TCC Maira Marques

Transcrição

TCC Maira Marques
MAIRA PINHEIRO MARQUES
REVISTA ATENA SPORTS: DESIGN E PLANEJAMENTO GRÁFICO
MARINGÁ
2013
Maira Pinheiro Marques
Revista Atena Sports: Design e planejamento gráfico
Monografia apresentada ao Curso de
Comunicação Social com habilitação em
Jornalismo da Faculdade Maringá, como
requisito para a obtenção do título de Bacharel
em Comunicação Social.
Orientadora: Profª Ma. Alexandra Fante
Nishiyama
Maringá
2013
MAIRA PINHEIRO MARQUES
Revista Atena Sports: Design e planejamento gráfico
Monografia apresentada à disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso do
Curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo, da Faculdade Maringá, como
parte dos requisitos para a obtenção do título de Bacharel em Jornalismo.
Aprovada pela Banca Examinadora, em
_______________________________
Profª Ma. Alexandra Fante Nishiyama
Orientadora
_______________________________
Prof. Luiz Carlos Bulla Jr.
Prof. Convidado
_______________________________
Prof. Ronaldo Nezo
Prof. Convidado
Maringá
2013
DEDICATÓRIA
Dedico esta pesquisa aos meus heróis Ailton José Marques, Nair Pinheiro
Marques e Priscila Pinheiro Marques, que sempre me apoiaram e incentivaram mostrando a
importância de um bom estudo e tiveram paciência durante a realização deste trabalho.
Em especial às minhas avós, Maria Pinto Pinheiro (materna), Maria
Aparecida Alves Marques e João José Marques (paternos) – in memorian, pessoas queridas e
amadas que fizeram parte da minha formação e que deixaram muitas saudades... E também
agradeço ao meu avô Jesus Caires Pinheiro, uma pessoa muito especial em minha vida.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, e acima de tudo, agradeço a Deus, que me deu vida, saúde e
capacidade de buscar novos conhecimentos e realizar mais essa etapa.
Agradeço também a minha família. Ao meu pai pela paciência e por me
fazer acreditar que seria capaz de realizar esse sonho até mesmo quando eu não tinha forças
para isso. A minha mãe, pelo apoio e sabedoria por ter me guiado durante esses quatro anos.
A minha irmã, mais que amada, que me ensinou que para vencer uma batalha perdemos
muitos e lágrimas são derramadas, mas temos o apoio da família para nos reerguer. Presto a
ela também toda a minha gratidão por cada dia, horas e segundos que esteve ao meu lado, me
incentivando nessa empreitada. Ao meu cunhado que demonstrou solidariedade durante esses
anos de graduação.
Ao meu amigo-irmão Marcos Brunelli, que em todos os momentos me
apoiou e incentivou, mostrando o que realmente é uma amizade verdadeira. Ao meu grande
amigo Matheus Piai, que conheci durante a faculdade, uma pessoa incrível que quero levar
para a vida toda.
Agradeço também a todo corpo docente do curso de Jornalismo da
Faculdade Maringá, que contribuíram com amizade, carinho e ensinamentos oferecidos para a
minha formação profissional, e em especial a minha orientadora Profª. Ma. Alexandra Fante,
pelo apoio, paciência, credibilidade e compreensão durante a realização desta pesquisa, pois
pretendo levar os conhecimentos adquiridos para vida inteira.
E a todos aqueles que de alguma forma contribuíram para a realização deste
trabalho, seja com o empréstimo de algum livro ou com uma palavra amiga. A todos vocês,
meu muito obrigada!
“Que
os
vossos
esforços
desafiem
as
impossibilidades, lembrai-vos de que as grandes
coisas do homem foram conquistadas do que
parecia impossível”.
(Charles Chaplin)
RESUMO
Este trabalho tem o intuito de apresentar o desenvolvimento de um projeto gráfico de uma
revista para o segmento de esportes femininos e para o público de Maringá e região, ao qual
denominou-se Revista Atena Sports. Para embasar o estudo, foi realizada uma pesquisa
teórica referente ao Jornalismo de Revista e os conceitos das Teorias da Comunicação e
design, demonstrando a importância de um layout bem elaborado para a transmissão de um
discurso visual eficaz. A metodologia empregada foi à pesquisa qualitativa com objetivo
exploratório, fazendo o uso da técnica da Pesquisa Bibliográfica. O design gráfico é baseado
no estilo da Escola de Arte do Construtivismo Russo, que surgiu na década de 1920. Como
peça final, será exibido o planejamento gráfico da revista.
Palavras-Chave: Planejamento gráfico. Design. Construtivismo. Revista Esportiva. Revista
Feminina.
ABSTRACT
This work has the intention to show the development of a graphic project from a magazine for
the female sports segment in Maringá and region, which was named Atena Sports Magazine.
To support the study, it was carried on a theoretical research relating to the Magazine
Journalism and the concepts of the Communication and Design Theory, demonstrating the
importance of a well prepared layout for the transmission of an effective visual speech. The
implemented methodology was to the qualitative research with the exploratory objective,
making use of the Bibliographic Research technique. The graphic design is based in the style
of the School of Art of the Russian Constructivism, which emerged in the 1920 decade. As
the last piece, it will be displayed the graphic planning of the magazine.
Key Words: Graphic planning. Design. Constructivism. Sports Magazine. Woman‟s
Magazine.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 11
2 JORNALISMO DE REVISTA ............................................................................................ 14
2.1 A história da revista ....................................................................................................... 17
2.2 Revistas Esportivas ........................................................................................................ 26
2.3 Revistas Femininas ........................................................................................................ 30
2.4 A mulher e o esporte ...................................................................................................... 34
2.5 O mercado de revistas no Brasil .................................................................................... 38
2.5.1 O mercado de revistas em Maringá .......................................................................... 41
3 PLANEJAMENTO E PRODUÇÃO GRÁFICA ................................................................. 43
3.1 - Cores ............................................................................................................................ 44
3.1.1 - Círculo cromático .................................................................................................. 45
3.1.2 - Significado das cores ............................................................................................. 46
3.2 - Fontes .......................................................................................................................... 49
3.2.1- Família das fontes ................................................................................................... 50
3.3 - Zonas de Visualização ................................................................................................. 51
3.4 - Margens e colunas ....................................................................................................... 53
3.5 - Fotos e imagens ........................................................................................................... 56
3.6 - Segmentação ................................................................................................................ 60
3.6.1 - Público-alvo ........................................................................................................... 62
3.7 - Periodicidade ............................................................................................................... 63
3.8 – Formato ....................................................................................................................... 65
3.9 - Layout .......................................................................................................................... 66
3.10 - Impressão Offset ........................................................................................................ 70
4 CONSTRUTIVISMO RUSSO ............................................................................................ 74
5 A REVISTA ATENA SPORTS ........................................................................................... 80
5.1 - Nome da revista ........................................................................................................... 80
5.2 - Segmentação ................................................................................................................ 81
5.3 - Público-alvo ................................................................................................................. 82
5.4 - Periodicidade ............................................................................................................... 82
5.5 - Formato ........................................................................................................................ 82
5.6 - Margens ....................................................................................................................... 83
5.7 – Colunas ........................................................................................................................ 83
5.8 - Cores ............................................................................................................................ 84
5.9 - Imagens ........................................................................................................................ 84
5.10 - Fontes ......................................................................................................................... 84
5.10.1 - Fonte para logo .................................................................................................... 85
5.10.2 - Fonte para seções ................................................................................................. 86
5.10.3 - Fonte para títulos ................................................................................................. 86
5.10.4 - Fonte para inter-títulos ......................................................................................... 86
5.10.5 - Fonte para linha fina ............................................................................................ 86
5.10.6 - Fonte para créditos jornalísticos e fotográficos ................................................... 87
5.10.7 - Fonte para matérias .............................................................................................. 87
5.10.8 - Fonte para legendas e boxes ................................................................................ 88
5.11 - Impressão (da capa ao miolo) .................................................................................... 88
5.12 - Estrutura: Seções ....................................................................................................... 88
5.13 - Tecnologia usada para a diagramação ....................................................................... 89
6 TEORIA DA PERSUASÃO ................................................................................................ 90
7 METODOLOGIA ................................................................................................................ 94
7.1 Método Qualitativo ........................................................................................................ 95
7.2 Pesquisa Bibliográfica .................................................................................................. 100
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 102
REFERÊNCIAS .....................................................................................................................104
APÊNDICE ............................................................................................................................109
ANEXO ................................................................................................................................ 120
1 INTRODUÇÃO
O século XV foi marcado por transformações e acontecimentos políticos,
econômicos e sociais no mundo. O surgimento da imprensa demonstra que vários fatores
contribuíram para a veiculação das informações para o mundo todo. Os veículos de
comunicação foram sendo aprimorados e chegaram aos formatos conhecidos atualmente. Com
o passar dos anos as pessoas foram se adaptando a essas novas tecnologias e
consequentemente os valores, costumes, cultura e principalmente a economia também foram
modificadas, o que contribuiu para que as mídias também acompanhassem o ritmo dessa
evolução e se adequassem às novas necessidades e exigências do público.
Desse modo, a revista foi um dos meios de comunicação que se destacou
por seu aprimoramento, pois com o passar dos anos e para acompanhar todas as mudanças, a
mesma apresenta em sua estrutura, uma quebra de rotina, com uma estética diferente dos
demais veículos, elaborada com textos descontraídos, propiciando ao leitor uma leitura
agradável e de fácil interpretação.
Dentre os meios de comunicação segmentados para o público feminino,
optou-se no aprofundamento de estudos com o meio impresso, com enfoque em uma revista
de esportes1 com distribuição gratuita. Esse objetivo foi elaborado, após uma breve
constatação de que as revistas esportivas disponibilizadas em Maringá 2, embora abordem
assuntos, em sua maioria, voltados exclusivamente ao público masculino, mesmo
apresentando conteúdos bem abrangentes e sendo consideradas como publicações de
variedade, não são direcionadas, exclusivamente, ao público feminino.
O objetivo do presente trabalho é desenvolver o planejamento gráfico de
uma revista de esportes em território maringaense, porém com uma proposta inovadora, com
um design voltado para o público feminino. Para a idealização desse projeto, várias leituras
foram realizadas, a partir de inúmeras referências na literatura mundial, acerca do respectivo
1
Quando mencionado a criação de uma revista de esportes, o intuito é abranger todas as áreas esportivas,
apresentando a relevância da qualidade de vida por meio das atividades físicas apresentadas. Ou seja, abordar
assuntos desde beleza, saúde, curiosidades no esporte até gastronomia e dica de receitas.
2
Maringá é um município brasileiro do Estado do Paraná, considerada uma cidade média-grande planejada e
de urbanização recente, sendo a terceira maior do Estado, estando Curitiba em primeiro lugar e em segundo,
Londrina. Destaca-se pela qualidade de vida oferecida a seus moradores e por ser um importante entroncamento
rodoviário regional. É considerada uma das cidades mais arborizadas e limpas do país. De acordo com o IBGE,
Maringá possui uma população de 385,753 habitantes e sua economia é representada pelo setor de comércio e
prestação de serviços. Disponível em www.wikipedia.org/wiki/MaringaEconomia. Acesso em 23/11/2013 às
16h.
tema fundamentado pelo contexto histórico, direcionando todo o trabalho no planejamento
gráfico no Construtivismo Russo, uma escola de arte da década de 1920. Portanto, pretende-se
aplicar os conceitos de design no material gráfico, na busca de referências para fundamentar
as escolhas visuais. Desse modo, pergunta-se: A partir de conhecimentos adquiridos na área
de computação, planejamento gráfico e design, apresentados durante a graduação em
Comunicação Social – Jornalismo, é possível desenvolver uma revista impressa para o
público feminino que seja eficiente visualmente?
Por meio do problema questionado será verificada a hipótese do
desenvolvimento e execução do projeto gráfico de uma revista segmentada, pois o jornalismo
especializado seria a produção de uma informação particularizada, com a finalidade de atingir
um público específico, de característica singular, aqui posto como feminino.
A realização do respectivo estudo foi embasada na metodologia qualitativa,
por meio da observação e análise de materiais gráficos, com foco exploratório, pois permite
ao investigador aumentar a sua experiência, aprofundando seu estudo e adquirindo mais
conhecimento a respeito de um determinado problema e assim proporcionar maior
familiaridade com o assunto, com vistas a torná-lo explícito ou a construir hipóteses.
A técnica usada para o desenvolvimento do estudo foi a Pesquisa
Bibliográfica para a aquisição de dados referentes ao Jornalismo de Revista. Essa pesquisa
possibilitou a apresentação da história dos impressos no Brasil e no mundo, cujo enfoque
refere-se aos segmentos esportivo e feminino. História esta fundamentada no planejamento e
na produção gráfica, bem como na Teoria de Comunicação e na Metodologia.
Para que tais objetivos fossem cumpridos, como o embasamento teórico e a
eficiência na construção do layout, o trabalho foi dividido em sete capítulos. O capítulo inicial
aborda o que é Jornalismo de Revista, tendo como subcapítulos, a História dessas no mundo e
no Brasil, publicações esportivas e femininas, a mulher no esporte e o mercado de revistas.
Descreve, brevemente, o conceito de revista, visando compreender a definição de possuírem
um gênero utilitário em suas páginas, ou seja, de oferecer serviços aos seus leitores. No
entanto, é traçado também, um panorama histórico sobre o impresso no mundo e no Brasil,
citando as publicações mais relevantes e momentos importantes que possibilitaram o
estabelecimento dessas, enquanto meio de comunicação. Posteriormente, aborda-se a
trajetória dos magazines segmentados ao esporte e ao público feminino, segmento que
caracteriza o presente trabalho. Por final, faz-se uma abordagem sobre as mulheres no
universo desportivo, resgatando como as mesmas iniciaram suas vidas nessa área e como
estão atualmente, mostrando alguns exemplos que conquistaram o país e o mundo.
O segundo capítulo explora o Planejamento e Produção gráfica sobre os
elementos que são investigados e pontuados individualmente, sendo esses: cores, fontes,
zonas de visualização, margens e colunas, imagens, segmentação, público-alvo, periodicidade,
formato, layout e impressão Offset. A utilização destes itens para o projeto são relevantes
devido à composição e diagramação da revista Atena Sports.
Já o terceiro capítulo, intitulado Construtivismo Russo, estabelece o design
da revista na década de 1920 a 1930, passando pelo contexto histórico, desenvolvimento e
suas características particulares. Nessa época a Rússia sofria reflexo de vários acontecimentos
como a Revolução Russa, a Primeira Guerra Mundial e a Revolução Industrial, que fizeram
com que os construtivistas propusessem uma mudança na arte, que seria um meio de
comunicação para gritar à população.
O quarto capítulo destina-se à apresentação do planejamento gráfico da
Revista Atena Sports, incluindo como elementos básicos para sua execução os abordados no
capítulo de planejamento e produção gráfica (Pág. 43). Ele aborda principalmente o aspecto
visual do projeto gráfico, que visa um equilíbrio harmônico na composição de cada página do
impresso, pois ilustrações e textos precisam despertar a curiosidade do leitor para que ele
tenha interesse pelo assunto exposto.
O quinto capítulo é voltado à Teoria da Persuasão, pois sendo essa uma
pesquisa científica, é fundamental sua presença como base do estudo. Esta teoria propõe que a
mensagem enviada pela mídia não é entendida imediatamente pelo indivíduo, dependendo,
das diversas compreensões individuais que o mesmo possui a respeito de determinado tema.
Então, cabe ao emissor pensar e saber escolher o público-alvo, compreender o que ele quer
ver, ouvir ou ler e quais veículos de informação irão atender melhor tais expectativas.
A Metodologia será apresentada no sexto capítulo, de forma mais
abrangente, para determinar a técnica necessária para estudo da hipótese levantada nesta
pesquisa: se é possível desenvolver um planejamento gráfico de uma revista segmentada na
área de esportes para o público feminino maringaense. Adota-se como elemento de pesquisa o
método qualitativo, com base no conhecimento científico, e a abordagem é feita por meio de
investigação e comprovação das hipóteses.
E para finalizar este trabalho de conclusão de curso, segue em anexo a peça
desenvolvida, intitulada Revista Atena Sports, que tem segmento na área esportiva com foco
no público feminino de Maringá e região, cuja estrutura está alicerçada nos princípios da
Escola Construtivista Russa.
2 JORNALISMO DE REVISTA
O desenvolvimento do trabalho aqui proposto sugere que o mesmo se
caracteriza como Jornalismo de Revista, ao passo que se trata de um planejamento e projeto
gráfico de um magazine de esportes voltada para o público feminino maringaense. Logo é
preciso entender o que de fato é essa mídia. Desse modo, para uma melhor compreensão do
assunto, pretende-se nesse capítulo apresentar o conceito de revista, a história da mesma no
mundo e no Brasil, citando as publicações mais importantes que possibilitaram que o gênero
magazine se estabelecesse como meio de comunicação. E em seguida, aborda-se a trajetória
das revistas de esportes e das femininas.
Para iniciar o capítulo, primeiramente, é preciso entender o conceito dessa
mídia. Marília Scalzo em sua obra Jornalismo de Revista inicia um debate sobre a existência,
abertura e fechamento desses periódicos, indagando o que é realmente um magazine e como
as pessoas veem esse meio de comunicação. Segundo a autora, “revista é um veículo de
comunicação, um produto, um negócio, uma marca, um objeto, um conjunto de serviços, uma
mistura de jornalismo e entretenimento” (2004, p.11).
Essa definição exprime uma descrição clara e objetiva do que é um impresso
e a autora ainda comenta que nenhuma dessas definições abrange totalmente o universo que
envolve esse meio de comunicação e seus leitores. Scalzo exemplifica com a afirmação de um
editor espanhol, Juan Canõ, o qual define revista como “uma história de amor com o leitor”
(apud SCALZO, 2004, p.12). A autora acredita então que, assim como toda relação, essa
também deve ser constituída de “confiança, credibilidade, expectativas, idealizações, erros,
pedidos de desculpas, acertos, elogios, brigas, reconciliações” (2004, p.12).
Revista é também um encontro entre um editor e um leitor, um contato que
se estabelece, um fio invisível que une um grupo de pessoas, e nesse sentido,
ajuda a construir a identidade, ou seja, cria identificações, dá sensação de
pertencer a um determinado grupo (SCALZO, 2004, p.12)
Já para Sérgio Vilas Boas (1996, p.9), o Jornalismo de Revista preenche o
espaço deixado pelo dinamismo dos jornais diários, com informações aprofundadas e outros
detalhes.
Além de visualmente mais sofisticada, outro fator a diferencia sobremaneira
do jornal: o texto. Com mais tempo para extrapolações analíticas do fato, as
revistas podem produzir textos mais criativos, utilizando recursos estilísticos
geralmente incompatíveis com a velocidade do jornalismo diário (VILAS
BOAS, 1996, p.9).
Desse modo, pode-se dizer que além de uma edição provida de informações
e entretenimento, o referido veículo de informação é uma forma de estabelecer relações com o
leitor, sendo este quem vai definir o que realmente é uma revista. Geralmente, as revistas
tornam-se objetos queridos, fáceis de carregar, colecionar, de recortar e copiar: modelos,
atitudes, decisões, negócios etc. Ressaltando a função das revistas, Scalzo as define assim:
Enquanto os jornais nascem com a marca explicita da política do
engajamento claramente definido, as revistas vieram para ajudar na
complementação da educação, no aprofundamento de assuntos, na
segmentação do serviço utilitário que podem oferecer a seus leitores. Revista
une e funde entretenimento, educação, serviço e interpretação dos
acontecimentos. Possui menos informação no sentido clássico (as „notícias
quentes‟) e mais informação pessoal (aquela que vai ajudar o leitor em seu
cotidiano, sem sua vida prática). Isso não quer dizer que as revistas não
busquem exclusividade no que vão apresentar a seus leitores. Ou que não
façam jornalismo (2004, p.14).
Dentro do ambiente das revistas segmentadas, as publicações propõem-se a
disponibilizar informações úteis à rotina das pessoas. Deste modo, para o desenvolvimento da
pesquisa aqui proposta, acredita-se que o serviço utilitário além de levar informação ao leitor
proporciona também benefícios para o mesmo, de forma a facilitar no seu cotidiano, portanto,
o planejamento gráfico da Revista Atena Sports, tende a oferecer as maringaenses, métodos
práticos no quesito da busca da saúde e qualidade de vida através dos esportes. Marcelo Leite3
(apud VAZ, 2008, p.11) afirma que o jornalismo de serviço está cada vez mais presente nos
impressos.
Boa parte das pessoas que lêem o jornal num determinado dia procura ali
informações úteis para a vida. Consciente desta demanda, a maioria das
publicações vem investindo no chamado jornalismo de serviço,
realimentando assim esse vínculo de confiança com seus leitores. Apesar de
3
Em 1996 Marcelo Leite à época ombudsman da Folha de S. Paulo participou de um bate-papo on-line no UOL
ao qual debate sobre jornalismo de serviço.
tudo, os erros acontecem. Qualquer leitor já viveu a experiência
desagradável de perder o filme porque o horário no jornal estava errado
(LEITE apud VAZ, 2008, p.11).
Os respectivos tipos de informações servem para orientar os leitores a tomar
decisões, de acordo com sua necessidade em determinada ocasião. Essa influência direta na
vida dos leitores é tratada por uma direção diferente aos tradicionais gêneros, conhecidos
como: informativo, opinativo e interpretativo. Dessa forma, classifica-se como gênero
utilitário por Marques de Melo (apud VAZ, 2009, p.4). Logo, entre o que o autor chama de
utilitário, enfatiza quatro formatos, definindo como:
Indicador: Dados fundamentais para a tomada de decisões cotidianas.
(Cenários econômicos, meteorologia, necrologia etc.); Cotação: Dados sobre
a variação dos mercados: monetários, industriais, agrícolas, terciários;
Roteiro: Dados indispensáveis ao consumo de bens simbólicos; Serviço:
Informações destinadas a proteger os interesses dos usuários dos serviços
públicos, bem como dos consumidores de produtos industriais ou de serviços
privados (MELO apud VAZ, 2009, p.4).
Esse gênero está fundamentado na ação e reação dos leitores e, dessa forma,
é tão presente e atuante nos meios de comunicação, sobretudo nas revistas segmentadas.
Nas revistas, há um inquestionável espaço dedicado ao serviço,
principalmente nas especializadas em: moda, arquitetura, decoração,
casamentos e saúde. Preocupando-se em mostrar ao leitor quais as
tendências, as novidades e as opções de determinado setor (VAZ, 2009, p.8).
Para a pesquisadora espanhola, Maria Pilar Diezhandino (apud VAZ, 2009,
p.8-9), esse gênero se caracteriza como “uma informação útil, proveitosa e utilizável pelo
leitor”. Além disso, a autora ainda acredita que o jornalismo de serviço “ensina, previne,
anima, adverte e aconselha” (DIEZHANDINO apud VAZ, 2009, p.9) os leitores.
Conceituando assim, Jornalismo de Revista e como se deparam ao serviço
utilitário, do qual se utilizará a Revista Atena Sports, pretende-se agora apresentar a história
dos magazines no mundo e posteriormente no Brasil. Abordando os impressos relevantes que
tem possui sua fundamentação teórica para embasar este trabalho. Por seguinte, serão
levantados os impressos segmentados esportivos e femininos, do qual se baseia o
planejamento gráfico apresentado.
2.1 História da revista
A história das revistas se deu no início do século XVII. De acordo com
Scalzo (2004, p.19), a primeira revista que se tem notícia foi publicada em 1663, na
Alemanha, pelo poeta e teólogo Johann Rist, na cidade de Novo Hamburgo, sob a
denominação de Erbauliche Monaths-Unterredungen (ou Edificantes Discussões Mensais).
Suas publicações se deram até o ano de 1668. Semelhante a um livro era considerada revista,
pois trazia muitos artigos sobre o mesmo assunto, teologia, na época, era voltada para
públicos específicos, além de propor-se sair periodicamente.
Entretanto, Scalzo (2004, p.19) afirma que, como tudo que é novidade, a
obra serviu de inspiração para publicações semelhantes pelo mundo. Apesar de não utilizar o
termo revista no nome (termo utilizado pela primeira vez em 1704 4), o surgimento de
publicações periódicas na França, Itália e na Inglaterra deixou claro um novo modo de
publicação que surgia, em aprofundar assuntos, mais que os jornais, menos que os livros,
destinado a públicos específicos.
A autora ainda comenta que em 1672, surge na França Lê Mercure Galant,
apresentando o conceito de revista multitemática, contendo notícias curtas, anedotas e poesia,
a qual foi copiada logo em seguida. Mas somente em 1731, em Londres, é lançada a primeira
revista mais parecida com as que conhecemos atualmente, a The Gentleman’s Magazine.
Segundo Scalzo (2004, p.19), a publicação era inspirada nos grandes magazines, nas lojas que
vendiam de tudo um pouco e por esse motivo reunia vários assuntos apresentados de maneira
leve e agradável.
4
O termo “revista” foi utilizado pela primeira vez em 1704, quando o escritor e jornalista Daniel Defoe lançou
em Londres a “A Weekly Review of the Affairsof France”.
FIGURA 01
Capa da primeira edição da Revista The Gentleman’s Magazine
Janeiro de 1731
Nos Estados Unidos, os primeiros títulos são publicados em 1741 American Magazine e General Magazine. O gênero magazine começa a ganhar os EUA na
medida em que o país se desenvolve. Desse modo, verifica-se que o analfabetismo diminui,
cresce o interesse por novas ideias e, consequentemente, desperta a necessidade de divulgálas. Assim, ao longo do século XIX, esse acontecimento se repetiu na Europa.
De acordo com Scalzo (2004, p.20), até o fim do século XVIII, uma centena
de publicações havia tomado conta do mercado. A partir dessa contextualização, a autora
descreve o desenvolvimento dessa publicação.
Ao longo do século XIX, a revista ganhou espaço, virou e ditou moda.
Principalmente na Europa e também nos Estados Unidos. Com o aumento
dos índices de escolarização, havia uma população alfabetizada que queria
ler e se instruir, mas não se interessava pela profundidade dos livros, ainda
vistos como instrumentos da elite e pouco acessíveis. Com o avanço técnico
das gráficas, as revistas tornaram-se o meio ideal, reunindo vários assuntos
num só lugar e trazendo belas imagens para ilustrá-los. Era uma forma de
fazer circular, concentradas, diferentes informações sobre os novos tempos,
a nova ciência e as possibilidades que abriam para uma população que
começava a ter acesso ao saber. A revista ocupou assim um espaço entre o
livro (objeto sacralizado) e o jornal (que só trazia o noticiário ligeiro).
Com a diminuição do índice de analfabetismo houve um estímulo na
população quanto ao interesse pela leitura, mas os livros ainda eram vistos como meios
destinados apenas para a elite, tornando-os inacessíveis para a obtenção de conhecimento.
Logo, percebe-se que a revista teve papel fundamental no que diz respeito a possibilitar o
acesso ao conhecimento às pessoas da época, pois a mesma possibilitava quebrar as barreiras,
proporcionando uma ponte entre os livros e os jornais.
Portanto, Scalzo (2004, p.22) afirma que tamanha é a importância da revista
que “na história da imprensa, porém, talvez nada tenha contribuído tanto para o progresso do
gênero com o nascimento da primeira revista semanal de notícias”.
No Brasil, segundo Scalzo (2004, p.27), o desenvolver da história das
revistas não foi diferente.
A história das revistas no Brasil, assim como da imprensa em qualquer lugar
do mundo, confunde-se com a história econômica e da indústria no país. As
revistas chegaram por aqui no começo do século XIX junto com a corte
portuguesa – que vinha fugindo da guerra e de Napoleão. Quer dizer,
chegaram junto com o assunto que iriam tratar e com os meios para serem
feitas. Antes disso, proibida por Portugal, não havia imprensa no Brasil
(SCALZO, 2004, p.27).
“A autorização para imprimir em território nacional veio com o
consentimento para a instalação da imprensa régia, em 1908, determinada por D. João VI”
(BAPTISTA; ABREU, 2012, p.2). No entanto, a grande diversidade e todo aspecto colorido
que apresentam o gênero da revista atualmente se iniciaram no Brasil com um “maço mal
encadernado de folhas de papel, trinta páginas monotonamente recobertas de texto, sem uma
ilustração que fosse” (ABRIL, 2000, p.16). Essa publicação, surgida em Salvador-BA no ano
de 1812, chamava-se As Variedades ou Ensaios de Literatura. Apesar de que tenha saído
apenas dois números, foi o suficiente para que essa se tornasse a primeira revista brasileira.
Conforme as palavras de Scalzo (2004, p.27), seguindo os modelos de
revistas utilizados no mundo editorial da época e a proposta de conteúdo estabelecida pelos
editores da referida revista, que eram os “discursos sobre costumes e virtudes morais e
sociais, algumas novelas, história antiga e moderna, tanto nacionais como estrangeiras, os
resumos de viagens, trechos de autores clássicos portugueses, anedotas e artigos científicos”.
Contudo, assim como todos os periódicos de sua época, As Variedades ou Ensaios de
Literatura também possuíam “cara e jeito de livro” (SCALZO, 2004, p.27).
Entretanto, para que as publicações consecutivas às As Variedades
ganhassem a feição das revistas de atualmente e se consolidassem na vida do país, foi
necessário um longo período de tempo, uma vez que as mesmas, nem sempre cumpriam com
a função e nem tinham representatividade de hoje em dia, conforme constata-se na obra A
revista no Brasil.
[...] as primeiras revistas brasileiras pouca importância tiveram para a sociedade.
Não se preocupavam em refleti-la: eram publicações eruditas, não noticiosas. A
preocupação com a notícia, aliás, não era a tônica da imprensa brasileira da época:
o grito de D. Pedro às margens do Ipiranga demorou treze dias para ecoar nas
páginas do jornal O Espelho, do Rio de Janeiro (ABRIL, 2000, p.18)
Em 1813, surge no Rio de Janeiro a segunda revista publicada no Brasil, O
Patriota. Contava com colaboradores da elite intelectual da época e, como o próprio nome
sugere, dispunha-se a propagar sobre autores e temas da terra.
Anos depois, mais precisamente em 1827, Scalzo (2004, p.28) explica que
aparece a primeira segmentação por tema no país, denominada “O Propagador das Ciências
Médicas” do órgão da Academia de Medicina do Rio de Janeiro. Publicação esta, dedicada
aos novos médicos que começariam a atuar no país, foi considerada a primeira revista
brasileira segmentada.
No mesmo ano surge a pioneira entre as revistas femininas nacionais,
“Espelho Diamantino”. Uma revista de “Política de Política, Literatura, Belas Artes, Teatro e
Moda dedicada às Senhoras Brasileiras” (SCALZO, 2004, p.28).
A respeito das primeiras edições de revistas nacionais, a autora esclarece
que,
Todas essas publicações têm vida curta. Sofrem com a falta de assinantes e
de recursos. Algumas saem apenas uma vez, com baixíssimas tiragens,
outras, duas ou três. No máximo duram um ano ou dois. Á vida das revistas
começa a mudar quando é lançada, em 1837, Museu Universal. Refletindo a
experiência das Exposições Universais européias que dominaram o século
XIX, com textos leves e acessíveis, a publicação foi feita para uma parcela
da população recém-alfabetizada, a quem se queria oferecer cultura e
entretenimento. Além dessas inovações, a revista trazia ilustrações.
(SCALZO, 2004, p.28).
Desse modo, a Museu Universal caracterizou-se pela ilustração às suas
edições e no período de sete anos, foram reproduzidas gravuras de artistas franceses e
ingleses. Entretanto, desde o princípio, os magazines brasileiros tiveram caráter ilustrado,
mas, até meados do século XX, ainda assemelhavam-se muito aos jornais devido ao conteúdo
noticioso e as fotografias que traziam personagens em poses sem movimentos (ABRIL, 2000,
p.21). O processo de mudança estética dos magazines brasileiros acompanhou a mudança
industrial do país, bem como o surgimento de novos processos de impressão. Portanto, visto
que a fotografia possuía lugar de destaque junto aos periódicos nacionais, em 1900 surge a
“Revista da Semana”, enquanto periódico especializado na realização de reconstituições de
crimes em estúdios fotográficos. Fica “instaurando, assim, no mercado brasileiro de revistas,
um modelo que veio para ficar: veículos recheados de ilustrações e fotos atraentes aos olhos
do consumidor” (BAPTISTA; ABREU, 2012, p.4).
Diante dessa contextualização, foi seguindo o modelo dos magazines
europeus (textos leves, acessíveis e com ilustrações), que o Jornalismo de Revista no Brasil
encontrou um caminho, tanto para atingir um número maior de leitores, quanto para conseguir
se manter no mercado.
O surgimento das revistas de variedade no Brasil é datado em 1849, com a
publicação da “A Marmota da Corte”. Um periódico que teve como característica utilizar
muitas ilustrações, “como forma de atrair leitores, inclusive os não alfabetizados pertencentes
às classes abastadas” (SCALZO 2004, p.29), textos mais curtos e com humor. A partir desse
momento, as caricaturas tomaram formato e tornaram-se uma “febre” nas revistas nacionais.
Diante dos estudos de Scalzo (2004, p.29), é possível verificar que entre o
final do século XIX e o início do XX, surge um novo tipo de publicação direcionada ao
público masculino. Denominadas “galantes”, estas abordavam notas políticas e sociais, piadas
e contos picantes, caricaturas, desenhos e fotos eróticas. Em seguida, em 1905, nasceram as
primeiras histórias em quadrinhos nacionais, a Tico-Tico, “que seria grande sucesso entre as
crianças por mais de 50 anos” (SCALZO, 2004, p.30).
Assim como esse sucesso nacional, também surgiram muitas outras
revistas5, que se tornaram verdadeiros fenômenos devido à repercussão e importância para a
sociedade. Por exemplo, a “O Cruzeiro”, criada pelo jornalista e empresário Assis
Chateaubriand, em novembro de 1928, estabeleceu uma nova linguagem na imprensa
nacional, através da publicação de grandes reportagens, além de apresentar uma atenção
5
Que influenciaram na criação dos impressos mais conhecidos daquele período, como por exemplo Life e Wulf.
maior ao fotojornalismo. Desse modo, a revista inovou a técnica jornalística ao romper-se
com a influência das escolas europeias na imprensa brasileira.
FIGURA 02
Capa da primeira edição da Revista O Cruzeiro 10 de novembro de 1928.
Em linhas gerais, Muniz Sodré (1985, p.41), explica que a publicação se
transformou em um verdadeiro fenômeno editorial, devido à apresentação de um estilo que
prestigiava reportagens sensacionalistas.
A posição de liderança absoluta de O Cruzeiro se baseava em reportagens
exclusivas, de cunho sensacionalista. E num país de dimensões continentais,
sem maiores limitações de censura, o campo era vasto e variado para O
Cruzeiro. Seus repórteres e fotógrafos, que constituíam uma verdadeira
espécie de elite profissional na época, eram verdadeiros cavaleiros andantes
em busca do Santo Graal da Sensação: iam buscar o assunto na fonte, em
qualquer lugar ermo do Brasil ou do mundo. [...] Para um público ainda não
saturado pelos veículos de massa, ler O Cruzeiro era redescobrir
semanalmente o mundo do modo aventuroso ou sensacional. (SODRÉ, 1985,
p.41).
Portanto, somada as características abordadas acima, o periódico expunha
matérias jornalísticas sobre temas nacionais e estrangeiros, textos caprichosos e bem
diagramados, apresentando boas fotos e ilustrações, relata Scalzo (2004, p.30). Sendo assim, a
“receita” da revista pode ser decifrada como “uma resenha do noticiário semanal nacional e
internacional com material fotográfico, literatura, reportagens sobre locais exóticos e quase
desconhecidos da flora e fauna nacionais, colunas que abordavam um grande espectro de
assuntos” (BAPTISTA; ABREU, 2012, p.7). À vista disso, após seu lançamento no mercado,
O Cruzeiro já estava nas bancas das principais cidades brasileiras e, também nas importantes
revistarias de Montevidéu/UR e Buenos Aires/AR.
Composta por 64 páginas, a edição de O Cruzeiro contava com muitos
anúncios coloridos, vários deles ocupavam o espaço de páginas inteiras. Baptista e Abreu
(2012, p.8) comentam que “os anunciantes e as agências de publicidade mostravam a crença
na viabilidade do projeto de Chateaubriand para incrementar as vendas de seus produtos”.
Desse modo, Mira (2001, p.13) afirma que a mesma era considerada como a “revista da
família brasileira”, pois estava voltada a maioria dos leitores brasileiros, de todas as classes
sociais, que buscavam informações, cultura e entretenimento.
Baptista e Abreu (2012, p.7) ainda relatam o depoimento do Prefeito da
Cidade do Rio de Janeiro, César Maia, aos Cadernos de Comunicação quanto ao periódico.
[...] a revista O Cruzeiro surgia com o compromisso de apresentar um Brasil
moderno, sintonizado com os avanços tecnológicos de um mundo que se
reorganizava após a Primeira Guerra Mundial. [...] a revista reflete as
aspirações de um país que se preparava para uma nova era. As reportagens
focavam o alcance da telefonia, a extensão do Correio Aéreo, o confronto do
automóvel, as grandes construções, as estradas que facilitavam as
comunicações entre os estados da Federação. [...] Cruzeiro era a cara do Rio.
Um Rio que ditava modismos para todo o Brasil. Um Rio em que a febre da
construção civil acelerava o mercado imobiliário e absorvia grande
contingente de mão-de-obra. [...] Era, principalmente, a visão de um Rio
alegre, cosmopolita, que aparecia nas páginas de Cruzeiro através do traço
irônico dos seus humoristas, das belezas das “misses”, da moda, da música e
do teatro. Mas era, também, o Rio capital da República, sede das grandes
decisões políticas, econômicas e sociais. Um Rio que percebia e denunciava
absurdos como a exploração dos nordestinos vindos nos “paus- de-arara” em
busca de um sonho nunca realizado (2012, p.7-8).
Durante a década de 50, a revista O Cruzeiro teve recordes de edições, com
mais de 700 mil exemplares vendidos por semana. De acordo com Scalzo (2004, p.30), a
referida revista “morre” na década de 1970, mais precisamente em 1975, tendo sua última
edição lançada no mês de julho, com o Pelé na capa vestido de Tio Sam6.
6
Tio Sam é a personificação nacional dos Estados Unidos da América e um dos símbolos nacionais mais
famosos do mundo. O nome Tio Sam foi usado primeiramente durante a Guerra anglo-americana de 1812, mas
só foi desenhado em 1852. É geralmente representado como um senhor de fisionomia séria com cabelos brancos
e barbicha. O Tio Sam é representado vestido com as cores e elementos da bandeira norte-americana - por
Em 1952, surge pela Editora Bloch a segunda revista que obteve sucesso no
Brasil, sendo a principal concorrente de O Cruzeiro, a “Manchete”. Criada pelo imigrante
russo e naturalizado brasileiro Adolpho Bloch7.
FIGURA 03
Capa da primeira edição da Revista Manchete 26 de abril de 1952
A edição e publicação da Manchete veio inovar a revista ilustrada por
valorizar ainda mais os aspectos gráfico e fotográfico como seus elementos mais relevantes.
Para Pereira Lima (apud BAPITISTA; ABREU, 2012, P.13), a revista Manchete, por sua vez,
É mais uma publicação com ênfase nos recursos ilustrativos do que no texto
de profundidade, deixando insatisfeito o novo público que passa a despontar
no cenário brasileiro: a classe média urbana em formação, constituída
principalmente de jovens de nível escolar superior ou pelo menos
equivalente ao segundo grau de hoje (PEREIRA LIMA apud BAPTISTA;
ABREU, 2012, p.13)
exemplo, uma cartola com listras vermelhas e brancas e estrelas brancas num fundo azul, e calças vermelhas e
azuis listradas. Acesso em www.wikipedia.org/wiki/tio_sam dia 14 de outubro de 2013 às 10h25.
7
Adolpho Bloch foi um dos mais importantes empresários da imprensa e televisão brasileira. Fundador do grupo
de mídia que levava seu sobrenome. Foi também o criador da revista semanal Manchete, em 1952, e fundou,
em 1983, a Rede Manchete, hoje extinta. Disponível em: www.wikipedia.org/Adolpho_Bloch.Acesso em
15/10/2013 às 10h15.
A Manchete trazia em suas páginas pequenos textos jornalísticos
acompanhados de grandes imagens ilustrativas. Um impresso semanal de entretenimento que
abordava assuntos como, ciência, esportes, culinária, a vida dos políticos e artistas, até
charges e crônicas. O periódico ficou marcado na história da revista como uma publicação de
fácil leitura, atraente e colorida.
Seguindo o pensamento de Henrique Pongetti8 (apud BAHIA, 2009, p.398399), a expansão da revista não se limitava apenas ao Rio de Janeiro e a São Paulo. Embora
com menores projeções, no Sul e no Nordeste, o parque editorial se ampliava e se
diversificava. “O Brasil crescia com uma única revista popular importante, os novos
alfabetizados iam formando um poderoso mercado a preencher, haveria lugar para muitos
editores”.
A revista Manchete ficou disponível nas bancas entre 1952 e 1990,
deixando de circular, após a falência da Bloch Editores. “Acompanhando a decadência do
grupo Bloch, por um lado, a falência do modelo das revistas semanais ilustradas, por outro
lado, vai perdendo seu público” (SCALZO, 2004, p.30).
Depois da Manchete, outra importante para o Brasil foi a Revista
“Realidade”, lançada em 1966 pela Editora Abril. Segundo Scalzo (2004, p.31), o impresso é
considerado uma das mais conceituadas revistas brasileiras de todos os tempos, uma vez que a
publicação assegurava ser uma revista mensal para homens e mulheres inteligentes que
queriam saber mais a respeito do mundo. Logo, o material foi um exemplo de criatividade,
investigação aprofundada, ensaios fotográficos e textos bem elaborados.
A revista passou por algumas mudanças e, talvez a mais importante, trazia
grandes temas do momento e as matérias geravam polêmica. Contudo, fechou em 1976.
8
Henrique Pongetti foi um Jornalista e Dramaturgo brasileiro. E o primeiro diretor de publicação da revista
Manchete em 1952.
FIGURA 04
Primeira capa da Revista Realidade – Abril de 1966
(Rosto do Pelé com um busby (acessório que a guarda inglesa utiliza na cabeça) fazendo
alusão à Copa de 1966, realizada na Inglaterra)
Diante desse contexto, observa-se que as revistas brasileiras encontraram na
reportagem um caminho para se ligar aos leitores, pois de acordo com o livro A Revista no
Brasil, “o progressivo enraizamento das revistas na vida nacional acabaria por criar a
necessidade de atender públicos cada vez mais diversificados” (ABRIL, 2000, p.22). Assim, o
conceito de segmento editorial indicava um acontecimento necessário para que o jornalismo
de revista pudesse incluir mais pessoas da sociedade.
2.2 Revistas Esportivas
Devido à pesquisa aqui proposta ser segmentada ao esporte. Neste momento
aborda-se a história dos magazines desta especialidade, relatando como foi e como se
encontra o mercado desses impressos no mundo e no Brasil, para assim, compreender a
necessidade de criação da Revista Atena Sports.
A evolução das revistas esportivas se deram a partir da criação dos jornais
do mesmo segmento. Portanto, é preciso antes entender como o jornal nasceu por seguinte
entender à criação dos magazines.
O primeiro jornal diário esportivo do Brasil foi o Jornal dos Sports, do Rio
de Janeiro, que circulou pela primeira vez em 13 de março de 1931.
De acordo com Celso Unzelte9 (2009, p.59), “a situação de quem quer
trabalhar com esportes em veículos impressos não é muito diferente daquela de 18 anos atrás.
Difícil, mas não impossível”. Segundo o autor, desde aqueles tempos até os dias atuais, o
mercado perdeu um jornal especializado, o clássico A Gazeta Esportiva, de São Paulo, que
circulava como tabloide semanal desde 1928 e passou a ser diário a partir de 1947. Em 2001,
o mesmo deixou de ser impresso, transformando-se em site, o gazetaesportiva.net.
Embora houvesse perdas significativas devido à extinção do respectivo
jornal, em contrapartida, em 26 de outubro de 1997 surgiu o Lance!, se intitulando “o maior
diário esportivo das Américas”, com vantagem de circular no Rio e também em Minas.
Unzelte (p.59) esclarece que atualmente o jornal “se constitui na principal porta a ser batida
pelos estudantes que desejam se tornar jornalistas esportivos e respirar os ares de uma redação
de jornal”.
Scalzo (2004, p.36), em relação ao assunto revista,
expressa como “é
incrível que o „País do futebol‟ não tenha uma publicação para acompanhar esse esporte na
periodicidade que exige – no caso, semanalmente?” Segundo as pesquisas de Unzelte (2009,
p.60), a resposta do mercado ao respectivo questionamento é que,
Não há como competir com a velocidade e o bombardeio com que o rádio, a
televisão e, mais recentemente, a Internet transmitem informações factuais,
como a cobertura dos jogos [...] Talvez, o que nos falte mesmo para manter
uma publicação como essa seja um número suficiente de anunciantes e de
leitores interessados (UNZELTE, 2009, p.60).
Unzelte (2009, p.60-61) complementa observando que independente de qual
for o motivo “o Brasil está órfão de uma revista semanal de esportes que tenha sobrevivido às
suas primeiras três ou quatro edições”.
Em 1938, começou a circular semanalmente o primeiro magazine de âmbito
nacional, o Sport Ilustrado, mais focado no Rio de Janeiro, a se especializar em futebol.
9
Celso Dario Unzelte é um jornalista, pesquisador, comentarista esportivo e escritor brasileiro.
Segundo Unzelte (2009, p.61), “por conta da xenofobia reinante durante a Segunda Guerra
Mundial”, no dia 17 de abril de 1941, a partir da edição 158, a revista teve o seu título
alterado para “Esporte Ilustrado”. A mesma circulou até o ano de 1955, período também de
criação da lendária Manchete Esportiva, na qual consagrou os textos de Nelson Rodrigues10.
“Quatro anos depois, o impresso abandonou sua linha editorial original e deu ênfase em
fotonovelas com a vida de jogadores famosos da época. A Revista do Esporte surgiu para
ocupar o seu espaço” (UNZELTE, 2009, p.61). A Manchete Esportiva obteve sucesso até a
chegada de Placar.
No cenário nacional, as revistas esportivas tiveram seu marco inicial em
1970, com a revista semanal Placar, lançada pela Editora Abril. Por aproveitar o embalo da
Copa do Mundo, a experiência foi a mais bem-sucedida, apesar de cheia de altos e baixos.
Destacava-se com suas fotos coloridas como divulgavam suas capas, que era novidade para a
época.
FIGURA 05
Capa da primeira edição da Revista Placar 20 de março de 1970
10
Nelson Falcão Rodrigues nasceu em Recife no dia 23 de agosto de 1912 e faleceu em 21 de dezembro de 1980
na cidade do Rio de Janeiro. Foi um jornalista e escritor brasileiro, tido como o mais influente dramaturgo do
País.
De acordo com Unzelte (2009, p.60-61), em agosto de 1990 a revista passou
a ser mensal. Houve ainda uma breve tentativa de voltar à periodicidade anterior, de abril de
2001 a fevereiro de 2002, que não deu certo, “principalmente porque, ao manter sua linha
editorial de comportamento, ao final de cada mês as quatro revistas semanais pareciam
mensais”.
Atualmente, a Placar resiste com reportagens mais comportamentais e
menos factuais, a fim de fugir da concorrência da cobertura do dia a dia. Segundo Unzelte
(2009, p.61), o impresso “Continua sendo a principal revista esportiva do país e o sonho de
consumo para o currículo de quem gosta ao mesmo tempo de jornalismo esportivo e de fazer
revista”.
Portanto, para Scalzo (2004, p.36) “se as grandes revistas de esporte não
deram certo, a segmentação nessa área tem mostrado que funciona”. Revistas de esportes
náuticos, tênis, golfe, basquete, ciclismo, skate, MotoCross, surf e de bodyboard nascem e
sobrevivem dirigindo-se a públicos menores e fiéis. A referida autora complementa que os
dois últimos têm protagonizado experiências importantes com linguagem gráfica, que foram
adotadas por revistas maiores.
É o que se vê em publicações que vão desde a pioneira Brasil Surf 11, de
1975, até Trip, que deixou de ser uma revista de surfistas para tornar-se uma
publicação masculina direcionada para o púbico jovem (SCALZO, 2004,
p.36).
11
Primeira Revista de Surf do país criada pelos jovens surfistas cariocas Flávio Dias e Alberto Pecegueiro. No
qual mudou a percepção das pessoas com relação ao esporte no país, pois o impresso consolidou o surfe como
esporte e estilo de vida alternativo.
FIGURA 06
Contra capa e Capa da quarta edição da Revista Brasil Surf Nov/Dez. de 1975
Deste modo, a criação da Revista Atena Sports, tem o intuíto de divulgar
essa área esportiva para o público-alvo da pesquisa aqui proposta. Contrapondo o argumento
de Scalzo, apresentando uma revista geral de esportes que aborde um pouco de cada área do
mundo desportivo, já que segmentando a revista possa-se atingir um número maior de
leitoras.
2.3 Revistas Femininas
Antes de propor um magazine segmentado ao público feminino, é preciso
compreender como surgiram essas revistas. Deste modo, essa etapa tem a finalidade de
esclarecer a evolução desses impressos no Brasil e no Mundo, já que a Revista Atena Sports
foi desenvolvida para abranger o universo feminino.
Marília Scalzo (2004, p.33) afirma que a história das revistas femininas
existe desde que o gênero magazine surgiu em âmbito brasileiro. Entretanto, os impressos que
apareceram durante todo o século XIX e na primeira metade do século XX não tiveram
significado. Essas revistas eram “geralmente pensadas, escritas e editadas por homens”
(BAPTISTA; AREU, 2012, p.20).
Elas começaram a aparecer, aqui e ali, sem muito alarde, geralmente feitas e
escritas por homens. Traziam novidades da moda, importadas da Europa,
dicas e conselhos culinários, artigos de interesse geral, muitas ilustrações,
pequenas notícias e anedotas (humor). [...] É certo que houve, também, nesse
período, publicações feitas de mulheres para mulheres, preocupadas com sua
condição na sociedade e seus direitos, mas são poucas e a maioria tem vida
curta (SCALZO, 2004, p.33).
Em 1827, surge a primeira revista feminina do Brasil, “O Espelho
Diamantino – Periódico de Política, Literatura, Belas Artes, Teatro e Modas dedicado às
Senhoras Brasileiras”, lançada por iniciativa de um francês.
De acordo com os estudos de Scalzo (2004), o impresso trazia “textos leves
e didáticos sobre política nacional e internacional, trechos de romances estrangeiros, críticas
de literatura, música, belas-artes, teatro e notícias sobre moda, além de crônicas e anedotas”.
De acordo com a autora, isso tudo para deixar a mulher “à altura da civilização e dos seus
progressos” (p.28).
FIGURA 07
Capa da edição N°14 da Revista O Espelho Diamantino – Periódico de Política,
Literatura, Belas Artes, Theatro e Modas dedicado às Senhoras Brasileiras
de 28 de abril de 1828
Historicamente, no século XX, muitas revistas (semanais) passaram por um
processo de “feminização12”, obtendo uma abrangência mais ampla nos assuntos tratados,
contudo, abordando-os de maneira mais perspicaz. De acordo com A Revista no Brasil (2000,
12
A feminização é uma ação, um processo de se tornar mais feminina. Neste caso, “feminina” significa “mais
comum ou intensa entre as mulheres ou domicílios chefiados por mulheres” (MEDEIROS, M. e COSTA, J.
(2008). “Is There a Feminization of Poverty in Latin America?” [Há uma feminização da pobreza na América
Latina?] World Development: 115-127.
p.158), cento e setenta anos depois dos primeiros impressos voltados às mulheres, mais
precisamente no início do século XXI, os magazines femininos já formavam o setor mais
importante do mercado editorial brasileiro.
A partir da década de 1950, surgem às revistas de fotonovelas, que segundo
Scalzo (2004, p.34), “atingem em cheio o público feminino”. Esses magazines destacaram-se
entre as mulheres por estarem recheadas de histórias românticas. Portanto, daquele momento
em diante, a mulher passou a ser identificada como mercado consumidor, sendo privilegiada
desses tipos de publicações. Pouco a pouco, as revistas se diversificaram e começaram a
trazer seções que dispersavam do tradicional. Seu formato editorial necessitava trazer
assuntos mais abrangentes e acompanhar as mudanças na vida da mulher.
Na década de 1950, como vimos anteriormente, o público feminino foi
"bombardeado" com as revistas de fotonovelas, que além de histórias
românticas fotografadas nada mais traziam em termos de conteúdo
jornalístico para oferecer ao seu público leitor. Não havia, por parte destas
publicações, qualquer preocupação em pensar, discutir ou apontar questões
relativas à sociedade da época que começava a dar ares de mudanças
(BAPTISTA; ABREU, 2012, p.20).
No universo dos magazines femininos, é possível perceber a especialização
crescente dos temas. “É como se dentro da classificação feminina existissem as genéricas,
aquelas que abrangem na pauta uma gama de assuntos como comportamento, culinária, moda
e decoração” (ABIAHY, 2000, p.18). Logo, em 1959, surge “Manequim”, a primeira revista
de moda, que trazia (e traz até hoje) moldes de roupas para fazer em casa. Em 1961, surge
“Claudia”, com um perfil editorial e que acompanhava a vida da mulher da época, bem como
o crescimento da indústria de eletrodomésticos.
FIGURA 08
Capa da primeira edição da revista Manequim de 1959 e de Cláudia de 1961
No início, as revistas não fugiam do modelo tradicional, “novelas, artigos
sobre moda, receitas, ideias para decoração e conselhos de beleza” (SCALZO, 2004, p.34).
Entretanto, as mesmas começaram, aos poucos, a se adaptar às mudanças ocorridas na vida
das mulheres, trazendo também as publicações de temas relacionados ao orçamento
doméstico, consultas jurídicas e sexo em suas edições.
Com Cláudia nasce também a produção fotográfica de moda, beleza,
culinária e decoração no Brasil. Fotos desse tipo até então (e no
começo da vida de Cláudia também) eram todas importadas. Logo, a
equipe da revista descobre que é necessário fazer uma publicação mais
brasileira e, para isso, percebe que é preciso fotografar o estilo, a
comida, a casa e, principalmente, a mulher brasileira. Nasce ali
também a primeira Cozinha Experimental, onde começam a ser
testadas todas as receitas publicadas na revista (SCALZO, 2004,
p.34).
De acordo com a obra A Revista no Brasil (ABRIL, 2000, p.170), na década
de 1960, a preocupação fundamental desse meio de comunicação voltava-se a organizar o
espaço das páginas dos impressos para simplificar a orientação das leituras, por meio da
disposição de textos e fotografias, de maneira integrada, transmitindo o mesmo significado e
importância.
O crescimento no mercado de revistas ocorreu entre o início de 1970 e a
época em que um grande número de brasileiras entrou no mercado de trabalho. As mulheres
passaram a ser profissionais em busca de realização pessoal, deixando o papel de meras mães
e donas-de-casa. Esse mesmo período é marcado com o surgimento das revistas impressas
Nova e Mais.
Com a segmentação, inicia-se uma nova era na história da imprensa
feminina no Brasil. Scalzo (2004, p.35) afirma que este segmento “representa a maior fatia do
mercado de revistas”, ou seja, acaba por tornar-se a área mais estável entre as revistas no país.
Atualmente, “as grandes revistas femininas seguem modelos muito parecidos e, apesar de
cada uma olhar para um tipo específico de mulher, repetem fórmulas e cobrem mais ou menos
o mesmo universo” (SCALZO, 2004, p.35).
Desse modo, observa-se que a partir das revistas mais antigas Claudia e
Manequim nasceram outras publicações na imprensa feminina, que segundo Mira (1997,
p.154), no jargão dos jornalistas, diz-se que as “revistas-mães” geraram uma porção de
“filhotes”.
De Claudia já se separaram como edições independentes Claudia Moda
(1972) e Casa Claudia (1975). Manequim já deu origem a Mon Tricot, que
em 1975 passou a se chamar Tricot e Chrochet, e Moldes, que em 1977 já é
uma revista mensal. Os filhotes cobrem áreas mais específicas, seções tão
consagradas na história da imprensa feminina, como moda, decoração e
trabalhos manuais, que já têm seu próprio campo e seu público mais
aficionado, muitas vezes, profissionais daquele setor. Isto sem falar, em
todos os casos, em edições especiais, como Festas, Noivas, Gestantes e
bebês, Reformas, e uma infinidade de publicações semestrais ou anuais que
captam um público que está vivendo essas situações específicas da vida
(MIRA, 1997, p.154).
Em acordo com os conceitos de Mira, no ponto de vista de Scalzo (2004,
p.35) existem impressos para todos os tipos de mulheres. “Há publicações para quem só quer
saber de ginástica, de emagrecer ou fazer plástica. Há revistas para noivas, para mães de
bebês”.
A rápida mudança na cultura criou espaços para novos impressos femininos
e foram estes, mais que quaisquer outros magazines, que contribuíram para mudar o
direcionamento das revistas brasileiras quanto ao seu formato e conteúdo.
Às portas do século XX, não há mais lápis, borracha ou pincéis. A revista
deixou de ser desenhada no branco do papel e ficou de pé, virtual e
profunda, na inventiva luminosa da tela do computador. Ali, tudo é possível.
Mas a decisão sobre o tipo, corpo e entrelinhamento; largura, fundo e caixa;
negrito, formato e espaçamento continua a fazer parte do cotidiano de um
diretor de arte (ABRIL, 2000, p.136).
Deste modo, compreendendo a evolução na história das revistas, em
especialmente as esportivas e femininas, desenvolveu-se através desta pesquisa o
planejamento gráfico da Revista Atena Sports, com um design inspirado na escola do
Construtivismo Russo, no qual aplicava o serviço utilitário em suas obras e que se propagava
à classe trabalhadora.
2.4 A mulher e o esporte
O estudo acerca da evolução da história das revistas no Brasil,
principalmente das esportivas e femininas, fundamenta o relato de como as mulheres
iniciaram sua atuação no mundo desportivo. De acordo com Ruth Cidade e Maria Rocha (s.d,
p.43), para observar o envolvimento feminino nos esportes “é preciso ter em mente que cada
época é válida em si mesma e tem sua lógica interna segundo a razão histórica, suas
possibilidades de felicidade e seus riscos de infelicidade”.
Desde antigamente, segundo Dunning (apud CIDADE; ROCHA, s.d, p.43),
as mulheres tiveram de se esforçar para “ter um pé” no universo esportivo. Para o autor, esse
aspecto pode ser constatado, até os dias atuais, pela dominante expressiva presença masculina
em todos os eventos esportivos.
A vida doméstica da mulher do século XIX apresentou significativas
mudanças, a partir da Revolução Francesa13 e do surgimento da burguesia14, pois a
13
Foi um acontecimento tão importante que seus ideais influenciaram vários movimentos ao redor do mundo,
dentre eles, a nossa Inconfidência Mineira. O povo tinha que arcar com todas as despesas do 1º estado (clero) e
2º (nobreza). Com o passar do tempo e influenciados pelos ideais do Iluminismo, o 3º estado começou a se
revoltar e a lutar pela igualdade de todos perante a lei. Pretendiam combater, dentre outras coisas, o absolutismo
monárquico e os privilégios da nobreza e do clero. Disponível em http://www.infoescola.com/historia/revolucaofrancesa/. Acesso em 08/11/2013 às 14h.
14
A Burguesia é uma palavra originaria da língua francesa ("Bourgeoisie"), usada nas áreas de economia
política, filosofia política, sociologia e história, e que originalmente era uma classe social que surgiu
na Europa na Idade Média (séculos XI e XII) com o renascimento comercial e urbano. No mundo ocidental,
desde o final do século XVIII, a burguesia descreve uma classe social, caracterizado por sua propriedade
prosperidade e o desenvolvimento econômico possibilitaram transformações, tanto no
cotidiano, como nas condições delas, isto é, tornaram-se mulheres do mundo desenvolvido15.
Em seguida à década de 1870, tornou-se evidente a alteração na posição e
nas expectativas sociais das mulheres, principalmente as das classes médias, devido a sua
afinidade de opiniões com a burguesia.
A campanha ativa em prol do direito feminino ao voto; a notável expansão
da educação secundária para meninas; embora irregular, a incorporação da
mulher à cultura universitária e a identificação com os movimentos operários
e socialistas; o direito de sair para o trabalho e de ter profissão
(HOBSBAWM; MARÍAS apud CIDADE; ROCHA, s.d, p.44).
Portanto, Hobsbawm (apud CIDADE; ROCHA, s.d, p.44) acredita que o
esporte permitiu aos jovens da época, encontros fora dos limites de casa e, para as mulheres,
principalmente da elite, um aumento no estreito círculo familiar, já que algumas se tornaram
sócias de clubes de turismo e alpinismo, “uma vez que o esporte era reconhecido como um
símbolo de modernidade e status social” (GOELLNER, 2012, p.2).
Em 1884, seis anos após o surgimento das disputas masculinas de tênis16,
criaram-se as competições femininas em Wimbledon. Nesse mesmo período a invenção da
bicicleta “emancipou mais a mulher do que o homem, assim como a prática crescente dos
esportes de inverno entre as mulheres” (HOBSBAWM apud CIDADE; ROCHA, s.d, p.44). A
busca pelo esporte, em acordo com os estudos Dunning (apud CIDADE; ROCHA, s.d, p.4445), explica o fato de que as mulheres provavelmente foram motivadas pelo,
a) Interesse em obter as satisfações miméticas, sociais e de mobilidade que
se pode conseguir através do esporte, juntamente com os ganhos
relacionados com a identidade e autoconceito que podem advir dessas
atividades; b) Igualdade de oportunidades como resultado das limitações
impostas tradicionalmente aos papéis femininos.
de capitais, sua relacionada "cultura", e sua visão materialista do mundo. Disponível em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Burguesia. Acesso em 08/11/2013 às 11h.
15
De 1875 em diante, as mulheres do mundo desenvolvido visivelmente começaram a ter menos filhos. “Não
obstante, é razoável supor que o fato de ter menos filhos foi, na vida das mulheres, uma mudança mais notável
do que a de ver sobreviverem mais filhos seus” (HOBSBAWM apud CIDADE; ROCHA, s.d, p.43-44).
16
Inventado em 1873, tornou-se o jogo preferido dos subúrbios da classe média, por ser um esporte para todos os
gêneros e por promover encontros entre os filhos e filhas desse universo social (HOBSBAWM apud CIDADE;
ROCHA, s.d, p.44).
Em linhas gerais, foi em 1900, nos Jogos Olímpicos de Paris, que a
participação feminina foi permitida e 19 mulheres competiram em dois esportes – golfe e
tênis. No entanto, foi através de Alice Melliat17, uma francesa – que deu força ao movimento
esportivo feminino, frequentando os estádios – “convencida que o esporte contribuía no
desenvolvimento da personalidade, do arrojo e de um espírito desenvolto”, no ano de 1917,
foi fundada a Federação de Sociedades Femininas da França (FFSF). (CIDADE; ROCHA,
s.d, p.45). Quatro anos depois, em Mônaco, Melliat organizou a Olimpíada Feminina, com a
participação de cinco países, sendo eles: Inglaterra, Suíça, Itália, Noruega e França. Somente
no ano de 1932, a nadadora Maria Lenk18, a primeira brasileira participou de uma Olimpíada,
marcando sua presença nos Jogos de Los Angeles. Contudo, as primeiras medalhas
conquistadas por atletas femininas do Brasil ocorreram apenas em 1996.
Segundo Alonso (apud CIDADE; ROCHA, s.d, p.46), a partir do
desenvolvimento do movimento feminista e com o consecutivo questionamento dos papéis
sociais, mesmo as mulheres que rejeitavam o feminismo começaram a participar de atividades
esportivas. “Tal situação contribuiu para contestar antigas crenças, como a ideia de que as
mulheres são o sexo frágil ou que lhes falta espírito competitivo e coletivo” (ALONSO apud
CIDADE; ROCHA, s.d, p.46).
O envolvimento feminino em atividades esportivas ainda é menor que o
masculino, contudo tem aumentado lenta e gradualmente. De acordo com os dados do IOC19
(apud CIDADE; ROCHA, s.d, p.46), nos primeiros jogos no qual participaram, eram apenas
19 mulheres, ou seja, 1,6% dos integrantes. Em 1984, nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, o
número subiu para 1.567, num total de 23% e nos Jogos Olímpicos de Sydney, 38,2%, isto é,
4.069 mulheres participaram das disputas.
17
Alice Melliat nasceu em Nantes (França) no ano de 1884. Foi uma das pioneiras do esporte das mulheres na
França e em todo mundo. Sua luta em nome de atletas femininas forçou a inclusão das mulheres nos eventos dos
Jogos Olímpicos. Consagrada uma excelente esportista e a primeira mulher a obter o diploma que era concedido
a remadores de longa distância. Faleceu em 1957. (CIDADE; ROCHA, s.d, p.45). Disponível em
www.wikipedia. org/wiki/Alice_Milliat. Acesso em 08/11/2013 às 10h15.
18
Maria Lenk foi a primeira mulher sul-americana a competir nos Jogos Olímpicos de Los Angeles em 1932.
Para custear a viagem, a nadadora e os outros 68 atletas da equipe brasileira venderam café no porão do navio
que os levaram até Los Angeles. Maria Lenk jamais conquistou uma medalha, porém foi a responsável pela
introdução do nado borboleta nos Jogos Olímpicos de Berlim, em 1936. Disponível em
http://memoriadoesporte.org.br/2013/08/01/maria-lenk-a-essencia-do-espirito-olimpico/. Acesso em 08/11/2013
às 10h30.
19
IOC (International Olympic Committee), que em português se traduz para Comitê Olímpico Internacional,
com a sigla COI. É uma Organização sem fins lucrativos, com sede em Lausanne, Suiça, criado em 23 de julho
de 1894 por Pierre, o Barão de Coubertin, tendo como seu presidente Demetrios Vikelas. Disponível em
www.olympic.org. Acesso em 08/11/2013 às 15h.
O esporte é um fenômeno cultural de caráter universal, multirracial,
praticado em países ricos e pobres. Tem uma lógica própria, isto é, são
valores, normas, regras; noções, ordem, função; problemas de tensão e
formas de exercício, e, principalmente, controle do poder (CIDADE;
ROCHA, s.d, p.47).
Diante desse exposto, verifica-se que a participação da mulher no esporte
tornou-se um tema específico desde o início da década de 1990, tendo “recebido crescente
atenção no cenário mundial” (CIDADE; ROCHA, s.d, p.48-49). Em função disso, em maio de
1994, o Conselho Britânico do Esporte (British Sport Council) realizou em Brighton,
Inglaterra, a “I Conferência Mundial sobre a Mulher e o Esporte”, reunindo políticos e
dirigentes de âmbito nacional e internacional. Em linhas gerais, o objetivo principal do
respectivo evento foi “acelerar o processo de trocas de experiências para minimizar as
barreiras que as mulheres enfrentam quando participam ou se interessam por esportes” (IWG
apud CIDADE; ROCHA, s.d, p.49).
O enfoque internacional sobre a mulher e o esporte abrangeu muitos países
em todos os continentes; reconheceu e valorizou as mulheres de todo o
mundo e a diversidade das culturas; examinou temas como: cultura, gênero,
sexualidade e necessidades especiais; incluiu deliberações sobre liderança,
comercialização e meios de comunicação; além de treinamento com
conselheiros e a formação de redes de contato (CIDADE; ROCHA, s.d,
p.49).
Atualmente, pode-se notar que as mulheres têm conquistado seu espaço no
mundo desportivo. Apesar das diferenças fisiológicas, elas têm mostrado a capacidade de
equiparar-se ao nível técnico dos homens, ou até superá-los. Todavia, ainda há o preconceito
com a inserção do público feminino nos esportes, já que as mesmas estão inseridas em um
ambiente criado pelo e para o homem. Desse modo, possuem papel fundamental na sociedade,
“visto que a mulher atleta modifica a forma de pensar e agir de muitos indivíduos. Lembrando
que elas não procuram igualdade nas modalidades, e sim, equilíbrio nos direitos” (VIANA20,
2012).
Após a apresentação da história dos impressos, e compreender a evolução da
mulher no mundo desportivo, pretende-se no próximo tópico abordar o mercado no qual estes
impressos estão inseridos, realizando uma análise, para entender sobre como funcionaria a
20
Mauro Viana - Autor do artigo “A mulher no esporte” de 08 de março de 2012. Disponível em
www.gazetadotriangulo.com.br. Acesso dia 08/11/2013 às 11h45.
circulação da Revista Atena Sports, já que está é uma proposta de ser um produto de
distribuição gratuita.
2.5 O mercado de revistas no Brasil
Hoje em dia, o mercado de revistas tem se tornado cada vez mais amplo,
possibilitando aos leitores encontrarem uma revista completa sobre o que desejam por meio
do jornalismo especializado, produzindo uma informação segmentada, atingindo diretamente
o público-alvo, além de repercutir nos números de tiragens e vendas.
Pesquisas realizadas pela Associação Nacional de Editores de Revistas
(ANER)21 apresentam que no Brasil existem mais de 33 mil pontos de vendas, levando
informação, cultura e entretenimento aos milhares de leitores brasileiros. Desse modo, devido
ao grande número de tiragens e à segmentação dos magazines, o país se encontra no sexto
lugar no mercado global de maior número de títulos.
O Brasil é o 6° Maior Mercado em Nº de Títulos22
Fonte: Associação Nacional de Editores de Revistas – ANER
21
Dados da Associação Nacional de Editores de Revistas – ANER. Disponível em: www.aner.org.br. Acesso em
09/11/2013 às 09h30.
22
Ranking do FIPP World Magazine (Associação Mundial de Mídia de Revista), divulgado por meio da
Associação Nacional de Editores de Revistas (ANER). Disponível em www.aner.org.br. Acesso em 09/11/2013
às 10h30.
A ANER realizou um levantamento de dados por meio do Instituto
Verificador de Circulação (IVC), concluindo que até o ano de 2009, das 20 maiores revistas
de circulação, 16 tiveram aumento de veiculação. Fato este demonstra o quanto o referido
mercado consumidor encontra-se em fase de crescimento.
De acordo com a matéria “Falando sobre mídia: revista23” do site
Plugcitários, nunca venderam tantas revistas no Brasil como no ano de 2012. Segundo a
pesquisa realizada pelo site, essa mídia fechou o ano de 2012 com cerca de 340 milhões de
exemplares vendidos, sendo 196 milhões através de assinatura e o restante por meio de vendas
avulsas.
As 10 revistas de maior circulação semanal de janeiro a julho de 2012 e
mesmo período de 2013 foram24:
Fonte: Associação Nacional de Editores de Revistas – ANER
Janeiro à Julho de 2012 e 2013
O quadro acima mostra que, no total, foram vendidos 3.168.045 exemplares
no ano de 2012. Porém, já no mesmo período no ano seguinte, houve uma queda de 4,42%, ou
23
Matéria do dia 18 de outubro de 2013, disponível em www.plugcitarios.com/2013/10/falando-midia-revista.
Acesso em 09/11/2013 às 11h.
24
Dados da Associação Nacional de Editores de Revistas – ANER. Disponível em: www.aner.org.br. Acesso em
09/11/2013 às 09h30.
seja, 139.749 impressos. Quanto aos magazines mensais, esses não foram diferentes. Veja a
lista das 10 revistas de maior circulação mensal de janeiro a julho de 2012 e 201325:
Fonte: Associação Nacional de Editores de Revistas – ANER
Janeiro à Julho de 2012 e 2013
Com um total de 2.667.921 impressos vendidos em 2012, na mesma época
em 2013 foram vendidos 2.601.848 edições de revistas, apresentando uma queda de 2,48%,
totalizando 66.073 exemplares.
Percebe-se, através das planilhas acima expostas, que a Abril é o destaque
entre as editoras do Brasil. Atualmente, esta é maior empresa maior do segmento na América
Latina, publicando 54 títulos, com circulação de 188,5 milhões de exemplares, com 28
milhões de leitores, sendo 4,1 milhões de assinantes.
Por meio das planilhas levantadas, observou-se uma queda decorrente na
circulação de revistas pagas pelo Brasil. Portanto, a seguir aborda-se como esta o movimento
no mercado desses impressos nas bancas de Maringá, já que o intuito da pesquisa aqui
proposta é o desenvolvimento de um magazine de esportes para as mulheres maringaenses,
para que assim, possa-se compreender como introduzir a Revista Atena Sports neste
comércio.
25
Associação Nacional de Editores de Revistas – ANER. Disponível em: www.aner.org.br. Acesso em
09/11/2013 às 10h.
2.5.1 O mercado de revistas em Maringá
Após a apresentação do funcionamento do comércio de magazines no
Brasil, no presente tópico aborda-se a observação levantada deste mercado em Maringá, pois
o objetivo é compreender se a cidade possui uma revista esportiva direcionada ao público
feminino, do porte que se pretende desenvolver a Atena Sports.
A análise se baseou em cinco bancas26 de revistas localizadas e que
apresentam grande fluxo de pessoas circulando, são elas, três no centro, próximas ao terminal
urbano (Av. Tamandaré), uma em frente ao Supermercado Camilo, estabelecido na Av. Brasil
e a última ao lado do Hospital Santa Rita, situado na Praça 7 de Setembro.
Deste modo, foram averiguados se esses recintos possuem revistas de
esportes voltadas ao público feminino e também verificado se circulam revistas somente
esportivas ou femininas.
Dentre os impressos de esporte feminino, poucos são encontrados, entre os
mais conhecidos estão, Women Health Brasil, MI – Muscle in Form, Boa Forma, Shape
Brasil, Corpo a Corpo. Contudo fazem apologia ao corpo perfeito, apresentando métodos e
dietas de emagrecimento instantâneo.
FIGURA 09
Capa das revistas Corpo a Corpo e MI- Muscle in Form
26
Banca da Getúlio: Av. Getúlio Vargas, 130 - Zona 01; Banca da Tazima: Praça Raposo Tavares, s/n; Banca
Radamés: Praça Raposo Tavares, s/n. Banca Capóia: Av. Brasil, 4.170 (em frente ao Supermercado Camilo) e
Banca Santa Rita: Praça Sete de Setembro (Peladão).
Entre as revistas com segmento apenas esportivo encontram-se Placar,
magazine voltado ao público masculino, Sport Life e Runner’s World segmentada à corrida e
caminhada. E nos impressos femininos, percebe-se uma gama maior de opções, são elas:
Marie Clare, Tititi, Ana Maria, Cláudia, Nova Cosmopolitan.
Como o propósito da Revista Atena Sports é elaborar o planejamento
gráfico de um impresso esportivo feminino, pretende-se com ela propagar a vida saudável
através dos esportes e da boa alimentação. No entanto, dentro deste segmento, encontram-se
em Maringá as edições voltadas a saúde, são elas, Revista Saúde, Mídia e Saúde e Viva
Saúde, que abordam de maneira geral e apresentam novos serviços dessa área.
Deste modo, após compreender a evolução da história das revistas,
principalmente das esportivas e femininas e o funcionamento do mercado desses impressos,
pretende-se com esta pesquisa planejar o desenvolvimento gráfico com um design inspirado
na escola de arte do Construtivismo Russo. Portanto, serão pontuados e apresentados no
capítulo a seguir os elementos essenciais para elaboração de um impresso.
3 PLANEJAMENTO E PRODUÇÃO GRÁFICA
Segundo Luciano Guimarães (2003, p.67), a página impressa nunca se
submeteu integralmente à sua natureza bidimensional, desde que se notou que a composição
gráfica pode contribuir para organizar, dirigir e acrescentar valores às informações do texto.
Para Rafael Sousa Silva (1985, p.50), antes de ser estruturada uma
padronização gráfica, o diagramador deverá conhecer e estabelecer os elementos gráficos que
atuarão nas páginas internas e externas do jornal, preocupando-se com a apresentação estética.
O sucesso de uma peça impressa é resultado de ousadia, mas sempre com
conhecimento de causa, pois o profissionalismo não pode estar aliado à
sorte. Podemos ter um sistema de composição altamente sofisticado,
fotolitos de primeira geração, com alta definição, suporte de qualidade,
porém todos esses componentes estarão sendo desperdiçados se os impressos
não forem projetados com equilíbrio e proporção (COLLARO, 2000, p.17).
Compreende-se, deste modo, segundo Prado (apud Silva, 1985, p.39), que o
discurso gráfico é um conjunto de elementos visuais de tudo que é impresso. Como discurso,
possui a qualidade de ser significável. Logo, há pelos menos dois tipos de leituras: uma
gráfica e outra textual.
Cada página da revista deve atrair a atenção do leitor não apenas pelo teor do
assunto mas também pela clareza dos tipos em que o texto for impresso e
pela harmonia do conjunto gráfico. Os elementos de composição das páginas
devem manter uma arquitetura gráfica e estética própria, visando a um
equilíbrio harmonioso em que ilustrações e textos estejam perfeitamente
entrosados, o que despertará o prazer pela leitura e interesse pelo assunto
exposto (RIBEIRO, 2007, p.441).
O conteúdo e a estrutura de um projeto gráfico devem unir-se para que o
produto final atinja valor informacional e estético esperado. Dessa forma, os elementos
usados em uma página de impresso, organizados por um diagramador, são os elementos
tipográficos, cor, zonas de visualização, imagens, formato e a impressão ao qual o produto
passará para ser finalizado.
3.1 Cores
As cores são indispensáveis em um projeto visual gráfico, sendo o elemento
que mais contribui para a memorização das informações vistas pelo leitor em um periódico.
A cor é um elemento essencial no design devido a sua capacidade de suscitar
reações emocionais nos leitores. Por consequência, as cores costumam ser
descritas com palavras emotivas, como „fria‟, „quente‟, „relaxante‟ ou
„animada‟, e a maioria está associada a adjetivos específicos (AMBROSE;
HARRIS, 2009a, p.106).
É possível perceber que as cores são elementos simbólicos que exprimem
significados e, na maioria das vezes, falam por si só, independentes do seu conteúdo textual.
Segundo Modesto Farina (1986, p.111), “a cor sempre fez parte da vida do homem”, porque,
[...] são vibrações do cosmo que penetram em seu cérebro, para continuar
vibrando e impressionando sua psique, para dar um som e um colorido ao
pensamento e às coisas que o rodeiam; enfim, para dar sabor à vida, ao
ambiente. É uma dádiva que lhe oferece a natureza na sua existência terrena
(FARINA, 1986 p. 112).
Com base no fundamento de que a cor faz parte da vida dos indivíduos há
bastante tempo, acredita-se que as cores quando inseridas em grupos sociais diferentes podem
adquirir resultados desiguais, já que cada cultura possui suas crenças e valores.
Distintos grupos sociais têm associações e respostas diferentes às mesmas
cores. Ao tentar suscitar respostas específicas com uma obra, o designer
precisa levar em consideração o fato de que as reações emocionais e
associações instantâneas provavelmente irão variar de acordo com a cultura
(AMBROSE; HARRIS, 2009a, p.106).
Para tanto, é preciso compreender que a cor, na realidade, é uma linguagem
individual. Pois cada homem reage a ela, subordinado-a as suas condições físicas e suas
influências culturais. Farina (1986, p.27) explica que a cor possui uma sintaxe que pode ser
transmitida e ensinada, pois seu domínio abre possibilidade aos que se dedicam ao estudo dos
processos de comunicação visual.
De modo a conceber a cor como comunicação, esta não deixa de ter o ato de
informar, visto possuir estímulos psicológicos para a sensibilidade humana.
Considera-se a cor como informação todas as vezes que sua aplicação
desempenhar uma dessas funções responsáveis por organizar e hierarquizar
informações ou lhes atribuir significado, seja sua atuação individual e
autônoma ou integrada e dependente de outros elementos do texto visual em
que foi aplicada (formas, figuras, texturas, textos, ou até mesmo sons e
movimentos, como em produtos multimídia) (GUIMARÃES, 2000, p.31).
A partir do exposto acima, entende-se que “informação (do latim
informatione, do verbo informare), como processo de formação e educação por meio de
instruções e ensinamentos recebidos como resultado desse processo” (GUIMARÃES, 2000,
p.34). O autor afirma que a simples organização de informação, por meio de cores pode
também transferir significados e valores para cada grupo de informações que àquela cor foi
subordinada. A partir disso, tem-se o conhecimento de que “as cores constituem estímulos
psicológicos para a sensibilidade humana, influindo no indivíduo, para gostar ou não de algo,
para negar ou afirmar, para se abster ou agir” (FARINA, 1986, p.112).
3.1.1 Círculo cromático
O círculo cromático27 “é uma ferramenta que pode ser usada para selecionar
combinações harmônicas de cores para um design” (AMBROSE; HARRIS, 2009a, p.106).
Isso ajuda a explicar a relação entre diferentes cores e é a parte essencial da teoria das cores.
Ainda, conforme cita Ambrose e Harris (2009a, p.106), “a seleção de uma
combinação de cores depende principalmente da mensagem que você quer passar”. Portanto,
é necessário compreender as principais cores e quais grupos as mesmas estão inseridos.
Consideramos cores primárias o amarelo, o magenta e o cian, e cores
secundárias o vermelho, o verde e o azul violeta. A disposição é elaborada
levando em conta as possíveis misturas de cores primárias que geram as
secundárias, terciárias e assim por diante. Esses conceitos são universais e
provocam uma mesma reação no comportamento humano, quando usados
indistintamente num projeto gráfico [...] Usar a cor levando em conta os
27
Figura n°10 no apêndice.
conceitos de harmonia e contraste leva o produto a atingir seus objetivos
(COLLARO, 2000, p.73).28
Mediante o objetivo de planejar e diagramar uma página impressa faz-se
necessário ter conhecimento acerca do círculo cromático com suas cores complementares
(terciárias). Ambrose e Harris (2009a, p.20-21) explicam que o círculo cromático possui
seleções29, ao qual ajudam a compreender o enlace de algumas dessas cores, transmitindo
transmitem sensações emocionais para os indivíduos. Tais cores se classificam como:
Monocromo: é qualquer cor isolada do círculo; Complementares: cores
complementares ou contrastantes são aquelas em lados opostos do círculo
cromático. As cores complementares permitem forte contraste – seu uso
resulta em um design mais vibrante; Complementares divididas: consistem
em três cores: a cor principal selecionada e as duas cores adjacentes à sua
cor complementar; Tríades: são quaisquer três cores equidistantes no círculo
cromático. Como todas as três cores estão em contraste entre si, um esquema
cromático em tríade cria tensão para o leitor. Os espaços entre cores
primárias e secundárias são tríades; Análogas: são as duas cores em ambos
os lados da cor principal selecionada, ou seja, na prática, quaisquer três
segmentos consecutivos do círculo; Complementares mútuas: é uma tríade
de cores equidistantes junto à cor complementar central a ela;
Complementares próximas: é uma das cores adjacentes à complementar da
cor principal selecionada; Complementares duplas: são quaisquer duas
cores adjacentes e suas duas complementares, posicionadas no lado oposto
do círculo cromático (AMBROSE; HARRIS, 2009a, p. 20-21).
Guimarães (2000, p. 132) complementa que uma composição cromática
agradável depende de equilíbrio e harmonia. Nesse sentido, para que uma cor cumpra seu
papel, de chamar a atenção do leitor no periódico, ela não precisa ser mais destacável entre as
demais.
3.1.2 Significado das cores
“A cor possui muitos significados derivados de associações culturais e
sociais” (AMBROSE; HARRIS, 2009a, p.104). Logo, os indivíduos que vivem em países
diferentes e têm valores culturais distintos podem ter reações diversas em relação à mesma
cor.
28
29
Figura n°11 no apêndice.
Figura n°12 no apêndice.
Considerando-se as observações descritas nos itens anteriores, sobre cores e
círculo cromático, os estudiosos Ambrose e Harris (2009a), Collaro (2000) e Farina (1986)
apresentam as seguintes características psicológicas, a respeito do significado das cores:

Vermelho: Classificada como uma cor quente, o vermelho libera
sensações de alegria, força, vitalidade. É a cor de carros esportivos velozes, da raiva, do
perigo e do sangue. O vermelho é uma cor animada, dinâmica e energética. É passional,
provocante, sedutora e estimula diversos apetites.

Rosa: Uma cor quente, animada, divertida e feminina. Possui forte
associação com amor, romance e saúde. Com um percentual maior de vermelho, o rosa fica
mais vívido e jovem, já a redução de vermelho torna-o mais delicada e madura.

Laranja: É considerado uma das cores mais quentes. Extrovertida,
lúdica e chamativa, atrai principalmente os adolescentes e as crianças pequenas. Sua natureza
vital e encantadora contém a paixão do vermelho, mas é acalmada pela natureza alegre do
amarelo. De modo geral, induz uma sensação que transmite efervescência, fogo, que sugere
intimidade e calor.

Amarelo: cor brilhante e alegre, que lembra as estações mais quentes
do ano e estimula desde imagens vibrantes de sol e flores primaveris até as matizes douradas
das folhas de outono. É uma cor versátil, pois pode representar diversos estados emocionais:
as tonalidades mais claras costumam estar associados à vitalidade e à felicidade, enquanto as
mais esverdeadas ligadas a enfermidades, náusea e doenças. Amarelos pálidos também
lembram a acidez cítrica, mas podem significar covardia, dependendo do contexto.

Marrom: Neutra e terrena, bastante associada ao mundo natural por
materiais orgânicos como madeira e pedra. A cor é sólida e confiável e passa a impressão de
calor e bondade natural. É usado para representar simplicidade natural, vida no campo e a
segurança do lar. Apesar de sempre ser vista como uma cor positiva, também pode ser
associada a elementos negativos como sujeira e fuligem, dependendo do tom e da combinação
de cor.

Azul: É uma cor que faz referência aos mistérios e ao poder do mundo
natural, é a cor dos oceanos e do céu. Possui conceitos de estabilidade, vitalidade, restauração
e preservação da vida por sua associação com a água. Seu efeito é a calma e o relaxamento. O
azul é percebido universalmente como frio e purificador. Azuis mais escuros são considerados
conservadores e uniformes, esses tons passam a ideia de estabilidade, segurança e confiança.
Azuis mais claros sugerem qualidades mais jovens e serenas, com os azuis esverdeados
associados à espiritualidade e ao misticismo.

Verde: É a mais calma das cores. Induz ao bem-estar, à natureza e ao
meio ambiente, remetendo a campos e florestas abundantes. É a cor da primavera e, portanto,
representa saúde, vida e recomeços. Essas associações naturais significam que o verde é uma
cor pacífica, com qualidades relaxantes, dentre elas, o equilíbrio, a harmonia e a estabilidade.
Dependendo do contexto em que é usado, a cor verde pode apresentar características
negativas como ciúmes, inveja e inexperiência.

Púrpura: Essa é a cor da realeza, uma combinação dos tons quentes do
vermelho com os frios do azul. Apresenta um aspecto autoritário, com denotações de
espiritualidade, riqueza, nobreza e cerimônia. Suas associações positivas em geral incluem
sabedoria e esclarecimento, mas quando usadas em contextos negativos sugerem crueldade,
severidade e arrogância.

Neutras: São discretos, clássicos e eternos, pois se caracterizam pela
ausência de cor, pois sua paleta varia da evasão do preto ao branco. As cores neutras são
confiáveis, flexíveis e podem ser usadas para complementar ou pacificar uma ampla gama de
cores mais fortes ou vigorosas. Como os tons neutros são dóceis, é raro que provoquem
reações fortes, insultem ou causem repulsa no leitor.

Branco: Derivada do germânico blank (brilhante). No ocidente, o
branco é associado à bondade, pureza, limpeza, simplicidade e ao espaço. A cor, muitas
vezes, é relacionada a hospitais e médicos, casamentos e noivas e ao divino ou celestial. Por
outro lado, no oriente, dependendo da cultura, o branco é reconhecido como a cor do luto,
estando associado a funerais e à morte.

Preto: Derivada do latim niger (escuro, preto, negro), o preto é,
considerado na maior parte, a negação da cor. É expressivo e angustiante ao mesmo tempo.
Alegre quando combinado com certas cores. Sugere opulência e exclusividade mais do que
qualquer outra cor. Na Europa, na América do Norte e na América do Sul, é tradicionalmente
associada à morte e ao luto.
3.2 Fontes
Segundo Jan V. White (2006, p.93), a escolha da fonte (que costuma ser
chamada também de “tipo”) afeta o caráter e a personalidade da peça, por isso a preocupação
com ela é grande.
Por ser um fator predominante no aspecto visual do trabalho, a escolha
tipológica „significa muito mais do que simplesmente escolher letras em mostruários. Para
essa tarefa, é necessária uma profunda reflexão cultural, social e até ambiental‟30, que
influenciam na opção da escolha (COLLARO, 2000, p.17).
Ao imprimir-se a palavra escrita, procura-se interpretar com a maior
fidelidade possível o seu sentido expressivo. A finalidade da tipografia
consiste em apresentar o pensamento escrito sob uma forma ordenada, clara
e equilibrada, que facilite a leitura e, graficamente, concorde com o seu
espírito. A tipologia desempenha fundamental importância na qualidade da
publicação, seja ela em formato de livro, folheto, ou texto de propaganda. Os
tipos deverão ser claros, simples e facilmente legíveis; seu tamanho, ou
corpo, deverá estar relacionado com a superfície que ocupa (RIBEIRO,
2007, p.56).
Segundo Milton Ribeiro (2007, p.56), a finalidade da tipografia consiste em
apresentar o pensamento escrito sob uma forma ordenada, clara e equilibrada, facilitando a
leitura e, graficamente, concordando com o seu espírito.
Devido a imensa importância da impressão, “os editores se preocupam com
a tipografia, pois para os leitores comuns, a fonte com a qual se preocupam é somente a „letra
impressa‟, que para eles consiste em „comprida demais‟ ou pequena demais” (WHITE, 2006,
p. 93)”.
Seguindo o mesmo pesquisador, “é preciso tornar a palavra escrita em uma
fala visível”, do ponto de vista de White (2006, p.98), ou seja, todos os componentes de um
impresso afetam a visão e a percepção de um leitor (manchete, olho, chapéu, linha-fina,
boxes, entre outros). Portanto, usar bem a tipografia implica em obter sucesso na
diagramação, persuadindo o leitor a querer ler o texto.
30
Quando citado ambiental o autor se refere ao ambiente ao qual o individuo está inserido.
3.2.1 Família das fontes
Os estudos de Ribeiro (2007, p.56) expressam que “Os caracteres
tipográficos podem falar, dar sons e expressões, e constituir uma orientação para seu uso,
segundo as características do trabalho que são usados”. Assim, é preciso escolher um grupo
de fontes que são capazes de transmitir esses tipos ações estipuladas pelo autor. Collaro
(2000, p.20), afirma que “na estrutura e na forma das letras está o caminho para a harmonia e
legibilidade entre o texto e o produto a ser veiculado”.
Com a crescente produção industrial, lembrar os nomes das fontes tornou-se
algo impossível. Ribeiro (2007, p.23) relata que em meados do século XVIII, o tipógrafo
Francis Thibaudeau31 teve a iniciativa de criar uma classificação geral para as fontes.
Thibaudeau analisou as estruturas das letras e classificou as fontes de imprensa em cinco
famílias, são elas: romanas antigas, romanas modernas, lapidárias, egípcias e cursivas
(COLLARO, 2000, p. 20-21; RIBEIRO, 2007, p.56-60; SILVIA; FARIAS, 2005).
Criada pelos franceses no século XVIII, a primeira família, Romana antiga,
foi inspirada na escrita monumental romana. Suas características proporcionam um
inconsciente descanso visual ao leitor, em decorrência do contraste harmonioso associado à
leveza do desenho de suas serifas. Apesar de serem desenhadas há séculos, são bastante
usadas na área editorial, geralmente em grandes volumes de textos, por alcançarem maior
grau de legibilidade de todas as famílias. Exemplos de fontes: Casion, Garanmond,
Baskerville e Times New Roman.
A segunda família das fontes, a Romana moderna, foi criada pelos italianos,
no século XVIII. Essa família de romanos modernos trouxe uma sensível melhora na
legibilidade das letras, tornando-as mais leves e belas. Caracteriza-se por ser uma evolução
dos romanos clássicos, ao quais os desenhistas destacaram o contraste entre as hastes e
substituíram as serifas de forma triangular por aparas retilíneas nas extremidades. As referidas
letras são esteticamente agradáveis, apesar de frágeis, pois o desenho de suas hastes tem
espessuras muito finas, comprometendo a reprodução dos textos. Exemplos de fontes:
Bodoni, Quirinus, Mondial e Didot.
O advento da revolução industrial, no século XVIII, marcou a criação da
terceira família, conhecida como Egípcia. A mesma tem como característica estrutural certa
uniformidade nas hastes e serifas retangulares. Esses caracteres têm em suas hastes a força
31
Francis Thibaudeau: Francês que teve a ideia de estabelecer uma classificação geral para as fontes,
classificando-as em cinco famílias.
que os habilita a serem usados onde é necessário transmitir uma dose de vitalidade,
principalmente em títulos. Exemplos de fontes: Claredon, Egipciano, Landi e Beton.
Lapidária, a quarta da família das fontes foi criada no século XIX, na
Alemanha. As fontes desta família possuem a estrutura baseada nas inscrições fenícias, que
perpetuavam suas mensagens, com o uso de bastões de argila pressionados sobre lápides,
proporcionando caracteres com poucas variações em suas hastes, cujos arremetes não
possuíam serifas. Os desenhos modernos, com hastes, sem serifas e uniformes, tornam a
respectiva família a mais visual, a mais legível de todas, sendo indicada na confecção na
maioria dos textos publicitários e de embalagens. As letras não são recomendadas para textos
longos, pois a falta de contraste entre as hastes torna os desenhos cansativos. Exemplos de
fontes: Kabel, Helvética, Grotesca e Univers.
Os caracteres que não se encaixam em nenhuma das estruturas anteriores,
classificam-se como parte da família Cursiva. É neste grupo que se encontra letras sem
parâmetros de classificação, com hastes e serifas livres. Exemplos de fontes: Balmoral, Bell
Gothic, Bickaham Script, Brush script std.
Para melhor compreensão sobre as Famílias das fontes, segue abaixo um
quadro explicativo.
3.3 Zonas de visualização
De acordo com Silva (1985, p.46), a primeira página de um jornal
representa o produto como um todo, ou seja, é a partir da capa, que o indivíduo ficará ciente
se comprará ou não o impresso. Por isso, é importante que esta página apresente
características atrativas para que o leitor possa se identificar através dela.
A obtenção de bons resultados de uma página impressa, além da observação
dos princípios gráficos, a fim de valorizar a mensagem, é preciso posicionar cada elemento de
maneira ordenada e estratégica nas zonas da página, no intuito de melhorar sua visualização.
As zonas de visualização32 são divididas entre regiões, como principal (1), secundária (2),
mortas (3 e 4), centro ótico (5) e centro geométrico (6).
1. Zona Primária ou principal situa-se na extremidade superior esquerda, é a
região por onde se inicia a leitura da página.
2. Zona Secundária ou zona terminal, para onde se move a vista em uma
diagonal de leitura.
3 e 4. Zonas Mortas ou zonas sem atração exigem elementos mais fortes
para estimular o interesse do leitor.
5. Por cima do meio da página ou centro ótico, uma das áreas de maior
impacto visual da página impressa.
6. Ponto Central, conhecido também como centro geométrico, corresponde
ao centro matemático da página, definido pelo cruzamento de diagonais (1-2 e 3-4).
A partir das zonas de visualização, o leitor tende a fixar sua visão,
instintivamente, no lado superior à esquerda do papel. Este comportamento é influenciado
pela gráfica ocidental, pois o mesmo condiciona saber que o começo da escrita se dará sempre
da esquerda para a direita, no sentido horizontal, pois biologicamente, o olhar humano tende
32
Figura n°13 (em tamanho maior) no apêndice.
sempre a caminhar, em um meio impresso, de cima para baixo, e da esquerda para a direita.
(SILVA, 1985, p.47).
O centro ótico é uma das áreas mais importantes dentro de um layout33, na
concepção de Milton Ribeiro (2007, p.177). Esta região é onde se concentra o ponto de
atenção do leitor e a mesma se encontra um pouco acima do meio da página, ou seja, acima
do centro matemático (geométrico) da página impressa. Desse modo, o autor ainda explica
que, dependendo da relação entre a altura e a largura da página, o centro ótico pode sempre
variar. Assim, “se o projeto é alto e estreito, o centro ótico mais alto, proporcionalmente, do
que seria em um projeto mais curto e largo” (p.177).
Da afirmação anterior, depreende-se que o que diferencia o projeto gráfico
de uma revista em relação às outras é a capacidade de aplicar os elementos e conceitos,
interferindo, direta ou indiretamente, no seu discurso gráfico. Portanto, é preciso executar um
material cuja identificação visual resulte de elementos organizados, instigando o leitor,
garantindo-lhe que o exercício da leitura seja realizado de modo natural, sem causar
incômodo durante a ação.
Desse modo, constata-se que o uso das zonas de visualização como regra se
faz fundamental para a elaboração do discurso gráfico e textual de uma revista. Outro objetivo
também é dar harmonia e melhorar a legibilidade do layout.
3.4 Margens e colunas
A importância das margens nas páginas impressas se deu desde o
lançamento das primeiras publicações. Contudo, Silva (1985, p.34) explica que houve muitos
debates geradores de discussões entre autores da área. Nesse confronto de princípios,
surgiram inúmeras versões sobre a sua aplicação em páginas de revistas e demais materiais
impressos. Enquanto alguns estudiosos achavam que deveria ser mais estreita, outros
defendiam que deveria ser mais larga. Outro pequeno número de especialistas considerava as
mesmas supérfluas, podendo até mesmo ser descartadas (SILVA, 1985, p. 34). Mesmo
havendo opiniões desiguais a respeito do assunto, a maioria dos autores é a favor de algumas
33
Layout é um esboço ou rascunho que mostra a estrutura física de uma página impressa ou online. Para
compreender melhor o assunto ler o subcapítulo Layout na página 38. Pesquisa realizada nos sites de busca:
www.significados.com.br/layout e www.wikipedia.org/layout. Acesso em 10/11/2013 às 15h.
margens, para melhorar a precisão das pausas e fixação no final de cada linha, de modo a
harmonizar o visual da página como um todo.
“Margens são mais do que pedaços de papel morto emoldurado e
circundando a área da página viva. Elas podem agregar valor se usadas com uma intenção
definida”, afirma White (2006, p.55). Portanto, possuem função relevante na diagramação de
um produto, já que “as margens contribuem ativamente e, talvez subliminarmente, para o
efeito que a publicação como um todo tem sobre os que dão uma espiada ou folheiam suas
páginas” (WHITE, 2006, p.55).
As margens possuem suas finalidades que dão essência ao produto
impresso, pois o impacto visual estimula a curiosidade do individuo e assim o chama sua
atenção para a história daquela página (WHITE, 2006, p.55).
Se você conceber um padrão que reflita e exponha visualmente a estrutura
que sustenta cada matéria, não só ganhará em variedade para a publicação
[...] como conseguirá uma variedade que faça sentido [...] e estará
comunicando as ideias em cada artigo com maior eficácia (WHITE, 2006,
p.43).
No entanto, a polêmica nas publicações não se restringe exclusivamente em
relação ao uso das margens, mas também diz respeito ao número ideal de colunas que uma
página deve ter. Para Ambrose e Harris (2009b, p.96), “a coluna é uma estrutura vertical em
um grid34 que contém e dá forma aos elementos textuais dentro de um design”.
O grid é o esqueleto básico para a criação de um design. Fornece uma
estrutura de referência que guia o posicionamento dos elementos que
formam a anatomia de um projeto, como textos, imagens e ilustrações, além
dos elementos gerais, como linhas e fólios35 (AMBROSE; HARRIS, 2009b,
p.27).
Contudo, a utilização de um grid aumenta a exatidão e a consistência da
localização dos elementos da página. Também agrega dinamismo ao design fornecendo uma
34
O grid é a base sobre a qual um design é construído. Ele permite que o designer organize de modo eficiente
diversos elementos em uma página. De modo geral, grids adicionam ordem e estrutura aos designs (AMBROSE;
HARRIS, 2009b, p.6).
35
Fólios são os números sequênciais de página em uma publicação que servem como referência para ajudar os
leitores a localizar informações. Sua posição deve ser cuidadosamente considerada, uma vez que eles podem ter
um grande impacto sobre o visual de uma página e do design como um todo (AMBROSE; HARRIS, 2009b,
p.112).
estrutura com um alto nível de criatividade. Desse modo, para não comprometer o
planejamento gráfico é preciso não limitar o pensamento em formatos padrão, além de definir
cada página como unidade específica, de padrão variado.
“O número de colunas usado em uma página pode ter grande influência
sobre a aparência geral de uma página dupla” segundo Ambrose e Harris (2009b, p.98). A
escolha associada ao número de colunas em um design é realizada, em parte, devido ao
compromisso com o cliente, em parte devido à necessidade do mesmo em atingir o objetivo
com o público-alvo, o leitor.
Portanto, a quantidade recomendada para as publicações podem variar entre
uma a três colunas. Essa definição deve estar relacionada ao formato e a tipologia utilizada
pela publicação. Contudo, o formato que mais se enquadra à diagramação de revistas é o de
três colunas.
O diagrama mais simples e o mais utilizado para revistas é o de três colunas,
que proporciona um visual trivial mais eficiente, devido à largura que
comporta, geralmente de uma vez e meia a duas vezes a tipologia adotada, o
que enquadra o texto numa largura quase que perfeita em termos de
legibilidade (COLLARO, 2000, p.95).
O modelo de “combinar colunas de diversas larguras na mesma página,
dentro da mesma matéria ou entre matérias, é permitido – na verdade, é incentivado – se
ajudar a produzir sentido” (WHITE, 2006, p.45). Dessa forma, o indivíduo terá uma melhor
compreensão quanto ao assunto abordado, dependendo, é claro, da ênfase que se deseja dar ao
texto.
A largura de uma coluna pode ser alterada para acomodar uma medida de
texto maior ou menor, o que tem um grande impacto sobre o visual de um
design. o espaço proporcional que uma coluna ocupa em uma página afeta o
modo como o leitor vê a informação que ela contém (AMBROSE; HARRIS,
2009b, p. 102).
Collaro (2000, p.94) acredita que “o projetista gráfico está sempre preso ás
formas rígidas com que as colunas se apresentam, limitando sua criatividade”. Desse modo, é
preciso que “o texto deva ser ajustado em uma coluna de largura adequada ao seu tamanho
para que fique legível”, criando dinamismo na página (AMBROSE; HARRIS, 2009b, p. 106).
Em linhas gerais, o uso de colunas e de espaços em branco nas margens das
páginas serve para arejar o conteúdo e auxiliar o ritmo da leitura. De maneira prática, a
finalidade de tais elementos é proporcionar a organização do layout, de modo a estabelecer
equilíbrio entre o papel, as fontes e o conteúdo da revista, propiciando uma sensação de
conforto visual ao leitor/receptor.
3.5 Fotos e imagens
As imagens, assim como as cores, possuem grande poder de impacto numa
página de revista e, por isso, necessita de atenção especial no momento da diagramação. Do
ponto de vista da jornalista Linda Ellerbee (apud WHITE, 2006, p.143), as “imagens são
diferentes de palavras, assim como os cheiros diferem dos sons. As palavras apelam mais ao
intelecto, as imagens às emoções”.
Imagens são os elementos gráficos que dão vida a um design. seja como foco
principal de uma página ou como um elemento secundário, desempenham
um papel essencial na comunicação de uma mensagem e, portanto, são um
fator vital para determinar a identidade visual de um projeto (AMBROSE;
HARRIS, 2009c, p.60).
Logo, a imagem é um dos maiores benefícios de um projeto gráfico, pois,
posicioná-las de maneira adequada é essencial para garantir que o impresso tenha a
capacidade expressiva ideal.
Imagens são a primeira coisa que vemos numa página. São rápidas,
emocionais, instintivas e despertam curiosidade. Elas introduzem o
observador na informação. Devem ser usadas com um propósito estratégico,
não apenas para dividir o texto ou deixar a página menos sem graça. Não são
elementos subordinados, portanto não devem ser tratadas como tal.
Publicações são uma mescla – uma parceria – entre o visual e o verbal
(WHITE, 2006, p.143).
“As pessoas são atraídas por fotos, tipologia grande (que diga algo
interessante) e fragmentos de qualquer coisa”, afirma White (2006, p.57). Seguindo esta
afirmação, pode-se dizer que a imagem, seja foto ou ilustração, é a porta de entrada para a
leitura, uma vez que a ação visual da mesma, dentro de uma publicação, é tão importante que,
muitas vezes, consegue transmitir a mensagem sem precisar de texto.
Marcia Nogueira Alves, Mara Fontoura e Cleide Luciane Antoniutti (2008,
p.133), apontam a imagem como “algo que está presente tanto no mundo real quanto no
mundo imaginário. Isso acontece porque as cenas, na mente do sujeito, são construídas antes
mesmo dele lembrar-se de algo ou de alguém”. Com base nisto, as autoras explicam que no
decorrer do dia a dia os indivíduos estão sujeitos a ser assediados por milhares de imagens
estáticas ou em movimento espalhadas por todo o ambiente que o imerge.
Nas ruas, vemos placas publicitárias – painéis eletrônicos, outdoors,
cartazes, folhetos, folders e panfletos, repletos de imagens. Se tomarmos um
ônibus, lá está uma imagem estampada no mobiliário urbano. Mesmo
quando escutamos o rádio, conseguimos visualizar imagens nas nossas
mentes (ALVEZ; FONTOURA; ANTONIUTTI, 2008, p.133).
Logo, compreende-se que não é somente a matéria que pode representar um
impresso, as imagens também possuem essa função, já que “mexem com nossos sentidos e
emoções”, portanto, de maneira eficaz são capazes de “criar forma” para explicar o que o
sujeito pensa ou sente (ALVES, FONTOURA; ANTONIUTTI, 2008, P.134).
Deste modo, a revista Atena Sports tem o intuito de se relacionar com seu
público-alvo tanto no sentido textual quanto na questão visual, proporcionando uma
composição estética agradável, de modo a facilitar à leitura da página impressa. A utilização
das fotografias para compor esse magazine é essencial, de modo a mexer com o lado emotivo
das leitoras, propondo que elas se identifiquem com o magazine e desejem dar continuidade à
leitura.
Isto posto, João Vicente Cegato Bertomeu (2010, p.25) explica que as
imagens são capazes de captar a atenção de um sujeito, porque fazem parte do seu cotidiano
social ou de seus sonhos, visto que a imagem, seja ela real ou imaginada, é capaz de acarretar
diversas reações. Através disto que Jorge Pedro Sousa (2002, p. 13) explica que antigamente a
fotografia já foi encarada quase unicamente como o registro visual da verdade. Mas hoje em
dia, possui outros conceitos, como a “noção de que pode representar e indiciar a realidade,
mas não pode registrá-la e nem ser seu espelho fiel”.
Segundo Banes (apud SOUSA, 2002, p.13) em 1904, através do primeiro
tablóide fotográfico, Daily Mirror, houve a mudança conceitual da fotografia, passando de
secundaristas ou meras ilustrações para serem definidas como “uma categoria de conteúdo tão
importante quanto ao componente escrito”.
No desenvolver do tempo, Sousa (2002, p.14) explica que a modificação de
ideias e costumes sobre a imprensa contribuíram para o nascimento do fotojornalismo
moderno na Alemanha dos anos vinte, com aparição de máquinas fotográficas menores36 que
possibilitaram a obtenção de “imagens espontâneas e de fotografias de interiores sem
iluminação artificial”. Segundo o autor, após a Primeira Guerra desenvolveu-se nesse país as
artes, as letras e as ciências.
Um artista versátil condecorado deste período é Alexandre Rodchenko 37. De
acordo com Jonathan Raimes e Lakshmi Bhaskaran (2007, p.42) de 1920 a 1930, na Rússia,
Rodchenko revolucionou o papel da fotografia experimentando novas perspectivas e
fotocolagem, através da pintura, design e fotos em profundidade, a fim de obter imagens
inovadoras, método este, que tem contribuído para a difusão do Construtivismo Russo, escola
de arte em que se baseia a Revista Atena Sports.
Assim, como vimos anteriormente, a imagem possui seus significados,
transmitindo aos indivíduos sentidos e emoções, desta maneira, Jan V. White (2007), explica
que existem três tipos de ilustrações, e “cada uma tem sua legitimidade e precisa ser
reconhecida pelo que é, para que assim possa ser tratada adequadamente”. São elas:
Imagens de clima emocional: são fotos ou ilustrações conceituais
estimulantes. Seu objetivo é causar impacto, intrigar, seduzir e desse modo
capturar os leitores, por isso qualquer coisa vale. Talvez um termo melhor
para defini-las fosse chamariz; As imagens informativas: são as
documentais, factuais, realistas. Devem ser tratadas de modo simples, direto,
para manter credibilidade. E as circunstanciais: são as imagens medíocres
com as quais deparamos sempre. Podem ser as melhores disponíveis, mas
não merecem destaque especial (WHITE, 2006, p.143).
Por isso, é preciso saber utilizar as imagens de maneira consistente, em um
periódico, pois se deve buscar harmonia e equilíbrio entre o texto e a linguagem, aliando a
beleza e informação, levando o leitor a observar a página, interpretando o que nela possui.
36
Por exemplo a máquina fotográfica Leica. Um protótipo criado em 1923 para suportar filmes de 35 mm. Uma
máquinas menor e provida de objetiva luminosa.
37
Explicado com maior ênfase no capítulo de Construtivismo Russo.
Além de produzir uma página impressa e dispensar de informações
complementares para sua compreensão, Collaro (2000, p.167) conceitua que “as fotos são de
grande importância para o sucesso de uma publicação”.
As fotos ou ilustrações que completam ou por si só representam o arranjo
visual gráfico de uma página impressa deverão ser utilizadas de forma
eficiente pelo diagramador que se encarregará de projetá-las dentro das
dimensões exatas dos espaços determinados da página. Além de
embelezarem plasticamente, muitas vezes, devido às suas características
imaginéticas, carregam toda a carga emocional e informativa de uma ação ou
de um fato qualquer, dispensando outro tipo de informação complementar,
seja ele através de um texto, título ou legenda (SILVA, 1985, p. 120).
Portanto, as imagens podem ser introduzidas ao design de uma revista de
várias formas. Desse modo, não é preciso seguir um padrão que limite a criatividade e o
movimento das páginas. Por outro lado, deve-se buscar sempre aperfeiçoar a utilização das
imagens no aprimoramento de seu impacto.
Esse contexto deixa claro que a elaboração do discurso deve auxiliar a
permanência do leitor no foco de sua leitura e reflexão das imagens. De modo geral, o projeto
e planejamento gráfico precisam se adaptar, prevendo possibilidades de fuga do leitor,
evitando que o mesmo se distraia ou se perca durante sua leitura. Por isso, é preciso
apresentar imagens de boa qualidade, contextualizadas e bem posicionadas, proporcionando
que a publicação obtenha expressão visual, potencializando os efeitos de comunicação entre a
revista e o leitor.
As fotos constituem um ponto de força visual sem limite dentro de uma
página. O contraste de uma página é conseguido com a utilização correta de
fotografias de boa qualidade, levando em conta a localização, condição de
prismagem e condição de reprodução gráfica. As fotos devem trazer a
essência da mensagem, isto é, sintetizar todo conteúdo de texto que ela
pertence (COLLARO, 2000, p.130).
Ainda conforme Collaro (2000, p.167), “o principal aspecto em termos de
posicionamento de foto é que esta deve acompanhar, sempre que possível, a matéria
relacionada”. Portanto, depreende-se que as imagens são elementos centrais de um periódico,
acima de tudo nas revistas segmentadas, pois as utilizam como principal recurso para emissão
de conteúdo e para tornar as páginas de uma publicação ainda mais atrativas.
Logo, como o intuito da pesquisa aqui proposta é o planejamento gráfico de
uma revista de esporte feminina, as imagens utilizadas serão meramente ilustrativas, com o
objetivo de apresentar apenas como serão usadas dentro da composição de uma página
impressa.
3.6 Segmentação
A evolução da sociedade, unida com o desenvolvimento das técnicas de
produção e diminuição no índice de analfabetismo, auxiliaram para fortalecer a propagação
das revistas. Segundo Scalzo (2004, p.20), “a revista ocupou assim um espaço entre o livro
(objeto sacralizado) e o jornal (que só trazia o noticiário ligeiro)”. Dessa forma, a revista é um
meio que reúne serviço, jornalismo e entretenimento e a união de funções, aplicações e
abordagens são decisivas para o processo de criação de sua formação de identidade.
No entanto, a necessidade de alcançar um maior número possível de leitores
resultou na segmentação de produtos impressos. Esse efeito aumentou a capacidade de
escolha e tornou o leitor mais qualificado a identificar-se com determinado material
informativo.
A segmentação é uma estratégia gerada pelo desenvolvimento da demanda e
pela percepção de que os consumidores têm necessidades diferentes, cujo
atendimento por produtos específicos pode ser, dependendo do caso, mais
lucrativo do que a atuação às cegas no mercado de massa. Conhecer o
consumidor levaria a lhe oferecer um produto que vem exatamente ao
encontro do que ele deseja ou necessita (MIRA, 2004, p. 248).
Desse modo, a finalidade fundamental da segmentação de mercado é clara e
objetiva, pois “se trata de identificar grupos de consumidores que possuem características,
preferências e gostos semelhantes” (SILVA; RABELO, 2004, p.2). Visto que, cada grupo
possui necessidades diferentes, as empresas podem oferecer produtos mais adequados a esses
nichos38.
38
Nicho é a porção específica de um mercado, geralmente uma parte pequena, com necessidades e hábitos
específicos, com consumidores exigentes, normalmente. Nichos de mercado são segmentos ou públicos cujas
necessidades particulares são pouco exploradas ou inexistentes. A estratégia de aproveitamento de nichos está
justamente na identificação das bases de segmentação que, quando explorados, representam o diferencial
ou vantagem competitiva à empresa (ou pessoa). Pesquisa realizada nos sites de busca:
www.significados.com.br/nicho e www.wikipedia.org/Nichos_de_mercado. Acesso em 10/11/2013 às 14h.
Diante dessa contextualização, Scalzo (2004, p.49) explica que, essa
delimitação de nichos, geralmente tem como variáveis “gênero (masculino e feminino), por
idade (infantil, adulta e adolescente), geográfica (cidade ou região) e por tema (cinema,
esportes, ciência)”.
Portanto, é no jornalismo especializado, que a produção de uma informação
particularizada, tem como finalidade, atingir um público específico, de característica singular.
As produções especializadas compreendem que justamente pelo excesso de
informação que chega diariamente, o indivíduo sente necessidade de uma
orientação para o que seja de seu maior interesse, por isso, existe a busca
crescente por materiais mais direcionados (ABIAHY, 2000, p.13).
Em consequência do estabelecimento das respectivas produções, surgiram
novos meios voltados ao jornalismo especializado e a revista tornou-se um veículo mais
vantajoso à segmentação. Segundo Scalzo (2004, p.14), “enquanto o jornal ocupa um espaço
público e fala com uma plateia heterogênea, a revista entra no espaço privado, na intimidade,
na casa dos leitores”. Desse modo, a revista é um meio que conserva a relação direta com as
pessoas e se aproxima das necessidades e desejos do leitor, em uma relação que permite
chamá-lo de você.
A segmentação, segundo Scalzo (2004, p.44), é a alma das revistas, pois
acredita que “é preciso falar com menos gente, para falar melhor”. Deste modo, nos últimos
anos, os magazines passam a adotar a segmentação como um fator preponderante em sua
linguagem (ABIAHY, 2000, p.17). Observa-se que na sua apresentação gráfica e textual, há
uma constante preocupação, pois a publicação tem que agradar o leitor, e não somente
estimulá-lo a consumir os exemplares, promovendo, desse modo, a criação ou o
fortalecimento do vínculo entre o leitor e a revista (SCALZO, 2004, p.11-14).
Ao tratar da segmentação como foco nas revistas, busca-se através desse
trabalho, o planejamento e produção gráfica de uma revista de esportes para o público
feminino, estabelecendo uma identificação com o objeto de estudo proposto. Associado à
segmentação, está o fim no qual as revistas devem ter o foco no leitor e antes de segmentar
qualquer produto, é necessário conhecer com precisão o público-alvo destinado.
3.6.1 Público-Alvo
O planejamento gráfico de um produto impresso deve ser precedido, antes
de tudo, por um projeto comercial, editorial e gráfico, que orientará todo o processo de
produção do material. Dessa forma, é possível fazer uma análise do público-alvo, quanto a sua
faixa etária, classe social e escolaridade. Visto que, segundo Haydée Borges (2007 p.39), “é
um dos pontos mais importantes para a definição da programação visual do impresso”.
Com base na exposição anterior, pode-se afirmar que a definição do
público-alvo de uma revista, frequentemente, é feito por meio de estudos e de pesquisas
qualitativas ou quantitativas, análises de mercados e outras estratégias de marketing39.
Além das ferramentas de marketing, a revista procura tratar o leitor com
proximidade e intimidade, como a apresentação no subcapítulo sobre segmentação. Mas para
que isso ocorra, é preciso antes ouvir o que o leitor tem a dizer, ou seja, compreender suas
reais necessidades. Pois, quando se pensa na aproximação com os leitores, percebe-se que a
interatividade se apresenta como uma das propostas dos periódicos segmentados para
estabelecer seu público-alvo.
Os leitores podem ter contato direto com as publicações, por meio de
correspondência, telefone ou internet, e assim, relatar o que lhes agradou ou não, além de
sugerir melhorias e pautas.
Dessa forma, estabelecer esse feedback40, é importante para as redações,
pois podem aproveitar como orientação para saber como atender aos desejos dos leitores e
trazer assuntos de acordo com o gosto e a realidade desse público-alvo.
O leitor, por ter um perfil desenhado de forma mais nítida, torna-se um alvo
mais seguro para os editores. Em outras palavras, as informações que o leitor
pretende encontrar nestas publicações, da forma que lhe parece melhor
adequada, são transmitidas com provável eficácia pelos editores. É claro que
esta não é uma regra infalível, mas sem dúvida tem sua lógica, se seguirmos
39
O ambiente mostra como é composta a estrutura espacial do mercado global, onde o cliente é o ponto central
das atenções do marketing. Já os elementos do composto também conhecido como marketing mix é o lugar que
se encontra os 4 Ps: produto, praça, preço e promoção. Nesse contexto, é analisado como e onde interagir para o
produto se tornar competitivo e desejado de seu público alvo. (BOLSON, Tássia; In BASTA, Darci et al.
Fundamentos de Marketing. Rio de Janeiro: FGV, 2005).
40
Feedback é uma palavra inglesa que significa realimentar ou dar resposta a uma determinado pedido ou
acontecimento. O termo é utilizado em áreas como Administração de Empresas, Psicologia ou Engenharia
Elétrica. Em alguns contextos a palavra feedback pode significar resposta ou reação. Neste caso, o feedback
pode ser positivo ou negativo. Pesquisa realizada no site de busca: www.significados.com.br/feedback. Acesso
em 10/11/2013 às 16h.
o raciocínio que estas publicações adotaram, ou seja, descobrir quem é o
leitor para produzir com eficiência o material informativo que ele gostaria de
adquirir (ABIAHY, 2000, p.23).
Do ponto de vista de Maria Mira (1997, p.234), segmentar o mercado é
identificar interesses e desejos do público-alvo, é saber detectar as tendências de
comportamento de mercado, dando ao respectivo mercado revistas sempre mais atualizadas e
afinadas com a realidade que vive.
Portanto, pode-se dizer que o jornalismo especializado cresce cada vez mais
para suprir a necessidade de um público segmentado. Público este, que tem menos tempo e
mais interesse em saber assuntos específicos. Para Abiahy (2000, p.12), a diversidade de
periódicos cumpre a função de oferecer mais opções. Assim, o leitor é que deve encontrar a
melhor opção segundo sua preferência, já que atualmente existem revistas femininas, de
esportes, de moda, de fofocas, etc.
3.7 Periodicidade
Em termos gerais, pode-se entender que periodicidade é a regularidade de
uma publicação num tempo ou em intervalos razoáveis de períodos. Segundo Scalzo (2004,
p.41) a periodicidade das revistas (geralmente semanais, quinzenais ou mensais) também as
diferencia dos demais meios. Além de concordar com a autora que precede tal afirmação,
Vilas Boas (1996, p. 101) afirma que, “as revistas de informação geral chegam às bancas do
mesmo modo que um sabonete de supermercado. Por isso, precisam de atrativos que as
diferenciem do jornalismo dinâmico e veloz de todos os dias”.
De acordo com Vilas Boas (1996, p.87), a atualidade e a periodicidade são
duas características fundamentais no campo da atividade jornalística. Desse modo, para que
não haja comprometimento com o periódico é preciso que o mesmo esteja sempre em dia,
dando credibilidade ao produto. Para Marcuschi (2001, p.88) “dois aspectos são preocupantes:
primeiro, a falta de periodicidade e, segundo, a péssima distribuição e divulgação”, pois o
autor acredita que ambos estão juntos e são responsáveis pelo desaparecimento das revistas e
por sua não circulação.
A periodicidade regular de publicação é um dos critérios mais elementares
no processo de avaliação, e é de importância fundamental. A habilidade de
publicar pontualmente uma revista implica um substancial estoque de
manuscritos indispensável para a sua viabilidade ininterrupta. Não é
aceitável para uma revista aparecer cronicamente atrasada, semanas ou
meses depois da data de sua abrangência (TESTA, 1998, p.234).
Logo, “a periodicidade é fator determinante do estilo de texto de uma
revista” (VILAS BOAS, 1996, p.68). Assim, as revistas, tanto semanais, quinzenais ou
mensais, praticam um jornalismo de maior profundidade, “mais interpretativo e documental
do que o jornal, o rádio e a TV; e não tão avançado e histórico quanto o livro-reportagem”
(VILAS BOAS, 1996, p.9). Nas revistas, o texto é acrescentado de pesquisas, documentação e
riquezas textuais, para que, posteriormente, possam ser publicados.
Não dá pra imaginar uma revista semanal de informações que se limita a
apresentar para o leitor, no domingo, um mero resumo do que ele já viu e
reviu durante a semana. É sempre necessário explorar novos ângulos, buscar
notícias exclusivas, ajustar o foco para aquilo que se deseja saber, e entender
o leitor de cada publicação. Nas redações de jornais ou telejornais, quando
acontece um terremoto, por exemplo, tudo treme. É preciso correr e dar a
notícia em cima da hora. Nas revistas, a redação não treme. Ou treme bem
menos. Se for para falar do terremoto, será necessário descobrir o que
ninguém sabe sobre ele, explicá-lo de forma diferente (SCALZO, 2004,
p.41).
Deve-se considerar que as revistas de variedades também são de
informação-geral, por transmitir aos seus leitores conteúdos de várias áreas e interesses. Já
que a diferença a ser destacada, fica por conta da periodicidade, explica Duarte (2002, p.26)
que,
A revista semanal de informação-geral, pela sua periodicidade, é mais atual e
de consumo imediato, enquanto a de variedades mensal aborda temas que,
por serem gerais, podem ser lidos bem depois de sair à publicação. O
conteúdo não se perde tão rapidamente com o tempo, e as revistas até podem
se tornar artigos de coleção, sempre consultadas pelos leitores (DUARTE,
2002, p.29).
Em suma, de acordo com Scalzo (2004, p.42), por se distanciarem do tempo
real da notícia, as publicações de periodicidade mais larga precisam durar mais nas mãos do
leitor. A periodicidade regular das revistas faz o estabelecimento de uma relação de
proximidade com seus leitores, seja visual ou textual, possibilitando que nas próximas
edições, o leitor saiba onde encontrar os assuntos que o atraia.
3.8 Formato
Segundo White (2006, p.43), “a estrutura dá previsibilidade, de modo que o
observador/leitor, por intuir a organização fundamental da peça, tenha uma sensação de
ordem e até deduz a hierarquia de valores comparativos do material”. Contudo, não só o
conteúdo possui essa importância de qualidade previsível, pois dentro de um periódico, o
formato desses valores influencia na hora de realizar a produção gráfica.
“O formato não é uma regra geral, e podem assumir diferentes tamanhos”
(COLLARO, 2000, p.118). Logo, a produção do material pode ocorrer de acordo à finalidade
que se destina para cada veículo criado. “Analisar a forma como as manchas 41 deverão se
comportar no formato que proporcionará ao diagramador um feedback que causará, no
mínimo, interesse por parte do receptor” (p.118), de modo a atraí-lo para o produto conforme
o esperado.
Compreende-se, a partir desse pressuposto, que o formato é um elemento
que também influencia na hora da diagramação. Portanto, é preciso entender que “no início da
fabricação do papel eram inúmeros os formatos existentes e com a evolução da indústria,
houve necessidade da padronização dos formatos” (COLLARO, 2000, p.88).
Em 1911, a Associação de Engenheiros Alemães , visando a economia de
papel a racionalização de mão-de-obra, resolveu criar um formato padrão
para o papel, conhecido como formato internacional ou “DIN” (Deutsche
Industrie Normunque), baseado no sistema métrico que consiste numa série
harmoniosa de modelos, criando-se um formato com o aproveitamento
máximo do papel, desde um cartão de visitas a um jornal (COLLARO, 2000,
p.88)42.
A dimensão com que os formatos se apresentam em uma folha inteira faz
com que gere o aproveitamento do papel, baixando o custo da impressão. Pois, empregar cada
41
Linguagem técnica que se refere ao esboço, o rabisco da página impressa.
Walter Porstmann criou os formatos da série de papéis A, B e C, adotados como o padrão alemão em 1922.
Esse padrão, DIN (Deutsche Industrie Norm), posteriormente virou um padrão ISO (International Organization
for Standardization) e, em 1975, tornou-se o formato oficial de documentos das Nações Unidas (AMBROSE;
HARRIS, 2009c p.160).
42
espaço do papel é possível criar mais periódicos de maneira mais econômica. Ambrose e
Harris (2009b, p.28) afirmam que “os formatos padrão de papel são um meio que designers e
outros profissionais envolvidos com as indústrias editorial e de impressão comuniquem
especificações do produto e controlem preços”.
Formato Internacional do papel ou “DIN”43
No Brasil, as revistas têm um importante papel de informação, seus
formatos possuem uma grande variação de acordo com suas editoras. Portanto, a revista aqui
proposta e planejada possui um formato médio ou pelo tamanho dela proposto (15x21cm), se
baseia no tamanho A5 no DIN.
3.9 Layout
A busca acerca do significado da palavra layout na arte gráfica demonstra
que o mesmo é um esboço ou rascunho, exibindo a estrutura física de uma página de um
jornal, revista ou página na internet, bem como engloba elementos como textos, gráficos,
imagens e a forma como eles se encontram dispostos em um determinado espaço.
43
Figura n°14 (em tamanho maior) no apêndice.
O layout é o arranjo dos elementos de um design em relação ao espaço que
eles ocupam e em conformidade com um esquema estético geral (AMBROSE; HARRIS,
2009c, p.11).
O layout está relacionado com a disposição de elementos de texto e imagem
em um design. A maneira como esses elementos são posicionados, tanto em
ralação ao outro quanto no projeto como um todo, afetará o modo como o
conteúdo é examinado e recebido pelos leitores, e também sua reação
emocional ao design. O layout pode ajudar ou impedir a recepção das
informações apresentadas em um projeto (AMBROSE; HARRIS, 2009c,
p.6).
Portanto, Collaro (2000, p.116) explica que, todo layout tem como objetivo
a atenção do receptor a uma determinada mensagem. Os elementos visuais e textuais precisam
ser transmitidos, de modo que o leitor compreenda o design sem fazer esforço. Logo, a
essência dessa comunicação é o destaque que deve ser dado, quer numa ilustração, quer no
texto.
Desse modo, baseia-se em um esboço/projeto da página impressa,
concedendo a ideia de como será o produto final. O designer trabalha com todos os elementos
citados anteriormente, tais como: formato, margens, número de colunas, cores, entre outros
que possuem relevância, de maneira a atribuir harmonia e movimento para um periódico.
Os elementos visuais constituem a substância básica daquilo que vemos, e
seu número é reduzido: o ponto, a linha, a forma, a direção, o tom, a cor, a
textura, a dimensão, a escala e o movimento. Por poucos que sejam, são a
matéria-prima de toda informação visual em termos de opções e
combinações seletivas. A estrutura da obra visual é a força que determina
quais elementos visuais estão presentes, e com qual ênfase essa presença
ocorre (DONDIS, 2007, p. 51).
Collaro (2000, p.112) afirma que “é preciso compreender todas as noções
teórico-práticas para definir um objeto de comunicação visual”, uma vez que “a composição é
idealizada com tipos e imagens, que resultam no final em formas em uma página”, podendo
alcançar a valorização desejada (AMBROSE; HARRIS, 2009b, p.34).
Antes de ser estruturada uma padronização gráfica, o diagramador deverá
conhecer e estabelecer os elementos gráficos que atuarão nas páginas
internas e externas do jornal, e saber dos recursos materiais gráficos que o
jornal dispõe. Preocupando-se com a apresentação estética, o diagramador
deverá utilizar eficientemente os seguintes elementos gráficos para assegurar
um estilo de padronização gráfica definido: a) definição dos caracteres
tipográficos para o texto, título, aberturas, legendas, etc.; b) escolha de
logotipos e selos de seções especializadas; c) definição das margens; d) uso
de fios e vinhetas; e) ilustrações (fotos e desenhos) reticuladas e a traço; f)
boxes (quadros); g) distribuição dos anúncios de publicidade; h) ligações:
foto-texto, texto-título, título-foto; i) uso da cor (combinação das cores)
(SILVA, 1985, p.50).
Os princípios básicos de disposição para impressos partem das técnicas
visuais, que oferecem ao designer uma grande variedade de meios para a expressão visual do
conteúdo.
As técnicas visuais não devem ser pensadas em termos de opções
mutuamente excludentes para a construção ou análise de tudo aquilo que
vemos. São combináveis e inter-atuantes em sua utilização compositiva. É
preciso esclarecer um ponto: as polaridades técnicas nunca devem ser sutis a
ponto de comprometer a clareza do resultado. Seria impossível enumerar
todas as técnicas disponíveis, ou, se o fizéssemos, dar-lhes definições
consistentes (COLLARO, 2000 p.139-140).
Assim, para maior compreensão dessas técnicas, os elementos abaixo,
apresentam os conceitos de composição em um layout, de acordo com Collaro (2000), Dondis
(2007) e Silva (1985), é preciso levar em conta suas limitações. Por outro lado, sabendo que
cada técnica possui seu oposto, segundo Dondis (p.140), ainda podem ser definidos em
termos de uma polaridade.
Equilíbrio é o elemento mais importante das técnicas visuais. Baseia-se no
funcionamento da percepção humana e na enorme necessidade de sua presença, tanto no
design, quanto na reação diante de uma manifestação visual.
Instabilidade é a ausência de equilíbrio e uma formulação visual
extremamente inquietante e provocadora. Segundo Silva (1985, p.51) “independente da
escolha de um tipo definido de padronização gráfica, a diagramação se utiliza de dois estilos
básicos de planejamento gráfico, que dará à publicação um aspecto harmônico em suas
formas”, são elas: simetria e assimetria.
Simetria é equilíbrio axial44. Uma formulação visual totalmente resolvida,
em que cada unidade situada de um lado de uma linha central é rigorosamente repetida do
outro lado. A composição simétrica tem como propriedade a serenidade, dando ao layout uma
fisionomia ponderada, estática, muito utilizada na tipografia clássica. Portanto, deve ser
utilizada em reproduções serenas, sérias, necessitadas de inspiração e respeito pelo receptor.
Já a composição assimétrica, também conhecida como livre, informal,
quebra a monotonia dos layouts simétricos, usando como referência o centro ótico. A
assimetria utiliza os brancos como peso visual, agilizando a composição e tornando-a
dinâmica.
A ordem contribui para a síntese visual da simplicidade, uma técnica que
envolve a imediatez e a uniformidade da forma elementar, livre de complicações ou
elaborações secundárias.
Sua formulação visual oposta, a complexidade compreende um conjunto
visual constituído por inúmeras unidades e forças elementares, resultando num difícil
processo de organização do significado no âmbito de um determinado padrão.
A previsibilidade sugere, enquanto técnica visual, alguma ordem ou plano
extremamente convencional. Seja por meio da experiência, da observação ou da razão, é
preciso ser capaz de prever de antemão como vai ser toda a mensagem visual, fazendo-a com
base num mínimo de informação.
A espontaneidade, por outro lado, caracteriza-se por uma falta aparente de
planejamento, é uma técnica saturada de emoção, impulsiva e livre.
A variedade de formas bem distribuídas proporciona compensação e
equilíbrio, mantendo a unidade do layout.
O contraste é fundamental para o sucesso de uma composição; porém, a
variação da tonalidade dos caracteres que compõem o layout deve ser usada com bom senso,
pois, quando usada de forma indeterminada, pode provocar desordem e consequente confusão
no receptor.
44
Simetrias axiais ou em relação a retas, é uma expressão do contexto da geometria. São aquelas onde pontos,
objetos ou partes de objetos são a imagem espelhada um do outro em relação à reta dada, chamada eixo de
simetria. O eixo de simetria é a mediatriz do segmento que une os pontos correspondentes. Um perfeito exemplo
de simetria encontrada na natureza é o caso da borboleta, a qual apresenta um único eixo de simetria. Pesquisa
realizada nos sites de busca: www.significados.com.br/axial; www.im.ufrj.br/dmm/projeto/projetoc/
precalculo/sala/conteudo/capitulos/cap21s3;
www.slideshare.net/lisa54/simetrias-11060613.
Acesso
em
16/11/2013 às 09h30.
Os elementos materiais de que dispõe o projetista para o seu trabalho serão
sempre pontos, linhas e massas de diferentes intensidades, cabe a ele o uso coerente dos
mesmos para um bom aproveitamento visual.
“A capacidade de comunicação de um design é influenciada pela posição do
texto e das imagens em relação a outros elementos” (AMBROSE; HARRIS, 2009c, p.67). Por
isso, ainda conforme menciona os autores, “um layout organiza os principais componentes de
uma página, texto e imagens, de forma que comuniquem a mensagem com eficácia ao
leitor/receptor”.
Sendo assim, ao realizar as funções para as quais foram selecionadas, cada
elemento possui sua finalidade no design como um todo, pois juntos, estabelecem harmonia e
movimento ao material.
3.10 Impressão off-set
Uma página é um espaço para apresentar imagens e textos. Na concepção de
Ambrose e Harris (2009c, p.18), para fazer isso de modo eficaz, é preciso considerar o
objetivo e o segmento de público de uma obra. Levando em consideração as características
essenciais, como o de formato, processo de impressão, especificações do acabamento (como a
encadernação), por exemplo.
No geral, para a execução de um projeto gráfico há três etapas: préimpressão, impressão e acabamentos. Silva (2008, p.6) acredita que, cada uma dessas fases
deve ser planejada no princípio de cada trabalho, considerando-se que cada projeto é único e
requer um tipo de atenção diferente. Desse modo, por serem etapas complexas é preciso que
sejam bem sincronizadas, para que no fim do trabalho, possa conseguir um produto que
respeite os itens de comunicação, os prazos estabelecidos e a qualidade.
Até o momento, neste capítulo, foram trabalhados, nos subcapítulos
anteriores, os itens de pré-impressão. A presente etapa do projeto gráfico expõe o trabalho
realizado com: cores, fontes, imagens, formato e criação (layout). Logo, pode-se dizer que,
esses são os aspectos que antecedem a ida do produto para a gráfica.
Quanto à segunda etapa, a impressão, há vários tipos na indústria gráfica,
pois atualmente, diversos métodos de reprodução estão disponíveis no mercado. Contudo, é
interessante observar que cada recurso se adequará a alguns fatores. Como qualidade de
impressão, tiragem, verba disponível, o tempo para execução o trabalho, tipo de material e
formato que serão usados de suporte. Por isso, é preciso fazer uma análise daquilo que se
pretende com o produto, antes de executar um projeto, pois além de obter qualidade, também
é importante atender as necessidades estabelecidas pelo cliente.
De acordo com Silva (2008 p. 78), “os processos de impressão podem ser
agrupados de acordo com as suas matrizes45 de impressão”. E como o objetivo desse trabalho
é o planejamento e a produção de uma revista de esporte para o público feminino
maringaense, a opção de impressão mais adequada é a Offset.
Portanto, em relação ao significado de Offset, é possível considerar que o
“prefixo inglês Off signifique „desligado‟ e o sufixo Set espaço fechado" (Caixa de Tipos).
Sendo assim, uma interpretação livre para o termo Offset seria: “desligado da caixa de tipos”
(SILVA, 2008, p.88).
Esse método de impressão tem como principal característica a sua forma de
impressão, que não apresenta nenhum relevo. É um processo que deriva de
um método de impressão antigo chamado Litografia, onde temos, na área do
grafismo, uma parte ávida de gordura (retém a tinta) e nas áreas de
contragrafismo a parte que retém água e repele a tinta (à base de gordura).
Descoberto casualmente pelo norte-americano Rubel em 1804, um impressor
Litográfico, que inadvertidamente deixou rodar uma máquina litográfica sem
papel, e, consequentemente, a imagem foi transferida para o cilindro de
borracha. Quando o papel foi colocado, ocorreu a impressão dos dois lados,
sendo mais nítido o lado da borracha (impressão indireta) (SILVA, 2008,
p.88).
Em seguida, estudos e tecnologias foram implantados no recurso de
impressão. Silva (2008, p.82) complementa que, “na impressão Offset, os pontos (retículas) se
apresentam com bordas levemente irregulares. Com boa definição, é um dos processos mais
difundidos no mundo”. Desse modo, o “método de impressão é o mais utilizado no mundo
hoje, por sua qualidade de impressão e evolução tecnológica” (p.88).
Por conseguinte, o papel tem sua importância na impressão, pois o mesmo é
um dos elementos relevantes para que se obtenha o produto desejado.
A palavra “papel” originou-se do termo grego Papyrus, que significa junco.
A invenção do papel tal como hoje o conhecemos é atribuída a Tsai Lun, na
China, no ano 105 da nossa era. A forma chinesa de fabricar papel consistia
em misturar cascas de árvores, trapos de roupas velhas e outros materiais
fibrosos (como redes de pescar) e batê-los até que formassem uma
45
As matrizes de impressão podem ser: Clichê: para tipografia; Borracha: para flexografia; Cilindro: para
rotogravura; Chapa: para offset; Tela: para serigrafia (SILVA, 2008, p.79).
substância pastosa que secava ao sol. Mas somente por volta do ano de 751
d.C., está técnica começou a ser difundida na Europa (SILVA, 2008, p.124).
A produção do papel ganha destaque a partir da prensa de Gutenberg46, com
tipos móveis, em 1454. Naquele momento, “o homem percebe a importância da fabricação
industrial do papel, para suprir a necessidade de comunicação”. (SILVA, 2008, p.124). Foi
com a demanda de mercado, que houve um crescimento na indústria gráfica e o papel começa
a ter uma maior importância social e econômica.
Com a inovação tecnológica, a indústria de papel pode desenvolver papéis47
específicos para cada tipo de trabalho desejado, possibilitando a geração de impressos que
possuíam algum diferencial. Atualmente, também pode haver a inclusão de papéis importados
no projeto gráfico.
Entretanto, no âmbito gráfico é preciso considerar o custo/benefício de cada
projeto. Pois assim, leva-se em conta a qualidade do produto e o custo. Esta questão reflete,
automaticamente, no quesito do formato final dos trabalhos impressos.
Por esse motivo, quando um projeto é encaminhado para a gráfica é
solicitado todas as suas características, tanto em formato aberto quanto fechado, pois tais
informações possibilitarão à gráfica projetar a finalização dos trabalhos e quantas repetições
cabem em cada folha de impresso.
Por isso, é fundamental que a gráfica envie um boneco48 (Layout) do
trabalho para que o designer possa analisar as diversas possibilidades, entre elas: “o
aproveitamento do papel, as repetições por folha de impressão, a montagem de cadernos
(imposição das páginas), a quantidade de dobras; o tempo/hora máquina e as dificuldades de
acabamentos” (SILVA, 2008, p 130).
A terceira e última etapa, a de acabamentos ou pós-impressão, abrange todo
o processo de finalização de um impresso. É um momento delicado que exige muita atenção e
envolvimento com o projeto, pois qualquer erro pode danificar o material e comprometer todo
o trabalho.
46
Johannes Gensfleisch zur Laden zum Gutenberg, foi um inventor e gráfico alemão. Sua invenção do tipo
mecânico móvel para impressão começou a Revolução da Imprensa. É considerado o evento mais importante
do período moderno. Disponível em www.educacao.uol.com.br/biografias/johannes-gutenberg. Acesso em
16/112013 às 11h.
47
Papel-bíblia; papel bouffant/Buffon; papel couchê; papel imprensa; papel jornal; papel monolúcido; papel
offset; papel Bond (com ou sem marca d‟água); papel super Bond; papel 2ªs vias (flor post); papel vegetal; papel
reciclado, capa de cartão ondulado; miolo de cartão ondulado; cartão Duplex; cartão Triplex; papel kraft natural;
papel Kraft branco, papéis metalizados (SILVA, 2008, p.128-129).
48
Linguagem técnica utilizada, que se refere ao molde da peça já impressa para que o designer faça uma análise.
Atualmente, no mercado gráfico são encontradas inúmeras técnicas de
acabamentos que podem enobrecer os materiais impressos.
Para acabamentos e enobrecimentos de materiais impressos, podemos contar
com aplicações de vários tipos de vernizes (aplicação de vernizes UV –
ultravioleta) para diversas finalidades; laminações diversas que visam a
aumentar a durabilidade de peças gráficas ou mesmo produzir efeitos
diferenciados; hot-stamping; cortes especiais; relevos etc (SILVA, 2008,
p.134).
Além dos acabamentos com aplicações, “é de vital importância que o
projetista gráfico tenha conhecimento do processo de montagem de cadernos que irão compor
uma revista” (COLLARO, 2000, p.93). Esta etapa envolve a imposição das páginas. Nos
dizeres de Ambrose e Harris (2009c, p.12), “a imposição é o arranjo das páginas na sequência
e posição em que aparecerão quando impressas, antes de serem cortadas, dobradas e
refiladas”.
Portanto, antes de começar o projeto gráfico de uma página, é interessante
entender como a publicação será fisicamente encadernada, pois esta também é uma das etapas
relevantes que pode afetar diretamente um layout. Desse modo, de acordo com Ambrose e
Harris (2009c, p.102) existem vários métodos de encadernação “como sem costura ou perfect
binding, lombada canoa e encadernação em garra dupla ou wire-o, que produzem atributos
físicos diferentes no produto final”. De modo geral, a encadernação visa estabelecer um
material impresso bem estruturado, de qualidade e que atraia o público-alvo.
4 CONSTRUTIVISMO
Este capítulo apresenta o Construtivismo Russo, uma escola de arte que tem
seu período histórico marcado de 1920 a 1930 e justifica-se, pois tem seus conceitos aplicados
no design do objeto desta pesquisa, a revista Atena Sports. Logo, será exposto neste capítulo
seu contexto histórico, características e aplicação no design gráfico.
O Construtivismo como movimento artístico modernista surge na Europa no
início do século XX e se destaca principalmente na Rússia. Nesta época a Europa passa por
vários acontecimentos como a Revolução Russa49, a Primeira Guerra Mundial50 e a Revolução
Industrial51. À vista disso, essa escola vem atender a uma proposta de mudança na arte, ou
seja, um novo estilo de arte moderna, em que estes fatos históricos foram representados por
meio de peças gráficas (cartazes ou pôsteres), que serviam como meio de comunicação e
tinham a obrigação de gritar à multidão, já que naquela época não eram difundidos os meios
de radiodifusão ou televisivo.
Segundo o site de pesquisas, Tipógrafos52, o termo Construtivismo foi
criado em janeiro de 1922. A criação se deu em um catálogo para uma exposição no Café dos
Poetas, em Moscou, Rússia, no qual “se afirmava que todos os artistas devem ser operários, a
fábrica é o local onde se cria e constrói a verdadeira vida" (TIPÓGRAFOS, 2007). Ainda de
acordo com o site, seu conceito tradicional de uma arte acadêmica, deveria ser abandonado.
No entanto os tipógrafos acreditam que a arte deveria estar ligada à produção fabril, a
indústria e à nova ordem social e política, para que o “artista novo” abandone as Belas-Artes
contempladas pelos burgueses e torne-se ativo e mediador no contexto social e da produção
industrial (aqui proposto, no sentido de designer industrial).
49
A Revolução Russa foi um período de conflitos, iniciados em 1917, que derrubou a autocracia russa e levou ao
poder o Partido Bolchevique, de Vladimir Lênin. Na época a Rússia tinha uma grande massa de operários e
camponeses trabalhando muito e ganhando pouco, ao mesmo tempo em que estavam descontentes do czar
Nicolau II que queria uma liderança menos democrática. Houve muitas manifestações populares que fizeram o
monarca renunciar e que deram origem à União Soviética, o primeiro país socialista do mundo, que durou até
1991. Disponível em www.wikipedia.org/wiki/Revoluao_Russa_de_1917. Acesso em 21/11/2013 às 15h.
50
Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918) foi um conflito que envolveu as grandes potências mundiais, que
organizaram-se em duas alianças opostas: os Aliados (Reino Unido, França e Império Russo) e os Impérios
Centrais
(Império
Alemão,
Áustria-Hungria
e
Itália;
Disponível
em
www.wikipedia.org/wiki/Primeira_Guerra_Mundial. Acesso em 21/11/2013 às 15h30.
51
Revolução Industrial foi a transição para novos processos de manufatura no período entre 1760 até meados de
1840. Esta transformação incluiu a transição de métodos de produção artesanais para a produção por máquinas.
A revolução teve início no Reino Unido e em poucas décadas se espalhou para a Europa Ocidental e os Estados
Unidos. Disponível em www.wikipedia.org/wiki/Revolucao _Industrial. Acesso em 21/11/2013 às 16h.
52
Matéria intitulada “Os Construtivistas”. Disponível em www.tipografos.net/designers/construtivistas. Acesso
em 21/11/2013 às 17h.
Inspirado por um movimento soviético, anterior à vanguarda russa 53, o
objetivo desta escola era unificar a arte ao trabalho, criando um design utilitário que se
relacionasse com a indústria e a propaganda e que conviesse à classe trabalhadora.
Os construtivistas acreditavam que o design gráfico deveria privilegiar a
legibilidade, baseando-se numa geometria e numa escrita simplificada de
caracteres cirílicos54, que seria mais acessível a um grupo de trabalhadores
em sua maioria analfabetos (RAIMES; BHASKARAN, 2007, p.44).
El
Lazar
Lissitzky
e
Alexander
Rodchenko55
são
considerados
vanguardistas dessa nova forma de pensar e fazer arte, tratando cada obra como uma
construção única, com referências na Arquitetura.
Para Jonathan Raimes e Lakshmi Bhaskaran (2007, p.44) um dos designers
mais influentes e inovadores do período foi El Lazar Lissitzky. Nascido no ano de 1890, em
Moscou – Rússia. Lissitzky foi designer gráfico, fotógrafo, tipógrafo, artista, professor, e um
grande influenciador na vanguarda russa, na Bauhaus56, no Construtivismo e no De Stijl57 – já
que visitou a Europa de 1922 a 1925, trabalhando e trocando experiências com os designers
das escolas acima citadas.
De acordo com Allen Hurlburt (2002, p.28), Lissitzky juntou o refinamento
e a elegância européia para suas obras, contemplando que “suas concepções sobre tipografia e
fotomecânica assimétrica marcaram profundamente o estilo dos anos 20”.
53
O movimento vanguardista russo surgiu em 1913. Conhecido também como Raísmo, reunia em si o cubismo,
futurismo e orfismo, pois defendia uma criação sem objetos construída por movimento e luz. Disponível em
http://www.infoescola.com/artes/vanguarda-russa/. Acesso em 16/11/2013 às 14h18.
54
Segundo Dicionário Aurélio: adj.: Diz-se do alfabeto eslavo, atribuído a Clemente da Bulgária, discípulo dos
Santos Cirilo e Metódio, mas cuja origem é muito controvertida. (V. RUSSO, alfabeto). Disponível em:
www.dicionariodoaurelio.com/Cirilico. Acessado dia 16/11/2013 às 15h.
55
Uma breve biografia dos construtivistas El Lazar Lissitzky e Alexander Rodhenko será apresentada
posteriormente neste capítulo.
56
Em 1919, na Alemanha, é fundada a Escola Bauhaus com o objetivo de unir arte e indústria. A finalidade
deste centro de estudos era sugerir uma produção em série com qualidade de design e conceito inovador.
Disponível em http://www.infoescola.com/artes/escola-de-bauhaus/. Acesso em 16/11/2013 às 18h.
57
Movimento artístico nascido na Holanda em 1917, também conhecido como Neoplasticismo, surge a partir da
publicação de uma revista chamada De Stijl (O Estilo) por Piet Mondrian (1872-1944) e Theo van Doesburg
(1883-1931) . Disponível em http://artemodernafavufg.blogspot.com.br/2009/07/os-ecos-deste-movimento-saoouvidos.html. Acesso em 16/11/2013 às 18h30.
FIGURA 15
Pôster de uma exposição. Fotomontagem de Lissitzky.
Artistas como El Lissitzky deram à área gráfica uma nova forma e ordem.
Hurlburt (2002), explica que Lissitzky foi um dos primeiros designers a perceber a
interdependência e a troca de influências entre a fotografia e o design gráfico. No ano de
1923, “ao descrever novas regras para a tipografia e a composição, o artista ressaltava os
aspectos visuais e funcionais do uso das letras, palavras e sistemas na comunicação de ideias”
(p.28). Deste modo, sua tipografia e os padrões ao qual estabeleceu tiveram influência sobre
demais obras, de Jan Tschichold, autor de Die Neue Typographie (A Nova Tipografia) e de
Typographik Gestaltung (A Estrutura Tipográfica), de 1928.
Quanto ao uso das cores em suas imagens “Lissitzky usava tons primários e
formas geométricas que flutuavam no espaço e acreditava que essa linguagem visual seria
compreendida universalmente” (RAIMES; BHASKARAN, 2007, p.44). Para o artista o
quadrado era “a fonte de toda a expressão criativa” (2007, p.44).
Lissitzky acreditava que o design gráfico deveria ser um sinal codificado,
sem ambiguidade nem ornamentos. Seu trabalho destaca-se pelo dinamismo
e pela energia, composto por pesados blocos tipográficos, fios em negritos e
contrastes de cores. Geralmente eram arranjados com uma forte ênfase
diagonal e incorporam imagens de produtos ou figuras cortadas em ângulos
agudos (RAIMES; BHASKARAN, 2007, p.42).
„Bata os brancos com a cunha vermelha‟ de 1920, é seu famoso pôster de
propaganda bolchevique na qual fazia uso dinâmico da geometria e do espaço – “um triângulo
vermelho perfurando um círculo brando estimulava o espectador a lutar pela revolução”
(RAIMES; BHASKARAN, 2007, p.44).
FIGURA 16
Bata os brancos com a cunha vermelha, de 1920.
Em linhas gerais, de acordo com Luis Mascarenhas58 (2010), os cartazes de
Lissitzky priorizavam a necessidade do proletariado em utilizar materiais industriais. Em suas
obras havia uma forte presença do vermelho e cores terrosas, “mostrando o branco como os
capitalistas inimigos. As figuras são quase sempre geométricas, com tipografia característica,
e pouco texto, apesar de comumente aparecerem em destaque” (MASCARENHAS, 2010).
Outro artista conhecido nesta escola de arte é Alexander Rodchenko (18911956). Segundo Raimes e Bhaskaran (2007, p.42) este é “talvez o nome mais conhecido entre
os construtivistas, e tornou-se reconhecido através de suas composições dinâmicas, criadas a
partir de uma abordagem geométrica e quase matemática”. De 1923 a 1925, Rodchenko
projetou e co-editou a revista LEF (Frente Esquerda das Artes), que adotava uma ideologia de
58
Autor
de
uma
peça
sobre
o
Construtivismo
Russo.
www.luisfmasc.com.br/gallery/construtivismo-russo. Acessado em 16/11/2013 às 15h.
Disponível
em
“comunismo futurista”. As capas das primeiras edições lembravam pôsteres publicitários,
“com um cabeçalho estilizado posicionado no pé da página e imagens que criavam narrativas”
(RAIMES; BHASKARAN, 2007, p.42). Em 1927, a revista foi relançada com o nome de
Novyie Lef, com um design refinado e modernista.
FIGURA 17
Da fotografia ao design gráfico: Cartaz para o departamento estatal da imprensa de
Leningrado, utilizando a foto de Lilya Brik, de 1924.
Logo, as formas construtivistas de arte valorizam elementos geométricos
que dão clareza técnica e construções gráficas harmônicas e dinâmicas. Os alfabetos sem
serifas foram recuperados, e pela primeira vez, utilizados na composição de publicações de
design editorial.
A tipografia construtivista se desenvolveu tanto como reação às limitações
técnicas do período quanto como entendimento das teorias modernistas. O
alfabeto cirílico foi redesenhado em formas puramente geométricas. A
empresa de design de fontes P22 recriou digitalmente a essência do ideal
construtivista, inclusive uma coleção de símbolos e caracteres decorativos.
Um estilo cirílico pode ser criado contornando fontes sem serifa e sem
adorno, como Gill Sans, Din ou Handel Gothic, misturando lettering
apropriado e distorcendo-o ou dando a sensação de movimento quando
necessário (RAIMES; BHASKARAN, 2007, p.44).
O Construtivismo na Rússia não tinha o objetivo de se consolidar como arte
abstrata e sim uma arte socializadora e funcional que se aproximasse do povo e atendesse às
suas necessidades, daí sua característica básica, o funcionalismo. De maneira geral, os
construtivistas acreditavam no emprego do material útil para criar objetos de uso comum ou
encontrar soluções para problemas de comunicação. Portanto, durante este processo,
rejeitavam os aspectos mais permanentes da estética, em benefício da utilidade presente.
Uma das metas do Construtivismo era combinar palavras e imagens numa
experiência simultânea, tanto na página impressa quanto no filme. Este
tratamento das imagens visuais, então revolucionário, estava destinado a
influenciar o futuro da comunicação de ideias. A composição palavraimagem iniciava, então, o primeiro passo para o fotojornalismo. Ao
Construtivismo se deve também a utilização de novas técnicas visuais, como
a fotomontagem, os fotogramas e a superposição. Todos estes esquemas,
amplamente usados pelos construtivistas na criação de seus cartazes de
cinema, alargaram o potencial da página impressa. Embora muitas das novas
ideias tenham inspirado o desenvolvimento de novas formas gráficas fora da
Rússia, o manto de obscuridade que se abateu sobre o movimento a partir da
década de 30 fez com que algumas das suas ideias ainda hoje não estejam
inteiramente conhecidas no design ocidental (HURLBURT, 2002, p.27).
Atualmente, a escola de arte tem influenciado muitos outros designers
gráficos, um exemplo é o norte-americano Shepard Fairey, que realizou uma campanha para a
cadeia de lojas da Sacks, com base nas obras do artista Rodchenko, conforme abaixo.
5 A REVISTA ATENA SPORTS
Este capítulo tem como objetivo a apresentação do planejamento e projeto
gráfico da revista Atena Sports. Portanto, cada elemento utilizado para a execução da pesquisa
aqui proposto está especificado com maior exatidão, como cor, fonte, formato, margens,
imagens, colunas, público-alvo, entre outros.
Com o intuito de produzir uma diagramação inovadora, o design do
impresso tem como base para seu desenvolvimento a escola de arte do Construtivismo, criada
no início do século XX. Apesar dos acontecimentos decorridos da época, como a Revolução
Russa, a Primeira Guerra Mundial e a Revolução Industrial, esta escola possibilita um novo
estilo de arte moderna, no qual propícia um design utilitário, que unifica a arte ao trabalho.
É com este intuito que se cria a Atena Sports, uma revista de esportes
voltada ao público feminino, de maneira a apresentar um material com abordagem leve que
valorize as imagens e sirva de guia para o assunto cotidiano das leitoras, sendo elas
distribuídas gratuitamente. Já que seu formato compacto tem caráter de facilitar a leitura e
proporcionar o manuseio e armazenamento (em bolsas) sem amassar.
Deste modo, a revista adquire como referência as formas geométricas que se
apresentam nessa escola de arte. Estabeleceu-se a utilização de uma maior de tonalidade, com
base no círculo cromático, de modo a valorizar a imagem do conteúdo exposto.
Desta forma, o objetivo apresentado no projeto gráfico tem como foco o
design, não incluindo o conteúdo jornalístico. Os textos e imagens utilizados são meramente
ilustrativos, no entanto os formatos proporcionados são elementos para avaliação estética.
Para melhor compreensão e apreciação do material aqui produzido, o projeto gráfico
encontra-se em anexo.
5.1 Nome da revista
Por ser uma revista de esportes direcionada ao público feminino, foi preciso
escolher um nome objetivo que apresentasse a identificação do impresso. No entanto, buscouse também um significado no qual simbolizasse a mulher moderna, pois estas atualmente
arranjam tempo para cuidar dos afazeres da casa, do filho, administrar a carreira, e ainda por
cima ter tempo para si, deste modo, o desenvolvimento desse periódico é proporcionar a elas
cuidar mais da saúde, apresentando informações sobre atividades físicas e alimentação
saudável em busca de qualidade de vida. Deste modo, uma personagem histórica que
simboliza esse público é a deusa Atena.
De acordo com pesquisas59 realizadas com o nome da deusa, obtêm-se os
resultados de que na mitologia grega, Atena era a deusa da guerra. Filha de Zeus e Métis era
considera a deusa virginal, já que não queria engravidar, logo pedia aos deuses para que não
se apaixonassem, pois se ficasse grávida teria que abandonar sua vida de guerra e passar a
viver em uma vida doméstica. Conceituada guerreira e protetora de seus heróis e também de
sua cidade, Atenas, que fazia cultos em sua homenagem. Devido às suas habilidades, Atena
foi consagrada a deusa da sabedoria, prudência, capacidade de reflexão, poder mental, amante
da beleza e da perfeição e protetora da vida política, das ciências e artes.
Portanto, elegeu-se o nome Atena Sports, para associar todas as
características que a deusa possuiu como fonte de inspiração para as mulheres maringaenses
em relação ao mundo desportivo.
5.2 Segmentação
As revistas que circulam em Maringá abordam assuntos que em sua maioria
são voltadas ao público feminino, trazem matérias de beleza, dicas para emagrecer e
entretenimento, consideradas assim, publicações de variedades por possuir conteúdo vasto.
Mas, quando se procura uma revista de esportes direcionada às mulheres, torna-se uma tarefa
árdua, já que nesta área os magazines são voltados ao público masculino. Portanto, percebe-se
a ausência de uma revista do universo desportivo exclusivamente voltada as mulheres.
Logo, o desenvolvimento desse magazine propicia um novo share de
mercado, o de esportes femininos, abrindo uma oportunidade para o jornalismo segmentado
esportivo, apresentando-se como uma nova mídia para investimento comercial, que terá lucros
por meio das publicidades, já que o intuito deste é a distribuição gratuita. Logo, esse trabalho
tem como finalidade tratar o projeto gráfico como uma proposta mercadológica, não o
restringindo apenas ao Trabalho de Conclusão de Curso.
59
Pesquisa
realizada
nos
sites
de
busca:
www.infoescola.com/mitologia-grega/atena;
www.pt.wikipedia.org/wiki/Atena; www.loucurasdarapha.blogspot.com.br/2010/03/atena-deusa-da-sabedoria-eda-guerra.html. Acesso em 16/11/2013 às 16h30.
5.3 Público-alvo
Para tratar o leitor com proximidade é preciso determinar o público-alvo por
classe social, idade e gênero, pois assim possibilita direcionar de maneira mais concreta os
possíveis assuntos de interesse do leitor. Deste modo, a Revista Atena Sports motiva atingir
mulheres de 20 a 60 anos, das classes sociais A, B e C60 de Maringá.
O magazine pretende desenvolver um segmento com tamanha diferença de
idade, pois seu objetivo é promover a saúde. Sendo assim, diversas pessoas podem ler as
matérias trabalhadas no impresso e se identificar com ele. Pois os assuntos trabalhados, em
suma, abordam atividades físicas que estejam ao alcance das diferentes classes sociais
(determinadas nessa pesquisa), como por exemplo, a caminhada, boa alimentação, esportes
em destaque no Brasil e no mundo, que sejam direcionados exclusivamente ao público
feminino, já que o intuito deste impresso é estimular a vida saudável e não fazer a apologia de
como ter um corpo perfeito em poucos dias.
5.4 Periodicidade
Pretende-se que a periodicidade da Revista Atena Sports seja bimestral. Pois
o intervalo de dois meses entre as publicações possibilitaria atualizar as leitoras sobre o que
circula de esportes pela cidade. Já que o intuito é produzir um material atrativo que as
diferencie do jornalismo veloz do dia a dia, fazendo com que dure mais na mão dos leitores.
5.5 Formato
O propósito da criação da Revista Atena Sports é de proporcionar
informações que estejam ao alcance do público-alvo. Atraindo-o através da comunicação
moderna e do consumo de notícias. Deste modo, optou-se trabalhar com o formato 150 mm x
210 mm, um tamanho compacto que permite ao leitor a agilidade no manuseio do material, a
60
As classes sociais estipuladas pela Atena Sports se distinguem da seguinte, de acordo com os dados do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): Classe A: Acima de R$ 8.100,00; Classe B: maior que R$
4.600*;
Classe
C:
maior
que
R$
2.300,00*.
*Renda
Familiar.
Disponível
em
www.ibge.gov.br/home/mapa_site/mapa_site.php#indicadores. Acesso dia 22/11/2013 às 00h15.
vantagem de ser transportada e armazenada sem amassar e também ser consultada a qualquer
momento.
5.6 Margens
De maneira técnica compreende-se que as margens são as bordas de
segurança da página, utilizadas para evitar cortes do layout durante a impressão. E se forem
utilizadas de maneira correta, podem agregar valor à revista. Portanto, nesta etapa pontuam-se
as medidas necessárias, que contribuem também para a estética do material.

Topo: 15 mm

Base: 10 mm

Interna: 10 mm

Externa: 15 mm
Estes tamanhos foram estipulados por ser semelhante à assimetria, conceito
estabelecido pelo Construtivismo Russo, escola de arte estudada no capítulo anterior.
5.7 Colunas
Com o intuito de produzir um layout inovador e moderno, optou-se por
trabalhar com uma diagramação livre, sem estabelecer quantidade de colunas. As que foram
utilizadas no layout variam de acordo com cada matéria e editoria, pois a finalidade é
proporcionar ao leitor a beleza estética da página, de maneira a facilitar e deixar a leitura
agradável.
Desta forma, por vezes trabalhou-se ora com simetria, que transmite
serenidade, transmitindo um ar clássico, ora com assimetria, um design informal que
proporciona a quebra da monotonia dos layouts simétricos, este último, parte da característica
da escola de arte utilizada para embasamento de um design mais sofisticado.
5.8 Cores
A Revista Atena Sports utilizou o círculo cromático como base para a sua
produção. Deste modo a diagramação usou uma gama de cores ampla que simbolizasse o
universo feminino e desportivo, e ao mesmo tempo em que remetessem tanto a delicadeza da
mulher quanto a seriedade que também possuem, de maneira a deixar o design do impresso
equilibrado.
5.9 Imagens
Conforme a técnica que envolve as zonas de visualização, as imagens
utilizadas na Revista Atena Sports, procuram explorar as regiões mais valorizadas da página,
e também aproveitar fotos impactantes para preencher as regiões mortas, de modo a equilibrar
a composição do layout. Tais adaptações utilizadas para balancear o design tanto no sentido
estético quanto na transmissão de mensagem, tendo em vista que as imagens possuem
capacidade de informação.
Dentro das páginas impressas das revistas, a beleza das fotos e sua
localização adequada apresentam grau de influência para impressionar o público-alvo,
portanto, a Revista Atena Sports, buscou utilizar materiais em alta resolução61 para garantir
legibilidade e qualidade do material.
5.10 Fontes
As fontes, no estilo Construtivismo Russo foram os principais recursos
utilizados para caracterizar o projeto gráfico da Revista Atena Sports. Por isso, fez-se o uso de
fontes sem serifas para os elementos textuais da página. Deste modo, se utilizou a fonte
Helvetica, da Família Lapidária, e seus diferentes tipos para a disposição textual. Essa família
apresenta poucas variações em suas hastes, portanto, seus desenhos modernos e uniformes
tornam a mais legível de todas. Contudo, para a criação da logo utilizou-se outras duas
famílias, a Romana antiga, pela sua leveza que proporciona descanso visual ao leitor e a e a
Romana moderna, para que seja similar as estruturas arquitetônicas daquele tempo.
61
As fotos utilizadas foram coletadas através de Banco de Imagens, são eles: StockXchng, Openphoto e Fotolia.
5.10.1 Fonte para logo
Segundo Ângela Felippi, Demétrio de Azevedo Soster e Fabiana Piccinin na
obra Edição de imagens em jornalismo, “a principal responsável pela impressão inicial no
processo da primeira aquisição de uma revista é a capa” (2008, p.213). Portanto do ponto de
vista dos autores, é a capa que deve gerar uma cadeia de ações, que conforme Samir Husni
(apud FELIPPI; SOSTER; PICCININ, 2008, p.213) se baseiam em quatro “-me”, “olha-me,
pega-me, folheia-me e compra-me”.
Para isso, a execução de uma logomarca atrativa é fundamental para a
composição da capa da revista, pois de acordo com Collaro (2000, p.100), “os fatores que
mais pesam no projeto de um logo é a tipologia e a legibilidade”, por isso devem ser pensadas
como um elemento permanente, pois, depois de veiculadas “não são permitidas alterações
profundas no decorrer de futuras edições, já que podem acarretas conseqüências desastrosas”
(2000, p.100).
Nesse aspecto, para a logomarca da revista “Atena Sports”, utiliza-se a fonte
Castellar, da família Romana moderna, com maior destaque, para designar o primeiro nome,
com o intuito de apresentar, por meio de sua estrutura, as características dos templos 62 da
antiga Grécia, no qual residia a deusa intitulada nesta pesquisa.
Já para a elaboração da palavra “Sports”, fez-se o uso da fonte Times New
Roman em itálico, da família Romana antiga, devido expor um grau de legibilidade maior do
que as outras famílias. Portanto, quando inserida na logo proporciona um ar de leveza.
Ex:
ATENA
SPORTS
62
Para melhor compreensão, Figura 18 localizada em apêndice.
5.10.2 Fonte para seções
Para os títulos das seções, utilizou-se a fonte sem serifa 25UltraLight com
tamanho 14 e entre linha 16. Os indicativos de seção aparecem acompanhados de uma barra
colorida antes dos caracteres.
Ex: | Mulher Atena
5.10.3 Fonte para títulos
Nos títulos, optou-se pela fonte 35-Thin em caixa alta, para se diferenciar do
texto, com tamanhos e entrelinhas ajustados de acordo com o design de cada página impressa.
Ex:
UM FIO AQUI, OUTRO ALI
5.10.4 Fonte para inter-títulos
Para os inter-títulos, fez-se o uso da fonte 75bold tamanho 11 e
entrelinhamento 13.
Ex: Helvetica75bold
5.10.5 Fonte para linha fina
Para a elaboração da linha fina optou-se pela fonte CondensedLight
tamanho 14 e entrelinha 16.
Ex: Usar o tênis errado para fazer atividades físicas pode gerar
problemas na coluna
5.10.6 Fonte para créditos jornalísticos e fotográficos
Os créditos jornalísticos e fotográficos posicionam-se nas regiões onde há
maior visibilidade dentro do layout. Portanto aplicou-se a fonte Neue regular tamanho 11 e
entrelinhamento 13.
Ex: Fernanda Oliveira
5.10.7 Fonte para matérias
Para as matérias, optou-se pela Light, para embasar seus conceitos
inspirados na escola de arte do Construtivismo Russo. O contraste harmonioso que possui
com a leveza de não apresentar serifas torna a fonte elegante e com alto grau de visibilidade, o
que estimula o leitor a continuar a leitura. Utilizou-se o tamanho 11 com entrelinhamento 13
para o desenvolvimento das matérias.
Quanto a capitular, escolheu-se a mesma fonte, só que em formato maior.
Usada com o intuito de transmitir a serenidade e leveza que possui em seus traços dá
visibilidade ao texto como um todo.
5.10.8 Fonte para legendas e boxes
Para apresentar qualidade estética e propor descanso visual, se aplicou a
fonte Helvetica, sem alterações, ou seja, utilizou-se em seu modo normal, com corpo tamanho
entre 8 e 10 e entrelinha 10 e 12.
5.11 Impressão (da capa ao miolo)
A revista trabalhou com o seguinte modo de impressão: off-set 4x4 em
CMYK

Capa: Papel couchê fosco 170g/m² com laminação brilho e verniz Soft Touch de
reserva localizada na logo.

Miolo: Papel de revista LWC63 60g/m².
5.12 Estrutura: Seções
Nesta etapa apresenta-se as editorias64 que compõem a Revista Atena
Sports.

Beleza: Muitas mulheres se preocupam com a aparência, e quando estão fazendo alguma
atividade física ou academia não é diferente. Portanto, em cada edição o impresso exibirá
novidades na área de beleza para o público feminino, dando algumas dicas para que
possam cuidar cada vez mais delas.

Bem-estar: Este espaço destina-se a apresentar matérias que tragam novidades e
sugestões de serviços na área do esporte e lazer, de modo a evidenciar para as leitoras os
benefícios de algumas atividades.

Capa: Nesta editoria será apresentada a matéria capa da Revista Atena Sports, no qual
envolve algum assunto do segmento da pesquisa aqui proposta, com uma maior
profundidade.
63
O Light Weight Coated Paper é um papel revestido de baixo peso. Sua baixa gramatura deixa o material
impresso menos volumoso e com um acabamento mais apresentável. Também oferece ótimo brilho e opacidade
na medida certa para valorizar a impressão. Disponível em www.plural.com.br/informativos_tipospapel.php.
Acesso em 22/11/2013 às 01h15.
64
Apresentadas em ordem alfabética.

Curiosidade: Informar as atividades que são novas para o público feminino. Desta
forma, esta editoria destina-se apontar as novidades do universo esportivo.

Gastrô: Sessão dedicada à difusão da gastronomia. De modo a enfatizar os benefícios de
uma boa alimentação através da arte culinária.

Moda fitness: Dicas e opções de roupas confortáveis que o público-alvo possa escolher
para malhar, exibindo também as novas tendências e variedades de trajes de ginásticas.

Mulher Atena: Esta etapa destina-se apresentar uma mulher guerreira, seja regional,
nacional ou internacional, que apesar das dificuldades do cotidiano encontraram no
esporte um novo jeito de viver.

Receitas: A cada tiragem dar sugestões de refeições, estimulando o público-alvo da
Revista Atena Sports a mudar os hábitos e iniciar uma vida saudável pelos alimentos que
põem na mesa.

Saúde: Contêm notícias e informações sobre as doenças que se desenvolvem na área
desportiva. Apontando sugestões de como se cuidar, para ter uma vida ativa melhor.
5.13 Tecnologia usada para a diagramação
Para a diagramação do projeto gráfico da Revista Atena Sports foram
utilizados os softwares do pacote Adobe CS3, sendo os programas InDesign e Photoshop.
6 TEORIA DA PERSUASÃO
O procedimento de emissão e recepção de mensagens pode ser
compreendido por meio das diversas teorias da comunicação existentes. As teorias servem
para esclarecer a associação dos meios de comunicação em relação aos seus receptores.
Segundo Melvin DeFleur e Sandra Ball-Rokeach (1993, p.290), dentre as respectivas teorias,
“é possível explicar como as pessoas atentam para o conteúdo da mídia, percebem seu
significado, adquirem conhecimentos do conteúdo que foram expostas e utilizam esses
conhecimentos para reagir a seu ambiente físico social”.
No entanto, para a elaboração desse trabalho, a Teoria da Persuasão foi a
mais adequada em relação à discussão frente à relevância da criação, além da organização dos
elementos gráficos indispensáveis para a produção de um planejamento e projeto gráfico de
uma publicação impressa. Pretende-se ainda determinar a relação de tais conceitos com a
construção de um planejamento e discurso visual gráfico de uma revista, de maneira a
valorizar as táticas para persuadir o leitor.
A Teoria da Persuasão, também conhecida como Teoria EmpíricoExperimental, é baseada em aspectos psicológicos e alega que a mensagem enviada pela
mídia não é entendida imediatamente pelo indivíduo, dependendo, das diversas compreensões
individuais que o mesmo possui a respeito de determinado tema.
O conceito primordial de persuasão tem princípios antigos, antes do uso do
termo Comunicação de Massa.
O termo retórica era empregado com referência à arte de utilizar a
linguagem para influenciar os julgamentos e a conduta dos outros. Durante
uma época em que voz humana era o único veículo de comunicação passível
de ser empregado para persuadir as pessoas a mudar suas crenças e ações,
ela era deveras habilidade importante. [...] Na Grécia, e depois em Roma,
por exemplo, era uma habilidade valiosa para vencer nos tribunais e para
apresentar propostas perante fóruns políticos (DEFLEUR; BALLROKEACH, 1993, p.290).
A Teoria da Persuasão não é semelhante à Teoria Hipodérmica, que visa à
dominação ou manipulação da massa, mas esta pretende convencer. Afinal, o indivíduo se
interessa por informações que estejam inseridas em seu contexto político e sociocultural, com
as quais concorda.
Para Mauro Wolf (2001, p.34), a Teoria da Persuasão consiste na revisão do
procedimento comunicativo, antes compreendido como uma relação mecanicista instantânea
entre estímulo e resposta e, “aceita evidentemente, pela primeira vez na pesquisa sobre a mass
media (comunicação de massa), a complexidade dos elementos que entram em jogo na
relação entre emissor, mensagem e destinatário”. Esse modelo comunicacional possui a
adição do fator psicológico. Logo, sua fórmula consiste em: E → FP → R (Estímulo
→Fatores Psicológicos → Resposta).
Portanto, “persuasão refere-se, primordialmente, ao emprego da mídia de
massa na apresentação de apresentar mensagens, visando deliberadamente aliciar formas
específicas de ação da parte das audiências” (DEFLEUR; BALL-ROKEACH, 1993, p.291).
Algumas dessas ações implicam em comprar determinado produto, votar em um candidato
político, fazer doações para alguma causa. Conforme a referida teoria, a persuasão é algo
possível de se alcançar e, para que os efeitos sejam atingidos, a comunicação deve se adequar
aos fatores pessoais do destinatário.
O procedimento de aplicação da Teoria da Persuasão desempenha a
observação, também precisa do destinatário e de suas variáveis psicológicas individuais. Da
mesma maneira, alguns elementos relacionados à organização da mensagem, com fins
persuasivos, assumem igual importância. Logo, com relação aos fatores ligados ao
destinatário, a Teoria da Persuasão destaca o interesse do indivíduo em almejar adquirir
informação. Isso significa que para haja sucesso na comunicação, é essencial que o público
queira saber mais sobre o assunto que está sendo transmitido.
Quanto mais expostas as pessoas são a um determinado assunto, mais o seu
interesse aumenta e, a medida que o interesse aumenta, mais as pessoas se
sentem motivadas para saberem a cerca dele. De qualquer forma, mesmo que
a ligação entre a motivação e a aquisição de conhecimentos esteja
relacionada com a possibilidade de ser exposto a certas mensagens, por isso,
as pessoas desinteressadas o são, em parte, por não terem sequer
possibilidades de acesso (WOLF, 2001, p.37).
A apresentação aos temas é seletiva. Isso provoca o emissor a pensar e saber
escolher o público-alvo, compreender o que ele quer ver, ouvir ou ler e quais veículos de
informação irão atender melhor tais expectativas.
Quanto aos procedimentos de persuasão, frequentemente, os jornais e
revistas inserem textos argumentativos. Segundo Jorge Pedro Sousa (2006, p. 701), encontra-
se assim, passagens de natureza persuasiva em matérias predominantemente informativas.
Van Dijk (apud SOUSA, 2006, p. 701) chama a atenção para vários métodos que permitem a
persuasão. São eles,
a) Uso de cifras e outras referências que possam sustentar os argumentos e
tornar verídicos os relatos; b) Menção das causas dos acontecimentos (que
podem ser outros acontecimentos); c) Integração dos diferentes fatos e
acontecimentos num encadeamento de causas e consequências e em
estruturas narrativas conhecidas; d) Inserção dos novos acontecimentos em
modelos e enquadramentos familiares aos leitores; e) Uso de argumentos e
conceitos conhecidos; f) Construção dos textos de maneira a obterem-se
emoções fortes do receptor; g) Elaboração dos textos de forma a que o leitor
se convença da superioridade de determinados argumentos, referenciando,
mas memorizando, argumentos contrários; h) Citação de especialistas e
outras fontes credíveis que ajudem a sustentar os argumentos; i) Referência a
hipotéticas consequências da aplicação de determinadas ideias, evidenciando
as vantagens da aplicação de umas e as desvantagens da aplicação de outras
(DIJK apud SOUSA, 2006, p. 701).
Portanto, Sousa (2006, p.499) ainda afirma que, deste conjunto de dados,
pode-se reter o processo que ocasiona mudanças de opinião, de atitudes e de comportamentos
por meio da persuasão mediática. Esclarece por fim, que é muito complexo e que “os meios
de comunicação social não são o único agente que conduz a essas mudanças, mas apenas um
entre vários fatores de influência, embora se admita que possam, por vezes, ser o fator
decisivo”.
Todavia, sobre os fatores referentes à mensagem na Teoria da Persuasão, é
necessário tomar cuidado, para que a mesma obtenha sucesso. Mauro Wolf (2001, p.42)
ressalta a credibilidade da fonte, a ordem da argumentação, a integralidade das argumentações
e explicitação das conclusões.
A respeito da credibilidade do consumidor, Wolf (2001, p.42) observa que
os estudos práticos realizados a respeito desta variável dão conta de que a reputação da fonte é
um fator que influência a opinião da audiência.
[...] o problema da credibilidade da fonte não diz respeito à quantidade
efetiva da informação recebida, mas à aceitação das indicações que
acompanham essa informação. Por outras palavras, pode existir apreensão do
conteúdo, mas a escassa credibilidade da fonte seleciona a sua aceitação
(WOLF, 2001, p.43).
Portanto, Wolf (2001, p.42) complementa que “a falta de credibilidade do
emissor incide negativamente na persuasão”.
Quanto à ordem da argumentação, o autor explica que esta tenta definir que
são mais eficazes os argumentos que aparecem na primeira ou segunda posição, numa
mensagem onde possui características prós e contras. Dessa forma, dependendo do
posicionamento dos argumentos utilizados, os indivíduos podem se decidir pela primeira que
lhe for apresentada.
A integralidade das informações estuda o impacto que causa a apresentação
de um aspecto ou ambos de um tema controverso, que tem o objetivo de modificar a opinião
do receptor.
O último fator referente à mensagem na Teoria da Persuasão é a explicitação
das conclusões. O mesmo tem por objetivo procurar saber se uma mensagem que ofereça
claramente as conclusões a quem pretende persuadir, sendo mais eficaz do que uma
mensagem que disponibiliza conclusões, de maneira implícita, deixando os destinatários
extrair essas informações ocultas.
Em linhas gerais, a Teoria da Persuasão “é o processo de induzir mudanças
através da comunicação” (LITTLEJOHN apud SOUSA, 2006, p.26). Logo, persuadir é aliciar
um indivíduo de que a ideia apresentada é interessante e viável. Portanto, na execução do
planejamento e projeto gráfico de uma revista, é preciso elaborar uma estratégia, por meio da
forma e do conteúdo, para convencer o leitor de que o produto é exatamente o que deseja.
7 METODOLOGIA
Em linhas gerais, metodologia é um conjunto de abordagens, técnicas e
processos utilizados pela ciência para formular e resolver problemas de aquisição objetiva do
conhecimento, de uma maneira sistemática.
Portanto, na presente pesquisa destaca-se o conhecimento científico, que
têm a função de investigar determinadas situações e/ou objetos e testar hipóteses, estudando
alguns fenômenos e comprovando suas causas e motivos.
De acordo com Köche (2012, p.29), o “conhecimento científico surge da
necessidade de o homem não assumir uma posição meramente passiva, de testemunha dos
fenômenos, sem poder de ação ou controle dos mesmos”. O autor complementa que cabe ao
indivíduo, aprimorar o uso da sua racionalidade, propor uma forma sistemática, metódica e
crítica da sua função de descobrir, compreender e dominar o mundo.
Porém, o ser humano provém de culturas diferentes, adotando crenças,
comportamentos, hábitos e costumes transmitidos de geração em geração. O senso comum65 é
um exemplo. Cervo e Bervian (2002, p. 8) definem o senso comum, através da medicina
popular ou caseira, em que são utilizadas ervas medicinais sem acompanhamento médico, ou
seja, um conhecimento empírico, adquirido ao acaso “após ensaios e tentativas que resultem
em erros e em acertos”.
Desse modo, Polistchuk e Trinta afirmam que o senso comum “é um modo
subjetivo e popular de comunicação nas quais as teorias científicas necessitam e as põem em
testes para verificação” (2003, p.63).
O que distingue o conhecimento científico dos outros, principalmente do
senso comum, não é o assunto, o tema ou o problema. O que distingue é a
forma especial que adota para investigar os problemas. [...] ter espírito
científico é estar exercendo essa constante crítica e criatividade em busca
permanente da verdade, propondo novas e audaciosas hipóteses e teorias e
expondo-as à crítica intersubjetiva. [...] O conhecimento científico é
construído através de procedimentos que denotem atitude cientifica e que,
por proporcionar condições de experimentação de suas hipóteses de forma
sistemática, controlada e objetiva e ser exposto à crítica intersubjetiva,
oferece maior segurança e confiabilidade nos seus resultados e maior
consciência dos limites de validade de suas teorias (KÖCHE, 2012, p.37).
65
Chamado também de conhecimento vulgar, o indivíduo age e pensa empiricamente sem realizar estudos
científicos, que comprovem a veracidade daquilo que é dito.
O referido autor ainda afirma que o conhecimento científico é resultante da
investigação científica, pois “a realidade passa a ser percebida pelos olhos da ciência [...]
sobre o enfoque de um critério orientador, de um princípio explicativo que esclarece e
proporciona a compreensão de fatos, coisas e fenômenos” (p. 29).
7.1 Método Qualitativo
Para a execução de qualquer trabalho científico, é necessária a utilização de
um método de pesquisa apropriado para dar continuidade à verificação das hipóteses que
serão discutidas e executadas no decorrer do estudo. Segundo Roberto Jerry Richardson
(2012, p.79), uma vez definido o objeto da pesquisa, “a forma como se pretende analisar um
problema, ou por assim dizer, o enfoque adotado é que, de fato, exige uma metodologia
qualitativa ou quantitativa”.
Portanto, esse trabalho utiliza o método qualitativo para sua execução.
Método vem do grego méthodos (meta = além de, após de + ódos =
caminho). Portanto, seguindo a sua origem, método é o caminho ou a
maneira para chegar a determinado fim ou objetivo, distinguindo-se assim,
do conceito medotologia, que deriva do méthodos (caminho para chegar a
um objetivo) + logos (conhecimento). Assim, a metodologia são os
procedimentos e regras utilizadas por determinado método (RICHARDSON,
2012, p.22).
Para Lakatos e Marconi, “a escolha do método remete para uma posição
teórica que deve ser explicada evidenciando a forma de abordagem” (2008, p.272). Logo, de
acordo com Richardson, o debate qualitativo de um problema, além de ser uma escolha do
investigador, justifica-se, acima de tudo, por ser uma maneira adequada para entender a
natureza de um fenômeno social. “Tanto assim é que existem problemas que podem ser
investigados por meio de metodologia quantitativa, e há outros que exigem diferentes
enfoques e, consequentemente, uma metodologia de conotação qualitativa” (RICHARDSON,
2012, p.79).
O elemento da revisão da literatura visa estabelecer quais teorias possuem
capacidade de ser utilizadas para averiguar as questões em um projeto acadêmico. Desse
modo, John W. Creswell (2010, p.76), explica que,
Na pesquisa quantitativa, os pesquisadores com frequência testam as teorias
como uma explicação para as respostas a suas questões. Na pesquisa
qualitativa, o uso da teoria é muito mais variado. O investigador pode gerar
uma teoria como o resultado final de um estudo e colocá-la no fim de um
projeto, como em uma teoria fundamentada. Em outros estudos qualitativos,
ela aparece no início e proporciona uma lente que define o que é observado e
as questões indagadas, como nas etnografias ou na pesquisa reivindicatória.
Diante do exposto acima, entende-se que a averiguação acadêmica por meio
do método qualitativo apresenta uma discussão diferente do método da pesquisa quantitativa.
Creswell aponta que “a investigação qualitativa emprega diferentes concepções filosóficas;
estratégias de investigação; e métodos de coleta, análise e interpretação dos dados” (2010,
p.206).
À medida que o método quantitativo emprega um instrumental estatístico
para análise de um problema, o método qualitativo, por sua vez, “não pretende numerar ou
medir unidade ou categorias homogêneas” (RICHARDSON, 2012, p.79), pois a pesquisa
qualitativa “é aquela que trabalha predominantemente com dados qualitativos, isto é, a
informação coletada pelo pesquisador não é expressa em números, ou então os números e as
conclusões neles baseadas representam um papel menor na análise” (DALFOVO et al., 2008,
p.9).
Portanto, a pesquisa qualitativa baseia-se em dados de textos e observações
e segundo Tesch (apud DALFOVO et al., 2008, p.9), também em imagem, pois “os dados
incluem informações não expressas em palavras, tais como pinturas, fotografias, desenhos,
filmes, vídeo tapes e até mesmo trilhas sonoras”.
A metodologia qualitativa apresentou sua origem na prática desenvolvida
pela Antropologia. Empregada posteriormente, pela Sociologia e Psicologia. Em seguida, a
investigação qualitativa começa a ser aplicada em Educação, Saúde, Geografia Humana etc.
Na concepção de Lakatos e Marconi (2008, p.270), “o surgimento dessa pesquisa deu-se
quando os antropólogos, que estudavam indivíduos, tribos e pequenos grupos ágrafos,
perceberam que os dados não podiam ser quantificados, mas sim interpretados”.
A pesquisa qualitativa não se preocupa com representatividade numérica,
mas, sim, com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de
uma organização, etc. Os pesquisadores que adotam a abordagem qualitativa
opõem-se ao pressuposto que defende um modelo único de pesquisa para
todas as ciências, já que as ciências sociais têm sua especificidade, o que
pressupõe uma metodologia própria. Assim, os pesquisadores qualitativos
recusam o modelo positivista aplicado ao estudo da vida social, uma vez que
o pesquisador não pode fazer julgamentos nem permitir que seus
preconceitos e crenças contaminem a pesquisa (GOLDENBERG apud
GERHARDT; SILVEIRA, 2009, p.34).
Lakatos e Marconi (2008, p.269) apontam que “a metodologia qualitativa
preocupa-se em analisar e interpretar aspectos mais profundos, descrevendo a complexidade
do comportamento humano”, concedendo uma análise mais específica sobre as investigações,
hábitos, atitudes, tendências de comportamento.
Para Creswell (2010, p.212), a ideia que está por trás da pesquisa qualitativa
é a seleção proposital de dados por meio de observações, entrevistas não estruturadas ou
semiestruturadas, documentos ou do material visual que melhor contribuirão no entendimento
do problema e da questão do estudo.
Os pesquisadores qualitativos geralmente coletam múltiplas formas de
dados, tais como entrevistas, observações e documentos, em vez de
confiarem em uma única fonte de dados. Depois os pesquisadores examinam
todos os dados, extraem sentido deles e os organizam em categorias ou
temas que cobrem todas as fontes de dados (CRESWELL, 2010, p. 208).
Em conformidade com o autor acima citado, Gerhardt e Silveira (2009,
p.31-32) afirmam que os pesquisadores usam esse método para explicar o porquê das coisas,
dizendo o que convém ser feito, “mas não quantificam os valores e as trocas simbólicas nem
se submetem à prova de fatos, pois os dados analisados são não-métricos e se valem de
diferentes abordagens”.
Os estudos realizados por Lakatos e Marconi (2008, p. 271) acerca do
processo de pesquisa qualitativo, esclarecem que não há elaboração prévia e nem se permitem
regras precisas a exemplo de problemas, hipótese ou ainda variáveis antecipadas, pois “as
teorias aplicáveis deverão ser empregadas no decorrer da investigação”. No entanto, no
mesmo sentido Creswell (2010, p.209) define a pesquisa qualitativa como emergente.
Isso significa que o plano inicial para a pesquisa não pode ser rigidamente
prescrito e, que todas as fases do projeto podem mudar ou se deslocar depois
que o pesquisador entrar no campo e começar a coletar dados, por exemplo,
as questões podem mudar, as formas de coleta de dados podem ser
deslocadas, e os indivíduos estudados e os locais visitados podem ser
modificados. A ideia fundamental que está por trás da pesquisa qualitativa é
a de aprender sobre o problema ou questão com os participantes e lidar com
a pesquisa de modo a obter essas informações.
Em geral, as pesquisas que utilizam a metodologia qualitativa como base
para fundamentação teórica, podem explicar,
A complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas
variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos vividos por grupos
sociais, contribuir no processo de mudança de determinado grupo e
possibilitar, em maior nível de profundidade, o entendimento das
particularidades do comportamento dos indivíduos (RICHARDSON, 2012,
p.80).
Borgan (apud LAKATOS; MARCONI, 2008, p.272) aponta algumas
particularidades em relação à pesquisa qualitativa, são elas: “a) ter ambiente natural como
fonte direta dos dados; b) ser descritiva; c) analisar intuitivamente os dados; d) preocupar-se
com processo e não só com os resultados e o produto; e) enfatizar o significado”.
Portanto, dentro das classificações estipuladas acima, os autores ainda
caracterizam o estudo de acordo com algumas fases da pesquisa, quanto ao seu objetivo.
Logo, são caracterizados em descritiva, exploratória e explicativa66.
A Pesquisa Descritiva destina-se a observar, registrar analisar e relacionar
fenômenos ou fatos, sem interferir no ambiente investigado. É o tipo mais usado nas ciências
sociais.
Busca essencialmente a enumeração e a ordenação de dados, sem o objetivo
de comprovar ou refutar hipóteses exploratórias, abrindo espaço para uma
nova pesquisa explicativa, fundamentada na experimentação. Visa descrever
as características de determinada população ou fenômeno ou o
estabelecimento de relações entre variáveis. Envolve o uso de técnicas
padronizadas de coleta de dados: questionário e observação sistemática.
66
Pesquisa realiza no site de busca: www.eps.ufsc.br/disserta99/soares/cap5.html. Acesso em 08/11/2013 às
09h30.
Assume, em geral, a forma de levantamento (ALMEIDA, et. al, s/d, p.5).
Quanto aos exploratórios, são aqueles que permitem ao investigador
aumentar a sua experiência, aprofundando seu estudo e adquirindo um maior conhecimento a
respeito de um problema. De acordo com ALMEIDA (et. al, s/d, p.5), “é caracterizada pela
existência de poucos dados disponíveis, em que se procura aprofundar e apurar ideias e a
construção de hipóteses”.
Já os explicativos são considerados os mais complexos e são caracterizados
por uma preocupação principal de identificar os fatores determinantes ou aqueles que
contribuem para a ocorrência dos fenômenos. É o tipo de pesquisa que mais aprofunda o
conhecimento da realidade, pois explica a razão, o porquê das coisas (ALMEIDA et. al, s/d,
p.5).
Em termos gerais, resumindo as fases da pesquisa quanto ao seu objetivo,
Descritiva – estando dentro de análises quantitativas e qualitativas, quando
há um levantamento de dados e o porquê destes dados; Exploratória – a
investigação de algum objeto de estudo que possui poucas informações;
Explicativa – informar e explicar a ocorrência de algum fenômeno
(DALFOVO et al., 2008, p.5).
Desse modo, com o objeto de pesquisa aqui proposto, o planejamento e
projeto gráfico de uma revista de esportes voltada para o público feminino maringaense,
destaca-se o objetivo exploratório, pois de acordo com Gil (apud FERNANDES; GOMES,
2003, p.1), “visa proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo
explícito ou a construir hipóteses, tendo como objetivo principal o aprimoramento de ideias e
descoberta de instituições”. Esse objetivo é utilizado quando a busca de algum objeto de
estudo possui poucas informações. É o caso do presente trabalho, uma vez que o
condicionamento de informações do respectivo segmento para a cidade de Maringá é escasso.
Logo, o método qualitativo com objetivo exploratório foi escolhido para ser
aplicado durante essa pesquisa. Para o desenvolvimento da mesma, foi preciso realizar a
observação interpretativa de revistas que circulam em Maringá, do segmento de esportes e
feminino, no qual foi desenvolvido no segundo capítulo.
7.2 Pesquisa Bibliográfica
“Pesquisa alguma parte da estaca zero” afirmam Lakatos e Marconi (2003,
p.225), pois segundo as autoras, em um dado local, alguém ou um grupo, já devem ter
realizado pesquisas iguais ou semelhantes, ou mesmo complementares de certos aspectos da
pesquisa pretendida.
O planejamento global inicial de qualquer trabalho de pesquisa que vai desde
a identificação, localização e obtenção da bibliografia pertinente sobre o
assunto, até a apresentação de um texto sistematizado, onde é apresentada
toda a literatura que o aluno examinou, de forma a evidenciar o
entendimento do pensamento dos autores, acrescido, de suas próprias ideias
e opiniões (STUMPF apud DUARTE; BARROS, 2011, p.51).
No entanto, para Manzo (apud LAKATOS; MARCONI, 2003, p. 183), a
bibliografia adequada “oferece meios para definir, resolver, não somente problemas já
conhecidos, como também explorar novas áreas onde os problemas não se cristalizaram
suficientemente”.
Ao iniciar um trabalho científico, o pesquisador precisa realizar um estudo,
abrangendo um levantamento de fontes e bibliografias, que servirão de apoio para a
delimitação dos problemas e hipóteses.
De acordo com os conceitos amplo e restrito de pesquisa bibliográfica, [...]
adotaremos o sentido restrito, definindo-a como um conjunto de
procedimentos para identificar, selecionar, localizar e obter documentos, de
interesses para a realização de trabalhos acadêmicos e de pesquisa, bem
como técnicas de leitura e transcrição de dados que permitem recuperá-los
quando necessários (STUMPF apud DUARTE; BARROS, 2011, p.54).
Portanto, a pesquisa bibliográfica serve de base para o desenvolvimento
inicial de todo trabalho científico até a sua conclusão , pois “a consulta à bibliografia é uma
atividade que acompanha o investigador, o docente e o aluno e, ao mesmo tempo, orienta os
passos que devem seguir” (STUMPF apud DUARTE; BARROS, 2011, p.52).
A pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, abrange toda bibliografia
já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas,
boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, material
cartográfico etc., até meios de comunicação orais: rádio, gravações em fita
magnética e audiovisuais: filmes e televisão. Sua finalidade é colocar o
pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito, dito ou filmado
sobre determinado assunto, inclusive conferencias seguidas de debates que
tenham sido transcritos por alguma forma, quer publicadas, quer gravadas.
(LAKATOS; MARCONI, 2003, p. 183).
Portanto, a pesquisa bibliográfica tem suma importância dentro de um
trabalho científico, uma vez que “para fundamentar as bases que se pretende avançar, é
preciso conhecer o que já existe, fazendo a revisão da literatura existente sobre o assunto”
(STUMPF apud DUARTE; BARROS, 2011, p.53).
Segundo Lakatos e Marconi (2003, p.183), essa pesquisa não é mera
repetição do que já foi dito ou escrito sobre certo assunto, mas “propicia o exame de um tema
sob novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões inovadoras”, ou seja, do ponto de
vista de Stumpf (apud DUARTE; BARROS, 2011, p.53), “na medida em que o indivíduo vai
lendo sobre o assunto de seu interesse, começa a identificar conceitos que se relacionam até
chegar à formulação objetiva e clara do problema que irá investigar”. Logo, de tudo aquilo
que o indivíduo leu, muitas ideias serão mantidas, enquanto outras, possivelmente, poderão
ser descartadas.
Para alcançar o objetivo desse trabalho, utilizou-se da Pesquisa
Bibliográfica para a aquisição de dados relacionados ao planejamento gráfico, a Escola de
Arte, História das revistas e também à Teoria da Comunicação e Metodologia.
Portanto, o propósito desse trabalho é o de esclarecer que não se deve
separar a forma gráfica do conteúdo textual. Pois os elementos quando trabalhados em
conjunto dão forma e essência estética a página impressa. Sendo assim, foi possível
compreender as características relevantes para a construção do planejamento e projeto gráfico
da peça aqui proposta, a Revista Atena Sports.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao desenvolver esta pesquisa, foi possível averiguar que as revistas, ao
longo dos seus 350 anos de existência, destacaram-se pela habilidade de evoluir de acordo
com as mudanças sociais. No começo de suas funções, a dificuldade de se inserir entre os
leitores serviu como experiência para o desenvolvimento do gênero magazine, que progrediu
para se apresentar como um veículo de comunicação mais simples que os livros, e, ao mesmo
tempo, mais leves que as notícias diárias dos jornais.
Os periódicos foram se desenvolvendo, pois o conteúdo se aproximava cada
vez mais da prestação de serviço, com informações úteis para o cotidiano das pessoas.
Portanto, as revistas vieram para ajudar no aprofundamento de assuntos, na segmentação do
serviços utilitários oferecidos a seus leitores e também na possível complementação da
educação.
A inserção das ilustrações e fotografias no projeto visual gráfico fez com
que a composição das páginas do periódico ganhasse uma ampla valorização do design com a
força da imagem, complementos que geram impacto visual.
O objetivo da pesquisa foi desenvolver o planejamento gráfico de uma
revista de esportes feminina na cidade de Maringá, que tivesse distribuição gratuita,
destacando a importância dos elementos gráficos para esse tipo de publicação. Desse modo, a
base teórica levantada durante o estudo, auxiliou na certificação de que, de fato, o
planejamento e o projeto gráfico são essenciais para o visual de uma publicação impressa.
Nota-se que as revistas, ao estabelecer a inter-relação dos textos com os
elementos gráficos, chegam a se apresentar no modelo criativo e dinâmico, a ponto de formar
um discurso, permitindo uma publicação diferenciada das demais.
Logo, comprovou-se que um descuido durante a elaboração de um projeto
gráfico, pode trazer danos não só a estética do material, como também pode afetar a
compreensão do sentido que pretende ser transmitido, que pode comprometer a produção da
revista.
Sendo assim, a Teoria da Persuasão forneceu uma base teórica para entender
a criação de uma peça, cujo foco foi à associação de características fundamentais ao estilo
midiático magazine. Portanto, juntaram-se informações técnicas essenciais referentes à
diagramação das páginas, para a definição e aproveitamento dos elementos gráficos na
elaboração de uma publicação segmentada, nesse caso na área de esportes para o público
feminino maringaense.
No entanto, tornou-se claro que o projeto gráfico não trata apenas da
distribuição de elementos, com o intuito de se preencher espaços em brancos em uma página.
Apesar de não existir regras, há métodos para composição recomendáveis. Logo, é obrigatório
seguir critérios de relação entre esses elementos, de modo criativo, dinâmico e, basicamente,
profissional.
Deste modo, a identidade de um impresso e a conservação da relação com
os leitores dependem da harmonia do material. Tais aspectos abrangem o formato do
magazine, a escolha adequada das fontes por famílias, o grau de visibilidade e a aplicação
correta de cores. Os mesmos têm capacidade de despertar fatores psicológicos e a disposição
estratégica das imagens, possibilitando conhecer as zonas de localização e, assim seja possível
ter um equilíbrio visual, permitindo ao leitor decodificar toda a página, recebendo o maior
número de informação possível.
Em linhas gerais, foi comprovado através desse trabalho científico, que os
conhecimentos adquiridos no transcorrer da graduação em Comunicação Social – Jornalismo,
na área de computação e planejamento gráfico e design, permitiram o planejamento e
desenvolvimento de uma revista impressa e eficiente visualmente, voltada para o esporte e às
mulheres de Maringá com distribuição gratuita. Portanto, a hipótese levantada foi confirmada,
demonstrando que durante a graduação, a metodologia e técnicas disponibilizadas fornecem
ao acadêmico uma base teórica relevante na elaboração de um projeto gráfico de uma revista
segmentada.
Logo, compreende-se que o intuito do trabalho aqui proposto, de
desenvolver e planejar uma revista de esportes feminina no âmbito maringaense com uma
proposta diferenciada foi alcançado através de um design adequado ao público estipulado,
com referências no Construtivismo Russo.
A importância social de desenvolver um produto deste porte para a cidade
de Maringá é o de apresentar um novo meio de comunicação ao qual as mulheres possam
interagir com os diversos temas. Quanto à relevância acadêmica, demonstrou que pude ser
capaz de por em prática todos os conhecimentos adquiridos durante esses quatro anos de
graduação. E demonstrou também que é um meio no qual compreendi que tenho aptidão, para
aprofundá-lo melhor e futuramente usá-lo como atividade profissional.
REFERÊNCIAS
ABIAHY, Ana Carolina A. O jornalismo especializado na sociedade da informação.
Universidade Federal da Paraíba - PB, 2000. Disponível em <http://pt.scribd.com/
doc/58350144/Abiahy-Ana-Jornalismo-Especializado> Acesso em 15 de setembro de 2013 às
23h15.
ABRIL, A revista no Brasil. São Paulo: Abril, 2000.
ALMEIDA, Kátia; Et Al. Análise da evolução da metodologia utilizada nos artigos
publicados na revista: Contabilidade & Finanças – USP. s/d. Disponível em <http://www.
unisc.br/portal/upload/com_arquivo/analise_da_evolucao_da_metodologia_utilizada_nos_arti
gos_publicados_na_revista_contabilidade_e_financas_usp.pdf> Acesso em 19 de outubro de
2013 às 10h53.
AMBROSE, Gavin; HARRIS, Paul. Cor. Porto Alegre: Bookman, 2009a.
_____________________________. Grids. Porto Alegre: Bookman, 2009b.
_____________________________. Layout. Porto Alegre: Bookman, 2009c.
ALVES, Marica Nogueira; FONTOURA, Mara; ANTONIUTTI, Cleide Luciane. Mídia e
Produção Audiovisual: Uma introdução. Curitiba: Ibpex, 2008.
BAPTISTA, Íria Catarina Q; ABREU, Karen Cristina. A história das revistas no Brasil: Um
olhar sobre o segmentado mercado editorial. UNISINOS/UNISUL-BR, 2012. Disponível em
<
www.bocc.ubi.pt/pag/baptista-iria-abreu-karen-a-historia-das-revistas-no-brasil.pdf>
Acesso em 07 de outubro de 2013 às 16h23.
BERTOMEU, João Vicent C. Criação – Visual e Multimídia. São Paulo: Cengage Learning,
2010.
BORGES, Haydée. O design gráfico como identidade: Uma abordagem sobre a Revista
MTV. Universidade Federal de Juiz de Fora - MG, 2007. Disponível em <http://www.
ufjf.br/facom/files/2013/04/HaydeeBorges.pdf> Acesso em 22 de agosto de 2013 às 2h18.
CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia Científica. 5 ed. São Paulo:
Editora Pearson Prentice Hall, 2002.
COLLARO, Celso Antonio. Projeto gráfico: Teoria e Prática da Diagramação. São Paulo:
Summus, 2000.
CRESWELL, John W. Projetos de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. 3.ed.
Porto Alegre: Artmed, 2010.
DALFOVO, Michael S.; LANA, Rogério A.; SILVEIRA, Amélia. Métodos quantitativos e
qualitativos: um resgate teórico. Revista Interdisciplinar Científica Aplicada, Blumenau, v.2,
n.4, p.01-13, Sem II. 2008.
DEFLEUR, Melvin W.; BALL-ROKEACH, Sandra. Teorias da comunicação de massa.
5.ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1993.
DONDIS, Donis A. Sintaxe da Linguagem Visual. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
DUARTE, Munique A. Revista Seleções no Brasil. UFJF, 2002. Disponível em <
http://www.ufjf.br/facom/files/2013/04/Munique-Alvim-Duarte.pdf> Acesso em 11 de
setembro de 2013 às 9h36.
FELIPPI, Ângela; SOSTER, Demétrio A.; PICCININ, Fabiana. Edição de imagens em
jornalismo. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2008.
FARINA, Modesto. Psicodinâmica das cores em comunicação. São Paulo: Edgar Blücher,
1990.
FERNANDES, Luciane. A.; GOMES, José. M. Relatórios de pesquisa nas Ciências
Sociais... 2003 - Porto Alegre, v. 3, n. 4.
GERHARDT, Tatiana E.; SILVEIRA, Denise T. Métodos de pesquisa. Porto Alegre: Editora
da UFRGS, 2009.
GUIMARÃES, Luciano. A cor como informação: a construção biofísica, lingüística e
cultural da simbologia das cores. 2.ed. São Paulo: Annablume, 2000.
KÖCHE, José Carlos. Fundamentos de metodologia científica: teoria da ciência e
iniciação à pesquisa. 30ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina A. Fundamentos de metodologia científica.
5.ed. São Paulo: Atlas, 2003.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina A. Metodologia científica. 5.ed. São Paulo:
Atlas, 2008.
MARCUSCHI, Luiz A. Revistas Brasileiras em Letras e Lingüística. Comunicação
apresentada na programação científica da ABRALIN - 52ª Reunião Anual da SBPC, em
Brasília,
2001.
Disponível
em
<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010244502001000300007&script=sci_arttext> Acesso em 18 de setembro de 2013 às 02h05.
MIRA, Maria Celeste. O Leitor e a Banca de Revistas: O caso da Editora Abril. Tese
(Doutorado em Sociologia) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade
Estadual de Campinas, Campinas 1997. Disponível em < http://www.bibliotecadigital.
unicamp.br/document/?view=000122361> Acesso em 06 de agosto de 2013 às 3h38.
MIRA, Maria C. Cultura e segmentação: um olhar através das revistas. In SILVA, Ana
Amélia; CHAIA, Miguel (orgs). Sociedade, cultura e política: ensaios críticos. EDUC,
2004.
POLISTCHUK, Ilana; TRINTA, Aluizio Ramos. Teorias da comunicação: o pensamento e
a prática da Comunicação Social. 6ª reimpressão. Rio de Janeiro: Editora Elsevier, 2003.
RAIMES, Jonathan; BHASKARAN, Lakshmi. Design Retrô: 100 anos de design gráfico.
São Paulo: Editora Senac, 2007.
RIBEIRO, Milton. Planejamento Visual Gráfico. 10 ed. Brasília: LGE, 2007
RICHARDSON, Roberto J. Pesquisa social: Métodos e técnicas. 3.ed. São Paulo: Atlas,
2012.
SILVA, Cláudio. Produção gráfica novas tecnologias. São Paulo: Editora Pancrom, 2008.
SILVA, Fernando J.; RABELO, Arnaldo A. Desenvolvimento de produtos infantis a partir
da segmentação do mercado. FATEB. 2004. Disponível em <http://www.
administradores.com.br/producao-academica/desenvolvimento-de-produtos-infantis-a-partirda-segmentacao-do-mercado/71/> Acesso em 18 de setembro de 2013 às 13h31.
SILVA, Rafael Sousa. Diagramação: O planejamento Visual Gráfico na Comunicação
Impressa. São Paulo. Summus, 1985.
SCALZO, Marília. Jornalismo de Revista. São Paulo: Contexto, 2004.
SOUSA, Jorge Pedro. Elementos de Teoria e Pesquisa da Comunicação e dos Media. 2.ed.
Porto, 2006. Disponível em < http://bocc.unisinos.br/pag/sousa-jorge-pedro-elementos-teoriapequisa-comunicacao-media.pdf> Acesso em 19 de setembro de 2013 às 11h45.
SOUSA, Jorge Pedro. Fotojornalismo: Uma introdução à história, às técnicas e à linguagem
da fotografia na imprensa. Porto, 2002. Disponível em < http://www.bocc.ubi.pt/pag/sousajorge-pedro-fotojornalismo.pdf>. Acesso em 20 de novembro de 2013 às 16h15.
STUMPF, Ilda Regina C. Pesquisa bibliográfica. In DUARTE, Jorge; BARROS, Antonio
(org.). Métodos e técnicas de Pesquisa em Comunicação. São Paulo: Atlas, 2011.
TESTA, James. A base de dados ISI e seu processo de seleção de revistas. Ci. Inf. V.27.
n.2 Brasília, 1998. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&
pid=S010019651998000200022&lng=es&nrm=iso&tlng=es&userID=-2> Acesso em 13 de
setembro de 2013 às 9h30.
VILAS BOAS, Sérgio. O Estilo Magazine – O texto em revista. São Paulo: Summus, 1996.
VAZ, Tyciane Cronemberger Viana. Jornalismo de Serviço: as espécies utilitárias como
gênero na mídia brasileira. Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo,
SP, 2008. Disponível em <http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2008/resumos/R30482-1.pdf> Acesso em 10 de outubro de 2013 às 01h57.
VAZ, Tyciane Cronemberger Viana. Jornalismo de serviços: O gênero utilitário na imprensa
brasileira. Dissertação (Mestrado em Comunicação Social) – Universidade Metodista de São
Paulo, São Bernardo do Campo, SP, 2009. Disponível em < http://www.intercom
org.br/papers/nacionais/2009/resumos/R4-0735-1.pdf> Acesso em Acesso em 10 de outubro
de 2013 às 02h08.
WHITE, Jan. Edição e Design. São Paulo: JSN, 2005.
WOLF, Mauro. Teorias da comunicação. 6.ed. Lisboa: Editoral Presença, 2001.
www.laifi.com/laifi.php?id_laifi=656&idC=9882#. Acesso em 13 de agosto de 2013 às
10h45.
www.slideshare.net/barao/layout. Acesso em 03 de setembro de 2013 ás 16h40.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Maring%C3%A1#Economia. Acesso em 24/11/2013 às 16h.
www.wikipedia.org/Adolpho_Bloch. Acesso em 15/10/2013 às 10h15.
http://www.infoescola.com/historia/revolucao-francesa/. Acesso em 08/11/2013 às 14h.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Burguesia. Acesso em 08/11/2013 às 11h.
www.wikipedia.org/wiki/Alice_Milliat. Acesso em 08/11/2013 às 10h15.
http://memoriadoesporte.org.br/2013/08/01/maria-lenk-a-essencia-do-espirito-olimpico/.
Acesso em 08/11/2013 às 10h30.
www.olympic.org. Acesso em 08/11/2013 às 15h.
www.gazetadotriangulo.com.br. Acesso dia 08/11/2013 às 11h45.
www.aner.org.br. Acesso em 09/11/2013 às 09h30.
www.plugcitarios.com/2013/10/falando-midia-revista. Acesso em 09/11/2013 às 11h.
www.significados.com.br/layout. Acesso em 10/11/2013 às 15h.
www.wikipedia.org/layout. Acesso em 10/11/2013 às 15h.
www.significados.com.br/nicho. Acesso em 10/11/2013 às 14h.
www.wikipedia.org/Nichos_de_mercado. Acesso em 10/11/2013 às 14h.
www.significados.com.br/feedback. Acesso em 10/11/2013 às 16h.
www.significados.com.br/axial. Acesso em 16/11/13 às 09h30.
www.im.ufrj.br/dmm/projeto/projetoc/precalculo/sala/conteudo/capitulos/cap21s3. Acesso em
16/11/13 às 09h30.
www.slideshare.net/lisa54/simetrias-11060613. Acesso em 16/11/2013 às 09h30.
www.educacao.uol.com.br/biografias/johannes-gutenberg. Acesso em 16/112013 às 11h.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_Russa_de_1917.
Acesso
em
21/11/2013 às 15h.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Primeira_Guerra_Mundial. Acesso em 21/11/2013 às 15h30.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_Industrial. Acesso em 21/11/2013
às 16h.
http://explicatudo.com/o-que-faz-um-tipografo. Acesso em 21/11/2013 às 17h.
www. tipografos.net/designers/construtivistas. Acesso em 21/11/2013 às 17h.
http://www.infoescola.com/artes/vanguarda-russa/. Acesso em 16/11/2013 às 14h18.
www.dicionariodoaurelio.com/Cirilico. Acessado dia 16/11/2013 às 15h.
http://www.infoescola.com/artes/escola-de-bauhaus/. Acesso em 16/11/2013 às 18h.
http://artemodernafavufg.blogspot.com.br/2009/07/os-ecos-deste-movimento-saoouvidos.html. Acesso em 16/11/2013 às 18h30.
www.luisfmasc.com.br/gallery/construtivismo-russo. Acessado em 16/11/2013 às 15h.
www.infoescola.com/mitologia-grega/atena. Acesso em 16/11/2013 às 16h30.
www.pt.wikipedia.org/wiki/Atena. Acesso em 16/11/2013 às 16h30.
www.loucurasdarapha.blogspot.com.br/2010/03/atena-deusa-da-sabedoria-e-da-guerra.html.
Acesso em 16/11/2013 às 16h30.
www.ibge.gov.br/home/mapa_site/mapa_site.php#indicadores. Acesso em 22/11/2013 às
00h15.
www.plural.com.br/informativos_tipospapel.php. Acesso em 22/11/2013 às 01h15.
www.eps.ufsc.br/disserta99/soares/cap5.html. Acesso em 08/11/2013 às 09h30.
APÊNDICE
Figura 01
Capa da primeira edição da Revista The Gentleman’s Magazine - Janeiro de 1731 no item 2.1
Figura 02
Capa da primeira edição da Revista O Cruzeiro - 10 de novembro de 1928 no item 2.1
Figura 03
Capa da primeira edição da Revista Manchete - 26 de abril de 1952 no item 2.1
Figura 04
Primeira capa da Revista Realidade – Abril de 1966 no item 2.1
Figura 05
Capa da primeira edição da Revista Placar – 1970 no item 2.2
Figura 06
Contra capa e Capa da quarta edição da Revista Brasil Surf - Nov/Dez. de 1975 no item 2.2
Figura 07
Capa da edição N°14 da Revista O Espelho Diamantino – Periódico de Política,
Literatura, Belas Artes, Theatro e Modas dedicado às Senhoras Brasileiras
de 28 de abril de 1828 no item 2.3
Figura 08
Capa da primeira edição da revista Manequim de 1959 e de Cláudia de 1961 no item 2.3
Figura 09
Capa das revistas Corpo a Corpo e MI- Muscle in Form no item 2.5.1
Figura 10
Cores primárias, secundárias e terciárias (complementares) relatadas no item (3.1.1) Círculo
cromático
Figura 11
Círculo cromático
(item 3.1.1)
Figura 12
Seleções do Círculo cromático no item 3.1.1
(1.Monocromo; 2.Complementares; 3.Complementares divididas; 4.Tríades; 5.Análogas;
6.Complementares mútuas; 7. Complementares próximas; 8.Complementares duplas)
Figura 13
Zonas de visualização no item 3.1.1
Figura 14
Formato Internacional do papel ou “DIN” no item 3.8
Figura 15
Pôster de uma exposição. Fotomontagem de Lissitzky no item 4
Figura 16
Bata os brancos com a cunha vermelha, de 1920 no item 4
Figura 17
Da fotografia ao design gráfico: Cartaz para o departamento estatal da imprensa de
Leningrado, utilizando a foto de Lilya Brik, de 1924 no item 4
Figura 18
Arquitetura dos antigos templos da Grécia
ANEXO
No CD em anexo esta o planejamento e o projeto gráfico da Revista Atena
Sports.
Os textos, imagens67 e publicidades utilizadas são meramente ilustrativas,
contudo, apresentam a composição da página impressa.
67
As imagens utilizadas são através de banco de imagens, são eles: StockXchng, Openphoto e Fotolia

Documentos relacionados