(2006). How do schools kill creativity. In Technology
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(2006). How do schools kill creativity. In Technology
RECENSÃO CRÍTICA Robinson, Ken (2006). How do schools kill creativity. In Technology, Entertainment and Design - TED Conference. Monterey, California. Ivone S. L. CARVALHO1 A palestra intitulada "How do schools kill creativity" de autoria do Sir Ken Robinson, renomado especialista em Artes na Educação, inovação e recursos humanos, foi proferida durante a Conferência TED 2006 nos Estados Unidos. Após alargada experiência como palestrante e consultor internacional sobre educação em países da Europa, Ásia e América, o professor inglês emérito da Warwick University vem defendendo a tese da mudança de paradigma educacional. Para o autor dos best sellers "Out of Our Minds: learning to be creative" e "The Element", o sistema educacional vigente desestimula a criatividade em vez de despertá-la e ensiná-la, gerando falência da criatividade na sociedade. Na referida palestra de complexa polissemia, o especialista inglês apresenta diversas abordagens teóricas que sustentam seus argumentos: (a) necessidade de estimular a criatividade nos primeiros anos de escolarização; (b) a multiplicidade de inteligências; (c) a diversidade de estilos de aprendizagem; (d) a singularidade do aprendizado; (e) a nova ecologia humana baseada em valores protetores para o futuro das espécies. Diante da rede conceitual que subjaz a comunicação por hora analisada, opta-se por reduzir a análise das abordagens teóricas, devido ao espaço-estrutural limitado da natureza do 1 Doutoranda em Ciências da Educação pela UNL. Atua na função de professora na UFRPE/EaD, na Faculdades Integradas de Vitória de Santo Antão, FAINTVISA/PE e na Escola de Referência de Ensino Médio Quintino Bocaiúva, EREMQB/PE. Contato: [email protected] gênero textual que dá forma aos pensamentos e argumentos densos esboçados nas linhas dessa recensão crítica. Para compreender os argumentos que sustentam a tese do professor inglês é preciso olhar atentamente o cenário histórico mundial que se configura em profunda crise na sociedade cujas transformações aceleradas, produzidas e gestadas no processo de industrialização moldaram os sistemas de ensino, hierarquizaram as profissões e o conhecimento, conduzindo a padronização do ensino, de maneira a privilegiar a valorização do conhecimento acadêmico. Há clara relevância ao criticar o modelo de educação vigente e o quanto esta foi severamente influenciada pelas forças do Fordismo. As escolas tradicionais potencializam esse modelo de indução ao Capitalismo, pois os professores "trabalham" em função da "produção-formação" de futuros consumidores-operários. Esse modelo historicamente sedimentado nas práticas educacionais, é alvo do pensamento crítico de Adorno contrário a universalização e a concepção reducionista do conhecimento. O combate ao paradigma educacional tradicional também ecoa nas palavras de Moraes (1996): o prevalecimento de um sistema paternalista, hierárquico, autoritário, dogmático e a presença de uma escola que exige memorização, repetição, cópia, que dá ênfase ao conteúdo, ao resultado, ao produto, recompensando o conformismo, a "boa conduta", punindo os "erros" e as tentativas de liberdade e expressão. (Moraes, 1996, p. 59) O problema do ensino tradicional é que nele os professores abandonam a multidimensionalidade do conhecimento, do sujeito e de suas experiências. Como resultado a esse movimento, a criatividade inata às crianças sede espaço à padronização do conhecimento. Contra esse método, Robinson defende a potencialização da criatividade nas escolas. É preciso inovar no sentido de pensar formas de ensinar a ser criativo, uma vez que todo ser humano é habilitado a aprender, a ter ideias originais, se for exposto a interação com diferentes formas de ver o mundo, sem a rigidez da transmissão dos saberes da escola tradicional. Apesar do tom descontraído da palestra, Robinson (2006) adverte severamente: Every education system on Earth has the same hierarchy of subjects... At the top are Mathematics and Languages, then the humanities, and the bottom are the arts. Everywhere on Earth. The whole purpose of public education throughout the world is to produce university professors… Now our education system is predicated on the idea of academic ability… (Robinson, 2006, para. 8). Um princípio motivacional desse paradigma repousa na sobreposição da teoria unidimensional do conhecimento sobre a teoria multidimensional; uma compreensão rígida do mundo, com autoritarismo, paternalismo e controle dos sujeitos. Essa estrutura analítica representa o desdobramento das estruturas institucionais do capitalismo. Relacionado a essa problemática, parece haver para nós, um discurso pormenorizado nas entrelinhas: o desenvolvimento acadêmico marcadamente divisório de classes sociais. Isso implica afirmar que os mais favorecidos economicamente tem acesso às melhores instituições de ensino, enquanto os menos favorecidos ascendem à instituições de menor prestígio. Essa configuração histórica vem tomando nova forma, pois como afirma Sir Robinson, cada vez mais pessoas se atualizam, agregam titulações e conhecimento a sua formação profissional, gerando o que Robinson classifica como "academic inflation". Acerca dessa dualidade econômica do acesso à educação superior, Libâneo (2012) escreve que a escola do conhecimento é destinada aos ricos e a escola do acolhimento social aos pobres. Esse dualismo perverso por reproduzir e manter desigualdades sociais tem vínculos com a política do neoliberalismo, notadamente consonante aos investimentos de fundos internacionais monetários em "programas de melhoria do ensino". A Unesco (2009) assevere que faltam estudos detalhados que comprovem a relação bilateral melhoria educacional e elevação econômica, entendemos que esse movimento de crescente procura pela ascensão ao mundo acadêmico, tem ocorrido não como resposta às exigências mercadológicas, mas como uma propensa valorização ao conhecimento e ainda a elevação econômica percebida em algumas localidades. Como se tem percebido, sob nova performance, as críticas de Robinson (2006) ao método tradicional de ensino em essência dialogam fortemente com a perspectiva de mudança de paradigmas educacionais que facilite o processo de aprendizado e valorize o conhecimento em suas diversas formas, tons e sons. Nesse sentido, parece possível afirmar que o posicionamento crítico de Sir Robinson ecoa a teoria do filósofo Theodor Adorno (1966/2009) e os pensamentos dos educadores Paulo Freire (1996/2002) e Cândido Moraes (1996). A estreita convergência das teorias robinsoniana e freiriana repousa notadamente aqui em duas vertentes principais: na problemática de manter-se estimulado, de buscar a força criadora da aprendizagem, a significativa capacidade do ser humano de ultrapassar a barreira do condicionamento; bem como, no reconhecimento da singularidade de cada sujeito e seu conhecimento inato. Como Freire (1996/2002) metaforizou, a prática da educação "bancária" deve ser de certa forma suprimida pela "rebeldia" que aguça a curiosidade imune ao "poder apassivador do bancarismo" (Freire, 1996/2002, p. 13). A diferença fundamental entre as obras referidas desses dois intelectuais está nas reflexões sobre as quais ambos debruçam. Enquanto Robinson problematiza a educação infantil e sua crise no espaço mundial; Freire dedicou seus esforços a libertação dos adultos menos favorecidos no cenário americano. Possivelmente esse enfoque justifique os argumentos que asseveram a um (professor) ou a outro (estudante) a responsabilidade direta pela manutenção do processo de ter ideias, pelo poder de pensar. Bibliografia analisada Robinson, Ken (2006). How do schools kill creativity. In Technology, Entertainment and Design - TED Conference. Monterey, California. Referências Adorno, Theodor. (2009) Dialética Negativa. Tradutor: Marco Antonio Casanova. Rio de Janeiro: Zahar. pp. 351. ISBN: 9788537801437. Freire, Paulo. (2002). Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra. Libâneo, J. C. (2012). O dualismo perverso da escola pública brasileira: escola do conhecimento para os ricos, escola do acolhimento social para os pobres. Educação e Pesquisa, 38, São Paulo, n. 1, p. 13-28. Moraes, M. C. (1996). Paradigma educacional emergente: implicações na formação do professor e nas práticas pedagógicas. Em Aberto, 70, ano 16, abr./jun. Brasíli. Unesco (2009). Poverty and education: Education policy series. Report. 10. Disponível em: http://www.iiep.unesco.org/fileadmin/user_upload/Info_Services_Publications/pdf/20 09/EdPol10.pdf