Saúde Ocupacional e Ambiental na Indústria de Alumínio

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Saúde Ocupacional e Ambiental na Indústria de Alumínio
SUPLEMENTO
Saúde Ocupacional e Ambiental na Indústria de Alumínio
Pontos-chaves para Profissionais de Saúde
James C. Wesdock, médico e mestre em Saúde Pública e Ian M.F. Arnold, médico e Mestre em Ciências, DOHS
O alumínio, o metal mais abundante na crosta terrestre (representando em torno de
8%) tem uma multiplicidade de usos variando da indústria aeroespacial à construção
civil incluindo as aplicações farmacêuticas e produção de alimentos. A produção do
alumínio primário começa com a mineração do minério bruto, seguida da extração do
metal alumínio, por meio de uma série de processos industriais há muito estabelecidos
e verticalmente integrados. Nesta edição do “Journal”, esses processos e suas
tecnologias - ambos contemporâneos e inovadores - são plenamente descritos. O
processo químico básico produz, para cada 4 a 6 quilos de bauxita, em torno de 2
quilos de alumina e um quilo de alumínio. Outras matérias-primas incluem carbono,
fluoreto de alumínio, criolita e energia elétrica. Os perigos químicos, físicos,
biológicos, psicossociais e ergonômicos relativos à produção de alumínio primário
estão também caracterizados, no contexto da saúde ocupacional e comunitária.
Análises epidemiológicas detalhando conhecidos riscos à saúde estão amplamente
sintetizadas. Questões emergentes de interesse e estudo, tais como a saúde ambiental
e comunitária em relação a fábricas de produção de alumínio, são também discutidas.
Considerações envolvendo a saúde pública e de consumidores, centradas em hipóteses
sobre o alumínio e os impactos neurocognitivos estão sistematicamente revistas e
analisadas.
O PROCESSO DE MINERAÇÃO DE BAUXITA E OS PERIGOS E RISCOS ASSOCIADOS À SAÚDE
OCUPACIONAL
Embora um pequeno percentual (menos de 1% em nível global) de alumínio derive de
minérios tais como a nefelina e de fontes alternativas como a cinza volátil oriunda de usinas
movidas a carvão, a mineração de bauxita representa, de longe, a etapa produtiva inicial
mais comum da produção final do metal alumínio. Uma breve perspectiva histórica, a visão
geral do processo e relatos sustentáveis de mineração de bauxita estão disponíveis por meio
do projeto “Aluminium for Future Generations” [Alumínio para Futuras Gerações] do
International Aluminium Institute (IAI). 1
O minério de bauxita, nome inspirado na cidade de Les Baux, França, é uma das fontes mais
antigas de bauxita e contém alumina (Al2O3), precursora imediata do alumínio (Al) na
sequência produtiva. A maioria esmagadora das reservas globais de bauxita conhecidas é
encontrada na banda geográfica delimitada pelos Trópicos de Câncer e Capricórnio. Os
depósitos principais são encontrados na África Ocidental, na América do Sul e no Caribe, no
Sul e Sudeste da Ásia e na Austrália.
Grande parte da bauxita está muito próxima da superfície e, por isso, é facilmente
minerável comparada a outros minérios. Contudo, uma série de perigos de natureza física,
química, biológica, ergonômica e psicossociais existe ao longo do processo de mineração,
conforme descrito no artigo de Donoghue et al.2.
Copyright © 2014 Lippincott Williams & Wilkins. É proibida a reprodução não autorizada deste artigo.
- Texto traduzido, sob autorização, de artigo publicado no Journal of Occupational and Environmental Medicine (JOEM),
Número 5S, em maio de 2014.1
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James C. Wesdock, médico e mestre em Saúde Pública e Ian M.F. Arnold, médico e Mestre em Ciências, DOHS
Os perigos físicos incluem barulho, calor e umidade, os ergonômicos incluem vibração,
material radioativo de ocorrência natural e radiação ultravioleta (NR-Nota do Revisor:
conforme o original, as radiações estão classificadas como "ergonômico"). O potencial de lesão
traumática é uma realidade que obriga unidades operacionais a assegurar a disponibilidade
próxima de recursos qualificados de atendimento médico emergencial. O barulho
proveniente de fontes como equipamentos de terraplenagem, explosão, perfuração e
britagem estão sempre presentes. Por consequência, a perda auditiva provocada pelo
barulho é um risco significativo a ser gerenciado, bem como são essenciais os programas
abrangentes de conservação auditiva. O clima de regiões tropicais de mineração, com
elevados níveis de calor e umidade locais e inerentes, pode provocar doenças associadas ao
calor. Assim, é preciso haver conscientização adequada de empregados e estratégias de
controle.
Operadores de equipamentos e maquinários pesados são suscetíveis a vibrações de corpo
inteiro, que podem favorecer ou exacerbar distúrbios da coluna vertebral. Há presença de
material radiativo de ocorrência natural na bauxita em níveis muito baixos e que se
transfere para a corrente de resíduo sólido durante o processo de refino, estando ausentes
no produto final, a alumina. Esse último perigo deve ser considerado e monitorado.
Entretanto, dados de monitoramento ocupacional à partir da mineração de bauxita e do
acompanhamento de refino de alumina apontam doses pessoais menores do que os limites
vigentes de exposição do público em geral. Assim, é improvável que seja uma preocupação
significativa à saúde humana3. A exposição à radiação ultravioleta, logicamente mais
pronunciada, em função da concentração da atividade de mineração de bauxita em zonas
tropicais, pode contribuir para a ocorrência de carcinomas de células escamosas e basais.
Porém, é animador saber que o trabalho ao ar livre não parece conferir um risco aumentado
de melanoma, conforme observado por Donoghue et al 2. Medidas de controle comumente
aceitas incluem cabines fechadas de equipamentos móveis, programação criativa de horário
de trabalho para evitar a exposição ao sol do meio-dia, roupas adequadas de proteção e
filtro solar.
São poucos os perigos químicos, pelo fato da bauxita por si só ser geralmente considerada
biologicamente inerte. No contexto da higiene ocupacional, ela é melhor categorizada como
uma poeira incômoda ou uma partícula não especificada de outra forma. Embora Donoghue
et al2 observem que houve um caso relatado de fibrose pulmonar leve em uma pessoa
exposta à britagem e ao transporte de bauxita por várias décadas há mais de 50 anos,
estudos epidemiológicos atuais de exposição a poeiras, em operações de mineração bem
gerenciadas, mostram não estar relacionados nem possuir impactos negativos clinicamente
significativos de função pulmonar, nem à pneumoconiose. Vestígios de berílio e outros
metais estão presentes em algumas bauxitas. Todavia, elas não estão atreladas a efeitos
adversos à saúde naquelas pessoas envolvidas da indústria da mineração.
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Os perigos adicionais incluem fatores biológicos, ergonômicos, psicossociais e de fadiga.
Doenças transmissíveis como malária e dengue, em algumas áreas, devem ser previstas os
esforços devem ser dedicados por meio de ações apropriadas de controle do mosquito e
outros vetores da doença, quimioprofilaxia, diagnóstico e tratamento precoces, educação de
empregados e consulta à medicina do viajante. Riscos ergonômicos são minimizados, porque
a mineração evoluiu para uma condição altamente mecanizada. A fadiga, entretanto, é uma
preocupação cada vez mais relevante devido aos turnos extensos e horas extras e a
introdução de programas de gestão de riscos de fadiga está crescendo na indústria. As
preocupações recentes levantadas pela International Agency for Research on Cancer
[Agência Internacional de Pesquisa do Câncer] sobre o trabalho em turno que envolve a
perturbação do ciclo circadiano, são outras áreas que merecerão maior consideração4.
Fatores psicológicos - inclusive o abuso de álcool e drogas - são agravados pelo isolamento,
mudança social e falta de cuidado com a saúde e outras amenidades sociais em alguns
contextos da mineração, que devem ser também considerados e analisados.
O PROCESSO DE REFINO DE ALUMINA E PERIGOS E RISCOS ASSOCIADOS À SAÚDE
OCUPACIONAL
O refino de alumina transforma o minério de bauxita em alumina calcinada (Al 2O3). Esse
método de extração, conhecido por processo Bayer, ocorre por meio de uma série
progressiva de etapas: britagem do minério, digestão em uma solução de hidróxido de sódio,
clarificação para remover materiais de resíduo sólido, precipitação da alumina sólida
hidratada e calcinação para expulsar a água. Uma visão geral sucinta do processo e um mapa
da tecnologia da alumina estão disponíveis por meio do projeto Aluminium for Future
Generations do IAI5. O processo de digestão requer grandes quantidades de soda cáustica, o
perigo de natureza química associado ao processo de refino. Existem vários outros
importantes perigos físicos, químicos, ergonômicos e psicossociais, que estão descritos no
artigo de Donoghue et al2.
Os perigos físicos incluem exposição ao barulho, calor e umidade, vibração, ergonomia e à
radiação ultravioleta. Lesões traumáticas insignificantes, particularmente em mãos e pés,
não são incomuns. Porém, a ocorrência de eventos traumáticos importantes é rara. A
presença de atendimento emergencial e de equipe médica adequadamente equipada no
local é, assim, altamente desejável. O barulho é um risco onipresente em todas as fábricas
de alumínio e a perda auditiva causada pelo barulho permanece como uma doença
lamentável, mas ainda predominante entre os trabalhadores de refinarias. Programas
ousados de conservação auditiva são fundamentais. Os programas de melhores práticas
introduzem testes quantitativos de ajuste (fit test) de proteção auditiva e tecnologias
emergentes que utilizam dosimetria pessoal de barulho, com notificação em tempo real da
extrapolação do limite diário de exposição. Ferramentas manuais de vibração são
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comumente utilizadas nas refinarias, com a síndrome da vibração de mãos e braços
ocasionalmente se manifestando nos empregados.
Os perigos químicos incluem as poeiras de alumina e bauxita, soda cáustica e fumos de
escape de diesel. Donoghue et al2 indicam que, embora os estudos epidemiológicos feitos na
Austrália Oriental sugiram sintomas respiratórios crescentes tais como chiado no peito e
rinite entre os trabalhadores de áreas de produção, nenhuma perda de função pulmonar
clinicamente significativa tem sido observada.
Estudos sobre a incidência e mortalidade por câncer são muito restritos. Dados publicados
da Austrália Oriental indicam não haver nenhum risco aumentado de mortalidade por câncer
por todas as causas e todas as causas combinadas, comparado com uma população externa
de referência, bem como nenhuma relação com a duração do emprego. Análises usando uma
população interna de comparação, não mostraram nenhum risco de excesso de câncer de
nenhuma espécie pela exposição à bauxita ou à alumina.
Com os alcalinos fortes (principalmente NaOH) presentes em todo o processo de refino, os
salpicos e derramamentos químicos permanecem como uma preocupação. Queimaduras
graves de pele e olhos são possíveis. Chuveiros de emergência tradicionais e estações lavaolhos usando água estão sendo ampliados, utilizando-se os agentes mais contemporâneos de
primeiros-socorros, que estão estabelecendo evidências de segurança e eficácia.
Os perigos de entrada em espaços confinados multiplicam-se nas refinarias. Por isso, são
fundamentais as práticas convencionais de saúde e segurança para controlar tais riscos.
Equipamentos móveis movidos a diesel – usados, por exemplo, dentro de tanques de
refinaria para descalcificação – geram particulados de diesel, cuja exposição deve ser
controlada. O controle de fumos de solda através da ventilação-padrão e proteção
respiratória é importante. O amianto residual pode estar presente em refinarias mais
obsoletas e deve ser gerenciado adequadamente para proteger exposições de trabalhadores.
A presença de matéria orgânica em algumas bauxitas pode produzir compostos orgânicos
voláteis durante o processo de digestão. Os compostos orgânicos voláteis com odor e
irritação associados são questões de preocupação potencial tanto para os empregados
quanto para as comunidades locais. Como refinarias de alumina tendem a estar localizadas
com relativa proximidade geográfica das minas de bauxita, as mesmas preocupações com o
calor e umidade do ambiente, doenças transmissíveis, fatores psicológicos e luz ultravioleta
devem estar presentes, da mesma forma que as respectivas estratégias de controle.
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O PROCESSO DE FUNDIÇÃO DE ALUMÍNIO E OS PERIGOS/RISCOS ASSOCIADOS À SAÚDE
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O alumínio é extraído à partir da alumina por meio do processo Hall-Héroult. Em suma, isto
implica num processo eletroquímico envolvendo linhas extensas (por volta de mais de um
quilômetro de comprimento) de células eletrolíticas, ou cubas, que utilizam eletricidade de
baixa tensão e alta amperagem para produzir o alumínio a partir da do material bruto ou
alumina (óxido de alumínio). O processo Hall-Héroult foi inventado em 1.886 e permanece
fundamentalmente inalterado desde aquela época. Uma visão geral mais detalhada em
forma de gráfico estão disponíveis por meio do projeto “Aluminium for Future Generations”
do IAI6.
Neste processo, o alumínio fundido é produzido por redução eletrolítica da alumina,
dissolvida em um eletrólito de fluoreto fundido, que consiste principalmente de criolita,
dentro de uma série de células ou “cubas” eletrolíticas. As cubas são revestidas de carbono
e servem como um catodo para o processo eletrolítico. Os anodos de carbono têm de ser
produzidos por um processo separado. Existem dois tipos principais de cubas utilizadas na
produção de alumínio. A cuba Soderberg foi a tecnologia dominante por muitos anos desde o
seu uso inicial na primeira parte do século XX. Entretanto, o tipo mais comum em operação
atualmente é conhecido como a cuba prebake. Na primeira, o anodo é produzido a partir de
uma mistura de coque de petróleo e piche de alcatrão e contém cerca de duas vezes o teor
de piche para se fabricar anodos prebake. Pequenos briquetes de pasta de anodo são
adicionados regularmente no topo da cuba Soderberg e o anodo "cozinha" no local (in situ).
Na cuba prebake, os anodos são produzidos a partir de uma mistura de coque de petróleo,
piche de alcatrão e material anódico denominado "butts" [resíduos anódicos] que representa
o anodo remanescente removido da cuba durante a troca anódica. Os anodos são consumidos
durante o processo eletrolítico e devem ser removidos da cuba antes de serem
completamente utilizados. Os anodos prebake são "pré-cozidos" em fornos especiais de
cozimento de anodos a cerca de 1150oC a 1200oC, fazendo o piche carbonizar e formar
blocos robustos e densos de anodo.
As cubas Soderberg têm eficiência mais baixa de corrente e maior dificuldade em coletar os
fumos de cozimentos de anodos, especialmente os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos
(HAPs). Esses hidrocarbonetos são voláteis do piche principalmente, usados na pasta de
anodo. O hidrocarboneto aromático policíclico consiste de muitos compostos orgânicos
distintos, que têm demonstrado ser cancerígenos.
A alumina tem três papeis básicos no processo de fundição:
1. Como alimento para a cuba, a alumina pode ser agregada intermitentemente (em
tipos mais antigos de cubas) ou em quantidades medidas em curtos intervalos,
geralmente por meio de um sistema alimentador point breaker.
2. Como um isolante térmico no topo da crosta da cuba e dos anodos de carbono.
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3. Para auxiliar como um meio de esfregamento na limpeza de gases capturados na
cuba. A alumina ativada, que contém o fluoreto residual, é então utilizada como um
alimento para o processo de redução. De fato, ela tem um impacto positivo na
química da cuba e na eficiência do processo em relação à alumina não ativada.
Energia, o maior insumo das cubas eletrolíticas, vem de quatro fontes geradoras principais.
Carvão (50%) e energia hidrelétrica (40%) dão a maior contribuição, com o gás natural (8%) e
fontes nucleares (2%) respondendo pelo restante.
O eletrólito consiste principalmente de criolita e volumes menores de fluoreto de alumínio,
fluoreto de cálcio e alumina e pode ser a fonte de vários compostos fluorados tais como
fluoreto de hidrogênio (HF) e tetrafluoraluminato de sódio (NaAlF4). O artigo de Kvande e
Drablos7 descreve plenamente a operação das cubas e de revestimento de cubas, e o leitor é
direcionado àquele artigo para ter uma análise detalhada de considerações operacionais,
incluindo questões específicas sobre os campos magnéticos e questões sobre partida de
cubas.
Perigos Físicos
Os perigos físicos associados a toda produção pesada são comuns durante a fundição do
alumínio. Dentre tais riscos os principais são a sobrecarga térmica, barulho, ergonomia e
campos eletromagnéticos (EMFs). No interior das operações de fundição, a sobrecarga
térmica ocorre em função dos altos níveis de calor gerado pelo processo, que é composto
pela exposição ao calor ambiente, demandas metabólicas associadas às tarefas mais comuns
envolvidas (particularmente dentro das salas de cubas) e o uso mandatório de equipamentos
de proteção individual e roupas de proteção.
Estudos com trabalhadores de fundição americanas sugerem que os níveis de sobrecarga
térmica podem exceder os limites definidos de exposição ocupacional (OELs) e
recomendações8,9. Há pelo menos algum indício que respalda a natureza protetora dos OELs
para a sobrecarga térmica, com respeito a preparadores de anodos na indústria do alumínio
e também a outros trabalhadores10,11. Esse indício, oriundo de investigações de incidentes
graves associados ao calor e ao calor ambiente medido como uma função do OEL (abaixo,
acima do limite inferior e acima do superior), mostrou aumentos estatisticamente
significativos de incidentes à medida que a temperatura sobe.
Devem ser considerados e implantados controles gerais e específicos de trabalho para
exposições à sobrecarga térmica, com base nos resultados de avaliações de exposição. Os
protocolos de aclimatação continuam a ser um componente importante de gestão de
sobrecarga térmica. O exame médico básico de seleção e antes do período de calor para
identificar fatores de riscos pessoais de intolerância térmica, plano emergencial de
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atendimento e treinamento do trabalhador no reconhecimento precoce de sintomas de
doenças associadas ao calor são elementos adicionais para um programa abrangente. Para
exposições específicas de trabalho, controles administrativos e de engenharia são
frequentemente necessários e podem incluir o uso de métodos pessoais de resfriamento para
o controle da sobrecarga térmica.
O barulho é indiscutivelmente o fator de risco ocupacional mais predominante na indústria
do alumínio, tal qual acontece na maioria dos outros segmentos de manufatura. Entretanto,
o barulho está comumente vinculado a outros riscos talvez por sua onipresença na indústria,
pelo início tardio do impacto perceptível, pelo leve efeito percebido como uma doença
ocupacional e pela dificuldade de se distinguir os impactos ocupacionais dos não
ocupacionais.
Efeitos auditivos (perda auditiva causada por barulho, trauma acústico e zumbido) e, com
reconhecimento crescente, efeitos não auditivos (interferência na comunicação, risco de
lesões e impactos cardiovasculares) podem advir de exposição ocupacional ao barulho
excessivo. São os efeitos auditivos que servem de base para a atual regulamentação sobre o
barulho de origem ocupacional, em nível global. Estudos em indivíduos expostos ao barulho
em instalações de produção de alumínio indicam uma taxa anual aproximada de 2% de
mudanças do limiar-padrão12. Uma mudança do limiar-padrão é vista como uma alteração
significativa e definida pelo US Occupational Safety and Health Administration como uma
queda média de 10 dB ou mais em 2000, 3000 e 4000 hertz (Hz) num determinado ouvido,
em relação a um exame audiométrico admissional; a correção da idade é opcional13.
Considera-se o risco de lesões relacionadas com barulhos principalmente como algo
relacionado à interferência na comunicação e à incapacidade de se detectar avisos de alerta
de segurança14. Estudos em animais e estudos epidemiológicos com trabalhadores expostos
ao barulho demonstram efeitos fisiológicos agudos sobre o sistema cardiovascular – aumento
da pressão arterial e da frequência cardíaca - distúrbios do ritmo cardíaco e aumento da
carga de trabalho cardiovascular – por meio de reações ao estresse estimulado e liberações
de cortisol/catecolaminas, que podem levantar a hipótese de elevar o risco de infarto agudo
do miocárdio ou morte súbita15.
A tecnologia contemporânea de produção de alumínio requer elevados níveis de corrente
direta de energia elétrica para conduzir o processo de redução eletroquímica nas células
eletrolíticas (cubas) presentes nas salas de cubas. Essa corrente de baixa tensão e alta
amperagem necessária, utilizada para criar a carga elétrica entre os anodos e os catodos das
cubas, é gerada dentro de pátios retificadores dedicados à fundição, por meio da conversão
de eletricidade em corrente alternada de entrada. Operadores, eletricistas e equipes de
manutenção de salas de cubas estão, portanto, potencialmente expostos aos EMFs como um
perigo físico inevitável. No entanto, os níveis medidos de exposição a EMFs em salas de
cubas e áreas de corrida do metal estão abaixo dos OELs existentes. Estudos epidemiológicos
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explorando os impactos potenciais sobre a saúde dos trabalhadores da indústria de alumínio
com a exposição a EMFs são muito limitados. Porém, até o momento, nenhuma relação foi
identificada em estudos preliminares examinando exposições a EMFs e riscos de câncer,
licença médica causada por lesões musculoesqueléticas e efeitos no sistema reprodutivo16-18.
É prudente haver controles administrativos para restringir o acesso de pessoas com
determinados dispositivos médicos à sala de cubas e outros ambientes com alta intensidade
de campo. Os "magnetophospenes", um fenômeno visual que se manifesta como a sensação
de flashes de luz na visão de uma pessoa, causada por correntes elétricas induzidas
estimulando a retina19-21, tem sido também percebido como uma ocorrência em
trabalhadores de fundições de alumínio.
Há um número de fatores de estresse ergonômico tradicionais presentes em fundições de
alumínio e em refinarias. Contudo, existem poucos estudos publicados detalhando a
natureza, a extensão e a intervenção programática voltada para esses riscos. Não obstante,
há dados publicados na indústria demonstrando uma forte queda nos riscos de lesões quando
os perigos ergonômicos localizados são identificados e sistematicamente controlados22. Além
disso, a IAI, através de um esforço de colaboração com o International Council on Mining
and Metals [Conselho Internacional de Mineração e Metais], produziu uma orientação sobre
indicadores de saúde, que reconhece a importância de se incluir a ergonomia como um dos
principais indicadores-chave23.
Distúrbios Respiratórios
Tal como acontece em outros ambientes industriais, os riscos de inalação representam o
mecanismo mais comum de exposição potencialmente prejudicial na produção de alumínio.
Há um extenso histórico de estudos acadêmicos relativos a distúrbios respiratórios em
trabalhadores de fundições de alumínio, especialmente para aqueles cujas tarefas primárias
ocorrem em salas de cubas. Assim, a base literária é repleta.
Grande parte da literatura antiga tem origem em estudos sobre trabalhadores de fundições
da Noruega e do Canadá, uma vez que a produção do alumínio primário tem sido uma
indústria principal de longa data nessas regiões. Eram essencialmente relatos de casos e
estudos de prevalência. Mais recentemente, pesquisadores australianos, europeus e norteamericanos contribuíram com dados adicionais importantes para a compreensão global sobre
a saúde respiratória de trabalhadores da produção de alumínio.
Os parâmetros de saúde respiratória de interesse têm focado os sintomas de tosse, chiado e
rinite, bem como a presença mais mensurável de doença pulmonar obstrutiva ou restritiva.
Até o momento, a síndrome de disfunção reativa das vias aéreas não foi relatada entre os
trabalhadores de fundições de alumínio. A asma na indústria de alumínio primário,
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coloquialmente chamada de "asma de sala de cubas", entretanto, tem sido de especial
interesse e estudos e é reconhecida como uma condição um tanto específica à indústria.
Nesta edição do “Journal”, Kongerud e Søyseth24 oferecem uma excelente revisão histórica e
contemporânea de distúrbios respiratórios investigados em associação com os riscos
ocupacionais presentes no setor de produção de alumínio. Estudos transversais sugerem uma
maior predominância de sintomas respiratórios gerais, muitas vezes correlacionados com o
aumento da exposição ou a duração do emprego. Porém, as limitações habituais de tais
estudos impedem inferências causais específicas.
Estudos longitudinais robustos têm mostrado mais consistentemente elevados índices de
queixas respiratórias não específicas e de asma diagnosticável, em trabalhadores tanto de
salas de cubas quanto de outras áreas. Os relatos obrigatórios de doença ocupacional em
muitos países – a asma, nesse contexto - tem sido útil em corroborar nas descobertas
epidemiológicas e sugere que os casos de asma de sala de cubas continuam a ocorrer, ainda
que a taxas muito baixas, em comparação com os níveis históricos. Essa baixa incidência por
volta da última década diretamente ocorre em paralelo com reduções simultâneas de
exposições a poeiras e gases de salas de cubas, no mesmo período.
Está em curso uma série de estudos de coorte sobre mortalidade de trabalhadores de
produções do alumínio. A doença pulmonar obstrutiva crônica é a doença respiratória de
causa específica em foco. Tem-se observado um aumento da taxa de mortalidade
relacionada à doença pulmonar obstrutiva crônica, principalmente em trabalhadores
envolvidos em atividades em salas de cubas durante a época de práticas menos avançadas
de higiene e proteção respiratória.
Mecanicamente, a asma da sala de cubas tem sido mais consistentemente associada a
exposições a fluoreto, em estudos dose-resposta, que datam da década de 1930. No entanto,
o agente ou os agentes causadores definitivos ainda não foram determinados de forma
inequívoca. A contribuição relativa dos estudos de pico de fluxo isolado, repetido ou em
estudos de exposições crônicas de baixa concentração ao fluoreto no desenvolvimento da
asma de sala de cubas permanece incerta.
Fatores predisponentes do hospedeiro têm sido estudados e debatidos. A atopia não parece
conferir uma maior probabilidade para o desenvolvimento de sintomas de asma entre os
trabalhadores de salas de cubas. Uma vez manifestada clinicamente, não há diferenças
visíveis entre a asma associada à sala de cubas e a asma da população em geral.
Dentro do amplo espectro de definições de asma ocupacional, a asma da sala de cubas é
geralmente vista como uma forma irritante e não imunológica de asma, associada ou
potencializada pelo trabalho. O Comitê de Saúde do IAI desenvolveu critérios para o
diagnóstico dessa condição23.
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Estudos de acompanhamento em pacientes com asma da sala de cubas indicam que,
conforme acontece com outras formas de asma relacionada ao trabalho, os sintomas podem
persistir mesmo após a remoção da exposição nas salas de cubas. Assim, a educação dos
trabalhadores, a vigilância médica rigorosa e a rápida remoção da exposição após o
reconhecimento precoce dos sintomas é essencial para o prognóstico mais favorável.
Várias formas da doença pulmonar parenquimatosa difusa têm sido também associadas à
produção de alumínio e ao alumínio em si, tal como apresentado no respectivo artigo de
Taiwo25. Reconhecer que o pó do alumínio metálico e o óxido de alumínio podem levar ao
desenvolvimento de doença pulmonar data da década de 1930. As referências históricas à
aluminose (doença de Shaver) atribuídas a altas concentrações de alumina e sílica entre os
trabalhadores de fábricas de alumina abrasiva surgiram em 1947. A doença pulmonar
granulomatosa provocada pelo alumínio também foi relatada e é diferenciada da sarcoidose
pela presença de alumínio dentro dos granulomas.
A evidência epidemiológica para a doença intersticial pulmonar em trabalhadores de
produção de alumínio primário (mineração, refino e fundição) nos Estados Unidos e, mais
recentemente, na Austrália é escassa. Devido à raridade de tais relatos de casos, a
controvérsia permanece sobre a relação causal com o alumínio. São comuns as exposições a
materiais coexistentes fibrogênicos mais plausíveis, como o amianto e a sílica, no ambiente
de trabalho de produção de alumínio primário.
Taiwo25 conclui que, em conjunto, os dados epidemiológicos humanos existentes sugerem
que o alumínio é – na maior parte das circunstâncias – apenas uma poeira incômoda (em
termos ocupacionais), com raras ocorrências idiossincráticas de fibrose pulmonar em
indivíduos suscetíveis.
Doenças relacionadas com o berílio (sensibilização ao berílio e/ou doença crônica por
berílio) já foram demonstradas em baixíssima taxa de incidência em trabalhadores de
fundições de alumínio, devido à presença natural do berílio em substrato de minérios que
evoluem e se concentram durante o processo de produção.
Câncer
Há provas epidemiológicas de uma relação causal entre a exposição a agentes específicos
durante os processos de produção do alumínio primário e certos tipos de câncer. A maioria
do que se conhece diz respeito a operações Soderberg ou operações mistas
Soderberg/Prebake. Tem havido um aumento significativo de riscos de câncer de pulmão e
bexiga relatados em trabalhadores de operações Soderberg de vários países, mas não em
todos. Os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HAPs) têm sido os supostos agentes de
exposição vinculados a esses tipos de câncer. Em fundições prebake, a principal exposição a
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HAPs ocorre durante a produção do anodo e, uma vez in situ, dentro da cuba a liberação
adicional de HAPs a partir de anodos prebake é menor. Em contrapartida, a exposição a
HAPs dentro de fundições Soderberg ocorre durante a operação da cuba. Assim, todos os
trabalhadores de sala de cubas estão potencialmente expostos, inclusive durante o
revestimento de catodos. Muitos HAPs estão presentes e surgem principalmente a partir da
pasta de alcatrão de carvão ou de piche. O benzo(a)pireno (BaP) é geralmente utilizado
como uma boa medida da exposiçãoaos HAPs comuns vistos em salas de cubas. Os riscos
observados de câncer de pulmão e bexiga aumentam com a exposição cumulativa ao BaP,
mesmo após o ajuste para o tabagismo.
Existe evidência limitada em vários grupos, de aumento do risco de tumores em outros
órgãos incluindo estômago, pâncreas, reto/junção retossigmóide, esôfago, laringe, cavidade
bucal/faringe, rins, cérebro/sistema nervoso, próstata e tecidos linfático-hematopoiéticos
(em particular linfoma não-Hodgkin, doença de Hodgkin e leucemia). Para a maioria dessas
áreas de tumor, a relação com exposições específicas não foi demonstrada de forma clara e
o acompanhamento adicional de trabalhadores se justifica.
É claro que exposições a HAPs são uma importante causa de certos tipos de câncer. A
etiologia de outros tipos de câncer, no entanto, não é tão óbvia, e embora alguns riscos
sejam considerados significativos, existe uma clara necessidade de mais pesquisas nesta
área. Outras exposições potenciais podem incluir alguns metais (berílio, mercúrio, níquel,
vanádio, etc.) e sílica cristalina. Os trabalhadores envolvidos no revestimento de cubas
podem ser expostos a alcatrão e fluoretos, e, em alguns casos, ao amianto.
Em 2012, a International Agency for Research on Cancer [Agência Internacional de Pesquisa
sobre Câncer] publicou o volume 100F "A Review of Human Carcinogens: Chemical Agents
and Related Occupations,” [Uma análise sobre Cancerígenos Humanos: Agentes Químicos e
Ocupações Associadas], incluindo uma monografia intitulada "Occupational Exposures During
Aluminium Production” [Exposições ocupacionais durante a produção de alumínio] 26. Essa
monografia observa que, no IARC Monograph, volume 92: “Houve provas suficientes a partir
de estudos epidemiológicos sobre efeitos cancerígenos da exposição ocupacional na
produção de alumínio, com base em um número relativamente grande de estudos que
mostraram um excesso consistente de câncer de bexiga e um excesso um pouco menos
consistente de câncer de pulmão.” Depois de análises adicionais dos novos dados, a
monografia 2012 conclui, na avaliação final: “Há sim provas suficientes em humanos da
carcinogenicidade de exposições ocupacionais durante a produção de alumínio. Exposições
ocupacionais durante a produção de alumínio causam câncer de bexiga e de pulmão...
Exposições ocupacionais durante a produção de alumínio são cancerígenas para os seres
humanos (Grupo 1).” É importante notar, porém, que os agentes de exposição da produção
de alumínio na definição da International Agency for Research on Cancer são,
especificamente, os HAPs.
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Globalmente, muitos estudos têm sido elaborados acerca do câncer na indústria de fundição
de alumínio. Gibbs e Labrèche27 resumem os dados em três tabelas que são, no entanto,
muito extensas para se analisar em pormenores no presente artigo. A primeira tabela
fornece uma suscinta descrição comentada dos autores de “Published Cohort Studies on
Workers in Aluminum Reduction Plants” [Estudos publicados de grupos sobre trabalhadores
de fábricas de fundições de alumínio]. A segunda tabela resume os dados de mortalidade e
incidência de vários tipos de câncer em relação ao fato dos resultados ou mostrarem um
aumento estatisticamente significativo ou um excesso não estatisticamente significativo. Na
Tabela 3, os autores comentam sobre a "evidência disponível de uma relação causal entre o
trabalho na produção de alumínio e as áreas selecionadas de câncer.”
NOVAS TECNOLOGIAS7
Anodos inertes
Um dos anseios de longa data da indústria tem sido o de inventar e usar anodos "inertes", um
que seja quimicamente não reativo. Qualquer material que seja utilizado no futuro no anodo
inerte deve ter várias características fundamentais: conduzir a eletricidade, ter baixa
solubilidade, ter baixa reatividade no eletrólito, mostrar boa resistência química, ser
fisicamente estável, robusto e resistente ao choque térmico. Outros fatores importantes
incluem baixas taxas de desgaste, de modo que haja pouca necessidade de repetidas
substituições - idealmente ele deve ter a duração média da própria cuba e grau de pureza
que evite a contaminação por alumínio.
O esforço contínuo na busca pelo anodo inerte é estimulado pela redução de custos, quando
comparado à necessidade de substituição repetida de anodos consumíveis, bem como dos
custos crônicos potencialmente mais baixos de materiais, melhores perfis ambientais das
cubas e menos problemas relacionados com a saúde dos empregados por meio de um menor
perfil de risco do trabalho. Entretanto, um substituto direto de anodos inertes nas cubas
eletrolíticas existentes levaria a um maior consumo de energia elétrica.
Duas áreas de interesse permanecem na vanguarda do desenvolvimento do anodo inerte – os
anodos de liga de metal, e o "cermet" ou seja, mistura de ligas de cerâmica/metal.
Infelizmente, problemas a serem resolvidos ainda persistem antes de qualquer uma dessas
abordagens poderem ser consideradas como uma tecnologia comprovada. As potenciais
vantagens são tão grandes, tanto é que um trabalho sério continua a ser feito para se
desenvolver o anodo inerte com êxito.
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Produção carbotérmica de alumínio
O processo carbotérmico utiliza carbono e calor num processo de três passos, em vez de um
processo de redução eletrolítica, para reduzir a alumina em alumínio. Assim como o anodo
inerte, o processo carbotérmico tem passado por inúmeras variações, começando com as
primeiras tentativas que produziam ligas Al-Cu (1886) e os esforços posteriores que levaram
às ligas Al-Si (de 1920 a 1945). Iniciativas mais recentes em vários países têm se concentrado
na produção do alumínio puro. Atualmente, há atividades em andamento na Noruega para
produzir uma liga Al-C, que poderia, então, ser reduzida a alumínio. Essas etapas, a
produção da liga de Al-C e a redução da liga de alumínio representam os maiores desafios.
Para complicar ainda mais na busca de um processo carbotérmico bem-sucedido,
considerável quantidade de monóxido de carbono (CO) será liberado, levando a um aumento
de 60% do CO2 total em relação aos métodos atuais, através da degradação natural. Mesmo
com um potencial de economia de energia elétrica e supondo-se que tais economias seriam
aplicadas à geração de energia a partir de fontes de carvão, um aumento líquido de 40% irá
ocorrer a menos que o CO2 possa ser capturado e utilizado em outros processos e utilizações.
CONSIDERAÇÕES SOBRE A COMUNIDADES E A SAÚDE AMBIENTAL
Avaliação do Risco à Saúde relativa a Refinarias de Alumina
A avaliação do risco à saúde (HRA) é uma ferramenta que pode ser aplicada para estimar ou
prever o impacto atual ou futuro de exposições químicas na saúde de uma população, tais
como as comunidades em que as operações industriais estão presentes. Nos últimos anos, a
avaliação do risco à saúde tem sido cada vez mais utilizada para caracterizar os possíveis
impactos na saúde de cidadãos das proximidades de refinarias de alumina e as refinarias
localizadas na Austrália, em particular - como foi observado por Donoghue e Coffey 28 nesta
edição do Journal - cultivam experiência e conhecimento significativos no processo de
avaliações.
Como o tipo predominante de emissão industrial para refinarias é a substância química no
ar, o elemento central de uma avaliação é a modelagem de dispersão de ar. Tal modelagem
requer parecer profissional significativo para executar e interpretar corretamente, sendo
que essa metodologia deve ser empregada para avaliar plenamente e caracterizar potenciais
impactos na saúde.
O ponto de partida para uma avaliação rigorosa é a identificação de todas as fontes
principais ou potenciais de emissão (pontuais e fugitivas), seguida de um inventário de
substâncias emitidas e estimativas de taxas de emissão. Fontes de emissão de uma única
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fonte são modeladas muito mais facilmente do que quando existem várias emissões de
sobreposição vindas de diferentes fontes da indústria ou do ambiente, que adicionam
complexidade significativa. Um resultado fundamental do processo de modelagem é o
desenvolvimento de concentrações ao nível do solo para cada produto químico de interesse.
Em áreas com topografia difícil, a medição direta deve ser usada para confirmar o modelo.
Muitas hipóteses sobre as estimativas de exposição informam o processo de modelagem de
dispersão de ar. Assim, as incertezas são inerentes a concentrações previstas ao nível do
solo. A proporção de cada concentração química específica ao nível do solo, para valores de
referência agudos e crônicos disponíveis, produz quocientes de risco agudos e crônicos,
respectivamente. Os quocientes individuais de risco são então somados para gerar um Índice
de Risco Agudo (AHI) e um Índice de Risco Crônico (CHI). São pressupostas as relações
aditivas, incorporando mais conservadorismo à análise. Os AHIs capturam os riscos para a
saúde entre 1 e 24 horas, enquanto os CHIs refletem o risco médio anual à saúde. O risco
adicional de câncer é determinado de forma semelhante. Os riscos adicionais de câncer
descrevem o risco de câncer além do histórico, normalmente utilizando o nível mínimo de
1×10(-6) estabelecido pelos órgãos como a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos
e da Organização Mundial da Saúde.
De modo geral, apenas algumas substâncias predominam nos AHIs e CHIs calculados. Para os
efeitos agudos sobre a saúde, esses critérios se baseam nos poluentes. Todavia, os AHIs em
avaliações de risco à saúde finalizadas raramente tem mostrado valores acima de 1.0, o
limite para o risco potencial elevado para a comunidade, mesmo em áreas receptoras mais
sensíveis. Da mesma forma, os CHIs nessas localidades têm sido consistentemente inferiores
a 1,0. A observação de valores superiores a 1,0 garante o diálogo entre a equipe profissional
contratada para a avaliação, com o fim de rever as hipóteses de modelagem e os dados de
emissões a priori, considerando o conservadorismo embutido na metodologia. O processo é
extremamente repetitivo.
As estimativas adicionais sobre os riscos de câncer se aproximaram do nível mínimo da
Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, respaldadas também pela investigação
epidemiológica à parte, mas feita em paralelo, com trabalhadores das refinarias avaliadas
na Austrália, não mostrando nenhum aumento na incidência ou mortalidade por câncer.
Na Austrália, as melhores práticas em abordagens de avaliações e técnicas de modelagem
foram concebidas sob os auspícios do Australian Aluminium Council [Conselho Austraiano do
Alumínio]. As avaliações de risco de saúde são bastante úteis para medir os impactos
potenciais de processos ou mudanças de instalações e medidas de controle de engenharia
implantadas, além de também engajar as respectivas partes interessadas da comunidade.
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Avaliação do Risco à Saúde relativa a Fundições de Alumínio
Os riscos à saúde de comunidades, resultantes de emissões de fundições, incluindo o
barulho, podem ser grosseiramente avaliados com base em estudos existentes de saúde
ocupacional e outros estudos focados na comunidades. Os efeitos potenciais de fundições de
alumínio na saúde das comunidades resultam da utilização do processo de produção HallHéroult, um processo com riscos bem definidos que têm o potencial de impacto sobre a
saúde dos trabalhadores de fundições.
O artigo de Martin e Lariviére29 analisou 298 estudos publicados em revistas e jornais,
usando as palavras-chaves relevantes para comunidades e processos de fundição de
alumínio. Eles também conseguiram incluir outros dados coletados, resultantes de
experiências pessoais na indústria de fundição de alumínio. Uma série de estudos sobre
comunidades foi analisada com relação a possíveis riscos "extramuros" à saúde, advindos de
emissões geradas por fundições. Isto lhes permitiu desenvolver uma avaliação usando
"comparações entre os níveis de exposição reais ou estimados da comunidade e aqueles
associados com resultados adversos nos estudos sobre fundições e/ou comunidades fora da
área de fundições" para "avaliar os riscos em comunidades próximas de fundições de
alumínio.”
Foram identificados vários perigos em locais de trabalho de fundições de alumínio e seus
riscos para os trabalhadores foram definidos. Refletindo o que está descrito nos capítulos
anteriores deste artigo, o perfil de risco incluía o alumínio, óxido de alumínio (Al2O3),
berílio, monóxido de carbono (CO), dióxido de carbono (CO 2), poeira (respirável e inalável),
fluoretos (particulado e gasoso), EMFs (estático [corrente contínua] e variável [corrente
alternada]), dióxido de nitrogênio (NO 2), barulho, HAPs (como matéria solúvel de benzeno e
BaP) e dióxido de enxofre (SO2). Os perigos identificados foram então atribuídos "a uma das
cinco categorias de risco: nenhum, incerto, baixo, médio e elevado.”
Estimar a contribuição de uma área industrial para impactos sobre a saúde em uma
comunidade é um desafio. Primeiramente, é necessário compreender os próprios processos
industriais, ter então bons dados sobre as emissões na comunidade e, finalmente, ser capaz
de definir a contribuição da área industrial específica que está sendo analisada. (Vide a
metodologia descrita anteriormente sobre as avaliações de refinarias de alumina). Em geral,
quanto mais urbana for a área, maior será a probabilidade de que haverá múltiplas fontes
industriais e talvez naturais (em camadas) do meio ambiente, para as emissões em estudo.
Outro fator de confusão é o uso de dados de saúde ocupacional extrapolados para a
população geral, uma vez que essas populações podem diferir significativamente (por
exemplo, as populações de locais de trabalho geralmente consistem de mais homens, menos
mulheres e nenhuma criança, quando comparadas com as comunidades locais).
Os autores revisaram os artigos disponíveis sobre riscos potenciais à saúde que também
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podem representar riscos para a saúde da comunidade, por causa de sua proximidade com as
fundições de alumínio. Eles observam que há potencial para materiais como BaP, dióxido de
enxofre, material particulado, fluoretos, berílio e barulho que representam riscos de saúde
à comunidade. A gama de magnitude do risco, no entanto, é amplamente dispersa baseada
numa série de fatores controláveis e não controláveis, incluindo as tecnologias de controle
de emissões, os padrões de dispersão e a proximidade com as instalações.
Considerações sobre a saúde pública – a Especulação sobre o Alumínio
A “Especulação sobre o Alumínio” (AH) defende a teoria de que a exposição ao alumínio
envolve a etiologia do Mal de Alzheimer (AD). Como brilhantemente narrado no artigo de
Lidsky30, essa hipótese deve sua origem a três artigos de meados da década de 1960. Um
desses artigos demonstrou que o alumínio provoca emaranhados neurofibrilares (NF) no
cérebro de coelhos, quando injetado por via intracerebral. Isso levou a um foco inicial sobre
o papel do alumínio no Mal de Alzheimer. Embora ainda continue a atrair a atenção de um
pequeno grupo de cientistas e o alumínio continue a ser visto com preocupação por parte do
público em geral, a especulação sobre o alumínio vem sendo gradativamente rejeitada pela
maioria dos pesquisadores.
Vale a pena explorar mais a fundo as razões para tal rejeição à especulação e para a
contínua preocupação do público. Apesar de muitos laboratórios continuarem a investigar a
etiologia do Mal de Alzheimer, muito poucos cientistas estão examinando com profundidade
a especulação sobre o alumínio. Consequentemente, há uma escassez de artigos revisados
por especialistas sobre o assunto. A pesquisa original de Wisniewski e colegas31,32 e Terry e
Peña33 demonstrou que o alumínio injetado no cérebro de coelhos induziu os emaranhados
neurofibrilares que, com coloração de prata, ficaram parecidos com emaranhados
neurofibrilares observados em pacientes com Alzheimer. Os coelhos também mostraram
sinais de déficits cognitivos. Esse estudo foi, de fato, feito em resposta a um achado
acidental em outro estudo em que antígenos ligados com a substância adjuvante de Holt
(contendo fosfato de alumínio) provocaram convulsões e degeneração neurofibrilar.
Pesquisas posteriores mostraram níveis elevados de alumínio nos cérebros de pacientes com
Alzheimer e encefalopatia dialítica devido à contaminação de soluções de diálise por
alumínio.
A especulação sobre o alumínio surgiu com base nesses estudos. De acordo com Lidsky 30, , as
observações em tais artigos não associam o alumínio com o Mal de Alzheimer por várias
razões:

Os sais de alumínio não causam alterações neurofibrilares que sejam semelhantes
àquelas observadas no Mal de Alzheimer.
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

Os sintomas e a patologia da encefalopatia dialítica – embora provocados pelo alumínio –
não são os mesmos do Mal de Alzheimer.
Os níveis crescentes de alumínio no cérebro com o envelhecimento não têm nenhum
significado funcional conhecido.
Os Critérios de Bradford Hill (BHC) são frequentemente aplicados para determinar se há
evidência científica sólida, sugerindo um papel causal entre doenças, ocupação e estilo de
vida. Embora Dr. Hill tivesse delineado nove critérios, os quatro subgrupos dos critérios
adiante foram identificados como "critérios necessários" para estabelecer o nexo de
causalidade em relação aos transtornos neurocognitivos como o Mal de Alzheimer.
BHC 1- Forte associação entre o agente causal e o resultado:
– Elevações da quantidade de alumínio no cérebro não conduzem aos sinais clínicos ou
à neuropatologia do Mal de Alzheimer.
– Indivíduos com altos níveis de alumínio no cérebro, devido à insuficiência renal
crônica, não apresentaram os padrões clínicos do Mal de Alzheimer.
BHC 2-Consistência dos resultados
– Há uma falta contínua e consistente de consenso entre estudos realizados por
diferentes pesquisadores, bem como, muitas vezes, entre os achados relatados pelos
mesmos pesquisadores.
BHC 3- Sequência temporal apropriada de exposição ao agente e ao resultado
– Os sintomas cognitivos do Mal de Alzheimer ocorrem muito tempo depois do início da
doença, muitas vezes décadas mais tarde.
– Muitos estudos epidemiológicos têm lapso de tempo insuficiente entre a exposição e
o aparecimento do Mal de Alzheimer.
BHC 4 - Plausibilidade Biológica
– Examinando impactos in vitro de alumínio, uma revisão de mais de 100 artigos
observou que o alumínio pode afetar "mais de 200 reações biologicamente
importantes e causar diversos efeitos adversos sobre o sistema nervoso central de
mamíferos". Porém:

As concentrações de alumínio superaram "as observadas em indivíduos normais
ou até mesmo em pessoas com função renal perturbada"; e.

Nenhum dos estudos citados indicou "que o alumínio in vitro pode provocar
alterações patológicas em modelos animais, que sejam qualitativamente
semelhantes às do Mal de Alzheimer.”.
– In vivo, a toxicocinética dos ratos (e, possivelmente, de outros animais) difere
significativamente da dos seres humanos e o sistema renal de ratos é muito sensível à
toxicidade do alumínio – um fator raramente levado em conta; estudos in vivo que
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discutem a questão renal têm produzido resultados contraditórios.
Lidsky30 conclui que:
– “A análise da pesquisa publicada sobre o papel do alumínio no Mal de Alzheimer indica
que nenhum dos quatro Critérios de Bradford Hill julgou ser necessário estabelecer o
nexo de causalidade em relação aos transtornos neurocognitivos da forma que o Mal de
Alzheimer tem conseguido fazer.”.
Até que a etiologia do Mal de Alzheimer seja mais clara e os tratamentos sejam mais
eficazes, a crescente familiaridade do público (e o receio) sobre a doença está fadada a
continuar causando preocupações sobre a relação entre o alumínio e o Mal de Alzheimer,
perpetuando, assim, a especulação sobre o metal.
CONCLUSÃO
Há muitos riscos bem estudados e caracterizados de saúde ocupacional, além de riscos na
indústria de produção de alumínio primário. Com base em vários fatores ambientais e
técnicos, alguns desses riscos podem, em algumas circunstâncias, também se estender às
comunidades locais - embora a evidência para tal seja menos objetiva. Programas rigorosos
de proteção da saúde têm sido comumente implantados em toda a indústria para tratar e
controlar, na medida do possível, os perigos e os riscos identificados. Dentre eles estão os
programas abrangentes de higiene industrial e vigilância médica e emprego de tecnologias e
abordagens de última geração, sempre que possível. Melhor controle de processo, mudanças
tecnológicas positivas e planejamento aprimorado também têm minimizado os riscos
potenciais para as comunidades locais.
O Comitê de Saúde do IAI tem sido um catalisador-chave e facilitador na condução de
melhoria contínua e mudanças tecnológicas para a proteção dos trabalhadores da indústria
do alumínio e das pessoas residentes em comunidades vizinhas, incluindo o desenvolvimento
de indicadores de saúde aplicáveis e relevantes para a indústria. O referido comitê também
teve, e continua a ter, interesse em refinar a compreensão científica sobre os papéis
desempenhados pelo alumínio no tocante à saúde humana.
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- Texto traduzido, sob autorização, de artigo publicado no Journal of Occupational and Environmental Medicine (JOEM),
Número 5S, em maio de 2014.20

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