edição nº8 / 2013 - Revista Ruminantes

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edição nº8 / 2013 - Revista Ruminantes
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EDITORIAL
Small is beautiful
artindo do princípio que nenhum cometa gigante venha embater na nossa
Terra nos tempos mais próximos, ou
que outra qualquer desgraça de grandes proporções acabe com metade da
nossa Raça, é certo que vamos precisar de
produzir mais alimentos.
P
Se as previsões mais recentes se confirmarem, daqui a menos de 40 anos seremos
mais de 9 mil milhões, em vez dos 7 mil milhões atuais. E, se assim for, a agricultura
de grande escala terá que continuar a evoluir, no bom sentido, para conseguir aumentar a produtividade das culturas sem pôr em
causa a tão falada sustentabilidade do Planeta.
Continuarão a surgir, por certo, tecnologias
cada vez mais automatizadas e independentes de mão-de-obra, mas também cada
vez mais “limpas” e amigas do ambiente, e
até lá seremos capazes de produzir ainda
em maiores quantidades, alimentos saudáveis e a melhor preço. Se assim puder ser,
melhor.
Mas o que será das pequenas explorações?
Terão ainda, lugar e capacidade para competir com as explorações gigantes?
Talvez a resposta esteja no provérbio chinês
“Não há que ser forte, há que ser flexível”.
E, em flexibilidade, as pequenas estão em
vantagem:
- podem ser mais rápidas a responder às
necessidades dos clientes, porque são
menos burocráticas que as grandes.
- têm menos exigências de rentabilidade sobre
o dinheiro investido e precisam de menos recursos para expandir o seu negócio;
- podem ajustar com mais facilidade os preços e a qualidade dos seus produtos, oferecendo ao consumidor produtos de
melhor qualidade e a melhor preço;
- podem produzir produtos locais, com caraterísticas únicas, que não se encontram facilmente nas grandes cadeias de
supermercados e que por isso têm mercado garantido;
- são essenciais para o desenvolvimento
rural de determinadas zonas, fixam as pessoas na região, mantêm as tradições e as
culturas;
- são, em grande parte, sinónimo de produzir alimentos seguros, provenientes da produção de animais com garantia de
bem-estar;
- têm a capacidade de oferecer atividades
que a indústria de larga escala não consegue oferecer (por exemplo, as quintas pedagógicas e o turismo rural);
- oferecem, no caso das culturas, uma maior
segurança no que se refere à propagação
de doenças e de proteção fitossanitária, o
mesmo se aplicando às explorações pecuárias onde ocorrem maiores prejuízos
quando existe uma infeção em grandes explorações;
- podem ganhar competitividade organizando-se em agrupamentos ou cooperativas, para ajudar a criar dimensão ao
negócio e a reduzir custos.
A bem do equilíbrio, que não se consegue
sem diversidade, as pequenas explorações
não podem deixar de existir.
Small is beautiful and is necessary!
Francisca Gusmão
Ruminantes •janeiro | fevereiro | março • 2013
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ÍNDICE
FICHA TÉCNICA
ACTUALIDADES
ENTREVISTAS
Produção de leite de ovelha em Castela e Leão........6
Rentabilizar a fileira do leite nos Açores.....................6
Ovinos e Caprinos - Declaração de existências.........6
Bolsa de terras já em vigor.........................................6
Em Espanha, sobe o preço do leite ao produtor........7
Europa abate menos bovinos jovens..........................7
O gado calmo tem um lado negro ..............................8
Marca John Deere aumenta o seu valor ....................8
InvivoNSA Portugal SA,
5º Seminário de Ruminantes ...................................21
Rabobank prevê ano recorde nos preços
da carne bovina ........................................................22
Cetose tem custos elevados.....................................24
Coca-Cola investe nos lácteos .................................24
Projeto “Leite Saudável”, um exemplo
de cooperativismo.....................................................38
Rendimento agrícola em Portugal aumenta 9,3%....38
EUA: FDA quer limitar uso de antibióticos................41
Indústria norte americana de carne de vaca
em crise ....................................................................41
França livre da Língua Azul ......................................50
Criação do Comité Técnico de Higiene do CPSU....53
BEM-ESTAR ANIMAL
Efeito da coccidiose no rendimento e bem-estar
dos pequenos ruminantes.........................................54
CONHEÇA A LEI
Arrendamento Rural (continuação)...........................64
ECONOMIA
OBSERVATÓRIO
Breves comentários e previsões sobre o mercado
de matérias-primas .................................................32
Perspectiva do mercado leiteiro ...............................34
Produção intensiva de leite de cabra, um negócio de
valor acrescentado....................................................10
Fendt 500 Vario, grandes tratores “compactos” .......56
Premiados na Eurotier’12 .........................................57
Soluções de conforto/rentabilidade
na produção de leite .................................................60
New Holland - BigBaler premiada pela segurança...62
FEIRAS
Calendário de feiras..................................................66
PRODUÇÃO
Como escolher um touro para uma vacada .............14
A alimentação de vacas em regime extensivo .........16
Recria, custo acrescido…ou redução do custo? ......20
Utilização de ferramentas informáticas
na produção de leite .................................................26
Melhorar a eficiência nas engordas..........................30
Silagem de erva - Otimize a qualidade.....................36
D-Coder, o adubo inteligente ....................................40
Apostar na pós-emergência precoce........................42
Crossbreeding na produção leiteira
no mundo ..................................................................44
Transferência de embriões .......................................48
Infeções pelos parasitas Criptosporidium
e Giardia em bovinos................................................52
RUMINARTE
Fotografia do mês: Catarina Pereira.........................67
#
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Resto do Mundo Other Countries
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EDIÇÃO Nº8
JANEIRO | FEVEREIRO | MARÇO 2013
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Rum nantes
Ruminantes • janeiro | fevereiro | março • 2013
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ACTUALIDADES
MUNDO
Produção de leite de ovelha em Castela e Leão
A produção de leite de ovelha em Castela
e Leão caiu 1,7% no terceiro trimestre de
2012, segundo os dados divulgados pelo Serviço oficial de Estatísticas. De julho a setembro do ano passado, produziram-se
93.994.000 litros, enquanto que no mesmo
período do ano passado a produção foi de
95.588.000 litros. Geograficamente só houve
aumentos nas províncias de Ávila e Zamora,
todas as outras tiveram quebras.
A Mesa de Seguimento do Setor Ovino,
que representa o órgão de interlocução dos diferentes agentes do setor deu a conhecer, na
sua última reunião, os dados mais recentes relativos à produção. Em Castela e Leão produzem-se atualmente 386.135 toneladas de leite
de ovelha por ano, o que representa 68% da
produção nacional, O destino do leite de ovelha é fundamentalmente a elaboração de queijos de qualidade. x
Rentabilizar a fileira do leite nos Açores
Em dezembro passado, decorreu a cerimónia de atribuição do Prémio Produtor Excelente 2011 a mais de 300 agricultores
micaelenses. Este prémio, que foi entregue
na Cooperativa do Bom Pastor, nos Arrifes,
foi criado pela Associação de Jovens Agricultores Micaelenses (AJAM) em 2005 com
o objetivo de distinguir a qualidade na produção de leite. Este ano foram premiados
315 produtores.
Atualmente, a produção média por exploração leiteira nos Açores é de 192.725 kg, inferior à alcançada nas explorações
localizadas no Norte do País (225.750 kg).
Para se tornarem mais competitivas, no contexto nacional, as explorações açorianas
terão que melhorar, quer pelo aumento da
produção de leite e pelo reforço da produção
própria de alimento para os animais; quer
através da redução do número de produtores
permitindo que os que ficam sejam maiores.
Estas conclusões foram algumas das apontadas durante o evento de entrega dos prémios.
Pedro Pimentel, responsável da ANIL referiu, a propósito, que a produção de leite
nos Açores poderia chegar aos 700 milhões
de litros (no final da última campanha quase
atingiu os 585 milhões), embora os custos de
produção sejam ainda um problema sem solução à vista. No entanto, os Açores continuarão a contar com ajudas ao setor leiteiro
através do POSEI.
Luís Neto Viveiros, Secretário dos Recursos Naturais, referiu que a superfície agrícola útil média das explorações tem vindo a
crescer, de 6,31 ha em 1999 para 8,9 ha em
2009 e que, embora o número de vacas leiteiras tenha diminuído, a produção total de
leite aumentou graças ao melhoramento genético e à implementação de melhores práticas de maneio das explorações.
O responsável da ANIL chamou também
a atenção para a valorização dos produtos
lácteos dos Açores que, na sua opinião, é
possível diversificar dentro dos condicionalismos impostos pela distância. A grande distribuição que continua a esmagar os preços
dos produtos lácteos, pondo em desvantagem produtores e industriais, foi também
alvo de críticas. x
Ovinos e Caprinos - Declaração de existências
Durante o mês de janeiro de 2013, todos os
criadores de ovinos e caprinos são obrigados
a declarar os animais detidos a 31 de dezembro de 2012. A declaração de existências de
ovinos e caprinos poderá ser realizada nos
serviços veterinários regionais da DGAV, nas
organizações de agricultores protocoladas
6
com o IFAP no âmbito do SNIRA, ou diretamente pelo criador de ovinos e caprinos na
Área Reservada do portal do IFAP. Para o
efeito, o criador pode consultar o Manual do
utilizador com as instruções para o preenchimento da declaração de existências de ovinos
e caprinos. x
Ruminantes • janeiro | fevereiro | março • 2013
Bolsa de terras já em vigor
A lei que cria a bolsa de terras para fins agrícolas, florestais ou pastoris foi hoje publicada
no Diário da República com o objetivo de facilitar o acesso à terra - em particular pelos
mais jovens - favorecendo o aumento da produção.
Através deste mecanismo, podem agora ser
disponibilizados terrenos do Estado - Administração Central, autarquias, ou entidades públicas -, privados ou baldios, sendo dada
preferência aos jovens agricultores (entre os
18 e os 40 anos), proprietários com terrenos
vizinhos, organizações de produtores e cooperativas, projetos de investigação ou de cultura biológica na atribuição de terras públicas.
Segundo a nova lei, consideram-se terras
abandonadas, e por isso passíveis de venda,
terrenos cujo dono seja desconhecido ao cabo
de 15 anos. Durante este período, os terrenos
podem já constar da bolsa de terras (sob alçada da Direção Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural) - se, entretanto, for feita
prova de propriedade, os terrenos tornam ao
dono original. No entanto, este não pode extinguir unilateralmente os contratos existentes, havendo ainda a hipótese de eventual
ressarcimento da bolsa de terras pelas despesas e obras realizadas nos seus terrenos.
A partir de agora, o Estado vai poder ainda
arrendar os terrenos agrícolas abandonados
enquanto dura o processo de reconhecimento
da propriedade, pelo prazo máximo de um
ano. Se o dono aparecer entretanto, o terreno
será devolvido e o proprietário tem direito a
receber as rendas e outros proveitos entretanto
recebidos pelo Estado, deduzido do valor das
despesas e/ou obras realizadas, assim como
uma taxa de gestão cujo valor será fixado em
portaria.
Em Portugal, a paisagem agrícola tem-se
alterado para sistemas de agricultura mais extensivos, com as pastagens e os prados permanentes a ocuparem 48% da superfície
agrícola utilizada em 2009, quando esta ocupação era de apenas 21% em 1989. Em simultâneo, as terras aráveis passaram de 59%
em 1989 para apenas 31% em 2009.
Mais informações: www.portugal.gov.pt x
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MUNDO
ACTUALIDADES
Em Espanha, sobe o preço
do leite ao produtor
A Mercadona comunicou que a partir deste ano subirá
1 cêntimo o litro de leite ao produtor. Referiu também que
esta decisão é da responsabilidade da Mercadona e dos
seus fornecedores e não tem efeito sobre o preço de venda
ao público. Este aumento soma-se ao de 1,5 cêntimos/litro
levado a cabo no verão do ano passado.
A entidade coordenadora das organizações de agricultores e criadores de gado (Coag) avaliou positivamente
esta iniciativa e disse esperar que as indústrias lácteas e as
restantes cadeias de distribuição mostrem também o seu
compromisso com a produção láctea espanhola.
“Os criadores de gado estão no limite. É impossível
aguentar mais meses com preços abaixo dos custos de produção (0,34-0,37€/litro). É urgente que reativem os preços na origem para evitar o desaparecimento do setor
lácteo no nosso país", afirmou Miguel Blanco, Secretário
General da Coag.
Tal como refletem os últimos dados publicados pela Direção Geral da Agricultura da União Europeia, os preços
do leite em Espanha continuam abaixo dos da média da
UE-27, disse ainda Blanco. "Tanto é assim que, em outubro os criadores de gado do nosso país receberam um
preço médio de 0,31 €/litro enquanto que na UE o preço
se elevou a 0,34 €/litro". x
Europa abate menos
bovinos jovens
O número de bovinos abatidos em território francês
diminuiu drasticamente ao longo do ano passado. "Baixou 8%, se levarmos em conta apenas os primeiros nove
meses do ano", explicou Caroline Monniot, economista
agrícola no Institut de l’Elevage.
Mas a França não é um caso especial. O abate de bovinos está a diminuir em todos os principais países europeus produtores de carne bovina. A erosão dos
rebanhos reprodutores explica parte do fenómeno. Este
declínio dos abates é acentuado pelo interesse renovado
pelas exportações em vivo, principalmente para a Turquia e Líbano. x
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ACTUALIDADES
MUNDO
O gado calmo tem um lado negro
Num trabalho de investigação realizado em conjunto pelo Department of Agriculture
and Food (DAFWA) e a empresa Kylagh Cattle, dois investigatores norteamericanos
— Peter McGilchrist e Peter McGilchrist —chegaram à conclusão de que o gado calmo
não está isento do síndrome dark cutting (carne DFD*).
O síndrome da carne DFD é um problema complexo causado por
baixa energia muscular (glicogénio) no abate. A carência de glicogénio durante o período anterior ao abate é controlada por uma série
de fatores, um dos quais é o temperamento do animal.
O temperamento afeta o grau de agitação do gado e a quantidade
de adrenalina libertada pelo mesmo, logo, em teoria, a quantidade
de energia gasta desde que deixa a exploração até ao abate.
O síndrome DFD nos bovinos produz carne com coloração escura,
seca, que se estraga facilmente e com uma dureza variável. No ano
fiscal 2011/12, terá afetado mais de dois milhões de carcaças classificadas pela Meat Standards Australia, custando à indústria de carne
milhões de dólares.
No estudo aqui resumido, os investigadores mediram o temperamento de 648 animais estabulados utilizando a velocidade de voo,
Marca John Deere aumenta o seu valor
Seguindo a listagem do relatório Interbrand das ‘100 melhores marcas mundiais"do ano
passado, a John Deere deu um
enorme salto qualitativo no ranking de 2012. De acordo com o
8
Ruminantes • janeiro | fevereiro | março • 2013
uma medição eletrónica da rapidez com
que um animal sai duma plataforma de pesagem. Os animais mais calmos saem mais
devagar que os mais irrequietos.
Os resultados obtidos neste estudo mostraram que, à medida que a velocidade de
voo aumentava, a concentração de glicogénio muscular no abate também aumentava. O que indica que o gado com
velocidades de voo superiores teria um
risco menor de apresentar o síndrome da
carne DFD.
A investigação sugere que, ainda que o
gado calmo tenha as suas vantagens na produção, não está isento do síndrome DFD.
Não obstante, como provam os muitos
estudos efetuados em todo o mundo, o
gado mais calmo mostra ter taxas de crescimento maiores e carne mais tenra do que
o gado mais irrequieto. O proprietário da
exploração Kylagh Cattle Company, Ivan
Rogers referiu, da sua experiência que o
gado irrequieto representa maior perigo
para os tratadores, demora mais tempo a ir para o comedouro e para
a balança do matadouro, tem uma maior taxa de morbilidade e em
geral, tem desempenhos inferiores ao gado mais calmo em ambiente
estabulado.
Concluindo, McGilchrist sugere que os criadores devem minimizar as variações no temperamento dos animais dentro dum rebanho,
e também refere que se deve habituar os animais calmos, à mudança.
Diz ainda que todo o gado precisa de ser exposto a alterações no
seu ambiente, por forma a não ficar tão agitado durante o período
anterior ao abate. Conclui também que o efeito do temperamento
não está ainda totalmente compreendido e que é necessária mais investigação para perceber as interações entre o temperamento dos animais e o metabolismo da energia no pré abate. x
(carne DFD*) - dry, firm, dark (seca, firme escura).
último ranking da Inderbrand, o
valor estimado da marca John
Deere é de US$ 4,221 milhões,
um aumento de 16 por cento em
comparação ao ano anterior. No
seu 175º aniversário, a John
Deere sobe 12 posições no ranking, colocando-se agora no 85º
lugar, a frente de outras marcas
de renome tais como Starbucks,
MasterCard, Harley Davidson e
Ferrari. x
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ENTREVISTA
Produção intensiva de leite de cabra
Um negócio de valor acrescentado
A T Milk é uma moderna exploração de cabras de leite situada no concelho
de Vila Viçosa, Évora. Em entrevista à Ruminantes, Fernando Marques,
proprietário e gerente deste negócio contou-nos como surgiu a ideia deste
projeto que nasceu há três anos e conta atualmente com um efetivo de 1400
animais. A T-Milk emprega cinco pessoas que se dividem entre esta e
outras atividades que se desenvolvem na herdade, relacionadas quer com a
produção animal, quer com o turismo rural.
Caracterização da exploração
Fernando Marques: Pelo facto de ser
uma exploração muito jovem, o efetivo da
cabrada não está ainda estabilizado. Das
1400 cabeças, atualmente estão 600 em
produção, sendo o objetivo atingir, dentro
de dois anos, um máximo de 900 cabras
em produção. O critério de seleção que utilizamos leva-nos a ter taxas de refugo altas.
Queremos cabras “grandes”, acima dos 40
10
Kg de peso, úberes bem formados, boa capacidade de ingestão de alimentos, produções elevadas e temperamento dócil.
Optámos pela raça Murciana pura, porque
está preparada para ser explorada intensivamente e as características do seu leite
aproximam-se das do leite das cabras em
extensivo, um leite com muita gordura e
uma boa taxa de proteína que permite a sua
transformação em produtos de qualidade.
Ruminantes • janeiro | fevereiro | março • 2013
Para que este negócio seja rentável,
temos que conseguir uma produção mínima
de 510 litros/cabra/ano, tendo como objetivo, a médio prazo, conseguir atingir o potencial genético desta raça que é de 600 a
700 litros por 305 dias.
Maneio
Fernando Marques: As cabras estão em
modo de produção intensivo, com duas ordenhas diárias.
Pela morfologia dos terrenos da herdade,
dispomos apenas de 13 hectares de regadio
para a produção de forragem, o restante é
adquirido fora, sobretudo luzerna e feno.
Compramos de acordo com vários critérios,
nomeadamente o preço (tentamos comprar
a quantidade necessária para um ano no início da campanha, quando o preço é mais favorável) e o valor analítico de cada tipo de
forragem com base num determinado perfil
nutricional.
No maneio alimentar utilizamos uma
mistura completa em unifeed, ou seja, forragem com concentrado. A alimentação é
dada exclusivamente nos comedouros, duas
vezes por dia, utilizando tapetes de alimentação para a distribuição. Utilizamos quatro lotes de animais por produção e cada um
deles tem um perfil alimentar específico.
Desde a concepção da exploração que o
nosso objectivo foi poder personalizar ao
máximo o maneio das cabras, ao usarmos
variados lotes de produção conseguimos
otimizar a alimentação. Temos depois também os lotes de secas, pré-parto e recria.
Qual o preço venda do leite?
Fernando Marques: Atualmente vendemos o leite a 0.65€ /litro. Ao contrário da
maior parte das explorações, asseguramos
uma quantidade fixa de leite às queijarias
que nos quiserem comprar e é esse o argumento que utilizamos para o estabelecimento do preço. Ou seja, gerimos as nossas
flutuações de produção e não passamos
esse ónus para a queijaria.
Por outro, lado, ao termos vários grupos
de parições anuais (de dois em dois meses),
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ENTREVISTA
conseguimos ter cabras em todas as fases
da lactação e, como tal, as variações da produção e da qualidade do leite ao longo do
ano são mínimas permitindo-nos ter um
bom preço de venda e homogéneo ao longo
do ano. Apostamos na qualidade do serviço
ao nosso cliente. A percentagem de proteína
do nosso leite ronda sempre 3.7% e a gordura 6 a 7%.
Fica a ideia que tem um negócio bastante
controlado pelas margens, ao vender o
leite a um preço estável e comprar a alimentação para o ano?
O que tentamos é, ao longo do ano, minimizar o mais possível as variáveis externas de forma a concentrarmo-nos
totalmente no que é fundamental para o
êxito da exploração, um bom maneio.
Quanto tempo levou desde o dia em que
decidiu montar este negócio e o seu inicio?
Foram dois anos entre decidir-me a optar
por uma exploração de leite de cabra e todo
o trabalho de pesquisa com vista à obtenção de informações sobre o negócio, visitas a explorações, conceção da exploração,
obtenção do licenciamento das obras, construção e licenciamento da exploração.
Quais as principais dificuldades que encontrou?
A parte mais complicada foi a obtenção
do licenciamento na Câmara no referente à
parte estrutural e às obras. O licenciamento
da exploração junto do IFAP ou da DGV
foi simples. Outra dificuldade que tive foi o
acesso à informação. Qualquer pessoa que
não tenha experiência em trabalhar com cabras leiteiras tem muita dificuldade em
obter testemunhos fidedignos e consistentes de explorações em funcionamento.
Quais os investimentos mais recentes?
Os mais recentes foram a duplicação da
capacidade de armazenamento do leite através da compra dum novo tanque de leite, e
também a ampliação da área de parques
para os animais.
Existem “ajudas “para este tipo de negócio?
Existem apoios ao investimento por via
do PRODER. Relativamente à produção,
até agora não havia, mas penso que 2012
foi o primeiro ano em que existiu algum
apoio à comercialização do leite de cabra.
Até agora, o leite de cabra era um leite
“clandestino”, não prestigiado como tal.
As ajudas do PRODER são significativas?
O ser significativo ou não depende sempre das expectativas com que estamos. Para
quem está há muitos anos na agricultura e
sempre se habituou a receber apoios, acha
sempre que os apoios são poucos. Para
quem vem de outro tipo de negócio onde
normalmente não existem quaisquer apoio
a fundo perdido, todos os que vêm são bem
vindos. Na minha opinião os apoios que
existem são importantes e significativos. O
maior problema da exploração de cabras
Quadro 1: Evolução dos dados produtivos
Média de cabras
em produção
Média de produção
leite/dia/cabra (L)
Produção total
anual de leite (L)
Produção (Litros - Lote)
% da dieta
Custo alimentar/cabra/dia (€)
Qtde. alimento/cabra/dia (kg)
Nº cabras em lactação
Produção leite/dia (L)
Margem bruta/dia/cabra (€)
€ Alimentação/€ Produção
2012
(último mês)
2013
(objetivos)
2014
(objetivos)
1,68
1,75
1,75
1,80
308.439
31.500
447.125
591.300
Dia
Total
0,49 €
294,57 €
1,76
1 055,85
2010
2011
2012
175
454
503
1,2
1,33
76.656
220.427
600
Quadro 2: Rentabilidade por lote de produção
3L - Lote A
2L - LoteB
0,566 €
0,509 €
100,0%
2,30
179
2,40
0,99 €
36,3%
90,0%
2,07
170
1,80
0,66 €
43,5%
1,5L - Lote C 0,75L - Lote D
80,0%
0,453 €
1,84
176
1,50
0,52 €
46,4%
60,0%
0,360 €
1,58
75
0,75
0,13 €
73,8%
700
2,01
0,65 €
42,9%
900
1 205,94
600
391,73 €
Utilizamos muito rácios,
pois dão um excelente apoio
para uma leitura rápida de
como está em dada altura
uma determinada área
produtiva.
leiteiras é não termos capacidade de influenciar de forma determinante o preço de
venda do leite à saída da exploração.
Qual a evolução dos dados produtivos?
A evolução tem sido boa, e neste momento prevemos atingir a nossa meta produtiva em 2014, com um atraso de um ano
em relação ao previsto devido a um percalço sanitário nos últimos meses de 2011
que não permitiu atingir o final de 2012
com os números que pretendíamos O facto
de no primeiro ano termos começado com
apenas metade do numero de chibas desejado também provocou algum atraso.
Onde está hoje o negócio? Qual a perspetiva para os próximos anos?
Hoje o negócio está no “break even” operacional, conseguimos ao fim do terceiro
ano ter a operação equilibrada. O nosso objetivo de curto prazo é começar a retirar
proveitos para amortizar o investimento.
Esperamos em 2013, se tudo correr bem,
atingir esse objectivo. E mais tarde chegar
ao lucro. Penso que ao fim de cinco anos de
ter começado, terei a cabrada perfeitamente
estabilizada e o negócio do leite será rentável, mesmo sem entrar na transformação do
leite.
Como vê a produção/transformação do
leite?
Vejo a transformação como um negócio
totalmente distinto, contrariamente ao que
pensam muitos produtores. Produção e
transformação são dois negócios diferentes
e, na minha opinião, ambos têm que ser
rentáveis por si só.
Esperamos começar com a transformação de parte do leite que produzimos em
2013 ou 2014.
Que dados recolhe diariamente da exploração?
Recolhemos o máximo de dados possível. As cabras têm uma identificação ele-
Ruminantes •janeiro | fevereiro | março • 2013
11
»
010-013_Layout 1 1/4/13 2:59 PM Page 12
ENTREVISTA
A principal “luta” que tive
com os operadores foi para
que percebessem a
importância da recolha de
dados, de ler a informação e
de tomar decisões com base
em dados.
maneio e, na medida do possível recompensamo-los economicamente quando as metas
são atingidas.
trónica e portanto os registos individuais de
tudo o que se passa na ordenha são recolhidos automaticamente. Nomeadamente obtemos registos totais da produção, de 15 em
15 dias fazemos análises químicas ao leite,
registamos as anomalias comportamentais
ou de saúde, os tratamentos efetuados, o
maneio alimentar, entre outros.
Na recria registamos vários dados como
o peso ao nascimento, ao desmame, e depois de 30 em 30 dias até atingir o peso de
cobrição. Registamos também todos as intervenções sanitárias.
Como utiliza esses dados nas tomadas de
decisão?
Todos esses dados são fulcrais, só tomamos decisões com base em dados quantitativos e alguns qualitativos. Basicamente
tentamos não tomar qualquer decisão só
porque “achamos que”... A principal “luta”
que eu tive com os operadores foi para que
percebessem a importância da recolha de
dados, de ler a informação e de tomar decisões com base em dados.
Os operadores têm formação especifica?
Não, toda a formação é fornecida internamente através de reuniões periódicas para
este efeito.
Utiliza rácios na analise da rentabilidade
12
da exploração? Quais?
Sim, utilizamos muito rácios pois dão um
excelente apoio para uma leitura rápida de
como está em dada altura uma determinada
área produtiva. Mostro como exemplo o
Quadro 2 que elucida quanto cada lote de cabras em produção liberta de margem bruta
na relação direta entre os custos de alimentação e o seu nível produtivo. Este quadro
também mostra a vantagem que se tem de
ter os custos alimentares ajustados ao máximo ao nível produtivo de cada cabra.
Compara estes rácios com os de outras explorações, com anos anteriores, com o orçamento?
Tento perceber, através de contactos com
outros produtores, como nos posicionamos
relativamente aos seus valores. De qualquer
forma, o que fazemos com rigor total é a
comparação, dentro da nossa exploração,
com anos anteriores e com os objetivos que
pretendemos alcançar nesse ano, económicos, fertilidade, mortalidade, sanidade, etc.
Partilha esses resultados com os empregados?
Claramente, acredito que tem influência
na sua motivação e na melhoria da atitude
conhecerem, com precisão, o impacto nos
resultados das alterações introduzidas no
Ruminantes • janeiro | fevereiro | março • 2013
Quais são os factores limitantes deste negócio? Que oportunidades existem?
Optei por este negócio de leite de cabra
porque em determinada altura necessitei de
introduzir na exploração um negócio de produção pecuária de maior valor acrescentado,
e a produção intensiva de leite permite isso.
Optei pela produção de leite de cabra porque
é o que está menos explorado, quer em Portugal quer a nível mundial. Também, porque
é um leite com grande potencial pelas características que tem ligadas com a saúde humana, é um leite que tem um grande
caminho a percorrer. Porém, ainda existe um
desconhecimento geral por parte dos consumidores sobre as vantagens do consumo
de leite de cabra e temos a nossa indústria
com um leque muito reduzido de produtos
fabricados com base neste tipo de leite. O
aumento vertiginoso do custo dos factores
de produção sem um acompanhamento, na
mesma ordem de grandeza, do preço pago
pelo leite ao produtor são os principais fatores limitantes.
Que percentagem dos custos totais representam os custos fixos?
Os custos fixos sem alimentação representam cerca de 31% da despesa total. Relembro que os rácios atuais estão desajustados de uma exploração equilibrada pelo
facto de estarmos em fase de crescimento do
efetivo e ainda não termos atingido os patamares de produção normais para uma exploração deste tipo.
Que conselho dá a alguém que queira começar agora com este negócio?
Entre o desenho do negócio e a realidade
existe sempre uma diferença significativa e
há que ter em conta que qualquer negócio
010-013_Layout 1 1/4/13 2:59 PM Page 13
ENTREVISTA
pecuário demora bastante tempo a ser implementado. A noção que por vezes se tem
de que o negócio fica construído em pouco
tempo não é real. Por outro lado, é fundamental ter capacidade financeira para custear a evolução do negócio, não é por acaso
que a maior parte das explorações pecuárias fecham no seu primeiro ou segundo
ano de existência. As coisas nunca correm
a 100%, aparecem sempre problemas no
percurso e há que estar preparados para os
enfrentar e dar-lhes a volta.
Que características têm que ter as pessoas que se queiram envolver neste negócio?
Muita persistência, serem profissionais,
procurarem ter um conhecimento profundo
da atividade e munirem-se de instrumentos
de gestão eficazes.
Qual é a primeira coisa que faz quando
chega à exploração?
A minha função principal na exploração
é de gestão, logo não me concentro em nada
de especial, tento apenas estar atento a
algum aspeto que tenha fugido à rotina do
dia a dia, e se os indicadores dos diferentes
sectores estão dentro dos valores expectáveis: produção total da ordenha, problemas
sanitários, stocks de alimentos e materiais
diversos, problemas logísticos, etc. e se
existe algo que obrigue a alterar o planeado
para o dia. x
Ruminantes •janeiro | fevereiro | março • 2013
13
014-015_David Catita_Layout 1 1/4/13 3:00 PM Page 14
PRODUÇÃO
Como escolher um touro
para uma vacada?
David Catita, Criador Limousine, Serpa – Portugal
[email protected]
O desempenho dum touro resume-se
aos animais que produz. Por mais bonito
ou vistoso que seja um touro, são os seus
filhos que falam por ele. Esta é a magia do
potencial genético.
A escolha de um touro reprodutor para
uma vacada é um momento importantíssimo para o futuro da exploração pecuária
que o adquire, uma vez que passarão pela
genética daquele animal cerca de 200 produtos, bezerros e bezerras, supondo cinco
anos de atividade; não devendo, por isso,
ser encarada com ligeireza.
Para reforçar a importância desta escolha, importa desde já salientar que a soma
de pequenas diferenças em cada animal resulta numa grande diferença para a exploração. Tomando como exemplo estes 200
produtos, vendidos por €500 cada, resulta
um total de €100.000, que passaria para
€110.000 caso cada animal fosse vendido
por €550.
Estes €10.000 resultantes de uma pequena diferença em cada animal obtêm-se,
por exemplo, em apenas 20 kg na fase de
desmame, valorizada a €2,5 por quilo, a
qual pode ser facilmente transmitida pela
genética melhoradora de um touro; de onde
resulta que a escolha certa pode trazer retorno suficiente para pagar todo o investimento.
A escolha certa deve ser realizada através da análise das vacas da exploração,
uma vez que o touro contribuirá com 50%
das suas qualidades genéticas, que deverão
melhorar os aspetos em que as vacas forem
mais fracas. Vamos então a exemplos.
14
VACAS DE PEQUENA ESTATURA
E BEZERROS PEQUENOS
AO DESMAME
As vacas de pequena estatura podem
produzir bezerros grandes, desde que se selecione um touro que confira dimensão à
mistura genética. Neste contexto, importa
escolher um touro que tenha bons índices
de desenvolvimento esquelético, que correspondem aos seguintes parâmetros a avaliar:
• Comprimento do dorso e da bacia;
• Largura das ancas;
• Desenvolvimento do animal.
Assim, resulta que a escolha dum touro
deverá recair sobre um animal que, para
determinada idade, seja mais alto que a
média, mais longo que a média e mais
largo que a média. Esta componente esquelética é facilmente observável se existirem mais animais para comparar e, em
especial, das mesmas idades. Isoladamente
torna-se mais difícil, mas a avaliação de
performance realizada pela entidade certificadora dará pistas muito claras neste sentido, uma vez que esta análise comparativa
foi já realizada.
No caso da raça Limousine este grupo de
características está sumarizado na nota de
desenvolvimento esquelético (DS) de um
animal, e os animais desta tipologia são
definidos como elevage, que geralmente
são animais mais tardios, bastante adequados para a produção de vacas de reposição,
às quais será útil uma boa estrutura ou também para a produção de animais de engorda que o criador leve até à idade adulta.
Ruminantes • janeiro | fevereiro | março • 2013
Comprimento da bacia
Largura da bacia
VACAS COM DIFICULDADE DE PARTO
A facilidade de parto é um carater fundamental que deve ser continuamente promovido numa vacada, selecionando as
vacas que apresentem as bacias mais volumosas, ou seja, mais largas, longas e altas,
como se de um cubo se tratasse. Neste contexto importa selecionar também as que se
apresentem mais planas, de modo a que o
bezerro possa sair com facilidade.
Naturalmente que a escolha de uma raça
que produza bezerros pequenos é essencial, onde a raça Limousine ocupa um lugar
cimeiro, sendo neste contexto a raça com
maior número de machos ativos em Portugal, contando já com mais de metade do total
nacional, o que demonstra bem a prevalência
desta característica, fortemente pretendida.
014-015_David Catita_Layout 1 1/4/13 3:00 PM Page 15
PRODUÇÃO
Dentro de cada raça, se for esta uma característica que se pretenda promover na
vacada, deverá ser selecionado um touro
que transmita facilidade de partos, observável pelo peso ao nascimento dos seus ascendentes e dele próprio, que deve ser
inferior a 40 kg. Para além do valor absoluto do peso, importa ainda observar a
forma dos bezerros, uma vez que um animal mais esquelético e longo passará com
mais facilidade pela bacia da mãe do que
um animal que seja mais compacto e volumoso. É fundamental a observação dos animais ao nascimento, para tirar conclusões
relativamente ao seu formato.
VACAS COM ESTRUTURA MAS
POUCO MUSCULADAS, ASSIM
COMO OS BEZERROS
Se as vacas forem naturalmente pouco
musculadas e se passarem essa característica para os bezerros, penalizando a venda
ao desmame, poderá corrigir-se pela escolha de um touro que confira à mistura genética as notas em falta. Neste contexto,
importa escolher um touro que tenha bons
índices de desenvolvimento muscular, que
correspondem aos seguintes parâmetros a
avaliar:
• largura entre espáduas e largura no
dorso;
• largura e arredondamento da nádega;
• espessura do lombo.
Importa salientar que um touro com
bons índices de desenvolvimento muscular não é necessariamente um touro gordo,
e igualmente que um touro gordo não é necessariamente um touro com bons índices
musculares.
No caso da raça Limousine, este grupo
de características está sumarizado na nota
de desenvolvimento muscular (DM) de
um animal, e os animais desta tipologia
são definidos como boucherie, que geralmente são animais mais precoces, bastante
adequados para a produção de bezerros
para venda ao desmame, e na fase adulta
são geralmente animais mais baixos, não
sendo necessariamente menos pesados, o
que facilmente se entende, uma vez que o
investimento do animal em músculo retirou expressão ao desenvolvimento ósseo.
Largura entre espáduas
Largura do dorso
racterística é observável no valor de crescimento dos bezerros e do touro até aos quatro
meses de idade, em que o leite da mãe é o seu
alimento principal.
No caso da raça Limousine, são realizadas
pesagens periódicas nos primeiros meses de
vida de um animal, devendo ser observados
os valores de ganho médio diário até aos 120
dias, fazendo a diferença entre o peso ao nascimento e o peso corrigido aos quatro meses,
dividindo depois por 120, cujos valores
devem ser sempre superiores a 1,2 kg por dia.
VACAS DEMASIADO BRAVAS
E NERVOSAS
Arredondamento da nádega
Largura da nádega
Profundidade da nádega
VACAS COM POUCO LEITE,
RESULTANDO EM BEZERROS FRACOS
AO DESMAME
No caso da capacidade leiteira de uma vacada, o contributo de um touro far-se-á sentir
na segunda geração quando as suas filhas
forem incorporadas na vacada e expressarem
a característica que se pretenda promover.
Neste caso, importa selecionar um touro
que tenha bons índices leiteiros ou seja, que
tenha ascendentes com boas produções leiteiras, aspeto avaliado na classificação da
raça Limousine. Em termos práticos, esta ca-
Em termos de comportamento, um touro
pode também ser uma forma de melhorar o
temperamento de uma vacada, já que se trata
de uma característica hereditária mas que, por
esta razão não se observa de imediato sendo
necessário, pelo menos, uma geração.
A avaliação do temperamento é uma das
características avaliadas na raça Limousine
que é, por natureza, uma raça de temperamento dócil. A escala de temperamento vai
de 1 a 7, devendo ser escolhidos animais com
pontuações inferiores a 3, acompanhados de
um maneio correto. O maneio influência naturalmente o comportamento dos animais,
onde deve prevalecer um contato constante e
calmo para que não sejam desenvolvidas atitudes defensivas.
VACAS COM DEMASIADO TEMPO
ENTRE PARTOS
Também o intervalo entre partos pode ser
reduzido com a seleção do touro adequado,
devendo ser escolhido um animal com elevada fertilidade e cujos ascendentes tenham
tendência para um curto intervalo entre
partos.
Para além deste aspeto deve ser garantido
um rácio adequado de touros para uma vacada, que não deve ser superior a 40 vacas
para um touro.
Neste contexto importa ainda salientar que
os touros numa vacada nunca são demais, já
que todo o trabalho desempenhado por um
touro é lucro para o seu criador. Com o número certo de touros numa vacada pode-se
reduzir o intervalo entre partos, dando-se
como exemplo que a redução de apenas um
mês em cada vaca, numa vacada de 80 animais, resultará em mais 80 meses de gestação no total, o que resultará em mais 7
bezerros por ano.
Ruminantes •janeiro | fevereiro | março • 2013
15
016-019_Layout 1 1/4/13 3:00 PM Page 16
PRODUÇÃO
ALIMENTAÇÃO
A alimentação de vacas
em regime extensivo
J. Riera, Chefe de Produto de Bovinos de Carne Nanta
[email protected]
Na maior parte da Península Ibérica, as vacas são exploradas em regime
extensivo mantendo-se todo o ano em montes e pastagens,
alimentando-se do pasto ou forragem que o meio onde está lhe
proporciona; apenas em épocas de escassez de pasto, períodos secos
de verão e períodos de baixa temperatura, as vacas são suplementadas
ou com um “extra” de forragem (fenos, silagens, etc.) e/ou com
suplementos nutricionais compostos que normalmente conhecemos
como “tacos”.
Até aqui tudo está correto, a dificuldade
começa quando queremos alimentar estas
vacas com base em necessidades nutricionais específicas. Em geral, encontramos
desde explorações com raças rústicas puras
(Retinta, Negra Ibérica, Alentejana, etc.) até
vacas cruzadas com 75% de sangue de
raças de carne, principalmente Limousine,
Charolesa e Blonde d’Aquitaine. Da mesma
forma, pode-se estimar que a produção de
leite destes animais é de aproximadamente
7 a 9 litros por dia, em média. Outro fator
de variabilidade é o consumo de nutrientes,
para cobrir as necessidades de manutenção
que serão altamente variáveis dependendo
da orografia do terreno, do clima (temperatura, humidade, etc.) e da qualidade da forragem disponível; alguns estudos estimam
que as necessidades de manutenção de uma
vaca em regime extensivo podem chegar a
ser até 55% mais do que em regime de estabulação.
PODEMOS VER AS VARIAÇÕES QUE EXISTEM EM DIVERSOS ESTUDOS
Resumo da evolução das necessidades
de manutenção relacionadas com o peso
corporal, segundo o National Research
Council (NRC).
Necessidades de nutrientes do gado bovino extensivo
Tipo de
animal
Vacas de
575 kg
Produção
6,5 kg/dia
Vitelos de
40 kg
Vacas de
525 kg
Produção
6,5 kg/dia
Vitelos de
35 kg
Estado
fisiológico
Manutenção 4,5
270
20
30 12,0
310
22
35 12,0
7,3
625
30
50 14,0
Manutenção 4,0
260
16
27 11,3
Último terço 6,2
da gestação
Lactação
Último terço
5,5
da gestação
Lactação
UFL - Unidade Forrageira Leite
16
Quantidade
CI
total diária
UL/
MND P Ca
UFL
/dia
(g) (g) (g)
6,6
295 17,5 31 11,3
600
26
47 13,3
pois do parto e que a taxa de gestação seja
maximizada. Isso vai depender basicamente
da nutrição de pré-parto (steaming), da nutrição do pós-parto (flushing) e da condição
corporal da vaca (CC) ao parto. A duração
do APP é um fator limitante para alcançar
um ótimo rendimento reprodutivo nas explorações de vacas reprodutoras. Dunn e
Moss (1992) observaram que vacas com um
APP entre 40 e 60 dias de duração tinham
cerca de 88% mais probabilidade de manter
um IPP próximo dos 365 dias.
No cálculo das necessidades médias, alguns estudos também apresentam diferenças relacionadas com a origem genética da
vaca e propõem as seguintes variações:
Multiplicar Raça
0.90
Brahman, Nellore, Sahiwal, Santa Gertrudis
0.95
Braford, Brangus
1.0
Angus, Charolesa, Chianina, Devon,
Galloway, Gelvieh, Hereford, Limousine,
Longhorn, Maine Anjou, Piedmontese,
Pinzgauer, Red Poll, Salers, Shorthorn,
Retinta, Avileña
1.2
Fonte: Estudo sobre exploração de bovino “biológico”.
Braunvieh, Holstein, Jersey, Simmental
Ruminantes • janeiro | fevereiro | março • 2013
12
10
NEm required, Mcal
O objetivo das explorações de vacas em
aleitamento é obter a máxima rentabilidade.
A eficiência no desempenho reprodutivo
está diretamente relacionada com a rentabilidade, e o nosso desafio é conseguir um bezerro desmamado por vaca e ano; por isso é
imperativo que o máximo numero de vacas
sejam capazes de manter um intervalo partoparto (IPP) o mais próximo de 365 dias;
para isso é essencial que o anestro pós-parto
(APP) seja tão curto quanto possível, que a
vaca saia em cio nos primeiros 90 dias de-
8
6
4
2
0
800
900 1000 1100 1200 1300 1400 1500
Peso da vaca, lb
016-019_Layout 1 1/4/13 3:00 PM Page 17
ALIMENTAÇÃO
Variações da energia de manutenção devido
ao “stress por calor”
UMA DAS CLASSIFICAÇÕES DA CONDIÇÃO CORPORAL É :
Condição física
12
CC
8
6
4
1
2
30
Temperatura, F
Stress do Calor
Base
35
Fonte: NRC
E finalmente, um exemplo das variações
em energia de manutenção devido a uma
combinação entre o “stress por calor” e o
fator vento/humidade.
I - Pobre
20
2
NEm, Mcal/d
3
35ºC
Seco
Sem
vento
Base
35ºC
Molhado
10 MPH
Temperatura, ºC
Stress do Calor
II - Condição
Limite
NEm, Mcal/d
10
0
4
MPH - Milhas/hora; NEm - Energia limpa de manutenção
5
III - Condição moderada ótima
Também encontramos variações na capacidade de consumo dos animais; a capacidade de consumo é determinada pela raça,
sexo, estado fisiológico e velocidade de
crescimento na fase de desenvolvimento
corporal.
Devido à grande variabilidade na determinação das necessidades do gado bovino
em regime extensivo, a melhor medida que
podemos tomar para fazer uma avaliação
contínua dum programa de alimentação é o
controlo da Condição Corporal das vacas.
No cálculo da Condição Corporal existe
outra metodologia com diferentes intervalos de pontuação que oscilam entre 1 e 5.
Abaixo está uma tabela de conversão.
Equivalência de valores da condição corporal
nas duas escalas
Journal Dairy Science
6
7
8
IV - Obeso
Condição corporal de 1 a 5 Condição corporal de 1 a 9
1
1
1,5
2
2
3
2,5
4
3
5
3,5
6
4
7
4,5
8
5
9
PRODUÇÃO
9
Descrição
Extremamente magra (esquelética)
Condição esquelética grave e débil, sem gordura em toda a sua coluna, quadril ou costelas; costelas. A cauda, costelas e outras estruturas do esqueleto
são individualmente palpáveis e visíveis. Esta condição é rara de encontrar
numa produção normal, a menos que estejam doentes ou sem alimentos.
Muito magra (pobre)
Condição física muito magra, similar ao quadro anterior, porém sem o aspecto doente.
Tem pouca massa muscular. A estrutura óssea da cauda e costelas é menos
proeminente.
Magra
Sem gordura visível sobre as costelas e peito. Ossos da parte traseira visíveis e um leve aumento de massa muscular.
Regular
Condição média com as costelas cobertas de forma individual. Em geral
corpo com pouca gordura. Aumento de massa muscular nos ombros e quartos traseiros; os elementos principais são os quadris ligeiramente arredondados contra aparência descrita no quadro anterior.
Moderada
Carnuda, cobertura maior de gordura sobre as costelas, e, geralmente, apenas a décima segunda e a décima terceira costelas são individualmente distinguíveis. Princípio da cauda preenchido, mas não arredondado. Visível
ligeira gordura no peito.
Boa
Costas, costelas e princípio da cauda ligeiramente arredondado e esponjoso
ao toque; no peito, costelas, recto e vagina é apreciável uma gordura arredondada.
Gorda
Aparência carnuda de forma rectangular, apresenta gordura nas costas, princípio da cauda e peito.; as costelas não são visíveis, área exterior vaginal e
do recto apresenta depósitos de gordura moderados. Pode ter uma leve camada de gordura nas tetas.
Muito gorda
Gordura extrema, de aparência quadrada devido ao excesso de gordura
sobre as costas, princípio da cauda e quartos traseiros. Gordura visível no
peito e nas costelas, e pescoço grosso e curto. A mobilidade começa a ficar
restringida.
Obesa
Quadro semelhante ao anterior, porém num grau mais elevado. A gordura
depositada é visível em forma de bolas. É raro encontrar vacas nestas condições nas explorações.
MVZ Saúl E. Tijerina Wolf
Ruminantes •janeiro | fevereiro | março • 2013
17
016-019_Layout 1 1/4/13 3:00 PM Page 18
PRODUÇÃO
ALIMENTAÇÃO
Muitos estudos têm relacionado a Condição Corporal com os resultados zootécnicos da exploração:
A fertilidade das vacas aumenta à medida
que a diferença entre o peso máximo e o
peso médio, durante a época de reprodução,
diminui (Richarson).
Outro estudo que relaciona o peso vivo
com a fertilidade:
PESO VIVO 90
DIAS PÓS PARTO
Nº DE VACAS
341 - 385 Kg
323
340 Kg
150
386 - 430 Kg
460
431 - 475 Kg
0.568
0.66
0.743
459
475 Kg
FERTILIDADE
0.814
365
0.824
Buck-Morley
Por isso é importante ter um critério
sobre que Condição Corporal é necessária
em cada estado fisiológico dos animais.
Variação de peso (%)
115
110
105
100
95
90
85
80
1
2
3
4
5
6
7
Meses
8
9 10 11 12
Boquier
Estudámos a relação entre a Condição
Corporal ao Parto e a taxa de Fertilidade
Parto
1
2
3
4-7
>8
<2
20
23
28
48
37
Condição corporal
2.5
>3
50
84
53
60
72
67
90
90
92
89
Universidade da Flórida - E.U.A.
A condição corporal das vacas ao parto é
o fator mais importante que pode ser usado
para prever se uma vaca vai ficar gestante
durante a época de reprodução. Num estudo
em Oklahoma, das vacas que pariram com
uma condição corporal de 2,5 apenas 50%
voltaram a ficar gestantes; contudo, quando
18
a condição corporal ao parto foi de 3,5,
cerca de 80% ficaram gestantes.
A perda de peso antes da época de reprodução pode reduzir o número de vacas que
mostram cios e que ficam gestantes (Rakestraw et al., 1986).
A alimentação com suplementos proteicos
em vacas pós-parto aumentou o consumo de
forragens secas e portanto, a quantidade total
de energia na dieta. Se as vacas são alimentadas com grandes quantidades de amido, o
consumo de forragem pode ser reduzido e a
energia total da dieta pode manter-se igual ou
até diminuir; tenhamos em consideração que
um dos objetivos de usar um suplemento nas
explorações extensivas é maximizar os recursos das herdades.
O que interessa são vacas em boa Condição Corporal, não vacas “gordas” suplementadas com altas quantidades de amido
que, no fim, vão pôr em risco a função reprodutiva das mesmas.
Portanto, a condição corporal ao primeiro
parto tem um grande efeito sobre o desempenho reprodutivo. As vacas de primeiro
parto têm que parir com uma condição corporal maior (CC = 6) que as vacas adultas,
de modo que a maioria exibirá o cio e serão
cobertas durante a época reprodutiva de 60
dias. Se as vacas jovens parem com uma
condição corporal de 5, menos de 80% estará em cio e haverá menos oportunidade de
ficarem gestantes. Se as vacas de primeiro
parto parem com uma condição corporal de
4, somente 25% entrarão em cio.
Na alimentação da vaca, detetamos dois
momentos chave para suplementação, como
já apontámos anteriormente, o que chamamos de steaming, a suplementação durante
os últimos meses de gestação, e o flushing
que é a suplementação durante 90 dias depois do parto; são dois momentos chave
para evitar pesos baixos do vitelos ao nascimento e conseguir que a vaca entre em cio
dentro dos primeiros 60 dias depois do
parto, e para evitar uma mobilização excessiva, e com isso a perda de peso, durante a
lactação.
No maneio ideal devia ser possível alimentar por lotes, vacas na última fase da
gestação, vacas na fase de cobrição/lactação
e vacas gestantes; contudo, nos nossos sistemas de exploração é quase impossível trabalhar com lotes; chega portanto o momento
de fazer uma suplementação geral da vacada
tentando manter uma Condição Corporal da
vacada ao menor custo possível.
Normalmente, a menos que possamos armazenar fenos, silagens e outros tipos de
Ruminantes • janeiro | fevereiro | março • 2013
forragem em momentos de abundância, optamos por rações complementares, a que
chamamos de taco.
O QUE DEVEMOS
PROCURAR NUM TACO?
Devemos ter em mente que o taco deve
ser “complementar” das bases forrageiras da
herdade, seja pasto, feno, palha, etc.. Pelo
que, por princípio, devemos optar por empresas de nutrição que tenham uma ampla
gama de tacos com distintos níveis de proteína e energia, é diferente complementar
um pasto do que uma palha de cevada; do
mesmo modo, como vimos anteriormente,
as necessidades nutricionais não são as mesmas numa raça Mertolenga que numa raça
Limousine.
Devemos também estar atentos aos tacos
muito ricos em amido que podem limitar o
consumo de fibra, que é a base dos recursos
da herdade e necessária para o correto funcionamento ruminal.
Um outro debate centra-se nos tacos com
ou sem ureia; do meu ponto de vista, o uso
de ureia é muito positivo para maior digestibilidade e aproveitamento da base fibrosa. O
fornecimento de fontes de azoto de alta degradabilidade (a ureia contém fontes de
azoto de forma direta) aumenta a atividade
da flora celulolítica e, com isso, a capacidade
da vaca aumentar a digestibilidade das forragens, logo o aproveitamento das mesmas.
Temos também que evitar avaliar o taco
pela sua cor, a crença de que a cor branca
representa qualidade em detrimento da escura não tem qualquer fundamento nutricional. O melhor taco será sempre aquele que
se adapta às necessidades das nossas vacas,
aos recursos forrageiros da exploração, que
nos permita manter a condição ótima das
vacas e obter taxas de fertilidade o mais próximo possível do 100%, com o mínimo
custo diário da dieta.
BIBLIOGRAFIA
Condicion corporal en el vacuno de carne
M.V.Z Saúl E. Tijerina Wolf
Efecto de la nutrición en la reproducción
Ivette Rubio G.1 & Robert P. Wettemann
Facultad De Medicina Veterinaria Y Zootecnia, U.N.A.M.
Universidad Estatal De Oklahoma, E.U.A.
Fontes: Nrc Y Inra
Fontes: Xv Anembe . Vicente Jimeno Vinatea
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PRODUÇÃO
RECRIA, custo acrescido…
ou redução do custo?
(parte I)
Elisabete Martins,
Médica Veterinária na INVIVONSA PORTUGAL, SA.,
Docente na EUVG
Hoje mais do que nunca, a otimização da eficiência do ciclo de
produção é vital para a rentabilidade e sustentabilidade a médio/
/longo prazo da exploração leiteira. A pressão a que são submetidos
os produtores a montante (preço das matérias primas, combustíveis,
energia, financeiros, licenciamento, etc) e os constrangimentos que
lhe são impostos a jusante (preço do leite pago ao produtor), determinam que só sobrevirão os produtores mais eficientes. Atualmente,
ainda é difícil ou de todo impossível avaliar em muitas explorações
a sua eficiência enquanto unidade produtiva (o que nem sempre é
sinónimo de ineficácia) devido à escassez de registos. Apenas os produtores que retiram sistematicamente decisões de gestão do dia a
dia, dos seus registos de exploração, estão absolutamente conscientes de que “registar”, ao contrário de “consumir tempo que não se
tem”, é antes uma ferramenta imprescindível, quer do trabalho diário da exploração, quer de decisões de gestão bem sustentadas.
Uma vaca vê a sua vida na exploração dividir-se em dias produtivos (aqueles em que dá leite) e em dias não produtivos. Várias são
as estratégias para reduzir o nº de dias não produtivos durante o periodo de seca (classicamente entre os 45 e os 60 dias) e aumentar o
nº de picos de lactação por vida. No entanto, o maior período não
produtivo é a fase de recria. Idealmente, para as vacas leiteiras H.
Frisia, o primeiro parto deve ocorrer entre os 22-24 meses de idade.
Um primeiro parto depois dos 24 meses aumenta drasticamente o
custo de recria e reposição da exploração, reduzindo a margem líquida libertada por litro de leite produzido. Por si só o Fator Recria
pode determinar uma margem positiva ou negativa resultante da produção de cada litro de leite.
O que define a eficiência Produtiva? A resposta não é linear, mas
devem ser considerados os seguintes aspetos:
Eficiência de Recria
Eficiencia Reprodutiva
Eficiência da Estratégia Alimentar
Eficiência na Prevenção e Controlo de Doenças
Cada um destes aspetos é mensurável; cada um dos principais indicadores deve ser vigiado de perto, para prevenir ou corrigir as
“fugas” de rentabilidade associadas aos custos acrescidos à produção
de cada litro de leite. A eficiência reprodutiva e a estratégia alimentar (produção e formulação) têm sido privilegiados em detrimento da
eficiência da recria, isto porque os efeitos de erros nestas áreas têm
20
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um impacto direto muito visível e imediato. Não obstante todos sabemos que de um “Iceberg”, a porção visível é a menor. Por isso
mesmo abordaremos, por agora, a Eficiência da Recria.
Alcançar o primeiro parto aos 22-24 meses revela-se o mais rentável, considerando os custos extra de recria e as perdas de produção
associadas a partos tardios, sendo que em cenários de baixo preço de
leite pago ao produtor, reduzir ainda mais a idade ao primeiro parto
surge como uma estratégia viável para reduzir custos e aumentar rentabilidade (Pilro et al., 1997) na medida em que se aumentam os dias
de vida produtiva (em lactação) e a produtividade futura (Lin et al.,
1998).
Quanto maior for a idade ao 1º parto, maior será o nº de animais
em recria que é necessário manter na exploração para garantir a
mesma taxa de renovação/refugo na exploração. Por cada mês acima
dos 24 ao parto teremos mais cerca de 4% de animais a alimentar,
alojar e manipular que representam um custo acrescido para a exploração; para além disto as instalações disponíveis serão obrigadas
a suportar um nº excessivo de animais condicionando o seu desenvolvimento (tabela 1).
Tab. 1: Variação do nº de animais em recria, em função da taxa de renovação e
idade ao 1º parto (adaptado de: Heirichs e Swartz, Penstate, 1989).
%
Reposição
22
24
30
61
76
26
34
38
42
53
69
77
86
58
76
84
93
Idade 1º Parto
26
28
30
72
78
83
63
82
92
101
67
88
99
109
72
94
106
117
Assim, se considerar-mos uma exploração de 100 vacas adultas,
se o 1º parto acontecer aos 27 meses (inferior ao encontrado na avaliação de campo realizada em 40 explorações), significa que, teremos
para cada animal em produção, mais 90 dias de custos alimentares;
assumindo que a cada ano entram em produção cerca de 25-30 novilhas, teremos 2250-2.700 dias não produtivos cujos custos extra
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PRODUÇÃO
terão de ser amortizados pela produção futura dessas novilhas, e que
aumentam os custos da produção anual da exploração. Numa exploração com 100 vacas estimamos que este atraso ao parto é responsável por um custo resultante de acréscimo da despesa e perda
por leite não produzido de cerca de 11.000 a 20.000 euros/ano.
O custo de produção da novilha é um fator determinante da margem
líquida libertada por cada litro de leite produzido. Num estudo realizado em 10 explorações da região norte do país (SVA, serviços veterinários associados, 2012), a idade ao 1º parto encontrada foi 26,1
meses (min=23,9; max=28,7); o custo de produção médio/novilha foi
de 1442 euros, variando de 1078 a 1752 euros, representando 15,3%
2.000 €
Custo Novilha e Idade ao Parto
Custo novilha
Idade Parto (meses)
30
1.900 €
1.800 €
1.600 €
1.500 €
0,35
24
1.200 €
23
1.100 €
6.000
27
25
1.300 €
1.000 €
0,39
26
1.400 €
6.500
7.000
7.500
8.000
8.500
9.000
Leite Vendido/Vaca/ano
9.500
10.000 10.500
0,41
29
28
1.700 €
(mín=9%; máx=22,5%) do custo total de produção/litro. Este custo
aumenta à medida que aumenta a idade ao 1º parto; em paralelo, o
custo de produção por litro de leite diminui com a diminuição da idade
ao 1º parto (gráfico 1). Os resultados obtidos estão de acordo com diversos estudos publicados. Com um custo total médio de 0,329 €/L,
a variar entre 0,284-0,403 €/L (gráfico 2) (SVA, 2012) e que não se
afasta dos 0,413 €/L referidos no EDF report (este ligeiramente superior pela inclusão de rubricas para amortização de custos de terreno,
instalações, etc.) (EDF report, 2012) fica claro que a recria deve definitivamente ser encarada como o pilar que pode alavancar as explorações para um nível superior de margem líquida libertada.
22
11.000
Gráfico 1: Relação entre idade ao 1º parto e custo de recria (SVA,
serviços veterinários associados, 2012)
Custo de Produção/L
Custo de Produção/L
0,37
0,33
0,31
0,29
0,27
8.000
8.500
9.000
9.500
10.000
Leite Vendido/Vaca/ano
10.500
11.000
Gráfico 2: Custo de produção por litro de leite (SVA, 2012)
Nota: Bibliografia disponível junto da autora ou editor.
Agradecimento: A autora agradece a colaboração dos colegas dos SVA (Fradelos), pelo amável disponibilização dos dados assinalados.
InvivoNSA Portugal SA,
5º Seminário de Ruminantes
A InvivoNSA Portugal SA,
realizou no passado dia 24 de
Outubro o seu 5º Seminário de
Ruminantes centrado no tema
Vacas de Leite.
Tal como em anos anteriores,
a jornada teve a participação de
mais de 120 convidados entre
produtores, técnicos, representantes de fábricas de alimentos
compostos, de cooperativas
Agrícolas, de organismos oficiais e de outros agentes do
sector agropecuário.
O programa teve como principal objetivo transmitir uma
visão objetiva de cada uma
das etapas da cadeia de produ-
ção, para contribuir para a máxima racionalização da produção de leite de uma forma
global e, mais concretamente,
em Portugal.
As intervenções estiveram a
cargo de profissionais da InvivoNSA Portugal, do Grupo
InvivoNSA Internacional e de
especialistas profissionais reconhecidos
internacionalmente na produção leiteira.
Os temas abordados tiveram
em conta a realidade atual do
setor, e focaram de uma forma
transversal a situação atual do
mercado das principais matérias-primas usadas em alimen-
tação animal (trigo, milho e
soja e outras), a incontornável
utilização de adsorventes de
micotoxinas na alimentação
das vacas de leite, a forma
profissional de rentabilizar a
recria, as implicações na ferti-
lidade das vacas da alimentação dada na fase da transição,
o uso de matérias-primas alternativas, e o know-how disponibilizado pela Invivo para
a sua utilização.
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ACTUALIDADES
MUNDO
Rabobank prevê ano recorde nos
preços da carne bovina
De acordo com o último relatório do Rabobank, relativo ao
quarto trimestre de 2012, neste
período o mercado global de
carne bovina caracterizou-se por
um ligeiro aumento da oferta impulsionada principalmente pela
recuperação natural dos efetivos
no Brasil, Argentina e Austrália.
A esta situação veio juntar-se
uma economia mundial relativamente letárgica, o que se refletiu
sobre os preços em todo o mundo
(ver Fig. 1).
Entre os países exportadores
de gado mais importantes, os
preços só subiram nas moedas
locais nos EUA e na Nova Zelândia. Estes aumentos podem
não ser suficientemente elevados
para compensar o recente aumento nos custos, com os cortes
na produção de gado estabulado
nos EUA.
Em novembro, o Índice Global
de Preços de Gado do Rabobank
caiu 2 por cento relativamente ao
terceiro trimestre (ver Fig. 2).
Isto foi principalmente motivado
pelo declínio ocorrido no Brasil,
Austrália, Argentina e Canadá,
que compensou o aumento nos
EUA e Nova Zelândia. O fortalecimento do dólar contra várias
moedas, combinado com uma
procura mais fraca em muitos
países importantes, também contribuiu para a tendência de quebra nos preços globais de gado
definidos em US dólares.
Comentando as perspetivas
para 2013, o analista do Rabobank, Guilherme Melo, disse:
"Esperamos ver a oferta global
oscilando em torno dos níveis de
2012, com algumas subidas e
quebras determinadas pela medida em que o aumento do Hemisfério Sul supere a redução na
Europa e nos EUA. Do lado da
procura, o panorama aponta para
22
mais um ano de consumo relativamente fraco devido a uma
economia ainda lenta, uma vez
que o PIB mundial deverá crescer apenas ligeiramente em 2013
(ver Fig. 3).
"O cenário é pior onde a produção deverá cair, como na
América do Norte e na Europa,
o que coloca uma pressão adicional para as empresas de carne
bovina localizadas nestas re-
FIG. 1 Média global preços gado vivo
USD/kg
nov'12
Q3.'12
nov'11
Austrália
1.79
2.03
2.16
2.08
Uruguai
1.96
1.57
Brasil
1.59
2.70
EUA
2.50
1.63
Argentina
1.75
2.79
Canadá
2.84
1.94
Nova Zelandia
Fonte: Rabobank, 2012
1.92
% nov'12 X % nov'12 X
Q3'12
nov'12
6%
3%
2.02
2.01
-12%
-17%
8%
23.6%
-2%
2.18
2.01
-7%
1.70
1%
3.08
-2%
-22%
-19%
-9%
14%
FIG. 2 Rabobank - Índice de preço final do gado para 7 países
Jan. 2006=100
Índice Rabobank
Média 5 anos
Nota: Preços médios finais de gado vivo calculados por quota das exportações
mundiais (Brasil, Austrália, Argentina, Uruguai, EUA, Canadá e Nova Zelândia).
Fonte: Rabobank, 2012
FIG. 3 Crescimento PIB por região
%
Mundo
Europa
Fonte: IMF, 2012
Ásia
América
do Norte
Ruminantes • janeiro | fevereiro | março • 2013
América América
do Sul Central
Médio
Oriente
e América
do Norte
giões para transferir o aumento
dos preços de gado para os consumidores. Além disso, uma vez
que esses países precisam dos
cereais para alimentar os seus
animais, poderão ver uma redução da sua competitividade no
mercado internacional".
"Por outro lado, as empresas
localizadas na América do Sul,
particularmente no Brasil, deverão beneficiar da recuperação
do efetivo e da aceleração da
economia, que oferecem à indústria uma oportunidade para
aumentar/manter suas margens", acrescentou Guilherme
Melo.
"No entanto, ventos contrários para a indústria sul-americana irão provavelmente soprar
do Médio Oriente e Norte de
África, onde as empresas poderão enfrentar um ambiente mais
duro para aumentarem as exportações em 2013. Isto reflete as
incertezas resultantes de mudanças políticas e económicas
após a Primavera Árabe e os
permanentes conflitos internos
que estão a contribuir para o enfraquecimento da atividade".
Um fator altista para a indústria é a forte necessidade de disciplina da oferta nos setores da
avicultura e da carne de porco.
O Rabobank acredita que os
cortes de produção na avicultura são suscetíveis de acontecer, impulsionados por margens
negativas devidas aos fortes aumentos dos custos da alimentação. Na medida em que isto
aumenta os preços da carne de
aves e de porco, pode também
beneficiar a indústria de carne
bovina, uma vez que a diferença
entre a carne bovina e estes dois
preços de carnes estreita e, possivelmente, desloca a procura
para a carne bovina. x
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ACTUALIDADES
MUNDO
Cetose tem custos elevados
Cetose poderá estar a custar aos criadores de vacas leiteiras
£23.000 (€27.600) por ano por cada 100 vacas.
Os criadores de vacas leiteiras do RU poderão estar a perder até £23.000 (€27.600)
por ano por cada 100 vacas devido à presença
de cetose, uma doença metabólica, de acordo
com o especialista em gado, Dick Esslemont,
que tem estado a apresentar as suas descobertas no Congresso Mundial de Buiatria a decorrer em Lisboa (3 a 8 de junho). Ou, por
outras palavras, por cada litro de leite produzido numa manada típica que produza uma
média de 8.000 litros por vaca, os custos diretos e indiretos da cetose resultam num custo
de p2,90 (€0,034) por cada litro de leite produzido.
Esslemont identificou os custos diretos da
cetose – redução na produção de leite e uma
fertilidade mais reduzida, bem como os custos
indiretos - incidências mais elevadas de outros problemas como os ovários quísticos, o
deslocamento do abomaso à esquerda (DAE)
e o impacto a longo prazo nos intervalos após
o parto e nas taxas de abate.
Para calcular os custos da doença, Dick Esslemont reviu as investigações publicadas
sobre a incidência da cetose e os respetivos
efeitos na saúde e na performance das vacas.
A prevalência desta doença metabólica variava consideravelmente entre diferentes manadas. Contudo, concluiu que, em manadas
com elevado mérito genético, a cetose estava
habitualmente presente em níveis clínicos de
3 %, ao passo que cerca de 30 % da manada
poderia estar num estado de cetose subclínica.
Como explicou: “A cetose constitui um problema com tendência para se agravar no gado
leiteiro. É frequentemente caracterizada por
anorexia parcial, depressão e redução da produtividade – diminuição da produção de leite
e fertilidade mais reduzida. Os problemas
mais frequentes desta doença prendem-se
com a falta de balanço nutricional e supercondicionamento na lactação tardia, no período seco e aquando do parto. Tal pode
resultar em cetose clínica e em cetose subclínica. “A cetose – mesmo que em níveis subclínicos – acarreta um risco acrescido de as
vacas sofrerem de um vasto leque de outras
doenças metabólicas e reprodutivas, as quais
reduzem ainda mais as receitas e implicam
custos suplementares.”
Os custos diretos da cetose incluem o
24
tempo despendido pelo veterinário e pelo produtor, os medicamentos, o leite rejeitado e a
redução da produção.
Esslemont identificou e enumerou igualmente os custos indiretos da cetose numa manada típica. Explicou: “Estes incluem um
maior risco de ocorrência de outras doenças e
de problemas reprodutivos, tais como mais
casos de ovários quísticos, DAE, retenção das
membranas fetais e metrite. “A longo prazo,
estes problemas conduzem a intervalos após o
parto mais prolongados, a taxas de abate mais
elevadas, a serviços suplementares por conceção e a um risco acrescido de fatalidade.”
Segundo as suas estimativas, a redução da
fertilidade prolongaria os intervalos após o
parto em mais 22 dias e aumentaria as taxas
de abate involuntárias em 20 % nas vacas afetadas. Além disso, as vacas que se tinham tornado cetósicas, quando sobreviviam,
apresentavam uma maior probabilidade de ficarem cetósicas novamente no ano seguinte.
Tendo em consideração estes custos diretos
e indiretos e a possível prevalência da cetose
subclínica numa manada típica que produzisse uma média de 8.000 litros/vaca, a
doença acarretava, nesse caso, um custo
médio de £690 (€828) por vaca afetada, segundo os cálculos deste especialista.
No que diz respeito às vacas nas quais o balanço energético negativo aumenta ao ponto
de desenvolverem casos clínicos de cetose,
verifica-se uma maior probabilidade de ocorrerem outras doenças. Por conseguinte, o Dr.
Esslemont estimou que os custos seriam mais
elevados, atingindo £829 (€995) por caso.
Em suma, numa manada com 100 vacas,
que registe 3 % de cetose clínica e 30 % de
cetose subclínica, as perdas totais relativas à
manada ascenderiam a £23.189 (€27.827)
por ano.
Concluindo, Esslemont disse: “A incidência da cetose clínica e da cetose subclínica
pode ser reduzida através de um maneio e métodos de criação adequados, podendo igualmente ser corrigida através de um tratamento
adequado. A escala do impacto económico,
conforme é salientado neste estudo, demonstra o substancial benefício financeiro de que
os produtores podem usufruir ao tomar medidas para combater a doença.”
Ruminantes • janeiro | fevereiro | março • 2013
Coca-Cola
investe nos
lácteos
A Coca-Cola Company estabeleceu
um acordo com a empresa norte
americana Select Milk Producers,
com vista a criar uma gama
complementar de produtos lácteos
nutritivos com valor agregado.
O investimento, anunciado em
dezembro passado, na companhia
Fair Oaks Brands, responsável pela
bebida Core Power, é liderada pelo
grupo Venturing & Emerging Brands
(VEB), da Coca-Cola, uma entidade
que identifica marcas com alto
potencial de crescimento no
mercado de bebidas norteamericano. Esta parceria é
importante porque marca o primeiro
passo da Coca-Cola diretamente no
setor de lácteos dos Estados
Unidos, para além dos setores de
sumo, água e refrigerantes.
A Coca-Cola Refreshments assumiu
a responsabilidade de distribuição
da marca Core Power, disponível
nas versões de 20 gramas e 26
gramas de proteína, em embalagens
PET recicláveis e com prazo de
validade estendido, de 340 mililitros.
O diretor de comunicações da Fair
Oak Farms, Anders Porter, disse que
o sucesso da marca Core Power
reside no seu sabor. “Quando as
pessoas percebem que a nossa
proteína é balanceada na mesma
proporção das proteínas do soro do
leite e da caseína, passam a
incorporar o produto nos seus
treinos desportivos”.
024-025_Layout 1 1/4/13 3:03 PM Page 25
O que aconteceria se um terço
das vacas dos seus produtores
tivessem um s€gr€do?
A cetose oculta não se vê, mas existe. Estudos recentes indicam que pode afetar
aproximadamente 30% das vacas, inclusive em explorações com um adequado
maneio.
Enquanto não se manifesta com sintomas visíveis, provoca custos. A cetose oculta é prejudicial
para a saúde das vacas, para o rendimento reprodutivo, para a produção de leite e a sua qualidade.
Pode trazer custos, desde 250€ até 600 € por vaca.
O Keto-Test é uma prova de leite rápida e fácil que ajuda os produtores
a controlar esta ameaça oculta na sua exploração. E nós podemos
ajudá-lo, dando-lhe recomendações e proporcionando ferramentas
para o controlo integral da exploração.
Para obter informações acerca da possibilidade em oferecer
um serviço de mais valia aos seus produtores, entre em contacto
com um representante da Elanco.
A etiqueta de Keto-Test contém toda a informação sobre a sua utilização, incluindo as advertências.
Leia, compreenda e siga sempre as instruções de manuseamento e a etiqueta.
Prevalência de cetose: Macrae, A.I. y col. Prevalence of clinical and subclinical ketosis in UK dairy herds 2006-2011. Congreso Mundial de Buiatría, Lisboa, Portugal, 2012;
Auditoria numa exploração da Elanco, 2011, n.º GN4FR110006. Dados arquivados.
Redução na quantidade de leite: Ospina 2010. Association between the proportion of sampled transition cows with increased nonesterified fatty acids and ß-hydroxybutyrate and disease incidence, pregnancy rate and milk production at the herd level. J. Dairy Sci. 93:3595-3601.
Diminuição da ferilidade: Walsh 2007. The effect of subclinical ketosis in early lactation on reproductive performance of postpartum dairy cows. J. Dairy Sci. 90:2788-2796.
Qualidade do leite: Duffield 2000. Subclinical ketosis in lacating dairy cattle. Vet. Clin North Am. Food Anim. Pract. 16:231-253.
Risco de reposição: Leblanc 2010. Monitoring metabolic health of dairy cattle in the transition period. J. Reprod. Dev. 56:S29-S35.
Deslocamento do abomaso, metrites e cetose clínica: Duffield 2009. Impact of hyperketonemia in early lactation dairy cows on health and production. J. Dairy Sci. 92:571-580.
Ovários quísticos: Dohoo 1984. Subclinical ketosis prevalence and associations with production and disease. Can. J. Comp. Med. 48:1-5.
Retenção de placenta: Leblanc 2004. Peripartum serum vitamin E, retinol and beta-carotene in dairy cattle and their associations with disease.
J. Dairy Sci. 87:609-619.
Custos e prevalência: Esslemont, R.J. The Costs of Ketosis in Dairy Cows. Congresso Mundial de Buiatria, Lisboa, Portugal, 2012.
Elanco, Keto-Test e a barra diagonal são marcas registadas própias ou autorizadas por Eli Lilly and Company, suas filiais ou afiliados.
Keto-Test™ é uma marca registada de Elanco Animal Health. Fabricado por SKK, Japón.
© 2012 Elanco Animal Health. WECTLKTO00021
Elanco Lilly Portugal – Produtos Farmacêuticos, Lda. – Rua Cesário Verde, 5 - piso 4 – Linda-a-Pastora – 2790-326 QUEIJAS – Tel.: 21 412 66 40 – Fax: 21 410 99 44
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PRODUÇÃO
Utilização de ferramentas informáticas
na produção de leite
Oliveira, Silvia, Engª Técnica de Produção Agrícola, Leicar- Comércio de Bovinos SA
email: [email protected]
Moreira, Tereza, Médica Veterinária, Leicar, Comércio de Bovinos SA
email: [email protected]
Como a figura pretende evidenciar, é necessário sabermos
utilizar os recursos de que dispomos. Não vale a pena investir
num programa na área da informática agrícola,
se não pensarmos em utilizá-lo como uma mais-valia para a exploração.
E de que forma é que um programa de registo de dados, que pode
eventualmente tornar-se monótono, constitui
uma ferramenta de grande utilidade?
A resposta está na análise dos dados registados.
2. ANÁLISE DE DADOS
A análise permite, essencialmente, construir diagnósticos, isto é,
conhecer as principais fraquezas e pontos fortes da exploração,
saber onde se ganha e perde dinheiro, quais as medidas a modificar ou a manter. A periodicidade da revisão dos dados deve ser definida por cada exploração e permitir “ler nas entrelinhas”. Todos
os técnicos envolvidos na dinâmica da exploração, devem ter
acesso aos dados, de forma a ressaltar as lacunas e facilitar a sua
correcção.
Em resumo, pretende-se com a utilização destes programas: melhorar os processos de gestão; reforçar as competências dos dirigentes e trabalhadores das empresas; melhorar o desenvolvimento
organizacional; otimizar as metodologias e processos de modernização e inovação; sensibilizar para a utilização das boas práticas
agrícolas.
1. CARATERIZAÇÃO DAS EXPLORAÇÕES
A totalidade das 16 explorações abordadas é de aptidão leiteira
perfazendo um total de 1260 animais. Todas as explorações em
análise aderiram a um programa de gestão através da Leicar-Associação de Produtores de Leite e Carne, durante o período compreendido entre Junho de 2011 e Julho de 2012.Geograficamente,
situam- na Região do Entre Douro e Minho, em concreto nos concelhos da Póvoa de Varzim, Vila do Conde, Famalicão, Barcelos e
Guimarães.
26
Ruminantes • janeiro | fevereiro | março • 2013
Pela importância que assumem, iremos analisar as principais patologias para as explorações em questão e os resultados reprodutivos. A gestão da parte financeira será abordada num próximo
número, no entanto, é de referir que o programa em questão prevê
outras funcionalidades como actualização, por exemplo, do livro de
registo de medicamentos, o livro do SNIRA, gestão de stocks e alimentação.
2.1. PATOLOGIAS COM MAIOR INCIDÊNCIA
Quadro 1
Principais patologias por exploração
%
100
90
80
Prob.
reprodut.
70
P. motores
60
Outras
doenças
50
40
Mamites
30
Doenças
metaból.
20
10
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9 10 11 12 13 14 15 16
Explorações
Doenças
infeciosas
026-029_Layout 1 1/4/13 3:03 PM Page 27
PRODUÇÃO
Qual a conclusão a tirar da análise dos quadros anteriores?
A mais evidente é que os problemas reprodutivos constituem a
principal incidência em termos de patologia, quer individualmente,
quer no conjunto das explorações.
Se continuarmos a análise do quadro 1, verificamos que, na segunda posição se encontram as mamites (clinicas e subclínicas), situando-se as doenças metabólicas (cetose, hipocálcemia, lipidose
hepática e deslocamento de abomaso) na terceira posição. Curiosamente, e contrariando o que aparece referido em grande parte da
bibliografia, as patologias podais não se encontram nas três primeiras posições.
Gráfico 3
IP-1ª IA Fecundante
Dias
260
240
220
180
160
140
120
100
Dias
515
1
3,5
136
2
3
1
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Exploração
160
130
110
108
100
90
80
70
10 11
9
10 11 12 13 14 15 16
1
2
3
2,4
4
3,1
3
2,4
2,5
2,5
2,3
2,4
10 11
12 13 14 15 16
2
2,2
1,47
5
6
7
8
9
12 13 14 15 16
Média
IA/novilha IA
1
2
95
74
3
101
4
5
119
109
96
94
6
Média do grupo
IPP
(dias)
433
365-395
Gráfico 5
Média IA’s/novilha IA
7
8
Exploração
90
9
79
117
102
85
Exploração
10 11 12 13 14 15 16
Quadro 2: comparação entre os valores de referência e as médias
do grupo relativamente ao IPP, IPP-1ª IA e IPP-1ªIA fecundante
Referência
8
146
135
135
120
60
116
7
156
134
Exploração
Gráfico 2
IP-1ª IA
140
147
Exploração
1,8
1,8
390
150
147
2,8
415
Dias
6
2,2
1,5
440
365
5
3,2
2
465
4
171
158
206
173
Gráfico 4
Média IA’s/vaca IA
2,5
490
139
124
136
Média
IA/vaca IA
3
Gráfico 1
IPP Atual (animais não contabilizados: 152)
193
200
2.2. Resultados reprodutivos
Apresentamos os gráficos com os registos individuais de cada
uma das explorações relativamente a :
- Intervalo Entre Partos (IPP)
- Intervalo Parto-1ª Inseminação
- Intervalo Parto-1ª Inseminação Fecundante
- Média de IAs/vaca inseminada
- Média IAs/novilha inseminada
249
IPP-1ªIA
(dias)
105
65-75
IPP-1ªIA
(fecundante) - (dias)
155
85-115
Quadro 3: comparação entre os valores de referência e as médias
do grupo relativamente à média das vacas e novilhas
Média referência
Média grupo
Média IA/vaca IA
Média IA/novilha IA
2.4
1.6
1.7
Ruminantes •janeiro | fevereiro | março • 2013
1.5
»
27
026-029_Layout 1 1/4/13 3:03 PM Page 28
PRODUÇÃO
Recomendações do NMC
1. Definição de objectivos para a saúde do ubere
2. Manutenção de ambiente limpo, seco e confortável
3. Rotina de ordenha apropriada
4. Correcta manutenção e utilização do equipamento
de ordenha
5. Correcta manutenção de registos
6. Maneio apropriado das mamites clinicas durante
a lactação
7. Maneio apropriado das vacas secas
8. Manutenção da biossegurança em relação a agentes
contagiosos e refugo das vacas cronicamente infectadas
9. Monotorização regular do estado de saúde do ubere
10. Revisão periódica do plano de controlo das mamites
A bibliografia refere que o
custo por dia não fecundante representa uma perda diária entre
2€ a 5€. Entre agricultores encontram-se opiniões variadas
relativamente ao número de
dias entre o parto e a 1ª inseminação, mas apesar da influência
da opinião individual, os valores encontrados através de um
inquérito prévio, variam entre
os 75 e os 90 dias. O que é possível concluir através da análise
destes registos é que existem
grandes perdas associadas aos
dias em aberto, ou seja, ao período em que os animais não
estão gestantes. Para confirmar,
basta confirmar que a média encontrada nestas explorações se
encontra acima da média de referência. Se multiplicarmos a
diferença pelo valor de cada dia
em aberto, obtemos as perdas
da exploração relativamente a
este parâmetro. Os gráficos 4 e
5 confirmam que existem grandes perdas monetárias devidas
aos dias em aberto e evidenciam a sua origem.
3. DISCUSSÃO DOS
RESULTADOS
A observação dos Quadro 1
permite chegar a um importante
diagnóstico: as mamites continuam nos três primeiros lugares
(até aqui nada de novo) e, surpreendentemente, os problemas
relacionados com a reprodução
ocupam o 1º lugar. Mais curioso, as doenças metabólicas
28
BEM ESTAR
ANIMAL
“sobem” de posição, empurrando as patologias podais para
os últimos lugares da tabela.
Este facto não deixa de ser curioso, uma vez que, devido à
sua etiologia multifactorial, as
patologias podais são mais difíceis de controlar. Por outro
lado, a cada vez maior especialização dos agricultores em termos da alimentação dos seus
animais, do conhecimento das
matérias-primas, da comprovada evolução da qualidade das
silagens do Entre Douro e
Minho e dos técnicos que prestam apoio nas explorações, deveriam
estabilizar
o
compromisso com as doenças
metabólicas. O somatório destas razões deveria empurrar as
doenças metabólicas para as últimas posições e colocar os problemas de patas no pódio da
tabela. Tal não se verifica.
E porquê?
É comprovado que a produção leiteira e a fertilidade relacionam-se negativamente, ou
seja, têm curvas com sentido inverso: a produção leiteira aumentou substancialmente ao
longo dos últimos anos e a fertilidade diminuiu quase proporcionalmente. Mas porquê? Qual
a justificação, apesar da crescente especialização da mãode-obra, para este facto?
Como foi referido a propósito
do quadro nº 2, os problemas
reprodutivos, relacionados sobretudo com a diminuição da
fertilidade, e o aumento dos
problemas metabólicos, é justi-
Ruminantes • janeiro | fevereiro | março • 2013
• Controlar a condição corporal (CC),
• Vigiar o parto e controlar o estado da
maternidade
• Controlar apetite, temperatura,
produção leiteira e vivacidade (corpos
cetónicos/calcemia)
• Manter a maternidade limpa e
desinfectada
• Instrumentos de ajuda ao parto
higienizados entre utilizações
• Reduzir a contaminação na
maternidade e transmissão de
micróbios entre vacas
• Observação do corrimento vaginal
ficável por um ineficiente controlo dos animais a nível do periparto. Este é um importante
factor e que afecta negativamente a performance produtiva
e reprodutiva das vacas leiteiras. Não será exagero afirmar
que o periparto (definido como
a fase transição que engloba as
3 semanas anteriores e as 3 semanas posteriores ao parto) é o
período mais importante da
vida de uma vaca de leite. É
nesta fase que ocorrem as alterações mais profundas da vida
destes animais: o parto, a ordenha, a adaptação a um novo
grupo (stress social), a uma
nova alimentação (stress metabólico), exposição do útero e do
úbere a novas fontes de contaminação e imunodepressão
(Costa,LL,2011). Igualmente, é
durante esta fase que os animais
se encontram em balanço energético negativo (BEN). Nos
casos de balanço energético negativo prolongado, determinadas hormonas metabólicas
como a insulina, a insulina
como factor de crescimento
(IGF1),parecem ter mais influência sobre a actividade do
ovário do que a nível do eixo
hipotálamo-hipófise (Comin,
2002, Meyer, 2002). O estradiol
é a hormona responsável pelo
desencadeamento da ovulação,
sendo acompanhada por um
pico pré-ovulatório de LH (Allrich,1994). A diminuição da
concentração circulante de algumas hormonas metabólicas
como a IGF1, leva ao atraso do
desenvolvimento
folicular
(Comin, 2002) e consequentemente á diminuição da produção de estradiol. A diminuição
/inibição da secreção pulsátil de
LH associada ao atraso do crescimento folicular conduz ao retardar do crescimento folicular,
com consequente “delay” da
ovulação e formação de quistos
ováricos. Por outro lado, pensamos, ainda que de forma empírica, que o estreitar da consanguinidade da raça Holstein-Frísia seja responsável por alguns
dos sintomas que as vacas leiteiras manifestam na actualidade, entre eles, a diminuição
da fertilidade.
Como todos sabemos, não
existe uma solução milagrosa.
O sucesso de uma exploração é
um enorme conjunto de variáveis, sendo que as duas com caracter decisivo, os animais e a
mão-de-obra da exploração,
estão sujeitas, elas próprias, a
inúmeras variáveis.
Apesar deste facto, e como há
que começar por algum lado,
deixamos alguns tópicos, sobre
o que pensamos ser essencial
controlar, sobretudo a nível da
incidência de mamites (plano
dos 10 pontos – recomendações
do NMC) e problemas reprodutivos, para inverter a tendência
demonstrada nas explorações
em análise e, consequentemente
garantir um melhor retorno financeiro e uma melhor qualidade de vida, tanto para o
produtor, como para os animais. x
Bibliografia:
Stilwell G,Barros J (2012)
Indicadores da susceptibilidade
a doenças na fase incial da lactação
em vacas leiteiras.
Veterinária Atual.56:26-28
CominA.2002.The effect of na acute
energy deficit on the hormone profile
of dominant follicles in dairy cows.
Theriogenology 5:899-910
National Mastitis Council ,NMCRecommended Mastitis Control
Program - www.nmconline.org
Costa,LL(2011) – Controlar o
periparto é melhorar a eficiência
reprodutiva – Workshop Pfizer
para Produtores de Leite - Leicar.
026-029_Layout 1 1/4/13 3:03 PM Page 29
030-031_Layout 1 1/4/13 3:04 PM Page 30
PRODUÇÃO
ALIMENTAÇÃO
Melhorar a eficiência nas engordas
Luís Veiga,
Engº Zootécnico, REAGRO SA
Pedro Castelo,
Engº Agrónomo, REAGRO SA
[email protected]
[email protected]
É do conhecimento geral que os preços das matérias-primas para a alimentação animal permanecerão
elevados. São vários os factores e já muito discutidos,
deste modo, torna-se imprescindível apostar cada vez
mais na eficiência alimentar para garantir resultados
técnico-económicos positivos.
Imagem 1 – Síntese do modo de acção do Carneoboost
Metabolismo energético no rúmen
AMiDo
• Megasphaera elsdenii
• Selenomonas ruminantium
LActALe
30
AcetAto
AGVt
2
0
reSuLtADo
ButirAto
H2
L-lactate consumido
testemunha
Bactérias celulolíticas:
ProPionAto
c3
4
co2
Bactérias metanogénicas (Archaea):
• Methanobrevibacter ruminantium
cH4
• Methanosrcina barkeri
6,8
6,6
6,4
6,2
6
5,8
5,6
5,4
5,2
5
ensaio
Acetato
Propinato
Fonte: Univ Piacenza, 2005
Imagem 3 – Resultado sobre o pH
Produção por Megasphera
elsdenii (mM)
Outras bactérias (usuários lactale):
6
FiBrA
Bactérias amilolíticas:
• dont Streptococcus bovis
Imagem 2 – As leveduras inactivas estimulam
o consumo de Lactato e a produção de Acetato e Propionato
**
10
**
**
8
Produção por Megasphera
elsdenii (mM)
Assim, a partir do momento em que o preço as proteaginosas começaram a disparar, procuramos encontrar uma alternativa com o
intuito de minimizar este impacto no custo alimentar e, se possível,
melhorando as performances zootécnicas.
Neste artigo discutiremos um aditivo zootécnico que nos pareceu interessante do ponto de vista técnico e económico (CARNEOBOOST). Apesar do seu interesse ter sido demonstrado em
muitas experiencias (in vitro e in vivo com raças, climas e tipos de
alimentação e forragens diferentes) fizemos questão de fazer um
ensaio para que poder tirar conclusões adaptadas aos nossos animais e clima. Para que isto fosse possível contámos com o apoio da
Universidade de Évora que tem condições óptimas para a realização deste tipo de estudo.
O aditivo utilizado no ensaio, Carneoboost, é uma combinação de
leveduras inactivas e óleos essenciais, destinados a bovinos de raças
especializadas na produção de carne de forma a melhorar as performances de crescimento. Este produto, desenvolvido e testado em
colaboração com o INRA (Institut National de la Recherche Agronomique) controla o pH ruminal, melhora a digestibilidade da ração
e aumenta a produção de ácido propiónico (C3).
Na Imagem 1 está simplificada a forma como se processa o metabolismo energético no rúmen para uma produção eficaz de carne.
Como sabemos, a maioria dos microrganismos do rúmen obtêm a
sua energia da fermentação dos açúcares, em seguida dos provenientes da hidrólise do amido (bactérias amilolíticas) e, por fim dos
resultantes da hidrólise da celulose (bactérias celulotíticas). A quantidade total de ácidos gordos voláteis (ácido acético, ácido propiónico, ácido butírico e outros ácidos gordos menores), produzidos e
absorvidos, são proporcionais à quantidade de matéria orgânica degradada no rúmen e, por consequência, à quantidade de substância
microbiana formada. A quantidade de energia que contêm representa, em média, metade da energia consumida no rúmen. Sendo
esta a principal fonte de energia para o animal.
Como demonstraram os estudos realizados na Universidade de
Piacenza (2005), as leveduras inativas estimulam o consumo de lactato e a produção de ácido acético (acetato) e ácido propiónico (propionato) através da bactéria Megasphera Elsdenii (Imagem 2). A
nível prático, o efeito das leveduras foi demonstrado através da análise do pH do rúmen (Imagem 3), uma vez que a diminuição de ácido
acético conduz a um aumento do pH do rúmen. Assim, concluiu-se
que estas leveduras permitem limitar a diminuição do pH ruminal
mesmo em arraçoamentos excessivamente acidogénicos (66 % de
cevada).
Ruminantes • janeiro | fevereiro | março • 2013
Feno
Feno + cevada
030-031_Layout 1 1/4/13 3:04 PM Page 31
ALIMENTAÇÃO
Para além dos fenómenos descritos anteriormente, existem outras
vantagens decorrentes da utilização deste aditivo, relacionadas com
o facto de os óleos essenciais conduzirem as fermentações microbianas de forma a resultar num aumento da produção dos Ácidos
Gordos Voláteis (Acetate, Butirato e Propionato), principalmente
o ácido propiónico sem perturbar a flora microbiana. Este aumento
de ácido propiónico também dá origem a uma redução da produção
de metano (CH4) que, apesar de ter vantagens ambientais, também
é sinonimo de uma melhoria da eficácia da ração uma vez que a
perda sob a forma de metano pode representar até 10% da energia
bruta ingerida (Imagens 4 e 5).
Imagem 4 – Metano: Origem do metano ruminal
PRODUÇÃO
ração A em relação aos animais que tinham a ração B à disposição
ao longo de todo o período do ensaio (aproximadamente 6 meses).
No entanto, considerando o total dos animais, os lotes da farinha
A tiveram ganhos médios diários superiores (1636 g/dia) aos lotes
da farinha B (1525 g/dia) em, aproximadamente, 110 g/dia. Curiosamente, o consumo de ração média diária por animal dos lotes A
foram inferiores (7,72 Kg/animal/dia) relativamente aos animais do
grupo B (8,15 Kg/animal/dia).
No que diz respeito à análise económica, a utilização deste aditivo não significa necessariamente que o concentrado tenha um
preço mais elevado, no entanto como utilizamos a mesma fórmula
em A e B, apenas diferindo na adição do aditivo à farinha A, vamos
considerar que esta custa mais 7 €/ton. Considerando matérias-primas a preços correntes e valores teóricos de fabrico e transporte,
atribuímos o valor de 337 €/ton à farinha A e de 330 €/ton para a
farinha B. Podemos concluir através da Tabela 3 que apesar do
preço do concentrado com o aditivo (farinha A) ser superior à farinha B, em termos económicos foi mais vantajoso o lote que comeu
este concentrado (1,59 €/kg PV vs 1,76 €/kg PV).
Para concluir, referimos apenas que este poderá ser um dos caminhos possíveis para atenuar o aumento contínuo dos preços das
matérias-primas a que temos assistido. x
Tabela 1 – Dados referentes ao ensaio realizado na Mitra
(Universidade de Évora, 2012)
120
Imagem 5 – Metano: Ensaio TECHNA in vitro
(Agro Paris Tech, 2011) – Emissão de CH4
-51%
Base 100
100
80
GMD (g)
A1
6
1510
40
20
testemunha
carneoboost
Finalmente, para justificar as vantagens descritas anteriormente,
procedemos à realização de um ensaio realizado na Universidade
de Évora (Mitra) entre 4 de Maio de 2012 e 29 de Agosto do mesmo
ano, seguindo todos os critérios cuidadosamente de forma a ter resultados credíveis. Foram considerados 37 animais de quatro raças
distintas (Charolesa, Limousine, Alentejana e Mertolenga) nascidos
entre os Meses de Julho e Outubro de 2011, onde se fizeram lotes
homogéneos. Os lotes estavam separados da seguinte forma: A1
(fêmeas), B1 (fêmeas), A2 (Machos mais pequenos), B2 (machos
mais pequenos), A3 (Machos mais pesados) e B3 (machos mais pesados). As fórmulas do concentrado A e B foram idênticas sendo a
única diferença a adição de 2 Kg do aditivo Carneoboost. Os alimentos foram apresentados na forma de farinado.
Ao longo de todo o período do ensaio foi pesado a farinha dada
em cada lote, garantindo que em nenhum momento faltasse alimento concentrado, água ou palha aos animais. Estes foram pesados à entrada (4 de Maio), a 23 de Maio, a 20 de Junho, a 20 de
Julho, a 22 de Agosto e à saída (29 de Agosto). Através da observação da Tabela 2 podemos concluir que os ganhos médios diários
(GMD) por animal foram superiores nos animais que comeram a
A2
7
A3
6
1336
2062
B1
6
B2
6
1342
1380
B3
6
1853
Tabela 2 – Dados referentes ao ensaio na Mitra
separados pelos Lotes A e B
Variáveis
número
GMD (g)
60
0
Variáveis
número
A
19
1636
B
18
1525
Total
37
1580
Total
37
1581
Tabela 3 – Análise económica referente ao ensaio
Análise económica
concentrado ingerido
Preço concentrado
consumo Médio diário
custo concentrado
Índice de conversão
custo total/Kg
Unidade
Kg/animal
€/ton
Kg
€/animal/dia
€/1 kg PV
A
7,72
337
7,72
2,60
4,72
1,59
Ruminantes •janeiro | fevereiro | março • 2013
Lotes
B
8,15
330
8,15
2,69
5,34
1,76
31
032-035_Layout 1 1/4/13 3:04 PM Page 32
ECONOMIA
OBSERVATÓRIO
Breves comentários e previsões
sobre o mercado de matérias-primas
Paulo Costa e Sousa
Engº. Agrónomo - Director Comercial
da Louis Dreyfus Commodities - Portugal
No que aos cereais diz respeito, encontramo-nos desde há cerca
de um mês numa situação algo curiosa, arriscaríamos mesmo
dizer um pouco paradoxal, que classificaremos como uma
espécie de “engano da realidade”.
A colheita desastrosa do ano
2012, quer em trigo quer em
milho, um quadro de oferta e
procura bastante apertado do
lado da oferta e poucas notícias
ainda sobre a próxima colheita,
deveriam ter determinado um
mercado altista, na sequência
do que vinha acontecendo
desde há alguns meses. Mas,
à laia de “prenda de Natal” antecipada, os mercados perderam cerca de 15 euros desde o
início do mês de dezembro.
Alguns fatores convergiram
para isto, colocando-se a questão de, se os mesmos desaparecerem no início do ano
podermos voltar ao estado inicial em que se faz sentir a situação apertada em termos de
disponibilidade física de produto.
Que factores foram estes ?
- uma relação euro/usd favorável em relação ao histórico
recente fez com que os preços
em euros pudessem melhorar
sem que o seu contra valor em
dólares tenha sofrido uma
baixa igual;
-a bolsa de Futuros de Chicago, que perdeu cerca de 80
cent/bu no caso do milho e
cerca de 100 cent/bu no caso do
trigo com vendas massivas por
parte dos fundos financeiros;
Estes dois fatores contribuíram fortemente para que os
prémios FOB* só por si não
conseguissem aguentar o mercado, fazendo assim o preço no
mercado baixar cerca de 10/15
euros.
A grande pergunta que se coloca é se, em janeiro o mercado
voltará a acreditar numa situação apertada, ou se esse aperto
terá sido sobrevalorizado.
Há que tomar em linha de
conta que a quantidade disponível não aumentou no último
mês e que a nova colheita ainda
vem muito longe, donde que
não seria de estranhar que tudo
possa voltar a subir de acordo
com essa perspetiva.
O relatório de janeiro do
USDA vem normalmente dar
alguma luz sobre o comportamento dos mercados para os
próximos meses.
No milho que é, no caso português, o cereal forrageiro mais
importante, continuamos dependentes de duas origens,
Brasil e Ucrânia, baixando tradicionalmente o primeiro as
suas disponibilidades entre fevereiro e agosto, ficando assim
os preços muito ao sabor do
que possa acontecer com as exportações ucranianas, o que
tem um impacto relevante sobretudo para o segundo trimestre. Estamos assim perante uma
nova encruzilhada sobre a qual
teremos provavelmente novidades durante o mês de janeiro.
No caso das proteínas, já se
verificou nos últimos meses
uma baixa considerável dos
preços pelo que, antes da nova
colheita sul americana não de-
veríamos ver o mercado drasticamente mais baixo. Assim
sendo e até ao verão, o mercado deveria flutuar por estes
níveis.
Obviamente que dizer em
dezembro “até ao Verão” é algo
substancialmente arriscado,
uma vez que já está mais que
provado que realmente tudo
pode acontecer num curto espaço de tempo; começaremos
provavelmente no habitual
“weather market”, mas as questões sobre a produção sul americana que se avizinha deverão
ficar cada vez mais claras nos
próximos tempos. Assim, aconselha-se uma espécie de navegação “às vista”, ao contrário
dos cereais em que as primeiras notícias poderão ser determinantes sobre a direção do
mercado para os próximos
meses e até que haja os primeiros vislumbres da próxima colheita. x
*FOB - Free On Board
Nota: Os preços e os cenários previstos para a evolução dos mercados de matérias- primas estão sujeitos a muitos imponderáveis
e exprimem apenas opiniões profissionais à luz do melhor conhecimento num determinado momento. Assim, a Revista Ruminantes
não garante a confirmação e/ou o cumprimento dos preços e previsões feitas sobre os preços das matérias-primas sujeitas à
analise do Observatório dos Mercados, não constituindo assim ofertas de compra ou de venda.
32
Ruminantes • janeiro | fevereiro | março • 2013
032-035_Layout 1 1/4/13 3:04 PM Page 33
ECONOMIA
Evolução do preço médio de matérias-primas (em Euros/Tonelada)
Preços semanais (€/ton) de 14 de Março 2011 a 14 Dezembro 2012
Fonte: Site www.revista-ruminantes.com
Milho
Cevada
Trigo
Bagaço de soja
Bagaço de colza
Bagaço de girassol
Evolução do preço médio de alimentos compostos para animais (em Euros/Tonelada) Fonte: IACA
Novilhos de engorda
Vacas leiteiras
em produção
Ruminantes •janeiro | fevereiro | março • 2013
33
032-035_Layout 1 1/4/13 3:04 PM Page 34
ECONOMIA
OBSERVATÓRIO
Procura mundial
de leite deverá
diminuir
Fontes: Rabobank, LTO, SIMA
A recuperação dos preços internacionais de produtos
lácteos, ocorrida entre agosto do ano passado e o último
trimestre deste ano foi lenta, de acordo com o relatório
Rabobank do quarto trimestre de 2012. O consumo
continua mais fraco que o previsto e os principais compradores têm assegurada cobertura para os próximos
tempos. Como tal, o Rabobank espera que o crescimento da produção de leite em regiões-chave de exportação continue a cair abaixo dos níveis anteriores, no
primeiro semestre de 2013. Enquanto os stocks atuais
dos compradores proporcionem uma proteção temporária da escassez de oferta, o mercado vai inevitavel-
mente cair ainda mais, mesmo que venha a dar-se uma
ligeira subida na procura devida a importações provenientes de regiões compradoras chave.
Tim Hunt, investigador do Rabobank Food & Agrobusiness, comentou: "O facto de a primeira contração
da oferta de leite nas regiões de exportação não ter conseguido, em dois anos e meio, gerar um forte aumento
dos preços no mercado internacional no 4 º trimestre,
sugere duas coisas: um consumo mais fraco e a existência de bons stocks por parte dos compradores chave.
Enquanto o consumo deverá continuar a crescer a um
Evolução do preço mensal médio do leite, no mundo
Como os preços são pagos em diferentes países e em condições diferentes, não são comparáveis numa base de litro padrão
*
Com base no preço ajustado para 4,2% gordura e proteina de 3,4%.
** Com base na informação do USDA, ajustado para 4.2% gordura, 3.4% proteina e contagem de células somáticas de 249,999 por ml.
*** Os números LTO têm como base leite standard com 4.2% gordura, 3.4% proteina bruta e contagem de células somáticas 249,999
e contagem bacteriana total 24,999, utilizando-se uma quantidade de produção anual de 500.000 kg.
**** Preço estabelecido para teores variáveis de matéria gorda e proteína.
34
Ruminantes • janeiro | fevereiro | março • 2013
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ECONOMIA
ritmo lento em 2013, a cobertura atual para os próximos tempos irá fornecer um isolamento temporário aos
compradores, pelo que prevemos que a situação ainda
possa piorar para o lado da produção.”
Para a maioria dos produtores de leite europeus, 2012
tem sido um ano difícil. Durante o verão, frio e húmido
que se fez sentir na Europa Ocidental, as vacas necessitaram de alimentação suplementar. Os preços dos fatores de produção também aumentaram. Esta situação
forçou o aumento do custo da produção de leite, levando a uma diminuição da produção em todos os principais países europeus produtores na segunda metade
do ano. O Rabobank espera que a produção de leite da
UE acompanhe os níveis de anos anteriores durante a
primeira metade de 2013.
Companhia
Bélgica
Milcobel
Alemanha
Humana Milchunion eG
Dinamarca
Finlândia
França
Alois Müller
Nordmilch
Arla Foods
Hameenlinnan Osuusmeijeri
Bongrain CLE (Basse Normandie)
Danone
Lactalis (Pays de la Loire)
Sodiaal
Inglaterra
Irlanda
Itália
Holanda
Dairy Crest (Davidstow)
First Milk
Glanbia
Kerry
Granarolo (North)
DOC Kaas
Friesland Campina
PREÇO MÉDIO DO LEITE - OUTUBRO (2)
31,65
30,55
32,12
31,10
30,97
32,12
30,43
43,23
33,51
32,02
31,10
32,40
38,06
33,33
30,44
31,00
40,24
32,27
34,27
33,48
50,01
» Portugal
LEITE À PRODUÇÃO
Preços Médios Mensais de outubro 2011 a outubro 2012
Leite Adquirido a Produtores Individuais
Meses
31,74
31,12
33,42
44,06
33,69
0,324
0,318
3,81
3,91
3,22
3,24
dezembro
0,324
0,315
3,84
3,78
3,28
3,20
novembro
fevereiro
33,18
33,80
março
31,62
maio
abril
34,84
30,67
40,76
33,84
34,80
33,76
Suiça
Emmi A.G.
46,63
Nova
Zelândia
Fonterra
26,76
28,57
EUA
EUA (3)
39,96
32,94
Teor médio
de matéria gorda Teor proteico (%)
(%)
outubro
janeiro
33,87
30,85
Eur / Kg
Contin. Açores Contin. Açores Contin. Açores
2011
Países
Fonte: LTO
Preço
Média
do leite
últimos
(€/100 Kg)
OUTUBRO 12 meses (4)
2012
Neste contexto, qualquer aumento da procura pode
levar a tensões e, provavelmente, mais tarde a preços
mais altos. Concluindo, o Rabobank refere que os países com baixos custos de produção de leite não serão
capazes de cobrir toda a procura proveniente dos países emergentes, e estima que os preços deverão continuar numa trajetória de subida. x
2012
PREÇO DO LEITE STANDARDIZADO (1)
O quadro não é diferente nos Estados Unidos, com
os preços do leite com tendência para baixarem, juntamente com o aumento dos custos de produção, o que
diminui a rentabilidade das explorações leiteiras e,
eventualmente, poderá reduzir a oferta. A contração deverá fazer-se sentir inicialmente no leite em pó, embora
o Rabobank estime que a mesma não deverá cair abaixo
de 0,9%, na primeira metade do ano.
junho
julho
agosto
setembro
outubro
0,325
0,324
0,322
0,321
0,312
0,311
0,315
0,296
0,312
0,299
0,318
0,294
0,293
0,294
0,288
0,292
0,296
0,287
0,285
0,290
0,317
0,320
3,86
3,81
3,83
3,74
3,75
3,71
3,66
3,65
3,66
3,69
3,78
3,93
3,67
3,63
3,63
3,61
3,65
3,71
3,70
3,80
3,87
3,94
3,30
3,26
3,25
3,25
3,24
3,21
3,18
3,28
3,16
3,17
3,20
3,20
3,19
3,11
3,18
3,09
3,23
3,13
3,19
3,30
3,09
3,17
Fonte: SIMA
(1) Preços sem IVA, pagos ao produtor; Preço do leite de diferentes
empresas leiteiras para 4,2% de MG e 3,4 de teor proteico • (2)
Média aritmética
(3) Ajustado para 4,2% gordura, 3,4% proteina e contagem de
células somáticas 249,999/ml • (4) Inclui o pagamento suplementar
mais recente
Ruminantes •janeiro | fevereiro | março • 2013
35
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PRODUÇÃO
ALIMENTAÇÃO
Silagem de erva - Otimize a qualidade
Depois da Silagem de Milho, a Silagem de Erva é a
forragem conservada mais utilizada pelo produtor de
leite nacional. Esta pode ser muito valiosa
nutricionalmente, se manuseada convenientemente.
Além disso, a ideia de que a silagem de erva tem um
custo ao produtor mais baixo que a silagem de milho
parece-nos incorreta; cálculos detalhados efectuados
indicam que a elaboração de silagem de erva é muitas
vezes tão ou mais dispendiosa que a silagem de
PERÍODO DE PRÉ FENAÇÃO
É muito importante entendermos os princípios biológicos da
pré fenação de uma forragem, pois só dessa forma conseguiremos
maximizar a taxa de secagem e a qualidade final da mesma. O
primeiro conceito a ter em conta é que um cordão largo imediatamente após o corte é o factor único mais importante na
maximização da taxa de secagem e na preservação dos açúcares e outros nutrientes.
Alguns estudos, como ensaios efectuados na Universidade de Wisconsin, revelaram que quando a luzerna era colocada durante o período de pré fenação em cordões largos, atingia os 65% de Matéria
Seca em apenas 10 horas e que a mesma poderia ser colhida para fenosilagem no mesmo dia.
A mesma forragem, dos mesmos campos, colocada em cordões
mais estreitos, não estava em condições de ser enfardada antes do
fim do dia seguinte. A verdade é que um cordão largo pode ser
mais importante do que uma condicionadora.
Ao colocar a forragem, neste caso luzerna, em cordões largos (72%
da largura de corte), imediatamente após o corte, aumentou a qualidade da mesma, quando comparada com cordões mais estreitos (25%
da largura de corte). Após 2 meses de período de ensilagem, a luzerna proveniente de cortes mais largos continha 2,3% menos de
36
Ruminantes • janeiro | fevereiro | março • 2013
milho, principalmente quando falamos de rolos de
erva plastificados (big bales).
Neste artigo focaremos alguns aspectos que nos
parecem essenciais na obtenção de silagens de erva
de elevada qualidade:
- Período de Pré fenação;
- Teor em Matéria Seca;
- Comprimento de Corte;
- Conservação.
NDF, e 1,8% mais de Hidratos de Carbono não estruturais.
Esta última diferença é devida ao facto de que em cordões mais
estreitos os açúcares são transformados em Dióxido de Carbono,
pelo processo respiratório. A fenosilagem de cordões mais largos
continha mais nutrientes digestíveis e mais ácido láctico e acético. Este aumento do teor de ácidos indicou uma melhor fermentação, com menores perdas de Matéria Seca, sendo que a
qualidade geral melhorada da mesma levou a um aumento da produção de leite estimada em mais de 300 litros/ha.
TEOR EM MATÉRIA SECA
O teor em Humidade da Silagem de Erva é um factor importante,
que afecta tanto a qualidade de fermentação como a produção de leite
estimada de uma exploração.
As silagens de erva muito húmidas, com teores de Matéria Seca
menores que 25%, têm os seguintes inconvenientes:
√ Silagens com teores de Clostridia bastante elevados;
√ Dietas com elevado teor de humidade, que levam a diminuição da ingestão.
Para evitar estes problemas, a silagem de erva deverá
conter sempre mais de 30%
de Matéria Seca.
A fermentação ideal de forragens de erva deverá estar
direcionada para a produção
de Ácido Láctico e Ácido
Acético, de forma a garantirmos uma acidificação rápida da forragem e uma estabilidade aeróbica
melhorada. No entanto, forragens com teores de Matéria Seca menores do que 30% revelaram fermentações prolongadas que requereram mais açúcares solúveis. Além disso, frequentemente, em
silagens muito húmidas, o teor em Clostridia é bastante mais elevado.
036-037_Layout 1 1/4/13 3:06 PM Page 37
ALIMENTAÇÃO
Estes organismos anaeróbicos são muito problemáticos porque:
√ Degradam o Ácido Láctico e os Aminoácidos;
√ Produzem Ácido Butírico, que diminui bastante a apetência
da silagem pelos animais;
√ Elevam o pH da silagem, permitindo o crescimento de outros microrganismos nocivos.
COMPRIMENTO DE CORTE
Dependendo do teor em Matéria Seca, o comprimento de corte é
deveras importante na Silagem de Erva. No sentido de optimizarmos
a incorporação de Silagem de Erva na dieta, e impedirmos a selecção
na manjedoura por parte dos animais, é imprescindível que o corte
seja limpo e homogéneo. Como regra prática, com teores de Matéria
Seca a rondar os 35%, sabemos que a eficiência da fibra (epNDF) de
uma silagem de erva com 3-4 cm é idêntica à de uma Silagem de
Milho com um comprimento de corte de aproximadamente 10 mm.
CONSERVAÇÃO
Bactérias Lácticas (cfu/gFM)
É sem dúvida um desafio conservar adequadamente silagem de
erva. Pelo seu teor elevado, geralmente, em proteína, torna-se bastante difícil baixar o pH desta forragem, pelo efeito tampão exer-
PRODUÇÃO
Frequentemente, a população natural de bactérias presentes na forragem pode não ser a ideal para transformar os açúcares em ácidos
de fermentação (ácidos gordos voláteis).
Por todos estes motivos, a utilização de boas práticas de ensilagem,
juntamente com teores de Matéria Seca ajustados, é imprescindível, se
quisermos optimizar a qualidade final. Neste tipo de forragem, a densidade no silo é fundamental, para prevenir a penetração de oxigénio
e manter a estabilidade aeróbica elevada. Por fim, mas no topo da importância a utilização de um inoculante específico para silagem de
erva, devidamente testado e comprovado com estudos de campo, é deveras importante na optimização da qualidade final da silagem de erva.
As perdas médias de Matéria Seca em silos não inoculados rondam
os 25%, no entanto o intervalo vai de 10-70% de perdas. Estas perdas significam custos acrescidos ao produtor, que podem inviabilizar
a vantagem económica da mesma. A manutenção da qualidade da
proteína é um dos pontos fulcrais, afinal estamos a falar de uma forragem que produzimos a pensar quase exclusivamente neste nutriente. Um Inoculante de Qualidade, com o Inoculante patenteado
Pioneer 11G22 ou 11A44, garante-lhe a manutenção da qualidade da
proteína, com baixa produção de N-NH3, mas ainda muito mais:
√ Fermentação eficiente e mais rápida;
√ Diminuição das perdas de Matéria Seca;
√ Aumento da Estabilidade Aeróbica;
√ Aumento da Produção de Leite/kg de MS de Silagem de Erva.
Não tenha dúvidas, na Silagem de Erva a utilização
de um Inoculante é obrigatória.
Optimize a qualidade e a produção por hectare.
cido pela mesma. Para além disso, a relativa baixa incorporação
desta silagem nas dietas de bovinos de leite, leva a taxas de renovação da frente de silo mais baixas, o que poderá causar problemas graves de estabilidade aeróbica.
Conte com a Pioneer. Nós estamos sempre por perto.
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Ruminantes •janeiro | fevereiro | março • 2013
37
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ACTUALIDADES
PORTUGAL
Projeto “Leite Saudável”
Um exemplo de cooperativismo
O projeto “Leite
Saudável — Desenvolvimento de
leites inovadores
naturalmente enriquecidos em componentes benéficos
à saúde”, divulgou
recentemente os resultados mais relevantes alcançados ao longo dos três anos da
sua duração.
Este projeto — promovido pela CAVC Cooperativa Agrícola de Vila do Conde, o
Instituto de Ciências e Tecnologias Agrárias
e Agroalimentares (ICETA) e a União das
Cooperativas e Produtores de Leite de EntreDouro e Minho e trás-os-Montes, U.C.R.L.
(Agros) — teve por objetivo o desenvolvimento de novos processos de produção de
leite de vaca e novos produtos, e a introdução de melhoramentos nos processos de produção existentes de forma a garantir que o
leite é produzido em sistemas certificados, a
partir de vacas saudáveis, com glândulas mamárias sãs e em ambientes proporcionadores
de bem-estar animal, minimizando o impacto
negativo no ambiente e na saúde pública.
Esta fase que agora terminou, centrou-se
em 20 explorações de bovinos de leite de Vila
do Conde, e foi constituída por várias atividades interligadas entre si: certificação das
explorações agrícolas, melhoria da qualidade
do leite através da implementação de programas inovadores ao nível da exploração, produção de leite com gordura saudável e
redução do impacto negativo das explorações
no ambiente.
O projeto “Leite Saudável” pretende vir a
contribuir para ganhos de gama, passando
por transformações de natureza qualitativa e
diferenciadora da produção e pela sua valorização comercial junto do consumidor, mormente em termos de efeitos benéficos para a
saúde humana; e que venha a gerar um conjunto de regras e procedimentos relacionados
com a sanidade animal, o bem-estar, a saúde
pública e a proteção do ambiente que, além
da importância óbvia, serão úteis para o licenciamento das explorações.
Como refere Ana da Conceição Moreira
Gomes, responsável do projeto, “importa
lembrar que a obtenção da certificação das
explorações, bem como todas as inovações
38
deste projeto, têm de ser encaradas como o
início de uma nova etapa no sentido de se
melhorar, sempre os serviços (…). Não esquecer que é hoje fundamental encontraremse as soluções para se conseguir melhorar o
bem estar e a longevidade produtiva dos animais, reduzir os custos de produção e o potencial poluente das explorações leiteiras,
bem como garantir a segurança alimentar dos
produtos produzidos – carne e leite.
Resumidamente, citamos as principais
conclusões dos resultados divulgados:
- a implementação de um programa de
qualidade do leite nas explorações do projeto
“Leite Saudável” permitiu melhorar os indicadores de saúde do úbere, reduzindo o consumo de antibióticos intramamários no
tratamento de mastites. Esta evolução tem
impacto quer na produtividade e rentabilidade da exploração, quer na saúde pública,
por minimizar o aparecimento de resistências
a antibióticos e o risco de presença de resíduos de inibidores do leite.
- a substituição de sabões cálcicos de óleo
de palma por uma mistura de linhaça e girassol conduziu a: um aumento da produção de
leite sem alterar a sua composição; um aumento dos teores de ácido vacénico e de
CLA, com efeitos benéficos para a saúde humana; à diminuição da saturação da gordura
do leite e aumento dos ácidos gordos monoinsaturados e polinsaturados; à diminuição
do rácio de ácidos gordos polinsaturados
omega-6:omega 3;
- a manipulação do sistema alimentar, ao
nível da exploração permitiu, com sucesso,
alterar a gordura do leite sem prejudicar a sua
produção diária.
- a estratégia de utilização do azoto da dieta
nas explorações estudadas foi cerca de 30%
do total de N ingerido; a estratégia de alimentação afetou a eficiência de utilização do
N, sendo superior com a estratégia TMR; o
teor em proteína da dieta teve um efeito importante na excreção de N e, consequentemente, na eficiência de utilização do N.
Os resultados sugerem que a correta correspondência entre o N ingerido e o necessário, mais facilmente atingida com a
alimentação em grupos de acordo com a produção, representa uma estratégia passível de
diminuir a excreção de N nas explorações leiteiras. x
Ruminantes • janeiro | fevereiro | março • 2013
Rendimento agrícola em
Portugal aumenta 9,3%
Os rendimentos por trabalhador no setor
agrícola em Portugal devem aumentar
9,3% em 2012, o quinto maior crescimento
na União Europeia. Este resultado contraria
a redução de 10,7% registada pelo gabinete
europeu de estatística em 2011.
Na UE 27, o rendimento agrícola real por
unidade de trabalho aumentou 1% em
2012, depois de ter subido 8,0% em 2011,
de acordo com as primeiras estimativas publicadas pelo Eurostat. Este aumento resultou de um incremento do rendimento
agrícola real (+0,5%), acompanhado por
uma redução da força de trabalho agrícola
(-0,5%).
Segundo as estimativas, o rendimento
real agrícola por trabalhador cresceu entre
2005 e 2012 na UE 27 de 29,7%, enquanto
a força de trabalho agrícola diminuiu em
20,0%.
Em 2012, o crescimento do rendimento
agrícola real na UE 27 foi principalmente
devido ao aumento no valor da produção
do setor agrícola medido a preços de produção em termos reais (1,8%), enquanto o
custo dos fatores de produção progrediu em
termos reais (1,6%).
Em 2012, o rendimento agrícola real por
trabalhador deve aumentar em 16 EstadosMembros e cair em 11. Os maiores aumentos são esperados na Bélgica (30,0%),
Países Baixos (14,9%), Lituânia (13,6%),
Alemanha (12,1%) e Portugal (9,3%), e as
maiores quebras na Roménia (-16,4%),
Hungria (-15,7%) e Eslovénia (-15,1%).
A subida que se verifica no valor da produção animal é principalmente devida a um
aumento nos preços (+3,9%), enquanto o
volume diminuiu ligeiramente (-0,2%).
Os volumes diminuíram para o gado bovino (-2,4%), ovos (-1,8%), ovinos e caprinos (-1,2%) e suínos (-1,0%), aumentaram
para o leite (+0,9%) e as aves (+2,7%).
Os preços caíram para o leite (-5,4%),
ovinos e caprinos (-1,3%), mas cresceram
para as aves (+1,9%), bovinos (+8,5%), suínos (+10,2%) e ovos (+36,2%). x
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PRODUÇÃO
FERTILIZANTES
D-Coder, o adubo inteligente
uma escolha racional
Mínimo
Sendo, hoje em dia, a alimentação das vacas o maior
custo na produção de leite faz todo o sentido
maximizar, quantitativa e qualitativamente, a produção
de alimento na própria exploração. O que puder ser
produzido em casa é escusado comprar fora!
Dado que o investimento em preparação do terreno, sementes,
fitofármacos e outros fatores de produção é elevado, fará algum
sentido cortar num dos fatores de produção, neste caso específico
no fertilizante?
Lembremo-nos da conhecida lei dos mínimos ou “Lei de Liebig”. Apesar de ser
uma das leis da nutrição vegetal, pode perfeitamente ser aplicada ao maneio de qualquer cultura.
Se todos os fatores estiverem no nível
ótimo, a nossa produção será máxima. No entanto, basta que apenas um dos fatores seja
limitante para que toda a produção seja afetada e consequentemente não aproveitarmos
a totalidade do investimento feito em todos
os fatores de produção.
Atendendo ao facto da semente ter um potencial genético produtivo, devemos fazer os possíveis para que todas as necessidades
da cultura sejam satisfeitas, durante todo o seu ciclo de desenvolvimento (desde a sementeira até à colheita). As condições limitantes fazem com que a produção efetiva se afaste do potencial
genético, pelo que deveremos minimizar a soma destas condicionantes para conseguirmos obter o melhor resultado final. Só assim
poderemos maximizar todo o investimento realizado.
Potencial genético
100%
0%
Como funciona o D-Coder?
As plantas, quando estão submetidas a uma necessidade nutricional, emitem sinais moleculares através das raízes para a rizosfera, entre as quais se encontram um grupo específico de
moléculas orgânicas com a função de complexar nutrientes e de
os transportar para a raiz onde são assimilados (Pinto net al. 2001;
Marschner, 1995; Mengel y Kirby, 2001)
O complexo D-CODER é uma malha química de fixação molecular com recetores específicos que interpretam e descodificam,
os sinais químicos emitidos pela raiz.
Assim, a libertação de nutrientes por parte do D-Coder, dá-se da
seguinte forma:
- Reconhecimento molecular (D-Coder identifica o sinal que a
planta emite a solicitar nutrientes.)
Sinais químicos
D-Coder
Abertura
- Interação D-Coder/sinal (abre-se a malha e dá-se a libertação de
nutrientes, de acordo com os sinais emitidos.)
Soma das condições limitantes
A fertilização é um fator de produção presente desde a sementeira até ao final do ciclo do milho, pelo que fará todo o sentido
ser feita da forma mais racional, mais correta e mais eficiente possível.
A gama D-coder é a única do mercado que também atua em
função das necessidades da planta.
40
Com a tecnologia D-Coder diminuímos as perdas de fertilizante, fazemos com que o CRU (coeficiente real de utilização)
das unidades de fertilizante seja o mais alto possível, não provocamos desequilíbrios nutricionais à cultura e contribuímos para
um aumento qualitativo e quantitativo da produção.
Com a gama D-Coder conseguimos ter os nutrientes disponíveis
para a cultura ao longo de todo o seu ciclo, maximizando a nutrição da planta.
Ruminantes • janeiro | fevereiro | março • 2013
Com a tecnologia D-Coder conseguimos ter:
- Máximo aproveitamento das unidades de fertilizante;
- Fertilização ajustada às necessidades da cultura;
- Maior rentabilidade da exploração;
- Uma fertilização que respeita o meio ambiente.
Um adubo inteligente, uma escolha racional.
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FERTILIZANTES
PRODUÇÃO
Resultados Práticos
Desenvolvimento da planta (trigo)
90
+24%
80
70
Rendimento (milho)
17.500
17.000
16.500
60
50
16.000
30
15.000
15.500
40
20
10
+14%
14.500
+40%
Nº de folhas
Nº de grãos
Controlo
14.000
Kg/ha
Controlo + D-CODER
Emissão de sinais
Ausência
de sinais
EUA: FDA quer limitar uso de antibióticos
Do ponto de vista regulamentar, a preocupação com as bactérias resistentes aos antibióticos tem estado na vanguarda da agenda
da US Food and Drug Administration (FDA)
desde há mais de 40 anos. Isso levou a uma
mudança na política regulatória e a um ambiente mais rigoroso em termos legais.
De facto, em 1988, a FDA declarou que
todos os novos antibióticos aprovados para
uso em animais destinados à alimentação só
devem ser administrados por prescrição médica, de acordo com Richard Carnevale, vicepresidente dos departamentos regulador,
científico e internacional do Instituto norte
americano de Saúde Animal. Desde então,
tem havido algumas pressões a favor dum
maior controlo do uso de antibióticos em animais destinados à alimentação.
Numa notícia publicada recentemente no
site Beefpoint.com, Richard Carnevale diz
que, futuramente a utilização dos antibióticos
na alimentação animal deverá ficar limitada
ao seu uso para fins terapêuticos. Contudo, refere “o seu uso para fins de promoção do crescimento será limitado aos antibióticos
clinicamente não importantes, conforme definição da FDA.”
Relativamente ao dilema da resistência aos
antibióticos, Carnevale diz que a FDA pretende vir a proibir o uso dos promotores de
Indústria norte americana de carne de vaca em crise
Os EUA estão a sofrer uma séria diminuição do seu efetivo de bovinos de carne.
Uma notícia publicada recentemente no site
Beefpoint.com refere que 1975 existiam
132 milhões de cabeças e que no início
deste ano este número caiu abaixo dos 91
milhões.
Os parques de engorda, que alojam em
media 3.000 animais, também sofreram
uma quebra de 12.5% em 2011. Segundo a
mesma fonte, serão vários os fatores relacionados com esta quebra, nomeadamente a
rentabilidade das explorações e o aumento
de custos. Mas serão também razões de
ordem ambiental e política as que estão a
determinar o enfraquecimento da fileira.
Os EUA têm vindo a sofrer graves perío-
dos de seca que afetaram cerca de 80% da
sua superfície agrícola. A seca foi tão severa que em determinadas zonas os agricultores foram forçados a livrar-se do gado
por não disporem de pastagens para a sua
alimentação. A falta de água também afetou as colheitas de cereal, com quebras estimadas em 13% no ano passado, com
consequências nefastas para a alimentação
do gado.
Fatores de ordem política complicam
ainda mais a situação: a Agência de Proteção Ambiental norte Americana (EPA) emitiu um mandato, em vigor desde 2005, que
obriga a que uma determinada percentagem
de combustível líquido dos EUA provenha
de fontes renováveis (etanol proveniente de
Há pedido de
nutrientes
Não há pedido de nutrientes
D_CODER interpreta e proporciona
os nutrientes às plantas
D_CODER não atua
crescimento mais antigos e clinicamente importantes nos próximos 3 a 5 anos. Este responsável referiu-se também a outras formas
de antibióticos “como injetáveis e comprimidos” que ainda são vendidos ao balcão e ao
facto de as normas e a inspeção da FDA não
serem rigorosas. Na sua opinião, a FDA irá
colocar sob prescrição não apenas os antibióticos importantes que atualmente se podem
adquirir livremente, como uma série de outros produtos como a oxitetraciclina, que
ainda podem ser comprados nas lojas de alimentos para animais.
No entanto, conclui, este cenário ainda está
longe de se tornar realidade. x
cereal). Em 2012, dado que a seca persistia, os criadores, em desespero, solicitaram
à EPA que anulasse o mandato por forma a
ajudar a baixar o preço do milho, pedido
que viram recusado.
Em 2012, a produção de etanol consumiu
cerca de 42% da colheita de milho, de
acordo com o Departamento de Agricultura
norte americano. Na opinião de Stan Bevers
da Universidade A&M do Texas, este fator
está a ter um enorme impacto, tendo em
conta que a indústria de carne de bovino
dos EUA está assente em produções de
milho abundantes e, como tal, a retirada obrigatória de cerca de 40% desta produção
só pode ter como consequência uma redução do setor. x
Ruminantes •janeiro | fevereiro | março • 2013
41
042-043_Layout 1 1/4/13 3:35 PM Page 42
PRODUÇÃO
PROTEÇÃO DE PLANTAS
Apostar na pós-emergência precoce
Engº Jorge Matias, Gestor de Produto
Bayer CropScience
[email protected]
Para explorar o máximo potencial produtivo da cultura do milho é importante eliminar as infestantes logo desde o início (até
às 3-4 folhas do milho), enquanto estas
ainda estão jovens, mas de forma a evitar
novas emergências, até ao completo ensombramento do solo por parte da cultura
(> 8 folhas do milho).
Aspect+Laudis é uma nova solução herbicida de pós-emergência precoce para a
cultura do milho, com um largo espetro de
eficácia e ação residual, no controlo de infestantes anuais de folha estreita (milhãs) e
de folha larga (dicotiledóneas).
Sendo o Laudis um herbicida sistémico,
com forte absorção foliar, vai controlar as
infestantes mais desenvolvidas, enquanto o
Aspect complementa a solução com a sua
ação residual e de contacto, evitando novas
emergências das infestantes anuais (folha
estreita e folha larga).
Deve efetuar-se uma única aplicação de
Aspect+Laudis, em mistura de tanque,
entre as 3-4 folhas do milho, com as infestantes já visíveis (2-4 folhas), praticamente
todas presentes, mas ainda jovens, em fase
inicial de desenvolvimento.
A elevada complementaridade desta solução herbicida e a aplicação em pós-emergência precoce, permitem, em mistura de
tanque, reduzir as doses de aplicação de
ambos os produtos.
Apesar do largo espetro de ação, esta solução não é a mais indicada para controlar
infestações de ervas vivazes (ex: junça,
grama, corriola, etc.).
Aspect+Laudis é uma excelente combinação de herbicidas, indicada para o controlo de um largo espetro de infestantes
anuais (gramíneas e dicotiledóneas) em
pós-emergência precoce da cultura do
milho, com ação residual.
Utilize os produtos fitofarmacêuticos de
forma segura. Leia sempre os rótulos e a informação relativa aos produtos antes de os
utilizar. x
Principais infestantes do milho
Nome científico
1. Abutilon theophrasti
Dicotiledóneas ou ervas
de folha larga
2. Amaranthus retroflexus
3. Chenopodium album
4. Datura stramonium
5. Polygonum aviculare
6. Polygonum persicaria
7. Portulaca oleracea
8. Solanum nigrum
9. Xantium strumarium
10. Convolvulus arvensis
42
Gramíneas
Monocotiledóneas ou
ervas de folha estreita
11. Digitaria sanguinalis
Ciperáceas
12. Echinochloa cruss-galli
13. Panicum dichotomiflorum
14. Setaria viridis
15. Sorghum halepense
16. Cyperus spp.
Nome comum
Malvão
Anual
Moncos-de-perú
Anual
Catassol
Anual
Figueira-do-inferno
Anual
Sempre-noiva
Anual
Erva-pessegueira
Anual
Beldroega
Anual
Erva-moira
Anual
Bardana-menor
Anual
Corriola
Vivaz
Milhã-digitada
Anual
Milhã-pé-de-galo
Anual
---
Anual
Milhã-verde
Anual
Sorgo-bravo
Vivaz
Junças
Vivaz
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PRODUÇÃO
GENÉTICA
Crossbreeding na produção
leiteira no mundo
Testemunhos e estudos
Crossbreeding Rentável
em Itália
» Por Claudio Mariani,
Genesi Project S.r.L, Itália
O tema dos cruzamentos de vacas leiteiras em
Itália assemelha-se a uma guerra religiosa: ou
se encontram entusiastas ou uma feroz
oposição. Podem ouvir-se comentários
excelentes ou um total descrédito. Porquê?
Porque alguns exploradores / Criadores da
raça Holstein julgam que cruzamentos trazem
“impureza” à sua manada – uma espécie de
contaminação nuclear.
A verdade acerca do Crossbreding não é “isto ou
aquilo”: em algumas explorações os cruzamentos têm
representado uma alternativa lucrativa e quase ninguém
tem optado por uma manada 100% cruzada... muitos
têm decidido conservar algumas das suas Holstein
puras, normalmente aquelas com melhor comportamento e/ou mérito genético.
Nas explorações leiteiras, como em quaisquer outros
negócios, é sempre melhor afastarmo-nos da ideologia
e permanecermos perto da ciência e dos factos reais. A
este propósito, é interessante observar de perto uma ex-
ploração que está presentemente a ordenhar algumas
centenas de Vacas ProCross, não longe da cidade de
Modena, na mundialmente famosa área do ParmigianoReggiano – o rei do Queijo Italiano.
O Crossbreeding em Itália é controverso
A exploração “La Corte” faz parte de uma cooperativa enorme, formada por cerca de 3.000 vacas leiteiras
colocadas em diversas explorações. Esta é a maior no
grupo, ordenhando cerca de 850 vacas num estábulo
bastante recente (quatro anos), usando uma sala de ordenha rotativa de 40 lugares.
O gerente, Carmelo Monteleone, diz que há muito
tempo que já vinham identificando vários problemas
de ‘saúde” logo após o parto. Demasiadas vacas mostravam uma queda dramática na sua resposta imunitária, visto que o número de mastites e vacas
problemáticas em geral eram tantas como 35-40%.
“Demasiadas para os nossos níveis”.
Por essa razão, Monteleone começou a ler alguns relatórios sobre cruzamentos nos EUA – não só a bem conhecida experiência na Califórnia, mas também
relatórios e estudos de algumas universidades e pensou
que poderiam ser uma alternativa que merecia ser melhor investigada.
Surpreendidos pela
qualidade das vacas ProCross
“Quando tivemos conhecimento do método ProCross, decidimos que podia ser aquilo que procurávamos. Uma aproximação científica foi sempre a escolha
em tudo o que fazemos e o ProCross era o programa
científico no mercado. Na nossa exploração não olhamos em demasiado para a parte estética, queremos
vacas que nos dêem lucro.”
“Toda a gente a quem perguntei pelos cruzamentos
me disse que perderia produção, que teria úberes horríveis, pernas más... uma espécie de desastre. Mesmo
assim, decidi verificar por mim mesmo e tenho a dizer
que fiquei muito surpreendido. Para além de serem melhores que o esperado, diferiam apenas na “cor da pele”.
A Saúde melhorada e a rentabilidade
das Explorações Leiteiras
Na “La Corte” começaram com 25% da manada e
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GENÉTICA
hoje existem já 500 animais ProCross num total de
1,700 cabeças. Cerca de 200 vacas estão em produção
e 80 estão na segunda lactação. Em 2010 eles tinham
cerca de 200 novilhas ProCross, pelo que o número
tem vindo a crescer. O que viram então?
“A produção de leite é ligeiramente mais baixa para
as cruzadas comparativamente com as Holsteins puras,”
diz Monteleone “cerca de 10.200 contra 10.500 nos
305 dias. Mas esta é uma perda razoável quando se procuram outros números diretamente relacionados com
rentabilidade. Por exemplo, baixámos 15% no custo
com os tratamentos em toda a manada, o que teve um
impacto enorme nos custos de produção. Anterior-
ProCROSS na Vogelsberg
na Alemanha
» Exploração Leiteira Lüderhof,
Alemanha
As maiores produções de leite provêm das
vacas Holstein. Mas quanto mais altas são as
produções, maior atenção e dedicação é
necessária da parte do produtor.
Muitos produtores não têm tempo para atender
às necessidades e exigências das vacas de alta
produção, às quais se deverão ainda juntar os
fatores sobre os quais o agricultor não tem
influência, como seja o meio ambiente. O
cruzamento, utilizado já em várias
explorações, pode constituir uma alternativa
de êxito.
No distrito alemão de Hessia na cidade deVogelsbergkreis, Alfred e Elfriede Ortwein a sua filha Julia
Kneipp, juntamente com Gerd e Petra Nies são proprietários, em sociedade, da exploração leiteira Lüderhof.
Através de várias pesquisas, estes produtores tomaram
conhecimento dos resultados de ensaios de cruzamentos
no sistema ProCross — sistema de cruzamento rotacional, com as raças Holstein, Vermelha Sueca e Montbelliarde —, efetuados na Califórnia, e de estudos efetuados
na região alemã da Saxónia, que confirmavam que as
vacas ProCross ganhavam mais dois cento por quilo de
leite do que as vacas Holstein puras.
Os Animais ProCROSS
Em 2007, na exploração leiteira Lüderhof, começou a
fazer-se a inseminação das vacas com sêmen Montbelliarde e das novilhas com sêmen Vermelha Sueca. No inicio, Gerd Nies tinha receio de não ter tomado a decisão
certa. Mas, como referiu, "quem não arrisca não petisca"
e portanto, decidiu seguir em frente com a sua decisão.
PRODUÇÃO
mente, tínhamos custos farmacêuticos de €15.00/tonelada de leite; atualmente estamos com €13.50/ toneladas com tendência para baixar. Verificámos também
uma redução de 50% nas mastites, retenção da placenta,
estômago torcido, doenças dos pés e nados-mortos.
Voltando à produção, aumentámos significativamente
os componentes (especialmente a proteína) e daí a apetência para queijo a partir de do leite de vacas ProCross.
Por tudo isto, sugeri aos outros sócios da cooperativa
para aumentarem a percentagem dos cruzamentos. Mas
mesmo que não o façamos, esta aumentará de qualquer
forma visto que essas vacas simplesmente duram mais!”
Primeiros resultados
Os receios do produtor dissiparam-se à medida que
os primeiros resultados foram aparecendo. As complicações com os partos decresceram drasticamente e com
muito poucas complicações. Os nados mortos também
são muito raros, ao contrário do que acontecia com as
vacas Holstein puras. As vacas em lactação ProCross
produziram tanto leite quanto as filhas de uma Holstein
média sénior. Em gordura e proteína, apresentam valores acima da média do rebanho. No geral, os animais
ProCross estão sempre em melhor forma e mais saudáveis. Depois do parto, são mais estáveis com o metabolismo a funcionar muito bem sem necessidade de
quaisquer suplementos de cálcio adicionais. A Cetose é
quase inexistente nas vacas cruzadas e o mesmo acontece com as mastites. A taxa de gravidez está na média
do rebanho com 2,5 doses/vaca grávida com uma tendência ascendente.
O Futuro
A sociedade Lüderhof decidiu-se por um rebanho
ProCross a 100%, continuando com o sistema do cruzamento rotativo ProCross. Não podendo expandir-se
mais, tem como grande objetivo o aumento da rentabilidade do seu negócio. Os quatro sócios concordam
que, com o sistema ProCross a exploração está a caminhar na direção certa.
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PRODUÇÃO
GENÉTICA
Relatório de pesquisa preliminar:
Comparação das Holsteins puras
com as Montbéliarde e Suecas
Vermelhas Cruzadas.
» Les Hansen e Amy Hazel,
Universidade do Minnesota, E.U.A.
Mais de 10.000 vacas leiteiras de 10 grandes explorações leiteiras de alta performance, no estado norte-americano do Minnesota irão eventualmente contribuir para
um estudo sobre cruzamentos a que terá a duração de oito
anos. O objetivo deste estudo é comparar a rentabilidade
das Holstein puras com as cruzadas de 3 raças de uma rotação 3 X (ProCross) usando a Holstein, a Montbéliarde
e a Vermelha Sueca.
Resultados Preliminares para as produções atuais
na 1ª lactação de 3 das 10 explorações das Holstein Puras
para comparação com as Montbeliarde X Holstein e
Suecas Vermelhas X Cruzadas Holstein
Caraterísticas
Holstein
305-d Actual produção (n)
Idade ao Parto (Meses)
154
22,8
Montbeliarde Sueca Vermelha
x Holstein
x Holstein
131
22,7
134
22,7
Leite (kg)
11.114
11.287 (+2%)
10.868 (0%)
% Gordura
3,68
3,76
3,90
Gordura (kg)
409
Proteína (kg)
% Proteína
332
Gordura + Proteína (kg)
2,98
741
424* (+4%)
348* (+5%)
3,08
772* (+4%)
424* (+4%)
342 (+3%)
3,15
766* (+3%)
* Estatisticamente diferentes (P < 0.05) das Puras Holstein.
Em 2008, os investigadores da Universidade do Minnesota selecionaram 4.185 novilhas e vacas Holstein
puras, nas 10 explorações leiteiras, como animais de base.
Cerca de 40% das Holstein de base puras continuaram a
ser inseminadas com touros da raça pura Holstein e assim
se fará em sucessivas gerações ao longo dos 8 anos do estudo. As restantes 60% das novilhas e vacas de base
foram inseminadas com a raça Montbéliarde e/ou com a
Vermelha Sueca — exatamente metade para os touros de
cada uma das duas raças de primeira geração, para iniciar
a rotação a 3 - Raças (ProCross).
Depois de 4 anos, mais de 4.000 fêmeas tinham nascido; no entanto, menos de 10% das vacas que entraram
para o estudo tinham parido e poucas também completaram uma primeira lactação. Portanto, milhares de vacas
serão adicionadas aos dados ao longo dos próximos 4
anos, e os resultados aqui apresentados são extremamente
preliminares.
Resultados Preliminares para a Condição Corporal (Escala de 1 a 5)
características de conformação (Escala de 1 a 9) durante a 1ª Lactação em
6 dos 10 estábulos para as puras Holstein comparadas com as
Montbeliarde X Holstein e Sueca Vermelha X Cruzadas Holstein
Caraterísticas
Holstein
Condição Corporal (n)
377
Pontuação
Caracteristicas
Morfológicas (n)
Altura
(9 = + Alta)
Força
(9 = + Larga)
Ângulo Garupa
(9 = + Descaido)
Pernas, Vistas lado
(9 = + Curvas)
Ângulo talão
(9 = + Alto)
Suporte Ubere
(9 = + Forte)
Profundidade Ubere
(9 = + alta)
Tetos Traseiros
(9 = + fechados)
Comprimento tetos
(9 = + compridos)
Montbeliarde Sueca Vermelha
x Holstein
x Holstein
359
382
3,15
3,62 **
3,36 **
389
368
385
5,4
4,8
3,9 **
4,8
6,6 **
4,9
6,1
6,7 **
6,4
5,8
5,0 **
6,3 *
5,4
6,5 **
5,4
6,5
5,5 **
5,5 **
7,0
5,6 **
6,1
6,4
5,5 **
5,6 **
3,6
4,6 **
4,0
* Estatisticamente diferente (P < 0.05) das Puras Holstein.
** Estatisticamente diferente (P < 0.01) das Puras Holstein.
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PRODUÇÃO
GENÉTICA
Transferência de Embriões
Bruno Correia Carneiro, Médico Veterinário com actividade
na Diessen Serviços Veterinários
email: [email protected]
Carolina Maia, Médica Veterinária com actividade
na Diessen Serviços Veterinários.
[email protected]
A transferência de embriões é uma
técnica que permite a produção de
embriões in vivo por forma a serem
colhidos das vacas dadoras e
transferidos pelas diversas
recetoras. Em bovinos funciona com
o propósito de acelerar a produção
de descendentes de elevada genética
a partir de uma dadora previamente
seleccionada com base nos diversos
aspectos que o produtor pretende
ver melhorados nos seus animais.
EM QUE CONSISTE
O PROCEDIMENTO DE
TRANSFERÊNCIA DE
EMBRIÕES EM BOVINOS?
A técnica de transferência de embriões
envolve vários procedimentos individuais
de elevada importância, os quais necessitam ser cuidadosamente avaliados por
forma a obter uma melhor rentabilidade no
produto final. De entre estes procedimentos destacam-se:
Selecção da dadora
Estes animais devem ser cuidadosamente
selecionados por forma a melhor rentabilizar a utilização desta técnica. É importante
utilizar os animais com melhor valor genético nas características que o produtor pretende ver melhoradas.
Seleção da recetora
As recetoras são os animais que irão
manter a gestação até termo e parir o descendente pretendido. Assim sendo as características a ter em conta na selecção
48
destes animais são a facilidade de parto, a
qualidade maternal e, principalmente, a ausência de problemas reprodutivos ou historial de baixa fertilidade. As doenças
infecciosas são igualmente de considerar
nestes animais uma vez que continua a
haver o risco de transmissão fetal aos descendentes.
Indução da superovulação
Com a utilização de uma hormona específica (Hormona Folículo Estimulante)
pode estimular-se a vaca dadora a libertar
uma maior quantidade de oócitos num
único cio o que permite a fertilização e produção de vários embriões.
Sincronização do cio
na dadora e nas recetoras
Uma vez que os embriões são transferidos para as recetoras 7dias após a inseminação, é importante que estas vacas tenham
feito um cio 7 dias antes por forma a simular um ambiente uterino o mais favorável
possível ao desenvolvimento do embrião.
Inseminação (2/3 Ias)
Considerando que o número de folículos
que irão ovular bem como o número de oócitos a fertilizar é maior, a quantidade de
sémen a utilizar deve igualmente ser superior. Assim sendo a vaca dadora é inseminada no mínimo 2 vezes com um intervalo
de 12 horas por forma a garantir melhores
resultados de fertilização.
Recolha dos embriões
Este é o procedimento que mais tempo
consome ao técnico, uma vez que é aqui
que os embriões são recolhidos do útero da
dadora recorrendo a uma “lavagem uterina”
com um líquido próprio para o efeito e que
não danifique os embriões.
Touro de IA
Dadora
Superovulação
Embriões recolhidos
Transferência
Recetoras
Descendentes
Esquema 1 – Esquematização simplificada do processo de superovulação na Transferência de Embriões
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GENÉTICA
Avaliação e seleção dos embriões
recolhidos
Após recolha dos embriões o técnico responsável deve proceder á avaliação dos embriões com o objectivo de os separar por
diferentes graus de qualidade e morfologia.
Assim sendo os embriões de má qualidade
serão descartados, enquanto que os embriões de melhor qualidade e de qualidade
razoável serão transferidos ou congelados
consoante o objectivo do produtor. Esta decisão deverá ser feita em conjunto com o
veterinário executor da técnica uma vez que
vários fatores interferem com os resultados.
Transferência dos embriões para as
recetoras
Este procedimento, embora simples para
um técnico com experiência, é igualmente
de elevada importância para o sucesso da
técnica. Um executor com experiência consegue valores de taxa de conceção na
ordem dos 60 a 70% dependendo sempre
estes valores da qualidade dos embriões
aquando da transferência.
Diagnóstico de gestação e
confirmação/sexagem fetal
O diagnóstico de gestação poderá ser
feito a partir dos 23 dias após colocação dos
embriões nas recetoras. Caso o produtor
opte por saber em antecedência qual o sexo
do feto obtido, a confirmação da gestação
deve ser realizada entre os 60 e os 80 dias
de gestação para que o veterinário com o
auxílio do ecógrafo consiga identificar o
sexo do animal.
QUAIS AS VANTAGENS DA TE?
z Aumento da qualidade genética do rebanho mesmo com baixo número de animais
z Com esta técnica, uma fêmea de elevado valor genético pode ser utilizada de
uma forma mais racional fornecendo um
grande número de descendentes de qualidade superior á média da exploração, num
curto espaço de tempo.
z Pode-se, de uma vez, obter tantos descendentes de uma vaca como em toda a sua
vida útil em condições normais.
z De uma vaca em plano exclusivo de
Transferência de Embriões, tem-se conseguido em média, dez descendentes por ano,
período no qual, se utilizado normalmente
para monta natural/inseminação artificial
forneceria apenas uma cria.
z Permite melhorar a selecção genética
das características maternas e não apenas
das paternas.
z A utilização da inseminação artificial
contribui para a disseminação genética superior de um macho, ao passo que a Transferência de Embriões permite fazer o
mesmo com a fêmea uma vez que estamos
a produzir maior número de descendentes
deste animal.
z Produção de raças e linhas selecionadas.
z Ao investir num produto diferenciado e
selecionado o produtor poderá obter maior
rentabilidade final ao conseguir animais
mais produtivos (leite/carne).
z Permite o controlo de doenças
z Os embriões recolhidos de dadoras que
PRODUÇÃO
apresentem alguma patologia infecciosa
como IBR ou BVD, podem ser tratados e
manipulados, por forma a serem transferidos para as recetoras sem contaminação do
descendente.
z Controlo do sexo do animal pretendido.
z Existe já tecnologia que permite a sexagem do embrião antes de este ser transferido para a receptora ou através de
inseminação da dadora com sémen sexado,
no entanto os resultados práticos com estes
procedimentos são claramente mais baixos.
z Multiplicação de animais e raças em
vias de extinção.
z Menor custo de transporte (animais
vivos vs. embriões congelados).
z Tal como o sémen, os embriões podem
congelar-se e manter por tempo indeterminado á temperatura do azoto líquido, o que
facilita o seu transporte e conservação do
material genético quando comparado com
o animal vivo.
QUAIS AS DESVANTAGENS DA TE?
z Técnica complexa que necessita de pessoal especializado para a sua realização.
z Resultados muito variados da superovulação.
z Os valores médios de embriões obtidos
por superovulação são 6-8, mas este é um
parâmetro no qual a média pouco ou nada
nos diz uma vez que podemos facilmente
ter animais com uma resposta de 12-15 embriões e noutro caso 1-2 embriões ou
mesmo nenhum.
»
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PRODUÇÃO
GENÉTICA
z Custo
z O custo total do procedimento de Transferência de Embriões pode ser considerado
elevado, no entanto este cálculo deve ser
feito por número de gestações finais obtidas
e aqui a rentabilidade da técnica é normalmente assegurada.
O QUE PRECISO COMO PRODUTOR
PARA IMPLEMENTAR ESTA TÉCNICA
NA MINHA EXPLORAÇÃO?
z Dadoras geneticamente superiores
z As vacas dadoras devem ser seleccionadas em conjunto com o veterinário executor
da TE por forma a serem colocadas em superovulação as fêmeas da exploração que
maior rentabilidade poderá trazer á exploração. Se o produtor não dispõe de fêmeas que
satisfaçam os objectivos pretendidos, uma
possível opção passa pela compra dos embriões com a genética pretendida numa outra
exploração e colocar nas suas recetoras.
z Situação sanitária do rebanho controlada
z Esta técnica é de evitar ser empregue
numa exploração onde as doenças infectocontagiosas como brucelose, leptospirose,
IBR e BVD não estejam controladas, tanto
pela diminuição da taxa de sucesso como
pela elevada mortalidade de animais jovens
associada.
z Bom maneio nutricional
z O maneio nutricional dos animais envolvidos em todo o processo é fundamental
para o sucesso da técnica, sendo de evitar a
utilização de animais em balanço energético
negativo bem como animais com excesso de
condição corporal
z Mão-de-obra
z O ponto fundamental no qual é utilizada
a mão-de-obra da exploração é a observação
de cio, tanto nas vacas dadoras, como nas recetoras. Este é um ponto-chave na qual os intervenientes devem ser bem treinados por
forma a extrair da técnica os melhores resultados possíveis.
z No caso de a exploração ser de carne é
importante a existência de um bom tronco de
contenção com prensa para cabeça, por
forma a garantir a segurança necessária tanto
ao técnico como aos animais durante a execução dos diversos processos.
O QUE PODEREI FAZER COM OS
EMBRIÕES?
Uma vez recolhidos os embriões da dadora, estes podem seguir um de 3 destinos
diferentes:
1. Avaliação e transferência a fresco dos
embriões viáveis para as recetoras previamente selecionadas
• Os embriões transferidos a fresco apresentam geralmente melhores taxas de conceção quando comparadas com os embriões
transferidos após congelamento.
2. Avaliação e congelamento em azoto líquido dos embriões viáveis por forma a
serem transferidos para as recetoras no momento pretendido
• O congelamento de embriões simplifica
toda a logística envolvida na exploração
uma vez que permite transferir os embriões
independentemente da sua recolha.
3. Avaliação e congelamento dos embriões viáveis para posterior venda dos
mesmos
O produtor deve previamente fazer uma
análise do mercado e ter uma noção do que
será mais rentável para ele. Assim poderá
França livre da Língua Azul
O ministro francês da Agricultura, Stephane Le Foll
anunciou, em dezembro último, que A França está oficialmente, desde dezembro
passado, livre da língua Azul
ou febre catarral ovina (FCO)
no seu território continental.
A França perdeu esse estatuto
após a ocorrência da doença
50
em 2006 no norte do país.
A febre catarral ovina é uma
doença que causa graves prejuízos económicos em explorações afetadas.
Há mais de dois anos que não
ocorre qualquer foco (o último surto foi registado em
junho de 2010), pelo que se
cumpriram as condições para
Ruminantes • janeiro | fevereiro | março • 2013
ponderar se a melhor solução passa pela
compra de embriões para colocar no seu
efetivo, produzir embriões a partir do seu
próprio efetivo para o melhorar, ou então
produzir embriões de elevada qualidade
para os vender e obter neles a rentabilidade
esperada.
NOTAS FINAIS
Os resultados finais obtidos com a implementação da transferência de embriões
são variáveis e vão depender em muito do
empenho das diversas partes intervenientes no processo. Assim a discussão e o
acerto de todos os processos envolvidos na
técnica entre a equipa de TE e o produtor
são fulcrais para garantir o seu sucesso.
A discussão do produtor com a equipa de
TE deve começar pela definição do objetivo pretendido, uma vez que este objetivo
será diferente entre produtores de bovinos
de leite e de bovinos de carne. Após a definição deste objetivo devem em conjunto
avaliar o potencial da exploração e dos melhores animais disponíveis para fazer a superovulação.
Com os custos de produção a aumentar
ao longo dos últimos anos, os produtores
veem as suas margens de lucro cada vez
mais escassas. Uma forma de encarar este
dilema passa pela eficiência produtiva,
sendo que a este nível há ainda muito trabalho a fazer tanto no setor do leite como
no setor da carne. A globalização dos mercados exige aos produtores um avanço tecnológico e uma modernização para
processos mais e mais produtivos, podendo
aqui a Transferência de Embriões funcionar como uma ferramenta de impulso aos
produtores por forma a rentabilizarem o
seu negócio. x
o país recuperar o estatuto oficial de país livre da doença.
O Ministério acredita que a
chave para a erradicação da
doença foram as duas campanhas de vacinação obrigatória
(2008-2009 e 2009-2010) financiadas pela administração
que contaram com a intervenção das partes interessadas,
públicas e privadas, incluindo
veterinários e criadores.
A recuperação deste estado irá
facilitar o comércio e exportação de animais vivos (bovinos) e reduzir os custos para
os agricultores, uma vez que a
vacinação e o rastreio deixam
de ser necessários. x
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PRODUÇÃO
SAÚDE ANIMAL
Infeções pelos parasitas
Criptosporidium e Giardia
em bovinos
Entrevista pela Revista Ruminantes
Carla Mendonça, Médica Veterinária, Professora auxiliar do Mestrado Integrado
Medicina Veterinária do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar,
Universidade do Porto
Email: [email protected]
Qual a importância das infeções pelos parasitas Criptosporidium e Giardia em bovinos?
As diarreias, representam 50% das patologias exibidas em vitelos e são a principal
causa de perdas económicas para a produção pecuária associadas a doenças em vitelos. As suas causas podem ser diversas
(origem viral, bacteriana, parasitária, alimentar). As causas virais podem ser prevenidas através da aplicação de vacinas, as
causas bacterianas podem ser tratadas com
auxílio de antibióticos, no entanto as causas
parasitárias, em particular nas diarreias provocadas por Criptosporidium e Giardia, os
antibióticos são ineficientes contra estes parasitas e ainda não existem vacinas comercializadas. Associado a estes fatos, estes
parasitas permanecem viáveis no ambiente
durante meses, a sua transmissão é favorecida, principalmente a vitelos recém nascidos e com baixa capacidade imunitária.
Estes parasitas são extremamente resistentes aos desinfetantes convencionais utilizados nas explorações pecuárias, e aos
desinfetantes utilizados no tratamento de
águas.
Criptosporidium e Giardia são parasitas
protozoários, responsáveis pela ocorrência
de diarreias em vitelos e também no Homem
(especialmente em crianças, idosos e doentes imunodeprimidos). O contágio é efetuado por via oral-fecal, o que significa que
a ingestão de água, leite contaminado ou o
contato entre vitelos susceptíveis e vacas
adultas ou outros vitelos doentes favorece a
transmissão, assim como o contato com
utensílios e superfícies contaminadas (como
por exemplo viteleiros contaminados, baldes
e tetinas contaminadas…). A utilização de
52
água contaminada para abeberamento dos
animais e limpeza das explorações (de fontes não tratadas, tais como poços e minas,
vulgarmente utilizadas nas explorações pecuárias) assume-se como a principal fonte
de contagio para os animais e também para
o homem.
Estes parasitas possuem reduzidas dimensões, não sendo possível identificá-los à
vista desarmada. O seu diagnóstico só é possível por observação ao microscópio ou com
utilização de kits rápidos de Elisa, a partir
de amostras de fezes contaminadas. Estes
parasitas colonizam o intestino delgado, destroem o epitélio intestinal e comprometem a
absorção de água e nutrientes levando à
ocorrência de diarreias. Os quadros clínicos
das infeções por estes parasitas são caracterizados por diarreias líquidas a mucosas, intermitentes e que não respondem à
terapêutica convencional com os antibióticos vulgarmente utilizados no tratamento
das enterites neonatais. Raramente estas infeções provocam a morte dos animais, e no
caso do Criptosporidium a infeção assume
um carácter auto-limitante (o animal consegue desenvolver imunidade contra este parasita, deixando de exibir diarreia, contudo
pode atuar como portador assintomático,
disseminando e contaminando o ambiente
nas explorações pecuárias). De facto, a mortalidade ocorre quando existe uma associação entre estes parasitas e outros agentes
virais e bacterianos, na ocorrência da diarreia. Assim nas situações mais graves os vitelos infetados exibem desidratação,
acidose, perda de peso, perda de apetite; requerendo uma terapêutica mais agressiva e
mais dispendiosa para o produtor.
Ruminantes • janeiro | fevereiro | março • 2013
O que fazer para controlar estas infeções
na exploração?
Como foi referido anteriormente, não existem vacinas nem um tratamento efetivo que
elimine estes parasitas nos vitelos infetados.
Os medicamentos existentes no nosso mercado apenas permitem diminuir a gravidade
dos sinais clínicos e a carga de parasitas que
são eliminados para o ambiente. O controlo
destas infeções passa pela implementação de
medidas de higiene e de maneio de forma a
reduzir a transmissão destes parasitas aos animais mais susceptíveis, ou seja aos vitelos. É
importante que o médico veterinário assistente faça um diagnóstico preciso dos agentes
implicados na ocorrência de diarreia nos vitelos e dessa forma possa instituir os protocolos terapêuticos, profiláticos e medidas de
biossegurança adaptadas a cada agente envolvido. Podemos apontar como principais
medidas: a correta administração de colostro
(em quantidade e qualidade), a separação dos
animais infetados dos sãos, a frequente lavagem e desinfeção dos viteleiros e de toda a
exploração, o controlo das causas virais e
bacterianas na ocorrência das diarreias, a desinfeção dos utensílios utilizados na exploração e em particular nos viteleiros, e o controlo
da qualidade da água fornecida aos animais.
A água assume uma particular importância na
transmissão destas e de muitas outras infeções aos bovinos ( por exemplo, clostridiose,
salmonelose, listeriose, colibacilose, leptospirose…). Práticas correntes de espalhar o
chorume nos terrenos limítrofes às explorações e na proximidade de fontes de água, contribui para a sua contaminação e perpetuação
destas infeções no efetivo. O produtor e o seu
médico veterinário devem efetuar um controlo da qualidade da água fornecida aos animais e evitar estas praticas que põem em risco
a saúde e o bem-estar animal. x
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PORTUGAL
ACTUALIDADES
Criação do Comité Técnico
de Higiene do CPSU
sentantes de empresas da área em causa (Higiene e Desinfetantes para
Ordenha) a fim de se promover a permuta e divulgação de informações
técnicas e científicas, bem como levar a efeito estudos de carácter interdisciplinar que produzam material de interesse para o sector. Nesta
primeira reunião estiveram presentes Tiago Salvado (Presidente nomeada pelo CPSU), Sofia Guimarães - ABS Lusa (Valiant), Luís Ferreira - Vitas (Hypred), Ruben Mendes - Diversey, Alexandre e Mário
Proença - Quimiserve, Rui Cepeda - Zoopan (Cid Lines) e Rui Marques - Harker (De Laval).
No passado dia 12 de Novembro de 2012, teve lugar na Faculdade
de Medicina Veterinária da Universidade Técnica de Lisboa, a reunião
preliminar para apresentação e início dos trabalhos do Comité Técnico de Higiene do Conselho Português de Saúde do Úbere (CPSU).
Este Comité tem como objetivo reunir à mesma mesa e através de
fórum presenciais e não-presenciais de discussão, técnicos e repre-
Sobre o CPSU
O Conselho Português de Saúde do Úbere (CPSU) é uma associação sem fins lucrativos, constituída por um grupo de médicos-veterinários com interesse na compilação e partilha de conhecimentos
técnicos e científicos sobre a temática das mastites em ruminantes. Encontram-se no seu âmbito as disciplinas da microbiologia, epidemiologia, farmacologia, economia, avaliação de salas de ordenha e outras
que contribuam decisivamente para a evolução da qualidade de leite
em território nacional. x
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53
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BEM ESTAR ANIMAL
Efeito da coccidiose
no rendimento e bem-estar dos
pequenos ruminantes
George Stilwell, Patrícia Paredes, Ana Vieira, Inês Ajuda, AWIN – Animal Welfare Indicators
Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Técnica de Lisboa
[email protected]
INTRODUÇÃO
Parasitismo é uma forma de associação
entre dois ou mais seres vivos e em que um
dos intervenientes (parasita) lucra com a ligação, causando algum prejuízo ao outro
elemento (hospedeiro). Normalmente, o parasitismo não é suficientemente grave para
eliminar o hospedeiro, pois isso traria poucas
vantagens biológicas para o parasita. No entanto, esse limite nos danos causados pode
ser ultrapassado causando doença grave ou
mesmo a morte, quando a resistência é reduzida no caso de fome, carências, stress ou
outras doenças concomitantes.
Os microrganismos classificados como
Coccidias são um exemplo perfeito deste
equilíbrio instável que se mantém entre parasita e animal parasitado. Nos pequenos
ruminantes o termo coccidiose é utilizado
para referir infeções intestinais causadas
por parasitas do género Eimeria spp. da
subclasse Coccidia. Infeções por Isospora
e Cryptosporidium também poderiam ser
incluídas nesta designação, mas não serão
abordadas neste texto.
AS COCCIDIAS
Os membros do género Eimeria são protozoários que pertencem ao Filo Apicomplexa,
Classe
Sporozoa,
Ordem
Eucoccidiidae Família Eimeriidae. Os hospedeiros habituais destes parasitas são vertebrados, aves ou mamíferos, com exceção
dos carnívoros. As várias espécies de Eimeria são muito específicas quanto ao hospedeiro natural, ou seja, aquelas que
causam doença em caprinos não são as
mesmas que infetam os ovinos. Também é
importante saber que nem todas as espécies
54
de coccidia que se encontram no intestino
são patogénicas. Estes factos têm uma
grande importância no controlo e prevenção, como se verá mais abaixo.
Outro conceito importante a reter é que
TODOS os animais acabam por contactar
com estes parasitas e que isso até pode ser
vantajoso pois estimula as defesas. O papel
no produtor é no sentido de moderar essa
infeção e controlar os seus efeitos sobre a
saúde e crescimento.
A DOENÇA
Existe um grande número de espécies de
Eimeria, no entanto, estas apresentam
grande especificidade em relação ao hospedeiro. Como já se referiu, a ocorrência de
doença depende da espécie de coccidia, na
verdade, poucas são suficientemente patogénicas para, por si só, desencadearem sinais clínicos. As infeções envolvem
geralmente várias espécies, ou seja, em
casos clínicos de coccidiose é comum a
presenças de mais de uma espécie que interagem para produzir as alterações patológicas observadas.
A coccidiose é uma doença com impacto
mais dramático em animais jovens com
baixa imunidade e em fase de crescimento
acelerado. Nos cordeiros, as duas espécies
de coccidia mais patogénicas são E. ovinoidalis e E. crandallis e em cabritos sobressaem E. ninakohlyakimovaee E.
caprina. Como possivelmente partilhadas
por ovinos e caprinos, consideram-se as seguintes espécies: E. marsicae E. gulruthi.
A doença inicia-se pela ingestão de oocistos (como que os ovos do parasita) do
ambiente ou mesmo dos tetos das mães.
Uma vez no trato digestivo, o parasita in-
Ruminantes • janeiro | fevereiro | março • 2013
vade as células da parede do intestino (delgado ou grosso, dependendo da espécie) e
multiplica-se rapidamente. Ao fim de duas
a três semanas o animal infetado começa a
excretar oocistos, contaminando o ambiente. Um só oocisto ingerido por um cordeiro ou cabrito poderá dar, nestas poucas
semanas, origem a 16 milhões de novos oocistos. O tempo que os oocistos demoram a
retomar o seu poder infeccioso varia de espécie para espécie e é geralmente mais rápida a temperaturas entre os 28 e 31ºC.
Existem diferenças sazonais na quantidade
de oocistos eliminados, sendo máxima no
Inverno e Primavera. No entanto, este fenómeno relaciona-se mais com as épocas
de parto e práticas zootécnicas do que com
os fatores climáticos, ainda que estes possam influenciar indiretamente ao obrigar à
estabulação ou a modificar as normas de
aproveitamento das pastagens. Entretanto
houve destruição das paredes do intestino
com redução na capacidade de absorção de
nutrientes, perda de algum sangue ou de
fluidos. A doença normalmente não apresenta sinais clínicos muito evidentes, exceto redução da condição corporal ou
menor ganho de peso, mas em infeções graves, ou quando complicadas por outros
agentes infecciosos, causa diarreia (com ou
sem sangue), desidratação e mesmo morte.
É frequente o animal recuperar da coccidiose e morrer de pneumonia ou apresentar
sinais das duas doenças. A forma mais severa da doença em cabritos, com alta mortalidade, é caracterizada por diarreia
profusa, escura e fétida, contendo fragmentos da mucosa intestinal.
A doença toma proporções alarmantes
quando os animais se encontram em situações de stress (por exemplo, após castrações
ou amputação da cauda), sobredensidade,
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BEM ESTAR ANIMAL
má higiene proporcionando contaminações
maciças, frio (gasto de energia para se manter quente), não ingestão de colostro ou
quando este é de má qualidade (mães doentes ou magras). Ou seja, a doença pode passar de despercebida a devastadora, não por
entrada de novos parasitas mas por erros de
maneio, ameaças ao bem-estar animal ou
más praticas na produção.
Os sinais clínicos de coccidiose muitas
vezes não chegam para avançar com um
diagnóstico e por isso deve-se associar à
história clínica e aos sinais clínicos a contagem de oocistos excretados nas fezes,
assim como as espécies de Eimeria envolvidas. Devemos lembrar-nos de duas coisas
na interpretação destes resultados laboratoriais: a simples identificação de oocistos em
fezes de cordeiro/cabrito não confirma o
diagnóstico de coccidiose; mesmo em coccidioses graves há momentos em que os oocistos não estão a ser excretados e por isso
um resultado negativo não deve logo excluir o envolvimento destes parasitas.
O IMPACTO
Os animais são mais suscetíveis entre 1
e 2 meses de idade, que é a altura em que a
imunidade conferida pelo colostro começa
a diminuir e o borrego/cabrito ainda não
consolidou as suas próprias defesas. Nesta
altura, e dependendo da ocorrência dos fatores predisponentes que acima referimos,
pode dar-se a morte (mais ou menos 10%
dos infetados), a perda de peso (15 a 20%)
ou o estabelecimento de outras doenças
(por exemplo, Cryptosporidiose).
O CONTROLO
A infeção por coccidias é autolimitante,
mas no decurso da doença pode causar fortes prejuízos ao crescimento e bem-estar de
animais jovens. A administração de produtos capazes de reduzir a multiplicação do
parasita no intestino, os chamados coccidiostáticos, pode reduzir ou eliminar os
efeitos nefastos da infeção. Em situações de
risco, ou após os primeiros sinais de infeção, é aconselhável o tratamento de todos
os animais jovens, já que a eficácia terapêutica destes produtos é reduzida, devendo
ser usados como preventivos. A aplicação
por rotina destes produtos deve ser feita
com cuidado devido ao perigo de se produzir populações resistentes, boicotando o
Borregos duma exploração em regime extensivo. Atenção à sobredensidade quando estabulados.
(Fotografia: Patrícia Paredes)
controlo futuro. A decisão quanto à utilização deve ser tomada depois de uma conversa com o médico-veterinário assistente
que será a pessoa mais habilitada para perceber as vantagens e desvantagens das diferentes opções. O que é importante
perceber é que estes fármacos não devem
ser vistos como produtos milagrosos que
fazem desaparecer os efeitos do mau maneio. Se o coccidiostático é utilizado porque os parasitas estão a causar grande
número de mortes e de doença clínica evidente, então a manutenção deste tipo de uso
é errado e as condições de exploração
devem ser revistas urgentemente.
É igualmente muito importante que os
produtos usados permitam o estabelecimento da imunidade que irá proteger o animal durante o resto da sua vida. Como se
escreveu acima, a infecção ocorre sempre e
até é desejável. A esterilização completa do
ambiente e do intestino com a administração cerrada de medicamentos é um erro que
se acaba por pagar na forma de surtos em
idades mais avançadas. Se os coccidiostáticos forem usados por rotina, a sua supressão brusca, pode levar ao aparecimento de
surtos graves de cocciodiose.
O controlo deve, por isso, partir da excelência na produção. As práticas higiénicas e
sanitárias visam impedir ou diminuir a ingestão de grandes quantidades de oocistos
esporulados. Os animais devem encontrarse em instalações limpas e secas, separados
em função da idade e deve-se evitar grandes concentrações por longos períodos de
tempo. Os comedouros e bebedouros
devem ser colocados de forma que se previna a sua contaminação com fezes. A remoção de fezes e limpeza das camas deve
ser efetuada periodicamente para reduzir a
disponibilidade de oocistos no ambiente.
Contaminação e sujidade das camas, devido
à insuficiente limpeza das mesmas.
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»
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BEM ESTAR ANIMAL
Os oocistos são resistentes à maioria dos
desinfetantes, mas altas concentrações de
hipoclorito de sódio e amónia têm alguma
ação sobre estas formas parasitárias e
podem auxiliar no controlo da doença Embora os oocistos sejam destruídos pela ação
da luz solar, dissecação e calor, dificilmente
o são, uma vez que se encontram protegidos por matéria orgânica.
Evitar situações de stresse ajuda na prevenção da coccidiose, pois estas conduzem
à diminuição da resistência orgânica e exacerbam as infeções por coccidias.
Rever frequentemente as práticas alimentares: deve ser fornecido colostro de
qualidade aos neonatos e evitar fome, carências e alterações bruscas de alimentação
das fêmeas gestantes. A composição da
dieta é um fator a ter em conta, um défice
nutritivo pode provocar uma menor resistência dos animais a este tipo de infeções.
Em certas fases do ciclo produtivo, como
no caso do pós-parto, pode ser necessário
suplementar a dieta com vitaminas e minerais. Os animais jovens devem ser mantidos afastados das pastagens altamente
contaminadas durante o período em que são
mais suscetíveis.
Os animais afetados devem ser isolados
do restante grupo, evitando assim que contaminem camas, alimentos e água de bebida.
Devido à elevada prevalência da coccidiose, à grande capacidade reprodutiva do
parasita e à capacidade de sobrevivência
dos oocistos por longos períodos de tempo
no meio ambiente, a sua erradicação não
parece ser possível. Desta forma, é necessário estabelecer um plano de controlo da
doença na exploração baseado nestes 3
princípios: bom maneio (incluindo alimentar), boa higiene e excelente bem-estar animal. Se for assim a administração de um
coccidiostático ficará limitado a poucos
momentos. x
Bibliografia:
Paredes, P.G. (2010) Coccidiose em pequenos
ruminantes. Dissertação de Mestrado. Faculdade de
Medicina Veterinária - UniversidadeTécnica de
Lisboa. Disponível em:
http://hdl.handle.net/10400.5/2380
Smith M.C. & Sherman D.M. (2009) Goat
Medicine.2nd Ed. Wiley-Blackwell.
Taylor, M. (1998).Diagnosis and control of coccidiosis
in sheep.In M. Melling& M. Alder (Eds), Sheep and
Goat practice 2. Ed. Saunders Company Ltd.
56
Fendt 500 Vario
Grandes tratores “compactos”
Com quatro novos modelos na serie 500 Vario, a Fendt introduz o
novo trator no segmento dos convencionais “compactos”.
Inovações versáteis e equipamentos opcionais dão à serie 500
Vario incomparáveis vantagens competitivas na faixa de potência
entre 125 e 165 hp. O Fendt Efficient Technology é construido com
tecnologia de ponta e com o sistema de poupança de energia
SCR em que os gases de escape se submetem a um póstratamento com Adblue®.
A nova série 500 Vario, com os modelos
512, 513, 514 e 516 Vario, abrange a faixa
entre os 125 e 165 cv. São impulsionados
por um bloco Deutz (4 cilindros de 4.04 litros com 4 válvulas por cilindro e injeção
common rail), com a potência máxima de
165 cv no modelo de topo.
O Fendt 500 Vario oferece cinco válvulas
eletrohidráulicas de duplo efeito na parte
traseira, mais duas na dianteira, Power
Beyond e ligação ISOBUS. Globalmente,
tem mais de 22 ligações à frente e atrás.
As tomadas de força podem ser controladas facilmente através do apoio de braços multifunções e/ou pelos controlos
externos na parte traseira do trator. As velocidades da tomada de força traseira
(540/1000E) permitem trabalhar num regime de rotações do motor mais baixo que
se traduz num menor consumo de combustível.
O 500 Vario permite realizar os trabalhos
de transporte a 50 km/h com uma economia
Ruminantes • janeiro | fevereiro | março • 2013
de combustível a 1.700 rpm. Todo o chassis
está projetado para oferecer o máximo conforto durante a condução, assim como uma
ótima ergonomia. A garantia de uma excelente condução é conseguida: pela suspensão do eixo dianteiro com auto-nivelamento,
pelo sistema de direção reativo Fendt, pelo
amortecedor de transporte, pela suspensão
da cabine e do assento e pelo bloqueio automático do eixo de direcção.
Esta série é ideal para o trabalho com
carregador frontal. Todo o seu funcionamento está integrado no conceito global do
trator e pode controlar-se de forma cómoda
desde o posto de condução através do terminal Vario. O Fendt Cargo Profit permite
realizar funções totalmente novas. Baseado no carregador frontal Cargo e graças aos sensores adicionais instalados na
oscilação 4 ou 5 X, pode incorporar-se uma
nova função de pesagem e memorização,
para controlar e documentar tanto o peso
individual da carga na pá como o peso total
e o peso objetivo da carga. x
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EQUIPAMENTOS
Premiados na EUROTIER’12
Apresentamos uma seleção de novidades premiadas pelo Eurotier 2012,
que decorreu em novembro passado, em Hanover, Alemanha.
DairyProQ - Módulo
instalação de ordenha
OptiCOW - Medição das
funções da vaca
GEA FARM TECHNOLOGIES GMBH
HÖLSCHER + LEUSCHNER GMBH
O inovador módulo de instalação de ordenha, de operação automática DairyProQ
adequa-se a salas de ordenha com sistemas
de ordenha automáticos ou semi-automáticos. Caracteriza-se por desempenhar todas
as etapas do processo de ordenha automática, desde a colocação das tetinas, limpeza
das tetinas (pré-ordenha) e primeiros jatos
de extração, até à própria ordenha, processo
de pós-ordenha e retirada das tetinas. Também faz a desinfeção e a limpeza exterior
intermédias das tetinas, entre uma ordenha
e outra. A sua particularidade reside na autonomia total, já que coloca e retira as tetinas sem qualquer intervenção externa.
Assim, a ordenha é feita de forma individual e totalmente automática em cada posição. Devido ao elevado rendimento é
indicado para grandes explorações.
Este módulo encaixa-se em diferentes
tipos de ordenha: carrossel, em espinha ou
side-by-side. O livre acesso, em todos os
momentos, ao animal e ao úbere através de
uma solução para cada posição, permite um
processo de ordenha continuo e eficiente.
Existe a opção do desenho semi-automático.
O OptiCOW consiste num módulo operacional para 3D que permite a medição de
todas as funções da vaca de forma completamente automática. As vacas são identificadas individualmente através de
tecnologia RFID, filmadas com uma câmara 3D e pesadas automaticamente. Um
programa informático produz um modelo
3D da parte posterior da vaca e calcula o
Score da Condição Corporal (SCC). Com
esta tecnologia de processamento de imagem é possível mostrar a dinâmica de mobilização da gordura para cada vaca, de
forma contínua, ao longo de todo o período
de lactação. O optiCOW fornece ao produtor dados exatos sobre o estado de saúde e
a condição física de cada animal e permitelhe orientar a capacidade de produção de
leite das vacas especificamente através da
alimentação e observação.
RumiWatch System
ITIN + HOCH GMBH
O RumiWatchSystem é um sistema de
monitorização da saúde para ruminantes.
Consegue captar rapidamente as alterações
na ruminação, alimentação e ingestão de
água, bem como os comportamentos visíveis em locomoção e descanso. Os dados
são transferidos sem cabo para um PC. O
baixo consumo de energia permite um período de utilização até dois anos com o
mesmo conjunto de baterias. O sistema é
composto por um cabresto, um pedómetro e
um software de avaliação e garante um
acompanhamento permanente e fiável de
monitorização dos parâmetros chave relevantes para o estado de saúde de cada animal. Assim, por exemplo, através da
identificação de um reduzido número de
movimentos de mastigação por bolo alimentar, é possível concluir que existem distúrbios digestivos ou falhas na dieta. O
RumiWatchSystem permite aos produtores,
consultores, veterinários da exploração e investigadores elaborar relatórios rápidos e
eficazes sobre a saúde do animal. »
Ruminantes •janeiro | fevereiro | março • 2013
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EQUIPAMENTOS
Monitor de partos
O monitor de partos de bovinos iVET é
composto por um transmissor e um recetor.
O sistema de sensor flexível em forma de
T, fácil de limpar e desinfetar, pode ser inserido na vagina da vaca por uma pessoa.
No início do parto, o sensor é pressionado
para fora pelo saco amniótico e o vitelo no
interior do mesmo.
A mudança de posição do sistema é registado pela luz e temperatura do sensor e
um sinal é enviado por mensagem de voz e
de texto a dois números de telefones móveis pré-programados. O iVET monitoriza
adicionalmente a temperatura do corpo e,
assim, pode identificar alterações patológicas na vaca numa fase precoce. Este sistema
inovador ajuda a identificar o início do
parto duma vaca numa fase muito inicial.
Após o alerta de parto, há ainda tempo suficiente para uma verificação ótica ou vaginal, a fim de possibilitar a intervenção em
caso de apresentação incorreta do bezerro,
ou de chamar o veterinário. Esta melhoria
do controlo de partos pode ajudar a reduzir
nascimentos de vitelos mortos, bem como
a identificar partos difíceis.
Aquaboard
Teste Haptoglobina
A elasticidade da borracha e a flexibilidade da água são combinadas na Aqua
Board para um maior conforto do animal.
O rebordo cheio com água cria uma fronteira visual para o cubículo, não prejudicando a vaca nos seus movimentos e
permitindo-lhe que assuma posições naturais, deitada com as pernas dianteiras esticadas, sem qualquer risco de lesões. O tubo
de borracha, largo e flexível, é fornecido
por medida para o comprimento da linha do
cubículo, pode ser instalado facilmente
sendo posteriormente, cheio com água através de uma válvula de rosca, até à dimensão
e elasticidade desejados.
FRIMTEC GMBH
IVET
Reboque misturador
O fabricante alemão Strautmann apresentou um inovador sistema de descarga de alimento para reboques misturadores distri
buidores, que combina as vantagens das unidades de corte conhecidas e das fresadoras.
A unidade de corte permite retirar a silagem do silo sem decompô-la, transportá-la
sem esforço mecânico através dum rolo
transportador até à cinta transportadora,
sendo possível retirar o alimento a granel diretamente rebatendo a unidade de corte.
Assim conseguem-se, por um lado, as vantagens relacionadas com a fisiologia nutricional ao retirar a silagem sem danificar a
sua estrutura e, por outro, as vantagens da
gestão do trabalho próprias da extração clás-sica da silagem e do material a granel.
B. STRAUTMANN & SÖHNE
GEA DairyProView
GEA FARM TECHNOLOGIES
GEA DairyProView é um software que
permite uma visão geral da produção de
leite, exibindo as áreas e os processos de
trabalho numa exploração de bovinos de
leite na sua totalidade. Desde as zonas de
estábulo, áreas de circulação e sala de ordenha, até aos diferentes processos que se
realizam em cada uma delas. Esta visão
geral, única no seu género, é baseada em
dados em tempo real, possibilitando uma
eficiente tomada de decisão bem como a
melhoria da gestão global do rebanho.
58
BIORET AGRI
Ruminantes • janeiro | fevereiro | março • 2013
Este teste permite medir na exploração a
haptoglobina presente no leite de vaca, utilizando o dispositivo de análise automático
“eProCheck 2.0”, para o diagnóstico rápido
de inflamações. Com o novo teste, o produtor pode determinar os parâmetros imunológicos do leite cru. A Haptoglobina é uma
proteína de fase aguda e reage logo no início
de qualquer processo inflamatório. O teste
rápido fornece informações adicionais valiosas na exploração para, por exemplo, monitorizar a saúde das vacas recém-paridas. x
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EQUIPAMENTOS
Controlo ambiental
de estábulos
DELAVAL
Novas picadoras de forragem
JOHN DEERE
A tecnologia inovadora de processamento de grão é a principal caraterística da
nova série 7080 de picadoras de foragem
automotrizes John Deere, que estará disponível em 2013. O “core” destas máquinas é
o novo processador de cultivos — KernelStar — baseado num desenho de disco
biselado patenteado, que garante um tratamento mais intensivo dos grãos, uma redução das partículas de tamanho excessivo e
um melhor fluxo do material colhido em
comparação com os desenhos de disco de
bordo plano ou com os rolos cilíndricos
convencionais.
O KernelStar está provido de discos en-
trelaçados perfilados que proporcionam
una largura efetiva de processamento quase
três vezes maior que os sistemas anteriores.
Esta série de picadoras utiliza a mesma
transmissão de corte Ivloc (sistema de comprimento de corte infinitamente variável)
permitindo que os operadores alterem o
comprimento de corte durante a marcha.
Modelos anteriores
7250 – 380 cv
7350 – 480 cv
7450 – 560 cv
7550 – 625 cv
7750 – 625 cv
7950 – 812 cv
Modelos novos para 2013
7180 – 380 cv
7280 – 440 cv
7380 – 490 cv
7480 – 560 cv
7580 – 625 cv
7780 – 625 cv (corpo largo)
7980 – 812 cv (corpo largo)
Braço de sucção BP2
PICHON
O braço de sucção do fabricante francês
Pichon, é o equipamento ideal para encher
uma cisterna de estrume com condições de
acesso difíceis, sem sair da cabine do trator. O braço posiciona-se indiferentemente
à direita ou à esquerda. Totalmente sincronizado graças a um bloco sequencial, é ativado por um único distribuidor de duplo
efeito. Com um único comando, é acionado
o hidráulico que inverte o sentido da bomba
de vácuo, a descida do braço e a abertura
da válvula. Este tipo de sucção necessita
dum cone de enchimento colocado no chão
junto à fossa, ligado aos tubos de sucção.
Este braço é proposto em tubos de
Ø150mm e Ø200mm, com ou sem acelera-
dor de enchimento. A manutenção deste
equipamento é reduzida, porque o braço é
montado num paralelogramo e não com
junta giratória.
O sistema de controlo ambiental de estábulos DeLaval BSC™ foi premiado
com a medalha de prata EuroTier para a
inovação. Este sistema integra o ambiente
do estábulo e o conforto animal para garantir vacas saudáveis e a máxima produção de leite. É a única solução integrada
para estábulos de leite disponível no mercado. É um sistema integrado que permite
controlar todas as aplicações do estábulo
numa só unidade. Equipamentos de controlo ambiental do estábulo tais como
painéis,
cortinas,
ventiladores de circulação, iluminação, refrigeração, limpeza dos
corredores, a separação
de dejetos e transferência
de estrume, são tratados de
uma maneira simples contribuindo para
uma maior eficiência e menor impacto
ambiental.
Robot de desinfeção
DELAVAL
O robot de desinfeção TSR consiste
num sistema pós-deep automático que
proporciona uma correta aplicação do desinfetante. É um sistema exclusivo que facilita a rotina de ordenha em instalações
rotativas de alto rendimento (HeavyDuty), contribuindo para o aumento da
rentabilidade da exploração.
De acordo com Robert Jensen, gerente
de Desenvolvimento de Negócios da DeLaval Internacional, o robot de desinfeção
DeLaval TSR ™ é uma evolução natural
do primeiro sistema de ordenha rotativa
automática AMR ™, apresentado pela
primeira na EuroTier 2010.
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EQUIPAMENTOS
Soluções de conforto/rentabilidade
na produção de leite
Paulo Baptista, Chefe Produto Conforto Animal, Harker XXI, SA
[email protected]
Os princípios básicos do Conforto Animal
são simples: conseguir partos felizes que
deêm origem a vitelas felizes e, por sua vez,
a vacas que produzam mais leite.
Na construção de um estábulo novo ou na
sua renovação, devemos apoiar-nos em técnicos que aconselhem relativamente à otimização do tráfego das vacas integradas mas
também às melhores soluções de conforto. As
diferentes soluções desenvolvidas deverão
ser focadas nos animais e na utilização fácil
para o produtor profissional.
O que é na realidade o Conforto Animal?
Como pode ser avaliado? Como pode contribuir para a rentabilidade da exploração de
leite?
A observação e experiência mostram que
as vacas estabuladas num ambiente confortável produzem mais leite, têm menos problemas e vivem mais tempo.
As vacas têm todas de ter Alimento de qualidade, Água em abundância, Ar fresco,
Áreas de Repouso e Pisos confortáveis e limpos. As vacas devem poder estar de forma natural e deitar-se e levantar-se com facilidade.
A DeLaval utiliza três critérios principais,
no seu guia de desenvolvimento das soluções, para promover o conforto da vaca:
Sinais do Animal – as vacas estão sempre
a dar sinais do seu bem-estar e saúde, que devemos utilizar para otimizar estes resultados;
Condição Corporal – uma avaliação de
acordo com a tabela permite perceber o passado nutricional do animal, as razões da boa
ou fraca produção de leite e a performance da
reprodução;
Locomoção – também observada com
base numa tabela, com escala de 1 a 5, permite-nos, por vaca, em alguns segundos, verificar a qualidade do conforto de cada
animal.
O planeamento e o desenho duma vacaria
são tarefas que devem ser apoiadas por profissionais em planeamento de vacarias, com
60
vaca de alta produção precisa de comer alimento fresco 12 vezes por dia. A manjedoura
com o intervalo adequado por vaca, com auto
bloqueio, na altura do cornadi correcta, é importante para o conforto, não esquecendo o
espaço de acesso à mesma.
CAMAS
CUBÍCULOS E CORNADIS
Na produção de leite moderna, as vacas levantam-se e a deitam-se com muita frequência. Levantam-se até cerca de 16 vezes por
dia para caminhar, comer, beber ou para
serem ordenhadas. De seguida, voltam a deitar-se para descansar e ruminar.
Quando uma vaca se deita, o impacto dos
joelhos no tapete do cubículo é enorme, representando 2/3 do seu peso, o que significa
que 350 Kg caem livremente no chão duma
altura de 25 a 30 cm. Numa superfície dura,
Para que as vacas se deitem e levantem, a
área de descanso deve ter espaço para que os
movimentos na vertical e na horizontal se
façam sem obstruções e risco de acidente. A
logete de hoje não é a mesma de há 10 anos
e estudos recentes mostram que, comparativamente aos espaços até agora praticados, a
vaca aprecia mais comprimento (260 e agora
280 cm) e não tanta largura (120/130 e agora
115/125 cm). O declive também ajuda ao
conforto, com valores de 2 a 4%.
As vacas passam muitas horas na mesa de
alimentação, pelo que o conforto deste espaço aumenta a ingestão de alimento. Uma
isto causa tanto sofrimento na vaca que esta
ficará de pé para o resto do dia, preferindo a
situação de desconforto. Para além do consumo de alimento ser também bastante penalizado.
Os tapetes em borracha DeLaval absorvem o choque desta pancada, protegendo os
joelhos das vacas e, simultaneamente, criam
condições muito confortáveis para que a vaca
possa repousar pelo menos 12 horas por dia
e se levante quando sentir necessidade. O
conforto criado pelo tapete incentiva a actividade e o descanso do animal o que, por sua
vez promove a ingestão de água e alimento,
experiência internacional. A DeLaval tem
uma equipa técnica que apoia e ajuda a desenvolver, em todo o mundo, as melhores
soluções.
As diferentes soluções têm de ser integradas, atendendo às condições locais do clima
e aos requisitos da produção de leite.
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EQUIPAMENTOS
resultando em mais produção de leite. A espuma especialmente desenvolvida para a
parte inferior do tapete, é muito resistente e
tem “memória”. Juntamente com a cobertura,
cria um excelente ambiente, muito higiénico,
resistente e com pouca manutenção.
PAVIMENTOS COM BORRACHA
150 litros de água fresca por dia. A falta desta
provoca uma menor ingestão de alimentos e
a queda da produção de leite: 40% de redução
no consumo de água provoca uma queda de
25% na produção. As vacas gostam de beber
enquanto comem, o que pode chegar a 8
vezes por dia, e logo a seguir à ordenha. Com
um espaço de 3 a 4 metros em volta do bebedouro e uma temperatura entre 15 e 17ºC, o
consumo de água é maximizado. A água tem
de ser de qualidade e deve ser fornecida de
preferência uma vez por dia, devendo ser
analisada pelo menos uma vez por ano.
corredores compridos, mas implica área para
espalhar a grande quantidade de líquidos gerados, mesmo com recirculação.
O sistema WS3 Whasdown DeLaval permite, utilizando a água das chuvas e reaproveitando a água da lavagem da Máquina de
Ordenha, fazer a lavagem da Sala de Ordenha e do Parque de Espera.
VENTILAÇÃO
ESTRUMES
As vacas estabuladas devem ter o mesmo
conforto que têm na pastagem. Devem poder
caminhar com passos longos e bem assentes,
com a cabeça alta e alinhada e serem capazes
de se apoiar em três patas. A análise das causas de abate das vacas mostra que 20 a 25%
dos casos são devidos a problemas com os
cascos. O custo deste problema está estimado
em € 60 a 250 por vaca e por ano, com redução da produção de leite entre 60 e 360 Kg.
Dispomos de diferentes soluções para o
tratamento dos cascos, desde o simples pedilúvio até ao pedilúvio automático DeLaval
AFB 1000, programado de acordo com as
necessidades de enchimento, doseamento do
produto e envasamento para renovação.
BEBEDOUROS
O leite é constituído por quase 90% de
água e as vacas gostam de beber com rapidez
– até 25 litros de água por minuto. As vacas
de alta produção precisam de beber mais de
Um sistema eficiente de gestão dos estrumes melhora a higiene da ordenha, a saúde
do rebanho e o ambiente no estábulo, ao reduzir os níveis de dióxido de carbono e amoníaco, que têm um forte impacto na saúde dos
cascos e no controlo das moscas. Preserva
também os níveis de fertilização, para além
de respeitar o ambiente.
O critério de selecção do sistema depende
do número de vacas, tipo de estábulo, número de corredores e comprimento dos mesmos, tipo de cama, tipo de processamento do
estrume, rotinas de lavagem, tipo de pavimentos e condições onde a exploração está
inserida. Os custos laborais para uma limpeza
eficaz e o baixo consumo em energia e manutenção são importantes para a tomada de
decisão.
Os diferentes sistemas de remoção são
aplicados em função de cada tipo de estrume;
temos o chorume até 10% MS (tipo sopa); o
semissólido entre 10 e 20% MS (por vezes
com areia) e o estrume sólido com mais de
20%MS (com muita palha). A DeLaval tem
diferentes modelos adaptados para pavimentos com borracha, vigotas com lâminas direitas ou em V para camas com palha. A Onda
de Água pode também ser uma solução para
Um clima confortável relaxa os animais. A
vaca precisa constantemente de ar fresco e
limpo para atingir o potencial de produção. A
necessidade de renovação do ar depende de
vários factores, incluindo as condições do ar
exterior, a temperatura e humidade e a quantidade e densidade de animais. A gama de
ventiladores DeLaval mecânicos tem uma
alta eficiência na ventilação forçada e cortinas para tirar partido da ventilação natural.
O Índice de Temperatura e Humidade no
estábulo não deve exceder o nível 68, para
evitar o stress pelo calor. Este combate-se começando pelo conforto da vaca, facilitandolhe o acesso a água fresca e limpa e arejando
a zona da manjedoura. A segunda prioridade
vai para a ventilação no estábulo em geral e
na sala de ordenha.
ILUMINAÇÃO
Aumentar os níveis de luminosidade no estábulo faz parte das boas práticas da gestão.
Melhora-se o conforto animal, a produtividade e a saúde do rebanho no geral, pelo sim-
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EQUIPAMENTOS
ples ligar dum interruptor.
Períodos mais longos de luminosidade têm
influência directa na produção de leite e na
fertilidade. Com as lâmpadas FL 250F e
FL400F DeLaval conseguem-se períodos de
16 horas de luz com 180 lux de luminosidade
e 8 horas de penumbra, nas 24 horas do dia.
ESCOVA
A escova estimula a circulação do sangue
e o bem-estar da vaca. Um estudo recente
da Universidade Cornell nos USA, mostra
que as vacas em lactação que usam a Escova
DeLaval Swinging SCB registaram um aumento na produção de leite e menos casos
de mamites clínicas. Também se verificou
que a escova funciona perto de 24 horas por
dia, sendo a escovadela de 55% em volta na
cabeça, 37% na região traseira e 8% em
volta do pescoço.
PROTEÇÃO DE SUPERFÍCIES
Zonas de muito tráfego criam grande desgaste em determinadas superfícies, em diferentes pontos do estábulo. A DeLaval tem
vários produtos para estas situações, como a
pintura epóxi que, combinada com areia de
quartzo alia a robustez ao efeito anti-derrapante; a cobertura da manjedoura FTC, extremamente resistente, reduz os germes e
bactérias e facilita muito a limpeza; os pai-
néis de parede WPP criam uma excelente atmosfera e são muito higiénicos.
TRÁFEGO
Planear o tráfego das vacas é uma parte
importante no desenho duma vacaria. Este
deve ser simples e fácil para acelerar o fluxo
dos animais principalmente no acesso à sala
de ordenha. Deve-se ter presente que a produção excessiva de adrenalina na vaca corta
o efeito da oxitocina na resposta à descida do
leite.
New Holland
BigBaler premiada pela segurança
A enfardadeira BigBaler da New Holland
foi premiada com medalha de prata no
SIMA de Paris pelos seus avançados sistemas de segurança.
No que respeita à segurança, a BigBaler
integra um sistema de segurança único, de
forma que a proteção frontal apenas possa
ser aberta quando a enfardadeira estiver totalmente estacionária: quando a TDF tiver
sido desativada e quando o travão do volante
de inércia tiver sido engatado. A abertura das
portas laterais é assegurada por potentes
amortecedores pneumáticos, que também
suportam as proteções laterais quando abertas. A segurança do operador foi melhorada,
pois não há acesso a componentes móveis
62
através das caixas de dentes.
Indicada para as operações de enfardamento profissional, a BigBaler é capaz de
produzir até 110 fardos/hora. Está equipada
com o sistema de recolha MaxiSweep™ que
assegura um aumento de capacidade de até
20%. A densidade dos fardos foi beneficiada
em até 5% graças à câmara de pré-compressão melhorada que usufrui da tecnologia
avançada SmartFill™, com sensores.
Soluções PLM™ avançadas como a tecnologia de pesagem de fardos em andamento
ActiveWeigh™, podem ser registadas em
conjunto com o teor de humidade, data e
hora, e a localização GPS do fardo, para criar
dados de mapeamento precisos da produção
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Guiar cada vaca para onde queremos e
manter os grupos separados é uma tarefa
muito importante:
Porta Separadora DSG DeLaval: o sistema
de Gestão do Rebanho DeLaval controla de
forma automática cinco direcções diferentes
de separação;
Porta Selectora Inteligente SSG DeLaval:
permite gerir o tráfego das vacas em tempo
real, directamente pelo software de gestão do
Robot de Ordenha VMS. Criadas as regras,
as vacas são ordenhadas ou vão para a zona
de descanso, conforme têm ou não permissão de ordenha, ou são separadas para observar – cascos, inseminação.
e do campo, para que os fatores de produção
possam ser afinados no sentido de aumentar
a produtividade e a rentabilidade em épocas
subsequentes.
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CONHEÇA A LEI
ARRENDAMENTO RURAL
Continuação da edição anterior
Drª Sofia Peixoto de Menezes, Advogada Estagiária
www.fladvoga.com
Como o prometido é devido, voltamos ao arrendamento rural.
Dando seguimento ao artigo anterior, vamos abordar em primeiro lugar o subarrendamento, isto é, a cedência temporária pelo Inquilino de parte ou a
totalidade do prédio arrendado a troco do pagamento
de uma renda. Conforme já anteriormente tínhamos referido, o novo regime do arrendamento rural proíbe o
subarrendamento, a cedência por empréstimo ou
qualquer outro tipo de cedência a terceiros, ainda que
parcial, dos prédios arrendados. O novo regime do arrendamento rural proíbe também a cedência a terceiros
da posição contratual do arrendatário.
Tais atos só são permitidos se existir acordo expresso do Senhorio para o efeito, acordo que poderá
ser dado caso a caso ou constar do contrato de arrendamento.
Aos subarrendamentos autorizados pelo Senhorio
aplica-se, com as devidas adaptações, o disposto no diploma que temos vindo a analisar, o Decreto-lei nº
294/2009, de 13 de Outubro.
Posto isto, parece-nos ser de grande interesse dar
uma perspetiva geral sobre o regime da renda ora estabelecido.
Como já vinha sendo hábito, a renda é paga anualmente e em dinheiro.
Cumpre esclarecer que no âmbito dos contratos de
arrendamento florestal, as partes podem acordar a fixação de uma parte da renda variável em função da
produtividade do prédio.
O pagamento da renda deve ser efetuado até ao último dia do ano a que respeita, a não ser que outro
prazo tenha sido acordado com o Senhorio.
Este pagamento deverá ser feito no domicilio do Senhorio, tratando-se de pessoa singular ou na sede social, no caso deste ser uma sociedade sendo relevante,
para estes efeitos, não as moradas constantes do contrato mas sim as que efetivamente se verifiquem na
data em que a renda deve ser paga.
Se a renda não for paga na data do respetivo venci-
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mento, o arrendatário entra em mora.
Perante a mora do arrendatário várias situações
podem ocorrer:
a) O senhorio pode resolver o contrato com
base na falta de pagamento ou
b) Exigir, além do pagamento da renda ou rendas
em atraso, uma indemnização igual a 50% do
valor que lhe seja devido.
Todavia, o Senhorio não poderá resolver o contrato
nem exigir a indemnização se o arrendatário pagar as
rendas em atraso no prazo 60 dias a contar do inico da
mora.
Enquanto as rendas em atraso e a indemnização dos
50% não forem pagas, o Senhorio pode recursar o recebimento das rendas seguintes, que entram também
em mora.
Se o Inquilino pretender pagar as rendas em atraso e
a indemnização dos 50%, e o Senhorio não quiser receber tais montantes, poderá recorrer à consignação
em depósito, isto é, poderá proceder ao depósito de tais
montantes numa agência de qualquer instituição de
crédito, utilizando documento próprio para o efeito. O
Inquilino que procedeu e este depósito deve comunicálo por escrito ao senhorio.
Decorridos 6 meses sobre o início da mora, o Senhorio poderá pôr fim ao contrato de arrendamento
mesmo que o Inquilino pretenda manter o contrato.
A renda pode ser anualmente atualizada utilizando-se para o efeito coeficiente que é publicado em
diário da Republica até ao dia 30 de cada ano.
Igualmente, quando o Senhorio realiza no prédio arrendado e durante o período fixado no contrato, obras
de beneficiação com o acordo expresso do Inquilino,
pode ser convencionada, por iniciativa do Senhorio,
uma alteração à renda. Esta alteração à renda precisa
também do acordo expresso do Inquilino. Por outro
lado, a realização de obras de recuperação não confere
ao Senhorio o direito de alterar a renda nos termos ora
expostos.
Convém não esquecer que este último aumento pode
ser cumulado com a atualização anual que se verificar.
064-065_Lei_Layout 1 1/4/13 3:11 PM Page 65
CONHEÇA A LEI
Para além das situações descritas, a renda pode ainda
ser alterada por ocorrência de circunstâncias imprevistas e anormais, isto é, quando no prédio rústico arrendado e no período fixado no contrato, se verifiquem
alterações com impacto significativo na normal e regular capacidade produtiva do prédio, caso em que
pode ser acordado por iniciativa quer do Senhorio quer
do Inquilino uma alteração temporária ou definitiva da
renda. Chama-se a atenção para o facto de tais circunstâncias imprevisíveis e anormais deverem ser
alheias à vontade do Inquilino.
No caso do arrendamento florestal e das culturas
agrícolas permanentes, a Lei considera como impacto
significativo a perda de, pelo menos, 1/3 das plantações das culturas permanentes ou da plantação florestal explorada no prédio.
O Senhorio e o Inquilino são obrigados a permitir e
a facilitar a realização de ações de conservação ou recuperação do prédio arrendado assim como as benfeitorias que a outra parte deva ou pretenda fazer tendo
em vista garantir a boa utilização do prédio e numa
perspetiva de melhorar as condições de produção e
produtividade deste.
Estas ações devem ser realizadas sempre que possível durante o período do ano que menos inconvenientes cause ao Inquilino, isto claro, se não forem
urgentes.
Por outro lado, o Inquilino está obrigado a conservar
e, no fim do contrato, a restituir o prédio no estado
em que o recebeu.
Caso assim não aconteça, o Inquilino poderá ter de
indemnizar o Senhorio.
No caso particular do arrendamento florestal para
efeitos de exploração de espécies em talhadia, no fim
do contrato, o Inquilino, é obrigado a destruir ou remover as toiças ou cepos, salvo se tiver acordado o
contrário.
Se findo o contrato não for elaborado documento
pelo Senhorio e pelo Inquilino, no qual descrevam o
estado em que o prédio é entregue, presume-se que o
prédio foi entregue pelo Inquilino em bom estado de
conservação.
O arrendamento não caduca por morte do senhorio nem pela transmissão do prédio. Também não
caduca pela morte do arrendatário, no caso de pessoas
singulares, nem por extinção, no caso de pessoas coletivas.
Com efeito, tratando-se de pessoas singulares o arrendamento transmite-se ao cônjuge sobrevivo ou
aquele que no momento da morte do Inquilino com ele
vivia em união de facto há mais de dois anos. Mais se
transmite a parentes ou afins na linha reta que viviam
com o Inquilino em comunhão de mesa e habitação ou
em economia comum, há mais de um ano consecutivo. No caso de pessoas coletivas, o arrendamento
transmite-se para a entidade para a qual, de acordo com
a legislação aplicável, devem ser transmitidos os direitos e obrigações da entidade extinta.
No caso do contrato de arrendamento cessar por
causa que não seja imputável ao Inquilino, este fica
com o direito de preferir nos contratos de arrendamento que se celebrarem nos cinco anos seguintes. Já
no caso de venda do prédio arrendado, e desde que o
contrato vigore há mais do que três anos, o arrendatário tem direito de preferência na transmissão, devendo, em ambos os casos, ser notificado pelo
Senhorio para o efeito.
O arrendamento rural cessa, entre outras causas,
por:
a) Acordo entre as partes;
b) Resolução
c) Caducidade
d) Oposição à renovação e
e) Denúncia.
Nos casos de cessação referidos, a restituição do prédio só pode ser exigida no fim do ano agrícola em que
se tenham verificado os factos que determinaram a cessão do contrato, com exceção dos prédios arrendados
para fins de exploração florestal.
O regime do arrendamento rural é extenso e complexo pelo que a nossa preocupação foi a de dar uma
perspetiva geral das normas nele contidas, o que não
dispensa a consulta da Lei e a análise cuidada de todos
os casos concretos. x
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FEIRAS
Beba Leite!
"O leite e os seus derivados são alimentos fundamentais numa alimentação saudável.
Nós, mulheres, que temos uma maior tendência para vir a sofrer de osteoporose ,
doença que se caracteriza por uma fragilização e perda de massa óssea por falta
de cálcio, devemos beber leite todos os dias para conseguirmos uma reserva deste
mineral e mais tarde evitarmos a incidência desta doença.
Cada adulto deve ingerir uma quantidade de leite equivalente a três copos, para
fazer face às necessidades diárias de cálcio.
Eu costumo beber 1 copo de leite por dia e comer dois iogurtes. Como também faço
exercício físico espero, um dia mais tarde, daqui a muitos anos, quando o meu
organismo começar a sentir uma redução de estrogénios, estar protegida contra essa
doença que tanto afecta a população feminina."
“Catarina Pereira, modelo RuminArte”
Não deixe de visitar...
21 A 24 DE FEVEREIRO
24 A 28 DE FEVEREIRO
TIER & TECHNIK (St. Gall - Suíça)
SIMA/SIMAGENA (Paris – França)
FIMA GANADERA (Saragoça - Espanha)
http://www.tierundtechnik.ch
www.simaonline.com
www.feriazaragoza.es
A 3ª edição do Tier&Technik, Exposição Internacional de
pecuária, produção agrícola, culturas especiais e máquinas agrícolas, apresenta em St Gall, na Suíça, as
principais inovações do mundo agrícola e pecuário.
Entre os destaques desta feira estão as exposições e
apresentações de gado de alta qualidade que, a cada
ano desperta o entusiasmo do público. O ênfase é no
entanto colocado na criação e manutenção de gado leiteiro. As exposições de animais reúnem um amplo painel de mais de 400 expositores.
O SIMA, consagrada feira mundial de agricultura e pecuária, realizará a sua 75ª edição, uma vez mais este ano
no Parque de Exposições de Paris, Nord Villepinte.
O SIMA é uma feira de referência, com 1300 expositores
e 1550 marcas e cerca de 210.000 visitantes dos quais 25
por cento estrangeiros.
O SIMAGENA, feira internacional para a reprodução bovina, decorre ao mesmo tempo que o SIMA. Nesta exposição estão presentes 300 criadores de raças
selecionadas e produtores, e uma mostra de cerca de
400 animais (50% vacas de leite e 50% vacas de carne).
19 A 22 DE MARÇO
Na Feira Internacional para a Produção Animal - FIGAN
- o produtor profissional encontrará as mais recentes soluções para o melhor desenvolvimento da sua atividade
pecuária. O crescente sucesso demonstrado ao longo
das edições anteriores, juntamente com a promoção e o
ambiente acolhedor de Saragoça, tornam-na um ponto
de encontro indispensável na agenda dos produtores profissionais.
23 DE FEVEREIRO A 3 DE MARÇO
29 DE ABRIL A 3 DE MAIO
AGRISHOW (Ribeirão Preto - Brasil)
A Agrishow realiza a sua 20ª edição de 29 de abril a 3 de
maio do próximo ano. Em 2012, esta enorme exposição
do mundo agrário teve 150 mil visitantes provenientes
de 18 países, durante os 5 dias da sua realização. Outros números apurados da edição de 2012: cerca de
50% do público visitante é decisor final de compra; 76%
dos visitantes participam do processo de compras: agricultores, produtores de gado, agroindustriais, estudantes, industriais e empresários do setor; a exposição teve
440 mil m² de área e 708 expositores.
www.agrishow.com.br
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SALÃO INTERNACIONAL AGRICULTURA (Paris – França)
Nos últimos 50 anos, a Feira Internacional Agrícola de Paris tem sido o ponto de encontro anual para os players-chave
no mundo da agricultura. É considerado como um dos principais eventos do setor, não só em França, mas em todo o
mundo.
Atualmente atrai 1.300 expositores de 22 países, e apresenta mais de 4.000 animais em exposição. O evento Em 2012,
este show foi visitado por mais de 650 mil visitantes. Em 2013, o SIA comemorará o seu 50 º aniversário com o tema "A
agricultura no coração".
http://www.salon-agriculture.com
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