O presente relatório técnico parcial, referente ao contrato SEE/CG n
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O presente relatório técnico parcial, referente ao contrato SEE/CG n
i/iii NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 RESUMO O presente relatório técnico parcial, referente ao contrato SEE/CG n. 01/2013, apresenta o resultado sistematizado dos principais estudos disponíveis da cadeia de fornecedores da indústria de petróleo e gás no Brasil, procurando aferir a existência ou deficiência de levantamentos relacionados a São Paulo, e o relato dos contatos feitos até o momento para obtenção de dados junto aos órgãos de classe e associações setoriais. O objetivo deste estudo é analisar, por meio dos principais documentos existentes e da realização de levantamentos de informações adicionais, a cadeia nacional de fornecedores da indústria de petróleo e gás, de modo a ter dados iniciais da viabilidade tecnológica dos aspectos de nacionalização estabelecidos pelo Governo Federal. A partir dessa análise, serão oferecidas ao Governo do Estado de São Paulo subsídios para elaboração de políticas de desenvolvimento setorial, visando estimular a participação das empresas paulistas, e contribuir para sua maior inserção na cadeia nacional de fornecimento do setor de petróleo e gás. Este esforço se dirige, principalmente, às micro, pequenas e médias empresas do Estado de São Paulo, com foco na maior agregação de valor aos seus produtos e na obediência aos requisitos técnicos e de gestão que caracterizam este setor, visando não só aumentar o conteúdo local, com também tornar essas empresas mais competitivas no mercado global. ii/iii NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 1 2. METODOLOGIA ........................................................................................................................... 5 2.1 METODOLOGIA A SER UTILIZADA AO LONGO DO PROJETO ........................................................ 5 2.2 METODOLOGIA DE TRABALHO ADOTADA PARA A REALIZAÇÃO DA PRESENTE ETAPA DO PROJETO ............................................................................................................................................ 7 3. 4. OBJETIVO .................................................................................................................................... 8 3.1 OBJETIVO GERAL .................................................................................................................... 8 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS......................................................................................................... 8 CARACTERIZAÇÃO DO PÓLO PRÉ-SAL DA BACIA DE SANTOS........................................ 9 5. OPORTUNIDADES PARA FORNECEDORES NACIONAIS DE EQUIPAMENTOS PARA O SETOR DE PETRÓLEO E GÁS ........................................................................................................ 17 5.1 6. ANÁLISE E CATEGORIZAÇÃO DOS SEGMENTOS DA CADEIA OFFSHORE ................................. 22 BUSCA E ANÁLISE DE DOCUMENTOS .................................................................................. 25 6.1. GERADORES E MOTORES ELÉTRICOS..................................................................................... 25 6.2. INSTRUMENTAÇÃO E CONTROLE DE PROCESSO ..................................................................... 26 6.3. SUBESTAÇÃO E TRANSFORMADORES .................................................................................... 28 6.4. VÁLVULAS E CITYGATE .......................................................................................................... 30 6.5. BOMBAS ............................................................................................................................. 38 6.6. HASTES E UNIDADES DE BOMBEIO ......................................................................................... 41 6.6.1 Fornecedores do setor e capacidade produtiva ..................................................43 6.6.2 Aspectos tecnológicos ..........................................................................................44 6.7. COMPRESSORES ................................................................................................................... 47 6.8. GUINDASTES E GUINCHOS ..................................................................................................... 48 6.9. MOTORES A GÁS E A DIESEL ................................................................................................. 51 6.10. TURBINAS .......................................................................................................................... 56 6.11. CALDEIRARIA .................................................................................................................... 57 6.12. FLANGES E CONEXÕES ...................................................................................................... 59 iii/iii NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 6.13. SUBSEA............................................................................................................................. 63 6.13.1 Sistemas submarinos ......................................................................................................... 63 6.14. NAVIPEÇAS........................................................................................................................ 67 6.15. SIDERURGIA ............................................................ ...........................................................70 7. A PARTICIPAÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO NA INDÚSTRIA DE PETRÓLEO E GÁS............... ..................................................................................................................................... 73 8. CONTATOS DESENVOLVIDOS................................................................................................ 74 9. PRODUTOS A SEREM ANALISADOS .................................................................................... 77 10. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................... 79 11. EQUIPE TÉCNICA ................................................................................................................. 82 ANEXO I – BREVE DESCRITIVO DE EQUIPAMENTOS SUBMARINOS ...................................... 83 ANEXO II – CARÊNCIA EM NAVIPEÇAS – BENS ......................................................................... 91 ANEXO III – CARÊNCIA EM NAVIPEÇAS - SERVIÇOS ............................................................... 94 ANEXO IV – RESUMO DO ESTUDO REALIZADO PARA OS SETORES DA INDÚSTRIA DE PETRÓLEO E GÁS, CONSIDERADOS PELO PROMINP.............................................................................................................96 1/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 Natureza do trabalho: Estudo da cadeia de fornecedores do Estado de São Paulo, em petróleo e gás, visando integrar os principais levantamentos de informações e identificar oportunidades para maior inserção das micro, pequenas e médias empresas paulistas Interessado: Subsecretaria de Petróleo e Gás da Secretaria de Energia do Estado de São Paulo 1. INTRODUÇÃO A descoberta de grandes reservas de petróleo e gás na camada do Pré-Sal transformaram o cenário brasileiro de exploração e produção de petróleo e seus derivados, tanto do ponto de vista econômico pela perspectiva de elevado crescimento da produção nacional, quanto pela oportunidade de mobilizar a indústria nacional no desenvolvimento de equipamentos e novas tecnologias, além de fortalecer e ampliar a cadeia de fornecedores de bens e serviços da indústria de petróleo e gás, com a participação das micro, pequenas e médias empresas. Estudo do BNDES1 avalia que, após a quebra de monopólio do petróleo e a criação do CNPE- Conselho Nacional de Política Energética e da ANP – Agência Nacional de Petróleo, mediante a lei 9.478/97, em 6 de agosto de 1.997, foi criado um ambiente favorável para que empresas estrangeiras viessem a se instalar no 1 ARAÚJO, B. P.; MENDES, A. P. A.; COSTA, R. C. Perspectivas para o desenvolvimento industrial e tecnológico na cadeia de fornecedores de bens e serviços relacionados ao setor de P&G. In: SOUSA, F. (Org.). BNDES 60 anos: perspectivas setoriais. Rio de Janeiro: BNDES, 2012. 2/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 Brasil para as atividades de exploração e produção no País, através de contratos de concessão. Com o objetivo de tornar o ambiente ainda mais favorável à atração de empresas estrangeiras, foi instituído o decreto 3.161, no dia 2 de dezembro de 1.999, que estabeleceu um regime aduaneiro especial (Repetro) para as atividades de exploração e produção no País, suspendendo impostos de importação e outros federais como IPI, PIS e COFINS, na entrada temporária de bens relacionados a essas atividades. Esse decreto teve várias vigências alteradas e a última está prevista para encerrar-se em 31 de dezembro de 2020. O Repetro considera três tratamentos tributários distintos: drawback, exportação ficta e admissão temporária. O sistema drawback permite a importação de itens sem recolhimento de impostos para a produção de bens a serem exportados. A exportação ficta considera que um item fabricado no País e que não seja exportado de fato, tenha o mesmo tratamento tributário como se tivesse sido exportado. A admissão temporária suspende tributos na importação de um bem que permanecerá temporariamente no País durante o prazo do contrato de concessão. O Repetro beneficiou diretamente as operadoras e algumas empresas do elo da cadeia produtiva, que contam com matriz/subsidiária no exterior e que conseguem combinar esses incentivos, mas acabou prejudicando outras empresas de menor porte, que não têm acesso aos benefícios do Repetro e, consequentemente, acabaram se tornando menos competitivas devido a todos os tributos que são obrigadas a pagar. Em 2.003 foi instituído o Prominp - Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural, com o objetivo de aumentar a participação das empresas nacionais, de forma competitiva, na cadeia de fornecimento de bens e serviços no setor de petróleo e gás no território nacional. Através do Prominp foram realizados diversos estudos e diagnósticos em relação à capacidade produtiva, demanda do setor e gargalos na maioria dos segmentos dessa cadeia. Também foi feito levantamento sobre a necessidade de 3/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 qualificação de mão de obra, que resultou na criação de programas de capacitação em diversas especialidades para esse setor. A previsão do Prominp é que até 2.020 sejam investidos mais de R$ 604 milhões para capacitação de 265.266 profissionais, além dos 79.010 já capacitados até o momento, para toda a cadeia de petróleo e gás. Tendo em vista a preocupação crescente do governo em fortalecer a cadeia de fornecimento da indústria de petróleo e gás, foi introduzida em 2005, a exigência de certificação de conteúdo local mínimo, sob responsabilidade da ANP, nos diversos subsistemas que compõem a cadeia de fornecimento. Observa-se que o conteúdo local de bens deve ser entendido como sendo o quociente entre: A diferença entre o valor total de comercialização de um bem (excluídos IPI e ICMS) e o valor da sua respectiva parcela importada e; O seu valor total de comercialização (excluídos IPI e ICMS). O cálculo de Conteúdo Local de Bens não é aplicável nos casos de revenda de bens importados. Nesse caso, o conteúdo local é igual a zero e tal informação deverá ser prestada por meio de declaração à parte. Com o Pré-Sal, foi instituído, no segundo semestre de 2010, um novo regime regulatório para a exploração e produção de petróleo nos campos do Pré-Sal, baseado no modelo de partilha de produção, onde a Petrobras é a única operadora, com participação mínima de 30% nesses campos. Dessa forma, atualmente, existem dois modelos regulatórios, um para o Pós-Sal, mantendo-se a validade dos contratos assinados e outro para o Pré-Sal. Estudo do BNDES2 prevê que as reservas brasileiras, com o petróleo e gás na camada de Pré-Sal, possam atingir algo entre 50 e 100 bilhões de barris de óleo equivalente, 2 ARAÚJO, B. P.; MENDES, A. P. A.; COSTA, R. C. Perspectivas para o desenvolvimento industrial e tecnológico na cadeia de fornecedores de bens e serviços relacionados ao setor de P&G. In: SOUSA, F. (Org.). BNDES 60 anos: perspectivas setoriais. Rio de Janeiro: BNDES, 2012. 4/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 transformando o cenário nacional desse setor, o que exigirá investimentos em tecnologia e inovações, muitas de caráter radical, e forte participação nacional na cadeia de fornecimento da indústria de petróleo e gás. 5/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 2. METODOLOGIA 2.1 METODOLOGIA A SER UTILIZADA AO LONGO DO PROJETO A seguir apresenta-se a metodologia a ser utilizada para desenvolver o conjunto de etapas do trabalho constantes na proposta do projeto básico PB/SPG/002/2012. a) Contatar órgãos competentes para a obtenção dos principais estudos e respectivas atualizações sobre o setor de petróleo e gás, com foco na cadeia de fornecimento, principalmente em relação às micro, pequenas e médias empresas paulistas, para análise e sistematização dessa literatura; b) Contatar operadora(s) e levantar, dentro do possível, a tipologia dos itens e dos componentes que deverão ser adquiridos, nos próximos anos, mas que poderiam, eventualmente, ser produzidos em território nacional e em especial em São Paulo. Focalizar, em particular, os itens e componentes de maior demanda, complexidade média e perspectiva de competitividade. c) Contatar órgãos de classe, federação das indústrias e principais associações setoriais, para obtenção de informações sobre o parque industrial paulista que produz itens e componentes da cadeia de petróleo e gás, e também indicação de empresas associadas, principalmente as micro, pequenas e médias, fornecedoras de itens e componentes ou potenciais fornecedoras com interesse em se integrarem à cadeia de fornecimento de petróleo e gás. d) Elaborar questionário para levantar dados pertinentes aos objetivos do presente trabalho, para encaminhamento às empresas associadas indicadas e posteriormente, avaliar as informações prestadas nesses questionários; 6/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 e) Selecionar um grupo de empresas com avaliação preliminar favorável para possíveis contatos telefônicos e eventualmente entrevistas presenciais, para complementação dos dados obtidos. f) Escolher, dentre as empresas paulistas selecionadas e após contatos telefônicos e eventuais entrevistas, dois exemplos de itens e respectivos componentes para análise, que visem ao aumento de conteúdo local; g) Levantar, para os dois exemplos escolhidos, junto aos fornecedores, fabricantes e/ou importadores dos itens e componentes, também os aspectos de importância para a fabricação local, como dificuldades tecnológicas, equipamentos, infraestrutura laboratorial, matérias primas, escala, investimentos, etc.; h) Realizar para os itens e respectivos componentes selecionados, uma análise prospectiva buscando, quando for o caso, identificar oportunidades de nacionalização, objetivando ampliar o conteúdo local. As oportunidades de nacionalização estarão vinculadas à quantidade e qualidade de informações obtidas e à autorização para contatos com entidades ou empresas terceiras que possam eventualmente colaborar nessa análise. A questão tecnológica pode envolver aspectos como inovação, respectivos desenvolvimento, processos, adequação certificação, técnica de capacitação produtos de e pessoal, infraestrutura laboratorial, investimentos, etc., de modo que na medida em que forem supridos, resultem no aumento do índice da nacionalização desses produtos; i) Propor modelo metodológico na forma de piloto inicial, embasado no resultado da análise dos dois exemplos aliada à capacitação e experiência específica do IPT/NT-MPE na adequação de produtos para o setor de petróleo e gás; 7/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 j) Elaborar relatórios parciais e um final com resultados detalhados nas medições: 8.1 Relatório Técnico (R1), 8.2 Relatório Técnico (R2) e 8.3 Relatório Técnico Final (RF). 2.2 METODOLOGIA DE TRABALHO ADOTADA PARA A REALIZAÇÃO DA PRESENTE ETAPA DO PROJETO Metodologia de desenvolvimento dos trabalhos referentes a esta primeira etapa do trabalho resumiu-se no desenvolvimento de atividades previstas nos itens a), b) e parte da c) da metodologia do projeto. Assim, foram realizadas as seguintes atividades: a) Contatos com instituições e busca na rede de trabalhos, publicações e informações; b) Análise de documentos obtidos visando à obtenção de informações relevantes para o desenvolvimento dos trabalhos e complementada com pesquisa na internet, quando necessária, e c) Desenvolvimento de contatos com instituições, empresas e profissionais. 8/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 3. OBJETIVOS 3.1 OBJETIVO GERAL O objetivo geral do trabalho proposto é realizar um estudo relacionado à cadeia de fornecedores da indústria de petróleo e gás no Brasil, e dentro do possível em São Paulo, por meio de levantamentos e análises de documentos existentes, dados desse setor e dos níveis de nacionalização objetivados pelo Governo Federal. Esse estudo poderá oferecer subsídios ao Governo do Estado de São Paulo para traçar políticas de desenvolvimento setorial específico, estimular a participação das empresas paulistas e contribuir para sua maior inserção no setor de petróleo e gás. Este esforço se dirige, principalmente, às micro, pequenas e médias empresas, na cadeia de fornecimento de petróleo e gás, para maior agregação de valor aos seus produtos e em cumprimento aos requisitos técnicos e de gestão, tornando-as mais competitivas no mercado global e aumentando o conteúdo local, exigido atualmente pelo Governo Federal. 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Tendo em vista a amplitude dos trabalhos a serem desenvolvidos ao longo do projeto, estabeleceram-se como objetivos específicos iniciais: a) Identificação de literatura disponível visando o levantamento de dados e pesquisa de informações adicionais, na internet, quando necessária, e b) Realização de contatos com diversas instituições e empresas visando criar caminhos para a obtenção de informações sobre temas específicos. 9/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 4. CARACTERIZAÇÃO DO POLO PRÉ-SAL DA BACIA DE SANTOS O polo Pré-Sal da Bacia de Santos é composto por sete blocos distantes cerca de 300 quilômetros da costa do estado do Rio de Janeiro e a aproximadamente 200 quilômetros da costa de São Paulo, em lâminas d’água muito profundas que variam de 1.900 a 2.400 metros3. Com investimentos de US$ 1 bilhão, durante dois anos, a Petrobras perfurou 15 poços que atingiram as camadas Pré-Sal, sendo que oito deles foram devidamente testados e avaliados segundo as técnicas da indústria petrolífera. Estes poços produziram óleo leve de alto valor comercial (28º API) e grande quantidade de gás natural associado. O petróleo de 28 graus API é considerado de melhor qualidade do que a média do petróleo encontrado no Brasil, e também mais fácil de refinar.4 3 http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2009-04-22/exploracao-do-pre-sal-na-bacia-de-santos-exigira-perfuracao-de-22pocos 4 http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2009/04/22/materia. 2009-04-22.2884964104/view 10/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 Para atingir as camadas Pré-Sal, entre 5000 e 7000 metros de profundidade, a Petrobras desenvolveu novos projetos de perfuração: mais de 2000 metros de sal foram atravessados (vide Figura 4.1). Figura 4.1. Desenho esquemático de uma perfuração na camada do Pré-sal A perfuração do primeiro poço demorou mais de um ano e custou US$ 240 milhões. Estima-se que, atualmente, a Petrobras perfure um poço equivalente em 60 dias a um custo de US$ 60 milhões. Os dados obtidos por esses poços, integrados a um grande esforço de mapeamento, possibilitaram delimitar com elevado grau de segurança que as rochas do Pré-Sal estendem-se por uma área que vai do Estado do Espírito Santo 11/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 ao Estado de Santa Catarina, com 800 km de extensão e 200 km de largura, em lâmina d’água entre 2 e 3 mil metros de profundidade5. Figura 4.2. Cluster do Pré-sal da Bacia de Santos (fonte: Formigli, 2009) Além de vencer uma lâmina d’água de 2000 metros de profundidade, foi preciso ultrapassar uma camada de 2000 metros de rochas e terra e depois pelo menos outros 2000 metros de sal. Em altas profundidades e submetida a uma pressão intensa, essa última camada tem um comportamento incomum. “O sal tem características fluídas, o que dificulta muito a perfuração.” O campo petrolífero de Tupi (bloco BM-S-11) está localizado na Bacia de Santos, a 250 quilômetros da costa, na projeção cartográfica do estado do Rio de Janeiro (vide Figura 4.2). Em 8 de novembro de 2007, a Petrobras divulgou a existência, neste campo, de grande quantidade de petróleo leve de alta qualidade associado a gás natural. A análise dos testes de formação do segundo poço no bloco BM-S-11, permitiu estimar o volume recuperável de óleo leve, entre 5 e 8 bilhões de barris óleo equivalente (”boe” - medida que inclui óleo e gás). 5 http://www.logado.info/guias/tudo-sobre-pre-sal-campo-petrolifero-tupi 12/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 A Petrobras também está recuperando poços que anteriormente considerados secos ou não contendo petróleo comercialmente viável na Região de Campos. A empresa também pode realizar perfurações mais profundas para verificar se eles contêm petróleo em níveis Pré-Sal.6 Em 2008, a Petrobras concedeu à BW Offshore (Noruega) o contrato para fornecer o FPSO para realizar o TLD - Teste de Longa Duração - (Extended Well Test - EWT) da área de Tupi (Figura 4.3). O contrato foi firmado para um período de 10 anos, mais uma opção para um período de cinco anos. Figura 4.3. Desenho esquemático do arranjo para o teste de longa duração da área de Tupi A BW Offshore converteu e modificou o FPSO “BW Peace” em Cingapura, de modo a atender especificações da Petrobras para este projeto, mudando o nome da plataforma para “BW Cidade de São Vicente”. Esta FPSO é capaz de processar até 30.000 barris de petróleo por dia e armazenar até 600 mil barris de petróleo (Figura 4.4). 6 http://en.mercopress.com/2009/05/01/brazils-pre-salt-basin-oil-extraction-becomes-commercial-operation 13/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 Os TLDs são adotados para obter informações sobre o comportamento de reservatórios e sobre os fluidos que serão produzidos em áreas novas. O objetivo do teste de longa duração é causar uma perturbação positiva no reservatório e observar como se comporta a drenagem, como os fluidos se movimentam e como a pressão se distribui, para poder entender e projetar o desenvolvimento do campo. Figura 4.4. Navio FPSO “BW Cidade de São Vicente” - Piloto de produção do reservatório de Tupi Em 10 de maio de 2009, foi iniciado o teste estendido de produção de (TLD) da área de Tupi com previsão de produção inicial de 14.000 b/d no poço 1-RJS646 e processamento no navio FPSO “BW Cidade de São Vicente” ancorado em lâmina d’água de 2.140 m. O reservatório de Tupi fica abaixo de 5.000 metros de rocha e sal, sob o fundo do mar. O TLD de Tupi foi planejado para durar 15 meses, recolhendo informações técnicas para o desenvolvimento dos reservatórios descobertos na Bacia de Santos. A informação é considerada decisiva não só para definir o modelo de desenvolvimento a ser utilizado na área Tupi, mas também para delimitação das outras acumulações do Pré-Sal localizadas nesta bacia sedimentar. No processo de produção de petróleo offshore, a saúde dos poços é uma das maiores preocupações das empresas produtoras. Todos os sinais vitais são 14/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 acompanhados em tempo real e chegam à superfície por um conjunto de cabos conhecidos como cordão umbilical. As informações são monitoradas tanto na plataforma como em terra. Considerando os custos envolvidos e a importância de que toda a operação tenha eficiência máxima, toda e qualquer informação que possa ser recuperada tem valor. Além disso, a automação dos processos permite reduzir o tamanho das equipes que trabalham no mar. Estima-se que na exploração do Pré-Sal as equipes terão apenas metade do tamanho das que hoje trabalham nas plataformas da Bacia de Campos. Na Bacia de Campos, a Petrobras instalou o TLD no campo de Aruanã, com o FPSO Cidade de Rio das Ostras, da Teekay o mesmo utilizado no TLD do prospecto de Siri. Em 2012, foram programados mais quatro TLDs na área do Pré-Sal em cinco anos, a região terá 18 testes de longa duração, todos com o objetivo de ampliar o conhecimento sobre os reservatórios carbonáticos antes de se definir os sistemas de produção definitivos. Mais do que o volume de petróleo e gás produzido durante esses testes, é a duração de cada TLD que trará qualidade à informação técnica obtida dos reservatórios7. Um importante gargalo tecnológico envolve os dutos que conectam os poços às unidades de produção na superfície. Conhecidos como risers, esses dutos precisam ser construídos para durar pelo menos 20 anos, que é o tempo mínimo de produção de uma unidade em alto-mar. Além disso, eles devem ser leves, pois seu peso é suportado pela plataforma a que estiverem conectados, e devem resistir a anos de exposição a correntezas e substâncias corrosivas. Trata-se de um problema especialmente relevante nas áreas recém-descobertas devido à presença de dióxido de enxofre em alta concentração8. 7 http://www.clube-do-petroleo-e-gas.com.br/reportagens/ed_334/334.html 8 (Exame 27/08/2008) 15/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 Estima-se que cada metro de riser custe 1000 dólares. Isso perfaz um valor de 3 milhões de dólares por riser. Como a cada plataforma podem ser conectados de 20 a 50 desses tubos, o conjunto de risers de uma plataforma pode atingir um valor de 150 milhões de dólares9. Os equipamentos de produção são enormes — uma única plataforma pode pesar 63 mil toneladas e custar cerca de 1 bilhão de dólares, mas os estaleiros sul-coreanos Samsung, Daewoo e Hyundai, três dos maiores produtores mundiais desse tipo de equipamento, operam com grandes carteiras de novos pedidos. O aluguel diário dos equipamentos que farão a perfuração inicial do poço, para comprovar a existência de petróleo e sua qualidade, custa cerca de 500.000 dólares. Os preços de locação desses equipamentos quadruplicaram nos anos imediatamente anteriores à descoberta do Pré-sal. A exploração também nas águas geladas do Ártico aumentou a demanda mundial e inflacionou os preços de plataformas offshore. A P-51, construída pelo consórcio FSTP (KeepelFells e Technip) pela NuovoPignone, Rio de Janeiro e pela Rolls Royce, em Niterói, gerou quatro mil empregos diretos e 12 mil indiretos. A plataforma, um investimento de US$ 1 bilhão, foi instalada no Campo de Marlim Sul, na Bacia de Campos e seu início de operação foi em 24/01/2009. O conteúdo local dessa plataforma (acima de 75% de bens e serviços adquiridos de fornecedores nacionais) representou um marco na retomada da indústria brasileira de construção naval. Instalada em lâmina d´água de 1.255 metros, a P-51 foi projetada para interligar 19 poços, sendo 10 produtores de óleo e gás e nove injetores de água, atingindo uma produção de 180 mil barris de petróleo e seis milhões de metros cúbicos de gás por dia, tornando-se responsável por 10% da produção nacional. 9 Exame 27/08/2008 16/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 Estima-se que o valor do pacote de sondas de perfuração expandir a produção no Pré-Sal poderá chegar a US$ 28 bilhões considerando-se um preço médio atual por unidade da ordem de US$ 700 milhões. A Petrobras prevê a necessidade de 146 navios de apoio às plataformas de produção ao custo estimado de US$ 5 bilhões até 2014. Uma primeira licitação já foi efetuada para a contratação de 24 embarcações offshore. Em seis anos, serão realizadas sete licitações desse tipo. A Transpetro, subsidiária de logística da Petrobras, lançou a segunda etapa do Programa de Modernização da Frota de Petroleiros que prevê a contratação de 23 navios de grande e médio porte. A primeira fase incluiu a contratação de 26 petroleiros por um custo estimado de US$ 2,5 bilhões. Paulo Roberto Costa, diretor de Abastecimento da Petrobras, na época, informou que a empresa planejava encomendar outros 19 navios por meio de contratos de afretamento de longo prazo, de até 15 anos, para operação, tanto na navegação de cabotagem quanto no longo curso. Costa acrescentou que a Petrobras estava em fase final de negociação para alugar dois superpetroleiros, conhecidos como VLCC (Very Large Crude Carrier), a serem construídos no Brasil10. Considerando todos os investimentos planejados, a Petrobras estima poder atingir em 2017 uma produção de 1 milhão de barris diários de petróleo equivalente (petróleo e gás) na área do Pré-Sal da Bacia de Santos. 10 Valor Econômico, 27/05/2008 17/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 5. OPORTUNIDADES PARA FORNECEDORES NACIONAIS DE EQUIPAMENTOS PARA O SETOR DE PETRÓLEO E GÁS A partir da descoberta das reservas do Pré-Sal, o planejamento da produção nacional de petróleo e gás passou a considerar os investimentos em infraestrutura de produção necessários ao aproveitamento dessas reservas. A análise do balanço entre a oferta e a demanda projetada de derivados de petróleo no Brasil evidencia a necessidade de investimentos na Bacia de Santos como forma de garantir o abastecimento nacional no futuro. Para acompanhar o crescimento previsto da demanda nacional de derivados de petróleo (apresentada na Figura 5.1), os gastos e investimentos no setor de E&P de petróleo e gás deverão atingir montantes entre US$ 25 e 34 bilhões ao ano entre 2010 e 2020. Isso representa um valor acumulado da ordem de US$ 400 bilhões neste período. Figura 5.1. Cenários de crescimento do mercado de derivados de petróleo no 11 Brasil (2011-2020) 11 Fonte: Petrobras – Plano de negócios e gestão 2012- 2016 – Contribuição da unidade e operações de exploração e produção da Bacia de Santos. 18/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 O estudo encomendado pela ONIP - “Cadeia Produtiva de óleo e gás offshore no Brasil (2010)” – apresenta um amplo diagnóstico dos problemas estruturais e tecnológicos da cadeia produtiva de petróleo e gás no Brasil e advoga que a expressiva demanda por bens de serviços (de US$ 400 bilhões em um período de dez anos) seria capaz de gerar escala suficiente para desenvolver no país uma sólida cadeia produtiva de bens e serviços de petróleo e gás. A Figura 5.2 apresenta a tendência de longo prazo dos investimentos necessários à manutenção da autossuficiência do país em petróleo e gás até 2020. Nela estão indicados os valores estimados de gastos e investimentos no setor de E&P de petróleo e gás ao longo do período 2010 e 2020. Figura 5.2. Investimentos e gastos operacionais no setor de exploração e produção 12 de petróleo e gás no Brasil (2010-2020) Neste gráfico podem ainda ser identificados os investimentos requeridos equipamentos e serviços de E&P, segundo as seguintes categorias: construção de petroleiros e barcos de apoio, construção de unidades produtoras, construção de sondas, desenvolvimento da produção, exploração e avaliação, e sísmica. Estima-se que um total de US$ 324 bilhões deverão ser dispendidos em 12 Fonte: ONIP - “Cadeia Produtiva de óleo e gás offshore no Brasil” (2010) 19/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 equipamentos e serviços de prospecção, perfuração de poços e produção de petróleo e gás no país. Em particular, o volume de investimentos em construção de navios petroleiros, barcos de apoio, navios sonda e plataformas de produção tipo FPSO, representa uma expressiva oportunidade de negócios para “epecistas” e para fornecedores de máquinas, equipamentos e componentes para navios e plataformas de produção e exploração offshore de petróleo e gás. A Figura 5.3 analisa a oferta de 112 dos principais grupos de equipamentos, incluídos no vendorlist da Petrobras, que deverão equipar as novas instalações de exploração e produção de petróleo e gás. Nota-se, entretanto, a reduzida participação de empresas nacionais na relação de equipamentos e de fornecedores incluídos nesta lista: 111 empresas nacionais e 286 empresas estrangeiras. Dessas 111 empresas nacionais, segundo a Secretaria de Energia, mais de 60% estão sediadas em São Paulo. A análise indica que para 38% dos principais grupos de equipamentos (que representam entre 42 e 46% do valor total estimado), não existem empresas fornecedoras nacionais. Entre os grupos de equipamentos incluídos nesta categoria destacam-se os produtos de alto valor adicionado: turbo-geradores, compressores centrífugos, flares, unidade de remoção de sulfato, motores a gás e compressores recíprocos de gás. 20/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 Figura 5.3. Empresas e grupos de equipamentos e sistemas do vendorlist da Petrobras que 13 serão requeridos para expandir a produção nacional de petróleo e gás Para 37% dos grupos de equipamentos (que representam entre 48 e 52 % do valor total estimado), identifica-se a predominância de empresas fornecedoras estrangeiras: compressores de ar centrífugos, válvulas de controle, motores diesel, instrumentos de vazão; sistemas de posicionamento (POS), motores e geradores sincronizados. Em seguida, para 18% dos de equipamentos (que representam entre 3 a 5% do valor total estimado), verifica-se o predomínio de empresas fornecedoras nacionais: sistemas de automação e controle, bombas centrífugas; equipamentos VAC. Por fim, para 7% dos grupos de equipamentos (que representam de 1 a 2 % do valor total estimado), identificam-se somente empresas nacionais: trocadores de calor, compressor de ar tipo parafuso e bombas rotativas. A reduzida participação da empresa nacional no segmento de P&G se explica não apenas pela estrutura de custos de produção vigente no país, como 13 ONIP, 2010 21/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 também pelo elevado volume de investimentos necessários para desenvolver e produzir de equipamentos de alto conteúdo tecnológico em escala global. Basicamente, não há isonomia competitiva entre a indústria nacional e outros países emergentes. A título de exemplo, a Figura 5.4 apresenta a composição da de custos para produção de válvulas borboleta entre o Brasil e a China. Observa-se que os custos de mão de obra, matérias-primas e capital são muito menores na China. Além disso, os fabricantes chineses trabalham com margens substancialmente menores. Figura 5.4. Composição de custos para produção de válvulas borboleta. 14 Comparação Brasil e China . Apesar de ser um exemplo específico para válvulas borboleta, resultados semelhantes podem ser observados em muitas outras áreas da produção industrial. 14 Fonte: ONIP - “Cadeia Produtiva de óleo e gás offshore no Brasil” (2010). 22/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 5.1 ANÁLISE E CATEGORIZAÇÃO DOS SEGMENTOS DA CADEIA OFFSHORE O estudo ONIP (2010) informa que, na relação apresentada na Figura 5.3, alguns segmentos já estão sendo atendidos por empresas nacionais, porém haveria um grande potencial de crescimento para equipamentos situados no topside da vendorlist. O estudo selecionou 19 segmentos com essas características: Estaleiros, Equipamentos Submarinos, EPC / Integradores, Apoio Logístico, Trocadores de Calor, Tubos e Tubulações, Bombas, Equipamentos Elétricos, Geradores, Serviços de Perfuração, Válvulas, Serviços de Completação, Sísmica, Sistemas de Automação, Medição e Controle, Brocas, Sistemas de Turbo Geradores, Compressores, Engenharia Básica, e Serviços de Operação de Sondas. Figura 5.5. Segmentos da vendorlist que estão sendo atendidos por empresas nacionais A Figura 5.5 identifica os segmentos do setor P&G Upstream Offshore com maior índice de nacionalização. Há segmentos com considerável porcentagem de empresas com manufatura local. No caso dos trocadores de calor, esse percentual atinge 100% e, no caso de bombas e equipamentos elétricos, é próximo de 50%. Para alcançar a competitividade global seria necessário 23/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 estimular a produção local em segmentos com maior potencial de desenvolvimento. Nesse sentido, o estudo da ONIP (2010) avalia os segmentos mais promissores no sentido segundo sua capacidade de impactar a economia nacional nos seguintes fatores: absorção de mão de obra técnica/especializada, inovação e tecnologia, proporção escala/ capital, grau de concentração econômica, relação entre elos da cadeia e dinâmica de mercado. Os resultados dessa análise benefício/ custo são apresentados no gráfico da Figura 5.6. Observa-se a concentração dos 19 segmentos em três grupos principais: segmentos promissores, segmentos em que os esforços se equilibram com os ganhos e os segmentos inviáveis (esforço elevado e ganhos limitados). Considerando conjuntamente todos os esforços e ganhos necessários ao desenvolvimento dos segmentos no país, a análise indica que os segmentos mais promissores são: estaleiros, sistemas elétricos, engenharia, básica, EPC/ integradores e equipamentos submarinos. Figura 5.6. Avaliação entre ganhos e esforço necessário ao desenvolvimento de segmentos de equipamentos e serviços do setor P&G Upstream Offshore 24/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 Finalmente, o estudo apresenta algumas recomendações de políticas públicas para estimular a produção nacional nos segmentos mais promissores. Entre as recomendações apresentadas destacam-se o estimulo ao desenvolvimento de empresas com poder de decisão local e medidas para tornálas competitivas em nível mundial. Nesse sentido, oito segmentos são considerados de relação benefício/custo alta ou equilibrada e elevado potencial de desenvolvimento. São eles: estaleiros; sistemas elétricos; engenharia básica; EPC/ integradores; equipamentos submarinos; automação, medição e controle; geradores e apoio logístico. A Figura 5.7 resume as principais recomendações desse estudo para cada um dos grupos de segmentos fornecedores do setor P&G Upstream Offshore, de acordo com seu respectivo potencial de alcançar competitividade internacional. Figura 5.7. Categorização de segmentos fornecedores do setor P&G Upstream Offshore e implicações para a agenda nacional de competitividade. 25/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 6. BUSCA E ANÁLISE DE DOCUMENTOS Tendo em vista a quantidade de produtos utilizados pela cadeia de P&G ser extremamente ampla e o Prominp dispor de vários estudos e diagnósticos do setor, foram analisados os principais agrupamentos de produtos, segundo o praticado pelo mesmo. Ainda com respeito aos estudos do Prominp, verificou-se que as suas análises setoriais foram, em parte, realizadas com base em informações colhidas em entrevistas com representantes, principalmente, de grandes empresas, não refletindo a realidade das pequenas empresas. 6.1. GERADORES E MOTORES ELÉTRICOS Segundo estudo do Prominp15, cerca de 40% da produção brasileira de motores destina-se para o mercado externo, sendo a indústria de petróleo e gás responsável pela aquisição de menos de 5% desse total. A indústria brasileira de motores e geradores elétricos é bastante competitiva no mercado global, e quando esses equipamentos são fabricados no território nacional, podem contribuir significativamente para alcançar níveis mínimos de conteúdo local nos projetos da indústria de petróleo e gás. A WEG, principal indústria brasileira de motores elétricos, atende aproximadamente 80% da demanda interna e é considerada uma das 5 maiores fornecedoras de motores elétricos do mundo. Apesar de ser um segmento bastante competitivo, a importação de motores vem aumentando nos últimos anos, principalmente quando acoplado a outro equipamento maior não produzido no País. 15 LOSEKANN, Luciano. Motores e geradores elétricos. [S.l.]: Prominp, 2008. 14 p. (Projeto Estudo da Competitividade a Indústria Brasileira de Bens e Serviços do Setor de P&D) 26/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 As maiores indústrias de motores elétricos do Brasil estão situadas nos Estados de Santa Catarina, com a WEG motores; no Rio Grande do Sul (Caxias do Sul), com a VOGES fabricante de motores até 370 kW e no Paraná (Curitiba), com a COEPAR que fabrica geradores a diesel de 32 a 600 kW. No Estado de São Paulo, as empresas que contribuem ou podem contribuir mais intensamente como fornecedoras de motores para Petrobras são: ABB – fábrica em Sorocaba, SP, para atender a demanda para diversos setores da indústria inclusive petróleo e gás, SIEMENS – fabrica extensa gama de motores elétricos até 1065 CV, para diversas aplicações. 6.2. INSTRUMENTAÇÃO E CONTROLE DE PROCESSO A implantação de automação nos processos produtivos industriais vem se tornando cada vez mais importante e justificada nas indústrias, pelo melhor controle e planejamento da produção, redução dos custos e elevação dos níveis de qualidade, além de facilitar certas tarefas do homem e reduzir possíveis erros. A aplicação pode ser feita em indústrias de diversos segmentos industriais, destacando-se os seguintes setores: petroquímico, siderúrgico, papel/celulose e farmacêutico. O setor de Instrumentação e Controle de Processo (ICP) é estratégico para a política industrial brasileira, tendo em vista que é intensivo em tecnologia e inovação, integra o setor de bens de capital e contém nos seus produtos e serviços componentes semicondutores e software. Seis grandes empresas internacionais fornecedoras da cadeia de petróleo e gás no Brasil são: ABB, Rockwell, Emerson Process Management (EPM), Honeywell International Inc., Siemens AG e Yokogawa Electric Corporation. 27/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 Das empresas nacionais, o Prominp destacou a SMAR Automação Industrial S/A e ALTUS Sistemas de Informática S/A, que conseguem concorrer com grandes empresas transnacionais. Geralmente as grandes empresas desse setor são partes de grupos bem maiores, especializados em engenharia e produtos de alta tecnologia, como é o caso da Siemens, que atua em diversas outras áreas, além de ICP. Ainda, as grandes empresas do setor de ICP seguem as estratégias em oferecer linha completa de produtos e serviços, investir fortemente em P&D, internacionalizar e adquirir empresas concorrentes menores. Conforme citado no estudo do Prominp, cerca de 76% das empresas nacionais do setor de ICP são de pequeno e médio porte, com fornecimento de 95% de sua produção para o mercado interno, operando também como prestadora de serviços das grandes empresas. Segundo a ABINEE, estima-se que 60% das empresas desse setor estejam localizadas em São Paulo Em relação à exportação, as pequenas e médias empresas brasileiras vêm sendo responsáveis pela comercialização e aumento de venda no mercado externo, com um leque de produtos cada vez mais amplo, indicando que um apoio mais efetivo às empresas de capital nacional tende a aumentar os resultados positivos em termos de competitividade do setor de ICP. Desse estudo destacam-se as seguintes observações: 1. Tendo em vista que as pequenas e médias empresas brasileiras, e em particular as paulistas, têm vocação para desenvolverem tecnologias e produtos no setor de ICP, seu desenvolvimento como fornecedores da cadeia da indústria de petróleo e gás deve ser estimulado, e 2. O setor de ICP, através das pequenas e médias empresas brasileiras, pode e deve ser estimulado para contribuir de forma mais efetiva para o aumento de conteúdo local mínimo exigido pelo governo. 28/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 6.3. SUBESTAÇÃO E TRANSFORMADORES Segundo documento produzido pelo Prominp16, o setor se encontrava em forte recuperação, operando em plena capacidade e em expansão da capacidade produtiva em função dos investimentos no setor elétrico brasileiro, portanto a dinâmica desta indústria é ditada pelo comportamento da indústria da eletricidade. A indústria de petróleo e gás ainda não tem grande relevância no suprimento deste segmento. Os fabricantes nacionais são competitivos, e sofrem pouca concorrência dos importados, acontecendo somente em equipamentos padronizados. Em equipamento de grande porte o custo do transporte atua como barreira a produtos importados. Quando da elaboração do estudo Prominp para o setor de Subestação e Transformadores, a capacidade produtiva era calculada em 50 mil MVA/ano, sendo distribuído da seguinte forma entre os grandes fabricantes brasileiros: Siemens com 33% localizada em São Paulo ABB 25% com planta em Blumenau e em São Paulo Areva 17% localizada Itajubá – MG WEG 10% localizada em Blumenau – SC Trafo 8% localizada em Gravataí – RS Toshiba 7% localizada em Contagem – MG A participação de grandes empresas no fornecimento para setor de petróleo e gás é inferior a 5%. Para fornecedores de menor porte e que atuam com equipamento de menor capacidade, o setor de petróleo é bastante representativo, correspondendo a 25%. 16 LOSEKANN, Luciano. Sistemas Elétricos, Transformadores, Subestações e Painéis. [S.l.]: Prominp, 2008. 15p. (Projeto Estudo da Competitividade a Indústria Brasileira de Bens e Serviços do Setor de P&D) 29/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 Quanto aos aspectos tecnológicos, na indústria de petróleo e gás, geralmente são utilizados transformadores a gás, pois normalmente operam em condições de utilização críticas, como, por exemplo, em contato com água. Os cascos desses transformadores são selados e preenchidos com gás (usualmente, N2, C2F6 e SF6). Esses transformadores têm potência limitada a menos que 4 MVA e seu tamanho é maior que unidades a óleo. Seu custo elevado, cerca de o dobro das unidades a óleo, restringe seu uso a situações críticas de operação. Transformadores a óleo vegetal biodegradável têm a vantagem de mitigar a degradação ambiental em casos de vazamento, já que a contaminação do solo e de lençóis freáticos por óleo mineral é um risco relevante dos transformadores. Algumas concessionárias de distribuição no Brasil, como Copel, Cemig e Eletronorte, desenvolvem programas para a substituição do óleo mineral pelo óleo vegetal em transformadores. Essas concessionárias atuam em cooperação com os fornecedores de transformadores e os de fluídos à base de óleo vegetal, desenvolvidos especificamente para esse uso. Além dos aspectos ambientais, os óleos são menos inflamáveis e possibilitam maior vida útil do transformador. O relatório do Prominp conclui que os fabricantes nacionais são bastante qualificados e competitivos, sofrem pouca concorrência dos importados e possuem conteúdo local elevado. Recomenda política de promoção da exportação, condicionadas à ampliação da capacidade de oferta para evitar gargalos produtivos visto que o relatório considera que a indústria do petróleo tem pouca influencia sobre a dinâmica do segmento. No segmento de grandes fornecedores de transformadores abordados neste relatório, o Estado de São Paulo possui duas empresas: a Siemens e ABB. Entretanto, existem no Estado de S. Paulo, fornecedores de menor porte como, por exemplo, a Super Watts localizada em Mogi Mirim. 30/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 6.4. VÁLVULAS E CITYGATE A expansão da produção brasileira de petróleo e gás proporcionada pela descoberta de grandes reservas na camada do Pré-Sal representa uma enorme oportunidade de desenvolvimento competitivo e sustentável para a indústria brasileira de bens de capital. Entretanto, estudos de competitividade realizados pelo PROMINP em vários segmentos industriais apontam para a necessidade de significativo aumento da capacidade de produção instalada de bens de capital para fazer frente à nova demanda por equipamentos e componentes para a produção de petróleo e gás. Além disso, em diversos segmentos industriais, foi identificada a necessidade urgente de atualização tecnológica das empresas nacionais para fazer frente aos seus competidores internacionais. Estudo 1: ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE BENS E SERVIÇOS DO SETOR DE P&G. SETOR DE VÁLVULAS E CITY GATES. PROMINP: IND-P&G-28 O relatório caracteriza o segmento de fabricação de válvulas e citygates com base em uma avaliação da sua capacitação produtiva e tecnológica. Embora tenha identificado 267 unidades de produção e 201 empresas atuando em muitos segmentos de mercado (inclusive torneiras e registros), o relatório se baseia em entrevistas realizadas em apenas quatro empresas fornecedoras para o setor de P&G: Flowserve – multinacional com menos de 100 empregados em sua planta; Conesteel – empresa de capital nacional, com menos de 100 empregados na planta; 31/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 RTS – empresa de capital nacional com mais de 100 empregados; e Tecval – empresa de capital nacional com mais de 100 empregados. Em média, 40% de suas receitas estão concentradas em fornecimentos para a Petrobras. As três empresas nacionais entrevistadas expandiram sua capacidade produtiva recentemente ou estão em processo de expansão, sempre com o objetivo central de atendimento da demanda do setor de petróleo e gás. O relatório informa que o segmento opera com escalas de produção reduzidas, embora as economias de escala possam ser importantes na fase de comercialização. O segmento apresenta grandes efeitos de aprendizado na produção (learning by doing). A experiência acumulada é a principal credencial apresentada pelas empresas e os esforços de aprendizado na produção constituem as principais fontes de conhecimento das empresas. A interação com clientes e departamentos de engenharia de clientes são fontes adicionais de conhecimento para a evolução do segmento. O aprendizado na produção, a elevada segmentação do mercado e a forte interação com clientes tornam o segmento de válvulas extremamente especializado. O relatório sugere que o segmento passou por uma reestruturação recente motivada pela implantação do programa de inspeção e certificação de fornecedores coordenado pela Petrobras. Essa iniciativa forçou as empresas a seguirem normas e a padronizar processos, tornando necessária a constituição de departamentos de engenharia dentro das empresas no principal desafio a ser perseguido no futuro. A obtenção do Certificado de Registro de Classificação Cadastral (CRCC) da Petrobras constitui uma importante sinalização da qualidade do fornecedor. Este certificado, emitido pela Gerência Executiva de Materiais, atesta a capacidade da Empresa de fornecer determinada família de materiais para a Petrobras. O CRCC habilita a empresa não apenas a fornecer para a indústria do petróleo e gás, como também para outras indústrias (p.ex. siderurgia e mineração). 32/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 O monitoramento e o processo de qualificação do CRCC garante a qualidade dos produtos fornecidos, mas aumenta consideravelmente os custos de produção em consequência dos processos periódicos de fiscalização e credenciamento. A capacitação tecnológica do segmento é limitada, pois as empresas, de uma maneira geral, operam com departamentos de engenharia muito reduzidos. Contudo, por representarem um custo fixo, a ampliação desses departamentos só será viável a partir da estabilização da demanda no longo prazo e da redução de incertezas econômicas. Na maior parte dos casos, as empresas brasileiras fornecedoras da Petrobras praticam a produção seriada e, nesse caso, o projeto do produto representa apenas um pequeno percentual do valor agregado de produção. A análise da competitividade revelada mostra que a evolução do comércio internacional de válvulas apresenta balanço bastante negativo e que as importações estavam crescendo bastante nos últimos anos. A razão entre importações e exportações era de 1,8 vezes em 2006. A baixa competitividade do produto nacional foi confirmada pelas entrevistas realizadas. Foi também identificada uma grande preocupação dos empresários quanto à concorrência de produtos asiáticos: a falta de qualidade apresentada por esses produtos e os baixos preços de venda como um fator predominante de concorrência. Uma das principais características do segmento é a existência de lacunas de fornecimento que ocorrem nas áreas do upstream, principalmente no fornecimento de válvulas para o subsea e no fornecimento de produtos de tight shut-off. Nesses casos, a busca da qualidade de produção e de projeto exigiria capacitação de engenharia, esforços crescentes de P&D e grande interação com os clientes. 33/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 O relatório sugere uma maior interação das empresas com a infraestrutura tecnológica existente, representada por institutos de pesquisa e desenvolvimento industrial. Estudo 2: “PROPOSTA DE AÇÕES DE DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO PARA O SETOR DE VÁLVULAS” – PROMINP A partir de 2003, o Governo Federal passou a praticar uma política de conteúdo local com o objetivo de ampliar a participação da indústria nacional no fornecimento de bens e serviços, em bases competitivas e sustentáveis, para traduzir os massivos programas de investimentos do setor de P&G em geração de emprego e renda para o País. O relatório examina os fatores condicionantes da capacitação tecnológica na cadeia produtiva de válvulas industriais no Brasil. A partir de um levantamento prévio de problemas de qualidade e confiabilidade dos produtos nacionais, realizado pelo PROMINP, a pesquisa aprofundou a análise dos métodos de projeto e produção utilizados na produção de válvulas industriais no Brasil. O estudo se baseou na análise dos métodos de projeto e dos processos de produção observados em 8 empresas inseridas na cadeia produtiva de válvulas industriais para a indústria do petróleo e gás. Examinaram-se os principais hiatos e lacunas tecnológicas que interferem na qualidade das válvulas fabricadas no Brasil para uso da indústria do petróleo e gás. O projeto teve por objetivo preparar uma agenda de ações de capacitação tecnológica de base (tecnologias pré-competitivas) que pudessem ser compartilhadas e implementadas no segmento fornecedor de válvulas para o setor de petróleo & gás. Esta agenda considerou tanto as demandas tecnológicas da indústria nacional como o potencial de cooperação tecnológica entre os fabricantes e os centros nacionais de pesquisa. 34/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 O estudo mostrou que a capacitação tecnológica no segmento de válvulas extrapola a sua própria cadeia produtiva e depende de programas governamentais de difusão tecnológica. A capacitação tecnológica nessa área depende de muitos fatores: Implantação no Brasil de laboratórios para testes e análises com capacidade para simular condições específicas que caracterizam a produção de petróleo e gás: altas temperaturas e risco de incêndios e explosões; Difusão das tecnologias de projetos racionais de produtos por análise de elementos finitos e por fluidodinâmica computacional; Adequação das empresas às exigências da Norma NBR 15827; Programas de apoio tecnológico a essas empresas; Programas de aumento da qualidade e produtividade de processos industriais; Superar carências na formação de recursos humanos e Aumento do domínio das tecnologias de fundição de aços especiais. Foram também analisadas empresas de Fundição de corpos para válvulas industriais. Com base nesta análise, foram definidas ações de desenvolvimento tecnológico para melhoria do setor de fundição e de fabricantes de peças fundidas para produção de válvulas industriais. Para elevar a capacitação tecnológica das empresas produtoras de peças fundidas para válvulas sugeriu-se: (1) aumentar as exigências para a qualificação das fundições ao fornecimento do setor de P&G, (2) ações com o objetivo de disseminar as melhores práticas de fundição de aços ao carbono e aços inoxidáveis na cadeia produtiva de válvulas e (3) ações visando aumentar a qualificação técnica dos profissionais especializados em fundição atuantes no país. No caso específico da produção de peças para fabricação de válvulas em ligas especiais (aços inoxidáveis duplex, superduplex, superausteníticos e 35/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 superligas a base de níquel), é necessário um maior conhecimento sobre as técnicas de descarburação de aços no estado líquido e de equipamentos adequados para esta operação. Além disto, a produção de aços inoxidáveis duplex e superduplex exige um balanceamento de composição química dentro da especificação de cada liga e condições especiais de desmoldagem a quente para minimizar a formação de trincas. Para desenvolver esta tecnologia foi proposto um programa experimental de fundição destas ligas, cujos resultados seriam descritos e disseminados entre as fundições qualificadas pela Petrobras. A segunda fase do projeto – Plano de Implantação e Estimativa de Custo das Ações de Desenvolvimento Tecnológico (Produto II), realizou o detalhamento das ações propostas na primeira fase e desenvolveu estimativas de custos para a implantação de cada uma das ações propostas. O relatório detalha o conteúdo dessas ações e estima o montante de recursos necessários para executar essas ações num contexto de estímulo à cooperação entre empresas, agências de fomento, institutos de pesquisa e universidades. O estudo, fundamentado na análise de empresas representativas do segmento e na avaliação das melhores práticas da indústria mundial, propôs uma agenda tecnológica visando superar os gargalos e hiatos tecnológicos identificados no segmento de válvulas industriais no Brasil. Foram propostas as seguintes ações: Ação 1: Apoio tecnológico ao desenvolvimento de válvulas industriais. Oferta por institutos de pesquisa de apoio tecnológico às empresas de válvulas industriais, na forma de serviços técnicos especializados, com foco em métodos de análise usando softwares de engenharia para o projeto de produtos industriais. A norma NBR 15827 exige que o projeto de válvulas seja documentado com (1) a análise de tensões e deformações de componentes críticos por modelos de elementos finitos e (2) a análise fluidodinâmica que poderá ser feita por simulação 36/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 computacional (CFD – Computational fluid dynamics) ou comprovação experimental em ensaios de protótipos. As empresas fabricantes de válvulas ainda não conseguiram internalizar essas competências e estão bastante interessadas em contratar esses serviços de instituições qualificadas. Ação 2: Apoio tecnológico em engenharia de manufatura de válvulas industriais. Oferecer apoio tecnológico às empresas, na forma de serviços técnicos especializados em gestão de operações em manufatura, com particular ênfase em layouts de produção, técnicas de produção enxuta, controles de processos e uso integrado softwares CAD/ CAM. Por meio de serviços especializados nessas áreas, os fabricantes de menor porte poderiam maximizar o aproveitamento das máquinas e instalações existentes melhorando significativamente o rendimento dos processos produtivos e a qualidade dos produtos. Ação 3: Laboratório de ensaios de desempenho de válvulas industriais. Implantar no país um laboratório de ensaios, testes e análises de protótipos de válvulas de acordo com a Norma NBR 15827. Este laboratório desempenharia a função de certificar o desempenho dos protótipos de válvulas para um amplo conjunto de fabricantes nacionais. Ação 4: Difusão da engenharia de processos nas empresas de fundição. Apoio tecnológico para a implantação do setor de engenharia de processos e de ensaios não destrutivos nas empresas de fundição para componentes de válvulas industriais. Ação 5: Manual de fundição de peças de aço para válvulas industriais. Preparação e disseminação de um manual de melhores práticas tecnológicas em processos de fundição de aços ao carbono e aços inoxidáveis para válvulas industriais. 37/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 Ação 6: Programa de ensino técnico e superior de fundição de aços especiais. Programa de estímulo ao estudo de tecnologias de fundição de aços e ligas especiais nas escolas técnicas e nas universidades do país. Ação 7: Desenvolvimento experimental de tecnologia de fundição de ligas especiais. Programa de pesquisa, desenvolvimento e disseminação na indústria de técnicas de fundição de ligas especiais: aços inoxidáveis duplex e superduplex (ASTM A890), aços inoxidáveis superausteníticos (ASTM A744 e ASTM A351) e as superligas de níquel (ASTM A494). A análise das técnicas de projeto e produção utilizadas em empresas da cadeia produtiva de válvulas industriais no Brasil mostrou a existência de importantes hiatos e lacunas tecnológicas, que interferem na qualidade dos produtos e no credenciamento dos fabricantes pela indústria do petróleo e gás. A pesquisa mostrou que os fabricantes nacionais de válvulas industriais enfrentam dificuldades de diversos tipos para se adequar ao atendimento das exigências da Norma NBR 15827, tais como: Falta de programas de apoio tecnológico a essas empresas; Inexistência de um laboratório de ensaios de protótipos exigido pela norma, e Carências na formação de recursos humanos e a falta de domínio das tecnologias de fundição de aços especiais. As ações propostas, envolvendo programas de extensão tecnológica, a difusão do uso integrado de softwares de engenharia (CAE/CAD/CAM), a difusão de tecnologias de manufatura e a disseminação de tecnologias de fundição de aços, poderão adequar os fabricantes nacionais às melhores práticas mundiais de produção de válvulas. A implantação no país, de um laboratório para testes de desempenho de válvulas é condição necessária para que os fabricantes nacionais de válvulas 38/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 possam se capacitar a alcançar o estado da arte em projetos de válvulas industriais. As instalações laboratoriais propostas nesse estudo podem ajudar a superar o enorme gap tecnológico existente no país na área de projetos de válvulas. Na área de Fundição, a comparação das técnicas de produção utilizadas em empresas de grande, médio e pequeno porte de peças fundidas para válvulas mostrou a existência de diferenças importantes que interferem nas tecnologias utilizadas e no nível de qualidade final das peças fundidas. As diferenças tecnológicas identificadas referem-se principalmente ao nível de conhecimentos dos técnicos e engenheiros especializados em fundição de aços. Para elevar a capacitação tecnológica das empresas produtoras de peças fundidas para válvulas sugere-se: (1) aumentar as exigências para a qualificação das fundições ao fornecimento do setor de P&G, (2) adotar ações com o objetivo de disseminar as melhores práticas de fundição de aços ao carbono e aços inoxidáveis na cadeia produtiva de válvulas e (3) adotar ações visando a aumentar a qualificação técnica dos profissionais especializados em fundição atuantes no país. 6.5. BOMBAS No estudo desenvolvido pelo Prominp17, foi avaliado o Setor de Bombas em plano nacional. Para o desenvolvimento deste estudo foram entrevistados cinco fabricantes sendo três multinacionais (KSB, Sulzer e Flowserve) e dois nacionais (Omel e Ellos). Tradicionalmente o setor de bombas é constituído por um número considerável de empresas as quais apresentavam em 2004, de acordo com a 17 ROCHA, Frederico. Setor de Bombas. [S.l.]: Prominp, 2008. 17 p.(Projeto Estudo da Competitividade a Indústria Brasileira de Bens e Serviços do Setor de P&D). 39/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 Pesquisa Industrial Anual do IBGE, 74 empresas com trinta ou mais pessoas ocupadas, empregando um total de 12.400 pessoas, o que define um tamanho médio da empresa de 168 empregados. Nota-se que o setor de bombas produz para um amplo mercado sendo que uma parcela dele é o setor de petróleo e gás. O mercado em geral necessita de produtos com níveis tecnológicos muito diferenciados desde bombas centrífugas simples até unidades que atendem o padrão tecnológico do Setor de P&G. Deve ser observado que a maioria dos produtos disponíveis no mercado não atende às exigências do Setor de P&G, o qual adquire diversos tipos de bombas sendo que a maior demanda é constituída por unidades que atendem aos requisitos na norma técnica API 610 – Centrifugal Pumps for Petroleum, Petrochemical and Natural Gas Industries. A diversidade de produtos no mercado advém de multiplicidade de aplicações de processos de bombeamento e da diversa capacitação tecnológica dos fabricantes sendo que, ao que tudo indica, os fabricantes melhor capacitados são as empresas multinacionais. Segundo, ainda, o disposto no estudo do Prominp “Existe ainda um pequeno conjunto de produtos em que o setor – nem empresas multinacionais, nem empresas nacionais – não tem capacidade de atuar e podem se constituir em lacunas de fornecimento. Esses produtos estão concentrados no upstream e, principalmente, no fornecimento de bombas para grupos de incêndio em plataforma.” As exigências tecnológicas do setor de P&G referentes às bombas têm aumentado ao longo do tempo incluindo, por exemplo, a necessidade de análises estruturais utilizando-se métodos computacionais, desenvolvimento do projeto fluidodinâmico utilizando-se ferramentas para análise fluidodinâmica computacional e, além disto, a exigência da comprovação dos resultados auferidos por meio de trabalho laboratorial. 40/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 Complementarmente ao aumento deste tipo de exigência tecnológica, está a necessidade cada vez mais presente de colocar produtos certificados no mercado, cujos processos de certificação devem ser conduzidos segundo exigências de nível internacional. Exemplos de certificações constituem-se nas obtenções de selos tais como ASME e API. Neste contexto, tendo em vista que a maior parte das empresas do setor é constituída por empresas nacionais e que justamente estas são aquelas que apresentam nível tecnológico mais raso, observa-se que há a necessidade de: a) Buscar a estabilidade de demanda proporcionando a possibilidade de investimentos em cenário menos inseguro; b) Aprimorar o desenvolvimento de engenheiros devidamente qualificados para trabalhar no setor; c) Dotar as empresas de sistemas de gestão da qualidade; d) Criar condições objetivas que permitam às empresas investir em processos de certificação de produtos. Segundo o relatório de demanda do Prominp, estão previstas aquisições de 5.089 bombas em 6.062 em 2013, 5.419 em 2014 e 6.560 em 2015. Nota-se que estas avaliações e demandas têm a característica de serem voltadas ao país como um todo, não tendo sido encontradas na literatura indicações específicas sobre a produção de bombas no Estado de S. Paulo. No entanto, uma rápida busca na internet revela a existência de um número considerável, além dos identificados pelo Prominp, de fabricantes no Estado de São Paulo, por exemplo: Bombas Centrífugas Grabe, KSB, Haupt; Clímax, TBA, Dositec, Ebara, Darka, Andritz, Thebe, Glass, Imbil, Sulzer, Imbil, Wico, Caracol, Grundfos, etc. Deve ser observado que existe a expectativa de existir uma número muito grande de fabricantes de bombas no Estado de S. Paulo. Este número poderá ser, futuramente, adequadamente avaliado porque está em andamento o Programa de Etiquetagem de Bombas conduzido pelo Inmetro. 41/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 6.6. HASTES E UNIDADES DE BOMBEIO O bombeio mecânico (Figura 6.6.1) é um método de elevação artificial utilizado apenas em campos terrestres, e seu princípio de funcionamento (Figura 6.6.2) se baseia no movimento rotativo de um motor elétrico ou de combustão interna, que é transformado em movimento alternativo por uma unidade de bombeio localizada próxima à cabeça do poço. Uma coluna de hastes transmite o movimento alternativo para o fundo do poço, acionando uma bomba que eleva os fluidos do reservatório para a superfície. O bombeio mecânico é o método de elevação artificial mais utilizado em todo o mundo. Pode ser utilizado para elevar vazões médias de poços rasos ou de baixas vazões para poços de grande profundidade. O movimento rotativo de um motor elétrico ou de combustão interna é transformado em movimento alternativo por uma unidade de bombeio. Uma coluna de hastes transmite o movimento alternativo para o fundo do poço, acionando uma bomba que eleva os fluidos contidos no reservatório para a superfície. Esse método de elevação é razoavelmente problemático em poços que produzem areia, em poços desviados e em poços onde parte do gás produzido passa pela bomba. A areia desgasta mais rapidamente as partes móveis e a camisa da bomba devido à sua abrasividade. O gás passando pela bomba reduz sua eficiência volumétrica, podendo até provocar um bloqueio por gás. Contudo, o efeito do gás no bombeio mecânico é menos problemático que no bombeio centrífugo submerso ou no bombeio de cavidades progressivas. Resumo de suas características: É o método mais utilizado; Uso em baixas vazões; Uso em poços com pouca profundidade; Uso em aplicações onshore; 42/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 É inadequado para poços desviados, e Consiste em bomba de deslocamento positivo. Figura 6.6.1 Unidade de bombeio (Cavalo de pau) Figura 6.6.2 Sistema de bombeio mecânico 43/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 6.6.1 Fornecedores do setor e capacidade produtiva Segundo estudo do Prominp18, o setor contava na época com apenas dois fornecedores: Weatherford International e a Confab, esta última a partir de 2004. Esses equipamentos, as hastes e as unidades de bombeio, possuem tecnologia madura, podendo ser considerados praticamente uma commodity (API), o que reduz bastante os riscos de não aceitação no mercado (as empresas consideram-se aptas para produzir com elevado nível de competitividade nos mercados doméstico e internacional, tanto no que diz respeito aos preços quanto no que se refere à qualidade e prazo de entrega), sendo necessária a contratação de mão de obra qualificada para atingir este nível. Por ocasião do desenvolvimento do estudo do Prominp, a participação dos insumos importados era muito grande na produção de hastes de bombeio, chegando a cerca de 70% do custo total de fabricação (praticamente todos os insumos são importados).Esse baixo conteúdo local ocorre mesmo com a existência de produtores locais de aço, o principal insumo. Mesmo com os padrões de qualidade necessários e com a proximidade do parque fabril, o fornecimento de aço acaba ocorrendo por via de importação, pois os preços do aço nacional são significativamente superiores ao praticado no exterior. De acordo com as entrevistas realizadas por técnicos do Prominp, esse quadro resulta do foco desse fornecedor local de aço voltado para o mercado internacional, sobretudo a China – a demanda para produção de hastes é relativamente pequena, não compensando um desvio na orientação do fornecedor. 18 DANTAS, Alexis Toríbio. Hastes e Unidades de Bombeio. [S.l.]: Prominp, 2008. 12 p.(Projeto Estudo da Competitividade a Indústria Brasileira de Bens e Serviços do Setor de P&D). 44/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 Quanto à fabricação de unidades de bombeio (cavalo de pau), esta não apresenta grandes problemas associados aos aspectos técnico-produtivos, constituindo-se em uma tecnologia madura. A exportação nacional foca, principalmente, a Argentina e a Colômbia, além dos Estados Unidos, que vêm aumentando substancialmente suas compras. 6.6.2 Aspectos tecnológicos Segundo o Prominp, este setor não apresenta grandes desafios tecnológicos, tanto no aspecto produtivo quanto no de mão de obra especializada. O principal desafio é incorporar novos produtos à linha de produção, como as hastes polidas e as hastes com centralizador com guia, atualmente importadas em sua totalidade, e a aquisição de novas máquinas. Segundo uma empresa entrevistada pelo Prominp, o único requisito para atingir esse objetivo é a expectativa de uma demanda segura que justifique o investimento a ser realizado – sem grandes desafios do ponto de vista tecnológico. Os principais componentes desses equipamentos são: a) Bomba de superfície Sua função é fornecer energia ao fluido vindo da formação geológica, elevando-o para a superfície. A transmissão de energia do fluido ocorre sob a forma de aumento de pressão. A bomba é do tipo alternativo, de simples efeito, com as seguintes partes principais: camisa, pistão, válvula de passeio e válvula de pé. b) Coluna de hastes As hastes operam em ambientes que podem ser abrasivos ou corrosivos, ou ambos. Estão sujeitas a cargas cíclicas, uma vez que o peso do fluido que esta acima da bomba é sustentado pela coluna de hastes no curso ascendente e pela coluna de produção no curso 45/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 descendente. Devido a esta alternância de esforços a coluna de hastes se torna o ponto crítico do sistema. Existem vários tipos de hastes. Pode-se encontrar hastes de aço e de fibra de vidro, sendo as primeiras de utilização mais frequente. As hastes de fibra, devido ao custo elevado, encontram maior aplicação em poços que apresentam sérios problemas de corrosão e cargas elevadas. A primeira haste no topo é chamada de haste polida, por ter sua superfície externa polida. O objetivo da utilização desta haste é proporcionar uma melhor vedação na cabeça do poço. Devido ao movimento alternado da coluna de hastes, a haste polida está continuamente entrando e saindo do poço. Quanto à unidade de bombeio (Figura 6.6.3), ela é responsável pela conversão do movimento de rotação do motor em movimento alternado transmitido às hastes. A escolha da unidade de bombeio deve atender a três solicitações, de modo a não sofrer danos durante a sua operação. São elas: o torque máximo aplicado, a máxima carga das hastes e o máximo curso da haste polida. Figura 6.6.3 Unidade de bombeio 46/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 A estrutura de uma unidade de bombeio (Figura 6.6.4) é composta por: Base: moldada em concreto ou formada por perfis de aço, serve como base onde se prende, devidamente alinhados, o tripé, a caixa de redução e o motor. Tripé: formado por três ou quatro perfis de aço, deve ter rigidez suficiente para suportar toda a carga da haste polida. Viga transversal ou balancim: viga de aço apoiada em seu centro por um mancal, que está preso no topo do tripé. A viga deve ter resistência suficiente para suportar de um lado a carga da haste polida e do outro a força transmitida pela biela. Cabeça da UB: localizada em uma das extremidades do balancim. Suporta a carga da haste polida por meio de dois cabos de aço (cabresto) e uma barra carreadora. A geometria da cabeça da UB faz com que a haste polida se mova verticalmente no poço. Biela e manivela: transmitem movimento ao balancim. A distância do eixo da manivela ao mancal da biela define o curso da haste polida. Este curso pode ser modificado alterando-se a posição onde a biela é presa à manivela. Figura 6.6.4 Estrutura de bombeamento mecânico – cavalo de pau 47/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 De forma resumida, ressaltam-se os seguintes aspectos: a) Como nos demais segmentos da cadeia de P&G, o fornecimento destes conjuntos ocorre por intermédio de grandes corporações, e b) Para as pequenas e médias empresas se inserirem na cadeia, o caminho previsto é o de fornecer peças e componentes menores que fazem parte dos conjuntos e/ou subconjuntos deste segmento, o que deve requerer, na maioria dos casos, certificações, garantias de fornecimento, qualidade, prazos, e preço competitivo. 6.7. COMPRESSORES Compressores, equipamentos de larga aplicação industrial, tradicionalmente desenvolvidos para a compressão de ar, são largamente fabricados em território nacional por um número significativo de empresas e são utilizados pelos mais diversos setores da economia. São produtos que embarcam um conteúdo tecnológico que pode ser bastante amplo. No que diz respeito à cadeia de petróleo e gás, pode-se afirmar que os compressores estão presentes em toda a cadeia; tanto no segmento constituído por refinarias e petroquímicas quanto no segmento offshore. De acordo com estudo do Prominp19,utiliza-se como padrão básico no setor petroquímico, compressores em conformidade com a norma API 618 Reciprocating Compressors for Petroleum, Chemical, and Gas Industry Services, sendo que neste setor há empresas brasileiras fabricantes de compressores competitivas. Já no caso de aplicação em unidades offshore existe um grupo limitado de empresas internacionais que têm a capacidade tecnológica para participar ativamente e com confiabilidade. 19 ROCHA, Frederico. Setor de Compressores. [S.l.]: Prominp, 2008. 17 p. (Projeto Estudo da Competitividade a Indústria Brasileira de Bens e Serviços do Setor de P&D). 48/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 Embora estivesse prevista a demanda de 1250 unidades em 2013, 1030 unidades em 2014, 1072 unidades em 2015 totalizando neste triênio a demanda estimada de 3372 unidades, verifica-se que este mercado que envolve as refinarias e as aplicações offshore é segmentado, sendo que os requisitos tecnológicos de aplicação offshore podem ser cumpridos apenas por um número reduzido de empresas internacionais de grande capacidade tecnológica. Neste sentido, o mercado mais promissor para as empresas nacionais, no curto prazo, é sem dúvida o constituído pelo setor petroquímico como um todo, incluindo-se as refinarias. 6.8. GUINDASTES E GUINCHOS Relatório publicado pelo Prominp20 caracteriza o segmento em guindastes offshore de grande porte embarcados em plataformas, guindastes de menor porte e equipamentos específicos aplicados em plataformas, navios de apoio e navios de maior porte, equipamentos como guinchos, turcos e molinetes. No segmento de guindastes offshore de grande porte estão presentes empresas líderes internacionais tais como a Liebherr, Terex e a Manitowoc, voltadas para internalização de importações, com baixo nível de conteúdo nacional. Conforme relatório Prominp, empresas líderes do segmento consideravam ser muito arriscado antecipar a construção de novas plantas sem haver uma garantia mínima de estabilidade do mercado. Entretanto, há uma empresa se preparando para o Projeto Pré-Sal, como a Manitowoc Crane Group, que inaugurou a fabrica de guindastes em Passo Fundo- RS, aproveitando incentivos da Prefeitura e do Estado com planos de trazer para o Brasil, tecnologia de 20 BRITTO, Jorge. Setor de Guindastes Navais e Off-shore. [S.l.]: Prominp, 2009. 24 p.(Projeto Estudo da Competitividade a Indústria Brasileira de Bens e Serviços do Setor de P&D). 49/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 fabricação de guindastes pesados de alta tecnologia ainda sem concorrentes no país. Outra empresa do ramo, a Liebherr, que fabrica guindastes de porte no exterior, possui fábrica em Guaratinguetá – SP onde produz escavadeiras, pás carregadeiras, betoneiras e guindastes de torre. Por ocasião da avaliação do Prominp, não foi identificada ação da empresa para nacionalizar a fabricação de guindastes offshore. Entretanto, como já possui fábrica em São Paulo, eventualmente poderá atuar neste segmento até por força da concorrência. A Terex, considerada também uma grande fabricante, produz nos Estados Unidos empilhadeira para containers, talhas industriais, guindastes portuários e stradle carriers. No Brasil está estabelecida em Barueri - SP produzindo guindastes sobre rodas e esteiras, pás carregadeiras compactas. Por ocasião da avaliação do Prominp, não foi observada ação da empresa que denotasse interesse em atuar no Brasil no segmento offshore. No segmento de pequenos guindastes e equipamentos específicos de componentes para a indústria naval, empresas nacionais de pequeno e médio porte, como a Enquip, Techlabor, Mecanavi e Strauss, demonstraram interesse em expandir sua atuação. Localização e portfólio dessas empresas: Enquip Tecnologia - sediada em Nova Friburgo – RJ - Fabricante de guinchos elétricos, pneumáticos e hidráulicos, guindastes e molinetes. Tecnolabor Engenharia, Equipamentos e Serviços Ltda. sediado em São Gonçalo - RJ - Fabricante de produtos offshore, tais como sarilhos, turcos para salva vidas, botes de resgate e baleeiras. Mecanavios - sediada em Niterói – RJ, pesquisa prejudicada devido site em construção. 50/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 Strauss Tecnologia em Equipamentos - sediado em Joinville – SC. Fabricante de guinchos e guindastes. Todas estas empresas são de fora de São Paulo, e segundo o relatado, são atuantes no segmento de componentes para a indústria naval e offshore, inclusive demonstrando interesse na produção de guindastes de menor porte. No setor de manuseio e movimentação, empresas de São Paulo já forneceram no passado equipamentos de porte, para grandes programas tais como o siderúrgico e o portuário e, em princípio, as remanescentes poderiam participar desde que haja estímulo e motivação indutora, tais como estabilidade de demanda e ações que estimulem a sua capacitação. Empresas que poderiam se interessar pelo segmento offshore, adequando seus projetos e se qualificando como fornecedoras para os projeto do Pré-Sal, tais como Bardella, Feba, Mausa Munck, Bautech, Samm Stahl, Demag, atuando de forma independente ou associadas a empresas detentoras de tecnologia específica para estes itens. De acordo com relatório de demanda do Prominp, observam-se as seguintes estimativas de demanda: Guinchos: 938 unidades em 2013, 934 em 2014 e 1178 em 2015. Guindastes: 52 unidades em 2013; 52 em 2014 e 54 em 2015. O relatório estima ainda que com a nacionalização progressiva destes equipamentos, hoje em torno de 30% em valor, esses índices poderão chegar a 60% nos próximos dez anos. Esta tendência já está se concretizando com a instalação da empresa Manitowoc, que trará repercussão na cadeia de suprimento deste segmento. Observa-se que estes dados devem ser atualizados. Com respeito ao aumento do conteúdo local, verifica-se que um dos gargalos é a deficiência de fornecedores nacionais de componentes hidráulicos e eletrônicos mais sofisticados. O estudo do Prominp recomenda também ações coordenadas com a Petrobras, visando maior padronização e especificação dos equipamentos para 51/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 facilitar a articulação com “epecistas” e empresas de projetos, e favorecer a capacitação dos fornecedores nacionais de componentes. Relata a tendência de empresas nacionais de se articularem com empresas do exterior visando transferência de tecnologia, o que poderia reduzir o tempo para aumentar o índice de conteúdo local. Embora empresas de menor ou grande porte de São Paulo não sejam relacionadas nos documentos, entende-se que existe um potencial de participação no segmento, com possibilidade destas empresas estenderem sua produção para o segmento de equipamentos para o Pré-Sal. 6.9. MOTORES A GÁS E DIESEL Segundo o relatório publicado pelo Prominp21, motores a combustão tais como os Diesel e Otto, são utilizados em toda cadeia de P&G. Motores Diesel são utilizados em geradores de energia e bombas e também para a propulsão de navios, no caso de motores de grande porte e com elevados requisitos de segurança. São, porém, na grande maioria, motores oriundos do setor de máquinas e automobilístico. Para analisar a situação da oferta de motores, técnicos do Prominp entrevistaram quatro empresas: Man-Diesel Brasil - subsidiária de uma grande empresa multinacional, líder no setor de motores, que responde pela venda e marketing dos produtos de sua matriz no Brasil e Cone Sul. Está estabelecida em Resende –RJ, prestando serviços de assistência técnica manutenção; 21 ROCHA, Frederico. Setor de Motores a Gás e a Diesel. [S.l.]: Prominp, 2008. 18 p.(Projeto Estudo da Competitividade a Indústria Brasileira de Bens e Serviços do Setor de P&D). e 52/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 MTU Brasil - subsidiária do grupo MTU com planta em Perus, São Paulo; Scania do Brasil - uma subsidiária de empresa atuante no setor automobilístico no Brasil, estabelecida em São Paulo. A subsidiária tem papel central no grupo, sendo responsável pela produção de motores que são distribuídos para outras filiais. Ao mesmo tempo, possui uma divisão especializada em motores industriais; e Nuclep - empresa estatal do MCTI, localizada no Rio de Janeiro, foi criada para fornecer equipamentos pesados para o setor nuclear. Entrou no segmento de motores navais em parceria com a empresa finlandesa Wärtsilä, líder mundial na fabricação de motores de dois e quatro tempos para navios cargueiros e transatlânticos. Figura 6.9.1 Motor para propulsão naval – Fonte site Nuclep 53/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 Com a exceção da Nuclep, todas as empresas visitadas são multinacionais. De uma maneira geral, elas apontam a transferência de tecnologia como a principal fonte de conhecimento. No caso, as fontes internas fundamentais estão associadas à qualificação da mão de obra. Deve-se, entretanto, enfatizar que existe um problema de certificação de qualidade frente às associações classificadoras, principalmente quando direcionadas para o uso em moto bombas e grupos geradores marítimos. No caso da Nuclep, a capacitação técnica anterior parece ser uma das principais razões para entrar no segmento. A falta de oportunidade no setor nuclear, junto com a disponibilidade de instalações e o tipo de produção “seriada” de valor agregado mais elevado e a identificação do mercado de motores navais de dois tempos sem concorrente no mercado brasileiro, tornaram a diversificação atrativa. Esses fatores devem ser somados ao reaquecimento da demanda interna com a reativação da indústria naval, em função da situação atual da construção mundial de navios de grande porte. Por ocasião da elaboração do estudo pelo Prominp, concluiu-se que a diversificação só seria possível mediante transferências de tecnologia baseada em acordo de licenciamento da Nuclep com a Wärtsilä para produzir motores navais de dois tempos, o qual foi assinado em 2005. A Wärtsilä produzia entre 200-250 motores de dois tempos ao ano, nas suas diversas unidades licenciadas. Segundo a Nuclep22, esse acordo transformará a empresa na única certificada para a produção desse tipo de equipamento nas Américas, além de fortalecer a política de conteúdo local. Seu contrato com a Wärtsilä requer exclusividade para produção de motores dois tempos, mas possibilita diversificação para motores menores de quatro tempos, destinados a navios de apoio, motores auxiliares de navios maiores e geradores de energia para plataformas offshore. 22 http://www.nuclep.gov.br/en/news/uni-o-entre-nuclep-e-w-rtsil-amplia-mercado 54/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 Nas faixas de motores voltados a geradores e motobombas a ampla utilização de produtos do setor na estrutura industrial brasileira, somada à presença de uma indústria automobilística forte, permite concluir que o setor não encontrará dificuldade em prover a indústria de P&G com motores dentro das faixas de potência requeridas. A maioria das empresas entrevistadas, com produção de motores no Brasil, exporta. A Scania tem no Brasil um de seus centros de excelência de motores e fornece o equipamento para outras empresas do grupo. A MTU também apresenta exportação positiva. Nas empresas entrevistadas no âmbito do trabalho Prominp, constatou-se um mercado dividido em: Empresas com produção de motores na faixa de até 700hp, voltada para outros mercados, em sua maioria a indústria automobilística, ai incluindo produtores de tratores, não apresentam problema de capacidade produtiva pela pequena participação do segmento do petróleo em sua demanda global. Empresas especializadas em motores de grande porte. Nesse caso, o mercado brasileiro apresenta pequena dimensão, não comportando uma planta para a produção de motores. As empresas atuantes no Brasil se restringem, portanto, a dois tipos não excludentes, porém não necessariamente complementares de atividade. De um lado, a montagem de sistemas, como grupos geradores, utilizando motores importados de sua matriz – quando exigidas soluções mais complexas, não presentes no mercado nacional, ou quando exigido pela estratégia da matriz e na ausência de restrição de conteúdo local – e, de outro, na manutenção desses equipamentos, tornando-se a presença no Brasil uma vantagem comparativa em relação a seus competidores. 55/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 Desse estudo, pode-se observar que: a) Com a descoberta do petróleo na camada do Pré-Sal, o Brasil se tornou um mercado internacionalmente promissor, estimulando parcerias entre as empresas brasileiras, principalmente produtoras de bens e serviços em que o País não tem capacitação, com as estrangeiras que querem o acesso ao mercado nacional e estão dispostas a transferir tecnologia e aportar capital, atendendo dessa forma à política de conteúdo local do governo, com oferta de bens e serviços com qualidade e produzidos localmente, e b) Aparentemente, no caso de motores de menor porte, a maior demanda é quanto à especificação e normalização adequada de produtos. Esse procedimento pode ser obtido mediante interação com as empresas e, possivelmente, a necessidade de homologação de produtos novos, já disponíveis nas matrizes ou outras filiais das empresas multinacionais. c) No caso de motores de maior porte, dois obstáculos podem ser identificados. O primeiro está associado à obtenção de escala para operação de uma unidade fabril competitiva. O segundo é relacionado com a capacitação tecnológica. O segundo obstáculo parece estar sendo encaminhado de maneira adequada, a partir da qualificação de um fornecedor nacional para montagem desse motor e, com isso, o incremento de seu conteúdo local. d) No segmento de motores Diesel e a gás de menor porte, as indústrias de São Paulo estão representadas por meio das empresas Scania e MTU. Para motores de embarcações, a entrada da NUCLEP no setor poderá induzir outras empresas a participar do segmento. 56/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 6.10. TURBINAS O relatório Prominp23 procurou caracterizar o segmento de turbinas, tanto a vapor como a gás, quanto à capacidade produtiva e tecnológica para atender a demanda da indústria do P&G. Quando da realização desse estudo não havia produção nacional de turbinas a gás, mas havia iniciativas para desenvolvimento, envolvendo empresa privada e geralmente um instituto tecnológico ou universidade. Dentre quatro empresas identificadas como fabricantes de turbinas, três foram entrevistadas pelo Prominp – Dresser-Rand, NG e TGM. Dresser é uma das líderes mundiais na produção de turbinas para a indústria do Petróleo, a NG e a TGM, ambas de capital nacional, ligadas à indústria sucroalcooleira. Embora as empresas fabricantes de turbinas a vapor se considerem qualificadas, com elevado nível de exportações, uma delas tem instalações defasadas com dificuldades de competir e outras duas possuem limites de atuação na faixa de 30 a 40 MW. As empresas consideraram a qualificação de sua mão de obra fundamental para sua competitividade, em especial o corpo de engenharia. Segundo o Prominp, de uma maneira geral, as empresas apresentam um cenário positivo para o atendimento das demandas da Petrobras. As vantagens da proximidade e a existência de um número pequeno de fornecedores reduzem as incertezas futuras, ainda que possa haver espaço para redução de incertezas mediante o cumprimento sequencial do planejamento da Petrobras. Essa parece ser a principal medida a ser sugerida: melhor planejamento com redução de picos e vales e cumprimento dos cronogramas de investimento. 23 ROCHA, Frederico. Setor de Turbinas. [S.l.]: Prominp, 2008. 18 p. (Projeto Estudo da Competitividade a Indústria Brasileira de Bens e Serviços do Setor de P&D). 57/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 A adequação do cronograma de investimento da Petrobras auxilia também no principal limitante à expansão da capacidade produtiva e de capacitação técnica das empresas: a disponibilidade de mão de obra. O setor de turbinas a vapor apresenta um nível de qualificação técnica adequada às condições de demanda da Petrobras, principal atuação no âmbito tecnológico deverá ser, portanto, o desenvolvimento dos atuais fornecedores para a produção de outros equipamentos, ainda não existentes no mercado nacional. No segmento de turbinas a gás, segundo publicação da revista Força de Defesa24, a empresa Polaris, está incubada nas instalações da REVAP em São José dos Campos e já desenvolveu um protótipo de turbina a gás de 1300 hp. A pesquisa irá beneficiar tanto a indústria aeronáutica como a de P&G. O desenvolvimento da turbina conta com participação do ITA e Petrobras, prevê também a construção de laboratórios para teste de turbinas, infraestrutura necessária para garantir o processo de homologação de motores. Na fabricação de turbinas a vapor, o Estado de São Paulo está presente com a TMG em Sertãozinho e a NG Metalúrgica Ltda. em Piracicaba. 6.11. CALDEIRARIA O setor de caldeiraria pode ser entendido como um grande conjunto de empresas que tem a capacidade de produzir a chamada caldeiraria leve utilizando chapas de aço carbono com espessura reduzida, procedimentos de soldagem tradicionais, dotadas de equipamentos relativamente leves, e por um segundo conjunto constituído por uma quantidade muito limitada de empresas que são de grande porte com capacidade de desenvolver trabalhos que exijam a manipulação de grandes cargas, o uso de chapas tanto de aço carbono quanto aços inoxidáveis ou especiais, tubulações de aços carbono e de aços especiais, bem como 24 dotadas (www.aero.jor.br/ 2009/03/20) de capacidade tecnológica incluindo o 58/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 desenvolvimento/detalhamento de projetos. Este setor é caracterizado pelo fato de que sua produção é, basicamente, não seriada e a comercialização dos seus produtos se dá por encomenda. Devido ao fato deste setor ser movido por encomendas, é fortemente sujeito a oscilações de demanda. A característica principal deste setor é a de produzir equipamentos estáticos tais como reatores para a indústria química e petroquímica, fornos, caldeiras, trocadores de calor, vasos de pressão diversos, etc. Este setor tem como perfil o fato de atender basicamente à indústria local sendo fracamente exportador. Segundo se depreende de estudo do Prominp, as empresas de caldeiraria pesada tem uma parte significativa da sua capacidade de produção atrelada ao setor de P&G dependendo, em consequência, do nível de investimentos realizados. De acordo com relato do Prominp25, por ocasião da realização dos seus estudos setoriais, a NUCLEP – Nuclebrás Equipamentos Pesados é a empresa que reúne as melhores condições, principalmente no que tange à capacidade de calandragem. Deve ser notado, entretanto que as empresas deste setor podem apresentar como característica a especialização em um tipo de produto. Com exemplo deste caso ressalta-se a GEA do Brasil Intercambiadores, fundada em 1975 e sediada em Franco da Rocha – SP, que é fabricante de diversos equipamentos de troca térmica sendo que neste grupo multinacional, a unidade de Franco da Rocha foi escolhida para ser o centro de competência mundial do grupo em trocadores de calor do tipo casco e tubo. 25 LOSEKANN, Luciano. Caldeiraria Pesada. [S.l.]: Prominp, 2008. 15 p.(Projeto Estudo da Competitividade a Indústria Brasileira de Bens e Serviços do Setor de P&D). 59/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 Este setor já é detentor de um nível bastante razoável de conteúdo local sendo que utiliza como insumos importados produtos fabricados com aços especiais e aços carbono tais como: chapas, tubos, forjados e fundidos. 6.12. FLANGES E CONEXÕES Flanges e conexões (Figura 6.12.1)são acessórios tradicionais de tubulação utilizados como peças de ligação em sistemas pressurizados, tanto em tubulações de produção, processo, instrumentação ou dreno, como em conexões com equipamentos, bocas de acesso portas de inspeção, etc. Sua utilização na área de petróleo e gás natural (PGN) é comum tanto em sistemas de exploração e produção, como em transporte e refino, embora para cada aplicação estas peças apresentem requisitos técnicos diferenciados. Figura 6.12.1 – Flanges e Conexões Em exploração e produção de óleo e gás, onde as pressões de trabalho são elevadas e variam entre 2.000 psi (~140 bar) a 20.000 psi (~1.400 bar), o projeto de componentes pressurizados segue, no Brasil, os códigos API (American Petroleum Institute), sendo que tanto na área de perfuração (drilling), como em completação (árvores de natal, por exemplo) e em produção (como manifolds), as características específicas relacionadas aos flanges são especificadas pelo código API 6A. 60/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 Em transporte de fluidos e em refinarias, onde as pressões são substancialmente mais baixas e variam entre a classe # 150 (PN 20, que corresponde a 20 bar) e a # 2500 (PN 420 ou 420 bar), os componentes pressurizados são usualmente projetados segundo o código ASME (American Society of Mechanical Engineers). Já no caso de linhas pressurizadas, o código principal é o ASME CODE FOR PRESSURE PIPING B31, em especial a norma ASME B 31.3, que trata de tubulações de processo empregadas em refinarias. A fabricação de flanges e conexões em aço carbono sem requisitos especiais não se mostra um problema no Brasil e os fornecedores locais atendem à demanda com a qualidade necessária26. No entanto, quando se fala de ligas especiais, aços de baixa liga tipo Cr-Mo e aços inoxidáveis, algumas características fabris devem ser melhoradas, pois as ligas especiais exigem temperaturas de forjamento controladas. Determinar as melhores temperaturas para promover a conformação de acordo com o tipo de liga, com a implementação de controles de temperatura durante o forjamento, é um dos desafios tecnológicos a ser enfrentado, já que os métodos atuais não se mostram muito precisos. Flanges e conexões para atendimento ao código API 6A exigem requisitos que a indústria brasileira não está preparada para fornecer, principalmente devido ao desconhecimento da influência dos processos fabris nas características de resistência mecânica, tenacidade, resistência à fragilização pelo hidrogênio e resistência à corrosão em meios presentes na exploração e produção de óleo e gás. 26 PAULA, Germano Mendes de. Setor de Flanges e Conexões. [S.l.]: Prominp, 2008. 22 p. (Projeto Estudo da Competitividade a Indústria Brasileira de Bens e Serviços do Setor de P&D). 61/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 Para que a indústria comece a produzir este tipo de componente é necessário entender os limites de uso de aços baixa liga (espessuras versus teor de carbono versus tratamento térmico) e de aços inoxidáveis (austeníticos, duplex, superduplex), processados com diferentes forjamentos. De acordo com o tipo e utilização dos flanges e conexões, existem três modalidades de inspeção: Inspeção do tipo A: apenas verifica o cumprimento das exigências de qualidade em documentos comprobatórios. Inspeção do tipo B: exige presença de técnicos da Petrobras no momento de medidas e testes. Inspeção do tipo C: exige um inspetor residente, que acompanha toda a fabricação do equipamento. De um lado, o último tipo de inspeção favorece um maior conteúdo local, pois permite à Petrobras um grande controle sobre as práticas dos fabricantes, evitando que flanges e conexões importadas pudessem ser revendidas como produtos nacionais e, também favoreceria a exportação destes itens, porém exigiria destes fornecedores melhorias nos programas de certificação da qualidade, o que pode ser compreendido como uma pressão benéfica na direção de aprimorar os processos produtivos. As principais características do setor, em relação às indústrias fabricantes de flanges e conexões de aço são as seguintes: a) A estrutura de mercado é fragmentada; b) Não existe entidade representativa do setor, sendo pouco significativa, pois algumas empresas são filiadas ao Sindiforja; c) Empresas são multiprodutoras, ou seja, fornecem outros produtos como tubos; d) Algumas são somente produtoras, outras distribuidoras e algumas ambas as funções, dificultando com isso a elaboração de uma estimativa quanto ao tamanho deste mercado; 62/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 e) Segundo o estudo Prominp, há uma baixa competitividade entre as empresas, pois não acompanham as ações dos concorrentes; f) Ausência de Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) do IBGE, acarretando a inexistência de dados concretos de produção e vendas; g) Para os tipos de flanges e conexões em aço carbono, as empresas são competitivas em termos de qualidade, preço e prazo (importados tem prazo entre 90 – 120 dias, nacionais 30 – 60 dias); h) A capacitação técnica no segmento em que a indústria nacional é competitiva é considerado como um nível intermediário, não constituindo gargalo competitivo. Desse estudo observa-se que: a) Ações e política de desenvolvimento devem ser implementadas para esse segmento, tendo a Petrobras um papel preponderante nisso, através de seu poder de compra, instrumento poderoso para alavancar a oferta doméstica de bens e serviços para a indústria de petróleo e gás, com amplos benefícios para a competitividade de seus projetos. b) É fundamental a realização da aproximação desse segmento com os institutos de pesquisa, universidades, laboratórios e entidades de normalização e, visando ações orientadas para o mercado internacional, de modo a proporcionar maiores ganhos de competitividade. Nesse sentido, a existência de uma política de incentivo às exportações, que assegure a existência apoio tecnológico para adequação de produtos, linhas de financiamento com prazos, custos e condições gerais apropriadas para as empresas, principalmente as de pequeno e médio porte, constitui um fator fundamental para manter a competitividade internacional das empresas nacionais e, por conseguinte, alavancar exportações. 63/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 6.13. SUBSEA O presente trabalho, além do estudo feito pelo Prominp27, agregou informações coletadas no estudo do BNDES – Setorial BNDES 35, Petróleo e Gás de 04/04/2012. 6.13.1 Sistemas submarinos Cada sistema submarino (Figura 6.13.1) de produção, é composto basicamente, conforme detalhado no Anexo I, por três tipos de subsistemas. (i) Equipamentos submarinos: cabeças de poço e as árvores de natal molhadas (ANM); (ii) Linhas submarinas: formadas por risers (tubulações flexíveis para passagem de petróleo e gás) e os umbilicais (cabos elétricos e hidráulicos para controle dos equipamentos subsea), e (iii) Sistemas de controle e alimentação: unidades hidráulicas, unidades elétricas e estação de controle, os quais se mostram como sendo os mais relevantes elementos do sistema de controle, ainda que se encontrem todos instalados nas plataformas de produção, e não no leito marinho. 27 DANTAS, Alexis Toríbio. Subsea. [S.l.]: Prominp, 2008. 22 p. (Projeto Estudo da Competitividade a Indústria Brasileira de Bens e Serviços do Setor de P&D). 64/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 Figura 6.13.1 - Vista geral de um sistema submarino Na Figura 6.13.1 pode-se observar os seguintes componentes: 123456- Árvore de natal molhada Manifold PLEM (pipeline end manifold) PLET (pipeline end termination) Linha flexível (risers) Umbilical. Os mais importantes equipamentos submarinos, quanto ao valor, são as árvores de natal molhadas (ANM) e os manifolds, pois correspondem a cerca de 50% do valor do montante dispendido em aquisições. No mundo, existem cinco grandes fabricantes de ANMs e manifolds: FMC, Cameron, GEOG-Vetco Aker Solutions e Dril-Quip, sendo que a Cameron e a FMC detêm cerca de 70% do mercado global de ANM.A capacidade produtiva de árvores de natal molhada apresenta um crescimento considerável nos últimos anos. As compras de árvore de natal molhada apresentam um padrão histórico que favorece uma avaliação positiva da capacidade de atendimento da indústria a 65/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 uma expansão da demanda. Apresenta um elevado índice de nacionalização de insumos, chegando, em média, a cerca de 75% do custo total dos empreendimentos. Os componentes importados são aços forjados (escassez no Brasil e diferença substancial de preço) e eletrônicos (inexistente no mercado nacional). De acordo com o estudo do Prominp constatou-se numa das empresas, ampla utilização de transferência tecnológica para capacitação técnica deste setor, principalmente no aprimoramento de algumas válvulas (gaveta e pressão) e conectores, sendo estes desenvolvidos no exterior, porém parte deste processo de capacitação é desenvolvida aqui, em função da característica customizada do produto. Quanto à produção de umbilicais, esta vem garantindo o abastecimento doméstico da demanda da indústria do petróleo (eliminando as importações) desde 1999, com a entrada de um importante produtor, segundo informe Prominp. O mercado de umbilicais é o único que tem uma empresa brasileira entre os demais atores dessa indústria. Por ocasião do estudo do Prominp, esse mercado era dividido entre quatro empresas: Prysmian (detém 48% do market share nacional), MFX do Brasil (22% do market share), Mariene e Nexans. Todas as empresas dispõem de unidades no Brasil, mas somente a MFX tem controle nacional. As unidades fabris desse mercado estão localizadas nos estados do Espírito Santo, Bahia e Rio de Janeiro. Por ocasião da elaboração do estudo do Prominp, o mercado de linhas flexíveis era caracterizado por um duopólio formado pelas empresas estrangeiras: Technip, Wellstream, instaladas no Espírito Santo e Rio de Janeiro respectivamente, sendo estas responsáveis por cerca de 85% da oferta no mercado brasileiro. 66/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 Apesar de operarem com grau de utilização da capacidade relativamente baixo, projetam uma relevante expansão da capacidade de produção para o período de 2010 a 2015. O conteúdo local da produção de umbilicais é baixo determinado por uma elevada importação de insumos, tais como o nylon 11, tubos flexíveis e aramida (kevlar). Na maior parte dos casos, a importação decorre da inexistência de fornecedores domésticos – na verdade, poucos em atividade no mundo, o que torna quase impossível sua produção no Brasil. As principais barreiras de conhecimento para a produção de umbilicais, segundo apurado pelo estudo Prominp são: transferência de tecnologia, especificação técnica do cliente, cooperação/interação e desenvolvimento de fornecedores, aproximação com os Cenpes e universidades e ensaios em fábrica. Já para os tubos flexíveis (risers), o conteúdo local é alto (cerca de 90%), não constituindo gargalos em termos de capacitação tecnológica e produtiva, porém em relação aos recursos humanos na parte de engenharia, apresenta necessidade de qualificação de mão de obra para projetos de produtos com maior conteúdo tecnológico, ocasionando impeditivos à ampliação da capacidade produtiva. O estudo do Prominp indica que o mercado de linhas flexíveis é oligopolizado por praticamente três empresas: Technip (detém 55% do mercado global), Wellstream (30%) e NKT (15%). Com a intensificação da produção de petróleo em águas ultra profundas, observa-se um grande investimento em PD&I por parte das empresas fabricantes de linhas flexíveis na busca de novos materiais, tais como revestimentos orgânicos ou ligas de cromomolibidênio, capazes de suportar as crescentes pressões e concentrações de contaminantes, principalmente o CO2 e H2S,às quais as linhas flexíveis encontram-se sujeitas. 67/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 Segundo o estudo BNDES – Setorial BNDES 35, Petróleo e Gás de 04/04/2012, o Brasil deve atingir a marca de seis milhões de barris por dia de produção de petróleo no ano de 2020, e pelo menos 97% dessa total será no mar. A produção brasileira de petróleo deve crescer entre 2010 a 2020 cerca de 180%, e a produção offshore aumentará ao menos 200% nesse período. Portanto, a perspectiva para demanda de equipamentos submarinos no país é expressiva e sustentável no longo prazo e está avaliada em mais R$ 50 bilhões até 2020. Os fornecedores dos principais equipamentos submarinos, aqueles com maior valor agregado e de maior conteúdo tecnológico, são empresas estrangeiras com unidades fabris no Brasil, com exceção de uma empresa de capital nacional. Verifica-se a necessidade de criação de políticas de apoio para empresas nacionais de outros setores para entrarem neste mercado, de modo a capacitá-las tecnologicamente, acarretando maior adensamento da cadeia produtiva de petróleo e gás offshore nacional e maior agregação de valor para o país. Pelo lado da demanda, por sua vez, o mercado ainda é composto por praticamente um só demandante, a Petrobras. 6.14. NAVIPEÇAS O conjunto de equipamentos, componentes e serviços demandados pelo setor Navipeças é extremamente amplo28. Tendo em vista esta peculiaridade, a ONIP juntamente com a ABDI, desenvolveu um catálogo específico para este setor, o Catálogo Navipeças, que reúne informações qualificadas de empresas nacionais, fabricantes e prestadores de serviços. 28 BRITTO, Jorge. Setor de Navipeças. [S.l.]: Prominp, 2008. 60 p. (Projeto Estudo da Competitividade a Indústria Brasileira de Bens e Serviços do Setor de P&D). 68/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 Com base neste documento, são identificados e catalogados cerca de 1.800 itens demandados para este setor. No setor de empresas nacionais fornecedora de bens, conforme levantamento realizado, existe 269 empresas cadastradas no segmento de navipeças, sendo que 50% (134) deste total estão localizadas no Estado de São Paulo. Na área de prestação de serviços (construção, reparos, manutenção naval, estudos e projetos), foram identificadas/cadastradas 347 empresas, sendo 97 constituídas no Estado de São Paulo (cerca de 28%). Com a perspectiva de grande crescimento da indústria naval brasileira, impulsionado pelos vultosos investimentos do setor de petróleo e gás, esta indústria deverá ter um ressurgimento diante das encomendas programadas para o transporte marítimo e os serviços de apoio à indústria do petróleo e gás. Segundo abordado no Seminário PLATEC / FASE I (Maio/2007), realizado pela ONIP e IBP, existem oportunidades tecnológicas para alavancar o desenvolvimento de tecnologia de integração de equipamentos em módulos e sistemas, especialmente para embarcações de apoio marítimo, a adequação dos produtos e processos industriais para atingir os requisitos das normas internacionais, construção de listas estruturadas com especificações, normas, códigos, etc. de produtos que possam ser utilizados por empresas de engenharia, é questão fundamental para a ampliação do conteúdo nacional. Novos requisitos tecnológicos exigirão o fortalecimento das empresas de projeto e o desenvolvimento de novos equipamentos, materiais e serviços por parte das empresas fornecedoras do setor, assim como o estabelecimento de uma política de desenvolvimento para a indústria nacional naval. Outra questão também que deve ser colocada é a difusão das tecnologias modernas de organização da produção na construção naval, entre as quais o uso de integradores de sistemas e a análise dos problemas de nacionalização de 69/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 equipamentos, melhorias de equipamentos nacionais e o desenvolvimento de sistemas inovadores, tais como identificados neste estudo: Estrutura: corte e solda. Propulsão: nacionalizar a fabricação e desenvolvimento de propulsão diesel-elétrica. Eletroeletrônicos: desenvolvimento de softwares dos sistemas e nacionalização de grupos geradores de grande porte. Sistemas: desenvolvimento de sistemas auxiliares do navio e de automação. Habitação: projetos, equipamentos de hotelaria, mobiliário, divisórias, forros, painéis e iluminação. Governo e Atracação: melhoria dos equipamentos nacionais. Movimentação de Carga: nacionalização de guindastes e bombas de carga. Entretanto, ainda há muitas lacunas no fornecimento nacional, nos vários tipos de itens, como: válvulas, tubulações metálicas, componentes elétricos e eletrônicos (motores, máquinas, transformadores, disjuntores, instrumental de medida e controles, etc.), elementos estruturais (guindastes, pontes rolantes, maquinários de convés, etc.), isolantes térmicos, condutores elétricos, compressores e bombas, e acessórios de montagem (eletrodos de solda, pregos, parafusos, abraçadeiras, etc.). Deve ser realizada abordagem a Petrobras e concessionárias, para se levantar os requisitos ou impeditivos técnicos em relação às empresas nacionais. No anexo II são apresentadas as principais carências de fornecimento nacional de bens do setor de Navipeças. Quanto a serviços, embora existam poucos setores com carência de prestadores de serviços, a maioria das empresas identificadas são multinacionais 70/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 e/ou de grande porte, tendo um percentual muito baixo de empresas de pequeno ou médio porte. Para as empresas de pequeno e médio porte fazerem parte deste segmento, assim como na parte de bens, existem barreiras como recursos humanos não adequadamente capacitados, desatualização tecnológica em alguns elos da cadeia, confiabilidade e garantia de prazos e serviços de atendimento, necessitando de uma ação de desenvolvimento desses fornecedores, eventualmente com parcerias, de modo a se qualificarem conforme as exigências requeridas das concessionárias. Na área de serviços, os segmentos sem empresas cadastradas/candidatas no Navipeças estão relacionados no ANEXO III. 6.15. SIDERURGIA O Prominp29 desenvolveu estudo voltado à avaliação do segmento Siderurgia e Tubos de Aço com o propósito de, na ocasião, avaliar se este segmento tem condições de atender a demanda da indústria de petróleo e gás. Nesse trabalho são relacionados principalmente os produtores de aço carbono, chapas grossas, bobinas e chapas laminados a quente e laminados a frio, voltados a produtos como tubulações de grande, médio e pequenos diâmetros. As seguintes usinas de aço são mencionadas no trabalho, Usiminas, CSN e a CST Vega do Sul. No segmento de tubos conformados a partir de laminados, as seguintes empresas são relacionadas: Apolo, Confab / Tenaris, Tubos Soldados do Atlântico – TSA e a EBSE. E no setor de tubos sem costura há somente um fabricante, a V&M do Brasil (antiga Mannesmann). Além de serem supridores de tubos, estas 29 PAULA, Germano Mendes De. Setor de Siderurgia e Tubos de Aço. [S.l.]: Prominp, 2008. 40 p. (Projeto Estudo da Competitividade a Indústria Brasileira de Bens e Serviços do Setor de P&D). 71/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 empresas passaram a ser prestadoras de serviços como operadoras de contrato de fornecimento, estocagem, manuseio de tubos e reparo de conexões etc., para a Petrobras e outras operadoras. A produção de tubos petrolíferos é dominada por empresas líderes mundiais, a francesa V&M, e a ítalo argentina Tenaris, com filiais no Brasil como a V&M do Brasil e a Confab. Por atender a vários setores, o relatório não consegue estimar qual a proporção direta ou indiretamente relacionada à indústria de petróleo e gás, além desse setor ocupar um papel secundário em termos de demanda de produtos siderúrgicos. Quanto à indústria de tubos, o principal setor consumidor é a indústria de petróleo e gás e, a siderurgia nacional tem atendido à demanda do setor. Abaixo, seguem as seguintes considerações: a. As empresas são bastante competitivas, principalmente em relação à qualidade e ao prazo de entrega. Elas são aptas a concorrer com competidores estrangeiros no mercado interno e a exportar; b. No país, a maioria das companhias siderúrgicas, e a quase totalidade das produtoras de tubos, que atendem à indústria de petróleo e gás natural, são controladas por corporações com escala de operação global; c. Tais empresas costumam investir continuamente no negócio e também possuem condições financeiras e tecnológicas para aumentar o volume de inversões caso o mercado se mostre atrativo. d. Apesar dos preços dos produtos siderúrgicos apresentarem um comportamento cíclico, função da conjuntura econômica da ocasião, as siderúrgicas estão atentas ao segmento de petróleo e gás, tendo estrutura e capacidade para responder a futuras demandas. e. No setor siderúrgico, as indústrias paulistas estão representadas com a planta da Usiminas em Cubatão (antiga Cosipa) e na área de 72/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 tubos, com a Confab em Pindamonhangaba e Apolo Tubular em Lorena. f. Há diversas empresas fabricantes de tubos no Estado de São Paulo, que não foram citados neste trabalho. 73/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 7. A PARTICIPAÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO NA INDÚSTRIA DE PETRÓLEO E GÁS As análises documentais e contatos realizados até o presente momento indicam que não há informações coletadas e sistematizadas sobre a participação das empresas do Estado de São Paulo na indústria de petróleo e gás. Todos os estudos apontaram de maneira vaga e geral a participação do Estado de São Paulo. Esta deficiência gera a dificuldade de compreensão da real posição do parque industrial paulista nesse setor, sendo, por exemplo, comum a afirmativa e até quase o consenso generalizado de que o parque industrial paulista contribui com mais de 50% do mercado de bens utilizados no setor de petróleo e gás, mas não foi identificado nenhum estudo que corroborasse esta afirmativa. Desconhece-se, também, qual é a participação efetiva das empresas paulistas em subsetores como, por exemplo; bombas, válvulas, tubulações, instrumentação e controle, etc. Além disso, observa-se que a disponibilização de tal tipo de informação seria essencial para se desenvolver ações e políticas públicas focadas e fundamentadas que possam, de fato, dar efetivas contribuições ao parque industrial paulista e, em consequência à sociedade. No anexo IV, encontra-se Tabela com o resumo do estudo realizado para os setores da indústria de Petróleo e Gás, definidos pelo Prominp. 74/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 8. CONTATOS DESENVOLVIDOS Neste período foram iniciados diversos contatos, sendo os principais: a) Abimaq São Paulo e escritório do Rio de Janeiro Foram feitos contatos, primeiramente, com a Abimaq de São Paulo e posteriormente com o seu escritório do Rio de Janeiro, para solicitar informações sobre os fabricantes instalados no Brasil e em especial no Estado de São Paulo, relacionados a petróleo e gás e ligados às diversas câmaras setoriais da Abimaq, assim como a indicação dessas empresas associadas. b) Abemi- Associação Brasileira de Engenharia Industrial Contato: Aurélio Escudero - Diretor Executivo Foi realizado contato telefônico com o Sr. Aurélio, explicado o trabalho sendo executado para a Secretaria de Energia, e o mesmo ficou de verificar com os associados da Abemi, uma ou duas empresas “epecistas” ou de engenharia que queiram conversar sobre as dificuldades e gargalos da cadeia de fornecimento da indústria de petróleo e gás. c) Reunião da Câmara Setorial de Válvulas Industriais da Abimaq (25/04/2013) Participação na reunião em que estiveram presentes representantes da Petrobras, da Abemi, da Abimaq e empresas fabricantes, além do IPT, cujo objetivo foi apresentar a situação atual no uso de válvulas industriais pela Petrobras, discutir os principais problemas do ponto de vista da Operadora, dos fornecedores e também das entidades responsáveis pelos 75/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 laboratórios para ensaios das válvulas. No final do encontro foi discutido o planejamento de ações futuras, sendo um dos assuntos prioritários a montagem de laboratório(s) para os ensaios necessários. d) Reunião com representante da Petrobras da Baixada Santista (07/05/2013) Contato: Rosewelter Balbino de Barros – Coordenador de Conteúdo Local e Relacionamento com o Mercado Fornecedor O Sr. Rosewelter comentou que o mercado não vem atendendo a demanda da Petrobras – Unidade de Operações de Exploração e Produção da Bacia de Santos, e que esse encontro seria muito oportuno. Ao final da apresentação, pela Petrobras, foram relacionadas as principais demandas referentes a bens: Instrumentação, controladores de processo e manômetros; Componentes elétricos como painéis, eletro calhas, transformadores e cabos de instrumentação; Partes de válvulas, como corpo da válvula e vedações; Motores e geradores elétricos; Bombas para processos não industriais, partes e acessórios (exemplo de aplicação: combate à incêndio); Equipamentos e acessórios para filtragem e purificação industrial (exemplo: catalisador), e Ferramentas em geral. Também foram apresentados os principais gargalos de fornecimento local: Não atendimento às datas contratuais (cerca de 60% de atraso); 76/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 Não atendimento a requisitos técnicos exigidos pela Petrobras; Falta de respostas das empresas às solicitações de cotações; Não consulta ao escopo das famílias de produtos antes de solicitar inclusão no cadastro; Inadequação da região de atendimento (região, estado, cidade) no cadastro da Petrobras, e Falta de itens com certificados de percentual de conteúdo local. O Sr. Balbino ficou de enviar ao IPT as demandas de serviços por parte da Petrobras da Baixada Santista, e os respectivos gargalos. e) RBNA – Brazilian Classification Society Contato: Sr. Luís de Mattos – [email protected] – Diretor Técnico A RBNA é uma instituição que, além de ser uma classificadora, é uma das instituições que conduzem processos de certificação de conteúdo local. Está planejada uma reunião com o Sr. Luís com o propósito de coletar informações sobre processos de certificação internacional requerida pela indústria de petróleo e gás. 77/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 9. PRODUTOS A SEREM ANALISADOS Em continuidade à execução do presente contrato, está prevista, para as próximas etapas, a análise de dois produtos fabricados por pequenas ou médias empresas, com o propósito de verificar os aspectos de importância para a fabricação local, como dificuldades tecnológicas, equipamentos, mão de obra, infraestrutura laboratorial, matérias-primas, escalas, investimentos e outros aspectos considerados importantes. Análises realizadas até o presente momento indicam certa dificuldade em definir a tipologia dos produtos a serem analisados. Assim, optou-se por realizar uma pré-qualificação setorial, a qual deverá dar origem a definições futuras, mediante o atendimento às seguintes características básicas: Os produtos devem ser fabricados em escala suficiente, do ponto de vista empresarial, que justifique o trabalho proposto; Produtos que já são destinados a aplicações em outros setores, que não o específico de petróleo e gás, de forma que as empresas se sintam estimuladas a aperfeiçoar e inovar os seus produtos atuais com o objetivo de se inserir na cadeia de fornecimento da indústria de petróleo e gás, permitindo o seu fortalecimento no mercado como um todo; O conteúdo tecnológico exigido moderado, de forma a poder interessar a uma empresa de pequeno ou médio porte; O setor de petróleo e gás reconhecer a necessidade de ter disponíveis esses produtos no mercado interno com prontidão de atendimento, e O Estado de S. Paulo contar com uma quantidade considerável de fabricantes destes produtos. Neste contexto, sendo atendidas as características básicas acima e depois de feitos os contatos e avaliações com possíveis e/ou potenciais fornecedores, 78/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 dois dos seguintes quatro itens, poderão ser eventuais candidatos para análise proposta: Válvulas; Bombas; Produtos de Instrumentação e controle, e Compressores. 79/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 10. CONSIDERAÇÕES FINAIS Tece-se, a seguir, um conjunto de considerações de caráter preliminar que poderão ser, eventualmente, reavaliadas ou complementadas. a) Tendo em vista que as atividades de exploração de petróleo e gás na camada do Pré-Sal exigirão investimentos em tecnologia e inovações, não só incrementais, mas principalmente radicais, entende-se que devem ser concebidos e desenvolvidos programas de caráter tecnológico objetivando o aumento da competitividade das empresas paulistas e o aumento do índice de conteúdo local. Em princípio estes programas não deveriam ser orientados a equipamentos ou processos específicos, mas ter a capacidade de atender aos setores eventualmente considerados prioritários para o Estado de São Paulo, tendo em vista que a indústria de petróleo e gás envolve praticamente todos os segmentos industriais. Esses programas tecnológicos deveriam ter, por exemplo, como foco: i) Modificações em produtos e em seu processo produtivo visando a sua conformidade com normas internacionais tradicionalmente exigidas por empresas do setor de petróleo e gás; ii) Implantação de programa visando o apoio a certificação de produtos e de processo de forma a contemplá-los com selos de qualidade internacionais que permitiriam, além do atendimento a requisitos da indústria de petróleo local, um posicionamento mais firme das empresas no mercado internacional; 80/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 iii) Implantação de programa visando criar apoio às pequenas e médias empresas para desenvolvimento de trabalhos de engenharia, com características de transformação e inovação de seus produtos; iv) Programa de qualificação profissional com forte viés tecnológico visando engenheiros para o preparar, por desenvolvimento exemplo, de ações tecnológicas específicas, e v) Programa de implantação de suporte laboratorial para avaliação exigências e qualificação de normas de produtos técnicas conforme nacionais e internacionais. Este programa poderia, por exemplo, apoiar processos de certificação de bombas, compressores, válvulas e outros componentes de largo uso no setor de P&G. b) Tendo em vista a necessidade de se atender às exigências de conteúdo local mínimo, são crescentes as oportunidades de parcerias entre empresas brasileiras que têm interesse em adquirir tecnologia e, estrangeiras, com interesse em entrar no mercado nacional, dispostas a investir e transferir tecnologia, principalmente na fabricação e fornecimento de bens e serviços de maior complexidade para a Petrobras. Esse cenário deveria fortalecer programas paulistas de atração de investimentos estrangeiros relacionados à indústria de petróleo e gás. 81/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 c) Tendo em vista que o País não é tradicionalmente exportador nesse setor, sugerem-se programas de estímulos para que as empresas paulistas, principalmente as pequenas e médias empresas, certifiquem internacionalmente os seus produtos e participem de feiras e eventos de promoção comercial em âmbito internacional, de modo a ampliar o mercado de fornecimento, além da Petrobras. d) Tendo o estudo do Prominp sido realizado já há alguns anos deverá ser necessária sua atualização quanto à origem das empresas consideradas como nacionais, pois neste período tem havido compras, associações, fusões, joint-ventures, que podem mudar o número e o porcentual de participação de empresas de capital nacional no setor de petróleo e gás. São Paulo, 15 de maio de 2013 INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A – IPT INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S/A – IPT NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE _________________________________________ Vicente N. G. Mazzarella Pesquisador RE 7756 _________________________________________ Mari Tomita Katayama Diretora RE 1933-1 82/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 11. EQUIPE TÉCNICA Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Gerente do Projeto: Mari T. Katayama – matemática – Ciências da Computação Djair Vitoruzzo – Engenheiro Eletricista Fábio Trapé – Engenheiro Mecânico de Produção Hideki Kawakami – Engenheiro Mecânico James Manoel Guimarães Weiss – Engenheiro Naval João Carlos Martins Coelho – Engenheiro Mecânico Vicente N. G.Mazzarella – Engenheiro Metalurgista Apoio Administrativo Amilcar M. Gonçalves – Gerente Administrativo Sueli Elisete Meneguelo – Secretária 83/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 ANEXO I – BREVE DESCRITIVO DE EQUIPAMENTOS SUBMARINOS 84/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 BREVE DESCRITIVO DE EQUIPAMENTOS SUBMARINOS AI.1 Cabeça de poço submarina Cabeça de poço (Figura AI.1) é um termo utilizado para denominar o equipamento, em forma de carretel, responsável por suportar e, em alguns casos, fixar os equipamentos e internos na coluna de produção (revestimentos), permitindo acesso, deforma segura, a esta durante todo seu ciclo de vida. Nos campos em águas rasas, pode estar instalado não no leito marinho, mas nas plataformas ou em uma unidade terrestre. Suas principais funções são: Guiar a descida e instalação de equipamentos na cabeça de poço. Servir de balizamento, estrutura inicial de um poço. Prover sustentação e vedação para BOP1 stack. Sustentar o peso dos revestimentos. Prover vedação para o espaço anular entre revestimentos. Prover sustentação e vedação para a Base Adaptadora de Produção (BAP) e a Árvore de Natal Molhada (ANM). 1 BOPs (Blow Out Preventer) são configurações de válvulas e tubulações utilizadas para garantir o controle total da pressão de um poço. 85/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 Figura AI-1 Cabeça de Poço (Fonte: GE) A cabeça de poço submarina permanece conectada, por meio de seu flange inferior, à coluna de produção e, pelo superior, à árvore de natal molhada permitindo, assim, o acesso à coluna de produção no caso de operações de perfuração, completação, intervenção e teste do poço (THOMAS et al., 2004). Por suas saídas laterais, é possível realizar injeção de gás natural na coluna de produção para gas-lift (método de elevação artificial do petróleo, por meio do qual gás natural é injetado na coluna de produção, a fim de reduzir a densidade do fluido produzido e facilitar seu escoamento até a plataforma) e, de produtos químicos ou gás para amortecimento do poço. AI-2 Árvore de natal molhada Árvore de natal molhada (Figura AI.2) é um equipamento instalado no leito marinho, sobre a cabeça de poço. Composta basicamente por válvulas tipo gaveta, linhas de fluxo e elementos de controle, sua finalidade principal é controlar a vazão de fluidos produzidos, desde o poço até a plataforma de 86/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 produção, e a vazão de água de injeção ou gás natural da plataforma para o reservatório petrolífero. Por meio dela, também são medidos parâmetros como pressão do poço, temperatura e volume de areia produzida, imprescindíveis para se mitigar danos à formação e minimizar possíveis riscos de vazamentos. Figura AI-2 Árvore de Natal Molhada (ANM) (Fonte: Akersolutions) AI-3 Coletores submarinos Os principais equipamentos submarinos de coleta de fluidos são: (i) manifold; (ii) pipeline end manifold(PLEM); e (iii) pipeline end termination (PLET). O manifold tem a função principal de coletar os fluidos produzidos em diversos poços e transportá-los por meio de uma única linha, reduzindo, assim, a 87/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 quantidade de linhas que chegam até a plataforma de produção, denominadas risers. Esse equipamento pode ser utilizado também para receber, em uma única linha, água ou gás de injeção da plataforma para distribuição em diversos poços injetores (onde se injeta água do mar tratada ou gás natural desidratado na formação, cuja finalidade é manter a pressão do reservatório estável ao longo da fase de produção dos poços), ou ainda, como conector entre os diversos equipamentos instalados em um arranjo submarino. É constituído por arranjos de tubulações (coleta, injeção, teste e exportação), conjunto de válvulas de bloqueio, válvulas de controle de escoamento (chokes) e subsistemas de monitoramento, controle e interconexão – usualmente por via elétrica – com a plataforma. No caso de injeção de gás e água, o manifold tem como função distribuir para os poços os fluidos de injeção vindos da plataforma. As funções de produção e injeção podem estar contidas num mesmo manifold. O PLEM é utilizado para coletar os fluidos de duas ou mais linhas, direcionando esses fluidos para um manifold ou outro PLEM, e não para a plataforma de produção. Esse equipamento pode ainda ser empregado na interconexão entre novos equipamentos submarinos e um arranjo submarino existente, bem como “ponto de espera” para futuras instalações de equipamentos. A finalidade do PLET é conectar uma linha flexível a uma linha rígida, a qual transportará os fluidos produzidos para uma plataforma, uma monoboia ou uma instalação terrestre. Como também reduz a quantidade de linhas rígidas, resulta em menores investimentos em dutos de exportação. AI-4 Linhas submarinas AI-4.1 - Linha flexível O termo linhas flexíveis (flowlines) é normalmente empregado para denominar as tubulações utilizadas para conectar os equipamentos de um arranjo submarino, 88/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 transportando hidrocarbonetos até a base do riser. Com diâmetros de até 18 polegadas, elas podem, ainda, ser usadas para transporte de água de injeção ou produtos químicos da plataforma até o sistema submarino. Normalmente essas linhas permanecem apoiadas ou muito próximas ao leito marinho, não sofrendo, com isso, grandes esforços decorrentes das marés ou do movimento das plataformas. Figura AI-3 Camadas que compõem as linhas flexíveis As camadas comumente encontradas em uma linha flexível (Figura AI-3) e suas respectivas funções, vistas da parte mais interna para a mais externa, são: Carcaça interna em aço inoxidável AISI 304. Função: prevenção de colapso por pressão externa; Barreira de pressão interna em poliamida. Função: prover estanqueidade para os fluidos transportados; Armadura de pressão em espiral em aço carbono. Função: suportar esforços radiais; Camada intermediária em poliamida ou polietileno de alta densidade. Função: reduzir a fricção entre a espiral e a armadura de aço; 89/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 Armadura de tração em aço carbono: suportar as cargas axiais; Camada externa em poliamida ou polietileno de alta densidade. Função: proteger a camada de estrutura contra corrosão e abrasão e unir as camadas inferiores; e Proteção antiabrasiva em aço inoxidável AISI 316L. Função: proteger o riser no trecho em contato com fundo do mar. Além disso, é aplicado ainda um revestimento térmico externo à camada de proteção antiabrasivo, nos casos em que a temperatura do fluido transportado deva ser mantida constante. AI-4.2 - Umbilical Umbilical (Figura AI.4) é um conjunto de tubulações, mangueiras e cabos, organizadamente distribuídos ao longo da seção transversal de uma carcaça cilíndrica protetora, cuja função é conduzir fluidos hidráulicos, produtos químicos, além de energia elétrica e sinais de controle e ópticos, da plataforma até os equipamentos posicionados no leito marinho. Com diâmetros externos de até dez polegadas, os umbilicais permitem controlar e monitorar: (i) a operação dos poços de produção e injeção; (ii) a intervenção nos poços; (iii) a injeção de produtos químicos nos reservatórios; e (iv) a alimentação elétrica do sistema submarino. 90/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 Figura AI-4 - Seção transversal de Umbilical do Poço de Roncador da Bacia de Campos – RJ Fonte: Petrobras. 91/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 ANEXO II – CARÊNCIAS DO SETOR NAVIPEÇAS – BENS 92/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 ITEM COMPONENTES ACOPLAMENTOS TRANS. Sistema hidráulico - Bomba;- Tubulações, DE FORÇA mangueiras e conexões;para transmissão de força. ACUMULADORES Bateria ELÉTRICOS telecomunicações. AMARRAS de acumuladores elétricos; industrial E Placa triangular para amarras; polia para amarra. ACESSÓRIOS ANTENAS E Antenas e correlatos. CORRELATOS BOMBAS MANUAIS MECÂNICAS E Bomba alternativa: horizontal para alimentação de caldeira; para esgoto;para lastro. Centrífuga horizontal: para combate a incêndio;de superfície tipo tubular. Centrífuga vertical para combate a incêndio.Ejetor. CALDEIRAS INDUSTRIAIS Dessuperaquecedor de vapor para caldeiras. E NAVAIS CHAVES ELÉTRICAS, Chave INTERRUPTORES DISJUNTORES interruptora ao tempo alta tensão. e Disjuntores: baixa tensão, corrente de interrupção acima de 10 kA;SF6 ao tempo, alta tensão (acima 15 KV);tipo seco para área classificada (atmosfera potencialmente explosiva);vácuo abrigado média tensão (entre 1 KV E 15 KV);volume reduzido óleo abrigado alta tensão (acima 15 KV) e média tensão (entre 1 KV e 15 KV). COMPRESSORES E Bomba de vácuo rotativa tipo 93/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 BOMBAS DE VÁCUO parafuso.Compressor de ar: alternativo; alternativo grande porte (admis. acima de 500Nm3/h ou descarga acima de 20kgf/cm2); centrífugo;de palhetas;tipo anel líquido;tipo parafuso;tipo parafuso grande porte (admis. acima de 500Nm3/h ou descarga acima de 20kgf/cm2). CONDUTORES Cabo elétrico instrumentação armado/não armado; ELÉTRICOS isolado para transmissão de temperatura/pressão de cobre; naval plataforma isolado de cobre. CONEXÕES NÃO- Conector de transição reforçado com fibra de vidro; METÁLICAS PARA Curva; TUBULAÇÕES CONDUÇÃO (PVC) Joelho; Luva; Redução DE concêntrica/excêntrica; Tê com derivação lateral de 45º tipo Y; União para tubo de condução. CORRENTES DE CARGA E Corrente de carga; Gancho de carga giratório. ACESSÓRIOS EMBARCAÇÕES SERVIÇOS ESPECIAIS DE Embarcações de Transporte de Carga. 94/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 ANEXO III – CARÊNCIA EM NAVIPEÇAS – SERVIÇOS 95/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 SERVIÇOS TÉCNICOS Auditoria ESPECIALIZADOS da Conformidade Certificação de Identificação e Legal Sistemas de Monitoramento de de SMS; Qualidade; Requisitos Legais de SMS; Mergulho Raso (Até 30 metros); Instalação; Montagem; Reparo; Manutenção e Inspeção Submarina; Seguradoras: Danos Pessoais Causados por Embarcações ou por suas Cargas (DPEM), Riscos Diversos, Responsabilidade Civil Geral, Sistema Contra Incêndio, Transportes; Situação de Emergência:Treinamento em Espaços Confinados. 96/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 ANEXO IV – Resumo do estudo realizado para os setores da indústria de Petróleo e Gás, considerados pelo Prominp 97/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 Produtos Capacidade de produção/fornecimento nacional atual Competitividade Nacional Capacidade de exportação Necessidade de importação Participação atual de SP Fornecimento Potencial de SP – Fornecimento nacional/internacional Geradores e Motores Elétricos Grande Alta Alta. Baixa Baixa Alto 40% da produção nacional é exportada Apenas para equipamentos acoplados a outro de maior capacidade As maiores empresas estão em Santa Catarina (WEG), Paraná (COEPAR) e Rio Grande do Sul (VOGES). Siemens e ABB podem contribuir mais intensamente. Média. Somente a SMAR e ALTUS conseguem concorrer com as 4 grandes empresas transnacionais. Baixa Alta Alta. Alto. Instrumentação e Controles de Processos Média Subestação e Transformadores Alta Alta Média Baixa Alta. Siemens e ABB Alto. Fornecedores de menor porte, tem 25% de participação neste mercado. Válvulas e Citygate Média Baixa Baixa Alta Média Alto. Porém há necessidade de programas para elevar a capacitação das empresas e de pessoal. Lacunas de fornecimento que ocorrem nas áreas do upstream, principalmente no fornecimento de válvulas para o subsea e no fornecimento de produtos de tight shut-off. Necessidade de investimentos em tecnologia. 98/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 Produtos Capacidade de produção/fornecimento nacional atual Competitividade Nacional Capacidade de exportação Necessidade de importação Participação atual de SP Fornecimento Potencial de SP – Fornecimento nacional/internacional Bombas Baixa Alta. Média Alta. Não existem empresas nacionais e multinacionais para produtos upstream e, principalmente, no fornecimento de bombas para grupos de incêndio em plataforma Alta. Alto. Há um número considerável de fabricantes no Estado de SP, Bombas Centrífugas Grabe, KSB, Haupt; Clímax, TBA, Dositec, Ebara, Darka, Andritz, Thebe, Glass, Imbil, Sulzer, Imbil, Wico, Caracol, Grundfos, etc Baixa. Alta. Baixa. Baixa. O fornecimento destes conjuntos é por intermédio de grandes corporações. Para as pequenas e médias empresas se inserirem na cadeia, o caminho previsto é o de fornecer peças e componentes menores que fazem parte dos conjuntos e/ou subconjuntos deste segmento. Necessidade de ampliação da capacidade produtiva. Hastes e Unidades de Bombeio Baixa. Baixa. 99/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 Produtos Capacidade de produção/fornecimento nacional atual Compressores Pode ser dividido em dois segmentos diferentes: (i) (ii) (i) Refinaria – Alta. (ii) Off-shore - Baixa Refinaria off-shore Competitividade Nacional (i) Refinaria –empresas localizadas no Brasil apresentam competitividade e existe apenas um pequeno número de empresas internacionais capazes de concorrer; Capacidade de exportação Necessidade de importação Participação atual de SP Fornecimento Potencial de SP – Fornecimento nacional/internacional Média. Alta. Média. Apenas para o setor de refinarias. Para o segmento offshore. Apenas para o setor de refinarias. Aproximadamente 100 empresas no Estado de SP para o segmento de refinarias. (ii) off-shore – segmento em que as empresas localizadas no Brasil têm baixa competitividade e existe um número um pouco maior de empresas no mercado internacional capazes de fornecer. Motores a gás e a Diesel (i) (ii) Alta. Baixa. (i) (ii) Alta. Baixa (i) Alta (i) (ii) Alta. Baixa. (i) Alta. (i) Motores até 700 HP. (ii) Grande porte (só multinacionais). Turbinas (i) (ii) A gás Vapor (ii) Baixa (i) (ii) Nulo. Insuficiente.. (i) Nula. (ii) Alta (ii) Baixa (i) Só duas empresas: Scania e MTU. Se implementar transferência de tecnologia para a fabricação destes motores, há uma forte demanda a ser atendida. (ii) Baixa. Empresas TMG e NG, Média. (iii) Média Porém há um universo de mais de 20 outras empresas. 100/100 NT-MPE – Núcleo de Atendimento Tecnológico à MPE Relatório Técnico Parcial n.º 133009-205 Produtos Capacidade de produção/fornecimento nacional atual Competitividade Nacional Capacidade de exportação Necessidade de importação Participação atual de SP Fornecimento Potencial de SP – Fornecimento nacional/internacional Caldeiraria Insuficiente para demanda futura Média. Baixa Média (Aços especiais e aços carbono) Baixa (caldeiraria pesada). Alta (Caldeiraria leve). Apenas a GEA em Fco. da Rocha (intercambiadores) Flanges e Conexões (i) Exploração /produção (exigência API6A) (ii) Transporte/refi no Subsea (i) (ii) (i) (ii) Baixa. Alta. (i) (ii) Baixa. Alta. Baixa. (i) Média. (i) (ii) Baixa. Média (ii) Baixa. (i) (ii) Baixa. Alta. (i) (ii) Baixa. Alta. Baixa. (i) (ii) Alta. Baixa ANM, Manifold Umbilicais Baixa. As empresas localizam-se na BA, RJ, ES. Baixa (Caldeiraria pesada) necessitando de apoio tecnológico (processo, P&D, engenharia) Médio. Necessidade de adequação interna das empresas, alteração do regime de produção, P&D. (i) (ii) Baixa. Baixa. Só há uma empresa nacional (MFX na BA). Navipeças Baixa. Baixa Baixa Alta. Alta (50% das empresas em SP) Alta. Siderurgia Suficiente. Alta. Alta. Baixa. Média. Usiminas (Cubatão), Confab, Apolo Tubular. Suficiente. Alteração da oferta para P&G.