Cláudio Poullart des Places

Transcrição

Cláudio Poullart des Places
Cláudio
Poullart des Places
1709 - 2009
NOVENAS
PENSAMENTOS E ORAÇÕES
INTRODUÇÃO
O Conselho Geral saúda com alegria as várias iniciativas surgidas nas circunscrições para comemorar o ano que marca os 300 anos da morte de Cláudio Francisco
Poullart des Places e pretende oferecer o seu contributo para estas comemorações.
Tal é o objectivo deste pequeno livrinho: promover a oração neste ano de grande comunhão com a espiritualidade do nosso primeiro fundador. A diversidade da
nossa família espiritana aparece reflectida, tanto na origem das três novenas aqui
apresentadas, como na especificidade de cada uma. Nesse sentido vemos a África,
a América Latina e a Europa se congregarem numa bela sinfonia que, esperamos,
em breve virá a ser enriquecida com a Ásia.
Queremos agradecer a cada confrade que trabalhou na elaboração deste livrinho, especialmente ao P. Ramos Seixas, pela seleção dos Pensamentos de Poullart
des Places que se encontram no seguimento das Novenas e para os quais elas encaminham.
Na parte final encontram-se algumas Orações recolhidas nos próprios escritos
do nosso Fundador.
Que o Espírito que empolgou o jovem Cláudio Poullart des Places nos entusiasme a todos, que Ele nos inculque o profundo desejo de santidade, presente no
coração de Cláudio e que o Espírito nos mantenha evangelicamente criativos na
atenção e no serviço aos pobres!
Roma, 11 de Julho de 2009
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NOVENAS PENSAMENTOS E ORAÇÕES
I – NOVENAS
1 – Novena Espiritana de África
Primeiro Dia
Conversão radical a Cristo e ao seu modo de ser
Hoje, ao começarmos esta novena de oração com o nosso primeiro fundador,
Cláudio Poullart des Places, a primeira preocupação vai para a conversão de África
a Cristo e ao seu modo de ser. Tal como Cláudio Poullart des Places se transformou
radicalmente pela graça da conversão, rezemos para que sejamos seus imitadores.
Leitura bíblica: Act 8, 26-32, 36-38
“Um anjo do Senhor dirigiu-se a Filipe e disse: Levanta-te e vai para o sul, em
direção do caminho que desce de Jerusalém a Gaza, a estrada está deserta.
Filipe levantou-se e partiu. Ora, um etíope, eunuco, ministro da rainha Candace, da
Etiópia, e superintendente de todos os seus tesouros, tinha ido a Jerusalém para adorar.
Voltava sentado em seu carro, lendo o profeta Isaías.
O Espírito disse a Filipe: Aproxima-te para bem perto deste carro.
Filipe aproximou-se e ouviu que o eunuco lia o profeta Isaías, e perguntou-lhe:
Porventura entendes o que estás lendo?
Respondeu-lhe: Como é que posso entender se não há alguém que mo explique?
E rogou a Filipe que subisse e se sentasse junto dele. A passagem da Escritura, que
ia lendo, era esta: Como ovelha, foi levado ao matadouro; e como cordeiro mudo
diante do que o tosquia, ele não abriu a sua boca.
Continuando o caminho, encontraram água. Disse então o eunuco: Eis aí a água.
Que impede que eu seja baptizado?
[Filipe respondeu: Se crês de todo o coração, podes sê-lo. Eu creio, disse ele,
que Jesus Cristo é o Filho de Deus.] E mandou parar o carro. Ambos desceram à
água e Filipe baptizou o eunuco.”
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CLÁUDIO POULLART DES PLACES – 1679-1709
Cláudio Poullart des Places diz-nos:
“Deus criou-me apenas para que o pudesse amar, servir, e usufruir para sempre
da alegria prometidas ao justo. Essa é a minha vocação total, o único objectivo de
todas as minhas acções. Sou um insensato se agir de outro modo, uma vez que não
devo ter outro objectivo na vida”
Para outros pensamentos de Poullart: ver Nº 4.
Oremos
Deus todo poderoso e Pai de todas as pessoas do universo, criastes-nos para vós
e nós não poderíamos subsistir sem vós. O vosso plano de salvação, revelado em
vosso Filho Jesus Cristo, tinha incluído desde o começo o povo de África. Fazei
com que todo o homem e mulher no nosso continente Vos conheçam, Vos amem e
Vos sirvam aqui na terra e assim possam viver convosco na eternidade juntamente
com o nosso irmão e fundador Cláudio Poullart des Places. Isto Vos pedimos por
Cristo Senhor Nosso. Ámen.
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NOVENAS PENSAMENTOS E ORAÇÕES
Segundo Dia
A integração das Culturas e o Evangelho
A nossa conversão a Cristo e ao Seu Reino deveria concretizar-se no contexto
da nossa cultura e das nossas tradições. Sejamos nós autênticos cristãos (autênticos espiritanos) e autênticos africanos.
Leitura bíblica: Act 15, 6-11 Reuniram-se os apóstolos e os anciãos para tratar desta questão. Ao fim de uma
grande discussão, Pedro levantou-se e disse-lhes: Irmãos, vós sabeis que já há muito tempo Deus me escolheu dentre vós, para que da minha boca os pagãos ouvissem
a palavra do Evangelho e acreditassem.
Ora, Deus, que conhece os corações, testemunhou a seu respeito, dando-lhes o
Espírito Santo, da mesma forma que a nós. Nem fez distinção alguma entre nós e eles,
purificando pela fé os seus corações. Por que, pois, provocais agora a Deus, impondo
aos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós pudemos suportar? Nós cremos
que pela graça do Senhor Jesus seremos salvos, da mesma forma que eles.”
Cláudio Poullart des Places diz-nos :
“Vou examinar, sem ter em conta o que é mais agradável ao homem natural,
qual é o caminho mais curto que me conduz de volta Àquele sem o qual, faça eu o
que fizer, não poderei viver em paz nem um minuto”
Para outros pensamentos de Poullart: ver N° 3.
Oremos
Deus nosso Pai, desejastes que o vosso Filho Jesus Cristo assumisse a nossa
carne não apenas como judeu de uma povoação e família concreta, mas com o andar do tempo, Ele encarnasse também noutras terras e culturas, como por exemplo
em África. Nele, e também no nosso fundador Cláudio Poullart des Places, nos
mostrastes que a natureza é o solo onde a graça é semeada, germina e cresce para
produzir frutos duradouros. Rezamos para que através da integração da Boa Nova
na nossa cultura, o Salvador do mundo venha a ser um de nós em toda as coisas
excepto nas imperfeições da nossa vida. Ajudai-nos a nós, Espiritanos, a ser instrumentos disponíveis nas Vossas mãos para que se realize este objectivo. Isto Vos
pedimos em nome de Jesus Cristo Nosso Senhor.
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CLÁUDIO POULLART DES PLACES – 1679-1709
Terceiro Dia
Reconciliação e Unidade
A nossa experiência enquanto Africanos e espiritanos hoje é predominantemente
caracterizada por divisionismos e um individualismo crescente. Ainda assim, a nossa
nova vida em Cristo há-de emergir e brilhar e o nosso chamamento como espiritanos
será autêntico apenas quando estes elementos de anti-Reino forem ultrapassados.
Leitura bíblica: 2 Cor 5, 17-20
“Todo aquele que está em Cristo é uma nova criatura. Passou o que era velho;
eis que tudo se fez novo! Tudo isso vem de Deus, que nos reconciliou consigo, por
Cristo, e nos confiou o ministério desta reconciliação. Porque é Deus que, em Cristo,
reconciliava consigo o mundo, não levando mais em conta os pecados dos homens,
e põe em nossos lábios a mensagem da reconciliação. Portanto, desempenhamos o
encargo de embaixadores em nome de Cristo, e é Deus mesmo que exorta por nosso
intermédio. Em nome de Cristo vos rogamos: reconciliai-vos com Deus!”
Cláudio Poullart des Places diz-nos:
“Oh, quantos cristãos eu encontro que serão mais culpados do que outros se não
aproveitarem as oportunidades que a Providência lhes oferece tão abundantemente
cada dia! Felizmente eu sou um desses filhos queridos a quem o Pai e Criador com
tanta frequência oferece fáceis e admiráveis caminhos de reconciliação com Ele.”
Para outros pensamentos de Poullart: ver N° 5
Oremos
Pai de misericórdia, nós vos agradecemos por nos enviardes o vosso Filho e o
Vosso Espírito para nos reconciliar convosco, e para fazerdes com que exista entre
nós a mesma espécie de unidade. Hoje somos dilacerados pelo demónio da desunião e da divisão no nosso continente e no nosso mundo. Fazei que aceitemos o dom da
reconciliação que nos ofereceis e que estejamos sempre prontos a partilhar as mesmas
graças com os nossos irmãos e irmãs. Isto vos pedimos por Cristo nosso Senhor.
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NOVENAS PENSAMENTOS E ORAÇÕES
Quarto Dia
Libertação de todas as formas de escravatura
O nosso chamamento a seguir Cristo mais de perto é um convite a experimentar
a libertação e a sermos agentes dessa mesma libertação no mundo. Nós e as pessoas
entre as quais vivemos e trabalhamos, particularmente os africanos, estamos actualmente sob diferentes formas de escravatura. Estes jugos têm que ser quebrados.
Leitura bíblica: Lc 4, 16-21
“Jesus dirigiu-se a Nazaré, onde se havia criado. Entrou na sinagoga em dia de
sábado, segundo o seu costume, e levantou-se para ler. Foi-lhe dado o livro do profeta Isaías. Desenrolando o livro, escolheu a passagem onde está escrito: O Espírito
do Senhor está sobre mim, porque me ungiu; e enviou-me para anunciar a boa nova
aos pobres, para sarar os contritos de coração. para anunciar aos cativos a redenção,
aos cegos a restauração da vista, para pôr em liberdade os cativos, para publicar o
ano da graça do Senhor. E enrolando o livro, deu-o ao ministro e sentou-se; todos
quantos estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele. Ele começou a dizer-lhes:
cumpriu-se hoje este oráculo que vós acabais de ouvir.”
Cláudio Poullart des Places diz-nos :
“Procuro o meu Deus. Só Ele me deu a vida afim de que pudesse servi-Lo fielmente. Só Deus me ama sinceramente e me quer tratar bem”.
Para outros pensamentos de Poullart: ver N° 6
Oremos
Pai, desde Abraão até ao vosso Filho Jesus Cristo e até ao tempo presente nunca deixastes de vos preocupar com a situação do vosso povo escravizado. Através dos dias de
hoje Moisés, os profetas e Jesus nos ajudam a obter a verdadeira liberdade que definitivamente se encontra apenas em Vós. Isto Vos pedimos por Cristo Nosso Senhor. Amém.
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CLÁUDIO POULLART DES PLACES – 1679-1709
Quinto Dia
Valorização e Promoção do Casamento e da Vida Familiar
A família é a Igreja doméstica. É a imagem principal escolhida pelo Sínodo dos
bispos para África para retratar a natureza e missão da Igreja. A nossa vocação à
vida religiosa e missionária impele-nos a apreciar e a promover este dom peculiar
dado à humanidade e que é claramente um tesouro para os povos de África.
Leitura bíblica: Jo 2, 1-5
“Três dias depois, celebravam-se bodas em Caná da Galiléia, e achava-se ali a
mãe de Jesus. Também foram convidados Jesus e os seus discípulos. Como viesse a
faltar vinho, a mãe de Jesus disse-lhe: Eles já não têm vinho. Respondeu-lhe Jesus:
Mulher, isso compete a nós? Minha hora ainda não chegou. Disse, então, sua mãe
aos serventes: Fazei tudo o que ele vos disser.”
Cláudio Poullart des Places diz-nos:
“Embora não me tenhas dito nada acerca da tua indiferença1 pelo casamento, ainda
continuo à espera de uma explicação razoável. Eu sei que as pessoas se casam todos os
dias e isso está muito bem. Também sei que qualquer pessoa com um coração recto, terno,
bom e sensível a todos os pensamentos que inspiras em mim não terá mais repugnância
pela vida no mundo do que pela vida no estado religioso e clerical.” (Écrits, p.51)
Para outros pensamentos de Poullart ver: Nº 16
Oremos
Pai adorável, nós vos agradecemos por abençoardes o nosso continente com um
profundo amor ao casamento e à instituição familiar. Fazei que o apreço por outras
dimensões da nossa vida, concretamente a nossa vocação ao estado religioso e/
ou sacerdotal, não diminuam o nosso apreço e promoção dos valores da família.
Ajudai-nos a procurar e encontrar modos de encorajar a paternidade e a maternidade responsáveis afim de que desabrochem, quer para Igreja, quer para a sociedade,
filhos saudáveis. Isto vos pedimos por Cristo Nosso Senhor. Amém.
Cláudio fala ao seu coração como a uma outra pessoa. Na análise, observou que seu
coração ainda não tinha feito uma escolha por um estado de vida particular, daí a palavra
“indiferença”, que significa sobretudo “indiferenciação”.
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NOVENAS PENSAMENTOS E ORAÇÕES
Sexto Dia
Respeito e Compromisso com a Vida,
Justiça e Paz e Integridade da Criação
No seguimento de Cláudio Poullart des Places, apoiamos qualquer sistema, valor ou lei que promova a vida, a justiça, a paz e a integridade da criação. Isto exige
de nós uma conversão permanente. Nunca haverá paz em África, nem no mundo
inteiro, sem respeito e compromisso por estes valores.
Leitura bíblica: Miquéias 6, 6-8
“Com que me apresentarei diante do Senhor, e me prostrarei diante do Deus soberano? Irei à sua presença com holocaustos e novilhos de um ano? Agradar-se-á,
porventura, o Senhor com milhares de carneiros, ou com milhões de torrentes de
óleo? Sacrificar-lhe-ei pela minha maldade o meu primogénito, o fruto de minhas
entranhas por meus próprios pecados? Já te foi dito, ó homem, o que convém, o que
o Senhor reclama de ti: que pratiques a justiça, que ames a bondade, e que andes
com humildade diante do teu Deus.”
Cláudio Poullart des Places diz-nos:
“Independentemente do que aconteça no futuro, devo recordar sempre que
quaisquer momentos que não me ajudem a levar um vida recta são momentos perdidos e terei que dar contas a Deus por eles”.
Para outros pensamentos de Poullart ver: Nº 4. Oremos
Senhor Deus, Criador do céu e da terra, concedei-nos o dom do profundo respeito e compromisso com a vida, com a justiça e paz no mundo, de modo especial no
continente africano. Ajudai-nos a ser sensíveis às necessidades dos outros e a viver
responsavelmente afim de que todos os membros da comunidade humana recebam
o que lhes é devido através da participação no grande banquete da criação. Isto vos
pedimos por Cristo Nosso Senhor. Amém.
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CLÁUDIO POULLART DES PLACES – 1679-1709
Sétimo Dia
A erradicação da Pobreza, da Doença
e da Ignorância em África
No fim dos nossos dias, a nossa vocação quer de cristãos quer de espiritanos
será avaliada com base no modo como tivermos colaborado com o Espírito Santo
no renovamento da face da terra através da erradicação das forças do mal que
dominam a vida dos povos, tais como a pobreza e as doenças.
Leitura bíblica: Mt 25, 31-36
“Quando o Filho do Homem voltar na sua glória e todos os anjos com ele, sentar-se-á
no seu trono glorioso. Todas as nações se reunirão diante dele e ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. Colocará as ovelhas à sua direita e os
cabritos à sua esquerda. Então o Rei dirá aos que estão à direita: – Vinde, benditos de meu
Pai, tomai posse do Reino que vos está preparado desde a criação do mundo, porque tive
fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes;
nu e me vestistes; enfermo e me visitastes; estava na prisão e viestes a mim.”
Cláudio Poullart des Places diz-nos:
“Desde há algum tempo tenho vindo a distribuir tudo o que tenho para ajudar
os estudantes pobres a continuar os seus estudos. Farei o meu melhor para os acolher numa mesma casa. Parece-me que é isso o que Deus espera de mim”.
Outros pensamentos de Poullart ver: Nº 32, 35.
Oremos
Deus todo poderoso, todos nós recebemos, da vossa generosidade, graças sobre
graças. Dai-nos a capacidade de partilharmos tudo aquilo que somos e temos com
os nossos irmãos e irmãs, especialmente com aqueles que mais necessitam. Assim
poderemos colaborar convosco e uns com os outros na erradicação dos problemas
dramáticos e desumanos provocados pela pobreza, doenças e ignorância em África
e noutras partes do mundo. Isto Vos pedimos por Cristo Nosso Senhor. Amém.
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NOVENAS PENSAMENTOS E ORAÇÕES
Oitavo Dia
Entrega profunda à Missão,
tendo Maria como Modelo
Através dos nossos votos de vida religiosa entregamo-nos sem reservas à missão
de Deus concretizada na obra de Jesus e do Espírito Santo. É nosso desejo continuar
a dizer sim a esta missão seguindo o exemplo da Bem Aventurada Virgem Maria.
Leitura bíblica: Jo 20, 19-23
“Na tarde do mesmo dia, que era o primeiro da semana, os discípulos tinham
fechado as portas do lugar onde se achavam, por medo dos judeus. Jesus veio e pôsse no meio deles. Disse-lhes ele: A paz esteja convosco! Dito isso, mostrou-lhes as
mãos e o lado. Os discípulos alegraram-se ao ver o Senhor. Disse-lhes outra vez:
A paz esteja convosco! Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós.
Depois dessas palavras, soprou sobre eles dizendo-lhes: Recebei o Espírito Santo.
Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os
retiverdes, ser-lhes-ão retidos.”
Cláudio Poullart des Places diz-nos:
“Meu Jesus, sê eternamente Jesus para nós; meu Jesus sê eternamente Jesus
para mim; permanece eternamente em mim e em nós. Entrego o meu espírito e o
meu coração nas Tuas mãos, por intercessão da Bem Aventurada Virgem, em nome
de Jesus e Maria.”
Para outros pensamentos de Poullart ver: Nº 29, 34, 36
Oremos
Santíssima e Adorabilíssima Trindade, nós vos louvamos e agradecemos porque
nos chamais e nos confiais a grande tarefa de ir por todo o mundo a proclamar a
Boa Nova do Reino. Com a ajuda de Maria, Mãe de Jesus Vosso Filho, e nossa Mãe,
fazei com que nós próprios nos entreguemos sem reservas a esta missão que é para
Vossa maior glória e para a salvação do mundo. Amém.
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CLÁUDIO POULLART DES PLACES – 1679-1709
Nono Dia
Disponibilidade total ao Espírito Santo
Escutamos a ordem dada pelo Senhor aos discípulos recomendando que não
partissem em missão enquanto não fossem revestidos com a força do Alto (Cf. Lucas 24,49; Actos 1,8). Apoiados na sua fidelidade invocamos o Espírito Santo. Discernimento e docilidade à Sua vontade é a nossa constante preocupação.
Leitura bíblica: Act 2,1-4
“Chegando o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De
repente, veio do céu um ruído, como se soprasse um vento impetuoso, e encheu
toda a casa onde estavam sentados. Apareceu-lhes então uma espécie de línguas
de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. Ficaram todos cheios
do Espírito Santo e começaram a falar em línguas, conforme o Espírito Santo lhes
concedia que falassem”.
Cláudio Poullart des Places diz-nos:
“Todos os estudantes adorarão de um modo particular o Espírito Santo, a quem
eles foram consagrados de forma especial. A isto acrescentarão uma devoção pessoal à Bem Aventurada Virgem, sob cuja protecção eles foram oferecidos ao Espírito Santo” (Regra, Nº1).
Para outros pensamentos de Poullart ver: Nº 8, 30, 31
Oremos
Em acção de graças a vós, Pai amável, renovamos a nossa consagração ao vosso
Divino Espírito. Permiti que o mesmo Espírito venha habitar em nós como num
templo e assim reacenda em nós o fogo do seu amor. Permiti que o Espírito abra as
nossas mentes para compreendermos a vossa Palavra de vida; que abra os nossos
olhos para vos reconhecermos nas diversas situações da nossa vida, particularmente
no nosso chamamento à missão como espiritanos. Pelo mesmo Espírito dai-nos a
capacidade de enfrentar os desafios da nossa vocação e de sermos Tuas testemunhas no nosso tempo e nas circunstâncias que somos chamados a viver. Por Cristo
Nosso Senhor.
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NOVENAS PENSAMENTOS E ORAÇÕES
2 – Novena Espiritana da América Latina
NOVENA COM CLÁUDIO POULLART DES PLACES
Esta novena baseia-se na contemplação da pessoa e da vida de Cláudio Poullart
des Places. Por isso, seguindo o exemplo da apresentação da pessoa e da vida de
Jesus, concentra-se mais na espiritualidade e nos fatos concretos da vida de Cláudio
que nas suas interpretações. Quer levar aqueles que a fazem a “ter os mesmos sentimentos, a mentalidade e a maneira de agir” de Cláudio (Fil 2, 5).
Temas:
1. Cláudio descobre a vontade de Deus através do discernimento.
2. Cláudio deseja viver sempre na presença de Deus.
3. Cláudio escolhe os estudantes pobres como campo de apostolado.
4. Cláudio faz opção pela vida comunitária.
5. Cláudio vive a pobreza como e com os pobres.
6. Cláudio experimenta a pobreza espiritual como despojamento.
7. Cláudio tem confiança absoluta no amor misericordioso de Deus.
8. Cláudio passa pela prova da “noite escura”.
9. Cláudio morre, mas continua vivo na sua obra.
No desenvolvimento dos temas pode haver repetições. Não importa! A própria
Bíblia também está cheia de repetições!
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CLÁUDIO POULLART DES PLACES – 1679-1709
Primeiro Dia
Cláudio descobre a vontade de Deus através
do discernimento
1. Oração:
Vinde Espírito Santo! Enchei os corações dos vossos fiéis…!
Vós me procuráveis Senhor, e eu fugia de Vós. De há muito que quereis falar ao
meu coração, mas não tenho querido escutar-vos. Não vim aqui para me defender,
mas para me deixar vencer. Falai meu Deus, quando Vos aprouver. Descei ao coração onde, desde há muito, desejais entrar.
2. Palavra de Deus – Hebreus 10, 3-7
3. Descobrir a vontade de Deus nos sinais dos tempos
“Assim ocorre também a nós olhar a realidade de nossos povos e da nossa Igreja, com seus valores, suas limitações, suas angústias e suas esperanças. Enquanto
sofremos e nos alegramos, permanecemos no amor de Cristo, vendo o nosso mundo
e procurando discernir os seus caminhos com alegre esperança e indizível gratidão
de crer em Jesus Cristo” (Documento de Aparecida-DAp 22).
“Enquanto que o compromisso com os mais pobres do mundo continua a ser uma
âncora para os Espiritanos, expressa em variadas formas como o ministério com os
refugiados e deslocados, a educação, o serviço da saúde, o apostolado paroquial, etc.,
os locais e as formas assumidas por este ministério continuam a mudar, adaptando-se
aos ‘sinais dos tempos’” (Anima Una 62-“Construir sobre a rocha” 1.1).
4. Meditação de Cláudio
“Há muito que quereis falar ao meu coração, mas não tenho querido escutarvos. Não vim aqui para me defender, mas para me deixar vencer. Falai, meu Deus,
quando vos aprouver. Agora, Senhor, que venho procurar-vos podeis dar-me a conhecer a vossa santa vontade”. “É a Vós que devo dirigir-me, para me decidir segundo a vossa vontade. Que eu não tenha outro objetivo senão o de Vos agradar”.
No momento de crise espiritual: “O procedimento de Deus para comigo no passado
dá-me esperança. Ele permitiu que fizesse este retiro numa época que eu não esperava”.
5. Espiritualidade vivida
a) No fim do seu retiro vocacional, Cláudio seguiu a orientação do seu director
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NOVENAS PENSAMENTOS E ORAÇÕES
e renunciou ao seu desejo de estudar na Sorbonne para ser um simples padre diocesano, abrindo mão dos privilégios oferecidos por seu pai.
b) No seminário reconheceu como “sinais” da vontade de Deus a seu respeito, a
condição miserável dos “pequenos Saboianos” e a situação precária dos estudantes
pobres e resolveu fazer alguma coisa por eles.
c) No fim de seu retiro de “crise”, mais uma vez, seguiu a orientação de seu
director e voltou a tomar conta da comunidade do Espírito Santo com todos seus
“aborrecimentos e cansaço”, renunciando assim à “ vida contemplativa” que experimentou no Seminário São Luís.
6. Partilha
Que lugar ocupa o discernimento na minha vida pessoal e na vida da minha comunidade, como meio de descobrir a vontade de Deus? Procuro ler os “sinais dos
tempos” e as mudanças que eles exigem? O exemplo de Cláudio pode ajudar-nos?
Como?
7. Preces espontâneas
8. Conclusão: oração pela beatificação.
Segundo Dia
Cláudio quer viver sempre na presença de Deus
1. Oração:
Vinde Espírito Santo! Enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do
Vosso amor. Enviai o Vosso Espírito e tudo será criado e renovareis a face da terra.
“Com o meu coração e o meu espírito cheio de Vós, meu Deus, permaneço
sempre na Vossa presença, como devo. Peço esta graça do fundo do meu coração”.
2. Palavra de Deus – 1 João 2, 24; 3,1
3. Descobrir a vontade de Deus nos sinais dos tempos
“O cristão que reza, não afirma que pode mudar os planos de Deus ou corrigir
algo previsto por Ele. Pelo contrário, ele procura um encontro com o Pai de Jesus
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CLÁUDIO POULLART DES PLACES – 1679-1709
Cristo, pedindo a Deus para estar presente com a consolação do Espírito para com
ele e o seu trabalho” (Bento XVI in Encíclica, “Deus é Amor”).
4. Meditação de Cláudio
“Tenho de me lembrar que estou sempre na Vossa presença, esteja eu onde estiver; que Vós me vedes e que nunca posso ofender-vos sem Vos testemunhar a minha
infidelidade. Uma vez adquirido o hábito de nunca esquecer que Vós estais em
todo o lugar, nos meus pensamentos, nas minhas palavras, no meu coração, no meu
quarto, na rua ou em qualquer outro lugar, estarei sempre cheio de respeito e de
submissão. Antes de pensar, falar ou agir devo consultar-Vos”.
5. Espiritualidade vivida
a) Quando morava no Seminário Cláudio dizia: “Eu podia, por assim dizer,
pensar somente em Deus. A minha maior causa de arrependimento era que não
dava para pensar Nele o tempo todo”. “Eu rezava a maior parte do dia, mesmo
andando pela rua, e imediatamente ficava atrapalhado quando notava que, por
algum tempo, tinha perdido a presença daquele que era o único que eu desejava
amar”.
b) Durante a sua crise espiritual, Cláudio confessou: “Tenho que acreditar que
o bom Senhor vai ter compaixão de mim, se voltar novamente a Ele de todo o meu
coração. Cheio de santa confiança (...) vou examinar (...) qual será o caminho mais
curto que me leve de volta para Aquele, sem o qual (...) não posso viver em paz um
só momento”.
c) No leito da morte, sofrendo dores terríveis, Cláudio ficou repetindo, com
confiança total, o salmo 84, que começa com o verso: “Quão amável é a vossa
morada, Senhor dos Exércitos. A minha alma desfalece e suspira pelos átrios do
Senhor”.
6. Partilha
Como vivemos a presença de Deus (Pai, Filho, Espírito Santo) no meio de tanta
actividade pastoral e de uma vida cheia de compromissos? Como conseguimos
viver a presença de Deus – “a união prática” – em nossa missão? O exemplo de
Cláudio pode ajudar-nos? Como?
7. Preces espontâneas.
8. Conclusão: oração pela beatificação.
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NOVENAS PENSAMENTOS E ORAÇÕES
Terceiro Dia
Cláudio escolhe os estudantes pobres
como campo de apostolado
1. Oração: Vinde Espírito Santo!
“De todos os bens terrenos eu não quero guardar nada para mim a não ser a
minha saúde, para poder sacrificá-la inteiramente a Deus no trabalho das missões;
ficaria imensamente feliz se, depois de inflamar o mundo inteiro com o amor de
Deus, pudesse derramar a última gota do meu sangue por Aquele cujos benefícios
estão quase sempre na frente dos meus olhos”.
2. Palavra de Deus – Tiago 2, 14-17
3. Descobrir a vontade de Deus nos sinais dos tempos
“Consideramos como partes constitutivas da nossa missão de evangelização:
a libertação integral do homem; a actividade a favor da justiça e da paz e a participação no desenvolvimento. Por isso, devemos fazer-nos «os advogados, o sustentáculo e os defensores dos fracos e dos pequenos, contra todos aqueles que os
oprimem».
A fim de contribuirmos eficazmente para a promoção da justiça, esforçamo-nos
por analisar as situações e descobrir a relação entre os casos individuais e as causas
estruturais. Prestamos atenção às vozes proféticas e, com discernimento, animamolas a abrir caminhos novos de apostolado” (RVE 14).
4. Meditação de Cláudio Poullart des Places
“Este seminário tem por fim específico educar jovens eclesiásticos pobres e
desapegados dos bens desde mundo e prepará-los para irem para onde quer que
os bispos os enviem, preferindo os lugares mais abandonados e os ministérios
mais humildes e, por isso, os mais difíceis de assumir. O espírito do Instituto faz-nos desconfiar das nomeações para cargos lucrativos e honrosos e fugir deles
e abraçar os trabalhos mais humildes e mais cansativos, como evangelizar os
aldeões pobres, os doentes nos hospitais, os soldados no exército, os pagãos no
novo Mundo”.
5. Espiritualidade vivida
a) “Naquele tempo (ao entrar no Seminário), Cláudio já tinha um amor especial
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CLÁUDIO POULLART DES PLACES – 1679-1709
pelos trabalhos mais humildes e difíceis. Duas vezes por semana, juntava uns vintes
pequenos Saboianos e dava-lhes aulas de catequese, e também os ajudava materialmente”. Como membro da Aa, ele visitava os doentes, idosos e órfãos no “hospital”,
o que implicava prestar os serviços menos atraentes e mais perigosos: levar os excrementos para a fossa, dar banho e trocar roupa, lavar o chão e os utensílios, etc.
b) “Ele dedicava parte de suas economias e uma boa parte do que necessitava
para sua alimentação para ajudar os pobres estudantes” (do seminário). Não se
limitava à ajuda material. Ele inventou um plano para juntá-los numa sala e tomar
conta deles, tanto quanto o Colégio lho permitia” (Pe. Besnard).
c) “Um confrade (Cláudio) paga o sustento e a habitação de um estudante pobre” (Relatório Aa, Pentecostes, 1702).
d) “Um outro (Cláudio) abdicou de um grande benefício e de uma posição de Conselheiro no Parlamento, que seus pais queriam dar-lhe, para ser director de um seminário onde experimentaria muito sofrimento e cansaço” (Relatório Aa, Natal, 1702).
e) A partir de Março, 1703, ele deixou o seu quarto particular no Seminário para
partilhar a vida dos estudantes pobres numa pensão.
6. Partilha
A minha comunidade e a minha circunscrição vivem a “opção pelos pobres” e
pela pobreza evangélica? O que valoriza na minha espiritualidade: devoções intimistas, orações de louvor, “Missas-show” ou vida de fé encarnada e espírito missionário com a marca do serviço?
O que nos ensina o exemplo de Cláudio sobre a conduta do missionário?
7. Preces espontâneas.
8. Conclusão: oração pela beatificação.
Quarto Dia
Cláudio faz opção pela vida comunitária
1. Oração: Vinde Espírito Santo!
“Santíssima e adorável Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, a quem, por Vossa
graça, adoro com todo o meu coração, com toda a minha alma e com todas as mi20
NOVENAS PENSAMENTOS E ORAÇÕES
nhas forças, permiti que, muito humildemente, Vos ofereça minhas pobres orações
para Vossa maior honra e glória”.
2. Palavra de Deus – Atos 2,42-47.
3. Descobrir a vontade de Deus nos sinais dos tempos
“Viver em comunidade ajuda-nos a crescer. Nela, somos solicitados a escutar as ideias e
perspectivas dos outros; não podemos impor a nossa própria visão das coisas. Deus permite
que sejamos “podados” uns pelos outros, de modo a que possamos dar mais fruto e tornarnos fonte de dinamismo dentro do grupo. Na comunidade, aprendemos a servir e os nossos
dons pessoais são reconhecidos e acolhidos para o serviço de todos. Mediante a oração e
a reflexão, discernimos os apelos de Deus; e a missão é aceite e partilhada como sendo de
todos. Cada vez mais confrades vivem em comunidade internacional; isso proporciona-nos
uma oportunidade e um desafio específicos para dar testemunho de unidade, num mundo
frequentemente dividido por questões étnicas e raciais” (Torre d’Aguilha 1.1.2).
4. Meditação de Cláudio Poullart des Places
Cláudio entrou no Seminário com a intenção de ser padre diocesano. A “Regra
de Vida” que ele elaborou não fala em vida comunitária nem em oração em comum,
mas a “Regra da Casa” que ele elaborou e observou a partir do Pentecostes de 1703,
deixa claro que se trata de uma verdadeira comunidade. Não fala de votos. Todos
eram pobres e se preparavam para o sacerdócio. Mas sublinha a importância da
obediência: “Nada é mais importante, para a ordem da casa do que a obediência.
No mais, nada é mais recomendável; é uma grande virtude submeter em tudo a
sua vontade à vontade de outro”. Outras regras falam da oração e leitura espiritual
individual e em comum, da Missa diária e do Ofício do Espírito Santo, visitas ao
Santíssimo, estudo da Liturgia e da Escritura Santa. Falam do recreio em comum,
do tratamento na doença, da importância da modéstia e do silêncio. As regras para
actividade pastoral e as devoções particulares são as mesmas da Confraria e Associação de Amigos do Seminário São Luís. “Todos se tratarão com muita gentileza, antecipando-se às necessidades uns dos outros com o maior respeito possível,
como diz o Apóstolo: “Amai-vos uns aos outros como os irmãos devem fazer, e
tende um respeito profundo uns pelos outros” (Romanos 10, 12).
5. Espiritualidade vivida
“O Sr. Cláudio Poullart des Places, no ano 1703, na Festa de Pentecostes, sendo então somente um aspirante ao estado eclesiástico, começou o estabelecimento
21
CLÁUDIO POULLART DES PLACES – 1679-1709
da dita comunidade ou seminário, consagrado ao Espírito Santo, sob a invocação
da Santíssima Virgem concebida sem pecado”. “Quando (os estudantes pobres)
chegaram a ser cerca de uma dúzia, foram os mesmos estudantes que exprimiram o
desejo de ver o grupo convertido numa comunidade clerical”.
6. Partilha
Como estou a experimentar a vida fraterna em minha comunidade? E a vida de
oração? E a solidariedade? Respeitam-se as decisões tomadas em comunidade? O
exemplo da vida de Cláudio pode fazer com que a minha comunidade (equipe) e
cada membro cresçam no amor? Como?
7. Preces espontâneas
8. Conclusão: oração pela beatificação.
Quinto Dia
Cláudio vive a pobreza como e com os pobres
1.Oração: Vinde Espírito Santo!
“Nada mais tenho a pedir-Vos, meu Deus, a não ser a privação de todos os bens terrenos e perecíveis. Portanto, concedei-me mais ainda esta graça de me desapegar completamente de todas as criaturas e de mim mesmo, para que só a Vós pertença para sempre.
Quero ver-me um dia despojado de tudo, vivendo de esmolas, depois de ter dado tudo”.
2. Palavra de Deus – Fil 2,5-11.
3. Descobrir a vontade de Deus nos sinais dos tempos
“Para viver e anunciar a exigência da pobreza cristã, a Igreja toda precisa rever
suas estruturas e a vida de todos os seus membros, sobretudo os agentes de pastoral,
com vista de uma conversão efectiva. Uma vez convertida, poderá evangelizar com
eficiência os pobres. Essa conversão traz consigo a exigência de um estilo de vida
austero e uma total confiança no Senhor, já que na acção evangelizadora a Igreja
contará, mais com o ser e o poder de Deus e de sua graça do que com o ter mais
e com o poder secular. Assim, a Igreja apresentará uma imagem autenticamente
22
NOVENAS PENSAMENTOS E ORAÇÕES
pobre, aberta a Deus e ao irmão, sempre disponível; nela os pobres têm capacidade
real de participação e são reconhecidos em seu valor” (DAp 922-923).
4. Meditação de Cláudio Poullart des Places
Poullart des Places tinha consciência viva de gostar da glória e de “tudo o que pode elevar um homem acima dos outros pelo mérito”. A sua oração reflecte isso mesmo: “Senhor,
destruí em mim todos os apegos mundanos que sempre me acompanham” (Escolha de um
estado de vida). Voltará ao mesmo tipo de pedido numa oração datada de 1702: “Concedeime, Senhor, essa graça despojando-me de todas as criaturas e de mim mesmo” (Regulamento particular). É interessante constatar que um tal despojamento foi fruto da oração. Não é
a oração o lugar onde amadurece a capacidade de oferecer todo o nosso ser ao Senhor que
chama? Poullart des Places queria estar livre para estar sempre na presença do seu Deus e
para fazer a Sua vontade (Anima Una 61 – “Viver hoje o voto de Pobreza” 2.2).
5. Espiritualidade vivida
Aos 22 anos Cláudio renunciou a uma grande herança e a uma carreira de sucesso e assumiu o estado clerical. Como estudante recusou uma pensão generosa
e gastava o pouco que lhe sobrava em esmolas e ajudava os colegas pobres. Antes
da ordenação sacerdotal, abdicou de boas ajudas que o pai tinha conseguido para
ele, aceitando somente uma pequena pensão exigida pela Lei Canónica. A partir
de Março, 1703, começou a partilhar as condições de habitação, mesa e trabalho
manual dos estudantes pobres num seminário dedicado à formação intelectual e
espiritual de sacerdotes pobres, dedicados ao serviço dos mais pobres e abandonados. Ao morrer sem recursos médicos, o seu corpo foi jogado numa vala comum e
partilha até hoje do anonimato dos mais marginalizados da sociedade.
6. Partilha
Como me situo eu e a minha comunidade no que se refere a:
a) Estilo de vida?
b) Partilha dos bens?
c) Solidariedade com comunidades menos favorecidas e com os pobres?
d) O exemplo de Cláudio pode estimular a minha comunidade e todos seus
membros a viver melhor a pobreza à imitação de Jesus Cristo?
7. Preces espontâneas
8. Conclusão: oração pela beatificação.
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CLÁUDIO POULLART DES PLACES – 1679-1709
Sexto Dia
Cláudio experimenta a pobreza
espiritual como despojamento
1. Oração: Vinde Espírito Santo!
Senhor, não posso nada sem Ti, mas tu enches com os teus dons aqueles que
se confiam a Ti, tal como encheste Cláudio Poullart des Places. Eis-me aqui,
diante de Ti. Vejo-me incapaz de realizar o que Tu queres de mim. Mas creio que
o teu amor estará comigo para que eu leve até ao fim o que tu queres que eu faça.
Ámen.
2. Palavra de Deus – Mateus 5, 1-12.
3. Descobrir a vontade de Deus nos sinais dos tempos
“Num continente onde se manifestam sérias tendências de secularização, também na vida consagrada, os religiosos são chamados a dar testemunho da absoluta
primazia de Deus e de seu Reino. A vida consagrada converte-se em testemunha
do Deus da vida em uma realidade que relativiza o seu valor (obediência); é testemunha de liberdade frente ao mercado e às riquezas que valorizam as pessoas
pelo ter (pobreza), e é testemunha de uma entrega no amor radical e livre a Deus e
à humanidade frente à erotização e banalização das relações humanas (castidade)
(DAp 219).
4. Meditação de Cláudio Poullart des Places
“Tenho um pouco de sanguíneo e muito de melancólico. Além disso, bastante
indiferente com as riquezas, mas muito apaixonado pela glória e por tudo o que
pode elevar um homem acima dos outros pelo mérito; pleno de inveja e de desespero diante do sucesso dos outros, sem, no entanto, deixar manifestar essa paixão
indigna e sem fazer e nem jamais dizer nada para contentá-la; bastante discreto
nas coisas secretas, muito político em todas as acções da vida, empreendedor
em meus desejos, mas escondido na execução; procurando a independência, escravo, no entanto, da grandeza; temendo a morte, relaxado por consequência,
incapaz apesar disso de sofrer uma afronta manifesta; lisonjeador em excesso em
relação aos outros, impiedoso em relação a mim quando faço uma falta; sóbrio
nos prazeres da boca e do gosto, e bastante reservado sobre os da carne...” (Escolha de um estado de vida).
24
NOVENAS PENSAMENTOS E ORAÇÕES
5. Espiritualidade vivida
Poullart des Places examinava suas inclinações e repugnâncias pelos diversos
estados de vida, e para poder fazer isso procedeu antes a um inventário das suas
qualidades e defeitos:
a) a humildade o levava a ver mais os defeitos que as qualidades; porém em
Cláudio Poullart des Places, essa atitude vinha do desejo de alcançar a perfeição
evangélica;
b) é preciso lembrar que esse auto-exame não era um voltar-se doentio sobre si
mesmo, mas conhecimento de si mesmo para deixar a graça trabalhar e ser conduzido pelo Espírito Santo.
c) Cláudio Poullart des Places crescia como homem ao ritmo da sua oração, no
reconhecimento do amor de Deus para consigo e para com os outros.
6. Partilha
O espírito das bem-aventuranças é o que o discípulo de Jesus deve abraçar.
Poullart des Places não faz simplesmente um exame negativista de si mesmo, mas
é a graça que trabalha em seu interior que o faz buscar a perfeição evangélica. Qual
deve ser a nossa atitude diante dos próprios defeitos: humildade e reconhecimento
dos próprios limites ou orgulho?
7. Preces espontâneas
8. Conclusão: oração pela beatificação.
Sétimo Dia
Cláudio tem confiança absoluta no amor
misericordioso de Deus
1. Oração: Vinde Espírito Santo!
Senhor, Cláudio Poullart des Places acolheu os Vossos desígnios de amor misericordioso e deixou que lhe “falasses ao coração”. Que a Vossa bondade nos faça apreciar toda
a Vossa misericórdia. Na origem de tudo, o Vosso amor é oferecido a toda e qualquer pessoa. Obrigado, Senhor, por nos procurares sempre e nos acompanhares hoje com a Vossa
paternal atenção, para bem da nossa vida e louvor da Vossa Glória. Ámen.
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CLÁUDIO POULLART DES PLACES – 1679-1709
2. Palavra de Deus – Romanos 8, 31-38.
3. Descobrir a vontade de Deus nos sinais dos tempos
“De certa maneira, o missionário terá de ser como um peixe na água! O peixe
só consegue evoluir harmoniosamente se a água o sustentar. É nela que encontra
o essencial para a sua vida. De modo semelhante, aquele que tem o coração posto
em Deus, poderá avançar e atravessar as águas, sejam calmas ou tempestuosas. Em
qualquer situação, o missionário aprende a viver em Deus” (I/D nº 60 – “Viver a
Espiritualidade Espiritana”, pag. 8).
4. Meditação de Cláudio Poullart des Places
“Somente a Vós pertence, ó meu Deus, conduzir o coração do homem. Reconhecendo a Vossa força para que eu reconheça eficazmente o Vosso amor! Vós
me amais, meu divino Salvador, e me dais sinais bem sensíveis disso. Eu sei que
Vossa ternura é infinita, porque ela não se esgotou diante das inúmeras ingratidões que cometi. Há muito tempo que quereis falar ao meu coração, mas há muito
tempo que não quero escutar-vos. Procurais persuadir-me que quereis servir-vos
de mim para as tarefas mais santas e mais religiosas (...). Eu não vim aqui para
me defender, eu vim aqui para me deixar vencer” (Reflexões sobre as verdades
da religião).
5. Espiritualidade vivida
a) Poullart des Places colocava-se totalmente à disposição do plano de Deus.
b) O que ele fazia ou planejava nascia ao ritmo da sua experiência de Deus.
c) É a partir da oração que ele se lança nas actividades apostólicas, revelando-se
“homem segundo o coração de Deus”.
6. Partilha
Pela nossa consagração religiosa descobrimos que o amor de Deus pode saciar
todos os nossos desejos, é capaz de nos fazer renunciar à sede natural do ter e do
poder e assim nos libertar para o serviço de Deus e dos irmãos. Consciente da fidelidade do Deus da Aliança renovo diariamente o chamamento de Deus ao amor
perfeito e à santidade?
7. Preces espontâneas
8. Conclusão: oração pela beatificação.
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NOVENAS PENSAMENTOS E ORAÇÕES
Oitavo Dia
Cláudio passa pela prova da “noite escura”
1. Oração: Vinde Espírito Santo!
Senhor Jesus, que não te valeste da tua igualdade com Deus, mas te rebaixaste até
ao suplício da Cruz para, exaltado pelo Pai, seres a fonte da nossa salvação, faz-nos,
como a Poullart des Places, encontrar na tua oferenda o modelo a imitar e a mensagem
a ensinar para que, vivendo o espírito do Evangelho, estejamos unidos a ti. Ámen.
2. Palavra de Deus – Lucas 22, 39-53.
3. Descobrir a vontade de Deus nos sinais dos tempos
“Constatamos com preocupação que inumeráveis jovens do nosso continente passam por situações que os afectam significativamente: as sequelas da pobreza, que limitam o crescimento harmónico de suas vidas e geram exclusão; a socialização, cuja
transmissão de valores já não acontece primariamente nas instituições tradicionais,
mas em novos ambientes, não isentos de forte carga de alienação; e sua permeabilidade às formas novas de expressões culturais, produto da globalização, que afecta a
sua própria identidade pessoal e social. São presas (jovens) fáceis das novas propostas
religiosas e pseudo-religiosas. As crises, pelas quais passa a família hoje em dia, produzem neles profundas carências afectivas e conflitos emocionais” (DAp. 444).
4. Meditação de Cláudio Poullart des Places
“Não seriam demais lágrimas de sangue para chorar a minha miséria. É verdade
que nunca fui o que deveria ser, mas ao menos fui muito diferente do que hoje sou. Como
seria feliz, se não tivesse perdido mais do que metade do que adquirira por meio da graça.
Infelizmente, já não presto atenção à presença de Deus, não penso n’Ele durante o sono,
quase nunca ao acordar, sempre distraído nas minhas orações” (Ao encontro dos pobres.
Vida do Pe. Cláudio Francisco Poullart des Places – p.74. Francisco Lopes).
5. Espiritualidade vivida:
a) O missionário tem seus momentos de “noite escura”; Poullart des Places passava momentos de aridez na oração, em que não sentia gosto, nem unção espiritual.
b) Poullart des Places sentia diminuir seu zelo pelos irmãos, e via que se tornava
áspero, orgulhoso, brusco e difícil.
c) Isso o fazia se lançar aos pés da misericórdia de Deus e reentrar na graça do Senhor.
27
CLÁUDIO POULLART DES PLACES – 1679-1709
6. Partilha
As crises, os momentos de “noite escura” fazem parte do nosso caminhar na
vida espiritual. Que lições podemos tirar da experiência de “noite escura” vivida
por Poullart des Places, para a nossa vida espiritual e missionária?
7. Preces espontâneas
8. Conclusão: oração pela beatificação.
Novo Dia
Cláudio morre, mas continua vivo na sua obra
1. Oração: Vinde Espírito Santo
“Senhor, Tu levaste Cláudio Poullart des Places a discernir o espírito da tua
Igreja entre as incertezas do seu tempo, e ele seguiu a tua luz; faz-nos capazes de
tomar as nossas decisões, não seguindo a moda, mas sim os valores evangélicos em
comunhão com a tua Igreja e com a nossa Congregação. Ámen”.
2. Palavra de Deus – Mt 16, 24-26.
3. Descobrir a vontade de Deus nos “sinais dos tempos”
“Hoje se propõe escolher entre caminhos que conduzem à vida ou caminhos que
conduzem à morte (cf. Dt 30, 15). Caminhos de morte são os que levam a dilapidar
os bens que recebemos de Deus através daqueles que nos precederam na fé. São
caminhos que traçam uma cultura sem Deus e sem seus mandamentos ou inclusive
contra Deus, animada pelos ídolos do poder, da riqueza e do prazer efémero, a qual
termina sendo uma cultura contra o ser humano e contra o bem dos povos latinoamericanos. Caminhos de vida verdadeira e plena para todos, caminhos de vida
eterna, são aqueles abertos pela fé que conduzem à ‘plenitude de vida que Cristo
nos trouxe: com esta vida divina também se desenvolve em plenitude a existência
humana, em sua dimensão pessoal, familiar, social e cultural’” (DAp 13).
4. Meditação de Cláudio Poullart des Places
A morte não o surpreendeu nem amedrontou. Preparara-se para ela durante anos e
28
NOVENAS PENSAMENTOS E ORAÇÕES
todos os meses com um dia de retiro. Administraram-lhe com tempo o sacramento da
unção dos doentes; depois de o ter recebido, com plena consciência e perfeita liberdade de
espírito, expirou docemente, pelas cinco horas da tarde do dia 2 de Outubro de 1709, com
trinta anos e sete meses; seus restos mortais foram enterrados em uma vala comum, como
os defuntos pobres e aqueles, cujas famílias não tinham conseguido um jazigo próprio.
Tiago Jacinto Garnier assumiu a direcção do Seminário. Depois Luís Bouic, com a ajuda
de Pedro Caris e Pedro Tomás, estruturou definitivamente a Congregação nascente, numa
linha de fidelidade ao projecto traçado por Cláudio Poullart des Places.
5. Espiritualidade vivida
a) Poullart des Places, que declarava ter uma “saúde maravilhosa, embora parecesse delicada”, agora encontrava-se exausto; o frio e a fome de um Inverno rigoroso haviam-lhe quebrado a resistência física.
b) Os hospitais estavam abarrotados de doentes; Cláudio teve que ficar com os
seus estudantes e tratar-se em casa.
c) A possibilidade da morte não o amedrontava, pois preparara-se para ela durante anos e todos os meses com um dia de retiro.
6. Partilha
Que lições pode trazer-nos a experiência de Poullart des Places sobre a realidade
da morte e como pode ajudar-nos a encarar a vida com seriedade, uma vez que o tempo que dispomos é para poder cumprir a missão que Deus confia a cada um de nós?
7. Preces espontâneas
8. Conclusão: oração pela beatificação.
29
NOVENAS PENSAMENTOS E ORAÇÕES
3 – Novena Espiritana da Europa
Inspirado no excelente livro de P. Jean Savoie : “Orar 15 dias com Cláudio Poullart
des Places” (obra que será muito benéfico conhecer) eis uma novena com Cláudio.
De propósito, os textos indicados são variados e curtos, podendo cada um escolher
livremente o tempo a consagrar-lhes para comungar da espirtualidade do nosso jovem
Fundador. Outros pensamentos e orações de Cláudio estão no final da Novena.
Cláudio Poullart des Places escreveu no principio do século XVIII
Esquema da oração para cada dia da novena
1. Introdução
Oração de abandono de Cláudio
“Ó Deus, que conduzis a bom porto
os homens que se confiam verdadeiramente a Vós,
recorro à vossa divina Providência
e abandono-me inteiramente a ela.
Renuncio às minhas inclinações e apetites
e à minha própria vontade,
para seguir unicamente a vossa.
Dai-me a conhecer, meu Deus, o que quereis que eu faça,
para que qualquer que seja o estado de vida a que me chamais,
eu posso servir-vos, durante a minha peregrinação,
num estado de vida que vos seja agradável.
Derramai sobre mim as graças necessárias
para vos servir e cantar a glória devida à vossa divina Majestade.”
2. Seguem os textos e orações propostos para cada dia
3. Oração a pedir a beatificação de Cláudio.
4. Conclusão
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CLÁUDIO POULLART DES PLACES – 1679-1709
Primeiro Dia
DEUS OLHA PARA NÓS COM AMOR
“Nada temas porque eu te resgatei,
e te chamei pelo teu nome; tu és Meu.
Tu és precioso aos meus olhos, visto que te estimo e te amo.
Não temas porque Eu estou contigo”. (Is 43, 1,4)
Cláudio-Francisco Poullart des Places:
“Senhor, Vós me procuráveis, e eu fugia! De Vós tinha recebido a inteligência, mas
não me queria servir dela. Queria indispor-me convosco, mas nem por sombra o consentíeis. Não merecia eu que vós me tivésseis abandonado, que vos tivésseis cansado de me
fazer bem e começado a fazer-me mal? … Como sois amável, ó meu divino Salvador! Vós
não quereis a minha morte, mas antes a minha conversão (cf Ez 3,11). Como se tivésseis
necessidade de mim, Vós me tratais sempre com mansidão. Parece-me que tendes como
questão de honra transformar um coração tão insensível como o meu. “Vós me amais,
meu divino Salvador, e dais-me disso provas bem sensíveis. Sei que a vossa ternura é infinita, pois não se esgotou apesar de tantas vezes vos ter pago com ingratidões sem conta.
De há muito quereis falar-me ao coração, mas não tenho querido escutar-vos. Vós procurais persuadir-me que quereis servir-vos de mim para o que é mais santo e mais religioso,
mas eu procuro não acreditar-vos. Creio que não quereis mais combater sem ganhar… O
ataque que me fizeste neste retiro ser-vos-á glorioso, embora menos difícil que os outros.
Não vim para me defender, mas para me deixar vencer.”2
Outros Pensamentos, à escolha: 1, 19
Rezemos
Senhor, Cláudio Poullart des Places acolheu as tuas amabilidades
e deixou que lhe “falasses ao coração”.
Que a tua bondade nos faça apreciar toda a tua amabilidade.
Na origem de tudo, o teu amor é oferecido a toda e qualquer pessoa.
Obrigado, Senhor, por nos procurares sempre
e nos acompanhares hoje com a tua paternal atenção,
para bem da nossa vida e louvor da tua Glória
2 Poullart des Places – Écrits, Rome,1988, p. 16-17.
32
NOVENAS PENSAMENTOS E ORAÇÕES
Segundo Dia
EIS ME AQUI, DISPONÍVEL
“Ele fez de mim o seu alvo,
as suas setas me cercam e atravessam os meus rins sem piedade.
Ele abre em mim brecha sobre brecha” (Jb 16,13-14)
Cláudio-Francisco Poullart des Places:
“Como sou feliz, meu Deus, por encontrar o estado no qual a vossa divina Providência quer que eu a sirva, …. Desprendo-me de todas as perspectivas humanas
que até agora tive de todos os estados de vida em que pensei. Sei que é preciso
abandonar todas as minhas indecisões e escolher um estado de vida, definitivamente, mas não sei qual o mais indicado e tenho medo de me enganar… Vós Senhor
estais comprometido a conduzir os meus passos, uma vez que eu estou decidido a
seguir o caminho que me indicares. Eis que ganhei uma indiferença muito grande
por todos os estados de vida. Falai ao meu coração, meu Deus, que estou pronto a
obedecer-vos”.
Outros “Pensamentos” à escolha: 3, 13
Rezemos
Deus nosso Pai,
Vós derramastes o vosso amor na vida
de Cláudio Poullart des Places
e ele reconheceu ter uma dívida de gratidão para convosco.
Vós permitistes que neste reconhecimento
ele encontrasse a fonte da sua conversão
ao espírito do Evangelho.
Fazei que nos associemos a esta sua acção de graças,
pela procura da vossa vontade
e pela prontidão em a cumprir.
33
CLÁUDIO POULLART DES PLACES – 1679-1709
Terceiro Dia
POBREZA ESCOLHIDA
“Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens
e dá-o aos pobres, e terás um tesouro nos céus;
depois vem e segue-me” (Mt 19,21)
Cláudio-Francisco Poullart des Places:
“Há mais de três anos, Ele me tirou do mundo, quebrou as minhas cadeias…
Ele fez milagres em meu favor, para me atrair a Si, Ele fechou os olhos sobre um
enorme crime que era o máximo das minhas iniquidades… O excesso da sua paciência começou a tocar-me o coração… Mas não foi ainda nesse momento que este
Deus de bondade fez desabrochar os movimentos avassaladores da sua ternura
sobre mim… Por um pequeno acto de amor para Deus, eu sentia interiormente
respostas de Deus que é impossível exprimir. Eu recebia consolações em abundância…. Se eu fazia qualquer esforço para dar um passo para o Senhor, logo este carinhoso Mestre me levava ele próprio aos seus ombros… A esse propósito recordo
no meu espírito estes momentos de fervor que tive a felicidade de sentir nos meus
primeiros regressos para Deus. Quais eram então os meus pensamentos e os meus
desejos ; qual era a minha maneira de viver e as minhas ocupações mais habituais?
Só pensava quase em Deus. A minha maior dor era de não pensar sempre nEle. Eu
só desejo amá-lo e para merecer o seu amor eu tinha renunciado às ligações mesmo as mais normais da vida. Eu queria ver-me um dia desnudado de tudo, vivendo
unicamente de esmolas, após ter dado tudo3.
Outros “Pensamentos” à escolha: 5, 24
Rezemos
Senhor, reconhecemos bem a tua obra
quando compreendemos o desejo radical
de Cláudio Poullart de se desfazer de tudo o que nos possa distrair de ti.
Concede-nos esta aspiração de só querermos ser ricos de ti
e de não querer nem buscar senão a ti, que és o nosso único e verdadeiro bem.
3
Écrits, p.65-66.
34
NOVENAS PENSAMENTOS E ORAÇÕES
Quarto Dia
AMOR DOS POBRES
“Ao desembarcar, Jesus viu uma grande multidão e compadeceu-Se deles,
porque eram como ovelhas sem pastor,
começou então a ensiná-los demoradamente”. (Mc 6,34)
Cláudio-Francisco Poullart des Places:
“Eu sentia certos movimentos de ternura por aqueles que sofriam, uma compaixao
razoável, apesar de todas as minhas honrarias passadas, por aqueles a quem me ligava
alguma relação; um zelo ardente para induzir os pecadores a voltar a Deus, a ponto de
que para o consegir junto deles não consideraria nada de muito baixo” (Écrits, p.69).
M. Thomas, companheiro de Cláudio:
“Cláudio assistia com mais diligência os pobres envergonhados, tendo uma forma maravilhosa de se lhes dirigir para os poupar à confusão. Para as suas obras
de caridade ele servia-se, entre outras, de um jovem estudante a quem ele pagava
a pensão durante algum tempo, até que o colocou numa comunidade onde alguns
padres jesuítas eram responsáveis4”
Outros “Pensamentos” à escolha: 8, 35
Rezemos
Senhor Jesus, tu nunca passaste ao lado de um pobre,
de um doente ou indigente
sem parar para lhe oferecer o conforto da tua solicitude;
Nós te damos graças Senhor por teres feito nascer a mesma atitude
no coração de Cláudio Poullart
e de tantos outros teus discipulos.
Concede-nos viver o mesmo amor pelos pobres
que tu colocas sobre o nosso caminho,
afim de lhes fazer sentir o teu amor
e de despertar assim os seus corações à tua voz.
4
Koren, Thomas, p. 266.
35
CLÁUDIO POULLART DES PLACES – 1679-1709
Quinto Dia
EM COMUNIDADE COM OS POBRES
“Para que todos sejam um só,
como Tu, ó Pai estás em Mim e Eu em Ti,
que também eles estejam em Nós,
para que o mundo creia que Tu Me enviaste” (Jo 17, 21)
Cláudio-Francisco Poullart des Places (à Grignion de Montfort):
“Não me sinto atraído pelas missões, mas reconheço o muito bem que por elas
se pode fazer; contribuirei, pois, com todas as minhas forças para esse projecto e
prometo-lhe todo o meu apoio. Você sabe que, de algum tempo a esta parte, distribuo tudo aquilo de que posso dispor para ajudar estudantes pobres a prosseguirem
os estudos. Conheço vários que teriam disposições admiráveis, mas que, por falta
de auxílio, as não podem fazer valer e são obrigados a enterrar talentos que, se
fossem cultivados, seriam muito úteis à Igreja. É a isto que eu quereria aplicarme, reunindo-os numa mesma casa. Parece-me ser isto o que Deus me pede, e fui
confirmado neste propósito por pessoas esclarecidas, uma das quais me prometeu
mesmo apoio financeiro.
Se Deus me conceder a graça de ser bem sucedido, você pode contar com missionários. Eu preparo-os e você os porá a trabalhar. Deste modo, você ficará contente e eu também”5
Outros “Pensamentos” à escolha: 32, 33
Rezemos
Espírito de Pentecostes,
Tu que chamaste Cláudio Poullart des Places a evangelizar os pobres
fundando com eles uma comunidade apostólica de padres,
faz-nos capazes de seguir o seu exemplo
e de anunciar também o Evangelho
aos excluídos da nossa sociedade.
5
J. Michel, p.132.
36
NOVENAS PENSAMENTOS E ORAÇÕES
Sexto Dia
UNIDO A JESUS NA EUCARISTIA
“Assim como o Pai que vive, Me enviou, e Eu vivo pelo Pai,
assim também o que Me come viverá por Mim.
Este é o pão que desceu do Céu;
não é como aquele que os vossos pais comeram, e morreram;
o que come deste pão, viverá eternamente”. (Jo 6, 57-58)
Cláudio-Francisco Poullart des Places:
“Eu passava tempos consideráveis diante do Santíssimo Sacramento; nisso consistiam os meus melhores e mais frequentes entretenimentos (…) Rezava a maior parte do
dia, mesmo quando andava pelas ruas e ficava inquieto logo que me apercebia ter perdido, durante alguns momentos, a presença daquele que eu procurava unicamente amar…
Experimentava visivelmente (as bênçãos de Deus) na santa ansiedade que sentia
de me aproximar do Santíssimo Sacramento do altar. Embora tivesse a honra de comungar muitas vezes, não comungava tantas como desejava. Suspirava por este pão
sagrado com uma tal avidez que, quando o comia, não podia, com frequência, reter
as torrentes de lágrimas. Era na participação do Corpo de Jesus que hauria este
desprendimento que me levava a desprezar o mundo e as suas maneiras.” Jesus crucificado era me frequentemente presente e, apesar do desejo do homem carnal que
me dominava ainda, ao ver a Cruz daquele que eu amava, eu começava a fazer-me
alguma violência e a impor-me algumas pequenas mortificações. (Écrits, p.67-68).
Outros “Pensamentos” à escolha: 9, 20 b – 21
Rezemos
Senhor Jesus, tu revelaste a Poullart des Places
a grandeza da tua oferenda eucarística, e ele fez dela a sua oração fervente
e o seu espaço frequente de “entretenimento”.
Concedei-nos um desejo tão grande como o dele de viver da Eucaristia,
para descobrirmos nela o pão de cada dia
e nela bebermos a coragem para, a teu exemplo,
darmos as nossas vidas pela salvação do mundo.
37
CLÁUDIO POULLART DES PLACES – 1679-1709
Sétimo Dia
CONSAGRADOS AO ESPÍRITO SANTO
“Ides receber uma força, a do Espírito Santo,
que descerá sobre vós e sereis Minhas testemunhas em Jerusalém,
por toda a Judeia e Samaria, e até aos confins do mundo” (Act 1,8)
Cláudio-Francisco Poullart des Places:
“Todos os seminaristas adorarão de modo particular o Espírito Santo, a quem
foram especialmente consagrados. Terão também uma singular devoção à Virgem
Maria, sob cuja protecção foram oferecidos ao Espírito Santo”.
“Eles escolherão as festas do Pentecostes e da Imaculada Conceição para suas
festas principais. Celebrarão a primeira para alcançar do Espírito Santo o fogo do
amor divino, e a segunda, para obter da Santíssima Virgem uma pureza angélica”.
(Écrits, p. 79)
“Esta consagração que fazemos de nós mesmos ao Espírito Santo faz parte
integrante do espírito das nossas constituições; as santas promessas que assim
fazemos são como uma herança deixada pelos nossos pais espirituais. Eles eram
pobres de bens terrenos e só queriam ser ricos dos dons do Espírito Santo que eram
todo o seu tesouro. Legaram-nos assim um testemunho dos seus piedosos sentimentos numa fórmula de consagração que devemos honrar com uma veneração quase
religiosa, porque é como que o seu testamento espiritual6…
Outros “Pensamentos” à escolha: 7, 30
Rezemos
Espírito Santo, quiseste manifestar-te a Cláudio Poullart des Places
com a força da tua acção, o fervor da tua inspiração e o calor do teu amor
para que ele abraçasse com alegria a sua vocação.
Aumenta em nós a fé na tua presença;
sê a nossa luz e força em nossas decisões e compromissos.
Faz-nos apreciar o calor da tua presença.
6
J. Michel. p. 299.
38
NOVENAS PENSAMENTOS E ORAÇÕES
Oitavo Dia
SOB A PROTECÇÃO DO
IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA
“Mulher, eis aí o teu filho” – “Eis aí a tua mãe” (Jo 19, 26-27)
“Todos, num só coração, eram assiduos à oração com algumas mulheres, entre
as quais Maria, mãe de Jesus, e com seus irmãos” (Act 1,14).
Cláudio-Francisco Poullart des Places:
Quero “colocar-me especialmente sob a protecção da Santíssima Virgem, de
quem fui desde pequeno constituído filho querido por lhe ter sido consagrado por
meus pais, que, em sua honra, me vestiram de branco durante sete anos7
“Nossos pais espirituais consagraram-se ao Espírito Santo sob invocação de
Maria concebida sem pecado e nos consagraram a eles. Nós nem podemos pertencer a um melhor Mestre, nem estar sob melhor protecção que a de Maria. Consagremo-nos portanto a um e a outra segundo o desejo dos nossos pais espirituais…”8
“(Os estudantes) terão também uma singular devoção à Santíssima Virgem, sob
cuja protecção foram consagrados ao Espírito Santo”9
Outros “Pensamentos” à escolha: 20 a 31
Rezemos
A teus pés,
Maria, Senhora do Bom Sucesso,
Cláudio Poullart des Places
começou a sua obra em favor dos pobres,
contando sempre com a tua maternal protecção.
Com ele, também nós confiamos a nossa vocação
e os nossos projectos
à solicitude do teu Coração imaculado.
Écrits, p. 57..
J. Michel, p.299.
9
Ecrits, p.79.
7
8
39
CLÁUDIO POULLART DES PLACES – 1679-1709
Nono Dia
OFERENDA DA VIDA
“Exorto-vos, irmãos, pela misericórdia de Deus,
a oferecer-vos em hóstia viva, santa, agradável a Deus:
este é o culto espiritual que Lhe deveis prestar” (Rom 12,1)
Cláudio-Francisco Poullart des Places:
“Queria ver-me um dia despojado de tudo, vivendo só de esmolas, depois de
tudo ter dado. De todos os bens temporais apenas pretendia reservar a saúde, de
que desejava fazer sacrifício completo a Deus no trabalho das missões, e seria muito feliz se, depois de ter abrasado o mundo inteiro no amor de Deus, tivesse podido
dar o meu sangue até à última gota por Aquele cujos benefícios me estão sempre
presentes” (Ecrits, p. 67).
Extraido do relato da morte de Cláudio-Francisco Poullart des Places
“Quando Poullart des Places se entregava inteiramente aos cuidados que exigia
a sua comunidade nascente, esgotando-se com uma vida marcada pela austeridade, foi atacado por uma pleurisia associada a uma febre contínua e espasmos
violentos que durante quatro dias lhe causaram dores horríveis. Apesar disso não
se lhe ouviu uma palavra de queixa ou de impaciência. Só percebíamos o redobrar
dos seus sofrimentos pelos actos de resignação a que as dores o conduziam. A própria fraqueza corporal parecia proporcionar-lhe novas forças para repetir muitas
vezes as palavras do rei David: “…Como são amáveis os vossos tabernáculos, ó
Deus dos exércitos! A minha alma seria incapaz de suportar o ardor com que suspira pela morada do Senhor. A partir do momento em que foi conhecido em Paris o
estado grave da sua doença, muitas pessoas, reconhecidas pela sua piedade e seus
serviços, o foram ver: senhores directores do Seminário de São Sulpício, de São
Nicolau do Chardonnet e de São Francisco de Sales. O santo homem M. Gourdan,
muito amigo de Cláudio, também o foi visitar. Em boa hora lhe administraram os
“últimos sacramentos” e depois de os ter recebido com plena lucidez e liberdade
de espírito, expirou suavemente pelas 5 horas da tarde do dia 2 de Outubro de
1709, com a idade de 30 anos e 7 meses. Tal foi o santo e célebre Poullart des Places, Fundador do Seminário do Espírito Santo em Paris”10
10
Charles Besnard – Écrits, p. 87.
40
NOVENAS PENSAMENTOS E ORAÇÕES
Outros pensamentos à escolha: 37
O corpo do nosso fundador foi depositado na vala comum dos clérigos no cemitério de Santo Estevão do Monte, Paris. Por vicissitudes da história, este corpo
desapareceu. Mas resta-nos de Cláudio-Francisco Poullart des Places o mais
precioso: o seu exemplo e o seu espírito.
Rezemos
Senhor Jesus,
que não te valeste da tua igualdade com Deus
mas te rebaixaste até ao suplício da Cruz para,
exaltado pelo Pai, seres a fonte da nossa salvação,
faz-nos, com Poullart des Places,
encontrar na tua oferenda
o modelo a imitar e a mensagem a ensinar
para que, vivendo o espírito do Evangelho,
estejamos unidos a ti.
41
NOVENAS PENSAMENTOS E ORAÇÕES
II – PENSAMENTOS E ORAÇÕES
Cláudio Poullart des Places,
modelo de conversão a Deus, de discernimento, de disponibilidade
e de compromisso no cumprimento da vontade de Deus
Selecção de textos e títulos do P. Joaquim Ramos Seixas
Lembrai-vos daqueles que vos pregaram a palavra de Deus, considerai o êxito
da sua conduta e imitai a sua fé.
(Heb 13,7)
Para ter o espírito de uma Congregação é necessário esforçar-se por ser fiel ao
do seu fundador.
(P. Libermann, ND. I, p. 385)
Reverte em bem para a Igreja que os Institutos mantenham a sua índole e função particular; por isso sejam fielmente reconhecidos e guardados o espírito e as
intenções dos Fundadores bem como as suas tradições, que constituem o património de cada Instituto
(P. C. 2b).
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CLÁUDIO POULLART DES PLACES – 1679-1709
1º modelo de conversão
Deus toma a iniciativa: o desejo de um retiro é graça divina
1. “Eu quis retirar-me do ambiente do mundo para passar oito dias na solidão.
Nada me obrigou a fazer este pequeno sacrifício ao Senhor (…) Neste louvável
propósito tenho que reconhecer a graça que me iluminou nas minhas cegueiras
(…) Felizmente, sou do número desses filhos queridos a quem meu Pai e Criador
oferece tantas vezes meios fáceis e admiráveis para reconciliar-me com Ele. Vamos,
minha alma, é tempo de te renderes a tão amável perseguição! Poderás hesitar
um momento em abandonar as tuas disposições mundanas e reprovares, com mais
atenção e recolhimento, a ingratidão e dureza do teu coração à voz do teu Deus?”
(Claude François Poullart des Places – Écrits,
Centre Spiritain, Rome, 1988, pp.15-16).
Reconhecer as provas da benevolência divina, caminho da conversão...
2. “Vós me procuráveis, Senhor, e eu fugia de Vós (…) Como sois amável, meu
divino Salvador! Não quereis a minha morte, só quereis a minha conversão. Como
se tivésseis necessidade de mim, tratais-me sempre com doçura. Parece que tomais
como uma honra reduzir um coração tão insensível como o meu (…) Amais-me,
meu divino Salvador, e dais-me disso provas bem sensíveis. Sei que a vossa ternura
é infinita, pois não se esgotou com as minhas inumeráveis ingratidões. Há muito
tempo que quereis falar-me ao coração (…) Procurais persuadir-me de que quereis
servir-vos de mim para serviços mais santos e religiosos, mas eu não quero escutarvos” (Ibd. pp. 16-17).
A conversão abre o coração a Deus e renuncia ao que se lhe opõe (…)
3. “Falai, meu Deus, quando vos aprouver (…) Agora, Senhor, que me arrependo das minhas cegueiras, que renuncio de todo coração a todas as coisas que
me obrigavam a fugir de Vós, agora que vos venho procurar, que estou disposto a
seguir todas as ordens santas da vossa Providência Divina, descei ao coração aonde,
desde há muito tempo, quereis entrar: não mais terá ouvidos senão para Vós nem
terá mais afeições senão para Vos amar como deve (…) Nada no mundo será capaz
de vos arrancar um servidor que vos consagra, com a coragem digna de um cristão,
obediência sem reservas e submissão infinita (…) É necessário, por assim dizer,
que eu mude de natureza, que me despoje do velho Adão para revestir-me de Jesus
Cristo. Porque, doravante, Divino Salvador, ou vos pertenço inteiramente ou assino
a minha própria reprovação” (Ibd. p. 18).
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NOVENAS PENSAMENTOS E ORAÇÕES
A conversão torna o homem conforme ao coração de Deus...
4. “Vós quereis, meu Deus, que eu seja homem, mas que o seja segundo o vosso coração. Compreendo o que me pedis e quero dar-vo-lo porque me ajudareis, me dareis força
e me ungireis com a vossa Sabedoria e virtude (…) Toca-vos, pois, combater por mim.
Entrego-me inteiramente a Vós, porque sei que tomais sempre o partido de quem espera
em Vós (…) Mudai a minha fraqueza em coragem, e se é necessário que uma pobre cana
como eu esteja exposta ao furor dos ventos e tempestades mais fortes, cingi-me com a
vossa misericórdia e cobri a minha debilidade com o vosso manto de justiça. Conservai
em mim, ó meu Deus, um santo horror por tudo aquilo que mais Vos desagrada. Assusta-me o exemplo da vossa justiça (…) e, ao mesmo tempo, aumenta o meu amor (…) e
comove-me de gratidão a vossa paciência com os meus pecados...” (Ecrits, pp. 18-19).
experiência da própria debilidade, da paciência e misericórdia de Deus
A
fortalece a união a Deus e a repulsa de todo pecado...
5. “Vós sois o Pai das misericórdias, recebeis no seio de Abraão as ovelhas que
buscam o pastor que perderam (…) Sois a videira e eu sou um sarmento que quereis unir à cepa para viver da sua mesma vida (…) Pelo preço que for, eu quero,
meu divino Salvador, tornar-me digno do vosso amor (…) Meu coração, cheio de
vaidade e de ambição até agora, nada encontrava no mundo suficientemente nobre
e grande que o enchesse. Já não estranho que as coisas terrenas e passageiras não
fossem capazes de o contentar. Estava reservado para Deus, e agora encontra com
que encher-se inteiramente. Só Vós, e nada mais o ocupará” (Ibd. pp. 20-21).
Lembra-te que tens que morrer e não pecarás!...
6. “Confesso, meu Deus, que quero resistir a essas funestas seduções do pecado. Não
o posso fazer sem a vossa ajuda nem o pedirei suficientemente (…) Não permitais nunca
que me cegue. Iluminai-me com a mesma luz com que iluminastes um Agostinho, um
Paulo, uma Madalena e tantos outros santos (…) Doravante não quero pensar senão naquilo que possa precaver-me para jamais cair no pecado que faz perder a graça. Acabo de
receber um meio seguro para vigiar a mais mínima das minhas acções e para manter-me
sempre agradável aos olhos de Deus. Este é o segredo que buscava e que devo amar. Para
que não o esqueças nunca, minha alma, repito-te: ‘Lembra-te que tens que morrer, e nunca pecarás.’ Que salutar conselho, que admirável sentença!” (Ibd. pp.24, 27).
Viver na presença de Deus é remédio contra o pecado...
7. “Doravante, meu Deus, não me perdoarei nenhuma debilidade que possa
esfriar a vossa graça em mim, (…) com ela procurarei não cair em tão grande mal
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CLÁUDIO POULLART DES PLACES – 1679-1709
(…) Me parece admirável o segredo que hoje nos deram para conseguir o louvável propósito de nunca vos desagradar e desejo de todo coração não o esquecer
nunca. É necessário, portanto, lembrar-me que, em qualquer parte do mundo,
estou sempre na vossa presença, que Vós me vedes e que não posso ofender-vos
sem que sejais testemunha da minha infidelidade. Desde não esqueça que estais
em toda a parte, nos meus pensamentos, nas minhas palavras, no meu coração, no
meu quarto, na rua e em todos os sítios, eu serei sempre respeitoso e submisso”
(Ibd. pp. 33-34).
8. “Tem coragem, minha alma. Promete ao teu Deus fazer penitência dos teus
pecados e mostra-lhe o horror que te causam (…) Que nada no mundo seja capaz de
me afastar da virtude. Percamos o respeito humano, a complacência, a fraqueza, o
amor-próprio, a vaidade, percamos tudo o que temos de mau e guardemos só o que
pode ser bom. Que digam tudo o que quiserem, que me aprovem, que se mofem de
mim, que me tratem como visionário, hipócrita ou homem de bem: doravante tudo
isso tem que ser- me indiferente. Busco a Deus. Ele deu-me a vida só para o servir
fielmente (…) Só Deus me ama sinceramente e quer o meu bem. Se posso agradarlhe, serei muito feliz; se lhe desagrado, serei o homem mais miserável do mundo.
Tenho tudo a ganhar se vivo em graça; tudo perderei se a perco” (Ibd. p. 35).
9. “Se cumpro estas boas resoluções, só à vossa graça deverei a minha piedade.
E como recompensarei tão grande favor? Tenho algo muito precioso que me fará
feliz oferecervo-lo todos os dias: será, meu Deus, o sacrifício da Missa que tem um
mérito infinito junto da vossa Majestade Divina (…) Com que veneração e recolhimento não assistirei eu à celebração de tão grande sacrifício! Ao oferecer-vos esta
vítima sem mancha, vos obrigarei, meu Deus, a conceder-me todas as graças que
necessito para tornar-me um verdadeiro santo e não transgredir a vossa lei que me
obriga não somente a fugir do mal mas também a fazer o bem (Ibd. 34).
10. “Conservai-me, meu Deus, tão santas resoluções. Terei inimigos a combater
(…) Defendei-me, Senhor, contra estes tentadores e, posto que o mais implacável é
a ambição, a minha paixão dominante, humilhai-me, rebaixai o meu orgulho, confundi a minha glória. Que encontre por toda a parte mortificações, que os homens
me rejeitem e me desprezem: consinto-o, meu Deus, com tanto que me ameis muito
e me queirais. Me causará pena sofrer e apagar esta vaidade de que estou tão cheio.
Mas, o que não deve um homem fazer por Vós que sois Deus, que derramastes o
vosso Precioso Sangue por mim?” (Ibd. p. 35).
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NOVENAS PENSAMENTOS E ORAÇÕES
2º Modelo de discernimento e disponibilidade
Pureza de intenção: conhecer e realizar os desígnios de Deus
11. “Senhor, tenho tudo a temer no estado em que estou. Não estou naquele que Vós
quereis para mim (…) É necessário que siga o caminho que me destinais. É a primeira
coisa em que devo pensar. Serei feliz se não me enganar na escolha; vou tomar todas
as precauções mais santas para descobrir a vossa santa vontade. Vou declarar ao meu
director todas as minhas inclinações e repugnâncias a respeito de cada género de vida
para examinar com a máxima atenção o que me pode ser conveniente. Não esquecerei
nada do que julgar necessário para consultar a vossa Providência. Que a vossa graça,
divino Mestre, me esclareça em todas as minhas diligências e eu a possa merecer pelo
meu apego perpétuo e inviolável a tudo o que Vos possa agradar” (Ibd., p.36).
Renúncia à inclinação e vontade próprias e abandono à Providência
12. “Meu Deus, Vós que conduzis à Jerusalém celeste os homens que se confiam
verdadeiramente a Vós, recorro à vossa Divina Providência, abandono-me inteiramente a ela, renuncio à minha inclinação e aos meus apetites, à minha própria vontade, para seguir cegamente a vossa. Dignai-vos dar-me a conhecer o que quereis
que eu faça a fim de que, realizando aqui em baixo o género de vida que me tendes
destinado, eu possa servir-vos durante a minha peregrinação, num estado em que
vos agrade e Vós derrameis abundantemente sobre mim as graças que necessito
para dar sempre à vossa Divina Majestade a glória que lhe é devida” (Ibd., p. 40).
Critério espiritual de eleição: desprender-se do modo de ver humano
para seguir o de Deus e o caminho indicado por Ele
13. “Espero, meu Deus, que faleis ao meu coração e, por vossa misericórdia, me
tireis das inquietações embaraçosas que me causa a minha indecisão. Sinto que não
aprovais a vida que levo, que me tendes destinado a algo melhor (…) Prometo-vos,
meu Deus, não fazer nenhuma diligência mais, sem perguntar-me a mim próprio se
é por vossa glória que eu actuo. Em qualquer estado em que esteja, quero ter estas
precauções nos meus pensamentos, nas minhas palavras e nas minhas acções. Onde
estejam os vossos interesses eu ficarei, mas onde encontrar só os do mundo, fugirei
como diante de uma serpente” (Ibd., pp. 40-41).
14. “Se tenho, meu Deus, a felicidade de encontrar o estado no qual a vossa
Divina Providência quer que a sirva (…) desprendo-me de todas as considerações
humanas que tenho feito até agora, em todas as escolhas de estado de vida em que
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CLÁUDIO POULLART DES PLACES – 1679-1709
tenho pensado. Sei que tenho que deixar todas as minhas indecisões para tomar uma
definitiva, mas não sei qual me convém e receio enganar-me (…) Tendes, Senhor,
que conduzir meus passos, pois estou decidido a seguir o caminho que me indicares! Consegui uma indiferença muito grande a respeito de todos os estados (…)
Falai, meu Deus, ao meu coração, estou disposto a obedecer-Vos” (Ibd., p. 41).
Autoconhecimento realista e crítico
15. “Primeiramente, devo consultar o meu temperamento para ver de que sou
capaz e recordar as minhas paixões boas e más por receio de esquecer umas e deixar-me surpreender pelas outras (…) Tenho uma saúde maravilhosa; (…) resistente
à fadiga e ao trabalho, mas muito amigo do descanso e da preguiça, realizando os
meus compromissos apenas por força da razão ou por ambição; afável por natureza
e tratável (…) Sou um pouco sanguíneo e muito melancólico (…) Bastante indiferente às riquezas, mas muito apaixonado pela glória e por tudo o que pode elevar
um homem acima dos outros pelo mérito; cheio de ciúme e inveja ante os êxitos
dos outros, (…) bastante político em todas as acções da vida (…) buscando a independência, mas escravo da grandeza (…) incapaz de suportar uma grande afronta,
demasiado adulador dos outros, sem piedade comigo mesmo especialmente quando
cometo uma falta em público; sóbrio nos prazeres da boca, bastante reservado nos
da carne, admirador sincero das verdadeiras pessoas de bem (…) sendo o respeito
humano e a inconstância grandes obstáculos para mim; devoto às vezes como um
anacoreta (…) outras vezes mole, frouxo, tíbio no cumprimento dos meus deveres
de cristão (…) Gosto muito de dar esmola, sou naturalmente compassivo com a
miséria alheia” (…) (Ibd., pp. 42-43).
Pureza de intenção e liberdade interior
16. “É necessário decidir entre o estado religioso chamado o claustro, o estado
eclesiástico que é o dos sacerdotes seculares e o terceiro estado chamado mundo.
Nos três a gente pode salvar-se ou condenar-se (…) Deus está em toda a parte com
as diferentes pessoas; dá a graça a umas e a outras conforme merecerem (…) O segredo, portanto, está em não enganar-se na escolha, e o meio mais seguro para escolher bem é não ter em vista senão a glória de Deus e o desejo de salvar-se. Vejamos
agora, coração, se tu tens só esse motivo como objectivo. Julgarei a tua sinceridade
pelo conhecimento que tenho das tuas inclinações” (Ibd., pp. 43-44).
17. “Tu me dizes, coração, que és indiferente no que se refere a todos os estados
de vida, mas eu repondo-te que não o és tanto como pensas, e que a vida religiosa
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NOVENAS PENSAMENTOS E ORAÇÕES
não é do teu agrado (…) Sei que tens muita inclinação para o estado eclesiástico
e, aparentemente, é dos três aquele pelo qual te decidirias com maior facilidade.
Não censuro a tua inclinação desde que encontre a condição necessária, isto é, a
glória de Deus e o desejo da tua salvação (…) Tu dizes que, se eu quero esperar
para descobrir um estado para o qual tenhas inclinação e sem mistura de ambição,
permanecerei sempre na indecisão em que estou” (Ibd. 45-46).
18. “Encontras mil razões para me provar que convém entrar no estado eclesiástico e, se há instantes estivesse pronto a entrar nele, quererias ainda tempo para
reflectir. Portanto, tu amas um pouco o mundo e não sabes bem ainda que estado
de vida deves preferir. Todos se acomodam a ti, todos te agradam (…) Quero saber
ainda o que pensas quando considerares o mundo (…) Por tudo o que me fazes
pensar, coração, sei que não tens repugnância formal pelo mundo e tampouco pelo
estado religioso e eclesiástico. Tu queres, porque julgas que não te tomarei a sério
– e não quererias, se eu escolhesse um – porque terias pena de deixar os outros dois
(…) Tenho que confessar que sou muito infeliz por ser tão indeciso...” (Ibd., pp.
48-51).
Espírito de fé em Deus e seus mediadores
19. “É a Vós, meu Deus, que devo dirigir-me para me decidir segundo a vossa
vontade. Vim aqui para receber o conselho da vossa divina Sabedoria. Destruí em
mim os apegos mundanos que me seguem por toda a parte. Que não tenha, no estado que escolher para sempre, outros interesses que não sejam os de Vos agradar;
e como na situação em que me encontro é impossível decidir-me, sentindo embora
que quereis de mim mais do que as minhas incertezas, vou, Senhor, descobrir-me
sem disfarces aos vossos ministros. Fazei, por vossa santa graça, que eu encontre
um Ananias que me ajude a descobrir o verdadeiro caminho, como a S. Paulo. Seguirei os seus conselhos como ordens vossas. Não permitais, meu Deus, que eu seja
enganado. Ponho em Vós todas as minhas esperanças” (Ibd. pp. 51-52).
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CLÁUDIO POULLART DES PLACES – 1679-1709
3º Modelo de compromisso apostólico e sacerdotal
“Deus tinha os seus desígnios (…) Ele destinava este filho único e tão ternamente
amado a um estado bem mais elevado que aquele a que o destinavam: queria uni-Lo
inteiramente ao Seu serviço, fazer dEle um modelo das mais heróicas virtudes, o pai e
chefe de uma família sacerdotal que devia prestar depois grandes serviços à Igreja”
(Koren, Mémoire P. Thomas, p. 250).
Desde o mês de Outubro de 1701 encontramos Cláudio no colégio Luís-o-Grande em Paris, seguindo o curso teológico dado pelos Jesuítas e preparando-se para
o sacerdócio.
Regulamento particular
Vida de oração: “No seu retiro, (escreve o P. Thomas) ele teve a felicidade de
ganhar um gosto particular pela oração vocal e mais ainda pela oração mental.”
20. a) “As minhas orações da manhã constarão de um Veni Sancte (Vem, Espírito Santo), de três Pater e três Ave (três Padre Nossos e três Ave Marias), o primeiro em honra da
Santíssima Trindade, o segundo em honra da Santíssima Virgem (…) o terceiro em honra
do meu bom Anjo para que me assista constantemente com seus conselhos e me dê a graça
de uma boa morte (…) Recitarei Sancta Maria, etc. para me pôr particularmente sob a protecção da Santíssima Virgem de quem fui outrora filho querido, tendo-lhe sido consagrado
por meus pais, que me fizeram usar vestido branco em sua honra durante sete anos.
20. b) “No que diz respeito às minhas orações, serão as seguintes petições que
farei mais ou menos desta maneira:”
“Santíssima e adorável Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo que, por vossa graça adoro com todo o meu coração, com toda a minha alma e com todas as minhas
forças, permiti-me que Vos ofereça muito humildemente as minhas pequenas orações por vossa honra e glória, pela minha santificação, pela remissão dos meus
pecados...” (Ibd.p. 56).
21. “Permiti-me, meu Deus, que vos ofereça o santo Sacrifício da Missa por esta mesma intenção e para que vos digneis conceder-me a fé, a humildade, a castidade, a pureza
de intenção, a rectidão dos meus juízos, a maior confiança em Vós e a maior desconfiança
de mim próprio, a constância no bem (…) o amor aos sofrimentos e à cruz, o desprezo da
estima do mundo, a regularidade nas minhas pequenas regras (…) Concedei-me também
a graça de gravar no meu coração, com traços indeléveis da vossa graça, a morte e a paixão do meu Jesus, a sua vida santa (…) Enchei meu coração e meu espírito da grandeza
50
NOVENAS PENSAMENTOS E ORAÇÕES
dos vossos juízos, da grandeza dos vossos benefícios e da grandeza das promessas que por
vossa santa graça vos fiz, para que sempre os tenha presentes” (Ibd. P.57).
Vida de união com Deus: “Deus se lhe comunicou, (escreve o P. Thomas) infundiu nele as suas luzes (…) fez-lhe experimentar as doçuras e consolações que se
saboreiam quando se está na disposição de entregar-se a Deus sem reserva”.
22. “Há já mais de dois anos que me tirou do mundo, rompeu as minhas cadeias
(…) Fez milagres a meu favor para me atrair a si, fechou os olhos a um crime enorme
que era o cúmulo das minhas iniquidades (…) O excesso da sua paciência começou
a atravessar-me o coração (…) Mas esse Deus de bondade não limitou a isso a sua
ternura por mim (…) Por um pequeno acto de amor a Deus eu sentia interiormente
retribuições suas que não se podem exprimir. Recebia abundantes consolações (…)
Se eu me esforçava um pouco em dar um passo pelo Senhor, este Mestre amoroso
levava-me léguas inteiras sobre os seus ombros (…) Quais eram então os meus pensamentos e desejos, qual era a minha maneira de viver e quais as minhas ocupações
normais? (…) Quase não podia pensar senão em Deus. A minha grande angústia era
não pensar nele sempre. Só desejava ama-Lo e, para merecer o seu amor, tinha renunciado até aos afectos mais permitidos da vida. Desejava ver-me um dia privado de
tudo, viver só de esmola, depois de ter dado tudo” (Ibd., pp.65- 66).
Vida eucarística
23. “Eu passava tempo considerável diante do Santíssimo Sacramento; estavam ali os meus melhores e mais frequentes recreios. Rezava a maior parte do dia,
até na rua, e ficava preocupado quando advertia que tinha perdido, durante alguns
momentos, a presença do Único a quem eu queria amar (…) Ainda que eu tivesse
a honra de comungar frequentemente, não comungava tanto como desejaria (…)
Na participação do corpo de Jesus eu lograva o desapego que me fazia desprezar
o mundo e as suas maneiras (…) Jesus crucificado era a minha ocupação mais frequente e apesar de que o amor da minha carne ainda me dominava, eu começava a
violentar-me e a fazer algumas pequenas mortificações” (Ibd., p. 67-68).
Vida de sacrifício, renúncia e pobreza: “Nesses felizes momentos, o Sr. des
Places, como ele próprio diz, abjurou com alegria do mundo onde só via vaidade,
atou-se ao seu Deus e a tudo o que podia agradar-lhe. As honras, as riquezas, os
prazeres do mundo lhe pareciam dignas só de horror e de desprezo. Os sofrimentos,
pelo contrário, as penitências, as humilhações e o desprezo por amor de Jesus Cristo tornaram-se o objecto do seus desejos”(Memorial- P. Thomas, Koren, p.252).
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CLÁUDIO POULLART DES PLACES – 1679-1709
24. “Só me resta, meu Deus, pedir-vos a privação completa de todos os bens
terrenos e passageiros. Concedei-me, pois, esta graça desprendendo-me completamente de todas as criaturas e de mim próprio para, de modo inviolável, ser somente
Vosso e para que, com o meu coração e o meu espírito repletos unicamente de Vós,
eu me mantenha sempre na Vossa presença como devo. Concedei-me que Vos peça
esta graça do fundo do meu coração (…) assim como a de encher-me de opróbrios
e de sofrimentos para que, tornando-me digno de obter da vossa bondade infinita
(…) a graça de conhecer e executar com perfeita resignação a vossa santa vontade...
eu possa estar disposto a sofrer antes a morte (…) que consentir em cometer deliberadamente um só pecado venial; peço-vos, meu Deus, que me humilheis como Vos
agrade, porque nada mais desejo, com tanto que nunca Vos ofenda” (Ibd. p. 58).
Zelo apostólico e missionário
25.a) “Dar-Vos-ei a conhecer a corações que não vos conheciam; e porque eu
próprio conheço a desordem das almas que vivem nos maus hábitos, tratarei de convencê-las, forçá-las a mudar de vida; e Vós sereis eternamente louvado por bocas
que Vos teriam amaldiçoado eternamente (…) Servir-me-ei dos poderosos meios da
Vossa graça para convertê-las.”
25.b) “De todos os bens temporais não pretendia reservar-me mais que a saúde
que desejava sacrificar inteiramente a Deus no trabalho das Missões, sumamente
feliz se, depois de ter abrasado toda a gente no amor de Deus, pudesse dar até à
última gota o meu sangue por Aquele cujos benefícios eu tinha quase sempre presentes.” (Ibd., p. 67).
26. “Poderia juntar certos impulsos de ternura que eu sentia por aqueles que
sofrem, uma doçura bastante razoável, depois do meu grande orgulho passado, por
aqueles com quem me tinha relacionado, um zelo ardente para levar os pecadores a
voltar para Deus, até ao ponto de não encontrar nada demasiado insignificante para
consegui-lo.” (Ibd., p.69).
“Ele assistia com toda a liberalidade os pobres envergonhados e tinha uma maneira
maravilhosa de tratá-los para evitar-lhes a confusão. Para estas obras de caridade serviase, entre outros, de um jovem estudante a quem pagou a pensão durante algum tempo, até
que conseguiu colocá-lo numa comunidade assistida por alguns padres Jesuítas”
(Koren, Thomas, p. 266).
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NOVENAS PENSAMENTOS E ORAÇÕES
4º O Fundador
Espírito de Igreja: cuidado das vocações e da dignidade dos sacerdotes. “Tinha
um afecto particular pelas obras mais obscuras.” (Koren, Thomas, p. 268). “Sentia
que Deus queria servir-se dele para encher o Seu santuário de mestres e guias (…)
não podia fazer nada melhor que continuar a ajudar a pobres estudantes a subsistir e a continuar os estudos” (Koren, Besnard, p. 280).
27. “Desde algum tempo, (respondeu Poullart des Places a Grignion de Monfort) eu
distribuo tudo o que está ao meu alcance para ajudar estudantes pobres a continuar os
seus estudos. Conheço muitos que tinham disposições admiráveis e que por falta de ajuda não puderam fazê-las valer, sendo obrigados a enterrar os talentos que seriam muito
úteis à Igreja se fossem cultivados. Quisera dedicar-me a isso reunindo-os numa casa.
Parece-me que é o que Deus me pede, tendo sido confirmado nesta ideia por pessoas
esclarecidas, de quem posso esperar ajuda para prover à sua subsistência. Se Deus me
conceder a graça de o conseguir, pode contar com missionários. Eu preparo-lhos e você
dá-lhes trabalho. Deste modo ficaremos os dois contentes” (Koren, Besnard, p. 282).
“Em pouco tempo ele formou uma Comunidade de eclesiásticos a quem deu
regras cheias de sabedoria” (Koren, Besnard, p. 284).
O espírito do Seminário e da Congregação do Espírito Santo
Consagração ao Espírito Santo e à Santíssima Virgem
28. “Todos os estudantes adorarão particularmente o Espírito Santo a quem foram especialmente consagrados. Terão também uma grande devoção à Santíssima
Virgem, sob a protecção da qual foram oferecidos ao Espírito Santo. Serão escolhidas as festas do Pentecostes e da Imaculada Conceição, como festas principais. Celebrarão a primeira para obter do Espírito Santo o fogo do amor divino, e a segunda
para obter da Santíssima Virgem a pureza angélica: duas virtudes que devem ser o
fundamento da sua piedade” (Règlements, 1-2; Écrits, p. 79).
29. “Esta consagração que fazemos ao Espírito Santo faz parte essencialmente
do espírito das nossas Constituições; as santas promessas que com ela fazemos
são a herança que nos deixaram os nossos pais espirituais. Eles eram pobres dos
bens da terra e queriam ser ricos só dos dons do Espírito Santo que constituíam todo o seu tesouro. Legaram-nos também um testemunho dos seus piedosos
sentimentos numa fórmula de consagração que nós devemos honrar com uma
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CLÁUDIO POULLART DES PLACES – 1679-1709
veneração inteiramente religiosa porque é como seu testamento espiritual (…)
Consagraram-se ao Espírito Santo, sob a invocação de Maria concebida sem pecado, e nos ofereceram a eles. Não podemos pertencer a melhor Mestre, nem estar
sob uma melhor protecção que a de Maria. Consagremo-nos, por tanto, a um e a
outra segundo o desejo dos nossos pais espirituais”. (P. Warnet, Sup. Geral, cit.
por J. Michel, p. 299).
30. “O que o Espírito nos pede neste momento, pede-o para sempre. Devemos
pertencer-lhe na vida, na morte (…) Comprometemo-nos a procurar a honra do Espírito Santo, primeiro dentro de nós próprios, por meio de um espírito de docilidade
perfeita à vontade de Deus, de obediência e de submissão aos impulsos da graça e
por um espírito de abandono de nós próprios aos desígnios da divina Providência. É
necessário deixar-se dirigir pelo Espírito Santo, seguir unicamente as suas impressões e resistir a todas as da carne, não ter mais afectos nem intenções que as que
Ele inspira, confiar nEle e rejeitar toda a inquietação: ‘Ele é meu pastor, nada me
falta’” – Sal. 22,1 (Ibd. p. 301).
Consagração à Imaculada Conceição
31. “Santa Maria, minha mãe e soberana (…) humilde e piedosamente prostrado
a vossos pés, imploro a vossa assistência. Ajudai-me, vosso humilde servo, a dedicar-me, a consagrar-me e entregar-me ao Espírito Santo, vosso celestial esposo, em
honra de quem quero tomar hoje um compromisso tão importante, apesar da minha
fraqueza. Escutai-me, minha boa Mãe. Espírito omnipotente, escutai a minha boa
Mãe e, por sua intercessão dignai-Vos iluminar meu espírito com a Vossa luz e abrasar meu coração com o fogo do Vosso amor, a fim de que eu faça nesta casa que Vos
está consagrada, tudo o que Vos agrada, tudo o que é para Vossa glória, para minha
santificação e edificação de meus irmãos”. (Cit. em J. Michel, p. 298).
Seguimento de Cristo pobre:
viver a pobreza para evangelizar os pobres
32. “Não se receberá nesta casa senão indivíduos cuja pobreza, costumes e aptidão
para a ciência sejam conhecidos. Sob nenhum pretexto, poderão ser admitidos nela os
que estejam em situação de poder pagar pensão noutros lugares.” (Reg., 5-6).
“Todos comerão em comum (…) dando menos atenção a alimentar o corpo que
a dar alimento à alma com a leitura que se fará à mesa (…) A ninguém se servirá
nada de extraordinário. As porções de comida serão sempre distribuídas por igual
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NOVENAS PENSAMENTOS E ORAÇÕES
a cada um (…) e devem comer sempre com um sentimento de acção de graças (…)
Para manter maior uniformidade em casa, nada será servido ao Superior mais que
aos súbditos. Uns e outros devem sentir prazer em considerar-se como pobres a
quem a Providência concede o alimento que se lhes dá no refeitório (…) Não se
louvará nem criticará o que se comeu. É indigno de um verdadeiro cristão pensar
demasiado em todas essas coisas, (…) e cair neste defeito é uma falta de mortificação ainda mais considerável num religioso ou num eclesiástico. Um homem um
pouco mortificado, como se deve ser aqui, come indiferentemente o que se lhe dá.
Tudo encontra bom quando se lembra que ao seu Deus lhe deram a beber fel e vinagre. (Koren, Écrits, pp. 176, 178: Reglements 58, 59, 66, 67, 73,77).
...E de Cristo obediente
33. “Deve-se ser muito fiel na prática exacta de todos os regulamentos gerais e
particulares. Cada dois meses serão lidos em público os regulamentos. Se recomenda uma obediência sem reservas, sobretudo às ordens dos que governam.”
“Para a boa ordem da casa não há nada com maiores consequências do que a
obediência. Nem há nada que tanto se recomende; é uma grande virtude submeter
a própria vontade à de outros. Por isso, se obedecerá sempre com prontidão e alegria. Se terá muito cuidado para não cair nos seguintes defeitos: murmurar contra
o que foi mandado; mostrar, por gestos ou pelo tom de voz, que não se está muito
contente com obedecer; mostrar má cara e tristeza; discorrer muito tempo sobre o
que foi mandado; discutir...com quem manda, pedir-lhe explicações (…) Não se
sairá de nenhum exercício público sem autorização. (Koren, Ecrits, p. 168 e 188;
Règlements 24, 25; 125-128).
Partilhar as funções da comunidade
34. “Além das obrigações comuns a todos os membros da comunidade, há ainda os deveres ligados às diferentes funções. Estas funções ou cargos são mais ou
menos as que havia naquela época (…) Têm a dupla vantagem de contribuir economicamente para a boa ordem da casa e para a boa formação dos indivíduos. O
cargo mais importante era o de repetidor que foi exercido nos primeiros tempos,
pelos alunos melhor dotados. As funções de ecónomo eram atribuídas também a
um dos estudantes (…) É necessário acostumar-se a fazer algo mais do que aquilo
que agrada, para que no dia em que sejam exigidas imolações difíceis, haja desejo
e coragem (…) Ao longo da sua vida terrestre, Nosso Senhor Jesus Cristo deu-nos
o exemplo desta submissão” (…) (H. Le Floch: Claude Poullart des Places, p. 351352, 356).
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CLÁUDIO POULLART DES PLACES – 1679-1709
Exemplo edificante do Fundador:
“Ele era o primeiro a praticar o que recomendava aos outros”
35. “De um momento para outro, neste colégio tão numeroso onde era tão conhecido, viram-no abandonar o brilho e as maneiras do mundo para se revestir, ao mesmo
tempo, do hábito e da simplicidade dos eclesiásticos que mais tomaram a peito a reforma do clero (…) Não lhe causava pena o que pudessem dizer (…) Quantas vezes
foi visto fazendo as acções mais humilhantes aos olhos das pessoas que melhor o
conheciam, quando se tratasse de buscar a subsistência para os estudantes pobres que
ele tinha reunido. Foi visto muitas vezes nas ruas de Paris acompanhado de alguns
dos seus estudantes pobres, a maioria muito mal vestidos, aos quais tratava como com
pessoas iguais a ele. E quando carregavam móveis ou outros utensílios necessários à
comunidade, não deixava de aliviá-los se se apresentava a ocasião, sem temor à mofa
que podia causar-lhe a sua caridade.” (Koren, Thomas, p. 277).
Zelo apostólico, disponibilidade e obediência
36. “Sabe-se a que se destinam os jovens eclesiásticos que se reúnem no Seminário do Espírito Santo. Formados para todas as funções do sagrado ministério, e
em todas as virtudes sacerdotais (…) possuem em grau elevado o espírito de desprendimento, de zelo e de obediência. Dedicam-se ao serviço e às necessidades da
Igreja, sem outro objectivo que não seja o de a servir e de lhe ser úteis. Estão nas
mãos dos superiores imediatos e ao primeiro sinal da vontade destes (…) agir como
um corpo de tropas auxiliares, dispostos a ir por toda a parte onde haja trabalho
para salvar almas, dedicando-se preferencialmente às obras das Missões, tanto estrangeiras como nacionais, oferecendo-se para ir residir nos lugares mais pobres e
mais abandonados para os quais se encontra mais dificilmente obreiros. Quer seja
necessário ser relegado para o fundo duma zona rural ou enterrado no canto de um
hospital (…) ensinar num seminário ou dirigir uma comunidade pobre, (…) quer
seja preciso atravessar os mares e ir até ao fim do mundo para ganhar almas para
Jesus Cristo, a sua divisa é esta: Eis-nos aqui, dispostos a fazer a Vossa vontade!
‘Ecce ego, mitte me’: Is. 6,8.” (Koren, Besnard, pp. 286-88).
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NOVENAS PENSAMENTOS E ORAÇÕES
5º Expirou docemente: tal vida, tal fim...
“Quão desejáveis são os vossos tabernáculos!...”
“Se determinará um dia por mês para
pensar seriamente na morte” (Réglements 43).
37. “A eternidade feliz depende da minha morte, como a minha morte depende da
minha vida (…) Tal vida, tal fim (…) Depende de mim, com a ajuda do Céu, viver
santamente ou viver sem piedade. Como sou feliz por poder decidir sobre a minha
morte! Quero ter a morte dos justos: por conseguinte, é necessário levar uma vida
inteiramente santa e puramente cristã (…) Que loucura encher o coração das coisas
do mundo e ter a cabeça transtornada de vanglória! Que me ficará de tudo o que há
na terra e que ficará de mim na terra depois da minha morte? Para mim, uma cova de
seis pés, (…) uma caixa de quatro ou cinco pedaços de madeira apodrecida. O que
deixarei de mim no mundo? Os bens que tenha adquirido e o cadáver que cuidei todos
os dias com tanta delicadeza (…) Espero que esta ideia: “que tenho de morrer” e doravante terei sempre presente, me fará permanecer na virtude”. (Écrits, pp. 27-29).
38. “Enquanto Poullart des Places se entregava inteiramente aos cuidados que
exigia a sua comunidade nascente e se esgotava numa vida cheia de privações, foi
atacado de uma pleurisia, junta a uma febre contínua e espasmos violentos que lhe
provocaram dores extremas, durante quatro dias. Não puderam arrancar-lhe uma
palavra de queixume e menos ainda de impaciência. Só se dava conta do aumento
dos seus sofrimentos pelos actos de resignação que as dores provocavam. O próprio
enfraquecimento da natureza parecia infundir-lhe novas forças para repetir frequentemente as palavras do santo Rei David: ‘Quão desejáveis são os vossos tabernáculos, Senhor dos exércitos! A minha alma desfalece e se consome pelos átrios do
Senhor! (Sl. 83, 1). Foram-lhe administrados com tempo os últimos Sacramentos;
depois de os ter recebido com plena consciência e perfeita liberdade de espírito,
expirou docemente pelas cinco horas da tarde do dia 2 de Outubro de 1709 (…)
Tal foi o santo e célebre P. des Places, fundador do Seminário do Espírito Santo.”
(Charles Besnard; Ecrits, p. 87).
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NOVENAS PENSAMENTOS E ORAÇÕES
ORAÇÕES DE
CLÁUDIO POULLART DES PLACES
VÓS ME PROCURÁVEIS, SENHOR!
“Vós me procuráveis, Senhor,
e eu fugia de Vós.
Como sois amável, meu divino Salvador!
Não quereis a minha morte.
Não quereis senão a minha conversão.
Como se tivésseis necessidade de mim,
tratais-me sempre com doçura. Só a Vós pertence, ó meu Deus,
tocar o coração do homem.
Amais-me, meu divino Salvador,
e dais-me disso provas bem sensíveis.
Sei que a vossa ternura é infinita,
pois não se esgotou
com as minhas inumeráveis ingratidões.
De há muito que quereis falar-me ao coração,
mas não tenho querido escutar-vos.
Não vim aqui defender-me,
mas para me deixar vencer.
Falai, meu Deus, quando vos aprouver.
Agora, Senhor, que venho procurar-vos,
podeis dar-me a conhecer a vossa santa vontade.
Descei ao coração em que, desde há muito, desejais entrar:
não mais terá ouvidos a não ser para Vós
e não terá mais afeições
a não ser para vos amar como deve”11.
11
Joseph Lécuyer, Les écrits de Claude Poullart des Places, ré-edition Cahiers Spiritains, nº 16, 1988, 16-18.
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CLÁUDIO POULLART DES PLACES – 1679-1709
CONFISSÃO DE AMOR
“Eis-me persuadido, meu Deus,
do horror do pecado.
Mas Vós sois o Pai das misericórdias.
Quero, a qualquer preço,
tornar-me digno do vosso amor.
O meu coração,
até aqui, cheio de vaidade e de ambição,
nada encontrava no mundo
suficientemente elevado e grande para o encher.
Estava reservado para um Deus
e encontra agora com que encher-se inteiramente.
Não mais será ocupado a não ser por Vós,
meu Deus e meu tudo.
Não serão os castigos
que adviriam do meu pecado
a causa da minha prudência e sensatez;
mas o receio de vos desagradar
e de ofender um Mestre
que tão ternamente merece ser amado,
é que me conservará na fidelidade
que vos devo, meu Deus.
Que é que não deve fazer um homem por Vós,
meu querido e único amor,
que por mim derramastes o vosso precioso sangue?”12
12
Ibid., 17,21,28,58,59.
60
NOVENAS PENSAMENTOS E ORAÇÕES
ABANDONO E CONFIANÇA
“Quereis, meu Deus, que eu seja homem,
mas que o seja segundo o vosso coração.
É tarefa vossa, meu Deus, combater por mim.
Confio-me inteiramente a Vós,
porque sei que tomais sempre
o partido daqueles que em Vós confiam,
e que nada temos a temer
quando fazemos o que podemos
e Vós nos amparais.
Faço-vos, doravante, responsável da minha conduta.
Quero resistir ao pecado,
mas não o posso fazer
sem o vosso auxílio.
Ajudai-me, meu Deus, a servir-vos fielmente.
Nada me será difícil,
se quiserdes socorrer-me
e se me abandonar totalmente a Vós.
Devo desconfiar de mim mesmo
e esperar tudo da vossa misericórdia”13.
13
Ibid., 18,19,24,28,34,35.
61
CLÁUDIO POULLART DES PLACES – 1679-1709
DAI-ME A CONHECER A VOSSA VONTADE
“Ó Deus, que conduzis à Jerusalém celeste
os homens que se confiam verdadeiramente a Vós,
recorro à vossa divina Providência
e abandono-me inteiramente a ela.
Renuncio às minhas inclinações e apetites
e à minha própria vontade,
para seguir unicamente a vossa.
Dai-me a conhecer, meu Deus, a vossa vontade.
Derramai sobre mim as graças necessárias
para vos servir por toda a vida
na vocação que vos dê maior glória.
É a Vós que devo dirigir-me
a fim decidir-me segundo a vossa vontade.
Iluminai-me com o conselho da vossa Sabedoria.
Destruí em mim todos os apegos mundanos,
que por toda a parte me acompanham.
Que não tenha,
no estado de vida que escolher para sempre,
outro objectivo senão o de vos agradar.
Estou resolvido a seguir o caminho que me indicardes.
Não permitais, meu Deus, que me engane.
Em Vós ponho todas as minhas esperanças”14.
14
Ibid., 40,51,52.
62
NOVENAS PENSAMENTOS E ORAÇÕES
SANTÍSSIMA TRINDADE
“Santíssima Trindade,
Pai, Filho e Espírito Santo,
que, por vossa graça,
adoro de todo o coração,
com toda a minha alma
e com todas as minhas forças,
suplico-vos que vos digneis conceder-me
a fé, a humildade, a castidade,
a graça de não fazer,
de não dizer,
de não pensar,
de não ver,
de não escutar
e de não desejar
senão o que Vós quereis
que eu faça, diga, pense, veja e escute.
Concedei-me estas graças, meu Deus,
com a vossa santíssima bênção,
e que – o meu coração e o meu espírito,
não estando cheios senão de Vós –
eu permaneça sempre na vossa presença
e vos reze sem cessar, como devo.
Meu Jesus,
permanecei eternamente em mim e eu em Vós.
Por intermédio da Santíssima Virgem,
entrego em vossas mãos
o meu espírito e o meu coração”15.
15
Ibid., 59.
63
Por favor, se receber alguma graça por intercessão
de Cláudio Poullart des Places, contacte:
Congregazione dello Spirito Santo
Casa generalizia
Clivo di Cinna, 195
00136 ROMA
ITALIA
[email protected]
ou o Postulador da Causa de Beatificação:
Pe. Jean-Jacques Boeglin
[email protected]

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