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E-books 1. COMO LIDAR COM AS BIRRAS CRIANÇAS? DAS SANDRA HELENA PSICÓLOGA CLÍNICA PSICOTERAPEUTA DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES © 2016 PSINOVE TODOS OS DIREITOS1RESERVADOS ÍNDICE I Antes de começar… 2 II O que são birras? 3 III Em que idade acontecem? 4 IV Quando surgem? 5 V Como reagem os pais e as mães? 6 VI As birras têm consequências? 7 VII As birras aparecem em todas as crianças? 8 VIII O que os pais e as mães podem fazer? 10 IX Quando procurar ajuda profissional? 12 X Dicas para lidar com birras 14 XI Referências Bibliográficas e Leituras Aconselhadas 18 I ANTES DE COMEÇAR… A coleção Psinove E-books é composta por um conjunto de livros digitais produzidos pelos psicólogos e psicoterapeutas da Psinove. Esta coleção tem como objetivo levar até si um conjunto de estratégias úteis ao seu quotidiano, de acordo com as diretrizes mais atuais e as linhas de investigação mais credíveis. Desde já muito obrigado por nos estar a ler e decidir fazer esta caminhada ao nosso lado. Poderá encontrar toda a coleção Psinove E-books no nosso website em www.psinove.com e temos todo o gosto em receber as suas sugestões, comentários e questões. Este livro destina-se a pais, mães, educadores e todos aqueles que se encontram com a criança no momento descrito, podendo ser avós, avôs, tios, tias ou outras pessoas que desempenhem um papel importante na educação da mesma. Quando encontrar o termo pais, tenha em consideração que se refere igualmente a todos os educadores que desempenham esse papel e não somente aos progenitores. Boas leituras! A equipa Este documento encontra-se ao abrigo do Acordo Ortográfico. 2 II O QUE SÃO BIRRAS? As birras são reações tipicamente manifestadas por crianças. Podemos conhecê-las através de momentos de fúria, gritos, agitação motora exagerada (ex: atirar-se para o chão, partir e/ou atirar para longe objetos). As crianças podem apresentar estes comportamentos de forma intempestiva, brusca e sem que seja expetável. Créditos: Chirag Rathod / Foter / CC BY-SA Estas situações ocorrem, geralmente, durante ou após momentos em que seja contrariada por outros (sejam eles adultos ou outras crianças). As birras são manifestações saudáveis da criança e uma forma de exteriorizar emoções, sentimentos, receios e medos. As crianças ainda não sabem como expressar-se adequadamente como crianças que são, e apenas sabem que querem satisfazer rapidamente uma necessidade. 3 III EM QUE IDADE ACONTECEM? As birras têm contornos diferentes consoante a idade da criança. Numa criança mais pequena apresentam-se com situações, como por exemplo, atirarse ao chão, chorar, gritar, berrar, tentar agredir a causa que julga ser culpada da sua angústia. Em crianças com mais idade, pode acontecer atirar objetos para o chão, bater com a porta… As birras são um fenómeno comum em determinado estádio evolutivo da criança (com cerca de 2-4 anos) e vão diminuindo à medida que a criança cresce (por volta dos 5-6 anos), a não ser que tenha sido aprendido por ela que pode utilizar as birras para conseguir aquilo que deseja. 4 IV QUANDO SURGEM? Como já foi referido anteriormente, as birras surgem quando a criança é contrariada, quando quer conseguir algo e que, geralmente, não é importante para nós. Para a criança, estes são momentos em que terá de lidar com a frustração – podendo existir medo ou ansiedade – e são importantes para que ela aprenda a geri-la com eficácia. É criada uma tensão forte e pouco conhecida da criança que tem de ser libertada de alguma forma, neste caso, em forma de birra. As birras surgem também para ensinar o adulto que a criança precisa de regras ou de negociação em algumas áreas. Os momentos mais comuns nas birras são a hora de comer (porque não quer determinado alimento ou quer outro em seu lugar), as compras (porque quer determinado brinquedo, guloseima ou produto), a hora de dormir (porque tem medo de ter pesadelos ou quer estar mais tempo a brincar). No fundo, as crianças estão a pedir que o adulto responda a um desejo seu de forma imediata e eficaz. 5 V COMO REAGEM OS PAIS E AS MÃES? Os pais e as mães têm diversas formas de agir perante uma birra. Alguns aguardam que a criança pare de gritar e chorar e não respondem às insistências dela. Outros cedem facilmente ao pedido da criança e para que o episódio de birra termine tão rapidamente quanto se deu o seu início. Há ainda aqueles que tentam negociar com a criança e encontrar uma alternativa entre o que eles querem e o que ela deseja. A cedência, como forma de reação constante, não permite que a criança reflita acerca do seu comportamento, nem a ensina a gerir emoções, frustrações ou a adiar a satisfação dos seus desejos ou necessidades. Simplesmente leva a que a criança conclua que o modo de alcançar o que quer é gritar e espernear e que é este o comportamento mais adequado, uma vez que ninguém lhe diz o contrário. 6 VI AS BIRRAS TÊM CONSEQUÊNCIAS? Se der demasiada atenção à fúria e aos gritos (que é o objetivo da criança), ela acaba por conseguir obter o que deseja, de uma forma desadequada. Desta forma, a nossa atenção pode reforçar este comportamento. A criança quer atenção e o adulto centra-se completamente nela e na sua birra. Assim, o comportamento de birra permanece porque, para a criança, resulta num ganho de atenção. Assim, a birra acontecerá sempre que a criança pretenda a atenção do adulto. Se a criança não consegue aquilo que quer e não obtém qualquer atenção do adulto para a sua birra, o seu comportamento não teve o ganho de atenção pretendido e logo, tenderá a diminuir. 7 VII . AS BIRRAS APARECEM EM TODAS AS CRIANÇAS? As birras aparecem com mais facilidade em crianças mais agitadas, que têm dificuldades de adaptação às mudanças. Beiden e colaboradores (2008) referem que é esperado que crianças com uma Perturbação Disruptiva do Comportamento tenham birras com maior duração, frequência e intensidade, bem como maior dificuldade em recuperar das mesmas, quando comparadas a crianças sem qualquer perturbação identificada. As birras podem aparecer com mais frequência até aos 3-4 anos de idade. A partir desta idade as crianças adquirem com mais eficácia a competência da linguagem e, por isso, aprendem a utilizar as verbalizações para manifestarem o seu descontentamento. Às vezes, os pais comparam os comportamentos dos (as) filhos (as). O facto de num(a) primeiro(a) filho(a) não ter acontecido situações de birras frequentes, não impede que exista uma atitude diferente noutro(a) filho(a). O pai e a mãe são os mesmos (embora em momentos diferentes de vida) mas o(a) filho(a) é outro indivíduo. Segundo Potegal e colaboradores (2003; 2009), as birras despoletam a expressão de duas emoções: a raiva e a angústia. A raiva traduz-se em comportamentos de gritar, bater ou discutir. 8 VII Importa também salientar que as crianças sem perturbação identificada revelam mais manifestações de angústia do que de raiva, sendo que esta surge quando percebem que a angústia é ineficaz e que as suas vontades não serão satisfeitas (Potegal, Kosorok, & Davidson, 2003; Potegal et al., 2009). É muito importante compreender se algumas necessidades básicas da criança estão satisfeitas, nomeadamente, se a criança tem fome, sono ou está cansada. Estas são razões para que qualquer criança, à mínima contrariedade, despolete um comportamento de birra. 9 VIII O QUE OS PAIS E AS MÃES PODEM FAZER? Se o comportamento da criança não for demasiado grave e/ou não a colocar em risco/perigo, deve ignorá-lo. É provável que a intensidade da birra aumente, de modo a que a criança teste os limites do adulto, mas se conseguir continuamente ignorar o comportamento desajustado, este tenderá a diminuir por não ter a sua atenção. É importante o pai e a mãe perceberem quando a birra termina e voltarem a estar com a criança, dando-lhe atenção, apenas, quando a criança deixa de manifestar o comportamento de birra. Deve evitar qualquer tipo de negociação em situação de birra. Tente impor-se com calma, firmeza e consistência. Em crianças mais pequenas, podem observar-se comportamentos de agressão a si própria e/ou a outros(as). Esta forma de atuação é um modo primário de exprimir a raiva, a revolta, entre outras emoções. Muitas crianças utilizam-no antes da aquisição da linguagem. Nestes episódios, deve prender-lhe os braços e/ou as pernas apenas com a força necessária para não permitir que se magoe a si mesma e aos(às) outros(as). 10 VIII Sempre que possível deve rapidamente utilizar um modo de distrair a criança, ou seja, falar num tema diferente daquele que provocou a birra. Por exemplo, se está com a criança numa pastelaria e a birra foi provocada por um pedido recusado de mais uma guloseima, pode chamar a atenção para algo na paisagem: um animal, outra criança que passa pelo local ou mesmo um assunto que envolva uma brincadeira conjunta (entre o adulto e a criança). Se estiver num espaço familiar é aconselhado afastar-se fisicamente da criança. Nos momentos em que a criança tem comportamentos adequados, deve elogiá-la continuamente e com entusiasmo. 11 IX QUANDO PROCURAR AJUDA PROFISSIONAL? Tal como afirmado anteriormente, existe uma faixa etária em que as birras poderão fazer parte da fase de desenvolvimento da criança. Se sentir que a idade esperada para que estas birras diminuam foi atingida e não existe nenhum acontecimento na vida da criança que possa explicar a razão da permanência destes comportamentos, poderá significar que é necessário o apoio de um profissional. Alguns pais e mães verbalizam que já experimentaram uma diversidade de estratégias que resultou com outros(as) filhos(as) ou com outros(as) elementos da família. Esses pais e mães já exploraram alguma literatura profissional de modo a obterem técnicas de apoio para estas manifestações comportamentais. 12 IX Alguns destes pais têm verbalizações do tipo “Estou desesperado(a), cansado(a), não sei mais o que fazer. Já desisti. Não aguento mais… Tudo que faço não resulta. Qualquer contrariedade é suficiente para despoletar uma gritaria. Acontece todos os dias, a toda a hora. Não me apetece chegar a casa do trabalho…”. Se alguma vez já deu por si a pensar isto, não desespere. As birras podem ser constantes, intensas e generalizadas a muitas rotinas da criança e, por isso, tornam-se difíceis de controlar. Estas poderão ser algumas das razões para procurar ajuda de um(a) profissional, nomeadamente um(a) psicólogo(a) da área infantil. 13 X DICAS PARA LIDAR COM BIRRAS Persistência - é necessário algum tempo para conseguir o comportamento desejável – algumas semanas. Elogio - sempre que a criança tem comportamentos pretendidos felicite-a, elogie-a com convicção. Reflexão sobre rotinas – pense que existem algumas rotinas da dinâmica familiar que podem ser alteradas, de modo a facilitar a diminuição das birras. A título de exemplo, pode ser preciso chegar a casa e dar a refeição (jantar) imediatamente à criança - em vez de lhe oferecer outro alimento que lhe pode retirar a vontade de jantar mais tarde. Isto pode levar a que a hora da refeição seja mais tranquila porque a criança tem necessidade de saciar a sua fome e está a fazê-lo. As rotinas de resposta à fome, sono e higiene devem ser atendidas o quanto antes, pois evitarão a maior parte dos episódios diários de birras no final do dia. As figuras parentais devem ser consonantes na forma de agir a um mesmo comportamento da criança. 14 X Procurar atividades prazerosas para a criança nas saídas com a família. Deve encontrar alternativas que agradem a todos os membros da família numa atividade fora de casa, por exemplo, se quer ir a um café deve procurar um espaço que esteja perto de um parque infantil, para que todos(as) possam usufruir com prazer desse momento e não apenas esperar que a criança se sente à mesa como o pai e a mãe e, descontraidamente, permaneça no local. Avalie os comportamentos que será mais fácil modificar, para mais brevemente sentir a mudança e gradualmente diminuir os episódios de birras: do mais simples para o mais complexo. Sentir-se-á mais competente neste processo e por isso mais motivado (a). Consistência - O mesmo comportamento tem que ser tratado de igual forma, mesmo que o contexto seja alterado. Não deve ser benevolente com um determinado comportamento porque está na casa de amigos(as) e o mesmo comportamento em casa ser considerado inadequado. O pai e a mãe devem ter o mesmo grau de exigência relativamente a um determinado comportamento. É extremamente importante ser consistente. 15 X O pai e a mãe devem construir rotinas para que a criança adquira hábitos. Assim, quando o(a) filho(a) chega a casa já sabe o que é esperado e tendencialmente corresponderá às exigências familiares (tirar sapatos, tomar banho, brincar, jantar, por exemplo). Se deseja que o seu filho ou a sua filha vá tomar banho não lhe deve fazer o pedido quando este(a) está a ver o seu desenho animado preferido. O pai e a mãe são sempre um modelo para o(a) filho(a). As crianças comportam-se mais facilmente quando os veem a fazer as mesmas coisas que lhes são pedidas a elas. O modelo de ação não deve passar pela violência, deve evitar-se sempre a palmada. Para educar, deve utilizar comportamentos positivos, atitudes tranquilas, coerentes, firmes e afetivas. O uso da palavra deve ser imprescindível na educação. As instruções que dá ao seu filho ou á sua filha devem ser claras, breves e concisas. Nunca ceder - A criança nunca deve conseguir aquilo que quer através da birra. No entanto, não utilize ameaças para com a criança. Não se descontrole. Não grite. Experimente contar até 10 enquanto foca a atenção na sua respiração. Em seguida, volte ao momento difícil e procure resolvê-lo. 16 X Ofereça alternativas - Quando dá opções, a criança considera que controlou a situação, porque ela tomou a decisão. Quando uma criança quer escolher a roupa, pode-se apresentar duas hipóteses viáveis para o educador, em que a escolha é realizada pela criança. Nunca prometa algo que não conseguirá cumprir. Tenha um tempo especial com o(a) seu(sua) filho(a). Dê mais tempo útil, sem interrupções à criança. Esquecer a TV, o telemóvel ou os seus afazeres durante um breve período, será provavelmente muito importante para que a criança não necessite de birras para chamar a sua atenção. Durante esse tempo converse, brinque, jogue ou até dê cambalhotas com a criança. Não se preocupem porque estão em público, não fiquem incomodados e atuem sempre da forma que planearam agir nessa situação. Em algumas birras, o melhor é permitir que a criança exteriorize a sua raiva, dê-lhe espaço vigiado e, provavelmente esse episódio terminará. Escute sempre o que o seu filho ou a sua filha têm para lhe dizer. Ouça com calma e tranquilidade. Fale com tom de voz amigável em vez de irritado(a). Ensinar a criança a controlar o seu comportamento é um desafio que permite conhecê-la melhor e VIVÊ-LA... 17 XI REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E LEITURAS ACONSELHADAS Barkley, R.A., & Benton, C. M. (2007). Filhos Teimosos e Rebeldes. New York: Guilford Press. Biddulph, Steve (2001). O Segredo das Crianças Felizes. Queluz: Alda Editores. Edwards, C. D. (2005). Como Lidar com Crianças Difíceis. Lisboa: Sinais de Fogo. Universidade de Coimbra - Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação (2013). Birras Infantis, Estilos Educativos Parentais e Comportamentos de Punição. Ana Rita Pereirinha Gomes da Silva. Disponível em https://estudogeral.sibuc.pt/bitstream/1031623290/1/Birras%20Infantis.pdf (consultado em 10/10/2015) 18 www.psinove.com Lisboa (Sede) Avenida 5 de Outubro, Nº 23, 3º andar 1050-047 Lisboa Oeiras Avenida Infante D. 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