RUNNING FENCE

Transcrição

RUNNING FENCE
UNIVERSIDADE DE LISBOA
FACULDADE DE BELAS-ARTES
LICENCIATURA EM CIÊNCIAS DA ARTE E DO PATRIMÓNIO
UNIDADE CURRICULAR DE ESTÉTICA I
RUNNING FENCE
CHRISTO AND JEANNE-CLAUDE
TRABALHO REALIZADO POR:
Margarida Fernandes 2º ano – nº5827
PROFESSOR RESPONSÁVEL:
Prof. Auxiliar José Carlos Pereira
LISBOA
2012
1
ÍNDICE
Índice ............................................................................................................................................. 2
Introdução ..................................................................................................................................... 3
I.
Christo and Jeanne-Claude – Breve Apontamento Biográfico .............................................. 4
II.
Running Fence – O Projeto .................................................................................................... 5
III. Running Fence – Análise ........................................................................................................ 7
Conclusão ...................................................................................................................................... 9
Bibliografia .................................................................................................................................. 10
2
INTRODUÇÃO
O
presente trabalho foi realizado no âmbito da Unidade Curricular de Estética I, do Curso
de Licenciatura em Ciências da Arte e do Património, da Faculdade de Belas- Artes da
Universidade de Lisboa.
O trabalho tem como tema principal, a Running Fence, de autoria do casal artista, Christo e
Jeanne-Claude. Este divide-se em três capítulos. No primeiro começo por fazer um “Breve
apontamento biográfico” acerca do casal artista, falando assim um pouco da sua formação e a
sua vida de uma forma muito generalizada. No segundo capítulo, faço uma abordagem ao
projeto, fazendo a descrição da sua localização e no que consistia. Por fim no terceiro capítulo
faço a análise do projeto, enquanto obra de arte, tendo em conta os seus valores estéticos.
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I. CHRISTO AND JEANNE-CLAUDE – BREVE
APONTAMENTO BIOGRÁFICO
C
hristo e Jeanne-Claude são um casal
de artistas. Christo, nascido a 13 de
Junho de 1935 é artista plástico de origem
búlgara,
completou
os
seus
estudos
artísticos em Sófia, e em 1958 muda-se
para Paris, onde conhece Jeanne-Claude.
Jeanne-Claude, nascida a 13 de Junho de
1935 em Casablanca, no mesmo dia que
Christo formou-se em Latim e Filosofia. O
casal muda-se para os EUA em 1964.
O casal começou a usar oficialmente os
dois nomes juntos com direitos iguais para
as suas obras em 1994. Os artistas
negaram patrocinadores e contribuições de
fundos públicos, e financiaram a sua arte
Bay, na Florida); em 1985 embrulhou
só com a venda de esboços.
As suas primeiras esculturas utilizavam
garrafas e latas pintadas ou envolvidas em
papel ou plástico. Mais tarde iniciou
projetos monumentais e controversos de
intervenção urbana e paisagística, que o
tornaram
famoso,
consistindo,
por
exemplo, em embrulhar temporariamente
objetos de grande porte, cuja montagem
envolve centenas de assistentes. De entre
os
seus
trabalhos
mais
Figura 21.- Christo
Figura
Christo e Jeanne-Claude durante a
montagem da
da Running
Running Fence
Fence.
montagem
conhecidos
durante quinze dias a Point-Neuf em Paris
com mais de 40 000 km2 de tecido bege e,
em 1995, embrulhou em quatro dias o
Reichstag
em
suplementar
Berlim,
de
200
com
a
ajuda
alpinistas.
As
intervenções de Christo destinavam-se a
ser vistas por toda a gente, sem que haja
uma deslocação a um museu, com o fito de
provocar a reflexão sobre os ideais
estéticos e a natureza da arte.
salientam-se: Running Fence (que analiso
Do casal artista, apenas Christo está vivo,
neste trabalho), 1976; Surrounded Islands,
Jeanne-Claude faleceu em 2009.
1983 (embrulhou onze ilhas em Biscayne
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II.
R
RUNNING FENCE – O PROJETO
unning Fence foi uma instalação
instalação foram pagas por Christo e
temporária
Jeanne-Claude,
que
teve
lugar
na
através
venda
de
preparatórios
e
Califórnia, o projeto decorreu entre 1972 e
estudos,
1976, tendo este sido completado a 10 de
colagens, modelos de escala e litografias
Setembro de 1976.
originais.
Figura 3. Running Fence, Sonoma e Municípios
Marin, na California.
Figura 4. Running Fence, Sonoma e Municípios
Marin, na California.
desenhos
da
Figura 5. Running Fence (Projeto de Sonoma County
e Marin County, Estado da Califórnia).
Figura 6. Running Fence (Projeto de Sonoma County
e Marin County, Estado da Califórnia).
A Running Fence media 5,5 metros de
altura, 39,4 quilómetros de comprimento, e
estendia-se pelo Norte de San Francisco,
pelas propriedades privadas de 59 ranchos.
O projeto consistiu em 42 meses de
esforços coletivos. Todas as despesas da
Figura 7. Running Fence (Projeto de Sonoma County
e Marin County, Estado da Califórnia).
5
Todas as partes da estrutura da Runnning
A Running Fence atravessou 14 estradas e
Fence foram desenhadas para que após a
Valley Ford, deixando passagem para
sua remoção, não houvesse qualquer sinal
carros, chega também a entrar no mar, mas
ou evidência que ali tivesse estado.
nunca interferindo com a natureza e a vida
A Running Fence foi removida 14 dias após
ter sido completada, sendo todos os
materiais utilizados doados aos Rancheiros.
selvagem. Foi desenhada para que se visse a
65
quilómetros, através das estradas
públicas em Sonoma e Marin Counties.
Figura 8. Running Fence, Sonoma e Municípios Marin, na California.
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III.
S
RUNNING FENCE – ANÁLISE
egundo Christo, a Running Fence é um
Christo quis deixar bem claro, que a
trabalho de arte que vai para além do
Running Fence não representa apenas três
“projeto”,
vai
para
além
dos
39,4
anos da vida dele, mas três anos de
quilómetros de tecido, ou seja, é mais
trabalho em equipa, três anos de estudo
complexa que isso, porque apesar de a sua
com engenheiros, com botânicos, geólogos.
remoção após catorze dias, ela continua a
O projeto da Running Fence também
existir no tempo, pois para os criadores, o
envolveu
trabalho não consistiu apenas no produto
supervisores
final, mas em todo o projeto de montagem,
especialmente, os rancheiros e os donos
os três anos de experiência de vida
dos terrenos. E todos estes começaram a
partilhada. E também existe no espaço, um
ganhar entusiamo pelo projeto, o que se
espaço único, no Norte da Califórnia.
tornou uma energia muito positiva para a
políticos
e
e
artistas,
empresários,
estudantes
e
sua realização.
Figura 9. Running Fence, Sonoma e Municípios
Marin, Califórnia, 1972-1976.
Figura 10. Running Fence, Sonoma e Municípios
Marin, Califórnia, 1972-1976.
7
O material da Running Fence era tecido
Running Fence uma “cerca”, esta não
frágil, quase como “roupa ou pele”, o
separou nem as pessoas, nem nada, mas
tecido era um condutor de luz para o sol, e
sim, juntou-as.
dava forma ao vento e passava pelas
colinas até ao mar, semelhante a uma tira
de luz. A Running Fence é também um
grande exemplo de “earth art”, e entre
outros projetos de Christo que eram
também bons exemplos de “earth art”,
como
por exemplo,
Valley
Courtain,
Surrounded Islands e Umbrella Project, a
Running Fence é possivelmente o mais
interessante,
devido
à
ameaçadora
oposição por parte dos rancheiros, cujos
terrenos iam ser afetados pelo projeto. A
persistência de Christo fez com que eles
não aprovassem simplesmente o projeto,
Segundo Christo, um dos objetivos do
projeto, é que as pessoas o pudessem ver
ao passarem a estrada, e que a Running
Fence “corresse”, por assim dizer, em
“paralelo” com as estruturas feitas pelo
homem – as casas, as quintas, os celeiros,
as cercas das quintas. E é por isso que a
Running Fence corre pelas colinas e
campos, não simplesmente por razões
estéticas, mas também para dar uma
relação contínua com as estruturas feitas
pelo homem. A “Fence” não estava a
cercar nada, mas sim a “correr pelas
colinas”.
mas que também participassem nele. Este
e outros trabalhos de Christo ilustram que
algo aparentemente fora do comum e
pouco
familiar,
adicionado
a
uma
paisagem, não precisa necessariamente de
a arruinar, danificar ou destruir. Este pode
realçar os seus valores estéticos através da
sua iluminação ou realçar algumas das suas
feições.
Ao contrário de muitos outros artistas,
Christo e Jeanne-Claude não transportam
as “coisas” pelo mundo. O projeto era
unicamente
específico
desenhado
sítio
e
para
nada
aquele
pode
ser
transportado. Ninguém pode comprar o
trabalho, ninguém o pode “ter”, nem
ninguém pode cobrar bilhetes para o ver.1
Volto agora a salientar que toda a arte,
toda a estética, toda a beleza e valores da
Running Fence, estão relacionados com a
sua construção, pela maneira que uniu as
pessoas, pela maneira como se uniram
para colaborar no projeto, pela paixão e
1
desejo de fazer algo que fosse para além
Environmental Science Associates, Inc. California,
do vulgar. É curioso salientar, que sendo
Outubro 1975.
Final Environmental Impact Report – Running Fence,
8
CONCLUSÃO
Podemos dizer que, a obra Running Fence é bem demonstrativa do tipo de intervenção em
paisagens e em campo, é um bom exemplo de “earth art”, e como já anterior disse, a prova
que não é preciso danificar, ou destruir, para que uma instalação se “encaixe” num certo meio,
e é o que acontece precisamente na Running Fence, não funciona apenas como a “cerca”, mas
como a “cerca” a “correr” pelas colinas, ou seja, funciona em conjunto com o espaço onde se
insere.
Na minha opinião, a análise da Running Fence é um pouco difícil, pois, de acordo com a
bibliografia que consultei, Christo afirma que, a obra, não era só uma obra, ou seja, a obra em
si é todo o seu processo de instalação. Não penso que essa fosse inicialmente a ideia de
Christo, penso, e segundo a consulta bibliográfica, que a colaboração dos rancheiros e de
todas as outras pessoas, acabou por se tornar numa experiência muito genuína, e no fundo, foi
essa experiência que deu origem à autêntica obra de arte.
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BIBLIOGRAFIA
[1] http://www.christojeanneclaude.net/
[2] Christo and Jeanne-Claude: a Biography, New York: Saint Martin’s Press, 2002
[3] Christo and Jean-Claude: Black and White, London, Annely Juda Fine Art, 2000
[4] Christo and Jeanne-Claude, Early works, 1958-1969, Taschen 2011
[5] Christo and Jeanne-Claude: Prints and Objects 1963-95: A Catalogue Raisonne,
München, New York 1995
[6] Final Environmental Impact Report – Running Fence, Environmental Science
Associates, Inc. California, Outubro 1975
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