Liberalismo econ\363mico-PT.pub
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LIBERALISMO ECONÓMICO LIBERALISMO ECONÓMICO LIBERALISMO ECONÓMICO Publicado pelo European Liberal Forum asbl, com o apoio da Asociación Galega pola Liberdade e a Democracia (galidem) e o Movimento Liberal Social (MLS). Financiado polo Parlamento Europeo. O Parlamento Europeu não é responsável pelo conteúdo da publicação. Os pontos de vista expressos na publicação são apenas dos respectivos autores e não reflectem necessariamente os pontos de vista do European Liberal Forum asbl. copyright @ 2012 European Liberal Forum asbl, Bruxelas, Bélxica. Esta publicação só pode ser reproduzida, arquivada ou transmitida em qualquer formato ou por quaisquer meios, com a autorização prévia por escrito do editor. Quaisquer questões relacionadas com a reprodução fora destes termos devem ser enviadas ao European Liberal Forum. Uma cópia digital desta publicação poderá ser obtida gratuitamente em www.liberalforum.eu , www.gallidem.eu ou www.liberal-social.org. Para informações adicionais e distribuição: galidem - Asociación Galega pola Liberdade e a Democracia Rua do Bispo Lago 33, E36700 Tui (Galiza), Espanha www.galidem.eu [email protected] MLS - Movimento Liberal Social Rua Ramalho Ortigão, 31, CV DTA 1070-228 Lisboa . Portugal www.liberal-social.org [email protected] Ficha Técnica: Título: Liberalismo Económico Série: Unidades Didáticas sobre Liberalismo. I. Pensamento Liberal. Autor: José-Luís Vaz Silva Editor: European Liberal Forum asbl Capa: Coreia do Norte e Coreia do Sul em 1992 e 2010. Extract from , National Geophysical Data Center, NOAA. , Revisão do texto: Eduardo L. Giménez Impressão: Palavras-chave: : liberalismo económico, liberalismo, liberal, autores liberais, economia, pensamento liberal, capitalismo. LIBERALISMO ECONÓMICO p. 1 p. 3 p. 6 p. 8 p. 9 p.10 p.11 LIBERALISMO ECONÓMICO LIBERALISMO ECONÓMICO Adam Smith, 1755 LIBERALISMO ECONÓMICO LIBERALISMO ECONÓMICO A cita anterior avança a explicação de Adam Smith para a prosperidade conseguida por algumas nações. Adam Smith foi um dos principais expoentes do iluminismo escocês e é por muitos considerado o pai da Economia. A sua explicação é importante porque revela a importância que o liberalismo teve para desenvolvimento económico da humanidade nos últimos séculos. A base da economia liberal é a liberdade do indivíduo para perseguir livremente os seus propósitos. Quando aplicado à economia, este conceito implica a liberdade para o agente económico escolher livremente a sua profissão, tal como se poder movimentar e estabelecer trocas comerciais sem restrição. Existe portanto liberdade contratual. Os princípios de liberalismo incluem ainda conceitos como a primazia da lei, igualdade de oportunidades e respeito pela propriedade privada. O resultado deste conjunto de princípios é a economia de mercado com liberdade para competir: o . O liberalismo económico não se limita a fornecer um programa económico eficaz, mas inclui também fortes valores morais. O respeito pela propriedade privada é uma consequência directa do liberalismo individual. O valor que o liberalismo confere aos direitos e liberdades individuais justifica moralmente o direito de o indíviduo reter os frutos do seu trabalho e simultâneamente adquirir património. Deste modo, indivíduos acedem à possibilidade de maior realização pessoal, ao mesmo tempo que se geram na economia atitudes independentes, ambiciosas e empreendedoras. A exigência de menores restrições ao comércio internacional também tem dimensões éticas. O desenvolvimento do comércio internacional tem sido instrumental na redução de conflitos internacionais e diminui a possibilidade de nações soberanas entrarem em conflito militar. Constitui igualmente o instrumento mais efectivo ao nosso dispor para reduzir as diferenças materiais entre as várias regiões do mundo. É a participação na economia formal (fortemente incentivada pelo comércio internacional) que permite a centenas de milhões de camponeses escaparem à pobreza e oferecerem uma vida melhor às suas famílias. LIBERALISMO ECONÓMICO O livre comércio reduz ainda oportunidades de corrupção, e aumenta a transparência na economia. Neste campo, o liberalismo deve afrontar interesses corporativos, políticas populistas e a intervenção arbitrária dos estados. LIBERALISMO LIBERALISMO ECONÓMICO ECONÓMICO Conceitos básicos como liberdade para comprar e vender ou o direito à propriedade privada parecem-nos hoje em dia triviais. É difícil imaginar a vida moderna sem eles. Como os camponeses não podiam reter o seu excedente também não havia incentivo para aumentar a produtividade. A economia era agrária, auto-suficiente e tinha escassa circulação monetária. Consequentemente, também desapareceu grande parte do comércio de longa distância. Muitas cidades desapareceram ou reduziram substancialmente a sua dimensão. O rendimento per capita na Europa Feudal era extremamente baixo, próximo do nível de subsistência. As novas ideias liberais encontraram muita e poderosa oposição dos senhores feudais: Os reis eram tiranos com poderes quase absolutos sobre os seus súbditos, e mostravam escassa inclinação para abdicar desse poder. Os nobres também não queriam perder os seus servos nem serem ultrapassados por uma burguesia mercantil cada vez mais próspera. No entanto, o apelo da liberdade subjacente à nova corrente liberal revelar-se-ia irresistível e ganharia maior divulgação com o do século XVIII. O iluminismo foi um movimento complexo com várias vertentes locais (Francesa, Escocesa, etc.), mas que basicamente pretendia: • Abolir a monarquia absoluta; • Diminuir a influência da religião e da igreja; • Eliminar privilégios feudais; • Introduzir a ideia da igualdade perante a lei; • Estabelecer governos constitucionais e parlamentares; • Implementar a ideia de separação de poderes; • Eliminar barreiras à produção e ao comércio. LIBERALISMO ECONÓMICO Estas novas ideias viriam a triunfar no século XIX com o desaparecimento dos últimos defensores do velho regime feudal na Europa. O século XIX é hoje visto como a época dourada do liberalismo clássico. Todavia, é por esta altura que surgem novas correntes de pensamento que viriam a questionar os valores liberais. O movimento socialista que resulta destas novas correntes advoga maior intervenção estatal na economia e maior planeamento económico. Estas ideias ganharam muitos adeptos no ocidente com o sucesso das políticas keynesianas dos anos 1930: recuperação económica baseada em obras públicas. O resultado seria cada vez maior intervenção estatal nas economias ocidentais nas décadas seguintes. O caso mais extremo destas ideias foi implementado na URSS e outros países comunistas, e ficou conhecido no campo económico como . Estas últimas distinguem-se do capitalismo pela ausência de propriedade privada e liberdade contratual. Em consequência também não existe mercado nem livre concorrência. É um poder central quem decide a distribuição de recursos para a produção e o consumo. As empresas têm que cumprir metas estabelecidas pelo poder central, e já não se preocupam com lucros ou falências. As economias planificadas falharam porque: 1. Não havia incentivos para os agentes económicos inovarem ou aumentarem a produtividade. Os excedentes eram apropriados pelo poder central o que eliminava os incentivos para aumentar a produtividade, enquanto a eliminação da competição pelos clientes eliminava os incentivos para inovar. A ausência de concorrência também limitava a qualidade. 2. Eram mais ineficientes do que as economias capitalistas porque poupar fazia menos sentido em empresas que não podiam reter lucros. Um problema adicional era a dificuldade que as autoridades tinham em “adivinhar” e satisfazer as preferências dos consumidores. Uma vez mais a superioridade das economias liberais sobre as economias planificadas não se limita à eficácia económica, mas também tem contornos morais. Enquanto nas economias liberais a informação e o acesso a mercados estão disponíveis a todos, nas economias planificadas a informação e o acesso a mercados está reservado a quem planeia, a quem está no poder, ou a quem pelo poder é arbitrariamente privilegiado. Por estas razões, economias planificadas são geralmente preferidas por autoritários, ou por quem simplesmente prefere um poder discricionário anti-constitucional. LIBERALISMO LIBERALISMO ECONÓMICO ECONÓMICO No início do século XXI conceitos liberais como a propriedade privada ou a liberdade para comprar e vender são praticamente consensuais. Na realidade estão de tal forma disseminados pelas sociedades europeias que mesmo outras correntes de pensamento (socialistas, conservadoras, etc.) os aceitam. Nas últimas décadas surgiram novas e populares liberdades (de movimento, de estabelecimento, etc.) por todo o espaço europeu. LIBERALISMO ECONÓMICO É extremamente difícil apresentar uma lista fechada dos autores que tenham contribuído para o pensamento liberal. São tantos os contributos, que inevitavelmente incorremos na grave injustiça de omitir muitos entre eles. No entanto, a natureza introdutória e não aprofundada desta unidade didática não permite outra abordagem. As raízes do pensamento liberal recuam seguramente até às primeiras civilizações hierárquicas: desde que o Homem aprendeu a viver em sociedades estratificadas -com reis ou régulos no topo da pirâmide- que terá sentido a necessidade de lutar por maior liberdade individual. Entre as civilizações clássicas, e muito em particular durante várias fases do Império Romano, surgiram aplicados alguns conceitos importantes para o liberalismo: a propriedade privada e a primazia da lei. Apesar da aplicação intermitente destes princípios (a economia continuava largamente dependente do trabalho escravo) é inquestionável o avanço institucional do Império Romano para a sua época. Alguns historiadores defendem que terá demorado quase um milénio após a queda do Império até que na Europa tenha surgido novamente um enquadramento legal tão favorável ao crescimento económico. De facto, muitos dos pensadores dos sécs. XVI e XVII prepararam a Europa para o iluminismo do século seguinte ao defender valores liberais como o pluralismo de opiniões e a tolerância religiosa (por exemplo, Spinoza), os direitos individuais e a igualdade entre todos os homens (Hobbes) ou o direito internacional (Grotius). Igualmente de destacar é a (no campo da Economia) e os movimentos Protestante —ênfase na interpretação individual da Bíblia— e Calvinista —promoção do ethos capitalista do trabalho e da poupança. Os contributos do para o liberalismo clássico são multifacetados: assim existe o ilu- minismo escocês (Smith e Locke por exemplo), como existe o iluminismo francês (Turgot popularizou a expressão e influenciou Smith entre outros). Existem contributos essencialmente económi- cos (Turgot e Smith) como existem autores com motivações sobretudo não económicas (John Stuart Mill destacou-se pela defesa da liberdade individual contra o controlo ilimitado do estado). David Ricardo faz uma defesa convincente do livre comércio e este conceito torna-se um dos elementos base do ideário liberal. Jefferson, Tocqueville, Malthus, von Humboldt e muitos outros autores nos mais diversos países também contribuiram para a ascensão definitiva do pensamento liberal em várias partes do mundo. No LIBERALISMO LIBERALISMO ECONÓMICO ECONÓMICO “Existem dois métodos fiáveis para destruir uma cidade: bombeá-la ou congelar as rendas. O segundo método é mais eficaz.” Milton Friedman fim do século XIX já estava amplamente difundida por todo o Ocidente a ideia que qualquer indivíduo tem um direito fundamental à sua vida, à liberdade e à propriedade. O séc. XX é um século de ascensão de ideias socialistas: propriedade e gestão pública (em vez de privada) e igualdade de compensação (em vez de oportunidades). O seu efeito faz-se sentir nas políticas keynesianas do Ocidente e de uma forma mais extrema nas economias dirigidas dos regimes comunistas. Por esta razão se compreende que os pensadores liberais do séc. XX se tenham sobretudo destacado pela sua oposição quer ao activismo estatal das políticas keynesianas quer aos regimes totalitários do comunismo internacional. No campo económico o principal expoente do liberalismo do século XX é sem dúvida Milton Friedman —e o economista mais influente do século em conjunto com Keynes. A vertente do liberalismo económico que ele advoga ficou conhecida como . Curio- samente ele considera que o seu principal sucesso foi a abolição do serviço militar obrigatório nos EUA. Outros autores como von Mises e Hayek tiveram um lugar de destaque na defesa dos ideais liberais em pleno século XX. Eles fazem parte de uma corrente de pensamento conhecida como Escola Austríaca. Talvez influenciados pela sua proximidade geográfica e cultural com as experiências totalitárias da Alemanha e da URSS, escreveram extensivamente sobre a superioridade das soluções propostas pelas economias capitalistas nas democracias liberais. Da mesma zona geográfica provém Isaiah Berlin que distingue entre dois tipos de liberdade ( ... e ...), e que também se notabilizou pelo seu trabalho em relação ao ilu- minismo e à pluralidade de valores humanos. Uma última referência a Rawls e os seus princípios de justiça que se baseiam na liberdade e igualdade, e nas relações que se estabelecem entre estes dois elementos. LIBERALISMO ECONÓMICO De acordo com Hayek existem três posicionamentos clássicos na filosofia política: O Liberalismo, o Socialismo e o Conservadorismo. Muitos autores liberais foram influenciados por ideias dos outros campos, ao mesmo tempo que estes receberam muitas influências do pensamento liberal. O socialismo como corrente política surgiu no século XIX, e existe em muitas variantes: do anarquismo, passando pela socialdemocracia, até ao comunismo e outras soluções totalitárias. As preocupações de fundo do socialismo envolvem conceitos como igualdade, justiça e solidariedade. As correntes socialistas por vezes se aproximam do pensamento liberal nas áreas não-económicas (liberalismo social). Ao contrário das anteriores escolas de pensamento, o conservadorismo reflecte sobretudo posicionamentos históricos específicos. Corresponde a movimentos políticos ou sociais que defendem ordens sociais existentes (ou o retorno a ordens sociais antigas). Frequentemente valoriza o papel da religião, da autoridade, da experiência histórica e das tradições seculares das sociedades. Os conservadores associam a ideia de liberdade individual à propriedade privada, o que os aproxima do pensamento liberal na área económica (liberalismo económico). LIBERALISMO LIBERALISMO ECONÓMICO ECONÓMICO • Coretin de Salle (2010) http://books.google.pt/books?id=ZF54tQhazGgC&redir_esc=y • O que é o Liberalismo? http://www.liberal-social.org/liberalismo LIBERALISMO ECONÓMICO 1. A base da economia liberal é a liberadade do indíviduo para perseguir livremente os seus propósitos, seja na escolha da sua profissão, na liberdade para se movimentar ou para estabelecer trocas comerciais. 2. Adicionando ao liberalismo económico conceitos importantes como o ,a oportunidades ou o obtemos as modernas economias de mercado. 3. O liberalismo também encerra fortes valores morais porque estimula atitudes independentes, ambiciosas e empreendedoras. 4. O livre comércio promove o desenvolvimento económico e institucional dos países, pelo que constitui uma das pedras basilares do liberalismo económico. 5. O capitalismo sucede ao feudalismo e distingue-se deste pelas diferentes liberdades e pelo acesso à propriedade privada concedidos a uma maioria da população até aí dependentes dos senhores feudais. 6. O movimento iluminista do séc. XVIII foi instrumental na ascensão do liberalismo económico. 7. Conceitos profundamente liberais como a liberdade contratual ou o acesso à propriedade privada são hoje em dia quase consensuais. 8. Os autores liberais do último século destacaram-se sobretudo pela sua oposição a políticas económicas planificadas e a regimes totalitários. 9. O socialismo distingue-se do liberalismo pela sua maior ênfase na propriedade e gestão públicas, e por propor igualdade de compensação em vez de igualdade de oportunidades (como sucede no liberalismo). 10. Conservadores distinguem-se de liberais por valorizarem mais o papel da religião, da autoridade, da experiência histórica e das tradições seculares das sociedades. LIBERALISMO LIBERALISMO ECONÓMICO ECONÓMICO 1. Como interpreta a fotografia que surge na capa? 2. Como traduz a afirmação de Adam Smith em inglês que surge na introdução? 3. Quais são as características fundamentais do liberalismo económico? 4. Porque razão se afirma que maior liberalismo tende a gerar atitudes mais independentes, ambiciosas e empreendedoras? 5. O que distingue as modernas economias de mercado das economias planificadas? 6. O quê terá levado Friedman a afirmar que rendas congeladas são um método eficaz para destruir cidades? 7. Quais são as diferenças fundamentais entre o pensamento liberal e o pensamento socialista? LIBERALISMO ECONÓMICO LIBERALISMO ECONÓMICO LIBERALISMO ECONÓMICO LIBERALISMO ECONÓMICO