o impacto dos centros universitários no ensino superior
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O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 ©ANACEU 2007. Edição publicada pela Associação Nacional dos Centros Universitários. 10 ANOS DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO BRASIL PUBLICAÇÃO COMEMORATIVA O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 2007 ANACEU Associação Nacional dos Centros Universitários SCS, Quadra 7, Bloco A, nº 100 - Salas 803 e 805. Edifício Torre do Pátio Brasil. 70.300-911 Brasília - DF Telefones: (61) 3321-5535 / 3322-9408 Email: [email protected] Qualitas Instituto Alameda Santos, nº 2315 4o andar Conjunto 43 0149-002 - São Paulo - SP Telefone: (11) 3061-2400 Email: [email protected] Arthur, Roquete O Impacto dos Centros Universitários no Ensino Superior Brasileiro 1997 – 2007. Arthur Roquete de Macedo (Org.), Eunice R. Durham, Paulo Renato Souza, Éfrem de Aguiar Maranhão, José Loureiro Lopes, Paulo Newton de P. Ferreira, Astréia B. Soares, Getúlio Américo M. Lopes, Drauzio A. Medeiros, Gisélle V. Lins, Eloni J. Salvi, Roque D. Bersch, Sérgio Fiúza de M. Mendes, Paulo A. Gomes Cardim, Paulo M. V. B. Barone, Carlos Alberto da Cruz, Renata Innecco B. de Carvalho, Edy Kogut, Dácio Campos, Milton de A. Campanário, Daniela L. de Macedo, Sibele G. de Santana Faria, José Rubens L. Jardilino, Vera L. S. Botta Ferrante, Helena Lorenzo de Carvalho, Maria Lúcia Ribeiro, Ligia M. V. Trevisan, Jean Marcel Chamon, Wilson de M. Silva, José Pio Martins, Eduardo Storópoli e Ronaldo Mota. Capa: Projeto Gráfico João Maya - Carbono 4 Comunicação Revisão e Editoração João Américo - Carbono 4 Comunicação Distribuição ANACEU Brasília, DF. – Novembro 2007. A Lauro Ribas Zimmer Pela importância de sua contribuição na criação, desenvolvimento e consolidação dos Centros Universitários. DIRETORIA DA ANACEU - BIÊNIO 2006/2007 Presidente Eduardo Storópoli Centro Universitário Nove de Julho Vice-presidente José Augusto Trindade Padilha (Licenciado) Centro Universitário de João Pessoa Secretário Euler Pereira Bahia Centro Universitário Adventista de São Paulo Drauzio Antonio Medeiros Centro Universitário de Várzea Grande Sérgio Mendes Centro Universitário do Estado do Pará Paulo Newton de Paiva Ferreira Centro Universitário Newton Paiva 1º Conselheiro Suplente Edy Luis Kogut Centro Universitário Santo André CONSELHO FISCAL Conselheiro Dácio Eduardo Leandro Campos Centro Universitário Barão de Mauá Paulo César Teixeira Centro Universitário Celso Lisboa Luiz Roberto Liza Curi Centro Universitário Euro Americano Conselheiro Suplente João Otávio Bastos Junqueira Centro Universitário FEOB Daniel Castanho Centro Universitário UNA CONSELHO DELIBERATIVO Presidente Paulo Antônio Gomes Cardim Centro Universitário de Belas Artes de São Paulo Vice - Presidente Wilson de Mattos Silva Centro Universitário Maringá 2º Conselheiro Suplente Marlene Salgado Centro Universitário do Triângulo Gerente Executivo Jean Marcel Chamon APRESENTAÇÃO Quando recebi da ANACEU, na figura de seu Presidente Eduardo Storópoli, o convite para organizar e coordenar uma publicação comemorativa dos 10 anos de implantação dos Centros Universitários, aceitei de imediato. Entre as razões que explicam essa motivação, há algumas muito especiais. É com elas que pretendi compor esse texto de apresentação para o “O Impacto dos Centros Universitários no Ensino Superior Brasileiro”. Em primeiro lugar, e na condição de relator dos primeiros atos normativos que regulamentaram a figura então recém-criada dos Centros Universitários – PARECERES CNE/CES 738/98 e 619/99, a satisfação de reunir pessoas, vinculadas a Centros Universitários, e que, ao longo de uma década e em função da experiência que vivenciam nessas instituições, construiram com competência, aliando ousadia à inovação, uma nova modalidade de Instituição, diversificando a tipologia e o cenário da Educação Superior nacional. Ousadia que foi capaz de operar a diferenciação, ou seja, de desenvolver um modelo organizacional distinto e destacado no cenário nacional. Inovação que tornou possível, em tempo recorde, a consolidação e o reconhecimento dos Centros Universitários como um modelo importante. Capaz de resistir a ameaças que em tempos não muito remotos, cercearam a sua liberdade e a sua autonomia. Oportunidade também, e com a mesma dose de satisfação, de reunir pessoas que em função de suas responsabilidades em mandatos ou funções nos órgãos federais da Educação Superior, se envolveram com a concepção dos Centros Universitários. Ou que se envolvem com o seu acompanhamento. Aqui, as competências essenciais a um povo que acredita na educação como efetiva e verdadeira via para o desenvolvimento social: aliar sensibilidade à qualidade técnica. Sensibilidade para perceber a necessidade de ampliar, fortalecer e diversificar um sistema de Educação Superior; qualidade técnica para não resvalar na incoerência e não extrapolar a autoridade. Na definição dos conteúdos, a satisfação de perceber que a idéia dessa publicação atendia a uma expectativa dos Centros Universitários e que a oportunidade de compor um documento que fizesse jus ao título escolhido seria concretizada com facilidade. Muito além do entusiasmado aceite ao nosso convite, a solidez da contribuição de todos e de cada um confirmaram aquela convicção. A variedade de estilos, o ajuste da temática proposta ao contexto específico e à identidade institucional, o compromisso com a socialização de experiências, a conquista de parceiros e colaboradores de autoria e a vontade inequívoca de bem fazer para divulgar o que foi bem feito e por isso deu certo. Tudo isso para compor um retrato fiel, que mostra a história e o processo de criação de um modelo, explica as razões da sua importância para o sistema brasileiro de Educação Superior e indica os desafios que terá pela frente para continuar sua trajetória de competência, ousadia e inovação. Um retrato fiel que mostra, sem retoques, os resultados do investimento para o ensino, a pesquisa, a extensão, a gestão. Um retrato fiel, que analisa sob óticas diversas todos os aspectos possíveis de um mesmo conjunto de dados. Em comum, a todos esses olhares, a transparência, o rigor e o compromisso com a verdade. Bom para a Educação Superior. Bom também que o trabalho de órgãos como o INEP tem tornado os dados mais acessíveis. Sinal de evolução importante porque enseja a análise técnica, isenta e fornece dados para confrontar opiniões inexatas e planejar o futuro. O livro, organizado em duas partes, 12 capítulos e 21 artigos, fez-me sentir verdadeiramente honrado em poder contribuir para a divulgação de um trabalho forte, responsável e de qualidade. Nele, a imagem diversificada e diferenciada, configurada no compromisso com a qualidade do ensino, na articulação com a pesquisa e a extensão, no respeito à identidade regional e na preocupação com a sustentabilidade financeira me dão a certeza de que na busca pela consolidação, os Centros cuidaram dos recursos materiais e tecnológicos com o talento de seu capital humano e isso lhes garante sólida identidade e massa crítica. Por isso, à satisfação e à honra, junta-se o orgulho ao constatar que em uma década o modelo ousado e inovador cultiva também o talento, aqui demonstrado pela qualidade e pertinência dos artigos apresentados. A mim, na condição de organizador, coube a tarefa de definir a melhor sequência dos textos, dentro de um mesmo capítulo. Espero ter feito a escolha correta. Aproveito para parabenizar a todos os autores pelo empenho e pelo esforço em colaborar com a iniciativa da ANACEU. Acredito que o sucesso virá com a divulgação e será creditado em conta especial da Educação Brasileira para o Século XXI. Quanto ao ônus, se houver, faço questão de não dividir. Afinal, lutei a boa luta e bem acompanhado, portanto, não merecem, os meus convidados, pagar por falhas que as minhas escolhas determinaram. Por fim, a oportunidade de oferecer a Lauro Ribas Zimmer, amigo, colega de muitos debates e embates, parceiro de desafios e teimosias, um texto que homenageia a sua contribuição à Educação Superior brasileira. Um texto pleno, denso, sério, permeado pela crítica responsável e ponteado com a visão de futuro. Um texto que se parece com ele. Competente, sólido, eloquente e apaixonado. E como gente da melhor qualidade, inquieto e comunicativo. Não gostaria de sentir falta dessas qualidades no livro. Basta a ausência involuntária do Lauro nesta edição. São Paulo, outubro de 2007. Arthur Roquete de Macedo Organizador SUMÁRIO PARTE I - CENTROS UNIVERSITÁRIOS IMPLANTAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO DE UM NOVO MODELO DE INSTITUIÇÃO UNIVERSITÁRIA 1.- FUNDAMENTOS TEÓRICOS E ARCABOUÇO JURÍDICO DA CONCEPÇÃO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS A CRIAÇÃO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS Eunice R. Durham(*). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 CENTROS UNIVERSITÁRIOS: PEÇA FUNDAMENTAL DO SISTEMA DE ENSINO SUPERIOR Paulo Renato Souza(*). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 2.- HISTÓRIA DA IMPLANTAÇÃO E EXPANSÃO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS Éfrem de Aguiar Maranhão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 3.- SITUAÇÃO GEOGRÁFICA E CONTEXTOS REGIONAIS DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS UMA PROPOSTA EM DESENVOLVIMENTO: CENÁRIO REGIONAL José Loureiro Lopes(*) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 SITUAÇÃO GEOGRÁFICA E CONTEXTOS REGIONAIS DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS: A REGIÃO SUDESTE Paulo Newton de Paiva Ferreira(*) Astréia Batista Soares(**). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 SITUAÇÃO GEOGRÁFICA E CONTEXTOS REGIONAIS DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS: A REGIÃO CENTRO-OESTE Getúlio Américo Moreira Lopes(*) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61 CENTROS UNIVERSITÁRIOS E SITUAÇÃO GEOGRÁFICA : RECONFIGURANDO A EDUCAÇÃO SUPERIO Drauzio Antonio Medeiros(*). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80 CENTROS UNIVERSITÁRIOS E DESENVOLVIMENTO REGIONAL Gisélle Vilela Lins(*) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87 IMPACTO ECONÔMICO, SOCIAL E CULTURAL DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS EM SUAS REGIÕES:UM ESTUDO DE CASO. Eloni José Salvi(*) Roque Danilo Bersch(**). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93 4.-.INFRA-ESTRUTURA, NOVOS ESPAÇOS E RECURSOS MATERIAIS A SERVIÇO DA SOCIEDADE Sérgio Fiuza de Mello Mendes(*) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113 PARTE II - CENTROS UNIVERSITÁRIOS BRASILEIROS, JOVENS E CONTEMPORÂNEOS 1.- A EXPANSÃO DA GRADUAÇÃO E A CONTRIBUIÇÃO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS PARA A UNIVERSALIZAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR Paulo A. Gomes Cardim(*) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131 A EXPANSÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR E A CONTRIBUIÇÃO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS Paulo M. V. B. Barone(*) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138 2.- A REVOLUÇÃO NA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA Carlos Alberto da Cruz(*) Renata Innecco Bittencourt de Carvalho(**). . . . . . . . . . . . . 144 EXTENSÃO: A EXPERIÊNCIA DE UM CENTRO UNIVERSITÁRIO Edy Luiz Kogut(*). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153 A FUNÇÃO SOCIAL DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS Dácio Campos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 160 3.- PÓS-GRADUAÇÃO: O AVANÇO SUSTENTADO Milton de Abreu Campanário(*) Daniela Luiza de Macedo(**) Sibele Gomes de Santana Faria(***). . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161 PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA: O AVANÇO SUSTENTADO José Rubens Lima Jardilino(*). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 173 A PÓS-GRADUAÇÃO EM CENTROS UNIVERSITÁRIOS: DESAFIOS DA CONSTRUÇÃO DE UM MESTRADO INTERDISCIPLINAR Vera Lúcia Silveira Botta Ferrante Helena Lorenzo de Carvalho Maria Lúcia Ribeiro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 185 4.- CARREIRAS, ALUNADO E TRAJETÓRIA DE EGRESSOS Ligia Maria Vettorato Trevisan(*) Jean Marcel Chamon(**). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 200 5.- FINANCIAMENTO E SUSTENTABILIDADE FINANCEIRA Professor Wilson de Matos Silva(*). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 208 FINANCIAMENTO ESTUDANTIL PARA A SUSTENTABILIDADE José Pio Martins(*) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 215 CONCLUSÃO CENTROS UNIVERSITÁRIOS O FUTURO QUE SE ESBOÇA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 219 O PAPEL DA ANACEU COMO AGENTE AGLUTINADOR DO SEGMENTO E DIFUSOR DE CONCEITOS EDUCACIONAIS Eduardo Storópoli(*) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 220 OS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO CONTEXTO DA ANDRAGOGIA Ronaldo Mota(*) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 223 PARTE I CENTROS UNIVERSITÁRIOS IMPLANTAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO DE UM NOVO MODELO DE INSTITUIÇÃO UNIVERSITÁRIA O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 1.- FUNDAMENTOS TEÓRICOS E ARCABOUÇO JURÍDICO DA CONCEPÇÃO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS A CRIAÇÃO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS Eunice R. Durham(*) A proposta de criação de Centros Universitários nasceu de uma análise do sistema de ensino superior brasileiro, efetuada pela Secretaria de Políticas Educacionais do MEC, a qual eu dirigia, no início do Governo de Fernando Henrique Cardoso. Esta análise tinha como objetivos correlacionados orientar a política educacional, acompanhar a tramitação da LDB e subsidiar a elaboração do Plano Nacional de Educação que seria encaminhado ao Congresso. A análise revelou alguns problemas básicos que precisariam ser enfrentados. mente uma questão do número de cursos oferecidos. Não havia, com exceção das poucas escolas técnicas, uma verdadeira diversificação institucional que seria necessária para atender à diferenciação crescente do público que se dirigia para o ensino superior. A enorme variação na qualidade do ensino estava antes associada ao caráter público ou privado das redes do que à categoria institucional. A questão da universidade era um ponto nevrálgico deste sistema. No Brasil, a criação das universidades esteve indissoluvelmente associada à idéia de uma instituição que aliasse ensino e pesquisa e que, ao contrário das nossas antigas escolas superiores, abrangesse diferentes áreas de conhecimento, incluindo as ciências básicas, as humanidades, as ciências humanas e sociais e não estivesse exclusivamente vinculada à formação de profissionais, mas também de pesquisadores. Instituições que associam ensino e pesquisa, produzindo conhecimento novo, são fundamentais no mundo moderno e todos os países têm se empenhado na criação de pelo menos algumas instituições deste tipo. No mundo todo, essas instituições são classificadas como universidades. Em primeiro lugar, havia a questão da baixa qualidade do ensino. O pesado sistema de controles existente era burocrático, ineficaz e ineficiente. Os processos de credenciamento de instituições e reconhecimento de cursos, detalhistas e trabalhosos, presos a critérios formais, eram incapazes de garantir a qualidade do ensino, especialmente porque se restringiam a processo de sua implementação, não havendo posteriormente nenhuma verificação quanto à melhoria ou pelo menos, a manutenção posterior da qualidade exigida inicialmente. O sistema do currículo mínimo, sobrecarregado de disciplinas, impedia a flexibilidade da organização pedagógica e dificultava enormemente as inovações. Desta forma, congelava o sistema e impedia seu constante ajustamento às novas demandas sociais. A pesquisa não esgota as funções da universidade. O ensino e a formação de profissionais de alto nível continuam a ser atividades importantes. Sua originalidade reside no feito de que forma também novos pesquisadores e lhes abre, através da docência, um lugar para sua profissionalização. Unindo estas funções, se distingue tanto das demais instituições de ensino superior, que se ocupam apenas do ensino, quanto dos institutos de pesquisa, que não formam novos cientistas. Associava-se a isto o descompasso entre a arquitetura institucional do sistema e a realidade do ensino superior. De fato, o sistema previa três tipos de instituições: universidades, faculdades e instituições isoladas, às quais se adicionou mais tarde a categoria de faculdades integradas, resultante de um desenvolvimento espontâneo das instituições privadas. Todas elas ofereciam o mesmo tipo de cursos (regulados pelo mesmo currículo mínimo) e concediam os mesmo diplomas. No que diz respeito ao ensino, a diferença básica entre os tipos de instituição era quase que exclusiva- Este tipo de instituição é relativamente novo. Surgiu no início do século XIX e disseminou a partir da metade desse século, alternando profundamente o papel e a natureza das antigas universidades, voltadas exclusivamente para o ensino. O século XX presenciou a generalização desse modelo, acrescido da pós-graduação, porque ele se tornou uma peça chave (*)Responsável pelas pesquisas de políticas educacionais do ensino superior no Núcleo de Pesquisa sobre Políticas Públicas - NUPPs/USP e Professora Emérita da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. 18 PRIMEIRA PARTE Ano 1970 1975 1980 1986 Número de universidade públicas e privadas no Brasil 32 37 45 48 15 20 20 20 para o desenvolvimento da ciência que impulsionou as profundas transformações econômicas que ocorreram neste período. tempo integral nas universidades federais e um lento desenvolvimento no sentido de associar a carreira à titulação e à publicação de trabalhos científicos. Criaram-se assim, as pré-condições necessárias para a institucionalização da pesquisa. Desta forma, nas décadas seguintes, as universidades públicas foram, de fato, se aproximando do modelo preconizado, inicialmente concretizado pelas universidades paulistas. Mas o desenvolvimento foi lento. No Brasil, como sabemos, o ensino superior se desenvolveu muito tardiamente, no início do século XIX. Mas não se criaram universidades de ensino no modelo tradicional, mas escolas isoladas de formação de profissionais liberais. O movimento para a criação de universidades, que toma corpo na década de 1920 e começa a ser implantado na década seguinte, foi defendido exatamente em função do novo modelo e não como uma necessidade de institucionalizar o ensino. O mesmo não ocorreu com as universidades privadas, cujo número cresceu lentamente até 1995. A grande expansão do sistema privado neste período se deu em termos de criação de faculdades. Com pouquíssimas exceções, como as PUCs de São Paulo e do Rio de Janeiro, as universidades particulares, desenvolveram-se como estabelecimentos voltados exclusivamente para o ensino. A pesquisa figurava apenas formalmente nos estatutos como um ideal sem prazo para se realizar. Criadas as universidades, a legislação se encaminhou no sentido de privilegiar este tipo de instituição, considerando-o como um modelo ideal para o qual todas as demais instituições de ensino superior deveriam convergir, e ao qual se concedeu autonomia. A universidade se colocou, portanto, como um horizonte a ser alcançado. Na prática, até 1970, muitas poucas instituições ostentavam este nome, a grande maioria das quais constituída por universidades públicas federais e pelas três estaduais paulistas. Para entendermos este desenvolvimento, precisamos considerar o modo peculiar pelo qual se deu a evolução das instituições privadas antes de atingirem o status universitário. A reforma de 1968 havia tornado a enfatizar a pesquisa. Havia então, no Brasil 32 universidades públicas e 15 privadas. Pouquíssimas delas desenvolviam atividades de pesquisa. O grande crescimento do número de instituições privadas na década de 70 parece ter se originado, em grande parte, da transferência de capitais acumulados no ensino médio. Muitas das novas instituições começaram como Faculdades de Filosofia, Ciências e Letras, voltadas para a formação de professores do ensino básico. Faculdades de Filosofia deste tipo eram instituições flexíveis que, a partir de uns poucos cursos, centrados freqüentemente nas áreas de humanidades e ciências humanas podiam ir agregando novas áreas na própria faculdade e criar paralelamente, outras carreiras profissionais que não exigissem muito capital inicial, como as áreas de Administração e Direito. Formaram-se assim Faculdades Integradas. A inclusão de alguma área relacionada à saúde (não necessariamente medicina) ou engenharia e a existência de licenciatura em ciências básicas lhes permitiam iniciar seu credenciamento como universidades. Este desenvolvimento obedecia todo ele a orientação voltada para o ensino de massa. Estas instituições não desenvolveram nenhuma tradição em pesquisa, não tinham corpo docente qualificado para esta atividade e nunca haviam se preocupado, de fato, com a qualificação dos seus professores para este tipo de atividade. Apesar disso, criação de universidades públicas continuou a ser pensada em função deste modelo. Mas, nesta época, haviam sido criados mecanismos específicos de estímulo e apoio ao desenvolvimento da pesquisa nas universidades, através de duas agências governamentais: a CAPES voltada para a qualificação do pessoal de nível superior, investindo na criação de cursos de Pós-Graduação, e promovendo sua avaliação; e o CNPq que, além da oferta de bolsas, financiava a pesquisa. A oferta de bolsas para docentes de instituições de ensino obterem titulações de mestre e doutor beneficiou especialmente as universidades federais e gradualmente melhorou a qualificação do seu corpo docente. Com o aumento do número de mestres e doutores e a existência de recursos disponíveis para investigações científicas, a pesquisa foi lentamente se institucionalizando em muitas universidades federais, além do caso anterior das estaduais paulistas, que haviam se encaminhando nesta direção desde o início e se beneficiavam de uma agência própria, a FAPESP. Além disto, neste período, após a reforma de 1968, houve a generalização do A lentidão na implantação do modelo de univer- 19 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 sidade que inclui pesquisa, além de ensino, mesmo após a reforma de 1968 está também associada ao fato de que, apesar da legislação valorizar a pesquisa, até a LDB de 1996, sua implantação nunca foi de fato exigida como critério necessário para a criação das universidades, quer públicas quer privadas. em universidades. De fato, a autonomia associada ao status de universidade oferecia inúmeras vantagens ao setor privado, liberando-o dos rígidos controles para a criação de cursos e aumento no número de vagas. Isto lhes permitia muito mais agilidade na captação da demanda por ensino superior. Mas durante a longa tramitação da LDB, que se iniciou ainda durante a constituinte, as propostas se orientavam na direção de enfatizar a associação entre ensino e pesquisa nas universidades, como estabelecia a constituição. Daí a pressão do setor privado para criar novas universidades antes da regulamentação de novos critérios, contando com a permanência da tradição existente de que, uma vez obtido o credenciamento como universidade, este passava a ser perpétuo. Em 1990, apesar das universidades públicas ainda serem maioria, com 55 instituições, as particulares já atingiam 40; em 1995, às vésperas da nova LDB, haviam ultrapassado em número as 58 públicas, incluindo 59 estabelecimentos. Em apenas 5 anos, haviam sido criadas 18 novas universidades privadas. Na verdade, parece ter havido uma forte divisão de orientações nos órgãos governamentais relacionados ao ensino superior. Na CAPES e no CNPq predominava a influência dos pesquisadores, especialmente os das ciências básicas, provenientes de universidades públicas, os quais defendiam intransigentemente a indissociabilidade entre ensino e pesquisa nas universidades. No Conselho Federal de Educação, a presença de pesquisadores era minoritária e boa parte dos conselheiros provinha de áreas de formação profissional, nas quais a pesquisa tinha menos relevância. Além do mais, havia uma forte representação do setor privado, relacionado a instituições nas quais a pesquisa não constituía um objetivo real. A função do Conselho era, basicamente, a de orientar a expansão do ensino superior e era no ensino que se concentrava sua reflexão e sua atuação. Não é de estranhar, portanto que, embora a orientação predominante fosse a de que as instituições de ensino superior devessem evoluir para universidades, como preconizava a LDB de 1961, a indissociabilidade entre ensino e pesquisa não era de modo nenhum vista como um requisito necessário. O critério básico era o da amplitude das áreas de conhecimento coberta pelos cursos oferecidos, isto é, de um certo grau de universalidade de campos. Com a criação desse grande número de universidades privadas descaracterizou-se a estrutura institucional do sistema de ensino superior. Ao serem credenciadas como universidades, as instituições privadas exorbitaram da sua autonomia didática e administrativa, aumentando extraordinariamente o número de vagas e cursos, sacrificando as condições de trabalho do corpo docente, despreocupando-se da tarefa de qualificar seus professores e degradando o nível de ensino. De fato, muitas universidades privadas e mesmo algumas públicas não satisfaziam condições mínimas para sua inclusão nesta categoria e não demonstraram nem a competência nem a responsabilidade que deveriam estar associadas à autonomia. O resultado disto tudo foi uma enorme inflação de vagas ociosas no setor privado e uma competição selvagem por mais alunos. Muitas instituições menores, que ofereciam um bom ensino, não puderam competir com as táticas mercadológicas agressivas das grandes universidades que se tornavam gigantescas, inclusive comprando e incorporando instituições menores. Caracterizou-se um processo de oligopolização do ensino privado. O credenciamento como universidade e a concessão de autonomia não tinham como contrapartida a promoção de níveis de excelência nem na pesquisa e nem sequer no ensino. Até pelo contrário. Por outro lado, a criação de universidades públicas era feita por lei e, portanto, por decisão do legislativo, fortemente influenciado por pressões políticas locais. A questão da possibilidade de desenvolvimento de pesquisas não entrava no horizonte de preocupações dos deputados e senadores, mais voltadas para criar instituições de prestígio em suas regiões de influência – o título de universidades por si só garantia este prestígio. Além disso, o termo universidade era utilizado como sinônimo de ensino superior e a demanda social pela criação destas instituições era, de fato, uma demanda por ensino. A população que pressionava no sentido de criação de universidades não via a pesquisa como necessária e importante. A constituição de 1988 alterou esta situação na medida em que, fortalecendo a autonomia didática, científica, de gestão administrativa e financeira das universidades, as definiu como aquelas instituições que se associassem ensino, pesquisa e extensão. Apesar disto, a regulamentação da questão da inclusão na categoria universidade de instituições de ensino superior só foi feita em 1996, com a LDB. Neste intervalo, houve uma enorme pressão do setor privado para a transformação das federações de escolas existentes A LDB dificultou enormemente a criação de novas universidades privadas, não só exigindo a comprovação de produção científica para o seu credenciamento, mas estabelecendo as condições consideradas mínimas para que esta produção ocorresse: pelos menos um terço do corpo docente em tempo integral e o mesmo percentual com formação na pós-graduação 20 PRIMEIRA PARTE stricto sensu. O problema maior, entretanto, é que a LDB estabeleceu também o recredenciamento periódico das instituições, ameaçando assim as universidades já criadas. Nas negociações para a aprovação da lei, concedeu-se um prazo de 10 anos às universidades existentes para se enquadrarem nas novas exigências. particulares, explicitamente ou através de subterfúgios legais, sempre foi administrada como um empreendimento lucrativo. Para ter lucro é necessário que haja muitos alunos e, na competição por alunos, mensalidade mais baixa constitui um grande chamariz. Para manter os custos baixos e ter lucro, o principal artifício reside na redução do custo da mão de obra. Mesmo nas grandes universidades particulares, há uma parcela grande de docentes horistas e a existência de uma carreira docente se torna cada vez mais rara. Professores sem titulação custam menos e a contratação de doutores implica aumento de despesas. Turmas grandes são mais lucrativas. Professores horistas e mesmo os contratados frequentemente dão mais de 36 horas de aula por semana e não têm tempo nem sequer para preparar adequadamente os cursos e corrigir os trabalhos dos alunos, quanto mais para se manterem atualizados – a pesquisa, nessas condições é impossível. Mesmo um ensino de qualidade dificilmente pode ser oferecido. Se a grande maioria das universidades federais tinha condições de cumprir as exigências da nova legislação neste prazo, especialmente dada a generalização do tempo integral, o mesmo não se podia dizer das privadas. De fato, no Brasil, dadas às características do nosso sistema, muito dificilmente universidades do tipo preconizado pela LDB podem ser criadas pelo setor privado. Universidades com pesquisa exigem pesados investimentos em infra-estrutura e em pessoal: é preciso que o corpo docente engajado na pesquisa tenha formação para esta tarefa obtida através de mestrado e doutorado; que a maior parte dele seja contratado em tempo integral e possua uma razoável estabilidade no emprego para permitir a constituição de núcleos de pesquisa relativamente estáveis; é necessário ainda que haja uma remuneração diferencial capaz de trair pesquisadores competentes, capazes de competir por financiamento público e privado. Mesmo as universidades públicas não financiam diretamente a pesquisa, mas pelo menos propiciam as pré-condições acima mencionadas (professores com pós-graduação e em tempo integral) para que ela se desenvolva. O financiamento da pesquisa propriamente é obtido competitivamente em agências governamentais ou privadas. Não é impossível que uma instituição privada ofereça um bom ensino sem institucionalizar a pesquisa. São necessários: um projeto que enfatize a questão de um bom ensino, adequado à características do seu alunado; professores mais qualificados, uma parcela dos quais em tempo integral ou com horário de trabalho compatível com a adequada preparação dos cursos e avaliação dos alunos; um bom plano de carreira que estimule a competência e a dedicação do corpo docente: o estímulo à participação do corpo docente em cursos de atualização ou especialização e em congressos. Nos cursos de formação profissional, o aproveitamento em tempo parcial de profissionais bem sucedidos permite a constituição de um corpo docente competente em sua área e com um contato maior com o mercado de trabalho, sem o ônus do tempo integral. Com isso se criam as condições para um ensino de qualidade. Mas são as instituições não lucrativas que se empenham mais nesta direção. Nada impede que instituições privadas disputem estes recursos. Mas, sem um quadro de doutores em tempo integral capaz de elaborar bons projetos, sem laboratórios bem equipados, sem uma boa biblioteca e acesso a publicações por meio eletrônico, sem apoio institucional para freqüentar congressos e apresentar trabalho científico, não conseguirão competir pelos recursos disponíveis. De fato, há muitas instituições privadas que oferecem bom ensino e desenvolvem a extensão, especialmente oferecendo cursos de capacitação profissional. A questão é que a excelência do ensino deixou de estar associada ao status de universidade: há ensino de péssima qualidade em muitas universidades e bom ensino em escolas isoladas. Voltadas para o ensino, nossas instituições privadas têm, praticamente, como única fonte de recursos o pagamento das matrículas feito pelos alunos. O preço das matrículas pode sustentar o custo dos cursos, mas não se pode elevar as mensalidades o suficiente para sustentar a infra-estrutura de pesquisa, sem reduzir drasticamente o número de candidatos. As dificuldades políticas para a aplicação da LDB eram enormes porque acarretaria o descredenciamento talvez da maioria das universidades privadas, de muitas estaduais e mesmo de algumas federais. Diminuiria enormemente o número de instituições autônomas. Entretanto, a desburocratização e descentralização do sistema de controles, igualmente necessária, exigiriam, ao inverso, uma ampliação do grau de autonomia das instituições. Sem isso, e com o cresci- As instituições comunitárias e confessionais não lucrativas, conseguem ter alguns núcleos de pesquisa atuantes. Podem inclusive promover a qualificação de seus docentes, beneficiando-se do sistema governamental de bolsas de pós-graduação, o que lhes dá condições de disputar verbas de pesquisa. Mas a grande parte de nossas universidades 21 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 mento do ensino superior, todo o sistema de controles burocráticos, já sobrecarregado, seria inundado por uma avalanche incontrolável de processos. de centros universitários. Na disputa por esta posição, as instituições de fato se empenharam em melhorar o ensino, investindo em infra-estrutura, organizando as carreiras docentes e estabelecendo processos internos de avaliação. Entretanto, a criação de centros universitários ficou restrita ao setor privado. Um dos objetivos iniciais do projeto era o de permitir a ampliação do ensino superior público gratuito através de instituições menores, mais ágeis, mais voltadas para a graduação, em lugar de continuar a investir em caríssimas universidades que já iam se tornando gigantescas, com multiplicação de campi que multiplicavam as matrículas mas também os custos correspondentes aos de instituições de pesquisa e pós-graduação sem correspondente aumento da produção científica e sem condições de promovê-la a curto ou mesmo a médio prazo. Este objetivo não se realizou. A caracterização das universidades como instituições que associam ensino e pesquisa não poderia ser descartada, uma vez que corresponde a um tipo específico de instituições, como mostramos, que constitui um setor fundamental, embora não exclusivo, nem o único necessário, em qualquer sistema de ensino superior. Mas, na medida em que a autonomia se restringisse às universidades, a exigência de atividades de pesquisa e produção científica tornava extremamente difícil o credenciamento como universidades de instituições privadas, e seu acesso à autonomia. Era necessário encontrar um caminho alternativo. A própria LDB previa a extensão de diferentes graus de autonomia a instituição que não fossem universidades. Mas a autonomia deveria ter como contrapartida a exigência de qualidade e de responsabilidade por parte das instituições, não se transformando simplesmente em uma vantagem a ser disputada através de pressões políticas. Quando eu deixei o Conselho Nacional da Educação, no final do Governo anterior, a necessidade de rever e reformular o projeto dos centros universitários já era evidente. Boa parte dos problemas residia nos mecanismos de controle. Houve muita resistência para utilizar, como critério básico para o credenciamento, o Exame Nacional de Conclusão de Cursos. Sem isso, a aprovação das propostas continuou a obedecer a critérios muito subjetivos. O caminho alternativo, proposto pela Secretaria de Políticas Educacionais, consistia em criar uma nova categoria de instituição de ensino superior e em lhe oferecer autonomia como estimulo e recompensa a um ensino de qualidade. Assim nasceram os Centros Universitários. Para que este novo tipo de instituição se instituísse como instrumento para melhoria da qualidade do ensino de graduação, era indispensável a criação de um sistema de avaliação desta qualidade. O Exame Nacional de Conclusão de Curso foi este instrumento. Centros Universitários e Provão foram criações gêmeas, pois estabeleciam critérios objetivos e não meramente formais, sujeitos a pressões políticas e a manipulações jurídicas, para que as instituições atingissem e mantivessem o status de centro universitário autônomo. Depois disto, creio que a situação se deteriorou. Com a mudança de governo, esquecidas foram a avaliação do projeto e a avaliação para recredenciamento dos centros, que deveriam ocorrer, não aconteceu. Desmontado o Provão, os controles previstos deixaram de funcionar. A acirrada competição por alunos que se estabeleceu no mercado de ensino superior, sob a influência das grandes universidades, contaminou centros recém criados os quais ingressaram no mesmo processo descontrolado de ampliação de vagas e de cursos a qualquer custo. A intenção de incentivar e prestigiar a qualidade do ensino se perdeu. Entretanto, é da natureza das coisas, especialmente no caso brasileiro, que as inovações não sigam os rumos esperados nem cumpram os objetivos que delas se esperava. Por isto mesmo, duas medidas paralelas foram formuladas no decreto de criação dos Centros Universitários. Em primeiro lugar, exigia-se que o próprio projeto fosse analisado após 5 anos e seus resultados fossem avaliados. Em segundo lugar, que o credenciamento inicial fosse por um período limitado, entre 3 e 5 anos, após o qual o Centro seria avaliado e recredenciado ou não. Criavam-se assim mecanismos para garantir a qualidade do ensino ministrado. Creio que uma proposta que formulei com Lauro Zimmer quando ainda estava no Conselho de Ensino Superior, e a qual foi esquecida, deveria ser retomada. Ela previa uma reformulação da autonomia irrestrita dos Centros Universitários para criar cursos e ampliar vagas e considerava a questão da diversificação da avaliação em função dos diferentes objetivos das instituições. Na sua formulação original desta proposta, o credenciamento de um Centro Universitário estaria associado aos resultados do Exame Nacional de Conclusão de Cursos e à aprovação de um Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) apresentado pela instituição, o qual incluiria: seus objetivos ou missão, a ampliação de vagas cogitada e a criação de novos cursos, as melhorias previstas para a infra-estrutura e Mesmo com estas cautelas, o projeto não atingiu os resultados esperados. A inovação foi bem sucedida na medida em que a pressão por criar universidades diminuiu em favor das propostas de credenciamento 22 PRIMEIRA PARTE projetos de qualificação continuada de pessoal. Aprovado o PDI, com as correções que fossem propostas pelo Conselho Nacional de Educação, o novo Centro teria autonomia para executá-lo no prazo de 5 anos, ao final do qual a instituição seria avaliada tomando, como parâmetros os objetivos do plano. A autonomia, desta forma, estaria restrita ao conteúdo do Plano. Havendo uma avaliação positiva, a instituição poderia mantê-lo ou apresentar um novo, para outros 5 anos o qual seria novamente avaliado e aprovado total ou parcialmente. Universitários a aprovação, caso a caso, de número de vagas e criação de novos cursos. Com a ampliação da autonomia, muitas instituições teriam maior liberdade de ação, a avaliação periódica seria consolidada e instaurada uma prática de planejamento responsável e accountability. Este tipo de proposta apresentava a vantagem de poder ser posteriormente generalizado para outros tipos de instituição. Haveria inclusive a possibilidade de incluir, nos objetivos e na avaliação, a questão do valor agregado. Isto simplificaria enormemente a burocracia atual, que exige para as instituições que não são credenciadas como universidades ou Centros 23 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 CENTROS UNIVERSITÁRIOS: PEÇA FUNDAMENTAL DO SISTEMA DE ENSINO SUPERIOR Paulo Renato Souza(*) Já se vão dez anos desde que, como Ministro da Educação, adotamos uma política que levou à criação dos centros universitários. Inegavelmente eles se afirmaram neste período e respondem hoje por uma parte substantiva das matrículas universitárias. Mas é impossível entender o papel fundamental que jogam no nosso sistema de ensino superior sem levar em consideração a nova realidade mundial. Por isto, começo este meu artigo analisando quais as modificações ocorridas em um período historicamente curto e o quanto elas afetaram a Educação como um todo. o grau médio, deve completar, e todos devem buscar com freqüência a continuidade da aprendizagem já que sem a atualização profissional constante as pessoas não conseguem manter seus empregos, o que dirá progredir em suas profissões. Em face de todos esses desafios e exigências da Sociedade do Conhecimento, o sistema educacional pré-existente tornou-se completamente obsoleto. O tema da reforma educacional passou a integrar a agenda da grande maioria dos países, inclusive os desenvolvidos; multiplicaram-se as iniciativas internacionais de avaliação dos sistemas de ensino; a qualidade dos sistemas educativos passou a ser discutida nas mais altas esferas sociais e políticas. As exigências para o sistema educacional são simples em seu enunciado: (1) é preciso que todos tenham desenvolvido a capacidade de aprender e (2) é preciso oferecer as oportunidades de educação permanente para todos. Nos últimos 25 anos, assistimos ao surgimento de um novo mundo, no qual a velocidade do conhecimento e a velocidade da evolução da tecnologia não têm precedentes na história. No passado, o conhecimento e a tecnologia duravam por uma geração. E foi tendo em conta esta realidade que se estruturou o sistema educacional nos países, a partir do século XVIII e especialmente nos séculos XIX e XX. Ou seja, os sistemas educacionais se estruturaram para oferecer educação em uma etapa da vida – até os 25 anos – e a partir daí as pessoas viviam o resto de suas vidas com o que aprenderam nesta etapa. As oportunidades de educação permanente para todos na Sociedade do Conhecimento deve ser atendida principalmente no nível pós-médio. Todo um conjunto de cursos de diversos níveis de exigência e complexidade deve integrar o sistema de educação pós-médio, desde os cursos técnicos de nível médio, os cursos superiores de curta duração, os cursos regulares de bacharelado e licenciatura, os programas de Mestrado e Doutorado acadêmicos e as pós-graduações profissionalizantes (MBAs, cursos de extensão e especialização). Como instrumentos de cada uma dessas modalidades é importante incorporar a educação à distância e as novas tecnologias aplicadas à educação. Hoje não é mais assim. As pessoas têm que se atualizar permanentemente, aprender constantemente, sob pena de ficarem à margem da sociedade. Não apenas no que diz respeito ao trabalho, mas também ao consumo e à participação na vida social. O ser humano vê-se assim obrigado a se atualizar, de forma permanente, nestas três dimensões, o que coloca novos desafios para a Educação. O sistema educacional que se organizou no passado para atender a demanda de uma dada época, tem que se reorganizar para atender às novas necessidades, particularmente a de oferecer educação ao longo de toda a vida das pessoas. Não me refiro apenas à necessária atualização permanente dos já formados, que têm que continuar sua aprendizagem e especialização com os cursos de mestrado, doutorado e pós-doutorado. Refiro-me também à tarefa de oferecer educação permanente a todas as pessoas, independente de seu nível de escolaridade prévia. Quem não terminou o ensino fundamental vêse na contingência de terminar, quem não completou Até recentemente os cursos profissionalizantes de nível médio, pós-médio ou superior eram oferecidos em escolas presenciais com estruturas curriculares rígidas, vinculadas a carreiras bastante bem definidas e voltadas preferencialmente para atender ao público jovem. Isto tinha relação com a permanência do padrão tecnológico na sociedade por um período bastante longo, o que tornava possível, de um lado estabelecer os requerimentos de cada profissão de maneira mais ou menos clara, e de outro, limitar o período de aprendizagem profissional a certo período da vida das pessoas. Paulo Renato Souza foi Ministro da Educação do Brasil durante o governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso de 1995 a 2002. Economista formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, obteve o seu mestrado na Universidade do Chile e o doutorado na Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, onde também se tornou Professor Titular de Economia. É deputado federal pelo PSDB de São Paulo. A mudança, portanto, deve ser radical: de um lado, a atualização profissional deve ser permanente, dada a rapidez do processo de evolução tecnológica 24 PRIMEIRA PARTE e, de outro, as carreiras profissionais são menos rígidas e claras, obrigando a um grau muito grande de interdisciplinaridade e de flexibilidade na estrutura curricular dos cursos. É preciso que o poder público estimule a diversificação dos sistemas de educação profissional de nível pós-médio, tanto de nível técnico como superior. É preciso que haja ampla flexibilidade curricular e liberdade um trânsito freqüente dos jovens e dos adultos entre o mundo da educação e o mundo do trabalho. da questão semântica, não há dúvidas de que pela sua abrangência no mundo atual e mesmo pela qualidade de muitos desses programas desenvolvidos inclusive em parceria com instituições educacionais de primeira linha, esse segmento deve também ser considerado hoje uma parte importante do sistema educacional. Em suma, o sistema de educação pós-médio na Sociedade do Conhecimento precisa ser: • Amplo para atender ao conjunto da população em todas as faixas etárias Da mesma forma, é imperativo oferecer aos estudantes a opção de, no interior do sistema pós-médio, mudar de carreira ou aprender novas técnicas dentro de uma mesma profissão. Para tanto os requisitos de ingresso devem ser flexíveis como também flexíveis devem ser as estruturas curriculares. O uso das novas tecnologias na educação pós-média é essencial não apenas para elevar a qualidade do ensino, como também para facilitar este processo de flexibilização da oferta de educação. As modalidades de educação à distância certamente passam a ocupar um lugar destacado na viabilização das oportunidades de educação permanente. • Diversificado: as necessidades de educação pós-media são muito diferenciadas. Dependendo do segmento da população a ser atendida é preciso oferecer: o Cursos técnicos de nível médio o Cursos Superiores de curta duração ciatura o Cursos superiores de bacharelado e licen- sensu o Cursos superiores de pós-graduação lato o doutores A estrutura da educação pós-média deve ser diversificada, com a participação de vários tipos de instituições que garantam as oportunidades de educação permanente. O Ensino Superior como o entendíamos até um tempo atrás é apenas uma parte desse sistema, que deve ser mais amplo e diversificado. Assim sendo, nem todas as instituições devem ser Universidades na acepção do termo — com o clássico tripé de ensino, pesquisa e extensão. Elas devem coexistir com boas instituições voltadas para a formação de profissionais de nível superior, aptas a atenderem à dinâmica do mercado e à necessidade de qualificação e re-qualificação de um número maior de pessoas. As Universidades propriamente ditas devem se constituir na espinha dorsal desse sistema, formando os quadros docentes para as demais instituições e desenvolvendo as pesquisas e gerando o conhecimento que deve fluir por todas as instituições do sistema. Não se pode deixar de enfatizar a importância da pesquisa básica nas Universidades, que nunca poderá ser abandonada para que o conhecimento tenha bases sólidas para avançar. Essas instituições não possuem, porém a versatilidade e a praticidade para oferecer, por exemplo, cursos superiores de curta duração de preparação para trabalho, essenciais para jovens e adultos que buscam a formação inicial ou atualização profissional. Programas de formação de mestres e o Programas de pós-doutoramento • Flexível na sua estrutura: os sistemas de acesso aos cursos pós-médios devem permitir com facilidade o reconhecimento de estudos e a mobilidade entre cursos, carreiras e instituições. • Flexível no acesso: as formas de acesso ao ensino pós-médio devem permitir freqüentes idas e vindas entre o mundo do trabalho e o mundo da educação • Heterogêneo e flexível na forma de ser oferecido: educação presencial, educação à distância e sistemas híbridos. • Diferenciado em sua estrutura organizacional: instituições públicas e privadas, entidades com e sem fins lucrativos, entidades complexas diversificadas academicamente ou concentradas em uma área do saber; entidades dedicadas primordialmente ao ensino ou ao treinamento; entidades educativas ou partes de organizações empresariais com foco na produção de bens e serviços diversos. A política de estímulo à expansão do ensino superior, adotada de forma planejada pelo governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso desde 1995, foi desenhada a partir do entendimento que a prioridade conferida è educação básica causaria o aumento da pressão social por mais vagas no ensino superior. Além de viabilizar a expansão, era preciso garantir a diversificação do sistema. Um enorme problema adicional: nosso sistema de ensino superior era exatamente antagônico a essas exigências da Sociedade As próprias corporações empresariais dos mais diversos setores ampliam e diversificam os seus antigos cursos de treinamento desenvolvidos pelos departamentos de recursos humanos, chegando, em muitos casos, a passar a chamá-los, inapropriadamente, de “Universidades Corporativas”. Independentemente 25 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 do Conhecimento. Já em 1995, logrou-se a aprovação de uma nova lei que criou o Conselho Nacional de Educação e redefiniu as bases do credenciamento de novas instituições, buscando a expansão com qualidade para fazer frente à nova demanda por ensino superior. O novo sistema estava baseado na flexibilidade, competitividade e avaliação. O aspecto mais importante dessa lei foi estabelecer a necessidade do recredenciamento periódico das instituições, baseado na avaliação do desempenho dos cursos. Os problemas principais que enfrentávamos em 1995 podiam ser agrupados em cinco áreas: tamanho do sistema extremamente modesto para as dimensões e necessidades do país; estrutura curricular rígida em cada carreira; autonomia para a criação de novos cursos limitada às instituições credenciadas como Universidades; processo burocrático e cartorial de credenciamento de novas instituições ou de transformação das existentes, o que gerou um sistema sem competição e de baixa qualidade, com reservas de mercado que significavam enormes lucros para os empresários da educação; ausência de um sistema abrangente de avaliação do ensino de graduação ao qual se pudesse vincular o processo de credenciamento de instituições; e, finalmente, ineficiência no uso dos recursos públicos na parte federal do sistema, apesar de sua qualidade superior ao resto no ensino e seu papel relevante na pesquisa. O enfrentamento dessas questões esteve presente num conjunto de políticas coerentes entre si. No discurso de abertura de um Seminário sobre o Ensino Superior realizado em dezembro de 1996 com a participação de um elevado número de Reitores de Instituições Públicas e Privadas eu afirmava que: “A meu modo de ver estes princípios [a serem aprovados pelo Conselho Nacional de Educação] deveriam contemplar, entre outros os seguintes aspectos: • As instituições com certa tradição na área do ensino, ainda que não universitárias e que tenham um bom histórico de avaliação deveriam gozar de autonomia semelhante a das universidades para a criação de novos cursos. A criação da figura dos Centros Universitários, prevista na futura LDB facilitaria a operacionalização deste princípio. No início do governo, muitos propugnavam pela liberdade total para as instituições que atuassem no ensino superior. Essa proposta não tem cabimento em um país como o nosso. Tendo o diploma um valor profissional e, portanto, econômico, torna-se necessário certo controle e supervisão do Estado em relação à expansão do sistema. Foram assim definidos os pilares da política em relação ao ensino superior, destacando-se a avaliação, a autonomia universitária plena e a melhoria do ensino. Por meio da primeira linha de atuação, o governo procurava redefinir a essência da relação entre Estado e sistema de ensino superior. O Estado deve diminuir sua função credenciadora de instituições de ensino e aumentar sua função avaliadora do sistema. A segunda linha de atuação tinha como objetivo aumentar a eficiência e o nível de responsabilidade social do sistema, especialmente do segmento público federal. Na terceira linha, incluíam-se ações para melhorar a capacitação de recursos humanos e a infra-estrutura das universidades. • A autorização de novos cursos deveria ser mais livre nas carreiras menos regulamentadas, tais como turismo, relações públicas, publicidade, informática, relações internacionais, comercio exterior etc. • O eventual controle prévio para a criação de novos cursos deveria se concentrar apenas nas áreas da saúde, do direito, da pedagogia e das engenharias. Como conseqüência, passaremos a ter um sistema de ensino superior realmente diversificado, com vários tipos de instituições, gozando de graus diferentes de autonomia e graus diversos de vinculação entre ensino e pesquisa dentro de cada instituição.” Como assinalava o documento preparado pelo MEC para servir de referência àquele seminário, a autonomia, alicerçada nos ideais de liberdade de pensamento e de crítica, não está necessariamente vinculada ao segundo princípio que a constituição consagrou para definir a universidade: a indissociabilidade entre ensino e pesquisa. A autonomia universitária é anterior à criação das universidades de pesquisa e é reconhecida nos países onde a indissociabilidade não é uma norma geral. Como o fundamento da universidade é a excelência do corpo acadêmico e do ensino, havia um pressuposto de que todas as instituições de nível superior deveriam evoluir para a condição de universidade (desde que incluíssem diferentes áreas de conhecimento). Esta expectativa permeava na época o imaginário brasileiro sobre ensino superior. Nessa concepção, o sistema se organizaria sobre três tipos de instituições: universidades; conjuntos de es- Alicerçado em alterações de caráter quantitativo, qualitativo, institucional e legal, o processo planejado de mudanças deflagrado a partir de 1995 passou a orientar-se por cinco princípios gerais: expansão, diversificação do sistema, avaliação, supervisão, qualificação e modernização. Além disso, o Ministério passou a adotar uma visão ampla do ensino superior, entendendo-o como um conjunto complexo de instituições públicas e privadas. Assim, a política tratou de definir e estimular a diversificação do sistema. Hoje, os cursos superiores distribuem-se em universidades, centros universitários, faculdades integradas e isoladas, desfrutando de diversos graus de autonomia e de requerimentos acadêmicos. 26 PRIMEIRA PARTE colas que deveriam se transformar em universidades; e umas poucas instituições isoladas, especializadas numa área de conhecimento. A indissociabilidade entre ensino e pesquisa, por outro lado, tem outra história: atende a uma concepção de universidade que foi defendida no Brasil desde a década de vinte e esteve associada a um movimento de modernização do ensino superior. Convém lembrar que, até aquela época, não havia universidade no Brasil e o ensino superior estava organizado em Escolas ou Faculdades autônomas, voltadas para a formação de profissionais de nível superior. instituições educacionais com fins lucrativos atuarem no ensino superior. Até então, essa prerrogativa era restrita à educação básica. No ensino superior, todas as instituições deveriam ter caráter de instituições sem fins de lucro. Tratava-se de uma grande hipocrisia, pois muitas pessoas haviam enriquecido sendo “donas de mantenedoras de ensino superior sem fins de lucro”. Na área da graduação a mesma lei previu a definição das Diretrizes Gerais dos Currículos de Graduação. Os objetivos eram: a melhoria na oferta de cursos, a ampliação e a integração entre áreas do conhecimento, a flexibilização curricular e a participação dos setores que integram a formação dos alunos, o combate à evasão escolar e a ampliação do espaço de decisão do aluno na definição de seu currículo acadêmico. Além disso, abriu-se a possibilidade da criação dos cursos superiores de curta duração: seqüenciais e de formação de tecnólogos, novas modalidades na oferta de ensino superior, que não se confundem com os cursos tradicionais de graduação e representam uma relevante alternativa para o acesso dos estudantes ao ensino pós-médio. Não obstante, era preciso garantir que a expansão necessária não viesse a ocorrer em detrimento da qualidade. Mais ainda, era preciso assegurar a redução da desigualdade na qualidade das instituições. Nosso desafio era garantir um maior grau de homogeneidade e, ao mesmo tempo, permitir sua expansão rápida para atender nossas necessidades de desenvolvimento. Nosso instrumento inicial para lidar com o problema da enorme heterogeneidade na qualidade das instituições de ensino superior do país foi a própria realização da avaliação e a ampla difusão de seus resultados para o conhecimento de toda a sociedade. A suposição, que se verificou correta, era que tratando com um segmento diferenciado da população, tanto em termos da clientela do sistema, quanto dos futuros usuários e empregadores dos profissionais formados, a existência de elementos objetivos de avaliação exerceria enorme pressão social sobre as piores instituições. A avaliação já era tradicional na pós-graduação no Brasil e, seguramente, foi um dos principais fatores explicativos da qualidade desse segmento do ensino em nosso país. A graduação, entretanto, carecia de um sistema objetivo e abrangente do conjunto que proporcionasse tanto critérios a serem incorporados no processo de re-credenciamento, quanto informação transparente e objetiva para o conjunto da sociedade, em especial para os estudantes. Em seguida criamos vinculações objetivas entre a avaliação e o processo de credenciamento de instituições, autorizações e reconhecimentos de cursos e suas renovações periódicas, eliminando o caráter discricionário, cartorial e clientelista que vigorava até 1994. Nesses processos, estabelecemos padrões mínimos de infra-estrutura para o funcionamento das instituições e para a qualificação de seu corpo docente, que foi incluído na Lei de Diretrizes e Bases da Educação. O sistema de avaliação da graduação tinha no Exame Nacional de Cursos, o “Provão”, sua parte mais visível, mas contemplava desde os seus primórdios um complexo sistema de indicadores, à semelhança dos indicadores da pós-graduação. Além disso, o MEC passou a promover a avaliação in loco das instituições por comitês de professores doutores. Desde o início do funcionamento do Conselho Nacional de Educação, todos os credenciamentos de instituições e reconhecimentos de cursos passaram a ser feitos por um certo número de indicadores objetivos e não mais de forma permanente como ocorria no passado. Acabaram-se os cartórios. A cada certo tempo o reconhecimento dos cursos, que dá validade aos diplomas emitidos, deverá ser renovado. Nesta oportunidade todos os indicadores objetivos de avaliação - incluindo o resultado do Exame Nacional de Cursos - deviam ser considerados. É interessante observar que o Congresso ao aprovar o texto final da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, a LDB, ao tratar da diversificação do sistema, eliminou a referência específica às formas que as instituições de ensino superior poderiam assumir e que constava do texto até então debatido. Foi necessário, que as novas figuras jurídicas dos Centros Universitários e das Faculdades Integradas fossem criadas por Decreto que regulamentou a Lei. No primeiro caso buscava-se estimular a expansão do sistema com mais liberdade na criação de novos cursos para instituições não-universitárias que se destaquem pela qualidade de ensino. Ainda no aspecto institucional, outra importante inovação foi a possibilidade de A tradução dessa orientação geral para o dia-adia da ação do Ministério levou a dar maior ênfase e importância ao reconhecimento dos cursos e ao recredenciamento (e eventual descredenciamento) das instituições do que à autorização inicial de funciona27 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 mento. Assim, sem cair no extremo da liberdade total, adotamos maior flexibilidade das normas para a autorização inicial de criação de novos cursos, inclusive para instituições não universitárias. significativa e dinâmica de nosso sistema de ensino superior, com expressiva contribuição para a elevação da qualidade de formação de nossos universitários. A criação de Centros Universitários se dá apenas pela transformação de faculdades integradas e passou a depender de avaliação institucional de especialistas acadêmicos e de aprovação do Conselho Nacional de Educação e obedece a requisitos de qualidade acadêmica. Já em 1997 e 1998, foram criados 20 centros universitários e, no período de 1999 a 2000, mais 30. Atualmente, são 184 Centros Universitários em funcionamento no país, que respondiam em 2005 por quase 700 mil de alunos, ou seja, 15% do total. Os relatórios das comissões de especialistas – professores doutores de nossas melhores instituições – que visitam as instituições para avaliá-las mostram uma evolução bastante favorável ao longo do tempo, pelo menos até o ano de 2003. Nos casos dos Centros Universitários que já tiveram seu credenciamento renovado, os relatórios mostraram uma evolução extremamente positiva em todos os quesitos analisados, desde a infra-estrutura física até os laboratórios, passando pelas bibliotecas. As instituições com certa tradição na área do ensino, ainda que não universitárias e que tinham um bom histórico de avaliação, passaram a gozar de autonomia semelhante à das universidades para a criação de novos cursos. A criação da figura dos Centros Universitários foi instituída mediante decreto que regulamentou a LDB e viabilizou a operacionalização deste princípio. Por outro lado, a autorização de novos cursos em geral passou a ser mais expedita nas carreiras menos regulamentadas, tais como turismo, relações públicas, publicidade, informática, relações internacionais, comércio exterior etc. O controle prévio para a criação de novos cursos concentrou-se apenas nas áreas da saúde, do direito, da pedagogia e das engenharias. A expansão do ensino superior no Brasil ganhou enorme impulso desde 1995. O número total de instituições passou de 894 naquele ano para 2.457 em 2007. Destas, 2.176 são particulares e 1.000 são constituídas como instituições com fins lucrativos. Naquele ano o país possuía 1,8 milhões de alunos nesse nível educacional e dez anos depois este número chegou a 4.4 milhões, 73% dos quais estudantes de instituições privadas. Ao longo dos dez últimos anos, os Centros Universitários consolidaram-se como uma parcela muito 28 PRIMEIRA PARTE 2.- HISTÓRIA DA IMPLANTAÇÃO E EXPANSÃO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS Éfrem de Aguiar Maranhão INTRODUÇÃO: O REFERENCIAL HISTÓRICO UNIVERSITÁRIO para humanidade. No Brasil a Educação Superior, ainda é relativamente jovem. As primeiras iniciativas surgem com a criação das Faculdades de Medicina, de Salvador e do Rio de Janeiro, em 1808, e Direito, Olinda/Recife e São Francisco/São Paulo, 1827, coincidentes com a vinda da Família Real e a necessidade de se qualificar a burguesia e a burocracia brasileira. Permitindo assim, as famílias, que não desejassem ou não pudessem enviar seus filhos a Europa, profissionalizá-los aqui. A Educação Superior tem sido ao longo dos anos um fator diferencial no desenvolvimento sustentado e harmonioso, bem como da soberania das nações. Os primeiros registros de estudos universitários vêm das universidades de bases religiosas: A Universidade de Nalanda, na Índia, está entre as primeiras do mundo, fundada no século quinto antes de cristo (AC), acredita-se ter sido visitada por Buda e teve seu auge no século sete após cristo (DC); a Universidade de Karueein, um antigo Mosteiro, em Fez, no Marrocos data de 859 e a Univerdade de Al-Azhar, uma antiga Mesquita, no Cairo, Egito, de 988. A primeira universidade foi legalmente constituída em 1920: a Universidade Federal do Rio de Janeiro. Criada pela união de várias faculdades, foi a herdeira dos primeiros cursos do Brasil tendo nas Faculdades de Medicina, 1808, criada com o nome de Academia de Medicina e Cirurgia, e na da engenharia, Escola Politécnica, fundada em 1792, seu embrião. A Universidade de Bolonha, na Itália, de 1088, é considerada como a primeira expressão realmente acadêmica de educação superior. Seguida pela Universidade de Oxford, na Inglaterra, de 1096. A Lei orgânica de 1931 e a primeira Lei de Diretrizes e Base da Educação - LDB, Lei nº. 4.024, de 1961, enfatizaram a lógica das universidades. A LDB estabeleceu que o ensino superior fosse ministrado em estabelecimento, agrupados ou não em universidades, com a cooperação de institutos de pesquisa e centros de treinamento profissional. Nos séculos posteriores outros países Europeus iniciaram suas atividades universitárias. Sendo um referencial de destaque para nós: França, Paris, 1170, e Portugal, Coimbra, 1290. No Continente Americano os primeiros registros são da Guatemala, Santo Domingo - Universidade Autônoma de Santo Domingo, de 1538. E na América do Sul a Universidade Nacional de San Marcos, em Lima, Peru, 1551, e a Universidade Nacional de Córdoba, 1610, Córdoba, Argentina. Na América do Norte, a primeira iniciativa é de 1551 - a Universidade Nacional Autônoma do México. Já nos Estados Unidos da América foi em Cambridge, Massachusetts, que surgiu sua primeira Universidade, o New College que foi rebatizada em 13 de Março de 1639, como Harvard College e atualmente Universidade de Harvard. A chamada Reforma Universitária, Lei nº. 5.540 de 1968, reforçou a universidade como modelo referencial, ao definir que o ensino superior é indissociável da pesquisa, e só excepcionalmente seria ministrado em estabelecimentos isolados, organizados como instituições de direito público ou privado. E que, na medida do possível, as instituições isoladas deveriam se incorporar às universidades ou agregarem-se em federação de escolas. Explicita a autonomia didáticocientífica, disciplinar, administrativa e financeira da universidade, na forma da lei e dos seus estatutos, que devem ser aprovados pelo Conselho de Educação competente. Assim quando pensamos e falamos de Educação Superior no mundo, temos instituições milenares e centenárias de grande relevância histórica e cultural Neste contexto cabe destacar o papel de liderança e inovação do Estado de São Paulo, não só pela criação da Universidade de São Paulo em 1934, que trouxe uma nova concepção e estruturação universitária, mais também, por em 1980, conceder as universidades estaduais paulistas autonomia e gestão plena. Doutor, Professor da Universidade Federal de Pernambuco. Médico Cardiologista da Universidade Estadual de Pernambuco. Membro Titular da Academia Brasileira de Educação. Ex Reitor da Universidade Federal de Pernambuco e Ex Presidente do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras -CRUB. Ex Secretário de Estado da Educação de Pernambuco e Ex Presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação – CONSED. Ex Conselheiro do Conselho Nacional de Educação –CNE. e Ex Presidente do Conselho Nacional de Educação e da sua Câmara de Educação Superior. A segunda LDB, Lei nº. 5.692, de 11 de agosto 29 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 de 1971, não muda esta ênfase referencial das universidades, e estabelece diretrizes e bases para o ensino de primeiro e segundo graus, e a formação de professores. isto é: a autonomia é própria das universidades. As demais instituições não universitárias, inclusive os Centros Federais de Educação Tecnológica, criados pelo governo federal, não tinham esta prerrogativa. Assim as leis e reformas que contemplaram a educação superior sempre estabeleciam universidades como modelo referencial e detentora, em maior ou menor grau, de autonomia. Com a discussão da Nova Lei de Diretrizes e Base da Educação - LDB coube ao então Senador Darcy Ribeiro, na apresentação de seu substitutivo à LDB, lançar a semente do que viria mais tarde a ser os Centros Universitários. Ele propunha que as Instituições de Ensino Superior se organizassem de forma diversa como: Universidades, Centro de Ensino Superior, Institutos, e outras formas de organização. Porem, para fins de registro, o pai, se é que podemos assim chamar, dos Centros Universitários, foi o Ministro Paulo Renato. Coube ao Ministro a concepção e conceituação. Paulo Renato procurou agregar pessoas em torno da nova instituição proposta. O Conselho Nacional de Educação – CNE mostrou-se sensível e abraçou a proposta. Eu e o Conselheiro Lauro Zimmer fomos entusiastas de primeira hora. A Constituição de 1988 possibilitou um conceito amplo de autonomia universitária que a Lei nº. 9.394, de 1996, a atual LDB, expressa ao estabelecer a progressiva autonomia pedagógica e administrativa das unidades escolares, na Educação Básica, e ao definir que atribuições de autonomia universitária poderão ser estendidas a instituições de ensino superior que comprovem alta qualificação para o ensino ou para a pesquisa, com base em avaliação realizada pelo Poder Público. Na discussão da atual LDB ficou evidente a necessidade de avançar na diversificação e na diferenciação de instituições e cursos, dentro de uma concepção contemporânea. O substitutivo apresentado pelo Senador Darcy Ribeiro propunha que as Instituições de Ensino Superior, além de se organizarem como Universidades, poderiam ter outras possibilidades de diferenciação como: Centro de Ensino Superior, Institutos, e outras formas de organização. Lamentavelmente o texto final da Lei não contemplou a diversificação. Coube ao Decreto n.º 2.207, de 15 de abril de 1997, ao regulamentar a LDB, estabelecer a organização administrativa das IES e assim foram criados os Centros Universitários. Paulo Renato procurou as diversas instituições que estavam com processos de autorização de Universidade mostrando-lhes os benefícios da nova opção. Lembro-me, na Delegacia do MEC, em São Paulo, quando discutíamos a proposta. E o Ministro convidou algumas instituições para esta conversa. Tenho presente na memória a figura do Prof. Eduardo Storópoli, atual presidente da ANACEU, Diretor da Nove de Julho, naquela ocasião, sendo convencido a transformar seu processo em Credenciamento como Centro Universitário, o que de fato veio a acontecer. E assim as diversas instituições foram aderindo a esta nova concepção de Instituição de Ensino Superior. Em boa hora a Associação Nacional dos Centros Universitários - ANACEU, dentro da programação das comemorações da primeira década da existência dos Centros, resolve organizar esta publicação: “O Impacto dos Centros Universitários no Ensino Superior Brasileiro 1997 – 2007”. Centro Universitário foi e é uma proposta excelente, que deu muito certo para Educação Brasileira. Em 1998, na Conferência Mundial de Educação Superior, Ação e Visão, tive a oportunidade de expor na UNESCO, em Paris, enquanto Chefe da Delegação Brasileira, os avanços trazidos pela nova LDB. Destaquei: A política nacional de educação superior inova ao diversificar: Oferta do ensino superior, ao criar os cursos seqüenciais por campo de saber; Reconhecimento periódico dos cursos, enfatizando a qualidade do projeto pedagógico e o perfil profissional desejado; Credenciamento (Recredenciamento) periódico de todas as instituições, inclusive, das universidades já existentes; Nova concepção diferenciada do diploma. E acrescentei: A criação do Centro Universitário, que goza de autonomia para a criação de seus próprios cursos, é uma forma de diversificar as modalidades das instituições de ensino superior brasileiras, a exemplo do Politécnico Europeu e do Community College norte americano. Caracteriza-se pela excelência do ensino oferecido, pela qualificação do seu corpo docente e pelas condições de trabalho oferecido à comunidade escolar. Outra flexibilização é A NECESSIDADE DE DIVERSIFICAÇÃO E DIFERENCIAÇÃO A diversificação das IES é uma realidade do mundo moderno. A Europa já vem, de muito, diferenciando suas instituições em faculdades, colleges, politécnicos e universidades. Agora discutem a lógica da sua formação superior e da concessão dos seus graus, o Protocolo de Bolonha. Os Estados Unidos das Américas consolidaram o modelo dos colleges, community colleges e universidades. No Brasil, como vimos, até a atual LDB, prevaleceu o estabelecido na reforma universitária de 1968, 30 PRIMEIRA PARTE a LDB, Lei nº. 9.394, foi finalmente aprovada, e publicada no DOU, em 23 de dezembro de 2006. a Universidade Especializada por campo do saber, que pressupõe, como parâmetro ordenador, a existência de uma área de conhecimento ou formação especializada dos quadros profissionais de nível superior. Resultou do embate entre o Projeto da Câmara, conhecida como Projeto Jorge Hage, que contava com o apoio do Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública, e trazia entre tantos detalhamentos, os mecanismos de controle social do sistema de ensino e o substitutivo do Senado, conhecido como Projeto Darcy Ribeiro, enxuto, descentralizador, flexível e mais moderno, na minha opinião. Participei do debate na condição de Presidente do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras –CRUB. Posso testemunhar que, para aprovação do texto final, foi importante a capacidade de articulação e o bom senso do Deputado José Jorge, relator da LDB. A discussão da LDB teve uma forte interação com o poder público, cabendo uma ação efetiva do MEC liderada por Paulo Renato, e com a participação marcante da Profa. Eunice Durhan, bem como da Sociedade Civil Organizada. No seguimento da Conferência Mundial de Educação Superior, 1998+5, Paris 2003, verificou-se nos vários países, na evolução das suas estruturas e sistemas, o compromisso educacional com a diversidade, dinamismo, flexibilidade, programas abertos, estudos alternativos, educação continuada, e com as novas demandas de competências e habilidades. Inclusive, está prevista uma nova Conferência Mundial para 2009, por proposta da Delegação Brasileira chefiada pelo Ministro Fernando Haddad, para discutir os avanços registrados desde 1998. A proposta foi apresentada durante reunião da Comissão de Educação da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e a Cultura (UNESCO), realizada nos dias 22 e 27 de outubro do corrente ano, em Paris, França. Seguindo as tendências da Conferência Mundial, foi aprovado em 2001, o Plano Nacional de Educação - PNE, Lei nº. 10172/2001, estabelecendo que o sistema de educação superior deva contar com um conjunto diversificado de instituições que atendam a diferentes demandas e funções. Seu núcleo estratégico há de ser composto pelas universidades, que exercem as funções que lhe foram atribuídas pela Constituição: ensino, pesquisa e extensão. Esse núcleo estratégico tem como missão contribuir para o desenvolvimento do País e para a redução dos desequilíbrios regionais, nos marcos de um projeto nacional. Assim a LDB, ao definir no seu artigo quarenta e cinco, que a educação superior será ministrada em IES, pública ou privada, com variados graus de abrangência ou especialização e, no seu artigo cinqüenta e quatro, admitir a possibilidade de estender atribuições de autonomia universitária a instituições que comprovem alta qualificação para o ensino ou para a pesquisa, com base em avaliação realizada pelo Poder Público, criou, efetivamente, as possibilidades para criação dos centros universitários. A criação dos Centros, como já referido, foi estabelecida pelo Decreto n.º 2.207, de 15 de abril de 1997, que ao regulamentar a LDB, no seu artigo quarto, classificou as IES do Sistema Federal de Ensino Superior, quanto à sua organização acadêmica em universidades; centros universitários; faculdades integradas; faculdades; institutos superiores ou escolas superiores. E assim, no seu artigo seis, definiu os centros universitários como instituições de ensino superior pluricelulares, abrangendo uma ou mais áreas do conhecimento, que se caracterizam pela excelência de ensino oferecido, comprovada pela qualificação do seu corpo docente e pelas condições de trabalho acadêmico oferecidas à comunidade escolar, nos termos das normas estabelecidas pelo Ministro de Estado da Educação e do Desporto para o seu credenciamento. Estabelecendo aos centros autonomia para criar, organizar e extinguir, em sua sede, cursos e programas de educação superior, bem como previu outras atribuições da autonomia universitária, devidamente definida no ato de seu credenciamento. E acrescenta: Para promover a renovação do ensino universitário brasileiro é preciso, também, reformular o rígido sistema de controles burocráticos. A efetiva autonomia das universidades, a ampliação da margem de liberdade das instituições não universitárias e a permanente avaliação dos currículos constituem medidas tão necessárias quanto urgentes, para que a educação superior possa enfrentar as rápidas transformações por que passa a sociedade brasileira e constituir um pólo formulador de caminhos para o desenvolvimento humano em nosso país. Deve-se ressaltar, também, que as instituições não vocacionadas para a pesquisa, mas que praticam ensino de qualidade e, eventualmente, extensão, têm um importante papel a cumprir no sistema de educação superior e sua expansão, devendo exercer inclusive prerrogativas de autonomia. É o caso dos centros universitários. A CRIAÇÃO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS: A QUESTÃO DA AUTONOMIA O Decreto trouxe um limitante à autonomia de Universidades e Centros, ao definir que a criação e o reconhecimento dos cursos de Direito, Medicina, Psicologia e Odontologia dependiam de autorização Após a longa discussão e tramitação de oito anos, 31 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 do CNE e MEC/SESu, ouvindo previamente OAB e CNS. Por outro lado, estendeu a autonomia das Universidades aos novos campi criados. vida, um grande número de solicitações de Instituições de Ensino atualmente classificadas como Faculdades Integradas , Faculdades e Institutos Superiores ou Escolas Superiores , para se transformarem em Centros Universitários. O quê de fato vem acontecendo. O Decreto foi normatizado pelas Portarias: de nº. 639, de 13 de maio de 1997, que dispunha sobre o credenciamento de centros universitários, e a de nº. 2.041, de 22 de outubro 1997, que estabeleceu critérios adicionais de certa forma discriminadores, aos centros, trazendo a modificação do prazo para recredenciamento, reduzido de cinco para três anos, e a explicitação que as unidades fora de sede dos centros não gozavam de autonomia. O aperfeiçoamento do credenciamento das Instituições de Ensino Superior veio com o Parecer CNE/CES 1366/2001 e a Resolução do CNE/CES nº. 10, de 11 de março 2002, estabelecendo que o Credenciamento de Centros Universitários e Universidades seria feito por meio de novo credenciamento de instituições de ensino superior já credenciadas e regularmente implantadas, que atendam alguns prérequisitos: 1. Cinco ou mais cursos de graduação reconhecidos; 2. Mais da metade de conceitos A, B ou C nas três últimas avaliações do ENC; 3. Nenhum conceito Insuficiente no item corpo docente, na avaliação das condições de oferta de cursos; 4. Nenhum pedido de reconhecimento de curso superior negado nos últimos cinco anos; 5. Programa de Avaliação institucionalizado; 6. Avaliação institucional positiva, realizada pelo INEP. O Decreto n.º 2.207 teve vida curta, e, ainda no mesmo ano, foi revogado e substituído pelo Decreto n.º 2.306, de 19 de agosto de 1997, vigente até 2001, e manteve a autonomia dos centros universitários e das universidades e seus campi fora de sede. Desta forma, no segundo semestre de 1997, foram criados os primeiros Centros Universitários. No seu ato deliberativo o CNE recomendou o credenciamento por cinco anos como previa o Decreto de criação, e por acreditar que este tempo permitiria a instituição certo amadurecimento para implementar seu projeto. Contudo, o Ministro reduziu este tempo para três anos, através da Portaria nº. 2.175, de 27 de novembro de 1997. Motivado pelos indicadores de avaliação dos cursos de graduação, previstos no Decreto nº. 2.026, de 10 de outubro de 1996, estendeu as possibilidades de criação de cursos fora de sede a todas IES. Sendo novamente restritivo com os centros, quando estabeleceu que fosse permitindo só aos Centros que viessem a ser recredenciados. O CNE/ CES apresentou manifestação contrária a esta portaria Ministerial. Em 2001 já haviam sido criados 66 Centros Universitários, inclusive sendo dois deles públicos, um federal e outro municipal. O CNE já vinha discutindo a questão dos cursos fora de sede. Inclusive através de um parecer nosso solicitara reexame desta questão. No debate sobre a definição dos limites da autonomia, o Decreto nº. 3.860, de 9 de Julho de 2001, definiu, nos termos da LDB, que ela se aplica à sede, não se estende aos cursos e campus fora de sede das universidades, ressalvando a garantia de autonomia para os já criados, que seriam submetidos a processo de recredenciamento em conjunto com a sede da universidade, Decreto nº. 3.908 do mesmo ano. Os primeiros Centros criados nos meses de outubro e novembro de 1997 foram: Centro Universitário Moura Lacerda, Centro Universitário de João Pessoa, Centro Universitário do Triângulo, Centro Universitário de Araraquara, Centro Universitário Newton Paiva, Centro Universitário Nove de Julho, Centro Universitário São Camilo, Centro Universitário Salesiano de São Paulo. Dentro desta discussão de autonomia o Parecer CNE/CES 250 de 27/8/2002, publicado no Diário Oficial da União de 02/09/2002, reexaminou o Parecer CNE/CES 155 de 2002, referente à extensão da autonomia dos Centros Universitários, no que se refere ao registro de diploma e curso fora de sede. Eu e o Conselheiro Edson Nunes, a partir de uma indicação do Conselheiro Lauro Zimmer, nos manifestamos que quanto ao registro de diplomas, nada impedia que a medida, por seu caráter desburocratizante, fosse adotada desde logo, tendo em vista as exigências relativas à organização administrativa feitas para que uma instituição seja credenciada como Centro Universitário. Com relação à extensão da autonomia para a criação de cursos fora de sede, recomendamos que a matéria devesse ser objeto de estudo e deliberação em parecer específico, já que esta questão era de interesse sobretudo das universidades. O Conselho Nacional de Educação acompanhou com muita atenção o processo de implantação e expansão dos Centros Universitários. Em 1998 fez uma discussão preliminar através do Parecer CES 738/98, e em 1999 através do Parecer nº. CES 618, este homologado no mês seguinte - julho de 99, ambos da lavra do Conselheiro Arthur Roquete. O Parecer serviu para definir critérios para a avaliação das solicitações de credenciamento de Centros Universitários e prevaleceu até 2001. No relato, o Prof. Arthur, bastante convencido da importância dos Centros Universitários, prenunciava: Esta situação ocasionará, sem dú- Como os Centros foram credenciados por 3 anos 32 PRIMEIRA PARTE do CNE/CES através do Parecer CNE/CES 111/2002 e a Resolução CNE/CES 23, de 5 de novembro de 2002 normatizou o recredenciamento de Universidades e de Centros Universitários. logia, Faculdades, Institutos e Escolas Superiores. Desta forma, os CEFETs passaram a deter todas as prerrogativas, anteriormente associadas aos centros universitários, e que estavam previstas no artigo onze do Decreto no 3.860, e foram mais além, ao lhes ser facultado, mediante prévia autorização do Poder Executivo, criar cursos superiores em municípios diversos ao de sua sede, indicada nos atos legais de seu credenciamento, desde que situados na mesma unidade da federação. Em Dezembro de 2002 foi iniciado o recredenciamento. Os primeiros centros foram recredenciados por 10 anos, e os demais por 5 anos: Centro Universitário Nove de Julho (dezembro de 2002), Centro Universitário do Triângulo (julho de 2003), Centro Universitário Nilton Lins (dezembro de 2003) e o Centro Universitário Araraquara (dezembro de 2003). Esta tormenta normativa não desestimulou as intuições a credenciarem-se como Centros Universitários. Ao final de 2004 já existiam 107 Centros. Os critérios de credenciamento e recredenciamento, baseados em avaliações, feitas por especialistas do MEC, resultados do exame de avaliação de curso e visita de conselheiros, evidenciaram serem os Centros Universitários, dentre todas as IES, as únicas avaliadas e reavaliadas, dentro de uma concepção de avaliação periódica e indução e garantia de qualidade. O FORTALECIMENTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS Coube ao Ministro Fernando Haddad, trazer a bonança, o resgate da autonomia dos Centros Universitários. Assim, através do Decreto Federal n.º 5.773, de 09 de maio de 2006, organizou as instituições de educação superior academicamente como: I - Faculdades; II - Centros Universitários; e III - Universidades. Definiu que o credenciamento como universidade ou centro universitário, com as conseqüentes prerrogativas de autonomia, depende do credenciamento específico de instituição já credenciada, em funcionamento regular e com padrão satisfatório de qualidade. E que, nos limites de sua autonomia, independem de autorização para funcionamento de curso superior, devendo, contudo, informar à Secretaria competente os cursos abertos para fins de supervisão, avaliação e posterior reconhecimento, no prazo de sessenta dias. Limitou, no caso de Centros e Faculdades, o primeiro credenciamento a no máximo de três anos. A AMEAÇA DE EXTINÇÃO Em 2003 já existiam 81 centros, incluindo 1 federal e 2 municipais. Por razões, até hoje não claras, surgiu o Decreto nº. 4.914 de 11 de dezembro de 2003. Com a chancela do Presidente Lula e dos Ministros Cristovam Buarque e José Dirceu. Foi uma verdadeira ducha d’água fria sobre a trajetória de consolidação dos centros. Criou-se a incerteza. Por um lado, proibia a constituição de novos centros universitários, exceto aqueles em fase de tramitação no Ministério da Educação para credenciamento e cuja comissão avaliadora já tivesse sido constituída. Por outro, fazia uma agenda, com metas e cronograma, para que os centros universitários credenciados comprovassem, até 31 de dezembro de 2007, que atendiam ao princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, previsto no art. 207 da Constituição, e os requisitos estabelecidos no art. 52 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, isto é, equiparando-os, em termos de exigência, à das universidades, sem contudo conceder-lhes qualquer benefício para isto; pelo contrário, criou uma nova entidade, nem se quer definida adequadamente, e nunca criada: os centros de ensino superior. E com a edição do Decreto n.º 5.786, de 24 de maio de 2006, foram estabelecidas as novas regras para credenciamento dos Centros Universitários, definindo de uma vez por todas que os centros poderão registrar diplomas dos cursos por eles oferecidos, revogando o famigerado Decreto no 4.914, de 11 de dezembro de 2003. Esta sem dúvida foi uma grande vitória da Educação Brasileira. Vitória dos Centros, cabendo destaque a capacidade de articulação e a liderança da ANACEU, capitaneada pelo seu Presidente, Eduardo Storópoli. No ano seguinte, agora com o Ministro Tarso Genro titular da pasta da educação, é editado o Decreto nº. 5.225, de 1º de outubro de 2004, que altera dispositivos do Decreto nº. 3.860, de 9 de julho de 2001, criando uma nova organização do ensino superior, através de: -I universidades; -II Centros Federais de Educação Tecnológica e Centros Universitários; e -III Faculdades Integradas, Faculdades de Tecno- EVOLUÇÃO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NA EDUCAÇÃO SUPERIOR BRASILEIRA A Base de dados construída e disponível no 33 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 INEP, em especial os dados do Censo, nos permite avaliar a evolução e tendências na Educação Superior e o papel dos diversos agentes. Observando a série histórica, de 1996 a 2005, ficam claras a redução relativa do segmento público, e a importância que o segmento privado ocupou na educação superior brasileira. No ano de 2005 constatamos, que do total de 2.429.737 vagas na educação superior brasileira, a matrícula ocorre predominantemente nas Instituições Privadas de Ensino, 72,23%, (Gráfico 1). Este segmento disponibiliza 88,8% das vagas ofertadas, (Gráfico 2), e representa 89,33% das Instituições de Educação Superior –IES. (Gráfico 3). Gráfico 1. Matrículas por Categoria Administrativa Matrículas por Categoria Administrativa (%) Públicas Privadas 60,6 61 62,1 64,9 67,1 69 69,8 70,8 71,7 73,23 39,4 39 37,9 35,1 32,9 31 30,2 29,2 28,3 26,77 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Fonte: MEC/Inep/Deaes Gráfico 2. Vagas na Educação Superior 2005 Nº de vagas na Educação Superior, segundo Categoria Administrativa: Brasil 2005 Comunit/Conf/Filant Estadual Federal Municipal Particular Total de vagas: 2.429.737 31% 57% 128.948 1.369.639 57.086 Fonte: MEC/Inep/Deaes 126.254 5% 2% 5% Gráfico 3. IES Brasilieras por Categoria Administrativa 1996-2005 IES por Categoria Administrativa (%) Públicas Privadas 71,1 72,3 73,4 76,5 28,9 27,7 26,6 23,5 20,2 18,2 16,7 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 79,8 81,8 83,3 86 14 2003 86,7 13,3 2004 Fonte: MEC/Inep/Deaes 34 89,33 10,67 2005 PRIMEIRA PARTE A análise da evolução da organização acadêmica das IES, Gráfico 4, permite-nos observar uma redução na proporção das Universidades, de 14,8%, em 96, para 8,1, em 2005, e das Faculdades Integradas, de 15,5 para 5,4%. Por outro lado, Os Centros cresceram de 1,4 em 1997 para 5,3 em 2005, e as Faculdades Tecnológicas de 1,5 em 1999 para 8,5% enquanto, as Faculdades, Escolas e Institutos são 72,7, em 2005, quando em 1996 representavam 69,7%. Gráfico 4. IES por Organização Acadêmica 1996-2005 IES POR ORGANIZAÇÃO ACADÊMICA (% ) F.Tec F.E.I F.Int C.Uni Uni 16,7 15,7 14,1 13,2 11,2 15,5 1,4 8,7 1,8 7,7 3,8 6,7 4,2 7,6 4,7 7,1 9,9 4,7 6,4 8,8 4,4 6,4 8,4 5,3 5,9 8,1 5,3 5,4 73,3 74,5 75,7 72,7 74,7 74,1 73,2 73,2 75,5 69,7 14,8 0 0 1996 0 1997 1,5 1999 0 1998 2,4 2001 1,6 2000 3,2 2002 7,2 8,5 2004 2005 5 2003 Fonte: MEC/Inep/Deaes Desta forma, ao término de 2005 os Centros Universitários representam - 5,3% das IES, ficando atrás das Universidades - 8,1%, das Faculdades Tecnológicas - 8,5% e das demais Faculdades - 72,7%. Ao mesmo tempo, quando observamos as matrículas por organização acadêmica, em 2005, constatamos que os Centros Universitários apresentaram um crescimento expressivo no número de matrículas, 15,16% das IES, certamente decorrente de sua autonomia, ficando atrás das Universidades, que representam 55,46% e das Faculdades, Escolas e Institutos, com 22,85%, e à frente das Faculdades Tecnológicas, 1,87%, e das Faculdades Integradas, 4,67% (Gráfico 5). Gráfico 5. Matrículas por Organização Acadêmica 2005 Figura1 - MATRICULAS POR ORGANIZAÇÃO ACADÊMICA (% ) F.Tec 64,7 0 13,1 F.E.I F.Int C.Uni Uni 68,2 69 68,3 67,1 64,5 61,8 2,6 7,3 2,9 7,3 6,8 4,9 9,1 5,4 11,2 12,4 5,5 5,2 58,6 56,9 55,46 12,9 14,8 15,16 5,4 4,8 4,67 22,2 21,9 20,8 19,1 17,6 17,8 19,4 21,6 21,7 22,85 0 1 0 2 0 3 0,8 4 0,9 5 1 6 1,2 7 1,5 8 1,8 9 1,87 10 Fonte: MEC/Inep/Deaes A análise dos dados do Censo de 2005, Tabela 1, permite-nos constatar que ao final de 1997 já estavam instalados 10 Centros Universitários; ao final de 2005, os Centros já somavam 114 instituições, sendo sua maioria particular, e apenas três, municipais. Neste período houve um único Centro Universitário Federal, e era especializado em saúde, criado em 1º de outubro de 2001, pelo Ministro Paulo Renato, Portaria MEC nº. 2101, e em 2005, transformado em Universidade Federal de Alfenas, através da Lei 11.154. 35 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 Tabela1. - Expansão segundo categoria e subcategoria de IES: item II - centros universitários. Centros Universitários Ano 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Total 10 18 39 50 66 77 81 107 114 Centros Universitários Federal Estadual Municipal 1 1 1 1 2 1 2 1 2 3 Observando os dados atualizados de 2007, disponíveis no Portal SINAES, site do INEP, constatamos segundo as categorias das IES: 2141 instituições privadas e 257 públicas, que estão academicamente organizadas em 177 Universidades, 185 Centros Universitários e 2036 Faculdades. Particular 10 18 39 49 64 74 78 104 111 Estes dados, também, evidenciam que os Centros Universitários, segundo as categorias das IES, representam 143 instituições privadas e 42 públicas, destes 37 federais, dois estaduais e três municipais. Após sua criação em 1997, os Centros Universitários vêm consolidando-se como uma eficiente estratégia educacional. Parte deste fortalecimento é devida à capacidade de aglutinação, mobilização e articulação da ANACEU, sua locomotiva. Aqui quero fazer um reconhecimento ao papel relevante dos seus primeiros presidentes: Magno Maranhão e Eduardo Storópoli, e todos seus associados que contribuíram decisivamente neste processo. Entretanto, trabalhando com a Planilha nominal dos Centros Universitários, elaborada pelo INEP, Tabelas 3 e 4, verificamos uma discreta diferença na informação dos dados. Aqui os centros universitários totalizam 158 instituições, sendo 118 privadas e 40 Públicas, cinco municipais e uma estadual. Desta forma 75% dos centros são privados e 25% públicos. (Gráfico 6). Tabela 3. – Centros Universitários Privados - 2007 Instituição A EDUCAÇÃO SUPERIOR BRASILEIRA: SITUAÇÃO APÓS O DECRETO PONTE Situação Atual Centro Universitário de Brusque CREDENCIADO Centro Universitário de Jaraguá do Sul RECREDENCIADO Centro Universitário Herminio Ometto de Araras CREDENCIADO Centro Universitário do Planalto de Araxá CREDENCIADO Centro Universitário de Itajubá CREDENCIADO Centro Universitário do Sul de Minas CREDENCIADO Centro Universitário de Patos de Minas RECREDENCIADO Centro Universitário de Lavras RECREDENCIADO Centro Universitário de Caratinga CREDENCIADO Centro Universitário de Formiga CREDENCIADO Centro Universitário Barriga Verde CREDENCIADO Centro Universitário Feevale RECREDENCIADO Centro Universitário de Araraquara RECREDENCIADO Centro Universitário de Araras - “Dr. Edmundo Ulson” – UNAR CREDENCIADO Centro Universitário Claretiano RECREDENCIADO Centro Universitário Barão de Mauá RECREDENCIADO Centro Universitário do Triângulo RECREDENCIADO Centro Universitário de Rio Preto CREDENCIADO Centro Universitário Assunção CREDENCIADO Centro Universitário Belas Artes de São Paulo CREDENCIADO Centro Universitário da Cidade RECREDENCIADO Centro Universitário Ítalo-Brasileiro CREDENCIADO Centro Universitário Moura Lacerda RECREDENCIADO Centro Universitário Álvares Penteado CREDENCIADO Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix CREDENCIADO Centro Universitário de Votuporanga RECREDENCIADO Centro Universitário Lusíada CREDENCIADO Centro Universitário de Santo André RECREDENCIADO Após nove de maio de 2006, o Decreto n° 5.773 - o Decreto Ponte -, redefiniu, no seu artigo doze, as instituições de educação superior, de acordo com sua organização e respectivas prerrogativas acadêmicas, que passam a ser credenciadas como: - faculdades; - centros universitários; e – universidades. Esta nova classificação trouxe alterações na forma de apresentação de dados e seu tratamento estatístico, a partir de 2006. Centro Universitário Fieo RECREDENCIADO Centro Universitário Capital RECREDENCIADO Centro Universitário Augusto Motta CREDENCIADO Centro Universitário Nove de Julho RECREDENCIADO Centro Universitário Newton Paiva RECREDENCIADO Centro Universitário Una CREDENCIADO Centro Universitário de Belo Horizonte RECREDENCIADO Centro Universitário de João Pessoa RECREDENCIADO Centro Universitário Paulistano CREDENCIADO Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas RECREDENCIADO Centro Universitário Ibero-Americano RECREDENCIADO Centro Universitário de Anápolis CREDENCIADO Centro Universitário de Goiás CREDENCIADO Assim as faculdades isoladas e tecnológicas; os institutos e as escolas e as faculdades integradas estão agrupadas no item I – faculdades, enquanto os Centros de Educação Tecnológicos estão incluídos no Centro Universitário de Brasília RECREDENCIADO Centro Universitário Franciscano RECREDENCIADO Centro Universitário Filadélfia RECREDENCIADO Centro Universitário Ritter dos Reis CREDENCIADO Centro Universitário Luterano de Ji-Paraná CREDENCIADO Centro Universitário Luterano de Santarém CREDENCIADO Até do Decreto Ponte os referenciais das Instituições de Educação Superior, tomando como base o Censo 2005, são de: -176 Universidades: 90 públicas e 86 privadas. Das públicas: 52 federais, 33 estaduais e cinco municipais. As privadas: 61 entre comunitárias, confessionais e filantrópicas e 25 particulares. – 114 Centros Universitários: 111 privadas e três públicas, todas municipais. Das privadas: 62 particulares e 49 entre comunitárias, confessionais e filantrópicas. - As Faculdades Integradas 117 (113 privadas e 3 públicas, municipais), as Faculdades, Escolas e Instituto 1574 (1493 particulares, 8 federais, 26 estaduais e 47 municipais) e Centro de Educação Tecnológica 184 (131 particulares, 37 federais e 16 estaduais). 36 PRIMEIRA PARTE Tabela 4. - Centros Universitários Públicos – 2007 Centro Universitário Luterano de Manaus CREDENCIADO Centro Universitário Luterano de Palmas RECREDENCIADO Centro Universitário Sant´Anna RECREDENCIADO Centro Universitário Serra dos Órgãos CREDENCIADO Centro Universitário Metropolitano de São Paulo CREDENCIADO Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais Centro Universitário de Volta Redonda RECREDENCIADO Centro Federal de Educação Tecnológica da Bahia FEDERAL Centro Universitário Monte Serrat CREDENCIADO Centro Federal de Educação Tecnológica do Maranhão FEDERAL Centro Universitário de Barra Mansa RECREDENCIADO Centro Federal de Educação Tecnológica de Bento Gonçalves FEDERAL Centro Universitário Plínio Leite CREDENCIADO Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte FEDERAL Centro Universitário Moacyr Sreder Bastos CREDENCIADO Centro Universitário do Distrito Federal Centro Federal de Educação Tecnológica de Campos FEDERAL CREDENCIADO Centro Universitário Celso Lisboa Centro Federal de Educação Tecnológica da Paraíba FEDERAL CREDENCIADO Centro Universitário Metodista Bennett Centro Federal de Educação Tecnológica de Urutaí FEDERAL CREDENCIADO Centro Universitário La Salle Centro Federal de Educação Tecnológica de Pelotas FEDERAL RECREDENCIADO Centro Universitário Vila Velha Centro Federal de Educação Tecnológica de Cuiabá FEDERAL CREDENCIADO Centro Universitário de Ensino Superior do Amazonas Centro Federal de Educação Tecnológica do Ceará FEDERAL CREDENCIADO Centro Universitário Nilton Lins Centro Federal de Educação Tecnológica do Espírito Santo FEDERAL RECREDENCIADO Centro Universitário da Grande Dourados Centro Federal de Educação Tecnológica de Pernambuco FEDERAL RECREDENCIADO Centro Universitário Central Paulista Centro Federal de Educação Tecnológica de São Paulo FEDERAL CREDENCIADO Centro Universitário Hermínio da Silveira Centro Federal de Educação Tecnológica de Goiás FEDERAL CREDENCIADO Centro Universitário Franciscano do Paraná Centro Federal de Educação Tecnológica do Amazonas FEDERAL CREDENCIADO Centro Universitário São Camilo Centro Federal de Educação Tecnológica do Pará FEDERAL RECREDENCIADO Centro Universitário São Camilo - Espírito Santo CREDENCIADO Centro Federal de Educação Tecnológica do Piauí FEDERAL Centro Universitário do Estado do Pará CREDENCIADO Centro Federal de Educação Tecnológica de Alagoas FEDERAL Centro Universitário Radial CREDENCIADO Centro Federal de Educação Tecnológica de Petrolina FEDERAL Centro Universitário de Várzea Grande RECREDENCIADO Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina FEDERAL Centro Universitário Carioca RECREDENCIADO Centro Federal de Educação Tecnológica de Química de Nilópolis FEDERAL Centro Universitário do Maranhão CREDENCIADO Centro Federal de Educação Tecnológica do Mato Grosso FEDERAL Centro Universitário de Desenvolvimento do Centro-Oeste CREDENCIADO Centro Federal de Educação Tecnológica de Uberaba FEDERAL Centro Universitário do Leste de Minas Gerais RECREDENCIADO Centro Federal de Educação Tecnológica de Sergipe FEDERAL Centro Universitário de Campo Grande CREDENCIADO Centro Federal de Educação Tecnológica de Roraima FEDERAL Centro Universitário Salesiano de São Paulo RECREDENCIADO Centro Federal de Educação Tecnológica de São Vicente do Sul FEDERAL Centro Universitário Univates RECREDENCIADO Centro Federal de Educação Tecnológica de Januária FEDERAL Centro Universitário Positivo RECREDENCIADO Centro Federal de Educação Tecnológica de Ouro Preto FEDERAL Centro Universitário Anhangüera CREDENCIADO Centro Federal de Educação Tecnológica de Rio Pomba FEDERAL Centro Universitário da Bahia CREDENCIADO Centro Federal de Educação Tecnológica de Rio Verde FEDERAL Centro Universitário Euro-Americano CREDENCIADO Centro Universitário do Norte Paulista RECREDENCIADO Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio RECREDENCIADO Centro Universitário Módulo CREDENCIADO Centro Universitário de Maringá – Ceumar CREDENCIADO Centro Universitário de Jales CREDENCIADO Centro Universitário Amparense CREDENCIADO Centro Regional Universitário de Espírito Santo do Pinhal CREDENCIADO Centro Universitário Campos de Andrade CREDENCIADO Centro Universitário Cândido Rondon CREDENCIADO Centro Universitário Adventista de São Paulo RECREDENCIADO Centro Universitário Toledo CREDENCIADO Centro Universitário Curitiba CREDENCIADO Centro Universitário do Norte CREDENCIADO Centro Universitário do Instituto Mauá de Tecnologia RECREDENCIADO Centro Universitário Planalto do Distrito Federal – Uniplan CREDENCIADO Centro Universitário do Cerrado-Patrocínio CREDENCIADO Centro Universitário Leonardo da Vinci CREDENCIADO Centro Universitário Geraldo Di Biase CREDENCIADO Centro Universitário do Espírito Santo RECREDENCIADO Centro Universitário Fundação de Ensino Octávio Bastos – Feob CREDENCIADO PRIVADAS Centro Universitário de Lins CREDENCIADO Centro Universitário Diocesano do Sudoeste do Paraná PUBLICAS CREDENCIADO Centro Universitário da Fundação Educacional Inaciana Pe Sabóia de Medeiros CREDENCIADO Fiam-Faam - Centro Universitário CREDENCIADO Abeu - Centro Universitário CREDENCIADO Centro Universitário Eurípedes de Marília CREDENCIADO Centro Universitário da Fundação Educacional Guaxupé CREDENCIADO Centro Universitário SENAC CREDENCIADO Centro Universitário Metodista CREDENCIADO Centro Universitário Padre Anchieta CREDENCIADO Centro Universitário Fluminense CREDENCIADO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium CREDENCIADO Centro Universitário de Sete Lagoas CREDENCIADO Categoria Administrativa Instituição FEDERAL FEDERAL Centro Federal de Educação Tecnológica de Bambuí FEDERAL Centro Universitário Estadual da Zona Oeste ESTADUAL Centro Universitário de Franca ESTADUAL/ MUNICIPAL Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino – Fae ESTADUAL/ MUNICIPAL ESTADUAL/ MUNICIPAL ESTADUAL/ MUNICIPAL ESTADUAL/ MUNICIPAL Centro Universitário de União da Vitória Centro Universitário Fundação Santo André Centro Universitário Municipal de São José Gráfico 6. - Centros Universitários situação em 2007 25% 75% 37 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 tivo pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – SINAES; A normatização do Decreto Ponte pelo Conselho Nacional de Educação, resultou na Resolução nº 11, de 10 de julho de 2006, decorrente do Parecer CNE/ CES 167/2006, provocado pela indicação CNE/CES nº 2/2006, que revogou vários atos normativos entre eles a Resolução CNE/CES nº 10, de 11 de março de 2002 (decorrente do Parecer CNE/CES nº 1.366/2001) – Dispõe sobre o credenciamento, transferência de mantença, estatutos e regimentos de instituições de ensino superior, autorização de cursos de graduação, reconhecimento e renovação de reconhecimento de cursos superiores, normas e critérios para supervisão do ensino superior do Sistema Federal de Educação Superior -; e a Resolução CNE/CES nº 23, de 5 de novembro de 2002 (decorrente dos Pareceres CNE/ CES nos 1.366/2001 e 267/2002) – Dispõe sobre o recredenciamento de universidades e centros universitários do sistema federal de educação superior. VIII – plano de carreira e de política de capacitação docente implantados; IX – biblioteca que atenda adequadamente às exigências dos cursos em funcionamento, com planos fundamentados de expansão física e de acervo, com integração efetiva na vida acadêmica da Instituição; X – não ter pedido de reconhecimento de curso de graduação ou superior indeferido pelo Ministério da Educação, ou pelo Conselho Nacional de Educação, nos últimos 3 (três) anos; XI – não ter sido submetida às penalidades de que trata o § 1º do art. 46 da Lei nº9.394/96, regulamentado pelo art. 52 do Decreto nº 5.773/2006. Parágrafo único. Não poderão solicitar credenciamento como Centro Universitário instituições de educação superior que, comprovadamente, tenham cometido irregularidades ou sofrido punições por parte do Ministério da Educação, nos últimos 6 (seis) anos. Assim, como conseqüência, foi editada a Resolução nº 10, de 4 de outubro de 2007, que dispõe sobre normas e procedimentos para o credenciamento e o recredenciamento de Centros Universitários, tendo como base principal o Parecer CNE/CES nº 85/2007 e complementar o Parecer do Conselho Pleno de nº: 5/2007, resultante de recurso contra a decisão do Parecer CNE/CES nº 85/2007. O texto tem como inspiração, maior, o Projeto de Lei 7200, de 10 de abril de 2006, conhecido como Reforma da Educação Superior, que se encontra no Congresso Nacional. E como decorrência do recurso, ao pleno, a resolução fixa excepcionalidade através do artigo 7: Os processos de credenciamento de Centros Universitários em tramitação no Ministério da Educação, com ingresso até 29 de março de 2007, assim como os processos de recredenciamento de Centros Universitários, credenciados até esta mesma data, observarão os seguintes critérios: § 1o Os processos referidos no caput ficam dispensados do requisito de funcionamento regular há, no mínimo, 6 (seis) anos, estabelecido no art. 2o desta Resolução. A Resolução, no seu artigo terceiro estabelece condições prévias para a instituição de educação superior solicitar credenciamento como Centro Universitário: § 2o O requisito do inciso III do art. 3º deve ser substituído por um mínimo de cinco cursos de graduação reconhecidos e com avaliação positiva pelo Ministério da Educação. I – mínimo de 20% (vinte por cento) do corpo docente contratado em regime de tempo integral ou dedicação exclusiva de trabalho na Instituição; II – mínimo de 33% (trinta e três por cento) do corpo docente com titulação acadêmica de mestrado ou doutorado; § 3o Os processos referidos no caput ficam dispensados dos requisitos dos incisos V e VI do art. 3º desta Resolução. III – mínimo de oito cursos de graduação reconhecidos e com avaliação positiva pelo Ministério da Educação; § 4º O requisito do inciso X do art. 3º deve ser substituído pela condição de não ter pedido de reconhecimento de curso superior negado pelo Conselho Nacional de Educação, ou pelo Ministério da Educação, nos últimos 5 (cinco) anos. IV – plano de desenvolvimento institucional e proposta de estatuto compatíveis com sua complexidade; V – programa de extensão institucionalizado nos campos do saber abrangidos por seus cursos de graduação; TENDÊNCIAS, PERSPECTIVAS E DESAFIOS DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS VI – programa de iniciação científica ou tecnológica institucionalizado, cujos projetos devem ser orientados por professores doutores ou mestres; Atualmente, o número de instituições credenciadas como Centros Universitários e Universidades, é praticamente equivalente. VII – programa de avaliação institucional com avaliação positiva em, no mínimo, 1 (um) ciclo avalia- 38 PRIMEIRA PARTE Considerando a legislação atual para credenciamento de instituições e autorização de cursos, bem como a curva de crescimento das IES, temos uma clara tendência que aponta, de forma irreversível, fortemente, para um crescimento a taxas muito maiores dos Centros Universitários. Hoje estão protocolados, cerca de 60 novos processos de transformação. explicitado e aprovado no seu plano de desenvolvimento institucional, aos cursos de graduação que tenham sido positivamente avaliados pelas instâncias competentes; e III - fixar o número de vagas em seus cursos e programas, de acordo com a capacidade institucional e as necessidades de seu meio e as áreas de influência. Propõe-se a criar uma nova figura, o Centro Universitário Federal, como pessoa jurídica de direito público, instituídos e mantidos pela União, criados por lei, e que acredito devam contemplar os atuais CEFETs. Os Centros consolidam-se nos seus processos avaliativos como instituições de qualidade comprovada. Já foram avaliados de todas as maneiras, inclusive são as únicas a serem avaliadas para fins de recredenciamento. O Governo havia pedido urgência na tramitação, mas depois recuou. Hoje quarenta e dois Centros Universitários Privados, 35,59% do total, já foram recredenciados. Mostrando o compromisso com a qualidade em seus planos de desenvolvimento institucional. Portanto há tempo para que sejam feitos os ajustes ao projeto, até porque o atual Decreto n.º 5.786, de 24 de maio de 2006, que estabeleceu as regras para credenciamento dos Centros Universitários contemplou, entre outros avanços, que os centros poderão registrar diplomas dos cursos por eles oferecidos, portanto está mais adequado à diferenciação que desejamos para os Centros. É, portanto, uma estratégia inteligente de expansão na Educação Superior Brasileira, pois associa qualidade com autonomia e responsabilidade. Sua fragilidade, porém, está na falta de uma Lei que lhe dê um embasamento jurídico mais forte. Esta organização acadêmica das instituições por decreto deixa-as vulneráveis. É só observar a seqüência de decretos, neste mesmo governo, onde saímos de um extremo de ameaça de extinção, para uma condição melhor do que a original. Fato que pode se repetir em qualquer Governo ou a qualquer momento. Cabe registrar que a ANACEU apresentou um projeto de lei específico para os Centros Universitários que, até o momento, ainda não logrou êxito. É fundamental rompermos a lógica cartorial e de números cabalísticos. A opção institucional para ser Universidade, Centro Universitário e Faculdade, ou outras formas de organização, deve decorrer da sua missão e vocação. Como Educação é uma Política de Estado e Não de Governo, é fundamental que a organização acadêmica das IES seja estabelecida por Lei. Assim uma Universidade tem como característica diferenciadora seu compromisso com a produção do conhecimento e a inovação, através da pesquisa, sem, contudo, descurar da qualidade do ensino e da integração com a sociedade, extensão. Os Centros diferenciam-se pelo ensino de qualidade, e uma forte integração com a sociedade, explicitadas nas propostas de seus cursos e programas e na extensão. E as Faculdades um forte compromisso com a qualidade do ensino. Todas têm o seu valor e sua importância, portanto não representam uma seqüência hierárquica de instituições. O Governo apresentou o Projeto de Lei 7200, de 10 de abril de 2006, que estabelece normas gerais da educação superior, regula a educação superior no sistema federal de ensino, e que mantém a mesma organização acadêmica presente no Decreto n.º 5.773, de 09 de maio de 2006. Os Centros Universitários são conceituados, em termos parecidos com a Resolução nº. 10, de 04 de outubro de 2007, como instituições de ensino superior que atendem aos seguintes requisitos mínimos: I - estrutura pluridisciplinar, com oferta regular, em diferentes campos do saber, de pelo menos oito cursos de graduação, todos reconhecidos e com avaliação positiva pelas instâncias competentes; II - programa institucional de extensão nos campos do saber abrangidos pela instituição; III - um quinto do corpo docente em regime de tempo integral ou dedicação exclusiva, majoritariamente com titulação acadêmica de mestrado ou doutorado; e IV - um terço do corpo docente com titulação acadêmica de mestrado ou doutorado, sendo um terço destes doutores. Admite o centro especializado. E define as seguintes prerrogativas: I - atuar na sua sede, localizada no Município ou no Distrito Federal; II - criar, no mesmo campo do saber, cursos congêneres, conforme AGRADECIMENTOS Agradeço a Vitória Pereira, do Conselho Nacional de Educação, e a Donatila Pereira, do Ministério da Justiça, pela colaboração na fonte de pesquisa bibliográfica. E pela liberação e apoio na base de dados do INEP a Dilvo Ristoff e Sandra Cunha. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 39 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 de outubro de 1988. disposições contidas no art. 10 da Medida Provisória 1.477-39, de 8 de agosto de 1997, e nos arts. 16, 19, 20, 45, 46 e § 1º, 52, parágrafo único, 54 e 88 da Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e dá outras providências (Regulamentação da nova LDB) (Revoga o Decreto 2.207/97) (Revogado pelo Decreto n.º 3.860, de 9 de julho de 2001) BRASIL. Lei n°. 4.024, de 20 de dezembro de 1961. Fixa as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 27 dez. 1961. •Decreto n.º 3.860, de 9 de julho de 2001 – Dispõe sobre a organização do ensino superior, a avaliação de cursos e instituições, e dá outras providências (Regulamentação da nova LDB) (Revoga os Decretos 2.026, de 10 de outubro de 1996 e Decreto n.º 2.306, de 19 de agosto de 1997) (Alterado pelo Decreto n.º 3.864, de 11 de julho de 2001 e pelo Decreto n.º 3.908, de 4 de setembro de 2001) (Ver Decreto n.º 4.914, de 11 de dezembro de 2003, que dispõe sobre os centros universitários de que trata o art. 11 do Decreto n.º 3.860, de 9 de julho de 2001, e dá outras providências) (Ver tb. Decreto n.º 5.225, de 1º de outubro de 2004, que altera dispositivos do Decreto n.º 3.860, de 9 de julho de 2001, que dispõe sobre a organização do ensino superior e a avaliação de cursos e instituições, e dá outras providências). Revogado pelo Decreto n.º 5.773, de 9 de maio de 2006, que dispõe sobre o exercício das funções de regulação, supervisão e avaliação de instituições de educação superior e cursos superiores de graduação e seqüenciais no sistema federal de ensino. _______. Lei n°. 5.540, de 28 de novembro de 1968. Fixa normas de organização e funcionamento do ensino superior e sua articulação com a escola média, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 29 nov. 1961. _______. Lei n°. 9.131, de 24 de novembro de 1995. Altera dispositivos da Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 25 nov. 1995. _______. Lei n°. 9.394,de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 dez. 1996. _______.Lei n° 10.172, de 9 de janeiro de 2001. Aprova o Plano Nacional de Educação e dá outras providencias. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 10 jan. 2001. DECRETOS •Decreto n.º 3.864, de 11 de julho de 2001 – Acresce dispositivo ao Decreto n.º 3.860, de 9 de julho de 2001, que dispõe sobre a organização do ensino superior, a avaliação de cursos e instituições, e dá outras providências (Regulamentação da nova LDB) (Revogado pelo Decreto n.º 5.773, de 9 de maio de 2006, que dispõe sobre o exercício das funções de regulação, supervisão e avaliação de instituições de educação superior e cursos superiores de graduação e seqüenciais no sistema federal de ensino) •Decreto n.º 2.207, de 15 de abril de 1997 - Regulamenta, para o Sistema Federal de Ensino, as disposições contidas nos artigos 19, 20, 45, 46 e § 1º, 52, parágrafo único, 54 e 88 da Lei n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e dá outras providências (Regulamentação da nova LDB) (Revoga os Decretos 1.303/94, 1.334/94 e 1.472/95) (Revogado pelo Decreto 2.306/97) •Decreto n.º 2.306, de 19 de agosto de 1997 Regulamenta, para o Sistema Federal de Ensino, as disposições contidas no art. 10 da Medida Provisória 1.477-39, de 8 de agosto de 1997, e nos arts. 16, 19, 20, 45, 46 e § 1º, 52, parágrafo único, 54 e 88 da Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e dá outras providências (Regulamentação da nova LDB) (Revoga o Decreto 2.207/97) (Revogado pelo Decreto n.º 3.860, de 9 de julho de 2001) •Decreto n.º 3.908, de 4 de setembro de 2001 – Dá nova redação ao § 3º do art. 10 do Decreto n.º 3.860, de 9 de julho de 2001, que dispõe sobre a organização do ensino superior, a avaliação de cursos e instituições, e dá outras providências (Regulamentação da nova LDB) (Revogado pelo Decreto n.º 5.773, de 9 de maio de 2006, que dispõe sobre o exercício das funções de regulação, supervisão e avaliação de instituições de educação superior e cursos superiores de graduação e seqüenciais no sistema federal de ensino) •Decreto n.º 2.207, de 15 de abril de 1997 - Regulamenta, para o Sistema Federal de Ensino, as disposições contidas nos artigos 19, 20, 45, 46 e § 1º, 52, parágrafo único, 54 e 88 da Lei n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e dá outras providências (Regulamentação da nova LDB) (Revoga os Decretos 1.303/94, 1.334/94 e 1.472/95) (Revogado pelo Decreto 2.306/97) •Decreto n.º 4.914, de 11 de dezembro de 2003 – Dispõe sobre os centros universitários de que trata o art. 11 do Decreto n.º 3.860, de 9 de julho de 2001, e dá outras providências (Regulamentação da nova LDB) (Ref.: Veda a constituição de novos centros universitários. Admite a criação de centros de ensino superior •Decreto n.º 2.306, de 19 de agosto de 1997 Regulamenta, para o Sistema Federal de Ensino, as 40 PRIMEIRA PARTE nas cidades em que o Ministério da Educação indicar, em função de necessidades sociais. Princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. Corpo Docente - Regime de tempo integral; Plano de Desenvolvimento Institucional – PDI. Veda aos centros universitários a introdução no PDI aprovado de cursos e vagas para graduação em medicina, odontologia, psicologia e direito, sem a prévia manifestação do Conselho Nacional de Saúde no caso dos três primeiros, e do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil no caso do último, não se permitindo o aumento posterior de vagas sem consulta aos órgãos citados e ao MEC). Revogado pelo Decreto n.º 5.786, de 24 de maio de 2006. •Decreto n.º 5.786, de 24 de maio de 2006 – Dispõe sobre os centros universitários, e dá outras providências (Ver Art. 2°, § 4º – Os centros universitários poderão registrar diplomas dos cursos por eles oferecidos) (Regulamentação da nova LDB) (Ref.: Lei 9.394/96, art. 45) (Revoga o Decreto n.º 4.914, de 11 de dezembro de 2003) •Decreto n.º 5.840, de 13 de julho de 2006 - Institui, no âmbito federal, o Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos - PROEJA, e dá outras providências (Ref.: Lei n.º 8.080, de 19 de setembro de 1990; Lei n.º 8.906, de 4 de julho de 1994; Lei n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996; Decreto n.º 5.154, de 23 de julho de 2004) (Altera o § 2º do Art. 28 do Decreto n.º 5.773, de 9 de maio de 2006) (Revoga o Decreto n.º 5.478, de 24 de junho de 2005) •Decreto n.º 5.225, de 1º de outubro de 2004 – Altera dispositivos do Decreto n.º 3.860, de 9 de julho de 2001, que dispõe sobre a organização do ensino superior e a avaliação de cursos e instituições, e dá outras providências (Regulamentação da nova LDB) Revogado pelo Decreto n.º 5.773, de 9 de maio de 2006, que dispõe sobre o exercício das funções de regulação, supervisão e avaliação de instituições de educação superior e cursos superiores de graduação e seqüenciais no sistema federal de ensino. PORTARIAS •Portaria MEC n.º 639, de 13 de maio de 1997 Dispõe sobre o credenciamento de centros universitários, para o sistema federal de ensino superior (Revogada pela Portaria MEC n.º 4.361, de 29 de dezembro de 2004) (Revogada novamente pela Portaria MEC n.º 3.819, de 3 de novembro de 2005) •Decreto n.º 5.773, de 9 de maio de 2006 – Dispõe sobre o exercício das funções de regulação, supervisão e avaliação de instituições de educação superior e cursos superiores de graduação e seqüenciais no sistema federal de ensino (Regulamentação da nova LDB) (Altera os arts. 1º e 17 do Decreto n.º 5.224, de 1º de outubro de 2004, e revoga os Decretos nos 1.845, de 28 de março de 1996, 3.860, de 9 de julho de 2001, 3.864, de 11 de julho de 2001, 3.908, de 4 de setembro de 2001, e 5.225, de 1º de outubro de 2004) (O § 2º do Art. 28 deste Decreto foi alterado pelo Decreto n.º 5.840, de 13 de julho de 2006) (Ver Parecer CNE/CES n.º 166, de 8 de junho de 2006 e Resolução CNE/CES n.º 9, de 14 de junho de 2006, que tratam da delegação de competência da Câmara de Educação Superior ao Secretário de Educação Superior e ao Secretário de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação para a prática de atos de regulação compreendidos no Decreto n.º 5.773, de 9 de maio de 2006) (Ver tb. Resolução CNE/CES n.º 14, de 19 de dezembro de 2006, que dispõe sobre a prorrogação de prazo de delegação de competência para a prática de atos de regulação compreendidos no Decreto nº 5.773, de 9 de maio de 2006, previsto na Resolução CNE/CES n.º 9, de 14 de junho de 2006) (Ver tb. Parecer CNE/CES n.º 177, de 9 de agosto de 2007, que trata da delegação de competência para a prática de ato de regulação, visando ao aditamento de atos de credenciamento de instituições, na situação de transferência de mantença de Instituições de Educação Superior – IES - Deu origem à Resolução CNE/CES n.º ...) •Portaria MEC n.º 2.041, de 22 de outubro de 1997 - Define critérios adicionais de organização institucional para Centros Universitários, e dá outras providências (Revogada pela Portaria MEC n.º 3.819, de 3 de novembro de 2005) •Portaria MEC n.º 2.175, de 27 de novembro de 1997 - Dispõe sobre a criação de cursos de graduação fora de sede por Universidades, Centros Universitários e instituições de educação superior, na mesma unidade da federação em que têm sua sede autorizada, sem prévia consulta ao MEC, com base nos resultados obtidos no Exame Nacional de Cursos (Ref.: Decreto 2.026/96) (Revogada pela Portaria MEC n.º 3.819, de 3 de novembro de 2005) •Portaria MEC n.º 1.465, de 12 de julho de 2001 – Dispõe sobre o recredenciamento de instituições de ensino superior vinculadas ao sistema federal de ensino – Universidades e centros universitários (Ref.: Lei 9.394/96 e Decreto 3.860/2001; Avaliação; Avaliação das Condições de Oferta; Exame Nacional de Cursos) (Revogada pela Portaria MEC n.º 1.199, de 28 de junho de 2006) •Portaria MEC n.º 1.985, de 10 de setembro de 2001 – Estabelece critérios e procedimentos para a suspensão do reconhecimento e a desativação de cursos de graduação, e dispõe sobre a suspensão 41 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 temporária de prerrogativas de autonomia de universidades e centros universitários do sistema federal de ensino (Ref.: Lei 9.394/96; Decreto 3.860/2001; Portarias MEC 877/97 e 1.465/2001; Aproveitamento de estudos para fins de transferência; Avaliação das condições de oferta dos cursos; Desativação de cursos; Exame Nacional de Cursos; Suspensão das Prerrogativas de autonomia para criação de cursos e ampliação de vagas; Processos de Recredenciamento; Suspensão de Reconhecimento de curso; Registro de diplomas; Renovação de reconhecimento) (Revogada pela Portaria MEC n.º 1.028, de 15 de maio de 2006) redação: “Art. 13. Será sustada a tramitação dos processos quando a mantenedora ou a instituição por ela mantida, submetida a processo de sindicância ou inquérito administrativo, permaneça em situação irregular em questões afetas a esta Portaria, após decorrido o prazo para saneamento de irregularidades” (Ref.: Lei 9.394/96; Lei 9.784/99; Lei 10.870/2004; Decreto 3.860/2001; Decreto 5.225/2004) •Portaria MEC n.º 3.819, de 3 de novembro de 2005 – Declara revogadas as Portarias relacionadas no Anexo, ressalvados os efeitos jurídicos já produzidos (Ref.: Lei n.º 9.394/96; Lei Complementar n.º 95/98, art. 9º, com a redação dada pela Lei Complementar n.º 107/2001; Decreto n.º 4.176/2002) (Anexo – Portarias revogadas: Portarias MEC n.ºs 145, de 31 de janeiro de 1997, 525, de 9 de abril de 1997, 526, de 9 de abril de 1997, 527, de 9 de abril de 1997, 528, de 9 de abril de 1997, 529, de 9 de abril de 1997, 530, de 9 de abril de 1997, 531, de 10 de abril de 1997, 637, de 13 de maio de 1997, 639, de 13 de maio de 1997, 640, de 13 de maio de 1997, 641, de 13 de maio de 1997, 646, de 14 de maio de 1997, 671, de 26 de maio de 1997, 745, de 30 de junho de 1997, 877, de 30 de julho de 1997, 878, de 30 de julho de 1997, 946, de 15 de agosto de 1997, 963, de 15 de agosto de 1997, 972, de 22 de agosto de 1997, 2.040, de 22 de outubro de 1997, 2.041, de 22 de outubro de 1997, 2.175, de 27 de novembro de 1997, 53, de 27 de janeiro de 1998, 54, de 5 de fevereiro de 1998, 55, de 5 de fevereiro de 1998, 56, de 5 de fevereiro de 1998, 57, de 5 de fevereiro de 1998, 158, de 27 de fevereiro de 1998, 159, de 27 de fevereiro de 1998, 160, de 27 de fevereiro de 1998, 161, de 27 de fevereiro de 1998, 162, de 27 de fevereiro de 1998, 163, de 27 de fevereiro de 1998, 277, de 31 de março de 1998, 302, de 7 de abril de 1998, 560, de 25 de junho de 1998, 892, de 12 de agosto de 1998, 1.126, de 8 de outubro de 1998, 1.127, de 8 de outubro de 1998, 1.128, de 8 de outubro de 1998, 1.386, de 22 de dezembro de 1998, 1.387, de 22 de dezembro de 1998, 1.388, de 22 de dezembro de 1998, 1.389, de 22 de dezembro de 1998, 1.390, de 22 de dezembro de 1998, 1.391, de 22 de dezembro de 1998, 1.392, de 22 de dezembro de 1998, 1.393, de 22 de dezembro de 1998, 1.394, de 22 de dezembro de 1998, 1.395, de 22 de dezembro de 1998, 126, de 1º de fevereiro de 1999, 127, de 1º de fevereiro de 1999, 128, de 1º de fevereiro de 1999, 336, de 4 de março de 1999, 337, de 4 de março de 1999, 338, de 4 de março de 1999, 339, de 4 de março de 1999, 340, de 4 de março de 1999, 341, de 4 de março de 1999, 342, de 4 de março de 1999, 343, de 4 de março de 1999, 344, de 4 de março de 1999, 345, de 4 de março de 1999, 510, de 12 de março de 1999, 755, de 11 de maio de 1999, 999, de 29 de junho de 1999, 1.468, de 8 de outubro de 1999, 1.469, de 8 de outubro de 1999, 1.470, de 8 de outubro de 1999, 1.471, de 8 de outubro de 1999, 1.472, de 8 de outubro de 1999, 1.559, de 27 de outubro de 1999, •Portaria MEC n.º 4.361, de 29 de dezembro de 2004 – Dispõe que os processos de credenciamento e recredenciamento de instituições de educação superior (IES), credenciamento para oferta de cursos de pós-graduação lato sensu, credenciamento e recredenciamento de instituições de educação superior para oferta de cursos superiores a distância, de autorização, reconhecimento e renovação de reconhecimento de cursos superiores, bem como de transferência de mantença, aumento e remanejamento de vagas de cursos reconhecidos, desativação de cursos, descredenciamento de instituições, Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), aditamento de PDI, além de outros processos afins, deverão ser protocolizados por meio do Sistema de Acompanhamento de Processos das Instituições de Ensino Superior - SAPIEnS/MEC (Ref.: Lei 9.394/96; Lei 9.784/99; Lei 10.172/2001; Lei 10.861/2004; Lei 10.870/2004; Decreto 2.494/1998; Decreto 3.860/2001; Decreto 5.225/2004; Portaria MEC 2.051/2004; Portaria MEC 3.643/2004) (Revoga as Portarias MEC n.ºs 637, de 13 de maio de 1997, 639, de 13 de maio de 1997, 641, de 13 de maio de 1997, 877, de 30 de julho de 1997, 946, de 15 de agosto de 1997, 301, de 7 de abril de 1998, 1.647, de 25 de novembro de 1999, 445, de 31 de março de 2000, 64, de 12 de janeiro de 2001, 2.402, de 9 de novembro de 2001, 323, de 31 de janeiro de 2002, e 3.131, de 8 de novembro de 2002 e Portaria SESu/MEC n.º 859, de 24 de outubro de 2002) (Ver Portaria MEC n.º 3.160, de 13 de setembro de 2005, que revoga o artigo 2º da Portaria MEC n.º 4.361, de 29 de dezembro de 2004, e altera o artigo 13 da citada Portaria, que passa a vigorar com a seguinte redação: “Art. 13. Será sustada a tramitação dos processos quando a mantenedora ou a instituição por ela mantida, submetida a processo de sindicância ou inquérito administrativo, permaneça em situação irregular em questões afetas a esta Portaria, após decorrido o prazo para saneamento de irregularidades”) •Portaria MEC n.º 3.160, de 13 de setembro de 2005 – Revoga o artigo 2º da Portaria MEC n.º 4.361, de 29 de dezembro de 2004, e altera o artigo 13 da citada Portaria, que passa a vigorar com a seguinte 42 PRIMEIRA PARTE 1.560, de 27 de outubro de 1999, 1.561, de 27 de outubro de 1999, 1.562, de 27 de outubro de 1999, 1.563, de 27 de outubro de 1999, 1.564, de 27 de outubro de 1999, 1.565, de 27 de outubro de 1999, 1.566, de 27 de outubro de 1999, 1.567, de 27 de outubro de 1999, 1.568, de 27 de outubro de 1999, 1.569, de 27 de outubro de 1999, 1.622, de 3 de novembro de 1999, 1.623, de 3 de novembro de 1999, 1.740, de 9 de dezembro de 1999, 1.741, de 9 de dezembro de 1999, 1.779, de 17 de dezembro de 1999, 1.780, de 17 de dezembro de 1999, 1.781, de 17 de dezembro de 1999, 1.782, de 17 de dezembro de 1999, 1.783, de 17 de dezembro de 1999, 1.784, de 17 de dezembro de 1999, 1.785, de 17 de dezembro de 1999, 1.786, de 17 de dezembro de 1999, 1.787, de 17 de dezembro de 1999, 1.788, de 17 de dezembro de 1999, 1.789, de 17 de dezembro de 1999, 1.790, de 17 de dezembro de 1999, 1.791, de 17 de dezembro de 1999, 1.792, de 17 de dezembro de 1999, 1.793, de 17 de dezembro de 1999, 1.794, de 17 de dezembro de 1999, 1.795, de 17 de dezembro de 1999, 1.796, de 17 de dezembro de 1999, 1.098, de 5 de junho de 2001, 1.295, de 28 de junho de 2001, 2.941, de 17 de dezembro de 2001, 279, de 30 de janeiro de 2002, 280, de 30 de janeiro de 2002, 281, de 30 de janeiro de 2002, 282, de 30 de janeiro de 2002, 283, de 30 de janeiro de 2002, 284, de 30 de janeiro de 2002, 285, de 30 de janeiro de 2002, 286, de 30 de janeiro de 2002, 287, de 30 de janeiro de 2002, 288, de 30 de janeiro de 2002, 289, de 30 de janeiro de 2002, 290, de 30 de janeiro de 2002, 291, de 30 de janeiro de 2002, 292, de 30 de janeiro de 2002, 293, de 30 de janeiro de 2002, 294, de 30 de janeiro de 2002, 295, de 30 de janeiro de 2002, 296, de 30 de janeiro de 2002, 344, de 6 de fevereiro de 2002, 345, de 6 de fevereiro de 2002, 3.848, de 24 de dezembro de 2002, 4.024, de 30 de dezembro de 2002, 4.025, de 30 de dezembro de 2002) junho de 2005; Portaria MEC n.º 2.578, de 21 de julho de 2005; Portaria MEC n.º 3.060, de 6 de setembro de 2005; Portaria MEC n.º 3.225, de 21 de setembro de 2005) •Portaria MEC n.º 1.199, de 28 de junho de 2006 – Declara revogadas as Portarias relacionadas no Anexo, ressalvados os efeitos jurídicos já produzidos (Ref.: Lei n.º 9.394/96; Lei Complementar n.º 95/98, art. 9º, com a redação dada pela Lei Complementar n.º 107/2001; Decreto n.º 4.176/2002; Decreto n.º 3.860/2001; Decreto n.º 5.773/2006) (Anexo – Portarias revogadas: Portaria MEC n.º 1.465, de 12 de julho de 2001; Portaria MEC n.º 2.420, de 27 de agosto de 2002; Portaria MEC n.º 1.217, de 12 de maio de 2004; Portaria MEC n.º 1.263, de 13 de maio de 2004; Portaria MEC n.º 1.685, de 8 de junho de 2004; Portaria MEC n.º 3.630, de 8 de novembro de 2004; Portaria MEC n.º 3.631, de 8 de novembro de 2004; Portaria MEC n.º 4.036, de 8 de dezembro de 2004; Portaria MEC n.º 2.561, de 20 de julho de 2005; Portaria MEC n.º 3.036, de 1° de setembro de 2005) RESOLUÇÕES •Resolução CNE/CES n.º 1, de 7 de abril de 1998 (Ref.: Par. CNE/CES n.º 750/97) – Prorroga o prazo para adaptação dos Estatutos e Regimentos das Universidades e Centros Universitários credenciados em 1996 e 1997 (Revogada pela Resolução CNE/CES n.º 11, de 10 de julho de 2006) •Resolução CNE/CES n.º 10, de 11 de março de 2002 (Ref.: Par. CNE/CES n.º 1.366/2001) – Dispõe sobre o credenciamento, transferência de mantença, estatutos e regimentos de instituições de ensino superior, autorização de cursos de graduação, reconhecimento e renovação de reconhecimento de cursos superiores, normas e critérios para supervisão do ensino superior do Sistema Federal de Educação Superior (Alterada pela Resolução CNE/CES n.º 22, de 5 de novembro de 2002) (Ver tb. Parecer CNE/CES n.º 267, de 4 de setembro de 2002, que reexamina o Parecer CNE/CES n.º 111, de 13 de março de 2002, que apresenta Projeto de Resolução que dispõe sobre o recredenciamento de Universidades e de Centros Universitários e que deu origem à Resolução CNE/ CES n.º 23, de 5 de novembro de 2002) (Revogada pela Resolução CNE/CES n.º 11, de 10 de julho de 2006) •Portaria MEC n.º 1.028, de 15 de maio de 2006 – Declara revogadas as Portarias relacionadas no Anexo, ressalvados os efeitos jurídicos já produzidos (Ref.: Lei n.º 9.394/96; Lei Complementar n.º 95/98, art. 9º, com a redação dada pela Lei Complementar n.º 107/2001; Decreto n.º 4.176/2002; Decreto n.º 3.860/2001; Decreto n.º 5.773/2006) (Anexo – Portarias revogadas: Portaria MEC n.º 385, de 28 de abril de 1995; Portaria MEC n.º 780, de 4 de julho de 1997; Portaria MEC n.º 946, de 15 de agosto de 1997; Portaria MEC n.º 301, de 7 de abril de 1998; Portaria MEC n.º 64, de 12 de janeiro de 2001; Portaria MEC n.º 1.985, de 10 de setembro de 2001; Portaria MEC n.º 386, de 5 de fevereiro de 2004; Portaria MEC n.º 1.264, de 13 de maio de 2004; Portaria MEC n.º 2.477, de 18 de agosto de 2004; Portaria MEC n.º 3.065, de 30 de setembro de 2004; Portaria MEC n.º 3.643, de 9 de novembro de 2004; Portaria MEC n.º 4.035, de 8 de dezembro de 2004; Portaria MEC n.º 4.360, de 29 de dezembro de 2004; Portaria MEC n.º 2.114, de 16 de •Resolução CNE/CES n.º 22, de 5 de novembro de 2002 (Ref.: Par. CNE/CES n.º 337/2002) – Altera a redação dos arts. 2º, parágrafo único, 9º, parágrafo único, 16, parágrafo único, e 24 e demais dispositivos da Resolução CNE/CES 10, de 11 de março de 2002, 43 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 que dispõe sobre o credenciamento, transferência de mantença, estatutos e regimentos de instituições de ensino superior, autorização de cursos de graduação, reconhecimento e renovação de reconhecimento de cursos superiores, normas e critérios para supervisão do ensino superior do Sistema Federal de Educação Superior (Revogada pela Resolução CNE/CES n.º 11, de 10 de julho de 2006) 2007 (Ref.: Parecer CNE/CES nº 85/2007 e o Parecer do CNE/CP nº: 5/2007) - Dispõe sobre normas e procedimentos para o credenciamento e o recredenciamento de Centros Universitários. •Resolução CNE/CES n.º 23, de 5 de novembro de 2002 – (Ref.: Par. CNE/CES n.ºs 1.366/2001 e 267/2002) - Dispõe sobre o recredenciamento de Universidades e Centros Universitários do sistema federal de educação superior (Ref.: Lei 9.394/96, arts. 52 e 88; Pareceres CNE/CES 1.366/2001, 0063/2002 e 111/2002, Sistema de Avaliação do Ensino Superior; Manual de Avaliação Institucional para Recredenciamento de Centros Universitários; Manual de Avaliação Institucional para Recredenciamento de Universidades; Plano de Desenvolvimento Institucional – PDI - Período de 10 anos; Processo de recredenciamento; Avaliação das Condições de Oferta; Exame Nacional de Cursos) (Revogada pela Resolução CNE/CES n.º 11, de 10 de julho de 2006) Parecer CNE/CES n.º 600, de 3 de novembro de 1997 - Apresenta Projeto de Resolução que dispõe sobre a autonomia didático-científica das universidades e centros universitários, do sistema federal do ensino, e do seu exercício pelos colegiados de ensino e pesquisa (Ref.: Lei 9.394/96, artigos 52, 53, 54 e 56) (Obs: O Projeto de Resolução constante deste Parecer não foi transformado em Resolução) PARECERES Parecer CNE/CES n.º 750, de 3 de dezembro de 1997 – Prorrogação de prazo para adaptação dos Estatutos das Universidades e Centros Universitários credenciados pela CNE/CES credenciados em 1996 e 1997 (Deu origem à Resolução CNE/CES n.º 1, de 7 de abril de 1998) (Revogado pela Resolução CNE/ CES n.º 11, de 10 de julho de 2006) •Resolução CNE/CES n.º 11, de 10 de julho de 2006 (Ref.: Parecer CNE/CES n.º 167/2006) - Revogação de atos normativos no âmbito da Câmara de Educação Superior do CNE (Ref.: Lei 4.024/1961, arts. 7º e 9º, § 2°, com a redação dada pela Lei 9.131/1995; Lei 9.394/1996, art. 9º, § 1º; Decreto 3.860/2001; Decreto 5.773/2006, art. 76) (Anexo – Resoluções e Pareceres revogados: Resolução CNE/CES n.º 1, de 19 de agosto de 1996 – decorrente do Parecer CNE/CES n.º 53/1996; Resolução CNE/CES n.º 2, de 13 de agosto de 1997 – decorrente do Parecer CNE/CES n.º 51/1997; Resolução CNE/CES n.º 3, de 13 de agosto de 1997 – decorrente do Parecer CNE/CES n.º 297/1997; Resolução CNE/CES n.º 5, de 13 de agosto de 1997 – decorrente do Parecer CNE/CES n.º 377/1997; Resolução CNE/CES n.º 1, de 7 de abril de 1998 – decorrente do Parecer CNE/CES n.º 750/1997; Resolução CNE/ CES n.º 3, de 20 de julho de 1998 – decorrente do Parecer CNE/CES n.º 525/1997; Resolução CNE/CES n.º 4, de 14 de agosto de 1998 – decorrente do Parecer CNE/CES n.º 459/1998; Resolução CNE/CES n.º 2, de 19 de maio de 1999 – decorrente do Parecer CNE/ CES n.º 431/1998; Resolução CNE/CES n.º 10, de 11 de março de 2002 – decorrente do Parecer CNE/CES n.º 1.366/2001 CRED CENTRO UNIV; Resolução CNE/CES n.º 22, de 5 de novembro de 2002 – decorrente do Parecer CNE/CES n.º 337/2002 MUDA RESOL10 PARA RECONHEC; Resolução CNE/CES n.º 23, de 5 de novembro de 2002 – decorrente dos Pareceres CNE/CES nos 1.366/2001 e 267/2002) recréd centros e univ •Parecer CNE/CES n.º 738, de 5 de novembro de 1998 – Definição de critérios para a avaliação das solicitações de credenciamentos de Centros Universitários (Versão Final: Parecer CNE/CES 618/99) •Parecer CNE/CES n.º 618, de 8 de junho de 1999 – Definição de critérios para a avaliação das solicitações de credenciamento de Centros Universitários •Parecer CNE/CES n.º 1.366, de 12 de dezembro de 2001 – Aprova Projeto de Resolução que dispõe sobre o credenciamento, transferência de mantença, estatutos e regimentos de instituições de ensino superior, autorização de cursos de graduação, reconhecimento e renovação de reconhecimento de cursos superiores, normas e critérios para supervisão do ensino superior (Deu origem à Resolução CNE/CES n.º 10, de 11 de março de 2002) (Ver tb. Parecer CNE/ CES n.º 337, de 23 de outubro de 2002, que propõe a alteração da redação dos arts. 2º, parágrafo único, 9º, parágrafo único, 16, parágrafo único, e 24 e demais disposições da Resolução CNE/CES 10, de 11 de março de 2002, e que deu origem à Resolução CNE/CES n.º 22, de 5 de novembro de 2002) (Ver tb. Parecer CNE/CES n.º 267, de 4 de setembro de 2002, que reexamina o Parecer CNE/CES n.º 111, de 13 de março de 2002, que apresenta Projeto de Resolução que dispõe sobre o recredenciamento de Universidades e de Centros Universitários e que deu origem à Resolução CNE/CES n.º 23, de 5 de novembro de 2002) (Revogado pela Resolução CNE/CES n.º 11, de 10 de julho de 2006) Resolução CNE/CES n.º 10, de 04 de outubro de 44 PRIMEIRA PARTE •Parecer CNE/CES n.º 111, de 13 de março de 2002 – Apresenta Projeto de Resolução que dispõe sobre o recredenciamento de Universidades e de Centros Universitários (Decisão: Propõe Minuta de Resolução sobre a matéria e a revogação das disposições contrárias ao Parecer, em especial a Portaria Ministerial 1.465, de 12/7/2001) (Reexaminado pelo Parecer CNE/CES n.º 267, de 4 de setembro de 2002, que deu origem à Resolução CNE/CES n.º 23, de 5 de novembro de 2002) registro dos diplomas de seus cursos reconhecidos) (Decisão: Em face do exposto a Comissão manifestase no sentido de que quanto ao registro de diplomas, nada impede que a medida, por seu caráter desburocratizante, seja adotada desde logo, tendo em vista as exigências relativas à organização administrativa feitas para que uma instituição seja credenciada como centro universitário. Com relação à extensão da autonomia para a criação de cursos fora de sede, a matéria deverá ser objeto de estudo e deliberação desta Câmara em parecer específico. Somos pelo encaminhamento ao Ministro de Estado da Educação do Anteprojeto de alteração do Decreto 3.860/2001, em anexo, da qual foi excluído o § 4º do art. 11, anteriormente sugerido) •Parecer CNE/CES n.º 155, de 6 de maio de 2002 – Aprecia a Indicação CNE/CES n.º 02, de 3 de abril de 2002, que propõe a extensão da autonomia dos Centros Universitários com a finalidade de permitir que os centros universitários gozem de prerrogativas da autonomia universitária, no tocante ao registro de diplomas e a oferta de cursos fora da sede (Ref.: Lei 9.394/96; Decreto 2.207/97; Decreto 3.860/2001; Anteprojeto de Decreto propondo a alteração do art. 11 do Decreto 3.860/2001 – Autonomia aos Centros Universitários para: oferta de cursos fora da sede e registro dos diplomas de seus cursos reconhecidos) (Decisão: A proposição, por seus fundamentos, merece acolhida. Todavia, é de se considerar que a figura dos centros universitários, sendo nova, merece passar por um período de maturação antes que às instituições desse tipo sejam conferidos outros atributos da autonomia universitária, especialmente no que se refere à oferta de cursos fora da sede. Quanto ao registro de diplomas, nada impede que a medida, por seu caráter desburocratizante, seja adotada desde logo, tendo em vista as exigências relativas à organização administrativa feitas para que uma instituição seja credenciada como centro universitário. Entende-se, contudo, que a atuação dos centros universitários fora da sede, sempre mediante prévia autorização do Ministério da Educação, somente deve ocorrer após o primeiro recredenciamento da instituição. Com essa restrição, somos pelo encaminhamento ao Ministro de Estado da Educação de proposta de alteração do Decreto 3.860/2001, nos termos do anteprojeto do Decreto em anexo) (Reexaminado pelo Parecer CNE/CES n.º 250, de 7 de agosto de 2002) •Parecer CNE/CES n.º 267, de 4 de setembro de 2002 – Reexame do Parecer CNE/CES n.º 111, de 13 de março de 2002, que apresenta Projeto de Resolução que dispõe sobre o recredenciamento de Universidades e de Centros Universitários (Decisão: Propõe que o Projeto de Resolução constante do Parecer CNE/CES 111/2002, seja substituído pelo que se encontra anexado a este Parecer, o qual incorpora os ajustes promovidos pela Comissão; o Manual de Avaliação das Universidades será oportunamente avaliado por esta Câmara) (Deu origem à Resolução n.º 23, de 5 de novembro de 2002) (Revogado pela Resolução CNE/CES n.º 11, de 10 de julho de 2006) •Parecer CNE/CES n.º 337, de 23 de outubro de 2002 – Proposta de alteração da redação dos arts. 2º, parágrafo único, 9º, parágrafo único, 16, parágrafo único, e 24 e demais disposições da Resolução CNE/ CES 10, de 11 de março de 2002, que dispõe sobre o credenciamento, transferência de mantença, estatutos e regimentos de Instituições de Ensino Superior, autorização de cursos de graduação, reconhecimento e renovação de reconhecimento de cursos superiores, normas e critérios para supervisão do ensino superior do Sistema Federal de Educação Superior – Interessado: Secretaria de Educação Superior do MEC/DF (Decisão: À luz do exposto, a Comissão manifesta-se favoravelmente às alterações sugeridas pela Secretaria de Educação Superior incorporadas ao Projeto de Resolução, em anexo, que propõe a alteração da Resolução CNE/CES 10, de 11 de março de 2002, em especial dos arts. 2º, parágrafo único, 9º, parágrafo único, 16, parágrafo único, 24, e demais dispositivos) (Deu origem à Resolução CNE/CES n.º 22, de 5 de novembro de 2002) (Revogado pela Resolução CNE/CES n.º 11, de 10 de julho de 2006) •Parecer CNE/CES n.º 250, de 7 de agosto de 2002 – Reexame do Parecer CNE/CES 155/2002, que apreciou a Indicação CNE/CES n.º 02, de 3 de abril de 2002, que propõe a extensão da autonomia dos Centros Universitários com a finalidade de permitir que os centros universitários gozem de prerrogativas da autonomia universitária, no tocante ao registro de diplomas e a oferta de cursos fora da sede (Ref.: Lei 9.394/96; Decreto 2.207/97; Decreto 3.860/2001; Anteprojeto de Decreto propondo a alteração do art. 11 do Decreto 3.860/2001 – Autonomia aos Centros Universitários para: oferta de cursos fora da sede e •Parecer CNE/CES n.º 167, de 8 de junho de 2006 – Aprecia a Indicação CNE/CES n.º 2/2006, referente à revisão e à revogação de instrumentos normativos, no âmbito da Câmara de Educação Superior, no sentido de compatibilizá-las à legislação 45 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 vigente – Interessado: Conselho Nacional de Educação/Câmara de Educação Superior/DF (Ref.: Lei 4.024/1961, arts. 7º e 9º, § 2°, com a redação dada pela Lei 9.131/1995; Lei 9.394/1996, art. 9º, § 1º; Decreto 3.860/2001; Decreto 5.773/2006, art. 76) (Decisão: Voto no sentido de que sejam expressamente revogados os atos normativos citados neste Parecer, e no Projeto de Resolução que o acompanha, nos termos da legislação vigente) (Deu origem à Resolução CNE/CES n.º 11, de 10 de julho de 2006) •Parecer CNE/CES n.º 85, de 29 de março de 2007 – Aprecia a Indicação CNE/CES n.º 4/2006, que propôs a constituição de Comissão para analisar critérios e elaborar normas para o credenciamento e recredenciamento de Centros Universitários, à luz da legislação educacional e, em especial, dos Decretos n.º 5.773, de 9 de maio de 2006, e n.º 5.786, de 24 de maio de 2006 – Interessado: Conselho Nacional de Educação/Câmara de Educação Superior/DF (Ref.: Lei 9.394/96, arts. 9º, inciso VII, 45, 46 52; Lei 10.861/2004 - Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – SINAES; Lei 10.870/2004 – Taxa de Avaliação; Decreto 5.773/2006; Decreto 5.786/2006; Decreto 5.840/2006) (Voto da Comissão: Incorporadas as sugestões e contribuições, submetemos este parecer à deliberação da Câmara de Educação Superior e votamos favoravelmente à aprovação do Projeto de Resolução, em anexo, que trata da regulamentação para credenciamento e recredenciamento de Centros Universitários.) (Deu origem à Resolução CNE/CES n.º 10, de 04 de outubro de 2007) (Ver Parecer CNE/CP n.º 5, de 7 de agosto de 2007, que aprecia recurso contra a decisão do Parecer CNE/CES n.º 85/2007 – Decisão: Pelo conhecimento do recurso para, no mérito, negar-lhe provimento). •Parecer do Senado Federal, n.º 301 de 1995 – Senador Darcy Ribeiro. Substitutivo do Projeto de Lei da Câmara de n.º 101 de 1993, que fixa diretrizes e bases da educação nacional. PRIMEIRA PARTE 3.- SITUAÇÃO GEOGRÁFICA E CONTEXTOS REGIONAIS DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS UMA PROPOSTA EM DESENVOLVIMENTO: CENÁRIO REGIONAL José Loureiro Lopes(*) CENTRO UNIVERSITÁRIO: ORIGEM E CONCEPÇÃO garmos à conceituação que se tentou esboçar, nos parágrafos iniciais do presente texto. Os Centros universitários são uma modalidade de organização acadêmica, para instituições de ensino superior, decorrente de dispositivos da Lei 9.394/96 e disciplinada, mais recentemente, pelo Decreto 5.786, de 24.05.2006. ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO O autor entende oportuno apresentar, aqui, algumas considerações sobre como se daria essa “excelência do ensino” de graduação, preconizada para os Centros Universitários, em face da exigência legal da indissociabilidade do ensino, pesquisa e extensão. Conceituados como “Instituições de Ensino Superior Pluricurriculares”, os Centros Universitários abrangem “uma ou mais áreas do conhecimento” e se “ caracterizam pela excelência do ensino oferecido”, comprovada “ pela qualificação do seu corpo docente e pelas condições do trabalho acadêmico oferecidas à comunidade escolar”. De início, vale referir que a própria Lei Darcy Ribeiro, no capítulo da Educação Superior, abre espaço, em dois momentos do texto, para uma convivência mais flexível entre esses três aspectos preconizados na legislação e nos debates sobre o ensino superior no Brasil, nos últimos trinta anos: Um primeiro momento é quando, no Art. 45, prevê instituições de ensino superior com vários graus de abrangência ou especialização. O segundo é quando estabelece que atribuições da autonomia possam ser estendidas a instituições que comprovem alta qualificação para o ensino ou para a pesquisa (ver § 2º do Art. 54). Sabe-se que a expressão CENTROS UNIVERSITÁRIOS é relativamente nova, no cenário do ensino superior brasileiro. Ela aparece formalmente, pela primeira vez, no Decreto Federal nº 2207, de 15.04.1997(DOU de 16.04.2007). É verdade que, quando dos debates sobre a atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394 de 20.12.1996), já encontramos certa referência ao CENTRO. Veja - se, por exemplo, aquela contida no Substituto do Relator, Deputado Jorge Hage (1989), em que se prevê alteração da denominação “Universidade” para Centro de Ensino Superior”, na hipótese de suspensão ou cancelamento de credencial de Universidade. Ainda nesse mesmo ano (1989), D.O.U. de 01.09.89 publica despacho do Ministro da Educação aprovando “proposta de Projeto da LDB”, de autoria de um Grupo de Trabalho do MEC, onde também figura a expressão “centros de ensino superior” (Art. 89 do Projeto). Na presente exposição, enfocamos os aspectos do ensino e da pesquisa. Considerações sobre a extensão demandariam estudos mais aprofundados, e com dados concretos. Um trabalho da Professora Elizabeth Balbachevsky , ao analisar a figura mítica dessa ligação mágica, dessa “unidade intrínseca e indissolúvel entre o ensino e a pesquisa”, revela que apenas 25.5% dos nossos professores são pesquisadores ativos, isto é, estão envolvidos sistematicamente em atividades de pesquisa; e conclui que, em nosso sistema de ensino superior, a pesquisa só constitui um objetivo institucional para uma parcela muito restrita de escolas superiores. Claro que esse entendimento evoluiu, até che José Loureiro Lopes, 67, é Doutor em Educação pela Universidade Católica de São Paulo e Reitor do Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ. O Decreto nº 2.207 foi revogado pelo de nº 2.306, de 19.08.97(D. O.Ude 20.08.97). Seguiram-se normas reguladoras dos Centros, consolidadas, especialmente, nos Decretos nº. 5.773, de 09.05.2006 e 5.789, de 24.05.2006. “A pesquisa nas Universidades Brasileiras”, ABM, Revista Estudos, Ano 15, nº 18 – Brasília, fevereiro de 1997, pp. 101-1U7 47 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 Claro que a realidade, recente apresenta dados um pouco mais alentadores, mercê do esforço das instituições públicas e privadas na produção de pesquisas e trabalhos científicos, com publicação no país e no exterior, especialmente nos cerca de 2.300 cursos de pós – graduação stricto sensu, em regular funcionamento (ver relatório CAPES / MEC 2001/2003). ocidental. Neste sentido, a Universidade é legítima herdeira da Academia Ateniense. Assim entendida a Universidade, propugnamos que um ensino de excelência deve estar associado a uma atividade de pesquisa para fomentá-lo e renová–lo. Essa atividade se daria em duas vertentes: no âmbito das disciplinas, oportunidade em que o professor se empenharia não apenas em repetir o saber adquirido, mas procuraria gerar, permanentemente, um saber novo, assegurando assim atualização e renovação, além de enriquecer a interdisciplinaridade; e no âmbito da articulação com as novas necessidades e demandas da sociedade, considerados os avanços da ciências e da técnica e seus desafios lançados ao todo social e a cada indivíduo em particular. Da nossa parte, porém, vale formular a indagação: até que ponto esse percentual está distorcido pela situação real de muitos professores que incluem carga horária de pesquisa apenas para efeito de enquadramento em determinado regime de trabalho? Esse mesmo questionamento foi também suscitado pelo Prof. Cláudio de Moura Castro, em artigo na revista VEJA onde adota uma postura favorável à revisão, considerada até agora quase herética, da capacidade de um ensino superior de massa, organizado segundo os ditames do tripé convencional “ensino, pesquisa e extensão”. Dessa forma, a pesquisa estaria contribuindo tanto para a melhoria qualitativa do ensino de graduação, quando para a realização do compromisso social da Universidade. Uma cisão pura e simples do ensino e da pesquisa poderia provocar, - por que não? – um progressivo e condenável desmonte do atual sistema da pesquisa universitária e a conseqüente desvalorização do que aí é produzido. Para que isso não ocorra, faz-se necessário que a pesquisa, ao invés de representar apenas despesa para as instituições, passe a representar, também, fontes de receita. Sem pretender aprofundar o debate mais compreensivo dessa questão fundamental, o que exigiria a abordagem de variados aspectos e análise de dados estatísticos da realidade das escolas, apresentamos, a seguir, um pouco da nossa visão dessa problemática, delicada e complexa. Seja qual for a sua forma de organização, entendemos que a Universidade é a síntese da cultura, conciliando as aparentes contradições desta, englobando, dialeticamente, os opostos em que se extrema o processo cultural. Assim, pois, ela tem de aliar o passado e o presente, o particular e o geral, o especulativo e o prático, a rotina e a criação; o individual e o social, o técnico e o sábio. Tem de construir – se, portanto, sobre uma unidade plástica e coerente, uma visão geral e harmônica da realidade e da sociedade, uma filosofia. Há, ainda, um fator preponderante em todo esse debate: é a questão do elevado custo do ensino superior no Brasil, sobretudo o ensino público. O sistema brasileiro de ensino superior é elogiado por ser um dos mais complexos e consolidados no panorama latino – americano. É criticado, porém, por ser um dos mais onerosos. Já em 1995, em debate na ITNB, a Prof. Dra. Eunice Durham afirmava que, desde 1990 até aquela data, “não aumentamos a oferta de ensino superior público, e nem conseguimos a indissociabilidade do ensino e da pesquisa. Mas, em compensação, construímos um sistema extremamente caro. Ele custa, pelo menos, o dobro do que se gasta em outros países da América Latina, levando – se em conta o número de estudantes que atende” . Dados recentes apontam que a realidade não mudou, especificamente, nesta a última década. Uma Universidade não é, certamente, apenas a soma ou reunião de escolas isoladas, mas uma instituição criada pela sociedade (inclusive, há mais de dez séculos) com um fim muito específico: gerar, produzir e difundir o conhecimento, vale dizer, objetos, idéias e técnicas, com a preocupação de garantir o caráter universal da busca e da manifestação do saber. Saber esse que se assenta, predominantemente, na Razão. Por sinal, costuma-se dizer, com propriedade, que a Universidade é, ou deve ser, a casa da Razão. Ser o “lócus” privilegiado da Razão foi à tarefa primeira para a qual a civilização ocidental criou a Universidade, uma das mais antigas instituições sociais. A importância da Razão como fundamento da verdade e sua autonomia na construção do saber não representam, contudo, uma conquista original da Universidade, mas a grande contribuição do pensamento grego à cultura Essas considerações sobre os custos do ensino superior brasileiro devem levar, quem sabe, à busca imediata de uma gestão mais eficaz e de ajustes institucionais na oferta das disciplinas, que permitam, ao mesmo tempo, expansão do atendimento à população e excelência do ensino, com o equacionamento racional dos custos, atualmente praticadas, nas entidades públicas e privadas. Entram ai, os centros universitários, como apresentados nestas reflexões. Ver Lopes/José Loureiro, “Reflexões sobre a UNIPÊ: Identidade e Ação “Ed. UNIPÊ, João Pessoa, 1997”. Ver Jornal da UNB, Ano II nº 15; julho de 1995, pp.8/9. Ano 30 , Edição nº 22, de 04.06.97. 48 PRIMEIRA PARTE A AUTONOMIA várias maneiras possíveis, até assumir características próprias de enriquecimento e fecundidade. Dele espera-se que não tenha uma simples função reprodutora. O saber reproduzido, como seu próprio nome diz, é secundário, dependente, pobre e com riscos de esterilidade. O saber que se constrói no centro universitário é um saber novo, gerado pela pesquisa, alimentado pela prática, comprometido com os valores preconizados no Preâmbulo da Constituição Federal e com o bem-estar do ser humano. Um saber renovado e renovador, formador, crítico e fecundo. Ensinar, avaliar, criticar, pesquisar, partilhar e inovar são verbos perfeitamente adequados para uma conjugação com o saber. Já vimos que a LDB faculta que se estenda a autonomia universitária a instituições que comprovem alta qualificação para o ensino ou para a pesquisa. com base em dispositivo constitucional e na LDB, O Decreto 2.207 e a Portaria MEC 639/97 estenderam aos centros universitários credenciados “autonomia para criar, organizar e extinguir, em sua sede, cursos e programas de educação superior, previstos na Lei nº 9394, de 1996”. E mais: dispõem que os centros universitários, poderão usufruir de outras atribuições da autonomia universitária, além da referida acima, definidas no ato de seu credenciamento. O Decreto 5.786, de 24.05.2006, ampliou, ainda mais o espectro dessa autonomia. • Criatividade – As fórmulas para a concepção e a valorização de instituições universitárias não estão esgotadas. A despeito dessa verdade, tem-se encontrado, no decorrer da história de nossas instituições de ensino superior, uma estrema complacência para com o usual, o comum, a mesmice. Sabe-se que os primeiros centros universitários credenciados pelo MEC datam de outubro de 1997. Dentre esses, figura UNIPÊ - Centro Universitário de João Pessoa, credenciado em 30 de outubro daquele ano. Hoje, contam – se 124(cento e vinte e quatro) centros universitários, em regular funcionamento, localizados em quase todas as regiões do país. No que concerne ao UNIPÊ, desde sua criação, a entidade (recredenciada em 2004) tem conduzido uma ação com base nos seguintes pressupostos: Frente às facilidades, todas, ou quase todas, crescem igualmente; em virtude, porém, das adversidades, a imensa maioria mergulha em estado de hibernação, no aguardo de que a crise, por si só, seja superada. A criatividade exercitada no UNIPÊ vem sabendo extrair, do próprio conhecimento da realidade e do compromisso com a mudança, as soluções e os ensinamentos necessários à superação das dificuldades, na busca do desenvolvimento. • Compromisso com a região – Lidando, diuturnamente, com os fatos, problemas e esperanças de uma região dotada de aspectos bem marcados na sua geografia, no seu homem e na sua história, o Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ optou pelo compromisso de, sem perder de vista o universal, encarar, enfrentar, estudar e apoiar o regional. Assim, deseja fazer-se presente na busca participativa de soluções que ajudem a minorar a dívida social para com a sua população, proporcionando-lhe uma melhor qualidade de vida. • Adequação estrutural – Crescer e saber crescer, essa é uma das tônicas que têm norteado e continuarão norteando o UNIPÊ. Em razão disso, o Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ está estruturado dentro de um esquema administrativo e acadêmico adequado aos limites e propósitos da Instituição, nos campos do ensino, da pesquisa e da extensão. Essa adequação estrutural tem reflexo na funcionalidade dos diversos setores – coordenadorias de curso, pró – reitorias e órgãos de apoio – que dão vida acadêmica ao empreendimento. Com efeito, de nada adianta levantar a vista em direção ao cosmos ou voltar as atenções para a contemplação do que é o Primeiro Mundo, se não se tem em mira a urgência dos apelos que a vida social e econômica do Nordeste formulam aos que têm mais, aos que podem mais e, no caso, aos que sabem mais. De nada adianta a atitude ingênua de espera permanente do “Messias”, que não vai chegar, se não se fincam as raízes reais da construção de uma nova cultura, que se faz cada vez mais urgente, para a superação dos desafios atuais. • Ter mais e ser mais – Com propósito, o ter mais aqui se refere à educação, ao saber, à visão compreensiva e solidária do homem e do mundo. Ter mais significativa, então, um compromisso de busca, de entendimento, de explicação, de justificação, de crítica. Ter mais lança o homem para uma posição de vanguarda, liderança, responsabilidade. Responsabilidade dupla, por sinal. Responsabilidade de, por ter mais, ser mais: mais homem, mais humano, mais liberto, mais realizador de sua própria humanidade. Responsabilidade, também, perante a sociedade, os semelhantes, os que têm menos. O compromisso de inclusão social e de contribuir efetivamente para o desenvolvimento harmônico da socie- • Revitalização do Saber – O Centro Universitário –UNIPÊ, que se está permanentemente construindo, não pode, não deve e não quer ser mais um órgão destinado ao simples processo de repasse do saber. Pretende-se que esse saber seja revitalizado das 49 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 dade brasileira, quer em sua dimensão nacional, quer em seu aspecto regional, uma vez que a universidade sintetiza o histórico, o sociológico, o político, o econômico, o cultural. • Compromisso político – A transmissão do saber e a formação profissional, que a universidade realiza, refletem o seu compromisso com o desenvolvimento nacional e o da comunidade em que está inserida. Nesse sentido, devem orientar-se por um esforço permanente de criatividade cultural e científica e de conscientização crítica da sociedade, com o objetivo de atender às demandas sociais emergentes, constituindo-se, desse modo, em fator decisivo das transformações sócio-econômicas que impulsionam o desenvolvimento nacional. Ter mais e ser mais implicam, pois, para educador e educando, serem mais comprometidos. Comprometidos com o seu próprio saber e o alheio; comprometidos com a busca, a pesquisa, a indagação, objetivando ao bem-estar social. • Vocação comunitária e filantrópica – O Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ renova o compromisso de fidelidade aos princípios que nortearam, desde o seu início, a vida da mantenedora, os Institutos Paraibanos de Educação – IPÊ. Dessa forma, apropria, no seu perfil as características de entidade comunitária e filantrópica, no exercício das suas atividades específicas de ensino, pesquisa e extensão. Comunitária, porque sempre estiveram os cursos oferecidos ligados estreitamente à comunidade maior e circundante, especialmente, através do desenvolvimento dos programas de extensão e de, mas ações visuais junto as, populações da periferia de João Pessoa, o que vem acontecendo também com os novos cursos. Filantrópica, em virtude de, através da concessão de bolsas de estudo institucionais e do PROUNI, e das atividades comunitárias que desenvolve estarem sendo sempre atendidos os mais carentes. Com efeito, o trabalho de assistência social gratuita beneficia, anualmente, cerca de 100.000 usuários. Esse compromisso com o desenvolvimento da nação inclui a luta pela superação das desigualdades sociais e regionais, condição para existência de uma verdadeira democracia, em que os interesses de minorias não prevaleçam sobre os da grande maioria da população. Evidencia-se, por isso, o papel da extensão universitária, que vai ao encontro das demandas da comunidade, buscando o enriquecimento, atualização e praticidade, que informa as diretrizes do ensino. Ao exercitar a extensão, a universidade cumpre ainda a sua função de disseminar o conhecimento, contribuindo para a melhoria da produção e da distribuição de bens e serviços e, consequentemente, para o progresso econômico e social do País. INSERÇÃO REGIONAL Enfim, o Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ tem, pois, como objetivo básico ministrar ensino superior de excelência, abrangendo prioritariamente as áreas de Ciências Humanas e Sócias, Tecnológica e da Saúde. Esse objetivo se concretiza nos seguintes aspectos: A definição de uma política que oriente as atividades de uma instituição de ensino superior exige, em primeiro lugar, uma análise de sua situação atual e dos diferentes fatores que a conduziram, no seu processo de desenvolvimento, ao estado em que hoje se encontra. • Formação profissional – Dentre as funções do sistema universitário destaca-se a formação de profissionais de nível superior, para o atendimento das necessidades do desenvolvimento sócio-econômico da nação. Embora a formação profissional na universidade esteja vinculada ao domínio do saber universal, há que responder também às exigências de capacitação específica para o desempenho profissional na área de interesse vocacional do estudante. Para isso é necessário proporcionar-lhe uma sólida formação básica e geral, dentro de uma visão abrangente da ciência, ao lado dos princípios e conhecimentos essenciais que informam a sua futura atuação profissional. Para tanto, faz-se necessária uma visão clara acerca da natureza específica da instituição universitária, dos objetivos a que se propõe, do processo de sua evolução e das relações com a sociedade com o meio sócio-econômico-cultural em que está inserida, bem assim das condições para o seu funcionamento. Como vimos, o Centro Universitário é uma instituição da sociedade, cujas atribuições lhe permitem criar, preservar, transmitir e difundir formas de conhecimento e valores que contribuam para o aperfeiçoamento da convivência social e para uma maior consciência do ser humano e da sua capacidade de controlar a própria história e as leis que regem a natureza. A qualidade do ensino, assim ministrado, depende ainda de sua articulação com as atividades de pesquisa e extensão, que enriquecem o processo de aprendizagem, consolidando a formação plena do futuro profissional, capacitando-o assim à inserção eficaz no mercado trabalho. Criado em 1971 por seis educadores de formação religiosa, sob a denominação de INSTITUTOS PARAIBANOS DE EDUCAÇÃO (IPÊ), o Centro Universitário UNIPÊ ganhou a designação atual, em 1997. A partir daí consolidou – se como um dos bem 50 PRIMEIRA PARTE conceituados centros de ensino superior privado do Nordeste brasileiro. A expansão da pós – graduação lato sensu, adicionada à contratação de docentes qualificados e a uma política de qualificação do professorado, obteve, como resultado imediato, o fomento às atividades de pesquisa e o seu crescimento. Contribuiu para isso o apoio de órgãos financiadores, através da celebração de convênios. Pode – se assegurar, portanto, que, nesses 36 anos de experiência, o UNIPÊ cresceu. E esse crescimento beneficiou a região nordestina onde está plantado. Ao lado do crescimento puramente quantitativo, destaca-se a qualidade, conforme atesta a a própria imagem que esta instituição de ensino superior passou a desfrutar, nos meios acadêmicos, científicos e governamentais da Paraíba e da região. O esforço constante por um ensino de qualidade, ministrado com o uso de modernas tecnologias, é um dos fundamentos básicos da instituição, associado à pratica do compromisso social, ao respeito ao meio ambiente a ao atendimento às demandas do mundo de trabalho. UNIPÊ funciona em campus universitário próprio, em área contígua de preservação da Mata Atlântica, ambiente densamente arborizado e ecologicamente correto, com espaços abertos e edificações horizontais, inclusive, complexo poliesportivo. O Centro tem matriculados cerca de 8 mil alunos nos 12 cursos de graduação, 21 de especialização e 6 MBAs, corpo docente com a maioria formada por doutores, mestres e especialistas. Como se sabe, o ensino superior é uma realidade muito complexa e abrangente para ser equacionada apenas com a mudança nas formas e modelos de sua organização. Desse modo, a verdadeira natureza do Centro Universitário está no livre confronto de idéias, na sua liberdade de criação e de crítica, de onde se origina a sua força transformadora. É dever do Centro questionar, constantemente, a estrutura social em que está inserido, a fim de que possa contribuir para mudanças que possibilitem a construção de uma sociedade moldada pela justiça social, tendo o ser humano como o sujeito e o fim de todo o progresso. Cremos se essa igualdade, as posturas dos que imaginariam e criaram os centros universitários. Tais centros surgem como mais uma alternativa válida, a ser testada, e avaliada permanentemente. O importante, todavia, é ter presente que a condição básica de sobrevivência do ensino superior, neste início de um novo milênio, é a sua capacidade de mudança, sobretudo para atender às novas necessidades da sociedade. Mudanças nos currículos; nas formas de integração do ensino, pesquisa e extensão; na formulação de novas técnicas de ensino e aprendizagem; na oferta do ensino a distância; na interação universidade-sociedade; na avaliação de professores e alunos. O exercício dessas tarefas se concretiza através do intercâmbio de idéias, da pesquisa, do ensino e da extensão. Nessa perspectiva, o Centro poderá desempenhar as suas funções de criar e difundir o saber humano formando profissionais, técnicos e cientistas. É precisamente na valorização da terra e o do homem nordestino que o UNIPÊ encontra o traço marcante de sua identidade. Sem perder o caráter de universalidade do saber e da cultura, inerente à própria instituição de ensino superior, a “universitas studiorum”, o Centro Universitário de João Pessoa, nas suas atividades de ensino, pesquisa e extensão, concentra seus esforços no trato das questões regionais para que, conhecendo melhor os problemas que a sociedade nordestina enfrenta, sejam mantidas, progressiva e sistematicamente, as bases e estratégias para sua solução. Estamos certos de que, educadores que somos, saberemos conduzir, com habilidade e competência, o enfrentamento e a superação desses novos desafios. REFERÊNCIAS 1. BALBACHEVSKY,Elizabeth. “A Pesquisa nas Universidades Brasileiras”. In Estudos, ABMES, Ano 15, nº 18, pp. 101-107, 1997. 2. CASTRO, Cláudio de Moura. “Uma herética separação entre ensino e pesquisa”. In VEJA, Ano 30, nº 22, p. 142, São Paulo, 04.06.1997. O UNIPÊ, dedicando prioritariamente a seus estudos e pesquisas e essa realidade nordestina, quer trazer o aporte de sua competência para a solução desses graves problemas, de modo a instalar, aqui, um estado de bem – estar social, que ofereça aos seus habitantes melhores condições de vida e de trabalho. 3. DE SOUZA, Joaquim Lemos Gomes. “Parecer sobre o Decreto nº 2.207/97”. In Estudos ABMES, Ano 15, nº 19, 99 63s, Brasília, 1997. 4. DE SOUZA, Paulo Nathanael Pereira e DA Silva, Eurides Brito. Como Entender e Aplicar a nova LDB. São Paulo, Pioneira, 1997. O aumento dos cursos de graduação, acrescido da implantação dos cursos de pós – graduação lato sensu, elevou de forma considerável, o número de alunos, de docentes e de pessoal técnico – administrativo da Instituição. 5. LOPES, José Loureiro. Reflexões sobre a UNIPÊ: sua identidade e ação. João Pessoa, UNIPÊ Edi- 51 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 tora, 1997. 8. A Nova Lei da Educação: Trajetória, Limites e Perspectivas. Campinas, Autores Associados, 1997. 6. SAVIANI, Demerval. Educação Brasileira: Estrutura e Sistema. 7 ed. Campinas, Autores Associados, 1996. 9. Relatório CAPES – 2001/2003 10. Censo da Educação Superior – INEP/MEC 2005. 7. “Contribuição à Elaboração da Nova LDB: um início de conversa”, In ANDE, nº 13, pp. 5-14, 1998. 52 PRIMEIRA PARTE SITUAÇÃO GEOGRÁFICA E CONTEXTOS REGIONAIS DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS: A REGIÃO SUDESTE Paulo Newton de Paiva Ferreira(*) Astréia Batista Soares(**)10 Acredito que se deva iniciar o presente trabalho com a formulação de uma questão, objetiva e que terá o condão de descortinar a fundamental importância dos Centros Universitários para o desenvolvimento do país. perfil prevalente das instituições nacionais. O Ministério de Educação – MEC estabeleceu, como princípio das instituições de ensino superior que receberiam a classificação de Centros Universitários, a sua condição pluricurricular, excelência do ensino, qualificação do seu corpo docente e condição de trabalho oferecido à comunidade acadêmica, o que demonstrava, também, sua adequada inserção na sua comunidade, revelando inter-faces produtivas e promissoras para o que se esperava destas instituições. A pergunta seria a seguinte: Você acredita que o país seria o mesmo sem o surgimento do modelo de organização acadêmica dos Centros Universitários? A resposta não poderia ser outra: Não. O que procuraremos fazer, ao longo deste trabalho, será esclarecer esta afirmação, embasando-a com avaliações que demonstram o acerto dos legisladores e das autoridades governamentais em implantá-lo e , ao longo do tempo, potencializá-lo. A resposta a esta demanda só tem sido possível porque grande parte das instituições, que foram credenciadas como Centros Universitários, traziam em seus currículos uma experiência firme e consolidada de educação superior e já vinham trabalhando na construção de um paradigma de ensino alternativo às universidades públicas, uma vez que estas não conseguem responder, sozinhas, pela demanda brasileira por ensino de graduação. A década de 1990 trouxe um novo cenário para a educação no Brasil com a reforma do ensino superior, representada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a LDB, aprovada em dezembro de 1996. Um dos destaques deste novo cenário foi, certamente, a diversificação das instituições de ensino, sobretudo com a criação e regulamentação do funcionamento dos Centros Universitários11. A criação dos Centros Universitários teve, como uma das exigências fundamentais do MEC, a experiência comprovada na excelência do ensino oferecido e a consolidação de seus Planos de Desenvolvimento Institucional – PDI, como condição básica de sua autonomia. De acordo com nossa experiência como um dos gestores pioneiros deste novo modelo de instituição de ensino superior no Brasil12, consideramos o PDI o principal documento na gestão dos Centros Universitários. O PDI é mais do que uma obrigação para com o MEC, uma vez que ele descreve os compromissos que a instituição está disposta a assumir interna e externamente, contribuindo, assim, para a solidificação dos projetos dos Centros Universitários, ajudando-os a encontrar as melhores soluções para alcançar seu compromisso com a qualidade da graduação. Uma mudança nas diretrizes do ensino de graduação já se fazia necessária e era parte do desejo e dos projetos dos dirigentes das Faculdades Integradas de maior tradição no ensino brasileiro. Não seria exagero dizer que este era, também, um dos anseios da sociedade brasileira pela educação e formação profissional de seus jovens e para responder às demandas, cada vez mais exigentes, de diferentes setores sociais. É relevante ressaltar que a criação dos Centros Universitários, no contexto de expansão e das transformações da educação brasileira na década de 1990, veio consolidar um novo modelo de instituição de ensino superior, cujo foco principal é a graduação, oferecida com qualidade e excelência, sem se descuidar dos compromissos com a iniciação científica e com a extensão , mas livre dos grilhões da pesquisa , onerosa e exigente de vocação , e que não se coaduna com o (**)Astréia Batista Soares – Coordenadora do Programa de Iniciação Científica do Centro Universitário Newton Paiva Viveu-se um primeiro momento em que desgastes surgiram entre as partes , ocasionados pelo entendimento de que o PDI deveria consolidar todos os projetos institucionais, o que, em última análise, significava a abertura de todos os planos estratégicos e concorrenciais por parte das instituições, o que se corrigiu no momento adequado, pautando-se o PDI 11 Os Centros Universitários no Brasil foram criados pelo Decreto nº 2.207, de 15/04/1997, tendo sido substituído, posteriormente, pelo Decreto nº 2.306, de 19/08/1997. 12 O autor refere-se ao Centro Universitário Newton Paiva, o primeiro a receber esta credencial em Belo Horizonte/MG, em 1997. 10 (*)Paulo Newton de Paiva Ferreira é engenheiro, presidente da entidade mantenedora do Centro Universitário Newton Paiva e seu vice-reitor 53 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 por um campo mais conceitual, mas indicador de todos os seus caminhos. volvimento/escolaridade parece ser um consenso em toda parte. O credenciamento dos Centros Universitários trouxe-lhes a autonomia para criar, organizar e extinguir cursos de graduação em sua sede, sem a necessidade de solicitar permissão ao poder público para remanejar ou ampliar vagas nos cursos existentes e para registrar os diplomas de seus cursos reconhecidos. Os Centros Universitários, respaldados na lei que lhes confere autonomia, têm trazido uma contribuição substancial para a melhoria e modernização da educação superior em regiões do país que clamam por inovação, transformação e qualificação de sua população, para fazerem frente às exigências globais da atualidade. Como já foi dito, a proximidade com a comunidade, aliada ao dinamismo que a estrutura dos Centros Universitários possui, permite que a formação superior que oferecem através de seus cursos, responda rapidamente as demandas locais sem, contudo, deixar de considerar a sintonia com o contexto nacional e global. Tais medidas permitiram, entre outras coisas igualmente importantes, a expansão da oferta de cursos e de vagas no ensino superior brasileiro, sem que, para isto, o Governo Federal tivesse que credenciar novas universidades em regiões que não necessariamente demandam ou comportam um modelo de ensino baseado na tríade ensino, pesquisa e extensão. Ao longo destes 10 anos o Governo Federal credenciou 114 Centros e vem concebendo mecanismos de avaliação dos mesmos, de sua autonomia administrativa, financeira, didática, científica, o que resulta em maior segurança para decidir sobre a permanência das instituições na condição de Centros Universitários ou sobre sua transformação em Universidades, quando for do interesse de ambos, instituição e governo. E aqui a inserção dos Centros em suas comunidades foi o grande alavancador do processo de atendimento às demandas regionais emergentes. Pela sua articulação constante com a sociedade tinham os Centros Universitários a indicação clara e precisa das necessidades de recursos humanos que precisariam ser formados para embasar o desenvolvimento regional. Atualmente dirigentes de cerca de 70 Centros Universitários, de diferentes regiões do país, se congregam na Associação Nacional dos Centros Universitários – ANACEU, que foi criada tendo como um de seus objetivos centrais a consolidação dos Centros Universitários “como uma importante figura na estrutura do ensino superior brasileiro, com autonomia e liberdade de atuação”. Atrelados, no entanto , aos mecanismos de autorização , tinham referidas instituições postergados seus pleitos pelas injunções naturais de um sistema que buscava a proteção da educação brasileira mas enfrenta dificuldades em sua estruturação para agir com a agilidade e transparência que todos acreditam necessária. Temos a convicção de que o ensino universitário brasileiro não se renovaria sem uma superação de alguns mecanismos de controle burocráticos muito rígidos. Não estamos falando de qualquer tipo de descuido ou relaxamento com a avaliação das instituições de ensino superior, que devem fazer parte das atividades centrais do MEC, mas da reduzida margem de liberdade que era conferida as IES e que impediam que a educação superior fizesse frente às rápidas transformações de foco, atitude constantemente exigida por uma sociedade em transformação. Com a organização dos Centros Universitários associados à ANACEU, foi possível estabelecer também um canal competente de conversação com o poder público, quer seja na esfera municipal, estadual ou federal. Além disto, a produção universitária passou a receber grande apoio da Associação, com a organização de encontros, debates, congressos e seminários, que deram uma contribuição substancial para que os Centros Universitários estabelecessem metas coletivas para o aperfeiçoamento do ensino superior no Brasil. A autonomia dos Centros Universitários, ainda que tenha causado um certo clima de incertezas quando do seu surgimento, acabou por se constituir em possibilidades muito concretas de oferecer uma educação superior comprometida tanto com a formação profissional, quanto com o desenvolvimento humano. Um fator que reforça este argumento é a constatação de que vivemos em um país gigante em suas dimensões, constituído por regiões extremamente diversas, que enfrentam diferentes tipos de problemas. Estes problemas, contudo, se tornam menos graves e mais superáveis quanto mais aumentam os índices de escolaridade de sua população. A relação desen- A ANACEU tornou-se um espaço de debate fundamental pela seriedade de seus membros, diante de uma realidade que se transforma rapidamente. Fazemos referência à expansão da oferta de ensino superior que presenciamos desde a década de 1990, que tem sido, certamente, a maior da história do país. Esta expansão tem lugar, principalmente, nas IES particulares, notadamente nos Centros Universitários. Desta forma, tornou-se necessário e urgente que se estabelecessem e fortalecessem canais competentes, através dos quais os reitores, mantenedores e dirigentes possam refletir sobre as mudanças recentes na educação 54 PRIMEIRA PARTE superior e em sua legislação, para que a melhoria na qualidade pudesse acompanhar o aumento quantitativo de oferta de vagas em cursos de graduação. Atualmente, os Centros Universitários representam 5,3% do total das Instituições de Ensino Superior do país, conforme indicam os dados do último Censo da Educação Superior, produzido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP, e que podem ser visualizados na Tabela 1, apresentada em seguida. Tabela 1. Número de IES por tipo de Organização Acadêmica e Categoria Administrativa IES Organização Acadêmica / Categoria Administrativa Públicas Universidades Centros Universitários Faculdades Integradas Faculdades, Escolas, Institutos Centros de Educação Tecnológica e Faculdades de Tecnologia Total 90 3 4 81 53 231 Privadas Total 86 111 113 1.493 131 1.934 176 114 117 1.574 184 2.165 Fonte: INEP (2007) A Tabela 2 apresenta a distribuição das IES por regiões da federação e localidades, de acordo com o total dos estabelecimentos de ensino superior e o total daqueles que são Centros Universitários por categorias administrativas (instituições públicas e privadas). Um aspecto que chama a atenção na análise da distribuição das IES no país, de acordo com os últimos dados do INEP apresentados na Tabela 2, é a grande concentração desses estabelecimentos no Sudeste. De fato, dos mais de 2.100 estabelecimentos de ensino superior que existem em todo o Brasil, 48,5% encontram-se na região Sudeste, sendo que destes mais de 72% estão instalados no interior dos estados. Tabela 2. Distribuição do Total de IES e de Centros Universitários por região e localidades Brasil e Regiões / Categoria Administrativa Brasil Pública Privada Norte Pública Privada Nordeste Pública Privada Sudeste Pública Privada Sul Pública Privada Centro-Oeste Pública Privada Fonte: INEP (2007) Total 2.165 231 1.934 122 16 106 388 60 328 1.051 98 953 370 39 331 234 18 216 Total de IES Capital Interior 769 1.396 78 153 691 1.243 79 43 15 1 64 42 202 186 25 35 177 151 290 761 20 78 270 683 87 283 10 29 77 254 111 123 8 10 103 113 Centro Universitário Total Capital Interior 114 46 68 3 3 111 46 65 7 6 1 7 6 1 3 3 3 3 78 25 53 3 3 75 25 50 16 5 11 16 5 11 10 7 3 10 7 3 No caso dos Centros Universitários, eles representam um percentual de 5,2% do total de estabelecimentos de ensino superior do país, também basicamente concentrados nos estados da região Sudeste: 68,5% dos Centros Universitários encontravam-se nessa região, sendo a maior parte deles (em número de 68%) também localizada em municípios do interior dessa região. Os dados nos autorizam a dizer que, embora a região Sudeste conte com a maior concentração de Centros Universitários, sua expansão para o interior dos estados tem um efeito muito importante para a formação de 55 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 Tabela 3. Distribuição do Total de IES e de Centros Universitários na Região Sudeste do Brasil Unidade da Federação / Total Geral Centro Universitário Categoria Administrativa Total Capital Interior Total Capital Interior São Paulo 521 146 375 46 13 33 Pública 51 6 45 3 3 Privada 470 140 330 43 13 30 Minas Gerais 311 49 262 15 4 11 Pública 30 5 25 Privada 281 44 237 15 4 11 Rio de Janeiro 121 66 55 14 8 6 Pública 13 6 7 Privada 108 60 48 14 8 6 Espírito Santo 98 29 69 3 3 Pública 4 3 1 Privada 94 26 68 3 3 Total da Região Sudeste 1.051 290 761 78 25 53 Fonte: INEP (2007). profissionais qualificados e preparados para atuar no mercado regional, com uma formação universitária que não desconhece as realidades locais. país, 2,6% dos Centros Universitários, e 16,6% do total de alunos matriculados (0,6% nos Centros Universitários); Na região Sudeste, conforme pode ser observado pelos dados apresentados na Tabela 3, o estado que detém a maior concentração de IES é São Paulo, com 49,6% dos estabelecimentos. Em segundo lugar vem Minas Gerais, com 29,6% dos estabelecimentos. 3. Região Sul: possui 17% das IES do país, 14% dos Centros Universitários, e 19% do total de alunos matriculados (2,1% nos Centros Universitários); 4. Região Centro-Oeste: possui 10,8% das IES do país e 8,8% dos Centros Universitários, e 9% do total de alunos matriculados (1,3% nos Centros Universitários). O mesmo padrão de concentração ocorre quando observamos os números relativos aos Centros Universitários: 59% de todos os que se encontram instalados na região Sudeste estão em São Paulo e 19% no estado de Minas Gerais. Ressalte-se, contudo, que a maior presença dessas organizações em São Paulo é acompanhada por uma divisão mais equivalente entre Minas Gerais e Rio de Janeiro, sendo que esse último estado detém cerca de 18% dos Centros Universitários da região Sudeste. O que esta informação revela é que a participação dos Centros Universitários no total de estabelecimentos de ensino superior é maior no estado do Rio de Janeiro do que nos demais estados da região Sudeste (significando 11,5%). Uma justificativa para essa situação é a dinâmica da economia daquele estado, mais dependente do setor serviços - portanto, com grande demanda por cursos de nível superior, combinado ao fato do estado contar com um elevado número de universidades localizadas na capital (56% do total de universidades federais), onde reside a maior parte da população. Esses dados possibilitam afirmar que a criação de Centros Universitários permitiu a ampliação do número de vagas em todas as regiões do país, mesmo quando 49,5% dos matriculados no ensino superior brasileiro estejam nas IES localizadas na região Sudeste. Comparando com os dados do Censo da Educação Superior de 2001 percebe-se também que houve um notável crescimento dos Centros Universitário, em proporção maior do que a do total de IES, em todas as regiões. Sabendo que o número de IES cresceu 55,6%, que o número de Centros Universitários aumentou em 72,7% e que o número de alunos matriculados cresceu 46,9% entre 2001 e o último Censo da Educação Superior, os dados apresentados em seguida confirmam a afirmação apresentada: 1. Região Norte: possuía 4,4% das IES do país, 4,5% dos Centros Universitários e 4,7% do total de alunos matriculados do país (0,4% nos Centros Universitários); No restante do território nacional, as IES estão assim distribuídas: 1. Região Norte: possui 5,6% das IES do país, 6,1% dos Centros Universitários, e 5,9% do total de alunos matriculados do país (0,9% nos Centros Universitários); 2. Região Nordeste: possuía 15,1% das IES do país, 3% dos Centros Universitários e 15,2% do total de alunos matriculados do país (0,4% nos Centros Universitários); 2. Região Nordeste: possui 17,9% das IES do 3. Região Sul: possuía 15,5% das IES do país, 56 PRIMEIRA PARTE Tabela 4. Número de alunos Matriculados e Concluintes nos Cursos de Graduação por organização acadêmica, segundo a categoria administrativa das IES, no país Alunos Matriculados Organização acadêmica / Categoria Administrativa Universidades Centros Universitários Faculdades Integradas Faculdades, Escolas, Institutos Centros de Educação Tecnológica e Fac. de Tecnologia Total Geral 12,1% dos Centros Universitários e 19,9% do total de alunos matriculados do país (1,2% nos Centros Universitários); Alunos Concluintes Pública Privada Pública Privada 1.042.816 15.757 10.068 79.368 44.180 1.192.189 1.426.962 659.170 197.830 937.966 39.039 3.260.967 173.395 2.299 1.612 12.999 5.249 195.554 235.575 112.123 35.863 128.530 10.213 522.304 superior. Os dados apontados nas Tabelas 1 e 4 demonstram que o número médio de matriculados nos Centros Universitários (ou seja, o número de alunos matriculado por estabelecimento) é de 5.920 alunos, enquanto o número de concluintes é, em média, de 1.003 pessoas. 4. Região Centro-Oeste: possuía 11,6% das IES do país, 4,5% dos Centros Universitários e 8,6% do total de alunos matriculados do país (0,7% nos Centros Universitários). Comparativamente, o número médio de matriculados nas Universidades é de 14.033 (mais do que o dobro dos Centros Universitários), sendo praticamente idêntica a proporção quando se compara o número médio de concluintes nesse tipo de organização acadêmica (que é de 2.324 pessoas). Ressalta o fato que na região Centro-Oeste reduziu a participação relativa das IES no total nacional, mas cresceu a participação dos Centros Universitários, tanto do ponto de vista do número de estabelecimentos quanto do total de alunos matriculados. Esse número revela a importância dos Centros Universitários na formação e oferta de recursos humanos graduados para a sociedade brasileira, já que o número de matriculados nos Centros Universitários do país representa, como já apontado, cerca de 15% do total de alunos que ingressaram nos distintos tipos de IES no país. No Sudeste, em 2001, o número de IES era igual a 53,3% de todo o número de estabelecimentos desse tipo no país, sendo que 75,8% deles eram Centros Universitários. O que se percebe é que está em curso um processo de descentralização, que pode ter impacto significativo na oferta educacional brasileira nos próximos anos. Do ponto de vista regional, tendo em vista a concentração já anteriormente apontada das IES na região Sudeste, justifica-se a prevalência da mesma configuração na distribuição dos concluintes: 54% deles provêem de instituições localizadas nessa região, sendo que 11,5% são oriundos de Centros Universitários e 28,5% de universidades. Uma outra informação relevante sobre o perfil das IES nacionais é a do número de alunos matriculados e concluintes dos cursos de graduação presenciais ofertados no país. Segundo os dados do INEP, o total de alunos matriculados em 2005, ano base das informações do último Censo da Educação Superior, foi de cerca de 4,5 milhões de pessoas. Mais de 2,4 milhões desses estudantes matricularam-se em Universidades (55,4%) e cerca de 675 mil nos Centros Universitários (15,1%). Ressalte-se que a importância dos Centros Universitários na contribuição da formação de recursos humanos de nível superior no país reside também no fato que é maior a sua importância na titulação de estudantes que dependem dos cursos noturnos do que os demais tipos de organizações acadêmicas. Assim, ainda segundo os dados do Censo da Educação Superior do INEP, 38% do número de concluintes encerraram os seus cursos no turno matutino, e os restantes 62% no noturno. Conforme pode ser observado na Tabela 4, que apresenta dados do último Censo da Educação Superior, a maior parte desse público matriculou-se nas IES privadas. Do total de alunos que se matriculam nas IES em todo o Brasil, apenas 16% (cerca de 718 mil estudantes) concluíram os seus respectivos cursos. Nas universidades, esse percentual foi de 16,6% enquanto nos Centros Universitários ele foi de 17%. As universidades foram responsáveis, como já apontado, por mais de metade desses concluintes, porém apenas 28,5% no turno noturno. Por sua vez, os Centros Universitários, que formaram 16% dos estudantes brasileiros em 2005, responderam por 11,5% do número total de conclusões de cursos superiores de graduação no turno noturno. Observando a infor- Combinando esses dados com os relativos ao número de estabelecimentos, pode-se dizer que é significativa a importância dos Centros Universitários na oferta de recursos humanos com formação 57 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 mação do ponto de vista da distribuição do número de concluintes quanto ao total das organizações acadêmicas, sabe-se que nas universidades metade dos estudantes formou-se nos cursos ofertados no turno noturno, enquanto esse percentual foi de cerca de 72% nos Centros Universitários. Outra informação relevante para compreender o perfil das IES no país é o número de empregos gerados por elas. As instituições privadas no Brasil geram mais de 305 mil funções docentes13. Dessas, 11% são contratadas pelos Centros Universitários, totalizando um contingente de mais de 34 mil funções docentes. Os docentes ocupantes dessas funções possuíam os graus de formação de graduados (12,9%), especialistas (32,7%), mestres (42,5%) e doutores (11,9%), respectivamente. Tabela 5. Recursos Humanos por Organização Acadêmica, segundo a Categoria Administrativa das IES Funções Docentes Organização acadêmica Categoria Administrativa Técnicos Administrativos Pública Privada Pública 92.226 75.743 105.536 67.322 Centros Universitários 526 33.507 228 24.966 Faculdades Integradas 684 13.543 453 7.877 5.627 74.769 3.533 54.368 Universidades Faculdades, Escolas, Institutos Centros de Educação Tecnológica e Fac. de Tecnologia Total Fonte: INEP (2007) Privada 5.056 4.279 4.596 3.203 104.119 201.841 114.346 157.736 O número de técnicos administrativos empregados pelas IES brasileiras é de 272 mil pessoas, dos quais 63,5% estão ocupados nas Universidades e 9,3% nos Centros Universitários. A Tabela 5, apresentada em seguida, ilustra esses dados. Um outro dado que revela a importância significativa dos Centros Universitários é o da relação entre o número de matrículas e o de docente em exercício, conforme revelam os dados apresentados na Tabela 6, em seguida. Tabela 6. Número de Matrículas por função docente em exercício nas IES brasileiras, por região do país e categoria administrativa Matrículas / Função Docente em Exercício Categoria Unidade da Administrativa Total Universidades Centros Universitários Federação Total 15,2 15,5 20,7 Brasil Pública 12,2 12,1 30,8 Privada 16,8 19,6 20,5 Total 18,6 20,3 22,1 Norte Pública 18,2 19,3 Privada 18,9 29,6 22,1 Total 14,5 15,3 20,1 Nordeste Pública 13,8 13,8 Privada 15,2 24,2 20,1 Total 15,5 15,5 20,7 Sudeste Pública 10,5 10,0 30,8 Privada 17,1 19,1 20,4 Total 14,4 14,5 20,3 Sul Pública 10,7 10,4 Privada 16,5 18,7 20,3 15,4 16,6 20,8 Centro-Oeste Total Pública 13,0 13,2 Privada 16,6 22,4 20,8 Fonte: INEP (2007). 13 O número de funções docentes não é equivalente ao de docentes, por que um mesmo professor pode exercer tais funções em uma ou mais instituições, segundo a definição do INEP. 58 PRIMEIRA PARTE Figura 1 - Distribuição dos Centros Universitários por Regiões e Localidades B ras il interior capital total Norte Nordes te S udes te 46 68 6 10 114 3 S ul C entro-Oes te 25 53 16 3 78 5 7 11 16 3 10 teria acontecido sem a participação dos Centros Universitários nas diferentes regiões do país. Este crescimento deve ser visto, principalmente, pela ótica de seus desdobramentos sociais, uma vez que dados recentes mostram que os salários pagos às pessoas com diploma universitário são pelo menos 25% maiores do que o que recebem as pessoas que só concluíram o ensino médio. Os dados indicam que, no caso do país, os Centros Universitários possuem uma relação entre matriculados e funções superior à média nacional. Os números da maior eficiência na relação entre número de alunos e de funções docentes dos Centros Universitários só são menores nas regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste quando comparadas com o mesmo valor das Universidades. Se formos discutir empregabilidade, os dados são igualmente indicadores da importância que a formação superior tem, porque a taxa de desemprego é 5% menor para aqueles que concluíram o terceiro grau. Portanto, a educação é uma arma muito importante para combater o desemprego e para preparar mão-de-obra qualificada. Entretanto, apenas uma parcela muito pequena dos jovens que terminam o ensino médio consegue entrar nas universidades públicas brasileiras, o que seria uma “estatística da exclusão” pura e simples não fossem as novas alternativas que vêm sendo oferecidas através dos Centros Universitários. Considera-se que o Brasil, para fazer frente às necessidades de inserção na economia mundial, deve alcançar um índice de atendimento à educação de seus jovens de 18 a 24 anos de 30%. Infelizmente, não chegamos nem à metade disto. Os dados que apresentamos nos levam a crer que os Centros Universitários têm um papel importante neste contexto, notadamente no que se refere a descentralização das ofertas de ensino superior. Os dados do gráfico acima (figura 1) nos levam a concluir que os 10 anos de existência dos Centros Universitários significam, portanto, a mais relevante ação implementada até hoje pela diversificação do modelo nacional de ensino superior. Significam, também, a ampliação das possibilidades de inclusão de um grande número de estudantes que estariam alijados do processo de formação educacional e profissional, caso esta alternativa não lhes tivesse sido oferecida com segurança e qualidade ou caso as oportunidades de se graduar só estivessem disponíveis muito longe de suas regiões de referência, o que aumentaria o custo financeiro e humano a um ponto que seria inviável para grande parte destas pessoas. Sabemos que conseguimos atingir apenas a ponta do iceberg, uma vez que o ensino superior brasileiro só recebe hoje cerca de 11% dos jovens em idade de fazer a graduação, enquanto na Coréia este índice é de 60%, na Espanha, de 50% e na vizinha Argentina, de 35%. Numa época que passamos a chamar de sociedade do conhecimento, é bastante temeroso para um país ter 90% de sua juventude fora da formação adequada para a preparação de cidadãos qualificados para promoverem as mudanças e os avanços que a sociedade precisa. Contudo, mesmo que saibamos que a política educacional no país ainda precisa passar por novas reformulações que ampliem as possibilidades de construção de uma sociedade mais inclusiva, seria impor- O crescimento de 13,2% de alunos matriculados em cursos superiores, ocorrido entre 2005 e 2006, não 59 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 tante nos perguntarmos: a situação educacional do Brasil seria a mesma sem os Centros Universitários? de acordo com as vocações e possibilidades de desenvolvimento de cada uma delas. Entendemos que a resposta correta seria não, o Brasil não seria o mesmo sem os Centros Universitários. Como pretendemos demonstrar aqui, a concentração de oportunidades de ensino superior nas capitais da Região Sudeste do Brasil provocou, ao longo do tempo, uma carência de recursos humanos qualificados, que dificulta enormemente o desenvolvimento sócio-econômico das outras regiões do país. A formação acadêmica oferecida pelos Centros pode, portanto, dialogar de perto com o Estado, mercado e sociedade civil, contribuindo assim com a oferta de cursos que correspondam ao futuro pelo qual almejam nossos jovens estudantes, a verdadeira riqueza de uma nação. Esta diferença vem sendo revertida principalmente com a autonomia que cabe aos Centros Universitários para modificarem com agilidade o retrato dos recursos humanos no país. Esta autonomia, na prática, se traduz numa dinâmica capaz de oferecer rapidamente as respostas por qualificação que as diferentes regiões têm e que são demandas diferenciadas, 60 PRIMEIRA PARTE SITUAÇÃO GEOGRÁFICA E CONTEXTOS REGIONAIS DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS: A REGIÃO CENTRO-OESTE Getúlio Américo Moreira Lopes14(*) CONSIDERAÇÕES GERAIS na conduta de gerações e mais gerações dos profissionais da educação, é de se notar que importantes exceções foram surgindo, quer no âmbito do Ministério da Educação, quer no do Conselho Federal de Educação, quer entre as próprias universidades brasileiras e instituições isoladas de ensino superior, forçando um pouco a “barra” do centralismo, do reacionarismo das corporações, verdadeiros feudos encastelados em meio à inércia da grande maioria dos educadores que a tudo assistiam sem qualquer vislumbre de resistência ou oposição. A educação superior no Brasil esteve sempre fundamentalmente ligada à realidade de um centralismo atroz, se desenvolvendo (sic) à custa de um voraz corporativismo, tendo como dirigentes de suas ações, de um lado o Ministério da Educação com seus variados nomes ao longo dos anos, dependendo do enfoque político dado à sua atuação, e, de outro, o Conselho Federal de Educação, como órgão sacramentador do dirigismo absoluto exercido sobre a educação, alicerçando-se na interpretação de leis retrógradas, marcantemente autoritárias, engessando o sopro de renovação e abafando as notáveis carreiras de educadores que teimavam em dar ao ensino superior do País um sentido inovador e eficaz no desempenho de suas funções. É alentador relembrar, por exemplo, a pressão exercida por grande parte da sociedade educacional do País sobre os órgãos do Ministério da Educação e sobre o Conselho Federal e os Conselhos Estaduais, clamando por alterações na condução dos processos de autorização e reconhecimento de cursos, bem assim pela maior flexibilidade na fixação do número de alunos por sala e na criação de novos cursos, sem a necessidade de cumprir um “calvário” de procedimentos e atendimentos a normas de ensino esdrúxulas e inconsistentes. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a de n.° 4.024, de 20 de dezembro de 1961, trouxe algumas esperanças no que tange ao ensino superior. Acabou com “as cátedras”, que eram a forma mais autoritária de domínio das ciências, das letras e das artes, limitando os conteúdos das matérias de estudos a uma visão restritiva de conhecimentos, tidas como imutáveis e plenamente insensíveis às mudanças que se operavam no campo sócio-econômico do país, e colocou em seu lugar “os departamentos”, como um arremedo de descontração do ambiente universitário, assegurando alguma liberdade aos educadores na formulação dos currículos dos cursos, como se fosse possível criar alguma identidade desses cursos diante das necessidades exigidas pela sociedade econômica e social da nação, ante a exigência obrigatória de um currículo mínimo de nível superior, que não dava margem a qualquer acréscimo, seja de conteúdo, de conhecimentos ou de habilidades. A BUROCRACIA DO MEC É SUFOCANTE A burocracia do MEC é algo sobremodo sufocante. À semelhança das normas obstaculizadoras existentes nos procedimentos da Inquisição, Tribunal Eclesiástico vigente na idade média, que julgava os hereges e as pessoas suspeitas de heteredoxia em relação ao catolicismo, felizmente há muito abandonado pela Igreja, os educadores brasileiros que se “aventuravam” na fundação de Instituições de ensino superior, cumpriam e ainda cumprem verdadeira maratona para inovar alguns procedimentos a serviço de uma atuação consentânea com a modernidade de seu trabalho. Hereges, não podem nem insinuar mudanças significativas na vida da instituição, sob pena de sofrerem as conseqüências da ameaça do descredenciamento. É considerada verdadeira heterodoxia falar-se em liberdade às instituições, no sentido de consagrar-lhe o real direito de dirigirem os seus passos sem amarras, sem correntes vergastando-lhes sua destinação e sua história. É como se os empresários- O GOSTO PELA CULTURA DO DIRIGISMO Enquanto se reconhece que havia entre as autoridades e os educadores, de um modo geral, um gosto excessivo pela cultura do dirigismo, que se enraizou 14 (*)Getúlio Americo Lopes é Reitor do UniCEUB 61 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 educadores fossem todos criancinhas, irresponsáveis na condução de seus atos, porquanto ainda incompetentes para discernir entre o certo e o errado. Quem sabe fazer isso com precisão e absoluta capacidade de acerto são os seus “tutores” ou responsáveis, que trazem na experiência a certeza dos fatos. Nem na vida real as coisas acontecem, exatamente assim, na relação de adultos e crianças. Portaria n° 2.175, de 27 de novembro de 1997, que Estabelece que as Universidades e Centros Universitários integrantes do sistema federal de ensino, que obtiverem conceito A ou B na maioria dos indicadores de avaliação dos cursos de graduação previstos no Decreto n° 2.026, de 10 de outubro de 1996, em dois anos consecutivos, ficam autorizadas a abrir cursos de graduação fora de suas respectivas sedes, em quaisquer áreas do conhecimento, na mesma unidade da federação em que tem sua sede autorizada, sem prévia consulta ao MEC. Publicado em: Sexta-feira, 28 de Novembro de 1997. O SOPRO RENOVADOR NA LEGISLAÇÃO DE ENSINO NO BRASIL O fato é que é muito recente uma tomada de posição assumida pelo Ministério da Educação, como se fosse um sopro alentador nesse intrincado pacotaço – petardo de leis e normas sobre ensino e educação superiores no Brasil. Decreto n° 4.914, de 11 de novembro de 2003, que Dispõe sobre os Centros Universitários de que trata o art. 11 do Decreto n° 3.860, de 9 de julho de 2001, e dá outras providências. Publicado no Diário da União, Edição Extra, de 12 de dezembro de 2003. Publicado em: Sexta-feira, 12 de Dezembro de 2003. Com efeito, de 1997 para cá foram editados alguns instrumentos normativos que representaram um “afrouxamento”, ainda muito manietado, mas nem por isso deixa de ser alvissareiro, em termos de descentralização controlada da educação superior, a seguir: Decreto n° 2.207, de 15 de abril de 1997, que Regulamenta, para o Sistema Federal de Ensino, as disposições contidas nos arts. 19, 20, 45, 46 e § 1°, 52, parágrafo único, 54 e 88 da Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que dispõe sobre a legislação de instituições de ensino, autorização e reconhecimento de cursos e da adaptação da legislação educacional da União, dos Estados, do Distrito Federal e Municípios às disposições da LDB, e dá outras providências. Publicado em: Quarta-feira, 16 de Abril de 1997. A resistência é tão grande a essas inovações que diversos organismos ainda criticam-nas e argúem a sua inconstitucionalidade. Como exemplo, cite-se a criação dos Centros Universitários, em que muitos alegam terem vindo à luz através de Decreto, instrumento legislativo de natureza complementar, por conseguinte inapropriado para regular matéria da espécie, posto que se elevou o Centro à magnitude de Universidade, guardando poucas diferenças entre si. Na verdade, por trás do argumento de técnica legislativa, o que se deseja, mesmo, é atacar o Centro Universitário em sua estrutura de instituição, com autonomia didática-acadêmica, à semelhança da que se concede às Universidades. Decreto n° 2.306, de 19 de agosto de 1997, que Regulamenta, para o Sistema Federal de Ensino, a classificação e as atribuições das entidades mantenedoras de instituições de ensino superior, bem como a organização acadêmica dessas instituições. Publicado em: Quarta-feira, 20 de Agosto de 1997. AS PERSEGUIÇÕES AO ANTIGO CONSELHO FEDERAL DE EDUCAÇÃO E O TRATAMENTO DE DESCONFIANÇA AO SEGMENTO PRIVADO DE ENSINO Não é fácil esquecer as perseguições de que foi alvo o Conselho Federal de Educação, enquanto órgão público, e os seus conselheiros, como via de conseqüência da atuação desabrida e modernista de alguns de seus membros, confundidos como suspeitos de praticarem atos de corrupção no órgão, pelo simples fato de terem liberado, para aprovação, com mais celeridade, processos de Centros Universitários ou de Portaria n.° 2.041, de 22 de outubro de 1997, que Define critérios adicionais aos já obtidos na legislação vigente, de organização institucional para o Centros Universitários. Publicado em: Quinta-feira, 23 de Outubro de 1997. 62 PRIMEIRA PARTE Universidades dentro da visão inovadora e progressista da análise de seus projetos. Com efeito, bastou que alguns desses luminares da educação agissem com flexibilidade no exame dos projetos de autorização ou reconhecimento de cursos, liberando-os, a seguir, para logo receberem a pecha de “vendilhões da coisa pública”, como se a competência, a aguda sensibilidade desses mestres de notório saber em matéria de ensino, fosse um “pecado” mortal. educacionais, no Brasil e no mundo, especialmente na América Latina, acabando por renderem-se à evidência de uma nova era, a da revolução do conhecimento, em substituição à da revolução industrial. Em outras palavras: a era industrial reservava aos estabelecimentos de ensino superior um papel de valorização dos produtos. Nessa relação o aluno exercia um desempenho secundário. No processo ensino-aprendizagem era ele mero instrumento a serviço da excelência do produto industrial, essencial para o fortalecimento da economia e dos mercados. Tudo quanto o alunado deveria fazer era exibir boa performance acadêmica para assegurar ao mercado capacidade de circulação eficiente de suas mercadorias, elevando os índices de rentabilidade global em proveito da economia de mercado, como agente passivo desse intercâmbio escolasociedade, já que o resultado, a qualidade do produto, se impunha por si mesmo. A fúria governamental, de parte significativa de autoridades infensas por mudanças, aliada a forte substrato de reacionarismo das camadas mais corporativas da educação no Brasil, seja as infiltradas no MEC, seja as localizadas nas universidades com incursões na gestão administrativo-acadêmica das instituições isoladas de ensino superior, notadamente nas privadas, encarregou-se de boicotar ou retardar a implantação de mecanismos na legislação brasileira, que configurassem “liberdade de gestão” dos estabelecimentos de ensino superior, assegurando-lhes os instrumentos capazes de criar novos direcionamentos da educação, preparando os recursos humanos indispensáveis ao desenvolvimento nacional. O enfoque, agora, é outro. O conhecimento elevou-se ao patamar de elemento controlador político e econômico da sociedade, e tornou-se instrumento de mobilidade social, de transformação organizacional e de revolução cultural. Substancial, como premissa de aprendizagem, é o aprender a fazer, o aprender a conhecer, para, em seguida, aprender a ser. O aluno, neste sentido, é parte integrante do produto final, seja da indústria ou da construção de idéias. Ele, aluno, passa a ser o agente ativo da relação escola-sociedade. Isto muda tudo. O conhecimento, com efeito, é o elo propulsor da nova sociedade, verdadeiro balizamento de sua marcha inevitável para fazer da nação brasileira um país progressista, emergente, com ares de primeiro mundo. Como foi difícil para muitos educadores, os chamados progressistas, manterem-se ilesos, a salvo das desconfianças, diante da implacável ação dos fazedores de “crises” e do inconformismo desses personagens com uma política de distenção do MEC e de seus órgãos, notoriamente o Conselho, já transformado em Conselho Nacional de Educação! A extinção do Conselho Federal de Educação para dar lugar ao Conselho Nacional de Educação, é como um “recado” aos conselheiros do antigo órgão, como se todos fossem “suspeitos” de uma atuação viciada, comprometedora da inteligentzia educacional brasileira, que sempre viu um caminho a percorrer, a seguir sem titubeios, no tratamento de desconfiança do segmento privado de educação, a forma objetiva de exprimir seus ideais equivocados de educação. A premissa mais verdadeira, para esse segmento, era a de que a iniciativa privada não mantinha compromisso com a qualidade de ensino, nem tampouco respeitava a legislação de ensino em sua inteireza. Uma tremenda injustiça com o setor privado. Os Centros Universitários, desde a sua criação, viraram uma página obscura da educação brasileira e deram início a uma nova fase de gestão e administração acadêmica da educação no País, com inteligência, ética e, sobretudo, com muita eficiência. E isto não ocorreu por acaso . Foi graças às modificações introduzidas na legislação brasileira de ensino, com o funcionamento dos Centros Universitários, que numerosos educadores, com efetiva liberdade, puderam inovar nos procedimentos educacionais, nos currículos, nas atividades, de modo geral, postas em prática nas diversas unidades de ensino superior do gênero Centro. A NOVA ERA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL – NOVOS PARADIGMAS Felizmente, os conservadores da educação, os que distorcem a realidade dos fatos, até por uma questão de hábito enraizado profundamente em suas culturas, estão sofrendo pesadas baixas nos dias atuais, cedendo à força das mudanças dos paradigmas 63 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 Dados demográficos do Brasil na época da fundação dos Centros Universitários Tabela 5 – Crescimento absoluto, participação relativa e taxa média geométrica de crescimento anual para a capital e o interior das Grandes Regiões e unidade da Federação – 1991/2000 (continua) Grandes Regiões Participação relativa (%) Crescimento Absoluto E 1991/2000 1991 Unidades da Total Capital Interior Capital Interior Federação Centro-Oeste 2.189.144 828.811 1.360.333 36,60 63,40 Mato Grosso do Sul 294.504 136.408 158.096 29,55 70,45 Mato Grosso 475.029 80.231 394.798 19,87 80,13 Goiás 977.536 170.097 807.439 22,91 77,09 Distrito Federal 442.075 442.075 100,00 Dinâmica da População Brasileira: Fonte – IBGE. Tabela 5 – Crescimento absoluto, participação relativa e taxa média geométrica de crescimento anual para a capital e o interior das Grandes Regiões e unidade da Federação – 1991/2000 (conclusão) Grandes Regiões Taxa média geométrica de Participação relativa (%) 2000 E crescimento anual (%) 1991/2000 Unidades da Capital Interior Total Capital Interior Federação Centro-Oeste 36,84 63,16 2,37 2,44 2,33 Mato Grosso do Sul 31,93 68,07 1,73 2,62 1,34 Mato Grosso 19,30 80,70 2,39 2,06 2,47 Goiás 21,83 78,17 2,47 1,92 2,63 Distrito Federal 100,00 2,77 2,77 - Fonte: IBGE. Censo Demográfico 1991-2000 Notas: 1 – As informações de 1991 foram compatibilizadas segundo a malha territorial de 2000 2 - Os dados comparativos referem-se aos resultados definitivos dos respectivos censos até 1991 Distribuição Geográfica dos Centros Universitários – Região Centro-Oeste – 2007 Unidades da Federação Mato Grosso do Sul Matro Grosso Goiás Distrito Federal TOTAL Fonte: ANACEU – 2007. Centros Universitários Centro Universitário de Campo Grande – UNAES. Centro Universitário da Grande Dourados UNIGRAN. Centro Universitário de Várzea Grande – UNIVAG. Centro Universitário Cândido Rondon UNIRONDON. – – Centro Universitário de Anápolis – UNIEVANGÉLICA. Centro Universitário de Goiás – UNIGOIÁS. Centro Universitário de Desenvolvimento do CentroOeste – UNIDESC. Centro Universitário de Brasília – UniCEUB. Centro Universitário Euro-Americano – UNICEURO. Centro Universitário do Distrito Federal – UniDF. Centrpo Universitário Planalto do Distrito Federal – UNIPLAN. 11 Origem Privada Pública X X X X X X X X X X X Note-se que não há Centros Universitários públicos. A participação relativa das capitais brasileiras no País apresentou uma discreta redução em relação ao Censo Demográfico 1991, passando de 23,92% para 23,82%. As capitais da Região Sudeste concentram cerca de 46,50% da população das capitais brasileiras, mas essa participação vem declinando ao longo do tempo, cedendo 64 PRIMEIRA PARTE importância às capitais das demais regiões. A elevada concentração da população em algumas das capitais brasileiras constituiu um fato de grande importância, sobretudo em alguns estados da Região Norte, que no passado apresentavam uma baixa ocupação populacional. Em Roraima e Amapá, em 1970, pelo menos dois terços da população vivia na capital. Importantes capitais brasileiras, tradicionalmente conhecidas como áreas de atração migratória, como Rio de Janeiro e São Paulo, também apresentavam forte concentração dentro do estado. Entretanto, essa característica vem se alterando ao longo das décadas. Assim, grandes centros urbanos como Recife, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre, bem como as outras capitais da Região Sudeste vêm reduzindo a sua participação dentro de seus respectivos estados. Este fato ocorreu em algumas das chamadas regiões de fronteira agrícola. Estas observações são do IBGE. CONCENTRAÇÃO DA POPULAÇÃO Participação relativa da população das Grandes Regiões e Unidades da Federação no total do País As informações provenientes do Censo Demográfico 2000 mostraram que as três regiões mais populosas continuam sendo as Regiões Sudeste, Nordeste e Sul. Entre as duas menos populosas, Norte e Centro-Oeste, manteve-se a mudança de posição observada em 1991. A Região Centro-Oeste, que desde meados do Século XX apresentava o menor volume populacional, a partir de 1960, passou a ocupar a penúltima posição, mantendo-se nela até 1980. Como conseqüência das alterações político-administrativas2 ocorridas no período de 1980-1991, voltou a ocupar a última posição e nela permaneceu no último período (1991-2000). Tabela 6 – Participação relativa da população residente das Grande Regiões no total do País - 1950/2000 Grandes Regiões Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Participação relativa (%) 1950 100,00 3,53 34,64 43,41 15,09 3,33 1960 100,00 3,66 31,66 43,71 16,77 4,20 1970 100,00 3,87 30,18 42,79 17,71 5,45 1980 100,00 5,56 29,25 43,47 15,99 5,72 1991 100,00 6,83 28,94 42,73 15,07 6,42 2000 100,00 7,60 28,12 42,63 14,79 6,85 Fonte: IBGE. Censo Demográfico 1980-2000 Notas: 1 – Até o ano de 1980 as informações referem-se à divisão político-administrativa vigente no país na época do Censo Demográfico de 1980 2 - Os dados comparativos referem-se aos resultados definitivos dos respectivos censos até 1991 As Regiões Norte e Centro-Oeste continuaram aumentando a representatividade no crescimento populacional, cabendo destacar a ininterrupta tendência de incremento das suas participações relativas no total do País, desde a década de 50. Enquanto isso, as Regiões Sudeste e Sul praticamente mantêm a mesma participação em meio século. A Região Nordeste, que possui o segundo maior contingente populacional do País, mantém a tendência de declínio em sua participação nacional. A participação relativa da população das Grandes Regiões no total do País revela, de outra forma, as constatações anteriores, devendo-se destacar que a Sudeste e o Nordeste sempre apresentaram as maiores proporções de população. Entretanto, os percentuais observados em 2000 são os mais baixos registrados em todo o período de estudo. 65 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 Janeiro e Paraná. Gráfico 7 - Participação relativa da população residente das Grandes Regiões no total do país - 1950/2000 Número de municípios e os mais populosos 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 No Censo Demográfico 2000 foram pesquisados 5.507 municípios dos quais a participação relativa das Regiões Nordeste (32,45%), Sudeste (30,25%), Sul (21,05%) e Centro-Oeste (8,10%) foi inferior àquelas calculadas com os 4.491 municípios existentes no Censo Demográfico 1991. A Região Norte destacouse com 8,15% dos municípios no Censo Demográfico 2000, sendo essa participação 6,64%, em 1991. Portanto, o País, nesses últimos nove anos, foi contemplado com 1.016 novos municípios. Assim, no que se refere ao crescimento em número de municípios, a Região Sul apresentou o maior incremento absoluto (286). Entretanto, em termos de crescimento relativo, o destaque foi para a Região Norte, cabendo ao Estado de Rondônia o maior crescimento relativo em número de municípios (126,09%). 1950 1960 1970 1980 1991 Norte Nordeste Sudeste F onte: IB G E . C ens o Demográfico 1950- Sul CentroOeste 2000 A análise dos dados censitários de 2000 permite verificar que os estados mais populosos do Brasil são, por ordem, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Sul e Paraná, concentrando, em conjunto, 60,14% da população total do País. Os cinco primeiros mantêm essa posição desde 1940, à exceção do Paraná, que a partir de 1950, ocupa a posição que anteriormente pertencia ao Estado de Pernambuco. Do conjunto de 15 municípios mais populosos, 13 apresentaram população superior a 1 milhão de habitantes, em 2000, e reuniam 36,2 milhões de pessoas que correspondem a 21,36% da população total do País. Os cinco municípios mais populosos foram: São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte e Fortaleza. Estes municípios concentram 13,60% da população do Brasil, e, particularmente, o Município de São Paulo concentrou 6,14% do efetivo populacional do País, ou seja, 10.405.867 pessoas. No período de 1991-2000, o estado de maior crescimento populacional, em termos absolutos, foi São Paulo (5 380 551 habitantes), seguido de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pará, Paraná, Ceará e Rio Grande do Sul, que, conjuntamente, responderam por 64,60% do aumento total. Dentre os que tiveram maior crescimento populacional nesse último período, a maioria apresentou incremento populacional inferior ao observado no período de 1980-1991, exceto Rio de Tabela 7 – População residente, crescimento absoluto, participação relativa, e taxa média geométrica de crescimento anual nos municípios mais populosos – 1991/2000 Participação relativa em Taxa média geométrica População residente relação ao total (%) Crescimento Municípios mais de Do país Do estado Absoluto crescimento populosos 1991/2000 anual (%) 1991 2000 1991 2000 1991 2000 1991/2000 São Paulo 9.646.185 10.405.867 759.682 6,57 6,14 30,54 28,15 0,85 Rio de Janeiro 5.480.768 5.851.914 371.146 3,73 3,45 0,43 0,41 0,74 Salvador 2.075.273 2.440.828 365.555 1,41 1,44 17,49 18,68 1,84 Belo Horizonte 2.020.161 2.232.747 212.586 1,38 1,32 12,83 12,50 1,13 Fortaleza 1.768.637 2.138.234 369.597 1,20 1,26 27,78 28,82 2,15 Brasilia 1.601.094 2.043.169 442.075 1,09 1,20 100,00 100,00 2,77 Curitiba 1.315.035 1.586.848 271.813 0,90 0,84 15,56 17,97 2,13 Recife 1.298.229 1.421.993 123.764 0,88 0,84 18,21 17,97 1,03 Manaus 1.011.501 1.403.796 392.295 0,69 0,83 48,09 49,90 3,74 Porto Alegre 1.251.885 1.360.033 108.148 0,85 0,80 13,70 13,36 0,93 Belém 1.080.692 1.279.861 199.169 0,74 0,75 21,83 20,68 1,92 Goiânia 920.640 1.090.737 170.097 0,63 0,64 22,91 21,83 1,92 Guarulhos 787.866 1.071.268 283.402 0,54 0,63 2,49 2,90 3,51 Campinas 847.595 968.172 120.577 0,58 0,57 2,68 2,62 1,50 Nova Iguaçu 772.399 915.366 142.967 0,53 0,54 6,03 6,37 1,92 Fonte: IBGE. Censo Demográfico 1991-2000. Nota: 1- As informações de 1991 foram compatibilizadas segundo a malha territorial de 2000. 2- Os dados comparativos de 1991 referem-se aos resultados definitivos 66 PRIMEIRA PARTE Uma medida da concentração da população municipal dos Centros Universitários por unidades da Federação da Região Centro-Oeste, hoje, é preocupante, na medida em que se constata que tanto a iniciativa pública como a privada, não vêm recorrendo à flexibilização dada pelo MEC, para fundar ou criar centros, cuja estrutura acadêmica e administrativa é fundamental para a garantia de currículos modernos, de uma expansão ordenada dos cursos e serviços educacionais oferecidos por suas unidades de ensino, em nível de graduação, extensão e pós-graduação, ou até mesmo para a criação de mecanismos inovadores, que extrapolem o convencional admitido, ordinariamente, para o ensino superior, dando margem à celebração e consolidação de utopias, tão ausentes, há muitas décadas, do nosso sistema de educação particular ou pública. O método utilizado para mensurar o grau de concentração populacional na ocupação do espaço geográfico foi o Índice de Gini3, e em nível nacional a população do Brasil continua em processo de ocupação desse espaço, conforme revela o índice para o Brasil, que passou de 0,6835, em 1991, para 0,6982, em 2000. Em termos regionais, o maior aumento do índice coube à Região Sul, seguidas da Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste, enquanto na Região Norte não houve praticamente alterações no grau de e de 1991-2000. A Curva de Lorenz calculada revelou que em 2000 existiu um maior grau de concentração populacional em alguns municípios quando comparada com a curva do Censo Demográfico 1991. É preciso mais ousadia da parte da iniciativa pública e privada, para fundar mais Centros Universitários, que se incorporem aos já existentes com o compromisso de alavancar as bases culturais e sócioeconômicas da Região Centro-Oeste, contribuindo, com criatividade, arrojo e perseverança, para o crescimento da região e do País. Características essenciais do planejamento para os Centros Universitários da região 1. - Premissa fundamental na política do Centro, é partir de uma visão realista das características do sistema de ensino em que está inserido, dos problemas nele existentes e dos recursos disponíveis para suplantá-los ou resolvê-los. 2. - Melhoria constante da qualidade do ensino e dos serviços das Instituições, em pleno atendimento à função basilar do Centro Universitário definida em normas de sua criação. Comentários aos dados do IBGE Os indicadores econômico-sociais do IBGE que estão transcritos nas páginas anteriores, são um referencial importante para traduzir o progresso da Região Centro-Oeste em comparação com as demais do País, na época da fundação dos Centros Universitários. Nos dias de hoje a situação é bem diferente. 3.- Redução inteligente dos custos das mensalidades e dos serviços relativos à graduação. É possível reduzir, sensivelmente, os custos da mensalidade, sem prejuízo da qualidade do trabalho desenvolvido pela Instituição, conjugando fatores, como relação aluno-sala, formação de turmas agrupadas por disciplinas comuns às áreas de conhecimento, etc. De outra parte, convém ressaltar que a pesquisa do IBGE refere-se à faixa 1991/2000. Por conseguinte, há uma defasagem de quase 8 anos em todos os dados coletados, o que configura alterações substanciais comparadas aos dias de hoje, e o que, por si só, já elimina a possibilidade de estudos, com base nelas, com vistas ao planejamento de ensino dos Centros Universitários para os dias atuais e subseqüentes. Todavia a pesquisa se reduz, nesse caso, a mero indicador, até certo ponto válido, considerando-se que os fenômenos sociais avançam em função de uma freqüência com poucas variações. 4. - Diversificação das ofertas de cursos e serviços, adequando-os à heterogeneidade da demanda, obedecendo a um plano de pesquisas permanentes para auscultar a preferência da população, seus problemas sociais mais comuns e sua capacidade de financiamento de seus estudos. 5. - Gestão inteligente na dimensão acadêmica, administrativa e financeira da Instituição, garantido a eficiência, presteza e qualidade científica e técnica do ensino e das atividades que lhe são correlatas. De qualquer sorte, o quadro com a distribuição 6. - Contribuição, de forma pragmática, para que 67 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 o Plano Pedagógico da Instituição, seja no nível de programas das disciplinas ou no de definição dos projetos de extensão e de pesquisa, contemple ações para a redução dos desequilíbrios regionais e das desigualdades sociais, bem assim inclua a gestão sustentável do meio ambiente e dos recursos naturais do Centro-Oeste em toda a sua estrutura. 7. - A Pós-graduação, excelente fonte de renda, quer na iniciativa privada ou na pública, deve ser incrementada com os cuidados que a natureza de seu ensino requer, mas deve repousar em bases sólidas, tanto na adequada oferta de cursos, como na seleção de seu corpo docente, oferecendo-se à comunidade um ensino de pós-graduação stricto sensu ou lato sensu de altíssima qualidade. A formação de pesquisadores, mestres ou doutores, e de especialistas, é coisa muito séria e há de louvar-se em estudos da própria Instituição, dirigidos a esse fim, ou à CAPES/MEC, órgão público de notável experiência no setor. 8. – Infra-estrutura adequada como: instalações dos espaços de salas de aula e de outras atividades constantes do Plano Pedagógico da Instituição; salas ambientes para laboratórios e bibliotecas com todos os equipamentos modernos de informática a serviço de alunos, professores e comunidade. CURSOS OFERECIDOS PELOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS DA REGIÃO CENTRO-OESTE Centro Universitário de Brasília – UniCEUB Reitor: Getúlio Américo Moreira Lopes Cursos oferecidos Administração Arquitetura Biologia (licenciatura e bacharelado) Biomedicina Ciências da Computação Ciências Contábeis Comunicação Social 1. Habilitação – Jornalismo 2. Habilitação – Comunicação e Marketing (a partir de 1/2008) 3. Habilitação – Publicidade e Propaganda Curso Superior de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas Curso Superior de Tecnologia em Audiovisual e Cinema (a partir de 1/2008) Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Turismo Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Pequenas e Médias Empresas e Empreendedorismo Direito Educação Física (licenciatura e bacharelado) Enfermagem Engenharia de Computação Fisioterapia Geografia (licenciatura e bacharelado) História Letras 1. Habilitação – Português/espanhol (licenciatura) 2. Habilitação – Português/Inglês (licenciatura) 3. Habilitação – Português/Português (licenciatura) Pedagogia 1. Habilitação – Formação de professores para a Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental Psicologia Relações Internacionais Centro Universitário Cândido Rondon – UNIRONDON Reitora: Profª MS. Luzia Guimarães Cursos oferecidos Administração Biomedicina Ciências Biológicas Ciências Contábeis Ciência da Computação Comunicação Social 68 PRIMEIRA PARTE Jornalismo Publicidade e Propaganda Curso Superior de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas Curso Superior de Tecnologia em Gestão Comercial Curso Superior de Tecnologia em Gestão em Financeira Curso Superior de Tecnologia em Negócios Imobiliários Curso Superior de Tecnologia em Radiologia Curso Superior de Tecnologia em Secretariado Curso Superior de Tecnologia em Segurança da Informação Direito Enfermagem Pedagogia Magistério Séries Iniciais do Ensino Fundamental e Supervisão Escolar Pedagogia - Gestão de Ensino à Distância Química Turismo Centro Universitário da Grande Dourados - UNIGRAN Reitora: Rosa Maria D’Amato de Déa Cursos oferecidos Administração(EAD) Administração Administração de Agronegócios Agronomia Arquitetura e Urbanismo Artes Visuais Biomedicina Ciências Biológicas Bacharelado em Meio Ambiente Ciências Biológicas Ciências Contábeis Ciências Contábeis (EAD) Ciência da Computação Comunicação Social Jornalismo Comunicação Social - Publicidade e Marketing Curso Superior de Tecnologia em Agronomia Curso Superior de Tecnologia em Agropecuária Curso Superior de Tecnologia em Estética e Cosmetologia Curso Sup.de Tec.em Gestão da Qualidade em Manejo e Nutrição Animal Curso Superior de Tecnologia em Gestão Imobiliária Curso Superior de Tecnologia em Produção Publicitária Curso Superior de Tecnologia em Produção Publicitária Direito Educação Física Enfermagem Farmácia Fisioterapia Letras Português e Literaturas da Língua Portuguesa LETRAS (ead) Português e Literaturas de Língua Portuguesa 69 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 Matemática Medicina Veterinária Nutrição Odontologia Pedagogia Magistério da Educação Infantil e Gestão Escolar Pedagogia – Licenciatura Pedagogia (Ed) Psicologia Formação de Psicólogo Psicologia Serviço Social Teologia – EAD Turismo Cursos Seqüenciais Curso Sequencial de Formação Específica em Gestão Imobiliária Curso Sequencial de Formação Específica em Manejo e Nutrição Animal Curso Sequencial de Formação Específica em Publicidade e Marketing Centro Universitário de Anápolis - UniEVANGÉLICA Reitor: Carlos Hassel Mendes da Silva Cursos oferecidos Administração Administração de Empresas Finanças Gestão Hoteleira Marketing Recursos Humanos Biologia Ciências Matemática Ciências Sociais Ciência da Computação Curso Superior de Tecnologia em Gastronomia Curso Superior de Tecnologia em Gestão Financeira Curso Superior de Tecnologia em Radiologia Direito Educação Física Enfermagem Farmácia e Bioquímica Fisioterapia Geografia História Letras Português/Espanhol e Respectivas Literaturas Português/Inglês e Respectivas Literaturas Odontologia Pedagogia Magistérios das Séries Iniciais do Ens.Fund. e Gestão Educacional Magistério das Matérias Pedagógicas 2º Grau e Administração Escolar Química Sistemas de Informação 70 PRIMEIRA PARTE Cursos Seqüenciais Controladoria Empresarial Gastronomia e Gestão de Serviços da Alimentação Gestão Empresarial Higiene Dental e Gestão de Serviços Odontológicos Prótese Odontológica Relações Públicas - Gestão de Eventos, Etiqueta e Cerimonial Centro Universitário de Campo Grande - UNAES Reitor: João Leopoldo Samways Filho Cursos oferecidos Ciências Contábeis Ciências Econômicas Ciência da Computação Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Mecânica de Automóveis Curso Superior de Tecnologia em Gestão Pública Curso Superior de Tecnologia em Sistemas para Internet(Agrupamento de Área Profissional: Informática e de Telecomunicações) Design de Moda Direito Engenharia de Produção Hotelaria Pedagogia Administração Escolar do Ensino Fundamental e Médio Magistério das Matérias Pedagógicas do Ensino Médio Psicologia Relações Internacionais Centro Universitário de Desenvolvimento do Centro Oeste - UNIDESC Reitor: Carlos Antônio Ferreira Dias Cursos oferecidos Administração Administração de Empresas Artes Ciências Biológicas Ciências Contábeis Ciências da Computação Ciências Econômicas Ciência Política Computação Design de Moda Direito Filosofia Geografia História Hotelaria Letras Espanhol Inglês Português Matemática Medicina Veterinária 71 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 Normal Superior Magistério da Educação Infantil Magistério para os Anos Iniciais do Ensino Fundamental Pedagogia Gestão Escolar e Empresarial Magistério das Matérias Pedagógicas 2º Grau Publicidade e Propaganda Relações Internacionais Relações Públicas Secretariado Executivo Serviço Social Teologia Turismo Cursos Seqüênciais Curso Superior em Formação Específica em Alfabetização Curso Superior em Formação Específica em Auditoria Curso Superior em Formação Específica em Banco de Dados Curso Superior em Formação Específica em Design de Bijuterias e Jóias Curso Superior em Formação Específica em Design de Interiores Curso Superior em Formação Específica em Empreendedorismo Curso Superior em Formação Específica em Gestão Comercial Curso Superior em Formação Específica em Gestão Estratégica de Vendas Centro Universitário de Goiás - Uni-ANHANGÜERA Reitor: Jovenny Sebastião Cândido de Oliveira Cursos oferecidos Administração Agronomia Ciências Biológicas Ciências Contábeis Ciências Econômicas Computação Comunicação Social Jornalismo Publicidade e Propaganda Relações Públicas Curso Superior de Tecnologia em Desenvolvimento de Software para Internet (Área Profissional: Informática) Curso Superior de Tecnologia em Eventos e Cerimonial (Área Profissional: Turismo e Hospitalidade) Curso Superior de Tecnologia em Gestão Ambiental (Área Profissional: Meio Ambiente e Tecnologia da Saúde) Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Agronegócios(Área Profissional: Gestão) Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Controle de Qualidade Higiênico-Sanitário de Alimentos(Área Profissional:Gestão) Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Pequenas e Médias Empresas (Área Profissional: Gestão) Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Pessoas (Área Profissional: Gestão) Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Saúde (Área Profissional: Gestão) Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Segurança Pública Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Tecnologia da Informação Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Varejo(Área Profissional: Gestão) Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Vendas (Área Profissional: Gestão) Curso Superior de Tecnologia em Gestão Imobiliária (Área Profissional: Gestão) Curso Superior de Tecnologia em Gestão Pública e Planejamento Municipal (Área Profissional: Gestão) Curso Superior de Tecnologia em Logística e Distribuição (Área Profissional: Gestão) Curso Superior de Tecnologia em Marketing(Agrupamento de Áreas Profissionais: Comércio e Gestão) 72 PRIMEIRA PARTE Curso Superior de Tecnologia em Processamento de Dados (Área Profissional: Informática) Curso Superior de Tecnologia em Redes de Comunicação (Área Profissional: Informática) Design Direito Educação Física Enfermagem Engenharia Ambiental Engenharia de Alimentos Engenharia de Computação Farmácia Física Fisioterapia Fonoaudiologia Geografia História Letras Língua Portuguesa, Língua Inglesa e Respectivas Literaturas Matemática Normal Superior Magistério da Educação Infantil Magistério dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental Nutrição Pedagogia Docência para os Anos Iniciais do Ensino Fundamental Gestão Educacional Tecnologias Educacionais Química Relações Internacionais Serviço Social Sistemas de Informação Terapia Ocupacional Turismo Cursos Seqüenciais Cálculo Trabalhista e Previdenciário Gestão da Comunicação Visual Gestão de Call Center e Contact Center Gestão de Empresa de Segurança Gestão de Empresas de Moda Gestão de Endomarketing Gestão de Instituições de Educação Infantil Gestão de Negócios do Terceiro Setor Gestão de Pequenas Empresas Gestão de Segurança Pública Gestão de Vendas Linux e Aplicativos Livres Marketing de Relacionamento Programação Web Regulamentação Ambiental 73 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 Centro Universitário de Várzea Grande - UNIVAG Reitor: Drauzio Antonio Medeiros Cursos oferecidos Administração Comércio Exterior Agronomia Ciências Biológicas(Proed) Ciências Biológicas Ecologia Ciências Contábeis Comunicação Social Publicidade e Propaganda Relações Públicas Curso Superior de Tecnologia em Agronegócio(Agrupamento de Áreas Profissionais: Agropecuária e de Recursos Pesqueiros) Curso Superior de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas(Agrupamento de Área Profissional: Informática e de Telecomunicações) Curso Superior de Tecnologia em Estética e Cosmetologia Curso Superior de Tecnologia em Gestão Comercial Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Planejamento e Marketing e Vendas (Área Profissional: Gestão) Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Segurança Privada(Agrupamento de Áreas Profissionais: Comércio e Gestão) Curso Superior de Tecnologia em Gestão Financeira Curso Superior de Tecnologia em Gestão Pública (Agrupamento de Áreas Profissionais:Comércio e Gestão) Curso Superior de Tecnologia em Marketing (Agrupamento das Áreas Profissionais: Comércio e Gestão) Direito Docência de Ciências Humanas Educação Física Enfermagem Engenharia Ambiental Engenharia de Alimentos Farmácia Fisioterapia Fonoaudiologia Geografia(Proed) Geografia História(Proed) História Letras(Proed) Português/Espanhol Português/Inglês Letras Português/Espanhol e Respectivas Literaturas Português/Inglês e Respectivas Literaturas Matemática(Proed) Matemática Odontologia Pedagogia(Proed) Magistério das Séries Iniciais do Ensino Fundamental Magistério da Educação Infantil Pedagogia Magistério das Séries Iniciais do Fundamental Magistério da Educação Infantil 74 PRIMEIRA PARTE Pedagogia Na Empresa Psicologia, Modalidade Formação de Psicólogo Serviço Social Sistemas de Informação Turismo Centro Universitário do Distrito Federal - UniDF Reitor: Linaldo Jose Malveira Alves Cursos oferecidos Administração Ciências Atuariais (Com Ênfase em Seguridade Social) Ciências Contábeis Ciências Econômicas Ciência Política (Com Ênfase em Políticas Públicas) Direito Pedagogia Administração Escolar de 1º e 2º Graus Magistério das Matérias Pedagógicas 2º Grau Relações Internacionais (Com Ênfase em Segurança Internacional) Sistemas de Informação (Com Ênfase em Segurança Digital) Sociologia (Com Ênfase em Desenvolvimento Sustentável) Centro Universitário Euro-Americano - UNIEURO Reitor: Luiz Roberto Liza Curi Cursos oferecidos Administração Arquitetura e Urbanismo Ciências Contábeis Comunicação Social Jornalismo Publicidade e Propaganda Curso Superior de Tecnologia em Design de Moda Curso Superior de Tecnologia em Gastronomia Curso Superior de Tecnologia em Gestão Corporativa Curso Superior de Tecnologia em Gestão da Tecnologia da Informação Curso Superior de Tecnologia em Gestão Financeira Curso Superior de Tecnologia em Gestão Hospitalar Curso Superior de Tecnologia em Gestão Públicas Curso Superior de Tecnologia em Negócios Imobiliários Curso Superior de Tecnologia em Processos Gerenciais Curso Superior de Tecnologia em Redes de Computadores Curso Superior de Tecnologia em Design de Interiores Direito Educação Física Enfermagem Farmácia Fisioterapia Nutrição Relações Internacionais Sistemas de Informação Turismo 75 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 Centro Universitário Planalto do Distrito Federal - Uniplan - UNIPLAN Reitor: Yugo Okida Cursos oferecidos Administração Ciências Econômicas Ciência da Computação Comunicação Social Publicidade e Propaganda Curso Superior de Tecnologia em Comércio Exterior (Área Profissional: Comércio) Curso Superior de Tecnologia em Comunicação Empresarial (Área Profissional: Comunicação) Curso Superior de Tecnologia em Comunicação e Ilustração Digital (Área Profissional:Comunicação) Curso Superior de Tecnologia em Design Gráfico(Agrupamento de Áreas Profissionais: Artes, Comunicação e Design) Curso Superior de Tecnologia em Eventos (Área Profissional: Turismo e Hospitalidade) Curso Superior de Tecnologia em Gestão da Tecnologia da Informação(Agrupamento de Áreas Profissionais: Infomática e Telecomunicação) Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Empreendimentos Esportivos (Área Profissional: Gestão) Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos (Área Profissional: Gestão) Curso Superior de Tecnologia em Gestão Empreendedora (Área Profissional: Gestão) Curso Superior de Tecnologia em Gestão Hospitalar (Área Profissional: Gestão) Curso Superior de Tecnologia em Gestão Mercadológica (Área Profissional: Gestão) Curso Superior de Tecnologia em Marketing(Agrupamento de Áreas Profissionais: Comércio e Gestão) Curso Superior de Tecnologia em Multimídia, (Área Profissional: Comunicação) Curso Superior de Tecnologia em Produção Multimídia(Agrupamento de Áreas Profissionais: Artes, Comunicação e Design) Curso Superior de Tecnologia em Redes de Computadores (Agrupamento de Áreas Profissionais: Informática e Telecomunicação) Curso Superior de Tecnologia em Sistemas de Informação Curso Superior de Tecnologia em Turismo Receptivo (Área Profissional: Turismo e Hospitalidade) Direito Farmácia Farmaceutico-Bioquimico Fonoaudiologia Pedagogia Educação de Deficientes da Audiocomunicação Turismo A RICA ATIVIDADE DE ATUAÇÃO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS DO CENTROOESTE JUNTO À COMUNIDADE MEC, do desempenho das Instituições dentro de um padrão de excelência dos seus serviços, é significativo notar o quanto este trabalho é importante para os alunos e os professores, pelo contato que lhes é proporcionado com realidades multifacetadas, conduzindo-os à aquisição de conhecimentos e experiências que, sem dúvida, se traduzem pela responsabilidade e fundo comprometimento dos agentes neles envolvidos, com o social, com a ética e com a justiça. Por se tratar de uma região com forte potencial sócio-econômico-cultural, é muito grande o campo que se oferece à pesquisa, à extensão, para consagrar um dos pilares da função universitária que é levar às comunidades, notadamente às mais carentes, serviços e orientações destinadas à melhoria da qualidade de vida da comunidade e à promoção da saúde, ao lado de iniciativas variadas de cunho cultural e social. A Pesquisa e a Iniciação Científica Sabe-se que a extensão tem caráter político-social. A par dos benefícios que são prestados à comunidade, mercê de uma gestão firme, ordenada e inteligente destas ações, tendo por fonte o trabalho dos Centros, à guisa de cumprimento da “extensão universitária”, um dos fatores relevantes para aferição, pelo A pesquisa e a Iniciação Científica constituem campos estrategicamente essenciais a serem trabalhados pelos Centros Universitários da Região CentroOeste, e o são, efetivamente, do que dão testemunho eloqüente os resultados fartamente divulgados pela 76 PRIMEIRA PARTE mídia em toda a região e, até, pelo próprio MEC, em diferentes situações de difusão de excelência dos trabalhos nesse setor desenvolvido pelas Instituições. tos de ponta e com professores-orientadores, prestando assistência judiciária gratuita a milhares de pessoas, fazendo-o com zelo e apurada técnica jurídica. O seu Serviço de Orientação Psico-pedagógica, tem uma tradição tanto na Capital, quanto em suas redondezas, de atuação eficiente junto às camadas populacionais mais carentes, de orientação psico-pedagógica, também estendendo os seus serviços a centenas e centenas de pessoas, ao longo dos anos, levando conforto, bem-estar às pessoas, e, não raro, modificando-as pela agregação de valores que dão rumos diferentes às suas vidas. Os Projetos de fundação de Empresas Juniores e de Arquitetura e Urbanismo, bem assim de fundação de empresas dirigidas por alunos, com enfoque na visão empreendedora, têm obtido forte repercussão na mídia local e interna da Instituição, pela excelência dos resultados colhidos ao longo de sua execução, constituindo este reconhecimento forte sustentáculo para o prosseguimento das atividades de forma renovada e aperfeiçoada. A pesquisa e a Iniciação Científica, são importantes instrumentos de integração da produção científica com a graduação e com as iniciativas de melhoramento, articulação e criação dos Planos de Extensão e de Pós-graduação lato e stricto sensu. Os Centros Universitários da região são pródigos no desempenho de atividades de extensão, de pesquisa e de Iniciação Científica. À guisa de mera exemplificação, constata-se que, no Centro Universitário de Brasília, Instituição sediada em Brasília-DF, o desempenho neste setor é notável, pelo alcance de seus resultados com forte repercussão efetiva na comunidade, envolvendo a justiça social, a ética e a melhoria e bem-estar social de seus partícipes, assim como pela qualidade geral que vem ostentando em todas as fases de seu desenvolvimento, apresentando índices de comprovada eficácia social. Os quadros a seguir são indicativos da variada gama de atividades de Extensão Universitária, bem assim dos Projetos de Pesquisa e de Iniciação Científica, em andamento na Instituição: Com efeito, o Núcleo de Prática Jurídica da Instituição, tem escritórios instalados em quase todos os fóruns do Distrito Federal, com todos os equipamen- CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BRASILIA PROJETOS DE PESQUISA APROVADOS EM EDITAIS DO CNPq A Didática e a formação de professores para a educação básica e superior Profissionalização do Magistério: um projeto ético-político Diplomacia Responsável: A intervenção brasileira no Haiti Perfil racial e de gênero da população manicomial do Distrito Federal e Entorno: análise, diagnóstico e propostas. CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BRASILIA PROJETOS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA EM ANDAMENTO - 2007 A Aplicação da Teoria do Potfólio em Investimentos Estratégicos de uma Empresa A biotecnologia como instrumento de desenvolvimento econômico e social: a conjuntura brasileira e o contexto internacional A construção do direito comunitário do MERCOSUL A estratégia de tratamento supervisionado para Tuberculose (Dots), na concepção dos usuários: representações sociais A multimodalidade da revisão de texto: um caminho para o letramento A Questão da Violência Urbana e da Segurança Pública nos Meios de Comunicação A representação social do corpo como produção subjetiva e o seu impacto no câncer de mama A teoria da argumentação de Alexy como critério de ponderação de bens adotado pelo Supremo Tribunal Federal A utilização do método comparativo pelo Supremo Tribunal Federal Acompanhamento psicológico na doença de Alzheimer Acreditação Hospitalar: Qualidade na Saúde ou Marketing Institucional 77 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 Alternativa da produção de biocombustível utilizando espécies oleaginosas existentes no cerrado do DF e enfatizando as conseqüências ambientais de sua utilização Análise da distribuição espacial dos processos de voçorocamento em área de nascentes do rio preto: o caso do campo de instrução de formosa Análise da Estrutura de Comunidades de Lagartos, na Reserva Biológica de Águas Emendadas (ESEC-AE) – Monitoramento de uso do espaço e hora de atividade Análise das condições higiênico-sanitárias de açougues de Brasília Análise morfométrica de bacia hidrográfica: subsídios para a gestão geoambiental da bacia do rio maranhão Arquitetura Sustentável – Teoria e prática Avaliação de concursos públicos nacionais de projeto- 2000 a 2003 Arquitetura Sustentável – Teoria e prática Avaliação de concursos públicos nacionais de projeto- 2004 a 2007 As marcas da monstruosidade e da crueldade no conto “O Gato Preto” de Edgar Allan Poe As rodadas de Doha e as conseqüências econômicas e comerciais para o Brasil: Perspectivas da retomada de negociações em 2007 Avaliação de pacientes com nefrite lúpica através da relação proteína/creatinina em amostras isoladas de urina e em amostras de urina de 24 horas Buffering para otimização de sistemas multimídia com interatividade Cidadania, democracia e desenvolvimento: os sentidos e os lugares da ação afirmativa no debate sobre políticas para o ensino superior Cidadania, etnia e memória na construção da identidade de jovens nipo-brasileiros Com palmos medida – terra, trabalho, conflito e morte na obra Morte e Vida Severina de João Cabral de Melo Neto Constituição, democracia e corrupção Corrupção como interesse geral: um estudo sobre a legislação nacional e a atuação do poder público no combate à corrupção Da revisão de texto à revisão de texto crítica: uma nova perspectiva profissional Desenvolvimento e validação de um sistema para genotipagem em multiplex de polimorfismos causais em genes de citocinas próinflamatórias Determinação dos efeitos de bioinseticidas sobre espécies não-alvo: estudo com camundongos Dieta e reprodução de Suindara (Tyto Alba, Strigiformes, tytonidae) na Estação Ecológica de Águas Emendadas (ESEC-AE) E os japoneses? Considerações sobre a atualização do mito das três raças na formação dos Brasileiros Ecologia de coruja-buraqueira (Athene cunicularia, STRIGIFORMES, STRIGIDAE) na Estação Ecológica de Águas Emendadas e em ambiente urbano, em Brasília, DF – uso de espaço, dieta e reprodução Educação e qualidade de vida no Distrito Federal Efeitos do incesto na dinâmica familiar: o conjunto e o indivíduo. Espaço Urbano. Espaço Público – A Construção de Espaços de Alteridade em Brasília Estruturação de uma trilha ecológica “escola aberta” em um corredor ecológico na APA Gama e Cabeça de Veado – DF Estudo de comportamento de espécies de Díptera de interesse forense Estudos bioecológicos de Scarabeidade (insecta: coleóptera) em diferentes fitofisionomias na estação ecológica de Águas Emendadas Filosofia na TV: Indutora na Formação Crítica Cidadã Grau de Conhecimento dos Gestores das Pequenas Empresas Sobe Indicadores Financeiros. Índios do Goiás Colonial Influência da Aflatoxina na capacidade fagocitária de neutrófilos e monócitos Influência do Marketing e do Consumidor Infantil Sobre o Comportamento de Consumo Familiar Insetos associados ao pequizeiro no cerrado do Distrito Federal Limites da atuação da diplomacia humanitária responsável: caso CICV Multiculturalismo e o direito brasileiro 78 PRIMEIRA PARTE Multiculturalismo e o direito brasileiro O cotidiano do escravo em Goiás do Século XVIII O Discurso da Publicidade de Moda O ideal de liberdade em “O diário de Anne Frank” O papel da Guanosina-5’ – monofosfato (GMP) nos níveis de ansiedade induzida pelo Glutamato em ratos submetidos ao labirinto em Cruz elevado O papel do ácido ascórbico nos níveis de ansiedade induzida pelo Glutamato em ratos submetidos ao labirinto em CRUZ2 elevado O sincretismo do controle de constitucionalidade: tendência da jurisdição constitucional moderna? Parcerias público-privadas e o desenvolvimento da infra-estrutura pública: superando a crise de sobrecarga Percepção de Clima Organizacional e Comportamentos Organizacionais: uma análise comparativa entre uma Organização Pública e uma Empresa Privada Perfil e Práticas da Comunicação Social dos Tribunais Superiores em Brasília. Planejamento urbano e função social da cidade: ordenação urbana de tapoá a partir do plano diretor participativo Qualidade ambiental em estabelecimentos assistenciais de saúde- tecnologia da arquitetura ( qualidade do ar, resíduos das processadoras e reuso de água) Reforma política: Aperfeiçoamento ou retrocesso para o pleno exercício da democracia brasileira? Relação entre parâmetros microbiológicos e determinação de ecotoxidade na avaliação de qualidade das águas: um estudo de caso no Lago Paranoá – Brasília – DF Saúde, trabalho e subjetividade: a produção subjetiva de empregados hipertensos na promoção da qualidade de vida no trabalho Software Livre de CRMinspiratório (Customer no Relationship Management) Pequenas e Microempresas Treinamento muscular período pré-operatório dapara revascularização do Miocárdio Valores humanos e a Participação em Comunidades de Relacionamentos Virtuais PALAVRA FINAL mais consentâneos com a vocação expansionista de seus quadros, aumentando as oportunidades de oferecimento de uma educação de qualidade. É muito provável que, não fosse a flexibilidade ditada pela legislação que regulamenta o Centro Universitário, verdadeiro oásis no contexto da legislação brasileira, de bom senso e criatividade, criado pelo Poder Público, dificilmente se teria alcançado resultados tão expressivos no que tange à expansão e aos serviços educacionais prestados por essa instituição singular de ensino. REFERÊNCIAS 1. Araújo, Marlene; TEXTO PARA DISCUSSÃO. Projetos de Implantação do Desenvolvimento Sustentável no Plano Plurianual 2000 a 2003. Embrapa Informação Tecnológica – Brasília-DF – 2005. Os quadros dos cursos ofertados pelos Centros Universitários dão a verdadeira dimensão deste trabalho, tão notável quanto eficiente, da sensibilidade dessas Instituições para adaptar-se a novas realidades vividas pela Região Centro-Oeste, mormente agora que o País alcançou a estabilidade econômica e avançou, substancial e eficazmente, no controle da inflação, dando um salto importante no combate às desigualdades econômico-sociais existentes no Brasil. 2. ANACEU – Dados sobre Centros Universitários na Região Centro-Oeste. 3. Brasil – Decreto n° 2.207, de 15 de abril de 1997; Decreto n° 2.307, de 19 de agosto de 1997; Portaria n° 2.041, de 22 de outubro de 1997; Portaria n° 2.175, de 27 de novembro de 1997; Decreto n° 4.914, de 11 de novembro de 2003. Consulta via Internet. 4. Franco, Edson; Em Busca da Identidade no Ensino Superior Particular – Uma Experiência Pessoal; ABMES – EDITORA – 2004. Os resultados da extensão universitária, bem assim os colhidos pela pesquisa e pela iniciativa científica, são muito significativos e atestam, sobremodo, a eficiência e competência com que vêm sendo desenvolvidos a serviço das comunidades a que servem. 5. IBGE – Censo Demográfico 2000. 6. Júnior, Antonio de Souza Teixeira e outros; Desafios da Educação no Século XXI – ABMES/Instituto Brasileiro de Qualificação do Ensino. O Centro Universitário é uma instituição de ensino superior com a cara e a coragem do País. Está pronta para alçar vôos de longa distância e exercer, com liberdade, o seu papel de fortalecedora dos objetivos de ensino mais eficazes e 7. UniCEUB – DIRETORIA ACADÊMICA – Dados sobre Extensão Universitária e de Pesquisa e Iniciação Científica – 2007. 79 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 CENTROS UNIVERSITÁRIOS E SITUAÇÃO GEOGRÁFICA : RECONFIGURANDO A EDUCAÇÃO SUPERIOR Drauzio Antonio Medeiros15(*) O objetivo do presente capítulo é apresentar as mudanças introduzidas no cenário educacional das regiões brasileiras decorrentes da evolução da implantação dos centros universitários e do funcionamento destas instituições. Este trabalho apóia-se substancialmente nos dados do Censo Escolar e no da Educação Superior, disponibilizados pelo INEP. Serão trabalhados dados referentes ao número de instituições de ensino superior, por organização acadêmica e por categoria administrativa, número de cursos presenciais de graduação, acadêmica e tecnológica, e seqüenciais e número de matrículas, destacando-se estes números nos centros universitários, por região geográfica. mento inexpressivo nos anos 1980, de apenas 4,1%. A partir da década de 1990 o crescimento é retomado e tem continuidade nos anos seguintes. Esta evolução está demonstrada pelo crescimento da ordem de 140,5% no número de instituições de ensino superior no período de 1997 a 2004, conforme mostra o Quadro nº 1. Pode-se creditar à promulgação da Lei n º 9.394/96 o marco legal básico que, ao responder a uma determinada política educacional, desencadeou uma reformulação profunda no ensino superior brasileiro, na qual os números acima ganham significado. Tal política, resultante de estudos e comparações, sejam os de ordem quantitativa, sejam os de ordem estratégica, sinalizava a evolução do número de inscrições nos Vestibulares frente a um crescente, mas insuficiente, número de vagas oferecidas pelas Instituições em funcionamento. Também indicava a relevância do conhecimento, que passou a colocar para os países, questões cruciais para dar-se conta das oportunidades de desenvolvimento, tornando-se fator decisivo em termos de vantagens comparativas. De fato, a distinção entre países pobres e ricos, como nos lembrava DEMO (1997), “...será, cada vez mais, uma questão da capacidade de produzir e usar conhecimento inovador próprio.” Sendo o ensino superior o motor do processo de produção de conhecimento era necessária a sua expansão, o que o poder público, até então responsável por sua oferta, seja na esfera federal, seja na dos estados, dizia no limite, restando vislumbrar novos caminhos para atender a enorme demanda por ensino superior. A apresentação dos dados e sua análise, quando oportuna, irá incorporar as matrículas do ensino médio, com a finalidade de caracterizar a população escolarizável a ser atendida pelo ensino superior em cada região. Os dados serão apresentados em uma seqüência histórica, tendo como ano-base o de 1997, ano da institucionalização dos centros universitários, até 2005, último ano em que estes dados estão organizados e disponíveis pelo Censo da Educação Superior. A educação superior brasileira nasce como instituição pública, nos Estados mais desenvolvidos para atender a uma população minoritária. A expansão de sua oferta foi gradativa, tanto pela ação do poder público quanto da iniciativa privada, com um movimento marcado por períodos de maior crescimento e outros de crescimento menos expressivo. Os dados relativos ao período 1970 a 2004 mostram acelerada expansão nos anos 1970, da ordem de 51,5% seguida de cresci- Quadro nº 1. Instituições de Educação Superior, por Categoria Administrativa (Brasil, 1970-2005) Ano Total 1970 582 1980 882 1990 918 1997 900 1998 973 1999 1.097 2000 1.180 2001 1.391 2002 1.637 2003 1.859 2004 2.013 2005 2.165 Brasil ∆ % 1997 a 2005 = 140,5 ∆% 51,5 4,1 -1,9 8,1 12,7 7,5 17,8 17,6 13,5 8,2 7,5 Públicas 147 200 222 211 209 192 176 183 195 207 224 231 Fonte: Censo da Educação Superior, MEC/INEP 15 (*)Reitor do UNIVAG - Centro Universitário de Várzea Grande. Várzea Grande/MT 80 ∆% 36,1 11,0 -4,9 -0,9 -8,1 -8,3 3,9 6,5 6,1 8,2 3,1 Privadas 435 682 696 689 764 905 1.004 1.208 1.442 1.652 1.789 1.934 ∆% 56,8 2,1 -1,0 10,8 18,4 10,9 20,3 19,3 14,5 8,2 8,1 PRIMEIRA PARTE Até então, o ensino superior era ministrado em universidades e em faculdades, estas últimas com flexibilidade e autonomia acadêmica limitadas, e as primeiras com a obrigatoriedade de desenvolver a tríade ensino, pesquisa e extensão, o que exigia das mesmas investimentos pesados em recursos humanos e em equipamentos, onerando-lhes o custeio. Desse modo, com o esgotamento, pelo poder público, das possibilidades de investimento em novas universidades ou da expansão das já existentes, e com as dificuldades de cumprimento, especialmente pelas instituições privadas, do princípio institucional da indissociabilidade do ensino, pesquisa e extensão, tornava-se limitada a possibilidade da expansão através da implantação de novas instituições universitárias. Por outro lado, no modelo vigente, era inadmissível uma “universidade dedicada apenas ao ensino”. mente, se deseja adequada a parâmetros bastante rígidos e capazes de incrementar o seu desenvolvimento e de seus cidadãos. Uma caracterização da educação superior nas regiões brasileiras por época da promulgação da LDB, último triênio da década de noventa, do século XX, ratifica o que a história da educação brasileira registra com uma recorrência bastante efetiva: regiões altamente assistidas pelo poder público, seja federal, seja estadual, e pela iniciativa privada, como a região Sudeste e Sul, ao lado de outras onde, por muitos anos, a única “fonte” de ensino superior foram as universidades federais, criadas, em sua maioria, na década de setenta, como as regiões Norte, Nordeste e Centrooeste. Alguns Estados destas regiões chegaram, em anos mais adiantados, a criarem IES, em iniciativas públicas audaciosas, resultantes de alguns poucos visionários que acreditavam no binômio educação x desenvolvimento. Nesse movimento, nasceu a idéia da figura da uma instituição que pudesse, ao oferecer ensino superior, utilizar-se de prerrogativas da autonomia universitária, sem ser universidade, focando-se e especializando-se em ensino. Estas novas condições, ao lado das exigências do desenvolvimento que clamava por conhecimentos e aplicação de tecnologias, voltadas mais para o trabalho do que para a pesquisa, foram trazendo os centros universitários para o epicentro da expansão do ensino superior, e fazendo deles a opção mais óbvia para a iniciativa privada, por ser viável e legalmente possível. A necessidade da expansão das instituições de educação superior era indicada pelo contingente da população sem possibilidade de acesso a este nível de formação. A situação dos egressos/concluintes do Ensino Médio, com idade entre 18 e 24 anos, por região, (Quadro nº 2) permite perceber uma variação positiva anual de mais de 30% nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e menor nas regiões Sul e Sudeste, em 1998 e anos seguintes, o que leva a crer na eficácia, de algumas políticas públicas favorecedoras da ampliação da oferta do Ensino Médio. Este crescimento foi perdendo força ao longo do período 1997 a 2005, chegando a apresentar variação negativa que, no ano de 2005, se constata em todas as regiões brasileiras, exceto na região Nordeste, levando à seguinte questão: pode-se acreditar em atendimento integral da população escolarizável desta faixa etária? Ou serão outros os fatores determinantes deste quadro? O cenário que caracterizou esta realidade e que se tornou ampliado, diferente e competitivo, em todo o Brasil, teve na criação de instituições de ensino superior, não somente, de centros universitários, o seu grande eixo. Regiões brasileiras, até então, sem assistência educacional do poder público, tornaram-se campo para uma expansão da iniciativa privada que, inicialmente, se prenunciou desordenada e que, atual- Quadro nº 2. Evolução de Concluintes do Ensino Médio - (Regiões, 1997 a 2005) ANOS 1997 1998 1999 2000 REGIÃO Nº ∆% Nº ∆% Nº ∆% Nº Brasil 1.163.788 21,2 1.535.943 31.9 1.786.827 16,3 1.836.130 Norte 68.452 46,6 89.936 31,3 107.038 19,0 111.014 Nordeste 245.044 27,0 324.469 32,4 368.133 13,4 412.248 Sudeste 603.411 18,5 804.273 33,2 941.688 17,0 936.178 Sul 171.057 17,8 220.871 29,1 261.171 18,2 257.265 Centro –Oeste 75.824 15,3 96.394 27,1 108.797 12,8 119.425 Fonte: Censo Escolar, MEC/INEP REGIÃO Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro –Oeste 2002 Nº 1.884.874 129.296 524.570 854.134 250.618 126.256 Fonte: Censo Escolar, MEC/INEP Nº -1,5 -1,6 12,4 -3,3 -2,2 4,0 2003 Nº 1.851.834 147.273 465.365 862.440 252.557 124.199 Anos ∆% -1,7 13,9 -11,2 0,9 0,7 -1,6 81 2004 Nº ∆% 1.879.044 1,4 145.580 -1,1 489.047 5,0 865.428 0,3 251.707 -0,3 127.282 2,4 ∆% 2,7 3,7 11,9 -0,5 -1,4 9,7 2001 Nº 1.855.419 127.190 466.435 884.109 256.361 121.324 2005 Nº 1.858.615 142.103 504.332 848.995 240.374 122.811 ∆% 1,0 14,5 13,1 -5,5 -0,3 1,5 ∆% -1,0 -2,3 3,1 -1,8 -4,5 -3,5 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 Estes números ganham significado especial para os fins deste ensaio, quando se os confronta com o número de IES destas regiões (Quadro nº 3) e se percebe que as regiões com maior população escolarizável do ensino superior passam a, gradativamente, apresentar uma evolução mais expressiva do número de instituições, à exceção do Nordeste que cresceu menos em número de instituições de ensino superior em relação ao Sul, embora tenha número de concluintes do Ensino Médio ligeiramente maior. Tal constatação novamente ratifica o movimento da expansão deste nível de ensino, em que a ampliação geográfica das instituições pode ser considerada resultante das motivações sócio-econômicas e das disposições legais, suas chaves para a real materialização, permitindo a inclusão de expressivo contingente de candidatos ao ensino superior, até então sem possibilidade de acesso a ele Quadro nº 3. Instituições de Ensino Superior por Categoria Administrativa - (Regiões, 1997 a 2005) REGIÃO BRASIL NO NE SE SU CO TG 900 34 101 553 120 92 BRASIL NO NE SE SU CO TG 1.637 83 256 840 260 198 1997 P PR 211 689 12 22 43 58 85 468 39 81 32 60 TG 973 40 124 570 131 108 1998 P PR 209 764 12 28 44 80 83 487 38 93 32 76 Fonte: Censo da Educação Superior, MEC/ INEP P- Públicas Pr- Privadas 2002 TG 1.097 42 141 634 148 132 1999 P 192 11 45 76 33 27 2003 P PR 14 51 77 35 18 69 205 763 225 180 TG 1.859 101 304 938 306 210 Fonte: Censo da Educação Superior, MEC/INEP P- Públicas Pr- Privadas PR 905 31 96 558 115 105 TG 1.180 46 157 667 176 134 2004 P PR 15 52 81 36 23 86 252 857 270 187 TG 2.013 118 344 1.001 335 215 TG 1.391 61 211 742 215 162 2001 P PR 183 1.208 12 49 46 165 75 667 33 182 17 145 2005 P PR 18 56 90 37 23 100 288 911 298 192 No panorama do ensino superior nas regiões brasileiras, cabe destaque ao número de IES criadas e em funcionamento, segundo a categoria administrativa (Quadro 3), e o número de matrículas registrado (Quadro 4), uma vez que na sua evolução percebe-se um número significativo das privadas e, entre estas, os centros universitários, cuja quase totalidade está dentro desta categoria, como se demonstrará em momento posterior deste texto. No que se refere, especialmente, à expansão das Instituições, nas regiões, destaca-se o crescimento maior na região Sul, seguido da Sudeste e Nordeste, de 1997 a 2003. Em 2004 e 2005, entretanto, as posições das regiões Sul e Nordeste invertem-se, ficando a região Norte com o menor número de Instituições. Se comparados os números apresentados pelo crescimento anual das IES, no Brasil, percebe-se que é contínuo, atingindo variação percentual de 140%, no período 1997 a 2005, como já mostrou o Quadro 1. 2000 P PR 176 1.004 11 35 44 113 72 595 34 142 15 119 TG 2.165 122 388 1.051 370 234 P PR 16 60 98 39 18 106 328 953 331 216 vel pela quase hegemonia deste setor na expansão do ensino superior, neste período, destacando-se os anos de 2000, 2001 e 2003, como os de maior crescimento, crescimento este que já contou com a importante participação dos centros universitários. Por óbvio que se apresente, o movimento das matrículas acompanha o mesmo crescimento das Instituições, sendo constante de 1997 a 2005, o maior contingente está na região Sudeste, seguindo da Sul e Nordeste. Também neste aspecto, a região Norte aqui apresenta menor número de matrículas, ficando a Centro-Oeste com a quarta posição. Ao se confrontar estes números com os dos concluintes do Ensino Médio (Quadro nº 2), constatase que a região Sudeste é a que apresenta o maior número de egressos desta etapa da Educação Básica, havendo uma inversão das regiões Nordeste e Sul, quando se percebe esta ordem no número destes concluintes. As regiões Norte e Centro-Oeste alternam posições, nos período de 1997 a 2000, onde prevalece maior número da Centro-Oeste e de 2001 a 2005, com prevalência da região Norte, embora em um caso e no outro, sem diferenças muito expressivas. Do movimento de matrículas nas IES das regiões brasileiras, no período em análise, de pronto, emerge uma constatação, largamente difundida, da prevalência de matrículas no setor privado, responsá- Os números apresentados referentes ao Brasil e 82 83 Total 3.887.022 230.227 624.692 1.918.033 745.164 368.906 2003 P% 29,2 56,3 54,3 17,8 28,1 31 Pr% 70,7 43,6 45,6 82,1 71,8 68,9 Anos Total 4.163.733 250.676 680.029 2.055.200 793.298 384.530 Quadro nº 5. Matrículas da Educação Superior por Categoria Administrativa - (Brasil, 1997-2005) Ano Total ∆% Públicas ∆% Privadas 1997 1.945.615 26,3 759.182 31,2 1.186.433 1998 2.125.958 9,2 804.729 5,9 1.321.229 1999 2.369.945 11,4 832.022 3,3 1.537.923 2000 2.694.245 13,6 887.026 6,6 1.807.219 2001 3.030.754 12,4 939.225 5,8 2.091.529 2002 3.479.913 3,7 1.051.655 11,9 2.428.258 2003 3.887.022 11,6 1.136.370 8,0 2.750.652 2004 4.163.733 7,1 1.178.328 3,6 2.985.405 2005 4.453.156 6,9 1.192.189 1,1 3.260.967 ∆ % 1997 a 2005 = 128,8 Fonte: Censo da Educação Superior, MEC/INEP 2002 Total P% Pr% R BR 3.479.913 30,2 69,7 NO 190.111 60,9 39 NE 542.409 58,3 41,6 SE 1.746.277 19,1 80,8 SU 677.655 26,1 73,8 CO 323.461 33,3 66,6 Fonte: Censo da Educação Superior, MEC/INEP P- Públicas Pr- Privadas ∆% 23,3 11,3 16,4 17,5 15,7 16,0 13,2 8,5 9,2 2004 P% 28,2 53,4 50,8 17,7 27,3 30,7 Pr% 71,7 46,5 49,1 82,2 72,6 69,2 Quadro nº 4. Matrículas da Educação Superior por Categoria Administrativa - (Regiões, 1997-2005) Anos 1997 1998 1999 2000 R Total P% Pr% Total P% Pr% Total P% Pr% Total P% BR 1.945.615 39,0 60,9 2.125.958 37,8 62,1 2.369.945 35,1 64,8 2.694.245 32,9 NO 77.735 67,7 32,2 85.077 66,5 33,4 94.411 64,7 35,2 115.058 62 NE 289.625 68,5 31,4 310.159 67,6 32,3 357.835 67,9 32 413.709 65,6 SE 1.053.281 25,8 74,1 1.148.004 24,9 75 1.257.562 15,3 75,2 1.398.039 21,7 SU 378.566 46,7 53,2 419.133. 45,0 54,9 473.136 35,2 64,7 542.435 29,8 CO 146.408 39,6 60,3 163.585 38,8 61,1 187.001 36 63,9 225.004 34,3 Fonte: Censo da Educação Superior, MEC/INEP P- Públicas Pr- Privadas 2001 P% 30,9 60,6 62 20 27,5 33,9 2005 P% 26,7 47,7 47,7 17, 26,4 28,6 G 3.030.754 141.892 460.315 1.566.610 601.588 260.349 Total 4.453.156 261.147 738.262 2.209.633 845.341 398.773 Pr% 67 37,9 34,3 78,2 70,1 65,6 Pr% 73,2 52,2 52,2 82,9 73,5 71,3 Pr% 69,1 39,3 37,9 79,9 72,4 66 PRIMEIRA PARTE O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 às regiões, acredita-se, compõem o cenário onde se pode situar os centros universitários e, definindo-lhes a localização geográfica, dizer do papel que eles representam no atual quadro da educação brasileira. pedagógicas, administrativas, de gestão, de relacionamento com os mercados e de formação profissional; d) a ausência de obrigatoriedade da pesquisa e as motivações que justificaram a sua criação, permitem aos centros universitários um ensino marcadamente profissionalizante; Antes de situar os centros universitários nas regiões brasileiras e de definir algumas das decorrências desta distribuição geográfica no contexto educacional das mesmas, emerge como pertinente o registro de algumas hipóteses, já confirmadas, que contribuem para ampliar e consolidar as condições que envolvem estas instituições de ensino superior. Com SANTOS (2007), registra-se: e) as reformas da educação das últimas décadas, responderam a uma demanda reprimida, de estudantes por ensino superior, preservando, ao que parece, a identidade institucional das universidades, pautada na indissociabilidade ensino, pesquisa e extensão e na universalização de campos, para atender, com um ensino humanista, somente à elite (intelectual!), tendo nos centros universitários, outra possibilidade, com a incumbência maior de profissionalizar. a) é fato estatisticamente demonstrável a importância do setor privado no sistema de educação superior do país; b) o reposicionamento acadêmico, político e de mercado que este fato acarretou abriu um espaço propício à criação, sem modelo, de uma instituição que pudesse engajar-se - de forma mais efetiva que as faculdades e menos carregada de compromissos que as universidades – no atendimento da demanda por ensino superior que, por disposição política, desejavase altamente incrementada; Estas constatações ampliam o cenário em que os centros universitários se movem e, guardadas as devidas possibilidades de questionamentos, constituem referências teóricas para estas IES nas regiões brasileiras, de acordo com Quadro nº 6, onde se totalizam os Centros Universitários por regiões, mostrando aspectos que os caracterizam, com detalhes bastante significativos de sua atual situação, complementados pelo Quadro nº 7, das matrículas nos Centros, por regiões. c) a autonomia institucional, somente experimentada pelas universidades, ganha, com os centros universitários, uma nova moldura e “aceita” inovações Quadro nº 6. Centros Universitários: Aspectos Gerais (Regiões, 2006) Categoria Administrativa Multicampi Credenciamento 9700031* 2* 3* 4* 5* 6* 7* 8* S N R T 99 02 07 BR 124 4 65 8 5 24 12 5 1 55 69 36 30 58 N 8 4 1 3 2 6 1 4 3 NE 3 1 2 1 2 1 1 1 SE 83 1 43 5 2 23 5 3 1 39 44 28 22 33 S 19 2 6 3 2 1 3 2 10 9 6 2 11 CO 11 10 1 3 8 1 10 EAD S N 11 1 1 5 3 1 113 7 2 78 16 10 Fonte: Censo da Educação Superior, MEC/INEP 1* Privada - Comunitária Filantrópica 2* Privada - Particular em sentido estrito 3* Privada - comunitária 4* Privada - Confessional 5* Privada - Filantrópica 6* Privada - Confessional-Filantrópica 7* Pública Municipal 8* Estadual (pública). Quadro nº 7. Modalidades de Cursos de Graduação nos Centros Universitários-(Regiões, 2006) Cursos de Graduação Acadêmica Tecnológica Seqüencial Total Regiões Nº % Nº % Nº % Nº % Brasil 2.763 79,7 627 18,0 75 2,1 3.465 100 No 188 78,3 39 16,2 13 5,4 240 NE 67 62,6 27 25,2 13 12,1 107 SE 1.834 81,4 418 18,5 0 2.252 SU 442 87,1 63 12,4 2 0,3 507 CO 232 64,6 80 22,2 47 13,0 359 Fonte: Censo da Educação Superior INEP/MEC Quadro 8.Matrículas nos Centros Universitários em % - (Regiões, 1997 a 2005) Ano 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 ∆% Brasil % 6,7 9,0 11,1 12,3 12,8 14,7 15,1 319,2 NO % 1,3 5,8 8,9 9,3 9,8 14,9 15,7 3.129 Fonte: Censo da Educação Superior, MEC/INEP NE % 1,2 2,3 2,5 2,8 3,3 3,6 3,7 535 Regiões 84 SE % 12,8 13,3 16,3 18,1 18,6 20,1 20,4 179,1 SU % 3,3 4,2 6,0 8,0 8,8 10,6 11,2 499,5 CO % 7,1 8,2 8,0 8,2 9,0 14,0 14,6 336,9 PRIMEIRA PARTE A leitura dos dados dos Quadros 6 a 8 permite ver a atual configuração dos Centros Universitários nas regiões brasileiras, que a seguir se resume: 1. A distribuição atual dos Centros Universitários pelas regiões brasileiras ratifica constatações anteriores que apontaram maior concentração de instituições de educação superior na região Sudeste, com grande vantagem, seguida da Sul e Centro–Oeste. A região Norte, em que pese ter menor número de IES, apresenta ligeira vantagem em número de centros universitários em comparação com a Nordeste, que tem o menor número destas instituições. 2. A categoria administrativa que prevalece no Brasil é a privada, com predomínio nesta categoria das IES particulares em sentido estrito, em todas as regiões, seguida das privadas filantrópicas e das confessionais-filantrópicas. 3. Prevalecem as instituições com apenas um campus, embora sem larga vantagem em relação às multicampi, situação que se acredita excepcional, a se considerar as prerrogativas legais para centros universitários. 4. Verifica-se que há regularidade no crescimento do número de centros credenciados, no Brasil, considerando-se os anos de credenciamento agrupados por períodos, assim constituídos: 1997–1999, 2000–2002 e 2003–2006, com maior número de credenciamentos neste último. Neste aspecto, o maior número de centros universitários credenciados, nos três períodos é da região Sudeste, com a regularidade observada para o Brasil. 5. A educação a distancia não é a modalidade de oferta de cursos adotada pela maioria, prevalecendo os cursos presenciais. 6. A modalidade de graduação predominante é a acadêmica (Quadro 7), compreendendo bacharelados e licenciaturas, que totalizam 79,7% dos cursos, seguida de longe pela graduação tecnológica com 18% e com cursos seqüenciais representando apenas 2,1% do total. Este panorama, nas regiões, se mantém, com a região Sul apresentando o maior percentual (87,1%) e a CentroOeste o menor (64,6%), com as demais bastante próximas do índice Brasil. Quanto à graduação tecnológica, o Nordeste é a região com o maior percentual (25,2%) destes cursos, seguida da Centro-Oeste (22,2%) e a Sul , o menor com 12,4%. As regiões Nordeste e Centro-Oeste são as que apresentam maior índice de cursos seqüenciais, respectivamente, 12,1% e 13,0%, observa-se que a presença destes cursos é bastante tímida nos centros universitários. 7. O Quadro 8 mostra a representação percentual das matrículas nos cursos presenciais dos centros universitários, no Brasil e por região, no período 1999 a 2005, em relação ao total de matrículas da educação superior. De sua análise destaca-se que, no Brasil, o percentual de matrícula nos centros universitários que era de 6,7% em 1999, chega, em 2005, a 15,1%. Nas regiões, destaca-se que a Norte é a que apresentou maior crescimento nos período de 1999 a 2005, com aceleração a partir de 2000, passando de 1,3% para 15,7% o percentual de matrículas nos centros universitários. A variação no crescimento das matrículas nos centros universitários, no período compreendido entre 1999 a 2005 é de 319,2%. A região com maior variação é a Norte, atingindo 3.129%, seguida da região Nordeste (535%) e da Sul. A menor variação registra-se na região Sudeste, com 179,1%. Estes números ganham importância ao se considerar que incluem apenas as graduações presenciais. À guisa de conclusão, sem, contudo, marcar posição definitiva, por tratar-se a temática educacional, por natureza, sempre em constante mudança, acompanhando as mudanças que ocorrem no contexto da sociedade, sujeita às oscilações das políticas públicas, pode-se afirmar que a instalação dos centros universitários trouxe importante contribuição na reconfiguração da situação educacional das regiões brasileiras no que tange ao ensino superior, desde que a sua existência passou a ser admitida na legislação brasileira. Esta contribuição, acredita-se, materializou-se: • na ampliação do número de vagas para o ensino superior, com um atendimento mais efetivo aos egressos do Ensino Médio, permitindo o avanço dos níveis de escolarização nas regiões menos servidas pela educação superior; • em um atendimento mais regionalizado da população escolarizável do ensino superior, na medida em que incorpora os setores médios que ainda não tinham acesso à educação superior, e reduz o êxodo de jovens e, mesmo, de adultos, para estudar; • em um novo desenho da situação educacional de cada região, que passou a contar com uma diversidade de áreas profissionais contempladas, quase sempre de acordo com as vocações regionais; • na efetivação da inclusão social de um segmento da população sem possibilidade de acesso ao conhecimento e a profissionalização, com rebatimento nas condições de emprego e renda, importantes para a melhoria dos indicadores sociais e superação dos entraves ao desenvolvimento; 85 • na mobilidade social ascendente, como O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS resultado da qualificação em nível superior; • na provável ampliação da empregabilidade, decorrente desta qualificação; INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA- INEP. A educação no Brasil da década de 90: 1991 a 2000. Brasília: INEP/MEC, 2003. • na alteração do perfil da população produtiva das regiões, permitindo-lhe acompanhar as transformações do mundo do trabalho e capacitando-a para a introdução de novas tecnologias, hoje incorporadas aos projetos de formação; INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA- INEP. Sinopse estatística da educação superior. Brasil 1997 a 2005. Disponível em: http://www.inep.gov. br/superior/censosuperior/sinopse/default. asp. Acesso em out.2007 • no desenvolvimento da capacidade de participação social e da cidadania, pois educação e cidadania são pólos em relação recíproca; • na ampliação do mercado de trabalho para profissionais da educação superior, estímulo à melhora na qualificação e, ainda, permitindo uma desconcentração destes profissionais das regiões Sudeste e Sul que, tradicionalmente, abrigam os programas de pós-graduação stricto sensu; FINGER, A.P. e LIMA, S.F. Centros Universitários. Proposta e Gestão. Curitiba: Champagnat, 1999. GIOLO, J. O PNE e a expansão da educação superior brasileira. Educação Superior em Debate. Docência da Educação Superior. BrasíliaDF. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2006. v.205. • no tratamento da educação superior como empreendimento, que deve responder às exigências do mercado e aos requisitos estabelecidos pelo poder público para sua existência. SANTOS, J.E.de O. Transformações na educação superior brasileira: presença e participação dos centros universitários do Estado de São Paulo. 1997-2006. São Paulo-SP: Faculdade de Educação. Universidade de São Paulo. Tese (Doutorado): 2007(mimeo). Não se pode atribuir somente aos centros universitários papel relevante na reconfiguração da educação superior nas regiões brasileiras, considerando que nos últimos anos, entre outros fatores, até a própria reestruturação dos órgãos responsáveis pela regulação de IES e Cursos, seja no sistema federal, seja nos estaduais, contribuiu para a expansão do ensino de graduação. A identidade dos centros universitários, entretanto, certamente, trouxe, para este quadro, novos elementos, porque se tratou de permitir um modelo diferente de instituição de ensino que pode valer-se de flexibilidade e autonomia, até então, prerrogativas das universidades, em número bastante restrito na maioria das regiões brasileiras. Além disso, pode-se creditar aos centros universitários a ampliação da oferta de bens culturais, até então pouco disponíveis para a grande parte da população brasileira, como as bibliotecas, entre outros. O futuro destas instituições no panorama educacional das regiões brasileiras prenuncia-se promissor, por serem os centros universitários, hoje, uma realidade. Pelo espaço social que já conquistaram, constituem um “modelo interessante de instituição de ensino superior” (Santos, 2007), viável e com lugar já assegurado na educação brasileira, pelas contribuições a ela dispensadas. 86 PRIMEIRA PARTE CENTROS UNIVERSITÁRIOS E DESENVOLVIMENTO REGIONAL Gisélle Vilela Lins16(*) INTRODUÇÃO esses dez anos, aos anseios regionais de forma positiva. As políticas da educação superior no Brasil, baseadas em uma tendência internacional, apontam para a excelência do desenvolvimento de uma prática social que não só afeta e modifica as pessoas, como também assume perspectiva histórica. As recentes políticas públicas brasileiras preconizam o envolvimento de todos os protagonistas institucionais na construção de uma cultura de excelência e de uma responsabilidade democrática. As dimensões continentais do Brasil o consolidam como promessa para as gerações futuras, porém, lamentavelmente, por questões diversas, ainda não está correta e completamente integrado, condição indispensável à garantia do crescimento, da ratificação de programas que irão torná-lo, em definitivo, um país diferenciado, econômica e socialmente. Fundamentalmente, a certeza da integração virá por meio de uma série de ações, inicialmente desencadeadas pelo poder público. A educação, agente transformacional, é dínamo desse processo. O ensino superior no Brasil dos últimos anos vive um ciclo de expansão expressivo, que vê como protagonistas tanto as instituições privadas quanto as públicas, cada qual com seus objetivos e propósitos. De um lado, assistimos a uma efervescência na implementação de políticas públicas voltadas para garantir qualidade a todo o sistema do ensino superior; de outro, os centros universitários surgem como opção formativa na esteira dos “variados graus de abrangência ou especialização” apontados pela Lei n. 9394/96. Índices que ainda demonstram enorme contingente populacional fora do ambiente escolar ou em níveis não apropriados às faixas etárias, acabam por acentuar as diferenças. Há dezenas de municípios no Norte e Nordeste do País com barreiras físicas imensas, a tornar quase heróico o ato de ir à escola. Transformar esta realidade adversa, sem afetar a tipicidade de cada lugar, suas tradições e raízes é responsabilidade evidente das instituições de ensino. Nesse contexto, encontram-se perfeitamente integrados os centros universitários, com responsabilidades para com a geografia da região, mediante objetivos e metas nitidamente definidos. A instituição universitária centraliza-se na demanda específica de cada região, desta forma o diálogo estabelecido com a comunidade em que está inserida prepara os caminhos. Pretendemos demonstrar, como nossa intenção prioritária, que os centros universitários assumem um papel de destaque no espaço em que se situam e contribuem, decisivamente, para atenuar as problemáticas regionais. Ainda que desobrigados de algumas incumbências próprias da universidade, por exemplo, a pesquisa, os centros universitários vivenciam um processo intrínseco pelos compromissos com a região na qual estão inseridos. Esse processo, longe de ser imposto por determinações legais, resulta da nova condição jurídica que enfrentam e representa o início da maturidade quanto à abordagem de suas trajetórias acadêmicas e sociais. A partir de um cenário nacional, pode-se perceber, de forma singular, o forte papel dos centros universitários no contexto regional em que se estabelecem. De acordo com nossa condição geográfica, estamos divididos em regiões, com características completamente diferenciadas, quer pelo formato da colonização ou ocupação territorial, quer pelo viés produtivo tipificado; assim, somos, enquanto território, naturalmente privilegiados. CENTROS UNIVERSITÁRIOS: UMA DÉCADA DE ÊXITOS EDUCACIONAIS E COMPROMISSOS REGIONAIS A riqueza cultural de nosso povo vem sendo completamente percebida pelos centros universitários, a partir da vocação de cada um, que se manifesta também, e especialmente, pela integração e pela lógica que estabelece com seu entorno. Os centros universitários, ainda que recentes no cenário da educação do País, têm respondido, durante 16 (*) Gisélle Vilela Lins, Reitora do Centro Universitário Nilton Lins - Manaus/AM é Bacharel em Direito e Especialista em Gestão Universitária. 87 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 Analisar nossa situação geográfica é compreender, primeiramente, as variadas razões que possibilitaram o surgimento dos centros universitários; é, ainda, aclarar, em especial para as regiões Norte e Nordeste, o porquê da importância desse modelo. Maria e Novo Hamburgo, aproximadamente 800.000 habitantes, tem nos centros ali instalados a oferta de programas intimamente relacionados com a produção de renda, além, é claro, do respeito e manutenção dos costumes de uma região diferenciada. As instituições universitárias têm forte tradição no relacionamento com a comunidade, no necessário discurso que com ela vivenciam. Os últimos vinte anos mostram-nos, de maneira transparente, o quanto ainda está aquém do minimamente aceitável a formação de nossa juventude. Os estados do Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo compõem a região Sudeste, a mais rica e populosa, apesar de ocupar apenas 10,85% do território brasileiro, em uma área de 924.511,292 km2, com uma população de 78.472.017 habitantes e densidade de 84,88 hab/km2. Há, nessa região, 83 centros universitários: 46 no estado de São Paulo, dezesseis no estado de Minas Gerais, dezesseis no Rio de Janeiro e cinco no Espírito Santo. Além de São Paulo, capital, há em Araras, Lins, Ribeirão Preto, Santo André, Santos, São João da Boa Vista,São José do Rio Preto, municípios de São Paulo, presença destacada da oferta de cursos por centros universitários, firmemente engajados com as comunidades locais. No estado do Rio de Janeiro, no município de Volta Redonda, há presença de dois centros. No estado do Espírito Santo, nenhum dos centros é ofertado na capital; no Rio de Janeiro, doze estão em municípios e apenas quatro na capital; em Minas Gerais, nove estão em Belo Horizonte; em São Paulo, 33 estão fora da capital. Nessa região, 66,27% dos centros universitários estão fora das capitais, levando às diversas cidades o indispensável conhecimento para a manutenção do homem na localidade. O Amazonas, maior estado do País, aponta para completo isolamento e total inexistência de oferta ao ensino superior em praticamente três quintos de seu território. Outros estados do Norte e Nordeste evidenciam igual problemática. A região Sul, uma das cinco grandes regiões em que é dividido o Brasil, compreende os estados do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Embora seja a menor das regiões brasileiras, apresenta altos índices sociais e é a mais alfabetizada, 93,7% da população. No estado de Santa Catarina, foram formados cinco centros universitários, nenhum em sua capital, Florianópolis, que, nos últimos vinte anos, registrou crescimento de sua população em aproximadamente 150.000 pessoas. A região abriga fortemente a indústria têxtil e as instituições oferecem, fundamentalmente, cursos com enorme interação com o setor produtivo, como exemplo o curso de Design e Moda. Há, também, preocupação com a oferta de cursos de Licenciatura, marcando a responsabilidade com que esses centros compreendem a questão da formação do docente. A região Centro-Oeste é composta pelos estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e pelo Distrito Federal. É a segunda maior região do Brasil em superfície territorial. Há onze centros universitários em funcionamento: três em Goiás, apenas um em Goiânia, todos com oferta significativa de cursos seqüenciais, o que demonstra o compromisso com o entorno, pela formação e inserção mais rápida e de forma mais qualificada no mundo do trabalho; quatro no Distrito Federal, com oferta de cursos superiores em Tecnologia; dois em Mato Grosso, com programas perfeitamente sintonizados com a realidade local e dois em Mato Grosso do Sul, com cursos tecnológicos voltados para o viés da região. O estado do Paraná possui oito centros universitários, quatro localizados em Curitiba que, nos últimos anos, contabilizou crescimento populacional superior a 563.000 pessoas, um aumento de, praticamente, 50% nas últimas duas décadas. Esses centros respondem afirmativamente com a oferta de Curso Superior de Tecnologia e há visível preocupação com carreiras que dêem ênfase ao empreendimento. Os centros instalados em Londrina, União da Vitória e Palmas, em suas ofertas, respondem com nitidez pelas demandas que refletem o interesse da região pelo Turismo, pela responsabilidade com a saúde e ainda pelo crescimento do professor. O Nordeste é a região brasileira com maior quantidade de estados: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe e ainda o Distrito Estadual de Fernando de Noronha. A região não apresenta índices satisfatórios quanto à alfabetização. Além disso, possui o menor número de centros universitários em funcionamento, são apenas três, localizados na Bahia, João Pessoa e São Luís. No Rio Grande do Sul, há seis centros universitários que estão em Porto Alegre, Lajeado, Canoas, Santa Maria e Novo Hamburgo. Especialmente em Lajeado, com população na casa dos 67.000, percebese a necessidade do fortalecimento da estreita relação que os centros universitários vêm construindo com a sociedade. A população conjunta de Canoas, Santa A região Norte é formada pelos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. Com 3,77 hab/km2, sua principal característica é 88 PRIMEIRA PARTE a dimensão, 3.869.637,9 km2. Encontramos na região Norte oito centros universitários: quatro no estado do Amazonas, dois no estado do Pará, um no estado de Tocantins e um no estado de Rondônia A busca do ensino de qualidade, ofertado ao maior número possível de pessoas, em especial naquelas regiões menos desenvolvidas; a agilidade de uma instituição mais nova, menos arraigada a conceitos já estabelecidos e muitas vezes anacrônicos e, essencialmente, a necessária ousadia de determinar, primeiramente, o contexto em que está inserida, para depois formatar a plataforma de cursos, fizeram dos centros universitários promissoras instituições que, ao longo do tempo, jamais deixaram de consolidar o ensino, firmando relação indispensável com a extensão e pesquisa científica. A desobrigação formal deu lugar a uma escolha por modelos de matrizes curriculares arrojadas, em sintonia com o tempo e lugar, preocupação firme com o conhecer e o objetivo de compartilhar com o alunado, mais que um conjunto de teorias e práticas, formatos mais acessíveis para um saber que hoje é exigido de um país que já faz parte de um cenário global. Especialmente no estado do Amazonas, por sua geografia singular, a figura dos centros universitários marcou, de forma inquestionável, o modelo social vigente. O ineditismo das profissões advindas das ofertas de cursos, em especial na área da Saúde, fomentou grande avanço nas pesquisas que acontecem na Amazônia. A cidade de Manaus contribui de forma marcante para a formação do PIB nacional por meio das vagas ofertadas para o acesso ao ensino superior. Nos últimos dez anos, este município, especialmente pelos centros instalados, já consegue ver marcadas as diferenças de um passado não tão longínquo e o estabelecimento de uma trajetória de futuro claramente traçada pela influência da melhora nos índices de acesso à educação em seus diversos níveis. O Brasil tem a quinta maior população e área do mundo, 8.514.876,599 km2, com especificidades próprias, como recursos naturais, idioma único, geografia diferenciada. Nossa certeza, ainda enquanto colônia, sempre esteve atrelada a essas peculiaridades. Entendemos, agora, que o perfeito conhecimento e a compreensão de nossa realidade significaram molas propulsoras para que, na década de 90, fossem criados e regulamentados os centros universitários, a partir das demandas e anseios naturais. Os centros foram introduzidos no contexto da educação superior nacional pelo Decreto n. 2.306/97, que regulamenta o art. 48 da Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (LDB). O art. 12 do Decreto define que “são centros universitários as instituições de ensino superior pluricurriculares, abrangendo uma ou mais áreas do conhecimento e se caracterizam pela excelência do ensino oferecido, comprovada pela qualificação de seu corpo docente e pelas condições de trabalho acadêmico ofertadas à comunidade escolar, nos termos das normas estabelecidas pelo ministro de Estado da Educação e do Desporto para o seu credenciamento”. O CENTRO UNIVERSITÁRIO ENQUANTO MODELO PROGRESSIVO E CONTÍNUO DE QUALIDADE Os críticos dos centros universitários argumentam que essas instituições se beneficiam das vantagens da autonomia universitária, sem as exigências decorrentes da pesquisa e da pós-graduação, dentre outras. Podemos admitir que as motivações iniciais de alguma instituição de ensino superior em buscar o status de centro universitário passem pelo desejo dos benefícios que traz essa nova situação jurídica. Contudo, à semelhança de um adolescente que procura as facilidades e a autonomia que um adulto possui, logo atinge a consciência de novas responsabilidades, mesmo se não impostas. Dentre os diferentes referenciais estabelecidos pelas políticas públicas atuais e com objetivo de confirmar nossa afirmação de que o centro universitário assume responsabilidades de maneira voluntária, lembramos o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES). A partir da regulamentação, muitas instituições em funcionamento buscaram a transformação em centro universitário, pela certeza do cumprimento dos preceitos legalmente instituídos, mais especificamente pela necessidade social da região onde se inseriam. Criado pela Lei n. 10.861, de 14 de abril de 2004, o SINAES é a mais recente sistemática de avaliação proposta pelo MEC (INEP, 2006). O modelo centro universitário, por seu ineditismo, trouxe consigo credenciamentos por período de tempo relativamente curto, entre três e cinco anos, para que as instituições pudessem estabelecer cronograma de funcionamento e ter a verificação de suas trajetórias acompanhadas e corrigidas, quando necessário, pelo poder público. O eixo de avaliação do primeiro instrumento é a estrutura que contempla as dez dimensões do SINAES, que identificam as centralidades da atuação institucional: 1. A missão e o plano de desenvolvimento institucional; 89 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 2. A política para o ensino, a pesquisa, a pós-graduação, a extensão; gundo contingente mais representativo (18%) é o dos docentes com 11 a 20 anos de trabalho na respectiva instituição. O menor percentual fica com os docentes com 21 anos ou mais de atuação. (INEP, 2007) 3. A responsabilidade social da instituição; 4. A comunicação com a sociedade; Os dados também apontam as áreas de conhecimento com o maior percentual de docentes em atuação: Ciências Sociais, Negócios e Direito, 29%; Saúde e Bem-Estar Social, com 20%, e Educação, com 17% dos professores das IES. A área de Ciências, Matemática e Computação concentra 12%. Os centros necessitam ter, em seus quadros, docentes mais titulados e com atividades múltiplas, provocando ações paralelas e constantes de qualificação pedagógica e de elevação dos patamares de titulação. A busca da pesquisa, da participação em ações governamentais de desenvolvimento, de cursos stricto sensu próprios representa algumas das ações que qualificam o fazer dos centros nos últimos anos. Indubitavelmente, a captação de recursos para a pesquisa, consolidação de grupos científicos, oferta dos programas de mestrado e doutorado, participação de ações amplas no desenvolvimento regional, sem possuir em seus quadros amplos contingentes de docentes fixados em regimes de trabalhos diferenciados e com capacidade de impacto científico em seu meio, é tarefa inconsistente. A qualidade decorrente desses investimentos em pessoas é patente em todos os centros que agora mantêm presença garantida nas grandes discussões regionais. 5. As políticas de pessoal, as carreiras do corpo docente e do corpo técnico-administrativo; 6. Organização e gestão da instituição; 7. Infra-estrutura física, especialmente a de ensino e de pesquisa, biblioteca, recurso de informação e comunicação; 8. Planejamento e avaliação, especialmente os processos, resultados e eficácia da auto-avaliação institucional; 9. Políticas de atendimento aos estudantes; 10. Sustentabilidade financeira. A percepção das dimensões do SINAES por parte do centro universitário não é a mesma que assume uma faculdade isolada. As responsabilidades decorrentes aumentam pelo novo olhar interno e pelos olhares externos apontados na nova configuração institucional. Passamos a analisar algumas decorrências inevitáveis que estão modificando a ação educativa dos centros. Embora o centro universitário não esteja comprometido com o desenvolvimento da pesquisa, não há como eximi-lo da obrigação de repensar suas políticas de ensino e de extensão sem a necessária correlação com a pesquisa. O clima acadêmico que é gerado impulsiona novos comportamentos por parte de seus atores: dirigentes, professores e alunos. É gerada uma cobrança implícita e novas posturas são adotadas: os dirigentes estimulam a capacitação e a fixação de docentes mais qualificados, os professores e alunos mantêm uma relação de maturidade, sabedores de novas responsabilidades acadêmicas. A mesma comunidade externa visualiza o centro com novos olhares e cobra uma presença maior nas grandes discussões regionais. Uma observação pertinente, conseqüência da fixação de docentes qualificados e com maiores espaços de atuação nos centros, são os investimentos necessários em infra-estrutura. À medida que uma instituição aumenta seus quadros qualificados, emerge uma demanda por bibliotecas e base de dados ainda mais especializadas, por laboratórios que de fato propiciem pesquisas de alta penetração regional, por equipamentos sofisticados, por redes de intercâmbio científico, dentre outras. Investimentos em infra-estrutura exigem, por outro lado, uma capacidade de gestão altamente profissional, a fim de viabilizar todos os empreendimentos. Outra decorrência que emerge com vigor no centro é o compromisso com a qualidade de seu corpo docente, por meio do aperfeiçoamento contínuo e da necessária construção de uma política eficiente de captação e fixação de docentes, prevendo um regime de trabalho compatível com a natureza do centro universitário. Em última análise, o beneficiário de tudo isso é o aluno, inserido em um novo processo cultural e estimulado a experimentar diferente modelo de aprendizado, mais crítico, mais construtivo e mais autônomo. Há expressiva contribuição dos centros universitários com a qualificação dos docentes, incrementando o número de profissionais de todas as áreas, que passam a se preparar e assumir a prática educacional. Recentes dados divulgados pelo Instituto Nacional de Ensino e Pesquisa (INEP) revelam que a maioria (36%) dos 242.795 professores que atuam nas IES brasileiras tem no máximo cinco anos de docência. O se- O CENTRO UNIVERSITÁRIO EM CONTEXTO AMAZÔNICO No Amazonas, faz apenas oito anos, foi iniciada a oferta para a formação de profissionais fisioterapeutas, nutricionistas, fonoaudiólogos e biólogos direcionados às ciências que estudam o ambiente. A tão 90 PRIMEIRA PARTE necessária preservação da floresta só se faz possível, a partir da perfeita compreensão do ecossistema, que só pode ser alcançada pelo conhecimento. Essa tem sido, dentre muitas outras, a principal contribuição dos centros universitários, a interação rápida, fácil e permanente com o seu entorno. A observação e permuta fluente com o meio social garante alto índice de empregabilidade para os jovens profissionais de diversas carreiras, além de possibilidades infinitas de educação continuada nas distintas áreas do conhecimento. de Ensino Superior do Amazonas e, em 1988, o Centro de Ensino Superior da Amazônia, ambas perfazendo um total de 480 vagas para o ensino superior no Estado, quase 10% do número ofertado à época pelo poder público. Atualmente, há 2457 instituições de ensino superior no Brasil: 148 na região Norte; 441 na região Nordeste; 1190 na região Sudeste; 412 na região Sul; 266 na região Centro-Oeste, distribuídas em universidade, centro universitário, faculdades integradas, faculdade, instituto superior ou centro de educação tecnológica. Os centros universitários representam 5,047% do total de IES. Há em funcionamento, no Brasil, 124 centros universitários. Especialmente na região amazônica nem sempre foi assim. Imenso espaço vazio, ocupação desordenada e falta de conhecimento científico sempre foram características da Amazônia brasileira, que, especialmente no Amazonas, maior estado da região Norte, se potencializa, em virtude de dificuldades geradas por uma geografia que transforma rios em estradas, distâncias em isolamento, práticas empíricas em sobrevivência de espécies. Este Estado, que tem por área absoluta 1.577.820,2 km2, com uma população estimada em 3.300.000 hab e uma densidade demográfica de 2,06 hab/km2 (2006), enfrentou, até a década de 80, uma quase completa ausência de oferta para o ensino superior. No estado do Amazonas, o primeiro centro universitário caracterizou-se por propiciar a formação de profissionais em carreiras até ali inéditas, apesar de fundamentalmente importantes para satisfazer às características sociais, econômicas e naturais do Estado. A história do Amazonas foi entrecortada por momentos de extremo desenvolvimento à época da riqueza produzida pelo extrativismo da borracha, e longo período de aparente ausência de oportunidades, em princípio quebrado a partir da criação do atual modelo econômico, ainda fundamentalmente fincado no Pólo Industrial de Manaus (PIM), que congrega enorme conglomerado de indústrias que se instalam na região, em busca dos incentivos fiscais concedidos pelo poder público. Ainda sendo essa a principal fonte de desenvolvimento, as características geográficas privilegiadas fixam olhares internacionais na direção da região, o que provoca inúmeras reações nas pessoas e no lugar. Quer para potencializar os atraentes números da economia local, formada pelo PIM, quer para privilegiar estudos, pesquisas, fontes alternativas de desenvolvimento sustentável com o manejo da floresta, estão as instituições de ensino, que formam profissionais por meio de matrizes com forte inserção regional, tornando diferentes e fundamentalmente especializados engenheiros, arquitetos, médicos, que contemplam em seus estudos endemias próprias e únicas, novamente em função da riquíssima fauna e flora. Os centros universitários foram, sem dúvida, os responsáveis por toda uma sensível modificação sofrida na formatação dessas matrizes e inseriram em cada uma delas, muitas vezes conteúdos ainda não cristalizados, porém fundamentalmente relevantes para o homem nativo, sua força de trabalho e a região. A Universidade Federal do Amazonas foi fundada em 17 de janeiro de 1909 por um grupo de idealistas, que, ao reconhecer a pujança da região, percebeu que apenas por meio da compreensão da terra, de suas potencialidades, da geração de qualidade de vida, de fatores de renda, haveria a preservação do ambiente promissor da época. A Escola Universitária Livre de Manáos, mais tarde denominada Universidade de Manaós, acabou por se desintegrar em oferta de cursos isolados. Apenas em 1962, por força da Lei federal n. 4.069-A, foi restabelecida já com o nome de Universidade do Amazonas e constituída pela reintegração das instituições de ensino isoladas que atuavam no Estado. Ao longo dos 53 anos do surgimento até sua retomada, e ainda pelos 24 anos seguintes, foi a única possibilidade de ensino superior para os amazonenses. Esta região, nos final dos anos oitenta, percebeu modificações significativas para oferta das vagas de acesso ao ensino superior mediante políticas de Estado para o fortalecimento das universidades públicas, associado especialmente às questões de dotação orçamentária. Ao iniciar-se a educação tecnológica, novamente os centros universitários se distinguiram e ofertaram cursos perfeitamente sincronizados com o mundo do trabalho e com a rapidez com que dogmas são reafirmados ou negados enquanto verdade científica. Cursos com durações mais curtas oportunizam estudos diretos quanto ao clima, vegetação, fármacos advindos da rica flora em que a região está incrustada, logística O surgimento de institutos marcadamente previstos em lei garantiu alguma flexibilização quanto à oferta de cursos a partir das necessidades sociais diferenciadas, tipicamente regionais. Nos últimos anos daquela década, na cidade de Manaus, duas novas instituições foram criadas: em 1986, o Centro Integrado 91 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 regional ou design de produtos específicos. fase na sustentabilidade socioambiental, numa nova racionalidade, em que se articulam natureza, técnica e cultura. A sustentabilidade, como novo critério básico e integrador, precisa estimular, permanentemente, as responsabilidades éticas, à medida que o enfoque extra-econômico serve para reconsiderar os aspectos relacionados com a justiça e cidadania. A noção de sustentabilidade implica, portanto, uma inter-relação necessária de justiça social, qualidade de vida, equilíbrio ambiental e ruptura com o atual padrão de desenvolvimento. Nesses anos de funcionamento, os centros universitários estruturaram suas unidades de pesquisa científica, fortaleceram o laço com a comunidade e construíram seus programas de pós-graduação, não por obrigatoriedade, mas sim pela certeza de que a excelência do ensino só pode ser perseguida e alcançada com a instalação dos agentes necessários para a oferta de um ensino de qualidade. Em razão do novo que representam, foram sistematicamente testados e avaliados, seja por instrumentos desenvolvidos pelo poder público, seja especialmente pela competitividade em que o segmento está inserido. No estado do Amazonas, na cidade de Manaus, há duas universidades, quatro centros universitários, dez faculdades, um centro de educação tecnológica e três institutos, representando mais de 35000 vagas/ano de acesso ao ensino superior. Cabe enfatizar que a somatória de alunos dos quatro centros universitários representa praticamente três vezes o número de matriculados na instituição federal. Há vinte anos, no Estado havia oferta de, aproximadamente, apenas 4000 vagas. Nesse contexto, o Brasil e, conseqüentemente, o estado do Amazonas precisam formar profissionais compromissados com o desenvolvimento social do País. CONSIDERAÇÕES FINAIS Por variados motivos que fogem ao objetivo deste trabalho, há vozes dissonantes sobre o papel e até mesmo sobre a existência dos centros universitários. O que desejamos evidenciar é uma tese consolidada pela prática real dessas novas instituições: a transformação em centro universitário proporciona os benefícios legais da flexibilidade e da autonomia universitária, mas traz, intrinsecamente, um conjunto de responsabilidades ancoradas nas demandas do meio. Mais que status legal e social, a condição de “centro” impele a um agir educativo que movimenta uma teia de relações que, em última análise, significa mais qualidade acadêmica e social. É verdade que o centro universitário passou a usufruir de prerrogativas, antes exclusivas da universidade, mas é vigente também um caminho que percorre a busca permanente pela qualidade, ainda por meio de uma ação extensiva mais ampla, pela implementação da política em todos seus níveis, desde a iniciação científica até cursos de mestrado e doutorado. O surgimento dos centros universitários apontou para o crescimento da oferta de educação continuada. Programas de aperfeiçoamento e especialização foram-se multiplicando e melhorou, de forma acentuada, a qualificação dos profissionais formados pelas IES da região. As pesquisas indicam que quase todos os egressos retornam às instituições após o término do curso superior, a fim de continuar sua formação, especialmente nos centros universitários, já que, nesses, estão programas em harmonia com as necessidades do mundo corporativo. Os dez anos de funcionamento consolidaram a necessidade da qualificação permanente do corpo docente. Novas tecnologias em salas de aula, laboratórios modernos e em atividade contínua, incentivo à publicação, plano de carreira, são o dia-a-dia dos centros na relação com o corpo docente. Novamente de forma diferenciada, encontra-se a região Norte, onde está o menor número de mestres e doutores do país, índice inversamente proporcional às necessidades regionais. O momento presente do centro universitário faz com que assuma em profundidade compromissos de maneira espontânea, de forma a atingir metas ousadas de compromisso com a região em que vive. A postura do Centro Universitário Nilton Lins na região amazônica é o exemplo mais patente de um desejo que extrapola suas obrigações legais e o torna partícipe de um processo de desenvolvimento. O estado do Amazonas é um dos terrenos privilegiados das grandes discussões ambientais, possuindo em seu território 97% de floresta nativa preservada e uma população de 2.813.085 habitantes, distribuída em 62 municípios (IBGE, 2000). Com o avanço da fronteira agrícola, o aumento da pressão sobre o ambiente natural e a constante preocupação com o uso dos recursos naturais da floresta, o tema sustentabilidade na Amazônia tem sido constantemente discutido. A produção de conhecimento científico deve priorizar um novo perfil de desenvolvimento, com ên92 PRIMEIRA PARTE IMPACTO ECONÔMICO, SOCIAL E CULTURAL DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS EM SUAS REGIÕES:UM ESTUDO DE CASO. Eloni José Salvi(*) e Roque Danilo Bersch(**)17 Colaboradores: Ângela Haberkamp, Carlos M. Giasson, Maria L. de Azevedo, Samuel de Conto e Sandra M. A. Kaufmann. RESUMO Na primeira das pesquisas, da população de 291 professores obtiveram-se 150 respostas; dos 385 funcionários, estagiários e bolsistas foram obtidas 263 respostas; dos 387 egressos consultados, voltaram 118 respostas; e dos 8.426 alunos de graduação, 368 respostas. Os dados secundários foram apurados quanto a seu montante e variação percentual entre os períodos. Ainda na primeira pesquisa, os dados de campo foram tabulados com auxílio do software estatístico SPHINX ® e, posteriormente, em planilha eletrônica, tendo sido analisados segundo sua freqüência, média, moda, e efetuados cruzamentos entre algumas variáveis. Os dados das amostras foram extrapolados para a população por regra de três simples. Apurou-se que o PIB do VT em 2004 foi de R$ 5.432.289.193,00, o número de empregos gerados pela UNIVATES representa 3,31% dos empregos do município de Lajeado, e 0,97% do VT (2005). A UNIVATES, em 2005, realizou gastos de R$ 3.432.162,99 fora do VT e de R$ 7.318.021,93 dentro do VT. Os professores, funcionários, estagiários e bolsistas realizam um gasto mensal de R$ 1.136.669,14, sendo 85,35% no VT e 14,65% fora do VT. Os alunos realizam um gasto mensal de R$ 9.608.639,48, sendo 95,22% no VT e 4,78% fora do VT. Os egressos realizaram em 2005 um gasto total de R$ 1.171.099,46, o que representou um gasto de R$ 3.026,10 per capita. Somando-se os valores gastos no VT pela UNIVATES e pelos colaboradores, nos cinco anos pesquisados, chega-se a um valor de aproximadamente R$ 90.000.000,00 (noventa milhões de reais) que foram injetados na economia do VT neste período. Adicionando-se o valor de R$ 7.011.395,45 mensais ou R$ 420.683.727,00 nos 5 anos pesquisados, que deixaria de ser gasto pelos alunos no VT, caso a UNIVATES não existisse, chega-se ao montante de aproximadamente R$ 510.000.000,00 no período. Se considerarmos o efeito multiplicador deste gasto na economia local, chega-se ao valor aproximado de R$ 2.000.000.000,00 entre 2001 e 2005. Como o PIB do VT entre 2001 e 2005 é de aproximadamente R$ 23 bilhões, o impacto combinado da participação da UNIVATES no VT é de aproximadamente 8,7%. O presente texto resulta de um estudo de caso referente à temática “Reflexos dos centros universitários sobre as regiões em que eles foram instalados”. É ancorado em breve revisão bibliográfica das teorias e princípios do desenvolvimento de regiões e nas informações colhidas junto a um centro universitário, sendo ilustrado por dois trabalhos específicos adicionais: uma pesquisa sobre impactos econômicos diretos, do tipo quantitativo-descritiva, fundamentada na literatura sobre ensino superior e desenvolvimento regional, que utilizou como método de estudo a pesquisa descritiva quanto aos fins e a bibliográfica, telematizada e de campo quanto aos meios; e uma breve pesquisa de opinião do tipo descritivo-qualitativa, realizada entre pessoas destacadas em função da sua liderança nos campos econômico, político ou cultural e pertencentes a uma faixa etária que lhes permite avaliar os efeitos da transformação, em 1997, das faculdades isoladas da Fundação Alto Taquari de Ensino Superior (FATES), nas Unidades Integradas Vale do Taquari de Ensino Superior (UNIVATES) e do seu conseqüente credenciamento como centro universitário, em 1999. Ambas as pesquisas situam-se dentro do objetivo maior de avaliar o impacto econômico e social, sobre a região do Vale do Taquari (VT), do crescimento que esta Instituição de Ensino Superior (IES) experimentou então. Admitimos que, devido à dificuldade de mensuração de diversas das variáveis que cercam o problema, as conclusões apresentadas pelas pesquisas não podem ser transformadas em informações de caráter científico. Outra limitação em nossa pretensão consiste no fato de que os reflexos mais profundos, na Sociedade, do fortalecimento da Educação Superior exigem longos prazos para se tornarem claros e constantes, o que, entretanto, não invalida estudos iniciais da natureza do que aqui apresentamos, nem retira a importância das informações obtidas, para o traçado de estratégias e a definição de políticas para o setor. 17 (*)Formado em Ciências Econômicas, com Mestrado em Administração. Professor do Centro Universitário Univates (**)Formado em Letras, com Mestrado em Letras/Lingüística. Professor do Centro Universitário Univates 93 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 INTRODUÇÃO e equipamentos, pelas despesas de custeio e pelos gastos dos professores e alunos oriundos de outras regiões, cujo montante exerce, sobre as atividades econômicas locais, um efeito dinâmico e multiplicador imediato. O grande número de centros universitários e a diversidade cultural, geográfica e até de tempo de atuação que marca o conjunto dessas IES, influindo diferentemente em suas ações sobre os ambientes geográficos em que elas se inserem, apresentaram-nos um problema inicial na abordagem do tema proposto: ou o texto precisaria estender-se às dimensões necessárias para contemplar com o devido destaque as especificidades várias, ou nos veríamos limitados ao estudo de traços genéricos e abrangentes, certamente pouco palpáveis e eloqüentes. Da reflexão sobre o desafio, nasceu a decisão de optar por um ‘estudo do caso’ e de escolher para tanto uma instituição cujas relações com a região de abrangência imediata estivessem delimitadas por aspectos histórico-geográficos e étnico-político-culturais. É importante que se mensurem tais impactos, a fim de demonstrar à sociedade do VT, bem como aos responsáveis pelo planejamento do desenvolvimento nacional sustentado na distribuição e descentralização de bens materiais e culturais, os reflexos desta atividade sobre uma região. Reconhecemos que a mensuração dos impactos mais duradouros, além de ser extremamente complexa, requer informações que a exigüidade do tempo transcorrido entre o credenciamento, como centro universitário, da IES estudada e o presente momento ainda não permite definir com segurança. Por outro lado, entendemos que os indicadores colhidos na primeira das pesquisas e mencionados no Resumo, bem como as opiniões colhidas entre lideranças da região e, principalmente, as iniciativas que foram e estão sendo desenvolvidas pela IES e são descritas ao longo do texto, fornecem indicativos na direção desejada. Nos estudos econômicos do desenvolvimento, a educação desponta sempre como condicionante para que uma nação logre galgar estágios avançados de crescimento econômico e social. Sua vinculação está fundamentada na capacidade, adquirida por meio do conhecimento, de aproveitar as oportunidades e levar a efeito novos arranjos produtivos e distributivos. Assume-se, geralmente, que educação é parceira do conhecimento e, sendo este a fonte principal da inovação, estaria diretamente envolvida nas mudanças da sociedade e da economia, como quer, por exemplo, a assim dita “qualidade total”. Sendo desenvolvimento o reflexo direto da capacidade de mudar, a educação desempenha para tanto um papel central, dependendo de sua definição obviamente, e, neste caso, valendo como investimento fundamental. (Demo, 2006) Ao educar-se, o cidadão capacita-se a refletir sobre o seu meio e a agir no sentido de promover as transformações econômicas, tecnológicas e culturais de que a sociedade precisa para melhorar continuamente a qualidade de vida. É nesse sentido que a educação se conecta ao desenvolvimento local, permitindo “formar pessoas que amanhã possam participar de forma ativa das iniciativas capazes de transformar o seu entorno, de gerar dinâmicas construtivas.” (Dowbor, 2006). Isto se dá a partir dos fluxos econômicos e interações sociais, direta e indiretamente impulsionados pelas instituições educacionais. ASPECTOS DO PANORAMA DO ENSINO SUPERIOR NO BRASIL A UNIVATES, como um Centro Universitário, faz parte de um sistema educacional diversificado, que no Brasil se caracteriza por ser majoritariamente conduzido pela iniciativa privada. “O setor de ensino superior brasileiro deverá movimentar em mensalidades cerca de R$ 15 bilhões este ano (2005), sendo R$ 150 milhões só com as taxas de inscrição para os vestibulares e os manuais do candidato” (CM NEWS, 2005). Seguindo essa tendência, o número de IES também vem apresentando avanços nos últimos anos. Conforme dados do Censo do Ensino Superior realizado pelo INEP em 2005, existiam 2.165 IES no país. A divisão por organização acadêmica estava distribuída entre os seguintes formatos institucionais: Universidades 8,13%; Centros Universitários 5,27%; outras: 86,61%. Quanto à distribuição administrativa, 89,33% eram privadas e 10,67%, estatais. Em 1998, o número de matrículas nessas IES foi 2.125.958; em 1999, 2.369.945 (+11,48%); em 2000, 2.694.245 (+13,73%); em 2001, 3.030.754 (+12,50%); em 2002, 3.479.913 (+14,82%); em 2003, 3.887.022 (+11,70); em 2004, 4.163.733 (+7,12%); e em 2005, 4.453.156 (+6,95%). Comparados entre si os números absolutos referentes aos anos de 2000 e 2005, verificase que o índice de aumento do número de matrículas Além de iniciar esse processo de formação e aperfeiçoamento de profissionais, de diversificação e qualificação de técnicas nas atividades econômicas e de mobilização cultural de abertura para a conscientização sobre a necessidade de inserir a região na comunidade global, a educação superior representa a movimentação de recursos financeiros representada pelo pagamento de, pelos investimentos em obras 94 PRIMEIRA PARTE foi de 65,28%, inferior ao índice verificado no aumento do número de IES (+83,50%) e de cursos ofertados (+92,80%), no período, como se observa nas Figuras 1 e 2, que seguem. Figura 1.- Evolução do Número de Instituições de Ensino Superior no Brasil, 2000 - 2005 Universidades 2000 2005 Centros Universitários ∆% 2000 2005 ∆% Outras 2000 2005 Total ∆% 138 32,7% 2000 2005 Pública 71 90 26,8% 1 3 200,0% 104 231 31,3% Privada 85 86 1,2% 49 111 126,5% 870 1737 99,7% 1004 1934 92,6% 156 176 12,8% 50 114 128,0% 974 1875 83,5% Sul 36 39 8,3% 6 16 166,7% 134 315 135,1% 176 Sudeste 71 78 9,9% 37 78 110,8% 559 895 Centro-Oe ste 12 14 16,7% 3 10 233,3% 119 210 Nordeste 28 33 17,9% 2 3 50,0% Norte 9 12 33,3% 2 7 156 176 12,8% 50 114 92,5% 176 ∆% 1180 2165 370 110,2% 60,1% 667 1051 57,6% 76,5% 134 234 74,6% 127 352 177,2% 157 388 147,1% 250,0% 35 103 194,3% 122 165, 2% 128,0% 974 1875 92,5% 46 1180 2165 83,5% Fonte: Censo da Educação Superior – INEP – 2000 e 2005 Figura 2.- Evolução do Número de Cursos Superiores no Brasil, 2000 - 2005 Universidades Centros Universitários Outras Total 2000 2005 ∆% 2000 2005 ∆% 2000 2005 ∆% 2000 2005 ∆% Pública 3560 5412 52,0% 5 43 760,0% 456 736 61,4% 4021 6191 54,0% Privada 3263 5480 67,9% 865 2499 188,9% 2436 6237 156,0% 6564 14216 116,6% 6823 10892 59,6% 870 2542 192,2% 2892 6973 141,1% 10585 20407 92,8% Sul 1830 2432 32,9% 115 346 200,9% 437 1115 155,1% 2382 3893 63,4% Sudeste 2557 4443 73,8% 642 1753 173,1% 1645 3353 103,8% 4844 9549 97,1% Centro-Oeste 614 967 57,5% 49 217 342,9% 326 739 126,7% 989 1923 94,4% Nordeste 1277 2132 67,0% 27 78 188,9% 358 1350 277,1% 1662 3560 114,2% 545 918 68,4% 37 148 300,0% 126 416 230,2% 708 1482 109,3% 6823 10892 59,6% 870 2542 192,2% 2892 6973 141,1% 10585 20407 92,8% Norte Fonte: Censo da Educação Superior – INEP – 2000 e 2005 Das Figuras 1 e 2 depreende-se também que o maior crescimento no número de IES e de cursos ofertados no País, entre os anos de 2000 e 2005, deu-se nos centros universitários. Estes, por sua vez, durante o período, multiplicaram-se em índices maiores nas regiões Norte e Centro-Oeste. Cabe mencionar, finalmente, que a projeção do Ministério da Educação (MEC) do número de matrículas no ensino superior para 2010 é de mais de 9 milhões (INEP, 2005). DESENVOLVIMENTO REGIONAL Uma região se identifica por uma delimitação geopolítica, formal ou informalmente constituída, que hierarquicamente “deve ser vista como abaixo da administração estadual (Estado Federado) e acima do plano local (cidades e municípios)” (Grifo nosso.) (Stember, 1996, p. 35). Embora os critérios para definir uma região sejam diversos, as regiões se constituem principalmente por 95 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 critérios políticos, econômicos e sociológicos, que espelham um conjunto de características e semelhanças de suas comunidades (Stember, 1996, p. 36). Segundo Becker (2000, p. 7) “... a natureza e a cultura juntas, como processos interagentes, é que conferem forma e individualidade aos lugares (às regiões). Enfim, conformam o próprio e o específico do lugar (da região), distinguindo-o do geral e dos seus singulares.” (Grifo nosso.) dade deve ser assumida.” Naturalmente que a região não pode fugir das contrariedades e conflitos internos e externos e é papel de suas lideranças atuar no sentido de harmonizar interesses, pois o desenvolvimento ... resultará da capacidade organizacional dos agentes regionais (econômicos, sociais, políticos) de superarem as contradições e resolverem os conflitos através da articulação dos interesses locais com os interesses socio-ambientais regionalizados e, sobre essa articulação, portanto, após essa integração, construírem um projeto próprio e específico de inserção diferenciada e diferenciadora, portanto alternativa, do desenvolvimento regional no desenvolvimento global.. (Grifo nosso.) (Becker, 2002, p. 15) Além disso el desarollo regional consiste em un proceso de cambio estructural localizado (em un ambito territorial denominado “región”) que se asocia a un permanente proceso de progreso de la propia región, de la comunidad o sociedad que habita em ella y de cada individuo miembro de tal comunidad y habitante de tal territorio. Obsérvese la complejidad de esta definición al combinar tres dimensiones: un dimensión espacial, un dimensión social y un dimensión individual. (Boisier, 2000, p. 160) Dadas essas características diferenciadoras do regional, não se considera que o desenvolvimento local seja simplesmente versão reduzida do desenvolvimento nacional, pois possui dimensões e dinâmicas próprias e específicas. Isto exige, por conseqüência, teorias também próprias, para explicar e compreender o desenvolvimento do lugar (Becker, 2000, p. 14). É da identidade de uma região, decorrente de suas semelhanças e diferenças perante as demais regiões, que emerge o modo como ela se relaciona com o global e se desenvolve no particular. ...as especificidades (culturais, naturais, ético-ideológicas), porque fonte de diferença, tornam-se as moedas a definir os ritmos de valorização de cada região, enfim, valorização do humano, e, portanto, dinamizadoras de um processo próprio e específico de desenvolvimento regional. (Grifo nosso.) (Becker, 2004b, p. 144) Conforme Becker (2004b, p. 145) “não há como pensar o processo de desenvolvimento de uma região sem considerar as condições sociais, políticas, econômicas, de estruturação e organizações das comunidades locais”. Neste particular, aparece uma diferenciação entre o regional e o local. Diferentemente da região que se identifica de uma forma pré-concebida, como é o caso do VT, o local possui um conceito mais amplo e se identifica a partir de seu referencial externo. “En realidad, lo “local” sólo hace sentido cuando se le mira, por así decirlo, “desde afuera y desde arriba” y así las regiones contituyen spacios locales miradas desde el país así como la provincia es local desde la región y la comuna lo es desde la provincia, etc.” (Boisier, 2000, p. 161) Lo local es un concepto relativo a un espacio más amplio. No puede analizarse lo local sin hacer referencia al espacio más abarcador en el cual se inserta (município, departamento, provincia, region, nación). Actualmente se juega con la contraposición ‘local/global’ mostrando las paradojas y relaciones entre ambos términos. (Di Pietro, 1999 apud Boisier, 2000, p. 161) Desta forma, a região é um espaço geopolítico de dimensões definidas, enquanto o local pode em certos momentos se referir apenas a um bairro de uma cidade e, em outros momentos, a um continente inteiro. Na literatura sobre desenvolvimento regional temos diversas teorias: da dependência, do crescimento regional, da especialização e da localização industrial (Clemente, 2000). “Em todas elas se destaca um determinado mecanismo que dispara o processo de crescimento econômico da região, que acaba por ‘contaminar’ positivamente todas as atividades econômicas da região e, em conseqüência, o seu desenvolvimento. A condição inicial necessária é apenas o surgimento de renda e demanda no interior da região em escala suficiente para que se torne viável a substituição de importações.” (Grifo nosso.) (Clemente, 2000) E são estas condições particulares de cada região que vai definir o modo como cada região se posiciona estrategicamente no ambiente competitivo, hoje fundado principalmente no conhecimento. (...) tendo presente que “como tudo o mais saindo da equação competitiva, o conhecimento tornou-se a única fonte de vantagem A região então reflete um ambiente onde os mecanismos de desenvolvimento tendem a ser uniformes, segundo a dinâmica provocada pelo conjunto da sociedade daquele lugar, e exige o máximo de autonomia sobre as decisões que afetam seus destinos. Stember (1996, p. 37), neste sentido, defende que as “decisões devem ser tomadas onde sua responsabili96 PRIMEIRA PARTE competitiva sustentável a longo prazo” da região (do lugar). Conhecimento que “pode ser empregado somente através das habilidades” de articulação dos agentes locais-regionais, sujeitos diretos e legítimos do processo de desenvolvimento da região (do lugar). (Becker, 2000, p. 14) Para que as regiões possam pensar local e agir globalmente, interagindo de forma aberta com os demais espaços econômicos e sociais, há necessidade de informações transformadas em conhecimento sobre e para o desenvolvimento da região (do lugar), pois ...o processo de desenvolvimento deixa de ser pura e simplesmente uma questão quantitativa e adquire crescentes dimensões qualitativas, através do pleno reconhecimento e do pleno desabrochar das diversidades regionais. Por esse caminho, a qualidade deixa de ser usada tão somente para potencializar a quantidade. Não é um puro e simples processo de diferenciação para conquistar crescentes fatias de mercado. A qualidade entra aqui como resultado das diversidades culturais, naturais, ético-morais, configurados e conformados em cada região. (Becker, 2004a, p. 106) E este processo de pensar e desenvolver uma região não é tão simples que dependa apenas de um conjunto limitado de variáveis ou esteja facilmente ao alcance de determinadas lideranças regionais. ... é praticamente impossível destacar estratégias de desenvolvimento que se amparam num paradigma exclusivo, predominante, genuíno. As diretrizes de desenvolvimento atualmente empregadas são uma mescla de experiências, resignações, restrições e possibilidades, e a globalização do conhecimento funde e reapresenta, constantemente, idéias, estratégias e práticas de sucesso com outras ainda não consolidadas ou, mesmo, com concepções e políticas “que, pelas mais diferentes razões, não tiveram o mesmo êxito em outros espaços”. (Grifo nosso.) (Siedenberg, 2003, p. 166) Stember (1996, p. 45) chega a afirmar que “quem hoje acha estar apto a conduzir uma região de forma abrangente e certeira – seja lá em que dimensão – também crê na cegonha,...” regional não foi corretamente tratada. (Cano, 1985, p. 44) Não será com uma postura “técnica” e sim com uma firme posição política – explicitada por amplo respaldo democrático – que se poderá avançar na confecção de “planos regionais” e principalmente, na tomada de decisões políticas que tenham por objetivo uma efetiva melhoria das condições de vida das populações mais carentes... (Cano, 1985, p. 46 e 47) Embora complexo, é certo que cada região precisa estabelecer seu modo de resolver seus problemas e encontrar o melhor caminho para seu desenvolvimento, “consciente de que não há fórmulas, métodos, modelos ou estratégias pré-definidas que assegurem os resultados. Desenvolvimento é, ao mesmo tempo, um estado e um processo, ambos complexos.” (Siedenberg, 2003, p. 171) Assim, o processo de desenvolvimento de uma região depende muito de sua organização social e dos princípios no qual esta organização se fundamenta. Segundo Becker (2002, p. 15) “o desenvolvimento não é causa, mas a conseqüência da democracia participativa e esta, por sua vez, é resultado da organização social. Em conseqüência, uma sociedade mais organizada é uma sociedade mais democrática [e em conseqüência] uma sociedade muito mais desenvolvida”. “..., as instituições sociais representam papel determinante sobre os resultados das ações econômicas: às vezes, as instituições são obstáculos aos ganhos sociais advindos das trocas entre os agentes econômicos e, às vezes, promovem a eficiência, conduzindo as sociedades ao desenvolvimento.” (Becker, 2003) Bandeira (2000, p. 105) estabelece uma vinculação do desenvolvimento regional com sua organização institucional, ao afirmar que “os COREDEs18 melhor sucedidos são os que contam com apoio permanente de instituições dotadas de credibilidade e cuja atuação tem abrangência regional, como é o caso das Universidades.” Neste sentido, uma instituição como a UNIVATES, passa a ter um papel importante no desenvolvimento local, tendo em vista as interações econômicas e sociais que provoca em sua região de abrangência, formando uma rede de relações e ações alavancadoras do desenvolvimento, como está representado na Figura 3. Cano (1985) já expressava sua descrença no planejamento regional, pois considera que o grande problema é que nele, invariavelmente, não se atacam as origens da condição em que se encontra a região que se deseja planificar. Não foi por falta de planos que a questão Segundo Casarotto Fº (2001, p. 13), um estudo realizado sobre a competitividade da indústria catarinense, feito por duas organizações européias, demonstrou que a principal causa de sua baixa competitivida18 Conselhos Regionais de Desenvolvimento, criados pela Lei 10.283, de 17 de outubro de 1994 97 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 de internacional era “a falta de associativismo ou cooperação entre as empresas e dessas com suas representações empresariais e instituições governamentais de apoio industrial”. (Grifo nosso.) Um estudo realizado nos Estados Unidos e no Canadá mostrou que poucas cidades podem ser efetivamente consideradas de sucesso. As que foram consideradas de sucesso revelam como principais fatores desse resultado: a- a proximidade com uma universidade e a proximidade com a capital do Estado (EUA) ou com o Legislativo Provincial (Canadá); b- um forte caráter histórico; c- um apelo turístico muito forte (Filion, 2004). Figura 3 – Rede de desenvolvimento local Fonte: baseado em Casarotto Fº, 2001, p. 22. da seguinte maneira: 23,57% provêm da agropecuária, 47,06%, da indústria e 29,37%, do setor dos serviços (BDR/UNIVATES, 2005). O PIB per capita cresceu 46,2% no período 2001-2004, passando de R$ 11.630,81 para R$ 17.002,20. O VALE DO TAQUARI: ASPECTOS GEOGRÁFICOS, HISTÓRICOS, ECONÔMICOS E SOCIAIS A partir da virada do Século 19 para o Século 20, o município de Lajeado passou a deter gradativamente, a maior participação no total da economia do Vale, apesar da perda sucessiva de cerca de 80% do seu território pelo processo emancipatório por que o Vale todo passou. O conjunto de Lajeado com outros nove municípios (Arroio do Meio, Cruzeiro do Sul, Bom Retiro do Sul, Encantado, Estrela, Muçum, Teutônia, Taquari, e Roca Sales), representa aproximadamente 73% do total do PIB do Vale. Uma constatação significativa é a relativa estabilidade, ao longo dos quatro anos da série, da representatividade da economia da Região no total do PIB Estadual. Em 2004, 3,8% do produto gaúcho foi gerado no VT. Descrição sumária da atualidade O VT é constituído de 37 municípios, direta ou indiretamente banhados pelo rio do mesmo nome. Abrangendo uma área de 4.839,9 Km² (1,7% da área do Estado), abrigava em 2005 cerca de 320 mil habitantes (2,97% da população do Estado) e dista, em média, 150 Km de Porto Alegre. A densidade demográfica registra 65,65 habitantes por km² e a população reside em sua maioria na zona urbana (70%), entendida esta como o conjunto dos núcleos populacionais municipais e distritais. Este quadro apresentou ligeira alteração no período 2001-2005, quando diminuiu a população rural. O Produto Interno Bruto (PIB) da Região atingiu em 2004 R$ 5,4 bilhões – um crescimento de 52,6% sobre o ano de 2001 – e é composto Houve, na região, uma ligeira queda no número de matrículas no ensino fundamental e médio, no período 2002-2005. Esta situação pode ter relação com a diminuição do número de habitantes jovens, comprovada em índices como a variação negativa (-1,02%) da população na faixa etária de até 14 anos entre os 98 PRIMEIRA PARTE anos de 2001 e 2005 (FEE), apesar diversas cidades do VT terem recebido expressivo número de imigrantes, nas duas últimas décadas, face à intensificação local do processo de industrialização. Constata-se, por outro lado, um aumento nas taxas de longevidade da população. A faixa etária de 60 anos ou mais teve um crescimento de 8,58% entre 2001 e 2005 (FEE). princípios repercutiam nas sociedades de esporte e de lazer, também comunitárias. Junto ao núcleo paroquial, além de se divulgarem e reafirmarem constantemente os valores e os princípios de fé e religião, discutiam-se os assuntos de interesse comunitário e se resolviam as contendas. Sempre ao seu tempo, as primeiras e rústicas escolinhas comunitárias, inicialmente organizadas em três ou quatro anos de escolaridade obrigatória e servidas por professores que alfabetizavam as crianças na língua de origem dos imigrantes, foram posteriormente melhoradas por professores bilíngües. Aquelas localizadas nos núcleos das vilas distritais gradativamente evoluíram para cinco ou seis séries escolares e, finalmente, transformaram-se nos primeiros cursos ginasiais e, depois, colegiais técnicos, clássicos ou científicos e escolas normais, sempre mantidas pela parceria entre uma comunidade local organizada e um instituição religiosa. A partir de meados do Século 20, o “ensino primário” foi totalmente encampado pelo Poder Público. Breve histórico Situado na Encosta Superior do Nordeste do Rio Grande do Sul, o Vale foi colonizado em suas planícies adjacentes ao rio Taquari a partir do Século 18. A partir de 1850, recebeu levas de imigrantes alemães e, depois, italianos, as quais se estabeleceram na agropecuária em regime de pequenas propriedades (em média em torno de 25 hectares), seguindo os cursos dos afluentes do Taquari e subindo pelas encostas. A falta de infra-estrutura e de capacidade do poder público para oferecer aos imigrantes as condições de inculturação no meio nacional levou a população a criar e instalar por conta própria os meios de subsistência e as condições de dignidade cidadã que conheceram em suas pátrias de origem (ensino formal, saúde, lazer, cultura geral). Dessa forma foram surgindo, em regime de associativismo, as estradas, as escolas e igrejas, os hospitais, a energia elétrica e telefonia, as redes de água e as cooperativas de produção agropecuária. Traços da identidade regional O fato de a economia regional ter sido impulsionada decisivamente por força da imigração ocorrida no Século 19 não determina, por si só, uma idiossincrasia regional. Características idênticas marcam diversas regiões no Estado e no País, inclusive áreas geográficas vizinhas: um núcleo definido pela etnia italiana e outros, pela alemã, nas quais o VT poderia estar, hoje, disperso e abrangido. O princípio da auto-organização social, fator da maior importância para a sobrevivência e prosperidade das comunidades do VT, refletiu-se positivamente no cenário nacional, primeiro através dos índices de alfabetização e, após, nas condições de saúde locais. Quando comparado à média nacional ou estadual, o indicador da relação escola/habitante é superior nessas comunidades que, em sua origem, não se contentaram em ficar no aguardo de ações do poder público. Há, contudo, além do fator geofísico constituído pelas características da bacia do Rio Taquari, que foi fundamental para potencializar os demais fatores, pois fazia confluir para a única via de acesso à região, o curso do rio, outras características que distinguem o Vale e merecem apontamento: a- A colonização do VT por alemães deu-se somente a partir da década de 1860, de forma espontânea e sem uma organização conjunta, trazendo levas de imigrantes procedentes de diversos locais da Alemanha, na maioria diferentes daqueles locais de onde se originava a maioria dos colonos assentados no Vale do Rio Pardo, os quais haviam sido recrutados, mais de uma década antes, através de um projeto oficial (da Província de São Pedro/Rio Grande do Sul). Da mesma forma, a colonização das encostas mais elevadas do VT ocorreu de forma espontânea e trouxe, além de atores de “segunda migração” provindos da Região da Serra, a uma distância média de cem quilômetros, várias levas de italianos chegadas diretamente da Itália. b- Ao chegarem ao VT, os imigrantes já encontraram instalada um ordenamento público oficial que regia as relações políticas e econômicas. Em- As pequenas escolas primárias, mesmo aquelas que se originavam da iniciativa privada de algum cidadão esclarecido, desde logo se tornaram comunitárias, geralmente sob o apoio e a garantia regimental de alguma organização eclesiástica. As igrejas eram, segundo Thomé (1984), o centro de gravitação da vida pública, tornando-se natural que o status de mantenedor fosse assumido ou, em muitos casos, amparado por alguma delas, já que a religiosidade era, e continua sendo, um valor cultivado pelos descendentes dos colonizadores. No VT, assim como em outras regiões do Estado, constata-se que as igrejas assumiram um papel histórico na organização social, através das comunidades paroquiais, das sociedades escolares, do “professor paroquial” e dos cultos litúrgicos, cujos 99 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 bora instalados na mata virgem e localidades ermas, havia uma autoridade estatal na vizinhança, o que dispensava a constituição de uma autoridade específica da “colônia”, como soía acontecer em projetos integrados de loteamentos agrícolas para imigrantes. Isso fez com que os imigrantes entrassem em contato, desde logo, com o elemento luso que, embora em número reduzido – as várzeas do Taquari haviam abrigado até então a pecuária em regime extensivo – residia na área. c- O VT foi, portanto, a derradeira etapa da colonização alemã e italiana da metade leste do Estado. Na verdade, ele constitui uma área limítrofe entre as colônias alemãs e as italianas, entre as amplas várzeas da confluência de cinco cursos fluviais e o Planalto Médio ou a Serra. Para os imigrantes teutos, ele era o último reduto do Hinterland. As localidades Venâncio Aires, Lajeado e Arroio do Meio abrigaram, meio a meio, alemães (nas áreas mais planas e baixas) e italianos (nas encostas e escarpas). Nessas comunidades, a aproximação entre os dois grupos étnicos se deu mais naturalmente do que em outros contextos, ainda mais diante do fato de que ambos compartilharam desde logo a autoridade pública, de origem lusa. Desde cedo alemães e italianos passaram a compor quadros político-partidários em parceria, na busca da adesão dos eleitores das duas origens. Cedo os líderes econômicos dos núcleos habitacionais dos morros passaram a mudar-se para as vilas e pequenas cidades, competindo com os alemães (e às vezes com lusos) na propriedade de empreendimentos comerciais e industriais. d- A implantação do cooperativismo na produção agro-pecuária produziu, no VT, um sub-produto de grande significado, ao intensificar a aproximação entre as colônias alemãs e as italianas. Pequenas cooperativas surgiram em diversas vilas e lugarejos. Num segundo momento, cerca de uma década depois, observou-se um rearranjo desse segmento, com o agrupamento dessas pequenas empresas entre si. A partir desse momento, produtores rurais de localidades distantes, às vezes, perto de cem quilômetros, passaram reunir-se nas assembléias, nas reuniões de delegados e nas festas anuais. O cooperativismo tornou-se, assim, um fator e um elemento didático-pedagógico de grande alcance, na formação de um sentimento de regionalidade: estreitavam-se os laços de interesses comuns e de convivência entre a “parte alta” e a “parte baixa” do Vale, ambas já anteriormente habituadas ao convívio das famílias lusas que, de modo geral, permaneceram restritos aos ambientes urbanos. Nos grupos sociais despertava, dessa forma, a conscientização para valores regionais comuns, como a história, o ambiente e belezas naturais fortemente marcados pelos cursos fluviais, a religiosidade. O associativismo foi potencializado, extrapolando os limites das comunidades políticas e étnicas. do VT colheram esse sentimento de regionalidade e, estimulados por iniciativas similares de outras regiões, constituíram a Associação dos Municípios do VT (AMVAT). Entre outros objetivos, buscava-se o reforço da representação política do conjunto dessas comunidades nos âmbitos estadual e nacional. Cumpre observar aqui que, no conjunto dos municípios, não existe um que, à semelhança do que ocorre na maioria das regiões oficialmente constituídas no Estado, desponte como “uma potência” capaz de aglutinar as comunidades em volta em torno de suas iniciativas. Lajeado e Estrela constituem um único núcleo urbano, porém o rio divide-as em dois orçamentos municipais. As ferrenhas rivalidades entre as duas cidades, registradas pela História, lograram, em alguns momentos, causar sérios prejuízos a ambas. A criação da AMVAT pode ser apontada como marco inicial de uma época de cooperação coletiva em função de vantagens mútuas, entretanto sem ter conseguido ser a “varinha de condão” capaz de enterrar em definitivo as dificuldades todas. Em inícios da década de 1990, um projeto-de-lei previa a divisão do Rio Grande do Sul em doze regiões para fins de planejamento integrado do desenvolvimento. Não constava, entre elas, o VT. A área ficaria efetivamente retaliada e distribuída entre regiões vizinhas. Na ocasião, a AMVAT procurou as faculdades mantidas pela FATES, para desenvolverem e apresentarem, em conjunto com a Associação, a argumentação em favor da inclusão, no referido projeto, do Conselho de Desenvolvimento do VT (CODEVAT). O objetivo foi alcançado com a aprovação da Lei 10.283 de 1994. Data desse episódio a conscientização da mantenedora comunitária da Educação Superior no Vale, hoje denominada FUVATES, de que o seu envolvimento com ações diretamente voltadas às grandes questões do desenvolvimento regional não são apenas um compromisso estatutário, senão também uma questão de autopreservação e do próprio desenvolvimento institucional. A UNIVATES Origem e natureza da Instituição Em 1961, os líderes políticos dos municípios O surgimento da UNIVATES exemplifica a ação do associativismo característico das comunidades de imigrantes, anteriormente mencionado, no atendimento das necessidades comunitárias – no caso, a educação –. Em 1965 foi criada a Associação Pró-Ensino Universitário do Alto Taquari (APEUAT), fruto de quase dez anos de discussões e arquitetações de um 100 PRIMEIRA PARTE grupo de ex-alunos do Colégio São José, mantido em Lajeado, RS, pela congregação dos Irmãos Maristas e apoiado pela comunidade católica. Ao grupo agregaram-se, após, representantes da Escola Normal Madre Bárbara, mantido pela congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria, também apoiado pela paróquia católica, e do Colégio Alberto Torres, de propriedade da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana local. A pauta exclusiva das reuniões era o novo salto de qualidade de vida no VT, mediante a oferecimento local da educação em nível superior. Antes, mesmo, que a obrigatoriedade oficial de escolarização se tivesse estendido aos atuais oito anos do Nível Fundamental, aquelas lideranças já discutiam a necessidade do Nível Superior para a juventude local. A região já estava bem servida de “Escolas de 2o Grau”. Cumpria avançar. estudantes. Sabiam que a maior riqueza regional era a sua gente e era preciso criar condições capazes de atrair os seus próprios jovens para se estabelecerem na região. Para tanto, era preciso alargar urgentemente o leque de oportunidades de formação; se se continuasse na estratégia das instituições isoladas, a corrida já estava perdida: cada vez mais os nomes das duas IES – uma delas mantinha quatro licenciaturas e a outra, quatro bacharelados – estavam desgastados, por trazerem pouca novidade e oferecerem poucas opções de formação. As pesquisas, limitadas às turmas de concluintes do Ensino Médio da Região, apontavam claramente os rumos de deveria tomar a expansão acadêmica: as área da saúde, das engenharias, da comunicação social, a construção civil e uma complementação na área das ciências sociais aplicadas, com o direito e a ampliação das terminalidades em administração. Diante desse quadro, foi encaminhado ao MEC, em meados da década de 90, o pedido da transformação das faculdades na Universidade do Vale do Taquari. O objetivo do pleito, como se viu, era a consolidação como instituição de educação superior, na seqüência de todo o processo, acima descrito, de atendimento das comunidades à sua juventude em matéria de educação formal em regime comunitário. Era preciso, como se vê, recuperar o tempo perdido nas décadas de 70 e 80. Logrado o êxito inicial em 1969, com a instalação dos primeiros cursos, em 1972 a APEUAT foi transformada na FATES, momento em que o Poder Público do município de Lajeado respaldou a Instituição, dotando-a de um imóvel (área e prédio) e um subsídio anual. Este último, é verdade, pouco representou, ao longo dos anos, para o crescimento da Fundação, a qual viveu e se expandiu com o recurso das mensalidades. Importante, porém, na criação da Fundação, foi o detalhe do estatuto, o qual, seguindo o modelo comunitário, atribui o poder institucional superior a uma assembléia, que elege de quatro em quatro anos os conselhos e a presidência. A partir de 1976, a Instituição debateu-se em longa polêmica com o Conselho Federal de Educação (CFE): Devido à participação do Poder Público no ato da criação, o CFE negava-se a aceitar os seus processos de autorização de novos cursos, remetendo-a ao Conselho Estadual, o qual, por sua vez, alegava na época não ter estrutura para o acompanhamento de instituições de ensino superior. Nesse vai-e-vem, perderam-se seis longos anos sem expansão. Solucionado o problema em 1980, já se estava em nova fase de legislação, com a abertura de novos cursos limitada a um por vez em cada IES, desde que todos os cursos anteriores estivessem plenamente reconhecidos. Foi naquele momento que as duas IES prepararam a sua unificação administrativa na UNIVATES, como descrito anteriormente. Universidade ou Centro Universitário? A menção do detalhe acima é importante neste momento, para que se entenda o quanto a FATES, com as suas duas IES marcando passo, começava a defasar-se em relação ao crescimento da região. O advento da nova modalidade de IES, o centro universitário, fruto da implementação, em 1996, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, foi a solução adequada às pretensões da UNIVATES naquele momento. É importante destacar: o “motor” último do pedido de credenciamento não era, propriamente, uma INSTITUIÇÃO que queria ser universidade; era, sim, uma REGIÃO que queria ter assegurado o direito de continuar naquele processo, muito endógeno, da construção coletiva do seu processo educacional, agora em nível universitário. E o faria bancando a conta em regime comunitário e, como não poderia deixar de ser, sob a orientação e supervisão do Poder Público. Subscreviam o pedido todos os prefeitos do VT, bem como as entidades empresariais constituídas na Região. Com base na retrospectiva na sua história em educação e ensino, as lideranças educacionais do VT sentiam-se não apenas e capazes de consolidar e conduzir autonomamente as suas IES como instituições formadoras em Nível Superior, mas também comprometidas com a oferta dessa oportunidade aos seus 101 Nesses termos, o formato de centro universitário servia plenamente ao desiderato regional porque O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 conferiria à Instituição a agilidade requerida pela sociedade no oferecimento de formação em nível superior em novas terminalidades profissionais e, além disso, manteria a flexibilidade da destinação dos recursos previstos pela IES para a pesquisa, para o objetivo estatutário do desenvolvimento regional. Assim sendo, os próprios programas de pós-graduação teriam um período natural de maturação, tendo em vista constantemente aquele objetivo institucional. Consolidação e expansão quantitativa O processo de credenciamento como centro universitário não foi demorado e teve como “advogado”, junto MEC e CFE, o conjunto de resultados obtidos pelos alunos da Instituição no Exame Nacional de Cursos (ENAC). Nos cursos de Administração e de Letras, os únicos em que a UNIVATES até então tivera formandos convocados a participar, esses haviam obtido sempre Nota “A”. Obtido o credenciamento, a Instituição organizou a implantação dos cursos que a Região mais urgia, conforme as pesquisas, numa seqüência de cinco anos. Observou-se de pronto, a partir procura de matrículas nos anos imediatamente seguintes, que havia, além dos jovens anualmente egressos do Ensino Médio, grande demanda reprimida. As Figuras 4 e 5, a seguir, apresentam os principais indicadores do crescimento numérico da UNIVATES entre os anos de 1999 e 2007. Figura 4: Indicadores do crescimento numérico da UNIVATES 1999 - 2007 (A) Graduação e Seqüencial Especialização Mestrado Técnicos Docentes Discentes Bolsas* Egressos Funcionários e estagiários 1999 18 9 - 3 122 2648 370 2253 123 2007 41 18 2 9 273 8757 1023 4367 402 * nº de alunos contemplados com qualquer tipo de auxílio. Fonte: Banco de Dados Institucional da UNIVATES Figura 5: Indicadores do crescimento qualitativo da UNIVATES 1999 - 2007 (B) 1999 2007 Receita Líquida (R$) Área construída (m²) Livros (vol.) Laboratórios Cadeiras em auditórios Computadores 7.086.155 53.382.845* 9.960,10 49.857,95 41.570 97.354 13 101 250 1860 106 886 * estimativa Fonte: Banco de Dados Institucional da UNIVATES Consolidação qualitativa O desafio de manter e consolidar, ao longo do período do crescimento quantitativo, a chamada “excelência de ensino” que oficialmente deve caracterizar um centro universitário levou a Instituição a definir, em processo coletivo que envolveu a comunidade acadêmica e a comunidade regional, um entendimento comum sobre “qualidade de ensino”. O trabalho envolveu os docentes e representações aleatórias de alunos e de funcionários da Instituição (Atividade A); e cerca de 30 representantes da comunidade regional (Atividade B). Na Atividade A, foi recomendada a priorização dos seguintes princípios e condições de qualidade: aquisição reflexiva, baseada em pesquisa, de conhecimento crítico e promotor da autonomia, do empreendimento e da competitividade, da ética e da solidariedade; formação para a vida, com visão para a transformação contínua; professores competente, atualizados e engajados; e infra-estrutura compatível com a modernidade. Na Atividade B, além de se repetirem princípios da etapa anterior, salientou-se a importância da criatividade, a visão de aplicabilidade das teorias e a necessidade de parcerias e intercâmbios19. 102 19 Extraído de “Conceito de qualidade de ensino e outros elementos importantes na elaboração do PDI do Centro Universitário Univates”, PRODE- PRIMEIRA PARTE Figura 6: Notas obtidas pela UNIVATES no ENC/ENADE Curso 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 A A A C B B B B A A A A A A B B B C C Biologia C C C C Economia D C A A Administração Letras Matemática Pedagogia A Contábeis A A B B 2004 2005 2006 4 3 3 Educação Física 4 Enfermagem 4 Biologia 4 História 4 Letras 5 Pedagogia 4 Química 3 Relações Públicas 4 Direito 3 Sec. Executivo Fonte: Banco de Dados da UNIVATES 4 Quando se comparam os resultados do Exame Nacional de Cursos (ENC), vigentes até 2003, com os índices oficiais alcançados no Exame Nacional do Desempenho de Estudantes (ENADE) que se seguiram aos primeiros, percebe-se que a UNIVATES acompanha o crescimento qualitativo da Educação Superior no País, na medida em que alguns dos seus cursos se destacam com conceitos muito positivos e nenhum deles apresenta índice de baixo conceito, como se vê na Figura 6. Entre as 22 IES do Rio Grande do Sul que participaram dos 10 ‘provas de suficiência’ organizadas pelo Conselho Federal de Contabilidade entre 1999 e 2004, os egressos do curso de Ciências Contábeis da UNIVATES situaram a Instituição em quarto lugar, com a média geral de aprovação de 78,90%. Nos quatro ‘exames de ordem’ da Ordem dos Advogados do Brasil realizados desde a formatura da primeira turma de Direito da UNIVATES, a aprovação dos egressos da IES foi de 64%, o que, mesmo não sendo índice de ponta, situa a UNIVATES bastante acima da média nacional. A preocupação em apresentar os dados sobre a qualificação da Instituição descrita no presente ‘estudo de caso’ deve-se ao objetivo de alertar a Sociedade para insinuações falaciosas recorrentes, que generalizam uma relação de causa e efeito entre crescimento quantitativo e perda de qualidade. Embora admitindo que tenham sido freqüentes os casos de irresponsabilidade na oferta de Educação Superior, principalmente em anos recentes, convém frisar que, a exemplo do caso da IES aqui descrita, o conjunto dos centros universitários obteve, ao longo dos anos de vigência do ENEC, índices de qualidade iguais ou superiores aos obtidos em média pelos demais conjuntos de IES privadas do País, como ilustra a realidade do ano de 2001, apresentada na Figura 7. Figura 7: Comparativo entre os conceitos obtidos pelo conjunto dos Centros Universitários e os obtidos pelos demais conjuntos de IES do setor privado, no ENC, - 2001 Conceito Centros Universitários Universidades Faculdades Integradas IES isoladas AeB 19,5 18,13 15,0 15,9 C 49,6 47,7 42,7 44,5 DeE 30,9 33,0 42,3 39,6 Fonte: elaborado pelos autores com base nos dados do INEP/MEC SI/UNIVATES, Editora Univates, 2005. 103 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 PESQUISA QUANTITATIVO-DESCRITIVA Objetivos da pesquisa referentes ao objeto de pesquisa e aos métodos de pesquisa. Pesquisa telematizada – Foram realizadas, pela internete, consultas a outros estudos e artigos que retratam aspectos referentes ao desenvolvimento regional. Além disso, foi utilizada a remessa, por internete, do questionário aplicado aos grupos de alunos e egressos do ano de 2005. Pesquisa de campo – Foram aplicados questionários estruturados para efetuar o levantamento de dados pessoais, de renda e de consumo, das pessoas que compõem os grupos de alunos, egressos, professores, funcionários, estagiários e bolsistas, da população pesquisada. Pesquisa em documentos – Para os dados secundários dos indicadores regionais e indicadores da UNIVATES, foram utilizados os dados existentes nos registros do Banco de Dados Regional (BDR) e outros registros internos, da UNIVATES. Da conclusão da Introdução do presente texto decorre o objetivo geral em que se enquadra a presente pesquisa: avaliar o impacto econômico, cultural e social do Centro Universitário UNIVATES no VT. São objetivos específicos: A- Identificar o impacto dos indicadores da UNIVATES nos principais indicadores econômicos e sociais do VT nos anos de 2001 a 2005; B- Identificar o perfil de gastos da UNIVATES; C- Identificar o perfil de gastos de alunos da UNIVATES; D- Identificar o perfil de gastos dos professores da UNIVATES; E- Identificar o perfil de gastos dos funcionários, estagiários e bolsistas da UNIVATES; FIdentificar o perfil de gastos dos formandos da UNIVATES; População e amostra A população estudada mantém vínculo direto com a UNIVATES, sendo composta por professores, funcionários, estagiários, bolsistas, formandos e alunos, o que totaliza 9.489 pessoas no 1º semestre de 2006 (Tabela 1). No questionário foram solicitadas informações sobre os gastos pessoais, além de outras despesas. Foram considerados também os gastos realizados pela Instituição na região no VT, sendo avaliados os gastos locais com custeio e investimentos, salários pagos a habitantes locais, valores gastos com gratuidades e programas sociais, bem como o número de empregos gerados direta e indiretamente. Metodologia Do tipo quantitativo-descritivo, a pesquisa aqui apresentada expõe características de determinada população ou de determinado fenômeno (cf Vergara 1998, p. 44 a 45) e pode estabelecer correlações entre variáveis e definir sua natureza. Não tem o compromisso de explicar os fenômenos que descreve, embora sirva de base para tal explicação. Conforme Marconi et alii (1996, p. 76 a 78), trata-se de investigação de pesquisa empírica cuja principal finalidade é o delineamento ou análise das características de fatos ou fenômenos, a avaliação de programas ou o isolamento de variáveis principais ou “variáveis-chave” e emprega artifícios quantitativos tendo por objetivo a coleta sistemática de dados sobre populações, programas, ou amostras. A pesquisa se deu com base em dados primários e secundários. Os dados primários foram levantados em pesquisa de campo junto à população objeto do estudo, com auxílio de questionário estruturado. Os dados secundários foram obtidos das bases de dados existentes junto ao Banco de Dados Regional (BDR), sediado na UNIVATES, e outras fontes que disponibilizam dados, como é o caso do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Fundação de Economia e Estatística (FEE) do estado do Rio Grande do Sul. Considerando que se desejava obter informações específicas de cada grupo e que cada um possui tamanhos muito diferentes, optou-se por pesquisar censitariamente a população dos grupos menores (professores, funcionários, estagiários, bolsistas e formandos) e, com ajuda de uma amostra aleatória simples, o maior grupo (alunos). Na amostra aleatória simples “cada elemento da população tem uma chance determinada de ser selecionado. Em geral, atribui-se a cada elemento da população um número e depois faz-se a seleção aleatoriamente, casualmente”. (Vergara, 1998, p. 49) Foram utilizados os seguintes meios: Pesquisa bibliográfica – Para a fundamentação teórico-metodológica, foram realizados estudos baseados em livros, artigos e periódicos que abordam os assuntos Os alunos foram relacionados em uma única lista, um curso após o outro, dentro de cada curso por ordem do seu código de inscrição. Destes foram retirados os alunos que também são funcionários (efetivos, estagiários e bolsistas) da UNIVATES, pois estes já estavam no grupo específico. Após ter a listagem completa, foi criado um número seqüencial para cada aluno, iniciando-se pelo número 1 e terminando no último aluno da listagem. 104 PRIMEIRA PARTE Figura 8: População e Amostra dos grupos pesquisados População Amostra/Censo Respondentes 291 291 150 385 385 263 387 387 368 118 Professores – todos os níveis Funcionários – efetivos, estagiários e bolsistas Formandos do ano de 2005 Alunos – graduação, pós-graduação e técnicos 8.426 Totais 9.489 Obs.: Dados do primeiro semestre de 2006. Foi gerado, com uso do software StarCalc, um número aleatório entre 1 e o número seqüencial do último aluno. Este foi o primeiro aluno selecionado para ser entrevistado, tomando-se mais um a cada 50 alunos na ordem seqüencial, até atingir o número que completou a amostra de 368 alunos. Sempre que se atingia o final da listagem, recomeçava-se do início, utilizando-se o mesmo critério. 1.431 368 899 cionado Bruto por Setor Econômico do VT. /- Estrutura percentual do estoque de empregos dos setores de atividade econômica do VT. /- Participação dos Municípios e dos setores econômicos no PIB do VT. /- Número de alunos do Ensino Fundamental e Médio. Indicadores da UNIVATES Nos casos em que o aluno não foi localizado, ou se recusou a responder ao questionário, foram identificados novos alunos seguindo a seleção de onde se havia parado, até a obtenção de 368 questionários respondidos. Os questionários receberam, para efeitos de controle, um número seqüencial de 001 a 368. Como não se desejava ter a identificação posterior dos respondentes, não houve aposição do código do aluno no questionário, nem outra informação que possibilitasse a identificação. O código do aluno serviu somente para localizá-lo no cadastro da UNIVATES, para envio eletrônico do questionário, não havendo qualquer vinculação entre o código do aluno e o número do questionário aplicado, garantido, assim, para os respondentes, o sigilo. - Gastos locais de custeio efetuados diretamente pela UNIVATES /- Gastos locais de investimentos efetuados diretamente pela UNIVATES /- Salários pagos a habitantes locais /- Valores gastos com gratuidades /- Valores gastos com programas sociais /- Empregos gerados direta e indiretamente /- Número de alunos nos diversos níveis de ensino /- Número de funcionários, professores e estagiários. Indicadores de gastos dos formandos com formaturas - Cerimonial /- Recepção (festas) /- Vestuário /Transporte /- Outros. Indicadores sobre professores, funcionários e alunos A um nível de confiança de 95% o erro relativo é de 5,58% para o grupo ‘professores’, 3,41% para o grupo ‘funcionários’, 7,53% para o grupo ‘formandos’ e 5,0% para o grupo ‘alunos’. Coleta de dados - Aluguel /- Alimentação /- Material didático /Lazer /- Vestuário /- Transportes /- Educação (exceto UNIVATES /- Hospedagem /- Saúde /- Despesas domésticas. /- Outros gastos. Pesquisa bibliográfica A coleta de dados se deu por meio de um questionário estruturado, aplicado separadamente para cada grupo componente da amostra. Os dados de indicadores da região do VT e da UNIVATES foram coletados em outras fontes já descritas anteriormente. Foram coletados os seguintes dados: Indicadores regionais As informações coletadas na pesquisa bibliográfica realizada em livros, artigos, e periódicos foram estruturadas e analisadas para embasar e efetuar a análise das relações entre os dados coletados com a teoria do desenvolvimento regional. Tratamento dos dados - Situação da população do VT (urbana e rural). /- Densidade demográfica do VT. - PIB per capita do VT (municípios) e do Rio Grande do Sul. /- Valor Adi105 Os dados obtidos a partir da aplicação do ques- O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 tionário foram tratados com a técnica de análise de freqüências e comparativos de médias e moda das variáveis pesquisadas, utilizando-se o software estatístico SPHINX®. Os dados secundários foram tabulados e analisados quanto ao seu montante, suas médias e sua evolução. Com o pagamento de salários, a UNIVATES despendeu, no período analisado, o valor de R$ 48.427.869,70, sendo R$ 43.864.102,51 pago para colaboradores residentes no Vale e R$ 4.563.767,19 para colaboradores residentes fora da região20. Análise descritiva dos dados No período analisado (2001-2005) a UNIVATES apresentou significativa participação no número de empregos (setor de serviços e geral) do município de Lajeado, bem como da região do VT. No setor de serviços, em 2001 a Instituição participou com 9,94% do número de empregos em Lajeado e 4,32% na Região. Em 2005, esta participação se tornou mais significativa, com 12,92% dos empregos no setor de serviços em Lajeado gerados pela UNIVATES (5,51% na Região). Quanto à participação no total de empregos, em 2001 a UNIVATES representava 2,47% dos postos de trabalho do município de Lajeado e 0,69% da Região. No ano de 2005, esta participação aumentou, para 3,36% do total de empregos de Lajeado e 0,97% dos empregos da Região. Os dados coletados durante o ano de 2006 mostram um leque de indicadores que permitem perceber a importância dos impactos econômico e social que o Centro Universitário UNIVATES provoca no VT, direta e indiretamente, com implicações que não se esgotam na simples análise dos dados aqui apresentados e analisados. Quanto à variação no número de postos de trabalho ao longo dos cinco anos (2001 a 2005), observa-se um crescimento superior da UNIVATES (63,54%) em comparação ao município de Lajeado (20,04%) e à região do VT (16,58%). O Vale do Taquari O Produto Interno Bruto (PIB) da Região atingiu em 2004 R$ 5,4 bilhões – um crescimento de 52,6% sobre o ano de 2001. O PIB per capita cresceu 46,2% no período 2001-2004, passando de R$ 11.630,81 para R$ 17.002,20. Pesquisa junto aos formandos Quanto ao número de postos de trabalho formal, observa-se que em cinco anos (de 2001 a 2005), foram criados 11.266 empregos na região do VT, sendo que a Indústria de Transformação (4.514) e os Serviços (3.055) foram os setores que mais agregaram empregos em números absolutos neste período. Não se encontram disponíveis indicadores como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) atualizado para o mesmo período desta pesquisa. Contudo, observando seu histórico, vê-se que o VT evoluiu muito neste indicador e é possível que tenha crescido ainda mais no período abrangido por este trabalho. Em 1991, na quase totalidade dos municípios do Vale, o IDH era inferior 0,750; já em 2000, a maioria dos municípios registravam um IDH superior a 0,800 (SCP, 2007). O valor total gasto pelos 387 alunos formandos do ano de 2005 foi de R$ 1.171.099,46, sendo que praticamente 50% deste valor é relativo a gastos com recepção, seguido dos gastos com a realização da cerimônia de formatura. A maior parte destes gastos (quase 90%) foram realizados no VT. Praticamente todos os alunos da UNIVATES (96,47%) são residentes no VT. Entretanto, parte dos formandos (21,25%) informou ter realizado a festa de formatura fora da região. Cada aluno gastou, em média, R$ 3.026,00 para realizar suas formaturas. A partir da amostra pesquisada, estimouse o valor gasto com formaturas para todos os 1.171 formandos alunos egressos no período (2001-2005). O valor apurado, R$ 3.543.561,36, foi realizado dentro e fora do VT. Considerando que 88,75% dos alunos realizam suas despesas com o evento na região, são aproximadamente R$ 3.144.910,71 gastos no vale ao longo do período pesquisado (2001 a 2005). Dados econômicos sobre a UNIVATES Os valores gastos pela UNIVATES, para compras de materiais de consumo, de bens imobilizados, de materiais de construção e de serviços diversos, totalizaram, ao longo dos cinco anos analisados (20012005), R$ 31.080.641,91 fora do VT e R$ 32.290.442,86 na região. Pesquisa junto aos alunos Constatou-se que 39,71% dos alunos são respon- 106 20 Usou-se aqui, como critério, a informação do colaborador sobre o seu município de residência. PRIMEIRA PARTE sáveis pelo pagamento integral da mensalidade. Já as famílias pagam integralmente a mensalidade para 13,43% dos alunos e as empresas pagam integralmente a mensalidade para 3,71% dos alunos. Enquanto 33,43% recebem algum apoio da família, 18,00% têm algum apoio da empresa onde trabalham e 9,43% pagam suas mensalidades com apoio de diversas formas de crédito educativo. Percebe-se que a maioria dos alunos da UNIVATES está inserida no mercado de trabalho, pois grande parte é responsável pelo pagamento integral de suas mensalidades, enquanto outros a pagam parcialmente e recebem ajuda da família, empresa ou crédito. entrevistados afirmaram que estariam residindo em outra região caso não existisse a UNIVATES. Dentre os entrevistados, 43% dos estagiários afirmaram ser maior a probabilidade de que estariam residindo fora do Vale, não fosse a oportunidade da UNIVATES. Já entre os professores, este percentual foi significativamente inferior: apenas 18% fixariam residência fora da região caso não existisse a UNIVATES. O total dos gastos efetuados pelos alunos regulares da UNIVATES (graduação, técnicos e pós-graduação) em alimentação, vestuário, moradia, lazer, impostos etc. – excetuadas as despesas com as mensalidades pagas à IES – monta a R$ 9.608.639,48 ao mês, sendo que, deste valor, mais de 95%, ou seja, R$ 9.149.674,00 são gastos na região do VT, o que representa em torno de 1,11% do PIB do município de Lajeado ou 0,21 % do PIB do VT. A média de pessoas por residência é de 3,1 pessoas. A maior parte dos entrevistados, 26,15%, reside em domicílios com três pessoas. As residências com duas ou quatro pessoas são igualmente representativas: 25,18% e 24,70%, respectivamente. Chama atenção o fato de que, entre os bolsistas, o número médio de pessoas por residência é de 3,83 e, entre os professores, é de 2,80. Conforme informações do último Censo Demográfico do IBGE (2000), a média brasileira era de 3,76 moradores por residência, ou seja, superior à média encontrada nesta pesquisa. Um total de 76,63% dos alunos responderam que estariam residindo em outras regiões se não existisse a UNIVATES. Nesse caso, dos R$ 9.149.674,34 gastos mensalmente pelos alunos na região, R$ 7.011.395,45 deixariam de ser gastos diretamente pelos alunos, por mês, no Vale. Além disso, haveria também uma redução total do volume de mensalidades pagas para a UNIVATES. Como o valor das receitas líquidas da UNIVATES com mensalidades, em agosto de 2006 (mês em que foi feita a pesquisa com os alunos), foi de R$3.246.334,52, teríamos uma redução de mais de R$2.487.666,14 mensais. Assim, a economia regional perderia R$113.988.739,08 por ano, considerando-se apenas o volume inicial de recursos que deixaria de circular. Se levarmos em conta o efeito multiplicador que tal valor tem na matriz econômica do Vale, este valor ganharia uma dimensão 4 vezes maior, pois o multiplicador de gastos, ou efeito-renda para a economia gaúcha, para o comércio, está estimado nesta dimensão. “Chama atenção a magnitude do efeito-renda nos setores aluguel de imóveis (4,39), comércio (4,07) e serviços prestados às famílias e às empresas (3,20), expressivamente superiores ao correspondente efeito nos demais setores” (FEE, 2002, p. 1). Em 2005, a UNIVATES pagou o total de R$ 11.122.322,07 em salários. Como os colaboradores da UNIVATES informaram que gastam 85,35% de sua renda no VT, temos que os salários pagos na Instituição naquele ano representaram a injeção, na economia local, de um valor de R$ 9.492.901,83, considerando-se apenas o volume inicial desse recurso. Se levarmos em conta o efeito multiplicador que tal valor tem na matriz econômica do Vale, este valor ganharia uma dimensão quatro vezes maior, conforme as estimativas já mencionadas da FEE. Acresce, porém, que estas cifras não representam o total dos gastos efetuados pelos colaboradores da UNIVATES na região, porque a população pesquisada possui outras fontes de renda e, além disso, na pesquisa não foram levantados dados sobre os valores gastos com investimentos e tampouco os valores entesourados pela população pesquisada. Pesquisa junto aos colaboradores da UNIVATES Com base nas afirmações dos respondentes, foi realizada a estimativa de gastos para a população pesquisada. Da análise apreende-se que o maior gasto é com alimentação (23,42%), seguido das despesas domésticas (15,40%), de transporte (13,48%) e educação (11,28%). O total de gastos que está sendo injetado na economia do Vale com interferência direta ou indireta da UNIVATES é de R$ 970.121,90 ao mês. Considerando o período estudado, percebe-se que houve uma injeção anual de aproximadamente R$ 11.652.000,00 na economia local e de aproximadamente R$ 60.000.000,00 nos cinco anos estudados. Os resultados desta pesquisa apresentam uma discrepância com os do extrato para a Região Sul da Dos colaboradores da UNIVATES (professores, funcionários, estagiários e bolsistas), 70,94% são naturais do VT e 28,81% não o são. Atualmente 5,57% do total de colaboradores reside fora do VT, e 27,85% dos 107 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 Figura 9: Resumo dos impactos econômicos (em R$) Descrição Mês Ano Valores gastos no VT pela UNIVATES 609.835,16 7.318.021,93 36.590.109,65 146.360.438,60 Valores gastos no VT pelos colaboradores 970.147,11 11.641.765,32 58.208.826,60 232.835.306,40 7.011.143,50 84.133.722,04 420.668.610,19 1.682.674.440,75 8.591.125,77 103.093.509,29 515.467.546,44 2.061.870.185,75 Valores que os alunos gastariam fora do VT, caso a UNIVATES não existisse Total 2001 a 2005 Efeito Multiplicador Fonte: dados da pesquisa realizada pelos autores Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2003, que visa mensurar as estruturas de consumo e dos gastos das famílias brasileiras. As maiores diferenças estão nas rubricas de educação (UNIVATES: 11,28%; POF: 3,80%) e aluguel (UNIVATES: 5,81%; POF: 17,10% ). Possivelmente, a explicação para as diferenças está no fato de que, ao contrário da POF, que utiliza para sua pesquisa uma amostragem com todas as classes da população, desde as que têm gastos com educação até as classes que não estudam ou estudam em escolas públicas, ao passo que a amostra da pesquisa da UNIVATES foi baseada em pessoas que, na maioria dos casos, realizam despesas com mensalidades escolares. No que diz respeito ao aluguel, observe-se que a maioria dos colaboradores da UNIVATES reside em imóvel próprio (apenas 30,28% pagam aluguel) no VT. o efeito multiplicador deste gasto na economia local, chega-se ao valor aproximado de R$ 2.000.000.000,00 entre 2001 e 2005 (Figura 9)21. Como o PIB do VT, entre 2001 e 2005, foi de aproximadamente R$ 23 bilhões, o impacto combinado da participação da UNIVATES no VT é de aproximadamente 8,7% do PIB regional. Outro impacto positivo constata-se na geração de empregos. Em 2001, a UNIVATES gerava 2,47% dos postos de trabalho no município de Lajeado e 0,69%, na Região. Até o ano de 2005, esta participação havia aumentado para 3,36% em Lajeado e 0,97% na Região. CONCLUSÕES DA PESQUISA Além disso, entre 2001 e 2005, a UNIVATES aplicou em programas sociais o valor de R$ 4.757.406,58, e concedeu descontos nas mensalidades dos alunos no valor de R$ 11.160.097,59, ou seja, aplicou R$ 15.917.504,17, diretamente em benefício da comunidade regional. O objetivo da presente pesquisa, de buscar e analisar informações quantitativas que caracterizem o impacto imediato de ações e iniciativas do Centro Universitário UNIVATES na economia do VT foi alcançado, na medida em que nos dados coletados se tem um retrato da participação do Centro Universitário UNIVATES nos indicadores econômicos e sociais desta região. A defasagem temporal dos dados estatísticos para os diversos indicadores pesquisados foi um dos principais problemas enfrentados durante este trabalho, o que exigiu fazerem-se aproximações e dificultou a expectativa de se apresentarem dados precisos para a avaliação. Os reflexos diretos do impacto direto da vida econômica da UNIVATES no PIB regional são significativos, devendo somar-se a estes o efeito indutor e multiplicativo da injeção desses valores na economia regional. Em estudos posteriores, espera-se que sejam apurados os reflexos da atuação do Centro Universitário UNIVATES nos diversos setores econômicos do VT, com base nos multiplicadores de produto e emprego. AÇÕES ESTRATÉGICAS Somando-se os valores gastos no VT pela UNIVATES e pelos colaboradores nos cinco anos pesquisados, chega-se a um valor aproximado de R$ 90.000.000,00 (noventa milhões de reais). Adicionando-se o valor de R$ 7.011.395,45 mensais (R$ 420.683.727,00 em cinco anos), que deixaria de ser gasto pelos alunos na região caso a UNIVATES não existisse, chega-se ao montante de aproximadamente R$ 510.000.000,00 no período. Se considerarmos Não podemos deixar de mencionar, aqui, algumas informações importantes, decisivas em parte, para chegar às considerações finais do presente texto. Trata-se de ações da IES aqui descrita cujos efeitos 108 21 Deve-se considerar, aqui, que esses não são valores históricos reais, eis que a Univates não ostentou ao longo dos cinco anos contemplados os números institucionais da época da realização da pesquisa. Entretanto, os dados revelam o quadro que, a partir de 2005, se torna real, desde que a Instituição não encolha em tamanho. PRIMEIRA PARTE ainda não são mensuráveis, tendo em vista o período relativamente curto de sua existência como centro universitário, ou ações cuja mensuração, pela sua natureza, se torna praticamente inviável por causa da inexistência de parâmetros para a aferição das hipóteses alternativas, as quais não se realizaram justamente porque a UNIVATES se foi a alternativa viabilizada. Na Introdução deste texto, foram destacados alguns princípios que subjazem ao próprio conceito de identidade regional, além de outros, pressupostos para a construção e aceleração do desenvolvimento de uma região. Dentre esses todos, queremos retomar aqui alguns, em torno dos quais a UNIVATES planeja e desenvolve ações específicas: a percepção consciente das idiossincrasias (étnicas, históricas, geográficas e culturais), que se tornem “as moedas a definir os ritmos de valorização de cada região, enfim, valorização do humano, e, portanto, dinamizadoras de um processo próprio e específico de desenvolvimento regional” (Becker) e que nem sempre influem da mesma forma sociedades semelhantes; a capacidade das lideranças de articular a superação dos conflitos internos e de visualizar e induzir ações detonadoras de um “surgimento de renda e demanda no interior da região em escala suficiente para que se torne viável a substituição de importações.” (Clemente); e a necessidade do “associativismo ou cooperação entre as empresas e dessas com suas representações empresariais e instituições governamentais de apoio industrial”, capaz de aumentar-lhes a competitividade internacional. (Casarotto Fº) nesse sentido, é a gradativa implantação dos laboratórios de análises físico-químicas e microbiológicas da UNIVATES, o Unianálises. Credenciados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária para análises de água e alimentos, pelo Ministério da Agricultura para análises de água e alimentos de origem animal e pela Fundação Estadual de Proteção ao Meio-Ambiente para análises de efluentes, os laboratórios auxiliam os produtores na qualificação e na exportação de produtos, nos setores primário e secundário, autorizando-os para o consumo e a exportação e firmando parcerias com o fim de conferir selo de qualidade para os mesmos. Presentemente, já na fase de implantação dos seus primeiros programas de pós-graduação stricto sensu, a IES canaliza os seus recursos de pesquisa para a área da produção de alimentos de origem animal, na qual a região apresenta, na visão de empresas integradoras nos ramos da avicultura e da suinocultura, mão-de-obra qualificada por um know-how de longa tradição, mas que precisa ser modernizado e constantemente atualizado com base em conhecimentos técnicos e científicos. Por meio de ações diversas, como a organização de seminários, palestras e viagens de estudo internacionais, destinados aos setores político e empresarial, a Instituição promove a aproximação entre empresas e municípios regionais de um mesmo setor, na busca de experiências em inovação tecnológica e associações estratégicas, visando à competitividade no mercado internacional. A duplicação da rodovia BR386, que liga a Região à capital do Estado, deve-se, tanto na parte da argumentação sobre sua postulação quanto no plano da mobilização regional, à parceria entre os setores político e empresarial e a IES. O envolvimento desta deve-se à percepção de que daquela medida dependia a oportunidade da instalação de novos postos de trabalho na região, o que, além de uma medida propositiva para o crescimento e preventiva contra a pobreza, deve ser encarado tanto uma atividade de extensão da atividade universitária (estudo e montagem do expediente), como uma estratégia destinada ao crescimento da própria UNIVATES. Nesse sentido, merece menção a participação da Instituição, anteriormente referida, na definição do conceito “Vale do Taquari”, já no início da década de 1990, antes, mesmo, do credenciamento com a autonomia universitária, quando da criação do CODEVAT. Até o presente a Presidência do Conselho foi exercida por professores da UNIVATES, e em suas instalações também se abriga a sede da AMVAT. Outrossim, a Instituição mantém e alimenta o Banco de Dados Regional, estimulando a produção e divulgação de estudos destinados à conscientização daquele conceito. Além disso, o Centro Universitário está à frente da organização regional do setor empresarial, por meio da união das várias associações do setor em uma Câmara de Indústria e Comércio. Em consonância com lideranças do setor produtivo, desde 2003 a UNIVATES mantém, por meio do programa “Repensando o Agro”, pesquisas e atividades de extensão voltadas à dinamização do agronegócio, abrangendo em seus estudos desde a educação e a organização fundiária e a sucessão na micro-empresa rural, passando pela modernização tecnológica dos setores de maior interesse da região, até a colocação dos produtos finais no mercado. Fator indutor, A partir de 2004, a UNIVATES passou a oportunizar aos alunos de todos os cursos o contato com princípios teóricos e com práticas de iniciativas empreendedoras. Estimulou a criação, por parte de ex-alunos e alunos, de cooperativas de trabalho nas áreas da informática/software e da telemática, a eles entregando, com acompanhamento de professores, os próprios serviços que a IES urgia, em sua fase de expansão física. A isso, acrescente-se a incubação de empresas propiciada pela Instituição, inclusive com acesso a recursos oficiais para os incubados, bem como o Banco de Empregos mantido pelo Centro Universitário, que 109 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 não só permite a colocação de alunos e formados no mercado de trabalho, como também propicia, através dos seus mecanismos de funcionamento, o acerto da escolha feita por empregadores e empregados. ensino superior, promovem o desenvolvimento, merecem destaque, nas respostas, a situação geográfica do VT (proximidade da metrópole), a confluência de vias de transporte no pólo Lajeado/Estrela, o espírito de iniciativa e de sinergia das lideranças empresariais, a cobrança, pelas empresas, de formação dos funcionários, a (descentralização de recursos da) divisão em pequenos municípios, a tradição de boa qualidade no ensino básico, o fato de que a UNIVATES está absorvendo a clientela que antes se destinava a IES de outras regiões e a recente imigração proveniente do norte e noroeste do Estado. Um respondente declara não perceber o “crescimento econômico no Vale do Taquari”. Destaque ainda merecem cinco menções feitas, entre as argumentações espontâneas, à importância da expansão e qualificação da IES local a partir do seu credenciamento como centro universitário e da transformação da mantenedora em fundação de direito privado. CONSIDERAÇÕES FINAIS A definição da relação entre o crescimento de uma IES e o da região na qual ela se insere enfrenta a sua principal dificuldade quando se contrapõem duas alternativas: foi o crescimento da IES que definiu o crescimento da região, gerando nova dinâmica nas atividades econômicas e culturais e, inclusive, atraindo novas oportunidades de trabalho, ou foi o crescimento da região que fez a IES crescer? A tendência é entender que essa é uma via de duas mãos; mas em que medida? À luz de um exame mais minucioso e com informações produzidas com base numa seqüência de dados de um período mais longo, certamente se conseguirá descrever o fenômeno com mais precisão. No mesmo instrumento de coleta de opiniões, solicitou-se que as pessoas informassem se lhes são perceptíveis “efeitos positivos da existência da UNIVATES na região”. Um total de 39 respondeu que SIM, ao passo que 1 informante respondeu que NÃO e 1 deixou a questão em branco. A exemplificação, espontânea, dos efeitos positivos inclui: qualificação de recursos humanos (23 menções); novas tecnologias/ conhecimentos (11 menções); planejamento/organização/alternativas para a região (6 menções); qualificação ou reestruturação de empresas (6 menções); investimento direto (4 menções); qualificação/organização do agronegócio (4 menções); segura/atrai jovens e talentos (4 menções); novas empresas/espírito empreendedor (3 menções); serviços: assessorias, laboratórios (3 menções); elevação do nível cultural (3 menções); gestão pública (2 menções); tecnologia da informação (2 menções); políticas ambientais (2 menções); curso de gastronomia (2 menções); posturas prático-teóricas alicerçadas em conhecimento + parceria com escolas + política educacional + competitividade/exportações + formação continuada + gemologia (1 menção). Um respondente mencionou que a UNIVATES deve ‘trabalhar forte’ na orientação do agricultor no sentido de ele ‘aproveitar melhor a terra’ e a própria produção que consegue. Sondagem de opinião A título de ilustração, apresentamos os resultados de uma enquete realizada entre 41 cidadãos do VT, provenientes de 8 municípios e procurados em função de sua posição de liderança na atividade empresarial, sindical, da administração pública e do setor de serviços em geral, sobre a sua percepção a propósito da questão acima colocada: é a UNIVATES que puxa o desenvolvimento da região ou a relação de causa e efeito é a inversa? Aos respondentes, da faixa etária de entre 25 e 65 anos, solicitou-se um posicionamento inequívoco entre as duas alternativas de resposta ou, então, a afirmação de que não conseguem posicionar-se dessa maneira. Um grupo (A), de 11, respondeu que MAIS acertado é afirmar que “A região cresce porque a UNIVATES cresceu”; outro grupo, (B), 9, entende o contrário: MAIS acertado é afirmar que a UNIVATES cresce porque a região cresceu; e o terceiro grupo, (C), 9, se disse sem condições de se posicionar. Finalmente, 12 respondentes insistiram em assinalar as duas primeiras alternativas ou deixá-las em branco. Em algumas das 11 respostas “A”, na argumentação espontânea o informante deixa entrever alguma hesitação sobre a escolha. Os que responderam “B” são, de modo geral, mais incisivos nos argumentos. A quase totalidade, porém, enfatiza que a presença, na região, de uma IES que atua concretamente na solução imediata de problemas ou no reforço de potencialidades regionais é, lado a lado com outros, fator decisivo para um “desenvolvimento sustentável”. Entre os fatores que, pari passu com o Indicativos para reflexão sobre a questão Apesar da dificuldade acima mencionada de se obter uma resposta objetiva sobre a relação entre o crescimento de uma região e o crescimento de uma IES nela inserida, as reflexões e os resultados dos trabalhos descritos no presente texto permitem elencar alguns indicativos baseados em fatos, mesmo que 110 PRIMEIRA PARTE nem todos mensuráveis numericamente. 1. Comparativo entre PIB: Entre 2001 e 2004, o PIB do VT cresceu 52,61%, acima do PIB do Estado (51,86%) e do PIB nacional (47,37%). No mesmo período, a receita da UNIVATES cresceu 131,72%. 2. Dos atuais alunos da UNIVATES, 76,63% responderam que, na inexistência da oportunidade de sua formação na região, estariam se formando em outra região. Admitindo que isso se cumprisse cem por cento, põem-se, então, as seguintes questões: a- a maioria dos cursos oferecidos no VT não se viabilizariam, ficando prejudicada a maior parte dos demais alunos; b- embora não disponhamos de cifras, a história da região nos permite afirmar que, dos 76,63%, grande parte não regressaria ao Vale e, notadamente, aqueles que, já no curso dos seus estudos e estágios, devido ao seu desempenho superior, haveriam de ter encaminhado a sua carreira profissional. 3. O aumento do número de cursos na região diminuiu os custos da infra-estrutura de transporte dos universitários e propiciou a diluição de várias despesas institucionais de custeio. Ambos os fatores favoreceram a manutenção, até o momento, ao lado de cursos de grande demanda, de outros cursos de grande necessidade social na região, mas demanda reduzida, como é o caso das licenciaturas, nas quais a UNIVATES tem tradição de alto nível de qualidade comprovada pelos índices oficiais. 4. A partir da localização geográfica dos centros universitários, no País, estimamos que, para um conjunto de 30% ou mais dessas IES, a maior parte dos traços que marcam o centro universitário descrito no presente ‘estudo de caso’, especialmente no que diz respeito às parcerias preferenciais da IES com vistas ao desenvolvimento regional, se aplicam clara e perfeitamente. Além disso, mesmo centros universitários situados em áreas de elevada densidade demográfica como as regiões metropolitanas, onde em espaços pequenos coexistem muitas IES, podem manter – e sabemos que muitos já mantêm, mutatis mutandis, vínculos similares com o bairro ou o setor metropolitano no qual se inserem. Estudos recentes realizados na cidade de São Paulo dão conta de que entre os primeiros fatores definidores da escolha da IES pelos candidatos ao Ensino Superior situa-se o da proximidade da instituição. A decorrente aproximação geográfica entre a IES e grande parte do seu corpo discente reforça a presente consideração. 5. Embora não conte com uma descrição dos fatos concretos, é do conhecimento da direção superior da UNIVATES que, para a instalação e a permanência, em época recente, de duas empresas na região, com a abertura de mais de 600 postos de trabalho, fator condicionante foi a recente expansão deste centro universitário. Outra informação dá conta de que, após a abertura de novos cursos, a região passou a ser alvo de cobiça para transferências internas em empresas de outras regiões que mantêm agências ou filiais no VT. 6. Os próprios empreendimentos e gastos realizados diretamente pela UNIVATES provocaram um impacto cultural e econômico e um conseqüente impacto social relevante para o VT. Sendo a própria região a única e inequívoca proprietária da UNIVATES, através da estrutura legal da atual Fundação Vale do Taquari de Educação e Desenvolvimento Social (FUVATES), encimada por conselhos e assembléia de caráter comunitário e rotativo, todo e qualquer resultado econômico desse empreendimento educacional é automática e totalmente reinvestido na própria região: nem um único centavo é desviado dessa premissa assegurada pelo estatuto e Fundação e garantida pela vigilância do Ministério Público. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BANDEIRA, Pedro S. Participação, articulação de atores sociais e desenvolvimento regional. In: BECKER, Dinizar F. e Bandeira, P. S. (orgs.). Determinantes e desafios contemporâneos. Coleção Desenvolvimento local-regional - V.1. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2000. BDR – Banco de Dados Regionais. Centro Universitário UNIVATES. Lajeado: UNIVATES, 2005. BECKER, Dinizar F. e Bandeira, P. S. (orgs.). Determinantes e desafios contemporâneos. 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Acesso em 112 PRIMEIRA PARTE 4.-.INFRA-ESTRUTURA, NOVOS ESPAÇOS E RECURSOS MATERIAIS A SERVIÇO DA SOCIEDADE Sérgio Fiuza de Mello Mendes22(*) Entre tantos temas que permanecem a desafiar o sistema de educação superior brasileiro podem ser sublinhados a expansão da oferta, a qualidade dos serviços educacionais, a diversificação institucional, o financiamento e a política de inclusão social. A rigor, desde 1995, com a aprovação da Lei 9.131, até o momento atual, marcado pela instituição do Prouni, tais questões, sem prejuízo de outras que respeitam ao sistema, têm sido enfrentadas de forma mais estruturada, ainda que em meio a uma exaustiva produção de normas legais, muitas vezes desnecessárias e geradoras de uma certa insegurança para os agentes do sistema, sejam reguladores ou regulados. liações periódicas com a inten sidade experimentada pelos Centros. E este é, sem dúvida, um dos aspectos mais relevantes, senão o mais marcante, da evolução do trabalho realizado por essas instituições. Instalados com a responsabilidade de comprovar elevada qualidade no ensino, o que deve incluir não só uma infra-estrutura adequada, mas também titulação acadêmica e aperfeiçoamento constante do corpo docente ou experiência profissional destacada nas diferentes áreas, os Centros Universitários não abdicaram da inserção de práticas investigativas na própria atividade didática, de modo a estimular a capacidade de resolver problemas e o estudo autônomo por parte dos estudantes. A realização de estágios supervisionados, prestação de serviços à comunidade, levantamentos bibliográficos e formulação individual ou coletiva de trabalhos teóricos ou descritivos sobre temas específicos, entre outros componentes de um percurso curricular de relevo, testemunham o compromisso dos Centros com um ensino de alta qualidade. Numa trajetória que agora completa dez anos e diante de cenário desafiador foram criados os primeiros Centros Universitários do Brasil - uma nova categoria de IES, que alargou a tipologia de organização acadêmica - regulamentados em sua origem pelo Decreto nº 2.207/97 (depois revogado pelo Dec. 2.306/97) e cujos requisitos para o credenciamento foram dispostos na Portaria- MEC nº 639 de 13 de maio de 1997. Cabe acrescentar a este ligeiro recorte do arcabouço legal então vigente, o Parecer CES/CNE nº 738/98, que definiu critérios para a avaliação das solicitações de credenciamento de Centros Universitários. Com efeito, tem sido reconhecida, no âmbito dessas instituições, a importância de reavaliar, de modo sistemático, as propostas pedagógicas a partir de alguns elementos: a definição de princípios e objetivos do processo de aprendizagem; a revisão das concepções de currículo; a integração dos sujeitos envolvidos; e a articulação orgânica com as demandas do contexto histórico-social. A combinação desses instrumentos legais estabeleceu um marco que emoldurou os elementos definidores de um novo perfil institucional, moldando assim o caráter das novas instituições. A exigência de realização de avaliações periódicas de instituições e cursos (Art. 3º da Lei 9.131); a conceituação dos Centros Universitários, caracterizados pela excelência do ensino oferecido, comprovada pela qualificação do corpo docente e pelas condições de trabalho proporcionadas à comunidade acadêmica (Art. 12 do Dec. 2.306); a construção dos planos de desenvolvimento institucionais (PDI’s), com base nos componentes, informações e critérios assinalados pela Portaria 639; e a captura “in loco” das realidades institucionais mediante a verificação de um conjunto de itens detalhados no Parecer 738, definiram o meio de cultura no qual nasceram, se desenvolveram e consolidaram-se os Centros Universitários – o da avaliação. Nenhum outro tipo de instituição viveu a experiência das ava- Nessa direção, alguns Centros têm construído novos arranjos organizacionais, com base em estruturas configuradas como fonte de geração de idéias e espaço da inovação e da incorporação de desenhos colaterais. Tais alterações estruturais acabam por induzir, quase sempre, mudanças de atitudes, essenciais ao combate vigoroso da inércia institucional e favoráveis ao aprimoramento dos processos educacionais, norteados pelo sentido de evolução. Respondendo hoje por cerca de 20% das matrículas do ensino universitário (números do Censo 2005/ INEP dão conta de aproximadamente 760.000 num total de 4.450.000 estudantes) e constituindo-se na figura mais representativa da própria diversificação institucional do sistema, os Centros Universitários já registram substantiva contribuição, tecida em elevado patamar, para a construção do que ainda nos parece utópico – um projeto brasileiro de nação! 22 (*)Vice-Reitor do Centro Universitário do Pará - CESUPA 113 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 A constituição dessa rede de formação de quadros para o país evidencia a estruturação de um conjunto apreciável de projetos e programas acadêmicos, resultado de inestimável trabalho intelectual, cujo desenvolvimento está assentado sobre extraordinária base infra-estrutural, traduzida fisicamente por novos espaços educacionais, recursos materiais, tecnologias avançadas e redes de comunicação, entre outros elementos colocados a serviço da sociedade. implantados no país. Dessa forma, o relato do Centro Universitário UNIVATES, a partir do Vale do Taquari, é representativo de muitos outros que destacam a estreita relação e compromisso dos Centros com o desenvolvimento tecnológico loco-regional; as instituições que ousaram com um modelo espacial diferenciado em seus campi, no qual o arranjo arquitetônico se harmoniza com o meio-ambiente, certamente se identificarão com o que apresenta o Centro Universitário de João Pessoa - UNIPÊ; as ações sociais desenvolvidas dentro do Espaço Aprender São Camilo, do Centro Universitário São Camilo, simbolizam o compromisso dos Centros com o desenvolvimento humano por meio da educação e da saúde, como forma de inclusão social; a experiência do Centro Universitário de Lins UNILINS destaca a formação no campo tecnológico, fortalecida pelas parcerias locais e pelo prestígio da cooperação internacional; a interação estratégica entre IES e comunidade, particularmente com alunos do ensino médio, é demonstrada pelo Centro Universitário de Maringá - CESUMAR, ao contar sua experiência no auxílio para escolha da futura carreira e o conseqüente combate à evasão escolar; a construção de ferramentas para a gestão acadêmica,componentes do Portal Universitário UnicenP, constam do relato do Centro Universitário Positivo, colocando em relevo a importância dos investimentos na área da tecnologia de informação e comunicação; a dimensão atingida pela biblioteca do Centro Universitário de Brasília - UniCEUB não apenas impressiona como evidencia a importância de investimentos nesse espaço de formação; a compatibilização de espaços educacionais com conforto ambiental é objeto de destaque no relato do Centro Universitário Adventista de São Paulo – UNASP; a riqueza da diversidade é retratada pela experiência do Centro Universitário da Grande Dourados – UNIGRAN, que inclui projetos de extensão desenvolvidos dentro da Reserva Indígena de Dourados, além de destacar a utilização de tecnologia digital em seu programa de EAD; e por último, o Centro Universitário do Pará - CESUPA, ao descrever o modelo pedagógico adotado para o seu recém implantado curso de Medicina, aponta a infra-estrutura física como base indispensável para a aplicação da inovação curricular pretendida. O dimensionamento físico, logístico e financeiro desse investimento decerto nos conduziria a números impressionantes. Milhões de metros quadrados distribuídos por salas de aula, gabinetes para o trabalho acadêmico e administrativo, salas de professores, salas de reuniões, auditórios, teatros, bibliotecas, laboratórios, clínicas, núcleos e escritórios especializados, incubadoras, áreas de convivência e lazer, etc., tudo destinados à formação superior, à realização de atendimentos à população de todas as regiões do país e ao avanço do conhecimento. Sem embargo da importância desses números e da capacidade reveladora que reúnem, nossa escolha para a composição do presente texto residiu na apresentação de alguns relatos institucionais que representam, simbolicamente, o esforço coletivo de todos os Centros Universitários no sentido de afirmar os valores contidos em seus projetos educativos. O foco na infra-estrutura pretende demonstrar a existência de compromisso com o desenvolvimento, a expansão qualificada e a melhoria de performance das atividades finalísticas dos Centros, mediante a alocação de montantes financeiros robustos pelas mantenedoras. Revela, igualmente, que independentemente da natureza jurídica dessas entidades, o respeito ao cumprimento dos objetivos institucionais de suas mantidas resta preservado, não se constituindo, como às vezes é anunciado, em mera formalidade disposta nas peças estatutárias. Sublinhe-se, nesse campo, a legitimidade da atividade lucrativa e a compreensão explícita de que as políticas institucionais de reinvestimento tornaram-se imprescindíveis, posto que todos precisam, cada vez mais, fazer melhor. A rigor, tais investimentos correspondem ao dever inarredável que têm os Centros Universitários de fomentar projetos inovadores, de promover o crescimento intelectual de suas comunidades acadêmicas e de responder às demandas sociais que estão a lhes desafiar, garantindo a sustentabilidade de seus programas mediante a otimização dos recursos disponíveis. A seguir, os relatos: MARCAS DE IDENTIDADE DA INFRA-ESTRUTURA E RECURSOS FÍSICOS DO CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVATES: AMBIENTE, TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO, RECURSOS BIBLIOGRÁFICOS, LABORA- Nesse sentido, cumpre-nos sublinhar que as experiências sinteticamente apresentadas a seguir, além do valor singular que abrigam, têm como significado colocar em relevo tantas outras de mesma natureza, realizadas pelo conjunto dos Centros Universitários 114 PRIMEIRA PARTE TÓRIOS, BANCO DE DADOS, CONFORTO E OUTROS RECURSOS. permite o acompanhamento da tramitação, em tempo real, e a obtenção do resultado. - Avaliação institucional – Viabiliza a participação da comunidade acadêmica na avaliação de todos os segmentos institucionais, disponibilizando em tempo real os dados absolutos e relativos, à medida que as pessoas vão participando. - Controle de cópias – Cada aluno tem direito a um mínimo de cópias reprográficas e, na medida em que as solicita, o desconto do total é digital. - Balcão de empregos – Procedimento on-line, em que o aluno ou egresso da UNIVATES cadastra seu currículo e as empresas buscam indicações sobre candidatos. É intermediado por um funcionário, que faz uma pré-seleção de currículos para as vagas abertas e informa os candidatos. De setembro/2006 a outubro/2007, foram oferecidas, em média, 65 vagas mensais. - WebDiário – Registro, on-line, de ementas, conteúdos programáticos, bibliografia, modo de avaliação das disciplinas do semestre, bem como da freqüência e notas dos alunos, os quais podem imprimir, a distância, os respectivos atestados. O sistema permite ao professor o envio de mensagens coletivas. - Ponto eletrônico – Coleta de impressão digital para registro do ponto dos colaboradores. - Eventos – Permite inscrições on-line em eventos promovidos pela UNIVATES. - Sistema CETAE – Ramificação do programa Descoberta do Talento Esportivo, mantido pela UNIVATES em convênio com o Ministério do Esporte, o sistema possibilita coletar e armazenar na Instituição os resultados do Teste de Aptidão Física (voltado à descoberta de talentos ou às condições de saúde) da população estudantil do Vale do Taquari. - FERMI – Automatiza a gestão do Unianálises, um conjunto de laboratórios de prestação de serviços da UNIVATES, que atesta a qualidade de água e alimentos com credenciamento de órgãos públicos para exportação. Informa on-line preços e prazos e, dependendo do caso, fornece o resultado também on-line. - Júris – Usado pelo Serviço de Assessoria Jurídica do curso de Direito, arquiva e organiza as informações sobre réu, vítima, testemunhas, legislação envolvida, os processos, desde a sua abertura até a sentença final, automatizando o gerenciamento. - GNUData – Cria bases de dados para pesquisas. É usado pelo Banco de Dados Regional da UNIVATES e contém 137.250 A implantação da estrutura de apoio à produção intelectual nos espaços físicos da UNIVATES segue princípios e pressupostos alicerçados em uma “definição de excelência de ensino”, produzida coletivamente pela Instituição, em 2002: agilidade e riqueza de opções na comunicação e na busca de informação; agilidade e desburocratização na execução das rotinas; conforto e saúde ambiental dos agentes envolvidos na atividade de produção e nas atividades de apoio e atendimento pleno da Portaria MEC 1679/99; o fato de que 96% do corpo discente são alunos-trabalhadores; o compromisso da mantenedora com imediato desenvolvimento tecnológico da região; prevalência da funcionalidade das instalações e da sua adequação ao meio. Tecnologias de Informação • Produção em software livre Em 1999, ano do seu credenciamento como centro universitário, a UNIVATES formou, em seu Centro de Processamento de Dados (CPD), uma equipe de produção de software livre destinado às necessidades institucionais. A partir de 2003, desmembraram-se da equipe diversos grupos que constituíram empresa própria, a exemplo da Cooperativa SOLIS. Até o presente, o CPD e esses grupos são responsáveis por grande parte das soluções na coleta, tratamento e análise de dados institucionais e regionais, com se lê a seguir. - SAGU-1.5 Sistema Aberto de Gestão Unificada – Gerencia o relacionamento do aluno com a IES. São quatro módulos: acadêmico, financeiro, contábil, vestibular. Várias IES o adotam. Na UNIVATES, ele possui mais de treze milhões de dados. - GNUTECA – Gerencia acervos bibliográficos, viabiliza empréstimos ou reservas com consulta local e remota, bem como pesquisas nas bases bibliográficas ou de dados EBSCO-ASE e BSE, Portal Acesso Livre CAPES, IBICT, SCIELO e PeEPSIC. Uma vez reservada a obra, o aluno é avisado, por e-mail, tão logo ela esteja disponível. - Universo UNIVATES – Disponibilização de serviços administrativos para o aluno, que o acessa pelo Portal e nele encontra as informações sobre sua situação acadêmica e administrativa. - Matrícula – Permite ao aluno efetivar e ajustar matrícula e rematrícula, pela Web. - Protocolo – Protocola requerimentos, 115 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 dados detalhados sobre os 37 municípios do Vale do Taquari e dados genéricos sobre assuntos diversos. - Fred – Cria portais do conhecimento corporativo, adicionando valor às empresas na Internet levando em conta que a informação é ferramenta estratégica, além de permitir fácil manipulação para fins de marketing. - Amanda – Gerencia o backup nos servidores da UNIVATES. - Agata Report – Sistema voltado para a consolidação de dados. Fazendo cálculos, confere qualidade e profissionalismo aos relatórios. - Saldos Contábeis – Por centros de custo, mantém informados os coordenadores de curso e demais centros de custo, o setor de suprimentos e a Administração Superior. - Sistema de arquivos – Gerencia a localização de documentos no arquivo central. - Qualitas – Gerencia as ações voltadas ao atingimento de metas específicas em projetos. - Ambientes Intranet – Permitem, online, chamados técnicos, requisições de serviços e materiais, reservas de espaços, veículos e equipamentos para as aulas etc. - TabSer ver – Gerencia e monitora conjuntos de máquinas de redes, atualizandoas por ação remota, de sorte a dispensar o deslocamento da equipe de suporte. • Outros investimentos em software tituição terá investido R$ 2.565.000,00 em Tecnologia da Informação (considerados investimentos e manutenção). O turno da noite recebe 89,16 % dos alunos. Na relação aluno-professor, em sala-de-aula, é que se dá a base da produção intelectual do aluno. A boa qualidade de ambientes e materiais é fator de produtividade: salas iluminadas, com projetor (todas), datashow fixo (40), salas especiais para turmas grandes com smartboard (3), conjuntos anatômicos de mesa e cadeira estofada (100%), laboratórios atualizados, livros disponíveis, revistas e recursos de mídia, corredores e banheiros amplos e limpos, espaços de convivência aprazível, acesso a produtos de necessidade imediata (alimentação, farmácia, livraria, acessórios de informática) são acompanhados de estímulo aos recursos da mídia e da facilitação do acesso a livros e periódicos. O sistema de segurança monitora, com câmeras e com vigilância, 100% dos espaços exteriores. No quadro a seguir, constam os números desses equipamentos disponíveis na Instituição: Complexo Esportivo Sala de aula Sala de professores Retroprojetor Projetor multimídia Livros, periódicos, cds e dvds Laboratório de informática Outros laboratórios Computadores Salas multimídias Salas climatizadas Equipamentos de áudio-vídeo Auditório Capacidade do Auditório Conj. mesas Além desses, a UNIVATES utiliza e disponibiliza diversos programas, proprietários ou de licenças livres, em suas tarefas administrativas e acadêmicas. Destacamos, aqui, o “Ambiente Teleduc”, cujo uso pelos docentes é sempre procedido de treinamento adequado. Atualmente, 211 professores utilizam esse espaço virtual, em 556 disciplinas, perfazendo 783 inscrições e atendendo mais de 7.000 alunos, os quais perfazem 15.400 inscrições no sistema. (Professores e alunos fazem a inscrição para cada disciplina.) • Hardware 133 31 186 84 100.958 22 113 886 3 16 186 4 1860 6540 Em julho do corrente ano foi inaugurada, com o último jogo-treino das seleções do Brasil e do Uruguai, para os Jogos Panamericanos, a quadra poliesportiva, com piso flutuante e capacidade para 4000 pessoas, do complexo esportivo da UNIVATES, o qual compreende ainda um conjunto de ginástica olímpica e uma piscina semi-olímpica e outra piscina para dependentes físicos, além de salas e clínica para fisioterapia e atendimento psicológico. O conjunto totaliza 6.751,54m² e nele foram investidos R$ 6.256.336,62. O conjunto de equipamentos de informática da UNIVATES pode ser assim resumido: 886 computadores, 5 quiosques de reprografia, 13 ilhas de impressão, cabeamento estruturado em todos os prédios, 2.200 pontos de rede. Até final do corrente ano, estará implantada a cobertura com nuvem wireless para os prédios do campus, hoje já interligados com fibra ótica. ção Instalações e equipamentos • Investimentos em Tecnologia da Informa- No decorrer de 2007, considerado o orçado e o ritmo de execução do orçamento até setembro, a Ins116 PRIMEIRA PARTE Unianálises de descanso e lazer, proporcionam um ambiente convidativo. O Plano Diretor da ampliação física prevê a construção de prédios adaptados às condições climáticas de tal sorte que sejam aproveitados ao máximo os recursos naturais para iluminação e para a captação e armazenagem das precipitações pluviais. O compromisso da UNIVATES com o Vale do Taquari transcende a formação de profissionais, interferindo também nos rumos que a IES deve tomar em algumas de suas opções estratégicas, de modo especial no que diz respeito às áreas a serem fortalecidas através da pesquisa e da extensão. Na esteira das discussões coletivas, anuais, sobre esse nível estratégico, a área da produção de alimentos vem despontando como preferencial. A produção de informações e o envolvimento dos agentes locais da produção econômica específica no programa de extensão Repensando o Agro levaram a IES a investir num conjunto de laboratórios de análises físico-químicas e microbiológicas – o Unianálises – hoje credenciado com validade oficial, por vários órgãos públicos, para análises de alimentos de origem animal e outros, e para análises de água e efluentes. Dessa forma, o Unianálises induz à qualificação sanitária, nutricional e mercadológica da produção do setor e ajuda os produtores na conquista do mercado internacional. Com base nos dados sobre a estrutura física, a capacidade e disponibilidade de recursos humanos no setor, envolvendo questões desde a estrutura das famílias envolvidas e a sucessão na microempresa rural até os preços e a destinação do produto, passando pelas possibilidades de agregação de valor ao produto primário, a UNIVATES optou por criar um centro de excelência no setor. Essa opção, que se refletirá no orçamento de 2008, levará à concentração dos recursos destinados à pesquisa, inclusive aqueles que envolvem um dos mestrados recém implantados, na área tornada prioritária. O CAMPUS DO UNIPÊ: O ARROJO DE ONTEM, A EXPERIÊNCIA BEM SUCEDIDA DE HOJE O CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA – UNIPÊ iniciou suas atividades como faculdades isoladas em 1971, funcionando em prédios localizados no centro da cidade, cedidos pela Arquidiocese da Paraíba. A instituição cresceu, transformando-se em faculdades integradas e em 1978, antevendo a expansão urbana, decidiu transferir-se para uma área adquirida ao lado do Campus I da UFPB. As reações foram imediatas, em face do público a quem atendia, em cursos noturnos, composto em sua maioria por pessoas que já tinham uma atividade profissional e buscavam uma formação de nível superior. Para bem desempenhar as funções de ensino, pesquisa e extensão, aliadas a um bom programa de gestão, é necessário que haja ambientes adequados para que todos os atores do processo educacional – professores, alunos, pesquisadores, gestores e a sociedade – possam desenvolver a contento suas atividades. Ambientes específicos para atividades especiais se fazem necessários e exigem condições próprias e instalações peculiares. Em 2006 e 2007, a UNIVATES investiu R$ 305.300,00 em ampliação e equipamentos do Unianálises. Os serviços, que no corrente ano estão atendendo uma média mensal de 229 clientes, executaram até 31 de agosto 49.611 ensaios. No mesmo período movimentou um faturamento de R$ 1.098.000,00, no total de seus clientes, entre os quais empresas de médio e grande porte da região e redes de empresas nacionais e multinacionais. Foi dentro dessa visão que o Centro Universitário de João Pessoa optou pela solução de campus universitário para instalar as diversas unidades que hoje abrigam os cursos ofertados e atividades desenvolvidas pela Instituição. Da planta inicial ao belo conjunto arquitetônico de hoje, uma coisa esteve sempre presente: o compromisso com o ambiente cultural e com a integração do homem. Assim foi possível trocar as instalações provisórias pelo espaço do futuro. Ambientes externos Os 49.857,95m² de área construída do campus da UNIVATES em Lajeado ocupam uma área em torno de catorze dos 60 hectares que a mantenedora, Fundação Vale do Taquari de Educação e Desenvolvimento Social (FUVATES) põe à disposição da Educação Superior. São treze prédios, interligados por passarelas e pontes cobertas, os quais, integrados em um ambiente de relevo ondulado e entremeados de reservas ambientais naturais e paisagismo traçado com ambientes O UNIPÊ é uma lição de arquitetura adequada ao meio-ambiente. Tudo numa simplicidade de natureza, livre, com os materiais da melhor convivência nordestina. Salas e pessoas se harmonizam no ambiente de liberdade e descontração, saídos da prancheta do arquiteto Florismundo Lins para a clareira aberta no verde da Mata Atlântica. 117 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 O Campus Universitário do UNIPÊ, implantado sob as diretrizes do seu Plano Diretor, em terreno de 30,28 hectares, situa-se no centro geográfico do município de João Pessoa, distando cerca de 6,5 km do centro comercial da cidade. los cursos ministrados na instituição, destacando-se as atividades de extensão e integração com a comunidade, quais sejam: ginásio poliesportivo, campo de futebol, mini-campo de futebol, quadra poliesportiva, pista de atletismo, quadra de vôlei de praia, piscina térmica e piscina semi-olímpica. O Plano projeta, a partir da dimensão pedagógica, toda uma concepção de urbanismo, edificações e instalações, que tem como marca o respeito ao meio ambiente, pela adaptação às condições de topografia, ventilação, aeração e iluminação, principais fatores essenciais ao planejamento das suas instalações físicas. Além dos equipamentos citados, o UNIPÊ conta em seu Campus com modernas unidades de apoio, que dão suporte ao desenvolvimento das atividades didático-pedagógicas e técnico-administrativas da instituição, podendo-se destacar os seguintes: O Plano Urbanístico apresenta duas características fundamentais: projeção das vias de tráfego obedecendo à topografia natural do terreno, propiciando o escoamento superficial das águas pluviais, tornando desnecessária a construção de galerias, decorrendo, daí, a redução considerável dos custos; a outra característica é a fixação de um índice máximo de ocupação do terreno em 18%, o que projeta uma área de construção por volta de 54.000m², no limiar da implantação do Campus. Clínica-Escola de Fisioterapia A Clínica Escola de Fisioterapia do UNIPÊ tem um espaço físico de 1.526m², onde se concentram várias unidades de tratamento fisioterapêutico, oferecendo suporte aos alunos no desenvolvimento das aulas práticas e assistência gratuita à população de João Pessoa e de cidades circunvizinhas. O modelo espacial adotado teve como objetivo privilegiar a liberdade de circulação, a possibilidade de aproveitamento das condições naturais de iluminação e ventilação, a menor utilização possível de mecanismos de deslocamento vertical e de climatização, bem como um visual agradável. Clínica-Escola de Fonoaudiologia A Clínica-Escola de Fonoaudiologia do UNIPÊ ocupa uma área total de 1.000m², e possui instalações e equipamentos adequados ao desenvolvimento das atividades de ensino-aprendizagem, relativas às disciplinas práticas, teórico-práticas e clínico-terapêuticas. A arquitetura adotada obedece às necessidades funcionais dos usuários do Campus, às exigências das disciplinas a serem ministradas e às facilidades de aprendizagem. Leva em consideração a possibilidade de uso alternativo de espaços, a um baixo custo. No desempenho de suas funções acadêmicas, presta serviços gratuitos à comunidade, dispondo de uma equipe interdisciplinar, restrita aos seus pacientes, constituída por Otorrinolaringologista e Neurologista. Funciona com três Unidades integradas: Unidade de Fonoterapia I, Unidade de Fonoterapia II e Unidade de Audiologia. As edificações são blocos com um e dois pavimentos, construídos com estrutura pré-moldada de concreto, em pórticos desenvolvidos e padronizados pela equipe técnica do UNIPÊ, com vedações em alvenaria de tijolos cerâmicos e elementos vazados de concreto, e cobertura em telha canal, o que proporciona ventilação e iluminação adequadas ao clima da região. Interligam-se por passarelas cobertas que permitem fácil deslocamento dos alunos em condições de conforto. Clínica-Escola de Psicologia A Clínica-Escola de Psicologia do UNIPÊ foi criada em 1974, contando hoje com Unidades de Triagem, de Atendimento Psicoterápico, de Psicopedagogia e a de Orientação Vocacional e Profissional , além dos Núcleos de Estágio Supervisionado e o de Pesquisa e Extensão. Tem como objetivos promover estágio e treinamento aos alunos de Psicologia; propiciar aos alunos estagiários condições reais e efetivas experiências profissionais; atender a comunidade intra e extramuros na prevenção da saúde mental. Todos os espaços físicos foram dimensionados tomando-se por base um módulo-padrão que se repete na maioria das edificações, módulo esse exaustivamente estudado e adequado ao número de usuários e às atividades de ensino, pesquisa e extensão que se desenvolvem no Campus. O sistema construtivo, por ser modulado, permite adequações rápidas e fáceis às solicitações que porventura ocorram em função de demandas especiais. O Campus do UNIPÊ conta com diversos equipamentos que compõe a infra-estrutura geral e que dão suporte às diversas atividades desenvolvidas pe118 PRIMEIRA PARTE Clínica-Escola de Odontologia O Curso de Odontologia do UNIPÊ iniciou suas atividades em agosto de 2007 e já conta com as primeiras unidades do complexo clínico, a exemplo dos laboratórios específicos de Dentística, Endodontia e Periodontia. São laboratórios que apresentam alta tecnologia, onde o aluno terá a oportunidade de exercitar em simuladores ergonômicos e manequins todas as situações previstas em uma clínica. Considerando que o acesso à informação é de fundamental importância para o desenvolvimento humano, a biblioteca, como prestadora de serviços informacionais, desempenha um papel fundamental, contribuindo para a consolidação da cidadania e a expansão e difusão dos conhecimentos. Nesse sentido, a Biblioteca Central do UNIPÊ tem como objetivo fornecer serviços na área da informação, propiciando que seus usuários cada vez mais se capacitem a atuar no mercado de trabalho, dando apoio às atividades de ensino, pesquisa e extensão desenvolvidas no âmbito dos cursos ministrados pela Instituição. Complexo Laboratorial Em uma área construída de 752m², o Complexo reúne os laboratórios de Anatomia, Bioquímica, Citologia, Fisiologia, Histologia e Biotério. Atende a diversas disciplinas básicas dos cursos da área de saúde. – NTI A Biblioteca Central está organizada dentro dos mais modernos padrões e técnicas b i bliográficas, com distribuição espacial adequada do acervo, com fácil acesso para utilização dos títulos existentes. Devidamente codificados, os livros e demais componentes do acervo estão registrados em bancos de dados, permitindo fácil localização da informação, mediante a utilização de softwares próprios. Núcleo de Tecnologia da Informação Equipado com computadores e periféricos modernos, funciona como central de comando de uma rede interna, à qual se interligam terminais localizados na Secretaria Geral de Ensino, Coordenadorias de Cursos, Laboratórios, Biblioteca Central, Escritórios de Práticas Contábeis, Coordenadoria de Avaliação Institucional e Central de Editoração. Com 2.000m² de área construída, abriga as seguintes unidades: espaço de acervo, áreas de leitura, atendimento ao usuário, salas de pesquisa, ambientes de leitura de jornais e periódicos, setor de empréstimo, setor técnico (catalogação e classificação), salas de consulta e estudo em grupo, área para guarda de volumes, ambientes para multimeios (videoteca, mapoteca etc.), setor de informática e setor administrativo. Central de Multi-Mídia O Centro Universitário de João Pessoa redefiniu a função de sua Biblioteca, transformando-a em centro de informação e cultura, onde o bibliotecário está capacitado a desempenhar uma função mais abrangente nos processos informacionais, prestando, assim, um serviço mais amplo, ativo e participativo, na tríplice função de ensino, pesquisa e extensão. No prédio da Biblioteca Central funciona a Central de Recursos Audiovisuais, que dá suporte e apoio logístico às unidades de multimeios instaladas nos diversos blocos de salas de aula e laboratórios da instituição. Biblioteca Museu-Escola Um grande equipamento e, mais que isto, um grande laboratório, está sendo implantado no Campus do UNIPÊ: o “Museu da Terra e do Homem da Paraíba”- um museu-escola a céu aberto, cuja meta é tornar-se centro de referência no estudo, pesquisa e preservação de bens materiais e culturais que digam respeito à Terra e ao Homem da Paraíba. Laboratórios Específicos O UNIPÊ dispõe, em suas instalações, de diversos laboratórios, específicos e interdisciplinares, que dão suporte às atividades de ensino, pesquisa e extensão, desenvolvidas nos cursos ministrados, tanto na graduação como na pós-graduação. Os laboratórios são equipados com aparelhos de última geração e instalados em espaços adequados, funcionando em tempo integral, o que possibilita fácil acesso aos alunos e professores da instituição. 119 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 O arquiteto e a equipe de planejamento do UNIPÊ vêm acompanhando a implantação e o desenvolvimento do projeto, ao longo dos anos, desde a sua concepção. Isso contribuiu para um processo permanente de avaliação e adequação das soluções propostas e adotadas, ajustando-as e revisando-as de acordo com as demandas surgidas. formação integral do profissional como cidadão efetivamente integrado com os problemas da sociedade e pronto para interagir com ela. Os resultados obtidos já demonstram uma experiência bem sucedida pela convivência harmoniosa das pessoas com as coisas, fazendo do Campus um elemento vivo que acompanha o desenvolvimento da comunidade acadêmica e conseqüentemente da Instituição. O Centro Universitário São Camilo, ao oferecer serviços e programas assistenciais relevantes à sociedade, permite que seu corpo docente e discente atuem, aproximem-se e compreendam a realidade social a fim de buscar soluções para o enfrentamento dos problemas efetivos. Dentre esses resultados podemos ressaltar: • Condições de ampliação mantendo o padrão arquitetônico e construtivo adotados; • Possibilidade de novas edificações com um mínimo de interferência nas atividades acadêmicas; • Facilidade de uso e racionalização de mobiliário padronizado; • Facilidade de administração e operacionalização; • Alto índice de conforto ambiental; • Segurança para os usuários e para o patrimônio; • Manutenção racional e econômica; • Criação de ambiente propício ao desenvolvimento de atividades acadêmicas; • Adequação às atividades acadêmicas; • Integração com o meio ambiente. A ação coordenada de concepção do Plano Diretor, levando em conta o caráter dinâmico de um campus universitário, tem conseguido atender às metas de curto, médio e longo prazos, nas peculiaridades, atividades e políticas institucionais. As ações sociais desenvolvidas dentro do Espaço Aprender São Camilo objetivam propiciar o diálogo entre a universidade e a comunidade, possibilitando a relação de reciprocidade entre o saber acadêmico e a comunidade. Serviços Assistenciais O Centro Universitário São Camilo prioriza em suas ações a promoção da saúde entendida em seu sentido mais amplo. É com base no pressuposto da saúde como condição básica para o desenvolvimento do indivíduo na sociedade que a instituição concentra suas ações assistenciais. Nesse sentido, a aproximação com o conceito de inclusão social, de valorização da auto-estima e do fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários torna-se sensivelmente visível. Atender a comunidade que se encontra em território de vulnerabilidade social por meio de ações preventivas e educativas comprova o posicionamento do Centro Universitário São Camilo diante da questão da inclusão social. O ESPAÇO APRENDER SÃO CAMILO: DESENVOLVIMENTO HUMANO E INCLUSÃO SOCIAL Exemplo significativo de tal envolvimento pode ser comprovado pela presença do Espaço Aprender em três municípios do Estado de São Paulo. O Centro Universitário São Camilo, pautado na sua missão, no seu compromisso e na sua filosofia de promover o desenvolvimento do ser humano por meio da educação e da saúde segundo os valores camilianos, possibilita a inclusão social e o resgate da cidadania por meio de Programas e Serviços Assistenciais e interligam as demandas da comunidade interna e externa à práxis acadêmica de ensino, pesquisa e extensão, modelando a constituição de uma identidade que privilegia a formação profissional do cidadão que se preocupa com a superação das desigualdades sociais existentes. O serviço é desenvolvido em parceria com órgãos públicos e organizações não governamentais nos municípios onde estão localizados. São eles: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social do Município de Itanhaém, Secretaria de Esportes do Município de São Bernardo do Campo e Fundação Criança de São Bernardo do Campo e o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil – PETI. Dessa forma, a assistência social colabora na O público atendido é de crianças e adolescentes na faixa etária de 07 a 18 anos, que realizam atividades sócio-educativas e capacitação para o mercado de trabalho, aplicadas na forma de cursos de capacitação profissional, oficinas temáticas, oficinas artísticas, atividades esportivas e culturais. Vale destacar que as famílias dos usuários desenvolvem atividades dentro dos Espaços, com foco na convivência familiar como 120 PRIMEIRA PARTE FORMAÇÃO NO CAMPO TECNOLÓGICO: A EXPERIÊNCIA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO DE LINS - UNILINS também em trabalhos de geração de renda. Para a concretização dos trabalhos nos Espaços conta-se com uma estrutura física montada e adequada às atividades desenvolvidas, em três unidades: • São Paulo: Atende 200 adolescentes de 14 ä 18 anos, com curso da capacitação para o mercado de trabalho, com informática, inglês e oficina cultural. Estrutura física: 01 Secretaria; 01 Sala de leitura composta de 450 livros; 01 Sala de áudio - TV e DVD, aparelho de som; 01 Sala Administrativa; 01 Laboratório de informática - 23 computadores, 02 impressoras, 01 retroprojetor; 02 Salas de aula; 01 Área de convivência; 05 banheiros; 01 Refeitório; 01 Cozinha – fogão, geladeira e freezer, equipamento de cozinha; 01 Dispensa. • São Bernardo do Campo: Atende 300 crianças e adolescente de 11 a 17 anos, com informática, oficina de artes, oficina do saber, dança de rua, capoeira, natação, futebol, artes marciais e atividades culturais. Estrutura física: 01 Secretaria; 01 Sala de cuidados; 01 Sala de reuniões; 01 Sala administrativa; 01 Sala de multimeios – Leitura; 01 Laboratório de informática, com 17 computadores e 01 impressora; 02 Salas para as oficinas; 02 Áreas para artes marciais; 01 Quadra poliesportiva; 03 Piscinas; 02 Vestiários com banheiros; 01 Área de convivência; 01 Refeitório; 01 Cozinha – fogão, geladeira, freezer e equipamento de cozinha; 01 Dispensa. • Itanhaém: Atende 120 crianças e adolescentes de 7 a 18 anos com informática, oficina de artes, oficina lápis na mão, oficina do saber, dança de rua, atividades esportivas e culturais. Estrutura física: 01 Secretaria; 01 Sala administrativa; 03 Salas para as oficinas; 01 Laboratório de informática com 10 computadores e 01 impressora; 01 Piscina; 04 banheiros; 01 Área de convivência; 01 Área livre; 01 Refeitório; 01 Cozinha – fogão, geladeira, freezer e equipamento de cozinha; 01 Dispensa. A manutenção dos Espaços é totalmente realizada pelo Centro Universitário São Camilo. O Centro Universitário de Lins - UNILINS, com sede em Lins, Estado de São Paulo, é uma instituição de ensino superior, com limite territorial de atuação circunscrito ao município de Lins, mantido pela Fundação Paulista de Tecnologia e Educação, entidade sem fins lucrativos. Assim, todo o seu resultado operacional tem sido investido em Projetos Melhorias, destacando-se, dentre outros, nesses seus 06 anos como Centro Universitário, os Estágios aliados ao desenvolvimento tecnológico. A Fundação Paulista de Tecnologia e Educação, além da mantença da UNILINS, mantém o Centro Tecnológico – CETEC, dedicado ao desenvolvimento de Pesquisa e Prestação de Serviços. Em parceria com a UNILINS, desenvolve um dos projetos de destaque da Instituição. Segundo o Diretor do CETEC, prof. Enaldo Montanha, “O aproveitamento de Trabalhos de Conclusão de Curso e Iniciação Científica e as oportunidades de estágios para os alunos da Unilins, possibilitam ganhos para todas as partes envolvidas: os alunos estagiários aprimoram sua formação e o CETEC identifica oportunidades de novos desenvolvimentos, enquanto nossos clientes contribuem para a formação de profissionais preparados para o mercado. Além da pesquisa e da preocupação com o aprimoramento tecnológico de nossos produtos, o formato ímpar da Fundação Paulista, unindo educação e prática de mercado, tem vital importância para a construção dos diferenciais, tanto para o CETEC, como para a Unilins”. O Centro Universitário São Camilo tem pautado suas ações em critérios como respeito, ética, credibilidade, profissionalismo e responsabilidade social, promovendo a melhoria da qualidade de vida dos indivíduos e favorecendo-lhes o acesso a informações e serviços. Sendo assim, justifica, mais uma vez, sua ação de valorização da pessoa humana. O aproveitamento desse diferencial tem proporcionado crescimento e aperfeiçoamento da Unilins. O CETEC, portanto, tem sido um instrumento importante na consecução desses objetivos. Os investimentos em infra-estrutura e equipamentos em nossos laboratórios têm ampliado os diferenciais. Para incrementar esse projeto, O CTGeo – Centro de Tecnologia em Geoprocessamento, um braço do CETEC, investiu na construção de um prédio com mais 700 m2 e uma infra-estrutura em informática com mais de 150 computadores de ponta, possibilitando, com essa ampliação, a participação de quase 20% dos discentes da Unilins em suas atividades de aprendizado e estágios. 121 Na busca de melhorias nos laboratórios de informática, diante da veloz obsolescência do hardware e do dever de combater a pirataria de software, a instituição buscou uma solução para conter os crescentes custos com equipamentos para esses espaços. Segundo o prof. Antonio Carlos Santana, Coordenador do Centro de Informática, “as soluções prontas no mercado, aliadas ao custo e a possibilidade de escravidão O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 tecnológica, não nos agradou. Vimos na solução caseira uma alternativa mais versátil, ou seja, terminais magros que pudessem ser atualizados e transformados em estações de trabalho autônomas, caso necessário no futuro”. A Unilins inaugurou seu laboratório de informática com 40 terminais magros - estações diskless (sem disco rígido), em que o sistema operacional é carregado pela rede. Usamos dois servidores, um com Linux Fedora e outro com Windows 2003 Server. A instalação do novo sistema foi uma estratégia, traçada pela Comissão de Informática da Unilins, que vem avaliando os resultados a médio e longo prazos. O ambiente mostrou ser estável e útil, com algumas ressalvas: a) servidores e rede são gargalos de desempenho e disponibilidade; b) não é um ambiente seguro para fazer provas práticas; c) mesmo um servidor com 4GB de memória (enorme quando foi comprado) não suporta 40 estações executando softwares “pesados”; d) os procedimentos de montar periféricos como disquetes e pendrives são diferentes do usual. Apesar das limitações, várias disciplinas usam o ambiente, com grande facilidade de administração. A internet é restrita a poucos sites permitidos e as estações entram em operação rapidamente. Upgrades de software são feitos somente no servidor e já ficam disponíveis simultaneamente nas estações. Aliado a uma política de incentivo de software livre, tivemos uma economia considerável no investimento com software, sem violar os direitos das empresas fabricantes e distribuidoras. Recentemente foram aumentadas as memórias das estações e instalados discos rígidos com sistema operacional local. Com isso, as estações funcionam como terminais magros dos servidores, mas também podem funcionar de forma autônoma, podendo acomodar softwares “pesados”. Afastou-se um pouco da idéia original, devido à demanda logística - houve um aumento muito grande de alunos no período noturno e as salas com terminais magros não comportavam alguns softwares. Os terminais magros estão sendo usados também em terminais de atendimento na secretaria central e na biblioteca. É uma alternativa interessante, quando usada com bom senso. suas atividades em Angola e hoje executa mapeamento geral, a serem utilizados pelo governo para aplicar no planejamento urbano, das seguintes localidades: Baixa Luanda, Negage, Luena, Malange e Wacucungo. Segundo o Engº Rodrigo Brito, do CTGeo, “como novidade, o CTGeo traz para esse projeto a tecnologia de restituição em 3D, que requer imagens aéreas e software específico”. O PROJETO INTERAÇÃO DO CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ – CESUMAR: AUXÍLIO NA ESCOLHA DA CARREIRA E COMBATE À EVASÃO ESCOLAR O incentivo à pesquisa e à pós-graduação acontece, no Centro Universitário de Maringá- CESUMAR, por meio do cultivo da teorização como suporte para a prática educacional; de uma política de promoção do desenvolvimento científico, consubstanciada no estabelecimento de linhas prioritárias de ação, a médio e longo prazos; da concessão de bolsas ou auxílios para a execução de projetos científicos e para a formação de pessoal em cursos e programas de pós-graduação. Ao completar 17 anos de existência, o CESUMAR dispõe de cerca de 80 mil metros quadrados de construção, em uma área de 8,5 alqueires, correspondente ao campus 1, e outra de 146 alqueires, correspondente ao campus 2, para o desenvolvimento de sua ação educacional. O Centro Universitário de Maringá conta com um corpo docente de 58,87% de Mestres e Doutores e um corpo discente de 12.000 alunos distribuídos nos 44 cursos de graduação, 47 cursos de Pós-graduação lato sensu, nas diferentes áreas do conhecimento, e em um Programa de Pós-graduação stricto sensu – Mestrado em Direito – devidamente recomendado pela CAPES. Mantém convênios com várias instituições de ensino, pesquisa e extensão no país e no exterior, como complemento aos projetos desenvolvidos e com o objetivo de favorecer o intercâmbio entre professores e alunos, o desenvolvimento de atividades culturais, científicas e tecnológicas. Todo esse diferencial destacado acima possibilitou convênio com a Fundação Eduardo dos Santos – FESA, permitindo que alunos angolanos viessem estudar na Unilins. Foi ampliada a cooperação com Angola e, através de um novo convênio, desta vez com a Sonangol, Petroleira Angolana, o n.º de estudantes de Angola na Unilins cresceu para quase 100 alunos, em diversos cursos. O CETGeo, por sua vez, ampliou Neste contexto, o Centro Universitário de Maringá desponta como uma das instituições de ensino Superior que muito tem contribuído para elevar os níveis educacionais do estado do Paraná e do país. Com diversos projetos de extensão, parcerias, convênios e atendimentos prestados à comunidade, a Instituição cumpre sua missão perante a sociedade local e regional, prestando serviços nas diferentes áreas, contribuindo, assim, para o desenvolvimento local e regional, bem como para a melhoria da qualidade de vida da população. 122 As edificações e os espaços educacionais, onde PRIMEIRA PARTE se desenvolvem as atividades pedagógicas e experimentais do CESUMAR, caracterizam-se por amplas áreas projetadas, que visam atender às necessidades específicas de um ambiente de ensino e oferecer toda infra-estrutura necessária para o desenvolvimento dos cursos, incluindo áreas didáticas, laboratórios, clínicas, áreas de convivências, áreas administrativas e de apoio, áreas esportivas e estacionamentos. medida em que está, efetivamente, contribuindo com os jovens na importante tarefa de escolher um curso de graduação, evitando desta forma, perdas econômicas, sociais e acadêmicas decorrentes da evasão escolar. PORTAL UNIVERSITÁRIO UNICENP: FERRAMENTAS PARA A GESTÃO ACADÊMICA O Centro Universitário de Maringá está sempre atento à evasão dos jovens do ensino superior e ao fato de que a escolha de um curso universitário com responsabilidade e certeza pode facilitar a conquista de um bom futuro profissional. Considerando que, para isso acontecer, é necessário contar com uma orientação experiente e com base no conhecimento, elaborou e implantou, no ano de 2004, o “Projeto Interação”. Nesse programa de relacionamento entre a instituição e a comunidade, atendem-se alunos do ensino médio da rede púbica e das escolas particulares, de Maringá e região e, apresentando-lhes os cursos de graduação da instituição e de outras, cria-se um espaço de esclarecimento das freqüentes dúvidas que cercam a escolha de um curso superior. Dessa forma, procura-se auxiliá-los na tomada de decisão. Ou seja, o projeto tem como objetivo proporcionar ao estudante um direcionamento vocacional, fornecendo informações sobre as diversas áreas de atuação profissional e permitindo, também, um contato antecipado com a realidade acadêmica do ensino superior, vivenciada em todas as instalações do campus do Cesumar. Por meio de uma visita pelo campus, coordenada e acompanhada pela Diretoria de Extensão Universitária, os alunos têm a oportunidade de conhecer a biblioteca, as clínicas e laboratórios dos diversos cursos. Detalhes da vida acadêmica são mostrados em vídeo e os coordenadores e professores organizam palestras que oferecem orientações sobre os cursos. No ano da implantação do projeto, o CESUMAR enviou convites a todas as escolas. Quase todas as ferramentas de gestão acadêmica atualmente existentes no mercado brasileiro dão suporte para as atividades de gestão administrativa: a secretaria, a tesouraria, a biblioteca, os recursos humanos, etc. Embora sejam denominadas ferramentas de gestão acadêmica, na verdade elas auxiliam a gestão das atividades propriamente administrativas. Não tratam diretamente da gestão das atividades fins da instituição: o ensino, a pesquisa e a extensão. No Centro Universitário Positivo - UnicenP, a gestão acadêmica, isto é, a gestão do conhecimento produzido e ensinado, é apoiada pelo Portal Universitário UnicenP. Já a partir do ano de 2005, não houve a necessidade desse envio porque as próprias escolas, percebendo a importância do projeto e os resultados alcançados, inscrevem-se no início de ano, definindo-se, assim, uma agenda de visitas para todo o ano. As visitas acontecem no período diurno e noturno, dependendo do período solicitado pela escola, podendo os alunos permanecerem manhã e parte da tarde na instituição, com programação diversificada. Como cortesia, cada visitante recebe uma camiseta, lanche e almoço na própria instituição. O Portal Universitário UnicenP pode ser caracterizado como um conjunto organizado de ferramentas Web de gestão das atividades fins da instituição: o ensino, a pesquisa e a extensão. Propicia uma integração entre toda a comunidade acadêmica, possibilitando a todos o pleno acesso a tudo que se passa em sala de aula. Com os mecanismos de estruturação do ensino disponíveis no Portal, os professores planejam e publicam as aulas com antecedência, incluindo materiais associados, e estas são acessadas pelos alunos previamente. Após a aula, o aluno tem a possibilidade de rever a matéria, tendo acesso a todos os conteúdos de maneira organizada. Além deste recurso, estão disponíveis as seguintes opções: • acesso a planos de ensino, ementas e referências bibliográficas de cada disciplina; • construtor de provas com questões abertas, discursivas, de múltipla escolha ou de qualquer outro tipo, a partir de um banco de questões; • listagem e controle de trabalhos acadêmicos; • quadro de avisos; • agenda; • sala virtual para promoção de debates; • comunicador; • pesquisa – acesso a conteúdo multimídia e bases de dados gerais e especializadas; • currículo padrão Lattes; • publicação de notas, freqüência e um construtor de páginas para projetos acadêmicos; • simuladores e gerenciadores de processos de avaliação, tanto para os realizados O projeto já atendeu 10.000 alunos de Maringá e região, além de alunos de outros estados. O Centro Universitário de Maringá - CESUMAR considera este projeto extremamente importante na 123 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 pelo MEC quanto para avaliações de cursos, feitas pelos alunos. Essas ferramentas complementam o ensino presencial, permitindo uma educação permanente e continuada, para além do tempo reservado às aulas. Os instrumentos de gestão da pesquisa e da extensão permitem a elaboração, a publicação e o acompanhamento dos projetos nessas áreas. A produção científica decorrente dos projetos é sistematizada e colocada à disposição da comunidade acadêmica. Para se ter idéia dos resultados obtidos, no ano do credenciamento da instituição como centro universitário, a Biblioteca contava com uma instalação de 1.844m², seu acervo de livros tinha 43.355 títulos e 72.453 exemplares, e funcionava parcialmente informatizada. Com o Portal Universitário UnicenP os gestores passam a contar com uma variada gama de consultas e relatórios para análise do desempenho, bem como gráficos gerenciais que comparam os resultados alcançados frente aos objetivos planejados. Em 2002, foi inaugurada a Biblioteca Reitor João Herculino, uma homenagem ao idealizador e fundador do CEUB. Atualmente, a biblioteca ocupa, em três pavimentos, uma área de 6.300m² e seu acervo conta com 94.692 títulos, totalizando 214.027 exemplares com serviços on line e totalmente informatizada. CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA – UniCEUB: A BIBLIOTECA EM DESTAQUE Atualmente, o UniCEUB tem um prédio de 12 andares, totalmente destinado ao atendimento à comunidade. Nele funciona a sede do Núcleo de Prática Jurídica que ocupa dois andares do edifício. Suas filiais estão presentes em mais doze endereços, atendendo a todas às áreas do Distrito Federal e em todos os campos de atuação do Direito. Em 1968, os professores e advogados Alberto Péres, Fausto Padrão, José Ercílio Curado Fleury, Paulo Oliveira Silva e Flávio Degrázia se reuniram com a idéia de montar uma instituição de ensino em Brasília, com o apoio do então Deputado Federal e Líder da Câmara, João Herculino, que sugeriu a criação de uma Universidade Particular com funcionamento noturno. Após aprovação do projeto, por intermédio do Conselho Federal de Educação, foi criado o CENTRO DE ENSINO UNIFICADO DE BRASÍLIA - CEUB, com os cursos de Direito, Pedagogia, Geografia, História, Matemática, Letras, Economia, Contabilidade, Administração e Psicologia. Nesse mesmo prédio, funcionam os Centros de Formação de Psicólogos, de Nutricionistas e de Fisioterapeutas e a Incubadora de Empresas do UniCEUB, a Casulo, que dá a oportunidade à Comunidade Acadêmica da instituição de praticar o empreendedorismo, a partir de seleção de projetos e conta com consultoria para o desenvolvimento de novas empresas. Em 1999, o CEUB foi credenciado como Centro Universitário de Brasília - UniCEUB. Atualmente, o UniCEUB dispõe dos seguintes cursos de graduação: Direito, Pedagogia, Geografia, História, Matemática, Letras, Contabilidade, Administração, Comunicação Social, Psicologia, Biologia, Fisioterapia, Arquitetura, Nutrição, Enfermagem, Ciência da Computação, Engenharia de Computação, Educação Física, Turismo e Relações Internacionais; cursos superiores tecnológicos: gestão de pequenas e médias empresas e empreendedorismo, análise e desenvolvimento de sistemas. CENTRO UNIVERSITÁRIO ADVENTISTA DE SÃO PAULO – UNASP: FUNCIONALIDADE E CONFORTO NO NOVO COMPLEXO INFRAESTRUTURAL O UNASP Campus São Paulo, instalado na Capital Paulista, construiu e colocou recentemente em funcionamento uma área contemplando: biblioteca, mais de quarenta salas de aulas, novos escritórios para a equipe acadêmica, dois grandes laboratórios de informática e uma ampla sala de professores, além de congregar num único andar os serviços pertinentes ao relacionamento com os estudantes. Antes de ser credenciado como centro universitário, o UniCEUB já atuava com estrutura ampla de atendimento à comunidade nos cursos de Direito e Psicologia, além de laboratórios aplicados nas áreas de saúde, comunicação e tecnologia bem equipados. Mas a partir do novo credenciamento, com a abertura de novos cursos, traçou-se metas de expansão, como a ampliação dos serviços para a comunidade e a construção de uma nova biblioteca, para atender à nova realidade institucional. As novas salas de aula são bastante confortáveis, algumas delas com dimensões suficientes para algumas reuniões e eventos especiais, dando assim bemestar ao aluno em seu aprendizado. Biblioteca 124 A Biblioteca, Centro Cultural do Campus, ocupa a parte central deste edifício. Tem um acervo de 120.000 volumes e 1.444 títulos de periódicos. Nos últimos 9 anos foi incorporado ao acervo o montante de PRIMEIRA PARTE 25.812 livros. põem o panorama. A Biblioteca John Lipke ocupa uma área física de 1.900m2, distribuídos em ambientes modernos e atrativos que associam funcionalmente o atendimento às necessidades acadêmicas, com beleza, simplicidade e elegância. Tudo isto visando oferecer aos discentes mais que um espaço para estudo: um clima onde estudar e pesquisar sejam também momentos de prazer. A biblioteca possui regulamento próprio, impresso, o qual é distribuído aos clientes a cada início de semestre ou sempre que solicitado. A política de procedimentos para aquisição de acervo bibliográfico e outras mídias, explicitada em documento busca atender, dentre outras, as seguintes diretrizes: • estar em consonância com o currículo dos cursos; • preferencialmente as aquisições devem priorizar as solicitações de coordenadores e professores dos cursos, as quais estarão baseadas nas bibliografias e mídias adotadas para cada disciplina; • os acervos de multimídia devem estar atualizados, tanto no que se refere ao conteúdo, quanto em relação aos aspectos tecnológicos. A biblioteca, por possuir espaço amplo e bem distribuído, visa atender a todas as instâncias da pesquisa, estudo e lazer. A freqüência e uso é estimulada, tanto através dos professores – via práticas docentes extra-classe – quanto junto aos alunos através da divulgação de novas aquisições, programações paralelas – cursos, palestras, exposições, etc. – e outras atividades de fomento. Pode-se afirmar, com muita certeza, que este Complexo Infra-Estrutural do UNASP é um marco na história de 92 anos do Campus e deu novo rumo à vida acadêmico-universitária do Campus. A RIQUEZA DA DIVERSIDADE, RESPONSABILIDADE SÓCIO-AMBIENTAL E TECNOLOGIA DIGITAL: A EXPERIÊNCIA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO DA GRANDE DOURADOS – UNIGRAN Nos últimos dez anos, a área física do Centro Universitário da Grande Dourados (UNIGRAN) mais que dobrou, de 24.900m², para 54.000m², e seu campus se estendeu virtualmente pelo Brasil, Portugal e Japão devido ao Ensino a Distância. Os cursos, 30 de graduação presenciais e 8 de graduação a distância, tiveram um avanço a partir de sua transformação em Centro Universitário em 1998, quando eram apenas 12 presenciais. A estrutura física, corpos administrativo e docente e o número de alunos aumentaram na proporção necessária para atendimento de qualidade dos cursos que oferece; porém, em bases previstas por uma gestão pautada no planejamento, na auto-avaliação institucional, e no compromisso com a sustentabilidade regional, que se materializam no ensino de excelência, na formação de profissionais de elevadas qualificações e em ações inovadoras empreendidas pela Instituição. Os profissionais graduados pela UNIGRAN assumiram papéis importantes na iniciativa privada e nos mais diferentes setores da administração pública e no Poder Judiciário. Com 30 anos de funcionamento, os cursos de Direito e Administração foram justamente os primeiros, dos atuais 30 cursos de graduação, implantados pela Instituição. São formações que contribuem com o avanço da ciência e da tecnologia, da economia, saúde, cultura, educação, inclusão e qualidade de vida e com a geração de oportunidades na região. Dois serviços interessantes a biblioteca disponibiliza, para este fomento: • O Professor traz a Sala de Aula para a Biblioteca; • A Biblioteca vai à Sala de Aula. A biblioteca disponibiliza acesso eletrônico local aos seus clientes, para pesquisa, consulta a base de dados e digitação de trabalhos acadêmicos. Há uma sala de pesquisa digital com 16 estações de trabalho, impressora e scanner. Conforto Acadêmico Mas se no início a conjuntura exigia pessoas capazes de impulsionar o progresso do Estado, o paradigma atual inclui a sustentabilidade. Por isso, além da qualificação técnico-científica, a formação humanizada – que desenvolve no estudante o sentido da responsabilidade social e ambiental, nos domínios de sua profissão – é exigência para os profissionais da atualidade. Nessa direção, a UNIGRAN realiza um grande número de programas de extensão que põem o aluno em contato com a realidade social e dão-lhe sentido prático ao conhecimento e a sua formação acadêmica. Neste complexo infra-estrutural, há instalações amplas para o grupo acadêmico, incluindo-se a Direção Acadêmica que encontra-se estrategicamente localizada. Cada Coordenador de Curso conta com ambiente próprio de trabalho e os professores dispõem de aconchegante conjunto de instalações para o seu bem-estar. Salas de apoio adequadamente situadas, inclusive para Comissões e Reuniões de Grupos com- 125 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 Inclusão Educacional As ações na área da Educação de Jovens e Adultos, e ofertas de serviços jurídicos e de assistência à saúde física e mental à população são realizados gratuitamente nas Clínicas de Fisioterapia, Nutrição e Psicologia, nos Laboratórios de Biomedicina, ou nos Núcleos de Arquitetura, Serviço Social e Direito. Os números superam a marca de 30 mil atendimentos por ano, em um município de cerca de 180 mil habitantes. E se é possível destacar uma ação inovadora, no âmbito da relação instituição / comunidade, sem dúvida este é o Programa de Apoio ao Estudante Indígena da UNIGRAN - PAEI e os projetos que dele derivam. Essa iniciativa propiciou o acesso de índios de Dourados e de Mato Grosso do Sul ao ensino superior. Sem restrição de cursos, o PAEI, instituído em parceria com a Funai, oferece bolsas de estudos integrais aos indígenas aprovados em vestibular desde 1999. De 2001 a 2006, trinta e sete indígenas foram diplomados em várias profissões, sendo que, em 2007, dez devem se formar em Enfermagem, Psicologia, Biomedicina, Serviço Social, Ciência da Computação e Pedagogia. Atualmente, 47 estudantes são beneficiados pelo Programa. cidade funcionam os Núcleos de Assistência Jurídica, de Psicologia, de Nutrição e de Serviço Social; uma farmácia-escola e um hospital veterinário que disponibilizam os mais modernos recursos de aprendizagem prática aos alunos estão entre os principais investimentos em infra-estrutura de ensino feitos pela UNIGRAN, desde 1997. Juntamente com o incentivo à qualificação cada vez maior do corpo docente – hoje, 56% dos professores da instituição são mestres e doutores, sendo que nos cursos da área da saúde esse índice sobe para 70% –, as instalações físicas e equipamentos oferecem as melhores condições de desenvolvimento do ensino e da pesquisa, que é estimulada nos alunos desde o primeiro ano de curso, por meio de ações da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação. Neste campo, outro pioneirismo: a UNIGRAN é a única IES de Mato Grosso do Sul a ter um Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos. O CEP-UNIGRAN foi homologado em 2004, pelo Conselho Nacional de Saúde. Por ele, passam os projetos de pesquisa de todos os cursos para aprovação. Complementarmente ao PAEI, a instituição criou também um programa de extensão universitária inédito no mundo, dentro de uma área indígena. Para dar mais apoio a essa comunidade a UNIGRAN construiu, com autorização da FUNAI, um Núcleo de Atividades Múltiplas - NAM, dentro da Reserva indígena de Dourados, com 5.000m². Investindo recursos próprios, o NAM congrega projetos de extensão de todos os seus cursos e que são voltados ao atendimento de crianças, jovens e adultos indígenas. Cursos de trabalhos manuais, de alfabetização bilíngüe, de reforço escolar, de informática e atividades de recreação e lazer são realizados regularmente nesse Núcleo que foi inaugurado em 2001, na Aldeia Jaguapiru. Os resultados positivos angariaram o apoio do Ministério da Educação, na execução do segundo núcleo do programa, na Aldeia Bororó. EAD Em 1998, a instituição deu um grande passo para o futuro. A UNIGRAN foi uma das primeiras do país a instalar um servidor e franquear o acesso à internet aos seus alunos e professores. Para tanto, contou com o pessoal próprio, a maioria formada em seu curso de Ciência da Computação, que desenvolveu ainda os sistemas de informação da biblioteca e da secretaria acadêmica. E na combinação das tecnologias digitais de comunicação com a nova mídia e novos métodos de ensino-aprendizagem, a Instituição fundou as bases de seus cursos de educação a distância, na graduação e na pós-graduação. Infra-estrutura Em um estado onde as distâncias são grandes, a educação a distância está possibilitando a formação superior de um grande número de estudantes. Esse projeto que iniciou ainda em 2001, com a introdução gradual de disciplinas ministradas a distância e com a capacitação dos docentes nessa modalidade de ensino, se consolidou em 2006, com a inauguração do Complexo de Comunicação, formado por estúdios de rádio e TV digitais, e por um servidor especial de Internet, que possibilita a navegação em gigabytes, para transmissão das aulas multimídia. A maior e mais bem aparelhada biblioteca do interior do Estado; instalações aquáticas com piscinas aquecidas; 40 laboratórios completos para os cursos de Biomedicina, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Educação Física, Estética, Ciências Biológicas, Ciência da Computação, Nutrição, Agronomia e Veterinária. A clínica-escola de Fisioterapia, considerada modelo, realiza mais de dois mil procedimentos, mensalmente. Também em prédios próprios no Centro da 126 A qualidade das instalações e do corpo docente, dos planos pedagógicos de seus cursos, e o histórico da Instituição credenciam o ensino a distância da UNIGRAN, que hoje possui alunos estudando em casa, em todo o Mato Grosso do Sul, em vários outros estados PRIMEIRA PARTE brasileiros e na Europa e Ásia por meio de seus pólos já instalados em Portugal e Japão. É o reconhecimento de uma educação desenvolvida fora dos grandes centros populacionais do país, mas compromissada com o desenvolvimento humano e que teve um avanço a partir de sua transformação em Centro Universitário, em 1998. ção do conhecimento. Estes módulos são realizados através das sessões tutoriais, consultorias, conferências e atividades eletivas, utilizando a metodologia da Aprendizagem Baseada em Problemas - PBL, com várias de suas características principais, entre as quais destacam-se: • o aluno é responsável por seu aprendizado, o que inclui a organização de seu tempo e a busca de oportunidades para aprender; • o currículo é integrado e integrador e fornece uma linha condutora geral, no intuito de facilitar e estimular o aprendizado. Esta linha se traduz nas unidades educacionais temáticas do currículo e nos problemas, que deverão ser discutidos e resolvidos nos grupos tutoriais; • a instituição oferece uma grande variedade de oportunidades de aprendizado através de laboratórios, ambulatórios, experiências e estágios hospitalares e comunitários, bibliotecas tradicionais e acesso a meios eletrônicos (Internet); • o aluno é precocemente inserido em atividades práticas relevantes para sua futura vida profissional. INFRA-ESTRUTURA ALIADA AO MODELO PEDAGÓGICO: A EXPERIÊNCIA INOVADORA DO CURSO DE MEDICINA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PARÁ – CESUPA O modelo pedagógico do recém implantado curso de medicina do CESUPA, fundamentado teoricamente no paradigma da integralidade, organiza-se com base na concepção centrada no aluno como sujeito da aprendizagem e apoiado no professor como facilitador do processo. É orientado para a comunidade, utilizando várias metodologias ativas e privilegia a aprendizagem baseada em problemas. O modelo evidencia o “aprender fazendo”, propondo assim a mudança da seqüência clássica teoria/ prática para o processo de produção do conhecimento que ocorre de forma dinâmica através da ação-reflexão-ação. Na realidade, pretende-se conjugar o enfoque pedagógico que melhor desenvolva os aspectos cognitivos da educação (aprender a aprender) com o foco que permite o melhor desenvolvimento das habilidades psicomotoras e de atitudes (aprender fazendo). Módulo de Interação em Saúde na Comunidade – MISC A proposta pedagógica integra as dimensões biológica, psicológica e social em todo o percurso do curso de graduação. O modelo está organizado através de módulos que devem orientar-se em sua construção por sistemas orgânicos, ciclos de vida e apresentações clínicas, integrando um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que são desenvolvidos como objetivos educacionais. O MISC é uma unidade desenvolvida semanal e continuamente em todos os períodos do curso, fazendo parte de uma proposta educacional baseada na comunidade, com trabalho em equipe multiprofissional e interdisciplinar. O ambiente de ensino deste módulo é a comunidade em torno da unidade básica de saúde (área de abrangência). Esta comunidade inclui grupos sociais, escolas, locais de trabalho, instituições sociais e famílias, entre outras. Nesse contexto, optou-se por construir a matriz curricular em Módulos Temáticos - MT, Interação em Saúde na Comunidade - MISC e Treinamento de Habilidades e Atitudes Profissionais - HP. O MISC permite ao estudante trabalhar com membros da comunidade, não restringindo-se à temática médica estrita, mas estendendo-se em outros setores relacionados aos problemas de saúde existentes ou potencialmente identificados. Os estudantes conduzirão, em equipes, pesquisas na comunidade, desenvolvendo experiências em vigilância à saúde e em análise e solução de problemas, bem como habilidades clínicas relacionadas aos cuidados de saúde individual e da comunidade. Módulos Temáticos - MT Cada Módulo Temático está organizado em assuntos que seguem uma lógica (ciclos de vida e sistemas). Tem abordagem interdisciplinar, cujo conteúdo é organizado em problemas que constituem o elemento motivador para o estudo e o momento de integra- 127 A meta do MISC é proporcionar aos estudantes, através de um trabalho contínuo durante todo o curso de graduação, conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias à prática profissional em atenção primária à saúde, tornando o futuro profissional não somente O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 sensibilizado em relação à importância do trabalho nas unidades básicas de saúde, mas preparado para prosseguir como um participante ativo de programas de base comunitária. Treinamento em Habilidades e Atitudes Profissionais - HP nizado por sistemas orgânicos, no qual o aluno dispõe de material referente a: morfologia normal e patológica, macro e microscópica; peças anatômicas artificiais; peças anatômicas naturais incluídas em resina polimerizada; computador com acesso à internet; livros; vídeos; cd-rom; microscópio e acervo de imagens. • Laboratório de Habilidades, funcionalmente distribuído em 12 (doze) estações, assim identificadas: Medidas Auxiliares do Tratamento Médico; Noções de Assepsia/Anti-Sepsia e Biossegurança; Equipamentos de Semiologia e Aferição dos Sinais Vitais; Vias Aéreas e Ventilação; Acesso Vascular Periférico e Central; Imobilização; Reanimação Cardio-Respiratória; Interpretação de Exames Radiológicos; Exame Ginecológico; Exame Obstétrico e Parto; Procedimentos Cirúrgicos e Anestesia; e Exercícios de Raciocínio e de Decisão Clínica. • Laboratório de Recursos Multimeios, ambiente instalado no interior da Biblioteca. Sublinhe-se, também, que para a Biblioteca do novo Curso, espaço indispensável e fundamental de ensino-apredizagem, além de livros e periódicos, foram adquiridos materiais instrucionais especiais, tais como, vídeos, CD-ROMs e software. O exercício da medicina requer não só conhecimentos, mas também habilidades e atitudes que serão desenvolvidas durante toda a formação médica e deverão ser aperfeiçoadas na residência médica e na pós-graduação (mestrado e doutorado). O treinamento de habilidades é um programa educativo estruturado longitudinalmente, que visa capacitar para o exercício adequado da medicina. A Matriz Curricular O curso médico do CESUPA será desenvolvido em 6 anos (12 semestres). Em resumo, a operacionalização da Matriz Curricular, que considera o semestre com 20 semanas, será feita através das seguintes atividades: • Módulos temáticos (08 módulos semestrais, durante os 04 anos iniciais) - grupos tutoriais - conferências - consultorias - outras atividades (eletivas) • Interação em saúde na comunidade (ao longo dos 04 anos iniciais) • Treinamento em habilidades e atitudes (durante os 04 anos iniciais) • Internato (02 últimos anos do curso), com rodízio nas principais áreas do conhecimento. Para a consecução dos objetivos traçados por essa proposta de formação inovadora na área médica, o arranjo físico instalado obedeceu às seguintes diretrizes principais: • Organização do espaço físico para uso do material de ensino, na perspectiva de um ensino centrado no aluno. • Adequação de Ambientes de Aprendizagem, voltados às metodologias de ensino. • Aquisição de material de ensino em geral: livros, revistas, equipamentos e material de consumo para as aulas práticas, recursos audiovisuais, etc. Nessa perspectiva, foram implantados e equipados os seguintes laboratórios: • Laboratório Morfofuncional, orga- Paralelamente à instalação dos laboratórios referidos, foram implantados outros ambientes de aprendizagem, a saber: 10 (dez) salas de tutoria, 02 (duas) salas de conferência e 01 (um) Laboratório de Informática, todos com recursos audio-visuais que auxiliam na implementação de práticas pedagógicas inovadoras. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com efeito, os relatos de experiência aqui apresentados constituem uma forma de homenagear os Centros Universitários do Brasil, à ocasião em que se celebra a primeira década de sua criação, pelo compromisso assumido com o sentido público da construção social. 128 Concluo agradecendo de modo especial a cada um dos professores que colaboraram para a construção do texto, do qual se tornaram co-autores, mediante o envio dos relatos. São eles: • Euler Pereira Bahia, do Centro Universitário Adventista de São Paulo – UNASP; • Getúlio Moreira Lopes e Flávia Fonseca, do Centro Universitário de Brasília – UniCEUB; • João Carlos de Campos, do Centro Uni- PRIMEIRA PARTE versitário de Lins – UNILINS; • José Augusto Trindade Padilha, do Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ; • José Pio Martins, do Centro Universitário Positivo – UnicenP; • Pe. Christian de Paul de Barchifontaine, Paulo Eduardo Marcondes de Salles e Regina Lúcia Lopes Victorino, do Centro Universitário São Camilo; • Roque Danilo Bersch, do Centro Universitário UNIVATES; • Rosa De Déa, do Centro Universitário da Grande Dourados – UNIGRAN; e • Wilson de Matos Silva e Solange Munhoz Arroyo Lopes, do Centro Universitário de Maringá – CESUMAR. 129 PARTE II CENTROS UNIVERSITÁRIOS BRASILEIROS, JOVENS E CONTEMPORÂNEOS SEGUNDA PARTE 1.-. A EXPANSÃO DA GRADUAÇÃO E A CONTRIBUIÇÃO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS PARA A UNIVERSALIZAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR Paulo A. Gomes Cardim23(*) O centro universitário teve sua origem na certeza de que a excelência na graduação é mais importante que um simulacro de pesquisa. Eunice Durham ASPECTOS LEGAIS A LDB – Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 – dispõe, no art. 45, que “a educação superior será ministrada em instituições de ensino superior, públicas ou privadas, com variados graus de abrangência ou especialização”. Na LDB só existem dois tipos de instituições de ensino superior (IES) – as universidades e as “instituições não-universitárias”. Em 11 de dezembro de 2003 o governo, em uma desastrada decisão política, faz publicar o Decreto nº 4.914, revogando o art. 11 do Decreto nº 3.860/2001 e atribuindo aos centros universitários as mesmas funções das universidades, com os mesmos requisitos para o credenciamento e funcionamento destas, além de vedar a constituição de novos centros universitários. Dos centros universitários passou-se a exigir o cumprimento, até 31 de dezembro de 2007, “do princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, previsto no art. 207 da Constituição, e os requisitos estabelecidos no art. 52 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, sendo que os trinta e três por cento do corpo docente em regime de tempo integral serão satisfeitos da seguinte forma: I - quinze por cento, até dezembro de 2004; II - vinte por cento, até dezembro de 2005; III - trinta por cento, até dezembro de 2006; e IV - trinta e três por cento, até dezembro de 2007”. O Decreto nº 2.207, de 15 de abril de 1997, que regulamentou, para o Sistema Federal de Ensino (SFE), as disposições contidas nos art. 19, 20, 45, 46 e § 1º, 52, parágrafo único, 54 e 88 da Lei n.º 9.394, de 1996, estabeleceu a seguinte organização acadêmica para as IES do SFE, no art. 4º: I – universidades; II – centros universitários; III – faculdades integradas; IV – faculdades; O referido decreto ameaçava com o “imediato descredenciamento do centro universitário, retornando ele a sua situação anterior junto ao Ministério da Educação”, caso não fossem cumpridas as determinações desse estranho e inoportuno decreto presidencial. V – institutos superiores ou escolas superiores. Estava criada a figura do “centro universitário”. O art. 6º do citado decreto classificava os centros universitários como “instituições de ensino superior pluricurriculares, abrangendo uma ou mais áreas do conhecimento, que se caracterizam pela excelência do ensino oferecido, comprovada pela qualificação do seu corpo docente e pelas condições de trabalho acadêmico oferecidas à comunidade escolar...”. O Decreto nº 2.306, de 19 de agosto de 1997, revogou o Decreto nº 2.207/97 e estabeleceu novo regulamento para os artigos 16, 19, 20, 45, 46 e § 1º, 52, parágrafo único, 54 e 88 da LDB, mantendo a mesma classificação para as IES do SFE. O Decreto nº 5.773, de 9 de maio de 2006 – o “decreto ponte” – revoga o Decreto nº 3.860/2001, regulamentando o exercício das funções de regulação, supervisão e avaliação de IES e cursos superiores de graduação e seqüenciais no SFE. As IES passam, agora, a ser classificadas como universidades, centros universitários e faculdades. Em “faculdades” são admitidas as “faculdades integradas, “institutos superiores” ou “escolas superiores”. O Decreto nº 3.860, de 9 de julho de 2001, revoga o Decreto nº 2.306/97, mas mantém a mesma classificação, introduzindo, todavia, os “centros federais de educação tecnológica”, que já existiam, equiparandoos aos centros universitários. 23 (*)Vice-Presidente da CONFENEN Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino e Reitor do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. Em 24 de maio de 2006 o governo revê sua posição em relação aos centros universitários e edita o Decreto nº 5.786, que revoga o desastrado Decreto nº 4.914/2003 e recoloca os centros universitários em sua verdadeira missão institucional, sem confundi-los com a universidade. 131 O Decreto nº 5.786/2006 dispõe que “os centros O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 universitários são instituições de ensino superior pluricurriculares, que se caracterizam pela excelência do ensino oferecido, pela qualificação do seu corpo docente e pelas condições de trabalho acadêmico oferecidas à comunidade escolar”. Para tanto, devem atender aos seguintes requisitos: “I - um quinto do corpo docente em regime de tempo integral; e II - um terço do corpo docente, pelo menos, com titulação acadêmica de mestrado ou doutorado”. É mantida a autonomia para “criar, organizar e extinguir, em sua sede, cursos e programas de educação superior, assim como remanejar ou ampliar vagas nos cursos existentes”, devendo, contudo, serem observados “os limites definidos no plano de desenvolvimento da instituição”. Traz, porém, uma limitação desnecessária, ao vedar “aos centros universitários a atuação e a criação de cursos fora de sua sede, indicada nos atos legais de credenciamento”. É mantida, ainda, a autonomia para registrar diplomas dos cursos expedidos pelos centros universitários, já assegurada pelo Parecer CNE/CES nº 250, de 7/8/2002, que mereceu homologação ministerial. Deve-se ressaltar, também, que as instituições não vocacionadas para a pesquisa, mas que praticam ensino de qualidade e, eventualmente, extensão, têm um importante papel a cumprir no sistema de educação superior e sua expansão, devendo exercer inclusive prerrogativas da autonomia. É o caso dos centros universitários. O Prof. Abílio Baeta Neves, então presidente da CAPES, ao avaliar a criação dos centros universitários, chegou a afirmar que “os centros universitários são um desafio salutar para a moderna educação superior”. E o ministro Paulo Renato, da Educação, responsável pela introdução dos centros universitários na organização acadêmica do SFE disse que na sua visão, ”a missão dos centros universitários é o ensino de graduação de qualidade”. O revogado Decreto nº 4.914/2003 prejudicou, consideravelmente, a expansão do ensino nos centros universitários, tendo em vista a insegurança quanto aos destinos desse tipo de IES. A limitação da atuação dos centros universitários à sua sede é, também, outro fator que inibe muitas ações institucionais que poderiam reverter para a expansão planejada da oferta de cursos de graduação, especialmente em regiões não atendidas pelas universidades. A EXPANSÃO DO ENSINO DE GRADUAÇÃO O ano de 1997 marca o início de funcionamento dos centros universitários. A SINOPSE ESTATÍSTICA DO ENSINO SUPERIOR – GRADUAÇÃO - 199924 registra a existência de 39 centros universitários, correspondendo a 3,55% do total das IES recenseadas (1.097, sendo 155 universidades). A EVOLUÇÃO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS Em 2007, o Cadastro da Educação Superior do INEP25 consigna 2.457 IES, das quais 124 centros universitários (5,05%), 179 universidades (7,29%) e 2.154 (87,66%) faculdades integradas, faculdades, escolas ou instituto superiores e os centros federais de educação tecnológica. Uma evolução de mais de 217% no período (1999-2007). Os centros universitários têm presença marcante no sudeste, com 83 instituições, superando a quantidade de universidades. O norte e o nordeste são as regiões com menor quantidade de centros universitários, respectivamente, 8 e 3. O quadro na página seguinte faz uma radiografia das IES cadastradas no INEP, por organização acadêmica em setembro de 200726. Os primeiros centros universitários foram credenciados em 1997 sob a égide do Decreto nº 2.306/97. Estão completando, portanto, dez anos de funcionamento. Nessa curta existência os centros universitários contribuíram significativamente para a expansão do ensino de graduação, atendendo às demandas para a formação de cidadãos e profissionais qualificados para o mercado de trabalho. Esse fato é reconhecido pelo Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado pela Lei nº 10.172, de 9 de janeiro de 2001, quando trata das diretrizes e expansão para a educação superior, na primeira década deste milênio: Os centros universitários são maciçamente mantidos pela livre iniciativa. Dos 124 existentes, 118 são instituições de natureza jurídica privada (95,17%); cinco são mantidos por prefeituras municipais e, apenas, um mantido por governo estadual. 24 http://www.inep.gov.br/download/censo/1999/superior/miolo1_ Sinopse_Superior99.pdf 25 http://www.educacaosuperior.inep.gov.br/ 26 http://www.educacaosuperior.inep.gov.br/, acessada em 28/9/2007. 132 SEGUNDA PARTE IES CADASTRADAS NO INEP POR ORGANIZAÇÃO ACADÊMICA EM SETEMBRO DE 2007 TIPO DE IES Universidade Centro Universitário Faculdade* TOTAIS NORTE 13 8 127 148 NORDESTE 34 3 404 441 CENTRO OESTE 14 11 241 266 SUDESTE 79 83 1.028 1.190 SUL 39 19 354 412 TOTAIS 179 124 2.154 2.457 % 7,29 5,05 87,66 100,00 * Em “Faculdade” incluem-se os centros federais de educação tecnológica, as faculdades integradas, as faculdades e as escolas ou institutos superiores. Nove unidades da Federação não possuem centros universitários cadastrados no INEP: Acre, Alagoas, Amapá, Ceará, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Roraima e Sergipe. Nas demais unidades o quadro é o seguinte: 1. Amazonas – 4: • Centro Universitário de Ensino Superior do Amazonas (UNICIESA); • Centro Universitário do Norte (UNINORTE); • Centro Universitário Luterano de Manaus (CEULM/ULBRA); • Centro Universitário Nilton Lins (UNINILTONLINS); 2. Bahia – 1: • Centro Universitário da Bahia (FIB); 3. Distrito Federal – 4: • Centro Universitário de Brasília (UniCEUB); • Centro Universitário do Distrito Federal (UNIDF); • Centro Universitário Euro-Americano (UNIEURO); • Centro Universitário Planalto do Distrito Federal (UNIPLAN); 4. Espírito Santo – 3: • Centro Universitário do Espírito Santo (UNESC); • Centro Universitário São Camilo – Espírito Santo (CUSC); • Centro Universitário Vila Velha (UVV); 5. Goiás – 3: • Centro Universitário de Anápolis (UNIEVANGÉLICA); • Centro Universitário de Desenvolvimento do Centro Oeste (UNIDESC); • Centro Universitário de Goiás (UNIANHANGUERA); 6. Maranhão – 1 : • Centro Universitário do Maranhão (UNICEUMA); 7. Mato Grosso – 2: • Centro Universitário Cândido Rondon (UNIRONDON); • Centro Universitário de Várzea Grande (UNIVAG); 8. Mato Grosso do Sul – 2: • Centro Universitário da Grande Dourados (UNIGRAN); • Centro Universitário de Campo Grande (UNAES); 9. Minas Gerais – 16: • Centro Universitário da Fundação Educacional de Guaxupé (UNIFEG); • Centro Universitário de Belo Horizonte (UNIBH); • Centro Universitário de Caratinga (UNEC); • Centro Universitário de Formiga (UNIFORMG); • Centro Universitário de Itajubá (UNIVERSITAS); • Centro Universitário de Lavras (UNILAVRAS); • Centro Universitário de Patos de Minas (UNIPAM); • Centro Universitário de Sete Lagoas (UNIFEMM); • Centro Universitário do Cerrado-Patrocínio (UNICERP); • Centro Universitário do Leste de Minas Gerais (UNILESTE-MG); • Centro Universitário do Planalto de Araxá (UNIARAXÁ); • Centro Universitário do Sul de Minas (UNIS-MG); • Centro Universitário do Triângulo (UNITRI); • Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix (IMIH); • Centro Universitário Newton Paiva (NEWTON PAIVA); • Centro Universitário Una (UNA); 133 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 10.Pará – 2: • Centro Universitário do Estado do Pará (CESUPA); • Centro Universitário Luterano de Santarém (CEULS); 11.Paraíba – 1: • Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ); 12.Paraná – 8: • Centro Universitário Campos de Andrade (UNIANDRADE); • Centro Universitário Curitiba (UNICURITIBA); • Centro Universitário de Maringá (CESUMAR); • Centro Universitário de União da Vitória (UNIUV); • Centro Universitário Diocesano do Sudoeste do Paraná (UNICS); • Centro Universitário Filadélfia (UNIFIL); • Centro Universitário Franciscano do Paraná (UNIFAE); • Centro Universitário Positivo (UNICENP); 13. Rio de Janeiro – 16: • Abeu – Centro Universitário (UNIABEU); • Centro Universitário Augusto Motta (UNISUAM); • Centro Universitário Carioca (UNICARIOCA); • Centro Universitário Celso Lisboa (CEUCEL); • Centro Universitário da Cidade (UNIVERCIDADE); • Centro Universitário de Barra Mansa (UBM); • Centro Universitário de Volta Redonda (UNIFOA); • Centro Universitário Estadual da Zona Oeste (UEZO); • Centro Universitário Fluminense (UNIFLU); • Centro Universitário Geraldo Di Biase (UGB); • Centro Universitário Hermínio da Silveira (UNIIBMR); • Centro Universitário Metodista Bennet – (METODISTA DO RIO); • Centro Universitário Moacyr Sreder Bastos (MSB); • Centro Universitário Plínio Leite (UNIPLI); • Centro Universitário Serra dos Órgãos (FESO); • Conservatório Brasileiro de Música – Centro Universitário (CBM/CEU); 14.Rio Grande do Sul – 6: • Centro Universitário Feevale (FEEVALE); • Centro Universitário Franciscano (UNIFRA); • Centro Universitário La Salle (UNILASALLE); • Centro Universitário Metodista (IPA); • Centro Universitário Ritter dos Reis (UNIRITTER); • Centro Universitário Univates (UNIVATES); 15.Rondônia – 1: • Centro Universitário Luterano de Ji-Paraná (CEULJI/ULBRA); 16.Santa Catarina – 5: • Centro Universitário Barriga Verde (UNIBAVE); • Centro Universitário de Brusque (UNIFEBE); • Centro Universitário de Jaraguá do Sul (UNERJ); • Centro Universitário Leonardo Da Vinci (UNIASSELVI); • Centro Universitário Municipal de São José (USJ); 17.São Paulo – 48: • Centro Universitário de Espírito Santo do Pinhal (UNIPINHAL); • Centro Universitário Adventista de São Paulo (UNASP); • Centro Universitário Álvares Penteado (FECAP); • Centro Universitário Amparense (UNIFIA); • Centro Universitário Anhanguera (UNIFIAN); • Centro Universitário Assunção (UNIFAI); • Centro Universitário Barão de Mauá (CBM); • Centro Universitário Belas Artes de São Paulo; • Centro Universitário Capital (UNICAPITAL); • Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium (UNISALESIANO); • Centro Universitário Central Paulista (UNICEP); 134 SEGUNDA PARTE • Centro Universitário Claretiano (CEUCLAR); • Centro Universitário da Fundação Educacional Inaciana Pe. Sabóia de Medeiros (FEI); • Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino – Fae (UNIFAE); • Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU); • Centro Universitário de Araraquara (UNIARA); • Centro Universitário de Araras Dr. Edmundo Ulson (UNAR-UNAR); • Centro Universitário de Franca (UNIFACEF) • Centro Universitário de Jales (UNIJALES); • Centro Universitário de Lins (UNILINS); • Centro Universitário de Rio Preto (UNIRP); • Centro Universitário de Santo André (UNIA); • Centro Universitário de Votuporanga (UNIFEV); • Centro Universitário do Instituto Mauá de Tecnologia (CEUN-IMT); • Centro Universitário do Norte Paulista (UNORP); • Centro Universitário Eurípedes de Marília (UNIVEM); • Centro Universitário Fieo (UNIFIEO); • Centro Universitário da Fundação de Ensino Octávio Bastos – Feob (UNIFEOB); • Centro Universitário Fundação Santo André (CUFSA); • Centro Universitário Hermínio Ometto de Araras (UNIARARAS); • Centro Universitário Ibero-Americano (UNIBERO); • Centro Universitário Ítalo-Brasileiro (UNIÍTALO); • Centro Universitário Lusíadas (UNILUS); • Centro Universitário Metropolitano de São Paulo (UNIMESP); • Centro Universitário Módulo (MÓDULO); • Centro Universitário Monte Serrat (UNIMONTE); • Centro Universitário Moura Lacerda (CUML); • Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio (CEUNSP); • Centro Universitário Nove de Julho (UNINOVE); • Centro Universitário Padre Anchieta (UNIANCHIETA); • Centro Universitário Paulistano (UNIPAULISTA); • Centro Universitário Radial (UNIRADIAL); • Centro Universitário Salesiano de São Paulo (UNISAL); • Centro Universitário Sant’Anna (UNISANT’ANNA); • Centro Universitário São Camilo (SÃO CAMILO); • Centro Universitário Senac (SENAC-SP); • Centro Universitário Toledo (UNITOLEDO); • Fiam-Faam – Centro Universitário (UNIFIAM-FAAM); 18.Tocantins – 1: • Centro Universitário Luterano de Palmas (CEULP). mento, no mesmo período, de 68% nas matrículas em universidades e 168% para os demais tipos de IES que integram o SFE. A EXPANSÃO DA GRADUAÇÃO Os cursos de graduação – bacharelados, licenciaturas e cursos superiores de tecnologia – são o foco dos centros universitários, na busca permanente pela qualidade. Os centros universitários, com base no Cadastro da Educação Superior do INEP, ofertam, no segundo semestre de 2007, mais de 3.30027 cursos de graduação, com matrícula total estimada em cerca de 830 mil alunos. Em 1999, estavam matriculados 160 mil estudantes. Registra-se, assim, um crescimento da ordem de 420% no período (1999-2007), contra um cresci27 Não está incluída a duplicata de cursos ofertados em câmpus ou unidades descentralizadas ou fora de sede. Por exemplo, o curso de Direito conta apenas uma vez, embora seja ofertado em várias unidades, na sede ou fora dela. 135 O quadro na página seguinte discrimina as matrículas por organização acadêmica, de 1998 (ano anterior à implantação dos centros universitários) a 2007, nos cursos de graduação – bacharelados, licenciaturas e cursos superiores de tecnologia. Os números consignados em 2006 e 2007 são estimativas baseadas na expansão de matrículas dos dois últimos anos constantes do Censo da Educação Superior. Observa-se que a expansão do ensino superior, entre 2004 e 2007, ocorreu prioritariamente com o credenciamento de novas faculdades. Nos últimos dez anos, nenhuma universidade particular foi credenciada. Por outro lado, o ritmo de credenciamento de centros universitários, a partir de 2004, foi reduzido, como conseqüência do Decreto nº 4.914/2003. Essa retração no credenciamento de novos centros universitários teve efeito negativo na expansão das O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 EVOLUÇÃO DA MATRÍCULA NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO 1998/2007 Univ 1998 1.467.888 1999 1.619.734 2000 1.806.929 2001 1.956.542 2002 2.150.659 Centro ------------- 160.977 244.679 338.275 430.315 501.108 614.913 674.927 742.419 831.509 658.070 589.234 646.577 735.937 898.939 1.109.633 1.179.103 1.308.451 1.438.800 1.581.850 2.125.958 2.369.945 2.694.245 3.030.754 3.479.913 3.887.022 4.163.733 4.453.156 4.774.485 5.136.288 Fac Totais 2003 2.276.281 2004 2.369.717 2005 2.469.778 2006 2.593.266 2007 2.722.929 Fonte: INEP – Censo de Educação Superior – 1998/2005. matrículas da graduação. Mesmo assim, os centros universitários existentes demonstraram competência e compromisso social, expandido cursos e vagas, com qualidade e responsabilidade. da faixa etária de 18 a 24 anos. Estabelecer uma política de expansão que diminua as desigualdades de oferta existentes entre as diferentes regiões do País. Estabelecer um amplo sistema interativo de educação à distância, utilizando-o, inclusive, para ampliar as possibilidades de atendimento nos cursos presenciais, regulares ou de educação continuada. O PNE E O PAPEL DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS O PNE, aprovado em 2001 para a primeira década deste milênio, faz o seguinte diagnóstico da educação superior brasileira: No conjunto da América Latina, o Brasil apresenta um dos índices mais baixos de acesso à educação superior, mesmo quando se leva em consideração o setor privado. Assim, a porcentagem de matriculados na educação superior brasileiro em relação à população de 18 a 24 anos é de menos de 12%, comparando-se desfavoravelmente com os índices de outros países do continente. A Argentina, embora conte com 40% da faixa etária, configura um caso a parte, uma vez que adotou o ingresso irrestrito, o que se reflete em altos índices de repetência e evasão nos primeiros anos. Mas o Brasil continua em situação desfavorável frente ao Chile (20,6%), à Venezuela (26%) e à Bolívia ( 20,6%). Diversificar a oferta de ensino, incentivando a criação de cursos noturnos com propostas inovadoras, de cursos seqüenciais e de cursos modulares, com a certificação, permitindo maior flexibilidade na formação e ampliação da oferta de ensino. Garantir, nas instituições de educação superior, a oferta de cursos de extensão, para atender as necessidades da educação continuada de adultos, com ou sem formação superior, na perspectiva de integrar o necessário esforço nacional de resgate da dívida social e educacional. Ao estabelecer as diretrizes do PNE para esta década, o documento reconhece a importância dos centros universitários para o cumprimento das metas fixadas: Deve-se ressaltar, também, que as instituições não vocacionadas para a pesquisa, mas que praticam ensino de qualidade e, eventualmente, extensão, têm um importante papel a cumprir no sistema de educação superior e sua expansão, devendo exercer inclusive prerrogativas da autonomia. É o caso dos centros universitários. (gn) Entre as metas do PNE, os centros universitários podem contribuir para o alcance de algumas delas, como as transcritas a seguir: Prover, até o final da década, a oferta de educação superior para, pelo menos, 30% A meta de oferta da educação superior “para, pelo menos, 30% da faixa etária de 18 a 24 anos”, até o final desta década, parece difícil de ser alcançada. Em 2007, o percentual estimado é de 11%. Os centros universitários podem, contudo, exercer papel importante para o alcance dessa meta ou, pelo menos, o atingimento de um percentual mais próximo de 30%. Os centros universitários têm a missão principal de formar cidadãos e profissionais qualificados, nas áreas de atuação da instituição, resguardando as características, a cultura organizacional e a missão específica de cada uma. 136 Na sua primeira década de funcionamento, os centros universitários contribuíram com aumento nas matrículas de seus cursos de graduação de cerca de 420%, superando todos os demais tipos de IES, tendo presente a meta de “prover, até o final da década, a oferta de educação superior para, pelo menos, 30% da faixa etária de 18 a 24 anos”. E os centros universitários têm demonstrado competência na oferta do ensino de graduação. Até a presente data, todos os centros SEGUNDA PARTE universitários que foram submetidos ao processo de avaliação institucional externa foram recredenciados. Esse fato demonstra a qualidade da educação desenvolvida pelos centros universitários. O efetivo cumprimento do Decreto nº 5.786/2006, sem quaisquer “aditivos regulamentadores-cartorários”, pode significar um expressivo avanço para a consolidação dos centros universitários. Mas os centros universitários atuam, também, para a eliminação das “desigualdades de oferta existentes entre as diferentes regiões do País”. A adesão ao ProUni é uma prova da responsabilidade social dos centros universitários, colaborando com o Poder Público na ampliação de oferta de vagas para estudantes sem condições econômicas de custear os seus próprios estudos. Os centros universitários são uma experiência brasileira que está dando certo. Basta o governo não interferir negativamente, respeitando a autonomia dos centros universitários e as características institucionais e regionais. Num país continental como o Brasil, de diferenças extremas, não se pode avaliar, com um mesmo instrumento, IES do Norte e do Sudeste ou do Sul, por exemplo. Há que se ter flexibilidade de métodos e critérios, para que esse tipo de IES possa exercitar a criatividade e a inovação de seu capital intelectual. Assim, os centros universitários poderão dar expressiva contribuição para que os jovens brasileiros, na faixa etária de 18 a 24 anos, e os demais que desejarem continuar ou voltar aos estudos, no processo de educação continuada, possam optar por uma variedade ampla de cursos e programas de educação superior, com vagas suficientes para atender à demanda por estudos superiores de qualidade. Alguns centros universitários, por outro lado, partem para o credenciamento da educação a distância, como forma de diversificar a oferta de cursos e ampliar o alcance dos mesmos, abrindo fronteiras para a capacitação, com qualidade, de parcelas da população brasileira sem condições de freqüentar com regularidade os bancos escolares, mas em condições de aprendizagem ideal. A diversificação da oferta de ensino, com propostas pedagógicas inovadoras, o desenvolvimento de cursos seqüenciais e os de graduação tecnológica e a implantação de experiências modulares está, por outro lado, permitindo “maior flexibilidade na formação e ampliação da oferta de ensino”. Os centros universitários têm, ainda, atuação densa nas atividades extensionistas, na oferta de cursos e serviços à comunidade social em que cada um está inserido, especialmente, “para atender as necessidades da educação continuada de adultos, com ou sem formação superior, na perspectiva de integrar o necessário esforço nacional de resgate da dívida social e educacional”. Os centros universitários, nesta década, têm condições de se consolidarem como instituições de ensino superior destinadas a fortalecer e a privilegiar o ensino de graduação, a extensão e a pós-graduação, em nível de especialização. Estará formando e capacitando cidadãos e profissionais que o Brasil necessita para o fortalecimento da sociedade e da nossa economia, uma das mais destacadas na era da globalização. O Decreto nº 5.786/2006 exige para o credenciamento de centro universitário que a IES tenha: 1. mais de dois cursos de graduação, pois são consideradas instituições “pluricurriculares”; 2. 20% corpo docente em regime de tempo integral; 3. um terço do corpo docente, pelo menos, com titulação acadêmica de mestrado ou doutorado; 4. avaliação positiva pelo Sistema nacional de Avaliação da Educação Superior – SINAES. 137 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 A EXPANSÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR E A CONTRIBUIÇÃO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS Paulo M. V. B. Barone28(*) INTRODUÇÃO para o aperfeiçoamento da Humanidade. Art. 2º A organização das universidades brasileiras atenderá primordialmente, ao critério dos reclamos e necessidades do País e, assim, será orientada pelos fatores nacionais de ordem psíquica, social e econômica e por quaisquer outras circunstâncias que possam interferir na realização dos atos desígnios universitários. A Educação Superior teve um processo constitutivo tardio no país, cujo marco inicial foi a criação da Escola de Cirurgia da Bahia, em fevereiro de 1808, e da Escola de Anatomia, Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, em novembro do mesmo ano, quase três séculos depois da criação das primeiras Universidades na América espanhola. Incipiente ao longo do século XIX, a Educação Superior ganhou espaço no início do século XX com a criação de Escolas Superiores em diversas capitais e outras cidades. Apenas em 1931 a Lei Francisco Campos (de fato, o Decreto no 19851, de 11 de abril de 1931), que estabelece o Estatuto da Universidade Brasileira, Dispõe que o ensino superior no Brasil obedecerá, de preferência, ao sistema universitário, podendo ainda ser ministrado em institutos isolados, e que a organização técnica e administrativa das universidades é instituída no presente decreto, regendo-se os institutos isolados pelos respectivos regulamentos, observados os dispositivos do seguinte Estatuto das Universidades Brasileiras. (...) Sob o Estatuto das Universidades Brasileiras foram criadas as primeiras Universidades brasileiras, a Universidade de São Paulo e a Universidade do Distrito Federal. Art. 3º O regime universitário no Brasil obedecerá aos preceitos gerais instituídos no presente decreto, podendo, entretanto, admitir variantes regionais no que respeita à administração e aos modelos didáticos. Ao longo das sete décadas que se passaram desde a edição do Estatuto, a Educação Superior institucionalizou-se, diversificou-se e expandiu-se em sucessivas ondas, especialmente nos anos que se seguiram à redemocratização do país após o Estado Novo, ao longo da década de 1970 e de meados dos anos 1990 até o presente. A Tabela 1 demonstra o crescimento da Educação Superior por meio do número de Instituições públicas e privadas criadas a cada década. Destacam-se no texto do Estatuto as definições das finalidades do Ensino Universitário (Art. 1o), da relação entre a organização institucional e as demandas do país (Art. 2o) e a admissão de variantes regionais na administração e no ensino (Art. 3o): Art. 1º O ensino universitário tem como finalidade: elevar o nivel da cultura geral, estimular a investigação científica em quaisquer domínios dos conhecimentos humanos; habilitar ao exercício de atividades que requerem preparo técnico e científico superior; concorrer, enfim, pela educação do indivíduo e da coletividade, pela harmonia de objetivos entre professores e estudantes e pelo aproveitamento de todas as atividades universitárias, para a grandeza na Nação e Até 1996, a legislação educacional previa a existência de dois modelos institucionais para a educação Superior: os Estabelecimentos isolados e as Universidades. Estas, que reuniriam cinco ou mais Estabelecimentos, seriam dotadas de prerrogativas de autonomia expressas como autonomia didática, administrativa, financeira e disciplinar (Lei no 4024/1961, Art. 80) ou autonomia didático-científica, disciplinar, administrativa e financeira (Lei no 5540/1968, Art. 3o). 28 Departamento de Física, Universidade Federal de Juiz de Fora, Câmara de Educação Superior, Conselho Nacional de Educação. No que diz respeito às finalidades da Educação Superior, o quadro legal anterior à edição da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional atualmente em vigor (Lei no 9394/1996) estabelecia que O ensino superior tem por objetivo a pesquisa, o desenvolvimento das ciências, letras e artes, e a formação de profissionais de nível universitário (Lei no 4024/1961, Art. 66); O ensino superior tem por objetivo a pesquisa, o desenvolvimento das ciências, letras e artes e a formação de profissionais de nível universitário (Lei no 5540/1968, Art. 1º); O ensino superior, indissociável da pesqui- 138 SEGUNDA PARTE da pesquisa científica. Deixando de lado a questão sobre o cumprimento ou não desse dispositivo, o fato é que o novo modelo institucional dos Centros Universitários compartilha atribuições de autonomia com as Universidades, mas se distingue destas por ministrar ensino de excelência, determinada pelo cumprimento de requisitos relativos ao corpo docente e às condições de trabalho oferecidas à comunidade acadêmica, mas não necessariamente associado à pesquisa. sa, será ministrado em universidades e, excepcionalmente, em estabelecimentos isolados, organizados como instituições de direito público ou privado(Lei no 5540/1968, Art. 2º). Com a edição da Lei no 9394/1996, em dezembro de 1996, foi prevista a possibilidade de extensão de prerrogativas de autonomia próprias das Universidades a outras instituições com elevada qualificação: Art. 54, § 2º Atribuições de autonomia universitária poderão ser estendidas a instituições que comprovem alta qualificação para o ensino ou para a pesquisa, com base em avaliação realizada pelo Poder Público. A partir desse dispositivo, regulamentado por meio do Decreto no 2207/1997, publicado em abril de 1997, os Centros Universitários foram introduzidos como um novo modelo de organização institucional no conjunto das instituições de Educação Superior, como mostram os Artigos abaixo transcritos: Art 4º Quanto à sua organização acadêmica, as instituições de ensino superior do Sistema Federal de Ensino classificam-se em: I - universidades; Il - centros universitários; III - faculdades integradas; IV - faculdades; V - institutos superiores ou escolas superiores. (...) Art 6º São centros universitários as instituições de ensino superior pluricurriculares, abrangendo uma ou mais áreas do conhecimento, que se caracterizam pela excelência do ensino oferecido, comprovada pela qualificação do seu corpo docente e pelas condições de trabalho acadêmico oferecidas à comunidade escolar, nos termos das normas estabelecidas pelo Ministro de Estado da Educação e do Desporto para o seu credenciamento. § 1º Serão estendidas aos centros universitários credenciados autonomia para criar, organizar e extinguir, em sua sede, cursos e programas de educação superior, previstos na Lei nº 9.394, de 1996. § 2º Os centros universitários poderão usufruir de outras atribuições da autonomia universitária, além da que se refere o parágrafo anterior, devidamente definidas no ato de seu credenciamento, nos termos do § 2º do art. 54, da Lei nº 9.394, de 1996. É relevante observar que, no quadro das Leis nos 4024/1961 e 5540/1968, as Universidades se distinguiam dos Estabelecimentos Isolados pela constituição composta de Estabelecimentos agrupados e pelas prerrogativas de autonomia, mas nos dois modelos institucionais o ensino deveria ser indissociável Um pressuposto básico para a introdução deste modelo foi a necessidade de expansão da oferta da Educação Superior, em número de vagas e na sua distribuição geográfica, por meio da diversificação das instituições, algumas das quais seriam submetidas a requisitos de infra-estrutura e corpo docente menores, e portanto custos mais baixos que os necessários para a criação de Universidades. Por outro lado, a criação dos Centros Universitários poderia suscitar mudanças culturais importantes nas Instituições de Educação Superior no sentido do seu amadurecimento acadêmico e da superação do funcionamento fragmentado em cursos quase independentes entre si, organizados de forma bastante similar aos cursos da Educação Básica. Além disso, as exigências acerca da qualidade do ensino oferecido seria favorável à elevação geral da qualidade da Educação Superior no país. A criação dos Centros Universitários poderia também servir como um importante instrumento para estimular a ampliação da distribuição geográfica e a diversificação dos formatos de oferta de Educação Superior. Na seção seguinte, são apresentados e discutidos alguns aspectos relacionados à expansão quantitativa da Educação Superior nos anos recentes e à contribuição dos Centros Universitários a essa expansão, com o objetivo de indicar se questões como as mencionadas acima têm sido respondidas por essas instituições. OS CENTROS UNIVERSITÁRIOS E A EXPANSÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR 139 O quadro geral das Instituições de Educação Superior do país, de acordo com o cadastro do Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), é apresentado na Tabela 2. De acordo com esses dados, os Centros Universitários representam cerca de 5% das Instituições, quase todos privados. A análise desses números deve considerar o fato de que muito poucos Centros Universitários foram credenciados em 2005 (e nos anos seguintes), em decorrência dos obstáculos impostos pela edição do Decreto 4914, em dezembro de 2003. Com a revogação desse Decre- O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 to, por meio do Decreto 5786/2006, e com a edição pelo Conselho Nacional de Educação de novas normas para credenciamento de Centros Universitários, quase uma centena de outras instituições solicitaram a sua transformação para essa categoria institucional. É de se esperar, portanto, que nos próximos anos o número de Centros Universitários supere o de Universidades, mesmo considerando que algumas poucas novas Universidades possam ser credenciadas a partir dos primeiros. Por outro lado, cerca de 50 Centros Universitários são mantidos por entidades de caráter comunitário, confessional ou filantrópico, sendo razoável esperar que tais entidades pudessem dirigir seus esforços educacionais para regiões do país que são mais carentes de oferta de Educação Superior. Nesse sentido, é digno de nota o fato de que metade dos Centros Universitários da região Norte são mantidos por uma entidade de origem confessional. Completaria o quadro da análise da expansão e do papel dos Centros Universitários nesse contexto a discriminação da oferta de vagas e das matrículas por área de formação. Para ilustrar esse aspecto, serão discutidos indicadores relativos ao curso de Direito. A Tabela 6 contém o número de cursos de Direito oferecidos nas diferentes categorias institucionais no período de 1999 a 2005. Em seguida, a Tabela 7 contém o correspondente número de vagas oferecidas, e a Tabela 8, o número médio de vagas em cada curso, ambas referentes ao período 1999-2005. Dentre os quase 500 cursos de Direito e as mais de 110.000 vagas criados nesse período, as Universidades e os Centros Universitários, detentores de prerrogativas de autonomia, concentram 41% dos cursos e 59% das vagas. Isso mostra que (1) os grandes responsáveis pela expansão de cursos e vagas de Direito são as instituições dotadas de autonomia e (2) a conhecida concentração de cursos e vagas em áreas de formação como o Direito tem sido intensificada por essas instituições. Isso ocorre em grande parte pelo fato de que Universidades e Centros Universitários vinculados ao setor privado respondem diretamente a demandas por cursos como Direito e Administração, não havendo estratégias e políticas indutoras da oferta de outros cursos, como cursos de Licenciatura e da área científica e tecnológica, no sentido de corrigir essa concentração excessiva. Por outro lado, experiências concretas de Centros Universitários localizados em regiões industriais, como a região metalúrgica de Minas Gerais, o ABC paulista e o interior de São Paulo mostram que essas instituições respondem às demandas relacionadas às atividades econômicas dominantes com a oferta de cursos de Engenharias. Da mesma forma, as experiências de diversos Centros Universitários sediados em cidades-pólo no interior do país atendem às demandas regionais com a oferta de cursos de Licenciatura. Os cursos de graduação oferecidos pelas Instituições de Educação Superior são também relevantes para avaliar os seus papéis relativos no quadro da expansão em foco. A Tabela 3 apresenta os números de cursos de graduação em regime presencial, separados por categorial institucional, em dados de 2005. Comparando a participação relativa das Universidades e Centros Universitários, conclui-se que as primeiras contribuem com peso por instituição quase três vezes maior que os segundos para a oferta de cursos presenciais de graduação. Na mesma linha de análise, a Tabela 4 mostra o número de alunos matriculados nas Instituições, também por categoria institucional, apurado pelo Censo da Educação Superior de 2005. Essa medida mostra um peso relativo maior dos Centros Universitários na efetiva matrícula de estudantes, o que se torna ainda mais significativo em função do número destas instituições e dos cursos que ela oferece. Outros elementos relevantes para a questão são o fato de que as últimas dez Universidades privadas foram credenciadas em 1997 e que os primeiros Centros Universitários foram criados em 1999. Tendo em vista o relativamente longo lapso na criação de novas Universidades, a recente criação dos Centros Universitários, as prerrogativas de autonomia para a criação de cursos e vagas, além de dados acerca da participação dessas instituições na oferta de vagas em cursos de graduação, é realista supor que haverá um crescimento expressivo das vagas oferecidas em cursos de Centros Universitários, aumentando ainda mais o seu peso específico frente às demais categorias institucionais. A distribuição dos Centros Universitários por região do país é apresentada na Tabela 5. Aqui se vê com clareza a forte concentração destas instituições no Centro-Sul do país, com muito poucas situadas no Nordeste. Cabe mencionar que tais desigualdades regionais reproduzem as observadas em outros indicadores relacionados à Educação Superior, assim como em muitos outros aspectos da vida do país. Sendo os Centros Universitários majoritariamente privados, esse fenômeno é facilmente explicável, uma vez que essas instituições se concentram em regiões em que o poder aquisitivo médio da população é mais alto. COMENTÁRIOS FINAIS 140 As características da expansão da Educação Superior no país nos últimos anos incluem fortes concentrações da oferta de cursos e vagas por Universidades SEGUNDA PARTE e Centros Universitários, da presença de instituições nas regiões Central e Sul e da oferta de vagas em áreas de formação como o Direito nessas instituições. Fica claramente demonstrada a importância dos Centros Universitários para essa expansão, merecendo destaque o fato de que cerca de 15% de todas as matrículas em cursos de graduação presencial são registradas nessas instituições, em comparação com 55% registradas em Universidades, segundo dados de 2005. Considerando o intervalo de apenas dez anos desde o credenciamento dos primeiros Centros Universitários - período em que não foram credenciadas novas Universidades privadas – esse índice é muito expressivo. No futuro próximo, tanto o credenciamento de novos Centros Universitários quanto a elevação do rigor para o credenciamento de novas Universidades devem contribuir para o aumento desse índice. sistema brasileiro. AGRADECIMENTOS É também um fator notável o pequeno número de Centros Universitários públicos, uma vez que esse modelo institucional poderia ser muito favorável para a criação de novas Instituições de Educação Superior públicas, alternativo ao modelo universitário. O autor agradece ao Prof. Dr. Edson de Oliveira Nunes, presidente do Conselho Nacional de Educação, e à Associação Nacional dos Centros Universitários, pela cessão de dados utilizados no texto. Questões importantes como a diversificação dos formatos de cursos e arquiteturas curriculares permanecem em aberto em todo o sistema, e os Centros Universitários mantém uma condição privilegiada para conduzir experimentos e transformações nesse campo, em parte por terem estruturas mais flexíveis para a tomada de decisão, em face do seu caráter ainda recente. Por outro lado, a diversificação dos modelos institucionais é absolutamente significativa. Finalmente, deve ser destacado o papel dos Centros Universitários para a implantação de uma cultura de avaliação institucional nas Instituições de Educação Superior, em função do efetivo funcionamento dos ciclos de credenciamento e recredenciamento para essas instituições, em que são submetidas a avaliações sistemáticas de caráter externo. No quadro da necessária expansão da Educação Superior, em que a avaliação cumpre uma função essencial como fundamento básico para a regulação e para a tomada de decisões estratégicas ligadas à qualidade, a existência de um subconjunto de instituições que incorporam essa cultura de avaliação ao seu cotidiano representa a principal contribuição dos Centros Universitários ao 141 1911-1920 1 3 1901-1910 0 2 3 0 1921-1930 3 5 1931-1940 9 13 21 28 Década de criação 1941-1950 1951-1960 25 108 49 546 78 1,158 142 2 7 116 0 1 89 1,349 35 158 4 112 Faculdades Integradas Organização Acadêmica Centro Centro Universitário Faculdade de Universitário Especializado Faculdade Tecnologia 22 322 177 94 83 12 1 11 Instituto Superior ou Escola Universidade Superior Universidade Especializada Total de IES 2 123 1 1,438 193 116 344 Fonte: MEC/INEP. Cadastro das Entidades Mantenedoras (07/03/2007); compilação: Observatório Universitário/Universidade Candido Mendes. 0 IES Públicas Centro Federal de Educação Tecnológica IES Privadas Personalidade Jurídica Tabela 2 - Instituições de Ensino Superior por Personalidade Jurídica e Organização Acadêmica (Brasil 2007). 2 1 1 1981-1990 1991-2000 2001-2007 SEM DATA Total IES 2 4 3 8 22 49 133 595 1,236 Fonte: MEC/INEP, Cadastro das Entidades Mantenedoras (07/03/2007); compilação: Observatório Universitário/Universidade Candido Mendes. Personalidade Jurídica Total IES Privadas Total IES Públicas Tabela 1 - Instituições de Ensino Superior por Personalidade Jurídica e Década de Criação (Brasil 2007). 2,426 285 2,141 Total O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 SEGUNDA PARTE Tabela 3 - Cursos Presenciais de Graduação por Organização Acadêmica (Brasil 2005) Número de cursos (%) Universidades Instituições 10,892 53.37% Centros Universitários 2,542 12.46% Faculdades Integradas 926 4.54% 5,166 25.31% 881 4.32% Faculdades, Escolas Superiores ou Institutos Centros Federais de Educação Tecnológica Total 20,407 100.00% Fonte: Censo de Educação Superior 2005. MEC/INEP; compilação: Observatório Universitário/Universidade Candido Mendes. Tabela 4 - Alunos Matriculados em 30/06/2005 por Organização Acadêmica (Brasil 2005) Instituições N Universidades (%) 2,469,778 55.46% Centros Universitários 674,927 15.16% Faculdades Integradas 207,898 4.67% 1,017,334 22.85% 83,219 1.87% Faculdades, Escolas Superiores ou Institutos Centros Federais de Educação Tecnológica Total 4,453,156 100.00% Fonte: Censo de Educação Superior 2005. MEC/INEP; compilação: Observatório Universitário/Universidade Candido Mendes. Tabela 5 – Distribuição dos Centros Universitário por região (Brasil 2005) Região Região Região Região Total do CentroRegião Sul Norte Nordeste Sudeste país Oeste 8 3 11 83 19 124 6,5% 2,5% 9% 67% 15% 100% Fonte: Associação Nacional dos Centros Universitários (2007). Tabela 6 – Evolução do número de cursos de graduação presenciais e de vagas no vestibular e outros processos seletivos dos cursos de DIREITO, segundo a organização acadêmica (Brasil, 1999-2005) Organização Acadêmica Total Universidades Centros Universitários Faculdades Integradas Faculdades, Escolas e Institutos 1999 362 240 26 23 73 Cursos de Graduação Presenciais – Direito 2000 2001 2002 2003 2004 Nº DE CURSOS 442 505 280 305 44 61 32 34 86 105 2005 Variação 1999-2005 Absoluta % 599 316 70 39 704 342 79 44 790 352 100 48 861 364 109 49 499 124 83 26 100% 25% 17% 5% 174 239 290 339 266 53% Fonte: MEC/INEP. Cadastro das Entidades Mantenedoras (07/03/2007); compilação: Observatório Universitário/Universidade Candido Mendes. Tabela 7 - Número de Vagas no Vestibular e Outros Processos Seletivos Organização Acadêmica Total Universidades Centros Universitários Faculdades Integradas Faculdades, Escolas e Institutos 1999 Cursos de Graduação Presenciais – Direito 2000 2001 2002 2003 2004 105.401 133.072 76.213 89.950 9.385 19.010 4.905 7.274 14.898 16.838 2005 Variação 1999-2005 Absoluta % 149.057 96.516 25.009 7.728 178.899 102.436 32.130 9.989 197.988 106.195 34.326 11.041 212.739 104.155 40.772 10.586 219.617 110.121 42.781 11.314 114.216 33.908 33.396 6.409 100% 30% 29% 6% 19.804 34.344 46.426 57.226 55.401 40.503 35% Fonte: MEC/INEP. Cadastro das Entidades Mantenedoras (07/03/2007); compilação: Observatório Universitário/Universidade Candido Mendes. Tabela 8 – Número médio de vagas por curso de Direito (Brasil, 1999-2005) Cursos de Graduação Presenciais - Direito Organização Acadêmica 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Total 291,2 301,1 295,2 298,7 281,2 269,3 255,1 Universidades 317,6 321,3 316,4 324,2 310,5 295,9 302,5 Centros Universitários 361,0 432,0 410,0 459,0 434,5 407,7 392,5 Faculdades Integradas 213,3 227,3 227,3 256,1 250,9 220,5 230,9 Faculdades, Escolas e Institutos 204,1 195,8 188,6 197,4 194,3 197,3 163,4 Fonte: MEC/INEP/Deaes; compilação: Observatório Universitário/Universidade Candido Mendes. 143 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 2.-. A REVOLUÇÃO NA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA Carlos Alberto da Cruz29(*) Renata Innecco Bittencourt de Carvalho(**) É possível estruturar o extensionismo universitário e situá-lo entre os principais instrumentos da Educação Superior no sentido da construção de uma sociedade mais justa. É imprescindível, entre as diversas adaptações e atualizações necessárias, que as instituições invistam nas condições para “preparar o homem integral por meio da busca do conhecimento e da verdade, assegurando-lhe a compreensão adequada de si mesmo e de sua responsabilidade social e profissional30” . A realização das mudanças necessárias para o alcance desse objetivo representa, certamente, a grande revolução que a educação superior precisa atualmente. possível perceber as constantes mudanças que têm ocorrido demonstrando a necessidade de mudanças na educação para formação dos egressos da Educação Superior. Para Santos (2006, p. 58 -60), CRISE DO PARADIGMA DA CIÊNCIA MODERNA A crise do paradigma da ciência moderna não constitui um pântano cinzento de cepticismo ou de irracionalismo. É antes o retrato de uma família intelectual numerosa e instável, mas também criativa e fascinante, no momento de se despedir, com alguma dor, dos lugares conceituais, teóricos, epistemológicos, ancestrais e íntimos, mas não mais convincentes e securizantes, uma despedida em busca de uma vida melhor a caminho doutras paragens onde o optimismo seja mais fundado e a racionalidade mais plural e onde finalmente o conhecimento volte a ser uma aventura encantada. A busca pela determinação do paradigma emergente nessa sociedade significa a tentativa de prenunciar o futuro da ciência. Ao limitar a reflexão, baseada em Santos (2006), ao surgimento de um paradigma emergente fundamentado no “conhecimento prudente para uma vida decente” é uma proposta mais plausível. Na sociedade contemporânea, a humanização das relações sociais necessita de uma reestruturação do conceito de ciência. Essas alterações não constituem mero modismo de cientistas sociais e educadores, mas uma realidade que deve ser acompanhada por mudanças na própria estrutura das instituições de ensino superior. Neste sentido, pretende-se perceber que a revolução científica atual é estruturalmente distinta da ocorrida no século XVI. Atualmente, não se passa por uma revolução apenas científica, mas uma revolução impulsionada pelas transformações ocorridas na sociedade conseqüentes da ciência. Não basta o conhecimento prudente, é necessária a busca pela “vida prudente”. Várias denominações já foram dadas no momento social atual às mudanças causadas, principalmente, pelos avanços tecnológicos e pelas diferenças sociais. Com a intenção de esclarecer as relações sociais na sociedade contemporânea, várias expressões foram utilizadas por estudiosos e pesquisadores: sociedade do espetáculo, sociedade oral, sociedade informática, sociedade pensante, sociedade tecnológica, sociedade mediatizada etc. (CARVALHO, 2007), a escolha da nomenclatura é dispensável, mas é, claramente, 29 (*) Carlos Alberto da Cruz é psicólogo, especialista em Psicologia Clínica e professor universitário desde 1977. Foi diretor do Colégio CEUB, coordenador de cursos de Graduação e diretor de faculdades do CEUB. Coordenou a equipe responsável pelo projeto de credenciamento do CEUB em Centro Universitário, em 1999. Atualmente é diretor acadêmico do Centro Universitário de Brasília – UniCEUB. No que tange à Educação Superior, durante o período de preparo dos estudantes para o exercício de uma profissão, não basta repassar informações teóricas sem aplicabilidade, sob pena de prepará-los para um ideal e, não, para a realidade. É importante que os alunos apliquem o conhecimento, mesmo que de maneira experimental e sob supervisão de professores, antes de atuarem sozinhos, ou seja, as instituições de ensino superior devem retirar “muros” que possam separar os campi da vida em sociedade e que deixam nos alunos a impressão de que há fronteiras entre a vivência acadêmica e a social. Os conteúdos e métodos dos cursos de graduação e de pós-graduação são (**) Renata Innecco Bittencourt de Carvalho é mestre em Educação pela Universidade de Brasília - UnB, especialista em Educação a distância pela Universidade Católica de Brasília, pós-graduada em Marketing Político pela UnB, graduada em Comunicação Social pela UnB. É assessora de extensão e integração comunitária no Centro Universitário de Brasília – UniCEUB e vice-presidente do Fórum de Extensão das IES Particulares. 30 Filosofia institucional do Centro Universitário de Brasília – UniCEUB 144 SEGUNDA PARTE “alimentados” pelas pesquisas científicas resultando em uma aprendizagem teórica que deve ser aplicada na sociedade, mesmo antes da formação completa dos alunos. Não é por acaso que a Educação Superior, pela exigência da legislação brasileira, deve sustentar-se sobre a tríade ensino, pesquisa e extensão, mas é pela necessidade de uma formação adequada para futuros profissionais conscientes de sua responsabilidade social (CARVALHO, 2007). lativa considerando o ensino, a pesquisa e a extensão como elementos indissociáveis na oferta de um ensino de qualidade. Essa forma de trabalhar o ensino superior ao longo dos anos ficou predominantemente voltada para as universidades e em especial para as universidades públicas. Em relação às origens da extensão como elemento básico da Educação Superior, Rocha (2001, p.15) remonta à própria historio do início das Universidades, em especial o reconhecimento, em 1158, da Universidade da Bolonha com a mais antiga da Europa. Nesse cenário as universidades começaram a trabalhar a extensão não só no sentido do fortalecimento da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, mas também para atuar em áreas que o governo estadual e o governo federal não tinham a possibilidade de um atendimento de forma mais abrangente. A área agrária e a área de atendimento à população com a medicina nos estados aonde se encontrava as universidades com campus avançados tiveram ênfase especial. Neste sentido, Ullmann e Bohnen (1994, p. 304) consideram que “alma mater medieval desempenhou igualmente um papel de Extensão, porque irradiou a cultura para fora de seus muros nos diversos segmentos da sociedade”. A denominação Extensão Universitária surge em 1967 na Universidade de Cambridge, na Inglaterra, que iniciou um programa de palestras, e passou a institucionalizar a extensão como componente de sua estrutura (ROCHA, 2001, p.16). A Extensão nos Estados Unidos influenciou os países da América Latina no sentido de implantar uma extensão universitária técnica associada a programas de desenvolvimento. A realização de encontros latinoamericanos de intercâmbio de experiências universitárias a partir da segunda metade dos anos 90 fortaleceu a percepção da extensão universitária como projeto social. Segundo Rocha (2001, p. 24), “o primeiro desses encontros, realizado em Havana-Cuba, em junho de 1996, reuniu 66 Universidades de 11 países. Além do reconhecimento da necessidade de haver um projeto participativo por parte das Universidades e das comunidades, defendeu-se a importância da elaboração de um Programa Latino Americano de Extensão”. A extensão, pela própria etimologia da palavra, não é externa, mas, sim, uma ampliação, proveniente do significado de extenso. Neste sentido representa uma ampliação da qualidade da educação superior e, consequentemente, uma extensão da concepção do egresso na relação dele com a sociedade. É uma extensão da condição humana, da responsabilidade, da atuação dos futuros profissionais na sociedade, não só como técnicos ou especialistas em áreas específicas, mas como cidadão. A extensão não deve ser desenvolvida dissociada do ensino, delimitadora, mas é uma possibilidade de ampliação da qualidade da educação superior. Historicamente, a Extensão Universitária inglesa estava vinculada a uma nova idéia de educação continuada à população adulta em geral, que não se encontrava na Universidade (NOGUEIRA, 2001, p.58). As demandas específicas dessa clientela eram atendidas em cursos breves e outras atividades. (PAIVA, 1986, p.135). A partir desse diversos eventos similares ocorreram e foi se consolidando , contando com a presença de maior número de países, envolvendo até representações de nações européias, uma Associação de Extensionistas Latino-Americanos de grande importância para uma ação integrada mais permanente. A FORMAÇÃO DE ASSOCIAÇÕES EXTENSIONISTAS BRASILEIRAS A extensão inglesa irradiar-se-á até os Estados Unidos com atividades voltadas para a prestação de serviços tanto na área rural quanto nas cidades. Isto se deveu, principalmente, aos ideais da Revolução Americana e aos projetos de desenvolvimento regional que criaram Escolas de Extensão, os Land Grant Colleges, experiências do extensionismo cooperativo ou rural. O primeiro movimento de organização de extensão no Brasil surgiu em 1983 com a criação do Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras, cuja grande contribuição foi a organização conceitual da extensão, afastando-a definitivamente, de qualquer conotação assistencialista e como experiência de atuação orgânica e duradoura (CALDERÓN, 2007 e ROCHA, 2001). Quanto à história do ensino superior no Brasil sempre se teve uma organização institucional e legis- No final da década de 1990, foi criado o Fórum Nacional de Extensão e Ação Comunitária das Universidades e IES Comunitárias composto pelas instituições particulares comunitárias, confessionais e 145 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 filantrópicas. sabilidade com a qualidade da Educação Superior entre os princípios fundamentais assume, com o SINAES (BRASIL, 2004a) o caráter de obrigação institucional. Em 2003, as IES particulares que não se incluíam em outros fóruns existentes instituíram o Fórum de Extensão das IES Brasileiras que, em janeiro de 2006, “alterou seu estatuto, passando a denominarse Fórum de Extensão das Instituições de Educação Superior Particulares, devido a que, ao longo de três anos, acabou-se tornando um espaço focado nas discussões e especificidades desse segmento educacional.” (CALDERÓN, 2007, p. 23) No que tange à legislação educacional brasileira, “a extensão universitária apareceu na legislação educacional brasileira na década de 1930, no Primeiro estatuto das universidades brasileiras” (RODRIGUES, 2003). Diante da proposta do Ministério da Educação de criar novos tipos de ensino superior e entre eles centros universitários, junto com a implantação dos centros universitários também começou a se pensar na necessidade da implantação de uma associação dos centros universitários que surgiu há, aproximadamente, oito anos quando foram implantados os primeiros credenciamentos de instituições de ensino superior como centros universitários. Para a Secretaria da Educação Superior - SESu do Ministério da Educação a extensão universitária é compreendida como (BRASIL, 2006a): Deve-se, levar em consideração que, quando do reconhecimento do MEC dos primeiros centros universitários, a experiência das universidades em termos de ensino, pesquisa e extensão já era fato e a falta de experiência das faculdades também se mostrava notória. Então o surgimento dos centros universitários aparece numa situação em que a extensão é um elemento forte proposto pelo próprio MEC para qualidade do ensino universitário e para qualificar as instituições, mas sem uma especificação clara de como se organiza ou de como se estabilidade dentro de uma instituição de ensino superior - centro universitário - a extensão. - processo educativo, cultural e científico, que articula o ensino e a pesquisa de forma indissociável e viabiliza a relação transformadora entre a universidade e a sociedade; - via de mão dupla, com livre trânsito assegurado à comunidade acadêmica, que encontrará na sociedade a oportunidade de elaboração da prática de um conhecimento acadêmico. No retorno à universidade, professores e estudantes trarão um aprendizado que, submetido à reflexão teórica, fará ampliar e elevar o nível do conhecimento anterior; - interação da universidade com a sociedade, com as comunidades externas em suas mais diferentes formas de organização, que estabelece uma troca de saberes acadêmico e popular que terá como conseqüência a produção do conhecimento resultante do confronto com a realidade nacional, a democratização do conhecimento e a participação efetiva da comunidade na atuação da universidade. É importante destacar que, nesses 10 anos de implantação dos centros universitários, foram credenciadas predominantemente instituições privadas. Neste sentido, como estabelecer, nessas instituições privadas, a extensão? Criou-se a Associação Nacional dos Centros Universitários – ANACEU como um fórum de discussão permanente da compreensão de centros universitários e de como seria a concepção doravante dos centros universitários com construção de indicadores para nortear as instituições na organização de sua extensão, de seu ensino e de sua iniciação cientifica e/ou pesquisa. O SINAES passou ser fundamental, entre outros aspectos, na medida em que foca o “aprofundamento dos compromissos e responsabilidades sociais das instituições de ensino superior” (BRASIL, 2004b, p 137), constando entre os princípios fundamentais a “responsabilidade com a qualidade da educação superior” (BRASIL, 2004a). Nesses últimos dez anos, evoluiu muito a discussão sobre a extensão, sobre o trabalho da extensão nos centros universitários, mas, ainda, há um processo de amadurecimento na organização da extensão em integração com o ensino na construção da qualidade dos centros universitários. Então esse foro permanente, a ANACEU, tem criado oportunidade de se estar sempre procurando o entendimento de quais caminhos devem ser estruturados para o desenvolvimento da extensão. Pensar em centro universitário é refletir a respeito de uma situação nova na qual as instituições tem se constituído e na avaliação de suas experiências para adequação da concepção clara nos seus planos de desenvolvimento institucional do espaço que vai ser ocupado pela extensão. A inclusão da responsabilidade social como uma das dimensões de avaliação das instituições, a respon- Acredita-se que a extensão, cada vez mais, tenha a sua importância e o seu espaço em escala crescente Em 2004, com o início da operacionalização do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – SINAES que foi instituído pela Lei nº. 10.861, de 14 de abril de 2004, e regulamentado pela Portaria nº. 2.051, de 9 de julho de 2004, foi incorporado ao âmbito da normatização da educação superior o termo “responsabilidade social”. 146 SEGUNDA PARTE dentro dos planos de desenvolvimento institucional. Cada vez mais, as atividades extensionistas aparecerão com o objetivo de enriquecimento das propostas pedagógicas o que resultará em um marco significativo de compreensão das modalidades do ensino superior, fazendo uma definição clara da instituição centro universitário associada à extensão. se exemplos dessas influências. Segundo Nogueira (2001, p.68). Já se pode afirmar que a concepção de extensão não é clara, mesmo nas instituições universitárias, a vinculação da extensão ao ensino ou à pesquisa e pósgraduação. Na antiga Universidade de São Paulo, criada em 1911, registram-se cursos e conferências gratuitos, abertos à população em geral. Na Escola Superior de Agricultura e Veterinária de Viçosa/MG e na Escola Agrícola de Lavras/MG registram-se atividades de Extensão voltadas para a prestação de serviços na área rural, ainda na década de 20, levando assistência técnica aos agricultores. Até os dias atuais os dois modelos estão presentes nas ações extensionistas das instituições de ensino superior brasileiras. Na história brasileira, predominantemente, encontra-se, mesmo nas universidades, a extensão, a pesquisa, a pós-graduação e a graduação muito mais interligadas entre propostas dos professores da instituição do que experiências entre os alunos da instituição. Então é importante que essa concepção também seja entendida como uma necessidade de aprendizagem constante dos centros universitários, pois não há, ainda que como modelo, fontes para buscar a extensão de forma indissociável da pesquisa e do ensino como estruturadores da qualidade. EXTENSÃO NAS IES PRIVADAS Nas mudanças que têm ocorrido inclusive nos últimos anos nas universidades o que tem se observado é um crescente aumento da extensão como estruturação de cursos para atendimento da comunidade tanto interna como externa e muitas vezes predominando ao atendimento da comunidade externa. A partir das orientações legais do MEC e das especificidades da dinâmica das IES financiadas basicamente com recursos provenientes das mensalidades pagas pelos alunos Calderón considera a extensão universitária como uma das três atividades universitárias, portanto uma atividade acadêmica, assim como o ensino e a pesquisa, que possibilita um processo de interação entre a universidade como um todo – incluindo sua estrutura gerencial – e os três grandes setores da sociedade (Estado, sociedade civil e mercado), visando estabelecer um processo de retro alimentação que possibilita não só a socialização e democratização dos conhecimentos produzidos, mas também, e , principalmente, a formação cidadã dos recursos humanos que o país precisa para seu desenvolvimento. (2007, p. 31). Neste sentido, não se pode definir, como anteriormente se definia, a extensão como atividade isolada do ensino como ficava explicitado na legislação inclusive, pois segundo Gurgel (1986, p.84) a Lei no 5.540, de 28 de novembro de 1968, por exemplo, acentua o caráter de opcionalidade da função, levando a interpretação “do relacionamento da extensão com atividades físicas e desportivas ou ações culturais e artísticas desligadas da atividade acadêmica” É preciso perceber como é que acontecem os cursos de extensão dentro da compreensão de extensão dos centros universitários. É importante que se desenvolva uma continuidade de pensamento também nos cursos de extensão voltados para a compreensão e para a valorização da proposta pedagógica dos projetos de curso e da valorização das disciplinas. Neste sentido, as propostas de ações extensionistas podem atender a comunidade externa porque também é função social da instituição, mas, predominantemente, é necessário compreender como é que a extensão vai associar à disciplina, ao projeto de curso e à proposta pedagógica para o enriquecimento dos alunos da comunidade acadêmica, associando, também, as atividades de extensão à qualidade do ensino oferecido pela instituição. PRINCÍPIO DAS EXPERIÊNCIAS EXTENSIONISTAS NO BRASIL Para sustentar essa visão, afirma Silva (2001, p.104), “concepção de conhecimento diferenciada da predominante precisa se ser construída, em que o conhecimento ganhe uma dimensão de totalidade, complexidade, inter-relacionamento e forte contextualização na realidade, em que teoria prática percam as fronteiras, sem tornarem-se excludentes” O modelo inglês e o norte-americano influenciaram as primeiras experiências de Extensão Universitária no Brasil. Na Universidade de São Paulo e nas atualmente denominadas Universidade Federal de Viçosa e Universidade Federal de Lavras encontram147 O projeto de reforma da educação superior, PL nº. 7.200/2006 (BRASIL, 2006b), ampliou para os centros universitários a exigência das ações de extensão O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 que antes era obrigatória, apenas , para as universidades. A nova proposta vai ao encontro da mudança paradigmática da ciência na qual o ensino e a extensão se complementam na elaboração do saber que emerge da própria realidade: o Ensino, com base no concreto, situado e datado, passa, então, a fazer da sala de aula o lugar de “acontecimentos do mundo” (BOTOMÉ, 1996) ao entender a extensão como atividade acadêmica fundamental à formação cidadã, independentemente da organização acadêmica da IES. em conceber a extensão dentro de sua proposta pedagógica e na organização dos seus PDIs. Pensar em extensão nos últimos 10 anos, é pensar em uma nova concepção e uma nova compreensão da extensão no ensino superior. Sob esta ótica, a extensão universitária alia a especificidade dos conhecimentos técnicos com a formação cidadã, contribuindo para a formação de egressos defensores dos princípios, valores e ideais democráticos contribuindo para o desenvolvimento científico fundamentado no conhecimento em prol de uma sociedade mais justa e do desenvolvimento sustentável. As políticas institucionais de extensão devem ser desenvolvidas a partir da proposta pedagógica institucional com a função principal atuar junto aos gestores institucionais para fortalecer os projetos pedagógicos dos cursos formando cidadãos reflexivos e empreendedores, comprometidos com o desenvolvimento socioeconômico sustentável. A responsabilidade social de uma Instituição de Ensino Superior está diretamente relacionada à responsabilidade de desenvolver a possibilidade de ampla formação dos egressos, principalmente, inserir-se nas ações de promoção e garantia dos valores democráticos, de igualdade e desenvolvimento social, contribuindo para a formação e para o resgate da cidadania como valor norteador da práxis universitária, priorizando a educação cidadã. A função principal dos agentes da extensão nas IES particulares é atuar no sentido de garantir que a formação dos alunos contribua para inserir no mercado de trabalho profissionais com consciência e atitude cidadã atuantes como agentes sociais que se responsabilizem e ajam em prol do desenvolvimento sustentável da sociedade, principalmente, preocupados com a sustentabilidade dos recursos ambientais e sociais. Para que a organização do trabalho pedagógico na Educação Superior alcance o objetivo de formar profissionais com uma percepção ampla do seu papel como cidadão, da sua responsabilidade como agente social, é preciso avaliar e atualizar constantemente os métodos e conteúdos utilizados para formar os alunos nas diversas áreas do conhecimento. Quanto ao aspecto da extensão universitária brasileira, a literatura nacional vigente considera que a extensão universitária no Brasil tem como marco inicial as atividades desenvolvidas em universidades no período entre 1911 e 1915. Daquela época aos dias atuais, a prática extensionista nas universidades sofreu diversas modificações e críticas às diversas funções exercidas pela comunidade acadêmica. Nessa tortuosa trajetória, no decorrer dos anos e nas reflexões e debates realizados na comunidade acadêmica, foram se consolidando a concepção e o lugar da extensão universitária. Da indissociabilidade da extensão com o ensino e com a pesquisa, à afirmação de uma área desnecessária e, portanto, descartável das instituições de ensino, o conceito de extensão universitária transitou por diversos significados e foi, até mesmo, discriminado dentre as atividades desenvolvidas nas instituições de ensino superior brasileiras. Para Demo (2001, p.142), por exemplo, a Extensão não pode ser percebida como algo acessório, pois, “o desafio da cidadania – geralmente despachado para a Extensão – permanece algo extrínseco, voluntário e intermitente, quando deveria ser a alma do currículo” A INDISSOCIABILIDADE ENSINO-PESQUISA-EXTENSÃO Concomitantemente à consolidação do seu sentido no Brasil, diversos fatos que ocorreram no âmbito da educação mundial e contribuíram para esclarecer o verdadeiro sentido da extensão na educação superior. A Assembléia Geral das Nações Unidas, na sua qüinquagésima sétima reunião, realizada em dezembro de 2002 (UNESCO, 2005, p. 26), proclamou a implementação da Década de Educação para o Desenvolvimento Sustentável para o período de 2005 a 2014, “enfatizando que educação é um elemento indispensável para que se atinja o desenvolvimento sustentável” (Resolução da Assembléia Geral das Nações Unidas A/RES/57/24, de fevereiro de 2003). A Assembléia também designou a UNESCO para liderar a promoção e implementação da Década. Historicamente, as faculdades não se organizavam com essa indissociabilidade mesmo que a legislação tivesse como orientação essa relação com extensão e pesquisa. Somente a partir da nova concepção do modelo de ensino superior em, predominantemente, três grandes áreas - universidade, centros universitários e faculdades - é que a extensão se fortaleceu na figura dos centros universitários, que se preocuparam 148 Nesse sentido, a educação para o desenvolvimento sustentável deve compartilhar as características de SEGUNDA PARTE uma aprendizagem de qualidade. O desenvolvimento sustentável deve ser integrado em outras disciplinas e não pode, em função do seu alcance, ser ensinado como uma disciplina independente e deve englobar a educação ambiental, mas acrescentar os fatores socioculturais e questões sociopolíticas de igualdade, pobreza, democracia e qualidade de vida. inclusão social com uma ampla visão da responsabilidade social. A extensão universitária pode ser definida como o processo educativo, cultural e científico que articula o ensino e a pesquisa de forma indissociável e viabiliza a relação transformadora entre a universidade e a sociedade (Fórum Nacional de Pró-Reitores de Extensão, 1987). Desta forma, a extensão como prática acadêmica visa a interligar as atividades de ensino e pesquisa com as demandas da sociedade, buscando a concretização de sua função social. A extensão assume caráter interdisciplinar, uma vez que favorece a promoção de atividades acadêmicas, integrando grupos de áreas distintas do conhecimento, contribuindo para a modificação progressiva da forma de fazer ciência e da transmissão desse tipo de saber, revertendo a tendência historicamente dominante de compartimentalização do conhecimento da realidade. Assume, ainda, a função de socializar o saber que produz sendo responsabilizada pela integração social dos indivíduos. Os centros universitários devem criar condições para que os alunos vivenciem os projetos pedagógicos e a proposta pedagógica da instituição integrando uma formação acadêmica com forte conhecimento técnico com formação integral voltada para a sua ação como ator social. Como conseqüência, a responsabilidade social das instituições passa pela formação de valores que hoje são significativos na constituição de sociedade. Nesse contexto, as possibilidades de atividades de extensão que podem acontecer dentro da instituição são muito amplas, dependendo das ofertas e das oportunidades de cada instituição. Ela pode ser trabalhada diretamente em projetos institucionais ligados às faculdades e nas disciplinas ligadas aos cursos. No entanto, é fundamental que se compreenda a extensão dentro da formação integral do aluno como um pressuposto básico para o ensino de qualidade. Na modalidade de centro universitário a extensão começou a ganhar força e começou a ganhar espaço como um dos elementos de estruturação da identidade de ensino superior. Se há na proposta da instituição e nas exigências da legislação o ensino de qualidade como um dos indicadores para credenciamento e recredenciamento dos centros universitários, a extensão é um caminho significativo para construção da educação ou do ensino de qualidade. Por que o ensino de qualidade enriquece com a extensão? Porque, quando se desenvolve um projeto pedagógico é possível, com as atividades de extensão, vincular a proposta pedagógica institucional, os cursos e as disciplinas oferecidas para formação ampla do aluno e para o alcance na missão institucional. Podemos pensar nos centros universitários com essa concepção de organização de ensino superior de qualidade fortalecido pela responsabilidade social estruturado, principalmente, na extensão. A EXTENSÃO COMO DIFERENCIAL NA FORMAÇÃO DO EGRESSO O SENTIDO DA EXTENSÃO NO CENTRO UNIVERSITÁRIO É importante que se entenda o centro universitário indissociado de ensino, iniciação científica e extensão. A extensão nos centros universitários deve estar vinculada à proposta pedagógica da instituição e aos projetos pedagógicos dos cursos fortalecendo-os em busca da missão institucional. Quando a instituição cria oportunidades aos alunos de vivenciarem projetos de extensão que atendem aos princípios e à filosofia institucional, cria-se a oportunidade do aluno trabalhar principalmente com a compreensão da sua importância e da sua formação dentro da sociedade e da sua responsabilidade social. A relação entre extensão e ensino e a forma de se entender a importância da extensão para o ensino são vivenciadas na prática que permite aos alunos um entendimento diferenciado dos conteúdos das disciplinas e a compreensão do referencial teórico e suas conseqüências na sociedade, permite aos alunos uma vivência, na prática, do seu conhecimento e do projeto pedagógico de seus cursos. A experiência permite ao aluno a compreensão da sua importância social para a Ao se possibilitar que os alunos trabalhem dentro dos projetos pedagógicos em atividades de extensão, permite-se ao aluno experimentar plenamente o projeto pedagógico do curso, os seus conteúdos e se, de fato, a instituição está engajada na construção de uma reflexão em sala de aula com seus alunos para adequar o perfil proposto com os conteúdos desenvolvidos, ou seja, pela extensão define-se qual o aluno que o curso quer formar. 149 As diversas modalidades de extensão permitem, inclusive, que o aluno entenda e experimente o conte- O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 údo apresentado na prática, através de atividades diferenciadas. Nas disciplinas obrigatórias dos cursos que já têm essa proposta de experiências ou de análise ou de compreensão da comunidade, a experiência com a comunidade vai permitir também uma avaliação mais ampla da aprendizagem dos alunos na disciplina. te carentes, quando parte das atividades de extensão desenvolvidas significam uma melhoria significativa na formação dos alunos em relação à compreensão da sociedade. A educação de qualidade, nessa compreensão, é uma relação dinâmica de enriquecimento dos conteúdos programáticos, dos projetos pedagógicos e da proposta pedagógica e que crie condições para que o aluno tenha a compreensão dessa experiência que é dada a oportunidade dele vivenciar na instituição que o permite ir além da compreensão do aspecto técnico do aspecto do conhecimento em sala de aula e o preparo inclusive pra uma educação continuada uma vez que as experiências e as oportunidades vão dando condições para que ele entenda como buscar através da pesquisa ou através de novas oportunidades de estudo uma preparação mais adequada pra sua organização social. Se institucionalmente houver responsabilidade social, os egressos dos centros universitários terão introjetadas uma ampla compreensão de suas responsabilidades individuais, tanto na educação continuada como em suas experiências profissionais. Se os centros universitários trabalharem para conseguir que os egressos se identifiquem com a característica ou com a compreensão da extensão, já se poderia destacar um importante diferencial para suas vidas profissionais e sociais. Mesmo que a extensão não atenda, necessariamente, a todos os alunos da instituição, ela cria oportunidade para o corpo discente de um espaço reflexivo e significativo para compreensão da responsabilidade social como sendo não só das instituições, mas também dos indivíduos. A REVOLUÇÃO PELA EXTENSÃO A ética, a cidadania e a construção de valores não fica exclusivamente em função do conteúdo aprendido no ensino dos cursos oferecidos pelas instituições, mas a compreensão também da extensão como sendo uma concepção nova que precisa ser clareada, que precisa ser introjetada para a melhoria da sociedade. Devido ao exposto, a extensão é um grande instrumento nas mãos dos centros universitários para a modificação e para a proposta de um reordenamento social em função do privilégio dos egressos de uma educação superior de qualidade. Assim, os alunos do ensino superior que tenham passado por experiências de extensão passarão a carregar consigo uma característica inovadora, uma característica propositiva, uma característica empreendedora em função de uma mudança revolucionária para uma sociedade mais justa, mais organizada, mais igualitária. O avanço das atividades de extensão nos centros universitários nos últimos dez anos tem contribuído de forma significativa para a melhoria do ensino superior e tem atendido, de forma conclusiva, as comunidades internas e externas relacionadas ou próximas aos centros universitários. Cada centro universitário pode determinar a abrangência das suas atividades de extensão vinculadas aos seus programas de extensão. Portanto a concepção da extensão nos centros universitários vai estar muito em função das atividades de graduação ou de ensino que elas desenvolvem. O que se tem observado nesses dez anos é que a forma como as instituições vem trabalhando tem permitido um impacto na própria concepção dos centros universitários e possibilitado ao seu corpo docente uma compreensão mais clara sobre a importância da extensão. A experiência que tem sido observada demonstra um avanço significativo da extensão na Educação Superior. A contribuição dos centros universitários, é uma contribuição importante que precisa ter o seu acompanhamento não só pelas instituições de ensino individualmente, mas pelas instituições de classe e mesmo pelo Ministério da Educação para que, cada vez mais, se tenha a clareza da importância da extensão na formação integral dos seus egressos. É impossível pensar que a extensão agrega valor ao ensino se a compreensão estiver restringida a, apenas, uma possibilidade de compreensão do teórico. No mínimo, é preciso compreendê-la como agregadora da compreensão do ser humano e da responsabilidade de cada indivíduo com a sustentabilidade do ambiente no que ele estiver instalado e ampliá-la para além dos seus muros. Outro aspecto importante para se observar e acompanhar é a relação entre a extensão e a responsabilidade social: são parceiras, são integradas, porque o atendimento às comunidades externas, principalmen- Desta maneira, as instituições de ensino superior estariam criando condições para os seus alunos compreenderam seus papéis além das salas de aula e formando cidadãos que pudessem compreender a sua importância dentro da sociedade além dos limites estruturados e organizados para o desempenho da suas futuras profissões. 150 SEGUNDA PARTE CONSIDERAÇÕES FINAIS A responsabilidade social das instituições de ensino superior na sociedade brasileira tem na extensão o forte aliado para experiências/vivências cidadãs. A qualidade do ensino dos centros universitários consolida-se, a cada dia, com uma concepção de extensão ligada à missão e à proposta pedagógica das IES. para a avaliação das instituições de educação superior. Brasília, 2004a. Disponível em <http:// portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/diretrizes.pdf> Acesso em: 21 set. 2007. A instituição do Dia nacional de responsabilidade social promovido pela Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior – ABMES, em 2005, foi decorrente da expansão da extensão visando mostrar à sociedade a força do Ensino superior privado, não só em termos de sua responsabilidade pela expansão do Ensino superior, mas, e principalmente, a revolução nas instituições com o fortalecimento da extensão de forma institucionalizada. ____. Ministério da Educação. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior: da concepção à regulamentação. Brasília: INEP, 2004b. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Superior. Programa de apoio a extensão universitária – Proext. Apresentação: o que é a extensão universitária? Brasília, 2006a. Disponível em <http://portal.mec.gov.br/sesu/index.php?option=c ontent&task=view&id=442&temid=303> Acesso em: 19 set. 2007. ____. Poder Executivo. PL nº. 7.200/2006. Projeto de reforma da educação superior. Estabelece normas gerais da educação superior, regula a educação superior no sistema federal de ensino, altera as Leis nºs 9.394, de dezembro de 1996; 8.958, de dezembro de 1994; 9.504, de 30 de setembro de 1997; 9.532, de 10 de dezembro de 1997; 9.870, de 23 de novembro de 1999; e dá outras providências. Brasília, 2006b. Disponível em: <http://www.educacao.gov.br/reforma/ default.asp> Acesso em 19 set. 2007. De 2005 para 2006, os dados estatísticos começaram a mostrar, de forma evidente, o crescimento da participação das instituições no evento. Quadro 1 - Crescimento e Distribuição de Números do “Dia” – Evolução 2005/2006 Número de atendimentos à comunidade Número de IES participantes Número de atividades oferecidas à Número de professores envolvidos Número de alunos envolvidos Número de técnicos envolvidos Fonte: Dados estatísticos - ABMES em 2005 363.663 197 2.007 6.445 44.011 3.742 em 2006 671.873 400 3.086 14.860 118.856 9.007 CALDERÓN, Adolfo Ignácio. Educação Superior: construindo a extensão universitária nas IES particulares. São Paulo: Xamã, 2007. CARVALHO, Renata Innecco Bittencourt de. Universidade Midiatizada: o uso da televisão e do cinema na Educação Superior. Brasília: SENAC-DF, 2007. A sistematização de dados e eventos dessa natureza tem permitido à sociedade uma melhor compreensão do Ensino Superior privado brasileiro com um olhar mais favorável à qualidade dos egressos. DEMO, P. Lugar da extensão. In: FARIA, D. S. De (org.). Construção conceitual da extensão universitária na América Latina. Brasília: Universidade de Brasília, 2001. Os centros universitários têm tido um papel fundamental na disseminação da cultura de extensão. O desenvolvimento integrado do ensino com a extensão deve ser uma característica importante para a compreensão dos centros universitários e da sua importância no cenário de ensino superior. Cada vez mais, se deve procurar uma identidade para os centros universitários como as instituições de ensino que respondem de forma eficiente quanto à responsabilidade social e a qualidade de ensino e o caminho para esse arranjo passa pela extensão. DEMO, Pedro. Lugar da extensão. In: FARIA, D. S. De (org.). Construção conceitual da extensão universitária na América Latina. Brasília: Universidade de Brasília, 2001. GURGEL, Mauro Roberto. Extensão universitária. Comunicação ou domesticação? São Paulo: Cortez, 1980. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS NOGUEIRA, Maria das Dores Pimentel. Extensão universitária no Brasil: uma revisão conceitual. In: FARIA, Dóris Santos de. Construção conceitual da extensão universitária na América Latina. Brasília: Universidade de Brasília, 2001. BOTOMÉ, Silvio Paulo. Pesquisa alienada e ensino alienante. O equívoco da extensão universitária. Rio de Janeiro: Vozes, 1996. ____. Ministério da Educação. Comissão Nacional de Avaliação de Educação Superior. Diretrizes PAIVA, Vanilda. Extensão universitária no Brasil. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos. INEP, vol. 67, n. 155, p. 135-151, jan./abr., 1986. 281 p. 151 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 ROCHA, Mauro Gurgel Rocha. A construção do conceito de extensão universitária na América Latina. In: FARIA, Dóris Santos de. Construção conceitual da extensão universitária na América Latina. Brasília: Universidade de Brasília, 2001. FÓRUM DE EXTENSÃO DAS IES BRASILEIRAS, 2004. Brasília. Institucionalização da extensão: passo a passo. Brasília: Fórum, 2004. FÓRUM DE PRÓ-REITORES DE EXTENSÃO DAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS BRASILEIRAS, 2001, Rio de Janeiro. Sistema de dados e informações: base operacional de acordo com o Plano Nacional de Extensão. Rio de Janeiro: NAPE, UERJ, 2001. RODRIGUES, Ângela Ribeiro. A extensão universitária: indicadores de qualidade para avaliação de sua prática. Estudo de caso em um centro universitário privado. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Florianópolis, UFSC, Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção, 2003. ____, 2001, Rio de Janeiro. Avaliação Nacional da Extensão Universitária. MEC/SESu, 2001. ____, 1999, Belo Horizonte. Relatório do grupo técnico sistema de dados e informações e Renex – Rede Nacional de Extensão. Belo Horizonte, UFMG, 1999, 18p. SANTOS, Boaventura Sousa. Um discurso sobre as ciências. 4.ed. São Paulo: Cortez, 2006. SILVA, Maria das Graças Martins da. Extensão universitária no sentido do ensino e da pesquisa. In: FARIA, Dóris Santos de. Construção conceitual da extensão universitária na América Latina. Brasília: Universidade de Brasília, 2001. ULLMANN, Reinholdo e BOHNEN, Aloysio. A universidade das origens à renascença. São Leopoldo: Unisinos, 1994. NOGUEIRA, M. D. P. Extensão Universitária: Diretrizes conceituais e políticas. Documentos Básicos do Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras/1987-2000. Belo Horizonte, 2000. UNESCO. Década das Nações Unidas da Educação para o Desenvolvimento Sustentável, 2005-2014: documento final do plano internacional de implementação – Brasília: UNESCO, OEALC, 2005. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA BRASLAVSKY, C. Dez fatores para uma educação de qualidade para todos no século XXI. São Paulo: UBESCO – MODERNA, 2005. CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA. Estatuto do Centro Universitário de Brasília. Brasília. ____. Orientações gerais de ações de extensão. Brasília, 2004. ____. Política Institucional de Extensão e Integração Comunitária do UniCEUB 2001 a 2006. Brasília, 2001. ____. Política Institucional de Extensão e Integração Comunitária do UniCEUB 2006. Brasília, 2006. ____. Proposta pedagógica – UniCEUB: referencial norteador da formação de profissionais. Brasília, 2002. ____. Regimento geral do Centro Universitário de Brasília. Brasília, 2003. CORRÊA, E. J; CUNHA, E. S. M; CARVALHO, A. M. (orgs.) (Re)conhecer diferenças, construir resultados. Brasília: UNESCO, 2004. 152 SEGUNDA PARTE EXTENSÃO: A EXPERIÊNCIA DE UM CENTRO UNIVERSITÁRIO Edy Luiz Kogut31(*) CONSIDERAÇÕES INICIAIS Nosso objetivo neste capítulo é analisar o papel da extensão no contexto educacional e, mais precisamente, relatar as importantes experiências que o Centro Universitário de Santo André – UNIA tem vivenciado ao longo desses últimos anos. Assim, ele não será um privilégio apenas da minoria que é aprovada no vestibular, mas difundir-se-á pela comunidade, consoante os próprios interesses dessa. Portanto, a instituição de nível superior ao comunicarse com a realidade local, regional ou nacional tem a possibilidade de renovar constante e criativamente sua própria estrutura, seus currículos e suas ações, conduzindo-os para o atendimento da verdadeira realidade do país (Silva, 1997). O conceito de extensão tem sido muito discutido no meio universitário e já há concordância sobre seus pontos essenciais, sobre os quais discorreremos a seguir, à luz de Antunes e Roveda (2005) e Silva (1997), principalmente. Especificamos que a palavra extensão, aqui empregada, implica estender-se, levar algo a algum lugar, ou até alguém. A extensão universitária é, na realidade, uma espécie de “ponte” permanente entre a instituição de ensino superior e os diversos setores da sociedade. Funciona como uma via de duas mãos, na qual integrantes do ensino superior levam conhecimentos e/ou assistência à comunidade e são por ela “retro-alimentados”, deste modo compreendendo melhor suas reais necessidades, anseios e aspirações (Antunes e Roveda, 2005) e (Silva, 1997). Ainda, as atividades de extensão bem planejadas permitem à instituição de nível superior preparar seus profissionais, não somente com a estratégia do ensino-transmissão, mas complementando sua formação com a do ensino-aplicação. O verdadeiro aprendizado acontece quando teoria e prática se encontram. Este é, no contexto educacional, um dos grandes méritos da extensão - permitir a efetivação do aprendizado pela aplicação planejada e acompanhada por professores e profissionais. Assim, forma-se um ciclo em que a iniciação científica e a pesquisa se aprimoram e produzem novos conhecimentos, difundidos pelo ensino e pela extensão, de maneira que essas atividades tornam-se complementares e dependentes, atuando de forma sistêmica (Silva, 1997). No meio universitário, por vezes confunde-se o termo “extensão” com “cursos de extensão universitária”. Os cursos de extensão universitária, geralmente acadêmicos e com pequena carga-horária, destinamse a complementar conhecimento em áreas específicas. Já as atividades de extensão são bastante amplas, complexas e não se confundem com “cursos de extensão”, embora esses últimos sejam também considerados como uma das atividades de extensão (Silva, 1997). Por meio da extensão, a instituição de nível superior tem a oportunidade de levar, até a comunidade, sua experiência, os novos conhecimentos produzidos com pesquisa que normalmente são divulgados pelo ensino, por meio de palestras, encontros e cursos oferecidos a todos os interessados. É uma forma de estas instituições socializarem e democratizarem esse conhecimento, levando-o aos não universitários. Ressalte-se que não é difícil para as instituições privadas, nem são necessárias verbas específicas para desenvolver tais atividades de forma abrangente e de qualidade. 31 (*)O autor é Reitor do Centro Universitário de Santo André – UNIA e doutor em Economia pela Universidade de Chicago. Foi professor e diretor de Cursos Especiais e de Ensino da EPGE - Escola de Pós-Graduação em Economia da Fundação Getúlio Vargas, Professor Visitante da Universidade de Boston e Consultor do Banco Mundial. Agradece o corpo docente do UNIA pela sua colaboração (no entanto, é o único responsável por erros e omissões do texto). O Programa de Apoio à Extensão Universitária - PROEXT, vinculado à Secretaria de Educação Superior-SEsu do Ministério da Educação – financiou, no período 2003-2006, mais de 500 projetos, mas não contempla as instituições privadas. A prática da extensão, realizada com excelência é, porém, economicamente viável. Em primeiro lugar, note-se que é possível classificar algumas dessas práticas como atividades complementares. Ora, o Parecer CNE/CES nº. 8/2007, já homologado pelo Ministro da Educação, assim como a Resolução associada CNE/CES nº. 2/2007, estabelece que os “estágios e atividades complementares dos cursos de graduação, bacharelados, na modalidade presencial, não deverão exceder 20% (vinte por cento) da carga horária total do curso, salvo nos casos de determinações legais em contrário”. Como alguns proje- 153 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 tos de extensão podem resultar no desenvolvimento de atividades complementares para os estudantes, o tempo destinado às atividades de extensão dentro da carga horária da matriz curricular (somado ao tempo dos estágios) pode ser incluído nesta até o limite de 20% da carga horária. As atividades complementares são bem vistas por educadores e pelo Ministério da Educação: trata-se, inclusive, de item obrigatório de verificação das comissões in loco do MEC. Outrossim, é importante observar que, embora o Parecer nº. 8/2007 mencionado acima, se refira unicamente a bacharelados, é pensamento corrente na educação superior que a prescrição relativa à inclusão de atividades complementares como componentes curriculares e ao tempo curricular a elas destinado pode ser estendida a licenciaturas e cursos superiores de tecnologia. Outra forma interessante de viabilizar a extensão é estimular Trabalhos de Conclusão de Curso e Projetos que tenham vínculo com a população da região. tes vivenciem a dimensão ética presente na escolha da profissão abraçada e praticada pelos diferentes campos do saber. Dessa forma, o UNIA busca incentivar a superação do individualismo e da exclusão de segmentos sociais, considerando os benefícios que lhes podem ser trazidos pela Ciência e pela Tecnologia. Nessa perspectiva, a extensão é importante instrumento de uma educação que visa à formação de sujeitos que compreendam melhor o significado da condição humana e seu papel no exercício da cidadania. Adicionalmente, além de a extensão melhorar a qualidade do ensino, apoiar a comunidade e ser componente do desenvolvimento regional ajudando segmentos produtivos, ela cria, também, uma imagem positiva da instituição, o que facilita o recrutamento de bons professores e alunos. Para tanto, a extensão universitária como prática acadêmica tem por objetivos32: • Articular o ensino e a iniciação científica com as demandas da sociedade, buscando o comprometimento da comunidade acadêmica com os interesses e necessidades da sociedade; • Estabelecer um fluxo bidirecional entre o conhecimento acadêmico e o saber popular, buscando a produção de conhecimento resultante do confronto com a realidade, com permanente interação entre teoria e prática; • Incentivar a prática acadêmica que contribua para o desenvolvimento da consciência social e política, formando profissionais-cidadãos; • Promover atividades de apoio e estímulo à organização, participação e desenvolvimento da sociedade, partindo de propostas oriundas de uma convivência aberta e horizontal com a comunidade; • Favorecer a reformulação do conceito de “sala de aula”, que deixa de ser o lugar privilegiado para o ato de aprender, adquirindo uma estrutura ágil e dinâmica, caracterizada pela interação recíproca de professores, alunos e sociedade, ocorrendo em qualquer espaço e momento, dentro e fora dos muros do centro universitário; • Incentivar a expressão da diversidade artístico-cultural e • Contribuir para o desenvolvimento sustentável social e econômico. E é sobre a experiência do Centro Universitário de Santo André nesta área que discutiremos a seguir, esclarecendo que a cidade de Santo André faz parte da Região Metropolitana de São Paulo, é o “A” do conhecido Grande ABC. Santo André tem uma população de 677 mil habitantes, a qual faz parte da população do Grande ABC, que tem 2,6 milhões de habitantes e da população da Grande São Paulo, que totaliza 19,7 milhões de pessoas. Ocupa 21% da área do Grande ABC e tem 17% do seu Produto Interno Bruto. O setor predominante ainda é o industrial, apesar da fuga de fábricas nos últimos anos, aliada ao crescimento do setor de serviços. Dentro da indústria, os setores químico-petroquímico (Pólo Petroquímico de Capuava) e metal-mecânico são os maiores, tendo participação de 64% e 9%, respectivamente, na arrecadação do ICMS. Embora seja uma região urbana com alto grau de industrialização, sua população ainda possui segmentos muito carentes em termos de renda e educação. A extensão, neste contexto, desempenha, portanto, um papel de grande relevância. AÇÕES DE EXTENSÃO NO UNIA EXTENSÃO NO UNIA Cursos Faculdade Aberta Terceira Fase da Vida Política de Extensão do UNIA O UNIA, em agosto de 1997, foi o pioneiro na O UNIA entende extensão como um espaço pedagógico por excelência para que docentes e discen- 154 32 Textos semelhantes são citados em diversos documentos, como no Fórum Nacional de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras -1987. SEGUNDA PARTE região no oferecimento da Universidade Aberta à Terceira Fase da Vida. Esta oferece cursos considerados estudos independentes, para pessoas da Terceira Idade, interessadas em renovar seus conhecimentos, atuando de forma pró-ativa em suas famílias e na sociedade. O principal objetivo desde então é oferecer um lugar de encontro e a oportunidade de tornar a vida mais significativa. Através de trocas, partilhamse conhecimentos e afetos e exerce-se a criatividade, muitas vezes adormecida. Busca-se dessa forma atender um segmento de nossa sociedade carente de programas especialmente direcionados, abrindo espaço para novas experiências e ampliando suas redes de conhecimento e de amizades. nente, a formação de “educadores populares” transferiu-se para o Curso de Pedagogia. Centro de Idiomas O curso básico é oferecido em quatro semestres letivos e destina-se a homens e mulheres, sem a exigência de diplomas ou certificados anteriores. A partir das primeiras turmas diversos grupos se formaram e continuam a se reunir, principalmente em torno de projetos e programas de cunho cultural. O UNIA oferece tanto para a comunidade acadêmica quanto para a externa, cursos de inglês e espanhol, alinhados com as mais modernas tecnologias e práticas didáticas adotadas no ensino dessas línguas. O Centro de Idiomas funciona desde 2000 e atualmente noventa e cinco por cento de sua clientela é composta por alunos do UNIA e seus familiares. Cursos de Extensão na Área de Saúde Várias são as atividades desenvolvidas como saraus, oficinas de construção de textos, que já resultaram na publicação de um livro e na formação de um coral, o qual, constituído há cinco anos, apresenta-se regularmente em eventos. Esses são cursos acadêmicos, de pequena duração, que transmitem conhecimentos à comunidade regional. Um grande número de novas técnicas, aliada às novas descobertas científicas e o alto nível de especialização, faz com que os profissionais da área da saúde precisem de atualização constante. No UNIA essa área, representada pelos cursos de Enfermagem e Psicologia, é a que tem apresentado maior número de cursos de extensão, voltados para o público acadêmico e profissional. Desde o segundo semestre de 2004, o curso de Enfermagem tem oferecido onze cursos diferentes nas áreas de Anatomia (Anatomia Clínica da Pelve e Períneo); Fisiologia (Fisiologia de Doenças Cardio-Vasculares, Fisiopatologia Endócrina); Neurologia (Distúrbios Neurológicos), Pneumologia (Assistência Ventilatória); Farmacologia (Atualização em Farmacologia, Disfunção Cardíaca e Tratamento Farmacológico, Quimioterapia do Câncer) e Técnicas de Tratamento (Terapia Intravenosa, Atendimento Pré-Hospitalar, Infarto Agudo do Miocárdio: Considerações de Enfermagem). Quatrocentos e seis alunos já se formaram neste programa. Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos Outra iniciativa importante da extensão teve início quando o UNIA firmou um contrato com a Prefeitura Municipal de Santo André para formar, no curso Normal Superior, alunos que alfabetizassem jovens e adultos (chamados de “educadores populares”) do Projeto MOVA – Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos. Como se sabe, este tipo de alfabetização propicia melhoria considerável de condições para aqueles que no período apropriado não tiveram a oportunidade de se graduar pelos caminhos básicos da educação formal. Recentemente, participamos da formatura da primeira turma do Normal Superior de “educadores populares” do MOVA. Foi uma experiência emocionante. Ali se graduavam quarenta e um alunos que, sem suas bolsas, que cobriam sessenta por cento das mensalidades, certamente não teriam nenhuma oportunidade de sair da situação de excluídos da nossa sociedade. Hoje esses graduados atuam na educação de jovens e adultos e como alfabetizadores das séries iniciais do Ensino Fundamental. A área de Psicologia promoveu em 2006 nove cursos voltados para áreas específicas de atuação do psicólogo como Recursos Humanos (RH - Gestão de Pessoas e RH: Captação e Seleção de Pessoas) e Área Jurídica (Psicologia Jurídica), ou para aprofundamento de estudos (Seminários, Clínica Psicanalítica, Psicofarmacologia, Terapia Comunitária, Ludoterapia e Gestalterapia). Palestras e Conferências Atualmente, com a mudança da legislação perti- Também fazem parte da extensão do UNIA ciclos de palestras e conferências, as quais são oferecidas semestralmente pelos cursos do UNIA. Esses ciclos, também chamados de Semanas, seguidos do nome do 155 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 curso responsável pela montagem, constituem projetos de extensão e objetivam trazer temas polêmicos e atuais de cada área, apresentados por profissionais de atuação destacada no mercado de trabalho e são abertos aos estudantes das outras instituições da região. Com essa prática espera-se proporcionar ao aluno modelos e vivências profissionais adequados, que estabeleçam uma ligação com os conteúdos teóricos e práticos vivenciados na vida acadêmica, aguçando seu espírito crítico e ampliando sua visão do mercado de trabalho. tuto Assistencial e Educacional Jardim de Esperança, Educandário Espírita Cristão Simão Pedro, Casa de Acolhida Filhos Prediletos, Centro Educacional Assistencial e Recreativo Próximo Passos e OSTRA – Organização de Solidariedade, Trabalho e Respeito à AIDS. Os Cursos de Tecnologia realizam ainda uma feira anual para apresentar equipamentos, dispositivos e demais trabalhos de natureza essencialmente prática desenvolvidos pelos alunos como requisito de aprendizado. O Curso de Enfermagem também desenvolve o Projeto “A Corrente do Bem”. A Coordenação, juntamente com o corpo docente, estimula todos os acadêmicos do curso a se engajarem neste projeto, que é desenvolvido de acordo com as seguintes etapas: • Cada turma escolhe uma instituição de caridade (asilo, creche, moradores de rua, casa de AIDS, etc.) e a “adota”. • Os alunos elaboram um plano de ações para ser desenvolvido com seus moradores, juntamente com um professor eleito pela turma para ajudar neste projeto. • Essas atividades são desenvolvidas ao longo de cada semestre, ficando a turma responsável pela instituição escolhida durante os quatro anos do curso. Ações Cívico-Sociais de Caráter Assistencial O trabalho voluntário é hoje apontado como uma das principais armas no combate à desigualdade social e na busca da humanização das sociedades modernas. Esse trabalho não só traz resultados importantes para as comunidades atendidas, como também cria laços e aproximações fundamentais para toda a sociedade. Apresentações Musicais e Teatrais Diversas entidades (sociedades civis, organizações não-governamentais, clubes, associações, empresas, entre outras) praticam cotidianamente o voluntariado. O trabalho - que inicialmente se resumia à benevolência e à caridade - ganhou força e transformou-se em atitude de cidadania e de responsabilidade social. O UNIA, conforme mencionado anteriormente, mantém o Coral da Terceira Fase da Vida. Este coral reúne alunos da Universidade Aberta da Terceira Fase da Vida, conta com regente próprio, mantido pela instituição e, ao longo do ano, tem uma programação que os leva a cantar em eventos internos e externos de diversa natureza. Assim, no UNIA, o trabalho voluntário procura despertar a consciência do cidadão sobre as questões coletivas. Ele ajuda a preencher uma lacuna em nossa sociedade, uma vez que o Estado encontra-se limitado por restrições orçamentárias em áreas em que sua atuação é essencial. Essa ação contra antigos e novos problemas sociais busca, fundamentalmente, a compreensão da necessidade do trabalho de cada cidadão, no sentido da resolução conjunta das mazelas que atingem a todos. Além disso, nossos alunos freqüentam peças de teatro dentro das atividades curriculares de algumas disciplinas, de forma a analisar na arte, temas desenvolvidos em seus estudos, ampliando suas reflexões. São ainda tradicionais as festas de Natal e Junina, sempre com a presença de docentes e do corpo administrativo e, por vezes, de discentes, com apresentações teatrais, musicais e gincanas. Com este foco, diversas campanhas e ações cívico-sociais são desenvolvidas ao longo do ano como: “Campanha de Agasalho”, “UNIAjuda” – que engloba “Campanha de Doação de Sangue”, “Trote Solidário”, com entrega de alimentos para doação, e “Páscoa Solidária”. Para se ter uma idéia do tipo de entidades beneficiadas nestas iniciativas, citamos algumas: Núcleo Assistencial Espírita Paz e Amor em Jesus, Sociedade de São Vicente de Paula, Casa de Repouso Santa Adélia, Centro de Recuperação Camille Flamarion, Insti- Campanhas Orientativas e Assistenciais 156 Diversas campanhas são oferecidas à comunidade com o intuito de orientá-la e esclarecê-la, principalmente em assuntos relacionados a questões de saúde. Como exemplos, citam-se as iniciativas do Curso de Enfermagem “Adolescer Com Qualidade de Vida” e “Da Saúde ao Exercício da Cidadania” que atingiram mais de 3380 alunos da rede estadual e municipal de ensino de Santo André. Destaca-se, ainda, a realização, no Centro Uni- SEGUNDA PARTE versitário de Santo André, do “I Encontro Nacional de Redução de Danos em Saúde” em parceria com a Secretaria de Saúde da Prefeitura de Santo André. O “Programa de Redução de Danos” foi instituído no Município de Santo André em 2004 e tem como objetivo atender populações de maior vulnerabilidade em situações de exploração sexual e uso de drogas ilícitas e lícitas. Foram acompanhados em média, 230 usuários-mês, com atendimento em diversos campos e fornecimento de insumos de prevenção. O município foi escolhido para sediar o Encontro em função da vivência proporcionada pelo seu Programa. exibidos cinco documentários nacionais premiados, que revelam a verdade do nosso dia-a-dia, a saber: “Janela da Alma”, com direção de João Jardim e Walter Carvalho: “Edifício Máster”, com direção de Eduardo Coutinho; “Vinícius” com direção de Miguel Faria Jr. e “Meninas” com direção de Sandra Werneck. Programas e Eventos Culturais e Esportivos No que diz respeito ao esporte, o UNIA participa da Liga Universitária do Grande ABC, que organiza torneios de várias modalidades esportivas entre universitários. Essa entidade congrega instituições universitárias da região, da capital e do interior do estado, adesões propiciadas pelo crescimento da Liga. O time de basquete feminino do UNIA sagrou-se campeão sul-americano em 2006 e tricampeão universitário brasileiro em 2007. Atendimento à População Carente e Estágios Cine Uniarte O UNIA mantém uma clínica de saúde com estrutura física e administrativa completa para atendimentos nas áreas de enfermagem e psicologia, funcionando em sede própria. A Clínica de Psicologia foi aberta em 1976 e desde lá tem feito atendimentos individuais e grupais para crianças, adolescentes e adultos. Presta também serviços a várias instituições e comunidades, como prefeitura, hospitais e favelas, entre outros. Sua finalidade principal é fornecer estágios supervisionados para os alunos do quinto ano de psicologia, assim como prestar serviços psicológicos para a comunidade mais desfavorecida da região. Conta, também, com o PROESA – Projeto de Atenção ao Estudante Acadêmico Iniciante, cujo objetivo é auxiliar o calouro no início de seu percurso universitário. No primeiro semestre de 2007 a Clínica de Psicologia realizou 2.972 atendimentos. O “Cine Uniarte” é um projeto que tem como proposta levar a linguagem da arte cinematográfica à população como enriquecimento cultural, reflexão artística, sociológica, filosófica e comportamental. Estar em contato com a Arte e, neste caso, a cinematográfica, propicia aos acadêmicos do UNIA e à comunidade a inserção num mundo de reflexões nem sempre acessível a todos, com desdobramentos de crescimento pessoal e profissional indiscutivelmente significativos. Até o presente momento foram realizados três ciclos de cinema, a saber: Ciclo de Cinema Almodóvar Discussão de enredos e personagens criadas pelo diretor espanhol Pedro Almodóvar, com exibição de cinco de seus filmes, seguida de debates entre os participantes. Os atendimentos de enfermagem são realizados na especialidade de acupuntura. Os estudantes realizam a triagem e o diagnóstico preliminar, acompanhados por seus supervisores e observam a aplicação técnica realizada por profissional da área. No primeiro semestre de 2007 o número de atendimentos foi 220. Ciclo de Cinema Italiano Há de se ressaltar, ainda, os atendimentos realizados pelos cursos de Psicologia e Enfermagem no distrito de Paranapiacaba, na sede mantida pelo UNIA. Através da visão dos diretores Federico Fellini, Mario Monicelli, Silvio Soldini, Ettore Scola e Marco Ferreri e de seus filmes, foram apresentadas e discutidas cenas do cotidiano que propiciaram aos participantes reflexões sobre o comportamento humano. Ciclo de Cinema Documentário A Vila de Paranapiacaba surgiu em 1861 com construções que abrigavam os trabalhadores, incluindo engenheiros ingleses, que construíram a ferrovia Santos-Jundiaí. Transformações tecnológicas do sistema ferroviário e o crescimento da oferta no comércio e serviços em outros municípios da Grande São Paulo tiveram forte impacto para a diminuição do comércio Sob o título “Os Olhos Que Tudo Vêem”, foram 157 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 e uma evasão dos moradores da Vila de Paranapiacaba, com efeitos perversos sobre renda e emprego. Posteriormente a Vila foi adquirida pela municipalidade e criada uma subprefeitura, que tenta recuperar a área com investimentos em turismo. Para o Curso de Enfermagem, o Projeto de Paranapiacaba oferece a oportunidade de estruturar a assistência-ensino e pesquisa na área de Enfermagem, em parceria com a Coordenadoria de Saúde da Subprefeitura. O grande enfoque é trabalhar com assistência aos domicílios. Os alunos, com a supervisão dos seus professores, trabalham em ações de saúde coletiva e junto às famílias. Sua assistência traz melhor qualidade de vida para a população local, ensinando melhores hábitos de higiene, de alimentação e de lazer Como mencionamos no início deste capítulo, uma forma interessante de viabilizar a extensão é estimular Trabalhos de Conclusão de Curso-TCCs que tenham vínculo com a população da região. Para mostrar como isto tem sido feito no UNIA, vamos exemplificar com trabalhos feitos pelos alunos de dois cursos do UNIA, Tecnologia em Processos de Produção e Enfermagem. O Projeto “Uniamor por Paranapiacaba”, do Curso de Psicologia, visa conhecer e participar da vida da comunidade local de modo a contribuir para a promoção da saúde mental, amenização do sofrimento assim como para a ampliação da qualidade de vida dos moradores de Paranapiacaba. Na primeira parte do projeto foram feitas entrevistas com os moradores. Invariavelmente seu discurso fazia referência ao passado, à estrada de ferro, ao trem, aos “bons tempos” em que a Vila figurava como uma comunidade herdada dos ingleses, com estilos e comportamentos que faziam dela uma comunidade única na região. As referências aos tempos atuais vinham sempre associadas a impressões de perda, de lamentações, de sentimento de abandono e ressentimentos. Imagine o leitor a importância do apoio dos nossos alunos e seus supervisores, numa região na qual foi verificada forte incidência de alcoolismo e depressão. Nosso Curso de Tecnologia em Processos de Produção é um dos mais tradicionais do Grande ABC. Reconhecido em 1979, já formou milhares de trabalhadores desta região industrial. Tem sido feito um esforço para que os trabalhos de conclusão de curso contemplem algum tipo de apoio ao microempresário da região. Recentemente, alguns empresários do ABC ratificaram em entrevistas a nossa idéia da relevância que esses trabalhos tem tido para as empresas. Também o nosso Curso de Direito, um dos mais novos da instituição, que ainda nem graduou uma turma, conta com uma “Unidade de Atendimento ao Consumidor” atuando todos os sábados, com alunos e professores dando orientação legal à população pobre e, quando há necessidade, promovendo o devido encaminhamento ao PROCON de Santo André. Três são citados na bibliografia, como referência. Na Paceoli Usinagem além do trabalho crítico quanto à limpeza, manutenção e segurança dos empregados, procurou-se a “otimização” do processo. No depoimento o proprietário destaca: “viemos da estaca zero, não tínhamos nada(...) o resultado está sendo satisfatório(...) já houve muitas mudanças, apesar da resistência dos funcionários(...)”. Na empresa WLO, o diretor administrativo descreve o trabalho de avaliação do processo e produção de uma peça especial e conclui: “os alunos “fizeram um trabalho incrível(...) parabéns”. Na Acrilplast, os alunos desenvolveram alternativa para eliminar o tempo ocioso, focando em produtos de baixo custo. Um dos sócios da empresa, no seu depoimento diz “(...) fomos obrigados a pensar nas alternativas com mais clareza(...) o projeto foi excelente(...)”. Criou, também, em parceria com a Secretaria de Justiça do Estado de São Paulo - Fundação Procon e a Prefeitura de Santo André, o “Observatório de Relações de Consumo”, com o objetivo de mapear as comunidades carentes, encontrar suas lideranças, capacitá-las nos assuntos referentes às relações de consumo e cidadania para que criem um modelo de auto-gestão. Trata-se de uma importante inovação na área acadêmica. No Curso de Enfermagem, importante trabalho de conclusão de curso foi realizado por alunos graduandos, dentro do Programa de Saúde da Família no Brasil – PSF. Um importante avanço que o PSF possibilita é o maior alcance em termos de aproximar as ações para além dos muros da unidade básica de saúde, permitindo que haja maior envolvimento das equipes junto à população atendida. Como evoluir nesta abordagem junto às famílias? A experiência mostrou ser necessária a criação de novos instrumentos que fortalecessem a estruturação do modelo de saúde e os processos educativos, para contribuir e superar o tradicional vigente, principalmente nas Unidades Básicas de Saúde. PESQUISA E EXTENSÃO Foi neste contexto que o Projeto ”Nossas Crianças: Janelas de Oportunidades” buscou uma inovação tecnológica para aprimorar o processo de acompanhamento da saúde infantil, através de uma parceria da Coordenação do PSF da Secretaria Municipal de Saú- 158 SEGUNDA PARTE de de São Paulo, com a UNICEF (Fundo das Nações Unidas Para a Infância) e a Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo. Criou-se, então, a “Ficha de Acompanhamento dos Cuidados para a Promoção da Saúde”. Esta ficha poderia ajudar a acompanhar o desenvolvimento da criança de forma abrangente, quando analisada por profissionais da saúde, obtendose informações importantes, no entanto ela precisava ser testada e avaliada. Para isto, alunos graduandos de enfermagem do UNIA foram treinados para utilizá-la na Vila de Paranapiacaba junto às famílias com gestantes a partir do segundo trimestre de gestação e mães de crianças com idade máxima de um ano. FÓRUM NACIONAL DE PRÓ-REITORES DE EXTENSÃO– 1987-2000. MORALES, Fernando S., et al. “Aplicação e Avaliação do Instrumento Utilizado no Projeto Nossas Crianças: Janelas de Oportunidades na Vila de Paranapiacaba” – Santo André/SP: Trabalho de Conclusão de Curso dos Graduandos do Curso de Enfermagem do Centro Universitário de Santo André – UniA. 2007. A população foi muito receptiva a esse novo instrumento. Os resultados do uso da ficha mostraram um aumento significativo no aprendizado e aprimoramento da mãe no cuidado com o desenvolvimento e crescimento de seus filhos. Adicionalmente, os graduandos puderam vivenciar a realidade da saúde pública e colaboraram para testar metodologia que pode, eventualmente, servir de exemplo para todo o país. NEUBERGER, Waverli M.M. et al. “Cadernos de Iniciação Científica”, seleção de trabalhos acadêmicos dos alunos do Centro Universitário de Santo André – UniA. 2005 e 2006. PADUANI, André R.M., et al. “Consultoria WLO Indústria Mecânica Ltda”, Trabalho de Conclusão de Curso dos graduandos do Curso de Tecnologia em Processos de Produção do Centro Universitário de Santo André – UniA. 2006. CONSIDERAÇÕES FINAIS PIMENTA, Rhaldnei R. et al. “Otimização do Processo de Produção e Qualidade da Paceoli Usinagem – ME”, Trabalho de Conclusão de Curso dos graduandos do Curso de Tecnologia em Processos de Produção do Centro Universitário de Santo André – UniA. 2006. PROEXT – Programa de Fomento à Extensão,“Proposta de Política de Extensão do MEC”. 1992. Como procuramos mostrar acima, através de alguns exemplos, o trabalho de extensão praticado pelo UNIA tem procurado seguir o conceito discutido na introdução deste capítulo. Com esforço construímos uma “ponte” entre nossa instituição e a comunidade do Grande ABC. Levamos conhecimentos e/ou assistência até ela e temos aprendido muito. Todos nós, administradores, docentes, alunos. Particularmente estes últimos. A extensão tem permitido melhor aprendizado pela aplicação planejada da teoria. SILVA, Cícero S. et al. “Consultoria em Empresa de Produtos em Acrílico”, Trabalho de Conclusão de Curso dos graduandos do Curso de Tecnologia em Processos de Produção do Centro Universitário de Santo André – UniA. 2006. Cremos que a falta de verbas não pode ser justificativa para se ficar de braços cruzados. Com vontade e criatividade, a própria matriz curricular de todos os cursos pode ser planejada a fim de oferecer conteúdos que, de alguma forma, dialoguem com as necessidades sociais. SILVA, Oberdan D.- palestra proferida no II Simpósio Multidisciplinar “A Integração Universidade-Comunidade”, em 10 de outubro de 1996 e publicado em “Integração Ensino, Pesquisa e Extensão” III(9):1489, maio1997. Uma significativa mudança econômica e social só será atingida pela Educação. Esperamos que esta exposição sirva de catalisador para outras instituições. Estamos convictos de que, com sua expansão, a nossa sociedade, em geral, e o ensino, em particular, viverão um futuro melhor. BIBLIOGRAFIA ANTUNES, Maria L. P. e ROVEDA, Sandra R. M. M. “Extensão Universitária” Jornal Cruzeiro do Sul, 6 de setembro de 2005. 159 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 A FUNÇÃO SOCIAL DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS Dácio Campos33 Uma das grandes conquistas da educação do brasileiro nas últimas décadas foi a efetivação dos Centros Universitários como instrumento para o aumento do número de estudantes no ensino superior. cursos. Os Centros Universitários, sacramentados em dispositivos legais, abriram espaços para os docentes e discentes, democratizaram a educação, supriram o que as instituições públicas deveriam oferecer e não conseguiram até hoje. Foram abertos e estão em funcionamento muitos postos de saúde. clínicas médicas, odontológicas e paramédicas; foram efetivados serviços de fisioterapia, análises clínicas, fonoaudiologia, farmácia, entre outros, viabilizando hospitais e unidades de saúde municipais e estaduais, criando espaços para residências médicas e estágios profissionalizantes. A alfabetização cresceu com os ideais da pedagogia, de letras, do ensino à 3ª idade. Foram criados fóruns de atendimento na área de Direito acelerando o precário sistema e o tramite dos processos. Educadores se uniram, investiram em todo território nacional, criaram empregos e fizeram chegar a educação a excluídos e/ou banidos dos processos da evolução do ensino, prometidos pela Constituição de 1988. O Ministério da Educação e o Conselho Nacional de Educação instituíram sistemas avaliativos e diretrizes para autorizações e reconhecimentos de Centros, abrangendo não só o que as Instituições de Ensino devem oferecer como, também, o que as comunidades das regiões necessitam realizar para se efetivarem como parceiras nos empreendimentos educacionais. Muitos foram os profissionais formados nesse período para atender a demanda, tanto na área de graduação como na de tecnologia e na educação à distância. Professores capacitaram-se e especializaram-se para acompanhar os processos fiscalizatórios para criação de Escolas e dirigentes no resultado idealizado pelo Ministério da Educação, pelo Conselho Nacional de Educação e pelo próprio Governo Federal. Hoje, os Centros Universitários estão estabilizados, com convênios com órgãos públicos como Prefeituras, Câmaras, Fóruns, Hospitais, Escolas, Clínicas envolvendo todos no processo social que interessa ao país. É a melhoria da qualidade de vida do cidadão que está no projeto original da criação dos Centros Universitários, pensamento dos educadores e dos dirigentes que gerenciam a concessão no Brasil. E os Centros Universitários estão fazendo a sua parte, não no mínimo de exigência, mas sim extrapolando no sentido de atender às comunidades, principalmente as carentes, demonstrando ao povo e aos dirigentes do país a reciprocidade que deve existir entre instituições no mundo globalizado no qual vivemos. O que se viveu a partir desse processo foi uma significativa ampliação de horizontes culturais e educacionais. Dezenas de Centros Universitários foram implantados em regiões inexploradas, levando até elas educadores titulados e alunos de todos os graus de conhecimento. Essas instituições educacionais, com suas peculiaridades e com a autonomia recebida, implantaram cursos em todos os segmentos, beneficiaram cidades, regiões e milhares de cabeças pensantes, até então sem esperança de chegarem a um curso superior. Com isso, as comunidades representadas pelas Prefeituras se envolveram no processo educacional, garantiram o funcionamento pleno dos Centros e se beneficiaram juntamente com seus munícipes dos serviços prestados pelas Escolas, por meio de seus 33 Dácio Campos é Pró-Reitor Acadêmico do Centro Universitário Barão de Mauá, Ribeirão Preto – SP. 160 SEGUNDA PARTE 3.-. PÓS-GRADUAÇÃO: O AVANÇO SUSTENTADO Milton de Abreu Campanário(*) Daniela Luiza de Macedo(**) Sibele Gomes de Santana Faria(***)34 INTRODUÇÃO Conforme é delineado neste livro, os Centros Universitários – CEU’s são instituições de ensino superior pluri-curriculares, que se caracterizam pela qualidade do ensino oferecido, com pouca ênfase nas atividades de pesquisa e de pós-graduação stricto sensu. O pleno funcionamento de um CEU ocorre pela comprovação do desempenho de seus cursos nas avaliações coordenadas pelo Ministério da Educação, pela qualificação do seu corpo docente e pelas condições do trabalho acadêmico oferecidas à comunidade escolar. A rigor, não há uma demanda formal para que um CEU tenha desempenho destacado na área de pesquisa e de pós-graduação, particularmente aquelas que geram condições de titulação acadêmica de mestre ou doutor. Brasil. O presente estudo tem a finalidade não somente de mostrar a forma como a pós-graduação é institucionalizada, mas também de servir como norteador para eventual implementação de cursos e programas de Mestrado e Doutorado nos Centros Universitários, contribuindo ao avanço do ensino da pós-graduação brasileira dentro de dois marcos citados por Jorge Guimarães, atual presidente da CAPES: “qualidade e a flexibilidade, ou ainda flexibilidade com qualidade”. O PAPEL DAS IES BRASILEIRAS Este capítulo trata especificamente da atividade de pós-graduação stricto sensu – SS que são oferecidas nos CEU’s. Para tanto, será feita uma apresentação de conceitos fundamentais relacionados aos cursos de SS, o mapeamento da evolução deles no Brasil e a forma como são implementados. Esta evolução é muito grande nos últimos dez anos, justamente no momento em que os CEU’s aparecem como alternativa institucional de ensino superior no Brasil. Mesmo sem a obrigatoriedade de estruturar cursos de pós-graduação SS há nos anos recentes uma participação dos CEU’s neste nível de formação. No que tange à implementação deste tipo de formação nas Instituições de Ensino Superior – IES, o destaque do capítulo é a apresentação do papel desenvolvido pela Fundação Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES, agência ligada ao Ministério da Educação, responsável pela regulamentação e avaliação do Sistema de Pós-Graduação Stricto Sensu no Recentes pesquisas realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, apontam que o número de universitários brasileiros cresceu 13,2% de 2005 para 2006 (INEP, 2007a). Isso evidencia que a procura por cursos superiores vem se tornando cada vez mais efetivos na realidade do país, providenciando uma expansão das Instituições públicas e privadas. Segundo Ronaldo Mota, Secretário de Educação Superior do Ministério da Educação (SESu/MEC), é importante que o crescimento das IES esteja dentro de critérios de qualidade que são fundamentados pelo Ministério da Educação – MEC. Esta posição não é tão óbvia como pode parecer em um primeiro momento. De fato, entre a instrução e a execução de uma política há um abismo. O que Ronaldo Mota coloca é mais uma perseguição permanente rumo ao atendimento de todos os critérios levantados pelo MEC. 34 (*)Bacharel em Economia pela USP, Mestre em Políticas Públicas pela Universidade de Harvard, Ph.D. pela Universidade de Cornell. Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Administração do Centro Universitário Nove de Julho - PPGA/UNINOVE, reconhecido pela CAPES. Ex-Secretário Adjunto de Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo. Com a criação do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES), por meio da Lei n° 10.861, de 14 de abril de 2004, são estabelecidos os principais eixos para a avaliação das instituições públicas e privadas: ensino, pesquisa, extensão, responsabilidade social, desempenho dos alunos, gestão da instituição, corpo docente, instalações e infra-estruturas entre outros aspectos (INEP, 2007b). Com os resultados das avaliações, é possível identificar não somente a qualidade da IES do país e de seus cursos, mas também para: • medir as instituições sobre a sua eficácia institucional, efetividade acadêmica e social; • implementar políticas públicas pelos órgãos governamentais; (** ) Graduada em Administração pelo Centro Universitário Nove de Julho - UNINOVE. Atualmente é aluna do Mestrado em Administração e Assistente de Pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Administração - PPGA/UNINOVE. (***) Graduanda em Administração de Empresas pelo Centro Universitário Nove de Julho- UNINOVE. Atua como Assistente de Pesquisa para o Programa de Pós-Graduação em Administração - PPGA/UNINOVE. 161 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 • informar aos estudantes e a comunidade em geral sobre as características e qualificações dos cursos e instituições. O papel das IES vai além da formação de recursos humanos capacitados para o exercício da atividade profissional qualificada. Cabe a elas desenvolver nos estudantes o espírito cidadão e de crítica através do ensino, da pesquisa e da extensão. Há uma forte associação em toda a cultura educacional brasileira de que a contribuição social do sistema de ensino se dá por meio dos cursos oferecidos em interface indissociável com a pesquisa, principal geradora de inovação, mudança e transformação social (BOMENY, 2001). humanos cada vez mais qualificados para o exercício profissional em praticamente todas as áreas, o que só pode ser oferecido pela agilidade do setor privado. Gráfico 1. - Matrículas na Educação Superior 1996-2005 1073 1000 800 600 380 400 200 130 18 Conforme informações obtidas no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira – INEP, há atualmente no Brasil 2.457 IES credenciadas pelo MEC. A tabela 1 apresenta a distribuição da quantidade de IES por região brasileira: 371 Privadas 247 61 19 41 117 Públicas 0 Norte Nordeste CentroOeste Sul Sudeste Fonte: Elaborado pelos autores com base em dados obtidos no site do INEP: http://www.educacaosuperior.inep.gov.br/funcional/busca_instituicao.stm O artigo 45 da Lei de Diretrizes e Bases da EduTabela 1 – Quantidade de IES privadas e públicas por cação Nacional - LDB (Lei nº 9.394, de 20 de dezembro região REGIÕES: QUANTIDADE DE IES PRIVADAS: QUANTIDADE DE IES PÚBLICAS: TOTAL: de 1996), dispõe que “a educação superior será ministrada em instituições de ensino superior, públicas ou privadas, com variados graus de abrangência de especialização”. Já o Decreto nº 2.207, de 15 de abril de 1997, no seu artigo 4º, classifica a diversidade das organizações acadêmicas das IES em: universidades, centros universitários, faculdades integradas, faculdades e institutos superiores ou escolas superiores. Como fruto deste quadro institucional e legal, atualmente há IES com esses sete tipos distintos de organizações acadêmicas, com natureza jurídica pública ou privada (INEP, 2007b). A tabela 2 identifica a atual representatividade numérica das IES por organização acadêmica nas cinco regiões brasileiras: Norte 130 18 148 Nordeste 380 61 441 Centro-Oeste 247 19 266 Sul 371 41 412 Sudeste 1073 117 1190 2457 Fonte: Elaborado pelos autores com base em dados obtidos no site do INEP: http://www.educacaosuperior.inep.gov.br/funcional/busca_instituicao.stm A maioria das IES está concentrada na região sudeste do país, fato que é resultado do maior desenvolvimento econômico e concentração de população em relação às outras regiões brasileiras. Somente a capital e região metropolitana do Estado de São Paulo, consideradas os maiores pólos de negócios da América Latina, concentra-se cerca de 30% de todos os investimentos privados em indústria em território nacional (PREFEITURA DE SÃO PAULO, 2007). Segundo dados da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), são 155 mil indústrias que representam 34% do PIB industrial brasileiro (PREFEITURA DE SÃO PAULO, 2007). Também nesta região concentrase a maior parte do setor de serviços e do comércio no Brasil, representando cerca de 54%. Assim, nesta região a demanda por ensino tem encontrado no setor privado uma proporção maior de resposta do que em outras regiões, que ainda dependem mais do setor público. Justifica-se, assim, a maior quantidade de IES privadas nessa região, observado no gráfico 1. Em outros termos, o desenvolvimento constante da indústria, do comércio e dos serviços, demanda recursos A evolução das IES entre os anos de 1997 a 2005 é distinta. Enquanto o número de instituições públicas se mantém praticamente estável, o número de instituições privadas vem crescendo ano a ano, contribuindo para o aumento do número de IES no Brasil. (tabela 3): Com a evolução das instituições privadas entre os anos 1997 a 2005, a linha que representa o número total de IES no gráfico 2 segue em constante crescimento CRIAÇÃO E EVOLUÇÃO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS 162 É estendida aos Centros Universitários – CEU’s credenciados pelo Ministério da Educação a autonomia das Universidades para criar, organizar e extinguir cursos e programas de educação superior, assim como remanejar ou ampliar vagas nos cursos existen- SEGUNDA PARTE Tabela 2 – Quantidade de IES credenciadas no Brasil, divididas por região e por organizações acadêmicas CENTRONORTE NORDESTE SUL SUDESTE OESTE CATEGORIAS: Público Universidades Centros Universitários Faculdades Integradas Faculdades Faculdades de Tecnologia Institutos ou Escolas Superiores Centros de Educação Tecnológica TOTAL: Total no Brasil: Privado 12 1 Público Privado Público Privado Público Privado Público 28 6 9 5 17 22 28 Privado 51 - 8 - 3 - 11 2 17 4 79 - 5 - 8 1 19 - 9 3 1 90 17 272 3 165 15 222 31 73 653 2 5 2 21 - 11 3 55 30 66 - 21 4 70 1 36 - 46 10 151 3 - 10 - 5 - 4 - 11 - 18 130 61 380 19 247 41 371 117 1073 2457 Fonte: Elaborado pelos autores com base em dados obtidos no site do INEP:http://www.educacaosuperior.inep.gov.br/funcional/busca_instituicao.stm Gráfico 2 – Evolução do número de IES públicas e privadas no Brasil 1997 – 2005 2500 T o t a l d e IE S 1859 2000 1637 1391 1500 1000 500 900 1097 973 689 764 211 209 905 1652 1180 2013 2165 1934 1789 P riv ada 1442 1208 1004 P úblic a 192 176 207 195 183 224 231 0 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Fonte: Elaborado pelos autores com base em dados obtidos no site do INEP: http://www.educacaosuperior.inep.gov.br/funcional/busca_instituicao.stm tes, incluindo as atividades de pós-graduação. Tabela 3 – Evolução dos números de IES públicas e privadas no Brasil de 1997 – 2005 ANO PÚBLICA PRIVADA TOTAL GERAL 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 211 209 192 176 183 195 207 224 231 689 764 905 1004 1208 1442 1652 1789 1934 900 973 1097 1180 1391 1637 1859 2013 2165 O Art. 6º do Decreto-Lei Nº 2.207, de 15 de Abril de 1997, estipula os Centros Universitários como instituições de ensino superior pluri-curriculares, abrangendo uma ou mais áreas do conhecimento, que se caracterizam pela excelência do ensino oferecido, comprovada pela qualificação do seu corpo docente e pelas condições de trabalho acadêmico oferecidas à comunidade escolar. Fonte: Elaborado pelos autores com base em dados obtidos em: http:// Hoje no Brasil há 124 CEU’s, sendo 118 de natureza privada e seis de natureza pública. Mais uma vez, a região sudeste se destaca concentrando 68% dos CEU’s brasileiros. Em seguida vem a região sul representando 15% das instituições (gráfico 3). www.educacaosuperior.inep.gov.br/funcional/busca_instituicao.stm Em pesquisa no INEP para o ano de 2005, foram identificados CEU’s em 18 estados brasileiros, como mostra a tabela 4. É muito interessante observar que dos 124 centros existentes, 79 estão 163 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 concentrados na Região Sudeste, ou seja, mais de 60% das instituições criadas nesta modalidade respondem de forma rápida ao crescimento da demanda nas regiões de maior renda per capita do país. Gráfico 3. Quantidade de Centros Universitários nas regiões brasileiras 6% 2% 9% Norte 15% Nordeste Centro-Oeste Sul Sudeste 68% sumida como: • Os lato sensu são considerados como cursos de “especialização”, mais direcionados à atuação profissional e atualização dos bacharéis. Não estão necessariamente ligados à pesquisa, mas tão somente à qualificação de pessoal já graduado. Têm carga horária mínima de 360 horas e se encontram nesta categoria os cursos de especialização e os cursos de aperfeiçoamento. Os cursos de especialização também podem ser designados como MBA, do inglês Master in Business Administration, ou mestrado em administração de empresas, cuja definição nos EUA é equiparável aos mestrados no Brasil. Os MBAs são os mais populares por atender uma demanda crescente por conhecimento nas organizações modernas. • Os stricto sensu são cursos voltados à formação científica e acadêmica e estão intimamente ligados à pesquisa. Existem nos níveis do mestrado e doutorado. O curso de mestrado tem a duração média recomendada de dois a dois anos e meio, durante os quais o aluno desenvolve uma dissertação e cursa as disciplinas relativas à sua pesquisa, cujos resultados são publicados em uma dissertação. O conhecimento adquirido não tem necessariamente que ser inovador ou trazer um avanço significativo ao conhecimento, bastando o candidato demonstrar um bom trânsito nas teorias, metodologias ou métodos e ensaios de pesquisa, em uma determinada área de conhecimento. Os doutorados têm a duração média desejada entre três e quatro anos, para o cumprimento das disciplinas, realização da pesquisa e para a elaboração da tese. Uma tese carrega um marco teórico aprofundado, um domínio da forma de pesquisa tradicional na área e traz como resultado um conhecimento inovador. Fonte: Elaborado pelos autores com base em dados obtidos no site do INEP: http://www.educacaosuperior.inep.gov.br/funcional/busca_instituicao.stm Tabela 4 – Centros Universitários por Estados segundo a natureza jurídica Estado Amazonas Bahia Distrito Federal Espírito Santo Goiás Maranhão Mato Grosso Mato Grosso do Sul Minas Gerais Pará Paraíba Paraná Rio de Janeiro Rio Grande do Sul Roraima Santa Catarina São Paulo Tocantins TOTAL: TOTAL DE CENTROS UNIVERSITÁRIOS: Privada 4 1 4 3 3 1 2 2 16 2 1 7 15 6 1 4 45 1 118 Natureza Jurídica Municipal Estadual 1 1 3 5 1 1 Os cursos de mestrado têm o objetivo de iniciar o candidato na atividade de pesquisa básica ou aplicada, capacitando-o também ao bom desempenho das atividades de ensino nos cursos de graduação e preparando profissionais diferenciados para o mercado de trabalho. No Brasil, o mestrado tem duas modalidades: acadêmico e profissional. 124 Fonte: Elaborado pelos autores com base em dados obtidos no site do INEP: http://www.educacaosuperior.inep.gov.br/funcional/busca_instituicao.stm O CONCEITO DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU No campo do ensino, o Centro Universitário tem praticamente as mesmas prerrogativas que a Universidade. No entanto, sem a pesquisa sistemática, normalmente identificada com os cursos de pós-graduação Stricto Sensu, não há possibilidade de um Centro Universitário equiparar-se a uma Universidade, ao menos no plano das normas em vigor. Para as atividades de ensino e pesquisa de pós-graduação, o Conselho Federal de Educação segue a conhecida magistral definição de Newton Sucupira para Lato Sensu e Stricto Sensu. Esta definição é delineada a partir da definição da nomenclatura utilizada para a formação da estrutura da universidade brasileira e pode ser re- O Mestrado Acadêmico tem por objetivo preparar o aluno para a pesquisa científica. A área de conhecimento normalmente é focada em uma área de concentração do programa atendido pelo estudante e constitui-se em um sub-conjunto da área profissional, ou seja, aquela estudada em todo um curso de graduação. Além de disciplinas mais avançadas, que incluem uma parcela significativa do levantamento bibliográfico e de trabalho de interpretação de textos e informações qualitativas ou quantitativas, é desenvolvido um trabalho de pesquisa científica, mesmo que seja em estágio intermediário em termos de preparo teórico e de aprofundamento metodológico. Espera-se que ao final do curso o aluno tenha adquirido capacidade de desenvolver um trabalho de pesquisa relativamen- 164 SEGUNDA PARTE te autônomo, o que vai se consubstanciar em uma Dissertação de Mestrado. Este trabalho caracterizase pela busca de referências, métodos e tecnologias atuais e sua aplicação de forma não necessariamente inovadora, mas sempre sistemática, utilizando métodos aceitos pela comunidade acadêmica da área, com a supervisão de um orientador, este necessariamente um Doutor. Espera-se também, a demonstração de capacidade de redação de textos científicos. Esta capacidade é evidenciada, principalmente, pelo texto da dissertação. Mas, é também desejável a publicação ou submissão de artigos em revistas indexadas e anais de congressos, durante e após o curso, o que evidenciará a importância da pesquisa realizada e seu reconhecimento pelos especialistas. Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico - CNPq, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP e CAPES. Estas agências concedem bolsas de doutorado no exterior. Mas esse número tende a decrescer. A prioridade das agências, atualmente, é a concessão de estágios-sanduíche, isto é, de períodos de seis meses a um ano letivo para que o aluno de doutorado, matriculado no Brasil, entre em contato com centros avançados no exterior e faça contatos que depois desenvolverá. Usualmente, o estágiosanduíche se dá durante o terceiro ano do curso. Mestrado Profissional é semelhante ao acadêmico em seus conceitos gerais. No entanto, o objetivo e a forma de condução deste curso são orientados para o estudo e solução de problemas reais do ambiente onde o curso tem seu objeto de investigação. A dissertação de mestrado acadêmica é substituída por um trabalho de conclusão no qual deve ser demonstrada a competência do mestrando na resolução de problemas reais com métodos e técnicas atuais. Não está excluída a possibilidade do mestrando desenvolver uma dissertação no Mestrado Profissional. Destina-se a profissionais que atuam em empresas, instituições públicas ou em atividades que demandam um tipo de preparo mais afeito à prescrição de soluções do que propriamente de indagação científica. Em princípio é um curso terminal e, apesar de ser possível a continuação dos estudos, não é aconselhado para quem deseje prosseguir em direção à obtenção de um título de Doutor. A pós-graduação é considerada uma das realizações mais bem sucedidas no conjunto do sistema de ensino existente no país (PNPG, 2004). Com o desenvolvimento da comunidade acadêmica nacional, o desempenho da pós-graduação passa a ser considerável no aumento da oferta de cursos de Mestrado e Doutorado. Para a expansão do sistema de pós-graduação, pede-se cada vez mais que os esforços empreendidos pela comunidade científica sejam contínuos em qualidade. EVOLUÇÃO DO STRICTO SENSU O Doutorado é um processo de aprendizagem que envolve um forte componente teórico e de investigação científica. O seu objetivo é preparar o candidato para as atividades de ensino e pesquisa de alto desempenho. Obtém-se com a conclusão de créditos de disciplinas e com a defesa de uma tese, que deve ser um trabalho original ou inovador em termos do conhecimento adquirido. Nas Universidades, os cursos de Doutorado estão normalmente precedidos de programas de mestrado, sendo estes mais restritos em termos de demanda por conhecimento. A expansão e consolidação da pós-graduação stricto sensu em todas as áreas de conhecimento e regiões do país é o principal objetivo da CAPES. Num período de dez anos, é possível constatar que os números de cursos estão em constante crescimento. Conforme apresentado na tabela 5, em 1997 o Brasil contava com 1874 cursos reconhecidos pela CAPES. Atualmente esse número é superior ao dobro dos cursos oferecidos na década de 90, chegando a 3840 cursos reconhecidos (gráfico 4). O número dos cursos de Mestrado é maioria em relação ao doutorado (gráfico 5). De qualquer maneira, tanto Mestrado quanto Doutorado têm crescimento desde 1997. O Brasil hoje está relativamente maduro no desenvolvimento de programas de doutorado, o que é uma realidade recente. De fato, até os anos 1970, os doutores eram em grande número formados no exterior. Incentivos eram gerados para a ida de brasileiros ao estrangeiro para se doutorarem. Nos anos 1980 e 1990 a pós-graduação brasileira adquiriu maturidade, com a implantação de cursos de doutorado na maioria das áreas de ciências fundamentais e aplicadas. Para este processo de formação de doutores, três grandes agências de fomento brasileiras foram fundamentais: Embora fora de sua missão centrada eminentemente na área de ensino, os Centros Universitários também vem contribuindo para o desenvolvimento da Pós-Graduação. O oferecimento de Mestrado e Doutorado nesse tipo de organização acadêmica é encontrado em todas as regiões brasileiras (tabela 6), contribuindo também para a expansão da pesquisa. A CAPES E O SISTEMA DE AVALIAÇÃO STRICTO SENSU 165 O Ministério da Educação é o órgão responsável pelo estabelecimento da política nacional de educação por meio do Conselho Nacional de Educação - CNE, instância com representação do estado, governo e sociedade civil. Cabe ao MEC, entre outras importan- O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 Tabela 5 – Evolução do número de cursos de Pós-Graduação stricto sensu (PPSS) 1997 -2007 M D - PPSS NO BRASIL 1874 1248 626 MESTRADOS EM CEU’s - 19 2092 1291 801 - - - 19 2205 1397 808 - - 07 - 19 2291 1470 821 - - 29 05 - 44 2478 1522 956 05 - 891 51 05 - 44 2619 1652 967 09 - 35 907 62 06 - 44 2771 1785 986 12 - 768 33 1025 118 - - 01 2971 1912 1059 14 - 2005 834 33 1064 133 - - - 3128 2031 1097 26 - 2006 925 39 1146 157 - - - 3413 2228 1185 39 - 2007 1082 75 1227 229 - - - 3840 2538 1302 59 01 ANO M D M/D F M/F D/F 1997 648 26 600 1998 510 25 757 - - - - 05 - 1999 603 27 762 05 08 2000 661 30 772 11 2001 561 29 883 2002 661 32 2003 766 2004 M/D/F DOUTORADOS EM CEU’s - M: Mestrado / D: Doutorado / F: Profissionalizante Fonte: Elaborado pelos autores com base em dados obtidos no site da CAPES: http://ged.capes.gov.br/AgDw/silverstream/pages/ frPesquisaColeta.html Gráfico 4 – Evolução do número de cursos de Pós-Graduação Stricto Sensu (PPSS) 1997 – 2007 3840 18 74 2092 2205 2291 2 4 78 2 6 19 2 771 2 9 71 3 12 8 3 4 13 19 9 7 19 9 8 19 9 9 2 0 0 0 2 0 0 1 2 0 0 2 2 0 0 3 2 0 0 4 2 0 0 5 2 0 0 6 2 0 0 7 númer o de Cur s os Fonte: Elaborado pelos autores com base em dados obtidos no site da CAPES: http://ged.capes.gov.br/AgDw/silverstream/pages/frPesquisaColeta.html Gráfico 5 – Evolução do número de cursos de Pós-Graduação Stricto Sensu (PPSS) 1997 – 2007 Mestrado Doutorado 2031 1785 1912 1522 1652 1248 1291 1397 1470 1097 1059 967 986 956 821 801 808 626 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2228 2538 1302 1185 2006 2007 Fonte: Elaborado pelos autores com base em dados obtidos no site da CAPES: http://ged.capes.gov.br/AgDw/silverstream/pages/frPesquisaColeta.html Tabela 6 – Quantidade de Centros Universitários com cursos de Pós-Graduação reconhecidos pela CAPES NATUREZA JURÍDICA: REGIÃO: Norte Nordeste Centro-Oeste Sul Sudeste Pública - Privada x x x x x QUANTIDADE DE CEU’s QUE OFERECEM PPGS: 01 01 03 10 23 MESTRADO: 02 02 04 15 36 Fonte: Elaborado pelos autores com base em dados obtidos no site da CAPES: http://www.capes.gov.br/avaliacao/recomendados.html 166 DOUTORADO: 01 SEGUNDA PARTE tes atribuições, regulamentar o Sistema Nacional de Ensino Superior, um conjunto de instituições federais de educação superior e instituições particulares. Não fazem parte deste universo, embora sigam as diretrizes do CNE, as instituições estaduais e municipais, particularmente por meio dos Conselhos Estaduais de Educação. Cabe à União manter as instituições federais públicas e regular o funcionamento das instituições privadas, de forma a garantir a qualidade da educação superior no Brasil. Neste âmbito de responsabilidades é que se insere a pós-graduação stricto sensu. termos, o mestrado adotou um modelo de créditos norte americano para o ensino e uma estrutura de dissertações e exigências docentes equivalentes ao doutorado daquele país, o que se configura como uma distorção ainda a ser superada. A avaliação da pós-graduação brasileira é um tema muito controverso. Conforme aponta Santos (2003), o modelo brasileiro de pós-graduação é extremamente dependente da produção intelectual dos docentes, que surge como o principal critério de avaliação das propostas de novos cursos e da avaliação sistemática dos cursos existentes, tanto no mestrado como no doutorado. A rigor, quanto maior a produção e a abrangência regional, nacional e internacional, maior o conceito dado ao curso. A produção científica, por sua vez, sente uma forte influência do modelo norte-americano de pós-graduação, com a avaliação de periódicos e outros critérios de pontuação, incluindo a forma de “acreditação” utilizada naquele país e de certa forma seguida pela sistemática da CAPES. De fato, conforme aponta Romanelli (1993), houve uma forte influência americana, por meio da USAID – United States Agency for International Development, em todos os níveis do sistema educacional brasileiro, principalmente a partir da década de 1960, tendo como campo de penetração no Brasil o Instituto Tecnológico da Aeronáutica – ITA e a hoje denominada Universidade Federal do Rio de Janeiro. A Universidade de São Paulo, embora com influência européia em sua formatação inicial, acabou também por adotar os mesmos critérios de desempenho sugeridos pela USAID. Esta influência vai abraçar a filosofia de trabalho do MEC e de sua agência CAPES. No entanto, como bem aponta Rosseti (1997), o sistema de avaliação tem uma forte exigência para a constituição de mestrados, ultrapassando, em muito, aquelas utilizadas pelo próprio sistema norte-americano. Ainda segundo este autor, as exigências dos mestrados no Brasil nascem pela falta de uma estrutura de doutorado nas várias áreas científicas, o que vai se consolidar somente nos anos 80 e 90, com grande aceleração também no início do presente século. Apesar deste avanço, não há sinais de que o mestrado seria um curso terminal para a formação profissional. Pelo contrário, as mesmas exigências permanecem, apesar da instituição dos Mestrados Profissionais, que ao cabo de oito anos de funcionamento estabelece ainda critérios de avaliação tipicamente acadêmicos, por força das comissões de avaliação das diferentes áreas científicas. Em outros Como será visto a seguir, o conceito de desempenho utilizado é relativamente uniforme para todas as áreas de conhecimento, muito embora exista uma certa flexibilidade a ser exercida pelos comitês de área. Esta flexibilização é fruto sobretudo de como cada área interpreta e valida a produção científica, o que surge pelo fato dos comitês são serem multidisciplinares (o que já surgiu como proposta para homogeneizar a avaliação entre as áreas). Há uma imposição muito grande dos grupos de maior exposição internacional sobre os critérios a todas as demais, tornando a avaliação mais rigorosa, mas também trazendo distorções, sobretudo nas áreas de caráter mais tecnológica. As filosofias de governo também se fazem presentes quando impõem certas pontuações a fatores de distribuição regional e também na forma de encarar a crescente participação do setor privado no setor educacional, agora também penetrando na pós-graduação. De fato, hoje já se fazem presentes pressões de mercado como fruto da importância numérica do alunato destas instituições privadas, orientadas para atender de forma mais rápida às demandas do mercado de trabalho. Muitos argumentariam que a lógica de mercado não se aplica ao mundo do ensino e da pesquisa de alto desempenho, mas de fato a presença das universidades públicas brasileiras, absolutamente dominantes na área de pós-graduação e produção científica, precisa ser repensada para o futuro. A CAPES e o Sistema Nacional de Pós-Graduação 167 Em 11 de julho de 1951 foi criada a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), com o intuito de promover um movimento nacional para o aperfeiçoamento e capacitação de profissionais nas mais altas esferas da ciência e da tecnologia (FERREIRA, 2001). Vários mecanismos foram então utilizados: bolsas de estudos para mestres e doutores no Brasil e principalmente no exterior, fomento à pesquisa básica e aplicada e a estratégica formação de uma estrutura de pós-graduação Stricto Sensu no país, particularmente a partir da década de 1970 (CAPES, 2007a). Subordinada ao Ministério da Educação – MEC, a CAPES se constitui no órgão responsável pela institucionalização de novos cursos e pela determinação dos padrões de desempenho e avaliação da qualidade dos Programas de Pós-Graduação Stricto Sensu, visando garantir a expansão e consolida- O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 ção do ensino e da pesquisa em nível de excelência. tidos pelo presidente da CAPES; O Sistema Nacional de Pós-Graduação – SNPG, cujo órgão executor é a CAPES, está direcionado por três sistemas interelacionados: o Conselho Superior (CS), o Conselho Técnico Científico (CTC) e a os Comitês de Áreas ou Comissões de Consultores Científicos (CA). rior Finalmente, os Comitês de Área são comissões de consultores acadêmicos, vinculados a IES’s de diferentes regiões do país, atuando em suas respectivas áreas de competência no sentido de promover a avaliação dos Programas de Pós-Graduação em andamento e das Propostas de Cursos Novos. Embora com grau de autonomia relativa, um conjunto de critérios uniformiza o sistema de avaliação nas diferentes áreas de ensino e pesquisa. De uma forma geral, as atribuições destes comitês são: O Conselho Superior é composto por quinze membros, representantes das mais diversas áreas acadêmicas, profissionais e institucionais. Cabe ao CS as seguintes atribuições: • Estabelecer prioridades e linhas gerais orientadoras das atividades da entidade, a partir de proposta apresentada pelo Presidente da CAPES; • Aplicar um padrão de qualidade para os cursos de doutorado e mestrado, identificando os cursos que atendem a tais padrões; • Apreciar a proposta do Plano Nacional de Pós-Graduação PNPG, para em seguida ser encaminhada ao Ministro; • Seguindo a legislação e as diretrizes do CTC e do CS, fundamentar pareceres sobre a autorização, reconhecimento e renovação dos cursos; • Apreciar critérios, prioridades e procedimentos para a concessão de bolsas de estudos e auxílios; • Contribuir para a evolução do SNPG por meio de antecipação de metas e desafios em cada área específica, fazendo expressar os avanços da ciência e da tecnologia pertinentes; • Aprovar o relatório anual das atividades da CAPES e a respectiva execução orçamentária; • Definir o processo de indicação dos Coordenadores das Comissões de Consultores Científicos; • Expor em cada avaliação os pontos fortes e fracos de cada proposta de curso novo ou de cursos em andamento, visando o aperfeiçoamento constante das medidas de avaliação e do seu cumprimento por parte das IES’s. • Apreciar propostas referentes a alterações do Estatuto e do Regimento Interno da CAPES. As competências estipuladas ao Comitê TécnicoCientífico são tipicamente mais técnicas e de coordenação da política, além de um papel de supervisão de todo o processo de avaliação. De fato, o CTC atua na execução da política de pós-graduação, interferindo diretamente na aprovação de medidas de avaliação e recomendação da CAPES. Suas atribuições específicas são: Por meio destas três instâncias é que o sistema de avaliação da pós-graduação Stricto Sensu no Brasil é elaborado. Sistema de Avaliação • Auxiliar a diretoria da CAPES na elaboração das políticas e diretrizes específicas de atuação; A CAPES é muito mais que uma instituição de avaliação de programas de mestrado e doutorado. Ela atua na regulamentação, coordenação e fomento do Sistema Nacional de Pós-Graduação. A avaliação é uma de suas atividades relevantes, pois lhe confere um papel regulador de “polícia”, ao atuar decisivamente na autorização e direcionamento dos cursos existentes ou em forma de proposta. Para tanto, a CAPES fixa os seguintes objetivos estratégicos, emanados do CNE: • Colaborar na elaboração da proposta do Plano Nacional de Pós-Graduação; PES; • Eleger seu representante no Conselho Supe- • Opinar sobre a programação anual da CA- • Opinar sobre os critérios e procedimentos para a distribuição de bolsas e auxílio institucionais e individuais; • Opinar sobre acordos de cooperação entre a CAPES e instituições nacionais, estrangeiras ou internacionais; • Propor critérios e procedimentos para o acompanhamento e a avaliação de pós-graduação e dos programas executados pela CAPES; • Estabelecer o padrão de qualidade exigido dos cursos de mestrado e de doutorado e identificar os cursos que atendem a tal padrão; • Propor estudos e programas para o aprimoramento das atividades da CAPES; • Fundamentar sobre autorização, reconhecimento e renovação de reconhecimento dos cursos de mestrado e doutorado brasileiros. Dentro destes objetivos, cumpre o aprimoramento de cada programa de pós-graduação, assegu- • Opinar sobre assuntos que lhe sejam subme- 168 SEGUNDA PARTE rando-lhe o parecer criterioso de uma comissão de consultores sobre cada projeto pedagógico e de seu desempenho. Vale salientar que a avaliação não cumpre somente com o papel de aumentar a eficiência dos programas, mas também no atendimento das necessidades regionais e setoriais de formação de recursos humanos de alta qualificação. Para tanto, também como resultado das seguidas avaliações em todo o território nacional, a CAPES passa a contar com um amplo banco de dados sobre a situação e evolução da pós-graduação, o que tem servido para de subsídio às instituições públicas e privadas no desenho de suas estratégias de atuação (CAPES, 2007b). como cada área interpreta a qualidade da produção científica e do desenho de metas existente na sua dinâmica de conhecimento. Os Critérios de Avaliação. O Sistema de Avaliação é conduzido por dois processos similares em seu conteúdo: a avaliação de cursos de pós-graduação já existentes e a avaliação das propostas de novos cursos. Como definido acima, a avaliação é realizada inicialmente por consultores acadêmicos e representantes de cada área científica, vinculados a instituições das diferentes regiões do Brasil. O processo de avaliação está em permanente evolução, superando critérios e substituindo instrumentos, de forma incremental, ano a ano. De início há que destacar a existência de uma tensão permanente entre questões acadêmicas e de produção científica e o atendimento a demandas da sociedade por formação de profissionais em determinadas regiões ou segmentos do conhecimento. Em outros termos, há uma diferença notória entre a avaliação por processo e avaliação por produto. Como parte de um longo processo de institucionalização do conhecimento científico gerado pela pós-graduação, a avaliação de cursos direciona as instituições através do desenvolvimento e aplicação de critérios e instrumentos variados (DAVYT; VELHO, 2000). A avaliação dos programas e dos cursos de pós-graduação que compõem o Sistema Nacional de Pós-Graduação – SNPG se caracteriza pelo acompanhamento anual e pela avaliação trienal. Além da estrutura da proposta, é avaliado o desenvolvimento e o desempenho acadêmico do programa. O sistema de avaliação é um misto de apreciações qualitativas e quantitativas, atribuindo-se uma nota final, dentro da escala de 1 a 7. O CNE estipula que a partir da nota 3 é deliberado o reconhecimento ou a renovação aos programas e cursos para vigorarem no triênio subseqüente. Pode-se, por exemplo, simplesmente ignorar como certas metas são alcançadas em termos de produção sem se considerar como foram atingidas. Ao focar num modelo misto de avaliação de processo e de produto, mas com tendência maior para o último critério, o sistema tem gerado insatisfações daqueles que defendem maior autonomia e flexibilidade para a criação científica e artística. Sob a ótica de resultados e não de processos, a avaliação de programas tende a ser interpretada como sendo a favor de interesses da mercantilização do ensino, pois supõem que os instrumentos enfatizados encobrem a relação custo/benefício tão somente. Este é o argumento de Mollis & Bensimon (1995) quando atestam que a avaliação do Estado é um compromisso entre forças que defendem o ensino público e as relações de mercado, cada vez mais presentes na educação. Este argumento é válido na medida em que pondera que a presença de interesses conflitantes de fato geram mudanças profundas na forma de avaliação, em qualquer parte do mundo. No entanto, se esta premissa é verdadeira, o seu corolário não o é: a perda de autonomia das IES, em especial das públicas. Fica patente que o CNE tem que tratar de uma pluralidade de interesses acadêmicos, institucionais, setoriais e regionais, chegando a legislação a um consenso senão ideal para o país, ao menos relativamente válido em uma democracia. O que de fato se coloca é que dentro do jogo democrático, a pressão política (DÍAZ BARRIGA, 1994) e o poder burocrático devem ser controlados (FOLLARI, 1994). Especificamente na pós-graduação, embora estas questões estejam presentes, há um consenso de que a CAPES, embora sofrendo pressões de todas matizes, tornou o sistema suficientemente forte, mas também flexível, que chega hoje a ser incontestável como autoridade pela comunidade acadêmica. Para os cursos novos, a Comissão de Avaliação de cada área examina se a proposta do programa cumpre ao padrão de qualidade requerido pela CAPES. A atribuição da nota também está na escala de 1 a 7, sendo a nota 3 o valor mínimo considerado para a deliberação do CTC e do CNE como curso ou programa reconhecido e, assim, incorporado ao Sistema Nacional de Pós-Graduação (CAPES, 2007b). É possível existir múltiplos objetivos para uma avaliação. De qualquer maneira, a avaliação é o instrumento que permite obter, de imediato, uma visão mais ampla da oferta de cursos em um determinado sistema educacional. Portanto, as avaliações devem ser realizadas nas mesmas proporções segundo os mesmos critérios entre todos os cursos ou programas, por mais diferentes que eles sejam (PNPG, 2007). Uma margem de flexibilidade é deixada por conta da forma 169 Da forma como está estabelecida, a avaliação da pós-graduação brasileira gera relatórios externos O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 e trabalhos de auto-avaliação que permitem o debate sobre a qualidade do ensino internamente e externamente, criando métricas e instrumentos que aos poucos vão sendo assimilados para uma boa medida de potencialidades e restrições de cada curso. esta ponderação. Por meio deste desenvolvimento incremental, os critérios gerais utilizados pela CAPES para avaliação da pós-graduação Stricto Sensu são os seguintes: Corpo Docente e Produção Intelectual são critérios tipicamente quantitativos, sendo que cada área tem uma flexibilidade de ponderar a qualidade das mídias de publicação e os pesos específicos de qualificação docente. No limite, embora com quesitos que podem ser considerados de processo como, por exemplo, o tempo de dedicação do docente às atividades de pesquisa ou a forma como esta está estruturada em cada IES, predominam nestes critérios quesitos de avaliação por produção: formação e titulação acadêmica, número de artigos e textos publicados, eventos científicos assistidos, entre outros. Há casos onde o que aparenta num primeiro momento ser avaliação por produção, como é o caso de eventos científicos atendidos, acaba por ser incluído em itens específicos de avaliação por processo, entendendo, neste exemplo, que um evento é mais uma forma de formação de redes e de troca de conhecimento do que propriamente um produto final, mesmo quando da apresentação de trabalhos científicos. Estes dois critérios somados representam, na maioria dos casos, entre 60% e 70% do total de pontos atribuídos para a avaliação de propostas de novos cursos e de cursos já reconhecidos. Existem áreas que tendem a valorizar mais a produção intelectual (35% em administração), mas na maioria dos casos é uma ponderação similar em cada caso. • Proposta do Programa: consistência da área de concentração com linhas de pesquisa e grade curricular; adequação do corpo docente; objetivos gerais e específicos; infra-estrutura laboratorial e de bibliotecas; e outros de menor peso específico. • Corpo Docente: qualificação e especialização acadêmica; contrato de trabalho em regime integral; tempo para dedicação à pesquisa; produção intelectual; experiência em pesquisa e orientação; experiência em gestão educacional; outros de menor peso. • Corpo Discente: processo seletivo; volume de candidatos por vaga; produção intelectual; teses e dissertações concluídas; tempo médio de formação. • Produção Intelectual: artigos em periódicos científicos, preferencialmente os indexados; livros e capítulos de livros; participação em congressos, simpósios e seminários científicos; outras produções de menor valor como entrevistas, relatórios técnicos, textos de divulgação, etc. Finalmente o critério Corpo Discente também tende a ter uma ponderação quantitativa e por produto, pois as métricas são o número absoluto e relativo de defesas, o tempo médio de permanência no curso, a produção intelectual do discente, a relação entre candidatos e número de estudantes selecionados, entre outros. Existem quesitos quantitativos que são tipicamente de avaliação por processo neste critério, como por exemplo, o número de doutores externos à IES que participam de bancas. • Inserção Social: pertinência da proposta no contexto social e educacional em que se insere; demanda por profissionais e pesquisadores na área de concentração proposta; potencial de ampliar o ambiente científico e acadêmico na região ou no ambiente social, econômico e cultural, em geral. É interessante observar que estes critérios gerais estão presentes em todos os segmentos acadêmicos com presença na pós-graduação brasileira, independentemente da região, área de atuação ou perfil da IES. Neste sentido, a presença da CAPES impõe um sistema bastante uniforme de avaliação, com critérios universais. Mas, algumas ponderações adicionais se fazem necessárias para mostrar que existe flexibilidade. Há que se estabelecer o sentido maior de cada critério em termos de seu objetivo de avaliar por produto ou por processo. Em um primeiro apanhado, os critérios Proposta do Programa e Inserção Social são eminentemente qualitativos, tendendo fortemente para a avaliação por processo. À Proposta do Programa, via de regra, não é dado um valor quantitativo, cabendo simplesmente uma apreciação qualitativa que pode ser eliminatória; uns poucos casos são feitas ponderações quantitativas, que variam de 5% a 15%. A Inserção Social normalmente tem um peso de 10% a 20%, mas não existem métricas precisas para 170 Conforme o levantamento feito e exposto na Tabela 7, dependendo fundamentalmente do campo acadêmico considerado, estes critérios podem ser flexibilizados. O estágio atual dos critérios são utilizados pelas diferentes áreas de conhecimento. Observa-se que as regras gerais acima apontadas são relativamente uniformes em todos as áreas. No entanto, há que se observar que algumas áreas, como Biologia II e Ecologia e Meio Ambiente, por exemplo, dão pesos específicos para a forma como a atividade de pesquisa é executada e para a qualidade das dissertações. Já a área de Ensino de Ciências e Matemática introduz ponderações em critérios de processo e pesos específicos em teses e dissertações. Mas, excluindo estas e algumas outras algumas exceções, os critérios utilizados pela CAPES tendem a ter uma uniformidade rela- 171 30% 20% 30% 25% 25% 25% 25% Ponderação Ponderação Ponderação 30% 30% Ponderação 25% Qualitativa Qualitativa Qualitativa Qualitativa Qualitativa Quantitativa Qualitativa Matemática/Probabilidade e Estatística Planejamento Urbano-Regional e Demografia Psicologia Química Serviço Social Sociologia Zootecnia e Recursos Pesqueiros MB / F 25% 30% 35% 25% Quantitativa 30% 30% 35% 30% 30% 30% 30% 30% Ponderação 30% 30% Ponderação 30% Qualitativa 30% 30% 30% Ponderação Ponderação Corpo Discente, Teses e Dissertações 25% 30% 25% 30% MB / F Ponderação MB / F 35% 30% 30% 35% Quantitativa 30% 30% 30% 30% 35% 35% 35% 35% Ponderação Ponderação Ponderação 30% 30% Ponderação 30% Qualitativa 30% 30% 30% Ponderação 30% Ponderação 35% 30% 35% 30% MB / F Ponderação Produção Intelectual Ponderação = Ponderação Qualitativa/Quantitativa por nota MB = Muito Bom F = Fraco Fonte: Elaborado pelos autores com base em dados obtidos no site da CAPES: http://www.capes.gov.br/avaliacao/criterios/avaliacao_trienal_2007.html MB / F 30% 30% 25% 30% Quantitativa 30% Qualitativa 30% 30% Qualitativa Qualitativa Qualitativa Qualitativa Qualitativa Qualitativa Qualitativa Qualitativa Qualitativa Qualitativa Qualitativa Qualitativa Qualitativa Qualitativa Ponderação 15% 30% Ponderação 20% Ponderação Qualitativa Ponderação Qualitativa - Qualitativa 30% 30% 30% 30% MB / F Ponderação Qualitativa Qualitativa Qualitativa Qualitativa Qualitativa Ponderação Corpo Docente Administração, Ciências Contábeis e Turismo (cursos acadêmicos) Antropologia e Arqueologia Arquitetura e Urbanismo (engloba programas em design) Artes/Música Astronomia/Física Ciência Política e Relações Internacionais Grande área Ciências Agrárias (Ciências Agrárias I, Zootecnia e Recursos Pesqueiros, Medicina Veterinária e Ciência e Tecnologia de Alimentos) Ciências Biológicas I Ciências Biológicas II Ciências Biológicas III Ciências da Saúde/Grande Área (Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Medicina I, Medicina II, Medicina III, Odontologia e Saúde Coletiva) Ciências e Tecnologia de Alimentos Ciências Sociais Aplicadas I (Comunicação/Ciência da Informação/ Museologia) Direito Ecologia/Meio Ambiente Educação Engenharias I Engenharias II Engenharias III Engenharias IV Ensino de Ciências e Matemática Filosofia/Teologia:subcomissão Teologia Filosofia/Teologia:subcomissão Filosofia Geociências Geografia História Letras/Lingüística Áreas Proposta do Programa Tabela 7 – Critérios de Avaliação no Triênio 2004 – 2006 10 10% 10% 10% 10% 10% 10% 10% Qualitativa Somente nível 6 e 7 MB / F 10% 10% 10% 10% Quantitativa 10% Qualitativa 10% 30% 10% Ponderação - 10% 10% 10% 10% MB / F Ponderação Inserção Social SEGUNDA PARTE O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 tivamente grande, cabendo a apreciação do Comitê de Área um papel decisivo em adequar todo o sistema às especificidades de cada área. tina, 1994. CONCLUSÕES FOLLARI, R. Los retos del sigloXXI ante el Estado Evaluador. In: Puiggrós & Krotsch, 1994 (Eds.) Universidad y Evaluación: Estado del Debate. Buenos Aires, Rei Argentina, 1994. Este capítulo tratou especificamente da atividade de Pós-Graduação stricto sensu – SS que são oferecidas nos CEU’s. Para tanto, os conceitos fundamentais relacionados aos cursos de SS foram definidos. Ademais, foi feito um mapeamento da evolução de da forma como são implementados. Os dados comprovam que esta evolução é muito grande nos últimos dez anos, justamente no momento em que os CEU’s aparecem como alternativa institucional de ensino superior. Mesmo sem a obrigatoriedade de estruturar cursos de pós-graduação SS há nos anos recentes uma participação dos CEU’s neste nível de formação. No que tange à implementação deste tipo de formação nas IES, o capítulo destaca o papel e a forma de atuação da CAPES, responsável pela regulamentação e avaliação do Sistema de Pós-Graduação stricto sensu no Brasil. O presente estudo também apresentou-se como norteador para eventual implementação de cursos e programas de Mestrado e Doutorado nos Centros Universitários, contribuindo ao avanço do ensino da pós-graduação brasileira dentro de dois marcos da CAPES: “qualidade e a flexibilidade, ou ainda flexibilidade com qualidade”. REFERÊNCIAS BOMENY, H. Newton Sucupira e os rumos da educação superior. Brasília: Paralelo 15; CAPES, 2001. 126p. (Biblioteca Anísio Teixeira: série Biografias) COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL TÉCNICO (CAPES). História e missão. 2007a. Disponível em: <http:// www.capes.gov.br/sobre/historia.html>. Acesso em: 30 abr. 2007. FERREIRA, M. M.; MOREIRA, R. L. CAPES 50 anos: depoimentos ao CPDOC/FGV. Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas, CPDOC; Brasília, DF: CAPES, 2003. 343p. INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA (INEP). Lula cita números para mostrar o desenvolvimento da educação. 2007a. 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(Tese de Doutorado). 172 SEGUNDA PARTE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA: O AVANÇO SUSTENTADO 35 José Rubens Lima Jardilino(*) INTRODUÇÃO Falar sobre a instituição educacional chamada de Centro Universitário implica refletir sobre a história de uma jovem instituição, que tem pautado, com avanços e recuos, a dinâmica do acelerado crescimento do ensino superior no país, num breve percurso de aproximadamente dez anos. Certamente, ao fazer isso, tomarei partido, firmarei posições acerca da trajetória dessa instituição recente, enfim portar-me-ei de um lado, à direita ou à esquerda dela. Como um dos participantes da construção dessa história36 , falarei do nosso cotidiano universitário, das nossas idiossincrasias, o que poderá suscitar reações diversas. Se assim acontecer, terei cumprido, em parte, minha tarefa: a de contribuir com o profícuo diálogo que se estabelece, hoje, em torno do papel das instituições universitárias, não só nas esferas acadêmicas, como também em todas as instâncias envolvidas com a questão educacional deste país. Meu ponto de partida serão as experiências por mim vivenciadas no interior de um Centro Universitário, na condição de professor e de gestor. Empreendo a análise, tentando não perder de vista o conselho de Derrida (1999) de que a universidade não deve deter nenhum poder, se quiser manter seu direito de julgar. A advertência faz lembrar Kant37, quando assinalou que o poder governamental de Königsberg deveria limitar-se à influência dos homens de negócio e dos técnicos da ciência, submetendo seus enunciados à jurisdição da Faculdade de Filosofia, que, segundo o filósofo, apesar de pertencer à escala classificatória de poder inferior, é a única apta a julgar com plena liberdade. Isso talvez nos leve a uma constatação de que o que Kant concebia como Universidade era o lugar da mais fiel pureza do discurso teórico, e que essa instituição teria tão somente um interesse: a verdade. Dessa maneira, possivelmente caiba, também neste trabalho, a intenção de Derrida: ”eu pensava sobretudo na necessidade de despertar ou de re-situar uma responsabilidade na universidade ou perante a universidade, fazendo-se ou não, parte dela” (1999, p.146) Aqui também nos referimos ao Centro Universitário, uma instituição universitária que, por ser ainda jovem, é completamente diferente daquela tradicional que Derrida e Kant analisaram e freqüentaram. Após uma década de sua implantação, a discussão sobre a pertinência histórica dessa instituição e seu conseqüente desenvolvimento no âmbito da Graduação e da Pós-graduação, sem dúvida alguma, traduz-se numa importante peça da nova taxionomia do Ensino Superior no Brasil. Discutir a importância da pesquisa e da pósgraduação foi um enfoque que nunca abandonamos, desde a origem do Centro Universitário (Jardilino & Storopoli, 2001). Portanto, neste trabalho, trataremos de questões dessa Instituição Universitária, considerando aspectos da sua responsabilidade no processo formativo do cidadão, quer seja na graduação, quer seja na pós-graduação, num percurso de análise que vai da “excelência no ensino” à “excelência na formação”. Reafirmaremos aqui o “ideal” da insociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão para qualquer instituição universitária, seja ela autônoma, seja tutelada. Considerando esses aspectos, certamente vamos contrariar algumas das proposições sobre os Centros e o seu sucessivo debate, desde o seu nascimento. 35 As idéias expostas neste capítulo foram organizadas tendo como base e matriz as reflexões que fizemos em outros momentos sobre os Centros Universitários, sobre sua autonomia, sua inserção na pesquisa, além das questões sobre financiamento, que aqui não foram exploradas (cf. Jardilino, J.R.L. & Storopoli, E. Pesquisar ou não pesquisar? Eis a questão para os Centros Universitários na Formação Superior no Brasil. In. Ensino & Sociedade. ANUP, Ano 1, n 1, Brasília, 2001; Jardilino, J.R.L. A questão do financiamento da universidade brasileira: setores público e privado numa equidade de sistemas. In. Revista Brasileira de Políticas e Administração da Educação, v 19, n 12. ANPAE, Piracicaba, SP, 2003; Jardilino, J.R.L. The University Reformation in Brazil: contributions for the debate on the Latin American University Reforms. In. Annual Conference of the Society for Latin American Studies (SLAS) University of Derby, Derby, U.K –2005 Symposium: History and Prospective of the Latin American University). (*) Bacharel em Teologia, Licenciado em Filosofia, Mestre em Ciências da Religião, Doutor em Ciências Sociais. É professor titular do Departamento de Educação do Centro Universitário Nove de Julho, atuando no PPGE/Uninove desde sua fundação, pesquisando e orientando nas linhas de Políticas Educacionais e Formação de Professor. 36 Atuo na Instituição de Ensino Superior do setor privado desde 1988, na docência (graduação e pós-graduação), na extensão universitária e na pesquisa. Mais recentemente, de 2000 a 2007, pude vivenciar experiências de gestão como diretor de departamento e pró-reitor acadêmico. 37 A citação, de segunda mão (apud Derrida, 1999), é sobre o importante escrito de Kant “o conflito das faculdades”, no qual reconhece a divisão de poder das faculdades, denominando-as de faculdades superiores (a Medicina, o Direito e a Teologia) e faculdade inferior (Faculdade de Filosofia). Conforme Derrida, a primazia da Faculdade de Filosofia, subvertendo a hierarquia apresentada por ele, dava-se não pela questão do poder, mas pela primazia do saber. Nas palavras do autor: “Assim, poder-se-ia um dia chegar a ver os últimos tornarem-se os primeiros, não para o exercício do poder, mas para dar conselhos àquele que Partimos da discussão da autonomia da instituição universitária como “licença” de status acadêmico, politicamente concedido, pela qual é possível compre- 173 o detém (o Governo), que encontraria assim, na liberdade da faculdade de filosófica e na sabedoria que lhe adviria dela, bem mais do que sua própria autoridade absoluta, meios para atingir os fins” (Derrida 1999, p.110) O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 ender o grande sucesso dos Centros Universitários no sistema educacional brasileiro. Posteriormente, pretendemos discutir o que significa para uma instituição educacional ser considerada uma “Universidade de Ensino”, para depois abordar a questão central deste texto, qual seja a relação entre a pesquisa e a pós-graduação, como avanço sustentado dos Centros. Por fim, apresentaremos algumas perguntas que tematizam o futuro dessa instituição de ensino, em novos contextos educacionais que se vislumbram após o completo atendimento à demanda advinda da chamada “democratização” do ensino superior no país. O CENTRO UNIVERSITÁRIO E O DESIDERATO DA AUTONOMIA NA INSTITUIÇÃO UNIVERSITÁRIA A questão da autonomia foi, ao longo da história da instituição universitária, um dos aspectos mais discutidos e almejados. Em todas as reformas pelas quais a instituição universitária passou, a autonomia sempre se apresentou como o calcanhar de Aquiles. Por isso é emblemático que os Centros Universitários nasçam tendo como elemento prioritário a autonomia administrativa, financeira e didática, conforme atesta o artigo 12 do decreto nº 2.306: São Centros Universitários as instituições de ensino superior pluricurriculares, abrangendo uma ou mais áreas do conhecimento, que se caracterizam pela excelência do ensino oferecido, comprovada pela qualificação do seu corpo docente e pelas condições de trabalho acadêmico oferecidas à comunidade escolar, nos termos das normas estabelecidas pelo Ministério de Estado, da Educação e do desporto para o seu credenciamento. Fica estendida aos Centros Universitários credenciados autonomia para criar, organizar e extinguir, em sua sede, cursos e programas de educação superior, assim como remanejar ou ampliar vagas nos cursos existentes. Os Centros Universitários poderão usufruir de outras atribuições da autonomia universitária, além da que se refere o parágrafo anterior [art.12 SS 1º], devidamente definidas no ato de seu credenciamento, nos termos do parágrafo 2º do artigo 54 da Lei nº 9.394 de 1996. [Cf. Art 12 e seus parágrafos do Decreto nº 2.306, 19/08/1997. - grifos são nossos] Discutiremos, nos dois subitens que seguem, o tema da autonomia, inicialmente, em sua perspectiva histórica, para, em seguida, tratarmo-la numa dimensão didático-pedagógica e científica. Autonomia universitária: perspectiva histórico/conceitual Embora a primeira imagem que nos chega da idéia de Universidade não esteja associada propriamente ao nascimento das Instituições de ensino, a análise dessas últimas passa por essa tradição. Por isso retomemo-la brevemente. A universidade surge, no século XI, ao final da barbárie, associada à idéia de urbanidade. Nasce dos ideais de estudantes e professores – que formavam uma comunidade dialógica - como um movimento de interesse coletivo e autônomo sem lugar, sem propriedades e sem poder local. Bem mais tarde, no decorrer dos séculos XV e XVI, perde sua autonomia carismática de movimento e se institucionaliza, ligando-se aos ideais do nascimento dos Estados. Como diz Menezes (2000,p.9): A partir da Renascença ela é também um marco na história do Estado moderno e das nações contemporâneas. A Inglaterra do século XVII e a França do século XVIII ou a Alemanha do século XIX têm suas histórias políticas e econômicas associadas às de suas universidades. Na França napoleônica, a Université de France já foi criada para ser uma espécie de departamento de formação de quadros para o Estado” Dessa maneira, o ideal de Universitas autônoma logo vai se submetendo às amarras do poder religioso e político. Num primeiro momento, é domesticada pela igreja medieval que, ao não permitir nenhum pensamento não autorizado, seduz e enclausura a universitas com o poder espiritual e material que detinha. No segundo momento, e em conseqüência de sua domesticação, deixa-se seduzir pelo outro poder que se instaura - o Estado Moderno -, para fugir de sua clausura eclesiástica. Morre assim a idéia de Universitas e nasce a Universidade. Podemos afirmar que a idéia da Universidade está posta num carisma. Isto é, relaciona-se com o sentido próprio da relação que se estabelece entre mestres e estudantes que, com vistas à produção e à difusão do conhecimento, examinam e vasculham, de forma crítica, processual e criativa, os problemas da realidade (Almeida & Almeida 2004). Assim, Universitas não se refere a um estabelecimento físico de ensino, mas a um movimento intelectual dialógico e associativo entre mestres e estudantes. Talvez tenha sido com base nessa idéia que Paulo Freire tenha elaborado sua reflexiva frase/pensamento: “Ninguém educa ninguém, ninguém se educa sozinho, os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo”. 174 Gosto de pensar a universidade como espírito de sua época, ou como um Estado de Espírito, como bem SEGUNDA PARTE escreveram os Almeida (op.cit.), um estado de espírito que representa a grande herança do pensamento racional, que se renova no tempo e que não se confunde unicamente com sua expressão material. Ela é, na verdade, uma representação simbólica: A verdadeira universidade não se localiza num lugar específico. Não tem propriedades, não paga salários, não recebe taxas materiais. A Verdadeira universidade é um estado de espírito É a grande herança do pensamento racional que nos foi legada ao correr dos séculos e que não tem um lugar específico para ficar. É um estado de espírito que se renova através dos séculos, graças a um grupo de pessoas que ostentam tradicionalmente o título de professor, título esse que, no fundo, também faz parte da Universidade. A verdadeira Universidade é nada mais nada menos que o corpo contínuo da razão em si. Além desse estado de espírito, a razão, existe uma entidade legal que infelizmente atende pelo mesmo nome, mas que é muito diferente. Esta é uma empresa sem fins lucrativos, uma filial do estado, com endereço específico. Possui propriedades, pode pagar salários, receber dinheiro e reagir também a pressões do legislativo. Porém, esta segunda, universidade, a empresa legal, não pode ensinar, não pode gerar novos conhecimentos, nem avaliar idéias. Não é a verdadeira universidade. É apenas o prédio da igreja, o cenário, o local onde se criaram condições favoráveis para que a verdadeira Igreja exista. As pessoas que não enxergam essa diferença ficam sempre confusas, pensando que controlar o prédio da Igreja é o mesmo que controlar a Igreja. Eles vêem professores como empregados da segunda universidade que deveriam deixar a razão de lado quando lhes fosse solicitado a obedecer sem objeções. Exatamente como os empregados de outros tipos de empresa. Enxergam a segunda universidade, não a primeira. (Pirsig 1991 apud Almeida&Almeida, 2003. p). As elaborações históricas sobre o que seja a universidade mostram-nos que elas não se estabelecem sem contradições. Se a autonomia, como afirmamos acima, foi um grande ideal da universidade, hoje a sua materialidade chega-nos de maneira diferente. No caminho da institucionalização, a Universidade foi a cada passo sendo aprisionada, quer pelos dogmas da Igreja, quer pelos princípios do Estado; tornou-se, como disse Altusser, Aparelho Ideológico do Estado e perdeu a independência que propunha Kant, pelo menos para a Faculdade de Filosofia. Nesse marco, falamos de uma forma de autonomia e com a qual guardamos alguns elementos de sua gênesis. Hoje, quando falamos de autonomia universitária, estamos identificando o termo mais próximo ao conceito da filosofia jurídica que ele carrega. Foi o próprio Kant que o introduziu para designar a independência da vontade em relação a qualquer desejo ou objeto do desejo e a sua capacidade de determinarse em conformidade com uma lei própria, que é a da razão. Dessa maneira, o que entendemos por autonomia não é a idéia do senso comum de que ela é uma soberania ilimitada com formas de atuação sem quaisquer limites externos. Trata-se, sim, de um conceito jurídico, conforme nos ensina Ranieri (1994, p.27): “A autonomia não significa independência nem soberania. Seu exercício embora pleno, restringe-se a esferas específicas previamente delimitadas pelo ente maior, dentro dos quais e para os quais são produzidas pelo ente autônomo normas próprias e integrantes do sistema jurídico global”. De acordo com essa concepção, quando falamos de autonomia universitária, estamos falando de princípios regulatórios definidos pelo Estado, de acordo com os limites e objetivos específicos para os quais a instituição foi gerada. Nesse sentido, a autonomia é concedida pelo Estado e, portanto, está subordinada, em última instância, ao econômico e ao político. Assim, não é possível pensar a autonomia, sem considerar o que os que financiam a Instituição universitária, oferecem: autonomia didática, científica e administrativa. Assim é que se compreende, hoje, o tema da autonomia universitária, tão imbricado nos processos de ajuste do Estado, nas profundas transformações econômicas que determinam as modificações dos espaços políticos e sociais e as demandas ditadas por esses setores à instituição universitária. É nesse contexto de desequilíbrio, provocado pela desestruturação econômica, social e política do Estado, que falamos de autonomia. O setor da educação é, como afirma Sobrinho (2003), importante nesse momento para atender às exigências da ideologia do Estado. 175 Diante do quadro de complexidade apresentada pelo momento histórico, a instituição universitária, que sempre apresentou uma reconhecida vocação para a crítica, mediada pelo pensamento livre, com fins à promoção humana, hoje passa por um ajuste. Assume uma nova cartografia político-organizacional, com novos contornos e significados, o que tem impactado significativamente sua luta cotidiana pela autonomia e pela liberdade de pesquisa. Nesse sentido, o conceito de autonomia, na atualidade, vem acompanhada de outros conceitos, tais como “educação eficiente”, ”gestão empresarial”, “planejamento racional” e autoregulação”. Os centros universitários surgem nesse contexto, definindo uma nova acepção de autonomia, O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 de que tratamos no subitem que segue. poder. Centros Universitários e autonomia didático-pedagógica e científica No México, a influência do movimento de Córdoba foi, de certa maneira, mais significativa do que em qualquer outro país latino-americano, conforme nos indica Alcántara (2003), quando apresenta os ganhos que a autonomia definiu, na época, para a organização da universidade: autonomia para a pesquisa, ou seja, liberdade de escolha do campo a ser investigado; autonomia de cátedra, que diz respeito à liberdade para decidir sobre o currículo e as metodologias de ensino; autonomia acadêmica, relativa à liberdade para eleger seus órgãos colegiados e decidir sobre o governo universitário; e autonomia administrativa, que outorga a liberdade de elaborar, planejar e executar o orçamento a ela destinado pelo provedor. Como afirma Alcántara (2003, p.79), “el logro de la autonomía para la Universidad no ha sido una concesión gratuita de los gobiernos. Ha requerido luchas, las cuales han sido el producto de procesos, a veces prolongados”. A história do currículo e dos conteúdos esteve sempre a serviço de um tipo específico de educação de que o Estado precisava. A instituição universitária gozou dessa autonomia em vários períodos. Isso resultou num certo reconhecimento da sociedade sobre o grau de competência que ela tem para definir não só a relevância do conhecimento a ser transmitido ou construído, como também a metodologia a ser aplicada. Disso decorreu a autonomia para julgar, por parâmetros internos e de forma independente dos interesses externos, os resultados da pesquisa. No entanto, isso não a exime de uma autocrítica constante, pois, afinal, a crítica ao currículo e à forma de transmissão do conhecimento foi exercida no interior das instituições universitárias desde os tempos mais remotos, muito embora não sem censura. A autonomia deve ser compreendida com base no contexto político em que ela se insere. Diana Soto (2003) demonstra isso em seus estudos sobre a Universidade no século XIX. Assim o fez também Marsiske (1993) sobre a UNAM e as concepções de autonomia na América Latina. Soto expõe três argumentos que justificam a importância dessa temática para as Universidades da América Latina: (...) porque en los países latinoamericanos no hay separación entre lo político e lo educativo y la universidad ha sido utilizada para fines políticos; porque la educación como canal de acceso y de ascenso tiene un sentido especial en América Latina; y porque las universidades son un campo de acción importante para grupos políticos minoritarios e secundarios” (Soto, 2003, p.259-260). A autora acrescenta que, na América Latina, um marco histórico para a discussão sobre autonomia se deu basicamente no início do século XX com o movimento de Córdoba, numa luta que representa, em todo o continente, um rechaço ao estado oligárquico. As representações dessa luta se expressaram mais firmemente na Argentina (Córdoba), no México e na Colômbia, com o difícil desligamento da Universidade em relação à Igreja38, após a ascensão dos liberais no Pode-se dizer que a autonomia é a condição sine qua non para que a Instituição universitária possa cumprir sua missão crítica da realidade. Somente uma instituição com autonomia, como se referia Kant sobre a Faculdade de Filosofia, pode exercer essa função. Ao final do século XIX e ao longo de todo o século XX, as universidades buscaram consolidar a base de sua existência – a autonomia -, a fim de garantir ampla liberdade na produção de conhecimentos. Esse ideal foi perseguido desde sua fundação no século XII, em Bolonha, numa corporação de estudantes, ou em Paris, em corporações de professores. A autonomia sempre se pautou como princípio norteador de sua atividade intelectual e de liberdade frente aos poderes locais. 38 Conforme registra Diana Soto: “debemos indicar que en distintas épocas se han propugnado ideales educativos. En este sentido la formación universitaria de Santafé giraba en torno de una concepción teocentrica del conocimiento que en una sociedad como la neograndina constituía, no solo el eje de la mentalidad, como era obvio, sino que también condicionaba la educación de quienes, es un momento dado, debían engrosar las filas de la vanguardia intelectual. Soto Arango, Diana, et. all La ilustración en el virreinato de la nueva granada.p.149. In., Vera de Flachs, M. Cristina (comp) Universidade e Ilustración en América: Nuevas perspectivas. Cordoba, Agentina, 2002., No contexto atual, no Brasil, a organização das instituições de Ensino Superior foi definida por meio de várias reformas, orientadas pelas políticas de plantão, tendo como paradigma a autonomia didático-administrativa. A criação da figura do Centro Universitário está posta na relação com essa acepção de autonomia. O documento do MEC Planejamento Político-Estratégico -1995/1998, elaborado na época em que estavam sendo concebidos os centros universitários, traduz bem essa orientação para as instituições de ensino superior: “Transformar as relações do poder público com as instituições de ensino: (...) Descentralizar o sistema, atribuindo maior autonomia às instituições de ensino. (...) Reconhecer a diversidade e heterogeneidade do sistema, formulando políticas diversificadas que atendam às peculiaridades dos diferentes setores do ensino público e privado” (Brasil, MEC, 1995 p.26, apud MINTO, 2006, p.156). 176 Os desdobramentos e as repercussões desse tipo de autonomia viabilizada pelo MEC são o foco de SEGUNDA PARTE nossa atenção no item que segue. O QUE SIGNIFICA SER “UNIVERSIDADE DO ENSINO”: IMPLICAÇÕES E RESPONSABILIDADES Grosso modo, podemos dizer que o sistema de ensino superior no Brasil acomodou-se sem grandes ou impactantes reformas, mesmo se considerando o surgimento das Universidades na década de 30 e a expansão do sistema católico, em condição semi-estatal, nos anos 40. No que pese o contra-senso41, foi somente em 1968 [período de ditadura militar], com promulgação da Lei 5.540/68, que ocorreu uma significativa reforma nesse setor da educação nacional, ocasionada pelo intenso e profícuo debate público e a pujança política do movimento estudantil em torno da primeira Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional, aprovada no inicio da década [1961]. Conforme Durham [1998:4]: Nesse período, que coincide com o inicio da grande expansão do ensino superior, elaborou-se um modelo de ensino superior que deveria orientar toda a política: ele deveria ser público e gratuito e oferecido em universidades (tolerando-se provisoriamente outros tipos de instituições); a verdadeira universidade (ao contrário das instituições então existentes) deveriam associar o ensino à pesquisa, organizar-se em departamentos e institutos (e não em cursos e cátedras) e ser dirigida paritariamente por professores e alunos (os funcionários, naquela época, não foram considerados). Reivindicava-se, paralelamente, a expansão da capacidade do sistema, de modo a absorver a grande demanda que então se manifestava, agravada pelo fenômeno dos chamados excedentes. Este modelo continua a ser, até hoje, o grande referencial para todos os setores envolvidos com a educação superior pública, embora tenha se revelado, ao longo dos anos, tão inviável quanto inadequado. Na década de sessenta, entretanto, representava um movimento de profunda renovação do ensino superior, que teve efeitos muito positivos. A reforma contida na lei de 1968, na qual se indicava a possibilidade de o ensino superior ser ministrado, em caráter excepcional, em estabelecimentos isolados, ou seja, fora da universidade, abriu a possibilidade para a expansão do ensino superior. As regras rígidas para o setor foram relaxadas, não deliberadamente, mas sob pressão, o que demonstrava a falta de resposta do Estado com uma política clara para a democratização do Ensino Superior no país, conforme assinala Sampaio [2000, p.68-69]: A Lei 5.540/68 ao mesmo tempo que servia Ao nos inserirmos na discussão sobre as responsabilidades das universidades, alinhamo-nos à rica bibliografia que, com o suporte das recentes pesquisas brasileiras, aprofundam o tema da razão de ser dos estudos universitários no Brasil39. Deve-se ressaltar que hoje a discussão sobre o Ensino Superior no Brasil rompeu a fronteira da academia, espalhou-se pela mídia40, atingindo grande parte da sociedade civil. O Ensino Superior no Brasil seguiu historicamente uma rota bastante diferenciada daquela que marcou a América Hispânica. Nessa última, a colonização pôde contar com a criação de um corpus universitário de fundamento religioso e sustentado pelo poder estatal/colonial. Esse modelo foi superado apenas com os processos de independência e a sua consecutiva secularização do ensino, instalando-se, assim, respeitadas universidades públicas. Como sabemos, a coroa portuguesa, por sua vez, trouxe sérias dificuldades para a criação de Instituições de Ensino Superior no Brasil. Somente no século XIX, com as mudanças ocorridas na relação metrópole-colônia, surgiram as primeiras Instituições de Ensino Superior – IES, que não eram ainda as Universidades stricto sensu. Seguindo um modelo napoleônico, as instituições organizaram-se em forma de faculdades, institutos e escolas superiores autônomas de caráter laico e estatal, que tinham a preocupação de formar a base das profissões liberais de que tanto precisava o país naquele momento. Somente no século seguinte, tivemos a formação das universidades brasileiras. 39 Dentre as pesquisas publicadas destacamos as de: ALMEIDA, Cleide R.S. O brasão e o Logotipo: um estudo das novas universidades na cidade de São Paulo: Petrópolis, RJ., Editora Vozes, 2001; SAMPAIO, Helena. Ensino Superior no Brasil: setor privado. São Paulo: Hucitec/Fapesp, 2000; SILVA Jr. J.R. & SGUISSARDI, W. Novas faces da educação superior no Brasil: reforma do Estado e mudança de produção. São Paulo: EDUSF, 1999; MINTO, Lalo W. As Reformas do Ensino Superior no Brasil. Campinas, SP: Editora, Autores Associados, 2006. E dentre os artigos publicados nos periódicos nacionais, destacamos: JARDILINO, J.R.L. A questão do financiamento da universidade brasileira: setores público e privado numa equidade de sistemas. In.,RBPEA, v19, n2, 2003; JARDILINO, J.R.L. & STOROPOLI, E. Pesquisar ou não pesquisar: eis a questão para os Centros Universitários na formação superior do país. In Revista Ensino e Sociedade, n.1, 2001; CHAUI, Marilena. A Universidade pública sob nova perspectiva. In Revista Brasileira de Educação, n.24, 2003; SOBRINHO, J.D Educação Superior, globalização e democratização: Qual a Universidade. In., Revista Brasileira de Educação, n 28, 2005; SILVA, Jr. J.R.; SGUISSARDI, W. A nova lei da educação superior: fortalecimento do setor público e regulação do privado\mercantil ou continuidade da privatização e mercantilização do público! In., Revista Brasileira de Educação, n29, 2005 40 Os jornais, telejornais, revistas semanais e demais equipamentos midiáticos alimentam fartamente a sociedade brasileira com suas análises factuais sobre as questões da Universidade Brasileira. Informam sobre o seu desempenho no sistema de avaliação implantado pelo MEC, indicam as mazelas da produtividade científica, as informações sobre as carreiras profissionais e suas relações com o mercado, além de recorrer a intelligentia para alimentar os seus suplementos culturais, que julgamos de excelente qualidade 177 41 O contra-senso explica-se pelo grande crescimento do ensino superior no Brasil, um setor extremamente reivindicatório e contestador, justamente no período das “trevas” - as ditaduras militares da América Latina. Para maiores detalhes sobre esse quadro, leia Sampaio e Durham: O setor privado na América Latina: uma análise comparativa. Documentos de trabalho do NUPES 3/98. São Paulo: NUPES/USP, 1998. t O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 para referendar e legitimar as normas da casa [Ministério da Educação/Conselho Federal de Educação], era acionada para justificar as exceções nas mesmas normas. Se as brechas legais prevaleceram nesse período, foi em decorrência da pressão dos interesses do ensino privado; respaldados, por sua vez, na pressão da demanda, a força do setor privado mostrou-se, efetivamente, mais eficaz nessa arena decisória (...) A opção pelo setor público para a criação de universidades que aliassem o ensino e pesquisa – uma das bandeiras de setores do movimento dos anos 50 e 60, incorporada na Reforma de 1968 – implicou aumento progressivo do custo absoluto e relativo do ensino público (Schwartzman, J., 1993) limitando-lhe a expansão e abrindo, ao setor privado a oportunidade de atender à demanda de massa que o Estado não conseguia absorver. Essa opção conferiu ao setor privado espaço complementar no sistema: atender à demanda crescente por ensino superior, impossível de ser plenamente satisfeita em um modelo de universidade pública seletiva, em termos sociais e acadêmicos. Essa tomada de posição levou, a despeito de todas as mazelas que possamos mencionar, a educação superior no Brasil a um processo que hoje chamamos de massificação do ensino42, ou para os mais otimistas, democratização do setor. ficit educacional. Segundo Durham [1998], na década de 80, registrou-se uma interrupção no processo de ampliação do Ensino Superior. O fato está associado às nuances de nossa política educacional, que nunca propiciou o equilíbrio entre os vários níveis de ensino, fazendo prevalecer, portanto, um caráter pendular. O que se observou na década de 80 foi a prioridade à educação básica – especialmente o ensino fundamental –, muito embora o crescimento tenha se dado sem nenhuma orientação séria para o ensino médio [préuniversitário]. O ensino superior, nesse caso, ficou à deriva. Na década de 90, o aumento de matrículas no ensino médio e o redirecionamento educacional com base na Nova LDB [1996] resultaram num grande contingente para o Ensino Superior. Como conseqüência, observamos um verdadeiro “boom” das Instituições Privadas de Ensino Superior. Com esse crescimento, uma nova configuração taxionômica passa a existir na Educação Superior do país. Entram em cena as Faculdades, instituições isoladas [da universitas “fechada”], já conhecidas do século XIX, denominadas, nesse contexto, de Integradas ou Associadas. Rapidamente, essas instituições cresceram e reivindicaram seu status acadêmico. Na década dos 80, aglomeravam-se na porta do Ministério da Educação, reivindicando sua condição de Universidade. Foi então que se observou um forte movimento de repúdio por parte da academia brasileira em relação a essas instituições, uma vez que, a rigor, nenhuma delas cumpria o fiel mandato da indissolubilidade do Ensino-Pesquisa-Extensão. Pode-se afirmar que muitas das entidades do Sistema Federal que ostentam o status, a rigor, não o são. O que chamamos aqui de nova taxionomia das instituições que oferecem o Ensino Superior foi consolidada através da LDB 9394 [26/12/1996] e sua respectiva regulamentação - leis paralelas, decretos, emendas e outros artifícios da jurisprudência educacional. Para enriquecer nossa discussão, vale destacar o Decreto 2.306 de 19.08.1997, que, ao estabelecer os Centros Universitários, faz surgir a imagem popular da universidade. Ou seja, cria-se no Brasil um nível hierarquicamente inferior às tradicionais, implantando-se, então, uma dicotomia entre dois tipos de universidade – uma de ensino, outra de pesquisa. Essa concepção rompe com o ideal de universidade43 pensada no Brasil em sua respectiva reforma de 68. No quadro abaixo, procuramos mostrar as Instituições de Ensino Superior em funcionamento no Brasil, sua forma de organização, suas subdivisões e características. Para atender a essa nova taxionomia, a atual legislação educacional brasileira se estrutura de forma a conceder, temporariamente, através do Decreto nº 2.306 de 19 de Agosto de 1997, autonomia para uma nova Instituição de Ensino Superior no Brasil, o Centro Universitário44. Chegamos ao final do século constatando um dé- Quando falamos hoje em democratização do ensino superior, o que vem em primeiro lugar são os números, em virtude, naturalmente, da grandeza geográfica do país. Embora o aspecto quantitativo seja um fator que agrava o quadro, devemos considerar que a questão da eqüidade não passa somente pelo acesso. Ela está associada à melhoria das condições de vida 42 A rigor, não se pode falar de massificação, uma vez que uma parcela muito pequena dos jovens entre 18 a 24 anos se encontra matriculada no Ensino Superior. Conforme dados do PNAD [Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios], em 1998, a taxa de matrícula era de apenas 10,8%. Podemos afirmar que a tendência da política educacional para o setor está indo na direção de uma massificação. O MEC deseja atingir uma taxa de 30% até o final da década, o que significaria uma aumento de 20% da oferta de vagas para o setor, ou seja, em números absolutos passar de 2 para 5 milhões o número de estudantes dessa faixa etária. Conforme Simon SCHWARTZMAN [2001:28], o Brasil tem uma taxa extremamente pequena de jovens entre 18 a 24 anos matriculadas no ensino superior. 178 43 Os críticos da indissociabilidade, que a chamam de “mito”, compreendem que a diversificação e a eficácia do ensino superior passam por essa separação, sem perceberem que uma coisa não exclui categoricamente a outra. Para uma melhor apreensão dessa corrente, consultar os documentos do NUPES [S. Schwartzmam; E.R. Durham, Helana Sampaoio et.al.] e C. M. Castro & Daniel C Levy. Myth, Reality and Reform: Higher Educacion Policy in Latin América. Washington, BID, 2000. 44 Ver CAPITÃO, A .C.O. Centros universitários: transformação ou rupturas. Dissertação de Mestrado, Centro Universitário Nove de Julho, 2003. SEGUNDA PARTE I.E.S. Universidades Públicas Universidades Privadas Centros Universitários Instituições Isoladas: Faculdades Integradas; Institutos ou Escolas Superiores Subdivisões do Sistema Características Instituições pluridisciplinares de formação de profissionais de nível superior nas esferas Nacional, Estadual e Municipal, que associam o Ensino, a Federais Pesquisa e a Extensão, e Universidades Especializadas, Estaduais mediante comprovação das atividades de ensino e Municipais pesquisa nas áreas básicas e aplicadas. • Produção intelectual institucionalizada; • Corpo docente com titulação acadêmica e em regime de dedicação integral; • Função social: serviço à comunidade – Extensão. Instituições pluridisciplinares de formação em nível superior no tripé Ensino-Pesquisa-Extensão. Essas Instituições têm orientação confessional religiosa. Confessionais No Brasil temos as Católicas e as Protestantes. São [Públicas não estatais – consideradas públicas não- estatais porque, ao se organizarem, receberam subsídios do Governo, Fundações] especialmente para a pesquisa. • Produção Intelectual institucionalizada; • Corpo docente com titulação acadêmica e em regime de dedicação integral; • Função social: serviço à comunidade – Extensão. Instituições nem sempre pluridisciplinares, às vezes De Elite orientadas para Instituições pluridisciplinares, com ênfase nas áreas que necessitam de menos investimento; ao contrário das anteriores, orientam-se por uma pluralidade nefasta. Pretendem atender à massa de jovens Estritamente de brasileiros na busca pelo credenciamento. Às vezes realizam atividades de ensino de qualidade. Embora Capital Privado De Massa com título de Universidade, não faz pesquisa básica. Estão voltados para a extensão universitária em que pode implementar sua marca registrada. Uma nova nomenclatura após 1997. Como instância intermediária, devem realizar sua tarefa buscando a qualidade de Ensino; nós as designamos de Privado Universidade de Ensino. Todavia, essas fronteiras são tênues e já existe Centro Universitário com Programa de Pós-Graduação credenciado pela CAPES. Reunião de Faculdades, em sua maioria de caráter municipal, que não oferecem o Ensino Superior em todas as áreas do conhecimento. Em geral, não se dedicam à pesquisa. Estão próximas do ensino Pública técnico. Existem os Institutos, tais como ITA, que fazem formação qualificada de pesquisadores de alta tecnologia. Instituições que em geral atuam num campo restrito do Elite saber e formam especialistas de cunho internacional. Ex. FGV Privada Instituições que oferecem ensino de massa, após a abertura do governo brasileiro para a seleção de Massa egressos do ensino médio. 179 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 da população. Poderíamos, então, falar de equidade do sistema em termos de raça, sexo, condição sócioeconômica, e da própria formação oferecida nos diferentes modelos organizacionais que atuam no setor do ensino superior. A despeito das críticas que possamos fazer ao sistema, não se pode afirmar que, nos últimos vinte anos, as políticas educacionais tenham desprezado o tema da democratização. Todavia, devemos assumir que, apesar da retomada do crescimento acelerado na última década, ainda não se pode qualificar o sistema de ensino superior no Brasil como de massa no estrito senso do termo. Ao atender aproximadamente 10 a 12% da população escolar superior, o modelo não pode ainda ser considerado inclusivo. Necessitamos de um grande esforço para atingir o equilíbrio do sistema educacional, nos níveis da educação básica e do superior. A democratização do sistema dar-se-á quando os setores público e privado forem considerados como complementares nessa luta por inclusão; quando as universidades públicas, sem perderem suas conquistas, abrirem-se para abrigar os estudantes trabalhadores, os oriundos da escola básica sucateada, através de mecanismos de inclusão. Concordamos com Sampaio (2000, p.80), quando afirma que “a iniquidade que caracteriza o sistema de ensino superior brasileiro é produzida ao longo do ensino médio, uma vez que é neste nível de ensino que se definem as possibilidades de ingresso dos jovens nos diferentes estabelecimentos de ensino superior no País”. porque ele vai para o setor privado, mesmo aprovado no processo de seleção na Universidade pública e gratuita, pois aí a oferta de cursos noturnos é extremamente reduzida. Portanto, são os mais pobres e a classe trabalhadora que estão no setor privado de educação superior. No tocante à escolha das carreiras, a realidade mostra-nos que muitos dos jovens universitários estão realizando cursos que são dados por eles como segunda ou terceira opção, seja pela dificuldade de passar nos exames de seleção, seja por questões de preço das mensalidades escolares. Sampaio apresenta-nos um outro fator que aponta para a elitização do ensino superior. Segundo a autora, os recentes dados de importantes pesquisas no setor têm indicado que a questão da equidade não se refere aos modelos institucionais que ofertam essa modalidade de ensino, mas sim às carreiras que escolhem e aos turnos a que se dirigem. Assim, as diferenças de perfil sócio-econômico dos estudantes universitários devem-se não ao fato de a instituição em que estudam ser pública ou privada, mas fundamentalmente às características das carreiras que escolhem e ao turno – diurno ou noturno – em que o curso é oferecido. Assim, a equidade não está relacionada apenas à distinção entre as duas modalidades de instituições do ensino superior, mas, ao envolvimento numa luta política que coloque em pauta a idéia da complementaridade entre ambos e, conseqüentemente, reivindique boa qualidade para o ensino superior de maneira geral. Certamente, não superaremos a questão da elitização do ensino superior na totalidade, mas esperamos amenizá-la, a partir da compreensão de toda a dimensão histórica que a envolve. Conforme Moura Castro [2001:52], a Universidade de maneira geral vem, ao longo do tempo, sofrendo transformações significativas: “A grande transformação do ensino superior é a sua progressiva deselitização. Nesse processo a sua aura sagrada vai sendo corroída. Ao longo do tempo, a clientela do ensino superior vai se tornando menos exclusiva, menos ligada a privilégios preexistentes. Vão erodindo os privilégios atados ao ensino superior. Do alto clero, as universidades passam a servir à nobreza, daí para a alta burguesia, e então para as classes profissionais. Tropeça então nos nomes [Universidade? Ensino Superior?], mas continua a se expandir e passa a absorver os funcionários de todos os matizes. Finalmente, começa a entrar o povo, os filhos de operários. Isso praticamente não ocorreu no Brasil, mas com a explosão do segundo grau está prestes a ocorrer”. A “profecia” de Castro parece que se realiza com a expansão do ensino superior noturno. Muito desse “milagre” tem como protagonista os centros universitários. A nosso ver, a qualidade que deveria acompanhar essa expansão não se instalará pelo próprio movimento das mudanças globais na sociedade. Será necessário que, vigilantemente, busquemos a superação da exclusão e a conseqüente superação das castas que vigoram na sociedade brasileira, tentando evitar a dicotomia universidade de ensino–universidade de pesquisa. Essa dicotomia tem ganho enfoque privilegiado nas discussões sobre o lugar da pesquisa na universidade brasileira. É disso que tratamos no próximo item, trazendo ao debate o dilema das Instituições de Ensino Superior Privado, especialmente dos Centros Essa reflexão tem contribuído para questionar o mito – aliás, muito consensual – de que ‘pobre vai para instituição particular e rico consegue vaga na instituição pública’. A distribuição dos estudantes segundo suas características sócio-econômicas permanecem atreladas à distinção ‘cursos para ricos e cursos para pobres’, a qual se reproduz tanto no setor público quanto no privado de ensino superior, conforme observou Sampaio (2000) em sua pesquisa. A nosso ver, reside nessa interpretação uma pequena ‘falácia’. Primeiro, porque está claro que estudar no período noturno não é uma opção, mas sim uma imposição para o jovem trabalhador. Segundo, 180 SEGUNDA PARTE Universitários, discutindo as questões que hoje essas instituições estão sendo obrigadas a enfrentar. Naturalmente, a análise leva-nos a constatar a tendência que essa mentalidade subjaz: uma nefasta divisão da Educação Superior Brasileira, já cristalizada no país, entre universidade de ensino e universidade de pesquisa45. Essa divisão amplia ainda mais o abismo entre os tipos de ensino no país e a injusta estratificação social brasileira, gerando uma escola para gorilas e outra escola para macacos, como já as conhecemos na Escola básica. PESQUISAR OU NÃO PESQUISAR: O DILEMA CONTINUA do leitor interessado pela temática da educação. Cabe apenas ressaltar que muitos críticos analisam essas posturas como enlatados que consumimos por modismos. Confira as palavras de Saviani, (2000, p.179): Um fenômeno interessante que merece ser abordado é a questão dos modismos em educação, ou seja: a consciência pedagógica é bastante vulnerável às influências e flutua de uma influência à outra, sem criar raízes, sem situar-se de modo profundo no centro de preocupações dos educadores. (...) Parece–me que o fenômeno das flutuações da consciência pedagógica se caracteriza exatamente por isso: as influências vêm de fora, de outras áreas que não propriamente a educação, e os educadores aderem como leigos a essas influências. Assim a educação foi descentrada, é abordada apenas perifericamente e não se vai à raiz da problemática educacional” Para pensarmos o ensino, temos, naturalmente, que compreender a visão de homem e de sociedade a que cada experiência pedagógica adere. No Brasil, passamos por muitas influências e por muitos “ismos” que lançaram luzes às correntes pedagógicas que sustentaram e sustentam nosso modelo de ensino (cf. Saviani, 2000, p.33-69). Tenham sido elas modismo ou não, o fato é que fomos e estamos sendo afetados por esse vai e vem de visões de tendências: pulamos da compreensão “humanista” da escola redentora da humanidade, embasada nos pressupostos liberais do letramento, para a participação política, com ênfase na democratização da escola, entendida como ‘escola para todos’. Essa, por sua vez, foi superada por um reenquadramento político que exigia repensar a escola em termos de qualidade e não somente de quantidade. A Escola Nova procurou responder ao reclame do poder hegemônico de preparar pessoas para atender aos interesses das classes dominantes. Daí, essa corrente centrar sua atenção no interior da escola, enfatizando os aspectos psico-pedagógicos e técnicos. A compreensão de que os Centros Universitários, nova modalidade de Instituição de Ensino Superior no Brasil, implementada pela Lei 9.394/96, deve dedicar-se apenas à excelência do Ensino tem nos levado a enfrentar uma problemática constante: a significação daquilo que se configura a essência de uma instituição universitária, seja ela Centro Universitário, Faculdades Integradas ou Universidade propriamente dita. Estamos falando da pesquisa. Em meio às mudanças nos rumos da educação, debatidas e implementadas nos contextos nacionais e internacionais, a proposição acima parece paradoxal. Se por um lado, encontramos nesse cenário um consenso de que o ensino não deve ser apenas transmissão de saberes, mas fruto de um diálogo constante de seus dois pólos – os ensinantes e aprendentes que, numa situação dada de pesquisa, refazem, elaboram e constroem novos conhecimentos, baseados nos saberes que constituem a atividade dialógica da sala de aula - e isso não será possível sem uma atitude crítica, criativa e investigativa, construída por intermédio de uma constante atitude de pesquisa -; por outro lado, deparamo-nos com interpretações distintas da lei no que tangem à excelência do ensino solicitada aos centros universitários, Entendemos que a problemática do ensino e da pesquisa tem sido a pergunta geradora, para lembrar termo freireano, que tem norteado a discussão ao longo das reformas de ensino no Brasil e as reflexões sobre às diversas práticas pedagógicas que encontramos nos escritos dos educadores nacionais. Depois dos anos trinta, não fizemos outra coisa senão repensar as posturas pedagógicas e as bases do Ensino, ou melhor, da Educação brasileira. Não pretendemos historiá-las aqui, pois isso, certamente, já é do domínio Acreditamos que a Escola Nova nunca foi totalmente superada no Brasil. Ainda hoje, encontramos ecos de sua influência técnica nas tendências de Tecnologias na Educação e de Educação a Distância. Hoje, as exigências decorrentes da quebra de paradigmas impõem a necessidade de formulação de um novo modelo de educação, que proponha repensar o ensino em circunstâncias que o apontam como mera orientação ao indivíduo e redefini-lo como instância em que se fornecem “os mapas de um mundo complexo e constantemente agitado e, ao mesmo tempo, a bússola que permita navegar através dele” [Delors, 1996, p.89] . 45 A universidade tem ganho também outros apelidos. Chauí, por exemplo, ao analisar como a reforma do Estado que denominou a Universidade de “Organização Social” inverteu-lhe a função de “instituição social”, denomina-a de Universidade Operacional. (Chauí, 2003). As correntes tradicionais de educação jogaram um peso muito forte na idéia de acumulação de co- 181 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 nhecimentos, com validade permanente, sejam eles tecnicamente aprendidos, sejam humanisticamente transmitidos. Hoje, fala-se em aprendizagem contínua, a partir de uma formação que capacita o indivíduo a explorar as situações vivenciadas, aprofundando, atualizando e enriquecendo seus saberes, de forma a adaptá-los a um mundo em constante transformação. Nessa perspectiva, não podemos pensar o ensino como algo dissociado da pesquisa: o indivíduo que não se inclinar para pesquisa não estará propriamente aprendendo, e o ensino só será verdadeiramente ensino, se estiver aliado a uma atitude investigativa. Ensinantes e aprendentes devem se tornar pesquisadores, pois quem não pesquisa não tem o que ensinar nem o que aprender, apenas decora fórmulas e idéias de outros. Certamente, não queremos para o próximo milênio uma comunidade intelectual de papagaios. Há, portanto, que se empreenderem esforços no sentido de superar a dicotomia aqui apresentada. É nessa direção que elaboramos a discussão que segue. a uma mera reprodução de conhecimentos a grande maioria dos estudantes que ingressam no ensino superior privado, mas, ao contrário, devemos formá-los na mesma perspectiva que indicam as tendências para uma educação do futuro. O setor privado, em especial o Centro Universitário, pela própria autonomia de que goza, deve, a despeito das condições desfavoráveis, envolver-se com a pesquisa - básica ou aplicada – e, acima de tudo, manter permanentemente uma atitude investigativa na formação dos jovens, cumprindo seu mandato de “excelência” no ensino, ou correrá o risco de não estar formando, mas simplesmente “adestrando” indivíduos que serão expulsos dos sistemas de produção material e de idéias. UMA UNIVERSIDADE DE PESQUISA E UMA UNIVERSIDADE DE ENSINO: DICOTOMIA A SER SUPERADA A dicotomia entre os dois tipos de universidade foi criada em função de uma disputa ocorrida nos anos noventa entre os setores público e privado. A pesquisa, tal como tradicionalmente vem sendo feita no setor público, totalmente subsidiada pelo governo, ainda não é completamente viável ao setor privado, porém é possível ir perseguindo um compromisso com a pesquisa científica. Isso já é perceptível46, apesar da insensibilidade de alguns órgãos avaliadores, em programas de lato e stricto sensu, assim como na graduação, com os programas de iniciação científica nas mais variadas áreas e cursos. Por isso, não se pode hoje ignorar, ainda que assumido por poucas instituições, esse respeito à pesquisa, tampouco categorizar todas as universidades privadas numa mesma tipologia. Afirmações de que basta checar o cadastro dos órgãos de fomento à pesquisa [CNPq, CAPES, e Fundações estaduais de amparo à pesquisa] para verificar que as universidades particulares não aparecem como produtoras de pesquisa, de Ciência e de Tecnologia, e de que elas reduzem sua ação ao ensino de graduação e, a partir dos anos noventa, adentra na pós-graduação stricto sensu, sem maiores cuidados com a qualidade dos projetos, já podem ser refutadas, tendo por base experiências de alguns Centros Universitários no país, em especial na cidade de São Paulo. Sabemos, de antemão, que a diferenciação organizacional das Instituições de Ensino Superior no Brasil, nos documentos oficiais e nas leis nacionais sobre a educação, não explicita, à primeira vista, a dicotomia entre a universidade de ensino e a universidade de pesquisa. Todavia, a experiência no debate hermenêutico do tema e nas pesquisas sobre o Ensino Superior no Brasil apontam para esse possível desvio. Conforme Silva Jr & Sguissardi, (1999:172) Para além da diferenciação organizacional, da diferença real entre públicas e privadas e estas em confessionais, comunitárias, particulares em sentido estrito e filantrópico, esta última medida (a lei 9394/96) irá aprofundar o processo de diferenciação, há muito mais de uma década iniciado com as propostas do GERES (Grupo Executivo de Reforma do Ensino Superior), que visa distinguir as universidades de ensino das universidades de pesquisa. Se essa visão impregnou a mentalidade do GERES, hoje, ela deve ser superada, se quisermos pensar no Ensino Superior a partir da conjunção entre ensino e pesquisa. Para tanto, devemos assumir uma atitude de constante vigilância com relação à pesquisa. Todavia, é certo que o setor privado não irá de um dia para outro, por vários motivos, inclusive os de financiamento, estar preparado para pesquisa de ponta nas mais diferentes áreas. Por outro lado, não podemos relegar Nos anos noventa, houve um acirramento entre os setores público e privado, em razão da política que ensaiou a privatização do ensino público. Essa disputa hoje parece estar chegando ao fim. A idéia que vinga é a de que os dois modelos do sistema de Ensino Superior no país são complementares e devem, nesse processo, mutuamente se relacionar em prol do desenvolvimento da Educação Superior no Brasil (Sampaio, 2000). Qualquer instituição de ensino tem uma natureza pública, no sentido stricto do termo, a diferenciação deve ser feita entre estatal e não-estatal. As- 182 46 No quadro da pós-graduação stricto sensu, os Centros Universitários já contam com 64 cursos recomendados pela CAPES, embora desses, 41 estão na região Sudeste, inclusive com um doutorado. É evidente o avanço na área da pós-graduação dessa jovem modalidade de ensino universitário (cf. estatísticas da CAPES, disponíveis no portal). SEGUNDA PARTE sim a “compreensão da reconfiguração da educação superior, no Brasil, hoje, somente pode ser feita no contexto de redefinição das esferas pública e privada, em um momento de crise e mudança do capitalismo mundial e de sua expressão nesse país” (Silva Jr & Sguissardi, 1999, p. 101). Para superarmos essa dicotomia entre público e privado, universidade de ensino e universidade de pesquisa, que nos últimos trinta anos tem acirrado a disputa no sistema de Ensino Superior no Brasil, devemos acomodá-los, na medida em que ambas se entendam como responsáveis pela formação dos profissionais de todos os setores e da intelectualidade científica brasileira. Certamente, esse modelo, pelo próprio tipo de recursos que financia o setor público e o setor privado, ainda demorará alguns anos para ser estabelecido, ainda que possamos considerar que, numa década, os centros universitários apresentaram excepcional desenvolvimento no âmbito da pós-graduação, chegando até mesmo, alguns deles, a pleitearem o status de universidade de modelo humboldtiana (privilegiando a tríade ensino-pequisa-extensão). Já podemos antever prelúdios dessa utopia, uma vez que as instituições universitárias do setor privado se instrumentalizam para tal, reunindo equipamentos e selecionando para os quadros docentes e de pesquisa profissionais de excelência, com devida titulação e experiência na pesquisa e no ensino, criando assim, pelo menos nesse aspecto, uma eqüidade entre ambos os setores. ou transmissor de ferramentas técnicas, profissionalizantes, credenciadoras de diplomas pós-secundário. Tem, sobretudo, uma responsabilidade com a produção do conhecimento.Isso nos leva a repensar o papel da Pós-Graduação nos Centros Universitários, após essa década de ajustamento no interior do sistema educacional brasileiro. Esse desafio, que por vezes é minimizado pela interpretação reducionista da legislação que criou a figura dessa Instituição, elaborada por setores importantes dos formadores de políticas educacionais, tem levado os Centros Universitários a serem uma instituição intermediária, buscando, como prêmio maior, ascender ao status de universidade. Poderíamos chamá-la de uma Instituição Ponte. Essa não nos parece ter sido a idéia norteadora, quando se pensou na sua criação. Alcunhada posteriormente como “Universidade de Ensino”, a instituição foi posta em categoria inferior, semelhante àquela feita por Kant (apud Derrida, 1999), na Europa no século XIX, que separou, pela questão do poder, as faculdades superiores47 (Direito, Medina e Teologia) da inferior (Filosofia). À GUISA DE CONCLUSÃO: DA CONDIÇÃO DE CENTRO UNIVERSITÁRIO AO STATUS DE UNIVERSIDADE Certamente a instituição chamada Centro Universitário, pela sua própria natureza e mandato de autonomia semi-universitária, terá nesse momento de massificação do ensino superior a tarefa hercúlea de ajudar o país a superar o fosso que o separa das nações em desenvolvimento na América Latina, no que diz respeito à acessibilidade aos estudos superiores. Naturalmente, na condição de uma instituição de ensino superior que tem como princípio o “ensino de qualidade”, deverá vigiar para que a massificação não se traduza em perda de qualidade, comprometendo a formação da massa crítica e da ciência no país, uma vez que o setor privado é responsável por dois terços da formação inicial. Esperamos que os desafios que criaram a figura do Centro Universitário sejam, nessa próxima década, o élan de sua solidificação como instituição de ensino superior no Brasil, considerando-se a sustentabilidade financeira e acadêmica. Pelos resultados que essa instituição vem demonstrando, em uma década de consolidação, haverá também condições para firmar a Pós-graduação, deixando de lado o estigma de Universidade de Ensino e rumando para uma Instituição universitária tridimensional, que cuida da formação do cidadão na interface entre o ensino, a pesquisa e a extensão. Para iniciarmos as considerações finais deste capítulo, tomo emprestado a conclusão de Boaventura sobre os desafios postos à instituição universitária no século XXI, quando é chamada a exercer um papel menos hegemônico na sociedade, todavia, tão necessária como o fora em séculos anteriores. Afirma Boaventura (2005, p.114) que “a sua especificidade enquanto bem público reside em ser ela a instituição que liga o presente ao médio e longo prazo pelos conhecimentos e pela formação que produz e pelo espaço público privilegiado de discussão aberta e crítica que constitui”. O Centro Universitário, juntamente com outras instituições do setor, embora dirigido pela iniciativa privada, tem, sobre seus ombros, a grande responsabilidade que o coloca como instituição universitária portadora de um bem público: a educação. Diante de tão grande responsabilidade, não é possível pensá-lo mecanicamente como uma “fábrica de ensino” 183 47 Da mesma maneira que hoje quando alguns formuladores de política pública, propõem uma sutil separação dando mais prestígio aos cursos designados de ‘imperiais’ a saber, Medicina, Engenharias e Direito. O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 BIBLIOGRAFIA no Brasil. Campinas, SP: Editora, Autores Associados, 2006. 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As Reformas do Ensino Superior 184 SEGUNDA PARTE A PÓS-GRADUAÇÃO EM CENTROS UNIVERSITÁRIOS: DESAFIOS DA CONSTRUÇÃO DE UM MESTRADO INTERDISCIPLINAR Vera Lúcia Silveira Botta Ferrante Helena Lorenzo de Carvalho Maria Lúcia Ribeiro 48 DESAFIOS DA UNIVERSIDADE BRASILEIRA Um agravamento das conseqüências injustas do processo de globalização e uma progressiva negação dos direitos fundamentais como emprego, educação, saúde, segurança, proteção à infância, à velhice e às minorias vem ocorrendo em nosso país. Esses problemas alcançam a universidade brasileira, guardiã e produtora de saberes e de modelos potenciais de desenvolvimento humano. Como interpretar o papel da universidade diante de tais dilemas políticos econômicos e sociais? Não estaria reservada à universidade a possibilidade de tentar mediar uma discussão contínua e qualificada com os atores que dirigem os diferentes níveis de ensino e defender os conhecimentos produzidos, contribuindo para o pensamento crítico e para a politização qualitativa dos cidadãos? exigir que se debruce sobre essa realidade sem atitudes pré-concebidas, sem pré-julgamentos que possam implicar em uma hierarquização prévia da universidade pública e privada. Conviveu-se, por um longo período, com um dado que se apresentava como absoluto. A pesquisa era executada essencialmente nas universidades públicas, nos institutos de pesquisas, vinculada aos programas de pós-graduação brasileiros. Apesar das dificuldades de formação e dos baixos salários, as universidades públicas têm, inegavelmente, consolidado sua importância na produção do conhecimento científico. As questões a serem enfrentadas se multiplicam, envolvendo a qualidade do ensino, a falência das instituições públicas, a expansão, em circuito ampliado, das universidades privadas, combinada com a falta progressiva de vaga em escolas públicas. Entretanto, perspectivas outras têm se apresentado nos centros universitários, a merecer um olhar atento para não se avaliar o processo de construção do saber de forma dogmática. A necessidade crescente de pesquisas sobre problemas/processos emergentes; o distanciamento entre a pesquisa básica e suas aplicações práticas, a dissociação entre o progresso qualitativo alcançado na pós-graduação e o ensino de graduação são impasses a serem enfrentados no ensino superior, em específico, nos centros universitários. A comunidade científica sempre defendeu a adoção de políticas públicas capazes de propiciar o crescimento harmônico da ciência e de tecnologias, indispensável para sustentar o desenvolvimento econômico - social e, talvez, produzir patamares de sustentabilidade. A ciência cresce aonde existe ambiente apropriado. Ao longo dos anos, os pesquisadores se habituaram a um permanente malabarismo para sobreviver em razão das constantes mudanças de programas de fomento. Convive-se com a continuada preocupação de cortes nos investimentos governamentais em órgãos de apoio à pesquisa, inclusive em programas considerados prioritários. Raciocínios mecanicistas de que o modelo de expansão das instituições privadas não é capaz de proporcionar desenvolvimento científico, nem ensino superior de qualidade devem ser, desta perspectiva, evitados e reinterpretados. É preciso rejeitar argumentos simplistas de que a universidade privada não contribui para a inovação no plano do conhecimento científico. Nunca é demais alertar que, em ciência, é difícil construir e manter ativos grupos ou núcleos de pesquisa, quando não lhe são dadas condições mínimas de sobrevivência e reposição. Considerando-se que a produção científica está inteiramente relacionada aos centros de pós-graduação como pensar neste quadro, a relação universidade pública – privada? Questão a O setor privado no ensino superior no Brasil está passando por inegáveis transformações, dentre as quais podem ser citadas: tendências à descentralização e à interiorização dos estabelecimentos, correlação entre aumento do número de universidades e federações de escolas e diminuição no numero de instituições isoladas, tendência à ampliação de cursos oferecidos e à fragmentação das carreiras. Dentre estas transformações, destaca-se o fato dos estabelecimentos privados serem permeáveis às transformações da sociedade e reagirem de forma dinâmica, respondendo às demandas heterogêneas, tanto da clientela estudantil, como do mercado ocupacional do 48 Docentes do Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente. Centro Universitário de Araraquara – UNIARA. 185 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 nível superior. científico com retorno social. Estas mudanças podem ser explicadas - não por um único fator - mas por determinantes de mercado, pelas perspectivas abertas pelas regulamentações formais do Estado, pelas estratégias propostas pelos dirigentes dos estabelecimentos particulares. No que se refere ao mercado, o cenário parece favorecer inovações. O Estado, com freqüência, atua de forma dispersa e contraditória face ao setor privado. Os sujeitos que o representam, funcionários, acadêmicos nos comitês de pares são parte do sistema e emprestam para as diferentes instâncias decisórias valores e concepções próprios sobre o ensino superior. Por outro lado, o setor privado, com maior intensidade e velocidade do que o setor público, tem respondido a demandas complementares: à demanda da clientela estudantil por ensino superior, à demanda do mercado ocupacional por pessoas portadoras de diploma de nível superior e, no plano da produção do conhecimento, à necessidade de alimentar pesquisas que subsidiem a interdisciplinaridade e possíveis intervenções em processos sociais emergentes. A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA PÓS-GRADUAÇÃO EM CENTROS UNIVERSITÁRIOS: BARREIRAS E PERSPECTIVAS As pressões que se põem para as universidades particulares, no tocante à qualificação de profissionais para o mercado ou para as demandas regionais e as necessidades de capacitação de seu próprio quadro docente são muito fortes. Por outro lado, as políticas de avaliação e de fomento tendem a reforçar um padrão, que além de favorecer a concentração do conhecimento, nem sempre é o mais adequado ao contexto regional e local. Cria-se um impasse: deve-se subordinar aos critérios, muitas vezes estreitos, de avaliação ou deve-se investir na produção do conhecimento que atenda à realidade e à demanda dos processos sociais emergentes? Redimensionando, é importante na discussão dos desafios de construção da pesquisa nos centros particulares de ensino, considerar, em primeiro lugar, que a relação do ensino privado com o mercado, se reflete na capacidade do setor de suprir a demanda de massa por ensino superior. Neste sentido, deve ser ressaltado que na trajetória do setor privado no país nos últimos 30 anos, o mercado tem sido determinante na ocorrência dos grandes movimentos de expansão e de estagnação. Sob este aspecto, a relação do setor privado com o mercado é parte da dinâmica público/privado que se instalou ao longo do desenvolvimento do ensino superior brasileiro. À dinâmica do mercado, soma-se ainda a forte competição entre os estabelecimentos privados, fatores que não podem receber, previamente, atributos de negatividade. A opção da UNIARA foi investir em um mestrado voltado à investigação de processos e problemas regionais, justamente para atender mais efetivamente às demandas da sociedade e torná-lo receptivo às novas formas de capacitação que são disponibilizadas pelo avanço do conhecimento e das transformações tecnológicas. A avaliação que subsidiou esta escolha mostrou a importância do enfrentamento de um modelo rígido de organização da pós-graduação. Nesse sentido, o mestrado procurou avançar na direção de um caráter multidisciplinar, propondo-se a abrir fronteiras entre as diferentes áreas do conhecimento e a formar um profissional com uma visão sistêmica e ética dos problemas de pesquisa inseridos na relação desenvolvimento regional e meio ambiente. Em segundo lugar é importante salientar o esforço das IES particulares na implantação de programas de pós-graduação stricto senso, visando ampliar sua capacitação em pesquisa, ciência e tecnologia. Nesta direção, a busca das IES particulares de estabelecerem novos vínculos com o sistema nacional de pós-graduação, implicou na criação da FUNADESP, Fundação Nacional de Desenvolvimento do Ensino Superior Particular, como instrumento de avaliação e fomento de suas pesquisas. Um aspecto importante para a elaboração do projeto foi a identificação de parceria entre universidades públicas e privadas como uma oxigenação necessária, oferecendo possibilidade de um diálogo fértil entre pesquisadores que possam estudar o mesmo objeto sob abordagens diversas. Parcerias e intercâmbios institucionais vêm sendo construídos na organização acadêmica da pós-graduação brasileira, gerando padrões diferenciados importantes para se enfrentar o dinamismo das transformações do mundo contemporâneo. A vontade política dos centros universitários particulares deve traduzir-se em atos e medidas concretas no tocante ao corpo docente, à infra-estrutura de informação e de pesquisa, às parcerias em que se possa, de fato, criar elos para fortalecer a idéia de uma universidade crítica, que não seja somente determinada pelo mercado, nem que seja ditada pela idéia de Um terceiro aspecto marcante nas atividades das IES particulares vem sendo a ligação e o forte enraizamento ao desenvolvimento local e regional.No caso da UNIARA, as atividades de extensão vêm crescendo e, por vezes, se posicionado na vanguarda, tanto no tocante a projetos voltados à comunidade, quanto a inovações detectadas na produção de conhecimento 186 SEGUNDA PARTE universidade produtivista. de graduação e integrados aos rumos do desenvolvimento local e regional foi um decisivo fator positivo. Na trajetória dessa instituição, destaca-se a utilização do Parque Ecológico do Basalto, situado na bacia do Ribeirão das Cruzes, área pertencente à Prefeitura Municipal, cuja concessão de uso foi autorizada à UNIARA. Integrado ao Centro de Estudos Ambientais (CEAM), constitui-se em um espaço onde se desenvolvem programas de educação ambiental, conscientização ecológica e projetos de pesquisa, um dos suportes do mestrado. O desafio da pós-graduação e da institucionalização da pesquisa nas universidades particulares depende da vontade política de semear um conhecimento ético, crítico, bem fundamentado academicamente, para apreender os desafios da construção de propostas que enfrentam as dificuldades de se trabalhar multi e interdisciplinarmente. A necessidade de inserir a pesquisa na agenda de um centro universitário não se dá sem barreiras. Novos desafios. A exigência de conviver com sistemas de avaliação, a importância da produção científica e indicadores de produtividade passam a fazer parte do cotidiano acadêmico de tais instituições. De inicio, o enfrentamento, necessário, de uma política de avaliação. O aparecimento dessa cultura não pode ser dissociada do fomento, do investimento e da indução de melhorias no sistema de pós-graduação. No entanto, considera-se indispensável valorizar as dimensões formativa e pedagógica do sistema de avaliação e a perspectiva de superação do credencialismo formalista que pode sufocar o florescimento de grupos emergentes, a criatividade e capacidade inovadora dos programas e a própria liberdade de se fazer parcerias ou intercâmbios. Igualmente, o Núcleo de Gestão Empresarial organizado em 1998 e a transição de iniciativas isoladas para uma política de pesquisa, através da criação da Coordenação de Iniciação Científica em 1999 foram marcos significativos de alavanca da pós-graduação. Do outro lado, tinha-se amadurecido a necessidade de uma pós-graduação que enfrentasse problemas e processos regionais, demandas das empresas e instituições de ensino superior, sem ser ditada unicamente pela lógica sedutora do mercado. Decidiu-se enfrentar os obstáculos, com uma postura propositiva, buscando-se, na construção da pós-graduação, valorizar o compromisso com a produção de um conhecimento que possibilitasse expressar a necessidade concreta de investigação sobre processos e problemas do tempo presente. Desde a primeira proposta, a preocupação prioritária era valorizar a pesquisa em temas de desenvolvimento regional e do meio ambiente, não por dever de ofício ou para galgar postos na carreira. O núcleo de pesquisadores responsáveis pela construção da proposta vinha de uma larga experiência acadêmica de 30 anos na UNESP e havia clareza sobre a absoluta necessidade de não deixar a criação, a produção e o conhecimento crítico submergir em um mundo de uma burocracia estéril. Objetivava-se socializar uma experiência de elaboração de uma política de pesquisa. Depois de mapear todas as iniciativas da instituição e de incontáveis reuniões de trabalho, chegou-se a um grupo de pesquisadores – biólogos, químicos, sociólogos, geógrafos, advogados, administradores, engenheiros, economistas, agrônomos - diversificados em sua formação, mas plenamente identificados com a vontade de trabalhar uma proposta multidisciplinar, encarada como integração possível da diferença dos saberes. O passo a passo da construção de um projeto de mestrado De um lado, tinha-se uma instituição, a UNIARA, com um forte enraizamento com a cidade e região e com vontade de enfrentar o desafio de se firmar como um centro produtor de pesquisa e de conhecimentos. Uma instituição que tem 63 anos de existência, há 10 anos credenciada como Centro Universitário, o que lhe impôs novas perspectivas de investimento qualificado, além da trajetória exitosa expressa nos seus 34 cursos de graduação. Sem pretender generalizações sobre a situação da pós-graduação nos centros universitários, o foco priorizado neste artigo será uma experiência singular, a trajetória do Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente da UNIARA, o que não se deu sem atalhos e reavaliações dos caminhos trilhados. O curso foi iniciado em março de 2000, com significativa demanda, em um momento em que se podia institucionalmente, em conformidade com as diretrizes da CAPES, implementar a pós-graduação e, depois, solicitar seu credenciamento. A proposta recebeu uma primeira avaliação, que embora não significasse o patamar necessário para o seu funcionamento, era bastante estimulante por sugerir rumos. A forte ligação da UNIARA com a comunidade, explicitada através de programas de extensão e prestação de serviços relacionados aos seus cursos Levou-se adiante o princípio de que era preciso dialogar com o comitê de avaliação, discutir com outros grupos de pesquisa as dificuldades de se por em prática uma proposta multidisciplinar e a necessi- 187 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 dade de amadurecer, sem deixar de lado a convicção de que a pós-graduação em um centro universitário pode gerar a produção de novos saberes. A partir das discussões e observações feitas pelos Consultores da CAPES, durante a primeira visita prévia (2001), a proposta foi reorganizada com o objetivo de dar maior sustentação à construção de interfaces entre as áreas nucleares da pós-graduação. Entre as recomendações metodológicas, destacou-se a de analisar interfaces voltadas à compreensão das contradições e perspectivas de implementação de projetos de desenvolvimento regional. A intersecção justificou-se pela análise dos processos sociais escolhidos como temas de investigação e pela perspectiva de estudá-los, a partir de uma abordagem conjunta, que não prescindisse de suas especificidades. A perspectiva regional assumida não estava fundada apenas na análise de processos locais, embora boa parte dos projetos de pesquisa estivesse apoiada em tais espaços, mas na consideração de que a dimensão regional refere-se a uma perspectiva analítica mais ampla, voltada à apreensão de processos sociais regionais, compreendidos em suas relações heterogêneas. O tema do Mestrado - Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente – pensado como um campo da multidisciplinariedade em direção a um conhecimento interdisciplinar envolve o domínio de várias áreas do conhecimento. Uma agenda de pesquisa envolvendo temas e problemas da relação Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente não pode ter como suporte abordagens isoladas nos diversos campos da ciência e da tecnologia, mas exige esforços interdisciplinares dentro de uma visão sistêmica e integrada. A implantação do mestrado partiu de um pressuposto básico: a complexidade dos problemas gerados pela conjugação entre dinâmica do desenvolvimento regional e meio ambiente impede o equacionamento isolado das suas vertentes, remetendo necessariamente a uma abordagem relacional. A construção desta pós-graduação levou em conta que a questão ambiental impôs ao conjunto das ciências temas para os quais elas não estavam anteriormente preparadas e para cujo enfrentamento são obrigadas a reformular, muitas vezes, princípios de sua organização interna. Estudar a relação desenvolvimento regional e meio ambiente hoje significa: 1) investigar os impactos das políticas nacionais e estaduais sobre os municípios e as regiões; 2) analisar a contribuição das políticas locais/regionais para o desenvolvimento sócio-econômico da perspectiva da sustentabilidade; 3) observar os papéis exercidos pelos agentes significativos nos municípios e regiões; 4) caracterizar e analisar o processo de ocupação do território e suas conseqüências para o ambiente, discutir os impactos econômico-sociais e ambientais da instalação de novos empreendimentos com o objetivo de proposição de medidas mitigadoras. A discussão da legislação ambiental no âmbito das políticas públicas e da gestão empresarial de variáveis ambientais oferece subsídios à agenda de pesquisas do programa. Neste sentido, a relação desenvolvimento regional e meio ambiente constitui-se em uma área de estudo da maior relevância para a implantação do mestrado. Esta relação exige, por principio, uma abordagem interdisciplinar. Mais uma barreira e outras sugestões por parte do comitê avaliador. Entre barreiras e sugestões – sempre bem vindas – foi revista a estrutura curricular, melhor dimensionada a composição do corpo docente e houve um efetivo investimento da instituição no oferecimento de condições e de infra-estrutura para a pesquisa. Finalmente, em setembro de 2003, obteve-se o credenciamento da CAPES, como descrito a seguir: “A proposta está bem estruturada e muito bem redigida; conta com um corpo docente diversificado, com alguns deles com maturidade científica demonstrada pela sua produção nos últimos anos e com nível de integração que permite o adequado desenvolvimento dos projetos de pesquisa e das atividades de ensino e orientação previstos.” O PERFIL DA PROPOSTA A QUESTÃO REGIONAL: A QUEBRA DE PARADIGMAS O mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente com área de concentração em Dinâmica Regional e Alternativas da Sustentabilidade tem-se apresentado como uma perspectiva concreta de associar a experiência consolidada da pesquisa de docentes em diferentes áreas do conhecimento ao desafio de se integrar pesquisas voltadas ao processo de desenvolvimento regional, privilegiando-se a interface com a questão ambiental e a discussão interdisciplinar de aspectos cruciais para o planejamento da gestão pública e privada. 188 No Brasil, os estudos de desenvolvimento regional, até recentemente, usavam como principal critério as divisões regionais estabelecidas ou pelo IBGE (macro região) ou por critérios de divisão políticoadministrativa como as do Estado de São Paulo, por exemplo. Por este critério, as informações estatísticas fornecidas pelas agências IBGE e Fundação SEADE, dentre outras, se sustentavam apenas em dados sócioeconômicos. SEGUNDA PARTE A introdução mais recente do conceito de Bacias Hidrográficas como critério de divisão territorial vem permitindo a ampliação dos estudos com a inclusão de informações ambientais, referentes à funcionalidade e uso da água, tratamento de esgoto e lixo, ou seja, estudos de descarte de resíduos sólidos e líquidos e suas implicações. Segundo este conceito, Araraquara está incluída na Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos -UGRHI-13, denominada Bacia Hidrográfica Tietê-Jacaré. “A tendência moderna do planejamento dos recursos hídricos dá-se no sentido de não se considerar, a priori, nenhuma utilização preferencial, mas de contemplar diversos usos, de acordo com uma perspectiva de gestão global, buscando uma utilização racional de cada bacia. As bacias devem ser consideradas como um todo indivisível, cujo aproveitamento deve dar-se da forma mais otimizada possível, com objetivo de buscar um melhor desenvolvimento econômico e social para as respectivas regiões, partindo do conhecimento das características e necessidades locais” (GALLO,2007). pesquisa e de trabalho, considerando a possibilidade de contribuir para a sistematização e análise de dados empíricos e teóricos, o que justifica uma agenda de pesquisa bastante extensa e complexa, uma agenda que não pretende reduzir esta relação ao movimento do capital, mas justamente abrir-se a análises integradas com prefeituras na proposta de subsídios para implantação de políticas públicas de cunho regional. Igualmente, a constatação da existência de uma grande demanda regional, por ampliação e maior qualificação profissional na área, estimulou significativamente a construção da proposta. Acrescente-se a tais questões, o caráter pioneiro de uma proposta com tais características na região e no Estado de São Paulo. Esta região do Estado de São Paulo, desde os anos 70, vem se caracterizando por intensa dinâmica de crescimento econômico, fundado principalmente na modernização da agricultura e sua rápida transformação em atividade agro-industrial voltada à exportação. Trata-se de uma região que vem passando, também, por rápido adensamento populacional apresentando atualmente, problemas urbanos típicos de cidades de porte médio, quais sejam: problemas de habitação, saúde, educação e, particularmente, problemas ambientais. Mais recentemente, nos anos finais da década de 1990, a região vem sendo foco de diversos investimentos de porte significativo em atividades aplicadoras e geradoras de inovação tecnológica em produção e gestão. É o caso, por exemplo, da instalação de um Pólo Aeronáutico, destacando-se a presença de uma unidade da Embraer na região, dentre outras indústrias de grande porte. Os impactos destes investimentos já se fazem sentir, tanto em termos das mudanças nos processos de produção quanto nas transformações relativas à questão ambiental. Assim sendo, tanto do ponto de vista das necessidades e disponibilidades regionais, quanto pela demanda existente por cursos desta natureza, podese afirmar que o Curso de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente vem tendo um engajamento bastante intenso com o desenvolvimento regional. Numa dupla entrada, de interação acadêmica científica e com as exigências de políticas públicas. Há que se acrescentar que a proximidade com núcleos universitários regionais: UNESP, Campi de Araraquara, Jaboticabal, Rio Claro; USP, Campi São Carlos, Piracicaba, Ribeirão Preto; UFSCAR, São Carlos; UNICAMP, Campinas, dotados de laboratórios consolidados tem favorecido o desenvolvimento do mestrado, dadas as parcerias com algumas destas unidades para o desenvolvimento de pesquisas integradas, workshops conjuntos, dentre inúmeras outras atividades. AS RESPOSTAS DO MESTRADO NO PLANO DA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO Além disso, a partir da segunda metade da década de 80, a região vem absorvendo crescentemente núcleos de assentamentos rurais - sendo atualmente a segunda região do Estado de São Paulo em número de famílias assentadas - os quais têm exigido reorientação de ações de políticas de desenvolvimento local/ regional. É sob um outro olhar, da análise dos impactos ambientais, sociais e econômicos, dos contrapontos à expansão do agronegócio que foi construída a agenda do mestrado. O objetivo maior do curso de mestrado é consolidar seu papel como centro produtor de pesquisa e de conhecimento voltado à discussão interdisciplinar e contextual do processo de desenvolvimento regional frente às questões ambientais. O caráter inovador da proposta está relacionado ao desafio de compreender e intervir no processo de transformações que afetam as distintas dimensões da organização social. Desta forma, contribuir para a formação de um profissional com visão holística e ética, com compreensão do processo de desenvolvimento regional e domínio de instrumentos conceituais e metodológicos essenciais para o planejamento e gestão de instituições públicas e privadas. Para tanto, faz-se necessário superar o dualismo de visões segmentadas ou pontuais que fragmentam meio ambiente, estrutura produtiva e alternativas de desenvolvimento sustentável local e regional. O diferencial apresentado neste mestrado A implantação de um curso de mestrado com preocupação voltada ao desenvolvimento regional e meio ambiente na região abre um importante espaço de 189 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 não elimina fronteiras ou ignora especialidades de trajetórias acadêmicas e disciplinares, mas propõe-se a viabilizar a convivência com a complexidade necessária à intervenção nas políticas existentes. Portanto, trata-se de desenvolver uma proposta articulada que, embora enfoque objetos de estudos muito próximos, e, por isso, muitas vezes conflitantes, proporcione forte espaço de diálogo sob perspectivas diferentes entre pesquisadores e discentes. Nesta perspectiva, esta proposta de mestrado interdisciplinar está voltada ao estudo de processos sócio-econômicos ambientais que têm trazido mudanças significativas nos rumos do desenvolvimento regional. Tais mudanças exigem uma compreensão multidimensional de tais processos, pois envolvem várias dinâmicas (econômica, ambiental, política) e o desafio de se trabalhar analiticamente com a diversidade, com instrumentos de gestão privada e de gestão pública, privilegiando-se, como eixo estruturador, a análise de alternativas da sustentabilidade. Busca-se articular os estudos teóricos aos problemas que se apresentam em uma região, compreendida em sua heterogeneidade, como expressão de novas práticas, o que tem justificado investimento em pesquisa, o estabelecimento de convênios com instituições de ensino superior, com prefeituras, com a iniciativa privada e, igualmente, intervenção nas políticas públicas. do território. De outro, novos espaços públicos são criados a partir da reorganização das atividades da produção de bens e serviços e das estratégias de sustentabilidade que aparecem no enfrentamento à exclusão social. No domínio empresarial, a perspectiva de atuação em ambientes concorrenciais dinâmicos tem levado à crescente preocupação com problemas ambientais. Neste contexto, a gestão de variáveis ambientais pelas organizações constitui-se em um tema privilegiado de análise do mestrado. A perspectiva de um pensamento substantivamente inovador surge de um esforço colaborativo de estudiosos de diferentes disciplinas, o que requer, sem dúvida, liberdade e coragem de investir na produção do conhecimento sem instrumentos de controle do seu desfecho possível. A proposta de mestrado enfrenta os riscos da experiência de interdisciplinariedade, sem pretender imprimir ao seu núcleo acadêmico o estatuto de uma receita ordenadora e linear dos rumos da construção do trabalho interdisciplinar. GESTÃO DO TERRITÓRIO: O DIÁLOGO NECESSÁRIO ENTRE HOMENS E AMBIENTE O estudo da gestão integrada do território no Mestrado tem implicado na análise dos processos de ocupação nos seus diversos aspectos: urbanização, agricultura, mineração, industrialização, preservação da qualidade ambiental, recursos hídricos etc. Tem sido observado o processo de uso e ocupação do território a partir de uma perspectiva histórica, analisando as transformações do meio e seus impactos sobre o ambiente natural e sobre as relações econômicas, sociais e ambientais. No mestrado em discussão, o estudo do território tem obedecido a princípios de interdisciplinaridade, sendo objeto tanto das ciências ambientais quanto das ciências sociais e tem considerado os seguintes aspectos: 1) impactos das políticas nacionais e estaduais sobre os municípios e as regiões; 2) políticas locais de desenvolvimento e suas conseqüências; 3) papéis exercidos pelos diversos agentes sociais instalados nos municípios e nas regiões; 4) processo de ocupação do território pelas atividades econômicas e assentamentos humanos; 5) conexões entre as políticas nacionais, estaduais e locais; 6) crescimento econômico e as dimensões sociais, econômicas, ecológicas, espaciais e culturais de sustentabilidade; 7) medidas mitigadoras dos impactos ambientais da instalação de empreendimentos nas regiões e nos municípios; 8) importância da educação ambiental e resultados do processo de desenvolvimento em termos de melhoria da qualidade de vida da população. Os projetos alocados nesta linha de pes- Abre-se a necessidade de uma agenda de pesquisa em meio ambiente e desenvolvimento regional, com interfaces, do ponto de vista teórico-metodológico e da construção continuada de abordagens relacionais. Tal movimento se faz presente na configuração da área de concentração, a qual se explicita através de linhas de pesquisa, na estrutura curricular, na relação com os projetos de pesquisa dos docentes e dos mestrandos na constituição dos grupos de pesquisa do mestrado, nas dissertações já concluídas. ÁREA DE CONCENTRAÇÃO E LINHAS DE PESQUISA: O DESAFIO DE INTEGRAR DIFERENCIADAS ABORDAGENS A área de concentração, Dinâmica Regional e Alternativas de Sustentatibilidade está formada por três linhas de pesquisa, Gestão de Território, Políticas Públicas e Desenvolvimento, e Empresa e Sustentabilidade, que se entrecruzam, explicitando a proposta interdisciplinar do curso. Os projetos, apesar de formalmente alocados em uma determinada linha de pesquisa, dialogam com as demais linhas. De um lado, bacia hidrográfica passou a ser, como já descrito, uma unidade funcional analiticamente indispensável para a inteligibilidade da gestão 190 SEGUNDA PARTE quisa estão predominantemente voltados ao estudo das relações entre homem-ambiente, usos múltiplos dos recursos hídricos e conflitos deles decorrentes. A bacia hidrográfica como unidade de análise tem possibilitado paulatinamente a descentralização da gestão e do processo decisório. As pesquisas desenvolvidas têm confirmado que a adoção recente deste modelo descentralizado para a gestão das águas e do meio ambiente, como uma nova referência espacial para o desenvolvimento das políticas públicas, tem, cada vez mais, tornado indissociáveis os planejamentos econômico e territorial, pois, quando se toma a bacia hidrográfica como base para a pesquisa devem, necessariamente, ser considerados os seguintes pontos: 1) o processo de desenvolvimento econômico e seus impactos sobre a base de recursos naturais da região; 2) os papéis exercidos pelos diversos agentes (indústria, agricultura, setor de serviços, população e setor público); 3) o quadro institucional e os instrumentos desenvolvidos para garantir o uso sustentado dos recursos naturais. em profundidade, singularidades de processos sociais concretos. Nos espaços agrários, os assentamentos rurais analisados como uma política estatal definida pelo jogo das forças sociais têm sido pesquisados, enquanto alternativas de sustentabilidade e possíveis contrapontos ao agronegócio regional. POLÍTICAS PÚBLICAS E DESENVOLVIMENTO: A PRODUÇÃO ACADÊMICA COMO INSTRUMENTO POSSÍVEL DE INTERVENÇÃO A linha de pesquisa EMPRESA E SUSTENTABILIDADE visa investigar de que forma as empresas de bens e serviços internalizam questões ambientais, sociais e econômicas demandadas pela sociedade. Políticas e programas promovidos pelas empresas tendem a auxiliar na diferenciação de seus produtos com relação aos concorrentes. Os benefícios da aplicação de tais políticas e programas são vários e abrangem não só os consumidores, como todas as áreas da empresa, com possível aumento de produtividade, comprometimento do corpo funcional, melhoria da imagem institucional, melhoria das relações de trabalho e economia de custos. Esta linha de pesquisa compreende projetos relacionados à adequação de ferramentas de gerenciamento para melhoria de processos e produtos; análise da aprendizagem organizacional direcionada às questões ambientais; desenvolvimento de processos utilizando tecnologias de produção mais limpa. EMPRESA E SUSTENTABILIDADE: O NECESSÁRIO GANHO AMBIENTAL NA AGENDA EMPRESARIAL Esta linha de pesquisa vem dando prosseguimento aos estudos de processos desenvolvimento regionais e locais, permitindo investigar condições em que novos espaços e agentes públicos e privados são criados e transformados. Busca o estudo da realidade regional em suas especificidades e potencialidades e a elaboração de critérios e indicadores para a formulação de políticas públicas regionais e integradas. Esta linha de pesquisa compreende projetos voltados ao estudo da região, sem excluir perspectivas analíticas de âmbitos nacional e global. Busca investigar o que é o desenvolvimento local e porque pode ocorrer o seu fortalecimento quando o mundo está se globalizando e o espaço se integrando. Como cada território pode e deve mover-se dentro desses processos de mudanças que penetram e influenciam todos os espaços? Como podem ser efetivados processos endógenos de desenvolvimento que levem ao dinamismo econômico e à melhoria de qualidade de vida da população? Como podem ser desenvolvidas e estudadas ações convergentes e complementares e mudanças institucionais que aumentem a governabilidade e a governança das instituições locais? Como pode ocorrer a valorização do local e da diversidade, como diferencial de qualidade de vida e de competitividade? É importante se frisar que esta linha de pesquisa vem discutindo criticamente a segmentação rural- urbano, optando por analisar Esta linha de pesquisa procura analisar a importância da questão ambiental na empresa para o desenvolvimento sustentável. Propõe-se a discutir como as organizações estão desenvolvendo estratégias para responder às demandas ambientais, sociais e econômicas. As questões ambientais colocadas pela sociedade para as organizações apontam para o desenvolvimento de projetos de pesquisa que unam fatores econômicos, financeiro-sociais e ecológicos em uma abordagem relacional e integrada. 191 Volta-se ainda para o estudo da produtividade nesse contexto, não dissociando-o de fatores sócio ambientais. Compreende também projetos que visam o estudo das relações entre investimentos em meio ambiente, recursos humanos, responsabilidade social e criação de valor de empresas de diferentes setores no Brasil, estendendo-se estas relações a variáveis como eficiência produtiva, valor adicionado, custos e receitas das empresas. Questiona-se, por meio destes estudos, se os investimentos atuais realizados em meio ambiente pelas empresas são compatíveis com os danos ambientais por elas provocados, buscando critérios de valoração econômica dos impactos am- O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 bientais causados. A AGENDA DO MESTRADO EM MOVIMENTO temas de natureza epistemológica, mas envolve igualmente uma abordagem sobre a filosofia da ciência. Introduz o alcance e os limites do caráter cada vez mais interdisciplinar da pesquisa científica contemporânea. Analisa, também, diferentes abordagens metodológicas e a perspectiva de complementaridade das estratégias de pesquisa a partir dos ante-projetos e linhas de pesquisa. Tem como objetivo, uma abordagem relacional entre a volumosa e consistente literatura sobre a teoria e a prática da pesquisa científica e o caráter recente da reflexão sobre a interdisciplinariedade. As estratégias utilizadas para implantação e aperfeiçoamento da proposta exigem, para sua inteligibilidade, a retomada de iniciativas levadas a efeito no campo da estrutura curricular, no incentivo à pesquisa, das parcerias e dos investimentos institucionais. No plano da estrutura curricular: o esforço da densidade interdisciplinar Cumprido o tronco comum obrigatório, são oferecidas disciplinas optativas temáticas, as quais se diversificarão segundo as linhas de pesquisas e os eixos dos projetos dos mestrandos. A escolha dessas três disciplinas optativas é feita sob supervisão do orientador, tendo como principal critério o tema do projeto de pesquisa. Respeitado o princípio de flexibilidade sugerido pela CAPES, a composição da grade curricular tem uma orientação temática, de forma a integrar-se às linhas de pesquisa do mestrado. Após três anos do funcionamento dessa estrutura curricular, ficou evidenciada, a partir do desempenho dos alunos, das inúmeras discussões envolvendo docentes das disciplinas, pesquisadores, mestrandos e o conselho de curso do programa, a necessidade de uma parcial reformulação do leque dessas disciplinas. Nesse sentido, ocorreram fusões de disciplinas com a conseqüente reorganização de conteúdos programáticos e de colaboração de docentes, promovendo e possibilitando aprofundar a integração multidisciplinar com as seguintes disciplinas: Agricultura e Desenvolvimento; Bacias Hidrográficas: uma abordagem interdisciplinar; Bases Ecológicas do Desenvolvimento Sustentável; Impactos Ambientais: avaliação, prevenção e controle; Políticas Públicas e Desenvolvimento; Gestão Ambiental nas Organizações; Temas do Desenvolvimento Local. O tópico Estudos Dirigidos foi mantido considerando que busca fornecer uma base conceitual complementar no tratamento do objeto do projeto do mestrando e igualmente permitir a absorção de novas abordagens que possam integrarse às linhas de pesquisa do mestrado. O curso de pós-graduação Stricto Sensu em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente, nível de mestrado, compreende 900 horas de atividades distribuídas em 4 semestres (com possibilidade de prorrogação de 1 semestre). A estrutura curricular foi parcialmente reformulada para melhor cumprir os objetivos da proposta multidisciplinar. As duas disciplinas obrigatórias (08 créditos) e o elenco das dez disciplinas optativas/temáticas foi reduzido para sete disciplinas. O programa exige a realização das seguintes atividades obrigatórias integradoras: Seminários de Pesquisa (03 créditos) no 1º ano; Seminários de Dissertação (03 créditos) no 2º ano; Seminários de Integração (02 créditos) e Atividades Programadas (02 créditos). A redação e a defesa de dissertação (30 créditos) complementam a estrutura curricular. Independentemente da linha de pesquisa a ser escolhida pelo mestrando, os alunos do programa cursam, no primeiro semestre, as duas disciplinas obrigatórias: Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente: História e Perspectivas e Metodologia Científica: um diálogo interdisciplinar. A primeira discute os principais conceitos e interpretações das áreas do conhecimento envolvidas na relação desenvolvimento regional e meio ambiente. Com o objetivo de contextualizar o aluno ingressante nessa temática, são discutidos conceitos que têm dado suporte às análises que buscam avançar em sua compreensão. Para tanto, são fornecidos subsídios necessários para uma discussão sistêmica, ética e multidisciplinar sobre processos de desenvolvimento sustentável. A disciplina se vale de conceitos de várias áreas do conhecimento para investigar a relação entre desenvolvimento regional e meio ambiente, da perspectiva de dimensões ecológicas, econômicas, políticas, sociais e culturais, em adequação à natureza interdisciplinar do mestrado. A segunda disciplina obrigatória, Metodologia Científica: um diálogo interdisciplinar discute 192 Os Seminários de Pesquisa, coordenados por um docente do programa têm por objetivo principal a apresentação do objeto de pesquisa dos alunos, num contexto de integração interdisciplinar. Os temas destes seminários correspondem ao projeto de pesquisa dos mestrandos e estão inseridos na linha de pesquisa do professor orientador, objetivando um tratamento integrado, não compartimentalizado, não reducionista e, especialmente, histórico dos temas em estudo. A avaliação dos Seminários de Pesquisa é realizada por uma banca composta pelo professor coordenador da disciplina, pelo professor orientador e por dois pes- SEGUNDA PARTE quisadores da linha de pesquisa na qual se insere o projeto em discussão. A apresentação do desenvolvimento das atividades de pesquisa é realizada nos Seminários de Dissertação, nos quais são discutidos os resultados parciais visando a preparação dos alunos para o exame de qualificação. Da mesma forma que nos seminários de pesquisa, a avaliação dos seminários de dissertação é realizada por uma banca composta pelo professor coordenador da disciplina, pelo professor orientador e por dois pesquisadores da linha de pesquisa na qual se insere o projeto em discussão. públicas setoriais; A ciência e a inovação no contexto regional; Racionalidade limitada, incrementalismo e análise sistêmica; Aderência dos sistemas de gestão integrada às organizações; Assentamentos rurais em hortos florestais: o caso da região nordeste paulista; Atlas Rural de Piracicaba: o resultado de uma experiência de planejamento municipal; Desafios da sustentabilidade em Araraquara; Interface possível entre a pesquisa qualitativa e quantitativa; O papel das estatísticas em pesquisas quantitativas; Metodologia de pesquisa em educação: abordagens qualitativas. Nas Atividades Programadas são atribuídos créditos referentes à participação dos alunos em ciclo de palestras, simpósios, conferências, comunicações em eventos científicos relacionados às atividades de pesquisa dos mestrandos. Estas atividades incentivam e exercitam os mestrandos a divulgarem a produção científica em periódicos Qualis, em eventos científicos, bem como a participarem de Grupos de Pesquisa e de Extensão coordenados por docentes do programa. Alguns aspectos a serem ressaltados neste rol de temas referem-se à discussão de metodologias de pesquisa , das interfaces entre as técnicas de pesquisa e vertentes teóricas para a análise e formulação de políticas públicas. A mola mestra da pós-graduação: os grupos de pesquisa Seminários de Integração: Avanços no diálogo interdisciplinar. A consolidação de alguns grupos e a melhor definição dos rumos de pesquisa expressam o amadurecimento do mestrado com a ampliação das parcerias e da produção acadêmica, organização de eventos científicos que foram referências estaduais e nacionais, além da presença de pesquisadores do mestrado em outras instituições e da incorporação ao programa de pesquisadores que fizeram doutorado em outras instituições. Ao longo destes anos, uma das atividades do mestrado, que permitiu avanços no diálogo interdisciplinar foram os Seminários de Integração que têm por objetivo o aprofundamento do estudo de temas multidisciplinares e a realização de contatos institucionais, uma vez que são ministrados por pesquisadores visitantes e docentes do mestrado. Em 2006, passaram a ser atribuídos créditos a estes seminários, dada a importância que representam, enquanto espaço propício às discussões, o que vem possibilitando avanço na integração multidisciplinar entre docentes, alunos do programa e pesquisadores convidados. Os quatro grupos de pesquisa vêm apresentando trajetórias promissoras: Os seminários de integração são organizados com o objetivo estratégico de ocupar espaços no conhecimento que complementem e integrem as pesquisas e os trabalhos em curso, selecionando temas voltados à ampliação do diálogo interdisciplinar, tais como: Novos e antigos contaminantes ambientais e seus efeitos como alteradores endócrinos; Certificação florestal no Brasil: situação atual e perspectivas; Análise e governança das redes e arranjos produtivos locais; Macroinvertebrados aquáticos como bioindicadores da qualidade da água; Desenvolvimento e meio ambiente na Índia; Virtuelle Fabrik: um caso prático de rede de cooperação entre empresa; Capacitação de gestores para o setor de agregados para a construção civil: uma contribuição para a formulação de políticas Núcleo de Estudos e Pesquisas em Desenvolvimento Local – NEPDL/UNIARA, criado em torno de um projeto Fapesp, vem buscando contribuir para a reflexão a respeito da questão das políticas públicas de corte regional por meio de pesquisas voltadas ao tema do desenvolvimento local, destacando-se principalmente estudos sobre atividades produtivas, inovação e a questão ambiental. A partir do estudo de temas regionais, o grupo está procurando não olhar apenas para dentro da própria região, mas buscar uma perspectiva mais ampla que permita alargar a fronteira de seus conhecimentos, buscando problematizar a natureza das dificuldades da implementação de políticas públicas de corte micro regional e das possibilidades de aproximação entre os municípios da região. Merecem destaque dois dos projetos desenvolvidos pelo grupo: “Certificação na Agricultura: análise das possibilidades de diversificação e de incremento das articulações para o desenvolvimento da produção regional”, financiado pelo CNPq e “Percurso de Colaboração para a Implementação de Políticas Públicas de Desenvolvimento Local Integrado entre Regiões” 193 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 , desenvolvido no âmbito do Acordo de Cooperação entre as regiões italianas do Marche, da Toscana, da Ùmbria, da Emilia Romagna e o Governo da República Federativa do Brasil, que vem resultando na organização do Consórcio Intermunicipal Centro Paulista, firmado formalmente entre os municípios da região e a primeira ação do consórcio, o Observatório SócioEconômico Regional. lecimento de experiências regionais e de construção de política pública de economia solidária. Grupo de Assentamentos Rurais e Poder Local, que vem se constituindo em referência nacional diante dos resultados de pesquisa expressos em artigos e discussões travadas nos fóruns mais significativos da comunidade acadêmica. Este grupo ligado ao Núcleo de Pesquisa, Estudo e Documentação Rural NUPEDOR, inicialmente vinculado à UNESP e a partir de 2005 à UNIARA onde vem desenvolvendo uma pesquisa longitudinal voltada a assentamentos rurais. Em 2007, o projeto Assentamentos Rurais e Desenvolvimento: tensões, bloqueios e perspectivas: uma análise comparativa em duas regiões do Estado de São Paulo”, continuou financiado pelo CNPq, para o triênio 2007-2010. O grupo vem tendo resultados enriquecedores na formação de pesquisadores, na integração da pesquisa de graduação e de pós-graduação, nas publicações em co-autoria e na prática de apresentar continuadamente os produtos das investigações à crítica acadêmica. Tem, sob sua coordenação, a coleção Retratos de Assentamentos em seu décimo número. Nos dois últimos anos, os simpósios Impasses e Dilemas da Política de Assentamentos, 2005 (financiamento CNPq/NEAD) e Reforma Agrária e Desenvolvimento: desafios e rumos da política de assentamentos rurais, 2006, (financiamento da CAPES e do Incra/MDA) trouxeram saldos extremamente produtivos, expressos no número de participantes, na representatividade regional e nacional, na participação dos agentes de movimentos sociais, dos órgãos gestores e na produção acadêmica resultante dos debates. Cabe ressaltar que a produção do grupo tem oferecido subsídios às políticas públicas de assentamentos de reforma agrária e intercâmbio com órgãos governamentais. O Grupo de Educação e Meio Ambiente vem tendo ênfase em abordagens sistêmicas. Os temas analisados têm reforçado a importância da utilização do conceito de bacias hidrográficas como unidades integradoras dos sistemas ecológicos e permitido o exercício de metodologias e estratégias de pesquisas complementares. Este recorte tem caminhado na direção da interdisciplinaridade, buscando diálogo com outras áreas do Mestrado. Cabe igualmente destacar o avanço na discussão de metodologias de Educação Ambiental no contexto da Educação Básica, através de encaminhamentos dados ao tema transversal meio ambiente. Pesquisadores voltados a esta temática participam como convidados pelo Ministério do Meio Ambiente do projeto de formação de Educadores(as) Ambientais do Departamento de Educação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (convênio MMA/ FNMA nº 02000.005542/2005-17), aprovado em 2º lugar em seleção nacional. A FERTILIZAÇÃO DA PESQUISA: INTEGRAÇÃO DA GRADUAÇÃO COM A PÓSGRADUAÇÃO A institucionalização da iniciação científica da UNIARA e a sua integração com o Programa de Mestrado vem permitindo a inserção de alunos de graduação em projetos institucionais e interinstitucionais, abrindo frentes de formação de jovens pesquisadores, o que se revela extremamente positivo para a efetivação de uma agenda de pesquisas voltada a estudos de desenvolvimento regional e meio ambiente. Grupo de Economia Solidária o qual vem desenvolvendo discussões teóricas e estudos empíricos com os principais objetivos: reafirmar o compromisso da universidade como facilitadora no processo de organização popular, contribuindo com a interação e vitalidade dos movimentos sociais; fortalecer o protagonismo dos empreendedores populares no processo de construção do projeto político e da rede nacional de economia solidária; difundir as experiências regionais em economia solidária, discutir sua evolução e o incentivo dos governos municipais na geração de trabalho e renda; criar espaço para o debate sobre o papel dos atores sociais envolvidos no processo de forta- Os avanços nas atividades de integração do Programa de Mestrado com a graduação foram resultados de importantes iniciativas institucionais. Centro Integrado de Pesquisa (marco de uma política de pesquisa da UNIARA, dada a organização, em grupos temáticos, de projetos que vinham sendo desenvolvidos isoladamente por professores dos diferentes cursos de graduação), Centro de Estudos Ambientais-CEAM (através do Boletim sócio- econômico e ambiental, clipping regional do meio ambiente, programa de rádio Rede Ambiente, o centro tem permitido o aprimoramento acadêmico nos passos dados no fomento à extensão, enquanto atividade de pesquisa), 194 Aliados a estas iniciativas há marcos fundamentais no processo de produção científica na instituição: integração da UNIARA no sistema PIBIC/CNPq, realização do I Congresso de Iniciação Científica da UNIARA e o credenciamento da UNIARA junto ao CNPq ao Diretórios dos Grupos de Pesquisa do Brasil. SEGUNDA PARTE DESAFIOS É QUE NÃO FALTAM A análise da trajetória do programa quanto às linhas de pesquisas, projetos, produção científica docente/discente e dissertações, reforça e reafirma o tema proposto do programa e vem exigindo revisões e ajustes parciais em algumas de suas atividades, como é esperado na pesquisa acadêmico-científica. Merecem destaques alguns aspectos relativos à evolução do programa, tais como: o investimento na discussão conjunta das ementas das disciplinas; os ganhos analíticos, na apreensão das diferenças, obtidos nos espaços de diálogo interdisciplinar, para os quais são convidados especialistas de diferentes áreas e discutidas interfaces possíveis no tratamento de temas selecionados; as contribuições acadêmico-científicas para as dissertações nos seminários de pesquisa, espaços de apresentação dos projetos, quando além do orientador, participam todos os alunos e pesquisadores, com a presença de uma banca indicada para apresentar um comentário mais sistemático aos projetos. Esta atividade tem sido um encontro de diferentes metodologias, diferentes estratégias de pesquisa. sam ser enfrentadas, destaca-se a produção acadêmica na área interdisciplinar. Essa dificuldade está relacionada, em primeiro lugar com o fato de que os resultados das pesquisas e a construção interdisciplinar não se refletem, com facilidade, em indicadores de produtividade científica. Ou seja, os grupos apresentam avanços em seus estudos, porém esses ainda não encontram – via de regra – perspectivas de retorno sob a forma de publicações no sistema Qualis. Porém já existem alguns indicadores que apontam avanços na produção interdisciplinar. Neste sentido, pode-se destacar o aumento das publicações entre docentes e mestrandos e a revisão da abordagem de alguns projetos de pesquisa na busca de uma construção interdisciplinar. Novos conceitos, experiências e desafios encontrados na integração com instituições públicas e privadas contribuem valiosamente na dinâmica da atividade de docência, nas propostas de projetos de pesquisa e no direcionamento dos temas dos eventos científicos organizados pelo programa. Assim, atribuir procedimentos à mobilidade acadêmica para aproximar os sujeitos e experiências provenientes de diferentes trajetórias intra e inter-institucionais é um dos desafios bem enfrentados por esse mestrado. Igualmente, cabe destacar que o mestrado vem se constituindo em referência para discussão e aplicação de instrumentos de políticas de desenvolvimento urbano e rural, oferecendo às prefeituras, ongs e outras instâncias, um referencial analítico para ser construída uma agenda efetiva de desenvolvimento regional e meio ambiente. Podemos citar como exemplos, o projeto de cooperação Brasil - Itália, o projeto Parque do Conhecimento, construído em integração com a prefeitura, DAAE e, associações de catadores de produtos recicláveis. Um importante aspecto que vem sendo observado refere-se às especificidades do trabalho multidisciplinar e à realidade sócio-econômica de alunos que buscam em programas de mestrado, especialmente, no caso dos programas multidisciplinares, uma qualificação diferenciada, muitas vezes tendo que acumular seus estudos com jornadas de trabalho. Se este quadro real revela uma clientela diferenciada, não há como negar a importância do possível retorno social da sua qualificação e do conhecimento produzido para as próprias perspectivas de desenvolvimento do país. Negar tais mudanças significa insistir em modelos já superados de formação e qualificação de recursos humanos. Cabe por fim ressaltar a perspectiva de construir um itinerário de temas e discuti-los de forma integrada. Por exemplo, a partir da área de concentração, foram propostos um conjunto de conceitos – sustentabilidade, indicadores de qualidade de vida, desenvolvimento regional, economia solidária, região – discutidos a partir de abordagens diferenciadas, buscando construir uma integração possível, evitando-se os riscos de se aglutinar, sem dialogar, sem interagir. Este tem sido o caminho para se discutir a integração possível de diferentes abordagens metodológicas, o que exige um exercício continuado de diálogo. A BOA SEMENTEIRA: DISSERTAÇÕES DEFENDIDAS Outro ponto positivo vem sendo a significativa procura deste mestrado por alunos desta e de outras regiões que têm buscado conhecimento em uma área de fronteira – desenvolvimento regional e meio ambiente – ainda não apreendida em suas facetas multidisciplinares nos mestrados existentes no interior do Estado de São Paulo, recomendados pela CAPES. Este artigo procurou, através de uma experiência concreta, mostrar que a busca de complementaridade é um fértil e possível caminho da produção do conhecimento.Não basta uma convivência harmoniosa entre pesquisadores especialistas, se eles continuam presos, de forma irredutível, a sua cultura profissional. É preciso um ininterrupto movimento de cooperação, de troca de experiências, de amadurecimento e ampliação da convivência crítica. Discutir desenvolvimento regional e meio ambiente com falsos diálogos ou com abordagens isoladas de especialistas implicaria em mutilações comprometedoras, do ponto Dentre as principais questões que ainda preci195 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 Políticas Públicas de Educação Superior: desafios e proposições. Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior, FUNADESP- Brasília, 2002. de vista científico e das responsabilidades sociais da produção do conhecimento. Ao apresentar as dissertações defendidas, pretende-se, uma leitura além dos nomes e números. O que importa são os esforços desenvolvidos para manter viva a discussão conjunta, a atitude aberta de reconhecimento dos outros saberes como necessários à interpretação e intervenção em uma questão vital para os rumos da sociedade. Tais pesquisas se amparam metodologicamente em esforços de interdisciplinaridade, resultando, em graus diferenciados, no entrelaçamento de enfoques teóricos distintos. Ribeiro J. R. Como lidar com as novas figuras da desigualdade: o caso da desigualdade regional. In REDES, Santa Cruz do Sul. vol 7n. 3. p13-20. set 2002. A relação desenvolvimento regional/meio ambiente envolve movimento, processo constante que só pode ser enfrentado por interfaces interdisciplinares, as quais podem implicar em perspectivas de recriação e ressignificação de saberes socialmente dominantes. Schwartzman, Simon. Bomeny Maria Helena Bausquet. Costa, Ribeiro Vanda Maria (Orgs). Tempos de Capanema, Edusp/Paz e Terra. Parte III, Tempo de Reforma pp. 173-230, 1994. Sampaio, Helena. Evolução do ensino superior brasileiro:1808 – 1990. Documento de Trabalho NUPES, 8/91. Núcleo de Pesquisa sobre Ensino Superior da Universidade de São Paulo, 1991. Só por esse enfrentamento – sem falar na prazerosa convivência com saldos positivos dessa boa sementeira – tem valido o esforço de levar a pós-graduação, em um centro universitário, a ser um núcleo dinâmico de conhecimento crítico e científico. Sampaio, Helena. Trajetória e tendências recentes do setor privado de ensino superior no Brasil. CIPEDES n. 9 p 1-11,2000. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Sampaio, Helena. O ensino superior no Brasil: o setor privado. São Paulo, Fapesp /Hucitec, 2000. 408 páginas. Clark, Burton. El Sistema de educación superior – una visión comparativa de la organización académica. México: Universidad Autónoma Metropolina-Azacapotzalco, Nueva Imagem, 1986. Durham, Eunice R. e Sampaio, Helena. O ensino privado no Brasil. Documento de Trabalho NUPES 3/95. Núcleo de Pesquisa sobre Ensino Superior da Universidade de São Paulo, 1995. Ferrante, V.L.S.B. Parcerias universidades públicas / privadas: o que desponta no horizonte? Revista da UNIARA nº 11, Araraquara, 2002. Gallo, Z. Ethos, a grande morada humana: economia, ecologia e ética. Itu(SP): Otoni Editora, 2007. Klein, Lúcia. Sampaio, Helena. Políticas de ensino superior na América Latina – uma análise comparada. Revista Brasileira de Ciências Sociais, Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais, 24, 85-109, 1994. Martins C.B. A formação de um sistema de ensino superior de massa. Revista Brasileira de Ciências Sociais. v.17,n.48, p 1-6, 2002. Munhoz,D.E.N. Da multi à interdisciplinaridade: a sabedoria do percurso. Revista de Estudos Criminais nº 18. Porto Alegre: Editora Fonte do Direito Ltda., 2005. 196 Teixeira, Anísio. O ensino superior no Brasil: análise e interpretação de sua evolução até 1969. Rio de Janeiro. Fundação Getúlio Vargas, 1969. Desenvolvimento de Bariri: Perspectivas de Sustentabilidade e Políticas Públicas POLÍTICAS PÚBLICAS E COOPERAÇÃO EM ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS: O Caso da Indústria de bichos de pelúcia do Município de Tabatinga – SP Avaliação da qualidade da água do Rio São Lourenço (Matão – SP) através das análises das variáveis físicas e químicas da água e dos macroinvertebrados bentônicos Arranjos Produtivos Locais: Formação, Desenvolvimento e Vínculos nas Indústrias de “ Bordados de Ibitinga” - SP A utilização da Modelagem Matemática como ferramenta para a Gestão Integrada e Sustentável dos Recursos Hídricos Subterrâneos: uma proposta para o Município de Araraquara – S.P. Da Aplicação do Princípio da Insignificância nos Crimes Ambientais Especulação imobiliária e valorização do espaço urbano: as queimadas nos terrenos baldios em Araraquara – SP A Responsabilidade Penal da Pessoa Jurídica em Crimes Ambientais Sistemas de produção e estratégias de vida para permanência na terra: um estudo no projeto de assentamento monte alegre – Araraquara/SP Desafios para o Desenvolvimento da Agricultura Sustentável – o Caso dos Pequenos Agricultores da Região de Araraquara-SP. Educação Ambiental Desenvolvida pela Polícia Ambiental de Bauru – São Paulo: Elementos de Avaliação A percepção ambiental dos resíduos de serviço de saúde – RSS da equipe de enfermagem de um hospital filantrópico de Araraquara – SP Marketing Político em uma Gestão Participativa: Um Estudo de Caso da Prefeitura Municipal de Matão/SP A Relevância Regional e Nacional do Curso de Especialização em Educação Ambiental do Centro de Recursos Hídricos e Ecologia Aplicada (CRHEA-EESC-USP): Uma abordagem avaliativa. Mini-Usinas de leite como alternativa de desenvolvimento regional para produtores familiares As Representações Sociais Sobre as Queimadas de Cana-De-Açúcar em Araraquara - SP Meio Ambiente e Educação Ambiental na Perspectiva de Diferentes Sujeitos Sociais no Município de Matão – SP: Possibilidades de Ações e Parcerias O Córrego Ribeirãozinho e sua Bacia Hidrográfica:Subsídios para a Educação Ambiental da População de Taquaritinga – SP Tecnologia e proteção ambiental nas indústrias do couro e calçados na região de Jaú – SP POLÍTICAS PÚBLICAS E DESENVOLVIMENTO Avaliação das condições tróficas da represa do Lobo (Itirapina-Brotas-SP) através do estudo da comunidade de macroinvertebrados bentônicos GESTÃO DO TERRITÓRIO 197 A Integração dos Sistemas de Custos ABC e Custos da Qualidade como Diferencial Competitivo para Pequenas Empresas: Uma abordagem à Indústria de Massas Alimentícias Uma abordagem estratégica do Projeto Pedagógico: O Caso de um curso de graduação em Engenharia de Produção. Eficiência Produtiva da Agroindústria Canavieira Paulista: medição de eficiência produtiva, elaboração de rankings de eficiência através de metodologia DEA e análise dos escores de eficiência obtidos. A Engenharia de Segurança do Trabalho: Análise Crítica da Proposta de Gerenciamento de Resíduos Perigosos Gerados na Universidade de São Paulo no Campus de São Carlos Modas e modismos gerenciais: um estudo de caso sobre a adoção de sistemas ERP. Fluxo de caixa na gestão eficaz da empresa: aplicação do fluxo de caixa com abordagem ao Balanced Scored em uma Empresa Metalúrgica de São José do Rio Preto – SP. A gestão estratégica de custos em pequenas e médias indústrias no setor metal-mecânico: uma visão do desenvolvimento sustentável A Modernização dos Meios de Produção e o Desemprego Estrutural a partir da Década de 90: Estudo de Caso de uma Grande Montadora do ABC Paulista Uma análise do impacto do “Simples” sistema integrado de contribuições e tributos: estudo de caso na cidade de Santa Lúcia “Educação Continuada: Estratégia Empregada pelas Empresas para Desenvolver Pessoas e como Fator de Competitividade?” EMPRESA E SUSTENTABILIDADE PROGRAMA DE MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL E MEIO AMBIENTE: DISSERTAÇÕES DEFENDIDAS 2002 - 2007 SEGUNDA PARTE 198 Economia Solidária: experiências na região Turvo-Grande/SP Certificação Eurepgap na Fruticultura: Avaliação de Impactos Ambientais e Sociais Iodoterapia: avaliação crítica dos procedimentos de precaução e manipulação dos rejeitos radioativos gerados na unidade de internação hospitalar Inovação em Serviços de Saneamento: desafios para os municípios Análise sobre o Cumprimento da Obrigatoriedade da Reserva Legal Florestal em Propriedades Rurais do Município de Luiz Antônio/SP A Reserva Florestal Legal e os Princípios Constitucionais da Isonomia e Razoabilidade Projeto Educação do Campo: estratégias e alternativas no campo Representação social da educação ambiental em Analândia-SP e sua contribuição ao ecoturismo O setor sucroalcooleiro e a utilização da biomassa da canade-açúcar como fonte alternativa de energia Um Estudo sobre a Inveja no Ambiente Organizacional. Estudo sobre a adoção da produção mais limpa: o caso de uma indústria alimentícia Um Estudo sobre a Gestão da Qualidade: Uma Proposta para o Desenvolvimento do 5S + A O plano de negócios como instrumento de gestão estratégica: estudo de casos em empresas de pequeno porte da cidade de Tabatinga – SP Gavião Peixoto: Sua História e as dimensões de sustentabilidade no seu Desenvolvimento Indícios de casos de bullying no ensino médio de Araraquara QUALIDADE EM SERVIÇOS – Estudo comparativo dos atributos valorizados pelos clientes na avaliação da qualidade em serviços – uma aplicação do modelo SERVQUAL A reestruturação industrial e a questão ambiental: estudo de caso em uma empresa de médio porte Políticas Públicas de geração de trabalho e renda no município de Bauru: Um estudo sobre a ação e a desarticulação do Estado e da Sociedade Civil Tema Transversal Meio Ambiente: Teoria e Prática no Ensino Fundamental em uma escola municipalizada de Américo Brasiliense - SP Empresas Multinacionais e o Estabelecimento de Padrão Ambiental Corporativo Global: a Indústria de MatériasPrimas para Fertilizantes Análise da constitucionalidade e viabilidade do Plano Diretor para os municípios paulistas de pequeno porte Assentamentos Rurais em Hortos Florestais na Região Norte do Estado de São Paulo Percepção ambiental de professores do Ensino Fundamental sobre a Bacia Hidrográfica do Rio Turvo, na cidade de Monte Alto – SP: uma contribuição para a educação Ambiental, no âmbito do Comitê de Bacia Hidrográfica Turvo-Grande (CBH-TG) Indústria e recondicionamento de peças auto-elétricas do setor metal-mecânico (induzidos) no município de Pederneiras – SP Intervenções em área de preservação permanente no reservatório de Ibitinga – SP: equívocos e omissões As ações dos poderes públicos do munícipio de araraquara/SP frente à questão dos resíduos da construção cívil Resíduos de serviços de saúde de um hospital de médio porte do município de Araraquara: subsídios para elaboração de um plano de gerenciamento Manutenção industrial: uma discussão entre a relação dos investimentos aplicados e os resultados operacionais e ambientais obtidos A percepção da qualidade do serviço de lazer sob a ótica do usuário e do seu fornecedor Políticas Públicas de Desenvolvimento Local: o caso do município de São José do Rio Preto A implementação da atividade turística em Brotas – SP: euforia e declínio Kaizen como uma ferramenta de marketing EMPRESA E SUSTENTABILIDADE Micro e Pequenas Empresas e Inovação Tecnológica: as empresas do segmento odontológico no município de Araraquara POLÍTICAS PÚBLICAS E DESENVOLVIMENTO Levantamento do uso de plantas medicinais na comunidade do Distrito de Nova América (Itápolis-SP) Educação ambiental a partir do conhecimento dos resíduos sólidos domiciliares, junto a um grupo de alunos da Escola Sérgio Speranza, no bairro Parque Residencial São Paulo, Araraquara – SP Caracterização da qualidade da água do Ribeirão das Cruzes – Araraquara (SP) através das variáveis físicas e químicas e dos macroinvertebrados bentônicos GESTÃO DO TERRITÓRIO PROGRAMA DE MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL E MEIO AMBIENTE: DISSERTAÇÕES DEFENDIDAS 2002 – 2007 (cont.) O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 A aceitação pelo consumidor por um produto de papel reciclado Produção Mais Limpa em Sistemas Locais de Produção A Relação entre o Marketing Societal e a Vantagem Competitiva: Estudo de Caso no Setor Calçadista de JaúSP Programas federais para saneamento básico com recursos do orçamento geral da União: estudo sobre os investimentos realizados pelos municípios da bacia hidrográfica Turvo/Grande (UGRHI 15) 1996 a 2004 Resíduos de Serviços de Saúde Gerados em Unidades de Saúde de Pequeno Porte no Município de Jaú: Diagnóstico e Proposta de Gerenciamento As excludentes da responsabilidade civil por danos ambientais Modelagem de banco de dados geográfico como subsídio à gestão integrada de recursos hídricos aplicado a sub-bacia do Ribeirão das Cruzes, Araraquara-SP Uma análise da gestão estratégica da rede FIESP de incubadoras: um estudo de caso Feiras do produtor: Alternativa para Sustentabilidade de Famílias Assentadas Rurais da Região de Araraquara EMPRESA E SUSTENTABILIDADE Considerações sobre os custos ambientais decorrentes do gerenciamento dos resíduos sólidos e dos efluentes industriais gerados no setor sucroalcooleiro: um estudo de caso POLÍTICAS PÚBLICAS E DESENVOLVIMENTO A visão dos proprietários rurais em relação às questões ambientais da microbacia do Córrego da Roseira no Município de Ibitinga – SP GESTÃO DO TERRITÓRIO PROGRAMA DE MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL E MEIO AMBIENTE: DISSERTAÇÕES DEFENDIDAS 2002 – 2007 (cont.2) SEGUNDA PARTE 199 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 4.- CARREIRAS, ALUNADO E TRAJETÓRIA DE EGRESSOS Ligia Maria Vettorato Trevisan(*) Jean Marcel Chamon(**)49 ACOMPANHAMENTO DE EGRESSOS: FACILITANDO A INFORMAÇÃO, A COMUNICAÇÃO E O PLANEJAMENTO NA EDUCAÇÃO O objetivo desse artigo é apontar e discutir o papel das informações sobre o alunado e a trajetória de egressos na definição de políticas institucionais de ensino. De fato, o assunto não é novo, integra a pauta de avaliações institucionais externas e internas e encontra muitos referenciais que indicam em que medida se pode utilizar estudos e análises sobre alunos egressos para promover a melhoria da qualidade do ensino50. No limite, conhecer os desafios, as potencialidades e as fragilidades que um recém formado enfrenta em sua busca por uma vaga no mercado de trabalho cumpre algumas finalidades, entre as quais está a possibilidade de reunir elementos que respondam a uma das mais importantes questões que uma IES deve se fazer a cada certificado de conclusão que expede, que é a seguinte: - Que transformação o Curso e a Instituição foram capazes de operar em um estudante que nela cumpriu com aprovação a trajetória completa de uma graduação? Nesse contexto, acompanhamento de egressos significa instrumento de gestão personalizado, útil para complementar resultados oficiais de medidas dessa transformação. Uma outra vertente da política de acompanhamento de egressos é bem difundida no meio educacional. Trata-se de programas, em sua maioria institucionais e coordenados pelas Comissões Próprias de Avaliação, que viabilizam a sistematização de dados sobre as condições pessoais, acadêmicas e profissio49 (*)Professora Livre Docente, aposentada do Instituto de Química, UNESP – Araraquara, SP. Exerceu a Chefia da Assessoria de Relações Externas da UNESP no período de 1994 a 2000. Consultora Educacional do Qualitas Instituto, São Paulo (**) Bacharel em Administração, Especialista em Estratégia de Sistemas de Informação. É Gerente Executivo da ANACEU. 50 PENA, Mônica Diniz Carneiro. Acompanhamento de egressos: uma análise conceitual e sua aplicação no âmbito educacional brasileiro. Educ. Tecnol., Belo Horizonte, v.5, n.2, p.25-30, jul./dez. 2000. nais de egressos como mecanismo para a promoção de um relacionamento contínuo entre a instituição e os profissionais que formou. Essas são iniciativas que levam à obtenção de importante contribuição na renovação de projetos pedagógicos e na obtenção de dados sobre o mercado de trabalho. Quando há efetivo canal de comunicação com o egresso e meios institucionais para analisar quantitativa e qualitativamente os dados coletados, esse tipo de iniciativa torna viável a concepção de programas de pós-graduação lato sensu ou de atualização profissional com foco no aprimoramento da condição profissional do egresso. Nesse caso, o planejamento de programas da ampliação dos serviços educacionais prestados é realizado com muito mais eficiência uma vez que é subsidiao por dados muito confiáveis sobre uma realidade específica, vivenciada pelo ex-aluno. Além disso, a manutenção de um banco de dados atualizado sobre egressos é forte estratégia de aproximação entre colegas e pode ser aproveitada tanto pela participação de egressos no aconselhamento sobre as carreiras quanto na ampliação de espaços de colocação de recém-formados. Na base dessa vertente, as Associações de ExAlunos, comuns nas IES nacionais mais antigas e com forte tradição em países como os Estados Unidos, onde são verdadeiras redes de contatos entre as Universidades e associações de classe e empresas, devem ser incentivadas como espaços privilegiados de comunicação e de fidelização do egresso. Ainda, quando se trata da trajetória de egressos, a utilização de dados sobre as posições ocupadas por ex-alunos de uma Instituição pode ser muito útil na composição da agenda institucional que define a oferta educacional. E essa é uma agenda oportuna aos Centros Universitários, mais do que a qualquer outro tipo de organização acadêmica brasileira. E isso porque: • em uma década de funcionamento, os Centros Universitários construíram uma identidade institucional fortemente atrelada ao entorno sócioeconômico em que se inserem. A bem da verdade, a imagem é mais bem definida quando se trata da 200 SEGUNDA PARTE Tabela 1. – Cursos de Graduação segundo Organização acadêmica das IES – Brasil 2006 Organização Acadêmica Centros Universitários Faculdades Universidades Curso graduação presencial 2721 7206 11842 Curso graduação à distância 24 88 159 Curso tecnológico presencial 860 1498 1392 Curso tecnológico à distância 6 10 18 Total de cursos 3611 8802 13411 Fonte: http://sinaes.inep.gov.br/sinaes/, acesso em setembro de 2007. inserção de Centros em um contexto que não só os abriga, mas que também os justifica. Por isso, têm, mais do que qualquer outro modelo de organização acadêmica, oportunidades de cotejar demandas locais com o exercício natural de pensar o futuro de uma instituição para que ela possa contribuir para o desenvolvimento de uma região, de um estado e do país. E nesse balanço, definir ofertas atraentes e necessárias para o contexto que lhe é conhecido. para entrar na faculdade ou conseguir pontos para o vestibular52. A julgar por esses dados, há demanda; resta saber se as vagas estão onde devem estar e se a oferta é capaz de atender a demanda. • de acordo com os dados obtidos no portal do SINAES, os 185 Centros Universitários (esse número inclui os Centros de Educação Tecnológica) correspondiam em 2006 a 7,71% das IES brasileiras e respondiam por uma oferta educacional dimensionada na Tabela 1, acima. • o fato de que os Centros Universitários, na busca de padrões de excelência em ensino estabeleceram com as comunidades de seus entornos relações de cooperação que lhes garante forte legitimidade que os credencia a estabelecer, com organizações do setor produtivo local e regional, relações de cooperação como vias de mão dupla, nas quais a visão corporativa se ajusta e se associa ao processo de formação oferecido pela Instituição de Ensino tendo como baliza a colaboração mútua e não mais as exigências de mercado.na medida da cooperação. Segundo Pazeto53, instituições centradas no desenvolvimento da aprendizagem, da investigação e do conhecimento e organizações voltadas para a produção de tecnologias, de bens de consumo e de serviços definem ritmos e relações de trabalho com intensidade e interesses distintos. A intencionalidade e os processos que permeiam as ações de ambas vêm sendo determinadas por fatores extrínsecos ao contexto e às relações que constituem base comum entre os sujeitos e suas produções. Conforme se pode avaliar, essa oferta, ainda que não se desdobre com dados regionais, é muito menor que a das Universidades e Faculdades e ampara ações de expansão especialmente aquelas pautadas na vocação institucional. A expansão da oferta de educação Superior no Brasil é notável especialmente nos últimos 10 anos e há até estudos que mostram que o número de vagas atualmente oferecido pelo sistema nacional supera o número de potenciais candidatos ao ingresso em cursos superiores. Entretanto, é interessante assinalar que há também uma nova realidade no cenário da Educação Superior, trazida especificamente pelo ProUni e que revela que ainda há muito o que avançar em termos de formação de terceiro grau num país onde a taxa de escolarização bruta na Educação Superior (razão entre o total de alunos matriculados em determinado nível de estudos, independentemente da idade e a população na faixa etária teoricamente adequada para freqüentar esse nível de ensino) não consegue ultrapassar os 20%, índice que coloca o Brasil em posição desfavorável em relação a países como a Venezuela e Bolívia51. Corrobora essa análise o fato de que, em 2007, mais de 65% dos inscritos no ENEM concluíram o ensino Médio em anos anteriores. Vale lembrar que o ENEM é uma prova que em 2007, recebeu 3,6 milhões de inscritos e que a pesquisa de opinião revelou que 72,2% dos inscritos fazem a prova Os Centros Universitários, pela juventude e credibilidade externa que o modelo detém, podem contribuir para o aprimoramento das relações das instituições de ensino com o mercado de trabalho, modulando a participação da visão corporativa nos processos de formação. As razões acima expostas sustentam a idéia de que a aproximação com o ex-aluno traz à IES uma contribuição diferenciada que retroalimenta o projeto pedagógico e fortalece relações com o mercado de trabalho. No caso dos Centros Universitários, essa contribuição, pode ser a base de estudos e pesquisas sobre a eficácia de um modelo institucional mais flexível e voltado à interação com a sociedade mais do que à produção do conhecimento em programas de menor vinculo com as realidades locais. 51 PINTO, José Marcelino de Rezende. Access to higher education in Brazil. Educ. Soc. , Campinas, v. 25, n. 88,2004 . Disponível em: http://www. scielo.br Acesso em: 03 Nov 2007. 52 Baseado em matérias publicadas sobre os candidatos ao ENEM 2007. Disponível em http://www.inep.gov.br/imprensa/noticias/enem/news07_ 21.htm. Acesso em outubro de 2007. 53 PAZETO, Antonio Elízio. Universidade, formação e mundo do trabalho: superando a visão corporativa. Ensaio: aval. pol. públ. Educ., Rio de Janeiro, v.13, n.49, 2005. 201 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 CENTROS UNIVERSITÁRIOS E CARREIRAS PREFERENCIAIS Graduação presencial nos Centros Universitários, segundo áreas gerais – Brasil 2005 Uma consulta aos dados catalogados pelo INEP, no Censo da Educação Superior 200554, fornece informações sobre as áreas em que se concentra a oferta de cursos de graduação presenciais oferecidos pelos Centros Universitários. Como se pode verificar no Gráfico 1, a oferta se concentra em cursos nas áreas de Ciências Sociais, Negócios e Direito e Educação. De fato, essas duas áreas responderam, em 2005, por 51% das ofertas de graduação presencial nos Centros Universitários. O comportamento dos Centros Universitários acompanha a tendência nacional. Fica também explicitado que a área com o menor número de ofertas é a da Agricultura e Veterinária. Sendo o Brasil um país onde a produção agrícola e o agronegócio representam significativa parcela das economias regionais, é interessante observar a escassez de cursos oferecidos nessa área. Administração, Pedagogia, Normal Superior e Direito eram então os cursos mais frequentes e alcançam mais de uma centena de registros. Esse quadro deve estar sendo revisto principalmente em função das modificações na legislação sobre as carreiras de formação de professores mas é importante assinalar que, mesmo nessas áreas de alta concentração de ofertas há carreiras interessantes como por exemplo a Formação de professor de matérias específicas, em particular de ciências, Administração da produção industrial e da agroindústria, Administração em análise de sistemas / informática, para citar apenas alguns cursos em que não há oferta alguma,. Além disso, as carreiras das Engenharias, estão a merecer um reposicionamento no cenário educacional. O país tem problemas de infra-estrutura, controle da produção industrial e de insumos, exploração de recursos naturais que terão que ser resolvidos e para tanto haverá demandas de mão de obra qualificada para gerenciar técnicamente processos, produtos, qualidade e custos. CENTROS UNIVERSITÁRIOS: PASSADO E PRESENTE Os ingressantes no ensino superior que optam por graduar-se em um Centro Universitário contam com vantagens que agregam diferenciais em sua condição de futuro profissional. O perfil de excelência do ensino, requisito para credenciamento e recredenciamento desse modelo institucional, é o principal componente desse diferencial. Para atingí-lo, os Centros 54 Censo da Educação Superior. Sinopse Estatística_2005, disponível em http://www.inep.gov.br/superior/censosuperior/sinopse/default.asp, acesso em outubro 2007. 202 800 700 600 500 400 300 200 100 - Legenda Educação Humanidades e Artes Ciências Sociais, Negócios e Direito Ciências, Matemática e Computação Engenharia, Produção e Construção Agricultura e Veterinária Saúde e Bem-Estar Social Serviços Fonte: elaborado com dados extraídos de http://www.inep.gov.br/superior/censosuperior, acesso em setembro 2007. Universitários fazem do projeto pedagógico de cada curso um verdadeiro programa de formação integral, ponteado por atividades extra-classe e práticas profissionais que levam o aluno ao contato direto com a comunidade de seu entorno e com isso promovem o espírito de solidariedade e a consciência da cidadania. Assim, ao cumprirem o que dispõe o Artigo 1º do Decreto 5.686 de 24.05.2006, Os centros universitários são instituições de ensino superior pluricurriculares, que se caracterizam pela excelência do ensino oferecido, pela qualificação do seu corpo docente e pelas condições de trabalho acadêmico oferecidas à comunidade escolar. Os Centros Universitários estão garantindo formação de profissionais com competência técnica, valores e atitudes que habilitam a intervir em ambientes de trabalho no sentido de buscar soluções para a melhoria do desempenho coletivo. Vale lembrar que, a condição de únicas IES que foram avaliadas para credenciamento e recredenciamento pelo Ministério da Educação nos últimos dez anos, dá aos Centros Universitários uma chancela de qualidade que atravessa as fronteiras da Instituição, ou seja, dá o reconhecimento público de um serviço de qualidade. A um potencial candidato, a segurança de uma escolha de qualidade, é meio caminho para a efetiva transformação de suas condições de vida. Na busca de um projeto de excelência, os Cen- SEGUNDA PARTE tros Universitários estabeleceram um canal de comunicação com a sociedade mediado pela atenção e pelo atendimento. Com isso, ganharam credibilidade e puderam introduzir outros diferenciais na formação de seu alunado: programas de iniciação científica, incubadoras de empresas, empresas junior e núcleos de prática, convênios diversos para estágio e programas de responsabilidade social e cidadania, promovem o amadurecimento e incentivam a formação continuada. Nos dez anos em que a educação brasileira pode contar com os Centros Universitários na formação de cidadãos conscientes, muito se obteve em amadurecimento do ensino superior, seja em crescimento qualitativo ou quantitativo, sendo os Centros Universitários peça chave para alavancagem nacional ou regional do ensino superior. Em 1998, quando começaram a funcionar os primeiros Centros Universitários, o Brasil ainda tinha pouco mais de 2 milhões de matrículas no Ensino Superior. Em 2005 alcançamos 4,5 milhões e os registros apontam, além do significativo avanço no número de matrículas nos últimos 10 anos, que a expansão nas matrículas pós LDB se deu maneira mais acentuada. crescimento 25,4% e uma trajetória de evolução como a mostrada no Gráfico 3. Gráfico 3. – Evolução de Matrículas em Centros Universitários 350 300 250 200 150 100 50 0 2.001 4000000 Total de matrículas Matrículas masculino 2000000 Matrículas feminino 1500000 1000000 500000 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Fonte: elaborado com dados disponíveis em http://sinaes.inep. gov.br/sinaes, acesso em setembro 2007. A participação dos Centros Universitários na formação de recursos humanos em nível superior vem crescendo: cálculos efetuados com os dados obtidos no INEP55 pode ser avaliada tanto pelo percentual de participação dos Centros no total de matrículas quanto pelas estatísticas de concluintes. No primeiro caso, os centros passaram de 244.679 alunos, correspondendo a 9,0% das matrículas em 2000, para um universo de 758.146 alunos em 2005 que corresponde a 17,0%, computados aqui os 114 Centros credenciados até então; isso equivale a uma taxa média anual de 2.005 Tabela 2. - Série histórica de concluintes em Cursos de Graduação, por sexo – Brasil 1991-2005 4500000 2500000 2.004 A tabela seguinte reúne dados sobre os concluintes em cursos de graduação no Brasil, nos últimos 15 anos. 5000000 3000000 2.003 Fonte: elaborado com dados disponíveis em MEC/INEP – EDUDATA BASIL. Gráfico 2. Matrículas no Ensino Superior – Brasil 1996-2005 3500000 2.002 Ano Total Masculino Feminino 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 236410 234288 240269 245887 254401 260224 274384 300761 324734 352305 395988 466260 528223 626617 717858 94732 93833 95927 95548 99160 101475 105872 116411 126318 134868 148991 172951 198912 234622 271134 141678 140455 144342 150339 155241 158749 168512 184350 198416 217437 246997 293309 329311 391995 446724 Fonte: http://sinaes.inep.gov.br/sinaes/ acesso em 20/09/2007. Os dados evidenciam com clareza que no período anterior a 1996 (LDB) o número de concluintes em todo território nacional estava praticamente estagnado; após 1997, os números totais quase que triplicaram. Esse desempenho deve-se principalmente o grande número de IES privadas credenciadas no período, que ao optarem pela oferta do ensino noturno facilitaram o acesso do aluno trabalhador à educação superior. O papel dos Centros Universitários pode ser avaliado pelos dados da Tabela Em dados de 2005, já 55 EDUDATABRASIL - Sistema de Estatísticas Educacionais, disponível em http://www.edudatabrasil.inep.gov.br/, acessado em outubro de 2007. 203 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 são responsáveis pela diplomação de 18,1% dos estudantes universitários, fato que ilustra a importância dessas Instituições como formadores de profissionais qualificados na sociedade e aponta para a eficácia de um modelo que está sendo capaz de atrair e manter alunado crescente. Tabela 3: Concluintes segundo organização acadêmica - Brasil 2005. tribuindo para a consecução das metas propostas pelo Plano Nacional da Educação (PNE) e para o desenvolvimento nacional e regional. considerando que os Centros Universitários são estritamente privados, a realização bem sucedida de seus projetos educacionais indica, ao governo e à sociedade um exemplo de como a iniciativa privada pode formar profissionais de diversas áreas com qualidade comprovada. Organização acadêmica Centros Universitários Faculdades Universidades Total 129884 179004 408970 CENTROS UNIVERSITÁRIOS: POLÍTICA DE EGRESSOS E ALUNADO Masculino Feminino 51090 67112 152932 Como parte desse capítulo , forma convidados os Centros Universitários associados à ANACEU a apresentarem ações que demonstrem políticas institucionais de integração do alunado e de acompanhamento do egresso. A contribuição recebida do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, do Centro Universitário de Brasília – UniCEUB, do Centro Universitário Do Triângulo – UNITRI, do Centro Universitário CELSO LISBOA – CEUCEL, do Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ e do Centro Universitário do Pará – CESUPA são belos exemplos de um trabalho que se orienta na direção da qualidade da formação. 78794 111892 256038 Fonte: http://sinaes.inep.gov.br/sinaes. acesso em 20/09/2007. Acesso em setembro de 2007. A série histórica de diplomação nos Centros Universitários, extraída de dados do INEP, incorpora registros desde 1996. Isso porque, a implantação de Centros se faz mediante a transformação de Faculdades. Portanto, o impacto dos Centros Universitários se faz mais real quando analisados os dados de concluintes a partir de 1999, quando se formaram as primeiras turmas nas instituições credenciadas como Centro: em menos de uma década, o número de concluintes praticamente quintuplicou e os Centros passam a diplomar a quase 1/5 dos concluintes de Cursos Superiores. Há mais mulheres do que homens se formando nos Centros Universitários e isso deve ser função da oferta abundante de cursos da área de Educação. Tabela 4. - Concluintes de Centros Universitários 1996-2005 Mais uma vez, fica patente que o trabalho nos Centros é planejado e executado porque seu resultado tem acento marcado na avaliação interna e externa, para recredenciamento e reconhecimento. Esse é um dos aspectos mais importantes da Educação Superior nacional na atualidade: a certificação de Instituições mediante a inequívoca demonstração da qualidade de seu projeto educacional. Ou seja, ser Centro Universitário é uma conquista e não uma facilidade. E isso muda todos os referenciais de um projeto educacional que se quer duradouro e permanente. Ano 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Total Masculino Feminino 7736 7769 24229 28333 38306 42813 57085 75108 105960 129884 1731 2843 7992 11811 15899 17404 23048 29478 43079 51090 2439 4926 12849 16522 22407 25409 34037 45630 62881 78794 CENTRO UNIVERSITÁRIO BELAS ARTES DE SÃO PAULO Fonte: http://sinaes.inep.gov.br/sinaes/. Acesso em 20/09/2007. A interação de alunos ingressantes em Centros Universitários com egressos ilustres desse Centro é muito frequente e será aqui exemplificada com atividade que ocorreu durante a visita do Papa Bento XVI ao Brasil, o Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, através de seu curso de Arquitetura e Urbanismo. Os novos alunos tiveram a chance de presentear Vossa Santidade com um Livro em edição bilíngüe português-alemão, contando a história da Construção da Basílica de Nossa Senhora de Aparecida, projeto de Benedito Calixto, formado em Arquitetura pelo Belas Artes em 1931. O Centro Universitário Belas Artes de São Paulo é um grande exemplo de instituição de qualidade com 82 anos de existência de grande sucesso, sendo as áreas de Design e de Arquitetura e Urbanismo concentradoras do maior número de prêmios nacionais e internacionais conquistados por ex-alunos. Os dados permitem observar que os Centros vêm contribuindo para o avanço das matrículas e concluintes do ensino superior e se consolidam como referencial no ensino de graduação de qualidade, con- 204 O sucesso desses contatos e interações é grande SEGUNDA PARTE CENTRO UNIVERSITÁRIO DO TRIÂNGULO - UNITRI e serviu de inspiração para institucionalizar o NEx-BA - Núcleo Profissional e de Ex-alunos Belas Artes, um projeto que concentrará todas as oportunidades de estágio e emprego para os atuais alunos, com uma extensão destinada a vagas de emprego para ex-alunos, assim como uma central de relacionamento com os mesmos, solidificando a relação do Centro Universitário com seus egressos. CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA - UniCEUB O Centro Universitário do Triângulo - Unitri é reconhecido por sua forte atuação na área da saúde, com a oferta de cursos de graduação em Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Nutrição, Odontologia e Psicologia e cursos de especialização em Farmacologia Clínica, Fisioterapia Cárdio-Respiratória, Endodontia e Nutrição Clínica, todos regularmente oferecidos. Conta também com programa de Pós-Graduação stricto sensu - Mestrado em Fisioterapia, reconhecido pela CAPES. Compõem, também, a identidade institucional da Unitri, os cursos de Comunicação Social, de Arquitetura e Urbanismo, de Ciência da Computação e Direito, além do de Pedagogia, do qual derivou o Curso de Mestrado em Educação Superior, reconhecido pela CAPES. A pós-graduação do Unitri são um exemplo de como os centros universitários se preocupam com a educação continuada de seus alunos. No UniCEUB a relação entre ingressantes e concluintes do sexo feminino acompanha o perfil dos Centros Universitários, no ano de 2006, entre os 3531 FEMININO MASCULINO TOTAL Ingressantes 1909 1622 3531 Concluintes 1652 944 2596 Fonte: CPA UniCEUB: ingressantes, 1909 são mulheres. CENTRO UNIVERSITÁRIO CELSO LISBOA - CEUCEL Essa maioria de população feminina também será alvo de atenção especial do programa de acompanhmento de egressos, mantido pelo UniCeub com o objetivo de permitir e facilitar o constante aprimoramento do grande número de profissionais que já graduou, bem como o intercâmbio de conhecimento entre o profissional formado e o atual alunado. O Centro Universitário Celso Lisboa - CEUCEL, localizado no estado do Rio de janeiro, investiga os níveis de satisfação que o curso e a instituição alcançam junto aos concluintes de seus cursos. Dados do primeiro semestre de 2007, coletados junto aos concluintes da instituição e disponibilizados pela CPA do Centro, demonstraram o atendimento das expectativas do alunado em 69%, e também que 66% dos pesquisados já atuam na área de formação. 82% afirmam que a formação acadêmica recebida ajuda a sua atividade profissional. Ampla maioria dos pesquisados também afirmaram que voltariam a estudar no CEUCEL (76%) e que indicariam a instituição para parentes e amigos (77%). Os dados da pesquisa do CEUCEL ilustram que os Centros no seu contexto regional atendem as expectativas de seu alunado e tem ampla aceitação nas comunidades onde estão inseridos, contribuindo para o desenvolvimento regional. Para garantir a melhor inserção do profissional no mercado de trabalho, o UniCEUB ampliou os convênios com empresas de recolocação profissional, Conselhos Regionais e órgãos ou associações de classe. Como parte desse programa está o apoio ao egresso empreendedor através da Agência de Empreendedorismo, em parceria com o SEBRAE, que oferece, a cada semestre, uma bolsa de estudos no Curso de Formação de Empreendedores. A Agência também fornece orientações para a implementação de projetos empresariais e para implantação de novas empresas. Aos empreendimentos inovadores selecionados, a Incubadora de Empresas do UniCEUB oferece infraestrutura física, orientações administrativas, mercadológicas e gerenciais, além de assessoria e consultorias especializadas. a Agência também coordena a Aula da Saudade, uma atividade de reaproximação e comunicação muito efetiva, que oferece aos egressos oportunidade para reviver as emoções da graduação e com isso realimentar a vida no campus. CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA - UNIPÊ 205 O Centro Universitário de João Pessoa realiza pesquisa com seus egressos para levantamento de informações por área, como a pesquisa intitulada “Alunos Egressos do Curso de Psicologia do Unipê X Mercado de Trabalho”, sob a coordenação da Profa. O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 Antônia Maria Monteiro, com vistas ao levantamento dos alunos egressos desse curso de graduação no período de 1990 a 1999, e ao acompanhamento dos sucessos e/ou insucessos desses novos profissionais e sua absorção pelo mercado de trabalho. A IES oferece pelo SAE aos seus alunos serviços de ambientação no meio universitário com principais objetivos de desenvolver a aquisição do domínio da linguagem acadêmica, favorecer a incorporação de atitudes e valores próprios à carreira escolhida, conhecer a estrutura universitária, em seus aspectos administrativos e acadêmico-pedagógicos, contribuir para a reflexão quanto ao comprometimento e à maturidade pessoais, contribuir para o reconhecimento e valorização da formação acadêmica enquanto período de amadurecimento e construção do futuro profissional. No momento, está em desenvolvimento um estudo intitulado “Uma Análise a Respeito da Colocação dos Ex-Alunos do Curso de Administração do Unipê”, sob a coordenação da Profa. Carolina Barroca. Os estudos do UnIPÊ fortalecem a convicção de que há um aumento da preocupação na colocação dos egressos no mercado de trabalho e no cuidado que os Centros Universitários tem com seus ex-alunos bem como no acompanhamento de suas carreiras. CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PARÁ - CESUPA O SAE oferece também o serviço de ambientação inclusiva ao indivíduo portador de necessidades educativas especiais na busca de amparar indivíduos que se apresentem com dificuldade de interação devido à limitação física e colaborar com o desenvolvimento de estratégias que maximizem o aproveitamento acadêmico individual. O CESUPA busca garantir a qualidade da formação discente, no seu sentido mais amplo. A IES no ano 2005 implantou o Serviço de Apoio ao Estudante – SAE, com o objetivo de oferecer apoio e orientação ao corpo discente do CESUPA, através de atendimentos individualizados e de programas específicos desenvolvidos em parceria com a coordenação pedagógica. O SAE tem como meta amparar o indivíduo como um todo, e não apenas como aluno em formação profissional. A instituição, desta forma, busca oferecer serviços que atinjam o bem-estar pessoal e facilitem a integração grupal desde a entrada no nível superior até a saída enquanto profissional. Existe também no CESUPA o serviço intitulado Consciência Profissional que visa auxiliar o futuro egresso no processo de transição e as angústias relacionadas ao processo de conclusão de curso, esclarecer dúvidas e conscientizar quanto ao cenário a ser encontrado pós-formatura e colaborar com o desenvolvimento de uma estratégia de planejamento de atividades futuras. O aluno da Instituição ainda pode contar no SAE com atendimento individual na busca de minimizar as dificuldades que estejam comprometendo ou impedindo seu desenvolvimento pessoal e acadêmico e facilitar a aquisição de bem-estar pessoal e auto-conhecimento. O caso do Centro Universitário do Pará enfoca a preocupação das instituições não apenas com a formação acadêmica do aluno mas sim do indivíduo como um todo, focado no perfil psicológico, profissional, formando um cidadão consciente de suas potencialidades e mais realista de suas perspectivas como indivíduo. Segundo a IES, “o atendimento pedagógico vem sendo executado tanto através de auxílios individuais aos discentes que apresentam dificuldades relativas ao processo de aprendizagem, quanto através de um programa de formação continuada de docentes, que busca, acima de tudo, o amparo e a qualificação do quadro docente frente aos novos desafios que se apresentam”. O CESUPA acredita que o processo de aprendizagem envolve muito mais que o conteúdo didático em si. Acreditada no saber pautado na relação professor-aluno, nas relações interpessoais com os pares e no máximo aproveitamento dos recursos e serviços oferecidos pela instituição como componentes da aprendizagem para a vida. Para a instituição o trabalho docente deve priorizar relações que propiciem a interação entre os alunos e o professor e entre os próprios alunos, sendo compreendidas como condição necessária para a produção de conhecimentos, permitindo o diálogo, a cooperação, a troca de informações, o confronto dos pontos de vistas divergentes na busca de um objetivo comum. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem aos profissionais dos Centros Universitários brasileiros que tornaram possível a apresentação desse capítulo. PENA, Mônica Diniz Carneiro. Acompanhamento de egressos: uma análise conceitual e sua aplicação no âmbito educacional brasileiro. Educ. Tecnol., Belo Horizonte, v.5, n.2, p.25-30, jul./dez. 2000. 206 SEGUNDA PARTE BIBLIOGRAFIA CONSULTADA GONÇALVES, Elisabeth Moraes. Discípulos do Grupo comunicacional de São Bernardo do Campo: Avaliação de uma experiência acadêmica. Comunicação & Sociedade. São Bernardo do Campo: PósCom-Umesp, a. 23, n. 36, p. 13-32, 2o. sem. 2001. ANDRIOLA, Wagner B. Apresentação de um modelo teórico destinado à avaliação dos programas estaduais de qualificação profissional. Ensaio: aval. pol. públ. Educ., Rio de Janeiro, v. 6, n.19, p.259-266, abr./jun. 1998. Muller,Mary Stela. Com a Palavra os Egressos... Avaliação do Curso de Biblioteconomia da UEL. Inf. Inf., Londrina, v. 3, n. 2, p. 43-64, jul./dez. 1998. PINTO, José Marcelino de Rezende. Access to higher education in Brazil. Educ. Soc. , Campinas, v. 25, n. 88,2004 . Disponível em: http://www.scielo.br, acesso em outubro de 2007. PAZETO, Antonio Elízio. Universidade, formação e mundo do trabalho: superando a visão corporativa. Ensaio: aval. pol. públ. Educ., Rio de Janeiro, v.13, n.49, 2005. Ministério da Educação. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Sinopses Estatísticas da Educação Superior. Disponível em: http://www.inep.gov.br/superior/censosuperior/sinopse/default.asp, acesso em outubro de 2007 Ministério da Educação. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. EDUDATABRASIL - Sistema de Estatísticas Educacionais. Disponível em http://www.edudatabrasil.inep.gov.br/, acesso em outubro de 2007. Ministério da Educação. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES) – 2007. Disponível em: http:// sinaes.inep.gov.br:8080/sinaes, acesso em outubro 2007. Ministério da Educação. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Notícias do Enem. Disponível em: http://www.inep. gov.br/imprensa/noticias/enem/news07_21.htm e / news07_15.htm, acesso em outubro de 2007. 207 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 5.- FINANCIAMENTO E SUSTENTABILIDADE FINANCEIRA Professor Wilson de Matos Silva56(*) O ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO Tabela 1 – Número de IES, por Organização Acadêmica – 2006. No contexto atual do mundo globalizado, ocorre uma revalorização do conhecimento como elemento fundamental para a orientação e sustentação do desenvolvimento econômico, social e cultural das nações. Neste sentido, as universidades têm exercido papel fundamental na qualidade do ensino superior brasileiro. Universidade Universidade Especializada Centro Universitário Centro Universitário Especializado Centro Federal de Educação Tecnológica Faculdades de Tecnologia Faculdades Integradas Faculdades Instituto Superior ou Escola Superior Total No Brasil, as instituições privadas foram as grandes responsáveis pelo crescimento do ensino superior e por reduzir o número de jovens excluídos desse setor. Até a década de 90, o ensino superior brasileiro estava estagnado em termos de expansão. A partir de 1995, observou-se um forte crescimento (Quadro 1), promovido quase que exclusivamente pelas instituições privadas. Fonte: BRASIL (2007b) Nº. DE IES 893 893 894 922 900 973 1.097 ANO 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Nº. DE IES 1.180 1.391 1.637 1.859 2.013 2.165 2.380 33 177 120 1.400 361 2.391 Tabela 2 – Número de IES por Categoria Administrativa – 2006. Públicas Privadas Total Quadro 1 – Série histórica 1991-2006. ANO 1991 1992 1995 1996 1997 1998 1999 175 2 122 1 242 2.138 2.380 Fonte: BRASIL (2007b). das instituições de ensino superior brasileiras (Tabela 2). Fonte: BRASIL (2007a) Apesar da forte expansão dos últimos anos, o ensino superior brasileiro apresenta inúmeros problemas. No ensino público, a falta de verbas, as greves constantes por questões salariais, prejudicando o desenvolvimento dos anos letivos, e a estrutura física sucateada, demandam soluções. Já no ensino superior privado, apesar de os problemas serem outros, não são menores ou menos preocupantes. O aumento na inadimplência (cerca de 30%) é alto e exige grande esforço para garantir a sustentabilidade das IES, a quantidade de vagas não preenchidas e as taxas de evasão, constituem problemas com tendências ao agravamento se considerarmos o grande aumento do número de instituições privadas de ensino superior. As instituições de ensino superior (IES) são classificadas em Instituições Universitárias (Universidades, Universidades Especializadas, Centros Universitários) e Instituições não Universitárias (Centros Federais de Educação Tecnológica, Centros de Educação Tecnológica, Faculdades Integradas, Faculdades Isoladas, Institutos Superiores de Educação). A organização acadêmica dessas instituições está concentrada nas instituições não universitárias (2.092), que correspondem a 87% do total de instituições de ensino superior no país (Tabela 1). Na categoria administrativa, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), a representação das instituições privadas em 2006 corresponde a 90% Para Schwartzman (2004), estas questões, somadas à taxa de matrícula da população entre 18 a 24 anos no ensino superior, apontavam que a expansão do setor iria continuar, mas alertava que, apesar das evidências do grande dinamismo dessas instituições, os problemas que foram citados e que já afetavam na época (2004) as finanças do setor privado, poderiam 56 Reitor do Centro Universitário de Maringá, Mestre em Ciências Gerenciais (UNIMAR-SP), e 1º Suplente no Senado Federal pelo Estado do Paraná. 208 SEGUNDA PARTE se agravar nos próximos anos. número de vagas ofertadas e o número de alunos ingressantes: enquanto o número de vagas no país, nos últimos cinco anos, aumentou 398%, o número de ingressantes aumentou apenas 237%, representando uma defasagem de 125%. Efetivamente, o estudo do autor foi confirmado, mesmo com uma pequena redução no crescimento das matrículas no setor privado. Dos 4,4 milhões de alunos que se encontravam matriculados no ensino superior em 2005, cerca de 3,2 milhões (73%) estão em instituições privadas. Deste total, 2,7 milhões estudam em cursos noturnos e destes, 84% estão matriculados em instituições particulares (Tabela 3). Os percentuais de crescimento do ensino superior referente as vagas, inscrições, ingressantes pelo vestibular, matrículas e concluintes do ensino superior, por categoria administrativa entre 1995 e 2005, estão representados na Tabela 5. De acordo com dados apresentados pelo INEP (Tabela 4), há uma crescente defasagem entre o Tabela 3 - Total de Matrículas segundo a Categoria Administrativa (2005). Categoria da IES Total de Matrículas % Matrículas Diurno % Matrículas Noturno % Particular 3.260.967 73,0 1.024.277 58,0 2.236.690 Pública 1.192.189 27,0 751.124 42,0 441.065 84,0 16,0 Total 4.453.156 100,0 1.775.401 100,0 2.677.55 100,0 Fonte: BRASIL (2007b) Tabela 4 - Nº. de Vagas, Inscrições, Ingressantes pelo Vestibular, Matrículas e Concluintes do Ensino Superior, segundo a Categoria Administrativa, 1995-2005. 1995 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Público Vagas 178.145 245.632 256.498 295.354 281.163 308.492 312.288 1.399.092 2.178.918 2.224.125 2.627.200 2.366.980 2.431.388 2.289.609 Ingressantes 158.012 233.083 244.621 280.491 267.031 287.242 287.591 Matrículas 700.540 887.026 939.225 1.051.655 1.137.119 1.178.328 1.192.189 Concluintes 94.951 116.641 132.616 151.101 169.038 202.262 195.554 432.210 970.655 1.151.994 1.477.733 1.721.520 2.011.929 2.117.449 1.254.761 1.860.992 2.036.136 2.357.209 2.532.576 2.622.604 2.748.611 Inscrições Privado Vagas Inscrições Ingressantes Matrículas Concluintes 352.365 664.474 792.069 924.649 995.873 1.015.868 1.106.475 1.059.163 1.807.219 2.091.529 2.428.258 2.750.652 2.985.405 3.260.967 159.450 235.664 263.372 315.159 359.064 424.335 522.304 Fonte: adaptada de NEVES; RAIZER; FACHINETTO (2007). Tabela 5 – Percentual de Crescimento no Período entre 1995 e 2005. Categoria Administrativa Pública Particular Nº. de vagas 175% 490% Nº. de Inscrições 164% 219% Nº. de Ingressantes 182% 314% Fonte: O autor. 209 Nº. de Matrículas 170% 308% Nº. de Concluintes 206% 327% O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 O ENSINO SUPERIOR PRIVADO “prover (....) a oferta de educação superior para, pelo menos, 30% da faixa etária de 18 a 24 anos” (BRASIL, 2007c). A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB), de 1996, trouxe no seu bojo destaque para a diversificação tanto dos formatos organizacionais como das modalidades de ensino (NEVES; RAIZER; FACHINETTO, 2007). Surgem, então, novos tipos de IES, como os Centros Universitários e Centros de Formação e Educação Tecnológica. Considerando que, de acordo com Neves (2007), na época em que o PNE foi sancionado (2001) existiam 2,7 milhões de estudantes no ensino superior brasileiro, para uma população de aproximadamente 23,4 milhões de jovens de 18 a 24 anos, o que representava uma taxa de escolarização de 11,5%, e que em 2005, o número de matrículas aumentou para 4,4 milhões, com uma população estimada de 24,8 milhões de jovens de 18 a 24 anos, elevando assim a taxa de escolaridade para cerca de 17%, observa-se que o país está longe de atingir os 30% definidos no PNE (Figura 1). De acordo com os estudos realizados por Neves, Raizer e Fachinetto (2007), após dez anos do início deste processo de diversificação, não se pode negar que as estratégias de diversificação produziram um impacto positivo no processo de ampliação do ensino superior brasileiro (Tabela 2). A regulamentação da LDB propiciou a criação dos centros universitários, que passaram a gozar de certas prerrogativas de autonomia, como facilidade para a abertura de vagas e cursos. Somando-se a isso, houve uma maior liberalidade para criação de cursos e credenciamento de instituições isoladas, o que provocou o crescimento vigoroso registrado na fase recente: 175% no período de 1997 a 2005 (NUNES, 2007). Figura 1 - Taxa de Escolarização no Ensino Superior no Brasil Os estudos de Nunes (2007) apresentam a educação no Brasil como um caso singular em termos internacionais, pela enorme participação no ensino superior de entidades particulares independentes do Estado. O crescimento do setor privado (Tabela 2) foi de tal ordem que, atualmente, 89,83% das instituições de ensino superior são privadas. Fonte: GARCIA (2007) PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO – PNE 2001 - 2011 O Quadro 2 apresenta a taxa de escolarização no Brasil, ficando claro o reduzido índice de inclusão de alunos no ensino superior do país (GARCIA, 2007). Aprovado pela Lei 10.172, de 9 de janeiro de 2001, no Plano Nacional de Educação (PNE) consta que: No conjunto da América Latina, o Brasil apresenta um dos índices mais baixos de acesso à educação superior, mesmo quando se leva em consideração o setor privado. Assim, a porcentagem de matriculados na educação superior brasileira em relação à população de 18 a 24 anos é de menos de 12% comparando-se desfavoravelmente com os índices de outros países do continente. A Argentina, embora conte com 40% da faixa etária, configura um caso a parte, uma vez que adotou o ingresso irrestrito, o que se reflete em altos índices de repetência e evasão nos primeiros anos. Mas o Brasil continua em situação desfavorável frente ao Chile (20,6%), à Venezuela (26%) e à Bolívia (20,6%) (BRASIL, 2007c). O PNE define como meta até o ano de 2011 Quadro 2 - Taxa de Escolarização no Ensino Superior do Brasil (%). PAÍS Brasil (MEC/ IBGE) 1999 2000 2001 2002 2003 2004 11% 12% 16% 17% 13% 14% Fonte: GARCIA (2007) FINANCIAMENTO DO ENSINO SUPERIOR No Brasil, a maioria dos estudantes de ensino superior paga para estudar em instituições particulares, uma característica que, de acordo com Garcia (2007), coloca o país ao lado de modelos de financiamento semelhantes aos adotados em países como Chile, Colômbia, Japão e Indonésia. 210 Tanto o Chile, como o Brasil e a Colômbia apresentam modelos distintos do padrão geral da América Latina, onde o setor público cresceu muito pouco, ficando a cargo do setor privado atender à expansão da SEGUNDA PARTE educação (SCHWARTZMAN, 2004). da própria CORFO, sendo estes créditos liberados conforme as necessidades de cada ano acadêmico. Neste caso, o estudante pode recorrer ao crédito somente no ano em que estiver com problemas financeiros. O crédito pode ser pago em um prazo de até 15 anos, ficando acordado, por meio de contrato entre o banco e o cliente, qual será o prazo e quais serão os juros. O estudante deverá iniciar o pagamento do financiamento após o término dos estudos (UNIVERSIDAD, 2007b). Financiamento do Ensino Superior no Chile Na América Latina, a reforma do ensino adotada pelo Chile consolidou-se como um marco da nova política de financiamento dessa região e, não por acaso, tornou-se um referencial, ao lado da reforma britânica. A educação no Chile encontra-se em pleno processo de transformação, tendo como parâmetros a eqüidade, a qualidade e a efetividade da educação. Nos últimos anos, um enorme contingente de alunos chilenos foi incluído no ensino superior por meio de diversas formas de financiamento estudantil. Uma delas é o Crédito Solidário, regulamentado pela Lei nº. 19.287, de 04 de fevereiro de 1994 - que modificou significativamente o sistema de crédito universitário por fundos solidários, focalizando nos estudantes de menos nível sócio-econômico e estabelecendo normas uniformes para a concessão e o pagamento dos empréstimos (UTA, 2007). Além das linhas de Crédito citadas acima, o Governo chileno concede a chamada Bolsa Presidente da República, destinada aos alunos com alto rendimento no ensino médio, constatado por meio de uma prova realizada no último ano desse nível. Em 2006, o governo chileno beneficiou 167.000 jovens (CHILE, 2007). Debates estão sendo realizados no Congresso para que o Estado aumente os investimentos para bolsas e financiamentos que deverão ser reembolsados após a titulação. Desta forma, verifica-se também naquele país uma busca por outras formas de financiamento, uma vez que há muita pressão dos alunos em geral, pois desde 1980 todo o ensino superior no Chile é pago, tanto nas universidades públicas como nas universidades privadas (LARA, 2007). Esta modalidade de crédito beneficia a dois grupos da população acadêmica: os estudantes universitários que não podem arcar com os custos das mensalidades e aqueles que cursaram a universidade (tendo concluído ou não o curso) com financiamento e não conseguiram quitar suas dívidas. Enquanto o primeiro grupo de beneficiados gira em torno de 70.000 estudantes, estima-se que o segundo grupo abrange 50.000 pessoas e, para este grupo, há previsão de incremento de cerca de 12.500 novos estudantes devedores por ano (UTA, 2007). Financiamento do Ensino Superior no Brasil No Brasil, uma grande diferença do ensino superior, apontado por Schwartzman (2004), é o fato de ele ser o país da América Latina que tem o maior custo por estudante no ensino superior público. O estudante brasileiro custa para o governo dez vezes mais do que o estudante argentino ou chileno. O custo por aluno do ensino superior público brasileiro é semelhante ao dos países europeus. A Lei nº 19.287 estabeleceu para o Crédito Solidário juros e prazos diferenciados, a saber: juros de 2% ao ano, reajustado pelas Unidades Tributárias Mensuales (UTM), sendo que para a renovação do financiamento é necessário que o estudante efetue o pagamento de 5% do financiamento obtido ano anterior; outra opção é a de que o estudante poderá pagar o financiamento em quotas fixas, com taxa de juros de 4% ao ano, em 10 anos. Após doze anos, se houver saldo devedor, este será perdoado, entretanto, se a dívida exceder 200 UTM, o prazo de pagamento poderá ser de até 15 anos. É importante ressaltar que o sistema permite ao acadêmico iniciar a quitação do financiamento depois de transcorridos dois anos da conclusão do curso (UNIVERSIDAD, 2007a). A partir dos estudos de Schwartzman (2004) e dos dados referentes à evasão nas instituições privadas de ensino superior, percebe-se que esses estudantes têm tanto o ingresso quanto a sua permanência no ensino superior atrelados a sua capacidade de pagamento, à existência de crédito educativo/financiamento e de bolsas, e à possibilidade de ter durante e/ou após a conclusão dos estudos a efetivação do retorno do investimento realizado. Este fundo oferece ainda a possibilidade de receber donativos em forma de aportes fiscais dos alunos que foram beneficiados e que hoje estão em condições financeiras de fazê-los em função do exercício de sua profissão (UNIVERSIDAD, 2007a). A incapacidade das instituições de ensino superior, sejam públicas ou privadas, de atender às demandas e necessidades de uma educação superior de massa, era a parte mais preocupante de uma análise sobre o ensino superior há dez anos atrás (SCHWARTZMAN, 2007), e ainda hoje esta preocupação continua presente. Outra linha de crédito do Chile que financia os estudos de graduação é a oferecida pela Corporación de Fomento de la Producción (CORFO), através de créditos outorgados por bancos comerciais com recursos Para que os jovens de baixa renda possam ter mais oportunidades de ingressar no ensino superior, precisamos ampliar fortemente o financiamento, uma vez que o atual modelo é muito tímido. 211 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 Atualmente existem dois programas de financiamento estudantil. O mais expressivo é o FIES (Financiamento Estudantil), mantido pelo Governo Federal em parceria com a Caixa Econômica Federal. O outro programa é o PROUNI (Programa Universidade para Todos), que consiste em um financiamento a fundo perdido para os alunos, estruturado a partir da isenção de alguns impostos das instituições que aderem ao Programa. O substitutivo ainda define o pagamento de taxas de juros diferenciadas para os cursos de graduação em licenciatura, pedagogia, normal superior e de tecnologia (taxas de juros simples de até 3,5% ao ano), e para as demais graduações serão aplicadas taxas de juros simples de até 5,5% ao ano. Para os cursos de mestrado e doutorado, essas taxas seriam de até 6,5% ao ano. Os estudantes que têm Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) também poderão utilizar os recursos desse fundo para pagar o financiamento do FIES. O texto prevê que o estudante poderá beneficiar-se de uma carência de seis meses, contados a partir do mês seguinte ao da conclusão do curso. Após um ano pagando uma parcela igual à que pagava para a instituição de ensino, o egresso poderá dividir o saldo devedor em período equivalente a até duas vezes o tempo em que permaneceu estudando - pelas regras atuais, esse tempo é de uma vez e meia. O FIES - Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior é um programa destinado a financiar a graduação no ensino superior de estudantes que não têm condições de arcar com os custos de sua formação e estejam regularmente matriculados em instituições não gratuitas, cadastradas no Programa e com cursos avaliados positivamente nos processos conduzidos pelo Ministério da Educação (MEC) (PROGRAMA, 2007). Criado em 1999 para substituir o Programa de Crédito Educativo – PCE/CREDUC, o FIES tem registrado uma participação cada vez maior das IES e dos estudantes do país. Esse Programa concede financiamentos de 50% da mensalidade a alunos que estudam em mais de 1.300 instituições de ensino superior privadas em todo o país. A taxa de juros do financiamento é de 6,5% ao ano para os estudantes que cursam licenciaturas, pedagogia e normal superior, e para cursos tecnológicos registrados no cadastro do MEC a taxa é de 3,5% ao ano. Também foi ampliada a forma de garantia para o empréstimo. Além do fiador, o estudante poderá oferecer uma fiança, autorização para desconto em folha de pagamento ou ainda a fiança solidária (grupo de até cinco fiadores). As modificações permitem que a amortização do financiamento seja feita por meio de consignação em folha de pagamento. No ano de 2005, o FIES tinha em sua carteira 372 mil alunos que acumulavam um saldo devedor de R$ 3,6 bilhões. A destinação anual do programa foi de R$ 673 milhões. Em 2006, a carteira aumentou para 377 mil alunos, acumulando um saldo devedor de R$ 4,1 bilhões, com destinação anual do programa da ordem de R$ 693 milhões (BRASIL, 2007d). O projeto obriga ainda as universidades e alunos a obterem desempenho mínimo no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES) e Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE), respectivamente. O projeto segue agora para sanção presidencial para se tornar Lei. Se o crescimento do setor privado é fundamental para o atendimento da demanda e será decisivo para se atingirem as metas do Plano Decenal de Educação, a provisão de outras formas de financiamentos aos novos estudantes, cada vez mais oriundos das classes econômicas mais baixas, será decisiva (SCHWARTZMAN, 2007). O ProUni, criado pela Medida Provisória nº 213/2004 e institucionalizado pela Lei nº 11.096, de 13 de janeiro de 2005, tem como finalidade a concessão de bolsas de estudos integrais e parciais a estudantes de baixa renda, em cursos de graduação e seqüenciais de formação específica, em instituições privadas de educação superior, oferecendo, em contrapartida, isenção de alguns tributos àquelas que aderirem ao Programa (BRASIL, 2007e). Após muitas discussões e esforços para alterar as disposições da Lei nº. 10.260/2001, referente ao FIES, recentemente foi aprovado pela Comissão de Educação e pela Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal o substitutivo do projeto de lei que altera esse Programa. Uma das alterações permite o aumento do financiamento de 50% para até 100% do valor das mensalidades. O crédito também poderá ser usado para custear estudos de mestrado e doutorado, modalidades até então não permitidas pelas regras do Programa. A concessão de bolsas do PROUNI se dá por um processo seletivo, realizado por meio do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), que avaliou, ao longo de seus nove anos, mais de 10 milhões de pessoas concluintes ou egressas do ensino médio. O crescimento do número de participantes e inscritos no ENEM pode ser visualizado na Tabela 7. 212 Como pode ser verificado na tabela 7, após a criação do PROUNI (2004), houve um crescimento de cerca de 120% do número de participantes do ENEM no ano de 2005 em relação a 2004. Esses dados, aliados aos resultados do ENEM, que são utilizados como passaporte para a inscrição e seleção do PROUNI, po- SEGUNDA PARTE Tabela 7 - Nº. de Participantes e Inscritos no ENEM, 1998-2006 (em mil). Inscritos Participantes 1998 157 115 1999 346 375 2000 390 352 2001 1.624 1.200 2002 1.829 1.318 2003 1.882 1.322 2004 1.552 1.035 2005 3.004 2.200 2006 3.742 2.783 Fonte: BRASIL (2007e). dem representar um crescimento na procura, por parte dos estudantes do ensino médio, de financiamento de seus estudos no nível superior. recurso deverá, ainda, permanecer no sistema para financiamentos futuros. Quando na condição de Senador no decorrer do ano de 2007, fui autor do Projeto de Lei nº. 402/2007, que insere o Artigo 2º - D na Lei nº. 7.998/1990, visando permitir o uso dos recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), e ainda acrescenta o inciso VIII ao Artigo 2º da Lei nº. 10.260/2001, que dispõe sobre o FIES, para que parte dos recursos do FAT seja destinada às operações do FIES (MATOS, 2007). No seu primeiro processo seletivo, o PROUNI ofereceu 112 mil bolsas em 1.142 IES de todo o país. Nos próximos quatro anos, o Programa deverá oferecer 400 mil novas bolsas de estudos. Em 2007, o PROUNI somará atendimento a cerca de 300 mil alunos e a renúncia fiscal do ano está estimada pela Receita Federal em R$ 126 milhões (BRASIL, 2007e). CONSIDERAÇÕES FINAIS Esse projeto propõe o uso dos recursos do FAT para o financiamento, no âmbito do FIES, de encargos educacionais na rede privada de ensino superior, no contexto do conceito de qualificação profissional do trabalhador. Essa medida, sintonizada com a reformulação das normas do FIES, ampliará o acesso da população no ensino superior, extremamente urgente para a Nação. Desta forma, nosso objetivo é dar acesso ao ensino superior a outros milhões de jovens brasileiros. De acordo com o que foi abordado e com os dados apresentados neste trabalho, fica evidente observar que o Estado brasileiro encontra dificuldades em cumprir o seu papel no que diz respeito ao ensino superior, no entanto, alternativas para essa questão têm sido propostas e implementadas. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) administra hoje R$ 100 bilhões do FAT para investimentos em empresas com finalidade de geração de empregos. Esse valor rende, somente de juros, R$ 7 bilhões por ano, cifra essa que permitiria financiar a anuidade para o ingresso no ensino superior de aproximadamente 1 milhão de jovens, colaborando assim com a inclusão dos 30% mencionados no PNE. Além disso, esse número adicional de jovens no ensino superior irá gerar de milhares empregos diretos nas instituições de ensino superior. Se, por um lado, os percentuais da expansão do ensino superior apresentam um avanço significativo, por outro, as análises realizadas pelos estudiosos e autores referenciados demonstram que, com base nos dados de 2005, somente cerca de 4,4 milhões (17%) de jovens brasileiros entre 18 a 24 anos encontravam-se matriculados na universidade, o que reflete a existência de um grande déficit no ensino superior, demonstrando assim uma situação alarmante para a Nação. Além disso, se considerarmos que aproximadamente 3,7 milhões de jovens se inscreveram no ENEM em 2006 e somente cerca de 1,4 milhões ingressou no ensino superior, tem-se uma população de 2,3 milhões de jovens sem acesso a essa modalidade de ensino, aos quais, possivelmente, faltam recursos financeiros para custear os seus estudos (BRASIL, 2007f). Até 2011, o PNE tem como meta prover a oferta de educação superior para, pelo menos, 30% dos jovens brasileiros, o que significa, portanto, atender a mais 4 milhões de novos estudantes. É importante considerar, ainda, a possibilidade de utilização do FGTS para o pagamento das mensalidades, cujo superávit é de aproximadamente R$ 6 bilhões ao ano, bem como o fato de que o risco de deterioração dos fundos destinados ao FIES, de acordo com o Projeto de Lei nº. 402/2007, é compartilhado entre as instituições de ensino superior e os agentes financiadores. Considerando que a anuidade média no ensino superior gira em torno de R$ 7.000,00, haverá a necessidade de um incremento financeiro da ordem de aproximadamente R$ 28 bilhões ao ano, por um período de quatro anos, totalizando assim cerca de R$ 112 bilhões destinados ao ensino superior, sendo que este Como bem sabido, a Constituição Federal, em seu artigo 205, reza que a educação é direito de todos e dever do Estado, e este, por sua vez, não tendo condições de oferecer vagas no ensino superior gratuito para todos os jovens brasileiros, deve viabilizar fundos reembolsáveis que possam financiar os estudos dessa faixa da população. 213 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 O ensino superior privado não está buscando recursos para suas instituições, mas solicitando ao governo que financie os estudos dos jovens brasileiros, no entendimento de que o ensino superior, além de ser um dos fatores mais importantes, é também estratégico para o desenvolvimento do nosso país. documento. Acesso em 24 out. 2007. GARCIA, Maurício. A ampliação do acesso da população ao ensino superior. [s.l.]: Amalus, 2007. Disponível em: <http://www.mgar.com.br/amalus>. Acesso em: 02 out. 2007. LARA, R. Finaciamiento de Estudios de Educación Superior [mensagem pessoal]. Mensagem recebida por [email protected] em 28 ago. 2007. Ao se constatar que o desenvolvimento econômico de uma nação se deve a um ensino de qualidade, é na educação que se encontra o principal caminho para que o Brasil realize mudanças para alavancar o crescimento econômico nacional. Entretanto, a melhora da educação demandará uma série de medidas, dentre as quais, com certeza, encontram-se novas formas de financiamento para garantir o acesso ao ensino superior de milhares de estudantes brasileiros. Certamente, não existe projeto de inclusão social que supere uma educação de qualidade. MATOS, Wilson. Educação: propostas para o presente. Síntese da atuação parlamentar. Brasília: Senado Federal, 2007. NEVES, Clarissa E. B.; RAIZER, L.; FACHINETTO, R. F. Acesso, expansão e eqüidade na educação superior: novos desafios para a política educacional brasileira. Sociologia, Porto Alegre, n.17, jan-jun. 2007, p.124-157. REFERÊNCIAS NUNES, Edson. Desafio estratégico da política pública: o ensino superior brasileiro. Rio de Janeiro: Observatório Universitário, 2007. (Documento de Trabalho nº. 70). Disponível em: <http://www.observatoriouniversitario.org.br>. Acesso em: 05 out. 2007. BRASIL. Ministério da Educação. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES) – 2007. Disponível em: <http:// sinaes.inep.gov.br:8080/sinaes>. Acesso em: 19 out. 2007a. PROGRAMA DE FINANCIAMENTO ESTUDANTIL. Disponível em: <http://www3.caixa.gov. br/fies>. Acesso em: 20 ago. 2007. ________. Ministério da Educação. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Sinopses Estatísticas da Educação Superior. Disponível em: <http://www.inep.gov.br/superior/censosuperior/sinopse/default.asp>. Acesso em: 19 out. 2007b. SCHWARTZMAN, Jacques. A educação superior no Brasil e na América Latina. Revista Aprender Virtual, Marília, n. 04, abr. 2004. ________. Plano Nacional de Educação – PNE 200-2010. Disponível em: <http://portal.mec.gov. br/arquivos/pdf/pne.pdf>. Acesso em: 19 out. 2007c. __________. O Financiamento das Instituições de Ensino Superior no Brasil. Instituto de estudos avançados da Universidade de São Paulo. Disponível em: <http://www.iea.usp.br/iea/tematicas/educacao/superior/autonomiafinanciamento/schwartzmanfinanciamento.pdf>. Acesso em: 19 out. 2007. ________. Ministério da Educação. Relatório de Gestão - Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior – FIES. Disponível em: http://portal. mec.gov.br/sesu/arquivos/pdf/FIES/relatorio_ gestao_2006_fies.pdf. Acesso em 10 out. 2007d. UNIVERSIDAD DEL CHILE. Fondo Solidario de Crédito Universitario. Disponível em: <hppt:// www.uchile.cl/preview/contenidogeneralIImp. jsp?id=4941>. Acesso em: 22 out. 2007a. ________. Ministério da Educação. PROUNI. Disponível em: <http://prouni.mec.gov.br/prouni>. Acesso em: 19 out. 2007e. ________. Ministério da Educação. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Revista do Enem. Disponível em: <http:// www.enem.inep.gov.br/arquivos/enem_revista2007. pdf>. Acesso em: 19 out. 2007f. CHILE. Ministério da Educação. Discurso Ministra Educación, en Entrega de Becas Presidente De La Republica. Disponível em: <http:mineduc.cl/biblio/ 214 UNIVERSIDAD DEL CHILE. Información General Crédito CORFO. Disponível em: <hppt://www.uchile.cl/preview/contenidogeneralIImp.jsp?id=7956>. Acesso em: 22 out. 2007b. SEGUNDA PARTE FINANCIAMENTO ESTUDANTIL PARA A SUSTENTABILIDADE José Pio Martins57(*) No panorama atual do Ensino Superior privado, dois fatores ameaçam a estabilidade financeira das IES: o excesso de oferta de vagas decorrente da expansão do número de instituições, de um lado, e os impactos negativos sobre as receitas e resultados como conseqüência da evasão e da inadimplência, de outro. no Superior, a situação nacional é muito ruim. Temos uma multidão de cérebros, prontos para se tornarem depositários dos conhecimentos acumulados nas profissões ensinadas nas universidades, que perambulam pelo país sem receberem transferência de saber e de técnicas acumuladas pela humanidade. A indagação singela que ressuma dos dados estatísticos divulgados é: por quê? Por que essa multidão não está na universidade? A resposta não é muito difícil. Considerando que as faculdades públicas gratuitas abrigam em torno de 1.100.000, os demais somente poderiam estudar se alguém pagasse a conta, já que a maioria não tem renda para financiar seus próprios estudos. Dizendo de outra forma: o problema se resume a “financiamento”, que não deve ser confundido com “empréstimo” como acontece na linguagem popular. O país não vem conseguindo resolver o problema do financiamento estudantil para atingir, pelo menos, 7.500.000 de jovens no Ensino Superior, equivalente a 30% do total potencial de matrículas. A perda de receita por evasão ou por inadimplência tem efeitos devastadores sobre o fluxo de caixa, sobre o lucro líquido e sobre a viabilidade financeira das IES privadas, em face daquilo que os economistas chamam de “a relação entre custos marginais e receitas marginais”. Em uma empresa que produz e vende um bem material, a perda da venda de uma unidade do produto reduz as receitas totais em valor equivalente ao preço do produto, mas também reduz os custos totais em valor correspondente à matériaprima e demais insumos que compõem o produto nãofabricado. No caso de instituição educacional, a perda da receita em função de uma vaga não preenchida ou por cancelamento de uma matrícula reduz as receitas totais no valor equivalente ao valor da anuidade perdida, sem provocar qualquer redução nos custos totais. Desta forma, o valor da perda nas receitas totais implica a perda do mesmo valor no lucro líquido, já que os custos permanecem os mesmos. Em face dessa lógica, a sustentabilidade financeira da IES privada tem dependência, com alto índice de sensibilidade, da evasão e da inadimplência, o que torna imperativo de boa saúde financeira, a busca de opções para minimizar todas as formas de perda de receitas. Uma dessas formas tem conexão com as possibilidades de financiamento ao aluno, foco central abordado neste artigo. Isto posto, o problema consiste em buscar formas possíveis para elevar o percentual de matrículas universitárias, atacando o centro da questão: o financiamento estudantil. Algumas hipóteses são aqui focadas. AMPLIAÇÃO E REFORMULAÇÃO DO CRÉDITO ESTUDANTIL OFICIAL Recente estatística informa que o Brasil tem 25 milhões de jovens entre 18 e 24 anos de idade, dos quais pouco mais de 10% estavam fazendo curso universitário. É doloroso constatar que 90% dos jovens brasileiros em idade universitária não estejam cursando o Ensino Superior, dado que se torna mais grave quando confrontado com países desenvolvidos, alguns com mais de 90% na universidade. Mesmo quando se compara o Brasil com países emergentes, como a Argentina que tem em torno de 30% no Ensi- O governo tem o FIES – Financiamento ao Estudante, empréstimo concedido pela Caixa Econômica Federal, equivalente a 50% da anuidade escolar, que o aluno paga após formado, com juros de 6,5%. É um bom programa que, todavia, apresenta duas limitações à sua ampliação para atender um número maior de alunos: a) o pequeno volume dos fundos disponíveis; b) as condições de concessão do crédito que, carregadas de normas bancárias, o tornam inacessível a milhões de jovens. 57 José Pio Martins, professor de Economia e Vice-Reitor do Centro Universitário Positivo – UnicenP. Uma primeira proposição seria, portanto, que o governo aumentasse o volume de recursos alocados no FIES e flexibilizasse suas regras bancárias, como forma de atingir um número maior de beneficiados. O problema é que o FIES é gerenciado pela Caixa Econômica Federal que, por ser uma instituição financei- 215 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 ra, não pode deixar de tratar esse crédito como uma operação bancária submetida à legislação do Banco Central para a concessão de empréstimos a pessoas físicas. Uma das formas possíveis para fugir dessa amarra seria transformar o FIES em programa do Tesouro Nacional, com regras próprias ditadas por norma legal, fazendo que a Caixa Econômica atuasse como agente gerenciador do programa na condição de mero prestador de serviço ao governo. Pode-se argumentar que a Caixa tem alguma autonomia para fixar as regras de concessão de crédito. Porém, a autonomia da Caixa parece não chegar ao ponto de permitir uma flexibilização que torne o FIES acessível a milhões de jovens. AMPLIAÇÃO E REFORMULAÇÃO DO ProUni O Programa Universidade para Todos – ProUni foi eficiente ao colocar, de forma rápida, mais de 200 mil alunos nas Instituições de Ensino Superior (IES) privadas. O governo trocou vagas por impostos. Isto é, as IES que aderiram ao programa abriram vagas para alunos oriundos da escola pública, cuja renda familiar média por membro da família não seja superior a um e meio salário mínimo, nada cobrando desses alunos, mas recebendo, como benefício, a isenção dos tributos federais, à exceção da contribuição à Previdência Social. Conquanto seja um programa vitorioso, o ProUni colocará pouco mais que 400 mil alunos nas IES privadas. A dificuldade em superar essa marca reside em dois fatores: a) as IES não têm mais tributos a pagar para trocar com o governo por vagas gratuitas aos alunos; b) já está começando a faltar alunos para preencher as vagas do ProUni em função do limite máximo de renda familiar do estudante. Uma solução possível é o governo ampliar a faixa de renda média da família dos estudantes da escola pública de forma a preencher todas as vagas já conveniadas entre o MEC e as IES privadas, o que reduziria a possibilidade de vagas não-preenchidas. A segunda solução é o governo criar uma espécie de ProUni 2, um sistema de vouchers que, pela imensa importância, merece um capítulo exclusivo. SISTEMA DE VOUCHER OU CHEQUE-EDUCAÇÃO Considerando que a solução via aumento de vagas nas IES públicas gratuitas, seja qual for a sua dimensão, será muito pouco diante da magnitude do problema, vale a pena considerar o sistema de vouchers. Um voucher é uma espécie de vale ou cheque que assegura um crédito para futuras despesas com bens ou serviços. O MEC selecionaria os estudantes beneficiários dos vouchers, eles escolheriam livremente a IES na qual se matricular, entre aquelas credenciadas pelo governo, e pagariam suas anuidades com esses “cheques-educação”. As IES seriam autorizadas a usar os vouchers para pagar tributos e, se houvesse excedente, receberiam do Tesouro Nacional. O simples fato de o governo firmar na lei que somente poderiam ser credenciadas as IES que estivessem em dia com os pagamentos de todos os tributos e das contribuições previdenciárias provocaria um aumento na arrecadação. Ou seja, muitas IES inadimplentes se sentiriam compelidas a pagar os tributos em atraso para poderem se candidatar ao recebimento de alunos contemplados com o programa de cheque-educação. Não é preciso comentar que, para o governo, as vagas por ele compradas das IES privadas custariam menos do que a ampliação de vagas nas IES públicas gratuitas, porquanto é sabido que o custo por aluno no setor educacional privado é inferior ao custo no setor educacional estatal. Um programa dessa natureza até hoje não foi experimentado no Brasil em função de um ranço ideológico: os estatizantes afirmam que isso seria usar dinheiro público para financiar o lucro privado, coisa que eles consideram inadmissível. Trata-se de uma distorsão de raciocínio, equivalente a negar um vale-refeição a uma pessoa faminta sob o argumento de que, ao comprar a comida, ela estará bancando o lucro do dono do restaurante. BENEFÍCIO FISCAL NO IMPOSTO DE RENDA Durante muitos anos nas décadas dos sessenta e setenta, o Brasil fez uso do recurso ao “incentivo fiscal” para promover reflorestamentos, a pesca, o desenvolvimento do Nordeste e outros objetivos. Os devedores do Imposto de Renda podiam aplicar em programas incentivados, a exemplos dos reflorestamentos, e fazer abatimentos no imposto a pagar, o que tornava atrativa a opção por aplicar em determinados programas incentivados. O governo poderia criar um incentivo fiscal nos mesmos moldes para incentivar a educação. No caso das empresas, cujo imposto a pagar é alto, com o programa de incentivos tornar-se-ia interessante aplicar em educação para seus funcionários levando muito mais gente às universidades. No caso de empresas pouco intensivas de mão-de-obra, mas com elevados ganhos, o programa poderia permitir a aplicação do incentivo fiscal para favorecer alunos beneficiários 216 SEGUNDA PARTE fora do quadro de empregados da companhia. AUMENTO DE VAGAS NAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS Uma solução, cuja viabilização tem se revelado difícil em face da resistência corporativista de professores e funcionários das IES públicas, é o aumento de vagas nessas IES. Entretanto, teria quer ser aumento de vagas sem aumentos de custos equivalentes, já que o governo não dispõe de orçamento para aumentar os repasses para o Ensino Superior estatal. A saída, que já foi aventada, seria aumentar do número de aluno por professor. Para estimular tal medida o MEC teria que fazer repasses às suas universidades segundo o número de alunos efetivamente matriculados nelas ou, pelo menos, usar esse indicador para diferenciar os repasses. CONCLUSÃO De sua parte, as IES privadas podem, e devem, implementar gestão profissional e competente; zelar pela qualidade dos serviços que prestam; adquirir o respeito e admiração da sociedade (do mercado) pela seriedade e organização; e entender que uma instituição de ensino padece das mesmas vantagens e dramas de qualquer organização que se disponha a oferecer um produto, seja ele um bem material ou serviço, e submeter-se às necessidades da sociedade e ao julgamento do “consumidor”. O lucro e a sustentabilidade representam a recompensa por um trabalho bem-feito e pela satisfação das pessoas que dela utilizam para a sua formação educacional. 217 CONCLUSÃO CENTROS UNIVERSITÁRIOS O FUTURO QUE SE ESBOÇA O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 O PAPEL DA ANACEU COMO AGENTE AGLUTINADOR DO SEGMENTO E DIFUSOR DE CONCEITOS EDUCACIONAIS Eduardo Storópoli58(*) Os Centros Universitários, implantados em 1997, primeiro pelo Decreto 2.306/97 e reafirmados pelo Decreto 3.860/97, foram idealizados no contexto de uma série de medidas propostas pelo Governo Fernando Henrique Cardoso para proporcionar a expansão da educação superior no país, estimulando ações de incentivo ao desenvolvimento das IES privadas e a um ensino de qualidade. Desde a criação e sua implantação os Centros Universitários vêm exercendo um papel relevante na educação superior brasileira. A ANACEU ao longo desses anos tem promovido e incentivado eventos culturais, seminários, colóquios, debates, audiências públicas e várias outras atividades. Tem lutado e garantido o espaço dos Centros Universitários no centro das discussões da educação superior brasileira e perante a sociedade civil. Com uma proposta inovadora e moderna, os Centros Universitários cresceram e se desenvolveram sob a égide da avaliação, implantada no governo FHC e regulamentada pelo governo Lula com a implantação do SINAES. Exercem com eficiência e qualidade o seu papel na matriz educacional do ensino superior brasileiro. Hoje, com um quadro composto por 80 Centros Universitários entre privados, comunitários e públicos, a ANACEU promove suas assembléias de associados mensalmente para tratar de assuntos de interesse do segmento, reportando a todos, o resultado de suas ações e deliberações. A Entidade por meio de relatório institucional semanal, cuidadosamente elaborado, mantém seus associados informados de todos os acontecimentos que dizem respeito aos Centros Universitários e a educação superior em geral. A ANACEU integra o rol das entidades que indicam nomes para compor o Conselho Nacional de Educação – CNE. Nesta prerrogativa atua com transparência e grande senso democrático acatando sempre as decisões emanadas das assembléias dos associados e mantendo um relacionamento de cordialidade com as demais entidades de classe do segmento educacional. A ANACEU, criada em 6 de dezembro de 1999 por 12 Centros Universitários, nasce com o espírito e a determinação de dar sustentação e legitimidade à nova tipologia implantada na educação superior do país. Desde então vem desempenhando um trabalho de vital importância na vida dessas instituições, cumprindo com os objetivos de defender e representar os interesses dos Centros Universitários instalados em todo o território nacional perante os três poderes, nas esferas federal, estadual e municipal. A Associação lutou, perseverou e venceu batalhas importantes, tais como a derrubada do famigerado Decreto n. 4.914 que pretendia extinguir os Centros Universitários ao final de 2007. Devolveu aos Centros Universitários sua autonomia assegurando o registro de diplomas com a edição do Decreto de n. 5.786, garantiu junto ao texto da Reforma Universitária no Congresso os Centros Universitários como tipologia em lei. Foram muitas as batalhas onde foi necessária a intervenção da Associação em defesa dos interesses de seus associados. A ANACEU tem buscado incessantemente a consolidação dos Centros como importante figura na estrutura do ensino superior brasileiro perante as esferas governamentais e a sociedade, com autonomia, liberdade de atuação e identidade própria. Desde a sua criação, a ANACEU realiza o Seminário Nacional dos Centros Universitários, que acontece a cada ano em um Centro Universitário anfitrião. A 8ª edição se dará neste ano em Brasília e teremos como anfitrião o UniCEUB, que abordará temas de relevância para a educação superior brasileira no décimo ano de existência dos Centros Universitários. Em 2000, o I Seminário Nacional dos Centros Universitários, realizado no Centro Universitário UNIVATES, abordou o tema: “A Missão dos Centros Universitários”; em 2001, o II Seminário Nacional dos Centros Universitários, abordou o tema “Excelência ou Alta Qualificação para o Ensino”, ocorreu no Centro Universitário Monte Serrat, na cidade de Santos. 58 (*) Eduardo Storópoli é Reitor do Centro Universitário Nove de Julho e Presidente da ANACEU. O Centro Universitário de Belo Horizonte, no ano de 2002, acolheu o III Seminário Nacional dos Centros Universitários, que discutiu o PDI como Instrumento Norteador da Gestão dos Centros Universitários; enquanto que em 2003 o IV Seminário Nacional dos Centros Universitários, com o tema “Os Centros Uni- 220 SEGUNDA PARTE versitários como Instrumentos de Mudanças Sociais”, aconteceu no Centro Universitário de João Pessoa. tários. Por fim, a instituição acompanha e atua junto às esferas do Legislativo, Judiciário e Executivo, defendendo os interesses dos Centros Universitários e de suas mantenedoras, tendo ampla aceitação e legitimidade junto ao Ministério da Educação. Fazem parte do Grupo das Associações de Ensino Superior: ANACEU, ANUP, ABRAFI, ABMES, ABIEE, CONFENEN e SEMESP. Nos anos seguintes, 2004, 2005 e 2006 aconteceram os V, VI e VII Seminários Nacionais dos Centros Universitários, cujos temas e locais foram: “Educação Superior: Cenário em Transformação” - Centro Universitário de Maringá; “Ensinando a Conjugar Qualidade com Responsabilidade” - Centro Universitário Nove de Julho; “Novas Tecnologias e Estratégias em Educação Superior: Qualidade com Racionalização de Custos” - Centro Universitário Positivo. Em 2007, o seminário discute “Qualidade de Ensino, Responsabilidade Social e Sustentabilidade Financeira: A Equação que Desafia” - Centro Universitário de Brasília. No decorrer de nossos mandatos e dos antecessores, registramos os seguintes documentos entregues ao Ministro da Educação: Como presidente da instituição desde 1º de janeiro de 2004, já no segundo mandato, desejamos registrar que a Associação Nacional dos Centros Universitários tem escolhido os seminários para servir de palco e priorizar todas as discussões de temas que têm dominado o universo da Educação Superior Nacional. Esses temas, diga-se de passagem, são alimentados por mudanças na legislação, por demandas da sociedade ou por iniciativas do governo na implementação de políticas de promoção da qualidade do ensino e da ampliação de populações atendidas por educação de terceiro grau. • Documento 1 - Memorial ao Ministro da Educação, entregue ao Excelentíssimo Senhor Fernando Haddad, Ministro de Estado da Educação. Refere-se ao Decreto regulamentando pontos da LDB e a Lei n.º 10.861/04 Brasília, 15 de março de 2006; • Documento 2 - Ante-Projeto Comentado, entregue ao Excelentíssimo Senhor Fernando Haddad, Ministro de Estado da Educação. Refere-se ao Decreto regulamentando pontos da LDB e a Lei n.º 10.861/04 Brasília, 15 de março de 2006; Também devemos salientar que as conferências apresentadas nos eventos refletem uma gama de pensamentos, idéias e convicções sobre Educação Superior Nacional, contribuindo para garantir a expansão do Ensino Superior com qualidade, inclusão social, sustentabilidade e, principalmente, respeito à livre iniciativa. • Documento 3 - Sugestões de Emendas, entregue ao Excelentíssimo Senhor Fernando Haddad, Ministro de Estado da Educação, referente ao Decreto regulamentando pontos da LDB e a Lei n.º 10.861/04 Brasília, 15 de março de 2006; Ofício entregue ao Excelentíssimo Senhor dr. Tarso Genro DD Ministro de Estado da Educação, Brasília, 6 de julho de 2005; No cumprimento de sua missão, em 15 de setembro de 2003, a ANACEU celebrou convênio com o MEC para o Programa Brasil Alfabetizado, com o objetivo de promover a erradicação do analfabetismo em parcerias com seus associados. Dentre as parcerias, constam os Institutos Superiores Politécnicos Portugueses para integração e troca de conhecimentos. • Análise global do grupo executivo do Fórum Nacional da Livre Iniciativa na Educação, entregue ao Excelentíssimo Senhor Dr. Tarso Genro DD Ministro de Estado da Educação, Brasília, 6 de julho de 2005; • Considerações Genéricas sobre a 2ª versão do Anteprojeto do MEC para Reforma Universitária, entregue por Arthur Roquete de Macedo no seminário do Fórum de Educação, no dia 8 de junho de 2005; • Proposições e Observações sobre a 2ª versão do Anteprojeto de Lei da Reforma Universitária divulgado pelo MEC, entregue no seminário do Fórum de Educação, no dia 6 de julho de 2005; A ANACEU tem sua estrutura voltada ao associado, por meio de promoção de cursos e palestras, oferecendo serviços de protocolo junto ao MEC; dispõe, também, de publicação na Imprensa Nacional e espaço para suas reuniões e cursos. A associação também oferece assessoria legislativa e acadêmica aos Centros Universitários, prestando esclarecimentos gerais sobre assuntos de interesse das IES. • Comentários sobre a 2ª versão do Anteprojeto de Reforma Universitária - Documento contendo propostas do setor sobre a segunda versão do Anteprojeto de Reforma Universitária. Entregue em audiência, ao Secretário Executivo do Ministério da Educação, Fernando Haddad; 2ª versão do Anteprojeto da Reforma Universitária. O novo texto do anteprojeto destaca três eixos importantes, como o financiamento e a qualidade das instituições federais de ensino e a ampliação de vagas. Deve também ser ressaltado o trabalho da consultoria jurídica contratada pela ANACEU na orientação aos seus associados sobre questões referentes a legislação educacional e de natureza fiscal, parafiscal e administrativas enfrentadas pelos Centros Universi221 Segundo o MEC, a proposta da Lei de Educação O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 Superior é fruto do mais intenso e sistematizado debate ocorrido no país sobre o tema e compreende o universo da educação como um bem público que atende a sua função social por meio das atividades de ensino, pesquisa e extensão. Embora a ANACEU entendesse que o debate deveria ter sido mais amplo e participativo, intercedeu ativamente no mesmo, dando a sua contribuição para o aperfeiçoamento do projeto. (Assessoria de Comunicação do MEC), 30 de maio de 2005. liminar sobre a reforma da Educação Superior que pode ser sintetizado pelo documento final do Fórum, também entregue ao Ministro Tarso Genro, em 29 de março de 2005. Em síntese, o documento entregue pelo Fórum Nacional da Livre Iniciativa na Educação ao Ministro da Educação contém uma análise do Anteprojeto Pre- Assim, no cumprimento de sua missão de fortalecer e unir os Centros Universitários, a ANACEU se constituiu em um Fórum privilegiado e reconhecido para: a discussão dos problemas educacionais brasileiros; o desencadeamento de ações que visam o fortalecimento do setor; a tomada de iniciativas para o aprimoramento da função social das Instituições de Ensino Superior e o aprimoramento da educação particular brasileira. 222 SEGUNDA PARTE OS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO CONTEXTO DA ANDRAGOGIA Ronaldo Mota59(*) A educação superior baliza-se pelos seguintes princípios complementares entre si: (i) expansão da oferta de vagas, dado inaceitável, pois somente 11% de jovens entre 18 e 24 anos têm acesso a este nível educacional; (ii) garantia de qualidade, sendo que não basta ampliar, é preciso fazê-la com qualidade; (iii) promoção de inclusão social pela educação, minorando nosso histórico de desperdício de talentos, considerando que dispomos comprovadamente de significativo contingente de jovens competentes e criativos que têm sido sistematicamente excluídos por um filtro de natureza econômica; (iv) ordenação territorial, permitindo que ensino de qualidade seja acessível às regiões mais remotas do País; e (v) desenvolvimento econômico e social, fazendo da educação superior, enquanto formadora de recursos humanos altamente qualificados ou como peça imprescindível na produção científico-tecnológica, elemento-chave da integração e formação da nação. legais de credenciamento. No que diz respeito à criação de novos centros, o Decreto estabelece que somente serão criados por credenciamento de instituições de ensino superior já credenciadas e em funcionamento regular, com avaliação positiva pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior - SINAES. Dois aspectos importantes dizem respeito aos Centros Universitários: i) a questão da avaliação e ii) sua especial capacidade e agilidade em incorporar novas estratégias, entre elas a questão de uma nova metodologia associada ao processo ensino-aprendizagem de adultos, ou seja, a andragogia. Esses dois elementos específicos serão tratados a seguir. Neste contexto, os Centros Universitários desempenham fundamental papel. Os Centros Universitários foram criados inicialmente através de Decreto em 9 de julho de 2001. Pode-se afirmar que a figura dos Centros teve um segundo nascimento ao ser recuperada em novo Decreto em 25 de maio de 2006, ao revogar o Decreto de 11 de dezembro de 2003, no qual era prevista a extinção dos Centros Universitários. Quanto à avaliação da educação superior, ela será em consonância com os três componentes do SINAES: avaliação institucional, avaliação de cursos e avaliação de desempenho dos estudantes, os quais dialogam um com o outro. Assim, a avaliação se torna a base da regulação, em um desenho institucional que cria um marco regulatório coerente, assegurando ao Poder Público maior capacidade, inclusive do ponto de vista jurídico, de supervisão sobre o sistema federal de educação superior e abrindo às boas instituições condições de construir sua reputação e conquistar autonomia. A ampliação do acesso ao ensino superior, público e privado, só adquire pleno sentido quando vislumbrada como elos adicionais de um conjunto de projetos no âmbito da educação superior que articulam, com um olho na educação básica e outro na pós-graduação; ampliação de acesso e permanência, reestruturação acadêmica, recuperação orçamentária, avaliação e regulação. Assim, os Centros Universitários foram definidos enquanto instituições de ensino superior pluricurriculares, que se caracterizam pela excelência do ensino oferecido, pela qualificação do seu corpo docente e pelas condições de trabalho acadêmico oferecidas à comunidade escolar. Classificam-se como Centros Universitários as instituições de ensino superior que atendam aos seguintes requisitos: um quinto do corpo docente em regime de tempo integral e um terço do corpo docente, pelo menos, com titulação acadêmica de mestrado ou doutorado. É reafirmado que os Centros Universitários poderão criar, organizar e extinguir, em sua sede, cursos e programas de educação superior, assim como remanejar ou ampliar vagas nos cursos existentes, nos termos deste Decreto. Em um de seus parágrafos, veda-se aos Centros Universitários a atuação e a criação de cursos fora de sua sede, indicada nos atos 59 (*)Secretário de Educação Superior/MEC. O setor privado, entendida a sua complexidade e diversidade, demanda uma regulação justa, baseada em critérios precisos de avaliação, políticas estáveis e o reconhecimento da legitimidade e da relevância do setor. A falta de regulação adequada e a ausência de processo avaliativo consistente permitiram que, ao lado de boas instituições do setor privado, se estabelecessem empresas educacionais onde o lucro foi tratado com mais importância do que a própria educação. Um marco regulatório apropriado e justo servirá para estimular as boas instituições educacionais e inibir aquelas cujos objetivos mercantis sejam preponderan- 223 O IMPACTO DOS CENTROS UNIVERSITÁRIOS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO 1997 – 2007 tes sobre a garantia de qualidade. crianças demonstrarem elementos de autodirecionamento. Pelo contrário, como ressaltado por alguns autores [6], em certos contextos, a aprendizagem para crianças tem características de naturalidade e espontaneidade que se confundem, corretamente, com autodirecionamento; Enfim, tem o País uma importante oportunidade ímpar de estabelecer um novo e necessário marco regulatório da educação superior. Importante que esse processo seja em coerência com a sociedade contemporânea, que terá como alicerce a educação e como um dos centros principais de suas reflexões suas instituições de educação superior. Em relação à andragogia, ou educação de adultos, importante observar que são exatamente os Centros Universitários, a partir de sua dedicação especial ao ensino de qualidade, sua atuação em grande espectro de áreas profissionais e fruto de sua agilidade administrativa, quem poderá se destacar no tratamento adequado desta tarefa. Experiência: Uma pessoa madura acumula um reservatório de experiências que, potencialmente, pode transformar-se em fonte especial de aprendizado crescente; Preparação ao aprendizado: O aprendizado, no qual se orienta a partir de tarefas associadas aos papéis sociais efetivamente desenvolvidos pelos aprendizes, permite processos especiais que facilitam sobremaneira sua preparação; Orientação ao aprendizado: Uma pessoa madura apresenta uma especial perspectiva em termos de aplicação potencial dos conhecimentos em comparação a uma outra, cuja aplicação se caracteriza principalmente pela generalidade, permitindo à primeira um enfoque centrado em problemas, enquanto que, para a segunda, em geral, o centro é principalmente o tema em abstrato: Os dados mais recentes do INEP apontam que quase 40% dos estudantes universitários têm mais de 24 anos. Mantido o ritmo de crescimento atual, faz com que possamos inaugurar a próxima década com a maioria de nossos alunos de cursos superiores com mais de 24 anos. Considerando que esses índices são ainda maiores nas escolas particulares, onde, na maior parte das instituições, os adultos, com mais de 24 anos, já são maioria, há que se entender cada vez mais e melhor o que modifica, se é que modifica, quando discutimos processos de ensino-aprendizagem para adultos, dado que a tradição brasileira é mais centrada em pensar os estudantes universitários como jovens, na maioria recém-egressos da adolescência. Motivação para aprender: A motivação principal para aprender em uma pessoa madura é especialmente interna, fruto de suas próprias reflexões e conclusões. Do ponto de vista etimológico, a palavra andragogia é composta pelo prefixo andro, que significa homem, no sentido adulto, reunida a gogia, que significa condução, acompanhamento, no sentido educativo. Em princípio, andragogia poderia ser contrastada com pedagogia, construído a partir de pedo, derivado de criança. As pretensas diferenças entre andragogia e pedagogia têm sido motivo de um profícuo e inesgotável debate. É preciso ser muito cuidadoso ao pretender fazer distinções entre andragogia e pedagogia, especialmente porque essas separações não são definitivamente claras. Nesse aspecto, deve ficar bem evidente que a andragogia não se aplicaria apenas à educação de jovens e adultos, definida na LDB, mas a todos os processos educacionais que envolvam adultos, sejam eles alfabetizados ou não. Assim, pedagogia está bastante associada à arte e ciência de educar crianças e jovens. Em geral – ainda que não necessariamente verdadeiro sempre – no modelo pedagógico, a centralidade dos professores, enquanto dirigentes dos processos e metodologias, é quase absoluta. Contrariamente ao foco centrado no professor, que acabou por dominar boa parte dos processos formais de educação, na origem dos processos educacionais, remontando aos grandes mestres dos períodos antigos, de Confúcio a Platão, não se pretendia estabelecer esse padrão de comportamento. Para Knowles, em resumo, andragogia está associada a pelo menos cinco pressupostos básicos, que definem suas características e a diferenciam da pedagogia. São eles: De forma mais enfática, na pedagogia para adultos, os programas de formação demandam especial atenção para explicações de porque alguns conteúdos, bem como os procedimentos, estão sendo ensinados ou adotados. Não que tais demandas também não devam ou não possam fazer parte de ensino para crianças. Podem e devem, mas a questão aqui é de ênfase especial comparativa. Autoconceito: Uma pessoa madura e autodirecionada apresenta, em geral, uma capacidade de estabelecer autoconceitos privilegiada em comparação a um indivíduo com uma personalidade menos madura e menos autodirecionada. Aqui é preciso destacar que tal afirmativa não implica subtrair a possibilidade de 224 Os procedimentos educacionais, sempre que possível, devem ser mais auto-orientados e menos baseados em processos de memorização. Assim, as instruções, quando imprescindíveis, devem levar em SEGUNDA PARTE conta as diversas experiências anteriores dos educandos no que se refere às variabilidades e profundidades diferentes. Considerando que os adultos, mais do que as crianças, em geral, apresentam características de auto-orientação, as metodologias adotadas devem permitir que os aprendizes descubram por si, sempre que possível. Adultos demandam, de forma especial, estar claramente envolvidos nos processos de planificação, planejamento e avaliação das metodologias adotadas. As experiências, incluindo as discrepâncias associadas, devem fornecer as bases principais para as atividades de aprendizagem. Mais do que crianças, em geral, os adultos demonstram maior facilidade de aprendizagem em assuntos que têm, ou apresentam, conexões mais evidentes com os interesses imediatos de suas vidas pessoais ou de seu mundo do trabalho. O aprendizado de adultos demonstra ser mais efetivo quando centrado em problemas específicos e em conexão com o tema a ser abordado do que quando orientado pelo conteúdo mais geral associado ao tema em questão. 225