a química forense como motivadora do ensino de química
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a química forense como motivadora do ensino de química
A QUÍMICA FORENSE COMO MOTIVADORA DO ENSINO DE QUÍMICA 1 2 3 Fernanda Gabriely Andrade Lindeberg Ventura , Ozanira Soares Maciel Prof. Mr. Gautier Falconiere Faculdade de ciências exatas e naturais– universidade do estado do rio grande do norte 4 RESUMO Ensinar conteúdos de Química através de temas relacionados à Ciências e à tecnologia proporciona aos alunos mais oportunidades de compreender os fenômenos ligados diretamente a sua vida cotidiana. Desse modo o presente projeto consistiu em trabalhar o tema química forense para ensinar conceitos químicos a uma turma de alunos do ensino médio da rede publica, a fim de promover uma relação entre ciência e tecnologia decorrente do emprego das técnicas forenses. Através da realização do trabalho pode-se perceber o grande interesse dos alunos, com o tema abordado. A participação dos mesmos foi bastante significativa, pois o tema propôs bastante curiosidade e questionamentos. PALAVRAS-CHAVE: Química forense, motivadora, ensino de química. . FORENSIC CHEMISTRY AS A MOTIVATOR FOR TEACHING CHEMISTRY ABSTRACT Contents of taught chemistry through themes related to science and technology provides students with more opportunities to understand the phenomena connected directly to your everyday life. Thus this project consisted of working the topic forensic Chemistry to teach chemical concepts to a group of high school students from the public network, to promote a relationship between science and technology arising from the use of forensic techniques. Through realization of the work It could be observed great interest the students, about the topic. The participation of these was very significant because aroused the curiosity and questionings KEY-WORDS: Forensic Chemistry, motivating, teaching chemistry. 1 Autora, 2 Prof. colaborador, Prof. colaborador 3 Orientador4 1 A QUÍMICA FORENSE COMO MOTIVADORA DO ENSINO DE QUÍMICA INTRODUÇÃO A contextualização surgiu como melhoria dos parâmetros curriculares nacionais PCNs para o ensino médio, os quais visam um ensino de química centrado na interface entre a informação cientifica e o contexto social. De acordo com o PCN+: “contextualizar a química não é promover uma ligação artificial entre o conhecimento e o cotidiano do aluno”. Não é citar exemplos como ilustração ao final de algum conteúdo, mas que contextualizar é propor “situações problemáticas reais e buscar o conhecimento necessário para entendê-las e procurar solucioná-las”. Segundo o PCNEM, para um novo perfil de currículo do ensino médio “[...] buscamos dar significado ao conhecimento escolar, mediante a contextualização; evitar a compartimentalização, mediante a interdisciplinaridade; e incentivar o raciocínio e a capacidade de aprender (BRASIL, 1999)”. A química deve ser ensinada de maneira que o aluno consiga refletir aspectos importantes do seu cotidiano, de modo a torná-lo capaz de tomar decisões, participar de contextos concretos e assuntos que aparecem rotineiramente em sua vida. (COSTA, 2010) Ensinar conteúdos de Química com enfoque CTs permite aos alunos mais oportunidades de compreender os fenômenos ligados diretamente a sua vida cotidiana. (ELBA 2011) Bem compreender a importância e aplicação dos conhecimentos adquiridos em sala de aula. Diante do exposto, o presente trabalho consistiu no desenvolvimento de uma aula sobre a química forense, que é definida como a parte da Ciência que aplica os conhecimentos da Química e áreas afins aos problemas da natureza forense utilizando-se diversos técnicas e métodos analíticos. A química Forense é um dos ramos da ciência forense que utiliza a química na investigação de crimes, como casos de homicídios, suicídios e suas respectivas tentativas. O uso de conhecimentos Químicos para investigação de crimes é bastante antiga, a análise de provas de crimes é datado do fim do século XVII (FARIAS, 2008). Esse tema de ensino CTs foi proposto para ensinar alguns conceitos químicos, como transformação química, interações secundárias e a quimiluminescências para uma turma do 1° ano do ensino médio no Centro Integrado Professor Eliseu Viana CEIPEV-RN, a fim de promover uma relação entre ciência e tecnologia decorrente do emprego das técnicas forenses, e também promover nos alunos à reflexão sobre as contribuições da Química na promoção da Justiça. METODOLOGIA A escolha do tema surgiu devido ao Projeto Como Componente Curricular (PCCC), atividade semestral realizada no curso de licenciatura em química – UERN, com carga horária obrigatória de algumas disciplinas constantes até o 5º período. O trabalho foi realizado no Centro Integrado Professor Eliseu Viana (CEIPEV)-MossoróRN, no primeiro semestre do ano de 2011, e foi uma continuidade de um projeto desenvolvido no ano passado, também sobre química forense. O presente trabalho consistiu em levar os conhecimentos adquiridos durante a pesquisa do trabalho anterior para alunos (15 alunos) do ensino médio da 1ª, a fim de contextualizar alguns conteúdos vistos em sala. Escolha do tema surgiu devido ao projeto como componente curricular (PCCC), que é obrigatória como disciplina do curso de licenciatura de química da UERN, o trabalho foi realizado no Centro Integrado Professor Eliseu Viana (CEIPEV)-MossoróRN, no primeiro semestre do ano de 2011. O trabalho a que apresentado foi uma continuação de um projeto desenvolvido no ano passado, também sobre química forense. O presente trabalho consistiu em levar os conhecimentos adquiridos durante a pesquisa do trabalho anterior para alunos (15 alunos) do ensino médio da 1ª, a fim de ensinar contextualizar alguns conteúdos vistos em sala. O segundo momento consistiu em estudo de literatura (artigos e textos) sobre o tema. Em seguida foi discutido com o professor da escola a escolha da turma e melhor data para execução do projeto. Foi elaborada uma aula expositiva, onde abordava algumas técnicas de química forense: 1. Identificação de digitais, através da utilização de pó químico; 2. Identificação de sangue: luminol e reagente Kastle – Mayer. 3. Identificação de cocaína: teste odorífico 4. Identificação de pólvora: exame residuográfico Também foi escolhido um vídeo do Departamento de Química da Universidade de Aveiro e uma aula prática demostrativa, que consistiu em produzir um reagente bastante utilizado pelos profissionais forenses e que serviu para identificar uma amostra de sangue. Após finalização da aula, houve conversação com os alunos, a fim de verificar a assimilação e interesse dos conteúdos abordados. Experimento: Teste presuntivo de sangue – Kastle - Mayer Procedimento Preparação do reagente Kastle - Mayer 1- fazer uma solução de hidróxido de sódio (20g de NaOH adicionados à 90ml de água destilada) e adicionar 1g de fenolftaleína dissolvido em 10ml de etanol.) 2-Adicionando 20g de pó de zinco metálico à solução e aquecendo-a em fogo brando. Até desaparecimento da cor rósea. (se não mudar a intensidade da cor, deixar descansar por três dias a solução, ate a intensidade da cor desaparecer quase completamente). Identificado o sangue - utilize uma haste flexível (levemente umedecido em soro fisiológico ou água destilada na amostra de sangue (ex: carne bovina) pode-se utilizar uma faca ou uma vasilha suja com o sangue da carne, para retirar a amostra. Em seguida, pingue uma gota do reagente de Kastle-Meyer na haste flexível, seguido de uma gota de água oxigenada (5%). Quase instantaneamente, ocorrerá uma mudança de coloração no algodão. Uma cor vermelha intensa poderá ser visualizada, indicando a presença de sangue. (teste positivo). RESULTADOS E DISCUSSÕES O andamento das atividades que foram desenvolvidas na instituição de ensino seguiu a seqüência: 1-aula expositiva abordando o papel da ciência forense, algumas técnicas químicas: teste de presunção de sangue (luminol e reagente Kastler Mayer), teste de identificação de pólvora (exame residuográfico), identificação de tóxicos (teste odorífico para cocaína) e revelação de digitais (datiloscopia) 2-aplicação de um vídeo sobre o fenômeno da quimiluminescência (reação envolvendo o luminol) e 3aplicação de um experimento químico demonstrativo que utilizou o reagente Kastler Mayer para identificar uma amostra de sangue (carne bovina). Figura 1: Apresentação do experimento Inicialmente foram feitos questionamentos a respeito do entendimento dos alunos em relação à química, a fim de saber os seus conhecimentos prévios a respeito do tema. Pode-se perceber que a maioria dos alunos não respondeu ou não sabiam, outros relacionavam a química forense como experiências feitas em laboratório. A falta de conhecimento prévio dos alunos em relação ao tema talvez se deva ao grau de maturidade e vivência dos mesmos, por estarem na 1ª série do ensino médio. No final, após término da aula foram feitos novos questionamentos, obtendo, portanto aspecto qualitativo em relação as respostas dos alunos, levando em conta a resposta da maioria dos alunos. Pode constatar através dos questionamentos que os alunos conseguiram assimilar os conteúdos abordados, sobre o entendimento e aplicação da química forense. Também foi possível perceber que a aplicação do experimento realizado, quando visto de maneira contextualizada os alunos demonstram mais interesse e participação nas aulas. O tema química Forense também promoveu muitas indagações e curiosidades dos alunos durante o andamento da apresentação. Indicando um grande interesse dos discentes. Neste sentido: Um ensino contextualizado não ira apenas tornar a aprendizagem mais fácil e prazerosa, mas ira facilitar a transposição dos conhecimentos apreendidos na escola para o mundo real. Alem disso o tema proposto propôs uma relação da ciência forense e química e seus aspectos tecnológicos, que foram as técnicas químicas e a representação de um experimento demonstrativo apresentadas, mostrando a utilização da abordagem experimental como um meio de solucionar problemas de caráter jurídico, como confirmar a presença de um suspeito na cena de um crime a traves de sua digital ou como constatar que no determinado local houve um assassinato, através da mancha de sangue oculta, revelada pelo reagente químico luminol. (FARIAS, 2005) Quando perguntado aos alunos se os mesmos preferiam esse tipo de abordagem em relação ao método tradicional à maioria respondeu que gostavam e achavam mais interessantes aulas contextualizadas e com a utilização de multimídia e experimentos quando comparada as aulas tradicionais. Certamente o processo de aprendizagem torna-se mais prazeroso quando o conteúdo abordado nos motiva e interessa e a aprendizagem da ciência química, mediada pelo professor, não deve preparar o aluno apenas para provas, a contextualização não deve ser utilizada somente como exemplos do cotidiano, mas como deve ser usado como um ponto de partida para abordagem dos conteúdos. (FARIAS, 2005, p.53-55) A aplicação deste trabalho permitiu a abordagem de ensino bastante positiva, pois mostrou a química de maneira mais próxima da realidade do aluno, relacionando a sua aplicação e importância para a sociedade, assim como a abordagem de alguns conceitos químicos vistos em sala de aula, como, por exemplo: interações secundárias (forcas de van der waals e ponte de hidrogênio) relacionados à técnica de revelação de digitais (pó químico), transformações químicas (reações envolvidas na identificação de sangue e teste odorífico da cocaína) e a quimiluminescência (fenômeno envolvido na reação do luminol). CONSIDERAÇÕES FINAIS Através da realização do trabalho pode-se perceber que o ensino mediante contextualização gera grande motivação dos alunos. A participação dos mesmos foi bastante significativa, pois o tema propôs bastante curiosidade e questionamentos. A curiosidade instiga a imaginação a ponto de provocar uma tremenda inquietude. Ela é capaz de conduzir a mente àquela idéia fixa de descobrir o que ainda se encontra no estado de desconhecido e que tanto atrai a atenção e o interesse. (Cláudia França 2011). O presente trabalho consistiu em trabalhar o tema química forense, abordando algumas técnicas químicas bastante utilizadas no trabalho dos peritos. Relacionando com conceitos químicos vistos em sala de aula. Deste modo levou aos estudantes a compreenderem o papel da ciência química na sociedade, para promoção da justiça e verdade dos fatos. Neste sentido, segundo Robson (2005): A função mais importante que o educador de química pode cumprir é de ensinar bem a ciência na sala de aula. Onde o mesmo ainda diz: bem ensinar não significa apenas tornar seus alunos treinados na resolução de problemas preparando-os para o vestibular. Significa torná-los aptos a entender as implicações que a produção e uso das diferentes substâncias químicas têm em nossas vidas. Diante disto, pode constatar que os conteúdos quando exposto de maneira contextualizada propicia uma melhor compreensão e assimilação, alem de compreender que a química não esta apenas na sala de aula, mas que ela é fundamental importância para a sociedade. AGRADECIMENTOS Centro Integrado Professor Eliseu Viana (CEIPEV) Ao professor Lindeberg Ventura. Prof. Dr. Gautier Falconieri Prof. Ozanira Soares REFERÊNCIAS BRASIL, Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio,In: Conhecimentos de Química. Ciências da Natureza, Matemática suas Tecnologias –Parte III. Brasília, 1999. BRASIL, Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais +: Ensino Médio; Orientações educacionais complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. Brasília: MEC/Semtec, 2002. CHEMELLO, E. Ciência forense: Impressões Digitais. Disponível em: < http://www.quimica.net/emiliano/artigos/2006dez_forense1.pdf>. 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