20051a - Rede La Salle

Transcrição

20051a - Rede La Salle
Informativo Vocacional
Irmãos das Escolas Cristãs
(Irmãos Lassalistas)
• Brasil •
VEM
E
SEGUE-ME
Expediente:
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03542-100 - São Paulo - SP - Brasil
Tel.: (0xx11)6958.1444 - Fax: (0xx11)6684.1925
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Site: http://www.lasalle.org.br
Equipe de redação:
Jovens, Vocacionados,
Formandos e
Irmãos Lassalistas.
Editoração e Programação Gráfica: Irmão Paulo Petry.
Revisão:
Marileide Meneses e Silva.
Impressão:
Gráfica e Editora LA SALLE
Rua Dr. Paulo César, 222 - Icaraí
24220-400 - Niterói - RJ
Junho de 2005
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Nº 42 - junho/2005 - Ano XXI
ENDEREÇOS
PARA OBTER INFORMAÇÕES VOCACIONAIS
Irmãos Lassalistas
Escolasticado La Salle
Cx. Postal, 5.251
72001-970 - Taguatinga - DF
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Comunidade La Salle
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85902-030 - Toledo - PR
Tel.: (45)252.7578
E-mail:[email protected]
Instituto Abel
Cx. Postal, 105.083 - Icaraí
24231-970 - Niterói - RJ
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E-mail: [email protected]
Casa Provincial La Salle
Rua Santo Alexandre, 93
Vila Guilhermina
03542-100 - São Paulo - SP
Tel.: (11)6958.1444
Postulado La Salle
R.Coronel Pedro Dias de Campos, 1094
Vila Matilde
03508-010 - São Paulo - SP
Tel.: (11)6653.1163
E-mail: [email protected]
Residência Provincial La Salle
Rua Honório Silveira Dias, 636
90550-150 - Porto Alegre - RS
Tel.: (51)3358.3600
E-mail: [email protected]
Juvenato La Salle Fátima
R. Sergipe, 665 - Vila Oriental
Caixa Postal, 377
99500-000 - Carazinho - RS
Tel.: (54)331.1344
E-mail: [email protected]
Comunidade La Salle
Rua do Congresso, 231
65279-000 - Presidente Médici - MA
Tel.: (98)326.1140
E-mail: [email protected]
Comunidade La Salle
Rua La Salle, 1557
Centro • Cx. Postal, 71
89900-000 - S. Miguel do Oeste - SC
Tel.:(49)622.0382
E-mail: [email protected]
Visite nosso site vocacional:
http://www.vocacoes.cjb.net
Irmãs Guadalupanas de La Salle
Comunidade Santa Teresinha do Menino Jesus
Rua Dilermando Pereira de Almeida, 40 - Pinheirinho
81870-110 - Curitiba - PR
Tel.: (41)246.2063
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La Salle
João Marcos Aquino, Niterói/RJ
Born at the city of Reims, in France.
His family had money and elegance.
He grew up as a man of soul and faith
And had a dream of everybody educate.
He took care of his brothers alone,
Because soon, their parents were gone.
Moved by the poor people’s plight,
La Salle was guided by the light.
He gave his money for charity,
This attitude had certainly some merity.
Greetings for La Salle’s institution,
The saint of teachers and instruction.
Patrono Universal dos Educadores
Tradução: pelo próprio autor
Nascido em Reims, a cidade francesa,
Sua família tinha elegância e riqueza.
Ele cresceu como um homem de fé e convicção
E tinha o sonho de dar a todos educação.
Cuidou de seus irmãos sozinho praticamente,
Pois seus pais se foram precocemente.
Movido pela miséria dos mais pobres,
La Salle foi guiado pela luz dos ideais nobres.
Ele doou seu dinheiro para caridade,
Essa atitude certamente mostra sua bondade.
A La Salle e seu legado, nossa saudação.
O santo dos professores e da educação.
Então Jesus chamou a multidão e os discípulos. E disse:
«Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga.
Pois, quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas, quem perde a sua vida
por causa da Boa Notícia, vai salvá-la. Com efeito, que adianta ao homem
ganhar o mundo inteiro, se perde a própria vida?» (Mc 8,34-35)
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Nº 42 - junho/2005 - Ano XXI
Sigamos as setas
Irmão Paulo Petry, fsc
Seguindo em seu carro para um precioso final de semana na praia, a Família
Fröhlich ia segura e confiante. Confiante porque o pai era um excelente motorista.
Atento e prudente, aprendera a condução defensiva. Por outro lado, iam seguros,
pois a estrada, pela qual trafegavam, apesar de ser bastante sinuosa, era muito
bem sinalizada. O asfalto era pintado. O tracejado, às vezes amarelo, às vezes
branco, sinalizava as pistas, tanto na parte central, quanto na lateral. As placas
indicavam as curvas, os obstáculos, as distâncias e as saídas para diferentes
locais e cidades. E com toda esta sinalização estavam seguros, pois, além do pai
motorista, que conhecia bem esta linguagem dos sinais, havia no carro outras
pessoas (a mãe, e os filhos) que davam uma de «co-pilotos». Com estes
auxiliares, o motorista podia concentrar-se nas características peculiares da
estrada. Eles, como bons orientadores, liam as instruções para chegarem o mais
rápido, pelo caminho mais curto e correto até o seu destino. E assim, em pouco
tempo, mais ou menos na hora prevista, sem acidentes de percurso, seguros, com
alegria e um pouco de fatiga... chegaram ao seu destino e passaram um excelente
feriadão, descansando, tomando sol e nadando naquela praia de águas tíbias e
cristalinas.
Objetivo e direção a seguir
Para poder realizar a viagem e curtir a praia daquele final de semana, a Família
Fröhlich se programou, e fez um planejamento. Juntos, os pais e os filhos,
analisaram as propostas à sua frente para passar um feriado bem legal.
Observaram as previsões da meteorologia, escolheram o caminho a seguir,
reservaram a casa de amigos, fizeram as compras necessárias e combinaram o
dia e a hora da saída.
Desta forma, uma vez escolhido o local e estabelecidos os objetivos para
aqueles dias, foi só seguir o itinerário, cumprir umas pequenas tarefas preparatórias e seguir a direção certa para alcançar as metas.
Se esta família tivesse optado por sair de última hora rumo ao desconhecido,
poderia ter encontrado sérios obstáculos. Por exemplo, se tivesse optado por
subir a serra, teria encontrado um bruta engarrafamento, pois ali a estrada está
em reforma para contenção das encostas. Se tivesse optado por um final de
semana no interior, na fazenda da família, sem um planejamento prévio, certamente teria tido grandes decepções, pois com as chuvas dos dias precedentes, parte
do caminho estava intransitável e a fazenda, um lamaçal só.
Ainda bem que a Família Fröhlich fora previdente, estabelecera objetivos, se
informara sobre o clima e as condições das estradas, adquirira o mapa rodoviário,
providenciara o necessário para passar o feriado longe de casa e escolhera
corretamente o rumo e a direção para o descanso merecido.
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O melhor de tudo foi a escolha que a família fez da estrada a seguir... a escolha
não foi feita ao acaso. Os filhos pesquisaram na internet sobre as condições das
estradas que levavam aos possíveis destinos almejados. A mãe falou com as
amigas que conheciam as estradas praianas. O pai comentou no serviço sobre
os planos da família, e um colega destacou as vantagens e desvantagens de pelo
menos três rotas possíveis. Assim, reunidas todas as informações, a Família
Fröhlich escolheu aquela estrada que julgou mais confiável e que oferecia maior
segurança. Itens analisados: distância até o objetivo, condições de conservação
da estrada, serviço de informação oferecido e o conjunto da sinalização.
Os sinais do Senhor em nossa caminhada
Caro leitor(a) da Vem e Segue-me, a esta altura você já deve estar se
perguntando onde queremos chegar ao narrar a viagem da Família Fröhlich
naquele feriadão. Quiçá, alguém até já tenha se questionando sobre o por quê da
escolha do nome desta família neste pequeno conto. Bem, vamos por partes.
Em primeiro lugar, o nome da família deveu-se ao significado deste sobrenome. Este de fato existe em alemão, e poderia ser traduzido para o português por
algo como «Felicidade, Feliz, Alegre». E, com tudo dando certo, após este projeto
de viagem tão bem planejado, a família realmente devia estar feliz.
Em segundo lugar, resolvemos iniciar esta edição da Vem e Segue-me com
este conto sobre setas e sinais, não para falar da importância da condução
defensiva, nem comentar os sinais de trânsito, muito menos, para fazer propaganda deste ou daquele local turístico para passar um bom feriado em família. O nosso
objetivo foi tão somente recordar a todos a importância de aprendermos a ler os
sinais que Deus coloca em nosso caminho, para alcançarmos nossos objetivos,
para chegarmos à nossa meta, para seguirmos o rumo certo, nos realizarmos
como seres humanos e responder corretamente ao chamado divino.
Deus escolhe os seus
Deus, quando nos chama, quando nos dá a vocação, também coloca sinais
e setas diante de nós, afim de que possamos trilhar pelas veredas que nos
conduzirão à nossa realização. Contudo, de nada adiantariam estas setas e os
sinais, se nós não os conseguíssemos interpretar. Daí a importância de estarmos,
não apenas atentos, mas também ávidos em busca da interpretação destes sinais
e destas orientações que o Senhor da Vida nos proporciona no dia a dia. Alguns
destes sinais, quem sabe, poderíamos aprender a lê-los através de nossos
anseios, vontades e modos de proceder diante da realidade que se nos apresenta.
Talvez devamos aprender a observar nossas tendências para abraçar esta causa
em detrimento daquela, fazer esta opção em vez daquela, ajudar as pessoas nisto
e não naquilo. Tudo isto, nossas facilidades, nossas tendências, nosso próprio
«fazer e querer», nossos próprios «saberes e sabores», tudo isto vai nos revelando
os caminhos por onde devemos andar para responder ao chamado de Deus. Tudo
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Nº 42 - junho/2005 - Ano XXI
isto, corretamente interpretado, lido, decodificado e decifrado poderá facilitar a
nossa escolha vocacional.
É claro que a escolha original é de Deus. Da nossa parte vem a resposta.
Podemos até dizer que escolhemos dar o nosso «sim», mas a escolha primeira
sempre é dele, que nos quer a serviço do seu Reino. Fiquemos, pois, muito atentos
aos sinais, às setas, que Ele coloca em nosso caminhar. Façamos corretamente
a leitura da vontade de Deus, para poder, mais dignamente servi-lo, naquele lugar
e naquela missão para a qual Ele nos escolheu. Certamente seremos tão mais
felizes, quanto mais fiel for a nossa resposta ao chamado de Deus. Se nossa
resposta estiver de acordo com o chamado divino, com certeza alcançaremos a
felicidade e seremos servos(as) de grande valia na messe do Senhor.
Os co-pilotos
Deus nos convida, nos chama, nos envia em missão. Dito de outra forma, Ele
nos quer como co-criadores e colaboradores em sua obra de redenção. Durante
toda história da humanidade Deus quis redimir a humanidade, fez diversas
alianças com seu povo eleito (cf. Gn 9,12; 1518; 17,5; Êx 6,4; 19,15; 24,4; 32,1;
34,6; Dt 4,31; 26,17; 27,1; 29,11; Jz 11,10; 1Sm 11,7; 1Rs 8,21; 2Rs 11,17; Is 24,5;
Ez 16,8; 17,19; 36,28; Am 2,9; Ml 2,4; 2Cr 6,11; ) e por fim enviou seu próprio Filho
Jesus Cristo para nos garantir a salvação. Com Jesus Cristo inicia-se uma nova
etapa. Através dele Deus faz a aliança nova e definitiva, que a seguir é divulgada
pelos discípulos de Jesus Cristo, os apóstolos, os mártires, os santos e santas
de Deus até os dias de hoje (sobre a Nova Aliança cf. Jr 31,31; Os 2,22; Mt 26,28;
27,51; Lc 22,20; Rm 1,2; 2Cor 3,6; Hb 7,22; 8,11; 9,15). Agora chega a nossa vez
de responder ao Deus da Vida, ao Deus da Aliança e dizer o nosso «sim» a Ele
que nos quer também como seus cooperadores.
A realidade nos desafia, exige pessoas decidas que doem sua vida para
promover a paz, a justiça, a caridade, a sabedoria, a solidariedade, o bem-estar,
a saúde, a educação, a comunicação entre os seres humanos, a vida plena, a vida
em abundância para todos. É nesta realidade que precisamos aprender a ler a
vontade de Deus. É nesta realidade que temos que interpretar as setas e os sinais
de Deus que nos conduzirão e nos guiarão. É nesta realidade que faremos a nossa
opção pelo Deus da Vida, ou por aquilo que, por vezes, julgamos erroneamente
ser o caminho que nos levará a felicidade. De fato, recordar é preciso que às vezes,
podemos decodificar falsamente alguns sinais e setas na estrada da vida, e que
nos conduzirão, quando não, a abismos fatais, a perigosos desvios ou a
enganosas veredas...
Poxa, mas isto parece ser muito difícil! Como pode um jovem, em tenra idade,
com todo o afã, entusiasmo e ímpeto que lhe são próprios, aprender a ler todos
estes sinais de Deus, estas setas que Ele lhe coloca à disposição para trilhar de
modo seguro pelos caminhos do bem, da beleza, da verdade e da realização
humana? Será que o jovem tem condições de dizer o seu «sim», acertar na opção,
responder adequadamente e ser feliz?
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Sozinho!?!? Nem o jovem, nem o adulto... ninguém precisa fazer esta
caminhada sozinho, pois esta poderia tornar-se pesada e dolorosa demais. O
caminho que Deus nos propõe, repleto de sinais e de setas indicativas, poderá,
e quiçá, deva ser trilhado em duplas, em trios, talvez em comunidade.
Para seguir por este caminho tão pleno de sinais, para interpretar corretamente as «placas», o certo é que devemos confiar não apenas em nós mesmos, mas
apelar para nossos «co-pilotos». Ouvir os que caminham conosco. Tal como na
Família Fröhlich, na qual os filhos e a mãe ajudavam o pai a ler as placas e os sinais
de trânsito, assim também em nossa busca vocacional podemos e devemos
contar com a colaboração de outras pessoas que nos ajudam a encontrar nosso
caminho, pessoas que nos ajudam a dizer nosso «sim» ao Deus da Vida.
Os nossos co-pilotos estão por toda parte. Às vezes às claras bem diante de
nós, outras vezes um tanto quanto escondidos. Por vezes estão tão próximos,
outras tantas tão longe precisamos encontrá-los. O certo é que não podemos
desprezar nenhuma seta, nenhuma placa, sinal algum, quando reconhecemos
que somos chamados por Deus para uma grande missão. O certo é que, nesta
hora, toda ajuda é bem vinda. Se você, leitor(a) jovem da revista Vem e Segue-me,
ainda não descobriu a sua vocação, e precisa de algum «co-piloto», olhe bem à
sua volta, preste atenção e observe as pessoas que Deus coloca em seu caminho
para orientá-lo: seus pais, professores, catequistas, amigos, irmãos, religosos(as),
sacerdotes... No final desta revista vocacional você encontra também os endereços de nossos orientadores vocacionais, os «co-pilotos» que a Congregação dos
Irmãos Lassalistas coloca à sua disposição, para ajudá-lo a conduzir sua vida
conforme o Projeto de Deus.
Opa! Antes de concluir esta nossa reflexão, esta nossa conversa sobre
«setas e sinais», é preciso mencionar um conjunto enorme de «dicas e
orientações» (praticamente um «manual de instrução»), em que podemos confiar
e que nos dará segurança no nosso caminho rumo ao Pai. Estamos falando é da
própria Palavra do Pai, a Palavra de Deus, a Palavra que nos indica o Caminho,
a Verdade e a Vida - a Sagrada Escritura. Portanto, além de procurar e encontrar
os nossos «co-pilotos», tentemos encontrar um tempinho diário para ler o
«manual de instrução», que nos foi entregue pelo próprio Autor, através de seus
colaboradores.
Jovem amigo(a) leia a Bíblia e, em sua busca vocacional, deixe-se iluminar
pela Palavra de Deus; siga o exemplo de São João Batista de La Salle, que em
tudo adorava a vontade de Deus; siga o exemplo de Maria, que disse o seu «sim»
de forma consciente e definitva; siga o exemplo de Jesus Cristo, que sempre fez
a vontade do Pai.
«Como é bom celebrar o Senhor e cantar ao teu nome, Deus Altíssimo!
proclamar desde cedo a tua fidelidade e a tua lealdade durante as noites.
A tua ação me alegra, Senhor! e diante das obras de tuas mãos, grito de
alegria. Como as tuas obras são grandes, Senhor!» (cf. Sl 92,1-6)
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Nº 42 - junho/2005 - Ano XXI
O convite
Juvenista Alexandre Reis dos Navegantes
Uruará/PA.
Jesus nos faz um convite.
Ele nos chama a segui-lo, a amar e nos doar por inteiro
a serviço dos desfavorecidos.
O seu convite deixa-nos inquietos,
toca-nos fundo o coração, dando um novo sentido à vida.
Jesus nos faz perceber no rosto de cada irmão,
que a vida tem mais significado quando é compartilhada.
Ele nos mostra que a infelicidade existente em nossa vida
é o reflexo do vazio que há em nosso interior.
Jesus quer preencher esse vazio, cura-nos dessa
infelicidade, mas é preciso doar-nos por completo,
abandonarmo-nos no seu amor, o mais puro amor.
Hoje, Jesus faz um convite a ti, prezado jovem.
Escuta o chamado de Cristo, aceita ser instrumento
na obra de Deus, na construção de um mundo melhor.
Jesus te convida a assumir a missão de evangelizar,
tu és chamado a construir um mundo
marcado pela partilha que nos ensina a Eucaristia.
Eu escutei e aceitei, agora chegou a tua vez.
Aceita o convite do Senhor.
Ele te ama e te convida a conhecer o seu amor.
Irmão, não existe riqueza maior que servir ao Criador. Não esquece, o Redentor te ama, foi por ti também que Ele morreu na cruz.
Amigo! Ouve o chamado de Jesus Cristo e
vem também caminhar ao lado do Salvador.
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Vem e segue-me
na
Formação
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Nº 42 - junho/2005 - Ano XXI
Crescendo como pessoa
Irmão Clovis Trezzi, fsc e Aspirantes
O Aspirantado La Salle de
Toledo/PR tem se manifestado muito importante na formação inicial
dos candidatos a Irmão. Nesta etapa, os jovens que estão cursando o
Ensino Médio formam comunidade,
moram numa casa como internos,
recebem acompanhamento vocacional e realizam atividades diversas
ligadas à educação, catequese e
pastoral da juventude.
No ano de 2005, oito jovens
provenientes de várias partes do
Brasil estão formando o grupo. Iniciaram a caminhada no dia 30 de
janeiro. Cursam o Ensino Médio no
Colégio La Salle.
“Aqui no Aspirantado é bom, é
bem diferente do lugar de onde eu
vim; os estudos são puxados, temos
diversas matérias a mais, que são
mais difíceis. Apesar de ser o meu
primeiro ano, estou pegando bem o
ritmo. Mesmo com saudades da
família sigo firme, dedico-me aos estudos e tento não
pensar demais no
que deixei pra trás”.
Jolmir Polita, 1º ano, do Verê/PR.
“Meu acompanhamento com os
Irmãos Lassalistas iniciou em 2002,
quando participei de dois encontros
vocacionais. No começo de 2003
era o momento de ingressar no
Aspirantado, mas não deu certo por
problemas pessoais. Mas minha vocação e os contatos continuaram.
Em 2004 ingressei na casa de formação, e neste ano estou no meu
segundo ano de Aspirantado e terceiro de Ensino Médio. A cada dia
que passa estou aprendendo coisas
novas. No Aspirantado conheci novos amigos, que me ajudaram nas
dificuldades. Agora estou disposto
a ajudar os novos aspirantes
que aqui estão”.
Claudinei Rodrigues
de Freitas, 3º ano,
de Bom Sucesso do Sul/PR.
“Estou no meu primeiro ano de
Aspirantado. Quatro meses já se
passaram e estou muito contente por
estar aqui. Claro,
com um pouco de
saudade das pessoas queridas que
eu deixei para trás. Já
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estou acostumado na casa. É muito
bom estar aqui”. Cézar Machado
da Silva, 1º ano, de Verê/PR.
“No tempo em que eu participava dos encontros vocacionais, não
fazia idéia de que a Vida Religisa
seria tão bela e me proporcionaria
tanto crescimento. Hoje, no meu
terceiro ano como aspirante, percebo o meu crescimento intelectual,
filosófico e principalmente o religioso, que São João Batista de La Salle
viveu profundamente em toda a sua
vida. Agradeço a
todos os Irmãos
que confiaram
em mim para que
eu pudesse estar
onde estou hoje”.
Lucas Diego Polita,
3º ano, de Verê/PR.
“Surpresas. Uma nova vida de
surpresas, e por enquanto, só surpresas agradáveis. Quando vim para
cá não imaginava que a vida de
Irmão fosse tão interessante e gratificante. Sinto cada vez mais minha
vocação fortalecida, minha fé renovada e minha espiritualidade aprofundada. Viver
este privilégio de
Deusémaravilhoso”.
Lucas Petry Mueller,
3º ano, de Diamantino/MT.
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“Meu primeiro ano aqui no
Aspirantado, no início foi sofrido, eu
estava com saudades da família,
amigos, colegas de classe, mas isso
já passou, ou pelo menos diminuiu.
Nunca pensei que um aspirante tivesse tantas chances de
crescer como ser
humano, conhecer lugares, ter diferentes tipos de
lazer, aprendizado
e cultura, por isso
vocês mesmos, que tiverem oportunidade, assim como eu, venham, pois
não se arrependerão”.
Régis Luiz Sezinandi Paes,
1º ano, de Verê/PR.
“O Aspirantado tem sido uma
ótima experiência na minha vida, com
pessoas de culturas diversas, costumes diferentes. Essa não é só mais
uma etapa da
minha vida, mas
a primeira de
muitas que virão, até chegar em meu
objetivo de vida,
“ser Irmão Lassalista”. Sei que com
a ajuda de Deus e de todos os meus
amigos e formadores chegarei lá”.
Wagner Luis de Abreu,
3º ano,
de Pato Branco/PR.
Nº 42 - junho/2005 - Ano XXI
“Somos em oito aspirantes e
cinco Irmãos em nossa comunidade,
e estamos em processo de formação
para a Vida Religiosa, cultivando
assim um espírito de partilha e de
amor a Jesus Cristo. Crescemos
através dos estudos. Temos aulas de
formação pessoal e comunitária. Uma
experiência muito válida para mim
é viver em
comunidade.
Que o Senhor
nos abençoe e
convidemuitos
jovens para
esta missão de
anunciar o Reino de Deus a
toda criatura”.
Charles Bruno dos Santos, 1º ano,
de Serrão/SE.
Esta é, em resumo, a vida do
Aspirantado La Salle de Toledo/PR,
contado pelos próprios aspirantes.
Depois de uma caminhada que varia
de um a três anos, dependendo da
série em que o aspirante ingressa, ele
passa a fazer parte do Postulado La
Salle de São Paulo/SP.
São diversas as atividades realizadas pelos aspirantes. Entre elas
destacamos a participação e coordenação da PAJULA, a catequese
de Primeira Eucaristia, Perseverança e Crisma, auxílio na Educação
Infantil do Colégio, além da participação em atividades diversas do
Colégio e da Paróquia.
Assim, os jovens vão se preparando para realizar o sonho da Vida
Religiosa Lassalista, voltada para o
mundo da educação humana e cristã
da infância e da juventude.
Comunidade dos Irmãos e
Aspirantes Lassalistas de
Toledo/PR. De pé, E-D,
1º, Irmão Marino, Diretor
do Colégio La Salle;
2º, Irmão Cassiano,
Professore e estudante de
Matemática;5º, Irmão
Clóvis, Diretor do
Aspirantado; 6º, Irmão
Ignácio, Provincial;
8º, Irmão Raymundo;
9º, Irmão Adenilson,
estudante do Curso de
Educação Física.
13
Ingresso no aspirantado, em Toledo/PR, 30 de janeiro de 2005.
Aspirantes e Irmão Adenilson participam na III Gincana Vocacional,
em Palotina, PR, junto com o grupo da Pajula.
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Nº 42 - junho/2005 - Ano XXI
Nossa Caminhada
Juvenistas: Antonio Wellington e Abnailsom Moreira - 3º Ano.
“Eu sou a videira e vós sois os ramos;
quem está em mim eu estou nele, e esse dá muitos frutos” (Jo 15,5).
Caros leitores
da Vem e Segueme, saudações em
Cristo e La Salle.
Viemos informá-los
da nossa caminhada vocacional nesses últimos anos.
Ingressamos na nossa formação
exatamente no dia 14 de fevereiro
de 2003. Não esperávamos que
fosse tão rica. Já a viagem inicial
foi interessante, apesar das dificuldades que encontramos na tão
conhecida Transamazônica que é
notícia todos os anos. O fato de
empurrar carro na lama foi logo
um viver a realidade das pessoas
que aqui moram.
Antes havíamos participado de
vários encontros.Um deles e o mais
especial foi o de ingresso no juvenato.
Este encontro foi conduzido pelo
Irmão Moacir Paulo Orth, na
comunidade de Cândido Mendes/
MA, onde ficamos por dois dias
e passamos a conhecer melhor a
formação lassalista.
Logo quando chegamos,
nas primeiras semanas, tudo era
novidade: a cidade, as pessoas, a escola.
Novidade também foi o fato de termos deixado
todos aqueles com os quais convivemos durante muito tempo, os nossos amigos e os familiares. Na
medida que o tempo passava a saudade aumentava, mas estávamos
conscientes de que o afastamento
dos familiares seria apenas um dos
passos a serem dados. Difícil, mas
pouco a pouco, íamos desprendendo-nos dos mesmos. Com o tempo
fomos aprendendo o verdadeiro sentido da vida em comunidade e o
sentido de nossa partida.
Já no juvenato, passamos a ter
contato direto com a nossa formação, participando efetivamente da
comunidade e da vida religiosa
lassalista. Contudo, esta não foi a
nossa primeira experiência comuni15
tária, afinal já participávamos em
nossas comunidades locais na
catequese e em grupos de jovens.
Esses foram os primeiros passos
dados, já em Uruará.
Não podemos deixar de citar
que sempre é necessário um plano de vida, um projeto de vida,
tendo como base nossa formação. Nós o elaboramos a cada
ano de novo. É nesse projeto que
definimos o que iremos viver durante o ano. Quando nos engajamos
na comunidade éramos quinze jovens dos Estados do PI, MA e
PA, com apenas um objetivo:
o discernimento vocacional e
disponibilidade para o crescimento integral.
No ano de 2004, trabalhamos muito com o teatro, sendo este
um modo para fazer com que perdêssemos a timidez e ao mesmo
tempo nos permitisse retratar para a
sociedade a realidade em que vivemos. Apresentávamos à comunidade e passamos a criar espaços para
o nosso desenvolvimento.
A formação que recebemos tem
como objetivo preparar-nos para a
vida em comunidade e o meio social,
já que seremos futuros educadores.
A formação é gradativa e requer
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muito empenho. Somos constantemente convidados a abrir-nos ao
diferente, ao novo, assumindo nossos compromissos de formandos.
Desta forma somos conduzidos
pouco a pouco à vida consagrada
lassalista. Nesses dois anos
despertamos para a disponibilidade
do sagrado, para o intelectual e
fomos convidados para a vida
comunitária e social com o sentimento de partilha.
Este ano estamos motivados e
temos a certeza de que necessitamos de maiores crescimentos em
todas as dimensões no que se refere
ao juvenato. Temos agora como objetivo o nosso possível ingresso no
postulado para o próximo ano. Durante essa longa caminhada somos
convidados para a vida missionária
no carisma do nosso Santo Fundador, sendo como ele continuadores
da missão iniciada por Jesus Cristo.
Apesar de nossas limitações nos
entregamos aos projetos de Deus
para conosco.
“Ele me fez subir da cova fatal,
do brejo lodoso; Colocou meus pés
sobre rocha, firmando meus passos.
Pôs em minha boca um cântico novo,
um louvor ao nosso senhor Deus;
Muitos verão e temerão, e confiarão
em Iahweh” (Sl 40,3-4).
Nº 42 - junho/2005 - Ano XXI
Juvenato em Uruará/PA
Juvenistas Marcos Júnior e Evandro - Uruará/PA
Trabalhamos aqui em diversas
áreas: catequese, liturgia, e principalmente grupos de jovens. É com
estes grupos que nós nos identificamos mais. Ajudamos, sobretudo, os
jovens que estão com dificuldades.
O pensamento que nos motiva, podemos expressá-lo assim: “Juventude é a
possibilidade de realizar um sonho que
torna a vida interessante”.
No ano de 2005,
nesta experiência
nova queremos aprender
em diversos lugares e com diferentes
pessoas e comunidades, a dialogar
melhor, ajudar no que for preciso e
ser mais fraternos. Pretendemos também nos dedicar às pastorais,
para que, de alguma
maneira, possamos
contribuir com
alguém, passando e
adquirindo mais
conhecimento.
Nos estudos
estamos indo bem,
apesar de ser um pouco
puxado. Esforçamo-nos para alcançar tanto o conhecimento quanto
boas notas. Sempre que possível
estudamos em grupo, pois cremos
que é um modo que facilita o nosso
aprendizado. Além das aulas diárias
na escola, temos aulas aqui em casa
para nos ajudar ainda mais
na nossa caminhada
vocacional. Afinal,
temos que nos preparar para que um
dia possamos ser
bons Irmãos, que
se preocupam com
a educação de nossos jovens e crianças.
Evandro
Marcos Júnior
Estimados leitores da revista
Vem e Segue-me. Somos juvenistas
de Uruará/PA, e ambos estamos no
primeiro ano de juvenato. Sentimonos muito felizes de estar no
meio desta grandiosa
família: a dos Irmãos
Lassalistas. Aqui em
Uruará eles nos acolheram e estão nos
ajudando a discernir
nossa vocação - queremos ser Irmãos
Lassalistas.
17
Promover a paz é dever de todo cidadão.
Juvenista Ronildo Silva Barros, Uruará/PA
A campanha da fraternidade de
2005 nos trouxe um tema, que é de
suma importância para todos. Nesse ano ela trabalha a questão da paz,
“felizes os que promovem a PAZ”.
Como podemos chegar a essa paz
tão almejada por todos?
A paz que queremos, não é a
que muitos proclamam. Há pessoas
precisando aprender que, a paz vem
através do diálogo e não através da
guerra. Hoje temos que conversar e
refletir juntos, temos que unir nossos
pensamentos e os nossos desejos,
defender nossos argumentos e
nossas virtudes, tudo isso em vista
da unidade do povo de Deus. Como
diziam os Mosqueteiros: "Temos
que ser cada um pelo grupo e o
grupo por cada um". Podemos
levar em frente o desejo de vários
pacifistas, que, ao longo do tempo,
lutaram tanto para estabelecer a
paz no mundo.
Mencionamos inicialmente
Martin Luther King, um pastor
negro da Igreja Batista, nascido em
Atlanta, centro vital da população
negra nos Estados Unidos. Ele já
dizia: “Tenho a firme convicção
18
de que Deus colocou sua mão
sobre nós, para que todos os homens de boa vontade, brancos e
negros, prossigam trabalhando
com Ele em busca da paz”.
Luther King, morreu na tarde
do dia 5 de Abril de 1968, e em seu
túmulo, lê-se: «Por fim sou livre.
Por fim sou livre. Demos graças a
Deus todo poderoso, porque por
fim sou livre.»
Outro exemplo de pessoa que
lutou até o fim por um mundo mais
humano, foi João Paulo II, que
faleceu recentemente. Conhecido
como papa da paz, também lutou
muito em prol da paz em todas as
nações, e teve um papel muito importante na vida e na História da
humanidade. O Papa João Paulo
II faleceu na tarde do dia 2 de Abril
de 2005, deixando para todos uma
lição de amor ao próximo, de
fraternidade e de compreensão mútua, dizendo: “Se queres a paz,
educa para a paz”.
Poderíamos ainda mencionar
Mahatma Ghandi, Madre Tereza de
Calcutá, Irmã Dorothi e tantos outros que de uma ou outra forma
Nº 42 - junho/2005 - Ano XXI
procuraram provomer a paz. Contudo, para não prolongar demais
este artigo, preferimos recordar que
todos estes testemunhos, nos chamam também para esta grande
missão: «promover a paz». Continuemos, pois, o que eles começaram,
lutar contra um sistema opressor,
propondo nossas idéias de paz e de
justiça, compartilhando nossos pensamentos e desejos, vivendo e amando a paz, e aprendendo que é mais
honrado estabelecer a paz com a
palavra do que com a humilhação
das minorias e dos indefesos.
Por todo mundo ouve-se ecoar
estas duas palavras: paz e guerra.
Muitos lutam a favor de um mundo
mais calmo, mais acolhedor, todos
querem um mundo onde a palavra
guerra não possa mais ecoaaaaaaaar;
as pessoas querem paz, o mundo
derrama lágrimas pela paz.
Existem aqueles que pensam de
uma outra forma, como diz a canção
do senhor da guerra: “Uma guerra
sempre aumenta a tecnologia,
mesmo sendo ela, guerra santa,
quente, morna ou fria”. Pensam
Juvenista Ronildo (1º a direita) com seus colegas Alexandre, Marcos, Edivan, Evandro e o
Irmão Marcelo Reichert (ao centro).
19
assim os dominados pela fome de
poder. Pensam assim o Nicolau
Maquiavel contemporâneo, ou poderíamos dizer «os maquiavéis»
modernos, aqueles que dizem lutar
pela paz, através de uma guerra santa.
Aqui temos que secundar o compositor Renato Russo, que já dizia:
“Nenhuma guerra pode ser santa”.
Em todos existe a potencialidade
da guerra e o desejo de paz. Temos
que aprender que a paz gera harmonia e a guerra gera violência. Às
vezes parece que a guerra está vencendo a paz, pois a violência está
presente em todos os lugares e de
todas as formas: nas famílias, nas
escolas, nas ruas, no esporte, e até
na arte. Desta forma, todos nós
estamos expostos a atos insanos de
violência, atos contra a paz e a harmonia, onde quer que estejamos.
A música, “a canção do senhor
da guerra”, faz uma bela crítica, contra as pessoas que defendem a idéia
de que, fazendo guerra, estão estabelecendo a paz. Quão longe da
verdade estão as pessoas que pela
violência pretendem promover o diálogo e a paz.
Sabemos que a base da nossa
sociedade é a conversa, é a comunicação. Notamos, no entanto, tantas
vezes o contrário. Poucos dando
20
valor à comunicação, ao diálogo, à
vida. Pessoas discutem, matam-se,
por coisas tão insignificantes. Mas
não podemos desisitir. Temos que
começar a construir a paz, a começar por nós mesmos, dentro de nós
e de nossas comunidades e famílias.
Afinal, não estamos sós nisto. Observando bem, perto de nós existem
tantas pessoas com idéias belíssimas,
e práticas fantásticas em favor da
paz, da união e do amor. Portanto,
não deixemos morrer em nós os
nossos ideais de bons cristãos e de
verdadeiros cidadãos.
Onde estão os nossos valores e
os nossos princípios? Onde está a
paz que todos procuram? O que
fazemos nós pela paz? As respostas
para estas perguntas devem e podem brotar do íntimo de cada um, de
cada pessoa de boa vontade, de
cada ser humano que quer cooperar
na grande obra da criação. Ao responder estas perguntas, não percamos de vista a batalha, o conflito
travado entre guerra e paz. Todos
queremos a paz, contudo os meios
empregados e os caminhos para tal
nem sempre são os melhores.
Pessoas gritam e o mundo chora,
todos clamam e formam um só
coro clamando: PAZ. Uma só
palavra pronuncia a humanidade, um só objetivo nos conduz:
chegar a tão sonhada PAZ.
Nº 42 - junho/2005 - Ano XXI
Juvenato Fátima La Salle - Carazinho/RS
Seguem diversos depoimentos de Juvenistas
O amplo espaço
do Juvenato
Jéferson Jung e Marcos A. Wenning
O Juvenato La Salle Fátima de
Carazinho desfruta de um amplo
espaço para convivência das pessoas que por aqui passam. Dentro
deste espaço temos um ginásio de
esportes, um campo de futebol e
voleibol, as casas que abrigam os
juvenistas e Irmãos e muita área
verde para descanso e passeios.
Todos que chegam aqui são sempre
bem acolhidos e recebidos, até porque esta entidade tem a missão de
educar e evangelizar.
Prazer em
ser juvenista
Rafael Alexandre Zydeck,
Vagner Woichekoski, Edinei Consalter
No Juvenato nossas atividades
são bem diversificadas. Nós estudamos, praticamos esportes, rezamos
e, na área da missão, já temos um
primeiro contato com crianças no
Colégio La Salle.
Tudo aqui é muito divertido, por
isso estamos animados para continuar nossa formação para a vida
religiosa. Aqui todos são amigos de
todos, procuramos participar dos
trabalhos realizados pelo colégio e
de todas as atividades proporcionadas pelos Irmãos formadores.
Os juvenistas do 1° e 2° anos
participam no Ensino Médio pela
manhã e pela tarde do Curso Normal «Magistério».
O 3º ano faz o Ensino Médio
pela manhã e à tarde tem aulas de
didática em preparação para o trabalho de estágio com alunos no postulado de Esteio/RS.
Todos nós participamos do
esporte que é realizado às terçasfeiras, sextas-feiras e sábados.
Fazemos orações nas manhãs e
algumas noites. Assistimos a filmes e
interagimos com eles. Aqui é simplesmente um lugar muito bom de
viver. Por isto, caro leitor jovem,
podemos afirmar: «La Salle, um
caminho para você!»
21
A piscicultura
Adelar Ferrari, Adriano Carlos Pércio
e André Luís Foralosso
Além de todos os lazeres que o
juvenato oferece, está incluída a área
de pesca, os açudes do juvenato.
Neste local de pesca ao todo temos
cinco açudes, e anualmente é esvaziado um deles. Neste ano de 2005,
por exemplo, dia 2 de junho, um dos
menores foi esvaziado. Um dia antes
foi aberto para a vazão da água. No
grande dia foram retirados os peixes, e foi necessária uma tarde toda
para realizar a tarefa. Uns retiravam
os peixes e outros limpavam.
Apesar dos comentários de que
muitos peixes haviam sido furtados
por amigos da propriedade alheia, o
rendimento foi ótimo, com cerca de
duzentos quilos de peixe.
Para nós, juvenistas do 1º ano,
foi (pela primeira vez participando)
uma experiência maravilhosa, um trabalho feito em grupo, com as três
turmas do juvenato.
Visita dos familiares
Ivan Rodrigo Kaufmann
A vida de juvenista continua
muito ligada à família, que é a nossa
«base» para a vida. O começo aqui
em geral é mais difícil, pois temos
22
que nos acostumar longe da família.
Assim, precisamos aprender uma
nova rotina, um novo estilo de vida,
bem diferente do que tínhamos em
casa. Por isso, a visita dos familiares
ao juvenato é muito importante, pois
nos ajuda a superar as dificuldades
da nossa caminhada vocacional, especialmente quando vem trazendo
apoio e incentivo para nós. A visita
deles ocorre principalmente em finais de semanas, quando os juvenistas são liberados de suas atividades
para poder conviver e mostrar os
ambientes do juvenato, o colégio e a
cidade. Assim, sempre estamos felizes com a visita dos nossos familiares, pois nos motivam a seguir adiante,
reconhecendo, valorizando e nos
incentivando para a convivência e o
crescimento espiritual.
Horas livres
Ivan Rodrigo Kaufmann
e Alencar Henrique Sordi
Algo interessante no juvenato, e
que serve para o nosso crescimento
na liberdade e na responsabilidade,
são as horas livres. Estes momentos,
aproveitamos principalmente para o
lazer. Jogamos sinuca, ping-pong,
futebol, jogo de carta (truco
catarinense e gaúcho). Alguns aproveitam para dormir e descansar.
Outros gostam de fazer e comer
Nº 42 - junho/2005 - Ano XXI
Grupo geral dos Juvenistas do Juvenato La Salle Fátima, Carazinho, 2005.
Grupo do 1º ano dos Juvenistas do Juvenato La Salle Fátima, Carazinho, 2005.
23
pipoca, acompanhada de um bom
tererê, que fica melhor ainda
quando conseguimos assistir um ótimo filme ou alguma partida de futebol que esteja sendo transmitida.
Ainda há outros dentre nós, que
aproveitam esse tempo para o estudo, assim adiantando trabalhos.
Preparamo-nos para as provas, ou
até mesmo aproveitamos o tempo
para uma leitura de um bom livro.
Essas horas livres são também
excelente ocasião para pensarmos
em nossa vocação, através da
oração pessoal ou meditando
sobre nossa vida, enfim, aproveitamos ao máximo essas horas
livres, para termos um bom
discernimento vocacional.
Convivência do 2º ano
Tiago André Kunkel
A turma do 2º ano é muito boa
de se conviver, estamos muito
bem integrados entre nós. Nosso
grupo é formado por vinte juvenistas
que são orientados pelo irmão
Vanderlei Miguel Kraemer, formador da turma.
Na turma os momentos de oração são fundamentais, pois é nesses
momentos que expressamos mais os
nossos sentimentos e fortalecemos
nosso discernimento vocacional.
24
A alegria também rola solta nos
momentos de partilha. A partilha é
um momentodeconversa,queacontece todos os sábados à noite após o
esporte. Nesse momento também temos um lanche para repor as energias.
Um assunto fundamental que
discutimos na turma durante as reuniões é a união e a confiança entre
nós que nos fazem crescer muito na
nossa auto-estima.
Também com a entrada de novos colegas no início do ano, o
entrosamento entre os novos e os
antigos foi muito rápido, gerando
assim um grande laço de amizade.
Sinto-me bem fazendo parte dessa
turma, esperando crescer cada vez
mais com estes meus amigos.
Momento de integração
da turma do 2ºano
André Guerini e Marciel André Dervanoski
Na sexta-feira, dia 22 de abril, o
grupo de juvenistas do 2º ano partiu
para o Camping Kronbauer onde a
turma passou dois dias acampando.
Após chegarmos, nos organizamos em três cabanas que usávamos
para tomar banho e dormir. O dia
estava bonito, mas a água estava
fria, e mesmo assim, logo na parte da
manhã, alguns de nós entramos na
Nº 42 - junho/2005 - Ano XXI
piscina, que tinha um trampolim e um
tobogã, as grandes atrações locais.
Nestes dois dias de integração a
turma realizou várias brincadeiras,
momentos de oração e muito tempo
para convivência e partilha de vida.
Cremos que este passeio contribuiu
muito para o fortalecimento da amizade entre nós juvenistas e também
com nosso Irmão formador Vanderlei
Miguel Kraemer, além de nos deixar
mais animados para as atividades
previstas para nossos próximos dias.
Momentos de diversão
André Luis Müller e Cláudio André Dierings
Iremos relatar um pouco sobre
os momentos de lazer e diversão dos
juvenistas que sempre trabalham e
se divertem em grupo, relacionadose cada vez mais em união e sabedoria, não discriminando as diferenças
e capacidades de cada um.
Fizemos neste ano um torneio
nas seguintes modalidades:
ping-pong, sinuca, futsal, xadrez e
tiro ao alvo. Foram momentos de
descontração em nossa caminhada
vocacional. Todos os juvenistas
participaram dos torneios. Apesar
de alguns não ganharem medalha,
saíram felizes porque puderam mostrar seu talentos.
Mesmo no torneio de futsal, venceu o espírito esportivo, e não o
competitivo. Nos divertimos muito.
II Congresso
Nacional de
Educação Infantil
Diego Alex Kliemann
O II Congresso Nacional de
Educação Infantil foi um evento realizado pela Província Lassalista de
Porto Alegre juntamente com o Colégio La Salle, destinado aos professores da parte do magistério e a nós,
juvenistas, que estamos nos formando para ser professores. Tivemos a
oportunidade e a experiência de «dialogar sobre a criança de zero a seis
anos».
Foram quatro dias com quarenta horas/aula de congresso, incluindo encontros temáticos e relatos de
experiências com conteúdos importantes para a educação infantil e
séries iniciais. Tivemos a presença
de palestrantes com grande conhecimento na área, que nos ajudaram a
compreender melhor as crianças na
sua infância. Também tivemos a apresentação de um teatro que mostrava
a vida de um casal que teve um bebê
com síndrome de Down. Na peça, o
casal levou anos para se acostumar
com a criança, e grande parte do
público se emocionou com o drama.
25
Ao terminar o congresso, os
participantes do mesmo saíram satisfeitos, com os novos ensinamentos
que receberam e muito entusiasmados para repassar tais ensinamentos
às crianças.
Para ser professor é preciso amar a educação
Cláudio André Dierings
Ainda sobre o II Congresso
Nacional de Educação, ao qual o
Diego acaba de se referir acima,
posso dizer que foi para mim uma
experiência muito significativa. De
todos os assuntos gostaria de relatar
as contribuições sobre a auto-estima do professor. Segundo vimos, o
professor precisa gostar de dar aula,
observar o ponto positivo em tudo,
relacionando-se bem com seus alunos a cada dia que passa. É necessário que cada dia seja vitorioso,
para que ele se anime e a aula fique
mais rica de conhecimentos adquiridos, tanto para o professor como
para o aluno. Encarando e assumindo positivamente a missão educativa,
o professor deveria conseguir ler, a
cada final de aula, no rosto dos
alunos: “vale a pena aprender”.
Percebemos como sendo importante tanto a questão do planejamento, quanto o desenvolvimento
da aula em si, como também a ava26
liação dos alunos e do próprio processo educativo. O mundo em constante transformação exige do
professor a capacidade de sempre
de novo aprender. Há vida fora da
sala, é outro modo de afirmar que o
professor precisa variar a metodologia e a didática, não caindo nas
«tentadoras» rotinas do dia a dia.
Finalmente, vimos como é importante o professor saber colocar
limites na sala de aula. Quando é
trabalho é trabalho e quando é brincadeira é brincadeira. O professor
precisa aprender a fazer parceria
com os alunos, sem jamais perder o
rumo para o qual deseja conduzir
sua aula. Poderíamos dizer, que o
professor deve conseguir o domínio
de classe de modo afável. E isto, ele
pode consegui-lo pelo diálogo com
os próprios alunos, sobre a necessidade de participação, comportamentos adequados e dedicação
constantes.
Sala de estudos
Marcelo Luis Dresch
e Claudinei Luis Kerber
A sala de estudos é o lugar onde
aprendemos a nos ajudar mutuamente nos deveres, fortalecendo
cada vez mais o nosso conhecimento. Mas, para termos um bom deNº 42 - junho/2005 - Ano XXI
Irmão Vanderlei com os Juvenistas do 2º ano, Carazinho, 2005.
Irmão Albano com os Juvenistas do 3º ano, Carazinho, 2005.
27
senvolvimento, devemos manter a
sala sempre limpa e organizada. Aqui
nos dedicamos muito aos estudos,
para depois termos boas notas e boa
participação nas aulas.
A colaboração de todos, nessas
horas de estudo, é essencial, pois
através da ajuda de um para com o
outro crescemos tanto na amizade
quanto no conhecimento. Queremos
sempre o melhor para nós e
nossos companheiros, e assim nos
fortalecemos no desenvolvimento
vocacional. Encaramos o estudo
como sendo um grande valor,
pois prepara-nos para um futuro
brilhante. Valorize você também todo
e qualquer tipo de conhecimento
que possa adquirir. Estude, faça
leituras, informe-se.
Curso de violão
Diego Camargo Martins
e Sidinei José Kunst
Para o curso de violão nós, os
alunos do 1º ano, estamos divididos
em dois grupos: A e B. O grupo A
tem aula aos sábados e o grupo B
aos domingos. O Irmão Luís Antônio Mombach, nosso professor, falou que o curso de violão é
aconselhável para todos que desejam ser Irmão Lassalista. Afinal, em
28
qualquer lugar que formos, o violão
poderá ser utilizado como instrumento didático, como instrumento
que aproxima e alegra as pessoas,
além de contribuir para levar a mensagem de Cristo. Nós, juvenistas e
Irmãos lassalistas, ajudamos a tocar
violão na igreja, nas procissões, na
escola e na comunidade.
O Irmão Luís também educanos igualmente para o cuidado que
devemos ter com as coisas a nós
confiadas, especialmente para com
o precioso violão. No juvenato
estamos com planos de formar uma
banda para alegrar a turma. Com
muito ensaio e dedicação temos a
esperança de sermos, em breve,
grandes músicos.
Por que PJE?
Michel Scaravonatto
Nós aqui do Juvenato La Salle,
freqüentamos a Pastoral da Juventude Estudantil (PJE), no Colégio La
Salle de Carazinho. Sob a orientação dos Irmãos Vanderlei e Dionei,
vivemos vários momentos de
espiritualidade, reflexão e diversão.
Em nossos encontros são discutidos vários assuntos relacionados
com a juventude. Estes são trabalhados através de dinâmicas, men-
Nº 42 - junho/2005 - Ano XXI
sagens e muita partilha de vida. Os
encontros são marcados pela
descontração e a alegria com que
cada um dos participantes se propõe a participar.
A cada ano é realizado o
«Encontrão de Jovens Lassalista»,
quando então a juventude lassalista
se reúne para se divertir, conhecer
novas pessoas e se fortalecer espiritualmente, o que move o grupo.
Se você gosta de juventude,
gosta de diversão e acha que é capaz
de fazer a diferença, faça parte da
PJE. Na PJE você com certeza vai
encontrar isto e muito mais. E se em
sua escola não tem nenhum grupo de
jovens, lanço a você, leitor, o desafio de juntar-se com seus colegas e
formar um grupo. «Com você eu sou
mais eu, juntos somos mais do que
dois para esse mundo melhorar».
Curso Normal
(magistério)
Janir Kieling, Rudinei Kuhn
e Mauro César Thum
As turmas de 1º e 2º ano do
ensino médio do Juvenato La Salle
Fátima de Carazinho iniciaram o
Curso Normal no ano de 2005. As
aulas, muito importantes para a nossa formação vocacional, são minis-
tradas nas segundas e quintas feiras.
Nosso objetivo é nos prepararmos
bem para o exercício do magistério,
pois daqui do juvenato seguiremos
ao postulado, onde poderemos trabalhar como educadores. O curso
normal do Colégio La salle de
Carazinho possui professores qualificados e aptos para nos ensinar os
caminhos de um bom professor.
Segue abaixo um pequeno relato da
opinião do nosso professor Irmão
Dionei Luís Müller sobre a
reimplantação do Curso Normal:
«Eu penso que o Curso Normal
a Nível Médio está intrinsecamente
ligado à nossa missão de Irmãos das
Escolas Cristãs. La Salle foi um grande formador de mestres. Acredito
na importância que um curso destes
tem, sobretudo, no que se refere ao
desenvolvimento dos elementos didáticos do futuro professor.
O Curso nesta etapa do Juvenato
acaba tornando-se mais um elemento que ajuda no discernimento
vocacional. Ele ajuda a desenvolver
nos jovens formandos, desde cedo,
a perspectiva de que vão trabalhar
com gente, que vão ser educadores
de crianças e jovens. Nas aulas e
momentos de práticas, no contato
com as crianças, eles vão percebendo a beleza e o desafio que
é ser educador.
29
A rotina de estudos nesta etapa
também acaba ficando mais pesada
pelo fato de realizarem os dois cursos ao mesmo tempo: Ensino Médio
e Curso Normal. Como professor,
vejo, com alegria, o esforço destes
jovens, mesmo nos dias em que têm
dez períodos de aula, e destaco o
crescimento que vêm tendo no que
se refere à familiarização, compreensão e uso de conhecimentos do
universo pedagógico. Eles estão cada
vez mais cientes de que é fundamental uma boa formação, para poder
dar uma bela contribuição à educação das crianças e dos jovens que
lhes serão confiados».
Juvenato
La Salle Fátima
Marcelo José Lenz
Caros leitores, quero descrever-lhes, em poucas palavras, a caminhada de um jovem vocacionado
no Juvenato La Salle Fátima.
O nosso objetivo aqui no
Juvenato é conhecer cada vez mais
a vida de São João Batista de
La Salle. A cada dia que passa
conseguimos enxergar melhor a
vida de um educador lassalista,
e nossos melhores e mais claros
30
exemplos para tal são os nossos
Irmãos Formadores.
Basicamente nossa caminhada
de crescimento no Juvenato, em seguimento aos passos trilhados por
La Salle, é constituída pelos seguintes elementos: a convivência fraterna, o relacionamento entre os colegas,
a busca do saber, a conquista da
responsabilidade, a aquisição dos
valores que Cristo nos deixou e o
discernimento de nossa vocação.
Desde que aqui chegamos, no
ano passado, conseguimos dar uns
bons passos em nossa caminhada de Juvenista. Destaco a interação
e a convivência entre os colegas,
e o discernimento vocacional.
Este discernimento depende do
apoio da família, dos Irmãos e dos
amigos, mas essencialmente de cada
um de nós mesmos. Sem ajuda,
ninguém consegue chegar a lugar
nenhum, contudo, sem o esforço
pessoal e entrega radical tampouco avançamos.
Jovem, se você gosta de brincar, estudar e orar, se você é
batalhador e deseja se engajar na
luta por um mundo melhor, mais
justo, fraterno e verdadeiro, venha
para o Juvenato, vale a pena.
Nº 42 - junho/2005 - Ano XXI
Pré-Postulado La Salle - Ananindeua/PA
Irmãos Silésio e Felipe, fsc - Responsáveis pela Formação
Introdução
Aqui seguem as
novidades, inovações
e manifestações de
vida do Pré-postulado La Salle Ananindeua. As atividades formativas do
Centro de Formação La
Salle iniciaram no dia 31 de janeiro
com a chegada de quatro prépostulantes animados, e um pouco
de saudade da família. O Pré-postulando é a etapa que antecede o
Postulado. Pré-postulantes são
jovens que concluíram o Ensino Médio e, durante este, foram acompanhados pelo promotor vocacional.
Agora estão fazendo uma primeira
experiência de vida enquanto
formandos lassalistas, relatando suas
primeiras impressões sobre o trabalho pastoral, vida comunitária, estudos acadêmicos e outros.
Como Irmãos, queremos afirmar
nosso compromisso, principalmente
com a juventude, de empenhar-nos
no serviço educativo em suas diferentes expressões. A cada momento
que passa, a cada
nova experiência, percebemos o
quanto é importante estar em sintonia
com as conquistas que se fazem no
mundo da ciência e da técnica, sem
esquecer, contudo, a primazia da
pessoa humana. A atenção e a dedicação caracterizam o nosso “ser
lassalistas no mundo de hoje”.
Nosso trabalho com os jovens
vem se concretizando com a
característica própria da PJ: o
protagonismo juvenil. É com a juventude que caminhamos e partilhamos sonhos e projetos. A cada dia
que passa, conquistamos novos espaços e descobrimos o valor do “ser
agente de transformação em nossa
sociedade”. A crescente consciência de “fazer a diferença” e encarar a
31
vida com otimismo e determinação
fazem com que nossos jovens despertem e assumam o seu papel na
Igreja e na sociedade.
Estamos com vocês e continuaremos esta partilha de nossos sonhos e conquistas com muita alegria
e singeliza de coração.
Eis a partilha das primeiras experiências dos pré-postulantes na
casa de formação:
Convivência
com os Irmãos
Pré-postulante Cláudio Pereira da Silva
A comunidade dos Irmãos dispõe-se a receber-te com os braços
abertos, assim como
o coração de Cristo,
que amou a todos sem
reservas. Amar a missão é estar sempre
dispostos a servir a
todos com carinho e
simplicidade.
A vivência entre
Irmãos, visitantes e
colaboradores é de
muita alegria, pois
procuramos ver no
outro a imagem e a
semelhança do próprio Cristo. Amar a
32
Vida é ser irmão dos pobres, para os
pobres. Quando estamos com os
Irmãos, suas presenças nos
fortalecem naquilo que queremos
para nós e para os que estão ao
nosso redor, na intenção de sempre
servir e amar a todos.
E a missão, então! É essa que
nos dá mais coragem em querer
seguir como Irmão Lassalista. É com
essa missão que vamos estar nos
realizando como seguidores de Jesus. É com ela que vamos formar
cristãos capazes de amar o outro
como a si mesmos.
A missão de educar vai mudando a situação de nossa sociedade
que está sendo usada como instru-
Pré postulante Cláudio em atividades pastorais e
reforço escolar, na ocupação Antonio Conselheiro.
Nº 42 - junho/2005 - Ano XXI
mento dos nossos “senhores das
leis”, que afirmam precisarmos saber pouco para evitar que, um dia,
sejamos mais conscientes através
da Educação. E a verdadeira missão
do Lassalista é essa: educar para
buscar meios de transformar a
sociedade.
Continuar a missão de La Salle é
dar esperança às pessoas que Deus
coloca junto a nós, pois seu amor é
maior que qualquer dimensão que já
veio a existir.
É com esse pensamento de servir, estar a serviço dos humildes, que
sempre estou me colocando nas
mãos do Cristo, que veio a sofrer
por mim, para que possa me conduzir nos caminhos da plenitude do
amor, sem medidas e nos caminhos
certos da vida. Amar os humildes é
amar a Deus no simples dever de
sempre amar com humildade,
carinho e respeito.
Descobertas através
da Leitura Espiritual
Pré-postulante André Carlos dos S. Oliveira
Olá, amigos leitores da revista
Vem e Segue-me! Quero partilhar
um aspecto importante na minha vida
de formando Lassalista: A leitura
espiritual. Atualmente estou lendo o
livro de Leonardo Boff “Saber cuidar: Ética do Humano, Compaixão
pela Terra”, que retrata o “mito do
cuidado”, como modo de ser essencial, tendo presente que cuidar é
mais que um ato, é uma atitude própria, singular do ser humano.
Sabendo da necessidade do
cuidado com tudo, ou seja, com a
natureza, com Deus, com os amigos,
é fundamental refletir antes de agir;
procurar saber se estou crescendo
Meu caro irmão, a tua
vida é bela e maravilhosa.
Entrega-te a amar e servir a
Deus pelos irmãos. Ele tem
algo maravilhoso para o teu
coração. Deus te ama acima
de tudo!
“Que alegria, irmãos,
podermos já sentir e viver
como os pobres. Confiamos
no Senhor.”
Pré-postulante André Carlos, com atividades
pastorais na ocupação Antonio Conselheiro.
33
nas opções que faço; se vou machucar alguém ou não; se aproveito o
máximo esta leitura que partilho com
meu grupo de Pré-postulado nas
aulas formativas com Irmão Miguel
Freitas; se faço esta ligação do cuidado com as crianças do reforço
escolar na comunidade Antônio
Conselheiro; se cuido bem da nossa
casa para sentirmo-nos bem e quem
vem nos visitar sentir-se cuidado e
acolhido... A cada dia sentimos a
importância desta atitude de cuidar
de si próprio e do outro, por ver no
ser humano a imagem e semelhança
do Criador. Sem esta dimensão do
cuidado, deixamos de ser humanos.
Portanto, o cuidado tem uma dimensão teórica, mas é acima de tudo
prática.
Portanto, tendo presente esta
leitura partilhada, gostaria de afirmar
e re-afirmar que o cuidado é indispensável no ser humano, ou seja,
precisamos cuidar para ser cuidados. Obrigado pela sua atenção e na
próxima revista continuaremos. O
meu abraço fraterno e que São João
Batista de La Salle nos ajude a ter
este cuidado uns com os outros.
Vida e Missão
Pré-postulante Adeilson Pereira de Almeida
Olá, caros amigos e leitores da
revista Vem e Segue-me. É com
muito prazer que estou escrevendo
um pouco da minha convivência
aqui na casa La Salle e nas comunidades Antônio Conselheiro e
Ascensão do Senhor.
Hoje as pessoas estão voltadas
para as tecnologias: as máquinas fazem tudo por nós,
mas jamais substituirão a
afetividade e o cuidado
que é próprio do ser
humano. Leonardo Boff
afirma que há algo próprio
nos seres humanos que
não se encontra nas
máquinas, como o sentimento, a capacidade de
emocionar-se, de construir laços afetivos,
Atuais três Pré-postulantes: Cláudio, André e Adeilson.
chorar e sofrer.
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Nº 42 - junho/2005 - Ano XXI
Dia 31 de janeiro de 2005
iniciei como pré-postulante na casa
La Salle. No dia 2 de fevereiro
fui apresentado à comunidade
Antonio Conselheiro, na qual estou
trabalhando.
A comunidade, hoje, é habitada
por mais de trezentas famílias, a
maioria delas, pobres e vivem em
casas feitas de tábuas e enfrentam
grandes dificuldades, sendo uma
delas a falta de iluminação e água
encanada.
Como os Irmãos vêm, há tempo, trabalhando com a educação e
evangelização naquela comunidade,
tive a oportunidade de ser convidado para trabalhar na alfabetização e
no acompanhamento de crianças de
primeira e terceira séries.
Dou uma contribuição na igreja
Ascensão do Senhor, comunidade
do Uirapuru, com a pré-catequese,
na qual estou adquirindo grandes
conhecimentos na área da Pastoral
da Catequese.
Esta experiência para mim está
sendo muito rica e significante.
Estou certo de que não posso resolver ou fazer tudo, mas sinto-me
alegre em estar contribuindo para
que as pessoas daquelas comunidades tenham uma vida melhor e vivam
no amor de Jesus.
Desde já, meu agradecimento
às pessoas das comunidades e aos
Irmãos, pela oportunidade de crescimento e pelo esforço em contribuir
na construção da Igreja de Cristo.
Agradecimento
Irmão Waldemar Wollmann, fsc
Comunidade de Altamira/PA
Ó Deus Pai Criador, Deus
Filho Salvador e Deus Espírito
Santo Santificador, quero vos louvar, adorar e agradecer pelo que
fazeis cada dia por mim.
Faz sessenta anos que fiz a profissão perpétua, que orientou minha
vida até este momento. Deste momento em diante, limito minha vontade de qualquer possuir, em favor
dos pobres, dos que não têm cama,
mesa e banho... dos desempregados, dos sem terra para poderem
desenvolver seus dons inatos, imitando vossa maneira de agir, procurando viver vossa justiça.
35
Abdico ao poder pátrio e ao
direito de poder viver ao lado de
uma companheira, bela e cristã,
para ter tempo e amor em favor
dos filhos dos necessitados, dos
excluídos e injustiçados.
Renuncio ao meu poder
decisório e poder usar minha vontade como eu penso e julgo, procurando fazer a vossa na pessoa dos
Superiores da nossa Instituição de
instrução dos pobres.
Estou firmemente decidido a
permanecer nesta Congregação
dos Irmãos das Escolas Cristãs
até o fim de minha vida, para que
esta maneira de vivermos, juntos
e por associação, seja um exemplo de vida cristã, no mundo de
hoje. E sempre.
A finalidade destes Votos sempre foi a ajuda gratuita e partilhada
do saber e do ter o necessário para
todos, de modo muito cristão, para
os que não têm os meios necessários
a seu dispor.
Muito obrigado, Deus Uno e Trino.
Terminai vossa obra em mim
começada, como também vossa
obra iniciada em todos os Irmãos da
nossa Congregação.
Ajudai-me a cumprir o que prometi desdeoiníciodaVidaReligiosa.
Páscoa Jovem.
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Nº 42 - junho/2005 - Ano XXI
Missão: ouvindo os apelos de Deus, é por isso
que estou evangelizando
os preferidos do Pai:
os pobres.
Irmão Miguel Freitas, fsc
Comunidade La Salle de Ananindeua/PA
Amigo leitor. Convido-o para
um diálogo no qual irei relatar um
pouco de minha vivência aqui no
Norte e Nordeste deste nosso imenso Brasil. Perdoe-me se não consegui escrever do jeito como vivo, pois
a letra é muito diferente da vivência
emque sentimos de perto o cheiro do
pobre que nem sempre é tão agradável e florido como muitos pensam.
Mas quando vejo nestes seres humanos imagem e semelhança de
Deus, trato-os com todo carinho e
sinto o próprio Deus em cada um.
Amigo leitor, vamos continuar
nossa conversa. Pois bem, este ano
estou dando continuidade ao processo de animação vocacional do
Pará e Maranhão. Já tivemos dois
encontros.Um foi em março, por
ocasião da Páscoa, com os vocacionados de Presidente Médici/MA.
Neste encontro enfocamos o tema
«Jesus Cristo, o vocacionado do
Pai». Aproveitei a oportunidade para
celebrar a Páscoa também com meus
coirmãos lassalistas daquela cidade.
Em abril, realizamos em Zé
Doca/MA o encontrão vocacional
da Diocese, que foi orientado pela
Irmã Dilvana e por mim. Além destes
encontros que já foram realizados,
temos os seguintes: em maio de 2 a 5
visita às famílias dos vocacionados
de Carutapera e de Cândido Mendes, e que aspiram à vida religiosa
como Irmão Lassalista; de 6 a 8
encontro vocacional no Centro
Diocesano de Zé Doca. Em julho,
temos de 3 a 5 encontro vocacional
em Cândido Mendes; 8 a 10 visita e
trabalho vocacional com os juvenistas
de Uruará/PA; 29 e 31 encontrão
vocacional em Zé Doca; de 1º e 2 de
outubro retiro com os vocacionados
de Cândido Mendes, Carutapera e
Barão do Tromai em Cândido
Mendes; e de 25 a 27 retiro
vocacional em Zé Doca.
Estimados jovens, trabalho não
falta, peço a Deus muita coragem e
entusiasmo para dar conta deste trabalho que a Província me confiou,
através da promoção vocacional no
Norte e Nordeste.
Aqui na comunidade de
Ananindeua estou muito feliz e a
cada dia vou construindo a felicidade junto com meus Irmãos Silésio,
Deonizio, Felipe, e com os Prépostulantes Adeilson, Cláudio e
37
Acima: Encontro Vocacional
em Zé Doca/MA..
Ao lado: Celebrando a Páscoa,
os Irmãos Miguel Renato e Reinaldo,
em Presidente Médici/MA.
Semana La Salle, na Escola Celina del Tetto.
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Nº 42 - junho/2005 - Ano XXI
André. Trabalho com estes jovens
cheios de vida, e que estão se preparando para serem Irmãos, nas segundas com leitura espiritual, fazendo
sempre a ligação entre fé e vida.
Na escola Celina Del Tetto sou
educador de 5ª a 8ª séries. Trabalho
o Ensino Religioso com doze turmas, motivo pelo qual escolhi este
título, e pela manhã ajudo na coordenação. Sou responsável pela
Pastoral nessa escola. Estou fazendo Pós Graduação em gestão Escolar pelo IBPEX. É um curso de
extensão que no final de treze meses
dá habilitação legal nas áreas de
supervisão, coordenação e administração escolar.
Tive uma experiência inesquecível, quando educandos de 1ª a 8ª
séries, na semana de La Salle, desenvolveram diversas atividades, resgatando a pessoa de
São João Batista de La
Salle e sua contribuição na área da educação. Isto foi feito
através de poesias,
cantos, teatro, palestras, depoimentos de
pais sobre a importância dos Irmãos na escola Celina Del Tetto e
exposição de escritos
lassalistas. Foi uma experiência
enriquecedora.
Este ano, pensando em melhorar o ambiente escolar, e visando um
espaço acolhedor plantamos dez pés
de açaí. Por outro lado conseguimos
fazer uma rifa de duas agendas La
Salle, arrecadando, assim, fundos
para pintar o quiosque. Com isto
temos um espaço para melhor
desenvolver nestes educandos a
importância do ato de Ler e ao mesmo tempo criar leitores assíduos.
Amigo, por hoje é só, prometo a
você que na próxima edição continuarei a partilhar de nossas experiências do cotidiano. Obrigado por
sua atenção e até logo. Um forte
abraço. Que o Deus da vida continue nos iluminando e que tenhamos
no centro das nossas vidas o Cristo
ressuscitado.
Encontro formativo.
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Acima: Encontro vocacional em Presidente Médici/MA, por ocasião da Páscoa.
Abaixo: Encontro formativo.
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Nº 42 - junho/2005 - Ano XXI
Presença lassalista em Esperantina/PI
Postulante Rafael Magalhães - São Paulo/SP
Esperantina, cidade localizada
ao norte do Piauí a 280 km da capital
Teresina, vem se revelando fonte de
vocações, em especial vocações
lassalistas. Hoje são, dois Irmãos:
Raimundo e Roque; três postulantes:
Rafael, Sebastião e Vicente; um
juvenista: Andrevaldo, e mais alguns
jovens que nesta cidade continuam a
pedir acompanhamento vocacional.
Só pode haver algo de especial nesta cidade, não pensem que digo isso
por ser de lá, por favor! Como diriam Milton e Chico, é só debulhar o
trigo, decepar a cana, afagar a terra,
fecundar o chão, se lambuzar de mel
e se fartar de pão. Esperantina está
sendo uma manancial de vocações.
Na primeira semana de maio
deste ano (2-7), foi realizada nesta
cidade uma grande promoção
vocacional, por ocasião da renovação dos votos perpétuos do Irmão
Roque do Carmo Amorim Neto.
Dezesseis participantes entre Irmãos,
formandos, professores e ex-alunos
lassalistas estiveram em Esperantina
organizando um congresso para professores e fazendo uma grande di-
vulgação vocacional. O curso para
professores, que teve como
palestrantes os Irmãos, Roque,
Liceros, Clovis e Petry, as professoras Marli, de Pato Branco/PR, Inês,
de Botucatu/SP e a jovem Anny
Lutz, de Niterói/RJ, foi sem dúvida
um dos maiores eventos desta natureza realizados na cidade nos últimos anos. A animação esteve a cargo
do jovem Leandro Grás, de Brasília/
DF e dos postulantes. Contando
com o apoio da AMARE (Associação Para O Bem-Estar do Menor
Carente), o curso teve a adesão de
professores da região e de cidades
vizinhas e teve repercussão estadual
nos meios de comunicação. Duzentos e trinta professores receberam o
certificado de participação integral
do curso, e mais uns sessenta participaram como ouvintes. Outros mais
teriam participado se o espaço disponível tivesse sido maior. Os professores, participantes deste evento,
não “arredaram o pé” nos cinco dias
de curso (2-6/05), ficaram encantados com as palestras e a participação deles foi extraordinária.
41
No encerramento da semana de formação dos professores, os jovens integrantes da
Banda AMARE conseguiram dar um tom de festa ao evento, com uma batucada show .
42
Nº 42 - junho/2005 - Ano XXI
Irmão Roque, entre seus pais, Deuzinho e Maria das Dores,
ladeado pela Professora Maria Inês, de Botucatu/SP.
O grupo dos lassalistas que desenvolveu o trabalho em Eseperantina.
Aqui sendo recebido na casa paroquial para o almoço de confraternização.
43
O Irmão Ignácio chegou no dia
seis de maio e ainda teve tempo de
participar da solenidade de entrega
dos certificados aos professores, que
contou ainda com a participação do
prefeito da cidade, Felipe Santolia.
Este também foi o dia do aniversário
do Irmão Roque, e pra comemorar,
a banda da AMARE, formada por
jovens que lá estudam, cantou e
tocou os parabéns para ele em
diversos ritmos. Esta banda, finalmente, animou a conclusão do curso
para os professores. Os jovens
integrantes da banda conseguiram
dar um tom de festa ao evento
com uma batucada show (valeu
Banda AMARE).
Além disso, desenvolvemos um
trabalho vocacional na cidade (3-5/
05). Aí chegou a nossa vez de entrar
em cena. Participamos, nós os
postulantes Adilson, Adriano, Rafael
e Vicente, o juvenista Andrevaldo, o
Irmão Felipe (POA), e a Irmã Beatriz
(entre nós conhecida como Ir. Bia,
das Irmãs Escolares e mana do Irmão Clóvis). Passamos na maioria
das escolas da região, falando sobre
La Salle, sobre o carisma lassalista e
apresentando a vocação religiosa
como possibilidade de caminho para
aqueles jovens. Impressionou-nos a
receptividade dos alunos e a disponibilidade de nos ouvir e participar
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daquilo que era proposto. Por ser
semana de prova, algumas turmas
eram dispensadas e mesmo assim
ficavam nos esperando até que um
de nós chegasse à sala onde
estavam. Fica nosso agradecimento
e abraço a vocês alunos e um agradecimento especial à Ana Carla,
funcionária da AMARE, que ficou
encarregada de nos encaminhar às
escolas. Desses alunos, uns
quarenta participaram do encontro
vocacional na manhã do dia 7,
orientado pelo Irmão Liceros e pela
Irmã Bia. Também foi realizado um
tríduo (4-6/5) em preparação aos
votos perpétuos do Irmão Roque.
Contamos com a participação da
comunidade em geral, alunos, professores e também boa parte da
família Amorim, que por sinal é grande na cidade.
Durante essa semana foi-nos
concedido bastante espaço nas rádios locais. Aproveitamos para divulgar os eventos que realizaríamos
e convidamos a população para a
missa de renovação dos votos, no
dia 7, que seria também a culminância daquela semana tão intensa de
atividades educativas e vocacionais.
Esta missa solene, concelebrada por
três sacerdotes, foi transmitida em
rede para toda a cidade e redondezas, pelas rádios locais. Irmão Ro-
Nº 42 - junho/2005 - Ano XXI
tampada (era inevitável),
mas via-se também a sensação de alegria do dever
cumprido.
que - diante de sua cidade, de seus
familiares e amigos, diante daqueles
a quem ele influenciou e por quem foi
influenciado, diante daqueles a quem
ele acompanhou e também dos que
a ele acompanharam - professou
que queria para sempre seguir o
ideal lassalista. Neste dia a cidade
acompanhou alegre esse grande passo de um filho seu.
A missa, iniciada às 19h, teve
duração de pouco mais de duas
horas, entre celebração e homenagens. Os fiéis acompanharam
atentos cada momento como se fosse único, e realmente o era. No fim
da celebração, depois de fotos,
abraços, agradecimentos mútuos,
percebia-se no nosso semblante e
no da comunidade, a saudade es-
Muito me alegrou e
encheu de orgulho esta
semana em Esperantina,
pois todos os que foram a
essa missão, gaúchos,
paranaenses, paulistas,
fluminenses, brasilienses e
nós piauienses, percebemos que o famoso calor
dessa região, mais que simplesmente fator climático, explica-se por um
fator mais complexo: o fator humano. A acolhida, receptividade, carinho que eles manifestaram por nós,
foi algo fora do comum.
No final das contas, digno de
nota é que passamos semanas nos
preparando para fazer o melhor possível nessa cidade. Propusemo-nos
a levar o melhor de nós, e acho que
de fato o fizemos. Mas acreditamos
que aprendemos muito mais do que
podíamos ensinar e de lá trouxemos
muito mais do que levamos. Além de
lembranças, presentes que de lá recebemos, vieram também experiências de vida que por nada trocamos.
O nosso muito obrigado para o
povo de Esperantina.
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Semana de crescimento
Professor Artenis da Silva Lima
São João do Arraial/PI
Na maioria das vezes quando nos
é proposto um desafio novo, costumamos criar expectativas boas ou
ruins. Ocorreu-me que, ao vir ao “Curso de Formação Continuada para
Educadores”, que aconteceu entre os
dias 2 e 6 de maio, em Esperantina/
PI. O sentimento, pelo que tomou
conta de mim inicialmente, foi de que
o curso talvez não correspondesse,
de fato, ao que eu necessitava no
momento.
No entanto, logo de cara, este
sentimento foi sendo debilitado. Alegrou-me muito saber a procedência
dos palestrantes: diversos lugares do
país e um só ideal. Percebi que a vida
dessas pessoas é dedicada à melhoria
da educação. E o mais precioso: sempre iluminadas pela luz e sabedoria de
São João Batista de La Salle, procuram educar e evangelizar.
A cada momento, no decorrer da
semana, a riqueza das abordagens, a
profundidade das atividades realizadas e o carisma da equipe que organizou o curso, irradiaram alegria e
saber. Tudo isto iluminou-me também, e traz-me a certeza de que valeu
a pena. Acredito firmemente que a
partir deste trabalho realizado pelos
Lassalistas, em Esperantina, a minha
vida como educador se modificou de
forma notável para melhor.
Obrigado, Irmãos Lassalistas!
46
Novos escritores
Irmão Roque Amorim, fsc
Há anos tenho escrito para a
Revista Vem e Segue-me e sinto-me
satisfeito por isto. Este ano, comecei
a dar aulas de Filosofia e Educação
Religiosa, para as turmas do 1º e 2º
anos do Ensino Médio, respectivamente, no Colégio La Salle de
Botucatu/SP. E temos enfocado nas
duas disciplinas questões bem
humanistas como transcendência,
educação para a vida política, dentre outros temas que visam a formação humana dos estudantes que
comigo têm aulas. O principal método que tenho usado é o da produção
literária, ou seja, freqüentemente,
meus alunos são convidados a escrever sobre os temas abordados em
sala de aula. Sinceramente, tenho o
maior prazer em ler seus textos e
percebo que alguns deles têm facilidade para a escrita. Como foi nesta
revista que tive meus primeiros textos
publicados, gostaria de proporcionar a alguns de meus alunos a mesma
oportunidade que tive há mais de
doze anos... Por isto, nas páginas
seguintes você, leitor ou leitora, pode
conferir textos de dois jovens estudantes. Desejo uma boa leitura a
você, e a eles um bom empenho nos
seus estudos e que sigam amadurecendo na arte da escrita.
Nº 42 - junho/2005 - Ano XXI
Autotranscendência e felicidade
Bruno C. Rogani, aluno do 2º ano Colégio La Salle - Botucatu/SP
O homem é um ser aberto às
mudanças que ocorrem no mundo à
sua volta. Com isto torna-se vulnerável a ser transformado, através de
diferentes maneiras de pensar, agir,
diferentes conhecimentos e idéias que
está sujeito a presenciar e com os
quais convive no seu cotidiano.
Com toda essa variedade de conhecimentos e informações disponíveis hoje em dia, seja por meio da tv,
jornais, revistas, internet, o ser humano, na maioria das vezes, mostra-se
disposto a aprender novas habilidades, sejam elas úteis para seu trabalho, sua vida pessoal ou apenas por
lazer.
Essa capacidade que o ser humano tem de aprender coisas novas, e
aprender a lidar com certas situações, mesmo sendo muito difíceis e
complicadas quando encaradas pela
primeira vez, essa capacidade de conseguir transpor seus próprios limites,
sejam eles de natureza física, espiritual ou sentimental, isso podemos
chamar autotranscendência.
Um músico, muitas vezes, supera
seus limites de conhecimento musical
e inspiração ao compor uma canção.
Um atleta supera seus limites físicos
ao vencer uma prova ou um jogo
difícil. Uma pessoa tímida, com certeza, supera seus limites ao conseguir
fazer um discurso ou até fazer uma
simples pergunta numa palestra, pois
isso vai além da sua capacidade inicial de relacionamento com as demais
pessoas.
Cada momento de autotranscendência depende das dificuldades
que a pessoa tem que superar. Superadas as dificuldades, os momentos
de autotranscencência dão lugar a
um novo sentimento: a felicidade.
Felicidade é um sentimento difícil
de ser explicado. Este sentimento
vem à tona com freqüência quando
conseguimos realizar um objetivo, alcançar uma meta que pensávamos
ser impossível, ou quando julgávamos
não ter a capacidade para atingir a tal
meta. E isso nos traz novamente ao
significado da autotranscendência.
Assim, a felicidade está relacionada com a autotranscendência, visto
que ao conseguirmos um estado de
felicidade, a superação ou realização
de um objetivo foi concluída com
sucesso.
Podemos, pois, afirmar que a felicidade é fruto da autotranscendência.
Você sabia que existem três tipos
de transcendência?
1. A egocêntrica: a pessoa busca
melhorar a si mesma.
2. A filantrópica: a pessoa busca a melhora
da comunidade, do planeta, da humanidade.
3. A teocêntrica: por esta transcendência o
ser humano persegue um ideal religioso.
47
O futuro está em nossas mãos
Mariana Bonome - 1º ano do Colégio La Salle - Botucatu/SP e Irmão Paulo Petry, fsc
Os jovens, querendo ou não, influenciam e muito o mundo com suas
idéias, sonhos e determinação.
Muitas pessoas no mundo se dizem apolíticas. Impossível! Como uma
pessoa que vê na rua crianças pedindo dinheiro, mendigos sem casa nem
pão, pode afirmar que política não lhe
interessa? Interessa sim, e muito.
O governo, independentemente
de quem está no poder, nunca faz o
suficiente com o nosso dinheiro, além
de se beneficiar. E quem luta contra
isto? Quem luta pelos seus direitos?
Muitas pessoas nem sabem quais
são seus direitos. Seguem sugestões
que escutam por aí. Não procuram
informação. Aliás, aí está um dos
erros, a falta de informação. Por
um lado temos informação em demasia, por outro lado não a sabemos
filtrar. Falta-nos muitas vezes o
discernimento.
Podemos interagir muito com o
mundo no qual vivemos, mas o faremos melhor se buscarmos formação
e informação adequada. Nós o faremos melhor se tomarmos posições
fundamentadas, esclarecidas, pensadas, ou seja, se agirmos politicamente. Dito de outra forma, a nossa ação
transformadora será tanto mais eficaz, quanto maior for nossa vontade
48
política de acertar. Vontade polítca
podemos traduzir como a vontade de
agir em favor da pólis (do grego =
cidade), portanto a vontade de agir
em favor da cidade, da comunidade,
do povo. O mundo não está perdido,
pelo menos por enquanto, porque
ainda há pessoas que querem mudar,
que querem fazer algo pelos outros,
pessoas que lutam para melhorar o
mundo, que sabem seus direitos e
deveres políticos. Enquanto houver
homens e mulheres com vontade
política, compromisso cidadão e
sentimento cristão o mundo continuará evoluindo. Torçamos para
que este tipo de pessoas continuem
existindo sempre?
Bem, mas o que tudo isto tem a
ver com a nossa revista vocacional?
Ora, o jovem vocacionado deve ser
um jovem consciente, realista e que
queira se engajar na construção de
um mundo melhor. O vocacionado,
especialmente à vida religosa
lassalista, precisa constantemente buscar seu crescimento político, intelectual, espiritual, afetivo e social. Daí a
necessidade de uma formação adequada e da busca de informação atualizada e fundamentada.
Entra aqui a urgência da educação. Esta, junto com a informação,
Nº 42 - junho/2005 - Ano XXI
deve ajudar os jovens a
conquistar os seus direitos,
deve ajudá-los a conhecer
os seus deveres. Possuidores e conhecedores de
seus direitos e deveres, os
jovens poderão sonhar e
vislumbrar um mundo mais
humano e mais conforme a
vontade do Criador. Poderão sonhar, porque sentirão a
necessidade de se envolver
nas transformações desejadas. Poderão sonhar porque sentirão vontade de ser
protagonistas da história
que será contada amanhã.
Politizados, com boa
formação intelectual,
afetivamente resolvidos e
com uma sólida base espiritual, os jovens terão força
para lutar pelos seus direitos, terão coragem e clareza para assumir os seus
deveres, acima de tudo,
porque ainda têm esperança e sonhos. Sonham com
um mundo melhor feito não
apenas de obrigações e injustiça, mas também de direitos e paz. E é com eles
que sonhamos, por eles que
torcemos, por eles e por
todos, porque o futuro está
em suas/nossas mãos.
João de Deus
Homens como este não precisam de muitas palavras ou definições. Se falhou às vezes, acertou,
no entanto, ao aproximar a Igreja
dos pobres e dos jovens!
Foi ele quem ainda no período
da Ditadura Militar pediu Reforma
Agrária e Justiça Social. Foi ele
quem se reuniu com jovens do
mundo inteiro. Foi ele quem abriu
as portas do Vaticano ao mundo
e tentou o tempo todo abrir os
nossos corações a Deus! Foi ele
o primeiro Papa a usar tênis e a
se reunir com líderes de outras
religiões e até mesmo participar
de seus cultos. Foi ele quem
gritou «não» ao aborto e à eutanásia sem a menor preocupação
de ser chamado de conservador...
João de Deus, fica com Deus!
Nós ficamos com teu exemplo, e
com teus ensinamentos!
João de Deus fica com Deus!
E as crianças que não foram
abortadas ficam com a alegria de
vir a um mundo que teve uma
pessoa especial como você!
João de Deus fica com Deus!
E nós, Juventude Lassalista, ficamos com teu convite a não nos
deixarmos seduzir pelo prazer
fácil, pelo poder corrupto e pelo
consumismo estéril.
João de Deus fica com Deus!
Amém!
49
Ser Lassalista
Marcio Lopes Lotufo
Quando fui convidado a escrever sobre ser um ex-aluno
lassalista fiquei procurando uma
maneira de explicar isso, porém, só
após muito refletir e relembrar a
minha experiência como aluno é que
percebi que palavras não iriam nunca dizer o que sinto.
polguei e resolvi participar. Refletindo hoje sobre o passado, percebo
que o grupo me ajudou, mesmo que,
às vezes, de maneira muito sutil, a
superar alguns momentos de dificuldade da minha vida, além de promover uma ampliação da minha
consciência dos fatos.
Terminei o terceiro do ensino
médio em 2004, completando onze
anos de estudo e crescimento dentro
do Colégio La Salle de Botucatu/
SP. Em grande parte deste tempo, a
escola foi apenas aquele lugar onde
aprendia matérias novas ou fazia
novas amizades. Entretanto, isso
mudou, ou melhor, evoluiu quando
entrei no grupo da Pastoral da Juventude Lassalista (PAJULA). A
partir deste momento passei a conhecer mais profundamente o sentido de ser um jovem estudante
lassalista, e a minha participação na
escola ganhou em qualidade. Lembro-me bem do dia em que entrei no
grupo. Já havia participado de um
encontro na escola, mas não tinha
muita vontade de entrar no grupo
ainda. Porém, um dia, enquanto conversava com meu amigo Lucas, ele
falou-me sobre a PAJULA, me em-
Posso dizer que deste momento
em diante, ao passar a integrar a
PAJULA, me considero um verdadeiro Lassalista, já que foi aí que
comecei a conhecer melhor os ideais
de La Salle e a vivê-los dentro e fora
da escola. Já com este espírito
lassalista, tive a oportunidade de crescer em muitos aspectos da minha
vida e vivi momentos marcantes.
Aprendi e pude desenvolver em mim
aspectos relevantes na vida do jovem, tal como o é a responsabilidade dentro do próprio grupo da
PAJULA. Iniciei como qualquer
outra pessoa, como militante, e então, após muitos anos de trabalho,
dedicação e crescimento, fui eleito
coordenador. Com este novo compromisso empenhei-me mais ainda
pela melhora e crescimento do grupo, mas ainda não conhecia suficientemente o funcionamento do grupo.
50
Nº 42 - junho/2005 - Ano XXI
Foi aí que participei do curso para
formação de assessores, promovido pelos Irmãos Lassalistas, e me
tornei, além de coordenador, um
assessor jovem.
Mas, de todos os momentos
dentro da comunidade, o de maior
impacto na minha vida foi, com certeza, a Missão Jovem Lassalista, da
qual participei em julho de 2004. A
Missão foi de grande importância,
pois desde o momento da partida de
Botucatu ela significou para mim superação, aprendizado e um grande
conhecimento de mundo. Fomos
para o sertão do Sergipe, e lá conhecemos uma realidade completamente diferente, onde o cansaço era
sempre superado pelo espírito de
fraternidade que envolvia o grupo.
Experiência que nunca vou esquecer, além das muitas amizades que
fiz com o povo de lá e com os
colegas, professores e Irmãos
lassalistas que integraram o grupo
missionário.
E refletindo sobre tudo o que
sinto e sobre tudo aquilo que vivi,
posso dizer uma coisa: sou um exaluno do colégio La
Salle de Botucatu,
mas nunca serei um
ex-lassalista, pois carrego comigo muitos
dos ideais de La Salle.
Com certeza, quem no
passado, de fato, fez
parte ou no presente se
integra nessa grande
missão lassalista, quem
alguma vez sentiu o sabor de ser um educador
cristão, quem uma vez
experimentou o que é
educar e evangelizar,
não mais vai querer
seprarar-se da grande
Grupo de lassalistas, durante Missão Jovem no Sergipe.
Destaques: ao centro, Márcio Lotufo, autor deste depoifamília lassalista, por
mento, e no alto à direita Lucas, citado por Márcio.
mais distantequeesteja.
51
O namoro
Irmão Paulo Petry, fsc
O mais fantástico da vida é estar com alguém
que sabe fazer de um pequeno instante um grande momento.
Todos os anos comemoramos o
dia dos namorados. No Brasil isto
acontece dia 12 de junho. Em outros
países o dia dos namorados é comemorado no dia 14 de fevereiro.
Este dia celebra o amor em homenagem ao aniversário da execução de São Valentim, um padre romano
do séc. III que casava as pessoas das classes menos
favorecidas embora as leis do Imperador Claudius
II fossem contra... por este motivo 14 de fevereiro
em muitos países é o dia que simboliza o amor.
As datas mudam, mas o dia em
que muitos jovens e até menos jovens festejam a paixão, a ternura e o
amor deveria sempre nos trazer o
alerta de que é preciso pensar com
seriedade no futuro, escolher bem a
pessoa com quem se vai construir
um futuro comum. A vocação ao
matrimônio, tem no namoro uma de
suas fases preparatórias. Passando
pela experiência do namoro, os jovens podem e deveriam preparar-se
melhor, com mais consciência, prudência e vontade de acertar dentro
da vocação matrimonial, para a qual
Deus chama tantos e tantas. Como
revista vocacional, a Vem e Segueme, através dos depoimentos de
formandos e Irmãos, e através dos
52
artigos publicados, tem refletido
mutio sobre a vocação à vida religiosa e à vida sacerdotal. Nesta edição queremos destacar a importância
do matrimônio, como a vocação que
leva o jovem a formar uma família.
Todo jovem, de modo especial o
jovem cristão e o jovem que integra
nossos grupos juvenis, necessita de
uma séria e intensa preparação para
assumir o matrimônio. Se observarmos os jovens e as jovens que ingressam na vida religiosa, estes têm
uma longa etapa de formação a seguir, antes de se tornarem religiosos.
O «namoro», ou seja as diversas
etapas de formação para a vida religiosa passam pelo acompanhamento vocacional, o aspirantado ou
juvenato, o postulado e o noviciado.
Podemos até arriscar dizer que os
jovens candidatos à vida religiosa e
também à vida sacerdotal são privilegiados, pelo menos no que diz
respeito à preparação para darem
sua resposta ao chamado divino. Já
os jovens que desejam dar sua resposta ao chamado de Deus dentro
do matrimônio, por vezes carecem
Nº 42 - junho/2005 - Ano XXI
de uma preparação devida, uma preparação suficientemente longa e
esclarecedora...constantementevemos
jovens queimando etapas, mergulhando de cabeça em compromissos que finalmente não conseguirão
cumprir. Daí a urgência de a sociedade voltar a valorizar o namoro, o
noivado, como etapas preciosas,
durante as quais o jovem e a jovem
possam tranqüila e seguramente conhecer-se e planejar seu futuro comum. Futuro que possivelmente não
será apenas dos dois, e sim da prole
que deles nascer. Pensar com carinho sobre as possibilidades de futuro, planejar com cuidado os passos
a serem dados, ir se tornando íntimos, tudo isto exige algum tempo.
Daí a importância, outra vez o afirmamos, do namoro na vida do jovem que se sente chamado ao
matrimônio. Portanto, o dia dos namorados, muito mais do que um dia
para dar presentes e responder aos
apelos do comércio do mundo
consumista, deveria cada vez mais
tornar-se um dia de encontro, dia de
alegria, de festa pela chance que os
jovens têm de se conhecer, de se
aproximar, apaixonar e amar. O dia
dos namorados deveria trazer à tona,
para toda sociedade, a necessidade
que os jovens têm de se prepararem
bem para a grande vocação que é o
matrimônio. Construir relações fraternas e afetivas leva tempo. Por
isto, os jovens que desejam construir um futuro sólido e feliz, aqueles
que desejam assumir a vocação de
levar uma vida a dois, consagrando
seus dias a Deus, na construção de
um lar, deveriam comemorar não
apenas o dia dos namorados, mas
assumir um namoro suficientemente
longo e sério, que os leve ao «felizes
para sempre». É claro que para chegar a este final feliz, tanto no matrimônio, quanto em outras vocações,
o jovem encontrará dificuldades,
pedras no caminho, tropeços e quedas... contudo, nada que o impeça
de chegar lá, onde o Senhor da Vida
o chama, deseja e espera. Reconhecemos que na vida a dois, certamente, haverá momentos de convivência
difícil, por sermos humanos. No entanto, pouco a pouco podemos
aprender a amar o outro tanto com
suas qualidades como com suas limitações, com suas virtudes e os
seus defeitos, a tal ponto de conseguirmos viver para ele, buscando
sua feliciade, da qual, enfim, brotará
a nossa própria felicidade.
Ao falar desta vocação tão especial ao matrimônio, recordamos,
especialmente aos jovens, que somos todos chamados a crescer. Crescer sempre. Crescer física e
intelectualmente. Crescer social e
psicologicamente. Crescer espiritual e afetivamente. Somos todos cha53
mados a crescer no amor. Somos
chamados a conhecer e viver o amor.
Somos chamados a conhecer e assumir o verdadeiro amor, testemunhado por nosso irmão maior: Jesus
Cristo.Amorverdadeiroquepromove
a vida, avidafeliz,avidaemplenitude.
Queremos aqui partilhar com vocês
um conto (cujo autor desconhemos)
sobre a excelência do amor.
O capacete
Um casal de namorados estava
voltando da praia, desciam a serra
numa moto em alta velocidade.
A garota diz: Devagar!
Tô com medo...
O garoto: Não! é divertido!
Garota: Não, não é! Por favor,
está me assustando!
O garoto, após breve silêncio pede:
Então diz que me ama!?
Garota: Eu te amo!
Garoto: Agora me abraça forte! ...
e a garota o abraça.
Garoto: Você pode tirar meu capacete e colocar em você?
Tá me incomodando.
Quero sentir o vento no
meu rosto... e a garota
colocou o capacete.
No jornal do dia seguinte havia a
seguinte notícia: «Uma moto bateu
na serra devido à aparente perda de
freio ou problemas no motor, um
dos jovens não possuía capacete e
54
morreu na hora, o outro está hospitalizado, mas passa bem».
A verdade é que descendo a
estrada, o garoto percebeu que os
freios haviam falhado, e em seguida
não funcionavam mais, a queda era
iminente, mas ele não queria que a
garota soubesse e se desesperasse.
Ao invés disso ele fez com que ela
dissesse que o amava e sentiu seu
abraço uma última vez, e a fez colocar o seu capacete para que ela
pudesse viver, mesmo sabendo que
por causa disso ele iria morrer.
Felizes os que conseguem
amar com essa intensidade.
E você, para quem daria o capacete?
Oração
Obrigado, Senhor, por tanto nos
amar. Obrigado por nos ensinar o
que é o amor. Obrigado, Senhor,
por nos querer a ponto de nos resgatar pelo sangue do teu próprio filho,
Jesus Cristo, nosso Salvador.
Pedimo-lhe, hoje, pelos jovens estudantes de nossa escolas, pelos jovens do mundo inteiro, para que
aprendam sempre mais a amar e
serem amados. Que aprendam a
respeitar e ser respeitados. Que sejam hoje e sempre promotores da
paz e da fraternidade. E finalmente,
Senhor, ensina-nos a sermos todos
divinamente humanos, construindo
o céu já aqui na terra.
Nº 42 - junho/2005 - Ano XXI
Postulante George Santos, São Paulo/SP
Caro(a) Leitor(a) da
Vem e Segue-me.
Viva Jesus em nossos corações!
O logotipo acima: representa o
número 40 evocando, nos traços da
bandeira do Brasil, o círculo da comunhão aberto por uma cruz que
aponta para o mundo.
É com muita alegria que partilho
com você o 1º Congresso Missionário Interinstitucional, realizado de 21
a 23 de abril, no Centro Educativo e
de Assistência Social La Salle CEASLAS.
Aproximadamente 250 religiosas e religiosos que trabalham no
Brasil, de 27 nacionalidades, representantes de 70 institutos missionários, participaram do 1º Congresso
Missionário Interinstitucional, que foi
realizado em São Paulo. Entre eles,
representantes (articuladores) de
congregações missionárias que têm
compromisso com a missão ad gentes e que enviam missionários(as)
para outros países, formandos(as) e
um pequeno grupo de leigos.
O evento teve como objetivo
geral «animar a vida dos Institutos e
das Congregações missionárias para
que, a partir dos imperativos do
Vaticano II, possam delinear metas
para uma nova ética e para projetos
de ação missionária na Igreja do
Brasil». O tema abordado foi
«Releitura do Decreto Ad Gentes
após 40 anos do Vaticano II - Novos impulsos e imperativos para a
vida consagrada».
São cerca de duzentas as congregações no Brasil que enviam missionários e missionárias para o
mundo. Atualmente, são aproximadamente mil e oitocentos os religiosos brasileiros espalhados nos cinco
continentes. 80% desse total são
representados por religiosas.
55
Pessoas idôneas fizeram parte
da comissão de organização, a saber: Dom Sérgio Eduardo Castrini,
bispo de Tefé/AM, Presidente da
Comissão para a Ação Missionária
e Cooperação Intereclesial da
CNBB e Presidente do COMINA;
Irmã Maris Bolzan, Presidente da
CRB; Padre Daniel Lagni, Diretor
das Pontifícias Obras Missionárias;
Padre Guido Labonté, Diretor do
Centro Cultural Missionário e Maria
Cristina Paulek, Representante da
ArticulaçãodosMissionáriosLeigos.
A assessoria e as conferências
foram confiadas aos Padres Paulo
Suess e Edênio Valle. O primeiro é
teólogo da missão, foi presidente da
Associação Internacional de Estudos da Missão (IAMS) e hoje é
assessor teólogo do Conselho
Indigenista Missionário (CIMI) e do
Conselho Missionário Nacional da
CNBB (COMINA). O outro é psicólogo e teólogo, já foi presidente
da Conferência dos Religiosos do
Brasil (CRB) Nacional e hoje, professor na pós-graduação da PUC
de São Paulo.
Iniciamos com a equipe de
acolhimento e entrega de crachás.
Depois, o Irmão Ignácio Weschenfelder, fsc, nos acolheu, dando-nos
boas-vindas como anfitrião daquela
casa. Ele falou sobre a necessidade
da missionariedade na Igreja e sobre
56
a importância de termos um novo
ardor missionário, novos métodos e
novas expressões para a missão de
anunciar Jesus Cristo Caminho, Verdade e Vida.
Paulo Suess afirma que a identidade missionária é a identidade do
caminho. Peregrinamos no mundo
sem sermos do mundo. A peregrinação nos faz irmãos e irmãs dos
migrantes, dos sem-teto e sem-terra. Abrimos caminhos, não casas.
Somos esperança de água no tempo
de seca, esperança do pão no tempo
de fome, esperança de sentido num
mundo absurdo. Somos esperança
pela nossa presença, pelo testemunho, pelo serviço e pelo anúncio do
Reino. Somos cidadãos do Reino,
não funcionários de instituições ou
sistemas. O caminhar na utopia do
Reino constitui a forma mais radical
da partilha.
Para Suess, as circunstâncias de
guerra, miséria, doenças (Aids),
encontradas na África e em outros
países, exigem duas atitudes
missionárias que se complementam:
a da samaritana e a da denúncia
crítica. Como fazer essa segunda é
algo extremamente delicado para
quem vem de fora, mas é imprescindível. A presença do missionário
deve ser marcada pela sobriedade
Nº 42 - junho/2005 - Ano XXI
«eu», do nosso mundo e partamos
para anunciar a Boa Nova do Senhor. Desta missão não somos donos nem messias, mas somos
discípulos do Cristo Mestre.
Postulante George Santos
autor deste artigo.
de um estilo apostólico de vida pessoal e pelo esforço em não dependências de modelos e fontes
exteriores.
Edênio Valle assegura que a
missão, a evangelização, é uma oferta gratuita. Ele afirma que não vivemos em um mundo sem fronteiras,
não existe outro conceito de missão
a não ser sair de uma comunidade e
ir além-fronteiras. Ele ainda ressalva
que missão não é geografia; é humanidade.
A ação e a responsabilidade
missionária são incumbências de todo
o povo de Deus. A ida ad gentes
não é só dos institutos missionários
e/ou da vida religiosa, mas sim, da
Igreja particular do Brasil: é ela que
envia. Portanto, saiamos do nosso
A formação missionária das novas gerações é uma prioridade urgente. Cabe aqui a preocupação
com a ausência no Brasil de cursos
sólidos de Missiologia. Todas as
Universidades, que oferecem curso
de Teologia, deveriam pôr no currículo a disciplina Missiologia, para
conscientizar seus bacharelandos
sobre a necessidade da missão dentro e fora do país.
O congresso foi animado por
orações multiculturais, celebrações
missionárias, conferências de aprofundamento, grupos de reflexão e
testemunhos além-fronteiras. Várias
missionárias e missionários brasileiros que trabalharam durante décadas em países da África e Ásia tiveram
a possibilidade de transmitir um pouco de sua experiência e do significado desta para a Igreja no Brasil.
É necessário que nós, Igreja peregrina, sejamos militantes para anunciar o Evangelho em todas as partes
do mundo, a fim de executarmos o
Projeto de Deus para que, juntos,
possamos anunciar o Cristo Ressuscitado.
57
EPEL 2005
Postulante Diego Petry Melz, São Paulo/SP
Tema: Prática pedagógica lassalista
para “que a escola vá bem”.
Lema: La Salle: competência,
firmeza e ternura.
Entre os dias 26 a 28 de maio de
2005, durante o feriado de “Corpus
Christi”, foi realizado o Encontro Provincial de Educadores Lassalistas
(EPEL), no Centro Pastoral Santa Fé,
na Via Anhanguera, km 25,5,
próximo à cidade de São Paulo/SP.
Alguns postulantes tivemos a graça
de participar deste evento, que
contribuiu para a nossa formação e o
nosso crescimento pessoal. O encontro poderia ser descrito de diversas
formas, ou de diferentes pontos de
vista, de perspectivas diversas. Aqui
apresento o meu relato a partir da
ótica de um jovem formando, que
neste encontro entrou em contato
com muitos educadores lassalistas.
O EPEL 2005 teve como objetivos fazer um intercâmbio entre os
educacores lassalistas, retomar as
práticas pedagógicas lassalistas e
confrontá-las com as grandes forças
e tendências da educação, e encaminhar processos de renovação e
revigoramento das nossas instituições
para melhorar a qualificação do serviço educativo, sem deixar de lado a
fé. Participaram deste EPEL diretores, coordenadores pedagógicos,
supervisores, professores de diver58
sos segmentos escolares, Irmãos e
postulantes. Os 236 participantes vieram das comunidades de Águas Claras e Brasília/DF, Augustinópolis/TO,
Niterói/RJ, Toledo/PR, Botucatu, São
Carlos e São Paulo/SP. Infelizmente,
por diferentes motivos, as comunidades de Pato Branco/PR e Rondonópolis/MT viram-se impossibilitadas
de participar.
O EPEL 2005 foi aberto com a
palavra do nosso Provincial, Irmão
Ignácio Lúcio Weschenfelder, e do
Coordenador Geral desse evento, Irmão Israel José Nery. Logo a seguir
iniciamos a Celebração Eucarística
com a procissão de «Corpus Christi»,
presidida pelo Padre Antônio e acompanhada pelo pastor anglicano Valdir.
Todas as comunidades confeccionaram tapetes com temas lassalistas e
trouxeram para enfeitar o caminho
por onde a procissão passou.
À tarde começaram as atividades. Mas não sem antes orarmos,
cantarmos e ser feito o sorteio de
brindes que as comunidades trouxeram. Estes sorteios aconteceram durante todo o EPEL, sempre antes de
cada atividade. A equipe de animação foi coordenada pelo Irmão Paulo
Petry. Feita a animação, fomos divididos em pequenos grupos para partilharmos o tema “para que a escola
vá bem”. Lemos um texto previa-
Nº 42 - junho/2005 - Ano XXI
mente preparado pela coordenação
do EPEL, refletimos sobre este texto
e partilhamos nossas experiências,
conseguindo assim chegar ao objetivo desta atividade: «encontrar soluções para que a escola realmente vá
bem». Chegamos a algumas conclusões, das quais destacamos a doação
total do professor ao aluno, a sua
atualização constante e que o professor deve ter ternura de mãe e firmeza
de pai, sendo, ou nas palavras de
Henry Nouwen que o professor seja
«um excelente anfitrião, acolhendo
seus alunos com hospitalidade».
O segundo dia foi iniciado pelo
Irmão Paulo Petry. Ele falou sobre os
quatro pilares da educação segundo o
relatório de Jaques Delors para a
UNESCO, e, secundando João Batista Libânio, acrescentou um quinto
pilar: 1. aprender a aprender, ou a
conhecer; 2. aprender a fazer; 3.
aprender a conviver; 4. aprender a
ser; 5. aprender a discernir. A Professora Ismênia falou sobre os sete
saberes necessários à educação do
futuro: 1. a cegueira do conhecimento: o erro e a ilusão; 2. aprender a
lidar com as dúvidas; 3. ensinar a
condição humana; 4. ensinar a
identidade planetária; 5. enfrentar
as incertezas; 6. ensinar a compreensão e; 7. a ética do gênero humano.
Postulantes que participaram do EPEL 2005. Primeiro plano: Dionísio.
E-D. 1ª fila: Leonardo, Diego e Dirceu. 2ª fila,de pé: George, Éder, Sebastião e Andrei.
59
À tarde, Professor Hugo Amazonas, da UNILASALLE, nos falou
sobre os códigos da modernidade, as
tendências para o século XXI. Citou
como tendências o aumento do nível
de escolaridade, tornando a sociedade urbanizada e tecnificada, o emprego de melhores recursos nas séries
iniciais, a capacidade das pessoas
fazerem cálculos, sintetizar, interpretar e analisar textos e manejar símbolos como sendo essencial e também a
educação personalizada, em que o
professor apenas orienta o que e como
o aluno quer aprender.
As professoras Sônia e Priscila,
falaram das novas competências e
desafios do professor, das quais podemos citar o trabalho em equipe,
saber utilizar as novas tecnologias e
gerir sua formação contínua.
Depois disso foram apresentadas algumas escolas lassalistas: em
primeiro lugar Hélio Borges apresentou a UNILASALLE, de Niterói/RJ,
a seguir foi apresetnado o Colégio La
Salle, de Águas Claras/DF pelo Irmão Arno Lunkes, o Centro de Educação e Promoção La Salle, de
Augustinópolis/TO (que, apesar de
suas dificuldades vem desenvolvendo um trabalho maravilhoso), foi
apresentado pela Professora Lurdes.
Após as apresentações das escolas
lassalistas, o Irmão Roque e a
Professora Maria Inês falaram
sobre a Missão Jovem, realizada
nas férias no Sergipe.
60
No dia 28, último dia, trabalhamos em distintas oficinas: 1- Sala de
aula: um laboratório de vivência e
aprendizagem; 2- Escola lassalista,
ambiente que realmente educa; 3Formação continuada do professor;
4- Gestão: buscando novos caminhos;
5- Avaliação no processo de ensinoaprendizagem e de educação; 6Afetividade e sexualidade na prática
pedagógica lassalista; 7- Culturas juvenis e escola lassalista; 8- Leitura
prazerosa, com apoio da biblioteca para 1ª a 4ª série; 9- Disciplina escolar - liberdade com responsabilidade;
10- Escola lassalista, escola em pastoral. Cada participante optou por
uma oficina, todas voltadas para a
prática pedagógica lassalista. Esse
trabalho durou toda a manhã e foi
bastante envolvente e desafiador.
À tarde, com o discurso de encerramento, o Irmão Nery pronunciou suas palavras de incentivo e
motivação, para que levássemos à
prática do nosso dia-a-dia aquilo que
vivemos e aprendemos de novo durante o EPEL. Em seguida celebramos a missa de encerramento,
presidida pelo mesmo padre Antônio.
Já no final da missa, no momento de
ação de graças, foram entregues também os diplomas.
Para nós, Andrei, Diego, Dionísio,
Dirceu, Éder, George, Leonardo e
Sebastião, postulantes lassalistas, o
EPEL foi muito importante em nossa
formação e discernimento pessoal.
Nº 42 - junho/2005 - Ano XXI
Acompanhou-nos o Irmão Nelson
Rabuske, um dos nossos formadores.
O EPEL mostrou-nos algumas dificuldades que nos desafiarão e outras
tantas alegrias e realizações possíveis que hão de nos motivar em nossa
missão de educadores cristãos. Este
encontro foi, assim, um marco importante em nossa formação, um fator
que certamente trouxe novos elementos para nossa caminhada de futuros Irmãos Lassalistas. O EPEL,
para nós, foi mais um momento de
aquisição de experiência, pois ainda
não trabalhamos em escolas, com
exceção do George e do Sebastião.
Nós, os outros postulantes, ainda não
lecionamos, por estarmos concluindo
o Magistério. Como sabemos, sem o
diploma do Magistério não se pode,
oficialmente, dar aula. Todos já
concluimos o Ensino Médio, contudo,
faltava nos a licença para educar em
escolas. Estamos nos esforçando para
termos o direito de lecionar. Ano que
vem, já concluído nosso Curso PósMédio, assumiremos uma sala e é aí
que perceberemos mais ainda como o
EPEL 2005 foi importante para nós,
devido aos temas trabalhados, à troca
de experiências e aos incentivos que
recebemos de muitos educadores
lassalistas das nossas escolas.
Professores, formandos e Irmãos lassalistas participantes do EPEL 2005.
Centro Pastoral Santa Fé, Perus/SP - 26 a 28 de maio de 2005.
61
Vem e segue-me
na
Reflexão
62
Nº 42 - junho/2005 - Ano XXI
Se eu fosse um pintor...
Dom Carlo Ellena - Bispo da Diocese de Zé Doca/MA
“Esta carta, escrevi especialmente para as comunidades simples da nossa querida Diocese.
Irmão Miguel Teixeira de Freitas,
por ocasião do encontro
vocacional aqui em Zé Doca, de
1° a 3 de abril do corrente ano,
num diálogo bem informal, no refeitório do Centro Diocesano, pediu-me permissão para publicar
esta carta na revista vocacional
dos lassalistas: Vem e Segue-me .
Falei «se for bom para o povo de
Deus, que seja feito».”
Às vezes eu sonho com pintura
ou até mesmo de ser pintor. Quando
me acontece... fico sorrindo de mim
mesmo porque eu não sou pintor: eu,
na verdade, não consigo riscar uma
linha sequer que pareça com um
desenho decente, nem consigo realizar o desenho mais simples que até
uma criança realizaria.
Mas eu gosto de pintura e de
desenho e admiro bastante estas
obras de arte. Gosto de olhar, de
contemplar; gosto de interpretar e
de descobrir os detalhes e os pormenores das pinturas dos grandes
mestres do passado e do presente;
63
gosto de comparar esta pintura com
aquela outra que vi em outro lugar;
gosto de me encantar com as cores
e as expressões dos personagens ou
dos panoramas representados; gosto, enfim, mesmo de pintura.
Tive a graça e a oportunidade,
nos anos passados, de visitar alguns
museus importantes, na Europa e no
Brasil também. Foram horas deliciosas, que passaram tão rapidamente, e a gente se sentindo em paz com
Deus e com toda a humanidade.
Livre e sereno nos sentimos. A arte
eleva mesmo, reergue a pessoa porque a aproxima de Deus e do bem.
Quando resolvi, uns dias atrás,
escrever, na ocasião da Páscoa de
2005, mais uma carta amiga às famílias de Zé Doca, me entristeci porque, mais do que uma carta, eu
queria pintar e enviar quatro quadros ou pinturas, pintados por mim,
que, ao meu julgar ajudariam até a
entender melhor o significado da
Páscoa, que já está bem próxima.
Seriam quatro etapas de um pensamento só uma explicando e justificando a outra.
Todo mundo sabe, através do
catecismo freqüentado, usando a
própria inteligência, vivendo talvez
nos trabalhos pastorais ou simplesmente participando, como bom católico, da missa dominical e
64
escutando atentamente a Palavra de
Deus, que a Páscoa é o ponto central da nossa fé, pois é o dia da
Ressurreição de Jesus Cristo. Foi
naquele dia que nós soubemos com
certeza que Ele era e é o Filho de
Deus. Naquele dia descobrimos que
tudo o que Ele falou e fez nos anos de
sua vida era verdade absoluta e que
o jeito certo, bonito e inteligente de
se posicionar era, simplesmente, o
de ouvir, escutar e fazer o que Ele
nos disser.
Neste dia de Páscoa de 2005 eu
gostaria de estar bem perto de toda
família, católica e/ou outra denominação religiosa, da diocese de Zé
Doca, sentir o calor verdadeiro da
sua amizade e vida familiar, partilhar
sofrimentos e alegrias, projetos,
planos e esperanças; gostaria olhar
nos olhos as crianças e os jovens,
abraçar e apertar a mão dos adultos,
idosos e doentes e, com muita
estima e sinceridade, dizer: “Neste
ano a Ressurreição de Jesus te
encha o coração de paz; nesta
Páscoa Jesus te cumule de bens e
satisfaça todos os teus desejos bons;
neste dia tão bonito Jesus te faça
compreender que é tempo perdido
procurar a felicidade fora da honestidade, da bondade, da partilha...
em uma palavra por todos entendida, que é besteira procurar a paz
fora da lei de Deus”.
Nº 42 - junho/2005 - Ano XXI
1° Quadro:
O Plano de Deus
Seu eu fosse pintor... eis como
seria o meu primeiro quadro.
Ele seria grande, do tamanho de
uma parede; luminoso como quando
o sol do meio dia ilumina as coisas;
seria atravessado por um rio limpo,
de águas azuis driblando alegremente as pedras e quase sorrindo para
quem olha; na beira do rio e nos
campos abertos a perder de vista
colocaria árvores viçosas cheias de
flores e outras carregadas de frutos
de toda espécie; bem no meio desta
natureza bonita colocaria uma pessoa cheia de energia, passeando e
com toda a aparência de ser “dono”
de toda aquela beleza; colocaria,
sobretudo, um casal alegre, sorridente e de uma felicidade que parece perpassar o corpo todo: a pessoa,
que parece ser o “dono” de tudo
aquilo, estaria dum lado do rio e o
casal do outro; colocaria também
uma ponte, em formato de meio
círculo, unindo as duas beiras do rio
para os três poderem se encontrar,
se visitar e conversar como verdadeiros amigos; o céu seria azul com
algumas nuvens brancas como algodão, nada ameaçadoras de algum
perigo de chuva ou tempestade.
Já ouço dizer: “mas, senhor bispo, o senhor quer colocar muita
coisa num quadro só!”. É, mas é
porque eu não sou pintor e, mais que
a arte e a composição de um quadro,
trabalha em mim, que sou bispo, o
desejo de transmitir uma mensagem
que está dentro do meu coração.
Se você, agora, fechar os olhos
e imaginar este quadro grande...
Poderá facilmente ver representado
nele o que chamamos de «Paraíso»:
sol, luz, árvores, repouso, serenidade... água limpa, abundante e refrescante... a possibilidade permanente
de Deus pois a pessoa «dona» de
tudo e em seu pleno vigor (representa mesmo Deus) de se comunicar
com a humanidade (o casal alegre e
65
amigo de Deus) aproveitando uma
ponte que atravessa o rio e favorecendo os encontros amigáveis de
Deus com a humanidade. Poderíamos até falar da água que sempre foi
sinal da amizade entre Deus e a
humanidade.
O céu não é ameaçador, e sim é
garantia de uma manhã e de uma
tarde feliz. ...mas nem tanto.
2° Quadro:
A destruição
Bem ao lado do primeiro quadro, grande e bonito, eu gostaria
de pintar outro quadro do mesmo tamanho.
Este seria um quadro de céu
escuro e ameaçador, como o que
anuncia a tempestade ou um ciclone
ou um furacão; o céu escuro espalha
escuridão pelo quadro todo e
mostra a destruição; é o mesmo
ambiente do quadro anterior, mas as
árvores foram sacudidas, desfeitas e
quebradas; uma imensa tristeza; a
ponte aparece aos pedaços no meio
do rio, cujas águas agora são barrentas, verdadeiro lamaçal, trazendo entulhos e sujeira, e a correnteza
levando e destruindo tudo o que
encontra pela frente. Quem lembra
as ondas gigantes de alguns meses
atrás, no oceano índico, destruindo
tudo e tirando a vida de centenas de
66
milhares de pessoas, consegue talvez entender o que eu gostaria de
representar neste segundo quadro.
E Deus, «pisando forte» - como
costumamos dizer, evidentemente
aborrecido e decepcionado, estaria
se afastando da «ponte», símbolo da
fraternidade e da amizade, rejeitando e condenando a humanidade que
está do outro lado do rio gritando
por socorro; mas seus gritos ninguém mais ouve.
É a maior tristeza. É o fim de uma
obra grandiosa e bonita, que ficou
destruída pelos homens. A decepção de Deus é completa e a frustração da humanidade não tem tamanho.
Não é difícil entender que, neste
segundo quadro, que eu gostaria de
pintar, está a tragédia maior da his-
Nº 42 - junho/2005 - Ano XXI
tória da humanidade. A reviravolta,
a destruição total do grande projeto
inventado e realizado por Deus no
início da história da humanidade: ele
foi, literalmente, por água abaixo,
pela vontade do homem; soberbo,
desobediente, aproveitador e traidor da bondade de Deus... deu nisso
tudo. O que aconteceu lá, nos primeiros tempos da história da humanidade, ninguém sabe ao certo. Mas
a coisa, por ter merecido tamanho
sofrimento, destruição e castigo...
foi grande demais. Nós a chamamos
simplesmente de «pecado da origem» ou pecado original.
Em seguida a este fato entrou na
humanidade o sofrimento, a cobiça, o
desejo de ter cada vez mais e, conseqüentemente, todo desentendimento e, afinal, a guerra e a violência.
3° Quadro:
Esperança concreta
Eu pintaria um terceiro quadro,
sempre grande enorme.
Neste, a cor predominante seria
a cor rósea, cor da aurora, que
anuncia uma certa possível esperança, uma possibilidade real de superar tamanha destruição.
O quadro representaria ainda a
mesma paisagem destruída, com a
humanidade lutando e se esforçan-
do, sem conseguir, para refazer a
ponte, limpar o rio, tirar toda sujeira... e Deus também oferecendo sua
ajuda, sua colaboração, fazendo até
propostas e dando indicações para
amenizar a destruição total.
Mas, infelizmente, o quadro ficaria «na esperança», «na possibilidade», indicada pela luz de cor rósea.
Percebe-se que a humanidade
não pode dar conta de reverter a
situação, devido ao fato de que o
chão, do lado dela, não está firme,
não sustenta a cabeceira da ponte, é
simplesmente lamaçal... Depois de
lançar a ponte, o chão não sustenta
e tudo volta a desabar. Não dá
mesmo: apenas com as forças da
humanidade, não é possível superar
este entrave. Não há condição. E a
ponte é necessária para recuperar o
contato com Deus, para refazer a
amizade primitiva e voltar a «passear
à brisa da tarde», numa boa.
Na pintura dá para perceber as
diversas tentativas feitas pela humanidade ao longo dos séculos, todas
elas, porém, fracassadas. A Bíblia
Sagrada está aí para documentar
este esforço: sacrifícios, holocaustos
de touros e carneiros aos milhares,
orações, templos erigidos, gritos por
socorro e arrependimentos são narrados aos montes. Até Deus, do
67
outro lado, «de muitos modos», queria ajudá-los oferecendo possibilidades, quase lançando corda para
reconstruir e voltar à antiga amizade.
Toda vez a humanidade, depois de
uns momentos de boa vontade e de
compromisso assumido... largava o
mesmo compromisso, pelo medo,
por não acreditar, por querer fazer
do próprio jeito.
Vejamos apenas um exemplo:
no monte Sinai, Moisés e Deus chegaram a um entendimento. Em palavras muito simples, esta foi a
conclusão de certa forma assinada
pelas duas partes: «se o povo aceitar, obedecer a cumprir com dez
obrigações (mandamentos) que eu
68
vou escrever sobre a pedra... a coisa
está feita: eu serei novamente o teu
Deus e tu serás novamente o meu
povo querido». Mas... não é que,
quando Moisés desceu do monte,
tudo já tinha ido por água abaixo? O
povo, que Moisés tinha representado perante Deus lá no topo da montanha, estava louvando, na maior
louvação e na maior alegria, a um
bezerrinho de ouro, feito por eles
mesmos e reconheciam como verdadeiro Deus. Eis aí uma oportunidade que Deus ofereceu e que o
povo não aproveitou! Mais outras
oportunidades Deus ofereceu à humanidade: a Bíblia está aí como testemunha e narra tudo tin tin por tin tin.
A humanidade agüentava um
tempo, depois tudo voltava como
antes. A fraqueza humana era tamanha que não conseguia mesmo segurar um novo plano de Deus. Apenas
os gritos por socorro chegavam do
lado de lá da ponte... a distância
entre os homens e Deus era demais:
quem poderia dar um jeito nisto?
Situação desoladoraedesesperadora,
quase impossível de se resolver.
Mas há sempre um «mas» a
nosso favor, sobretudo quando se
trabalha com Deus. Nunca ninguém
desistiu, nem a humanidade, por ter
experimentado a beleza do convívio
e da amizade com Deus, muito meNº 42 - junho/2005 - Ano XXI
nos desistiu Deus, que sabia que a
humanidade feliz era a sua obra prima. Ele - a Bíblia o testemunha ouvia os gritos desesperados do povo
«envolto nas trevas», mas «esperando uma luz».
Um dia a solução - nós católicos
a chamamos de «salvação» ou «redenção» - irá acontecer. Havia, pairado no ar há séculos, uma
promessa... Quem sabe?... Quando
a humanidade não pode mais, Deus
ainda tem poder porque Ele é o todo
poderoso.
4° Quadro:
A reconstrução
E assim foi!
Chegou o dia. Mas o jeito foi
Deus esquecer e perdoar. Foi o
jeito, sem a humanidade merecer,
Ele mesmo tomar a iniciativa de salvar os homens e mulheres refazendo
e melhorando o plano inicial. Tudo
foi graça. Tudo por iniciativa gratuita
de Deus.
E aí, nasceria o meu quarto quadro... se eu fosse um pintor!
69
O problema era a cabeceira do
chão do lado dos homens, fraca,
lamacenta, podre (assim é o pecado!) e não agüenta sustentar a ponte? Pois é: Deus enviou do lado da
humanidade «uma mulher», Maria
imaculada, rocha segura e sadia, sem
pecado. Ela, única entre todos os
homens e mulheres, teve condição
de segurar e firmar o lado da humanidade para sustentar a ponte. Foi a
bondade gratuita de Deus que a
preparou para essa finalidade: na
delicadeza e aparente fraqueza dessa mulher está a firmeza de uma
natureza limpa, pura e inquebrantável. Maria dá à luz um filho, o Filho
de Deus: Ele é também sem pecado,
imaculado, forte, seguro... Ele faz
parte da humanidade, mas é também Deus: coloca-se no meio do
«rio», agüentando o lançamento
da ponte que, agora sim, pode
unir a humanidade a Deus. Aliás,
nem foi necessário lançar a ponte: ele mesmo se fez ponte
«pontifex factus est» diz a Igreja - quando morreu na cruz de
braços abertos, estendidos para
Deus e para a humanidade. A
ponte do nosso «imaginado» quadro agora tem outra feição: não é
mais parecida com um meio círculo, mas é feita de duas arcadas
e Jesus crucificado está no meio,
segurando e garantindo.
70
Assim se completa e se realiza a
obra da salvação. A humanidade
novamente pode relacionar-se com
Deus, gozar da amizade e intimidade
dele, pode ir até Ele, passando
«por Jesus Cristo nosso Senhor»
(é assim que terminam sempre as
nossas orações) e Deus volta a ser
«Aquele» amigo da humanidade.
O plano dele, apostando em Jesus,
o Filho, deu certo.
Todos entendem: foi importante
a presença de Maria no meio dos
homens em dificuldade: a imaculada
conceição dessa mulher que nunca,
em momento algum, foi essencial
para favorecer o ingresso de Jesus,
o Salvador, do lado dos homens,
segundo o desenho de Deus; foram
determinantes e indispensáveis à
paixão e morte de Jesus: foi na cruz,
de braços abertos (como apareceria
no «meu» quadro) que Ele realiza a
obra da paixão e morte de Jesus: foi
na cruz, de braços abertos (como
apareceria no «meu» quadro) que
Ele realiza a obra da salvação de
toda a humanidade: é através dele
que nós todos, eu e vocês, somos
perdoados, redimidos e readmitidos
a gozar da amizade com o Pai: fica
claro o lugar de Maria na obra da
Salvação: Maria parece mesmo ser
ela aquela que chama e convida a
humanidade (está na cabeceira da
ponte!) do mesmo jeito que a mãe
Nº 42 - junho/2005 - Ano XXI
chama os filhos abrindo os braços,
para cada um de nós ingressar na
ponte, que é Jesus, que salva e perdoa, e ir diretos ao Pai; da humanidade também, na fraqueza dela, lutou
e se esforçou para refazer o plano
inicial de Deus: foram séculos e séculos até o Pai ter piedade e enviar o
Filho: foi a nossa sorte e se tornou a
nossa salvação.
Este último quadro fala ainda
de morte: a morte de Jesus. É um
quadro cheio de sofrimentos: Jesus
que é crucificado; de João e de
Maria, que assistem, impotentes, a
morte de Jesus; sofrimento até da
natureza que também participa, do
jeito dela com trovões, terremoto,
escuridão repentina, da morte de
quem era Deus e que, com aquela
morte, estava trazendo a salvação à
humanidade.
Mas a luz que ilumina este quadro deveria ser bem mais clara, viva
e alegre. Todos nós sabemos, por
fim, que Jesus não ficou no sepulcro;
«Ele ressuscitou de verdade».
A festa de Páscoa é isso: alegria
de Jesus estar vivo, no meio de nós,
a nos salvar. É suficiente a nossa
humilde colaboração. Como realizar esta colaboração todo mundo
sabe e, se alguém ainda não está por
dentro, saberá procurar os padres,
os religiosos, ou outras pessoas da
comunidade para se inteirar melhor.
Ninguém deve ou pode se excluir ou ser excluído da Salvação
que Jesus nos mereceu e nos doou.
A Igreja existe com esta finalidade:
levar a todos a salvação de Jesus.
Assimoquadroinicial,inundado de
luz e prometendo somente o bem,
volta a brilhar como em pleno dia.
Parece até melhor e mais bonito do
que o primeiro, pois a Bíblia continua dizendo: Deus, que antigamente
fez um plano maravilhoso, soube
fazer outro mais maravilhoso ainda.
A Ressurreição
Daria vontade, neste momento,
de pintar um quadro...o da Ressurreição. Mas não vou tentar, porque
todo mundo está por dentro.
Permito-me, apenas algumas
reflexões que valem para mim que
sou bispo, para os padres, religiosos(as) e para todo cristão presente
em milhares de famílias espalhadas
nas cidades e interiores da diocese
de Zé Doca.
A história é bonita. Todos, eu
acho, a conhecem e poderiam conhecê-la melhor ainda lendo a Bíblia. Mas a coisa importante é que
nessa história minha e nossa, querendo ou não querendo, Jesus tem
algo a ver com cada um de nós. É
ilusão pensar de «não ligar» pra Ele,
de «deixar pra lá», viver como se Ele
71
nunca tivesse nascido, falado, feito
milagre e morrido para nós. Um dia,
só Deus sabe quando, todos toparemos com essa realidade e iremos ser
avaliados. Ninguém pode escapar
desse encontro ou ignorar essa história da salvação. Não pensa você
que seja melhor levar a sério esta
realidade? Que seja necessário tomar uma séria posição e aproveitar
quanto mais for possível a bondade
d’Ele? Eu acho que sim.
Então, amigo, tira um tempo para
estar mais por dentro. Tira um tempo para participar. Deus nos doa
tantos dias, meses e anos: será que
não podemos dar a Ele uma hora ao
domingo? Pensa sério. Falo em domingo porque é dia de descanso e
todos podem programar o seu tempo, junto com os familiares, para
participar da Santa Missa ou da
Celebração da Comunidade, se for
no interior. Uma hora versus... milhares de horas que o bom Deus
precisa que nós participemos da
Missa: na verdade somos nós que
precisamos dele para lhe agradecer
e viver o nosso compromisso de
Batismo. E a Missa nunca foi obrigação para ninguém. Ela sempre foi
uma necessidade para a humanidade de se encontrar com Deus, que é
também o Pai de todos.
72
Falo em Missa porque é a oração mais completa que existe: nela
encontramos os amigos cristãos da
comunidade em que vivemos; nela a
gente pede perdão junto com todos
os amigos reunidos, pois todos somos devedores; nela louvamos e
agradecemos a Deus pelos dons que
Ele sempre nos proporciona. Nela
escutamos a Palavra de Deus; nela;
Jesus volta a se sacrificar (morrer
mesmo!), não mais do jeito de 2000
anos atrás, mas de outra maneira
que nós chamamos «litúrgica» - mas
absolutamente com a mesma eficácia; nela encontramos os outros cristãos que acreditam - verdadeiros,
comunitários e discípulos - que sustentam a nossa fé (a união comunica
nossa força), dando apoio e transmitindo entusiasmo; nela podemos
até nos alimentar e sustentar com o
Corpo e Sangue de Jesus, para sermos «aqueles cristãos» que não têm
medo de ser honestos num mundo
onde está dominado a desonestidade;
que não têm vergonha de serem
verdadeiros num mundo onde muitos
enganam, fazem trapaças, exploram,
sobem na vida às custas dos outros
ou, como diz, tiram o tapete debaixo
dos pés dos outros; não têm medo
de seremsolidárioscomquemtemmenos do que elese por isso está sofrendo;
que não têm medo de partilhar com
o sofredor, o indigente... e assim
construindo a paz verdadeira.
Nº 42 - junho/2005 - Ano XXI
Falo de se encontrar na oração
com o nosso Deus. Jesus refez a
«ponte», novamente é possível (e é
necessário) falar com Deus. Não dá
mais, - e nunca deu - pra levantar de
manhã, passar o dia e deitar à noite,
sem um pensamento sequer em Deus,
sem agradecer, sem pedir perdão,
sem ... ser filho que tem um Pai. Se
fosse assim... a nossa vida seria bem
parecida à dos animais. Falando aos
caros padres, religiosos e religiosas
eu diria: precisamos favorecer mais
o encontro com Deus para o nosso
povo que freqüentemente espera de
nós este pequeno favor. E penso
mesmo na Missa, não apenas na
Missa dominical. Nossa tarefa é
evangelizar: São Paulo declarava aos
quatro cantos da terra que ele não foi
enviado a batizar, e sim a evangelizar.
Muita parte da evangelização acontece na Celebração eucarística. Nós
somos devedores deste encontro
eucarístico, pelo ministério que assumimos, ao nosso povo, antes mesmos - sem excluir de vez - de servir
socialmente o povo: a integração é
necessária, possível e salutar.
Eis aqui mais uma vez carta
do bispo para toda as queridas
famílias da diocese de Zé Doca,
na ocasião da Páscoa 2005 de
Jesus ressuscitado.
Para nós isso significa compromisso com Deus na oração e na
participação às Celebrações,
sobretudo à missa aos domingos;
significa compromisso com as
pessoas da Comunidade no respeito
e estima de todos e de cada pessoa;
compromisso com a sociedade
que queremos mais solidária, justa e
em paz, tirando todo engano, ódio,
mentira, desrespeito, desonestidade,
inveja e cobiça. A Campanha da
Fraternidade deste ano nos lembra
este desejo e compromisso da
humanidade.
Desejo, de verdade, uma
Páscoa feliz, da felicidade
que vem de Deus.
Um aperto de mão e um
abraço amigo e fraternal a todos que lerem estas palavras.
73
“O tesouro precioso”:
Uma história para ser lembrada.
Postulante Leonardo Rolim de Lima Severo - 1º ano, São Paulo/SP
Um dia um jovem estava sentado à beira da praia. Seu aspecto era
oscilante e apontava seu olhar reflexivo para as ondas do oceano. Seus
pensamentos eram levados no «vai e
vem» das ondas: cada movimento,
uma idéia nova.
O jovem nota que, ao longe, vai
aparecendo uma figura estranha que
está chegando cada vez mais perto.
Era uma senhora que aparentava
ter uma certa idade, mas que
transparecia uma jovialidade em seu
olhar, inspirava uma profunda
calma. Seu aspecto era sereno e
forte. Diante dessa situação um
silêncio se formara em meio ao som
da natureza, talvez o medo ou a
surpresa fossem causa ou até conseqüência dessa ocasião. A senhora
quebra o silêncio com uma voz
aveludada, e diz:
- Como... um caminho?
Do coração?
O olhar da senhora fita fixamente o jovem. Ela o toma pela mão e
caminha um instante com ele. Nesse
momento o coração do jovem sente
uma confiança verdadeira naquela
mulher, a mesma vai falando:
- Há um caminho que você precisa trilhar. Na vida todos temos
uma trajetória, e ao contrário do que
muitos pensam, esse caminho parte
de dentro para fora, é algo
intrapessoal, sagrado e particular.
- Qual a finalidade que me motiva para seguir esse caminho? Pergunta o garoto.
- Jovem, quero te mostrar o
caminho do coração!
O jovem fica parado e surpreende-se com tal exclamação, mas
mesmo assim indaga:
Postulante Leonardo
74
Nº 42 - junho/2005 - Ano XXI
- Dentro de cada um de nós
existe um tesouro, uma pérola preciosa. É preciso saber descobri-lo. Se
não encontrarmos essa valiosíssima
dádiva da vida, nunca saberemos
realmente quem somos, o que irá
interromper nossa relação com o
«todo». - Diz a senhora, com um
leve sorriso nos lábios.
O jovem explica:
- Durante um tempo me questionei sobre o que realmente a vida me
pedia. Agora vejo claramente que o
que eu mais procurava estava dentro
de mim.
A senhora aponta para as pegadas que estavam na areia e diz:
- Cada um tem a capacidade de
compor sua vida. Se andarmos sobre os rastros que alguém deixou na
estrada, nunca seremos sujeitos e
autores de nossa própria história. É
normal e compreensível que você se
pergunte sobre quem é você, de
onde você veio, o que está fazendo
aqui, para onde vai... Respostas para
essas perguntas você vai achar gravadas na jóia que existe dentro de
você, na pérola preciosa que a vida
generosamente lhe ofereceu.
- Como poderei encontrar esse
caminho? - Indaga o jovem.
- Há muitos caminhos, mas somente um irá levá-lo até seu tesouro.
Siga a luz da estrela que brota de
você, ela certamente irá conduzi-lo
até lá. Nunca esqueça de que levará
nessa viagem um pacote que contém
os «4 D» que fazem parte da vida, do
sonho e da luta daqueles que buscam encontrar o tesouro interior.
São quatro palavras mágicas: determinação, desprendimento, disponibilidade e disciplina.
Nesse momento a senhora dá
adeus ao jovem e vai desaparecendo em meio à bruma. Mas antes de
ir revela para ele o seu nome:
- Sou a sabedoria, o sentimento
de Deus, do Deus que mostra aos
homens o caminho e o rumo a seguir.
Eu quero que todos sejam felizes,
inclusive você. Tenha coragem e
busque com toda sua força encontrar o tesouro precioso que o levará
para a plenitude da existência.
75
O pássaro e a oração
Colaboração: Irmão Nery, fsc
Você já viu um passarinho dormindo numgalhoounumfio,semcair?
Como é que ele consegue isso?
Se nós tentássemos dormir assim, iríamos cair e quebrar o pescoço.
O segredo está nos tendões das
pernas do passarinho. Eles são
construídos de forma que, quando o
joelho está dobrado, o pezinho
segura firmemente qualquer coisa.
Os pés não irão soltar o galho
até que ele desdobre o joelho
para voar.
O joelho dobrado é o que dá ao
passarinho a força para segurar qualquer coisa.
É uma maravilha, não é?
Que desenho incrível que
o Criador fez para
segurar o passarinho.
Mas, não é tão
diferente em nós.
Quando nosso «galho» na vida
fica precário, quando tudo está ameaçado de cair, a maior segurança, a
maior estabilidade nos vem de um
joelho dobrado - dobrado em oração.
Se você algumas vezes, se vê
num emaranhado de problemas
que fazem você perder a fé, desanimar de caminhar; não caminhe mais sozinho, Jesus quer
fortalecer você e caminhar com
você por toda sua vida!
É Ele quem renova suas forças
e sua fé. E se Ele cuida assim de
um passarinho, imagina o que não
fará por você, seu filho amado!
Basta você crer.
76
Nº 42 - junho/2005 - Ano XXI
Em momento oportuno, feche
os olhos e entre num mundo sem
fronteiras materiais, sem limites reais. Sinta tudo, e perceba como você
faz parte do todo. Você faz parte do
todo harmonioso criado desde sempre pelo Senhor do Universo. Pelo
pensamento, pela meditação e pela
reflexão você pode ir onde quiser,
pode fazer o que quiser, especialmente aquilo que convem para o seu
crescimento pessoal. Não se limite!
Evolua nas suas palavras, nas suas
ações, deixe seu espírito livre, ajude
e deixe-se ajudar.
Crie, sinta, viva... Ouça o que o
mundo tem a lhe dizer, perceba com
os sentidos que o Criador lhe deu.
Contemple o universo, entre no templo mágico da natureza, e pergunte... Pergunte de coração o que quer
saber, e sinta a resposta brotar tanto
de dentro de você, quanto do ambiente que o acolhe.
Oração
A busca da felicidade pode estar sendo confundida. O mundo
moderno é um caos e isso pode estar
invertendo os valores das pessoas.
Criamos realidades que nos sufocam, e não percebemos que estamos
nelas por nossa vontade.
Assim moldaremos a melhor realidade para todos. Alguns de vocês
se perguntarão: Tudo ilusão?! Utopia?... Quem sabe! Pode ser... Mas
eu crio a minha própria realidade,
plena de realização e felicidade, e se
outros começarem a acreditar nisso,
será cada vez mais real.
Concede-nos, Senhor
do Universo, a força da criação para sermos teus cocriadores. Que com tua luz e
tua bondade possamos ser
colaboradores eficientes e
eficazes na construção do
mundo feliz, do mundo de
paz e de justiça, onde reinará
a fraternidade e onde todos
seremos irmãos. Ensina-nos,
ó mestre divino a trilhar as
tuas sendas da verdade, do
amor e da vida. Assim seja.
Pare, reflita, escolha e decida
qual caminho seguir! Ajude as pessoas a se encontrarem nas coisas
mais simples. Deixe o amor fluir, e
acredite nele. Faça a paz acontecer.
77
O frio que vem de dentro
Conta-se que seis homens ficaram presos numa caverna por causa
de uma avalanche de neve. Teriam
que esperar até o amanhecer para
receber socorro. Cada um deles
trazia um pouco de lenha e havia
uma pequena fogueira ao redor da
qual eles se aqueciam.
Eles sabiam que se o fogo apagasse todos morreriam de frio antes
que o dia clareasse. Chegou a hora
de cada um colocar sua lenha na
fogueira. Era a única maneira de
poderem sobreviver.
O primeiro homem era racista.
Ele olhou demoradamente para
os outros cinco e descobriu que um
deles tinha a pele escura. Ele
raciocinou consigo mesmo:
«Aquele negro! Jamais darei minha
lenha para aquecer um negro».
E guardou-a protegendo-a dos
olhares dos demais.
O segundo homem era um rico
avarento. Estava ali porque esperava receber os juros de uma
dívida. Olhou ao redor e viu um
homem da montanha que trazia
sua pobreza no aspecto rude do
semblante e nas roupas velhas e
78
remendadas. Ele calculava o valor
de sua lenha, e enquanto sonhava
com seu lucro, pensou: «Eu dar minha lenha para aquecer um preguiçoso, nem pensar».
O terceiro homem era negro.
Seus olhos faiscavam de ressentimentos. Não havia qualquer sinal de
perdão ou de resignação que o sofrimento ensina. Seu pensamento era
muito prático: «É bem provável que
eu precise desta lenha para me defender, além disso, eu jamais daria
minha lenha para salvar aqueles que
me oprimem». E guardou sua lenha
com cuidado.
O quarto homem era um pobre
da montanha. Ele conhecia mais do
que os outros os caminhos, os perigos e os segredos da neve. Ele pensou: «Esta nevasca pode durar vários
dias. Vou guardar minha lenha».
O quinto homem parecia alheio
a tudo. Era um sonhador. Olhando
fixamente para as brasas, nem lhe
passou pela cabeça oferecer a lenha
que carregava. Ele estava preocupado demais com suas próprias
visões (ou alucinações!?) para
pensar em ser útil.
Nº 42 - junho/2005 - Ano XXI
O último homem trazia nos vincos da testa e nas palmas calosas
das mãos os sinais de uma vida de
trabalho. Seu raciocínio era curto e
rápido. «Esta lenha é minha. Custou
o meu trabalho. Não darei a ninguém
nem mesmo o menor dos gravetos».
O bobo da corte
Padre Luiz Cechinato
“Insensato! Nesta noite morrerás.
E os teus bens, para quem ficarão?”
(Lc 12,20)
Com estes pensamentos, os seis
homens permaneceram imóveis. A
última brasa da fogueira se cobriu de
cinzas, e, finalmente apagou.
Antigamente no palácio do rei,
havia o «bobo da corte». Era um
humorista que contava anedotas e
fazia graças para divertir a corte.
No alvorecer do dia, quando os
homens do socorro chegaram à caverna encontraram seis cadáveres
congelados, cada qual segurando
um feixe de lenha.
Um dia, o rei presenteou o seu
humorista com um bastão de ouro.
E lhe disse:
Olhando para aquele triste quadro, o chefe da equipe de socorro
disse: «O frio que os matou não
foi o frio de fora, mas o frio que
brotou de dentro».
Para refletir
Não deixe que a friagem
que vem de dentro mate você.
Abra seu coração e ajude
aqueles que o rodeiam.
Não permita que as brasas da
esperança se apaguem nem que a
fogueira do otimismo vire cinzas.
Contribua com seu graveto de amor
e aumente a chama da vida
onde quer que você esteja.
- Este bastão é seu. Mas, se encontrar um bobo maior que você, entregue-lhe o bastão.
Certo dia, o bobo recebeu um
recado: «O rei está para morrer».
O bobo foi ao palácio e perguntou ao rei:
- Já escolheu o futuro chefe do tesouro?
- Escolhi.
- Nomeou o primeiro-ministro?
- Nomeei.
- Indicou o seu sucessor?
- Indiquei.
- Está preparado para entrar na vida
eterna?
- Nem pensei nisso!
- Então, tome o bastão!
79
O melhor projeto
Chiara Lubich
“Eis aqui a serva do Senhor!
Faça-se em mim segundo a tua palavra.”
Lc 1,38
Estas palavras assinalam o início
da divina aventura de Maria. O anjo
acaba de lhe revelar o projeto que
Deus lhe tinha reservado: ser mãe do
Messias. Antes de dar o seu consentimento, Maria quis certificarse de que aquela era realmente a
vontade de Deus e quando entendeu
que era isso que Deus desejava,
aderiu plenamente a esse projeto,
sem a mínima hesitação. Daí em
diante, Maria continuou abandonando-se completamente à vontade de
Deus, mesmo nos momentos mais
dolorosos e trágicos.
Por ter cumprido não a sua vontade, mas a vontade de Deus, por ter
confiado plenamente naquilo que
Deus lhe pedia, todas as gerações a
proclamam bem-aventurada (cf. Lc
1,48); e ela se realizou plenamente,
a ponto de tornar-se a Mulher por
excelência.
Com efeito, é exatamente este o
fruto do cumprimento da vontade de
Deus; realizar a nossa personalida80
de, adquirir a nossa plena liberdade,
alcançar o nosso verdadeiro ser.
Pois desde sempre nós estivemos no
pensamento de Deus; Ele nos amou
desde toda a eternidade; desde sempre temos um lugar no seu coração.
Deus quer revelar também a nós,
como fez com Maria, tudo aquilo
que Ele projetou para um de nós,
quer dar-nos a conhecer a nossa
verdadeira identidade. É como se
nos dissesse: «Quer que eu faça de
você e de sua vida uma obra prima?
Siga o caminho que eu lhe mostro e
você se tornará aquilo que desde
sempre você é no meu coração. Pois
desde toda a eternidade eu o imaginei e amei, pronunciei o seu nome.
Quando eu lhe digo a minha vontade, estou lhe revelando o seu verdadeiro eu».
É por isso que a vontade d’Dele
não é uma imposição que nos oprime; é a manifestação do seu amor
por nós, do projeto que Ele preparou para nós. A sua vontade é sublime como o próprio Deus, fascinante
Nº 42 - junho/2005 - Ano XXI
e extasiante como a sua face: é Ele
mesmo que se doa. A vontade de
Deus é um fio de ouro, uma trama
divina tecendo toda a nossa vida na
terra e mais além; vai desde a eternidade até toda a eternidade; primeiro
na mente de Deus, depois nesta terra
e enfim no Paraíso.
e de mais bonito pode existir na
nossa vida, nossa atitude não será de
resignação, de «ter que fazer» a vontade de Deus; mas será uma alegria
«poder fazer» a vontade de Deus e
seguir o seu projeto, de modo que se
realize aquilo que Ele pensou para
nós. É a coisa melhor e mais inteligente que podemos fazer.
Mas, para que o desígnio de
Deus possa cumprir-se na sua
plenitude, Deus pede a minha e a
sua adesão, tal como a pediu a
Maria. Só assim será possível
realizar a palavra que Ele pronunciou para mim, para você. Então
também nós, como Maria, somos
chamados a dizer:
As palavras de Maria «Eis aqui
a serva do Senhor» são, portanto, a
nossa resposta de amor ao amor de
Deus. Elas nos mantêm sempre orientados a Ele, numa posição de escuta, de obediência, com o único
desejo de cumprirmos a sua vontade
para sermos tais como Ele nos quer.
«Eis aqui a serva do Senhor!
Aconteça-me
segundo a tua palavra.»
É verdade que a vontade d’Ele
nem sempre é clara para nós. Assim
como Maria, também nós teremos
que pedir mais luz para entender
aquilo que Deus quer. É preciso
escutar bem a sua voz dentro de nós,
com plena sinceridade, aconselhando-nos, se necessário, com alguém
que nos possa ajudar. Porém, uma
vez compreendida a sua vontade,
queremos dar-lhe imediatamente o
nosso sim. De fato, tendo entendido
que a sua vontade é o que de maior
No entanto, às vezes pode parecer absurdo o que Ele nos pede.
Podemos achar que seria melhor
agir de outra forma, gostaríamos nós
mesmos de tomar em mãos a nossa
vida. Gostaríamos até de aconselhar
a Deus, de sermos nós a dizer-lhe o
que deve ser feito e o que não. Mas
se eu acredito que Deus é amor e se
confio n’Ele, eu sei que tudo o que
Ele predispõe na minha vida e na
vida de todos os que estão ao meu
lado é para o meu bem, para o bem
deles. Então eu me entrego a Ele,
abandono-me com plena confiança
à sua vontade, desejando-a com
todo o meu ser, a ponto de me tornar
81
«Eis aqui a serva do Senhor!
Aconteça-me
segundo a tua palavra.»
Como podemos, então, viver
esta palavra? O nosso sim à Palavra
de Deus significa concretamente
fazer bem, integralmente, a cada
momento, aquela ação que a vontade de Deus nos pede. Significa
fazer de corpo e alma aquela atividade, eliminando qualquer outra coisa,
renunciando a pensamentos, desejos, lembranças ou ações que se
referem a outra coisa.
um com ela, sabendo que acolher a
sua vontade significa acolher a Ele,
abraçá-lo, nutrir-se d’Ele.
Temos que acreditar que nada
acontece por acaso. Nenhuma ocorrência alegre, indiferenteoudolorosa,
nenhum encontro, nenhuma situação
de família, de trabalho, de escola,
nenhuma condição de saúde física
ou moral é algo sem sentido. Mas
cada coisa - acontecimentos, situações, pessoas - é portadora de uma
mensagem da parte de Deus; cada
coisa contribui à realização do desígnio de Deus, que descobriremos
pouco a pouco, dia após dia, fazendo, como Maria, a vontade de Deus.
82
Diante de cada vontade de Deus,
seja ela dolorosa, alegre ou indiferente, podemos repetir: «Aconteçame segundo a tua palavra» ou, como
Jesus nos ensinou no «Pai -nosso»:
«seja feita a vossa vontade». Digamos isso antes de cada ação nossa;
«Aconteça», «Seja feita». E estaremos compondo, momento após
momento, pedrinha após pedrinha,
o maravilhoso, único e irrepetível
mosaico da nossa vida que o Senhor
desde sempre imaginou para cada
um de nós.
Publicado em:
http://www.lo.unisal.br/nova/site_pastoral/
mensagens/pmensagem.htm
Nº 42 - junho/2005 - Ano XXI
Mãe terra
Irmão Miguel Teixeira de Freitas, fsc
Até quando Senhor,
seu povo vai agüentar,
vendo seus profetas que lutam por
vida, a terra com seu sangue regar?
Chico Mendes, Margarida, Padre
Josimo. Pe. Ezequiel, Dema,
Irmã Adelaide, Irmã Dorothy.
Dorothy! Oh! Dorothy!
Será que vale a pena morrer,
se temos uma imensa burocracia,
fachada para a impunidade!
Mesmo assim sinto-me feliz porque
sei que sua morte não foi em vão.
Dorothy, minha irmã, minha amiga,
companheira de luta da
transamazônica.
Lembro muito bem de você
quando eu estava fazendo o
juvenato em Altamira. Você ia nos
visitar. Passávamos horas conversando na beira do Rio Xingu.
Este texto expressa apenas o meu
adeus ou melhor «até mais tarde».
Agora você foi plantada na terra
paraense. Em Anapú.
Ao chegar no céu, dê um forte abraço em meu pai e em minha mãe, e
diga para eles que a saudade é forte,
muito forte ainda em meu peito.
Dorothy, mais uma mártir
nestas terras sem Lei.
Quem será o próxima, IBAMA?
Quem será a próxima, INCRA?
Quem será a próxima, Fórum de
justiça de Belém do Pará?
Quem será a próxima, fazendeiro
Vitalmiro Basto de Moura?
Quem, será a próxima, fazendeiro
Laudelino Délio Fernandes?
Quem será a próxima, fazendeiro
Reginaldo Pereira Galvão?
Quem será a próxima,
pistoleiro Amair Feijoli da Cunha?
Quem será a próxima,
pistoleiro Rayfran das Neves Sales?
Quem será a próxima, pistoleiro
Clodoaldo Carlos Batista?
Quem será a próxima, madereiros?
Quem será a próxima, sojeiros?
Quem será a próxima,
grileiros de terra?
83
Até quando, Senhor,
seu povo vai agüentar
tanto sofrimento?
Quando alguém abraça a causa do
empobrecido é apagado.
Podem matar o corpo,
mas a alma jamais!
Dorothy você continua viva.
Sempre! Sempre! Sempre!
Pois «a terra é de todos».
Disse Deus a Adão:
«toma e cultiva e tira dela o teu pão»
Portanto, a terra não pertence aos
grileiros, madeireiros, fazendeiros...
Mãe terra. Mãe querida!
Te amo tanto!
Por que a ganância de ter sempre
mais ganha tanto espaço na vida de
teus filhos? Onde irmãos matam irmãos por causa de ti.
Creio que não faltas, mãe terra.
Falta mesmo é mãe partilha.
Mãe terra acolhe em teu seio os
nossos mártires e faz nascer a esperança, que é fruto da justiça, fruto da
voz do pequeno que luta para conquistar o seu espaço como sujeito de
sua história.
Mãe terra, ajuda a parir em nosso
Estado paraense, no Brasil e no mundo a mãe partilha!
84
Irmã Dorothy Stang, assassinada dia 12
de fevereiro de 2005, por defender o
direito de todos à terra, e à vida digna.
“Se o homem é feito à imagem e
semelhança de Deus, pode encontrar em si mesmo a presença de
Deus, a sua verdade, estimulando
o que de mais elevado existe na
própria alma. É claro que Deus
não está onde está o pecado, a
angústia, que deriva do pecado.
Pelo contrário, Deus está onde se
procura com sinceridade a própria salvação e a dos outros, isto
é, onde se vive na graça de Deus.
Portanto, é preciso conhecer realmente a si mesmo para chegar
àquele que nos é mais íntimo que
nós mesmos”.
Confissões de Santo Agostinho
Nº 42 - junho/2005 - Ano XXI
Ide pelo mundo
Louis Sintas, sj - in Christ, source de vie. Trad. do francês: Irmão Paulo Petry, fsc
A invenção do fogo
Muito tempo faz, às margens do
Rio Vézère, vivia numa caverna, toda
uma família chamada Cro-Magnon.
Ao longo do mesmo rio, em outras
cavernas, viviam outras famílias. Os
homens se encontravam para a colheita e para a caça. As mulheres
também se reuniam para lavar a roupa e colocar a conversa em dia.
Quanto às crianças, elas simplesmente brincavam.
Um dia, o senhor Cro-Magnon,
que decididamente era muito astuto,
inventou o fogo. Todo mundo conhecia o fogo, mas como uma catástrofe inominável. Ele sempre caía do
céu e destruía as florestas em torno.
Hoje, não era mais deste fogo que se
tratava. No fundo da sua caverna,
Cro-Magnon havia conseguido domesticar uma pequena chama, bem
tênue. Ele a fazia nascer quando
queria friccionando duas pedras uma
contra a outra, sobre o musgo seco.
Das faíscas que caíam sobre o musgo fazia surgir o fogo. Mantinha-o
aceso, ajuntando alguns galhos.
Sua esposa logo notou como se
enxergava melhor, ficava mais claro
dentro da caverna. Quando caía a
noite, ela podia continuar a trabalhar,
fazendosuaroupasdepelesdeanimais.
Ela disse ao seu marido: «Não
podemos guardar esta maravilha só
para nós. Observe, aquilo não só
ilumina, mas aquece também».
Uma tarde, convidaram os vizinhos para lhes mostrar sua pequena
maravilha. Reunidos no fundo da
caverna estavamtodosmaravilhados.
Apesardanoite, eles podiam contemplarseusrostos,eestendiamsuasmãos,
oh! certamente com muita prudência, para aquecê-las junto ao fogo.
Naquele entardecer, cada um
retornou à sua casa portando uma
pequena chama, e repetindo em voz
alta o que teria que fazer para a
chama não se apagar. A vida de
todos mudou às margens do Rio
Vézère.
Muito em breve, esta descoberta iria transformar o mundo.
Transposição
Nós, os cristãos, possuímos uma
imensa maravilha. Nós não a inventamos, nós a recebemos. Ela se chama Jesus Cristo.
Ele se apresenta à humanidade
como uma pequena chama frágil, um
bebê num estábulo.
85
Ele surgiu em nossas vidas, seja
como uma luz discreta, seja como
uma fogueira arrasadora. Em todo
caso, para todos, Ele quer ser a luz
que ilumina a vida, a luz que lhe dá
sentido. Para todos quer ser aquele
fogo que aquece o coração.
Como poderíamos conservar,
só para nós, escondido de forma
ciumenta, um benefício tão grande,
quando vemos, ao nosso redor, tantos homens e mulheres desorientados e infelizes?
Não é possível, que não sejamos todos missionários. Pois, é bem
isto, ser missionário. É partilhar com
os demais o fogo que nos faz viver.
Nossos medos
Ora, é verdade, somos como
que paralisados quando queremos
comunicar aos outros este «benefício» que recebemos. Se coloco esta
palavra entre aspas, é porque, para
muitos cristãos, a fé não é mais sentida como um benefício vivificante.
Pode haver várias razões para isto.
• A causa mais comum para o enfraquecimento de nossa fé, é o peso
de nossos hábitos. Seja individual
ou coletivamente, é bem possível
que nos tenhamos transformado
em cristãos por hábito. Isto pode
significar que, para nós, a Boa Nova
do Evangelho parece já não ter
mais nada de totalmente novo e,
86
conseqüentemente acharmos que,
também não tem mais nada de especialmente bom e novo, que mereça ser anunciado aos outros. Tão
habituados, temos dificuldades de
compreender como é que outros
não praticam a nossa fé. E o que de
bom poderíamos partilhar com eles
já que, de qualquer forma, eles
recusariam nossas propostas.
• Uma outra causa para a nossa falta
de comunicação, pode ser o fato
de que, para nós, a fé se resume a
um catecismo, a uma doutrina. Isto
seria bem mais complicado tentar
comunicar porque, intelectualmente, nós não nos sentimos à altura
para discutir doutrina.
• Uma terceira causa para o nosso
mutismo talvez possamos encontrála em nossa fatiga. No domínio da
fé, não nos sentimos mais suficientemente seguros de nada. E até
mesmo, temos ainda fé? Se ainda a
praticamos, talvez seja pela agilidade adquirida. Mas nós nos perguntamos se ainda temos fé. Se
refletirmos bem, é a dúvida que nos
invade. Como, pois, anunciaríamos aos outros, o que nós mesmos
temos dificuldades de acreditar?
• Pode ser, também, que tenhamos
identificado nossa fé com
engajamentos sociais que ela nos
levou a assumir. Temos, então,
Nº 42 - junho/2005 - Ano XXI
consciência de que somos cristãos
de esquerda ou de direita. Os outros, portanto, são considerados a
partir da ideologia com a qual identificamos nossa fé. E nós os tratamos da maneira como uma ideologia
trata os que não comungam com
ela. Os outros são considerados
como imorais, idiotas ou inimigos.
Nada nos leva a eles, a não ser
aquilo que possa ser encarado
como uma batalha a ser vencida a
qualquer preço.
E a missão,
no meio de tudo isto?
Não há dúvida entretanto, Jesus, ao deixar este mundo nos disse:
«Ide por todo mundo» para anunciar
a Boa Nova.
Esta Boa Nova, não é um conjunto de hábitos e costumes, não é
um catecismo, não é uma ideologia.
Esta Boa Nova, é unicamente Ele
mesmo, Jesus. Sim, se identificamos
a nossa confiança, a nossa fé, não
podemos fazê-lo com idéias ou alguma doutrina. Devemos identificar
nossa fé com uma pessoa viva e que
faz viver, Jesus, o Filho de Deus,
morto e ressuscitado, Salvador de
todos os homens.
Se bem que a questão vital para
nós, e para a missão que nos é
confiada, é dupla e é a seguinte:
Até que ponto eu estou convencido de que a humanidade, e
eu mesmo dentro dela, temos
necessidade de um salvador?
Até que ponto estou, eu mesmo,
maravilhado de ter encontrado a
única pessoa capaz de me salvar
e de salvar a humanidade?
Se somos capazes de responder
sim a esta dupla questão, então o
problema da missão está resolvido.
De fato, ser missionário, não é
tornar-se um agente recrutador. Não
se trata, em momento algum, de
fazer adeptos.
Ser missionário, é deixar transparecer ao mundo aquilo que constitui, doravante, nossa esperança.
Ser missionário, é tornar visível, ao
mesmo tempo, o nosso sofrimento
diante da humanidade em perdição
(o cristão não é um idealista sonhador), e a nossa alegria de ter sido
saciados por Jesus Cristo.
Este Jesus é o próprio Deus que
veio comungar da angústia dos homens em perdição e que se perdeu a
si mesmo ao morrer numa cruz. Mas
este Jesus é também o mesmo que,
ao terceiro dia, ressuscitou dos mortos e nos disse: «Lá onde estou, vós
estareis também». O caminho para ir
lá onde Ele está hoje, nós o conhecemos, é o caminho das Bemaventuranças.
87
Vem e segue-me
no
Tempo Livre
88
Nº 42 - junho/2005 - Ano XXI
A bandeira das qualidades pessoais
Colaboração: Irmão Gilmar Staub, fsc
Objetivos: Demonstrar
ao grupo seus próprios
valores e qualidades.
Buscar aprofundar o
auto-conhecimento, e
descobri quem eu sou
na verdade.
Participantes: Esta técnica pode
ser desenvolvida com qualquer número de participantes.
Tempo: Trinta minutos.
Material:
· Um cabide de roupas, ou barbante, ou ainda um pedaço de
madeira de aproximadamente 30
centímetros.
· Barbante.
· Fita adesiva.
· Papel cartão de diversas cores e
formatos, ou então retalhos de
tecido, ou folhas ofício.
· Lápis de cor, ou giz de cera,
pincéis, canetas (diversas
cores), dependendo do material
que você for utilizar (se é papel
ou tecido).
· Cola.
· Música ambiente.
Desenvolvimento:
a) O coordenador começa a reflexão a partir da narrativa da criação
do homem por Deus («Disponível
como argila» - ver texto abaixo).
b) Após um momento pessoal, pode
pedir para cada um se descrever
com suas qualidades pessoais.
c) Depois orienta o grupo para a
construção de uma bandeira das
qualidades pessoais (pode ser chamado de «móbile mágico»), onde
através do próprio nome deverão
brotar as principais qualidades de
cada um. Cada participante deverá
criar um acróstico do próprio nome
e em cada letra inicial deverá escrever uma qualidade que mais
admira em si mesmo.
Exemplo: Abaixo temos um
modelo de acróstico.
J ovem feliz (jovial)
O rganizado
E sperança
L íder (liderança)
Cada letra e qualidade deve ser
montada e enfeitada num pedaço
separado de papel cartão. Amarrar
89
as letras entre si e todos os pedaços
no cabide ou na madeira. O coordenador escolhe um participante
para que venha ao centro e se
apresente dizendo seu nome, idade
e indicando no «móbile» a sua
maior qualidade.
Porque escolheu estas cores
para a construção do seu «móbile»?
Como estou colocando a serviço do Reino de Deus as minhas
qualidades pessoais?
Ao terminar de se apresentar,
este participante escolhe outro e o
processo segue até que todos tenham terminado as suas apresentações do nome e qualidades. Ao
terminar o «móbile», deixá-lo exposto na sala de reuniões.
Análise: O coordenador poderá conduzir a análise deste exercício, avaliando as facilidades ou
dificuldades que cada um teve ao
escrever as próprias qualidades.
Poderá servir-se das seguintes perguntas para desenvolver a análise:
1. O que foi mais difícil fazer neste
exercício?
2. O que foi mais fácil?
3. O que sente ao ver seu «móbile»
exposto para que todos possam
visualizá-lo?
4. Que critérios utilizou para olhar o
«móbile» do seu colega?
5. O que mais observa no «móbile»
do outro?
90
Disponível como argila
Eu, naquele entardecer da Criação, ouvi e senti passos no jardim.
Era Ele, o Senhor da Criação. Acontece que, neste entardecer, Ele parou, e se inclinou com um olhar
carregado de AMOR. E, de repen-
Nº 42 - junho/2005 - Ano XXI
te, me juntou ao chão, a mim, pobre
e pequeno punhado de terra, e ficou
me olhando pensativo... me remexeu longamente... longamente... carinhosamente...
E então começou a amassarme: primeiro retirou de mim uma
porção de impurezas que o atrapalhavam - pedrinhas... pedacinhos de
madeira... coisas secas.
E eu fui ficando terra pura...
do seu gosto... Fez ainda outras
operações que eu não compreendi,
e nem deveria compreender: “pode,
por acaso, um vaso dizer ao oleiro;
eu entendo disso mais do que você?
(Is 29,16).
Eu nada perguntava. Oferecia
simplesmente o meu ser em disponibilidade de amor. Deixava-me fazer... Deixava que ele me fizesse...
Porque eu sabia que era obra sua. E,
que Ele transformava com AMOR...
Pouco a pouco fui tomando forma... uma forma à maneira sua, à sua
imagem!... Para que serviria eu no
futuro?... Eu não sabia... “Como a
argila nas mãos de um oleiro, assim
eu estava nas suas mãos”. (Jr 18,6)
Fui tomando forma... fui me tornando obra de Deus... “E Ele me
aplicava seu CORAÇÃO em aperfeiçoar-me, pondo cuidado vigilante
em tornar-me belo e perfeito”.
Depois, veio uma etapa difícil...
porque fui para um forno superaquecido que deu ao barro forma e
consistência... É o calor e valor de
minha vida que leva a bom termo a
obra de suas mãos, o seu SONHO
criador.
A cada vaso muito querido, Ele
dá contornos diferentes e de eternidade.
Então, eu comecei a olhar em
torno de mim... e descobria outros
vasos que suas mãos hábeis e cheias
de amor haviam amassado e modelado. Sem cansar-me, Ele havia até
mesmo refeito aqueles que não ti91
nham saído bem... Cada um tinha
sua forma e sua cor, sem dúvida,
conforme sua destinação no mundo.
Mas, do mais humilde ao mais
rico, todos eram lindos, todos bem
feitos... Ele nos tinha feito como Ele
nos queria.
“Pode, porventura, um vaso perguntar ao oleiro: porque me fizeste
assim?” “Não tem o oleiro poder
sobre o barro para fazer da mesma
argila um vaso de uso nobre e outro
de uso vulgar?” (Rm 9, 20-21)
Ó Oleiro Divino, Criador e Pai,
permite que se cumpra em mim a
obra que começaste. Seja meu projeto, o teu sobre mim. Seja o nosso
projeto, o vosso projeto sobre nós.
A PALAVRA DE DEUS
ILUMINA (JR 18,2-6)
«Levante-se e desça até a casa
do oleiro; aí eu comunicarei minha
palavra a vocês». Desci até a casa
do oleiro e o encontrei fazendo um
objeto no torno. O objeto que ele
estava fazendo se deformou, mas ele
aproveitou o barro e fez outro objeto, conforme lhe pareceu melhor.
Então veio a mim a palavra de Javé:
«Por acaso não posso fazer com
vocês, ó casa de Israel, da mesma
forma como agiu esse oleiro? Como
barro nas mãos do oleiro, assim
estão vocês em minhas mãos».
92
Canto:
Deixa-te modelar!
1. Deixa-te modelar! Tu não sabes o
que Deus fará de ti. Dá-lhe teu
coração, e permite que Ele assuma
a direção. Deixa-te trabalhar, Maravilhas há de o Pai realizar. Ele só
quer o teu bem, o que te convém.
Refr.: Nas mãos do Pai estarás, livre,
seguro, em paz! Não tenhas
medo, Ele é teu Segredo! Deus,
ninguém mais.
2. Deixa-te despojar:
Teu vazio se encherá de Sua luz.
Sem nada em ti reter,
ao Senhor entrega inteiro o teu ser!
Deixa-te libertar, e nas asas do
amor tu voarás... Deus cuidará do
que é seu: Ele te escolheu.
3. Deixa-te conduzir, e o Espírito de
Deus te levará por céu e mar sem
fim, se lhe deres todo espaço
e fores sim!
Deixa-te possuir pelo amor, que
arder fará teu coração.
Quem tua vida assim quis
Te fará feliz.
Nº 42 - junho/2005 - Ano XXI
A força de um sorriso
Colaboração: Altair de Oliveira Martins Jr, Águas Claras/DF
Havia um pequeno menino que
queria se encontrar com Deus. Ele
sabia que tinha um longo caminho
pela frente, e assim ele encheu sua
mochila com pastéis e guaraná, e
começou sua caminhada.
Quando ele andou umas três
quadras, encontrou um velhinho sentando em um banco da praça olhando os pássaros. O menino sentou-se
junto dele, abriu sua mochila e ia
tomar um gole de guaraná, quando
olhou o velhinho e viu que ele estava
com fome. Ofereceu-lhe um pastel.
O velhinho muito agradecido aceitou e sorriu ao menino. Seu sorriso
era tão incrível que o menino quis ver
de novo, então ele ofereceulhe seu guaraná.
Mais uma vez o velhinho sorriu ao menino. O menino estava
muito feliz! Ficaram
sentados ali sorrindo, comendo
pastel e bebendo guaraná pelo
resto da tarde
sem falarem um
ao outro. Quando começou a escurecer o menino estava cansado e
resolveu voltar para casa, mas antes
de sair ele se voltou e deu um grande
abraço no velhinho. O velhinho deu
o maior sorriso que o menino já
havia recebido.
Quando o menino entrou em
casa, sua mãe surpresa perguntou
ao ver a felicidade estampada em
sua face. “O que você fez hoje que o
deixou tão feliz? Ele respondeu.
“Passei a tarde com Deus”, e acrescentou: “Você sabe, ele tem o mais
lindo sorriso que eu jamais vi”.
Enquanto isso, o velhinho chegou em casa radiante, e
seu filho perguntou:
“Por onde você esteve
que o deixou tão feliz?” Ele respondeu
“Comi pastéis e tomei
guaraná, no parque,
com Deus”. Antes que
seu filho pudesse dizer
algo ele falou: “Você
sabe que ele é bem
mais jovem do que
eu pensava?”
93
A vida nos ensina
A serpente e o vagalume
Conta a lenda
que uma vez uma
serpente começou a perseguir um
vagalume. Este fugia rápido, com
medo da feroz
predadora e a serpente nem pensar
em desistir. Fugiu um dia e ela não
desistia, dois dias e nada. No terceiro dia, já sem forças o vagalume
parou e disse à cobra:
- Posso lhe fazer três perguntas?
- Não costumo abrir esse precedente para ninguém, mas já que vou te
devorar mesmo, pode perguntar.
- Pertenço à sua cadeia alimentar?
- Não.
- Eu te fiz algum mal?
- Não.
- Então, por que você
quer acabar comigo?
- Porque não suporto ver você brilhar.
A pedra
O distraído nela tropeçou.
O bruto a usou como projétil.
O empreendedor, usando-a,
construiu.
94
O camponês, cansado da lida,
dela fez assento.
Para meninos, foi brinquedo.
Drummond a poetizou.
Já David matou Golias e,
Michelângelo extraiu-lhe
a mais bela escultura.
E em todos esses casos, a diferença não esteve na pedra, mas no
homem! Não existe «pedra» no seu
caminho, que não possa ser aproveitada para o seu próprio crescimento.
Eles disseram...
“O comportamento do ser humano pleno é sempre imprevisível!
Simplesmente porque ele é livre.”
John Powell
“Algo só é impossível até que
alguém duvide e prove o contrário.”
Albert Enistein
“Se a única ferramenta que você
tem é um martelo, você tende a tratar
tudo como se fosse um prego.”
Abraham Maslow
“E se, de repente você descobrir que seu irmão é filho único?”
Millôr Fernandes
Nº 42 - junho/2005 - Ano XXI
Atenção Jovem Lassalista
Anny Rocha Lutz
• Se você está envolvido de alguma forma com a Missão Lassalista (PAJULA,
Trabalho Voluntário, Grêmio Estudantil...); • Tem entre 16 e 35 anos; • Fala
inglês, francês ou espanhol:
Prepare-se!
Começou a contagem regressiva para o
2º Encontro Internacional de Jovens Lassalistas!
Jovens da região da Espanha e Itália já estão se empenhando ao máximo para
que este encontro seja um momento de grande aprendizado, trocas de experiência e surgimento de novas idéias para juntos, continuarmos trabalhando na
Construção da Civilização do Amor! É com grande alegria que o Conselho Internacional de Jovens Lassalistas (CIJL) convida a todos para participar deste evento!
Tema: A Missão Educativa Lassalista
Data: 25 a 31 de Julho de 2006
Local: Casa Generalícia, em Roma.
Interessados, entrar em contato através dos seguintes e-mails:
[email protected] - [email protected] - [email protected]
Obs.:
• O(a) jovem interessado(a) arcará com todas as suas despesas.
• As vagas são limitadas. Caso hajam muitos interessados, será feita seleção.
95
Notícias do Centro do Instituto
Irmão William Mann (Vigário Geral) e Davide Smaldone, Coordenadores do CIJL.
Em 2006, acontecerá em Roma
o Segundo Encontro Internacional
de Jovens Lassalistas. O primeiro
Encontro Internacional de Jovens
Lassalistas foi realizado no Québec
em 2002. O Segundo Enconro realizar-se-á na Casa Generalícia, em
Roma (Itália) de 25 a 31 de julho de
2006. Este encontro com cerca de
150 Jovens Lasslistas estará reservado principalmente para jovens
lassalistas de 16 a 35 anos de
idade. O lema do encontro será:
«Missão possível (Um
sonho partilhado)» e
está baseado no tema
principal do encontro:
«A Missão Educativa
Lassalista» em todas as suas
formas e aspectos.
Esperamos que este Encontro
seja uma nova oportunidade de viver nossa fé, partilhar nossas experiências de serviço em comunidade
com os Irmãos e os Colaboradores
leigos, e de continuar nossa reflexão
sobre o futuro do Movimento Internacional de Jovens Lassalistas
(CIJL). Por esta razão animamos
vigorosamente a participação de todas as Regiões do Instituto, e estamos fazendo
esforços para assegurar que as
Regiões que
tenham dificuldades econômicas recebam
alguma ajuda
neste sentido.
Este comunicado (publicado em 14 de junho de 2005, no
site do Instituto: www.lasalle.org)
será complementado em breve (no
mesmo site) pelas duas Regiões que
estão encarregadas de organizar o
Encontro (Itália e ARLEP); os próximos comunicados deverão trazer
informações mais detalhadas de
como particpar deste encontro.
Para qualquer outra informação,
continue visitando nossa secção
Jóvenes Lasalianos de nossa página
web ou envie um e-mail para
[email protected]. Esperamos que
você partilhe esta informação com
outras pessoas e setores interessadas, e que o faça do modo mais
apropriado.
96
Nº 42 - junho/2005 - Ano XXI
Humor
Humor
or
Hum
Humor
Repetindo o tratamento
Psiquiatra para paciente bebum:
- O senhor vai parar de beber cerveja.
Durante um ano só vai beber leite.
- Outra vez, doutor?!
- O quê?!
O senhor já fez esse tratamento?
- Já. Durante os dois primeiros anos
da minha vida...
Amnésia
O cara sofria de amnésia e procurou o
médico:
- Doutor,
estou com uma terrível amnésia.
- Desde quando?
- Desde quando, o quê, doutor?
Dura lição
Gracinha
Uyfustew Kantkoçtki, meu amigo
polonês, foi ao oftalmologista.
O médico projetou na tela as letras
XYJÇFDQUIXW e perguntou:
- Você consegue ler daí?
- Ler?! Eu conheço esse cara.
Hum
or
Minha tia avó Quimi, aos 76 anos de
idade, resolveu caminhar três quilômetros por dia. Hoje ela tem 85 e
ninguém sabe onde ela está. Eu hein!?
Amor eterno
Mais de meio século de harmonia total
naquele casamento.
Ele morre e, não demora muito, ela vai
também para o céu... Lá encontra o
marido e corre até ele:
- Queriiiiidoooooo! Que bom logo te
reencontrar...
- Não vem não quem tem! O trato foi:
“Até que a morte nos separe”... Agora
VAZA!
Hu
Outra forma
Há várias maneiras de se dizer a mesma coisa.
Aprenda a se expressar, sem usar gírias e termos afins:
mo
r
Romper a fisionomia. = «Quebrar a cara».
Alongar as tíbias. = «Esticar as canelas».
Creditar o primata. = «Pagar o mico».
Deglutir o batráquio = «Engolir o sapo».
Prosopopéia flácida para acalentar bovinos. = «Conversa mole pra boi dormir».
Colóquio soporífero para gado bovino repousar. = História pra boi dormir».
Retirar o filhote de eqüino da perturbação pluviométrica = «Tirar o cavalinho da chuva».
Impulsionar bruscamente a extremidade do membro inferior
contra a região glútea de alguém. = «Dar um pé na bunda».
Aplicar a contravenção do Sr. João, deficiente físico
de um dos membros superiores = «Dar uma de João sem braço».
97
A ruminante bovina deslocou-se
para terreno sáfaro e alagadiço. =
«A vaca foi pro brejo».
É neste momento que a esposa
do suino imprime um movimento
giratório no apêndice caudal. =
«É agora que a porca torce o rabo».
Dicionário
Russo
Conjunto de árvores: Boshke
Inseto: Moshka
Piloto: Simecaio Patatof
Alemão
Abrir a porta: Destranken
Chuva: Gotascaen
Vaso: Frask
Chinês
Cabelo sujo: Chin-Champu
Descalço: Chin-Chinela
Náufrago: Chin-Chu-Lancha
Inglês
Indivíduodebomautocontrole: Auto Stop
Copie bem: Copyright
Talco para caminhar: Walkie Talkie
Japonês
Bicicleta: Kasimoto
Fim: Saka-Bo
Se foi: Non-Ta
Novo CD Lassalista
De tempos em tempos surgem novidades
que dão novo impulso e vigor a nossa
missão educativa, ao nosso trabalho
junto aos jovens, seja na Pastoral da
Juventude, seja na Pastoral Vocacional.
Assim, acaba de «nascer» o novo CD de
Canções Lassalistas e outras mais para
diversos momentos orantes. Estas canções, de inspiração lassalista (todas
em português), pretendem elevar a alma,
animar o espírito, ajudar-nos a orar e até
mesmo levar a mensagem lassalista e
cristã para os jovens e as crianças.
Acreditamos ser um instrumento muito
útil na mão dos catequistas e dos educadores.
O CD «Precioso Dom» traz arranjos,
melodias, ritmos e estilos bem variados. Podemos até afirmar que com alguma das músicas deste CD todos
conseguiremos nos identificar. O maior
sucesso, dentre as 16 canções do «Precioso Dom», até o momento é Ser
Lassalista. Esta canção foi disponibilizada no site da Província de São Paulo:
www.lasalle.org.br. Quem quiser conferir, antes de adquirir o CD, é só visitar o
site e clicar no gif animado do violão que
fica numa janelinha à direita do site.
Solicite já o CD «Precioso Dom»:
R. Sto. Alexandre, 93 - Vila Guilhermina
São Paulo/SP - CEP 03542-100
Telefone: (0xx11)6958.1444
e-mail: [email protected]
A
98
d
q
u
i
Nº 42 - junho/2005 - Ano XXI
-
Índice
Sigamos as setas ...................................................................... 2
O convite .................................................................................... 6
Crescendo como pessoa ........................................................... 8
Nossa caminhada ...................................................................... 9
Juvenato em Uruará/PA ........................................................... 14
Promover a paz é dever de todo cidadão ................................. 15
Juvenato Fátima La Salle - Carazinho/RS ................................ 18
Pré-Postulado La Salle - Ananindeua/PA ................................. 28
Presença lassalista em Esperantina/PI .................................... 38
Semana de crescimento .......................................................... 43
Novos escritores ...................................................................... 43
Autotranscendência e felicidade .............................................. 44
O futuro está em nossas mãos ................................................. 45
João de Deus .......................................................................... 46
Ser Lassalista .......................................................................... 47
O namoro ................................................................................. 49
1º Congresso Missionário Interinstitucional .............................. 52
EPEL 2005 .............................................................................. 55
Se eu fosse um pintor... ............................................................ 60
“O tesouro precioso”: Uma história para ser lembrada ............. 71
O pássaro e a oração .............................................................. 73
O frio que vem de dentro .......................................................... 75
O bobo da corte ....................................................................... 76
O melhor projeto ...................................................................... 77
Mãe terra ................................................................................. 80
Ide pelo mundo ........................................................................ 82
A bandeira das qualidades pessoais ....................................... 86
A força de um sorriso ............................................................... 90
A vida nos ensina ..................................................................... 91
Atenção Jovem Lassalista ....................................................... 92
Notícias do Centro do Instituto .................................................. 93
Humor ...................................................................................... 94
Novo CD Lassalista ................................................................. 95
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