Jéssica Dayane Santos de França

Transcrição

Jéssica Dayane Santos de França
EDIÇÃO 1 | ABRIL / MAIO | 2016
JEANS
Nunca sai de moda
e é tendência dessa estação
10
benefícios
do abacate
Gramado
te convida
para conhecê-la
PILATES
aliado do bem-estar
Previdência
Fique atento aos
novos cálculos
Estudantes provam
que nunca é tarde
para aprender
Descubra delícias
1
são-cristovenses
Editorial
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Jornalista Responsável
Jéssica França - DRT 2125-SE
Colaboradores
Elton Vespasiano de Assis
Demétrius Oliveira
Isadora Pinho
Marcelinho Hora
Noemy Suzana
Sílvia Rodrigues
Vírginia Ferreira
Foto da Capa
André Teixeira
Projeto Gráfico
Jéssica França
Diagramação
Jéssica França
Revisão
Demétrius Oliveira
2
N
o Brasil, 8,7% da população com mais
de 15 anos ainda é analfabeta, o que
equivale a 13 milhões de cidadãos. Em
Sergipe, esse número é de 300 mil.
Estamos acostumados a ouvir que a educação é
capaz de mudar o mundo e temos visto exemplos
que comprovam a afirmação. Nessa edição,
vamos conhecer pessoas que não estão mais em
idade escolar, mas que estão engajadas em fazer
do conhecimento uma porta sempre aberta. Para
quem se ausentou das salas de aula há décadas,
é preciso que haja uma cultura de inclusão,
aproximação e oportunidades rumo à educação.
Não parece razoável que, dos 13 milhões de
analfabetos, seis – quase a metade – seja de
pessoas com mais de 60 anos. E, se é para falar
em números, essa é a parcela da população que
mais tem crescido: o Brasil já soma 20,6 milhões
de cidadãos idosos. Uma perspectiva é que
ela chegue aos 64 milhões em 2025 e supere a
quantidade de pessoas com idade inferior a 15
anos. Como diria Arnaldo Antunes, “a coisa mais
moderna que existe nessa vida é envelhecer”.
A Revista LONGEViDADE acredita que a educação
é o maior responsável pela formação de um
cidadão pleno - e não seria diferente, já que ela
surgiu através de uma experimentação acadêmica
do curso de Jornalismo na Universidade Federal
de Sergipe.
Aprecie a leitura. Essa publicação foi feita com
muito carinho para você.
Jéssica França
editora-chefe
04
ATUALIDADES
08
TECNOLOGIA
NESTA EDIÇÃO
PREVIDÊNCIA
Confira as mudanças nos cálculos de
aposentadoria
APLICATIVOS
Os mais utilizados pelos brasileiros
A TECNOLOGIA&EU
Leitora fala sobre sua relação com as inovações
12
SAÚDE&BEM-ESTAR
PILATES
CAPA
Estudantes provam que
nunca é tarde para aprender
26
É garantia de corpo leve e mente sã
ABACATE
13
Conheça os benefícios da fruta
20 MODA
O PODER DO JEANS
A peça mais versátil do armário
36
COMPORTAMENTO
PERFIL
Ruth Carmo e as Histórias que Ninguém Lê
CRÔNICA
Qualidade de Vida na Terceira Idade
42
48
22
TURISMO
GRAMADO
A cidade luz brasileira
CULTURA
SÃO CRISTÓVÃO
No Roteiro mostra peculiaridades do município
LONGEVIDADE INDICA
46
3
ATUALIDADES
Entenda o
cálculo
Mínimo de
Contribuição:
35 anos
+
Idade
55 anos*
ponto que depende
MULHER
VAMOS FALAR SOBRE
*A idade pode ser menor se o tempo de contribuição for menor que 30 anos
Mínimo de
Contribuição:
30 anos
Foto: Agência Brasília
A PREVIDÊNCIA?
= 85 + do ano de aposentadoria
= 95 +
HOMEM
P
ara os cálculos da aposentadoria, já
estão as novas regras - aprovadas
em novembro do ano passado pela
presidência da República. De acordo
com o Ministério da Previdência, a medida tem o
objetivo de garantir sustentabilidade e equilíbrio
nas contas, assegurando a aposentadoria dos
atuais trabalhadores, mas também das próximas
gerações.
Chamada de fórmula “85/95 progressiva”,
a medida prevê que o trabalhador pode se
aposentar com 100% do benefício, quando a
soma da idade e do tempo de contribuição for
igual a 85, no caso das mulheres, e 95, no caso
4
LONGEVIDADE | 2016
dos homens.
O advogado Luis Felipe Araújo explica que
as mudanças permitem um cálculo equilibrado
entre a idade e o tempo de contribuição: “Por
exemplo, um homem que começa a trabalhar aos
18 anos poderá se aposentar aos 59 pela nova
regra (41 anos de contribuição + 59 de idade),
e não precisará esperar até determinada idade
específica para requerer sua aposentadoria sem
o fator previdenciário”. Por outro lado, analisa
o advogado, o tempo de atividade será maior:
“Aumenta o tempo de serviço que o trabalhador
precisará cumprir para a aposentadoria,
superando os 35 anos, em muitos casos”.
Idade
60 anos*
ponto que depende
do ano de aposentadoria
*A idade pode ser menor se o tempo de contribuição for menor que 35 anos
Já passaram a valer as novas regras, que levam em
conta a soma da idade e do tempo de contribuição
J ÉSSICA F RA NÇA
+
Trabalhadores Rurais
Professores
No caso dos professores dos
ensinos infantil, fundamental
e médio, que tem regras
diferenciadas e se aposentam
cinco anos mais cedo que
as demais categorias, a
lei determina que sejam
acrescidos cinco pontos à
soma da idade com o tempo
de contribuição. Assim, se um
professor tem 90 pontos, será
considerado que ele atingiu
95.
Para os trabalhadores rurais, a lei garante, pelas
regras atuais, a condição “segurados especiais”,
podendo se aposentar aos 60 anos (homens)
e 55 anos (mulheres). Segundo o Ministério da
Previdência, eles podem se aposentar mesmo sem
terem cumprido a exigência feita ao trabalhador
urbano, que deve contribuir com a Previdência por
30 anos (mulheres) e 35 anos (homens). De acordo
com o governo, a aposentadoria rural especial é
permitida, atualmente, para o agricultor familiar,
o meeiro ou o campesino que arrenda até quatro
módulos rurais, cujo tamanho varia conforme
o município. Para se aposentar, o trabalhador
rural precisa comprovar que atingiu a idade de
aposentadoria realizando atividades no campo.
LONGEVIDADE | 2016
5
ATUALIDADES
SISTEMA DE PONTOS
Segundo o Ministério da Previdência, a progressividade ajusta os pontos
necessários para obter a aposentadoria de acordo com a expectativa de vida
dos brasileiros, que atualmente é de 75,2 anos, segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). Como essa expectativa continua aumentando, o
Ministério explica que o modelo não pode ser estático e afirma que a previdência
social precisa seguir regras que se adequem às novas realidades sociais para
garantir que, no futuro, ela seja sustentável. Vincular o sistema de pontos à
expectativa de vida é uma forma de garantir uma adequação gradual do sistema,
evitando mudanças bruscas no futuro.
Já a partir de 31 de dezembro de 2018, a fórmula sofrerá o acréscimo de um
ponto a cada dois anos. A lei limita esse escalonamento até 31 de dezembro de
2026, quando a soma para as mulheres passará a ser de 90 pontos e para os
homens, de 100 pontos. O tempo mínimo de contribuição permanece de 30 anos
para as mulheres e de 35 anos para os homens.
ANO 2015/2016/2017
FATOR
2018
2020
2022
2024
2026+
86/96
87/97
88/98
89/99
90/100
85/95
FATOR PREVIDENCIÁRIO
O
fator
previdenciário
continua em vigor e a nova
regra é uma opção. Caso o
trabalhador deseje se aposentar
antes de completar a soma de
pontos necessários, ele poderá,
mas vai haver aplicação do fator
previdenciário e, portanto, o
valor do benefício pode ser
reduzido. Araújo explica que o
fator previdenciário incide nas
aposentadorias por tempo de
contribuição antes da idade
mínima. “É um cálculo um
pouco mais complexo que
funciona como um redutor dos
benefícios para aqueles que se
aposentarem antes da idade
mínima. Na prática, a ideia é
fazer com que o trabalhador
6
LONGEVIDADE | 2016
fique mais tempo na ativa e,
consequentemente, contribua
mais para a previdência, ficando
aposentado por menos tempo,
considerando a expectativa
de vida padrão, o que poderia
gerar uma economia para a
previdência”, e esclarece: “Em
verdade, esta dita ‘opção’ pelo
tempo ou pelo fato funciona
como uma imposição ao
trabalhador: ou ele escolhe
se aposentar antes e ganhar
menos, ou completa a idade e
se aposenta sem as perdas em
virtude deste fator”.
O
advogado
pondera
que, analisando os prós e
contras, há lógica e equilíbrio
na
regulamentação
do
cálculo. “Considerando que
a expectativa de vida da
população tem aumentado, e
que a tendência anunciada pelo
IBGE é que aumente o índice
de idosos na nossa população,
o que pode ser visto como
positivo, a 85/95 tem como
objetivo cuidar desde logo de
equilibrar as contas”. E qualifica:
“Inicialmente, avalio como
uma regra positiva, mas que
evidentemente poderá sofrer
ajustes ao longo do tempo,
por alteração legislativa, se
a experiência mostrar que
há situações de injustiça na
aplicação da regra”.
DÉFICIT
Me aposentei
recentemente.
Posso pedir alguma
revisão?
Não. Segundo o
Ministério da
Previdência, este
entendimento já é
pacificado pelo
Supremo
Tribunal Federal. Para
os que se
aposentaram
com
outra legislação, não
cabe nenhum tipo de
revisão em função da
mudança das regras.
O Regime Geral de Previdência
Social pode chegar a 2050 com
déficit de cerca de R$ 3 trilhões
se não passar por reformas. A
estimativa é do Tribunal de Contas
da União (TCU), que calcula
para 2016 um rombo de R$ 124
bilhões. Em 2015, houve um
déficit nas contas da Previdência,
de R$ 85,81 bilhões (1,5% do
Produto Interno Bruto, o PIB). O
déficit é equivalente à diferença
entre as receitas e o pagamento
de benefícios previdenciários.
No ano anterior, o resultado
negativo havia sido de R$
56,69 bilhões (ou 1% do PIB). O
decréscimo de um ano para o outro
foi de R$ 29,12 bilhões e o rombo
subiu em 51%. O déficit do INSS
de 2015 foi o maior valor nominal
da série histórica, que teve início
em 1997, mas, em proporção com
o PIB, ficou abaixo do patamar
registrado de 2004 a 2007. Para
2016, os números preliminares
indicam nova deterioração das
contas da Previdência Social e a
estimativa do governo, contida na
proposta de orçamento, é de que
o prejuízo no INSS deve subir para
R$ 124,9 bilhões.
A longo prazo, os números
também
são
desfavoráveis.
Segundo o projeto da Lei de
Diretrizes Orçamentárias (LDO)
de 2016, enviado pelo governo
ao Congresso Nacional em maio
do ano passado, o déficit do INSS
deverá avançar para mais de R$ 1
trilhão em 2040 e para um valor
acima de R$ 7 trilhões em 2060
(mais de 9% do PIB).
LONGEVIDADE | 2016
7
TECNOLOGIA
2,6 MILHÕES
JÉ SSICA F RA N ÇA
IM AGE NS: F REEPIK
Esse é o número de aplicativos que estão disponíveis, atualmente. Além de
marcas e modelos de aparelhos, também existem muitas diferenças nos
sistemas operacionais utilizados por cada um deles. Alguns aplicativos podem
ser baixados apenas na plataforma Android, desenvolvido pela Google, outros
apenas no iOS, da Apple e mais alguns no sistema mais recente, o Windows
Phone, desenvolvido pela Microsoft.
Afinal,
o que é um
aplicativo?
S
e você conhece o famoso Whatsapp, sabe,
na prática, para que serve um aplicativo.
Também conhecidos como “app”, os
aplicativos são softwares desenvolvidos para
serem instalados em um dispositivo eletrônico
móvel, como smartphones e tablets. O analista
em Tecnologia da Informação, Lucas Carvalho,
nos explicou que eles são basicamente apetrechos
virtuais que nos auxiliam no dia-a-dia: “O
aplicativo pode ser comparado a uma ferramenta
que você usa no cotidiano. Se você usa caneta
para escrever, podemos classifica-la como uma
ferramenta. Logo, um aplicativo também pode ser
comparado a uma ferramenta, porém, virtual. Eles
servem para nos apoiar em diversas tarefas, como
pagamento de contas, envio de mensagens, etc”,
esclarece.
Apps mais
populares entre os brasileiros,
segundo pesquisa realizada pela empresa de
métricas de aplicativos App Annie
1
WhatsApp
O aplicativo de mensagens instantâneas é um sucesso no país.
No ano passado, a empresa lançou algumas novas funções, como
backup de conversas usando o Google Drive, além de uma versão web.
Vale lembrar que o WhatsApp é controlado pelo Facebook.
2
3
5
Facebook
Esse é o aplicativo da famosa rede social de mesmo nome. Através
da rede, os usuários criam perfis pessoais, adicionam outros
usuários como amigos e trocam mensagens.
Nossa página na rede é Revista Longevidade. Faça uma busca e nos
inclua em seus círculos sociais da rede.
Messenger
Esse é o aplicativo de mensagens em que você pode se comunicar
com seus amigos do Facebook.
4
Instagram
O aplicativo para compartilhamento de fotos e aplicação de
filtros vem em quarto lugar. Em 2015, ele passou a permitir
que usuários utilizem fotos que não sejam quadradas. O Instagram
também faz parte do Facebook. Usa o Instagram?
Siga @revistalongevidade e fique ainda mais conectado conosco.
Palco MP3
Esse aplicativo coloca músicas no smartphone para seus
usuários. É o primeiro da lista que não é desenvolvido pelo
Facebook, a empresa responsável é a brasileira Studio Sol.
8
LONGEVIDADE | 2016
9
TECNOLOGIA
Você conhece
essas expressões?
Backup
(becape)
VersãoWeb
É uma versão modificada
do aplicativo, mas com
as
mesmas
funcionalidades,
para
usar no computador,
ao invés de usá-lo no
celular.
10 LONGEVIDADE | 2016
“U
Emojis
São maneiras divertidas
de se expressar em
suas mensagens
instantâneas. Eles
surgiram no Japão da
década de 90 e são
caracterizados por
pertencerem a uma
biblioteca de figuras
prontas. Emoji vem de
expressões japonesas:
“e” significa imagem
e “moji”, personagem,
significando em
português “pictograma”.
Arquivos
na Nuvem
O conceito nuvem vem
da ideia de algo alocado
na rede mundial de
computadores – a
internet. Dessa forma,
é possível acessar
fotos e documentos
importantes em
qualquer máquina. Para
isso, basta contratar
algum serviço de
armazenamento em
nuvem disponível e, por
meio do navegador,
acessar seus dados de
onde quer que você
esteja.
Foto: Arquivo Pessoal
É um termo inglês que
tem o significado de
cópia de segurança. É
frequentemente utilizado
em informática para
indicar a existência de
cópia de um ou mais
arquivos guardados em
diferentes dispositivos de
armazenamento. Se, por
qualquer motivo, houver
perda
dos
arquivos
originais, a cópia de
segurança armazenada
pode ser restaurada para
repor os dados perdidos.
A Tecnologia&Eu
Dayse Vespasiano de Assis
é funcionária pública,
esposa, mãe, avó de duas
menininhas, adepta às redes
sociais e adora passar o tempo livre
assistindo vídeo-aulas no YouTube.
LONGEVIDADE E VOCÊ
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tecnologia influencia o seu
dia-a-dia ou quais as suas
melhores experiências com
ela?
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ser o próximo escolhido
para participar.
so os recursos da tecnologia da informação
como ferramenta para o meu trabalho e também
para passar o tempo. A minha história com
a tecnologia começou nos anos 80 quando
trabalhei como supervisora de cursos em uma instituição de
educação profissional. Pouco tempo depois deixei a instituição e
fiz um curso de Especialização em Educação e, logo em seguida, o
Mestrado em Educação. No mestrado fiz uma disciplina optativa
denominada Informática e Educação. Durante as aulas tudo
que a professora dizia eu não entendia, para mim era grego.
Resolvi então fazer um curso de Operador em Microcomputador
na instituição onde havia trabalhado, para entender as mínimas
coisas que a professora falava na referida disciplina. Iniciei o curso
e, pela primeira vez, usei um computador, o sistema era o DOS,
com inúmeros comandos que não conseguia memorizar. Durante
o curso faltei várias aulas, por causa do compromisso com o
mestrado, o que resultou em reprovação. Expliquei ao professor
que o meu objetivo era entender um pouco da informática,
eu não tinha interesse no certificado, mas queria recuperar
o conteúdo, o que se tornou impossível devido às constantes
ausências. Em 1995 fui chamada para um concurso que havia
sido aprovada como pedagoga, na rede federal de ensino. Ao
entrar na sala de trabalho, me deparo com um computador
instalado, pronto para ser usado. Logo liguei-o e qual não foi a
minha surpresa? A tela que se abriu na minha frente não era
mais aquela preta do DOS, cheia de comandos impossíveis
de memorizar, mas sim uma tela colorida com várias janelas
que se abriam à medida que eu usava um mouse que me
exigia uma coordenação motora muito apurada. Era o sistema
operacional Windows. Comecei a usar o computador e a buscar
ajuda entre os colegas que dominavam mais a área. Um dos colegas
se prontificou a ajudar não somente a mim, mas a vários outros
com dificuldade semelhante. Foi formada uma turma e sugeri a
criação de uma bolsa onde depositávamos mensalmente um valor
e sorteávamos um computador. Pasmem!!! Fui a primeira sorteada
com um computador Pentium 500. Meu primeiro computador,
no qual digitei toda a minha dissertação de mestrado. Usei esse
computador por muitos anos, depois comprei um mais moderno,
mas meu marido não abria mão do Pentium até o dia em que dei
um notebook de presente para ele.”
LONGEVIDADE | 2016
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SAÚDE & BEM-ESTAR
Corpo leve, mente sã
Conheça os benefícios do pilates
M
“É A MENTE
QUE ESCULPE
O CORPO”
JOSEPH PILATES
anter a mente e o corpo em harmonia é uma das
melhores combinações para o bem estar. O pilates,
por proporcionar esses e outros tantos benefícios,
vem se tornando uma atividade popular, satisfatória
e confiável. O método foi criado por Joseph Hubertus Pilates,
no início da década de 1920 e tem como base um conceito
denominado de Contrologia, que, segundo o criador da atividade,
é a junção do controle consciente de todos os movimentos
corporais, somado à correta aplicação dos mais importantes
princípios das forças que atuam em cada um dos nossos ossos,
mais com o conhecimento dos mecanismos funcionais do nosso
corpo, e o total entendimento dos princípios de equilíbrio e
gravidade aplicados a cada movimento.
O pilates é uma atividade segura para a saúde do corpo e da
mente. Além de oferecer ganhos de uma atividade comum, ela
auxilia em muitos por exemplo, na correção da postura e alivia o
estresse. Segundo a educadora física e professora de pilates Jamile
Alexandre, o método ainda fortalece a musculatura, proporciona
flexibilidade, coordenação corporal e motora, e trabalha o
equilíbrio e a respiração. “Mas, acima do benefício para o corpo, o
pilates é bom para a mente”, destaca.
A professora também explica que as atividades físicas
convencionais, como a musculação e as atividades aeróbicas,
tendem a trabalhar o emagrecimento e o ganho de massa
muscular, conhecido como hipertrofia. Já o pilates prioriza
trabalhar a musculatura de modo mais profundo. “O método
trabalha, principalmente, a consciência corporal. O aluno precisa
sentir o que está fazendo. Quando fazemos musculação, muitas
vezes não observamos a musculatura que está sendo ativada –
simplesmente fazemos porque queremos atingir um objetivo que
é o ganho de massa ou a perda de peso.” E alerta: “Dessa forma,
podemos causar lesões”.
12
LONGEVIDADE | 2016
Foto: Jéssica França
JÉ SSICA F RA NÇA
Método simples, com foco na qualidade
A eficiência do pilates está na qualidade do movimento que é feito e não na
quantidade de vezes. Assim, o praticante não cansa facilmente e consegue grandes
resultados. Por isso, até mesmo crianças – à partir dos seis anos – podem praticar
a atividade em turmas específicas, assim como adultos e idosos com os mais
diferentes problemas de saúde, pois os movimentos são realizados de maneira
fluente e com calma.
Porém, como tudo na vida, é preciso
impor limites. Por isso, como explica
Jamile, instrutor, ao analisar o aluno, irá
orienta-lo a praticar uma série de exercícios
de acordo com suas características
individuais. O exercício é adaptado pelo
profissional para cada pessoa, seja ela
atleta, idoso, mulher grávida ou portador
de alguma deficiência física.
O pilates pode ser feito no chão ou em
aparelhos. O importante é que qualquer
atividade realizada trabalhe a musculatura
Margarida pratica a atividade no reformer. Foto: Jéssica França
de dentro para fora – o que fará com que
os músculos internos sejam mais trabalhados
e o corpo, mais forte. Enquanto fazia sua série no reformer – um dos aparelhos
usados na a atividade – Margarida Menezes, 84, praticante já bem familiarizada com
os benefícios e as peculiaridades do método, informou: “Sinto minha musculatura
interna sendo trabalhada”. Antes do pilates, ela fazia exercícios de caminhada,
mas, porque desenvolveu bursite no quadril, foi proibida pelo médico. O pilates,
então, foi a solução. As dores que sente, vão sendo aliviadas à medida que ela se
aperfeiçoa na atividade. Outro benefício que o pilates lhe trouxe foi em relação à
postura: “Tenho um desvio de coluna, mas ele vem diminuindo consideravelmente”,
completa.
LONGEVIDADE | 2016
13
Foto: Jéssica França
Nunes concilia o
pilates com
fisioterapia e
caminhada
Foto: Jéssica França
José Ribeiro pratica pilates para prolongar a vida
É aconselhável que a prática seja feita de
duas a três vezes por semana. O corpo costuma
responder muito rápido à atividade, mas o tempo
para alcançar a forma física desejada varia de um
individuo para o outro. As modificações no corpo
são facilmente perceptíveis, deixando todos seus
praticantes bem satisfeitos, assim como José
Ribeiro, 90, que segue o método a dois anos e
afirma que a prática só lhe trouxe benefícios:
“Me sinto muito mais leve, mais satisfeito e
esperançoso de prolongar minha existência”.
Como sempre fez exercícios, o pilates veio para
melhorar e lhe proporcionar conhecimento do
próprio corpo. “Estamos em uma faixa etária que
temos necessidade de estímulos”, enfatiza.
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Foto: Jéssica França
Aos 95 anos, José Nunes, também decidiu que,
com idade avançando, precisava se movimentar.
“Costumo andar pela manhã e faço fisioterapia”,
diz. Assim como Ribeiro, ele escolheu o pilates
para garantir um futuro melhor e tem visto os
frutos diariamente. “Faço há muito tempo e
tenho observado que o resultado é excelente”,
relata, sereno.
[email protected]
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LONGEVIDADE | 2016
15
SAÚDE & BEM-ESTAR
O ABACATE É A FRUTA DA ESTAÇÃO
Rico em gorduras monoinsaturadas, é um excelente alimento para efeitos antioxidantes, queima de gordura corporal e produção de hormônios e energia
S
ituada entre o verão e o inverno, o outono é a estação da colheita. Este ano, ele começou no
dia 20 de março e segue até 20 de junho. Tanto para quem planta e colhe, quanto para quem
consome, o outono é a melhor época para aproveitar a fartura, o sabor e os nutrientes dos
alimentos que a terra nos oferece.
A mudança do clima representa “novos ares” para diversas verduras, legumes e frutas, sumidas
em outras estações. Nenhuma época do ano é mais propícia para uma boa safra como agora. Por
causa da temperatura mais amena, as folhas e frutas, que já estão bem maduras, começam a cair no
chão naturalmente. Assim, a quantidade de iguarias nesse período é maior. Por isso, o
outono é conhecido como como a “estação das frutas”.
Segundo a nutricionista Tyellem Matos, ao escolher as
frutas da estação, você leva para casa um alimento
mais barato e nutritivo. “Quando consumimos
frutas que não estão em seu tempo de
amadurecimento perdemos parte dos
seus nutrientes”, explica.
O abacate é um desses
alimentos. No outono, ele
recheia o nordeste com
seus
ricos
minerais.
Conhecido por sua
gordura, muitos têm
receio de consumi-lo.
Mas, como aponta
um estudo realizado
pela
Faculdade
de
Medicina
da
Universidade
de
Havard (EUA), a gordura
do abacate é boa e, entre
muitos benefícios, reduz o
risco de síndrome metabólica –
uma desordem no metabolismo capaz
de desencadear diabetes e ganho de peso.
16
LONGEVIDADE | 2016
J ÉS S ICA FRAN Ç A
IMAGENS : FREEPIK
ABACATE X BANANA
Que a banana é um alimento muito conhecido por ser rico em potássio, a gente já
sabe. O nutriente participa de várias funções importantes do corpo, como a de manter
os gradientes elétricos nas células. Mas o que muitos não faziam ideia era que nessa
conta de riquezas, o abacate tem saldo mais alto: “Ele contém mais potássio que uma
banana, além de outros minerais como cobre, ferro, fósforo e magnésio”, salienta a
nutricionista.
Em números, podemos calcular que 100 gramas da
fruta nos fornecem 14% da dose diária necessária do
nutriente, em comparação com 10% fornecido
pela banana. O alto consumo de potássio
também ajuda a baixar a pressão arterial,
um dos fatores de risco para ataques
cardíacos, derrames e insuficiência renal.
A fruta também contém nutrientes
como fibras, ácido fólico e vitaminas.
LONGEVIDADE | 2016
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SAÚDE & BEM-ESTAR
10 BENEFÍCIOS DO ABACATE
1
Por ser rico em ferro, previne anemias;
2
A presença das vitaminas A e E, de antioxidantes, e de
beta-sitosterol inibem a inflamação celular evitando o
envelhecimento precoce, combatem acnes, rugas e celulite. Os
cabelos também adquirem mais brilho e maciez;
Mo-de-ra-ção!
3
É fonte de fibras, que favorece o bom funcionamento do
intestino – 100 gramas de abacate tem 7 gramas de fibras, o
que corresponde a 27% de quantidade diária recomendada;
4
5
Ajuda na perda do peso, pois a ingestão do abacate produz
energia e faz com que você se sinta saciado depois de comer;
Tem baixo teor de açúcares e a alta quantidade de ácidos graxos
otimizam a ação da insulina no organismo, por isso dietas com
abacate são recomendadas para dislipidêmicos e diabéticos;
6
Aliado do nosso coração, estudos têm mostrado que o
abacate ajuda a reduzir os níveis de colesterol “ruim” em até
22%, a aumentar o colesterol “bom” em até 11% e a reduzir os
triglicérides em até 20%;
7
Rico em gordura monoinsaturada, ajuda o corpo a absorver
nutrientes, além de regular as funções corporais, mantendo,
além do coração, o cérebro e o sistema imunológico saudáveis;
8
9
10
O beta-sitosterol também auxilia na modulação do cortisol,
ajudando assim a diminuir os efeitos colaterais do estress;
Ajuda a aliviar a dor da artrite reumatoide;
Essa é a palavra de ordem da
nutricionista Tyellem Matos.
“Devido ao seu teor calórico,
100g de abacate contém em
média 160 kcal - o mesmo
que 30g de um bom chocolate
ao leite”, alerta. Por isso, a
quantidade recomendada é
de 3 colheres de sopa por dia
- o equivalente a cerca de 100
gramas da fruta e garante
todos
os
benefícios
proporcionados por ela.
Você sabia que o abacate é um
ótimo substituto da manteiga? Em
suas próximas receitas, faça o teste:
troque a quantidade de manteiga
animal exigida pela mesma porção de
abacate.
Para servir com torradas, sanduíches e
tapiocas,
experimente a receita de Manteiga de
Abacate.
Ingredientes:
1 abacate médio bem maduro
1 dente de alho grande
1 colher de chá de sal marinho
½ limão espremido
Modo de Preparo:
Amasse bem o abacate e reserve o
caroço. No processador ou liquidificador,
triture o alho junto com o sal até que
se misturem bem. Coloque todos os
ingredientes no processador com o suco
do limão e bata até obter uma pasta
homogênea.
Armazene em um recipiente juntamente
com o caroço para evitar que a
manteiga escureça.
Pode ser deixada na geladeira por até 3
dias.
Para os praticantes de musculação e atividades físicas os
benefícios incluem combater os radicais livres produzidos
no exercício intenso e evitar a fadiga muscular.
Procure sempre a orientação de um nutricionista. Ele vai estabelecer a dieta que melhor se
encaixa ao seu organismo e estilo de vida.
18
19
MODA
O
o poder do
NO E M Y SUZA NA
jeans é uma peça versátil. Quem
hoje não possui um jeans pra
chamar de seu, bom sujeito não é!
Afinal de contas, ele é universal e
combina com tudo e com todos, o que o torna
uma peça que pode ser usada em diversas
ocasiões. Por isso, a peça é indispensável no
guarda-roupa de todos nós.
O tecido ainda hoje é conhecido por ser um
tecido resistente e fácil de usar. Lembrando que
não só de calça vive o jeans, atualmente pode
ser encontrado em diversos modelos de roupas
como blusas e jaquetas. Eu, particularmente,
amo o jeans e sua origem.
E para você perceber melhor o valor que
o jeans tem, vamos desbravar essa origem e
entender como ele é importante para a moda.
Durante o século XX, nos Estados Unidos,
os mineradores trabalhavam pesado, sujeitos a
todo tipo de situação. Portanto, precisavam de
vestimentas com tecidos resistentes o suficiente
para o trabalho na mina. Então em 1953, um
judeu alemão chamado Levi Strauss foi vender
lona para cobrir as carroças dos mineradores
– a não conseguiu vender o produto para
aquele fim, mas percebeu que as roupas dos
mineradores eram pouco resistentes e teve a
ideia de levar um deles para uma alfaiataria e
mandar confeccionar uma calça na cor marrom.
Logo as calças feitas com a lona se difundir
entre os mineradores. No entanto, esse material
era muito rígido e desconfortável, o que
fez Strauss buscar um tecido igualmente
resistente, porém mais flexível, e assim
aconteceu. O novo tecido, que era de
algodão sarjado, uma espécie de brim, vinha
da região de Nîmes, na França e era utilizado
pelos marinheiros genoveses. Do seu local de
origem, veio o nome denim, “de Nîmes”. A cor
azul do tecido veio só depois, quando Strauss
decidiu tingir as peças com o corante de uma
planta chamada Indigus, dando a cor pela
qual o jeans é hoje conhecido. A empreitada
o levou- o a fundar a Levi Strauss & Co, em
parceria com seus irmãos e cunhados.
O jeans começou a se popularizar na década
de 30, quando os cowboys norte-americanos
começaram a usar e quando apareceu em
filmes que retratavam o clima western, que
se tornou moda. Durante a Segunda Guerra
Mundial, os soldados norte-americanos
usavam uniformes confeccionados com o
tecido, dando ao denim uma imagem de
virilidade. Após a vitória dos países Aliados,
o jeans se espalhou pelo continente Europeu.
Hoje encontramos diversos tipos de
jeans com lavagens, modelagens e estilos
diferenciados para todos os gostos e idade.
Percebeu o poder do Jeans?
Além de tudo, o jeans é democrático e
está em alta! Confira o garimpo que fiz em
algumas lojas de departamento.
O RG A N I Z A Ç Ã O E F OTO S: JÉSSICA F RA NÇA
20
LONGEVIDADE | 2016
21
Colete Yessica, R$ 79.99, bata Clock House, R$ 59,99, calça JeansWear Denim, R$ 59,99,
sandália Oneself, R$ 109,99
22
Colete JeansWear Denim, R$ 99.99, blusa YSC Denim, R$ 99,99,
bermuda JeansWear Denim, R$ 69.99, tênis Oneself, R$ 69.99
23
24
Jaqueta A|K Jeans, R$ 99.99, vestido A|K Jeans 99.99
Colete de tricô Clock House, R$ 89.99, vestido YSC Denim 119.99,
tênis Oneself, R$ 69.99
Consultoria de Moda: Noemy Suzana | Modelos: Maria Alda Rocha e Zuleide Maria Oliveira. Preços pesquisados
em abril, sujeitos a alteração.
25
CAPA
A
SIM,
NÓS
PODEMOS!
lguém duvida que a educação contribua efetivamente para um futuro
melhor? Não é de hoje que, no Brasil e em muitos países, ela se tornou
símbolo da formação de um cidadão pleno. Certa feita, Albert Einstein
(1879-1955) lançou a seguinte frase: “A mente que se abre a uma nova
ideia jamais voltará ao seu tamanho original”. E não é verdade? Dona Terezinha, 62,
que o diga.
Jovem, solteira e mãe de três filhos, a mulher conseguiu terminar o curso superior
de Ciências Contábeis em 1984, mas nunca atuou na área para não correr riscos.
Como muitas mães dessa e de outras gerações, não quis apostar se dedicar a uma
carreira que, de início, não garantiria sustento suficiente para a família. “Como eu
já era funcionária pública, optei pela estabilidade para conseguir criar meus filhos
e deixei a contabilidade pra lá”, diz. Apesar de gostar de sua formação, não se
arrependeu da escolha.
O resultado? Três novos cidadãos para o mercado de trabalho: uma técnica em
instrumentação cirúrgica, um analista em tecnologia da informação e um futuro
engenheiro civil.
Filhos criados e aposentadoria concedida: hora de alçar novos voos.
Estudantes provam que nunca é tarde para obter
conhecimento pleno e de qualidade
JÉSSICA FRANÇA
26
LONGEVIDADE | 2016
27
Foto: André Teixeira
CAPA
Primeira Parada...
...Universidade Federal de Sergipe (UFS)
Inclusão
Amparada pelo Núcleo de Pesquisas e Ações
da Terceira Idade, o Nupati, Dona Terezinha voltou
para a universidade 30 anos depois de ter finalizado
sua graduação. Dessa vez, ela não vai ficar ligada a
apenas um curso, mas a todos quantos lhe forem
proporcionados. No programa da Universidade
Aberta da Terceira Idade (Unati), ela pode intercalar
disciplinas de vários cursos e ter experiências
diferentes a cada semestre.
Quebrar medos, romper tabus
É Dona Terezinha que estampa a capa dessa
edição da LONGEViDADE. Quando convidada para
ser fotografada, ficou receosa, mas, em seguida
concordou, confiante. “Eu aceito! Vim aqui para
isso mesmo. Essa é a prova de que consegui me
superar!”.
De sorriso fácil, ela precisou ficar bem séria e
concentrada para pousar e representar a imagem
da campanha “We Can Do It!” (Nós podemos fazer
isso!), que teve como modelo Geraldine Doyle, uma
operária de 19 anos, de uma fábrica de Michigan,
em 1942, e virou símbolo do movimento feminista
em todo mundo.
28
LONGEVIDADE | 2016
A professora da turma de fotografia, Moema Costa, confirma: “É
muito bom ter uma pessoa com mais maturidade e que pode estar
contribuindo com experiências
de um modo geral. Porque
fotografia é isso: o que você
conhece e tem dentro de você
é o que você revela”.
O ícone foi criado durante
a Segunda Guerra Mundial,
como uma grande estratégia
de marketing do governo
norte-americano. Durante a
guerra, as fábricas ficaram
carentes de mão de obra. A
campanha teve o propósito
de
convocar
mulheres
para assumir um trabalho.
Atualmente, a campanha
é muito utilizada como
símbolo de luta. Para a
LONGEViDADE,
ele
está
representando toda e qualquer
pessoa que luta para alcançar
seus sonhos e propósitos.
Fotos: André Teixeira
“Vim para a universidade para adquirir
conhecimento em outras áreas”, explica. Desde
2014, Terezinha tem descoberto novos sabores e
saberes. Já cursou disciplinas de Educação Física,
conheceu a fisiologia humana e novos esportes
como surfe e atletismo – o primeiro, na prática!;
descobriu a dança e o folclore popular em projetos
de extensão e experimentou, junto aos alunos do
curso de Publicidade e Propaganda, os manejos da
fotografia. O mais curioso dessa última disciplina
foi a motivação pela qual dona Terezinha resolveu
ingressar: “Quis estudar fotografia porque tenho um
bloqueio. Na família, quando era para sair em uma
foto, eu me escondia, eu não queria sair... Então vim
pra quebrar isso. Para me superar, para aprender
e para perder esse medo”, explica, empolgada, a
estudante.
Encarar uma classe de alunos que, em sua maioria, pertence
à geração Z e consegue domar mais de uma tarefa ao mesmo
tempo, pode parecer assustador, mas, pelo menos para dona
Terezinha, a experiência tem sido prazerosa. “É muito bom estar
no meio de jovens. A gente se atualiza e, ao mesmo tempo, passa
experiências. É uma troca”, explica.
Moema diz não ter percebido
qualquer
preconceito
dos
demais estudantes com a
aluna idosa. A velocidade
com que aprende talvez não
seja a mesma dos mais jovens
dedicação e bom humor
auxiliam muito no processo.
“Terezinha acaba sendo uma
figura que brilha de um modo
diferente na turma. Muito
risonha e alegre, ela impõe
respeito mesmo sem querer”,
ressalta a professora.
“TEREZINHA
ACABA SENDO
UMA FIGURA
QUE BRILHA DE
UM MODO
DIFERENTE NA
TURMA. MUITO
RISONHA E
ALEGRE, ELA
IMPÕE
RESPEITO
MESMO SEM
QUERER”
Terezinha também assegura
não ter sofrido qualquer ação
preconceituosa remetida a ela durante esses dois anos em que
vem percorrendo o ambiente da universidade, mas ressaltou um
caso em que uma colega do Nupati abandonou uma disciplina
por não ser acolhida pela turma: “Quando precisou formar grupos
para fazer uma tarefa, nenhum grupo a incluiu”. E explica: “A gente
tem que buscar um meio termo, tentar interagir com os mais
jovens e esperar que eles façam o mesmo”. Outro ponto levantado
por dona Terezinha é que nem sempre é tão fácil participar das
disciplinas, pois os próprios docentes não conhecem a fundo o
sistema do núcleo. “Muitos professores ainda não entendem o
funcionamento do Nupati”.
LONGEVIDADE | 2016
29
CAPA
Nupati
Para mais
informações sobre
matrícula no Nupati,
ligue (79) 2105-6858.
O núcleo fica
localizado no Centro
de Educação e
Ciências Humanas
(CECH), na didática III
do campus da UFS em
São Cristóvão.
Apesar de estar funcionando há 16 anos na UFS, o Núcleo de
Pesquisas e Ações da Terceira Idade (Nupati) ainda tem uma longa
caminhada de conscientização pela frente. O programa, criado
em 1998, tem a finalidade de promover a cidadania da pessoa
idosa através do desenvolvimento de ações integradas dentro
do ambiente universitário,
focando nas áreas de
geriatria, gerontologia e
direitos humanos. De acordo
com a Constituição Federal e
o Estatuto do Idoso, o núcleo
proporciona a inclusão e
valorização
do
cidadão
com mais de 60 anos na
universidade, através de
ações de ensino, pesquisa
e extensão, estimulando
os aspectos intelectuais,
culturais,
políticos
e
Coordenadora explica o funcionamento do
artísticos.
Núcleo de Pesquisas e Ações da Terceira Idade.
Foto: Jéssica França
Ligado ao Nupati, está
a Universidade Aberta à
Terceira Idade (Unati). Foi através do dela que dona Terezinha e
tantos outros alunos voltaram ao ambiente acadêmico. Através
de processo de matrícula, mas sem vestibular, é possível que
interessados em frequentar as disciplinas dos cursos que a UFS
oferta, se tornem alunos universitários. Para isso, é necessário
apenas ter 60 anos ou mais. Não há exigência escolar anterior,
mas a coordenadora do Nupati e professora do curso de Serviço
Social, Noêmia Lima Silva, orienta sempre a qualificação. “Durante a
matrícula, aconselho que os alunos concluam o ensino médio, para
conseguirem uma qualificação melhor”, explica a professora.
A Unati é constituída por um conselho consultivo, uma
coordenação geral e uma coordenação técnica-pedagógica com
participação do Nupati e de professores de diversos departamentos,
que tiverem disciplinas sendo oferecidas dos cursos regulares
de graduação para esses alunos. Diferente dos estudantes que
entram na universidade por processo seletivo vestibular, os que
ingressam através do Nupati não saem com diplomas. Ao final de
cada disciplina cursada com aprovação comprovada, o estudante
tem direito a um certificado. “Como eles não fizeram uma seleção,
como os demais alunos, têm direito a fazer qualquer disciplina de
qualquer curso, menos galgar o diploma”, explica Noêmia.
30
LONGEVIDADE | 2016
João Carlos luta
para que ele e os
colegas tenham
direito ao diploma
universitário.
Foto: André Teixeira
Centro Acadêmico da Maturidade
Dona Terezinha é vice-presidente do Centro
Acadêmico da Maturidade (CAM). O centro,
que existe há mais de dez anos, ampara e luta
para sejam oferecidas melhores condições
educacionais aos alunos do núcleo. O atual
presidente do CAM, João Carlos Ribeiro, 65, é
quem estampa a frente de reivindicações dos
estudantes da Universidade Aberta à Terceira
Idade. Aluno desde 2010, ele conhece bem
as deficiências e conquistas dos últimos anos.
Além disso, sempre esteve envolvido para atuar
em defesa dos direitos coletivos. Em 2012, foi
membro do conselho fiscal do centro; em 2014,
foi vice-presidente e; em 2016, foi eleito para a
presidir o CAM. Para estar na coordenação, João
buscou entender como funciona a estrutura de
reivindicações dos alunos de toda a universidade
e ampliou seu olhar. “Conheci o pessoal do
Diretório Central dos Estudantes (DCE) e, nesses
últimos anos, fui a Goiânia, Rio de Janeiro e Recife
para a eleição da União Nacional dos Estudantes
(UNE). Só então passei a entender melhor o
funcionamento de um centro acadêmico”, explica
João.
Tendo contato diário e pessoal com os anseios
dos colegas enquanto estudantes, muitas
conquistas foram alcançadas. Um dos exemplos
mais importantes citados por João Carlos é a
participação oficial da Unati na eleição para reitor.
Até a última votação, eles não contavam como
eleitores, mas a partir de 2016, poderão ajudar a
definir o próximo líder da UFS, juntamente com
os outros mais de 30 mil alunos.
Para nos mostrar como pequenos e grandes
direitos ainda precisam ser alcançados, João
Carlos destacou que, apenas em abril deste ano,
o CAM pôde contar com acesso a internet no
único computador que a sala possui. “Depois
de muitas tentativas, com intervenção da
professora Noêmia, envios de documentos e idas
à coordenação de sistemas da UFS, finalmente
conseguimos que instalassem internet aqui” diz,
satisfeito.
Entretanto, o presidente João Carlos ainda
tem um objetivo maior: conseguir autorização
do Ministério da Educação para que os alunos
da Unati tenham direito a se graduar, ao concluir
todas as disciplinas e requisitos do curso
pretendido. “O principal de tudo é chegarmos ao
ponto de conseguir terminar o curso e garantir
nosso diploma” ressalta, convicto.
A Unati dá ao aluno a mobilidade de conhecer
várias áreas, estudando disciplinas de cursos
diferentes, além de intercambiar entre as salas e
conhecer novos colegas de turma e professores,
LONGEVIDADE | 2016
31
CAPA
CAPA
mas também dá possibilidades para que o idoso se candidate a disciplinas de apenas
um curso. Tendo a graduação efetiva e a emissão de um diploma como opção, o
estudante pode batalhar por ele. “Se a gente tiver esse direito, vai motivar ainda mais o
aluno a escolher disciplinas direcionadas ao curso que ele almeja se graduar”, idealiza.
Por defender a educação para qualquer cidadão, foi que o Nupati já realizou diversas
ações em auxílio aos alunos. Um deles foi o pré-vestibular da terceira idade, que visava
preparar os estudantes para concorrer a uma vaga através de seleção e garantir o
diploma. “Já tivemos alguns poucos alunos que conseguiram o ingresso pelo Exame
Nacional do Ensino Médio (Enem) e estão estudando. Mas a maioria diz que é muito
difícil concorrer com a garotada que já vêm se preparando sem intervalos”. Por isso,
ainda em abril, o CAM recebeu a visita do senador Eduardo Amorim, que garantiu lutar
em Brasília para a criação de uma lei federal que dê direito aos estudantes do idosos a
terem um diploma. Para a coordenadora Noêmia, o documento tem uma importância
fundamental na vida das pessoas. “Alguns dos integrantes do núcleo da terceira idade
estão buscando dar continuidade a um sonho que ficou escondido embaixo do tapete
por todos esses anos, por darem prioridade a garantirem o sustento da família, deixando
seus interesses de lado”. E completou: “A busca do saber tem que ser para todos”.
O período letivo dos alunos do Nupati é o mesmo que o dos estudantes de graduação
da UFS. Esses alunos também têm sua vida acadêmica registrada on-line, através de um
portal chamado Siga-a. Nele, históricos de disciplinas cursadas, notas e outros itens
como bate-papo com a turma e recados dos professores são cadastrados.
O Futuro
Do futuro, o presidente do Centro Acadêmico da Maturidade, João
Carlos, espera ter em mãos o diploma do curso de Direito. Para isso, ele
vem se esforçando em cursar as disciplinas da faculdade e lutando para
que, não só ele, mas todos os seus colegas que assim desejam, possam
também desfrutar em percorrer uma carreira que têm interesse.
Já dona Terezinha, quer continuar enchendo sua bagagem de
conhecimento que ela vem agregando ao navegar entre um curso e outro
e participando apenas das disciplinas que a interessa. Mas, enquanto
vivos estamos, temos sonhos. E o dela é aprender inglês. Assim que o
filho mais novo se graduar, esse será seu objetivo: “Os cursos são muito
caros, mas quando eu terminar de pagar a faculdade do mais novo, vou
fazer”, diz, esperançosa. Por que inglês? Pelo prazer de aprender, mas
também para conseguir desbravar o mundo. “Se eu pudesse, ia viver
viajando”, sonha. Enquanto dona Terezinha não está à bordo e cruzando
os oceanos do planeta, desejamos que ela e seus colegas ainda viajem
bastante pelo conhecimento que a universidade tem a lhes oferecer e
descubram novos prazeres a cada dia.
Estudantes reunidos no centro acadêmico. Foto: Jéssica França
32
LONGEVIDADE | 2016
LONGEVIDADE | 2016
33
CAPA
CAPA
Indicadores Sociais
Analfabestismo por região
BRASILEIRA
NORDESTE
NORTE
CENTRO-OESTE
SUDESTE
AMA
SUL
No século XXI, a população brasileira ainda
se depara com dura realidade do alto índice de
analfabetismo, mas as políticas públicas vêm
tentando reverter esse quadro. De 2001 a 2014 o
Brasil reduziu em 4,3 pontos percentuais o número
de analfabetismo. Segundo a Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios (Pnad) 2014, realizada pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
divulgada em 2015, o analfabetismo se concentra
mais na área rural e, mesmo com a maior redução
do analfabetismo, o Nordeste, por exemplo, ainda
tem um índice elevado. Em 10 anos, período que
corresponde de 2004 a 2014, a região teve a maior
redução, passando de 22,4% para 16,6%. O Norte
passou de 13% para 9%; o Centro-Oeste reduziu de
9,2% para 6,5%; o Sudeste registrou uma redução
de 6,6% para 4,6%, e no Sul do país, o analfabetismo
sofreu uma queda de 6,3% para 4,4%.
Para tentar diminuir ainda mais esse números, Sergipe oferece formações de ensino
básico, através dos programas Alfabetiza Mais (AMA) e do Ensino de Jovens e Adultos
(EJA), para quem não conseguiu concluir a educação básica na idade regular estabelecida
pelo MEC. Conheça:
Analfabestismo por faixa etária
EM SERGIPE
ATÉ 60 ANOS
Dividido em ciclos de oito meses, o programa
tem como proposta a alfabetização de adultos
acima dos 25 anos. A carga horária semanal é de
10 horas, totalizando 320 horas de atividades.
No Estado, 62 dos 75 municípios aderiram ao
programa. Segundo a Secretaria de Educação do
Estado de Sergipe (Seed) o AMA é composto de
seis eixos: Gestão Político-Administrativa; Gestão
Pedagógica; Formação Iniciada e Continuada
para Alfabetizadores e Coordenadores de Turma;
Materiais Didáticos; Avaliação do Processo Ensino
e Aprendizagem; Avaliação e Monitoramento do
programa. O AMA é uma ação articulada entre
a União, as Secretarias de Estado e/ou órgãos
da administração direta e indireta, municípios e
sociedade civil organizada.
De acordo com Seed, em três anos, o projeto
pretende alfabetizar mais de 60 mil sergipanos
acima de 25 anos, mas até o fechamento desta
edição, o programa ainda estava aguardando
recursos do MEC para ser iniciado.
EJA
Já o Ensino de Jovens e Adultos
é destinado para os cidadãos
acima dos 15 anos que ainda não
possuem em sua formação os
ensinos fundamental ou médio.
Por isso, o programa é dividido em
dois ciclos: o EJA-F, que ensina os
conteúdos do nível fundamental e
o EJA-M, que se dedica a passar
o conhecimento do ensino médio.
Em Sergipe, o EJA é oferecido
em mais de 100 escolas de 53
municípios.
MAIOR DE 60 ANOS
Ainda de acordo com a pesquisa, a taxa de analfabetismo da população com 15
anos ou mais foi estimada em 8,3%. Ainda de acordo com o IBGE, em comparação
com 2001, no Brasil há 2,5 milhões de pessoas analfabetas a menos. Segundo a
Secretaria de Educação do Estado de Sergipe, tanto no cenário nacional, quanto no
estadual, o maior desafio é a alfabetização dos brasileiros maiores de 60 anos, porque,
como aponta a pesquisa, 23,1% dos analfabetos estão nesta faixa etária, mesmo esse
percentual tendo tido queda de 1,3 ponto em relação a 2012.
34
LONGEVIDADE | 2016
Caso você tenha interesse em participar de
algum dos programas, entre em contato com a
Secretaria de Educação do seu município e
informe-se sobre os locais onde estão sendo ofertados.
LONGEVIDADE | 2016
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COMPORTAMENTO
Foto: Jéssica França
COMPORTAMENTO
Ruth Carmo
e as histórias que ninguém lê
JÉS SIC A FRANÇ A
“S
into falta da cultura dele”, diz, relembrando o ex-marido falecido há sete anos. Não
estavam juntos em sua morte: a ausência se fez presente por consequência de uma
separação nada amigável. Viúva e morando sozinha na beira da praia da Atalaia Velha,
Ruth Carmo passa a maior parte de seu tempo mergulhada, não na água, mas no mar
de conhecimento que os livros têm a lhe oferecer.
Sua casa desconfigura a paisagem da Passarela do Caranguejo, tão movimentada e recheada de
estabelecimentos comerciais. É uma das poucas moradias que estão presentes naquele lugar tão
disputado por empresários que visam explorar o turismo de um dos locais mais frequentados da
cidade. Dona Ruth é resistência à beira mar.
Um de seus vizinhos é dono de uma pequena mercearia na rua perpendicular à direita. Ele interrompe
seu trabalho para me explicar onde fica a casa de Ruth. “É ali mesmo onde você passou”, indica com
a cabeça e o braço. Olha para a esposa, sentada numa cadeira de ferro em frente e solta: “Ela está
36
LONGEVIDADE | 2016
procurando aquela velha doida”, adjetiviza.
Uma das primeiras coisas que Ruth diz quando abre o portão de
sua casa e me oferece uma poltrona na sala, é que só se dá bem
com gente muito inteligente ou muito pouco instruída. “Gente
mediana não me entende e acha que sou louca”, explica com um
riso no canto dos lábios, sem imaginar o que ouvi de seu vizinho.
Eu, ali, fico me perguntando em qual das três categorias estou
inclusa.
“GENTE
MEDIANA
NÃO ME
ENTENDE E
ACHA QUE
SOU LOUCA”
O riso meio preso, meio solto é expresso algumas vezes durante
aquele dia quente de primavera. Com muito o que contar, Ruth
aproveita minha breve estadia. Ouço histórias tristes, amenas
e chocantes. Ouço sobre o desenvolvimento de uma doença
psicológica e exposta na pele como algo bom e que ajudou a
prevenir um abuso. Ouço sobre como uma menina de sete anos
já se interessava por assunto de “gente grande” e aprendia a se
livrar de pessoas mal intencionadas. Ouço sobre uma infância com
uma mãe criada em lar rico que aprendeu a ser amada, mas muito
pouco a amar. Ouço sobre um amor pela leitura que ao longo de
cerca de 60 anos só cresceu e se multiplicou em formato de uma
estante repleta de bibliografias e uma mente cheia de ideias. Ruth
Carmo estuda cerca de oito horas por dia. Autodidata, aprende
grego e hebraico apenas com os ensinamentos dos livros que
compra pelas livrarias em que passa. Judia de nascimento, navega
pela história de seu povo e conhece a fundo os detalhes. “Sou
judia e cristã”, ressalta. A mãe foi deserdada pelo pai. Judeu, não
aceitou a conversão da filha ao cristianismo. Hoje, a neta Ruth é
leitora assídua da Torá – os cinco livros que formam o texto central
do judaísmo – e da Bíblia Sagrada. Esta última, inclusive, está
reescrevendo pela terceira vez à mão. “É por causa da LER”, explica.
A sigla é alusiva à conhecida “Lesão por Esforço Repetitivo”, uma
inflamação causada por movimentos locais reiterados ou posturas
forçadas.
Mas a doença é apenas uma desculpa para descobrir as minúncias
que se escondem nas entrelinhas do sagrado livro cristão. Ruth vive
mesmo para aprender. Técnica em nutrição, seu conhecimento vai
muito além da química. Ela gosta de estudar temas como genética
e religião. Além disso, aprecia escrever o que aprende. Prova disso
são os 23 livros que tem guardado em seu computador.
LONGEVIDADE | 2016
37
COMPORTAMENTO
COMPORTAMENTO
– Não publiquei nenhum – informa.
– Por que? – questiono.
Não preciso ter meu nome publicado por aí, além disso, eu sempre aprendo um pouco mais e
sempre volto e modifico aquele livro que eu achava que já tinha terminado. Estão todos inacabados
– diz, com certo orgulho.
Quase todo ano, em parceria com entidades
que conhece o trabalho, Ruth realiza jantares de
natais para pessoas carentes. “Não tenho uma
foto sequer. As outras pessoas é que tiram, mas
eu não tenho nenhuma.”, informa, pensativa.
Depois de algumas horas de conversa peço
água. Ruth volta com um copo e um livro. Este
havia sido escrito para um amigo. Impresso e
encadernado de maneira simples, o material
estava repleto de amor fraternal. Na introdução,
Ruth falava a seu amigo o quanto era grata por
poder passar horas a fio conversando com ele.
Ruth é mãe de duas mulheres, de 32 e 29 anos.
Ambas alçaram voo, mas ela pouco expressa
as escaladas das filhas. Na estante de livros, é
possível ver fotografias antigas de uma mulher
e suas duas crias na infância e na juventude. Ne
Foto: Jéssica França
Um outro livro está sendo escrito por Ruth:
ele fala sobre mulheres que fizeram a diferença
em tempos em que apenas homens podiam
se destacar. Os primeiros relatos são dados
históricos sobre Hipatia de Alexandria, a primeira
mulher documentada como matemática. Era
professora de filosofia e astronomia, além de
chefe da escola platônica. Os escritos seguem
falando sobre importantes mulheres talvez
pouco conhecidas pelo grande público, e
chegam em Débora, profetisa e quarta juíza de
Israel - a única citada na Bíblia com tal cargo.
Mas, de frente para o mar,
gosta de ver as estrelas à noite e
observar as mudanças de fases
da lua. “Ontem mesmo ela estava
linda, enorme”, disse com os olhos
fitos na janela. Para viajar, Ruth
não precisa sair de casa, basta ir
até a estante de madeira na sala e
procurar um de seus livros ou ligar
o computador para pesquisar.
Mas agora, pensionista e sem
preocupações com a criação das
filhas, pretende conhecer Israel
pessoalmente. Do Brasil, seus
olhos já conhecem uma pequena
porção: nasceu em Salinas, uma
cidadezinha de Minas Gerais,
mudou-se para Brasília, onde
conheceu o ex-marido, e então
para Sergipe, sua terra firme
desde 1994. Em alto mar, Ruth
vive desde que aprendeu a
embarcar nos livros e se deixar
capitanear pelas palavras. Esse
navio do conhecimento às vezes a
leva às fronteiras dos julgamentos
alheios. Porém, quem delimita o
que é realidade e o que é ficção?
nhuma recente.
Arrodeada pelo comércio e quase sem
vizinhos, Ruth nem pensa em sair dali. Propostas
não faltam. Segundo ela, os donos do hotel ao
lado já lhe ofereceram imóveis em outros locais
para que o estabelecimento fosse ampliado.
38
LONGEVIDADE | 2016
LONGEVIDADE | 2016
39
COMPORTAMENTO
COMPORTAMENTO
Qualidade de Vida na
Terceira Idade: entre a razão
e a sensibilidade
N
a atualidade, muito se fala em levantamentos, é válido inferir que, há uma relação
qualidade de vida e no aumento da direta entre qualidade de vida, aumento da
expectativa de vida do brasileiro. expectativa de vida e educação, entendendo-se
De acordo com a Organização por educação a definição proposta no Dicionário
Mundial de Saúde – OMS, qualidade de vida é Aurélio: “processo de desenvolvimento da
a “percepção do indivíduo sobre a sua posição capacidade física, intelectual e moral da criança
na vida, no contexto da cultura e dos sistemas e do ser humano em geral, visando à sua melhor
de valores nos quais ele vive,
integração individual e social”.
e em relação a seus objetivos,
A educação, em sua forma
expectativas,
padrões
e
mais ampla e irrestrita, é o
preocupações”. Esta definição
elemento fundamental para a
baseia-se em três pressupostos:
formação do ser humano em
subjetivo,
multidimensional
sua integralidade, desde seu
e dimensões positivas e
nascimento até sua velhice,
negativas. Já no que diz respeito
determinando sua visão de
ao aumento da expectativa de
mundo, suas escolhas, seu
vida, de acordo com o último
procedimento de pensamento,
levantamento realizado pelo
suas ações, enfim, seu “modus
IBGE, subiu para 75 anos. Ainda
vivendi”. A educação, diz
de acordo com o referido
respeito a duas instituições:
levantamento, os estados do
à família e ao Estado - escola.
Centro-Sul
(desenvolvidos)
À família, cabe a educação
Foto: Arquivo Pessoal
apresentam números mais
para a vida social-moral, à
elevados que estados das VIRGÍNIA FERREIRA
escola, cabe educação para
regiões Norte e Nordeste é psicanalista e professora da Faculdade a formação profissional, para
(menos desenvolvidos). Pode- de Medicina de Petrópolis/FASE.
formar pessoas autônomas.
se citar, por exemplo, Santa www.profavirginiaferreira.wordpress. Ambas são complementares
com/
Catarina como o estado
e
igualmente
importantes
com a maior expectativa
tanto para a formação do
de vida – 78 anos, e, o Maranhão, com a homem, quanto para uma sociedade saudável e
menor, 70 anos. Em Santa Catarina, o índice sustentável. Não há saúde, sem educação e não
de analfabetismo é de 2,93% e no Maranhão, há sustentabilidade sem saúde e sem educação.
é de 18,76% e, ainda, mais da metade da A sustentabilidade social se refere a um conjunto
população analfabeta do Maranhão, é de idosos. de ações, como acesso à saúde e a educação,
Com base na definição da OMS e nos
40
LONGEVIDADE | 2016
que visam melhorar a qualidade de vida da
”
população e diminuir as desigualdades sociais. Esse conjunto de ações
visa tanto a geração atual como as próximas gerações, dando chance
a estas de exercer a plena da cidadania. Quando falamos de cidadania,
estamos falando de seres humanos, jovens ou idosos – não importa,
seres humanos – e ao falarmos de seres humanos, estamos sempre
referidos a razão, a faculdade de pensar. Será esta faculdade o suficiente
para uma sociedade sustentável, para relações de solidariedade regidas
pela ética, num universo capitalista, no qual o consumo está acima da
relação que o sujeito tem com ele mesmo e com o mundo que o cerca?
As respostas podem ser encontradas nos acontecimentos cotidianos
que apontam com muita
nitidez que essa forma de
viver não está conduzindo as
pessoas e sociedades para um
fim minimamente saudável e
com alguma possibilidade de
felicidade. A faculdade de pensar,
de fato, as pessoas têm, porém,
carecem de sensibilidade que é
a faculdade de sentir compaixão
e simpatia por si mesmo e pela
humanidade, para se sentir
pertencentes à raça humana e
entenderem que: precisam dos
demais para viver - o homem é
um ser eminentemente social
e,
principalmente,
precisa
se sentir pertencente à raça
humana. É esse sentimento de
pertencimento que dá a pessoa
a chance de importar-se consigo mesmo para além das aparências, do
físico, daquilo que pode ser visto e com o outro. Quando a pessoa tem
esse sentimento, ela valoriza a existência e admite sua mortalidade,
qualidade ou fatalidade inerente ao ser humano. Não se nasce para
morrer, mas, indubitavelmente, somos todos mortais. Assim sendo, o
valor que cada um aprende a atribuir a sua existência desde sua infância,
sendo generosa, influenciará, para não dizer determinará, a forma que
a pessoa irá conduzir sua vida e viverá a sua velhice. A qualidade de
vida ou a ausência da mesma na terceira idade, não é resultante das
políticas de governo, estas influenciam, mas, muito mais a forma que
a pessoa se relacionou consigo mesmo e com o mundo que o cerca.
A razão é necessária para a pessoa discernir o que é certo ou errado,
mas não suficiente, para saber o quanto uma ação certa ou errada pode
acarretar de prejuízos ou benefícios sobre si mesmo e sobre os outros
a curto, médio ou longo prazos. Isso é uma atribuição da sensibilidade.
O VALOR QUE CADA UM
APRENDE A ATRIBUIR A SUA
EXISTÊNCIA DESDE SUA
INFÂNCIA,
SENDO GENEROSA,
INFLUENCIARÁ - PARA NÃO
DIZER DETERMINARÁ A FORMA QUE A PESSOA
IRÁ CONDUZIR SUA VIDA E
VIVERÁ A SUA VELHICE.”
LONGEVIDADE | 2016
41
Foto: Jéssica França
GRAMADO,
A CIDADE LUZ
BRASILEIRA
No coração da Serra Gaúcha, conheça uma cidade brindada por paisagens encantadoras, povo hospitaleiro e clima diferenciado
JÉ S SIC A FR A N Ç A
A
lguns ousam dizer que não parecem
terras brasileiras, outros, que ela
é um ‘pedacinho’ da Europa no
Brasil. Mas Gramado fica logo ali,
no Rio Grande do Sul. De belezas exuberantes
e índice de desenvolvimento humano de 0.841 considerado alto - a cidade de 35 mil habitantes
é destaque nacional e internacionalmente.
42
LONGEVIDADE | 2016
UM POUCO DE HISTÓRIA
A história de Gramado começou em 1873, com
a colonização europeia iniciada por imigrantes
portugueses, seguida por alemães e italianos,
vindos da cidade de Caxias do Sul (RS). Além das
tradições culturais dos descendentes europeus, o
município também passou a incorporar aspectos
do gau chismo. Essa diversidade, iniciada há
quase dois séculos, ainda influencia aspectos
como os costumes, a culinária e a arquitetura de
Gramado.
A cidade, junto à vizinha Canela, recebe turistas
o ano inteiro e oferece atrações que atendem a
todos os públicos. Há muito o que fazer na região:
atividades ao ar livre, visitas a museus e parques
temáticos, além de saborear um farto cardápio
gastronômico, que inclui os mais variados tipos
de carnes, queijos e chocolates. O verde e as
flores tomam conta lugar praticamente o ano
inteiro. Em julho, a temperatura baixa e a neve
pode aparecer e “colorir” a cidade de branco. A
arquitetura das casas dá ares artisticos à cidade
que, em agosto, celebra um festival de cinema
e atrai os olhos do Brasil e do mundo. Já a
partir de novembro, Gramado vira um enorme
palco iluminado a celebrar o Natal Luz e enche
de alegria e esperança os olhos de turistas e
moradores locais.
LONGEVIDADE | 2016
43
Você tem que conhecer!
TURISMO
O jornalista e sócio da Santoniri Viagens, Eduardo Barreto, diz que julho é o mês ideal para quem
quer curtir o frio: “É a melhor opção, já que nesse período o inverno domina as ruas e as atrações da
cidade”, sugere.
Foto: Jéssica França
Se no verão o clima da cidade já é bastante fresco e agradável, no inverno ele é um grande convite
para todos os que querem fugir das altas temperaturas. Para quem sonha em ver a neve, Gramado
pode ser o local ideal: a cidade chega a registrar temperaturas negativas e a distribuir flocos do alvo
fenômeno pelo chão.
Foto: Prefeitura de Gramado
Rua Coberta
No centro de
Gramado, a rua
tem 100
metros de
comprimento e
abriga ótimos cafés
e restaurantes.
No inverno, o
telhado de vidro
abriga turistas
que assistem a
apresentações
musicais
Foto: Jéssica França
Lago Negro
Uma ampla
área verde, com
trilha e passeio
de pedalinho
no lago, além
de lanchonetes
agradáveis para
passar a tarde
Eduardo também afirma que Gramado é uma excelente opção para quem procura
tranquilidade: “A cidade é linda e calma. Os moradores são hospitaleiros e respeitam os turistas”,
assegura. Uma prova da calmaria da cidade é que ela não possui sinais de trânsito.
“É difícil imaginar um lugar assim, quando vivemos em uma capital de trânsito tão agitado. Por isso,
ela é uma opção muito segura para todas as idades... Crianças, adultos e idosos podem passear por
suas ruas sem receio algum”.
Foto: Prefeitura de Gramado
Vinícolas
Foto: Jéssica França
44
LONGEVIDADE | 2016
Localizadas nas
circunvizinhas
cidades de Bento
Gonçalves e Carlos
Barbosa, são ideais
para quem, além
de degustar um
bom vinho, quer
conhecer sua 45
fabricação e história.
Foto: Jéssica França
Parque do Caracol
Foto: Jéssica França
Na vizinha cidade
de Canela, o
parque tem matas
nativas, cachoeiras
e ar puro. O
deslocamento entre
Gramado e Canelas
é comum entre as
agências de turismo
e leva apenas 14
minutos.
TURISMO
Em abril, Gramado foi eleita pelo
prêmio Travelers’ Choice, o 2º
melhor destino do Brasil e 7º da
América do Sul.
A classificação determinados
por meio de um algoritmo que
leva em conta a quantidade e
a qualidade das avaliações de
hotéis, restaurantes e atrações
em cada destino, reunidas ao
longo de 12 meses, assim como
o interesse de reservas no site
TripAdvisor.
Noite Gaúcha
Mini Mundo
O pequeno
parque temático
abriga réplicas
arquitetônicas
reais de castelos,
estradas, barcos,
cascatas, moinhos e
ferrovias de vários
lugares do mundo…
tudo 24 vezes
menor.
46
Dicas!
Antes de embarcar, faça uma lista de tudo o
que você vai precisar. Nela, devem constar os
documentos, como o RG, os cartões de crédito e
o seguro viagem; os itens que irão na mala como
calçados, casacos, luvas e cachecois, além de
remédios, como analgésicos, anti-inflamatórios,
colírios e um kit de primeiros socorros.
Conferiu tudo? Boa viagem! Gramado te espera!
Foto: Jéssica França
É claro que boa
comida não poderia
faltar. Além disso, o
evento é uma ótima
oportunidade para
conhecer um pouco
da tradição gaúcha
em uma noite
regada a chimarrão,
churrasco, comidas
típicas e danças
folclóricas
Para aproveitar Gramado entre
02 e 06 de julho/16, a Santorini
Viagens dispõe do seguinte
pacote:
- Passagens aéreas (taxas inclusas)
- 04 noites de hospedagem com
café da manhã
- traslado
- tour Gramado e Canela
- tour Uva e Vinho (com almoço)
Consulte valores e condições
através do site www.
santoriniviagens.tur.br ou ligue
(79) 3302-6848
*Condições sujeitas a disponibilidade
LONGEVIDADE | 2016
47
CULTURA
I SA D OR A PINH O
FOTOS: SÍ LV I A RO DRI G U ES
W W W. N OROTEI RO. CO M . B R
E
ra sua folga, estava
doente, mas estava
lá,
atrás
daquele
balcão do Museu,
com uma simpatia invejável.
Eu me senti em casa com toda
aquela receptividade e carisma.
Rita Cássia Santos, 54 anos,
trabalha desde os 20 como
recepcionista do Museu de
Arte Sacra de São Cristóvão,
seu primeiro e único emprego.
Aposentada,
a
sãocristovense nata nunca saiu
de São Cristóvão, nem mesmo
para conhecer outros lugares.
Sua paixão avassaladora pela
cidade encanta os que são
recebidos por ela. Concursada
e formada em pedagogia,
preferiu trabalhar no Museu,
porque ama atender o público
e conhecer pessoas novas.
Por ter um jeito humilde de
se importar com os outros,
se tornou uma mãe para os
funcionários. “Gosto de saber
como todos estão, se estão
bem ou se precisam de ajuda.
Muitas vezes até me meto
onde não deveria”, sorriu.
Quando lhe perguntei o
que poderia ser, se não fosse
funcionária do Museu, um
silêncio profundo “ecoou”
naquela
recepção.
Sem
saber o que responder,
48
LONGEVIDADE | 2016
Por amor à profissão
Rita Cássia
trabalha
desde os 20
anos como
recepcionista
do museu
olhou para mim e para o bloquinho de anotações e fez uma
expressão como se dissesse: “qual a próxima pergunta?”.
Entendi o que ela quis dizer, sem nem ao menos falar uma
palavra sequer. Então, inverti a pergunta. “O que o Museu seria
sem você?” Ela sorriu – meio sem graça – e disse o tamanho do
orgulho que tem por ser a base de sustentação daquele lugar.
“Gosto de valorizar a bela cultura que temos e faço isso através
do meu trabalho, recebendo bem
qualquer um que chegue aqui. A
religiosidade, a cultura e a própria
história da minha cidade são
minhas preciosidades”, com toda
satisfação, finaliza sua história.
Caminhando entre as mais de
500 peças do acervo do Museu
de Arte Sacra de São Cristóvão,
você pode apreciar as mais
variadas expressões da arte que
representam a religiosidade de
Sergipe provincial. Trabalhadas
em madeira, calcário e quase
sempre folheadas a ouro, as
peças constituem o terceiro
maior museu de artes sacras do
Brasil, ficando atrás apenas dos
museus de Salvador (o maior) e
São Paulo (o segundo maior).
Tranquilidade e paz fazem parte
do itinerário no Museu. A cada
sala, uma nova curiosidade. O
prédio, que antes era um enorme
convento, demorou 100 anos
para ser construído; isto porque
nossos ascendentes religiosos
tinham
muita
preocupação
com os detalhes. Ainda hoje
podemos encontrar diversas
características daquela época,
como portas, janelas e o próprio
acervo, que são originais do
período colonial. Esses traços
nos fazem reviver a trajetória
dos nossos antepassados, a forte
religiosidade e a grande riqueza
da Igreja Católica à época.
A receptividade dos guias é
um ponto bastante positivo
do Museu. O carisma dos
funcionários e as preciosidades
guardadas nesse lugar encantam
o turista. Não é à toa que o
Museu de Arte Sacra é um dos
pontos mais visitados em São
Cristóvão e completa 42 aninhos
em abril desse ano.
*Devido ao museu conservar
peças originais e folheadas a
ouro, não é permitido tirar fotos
do seu interior.
49
CULTURA
DELÍCIAS
SÃO-CRISTOVENSES
NO ROTEIRO APRESENTA IGUARIAS DA QUARTA CIDADE MAIS ANTIGA DO
BRASIL
Biscoitinhos
D
oces, licores, cocadas, balas e
bolachinhas. O que você prefere?
E que tal as famosas queijadinhas?
Ah, essas queijadinhas… Atrações
da gastronomia local, não é à toa que são
produzidas há mais de 70 anos, em São Cristóvão.
Dona Marieta, aos seus 71 aninhos, continua
produzindo todas essas gostosuras. Herdou a
tradição da família e não deixa que ela se acabe.
Produz em média 400 queijadinhas por dia, de
um modo muito tradicional: em um fogo à lenha.
Variedade não falta e os preços dos produtos
são bastante acessíveis - variam entre R$ 3 e R$
10 reais e têm durabilidade de 25 dias. A Casa
da Queijada abre às 6 h e não têm horário para
fechar.
Bricelets
Licores
Como se não bastassem as famosas
queijadinhas, outra delícia que não se pode
deixar de experimentar em São Cristóvão é o tão
prestigiado bricelet. Tão peculiar quanto o nome,
o sabor desses biscoitinhos é incrível. Feitos com
ovos, leite, trigo, açúcar, manteiga, suco de laranja
e raspa de limão à gosto, os bricelets podem ser
acompanhados com chá, café, sorvete ou até
mesmo ser consumidos sem acompanhamento.
São produzidos diariamente 100 pacotes com
cinco unidades cada. Quem produz garante:
é preciso técnica, agilidade e muita paciência
para que saia tudo no ponto certo. O processo
é bastante trabalhoso, mas o resultado é uma
delícia. O valor de cada pacote é R$ 3 reais e
duram de 15 a 20 dias. Não pode ficar exposto ao
calor nem ao frio, mas se não consumido o pacote
inteiro, pode colocar o que sobrou na geladeira.
Os bricelets são produzidos no Lar Imaculada
Conceição – uma casa aberta ao público – onde
contém uma capela para orações, uma gruta com
a imagem de Nossa Senhora, algumas exposições
de peças antigas e a lanchonete – onde são
vendidos os bricelets. O funcionamento do Lar é
das 8h às 16h30, de domingo a domingo.
E então, quais delícias você vai querer?
50
LONGEVIDADE | 2016
51
CULTURA
PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
Call the Midwife
Relativo
ao ensino
Também
não
(?) Monte,
cantora
da MPB
O Galo de
Minas
Gerais
(fut.)
Espécie
de salame
usado em
sanduíches
Gato, em
inglês
Material
de cercas
Inferior a
tudo
Para o;
em direção a
Herói
de "O
Guarani"
(Lit.)
Disponível em DVD e na Netflix.
Elis (2016)
52
LONGEVIDADE | 2016
O filme, lançado em maio, aborda a história de
Elis Regina Carvalho Costa (1945 - 1982) desde
sua chegada ao Rio de Janeiro com 19 anos até
sua morte trágica e precoce. Apesar de todas
as dificuldades, o sucesso vem fulminante e a
vida de Elis Regina ganha projeção nacional e
internacional. Jovem, de origem humilde, até
hoje é considerada a maior cantora do Brasil.
Gênero: Drama
Direção: Hugo Prata
Disponível em DVD.
Que têm a
natureza
do gás
Custosa
Sufixo de "burrico"
Dupla;
casal
Analisada
Apanham
peixes
Fitar a
vista em
Máquina
para fazer
tecidos
Local
da aula
prática de
Química
A camada
oposta à
elite
(?)vindas:
recepção
cordial
Hiato de
"voo"
Vogal que
levava o
trema
(Gram.)
Espaço de
12 meses
Deter;
reter
Interjeição
que indica
ação
rápida
Umedecida
Profissão
de Suzana
Vieira
Cura; sara
Estilingue
(bras.)
Carta do
baralho
BANCO
©
"(?) é o
melhor
remédio"
(dito)
Vasilha
para
flores (pl.)
Semáforo
42
Solução
A
N T O
E L A
M E
T EL
N I A
C R
C O
A M
R I O
A N O
E
R I Z
I R A
R O S
Direção: Michael Redford
Dificuldade para
dormir
P
P
A M E
T A D
A R A
I G
N S O
S A G
I
P ES C
A
T O
R
U
A D A
A T
A D E
J A R
Duração: 1h 44m
Consoantes de
"sótão"
D I
O R
T
E P
I
S O
A R
O
B O
L
L H
A
N A
I R
S
Gênero: Romance, Comédia, Drama
“Call the Midwife” (Chame a Parteira, em
tradução livre), que teve início em 2012 e,
atualmente, está em sua 5ª temporada, é uma
série baseada nas memórias de Jennifer Worth.
Ambientada em Poplar, uma região de baixa renda
em Londres dos anos 1950, ela segue a trajetória
de Jenny Lee (Jessica Raine), uma enfermeira de
22 anos que, junto com um grupo de freiras, atua
como parteira. A trama retrata a falta de recursos
que domina a vida de sua população. O misto de
pequenas intrigas da vida privada, a cuidadosa
reconstituição de época cuja qualidade alcança
figurinos e cenografia formam uma composição
que nos leva a querer estar sempre em companhia
dos personagens da série.
Gênero: Drama
Direção: Juliet May, Sheree Folkson e Syd
Macartney
Disponível no canal BBC , na Netflix e no
Tunes.
3/cat. 4/peri — tear. 6/jarros. 10/pedagógico.
Elsa (Shirley MacLaine) é uma senhora
divertida e imprevisível, enquanto seu novo
vizinho,Fred (Christopher Plummer), é metódico
e apegado à rotina que desenvolveu durante
toda a vida com a organizada esposa falecida. A
história dos dois tem início quando Elsa comete
uma barbeiragem ao sair com o carro e quebra
os faróis do carro de Lydia (Marcia Gay Harden),
a filha de Fred. Revoltada com o ocorrido,
Lydia exige o conserto. Ao entregar o cheque
a Fred, Elsa lhe conta uma história triste que
acaba convencendo-o a recusar o valor. Com
o tempo, Elsa e Fred se aproximam, apesar do
temperamento bastante diferente.
Telefone
(abrev.)
C O Q U E T E L 2 0 0 5
Elsa & Fred (2014)
© Revistas COQUETEL
Pé de
Conjunto animal
de bens
Andar;
da esposa caminhar
Frutos do
mar
Transferência de
data
C
A
M
C A
I R
Ã
S O
T E
L
L A
G
M O
S
A T
A
indica
www.coquetel.com.br
53
RETRATOMAURBANO
RC EL INH O H O RA
ANUNCIE
AQUI!
[email protected]
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