógica
própria,
na
qual
a
Quanto a isso, o próprio Morán [14]
sobrevivência não é mais uma simples
destaca que os novos insumos alimentares,
adaptação às condições naturais/reais, mas
os produtos de supermercado, raramente
sim
contribuem positivamente por, geralmente,
realidade/natureza
conduzir
roças
interesses e valores humanos [44]. Para
tradicionais e ao aumento de doenças
DaMatta [45], tal relação decorre de um
típicas do ocidente, como diabetes e
utilitarismo reducionista que percebe o
cardiopatias. Em relação a isso, Wrangham
comportamento
[40] enfatiza que uma vez que evoluímos
derivado de um impulso natural e ou de
enquanto espécie para valorizarmos o
uma reação a um estimulo ambiental
excesso,
a
externo. Entende-se, portanto, que não é o
alimentos mais processados e de maior
homem que se adapta a natureza, mas
densidade calórica acaba sendo uma
justamente o oposto, haja vista o caráter
estratégia dietética das indústrias que,
extremamente amplo e não determinado da
devido ao estilo de vida mais sedentário do
esfera social, com várias direções e
homem moderno, precisa ser reavaliada.
inúmeras áreas de conflito e convergências
ao
a
abandono
tendência
das
em
direção
No contexto do rio Solimões, Noda
o
contrário,
um
social
fazendo
da
produto
dos
humano
como
simultâneas [45, 44].
[41] argumenta que resultante ao contato
Assim, uma vez que a ciência ainda
com valores externos a agricultura familiar
não encontrou nenhuma forma de controle
de várzea vem passando por um momento
genético sobre os comportamentos sociais
de transformação das estruturas políticas e
humanos, aprecia-se como ato imperativo
organizativas como forma de se adaptar às
repensar a tese de adaptabilidade para
novas
a
questões de ordem sociocultural, evitando
alguns
a mera extrapolação argumentativa não
condições
autossuficiência.
e
Além
garantir
disso,
autores defendem que mesmo entre os
povos caçador-coletores mais antigos, as
falseável1 como forma de contornar a
dela. Richerson e Boyd [47] argumentam
análise mais elaborada e a necessária
que as questões mais fundamentais de como
comprovação científica [38-45]. Neste
os seres humanos passaram a ser o animal
intercurso, DaMatta [45] descreve que:
que são só pode ser respondida por uma
instituições
teoria em que a cultura está intimamente
culturais e sociais e tratá-las como
entrelaçada com outros aspectos da biologia
um biólogo, em termos de conceitos
humana, sem prevalência de uma sobre a
“
(...)
tomar
como adaptabilidade, estímulo etc. as
mudanças supostamente ocorridas no
outra durante o processo evolutivo do
homem; uma via de mão dupla, portanto.
Para Stinson et al. [48], a biologia
meio exterior, é evitar penetrar na
razão crítica das diferenças entre as
sociedades e penetrar nesta área é
estar começando a ficar preparado
para discutir o mundo social e
cultural – o mundo da diversidade,
da história e da especificidade.”
humana interage com a cultura e só pode ser
entendida à luz desta, haja vista influenciar
tanto o nosso ambiente quanto a forma que
respondemos a ele. Há inúmeros exemplos
de como a cultura molda o ambiente de
adaptação humana, dentre eles Stinson et al.
[48] destacam a domesticação de gado e
outros animais produtores de leite que ao
Portanto,
o
comportamento
do
longo do tempo possibilitou a capacidade de
humano não pode ser explicado por ele
digerir o açúcar do leite, a lactose. O autor
mesmo enquanto unidade de referencia
usa o mesmo argumento para explicar alguns
isolada, sendo necessário, compreender as
eventos contemporâneos, como a redução
ações e comportamentos sociais dos seres
das
humanos em termos culturais específicos
mudanças tecnológicas e econômicas, sendo
ao contexto social subjacente [46].
provavelmente o principal responsável pelo
atividades
físicas,
resultante
das
Segundo Stort [44], numa busca
aumento mundial das taxas de obesidade. Do
incessante por sentido e satisfação das
mesmo modo, a escolha alimentar que se
necessidades o ser humano procura adaptar a
constitui em um aspecto cultural interfere na
natureza às suas necessidades e à sua visão
biologia do ser humano e vice-versa, o que
de mundo, transformando e se apropriando
remete à visão coadaptativa de Richerson e
Boyd [47], acima citados.
1
Karl Popper propõe através do Falseacionismo um
método de resolução do problema da indução
científica com base em dados empíricos. O método
pressupõe que é mais fácil refutar uma afirmativa
do que provar sua veracidade. À medida que o
pesquisa não consegue falsear a hipótese, o estudo
ganha credibilidade cientifica [51].
Noutra
perspectiva,
quanto
às
propostas de desenvolvimento local e
possíveis melhorias das condições de vida
para as comunidades rurais, cabe discutir
se
elas
se
adaptarão
grandes
justificado pelas condições de escassez e
transtornos ao maior acesso ao mercado e
vulnerabilidade em que a maioria dos
se a dinâmica biocultural gerada não
povos tradicionais vive, o preconceito
culminará num processo de assimilação
condena-os a uma situação de incapacidade
irrestrita de elementos externos. Quanto a
que na prática não condiz com a realidade
isso, Montero [49] defende que este
de superação histórica. Apesar da intenção
processo de incorporação, “mundialização”
de
ou
intervenções externas neste formato podem
globalização,
promove
não
sem
necessariamente
homogeneização
cultural,
justamente o oposto, nesta interface novos
proteção
da
cultura
tradicional,
acarretar na propagação de um aparelho
ideológico de vitimização do povo.
padrões reaparecem, ressaltando outro
nível
de
diferenças
no
seio
das
especificidades locais.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As consequências do fenômeno de
Diante de todas estas questões que
transição agroalimentar, recorrente nas
remetem à capacidade de ajuste adaptativo
comunidades
ao desenvolvimento,
de
riscos de dilapidação dos arranjos culturais
transição agroalimentar, conjectura-se que
se nenhuma iniciativa - local ou externa -
a preocupação de dilapidação cultural em
de empoderamento local for realizada. A
comunidades tradicionais pode ocultar
reafirmação dos costumes e o estímulo à
ingenuidade e ou preconceito velado.
autodeterminação através do incentivo ao
Ingenuidade
trabalho
ao processo
basicamente
por
não
tradicionais
tradicional
representarão
possibilita
às
reconhecer que os povos “tradicionais” são
comunidades locais um maior ajuste
uma
adaptativo às mudanças ocasionadas pelo
categoria
ocupada
por
políticos,
articulados
ao
direcionar
toda
uma
sujeitos
ponto
de
política
conservacionista materializada na criação
processo
de
desenvolvimento
socioeconômico.
Em
termos
culturais,
a
vida
de inúmeras Reservas de Desenvolvimento
invariavelmente se rearranja, pois em
Sustentável por todo território nacional
constante
transformação
[21, 50].
conformações
são
E
preconceito
por
sempre
novas
possíveis.
considerá-los
Independente da escala de estudo ou
incapazes de uma tomada de decisão
contexto de análise, novas conexões
autônoma perante as “tentações” do mundo
socioculturais podem sempre surgir, seja
globalizado.
Revestido
um
através da sobreposição de elementos
protecionismo
fantasioso,
normalmente
externos aos valores locais ou por meio da
de
reelaboração completa em que ambos os
caracteres
reorganizam,
–
–
interno/externo
gerando
uma
se
dinâmica
diferente.
ilha de Ituqui, Baixo Amazonas, Pará.
Revista de Antropologia USP, v. 44, n. 2,
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