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1 Q U E Nº8 M A R C A M Março 2016 • Diretor: Hernâni Almeida • “Notícias que marcam” é uma publicação da Funchalense, Empresa Gráfica S.A. UM MEIO PRIVILEGIADO DE INFORMAÇÃO SABIA QUE 78,7% DOS PORTUGUESES LERAM OU FOLHEARAM JORNAIS NO PERÍODO DE SETEMBRO A NOVEMBRO DE 2015? Apesar do desenvolvimento tecnológico das últimas décadas ter-nos transportado para uma era digital, a leitura de jornais ainda faz parte dos hábitos da grande maioria dos portugueses. IMPRIMIMOS JORNAIS COM NOTÍCIAS QUE MARCAM 2 AO SERVIÇO DO SEU JORNAL EDITORIAL Já fez um ano desde que escrevi o último editorial do jornal Notícias Que Marcam e, no entretanto, pouca coisa mudou! O panorama nacional dos jornais impressos parece manter-se inalterado, destacando-se o confronto com a dura realidade do número de vendas e a procura incessante de anunciantes. Num mundo formatado pelas novas tecnologias, muitos se questionam se ainda há espaço para o papel. Esta é uma discussão antiga e remonta ao tempo da origem da rádio, repercutindo-se com o surgimento da televisão e, mais tarde, com a chegada da internet. No entanto, e apesar das tendências que ditam o fenómeno dos meios de informação em suporte digital, os últimos dados do Bareme Imprensa, um estudo da Marktest que analisa a audiência da imprensa, mostram que a leitura de jornais ainda faz parte dos hábitos da grande maioria dos portugueses. Os números são claros e dizem-nos que os leitores de jornais representam 78,7 por cento do universo em análise. Nada mau! E para provar que ainda existem histórias de sucesso neste meio, apresentamos-lhe o testemunho de Francisco Godinho, diretor e fundador do único jornal gratuito distribuído no concelho de Odivelas. Está no mercado há três anos e foi ganhando respeito e empatia por parte dos seus leitores. Até já há quem reclame pela sua falta! A informação que tem para contar ultrapassa o espaço que limitam as 16 páginas e os cinco mil exemplares que dispõe não chegam para todos os que o procuram. O objetivo? Crescer para chegar ainda mais longe, se a conjuntura comercial assim o permitir. Esperamos, numa próxima edição do Notícias que Marcam, dar continuidade a esta história, num futuro que traga essa mudança. Hernâni Almeida Empresa Gráfica Funchalense Carlos Barata Responsável Coordenador do setor de Manutenção & PERGUNTAS RESPOSTAS Como descreve o seu dia-a-dia na gráfica? Durante o turno diurno executam-se principalmente tarefas de conservação e manutenção preventiva, pesquisa de eventuais falhas, reparações, substituição de equipamentos ou alterações que, devido à sua complexidade ou morosidade, tornariam a tarefa mais difícil de executar durante a produção, visto esta ser essencialmente noturna. No turno noturno normalmente faz-se o acompanhamento da produção e reparação de possíveis avarias que impossibilitem ou dificultem a execução dos trabalhos programados e outras tarefas ocasionais. O que mais gosta na sua profissão? Do desafio! Aos setores de manutenção, nesta ou em qualquer outra empresa, é colocado um desafio permanente, face ao crescente grau de evolução técnica e sofisticação dos equipamentos. Temos de reduzir ao mínimo o número de avarias por forma a evitar paragens e quebras forçadas de produção. Qual é a importância do setor de manutenção de equipamentos na qualidade de impressão dos jornais? O setor de manutenção é vital para a qualidade e bom funcionamento deste ou qualquer outro setor de atividade. Quem trabalha em manutenção necessita ter formação técnica adequada à função e ramo de atividade, boa capacidade de raciocínio, intuição e algumas vezes uma enorme capacidade de improvisação para resolver as mais variadas situações anómalas com que se depara no seu dia-a-dia. Na sua opinião, qual é a importância do papel na vida das pessoas? Certamente que importa ter em conta preocupações ambientais e de sustentabilidade, relativamente ao impacto do consumo de papel e pasta. Sei que a maioria dos papéis que utilizamos na impressão de jornais são reciclados, sendo o seu consumo menos prejudicial para o ambiente. As atuais gerações já nasceram na era do digital, adaptando-se por isso perfeitamente a todas as suas vantagens não dando a devida importância às publicações em papel. De qualquer forma, na minha opinião, ler um livro, jornal ou revista em papel continua a ser mais agradável. Pode até nem ser tão prático e acessível como o digital, mas o prazer de folhear, ler ou escrever em papel é insubstituível. FICHA TÉCNICA Diretor: Hernâni Almeida • e-mail: [email protected] Propriedade: Empresa Gráfica Funchalense, S.A. | TLF. 219 677 450 • FAX 219 677 459 | Morada: Rua da Capela da Nossa Senhora da Conceição, n.º50 - Morelena 2715-028 Pêro Pinheiro - Portugal Conceção: Quest 21 Publishing | Paginação - Carmen Murteira • Jornalista - Joana da Silva Vieira Depósito Legal n.º 270578/08 | Isento de registo no ICS ao abrigo do artigo 9º da Lei de Imprensa n.º 2/99 de 13 de janeiro 3 NOTÍCIAS DE IMPRENSA Este é o resultado do estudo realizado a pedido da Epson (produtora de impressoras) acerca da importância do papel nos escritórios. Os resultados mostram que, apesar da crescente digitalização do local de trabalho, o conceito do escritório sem papel ainda está longe de se materializar. Atualmente, as impressoras continuam a ser utilizadas diariamente, sendo que mais de 3.600 funcionários europeus foram interrogados e 77% dos inquiridos responderam que as impressoras são vitais para a sua produtividade no trabalho. A grande maioria (83%) acabou mesmo por afirmar que “não pode existir um escritório sem papel”. Rob Clark, vice-presidente sénior da Epson Europa, refere que “a maioria das pessoas continua a gostar de trabalhar com papel e que, para certas tarefas, prefere recorrer ao papel a ter de trabalhar no computador.” NÃO PODE EXISTIR ESCRITÓRIOS SEM PAPEL, DIZEM OS EUROPEUS Fonte: Do Papel MULHERES CONTINUAM A SER DISCRIMINADAS NOS MEDIA Esta é uma conclusão do relatório sobre a igualdade de género, divulgado no passado dia 8 de março (Dia Internacional da Mulher), pela Federação Internacional de Jornalistas (FIJ), em que destaca a discriminação e violência sobre a mulher nos meios de comunicação em todo o mundo. O relatório, da autoria do Projecto de Monitorização dos Media (GMMP), conclui que “a presença das mulheres nos média estagnou”. Elas representam apenas 24% das pessoas vistas e ouvidas nas televisões, rádios e jornais do mundo, valor que se mantém igual desde 2010. Em algumas regiões, os casos de violência, insegurança e intimidação das mulheres continuam a desacreditar o papel nos media, enquanto noutras regiões são mais facilmente despedidas e forçadas a trabalhar em condições de maior precariedade, comparativamente com o homem. A FIJ, organismo a que pertence o Sindicato dos Jornalistas, estimula as empresas mediáticas a recrutarem mais mulheres para as suas redações e para cargos de decisão, para além de encorajar os seus membros a continuarem a promover a igualdade dentro das suas estruturas, assim se alcançando a paridade e combatendo toda e qualquer forma de violência e de assédio moral e sexual. Fonte: Sindicato de Jornalistas 4 NOTÍCIAS DE IMPRENSA “THE NEW DAY” É, MESMO, DIFERENTE A imprensa diária britânica está de parabéns! No dia 29 de fevereiro foi lançado um novo jornal pela Trinity Mirror, que promete marcar pela diferença. Ao contrário da tendência geral dos media, “The New Day” só vai ter versão impressa e assegura que não terá linha editorial. O primeiro número do jornal diário foi gratuito e distribuído em 40 mil pontos de venda. Fonte: Clube dos Jornalistas Estão abertas até ao dia 31 de março as candidatura à 8.ª edição do Prémio Dignitas de jornalismo, uma iniciativa da Associação Portuguesa de Deficientes (APD). O prémio, no valor de quatro mil euros, destina-se aos melhores trabalhos, publicados ou difundidos nos órgãos de comunicação social portugueses, realizados por profissionais da comunicação social, subordinados ao tema da deficiência e que promovam a dignidade das pessoas com deficiência, os seus direitos humanos e inclusão social. As candidaturas deverão ser formalizadas até ao dia 31 de março de 2016, junto da sede da APD, pessoalmente ou por correio. Podem concorrer profissionais da comunicação social portugueses ou residentes em Portugal e as candidaturas poderão ser individuais ou coletivas. As matérias a concurso, publicadas em 2015, terão necessariamente que ser editadas em português. UM PRÉMIO ESPECIAL Fonte: Sindicato dos Jornalistas SUCESSO NACIONAL LÁ FORA O fotojornalista Mário Cruz venceu um dos prémios do concurso internacional World Press Photo, com um trabalho sobre crianças talibés no Senegal e na Guiné-Bissau, rapazes entre os 5 e os 15 anos que vivem em escolas islâmicas e que, a pretexto de receberem uma educação corânica, são abusados e explorados pelos professores. O repórter de 28 anos, que trabalha na agência Lusa, realizou o trabalho “Talibés, Modern-day Slaves” em tempo de férias e a seu próprio custo. A foto-reportagem sobre esta forma de escravatura moderna, publicada na revista Newsweek, venceu o primeiro prémio na categoria de Temas Contemporâneos (“Contemporary Issues”). Mário Cruz junta-se a outros quatro portugueses também já distinguidos pelo World Press Photo: Eduardo Gageiro (retrato do general Spínola, 1974), Carlos Guarita (indústria de armamento, 1994), Miguel Barreira (bodyborder nas ondas da Nazaré, 2007) e Daniel Rodrigues (rapazes a jogarem à bola na Guiné-Bissau, 2013). Fonte: Clube dos Jornalistas PARCEIROS 5 OS NOSSOS PARCEIROS 6 PARCEIROS PARCEIROS 7 8 INFORMAÇÃO UM HÁBITO QUE VEIO PARA FICAR O papel existe há quase 2000 anos e, ao longo deste tempo, veio a estabelecer-se como um meio de comunicação eficaz e versátil. Apesar do desenvolvimento tecnológico das últimas décadas ter-nos transportado para uma era digital, em que se destacam as frequentes investidas dos novos media, a grande maioria dos portugueses continua a ver o jornal impresso como um meio privilegiado de informação. O PINHEIRO, O EUCALIPTO E O CHOUPO PRETO FORAM ALGUMAS DAS PRIMEIRAS ESPÉCIES DE ÁRVORES UTILIZADAS NA FABRICAÇÃO DE PAPEL. A PASTA DE CELULOSE DERIVADA DO EUCALIPTO FOI PRODUZIDA PELA PRIMEIRA VEZ EM ESCALA INDUSTRIAL, NO INÍCIO DA DÉCADA DE 60. O PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO E UTILIZAÇÃO DA MADEIRA DAS ÁRVORES FEZ COM QUE O PAPEL SE TORNASSE ACESSÍVEL A TODOS. Desde os tempos mais antigos que o Homem desenha as suas memórias visuais nas superfícies dos mais diversos tipos de materiais. O termo papel vem do latim papyrus (papiro), planta encontrada nas margens do rio Nilo, usada para fazer cordas, barcos e folhas para a escrita. Antes do papel, os registros eram feitos em tábuas de argila e depois em pergaminhos (couro de bovinos). Mas foram os chineses que inventaram o papel com as características que conhecemos hoje. Na altura, eram utilizadas várias matérias-primas no seu fabrico como, por exemplo, o bambu, o linho e a palha. Em 105 d.C., o marquês T’sai Lun produziu uma substância feita com casca de árvore, extremidades de cânhamo, farrapos de algodão e redes de pesca rasgadas. Fez da mistura uma pasta, peneirou-a, colocou ao sol e esta fina camada transformou-se numa folha de papel. A técnica chegou à Península Ibérica pelos muçulmanos e a primeira fábrica de papel surgiu em 1094, em Espanha. A partir daí, a produção de papel come- çou a difundir-se por toda a Europa. O processo foi-se alterando ao longo do tempo, até que em 1850 foi desenvolvida uma máquina para moer madeira e transformá-la em fibras. Poucos anos depois é descoberto em Inglaterra um processo de produção de pasta celulósica, através de tratamento com produtos químicos. O pinheiro, o eucalipto e o choupo preto foram algumas das primeiras espécies de árvores utilizadas na fabricação de papel. A pasta de ce- 9 INFORMAÇÃO lulose derivada do eucalipto foi produzida pela primeira vez em escala industrial no início da década de 60. O processo de transformação e utilização da madeira das árvores fez com que o papel se tornasse acessível a todos. ORIGEM DOS JORNAIS E DO JORNALISMO Não se sabe ao certo qual foi o primeiro jornal do mundo, mas os historiadores atribuem ao imperador romano Júlio César esta invenção. A primeira publicação regular de que se tem conhecimento foi a Acta Diurna, criado durante o governo imperial de César. Nes- ta altura, surgiram os primeiros profissionais de jornalismo do mundo, os chamados Correspondentes Imperiais. Percorriam todas as regiões e províncias romanas para acompanhar e escrever as notícias sobre política e guerra. Foi durante a Idade Média que os jornais e o jornalismo tiveram o seu maior avanço tecnológico. A prensa de papel inventada pelo alemão Johannes Gutenberg fez com que o trabalho que antes era realizado manualmente pudesse ser feito por máquinas, tornando a publicação de livros e de jornais muito mais rápida e acessível. A prensa de papel utilizava letras gravadas em blocos de madeira ou chumbo que eram colocadas numa tábua para formar palavras e frases de texto. A Bíblia de Gutenberg foi o primeiro livro a ser produzido e vendido com a tecnologia da prensa mecânica de papel. A atividade jornalística tornou-se mais profissionalizada e, com a chegada do telégrafo em 1844, a imprensa tornou-se muito mais eficaz, na medida em que as notícias passaram a ser publicadas com maior rapidez. O período entre 1890 e 1920 ficou conhecido como a Era de Ouro dos Jornais. 10 JORNAIS MAIS ANTIGOS DO MUNDO, AINDA EM CIRCULAÇÃO 1 - Post- och Inrikes Tidningar (Suécia), 1645; 2 - Haarlems Dagblad (Holanda), 1956; 3 - La Gazzetta di Mantova (Itália), 1664; 4 - The London Gazette (Reino Unido), 1665; 5 - Wiener Zeitung (Áustria), 1703; 6 - Hildesheimer Allgemeine Zeitung (Alemanha), 1705; 7 - Worcester Journal (Reino Unido), 1709; 8 - The Newcastle Journal (Reino Unido), 1711; 9 - The Stamford Mercury (Reino Unido), 1712; 10 - The Northampton Mercury (Reino Unido), 1720. 10 O CASO PORTUGUÊS O primeiro jornal oficial português iniciou a sua publicação em 1715. Embora seja geralmente conhecido como Gazeta de Lisboa, ao longo do seu período de existência foi adquirindo diversos títulos. Já no século XX, em 1976, o jornal passou para Diário da República, mantendo-se assim até aos dias de hoje. O grande impulso do desenvolvimento do jornalismo em Portugal dá-se no século XIX, com os princípios da Revolução Liberal de 1820. Alguns anos mais tarde nascem os grandes clássicos do jornalismo escrito português, como o Diário de Notícias (1964), O Primeiro de Janeiro (1969), Jornal de Notícias (1888) e O Século (1881). Na sequência do golpe militar, de 28 de maio de 1926, foi instituída a censura, que perdurou até ao fim do regime ditatorial do Estado Novo. Nos anos 80, procede-se à privatização dos órgãos de comunicação estatizados logo após o 25 de abril. Nesta altura, o jornalismo escrito caracterizava-se pelo sucesso de títulos com orientação popular, como o Correio da Manhã e A Capital, que se aproximavam das exigências do público, dando mais espaço ao humor e ao desporto. O surgimento da internet e a popularização dos computadores trouxeram claros desafios para os órgãos de comunicação e também para os jornalistas portugueses, que tiveram de se adaptar a novas linguagens (o chamado ciberjornalismo). O QUE TORNA O JORNAL IMPRESSO TÃO ESPECIAL? Apesar do apogeu da rádio, da televisão e mais tarde da internet, os jornais e a atividade jornalística tradicional ocupam ainda um espaço importante no mundo. Cerca de 900 milhões de pessoas leem jornais diariamente, principal- INFORMAÇÃO mente no Japão e na China, onde este hábito é mais comum (7 entre os dez jornais mais lidos do mundo são orientais). Estes dados são da World Association of Newspapers (WAN), a associação que defende e promove a atividade de jornalismo no mundo. O Bareme Imprensa, estudo regular da Marktest que analisa os hábitos de audiência de imprensa dos residentes no continente com 15 e mais anos, quantifica em 7,138 milhões o número de portugueses que leram ou folhearam jornais ou revistas no período de setembro a novembro de 2015. O número representa 83,4% do universo em análise. Os jornais continuam a ser mais lidos do que as revistas, totalizando 6,737 mil leitores. Neste sentido, os leitores de jornais representam 78,7%, ao passo que os leitores de revistas representam 63,6%, num total de 5,448 mil leitores. Um outro estudo, levado a cabo pela mesma entidade em julho de 2014, mostrou que os títulos de informação geral são os mais lidos pelos portugueses. Tendo em conta as variáveis sociodemográficas verificou-se também que os homens, indivíduos com idades compreendidas entre os 25 aos 34 anos, os quadros médios e superiores, os indivíduos das classes sociais mais elevadas e os residentes nas regiões da Grande Lisboa e Grande Porto apresentam O BAREME IMPRENSA, ESTUDO REGULAR DA MARKTEST QUE ANALISA OS HÁBITOS DE AUDIÊNCIA DE IMPRENSA DOS RESIDENTES NO CONTINENTE COM 15 E MAIS ANOS, QUANTIFICA EM 7,138 MILHÕES O NÚMERO DE PORTUGUESES QUE LERAM OU FOLHEARAM JORNAIS OU REVISTAS NO PERÍODO DE SETEMBRO A NOVEMBRO DE 2015. O NÚMERO REPRESENTA 83,4% DO UNIVERSO EM ANÁLISE. 11 INFORMAÇÃO maior afinidade com os títulos de informação geral, que consomem acima da média. Estes dados permitiram ainda confirmar que os diários de informação geral de circulação paga foram os suportes com mais audiência neste tipo de publicações, lidos por 27,1% dos portugueses. O estudo, levado a cabo pelo Bareme Imprensa, permite-nos concluir que a grande maioria dos portugueses ainda lê jornais. Apesar de todos os avanços e alterações no mundo da informação e dos meios de comunicação social, a imprensa escrita, em particular os jornais, continuam a ser um meio privilegiado, a que os portugueses recorrem para se informar sobre o país e o mundo. Muitas são as razões e os argumentos que sustentam a importância dos jornais, bem como as suas vantagens. O jornal impresso pode ser lido por várias pessoas, enquanto a informação digital é individualizada. Ao contrário da inter- net, aquilo que é escrito no jornal transmite a sensação de informação segura e fiável para o leitor. Relativamente à publicidade, os anunciantes que pretendem divulgar e dar a conhecer o seu produto ou serviço sabem que a sua marca ficará eternizada no papel e que, provavelmente, será vista por diversas pessoas, em lugares diferentes. Os avanços na tecnologia de transmissão podem trazer ainda outras problemáticas relacionadas com o excesso de informação que, levado ao extremo, pode até provocar alguma angústia e confusão por parte do leitor, aquilo a que se chama de desinformação. Apesar das ameaças do boom tecnológico que vivemos hoje com uma vasta gama de meios alternativos à escolha, não existe, perante o conjunto único de qualidades práticas e estéticas do papel, um meio que esteja à sua altura. O jornal impresso nunca perderá o seu valor e o jornalismo continuará em constante evolução. A PRENSA DE PAPEL INVENTADA PELO ALEMÃO JOHANNES GUTENBERG FEZ COM QUE O TRABALHO QUE ANTES ERA REALIZADO MANUALMENTE PUDESSE SER FEITO POR MÁQUINAS, TORNANDO A PUBLICAÇÃO DE LIVROS E DE JORNAIS MUITO MAIS RÁPIDA E ACESSÍVEL. PAPEL UM PRODUTO SUSTENTÁVEL Nos últimos anos, as preocupações ambientais tornaram-se prioritárias em grande parte do mundo e têm ganho influência sobre as decisões que tomamos todos os dias. Habitualmente ouvimos dizer que a indústria de papel é responsável por desmatamento em massa e tem um impacto negativo sobre o meio ambiente. No entanto, isso não acontece. O papel não é o inimigo do meio ambiente e não tem custo para a terra, é uma das poucas matérias-primas verdadeiramente renováveis e recicláveis que temos. Deixamos-lhe alguns dados da Two Sides, uma iniciátiva que estabelece os factos sobre a sustentabilidade dos media impressos de forma clara e concisa: • O papel é um produto natural e renovável; à medida que as árvores crescem vão absorvendo CO2 da atmosfera. Além disso, enquanto produto com origem na madeira, o papel também continua a armazenar carbono ao longo da sua existência; • A produção responsável de madeira e pasta de papel ajuda a garantir a saúde e o crescimento das florestas; • A extração de madeira para utilização em papel a partir de florestas bem geridas e em crescimento não significa desflorestação, mas sim o oposto; • O aumento anual da cobertura florestal na Europa equivale a mais de 1,5 milhões de campos de futebol; • Uma floresta bem plantada e bem gerida, utilizada e plantada absorve mais dióxido de carbono do que uma floresta madura formada por árvores mais velhas; • Quando as pessoas utilizam mais papel, os produtores têm de plantar mais árvores. Se queremos maiores florestas produtivas, então teremos de usar mais papel e não menos. Fonte: www.twosides.info 12 ENTREVISTA UM (VERDADEIRO) CASO DE SUCESSO Assim se descreve o percurso deste projeto. Independente, pluralista e isento, o Odivelas Notícias é, atualmente, o único jornal impresso distribuído gratuitamente neste concelho. Respeitado e apreciado pelos seus leitores, pretende divulgar os acontecimentos mais importantes desta região e aumentar a autoestima dos seus munícipes. Francisco Godinho, diretor e fundador do jornal, não esconde a satisfação pelo sucesso e revela os seus objetivos para o futuro. Casado e com dois filhos, descreve-se como um homem de negócios e assume que a sua arte é a de negociar. Francisco Godinho nasceu em Moçambique e veio para Portugal em 1977. Trabalhou em diversas áreas, mas confessa que aquilo que mais o fascina é o mundo da publicidade. Há uns anos surgiu a vontade de criar um jornal no concelho de Odivelas, onde reside, mas os diversos títulos que existiam na altura dedicados a esta região acabaram por demovê-lo. Os jornais da altura não resistiram à guerra publicitá- “TEMOS SIDO MUITO BEM RECEBIDOS. JÁ ACONTECEU, INCLUSIVAMENTE, ALGUMAS PESSOAS RECLAMAREM PELO FACTO DO JORNAL NÃO TER SIDO DISTRIBUÍDO EM DETERMINADO ESTABELECIMENTO, NUMA DETERMINADA SEMANA.” ria e, por isso, durante dois ou três anos a cidade deixou de ter jornal. Esta lacuna aumentou ainda mais a vontade para realizar o seu desejo antigo. “Falei com o meu amigo jornalista Henrique Ribeiro, que tem 40 anos de experiência em jornais desta cidade, convidei-o a trabalhar comigo e ele aceitou”, explica. Assim começou o jornal Odivelas Notícias há quase três anos. PELO CONCELHO DE ODIVELAS São cinco mil exemplares distribuídos nesta região, em cafés, centros de saúde, escolas, coletividades e outros estabelecimentos comerciais. “Temos sido muito bem recebidos. Já aconteceu, inclusivamente, algumas pessoas reclamarem pelo facto do jornal não ter sido distribuído em determinado estabelecimento, numa determinada semana”, refere. Como define o seu jornal? “É pluralista, indepenFrancisco Godinho, Diretor do jornal dente e isento. Existe uma grande preocu- pação pela isenção e rigor. Pretendemos contribuir para o desenvolvimento da comunidade local, tornando-a mais esclarecida. Tentamos sempre puxar pela autoestima do munícipe de Odivelas. Não trabalhamos para um público-alvo específico, pretendemos chegar aos residentes do concelho. Tentamos trazer os acontecimentos mais importantes, temos algumas colunas de opinião que já criaram o seu próprio público. As pessoas interessam-se de um modo geral, tanto o aluno da Escola Secundária, como o utente da Universidade Sénior”, garante. A ALMA DO NEGÓCIO Francisco admite que faz o que gosta, sendo a área comercial aquilo que mais o fascina. “Para mim tudo é um negócio e para pôr o jornal na rua é preciso dinheiro. À parte disto, sinto um grande orgulho cada vez que o jornal vai para a rua, tendo a consciência que está um trabalho bem feito. Se tivermos que dizer mal dizemos, se tivermos que elogiar também o ENTREVISTA 13 Capa da edição nº 100 do Jornal Odivelas Notícias 14 fazemos. Damos sempre a oportunidade para a pessoa se defender”, explica. Este é um jornal local como existem muitos no país, mas tem a particularidade de estar junto à cidade de Lisboa. “A maioria das pessoas que trabalham em Odivelas não residem no concelho, o que acaba por dificultar ao nível da implementação comercial. Já estamos no merca- do há três anos e, tendo em conta a crise que afeta os comerciantes, penso que podemos considerar que somos um caso de sucesso.” A equipa é composta pelo jornalista Henrique Ribeiro, pelo paginador Cláudio Silva, por Luís Rodrigues, que desempenha as funções de designer de publicidade e por Francisco Godinho, diretor. O ambiente é familiar e todos partilham o sentimento de satisfação quando vêm o seu jornal ser distribuído na rua. Francisco Godinho confessa o seu objetivo e qual seria o cenário ideal para o futuro. “O jornal ainda não está completo. Temos muitas ideias que ainda não conseguimos pôr em prática. Só tenho pena de não existirem mais anunciantes a quererem fazer publicidade para o jornal poder ter 32 páginas, porque existe informação para isso. O concelho tem cerca de 160 mil habitantes e, por isso, necessitávamos de uma tiragem de 60 mil exem- ENTREVISTA plares para abranger todas as casas. No entanto, o nosso objetivo era termos 10.000 exemplares. Já seria muito bom! A distribuição é bem-feita e vai melhorar, vamos fazer uma triagem da quantidade de jornais que devem ir para cada estabelecimento. O objetivo é que o jornal chegue ainda a mais sítios.” Administração, da Prepress, da Tesouraria, até ao pessoal das máquinas e expedição, todos são cinco estrelas connosco.” semanal feito com a equipa que temos é um processo muito complicado. Qualquer problema ou dúvida que tenhamos, eles estão sempre lá para ajudar. O apoio tem sido incondicional, desde da valorizar o que há de bom, porque um cidadão motivado vai construir uma comunidade mais forte e um país melhor. O gran- O diretor realça ainda o apoio que têm tido por parte da Gráfica Funchalense. “Um jornal O PANORAMA NACIONAL “Formar e informar”, assim descreve o papel dos órgãos de informação. “Têm o dever de, para além de divulgar a notícia, formar cidadãos e, no nosso caso, bons munícipes. Procuramos de problema de toda a imprensa escrita são os “SE O JORNAL NÃO FOSSE FEITO EM PAPEL NÃO TINHA O SUCESSO QUE TEM TIDO. O SUCESSO DESTE JORNAL DEVE-SE AO FACTO DE SER EM PAPEL, SENÃO NÃO CHEGAVA ONDE CHEGA. EU PESSOALMENTE GOSTO DE LER EM PAPEL. É DIFERENTE!” custos de produção e depois a sustentabilidade. A qualidade por vezes não vende e as pessoas fazem jornais para vender. Acabam por empolar determinada informação, tornando-a mais direcionada para o sensacionalismo. A independência dos jornais perdeu-se quando passaram a fazer parte de grandes grupos económicos”, afirma. O que falta ao jornalismo em Portugal? “Credibilidade. Antigamente tudo o que vinha no jornal era verdade, hoje em dia as pessoas já não encaram o jornalismo como algo incondicionalmente fidedigno. Penso que o nosso tem alguma credibilidade, mas nos grandes jornais, por “UMA PESSOA, QUANDO LÊ UM JORNAL IMPRESSO, ESTÁ CONCENTRADA NAQUILO QUE ESTA A FAZER. QUANDO LEMOS NA INTERNET TEMOS MAIS APELOS, NÃO NOS FOCAMOS TANTO NA NOTÍCIA E A INFORMAÇÃO NÃO É ABSORVIDA DA MESMA FORMA.” 15 ENTREVISTA ON A equipa do jornal Odivelas Notícias organizou durante dois anos consecutivos (no ano 2014 e 2015) a Gala de entrega dos Troféus ON. Os prémios distinguiram os vencedores entre os quatro nomeados, nas 11 categorias a concurso. A votação decorreu por email e, no ano passado, chegaram a ultrapassar os 100 mil votos. Os vencedores da última edição foram: Evento do Ano I Festival da Marmelada Branca de Odivelas, Doçaria Conventual e Tradicional 2ª Edição da Gala de entrega dos Troféus ON vezes, isso já não acontece. Alguns jornalistas têm de vender a alma ao diabo, como se costuma dizer… Antigamente o jornalista não era vendável e hoje é! Pela imprensa do concelho de Odivelas já passaram mais de 50 jornalistas e, neste momento, só estão a exercer uns quatro ou cinco”, explica. “A RÁDIO DIZ, A TELEVISÃO MOSTRA E O JORNAL EXPLICA” Na sua opinião, qual é a importância do papel? “Se o jornal não fosse feito em papel não tinha o sucesso que tem tido. O sucesso deste jornal deve-se ao facto de ser em papel, senão não chegava onde chega. Eu pessoalmente gosto de ler em papel. É diferente! O nosso PDF do jornal, que está disponível online, é literalmente igual ao impresso, ou seja, foi concebido para ser em papel. Um jornal online é completamente diferente, porque para além de ter sido estruturado para suporte digital, a notícia não é escrita da mesma forma. Uma pessoa quando lê um jornal impresso está concentrada naquilo que esta a fazer. Quando lemos na internet temos mais apelos, não nos focamos tanto na notícia e a informação não é absorvida da mesma forma. A maioria das pessoas que leem jornais online fazem-no na hora do trabalho, onde poderá tocar o telefone ou algum colega interromper. A atenção nunca é a mesma, por isso é que se escreve de forma diferente. A internet não apela a concentração da mesma forma que o papel”, revela. Apesar do Jornal Odivelas Notícias ser de distribuição gratuita, quisemos saber a opinião de Francisco Godinho relativamente à influência das novas tecnologias na venda de jornais “QUANDO SURGIU A RÁDIO DIZIASE QUE OS JORNAIS IAM MORRER, DEPOIS A TELEVISÃO E ULTIMAMENTE O SUPORTE DIGITAL. NA MINHA OPINIÃO, O JORNAL NUNCA VAI MORRER. EMBORA AS NOVAS GERAÇÕES CRESÇAM COM O ONLINE, HÁ SEMPRE O PAI OU O AVÔ QUE LÊ E ESSES HÁBITOS INCUTEM-SE.” impressos. “Esta discussão tem muitos anos, quando surgiu a rádio dizia-se que os jornais iam morrer, depois a televisão e ultimamente o suporte digital. Na minha opinião, o jornal nunca vai morrer. Embora as novas gerações cresçam com o online, há sempre o pai ou o avô que lê e esses hábitos incutem-se. Mas os jornais também se vão adaptando às novas tendências e muitos dos grandes títulos nacionais impressos já têm assinaturas online, de forma a assegurarem a sua sobrevivência, como é o caso do Jornal de Notícias, Público e Diário de Notícias. Como se costuma dizer: a radio diz, a televisão mostra e o jornal explica. O jornal impresso vai ter sempre um papel importante na informação e divulgação, porque a rádio e a televisão não têm tempo para explicar. Para além disso, o jornal dá-nos a oportunidade de voltar a ler mais tarde, duas, três ou quatro vezes até percebermos, efetivamente, a notícia. Daqui a 20 anos, não com a mesma percentagem de hoje, mas acredito que muitas pessoas não vão dispensar o papel”, conclui o diretor do jornal. Dirigente Associativo Manuel António Varela (Comandante dos Bombeiros Voluntários de Caneças) Equipa Desportiva Odivelas Basquet Clube Revelação Ivo Santos (Smile) Empresário Carlos Rodrigues (Aviário Tropical) Restaurante Hacienda D. Luísa Empresa Odifercol Autarca de Freguesia Nuno Gaudêncio (Odivelas) Autarca do Município Hugo Martins Político do concelho Susana Amador Freguesia Melhor para viver Odivelas Aguardamos pela próxima edição! 16