A sepultura 1 da necrópole da Sé de Sil ves (Algarve, Portugal

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A sepultura 1 da necrópole da Sé de Sil ves (Algarve, Portugal
ARMANDO SANTINHO CUNHA*; ROSA VÁRELA GOMES**; MARIO VÁRELA GOMES***; MARÍA
DE GRACA S. MOURA****
A sepultura 1 da necrópole da Sé de Sil ves
(Algarve, Portugal). Ritual e patologias
Resumo
Trabalhos de salvamento arqueológico, numa área situada {mediatamente a sul da Sé de Silves, permitiram identificar
um esqueleto humano com sinais de ritualizacáo. Verificamos tratar-se de sepultura constituida por fossa, escavada na
térra, ondefoi inumado um individuo em decúbitos dorsal, colocado na direccao nascente-poente e com a cabera vahada
para aquele último sentido. Mostrava o braco direito estendido, ao longo do carpo, ligeiramente sobreposto pela bada e na
máo, fechada, continha um dinheiro cunhado no reinado de D. Afonso 111 (1248-1279). O braco esquerdo eslava flectido,
repousando a máo sobre o ventre. As pernas encontravam-se estendidas mas, ligeiramente, afastadas. Nao foi detectado
outro espolio associado ao esqueleto, nem restos de qualquer estrutura que o protegesse, pelo que se deduz que terá sido
depositado, envolvido, apenas, numa mortalha.
O esqueleto exumado pertencia a individuo do sexo masculino, com idade compreendida entre 18 e 21 anos. A análise
antropológica, com exames macroscópio e á lupa binocular, assim como com a ajuda de microscopía electrónica de
varre-dura e da radiología, detectou as seguintes alteracdes: Plagiocefalia, cribas orbitalis, um quisto naso-palatino, artroses
das A.T.M. e remodelayóes ósseas em alguns carpos vertebráis. Os denles mostraram hipoplasias ambientáis do esmalte,
caries, fracturas traumáticas, abrasoes, atríccoes, cementases e um granuloma apical.
l.INTRODUCÁO
Silves foi importante cidade romana, cuja génese
radicou num estabelecimento fenicio-púnico, e que
atingiu grande esplendor no período islámico. Após a
sua conquista, em meados do século XIII, foi eleita
capital do reino do Algarve, titulo que manteve até
aos fináis do século XVI.
Apesar da erosao do tempo e da incuria dos
ho-mens, Silves conserva, ainda hoje, significativos
ves-
tigios do seu passado, nomeadamente duas ordens de
muralhas e outras edificagoes almoadas, assim como
construgSes de carácter religioso, onde se destaca a
monumental Sé.
Os cuidados em preservar tais testemunhos tém
sido últimamente integrados numa política de estudo,
conservacao e reabilitacao dos mesmos, contemplando trabalhos arqueológicos, sobretudo na área correspondente ao centro histórico da cidade.
*Professor na Faculdade de Medicina Dentaria de Lisboa. **Assistente na Universidade Nova de Lisboa. ***Director do Museu Municipal
de Arqueología de Silves. ****Assistente Graduada do Hospital D. Estefanía, Lisboa.
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ARMANDO SANTINHO; ROSA VÁRELA; MARIO VÁRELA; MARÍA DA GRA£A S. MOURA
No ámbito daquele projecto, um de nos (R.V.G.),
dirigiu escavacoes numa área a sul da Sé onde se iría
construir as instacSes de um Saláo Paroquial.
Os trabalhos, devidamente autorizados pelo I.P.P.
A.R., subsidiados por este Instituto, pela Fábrica da
Igreja da Paróquia de Silves a pela Cámara Municipal
de Silves, tiveram lugar nos meses de Junho, Julho e
Dezembrode 1992.
Tal intervengo proporcionou o reconhecimento de
estructuras habitacionais e de material arqueológico,
designadamente cerámicas, atribuidas aos séculos
VIII-IX, outros testemunhos classificáveis nos séculos XII-XIII, como urna pequeña cisterna
possivel-mente no jardim de urna habitacao
almoada, assim como a sepultura objeto do
presente estudo (séc. XIII), e materiais ulteriores
(sécs. XV e XVI).
2. SEPULTURA 1
Durante a escavagao, por carnadas artificiáis,
de-tectou-se, a cerca de 1,00 m de profundidade do
solo actual e na área correspondente aos quadrados M
e R da recticula com que referenciámos a zona, um
esqueleto humano, inumado com sinais de
ritualizagáo. Verificamos tratar-se de urna sepultura
constituida por fossa, de planta rectangular,
escavada em estratos muito remexidos que
assentavam em nivel arqueológico do período
almoada.
O esqueleto encontrava-se colocado em decubitus
dorsal, na direcgao nascente-poente, com a cabeca
voltada para aquele último sentido. Esta mostrava
ligeira inclinagao para norte e a cintura escapular
apresentava, de igual modo, cerca inclina§áo em
relacáo a coluna vertebral. Tal facto pode ter-se
fica-do a dever a diferente posicáo dos bracos; o
direito estendido ao longo do corpo, sendo a mao
ligeira-mente sobreposta pela bacia, enquanto o
braco esquerdo, estava dobrado em ángulo recto,
repousan-do a mao sobre a zona ventral.
A mao direita estava fechada contendo um dinheiro
cunhado no reinado de D. Afonso III (1248-1279), e a
esquerda aberta.
As pernas estavam estendidas, ligeiramente
afas-tadas e os pés mostravam as extremidades
voltadas para fora.
Para além do numisma referido, nao foi detectado
outro espolio associado ao esqueleto, nem, tao pouco,
restos de qualquer estrutura que o protegesse, mesmo
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construida em material perecível, como os esquifes de
madeira de que sempre se identificam os pregos. Tais
observacoes fazem-nos deduzir que o corpo terá sido
depositado apenas envolvido numa mortalha, mas
onde nem sequer se utilizaram alfinetes, como acontece em enterramentos congéneres. Também nao
recon-hecemos quaisquer restos de monumento que
assi-nalasse este sepulcro, como as estelas, de forma
discoide, idénticas as ja exumadas naquela área.
Ñas térras que, imediatamente, cobriam o cadáver
recolheu-se um fragmento de tacho, de cerámica, com
bordo bífido, talvez para receber tampa do tipo hermético, medindo 0,185 m. de diámetro. Tal forma,
com ascendentes no período almoada conforme
demonstram pecas do Gástelo de Silves (GOMES,
1988, 277, 278), é igualmente conhecida em nivel
cristáo, do século XIII, da travessa da Portuguesa, em
Setúbal (escav. inédita de C. Tavares da Silva).
Conforme mencionamos, o esqueleto continha na
mao direita um dinheiro, de bulhao e muito deteriorado, cunhado no reinado de D. Afonso III
(1248-1279). Mede 0,019 m. de diámetro máximo
e no anverso oferece urna cruz equilateral, cantonada
por duas estrelas e dois crescentes, rodeada por círculo
de pontos e pela legenda ALFONSV RX (?). No
reverso observam-se cinco escudetes, com cinco
pontos ao centro, intercalando com a legenda
PORT-VG-AL (?).
A próximidade desta inumacao em relacáo ao
e-difício da Sé, de Silves, cuja primeira constru§áo é
atribuida ao século XIII, conduz a aceitarmos tratarse da antiga necrópole anexa aquele edificio. Alias,
o cemitério da cidade manteve-se naquela zona até
aos fináis do século XIX, momento em que foi edificado o actual.
O ritual observado é muito semelhante ao utilizado na necrópole rupestre, medieval, de S.
Barto-lomeu, do arrabalde de Monsaraz, no
Alto-Alentejo, onde detectamos idéntica posigao em
alguns dos cor-pos, designadamente dos bracos,
embora ali nao tivessemos encontrado numismas
ñas maos dos individuos inumados. Contudo,
algumas moedas recol-hidos ñas térras que cobriam
os enterramentos, e alguns outros escassos materiais
arqueológicos indi-cam cronología dos fináis do
século XIII e dos séculos XVI-XV (escav. inédita de
M.V.G.). É intere-ssante notarmos orientacóes iguais
a da sepultura de Silves naquela necrópole
alto-alentejana e que se deve a crenca de um futuro
renascimento dos individuos assim inumados.
A SEPULTURA 1 DA NECRÓPOLE DA SÉ SILVES (ALGARVE, PORTUGAL). RITUAL E PATOLOGÍAS
3. O ESQUELETO
O seu estudio iniciou-se no campo, com o
levan-tamento e limpieza, determinando-se os
dados os-teométricos e dentométricos em gabinete.
Os ossos longos dos membros inferiores foram
medidos na tábua osteométrica, tendo em vista a
determinacao da estatura. Procedeu-se ao estudo, a
lupa binocular e ao microscopio de reflexao, das
lesoes encontradas na observa£áo macroscópica.
Realizaram-se telera-diografias para melhor
esclarecimento das morbilidades, assim como
macrofotografias
e
microfo-tografias
ao
microscopio Leitz, com aparelho de fotografía
automático e utilizado um filme Ektachrome, de 160
ASA.
3.1. Cabef a óssea
Na norma vertical é de tipo dolicocéfalo, tendo
urna sutura coronal serreada e urna sutura sagital dentada. A sutura lambdoideia é labirintica, observándose alguns pequeños ossos vórmicos.
O diploe tem espessura que varia entre 3 mm. e
5 mm. No endocránio, as suturas encontram-se igualmente conservadas, sendo os seios frontais ampios e
muito septados. Estes sao mais desenvolvidos do lado
esquerdo.
No face posterior e na parte superior do frontal,
próximo do bregma, existe, á direita, dois crepúsculos
de Paccioni.
Nos parietais, os sulcos correspondentes as arterias
meníngeas medias sao assimétricos, á direita a
bifur-cacáo fica a 2 mm. do tronco principal e á
esquerda a ramificacao so se realiza a 6 mm. do tronco
común. O retículo vascular é muito aperlado.
Detecteu-se protuberancia occipital exterior muito saliente e as rugosidades no occipital sao muito marcadas.
Face em norma anterior, de tipo longilíneo, com
grande dimensáo vertical.
Ossos próprios do nariz altos, e abertura piriforme
estreita. A espinha nasal antero-inferior é saliente. O
perímetro das fossas nasais é plano.
Os antros de Higmore sao muito ampios. O
mentó é saliente.
As apófises de Geni muito desenvolvidas,,com as
fossas sub-maxilares muito reconhecíveis.
Existe orificio mentoniano a cada lado do corpo
mandibular, sendo mais desenvolvido o da direita,
com 2 mm. de diámetro, oferecendo o da esquerda
apenas 1 mm.
Espinhas de Spix pouco evidentes. A ficha dentaria
apresenta as seguintes características:
11. Hipoplasia do esmalte e abrasáo;
12. Mutilacáo;
13. Hipoplasia do esmalte e abrasáo;
14. Perda em vida, com remodelacáo;
15. Perda em vida, com remodelagáo;
16. Mutilacáo;
17. Mutilagáo;
18. Hipoplasia do esmalte e carie;
21. Hipoplasia do esmalte, abrasáo, atriccáo e
fractura incisal;
22. Mutilacáo;
23. Mutilacáo;
24. Hipoplasia do esmalte e abrasáo;
25. Hipoplasia do esmalte e abrasáo;
26. Mutilacáo;
27. Mutilacáo;
28. Mutilacáo;
31. Hipoplasia do esmalte, abrasáo e atricfáo;
32. Hipoplasia do esmalte, abrasáo, atriccáo ;
33. Hipoplasia do esmalte, abrasáo, atricgáo ;
34. Hipoplasia do esmalte, abrasáo, atricfáo ;
35. Perda em vida, com remodela§áo;
36. Perda em vida, com remodelacáo;
37. Alvéolo com remodelacáo óssea parcial;
38. Alvéolo com remodelacáo óssea parcial;
41. Hipoplasia do esmalte e abrasáo;
42. Hipoplasia do esmalte e abrasáo;
43. Hipoplasia do esmalte e abrasáo;
44. So raíz com cementóse;
45. Hipoplasia do esmalte e carie oclusal;
46. Perda em vida, com remodelafáo óssea;
47. Perda em vida, com remodelacáo óssea;
48. Hipoplasia do esmalte, abrasáo e carie.
Observou-se, ainda, mesialisacáo e rotagáo de 45,
oclusáo com protusáo mandibular e diducáo lateral
esquerda, assim como escasso tártaro. Foi detectada
urna cavidade correspondente a granuloma apical e
um quisto naso-palatino.
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ARMANDO SANTINHO; ROSA VÁRELA; MARIO VÁRELA; MARÍA DA GRA£A S. MOURA
3.2. Coluna vertebral
As vértebras cervicais apresentam um desvio lateral de convexidade esquerda. Na C5, do lado direito, a
apófise transversa oferece dois cañáis vertebráis. Os
pratos dos corpos vertebráis mostram a superficie
estriada e nao se observa osteofitose.
Duas vértebras dorsais, mostram ao nivel da face
anterior dos corpos vertebráis, urna perda de substancia com 4 mm de diámetro, podendo corresponder
a patología frequente a este nível-hemangioma.
As vértebras lombares com curvatura habitual e
sacro tendo, ao nivel da base, urna relacao entre corpo
vertebral e asas, de 1/2, 1/4, 1/4.
O osso coxal com fusoes da estria de Riss,
chanfra-duras ciáticas de 50, sinfíses púbicas
estriadas, sem tubérculo na extremidade superior.
Costelas tendo, na articulacao condrocostal,
mine-ralizacao mais intensa na periferia do que na
parte central.
O externo nao é perfurado. As clavículas tém as
epífises internas ainda nao soldadas. As omoplatas
mostram aspecto habitual.
3.3. Os sos longos
Os úmeros, os cubitos e os radios, mostram rugosidades, para as insercoes musculares, poucos
vi-síveis, particularmente a esquerda.
As epífises ja se encontram soldadas as diáfises,
mas, nos exames radiológicos, ainda se verifica a
linha de juncao.
Observou-se, ao nivel dos metacarpos, urna maior
dimensao do quarto (65 mm) em rela9ao ao segundo
(63 mm).
Todos os óssos das maos nao apresentavam
alte-racoes.
Existia um sesamoideo, isolado, na máo direita.
Fémures com 445 mm. de comprimento máximo e
com linhas ásperas salientes. Note-se a asuséncia de
plactenemia.
Tibia direita com 379 mm. de comprimento máximo e tibia esquerda com 380 mm. Peroneo esquerdo
com 355 mm. de comprimento máximo.
3.4. Sexo, idade, estatura e rafa
Foi possível concluir que o esqueleto em estudo
corresponde a um individuo do sexo masculino, dado
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apresentar fronte inclinada, rebordos supra-orbitários
salientes, ramos da arcada zigomática ultrapassando
os porions, protuberancia occipital externa saliente,
linhas curvas temporais bem marcadas, corpo da mandíbula anguloso, ángulo goníaco rectificado. Também
a bacia e os fémures sao de tipo masculino com linha
áspera muito saliente.
A sua idade situar-se-ía entre os 18 e os 21 anos.
E a favor de tal atribuicao, a erupcáo dos oitavos
den-tes, o padráo do pubis é do 21 de anos,
segundo TODD. De igual modo a ausencia de dentina
translúcida que so surgem aos 35 anos, e o
apagamento das suturas endo-exocraneanas que
ocorrem a partir dos 40 anos, confirman aquela
atribuicao.
Determinando o máximo comprimento de todos os
ossos longos dos membros inferiores, avaliou-se a estatura pela media entre cíes, o que correspondeu a l,69m.
O individuo correspondería a raca eurocaucasiana,
demonstrada pela abertura piriforme, espinha nasal
antero-inferior saliente, pavimento das fossas nasais
plano e sutura palotomaxilar de convexidade anterior.
3.5. Morbilidades
3.5.1. Ósseas
Assimetria acentuada dos sulcos dos vasos meníngeos (plagiocefalia).
Criba orbitalis bilateral. No tecto das órbitas do
frontal tem abundante osso trabecular, com
reabsor-cáo parcial da cortical supra-jacente.
Possível quisto naso-palatino, fazendo corpo com
os alvéolos de 21, l i e 12. Ha urna cavidade de
18 mm. de diámetro que destrói a parte anterior do
palato direito e parte do esquerdo, abrindo-se no pavimento das fossas nasais. A cavidade é unilocular de
superficie interior lisa e de bordos regulares.
Artrose das articulacoes temporo-mandibulares.
Escolióse das vértebras cervicais, de convexidade
esquerda.
Tubérculo anómalo bilateral, na parte posterior da
face inferior dos calcáneos.
3.5.2. Na denticáo
Maxilares mutilados ñas áreas posteriores com
alguns denles isolados.
Perda de dentes em vida, com remodelagáo óssea
completa de 14, 15, 35, 36, 46 e 47.
A SEPULTURA 1 DA NECROPOLE DA SE SILVES (ALGARVE, PORTUGAL). RITUAL E PATOLOGÍAS
Caries oclusais em 45, ocluso-lingual em 48 e
dente reduzido a raíz em 44.
Malposicao dentaria. O terco apical da raíz de 45
tem angulajao mesial com o grande eixo do dente.
Este tem urna rotacáo interna e urna pequeña
mesia-lizacao.
Hipoplasias ambientáis do esmalte. Todos os
den-tes existentes sao atingidos, abrangendo toda a
superficie das faces vestibulares, com padráo
punctiforme ou linear.
Cementóse muito acentuada em 45.
Cavidade óssea apical ao nivel do alvéolo de 44,
com o seu maior diámetro de 9 mm. e abrindo-se para
a tábua externa do osso alveolar, podendo corresponder a granuloma.
Fracturas com usura (em vida) de 11, 13 e 21, ao
nivel do bordo incisal, com continuacao num trajéelo
de 2 mm. e com um calibre de 3 mm., na face vestibular de 21.
Abrasao, mais acentuada a esquerda e mais intensa
nos dentes anteriores do que nos posteriores. Nos
denles anteriores esquerdos ha urna atriccao de lipo
agudo, sem formacáo de dentina reaccional, o que foi
observado ao microscopio electrónico de reflexáo.
3.6. Conclusoes
O esqueleto pertenceu a um individuo do sexo masculino, adulto jovem, de estatura elevada para a época
(1,69 m.), e muito provavelmente eurocaucasiano.
Em virtude das hipoplasias ambientáis generalizadas do esmalte, deverá ter havido deficiente
alimentacao na infancia e puberdade.
Dada a existencia de criba orbitalis, deveria ter
urna anemia ferropriva, possível causa de morte.
O quisto do maxilar superior formou-se por urna
perturbacao embrionaria (quisto de desenvolvimiento), com localizacao correspondente ao naso-palatino.
A mandíbula de mentó saliente, com 113° de ángulo
goníaco a direita e 114° a esquerda, tem pouco evidentes as rugosidades ósseas de inser9áo dos masséteres,
contrastando com as muito desenvolvidas rugosidades
de inser9áo dos pterigoideus. As rugosidades correspondentes ao pterigoideu interno sao mais intensas a
direita e as do pterigoideu externo a esquerda.
Em consequéncia desta assimetria pode-se sugerir
que o individuo tinha urna continua disfuncáo com
lateralizacao á esquerda da mandíbula e sua protusáo.
Também devido áquela situacáo ha artrose dos cóndilos mandibulares que poderia ser resultante da sua
actividade profissional.
A inclina§ao dos cóndilos em relafáo ao plano
sagital era de 70° á direita e 85° á esquerda. O cóndilo direito tem 20 mm. no seu maior diámetro e no
seu quinto externo ha um sulco profundo dirigido de
diante para tras e de fora para dentro, com 6 mm. de
comprimento. O cóndilo esquerdo tem 23 mm. no seu
maior eixo e nao é polido na superficie articular que
se estende á sua face externa.
A forca realizada pelos músculos pterigoideus na
relacáo articular com a superficie temporal devia ser
muito intensa.
Em virtude das morbilidades do aparelho
estoma-tognático a sua funcáo era muito deficiente e
explica as caries, perdas de dentes e granuloma
apical.
A profissáo devia ser em trabalho diario exclusivo,
desde a infancia, sentado em cadeira baixa (saliéncias
dos calcáneos), com as lesoes da coluna cervical e dos
dentes anteriores esquerdos resultantes de tal actividade (talvez sapateiro).
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