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Ano da Fé : 2012 - 2013
Palavra do Arcebispo
Estimados irmãos e irmãs,
a todos vós uma saudação afetuosa
no Senhor nosso, Jesus Cristo.
nossa Arquidiocese, nas nossas casas e no meio
das nossas famílias. Isso possibilitará que cada
pessoa sinta fortemente a exigência de conhecer
melhor e de transmitir às gerações futuras a fé
que recebemos.
No último dia 11 de outubro, o Santo
Padre, o Papa Bento XVI, presidiu a solene
Neste Ano da Fé, buscaremos formas de
Missa de abertura do ANO DA FÉ, na Praça de São fazer publicamente nossa profissão de Fé com
Pedro em Roma que se estenderá até a festa de renovada convicção, confiança e esperança.
Cristo Rei do Universo em novembro do próximo
Será também um ano especial e próprio
ano.
para intensificarmos a celebração da fé na
Este é um grande acontecimento para
“liturgia, particularmente na Eucaristia, que é «a
toda a Igreja, pois recorda os 50 anos do início
meta para a qual se encaminha a ação da Igreja
do Concílio Vaticano II e os 20 anos da
e a fonte de onde promana toda a sua
publicação do Catecismo da Igreja Católica.
força» (Porta fidei, 9)”.
Em sua Carta Apostólica em forma de
No mundo de hoje, não podemos nos
Motu Proprio, intitulada Porta fidei, o Santo Padre esconder ou esconder o que cremos. Nossa fé,
diz, na primeira linha, que “A PORTA DA FÉ (cf.
por ser um ato da nossa liberdade, exige assumir
At 14,27), que introduz na vida de comunhão
a responsabilidade social daquilo que se
com Deus e permite a entrada na sua Igreja, está acredita. Nossa profissão de fé é um ato pessoal
sempre aberta para nós. É possível cruzar este e ao mesmo tempo comunitário.
limiar, quando a Palavra de Deus é anunciada e
O Ano da Fé será uma ótima ocasião
o coração se deixa plasmar pela graça que
para darmos também nosso testemunho cristão
transforma” (cf. Porta fidei, 1).
através da caridade. O Apóstolo São Paulo nos
O Ano da Fé será para todos nós um
lembra que “Agora permanecem estas três
convite para uma autêntica e renovada
coisas: a fé, a esperança e a caridade; mas a
conversão ao Senhor (Porta fidei, 6), cujo
maior de todas é a caridade” (1 Cor 13, 13). ... A
caminho já iniciamos com o Batismo. Nele, fomos fé sem a caridade não dá fruto, e a caridade sem
sepultados com Cristo na morte para, como Ele
a fé seria um sentimento constantemente à
ressuscitou e renovou a vida, caminhemos nessa mercê da dúvida. Fé e caridade reclamam-se
vida nova (Rm 6,4).
mutuamente, de tal modo que uma consente à
outra realizar o seu caminho. (Porta fidei, 14).
A fé que recebemos no Batismo,
acontece em nossas vidas através do amor
Encerro estas linhas com as palavras que
(Gl 5,6) e torna-se um novo critério de
o Santo Padre utilizou: “...Que «a Palavra do
entendimento e de ação para a vida de todos.
Senhor avance e seja glorificada» (2 Ts 3, 1)!
Este amor, que é o amor de Cristo em nossos
Possa este Ano da Fé tornar cada vez mais firme
corações, nos impele a evangelizar. Nestes
a relação com Cristo Senhor, dado que só n’Ele
tempos, como Igreja de Cristo, faz-se necessário temos a certeza para olhar o futuro e a garantia
maior empenho e convicção que efetive uma
dum amor autêntico e duradouro” (cf. Porta fidei,
nova evangelização para descobrirmos de novo a 15).
alegria de crer e o entusiasmo para comunicar a
Que a Mãe de Deus, proclamada feliz
fé.
porque acreditou (cf. Lc 1,45), venerada em
Respondendo ao chamado do Santo
nosso Brasil com o título de Nossa Senhora da
Padre, em nossa Arquidiocese, com suas
Conceição Aparecida, nos inspire e nos ajude
Paróquias, Comunidades, Famílias Religiosas,
para sermos fiéis discípulos missionários.
Movimentos, Associações e todas as suas forças
vivas, queremos celebrar este Ano da Fé de
Campinas, 12 de outubro de 2012,
forma digna e fecunda.
na Solenidade de Nossa Senhora Aparecida.
Vamos intensificar nossa reflexão sobre a
Dom Airton José dos Santos
fé, para ajudar todos os que creem no Cristo a
Arcebispo
Metropolitano de Campinas
tornarem mais consciente e revigorarem a sua
adesão ao Evangelho, sobretudo neste tempo de
profundas mudanças.
Durante este Ano da Fé, teremos muitas
oportunidades de confessar a fé no Senhor
Ressuscitado na nossa catedral e nas igrejas de
3
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
APRESENTAÇÃO
4
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
INTRODUÇÃO
Catecismo da Igreja Católica
Fichas de Estudo e Reflexão
FICHAS DE ESTUDO
Este material foi organizado para servir
de auxílio aos fieis da Arquidiocese de Campinas
congregados nas paróquias e comunidades,
pastorais e organismos, movimentos e novas
comunidades, e todos os que se interessam em
aprofundar a fé abraçada no batismo.
O subsídio consiste em breves reflexões,
em forma de fichas, sobre um tema especifico
que poderá ser aprofundado, pessoalmente ou
em grupo, através das orientações contidas nos
respectivos textos.
Estas fichas de estudo e reflexão serão
igualmente divulgadas semanalmente (toda
segunda-feira, a partir de 15 de outubro de 2012)
através do Boletim Linha Direta (campanha de emails) e publicadas no site da arquidiocese
(www.arquidiocesecampinas.com), possibilitando
a impressão e, consequentemente, a discussão
presencial nas comunidades, ou através dos
canais interativos digitais.
ORIENTAÇÕES PARA OS ENCONTROS
Sugestões para os encontros em grupo:
Ambientação: preparar o ambiente da
reunião para que seja acolhedor e favoreça a
participação de todos.
Oração: iniciar e terminar cada encontro
com uma oração, respeitando as especificidades
da espiritualidade e carisma dos vários grupos.
Leitura: de maneira espontânea e que
favoreça a participação de todos, fazer a leitura
do tema dividindo-o entre os presentes.
Partilha: ao final da leitura proporcionar
um momento de conversa e reflexão sobre o
tema.
Propósito de Vida: o último item de cada
tema é uma provação e sugestão para alguns
gestos e ações concretas.
INDULGÊNCIA PLENÁRIA
Sua Santidade o Papa Bento XVI
concedeu o dom da Indulgência Plenária aos fiéis
por ocasião do Ano da Fé, sempre de acordo
com normas estabelecidas pela Penitenciaria
Apostólica.
As disposições estabelecidas para se
obter as Indugências Plenárias são válidas a
partir de 11 de outubro de 2012 e vão até 24 de
novembro de 2013.
Poderão obtê-la, todos os fiéis
verdadeiramente arrependidos, que tenham
expiado os próprios pecados com a penitência
sacramental e elevado orações segundo as
intenções do Sumo Pontífice:
- toda vez que participarem de pelo
menos três momentos de pregações durante as
Santas Missões, ou de pelo menos três lições
sobre as Atas do Concílio Vaticano II e sobre os
Artigos do Catecismo da Igreja Católica, em
qualquer igreja ou local idôneo;
- toda vez que visitarem em forma de
peregrinação uma Basílica Papal, uma
catacumba cristã, uma Igreja Catedral, um local
sagrado designado pelo Ordinário do lugar para o
Ano da Fé, e ali participarem de alguma função
sagrada ou se detiverem para um tempo de
recolhimento, concluindo com a oração do PaiNosso, o Credo, as invocações a Nossa Senhora
e, de acordo com o caso, aos Santos Apóstolos
ou Padroeiros;
- toda vez que, nos dias determinados
pelo Ordinário do lugar para o Ano da Fé, em
algum local sagrado participarem de uma solene
celebração eucarística ou da Liturgia das Horas,
acrescentando a Profissão de Fé em qualquer
forma legítima;
- um dia livremente escolhido, durante o
Ano da Fé, para a visita do batistério ou de outro
lugar no qual receberam o sacramento do
Batismo, se renovarem as promessas batismais
em qualquer fórmula legítima.
Aos idosos, doentes e a todos os que por
motivos legítimos não puderem sair de casa,
concede-se de igual modo a Indulgência plenária
nas condições de costume se, unidos com o
espírito e com o pensamento aos fiéis presentes,
especialmente nos momentos em que as
palavras do Pontífice ou dos Bispos Diocesanos
forem transmitidas pela televisão ou pelo rádio,
recitarem na própria casa ou onde estiverem o
Pai-Nosso, o Credo e outras orações conformes
às finalidades do Ano da Fé, oferecendo seus
sofrimentos ou as dificuldades da própria vida.
Distribuição Interna e Gratuita
Organizado e publicado por Setor Imprensa
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS
Rua Lumen Christi, 02, Jardim das Paineiras
13092-320, Campinas, SP, Brasil
Tel. +55 (19) 3794.4650
[email protected]
www.arquidiocesecampinas.com
Pedindo a Graça da Fé
Papa Paulo VI
ORAÇÃO
Senhor, eu creio; eu quero crer em Ti. Eu
Te louvo pelo dom da fé e reconheço que estou
ainda longe de ter a mesma fé de Abraão e Sara,
de Tobit, de tantos profetas e reis; e o quanto
sonho em experimentar também a mesma fé da
Virgem Maria.
Renova em mim o dom da fé recebido no
Batismo, confirmado na Crisma e reanimado em
cada Eucaristia. Que eu viva alicerçado na Tua
Palavra e que por ela me sinta exortado à
fidelidade.
Senhor, faze que minha fé seja humilde,
que não se fundamente em meu pensamento, e
nem em meu sentimento; mas que me submeta
sempre ao Espírito Santo, à tradição e à
autoridade do magistério da Igreja.
Obrigado Senhor, creio que estás me
renovando e já me sinto fortalecido no corpo, no
espírito e na alma, porque, como a Virgem Maria,
professo "que tudo é possível para aquele que
crê." Amém.
PROFISSÃO DE FÉ
Diante de tua presença, professo que
creio, mas aumenta a minha fé.
Símbolo Niceno-Constantinopolitano
Senhor, faze que minha fé seja total, sem
reservas; que ela penetre no meu pensamento e
na minha maneira de julgar as coisas divinas e
as coisas humanas
Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso,
criador do céu e da terra, de todas as coisas
visíveis e invisíveis.
Senhor, faze que minha fé seja livre,
quero aceitar livremente Tua vontade com todas
as renúncias e deveres que ela comporta.
Senhor, Tu dissestes que felizes são os
que crêem sem ter visto. Dá-me a graça de crer,
mesmo nos momentos em que não vejo caminho
ou solução, reconhecendo que Tu és o caminho
e solução, sempre!
Senhor, faze que minha fé seja forte. Que
eu possa caminhar sobre ás águas revoltas e em
Teu Nome eu possa remover montanhas; dá-me
a fé que não vacila, que é garantia de vida eterna
e que proclama Teu poder, agindo, curando e
libertando.
Que eu não tema a oposição daqueles
que contestam a fé, a atacam, a recusam e a
negam; mas que minha fé se fortifique na
experiência íntima da verdade, que ela resista ao
desgaste da crítica, que ela ultrapasse as
dificuldades cotidianas.
Dá-me a cada dia a graça de pronunciar
Teu Nome com a fé que não só alimenta a minha
esperança, mas que já vê acontecer; que é
poder. Que eu permaneça com os olhos fixos no
Teu coração traspassado, para que, Te vendo, eu
receba a salvação e a anuncie a todos.
Senhor, faze que minha fé seja alegre,
que ela dê paz e alegria à minha alma, que ela
me torne disponível para rezar a Deus e para
conversar com os irmãos.
Senhor, fazer que minha fé seja atuante e
que seja também contínua busca de Ti, um
contínuo testemunho, um contínuo alimento de
esperança.
Creio em um só Senhor, Jesus Cristo,
Filho unigênito de Deus, nascido do Pai antes de
todos os séculos:
Deus de Deus, luz da luz, Deus
verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não
criado, consubstancial ao Pai; por ele todas as
coisas foram feitas.
E por nós, homens, e para a nossa
salvação, desceu dos céus: e se encarnou pelo
Espírito Santo no seio da virgem Maria, e se fez
homem.
Também por nós foi crucificado sob
Pôncio Pilatos; padeceu e foi sepultado.
Ressuscitou ao terceiro dia conforme as
Escrituras e subiu aos céus,onde está sentado à
direita do Pai.
E de novo há de vir em sua glória, para
julgar os vivos e os mortos; e o seu reino não
terá fim.
Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a
vida e procede do Pai e do Filho; e com o Pai e o
Filho é adorado e glorificado: ele que falou pelos
profetas.
Creio na Igreja, una, santa, católica e
apostólica. Professo um só batismo para
remissão dos pecados. E espero a ressurreição
dos mortos e a vida do mundo que há de vir.
Amém.
5
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
ORAÇÃO
6
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
TEMA 01
O Fim do Homem Nesta Terra:
Dar Glória a Deus, Conhecê-lo e Amá-lo
INTRODUÇÃO:
Ao nascer formamos parte de uma família que
nos dá o nome e sobrenome; nesta família
nascemos, crescemos e desenvolvemos nossas
capacidades naturais. O Batismo produz em nós
um segundo nascimento - esta vez para a vida
sobrenatural da graça -, que nos faz cristãos e
nos introduz na grande família da Igreja. Nós,
batizados somos e nos chamamos cristãos. É
este o nosso nome. Como os primeiros
discípulos de Cristo: Pedro, Tiago, João...,
também nós somos discípulos do Senhor.
Do mesmo modo que estamos orgulhosos de
pertencer a nossa família, onde aprendemos
muitas coisas, temos de estar também
orgulhosos por pertencer à família da Igreja. A
Igreja nos ensina também muitas coisas, que, na
verdade, são as mais importantes, as únicas
verdadeiramente importantes.
IDEIAS PRINCIPAIS:
1. Para que estamos na terra
Existem pessoas que se perguntam para que
estão nesta terra, porque nasceram, e não
tiveram ninguém que lhes explicasse. Os cristãos
- seguidores de Jesus Cristo - temos a sorte de
conhecer estas coisas. Jesus Cristo as pregou e
a Igreja as ensina. A doutrina de Jesus Cristo, ou
Doutrina Cristã, dá a resposta a estas perguntas
fundamentais. E as perguntas fundamentais que
nós homens fazemos são: de onde venho, quem
sou eu, para onde vou.
2. De onde viemos
A doutrina cristã diz que Deus criou livremente o
homem para que participe de Sua vida bem
aventurada, quer dizer, Sua mesma felicidade.
Cada homem foi criado por Deus, com a
cooperação de seus pais. Por isto, à pergunta de
onde viemos, respondemos: viemos de Deus.
3. Quem somos
Deus não só criou o homem, mas está junto dele
em todo tempo e lugar. Deus o chama e o ajuda
a encontrá-Lo, quer que O conheça e O ame.
Sabemos que fomos criados à imagem e
semelhança de Deus, e pelo batismo, nós
cristãos somos feitos filhos adotivos de Deus,
herdeiros de Sua glória. Portanto, se nos
perguntam quem somos, a resposta é clara: sou
filho de Deus.
4. Para onde vamos
Deus criou o homem para manifestar e
comunicar Sua bondade e amor, de forma que
possa conhecê-Lo e amá-Lo cada dia mais, e
assim O sirva livremente nesta vida, gozando
depois com Ele para sempre no céu. Deus quer
que sejamos felizes aqui na terra e depois
eternamente com Ele no céu. Se nos perguntam
a nós, cristãos, para onde vamos, a resposta
também é clara: para o céu. Se não
conseguirmos esta meta, nossa vida será um
fracasso.
5. Para que existe o homem
Agora podemos responder de modo mais
explícito a esta pergunta que deve fazer a si
mesmo todo homem: para que eu existo? E
temos que dizer de modo absoluto: para dar
glória a Deus, quer dizer, para manifestar a
bondade e o amor do Criador. Deus não tem
outra razão para criar. O homem é objeto do
amor de Deus, e responde a Deus amando-O.
Nisto está a felicidade do homem.
6. Devemos conhecer a doutrina cristã
Devemos conhecer os ensinamentos de Jesus
Cristo, já que é nosso Deus, nosso Mestre, nosso
Modelo. Seus ensinamentos nos mostram o
caminho para conhecer e amar a Deus, para ser
felizes nesta terra e depois eternamente na outra.
7. Partes principais da Doutrina Cristã
A primeira coisa que é preciso saber são as
verdades de nossa fé: quem é Deus, quem é
Jesus Cristo, quem criou o mundo, quem é o
Espírito Santo, quem é a Virgem Maria, para que
Cristo fundou a Igreja, qual o prêmio ou o castigo
que nos espera, etc.. Estas coisas nós as
conhecemos ao estudar O SÍMBOLO DA FÉ ou o
CREDO.
Se queremos saber como é celebrada a nossa fé
cristã, como nos tornamos cristãos, como se
alcança o perdão de Deus, de que forma Deus
nos ajuda para vencer as dificuldades que
encontramos...., tudo isto aprendemos estudando
A LITURGIA e OS SACRAMENTOS.
Também necessitamos saber o que Deus quer
que façamos para ser felizes e fazer felizes os
demais e poder chegar ao céu, como viver em
Cristo. Vamos aprender estas coisas estudando
A MORAL CRISTÃ nos MANDAMENTOS.
É preciso também conhecer o sentido e a
importância da oração em nossa vida; por isto a
quarta parte estuda A ORAÇÃO NA VIDA
CRISTÃ.
Deus Vem ao Encontro do Homem:
A Revelação
INTRODUÇÃO:
4. Deus vem ao encontro do homem
Santo Agostinho é um dos santos mais notáveis
que a Igreja já teve, e um dos homens mais
sábios do cristianismo. Depois de uma vida
separada de Deus foi batizado, chegando a ser
bispo da cidade de Hipona, no norte da África. E
escreveu muito e tem um livro especialmente
sugestivo: As Confissões, onde conta a sua
conversão e proclama o desejo de Deus inscrito
no coração da criatura: "Tu és grande, Senhor, e
muito digno de louvor: grande é o teu poder, e
tua sabedoria não tem medida. E o homem,
pequena parte da tua criação, quer louvar-Te. Tu
mesmo o incitas a isso, fazendo que encontre
suas delícias em seu louvor, porque nos fizestes,
Senhor, para ti e nosso coração está inquieto até
que descanse em ti".
Deus, além disso, por amor, revelou-se ao
homem, vindo ao seu encontro; desta forma, lhe
oferece uma resposta definitiva às perguntas que
se faz sobre o sentido e o fim da vida humana.
Deu-Se a conhecer em primeiro lugar, aos
primeiros pais, Adão e Eva, depois da queda pelo
pecado original, não os abandonou mas
prometeu a salvação e ofereceu a sua aliança.
Logo, com Abraão, elegeu o povo de Israel. Por
fim, Deus se revelou plenamente enviando o seu
próprio Filho, Jesus Cristo.
IDEIAS PRINCIPAIS:
1. O desejo de Deus no coração humano
O desejo de Deus está inscrito no coração do
homem, que foi criado por Deus e para Deus ;
Deus não deixa de atrair o homem para si, e só
em Deus encontra a paz, a verdade e a alegria,
que não cessa de buscar. O homem é um ser
religioso. Como dizia São Paulo na cidade de
Atenas, " em Deus vivemos, nos movemos e
existimos" (Atos 17,28).
2. O esquecimento ou negação de Deus
Mas o homem pode esquecer-se de Deus, e
inclusive recusá-Lo ou negar Sua existência.
Motivos? A ignorância, o rebelar-se contra o mal
que se sofre ou se vê, as preocupações do
mundo e das riquezas, o mau exemplo de alguns
que se chamam cristãos, as idéias contrárias à
religião... e a atitude do pecador que - por medo se oculta de Deus e foge de seu chamado.
Nenhum desses pretextos justifica o
esquecimento ou a negação de Deus .
3. É possível conhecer a existência de Deus
por meio da razão natural
O homem pode conhecer a existência de Deus
por dois caminhos: um, natural, e o outro
sobrenatural. O caminho natural para conhecer a
Deus tem como ponto de partida a criação, quer
dizer, as coisas que nos rodeiam. Somente com
a luz da razão, o homem sabe que nem as coisas
nem ele tem em si mesmos a razão de ser,
porque tiveram princípio e terão fim: são seres
contingentes, seres criados e dependentes. Por
isso, através do que foi criado, o homem pode
chegar ao conhecimento da existência de Deus,
Criador, Ser necessário e eterno, causa primeira
e fim último de tudo.
5. Jesus Cristo, Palavra de Deus Pai
Jesus Cristo é o Filho de Deus que se fez
homem. É a palavra única, perfeita e definitiva de
Deus Pai. Jesus Cristo já disse tudo o que Deus
queria dizer a nós homens, de maneira que já há
não existirá outra Revelação depois de Cristo.
6. As fontes da Revelação: Sagrada Escritura
e Tradição
A Revelação de Deus pode ser encontrada na
Sagrada Escritura e na Tradição divina. A
sagrada Escritura é a Palavra de Deus
transmitida por escrito, e consta nos livros
inspirados por Deus que formam a Bíblia: 45
livros do Antigo Testamento ( antes da vinda de
Jesus Cristo à terra) e 27 do Novo Testamento. A
Tradição é a revelação divina encomendada por
Cristo e o Espírito Santo aos Apóstolos, e
transmitida íntegra, de viva voz à Igreja.
7. A Igreja, custodia e intérprete do depósito
da fé
Cristo confiou à sua Igreja a Revelação de Deus,
contida na Sagrada Escritura e na Tradição. A
este tesouro nós o chamamos de depósito da fé.
Cristo o confiou à Igreja para que o custodie,
interprete, professe e pregue a todo mundo. Esta
é a doutrina cristã, que a Igreja não cansa nunca
de ensinar aos homens e mulheres de todas as
idades e de todas as épocas.
8. Conhecer a Bíblia
A Igreja tem grande veneração pela Sagrada
Escritura, destacando os quatro evangelhos que
ocupam um lugar verdadeiramente privilegiado,
pois o seu centro é Jesus Cristo. Na Missa,
depois de ler o Evangelho, o sacerdote o beija
em sinal de veneração e respeito. É lógico que
todo cristão procure conhecer a Sagrada
Escritura, especialmente os Evangelhos, e que
dedique um tempo para ler e meditar a Palavra
de Deus. Como diz São Jerônimo: "desconhecer
a Escritura é desconhecer a Cristo".
7
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
TEMA 02
8
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
TEMA 03
A Resposta do Homem a Deus:
Crer
INTRODUÇÃO:
Ao ler o Evangelho se vê que Jesus Cristo pede
um ato de fé antes de realizar o milagre; e se
alegra, e louva as pessoas que - de um modo ou
de outro - manifestam a sua fé. A fé é um grande
dom de Deus, necessário para a nossa salvação;
e a resposta do homem à revelação divina é crer
o Ele nos falou, apoiados em sua autoridade
divina. Estudemos, pois, com atenção a este
tema para saber o que é a fé e poder agradecê-la
mais a Deus. A fé é também necessária para
aceitar e entender o que Deus ensina.
IDEIAS PRINCIPAIS:
1.Pela fé podemos conhecer muitas coisas
sobre Deus.
Sabemos com toda certeza o que Deus existe
porque - mediante as coisas criadas - pode-se
chegar a demonstrar a Sua existência. Mas
existem questões fundamentais para o homem:
como é Deus em si mesmo?, quem é Jesus
Cristo?, o que há depois da vida?,
questionamentos estes que não podem chegar a
conhecer-se, ainda que se pense muito neles, se
Deus não os tivesse revelado. Nós os
conhecemos pela fé..
2. O que é a fé?
A fé é uma virtude sobrenatural pela qual apoiados na autoridade divina - cremos nas
verdades que foram reveladas, sabendo que
Deus não pode enganar-Se nem enganar-nos. É,
pois, um assentimento razoável, livre e
sobrenatural, da inteligência e da vontade, à
Revelação divina. Pela fé cremos em Deus e em
tudo o que Deus nos revelou. Como o motivo que
nos move a crer é a autoridade divina - não a
evidência das verdades reveladas -, a
inteligência do homem não está determinada a
crer, e crê livremente, movida pela graça de
Deus.
3. A fé é um presente de Deus.
Crer é um ato do homem, mas a fé é sobretudo
um dom sobrenatural, um presente muito grande
que Deus nos faz no momento do batismo. Só é
possível crer pela graça e pelos auxílios internos
do Espírito Santo.
4. Crer é uma coisa racional.
natureza e as admitimos porque as ensina a
ciência. Portanto, "crer" é um ato humano,
consciente e livre, que não só não contradiz mas
que dignifica a pessoa humana. A fé é livre antes,
durante e depois do ato de fé..
5. Creio - Cremos.
Quando rezamos o credo, umas vezes dizemos:
creio em Deus, no singular, porque a fé é um ato
da pessoa que aceita livremente a autoridade de
Deus que revela; em outras ocasiões dizemos:
cremos em Deus - no plural - para significar que
a fé, nós a recebemos, a professamos e a
vivemos no âmbito comunitário da Igreja de
Jesus Cristo na qual, com Ele, que é a Cabeça,
formamos um só Corpo todos aqueles que
crêem. Assim, a Igreja é como a Mãe de todos os
fiéis, como diz São Cipriano ao relacionar a fé em
Deus com o papel da Igreja: "Ninguém pode ter a
Deus por Pai se não tem a Igreja como Mãe".
6. As fontes da Revelação: Sagrada Escritura
e Tradição
A Revelação de Deus pode ser encontrada na
Sagrada Escritura e na Tradição divina. A
sagrada Escritura é a Palavra de Deus
transmitida por escrito, e consta nos livros
inspirados por Deus que formam a Bíblia: 45
livros do Antigo Testamento ( antes da vinda de
Jesus Cristo à terra) e 27 do Novo Testamento. A
Tradição é a revelação divina encomendada por
Cristo e o Espírito Santo aos Apóstolos, e
transmitida íntegra, de viva voz à Igreja.
7. A fé é necessária para a salvação.
A fé é necessária para a salvação. É o mesmo
Jesus Cristo quem o afirma: "o que crer e for
batizado, se salvará; mas o que não crer, será
condenado". (Marcos 16,16). Há um quadro do
apóstolo São Tomé que põe os dedos no lado
aberto de Cristo. Como se recusou em acreditar
na ressurreição de Jesus, o Senhor o repreende
carinhosamente: " Tomé, porque viste,
acreditaste: bem aventurados os que acreditarão,
mas sem ver" (João 20,29). Temos de rezar por
aqueles que não crêem, pedindo a Deus que lhes
conceda a graça da fé, ajudando-os com nosso
exemplo e doutrina, exercitando o apostolado da
doutrina.
8. O Credo, resumo das verdades que
Às vezes se explica a fé dizendo que é " acreditar devemos acreditar..
naquilo que não se vê", o que parece pouco
Desde o princípio os cristãos dispuseram de
racional. Sem dúvida, ainda que muitas coisas
Símbolos ou Fórmulas de fé, que resumiam o
que se crêem não se compreendam, crer é uma
ensinamento da Revelação divina. Existem várias
coisa racional, porque é Deus quem revela, e
formulações das verdades da fé, mas ocupam
Deus não pode enganar-Se nem enganar-nos.
um lugar muito particular na vida da Igreja o
Também não se compreendem muitas coisas da
Símbolo dos Apóstolos e o Símbolo de Nicéia-
A Resposta do Homem a Deus:
Crer
Constantinopla. Quando recitamos o Credo,
estamos fazendo um ato de fé nas verdades
fundamentais que Deus nos revelou.
9. Fazer muitas vezes atos de fé.
Deus nos deu um grande presente que é a fé, e
temos de saber agradecer fazendo com os
nossos lábios e com o nosso coração muitos atos
de fé durante o dia:
Creio em Deus Pai, em Deus Filho, em
Deus Espírito Santo.
Creio na Santíssima Trindade.
Creio em Jesus Cristo, Deus e homem
verdadeiro.
Creio que Santa Maria é a Mãe de Deus
de nossa Mãe.
Creio, Senhor, mas aumenta minha fé.
Creio que a Igreja Católica é minha Mãe.
10. Propósitos de vida cristã.
• Aprender bem o Credo (os dois
Símbolos)
• Recitar sempre o Credo com devoção,
não só na Missa
• Rezar pelos que não tem o dom da Fé
9
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
TEMA 03
10
TEMA 04
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Pai Todo Poderoso
Creio em Deus,
INTRODUÇÃO:
Nossa profissão de fé cristã começa por Deus,
por que Deus é o princípio e o fim de todas as
coisas. E começa por Deus Pai, por que Deus
Pai é a primeira pessoa da Santíssima Trindade.
Deus cuida com a sua providência de todas as
coisas, mas especialmente cuida do homem. É
nosso Pai do céu; em conseqüência, somos seus
filhos: somos filhos de Deus! E para que o
recordássemos constantemente, Jesus nos
ensinou a rezar: "Pai Nosso, que estás no
céu" (Mateus 6,9). Esta maravilhosa verdade
cristã deve nos entusiasmar. Vejamos quem é
Deus, esse Pai que está no céu.
IDEIAS PRINCIPAIS:
1. Creio em um só Deus.
Esta é a grande verdade, a verdade absoluta:
Deus é um e único, não há mais de que um só
Deus. Iahwéh já o tinha manifestado ao povo de
Israel: "Escuta Israel: o Senhor nosso Deus é o
único Senhor. Amarás o Senhor teu Deus com
todo o teu coração, com toda a tua alma e com
toda a tua força" (Deuteronômio 6,4-5), sendo
Aquele que preside toda a história. Também para
nós, a fé em um único Deus nos move a
voltarmo-nos a Ele como a nossa origem e nosso
último fim; e a preferi-Lo acima de todas as
coisas. A revelação de Jesus Cristo completará
aquela do Antigo Testamento, e pelo
ensinamento do Filho de Deus sabemos que o
Deus único em essência existe em três pessoas
divinas: Pai, Filho e Espírito Santo.
Mistério Trinitário. O Símbolo é a confissão do
Mistério da Trindade: Deus Pai, Deus Filho, Deus
Espírito Santo, único Deus, única essência, em
três pessoas realmente distintas. Junto com a
confissão da fé em Deus Uno e Trino,
proclamam-se também o Mistério da
Encarnação, que é realizado pelo Filho de Deus,
para redimir os homens, e o Mistério da
Santificação, que se atribui ao Espírito Santo.
4. Deus Pai todo poderoso.
Das muitas perfeições que podemos assinalar
em Deus, o Símbolo nos recorda a onipotência,
posto que vai falar da criação, que é obra de
poder e se atribui ao Pai. Mas também o Filho e
o Espírito Santo são onipotentes como o Pai, já
que a essência divina é única e as três pessoas
são iguais em perfeição. É muito necessária a
confissão da onipotência de Deus porque com
freqüência chegam ao homem as provas da fé,
através da dor e do mal, que não entendemos e
nos custa aceitar. Mas Deus é Deus, onipotente e
clemente, que está próximo de nós com Sua
Providência, para ajudar-nos.
5. Pai Nosso.
A revelação da paternidade de Deus no mistério
inefável da Trindade de pessoas na única
essência, nos facilita o caminho para
compreender que Deus é também nosso Pai.
Mas jamais o teríamos imaginado, se Deus não
nos tivesse revelado. Foi o Senhor Jesus Cristo
quem o disse a Seus discípulos: "Vós, porém,
orai assim: Pai Nosso" (Mateus 6,9), e é uma
noticia que está presente em todo o Novo
2. O nome de Deus.
Testamento. É evidente que a filiação do Filho de
Moisés quis saber o nome de Deus ao
Deus e a nossa são diferentes. Jesus é o Filho
contemplar a sarça ardente no monte Horeb, e
de Deus por natureza, da mesma natureza do
Deus revelou Seu nome: "Eu sou o que
Pai, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro; nossa
sou" (Êxodo 3,14), Iahwéh. Quer dizer, Deus é,
filiação em relação a Deus é por adoção,
Deus é o que existe por si mesmo, sem depender mediante o dom sobrenatural da graça que Deus
de ninguém, princípio sem princípio, razão de ser nos infunde no Batismo. Por isso, ainda que seja
de tudo o que é, origem de tudo, causa de tudo,
grande a dignidade da criatura humana, feita à
fonte de todo ser, ser soberano, ser supremo:
imagem e semelhança de Deus na ordem
Deus! Em outras ocasiões, Deus se revela como natural, não se pode comparar com a dignidade
rico em amor e fidelidade, aproximando-se ao
da graça, que nos faz filhos adotivos de Deus.
homem para atrai-lo para Si, ao mostrar-lhe sua
benevolência, sua bondade, seu amor. Podemos 6. Propósitos de vida cristã.
• Fazer muitos atos de adoração a Deus,
dizer, pois, que Deus é um ser espiritual, eterno,
misericordioso e clemente, infinitamente sábio e
durante o dia, dizendo: "Deus Todo
bom, onipotente e justo, o ser por excelência, e o
Poderoso, eu Te adoro e Te bendigo".
sumo amor. Jesus Cristo é quem revelou o
• Rezar o Pai Nosso com pausa,
conteúdo deste Nome, com um sentido novo:
entendendo o que digo.
Deus Pai.
• tratar sempre os outros com respeito,
3. Deus Pai.
pensando que são filhos de Deus.
A afirmação da paternidade divina é o primeiro
artigo do Símbolo e inicia a confissão da fé no
TEMA 05
11
Santíssima Trindade
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
O Mistério da
INTRODUÇÃO:
através do pecado mortal, vive em nossa alma
Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito
O segredo divino mais importante da Fé que
Santo.Temos a Deus dentro de nós para nos
Jesus Cristo nos revelou é o Mistério da
Santíssima Trindade. Jesus falou de seu Pai, que santificar, para nos ajudar, para estar conosco,
é Deus; do Espírito Santo, que também é Deus; e porque nos ama. Podemos falar com a Trindade
Beatíssima, sabendo que nos escuta e atende
afirmou que ele e o Pai são uma mesma coisa
(João 10,30), porque é o Filho de Deus. O Pai, o nossas súplicas. Sabemos disto pela Fé e, ainda
Filho e o Espírito Santo são um único Deus - não que não O vejamos, nem O sintamos, é esta a
verdade. Quando estamos na Graça de Deus,
três deuses - porque tem a mesma natureza
somos Templos de Deus!
divina, ainda que sendo três Pessoas realmente
distintas. Que Deus é UM em essência e TRINO
4. No céu, "veremos" a Santíssima Trindade.
em pessoas é a revelação de sua vida íntima,
Aqui na terra sabemos que Deus está em nossa
maior e mais profundo de todos os mistérios;
alma em estado de graça e que a vida cristã é
além de ser o mistério fundamental de nossa fé e uma luta constante para evitar o pecado. Se
de nossa vida cristã. Temos de procurar
formos fiéis e nos esforçamos por amar a Deus
conhece-Lo e vive-Lo!
cada vez mais, Ele nos concederá a maior coisa
IDEIAS PRINCIPAIS:
1. A Trindade, mistério de um só Deus e três
Pessoas realmente distintas.
Nunca poderemos compreender os MISTÉRIOS,
porque nós somos limitados e eles nos superam;
sem dúvida, temos de tentar conhece-los cada
vez melhor, para que nossa fé seja firme e
operativa. O Mistério da Santíssima Trindade
consiste em que, em Deus há uma única
essência e três pessoas distintas: Pai, Filho e
Espírito Santo, cada uma das quais é Deus, sem
ser três deuses, mas um único e só Deus.
Podemos comparar este Mistério com o sol: o sol
está no céu e produz luz e calor; a luz e o calor
não são distintos do sol. A Trindade é algo
parecido: o Filho e o Espírito Santo são iguais em
natureza ao Pai, mas são um só Deus. O Pai é
Deus, o Filho é Deus e o Espírito Santo é Deus.
Três pessoas e um único Deus.
2. A salvação, obra da Trindade.
Todas as coisas criadas foram feitas por Deus,
Uno e Trino. Deus criou o mundo, ainda que a
criação seja atribuída ao Pai; Deus realizou a
Redenção, ainda que só a segunda Pessoa - O
Filho - se fez homem e morreu na cruz; Deus nos
santifica, ainda que a santificação seja atribuída
ao Espírito Santo. Assim, pois, quando
agradecemos a Deus tudo o que fez por nós e
em nós, temos de agradecer a Deus Pai, a Deus
Filho e a Deus Espírito Santo.
3. Habitação da Trindade na alma em estado
de graça.
Ainda que não seja fácil de explicar, é esta uma
verdade que nos enche de alegria o saber que o
homem que vive em estado de graça (sem
pecado mortal) é Templo Vivo da Santíssima
Trindade Beatíssima (João 14,23). Desde o dia
de nosso Batismo, se não recusamos a Deus
que poderíamos desejar: vê-Lo face a face, tal
como Ele é. O grande prêmio do céu consiste em
ver a Deus: contemplar, louvar, amar e gozar por
toda a eternidade da Trindade Beatíssima. Toda
a grandeza, toda a beleza, toda a bondade de
Deus se volta sobre estas pobres criaturas que
somos cada um de nós. No céu, a alma terá a
possibilidade de ver a majestade de Deus.
5. Temos de louvar a Santíssima Trindade.
Pela fé, damo-nos conta de que ser cristãos é
algo maravilhoso. Deus nos ama de uma maneira
incrível: nos criou por amor, nos remiu de nossos
pecados morrendo por nós, vive em nossa alma
em estado de graça e nos preparou - se somos
fiéis - um céu eterno. Nos deixou a Igreja e os
Sacramentos para que possamos facilmente
saber o que temos de fazer e viver sempre como
bons cristãos, sendo cada vez mais santos.
Temos de corresponder a tanto amor, e a vida
cristã precisa ser um constante louvor à Trindade
Santa. Professamos nossa fé na Santíssima
Trindade quando fazemos o sinal da cruz ou
quando nos persignamos dizendo: "EM NOME
DO PAI + E DO FILHO+ E DO ESPÍRITO +
SANTO"; quando rezamos o GLÓRIA ou o
CREDO na Santa Missa, e ao final da Oração
Eucarística. Temos de procurar rezar estas
orações e louvores à Trindade com fé viva e
consciente, de modo que toda a nossa vida seja
um constante louvor a Deus Pai, Deus Filho e
Deus espírito Santo.
6. Propósitos de vida cristã.
• Aprender o credo e recita-lo com devoção
•
Considerar na oração, que a Santíssima
Trindade - Deus mesmo - está na alma
em estado de graça, portanto, viver assim
(sem pecado) é a única coisa
verdadeiramente importante nesta vida.
12
TEMA 06
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
por Amor
Deus Criou o Mundo
INTRODUÇÃO:
"No princípio, Deus criou o céu e a
terra" (Gênesis 1,1). Assim começa a Bíblia, e o
primeiro capítulo do Gênesis relata de maneira
gráfica como Deus criou o mundo. Sem utilizar
nenhum material pré existente, sem nenhum
instrumento, Deus foi criando todas as coisas: o
céu e a terra, os animais e as plantas... e por
último o homem. Deus criou o mundo do nada. A
criação inteira é fruto do amor e onipotência de
Deus: as coisas pequenas - ervas e insetos -, e
as grandes: o sol, a lua, os sistemas planetários,
as nebulosas, os mares.... O ser mais perfeito da
criação visível é o homem. E Deus continua
cuidando e governando tudo com Suas leis. Que
linda é a Criação! Ao contempla-la é fácil dar
glória e louvor a Deus. Além disso, Ele quer que
nós, homens cooperemos com Sua obra com o
nosso trabalho. É tanta a dignidade do trabalho
humano, que, como diz a Sagrada Escritura, o
homem foi criado para que trabalhasse e assim
dominasse a criação de um modo inteligente.
Neste tema veremos com detalhes o que
significa afirmar que Deus tenha criado o mundo,
tal como confessamos no Credo: "Creio em
Deus, Pai Todo Poderoso, Criador do céu e da
terra".
que foi Deus quem fez tudo, para que existisse.
Criar quer dizer "fazer que exista algo que antes
não existia, tirando-o do nada". O homem não
pode criar, pode modificar, por exemplo, o curso
de um rio, ou fabricar um tecido, usando para isto
como matéria prima o algodão ou fibras
sintéticas, ou montar um carro, usando peças
previamente fabricadas.
4. Deus criou tudo para Sua glória e honra.
Quando contemplamos uma obra de arte - uma
catedral, por exemplo -, nos maravilhamos e
louvamos o gênio de seu autor. Aquela obra de
arte é uma glória aos que a construíram. Ao
contemplar a grandeza do mundo: os astros, o
mar, as plantas; ao ver a perfeição das coisas
pequenas: um passarinho, um inseto, nos
maravilhamos e louvamos a Deus, autor de tudo.
O mundo é uma manifestação da perfeição
divina, um reflexo do que Deus é. O mundo canta
a glória de Deus. A esta glorificação deve unir-se
o homem, não somente por ser criatura de Deus,
a mais perfeita da criação visível, mas também
porque Deus colocou todas as coisas a seu
serviço. Pensando no homem, Deus criou todas
as coisas e as colocou em suas mãos..
5. O trabalho e o domínio da terra.
Deus podia ter criado todas as coisas tal e como
existem; por exemplo, as mesas e as cadeiras,
1. Deus é eterno.
as centrais elétricas... Mas quis que o homem
Só Deus é propriamente eterno, quer dizer, não
dominasse a criação trabalhando e tirando
tem princípio nem fim. Em Deus, não existe
proveito das mesmas. Quando o homem
passado nem futuro, mas UM PRESENTE
trabalha, colabora com Deus para dominar a
IMUTÁVEL. Houve um momento no qual só Deus criação, já que Deus assim o desejou. E como na
existia, mas Ele quis comunicar suas perfeições
criação Deus fez tudo muito bem, porque é Deus
a outros seres; quis criar o mundo e
e porque Lhe move o amor que tem aos homens,
especialmente, o homem, que foi feito à imagem assim o homem precisa fazer bem as coisas, por
e semelhança de Deus. Deus pensou em todos
amor a Deus, para que quando Deus veja esse
os homens - em cada um de nós - muito antes de trabalho, possa dizer: "O que faz o homem está
nos criar. Não existíamos e já nos amava. E
bem feito". É necessário fazer tudo com
como Deus ama o homem, preparou para ele um dedicação e esforço, oferecendo-o a Deus.
lugar estupendo: o mundo com todas as suas
6. Deus conserva e governa o mundo..
maravilhas (o mar, as montanhas, os animais, as
Para que as coisas durem, procuramos
plantas, o céu etc..).
conserva-las: reparam-se os defeitos, engraxam2. Deus criou o mundo do nada.
se as máquinas, protegem-se do frio ou do
O homem necessita tempo e esforço para
calor...; se não cuidamos das coisas, elas se
construir um edifício ou fabricar um objeto, além, estragam e não servem mais para nada.
é lógico, de um material pré existente. Deus,
Podemos imaginar assim a conservação do
porém, fez todas as coisas com um só instante
mundo, com a diferença de que, se Deus não o
de Seu querer e tudo criou do nada. Antes de
conservasse, desapareceria, voltaria ao nada.
que Deus tudo criasse, não existia nada.
Além disso, Deus governa o mundo, de maneira
especial aos homens, com umas leis que estão
3. Criar não é o mesmo que fabricar.
impressas em sua natureza, respeitando sempre
Dizemos que Deus criou o mundo, e não que
a liberdade que lhes deu, como um dos grandes
Deus fabricou o mundo, para indicar que, quando presentes.
tudo começou a existir, não havia nada, sendo
IDEIAS PRINCIPAIS:
TEMA 06
13
por Amor
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Deus Criou o Mundo
7. Oferecer o trabalho do dia e mostrar
agradecimento ao Senhor.
Ao iniciar o dia devemos oferecer a Deus tudo o
que vamos fazer. Podemos usar esta oração:
"Adoro-Te, Meu Deus, e amo-te de todo o
coração; dou-Te graças por me terdes criado,
feito cristão e conservado nesta noite. Ofereço-Te
todas as minhas obras e Te peço que me
guardes neste dia de todo pecado e me livres de
todo o mal. Amém" Para não comer como os
pagãos que não conhecem a Deus, nós, cristãos,
costumamos abençoar a mesa e agradecer
depois de comer. Podemos dizer, antes de
comer: "Abençoai, Senhor, estes alimentos que,
por Tua bondade, vamos tomar". E ao terminar
de comer: "Nós Te agradecemos, Senhor, pelos
benefícios que recebemos de Tuas mãos." O
agradecimento deve abarcar nossa vida inteira,
que é um dom de Deus.
8. Ter confiança em Deus.
O conhecimento da Providência que Deus exerce
sobre o mundo e sobre cada um de nós, deve
levar-nos a uma decisão confiada de pormo-nos
em Suas mãos, para que de verdade e para
sempre seja Ele a fonte de nossa serenidade,
segurança e alegria.
9. Propósitos de vida cristã.
• Procurar fazer todas as manhãs o
oferecimento do dia, ao levantar-se.
Pode-se usar o Oferecimento do
"Apostolado da Oração", por exemplo.
• Acostumar-se a oferecer a Deus tudo o
que se faz, procurando fazer tudo com a
maior perfeição e amor possíveis.
14
TEMA 07
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
os Anjos
Deus Criou
INTRODUÇÃO:
Na Sagrada Escritura encontram-se muitas
passagens nas quais vemos a intervenção dos
anjos: ao nascer Jesus um anjo anuncia aos
pastores a boa notícia; o arcanjo Rafael aparece
na história de Tobias, e o arcanjo Gabriel é quem
anuncia à Virgem que Deus quer que ela seja
Sua Mãe; outro anjo tira Pedro do cárcere; etc..
Este tema quer ajudar-nos a conhecer quem são
os anjos e também os demônios ou espíritos
maus.
IDEIAS PRINCIPAIS:
1. A existência de anjos e demônios, verdade
de fé.
Às vezes contam-se coisas que são fábulas: falase de bruxas, de horóscopos e coisas
semelhantes. Sabemos que não são coisas
verdadeiras, senão contos.... Quando se fala dos
anjos e dos demônios, não estamos falando de
contos; os anjos e os demônios existem de
verdade. Deles nos falou deles. E Deus não pode
enganar-nos, nem mesmo para que fossemos
melhores. Deus sempre diz a verdade. Cremos,
portanto, que existem Anjos e demônios - assim
como nós existimos - porque Deus assim no-lo
revelou.
2. Os demônios são espíritos que pecaram
contra Deus.
Deus criou bons, por natureza, a todos os
espíritos e os fez seus filhos, pela graça. Mas,
capitaneados por Lúcifer, muitos deles se
rebelaram e disseram: "Não queremos servir a
Deus". Os anjos foram fiéis a Deus, dizendo
"Queremos servir a Deus". O chefe dos Anjos
fiéis era São Miguel. Realizou-se uma batalha no
céu e venceram os anjos fiéis. Os espíritos
rebeldes, ou demônios, junto com Lúcifer foram
condenados eternamente ao inferno porque
desobedeceram a Deus e pecaram gravemente.
3. Os demônios tentam os homens
Os demônios, desde o momento em que
pecaram, odeiam a Deus e a todos os que amam
a Deus. Por isso desejam que os homens
ofendam a Deus e sejam condenados ao inferno.
Este é o motivo pelo qual os demônios tentam os
homens. São muitos os exemplos na Sagrada
Escritura: a tentação de Eva, quando o demônio
se apresenta na forma de serpente (Gênesis
3,1-24); as tentações de Jesus, no deserto
(Mateus 4,1-11); etc.. Eles nos tentam também,
de muitas maneiras, levando-nos a fazer o que é
contra a vontade de Deus. A forma habitual que
usam para tentar-nos é a de incitar nossas más
inclinações ou aproveitando-se delas. A tentação
não é pecado; é pecado se fazemos caso do que
nos pede o demônio. Por isso, ao dar-nos conta
da tentação, devemos acudir a Deus e dizer com
todo o coração: "Afasta-te de mim, Satanás!".
Também devemos acudir à Santíssima Virgem
Maria, nossa Mãe e a nosso Anjo da Guarda.
4. A proteção dos Anjos da Guarda
No Antigo Testamento há um livro muito bonito,
no qual se narra que Tobias devia fazer uma
longa viagem, cheia de perigos. Então, busca um
companheiro de viagem, e Deus envia o arcanjo
Rafael que o acompanha e lhe mostra o bom
caminho, devolvendo-o feliz a sua casa. Nós
também vamos a caminho do céu; neste caminho
existem muitos perigos para a nossa alma e o
nosso corpo. Deus nos dá um companheiro de
viagem que está sempre a nosso lado, ainda que
não o vejamos: é o Anjo da Guarda. Nosso Anjo
nos ama como o melhor dos amigos, nos protege
dia e noite, e nos fala ao coração convidando-nos
a fazer as coisas boas. Quando rezamos, ele
apresenta nossa oração a Deus.
5. Uso da água benta
A Igreja recomenda aos cristãos usar a água
benta, que é um sacramental, para implorar o
perdão dos pecados veniais e alcançar a
proteção de Deus contra as insinuações do
demônio. Santa Teresa de Jesus dizia: "De
nenhuma coisa foge mais o demônio, para não
voltar, do que da água benta."
6. Propósitos de vida cristã
• Aprender a Oração do Anjo da Guarda:
"SANTO ANJO DO SENHOR,
MEU ZELOSO GUARDADOR,
SE A TI ME CONFIOU
A PIEDADE DIVINA,
HOJE E SEMPRE,
ME REGE, GUARDA, ILUMINA. AMÉM."
TEMA 08
15
Livre e Responsável
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Deus Criou o Homem
INTRODUÇÃO:
Já se estudou em outro tema que Deus, depois
de ter criado todas as coisas, criou o homem:
Adão e Eva, de quem todos descendemos. Deus
cria a todos os homens. Com a colaboração dos
pais, forma o corpo e, diretamente, Ele cria a
alma que infunde neste corpo. A alma é o que dá
vida ao corpo. Tudo isto quer dizer que cada um
de nós fomos criados por Deus. Ele pensou em
cada ser humano, nos amou, e como fruto deste
amor, nos criou. Além disso, como diz a Sagrada
Escritura, nos criou " à sua imagem e
semelhança" (Gênesis 1,26).
O que é o homem? Para que Deus nos criou?
Como devemos comportar-nos? Estas e outras
perguntas todos nos fazemos. Este tema quer
ajudar-nos a responde-las.
IDEIAS PRINCIPAIS:
descobre a eletricidade. Distingue-se dos
demais seres por sua razão ou
inteligência, que é um reflexo da
inteligência de Deus. Os animais louvam
a Deus sem o saber; o homem o faz
sabendo...
•
O HOMEM É UM SER LIVRE. Os
animais se governam por instintos e não
podem agir de outra maneira; as plantas
regem-se por leis as quais obedecem
cegamente. O homem pode escolher;
pode fazer uma coisa ou outra; pode
fazer o bem ou o mal, pode cumprir ou
não as leis que o Senhor lhe deu. Deus
lhe concedeu a faculdade de escolher
livremente. Deus quis o homem livre.
•
O HOMEM É REI E SENHOR DO
UNIVERSO. Deus entregou o mundo ao
homem para que o submetesse e
transformasse. O homem pode
domesticar os animais selvagens, desviar
os rios, fazer saltar as pedras, cortar as
árvores, etc.. Deus o quis assim. Sendo
Deus o Dono e o Senhor de tudo, porque
tudo criou e tudo lhe pertence, colocou
tudo nas mãos do homem, para que este
seja senhor e domine a terra. Nisto
também se parece o homem com Deus,
que lhe fez participar do dom de poder
dominar sobre os animais, as plantas...,
todo o universo.
•
O HOMEM É IMAGEM DE DEUS,
SOBRETUDO, PELA GRAÇA. Ainda que
em outro tema vamos explicar o que é a
graça, é importante dar-se conta que,
entre todos os benefícios que Deus deu
ao homem, o que o assemelha mais a
Deus é a GRAÇA SANTIFICANTE, que
se recebe no momento do Batismo. A
graça nos faz participantes da natureza
divina, elevando- nos à dignidade de
filhos de Deus.
1. Deus criou o homem com corpo e alma
O livro do Gênesis nos diz que Deus formou o
corpo do homem "do barro da terra", e lhe soprou
no rosto "alento de vida". Com estas palavras tão
simples, Deus nos diz que formou diretamente ao
homem de uma matéria que já existia e que,
depois, criou diretamente do nada uma alma e a
uniu a este corpo. Depois de Adão e Eva, os
homens todos recebemos o corpo de nossos
pais, mas a alma nós a recebemos diretamente
de Deus.
2. A "imagem e semelhança" de Deus
A obra de um artista é o reflexo de sua arte.
Ainda que, às vezes, uma obra de arte não tenha
a assinatura de seu autor, é possível descobrir de
quem é a obra porque ali está refletida a sua
personalidade. O homem é imagem de Deus.
Vejamos alguns aspectos que manifestam a
imagem de Deus no homem:
• A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA.
Por ter sido criado à imagem de Deus, o
ser humano tem a dignidade de
PESSOA; não é tão somente alguma
coisa, mas alguém. O homem é a única
criatura da terra à qual Deus amou por si
mesma. Só ele está chamado a
participar, pelo conhecimento e pelo
amor, na vida de Deus. Para este fim foi
criado e esta é a razão fundamental de
sua dignidade.
•
O HOMEM É UM SER INTELIGENTE.
Os animais não pensam, mas o homem
pode pensar e expressar seu
pensamento com palavras. Sabe calcular,
contar, medir etc..; fabrica motores,
3. Igualdade e diferença queridas por Deus
O homem e a mulher foram criados por Deus em
total igualdade, como pessoas humanas, mas
com diferenças morfológicas e peculiaridades
psicológicas. Ser "homem" ou ser "mulher", é
pois, uma realidade boa e querida por Deus. O
homem e a mulher são, portanto, "imagem de
Deus".
16
TEMA 08
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Livre e Responsável
Deus Criou o Homem
4. O homem é responsável por seus atos
a) A MATÉRIA CARECE DE
RESPONSABILIDADE. Depois de um terremoto
não podemos perguntar à terra por que fez isso;
além de não poder responder, por não ter
inteligência nem liberdade, a terra não podia ter
feito outra coisa (o terremoto foi conseqüência de
leis físicas naturais que se cumpriram). Também
não é responsável a terra das coisas belas como
são o nascimento de uma flor, o por do sol ou o
trinado de um canarinho.
b) OS ANIMAIS TAMBÉM NÃO SÃO
RESPONSÁVEIS. Se um cavalo mata seu dono
com um coice, quando este estava lhe curando
uma ferida, não é ele responsável deste feito,
porque não sabe o que faz; atua levado pelo
instinto. Também não é responsável das coisas
boas que proporciona a seu dono: o trabalho, um
passeio ou a vitória no hipódromo.
c) SÓ O HOMEM É RESPONSÁVEL DO QUE
FAZ. Ao chegar à nossa casa e nos perguntam o
que fizemos neste dia, dizemos: estudamos,
trabalhamos, passeamos. Somos responsáveis
do que fizemos. Se tivermos feito o que
deveríamos fazer, merecemos o prêmio. Caso
contrário, merecemos o castigo.
5. Cumprir sempre a vontade de Deus
Somos merecedores de premio ou de castigo
segundo fizermos o que temos de fazer ou não; e
o que temos de querer sempre e em todos os
momentos é CUMPRIR A VONTADE DE DEUS.
Os mandamentos da Lei de Deus, os da Santa
Igreja, as obrigações de nossa idade e estado de
vida, nos assinalam o que devemos fazer em
relação a Deus, aos demais e a nós mesmos.
Existem ocasiões em que podemos ter dúvidas
em saber o que Deus nos pede concretamente.
Nestes casos, o Senhor nos ajuda por meio de
pessoas que tem a graça de Deus para nos
orientar. Estas pessoas são nossos pais,
educadores, o sacerdote com o qual nos
confessamos habitualmente. Ele,
particularmente, poderá ajudar-nos a ver a
vontade de Deus sobre nós, porque já nos
conhece. Se nos acostumarmos a fazer a cada
dia o EXAME DE CONSCIÊNCIA - breve, mas
seriamente - ao terminar o dia, nos daremos
conta se cumprimos ou não a vontade de Deus.
6. Propósitos de vida cristã
• Procurar ser agradecidos a Deus, que
nos criou e cuida de nós. Aproveitar
especialmente a Santa Missa, para faze-
lo, já que é um ato infinito de ação de
graças.
•
Ser muito sincero na confissão e no
Exame de consciência à noite.
TEMA 09
17
Desobedeceram a Deus e Pecaram
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Nossos Primeiros Pais
INTRODUÇÃO:
Deus criou Adão e Eva, os encheu de dons
sobrenaturais e preternaturais e os colocou no
paraíso terrestre. Aí, eram muito felizes: eram
amigos de Deus e não sofriam nenhum mal;
trabalhavam sem cansar-se. Depois de ser
felizes na terra, passariam - sem morrer - a gozar
de Deus para sempre, no céu. Mas Adão e Eva
cometeram um pecado gravíssimo: o pecado
original. No capítulo terceiro do livro do Gênesis
nos é contado este pecado: desobedeceram a
Deus e O ofenderam. Como Adão e Eva foram
nossos primeiros pais, todos nós herdamos este
pecado. Dele brotaram a dor, os sofrimentos, os
ódios, as guerras e demais calamidades que
afetam a humanidade e o mundo. Convém, pois,
estudar bem este tema. Se o entendermos bem,
quem sabe possamos também compreender a
razão de tantas coisas más que acontecem no
mundo e dentro do coração do homem.
IDEIAS PRINCIPAIS:
1. Os primeiros pais eram muito felizes no
paraíso terrestre
Deus, levado por seu amor, criou os homens
para que um dia pudessem contempla-Lo e viver
eternamente junto d'Ele. Por isto os fez
participantes de sua vida divina. A tão grande e
imerecido dom nós o denominamos graça
santificante ou vida em graça. Além disso, Deus
os colocou em um lugar estupendo - o paraíso
terrestre - e lhes deu muitos outros dons
imerecidos: iluminou sua inteligência e fortaleceu
sua vontade, estando isentos do erro e da
inclinação ao mal; livrou-os da dor, da
enfermidade e da morte (dons preternaturais).
Estes dons - sobrenaturais e preternaturais deviam ser transmitidos por Adão e Eva a seus
descendentes.
2. A prova dos primeiros pais
Igual aos anjos, Deus quis submeter nossos
primeiros pais a uma prova e lhes deu um
Mandamento para provar sua fidelidade. Se o
cumprissem, conservariam para si e seus
descendentes as graças e dons que Deus lhes
tinha dado; se não o cumprissem, perderiam as
graças e dons para si e seus descendentes.
Deus, que podia impor este mandato porque é
Dono e Senhor absoluto do homem, queria que
vencessem.
3. Os primeiros pais pecaram
Tentados pelo demônio, pai da mentira, Adão e
Eva desobedeceram a Deus e pecaram. Foi um
pecado de soberba, pois quiseram ser como
Deus, e se submeteram ao demônio. Com este
pecado perderam a amizade divina (graça) e os
dons preternaturais que Deus lhes tinha dado
gratuitamente; mesmo suas forças naturais
ficaram feridas e, quebrada a harmonia interior,
sentiram a inclinação ao mal. Ficaram
submetidos à concupiscência - inclinação ao
pecado -, que não é pecado, mas incita ao mal.
4. Os homens nascem com este pecado e
sofrem suas conseqüências
Por ser Adão principio e cabeça do gênero
humano, perdeu ele a graça e os dons que a
acompanhavam, e os perderam seus
descendentes: em Adão pecou todo o gênero
humano. Quer dizer, ao receber de nossos
primeiros pais a natureza, nós a recebemos
manchada com aquela culpa e, portanto,
privados da graça e de todos os demais dons; e
por perder-se a harmonia interior, ficamos
inclinados ao pecado (concupiscência). Isto é o
que se chama pecado original, com ele todos nós
nascemos.
5. Conseqüências do pecado original
No pecado de Adão tiveram sua origem todos os
pecados e males da humanidade. Todos nós
nascemos com as gravíssimas conseqüências do
pecado original, privados da graça e, portanto,
em estado de pecado e inclinados ao mal. Por
isto existe em nós a inclinação ao pecado, a que
denominamos concupiscência. Esta se manifesta
na ânsia desordenada das coisas terrenas; de
gozos, bens, honras... Também vivemos os
homens em meio de inumeráveis penas e
calamidades e, finalmente, a morte. Pelo pecado
original, o demônio adquiriu influência sobre o
mundo.
6. Deus teve piedade dos homens e lhes
prometeu um Redentor
Apesar do pecado, Deus se compadeceu dos
homens e lhes prometeu a futura redenção:
prometeu que do gênero humano sairia um
Redentor - Jesus Cristo -, que salvaria a
humanidade do pecado e suas conseqüências.
7. Propósitos de vida cristã
• Aprender a rezar sempre:"Confesso a
Deus, todo poderoso, e a vós irmãos e
irmãs, que pequei muitas vezes, por
pensamentos e palavras, atos e
omissões, por minha culpa, minha tão
grande culpa. E peço à Virgem Maria, aos
anjos e santos, e a vós, irmãos e irmãs,
que rogueis por mim, a Deus Nosso
Senhor."
18
TEMA 10
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Seu Único Filho, Nosso Senhor
Creio em Jesus Cristo,
INTRODUÇÃO:
Os jornais contam que alguém - mulheres,
homens e também crianças- expôs heroicamente
sua vida para salvar a outros, sofrendo perigos,
inclusive a morte, para ajudar seus semelhantes.
Podem ser chamados "salvadores"; e os que por
eles foram salvos recordam com agradecimento
àqueles que lhes ajudaram em momentos
difíceis. No tema anterior, dizíamos que Deus
teve piedade dos homens e lhes prometeu um
Redentor para salvar a humanidade do pecado e
de suas graves conseqüências. Para salvar-nos,
Deus enviou seu Filho, que é Jesus Cristo.
Os Evangelhos contam o que Jesus fez e
ensinou, mostrando que é verdadeiro homem:
nasce de uma mulher - a Virgem Maria -, tem
corpo como o nosso, fala, chora, tem fome,
sofre... Também proclamam os Evangelhos sua
divindade: faz milagres, perdoa os pecados, diz
de si mesmo que é o Filho de Deus e ressuscita
por sua própria virtude. Como afirma a fé da
Igreja, Jesus Cristo é verdadeiro Deus e
verdadeiro homem.
Além de Salvador e Redentor, Jesus Cristo é o
modelo para os homens, especialmente para os
cristãos. É lógico que tenhamos especial
interesse por conhecer quem é Jesus Cristo: sua
vida na terra, sua paixão, morte, ressurreição e
ascensão aos céus; sua doutrina. Cristo vive, e
não só temos de conhece-lo, mas,
principalmente, ama-lo, cada dia um pouco mais.
Nós o amaremos se tivermos trato com Ele. E
como amar a Cristo? Através da oração e dos
sacramentos.
IDEIAS PRINCIPAIS:
1. Deus não abandonou os homens, apesar
do pecado
Apesar do pecado, Deus continuou a amar os
primeiros pais e a seus descendentes, e quis
restaurar o que o pecado tinha destruído. E
prometeu que salvaria aos homens de seu
pecado, recuperando o dom da graça: voltariam
a ser filhos de Deus e herdeiros do céu, ainda
que sem recuperar os dons preter naturais, quer
dizer, os privilégios que o Senhor ajuntou à
natureza humana: imortalidade do corpo,
imunidade de enfermidades etc..
2. Ao largo da história, Deus recorda a
promessa que fez a Adão e Eva
Para que os homens não se esquecessem de
que iria enviar ao mundo um Salvador, Deus lhes
recorda com freqüência esta promessa por meio
de Abraão, Moisés, Davi... São os profetas,
sobretudo, os que falam do Messias, do Salvador
que haveria de chegar: Isaías (7,14) proclama
que nascerá de uma "virgem"; Miquéias (5,2)
assinala inclusive onde vai nascer: em "Belém".
3. O Salvador ou Messias é Jesus Cristo
Para salvar o mundo de seus pecados, Deus não
manda um anjo: envia seu próprio Filho. Por isto
diz o Senhor: "Deus amou tanto o mundo que
enviou seu Filho Unigênito" (João, 3,16). O
Salvador é Jesus Cristo, o Filho de Deus,
nascido das entranhas puríssimas da Virgem
Maria. Por isto o Senhor se chama Jesus, que
quer dizer "Salvador". O arcanjo São Gabriel
assim o disse a São José: A Virgem "dará à luz
um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque
salvará seu povo de seus pecados" (Mateus
1,21).
4. Jesus Cristo é verdadeiro Deus
Nós sabemos que Jesus Cristo é Deus porque
Ele assim nos disse e porque o demonstrou com
suas obras. Nos disse: "Eu e o Pai somos uma
mesma coisa (João 10,30); quem vê a mim, vê o
Pai (João14,9); ninguém conhece ao Pai senão o
Filho" (Mateus 11,27). Jesus Cristo faz coisas
que só Deus pode fazer. Cura os mudos, os
cegos, os leprosos...; ressuscita seu amigo
Lázaro, o filho da viúva de Naim...., perdoa os
pecados do paralítico, os de Madalena, os da
mulher adúltera...; e tudo isto o faz por sua
própria virtude e poder, porque é Deus.
5. A ressurreição de Cristo, a maior prova de
que é Deus
Jesus Cristo morreu verdadeiramente e
ressuscitou também de verdade. Apareceu
repetidas vezes a seus discípulos, e estes assim
o testemunharam. Seus inimigos queriam ocultar
esta prova de sua divindade (Mateus 28,11-15).
A ressurreição de Cristo é a maior prova de que
Ele é Deus, pois ressuscitou por sua própria
virtude.
6. Jesus Cristo é verdadeiro homem
Jesus Cristo é igual a nós, menos no pecado e
no erro. Ele não teve nenhum pecado, nem se
enganou jamais. Teve uma mãe como a temos
nós; trabalhou com suas mãos, ajudando São
José; teve fome e sede, comia e bebia; cansavase depois de fazer um esforço; teve amigos e
chorou quando morreu seu amigo Lázaro;
alegrava-se com seus discípulos, com as
crianças.... Jesus Cristo não é somente perfeito
Deus, mas também é perfeito homem.
7. Jesus Cristo vive e é nosso modelo
Jesus Cristo venceu a morte, ressuscitou e subiu
aos céus. Como Deus, está em todas as partes e
TEMA 10
19
Seu Único Filho, Nosso Senhor
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Creio em Jesus Cristo,
a tudo vê e ouve. Jesus Cristo está no céu e na
Eucaristia. Podemos falar com Ele de nossas
coisas e de suas coisas.Ele nos escuta e nos
fala, não com palavras, mas em nosso coração.
Temos que aprender de Jesus, porque com sua
vida, com suas obras e suas palavras, nos
ensinou o que temos de fazer para salvar-nos e
como o temos de fazer. Ele mesmo disse: "Eu
sou o caminho, a verdade e a vida" (João 14,6).
8. É preciso conhecer e tratar a Jesus
Os amigos saem juntos, conhecem onde vive
cada um, como pensam, qual é sua vida, falam
de suas coisas. Com Jesus, acontece o mesmo.
Se quisermos ter trato de intimidade com Ele, o
encontraremos no EVANGELHO, na ORAÇÃO e
no SACRÁRIO.
• O EVANGELHO. Quando lemos o
Evangelho, conhecemos mais a Jesus:
como é, como quer seus amigos, o que
espera deles. Por isto, devemos ler todos
os dias o Evangelho, mesmo que seja por
uns poucos minutos
• A ORAÇÃO. Podemos fazer um momento
de oração na Igreja ou em nossa casa,
em um lugar onde estejamos tranqüilos e
em silêncio, para falar com o Senhor do
que nos preocupa, pedindo-lhe o que
necessitamos ou desejamos e dando-lhe
graças por tudo.
• A VISITA AO SANTÍSSIMO
SACRAMENTO, PRESENTE NO
SACRÁRIO. Mesmo que Jesus esteja em
todas as partes, porque é Deus, está de
uma maneira especial presente no
sacrário. É muito bom que todos os dias
o visitemos, ainda que brevemente, para
cumprimenta-lo, falar com Ele, escutar o
que nos diz no fundo de nossa alma.
Também temos de cumprimenta-lo com
nosso coração, quando vemos alguma
igreja, pensando que Ele está lá, no
Sacrário.
9. Propósitos de vida cristã
• Ler, todos os dias, um trecho do Santo
Evangelho, durante uns minutos, para
conhecer melhor a vida e a doutrina de
Jesus
• Fazer diariamente uma breve visita ao
Santíssimo Sacramento.
• Sempre que entrar na Igreja, dirigir-se,
em primeiro lugar, ao sacrário, para
cumprimentar Jesus.
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TEMA 11
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Virgem
Jesus Nasceu de Santa Maria,
INTRODUÇÃO:
O Evangelho de São Lucas conta que Deus
enviou o arcanjo São Gabriel a Nazaré,
manifestando a Maria que tinha sido escolhida
para ser a Mãe de Deus. Muitos quadros
representam esta cena, que chamamos de
Anunciação.
A conversação entre o arcanjo e a Virgem
termina com esta aceitação humilde e confiada:
"Eis aqui a escrava do Senhor; faça-se em mim
segundo a sua palavra" (Lucas 1,38). Naquele
mesmo instante realizou-se a ENCARNAÇÃO
DO VERBO nas puríssimas entranhas da
Santíssima Virgem, e nove meses mais tarde
nascia Jesus - verdadeiro Deus e verdadeiro
homem - em Belém.
A Virgem não é só a Mãe de Deus: é também
nossa Mãe. Quando morria na cruz, Jesus deunos Maria por Mãe. Ela vive no céu como Rainha
e Senhora de todo o criado, mas nos vê, nos
ouve e, sobretudo, nos ama. Como as mães da
terra, a Virgem cuida de nós e nos protege.
Temos de conhecer e amar muito àquela que é a
Mãe de Deus e nossa Mãe.
IDEIAS PRINCIPAIS:
1. Maria é verdadeiramente Mãe de Deus
Todos temos uma mãe, e é de verdade nossa
mãe porque nos engendrou e deu à luz. Maria
engendrou o corpo de Jesus, no qual Deus
infundiu a alma; e no mesmo instante, a este
corpo e alma uniu-se a Segunda Pessoa da
Santíssima Trindade: o Verbo de Deus. Desta
forma o Filho de Deus se fez homem sem deixar
de ser Deus. Maria carregou durante nove meses
em seu seio a Jesus Cristo, com seu corpo, sua
alma e sua Divindade, depois dos quais nasceu
em Belém. Por isto é verdadeira Mãe de Jesus
Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem. É
verdadeiramente a Mãe de Deus.
2. Principais dogmas e privilégios marianos
O maior dom que Deus concedeu a Maria
Santíssima é o de ser sua Mãe. E, por ser sua
mãe, a encheu de graça e de extraordinários
privilégios. Queremos conhecer muito bem à
Virgem, e por isto convém saber o que Deus fez
nela:
a) A Imaculada Conceição. Esta prerrogativa
significa diretamente que a Virgem não teve
pecado original; desde o mesmo instante de sua
concepção e em atenção aos méritos de seu
Filho, Jesus Cristo, Deus a preservou imune da
culpa original. Mas supõe, ao mesmo tempo, que
Deus a dotou de santidade inteiramente singular,
como o expressou o arcanjo São Gabriel ao
saúda-la no momento da Anunciação: "Ave, ó
cheia de graça" (Lucas 1,28)
b) Foi sempre virgem. É também dogma da fé
católica que Maria foi sempre Virgem: antes de
engendrar a Cristo, no nascimento e depois de
nascer. Por isto chamamos Maria "A Virgem".
c) A Assunção. Maria está em corpo e alma no
céu. Outro grande privilégio de Maria é que,
depois de terminar o curso desta vida, foi levada
em corpo e alma ao céu. Este privilégio é
decorrente da isenção do pecado original.
d) Outros privilégios da Virgem. Maria é também
Co-redentora, pois foi associada por Cristo à
redenção do gênero humano. É a Rainha e
Senhora de tudo o que foi criado, como dizemos
no 5o mistério do Santo Rosário. É a Mãe da
Igreja e a Medianeira de todas as graças. E,
sobretudo, para nós, é nossa Mãe.
3. Maria é nossa Mãe
É uma maravilha saber que Deus adornou a sua
Mãe com tantas graças, querendo que fosse
também nossa Mãe. Compreendamos as razões
de sua maternidade para conosco:
a) Porque Jesus Cristo é nosso irmão. São Paulo
diz que Jesus Cristo é "o primogênito entre
muitos irmãos" (Romanos 8,29). Logo, se Maria é
a Mãe de Jesus, nosso irmão, com toda a razão
podemos chamá-la, assim como Ele, "Nossa
Mãe", ainda que a maternidade em relação a
Cristo seja física e natural, enquanto que, em
relação a nós, seja maternidade espiritual.
b) Porque Jesus Cristo deu-nos Maria como Mãe.
Ao pé da cruz São João representava a toda a
humanidade quando Jesus Cristo lhe entregou a
Maria como mãe. A ele e a nós com ele, disse:
"Eis a tua mãe" (João 19,27). Desde aquele
momento, todos nós cristãos, recebemos a Maria
em nossa casa, em nosso coração, e a temos
como nossa mãe.
c) Porque ela intercede por nós. Os cristãos de
todos os tempos, e também nós, pedimos coisas
à Virgem, que está em corpo e alma no céu. Ela
está ali, mas nos escuta, nos ajuda, nos quer
como filhos. Cada um de nós poderia contar
muitas coisas que Deus nos tem concedido pela
intercessão de Maria, nossa Mãe. Muitíssimas
outras Ele nos concede, pela mesma intercessão
maternal de Maria, sem que o saibamos. Ela nos
TEMA 11
21
Virgem
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Jesus Nasceu de Santa Maria,
ama como filhos e pede a Deus o melhor para
cada um de nós.
4. Temos de comportar-nos como bons filhos
da Virgem Maria
Com nossa mãe da terra nós não nos
confortamos em conhece-la e saber que nos ama
e se preocupa conosco; o bom filho é o que
corresponde a este amor e o demonstra com
obras: tem com ela detalhes de carinho,
obedece-a prontamente, a ajuda, faz as coisas
que lhe agradam e evita as que a deixam
desgostosa, etc.. Com nossa Mãe do céu
acontece a mesma coisa. Depois de conhece-la
muito bem, é preciso quere-la com obras. E
demonstramos com obras que queremos bem a
Virgem, se nos comportamos como a ela agrada,
e vivemos, em relação a ela, alguma devoção
mariana.
5. Propósitos de vida cristã
• Adquirir algum tipo de devoção a Nossa
Senhora, e vive-la cada dia.
• Aprender e rezar muitas vezes, as
orações dirigidas a Nossa Senhora.
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TEMA 12
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
de Jesus
A Vida Oculta
INTRODUÇÃO:
Ao rezar o Credo professamos com toda a
claridade os mistérios da Encarnação
(concepção e nascimento de Cristo) e da Páscoa
(paixão, crucificação, morte, sepultura, descida
aos infernos, ressurreição e ascensão); mas não
se explícita a vida oculta nem a vida pública. O
Evangelho, em troca, presta atenção - mais
brevemente - aos mistérios da infância e vida
oculta, desenvolvendo por extenso a vida
pública, na qual sobressai o que Jesus fez e
ensinou.
Mas o cristão há de imitar a vida de Jesus e é
importante conhece-la por inteiro; os trinta anos
que viveu em Belém, Egito e Nazaré e os três
anos que passou pregando o Reino de Deus; sua
doutrina, seus milagres, seu amor à humanidade
que o levou à paixão e morte, até ressuscitar e
subir aos céus.
IDÉIAS PRINCIPAIS:
1. A vida de Jesus, um ensinamento contínuo
Quem conhece bem a vida de Nosso Senhor
Jesus Cristo sabe que toda ela foi um
ensinamento contínuo: seu ocultamento, sua
obediência, seu trabalho, seus milagres, sua
oração, seu amor pelos homens, sua predileção
pelos mais pequenos e pelos pobres, a aceitação
total do sacrifício na cruz, para a salvação do
mundo, tudo o que fez.
2. O nascimento em Belém
Como tinham predito os profetas, Jesus nasceu
em Belém de Judá depois de séculos de
preparação. Deus enviava a seu Filho, nascido
homem das entranhas puríssimas da Santíssima
Virgem, para salvar a todos e mostrar-nos o
caminho que conduz ao céu. Nasceu em
estábulo humilde, de uma família pobre, dandose a conhecer a uns humildes pastores que
foram os primeiros em adora-lo. São lições de
humildade, de pobreza, de simplicidade... que
todos nós cristãos temos de aprender e seguir.
3. O grande acontecimento do Natal
O evangelho conta o nascimento de Jesus Cristo,
o Filho de Deus feito homem, com esta
simplicidade: "Aconteceu naqueles dias que saiu
um edito de César Augusto para que se
recenseasse todo o mundo (...). José subiu da
Galiléia, da cidade de Nazaré, à Judéia, à cidade
de Davi, que se chama Belém, por ser ele da
casa e da família de Davi, para recensear- se
com Maria, sua esposa, que estava grávida.
Estando ali, cumpriram- se os dias do parto, e
deu à luz a seu filho primogênito, e o envolveu
em panos e o depositou em um presépio, por não
ter lugar para eles na hospedaria" (Lucas 2,1-7).
Cada ano, no dia 25 de dezembro, celebramos o
Natal e os acontecimentos relacionados com ele:
a Sagrada Família (domingo depois do Natal), a
Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus (1 de
janeiro) e a Epifânia do Senhor (domingo mais
próximo a 6 de janeiro).
4. Os mistérios da infância de Jesus
Os grandes acontecimentos ou mistérios da
infância de Jesus são:
a) A Circuncisão, ao oitavo dia de seu
nascimento, como se fazia com os meninos
judeus; era uma cerimônia que prefigurava o
batismo.
b) A Epifânia, ou manifestação de Jesus como
Messias de Israel, que celebra a adoração dos
Reis Magos.
c) A Apresentação de Jesus no Templo. Em
cumprimento da lei de Deus, Maria e José
apresentaram Jesus no templo de Jerusalém,
quarenta dias depois do nascimento; a mãe neste caso a Virgem Maria - cumpria com a lei da
purificação. Maria não estava obrigada a isto, por
ser virgem e sem mancha do pecado, mas quis
submeter-se em tudo à Lei de Deus.
d) A fuga para o Egito e a matança dos
Inocentes. Desde o princípio Jesus foi
perseguido, e os cristãos de todos os tempos
sofrem também a perseguição e o martírio.
5. A vida oculta de Jesus
A maior parte de sua vida, Jesus viveu como a
imensa maioria dos homens: uma vida corrente
sem aparente importância, vida de trabalho, a
vida religiosa submetida à Lei de Deus, vida de
comunidade em sua cidade com os parentes,
amigos e conhecidos. O Evangelho diz que
Jesus obedecia a seus pais e progredia em
sabedoria, idade e graça perante Deus e perante
os homens. Só o acontecimento da perda e
encontro de Jesus no Templo, à idade de doze
anos, que narra São Lucas, quebra a aparente
monotonia da vida oculta, cheia, por outro lado
de sentido e ensinamentos.
6. O papel de São José
Sabemos que Jesus nasceu da Virgem Maria,
concebido por obra e graça do Espírito Santo.
Deus era seu Pai, mas quis que alguém fizesse
as vezes de pai, na terra. A pessoa escolhida foi
José, um homem justo da casa de Davi. José,
esposo virginal de Maria e pai legal de Jesus,
exerceu com Ela e com o Filho de Deus os
ofícios de esposo e pai, nesta terra. Com seu
trabalho de artesão na pequena cidade de
Nazaré proveu e cuidou da vida de Jesus e da
TEMA 12
23
de Jesus
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
A Vida Oculta
Virgem, ensinando a seu Filho seu ofício
profissional.
7. A santificação no trabalho de cada dia
Imitando o exemplo de Jesus Cristo - que passou
na terra trinta anos de vida oculta trabalhando -,
e também da Virgem e de São José, nós cristãos
nos santificamos na realidade ordinária do
próprio trabalho. Santificar- se com o trabalho
quer dizer buscar, encontrar e amar a Deus nas
coisas que fazemos, servindo assim aos demais.
Por isto, pode-se resumir a vida de um cristão
corrente dizendo que há de santificar o trabalho,
santificar-se no trabalho e santificar os outros
com o trabalho profissional. Para consegui-lo é
preciso fazer o próprio trabalho com esmero e
atenção, acabando até o último detalhe, e
impregnando-o de amor a Deus.
8. É preciso recorrer sempre à Sagrada
Família
Jesus, Maria e José formavam a admirável
família de Nazaré, a qual chamamos Sagrada
Família. Ao recorrer a José, Maria e Jesus,
devemos também aprender a imitar suas virtudes
e querer viver segundo o exemplo que nos
deram.
9. Propósitos de vida cristã
• Ler a vida oculta de Jesus, nos
Evangelhos, meditando-a.
• Ter sempre uma devoção muito profunda
à Sagrada Família de Nazaré, recorrendo
a ela nas necessidades.
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TEMA 13
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
de Jesus
A Vida Pública
INTRODUÇÃO:
Nós cristãos temos de meditar a história de
Cristo, desde seu nascimento até sua morte e
sua ressurreição. É necessário conhecer bem a
vida de Jesus, para que tenhamos tudo gravado
na mente e no coração, de modo que, em
qualquer momento possamos contempla-la. Se
fazemos assim, se não colocamos obstáculos, as
palavras de Cristo entrarão até o fundo da alma e
nos transformarão.
IDEIAS PRINCIPAIS:
1. Os mistérios da vida pública de Jesus
Dos muitos acontecimentos dos três anos de vida
pública de Jesus podem ser destacados o
batismo no Jordão, as tentações no deserto, a
pregação sobre o Reino de Deus, a
transfiguração no monte Tabor, a subida a
Jerusalém, sua entrada triunfal como Messias na
Cidade Santa e os mistérios finais da Paixão e
morte para redimir a humanidade.
Segundo a tradição, a transfiguração aconteceu
no monte Tabor.
6. A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém
Jesus sobe a Jerusalém voluntariamente,
disposto a morrer, pois sabia que ali iria
consumar-se - pelo sacrifício da cruz - a salvação
da humanidade. A entrada triunfal como Messias
em Jerusalém, que celebramos no Domingo de
Ramos, manifesta a vinda do Reino que o Rei
Messias - recebido em sua cidade pelas crianças
e pelos humildes de coração - vai levar a cabo
com sua morte e ressurreição.
7. Do Cenáculo à Cruz
Depois de ser batizado por João, Jesus dirigiu-se
ao deserto, para rezar, permitindo ser tentado
pelo diabo. As respostas ao tentador põem de
manifesto a identificação filial com o desígnio de
salvação querido por Deus, seu Pai. A Igreja
celebra a cada ano a quarentena de Jesus no
deserto, vencendo, para dar-nos o exemplo, com
sua penitência as tentações do diabo.
"Vendo Jesus que chegará a sua hora de passar
deste mundo ao Pai, tendo amado os seus que
estavam no mundo, amou-os até o fim" (João
13,1). Assim introduz São João o relato dos
últimos acontecimentos da vida do Senhor antes
de padecer; de fato, estes momentos revelam o
quanto sofreu e até que ponto nos amou. Enviou
a dois discípulos para que preparassem a
Páscoa, e Jesus com os Apóstolos se reuniram
em um salão que a tradição designa como o
Cenáculo.
Então, desafogou seu coração em um longo
discurso, que serve de marco à lavagem dos pés,
dando-lhes um exemplo de humildade e de
serviço; ao mandamento novo de amor, que lhes
confia; à instituição da Eucaristia e do sacerdócio
("Fazei isto em minha memória" João 22,19); à
promessa do Espírito Santo; à oração sacerdotal,
que abre a perspectiva da glória da cruz, onde se
restaura a glória do Pai e se abrem aos homens
as portas do céu.
Frente a tantos padecimentos - e não foi menor a
traição de Judas e as negações de Pedro - ,
Deus Pai glorificou a seu Filho com a
ressurreição e ascensão ao céu, onde está
sentado à direita do Pai.
4. A pregação sobre o Reino de Deus
8. Conhecer a vida de Jesus
Jesus veio ao mundo para pregar o Reino de
Deus e fundar a Igreja. Desta pregação são
especialmente significativos o Sermão da
Montanha e as parábolas, confirmando sua
missão com a santidade de vida e os milagres.
Desde o começo da vida pública, Jesus escolheu
doze Apóstolos para estar com Ele e associa-los
à sua missão.
Cada cristão deve conhecer e reproduzir em si
mesmo a vida de Jesus Cristo; muito lhe ajudará
o ler e o meditar a Sagrada Escritura, de onde
tirará contínuas lições para o seguimento de
Jesus, que nos marca o caminho da santidade na
vida ordinária da família e do trabalho.
2. O Batismo de Jesus no Jordão
Com o batismo começa a vida pública do Senhor.
O Precursor resiste a batiza-lo, mas Jesus insiste
e João Batista o batiza. Foi o momento da
manifestação de Jesus ante o povo de Israel
como o Messias prometido do Antigo Testamento
e como o Filho de Deus, igual ao Pai. O batismo
de Cristo nos recorda nosso batismo.
3. As tentações de Jesus no deserto
5. A transfiguração de Cristo no monte Tabor
A transfiguração de Cristo no monte Tabor Jesus
se transfigurou na presença de seus discípulos
prediletos: Pedro, Tiago e João, para fortalecer a
fé dos Apóstolos ante a proximidade da Paixão.
9. Propósitos de vida cristã
• Ler diariamente o Santo Evangelho,
meditando o que se leu por uns minutos.
• Jesus é nosso modelo: imitar a vida de
Cristo em nossas relações com as
pessoas.
TEMA 14
25
de Jesus
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
A Paixão e Morte
INTRODUÇÃO:
Entre os grandes mistérios do amor de Jesus
Cristo que os Evangelhos narram, o que mais
fortemente aparece é a sua Paixão, sua Morte e
Ressurreição. Os evangelistas vão nos contando
a traição de Judas, o julgamento iníquo ante os
tribunais, a flagelação e coroação de espinhos e
a sentença de morte. Com a cruz às costas, vai
Jesus a caminho do Calvário, onde é despojado
de suas vestes, cravado na cruz e colocado entre
ladrões. Depois de três horas de grandes dores e
agonia, Cristo morre. Descido da cruz e entregue
a sua Mãe, puseram Jesus no sepulcro.
Sacerdote que se ofereceu a si mesmo na cruz e
a Vítima deste mesmo sacrifício.
4. Para que Jesus se ofereceu na cruz?
Jesus Cristo se ofereceu na cruz principalmente
por quatro motivos:
• Para dar glória a Deus, seu Pai. O fim do
homem nesta terra é dar glória a Deus.
Jesus Cristo, representando toda a
humanidade, glorificou infinitamente a
Deus com sua paixão e morte.
• Para dar graças. Com sua paixão e
morte, Jesus Cristo deu graças a Deus
em nome de toda a humanidade.
IDEIAS PRINCIPAIS:
•
Para reparar a ofensa do pecado. Ao
1. Jesus Cristo é o Salvador
pecar, o homem se fez escravo do
Depois do pecado dos nossos primeiros pais,
pecado e com suas próprias forças não
Adão e Eva, o homem necessitava ser redimido.
poderia jamais se libertar desta
Deus, em seu infinito amor para com a
escravidão; tinha a alma manchada e não
humanidade, nos enviou seu Filho para que nos
poderia limpa-la. Com seu sacrifício,
salvasse de nossos pecados. Jesus Cristo é o
Jesus Cristo rompeu as cadeias do
Filho de Deus feito homem, que nos salvou. Ele e
pecado: seu sangue limpou a mancha
somente Ele é o Salvador, o Redentor da
que os pecados produzem na alma.
humanidade.
Jesus Cristo entregou sua vida por nós
2. Jesus Cristo oferece um sacrifício de valor
para que nós, morrendo ao pecado,
infinito
pudéssemos viver a vida da graça.
• Para pedir a Deus o que necessitamos.
Na Sagrada Escritura há uma cena comovedora:
Deus pede a Abraão que sacrifique a seu único
Jesus Cristo, oferecendo o sacrifício de
filho. Abraão obedece heroicamente e toma Isaac
sua vida, faz que Deus Pai escute
com um pouco de lenha, subindo a um monte
sempre o que lhe pedimos em seu nome.
para sacrifica-lo. Mas, uma vez provada a fé de
Por isto, quando Cristo nos ensinou como
Abraão, Deus não consentiu em que fosse Isaac
temos que pedir, nos disse: "Tudo o que
sacrificado (Gênesis, 22,1-13).
pedis a Deus em meu nome, vos será
O sacrifício de Isaac é figura da Paixão de Cristo,
concedido.... Pedi e recebereis" (João
com a diferença de que Deus não poupou a seu
16,23-24).
próprio Filho e o entregou à morte por nós. Jesus 5. A cruz na vida do cristão
aceitou a vontade do Pai por caridade e
O Evangelho nos ensina que o discípulo de
obediência. E como era o Filho de Deus,
Cristo tem que levar a cruz: "O que não toma sua
qualquer coisa que fizesse podia salvar-nos,
cruz e me segue, não pode ser meu
porque tudo o que fazia era de valor infinito. Se
discípulo" (Lucas 14,27). Jesus carregou a cruz
quis sofrer tanto, foi para demonstrar-nos o
às costas também para dar-nos exemplo e
quanto nos ama e fazer- nos compreender a
ensinar-nos a amar o sacrifício. Temos de amar
gravidade do pecado.
as coisas que nos custam, oferecendo- as a
3. O sacerdote Jesus Cristo oferece-se a si
Jesus, e buscar além disto estas coisas que nos
mesmo
custam, desejando identificar-nos com Ele. A cruz
No Antigo Testamento, os sacerdotes eram os
está presente não só nas igrejas, mas em muitos
encarregados de oferecer os sacrifícios a Deus;
outros lugares; é o símbolo dos cristãos, que
estes sacrifícios eram oferecidos por todo o povo: recorda a paixão e morte do Senhor.
umas vezes, frutos da terra (trigo, vinho, etc..), e
6. Propósitos de vida cristã
outras, animais. Jesus Cristo, sacerdote eterno,
• Ao ver um Crucifixo, agradecer a Jesus
não ofereceu coisas da terra ou animais, mas
que morreu para nos salvar.
ofereceu-se a si mesmo. Este é o sacrifício mais
perfeito de todos os que foram oferecidos sobre a
• Meditar com freqüência as 14 estações
face da terra, porque é o sacrifício do Filho de
da Via Sacra.
Deus feito homem. Jesus Cristo é, por sua vez, o
26
TEMA 15
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
de Jesus Cristo ao Céu
A Ressurreição e Ascensão
INTRODUÇÃO:
4. A Páscoa é o triunfo de Cristo
No Domingo de Páscoa o Senhor ressuscitou
como tinha predito, aparecendo a Maria
Madalena, aos Apóstolos e discípulos. Ainda que
a Sagrada Escritura não o diga, porque resulta
evidente, devemos supor que apareceu em
primeiro lugar a sua Mãe Santíssima.
A Ressurreição de Jesus Cristo é a festa das
festas, o centro ou ponto de referência de todas
as celebrações. É a Páscoa do Senhor, a
passagem do Senhor, o triunfo definitivo de Deus
entre os homens. Depois de passar quarenta
dias com seus discípulos, o Senhor subiu aos
céus, onde está sentado à direita do Pai. A Igreja
celebra este acontecimento na festa da Ascensão
do Senhor.
Durante a Semana Santa contemplamos grandes
mistérios de amor e de dor: a quinta-feira santa
está centrada no Mandamento novo de amor, na
instituição da Eucaristia e do sacerdócio; a sextafeira santa é a celebração da paixão e morte; o
sábado santo é o dia da expectativa, cheia de
recolhimento e esperança. Nesta impaciente
espera, a Igreja celebra a ressurreição durante a
noite do sábado ao domingo: a Vigília Pascal. É a
"noite sacratíssima", na qual se acende o círio
pascal, que simboliza a luz de Cristo; as leituras
bíblicas rememoram as grandes intervenções de
Deus com o homem, desde a criação até a
redenção; renovam-se as promessas do batismo.
O aleluia repetido três vezes, o som dos sinos e
os acordes do órgão, as luzes, as flores, tudo
irrompe como a vida nova de Cristo ressuscitado.
IDEIAS PRINCIPAIS:
1. A Páscoa é a festa mais importante do ano
A festa da Páscoa comemora o triunfo de Jesus
Cristo ressuscitado. A Igreja a celebra com tanta
solenidade, porque é o ponto alto da realização
de nossa Redenção, a confirmação da nossa fé.
Efetivamente, Jesus Cristo -com sua morte- nos
livrou do pecado e nos reconciliou com Deus, e
por sua ressurreição nos abriu as portas do céu.
A ressurreição de Jesus é o fundamento da
religião cristã, porque é o argumento principal da
divindade de Cristo e da verdade de nossa fé.
2. A ressurreição de Cristo é um fato histórico
A ressurreição de Cristo consiste em que sua
alma voltou a se unir ao mesmo corpo, saindo
vivo e vitorioso do sepulcro, para nunca mais
morrer. Ainda que o acontecimento em si não
tenha sido presenciado pelos homens, este
milagre é um fato histórico que muitas
testemunhas puderam comprovar porque, o que
antes tinha morrido, aos três dias apareceu- lhes
vivo e com seu mesmo corpo, agora glorificado.
Por sua vez, a ressurreição de Cristo transcende
a história porque este milagre -não presenciado
por homens- é objeto de nossa fé, atestado pelos
anjos, por Cristo e pela Escritura, sendo a
confirmação da divindade de Jesus e da verdade
de sua doutrina; além disso, sua força salvífica
abarca todos os homens e toda a história.
3. Jesus Cristo subiu ao céu e está sentado à
direita do Pai
Esta afirmação de nossa fé significa que Jesus
Cristo, transcorrido o tempo de sua vida na terra,
ascendeu vivo e glorioso ao céu, onde -enquanto
homem- compartilha o poder e a glória com o Pai
e o Espírito Santo.
5. Jesus Cristo vive e é o fundamento da vida
cristã
O círio pascal recorda que a luz do mundo é
Cristo, que morreu mas ressuscitou, e vive e
permanece conosco na Igreja e na Sagrada
Eucaristia. Assim como Cristo, que começou com
sua ressurreição uma vida nova, imortal e
gloriosa, assim também nós devemos ressuscitar
espiritualmente, renunciando para sempre ao
pecado e amando só a Deus e ao que nos leva a
Ele. A diferença fundamental que distingue A
Jesus Cristo dos fundadores de outras religiões é
que ninguém se proclamou Deus, Salvador do
mundo e centro de todos os corações, como Ele
o fez, apelando a seus milagres, sobretudo à
ressurreição, como garantia de suas palavras e
doutrina.
6. Cada domingo celebramos a ressurreição
de Jesus Cristo
Jesus Cristo morreu na cruz na sexta-feira santa
e ressuscitou no domingo da Páscoa da
Ressurreição. Por isto chamamos de domingo o
dia do Senhor: porque neste dia, o Senhor
ressuscitou. Mas é tão grande o milagre da
ressurreição que não só celebramos este dia,
mas todos os domingos do ano. Cada domingo
nós cristãos vamos à Missa para celebrar a
morte e a ressurreição de Jesus Cristo.
7. Propósitos de vida cristã
• Fazer muitas vezes ao dia, atos de fé na
ressurreição de Cristo e de sua presença
entre nós, especialmente na Sagrada
Eucaristia.
• Viver o domingo como a celebração da
ressurreição de Jesus Cristo.
TEMA 16
27
os Vivos e os Mortos
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Jesus Cristo Voltará Para Julgar
INTRODUÇÃO:
Quando rezamos o Símbolo dos Apóstolos
(Credo), dizemos sobre Jesus Cristo:
"Creio ... em Jesus Cristo, Nosso Senhor, que foi
concebido pelo poder do Espírito Santo; nasceu
da Virgem Maria, padeceu sob Pôncio Pilatos, foi
crucificado, morto e sepultado; desceu à mansão
dos mortos, ressuscitou ao terceiro dia; subiu aos
céus, está sentado à direita de Deus Pai todo
poderoso, donde há de vir a julgar os vivos e os
mortos".
Depois de estudar em temas anteriores os
grandes mistérios da Encarnação e da
Redenção, vamos nos deter no artigo que
professa a segunda vinda de Cristo, pois Ele "há
de vir a julgar os vivos e os mortos". Quando
Jesus Cristo vier "em sua glória e acompanhado
de todos os anjos..., serão reunidas todas as
gentes, e separará uns dos outros, como o pastor
separa as ovelhas dos cabritos, e porá as
ovelhas a sua direita, os cabritos, por sua vez, à
sua esquerda... Estes irão ao suplício eterno; os
justos, em troca, à vida eterna" (Mateus 25,
31.32. 46).
IDEIAS PRINCIPAIS:
1. Juízo particular e juízo final
Além do juízo particular, que acontece
imediatamente depois da morte, a fé da Igreja diz
que no fim do mundo será julgada toda a
humanidade. Este segundo juízo será de todos e
na presença de todos os homens, ao final dos
tempos, e por isto é chamado de juízo final ou
juízo universal.
2. Sentido do juízo final
O juízo final não mudará em nada a sentença
estabelecida no juízo particular, mas servirá para
que resplandeça a sabedoria e a justiça divina,
para prêmio dos bons e castigo dos maus,
também em relação ao corpo. Perante Cristo,
que é a Verdade, será revelada definitivamente a
verdade em relação a cada homem com Deus. O
juízo final revelará até suas ultimas
conseqüências o que cada um fez -bom ou malou tenha deixado de fazer durante sua vida
terrena.
3. A segunda vinda de Cristo
O juízo final acontecerá quando voltar Cristo
glorioso. O Senhor Jesus, como profetizou aos
Apóstolos, virá com grande poder e majestade,
rodeado de todos os anjos, como Juiz supremo.
Só Deus Pai conhece o dia e a hora deste
acontecimento; só Ele decidirá sua chegada.
Então, Deus Pai pronunciará, por meio de seu
Filho Jesus Cristo, sua palavra definitiva sobre
toda a História. Nós conheceremos então o
sentido último de toda a obra da Criação e da
Redenção. Compreenderemos os caminhos
admiráveis pelos quais a Providência de Deus
terá conduzido todas as coisas a seu fim último.
O juízo final revelará que a justiça de Deus
triunfa sobre todas as injustiças cometidas por
suas criaturas e que seu amor é mais forte que a
morte.
4. A esperança dos "novos céus e da nova
terra"
Ao final dos tempos, o Reino de Deus chegará à
sua plenitude, e os justos reinarão para sempre
com Cristo, glorificados em corpo e alma. E o
universo material -o cosmos inteiro- será
transformado. A Sagrada escritura chama "novos
céus e nova terra" a esta renovação misteriosa,
que transformará a humanidade e o mundo. Não
sabemos como será, mas neste universo novo
que São João chama nova Jerusalém, Deus terá
sua morada entre os homens. "E enxugará toda
lagrima de seus olhos, e não haverá já a morte
nem existirá pranto, nem gritos, nem fadigas,
porque o mundo velho passou" (Apocalipse
21,4).
5. Preparar-nos para o encontro definitivo
com Deus
Quando o Concílio Vaticano II fala destas
verdades tremendas, demonstra que a espera de
uma terra nova "não deve debilitar, mas sim
avivar, a preocupação de cultivar esta terra". E
que "todos estes frutos bons de nossa natureza e
de nossa diligência, depois de tê-los propagado
pela terra no Espírito do Senhor e segundo seu
mandato, os encontraremos depois de novo,
limpos de toda a mancha, iluminados e
transfigurados, quando Cristo entregar ao Pai o
reino eterno e universal". Deus será então "tudo
em todos" na vida eterna (cfr. Lumen Gentium,
48).
6. Propósitos de vida cristã
• Pensar sempre que um dia, nossas
ações ficarão patentes, descobertas
diante de todos os homens. Procurar
fazer as coisas sempre com retidão de
intenção.
• Viver sempre em estado de graça, para
receber a Jesus com a alma bem
disposta.
28
TEMA 17
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Espírito Santo
Creio no
INTRODUÇÃO:
3. O Espírito Santo nos santifica
Depois de afirmar no Credo a nossa fé em Deus
Pai e em Deus Filho -Nosso Senhor Jesus
Cristo-, confessamos também a fé no Espírito
Santo. O Espírito Santo -terceira pessoa da
Santíssima Trindade- é Deus. Para muitos, o
Espírito Santo é o Grande Desconhecido, ainda
que, como diz São Paulo, o cristão seja templo
do Espírito Santo. Desde o mesmo momento do
Batismo, Ele está em nossa alma em graça,
santificando-a e adornando-a com seus dons. Se
não o expulsamos por meio do pecado mortal,
Ele nos inspira e nos assiste, guiando-nos até o
céu. É o Paráclito, ou Consolador, o "doce
hóspede da alma". Este é o grande dom que
Jesus Cristo, tinha prometido aos apóstolos na
última ceia: "É conveniente para vós que eu me
vá. Pois, se não fosse assim, o Paráclito (o
Espírito Santo) não viria a vós; mas, se eu me
for, eu o enviarei a vós" (João 16,7). E,
efetivamente, no dia de Pentecostes, eles
receberam o Espírito Santo. Ao estudar este
tema, temos de pedir ao Espírito Santo que nos
ajude a entender sua misteriosa ação na Igreja e
em nossa alma.
Dissemos que há um só e único Deus; portanto,
todas as coisas que Deus faz, são feitas pelas
três Pessoas divinas. Sem dúvida, umas coisas
são atribuídas ao Pai, outras ao Filho e outras ao
Espírito Santo. Assim, umas vezes dizemos que
Deus Pai é o criador do mundo, porque é obra
onipotência divina e o poder que se atribui ao
Pai, ainda que o mundo foi também criado pelo
Filho e pelo Espírito Santo. Se considerarmos a
Redenção, sua realização foi obra do Filho,
Verbo Encarnado. Ao Espírito Santo que procede
do amor do Pai e do Filho, se apropria
particularmente a santificação dos homens, ainda
que a santificação é obra de toda a Trindade.
IDEIAS PRINCIPAIS:
1. O Espírito Santo, terceira pessoa da
Santíssima Trindade
4. O Espírito Santo e a Igreja
Tal como Cristo tinha prometido, no dia de
Pentecostes -dez dias depois da ascensão ao
céu e cinqüenta dias depois de sua ressurreiçãoo Espírito Santo desceu sobre os Apóstolos e
discípulos que estavam reunidos no Cenáculo
com a Santíssima Virgem. Com a vinda do
Espírito Santo, a Igreja se abria às nações. O
Espírito Santo, que Cristo derrama sobre seus
membros, constrói, anima e santifica a Igreja.
5. O Espírito Santo santifica principalmente
pelos sacramentos
A santificação que o Espírito Santo realiza em
nós consiste em nos unir cada vez mais com
Deus; mas, para que tal objetivo seja alcançado,
temos de deixa-lo atuar em nossa alma. De que
maneira?
• Vivendo sempre na graça de Deus:
então, somos templos do Espírito Santo,
como diz São Paulo, que está em nossa
alma e nos vai santificando.
• Por isto, é preciso receber os
sacramentos, especialmente a Penitência
e a Eucaristia. Com a Penitência,
recuperamos a graça santificante - se a
tivermos perdido, pelo pecado grave -, e
além disso, ela nos fortalece. Com a
2. Deus Pai, Filho e Espírito Santo realizam a
Eucaristia, a alma se alimenta, e se
salvação
desenvolve a vida sobrenatural (graça,
Sabemos que Jesus Cristo, a segunda pessoa da
virtudes e dons do Espírito Santo).
Santíssima Trindade, se fez homem e morreu por
• Além disso é preciso escutar o que Ele
nós. Com sua vida, morte e ressurreição, nos
nos diz: o Espírito Santo ensina por meio
fomos salvos. Mas em nossa salvação intervém
dos Pastores da Igreja e inspira
as três Pessoas divinas: o Pai que enviou seu
interiormente o que Deus quer e espera
Filho; o Filho que morreu por nós; o Espírito
de nós. Quando somos dóceis a suas
Santo, que veio no dia de Pentecostes para ser
inspirações, somos melhores e nos
como que a alma da Igreja e habitar em cada um
santificamos.
de nós.
A verdade fundamental de nossa fé cristã é o
mistério da Santíssima Trindade. Este mistério que, por sermos nós limitados, não podemos
nunca compreender- nos ensina que em Deus
existem três Pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito
Santo. As três pessoas são Deus, são eternas,
onipotentes, mas há um só e único Deus. O
Espírito Santo é a terceira pessoa da Santíssima
Trindade e professamos a sua divindade quando
rezamos, no Credo: "Creio no Espírito Santo,
Senhor e fonte de vida, que procede do Pai e do
Filho, e que com o Pai e o Filho recebe a mesma
adoração e a mesma glória". Cremos pois, em
Deus Espírito Santo.
TEMA 17
29
Espírito Santo
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Creio no
6. É preciso relacionar-se com o Espírito
Santo
Sabemos que o Espírito Santo é o "doce
hóspede da alma", que está em nós quando
vivemos em estado de graça. Da mesma maneira
que tratamos ao Pai e a Jesus Cristo, temos de
nos acostumar a falar com o Espírito Santo,
nosso santificador. Ao Espírito Santo temos de
pedir, de modo especial, seus sete dons, tão
necessários para viver de verdade como cristãos:
• O dom da sabedoria, que nos faz
saborear as coisas de Deus.
• O dom do entendimento, que nos ajuda a
entender melhor as verdades da nossa
fé.
• O dom do conselho, que nos ajuda a
saber o que Deus quer de nós e dos
demais.
• O dom da fortaleza, que nos dá forças e
valor para fazer as coisas que Deus quer.
• O dom da ciência, que nos ensina quais
são as coisas que nos ajudam a
caminhar para Deus.
• O dom da piedade, com o qual amamos
mais e melhor a Deus e ao próximo.
• O dom do temor de Deus, que nos ajuda
a não ofender a Deus, quando fraqueje o
nosso amor.
7. Algumas orações dirigidas ao Espírito
Santo
• Glória ao Pai, e ao Filho e ao Espírito
Santo.
• Em nome do Pai, e do Filho e do Espírito
Santo.
• Vem, Espírito Santo, enchei os corações
dos vossos fiéis, e acendei neles o fogo
do vosso amor.
• Vem, Espírito Santo, e envia desde o céu
um raio de tua luz.
8. Propósitos de vida cristã
• Considerar que, quando se está em
estado de graça, o Espírito Santo habita
na alma como em um templo; fazer
propósito de viver sempre na graça de
Deus.
• Repetir, especialmente perto da Festa de
Pentecostes, algumas orações dirigidas
ao Espírito Santo.
30
TEMA 18
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Fundou a Igreja
Jesus Cristo
INTRODUÇÃO:
Ensina o Concílio Vaticano II que, "sendo Cristo a
luz das gentes..., deseja ardentemente iluminar a
todos os homens (...) luz esta que resplandece
sobre o rosto da Igreja, anunciando o Evangelho
a todas as criaturas" (Lumem Gentium, 1). Fica
claro, pois, que a Igreja depende inteiramente de
Cristo, como a luz da lua depende do influxo do
sol. Já dizia Santo Agostinho que a Igreja é Cristo
entre nós: suas mãos continuam a nos curar (os
sacramentos da Igreja), sua boca continua a nos
falar (a doutrina santa que a Igreja prega). A
Igreja continua a missão de Cristo, e foi para isso
que Ele a fundou. Quando professamos a fé, no
Símbolo, dizemos: " Creio na Igreja, Una, Santa,
Católica e Apostólica". Ela é a Mãe que cuida de
nós com os sacramentos e com a doutrina de
Jesus Cristo, conduzindo- nos para o céu.
salvação de toda a humanidade, e a última pedra
desta construção magnífica foi a vinda do
Espírito Santo, que enviou desde o céu, no dia
de Pentecostes.
4. O mistério da Igreja
Podemos dizer que Cristo edificou sua Igreja
dotando-a de características especiais, pelas
quais é distinta das demais sociedades que
conhecemos. A Igreja é humana e divina ao
mesmo tempo, visível e invisível. Também é
hierárquica e carismática, ainda que os carismas
estejam subordinados à hierarquia, que governa
em nome de Cristo, sob a ação do Espírito
Santo, doador dos carismas.
5. Cristo fundou uma única Igreja e a Igreja
Católica é esta verdadeira Igreja
Cristo fundou uma única Igreja; Ele falou de um
só rebanho e um só pastor. A verdadeira Igreja
fundada por Cristo é UNA, SANTA,. CATÓLICA e
1. Jesus Cristo fundou a Igreja para continuar APOSTÓLICA, como dizemos no Credo.
sua obra na terra
• É UNA, porque tem um só pastor visível,
Jesus Cristo veio à terra para nos remir e nos
o Papa, uma mesma fé e os mesmos
salvar, mas tinha que voltar ao Pai. Como a
sacramentos.
Redenção que Ele tinha conseguido para nós
• É SANTA, porque Santíssimo é seu
tinha necessidade de chegar a toda a
fundador, Jesus Cristo, santa a sua
humanidade, Cristo funda a Igreja com a missão
Doutrina e santos os Meios para nos
de continuar na terra o plano divino da salvação,
fazer santos (os sacramentos). Ainda
sua obra salvadora. A Igreja, portanto, não é
mais, sempre existiram e sempre
invenção humana, mas algo querido
existirão santos na Igreja.
expressamente por Deus.
• É CATÓLICA, que significa universal,
2. O que é a Igreja
porque chama a todos a seu seio e está
A palavra igreja significa "convocação", termo
estendida por toda a parte. Durará até o
muito próprio porque a Igreja é o novo povo de
fim do mundo e em todos os lugares é a
Deus convocado pela Palavra e constituído pela
mesma: o mesmo Papa, o mesmo Credo,
graça que nos é dada pelos sacramentos,
os mesmos Sacramentos.
fundado por Jesus Cristo e regido pelo Papa e
• É APOSTÓLICA, porque está
pelos bispos, que conduzem os fiéis cristãos à
fundamentada (alicerçada) sobre os
salvação sob a ação do Espírito Santo. Na
Apóstolos e ensina a doutrina que eles
Sagrada Escritura encontramos outras
ensinaram. O Papa e os bispos são os
expressões que equivalem ao termo Igreja: Reino
legítimos sucessores de Pedro e dos
de Deus, Novo Povo de Deus, Corpo de Cristo,...
demais Apóstolos. A Igreja de Jesus
Começamos a fazer parte da Igreja no dia de
Cristo é hoje a Igreja Católica, porque só
nosso Batismo, que nos faz discípulos de Cristo,
nela cumprem-se estas quatro
como aqueles que seguiam ao Senhor.
propriedades e é a única que possui
3. A fundação da Igreja
todos os meios de salvação que Cristo
O Evangelho narra os passos sucessivos com os
quis dar à sua Igreja.
que Cristo fundou "sua Igreja". Começou
6. Amar a Cristo é amar a sua Igreja
pregando o Reino de Deus, escolheu logo os
doze Apóstolos aos quais deu poderes especiais, Diz São Cipriano que "não pode ter a Deus por
Pai quem não tem a Igreja como Mãe". Depois de
e a um deles -Pedro- o designou seu vigário na
saber um pouco mais o que é a Igreja,
terra, entregando-lhe o poder supremo sobre
entendemos ser um grande erro aceitar a Cristo
toda a Igreja. Fez muitos milagres para
demonstrar que -com Ele- tinha chegado o Reino e recusar a Igreja, Seria uma atitude
contraditória, porque Jesus Cristo a instituiu para
de Deus. Com sua morte na cruz conseguiu a
IDEIAS PRINCIPAIS:
TEMA 18
31
Fundou a Igreja
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Jesus Cristo
pregar sua doutrina e administrar a graça aos
homens, como instrumento de salvação.
7. Deveres que temos para com a Igreja
Que presente maior poderia ter-nos dado o
Senhor do que este: ser membros de sua Igreja?
Por isto, com agradecimento e amor, devemos
dizer sempre: " Creio na Igreja, Una, Santa,
Católica e Apostólica". Os deveres para com
nossa Mãe, a Igreja são:
• Crer no que a Igreja nos ensina;
•
Cumprir o que nos manda;
•
Ama-la de verdade, sentindo-nos felizes
e honrados de pertencermos a ela;
•
Rezar por seus pastores: o Papa, os
bispos, os sacerdotes e todos os irmãos
•
Ajuda-la em suas necessidades, segundo
nossas possibilidades.
8. Propósitos de vida cristã
• Dar muitas graças a Deus pela Igreja.
•
Meditar esta frase de São Cipriano,
tirando muitas conseqüências práticas
para nossa vida: "Não pode ter a Deus
por Pai, quem não tem a Igreja por Mãe".
32
TEMA 19
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
dos Santos
A Comunhão
INTRODUÇÃO:
4. A comunicação de bens na Igreja
Depois de professar a fé na "Santa Igreja
Católica", o Símbolo dos Apóstolos continua
dizendo : "Creio na Comunhão dos Santos",
artigo que, em certo modo, explícita o anterior: "O
que é a Igreja, senão a assembléia dos santos?",
afirma um autor antigo. A Igreja é o Corpo de
Cristo, no qual se integram os fiéis da terra, os
que estão no purgatório e os santos do céu; e
entre os três grupos existe uma comunhão de
vida, igual àquela da família de cada membro
que a compõe, comunhão de afeto e ajuda. Esta
comunhão de vida e de bens sobrenaturais, que
intercomunica os membros da Igreja com a
Cabeça, que é Cristo e entre si, é o que se
chama de Comunhão dos Santos.
A vida do Corpo de Cristo, pois, é a graça, com
tudo o que comporta a vida sobrenatural que os
membros recebem da Cabeça, estabelecendo-se
uma estreita relação da Cabeça com os
membros e dos membros entre si. Cristo infunde
seus dons - o sentido da fé e o impulso da
caridade -, e os fiéis adoram e louvam; os bem
aventurados do céu nos ajudam a nós que
estamos na terra e aos que estão no purgatório,
e nós invocamos a intercessão dos santos, que
já estão no céu; os fiéis da terra nos ajudamos
mutuamente e socorremos com sufrágios às
almas do purgatório, que, por sua vez,
intercedem também por nós. Na Igreja sucede,
pois, algo parecido a uma transfusão de sangue.
A graça de Cristo, os méritos da Santíssima
Virgem e dos santos ajudam-nos, como uma
transfusão de sangue ajuda a vida do corpo.
Assim, nossas orações e as boas obras são
como o sangue bom que damos aos outros: a
nossos pais e irmãos, aos amigos, aos demais
homens e também às benditas almas do
purgatório. E as boas obras dos outros membros
da Igreja nos ajudam e fazem bem às nossas
almas.
IDEIAS PRINCIPAIS:
1. Pelo batismo, começa-se a fazer parte do
corpo da Igreja
Ao receber o batismo nos incorporamos à Igreja,
que é o Corpo Místico de Cristo; por isso se diz
que, pelo batismo, começamos a fazer parte do
Corpo de Cristo. Ao receber a graça do
sacramento, nos unimos a Cristo, que é a
Cabeça deste corpo, e começamos a ser
membros vivos. Se perdemos a graça, nos
separamos da Cabeça, e nos tornamos membros
mortos. É como se uma mão, que está viva por
estar unida ao corpo e à cabeça, se separa do
corpo; a mão se corromperia, morreria e não
serviria para nada. Em conseqüência, temos de
nos esforçar por viver sempre em graça.
2. Cada membro está unido aos demais
membros
Sabemos muito bem que no corpo humano,
quando o sangue limpo e bom chega a todos os
membros, esse sangue faz com que os membros
estejam vivos e se comuniquem uns com os
outros. No Corpo Místico de Cristo há algo que é
como o sangue, e a graça e os dons que Deus
nos dá estabelecem uma comunhão de vida
sobrenatural dos membros com a Cabeça e dos
membros entre si.
3. A união entre os santos do céu, as almas
do purgatório e os fiéis da terra
A Igreja é formada não só por nós que pelo
batismo a ela pertencemos e estamos na terra
(Igreja militante) mas também os santos que
estão no céu (Igreja triunfante) e os que estão
purificando sua alma no purgatório, antes de
entrar no céu (Igreja padecente). Os três estados
da única Igreja estão unidos porque a única
Cabeça é Cristo e a vida que anima a todos é a
graça.
5. Como viver a comunhão dos santos
A comunhão dos santos é uma realidade tão
fecunda e consoladora, tão importante para a
vida e a santidade da Igreja, que não podemos
perder as oportunidades em vive-la, lutando por
ser melhores e ajudar aos demais. A melhor
maneira de viver a comunhão dos santos é
receber os sacramentos, já que pela graça que
nos outorgam nos unimos, cada vez mais, a
Deus que é o Santo por excelência. Outro modo
é o de invocar a Santíssima Virgem e os santos,
para que nos obtenham de Deus muitas graças.
Nós podemos ajudar a Igreja padecente
oferecendo a Missa, trabalho e orações, pelas
almas que estão no purgatório e desejam gozar o
quanto antes de Deus, no céu. E da mesma
maneira podemos ajudar a Igreja militante,
oferecendo coisas durante o dia para que Deus
lhes ajude.
6. Propósitos de vida cristã
• Um modo de viver a comunhão dos
santos, é encomendar na Missa às
benditas almas do Purgatório.
• Quando um cristão se esforça por portarse coerentemente, ajuda aos demais
membros da Igreja. Esta
responsabilidade deve animar-nos a viver
cada dia melhor a própria vida cristã.
TEMA 20
33
dos Pecados
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Creio no Perdão
INTRODUÇÃO:
O mistério glorioso da ressurreição de Jesus traz
ao mundo o presente excepcional da paz - a
saudação do ressuscitado a seus discípulos -, e
o perdão dos pecados que Cristo anuncia e
outorga aos Apóstolos no mesmo dia da
ressurreição. São como as duas faces da mesma
moeda: o perdão que gera a paz e a paz que
brota do perdão dos pecados. O perdão dos
pecados marca a missão de Cristo no mundo,
pois como diz São Paulo: "se entregou por
nossos pecados e ressuscitou por nossa
justificação" (Romanos 4,25), com o resultado da
paz que nos consegue, porque "Ele é a nossa
paz" (Efésios 2,14). Jesus significa Salvador:
vem salvar o povo de seus pecados. Em
consonância com esta missão, o Senhor tinha
exercido sua misericórdia com os pecadores,
mas era imprescindível que tal poder se
concedesse aos homens. Por isso quis
comunica-lo a sua Igreja, e na aparição da tarde
da ressurreição disse aos Apóstolos: "Recebei o
Espírito Santo: a quem perdoardes os pecados,
ficarão perdoados" (João 20,23). Na Igreja,
portanto, existe o perdão dos pecados em virtude
de uma condescendência infinita de Deus para
com a humanidade.
IDEIAS PRINCIPAIS:
1. Somos pecadores
O homem nasce com o pecado original, herdado
dos primeiros pais, Adão e Eva. Ainda mais, ao
largo da vida, todos pecamos: ofendemos a Deus
porque não cumprimos o que Ele nos pede;
ofendemos também a nossos irmãos e, com isso,
ofendemos a Deus. O ser humano tem uma
grande necessidade do perdão de Deus.
2. Cristo perdoava os pecados
Enquanto Jesus Cristo esteve na terra, perdoava
os pecados daqueles que se arrependiam. No
Evangelho se destaca este poder de Cristo, que
podia exerce-lo por ser verdadeiro Deus, além de
homem verdadeiro. "Tem confiança, filho, teus
pecados te são perdoados" (Mateus 9,2), diz ao
paralítico. E à mulher pecadora, que se
apresenta na casa de Simão, lhe diz: "Teus
pecados ficam perdoados" (Lucas 7,48).
3. Cristo entrega o poder de perdoar os
pecados à Igreja
Quando na tarde da ressurreição Cristo dá o
Espírito Santo a seus Apóstolos, lhes deu
justamente o poder de perdoar os pecados:
"Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem
perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados;
aqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão
retidos" (João 20,22-23). A Igreja exerce este
poder sobretudo no batismo e na penitência.
4. Há um só batismo para o perdão dos
pecados
No momento da ascensão ao céu, Jesus disse a
seus Apóstolos: "Ide pelo mundo inteiro e pregai
o Evangelho a toda a criatura. Quem crer e for
batizado, será salvo; quem não crer, será
condenado" (Marcos 16,15-16). Cristo quis
vincular o perdão dos pecados à fé e ao batismo.
O batismo é o primeiro sacramento que perdoa
os pecados e os apaga completamente, ainda
que não livre o ser humano da debilidade de sua
natureza nem da concupiscência.
5. O sacramento da penitência
Sendo tão radical o efeito do batismo, caberia
pensar em uma posterior inocência definitiva;
porém, a liberdade do ser humano é frágil e fazse necessário o perdão. Cristo conhecia nossa
condição e dispôs outro meio de reconciliação
para os que tiverem caído depois do batismo: o
sacramento da penitência que nos reconcilia com
Deus e com a Igreja.
6. A Igreja pode perdoar os pecados, em
nome de Jesus
Não há nenhum pecado, por grave que seja, que
a Igreja não possa perdoar. Cristo nos remiu do
pecado oferecendo sua vida pela humanidade e
quis que na Igreja estivessem abertas as portas
do perdão a quem se arrepende de seus
pecados. Na Igreja, o poder de perdoar os
pecados pelo sacramento da penitência,
possuem unicamente os que receberam a
potestade sacerdotal no Sacramento da Ordem,
a saber: os bispos e os presbíteros (os padres).
7. Temos de agradecer este dom de Cristo a
sua Igreja
Que fácil fica dar graças a Deus por ter dado a
sua Igreja o poder de perdoar os pecados! Santo
Agostinho dizia: "Se na Igreja não houvesse
remissão dos pecados, não existiria nenhuma
esperança, nenhuma expectativa de uma vida
eterna e de uma libertação eterna. Demos graças
a Deus que deu à Igreja semelhante dom".
8. Propósitos de vida cristã
• Buscar com freqüência, e bem
arrependidos, o sacramento da
penitência.
• Dar muitas graças a Deus pelo imenso
dom de Cristo a sua Igreja: a missão e o
poder de perdoar verdadeiramente os
pecados.
34
TEMA 21
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
da Carne
Creio na Ressurreição
INTRODUÇÃO:
O Símbolo da fé cristã acaba proclamando a
"ressurreição da carne", no final dos tempos, e "a
vida eterna". O cristão crê firmemente -e esperaque assim como Cristo ressuscitou de verdade
dentre os mortos e vive para sempre, assim os
justos -depois de sua morte -viverão para sempre
com Cristo ressuscitado; e Ele os ressuscitará no
último dia. Crer na ressurreição da carne tem
sido, pois, desde o começo, um elemento
essencial da fé cristã. Já no século III escreve
Tertuliano: "A ressurreição dos mortos é
esperança dos cristãos; somos cristãos por crer
nela". E São Paulo pergunta aos cristãos de
Corinto: "E como andam dizendo alguns dentre
vós que não há ressurreição dos mortos? Se não
há ressurreição dos mortos, também Cristo não
ressuscitou. E se Cristo não ressuscitou, vã é a
nossa pregação, vã também é a nossa fé... Mas,
não! Cristo ressuscitou dentre os mortos como
primícias dos que adormeceram" (1 Coríntios
15,12-14.20).
IDEIAS PRINCIPAIS:
1. Todos morreremos
Todo ser humano sabe que um dia morrerá, e a
experiência da morte que a todos afeta, é
completamente certa e segura. Diariamente
morrem muitas pessoas, com freqüência,
pessoas próximas a nós: familiares, amigos,
conhecidos; morrem ricos e pobres, gente
famosa e gente desconhecida, anciãos, jovens e
também crianças. E é preciso considerar que só
se vive e se morre uma vez; é fantasia -e um erro
-pensar na reencarnação depois da morte. A
morte é a separação da alma e do corpo; o final
da vida terrena. Poucas horas depois da morte, o
corpo começa a corromper-se.
2. A morte é conseqüência do pecado
Recolhendo as afirmações da Sagrada Escritura,
a Igreja ensina que a morte entrou no mundo por
causa do pecado. O homem é por natureza
mortal, mas Deus tinha corrigido esta falha da
constituição humana com um privilégio que o
livrava da morte, se fosse fiel a seu Criador.
Portanto, a morte foi contrária aos desígnios de
Deus criador, e entrou no mundo como
conseqüência do pecado dos primeiros pais,
Adão e Eva.
3. A morte foi transformada por Cristo
Graças a Cristo, a morte cristã tem um sentido
positivo. Jesus, o Filho de Deus, sofreu também
a morte, própria da condição humana, mas a
assumiu em um ato de submissão total e livre à
vontade do Pai. A obediência de Jesus
transformou a maldição da morte em benção. Por
sua morte, Cristo venceu a morte, abrindo assim
a todos os homens a possibilidade de salvação.
A visão cristã da morte se expressa de modo
privilegiado na liturgia da Igreja, quando diz: "A
vida dos que em Ti cremos, Senhor, não termina:
transforma-se; e ao desfazer-se nossa morada
terrena, nos é dada nos céus uma mansão
eterna" (Prefácio da Missa dos Mortos).
4. Após a morte
No instante da morte, a alma se separa do corpo
-a alma não morre, é imortal -e comparece
imediatamente diante de Deus para ser julgada.
Segundo a sentença do juízo, a alma vai ao céu,
para gozar eternamente de Deus -vai ao
Purgatório, se necessita purificar-se, -ou ao
inferno, no caso de que o ser humano morra em
pecado mortal e sem a graça de Deus. O Senhor
é misericordioso, mas também justo; e por isso
dá o premio ou castiga conforme as obras que o
ser humano tenha realizado em sua vida na terra.
Depois da morte já não se pode mais merecer,
nem retificar o destino final. O juízo, que
acontece no mesmo momento da morte, é o juízo
particular. O juiz será Jesus Cristo.
5. Os mortos ressuscitarão no final dos
tempos
Como dissemos, o cristão crê firmemente que,
assim como Cristo ressuscitou, também nós
ressuscitaremos no fim do mundo: nosso corpo,
transformado, ressuscitará para unir-se com a
alma e nunca mais morrer. Ressuscitarão todos
os seres humanos, mas não terão todos o
mesmo destino: os bons ressuscitarão para a
glória eterna e os maus para a eterna
condenação.
6. Preparar-nos bem para o momento da
morte
O Senhor, -no Evangelho- nos avisa destas
tremendas verdades da vida e da morte, para
que estejamos preparados quando nos pedir
contas no momento do juízo. Posto que a morte
vem como um ladrão -sem avisar-, devemos
estar preparados. Como?
• Pedir freqüentemente perdão ao Senhor.
Ao dar-nos conta de que agimos mal,
devemos fazer um ato de contrição, ao
menos com uma pequena oração
(jaculatória) que brote do coração
sinceramente arrependido.
• Fazer todos dias o exame de
consciência. O exame de consciência é
como um juízo que fazemos a nós
mesmos para ver se cumprimos a
TEMA 21
35
da Carne
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Creio na Ressurreição
vontade de Deus. Trata-se de recordar
brevemente, as coisas que fizemos ou
deixamos de fazer durante o dia. Ao
descobrir coisas que fizemos bem,
damos graças a Deus; ao ver o que
fizemos mal, pedimos perdão com dor de
amor e fazemos um propósito firme de
retificar no dia seguinte. Este exame nos
ajuda a estar sempre preparados para
nosso encontro com Jesus Cristo e para
melhorar nossa vida cristã.
•
Confessar-se com freqüência. No
sacramento da confissão, pedimos
perdão e o Senhor perdoa nossos
pecados. Uma boa confissão é a melhor
maneira de prepararmos o juízo de Deus.
Se morrêssemos depois de ter
confessado bem e estando na graça de
Deus, o juízo será o gozo do Pai celeste
que nos premiará e a alegria nossa por
ter alcançado o céu, com a sua
misericórdia.
7. Propósitos de vida cristã
• Procurar fazer antes de deitar o exame
de consciência, revisando brevemente o
que se fez de bem e de mal durante o
dia. Fazer um ato de contrição e tirar
propósitos para melhorar no dia seguinte.
• Pensar que Deus vai nos julgar ao final
da vida e que, sendo Pai misericordioso,
é também justo.
36
TEMA 22
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Vida Eterna
Creio na
INTRODUÇÃO:
A morte abre a porta para a "vida eterna", e a
vida eterna -último artigo do Credo- é a meta do
ser humano, sabendo pela Revelação que a vida
"não termina, mas se transforma"; de modo que
os que crêem em Cristo podem adquirir uma
mansão eterna no céu. Viveremos eternamente!
Este é o destino definitivo de nossa existência.
Mas o destino real é correspondente com o uso
da liberdade e, portanto, se vivermos com
fidelidade a Deus, se alcançará o céu; mas se
dermos as costas a Deus e se morre em pecado
mortal, o destino será o inferno. Há uma situação
provisória, que é aquela quando o ser humano
morre na graça, mas não terminou ainda de
purificar-se, e deve faze-lo no purgatório.
com todos aqueles que foram fiéis a Deus,
muitos dos quais chegamos a conhecer nesta
terra.
3. A purificação final, ou Purgatório
Os que morrem na graça e amizade de Deus,
mas imperfeitamente purificados, Ainda que
estejam seguros de sua eterna salvação, sofrem
depois da morte uma purificação a fim de obter a
santidade necessária para entrar na alegria do
céu. A Igreja chama Purgatório a esta purificação
final dos eleitos, que é completamente diferente
do castigo aos condenados.
4. Podemos ajudar às almas do Purgatório
Deus quer que a Igreja da terra ajude as almas
que estão no purgatório, purificando-se e com o
desejo ardente de ir para o céu, para estar com
IDÉIAS PRINCIPAIS:
Deus plenamente. Como se explicou no tema
1. Ao céu vão os que têm a alma limpa
sobre a comunhão dos santos, temos de ajudaSão João nos fala, assim como São Paulo, da
las e podemos faze-lo com estes auxílios:
visão que teve do céu: "Vi uma grande multidão,
• Oferecer como sufrágio a Santa Missa. É
que ninguém podia contar, de toda nação, tribo,
a melhor maneira, porque oferecemos
povo e língua, que estavam diante do trono do
pelos defuntos os méritos infinitos do
Cordeiro (Cristo), vestidos de túnicas brancas e
mesmo Jesus Cristo.
com palmas em suas mãos" (Apocalipse 7,9).
• Rezar muito pelas almas do purgatório.
Vestidos com túnicas brancas quer dizer que
Pedimos a intercessão da Mãe de Deus
estavam na graça de Deus e limpos de qualquer
para que, o quanto antes, cheguem ao
mancha de pecado. Por isso receberam o premio
céu. A Virgem é também Mãe dos que
do céu. Como diz o Evangelho "Bem aventurados
estão no purgatório e temos de pedir-lhe
os puros de coração, porque verão a
por nossos familiares, amigos e
Deus" (Mateus 5,8).
benfeitores, e pelas almas pelas quais
2. O céu consiste em ver, amar e gozar a Deus
ninguém pede.
eternamente
• Oferecer em favor das almas nossas
O que é o céu? São Paulo, escrevendo aos
boas obras. Nosso trabalho, esmolas,
cristãos de Corinto, dizia: "Nenhum olho viu, nem
pequenas mortificações, tudo Deus
ouvido ouviu, nem veio à mente do homem o que
aceitará em benefício das almas do
Deus preparou para os que O amam" (1 Corintios
purgatório.
2,9). É algo tão grande que, ainda que nos
5. O inferno existe
puséssemos a sonhar, nunca chegaríamos a
imaginar o que é. São Paulo diz: "Estaremos
Jesus Cristo, que diz a verdade sem que possa
sempre com o Senhor" (1 Tessalonicenses 4,8).
enganar-se nem enganar-nos, porque é Deus,
Estaremos sempre com Cristo, nosso Amigo.
nos falou da existência do inferno em muitas
Deus é o sumo bem, a beleza infinita, e o ser
passagens do Evangelho. Ao revelar o mistério
humano, que tem ânsias de ver coisas
do juízo final, se manifesta a sentença que o Juiz
maravilhosas, estará para sempre plenamente
ditará sobre os malvados, situados à sua
saciado -saciado sem saciar-se- ao contemplar a esquerda: "Afastai-vos de mim, malditos, ao fogo
Deus. O veremos tal como Ele é. Além disso, O
eterno, preparado para o diabo e para seus
amaremos ardentemente e por Ele seremos
anjos". E conclui: "Irão ao suplício
amados eternamente. Os desejos de amor que o eterno" (Mateus 25,41.46). Outras passagens
ser humano tem para dar e receber, ficarão
com este ensinamento são a cizânia que será
plenamente preenchidos. Por estas razões, no
lançada no fogo (cf. Mateus 13,40-20); os peixes
céu só haverá gozo e alegria. Não existirá
maus serão jogados fora (cf. Mateus 13,47-48);
enfermidade, nem dor, nem sofrimento, mas
quem não traja a veste nupcial será jogado às
unicamente gozar de Deus em companhia da
trevas exteriores (cf. Mateus 22,13); as virgens
Virgem Maria, dos santos e dos anjos. Estaremos néscias não entrarão (cf. Mateus 25,1-13); o
TEMA 22
37
Vida Eterna
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Creio na
servo inútil será posto para fora da casa do
patrão (cf. Lucas 16,1-8) e muitos outros. Se
pensarmos, veremos que o inferno existe porque
Deus é justo; e tendo de premiar aos seres
humanos que livremente fizeram o bem, tem que
castigar aos que livremente fizeram o mal. No
inferno não existe nenhum descanso e nunca se
para de sofrer, porque é eterno. Quem assim
ensinou foi Nosso Senhor, que disse "Afastai-vos
de mim, malditos, para o fogo eterno" (Mateus
25,41). A existência do inferno e a eternidade de
suas penas são uma verdade de fé que devemos
crer firmemente.
6. Vão para o inferno os que morrem em
pecado mortal
No momento do Juízo, o Senhor condena os
maus ao inferno. Quem são estes maus que vão
para o inferno? São Paulo enumera as obras da
carne: fornicação, luxuria, idolatria, inimizades,
invejas, homicídios..., e afirma: "Os que fazem
tais coisas não herdarão o Reino de
Deus" (Gálatas 5,19-21). Em definitivo, são todos
os que, ao morrer, tem a alma manchada pelo
pecado mortal.
7. É preciso ajudar aos demais a ganhar o céu
e evitar o inferno
O céu é sem dúvida a única coisa que dá sentido
à vida do ser humano; perder o Céu é ter
fracassado totalmente nesta vida. Mas, como
dissemos, só podem entrar no céu os que
morrem na graça de Deus. E, quiçá existem
pessoas junto de nós que não se dão conta disto,
vivendo afastados totalmente de Deus, com o
grave perigo de perde-lo para sempre. Isto nos
deve remover interiormente para fazer muito
apostolado e conseguir que todos se salvem.
Temos de rezar, oferecer pequenas
mortificações, viver exemplarmente nossa
vocação cristã, falar de Deus aos demais. Deus
premia a generosidade, e teremos o goze de
encontrarmos no céu estas almas que ajudamos
na terra.
8. O "Amém" final do Credo
O Credo, como o ultimo livro da Bíblia, termina
com a palavra hebraica "Amém", que finaliza
normalmente as orações. Esta palavra, em
hebraico, pertence à mesma raiz da palavra crer.
Assim, o Amém final do Credo recolhe e confirma
sua primeira palavra Creio. Crer quer dizer Amém
às palavras, às promessas, aos mandamentos de
Deus, é fiar-se totalmente dele.
9. Propósitos de vida cristã
•
Rezar e oferecer pequenos sacrifícios
pela conversão dos pecadores e pela
perseverança final de todos os cristãos.
•
Lembrar-se do céu frente às dificuldades
que se apresentam em nossa vida de
cristãos. Quando vier a tentação, para
refuta-la e não ofender a Deus, recordar
a existência do inferno.
38
TEMA 23
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Quando Estão Reunidos
O Que os Cristãos Celebram,
INTRODUÇÃO:
O Símbolo da Fé nos recordou o mistério da
Trindade e o mistério da salvação em Cristo.
Jesus Cristo fundou a Igreja para continuar na
terra seu plano de salvação sobre os homens,
até o fim do mundo. O que nós cristãos
anunciamos e celebramos quando nos
reunimos? O que a Igreja celebra e anuncia? O
MISTÉRIO DE CRISTO. O evangelho nos relata
o encontro de Cristo com a mulher que sofria
desde anos de uma grave enfermidade, sem que
ninguém pudesse cura-la; ao aproximar-se de
Jesus e tocar seu manto cheia de fé, recobrou a
saúde, graças "à virtude que dele saia" (Marcos
5,30), como nos diz o Evangelho. Cristo vive e
atua na Igreja por meio dos sacramentos, que
aplicam os méritos da Redenção continuando a
obra salvadora que Jesus realizou no mundo. Os
sacramentos são canais que recolhem a "virtude
que sai" do peito aberto de Cristo, para curar as
feridas do pecado e comunicar a vida nova aos
que deles se acercam. Por isso, aquele que quer
viver a vida de Deus, precisará participar da vida
litúrgica da Igreja, que celebra os mistérios da
nossa salvação em união com Cristo e sob a
ação do Espírito Santo, para oferecer a Deus Pai
a homenagem da adoração, louvor e ação de
graças que Ele espera de Seus filhos.
IDEIAS PRINCIPAIS:
1. O que é a Liturgia da Igreja
A Liturgia é a obra com a qual Cristo - mediante
sinais sensíveis - glorifica o Pai na unidade do
Espírito e salva a humanidade, atuando como
Cabeça invisível da Igreja, por meio de seus
ministros, para perpetuar a obra da redenção no
mundo. Na Liturgia, pois, a Igreja exerce o culto
público a Deus, de modo que toda ação litúrgica
é obra de Cristo sacerdote e de sua Igreja - ação
sagrada por excelência - cuja eficácia não se vê
igualada por nenhuma outra ação da Igreja. Por
outro lado, a Liturgia é participação na oração de
Cristo e fonte de vida que mana do Salvador.
2. A Liturgia, obra da Santíssima Trindade
Na Liturgia intervem toda a Trindade. Deus Pai é
adorado e louvado como fonte das bênçãos da
criação e da salvação; Cristo - o único Liturgo realiza a gloria de Deus e a salvação dos seres
humanos pelos sacramentos; o Espírito Santo como alma da Igreja- vivifica e impulsiona a obra
de Cristo para leva-la à perfeição.
3. Os sacramentos da Igreja
Ainda que mais adiante se falará com maior
clareza dos sacramentos, já podemos agora
assinalar que a vida litúrgica da Igreja gravita em
torno do sacrifício eucarístico e dos sete
sacramentos: Batismo, Confirmação, Eucaristia,
Penitência, Unção dos Enfermos, Ordem
sacerdotal e Matrimônio.
4. A celebração dos sacramentos da Igreja
Ainda que existam diversas tradições (Ritos)
dentro da única Igreja de Cristo, nas celebrações
litúrgicas há elementos comuns:
a) Quem celebra. A Liturgia é obra de Cristo
total, Cabeça e corpo; assim, toda a comunidade
-o Corpo de Cristo unido à Cabeça- é quem
celebra. Dentro das celebrações não tem todos
os fiéis a mesma função, mas alguns,
consagrados pelo sacramento da Ordem, tem o
poder e a missão de representar a Cristo como
Cabeça de seu Corpo.
b) Como celebrar. A celebração litúrgica
compreende sinais e símbolos que se referem à
criação (luz, água, fogo), à vida humana (lavar,
ungir, partir o pão) e à história da salvação (os
ritos da Páscoa). Todos estes elementos, pela
ação do Espírito Santo, tornam-se portadores da
ação de salvação e santificação de Cristo. Parte
principal de toda celebração é a Liturgia da
Palavra. Acompanha-se também, às vezes com
cantos e musica. As imagens sagradas,
presentes nas igrejas e nas casas, estão
destinadas a despertar e alimentar nossa fé no
mistério de Cristo.
c) Quando celebrar. O domingo, dia do Senhor,
é o principal dia da celebração da Eucaristia,
porque é o dia da Ressurreição. Durante o ano
litúrgico, a Igreja desenvolve todo o mistério de
Cristo, desde a Encarnação e o Nascimento até a
Ascensão, Pentecostes e a espera do final dos
tempos. No ano litúrgico, a Igreja venera com
especial amor à Santíssima Virgem e faz
memória dos mártires e dos demais santos. A
Liturgia das horas ou Ofício divino é a oração
pública da Igreja. Junto a ela situam-se de
maneira complementar, as diversas devoções do
Povo de Deus, particularmente a adoração e o
culto à Sagrada Eucaristia.
d) Onde celebrar. Cristo é o verdadeiro Templo
de Deus e nós cristãos, pela graça, somos
também "templos do Espírito Santo". Mas a
Igreja tem necessidade de lugares onde a
comunidade possa reunir-se: são as nossas
igrejas. Nestes templos, muitos deles verdadeiras
obras de arte, a Igreja celebra o culto público
para a glória da Santíssima Trindade; neles, se
escuta a Palavra de Deus e cantam-se seus
TEMA 23
39
Quando Estão Reunidos
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
O Que os Cristãos Celebram,
louvores; eleva-se o coração e se oferece o
sacrifício de Cristo: a Santa Missa; as igrejas são
também lugares privilegiados de recolhimento e
de oração pessoal.
5. Temos de participar ativamente da Liturgia
da Igreja
Se tivermos entendido bem este tema, teremos
dado conta do quanto é importante participar das
celebrações litúrgicas da Igreja -especialmente
da Santa Missa- com a maior atenção e devoção.
Nossa mãe, a Igreja, pede-nos que acorramos às
celebrações de forma consciente (dando-nos
conta do que fazemos), ativa (participando nas
diversas cerimônias) e frutuosa (estando bem
preparados para aproveitar ao máximo da
celebração).
6. Propósitos de vida cristã
• Participar sempre com devoção de
qualquer celebração litúrgica da Igreja e,
especialmente, da Santa Missa.
• Fazer freqüentes visitas à Igreja mais
próxima, que é sempre um lugar
privilegiado para o encontro com Deus,
na oração.
40
TEMA 24
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
da Igreja
Os Sete Sacramentos
INTRODUÇÃO:
O conhecimento humano começa pelos sentidos
e, para chegar a conhecer as coisas que os
ultrapassam, temos de utilizar imagens, símbolos
ou comparações, que desvelam um pouco o
desconhecido. Deus procedeu conosco do
mesmo modo, instituindo os sinais sensíveis que
chamamos de sacramentos, para expressar as
realidades sobrenaturais da graça. Mas a
onipotência divina faz mais do que nós podemos
fazer. Deus concedeu a estes sinais sensíveis
SIGNIFICAR e PRODUZIR a graça. Para
entender melhor o efeito dos sacramentos
podemos compara-los com a vida natural, vendo
que na ordem da graça:
• nascemos para a vida sobrenatural pelo
Batismo,
• nos fortalecemos pela Confirmação,
•
mantemos a vida com o alimento da
Eucaristia,
•
se perdemos a vida da graça pelo
pecado, a recuperamos pela Penitência,
•
e com a Unção dos Enfermos nos
preparamos para a viagem que acabará
no céu.
Para socorrer as necessidades da Igreja
como sociedade, temos o sacramento da:
•
Ordem sacerdotal, que institui os
ministros da Igreja,
•
Matrimônio, que com os filhos perpetua
a sociedade humana e faz crescer a
Igreja quando estes são regenerados
pelo batismo.
IDEIAS PRINCIPAIS:
1. O que são os sacramentos
Os sacramentos são sinais sensíveis e eficazes
da graça, instituídos por Jesus Cristo e confiados
à Igreja, através dos quais nos é dispensada a
vida divina. Sinal sensível é uma coisa conhecida
que manifesta outra menos conhecida; se vejo
fumaça, descubro que existe fogo. Mas dizemos
também sinal eficaz porque o sacramento não só
significa, mas que produz a graça (a fumaça só
significa fogo, mas não o produz).
para que fosse mais fácil para nós consegui-los.
No batismo, por exemplo, assim como a água
purifica naturalmente, o sacramento purifica: o
sacramento lava e limpa sobrenaturalmente a
alma, tirando o pecado original e qualquer outro
pecado que possa existir, mediante a infusão da
graça. Esta foi a pedagogia de Cristo durante sua
vida pública, servindo-se de coisas naturais, de
ações externas e de palavras. Tocou com sua
mão o leproso e lhe disse; "Quero, fica
limpo" (Mateus 8,3); untou com barro os olhos do
cego de nascimento e ele recuperou a vista (cf.
João 9,6-7); para comunicar aos Apóstolos o
poder de perdoar os pecados, soprou sobre eles
e pronunciou umas palavras (cf. João 20,22).
Assim como a Santíssima Humanidade de Cristo
é o instrumento único à Divindade de que se
serve o Verbo para realizar a Redenção da
humanidade, assim as coisas ou ações dos
sacramentos são os instrumentos separados
pelos quais Deus nos santifica, acomodando-se a
nossa maneira de ser e de entender.
3. Jesus Cristo instituiu os sete sacramentos
Todos os sacramentos foram instituídos por
Jesus Cristo -que é o autor da graça e pode
comunica-la por meio de sinais sensíveis- e eles
são sete: Batismo, Confirmação, Eucaristia,
Penitência, Unção dos Enfermos, Ordem e
Matrimônio. Nos sete sacramentos estão
atendidas todas as necessidades da vida
sobrenatural do cristão.
4. Os sacramentos da Igreja
Cristo confiou os sacramentos a sua Igreja, e
podemos dizer que são "da Igreja" em um duplo
sentido: a Igreja faz ou administra ou celebra os
sacramentos, e os sacramentos constroem a
Igreja (o batismo gera novos filhos da Igreja,
etc..). Existem, pois, por ela e para ela.
5. Os sacramentos da fé
Os sacramentos estão ordenados à santificação
dos homens, à edificação do Corpo de Cristo e,
em definitivo, a dar culto a Deus, mas como
sinais, tem também uma finalidade instrutiva.
Não só supõem a fé, também a fortalecem, a
alimentam e a expressam com palavras e ações;
por isso são chamados sacramentos da fé.
2. O porque da instituição dos sacramentos
6. Efeitos dos sacramentos
Podemos nos perguntar por que Cristo quis fazer
assim as coisas. Ele pode comunicar a graça
diretamente, sem recorrer a nenhum meio
sensível, ainda que tenha querido acomodar-se a
nossa maneira de ser, dando-nos os dons divinos
por meio de realidades materiais que usamos,
Os sacramentos, se são recebidos com as
disposições requeridas, produzem como fruto:
• Graça santificante. Os sacramentos dão
ou aumentam a graça santificante. O
batismo e a penitência dão a graça; os
outros cinco aumentam a graça
TEMA 24
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da Igreja
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Os Sete Sacramentos
•
santificante e só se devem recebe-los
sacerdotal e Matrimônio, estabelecidos para
estando na graça de Deus. Aquele que os socorrer as necessidades da comunidade cristã e
recebe em pecado mortal comete pecado da sociedade humana.
de sacrilégio.
Os sacramentos formam um organismo no qual
Graça sacramental. Além da graça
cada um deles tem sua função vital. A Eucaristia
santificante que concedem os
ocupa um lugar único, enquanto "sacramento dos
sacramentos, cada um outorga algo
sacramentos". Podemos dizer com Santo Tomás
especial que chamamos graça
de Aquino que "todos os outros sacramentos
sacramental. É um direito de receber de
estão ordenados para a Eucaristia como seu fim".
Deus, no momento oportuno, a ajuda
necessária para cumprir as obrigações
contraídas ao receber aquele
sacramento. Assim, o batismo dá a graça
especial para viver como bons filhos de
Deus; a confirmação concede a força e o
valor para confessar e defender a fé até a
morte, se for preciso; o matrimonio, para
que os cônjuges sejam bons esposos e
eduquem de forma cristã os filhos; etc..
•
Caráter. O batismo, confirmação e ordem
sacerdotal concedem, além disso, o
caráter, que é um sinal espiritual e
indelével que confere uma peculiar
participação no sacerdócio de Cristo. Por
isso, estes sacramentos só se recebem
uma única vez.
7. De que se compõe um sacramento
Um sacramento se compõe de matéria, forma e o
ministro que o realiza com a intenção de fazer o
que faz a Igreja.
• A matéria é a realidade ou ação sensível,
como a água natural no batismo, os atos
do penitente na confissão (contrição,
confissão e satisfação).
• A forma são as palavras que, ao faze-lo,
se pronunciam.
• O ministro é a pessoa que faz ou
administra o sacramento.
8. Diversidade de sacramentos
Seguindo a analogia entre vida natural e etapas
da vida sobrenatural, podem-se distinguir nos
sacramentos, três grupos distintos:
a) Sacramentos da iniciação cristã: Batismo,
Confirmação e Eucaristia, que põem os
fundamentos da vida cristã e comunicam a vida
nova em Cristo;
b) Sacramentos de cura: Penitência e Unção dos
Enfermos, que curam o pecado e as feridas da
nossa debilidade;
c) Sacramentos a serviço da comunidade: Ordem
9. Os sacramentos são necessários para a
salvação
Os sacramentos não só são importantes, mas
necessários, se queremos viver a vida cristã e
aumenta-la em nós. São como os canais que
conduzem a água, e, neste caso, trazem para a
nossa alma a graça da redenção de Cristo na
cruz. E são necessárias também as nossas
disposições para receber -ou receber com maior
abundância- a água limpa da graça. Dão sempre
a graça se são recebidos com as devidas
disposições, e se não se recebe mais graça, não
é por culpa do sacramento, mas por falta de
melhor preparação. É preciso aproximar-se,
portanto, para receber os sacramentos, com a
melhor disposição possível, para podermos
receber a graça com abundância.
10. Propósitos de vida cristã
• Agradecer ao Senhor a instituição dos
sete sacramentos e demonstrar a estima
por eles, preparando-se muito bem para
recebe-los.
• Receber com freqüência os sacramentos
da Penitência e da Eucaristia.
•
42
TEMA 25
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
e Membros da Igreja
O Batismo faz Filhos de Deus
INTRODUÇÃO:
"Depois de oitenta anos de paganismo, um
ancião encontrou a luz da fé, se converteu e
recebeu o batismo. Dois anos depois caiu
gravemente enfermo; todos se deram conta de
que tinha chegado para ele o momento da morte.
Alguém lhe perguntou quantos anos tinha, e
respondeu: Tenho só dois anos de vida. Ninguém
encontrava explicação para sua resposta, mas o
ancião acrescentou: Não é assim tão difícil de se
entender, pois comecei a viver ao receber o
batismo; minha vida antes disso é como se não
existisse". Este testemunho pode servir-nos para
a introdução ao estudo do batismo, "sacramento
da fé", "porta dos sacramentos", ou "porta da
Igreja", como é chamado desde o início da Igreja,
e para que saibamos dar a devida importância ao
fato de termos sido batizados.
IDÉIAS PRINCIPAIS:
1. Os sacramentos da iniciação cristã
Já sabemos que os sacramentos da iniciação
cristã são: o Batismo, que é o início da vida em
Cristo; a Confirmação, que dá fortaleza e
plenitude a esta vida, e a Eucaristia, que nos
alimenta com o Corpo e o Sangue de Cristo para
nos unir a Ele, transformando-nos até nos
identificar-nos com Ele.
ablução com água natural e a invocação das três
Pessoas divinas. O batismo é o fundamento de
toda a vida cristã, o pórtico da vida no espírito e a
porta que abre o acesso aos outros sacramentos.
A matéria deste sacramento é a ablução com
água natural, e a forma são as palavras: "Eu te
batizo em nome do Pai e do Filho e do Espírito
Santo".
4. Os efeitos do batismo
a) Apaga o pecado original. O batismo perdoa e
destrói o pecado original com o qual nascemos
todos; quando aquele que é batizado é adulto,
apaga também todos os pecados pessoais assim
como a pena por eles devida, de tal maneira que
se o recém batizado morresse, iria diretamente
para o céu.
b) Infunde a graça santificante. Pelo sacramento
do batismo Deus infunde na alma a graça
santificante -que é uma participação na natureza
divina- , junto com as virtudes teologais e os
dons do Espírito Santo. Com estes dons a alma
faz-se dócil e pronta aos impulsos do Espírito
Santo. Pela graça, Deus Pai, Deus Filho e Deus
Espírito Santo estabelecem sua morada na alma,
que é templo do Espírito Santo.
c) Confere caráter sacramental. O outro efeito do
batismo é o caráter, ou seja, certo sinal espiritual
2. Sentido do batismo
e indelével, que explica o fato de que este
São Paulo explica que pelo batismo morremos ao sacramento só possa ser recebido uma vez. O
pecado e ressuscitamos para a vida nova da
caráter batismal configura a Cristo, dá uma
graça (cf. Romanos 6,3-11). Esta realidade se
participação em seu sacerdócio, capacita para
entende mais facilmente quando o sacramento é continuar no mundo sua missão como fiéis
administrado por imersão, que é o entrar e o sair discípulos seus, e nos distingue dos infiéis.
da água, significando a morte e a ressurreição do
Senhor. De fato, todos nascemos com o pecado
d) Incorpora a Jesus Cristo. Tanto a graça como
herdado de nossos primeiros pais, e como
o caráter são efeitos sobrenaturais do batismo,
conseqüência, privados da graça; mas Cristo nos que nos unem a Cristo como se unem os
livrou com sua morte e ressurreição. Sua morte
membros do corpo com a cabeça. Cristo é nossa
nos limpa do pecado e nos faz morrer ao pecado; Cabeça e o caráter nos vincula a Ele para
sua ressurreição nos faz renascer e viver a vida
sempre, enquanto que a graça nos faz membros
nova de Cristo. O batismo é o sacramento que
vivos.
aplica a cada batizado os frutos da Redenção,
para que morramos ao pecado e ressuscitemos
e) Incorpora à Igreja. Pelo batismo nos
para a vida sobrenatural da graça.
convertemos em membros da Igreja, com direito
3. O que é o batismo
Quando Cristo enviou a seus Apóstolos por todo
o mundo, disse- lhes: "Ide, pois,e fazei discípulos
a todas as gentes, batizando-as em nome do Pai
e do Filho e do Espírito Santo" (Mateus 28,19).
"O que crer e for batizado, será salvo; mas o que
não crer, será condenado" (Marcos 16,16). O
batismo é o sacramento instituído por Jesus
Cristo, que nos faz seus discípulos e nos
regenera para a vida da graça, mediante a
a participar na Sagrada Eucaristia e a receber os
demais sacramentos; sem ser batizado não se
pode receber nenhum outro sacramento. A Igreja
é o Corpo Místico de Cristo, e o batismo nos
incorpora a Cristo, que é a Cabeça, e a seu
Corpo, que é a Igreja.
5. Necessidade do batismo
O batismo é absolutamente necessário para a
salvação, como declarou Nosso Senhor a
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43
e Membros da Igreja
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
O Batismo faz Filhos de Deus
Nicodemos: "Em verdade, em verdade te digo,
que se alguém não nascer da água e do Espírito,
não pode entrar no Reino dos céus" (João 3,5).
Quando não é possível receber o sacramento do
batismo, pode-se alcançar a graça para salvar-se
pelo chamado batismo de desejo -um ato de
perfeito amor a Deus, ou a contrição dos
pecados com o voto explícito ou implícito do
sacramento- e pelo batismo de sangue ou
martírio, que é dar a vida por Cristo. Posto que
as crianças nascem já com a natureza humana
decaída e manchada pelo pecado original, é
necessário que recebam o batismo. A pura
gratuidade da graça da salvação se manifesta
particularmente no batismo das crianças.
Portanto, a Igreja e os pais privariam as crianças
da graça inestimável de ser filhos de Deus, se
não administrassem o batismo pouco depois do
nascimento; assim se entende a necessidade de
batizar as crianças o quanto antes. É o maior
presente que se lhes pode dar, já que desde este
momento são "para sempre membros de Cristo,
sacerdote, profeta e rei" (Ritual do Batismo). Em
relação às crianças mortas sem o batismo, a
Igreja convida a ter confiança na misericórdia
divina e a rezar por sua salvação.
6. Quem pode administrar o batismo
Normalmente, quem batiza é o pároco ou outro
sacerdote ou diácono, com a permissão do
pároco, mas em caso de necessidade qualquer
pessoa pode faze-lo. Dada a importância e a
necessidade do batismo, Deus deu todas as
facilidades na administração deste sacramento; e
assim, inclusive, uma pessoa não batizada, com
tal que tenha a intenção de fazer o que faz a
Igreja e o faça corretamente, batiza de verdade.
A razão está em que sempre é Cristo quem
batiza, como observa Santo Agostinho: "Batiza
Pedro? Cristo batiza. Batiza João? Cristo batiza.
Batiza Judas? Cristo batiza".
7. Modo de administrar o batismo
Ao administrar o batismo se derrama água
natural sobre a cabeça dizendo, com intenção de
batizar: " Eu te batizo em nome do Pai e do Filho
e do Espírito Santo". Na cerimônia do batismo
existem diversos ritos, mas o essencial é o que já
dissemos: derramar a água e, ao mesmo tempo,
pronunciar as palavras.
8. Obrigações que o batismo impõe
Quando o batismo é administrado a crianças,
respondem pelo neófito seus pais e padrinhos;
mas o cristão adulto -sabedor dos efeitos do
sacramento na alma- deve responder por si
mesmo e estar firmemente disposto a viver como
batizado. Esta resposta pode se concretizar em
fazer atos explícitos de fé (recitando o Credo, por
exemplo), propondo-se a guardar a Lei de Jesus
Cristo e de sua Igreja e renunciando para sempre
ao demônio e às suas obras, como se faz na
Vigília Pascal, ao renovar as promessas do
batismo.
9. Propósitos de vida cristã
• Agradecer a Deus o dom do batismo.
Inteirar-se do dia em que foi batizado, e
celebra-lo.
• Nunca esquecer que o batismo impõe a
exigência cristã de conservar a fé e
crescer na vida da graça, cumprindo
fielmente os mandamentos da lei de
Deus e os da Igreja.
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TEMA 26
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
o Espírito Santo
Na Confirmação, se recebe
INTRODUÇÃO:
Se fixarmos nossa atenção nos Apóstolos, antes
e depois da vinda do Espírito Santo em
Pentecostes, vamos observar algumas
diferenças importantes: antes, tinham medo e
agora pregam a palavra de Deus com decisão;
os que eram incultos e ignorantes, depois falam
dos mistérios de Deus e línguas estranhas. Esta
mudança tão surpreendente é produzida porque,
naquele dia, receberam a plenitude do Espírito
Santo. De maneira semelhante, os fiéis recebem
também a plenitude do Espírito Santo no
sacramento da confirmação.
IDEIAS PRINCIPAIS:
1. Os Apóstolos receberam a plenitude do
Espírito Santo em Pentecostes; nós, na
confirmação
Os Apóstolos já tinham recebido o Espírito Santo
antes da ascensão do Senhor aos céus; na tarde
da ressurreição Jesus apareceu-lhes no
Cenáculo, soprou sobre eles, dizendo: "Recebei
o Espírito Santo" (João 20,22). Mas em
Pentecostes encheram-se do Espírito Santo e de
dons excepcionais (cf. Atos dos Apóstolos, 2,
1-4). Também nós recebemos no Batismo o
Espírito Santo junto com a graça, mas o Senhor
instituiu o sacramento da confirmação que é
necessário para a plenitude da graça batismal. A
confirmação une mais intimamente à Igreja e
enriquece com uma fortaleza especial do Espírito
Santo.
2. Efeitos do sacramento da confirmação
De maneira parecida ao que sucedeu aos
Apóstolos no dia de Pentecostes, este
sacramento produz na alma estes frutos:
a) Aumenta a graça. A vida da graça que se
recebe pela primeira vez no batismo adquire um
novo empenho com a confirmação: há um
crescimento e um aprofundamento da graça
batismal.
b) Imprime caráter. A confirmação imprime uma
marca espiritual indelével -o caráter-, para ser
testemunhas de Cristo e colaboradores de seu
Reino; por isso, só se pode receber este
sacramento uma vez na vida.
c) Fortalece a fé. A palavra confirmação significa
fortalecimento; com este sacramento nossa fé
em Jesus Cristo fica fortalecida.
d) Nos faz testemunhas de Cristo. A confirmação
nos dá forças para defender a fé e de nos
defender-nos dos inimigos da nossa salvação.
Nos dá vigor para confessar com firmeza nossa
fé sendo testemunhas de Cristo, colaborando na
santificação do mundo e atuando como apóstolos
onde vivemos e trabalhamos.
3. Ministro, sujeito, matéria e forma do
sacramento da confirmação
Ministro ordinário deste sacramento é o Bispo;
extraordinário, o presbítero que goza desta
faculdade pelo direito comum ou por concessão
peculiar da autoridade competente; em perigo de
morte, o pároco ou qualquer presbítero. O sujeito
é toda pessoa batizada que não tenha recebido
este sacramento anteriormente. Para recebe-lo
deve-se estar na graça de Deus, conhecer os
principais mistérios da fé e acercar-se do
sacramento reverência e devoção. A matéria é a
unção na fronte com o crisma (mistura de azeite
e bálsamo consagrada pelo bispo), que se faz
enquanto se impõe a mão. A unção significa um
dos efeitos do sacramento: robustecer a fé. A
forma é constituída pelas palavras que pronuncia
o ministro: "N. recebe por este sinal Espírito
Santo, Dom de Deus". O crismando responde
"Amém".
4. Estimar muito a confirmação
Posto que a confirmação faz do fiel cristão uma
testemunha de Jesus Cristo, desenvolvendo e
aperfeiçoando as graças recebidas no batismo, é
preciso lutar por manter os frutos do sacramento.
Só assim seremos fortes para confessar com
inteireza a fé cristã. E o conseguiremos se
acudirmos com freqüência aos sacramentos da
penitência e da eucaristia. Ordinariamente, a vida
cristã se desenvolve em circunstâncias correntes
e normais; só em circunstâncias extraordinárias,
o Senhor pode nos pedir o heroísmo do martírio,
derramando o sangue para confessar a fé em
Jesus Cristo. Sem dúvida, o Senhor pede a todos
o esforçar-se em pequenas lutas da vida diária:
trato com os pais e irmãos, trabalho bem feito e
oferecido a Deus, ajuda generosa e
desinteressada aos companheiros, fidelidade à
doutrina de Jesus Cristo e difusão da fé com o
exemplo, a amizade e os bons conselhos.
5. Propósitos de vida cristã
• Alimentar o desejo de receber o
sacramento da confirmação, caso não o
tenha ainda recebido.
• Procurar viver como verdadeiro cristão,
com valentia, sem respeitos humanos,
consciente de que a confirmação faz ao
fiel "testemunha de Cristo".
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Mistério de Fé e Amor
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
E Eucaristia,
INTRODUÇÃO:
Com o sacramento da Eucaristia culmina a
iniciação cristã; em realidade culmina a inteira
vida sobrenatural -particular e comunitária ou da
Igreja como tal-, porque é o "sacramento dos
sacramentos", o mais importante de todos, já que
contém a graça de Deus -como os demais
sacramentos- e o autor da graça, Jesus Cristo
Nosso Senhor. Não é pelos sentidos que o
sabemos, mas pela fé, que se apóia no
testemunho de Deus: "Isto é o meu Corpo, que
será entregue por vós; fazei isto em memória de
mim" (Lucas 22,19). São palavras de Jesus a
seus Apóstolos na última Ceia, ao deixar-lhes a
Eucaristia como presente de seu poder e de seu
amor infinitos. Nós cremos firmemente, assim
como os Apóstolos que estavam presentes
naquele momento, na Ceia. O Concílio Vaticano
II exorta à piedade e ao recolhimento cada vez
mais profundo com a Eucaristia, quando ensina
que é "fonte e cume de toda a vida cristã" e que,
"participando do sacrifício eucarístico, os fiéis
oferecem a Deus a Vítima divina e se oferecem a
si mesmos juntamente com ela" (Lumen
Gentium, 11).
IDEIAS PRINCIPAIS:
•
Comunhão, porque nos unimos ao
mesmo Cristo recebendo seu Corpo e
seu Sangue;
•
Santa Missa, porque quando os fiéis, ao
terminar a liturgia eucarística, são
enviados ("missio") para que cumpram a
vontade de Deus em sua vida ordinária.
3. A instituição da Eucaristia
Jesus Cristo instituiu a Eucaristia na quinta-feira
santa, na ultima Ceia. Tinha já anunciado aos
discípulos em Cafarnaum (cf. João, 6) que lhes
daria seu corpo e sangue como alimento, como
também vinha preparando a fé dos seus com
argumentos incontestáveis: o milagre de Caná convertendo a água em vinho- e a multiplicação
dos pães, que manifestavam o poder de Jesus
Cristo. Assim, ao escutar na última Ceia: Isto é o
meu corpo (Lucas 22,19), tinham o firme
convencimento de que era como Jesus dizia;
assim como a água tinha sido convertida em
vinho por meio de sua palavra onipotente e os
pãezinhos se multiplicaram até saciar a fome de
uma grande multidão.
4. A celebração litúrgica da Eucaristia
Os Apóstolos receberam um encargo do Senhor:
"Fazei isto em memória de mim" (Lucas 22,19), e
a Igreja não cessou mais de realizar estas
A Eucaristia é o coração da Igreja; para destacar palavras na celebração litúrgica, que não é uma
esta idéia, o Concílio Vaticano II serve-se desta
mera recordação, mas atualização real do
frase -que não é enfática, mas justa- dizendo que memorial de Cristo: de sua vida, de sua morte,
aí esta a "fonte e o cume da vida cristã". Como
de sua ressurreição e de sua intercessão
diz também que "a Sagrada Eucaristia contém
mediadora junto ao Pai, que se realiza na
todo o bem espiritual da Igreja, quer dizer, o
Eucaristia. Desde meados do século II, e
mesmo Cristo". Esta é a razão de que "os demais segundo o relato do mártir São Justino, temos
sacramentos, como também todos os ministérios atestadas as grandes linhas da celebração
eclesiais e as obras de apostolado estão unidos
eucarística, que permaneceram invariáveis até os
à Eucaristia e a ela se ordenam" (Presbyterorum nossos dias.
ordinis, 5).
5. A Eucaristia, renovação não cruenta do
2. Os diversos nomes deste sacramento
sacrifício da cruz
A riqueza inesgotável da Eucaristia se expressa
Jesus Cristo ofereceu a Deus Pai o sacrifício de
mediante os distintos nomes que recebe. Cada
sua própria vida morrendo na cruz. Foi um
um evoca algum aspecto de seu conteúdo ou a
autêntico sacrifício com o qual nos redimiu de
circunstância do momento da instituição. É
nossos pecados, superando todas as ofensas
chamada:
que a humanidade tenha feito ou poderia fazer,
• Eucaristia, que significa ação de graças a porque seu sacrifício na cruz é de valor infinito.
Deus;
Mas, ainda que o valor do sacrifício de Cristo
tenha sido infinito e único, o Senhor quis que se
• Banquete do Senhor, porque Cristo a
perpetuasse -se fizesse presente- para aplicar os
instituiu na quinta-feira feira santa, na
méritos da redenção; por isso, antes de morrer,
última Ceia;
consagrou o pão e o vinho e ordenou aos
• Santo Sacrifício, porque atualiza o único
Apóstolos: "Fazei isto em memória de mim".
sacrifício de Cristo na cruz;
Desta maneira, os fez sacerdotes do Novo
Testamento para que, com seu poder e em sua
pessoa, oferecessem continuamente a Deus o
1. A Eucaristia, fonte e cume da vida da Igreja
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TEMA 27
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Mistério de Fé e Amor
E Eucaristia,
sacrifício visível da Igreja. Jesus Cristo instituiu a
Missa não para perpetuar a Ceia, mas sim o
sacrifício da cruz. Assim, a Missa renova de
forma não cruenta (sem outro derramamento do
sangue de Cristo) o mesmo sacrifício do
Calvário; e a Eucaristia é igualmente, sacrifício
da Igreja, pois, sendo a Igreja o Corpo de Cristo,
participa da oferenda de sua Cabeça, que é
Cristo.
6. O sacrifício da Missa e o da cruz são
essencialmente um e o mesmo sacrifício
Entre a Missa e o sacrifício da cruz há uma
identidade essencial, e algumas diferenças
acidentais:
• O Sacerdote é o mesmo Cristo, que no
Calvário se ofereceu sozinho, enquanto
que na Missa, o faz por meio do
sacerdote.
• A Vítima é a mesma: Cristo, que no
sacrifício da cruz se imolou de maneira
cruenta, enquanto que na Missa o faz de
modo não cruento. A presença de Cristo
sob as espécies consagradas do pão e
do vinho, que contém em separado seu
Corpo e seu Sangue como espécies
distintas, manifestam misticamente a
separação do Corpo e do Sangue
ocorrida na cruz.
• Na cruz, Cristo nos resgatou do pecado e
ganhou, para nós, os méritos da
salvação; na Missa, são-nos aplicados os
méritos que Jesus ganhou então.
7. Os fins da Santa Missa
Os fins da Santa Missa são quatro:
• Adorar a Deus,
•
Dar-Lhe graças,
•
Pedir-lhe benefícios,
•
Satisfazer por nossos pecados.
Podemos unir todo o nosso dia à Santa Missa, e
viver ao longo dele com estes mesmos
sentimentos que Jesus teve na cruz.
8. Propósitos de vida cristã
• É preciso amar a Missa, de tal maneira
que se procure dela participar sempre
que possível, com uma participação
consciente, ativa e frutuosa.
• Unir os pequenos sacrifícios de cada dia
com o sacrifício de Cristo, que se renova
na Eucaristia.
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na Eucaristia
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Jesus Está Realmente Presente
INTRODUÇÃO:
Cristo e o que era substância de vinho se
Sabemos que Cristo morreu, ressuscitou e subiu converteu na substância de Cristo, no Sangue de
Cristo. Esta admirável e singular conversão é o
ao céu, onde está sentado à direita do Pai e
intercede por nós. Mas está presente também em que se conhece com o nome de transubstanciação, ou mudança de substância. É um mistério
sua Igreja de muitas maneiras: em sua Palavra,
excepcional que a razão humana não tem
na oração, nos pobres, nos enfermos, nos
sacramentos...; e está presente sobretudo sob as condições de compreender, mas que Deus pode
realizar por meio de seu ministro, o sacerdote.
espécies sacramentais do pão e do vinho, que
contém o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo,
3. Jesus Cristo está realmente presente nas
como ensina a fé. Este mistério se entende
formas consagradas e em cada uma de suas
melhor com o coração, porque é fruto do Amor do partes
Senhor para conosco. Tinha Ele que ir, mas
Quando o sacerdote consagra muitas formas
queria ficar conosco, e o que para os homens é
cremos que Jesus Cristo está realmente presente
impossível, pode Deus fazer; o Senhor ficou
em todas e cada uma delas. Também cremos
realmente presente na Eucaristia com seu Corpo, que, se uma forma se parte em diversos
seu Sangue, Alma e Divindade. Na Eucaristia
pedaços, Jesus Cristo está todo inteiro em cada
está contido o verdadeiro Corpo de Jesus Cristo, um deles. Por isso o sacerdote recolhe
o mesmo que nasceu da Virgem e está sentado à cuidadosamente as partículas das hóstias
direita de Deus Pai. Desde o princípio, os
consagradas, ainda que sejam muito pequenas,
cristãos creram nesta verdade.
como é indicado na Ordenação Geral do Missal
IDEIAS PRINCIPAIS:
1. Na Eucaristia está presente o mesmo Jesus
Cristo
Ainda que a fé da Igreja tenha sido sempre a
mesma, a doutrina foi-se desenvolvendo e o
Concílio de Trento afirma que na Santíssima
Eucaristia estão contidos verdadeira, real e
substancialmente o corpo e o sangue junto com a
alma e a divindade de nosso Senhor Jesus
Cristo, e, por conseqüência, Cristo inteiro. É o
que se conhece como presença real de Cristo no
sacramento da Eucaristia. Chama-se real não a
título exclusivo, como se as outras presenças
não fossem reais, mas por excelência, porque é
substancial e por ela Cristo, Deus e homem, se
faz totalmente presente, como explica Paulo VI.
Esta luz que arde dia e noite junto ao Sacrário
nos recorda que Jesus está ali, realmente
presente.
2. A transubstanciação
Ante a realidade sobrenatural do mistério
eucarístico -a presença real de Cristo sob os
véus do pão e do vinho- é inevitável a pergunta:
O que aconteceu? Porque antes era pão e vinho,
e quando o sacerdote diz: "Isto é o meu corpo",
"Este é o cálice do meu sangue", aquilo é o
Corpo e o Sangue de Cristo. É o que nos diz a fé,
e a palavra de Deus não pode falhar.
Efetivamente, pelo poder divino outorgado ao
sacerdote produziu-se uma mudança, uma
conversão - e conversão de substâncias, porque
as aparências externas não mudaram -, razão
pela que, o que era substância de pão se
converteu na substância de Cristo, no Corpo de
Romano. O Senhor ficou entre nós por amor, e é
com amor que haveremos de trata-lo.
4. Os cristãos devem manifestar fé e amor
para com a Eucaristia
Os Apóstolos receberam um encargo do Senhor:
"Fazei isto em memória de mim" (Lucas 22,19), e
a Igreja não cessou mais de realizar estas
palavras na celebração litúrgica, que não é uma
mera recordação, mas atualização real do
memorial de Cristo: de sua vida, de sua morte,
de sua ressurreição e de sua intercessão
mediadora junto ao Pai, que se realiza na
Eucaristia. Desde meados do século II, e
segundo o relato do mártir São Justino, temos
atestadas as grandes linhas da celebração
eucarística, que permaneceram invariáveis até os
nossos dias.
5. A Eucaristia, renovação não cruenta do
sacrifício da cruz
A crença nestas verdades de nossa fé tem
levado a Igreja a render culto de adoração ao
Santíssimo Sacramento. Este culto à Sagrada
Eucaristia foi vivenciado sempre pelo povo
cristão através de muitas devoções eucarísticas:
• A quinta-feira santa, em que celebramos
a instituição da Eucaristia e
especialmente do sacrifício da Missa.
• A festa de Corpus Christi, que celebra a
presença real de Jesus Cristo, e o
Santíssimo Sacramento é levado
solenemente em procissão pelas ruas da
cidade.
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TEMA 28
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
na Eucaristia
Jesus Está Realmente Presente
•
A exposição e benção com o Santíssimo
Sacramento, passando um momento com
o Senhor sacramentado em intimidade de
adoração e sincero agradecimento.
•
As visitas ao Sacrário, por parte dos fiéis
para acompanha-lo. E tantas outras
orações que alimentam a piedade
eucarística: comunhões espirituais, o hino
Adoro Te devote, as orações para antes e
depois de comungar, etc.. Guiados pela
fé, é um detalhe de nobreza humana
oferecer a Jesus no Sacrário coisas
dignas: que o Sacrário seja de qualidade,
cuidar dos vasos sagrados, esmerar-se
na limpeza; mas sobretudo, o respeito e a
adoração: a genuflexão bem feita diante
do Sacrário, acudir com freqüência a
visitar o Senhor - ao menos com o
pensamento e o desejo -, atualizar a fé
na Eucaristia ao passar por uma Igreja,
etc...
6. Propósitos de vida cristã
• Propor-se a fazer cada dia uma visita ao
Santíssimo no Sacrário da Igreja.
• Ao entrar na Igreja, ir sempre,
primeiramente, saudar o Senhor, no
Sacrário.
TEMA 29
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Como Alimento a Jesus Cristo
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Na Sagrada Comunhão se Recebe
INTRODUÇÃO:
Os primeiros cristãos encontravam a razão de
seu heroísmo na Eucaristia. A Comunhão davalhes alento e fortaleza para defender sua fé até o
martírio. Tarcísio foi um menino que levava a
Eucaristia aos que estavam encarcerados por
causa de sua fé. Um dia, no caminho, encontrou
com seus companheiros de brincadeiras, que
eram pagãos. Estes, convidaram-no para brincar,
mas Tarcísio não podia faze-lo, pois levava o
Senhor, na Eucaristia. Como sabiam que era
cristão, e, dando-se conta que escondia alguma
coisa, atacaram-no violentamente, enquanto
Tarcísio defendia o tesouro que carregava
consigo. Neste momento passou um soldado,
que levou Tarcísio para, mesmo gravemente
ferido, para ser encarcerado. No cárcere, disse
aos demais prisioneiros cristãos que lhes trazia a
Comunhão. Assim, puderam comungar aqueles
que, no dia seguinte morreriam como mártires.
Tarcísio morreu antes, também como mártir da
Eucaristia. É com esta fé, com este respeito e
amor que os primeiros cristãos tratavam a
Eucaristia.
IDÉIAS PRINCIPAIS:
1. O sacrifício eucarístico e a comunhão
O sacrifício eucarístico ou Santa Missa é
memorial sacrifical que perpetua o sacrifício da
cruz oferecido ao Pai, e banquete sagrado de
comunhão no Corpo e Sangue do Senhor; a
celebração eucarística está também orientada à
união íntima dos fiéis com Cristo por meio da
comunhão. Comungar é receber a Cristo mesmo
que se oferece por nós. Cristo, pois, se oferece
ao Pai e se dá aos homens.
2. Jesus Cristo instituiu a Eucaristia como
alimento para as nossas almas
Jesus prometeu aos Apóstolos em Cafarnaúm
que daria para comer sua carne para a vida do
mundo e para se obter a vida eterna: "Aquele que
come a minha carne e bebe o meu sangue tem a
vida eterna e eu o ressuscitarei no último dia.
Pois minha carne é verdadeira comida e meu
sangue verdadeira bebida: o que come a minha
carne e bebe o meu sangue permanece em mim
e eu nele" (João 6,54-56). Na última Ceia
cumpriu-se a promessa e o Senhor instituiu a
Eucaristia: "Tomai e comei; isto é o meu
Corpo" (Mateus 26,26). É a afirmação clara de
que o Corpo do Senhor está na realmente na
Eucaristia e ele nos é dado como alimento.
3. Os frutos da comunhão
A comunhão sustenta a vida espiritual de modo
parecido a como o alimento material mantém a
vida do corpo. Concretamente, podemos
assinalar estes frutos da comunhão sacramental:
• Acrescenta a união com Cristo, realmente
presente no sacramento.
• Aumenta a graça e as virtudes em quem
comunga dignamente.
• Nos afasta do pecado: purifica dos
pecados veniais, das faltas e
negligências, porque acende a caridade.
• Fortalece a unidade da Igreja, Corpo
Místico de Cristo.
• Cristo, na Eucaristia, nos dá o penhor da
glória futura.
4. Disposições para comungar bem
As disposições exigidas para receber dignamente
a Cristo, na comunhão são:
a) Estar na graça de Deus, quer dizer, limpos do
pecado mortal. Ninguém pode aproximar-se para
comungar, por muito arrependido que pareça
estar, se antes não tiver confessado os pecados
mortais. O pecado venial não impede a
comunhão, mas é lógico que tenhamos desejos
de receber a Jesus com a alma muito limpa; por
isso a Igreja aconselha a que se confesse com
freqüência, ainda que não tenhamos pecados
mortais. Se alguém se aproximasse para
comungar em pecado mortal, cometeria um
sacrilégio.
b) Guardar o jejum eucarístico, que supõe não ter
comido nem bebido desde uma hora antes de
comungar; a água e os medicamentos não
quebram o jejum. Os anciãos e enfermos - e
aqueles que cuidam deles - podem comungar
ainda que não tenha passado uma hora depois
de ter tomado algo.
c) Saber a quem se recebe. Posto que se recebe
o mesmo Cristo neste sacramento, não podemos
aproximar-nos para comungar
desconsideradamente, ou por mera rotina, ou
para que nos vejam. Temos de faze-lo para
corresponder ao desejo de Jesus e para
encontrar na comunhão um remédio para a
nossa fraqueza.
Até na compostura externa deve manifestar-se a
piedade e o respeito com que nos aproximamos
para receber o Senhor. Comunga-se de joelhos
ou de pé, segundo tenha sido determinado pela
Hierarquia da Igreja e o peça a devoção de cada
um. Comungando-se de pé, antes de comungar,
ao aproximar-nos do sacerdote, deve-se fazer
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TEMA 29
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Como Alimento a Jesus Cristo
Na Sagrada Comunhão se Recebe
uma inclinação do corpo. O sacerdote diz: "O
Corpo de Cristo" e o comungante responde:
"Amém". Se comungar diretamente na boca,
abre-se então a boca e estende-se a língua, para
que o sacerdote possa colocar a sagrada
comunhão. Se comungar nas mãos, coloca-se a
mão direita embaixo da mão esquerda. O
sacerdote deposita a sagrada comunhão na mão
esquerda. Então, na frente do sacerdote, sem
mover-se, o comungante toma, com a mão direita
a sagrada comunhão e leva-a à própria boca.
5. A ação de graças na comunhão
Jesus permanece na Eucaristia por amor a nós.
A melhor maneira de recebe-lo será realizar uma
boa preparação antes de comungar e,
conscientes do dom recebido, dar graças não só
no momento da comunhão, mas durante todo o
dia. Depois de comungar, ficamos na Igreja
dando graças, ao menos por uns minutos.
6. Obrigação de comungar e necessidade da
comunhão freqüente
Comungar realmente não é necessário para
salvar-se; se um recém nascido morre, se salva.
Mas Jesus Cristo disse "Se não comeis a carne
do Filho do Homem e não bebeis seu sangue,
não tereis a vida em vós" (João 6,53). Em
correspondência a estas palavras, a Igreja nos
ordena em seu terceiro mandamento que, ao
menos uma vez no ano, por ocasião da Páscoa
da Ressurreição, todo cristão com uso da razão
deve receber a Eucaristia. Também existe a
obrigação de comungar quando se está em
perigo de morte; neste caso a comunhão é
recebida como "Viático", que significa preparação
para a "viagem" da vida eterna. Isto é o mínimo,
e o preceito deve ser bem entendido; daí que a
Igreja exorte a receber ao Senhor com
freqüência, até diariamente. Se algum dia não
podemos comungar, é bom fazer uma comunhão
espiritual, expressando o desejo que temos de
receber o Senhor sacramentalmente.
6. Propósitos de vida cristã
• Fazer o firme propósito de receber
sempre a Sagrada Comunhão com as
devidas disposições.
• Ao terminar a Santa Missa, permanecer
uns momentos agradecendo a Jesus.
• Repetir muitas vezes durante o dia, a
Comunhão Espiritual.
TEMA 30
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Celebração Litúrgica da Eucaristia
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
A Santa Missa:
INTRODUÇÃO:
•
O centro da liturgia da Igreja é a Eucaristia - a
Missa -, que os Apóstolos celebraram desde o
primeiro momento; desde então até agora, a
Missa permaneceu essencialmente a mesma.
Vamos expor o sentido das diversas partes e
diálogos entre o sacerdote e os fiéis. Também
falaremos da obrigação de participar da Missa
aos domingos e festas de guarda, se já tem
completados os sete anos, se já existe o uso da
razão e não exista um impedimento grave.
a) Leituras da Sagrada Escritura. Nos
domingos e festas são três: uma do
Antigo Testamento, outra do Novo e a
terceira do Evangelho; nos dias feriais
são lidas só duas, sendo a ultima
sempre do Evangelho. Entre uma
leitura e outra canta-se ou recita-se o
Salmo responsorial, com uma
resposta que todos repetem.
IDEIAS PRINCIPAIS:
1. A participação na Eucaristia
b) Homilia. O sacerdote explica as
verdades reveladas por Deus e
ensinadas pela Igreja, para nos
instruir na fé e nos animar a melhorar
nossa vida, tomando consciência do
que se leu e do sentido da
celebração.
Objetivamente, a Missa é a ação mais importante
que se celebra na terra e, quando dela
participamos, devemos faze-lo com o maior
interesse e devoção tratando de conseguir o
maior fruto possível. Posto que na Missa se
renova o sacrifício do Calvário, deveríamos estar
presentes com os mesmos sentimentos de
Nossa Senhora ao pé da cruz, acompanhando a
seu Filho, plenamente identificada com Ele.
c) Profissão de fé. É o ato solene no
qual confessamos nossa fé, recitando
o Credo. Rezamos em pé, inclinando
a cabeça em sinal de respeito ao
dizer "e se encarnou por obra do
Espírito Santo no seio da Virgem
Maria, e se fez homem."
2. Partes da Missa
A liturgia da Missa se desenvolve conforme uma
estrutura fundamental, conservada através dos
séculos. Compreende dois grandes momentos,
unidos entre si: a liturgia da Palavra e a liturgia
Eucarística, precedidas pelos ritos iniciais e
seguidas da conclusão.
•
d) Oração dos fiéis. Com esta oração
pedimos pela Igreja, pelo Papa e pela
hierarquia, pelas autoridades civis e
por todos os homens, em especial
pelos mais necessitados.
RITOS INICIAIS, que tem um caráter de
introdução e preparação:
a) Quando o sacerdote se dirige ao altar
e se reza ou se canta o intróito.
b) O sacerdote beija o altar em sinal de
veneração, porque o altar simboliza a
Jesus Cristo.
c) Saúda os fiéis e os convida a
reconhecer seus pecados, rezando o
"Confesso..." ou outra formula
daquelas aprovadas pela Igreja, que
se encontram no Missal Romano.
Ainda que este ato penitencial não
tem a eficácia do sacramento e o
pecado mortal só é perdoado com a
confissão, temos de arrepender-nos
sinceramente dos nossos pecados.
d) Finaliza o rito inicial com a recitação
ou canto do Kyrie e, quando previsto,
do Glória, seguidos da oração Coleta.
LITURGIA DA PALAVRA. Nesta parte da
Missa, distinguem-se os seguintes
momentos:
•
LITURGIA EUCARISTICA. Esta é a parte
principal da Missa, que renova - mediante
a Consagração - o sacrifício de Cristo na
cruz. As ações principais desta parte são:
a) A apresentação das oferendas ou
ofertório. O sacerdote oferece a
Deus o pão e o vinho, que são a
matéria do sacrifício; com o pão e o
vinho podem ser levados outros dons
para serem repartidos com os
necessitados. O sacerdote convida à
oração, pedindo que o sacrifício da
Igreja seja agradável ao Senhor:
"Orai, irmãos e irmãs, para que este
nosso sacrifício ...". Os fiéis
respondem: "Receba o Senhor este
sacrifício....".
b) O Prefácio. É um canto de louvor e
de ação de graças ao se recordar as
maravilhas de Deus, que se conclui
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TEMA 30
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Celebração Litúrgica da Eucaristia
A Santa Missa:
com o cântico dos anjos no céu:
"Santo, Santo.... Hosana nas alturas".
c) A Oração eucarística. Também
chamada de "Cânon", cujo centro é a
consagração, na qual o sacerdote
pronuncia em nome de Jesus Cristo e
com a intenção de consagrar, as
mesmas palavras que Ele disse na
última Ceia. Neste momento, Jesus
Cristo se faz realmente presente
sobre o altar, renovando o sacrifício
redentor de sua Paixão e Morte. É o
momento de se fazer atos de fé e
pedir a Jesus pelos vivos e pelos
mortos.
d) Rito da Comunhão. Começa com a
breve monição que introduz à oração
do Pai Nosso, que é acompanhada
com outras orações. O sacerdote,
então, apresenta a Sagrada Forma:
"Eis o Cordeiro de Deus...", e os fiéis
continuam com o sacerdote: "Senhor,
eu não sou digno..." , fazendo um ato
de humildade e de fé. A melhor
maneira de participar na Missa é
através da participação na
Comunhão, estando na graça de
Deus e devidamente preparados; se
não se vai comungar, é aconselhável
fazer-se, então, uma comunhão
espiritual.
•
RITO DE CONCLUSÃO. Com a
saudação e a benção final termina a
Missa. Tendo-se comungado, convém
fazer a ação de graças por uns minutos.
3. Participação dos fiéis na Missa
Durante a Missa, os fiéis participam dialogando
com o sacerdote várias orações, além de cantar,
ajoelharem-se etc.. Convém aprender as orações
e respostas, para participar dignamente na Santa
Missa.
4. O primeiro mandamento da Igreja: Ouvir
Missa inteira aos domingos e festas de
guarda.
Para ensinar-nos a importância da Missa e
ajudar-nos a cumprir o terceiro mandamento da
lei de Deus, a Igreja obriga -sob pecado mortal a participar da Missa aos domingos e festas de
guarda. Esta obrigação começa uma vez
cumpridos os sete anos, para aquelas pessoas
que gozam habitualmente do uso da razão e não
tem um impedimento grave. A Igreja deseja que
participemos da Missa não porque está
mandado, mas por iniciativa própria e com
generosidade. Inclusive aconselha aqueles que
podem, a participar diariamente da Santa Missa.
A razão é clara: a Missa é o centro e a raiz da
vida da Igreja e de cada um dos cristãos, e é o
ato de culto por excelência oferecido a nosso Pai
do céu. Se tivermos consciência do que é e do
que representa em nossa vida e na vida da
Igreja, faríamos todo o possível para assistir a
Missa a cada dia.
5. Propósitos de vida cristã
• Viver bem a Santa Missa, participando
nos diálogos, cantos e cuidando da
postura.
• Fazer o propósito de nunca deixar a
Missa Dominical e de Preceito, e dela
participar em outros dias, sempre que
possível.
TEMA 31
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Jesus nos Perdoa
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Na Confissão, por Meio do Sacerdote,
INTRODUÇÃO:
Uma das páginas mais comovedoras do
Evangelho é a parábola do filho pródigo, que
retrata a conduta de um filho ingrato para com
seu pai. Eram dois irmãos e o menor decide
abandonar a casa; depois de pedir sua parte na
herança, foi-se embora para um país longínquo
onde gastou tudo, levando uma vida má. Então,
teve que por-se a cuidar de porcos para poder
viver, até que um dia sentiu vergonha de sua
situação e decidiu voltar para casa, e pedir
perdão a seu pai: "Pai, pequei contra o céu e
contra ti" (Lucas 15,18). O pai, que o esperava,
quando viu que se aproximava, saiu a seu
encontro, abraçou-o e o beijou. E foi tão grande
sua alegria que ordenou aos criados que
preparassem um banquete e uma grande festa
para celebrar a volta do filho mais novo. Esta
parábola pode nos ajudar a entender o
sacramento da Penitência, que é o sacramento
da misericórdia de Deus.
IDEIAS PRINCIPAIS:
1. Os sacramentos de cura
Estudamos os sacramentos da iniciação cristã: o
Batismo, a Confirmação e a Eucaristia, que
outorgam a vida nova em Cristo. Mas, apesar de
tantas graças, o ser humano é débil, pode pecar
e carrega consigo as misérias do pecado. Cristo
quis que na Igreja existisse um remédio para
estas necessidades, e nós podemos encontra-lo
nos sacramentos da Penitência e da Unção dos
Enfermos, chamados sacramentos de cura,
porque curam a debilidade e perdoam os
pecados.
os retiverdes, lhes serão retidos" (João
20,22-23). Instituiu este sacramento como um
juízo, mas juízo de misericórdia, para que os
Apóstolos e seus legítimos sucessores
pudessem perdoar os pecados. "Olha que
entranha de misericórdia tem a justiça de Deus! Porque nos juízos humanos, se castiga aquele
que confessa sua culpa: e no divino, se perdoa.
Este sacramento é denominado também
sacramento da conversão, da reconciliação, ou
confissão.
4. É o mesmo Jesus Cristo, por meio do
sacerdote, quem absolve
Só os sacerdotes - com potestade de ordem e a
faculdade de exerce-la - que podem perdoar os
pecados, pois Jesus Cristo deu o poder só a
eles. Não se obtém o perdão, portanto, dizendo
os pecados a um amigo, ou diretamente a Deus.
Além disso, no momento da absolvição é Cristo
mesmo quem absolve e perdoa os pecados por
meio do sacerdote, já que o pecado é ofensa a
Deus e só Deus pode perdoa-lo. O sacerdote
deve guardar - sob obrigação gravíssima - o
sigilo sacramental.
5. Efeitos deste sacramento
Os efeitos deste sacramento são realmente
maravilhosos:
• a reconciliação com Deus, perdoando o
pecado para recuperar a graça
santificante;
• a reconciliação com a Igreja;
•
a remissão da pena eterna contraída
pelos pecados mortais e das penas
temporais -ao menos em parte - segundo
as disposições;
•
a paz e a serenidade de consciência,
com um profundo consolo do espírito;
•
os auxílios espirituais para o combate
cristão, evitando as recaídas no pecado.
2. Para salvar-se, é preciso que nos
arrependamos dos pecados
Não existe possibilidade de salvação sem o
arrependimento dos pecados, que é
absolutamente necessário para aquele que
ofendeu a Deus. É o que nos diz Nosso Senhor
Jesus Cristo: "Se não fizerdes penitência, todos,
igualmente, perecereis" (Lucas 13,3). Antes da
vinda de Jesus Cristo, a humanidade não tinha
nenhuma segurança de poder ter obtido o perdão
de seus pecados. A segurança foi-nos trazida por
Jesus, que pode dizer: "Teus pecados te são
perdoados" (Mateus 9,2).
3. A instituição do sacramento da Penitência,
para o perdão dos pecados
Na tarde do domingo da Ressurreição, Jesus
Cristo instituiu o sacramento da Penitência, ao
dizer a seus discípulos: "Recebei o Espírito
Santo; aqueles a quem lhes perdoardes os
pecados, lhes serão perdoados; aqueles a quem
6. Necessidade da Penitência
O sacramento da Penitência é completamente
necessário para aqueles que, depois do batismo,
cometeram pecado mortal. A Igreja ensina que
existe a obrigação de confessar os pecados
mortais ao menos uma vez por ano, em perigo de
morte e quando se for comungar. Mas uma coisa
é a obrigação e outra muito diferente é aquilo que
convém fazer quando se quer que aumente
nosso amor a Deus. Não existe a obrigação, por
exemplo, de se beijar nossa mãe, nem a de
cumprimentar nossos amigos, nem de comer
todos os dias..., mas qualquer pessoa normal faz
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TEMA 31
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Jesus nos Perdoa
Na Confissão, por Meio do Sacerdote,
estas coisas. Se quisermos progredir no amor a
Deus, devemos nos confessar freqüentemente, e
nos confessar bem.
7. Conveniência da confissão freqüente
A Igreja recomenda vivamente a prática da
confissão freqüente, não só dos pecados mortais
- que devem ser confessados imediatamente mas também dos pecados veniais. Desta
maneira, aumenta-se o conhecimento de si
mesmo; cresce-se na humildade; desenraizamse os maus costumes; faz-se frente à tibieza e à
preguiça espiritual; purifica-se e se forma a
própria consciência; ajuda-se a crescer na vida
interior, e aumenta a graça em virtude do
sacramento. Para crescer no amor a Deus é
muito conveniente ter em muita estima a
confissão: confessar-se com freqüência e bem.
8. Propósitos de vida cristã
• Devemos mostrar um grande amor e
estima ao sacramento da Penitência.
• Fazer o propósito de recebe-lo com
freqüência e bem preparados.
TEMA 32
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com Deus
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Nossa Reconciliação
INTRODUÇÃO:
reconcilia o ser humano com Deus antes de, de
fato, se receba o sacramento da Penitência. No
Na vida de São Círilo de Jerusalém conta-se o
seguinte episódio: "Em uma semana santa havia entanto, esta dor não torna supérflua a confissão
oral dos pecados, mas pressupõe seu desejo e a
muita gente esperando para confessar-se e,
ela se ordena por natureza. Seria contraditório
entre elas, o santo bispo viu o demônio.
Perguntou-lhe o bispo o que fazia lá, e o demônio uma dor perfeita dos pecados unida à recusa do
preceito divino de confessar-se com o sacerdote.
respondeu-lhe que estava fazendo um ato de
A efetiva confissão dos pecados é necessária
penitência. - Você, penitência?, replicou-lhe o
bispo. Vou explicar, respondeu o demônio: Não é porque ninguém pode estar absolutamente
seguro de que sua contrição seja perfeita. Por
um ato de penitência satisfazer e restituir aquilo
isso, para aproximar-se da comunhão, quando se
que se tirou de alguém? Pois eu tirei destas
pessoas todas a vergonha para que pecassem, e tem consciência de pecado mortal, salvo casos
muito raros e especiais, é necessário confessaragora venho restitui-la para que não se
se antes. Não fazer assim, e aproximar-se só
confessem". Medo, vergonha, falta de
com um suposto ato de contrição, seria um
sinceridade... são perigos a evitar na confissão.
desprezo a Cristo, já que se correria o risco de
Se somos conscientes de que é o mesmo Jesus
estar sem as disposições necessárias, já que
Cristo quem perdoa os pecados por meio do
ninguém pode estar seguro da suficiência de sua
sacerdote, superaremos melhor essas atitudes
que afetam muitos cristãos na hora de confessar- dor pelos pecados. A dor de atrição ou dor
imperfeita por si não perdoa o pecado, mas é
se.
suficiente para se receber o perdão no
IDEIAS PRINCIPAIS:
sacramento da Penitência.
1. As condições para uma boa confissão
4. Propósito de emenda
Para fazer uma boa confissão são necessárias
cinco coisas: exame de consciência, dor dos
pecados, propósito de emenda, dizer os pecados
ao confessor e cumprir a penitência. É
necessário confessar-se procurando viver bem
estas disposições, sem cair na rotina, já que
cada confissão é um encontro pessoal com
Jesus Cristo.
2. Exame de consciência
É preciso recordar - para acusar-se depois - os
pecados mortais cometidos desde a última
confissão bem feita. Neste exame é necessário
considerar detidamente os mandamentos da lei
de Deus, os da Igreja e as obrigações do próprio
estado. Se descobrirmos pecados mortais
cometidos desde a última confissão válida, é
preciso saber a classe do pecado, as
circunstâncias que mudam sua espécie e - dentro
do possível - o número de vezes ou ao menos
uma media aproximativa. Convém também ver os
pecados veniais. Normalmente, o exame deve
ser breve, que não quer dizer "superficial".
Quando se confessa com freqüência, será mais
fácil faze-lo, como é mais fácil confessar-se bem
quando nos examinamos habitualmente.
3. Dor dos pecados
A dor pode ser de atrição (por receio ou pela
fealdade do pecado) ou de contrição (por ter- se
ofendido a Deus, sendo quem Ele é). A dor de
contrição, ou dor perfeita, fruto de uma ardente
caridade para com Deus ofendido pelo pecado,
quando existe a impossibilidade de confessar-se,
Consiste na determinação de não voltar a pecar,
como Jesus indicou à mulher pecadora: "Vai em
paz, e não peques mais" (João 8,11). Mesmo que
não seja possível ter certeza de que não mais se
ofenderá a Deus, é necessário que se esteja
disposto a colocar os meios para não tornar a
faze-lo. Isto leva-nos a fugir das ocasiões
próximas e voluntárias de pecado: más
amizades, leituras, conversas, espetáculos, etc...;
a colocar os meios sobrenaturais e humanos
para fortalecer a vontade e não tornar a pecar.
5. Confissão ou acusação dos pecados
Para fazer uma boa confissão, é necessário dizer
todos os pecados ao confessor; a confissão
acontece como em um julgamento, e nenhum juiz
pode julgar nem impor a penitência adequada se
não conhece a causa do réu. É necessário
confessar todos os pecados mortais segundo seu
número e circunstâncias importantes; por
exemplo, aquelas que mudam a espécie do
pecado, que fazem que em um só ato se
cometam dois ou mais pecados especificamente
distintos, como seria o roubo com ou sem
violência. Se cometeria um sacrilégio e a
confissão seria inválida se conscientemente se
calasse um pecado mortal; no caso de que se
esqueça algum pecado, e o penitente disso se
der conta depois, fica-lhe o pecado perdoado,
mas existe a obrigação de dize-lo na próxima
confissão; enquanto isso, pode-se comungar.
Ainda que não seja necessário, é muito
conveniente confessar os pecados veniais.
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TEMA 32
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
com Deus
Nossa Reconciliação
6. Cumprir a penitência
8. A celebração do sacramento da Penitência
A penitência imposta pelo confessor é para
satisfazer a dívida que se tem com Deus, por
causa do pecado. É muito bom que, além de
cumpri-la imediatamente, o penitente procure
livremente fazer outras obras que ajudem a sentir
e a reparar o pecado. Se, tendo intenção de
cumprir a penitência, depois não a cumpre, a
confissão é válida, ainda que esta falta de
cumprimento possa ser grave ou leve segundos
os casos.
Ainda que em casos realmente excepcionais
existam outras formas, a confissão individual e
íntegra dos pecados graves, seguida da
absolvição, é o único caminho ordinário para a
reconciliação com Deus e com a Igreja.
7. Normas práticas sobre o modo de
confessar-se
a) Antes da Confissão. É bom rezar alguma
oração preparatória, como por exemplo: "Meu
Senhor e meu Deus, dai-me a luz para conhecer
os meus pecados, e a graça para deles me
arrepender. Amém". Depois, se faz o exame de
consciência, procurando provocar a dor de todos
e de cada um dos pecados e se faz o firme
propósito de emendar-se e de lutar para não
voltar a cair nestas faltas. Enquanto se aguarda,
é preciso procurar permanecer com recolhimento
interior, falando com o Senhor, ou rezando
algumas orações vocais.
b) Durante a Confissão. No momento oportuno, o
penitente se dirige ao confessionário, ajoelha-se,
e diz ao sacerdote: "Padre, dai-me a vossa
benção porque pequei". O sacerdote nos acolhe,
dizendo "Que o Senhor esteja em teu coração e
em teus lábios, para que arrependido, confesses
os teus pecados". Depois, o penitente recita um
texto da Sagrada Escritura, no qual se manifesta
a misericórdia do Senhor. Pode ser "Senhor, Tu
sabes tudo, Tu sabes que eu te amo". Em
seguida, diz o tempo desde a última confissão, e
acusa-se dos pecados com brevidade, claridade
e sinceridade. Ao terminar, pode dizer: "Destes
pecados e de todos os pecados dos quais não
me recordo, peço o perdão e a absolvição". Logo
depois, escuta-se com atenção as
recomendações do sacerdote e a penitência que
impõe. Faz-se um ato de contrição, dizendo:
"Senhor Jesus, Filho de Deus, tende piedade de
mim, que sou pecador". Enquanto o sacerdote
nos absolve, recolhemo-nos com piedade e
agradecimento, respondendo quando acabar
"Amém".
c) Depois da Confissão. O melhor é cumprir a
penitência indicada o quanto antes, sem deixa-la
para depois. Ao mesmo tempo se agradece a
Deus por sua misericórdia, renovando os
propósitos de emenda e pedindo ao Senhor e à
Virgem a ajuda para coloca-los em prática.
9. As indulgências
Além da confissão, Jesus deu à sua Igreja o
poder para perdoar a pena temporal devida pelos
pecados, e o faz por meio das indulgências.
Assim, pois, com as indulgências se perdoa a
pena temporal que pode restar dos pecados já
perdoados. Para ganha-las é necessário que se
esteja em estado de graça santificante, e fazer
aquilo que a Igreja pede. Podem-se ganhar
indulgências de muitas maneiras: ao oferecer o
trabalho ou estudo, ao se rezar o Angelus, o
Rosário, a Via Sacra, a comunhão espiritual, uma
oração pelo Papa, ao usar uma medalha ou um
crucifixo abençoados, etc...
10. Propósitos de vida cristã
• Aprender a se confessar bem, conforme
as indicações dadas no tema.
• Preparar-se sempre bem para a
Confissão.
TEMA 33
57
dos Enfermos
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
A Unção
INTRODUÇÃO:
de vós está enfermo? Chame os presbíteros da
Igreja e orem sobre ele, ungindo-o com o óleo
em nome do Senhor. A oração da fé salvará o
enfermo, e o Senhor o aliviará. E se tiver algum
pecado, lhe será perdoado" (Tiago 5, 14-15).
Com o sacramento da Unção dos enfermos a
Igreja acode em ajuda a seus filhos que
começam a estar em perigo de vida, por
enfermidade grave ou velhice. Nestes momentos
difíceis e importantes da vida - quando ventila-se 4. Efeitos deste sacramento
o destino eterno do ser humano - , Deus não nos A graça especial do sacramento da Unção dos
deixa sozinhos, mas faz-se presente para nos
enfermos produz, como efeitos:
socorrer com sua graça e sua misericórdia. O
• a união do enfermo à Paixão de Cristo,
sacramento da Unção dos enfermos proporciona
para o bem próprio e de toda a Igreja;
ao cristão a graça para vencer as dificuldades
inerentes ao estado de enfermidade grave ou
• o consolo, a paz e o ânimo para suportar
velhice. Uma coisa que deve preocupar a
cristãmente os sofrimentos da
qualquer cristão será a de receber este
enfermidade ou da velhice;
sacramento - ele ou o familiar ou o amigo - no
• o perdão dos pecados, se não pode
momento oportuno, valorizando a ajuda que pode
confessar-se e contando com que esteja
prestar a quem o necessita.
arrependido de suas culpas ao menos
IDEIAS PRINCIPAIS:
com a dor de atrição;
1. O cristão frente à enfermidade e à morte
• o restabelecimento da saúde corporal, se
isto for conveniente à saúde espiritual.
A morte chega inevitavelmente a cada ser
Por isso não se deve espera para
humano, porque, - queiramos ou não - é o
administrar o sacramento que o enfermo
desenlace natural da existência. Normalmente,
esteja já em agonia; o lógico é que esteja
chega com a enfermidade grave ou por causa da
plenamente lúcido. Sem dúvida, se já
velhice. Para enfrentar com dignidade e proveito
perdeu o conhecimento, tem direito a que
este momento da vida, Deus socorre o cristão
se administre o sacramento e assim deve
com a Unção dos enfermos, remédio e ajuda
ser feito, ainda que sob condição, na
poderosa para saber levar com Cristo a
dúvida de que ainda esteja vivo.
enfermidade e sair ao passo da morte
fortalecidos com a graça especial do sacramento.
• A preparação para a passagem à vida
Mesmo que encontre ainda em alguns fiéis uma
eterna. A propósito da Unção, é oportuno
certa resistência, já que não querem encarar a
recordar que a Igreja ajuda os enfermos
realidade da morte, a prudência cristã ensina-nos
também com o Viático. Os bons cristãos
que devemos estimar e desejar este sacramento
devem preocupar-se de que os doentes
como um presente da misericórdia de Deus. Não
recebam com freqüência a Sagrada
estaria mal pedir cada dia a graça de receber
Comunhão e, se a enfermidade é grave,
devidamente o sacramento da Unção dos
a modo de Viático, que significa
enfermos.
"preparação para a viagem": a viagem
para a vida eterna.
2. O que é a Unção dos enfermos
Jesus Cristo deixou-nos um remédio salutar para 5. Modo de se administrar este sacramento
toda e qualquer necessidade da vida
A administração deste sacramento tem diversas
sobrenatural, e nos últimos momentos da
cerimônias. O essencial da celebração - assim
existência o demônio monta uma grande batalha, como para os demais sacramentos - é a
necessitando a alma de auxílios especiais. Estes aplicação da matéria (santos óleos) e a forma
auxílios foram vinculados por Jesus Cristo à
(palavras que o ministro pronuncia, enquanto
Unção dos enfermos, sacramento instituído para unge o enfermo. O sacerdote unge com o óleo
o alívio espiritual e também corporal do cristão
abençoado (azeite de oliveira consagrado pelo
gravemente enfermo. Por este sacramento o
bispo na quinta-feira santa, daí o nome "santos
cristão se une a Jesus Cristo para ter os mesmos óleos") na fronte e nas mãos do enfermo,
sentimentos dele frente à dor e à morte.
enquanto diz: "Por esta santa Unção e por sua
misericórdia, o Senhor venha em teu auxílio com
3. Jesus Cristo instituiu este sacramento
a graça do Espírito Santo, para que liberto dos
O sacramento da Unção dos enfermos foi
teus pecados, Ele te salve, e na Sua bondade,
instituído por Cristo, ainda que quem o
alivie os teus sofrimentos". Responde-se:
promulgou tenha sido o Apóstolo São Tiago, que
mostra a Tradição da Igreja quando diz: "Alguém
58
TEMA 33
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
dos Enfermos
A Unção
"Amém". Em caso de necessidade, o presbítero
pode abençoar o óleo que será usado na Unção.
6. É preciso preparar-se para a morte
Deus vem em nossa ajuda a cada momento,
como Pai que nos ama e nos quer felizes na
terra, e depois eternamente no céu. Ter estudado
este sacramento deve fazer-nos pensar na
realidade da morte, que recorda a necessidade
de viver sempre na graça de Deus, crescer na
vida cristã, aceitar os sofrimentos que tenhamos
nesta vida e receber com alegria a morte,
sabendo que é o passo necessário para nos
encontrarmos com Deus no céu.
7. Propósitos de vida cristã
• Oferecer com alegria as dores e
sofrimentos da vida, especialmente a
enfermidade, sem medo da morte.
• Agradecer e estimar o sacramento da
Unção dos enfermos, procurando avisar o
sacerdote quando algum familiar ou
amigo estiver gravemente enfermo.
TEMA 34
59
da Ordem
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
O Sacramento
INTRODUÇÃO:
O Batismo, Confirmação e Eucaristia são os
sacramentos da iniciação cristã, que põem os
fundamentos da vocação comum dos cristãos:
vocação à santidade e à evangelização do
mundo. Estes sacramentos, junto com a
Penitência e a Unção dos enfermos,
proporcionam a cada fiel as graças necessárias
para viver como cristãos e alcançar o céu. Para
as necessidades sociais da Igreja e da
comunidade civil, Jesus Cristo instituiu a Ordem
sacerdotal e o Matrimônio, ordenados à salvação
dos demais; por isso são conhecidos como
sacramentos a serviço da comunidade.
Comecemos pelo sacramento da Ordem.
IDEIAS PRINCIPAIS:
1. Todos os cristãos participam, de maneira
distinta, do único sacerdócio de Cristo
Jesus Cristo - verdadeiro e supremo sacerdote
da Nova Aliança - nos reconciliou com Deus por
meio do sacrifício da cruz, sendo sacerdote e
vítima. Mas, tendo de continuar o sacrifício, o
Senhor quis comunicar à Igreja uma participação
de seu sacerdócio, que se alcança mediante o
sacramento da Ordem. Esta participação singular
se conhece como sacerdócio ministerial, que
capacita para atuar na pessoa de Cristo, Cabeça
da Igreja: os bispos e os presbíteros. Mas é
preciso dizer que a Igreja inteira, fundada por
Cristo, é um povo sacerdotal, de modo que - pelo
batismo - todos os fiéis participam do sacerdócio
de Cristo. Esta outra participação chama-se
sacerdócio comum dos fiéis.
2. O sacerdócio comum e o ministerial são
essencialmente diversos
O sacerdócio ministerial difere essencialmente,
não só em grau, do sacerdócio comum dos fiéis,
porque confere um poder sagrado para o serviço
dos irmãos. Os que receberam o sacramento da
Ordem são ministros de Cristo, instrumentos
através dos quais Ele se serve para continuar no
mundo sua obra de salvação. Tal obra é levada
adiante por meio do ensino, do culto divino e do
governo pastoral.
3. A instituição do sacramento da Ordem
Cristo escolheu seus Apóstolos e na última Ceia
instituiu o sacerdócio da Nova Aliança. Aos
Apóstolos e a seus sucessores no sacerdócio
ordenou que renovassem na Missa o sacrifício da
cruz; e com estas palavras: "Fazei isto em minha
memória" (Lucas 22,19), os instituiu sacerdotes
do Novo Testamento. No dia da Ressurreição
conferiu-lhes também o poder de perdoar ou
reter os pecados, outorgando-lhes o poder que
Ele tinha. Como os Apóstolos sabiam que o
sacerdócio deveria continuar na Igreja depois
deles morrerem, depois de evangelizar uma
cidade e antes de deixa-la, impunham as mãos a
outros, comunicando-lhes o sacerdócio (cf 2
Timóteo 1,6; Atos 14,23).
4. Os três graus do sacramento da Ordem
O sacramento da Ordem consta de três graus
subordinados um ao outro. O episcopado e o
presbiterado são diversas formas de participação
ministerial no sacerdócio de Cristo; o diaconato,
está destinado a ajudar e a servir as outras
ordens. Por isso, o termo sacerdote designa os
bispos e os presbíteros, mas não os diáconos.
Os três graus são conferidos pelo sacramento da
Ordem. Normalmente, quando se fala de
sacerdotes se entende que se fala dos
presbíteros, e nos números que se seguem nos
referiremos a eles, ainda que algumas coisas
possam ser aplicadas também aos bispos e
diáconos.
5. O sacerdote é um homem consagrado a
Deus para sempre
Em virtude do sacramento da Ordem o sacerdote
é ministro de Cristo, mediador entre Deus e os
homens para dar culto a Deus - adoração, ação
de graças, satisfação e impetração - para
comunicar a graça aos seres humanos. Os
poderes que lhe são outorgados, que nem
mesmo os anjos possuem, não são passageiros,
mas permanentes. As pessoas que recebem este
sacramento recebem um caráter indelével e são
sacerdotes para sempre. O caráter distingue o
ordenado dos demais fiéis: participa do
sacerdócio de Cristo de um modo
essencialmente distinto. Junto com o caráter
recebe outras graças na consagração sacerdotal
para assemelhar-se com Cristo, de maneira que
de todo o sacerdote pode-se dizer que é outro
Cristo. Este sacramento só pode ser recebido por
homens batizados que reúnam as devidas
condições.
6. Ministério dos sacerdotes
Vimos que o sacerdócio dá a potestade para
exercer o sagrado ministério, que visa o culto a
Deus e a saúde das almas. As manifestações
principais do ministério dos sacerdotes são:
a) Pregar a Palavra de Deus. O sacerdote exerce
este ministério quando prega a homilia dentro da
Missa, ao dar catequese e em múltiplas
ocasiões: meditações, retiros, aulas de formação,
etc..
60
TEMA 34
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
da Ordem
O Sacramento
b) Administrar os sacramentos e especialmente
celebrar a Santa Missa. Desde que o cristão
nasce até que morra, está junto dele o sacerdote
ajudando-o com os sacramentos. Mas o
ministério principal dos sacerdotes é a
celebração do santo sacrifício da Missa.
c) Guiar o povo cristão para a santidade. Os
sacerdotes tem a missão e o dever de
apascentar como bons pastores a grei que lhes
foi confiada pelo bispo: com a oração e a
mortificação, ajudando-lhes em suas
necessidades, acompanhando-lhes nos
momentos difíceis e com a insubstituível tarefa
da direção espiritual, para que possam ser
tirados os obstáculos que lhes impeçam de
receber a graça de Deus.
d) Dirigir ao Senhor a oração oficial da Igreja com
a oração da Liturgia das Horas. Se todos os
seres humanos devem rezar para honrar a Deus
e pedir-lhe por tantas necessidades, com maior
motivo deve faze-lo o sacerdote. Palpa como
nenhuma outra pessoa as misérias e as
necessidades verdadeiras dos demais. Por isso,
a Igreja ordenou que os sacerdotes rezem
diariamente o Ofício Divino. É um clamor que
sobe continuamente da terra ao céu, de tal modo
que se pode dizer que durante as vinte e quatro
horas do dia a Igreja está rezando oficialmente,
por meio de seus ministros.
7. A missão espiritual do sacerdote
De tudo o que até agora temos visto se deduz
que a missão do sacerdote no mundo é
fundamentalmente espiritual: conduzir a
humanidade a Deus, educando na fé e dando a
graça de Cristo contida nos sacramentos. O
sacerdote é servidor de toda a comunidade cristã
e elemento de unidade. É lógico que seja
distinguido, inclusive no seu porte externo, como
ordena a Igreja, e que tenha o dia
completamente cheio com sua atividade
sacerdotal, sem tempo para dedicar-se a outras
coisas, e muito menos interferindo nas tarefas
que são próprias dos fiéis leigos.
8. Deveres dos fiéis para com os sacerdotes
Sendo tão grande a dignidade do sacerdote e tão
essencial sua função na Igreja, é lógico que os
pais deixem seus filhos em plena liberdade para
seguir a vocação sacerdotal se Deus os
chamasse. Os fiéis devem rezar para que Deus
se digne conceder à sua Igreja bons pastores e
ministros zelosos. Devem professar um grande
respeito, veneração e amor aos sacerdotes,
considerando-os como o que de fato são:
ministros de Cristo, pais e pastores das almas.
Por isso devem ajuda-los também com
generosidade em suas necessidades materiais.
9. Propósitos de vida cristã
• Pedir que se possa ter muitos sacerdotes
santos, e receber com alegria a vocação
ao sacerdócio, se Deus chamar.
• Tratar com carinho e respeito a todos os
sacerdotes.
TEMA 35
61
do Matrimônio
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
O Sacramento
INTRODUÇÃO:
3. As propriedades do matrimônio
"Falava uns dias atrás com um amigo, um pouco
mais velho do que eu. Na conversa, apareceram
coisas de quando éramos pequenos.... Um pouco
emocionado me disse: Ainda recordo quando,
sendo criança, minha mãe dava-me um beijo
antes de dormir, depois de ajudar-me a rezar as
orações da noite. Eu vivia contente e feliz por
sentir-me amado por minha mãe. Meu pai
também tinha detalhes que me agradavam muito.
No inverno, junto ao fogo, sentava-me em seu
colo. Então, contava-me muitas coisas de suas
viagens, de quando era jovem e o quanto teve
que trabalhar para levar adiante sua vida.
Recordo aqueles momentos com muitas
saudades... E como estão seus pais, agora?, lhe
perguntei. - Estão muito velhos, me disse; minha
mãe está bem doente, já não se levanta mais da
cama. Os dois vivem comigo. Meu pai, quando
estou no trabalho, cuida dela com todo o amor e
carinho". O amor destes pais para com seu filho,
e os detalhes de amor que tinham entre si estes
esposos, nos fazem pensar na grandeza do
sacramento do Matrimônio.
O matrimônio, tanto na condição de instituição
natural como na de sacramento cristão, está
Revestido de duas propriedades essenciais: a
unidade e a indissolubilidade. Unidade quer dizer
que o matrimônio é a união de um só homem
com uma única mulher: "Por isso deixará o
homem a seu pai e a sua mãe, e se unirá à sua
mulher, e serão os dois uma só carne" (Gênesis
2,24). Indissolubilidade quer dizer que o vínculo
conjugal não pode desatar-se nunca: "O que
Deus uniu o homem não o separe", diz o
Evangelho (Mateus 19,6; 5,32; Lucas 16,18). O
divórcio, pois, está proibido. Deus assim o quis
por várias razões: pelo bem dos filhos; pelo bem,
a felicidade e a segurança dos esposos; pelo
bem de toda a sociedade humana, pois a
humanidade se compõe de famílias, e quanto
mais sólidas e estáveis sejam, maior será a
ordem e o bem estar da sociedade e dos
indivíduos.
IDEIAS PRINCIPAIS:
1. Instituição do matrimônio no paraíso
terrestre
O livro do Gênesis ensina que Deus criou o ser
humano, homem e mulher, com o encargo de
procriar e multiplicar-se: "Homem e mulher os
criou, e Deus os abençoou dizendo-lhes: Crescei
e multiplicai-vos e enchei a terra" (Gênesis
1,27-28). Assim, Deus instituiu o matrimônio, e o
instituiu - tendo como fim principal - para que
tivessem filhos e educassem-nos; e como fim
secundário, para que os esposos se ajudem
entre si: porque "não é bom que o homem esteja
só, vou fazer-lhe uma ajuda semelhante a
ele" (Gênesis 2,18). Como conseqüência, o
matrimônio é algo sagrado por sua mesma
natureza, e os esposos são colaboradores de
Deus participando do poder divino de dar a vida,
ao preparar o corpo dos novos seres nos quais
Deus infunde a alma criada a sua imagem e
semelhança, destinados a dar-lhe glória e a
gozar com Ele no céu.
4. Efeitos do sacramento do matrimônio
O sacramento do matrimônio aumenta a graça
santificante naqueles que o recebem. Também
comunica os auxílios especiais que os esposos
necessitam para santificar-se dentro do
matrimônio, para educar a seus filhos e cumprir
os deveres que contraem ao casar-se. Estes
deveres são, para com eles mesmos: amar-se e
respeitar-se, guardar a fidelidade e ajudar-se
mutuamente; em relação aos filhos: alimenta-los,
vesti-los, educa-los religiosa, moral e
intelectualmente e assegurar seu futuro. Os
ministros do sacramento são os mesmos
contraentes; contudo, deve ser celebrado ante
testemunhas, perante o pároco ou um seu
delegado. Senão, o casamento é inválido.
5. O matrimônio, caminho de santidade
2. O matrimônio, sacramento cristão
O sacramento do matrimônio concede aos
esposos as graças necessárias para que se
santifiquem e santifiquem os outros. É dever de
toda a família - também dos filhos - facilitar este
clima humano e cristão, através do qual se
consegue que os lares sejam luminosos e
alegres, sacrificando-se para se obter as virtudes
humanas e sobrenaturais de uma família que
começou santificada com um sacramento.
Jesus Cristo elevou à dignidade de sacramento o
matrimonio instituído no início da humanidade. O
matrimônio entre cristãos é a imagem da união
de Jesus Cristo com sua Igreja. Portanto, entre
cristãos, só existe um verdadeiro matrimônio: o
que Jesus Cristo santificou e elevou à dignidade
de sacramento.
6. Propósitos de vida cristã
• Esforçar-se por tornar agradável a vida
das pessoas da própria família.
• Estimar muito este sacramento e ajudar a
que os demais o entendam e também
agradeçam a Deus.
62
TEMA 36
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
do Cristão
A Vocação
INTRODUÇÃO:
Quando trata dos mandamentos, o Catecismo da
Igreja Católica aborda o estudo da doutrina cristã
com este belo título: “A vida em Cristo”. Na
explicação do Símbolo da fé (primeira parte) se
dá a razão dos dons de Deus ao ser humano
pela criação, e mais ainda, pela redenção,
presente de Deus ao ser humano. O
desenvolvimento do ensinamento a respeito dos
sacramentos (segunda parte) mostra como na
celebração do mistério de Cristo a graça nos é
dada, que nos faz participantes da natureza
divina e filhos de Deus com o batismo; com o
batismo começa uma nova vida, a vida em
Cristo. Mas esta vida em Cristo requer o
cumprimento dos mandamentos (terceira parte),
que é a coerência com a fé e com a vocação, à
qual convida São Leão Magno: “Reconhece,
cristão, a tua dignidade, e uma vez que foste feito
participante da natureza divina, não queiras
voltar à tua antiga miséria com uma conduta
degenerada. Não esqueças de que Cabeça e de
que Corpo tu és membro. Recorda-te de que,
arrancado do poder das trevas, fostes
transladado ao esplendoroso Reino de
Deus” (Sermão 21).
esta lei que ressoa na consciência, porque é uma
lei universal e imutável. O cristão conhece o
caminho para alcançar a eterna bem
aventurança: cumprir os mandamentos.
4. A liberdade do ser humano
Mas o ser humano é livre; e sendo nossa
liberdade frágil, pode obedecer – e também
desobedecer – a voz de Deus que lhe deu a
liberdade para que seja livre de verdade, sem
coação alguma, porque quer que se decida por
Deus. A liberdade é a raiz do ato humano, e por
isso o ser humano é responsável das decisões
que voluntariamente adota. Às vezes, a
responsabilidade de uma ação pode ficar
diminuída – inclusive, anulada – pela ignorância,
a violência, o temor e outros fatores psíquicos e
sociais. Por causa do pecado original, o ser
humano conserva o desejo do bem, mas a
natureza humana está sujeita ao erro e inclinado
ao mal no exercício de sua liberdade. Por isso é
preciso amar a liberdade e defende-la, mas
também é necessário educa-la para que seja “a
liberdade que Cristo nos ganhou” (Gálatas 5,1).
5. A vocação do ser humano
Com sua morte na cruz Cristo livrou a
humanidade do demônio e do pecado,
merecendo para todos a vida nova no Espírito
1. Cristo revela quem é o ser humano
Santo; com a sua graça restaurou o que o
Diz o Concílio Vaticano II que “Cristo manifesta
pecado tinha destruído. E esta senda que Cristo
plenamente o homem ao próprio homem e lhe
traçou é a que deve seguir todo aquele que
descobre a grandeza de sua vocação” (Gaudium queira ir após Ele, para unir-se com Ele, para
et Spes, 22). Cristo, o Filho de Deus feito homem identificar-se com Ele. Não existe outro caminho.
–homem perfeito- , enviado por Deus Pai para
Nesta união com Cristo se alcança a perfeição da
nos salvar e nos dar o exemplo, é como o
caridade, a santidade à qual todos estão
espelho no qual o homem pode saber quem é e a chamados, como ensina o Concílio Vaticano II:
que vocação foi chamado por Deus.
“Todos... são chamados à plenitude da vida cristã
e à perfeição da caridade”. A vida em Cristo
2. O sentido da vida e a vocação do homem
atinge sua plenitude na glória do céu.
O homem foi criado por Deus, e é a única
6. A vocação do ser humano e a felicidade
criatura da terra que Deus amou por si mesma.
Dotada de alma espiritual –com entendimento e
Além de santos, Deus nos quer felizes, mesmo
vontade-, a pessoa humana está, desde a sua
contando com que – enquanto peregrinamos –
concepção, ordenada a Deus e destinada à
precisamos carregar a cruz, que é a condição da
eterna bem aventurança. O ser humano
existência cristã. A felicidade na terra sempre traz
consegue a sua perfeição na busca do amor, da
consigo o meio amargo da precariedade. Este
verdade e do bem. Em conseqüência, fomos
paradoxo fica muito bem manifestado nas bem
criados por Deus, e o sentido da vida está em
aventuranças, nas quais Jesus ensina quais são
caminhar para Deus para viver eternamente com os verdadeiros bens. Somos herdeiros do Reino
Ele: esta é a vocação do ser humano.
de Deus, e nossa verdadeira e plena felicidade
se realizará na visão de Deus, no descanso com
3. Viver de acordo com a vocação
Deus. A vida eterna é um dom gratuito de Deus,
O ser humano deve viver de acordo com a
tão sobrenatural como a graça que conduz a ela.
vocação à qual tenha sido chamado por Deus;
deve seguir a lei moral que Deus mesmo colocou 7. Cristo, princípio e meta de todo ser humano
no mais íntimo de cada pessoa e que lhe intima:
Cristo, que é o Senhor do cosmos e da história, é
“Faz o bem e evita o mal”. Todos devem seguir
para o ser humano em particular “o caminho, a
IDEIAS PRINCIPAIS:
TEMA 36
63
do Cristão
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
A Vocação
verdade e a vida” (João 14,6). Em quanto Deus é
o criador do universo, que é sustentado com sua
palavra poderosa; como homem, é o Redentor do
mundo, o único Redentor, pois não existe outro
que possa nos salvar. Por isso nossa dignidade,
nossa verdade, nossa vida, nosso caminho é
Jesus Cristo, a quem o ser humano deve buscar,
seguir e amar: “Se conheces a Cristo, sabes
tudo; se ignoras a Cristo, não sabes nada”, dizia
o escrito afixado em uma biblioteca. O ser
humano de nosso tempo tem especial
necessidade de buscar, de encontrar a Cristo, já
que está vendo destruídas todas as suas
esperanças e ninguém mais que Cristo poderá
livrar a humanidade do desamparo que a
aprisiona. Cristo é a esperança da humanidade,
porque “Cristo é o amor que ama, é o caminho
para ser andado, a luz para ser acesa, a vida
para ser vivida, o amor digno de ser
amado” (Madre Teresa de Calcutá). Quem
encontra a Cristo experimenta o milagre de ver
sua vida transformada, com um ideal que o
apaixona e lhe dá vontade de viver, como a
loucura confessada por São Paulo: “Já não sou
eu quem vive, é Cristo que vive em
mim” (Gálatas 2,20).
8. Propósitos de vida cristã
• Meditar muitas vezes nas palavras do
Papa São Leão Magno: “Reconhece,
cristão, a tua dignidade”, e tirar
conseqüências para a própria vida.
• Aproveitar o estudo desta parte do
Resumo do Catecismo da Igreja Católica”
não só para conhecer, mas para
realmente “viver em Cristo”.
• Frente à onda de ignorância, tomar a
determinação de buscar a Cristo, para
conhece-Lo e ama-Lo melhor.
64
TEMA 37
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
do Ato Humano
A Moralidade
INTRODUÇÃO:
A categoria singular do ser humano - que lhe
distingue e eleva acima dos outros seres da
criação visível - está radicada no fato de que está
dotado de inteligência e de vontade - criado à
imagem e semelhança de Deus - com liberdade
para tomar decisões. Mas, sendo criatura, sua
liberdade deve estar harmonizada com a a de
Deus e a de seus semelhantes. Isto é o que
fazem os mandamentos, que são caminhos de
liberdade, colocando ordem no exercício da
liberdade da criatura, de modo que seja
verdadeira liberdade, harmonizada e concertada
com a liberdade dos demais. Conseqüentemente,
se existe um mandamento legítimo, o ser
humano tem a obrigação de cumpri-lo e não é
moralmente livre, mesmo que seja possuidor de
liberdade psicológica e física; se não existe
mandamento, é muito livre de tomar a decisão
que desejar. Assim, o ser humano tem que
educar sua liberdade para utiliza-la corretamente;
quer dizer, tem que agir como ser humano,
exercitando a inteligência e a vontade, mas
referidas a uma norma objetiva e transcendente
que dirige e regula sua conduta. A moralidade,
pois, é uma qualidade do ato humano livremente
exercido; e será positiva - boa - se puder ajustarse à norma que o ordena como ser racional; será
negativa - má - se atua irracionalmente contra a
norma.
eufemismos hipócritas; pelo contrário, adorar a
Deus é um ato humano bom em si mesmo.
b) O fim ou a intenção do ato pode modificar a
moralidade, porque a ação boa em si, mas
realizada com má intenção perverte aquela ação
e a converte em má, como sentencia o princípio
que diz "o fim justifica os meios".
c) As circunstâncias, por último, também influem
na moralidade agravando ou diminuindo a
qualidade boa ou má de um ato; e afirmando com
claridade que o que é mau não pode voltar a ser
bom, sejam quais forem as circunstâncias.
Portanto, para que um ato seja moralmente bom
é preciso que seja bom o objeto, o fim e as
circunstâncias; se é má alguma destas três
coisas, o ato é mau. Erraria, pois, quem julgasse
da moralidade dos atos humanos considerando
tão somente a intenção que os inspira, ou as
circunstâncias (ambiente, pressão social, coação
ou necessidade de agir, etc..). Há atos que - por
si e em si, independentemente das
circunstâncias e da intenção - são gravemente
ilícitos por razão de seu objeto; por isso a moral
afirma rotundamente que nunca está permitido
fazer o mal para se obter um bem.
2. Moralidade das paixões
No ser humano existe ainda uma série de
impulsos, tendências, afetos e sentimentos, que
IDEIAS PRINCIPAIS:
são conhecidos pelo termo "paixões",
reconhecidas como forças que Deus colocou na
1. Fontes da moralidade
natureza humana e que nos movem a agir. Como
Na experiência mais elementar do ser humano se conseqüência do pecado original, estas forças
produz um fenômeno que convém assinalar:
estão desordenadas e provocam tensão no ser
sabe que faz o bem ou que age mal, que suas
humano, mas é indubitável sua utilidade quando
ações são boas ou más. Como é capaz de saber se consegue controla-las. São como a água:
isso? É sua consciência quem o diz, essa voz
represada e dirigida é fonte de vida e de energia;
interior que avisa: é preciso fazer o bem e evitar
se rompe a represa, provoca a catástrofe. O
o mal. Mas a consciência não faz mais que
amor e o ódio, o desejo e o temor, a alegria, a
traduzir a convicção prévia de uma lei que temos tristeza e a ira, são as paixões principais. As
gravada profundamente, à qual devemos nos
paixões de per si não são boas nem más, mas o
submeter; de modo que, se agimos de acordo
são na medida em que dependem da razão e da
com ela, agimos bem; e se a contradizemos,
vontade e impulsionam a agir bem ou mal. Assim,
agimos mal. Com a finalidade de ter em mãos um as paixões são moralmente boas quando
critério claro e simples, os autores consideram
contribuem a uma ação boa, e são moralmente
que a moralidade depende do objeto, o fim e as
más se puxam a agir mal. As paixões podem ser
circunstâncias:
assumidas nas virtudes e pervertidas nos vícios.
a) O objeto escolhido, que é o bem para o qual
tende a vontade, podendo dizer-se que é a
matéria do ato humano. É que há coisas que são
boas por si mesmas e coisas que são más por si
mesmas, ou seja, sempre. Por exemplo, tirar a
vida a um inocente sempre será um crime,
mesmo quando se queira dissimular com
3. Atuar sempre de frente a Deus
Não é fácil dominar as paixões, submetendo-as à
razão com uma liberdade forte e ordenada, mas
é necessário faze-lo se queremos viver com a
dignidade que comporta a condição humana e
sobretudo a dignidade de cristãos, que se sabem
filhos de Deus. Faz falta querer e lutar, e é
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do Ato Humano
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
A Moralidade
necessário, antes de tudo, a graça de Deus, que
o Espírito Santo proporciona em abundância aos
que a pedem. Assim, é possível conseguir que
nosso comportamento - todos os atos - seja bom
porque o objeto, o fim e as circunstâncias sejam
bons, apesar das paixões, ou melhor, dominando
as paixões e não deixando-nos arrastar por elas.
Uma recomendação de Santo Agostinho recolhida no Concílio de Trento - pode nos
animar na luta contra as paixões para aproveitalas na direção da Providência: "Deus não manda
coisas impossíveis, mas, quando manda algo, te
adverte que faças o que possas, que peças o
que não possas, e te ajudará para que possas".
Então, o Espírito Santo ajuda para que todo o
nosso ser - incluídos os temores, as dores e
tristezas, como aparece na agonia e paixão de
Cristo - sejam para Deus. Quando se vive em
Cristo, os sentimentos humanos podem alcançar
sua consumação na caridade.
4. Propósitos de vida cristã
• Na dúvida de que se esteja ou não
agindo bem, perguntar-se se o objeto, o
fim e as circunstâncias são bons.
• Em certas ocasiões, é necessário ser
heróis para agir bem, sem nos deixar
levar pelas circunstâncias e o ambiente,
que nunca justificam uma conduta imoral.
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TEMA 38
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Moral
A Consciência
INTRODUÇÃO:
De pouco teria servido o ter gravado Deus na
natureza humana a lei moral, que dirige e
salvaguarda a liberdade, se ao mesmo tempo
não tivesse dado uma capacidade co-natural de
conhece-la; de modo que os imperativos morais
realmente orientem a conduta do ser humano
para com Deus, que é o autor da lei. Mas a
Providência não falha e, como ensina a
Constituição pastoral Gaudium et spes do
Concílio Vaticano II, “no profundo de sua
consciência o homem descobre uma lei que ele
não deu a si mesmo, mas à qual deve obedecer
e cuja voz ressoa, quando necessário, nos
ouvidos de seu coração, chamando-lhe sempre a
amar e a fazer o bem e a evitar o mal: faz isto,
evita aquilo. Porque o ser humano tem uma lei
inscrita por Deus em seu coração, em cuja
obediência está a dignidade humana e pela qual
será julgado. A consciência é o núcleo mais
secreto e o sacrário do ser humano, no qual está
a sós com Deus, cuja voz ressoa no mais íntimo
dela” (n. 16).
IDÉIAS PRINCIPAIS:
1. O que é a consciência
A consciência é a voz interior que manifesta ao
homem a bondade ou a malícia de uma ação,
para que faça o bem e evite o mal; é o juízo da
razão pelo qual a pessoa humana reconhece a
qualidade moral de um ato concreto que pensa
fazer, está fazendo ou fez. A consciência ressoa
e avisa, e se fez algo que a consciência reprova,
remorde; se fez o bem, mostra a sua aprovação
e louvor.
2. Diversos estados da consciência
Para poder orientar-nos devidamente no uso da
liberdade e conforme o ditame da consciência,
que nos mostra a norma, é útil conhecer os
diversos estados da consciência. Em relação
com o assentimento por parte do sujeito há:
a) Consciência certa. É aquela que, ao discernir
a moralidade do ato, tem a segurança de que é
tal e como a consciência lhe dita; é um
assentimento firme.
b) Consciência duvidosa. É a que conhece o
juízo moral com o temor de que seja de outra
maneira – sem assentimento firme, portanto - ,
ou inclusive, não existe o assentimento por ficar
o juízo moral em suspenso.
Em atenção ao objeto e a sua conformidade com
a norma moral, há:
a) Consciência reta ou verdadeira. É quando o
juízo moral se ajusta à norma objetiva, de modo
que aquela ação é realmente boa ou má, como
se nos dita a consciência.
b) Consciência errônea. É quando o juízo moral
não se ajusta à norma, mas aquilo que se dita
como bom é mal, ou o que se indica como mal é
bom; este juízo naturalmente, procede do erro.
3. É preciso atuar sempre com consciência
certa
A vocação do ser humano é cumprir a vontade de
Deus, que nos é indicada pela consciência; mas
nem sempre se conhece –em um momento
concreto- qual é a vontade de Deus. No caso de
não se estar seguro, nos expomos a agir contra o
que Deus quer, e questionamos nosso destino
arriscando-nos a pecar. Por isso, é necessário
agir sempre com a consciência certa. Quando a
consciência certa se apóia na retidão ou verdade
do juízo moral, não oferece dificuldade alguma e
se compreende que deve ser assim. Mas, e se a
certeza se fundamenta em um erro? Se o erro é
invencível, deve-se seguir a consciência certa e a
ação é subjetivamente boa, ainda que não se
ajuste à norma, porque é o que dita a
consciência e a vontade quer o bem, sem que
tenha outra saída por ser invencível. Quando o
erro é vencível, há má vontade e não se pode
falar de consciência certa como norma de
conduta. O que se deve fazer é sair do erro
vencível.
4. A formação da consciência
Isto explica a necessidade – e a obrigação – que
o ser humano tem de formar sua consciência
para saber qual é a vontade de Deus, à qual
deve ajustar-se o comportamento moral. Porque
a consciência foi-nos dada para conhecer a
norma e cumpri-la, para garantir a liberdade e
para não fazer o mal. Os meios para formar a
consciência são:
a) Conhecer a doutrina cristã, daí a razão porque
se ensinam os mistérios da fé, junto com as
exigências morais que reclama a condição de
criaturas de Deus, e, no caso dos cristãos, a
condição de filhos adotivos e discípulos de Jesus
Cristo. Neste sentido é muito importante estar
atentos ao que dizem os Pastores da Igreja: o
Papa, os Bispos e os sacerdotes.
b) Não agir precipitadamente, sem pensar com
serenidade acerca da determinação que se vai
tomar, para que o juízo da consciência seja reto e
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Moral
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
A Consciência
verdadeiro, e além disso, seguro, quer dizer,
certo, como pede uma boa consciência que
transmite a lei de Deus. Para isso, ajuda muito
fazer cada dia um breve exame de consciência,
vendo como agimos durante a jornada.
c) Pedir conselho. É preciso saber perguntar às
pessoas que podem ajudar-nos, como são os
nossos pais, o catequista, o sacerdote, o
professor ou um bom amigo.
d) A direção espiritual com o sacerdote é, sem
dúvida um meio excelente – para não dizer o
melhor – onde se concretiza de forma
personalizada a formação da consciência, afim
de que esteja sempre orientada para o bem.
5. Importância da formação da consciência
Poucas pessoas são conscientes da importância
de sua formação e com freqüência orientam os
requerimentos morais a sortear perigos ou a não
escandalizar, mantendo-se em um determinado
anonimato. Mas a responsabilidade humana
exige muito mais: a dos pais, as das autoridades,
a do professor e dos formadores, a do
sacerdote.... O ser humano é um ser social, dizia
Aristóteles, e é responsável de sua própria
conduta e da influência – positiva ou negativa –
na conduta dos demais. Em sentido negativo,
Jesus adverte da gravidade do escândalo; no
sentido positivo, recorda que veio para que todos
tenham “vida e a tenham em abundância”.
6. Regras para decidir sempre em consciência
Normalmente, cuidando da formação da
consciência, não será difícil conhecer e fazer o
bem; e quando sobrevém alguma dificuldade, a
atitude interior de buscar com empenho o
discernimento da vontade de Deus facilitará a
solução. São úteis as seguintes regras:
• Nunca se pode fazer o mal para obter um
bem.
• Tratar aos demais como queremos que
nos tratem a nós.
• Atuar sempre respeitando o próximo e
sua consciência.
7. Propósitos de vida cristã
• Fazer um breve exame de consciência
cada noite, antes de dormir, perguntandose:
o Hoje, o que fiz por Cristo?
o
Hoje, o que deixei de fazer por
Cristo?
o
Amanhã, o que farei por Cristo?
(Existem outros esquemas de Exame de
Consciência diários)
•
Pensar sempre se estou agindo com
consciência certa, e que seja reta ou
verdadeira
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TEMA 39
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Virtudes Teologais
Virtudes Morais,
INTRODUÇÃO:
apoio das portas grandes), o fundamento das
Os filósofos anteriores ao cristianismo falavam da demais virtudes - são a prudência, a fortaleza e a
virtude perfeita para qualificar a maneira nobre e temperança.
acabada do ser humano; mas moviam-se em um A prudência é a virtude que dispõe a razão
âmbito puramente natural. A Igreja fala além
prática para discernir - em toda as circunstâncias
disso de virtudes sobrenaturais, que Deus
- nosso verdadeiro bem, escolhendo os meios
comunica graciosamente ao ser humano e que,
justos para realiza-lo.
quando são vividas em plenitude, conformam a
A justiça é a virtude que nos inclina a dar a Deus
santidade. Na proclamação dos santos não se
e ao próximo o que lhes é devido, tanto individual
faz outra coisa que investigar e sancionar que
como socialmente. A fortaleza é a virtude que no
naquela vida existem provas de que tenha
meio das dificuldades assegura a firmeza e a
praticado, em grau heróico, as virtudes teologais constância para praticar o bem.
da fé, da esperança e da caridade, assim como
A temperança é a virtude que refreia o apetite
as virtudes cardeais da prudência, justiça,
temperança e fortaleza, com as virtudes anexas. dos prazeres sensíveis e impõe a moderação no
uso dos bens criados.
A virtude - e as obras virtuosas - é o que dá o
toque de perfeição no ser e no agir da natureza
Além das virtudes cardeais, o ser humano deve
humana; sobretudo se o ser natural vem elevado praticar as outras virtudes morais, especialmente
e enobrecido pelas virtudes sobrenaturais, já que a da religião, a humildade, a obediência, a
"a graça não destrói a natureza, mas a
alegria, a paciência, a penitência e a castidade.
aperfeiçoa".
3. Virtudes naturais e graça sobrenatural
IDEIAS PRINCIPAIS:
Às vezes é difícil viver as virtudes naturais
1. O que é a virtude
porque, depois do pecado original, o ser humano
está desordenado e sente a inclinação ao
Diz-se que a natureza é o princípio radical das
pecado; mas Deus concede a graça que as
operações; a natureza, pois, não é operativa em
purifica e potencia elevando-as à ordem
quanto tal, Mas o faz mediante as potências ou
órgãos quando é natureza corpórea: vemos com sobrenatural, para que nos ajudem a obter o fim
ao qual estamos chamados: a eterna bem
os olhos, ouvimos com os ouvidos, conhecemos
aventurança, o céu. Então, as virtudes, sem
com a inteligência. Se são exercitadas, as
potências e órgãos adquirem formas estáveis de deixar de ser naturais, são também
atuação, ou hábitos operativos, que, se são bons, sobrenaturais. Com a ajuda de Deus, as virtudes
naturais forjam o caráter e dão soltura na prática
são chamados de virtudes; se maus, vícios. A
do bem. O ser humano é feliz ao praticar a
virtude, portanto, é uma qualidade boa, que
virtude.
aperfeiçoa de modo habitual as potências,
inclinando o ser humano a fazer o bem.
4. As virtudes teologais
2. As virtudes morais
Estando o ser humano elevado à ordem
sobrenatural, as virtudes naturais por si só não
As virtudes mais excelentes são as virtudes
bastam, ainda que sejam necessárias; e Deus
teologais (fé, esperança e caridade) que se
concede ao cristão as virtudes teologais no
referem diretamente a Deus; mas também são
importantes as virtudes morais, que aperfeiçoam momento do batismo, junto com a graça. As
virtudes teologais são a fé, a esperança e a
o comportamento do individuo nos meios que
caridade.
conduzem a Deus. Se pensamos no modo de
adquiri-las, umas são virtudes naturais ou
A fé é uma virtude sobrenatural pela qual adquiridas, pois são conseguidas com as forças
apoiados na autoridade de Deus - cremos nas
da natureza; outras, sobrenaturais, se são
verdades que Deus revelou e a Igreja nos ensina.
concedidas por Deus, de modo gratuito. As
A esperança é uma virtude sobrenatural pela
virtudes teologais sempre são sobrenaturais ou
qual confiamos em que Deus nos dará a glória
infusas; mas virtudes morais podem ser
adquiridas ou infundidas por Deus. O ser humano mediante sua graça e nossa correspondência a
ela.
pode realizar atos bons com as forças naturais,
adquirindo virtudes. Por exemplo: a sinceridade,
A caridade é uma virtude sobrenatural pela qual
a laboriosidade, a discrição, a lealdade... As
amamos a Deus sobre todas as coisas - por
principais virtudes morais - chamadas também
quem é - e ao próximo por amor a Deus.
cardeais - porque são como o gonzo (o ponto de
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Virtudes Teologais
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Virtudes Morais,
5. Dons do Espírito Santo
O edifício sobrenatural é coroado com os dons e
os frutos do Espírito Santo. Os dons são
perfeições sobrenaturais que Deus infunde para
facilitar o exercício das virtudes, fazendo-nos
dóceis aos impulsos do Espírito Santo. São sete:
sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza,
ciência, piedade e temor de Deus. Além dos dons
- e como antecipação da glória do céu - são
enumerados doze frutos do Espírito Santo:
caridade, gozo, paz, paciência, benignidade,
bondade, longanimidade, mansidão, fé,
modéstia, continência e castidade.
6. A caridade, virtude suprema
A caridade é a virtude mais excelente de todas,
por ser a primeira das virtudes teologais, que são
as virtudes supremas. Quando se vivem de
verdade, todas as virtudes estão animadas e
inspiradas pela caridade. Como diz São Paulo, a
caridade é o "vínculo da perfeição" (Colossenses
3,14), a forma de todas as virtudes.
7. Crescer nas virtudes
O cristão que intenta viver uma vida segundo
Deus, conta com a graça divina e as virtudes,
quer dizer, com todos os meios para conseguir o
fim a que Deus o chama. Em conseqüência, com
a ajuda de Deus e o esforço próprio, há de ir
crescendo na virtude. Deus nunca abandona, e
basta que lutemos para fazer o bem e viver a
caridade - sobretudo - que, como temos dito,
consiste em amar a Deus com toda a alma e a
nós e ao próximo por amor a Deus.
8. Propósitos de vida cristã
• Exercitar as virtudes morais na vida de
cada dia: estudo, trabalho, vida de
família, amizades.
• Pedir a Deus que aumente em nós as
virtudes teologais. Pedir isto
especialmente na Santa Missa, dizendo:
"Senhor, aumenta em mim a fé, a
esperança e a caridade".
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TEMA 40
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Virtude Suprema
A Caridade,
INTRODUÇÃO:
3. O amor a nós mesmos
Sendo a caridade a virtude mais excelente,
entende-se que na última Ceia dissesse Jesus
aos Apóstolos: "Dou-vos um novo mandamento:
que vos ameis uns aos outros assim como Eu
vos amei. Nisto todos conhecerão que sois meus
discípulos: se vos amais uns aos outros" (João
13,34-35). O mandamento novo assinala a
medida com a qual devemos aos demais: assim
como Cristo nos amou. Os mandamentos da lei
de Deus resumem-se em dois: amar a Deus
sobre todas as coisas e ao próximo como a nós
mesmos. O amor, portanto, é a perfeição da Lei.
Assim, concluímos que a caridade é a virtude
mais importante do cristão, enquanto
peregrinamos nesta terra, e será também a
nossa ocupação no céu, onde não existirá mais a
fé - já que veremos Deus face a face - , nem
existirá também a esperança, porque teremos
chegado à meta. Somente a caridade
permanecerá. Vejamos em que consiste esta
virtude, que resume e coroa toda a vida
sobrenatural.
Dentro da virtude da caridade está presente
também o amor a si mesmo; mas é evidente que
deve ser um amor ordenado, buscando os
verdadeiros bens da alma e do corpo em relação
à vida eterna. Se alguma vez desejássemos algo
que nos afaste de Deus, nós não estaríamos
amando-nos de verdade, por nos afastarmos de
nosso fim real que é o único que nos pode fazer
felizes.
2. O amor a Deus sobre todas as coisas
em suas necessidades espirituais e materiais. Já
não podemos excluir a ninguém, nem sequer aos
inimigos: "Amai os vossos inimigos, fazei o bem
aos que vos odeiam; bendizei aos que vos
amaldiçoam e rezai pelos que vos
caluniam" (Lucas 6,27-28).
4. O amor ao próximo
Um cristão não pode dizer que ama a Deus, se
não ama a seu próximo. Como adverte São João,
"se alguém diz que ama a Deus e odeia a seu
irmão, é um mentiroso, porque quem não ama a
seu irmão a quem vê, como poderia amar a Deus
a quem não vê?" (1 João 4,20). As razões nas
quais se funda a fraternidade cristã são claras:
todos somos filhos do mesmo Pai celestial e, em
conseqüência, irmãos; fomos redimidos com o
sangue de Jesus Cristo e estamos destinados ao
céu. Cristo mesmo se identifica com o próximo
para urgir nosso amor: "Todas as vezes que
IDEIAS PRINCIPAIS:
fizestes isso a um destes meus irmãos mais
1. A caridade, virtude sobrenatural
pequeninos, foi a mim que o fizestes" (Mateus
25,40). Por isso temos de querer aos demais por
Como já vimos, a caridade é uma das três
amor a Deus. A pura simpatia, a admiração ou o
virtudes teologais, infundida por Deus na
vontade, com a qual amamos a Deus sobre todas altruísmo, não são a caridade que Cristo nos
as coisas - por quem Ele é - e a nós e ao próximo pede.
por amor a Deus. Por esta virtude que o Espírito
5. O mandamento de Cristo abarca a todos
Santo infunde, e porque nos capacita para amar
O Senhor nos deixou em testamento o amor:
a Deus tal qual é, é um dom sobrenatural. Com a "Dou-vos um novo mandamento: que vos ameis
mesma caridade com que amaremos
uns aos outros, assim como Eu vos amei. Nisto
eternamente no céu, amamos já na terra. A
todos conhecerão que sois meus
caridade pode debilitar-se em conseqüência dos
discípulos" (João 13,34-35). Ele nos deu o
pecados veniais, e perde-se quando se comete
exemplo com sua vida, e nos ensinou a querer
um pecado mortal. Para recupera-la, é
aos demais sendo amáveis na convivência,
necessário aproximar-se da confissão
compreendendo, desculpando e perdoando. A
sacramental, com as disposições exigidas. Se
caridade para com o próximo pressupõe respeitar
fazemos atos de amor a Deus e amamos com
seus direitos de justiça, mas exige também
obras o próximo, esta virtude crescerá em nós.
praticar as obras de misericórdia, ajudando-os
A primeira obrigação que o ser humano tem - a
maior de todas - é amar a Deus "com todo o teu
coração, com toda a tua alma, com toda a tua
mente e com todas as tuas forças" (Marcos
12,30); quer dizer, temos de amar a Deus sobre
todas as coisas. Ele nos criou, é infinitamente
digno de ser amado e nos amou antes. E quando
podemos dizer que amamos a Deus sobre todas
as coisas? Quando cumprimos os mandamentos,
dispostos a perder tudo antes de que nos
afastemos de Deus por um só pecado.
6. As obras de misericórdia
Para ensinar de maneira gráfica como viver a
caridade, Jesus Cristo propôs a parábola do bom
samaritano (Lucas 10,30-37). Na realidade Ele é
o bom samaritano, que curou nossas feridas com
seu infinito amor misericordioso. Quando
praticamos as obras de misericórdia - as sete
TEMA 40
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Virtude Suprema
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
A Caridade,
corporais e as sete espirituais - vamos nos
identificando com o coração de Cristo, de quem
aprendemos a dar de comer ao faminto, a
ensinar a quem não sabe, a dar bom conselho, a
corrigir, a perdoar, a consolar, a sofrer com
paciência, a rogar a Deus por todos etc..
7. Caridade ordenada
A caridade exige amar primeiro a Deus e depois
aos outros. Existe uma hierarquia no amor a
Deus e ao próximo. Dentro do amor ao próximo,
temos a obrigação de querer mais àqueles que
estão mais próximos de nós: os pais, irmãos, o
sacerdote, professores, amigos; vem logo depois
os necessitados de ajuda espiritual e material. No
amor a nós mesmos está, antes de tudo, a nossa
necessidade espiritual, antes mesmo da
necessidade material dos outros.
8. Propósitos de vida cristã
• Aprender as Obras de Misericórdia
espirituais e corporais:
1. Espirituais:
o
Ensinar aquele que não sabe
o
Dar bom conselho a quem o
necessitar
o
Corrigir aquele que erra
o
Perdoar as ofensas recebidas
o
Consolar os tristes
o
Sofrer com paciência os defeitos
alheios
o
Rogar a Deus pelos vivos e
defuntos
2. Materiais:
o
Visitar e cuidar dos enfermos
o
Dar de comer a quem tem fome
o
Dar de beber a quem tem sede
o
Dar pousada ao peregrino
o
Vestir ao nu
o
Redimir o cativo
o
Enterrar os mortos
•
Acostumar-se a agir sinceramente por
amor a Deus, porque o que assim se fizer
- grande ou pequeno - adquire um mérito
sobrenatural.
•
Comprovar o amor a Deus, observando
se ajudamos aos demais com obras de
verdade.
72
TEMA 41
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Ofensa a Deus
O Pecado,
INTRODUÇÃO:
Conta-se de São João Crisóstomo que "Arcádio,
imperador de Constantinopla, instigado por sua
esposa Eudóxia, quis castigar o santo. Cinco
juízes propuseram diversos castigos: Mandai-o
ao desterro, disse um. Tirai-lhe os bens,
acrescentou outro. Metei-o na prisão,
acorrentado. Tirai-lhe a vida. O último, por fim,
disse ao imperador: Se o mandais ao desterro
estará contente, sabendo que em todas as partes
Deus estará com ele; se lhe despojais de seus
bens, estareis prejudicando não a ele, mas aos
pobres; se o encerrais em um calabouço, beijará
as correntes; se o condenais à morte, estareis
abrindo para ele as portas do céu.... Fazei-o
pecar: É a única coisa da qual ele tem medo".
Deveríamos perguntar-nos se, assim como São
João Crisóstomo, tememos o pecado como o pior
mal que pode nos atingir.
IDEIAS PRINCIPAIS:
1. Nascemos inclinados ao pecado
O ser humano nasce com o pecado original,
privado da graça de Deus; a ainda que este
pecado seja perdoado pelo batismo, permanece
em nós a inclinação desordenada da
concupiscência. A vontade se encontra
debilitada, e obscurecida a inteligência; além
disso, o mundo procura seduzir-nos com seus
bens enganosos, e o demônio nos tenta. A estas
diversas instigações que nos empurram ao mal desde dentro e desde fora do ser humano - nós
as chamamos de tentações.
2. Podemos resistir às tentações
Deus permite a tentação para provar-nos. Jesus
Cristo quis ser tentado pelo demônio, mas Ele o
repeliu: "Afasta-te, Satanás..." (Mateus 4,10).
Com a graça de Deus sempre podemos vencer a
tentação. Quando chega, devemos orar e resistir:
orar seguindo o conselho que nos deu Jesus
Cristo: "Vigiai e orai para não cairdes em
tentação" (Mateus 26,41), e resistir valentemente
fugindo da ocasião e de quem nos induz a pecar.
3. O consentimento gera o pecado
Muitas vezes não escutamos as advertências do
Senhor e consentimos no mal da tentação. Para
cometer um pecado grave, é necessário:
1) que a coisa em si seja um mal (ou se acredite
que seja um mal);
2) saber que, consentindo neste mal, o que se
faz é uma ofensa a Deus, porque se vai contra a
sua vontade;
3) consentir naquele mal - fazendo ou omitindo o
que se deve fazer - mesmo sabendo que
fazemos o mal e ofendemos a Deus tanto com o
pensamento ou o desejo (pecado interno), como
com a palavra ou obra (pecado externo).
4. O pecado mortal é uma ofensa grave a
Deus
Quando se comete um pecado mortal, ofende-se
gravemente a Deus, porque Ele nos declarou sua
vontade sobre nós - a primeira condição do
pecado mortal é que exista mandamento ou
preceito grave -, e o ser humano a despreza com
plena liberdade. Ofende-se, pois, a Deus e
gravemente, como grave é o preceito que se
infringe. Mas o pecado se volta também contra o
ser humano, que perde a vida da graça, deixa de
ser filho de Deus e se faz réu do inferno. Por
isso, é preciso sair o quanto antes desta situação
de pecado mortal, confessando-se rapidamente;
entretanto, é preciso procurar fazer um ato de
contrição perfeito, com verdadeira dor pelo
pecado cometido.
5. O pecado venial é ofensa leve a Deus
Às vezes, sem deixar de amar a Deus, o cristão
se deixa arrastar pelas paixões em coisas que
não infringem totalmente os mandamentos,
mesmo que desagradem a Deus, se faz sem
suficiente conhecimento ou sem perfeita
voluntariedade. Neste caso, o pecado é chamado
de venial ou leve, porque não faz perder a graça
e a amizade com Deus; mas debilita a vida
sobrenatural e põe em perigo de chegar a
cometer pecados graves. O pecado venial não
faz réus do inferno, mas sim do purgatório. Por
ser ofensa a Deus e pelos danos que acarreta,
um mínimo de sentido de responsabilidade deve
nos induzir a evitá-lo com todo o empenho.
6. Deus misericordioso perdoa o pecado
Nunca esta verdade deve servir como pretexto
para pecar, mas sim, como motivo de esperança
e estimulo para a conversão. Deus não
abandona o ser humano, nem sequer quando o
tenhamos ofendido, mas, pelo contrário,
"aguarda pacientemente" para nos perdoar no
sacramento da Penitência, "não querendo que
ninguém pereça, mas que todos venham à
penitência", como ensina o Apóstolo São Pedro.
7. Propósitos de vida cristã
• Lutar com esforço contra o pecado e
contra as tentações que incitam a pecar.
• Rezar cada noite o "Confesso a Deus....",
ou o Ato de Contrição, pedindo perdão
pelos pecados.
TEMA 42
73
Concede a Graça
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Deus nos
INTRODUÇÃO:
Segundo lemos nos Atos dos Apóstolos, parece
que a primeira cidade da Europa evangelizada
por São Paulo foi Filipos. Deteve-se ali por
alguns dias, e "no sábado saímos fora da porta,
junto ao rio, onde pensamos que estava o lugar
de oração e, sentados, falávamos com algumas
mulheres que ali estavam reunidas. Certa mulher
chamada Lídia, temerosa de Deus, que
trabalhava a púrpura, da cidade de Tiatira,
escutava sentada. O Senhor tinha aberto seu
coração para atender às coisas que Paulo
dizia.... Ela foi batizada com toda a sua
família" (Atos 16, 13-15). Deus concedeu a Lídia
a graça de crer em Cristo, a quem Paulo tinha
pregado; correspondeu à graça e foi batizada
com sua família. Deve ter sido a primeira pessoa
que se converteu ao cristianismo na Europa. A
graça é o grande dom que Deus concede para se
alcançar a vida eterna. Com toda a razão, diz
São Bernardo que "só necessitamos da graça".
Em temas anteriores, falamos muitas vezes da
graça; agora, vamos estuda-la de forma
sistemática.
IDEIAS PRINCIPAIS:
1. A graça, dom sobrenatural interno
Por causa do pecado original de nossos
primeiros pais, todos nós nascemos privados da
graça que Deus tinha concedido gratuitamente a
eles e a todos os seus descendentes. A natureza
humana além disso, ficou ferida, e com nossas
forças não podemos cumprir por muito tempo
nem sequer a lei natural. Mas, compadecido de
nós e pelos méritos de Jesus Cristo, Deus
concede e infunde na alma o dom maravilhoso
da graça. Concede-a gratuitamente e sem que a
mereçamos, para que possamos alcançar a vida
eterna no céu.
2. Maravilhas da graça na alma
A graça é participação da natureza divina. À alma
que recebe a graça de Deus acontece algo
semelhante ao que acontece com o ferro ou o
carvão em contato com o fogo: põe-se vermelho
vivo e adquire as propriedades do fogo. A alma
em graça é, diante de Deus, como um rubi; o
pecado foi destruído, já não existe, e a alma
adquire um brilho maravilhoso como o fogo puro
e limpo, assim como o carvão perde sua
negritude e se converte em brasa vivíssima. A
alma em graça tem uma beleza divina, com o
resplendor da graça e da vida sobrenatural.
3. Graça santificante, graça atual
Deus concede duas classes de graça:
a) Graça santificante é a que faz justos ou
santos, filhos adotivos de Deus e herdeiros do
céu; então, somos templos do Espírito Santo, e
Deus habita no centro da alma. Nós a recebemos
no batismo, e, se a perdemos por um pecado
mortal, pode-se recupera-la no sacramento da
penitência. Estando na graça de Deus, tudo o
que se faz - grande ou pequeno, fácil ou custoso
- tem mérito sobrenatural e ajuda a conquistar o
céu, quando cumprimos as demais condições:
em vida, com liberdade, com boas obras,
dirigidas a Deus e aceitas por Ele; a aceitação
nos consta e está implícita no estado de graça.
b) Graça atual é a graça com a qual Deus ilumina
o entendimento e move a vontade, como ajuda
para fazer o bem - ainda que custe - e evitar o
mal. A passagem citada nos Atos dos Apóstolos é
um exemplo de graça atual que Deus concedeu a
Lídia para converter-se à fé em Jesus Cristo.
Outras graças atuais são o arrependimento
depois de pecar, o propósito de ser melhor, etc..
4. Deus concede a todos a graça necessária
para salvar-se
Deus concede a todos a graça necessária para
salvar-se, porque "quer que todos se salvem" (1
Timóteo 2,4). Os que se condenam, condenamse porque não corresponderam às graças que
Deus lhes deu. O fato de que Deus conceda mais
graças a uns do que a outros depende do amor
de Deus e também, de nossa correspondência à
graça. Deus nos concede mais graças se as
pedimos, se recebemos os sacramentos e se nos
deixamos levar por suas graças. Acontece como
em uma família, na qual os pais querem muito a
seus filhos - dariam a vida por eles - ,mas tratamnos de maneira diferente, segundo seja
conveniente à boa educação de cada um e
segundo se portam perante os apelos e
conselhos que lhes dão. Por isso é tão
importante a correspondência à graça de Deus, a
cada graça de Deus.
5. Meios para crescer na graça
O cristão não pode aspirar unicamente a
conservar a graça, mas deve esforçar-se por
aumenta-la. O crescimento é um sinal de
vitalidade, e também a graça - que é vida
sobrenatural - pede o crescimento. É preciso,
pois, colocar todos os meios para desenvolve-la:
a oração, os sacramentos e as boas obras feitas
por amor. Particularmente, ao receber os
sacramentos podemos crescer na graça, porque
neles começa, se desenvolve ou se recupera
quando foi perdida, a graça de Cristo. Em
conseqüência, a vida do cristão deve ser, por seu
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TEMA 42
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Concede a Graça
Deus nos
próprio peso, a vida de confissão e de comunhão
freqüente.
6. Um firme propósito: viver sempre na graça
de Deus e aumenta-la
O mais precioso que temos na terra é a graça de
Deus. O mais importante para nós será viver
como filhos de Deus; e o pior e mais terrível que
poderá acontecer será o pecado, ou seja, o
separar-se de Deus, morrer sem a sua graça,
perder-se eternamente no inferno. Como dizia
um grande escritor: "Ao final da jornada, aquele
que se salva sabe, e o que não se salva, não
sabe nada". Por isso temos de fazer o propósito
de viver sempre na graça de Deus, e aumenta-la
sempre mais. Se temos a desgraça de perde-la
por um pecado mortal, é preciso confessar-se o
mais rápido possível, para estar de novo em
estado de graça, sem deixar de fazer, antes, um
ato de contrição, com o propósito de confessarse.
7. Propósitos de vida cristã
• Fazer o firme propósito de viver sempre
na graça de Deus e procurar crescer
sempre na correspondência à graça.
• Confessar-se rapidamente, em caso de
pecado mortal; e enquanto isso, fazer
muitos atos de contrição.
TEMA 43
75
Um Presente de Deus para Nós
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Os Dez Mandamentos:
INTRODUÇÃO:
O Evangelho nos conta que aproximou-se de
Jesus um jovem e lhe perguntou: "Mestre, o que
devo fazer para ganhar a vida eterna?". O
Senhor lhe respondeu: "Se queres entrar na vida,
observa os mandamentos" (Mateus 19,17). Desta
forma tão clara, o Senhor lhe indicou - e a todos
nós - qual o caminho para ir para o céu.
Efetivamente, o cumprimento dos mandamentos
é o caminho para salvar-se. Quem os cumpre, se
salva; quem não os cumpre, se condena. Deus
revelou a Moisés os dez mandamentos, no
Monte Sinai, deixando-os gravados em duas
tábuas de pedra para que seu povo nunca os
esquecesse. Jesus Cristo aperfeiçoou a lei e
encomendou a sua Igreja que a guardasse e
ensinasse a todos os seres humanos. Seguir a
Jesus Cristo implica no cumprimento dos
mandamentos.
IDEIAS PRINCIPAIS:
1. O fim último do ser humano
O ser humano foi criado por Deus com um fim
último. É o de dar glória a Deus, amando-o e
obedecendo-o na terra, para ser feliz depois com
Ele no céu. Fomos criados para dar glória a
Deus, e é para isso que existimos. Como
daremos glória a Deus? Cumprindo em todo o
momento sua vontade. A vontade divina
encaminha o ser humano a seu fim e, como
somos seres livres, devemos assumi-la com a
vontade de amar e obedecer a nosso Criador e
Senhor. A vontade de Deus se expressa
fundamentalmente nos mandamentos da lei de
Deus.
2. A lei eterna como ordenamento da criação a
seu fim
Contemplando as coisas criadas observamos
que seguem umas leis naturais: a terra da voltas
ao redor do sol, as plantas dão flores na
primavera, o ser humano sente remorsos quando
faz algo de errado, etc... Esta ordem não
acontece por casualidade, mas foi pensada pela
Sabedoria de Deus. Deus ordenou todas as
coisas de modo que cada uma cumpra sua
finalidade: os minerais, as plantas, os animais, o
ser humano. Como essa ordem está pensada e
projetada por Deus desde toda a eternidade, nós
a chamamos lei eterna.
3. A lei natural como norma para o ser
humano
Os minerais, as plantas e os animais obedecem
sempre a lei de Deus - a lei eterna - , que neles
está determinada por leis físicas e biológicas. O
ser humano, como ser livre, se orienta a seu fim
livremente, após conhecer com a inteligência a
lei que Deus lhe deu e que descobre dentro de si
mesmo. A esta lei gravada por Deus em nosso
coração nós a chamamos lei natural; e como está
escrita na natureza humana, obriga a todos os
seres humanos de todos os tempos. Por ser uma
participação da lei eterna, o ser humano não
pode muda-la, sendo, portanto, universal e
imutável.
4. Às vezes, é difícil conhecer a lei natural
Os seres humanos tem a lei natural gravada no
coração, de forma que - com certa facilidade podem conhecer os princípios fundamentais; por
isso, dos pagãos que não glorificaram a Deus,
diz São Paulo, que não podem desculpar-se.
Contudo, às vezes torna-se difícil conhece-la; o
pecado original e os pecados pessoais
posteriores obscurecem seu conhecimento. Por
este motivo, , para que com maior facilidade, com
firme certeza e sem nenhum erro, todos os seres
humanos pudessem conhecer o que deviam
fazer para agradar-lhe, Deus revelou qual era a
sua vontade, dando-lhes os dez mandamentos.
Estes dez mandamentos põem em relevo os
deveres essenciais e, portanto, indiretamente, os
direitos fundamentais inerentes à natureza da
pessoa humana. O Decálogo contém uma
expressão privilegiada da lei natural.
5. A revelação dos mandamentos a Moisés
Deus não se contentou em gravar no coração
humano sua lei, mas a manifestou claramente.
No monte Sinai, quando o povo eleito tinha saído
do Egito, Deus anunciou a Moisés os dez
mandamentos ou Decálogo, dando-os esculpidos
em duas tábuas de pedra, para que nunca se
esquecesse de cumpri-los. Aqueles dez
mandamentos são, resumidos, os que temos no
Catecismo. Os mandamentos assinalam a
maneira certa e segura de como devemos atuar,
indicam o caminho da felicidade nesta vida e na
vida eterna. Por isso dizemos que os dez
mandamentos são um presente de Deus, já que
são o instrumento com o qual Deus manifesta ao
ser humano o que é bom e o que é mal, o que é
verdadeiro e o que é falso, o que lhe agrada e o
que lhe desagrada.
6. Jesus Cristo aperfeiçoa a lei
A lei que Deus deu a Moisés no Sinai foi levada à
perfeição por Jesus Cristo, que se apresenta a si
mesmo como modelo e caminho para alcançar a
vida eterna: "Eu sou o caminho, a verdade e a
vida" (João 14,6). Esta perfeição se revela,
sobretudo, no mandamento novo do amor.
Depois de amar a Deus com todo o coração, com
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TEMA 43
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Um Presente de Deus para Nós
Os Dez Mandamentos:
toda a alma, com toda a mente, com todas as
forças, nos manda que nos amemos uns aos
outros como Ele nos amou. O Decálogo deve ser
interpretado à luz deste duplo e único
mandamento da caridade, plenitude da lei. A
Igreja, continuadora da obra redentora de Jesus
Cristo, continua a ensinar, custodiando e
interpretando a lei dada por Deus aos seres
humanos.
7. Obrigação de cumprir os mandamentos
Como Deus é o Criador, Dono e Senhor do
universo, toda a criação está submetida à lei ou
ordem imposta por Deus. As criaturas irracionais
cumprem esta lei inexoravelmente, mas o ser
humano é livre e pode não segui-la. Se não
observa a lei divina, comete pecado, ofende a
Deus e faz dano a si mesmo e aos demais. Em
troca, quando guarda os mandamentos, o ser
humano tem a segurança de estar no bom
caminho e de que está fazendo a vontade de
Deus. Mas não podemos - e não devemos sentir-nos aprisionados pelos mandamentos, sem
ter a visão grande e nobre de que Deus quer
decididamente o bem de sua criatura preferida o ser humano - cuja liberdade defende e guarda
com as normas.
8. Cumprir os mandamentos por amor
Em conseqüência, tendo a consciência clara de
que os mandamentos são o caminho - como uma
estrada bem sinalizada, que manifesta o modo
de agir retamente e avisa dos perigos existentes
- , temos que dizer que os dez mandamentos da
lei de Deus são uma prova do amor e da
misericórdia de Deus, de Deus que nos amou
primeiro. Por isso, é preciso cumpri-los por amor.
É a resposta que Deus espera de nós. É
necessário, pois, conhecer os mandamentos, se
queremos vive-los bem e por amor.
9. Propósitos de vida cristã
• Aprender os dez mandamentos da lei de
Deus.
• Tomar a firme determinação de cumprir
sempre os mandamentos da lei de Deus,
apoiados na graça sobrenatural.
TEMA 44
77
Amar a Deus Sobre Todas as Coisas
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
1º Mandamento:
INTRODUÇÃO:
damos o culto devido; ao dar-lhe graças e pedirlhe perdão; quando queremos o que Deus quer.
O Evangelho nos conta que um doutor da Lei se
aproximou de Jesus para tenta-lo: "Mestre, qual é Este é, sobretudo, o culto que espera. Mas temos
de fazer também atos externos de adoração:
o principal mandamento da Lei?". A resposta foi:
assistir a Santa Missa, ajoelharmo-nos perante o
"Amarás ao Senhor teu Deus com todo o teu
Sacrário, inclinar a cabeça ante o crucifixo,
coração e com toda a tua alma e com toda a tua
participar com piedade das cerimônias
mente. Este é o maior e o primeiro
litúrgicas... Temos alma e corpo, e Deus é o
mandamento" (Mateus 22,36-38). No primeiro
criador de ambos. Por isso temos de manifestarmandamento está incluído o dever de adorar a
lhe nossa submissão e reverência também em
Deus. Quando o demônio tentou a Cristo,
coisas externas, como costumamos fazer com
pedindo-lhe que se prostrasse e o adorasse, o
nossos semelhantes com um beijo, uma
Senhor replicou: "Afasta-te, Satanás, pois está
inclinação, um cumprimento, ou um presente
escrito: ao Senhor Deus adorarás, e só a ele
material. Portanto, é um direito fundamental da
darás culto" (Mateus 4,10). A adoração do Deus
verdadeiro aparece no livro de Daniel - e na vida pessoa humana poder professar livremente a
religião em publico ou privadamente.
real de cada ser humano - como o contraste do
primeiro mandamento. Para amar a Deus é
3. É preciso cumprir sempre a vontade de
necessário reconhecer antes seu senhorio e
Deus
adora-lo; e se alguém não O adora, é porque não Deus é o Senhor e é preciso cumprir com alegria
O conhece e não O ama, tendo sido Ele
sua vontade, dispostos a realizar com amor o
substituído pelas criaturas, que são os falsos
que lhe agrada, como fez Jesus Cristo, nosso
deuses do egoísmo e do pecado. Quando o rei
Mestre: "Pai..., não se faça a minha vontade, mas
Nabucodonosor ordenou que todos adorassem a a tua" (Lucas 22,42). Por outro lado, é nosso Pai
estatua de ouro que tinha fabricado, os três
que nos ama e nos quer, como ninguém na terra
jovens hebreus se negaram a obedecer, porque
pode querer; daí que sua vontade seja o melhor
só se deve adorar a Deus. Estas passagens nos
para nós, e o testemunho verdadeiro de que o
mostram a grandeza e a importância do primeiro amamos seja cumpri-la fielmente, porque é o que
mandamento, cujo conteúdo vamos agora
Ele deseja. Existem coisas que Deus manda e
estudar.
devemos faze-las; outra, as proíbe e, por isso,
IDEIAS PRINCIPAIS:
temos de evita-las. Em determinadas ocasiões, o
que Deus pede exige esforço e sacrifício, mas
1. Conteúdo do primeiro mandamento
temos de faze-lo com igual ou ainda maior
Deus é para o ser humano o único Senhor. Criou- empenho. Cumprir a vontade de Deus supõe
nos e cuida constantemente de nós com sua
também descobrir a vocação ou chamada que
Providência; a existência e o quanto somos ou
nos faz, tratando de segui-la com fidelidade e
possuímos, tudo recebemos de Deus. Em
constância.
conseqüência, Deus pode exigir do ser humano o
reconhecimento e a adoração, porque temos com 4. Pecados contra o 1º Mandamento
Deus laços e obrigações irrenunciáveis que
São considerados e são pecados contra o
constituem a virtude da religião. Quais são estas primeiro mandamento os que atentam contra a fé
obrigações para com Deus? Reconhecer que é
(dúvida voluntária, incredulidade, heresia,
nosso Senhor; crer naquilo que nos revelou;
apostasia, cisma, ler livros e assistir filmes ou
esperar o que nos promete; adorar com culto
espetáculos que atacam a fé e a moral, discutir
interno e externo; servi-lo, cumprindo em todo o
sobre questões de fé sem ter a devida
momento sua vontade; orar, elevando a mente a
preparação...), contra a esperança (desespero,
Deus para louva-lo, dar-lhe graças e pedir-lhe o
presunção...) e contra a caridade (indiferença,
que necessitamos; ama-lo, enfim, sobre todas as ingratidão, tibieza, ódio, inveja, brigas, escândalo
coisas. O primeiro mandamento manda, pois,
e qualquer pecado mortal). Mas os pecados
crer, esperar e amar a Deus, praticando os atos
específicos contra este mandamento são os que
próprios da virtude da religião.
contradizem a virtude da religião. Dentre os
muitos pecados possíveis, assinalamos os mais
2. A virtude da religião
conhecidos:
À virtude da religião pertencem principalmente os
atos internos da alma, que se dão de modo
a) A superstição. Consiste em atribuir a certos
excelente quando fazemos atos de fé, esperança objetos, sinais ou palavras efeitos
e caridade; quando o adoramos, oramos e lhe
desproporcionais, invocando alguma criatura
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TEMA 44
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Amar a Deus Sobre Todas as Coisas
1º Mandamento:
como se fosse Deus. É um desvio do culto que
devemos a Deus, conduzindo à idolatria e a
distintas formas de adivinhação ou magia.
b) A idolatria. Consiste em adorar a deuses falsos
ou a dar a uma criatura o culto devido a Deus. É
um pecado gravíssimo que Deus condena
severamente na Escritura. Hoje, muitos põem
também em lugar de Deus os ídolos do dinheiro,
do prazer, da comodidade, ou a si mesmos.
c) A adivinhação, espiritismo e magia. É a
invocação de forças ocultas - aos mortos e
mesmo ao demônio - para averiguar por sua
intervenção, coisas desconhecidas ou realizar
coisas maravilhosas, como se fossem milagres.
d) O sacrilégio. Consiste em profanar ou tratar
indignamente pessoas, objetos e lugares
consagrados a Deus.
e) O tentar a Deus. Com palavras ou obras,
pondo à prova sua bondade e onipotência.
f) A irreligiosidade. É o pecado de não viver a
religião, desprezando assim a Deus.
g) O ateísmo. Que nega a Deus.
h) O agnosticismo. Que, como pensa "não poder
ser possível conhecer a Deus", opta por não tê-lo
em conta.
5. A veneração da Virgem Maria e dos santos
Nós cristãos, adoramos a Deus. Mas veneramos
e invocamos a Virgem Maria, os anjos e os
santos, os amigos de Deus, que já estão na
glória. Desta maneira honramos a Deus neles;
são como um espelho no qual vemos algo da
infinita perfeição de Deus. Portanto, ao venerar
os santos, celebrando sua memória e pedindo
sua intercessão, seguindo seu exemplo e
honrando suas relíquias e imagens, honramos a
Deus. Por isso, nós cristãos temos as imagens
do Senhor, da Virgem, dos anjos e dos santos, e
conservamos com veneração as relíquias dos
santos. Honrando as imagens e relíquias dos
santos, honramos aos santos que elas
representam, ou de quem elas são.
6. Importância do 1º Mandamento
O primeiro mandamento é o mais santo e o
principal. Cumprindo-o bem, cumprimos todos os
demais mandamentos; e não podemos esquecer
que amar a Deus sobre todas as coisas é o
principal. Ao fim das contas, a única coisa
importante para nós.
7. Propósitos de vida cristã
• Procurar cumprir em todo o momento, a
vontade de Deus, manifestada nos seus
mandamentos.
• Fazer sempre muitos atos de fé,
esperança e caridade.
TEMA 45
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Não Tomar o Santo Nome de Deus em Vão
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
2º Mandamento:
INTRODUÇÃO:
Encontramos em um livro, o seguinte fato: "Havia
uma cantora de ópera famosa, que tinha feito
muito sucesso, e que fora aplaudida nas
principais cidades do mundo. Mas um dia,
começou a perder a voz e a sentir incômodos na
garganta. Os médicos descobriram-lhe um mal
incurável, que poderia acabar com sua vida. Para
evitar que isso acontecesse, necessitava ser
operada urgentemente. Disseram-lhe: Você já
não poderá cantar e nem falar mais. No dia
combinado, momentos antes da operação,
perguntaram-lhe se queria dizer alguma coisa.
Ela respondeu com um sorriso: Glória ao Pai,
glória ao Filho, glória ao Espírito Santo. Foram as
últimas palavras que pronunciou." É um
acontecimento comovedor e exemplar. O
segundo mandamento da Lei de Deus nos
ordena precisamente que honremos o nome de
Deus.
lugares sagrados os templos e os cemitérios, que
exigem um comportamento cheio de respeito e
dignidade. São coisas sagradas o altar, o cálice e
outros objetos dedicados ao culto. São pessoas
consagradas os ministros de Deus e os
religiosos; portanto, o Papa, os bispos, os
sacerdotes merecem todo o respeito - pelo que
representam.
4. O juramento é colocar a Deus por
testemunha
IDEIAS PRINCIPAIS:
Às vezes, é necessário que aquele que faz uma
declaração sobre o que viu ou ouviu, tenha de
reforça-la com um testemunho especial. Em
ocasiões muito importantes, sobretudo em um
tribunal, pode-se invocar a Deus como
testemunha da verdade daquilo que se diz ou
promete; isso é fazer um juramento. Fora destas
circunstâncias não se deve jurar nunca, e é
necessário procurar que a convivência humana
se estabeleça na base da verdade e da
honradez.
1. O nome de Deus é santo
5. Voto e promessa
Deus é santo, e seu nome também o é, porque o
nome representa a pessoa. Assim se explica que,
se alguém pronuncia de forma irreverente o
nome de uma pessoa querida, sintamos
indignação. Essa é a razão pela qual, quando
nomeamos a Deus, não pensemos em umas
letras que compõem uma palavra, mas no
mesmo Deus, Uno e Trino. Por isso, temos de
santificar seu nome e pronuncia-lo com grande
respeito. Os anjos e os santos no céu louvam
continuamente o nome de Deus, proclamando-o
três vezes santo.Nós pedimos no Pai Nosso:
"Santificado seja o vosso Nome", e temos de nos
esforçar para que o nome de Deus seja
glorificado na terra.
Voto é a promessa deliberada e livre, feita a
Deus acerca de um bem possível e melhor, com
a intenção de obrigar-se a cumpri-la. O costume
será o de fazer propósitos que nos ajudem a
melhorar, sem necessidade de votos e de
promessas, a não ser que Deus assim nos peça.
2. Como honramos o nome de Deus
Honramos e santificamos o nome de Deus
quando o louvamos como Criador e Salvador,
confessando perante todos que é nosso Deus e
Senhor; escutando com devoção ou meditando a
palavra de Deus; quando damos graças por tudo
o que nos concede ou pedimos com confiança
sua ajuda ou proteção; cuidando de tudo o que
lhe está consagrado; quando procuramos que
Deus seja conhecido, amado e honrado por
todos; jurando com piedade, justiça e verdade, e
quando fazemos votos ou promessas de coisas
gratas a Deus, com intenção de cumpri-los.
3. O respeito das coisas santas
Em atenção ao nome de Deus, que de alguma
maneira ostentam, temos de respeitar os lugares,
as coisas e pessoas a Ele consagrados. São
6. Pecados contra o 2º Mandamento
Além dos pecados de perjúrio ou de não
cumprimento de um voto, os pecados contra este
mandamento são: pronunciar com ligeireza ou
sem necessidade o nome de Deus, nomear a
Deus com enfado, maldizer e blasfemar. A
blasfêmia consiste em dizer palavras ou fazer
gestos injuriosos contra Deus, a Virgem, os
Santos e a Igreja. Se é repetida de forma
constante, é um pecado grave, já que vai
diretamente contra Deus.
7. O nome do cristão
No batismo, impõe-se um nome ao neófito; os
pais, padrinhos e o pároco devem procurar que
seja um nome cristão, o nome de um santo que
viveu uma vida de fidelidade exemplar a Deus.
Assim, resulta que o nome de cada pessoa é
sagrado e merece respeito. Deus conhece a
cada um de nós por seu nome.
8. Propósito de vida cristã
• Invocar com confiança o nome de Deus e
fazer sempre atos de desagravo quando
se escute alguma coisa contra Deus, a
Igreja, os sacerdotes, maldições ou
blasfêmias.
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TEMA 46
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Santificarás as Festas
3º Mandamento:
INTRODUÇÃO:
No livro do Êxodo podemos ler estas palavras
que Deus disse a Moisés e a seu povo: "Seis
dias trabalharás e farás todas as tuas obras, mas
o dia sétimo é dia de descanso para o Senhor,
teu Deus. Nenhum trabalho servil farás neste dia,
nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem teu
criado, nem tua criada, nem teus animais de
carga, nem o estrangeiro que habita dentro das
tuas portas. Pois em seis dias o Senhor fez o céu
e a terra, o mar e tudo quanto contém e no
sétimo descansou" (Êxodo 20,9-11). É vontade
de Deus, portanto, que dediquemos a Ele um dia
da semana, de forma especial. É importante
entender o verdadeiro sentido do domingo, que é
o de santifica-lo e de santificar-nos, não o de
divertir-nos somente, e muito menos o de pecar.
IDEIAS PRINCIPAIS:
1. O domingo, dia do Senhor
Deus manda que lhe dediquemos um dia da
semana de modo especial: um dia para Ele e
para podermos descansar. Os israelitas
celebravam o sábado, conforme Moisés tinhalhes ordenado no Sinai; mas os Apóstolos
marcaram o domingo que é o dia no qual Jesus
Cristo ressuscitou. Também no domingo, o
Espírito Santo veio sobre os Apóstolos na festa
de Pentecostes. Domingo significa dia do Senhor,
e assim é chamado por comemorar a
Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.
cristãos, nós nos reunimos ao redor do altar e do
sacerdote - que representa Jesus Cristo - para
celebrar o santo sacrifício da Missa.
4. A obrigação de participar da Missa aos
domingos e dias de preceito
Para nos ajudar a cumprir o terceiro mandamento
da lei de Deus, a Igreja nos impõe a obrigação de
participar da Missa inteira todos os domingos e
festas de guarda. Este mandamento obriga ao
cristão que já tenha cumprido 7 anos de idade e
tem o uso da razão. Quem não participa da
Missa comete pecado mortal, a não ser que
tenha sido dispensado, como é o caso de um
enfermo ou de quem cuida de um enfermo, ou se
é necessário percorrer uma distância muito
longa, etc; quer dizer, sempre que exista uma
causa justa e grave. No caso de dúvidas, é
necessário perguntar ao sacerdote. A Igreja pode
impor-nos esta obrigação porque tem autoridade
para ditar leis, e não pretende outra coisa senão
a de ajudar-nos a cumprir realmente a vontade
de Deus. Desta forma, concretiza-nos o conteúdo
do terceiro mandamento da lei de Deus.
5. Como participar da Missa
O preceito obriga a participar da Missa inteira no
domingo ou dia de festa de guarda - ou véspera segundo a celebração com piedade e atenção.
Por isso, é necessário chegar com pontualidade,
escutar com atenção as leituras e a homilia,
estando recolhidos e atentos na Missa.
2. As festas de preceito
6. O descanso festivo
Além do sábado, os israelitas celebravam outras
festas ao largo do ano; a mais solene era a
Páscoa. Nós cristãos celebramos também festas
nas quais comemoramos os principais mistérios
da vida de Jesus: Natal, Epifania, Apresentação
no templo, Corpus Christi...; da Santíssima
Virgem: Maternidade divina, Imaculada
Conceição, Assunção, Visitação...; e dos santos:
são José, são Pedro,... A Igreja determina quais
festas são de preceito, quer dizer, aquelas que
devemos santificar como se fossem domingo. Na
liturgia católica a festa mais solene é a Páscoa,
ou dia da ressurreição de Cristo, que se repete a
cada domingo.
A vida humana segue um ritmo de trabalho e
descanso. A instituição do domingo contribui para
que todos desfrutem do tempo de descanso
suficiente, que lhes permita cultivar sua vida
familiar, cultural, social e religiosa. Nos domingos
e festas de preceito, os cristãos devem abster-se
de trabalhos e de atividades que lhes impeçam
de dar culto a Deus, para gozar da alegria própria
do dia do Senhor e para desfrutar do devido
descanso da mente e do corpo. Podemos
descansar com diversões sãs, que não ofendam
a Deus, com uma vida familiar mais intensa,
praticando esportes ou passeios, etc.
3. A participação na Missa
Ainda que todos os dias devam ser vividos
santamente, Deus quis que o adorássemos e
déssemos culto de maneira especial aos
domingos e festas de guarda. E como santificar o
domingo e as festas de guarda? Principalmente
participando da Santa Missa. A Missa é o ato
maior de adoração e culto que podemos oferecer
a Deus na terra. Assim como os primeiros
7. Propósitos de vida cristã
• Fazer o firme propósito de cumprir
sempre o preceito de participar da Missa
nos domingos e festas de guarda.
• Durante estes dias, ocupar-se dos que
nos rodeiam, ao mesmo tempo que se
descansa com diversões alegres e
sadias.
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Honrarás Teu Pai e Tua Mãe
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
4º Mandamento:
INTRODUÇÃO:
Depois de estudar os três primeiros
mandamentos, que abarcam os deveres para
com Deus, vamos considerar os sete restantes
que visam o próximo e podem resumir-se em
uma única frase: “Amarás teu próximo como a ti
mesmo”.Iniciamos com o quarto mandamento,
que diz: “Honrarás teu pai e tua mãe”. Deus quer
que – depois dele - honremos os nossos pais,
que nos deram a vida e transmitiram o
conhecimento de Deus; mas o mandamento
abarca também as relações de parentesco com
outros membros do grupo familiar, como os avós
e demais antepassados, aos quais devemos
igualmente honra, afeto e reconhecimento.
Finalmente, este mandamento estende-se
também aos deveres do aluno para com seus
mestres, do empregado em relação a seu patrão,
do subordinado e seu chefe, do cidadão em
relação a sua pátria e aos que a administram ou
governam.
IDEIAS PRINCIPAIS:
1. O sentido do quarto mandamento
Os pais são o instrumento querido por Deus para
trazer novas vidas a este mundo. Além da
vida,procuram para seus filhos o alimento e a
educação para que cresçam, se desenvolvam e
recebam todos os auxílios para alcançar a
santidade de vida dos filhos de Deus.O quarto
mandamento nos recorda as obrigações que
temos para com nossos pais: amor, respeito e
obediência. O comportamento de Jesus com
Maria, sua Mãe, e com José, que fazia as vezes
de pai, deve ser um exemplo a ser imitado por
todos. Por extensão, o quarto mandamento inclui
o respeito e a obediência devidos àqueles que,
sob algum aspecto, estão constituídos em
autoridade: professores, autoridades
eclesiásticas e civis, a pátria etc..
2. Deveres dos filhos para com seus pais
a) Amor. O primeiro dever de um filho para com
seus pais é o de ama-los, e o amor se demonstra
com obras. É preciso rezar por eles, dar-lhes
satisfações e alegrias e ajuda-los segundo as
possibilidades, sobretudo se estão enfermos ou
são anciãos.
b) Respeito e gratidão. O respeito aos pais se
demonstra na sincera veneração, e na reverência
quando se fala com eles e deles. Seria uma falta
de respeito levantar a mão contra eles, desprezalos, insulta-los ou ofende-los de qualquer modo,
ou ter vergonha deles. Caso nossos pais tenham
algum defeito ou peculiaridades –
particularmente se já são idosos – ou que não
façam o que deveriam fazer, é necessário rezar,
compreende-los e desculpa-los, ocultando seus
defeitos e tratando de ajuda-los a que os
superem, sem que jamais saia de nossa boca
uma palavra de crítica.
c) Justa obediência. É necessário obedecer aos
pais com prontidão e diligência, sempre que não
seja pecado o que nos mandam. A obediência
exige esforço, porque é muito mais fácil ser
“rebelde” fazendo continuamente o próprio
capricho. Para obedecer é necessário um
coração bom e vencer o próprio egoísmo.
3. Outras obrigações do quarto mandamento
Dentro deste mandamento são incluídos
também, além dos pais, outras pessoas às quais
se deve obediência, amor e respeito:
a) Os irmãos. Especialmente os irmãos mais
velhos devem procurar dar bom exemplo
evitando discussões, brigas, invejas: em uma
palavra, o egoísmo.
b) Familiares e amigos. O amor e o respeito da
família alcança de modo particular os avós, tios,
primos e os amigos.
c) Professores e benfeitores. São os
representantes de nossos pais e por isso
devemos a eles agradecimento e respeito.
d) Os Pastores da Igreja. Porque somos filhos
da Igreja, temos de amar aqueles que governam
nossa alma, rezar por eles e obedecer suas
indicações. A lealdade pede que nunca
murmuremos contra eles.
e) Deveres para com a Pátria e as autoridades
civis. Como toda autoridade vem de Deus, é
necessário amar e servir nossa Pátria, a mãe
comum, respeitar e obedecer às autoridades civis
e cumprir as leis, sempre que sejam justas.
4. Deveres dos pais para com seus filhos
Os pais hão de amar, sustentar e educar seus
filhos: cuidar de suas necessidades espirituais e
materiais, dando-lhes uma sólida formação
humana e cristã. Para consegui-lo, além de rezar
por eles, devem oferecer os meios eficazes: o
exemplo próprio, os bons conselhos, a escolha
da escola, vigiar as companhias, etc... Depois de
tê-los aconselhado, devem respeitar e favorecer
a vocação dos filhos quando escolham o
caminho de sua vida, no humano e no
sobrenatural.
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TEMA 47
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Honrarás Teu Pai e Tua Mãe
4º Mandamento:
5. Cumprir com amor as obrigações deste
mandamento
Jesus, Maria e José formavam a Sagrada Família
– modelo de todas as famílias – na qual reinava o
carinho, a obediência e a alegria. Também na
nossa família deve ser o amor a Deus – e aos
demais por Deus – o que nos move em todo o
momento a cumprir com gosto nossos deveres.
O cumprimento do quarto mandamento traz
consigo uma recompensa: “Honra a teu pai e a
tua mãe, para que se prolonguem teus dias sobre
a terra que o Senhor, teu Deus, vai te
dar” (Êxodo, 20,12). Deus abençoa com frutos
espirituais e temporais de paz e prosperidade; ao
contrário, o não cumprimento traz grandes
danos, não só para a pessoa, mas para toda a
comunidade humana.
6. Propósitos de vida cristã
• Fazer um bom exame de consciência
para ver se estou cumprindo minhas
obrigações para com minha família.
• Rezar todos os dias pelos meus
familiares, professores, ministros da
Igreja.
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Não Matarás
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
5º Mandamento:
INTRODUÇÃO:
No livro do Gênesis há um episódio muito triste e
doloroso: a história de Caim e Abel. Ambos
irmãos ofereciam sacrifícios a Deus, mas Caim
oferecia o pior, enquanto Abel oferecia a Deus os
melhores cordeiros do rebanho. Por isso, o fumo
do sacrifício de Caim não subia ao céu, enquanto
que o de Abel era agradável a Deus e subia ao
céu. Caim sentiu inveja de seu irmão, convidou-o
a passear pelo campo e com uma queixada de
animal o matou. Deus amaldiçoou a Caim por ter
derramado o sangue de um homem inocente. O
sangue inocente grita vingança ante Deus e
Caim viveu errante durante o resto de sua vida,
cheio de remorsos. O quinto mandamento não só
ordena “não matar”; mas também proíbe as
brigas, agressões, invejas etc., e sobretudo,
ordena o respeito e o cuidado com a vida
humana, que é um dom de Deus.
IDEIAS PRINCIPAIS:
1. Só Deus é o dono e o senhor da vida
A vida humana é sagrada; desde seu início é
fruto da ação criadora de Deus e sempre mantém
esta especial relação com o Criador, origem e
término de nossa existência. Só Deus é o senhor
da vida desde o princípio até o fim; o ser humano
não é mais do que administrador, e deve cuidar
da própria vida e da de seus semelhantes. O
quinto mandamento proíbe aquilo que atenta
injustamente contra a própria vida e a vida dos
demais; mas não deve ser entendido no sentido
puramente negativo, pois ordena-nos a caridade,
a concórdia e a paz com todos – mesmo que
com os que se mostram como inimigos - e este
aspecto positivo é o conteúdo principal do
preceito.
2. Deveres de alguém para consigo mesmo
a) Amor e respeito a si mesmo.Temos de querernos a nós mesmos de maneira ordenada, sem
egoísmo (quando referimos a nós mesmos as
pessoas e as coisas), nem soberba (com uma
falsa valoração das próprias qualidades, por
ambição, presunção e vanglória).
b) Usar bem os talentos. Deus deu a cada ser
humano talentos e capacidades tanto naturais
como sobrenaturais. No plano natural estão a
inteligência e a vontade, que temos de
desenvolver adquirindo os conhecimentos de que
sejamos capazes e formando a vontade para
alcançar o senhorio de nós mesmos e uma
personalidade capaz de grandes empresas. A
preguiça (pereza) é o pecado que se opõe a que
os talentos frutifiquem em nós. No aspecto
sobrenatural temos a graça santificante, junto
com os dons que a acompanham. Temos de
corresponder generosamente porque, ao final de
nossa vida, Deus nos pedirá contas de como
aproveitamos as graças recebidas.
c) Amor e respeito ao corpo. O corpo é o
instrumento que Deus nos deu e santificou; um
dia ressuscitará cheio de glória. Por isso temos
de respeita-lo e cuida-lo (Alimento, limpeza,
esportes), evitando os excessos que possam
prejudicar a saúde. Devemos ama-lo de maneira
ordenada, já que existem outras coisas mais
importantes. Opõem-se a este dever o suicídio, o
desejar a própria morte, expor-se a perigos
grandes (condução imprudente de veículos,
excursões arriscadas, etc...), a mutilação de
alguma parte do corpo, a eutanásia (encurtar a
vida para reduzir o sofrimento), a gula (comer ou
beber em excesso), a embriaguez e a utilização
de drogas.
d) O cuidado da vida espiritual. É importante
cuidar do corpo, mas mais importante ainda é
cuidar da vida da alma, para que a graça cresça
em nós. Cresce-se conhecendo melhor a
doutrina cristã – o Catecismo – para poder
cumpri-la, confessando e comungando com
freqüência, tratando a Jesus no Sacrário,
fazendo pequenos sacrifícios, etc. A vida da
graça na alma se perde pelo pecado mortal, que
é como um suicídio; ainda que graças à
misericórdia de Deus existe o remédio do
Sacramento da Penitência, que permite
recuperar a vida sobrenatural.
3. Deveres do quinto mandamento para com
os outros
a) Respeito à vida alheia. A mesma razão que
obriga a respeitar a própria vida, exige o respeito
da vida alheia: cada ser humano é criatura de
Deus, de quem recebemos a vida, e só Ele é
dono de nossa vida. Este direito à vida é violado
pelo homicídio e pelo aborto, que são crimes
horrendos contra Deus e contra a humanidade.
Deus é sempre o autor da vida, também da vida
dos animais e das plantas, e não se pode matalos a não ser que seja por utilidade e
necessidade, como, por exemplo, para servirem
de alimento, mas sem que isto cause dor inútil ou
sofrimentos.
b) O respeito à convivência. O quinto
mandamento proíbe não só matar, mas tudo o
que vá contra os demais: ódio, inveja, inimizade,
discórdias, brigas, vinganças, lutas, desejar mal a
alguém, alegrar-se em ver os outros sofrer,
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TEMA 48
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Não Matarás
5º Mandamento:
insultos... O Evangelho proclama bem
aventurados aqueles que amam a paz, e uma
manifestação deste espírito será o rezar para que
não haja guerras entre as nações. O cristão tem
que perdoar e coração as injúrias recebidas, “não
sete vezes, mas setenta vezes sete
vezes” (Mateus 18,22); quer dizer, sempre.
Igualmente deve saber pedir perdão das ofensas
que possa ter feito aos demais; não é nenhuma
humilhação, mas sim, demonstrar com obras que
se tem um grande coração.
c) O pecado de escândalo. Por atentar contra o
bem espiritual do próximo, o escândalo é um
pecado contra o quinto mandamento. Escândalo
é toda palavra, obra ou omissão que incita o
outro a pecar: conversas más, blasfêmias, o
facilitar fotografias, livros, fitas, sites da internet,
revistas inconvenientes, utilizar vestes
indecorosas, faltar à Missa... Estes exemplos
provocam o pecado em que os observa ou
padece, e por isso disse Jesus, referindo-se ao
que provoca os escândalos: “Seria mais
conveniente que se lhe atasse uma roda de
moinho ao pescoço, e lhe jogassem no fundo do
mar” (Mateus 18,6). Temos de fugir dos que
ensinam ou levam a pecar, fazendo assim o
ofício que é próprio do demônio; e se tivermos
cometido este pecado, é preciso pedir perdão e
reparar o dano causado.
4. Ajudar aos demais em suas necessidades
Para viver o sentido positivo do quinto
mandamento é necessário querer bem ao
próximo, ajudando – com o exemplo e a palavra
– a resolver suas necessidades, tanto materiais
como espirituais. As obras de misericórdia
recordam quais são as principais necessidades,
e quando as realizamos, demonstramos de
verdade nosso amor ao próximo.
5. Propósitos de vida cristã
• Ler e saber de cor as obras de
misericórdia corporais e espirituais,
procurando cumpri-las no dia a dia.
• Ser amigo de todos, tratando com
respeito, sem exceção de ninguém. Não
guardar rancor nem desejar mal a
ninguém, evitando os insultos, o maltratar
quem quer que seja.
• Perdoar sempre a quem nos ofende,
rezando muitas vezes a oração do Pai
Nosso.
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Não Cometerás Atos Impuros
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
6º Mandamento:
INTRODUÇÃO:
São Paulo escreve aos cristãos de Corinto: “Não
sabeis que vossos corpos são membros de
Cristo?... Não sabeis que vosso corpo é templo
do Espírito Santo, que habita em vós, pois o
recebestes de Deus, e que não vos pertenceis?
Fostes comprados por um alto preço! Glorificai,
portanto, a Deus em vosso corpo” (1 Coríntios 6,
15;19-20). Vivendo a realidade de um mundo
pagão, no qual a castidade era desprezada e
ridicularizada, São Paulo demonstra as razões
para que o cristão viva a castidade: é membro de
Cristo, templo do Espírito Santo e deve dar glória
a Deus também com o corpo.
Mas não tão somente o cristão, mas todo o ser
humano como tal, deve respeitar seu corpo – e o
dos demais – cuidando com esmero de viver a
castidade em pensamentos, palavras, obras e
desejos, se quiser viver conforme a razão. Deus
marcou o caminho da dignidade humana neste
campo com dois preceitos: o sexto, “não
cometerás atos impuros”, e o nono, “não
consentirás em pensamentos e nem em desejos
impuros”, para o pleno domínio racional – interior
e exterior – da sexualidade.
IDEIAS PRINCIPAIS:
1. A sexualidade é um dom de Deus
Um ponto de partida, tão fundamental como
necessário para falar do sexto mandamento, é a
afirmação da Sagrada Escritura, quando nos
ensina que Deus criou o homem à sua imagem e
semelhança, e os criou homem e mulher (cf.
Gênesis 1,27). E que o homem, pois, seja
homem e a mulher seja mulher, isso vem de
Deus. Deus assim o quis. Portanto, como tudo
aquilo que Deus faz é bom, a sexualidade não é
um mal, nem é contrária à lei de Deus: é boa,
pois veio de Deus. É um grande dom de Deus.
Mas a sexualidade tem uma razão de ser muito
definida e sublime. Ainda que Deus tivesse
podido fazer as coisas de outra maneira, quis –
pela sexualidade – confiar ao homem e à mulher
–aos esposos – a missão nobre de transmitir a
vida, continuando a geração humana, querida por
Deus. E como a missão é tão alta, quis também
ordena-la e protege-la com uns preceitos que a
mantém em sua dignidade e eficácia, conforme o
plano de Deus. Por isso não se pode fazer com o
corpo aquilo que apetece. Deus estabeleceu uma
ordem no uso da sexualidade e tal ordem
consiste em que o prazer sexual – seja de
pensamento, palavra ou obra – somente seja
lícito, se for buscado dentro do matrimonio e
encaminhado ao fim que Deus Criador lhe
assinalou: a transmissão da vida humana, junto
com a ajuda mútua dos esposos.
2. A virtude da castidade
Ainda que às vezes se identificam castidade e
pureza, a virtude da pureza expressa melhor o
fato e a renúncia total ao uso da sexualidade,
enquanto que a castidade expressa o senhorio
sobre a sexualidade por renúncia total ao uso
ilícito. A castidade é, pois, a virtude que regula e
controla a sexualidade, impondo o respeito ao
corpo em pensamentos, desejos, palavras e
ações. Esta virtude expressa a integração da
sexualidade na pessoa e, por conseguinte, a
submissão da paixão sexual à razão humana e à
fé. A virtude da castidade é, como toda virtude,
uma conquista própria de valentes; é algo
positivo que liberta da escravidão de vícios e do
pecado.
3. A impureza destrói muitas coisas no ser
humano
O pecado da impureza destrói no ser humano
tesouros que Deus lhes deu, não só pelo fato de
O ofendermos e perdermos sua amizade, mas
também porque é um dano de modo particular a
virtudes de verdade excelentes. O impuro é
alguém triste, por ser escravo do pecado; não é
generoso porque só pensa em si mesmo e em
seu prazer; debilita sua fé, porque seu coração
vai se cegando. Perde a sensibilidade fina da
alma, que lhe capacita para amar a Deus e aos
demais. Se não se consegue a educação e o
domínio da sexualidade, com uma pedagogia da
liberdade, a alternativa é evidente: ou o ser
humano controla suas paixões e obtém, assim a
paz, ou se deixa dominar por elas e se torna um
pobre coitado.
4. A castidade é para todos
Cristo é o modelo de todas as virtudes, e a
condição do cristão, seguidor de Cristo, é a de
viver uma vida casta. Cada um em seu estado de
vida, e segundo a vocação que recebeu de Deus,
pois a uns, Deus lhes pede viver em virgindade
ou no celibato – um modo eminente de se
dedicar por inteiro a Deus com o coração indiviso
- , e a outros, no matrimonio ou solteiros. Os
casados hão de viver a castidade conjugal, fiéis a
seus deveres matrimoniais; os solteiros praticam
a castidade na continência. Os esposos hão de
ter presente que a fecundidade é um bem e o fim
do matrimônio, pois o amor conjugal tende
naturalmente a ser fecundo; por isso, o ato
matrimonial deve estar aberto à transmissão da
vida, e nunca será permitido o recurso à
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TEMA 49
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Não Cometerás Atos Impuros
6º Mandamento:
anticoncepção ou à esterilização para evitar a
procriação.
5. Pecados contra a castidade
Pecam contra a castidade os que – consigo ou
com outras pessoas – cometem ações impuras;
olham coisas impuras; consentem em
pensamentos ou desejos impuros; mantém
conversações ou contam piadas sobre coisas
impuras; os que voluntariamente colocam a si
mesmos ou a outros em perigo de comete-los.
Como tipificação moral, são pecados notórios
contra a castidade a masturbação, a fornicação
(união sexual entre duas pessoas não casadas,
de sexo oposto), as atividades pornográficas e as
praticas homossexuais; contra a dignidade do
matrimonio podemos destacar o adultério, a
poligamia e o chamado “amor livre”. Estes
pecados contra a castidade são sempre graves,
se há pleno conhecimento e consentimento; em
tal caso não existe matéria leve.
6. A luta pela castidade
Para ganhar a batalha da castidade é necessário
fugir das ocasiões; nesta matéria, fugir não
significa covardia, mas sim, prudência. E a
prudência exige evitar amizades, leituras,
espetáculos, conversas, etc.. que levem ao
pecado. Outro passo será o de estar ocupados
em um trabalho sério, que salva de ensimesmarse no egoísmo; ajuda também a prática de
esportes, que forma virtudes esplendidas para
resistir ao capricho. E não se pode esquecer a
importância da sinceridade, que conta as
dificuldades às pessoas competentes em busca
de ajuda e conselho, assim como a modéstia e o
pudor que ensinam a delicadeza no vestir, no
asseio diário, etc..., para a defesa da pureza
propriamente dita. Mas o mais importante é
colocar os meios sobrenaturais: a confissão e a
comunhão freqüentes; pedir a castidade com
humildade e perseverança; acudir à Virgem
Puríssima e nossa Mãe; oferecer pequenos
sacrifícios que afirmam a vontade e conseguem a
graça. Como observa Santo Tomás de Aquino,
“que o homem viva na carne e não segundo a
carne, não é do homem, mas de Deus”.
7. Propósitos de vida cristã
• Acudir à Virgem ao sentir alguma
tentação contra a castidade
• Colocar esmero em ser e mostrar-se
sempre limpos nas palavras, conversas,
piadas, etc...
TEMA 50
87
Não Furtarás
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
7º Mandamento:
INTRODUÇÃO:
Quando o jovem rico se aproximou de Jesus
perguntando o que deveria fazer para ir parar o
céu, ouviu esta resposta do Senhor: “Cumpre os
mandamentos”. E ao confessar que já os vinha
cumprindo desde criança, Jesus lhe disse: “Uma
só coisa te falta. Vai, vende tudo quanto possui e
dá o dinheiro aos pobres, e terás um tesouro no
céu; depois, vem e segue-me” (Marcos 10,21).
Ao ouvir estas palavras, foi embora triste porque
era muito rico e não queria abandonar os seus
bens. Então o Senhor advertiu seus discípulos:
“Dificilmente entrarão no céu aqueles que
possuem riquezas!”. A cena sugere algumas
perguntas: Estamos apegados às coisas que
temos? Somos egoístas? Cuidamos e
respeitamos as coisas dos outros? Pegamos
aquilo que não nos pertence? Preocupamo-nos
com os pobres e os que tem menos do que nós?
Cumprimos nossas obrigações de cidadãos?
IDEIAS PRINCIPAIS:
1. O plano de Deus a respeito dos bens da
terra
O ser humano nasce no seio de uma família:
pais, irmãos e outros seres que cuidam de nós
para que possamos viver. Também está rodeado
de coisas que necessita para viver e
desenvolver-se: comida, bebida, roupas e muitos
bens que fazem possível e facilitam o
desenvolvimento de suas capacidades naturais.
Estes bens – como também a vida – não nos são
dados por nós mesmos, mas são todos
recebidos. Nós os recebemos de Deus, que é o
Criador de tudo, e que utiliza da família como
instrumento de sua Providência generosa e
esmerada. Mas a condição deste ser humano é a
de cada ser humano e, portanto, os bens criados
tem um destino universal; são de todos e para
todos e devem ser conseguidos principalmente
mediante o trabalho. Ao mesmo tempo, para
segurança de sua liberdade e estímulo de
trabalho – direito e dever do ser humano – ,
necessita possuir alguns bens (casa, terras,
dinheiro...), que protegem a autonomia da
pessoa e da família. É o direito à propriedade
privada, que é um direito natural, quer dizer,
querido por Deus. Por isso, os sistemas que
anulam ou impedem a liberdade, o trabalho e a
propriedade privada são antinaturais, porque se
opõem aos direitos fundamentais da pessoa
humana. Harmonizar e tutelar uma e outra
dimensão: o destino universal dos bens criados e
a propriedade privada é o que faz este sétimo
preceito do decálogo, junto com o décimo. É a
idéia que está subjacente na frase de João Paulo
II: “Sobre toda propriedade privada recaí uma
hipoteca social”; porque, ainda que se possa
dispor das coisas, o ser humano é mero
administrador e deve estar aberto aos demais,
tendo em conta virtudes tão sociais como a
temperança, a justiça e a solidariedade,
reclamadas pela condição do cristão.
2. O respeito pelas pessoas e por seus bens
Tendo em conta estes princípios que regulam o
uso dos bens criados, o sétimo mandamento
proíbe estas atuações, que atentam contra o
direito do próximo:
a) O roubo, que é o tirar ou o reter uma coisa
contra a vontade de seu dono;
b) A usura, que é o emprestar dinheiro ou outra
coisa exigindo um juros excessivo;
c) A fraude, que é o não dar o justo peso ou
medida, ou dar uma coisa pela outra;
d) Também proíbe o reter deliberadamente
objetos perdidos, pagar salários injustos, elevar
os preços especulando com a ignorância ou a
necessidade alheia, a especulação de terras, a
corrupção que “compra” o juízo dos que devem
tomar decisões conforme o direito, o trabalho mal
realizado, a fraude fiscal, a falsificação de
cheques e faturas, os gastos excessivos, os
desfalques.
3. O respeito da integridade da criação
Deus não concedeu ao ser humano um domínio
absoluto e despótico sobre a natureza, mas sim
relativo; quer dizer, um domínio regulado pelo
respeito e cuidado da qualidade de vida do
próximo, incluindo as gerações futuras. No trato
com os animais, é legítimo servir-se deles para o
alimento e o vestir-se, mas não é conforme à
natureza humana faze-los sofrer inutilmente,
sacrificar suas vidas sem necessidade, e inverter
neles somas notáveis que poderiam remediar as
necessidades de outros seres humanos.
4. Obrigação de se reparar os danos
causados
Quando se rouba ou se estraga algo, produzindo
um dano importante nos bens dos demais,
comete-se um pecado grave; o pecado é venial
se o dano é pequeno. O pecado grave é
perdoado na confissão, se, ao arrependimento,
junta-se a intenção (ao menos...) de devolver o
roubado ou o reparar o dano; caso não exista
esta intenção, o pecado não é perdoado. Se já
não se tem o que se roubou, é necessário
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TEMA 50
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Não Furtarás
7º Mandamento:
devolve-lo, tirando-se dos próprios bens, ou
comprando-se outra coisa igual ao que se
roubou, e entrega-lo. Se não se sabe o que fazer,
em outros casos, deve-se perguntar ao
confessor.
5. Atitude frente aos bens da terra
a) Respeito a nós mesmos. Sabemos que as
coisas da terra estão a nosso serviço e que
precisamos delas, mas existem bens muito mais
importantes: o amor a Deus e ao próximo
demonstrado com obras, que são bens que
levam ao céu. A estes bens devemos aspirar,
estes são os que devemos adquirir e conservar
com esforço.
b) Respeito aos demais. Não se trata só de não
roubar; o cristão deve partilhar seus bens com os
que tem necessidade, se quer ser fiel ao
Evangelho. Entre as diversas formas de viver o
mandato de Jesus Cristo, podemos assinalar:
ajudar aos demais, especialmente aos mais
próximos, como são os pais, irmãos, etc.;
trabalhar – ou estudar, se for o caso – porque
assim participamos na obra da criação e, unido a
Cristo, o trabalho pode ser também ele, redentor;
ajudar os pobres e necessitados com esmolas e
visitando-os para fazer-lhes passar bons
momentos. Também temos a obrigação de ajudar
à Igreja em suas necessidades, como ordena o
quinto mandamento da Igreja, que cada um há
de viver segundo suas possibilidades (por
exemplo, sendo generosos na oferta quando
vamos à Igreja, no domingo, na coresponsabilidade com o dízimo). Quer dizer, as
obras de misericórdia existem para serem
praticadas.
6. Propósitos de vida cristã
• Viver a generosidade em deixar as coisas
próprias aos irmãos, amigos,
companheiros, etc.
• Nunca roubar nada, ainda que sejam
coisas pequenas; e caso tenha-se feito,
devolver o quanto antes.
• Dar esmolas aos mais necessitados.
TEMA 51
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Não Dirás Falso Testemunho Nem Mentirás
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
8º Mandamento:
INTRODUÇÃO:
Conta o Evangelho que, no julgamento de Jesus
perante o Sinédrio, os judeus apresentaram
testemunhas falsas que acusavam a Jesus de
muitas coisas, para que fosse condenado.
Perante aqueles falsos e contraditórios
testemunhos, Jesus permanecia em silêncio. Só
falou quando o Sumo Sacerdote lhe perguntou:
“Tu és o Messias, o Filho de Deus?” (Marcos
14,61). E confessou a verdade, ainda que, por
dizer a verdade, sofreu tantos ultrajes e a morte.
O oitavo mandamento: “Não dirás falso
testemunho nem mentirás” é muito necessário,
sobretudo quando as relações entre os seres
humanos estão marcadas por tantas mentiras,
calunias, difamações e falsos testemunhos. A
tudo isso temos de opor o amor à verdade.
calemos, um cristão deve dizer sempre a
verdade, inclusive até o martírio, que é o
supremo testemunho da verdade da fé.
4. O oitavo mandamento ordena respeitar a
honra dos demais
A honra é um bem muito mais importante que os
bens materiais. Todos os seres humanos tem
direito a sua fama; por isso, não podemos roubar
ou destruir a honra dos demais.
a) Modos de destruir a honra. Destrói a honra
dos demais:
• a calúnia, que é o exagerar as faltas dos
outros, ou dizer que fizeram um mal,
sabendo que isto não é verdade.
• A maledicência ou difamação, por difundir
injustamente os defeitos ocultos do
IDEIAS PRINCIPAIS:
próximo.
1. Jesus ensina a dizer a verdade
• O falso testemunho, declarando em juízo,
Jesus nos ensina com seu exemplo a dizer a
algo que não é verdade, e prejudica o
verdade, mesmo que isto lhe custasse muitos
próximo.
sofrimentos e a morte. A verdade, diz Santo
• O juízo temerário, que consiste em
Tomás, é algo divino: é preciso respeita-la e amapensar mal dos demais, sem motivo
la. Às vezes, dizer a verdade custa e exige
justo.
esforço; mas é preciso que sejamos valentes
para dize-la sempre e não mentir. Jesus disse em
• A violação de um segredo, que manifesta
uma ocasião: “Seja vosso modo de falar: sim,
aquilo que se devia calar.
sim, ou não, não. O que passar disso, vem do
Maligno” (Mateus 5,37). É um bom lema que nos
b) Atuação do cristão. O que escuta falar mal dos
ajudará a ser sinceros e leais com Deus, com
outros –seja de uma pessoa em particular, ou de
nós mesmos e com os demais.
uma instituição (família, Igreja, etc_ - está
2. O mal da mentira
obrigado a não escutar o que se diz e a defender
Assim como uma pequena chispa de fogo – uma com valentia ou a desculpar, se o que se diz é
verdade.
coisa tão insignificante no início – pode destruir
um bosque, assim a mentira pode destruir coisas
c) Obrigação de restituir a honra. Deus quer que
grandes, como a amizade de um amigo ou a
sejamos como que guardiões da boa fama dos
confiança dos pais. Mentindo-se aos amigos ou
demais. O que destrói esta boa fama, peca
aos pais, acaba-se perdendo sua amizade e
gravemente, se o defeito que se descobre ou o
confiança. Depois, ainda que o mentiroso diga a
dano que se produz é grave. Aquele que
verdade, já não se acreditará nele. Para se viver
prejudicou a boa fama do próximo está obrigado
em sociedade, é indispensável ser sinceros e
dizer a verdade. Para isso, temos de nos esforçar a reparar, isso é, a dizer publicamente que aquilo
que tinha dito não é verdade, ou que exagerou. É
na sinceridade para conosco mesmos, sem
preciso que se faça a devida reparação – como
ocultar-nos a verdade. Ainda que nunca se deva
mentir, existem ocasiões nas quais se deve calar, quando se rouba algo material – para que se
para guardar um segredo, ou para não prejudicar possa ter perdoado o pecado.
outra pessoa.
5. Cuidar e defender nossa boa fama
3. Motivos pelos quais se mente
Com freqüência, mente-se por medo ou
vergonha de ser descobertos; outras vezes, para
sair de um apuro ou por brincadeira. Pode ser
pecado mortal mentir em assuntos importantes,
ou sabendo que fazemos um dano grave. Se o
bem comum ou particular não exige que
Durante o juízo perante o Sinédrio, um criado
deu uma bofetada em Jesus, que respondia a
Caifás. E o Senhor se defendeu, dizendo: “Se
falei mal, mostra-me o mal. Mas, se falei bem,
por que me bates?” (João 18,23). Jesus dá
exemplo de como é necessário defender a boa
fama, quando nos atacam injustamente.
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TEMA 51
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Não Dirás Falso Testemunho Nem Mentirás
8º Mandamento:
6. Podemos ajudar aos demais com a
correção fraterna
A caridade nos levará a dizer a verdade com
nobreza, a dizer as coisas na frente, nunca nas
costas de ninguém. Dizer as coisas com verdade
e caridade é ajudar a nossos irmãos com a
correção fraterna. Podemos recordar o que disse
Jesus: “A verdade vos fará livres” (João8,32).
7. Propósitos de vida cristã
• Não falar mal dos demais, nem permitir
que outros o façam; se alguma fez se
prejudicou alguém, com palavras, reparar
rapidamente o dano causado.
• Reconhecer as próprias faltas, sem
desculpar-se.
TEMA 52
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em Pensamentos Nem em Desejos Impuros
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
9º Mandamento: Não Consentirás
INTRODUÇÃO:
Composto de corpo e alma, após a desordem do
pecado original, o ser humano deve suportar o
peso da carne que reclama com egoísmo o
prazer da sexualidade, sem ter em vista a
disciplina com que Deus ordenou as coisas do
corpo. Assim, a pureza é uma virtude que será
conseguida com a graça de Deus e uma
particular luta pessoal. Para ser limpos de
coração é necessário rechaçar com firmeza os
pensamentos e os desejos impuros, que
constituem a raiz interna do pecado contra a
castidade, cometendo-se já pecado quando
neles se consentem. Vale a pena lutar, porque a
pureza é uma das maiores fontes de alegria, de
paz e de energia no progresso da pessoa. Como
diz Jesus no sermão da montanha, “bem
aventurados os limpos de coração, porque eles
verão a Deus” (Mateus 5,8). Frente este convite,
entendemos que a pureza pode custar, mas
sabemos que é um dom magnífico, coroa triunfal
que devemos aspirar, vencendo o lodo da
impureza – a impureza mancha, suja – que é um
engano amargo. É absurdo que nos queiram
convencer que o ser humano é uma besta
incapaz de dominar seus instintos; o ser humano
não é uma besta. E quando Deus impõe o
preceito da pureza desde a mesma raiz interior,
“não ordena nenhuma coisa impossível, mas,
quando o ordena, adverte que faças o que
puderes fazer, que peças aquilo que não podes
fazer e Ele te ajudará para que o possas”, ensina
o Concílio de Trento com a doutrina de Santo
Agostinho.
IDEIAS PRINCIPAIS:
1. A CONCUPISCÊNCIA
Ao desobedecer a Deus, Adão e Eva não só
pecaram, mas também abriram uma fonte de
pecado: a concupiscência ou inclinação ao
pecado que permanece em nós, mesmo depois
de batizados; o batismo perdoa o pecado
original, mas não elimina a concupiscência. São
João fala de uma tríplice concupiscência:
concupiscência da carne, concupiscência dos
olhos e soberba de vida (cf. 1 João 2,16),
conseqüência do pecado original que contradiz a
razão e desordena as faculdades do ser humano.
Em si mesma, a concupiscência não é um
pecado, mas inclina ao pecado, ainda que não
pode danar àquele que não consente, mas
procura enfrenta-la com a graça de Cristo. É para
isso também que recebemos a graça: para o
combate.
2. A purificação do coração
Como a natureza sente o formigamento das
paixões, é preciso buscar combate-lo, indo à raiz
do pecado. E a raiz se encontra no coração; a
pureza é para ser vivida no corpo, mas deve-se
vive-la, sobretudo na alma. Jesus adverte seus
discípulos: “De dentro do coração saem as
intenções más, assassinatos, adultérios,
fornicações” (Mateus 15,19). Por isso, a luta
contra a concupiscência passa pela purificação
do coração e Deus quer que sejamos limpos e
castos por dentro, em primeiro lugar; o nono
mandamento proíbe os pecados internos contra a
castidade: os pensamentos e desejos impuros.
3. Lutar contra a tentação
As tentações contra a castidade, por si, não são
pecado, mas incitação ao pecado; seriam pecado
se a vontade tivesse complacência com elas,
mas não o são se a vontade não consente e as
rechaçam. Procedem das más inclinações e das
sugestões do demônio ou do mundo que nos
rodeia. Não deve surpreender-nos, mas – sem
obsessões – é necessário rezar para ser fortes e
repeli-las com prontidão. Aquele que resiste à
tentação, cresce no amor a Deus e se faz forte
por dentro, com a força de Deus, que dá sua
graça para vencer. Quando surgem dúvidas a
respeito daquilo que é ou não pecado contra a
pureza, deve-se perguntar a pessoas
competentes: os pais, sacerdote... para formar-se
e ter paz. Nestes casos sucede aquilo que
acontece com as moscas no verão, quando nos
molestam. O fato de procurar pousar em nós,
não depende de nós: de nós depende o espantalas! Se no momento da tentação podemos dizer
sinceramente: “Fiz o possível para fugir da
tentação” não existe razão para perder a paz e a
alegria.
4. O pudor e a modéstia
Sempre se disse que a pureza é defendida pelo
pudor, virtude que é a parte essencial da
temperança. O pudor refuta mostrar aquilo que
deve permanecer velado, inspira a escolha no
modo de vestir, leva à modéstia que regula os
gestos e os movimentos corporais, e mantém o
silêncio e a reserva onde se adivinha o risco de
uma curiosidade má. Existe um pudor dos
sentimentos como também um pudor do corpo. O
pudor custodia a intimidade da pessoa e faz viver
uma grande delicadeza.
5. Campanha pela pureza
A pureza cristã exige o saneamento do clima
atual da sociedade, e o cristão tem que lutar
contra a permissividade de costumes, que é fruto
de uma concepção errônea da liberdade. Ainda
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TEMA 52
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
em Pensamentos Nem em Desejos Impuros
9º Mandamento: Não Consentirás
que seja livre, o ser humano não pode deixar-se
arrastar pelo erotismo que impregna tantos
espetáculos indecorosos de televisão, cinema,
teatro, etc.., porque atenta contra a dignidade
humana. Poderia-se usar as palavras de um
sábio: “Todas as vezes que estive com os
homens, voltei menos homem”. Com maior razão
o cristão deve trabalhar para que os espetáculos
sejam limpos e não ofendam a Deus, como
ocorre sempre que encerram uma cultura
autêntica. O esforço em favor da castidade ou
pureza, que Deus protege com o 6o e o 9o
mandamentos, significa contribuir a que os seres
humanos sejam mais capazes de si mesmos, e
ajuda a purificar e elevar os costumes dos povos.
Se não se vive a pureza, as pessoas e os povos
se embrutecem, vivendo como animais.
6. Meios para se poder viver e crescer na
pureza
Pode-se alcançar viver e melhorar a pureza
interior mediante a oração – a pureza sempre
deve ser pedida –; com a pureza de intenções,
que busca cumprir em tudo a vontade de Deus; e
cuidando da imaginação e dos olhos – junto com
os demais sentidos – para se poder rechaçar
qualquer complacência com os pensamentos
impuros.
7. Propósitos de vida cristã
• Rechaçar imediatamente os maus
pensamentos, colocando os meios
naturais e sobrenaturais adequados.
• Pensar o que é possível fazer na própria
família e no ambiente que nos rodeia
para criar um clima favorável à pureza.
• Viver o pudor e a modéstia.
TEMA 53
93
Não Cobiçarás os Bens Alheios
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
10º Mandamento:
INTRODUÇÃO:
2. Conformidade com o que Deus nos envia
O estado de inocência no qual foi criado o ser
humano supunha a mente submetida a Deus, as
potencias inferiores à razão e o corpo à alma. O
pecado transtornou essa harmonia privilegiada e
se desataram as paixões, produzindo um conflito
interior de desordem e tensão; também no uso
dos bens materiais que o ser humano necessita
para subsistir e desenvolver sua vida na terra. E
com freqüência o ser humano perde a
consciência de sua dignidade; o que deveria ser
equilíbrio se converte em desvirtuamento.
Esquece que ele vale mais do que as coisas, e
se apega às coisas – não se contenta com o
necessário e o suficiente – , dando lugar à
cobiça, que degrada a pessoa humana. A
avareza se explica no pagão, que não tem outra
esperança que a dos bens caducos; mas não
tem sentido no cristão, que voa com sua
esperança teologal para mais adiante do tempo e
das coisas efêmeras deste mundo. A meta do
cristão é Deus e a glória do céu; não se contenta
com menos! Como a avareza se traduz tantas
vezes no roubo e na usurpação dos bens do
próximo, este preceito do Decálogo trata de
ordenar a raiz interior destes pecados e proíbe
cobiçar os bens alheios.
O coração se identifica com aquilo que ama, e,
se ama sem medida os bens materiais, se faz
matéria – coisa – , reduzindo suas aspirações ao
pouco bem estar material de alguns anos, não
isentos de inquietações frente os riscos. Ao
contrário, a conformidade com os bens e as
riquezas que Deus dá – e com os que
honradamente podem ser adquiridos – faz feliz; a
cobiça e a inveja daquilo que não se possui é o
que não faz ninguém ser feliz. E se o desejo de
se ter bens e lutar por consegui-los com meios
lícitos e finalidade honesta, é bom e agrada a
Deus, o desejo desordenado ou a cobiça lhe
ofende, da mesma forma que degrada o ser
humano.
IDEIAS PRINCIPAIS:
1. A avareza, raiz de todos os males
Para contrastar a avareza dos que amam este
mundo, escreve São Paulo: “Nada trazemos ao
mundo e nada poderemos levar dele. Tendo com
o que nos alimentar e com o que nos cobrir,
estamos com isso contentes. Os que querem
enriquecer-se caem em tentações, em laços e
em muitas cobiças loucas ou perniciosas, que
levam os homens à perdição e à ruína, porque a
raiz e todos os males é a avareza, e muitos, por
deixar-se levar por ela, se extraviam da fé e a si
mesmos se atormentam com muitas dores”(1
Timoteo 6,7-10). A lição de sensatez do Apóstolo
não significa que não se deva desenvolver com a
inteligência e o trabalho as possibilidades
econômicas que ajudam a exercer a liberdade e
a promover a família – e também a promover o
bem estar dos demais suscitando
empreendimentos, riqueza e trabalho, em
benefício dos concidadãos – ; significa só que o
ser humano não pode escravizar-se submetendose a bens efêmeros, porque ele é mais e vale
mais. E, logicamente, a cobiça e a inveja dos
bens alheios, que conduz à apropriação ilegítima
do que não é seu, deve ser combatida e
dominada.
3. O que proíbe o décimo mandamento
O décimo mandamento proíbe a avareza ou o
desejo desordenado de riquezas, e também o
desejo de cometer uma injustiça que provocaria
dano ao próximo em seus bens materiais.
Proíbe também a inveja ou tristeza que produz
ver o bem do próximo, com o desejo
desordenado de possui-lo e dele se apropriar,
ainda que de forma indevida. Desta inveja – que
soe proceder do orgulho – nascem o ódio, a
maledicência e a calúnia. É necessário combater
um pecado capital do qual nascem tantos males,
e se consegue isto com a benevolência, a
humildade e o abandono na providência de Deus.
4. O desprendimento dos bens da terra
Quando o ser humano tem inteira a sua conduta
moral, quer dizer, quando impera a lei de Deus
no coração, sobressai o desprendimento dos
bens criados, porque o amor de Deus domina
todo o ser. Percebe-se com força o que o
Evangelho diz: “Bem aventurados os pobres em
espírito, porque deles é o reino dos
céus” (Mateus 5,3). Por isso, o cristão deve
orientar seus desejos na linha da esperança
cristã, para que o uso das coisas deste mundo e
o apego às riquezas não impeça – contra o
espírito da pobreza do Evangelho – buscar um
amor perfeito.
5. A luta contra o apego aos bens terrenos
O Evangelho exorta à vigilância, e este campo
requer uma particular atenção, porque o apego
aos bens tira a Deus do lugar que deve ocupar
em nossa vida, desorientando-a .O remédio está
em fomentar o desejo da felicidade verdadeira,
que se alcança – aqui – vivendo na graça de
Deus; e depois – na plenitude – no céu, vendo a
Deus e gozando de Deus. A esperança de que
veremos a Deus supera toda a felicidade. E para
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TEMA 53
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Não Cobiçarás os Bens Alheios
10º Mandamento:
contemplar e possuir a Deus, é preciso mortificar
a concupiscência com a ajuda da graça de Deus,
vencendo a sedução do prazer e do poder.
6. É preciso amar e cumprir TODOS os dez
mandamentos
O décimo mandamento desdobra e completa o
nono. Ao proibir a cobiça dos bens alheios, ataca
a raiz do roubo, da rapina e da fraude, proibidos
no sétimo mandamento. Se não se domina a
concupiscência dos olhos, chega-se à violência e
à injustiça, proibidos no quinto preceito. A cobiça
tem sua origem, assim como a fornicação, na
idolatria, condenada nos três primeiros
mandamentos da Lei. O décimo mandamento
refere-se às intenções do coração; resume, como
o nono, os dez mandamentos da lei de Deus.
Ao terminar este estudo dos mandamentos se
adverte que, efetivamente, são um presente de
Deus ao ser humano. Jesus Cristo ensinou-nos a
cumpri-los e proclamou as bem aventuranças
para nos ensinar o espírito que devemos ter para
cumpri-los. Os mandamentos assinalam o
caminho do céu de forma clara e objetiva.
Mostram como amar a Deus sobre todas as
coisas e ao próximo como a si mesmo, por amor
a Deus.
7. Propósitos de vida cristã
• Viver desprendidos do que temos e
usamos.
• Examinar sinceramente a consciência
para evitar que nos domine a inveja do
bem alheio; saber alegrar-se com os
êxitos dos demais.
TEMA 54
95
da Igreja
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Os Mandamentos
INTRODUÇÃO:
Todos nós estamos convencidos da importância
que existe em observar as leis. No esporte, por
exemplo, se não se observa o regulamento – e
muitas vezes acontecem “roubos” –, não se pode
jogar; mais grave ainda é o respeito devido às
leis que, se não cumpridas, provocam mortes e
catástrofes: as leis de tráfego. Depois de estudar
os dez mandamentos da Lei sabemos que a lei
mais importante é a lei de Deus. Como disse
Jesus ao jovem rico: “Se queres entrar na vida,
cumpre os mandamentos” (Mateus 19,17). Para
facilitar-nos seu cumprimento, a Igreja determina
algumas obrigações do cristão no que chamamos
mandamentos da Igreja. Cristo deu à Igreja a
autoridade para governar os fiéis, e sua solicitude
de mãe impulsiona a assinalar concretamente
qual é a vontade de Deus, ajudando-nos a
conseguir o céu. Essa é, em definitiva, a missão
da Igreja.
IDEIAS PRINCIPAIS:
1. Jesus Cristo funda a Igreja para nos salvar
Já vimos, ao estudar o Credo, que Jesus Cristo
veio a terra para nos redimir e nos dar a vida
divina; veio a este mundo para fundar a Igreja,
que continua sua obra redentora e nos conduz
para a salvação. Por isso, escolheu a Pedro e
aos demais Apóstolos, para que governassem a
Igreja e transmitissem seus poderes para seus
sucessores: o Papa e os Bispos. Estes poderes
são: ensinar a doutrina de Jesus Cristo, santificar
com os sacramentos e governar mediante leis
que obrigam em consciência.
2. A Igreja e o poder de promulgar leis
Cristo concedeu efetivamente a sua Igreja o
poder de governar, e enviou aos Apóstolos e a
seus sucessores por todo o mundo para que
pregassem o Evangelho, batizassem e
ensinassem a observar tudo o que Ele lhes tinha
mandado: “Quem vos ouve, a mim ouve” (Lucas
10,16); “Assim como o Pai me enviou, eu vos
envio a vós” (João 20,21). Em virtude desta
autoridade, a Igreja pode ditar leis e normas.
Dentre todas, podemos destacar as que
chamamos mandamentos da Igreja.
3. Razão dos mandamentos da Igreja
Os mandamentos da Igreja são uma mostra de
carinho para com seus filhos porque, ao ditar
estas normas, a Igreja pretende tão somente
ajudar-nos a cumprir os mandamentos da lei de
Deus. A Igreja sabe que pode custar cumprir a
vontade de Deus, e por isso, marcou estas
obrigações do cristão, que garantem
convenientemente, o caminho da nossa
salvação.
4. Quais são os mandamentos da Igreja
1º - Ouvir Missa inteira aos domingos e festas de
guarda. Este mandamento obriga – sob pecado
mortal – aos fiéis que tem uso da razão e tenham
completado sete anos. Desta maneira, a Igreja
determina e facilita o cumprimento do terceiro
mandamento da lei de Deus. Além disso,
pedagogicamente, nos ensina a importância da
Missa, para que participemos nela com maior
freqüência.
2º - Confessar os pecados mortais ao menos
uma vez ao ano, e em perigo de morte e quando
se for comungar. Também ao redor dos sete
anos começa o uso da razão e já se pode
cometer pecados mortais. Daí que a Igreja
marque a necessidade de acercar-se ao
sacramento da Penitência a partir desta idade da
razão, pelo menos uma vez ao ano. Caso se
esteja em estado de pecado mortal, é necessário
confessar-se antes de se acudir à comunhão, e é
conveniente faze-lo com freqüência para poder
superar as tentações. De maneira particular urge
o preceito de confessar-se quando se está em
perigo de morte; seria inconcebível comparecer
ante o tribunal de Deus estando em pecado
mortal, que nos faria réus do inferno.
3º - Comungar ao menos na Páscoa da
Ressurreição. A Eucaristia é um mistério de fé e
de amor que nunca poderemos compreender;
sem dúvida, desde que temos o uso da razão,
podemos nos dar conta da importância que tem
este sacramento. A Igreja fixa desde este
momento a necessidade de acudir à Comunhão
devidamente preparados. Põe como mínimo uma
vez ao ano, ainda que deseja que comunguemos
freqüentemente. Desta maneira nos ajuda a
cumprir melhor o terceiro mandamento da lei de
Deus.
4º - Jejuar e abster-se de carne quando manda a
Santa Igreja. O cristão deve identificar-se com
Cristo e não pode viver como um pagão que não
domina seus apetites; e tem que fazer algum tipo
de sacrifício. Para que não se esqueça disso, a
Igreja ordena uma pequena mortificação na
comida durante alguns dias do ano:
• São dias de abstinência de carne as
sextas-feiras da Quaresma que não
coincidem com festa de preceito.
• São dias de jejum e abstinência de carne
a quarta-feira de Cinzas e a sexta-feira
santa.
96
TEMA 54
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
da Igreja
Os Mandamentos
•
São também dias de penitência as
sextas-feiras do ano que não sejam
festas de preceito. Mas a abstinência
imposta por lei geral pode ser substituída
– segundo a livre vontade de cada fiel –
por qualquer outra forma de penitência
recomendada pela Igreja: exercícios de
piedade e oração, mortificações corporais
e obras de caridade (a missa, oferecer o
trabalho, dar uma esmola...).
•
A lei da abstinência obriga os que já
cumpriram quatorze anos.
•
A lei do jejum obriga desde os vinte e um
anos cumpridos até os cinqüenta e nove
cumpridos.
5º - Ajudar a Igreja em suas necessidades. A
Igreja é mãe e se preocupa com as necessidades
de seus filhos: as espirituais e as materiais; por
isso reclama dos fiéis orações, sacrifícios e
esmolas. Com estes bens pode ajudar os mais
necessitados: os pobres, as missões, os
seminários... A ajuda material que os cristãos tem
obrigação de oferecer à Igreja serve também
para atender a dignidade do culto: edifícios,
vasos sagrados, ornamentos etc...
5. Propósitos de vida cristã
• Aprender os mandamentos da Igreja.
•
Rezar todos os dias pelas necessidades
da Igreja, pedindo especialmente pelo
Papa, pelos bispos e sacerdotes.
TEMA 55
97
Todos à Oração
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Deus Chama
INTRODUÇÃO:
A última parte do Catecismo da Igreja Católica é
dedicada à oração cristã. A oração deveria ser –
como a respiração, como as batidas do coração
– uma coisa normal, co –natural, na vida de cada
ser humano. De fato, a primeira reação da
criatura humana quando descobre a seu criador
– como sucede com o pai e a mãe para o recém
nascido – é chamar-lhe, falar-lhe, comunicar-se
com Ele, trata-lo. E isto é a oração: falar com
Deus, a quem reconhecemos como nosso
Senhor, a quem devemos tudo o que temos e
somos e a quem, portanto, devemos mostrar
reverência e agradecimento, ao mesmo tempo
em que expomos a Ele as nossas necessidades
e lhe pedimos perdão se não temos
correspondido a Seu amor providente e
misericordioso. Alguém já disse que “nunca o
homem é tão grande como quando está de
joelhos”, significando que orar é uma obrigação
para a criatura, ao mesmo tempo em que nos
eleva à dignidade de podermos dialogar com
Deus, o Criador do universo e a fonte de todo
bem.
IDEIAS PRINCIPAIS:
1. O que é a oração
A oração é algo tão grande que corremos o risco
de rebuscar uma definição solene e
surpreendente. O velho catecismo diz, com toda
a simplicidade, que “orar é falar com Deus”. E, de
fato, se uma pessoa põe-se a falar com Deus –
com palavras ou sem palavras – movida pela fé,
a humildade e a confiança, está fazendo oração.
São João Damasceno diz que é “a elevação da
alma a Deus”. Santa Teresa de Jesus explica que
a oração é “Tratar de amizade com Deus,
estando muitas vezes tratando a sós com quem
sabemos que nos ama”. Fiquemos, pois, com
esta idéia: orar é falar com Deus; ou, se preferir,
“um diálogo com Deus, um diálogo de confiança
e de amor”, como ensina o Papa João Paulo II,
com o fim de adora-Lo, dar-Lhe graças, implorar
o perdão e pedir o que precisamos. Falar com
Deus, que é o Criador e Senhor nosso, da
mesma maneira que falamos com as pessoas
que amamos.
2. A oração é essencial para o ser humano
A oração é o resultado do conhecimento e
reconhecimento de Deus, Criador, e do
conhecimento e reconhecimento da criatura. O
conhecimento de Deus se adquire – ainda que
seja de forma confusa – à medida que se vão
desenvolvendo os conhecimentos, pois
necessariamente o ser humano percebe que
depende dos outros. Não é ele quem deu a si
mesmo a vida, mas a recebeu de alguém; e outro
tanto acontece com tudo o que necessita. Por
pouco que os pais e educadores colaborem, a
criança descobre a Deus com facilidade. Por
isso, as crianças rezam tão bem; os que não
rezam ou rezam mal são os mais velhos, que se
tornam egoístas e orgulhosos e pedem razões a
Deus. E da mesma forma que fala com os pais e
os chama, e pede-lhes o que precisa, e os beija e
abraça, assim, sentem a necessidade de
manifestar o mesmo amor, carinho e confiança
para com Deus; e como a Deus não podem vêLo, estas expressões todas se convertem em
oração. Por outra parte, e em correlação a isso,
ao conhecer-se a si mesmo, a criatura humana
sabe de sua limitação e de suas necessidades, e
abre-se a Deus em oração, para que Ele nos
ajude a resolver-las.
3. A oração no Antigo Testamento
O Antigo Testamento apresenta o exemplo dos
grandes patriarcas, que foram homens de
oração: Abraão, Jacó, Moisés, Davi e os profetas;
falavam com Deus como se fala com um amigo,
porque Deus, de fato, assim o é. Os Salmos são
uma obra mestra de oração dos homens do
Antigo Testamento e continuam a ser uma peça
fundamental da oração da Igreja. Aí colocaram
suas necessidades e sua esperança, que olhava
sobre tudo para a vinda do Salvador, tão anelada
e suplicada.
4. A oração de Jesus
O Verbo encarnado, Filho único de Deus, faz
seus discípulos entrarem na intimidade do Pai
com o Espírito Santo, sendo modelo perfeito de
oração. Ele ensina a tratar a Deus com o
exemplo e com a pedagogia de uma instrução
precisa: “Pai nosso...”.
a) Jesus ora. O Evangelho conta com freqüência
que Jesus se entregava à oração, e às vezes na
solidão, em segredo. Na oração de Jesus
transparecia a identificação com a vontade do
Pai até a cruz e a absoluta segurança de ser
escutado.
b) Jesus ensina a orar. Jesus ensinou seus
discípulos a orar: Pai nosso; para reza-lo bem faz
falta ter um coração limpo, uma fé viva e
perseverante e audácia filial. O cristão ora como
filho de Deus e reforça suas petições com a
intercessão de Cristo, em cujo nome as
apresenta ao Pai.
c) Jesus atende a oração. Mesmo que, muitas
98
TEMA 55
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Todos à Oração
Deus Chama
vezes, Jesus tomasse a iniciativa e se adiantava
às necessidades, os milagres do Evangelho
respondem, em numerosas ocasiões, à petição
das pessoas que dele se aproximavam. Jesus
escutava e atendia aquela oração.
5. A oração da Igreja
Ao longo dos anos, o cristão vai-se convencendo
de que o importante é orar, e com esta
experiência sabe, se não aprendeu antes, que a
Igreja vive em oração, que existe para orar.
Assim pode-se compreender melhor a
importância da oração – a inestimável ajuda das
almas que rezam – e a necessidade de que cada
um intensifique o trato com Deus. Por outra
parte, é o Espírito Santo aquele que suscita nos
cristãos a vida de oração, tão rica e variada:
oração de adoração, de benção, de louvor, de
petição, de intercessão, de ação de graças, de
súplica pelo perdão, segundo os sentimentos que
marcam a alma quando fala com Deus. O
Espírito Santo é o mestre da oração cristã.
6. A oração de Nossa Senhora
Para descobrir e percorrer a senda da oração
que agrada a Deus, a Virgem Maria vai a nossa
frente, e nos ajuda a seguir por um caminho
seguro. Ela meditava os acontecimentos em seu
coração, diz São Lucas, em contínuo diálogo
interior com Deus; Ela nos ensinou a orar com
aquele Fiat (faça-se) fundamental e com o
magnificat (seu hino de humildade e
reconhecimento); Ela nos introduz no trato com
Jesus, como em Caná: “Fazei tudo o que Ele vos
disser” (João 2,5); Ela inaugurou a oração da
Igreja após a partida de seu Filho ao céu, reunida
com os Apóstolos no Cenáculo, quando
“perseveravam unânimes na oração com
algumas mulheres, com Maria, a Mãe de
Jesus” (Atos 1,14). Devemos ter como exemplo
de oração a Ela, nossa Mãe.
7. Propósitos de vida cristã
• Ter sempre muita vontade de melhorar
nossa vida de oração, e lutar para isso.
• Reservar sempre uns minutos no dia para
falar com Deus, particularmente ao
despertar e ao terminar o dia.
TEMA 56
99
a Fazer Oração
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Aprender
INTRODUÇÃO:
“Senhor, ensina-nos a rezar” (Lucas 11,1),
disseram um dia os Apóstolos a Jesus. E Jesus
lhes ensinou o Pai Nosso. A nós acontece a
mesma coisas, e muitas vezes sentimos a
vontade de dizer a Jesus: Ensina-me a orar!; e
isto acontece porque é preciso aprender a rezar.
Normalmente, o cristão aprende a rezar com a
família, que é a “Igreja doméstica”; desde muito
pequenos, aos filhos são ensinadas as primeiras
orações com as quais se dirigem a Deus, a
Jesus, à Santíssima Virgem, aos anjos e aos
santos. São orações simples e que se entranham
na vida e na mente, e que são conservadas e
transmitidas de pais para filhos. Esta realidade
vivida em família, vive-se também
particularmente na Igreja, que é “comunidade de
oração!; se vivemos como bons filhos, esta boa
mãe que é a Igreja nos ensinará a fazer oração e
nos ajudará para que consigamos ser almas de
oração.
IDEIAS PRINCIPAIS:
1. As fontes principais da oração
A voz que Deus quer ouvir é a nossa voz, a de
cada um de seus filhos e filhas, saída de dentro
do coração que ora; mas quer também
reconhecer nela o timbre de sua própria palavra.
Por isso dizemos que a fonte principal da oração
é a Palavra de Deus. Na Sagrada Escritura, é
Deus quem nos fala – Cristo nos fala – e nos
ensina a orar. Aquele que lê a Sagrada Escritura
aprende a orar. Também a Liturgia da Igreja, que
anuncia, atualiza e comunica o mistério da
salvação é oração. Agora, é a Igreja que nos
ensina a rezar, e ora em nós e conosco. As
virtudes teologais: fé, esperança e caridade, que
se referem diretamente a Deus e nos comunicam
com Deusquando vividas, tornam-se oração em
nós...
Finalmente, os acontecimentos de cada dia: o
trabalho, a vida de família, a amizade, o
descanso..., são fontes de oração, ocasião de
encontro com Cristo porque, como confessa São
Josemaria Escrivá, “o tema de minha oração é o
tema da minha vida”.
2. A quem se dirige a oração
A oração litúrgica ou oração pública da Igreja,
dirige-se normalmente a Deus Pai, por mediação
de Jesus Cristo, o Filho, na unidade do Espírito
Santo. A Trindade, portanto, na identidade de
natureza e distinção das pessoas, é o término da
oração da Igreja. A referência a Deus Pai é clara,
posto que – como princípio sem princípio – é a
fonte de toda graça e de todo bem. A mediação
única de Jesus Cristo, por sua Santíssima
Humanidade nós a aprendemos de sua própria
missão e das palavras de São Paulo. E a
intervenção do Espírito Santo vem demonstrada
pelo fato de dizer-nos que “o mesmo Espírito
vem em ajuda de nossa fraqueza, porque nós
não sabemos pedir o que nos convém; mas o
mesmo Espírito advoga por nós com gemidos
inefáveis” (Romanos 8,26). Desta forma, a
oração da Igreja serve como orientação para a
oração pessoal, para que aconteça por este
sulco verdadeiro da comunicação com Deus uno
e trino; quer dizer que, a oração do cristão se
dirige a Deus Pai por meio de Jesus Cristo na
unidade do Espírito Santo. Vai dirigida a Deus e
só a Deus. Mas, dada a nossa condição humana
– e Deus assim o quer porque participou a
bondade da causalidade a suas criaturas – , para
chegar a Deus mais facilmente interpôs-nos os
anjos e os santos – e de modo singular a Mãe de
Deus e São José – para que apresentem nossas
necessidades ante Deus. Contando sempre com
que são mediadores secundários, que nos
ajudam ir a Deus.
3. Rezar em comunhão com a Santa Mãe de
Deus
Desde o episódio de Cana: “Fazei tudo o que Ele
vos disser” (João 2,5), a Virgem atua sempre da
mesma forma, levando-nos a Jesus. Por isso,
ainda que a mediação de Cristo é única – Ele é o
Mediador - , Deus quis associar Nossa Senhora a
si, a sua obra redentora de um modo muito
estreito. Como conseqüência, rezamos a Deus e
oramos a Cristo, mas Maria é também – por seu
exemplo e por sua atuação – um caminho seguro
de oração. O canto de Nossa Senhora, no
Evangelho de São Lucas, é um modelo de
oração – desde a humildade – para agradecer as
maravilhas que Deus nela operou; e nós, com
Ela, louvamos a Deus. Além de rezar com Maria,
acudimos a Ela para confiar-lhe nossas súplicas
e louvores, sendo verdade que podemos orar
com Maria e a Maria. Também nisto anda junto
com seu Filho, e a silhueta da Virgem ajusta-se à
de Cristo, de quem comenta Santo Agostinho:
“Pede por nós, como nosso sacerdote; ora em
nós como que se fosse nossa cabeça; a Ele
dirigimos nossas súplicas, como a nosso Deus”.
4. A Ave Maria, a melhor oração à Virgem
Por ser Mãe de Deus e nossa Mãe, a Virgem
intercede continuamente perante seu Filho,
Jesus Cristo, por cada um de nós. Por isso
acudimos a Ela com filial confiança, e podemos
fazer-lo de muitas maneiras, ainda que a melhor
forma seja a de rezar a Ave Maria, que recorda a
100
TEMA 56
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
a Fazer Oração
Aprender
saudação do Arcanjo, ao anunciar-lhe o mistério
da Encarnação: “Ave, Maria, tu és cheia de
graça, o Senhor está contigo”, junto com o louvor
de Isabel: “Bendita és tu entre todas as mulheres,
e bendito é o fruto de teu ventre” (Lucas 1, 28;
42). A Igreja completou estes louvores com a
oração: “Santa Maria, rogai por nós pecadores,
agora e na hora da nossa morte. Amém”. Mesmo
sabendo que o centro da clemência está no
sacratíssimo e misericordioso Coração de Jesus
e no dulcíssimo Coração de Maria, muitas vezes
recorremos à intercessão dos anjos e dos santos,
que já contemplam e louvam a Deus e tem o
encargo providencial de cuidar de nós enquanto
peregrinamos para o céu. E como a Ave Maria é
tão bonita – foi composta por Deus – e pensamos
que nossa Mães está presente em tudo, também
aos anjos e santos os invocamos com a Ave
Maria e o Pai Nosso.
5. A escola da piedade
A família cristã é a escola natural para educar os
filhos na oração; mas a piedade se vê favorecida
e completada pela pedagogia do sacerdote, das
religiosas, dos catequistas, na catequese, nos
grupos de oração e na direção espiritual.
6. Onde fazer oração
Podemos falar com Deus sempre e em todo
lugar, porque Ele vê tudo, ouve tudo e está em
todas as partes; sem dúvida, o lugar mais
apropriado para orar é a Igreja, onde Deus está
presente de maneira singular. No sacrário está
Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro
homem, com seu corpo, sangue, alma e
divindade; o mesmo que nasceu em Belém, viveu
em Nazaré e morreu na cruz. Além disso, lá é
celebrada a Santa Missa, que é a oração mais
sublime e eficaz, porque é a oração de Cristo e
da Igreja inteira unida a Ele, que é nossa
Cabeça. Temos de amar muito a Santa Missa, e
participar dela sempre que possível, porque é o
momento no qual Cristo se oferece em adoração
e ação de graças infinita, expiando os pecados e
pedindo pelas necessidades de toda a
humanidade.
7. Propósitos de vida cristã
• Meditar a Ave Maria para compreender
melhor o que se reza
• Viver bem os detalhes de carinho e
respeito quando se está na Igreja: uso da
água benta, genuflexão perante o
sacrário, inclinação de cabeça ante o
Crucifixo e a imagem da Virgem, silêncio,
modo de vestir-se, etc....
TEMA 57
101
de Oração
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
A Vida
INTRODUÇÃO:
São João Maria Vianney, o Cura d’Ars, na
França, refere um caso de oração bem singular.
Havia na cidade, um trabalhador do campo, que
visitava a Igreja quando ia e quando voltava do
trabalho; deixava a enxada na porta da Igreja,
entrava e permanecia de joelhos um bom tempo
diante do Sacrário. O pároco tinha-o observado
muitas vezes, e via que o camponês não movia
os lábios, mas fixava os olhos no Sacrário. Um
dia perguntou-lhe: - João, que dizes ao Senhor,
no Sacrário? E João respondeu: - Não lhe digo
nada. Eu o olho e Ele me olha. Esplendida
maneira de se entender como é fácil tratar ao
Senhor na oração!
IDEIAS PRINCIPAIS:
b) A oração mental. Na realidade toda oração é
– ou deve ser – mental, no sentido de que a alma
da oração está na devoção interior; mas nós a
qualificamos assim porque nela, toda carga do
trato com Deus descansa na atuação da mente e
não nas palavras; intervém o pensamento, a
imaginação, a emoção, o desejo, confrontando
as verdades divinas com a nossa existência real
e pessoal para adapta-la ao querer de Deus.
4. Qualidades da oração
Ao falar com Deus na oração, devemos cuidar
dos detalhes de respeito e delicadeza, assim
como cuidamos da educação com as pessoas
que tratamos. Daí que a oração bem feita deverá
ser:
1. Jesus convida a orar continuamente
Piedosa. Temos de acudir a oração como
filhos, porque de fato o somos.
O ser humano é uma criatura privilegiada, mas
Humilde. Sempre necessitamos de Deus,
com necessidades constantes; depende de
pois
somos pecadores.
Deus, que é quem pode resolver as
necessidades, e acudimos a Ele na oração.
Confiante. Ele nos ama como Pai, nós
Jesus recorria continuamente a seu Pai, e os
confiamos nele e estamos certos de que nos
Apóstolos viram-no freqüentemente entregue à
dará sempre o melhor.
oração (cf. Lucas 5,16; Mateus 14,23). São
Perseverante. Pedir uma e outra vez, sem
Lucas recorda como um dia “disse-lhes uma
cansaço nem desânimo.Às vezes temos a
parábola para mostrar que é preciso orar em todo
sensação de que Deus não nos concede o que
o momento e não desfalecer” (Lucas 18,1). Com
pedimos. É preciso examinar se o que pedimos é
o exemplo e a exortação, o Senhor quer que
conveniente para nossa salvação, ou se nossos
compreendamos a necessidade da oração.
pedidos tem as condições acima expostas.
2. Os momentos da oração
Porque pode acontecer que rezamos mal ou
Geralmente, quando se quer ver uma
pedimos o que não é conveniente.
determinada pessoa, temos que aguardar; Deus
5. Valor da oração
não se faz esperar, mas é Ele quem espera por
nós; certamente é uma grande honra falar com
À medida que vamos nos habituando à oração,
Deus na oração. Podemos orar sempre, mas é
nós nos unimos mais com Deus e compreendeboa pedagogia marcarmos alguns momentos do
mos melhor seus planos sobre nossa vida e
dia para o fazer: ao despertar e quando formos
sobre os demais, pondo as coisas da terra em
dormir; visitando o Santíssimo Sacramento à
seu justo lugar. Da oração saímos fortalecidos
tarde; depois de comungar; ao iniciar o trabalho
para lutar contra o mal e fazer o bem; para
do dia...; sem esquecer que a Santa Missa é –
enfrentarmos as dificuldades da vida com
como já se disse – o momento cume para louvar, serenidade e alegria. A oração consegue-nos a
dar graças, pedir perdão pelos pecados e por nas graça de permanecer até o fim fiéis a Cristo,
mãos de Deus nossas necessidades e as de todo cooperando com Ele na redenção do mundo e na
o mundo.
salvação de toda a humanidade.
3. Modos de orar
Cabe aqui dizer que existem infinitos modos de
orar, porque Deus guia a cada um por seu
caminho, e não se trata de obrigar ninguém a
nada; no entanto, a tradição cristã assinala
algumas formas principais de oração:
a) A oração vocal. É aquela que se realiza
também com palavras, como quando rezamos o
Pai Nosso e a Ave Maria.
6. Propósitos de vida cristã
• Acudir a Deus em todo o momento: nas
alegrias e tristezas, na necessidade e na
abundância.
• Dedicar uns minutos cada dia para fazer
oração mental.
• Procurar rezar com piedade e confiança
as orações vocais.
102
TEMA 58
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
o Pai Nosso
A Oração do Senhor:
INTRODUÇÃO:
Um dia, depois de Jesus ter orado a seu Pai
celestial, um discípulo se aproximou e lhe disse: “
Senhor, ensina-nos a orar, como João ensinou
seus discípulos” (Lucas 11,1). Então, Jesus lhes
ensinou o Pai Nosso: “Pai Nosso, que estás no
céu, santificado seja o teu Nome; venha a nós o
teu Reino, faça-se a tua vontade na terra como
no céu. Dá-nos hoje o nosso pão cotidiano,
perdoa as nossas ofensas, como também nós
perdoamos aos que nos ofendem; não nos
deixes cair na tentação, e livra-nos do
mal” (Mateus 6,9-13). O Pai Nosso deve ser a
nossa oração preferida, posto que ela foi
ensinada pelo próprio Deus.
IDEIAS PRINCIPAIS:
•
Invocação inicial. Pai Nosso, que estais
no céu. Nos dirigimos a Deus, nosso
Senhor e Pai, reconhecendo-nos como
criaturas e filhos seus; e dizemos
“nosso”, porque o Senhor é nosso Deus e
nosso Pai, e nós somos seu povo,
membros da Igreja e irmãos de todos os
demais seres humanos.
•
1ª petição.Santificado seja o vosso
Nome. Pedimos que o Santo Nome de
Deus – só Ele é infinitamente santo –
seja reconhecido e honrado por nós e em
nós, da mesma maneira que em todas as
nações e em cada ser humano.
•
2ª petição.Venha a nós o Vosso Reino.
Pedimos a Deus que reine nas almas
pela graça, que seu reinado se estenda
por toda a terra e que depois Ele nos dê
o reino da glória.
•
3ª petição.Seja feita a vossa vontade
assim na terra como nos céus. Pedimos
que todos os que vivemos neste mundo
saibamos unir a nossa vontade à de
Jesus Cristo, para que cumpramos
sempre a vontade de Deus, assim como
já a cumprem os bem aventurados nos
céus.
•
4ª petição.O pão nosso de cada dia nos
daí hoje. Pedimos que Deus nos dê
aquilo que necessitamos para nosso
sustento e a conservação de nossa vida
corporal e espiritual.
•
5ª petição.Perdoai-nos as nossas
ofensas, assim como nós perdoamos a
quem nos tem ofendido. Pedimos que a
misericórdia de Deus perdoe nossos
pecados – coisa impossível se nós não
perdoamos de coração aos que nos
fizeram algum tipo de mal - , seguindo o
exemplo de Jesus Cristo com sua vida.
•
6ª petição. E não nos deixeis cair em
tentação. Pedimos o auxílio para vencer
as tentações e perseverar na graça de
Deus, o que implica discernimento
fortaleza, vigilância e a grande graça da
perseverança final.
•
7ª petição.Mas livrai-nos do mal. Ao final,
o cristão – junto com toda a Igreja – pede
a Deus que manifeste a vitória
conquistada por Cristo sobre Satanás,
1. O Pai Nosso, a principal oração cristã
A oração fundamental do cristão é o Pai Nosso,
que os Apóstolos aprenderam dos lábios de
Jesus. Por isso é conhecida também como
“oração dominical”, porque vem do Senhor.
Tertuliano afirma que “a oração dominical é, na
verdade, o resumo de todo o Evangelho”. É pois
indubitável que se trata da oração mais perfeita
de todas, sendo a oração por excelência da
Igreja. Como não podia deixar de ser, o Pai
Nosso modela a oração constante da Igreja e de
cada cristão em particular: na Missa, nos
sacramentos, na liturgia das horas, nos
sacramentais, no Santo Rosário, a presença do
Pai Nosso é constante.
2. Jesus Cristo nos ensinou o Pai Nosso
Como vimos, o mesmo Jesus Cristo nos ensinou
com quais palavras devemos nos dirigir a nosso
Pai do céu. Somos seus filhos pela graça,
sabemos que Ele nos ama e que está disposto a
dar-nos tudo o que lhe pedirmos em nome de
seu Filho, Jesus Cristo. Por isso, o Pai Nosso é,
sem dúvida, a oração que mais agrada a Deus.
Devemos reza-la com atenção e devoção,
dando-nos conta do que dizemos e esforçandonos para que o coração se identifique com as
petições que pronunciamos com a nossa boca.
Por isso, será importante conhecer bem o sentido
do Pai Nosso.
3. O conteúdo do Pai Nosso
O Pai Nosso tem uma invocação inicial e sete
petições, que se referem – as três primeiras – à
glória de Deus Pai; a santificação de seu Nome,
a vinda de seu Reino e o cumprimento da
Vontade divina; as demais, apresentam a Deus
nossos desejos ou necessidades.
TEMA 58
103
o Pai Nosso
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
A Oração do Senhor:
príncipe dos demônios, que se opõe
frontalmente a Deus e a seu plano de
salvação. Pedimos pois, que nos livre dos
males, principalmente do pecado e da
morte eterna.
Para confirmar as petições, fora da Santa Missa,
dizemos Amém, querendo significar: assim pedi
ao Senhor e assim espero que sua divina
misericórdia realize: Amém significa “assim seja”,
assim se realize o que pedi.
4. Rezar o Pai Nosso com devoção
Sendo o Pai Nosso uma oração tão bela e que
tanto agrada a Deus, é lógico que procuremos
reza-la com especial atenção: não podemos
faze-lo mecanicamente, repetindo palavras só
com a boca, mas colocando a inteligência e o
coração no que dizemos, ou seja, com atenção e
devoção.
5. Propósitos de vida cristã
• Repassar, para sabe-las muito bem, as
orações comuns dos cristãos: o Pai
Nosso, a Ave Maria, o Credo.
• Colocar toda a atenção e devoção nas
orações vocais.
• Meditar com freqüência nas orações
vocais.
104
TEMA 59
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Virgem Maria
A Devoção à Santíssima
INTRODUÇÃO:
imagens da Virgem para que possamos lembrarnos com freqüência dela. Ao ver sua imagem,
O feito mais importante da história é que o Filho
podemos dirigir-lhe pequenas orações
de Deus fez-se carne nas puríssimas entranhas
da Virgem Maria, fazendo-se homem para habitar (jaculatórias).
entre nós e salvar-nos do pecado. A Virgem,
c) O Angelus ou o Regina Coeli. Muitos cristãos
portanto, é Mãe de Deus. Mas também é nossa
tem o costume de rezar ao meio dia a oração do
Mãe, mãe de toda a humanidade e,
Ângelus (No tempo pascal o Regina Coeli). Com
especialmente, mãe dos cristãos; no Calvário
Jesus entregou-nos Maria como Mãe. Momentos esta oração recordamos à Virgem nos momentos
importantes de sua vida como a Encarnação e a
antes de morrer, vendo sua Mãe e o discípulo
Ressurreição de seu Filho.
amado que a acompanhava, disse: “Mulher, eis
aí teu filho;... Eis aí tua Mãe” (João 19,26-27).
d) O Santo Rosário. Vamos repetindo as AveCom razão a Igreja não cessa de exortar a seus
filhos para que vivam uma terna e filial devoção à Marias enquanto se meditam os diversos
mistérios da nossa Redenção. É uma tradição
Santíssima Virgem. Neste último tema do
muito arraigada entre os cristãos e vivamente
Resumo do Catecismo da Igreja Católica busca
recomendada pela Igreja. Pode ajudar-nos a
aumentar a devoção à Virgem. Oxalá saibamos
querer mais a Virgem, e sabemos que agrada
acudir sempre a Ela, pedindo-lhe que nos faça
muito a Nossa Senhora esta oração.
bons filhos, bons cristãos e seguidores fiéis de
seu Filho, Jesus Cristo!
e) O mês de maio. Neste mês, a Igreja deseja
IDEIAS PRINCIPAIS:
honrar de modo especial à Virgem: adornam-se
de flores os altares e a cada dia, pode-se ter um
1. A Virgem Maria é nossa Mãe
detalhe de amor a Nossa Senhora.
A Santíssima Virgem ocupa o primeiro lugar entre
os anjos e santos do céu porque é a Mãe de
f) O escapulário do Carmo. A Virgem prometeu a
Jesus, nosso Redentor. Como Jesus é nosso
São Simão Stock (século XIII) que aqueles que
irmão, a Virgem é também nossa mãe; quando
morressem com seu escapulário não se
estava morrendo na cruz, Jesus nos deu Maria
condenariam. O fato de usa-lo nos recorda a
como mãe: “Eis aí tua Mãe”, disse Jesus a João, Nossa Mãe e permite que acudamos a Ela a
que naquele momento nos representava a todos. cada momento.
Assunta ao céu em corpo e alma, desde lá ela
intercede por nós como boa mãe que é.
g) O sábado. É o dia da semana por excelência
2. Nós, cristãos, veneramos a Maria de um
modo muito especial
Do mesmo modo que João cuidou da Virgem
Maria depois da ascensão de Jesus ao céu,
também nós devemos ama-la e venera-la como
bons filhos. Assim tem feito os cristãos ao longo
dos séculos, e todos os santos sempre tiveram
uma devoção especial à Virgem; daí que tenham
surgido tantas formas de honrá-la. Nós, cristãos
de hoje, devemos conhece-las e pratica-las, se
quisermos manifestar o nosso amor à Mãe do
céu.
3. Devoções marianas
a) Oração à Virgem ao despertar e ao recolherse. Às mães agrada-lhes que os filhos as
cumprimentem pela manhã e delas se despeçam
à noite. À Virgem – nossa Mãe – também isso lhe
agrada. Podemos faze-lo rezando três AveMarias e alguma outra oração, como por
exemplo, a “Consagração a Nossa Senhora”.
b) Venerar as imagens da Virgem. Nas Igrejas,
casas, etc... os cristãos colocam quadros e
dedicado à Virgem. Além de outras devoções
marianas, podemos rezar ou cantar a “Salve
Rainha”.
h) As visitas aos santuários marianos. Em todo o
tempo, mas de modo particular no mês de maio,
os cristãos visitam os santuários e imagens da
Virgem, para honrá-la e aumentar assim sua
devoção. Pode-se ir rezando o rosário, com
espírito de recolhimento e de mortificação.
i) As festas de Nossa Senhora. Ao longo do ano,
a Igreja celebra com alegria as festas da
Santíssima Virgem. Nós devemos nos unir a
estas comemorações com verdadeira alegria
filial. As principais festas de Nossa Senhora são:
• 1º de janeiro: Santa Maria, Mãe de Deus.
•
2 de fevereiro: A Purificação de Nossa
Senhora
•
25 de março: A Anunciação
•
15 de agosto: A Assunção ao céu em
corpo e alma
TEMA 59
105
Virgem Maria
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
A Devoção à Santíssima
•
8 de setembro: A Natividade de Maria
•
12 de outubro: Nossa Senhora
Aparecida
•
8 de dezembro: A Imaculada Conceição
4. Aumentar sempre o amor a Nossa Senhora
A vida do cristão é um caminhar em direção a
Deus: dele viemos e para Ele nos dirigimos. A
Virgem nos acompanha, protege e ajuda.
Devemos aumentar nosso amor a Ela, tratando-a
com especial carinho, oferecendo-lhe as coisas
da nossa vida, acudindo sempre com confiança à
sua poderosa intercessão, vivendo as devoções
que vimos acima. Nosso amor à Virgem deve ser
grande, constante e sempre crescente.
5. Propósitos de vida cristã
• Repassar, para sabe-las muito bem, as
orações comuns dos cristãos: o Pai
Nosso, a Ave Maria, o Credo.
• Concretizar alguma devoção Mariana,
vivendo-a com carinho e perseverança.
• Repassar as orações dirigidas a Nossa
Senhora, para sabe-las rezar bem.
106
ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS : ANO DA FÉ : CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
FONTES
Bibliografia
•
Material baseado no livro "Curso de
Catequesis" do Editorial Palavra,
Espanha, de autoria de Jayme Pujoll e
Jesus Sanches Biela, traduzido para o
português por Dom Antônio Carlos Rossi
Keller.
•
Catecismo da Igreja Católica, promulgado
pelo Beato João Paulo II em 1992.
•
Compêndio do catecismo da Igreja
Católica, promulgado pelo Papa Bento
XVI em 2005.
•
Carta Apostólica do Papa Bento XVI sob
forma de "Motu Proprio" Porta fidei com a
qual se proclama o Ano da Fé, 11 de
outubro de 2011.
•
Nota com indicações pastorais para o
Ano da Fé, Santa Sé, 6 de janeiro de
2012.
•
Decreto da Penitenciaria Apostólica com
o qual se concedem indulgências por
ocasião do Ano da Fé,14 de setembro de
2012.
SETOR IMPRENSA
Arquidiocese de Campinas
Arcebispo Metropolitano
Dom Airton José dos Santos
Direção
Padre Rodrigo Catini Flaibam
Editora Chefe
Bárbara Beraquet, MTb 37.454
Jornalista e Repórter
Wilson Antonio Cassanti, MTb 32.422
Apoio
Mariana Ignácio
Maristela Domingues
Nathália Trindade
João do Carmo Costa
Rua Lumen Christi, 02, Jardim das Paineiras
13092-320, Campinas, SP, Brasil
Tel. +55 (19) 3794.4650
[email protected]
www.arquidiocesecampinas.com