Novena pela cura da humanidade – “Maranatha!”

Transcrição

Novena pela cura da humanidade – “Maranatha!”
Novena pela cura da humanidade – “Maranatha!”
Oremos todos juntos pela cura da humanidade – introdução a novena
Em todos os períodos da história a humanidade pensou viver tempos
particularmente conturbados. Por isso não devemos julgar muito rápido ser nossa época
excepcionalmente dramática. Todavia, talvez não sem razão, sejamos tentados pensar que a
urgência do tempo presente é especialmente grave.
Nunca o planeta Terra esteve tão maltratado pelo homem. Nunca as fontes, mesmo
da vida humana estiveram tão ameaçadas que seja hoje pela contracepção generalizada, a
esterilização frequênte, voluntária ou imposta, ou pelo aborto banalizado. Mesmo a arte de
curar e, se possível, de salvar vidas quando ameaçadas, tornou-se também, em alguns
lugares, a arte de supri-la, com toda impunidade.
Nunca, ao menos no Ocidente, a família, célula fundamental da sociedade, esteve tão
violada juridicamente e culturalmente por legislações irresponsáveis, tornando o divorcio
acessível de forma generalizada e colocando no mesmo nível dos casamentos uniões que
não podem de nenhuma forma merecer este nome.
Ao lado de esplendidas realizações no plano social; como as legislações que
protegem o trabalho e organizam a solidariedade nos meandros da saúde, e tantas outras
formas de ajuda às pessoas mais necessitadas;
assistimos ao ressurgimento de um
capitalismo selvagem e sem piedade, constatamos com tristeza a impotência da política face
ao triunfo da especulação da bolsa e financeira. A quantidade de Estados que adquire
empréstimos nos colocam, todos, às margens de uma crise monetária, financeira, depois
econômica, com ameaça de engolir os mais vulneráveis.
Nesta época milhões de homens e de mulheres, jovens em particular, deixam-se
servir pelo álcool, a droga e a pornografia, três áreas escandalosamente em crescimento,
sabiamente organizadas pelo mercado das ilusões. Sem esquecer o embrutecimento geral
de populações inteiras por uma musica sem coração, sem melodia, sem significação,
reduzindo-se a um ritmo primário tanto quanto barulhento. O vazio da alma se torna abissal,
o ser tenta desesperadamente avançar, em uma imensa fuga a diante, desembocando
muitas vezes no suicídio.
Mesmo a busca de espiritualidade, em se louvável, mistura-se com muita frequência
à místicos impessoais, em um divino nebuloso, onde se dissipa o esplendor pessoal da alma
humana. Neste momento nos deparamos com a pérola rara da vida, mas sem reencontrá-la,
jamais, em uma verdade maior.
Apesar do ecumenismo portador de esperança, mesmo as Igrejas cristãs ocidentais,
muitas vezes, perderam sua alma. O sal sumiu e não sabemos mais de que maneira podemos
voltar a este sabor. Abrimos tantas portas e janelas, sem a preocupação com uma abertura
consciente, que o perfume do Evangelho simplesmente dissipou-se. A santa Tradição dos
Apóstolos de Jesus foi dilapidada através da proliferação de ideologias sem seguimento. A
liturgia rasteja-se nas sequências de assembléias, segundo a vontade de fantasias clericais,
celebrando sua própria mediocridade frente à glória de Deus e do Cristo. Segundo a palavra
terrível de Jesus, as pérolas foram jogadas aos porcos, e cristãos violentados penitenciam
sem saber os tesouros pelos quais os mártires derramaram seu sangue.
E, portanto, aqui onde nos deixam cem razões para desesperar, encontramos aos pés
de Jesus ressuscitado mil razões para esperar mais que nunca. Ele que tudo carregou da
dureza da existência humana, ele que atravessou todos os impasses, aqui cumpriu a morte
com sua benta ressurreição, ele nos suplica: “Não tenha medo. Eu sou o Primeiro e o Último.
Eu sou aquele que vive. Estive morto, mas agora estou vivo para todo o sempre. Tenho
autoridade sobre a morte e sobre o mundo dos mortos.” (Ap 1,17-18).
Ele conhece nossas provações e ele nos murmura ao coração: “Neste mundo vocês
terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo.” (cf. Jn 16, 33). E, antes de
despedir-se no dia da Ascensão, mas sem nos deixar órfãos com isso, ele nos assegurou: “E
lembrem disto: eu estou com vocês todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28, 20).
Jesus teria abandonado agora a humanidade a sua própria sorte? Nunca! Ele quem,
durante sua vida terrestre curou muitos doentes e reconciliou tantos pecadores, afirmou em
inúmeras ocasiões que toda prece feita com perseverança, na fé, seria certamente atendida,
não escutaria ele nossas suplicas pela cura da humanidade? Com certeza, ele as escuta e
deseja realizá-las. Não suplicamos para que fique sensível a nossa tristeza. Seu coração
perfurado é infinitamente mais vulnerável que o nosso! Não oramos para lhe informar de
nossas misérias, ele as conhece melhor que nós e as carregou, antes, no seu sofrimento das
agonias e sobre a cruz, abandonado pelos homens e mesmo aparentemente por Deus, seu
Pai... E, se ele nos pede para orar por longas horas, com devoção, não é porque se tornou
surdo ao longo dos séculos. É porque nós, pobres incrédulos, precisamos de tempo, muito
tempo, para por fim acreditar em toda a potência da prece. “Mas, quando o Filho do
Homem vier, será que vai encontrar fé na terra?” (Lc 18,8)
E se até Maria, ela mesma, aparece à humanidade com tanta frequência, ao longo de
dois séculos, se nos fala com tamanha perseverança, com enorme obstinação maternal e se
insiste com tanto afinco na importância vital da prece, não é porque se entedia lá no alto
tornando-se falante ou monitora casual celeste; em verdade ela está engajada a fundo no
combate do Cristo e da Igreja contra o Dragão (cf. Ap 12) e quer nos conduzir com vigor em
sua imensa intercessão para a salvação do mundo.
Então, sim, oremos com ardor e uma total confiança para nossa conversão e a cura
de toda a humanidade! Não ficaremos decepcionados! Pois, “quando vocês orarem e
pedirem alguma coisa, creiam que já a receberam, e assim tudo lhes será dado ” (Mc 11, 24
e em tantas outras passagens: Mt 7,7-11/ 18,19/ 21,22; Lc 18,6-8; Jn 11,42/ 15,7/ 16,14).
Que o modesto texto da Novena de prece aqui proposta nos ajude a tudo pedir e a
tudo obter!
Mgr André-Joseph LÉONARD,
Archevêque de Malines-Bruxelles.
Novena pela cura da humanidade:
1° dia: o respeito pela criação
Santo Paulo nos recorda que em seu estado presente a criação foi manchada pelo
pecado original e submetida a uma lei de morte, agoniza inteiramente, como uma mulher
nas dores do parto: “Pois o Universo se tornou inútil, não pela sua própria vontade, mas
porque Deus quis que fosse assim. Porém existe esta esperança: Um dia o próprio Universo
ficará livre do poder destruidor que o mantém escravo e tomará parte na gloriosa liberdade
dos filhos de Deus” (Rm 8,20-21).
É impossível escapar inteiramente a este « poder nulo » que afeta o Universo em sua
condição atual. Desta forma, mesmo manchado, o cosmos guarda a criação de Deus e é
fundamentalmente bom, mesmo ferido. É por esta razão que nosso dever de homens e de
cristãos é assegurar ao máximo o zelo, assim respeitando todo nosso meio ambiente.
Deus nosso Pai, livremente criastes o mundo de tua doçura e amor, e viste tu mesmo
que ele era bom e mesmo muito bom (cf. Gn 1,10.12.18.21.31). Hoje ainda, mesmo com o
mal danificador, tu amas este universo que criastes do Verbo e o Filho de teu eterno amor,
pois « Por meio da Palavra, Deus fez todas as coisas, e nada do que existe foi feito sem ela. A
Palavra era a fonte da vida, e essa vida trouxe a luz para todas as pessoas ” (Jn 1,3-4). Envie
em nossos corações este Espírito que deslizava sobre as águas originalmente (cf. Gn 1,1) afim
que, por toda a parte onde estivermos respeitemos tua criação e nos comprometamos em
salvaguardá-la. Nos o pedimos em nome de Jesus, o Cristo, nosso Senhor. Amém.
2 ° dia: o respeito da pessoa humana no ventre maternal
Nossa sociedade está, cada vez mais, sensível a importância da ecologia e é um
grande progresso. Mas, na preocupação capital para com a biodiversidade, quer dizer, com a
diversidade de espécies animais e vegetais, esquecemos com frequência de incluir o que
Bento XVI chama “a ecologia humana”. É chocante que em inúmeros países uma muda de
árvore ou um lobo sejam mais protegidos que um pequenino homem no ventre maternal.
Então, acreditamos no ritmo da superpopulação do planeta e na teoria do homem
predador?! A terra não está super populosa, ela até está, há tempos, e há bem curto prazo
no Ocidente, em direção ao envelhecimento. Tendo criatividade e generosidade a Terra
pode nutrir e comportar todos seus habitantes atuais e futuros. Que todas estas teorias não
sirvam nunca mais de argumento para banalizar o aborto. Com amor no coração é sempre
possível evitar que uma mulher e uma criança carreguem o drama do aborto.
Senhor Jesus, quando eras ainda minúsculo embrião no ventre de Maria, João
Batista lhe reconheceu do ventre de Isabel, ela transluziu de felicidade e soltou um grito de
jubilação junto de sua mãe: “Isabel disse bem alto:- Você é a mais abençoada de todas as
mulheres, e a criança que você vai ter é abençoada também! Quem sou eu para que a mãe
do meu Senhor venha me visitar?! Quando ouvi você me cumprimentar, a criança ficou
alegre e se mexeu dentro da minha barriga!” (Lc 1,42.44). Senhor Jesus, cada um, cada uma
de nós foi um dia como você, este pequeno no ventre de nossa mãe. Aprendamos a respeitar
este tênue começo de cada ser humano e vamos ao socorro das mulheres grávidas em
dificuldade. Nós o pedimos à ti, a criança de Maria e o Filho eterno do Pai. Amém.
3° dia: o respeito da pessoa humana próxima a morte
Como não ser sensível aos sofrimentos e as angustias das pessoas que uma penosa
doença leva à morte? Sim, é necessário ajudar os doentes incuráveis se aproximarem de sua
morte na paz e sem um sofrimento que os esmaga e os humilha. Graças aos progressos da
medicina dispomos hoje de fontes paliativas performáticas para viver os últimos tempos de
nossa estádia aqui em baixo com relativo conforto. E se, a dor severa rebela todo
tratamento, permanece a possibilidade, nos momentos de crise, de desconectar a
consciência, somente o tempo necessário.
Mas, precisamos denunciar a prática, cada vez mais comum, a qual abruptamente
põe fim à vida de um doente, sob o argumento de uma compaixão mal compreendida.
Mesmo o consentimento ou o pedido expresso do doente não justifica que seja mudada a
significação profunda de toda a profissão médica e paramédica, e que a arte de socorrer e
curar torne-se a arte de matar. Eu não posso, falsamente em nome de minha liberdade,
pedir que toda percepção de vida e morte sejam modificadas em nossa sociedade, com
intuito de justificar leis legalizando o ato de finalizar a vida uma pessoa humana inocente.
Deus nosso Pai, mesmo nos últimos meses e semanas, dias e horas de nossa vida
estamos sujeitos a tua Providência paterna. Tu nos ofereces, mesmo nestes últimos tempos
sobre a terra, uma ocasião de purificação, de retornar nossa vida entre tuas mãos e de
reconciliação progressiva com nosso entorno, com todos aqueles e aquelas que amamos e
pouco amamos. Faz de nós todos, para nós todos e por outrem, testemunhas de uma cultura
da vida, tão amante e tão generosa, que ela triunfe sobre os esquemas que nos conduzem ao
comportamento de mestres e senhores da vida e da morte. Nós o pedimos por Jesus, o
Cristos, nosso Senhor. Amém.
4º dia: o amor à paz e o combate espiritual
O coração do homem deseja a paz e mesmo assim é confrontado constantemente
com a violência. E isto não concerne somente... os outros! Em cada um de nós dorme uma
perigosa agressividade. A paz estratégica não é suficiente, esta que repousa no equilíbrio do
medo e no cálculo dos interesses. É necessário, ainda, chegarmos a uma verdadeira estima
para com o outro, partindo de se mesmo. A direção do despertar humano e, em suma, a
grande subida, parece francamente utópico. Somente a paz, brotada humildemente aos pés
do “Príncipe da paz”, pode nos permitir construir o respeito mútuo para com a comunhão e
a solidariedade dos indivíduos e das nações. É com esta fonte somente que aprendemos
viver a beatitude: “Felizes as pessoas que trabalham pela paz, pois Deus as tratará como
seus filhos ” (Mt 5,9).
“Deixo com vocês a paz. É a minha paz que eu lhes dou; não lhes dou a paz como o
mundo a dá. Não fiquem aflitos, não tenham medo (cf. Jn 14,27). Mas ainda, e por esta
razão mesmo: “Vocês pensam que eu vim trazer paz ao mundo? Pois eu afirmo a vocês que
não vim trazer paz, mas divisão” (Lc 12,51). Ele quer que procuremos junto dele a
verdadeira paz. E, precisamente para isso ele nos convida ao combate espiritual, não
violento, contra todas as injustiças que alimentam a violência.
Senhor Jesus Cristo, disses aos teus apóstolos: “Deixo com vocês a paz. É a minha paz
que eu lhes dou”. Não olhe nossos pecados, mas a fé de tua Igreja. Para que tua vontade
seja feita nos dê sempre esta paz e a conduza em direção à unidade perfeita, tu que vive e
reina nos séculos dos séculos. Amém.
5º dia: a paz entre os povos e entre as religiões
As culturas, as línguas e os povos são legitimamente diferentes e suas diversidades
representam uma riqueza ao mesmo tempo aponta um risco. Contudo pertencemos todos,
funcionalmente, a mesma humanidade. O que nos une é maior do que o que nos distingue.
Mesmas felicidades e dores, mesmas provas e mesmos desafios.
As religiões, as espiritualidades e as filosofias são de natureza diversa, com
prioridades diferentes, elas também. Mas todas representam uma preciosa abertura em
direção a um mistério que nos ultrapassa, em direção a uma profundeza ou uma altura que
não inventamos.
Porque nossas diferenças culturais e filosóficas não se tornam sinfônicas? Como em
uma orquestra onde reina uma grande variedade de instrumentos, de timbres, de vozes e de
papeis, e mesmo assim não se forma uma cacofonia.
Deus nosso Pai, nos te damos graça pela sinfonia do universo, mesmo com a mancha
do pecado e do mal. Mas ainda, nos te dizemos “obrigada” pela sinfonia da humanidade,
mesmo com as dissonâncias e as falsas notas que comprometem sua harmonia. Nos te
dizemos de nossa gratidão por teu Filho Jesus e pelas santas Escrituras, onde nos deixastes
parte de sua sinfonia, sempre atual durante o tempo de permanência deste mundo. Nos te
agradecemos por nos dá o Espírito Santo como chefe da orquestra e inspirador de nossa
interpretação de tua graça. Guie-nos, nos una, afim que tua música adocique nossas
amarguras. Amém.
6º dia: a paz nas famílias
A família é uma pequena “Igreja em casa”, uma Igreja “doméstica”. Ela é um reflexo
da santa Trindade. Da mesma forma que o Espírito nasce do amor mutuo do Pai e do Filho, a
criança, as crianças, são o fruto pessoal do amor do homem e da mulher no casamento.
É sem duvida, justamente, porque a família é tão grande e tão importante aos olhos
de Jesus que ela é incansavelmente atacada pelo Inimigo. Assim tornando o divórcio
extremamente fácil, banalizando o aborto e instituindo um pseudo-casamento entre as
pessoas do mesmo sexo. As sociedades ocidentais, sem precedentes, fragilizaram a família
com todas as consequências desastrosas que disso desencadeiam para os cônjuges traídos e
as crianças inteiramente prejudicadas.
Senhor, tu o Esposo fiel da Igreja, tu que consagrou a beleza do amor humano,
estando unido para sempre à humanidade, vela com ternura as famílias, sobre tudo estas
que são tentadas a separação. Coloca no coração de tua Igreja, a Noiva que escolhestes, um
grande amor para com os casais, uma paciente solicitude para acompanhá-los e os sustentar
em sua fidelidade. Inspire-nos uma justa atitude ao olhar nossos irmãos e irmãs que viveram
a derrocada conjugal. Que saibamos os acolher, consagrando amor e verdade na fidelidade a
teu Evangelho e no ensino de tua Igreja. Nos te pedimos à ti que vive e reina com o Pai e o
Espírito Santo, pelo séculos dos séculos. Amém.
7º dia: a paz na Igreja
Há séculos sofremos baixas entre as diferentes confissões cristãs. O paciente trabalho
do ecumenismo já permitiu preciosas aproximações, sobre tudo entre católicos, ortodoxos e
luteranos. Mas, resta ainda caminho a percorrer.
Para completar no interior mesmo da Igreja católica as divisões não faltam entre os
tradicionalistas e progressistas, entre aqueles que amam a Igreja e o Papa e aqueles que são
sobre tudo portadores da crítica.
Por tanto o testemunho cristão no mundo somente será plenamente respeitado se
estivermos todos unidos no e para o Cristo. O que estamos esperando para celebrar a festa
da Páscoa todos na mesma data, como quis o Concílio de Nicée em 325? Isso quer dizer no
domingo após a plena lua que segue o equinócio de primavera. A astronomia permite hoje
de resolver o problema com segurança. Seria suficiente entrar em acordo sobre o meridiano
em função do qual determinaríamos a hora e a plena lua... Um acordo em relação à Páscoa
abriria talvez outros acordos sobre matérias mais profundas, nos inspirando todos juntos à
fé e a pratica da Igreja no curso do primeiro milênio, antes das grandes separações.
Senhor Jesus, na véspera de tua morte, orastes ardentemente pela união de tua
Igreja: “E peço que todos sejam um. E assim como tu, meu Pai, estás unido comigo, e eu
estou unido contigo, que todos que crerem também estejam unidos a nós para que o mundo
creia que tu me enviastes” (Jn 17,21). Que hoje, mais do que nunca, e sem tardar, tua prece
seja plenamente executada. Amém.
8º dia: a cura da humanidade
Em vários países do mundo ficamos horrorizados ao saber que mesmos padres e
religiosos tenham abusado de crianças e de jovens. E, sem minimizar, de forma alguma, este
crime no interior da Igreja, sabemos que por toda parte em nossas sociedades, crianças,
jovens, homens e mulheres são explorados sexualmente. Por vezes, nós mesmos arriscamos
sermos cúmplices desta onda de pornografia que desaba sobre o planeta. Pensamos
também em todas as vitimas do álcool e em especial em quem sofre com a influência desta
empresa comercial satânica que trás a difusão da droga onde milhões são vitimas.
E para completar, há ainda todos os outros abusos que nos circundam: a exploração
econômica, o descaso para com o estrangeiro, os regimes ditatoriais, as repressões policiais,
a intolerância religiosa. A cada cinco minutos um cristão é morto em razão de sua fé. A lista
seria interminável...
Jesus Cristo, desta vez foi demais! Não podemos mais. Tu que é o Amigo dos homens
e seu Salvador, tu que é o Médico da humanidade, nós confiamos em teu Coração sagrado, o
coração ferido de cada ser humano e de todos os homens. Venha em nosso socorro e nos
coloque em um grande impulso de fé, de esperança e de amor para a salvação do gênero
humano em perigo. Como os Apóstolos no barco sacudido pela tempestade, nós gritamos em
sua direção, pois temos a impressão que tu dormes e nos esqueceu: “Mestre! Nós vamos
morrer! O senhor não se importa com isso?” Erga-te e, como foi feito no lago da Galiléia,
endereça ao mar em fúria: “Silêncio! Fique quieto!” E confirme-nos na esperança nos
dizendo, a nós também: “Por que é que vocês são assim tão medrosos? Vocês ainda não têm
fé?” (cf. Mc 4,38-40)
9º dia: o desejo ardente da vinda de Jesus na glória: Maranatha!
O mundo atual em que vivemos não é mais o paraíso terrestre, muito menos o
Paraíso celeste. É fundamentalmente bom, pois foi criado por Deus, e desde já contém,
especialmente na Eucaristia, as energias do mundo novo. Mas há tempos desliza sujeito a
vaidade, com a esperança, de toda forma, de ser em breve transfigurado, graças à nova
vinda de Jesus na glória.
Podemos muito melhorar deste mundo através de nosso respeito com a criação e
nossa solidariedade face às catástrofes, a fome e as doenças. Mas, nunca este mundo
poderá ser inteiramente curado. Mesmo os doentes que Jesus curou tornaram adoecer. Os
milagres anunciam a harmonia do mundo que virá, mas eles não são a solução definitiva. A
salvação do mundo passará por uma transfiguração fulgurante do universo, no rastro da
ressurreição de Jesus entre os mortos. Contudo, a energia que glorificará o mundo já obrou
em nós, nosso batismo e a Eucaristia. Sim, com Paulo compreendemos com gratidão “E qual
a sobreexcelente grandeza do seu poder sobre nós, os crentes, segundo a operação da força
do seu poder, Que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos, e pondo-o a
direita nos céus.” (Ep 1,19-20). Também, com o Apocalipse, oremos ardentemente para que
esta Energia salvadora irradie em breve o cosmos inteiro.
Senhor Jesus, crucificado e ressuscitado, sentando desde este momento no céu a
direita do Pai, nós nos viramos em tua direção. Com o Espírito e a Noiva, com o Espírito Santo
e a Igreja, com o Espírito e Maria, nós nos viramos em tua direção e te suplicamos: “Venha!”
(Ap 22,17). E, sorridente com grande bondade e profunda compaixão por nós miseráveis, tu
nós responde, depois de vinte séculos já, mas com uma particular gravidade hoje:“Certamente venho logo!” Também renovamos a confiança para com a humanidade, dizendo
novamente com convicção a prece do Espírito e da Esposa: “Amém! Vem, Senhor Jesus!” (Ap
22,20)
+ Mgr André-Joseph LÉONARD,
Archevêque de Malines-Bruxelles

Documentos relacionados