Protocolo 355

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Protocolo 355
AVALIAÇÃO DO MANEJO DE IRRIGAÇÃO NA
CULTURA DA ATEMOIA (ANNONA SSP.) NO
MUNICÍPIO DE IGUATU-CE
K. A. Duarte1; M. M. Pereira2; E. P. Miranda3; M. K. M. Pereira4; J. M. Souza1; G. P. Gomes4
RESUMO: O presente estudo foi realizado em uma área localizada no Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia, na cidade de Iguatu-CE e teve por objetivo avaliar o manejo da
água aplicada em um sistema de irrigação por microaspersão na cultura da atemóia (Annona SSP)
irrigada por micraspersão, com espaçamento de 4 m por 4,2 m, contendo um emissor por planta,
com uma vazão nominal de 58 L h-1e fazer um comparativo entre as lâminas aplicadas e
calculadas de irrigação. Foram determinadas a umidade do solo atual, a massa úmida e seca,
capacidade de campo, lâmina bruta aplicada e calculada. A lâmina aplicada de irrigação teve um
valor fixo de 16,11 mm, para as lâminas calculadas verificou-se que seus valores apresentaram-se
sempre superiores ao da lâmina aplicada, mostrando assim, um déficit nas irrigações do projeto.
PALAVRAS-CHAVE: Lâminas de irrigação, Atemoia (Annona SSP.)
EVALUATION OF THE MANAGEMENT OF
IRRIGATION IN CULTURE ATEMOYA (ANNONA SSP.)
IN THE MUNICIPALITY OF IGUATU-CE
SUMMARY: This study was conducted in an area located at the Federal Institute of
Education, Science and Technology in the city of Iguatu-CE and aimed to evaluate the
management of water applied in a micro sprinkler irrigation system in the culture of
atemoya (Annona SSP) micraspersão irrigated, spaced 4 m by 4.2 m, containing an
emitter per plant, with a nominal flow of 58 L h-1 and make a comparison between the
calculated water depths and irrigation. We determined the soil moisture present, the
mass of wet and dry, field capacity, blade gross applied and calculated. The lamina was
applied irrigation a fixed value of 16.11 mm, calculated for the blades was found that
their values were always above the blade applied, demonstrating a deficit in the
irrigation of the project.
KEYWORDS: Irrigation water, Atemoya (Annona SSP.)
1
Tecnóloga em Irrigação e Drenagem, IFCE-Campus Iguatu, Iguatu-CE, 0 88 9638-0580, email:
kamille_araú[email protected];
2
Tecnóloga em Irrigação e Drenagem, Mestranda em Engenharia Agrícola, DENA/UFC, Fortaleza-CE;
3
Prof. M. Sc, IFCE-Campus Iguatu, Iguatu-CE;
4
Graduanda em Tecnologia em Irrigação e Drenagem, IFCE-Campus Iguatu-CE
K. A. Duarte et al.
INTRODUÇÃO
A irrigação é uma técnica milenar que nos últimos anos vem se desenvolvendo
acentuadamente, apresentando equipamentos e sistemas disponíveis para as mais distintas
condições. A história da irrigação se confunde com a do desenvolvimento e prosperidade
econômica de um povo. As civilizações antigas tiveram sua origem em regiões áridas, onde a
produção só era possível graças à irrigação (MANTOVANI, 2002).
Na agricultura irrigada, o manejo de água nas culturas preconiza a determinação da
necessidade hídrica, formas de aplicação de água e acompanhamento da umidade na zona
radicular das plantas. O monitoramento contínuo da umidade no solo em áreas irrigadas é
importante para avaliar se a água aplicada pela irrigação está prontamente armazenando-se no
solo explorado pelas raízes ou está se transferindo por percolação (MADALÃO et al., 2004).
A escolha do método de irrigação deve ser baseada na viabilidade técnica e econômica do
projeto e nos seus benefícios sociais, devendo ser considerado, entre outros aspectos a
uniformidade de distribuição de água (BERNARDO, 2006).
O presente trabalho teve por objetivo avaliar o manejo da água aplicada em um sistema de
irrigação por microaspersão na cultura da atemóia (Annona SSP) na cidade de Iguatu-CE e
apontar possíveis causas de desperdício ou déficit de irrigações.
MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho foi conduzido em uma área de fruticultura irrigada localizada no
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) Campus Iguatu. Situada
entre coordenadas geográficas latitude 6° 22’ S, longitude 39° 18’ W e altitude 217,67 m. O
município está localizado no semiárido do Nordeste brasileiro, que de acordo com a
classificação de Köppen possui o tipo de clima BSw’h’, representando um clima muito quente,
semi-árido com estação chuvosa atrasada, com precipitação pluvial total anual de 870 mm com
predominância no verão e temperatura média anual de 27,5 °C (SUDENE, 1973).
Para a realização deste trabalho foi selecionada uma área de 0,5 ha, cultivada com Atemoia
(Annona SSP.), irrigada por micraspersão não-automatizado, com espaçamento de 4 m por 4,2
m, contendo um micro por planta com vasão de 58L h-1.
O monitoramento dos teores de umidades para determinação das lâminas de irrigação foram
realizados em campo através de coletas de amostra de solo diariamente antes da irrigação, nas
profundidades de 0-25 cm e 25-50 cm, após a coleta de cada amostra eram armazenadas em um
(backer) para em seguida ser levada ao laboratório de Solos e Água localizado próximo a área
de estudo, pertencente ao IFCE, obtendo assim a umidade atual (Ө atual), equivalente a
umidade no dia da coleta onde o método utilizado na determinação foi o do microondas.
Utilizando um cilindro de dimensões conhecidas foram coletadas amostras de solo para
determinação da capacidade de campo nas profundidades de 0-25 cm e 25-50 cm, essas
amostras foram levadas a laboratório, saturadas e pesadas durante 5 dias até torna-se constante a
umidade do solo, sendo essa umidade considerada a capacidade de campo.
K. A. Duarte et al.
De posse dos valores de umidade atual, umidade na capacidade de campo e conhecendo o
coeficiente de uniformidade de distribuição do sistema, calculou-se a lâmina bruta de irrigação e
a lâmina bruta aplicada ao sistema.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A tabela 1 apresenta os valores correspondentes as umidades volumétricas atuais e o valor da
umidade na capacidade de campo, para as profundidade de 0-25 e 25-50 cm, as mesmas foram
obtidas através do método do microondas.
Verificou-se na figura 1, para profundidade de 0-25 cm uma umidade na capacidade de campo
sempre superior a umidade atual o valor mais próximo foi observado na coleta nº 9 de 0,205 cm3.cm-3.
Na profundidade de 25-50 cm, figura 2, a umidade atual mostrou-se muito abaixo a umidade na
capacidade de campo, o valor que mais se distanciou foi observado na coleta nº 6, de 0,136 cm3.cm-3.
Os resultados das lâminas bruta calculada e aplicada podem ser observados na tabela 2 a
seguir, bem como a diferença entre estas lâminas de irrigação.
A lâmina bruta aplicada pelo sistema foi um valor constante, pois depende apenas do tempo de
irrigação, espaçamento da cultura e características do emissor utilizado no projeto. A lâmina bruta
calculada determinada em função da eficiência do sistema de irrigação e das características
do solo apresentou valores variáveis durante o tempo de monitoramento das irrigações.
De acordo com os resultados obtidos e expostos na figura 3 a lâmina bruta aplicada
durante o período de estudo foi de 16,11 mm, pelo fato de o sistema ter um turno de rega diario
de 1 hora, aplicando todos os dias a mesma lâmina de irrigação.
Analisando as lâminas brutas calculadas os maiores valores encontrados foram nos dias de coleta
nº 6 e 7, sendo de 26,12 e 26,63 mm, respectivamente, chegando a apresentar uma expressiva
diferença de irrigação, na coleta nº 6 um déficit de -10,01 mm e na coleta nº 7 de -10,52 mm.
O menor valor da lâmina calculada foi observado na coleta nº 2 de 16,46 mm, onde a lamina
calculada chegou bem próxima a lâmina aplicada com uma diferença de apenas -0,35 mm.
Durante todo o período de estudo verificou-se que as lâminas brutas calculadas
apresentaram valores sempre superiores a lâmina aplicada pelo sistema, mostrando
assim, uma deficiência no manejo das irrigações.
CONCLUSÕES
Diante do estudo realizado e conforme pode-se concluir que as lâminas de irrigação estão sendo
aplicadas em quantidades inferiores as lâminas necessárias para atender as necessidades da cultura;
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BERNARDO, S. Manual de Irrigação. 8.ª ed., Viçosa: UFV, 2006. 625p.
MADALÃO, J. C.; GONÇALVES, I. Z.; NAZÁRIO, A. A.; GARCIA, G. O.; REIS. E. F. Avaliação da
eficiência de diferentes métodos para determinação da umidade do solo. In: XII ENCONTRO LATINO
AMERICANO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E VIII ENCONTRO LATINO AMERICANO DE PÓSGRADUAÇÃO, Anais: Universidade do Vale do Paraíba, 2004.
K. A. Duarte et al.
MANTOVANI, E.C. Manual do SISDA. Viçosa – Minas Gerais, 2002, 85p.
SUDENE. Levantamento Exploratório – Reconhecimento de Solos do Estado do Ceará – Volume I.
Recife: SUDENE, 1973. 301 p.
Tabela 1: Umidades de capacidade de campo e umidades atuais nas respectivas profundidades, de 0-25
cm e 25-50 cm.
UMIDADES DE CAPACIDADE DE CAMPO E ATUAL
0-25 cm
25-50 cm
Nº Coleta
1º
2º
3º
4º
5º
6º
7º
8º
9º
10º
11º
12º
θcc1 (cm.cm-3)
θatual1 (cm.cm-3)
Θcc2 (cm.cm-3)
0,26
0,26
0,26
0,26
0,26
0,26
0,26
0,26
0,26
0,26
0,26
0,26
0,153
0,31
0,173
0,31
0,174
0,31
0,172
0,31
0,194
0,31
0,186
0,31
0,169
0,31
0,179
0,31
0,205
0,31
0,184
0,31
0,190
0,31
0,201
0,31
1
Umidades equivalentes a capacidade de campo e atual (0-25 cm).
2
Θatual2 (cm.cm-3)
0,211
0,220
0,176
0,156
0,137
0,136
0,140
0,156
0,145
0,148
0,166
0,163
Umidades equivalentes a capacidade de campo e atual (25-50 cm).
Tabela 2: Lâminas de irrigação aplicada e calculada na profundidade de 0 – 50 cm.
LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO
Nº Coletas
Lâmina bruta aplicada
(mm)
Lâmina bruta calculada
(mm)
Diferenças (mm)
1º
16,11
18,92
-2,81
2º
16,11
16,46
-0,35
3º
16,11
21,92
-5,81
4º
16,11
24,45
-8,34
5º
16,11
25,46
-9,34
6º
16,11
26,12
-10,01
7º
16,11
26,63
-10,52
8º
16,11
24,03
-7,92
9º
16,11
23,83
-7,71
10º
16,11
24,72
-8,61
11º
16,11
22,10
-5,99
12º
16,11
21,81
-5,70
K. A. Duarte et al.
Figura 1: Comportamento da umidade de capacidade de campo e umidade atual na profundidade de 0-25 cm.
Figura 2 Comportamento da umidade de capacidade de campo e umidade atual na profundidade de 25-50 cm-3.
Figura 3: Comportamento da distribuição das lâminas de irrigação na profundidade de (0-50 cm).