Peregrino

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Peregrino
Peregrino
das Letras
Informação, Cultura e Livre Expressão
IMPRESSO
DISTRIBUIÇÃO DIRIGIDA
PREÇO DE VENDA R$1,00
www.jperegrino.com.br
Ribeirão
- SP
Ano
- Nº 89 -- R$
setembro/2007
Ribeirão
Preto Preto
- SP - Ano
IV -- Nº
41 -VIII
Setembro/2003
1,00
Existe apenas uma forma de vencer a natureza:
sendo obediente a ela. Essa é a não violência.
Alfabetização – Aspectos Históricos e
Alguns Pontos para Discussão
Uma das questões constantes que têm sido objeto de
preocupação da escola, dos pais e da sociedade de maneira geral
diz respeito à alfabetização.
Inicialmente, apresento um breve histórico da alfabetização,
colocando alguns pontos para reflexão, e, posteriormente, estarei
disponível para responder às questões que me forem feitas.
O modelo escolar de alfabetização nasceu há pouco mais de
dois séculos, precisamente em 1789, na França, após a...
Página 16
A importância da febre para a
criança
Febre – ou hipertermia - é o aumento da temperatura do
corpo, acima da média considerada normal que varia entre 36°C
e 37, 8°C dependendo se a medição for feita no reto, oral ou
axilar. Abaixo de 36 graus temos uma hipotermia.
São núcleos localizados no hipotálamo, no nosso cérebro, os
responsáveis pela conservação da nossa temperatura corporal
através de ajuste entre os mecanismos de geração e conservação
de calor de um lado e de dissipação do calor...
Página 9
Livros
CURSOS, OFICINAS,
PALESTRAS,
WORKSHOPS
Veja nossa agenda na
Página 2, ou, em nosso
site visite a página Cursos
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A importância do Professor na vida
da criança
Guia de Secretariado – Técnicas e comportamento –
Denize Rachel Veiga
Teatro para representar na Escola – Teresa Iturbe
Flores da Terra – Gelse M. Campos e Arlete F. Freitas
Quando a criança nasce, o seu receptáculo de proteção e
carinho é a mãe. Um laço de infinitas proporções é estabelecido.
Forma-se aqui uma ligação emocional, amorosa que nunca mais
irá se romper. A figura materna é para o filho o bem mais precioso
e a confiança que a criança tem na mãe é imensa.
Conforme a criança cresce, outras pessoas passam a fazer...
Página 13
Por que e como eu nasci – Lou Austin
La mallaborema formiko – Kolekto Fabeloj de la
Naturo
Almanako Lorenz 2.007
Página 15
Peregrino
das Letras
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Ribeirão Preto - SP - setembro/2007
Informação, Cultura e Livre Expressão
Editorial
Em 17 de agosto de 1987, precisamente às 20h45 minutos de uma segundafeira, morre, vencido pela tristeza ocasionada pelo falecimento prematuro de sua
filha Maria Julieta, o grande poeta Carlos Drummond de Andrade. O mineiro de
Itabira do Mato Dentro, o gauche Carlos, o circunspeto senhor magro e de
aparência frágil, o incorrigível mulherengo de olhos azuis, se fora.
Esses mesmos olhos azuis fotografaram o século XX: a história do Brasil e
do mundo; os homens de prestígio e as comuns criaturas do cotidiano; as falhas
e os talentos humanos; o amor em seu aspecto universal e carnal; a perplexidade
humana frente à vida; os dramas familiares. Nada houve que passasse despercebido
ao poeta maior.
No papel ele não depositou apenas seu conhecimento sobre as coisas ou sua
curiosidade inata, ou seu pronto atentar para o que ocorria à sua volta, também
o burilar das palavras, a precisão vocabular, a técnica precisa e única.
E foi ambíguo o grande poeta, como somos nós seres humanos. Foi fiel aos
amigos e à família e foi o mais infiel dos homens em seus poemas eróticos (A
Moça mostrava a Coxa). Foi um cantador das coisas sem saída (E agora José) e
das grávidas esperanças que emergem dos escombros (A Flor e a Náusea). Coloca
em poesia os obstáculos (No meio do caminho tinha uma pedra) e acredita que
vão ser superados (Mário de Andrade Desce aos Infernos). Assim foi ele aceitando
a vida e vivendo-a e aprendendo-a e superando-a do mesmo jeitinho do seu
“Amar só se aprende amando”. Só não superou a morte da filha, que era segundo
ele a pessoa que mais havia amado no mundo.
Aqui vai nossa homenagem atrasada a esse homem do qual temos tanto
orgulho, afastado de nós há vinte anos. E para terminar, vamos transcrever
abaixo um poema que Ribeiro Couto compôs para o poeta quando ele passou
por Pouso Alto para se encontrar com Manuel Bandeira:
Cursos – Oficinas - Palestras – Workshops
Setembro
1 – Workshop “Constelação Sistêmica” – Ribeirão Preto / SP - Informações: (16) 3021 5490 / 9994 7224 / 3931
6140 / 9994 5605.
1 – Curso de Reiki - Ribeirão Preto / SP – Informações: (16) 3630 2236 / 9782 4150.
2 – Workshop “Constelação Sistêmica” – Atibaia / SP - Informações: (11) 4402 7287 / 9220 3754.
14, 15 e 16 – Workshop “Constelação Sistêmica” – Mococa / SP - Informações: (19) 3665 8618 / 9283 7256.
15 – Curso Alimentação e Vida Saudável – Itobi - SP - Informações: (19) 3647 1321.
15 – Curso de Reiki - Ribeirão Preto / SP – Informações: (16) 3630 2236 / 9782 4150.
23 – Workshop “Constelação Sistêmica” – Jaboticabal / SP - Informações: (16) 3202 3998 / 9708 0692.
29 – Curso de Reiki - Ribeirão Preto / SP – Informações: (16) 3630 2236 / 9782 4150.
29 e 30 – Workshop “Constelação Sistêmica” – São Paulo / SP - Informações: (11) 7464 4229.
Carlos Drummond veio jantar em Pouso Alto
Na minha casa pequena e cor-de-rosa
Sem coqueiro do lado
Mas em frente a um barranco soturno
Encontrou Manuel Bandeira, sobremesa imprevista
E houve discussões fortíssimas, inenarráveis
Em torno do futurismo e da vida
Carlos Drummond não sorriu nenhuma vez
Deixou no copo três dedos de vinho tinto
Que Manuel Bandeira namorou
Mas no troli pelo caminho de volta
Ao ritmo do cavalo chapinhando no barro vermelho
Diante da tarde azul maravilhosa
Carlos Drummond sorriu pela primeira vez
Não por causa da tarde azul maravilhosa
Mas porque para vingar-se dele nunca sorrir agradecido à vida
Deus mandou o cavalo atirar uma placa de barro molhado na sua gravata
E Carlos Drummond sorriu para a malícia de Deus.
Mariza Helena Ribeiro Facci Ruiz
[email protected]
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Informação
Cultura e Livre Expressão
José Roberto Ruiz
(16) 3621 9225 / 9992 3408
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Citação da Capa retirada do livro: Os
Valores Humanos - Uma Viagem do “Eu”
ao “Nós” - Antonio e Sylvie Craxi Persona
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CAPA - Reprodução de
Pintura Original
As Camponesas - Original
Pintado com a boca
Felix Espinoza Vargas
www.apbp.com.br
JPeregrino Comunicação Visual Ltda.
Peregrino - 1ª edição - Maio / 2000
Direção: José Roberto Ruiz - MTb 36.952 - Redatora: Mariza Helena R. Facci Ruiz
Jornalista (Colaboradora): Luana Aparecida Vianna - Mtb 47.911 - e-mail: [email protected]
WebDesign: Francisco Guilherme R. Ruiz
Fotolito e Impressão: Fullgraphics Gráfica e Editora - (16) 3965 5500
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Informação, Cultura e Livre Expressão
O que são mandalas
É de surpreender . . .
Parte IV
Continuaremos a falar das mandalas da natureza, só que agora as construídas
por nossos antepassados, que observavam os ciclos das estações, da lua, das
marés, ou seja, os padrões do universo a sua volta. Assim surgiram grandes
mandalas como, por exemplo, o círculo de pedras Stonehenge na Inglaterra,
utilizado para rituais da época, ou o labirinto de Chartres na França considerado
um dos pontos energéticos da terra. O labirinto é a busca do autoconhecimento,
o saber agir com sabedoria, pois uma vida preenchida é a que encara as voltas
e reviravoltas que chegam a cada momento com decisão, ou um mapa do caminho
da vida? Este labirinto já existe dentro de nós, fazê-lo exteriormente é um trajeto
em que a vida passa como um filme na caminhada até o centro (o objetivo) e a
volta é ver os erros cometidos e os passos tomados para não cometê-los
novamente. Este é um dos objetivos de contemplar uma mandala. Já para os
nativos americanos realizar um caminho de beleza e verdade é caminhar em
harmonia com os espíritos. Para eles a mandala da roda da medicina é um dos
símbolos mais importantes (um círculo maior com um menor no centro, dividido
em quatro partes, feito no chão com materiais da natureza). Porém algo tão simples mas com grandes significados
como as quatro estações, os quatro pontos cardeais, os quatro elementos (fogo, água, terra e ar). Céu, terra e
espaço. Isto tudo significa a caminhada ao redor para o descanso no centro onde tudo se tornará um, onde os
padrões da vida e as constantes mudanças estarão em harmonia. Este é apenas o primeiro e pequeno
esclarecimento para realmente começar a entender mandalas: observar povos diferentes sempre com grandes
objetivos.
Adriana Leonel Strambi
Ateliê Adriana Leonel
Tel.: (16) 3011 6206
Sobre a atual vergonha de ser brasileiro
Affonso Romano de Sant’Anna
Que vergonha, meu Deus! ser brasileiro e estar crucificado num cruzeiro erguido num monte de corrupção.
Antes nos matavam de porrada e choque nas celas da subversão. Agora nos matam de vergonha e fome
exibindo estatísticas na mão.
Estão zombando de mim. Não acredito.
Debocham a viva voz e por escrito
É abrir jornal, lá vem desgosto.
Cada notícia é um vídeo-tapa no rosto.
Cada vez é mais difícil ser brasileiro.
Cada vez é mais difícil ser cavalo desse Exu perverso nesse desgoverno terreiro.
Nunca vi tamanho abuso.
Estou confuso, obtuso, com a razão em parafuso:
a honestidade saiu de moda, a honra caiu de uso.
De hora em hora a coisa piora: arruinado o passado, comprometido o presente, vai-se o futuro à penhora.
Valei-me Santo Cabral nessa avessa calmaria em forma de recessão e na tempestade da fome ensinai-me a
navegação.
Este é o país do diz e do desdiz, onde o dito é desmentido no mesmo instante em que é dito.
Não há lingüista e erudito que apure o sentido inscrito nesse discurso invertido.
Aqui o discurso se trunca: o sim é não. O não, talvez. O talvez, nunca.
Eis o sinal dos tempos este o país produtor que tanto mais produz tanto mais é devedor.
Um país exportador que quando mais exporta mais importante se torna como país mau pagador.
E, no entanto, há quem julgue que somos um bloco alegre do ‘‘Comigo Ninguém Pode’’
quando somos um país de cornos mansos cuja história vai dar bode. Dar bode, já que nunca deu bolo, tão
prometido pros pobres em meio a festas e alarde onde quem partiu, repartiu ficou com a maior parte
deixando pobre o Brasil.
Eis uma situação totalmente pervertida - uma nação que é rica consegue ficar falida, o ouro brota em nosso
peito, mas mendigamos com a mão, uma nação encarcerada que doa a chave ao carcereiro para ficar na
prisão.
Cada povo tem o governo que merece? Ou cada povo tem os ladrões a que enriquece?
Cada povo tem os ricos que o enobrecem? Ou cada povo tem os pulhas que o empobrecem?
O fato é que cada vez mais mais se entristece esse povo num rosário de contas e promessas num sobe e
desce de prantos e preces.
C’est n’est pas un pays sérieux! já dizia o general.
O que somos afinal? Um país-pererê? folclórico? tropical? misturando morte e carnaval?
Um povo de degradados? Filhos de degredados largados no litoral? Um povo-macunaíma sem caráternacional?
Por que só nos contos de fada os pobres fracos vencem os ricos nobres?
Por que os ricos dos países pobres são pobres perto dos ricos dos países ricos? Por que
os pobres ricos dos países pobres não se aliam aos pobres dos países pobres
para enfrentar os ricos dos países ricos, cada vez mais ricos, mesmo quando investem nos países pobres?
Espelho, espelho meu! há um país mais perdido que o meu?
Espelho, espelho meu! há um governo mais omisso que o meu?
Espelho, espelho meu! há um povo mais passivo que o meu?
E o espelho respondeu algo que se perdeu entre o inferno que padeço e o desencanto do céu.
Se é capaz de enfrentar o mundo
sem mentiras e falsidade,
Se consegue superar a tensão
sem ajuda médica,
Se consegue relaxar sem bebida
alcoólica,
Se consegue dormir sem amparo de remédios,
Se consegue dizer honestamente “do fundo do seu coração”
que não tem qualquer preconceito
de cor, credo, opção sexual, religião
ou política.
Então meu amigo, você é
quase tão admirável quanto o seu
cão.
Se você consegue acordar de
manhã de bom humor,
Se você consegue começar o
dia sem cafeína,
Se consegue suportar pessoas
chatas e queixosas com seus
problemas,
Se consegue comer a mesma
comida todo dia e é grato a ela,
Se é capaz de compreender
quando as pessoas amadas estão
muito ocupadas para se dedicar a
você a qualquer hora,
Se é capaz de relevar quando
alguma coisa sai errada e alguém
que você ama descarrega o
problema em você,
Se é capaz de suportar críticas
e assumir a culpa sem ressentimento,
Se consegue resistir em tratar
um amigo rico melhor do que um
pobre,
Autor desconhecido
Dr. Mussi A. de Lacerda
Médico Veterinário - CRMVSP
3065
Arca de Noé Centro Médico
Veterinário
www.arcadenoehv.com.br
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O TIO AVÔ
A família, como sistema, vive em
um campo morfogenético, que traz
uma memória coletiva na qual estão
armazenadas todas as informações
importantes do sistema. Os elementos
individuais como parte do todo estão
em ressonância com o todo. É como se
nos movimentássemos como um rádio
neste campo de memória, procurando
a Ordem, o Equilíbrio do campo,
mesmo que para isso nos conectemos
com profundos sofrimentos. Isto
acontece inconscientemente, envolve
as dinâmicas do vínculo, imitação e
identificação.
Ribeirão Preto - SP - setembro/2007
A seguir descrevo a história de um
rapaz de 19 anos, esportista e inteligente. Os acidentes o acompanharam
durante toda sua vida. Quebrou pernas,
braços e machucou o rosto, a bicicleta
sempre foi sua companheira nestas
ocasiões. Além da bicicleta, tem outros
companheiros como a maconha, o
“doce”, etc.; “mas só um pouco”,
segundo ele. Os pais se desesperam,
querem salvá-lo, por isso o convenceram de fazer a Constelação Familiar.
E ele também não agüenta mais os
“tombos”...
Nos fatos que acompanham o
histórico familiar encontramos a morte
do tio-avô, em acidente com bicicleta,
com a mesma idade do rapaz, atualmente. Seu comportamento trouxe
vergonha, dores profundas aos pais, e
o nome deste tio não era mais dito em
família. Observamos que a exclusão
do tio-avô significa uma descompensação na Ordem sistêmica, na Lei
da Pertinência, segundo a qual todos
temos o direito de fazer parte. O sobrinho nasce, duas gerações depois, e
identifica-se com o tio, mesmo sem
conhecê-lo ou saber de sua existência.
Segue-o em seu destino, como um rádio
segue as ondas radiofônicas. Comporta-se como ele. Pode mesmo chegar a
morrer como ele morreu. Não se concluiu enquanto ser humano, pois não
se liberou do emaranhamento criado
por amor, lealdade e fidelidade ao
sistema que entrou em desequilíbrio
quando o tio foi julgado, condenado e
excluído.
A constelação sistêmica, lidando
com fatos ocorridos, possibilita
desatar os laços, os emaranhamentos e
retomar a própria vida a partir de um
outro padrão, sem mais precisar estar
implicado com a família pela repetição
do sofrimento. A solução envolve o
respeito, o sim incondicional ao
sistema, além da tomada de seu lugar
dentro da família, com gratidão e
humildade.
O processo de “desidentificação”
com o tio-avô significa olhar sua vida
e sua morte com respeito, dar um lugar
a ele no coração e reconhecer o lugar
do tio, assim como o diferente lugar
do rapaz no sistema. Esta é a
possibilidade de, como afirma Bert
Hellinger, se liberar e se concluir.
Ana Lucia Braga
Terapeuta de Constelações
Sistêmicas, Terapeuta Corporal
Neo Reichiana, Psicopedagoga
Tel.: (16) 3021.5490 / 9994.7224
“CURSOS de APOIO”
Uma saída econômica viável na preparação escolar dos nossos filhos
Para a maioria dos pais de hoje em
dia, fundamental é cuidar da educação
dos filhos.
Dar as melhores oportunidades
para enfrentarem o mundo de amanhã
é praticamente uma obsessão.
O problema é:- temos condições
financeiras para isto?
Sem dúvida não medimos esforços
para dar a melhor estrutura de aprendizado para que eles sejam bons profissionais e consigam um futuro mais promissor; entretanto, antes de tudo existe
a “saga do vestibular”.
As universidades particulares
estão cada vez mais inacessíveis para
a maioria de nós, reles mortais.
O acesso às universidades públicas, notadamente com a melhor
qualidade de ensino, está mais ao
alcance dos alunos de melhor poder
aquisitivo, cuja preparação se inicia
realmente desde os primórdios do
ensino básico.
Além do altíssimo custo para
formar nossos filhos em escolas
particulares, temos ainda por cima,
durante a etapa do ensino fundamental
e do médio, que ajudá-los de maneira a
aumentarmos a sua carga horária de
estudos com alguns cursos paralelos,
ou seja, inglês, redação, apoio em
exatas (matemática, física e química),
e, etc.
Haja dinheiro...
Imagine então para quem tem mais
de um filho!
Há alguma esperança para o
ensino escolar gratuito antes da
Universidade?
Sabemos que não; e a não ser que
mais de 500 anos de história desta
cultura colonialista, como a implantada
no Brasil desde o seu descobrimento
seja erradicada da nossa nação as coisas
não se modificarão.
Então, só nos resta procurar as
melhores armas para enfrentarmos o
pesadelo de cumprirmos a nossa missão
que é a de encaminhar os nossos
adorados filhos.
A melhor maneira é procurarmos
seguir com um apoio mais intensivo
desde o mais básico dos anos escolares.
Dentre as alternativas mais viáveis
atualmente existem os “cursos de
apoio”.
Estes cursos nada mais são do que
aulas intensivas, com cerca de 50 minutos cada uma, sendo duas por dia,
ou seja, um pouco mais de uma hora e
meia, duas vezes por semana com o
intuito de auxiliar, e por causa do
atendimento personalizado, permitir
ao aluno corrigir as suas principais
falhas, que quase sempre, no meio de
uma turma, acabam seguindo com o
decorrer dos anos e mais tarde
acarretando uma enorme dificuldade em
acompanhar os estudos na medida em
que o volume de matérias e o grau de
dificuldade aumentam.
Os custos destas aulas são relativamente baixos, permitindo, mesmo
aos pais que já pagam pelos estudos
iniciais, uma chance de aprimorar e
fortalecer o conhecimento do jovem e
assim prepará-lo melhor para enfrentar o vestibular.
Este apoio consiste em repassar
ao aluno, tudo o que já foi ensinado
anteriormente, com uma didática toda
especial, facilitando o aprendizado e
embasando os conhecimentos para
auxiliar na compreensão das matérias
que mais exigem o raciocínio e a lógica
do entendimento; uma vez que, os
vestibulares de hoje visam basicamente
testar a capacidade do aluno em
compreender os textos e os enunciados
dos problemas pedidos, deixando o
resto, para simples aplicação dos
conceitos básicos.
Entender o que está escrito e compreender o que se pede é praticamente
mais da metade da resolução de um
exercício; e além do mais, através de
uma matéria, pede-se conceito de
outras matérias, obrigando o aluno a
enxergar a relação existente entre todas
elas.
O custo é relativamente baixo em
relação aos enormes benefícios. Variando entre R$ 15,00 a hora para o ensino
fundamental, e R$ 20,00 para o ensino
médio o custo da hora aula acaba significando em média uma quantia que
varia entre R$ 100,00 e R$ 150,00
mensais, dependendo do número de
aulas combinadas.
Mesmo porque, quanto mais cedo
o acompanhamento se iniciar, será
mais fácil evitar os custos de um curso
paralelo às vésperas da época dos
vestibulares.
Entretanto, o acompanhamento
deve ser feito anualmente, desde o
início do ano letivo, a fim de que todas
as dúvidas e conceitos básicos das
matérias ensinadas sejam sanados e
permitir ao aluno conseguir manter
boas médias para a sua aprovação e
preparação para o futuro vestibular.
Charles Berbare
Biomédico e Administrador de
Empresas
Consultor Responsável –
CESAUDIO “M.V.” - (Centro
especializado em Audiologia)
[email protected]
Peregrino
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ANTROPOSOFIANDO
Da imitação a liberdade
Nos primeiros sete anos da
vida de um ser humano, o que surge
de mais significativo e completo
para a aprendizagem da criança são
os gestos. É através desta linguagem muscular, onde nos
mostramos com toda nossa verdade desenvolvida com base em
nossos valores, que se torna a
primeira vertente pedagógica.
Quando nos movimentamos
damos mostras da importância e do
grau de consciência e afetividade
que nos liga àquela ação.
Músculo nunca mente, quando
estamos irritados ou nervosos,
nossa palavra pode até ser doce,
porém, nossa respiração se altera,
nosso rosto se contrai dando as
reais indicações de como nos
sentimos. A criança recebe como
dádiva uma força de aprendizagem
extremamente potente chamada
imitação, e é através desta força
que aprende a andar, falar e pensar,
o apoio da imitação é o movimento
muscular, o gesto.
No gesto temos impresso o
movimento e a intenção dele. Desta
maneira, para crianças de 0 a 7
anos, somos um livro aberto em
relação ao grau de moralidade que
desenvolvemos em nós.
Quanto mais caminhamos
dentro da moralidade, mais somos
gratos e conseqüentes a tudo o
que nos rodeia, temos a noção
exata de nossa responsabilidade
frente a nossa própria vida, isto traz
uma qualidade para a ação que se
mostra “muscularmente”, o gesto
fica repleto de significado, e isto
faz nascer o sentimento de estar
preenchido, estar ligado a algo
superior que ordena tudo, é uma
religiosidade que não necessariamente precisa ter nome, nem
tampouco ter ligação com grupos,
é, na verdade, um sentimento de
plenitude. E tudo isto é transparente
para a criança que carrega a força
da imitação. É nessa faixa etária que
podemos, através de gestos
expressivos e compenetrados,
desenvolver o sentimento de
gratidão.
Por volta dos sete anos de
idade é completado um ciclo
significativo de maturidade. Aos
pouquinhos, aquela força imitativa
vai se enfraquecendo para
metamorfosear-se em conteúdo
significativo da linguagem. Agora
a fala ganha destaque, a maneira
como a fala é construída, sua
entonação e o significado da
palavra se apóiam nos valores
éticos e estéticos que desenvolvemos.
Quanto mais evoluídos ética e
esteticamente, mais a fala, com
profundo significado, brota de
nossos lábios.
Através da fala transmitimos
nosso conteúdo consciente, nos
comunicamos. Aparece agora a
profunda importância do professor, aquele que professa, que
passa conhecimento através da
fala. No início, quanto mais bela e
mais descritiva for a fala do
professor, mais se constrói o lado
estético do ser humano, que, por
sua vez, estrutura a ética. Quando
estas bases são sólidas impulsionam o nascimento do amor ao
próximo. “É o amor ao próximo que
evita que as pessoas passem umas
pelas outras sem realmente se
conhecerem mutuamente, em
decorrência do fato de não
possuirmos mais a capacidade de
perceber as qualidades individuais
do próximo. O amor universal ao
próximo, que visa a compreensão
da situação humana, desperta no
período entre a segunda dentição
e a puberdade; do mesmo modo
como a gratidão cresce no período
entre o nascimento e a segunda
dentição. A escola precisará fazer
tudo o que estiver ao alcance para
despertar o referido amor universal
ao próximo.”, diz Rudolf Steiner.
Posteriormente, durante o
terceiro setênio da vida, surge a
percepção plena para as ações, aí
emerge o que mais tarde será
chamado de amor ao trabalho. É
através do trabalho que o homem
se expressa como ser, se vincula
ao mundo.
Quando conseguimos todos
estes processos evolutivos,
naturalmente a escolha do trabalho
se dará de uma maneira a
corresponder à essência humana
que cada um carrega, as
habilidades e competências
desenvolvidas nesse trabalho
servirão ao outro.
Quando se alcança este
patamar o trabalho também liga o
ser humano a algo que o prende,
ele se sente pleno, religado.
Seus gestos são cheios de
significados, sua fala é preenchida
de essência, sua ação é promotora
de transformações.
Nasce um ser livre que se
expressa integralmente através de
sua essência, com uso pleno de sua
consciência e disponibilidade
integral das habilidades desenvolvidas.
Marina Fernandes Calache
Pedagogia Curativa, Terapeuta
do Movimento, Visão Ampliada
pela Antroposofia.
Tel.: (16) 3941 3669 / 3620
7800
Quem somos?
Somos um grupo de profissionais multidisciplinares da área médico / terapêutica, que possui como
orientação comum a antroposofia. Numa das reuniões do grupo nasceu a idéia de iniciarmos este caderno,
o antroposofiando, onde pretendemos divulgar noções básicas sobre os princípios antroposóficos, e também
exprimir idéias a respeito de acontecimentos do nosso dia-a-dia. Gostaríamos também de interagir com os
leitores ouvindo suas opiniões ou esclarecendo possíveis dúvidas.
O grupo é formado por: Annelvira Gabarra, terapeuta artística, Dra. Beatriz Ferriolli, fonoaudióloga,
Elisabeth Martha Tesheiner, musicoterapeuta, Dr.Júlio José Cunha, médico, Marina Fernandes Calache,
pedagoga curativa, Dr. Paulo Neves Junior, médico, Dra. Zélia Beatriz Ligório da Fonseca, médica, Lilian de
Almeida P. B. Sá, pedagoga e psicopedagoga e a Escola Waldorf de Ribeirão Preto.
Pensamentos para esta era de
Micael
Temos que erradicar da alma todo medo e terror do que o futuro
possa trazer ao homem.
Temos que adquirir serenidade em todos os sentimentos e
sensações a respeito do futuro.
Temos que olhar pra frente com absoluta equanimidade para com
tudo que possa vir.
E temos que pensar somente que tudo o que vier nos será dado
por uma direção mundial plena de sabedoria.
Isto é parte do que temos de aprender nesta era, a saber: viver em
pura confiança, sem qualquer segurança na existência; confiança na
ajuda sempre presente do mundo espiritual.
Em verdade, nada terá valor se a coragem nos faltar.
Disciplinemos nossa vontade e busquemos o despertar interior
todas as manhãs e todas as noites.
Rudolf Steiner (Bremen 27.11.1910)
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ANTROPOSOFIANDO
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“A Arte no nosso século”
Antroposofiando
Se você possui orientação em Antroposofia e, gostaria de participar
deste nosso caderno, telefone para: (16) 3621 9225 / 9992 3408.
(século XX)
“A Arte no nosso século é tão
diferente das Artes passadas
porque ela está no início do
Espírito do Tempo Micaélico, no
início da Liberdade e da Criação
Individual.
Micael, entre os arcanjos, é o
espírito calado com gesto de
recusa. Assim Steiner o caracteriza, pois Micael, categoricamente, recusa tudo que não
vem da criação individual; por
essa razão ele não pode dar mais
nada para o ser humano. Ele não
deve dar mais nada, porque o ser
humano tem que extrair todos os
impulsos do seu pensamento e da
sua atuação dentro de si próprio.
Micael caladamente espera as
ações do Eu; ele espera a
“Criação” surgindo do nada.
Porque só dessa forma o Eu
alcança o futuro.
A criação vem do nada, do
vazio interior. Nas pinturas sacras
antigas, o dourado se refere ao
mundo espiritual, à luz espiritual”.
Rudolf Steiner, tradução de
Beate Hodapp
Assim é que a Arte transforma
o Homem, na tentativa de
transformar o material, seja as
cores, a argila, a madeira, a pedra,
o tecido etc.
Como atuar artisticamente na
Vida?
Como desenvolver uma atitude
criativa diante da vida ?
Essa questão é essencialmente
para o indivíduo que quer atuar no
mundo como um verdadeiro ser
humano. Vejamos o que Rodolf
Steiner disse sobre a atividade
artística:
“Numa atividade artística
exercitamos a totalidade do nosso
Ser, pois o pensar, o sentir e o
querer são convidados a participar envolvendo assim nossa
percepção, sentimento e vontade.
A criatividade faz parte de
nossa natureza, nos proporciona
bem estar e é fundamental para o
desenvolvimento de nosso pleno
potencial.
A arte ajuda no desbloqueio
da criatividade e melhora a
qualidade de vida, apoiando o
processo de mudança; para se
beneficiar e usufruir do efeito
terapêutico harmonizante da Arte,
não é necessário ter dom artístico
ou vivência prévia, pois o
importante é o caminho interior
ativado pelo terapeuta. Não
importa o que é, mas sim o que
poderia ser; não o real e sim o
possível.
Nas criações artísticas expressamos nossa essência e assim
encontramos em nosso interior
satisfação e plenitude. O que
importa é a autenticidade da
produção única e pessoal”.
Rudolf Steiner
Nossa vida imaginativa e nosso
sentir durante a pintura.
A unilateralidade está presente
cada vez mais em nossas vidas,
seja nos sentimentos, nos pensamentos ou nas ações.
Muitas vezes, ao se pensar
sobre algo, se perde a amplitude
de visão, graças a hiperinformação
do pensar, à especialização
exagerada.
Uma objetividade muito
acentuada interfere, bloqueia a
vida dos sentimentos, que é
responsável por pensamentos
vivos, coloridos e amplos.
Assim é que o indivíduo tornase egocêntrico, pois seus pen-
samentos giram a serviço de seus
próprios desejos.
Segundo R. Steiner, durante a
pintura, “as representações devem
desfazer-se”, mas depois” ressurgir no sentimento como cor”.
O sentimento deixa-se marcar pela
essência da respectiva cor e o
caminho para se penetrar na
“Essência da cor só é percorrido
quando o fazemos com o sentimento, por meio da Vivência das
Cores. Pintar... pintar... pintar...
Num primeiro momento, o
importante é somente a vivência da
cor ou cores, só depois iremos
observar se naquilo que foi
pintado podemos vislumbrar
figuras ou paisagem que serão
então desenvolvidas conscientemente.
As “emoções” vividas movimentam o corpo sensitivo que é
parte do corpo etérico-vital.
Partindo dessa afirmação, podemos dizer que as “impressões
sensoriais sempre influem sobre os
processos corpóreos. Elas podem
destruir, como também vitalizar e
fortalecer.
“O trabalho artístico prepara
o caminho para os espíritos que
querem ajudar alguém a seguir em
frente.
Se quisermos trilhar esse
caminho, devemos trilhá-lo com
amor. Então a paz e a harmonia
estarão entre os homens sobre a
Terra.
Desse Espírito de Amor, que na
verdade é o espírito do verdadeiro elemento artístico,
emanará o Espírito da Paz, o
Espírito da Harmonia, o Espírito
do Amor sobre a Terra”.
Rudolf Steiner
Fonte: Terapia Artística, vol 1, de
Paul Von der Heide
Annelvira Gabarra
Terapia Artística
(16) 3623 3319
Ribeirão Preto - SP - setembro/2007
Peregrino
ANTROPOSOFIANDO
das Letras
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7
Médicos sem face
É muito freqüente a queixa de
várias pessoas de que muitos
médicos quase não lhes dão
“atenção” e quase não as
“examinam”. Recente pesquisa
regional revela que o tempo de
consulta nos consultórios médicos
tem duração média de 17 minutos.
Essa desatenção dos colegas e sua
pressa é uma repetição acrítica da
nossa sociedade, repleta de atos
de desconsideração para com o
outro. Essa avaliação negativa dos
pacientes mostra que eles não
procuram o profissional médico,
“apenas” pela sua qualidade
técnica. Essa obviedade mostra a
necessidade afetiva embutida no
ser humano que em posição frágil
causada pelo seu sofrimento,
busca auxílio na medicina.
A história mostra nos registros
da Mesopotâmia – 5000 A.C. – que
as ações para doença e cura
estavam centradas nos templos e
nos sacerdotes. Todo o cotidiano
girava em torno do templo. É um
dado que mostra como a medicina
tem origem em âmbito espiritual. A
vida moderna mostra o oposto: há
toda a separação do conhecimento
e das ações humanas, gerando as
diversas especializações em
quaisquer âmbitos profissionais.
Isso faz parte de nosso processo
de desenvolvimento, uma
individuação, que nos dá a
sensação de que somos cada vez
mais unos conosco mesmos,
portanto, afastados de nosso meio.
Então sentimos que dentro de
nós há a premissa de liberdade, a
independência frente às demais.
Isso é saudável e necessário ao
mesmo tempo em que implica em
colocar nas costas novas
responsabilidades. Na fuga de não
assumir essa maturação, as
pessoas ao se fecharem em seu
interior, demasiadamente, esquecem de olhar para a individualidade
do outro... Caindo em posturas
egoístas. Um mundo de egoístas é
um mundo de solitários. Já não há
aquele padre confiável para nos
ouvir. Os vizinhos são distantes.
O ambiente de trabalho é
competitivo (ou seja, repleto de
inimigos)... Esse vazio, entre outros,
gera sofrimento e doenças. Lá vai
o doente - e portanto, frágil - buscar
no médico uma referência de alívio.
Habitualmente ele vai encontrar um
profissional em sofrimento,
também. O médico é aquele
indivíduo com um histórico de
fazer muitos esforços. Tem que
queimar muito de sua vitalidade em
um vestibular dos mais concorridos. Depois faz um curso de
seis anos em período integral, com
plantões no final do curso. Depois
tem que se esfalfar para entrar numa
Residência Médica, uma pósgraduação que dura de dois a cinco
anos. E fazendo habitualmente,
muitos plantões. Depois ele vai
buscar seu lugar no “mercado de
trabalho”. Esse caminho feito de
maneira bem individual. O mercado
de trabalho do médico está
marcado atualmente por duas vias.
O do sacrifício, que são os
plantões, onde se fica longas
horas, atendendo uma grande
quantidade de pacientes. Atender
100 pacientes por turnos de 12
horas é uma realidade comum.
Fazer vários plantões e emendar o
dia seguinte com atividades
ambulatoriais e hospitalares é o
habitual. Outra via é a de trabalhar
em consultórios pseudoparticulares. Pseudo porque não são
os médicos que definem os valores
de remuneração. Os planos de
saúde e cooperativas médicas
pagam até R$ 42,00 pela consulta a
serem repassados em até 60 dias,
ou mais... Não se remunerando os
“retornos” de consultas e
apresentação de exames. Como
isso gera um natural prejuízo,
diminui-se o tempo de consulta
para se ganhar na quantidade: lá
se vai a qualidade de atendimento!
Para diminuir a margem de erros se
pede maior quantidade de exames,
o que torna o processo, além de
nada sensato, ainda mais caro. Os
pacientes geralmente gostam
muito de exames, pois crêem que
eles tenham muito valor. Mas isso
é ilusão de leigo, pois a margem de
acerto diagnóstico é maior quando
se faz uma história clínica bem feita
e um exame físico (clínico), correto.
Mas fazer bem feito – qualidade! –
leva tempo. Mas os convênios e
cooperativas médicas não
remuneram a qualidade. Tanto que
o pagamento é o mesmo, seja para
um médico experiente e em nível
de excelência, quanto para um
jovem médico que acabou de sair
de sua pós-graduação. Nesse
imbricamento há convênios que
pressionam os médicos para
pedirem menos exames e gerarem
menos custos. Daí entra a figura
do médico auditor que entre outras
funções, está aí para vigiar os
médicos que tendem a burlar
algumas regras e acabam transtornando (no mínimo), os médicos
corretos burocratizando seus
cotidianos. Além de glosarem
várias consultas e procedimentos
por encontrarem supostas irregularidades: mais prejuízo para os
consultórios. Dessa maneira, além
de vincular a quantia da remuneração dos médicos com relação
à quantidade de exames pedidos –
quanto mais exames, menor a
remuneração – muitos dos colegas
passam de fato a diminuir os
pedidos de exames. Nesse caso,
com atendimento rápido (ruim) e
poucos exames, algo irá mal e os
pacientes terão agudizações ou
complicações - que resultarão em
cronificação - que cairão nos
plantões dos prontos-socorros.
Como os consultórios pseudoparticulares são fontes de
prejuízos, cabe aos profissionais
darem plantões, onde acabam
fazendo consigo mesmos uma
prática estilo Robim Hood. O
ganho dos exaustivos plantões
tapa o déficit financeiro dos seus
consultórios. Os plantões são
abertos para médicos clínicosgerais, uma necessidade. A maior
parte dos plantonistas é especialista: essa distorção de sobrevivência financeira é um exercício
de frustração com hora marcada,
para os médicos. Já que os
pacientes pagam os seus planos
de saúde, mas não se interessam
por sua gestão, pagam para não
terem responsabilidades e assim
dão sua contribuição para piorar o
sistema. Mais uma: os pacientes
faltam em média em 30 % das
consultas marcadas. Mesmo que
as secretárias liguem na véspera da
consulta para lembrar do compromisso. Este é um dos índices
de falta de respeito dos pacientes
para com os médicos. Para tapar
esse prejuízo financeiro (não
somente falta de consideração),
vários colegas criaram o
famigerado “encaixe”. É a forma de
enfiar pacientes em horários que
muitas vezes nem existem para
“aumentar o bolo”. E é claro,
muitos pacientes ficam felizes por
serem “encaixados”, pois resolve
o problema de imediato mas não
em uma visão mais ampla, pois é
freqüente abarrotar a agenda e
diminuir assim obrigatoriamente o
tempo de consulta... Assim há
colegas no limite da explosão,
realizando atos de revolta onde
desconsideram explicitamente o
paciente, pois tanto faz que um ou
outro, ou vários, ajam com repúdio,
pois o convênio oferece pacientes
aos borbotões. No outro lado,
tanto faz para o paciente que um
médico por ele considerado muito
bom, saia do convênio. Ele no
começo fica triste, reclama,
esperneia, mas não vai atrás do
médico para pagar uma consulta
particular. Ele acaba procurando
outro médico dentro do rol de seu
convênio para dar continuidade ao
tratamento mesmo que o paciente
não o considere o melhor
profissional. É o tanto faz do
consumidor, o financiador, o
paciente, que é fiel ao convênio e
não ao médico. Há o desejo de se
ter todo o bom pacote: médico,
laboratório, hospital, com o melhor
preço possível. Os pacientes que
pagam por isso, pagam preço e não
qualidade. Nessa seara encontramos um médico cada vez mais
despersonalizado, sem face. Mas
o médico tem mesmo que não
queira, mesmo que não perceba, um
manto espiritual que o acompanha.
Ele atua para o bem do outro. Ele
age para beneficiar a todos. Essa é
sua premissa, seu âmago, sua
essência. Sofre, muito, por não
atender dignamente as pessoas.
Pois sabe que mente para si mesmo.
E é por isso que se fechando em
seu sofrer os médicos tem alto
índice de uso de drogas (o álcool
como a mais comum), e um índice
maior de suicídio na comparação
com toda a população. É a
percepção interna de que se está
sendo indigno consigo mesmo e
com os pacientes por fazer parte
desse processo irracional. Se os
médicos se tornam insensíveis com
seu eu, sua identidade, tornam-se
insensíveis com os demais. Os
médicos e pacientes viraram massa
de manobra de administradores de
planos de saúde. Somos todos coresponsáveis por esse absurdo
atual.
Dr. Paulo Neves Júnior
Clínica Médica e Reumatologia
Antroposóficas. Consultor
Biográfico
Tel.: (16) 3421 6323
8
Peregrino
ANTROPOSOFIANDO
das Letras
Ribeirão Preto - SP - setembro/2007
Informação, Cultura e Livre Expressão
Alimentação e comportamento
Thomas Cowan, M. D.
Em 1950, uma comissão de
professores de escolas públicas
dos EUA determinou que as suas
maiores preocupações nas classes
do colegial eram mascar chicletes
em salas de aula, o falar fora da hora
e o esquecer de levantar a mão
antes de falar. Naquela época,
ainda não havia sido “inventado”
o diagnóstico do Distúrbio de
Hiperatividade e Falta de Concentração e as escolas públicas se
preocupavam em assegurar o
cumprimento das normas estabelecidas em relação ao uniforme.
E nos anos 90? De acordo com
as informações (pesquisa do Time
Magazine), 5 a 7% de todas as
crianças americanas de 1ª a 4ª série
tomam medicamentos para este
distúrbio e esta porcentagem
aumenta de 9 a 11% entre os
meninos. Numa reunião em uma
escola pública por mim assistida,
foi dito que a incidência normal
deste distúrbio, entre meninos, é
de 10% e, se houver menos de 10%
de meninos tomando este
medicamento, então a escola não
está fazendo um bom trabalho em
diagnosticar estas crianças.
De fato, como tema geral, a
saúde das crianças dos EUA em
muito difere hoje dos anos 50 (e
também da dos anos anteriores).
Na época, a preocupação maior era
para com as doenças infantis
(sarampo, caxumba, catapora, etc.),
todas fundamentalmente de curta
duração e em maior parte inofensivas. Atualmente a preocupação maior é com a asma (25% das
crianças de escolas elementares
urbanas levam inaladores para a
escola; em algumas cidades são até
mais), diabetes, leucemia e,
certamente, o distúrbio de
hiperatividade, - todas doenças
muito sérias e crônicas. E temos a
questão não respondida (e,
infelizmente, não perguntada): POR
QUÊ?
Enquanto não há uma resposta
definitiva a esta pergunta, uma
“indicação” é apontada no
trabalho do Dr. Western Price. Dr.
Price, um dentista, estava preocupado com outra epidemia que
tem piorado intensamente nos
últimos tempos. Nos anos 30, Dr.
Price percebeu que cada vez mais
os seus pacientes estavam tendo
problemas de oclusão (isto é, seus
dentes não nasciam retos e
corretamente). Esta ocorrência, que
antes era relativamente rara, muito
rapidamente estava se tornando
normal, a tal ponto, que atualmente
100% das pessoas nascem sem o
espaço suficiente na boca para
todos os dentes, incluindo os do
siso.
Pesquisando por que ninguém
nasce com espaço suficiente para
todos os dentes, o Dr. Price
procurou por todo o mundo
pessoas com um desenvolvimento
dentário normal – ou seja, dentes
adequadamente espaçados com
ausência de cáries (a propósito: as
cáries, além de serem infecções,
são indicadores da resistência do
organismo à infecção). O Dr. Price
encontrou muitos grupos indígenas e foi capaz de documentar,
definitivamente, que a única razão
para a saúde praticamente perfeita
dos dentes dessas pessoas era a
sua dieta. De fato, sem a miscigenação entre raças, sem
qualquer mudança significativa em
sua cultura, mas somente com a
introdução das comidas processadas do Ocidente em sua dieta
alimentar, no decorrer de uma
geração, é que esses grupos
perderam a imunidade às cáries e
os seus dentes nasceram desalinhados, exatamente iguais aos
dos americanos.
O Dr. Price também demonstrou
que a razão para as mudanças
decorrentes da nova dieta é que o
esqueleto daqueles que comem
alimentos processados pode
perder até 40% de sua calcificação.
Isto significa que já no nascimento
os ossos podem estar até 40%
menos fortes e calcificados do que
os ossos dos povos indígenas com
a sua dieta tradicional. O mau
alinhamento dos dentes tem como
resultado um osso maxilar
enfraquecido que se curva para
cima (uma oposição mais “estável”
para o osso mais fraco), o que,
entretanto, muda os ângulos dos
dentes que estão nascendo.
Embora este fato possa não
parecer importante (exceto, claro,
se você é um ortodontista), o
maxilar em processo de “curvatura”
é, na verdade, só um alerta. Como
a pélvis é formada no mesmo
período em que é formado o maxilar,
também fica descalcificada e curva,
e com isso se tem um aumento de
mais de 20% no número de
cesáreas. Outro resultado desta
deformidade do osso da face é que
as fossas nasais se tornam mais
estreitas – a respiração é
comprimida, as amídalas e as
adenóides se aproximam mais do
centro, fechando o tubo de
Eustáquio, o que leva a infecções
crônicas do ouvido e assim por
diante.
Quando nós também compreendermos que ao adotar a dieta
ocidental, os povos indígenas
perderam a resistência a doenças
infecciosas (incluindo cáries
dentárias), teremos uma explicação
plausível para muitos problemas de
saúde.
Voltando à nossa discussão
sobre alimento e comportamento
(eu aposto que vocês pensaram
que eu havia me esquecido do
tema), há três adendos importantes
a serem feitos.
- Primeiro: a psiquiatria
moderna deixou bastante claro que
a química, particularmente a
química das proteínas (aminoácidos) e as gorduras são
determinantes do comportamento.
Em verdade, Prozac, antidepressivos, Ritalin, etc., medicamentos usados para tratar
depressões e o distúrbio de
hiperatividade e falta de
concentração, não fazem nada mais
do que manipular os níveis de
aminoácidos no cérebro do
paciente. Poder-se-ia perguntar
então, primeiramente, por que
estes aminoácidos são anormais.
Haverá algo de errado com a nossa
comida, com a nossa digestão ou
com ambas?
- Segundo: Rudolf Steiner falou
sobre a relação entre a digestão, o
pensamento e outros “processos
mentais”. Ele chegou até a dizer
que o cérebro é a imagem espelhada
dos intestinos em sua forma e
função. Além disso, chamou a
atenção que a nossa estrutura
física é a manifestação externa do
intestino, e até, a base de um
processo de pensamento ordenado
e de uma sociedade igualmente
ordenada. Os nossos ossos são
(ou pelo menos eram) formados em
relações matemáticas precisas, o
que dá ao nosso subconsciente a
experiência da forma, da ordem e
até da lógica. Nossos maxilares não
deveriam ser curvos, nossos
dentes tortos, a pélvis da mulher
pequena demais para dar à luz os
seus filhos, nossos ossos do tórax
encavados e nossos quadris com
osteoporose. Se eles o forem,
então veremos processos desordenados acontecerem a nossa
volta, principalmente em nosso
pensar, na lógica e em outros
“processos interiores”!
- Terceiro: (e provavelmente o
mais concreto) realmente em todos
os estudos feitos sobre homens ou
animais, foi comprovado que,
quando houve mudança da dieta
nativa para a do Ocidente,
ocorreram, seguramente, profundas mudanças de comportamento. Entre os prisioneiros
o nível de violência variava,
dependendo da alimentação e isto
nós constatamos diariamente a
nossa volta. O Dr. Price, em seus
estudos, detalhou inúmeras vezes
que condutas e comportamentos
antes desconhecidos, assim como
problemas emocionais, surgiram
nos povos indígenas com a
introdução da comida ocidental.
Retornando aos EUA, ele montou
uma clínica em Cleveland para
tratar das cáries dentárias de
crianças carentes do centro da
cidade. Ele documentou mudanças
radicais no comportamento, na
vida emocional e na vida escolar,
quando fez estas crianças entrarem
numa dieta similar à usada por
povos indígenas, isto é, uma dieta
de grãos e vegetais frescos
cultivados adequadamente, leite
cru e produtos selecionados de
carne e peixe.
O resultado final parece ser que
uma dieta de açúcar, cafeína, leite
pasteurizado, farinha branca e
vegetais, legumes e frutas
cultivadas com o uso de produtos
químicos são literalmente,
suficientes para levar um indivíduo
à loucura.
Martha, Fúlvia e Suely
Traduzido da revista trimensal
LILIPOH, Nov. – jan. 1997, pgs.
18 e 19.
Peregrino
ANTROPOSOFIANDO
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Informação, Cultura e Livre Expressão
9
A importância da febre para a criança
Febre – ou hipertermia - é o
aumento da temperatura do corpo,
acima da média considerada normal
que varia entre 36°C e 37, 8°C
dependendo se a medição for feita
no reto, oral ou axilar. Abaixo de 36
graus temos uma hipotermia.
São núcleos localizados no
hipotálamo, no nosso cérebro, os
responsáveis pela conservação da
nossa temperatura corporal através
de ajuste entre os mecanismos de
geração e conservação de calor de
um lado e de dissipação do calor e
redução da temperatura corporal de
outro.
Fisiologicamente o organismo
usa os seguintes mecanismos para
aumentar e manter a temperatura:
- Trabalho muscular;
- Tremores;
- Diminuição do calibre dos
vasos sanguíneos;
- Preferência pelo calor;
Assim como temos mecanismos para diminuir a temperatura:
- Aumento do calibre dos vasos
sanguíneos;
- Preferência pelo frio;
- Sudorese.
Causas
Até mesmo exercícios prolongados podem provocar um
aumento da temperatura, também
a exposição exagerada ao sol,
chamada Insolação ou Intermação.
Mas na grande maioria dos casos,
nas crianças, as febres são
causadas por vírus, ou seja, são
uma reação do organismo a
agentes estranhos ao nosso corpo,
vulgarmente chamados de germes
e micróbios.
Então a febre não é uma doença
como muitos a tratam, mas o sinal
de que o organismo está atuando
com suas defesas em favor do
todo.
É cientificamente comprovado
o fato de que a maioria dos vírus
não consegue se multiplicar em
temperaturas elevadas e assim o
combate sem critérios às febres
acaba por estender por longo
tempo um estado que só deveria
ocorrer por poucos dias. Algumas
bactérias também são destruídas
por temperaturas mais elevadas.
A febre na visão da medicina
ampliada pela antroposofia
O calor é o portador do EU, e o
nosso EU só se liga ao corpo físico
no decorrer do desenvolvimento.
Quando nascemos temos um
corpo que foi plasmado pela mãe e
no transcorrer, principalmente dos
primeiros sete anos de vida,
devemos transformar esse corpo
em substância própria, individual.
As febres infantis seriam momentos em que o EU tenta penetrar
mais intensamente no organismo
causando “crises”.
Desse modo poderíamos
encarar cada episódio febril como
um rejuvenescimento onde o velho
corpo herdado seria substituído
por um novo mais adequado
àquela individualidade.
Sendo um dos primeiros sinais
de combate a uma infecção, a
natureza produz febre para
capacitar o organismo a se
fortalecer. Cada êxito que o
organismo tem em neutralizar uma
bactéria, ou vírus, torna-o mais
competente para combater as
próximas infecções. Assim quanto
mais se impede a ação natural da
febre, mais ocorre a probabilidade
da criança se reinfectar novamente,
situação bastante comum pela
constante ação contrária à febre.
Por exemplo, com o comum uso de
medicamentos para abaixar a febre.
Além de que ir contra a febre
predispõe o sistema de defesa do
organismo (sistema imunológico),
a ficar confuso frente às situações
comuns facilitando alguns
distúrbios. É o caso das alergias
que são uma resposta exagerada
frente a um estímulo. Ou o
freqüente achado clínico de
hipotermia em pacientes com
câncer.
Quando procurar um médico?
Como dissemos cada estado
febril é uma crise e nós passamos
por vários momentos de crise
durante nosso desenvolvimento
físico e espiritual, mas toda crise
envolve riscos e o ideal é que ela
seja observada com carinho e
atenção não permitindo que
ultrapasse certos limites que cada
ser apresenta.
Na avaliação da criança febril
os pais precisam de um mínimo de
segurança e tranqüilidade no
julgamento de seu estado.
Segurança é fruto do conhecimento e da experiência. Quando
falta segurança vem o medo que a
criança percebe e imita. Sempre que
houver insegurança ou dúvida,
deve-se procurar o médico de
imediato.
Sugestão prática na avaliação da
febre
- Lactentes (bebês de peito): em
caso de febre sempre procurar o
médico;
- Febre maior que 39º, e que dure
mais que 72 h;
- Febre que reaparece após um
período sem febre de mais de 24
hs;
- Abatimento acentuado e
“gemência”, mesmo após controle
da temperatura;
- Surgimento de outros sinais:
lesões na pele, diarréia, dor de
garganta, vômitos contínuos, dor
de cabeça, etc..
Como manejar
- A febre tem um caminho
natural, indo da cabeça em direção
aos pés. Constatando a febre,
ponha a mão nos pés. Se estiverem
frios significa que ela está
caminhando e não completou o seu
trajeto. Então, toda criança
com febre deve ser
agasalhada.
Quando
se tem um
suadouro após uma febre, significa
que ela realizou o seu trabalho
naquele momento;
- Os banhos são a melhor forma
de controlar a temperatura;
- Nunca usar água fria ou álcool,
pois podem causar uma queda
brusca da temperatura e conseqüentemente hipotermia;
- Banho de imersão nos
menores, ou escalda-pés nos
maiores, com limão. A água deve
estar um pouco abaixo da
temperatura da criança (tépida).
Cortar e espremer um limão dentro
da água (abaixo da linha d’água).
Deixar por 10 minutos. Se
necessário, repetir.
- Rodelas de limão na sola dos
pés. Corta-se o limão em rodelas e
coloque uma a uma em fila na sola
dos pés subindo até a “batata” da
perna. Prender com uma faixa ou
meia grossa. OBS.: os pés devem
estar aquecidos no uso do limão,
se não estiverem, aqueça-os antes
friccionando-os;
- Chá de flores de Sabugueiro
para estimular a sudorese. Líquidos
à vontade para eliminação das
toxinas, em forma de sucos de
frutas, chás e água;
- Dieta leve sem óleo ou frituras,
evitando carnes, ovos, leite,
leguminosas, enquanto durar a
febre. Respeitar a falta de apetite
da criança: se forçar a alimentação
provoca-se náuseas e vômitos.
Convulsão febril
Eis um grande fantasma para a
maior parte dos pais e responsáveis das crianças.
A convulsão febril ocorre em
crianças de 6 meses a 5 anos de
idade. Não é a temperatura muito
alta quem desencadeia a convulsão, mas a rapidez com que
ocorre a variação de temperatura.
Quedas bruscas de temperatura
também são causa de convulsão
como nos banhos de água fria ou
com álcool. A convulsão febril
apesar de assustadora para os
pais, não deixa seqüelas. Muitas
vezes é confundida com tremores
que na verdade são somente um
mecanismo fisiológico de aumentar
a temperatura como dito anteriormente.
Prevenção
O natural é que a criança
tenha alguns episódios febris
durante seu desenvolvimento,
mesmo na visão alopática, o que
mostraria um desenvolvimento do
sistema imunológico.
E na visão antroposófica, esses
episódios seriam aproveitados na
transformação de um corpo
próprio.
Mas podemos atuar preventivamente para que essas crises
sejam ultrapassadas tranqüilamente, sem intercorrências,
resultando unicamente em
benefícios para a criança. E a
principal medida é alimentar:
- Uma alimentação correta,
sadia para cada fase da vida é a
melhor medida preventiva de
qualquer doença.
- Preservação do ritmo sonovigília. Uma criança necessita de
pelo menos dez horas de sono para
manter-se saudável.
- Uma outra medida preventiva
é a manutenção do equilíbrio do
nosso corpo calórico, cuidar para
que as crianças tenham suas
extremidades sempre aquecidas.
Com esses pequenos cuidados, tão simples, damos às
crianças a oportunidade de se
desenvolverem bem e terem um
futuro bem mais saudável.
Bibliografia:
Andreoli, T. E.; Carpenter, C.
I.; Plum, F.; Smith, L. H.: Cecil
Medicina Interna Básica - 2ª Ed S.XI-84
Bott, Victo: Medicina
Antroposófica uma Ampliação da
Arte de Curar-Vol 1.
Burkhard, Gudrun K.: Novos
Caminhos de Alimentação - Vol 3
Wolff, O. Husemann, F.: A
Imagem do Homem como Base da
Arte Médica - Vol 1
Dra. Zélia Beatriz Ligório
Fonseca
Pediatra – Prática Médica
Antroposófica
10
Peregrino
ANTROPOSOFIANDO
das Letras
Informação, Cultura e Livre Expressão
Musicoterapia
Parte 3
mesmo alguns desses efeitos e até
mesmo outros não mencionados.
A Formação da Identidade Sonora
O vínculo entre os sons e o ser
humano proporciona a base para o
trabalho da musicoterapia.
O som é um fenômeno físico que
está presente na história de todo ser
humano.
O som e a música são parte
integrante da vida do homem.
Não existe nem nunca existiu um
povo sem música e desde a origem da
humanidade a música exerceu seu poder
afetivo e mobilizador, sendo utilizada
pelo homem com as mais diversas
finalidades. Ela está presente em festas
e comemorações, funerais, missas, e
em outros rituais.
A música marca presença como
forma de alienar ou preparar emocionalmente o ser humano para um
acontecimento. É muito utilizada na
publicidade e atualmente até um
simples noticiário obedece a regras de
acompanhamento musical. O que dizer
de um bom filme sem uma boa trilha
sonora, ou de uma peça de teatro sem
um consistente suporte musical?
Efeitos do som
O som, e a música são capazes de
agir sobre o físico e o psíquico, e sua
ação pode hoje em dia ser comprovada
através de mensurações facilitadas pelo
avanço tecnológico dos últimos
tempos.
Os efeitos fisiológicos podem
ocorrer como reações motoras,
sensoriais, hormonais ou fisiológicas
e como efeitos psíquicos podem
desencadear descargas emocionais nos
mais variados graus.
Vamos enumerar alguns desses
efeitos: capacidade e ritmo respiratório; pressão sanguínea; pulsação;
expressão corporal; tônus e energia;
concentração e atenção. Enfim, cada
um de nós já sentiu e percebeu em si
Identidade Sonora é um termo
bastante comum entre os musicoterapeutas.
Ela é pessoal e única, pois se forma
de modo diferenciado em cada um.
Esta identidade corresponde a um
conjunto de sons ou fenômenos
acústicos, de movimentos internos e
de músicas que estiveram presentes e
marcaram a vida e o desenvolvimento
de cada indivíduo, incorporando-se à
sua personalidade.
Quais seriam estes sons e qual sua
importância?
Nesta formação estão englobados
os sons que condensam os arquétipos
sonoros universais, tais como grito,
choro, sons de água e muitos outros
que surgem da natureza e do ser
humano em sua evolução onto e
filogenética.
Agregam-se a estes aqueles provenientes da carga cultural que carrega
os sons familiares ao grupo em que
vive, os sons do cotidiano e particularmente as influências sonoras que
foram vividas no período da gestação.
O feto, durante seu desenvolvimento está em contato com
fenômenos sonoros intra-uterinos que
se tornam parte integrante de sua
memória afetiva. Já no útero materno
antes mesmo do desenvolvimento do
sentido da audição estes sons são
percebidos pelo tato e o feto entra em
contato com as pulsações e batimentos
cardíacos de sua mãe, e com outras
sensações vibratórias, como ruídos
intestinais, sons da respiração e
também com sons provenientes do
meio ambiente e que chegam filtrados
pelo líquido amniótico.
Depois de nascido, o choro é sua
primeira manifestação sonora.
A partir do nascimento os sons
presentes no seu dia a dia serão
incorporados e o acompanharão por
toda sua existência. Fazem parte destas
vivências sonoras as cantigas de ninar,
cantigas de roda e folclóricas entre
outras. Mais tarde, as músicas marcam
a adolescência e a idade adulta; marcam
um romance ou determinada época da
vida e assim por diante...
Esta identidade sonora e musical
continua a se formar e se desenvolver
por toda a vida.
A lembrança aparentemente casual
de uma música qualquer, remete
geralmente a uma vivência anterior.
Uma música pode remeter a uma
lembrança de determinadas pessoas ou
épocas. Ninguém gosta ou desgosta de
uma música por acaso ou só por ter
sido um sucesso de época. Há uma
identificação pessoal com algum
elemento dessa música, seja ele verbal
ou musical. A Musicoterapia permite
que o indivíduo atualize a vivência
passada trazendo-a para o momento
atual e atribuindo-lhe um novo
significado.
Em nossa atuação clínica percebemos a importância dessa identidade
ser construída de forma adequada e
sadia...
É triste constatar que hoje em dia
os sons ambientais decorrentes do
estilo de vida da sociedade moderna
nos grandes centros urbanos geram
graves prejuízos à formação da
personalidade.
O homem está cada vez mais
afastado da natureza e de seus sons.
Está cada vez mais exposto aos
sons das máquinas e dos centros
urbanos, que fragilizam a saúde física
e emocional de seus habitantes.
Poucas são hoje em dia as mães
que dispõem de tempo e vontade de
cantar para seus filhos.
Poucas escolas propiciam atividades e brincadeiras musicais
tradicionais, cantigas de roda, e
folclóricas.
As músicas e concertos ao vivo
estão sendo substituídos por gravações
e meios eletrônicos.
Músicas tradicionais têm sido
substituídas por músicas comerciais
divulgadas pela mídia, sendo que
muitas delas são completamente
inadequadas às crianças.
Precisamos estar atentos e
conscientes do que oferecemos às
nossas crianças e aos jovens.
Dizemos que a música atua como
um ressonador, que reforça aquilo que
já existe em cada indivíduo.
Toda pessoa tem uma identidade
sonora, um ritmo interior que a
diferencia das outras.
Identificá-lo e equilibrá-lo é
procedimento da musicoterapia.
Elisabeth Martha Tesheiner
Musicoterapeuta, Terapeuta
Corporal, Educadora Musical
Visão Ampliada pela Antroposofia
[email protected]
Tels.: (16) 3877 7813 / 9725
1503
Ribeirão Preto - SP - setembro/2007
O que contam sobre São Micael os
camponeses da Normandia
(Lenda da Normandia)
Há muito tempo atrás, São Micael e o Diabo eram quase vizinhos
e, numa noite de inverno, estando ambos sentados lado a lado,
aborreceram-se um com o outro. Satanás vangloriou-se dizendo que
seu poder era limitado, e São Micael por sua vez replicou, dizendo
que somente Deus era Todo-Poderoso.
“Bom, então que Deus te ajude a construir um castelo”, disse o
Diabo, “Pois também eu vou fazer um: logo veremos qual dos dois
será o mais belo”. São Micael concordou; e o Diabo logo mandou um
grupo de diabinhos buscarem grandes blocos de granito de todos
os lados. Feito isso, começaram a trabalhar, e bem depressa levantouse um formidável castelo numa ilha exposta aos embates das ondas
do mar e açoitada por tormentas. Os diabinhos arrastaram quantidades
imensas de blocos, de modo que logo se ergueu sobre o mar todo um
maciço montanhoso de granito. O Diabo se sentiu todo orgulhoso
de sua obra; São Micael, por sua vez, não se empenhou tanto: de
gelo cristalino, ergueu na praia uns muros transparentes, com
ousadas torres adornadas de graciosas colunas. Esse castelo, radiante
de luz, emitiu um brilho diamantino a grande distância, e seu resplendor
deixou na sombra as áridas massas de granito. O orgulhoso Diabo
teve de admitir que se dava por vencido, e retirou-se cabisbaixo; a
inveja, porém, não o deixou dormir. Quando já não podia mais suportar
sua derrota, perguntou a São Micael se não podiam trocar de castelos,
e este novamente concordou.
Contudo, ao chegar o verão, o palácio do Diabo derreteu-se sob
os raios quentes do sol, ao passo que o castelo de São Micael existe
ainda até hoje e se chama Mont-Saint-Michel.
O Diabo não teve outro jeito senão morar numa simples choça à
beira-mar, tinha, porém, campos férteis, pastos bem irrigados, algumas
lombas cobertas de árvores altas e verdes vales. São Micael, por sua
vez, tinha somente umas dunas de areia e, se não fosse por suas
orações diárias, teria morrido de fome. Depois de alguns anos de
muita carência, São Micael se cansou dessa situação, procurou o
Diabo e lhe disse: “Quero fazer-te uma oferta: entrega-me todos os
teus campos, e eu trabalharei neles o melhor que puder. Depois
repartiremos a colheita”.
O Diabo achou boa a idéia, e São Micael disse ainda: “Não quero
que depois te queixes de mim; escolhe tu mesmo o que vais preferir:
o que cresce em cima da terra ou o que cresce em baixo”. O Diabo,
sem pensar muito exclamou: “O que cresce em cima”! “De acordo”,
disse São Micael.
Seis meses depois, no imenso território do Diabo não se viam
senão culturas de beterrabas, cenouras e cebolas. Satanás não colheu
nada; queixou-se amargamente e quis revogar o contrato. Quanto a
São Micael, havia se afeiçoado à agricultura e não aceitou a revogação.
Satanás então disse: “Está bem, contanto que neste ano eu possa
levar tudo o que amadurecer debaixo da terra”. Micael concordou e
o Diabo, todo contente, mal podia esperar pelas abundantes colheitas.
Chegou a primavera, época em que todos os campos estavam
semeados de trigo, aveia e cevada. O Diabo, ao se dar conta de ter
perdido de novo, ficou rubro como um caranguejo, de tanta raiva. No
momento em que ia agarrar São Micael, este lhe deu tão tremendo
golpe no lombo que, como uma bala, ele foi lançado aos espaços
distantes da Terra. Nas rochas de Mortain, de onde voltou à Terra,
até hoje ainda se vêem as marcas de seus chifres e de seu garfo.
Para sempre acachapado, deformado e coxeando, ele se levantou
e olhou o fatídico monte: ali havia Alguém mais forte que ele, a quem
ele, em seguida, entregou seus campos, pastos e bosques,
procurando seu reino em outra parte.
Marina Fernandes Calache
Pedagogia Curativa, Terapeuta do Movimento, Visão Ampliada
pela Antroposofia.
Tel.: (16) 3941 3669 / 3620 7800
Ribeirão Preto - SP - setembro/2007
Peregrino
ANTROPOSOFIANDO
das Letras
Informação, Cultura e Livre Expressão
11
Histórias sobre o aprender
“A existência toda é como uma
planta que não abrange apenas
o que se apresenta`a vista, mas
que contém em seu âmago um
estado futuro (...). Todo Vir – a –
ser contém um crescimento e
uma evolução”.
Rudolf Steiner
Gabriel tinha nove anos e meio
quando chegou à clínica psicopedagógica. Estava na 3. série do
Ensino Fundamental, numa escola
municipal na cidade de Ribeirão
Preto. Sua mãe procurou-me por
indicação da professora, pois a
criança apresentava dificuldades
na escola, especialmente na área
de português (ele não conseguia
concluir algumas palavras e frases)
e matemática (era desinteressado
e desatento). Os pais eram separados e a criança tinha uma irmã de
cinco anos. Desde recém-nascido
o pai abandonou a família, e não
havia mais contato com ele.
Inicialmente, Marisa (a mãe)
relatou que Gabriel já havia se
submetido a um tratamento psicológico, mas que fora interrompido
por problemas de saúde dela na
época.
Era um menino inteligente,
porém nas entrevistas de avaliação, pude observar que trocava
e omitia letras nas palavras e frases.
Em matemática, apresentava
dificuldades em raciocínio e
cálculo, permanecendo nesses
momentos, um tanto confuso e
irritado.
A mãe contou-me, que o
menino foi gestado num ambiente
de muita ansiedade e preocupação,
pois ela teve nesse período crises
depressivas. Ela afirma que desde
adolescente apresentava esses
sintomas, fazendo uso de medicamentos até aquele momento. A
situação agravou-se, quando
Marisa foi acometida por depressão
pós-parto, e não pode oferecer ao
filho os cuidados necessários. A
criança amamentou pouco, e
segundo a mãe também apresentou
demora na aquisição da fala.
O trabalho psicopedagógico
com a criança foi realizado uma vez
por semana, com duração de uma
hora, ao longo de um ano e meio.
Foram utilizados nesse processo
vários recursos artísticos e lúdicos
(jogos, brincadeiras, histórias,
exercícios rítmicos, desenho,
colagem, pintura, atividades
manuais como feltro artesanal,
tapeçaria e tricô, dentre outros),
além de técnicas psicopedagógicas. No início das atividades, a
criança teve algumas dificuldades
em permanecer no processo de
execução delas, pois queria logo
concluir, mostrando-se impaciente
e irritado. Era bastante introvertido
e quieto, mas ao mesmo tempo,
mostrava interesse e vontade de
aprender. Durante as sessões, a
criança foi se descontraindo,
demonstrando prazer, disposição e
persistência para continuar o
processo das atividades. Ao longo
do trabalho, pode-se observar a
integração de Gabriel com os
materiais utilizados (lãs, agulhas,
tintas, papéis, giz de cera, e etc),
exercitando suas mãos e possibilitando durante este processo
transformações internas, como nos
afirma Steiner (1923), além do
desenvolvimento da habilidade
dos dedos, de treinar o pensar,
tornando-o mais vivo e harmonioso. O importante nesse
processo é o “fazer”, que proporciona uma experiência total,
vivenciando o começo, o meio, e o
fim do trabalho manual. Nesse
momento, observa-se a iniciativa
da criança em prosseguir as
atividades, reconhecendo-se autor
de sua criação.
Esclarece
Fernandez (2001), “que o principal
do processo de aprender é
conectar-se com o prazer de ser
autor, com a experiência, a
vivência da satisfação do prazer
de encontrar-se autor”.
No entanto, o processo psicopedagógico visa proporcionar um
espaço onde o processo de autoria
seja vivenciado, visto que a base
da autonomia do indivíduo propõe
um resgate de si mesmo, e por sua
vez favorece a sua autoria de
pensar, produzir, e de estar mais
integrado com a sua individualidade. Quando aprendemos de
forma global, favorecemos a nós
mesmos e ao outro numa relação
criativa e espontânea. Esta relação
é capaz de mobilizar aspectos
adormecidos, quanto as potencialidades humanas e desencadear
a construção do indivíduo e seu
desenvolvimento integral. Acrescenta Fernandez (2001) “o jogo, o
aprender, e o trabalho criativo
nutrem-se da mesma seiva e
apropriam-se do mesmo sabersabor”. Percebeu-se durante as
sessões, a iniciativa da criança em
enfrentar desafios, tornando as
mãos úteis, e ainda o resgate da
possibilidade de criar livremente,
sem a preocupação de conceitos
estéticos. Ao longo do trabalho, a
mãe recebeu algumas orientações
quanto ao apoio nas atividades
escolares, e na organização e rotina
da família. Portanto, do ponto de
vista emocional, as dificuldades de
aprendizagem observadas em
Gabriel, possivelmente estão
relacionadas com a ausência de
maternagem no início da sua vida,
assim como a falta do pai também.
A falta de contato corporal
impossibilita a utilização do corpo
como referência para construir o
conceito de tempo e espaço que
mais tarde, ele iria aplicar na escrita,
daí sua dificuldade em concluir
palavras e frases. Dessa forma, não
só o seu desenvolvimento emocional fica interrompido, mas também
o cognitivo, privando-o de realizar
satisfatoriamente o seu processo
de aprendizagem. O contato físico
ao amamentar, o carinho, o toque
corporal, proporcionam a criança,
aceitar e ter a dimensão do próprio
corpo. Cantar, contar histórias,
dialogar com elas, ajudam a
introduzi-las na língua pátria e em
sua cultura. Rastejar, engatinhar,
andar são experiências importantíssimas de aprendizagem, e
essas etapas precisam ser também
conquistadas de forma adequada
para que o desenvolvimento
neurológico da criança seja
eficiente. O processo de aquisição
da fala surge do desenvolvimento
do andar, porém nesse momento, a
criança precisa da imitação de um
ser humano para lhe dar o modelo.
Acima de tudo, a criança precisa
ser aceita, é necessário que haja
troca afetiva, disposição para
cuidar, alimentar e estar praze-
rosamente com ela. Muitas vezes,
não percebemos que por trás de
uma relutância em cumprir deveres,
dificuldades específicas (escrita,
leitura, raciocínio) oculta-se uma
pergunta ou um conflito. A
importância da família no
desenvolvimento da criança é
fundamental, pois a atmosfera que
rodeia a mesma, é fator decisivo
para o seu progresso, e os pais
devem manter-se próximos e
atender as suas necessidades.
Conclui-se que esta experiência
pode ser compreendida como um
trabalho dialógico junto à criança,
buscando resgatar a alegria e o
prazer de aprender, dando sentido
ao conhecimento, a construção de
sonhos, e a confiança na vida.
Arroz Integral
Brócolis com molho
de soja (ou couveflor)
1 xícara de arroz integral
1 colher de chá de sal
Lave o arroz e escorra. Coloque
numa panela e cubra com água
(dois dedos de água acima da
superfície formada pelo arroz).
Coloque sal. Quando levantar
fervura, tampe e abaixe o fogo.
Agora, pode acrescentar
salsinha, Cenoura ralada no
ralador grosso, orégano ou
alecrim.
Depois de cozido e seco, mexa
com um garfo para soltar os
grãos. Leva aproximadamente 30
minutos para ficar pronto. Bom
apetite!
“Todo término dá lugar a um
novo início; assim transmite ao
homem esperança”. (I Ching)
*Os nomes são fictícios para
preservação do paciente e seus
familiares.
Lílian de Almeida P. B. Sá
Pedagoga e Psicopedagoga
Formação em Pedagogia
Waldorf, Arte-Educação e
Socioterapia
[email protected]
1 maço de brócolis, só as
florzinhas
1 colher (sopa) de molho de soja
Coloque os brócolis numa
panela com o molho de soja e
cinco colheres de água. Deixe
em fogo forte e não tampe. Mexa
de vez em quando, cozinhe
cinco minutos. Eles devem ficar
“al dente” e ainda conservar a
cor verde bem forte.
12
Peregrino
ANTROPOSOFIANDO
das Letras
Informação, Cultura e Livre Expressão
Obesidade infantil
e fonoaudiologia
Já estive falando aos leitores,
em outros momentos, sobre o
desenvolvimento infantil e algumas
de suas alterações. Nesse momento, pretendo compartilhar com
vocês uma “epidemia” que vem
aumentando de forma preocupante
nos últimos anos – a obesidade
infantil.
Rudolf Steiner considerava que
o ser humano deveria ser compreendido em sua integridade e,
portanto, “cuidado” de forma global, sem que houvesse fragmentações. Sendo assim, quando
pensamos no alimento que ingerimos, sabemos que ele irá refletir
sobre nosso corpo físico, etérico,
anímico e sobre o Eu.
Na sociedade contemporânea
observamos todo o tipo de desvios
alimentares, esse assunto já foi
muito bem tratado pelo Dr. Paulo
Neves, médico antroposófico e
colaborador desse jornal, os quais
levam à deterioração da saúde das
crianças que acabam sendo vítimas
de suas próprias famílias.
Compreendemos que a obesidade
é uma síndrome e, portanto,
decorrente de uma somatória de
fatores, no entanto, o que temos
constatado através de entrevistas
com famílias de crianças obesas e
de avaliações do chamado sistema
estomatognático que compreende
a mastigação, deglutição e fala, é
que vários distúrbios acometem
essas funções.
Dentre os aspectos alterados
encontramos a respiração com
predominância oral ou mista;
alteração nas estruturas orofaciais,
tais como posicionamento da
língua, em geral no assoalho bucal
ou interposta entre os dentes; distúrbios articulatórios; deglutição
atípica ou fora do padrão de
normalidade; mastigação muito
rápida e ineficiente. Essas crianças,
em geral, mastigam muito rápido e
trituram mal os alimentos.
Como conseqüência dos
aspectos relatados acima, a criança
passa a ter outros comprometimentos, como por exemplo,
problemas gástricos ou intestinais,
ansiedade de difícil controle,
alterações no sono e em seus
relacionamentos interpessoais.
Algumas crianças não querem mais
comparecer à escola porque se
sentem ridicularizadas frente aos
colegas.
Um outro aspecto que, com
freqüência está presente nessas
crianças são os chamados hábitos
parafuncionais como roer unha,
uso de chupeta, tomar mamadeira,
morder caneta ou lápis e mascar
chicletes. Sendo assim, o sistema
oral fica exacerbado e a região oral
hiperestimulada.
A função primordial da
cavidade oral, desde os primórdios
é a alimentação, no entanto, o
homem através de sua evolução foi
conquistando a possibilidade de
falar. Ao usarmos a mesma região
para comer e falar, aproximamos
duas funções vitais para o homem,
uma que alimenta seu corpo físico
e outra que nutre seu corpo anímico
e espiritual. Devemos, portanto,
tratar com veneração o ato de nos
alimentarmos, nutrindo nosso
corpo físico com o que há de mais
saudável, dando uma imagem às
crianças de que o alimento é
essência e substância construtiva
e não destrutiva do corpo.
Steiner nos ensina que o fluxo
contínuo entre o Andar, Falar e
Pensar representado na forma da
lemniscata é que permite o ritmo
entre o sistema metabólico-motor
e neurossensorial. Assim, não há
como separar o sistema metabólico
do falar e do pensar. Como o ritmo
é que organiza ou desorganiza os
sistemas, observamos que as
crianças obesas sofrem de “falta
de ritmo” tanto em sua dinâmica
de vida diária como em sua
organização interna.
Crianças com tais predisposições deveriam ser auxiliadas a
organizar seu ambiente, seguir
horários e compreender os limites
com muita dose de afeto. O ato de
se alimentar com calma à mesa,
junto aos familiares e nutrindo-se
de alimentos saudáveis é uma boa
maneira de ajudar na instalação de
ritmos mais saudáveis. Na reabilitação fonoaudiológica desses
casos, necessitamos da colaboração da família para que as
crianças tenham exemplos de boa
postura, adequação mastigatória e
valorização de uma fala bem
articulada e correta.
Beatriz Ferriolli
Fonoaudióloga clínica e
professora universitária.
Especialista em Linguagem,
Mestre e Doutora pela FFCLRPUSP. Formação em Antroposofia:
Medicina Antroposófica,
Quirofonética, Biográfico.
Ribeirão Preto - SP - setembro/2007
Venha conhecer a Escola
de Fundamentação
Antroposófica
de Ribeirão Preto
Ribeirão Preto - SP - setembro/2007
Peregrino
das Letras
“Uma ostra que não foi ferida não
produz pérolas”
A importância do Professor
na vida da criança
Quando a criança nasce, o seu receptáculo de proteção e carinho é a mãe.
Um laço de infinitas proporções é estabelecido. Forma-se aqui uma ligação
emocional, amorosa que nunca mais irá se romper. A figura materna é para o
filho o bem mais precioso e a confiança que a criança tem na mãe é imensa.
Conforme a criança cresce, outras pessoas passam a fazer parte da vida
dela: o pai, os avós, tios, amiguinhos, enfim o mundo todo, e ela tem que
desenvolver maneiras de interagir com cada uma dessas pessoas, mas uma
certeza sempre estará presente: “quando eu precisar de algo, vou chamar a
minha mãe”.
Já na idade de ir para a escola, a criança passará uma boa parte do dia sob
os cuidados de outra mulher: a professora. Esta desempenhará o papel de “mãe
substituta” por várias horas, cinco dias por semana – não é pouca coisa.
Durante este período a mãe está confiando seu filho a esta pessoa, e a expectativa
da criança é de que seja bem tratada pela professora como a mãe a trata em
casa.
Este seria o ideal: as professoras entenderem que sua responsabilidade com
este pequeno ser é enorme. As palavras e opiniões de uma professora
repercutirão na mente de uma criança para sempre; atitudes de menosprezo
para com a criança minarão sua auto-estima; agressividade e gritos transformarão
a criança em um ser ansioso e agressivo; falta de incentivo farão com que a
criança cresça sem acreditar em si mesma; rasgar um desenho ou não reconhecer
o esforço da criança pode fazer com que ela cresça achando que não tem
talento para nada. Alguns podem argumentar que a personalidade da criança é
maleável e que muitas destas experiências não serão levadas para a vida adulta,
mas ninguém provou isso. O que pode sim ocorrer é que muitas experiências
negativas da infância sejam as causas de muitas infelicidades na vida adulta.
Muitos professores ainda não perceberam a importância que eles têm na
vida das crianças.
Sabemos que muitos pais falham na educação de seus filhos ,e como falham...
e aí entram novamente as qualidades da professora (mãe – substituta), a de
preencher na criança, pelo menos um pouco, o que falta em casa: pode ser o
apoio, o carinho, um colo que dê segurança, palavras de incentivo. Para esta
criança, as atitudes da professora passam a ser o lenitivo para as dores do lar,
e podem transformar a vida dela. Muitas crianças que teriam se transformado
em adultos sofredores e fracassados tiveram suas vidas tocadas pelas palavras
de um professor.
Não é a toa que carregamos em nossa história, na historia da humanidade
a imagem do sábio, do mestre, que guia o homem através das dificuldades da
vida. Este personagem aparece em várias histórias, contos de fadas, mitos; que
tal lembrarmos de exemplos mais atuais como o Master Yoda da saga Guerra
nas Estrelas, Professor Dumbledore do Harry Potter ou Gandalf do Senhor dos
Anéis. Estes personagens são professores, nada mais.
Cabe a cada professor a consciência de que cada palavra ou ato seu estará
gravado na cabecinha de várias crianças, e poderá modificar a vida delas, para
melhor ou pior. Esta profissão não é um simples ganha-pão, é uma
responsabilidade imensa com vidas que lhe estão sendo confiadas, portanto é
com esta importância e seriedade que deve ser encarada.
Maria de Fátima Hiss Olivares
Psicóloga Clínica
[email protected]
Amor
“Uma linha sutil nos separa do amor,”... Assim iniciei a matéria anterior,
entregue de manhã, o desfecho do dia foi um acidente e o desencarne estúpido e
trágico de meu Pai.
É importante sabermos que nada acontece por acaso e que somos preparados,
para tudo que vamos viver seja bom ou ruim. Então, mediante o processo uma
grande abertura se fez para que eu entendesse o fundamento do AMOR. Meu Pai
com sua personalidade, querendo ou não, me fez identificar o que é o Amor. Percebam
que nossa evolução às vezes precisa ser analisada. Pessoas que estão em nossa
família ou em contato conosco são pontos de aprendizados importantíssimos.
Aprendi nestes últimos anos a não olhar gestos e atos, mas o porquê dos
sentimentos e a entender algumas atitudes que podem estar dizendo o que não se
consegue expressar em palavras, e mesmo sendo opostos aos sentimentos
verdadeiros, merecem entendimento e respeito. Muitas vezes, apenas queremos
criticar pessoas pela discordância de pensamentos, e não observamos se a realidade
em que ela acredita, identificamos também como a nossa realidade.
Assim estamos no mundo, representando uma peça de teatro na qual somos o
personagem principal e tudo é e pode ser como queremos, se assim o desejarmos. A
realidade vista e sentida não é a que querem mostrar a você, perceba os sinais e
interprete-os. Reconheça que você é o artista principal de sua vida, não culpe
alguém pela sua infelicidade, aprenda a vê-los como colaboradores de sua obra e
ame-os, respeite-os como são.
Aprendi a ver meu Pai, assim estou aprendendo a ver muitas pessoas em minha
vida, assim aceitei e tomei conta de minha vida, assim respeitei as últimas horas
daquele dia. E mesmo em tamanha dor, pude ser eu mesma e assumir todos os meus
verdadeiros sentimentos que afloraram e se misturaram com fortes lembranças. O
que é válido e importante nesta vida, é cuidar da casa em que habitamos, não
poderemos trocá-la (corpo/matéria) na concessionária mais próxima, como a um
carro velho. O que fazemos deixa marcas profundas no ser como um todo. Entender
e perdoar a si mesmo por não ser o que querem ou esperam que seja, encarar sua
13
Informação, Cultura e Livre Expressão
Em 1991, atendi uma pessoa que
foi muito aberta às informações. Entendeu e assimilou as situações kármicas
e demonstrou muita vontade de evoluir
espiritualmente. Sempre me ligava, ou
para contar como estava ou para dizer
que estava me indicando para uma
amiga, para que eu ajudasse, tanto quanto
havia feito com ela. E é claro que eu
dizia que o mérito era dela e não meu: eu
apenas lhe falei do seu propósito na
vida, ela é que pôs as rodas em
movimento. Em 1993, ela voltou e
fizemos um aprofundamento. Depois
desta data, ela não voltou e não
telefonou, mas eu continuava atendendo
pessoas que me ligavam, indicadas por
ela. Vou chamá-la de “amiga”, porque é
assim que considero as pessoas que
atendo. Até então, essa amiga gozava
de uma ótima situação financeira,
ocupava um lugar na sociedade, era
bajulada, circulava em festas e eventos.
Agora, em 2007, ela me ligou:
Ângela, se você adivinhar quem está
falando, eu te dou um presente! É claro
que não adivinhei!!! Pensei: NINGUÉM
MERECE! Fiquei sem meu presente por
não ter memória auditiva. Então ela
marcou um horário. Quando chegou para
nosso bate-papo, veio com o presente:
um lindo buquê de camélias brancas do
seu jardim!
Passou então a contar das perdas,
traições, enganos que tinham atravessado sua vida; que sempre escutava
as fitas que havíamos gravado no
primeiro encontro, buscando forças para
sair da depressão, do desencanto com a
vida. Percebeu que no seu projeto de
vida falamos que “ela deixou de
desenvolver ou explorar os potenciais
que possuía, e que atualmente, poderia
haver abruptas mudanças em sua vida
que a forçassem a reexaminar algo que
não questionava ou a impulsioná-la a
usar os seus talentos”. Ela teria que
aprender a evoluir, através da morte (de
velhos valores), fazer uma escolha
significativa de vida. E minha amiga
mudou o modo de ver a vida: enxugou
os gastos, adotou novas atitudes, e
começou a literalmente, CROCHETAR:
faz lindíssimas toalhas de crochê para
vender, usa seu talento de “organizar”,
para arrumar armários e closet. Buscando se aprimorar e entender a situação,
não se fechou num casulo de amargura,
revolta e autopiedade. Está feliz e em
paz. Trouxe algumas toalhas para que
eu visse e compartilhasse do orgulho que
ela tem de si mesma. JUSTO ORGULHO: são belíssimas.
Hoje, continua nas festas com o
mesmo ânimo, com seu senso de humor
mais apurado, e sem culpa ou vergonha.
E não se sente humilhada quando amigas
lhe emprestam roupas ou jóias. Faz a
produção e vai comemorar, celebrar a
vida!
Nas duas horas que passamos juntas,
a energia do otimismo, o entusiasmo e a
confiança no Universo, era palpável e
para finalizar nossas conclusões, pedi a
ela que escolhesse um dos meus livrosguia e abrisse na mensagem certa, e não
podia ser mais certa!!! – A ostra e a
pérola.
As pérolas são feridas curadas,
pérolas são produtos da dor, resultados
da entrada de uma substância estranha
ou indesejável no interior da ostra –
como um parasita ou um grão de areia.
A parte interna da concha de uma
ostra é uma substância lustrosa chamada nácar. Quando um grão de areia
a penetra, as células, no nácar, começam a trabalhar e cobrem o grão de
areia com camadas e mais camadas,
para proteger o corpo indefeso da ostra.
Como resultado, uma linda pérola é
formada. Uma ostra que não foi ferida
não produz pérolas, de modo algum,
pois a pérola é uma ferida cicatrizada.
personalidade com amor e auto-respeito, se olhar no espelho, afinal todos somos
diferentes e devido a isso, especiais.
O ritmo da vida é a sua Mandala. Se ela não gira, a culpa é toda sua, assuma.
“É a sua procura, é interagir, conhecer, multiplicar, compartilhar, somar, AMAR.”
Primeiro amar a si mesmo, se respeitar e então, sim, você pode dizer: - Eu amo
você, para qualquer pessoa, pois saberá os limites e a aceitará com defeitos e
qualidades.
Por entre as linhas existe um significado como códigos ilimitados da nossa
existência, se você puder entender com os olhos do eu interior, sua maior Obra de
Arte não passará sem os aplausos da humanidade.
“Quero realmente ter chegado mais um pouquinho pertinho de todos”. Até o
próximo mês. PAZ
Cássia Maria Beletti Del Vechio
Mandalas e Artes
[email protected]
Tels. : 3615 2010 / 9153 6416 / 9168 7128
Você já se sentiu ferido pelas palavras
rudes de um amigo? Já foi acusado de
ter dito coisas que não disse? Suas
idéias já foram rejeitadas ou mal
interpretadas? Você já sofreu os duros
golpes do preconceito? Já passou por
enganos, traições, derrotas e perdas?
Já recebeu o troco da indiferença?
ENTÃO PRODUZA UMA PÉROLA!
Cubra suas mágoas com várias
camadas de amor. Infelizmente, são
poucas as pessoas que se interessam
por esse tipo de movimento. A maioria
aprende apenas a cultivar ressentimentos, deixando as feridas abertas,
alimentando-as com vários tipos de
sentimentos pequenos e, portanto, não
permitindo que cicatrizem.
Assim, na prática, o que vemos são
muitas “Ostras” vazias, não porque não
tenham sido feridas, mas, porque não
souberam perdoar, compreender e
transformar a dor em amor.
PS: Quando acabei de ler, ela muito
emocionada, mas com grande senso de
humor disse: vou formar um colar de
pérolas de duas voltas!
Angela Borelli
Astrologia Karmica
Tels.: (16) 3421 4277 / 3021 1727
Peregrino
das Letras
14
Informação, Cultura e Livre Expressão
Jornal Peregrino das Letras
ANUNCIAR - 3621 9225 / 9992 3408
Assa-peixe
(Vernonia polyanthes)
Erva tipicamente brasileira,
cresce em todo canto, até em beira
de estrada e terrenos baldios. O mel
das abelhas criadas junto a plantações de assa-peixe é delicioso, com
sabor leve como o da laranjeira. Rica
em sais minerais, diurética, a erva
também tem ação balsâmica e
expectorante. Basta amassar, até
formar uma pasta, 3 colheres de sopa
de folhas secas, colocar em um
pedaço de gaze ou pano e aplicar no
local dolorido durante duas horas.
Repetir o tratamento duas vezes ao
dia.
Parte utilizada: folha.
Ajuda a tratar de: afecções da
pele, bronquite, cálculos renais, dores
musculares, gripes, pneumonia,
retenção de líquidos, reumatismo,
tosse.
Fonte: Flora – Essencial –
Um guia prático para a saúde e
beleza.
Ribeirão Preto - SP - setembro/2007
Peregrino
das Letras
Ribeirão Preto - SP - setembro/2007
15
Informação, Cultura e Livre Expressão
La mallaborema formiko
– Kolekto Fabeloj de la
Naturo
(Teksto inspirita de la
Dialektiko de Bona Volo) - Jen
libro per kiu ni lernas helpi la
aliulon, por konstrui pli feliîan
vivon, kaj konstatas la
gravecon esti utilaj kaj
perceptas kiel Preûo povos
helpi nin trovi la plej bonan
solvon por niaj malfacilaëoj.
Editora Elevação
Tel.: (55 11) 3358 6868 / Fax: (55 11) 3358 6882
www.elevacao.com.br
Almanako
Lorenz
2.007
Estas unika en la esperantismo.
Ûi pritraktas îijun temojn, kiuj
interesas la modernan homon
laö la spirita vidpunkto, kaj ûi
ampleksas vastan kampon da
la filozofio, da la scienco kaj
da la religio. Filozofio,
Scienco, Religio, Informoj,
Ûenerala ëo,
Transmondo,
Cismondo.
Sociedade Editora Espírita F.
V. Lorenz
Tel.: (21) 2221 2269
http://
editora_lorentz.sites.uol.com.br
Guia de Secretariado – Técnicas e comportamento – Denize Rachel Veiga
Teatro para representar na
Escola – Teresa Iturbe
Flores da Terra – Gelse M.
Campos e Arlete F. Freitas
Por que e como eu nasci –
Lou Austin
Com um texto claro, simples,
objetivo e agradável, esta publicação tem o propósito de
orientar e aperfeiçoar o conhecimento dos profissionais que
já desempenham atividades de
secretariado, bem como dos
estudantes e aqueles que desejam
ingressar nesta profissão. A
primeira parte do livro aborda
questões relacionadas às técnicas
secretariais e a segunda trata dos
aspectos comportamentais. Detalha as ferramentas essenciais à
organização do trabalho, ensina
como administrar o tempo. Descreve os cuidados necessários ao
arquivar documentos, a comunicação empresarial, marketing pessoal e dicas para eliminar
e minimizar o estresse.
Editora Érica Ltda.
Tel.: (11) 2295 3066 – Fax: (11)
6197 4060
www.editoraerica.com.br
O teatro é uma ferramenta
pedagógica que abrange todos os
aspectos concernentes ao
desenvolvimento do aluno não
só no âmbito educacional como
também no social. Durante a
preparação da peça, o aluno
envolve-se com diversas áreas,
como a de línguas, educação
física, música, artes plásticas,
etc., permitindo-se testar suas
aptidões. Além disso, possibilita
o aprimoramento da memória,
da determinação, do esforço e
do apoio mútuo, fazendo com
que, os participantes tornem-se
cidadãos mais conscientes de seu
papel na sociedade. Faça você
também parte do elenco que irá
revolucionar o ensino nas
escolas.
Grupo Editorial Madras
Tel.: (11) 6959 1127 – Fax: (11)
6959 3090
www.madras.com.br
Este livro, um pequeno
dicionário, resumido de fácil
consulta e manuseio na prática
clínica diária, está dividido em
quatro partes: 1 – Introdução,
aborda os fundamentos da terapia
floral, histórico, pesquisa,
fundamentos, prática e escolha
das essências; 2 – Descrição
Sucinta das sintonias das
essências florais dos diferentes
sistemas do mundo; 3 –
Repertório por sintomas com os
nomes das essências e a que
sistema pertencem e, 4 –
Apêndice onde são apresentadas
as essências que não foram
classificadas cientificamente,
essências provenientes de
substâncias diferentes do reino
vegetal (cristais) e as fórmulas
compostas dos diferentes
sistemas.
Tecmedd
SAC: 0800 99-2236
www.tecmedd.com
Neste livro o ato de nascer e o
de crescer são vistos por um
ângulo diferente. A criança entra
em contato com os fundamentos
do conceito de Pequeno Eu e
GRANDE EU e passa a compreender melhor sua natureza e
os motivos que a levam a fazer
as coisas que faz. Leva-a a
entender melhor a existência em
seu interior de dois “Eus”. A série
“O pequeno Eu e o grande EU” é
mais do que um conjunto de
livros; possui forte conteúdo
pedagógico e vem sendo utilizada
há mais de vinte anos na
formação de crianças de 6 a 12
anos. É utilizada por escolas de
diferentes orientações em disciplinas como religião, espiritualidade, autoconhecimento e valores humanos.
Textonovo Editora
Tel.: (11) 3085 4879 / 3088
6221 – Fax: (11) 3088 0130
www.editoratextonovo.com.br
Pais e especialistas mostram como
lidar com os amigos imaginários
Em geral, eles surgem em um momento de ansiedade. Os pais
precisam estar atentos, respeitar os filhos, mas sem incentivar a
brincadeira.
Luana Vianna
Alguns pais se assustam ao ver o
filho conversando sozinho, com
bonecas ou travesseiros. Especialistas
alertam que não há motivos para
pânico. A atitude é comum, característica de uma fase importante para
o desenvolvimento da criança, mas que
necessita de atenção. Ela criou personagens que existem apenas na sua
imaginação: os amigos imaginários.
Eles brincam, conversam, dividem sentimentos e emoções.
Por volta dos 3 anos a criança cria
o seu próprio mundo de fantasia, com
personagens fantasiosos. Algumas
apresentam o novo amigo aos pais, que
são convidados pra brincadeira.
Muitos deles provavelmente já tiveram
que mudar de cadeira durante o jantar,
porque o lugar era reservado ao amigo
imaginário do filho. É neste mundo
mágico que a criança, muitas vezes,
resolve seus conflitos, testa seus
próprios limites e expõe sua
criatividade.
A professora Muryel Gonela, mãe
de Laura, 4 anos, convive diariamente
com a presença de Guga, o amigo
inseparável da filha. Segundo ela, Guga
aparece quando a filha está sozinha e
os dois passam muito tempo
brincando. “Quando vai embora,
pergunto como ele é, o que conversaram. Laura conta muitas coisas
que ele ensina. Eles gostam de
conversar sobre os animais”, contou
Gonela.
A criação dos amigos pode ocorrer
em diferentes momentos. Em geral,
está atrelada a situações que implicam
inquietações, ansiedade ou sofrimento,
como a chegada de um irmão, separação
dos pais ou a mudança de escola.
Nestes casos, eles surgem como alguém
de confiança, um amigo para dividir
todos os segredos.
Segundo a psicóloga Izabelly
Torres, o assunto deve ser tratado com
critérios. A convivência das crianças
com os amigos invisíveis precisa de
orientação. Segundo ela, o relacionamento pode ser benéfico para
algumas crianças, mas prejudicial a
outras. Elas podem se excluir do
ambiente social, escolhendo os amigos
imaginários e afastando os reais. Além
disso, o irreal pode ser confundido com
o real. “Quando mal orientadas,
algumas crianças podem acumular
problemas. O amigo pode se transformar em uma artimanha para entrar,
futuramente, no mundo da mentira”,
disse. “A criança tem o dom da
criatividade e da imaginação, mas o seu
meio social precisa estimulá-la.
Quando isso ocorre, não há nada a
temer”, continuou.
Os pais ganham um papel fundamental nessa fase. Devem participar
da brincadeira e lidar com naturalidade
e respeito. É muito importante não
ridicularizar a criança na frente de
outros adultos ou irmãos mais velhos.
Com atitudes simples, eles podem
conhecer os segredos do filho, identificar seus sentimentos e compreendêlo.
Para a especialista, a melhor forma
de trabalhar o imaginário infantil é a
união entre família e escola. “É necessário criar uma equipe em sintonia,
formada por pais e professores, com
interferência indireta nas situações
vividas pelas crianças”, falou. Os pais,
por exemplo, não podem brincar sem
terem sido convidados ou conversar
diretamente com o amigo. “É necessário
dosar a interferência na brincadeira,
orientar, mas não estimular”, concluiu.
Por volta dos 6 e 7 anos, os amigos
invisíveis dão lugar aos de carne e osso
e eles tendem a desaparecer. Crianças
que freqüentam a escola desde cedo,
tendem a se despedir mais cedo.
Foto: UOL Crianças
Cena do desenho animado “A Mansão Foster para Amigos Imaginários”
Peregrino
das Letras
16
“O que é chamado de intuição
não é nada mais que ser natural e
seguir absolutamente o próprio
desejo” - Edward Bach
Ribeirão Preto - SP - setembro/2007
Informação, Cultura e Livre Expressão
Alfabetização – Aspectos Históricos e Alguns Pontos para Discussão
Filomena Elaine Paiva Assolini
ma das questões constantes que têm sido objeto
de preocupação da escola,
dos pais e da sociedade de maneira
geral diz respeito à alfabetização.
Inicialmente, apresento um breve
histórico da alfabetização, colocando
alguns pontos para reflexão, e,
posteriormente, estarei disponível
para responder às questões que me
forem feitas.
O modelo escolar de alfabetização
nasceu há pouco mais de dois séculos,
precisamente em 1789, na França, após
a Revolução Francesa.
Analisando a evolução da
investigação e do debate em relação à
alfabetização escolar, nos séculos XX
e XXI, é possível definir, em linhas
gerais, quatro períodos.
O primeiro período corresponde,
aproximadamente, à primeira metade
do século XX, quando a discussão se
dava estritamente no terreno do ensino.
Buscava-se o melhor método para
ensinar a ler. O debate mais candente
travou-se entre os defensores do
Método Sintético (o caminho sintético
tem seu ponto de partida no estudo
dos elementos menores da língua:
fonema, sílaba), e os do Método
Analítico (partem de elementos
significativos da língua: texto, frases,
palavras, e através da decomposição,
chega-se aos elementos menores).
No Brasil, desde a década de 40,
optou-se pelo denominado “Método
Misto”, que traz características tanto
das metodologias sintéticas de
alfabetização quanto das metodologias
analíticas.
O segundo momento, cujo pico foi
nos anos 60, teve por centro geográfico
os Estados Unidos. A discussão das
idéias sobre alfabetização foi levada
para dentro de um debate mais amplo
em torno da questão do fracasso
escolar. São desse período as teorias
que hoje chamamos “teorias do
déficit”. Supunha-se que a aprendizagem dependia de que prérequisitos (cognitivos, psicológicos,
perceptivo-motores, lingüísticos...) e
que certas crianças por não dispor
dessas habilidades prévias não
aprenderiam. O fato de o fracasso
escolar concentrar-se nas crianças de
famílias mais pobres era explicado por
uma suposta incapacidade das próprias
famílias proporcionarem estímulos
adequados.
O terceiro período começa em
meados dos anos 70, marcado por uma
mudança de paradigma advinda das
contribuições das Ciências Lingüís-
ticas, Ciências da Educação, Psicologia,
dentre outras. Até então, o enfoque
concentrava-se nas questões relacionadas ao “como ensinar a ler e a
escrever”. Passou-se, então, a buscarse entender como as crianças aprendem
a ler e escrever e o que pensam a
respeito da escrita.
Um trabalho de investigação que
desencadeou intensas mudanças na
maneira de os educadores brasileiros
entenderem o processo de alfabetização
foi o coordenado por Emília Ferreiro
e Ana Teberosky, publicado no Brasil
com o título “Psicogênese da Língua
Escrita”, em 1985.
A partir dessa investigação foi
necessário rever as concepções nas
quais se apoiava a alfabetização.
Os estudos de Ferreiro e Teberosky
articulam-se para demonstrar a
existência de mecanismos do sujeito
do conhecimento (sujeito epistêmico)
que, na interação com a linguagem
escrita (objeto do conhecimento)
explicam a emergência de formas
idiossincráticas de compreender o
objeto.
E, finalmente, o quarto momento,
que se inicia nos anos 90, e marca a
difusão das teorias sobre LETRAMENTO. No Brasil, dentre os pesquisadores renomados sobre o tema,
podemos destacar os nomes de Magda
Soares, Ângela Kleiman e Leda
Verdiani Tfouni.
Atualmente, o conhecimento
científico disponível mostra-nos que
a alfabetização é um dos aspectos do
Letramento, que pode ser entendido
como “um processo de aquisição da
escrita por uma sociedade”. (Tfouni,
1995).
Nessa direção, é fundamental que
a escola considere que, em uma
sociedade pós-moderna, é imprescindível que os sujeitos sejam alfabetizados e letrados.
A formação de sujeitos alfabetizados e letrados requer a realização
de um trabalho pedagógico que
promova não somente a aquisição do
código escrito (como ocorre com as
metodologias tradicionais), mas
também a apropriação de saberes sobre
o funcionamento da linguagem de
maneira ampla, linguagem que é sempre
ideológica e grávida, prenhe de
sentidos, como diz Bakhtin.
As contribuições da abordagem
sócio-histórica do Letramento (Tfouni
e outros) mostram que um estudante
pode ser considerado alfabetizado e
letrado quando, além de ler e escrever
proficientemente, consegue realizar
produções lingüísticas orais e escritas
nas quais ocupa a posição de autor de
seu próprio dizer.
Vale notar que a proposta pedagógica de alfabetizar-letrando é mais
ampla e exigente que a proposta da
Psicogênese da Língua Escrita (que
entende que o aluno está alfabetizado
quando alcançou o nível alfabético de
escrita).
É fundamental, portanto, uma
pedagogia que possibilite ao aluno
atribuir e produzir sentidos, empreender diferentes gestos de
interpretação, o que lhe permitirá
entender o funcionamento da ideologia
em um texto. Uma pedagogia que
desloque o educando da posição de
sujeito repetidor para a de autor.
Gostaria de terminar dizendo que
cabe à escola, no mínimo, alfabetizar.
Ser alfabetizado constitui, nas
sociedades letradas, um direito que
deve estar ao alcance de todos os
cidadãos. Cada vez que um aluno
abandona a escola sem ter-se
apropriado dos instrumentos básicos
de leitura e escrita, fica claro que a
sociedade fracassa em seu empenho de
dotar seus integrantes dos recursos
necessários para participar ativamente
dela.
Filomena Elaine Paiva Assolini
Membro da ARE, Cadeira nº 5.
Doutora em Psicologia da
Educação pela FFCLRP-USP.

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