CRUZ ALTA, TERRA DOS TROPEIROS E DA ERVA-MATE
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CRUZ ALTA, TERRA DOS TROPEIROS E DA ERVA-MATE
CRUZ ALTA, TERRA DOS TROPEIROS E DA ERVA-MATE por Moisés Quevedo Os estudos relativos a questões da erva-mate no Rio Grande do Sul são escassos devido talvez tenham atraído pouco interesse histórico. Essa situação pode ser verificada na historiografia rio-grandense onde possui poucos trabalhos relativos ao desenvolvimento e povoamento da região que compreendia o município de Cruz Alta dos séculos XVII ao XIX relacionados ao trânsito das tropas de gados e mulas neste território. O que a partir daí acondicionam-se as conclusões diante destes fatos. De acordo com a historiografia, o Rio Grande do Sul foi povoado inicialmente, pelos nossos antecessores indígenas (Gê, Pampeano e Guarani), os quais se distribuíam em milhares por entre este território organizados em diversos grupos/tribos com suas peculiaridades e hábitos rudimentares. No século XVII, os Padres Jesuítas, por interesse da Coroa Espanhola, fixaram-se com o objetivo de ocupar e “catequizar” os povos indígenas, aculturando-os em reduções, ensinando e adotando novas formas de convivência social. Criou-se inicialmente a primeira fase em forma de Reduções Jesuíticas, perfazendo um total de 18 reduções. Ao abordar as primeiras instalações das reduções. Destacamos aqui a redução de San Joaquin, fundada em 1633, pelo padre Juan Juarez, localizada na margem direita do Rio Pardo, se estendendo até os campos da serra do Botucaraí. O motivo principal que determinou sua fundação foi a exploração dos ervais naturais que possuíam em sua superfície. O que perdurou por pouco tempo devido a poderosa bandeira paulista de Antônio Raposos Tavares e as seguintes: de André Fernandes, Fernão Dias Pais e Jeronymo Pedroso de Barros, que devastaram as reduções em busca de mão-de-obra para o trabalho escravo e garantia da posse deste território por parte da Coroa Portuguesa e também devido as invasões Holandesas no Nordeste que dificultava o tráfico negreiro no Brasil. Como conseqüência da invasão, resultou-se o abandono das reduções e a retirada dos padres e parte dos sobreviventes para a margem esquerda do Uruguai, refugiando-se nas reduções do território argentino. Era de se esperar que houvesse hostilidade por parte dos habitantes dos povos missioneiros, destacando o símbolo de resistência do lendário Sepé Tiarajú. Estes abandonaram o território do atual Rio Grande do Sul, deixando pra trás seus cultivos agropecuários e uma imensidão de gado dispersa, juntamente com os imensos ervais naturais a serem explorados, fazendo com que o território gaúcho fosse abandonado por cerca de quarenta anos. A região do Tape - como era chamado o planalto Rio-grandense permaneceu sob domínio de índios selvagens. Em 1682, prevenindo ao avanço português em seu território, o governo espanhol ordenou a fundação de povoados a partir do rio Uruguai os missioneiros regressaram ao atual Rio Grande do Sul e, na margem esquerda do rio Uruguai, fundaram os Sete Povos das Missões. Consistiam numa representação arquitetônica dos povoados espanhóis: uma praça central, rodeada por diferentes edificações. Estes povos subsidiavam-se basicamente da criação de gado e da produção e coleta de erva-mate. Segundo CAVALLARI (2004, p. 30) “A principal base econômica das Missões Orientais girava em torno da erva-mate. Os ervais naturais atingiam grandes extensões do território, desde o alto Uruguai até as proximidades de Porto Alegre.”. A erva-mate integrava a consolidação econômica dos sete povos, e por isso regiões como a do Botucaraí era chamativa aos interesses dos missioneiros. Contudo, não podemos deixar de relatar que com o abandono dos habitantes missioneiros das reduções, o que restou do que foi produzido e cultivado, ficou a esmo o trabalho nos ervais e também com os animais, o que como consequência o gado, que espalhou-se pelas florestas inóspitas do Rio Grande do Sul, coberta por imensos campos de pastagens naturais, formando assim um imenso rebanho, formando a chamada Vacaria do Mar. É neste contexto que a historiografia rio-grandense passa a abordar a ocupação portuguesa do território quase que exclusivamente sobre a exploração do gado, esquecendo-se da economia ervateira. A prosperidade e experiência econômica dos missioneiros desgastaram-se e não resistiram ante aos sucessivos acordos estabelecidos entre as coroas ibéricas, as quais delimitaram as fronteiras coloniais, iniciando em 1715, pelo Tratado de Ultrech, onde a Espanha reconheceu a posse portuguesa do local onde se situava a Colônia do Sacramento. No ano de 1750, quando os reis de Espanha e Portugal estabeleceram o Tratado de Madrid, criou-se o princípio do “uti possidetis” – expressão em latim que significa “aquilo que possuis”. Por ele cada reino conservaria as terras que já tivesse ocupado na fronteira, com uma exceção: a troca da Colônia do Sacramento para Espanha e o território das Missões para Portugal (que planejava a troca dos índios pelos açorianos). Com este tratado em vigor, era de se esperar que as consequências fossem trágicas, com derramamentos de sangue que marcariam para sempre o contexto histórico da formação do povo gaúcho. A resistência não só dos indígenas, mas dos próprios padres era eminente, pois entendese que quando foi assinado este tratado, não foi observado qual era a situação da população missioneira, o qual estava em pleno desenvolvimento político, econômico e social. Diante dos fatos, como consequência ocorreram vários conflitos através da resistência dos habitantes dos povos missioneiros, destacando o símbolo de resistência do lendário Sepé Tiarajú, e a batalha do M´Bororé. Tudo em vão, os índios e os padres jesuítas fugiram, deixando pra trás seus cultivos agropecuários, fazendo com que o território gaúcho fosse abandonado por um determinado tempo. Ao final do século XVII, com a descoberta das minas gerais de ouro no sudeste e centro-oeste brasileiro, os rebanhos dispersos no sul foram altamente valorizados para suprir a produção destes minérios. O comércio de mulas, animais resistentes, tornou-se num lucrativo comércio de atividade tropeira entre o sul e o centro do país. Para isso, novos caminhos foram abertos, o mais importante foi o da Vacaria dos Pinhais (1730), através dos campos do planalto, incorporando outro trecho à rota dos tropeiros, sofrendo poucas alterações. A rota encurtou os caminhos entre a Capitania de São Paulo e a do Rio Grande. O novo percurso das vacarias propiciou a migração de vários moradores da região de São Paulo e Laguna, os quais desencadearam a construção de diversos currais e invernadas criando pontos de localização. Posteriormente, ocorre a expulsão dos Jesuítas ente 1759 (pelos portugueses) e 1768 (pelos espanhóis), que foram substituídos por autoridades militares, que tratariam posteriormente os índios missioneiros como escravos, roubando o gado e vendendo suas terras, fazendo com que os guaranis abandonassem aos poucos os Sete Povos. Quanto aos ervais, com a destruição dos povos indígenas, a exploração e comércio da erva-mate tornaram-se desorganizadas. O Tratado de Santo Ildefonso, em 1777, pôs fim à dominação espanhola na Ilha de Santa Catarina e Rio Grande de São Pedro (território entre o rio Jacuí e Camaquã). A Espanha ficaria com a Colônia do Sacramento e novamente, os Sete Povos. A partir disto, estabeleceram-se os “Campos Neutrais”, através de uma linha divisória imaginária com cerca de 1.500 metros, estabelecidos entre os domínios das coroas portuguesas e espanholas. “Essa faixa de campos ditos neutrais era delimitada por uma divisória de duas linhas paralelas ora se aproximando, ora se distanciando”.1 Em 1809, quando foram criados os quatro municípios no Rio Grande do Sul - Porto Alegre, Rio Grande, Rio Pardo e Santo Antônio da Patrulha. 1 GOLIN, Tau. A Fronteira. Porto Alegre: LP&M, 2002. P 171. IN: CAVALARI, Rossano Viero. A Gênese da Cruz Alta. Cruz Alta:UNICRUZ, 2004. Em 1834, instala-se a Câmara Municipal, a partir da criação do município de Cruz Alta, através da Resolução s/nº, datada desde 11 de março de 1833 2. O novo município, que abrangia 20% do território gaúcho, dividindo-se em 6 distritos: 1º: Vila da Cruz Alta e arredores, 2º:São Martinho, 3º: Botucaraí, 4º Passo Fundo, 5º Erval da Palmeira, 6º São Miguel. Vale lembrar o que Moacyr Domingues (1972) relata sobre as vantagens que Cruz Alta ocupara a partir daí: Por fim, é interessante assinalar que Cruz Alta ocupava na Província posição estratégica importante, como ponto-chave das valas de comunicação da região missioneira com a Vacaria e São Paulo, além de constituir alternativa para a ligação do baixo Jacuí (Rio Pardo) com o Planalto Médio, pela Picada de Botucaraí (Soledade), circunstância essa que concorreria para acarretar notoriedade e prestígio a quem lhe detivesse a controle, durante o decênio farroupilha. Figura 4 - Mapa de Cruz Alta (1833) Fonte: ORTIZ, 2004 (p. 51) OS RICOS ERVAIS: FORTALECIMENTO ECONÔMICO A agricultura foi o impulsor da colonização do Brasil, o que diferentemente aconteceu no Rio Grande do Sul, o qual foi explorado e povoado tardiamente devido às condições 2 ORTIZ, Elizete Scorsatto. Educadores Capuchinhos em Soledade: criação do Ginásio São José e da Escola Técnica de Comércio Frei Clemente (1936-1978). Dissertação (Mestrado em História) UPF, Passo Fundo, 2004. geográficas que favorecesse aos interesses mercantis da época, passando a dar importância somente no conflito com os castelhanos no século XVIII. Primeiramente, o Rio Grande do Sul foi desbravado pelos espanhóis, através da figura dos jesuítas, que iniciaram seus trabalhos na redução de índios nas chamadas missões, adotando um sistema parecido com o de uma cidade, estado ou nação independente. Este sistema era amplamente organizado, através da divisão de tarefas e deveres, onde cada grupo participava nas diversas áreas como: artesanato, escola, agricultura, etc. Cada indivíduo fazia suas obrigações para com o andamento e vitalidade socioeconômica das missões, cujo principal eixo de progresso e sustentação era o comércio com as demais reduções e estâncias da América Espanhola. Este comércio era composto basicamente da troca de mercadorias e produtos essencialmente agrícolas. O território ocupado pelos missioneiros era vasto e rico em recursos vegetais, animais e minerais. Porém, a agricultura e pecuária dos missioneiros eram basicamente rudimentares, consistia numa cultura mista às tecnologias trazidas pelos jesuítas com a dos grupos indígenas. Uma das principais atividades econômicas dos missioneiros era a coleta, fabricação e comercialização da erva-mate (Illex Paraguaniensis)3, uma árvore originária da América do Sul. Os índios dos grupos Guaranis e Quíchua foram os primeiros a implantar o uso da erva-mate, que habitavam os arredores das bacias dos rios Paraná, Paraguai e Uruguai, na época da chegada dos colonizadores espanhóis. Tinham o hábito de beber infusões (caá-i) de suas folhas, pois acreditava-se que esta bebida tinha poderes sobrenaturais e medicinais, que curava ressacas, agindo como um estimulante natural, para o fortalecimento do corpo e do espírito. De acordo com Temístocles Linhares, “a América nasceu bebendo mate”. Para Romário Martins “o mais remoto uso da erva-mate prende-se aos quíchuas”, povos aborígines do Peru pertencentes à civilização Inca. A palavra mate deriva do quíchua matty que designa a Cuia, ou seja, o recipiente onde o chá era bebido ou sorvido por um canudo (cana/bambu)4. A palavra, portanto, usada para designar o objeto no qual se bebia, acabou mudada para mate e adotada pelos povos sul-americanos para designar a própria bebida: 3 Classificação e descrição científica dada pelo botânico e naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire (1779-1853), que percorreu o Brasil de 1816 a 1822, em sua obra conhecia como Viagem ao Rio Grande do Sul. SAINT-HILAIRE, Auguste de, 1779-1859. Viagem ao Rio Grande do Sul. Tradução de Adroaldo Mesquita da Costa. Porto Alegre: Martins Livreiro, 1987. 4 Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Erva-mate#Lenda _da_erva-mate, consultado dia 26/08/2009. O Caá-i era originalmente de uso exclusivo dos índios pajés quando da prática de suas magias. Porém, numa prolongada luta que os guairenhos travaram com uma tribo inimiga, a bebida passou a ser usada também pelos guerreiros, surtindo entusiasmo e vigor para obter a vitória. Com a paz, a bebida passou a ser usada devido ao costume e aos efeitos estimulantes que a mesma proporcionava, fortalecendo o corpo e o espírito. Era um produto de fácil fabricação bastando tostar suas folhas; Já Caá-i era a árvore, encontrada aos milhares, e mesmo cortada, renascia e dentro de três anos estava apta para uma nova colheita. (APROCRUZ CULTURAL..., 1989, p. 30). Os primeiros a entrarem em contato com a erva-mate foram os soldados espanhóis, que em meados de 1536 chegaram à foz do Rio Paraguai, e na suas margens fundaram a primeira cidade da América Latina, Assunción Del Paraguay. Através do contato com os índios guaranis conheceram a misteriosa erva “tônica”, aos poucos começaram a transportá-la para outros locais, entre eles o Rio Grande do Sul, com isso, os europeus logo incorporaram o uso da erva-mate aos seus hábitos diários, chegando a ser consumida até pelas mulheres e damas da corte, o que provocou ainda mais a difusão do consumo desta erva devido as suas propriedades benéficas. A produção da erva-mate foi de grande interesse aos padres jesuítas, primeiro, porque o hábito de bebê-la diminuía o consumo de bebidas fermentadas (alcoólicas) entre os índios, segundo, trazia lucro econômico às missões, o qual era utilizada para a troca e comércio de mercadorias. Este produto existia em abundância no Rio Grande do Sul, o qual os povos missioneiros ocupavam a maior parte deste território onde se localizava a erva-mate, onde na utilização desta pelos povoadores europeus, muitos se empenharam em proibir a bebida, através de várias acusações, como a de ser prejudicial à saúde, gerar vício e maus costumes, chegando a ser denominada de “erva do diabo”, por seus supostos efeitos afrodisíacos, afastando os fiéis da “moral” cristã. Porém, as investidas contra o consumo do mate falharam, já que, se a fama positiva chamava atenção, a negativa atingiria um longo alcance, já que a qualificação de ser estimulante aos pecados da carne chamaria a atenção de muitos. Os portugueses só conheceram o mate através dos conflitos com os espanhóis, como por exemplo, nas incursões a Guairá (1628/1632), na margem esquerda do rio Paraná. Trazido a São Paulo, o costume de bebê-lo logo se consolidou entre a população, sendo conhecido como congoin ou congonha (palavra de origem dos índios Caigangs). SILVEIRA (1979, p.137) confirma este fato: Em Minas e São Paulo tem o nome de congonha (nome vulgar indígena) a árvore nas missões chamada, pela população conquistadora, pau-de-erva, porque dela se prepara a chamada erva-mate. Consistiu um ramo de indústria, que produz, além do grande consumo no país, algumas centenas de milhares de arrobas exportadas para o estrangeiro. Tratamos aqui desse ramo de indústria, porque, [...] é uma produção espontânea do solo, em determinadas localidades e não em toda a parte do território missioneiro de cima da serra [...]. Nos municípios de Santo Ângelo, Palmeira, (compreendendo o distrito de Nonoai), Passo Fundo e Soledade, uma pequena área de Cruz Alta (o Rincão de Nossa Senhora), são os únicos lugares, onde, dentro das serranias e capões de matos, encontra-se a árvore do mate. As missões jesuíticas iniciaram a prática extrativa da erva-mate nos ervais nativos, tratado como uma produção espontânea do solo, onde os índios passavam a praticar a coleta sistematicamente em períodos determinados, já que a planta se desenvolvia naturalmente, sem a intervenção humana. Sendo que cada reduto missioneiro possuía seus ervais nativos. Estes ervais naturais compreendiam uma vasta extensão territorial do atual estado do Rio Grande do Sul, onde estavam localizados nas imensas margens dos povos missioneiros. Desta forma, a coleta ocorria num intervalo de quatro anos, como nos remetemos novamente a SILVEIRA (1979, p. 310): [...] As cordilheiras de matos, eram pertencentes a administração geral das missões, que nesses matos, mandavam colher e preparar a erva-mate necessária, e com o produto de sua exportação, pagamento de impostos e compras do necessário. Como de uma a outra colheita de erva-mate, deve mediar um interstício de quatro anos, [...] deveriam começar no primeiro ano, pelos ervais de Santo Ângelo, depois pelos do Campo Novo e Palmeira, depois pelos de Passo Fundo e por fim pelos de Soledade. Assim, quando houvessem de voltar aos ervais da primeira colheita, seriam já decorridos mais de quatro anos. Constata-se que a coleta da erva-mate feita pelos missioneiros era sistemática e elaborada periodicamente, pois após a safra, os ervais produziriam novamente num processo natural de crescimento (cerca de quatro anos), sem a intervenção técnica. Após a coleta da erva-mate, o seu processamento permaneceu primitivo até meados do século XX. Consistia em três etapas: sapeco, secagem e cancheamento. O preparo da erva exigia grande esforço dos indivíduos, devendo estes ficarem atentos para garantir a fabricação correta do produto, sem desvalorizá-lo, e para isso, os ervateiros levavam alimentos como carne e tabaco para o consumo próprio, a fim de permanecerem o tempo necessário para a preparação da erva. Após o processamento da erva, eram carregadas em bolsas de couro e colocadas em carretas puxadas por bois, percorrendo caminhos de quase mil quilômetros até o seu respectivo povo. Nesse sentido, SILVEIRA (1979, p.310) relata a importância do local aos povos missioneiros, onde podemos observar que estes caminhos passavam pela região que compreende Cruz Alta: Todo o demais terreno, especialmente as cordilheiras de matos, eram pertencentes a administração geral das missões, que nesses matos, mandavam colher e preparar a erva-mate necessária, e com o produto de sua exportação, sustentar os encargos da administração, pagamento de impostos e compras do necessário. Como de uma a outra colheita de erva-mate, deve mediar um interstício de quatro anos, deveriam começar no primeiro ano, pelos ervais de Santo Ângelo, depois pelos do Campo Novo e Palmeira, depois pelos de Passo Fundo e por fim pelos de Soledade. Assim, quando houvessem de voltar aos ervais da primeira colheita, seriam já decorridos mais de quatro anos. O ciclo da colheita da erva-mate nos mostra que toda esta região era conhecida pelos povos, através da abertura de caminhos para a travessia das carretas. Era um percurso que compreendia todas as reduções envolvidas com o cultivo da erva-mate, um destes caminhos passava pela região que compreendia desde o início da Serra do Botucaraí até Cruz Alta, os quais se localizavam os “ervais naturais” – lugares em que havia erva-mate nativa, não plantada, o qual se destaca que uma das principais rotas e pontos de coleta era a região da atual Soledade. Ao abordar essa situação, FRANCO (1975, p.12) enfatiza: Todavia, no século XVIII, durante a fase áurea do desenvolvimento econômico e cultural dos Sete Povos, tornaria a região de Soledade a interessar as missões jesuíticas. Certamente, da experiência anterior da redução de São Joaquim, teria ficado a memória e o registro dos ricos ervais existentes na Serra que divide as águas do Jacuí e do Taquari. E a erva, como se sabe era o sustentáculo econômico dos Sete povos, o principal produto de que dispunham os padres para comercializar em Buenos Aires, adquirindo, graças a sua venda, tudo o que necessitavam para o culto religioso, os artigos de obrigatória importação, etc. Esta região tornara-se novamente de grande apreço aos povos missioneiros. Em cerca de 1716, os índios missioneiros viriam novamente em carretas, acampando em seus respectivos lugares que eram destinados a cada povo, onde cada um produzia e comercializava a erva nos mercados do Rio do Prata. O Botucaraí (Região atual do município de Soledade) obtinha uma vasta riqueza em seus ervais, tanto que, atraídos erroneamente, portugueses investigam este local. Como por exemplo, a expedição do português Francisco Brito Peixoto, como cita PORTO (1987, p.136): Em 1714, Francisco de Brito Peixoto, capitão-mór da Laguna, soube, por um índio que a essa povoação viera, que na Serra o Botucaraí, havia minas de prata e ouro, exploradas pelos padres da Companhia que, com seus índios, carreavam o precioso metal para as aldeias missioneiras. Tudo não passou, senão por um desentendimento, já que o índio se referia à exploração da erva-mate, que neste sentido foi comparada com prata e ouro, mas até que fosse percebido este mal-entendido, os portugueses foram verificar a veracidade do fato, o que propiciou na presença destes no território da atual Soledade. Em 1801, os portugueses já erradicados no Rio Grande do Sul conquistaram definitivamente o território das Missões. Esta conquista consistiu na desintegração das Missões, que encerraram as longas viagens feitas pelos missioneiros aos seus respectivos ervais, já provavelmente em grande decadência, após a derrota do século anterior. Com a anexação dos Sete povos ao Brasil português, tornou-se mais fácil a atividade extrativa e transporte da erva na região das missões, como afirma LESSA (1986, p.36): A partir dessa incorporação, entrou em normal rotina o fornecimento de erva missioneira para a Capitania do Rio Grande do Sul, já sem os percalços de burlar “aduanas” ou pagar direitos alfandegários – tudo era Brasil. O roteiro das carretas fornecedoras de mate interligava Cruz Alta (via Serra de São Martinho) a Santa Maria, Cachoeira e, já por barco descendo o Rio Jacuí, praça de Rio Pardo; ou as tropas de cargueiros desciam de Passo Fundo, via Soledade, diretamente à praça de Rio Pardo. Posteriormente, a extração e comércio da erva-mate passou a ser utilizada por lavradores nacionais, caracterizada por homens livres, produzindo em uma sociedade extremamente pecuária praticada por sesmeiros abastados. Picadas, Caminhos e Estradas: Legados da Erva-mate Em artigo de Moacyr Domingues publicado no jornal Diário Serrano de 04 de junho de 1972, intitulado “A Picada do Botucaraí”, é citado o Campo Novo ou Novo Erval no ano de 1810, que fala sobre a abertura deste “novo caminho” pelo capitão João Machado da Silveira, então Comandante do distrito chamado Rincão Del Rei – lugar onde se guardavam o gado, localizado nas proximidades de Rio Pardo. Moacyr Domingues cita relatos do Capitão Silveira5 referindo-se a importantes informações sobre a abertura de uma “picada” e também das dificuldades enfrentadas através com os índios bugres. Identifica-se que na abertura deste percurso, depararam-se com outra estrada, que abre caminho a outros campos, o que constata-se a antiga “rota das Carretas”, ou a “estrada das Carretas”, o que o escritor chama a atenção de que: (...) em fins de 1810, existia, pois, uma Estrada de Carretas que ligava “os Ervais” ás Missões; esses ervais, situados em cima da Serra do Botucaraí, eram, os ervais de Soledade e é inquestionável que tal estrada existia desde o tempo da dominação jesuítica na Missões, o comércio da erva-mate, como se sabe, era um dos sustentáculos, senão o mais importante, da economia da 5 DOMINGUES, Moacyr, A Picada de Botucaraí. Jornal Diário Serrano, junho de 1972. Companhia de Jesus e é curial que toda a região houvesse dito esquadrinhadas à sua procura. O relato que o capitão Silveira enviou ao governador mostra explicitamente que parte rota dos ervais para os povos missioneiros havia sido localizada, e que, estes percursos se bifurcavam, de forma a se encontrar em uma encruzilhada, o qual constatou ser nas proximidades a provável localização do primeiro morador da atual Soledade: Adiante da referida estrada que vai para as Missões, no lugar onde lhe chamam a Cruz se acham coisa de 40 éguas que dizem ser do Alferes de Milícias André Ferreira de Andrade, as quais todas estão gordas e cento e tantos animais cavalares que levei magros e engordaram no pequeno espaço de um mês, apesar de serem montados todos os dias. Servindo de alicerce, a Estrada das Carretas, que os índios dos povos missioneiros utilizaram para o comércio e trânsito da erva-mate, entrelaçava-se em partes desta estrada. O principal objetivo da criação da “Picada do Botucaraí” era de manter contato comercial com os municípios de Rio Pardo, e neste espaço, afugentar índios selvagens, bem como encurtar o caminho dos tropeiros até as capitanias do Norte (São Paulo), o que futuramente traria avanços ao município de Cruz Alta. Neste contexto temporal, a erva-mate se consolidava como um grande atrativo econômico na região. Nessa perspectiva, ZARTH (2002, p. 221) cita que: Embora a erva-mate pudesse ser encontrada em vários locais, no interior das florestas, a maior concentração estava nas matas do Planalto, ao norte e noroeste da província. Quando o território missioneiro, que abrangia boa parte do Planalto, passou ao controle brasileiro, houve uma grande corrida aos ervais da região, principalmente após 1820, quando o governo paraguaio suspendeu a exportação de mate. Os ervais eram abundantes no interior da floresta onde os extrativistas deveriam bater-se com os indígenas. Desde então se configura o desenvolvimento da região que compreendia o município de Cruz Alta, criado em 1834, através da Resolução s/n datada de 11 de março de 1833. O novo município, que abrangia 20% do território gaúcho, era dividido em 6 distritos: 1º: Vila da Cruz Alta e arredores, 2º: São Martinho, 3º: Botucaraí, 4º: Passo Fundo, 5º: Erval da Palmeira, 6º: São Miguel. Vale lembrar o que DOMINGUES (1972) relata sobre as vantagens que Cruz Alta ocupara a partir daí: Por fim, é interessante assinalar que Cruz Alta ocupava na Província posição estratégica importante, como ponto-chave das valas de comunicação da região missioneira com a Vacaria e São Paulo, além de constituir alternativa para a ligação do baixo Jacuí (Rio Pardo) com o Planalto Médio, pela Picada de Botucaraí (Soledade), circunstância essa que concorreria para acarretar notoriedade e prestígio a quem lhe detivesse a controle, durante o decênio farroupilha. Após a grande recessão da Guerra Civil, a Revolução Farroupilha (1835-1845) a economia e sociedade de Cruz Alta tentou lentamente voltar a normalidade, porém, o tamanho de seu território era um fato agravante para que se tivesse um controle das necessidades e urgências que a população desta imensa região desejava. Mais tarde em 29 de Janeiro de 1849, os vereadores da Câmara municipal enviaram um Ofício de nº 62, em resposta a uma circular recebida pelo Presidente da província, o então Conde de Caxias, que solicitava informações sobre as urgências da Vila e do Município de Cruz Alta, o qual solicitou, para a região do Distrito do Botucaraí a construção de uma cadeia, pediu ajuda para a capela, e a ponte sobre o rio denominado Jacuizinho6. Em atenção a estas urgências, criou-se um ponto de coleta de impostos na divisa entre o distrito do Botucaraí e o distrito-sede de Cruz Alta. Consistia na “arrematação de passos” cobrados através da travessia de tropas de bestas (mulas), regulamentado pelas Leis Provinciais nº 151, de 07 de agosto de 1848, Art. 9º e nº 226, de 25 de novembro de 18517, os quais aparecem no Livro de Contas Prestadas à Assembléia Provincial – 18471853, nos seguintes valores: Receita Arrecada da arrematação de passos do município de Cruz Alta ANO ARREMATAÇÃO DE PASSOS RECEITA TOTAL 1849 60$000 20:031$832 1850 90$000 17:474$502 1851 75$775 41:004$645 1852 720$416* 43:444$747 * O valor referente a este ano (1852) não refere-se ao valor exato. Fonte: Livro de Contas Prestadas à Assembléia Provincial. 1845-1852. Arquivo Histórico e Museu Municipal de Cruz Alta. Livro de Registro de Ofícios da Câmara Municipal de Cruz Alta. Ofício nº 69, de 29/01/1849 – Arquivo Histórico Municipal de Cruz Alta. 7 Sobre ver o Livro de Lançamentos dos termos de contrato de arrematação dos passos existentes nos rios deste município – 1849-1899. Arquivo Histórico e Museu Municipal de Cruz Alta. 6 Percebe-se que estes valores não inferiam em grande valor arrecadado pela Câmara Municipal. Outrossim, não foi possível verificar tais Leis Provinciais citadas (nº 151, de 07 de agosto de 1848, Art. 9º e nº 226, de 25 de novembro de 1851), portanto não há certeza de que os valores das arrematações dos passos fossem destinados ao município de Cruz Alta ou à Província. Porém, o autor deduz que os valores arredados pelo referido imposto era destinado para a manutenção da picada. E, somente com a busca e leitura das referidas leis provinciais é que se poderá ter a conclusão exata desta incerteza. A POLÍTICA DE TERRAS E A SITUAÇÃO DOS ERVAIS Legislação e participação econômica da erva-mate Durante o período farroupilha a erva-mate teve grande prioridade pelo governo republicano, tendo em vista a exportação mais constante com o Prata. “Em 1838 a República estipulava a taxa de 160 réis por arroba de erva exportada – e isso foi suficiente para que a arrecadação desde logo atingisse cerca de dois contos de réis anuais”.8 Através da política financeira adotada pela República de Piratini, podemos perceber o papel importante que a erva-mate já vinha desempenhando no decorrer da historiografia rio-grandense. E, desde o período jesuíta, a erva-mate era tida como “moeda” de valor. Já, no pós-revolução, depois de 1845, assim como os demais municípios, em Cruz Alta se configura numa reestruturação político-econômica, dentre as quais a ervateira permanecia em pleno auge. Conforme ZARTH (1997, 56, p. 56): Particularmente, o mate tinha especial importância por ser a principal fonte de recursos das câmaras municipais, através do tributo que incidia sobre a exportação do produto. Embora o gado fosse o principal produto regional, o tributo sobre sua exportação para outras províncias ou para o exterior era arrecadado pelo governo provincial. A participação econômica do mate nos municípios rio-grandenses pode ser observada através da arrecadação tributária. Em Cruz Alta, a tributação sobre o fabrico e exportação da erva-mate por um longo período constituía na maior parte de contribuição à receita da câmara de vereadores. A tabela abaixo, organizada através dos demonstrativos da Câmara Municipal de Cruz Alta, ilustra a importância da erva-mate na receita municipal. 8 LESSA, Luiz Carlos Barbosa. História do chimarrão. 3º Ed. Porto Alegre: Sulina, 1986. p. 39. FONT E 1845 Receita Arrecada sobre a erva-mate no município de Cruz Alta IMPOSTO IMPOSTO PARA TOTAL SOBRE A FABRICAÇÃ RECEITA (Fabrico + EXPORTAÇ O DE ERVA% TOTAL Exportaçã ÃO DA MATE NOS o) ERVA-MATE ERVAIS PÚBLICOS 1:875$954 651$033 134$800 785$833 42 1846-47 4:045$817 1:376$954 256$000 1:632$54 40 1 1847-48 7:065$260 3:206$680 275$600 3:482$280 49 1 18481849 20:031$832 4:606$900 215$000 4:821$900 24 1850 17:474$502 4:924$742 491$485 5:416$227 31 1 1851 41:004$645 5:022$260 - 5:022$260 12 1 1852 43:444$747 3:914$580 - 3:914$580 9 1 1860 18:531$780 9:916$880 - 9:916$880 53 2 1870-71 20:849$218 9:430$992 - 9:430$992 45 2 1871-72 24:218$131 9:532$343 - 9:532$343 39 2 ANO 1 1 Fonte: 1- Livro de Contas Prestadas à Assembléia Provincial. 1845-1852. Arquivo Histórico e Museu Municipal de Cruz Alta. 2- Relatório da Câmara de Cruz Alta, 30 de janeiro de 1874 – AHRS, CCMCA, Cx 159. Conforme os dados estatísticos citados acima, podemos constatar que a tributação ao imposto sobre a exportação e o fabrico da erva-mate à receita municipal de Cruz Alta, mesmo possuído de uma grande sonegação de impostos e contrabando, tendeu a crescer após a guerra farroupilha. Esses valores atendiam às posturas municipais, que eram regidas desde 1835. Mais tarde, em outro ofício de 10 de agosto de 18529 enviado ao governo da província, a Câmara de Cruz Alta informava que: Correspondência da Câmara de Cruz Alta ao presidente da Província – 1852. AHRGS. Caixa 16. IN: EIFERT, Maria Beatriz Chinni. Marcas da escravidão nas fazendas pastoris de Soledade (1867-1883). Passo Fundo:Editora Universidade de Passo Fundo, 2007. 9 [...] existem imensos ervais nas serras ou pontões de serra que bordam os distritos desta vila, Santo Ângelo, Palmeira, Passo Fundo e Soledade, em cujos trabalha imensa gente anualmente. Todos estes ervais a Câmara os tem conservado públicos, desde sua instalação em 1835, por meio de suas Posturas, fazendo a principal parte de suas rendas o imposto de 40 réis em arroba, que pagam os exportadores, não consentindo que os particulares se apossem deles como propriedade, permitindo, porém a todos o fabrico da erva. Como mostra o relatório, a posse dos ervais era pública, de forma que não ocorreria o apossamento destas propriedades por parte de particulares. A partir disto, subliminarmente fica demonstrada “a sugestão” de que estas posses fossem entregues ao domínio privado, a fim de que se estabelecessem relações entre o governo e proprietários, objetivando o cumprimento de regulamentações específicas, que, poderia gerar lucro econômico ao município através de impostos a serem arrecadados. A economia ervateira era um assunto que exigia uma análise constante no que tange ao trajeto e exportação desta, sendo pertinente a tomada de ações estratégicas para o escoamento da produção. Como os ervais tornaram-se públicos para a utilização comunal, a fiscalização desta era ineficiente, e mesmo com o código de posturas ocorriam fraudes na qualidade do produto e não era observado o intervalo de sua extração. Ocorriam muitos reclames sobre a má qualidade da erva, que era “falsificada”, prejudicando o prestígio da erva brasileira no mercado externo. Nessa perspectiva, Hemetério José Velloso da Silveira10, lembra, quando atuou na câmara municipal de Cruz Alta como vereador e presidente, escrever em 1909, na obra chamada “As Missões Orientais e seus Antigos Domínios”, que “tendo de organizar o código de posturas estabelecemos penas muito severas para a colheita e preparação espontânea e até sobre a falsificação da erva-mate.” Em diversas fazendas de engenhos, verifica-se que em muitos não havia coleta de erva, o qual praticava-se somente a sua manufatura, como EIFERT (2007, p. 65) coloca que: Existiam também engenhos de processamento de erva-mate em propriedades onde não havia ervais, servindo esses para o beneficiamento da erva das propriedades onde era extraída. [...] os ervais eram públicos, mas os engenhos eram particulares, existindo nas propriedades de grandes fazendeiros, que possuíam cativos. 10 SILVEIRA, Hemetério José Velloso da. As Missões Orientais e seus Antigos Domínios. Porto Alegre: ERUS, 1979. Nesse sentido cabe relatar aqui um fato retirado a partir de um processo-crime em documentação judicial, pesquisado por Leandro Jorge Daronco11, em sua dissertação sobre a escravidão no município de Cruz Alta no século XIX, o qual relata sobre um processo sobre crime referente aos cativos João e Romão, que em 16 de agosto de 1849 trabalhavam na fabricação de erva-mate num carijo de seu escravizador Antônio Gomes Pinheiro Machado, pai do célebre político republicano José Gomes Pinheiro Machado. Verifica-se, portanto que as elites latifundiárias é que se beneficiaram ativamente com a economia ervateira no período em estudo, pois com o auxílio do governo imperial, através da concessão de terras e mesmo após, com a regulamentação das mesmas permaneceriam como grandes beneficiários, juntamente com a Câmara Municipal desta modalidade comercial. CONSIDERAÇÕES FINAIS A erva-mate foi, sem dúvida de suma importância e necessidade aos habitantes deste território, como podemos observar que sua perpetuação percorre séculos de história. Esta, que é exclusiva na América do Sul, estabeleceu laços sócio-político-econômicos marcantes na história do Rio Grande do Sul. Verificou-se que neste estudo a erva-mate desempenhou um papel decisivo à economia local, e que privilegiou os mais favorecidos da sociedade/elite da época, refletindo negativamente aos menos abastados, garantindo a perpetuação do trabalho servil de submissão. E a política de distribuição agrária do governo imperial agravou ainda mais a situação dos trabalhadores pobres, os quais se incluem também os indígenas. Infere-se a falta de interesse dos políticos da época em difundir e trabalhar sobre o progresso socioeconômico das comunidades locais (neste caso os distritos) no que compreendia município de Cruz Alta na metade do século XIX. Percebe-se, porém, que os interesses e ações aconteciam em decorrência da presença da erva-mate nestes lugares, e através do contexto estudado, fica a intenção de estimular a leitura e saiba avaliar se o legado deste produto gerou desenvolvimento e prosperidade aos distritos do antigo município de Cruz Alta, evidenciado na metade do século XIX, o qual foi constatado que a contribuição deste produto desempenhou um papel marcante ao município. 11 APRS. Cartório Civil e Crime. Estante 62, Maço nº 41, Processo nº 1651. Cruz Alta. IN: DARONCO, Leandro Jorge. À sombra da cruz: trabalho e resistência servil no noroeste do Rio Grande do Sul – segundo os processos criminais (1840-1888). Passo Fundo: Ed. Universidade de Passo Fundo, 2006. p. 87.
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