Revista da Associação Portuguesa de Horticultura

Transcrição

Revista da Associação Portuguesa de Horticultura
ISSN - 1646 - 1290 - Publicação Trimestral Preço de venda: 5€ n.º 103 Outubro - Novembro - Dezembro 2010
Revista da
Fruticultura
Viticultura
Olivicultura
Horticultura Herbácea
Horticultura Ornamental
Associação Portuguesa de Horticultura
Editorial
3
O IHC Lisboa 2010 para mais tarde recordar...
Maria Elvira Ferreira
A Internacionalização da APH
4
APH - ISHS: uma relação frutuosa
Mário Reis & Carlos Portas
8
O 28th IHC 2010 foi um marco histórico para a horticultura ibérica
António Monteiro
12
Mis reflexiones sobre el IHC Lisboa 2010
Victor Galán Saúco
14
IHC 2010: Éxito por la colaboración
Fernando Riquelme
16
Os “nossos” Congressos (IHC) e Conselhos (Council)
e o “nosso” ibérico mega-Congresso e Conselho de Lisboa
Carlos Portas
25
30
34
36
38
Opinião do Ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural
e das Pescas (MADRP) sobre o IHC Lisboa 2010
Sectores da Horticultura
Uma breve visão sobre a Horticultura Herbácea
no 28.º Congresso Internacional de Horticultura
Maria da Graça Palha
40
A Viticultura no 28.º Congresso Internacional de Horticultura
Kátia Gomes Teixeira
42
A fileira oleícola no 28th International Horticultural Congress (IHC) Lisboa 2010
Albino Bento
43 A Horticultura Ornamental no Congresso Internacional
de Horticultura (IHC) Lisboa 2010: uma conversa de café
José António Monteiro
Simpósios
44
S01 - Berries: from genomics to sustainable production, quality and health
Tt01 - Berries
Pequenos frutos: do genoma à produção sustentável, qualidade e saúde
Pedro B. Oliveira, Luís Lopes da Fonseca & Maria da Graça Palha
47
S02 – Post-harvest technology in the global market
Nota sobre o simpósio
Domingos P. F. Almeida
49
S03 – Greenhouse 2010: environmentally sound greenhouse
Tt03 - Protected cultivation
Estufas 2010
Jorge F Meneses
51
S08 – OliveTrends. From the olive tree to olive oil: new trends and future challenges
Da oliveira para o azeite: novas tendências e desafios futuros
Pedro Fevereiro
A PALAVRA AO Ministro MADRP
A Fruticultura no IHC Lisboa 2010
Raúl Rodrigues
IHC Lisboa 2010, um Congresso de Sucesso
Pedro B. Oliveira
53
S13 – Quality-chain management of fresh vegetables: from fork to farm
Gestão da qualidade da cadeia de hortaliças in natura
Paulo César Tavares de Melo
55
S14 – OrganicHort. Organic horticulture: productivity and sustainability
Horticultura Biológica - Produtividade e sustentabilidade
Isabel Mourão & Uygun Aksoy
58
S15 – CLIMWATER 2010 – Horticultural use of water in a changing climate
O uso da água em Horticultura e as alterações climáticas
Isabel Ferreira & Enrique Fernández
60
S17 – X International Proteas Research Symposium
Ws26 - Proteaceace in a global economy: role players and challenges
Tt02 - Proteas
As proteas no 28.º Congresso Internacional de Horticultura
Maria José Leandro
Sm14 – Environmental issues in turfgrass management
Tt06 – Turfgrass
Os relvados e o Congresso Internacional de Horticultura IHC Lisboa 2010
José António Monteiro
64
T03 – Crop physiology
Sessão Temática de Fisiologia das Culturas
Manuela Chaves
65
T09 – Genetics and breeding
Genética e Melhoramento Genético
José M. Leitão
66
T14 – Modelling
Sobre a sessão temática de “Modelação dos Sistemas Hortícolas”
José Paulo de Melo e Abreu
Visitas Técnicas
67
Tt03 – Protected Cultivation e Tt09 – Maçã de Alcobaça
As Visitas Técnicas sobre Culturas Protegidas e Maçã de Alcobaça
Maria do Carmo Martins
69
Tt04 – Rocha Pear
Pêra Rocha
Sofia Comporta
70
Tt05 – From Fork to Farm
Do garfo à quinta
Inês Vilaça
71
Tt07 – Olive growing and vineyards in Alentejo
Olivais e vinhas no Alentejo
Gonçalo Pinheiro & Maria Elvira Ferreira
73
Tt08 – Vegetable production in the Tagus Valley
Visita Técnica à Região Norte do Vale do Tejo
Fernando Pires da Costa
74
Pct01 – Oporto and Douro Valley
Visita Técnica Pós-Congresso: Porto e Vale do Douro
Ana Paula Silva
Outras reAlizações
76
Novos Dirigentes da ISHS eleitos em Lisboa
Maria Elvira Ferreira
78
A Exposição e o Pavilhão de Espanha
Maria da Graça Barreiro
81
Horticulture Brokerage Event
Parcerias tecnológicas entre entidades do sistema
científico e tecnológico e empresas
Luís Mira da Silva & Rita Carvalho
83
Horticultura e Arte
Maria Elvira Ferreira
84
BM11 – Ibero-american National Societies for Horticulture Get-Together
Encontro das Sociedades Ibero-americanas de Horticultura
Maria Elvira Ferreira
86
Mesa redonda da Assembleia das Regiões Produtoras de Frutas e Legumes da Europa - AREFLH
Maria do Carmo Martins
Post-Congress Technical Tours in Spain
Actividades en España del 28 Congreso Internacional de Horticultura
Jaime Prohens, Pedro Cermeño, Joan Bonany, Manuel Caballero,
Juan Cabrera, María del Carmen Cid, Víctor Galán Saúco,
Adrián Rodríguez-Burruezo
Seminários e Sessões Temáticas
A PALAVRA À Comissão executiva
62
87
88
HOMENAGENS
Paulo César Tavares de Melo
“Horticólogo de Honra”
Frederick Bliss “Horticólogo de Honra”
88
Armando Torres Paulo “Sócio Honorário”
89
Heiko van der Borg “Sócio Honorário”
89
Homenagem a Carlos Alberto Martins Portas
90
Informação ao leitor
91
Calendário de Eventos
Nota:
O conteúdo dos artigos publicados é da inteira responsabilidade dos seus autores
Revista da APH (Associação Portuguesa de Horticultura)
Propriedade e edição: Associação Portuguesa de Horticultura
Rua da Junqueira, 299 1300-338 Lisboa
Tel. 213623094 e-mail: [email protected] www.aphorticultura.pt
Director: Maria Elvira Ferreira ([email protected])
Editor: Isabel Mourão ([email protected])
Co-Editor: Maria da Graça Barreiro
Design Editorial: Miguel Frazão ([email protected], www.fanq.eu )
Impressão: Europress
Publicação Trimestral N.º 103 (Outubro, Novembro, Dezembro)
Tiragem: 2000 exemplares
Preço: 5€ - Isenta do Registo na ERC nos termos da alínea a) do n.º 1
do Artigo 12.º do Decreto Regulamentar n.º 8/99, de 9 de Junho
ISSN: 1646-1290
Dep. legal: 1566/92
Editorial
O IHC Lisboa 2010 para mais tarde recordar…
Conforme prometido aqui está o número da Revista da APH inteiramente
dedicado ao maior e mais importante
evento na área da Horticultura realizado na Península Ibérica, o 28.º Congresso Internacional de Horticultura
(IHC Lisboa 2010). Este congresso
que decorreu em Lisboa de 22 a 27
de Agosto, foi organizado pelas duas
sociedades ibéricas de horticultura, a
nossa Associação Portuguesa de Horticultura (APH) e a Sociedad Española
de Ciencias Hortícolas (SECH), sob a
égide da International Society for Horticultural Science (ISHS).
O IHC Lisboa 2010 foi de facto tão
importante que teria que ficar amplamente registado na Revista da APH.
Este é o resultado daquilo que idealizámos e para o qual pedimos o contributo
de muitos que, com o seu saber, trabalho, dedicação e, em alguns casos,
até paixão, ajudaram a ‘construir’ o IHC
que envolveu o maior número de países participantes e registou o segundo
lugar em número de congressistas. Felizmente conseguimos uma forte adesão ao nosso pedido e o resultado está
à vista: a Revista da APH com o maior
número de páginas alguma vez publicada. Mas apesar de estarmos em período de contenções, parece-nos que
é mais que justificado este ‘pesado’
número da Revista da APH, para que
possamos mais tarde recordar o IHC
Lisboa 2010.
Pretendemos que esta Revista seja
uma partilha de informações e de recordações, quer para os que não puderam participar no Congresso, quer
para os que tiveram a possibilidade de
o ‘viver’ naquela magnífica semana de
Agosto.
Assim, pedimos contributos à Comissão Executiva, ao Ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e
das Pesca, aos conveners de língua
portuguesa dos vários eventos (simpósios, seminários, sessões temáticas e workshops) e aos organizadores
das Visitas Técnicas em Portugal. A
este grupo associaram-se também os
Vice-Presidentes da APH, com uma visão global de cada um dos sectores da
Horticultura que representam.
A organização de um congresso desta envergadura não se consegue de um
dia para o outro, e foi longo o caminho
percorrido até ao IHC Lisboa 2010, que
também se relata nesta revista.
Além das sessões técnico-científicas
que decorreram durante o IHC Lisboa
2010, outras realizações houve que
pela sua importância também aqui
merecem registo, tais como: reuniões
de trabalho; o Horticulture Brokerage
Event; a Exhibition; o Pavilhão de Espanha; as exposições ‘Horticultura e
Arte’; a eleição do novo Presidente da
ISHS, o nosso associado Prof. António
Monteiro; e ainda as homenagens da
APH a personalidades nacionais e internacionais que, na área da Horticultura, se distinguiram no decurso das
suas actividades.
A todos aqueles que participaram
agradecemos o terem respondido tão
prontamente ao nosso desafio, enriquecendo este número da Revista da
APH.
Queremos também fazer uma
menção ao profissionalismo e empenhamento de toda a equipa da PCO
Meeting Point, liderada pela D. Isabel
Silvestre, que tão bem soube levar a
cabo a tarefa da organização de um
evento desta envergadura, o que agradecemos vivamente. Várias têm também sido as manifestações que temos
recebido dos congressistas sobre este
assunto, o que muito nos congratula.
Que mais se pode dizer e escrever
nas primeiras páginas de uma Revista
tão rica de informações e recordações
e que se espera que a leitura de cada
uma das suas páginas seja redobrada
de prazer?
Resta-nos desejar que o ano de
2011 seja muito bom para todos e que
muitos sucessos hortícolas, como o
que foi o IHC Lisboa 2010, se repitam
nas gerações futuras, para mostrarmos
ao Mundo que o povo ibérico sempre
soube e saberá, de forma cativante e
prazenteira, fazer chegar a ‘Ciência e a
Horticultura para as pessoas’.
Estamos contentes com o resultado
final deste número da Revista da APH,
mais um motivo de orgulho para a APH.
Bom ano de 2011 e saudações hortícolas!
Maria Elvira Ferreira
Revista da APH N.º 103
3
A internacionalização da APH
APH – ISHS: uma relação frutuosa
Mário Reis* & Carlos Portas**
O presente trabalho pretende contribuir para o conhecimento das
profícuas relações de cooperação, desenvolvidas ao longo de mais de
três décadas, entre a Associação Portuguesa de Horticultura (APH) e
a International Society for Horticultural Science (ISHS) que culminaram, em Agosto de 2010, com a realização em Lisboa do XXVIII Congresso Internacional de Horticultura, um dos maiores de sempre, e a
eleição do primeiro presidente português da ISHS. Este resultado foi
atingido graças ao trabalho de técnicos e cientistas portugueses, iniciado ainda no período anterior à fundação da APH.
Os primórdios da ISHS remontam a
1864, ano em que se realizou o primeiro International Horticultural Congress,
em Bruxelas, com o objectivo de propiciar a discussão científica nesta área.
Até 1923, estas reuniões científicas
realizaram-se na Europa mais desenvolvida, Holanda, França e Bélgica, à
excepção do congresso realizado em
Chicago (EUA), em 1893.
Em 1923, foi fundada o International
Committee for Horticultural Congresses e a partir desta data estes congressos internacionais de horticultura
expandiram-se para o Sul da Europa
e outras regiões e continentes, onde a
actividade técnica e científica registada
em horticultura o justificava. Em 1959,
em Paris foram aprovados os estatutos
da ISHS, consagrando uma estrutura
em Secções, Comissões e Grupos de
Trabalho, de modo a cobrir as diferentes áreas do conhecimento abrangidas
pela horticultura na sua acepção mais
abrangente, anglo-saxónica.
Portugal associou-se oficialmente à
ISHS em 1961 tendo sido nomeados
como primeiros representantes nacionais no Council da ISHS o Dr. Alberto
Gardé (EAN, Sacavém), o Eng.º Weber
de Oliveira (JNF, Lisboa) e o Prof. Joaquim Vieira Natividade (EAN, Alcoba-
Figura 1 – O Prof. Carlos Portas em College Park
(Maryland, EUA).
Figura 3 – Jantar durante a reunião do Council, em Florença (1976), com a presença da Dr.ª Denise Blanc (especialista em Floricultura, Cap d’Antibes) que, a convite
da APH, visitaria Portugal acompanhada pelo Eng.º José
Carreiro.
Quadro 1 – Representantes de Portugal no Council da ISHS.
1961-70
1971-73
1974-75
1976-89
Figura 2 – Notícia da criação da APH na revista Chronica Horticulturae (Vol. 12, n.º 1/2, Agosto de 1976).
4
Revista da APH N.º 103
Prof. Joaquim Vieira Natividade (EAN, Alcobaça)
Dr. Alberto A. Gardé (EAN, Sacavém),
Eng.º Weber de Oliveira (JNF, Lisboa),
Eng.º Avelar do Couto (EAN, Alcobaça),
Eng.º Entrudo Júnior (DGSA)
Eng.º Simplício Duarte (EAN)
Eng.º Avelar do Couto
Eng.º Simplício Duarte
Eng.º Manuel Dias Palma (DGSA)
Prof. Carlos Portas
Eng.º Avelar do Couto
Eng.º Manuel Dias Palma
1990-97
Prof. Carlos Portas (ISA, UTL)
Prof. António A. Monteiro (ISA, UTL)
Eng.º Manuel Dias Palma
1998-01
Prof. Carlos Portas
Prof. Fernando Bianchi de Aguiar (UTAD)
Dr.ª Maria Elvira Ferreira (INIAP, EAN)
2002-03
Prof. Isabel Mourão (ESAPL-IPVC)
Dr.ª Maria Elvira Ferreira
Prof. Carlos Portas
2004-10
Prof. Carlos Portas
Prof. António A. Monteiro
Dr.ª Maria Elvira Ferreira
Figura 4 – Programa do “1st International Symposium the Prodution of
Tomatoes for Processing”.
Figura 5 – Texto do protocolo de colaboração entre a APH e a ISHS.
Quadro 2 – Acontecimentos relacionados com eventos ISHS em Portugal.
Anos
1966
IHC
√
Council
Executive Committee
Simpósio
Local
1976
-
-
√
-
-
1979
1985
1988
1994
1998
2002
-
-
-
√
√
√
-
-
√
√
√
√
-
-
-
√
√
√
√
√
-
-
-
√
-
-
Maryland (EUA)
Florença (IT)
Évora (PT)
Albufeira (PT)
Leamington Spa (GB)
Kyoto (JP)
Louvain (BE)
Toronto (CA)
1.º Int. “Symp.
on cultivation of
Solanacea in Mild
Winter Climate”
Portugal e Espanha
iniciam a coordenação
das suas iniciativas
internacionais
A A. Monteiro eleito
para o ISHS Board.
Tentativa de IHC
no Brasil
Tentativa do XXVII
IHC em Sevilha
Portugal e
Espanha
ganham XXVIII
IHC Lisboa
Carlos Frazão
António A. Monteiro
José Dias Carreiro
António Marreiros
Isabel Mourão
Factos salientes
1.ª presença
portuguesa
1.º IHC Council
com Portugal
representado
(C. Portas)
1.º Simpósio em
Portugal sobre
“Prodution of Tomatoes for Processing”.
Presentes: D. Fritz,
J. Van kampen,
D. Gertich, William
Sims, Heiko Van
der Borg
Presidente
da APH
-
Carlos Portas
Manuel Figueiredo
ça) (quadro 1). Contudo, nesta fase inicial, não houve participações efectivas
nessas reuniões.
A primeira participação efectiva
portuguesa em congressos internacionais organizados pela ISHS
deu-se em 1966, com o Prof. Carlos
Portas, no XVII International Horticultural Congress realizado em College Park
(Maryland, EUA) (fig. 1), sendo na
altura Secretário-Geral da ISHS o
Dr. G. De Bakker. O Presidente do
encontro foi o Prof. Harold Tukey sr
(Michigan St. Univ., Fruticultura). Neste
IHC o Prof. D. Fritz foi nomeado Chair-
man da Section of Vegetables.
Em 1974, Carlos Portas participa
como representante de Portugal no XIX
IHC da ISHS em Varsóvia, presidido
pelo Prof. S.A. Peniazek (Institute of Pomology, Skierniewie), e aceita o convite
para correspondente da revista informativa Chronica Horticulturae, em Portugal,
actividade que desempenha com maior
regularidade a partir de 1980.
A Associação Portuguesa de Horticultura fora entretanto constituída nas
Caldas da Rainha, em 1975, manifestando desde logo os seus membros,
dois deles representantes de Portugal
no Council da ISHS (Weber de Oliveira
e Alberto Gardé), a intenção de a filiar
na ISHS, conforme nos dá conhecimento a Chronica Horticulturae da ISHS de
Agosto de 1976, em notícia enviada
por Carlos Portas (fig. 2).
Em 7 de Julho de 1976, a Associação Portuguesa de Horticultura é fundada oficialmente em Lisboa. Neste
ano, Portugal participa pela primeira
vez com um representante no Council
da ISHS em Florença (fig. 3), sendo
então presidente da APH o Prof. Carlos
Portas.
Revista da APH N.º 103
5
Logo no ano seguinte, 1977, ocorre a primeira participação portuguesa
numa reunião do Executive Committee
da ISHS, em Dublin, através também
do Prof. Carlos Portas.
A influência que Portugal começava a granjear foi decisiva para que em
1979 se conseguisse realizar em Évora
o primeiro Simpósio da ISHS no nosso país, em colaboração com a APH:
o 1st International Symposium on “Prodution of Tomatoes for Processing”,
tendo como Convener o Prof. Carlos
Portas (fig. 4). Foi a primeira realização da ISHS em Portugal. Para o seu
êxito contou-se com a presença de importantes membros da ISHS. Esta foi
a primeira de um conjunto de reuniões
internacionais em Portugal nos anos
seguintes (quadros 2 e 3).
Na reunião do Council da ISHS
em 1980 (Estação Experimental de
Nyborg, Dinamarca), Portugal manifestou o seu forte apoio à renovação
da série “Acta Horticulturae” proposta pelo Eng.º Heiko Van der Borg,
Secretário-Adjunto da ISHS.
No XXI IHC em Hamburgo, há 28
anos (1982), apresentou-se o primeiro orador convidado português, Carlos
Portas, com uma comunicação sobre “A
importância mundial da horticultura para
a indústria”. A delegação portuguesa,
com 5 membros, realizou os primeiros
contactos com a delegação espanhola
que incluía Bernarldo de Quirós, Joaquin Miranda e J. Santos Caffarena.
Em
1983,
no
Council
de
Cap d’Antibes, o Prof. Carlos Portas apresentou uma proposta, aceite, de criação de um Working Group:
Figura 7 – Membros do Council da ISHS durante a sua reunião em Lovaina, em 1998.
“Production of Vegetables for Processing”, cujo primeiro Chairperson de nacionalidade americana foi substituído
ao fim de pouco tempo por Carlos Portas, que ocupou o cargo até 1990.
Em 1986, a participação portuguesa na ISHS fortaleceu-se com a eleição do Prof. António A. Monteiro para
Chairman
do
Working
Group
Protected Cultivation in Mild-Winter
Climates (1986 – 1994). Neste ano,
António A. Monteiro inicia funções
como correspondente em Portugal da
Chronica Horticulturae, função que desempenha até 1990.
Em 1986, realizou-se o XXII IHC
na Universidade de Davis, Califórnia,
presidido pelo Prof. William Sims, que
Figura 6 – Actuação dos membros portugueses no Council da ISHS (Auckland, NZ, 1977).
6
Revista da APH N.º 103
tinha participado no simpósio de Évora.
Nesta reunião, Portugal numa perspectiva de abertura aos países do Terceiro
Mundo, apoiou isolado a candidatura
da União Indiana à realização do próximo IHC, que é ganha pelo Japão.
O primeiro encontro formal entre a
APH e a sua congénere espanhola
(Sociedad Española de Ciencias Hortícolas, SECH) ocorre em Leamington
Spa (Reino Unido) durante a reunião
do Council. Participam neste encontro
Luís Rallo e Vítor Galán Saúco, como
representantes da SECH.
Em 1989, o Prof. António A. Monteiro entra para o Council da ISHS, lugar
que ocuparia até 1988 e retomaria mais
tarde em 2002.
Durante o XXIII IHC (Florença, 1990)
presidido pelo Prof. F. Scaramuzzi, o Prof.
Carlos Portas foi eleito Chairman da Section
Vegetables (criada em 1960), ocupando
essa posição durante 8 anos, até ao XXV
IHC em 1998, em Bruxelas.
No XXIV IHC (Kyoto, 1994), presidido pelo Prof. M Iwata, o Prof. António
A. Monteiro foi eleito para o Board da
ISHS, sendo o primeiro português a integrar este órgão da ISHS. O Prof. António Monteiro foi ainda eleito Chairman
do Working Group “Brassicas”, lugar
que ocupou até 1998. Na reunião do
Council neste congresso, a candidatura
brasileira perde para o Canadá a possibilidade de realizar o próximo IHC.
Em 1997, sendo presidente da APH o
Eng.º António Marreiros, foi estabelecido
um protocolo de cooperação entre a APH
e a ISHS que reconhecia a autonomia das
duas instituições e fortalece a cooperação
mútua, de modo a desenvolver vantagens
recíprocas desta relação (fig. 5).
Beneficiando neste período das excelentes relações entre a APH, liderada
por António A. Monteiro e a SECH, liderada por Victor Galán Saúco (relações
iniciadas em 1988 em Lemington Spa),
concretiza-se a coordenação dos esforços de Portugal e Espanha na realização
de actividades internacionais. Foi nesta
linha a tentativa de organização de um
IHC no Brasil em 1994 e em 1998 para
um congresso em Espanha, ambas as
tentativas sem sucesso. Várias formas
de persuasão dos membros do Council foram tentadas, em vão, como por
exemplo durante a reunião do Council
em Auckland (NZ) (fig. 6).
Em 1998, na reunião do Council em
Lovaina (fig. 7), o Prof. António A. Monteiro foi nomeado Director de Publicações da ISHS.função que desempenhou até 2002. Neste ano, foi nomeado
Membro Honorário da ISHS e em 2006
membro ex-officio do Board.
Finalmente em 2002, no XXVI IHC
em Toronto, sendo presidentes da APH
a Prof.ª Isabel Mourão e da SECH o Dr.
Victor Galán Saúco, os esforços conjuntos foram bem sucedidos, conseguindo trazer para Lisboa a realização
do XXXVIII IHC, para Agosto de 2010.
O número de lugares com participação portuguesa na ISHS aumentou em
2004 com a eleição da Prof.ª Maria Isa-
bel Ferreira (ISA) para Chairperson da
Commission “Irrigation and Plant Water
Relations”.
Durante o XXVII IHC em Seul, em
2006, o Prof. Carlos Portas foi nomeado Membro Honorário da ISHS
(fig. 8), tendo também sido apresentado
o programa do próximo IHC em 2010 em
Lisboa que, com a colaboração da APH
e da SECH, viria a ser um dos maiores
IHC organizado sob a égide da ISHS.
Quarenta e quatro anos depois da
primeira participação num congresso
internacional da ISHS e após 35 anos
de colaboração institucional entre a
ISHS e a APH, concluiu-se em 2010,
com chave de ouro, um ciclo nas relações internacionais técnico-científicas
na área da horticultura que nos deve
orgulhar e estimular.
Nesta época de rápidas e imprevisíveis mudanças, a crescente necessidade de organização deverá ser beneficiada pelo reconhecido engenho
português para enfrentar e resolver
situações complexas. Preparemo-nos
para o próximo ciclo.
Figura 8 – Atribuição do título de Membro Honorário da ISHS ao professor Carlos Portas, durante
o XXVII IHC.
* Professor Auxiliar da FCT/UALG
**Professor Emérito da UTL, ex-membro do Executive Committee e membro
do Council da International Society for
Horticultural Science
Quadro 3 – Encontros internacionais realizados em Portugal com colaboração da APH sob a égide da ISHS.
Ano
Local
Tipo
Designação
Convener
Presidente da APH
1979
Évora
International Symposium
“Prodution of Tomatoes for Processing”
Carlos Portas
Manuel Figueiredo
1980
Lisboa
International Congress
“3rd IC on Plastics in Agriculture”
Pedro Febrer
Manuel Figueiredo
1985
Albufeira
International Symposium
“Protected cultivation of Solanacea in mild winter climate”
António A. Monteiro
Carlos Frazão
International Symposium/Workshop
“1st Intern. Symp. on “Brassicas”
“9th Crucifer Genetics Workshop”
António A. Monteiro
José Dias Carreiro
“III International Walnut Congress”
José Gomes Pereira
José Dias Carreiro
International Symposium
“III International Symposium on Irrigation
of Horticultural Crops”
Mª. Isabel Ferreira
António Marreiros
Lisboa
International Symposium
“I International Symposium on Grapevine Growing,
Commerce and Research”
H.J. Böhm
Isabel Mourão
2003
Chaves
International Symposium
“III International Chestnut Congress”
Carlos Abreu
Isabel Mourão
2003
Oeiras e
Sevilha
International Symposium
“VIII International Symposium
on Vaccinium Culture”
L. Lopes da Fonseca
e Fernando Romero
Isabel Mourão
2005
Vilamoura
International Symposium
“III International Symposium on Fig”
José Leitão
Manuel Soares
2007
Peniche
International Symposium
“X International Pear Symposium”
Armando Torres Paulo
Manuel Soares
2007
Funchal
International Symposium
“VI International Symposium on New Floricultural Crops”
M.J.O. Dragovic
Manuel Soares
“III International Symposium on Acclimatization and
Establishment of Micropropagated Plants”
Anabela Romano
Manuel Soares
1994
Lisboa
1995
Alcobaça
1999
Lisboa
2003
International Congress
2007
Faro
International Symposium
2008
Vila Real
Iberian Congress
“II Iberian Congress on Chestnut”
J. Gomes-Laranjo
Manuel Soares
International Symposium
“VI International Symposium on Mineral
Nutrition of Fruit Crops”
Pedro Correia
e Maribela Pestana
Manuel Soares
“VI International Symposium on Olive Growing”
Pedro Fevereiro
e Anacleto Pinheiro
Manuel Soares
XXVIII IHC
António A. Monteiro
e Victor Galán Saúco
M.ª Elvira Ferreira
2008
2008
2010
Faro
Évora
Lisboa
International Symposium
International Horticultural Congress
Revista da APH N.º 103
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A palavra à Comissão Executiva
O 28th IHC 2010 foi um marco histórico
para a horticultura ibérica
António Monteiro
Co-Presidente do IHC2010
O 28th International Horticultural Congress constituiu um enorme sucesso pelo elevado número de participantes, a qualidade do
programa e a forma eficiente e agradável como decorreu a organização. Valeu a pena o trabalho e a persistência junto da ISHS para
se conseguir trazer este evento para a Península Ibérica e o esforço
colocado na sua organização. Foi o culminar de cerca de 14 anos de
preparação.
Aproveito para relembrar que a APH e a SECH iniciaram a preparação da candidatura ao Congresso por volta de 1996. Em 1998,
perdemos a organização do IHC de 2006 para a Coreia do Sul. Foi
depois deste insucesso que, com o apoio decidido do Dr. Víctor Galán Saúco, então presidente da SECH, se decidiu apostar fortemente em Lisboa para a organização do IHC de 2010. Valeu a pena.
Participantes
No passado mês de Agosto, os
participantes do Congresso saíram
de Lisboa satisfeitos com a organização, como ficou demonstrado por um
inquérito a que responderam mais de
mil dos cerca de três mil participantes
inquiridos. Quando se perguntou aos
participantes qual o grau de satisfação
com a sua presença no Congresso, 1%
respondeu “Mau”; 6% “Poderia ter sido
melhor”; 23% “Satisfatório”; 51% “Bom”
e 19% “Excelente”. Estes resultados
mostram que o Congresso agradou a
uma grande maioria dos participantes.
Foi uma organização grande e complexa, mas que resultou muito bem,
quer do ponto de vista do programa
científico quer ao nível da organização
e dos serviços prestados. Mas como
em tudo na vida, houve também aspectos que correram menos bem. Pelas
eventuais deficiências da organização
o nosso pedido de desculpas.
Estiveram presentes no Congresso 3186 participantes e 248 acompanhantes, num total de 3434 pessoas,
provenientes de 100 países. Há que
realçar a grande dispersão geográfica
dos participantes, com 8 países de fora
da Europa no grupo dos vinte países
com maiores representações, algumas
delas muito numerosas (quadro 1).
Quadro 1 - Lista dos vinte países com maior
número de participantes inscritos.
A Sessão de Abertura do IHC Lisboa 2010.
8
Revista da APH N.º 103
Espanha
398
Itália
228
Portugal
227
Japão
209
Estados Unidos da América
182
Brasil
179
China
172
Alemanha
119
França
98
Holanda
92
Polónia
75
Austrália
73
Bélgica
68
Coreia do Sul
63
Reino Unido
61
África do Sul
60
Canadá
50
Dinamarca
49
Hungria
48
Israel
44
Quadro 2 - Resumo do programa científico.
Eventos (número)
N.º de sessões orais
N.º de comunicações
por convite
N.º de comunicações
orais
N.º de apresentações
orais curtas
N.º de posters
N.º total de abstracts
Colóquios (9)
9
29
-
-
-
29
Simpósios (18)
138
98
488
548
2155
3289
Seminários (14)
36
31
119
87
230
467
Sessões temáticas (17)
42
13
166
171
332
682
Workshops (26)
26
102 comunicações orais
Business meetings (13)
13
Número indeterminado de intervenções informais
2717
4467
Total
171
773
806
O Centro de Congressos de Lisboa.
Programa
Científico
Sessão de
Abertura
O programa científico foi muito vasto e excedeu o que tem sido habitual
em congressos anteriores. Foram incluídas no programa 4569 comunicações, distribuídas por 9 colóquios, 18
simpósios, 14 seminários, 17 sessões
temáticas e 26 workshops (quadro 2).
Das 4446 comunicações formais, com
abstracts publicados, 171 corresponderam a oradores convidados, 773 a
apresentações orais e 3523 a posters,
dos quais 806 tiveram direito a uma
curta apresentação oral.
Não é agora oportuno entrar em
mais detalhes sobre o programa científico. Ficará para melhor ocasião uma
análise mais aprofundada da diversidade de temas, elevada qualidade de
muitas das apresentações, em especial
nos colóquios, e diversidade e complementaridade entre os temas dos vários
eventos incluídos no programa do Congresso. Contudo, o programa completo
do Congresso continua disponível online em www.ich2010.org e vale a pena
consultá-lo, para quem não teve oportunidade de estar presente em Lisboa.
Permito-me destacar a sessão de
abertura, presidida por Jorge Sampaio,
na sua qualidade de Alto Representante das Nações Unidas para a Aliança
das Civilizações, o qual proferiu também a conferência da abertura do Congresso, sob o título “Reflexões sobre o
desenvolvimento sustentável, diversidade e dignidade humana”. Ao confrontar os grandes desafios colocados
pela necessidade do desenvolvimento
sustentável no século XXI e a necessidade de preservar tanto a biodiversidade como a diversidade cultural, o Dr.
Sampaio enquadrou perfeitamente o
lema do Congresso “Science and Horticulture for People”.
A sessão de abertura foi também
uma oportunidade para conciliar o
trabalho científico com momentos de
descontracção. Durante a sessão de
abertura houve guitarras e música
portuguesa, como não podia deixar
de ser. A terminar, a orquestra de tambores “Toca a Rufar” encaminhou os
participantes para o Jardim de Palácio
Burnay onde decorreu um festa de re-
cepção aos participantes. Foi um verdadeiro “Arraial Alfacinha” com música,
marchas e muitos comes e bebes. O
fim de tarde esteve magnífico e favoreceu um ambiente agradável de distracção e convívio. Foi pena ter chegado
rapidamente a hora de regressar aos
hotéis, pois o dia seguinte seria de trabalho intenso.
Os Professores Luís Rallo e Carlos Portas durante
a sessão de abertura do Congresso.
Revista da APH N.º 103
9
Um espaço
de convívio
Um congresso de horticultura é
um espaço diversificado com múltiplas actividades. Já passou o tempo
em quando se ia um congresso se ficava a maior parte do tempo fechado
numa a assistir a comunicações. Hoje
a informação circula rapidamente, em
abundância e continuamente, pelo que
são diferentes os motivos de atracção
de um congresso. Foi por isso que, em
Lisboa, se investiu bastante na diversificação de actividades e no estímulo
aos contactos entres as pessoas.
A Exhibition e o Pavilhão de Espanha
foram uma excelente mostra da pujança da horticultura ibérica, onde também
marcaram presença várias empresas e
instituições ligadas ao desenvolvimento tecnológico e inovação. Contámos
com 40 stands e em muito deles havia
fruta e legumes para provar. Foi interessante observar a ênfase dada aos
produtos pré-preparados, como a fruta
fatiada distribuída continuamente aos
participantes. Não há dúvida de que
se queremos que os consumidores comam fruta é preciso sabê-la dar.
O espaço da Exhibition, juntamente com o Internet café, a zona dos
coffee-breaks e a exposição de posters, foi sempre um espaço animado e
muito concorrido. O programa teve intervalos suficientemente longos, mas como
conversa puxa conversa, haverá sempre
quem ache que deveria ainda haver mais
tempo de pausa no programa.
A Exhibition no IHC Lisboa 2010.
10
Revista da APH N.º 103
O Brokerage Event teve sempre grande animação.
Brokerage Event
E-posters
A INOVISA em colaboração com
a Agência de Inovação, o Cluster
Agro-Industrial do Ribatejo e a Universidade de Évora, organizou um brokerage
event (BE) dedicado à horticultura, durante o Congresso. Um BE consiste num
sistema organizado que facilita a comunicação entre investigadores e empresas,
ou seja, entre quem produz e quem utiliza
o conhecimento. Assim, num congresso
faz todo o sentido que a troca de informação que ocorre publicamente nas salas
de conferência seja depois complementada com encontros privados, os quais
têm como objectivo o desenvolvimento
de actividades de parceria. Deste ponto
de vista o BE foi um êxito, ao conseguir
550 participantes inscritos que requisitaram 779 encontros. Pensamos que,
desse elevado número de encontros bilaterais entre profissionais da horticultura,
tenham surgido iniciativas interessantes
para o estabelecimento de ligações entre
os fornecedores e os utilizadores de tecnologia, para o fortalecimento de parcerias e para o desenvolvimento de futuros
projectos de I&D.
Uma das preocupações dos organizadores do Congresso foi fazer com
que os posters deixassem de ser o
parente pobre das formas de apresentação de comunicações. Para isso,
criaram-se os posters electrónicos
(e-posters) que foram utilizados para
breves apresentações orais (3 minutos) e também colocados na Internet,
onde podem ainda ser visitados por interessados de todos o mundo. Basta ir
à página do IHC em www.ihc2010.org,
visitar os 1500 posters de livre acesso,
agrupados nos diversos simpósios, seminários e sessões temáticas, onde foram originalmente apresentados. Mas
há mais, os visitantes podem deixar
comentários ou fazer perguntas on-line
sobre os posters, os quais serão enviadas por e-mail para os autores. O Congresso ainda continua…
Visitas técnicas
As visitas pós-congresso foram uma
oportunidade para os participantes
contactarem com o sector hortícola em
Portugal e em Espanha e também para
apreciarem a cultura e pontos de interesse turístico nos dois países ibéricos.
A maioria das visitas foi organizada
por produtores ou por empresas e instituições ligadas à produção hortícola,
a quem a Congresso agradece, mais
uma vez, o valioso apoio dispensado.
As nove visitas de um dia envolveram cerca de 600 participantes e
tiveram partida e chegada a Lisboa. A
diversidade de temas foi grande, incluindo a produção de pequenos frutos
e proteas em Odemira, vinhas e olivais
do Alentejo, a produção de legumes
no vale do Tejo, culturas protegidas no
Oeste, a fruticultura no Oeste e o acompanhamento da fileira da produção do
campo ao supermercado. Os almoços
de campo, o ambiente descontraído e
a forma calorosa como os participantes
foram recebidos contribui também para
o sucesso desta parte do programa.
Outros participantes com mais tempo puderam viajar durante alguns dias
para Douro e para diversos destinos
em Espanha, incluindo uma visita às
Canárias.
A visita ao Porto e o passeio de barco no Douro, com visita a quintas e prova de vinhos foi, sem dúvida, um dos
pontos altos das visitas pós-congresso.
Contudo, quem teve como destino Espanha, encontrou muito que ver e temas de grande interesse, quer to ponto
de vista técnico quer em termos culturais e turísticos. Há que realçar a produção de flores e plantas ornamentais
na Andaluzia, uma das regiões produtores mais importantes de Espanha; a
fruticultura no Vale do Ebro, muito diversificada e com elevado nível técnico
e de organização; as culturas tropicais
e sub-tropicais na Ilha de Tenerife (Canárias) que, apesar de estar localizada
a cerca de 1 000 km da Península, não
quis deixar de se integrar nas actividades do Congresso. Por último, houve
participantes que aproveitaram para se
inscrever no encontro sobre melhoramento genético de pimento e beringela, promovido pela EUCARPIA, e que
teve lugar na Universidade Politécnica
de Valência, imediatamente a seguir ao
Congresso.
O jantar de encerramento do Congresso no Casino Estoril.
Jantar de encerramento
Como não podia deixar de ser, o
Congresso terminou com um jantar de
encerramento no Casino Estoril, que foi
precedido por um passeio em autocarro ao longo da Costa do Estoril. O imponente salão Preto e Prata do Casino
esteve repleto com 1 000 participantes.
Foi uma noite de convívio memorável,
com boa comida e agradável conversa.
O jantar terminou com o espectáculo
“Fado: História de um Povo”que, passe a publicidade, recomendo vivamen-
Lisboa
Agradecimentos
Não se pode falar no IHC2010 sem
referir Lisboa. É inacreditável o poder
de sedução que esta cidade tem sobre os visitantes. Podemos acreditar
que o desejo de visitar Lisboa pesou
na decisão de muitos dos participantes em se inscreverem no Congresso.
Quem vive em Lisboa não se apercebe, infelizmente, da beleza da cidade,
da qualidade de muitos serviços e de
quão agradável é a cidade para quem
nos visita. Os comentários elogiosos
sobre Lisboa, por parte dos participantes no Congresso, falam por si. O único
problema foi a dificuldade da escolha
entre o programa do Congresso e as
atracções turísticas de Lisboa, que
deixou muita gente face a decisões
difíceis… Contudo, como as sessões
do Congresso estiveram sempre com
muito boa assistência, presume-se que
Lisboa ficou para as horas vagas. A Cidade foi sem dúvida uma das estrelas
do Congresso.
A organização do Congresso envolveu o trabalho de uma numerosa e
dedicada equipa. Em primeiro lugar os
patrocinadores e parceiros, onde estão
incluídas empresas e instituições, aos
quais agradecemos não só o apoio financeiro, mas também o envolvimento
directo em algumas das actividades do
Congresso.
Refiro também a colaboração voluntária dos presidentes e dos membros do Comité Executivo, Comité Organizador, Comité Científico, Comité
Consultivo Internacional e Comité de
Indústria. Estes comités envolveram
mais de 100 de pessoas de numerosos
países, as quais deram o seu melhor
para a organização do Congresso.
Os “conveners” dos vários eventos,
colóquios, simpósios, seminários, sessões temáticas e workshops, merecem
uma palavra especial de agradecimento. Eles foram a alma do programa
científico do Congresso ao seleccio-
te. Está muito bem coreografado, tem
boas vozes e utiliza uma forma simples
de transmitir o espírito do fado a quem
nos visita ou aos portugueses que andam mais esquecidos das nossas raízes culturais.
O espectáculo terminou com danças
e músicas da Austrália e Nova Zelândia, para lembrar que o próximo congresso irá ser em Brisbane, em Agosto
de 2014. É longe, mas vai valer a pena
a viagem.
narem os temas e os oradores. Sem o
seu envolvimento teria sido impossível
gerir um programa tão complexo.
Contámos também com excelentes equipas profissionais que se ocuparam das diversas áreas técnicas
da organização, das quais destaco a
Meeting Point, a Ponteiro Mágico, a
MHP Design e a Casa do Marquês. A
todos agradeço a dedicação e profissionalismo.
Por último uma palavra de apreço
e de especial agradecimento aos que
comigo colaboraram mais de perto na
organização. O Doutor Pedro Oliveira,
secretário geral do Congresso, e a sua
equipa do INRB de Oeiras. O Prof. Luís
Rallo e o Prof. Raul de la Rosa, que se
ocuparam do programa científico. O
Doutor Víctor Galán, co-presidente do
Congresso, pelo apoio e entusiasmo
que colocou na organização.
A todos Muito Obrigado!
Revista da APH N.º 103
11
A palavra à Comissão Executiva
Mis reflexiones sobre
EL IHC Lisboa 2010
Víctor Galán Saúco
Co-Presidente do IHC2010
Isabel Mourão, con quien compartí
años de trabajo y amistad siendo ambos presidentes ella de la APH y yo de
la SECH, me ha pedido que escriba
mis impresiones sobre el 28 Congreso
Internacional de la ISHS que con tanto éxito se ha celebrado en la preciosa
ciudad de Lisboa. No es una tarea fácil
ya que cuando algo se ha desarrollado con tan buenos resultados y has
estado involucrado como copresidente
del mismo, tus palabras pueden sonar
como autoelogio y quisiera evitar esa
impresión.
Sé también que, análogamente, ha
pedido a otras personas responsables
de los distintos comités de Lisboa 2010
y a los presidentes de la SECH y la
APH sus reflexiones sobre el mismo.
Trataré, pues de evitar aquí, al máximo
de lo que me sea posible, hacer hincapié en los aspectos que puedan ser
cubiertos por ellos.
Quisiera comenzar por decir que
este Congreso ha tenido un alma, Antonio Monteiro, y muchos cuerpos, entre los que me incluyo, trabajando en
comunión con él. No puedo dejar de
decir que sin su constante esfuerzo
el éxito no hubiera sido posible. Pero,
también quiero destacar que otro de los
factores claves de enorme importancia
en el éxito del Congreso ha sido la notable participación de las comunidades
científicas española y portuguesa que
ocuparon el primer y tercer lugar respectivamente en el número de participantes, lo que es un fiel reflejo de la
gran acogida que tuvo este acontecimiento entre nuestros científicos, reiterando una vez más, esta vez en un foro
con enorme proyección internacional,
la pujanza de la investigación hortofrutícola de la Península Ibérica y la unión
entre nuestras Sociedades Hortícolas,
iniciada, como ya dije en las palabras
que pronuncié en la Sesión Inaugural
de Lisboa 2010, en Valencia hace casi
30 años. Mis recuerdos me llevan a un
almuerzo en aquella bella ciudad de
la costa levantina donde la APH y la
12
Revista da APH N.º 103
Víctor Galán Saúco na Sessão de Abertura do IHC Lisboa 2010.
SECH iniciaron un pacto para trabajar
conjuntamente por el progreso de las
Ciencias Hortícolas. En aquel entonces
Antonio y yo éramos apenas unos recién llegados y, mientras que en la SECH
comenzaba a tener un papel destacado
Luis Rallo, que luego sería durante muchos años su Presidente y gran impulsor de la misma, al frente de la delegación portuguesa estaba Carlos Portas,
que con su omnipresente buen hacer
ha sabido continuar durante todos estos años como el timonel en la cubierta
aportando el equilibrio necesario para
mantener el rumbo de forma correcta,
orientándolo siempre hacia este Congreso. Ha sido un largo proceso donde
los esfuerzos y proyectos de nuestras
sociedades fueron entrelazándose y tejiendo lentamente la urdimbre de este
evento convirtiendo dicho sueño en
una realidad tangible: ¡Lisboa 2010!
Claro que la unión entre nuestras
sociedades no es más que un reflejo
de la unión entre nuestros pueblos con
proyectos y labores que compartimos
como hermanos, por nuestra proximidad e historia común,- en algunos momentos fuimos una sola nación - que
nos ha llevado a mantener valores culturales muy próximos. La celebración
de eventos coorganizados por España
y Portugal, de los que Lisboa 2010 es
sin duda un hito difícil de superar por su
enorme éxito - con 3434 participantes
de 100 países, cifra muy superior a la
de los últimos Congresos Internacionales de la ISHS que apenas superaron
los 2000 participantes - es cada vez
más frecuente. Por poner un ejemplo,
ya que escribo este artículo el jueves
18 de noviembre, solo mencionaré la
candidatura conjunta de España y Portugal al Mundial de Fútbol 2018 que espero tenga éxito y que la final sea entre
nuestras selecciones, aunque eso sí
con un partido más competido que el
de anoche.¡Mi enhorabuena por vuestro brillante juego ante nada menos que
la selección campeona del mundo!
La diferencia entre Lisboa 2010 y
el partido de anoche fue que mientras
que ayer fue una batalla marcada por el
enfrentamiento entre ambos equipos,
durante Lisboa 2010 predominó la cordialidad entre los congresistas ibéricos.
De hecho, muchos de nuestros científicos de la APH o de la SECH ejercieron como conveners o coconveners
en la casi totalidad de los simposios,
seminarios y talleres que integraban
el programa científico de Lisboa 2010.
En la sombra del Congreso, de forma
casi invisible, pero tremendamente efi-
caz, mano a mano con los miembros
del Comité Científico, trabajaba el Comité Organizador, también integrado
por miembros de ambos países que
aunque disfrutaron poco del evento,
permitieron que todos los participantes
pudiéramos beneficiarnos plenamente
de Lisboa 2010.
He asistido a todos los Congresos
de la ISHS desde 1978 en Sydney, salvo Davis, donde, por cierto, se alcanzó
el record histórico con casi 4.000 participantes en 1986 y siempre he detectado pequeños fallos que si bien no han
perjudicado la calidad científica de los
mismos, de alguna manera han perturbado ligeramente el ambiente cordial
del Congreso. A tenor de mi impresión
personal, por mis charlas con los diferentes participantes, muchos de ellos
amigos que no dudarían en contarme
sus quejas, apenas me llegaron escasa
críticas, lo que parece corroborar la reciente encuesta online elaborada por el
Secretariado de la ISHS entre los participantes de Lisboa 2010.
Todos los aspectos de este Congreso han sido especialmente cuidados,
desde la sesión de apertura brillantemente presidida por la intervención del
Dr. Sampaio, antiguo Presidente de la
República de Portugal y actualmente
Alto Comisario de las Naciones Unidos
para la Alianza de Civilizaciones, seguida por un número inolvidable de guitarra
portuguesa y culminado con un espectacular despliegue de música de tambores que nos condujo a todos en un
ambiente grandioso y festivo a una verbena portuguesa al aire libre en los jardines del cercano Palacio Burnay. Allí,
rememorando el anciano ritual, pudimos
brindar de forma festiva a la manera
del verdadero significado de la palabra
simposio que viene del idioma griego y
que literalmente significa ‘beber juntos’,
ceremonia que se realizaba acompañada de los mejores manjares durante la
celebración de las conferencias académicas. Esta sesión de apertura constituyó un preludio del magnífico congreso
que nos esperaba tanto desde el punto
de vista científico como desde el punto
social que concluyó en la cena de clausura celebrada en el marco del famoso
Casino do Estoril. No sería justo omitir
aquí el excelente trabajo de Meeting
Point que con su gran profesionalidad
contribuyó al éxito del Congreso.
Tal vez, y sólo por poner algún reparo, el tiempo de duración del Congre­
so me pareció demasiado corto para
poder atender a las sesiones de los
eventos científicos que, para ajustarse
a este corto periodo, se celebraban de
forma simultánea y menos aún para
echar un vistazo al novedoso Brokerage Event que permitía poner en contacto al sector privado con el mundo
investigador. Más difícil aún fue encontrar algo de tiempo para visitar con
calma los diferentes stands y el gran
número de posters que se exhibieron
en el amplísimo espacio de los pabellones dispuestos para tal fin en el grandioso marco del Palacio de Congresos,
lo cual era previsible ya que como copresidente tenía muchas obligaciones
que cumplir. Creo, dicho sea de paso,
que las bellezas de la ciudad de Lisboa
impidieron también a numerosos participantes dedicar todo su tiempo a algunas de estas actividades, pero eso es
una bendita cuota que hay que pagar
cuando compiten en tan corto número
de días los intereses científicos y los
culturales.
Es cierto que Lisboa 2010 ha sido
la culminación de la colaboración entre
la APH y la SECH tras casi 30 años de
trabajo conjunto, pero estoy seguro de
que Lisboa 2010 más que una cima es
un nuevo comienzo que abrirá nuevas
sendas de cooperación que quienes
sigan al frente de nuestras sociedades
sabrán hollar al menos con el mismo
esfuerzo y dedicación que lo hemos
hecho durante este periodo.
Revista da APH N.º 103
13
A palavra à Comissão Executiva
IHC 2010: Éxito por
la colaboración
Fernando Riquelme
Presidente SECH
El desarrollo del 28th International
Horticultural Congress ha sido un gran
éxito, la participación, las cifras, la organización, el desarrollo, etc. todo
esto, con la perspectiva de los meses
transcurridos lo podemos transformar
en estadísticas, opiniones, sensaciones … que nos ratifican el éxito de este
gran encuentro científico-técnico.
Sin embargo, quiero que mi planteamiento en estas líneas mire hacia adelante, sobre la base de ese gran acontecimiento podemos aspirar a superar
nuevas fronteras, traspasar límites que
hasta ahora restringían nuestras actividades.
A pesar de la difícil situación internacional, fundamentalmente económica,
el IHC 2010 ha alcanzado estos niveles
por múltiples factores que se han unido
contribuyendo a su eficacia; entre los
que destacan fundamentalmente dos:
en primer, se ha organizado con el soporte de la ISHS que constituye el pilar fundamental; la amplia trayectoria y
experiencia en la organización de múltiples actividades, en particular los congresos internacionales de horticultura,
es un aval que garantizaba su buen
desarrollo; consideración y prestigio
que se ha incrementado y consolidado
en los últimos años por la dedicación y
preocupación del Board y del Staff de
la Secretaría de la propia ISHS, que
han dinamizado y orientado el trabajo
de la sociedad con gran éxito.
En paralelo con este bagaje que es
patrimonio de nuestra ISHS, destaca la
colaboración entre la APH y la SECH,
trabajo en común mantenido durante muchos años, que en esta ocasión
ofrece sus frutos a toda la comunidad
internacional interesada en la horticultura. Ha sido magnífica la cooperación
entre los miembros que constituían el
Comité Ejecutivo del IHC 2010, cada
uno con su propia personalidad, pero
14
Revista da APH N.º 103
Fernando Riquelme na Sessão de Abertura do IHC Lisboa 2010.
todos dispuestos a aportar las mejores
ideas y el mejor trabajo para que la organización fuera fluida y eficiente.
Portugal destacó por el trabajo del
núcleo del Comité Local de Organización, cuyo esfuerzo y resultados nos han
proporcionado un congreso familiar;
podríamos pensar que sería una labor
imposible con 3500 participantes, pero
gracias a su dedicación y a la hospitalidad de Lisboa, ha sido una realidad.
España se volcó en el callado trabajo del Comité Científico y en las actividades post-congreso, pero también ha
destacado notablemente su presencia,
pues a pesar de la difícil situación económica, los congresistas españoles
constituyeron el colectivo más numeroso entre los 102 países participantes,
representando el 12’5% de todo el congreso.
Pero el IHC 2010 es, debe ser el inicio, quizás deba decir mejor debe dar
continuidad, continuidad renovada, en
la dedicación a las ciencias hortícolas,
investigación, proyección y transferencia al sector económico. Tenemos renovación en la presidencia de la ISHS,
en donde Antonio Monteiro ha sido
elegido por amplia mayoría, por sus
méritos personales y su larga e inten-
sa dedicación a la ISHS. Para alcanzar
esta posición ha contado con el pleno
apoyo de las sociedades portuguesa y
española, configurada en gran medida
en las etapas/sesiones de organización
del Congreso. Pienso que tenemos por
delante años de gran proyección de la
ISHS, aunque también serán de grandes cambios en la horticultura y sus
ciencias, donde nuestro trabajo debe
contribuir con nuevas ideas y propuestas.
En la organización y desarrollo del
congreso se han realizado muchas actividades, algunas programadas por los
co-presidentes y el Comité Ejecutivo,
otras espontaneas, gracias a las facilidades que ofrecía el magnífico Centro
de Congresos de Lisboa, que dan perspectiva y posibilidades de desarrollo
y progreso. Es posible que pensemos
que la concurrencia de las empresas
en la Exhibition, no alcanzó los objetivos planteados, el trabajo dedicado a
esta acción no logró captar al sector
empresarial al nivel deseado, situación
que podemos atribuir muy probablemente a la situación económica internacional; pero es muy posible que la
promoción realizada en esa dirección
haya contribuido a la concurrencia en
otras áreas del propio congreso, como
congresistas, o en la participación en el
Horticulture Brokerage Event, una idea
propuesta inicialmente desde la SECH,
que fue magníficamente desarrollada
por Inovisa, alcanzando un gran éxito
por el número de inscripciones y de
encuentros desarrollados. Los investigadores y profesionales asistieron
con gran interés, teniendo como interlocutores técnicos y representantes de
las empresas interesadas en aquellos
nuevos desarrollos. Pienso que es la
primera vez que en los congresos de
la ISHS se proporciona una infraestructura de estas características, adecuada
para encuentros bilaterales, con una
gran aceptación en ambos sectores (investigación y empresas); su resultado
nos indica que debemos mantenerla en
los próximos eventos, tanto internacionales como en los nacionales.
Otro encuentro que debo destacar,
en esa perspectiva de futuro es la reunión de las Sociedades Iberoamericanas
de Horticultura, organizada con el objetivo de realizar una puesta en común
de todas las sociedades interesadas y
en la que APH y SECH han expresado
el máximo interés por las posibilidades
que ofrece pues en este conjunto nos
integramos sociedades y países, que
compartimos tradición, historia y forma de ser, que juntos podemos lograr
los mayores objetivos. El gran grupo
de sociedades iberoamericanas, con
idiomas comunes o muy próximos,
nos otorgan grandes posibilidades,
debemos colaborar, constituimos una
amplia comunidad con intereses comunes, que podemos y debemos hacer un
gran trabajo, todos juntos.
Quizás algunos tengamos ya en el
horizonte el relevo en nuestras responsabilidades en la sociedades de ciencias hortícolas, pero no importa, nuevas generaciones están dispuestas, las
nuevas aportaciones serán capaces de
mejorar nuestro trabajo, pero con la experiencia de los últimos años, mantener y enriquecer estas colaboraciones
siempre será beneficiosa tanto para la
APH y la SECH, como para la ISHS.
Revista da APH N.º 103
15
A palavra à Comissão Executiva
Os “nossos” Congressos (IHC) e Conselhos (Council)
e o “nosso” ibérico mega-Congresso e Conselho de Lisboa
Carlos Portas
Presidente da Comissão Consultiva Internacional
Permitam um esclarecimento do
título e uma nota introdutória. Quanto
àquele, escrever que estes Congressos (IHC´s) e Conselhos (Council´s) da
Sociedade Internacional de Ciências
Hortícolas (ISHS) são “nossos” expressa simplesmente que sem dúvida
neles houve participação portuguesa.
E ao salientar um “mega” entre eles
não é porque fosse único mas porque
também é “nosso” e ibérico, como se
explicará no texto.
No respeitante à nota introdutória
esta parece útil porque muitos dos prováveis leitores foram pela primeira vez
a um IHC. Assim talvez não conheçam
a relação entre os IHC´s, os Council´s
e as principais reuniões de trabalho
científico: os Simpósios (symposia).
Os IHC´s são quadrienais e têm
uma história mais antiga que a da própria ISHS (começaram no séc. XIX) e
a ela deram origem em 1958/60. Os
Council reúnem os países-membros
(actualmente quase setenta e cada
um com direito a três representantes)
e são bienais, sendo que em cada IHC
necessariamente se realiza um deles.
A Assembleia Geral reúne os sócios
individuais (cerca de sete milhares) e
tem lugar num dos dias de cada IHC,
ratificando (ou não) as decisões fundamentais dos Council´s.
A ISHS é uma sociedade de direito
privado, actualmente sediada na Bélgica (Louvaina), e administrada pelo
Board (com cinco membros) e que
publica a Chronica Horticulturae. Dele
depende uma direcção executiva, chefiada pelo Director-Executivo (antes
Secretário-Geral).
A sua principal actividade científica
é a organização dos Symposia (simpósios), cuja publicação se faz nas Acta
Horticulturae. Os órgãos de trabalho
científico da ISHS são as Secções
(Sections, por cultura) e as Comissões
16
Revista da APH N.º 103
Quadro 1 – ISHS: Congressos, Conselhos e 1.º Simpósio PT.
Ano
Cidade
Congresso (Cg.), Conselho (C), Simpósio (S.)
1966
College Park, Maryland. (EUA)
XVII Cg.
1970
Tel-Aviv (ISR)
XVIII Cg.
1974
Varsóvia (POL)
XIX Cg.
1976
Florença (IT)
C, 1.ª participação PT
1978
Sydney (AUSTL)
XX Cg., C
1979
Évora (PT)
1st ISHS Symposium (PT)
1982
Hamburgo (AL)
XXI Cg., C
1986
Davis (EUA)
XXII Cg., C
1988
Leamington Spa (RU)
C, encontro com SECH (ESP)
1990
Florença (IT)
XXIII Cg., C, PT entra no Executive Committee
1994
Kyoto (JAP)
XXIV Cg., PT entra no Board
1998
Bruxelas (BE)
XXV Cg., C
2002
Toronto (CAN)
XXVI Cg., C
2006
Seul (COR)
XXVII Cg., C
2010
Lisboa (PT)
XXVIII Cg., C
EUA, ISR, POL, IT, AUSTL, PT, AL, RU, ESP, JAP, BE, CAN, COR - abreviaturas do nome dos países
(Comissions, por tecnologias), as quais
actuam através dos seus Grupos de
Trabalho (Working Groups). Deve também notar-se que as relações entre as
actividades científicas da APH e ISHS,
remetem para outro trabalho publicado
nesta revista, da autoria de Mário Reis
e Carlos Portas.
O “nosso” primeiro IHC1 foi em 1966
e teve lugar em College Park, Estado
de Maryland (EUA) e era o XVII da
ISHS1 (quadro 1). Mas para se perceberem “o tempo e o modo”2 em que
este e os seguintes se enquadraram
relembrar-se-ão por várias vezes acontecimentos (alguns até do foro particular) que parecem pertinentes para
melhor entender esta sequência de 12
Congressos.
Três anos antes participara noutro
congresso, quando trabalhava no 2.º
grupo de disciplinas do Instituto Superior de Agronomia (ISA) que incluía
Mesologia e Pedologia, pelas quais
iniciei a carreira académica (1961/63).
Tratou-se do Congresso Internacional
de Ciência do Solo (da ISSC3), que
1 A partir daqui passaremos a escrever IHC ou Congresso quando se referirem os Congressos Internacionais de Horticultura, Council ou Conselho quando se referirem os Conselhos da ISHS e ISHS quando se referir a Sociedade Internacional
de Ciências Hortícolas.
2 Nome da “revista de pensamento e cultura política”, fundada por António Alçada Baptista em 1963 e dirigida por João
Benard da Costa, cujo primeiro número inclui um artigo de fundo de Jorge Sampaio que foi o conferencista convidado da
sessão inaugural do nosso “mega”-Congresso.
3 International Society for Soil Science.
teve lugar em Bucareste, Roménia, em
1963. A delegação de vários membros
era chefiada pelo Prof. R. Pinto Ricardo
(o Prof. J. Botelho da Costa, PhD Universidade de Londres, a nossa grande
figura internacional do sector, estava
muito doente) e eu apresentei uma
comunicação sobre solos de Angola
juntamente com o Prof. J. Bastos de
Macedo (que não compareceu), sendo
publicada depois nas actas respectivas. Os fundos para esta deslocação
vieram da Missão de Pedologia de Angola, que custeava estas saídas desde
que se apresentassem trabalhos.
Fiquei a saber como era “isto das
grandes reuniões científicas internacionais” e comecei a perceber que o
caminho da ciência e das tecnologias
iria passar progressivamente pela internacionalização (não se usava a palavra globalização). “Tomei-lhe o gosto”
e inscrevi-me na ISSC.
Voltando à horticultura, Portugal fora
um dos membros pós-fundacionais
(1961) da ISHS (esta considerara sempre a horticultura no seu sentido lato),
entrando para o seu Council, onde era
representado por três membros nomeados pelo Ministério da Agricultura.
A saber: Prof. J. Vieira Natividade (o
Mestre indiscutível), Eng. Agron. Weber de Oliveira (homenagem a Weber
de Oliveira - Revista da APH n.º 101)
e Dr. Alberto Gardé (PhD, Universidade
de Londres, John Innes Institute, horticultura herbácea). Era uma delegação
de muita qualidade (todos foram mais
tarde Horticólogos de Honra da APH).
Mas sucedia que a política nacional
do tempo não facilitava que tomassem
parte activa na vida da ISHS, nomeadamente nos IHC´s e Council´s.
Quando tomei conhecimento do
anúncio do XVII IHC, através das revistas internacionais de especialidade,
falei com o Prof. Carlos Marques de
Almeida, responsável da Secção de
Viticultura, Horticultura e Arboricultura do ISA, para onde eu concorrera e
entrara em 1964/65. Ele era então um
dos cinco sócios portugueses da ISHS
e entusiasmou-me a ir oficialmente.
Foi muito difícil conseguir auxílio
financeiro: não havia Ministério do
Ultramar a ajudar, como nos Solos,
nem qualquer projecto de I-DT na
Secção; eu não tinha ainda c.v. nem
me enquadrava em associação da
área (não existia). Ora uma ida e volta
Lisboa-Nova Iorque custava bem mais
cara que hoje.
A única entidade financiadora possível era o então Instituto de Alta Cultura (IAC), presidido pelo Prof. Gustavo
da Europa do Norte e por isso perseguidos, que depois iniciaram a colonização branca.
Figura 1 – Logotipo do XVII IHC, em Maryland, EUA.
Cordeiro, da Universidade de Coimbra
e ex-Ministro da Educação dos 1.ºs Governos de Salazar. O IAC tinha verbas
reduzidas, nomeadamente para aquilo
que não dissesse respeito à Cultura
(sentido estrito) e às Belas Artes. Mas
consegui uma entrevista com uma senhora “poderosa”, a Dr.ª Rosa Castanho, uma espécie de Secretária-Geral,
muito activa e “histórica” da casa. Lá
me deram 13 “contos” (13 000 escudos), para viagens (2/3) e alojamento
(1/3), hoje equivaleriam a 3 200€ e o
meu vencimento de 2.º assistente era
de 470€ mensais. Preparei uma comunicação oral. Os membros portugueses
do Conselho não participaram e assim
terei sido o primeiro português que tomou parte activa num IHC, que foi assim “nosso”….
O Congresso teve para mim uma série de surpresas. Começando porque
não tinha noção da dimensão humana
dos IHC´s (pessoas e países). Neste
houve cerca de mil participantes (então
os sócios individuais da ISHS eram milhar e meio e os seus países-membros
trinta e dois) (fig. 1).
Depois aconteceu a descoberta de
outra realidade: um campus. Foi a primeira vez que neles me instalei. Com
as aldeias e casas de professores, as
excelentes cantinas, os enormes dormitórios de estudantes, os grandes departamentos científicos e de extensão
de conhecimentos, os campos experimentais, os relvados e os bosques.
E mais de dez mil estudantes (quase
tantos como toda a nossa Universidade
Técnica de Lisboa). São primeiras impressões que não se esqueceram.
Junto à costa Leste, como o Estado de Maryland, muitos destes campus
dos EUA tiveram a ver com os primeiros imigrantes, os “pilgrims”, puritanos
Outra novidade foi o enquadramento
urbano. Estas grandes Universidades
fizeram crescer cidades ao seu redor,
pois tinham muitos milhares de alunos,
a que se somavam também alguns
milhares de funcionários: docentes, investigadores, técnicos dos serviços de
apoio e limpeza e dos parques. O que
significava várias dezenas de milhares
de pessoas com as suas famílias, habitações e vida social, cultural e política.
O presidente do Congresso foi um
cientista notável, Prof. H. Tukey sr, um
especialista de fruticultura, doutorado
na Cornell University, o qual de acordo
com os estatutos em vigor, fora Presidente da ISHS nos quatro anos que então se concluíam. O Secretário-Geral da
ISHS era um diplomata holandês muito
afável mas distante, Dr. G. De Bakker. A
sede da ISHS era no Ministério da Agricultura holandês, em Haia.
No desenrolar dos trabalhos tive um
problema que não mais esqueci! Eu
levava uma comunicação na área da
horticultura herbácea, acerca de uma
cultura que em Portugal nessa altura
só aparecia em hortas inovadoras e
se vendia nas lojas caras de frescos
da Baixa/Chiado: a chicória-de-folha.
Tratava-se de um pequeno ensaio de
semi-forçagem no Inverno-Primavera
na região de Belas, Sintra. Os resultados estavam condensados em quatro diapositivos (slides), preparados
por um funcionário-fotógrafo do ISA,
o Sr. Nabais, amigo de boa memória.
Apresentei-me na sessão especializada para que estava programado, com
o meu inglês ainda macarrónico mas
já entendível. Presidia um professor
da Universidade Técnica de Munique,
Dr. Dietrich Fritz que, soube depois,
acabava de ser nomeado (não havia
eleições) para chefiar a Secção de
Hortaliças do ISHS e se tornaria bom
amigo pessoal (ver XX e XXI IHC).
Quando ia inserir os diapositivos no
projector verifico que não cabiam, pois
estes eram todos da marca Kodak e
só admitiam o respectivo formato (que
mais tarde se universalizou). Fiquei em
estado de choque: havia feito uma viagem de milhares de quilómetros e era
importante apresentar a comunicação
até para ser publicada nas Actas do
Congresso (ainda não havia Acta Horticulturae) e assim isso não aconteceria
(eram as normas em vigor). Procurou
consolar-me (ter-me-ão vindo as lágrimas aos olhos). A comunicação foi
Revista da APH N.º 103
17
Figura 2 - Cartão de Sócio da ISHS (frente e verso)
depois publicada na nossa Revista
Agronómica. Quando enviei a separata
ao Prof. J. Vieira Natividade recebi um
cartão a felicitar-me por ter participado
num Congresso Internacional, pois os
colegas jovens neles deviam participar.
Duas décadas após seria docente num
destes campus, o da Iowa State University, em Ames, Iowa!
Fiz-me também sócio da ISHS, sendo efectivo desde o início de 1966 (até
hoje!) (fig.2).
Fui ao jantar de encerramento,
aprendi chamar-se-lhe “banquet” (não
seria bem assim que se denominaria
na Europa mediterrânea…) e que era
pago (não incluído na inscrição). Aproveitava-se para agradecer a pessoas e
instituições que se distinguiram antes
e durante o Congresso (continua esta
boa tradição).
No “nosso” mega foi mesmo um
banquete e de qualidade excepcional.
O congresso seguinte, o XVIII IHC,
em 1970, foi em Israel em Tel Aviv
(quadro 1), cidade marítima com cerca
de quatrocentos mil habitantes.
Ora sucedera que deixara o ISA em
1967 e fora para a Universidade de Luanda, delegação de Nova Lisboa (hoje
Huambo), como responsável pela Agricultura Geral mas continuando ligado
à horticultura herbácea. Aliás eu havia
trabalhado antes em Angola (1960),
cujo interior percorri de Norte a Sul,
aproveitando para escrever dois pequenos estudos, um sobre a cultura da
mandioca e outro sobre a do cajueiro
(este publicado na “Agros”).
O Prof. Manuel Gomes Guerreiro,
notável discípulo do Prof. Vieira Natividade, era delegado do Reitor no
18
Revista da APH N.º 103
“campus da Chianga” (Nova Lisboa),
dirigindo com visão a pequena delegação, a qual vivia paredes-meias com o
Instituto de Investigação Agronómica
de Angola, (IIAA), partilhando as suas
instalações, o que era um forte contraste com a separação entre o ISA e
a Estação Agronómica Nacional na
“metrópole” (como então se dizia). Eu
completava a minha dissertação académica com novos ensaios de campo,
trabalhando raízes de várias plantas
hortícolas. Neste contexto não foi difícil
que a Universidade de Luanda financiasse a ida a Israel.
O presidente deste XVIII era o
Dr. P. Spiegel-Roy, reputado especialista em citrinos no famoso Volcani
Institut, em Rehovot. O local do IHC foi
o Hotel Hilton, no centro da cidade de
Tel Aviv, junto ao Mar Mediterrâneo.
A valia científica da pequena comunidade universitária e científica israelita
dedicada à agricultura e pecuária era
impressionante e por isso o Congresso
teve um excelente nível. Um dos objectivos de discussão eram as bases
tecnológicas que mais tarde permitiram
a revolução da rega gota-a-gota e da
micro-aspersão. Observámos estes
ensaios que se realizavam nos novos
laranjais e se estendiam pelo Sul do
país, entrando pelo deserto do Negev.
Visitámos o Volcani Institut a que
também pertencia o jovem Dr. J. Rudich, investigador internacionalmente
prestigiado que trabalhava no melhoramento de tomate para fresco e para indústria e com o qual o METI (ver adiante) estabelecerá contactos.
Também fomos aos “kibbutz´s” - as
grandes explorações colectivas socialistas com forte autonomia de gestão
e englobando os sectores industrial e
dos serviços - e aos “mochav´s” - que
se aproximavam das nossas cooperativas livres mas em solo estatal. Eram
modelos de estrutura agrária iniciados
antes da fundação de Israel e que no
pós-II Guerra Mundial muito se discutiam nas reformas agrárias europeias e
da América do Sul.
O número de participantes foi reduzido (não se passou do milhar, houve
boicote dos países vizinhos muçulmanos). Mas estavam bastantes colegas
dos EUA e Canadá. Ao tempo a ISHS
tinha um pouco mais de mil e quinhentos membros individuais e quarenta
paí­ses membros.
Como trabalhava em Angola procurei ir ao Business Meeting (reunião de
uma Secção ou Comissão organizada
durante um IHC) da Comission on Tropical and Sub-tropical Horticulture que
era presidida pelo Prof. H. Tindall, inglês que tinha feito a sua vida universitária na África (então) inglesa, com
bastante prestígio e grande simpatia.
Ele procurava fazer a integração do
crescente número de horticólogos “tropicais”, que vinham do chamado “terceiro mundo” (excepção era a África do
Sul já com uma horticultura de grande
exportação e posição sólida na ISHS).
Expliquei-lhe a minha situação e passei
a figurar até 1974 no anuário da ISHS
como membro desta Comissão onde
se encaixavam principalmente “africanos” e “asiáticos”. Ficou para durar
a amizade com um vice-chairman, o
cientista filipino Prof. Ruben Villareal,
que depois visitaria na sua Universidade das Filipinas - Los Banos.
Também encontro aqui pela primeira
vez o Eng. Heiko Van der Borg, então
Adjunto do Secretário-Geral da ISHS,
o qual virá a ser muito importante para
o trabalho da APH na ISHS e, portanto, indirectamente para o nosso mega
XXVIII IHC – o que reconhecemos no
final deste, entregando à sua família a
distinção de Sócio Honorário (a título
póstumo).
Felizmente, desta vez não estive
sozinho pois havia mais dois colegas
portugueses: um era o meu contemporâneo J. Crespo Ascenço, que começara pelos Solos no ISA (como eu) e era
agora o responsável pela área da Fruticultura na Universidade de Lourenço
Marques; o outro, um colega agrónomo mais velho, Baião Esteves, ligado
à Missão de Estudos Agronómicos do
Ultramar. Os membros portugueses do
Council não compareceram e verifiquei
que esta era a regra...
A propósito permitam-me duas notas pessoais que revelam as circunstâncias que envolveram a viagem. A
primeira diz respeito às sucessivas
guerras com os vizinhos e a população
árabe. Os visitantes “respiravam” um
clima de receio e pouco nos afastámos
de Tel Aviv e da costa mediterrânica.
Assim eu não fui a Jerusalém visitar
os Lugares Santos (que era o meu sonho como católico) porque a Maria do
Carmo, minha mulher, que leccionava
em Angola, me pedira para não o fazer.
É que Jerusalém estava separada da
zona do Congresso por umas largas
dezenas de quilómetros, o trajecto era
de autocarro e havia atentados com alguma frequência.
Outra foi o facto de um postal por
mim enviado para a Universidade de
Luanda, Nova Lisboa, ter sido interceptado, originando uma visita da PIDE
(polícia política) à delegação da Rei-
Figura 3 - 1.º ISHS Tomato Symposium, Évora 1979. Prof. Dr. Fritz, (Presidente da Section Vegetables),
Ário de Azevedo (Reitor da UE), Carlos Portas (Presidente do Simpósio), Manuel Figueiredo (Presidente
da APH), Weber de Oliveira (Comissão Organizadora), Dr. William Sims (U. California, Davis,EUA) (da
esquerda para a direita).
toria em Nova Lisboa, a inquirir como
tinha eu conseguido o visto de entrada em Israel (que teria ligações com a
guerrilha da UNITA). O Prof. M. Gomes
Guerreiro defendeu-me bem (mais
uma vez). O postal estava no meu dossier da PIDE, recolhido depois do “25
de Abril”…
Antes de descrever o Congresso
seguinte, o XIX IHC, que se realizou
em 1974 na Polónia (quadro 1), na sua
capital Varsóvia, com milhão e meio de
habitantes, atravessada pelo grande
rio Vístula e destruída profundamente
pela II Guerra Mundial, devo começar
por explicar porque parti para lá … desde Vila Viçosa (Alentejo)!
Com efeito muito se me alterara o
percurso académico, com forte influência nas relações científicas internacionais. Assim, em 1971 fizera o Doutoramento em Engenharia Agronómica
na Universidade Técnica de Lisboa
(algo inédito no ISA) e logo realizara a
Agregação, na Universidade de Luanda em 1972. Seguidamente aceitei um
convite para Visiting Lecturer da Iowa
State University (Ames, EUA) uma das
grandes Universidades land-grant 4 no
domínio das engenharias (o seu lema é
Science with Pratice).
Mas quando estava ainda nos EUA,
em 1973 é restaurada a Universidade
de Évora (como Instituto Universitário)
por uma das “reformas Veiga Simão”.
O Prof. Ário Azevedo é indigitado Reitor e convida-me para integrar a Comissão Instaladora. Chego a Évora vindo directamente dos EUA, em Outubro
de 1973.
Lançou-se logo o concurso público
do Projecto de I-DT “Mecanização do
Tomate de Indústria - METI”, através da
JNICT (actual Fundação para a Ciência e Tecnologia), com intervenção do
Subsecretário de Estado Dr. João Salgueiro e de um dos seus directos colaboradores, Dr. Henrique Granadeiro
e participações, até financeiras, com o
sector privado.
A seguir vem a Revolução de Abril,
com a feliz chegada das liberdades de
expressão e de reunião e a abertura à
Europa (incluindo Leste) e ao mundo
em geral (logo à ISHS…).
Por tudo isto o Reitor animou-me a
ir a Varsóvia, com ajuda da própria Universidade e da JNICT.
Este IHC foi o único que se realizou numa República Socialista comunista. E teve lugar dentro de uma
daquelas construções monumentais
neo-gótico-barrocas, revestidas de pedras ornamentais, que a União Soviética ofereceu após a II Guerra Mundial
a cada um dos países que se tornaram
seus satélites na Europa Oriental, para
o local de funcionamento dos órgãos
de soberania.
O presidente do IHC foi o Prof. S.
Pieniazek, especialista em pequenos
4 Criados por iniciativa do Senador James Monil (EUA), sendo dotados de recursos naturais que eram obrigados a explorar
e desenvolvendo novas tecnologias.
frutos, doutorado na década de 40 na
Universidade de Wisconsin (EUA) e
presidente do grande Instituto de Investigação Frutícola de Skierniewice,
cerca de uma centena de quilómetros
para Leste da capital polaca e onde
se situavam também os Institutos de
horticultura herbácea e de plantas ornamentais.
Houve perto de milhar e meio de
participantes vindos de cerca de cinquenta países, quase um terço destes
de regime comunista. Naturalmente
dominava a presença polaca e seguramente foi o IHC de maior participação russa. A ISHS estava perto dos 50
países-membros.
Também viera uma significativa delegação dos EUA, país com um forte
programa de bolsas de estudo para
doutoramento de estudantes polacos
nos EUA.
Nesta altura os nossos sócios na
ISHS eram Prof. Luís Costa e Sousa
(ISA, culturas lenhosas), J. Ponte Tavares (Açores, ananás), L.M. Lopes da
Fonseca (ornamentais), João N. Rebelo (idem), J. Crespo Ascenço (ver XVIII
IHC) e Mrs. Moore (horticultura privada,
Algarve) e eu (única presença).
As visitas de estudo foram em número reduzido e o contacto com a
sociedade civil era condicionado, não
só pela língua (aliás encontrei na rua
quem falava francês!), mas também
porque se percebiam as profundas diferenças ideológicas e políticas entre
participantes (o que não era habitual
nos IHC´s) e a falta de liberdade na sociedade civil que nos rodeava.
Durante o Congresso fui explicando
aos sócios e dirigentes da ISHS (parte
dos quais conhecia dos IHC´s anteriores), que havia deixado Angola, sobre
a qual se iria reduzir a tutela política
portuguesa, e leccionava em Évora.
Assim deixei a Comission on Tropical
and Sub-tropical Horticulture e passei
para membro da Section of Vegetables, onde tomei conhecimento da nomeação (ainda não havia eleições) do
Dr. J. Van Kampen para seu Chairman (teve um longo mandato… e
suceder-lhe-ia 16 anos depois!).
Heiko Van der Borg, adjunto do
Secretário-Geral, tinha a seu cargo a
Chronica Horticulturae e perguntou-me
se queria ser o correspondente em Portugal (já havia em Espanha). Aceitei (ainda
nesse ano figura o meu nome na revista).
Mas, mais importante, ele falou-me da
possibilidade de uma associação científica no sector hortícola em Portugal, em
virtude da nova abertura política.
Ao trocar novamente impressões
Revista da APH N.º 103
19
com o Prof. Dietrich Fritz (ver XVII
IHC), ele fez-me idêntica pergunta:
para quando a iniciativa de uma sociedade portuguesa de horticultura? A
ideia já não me sairia da cabeça…
Um outro episódio revelar-se-ia de
muita importância para os tempos futuros da I-DT de horticultura em Portugal,
também da APH e sua expansão e do
nosso “mega”. Ao sair de autocarro do
aeroporto para o centro de Varsóvia,
sentou-se ao meu lado um congressista que se me apresentou como Jules
Janick (era e é um extrovertido e eu
também para aí tendo). Naturalmente
perguntei-lhe se era o autor do famoso livro de texto Horticulture, já então
um best seller traduzido em várias línguas, até em “indi”. Disse-me que sim
e que tinha estado em Portugal quando
da sua lua-de-mel passada na Europa
e que visitara o Prof. Joaquim Vieira
Natividade. Fiquei surpreendidíssimo.
Durante o Congresso falámos frequentemente (como ainda hoje!).
O Prof. Janick dava nas vistas:
pelo seu prestígio e pelas suas intervenções. Era um poliglota e falava um
pouco de português pois tinha sido professor universitário no Brasil. Fiquei a
perceber que era um horticólogo vindo
da pomologia e entrando pela genética,
conhecendo bem a vasta compreensão da horticultural science na vertente
land-grant.
Tivemos depois a possibilidade de
o ISA lhe dar o título de Doutor Honoris Causa. Foi membro durante anos
do Board da ISHS e sempre votou por
nós nos Council´s onde esteve presente. Por tudo isto o Prof. Janick foi
um elemento essencial para que, duas
décadas e meia depois, acontecesse o
“mega” XXVIII de Lisboa.
Neste Congresso verifiquei mais
uma vez que representantes no Conselho, os membros do Board e responsáveis das Secções e Comissões haviam
saído quase todos de fortes associações científicas e nacionais.
É pois em boa parte com base no
vivido nestes IHC´s com os estímulos
já referidos e a onda de liberdades criadas pela Revolução de Abril, que na
Primavera/Verão de 1975 amadurece
num pequeno grupo de jovens engenheiros agrónomos e engenheiros técnicos agrários, em que estou integrado,
a “Ideia APH”, com o colega Weber de
Oliveira (já além da meia-idade) a “apadrinhar” directamente. Este percurso
está bem contado no volume “APH-25
anos” ed. APH, Lisboa 2001.
Como é do conhecimento de al20
Revista da APH N.º 103
guns dos leitores (ver Revista da APH
n.º 100) ano e meio depois entro no I
Governo Constitucional, encarregado
de pôr alguma ordem no que se chamou Reforma Agrária mas que não
passou de uma mal organizada Revolução. Terminada a permanência no
Governo no primeiro trimestre de 1978,
há o regresso à Universidade de Évora
e o retomar do projecto METI, já então
bastante internacionalizado, com contactos frequentes com cientistas e técnicos de vários países (Itália, Espanha,
EUA, etc.). Tínhamos quatro anos de
campos experimentais, editávamos vários boletins periódicos, etc.. A equipa
é estável, mesmo sólida, tendo como
pivô executivo o jovem António Calado.
Resolvemos avançar para um projecto
internacional luso-espanhol METIBER
que tardaria alguns anos.
Mas antes disso e com base no
METI começa-se a pensar na organização de uma actividade da ISHS em
Portugal, a qual se planeia para Setembro de 1979 (após o meu regresso
a Portugal, terminado o compromisso
lectivo no Canadá). Ficaram na organização interna do simpósio uma equipa
liderada pelos Engenheiros Weber de
Oliveira e António Calado (com a sua
mulher Teresa), ambos sócios. Aquele
fora membro do Council (ver XVII IHC)
e este doutorar-se-ia em tomate de indústria. Também dão uma boa ajuda o
Eng. Téc. Agrário Celestino, a minha
secretária Maria José Ribeiro e o Eng.
Martin Stilwell.
Foi o primeiro symposium da ISHS
em Portugal. Teve cerca de duzentos e
cinquenta participantes e várias boas
surpresas como a presença do Prof.
D. Fritz, Presidente da ISHS, Dr. J. Van
Campen, Presidente da Section of Vegetables, o seu Vice-presidente, Prof.
Zibnig Gertick, figura polaca de grande
prestígio e que conhecera pessoalmente em Varsóvia e o já Secretário-Geral
H. Van der Borg. Todos se instalaram
no Conventinho da Herdade da Mitra
(séc. XVI/VII).
O Simpósio foi aberto pelo Prof.
William (Bill) Sims, da Universidade da
Califórnia – Davis, visita do projecto
METI, homem-chave na mecanização
do tomate de indústria por todo o mundo, depois presidente do mega-IHC de
Davis (fig. 3). Deu origem à primeira
Acta Horticulturae preparada no nosso
país (Acta Horticulturae 100).
O relevo dado ao simpósio de Évora
tem esta justificação: ser de facto a primeira actividade científica da ISHS em
Portugal. Correu bem. Mas sabíamos
que muitas seriam necessárias para
termos um IHC em Portugal. E elas foram surgindo pouco a pouco.
Demorou
muitos
anos
mas
realizou-se. O nosso “mega” acontecerá
21 anos depois.
Entretanto, realizara-se o XX IHC em
1978 na Austrália (quadro 1). Foi em
Sidney, a principal cidade da Austrália
(mais de três milhões de habitantes) e
capital do seu Estado da Nova Gales
do Sul. O Conselho reunira antes em
Camberra, capital federal, uma cidade
nova fundada para tal (mas que mal
houve tempo para visitar). No jantar do
Council conheci aquele que se tornou
um bom amigo: o Prof. M. Iwata da
Universidade de Tóquio (privada), que
seria o Presidente do XXIV em Kyoto.
E a Espanha estava representada pelo
Prof. J. Miranda de Orniz, Presidente
da Sociedade Espanhola de Ciências
Hortícolas (SECH).
Foi-me possível participar - a viagem
e o alojamento em hotel eram muito
caras - com a ajuda de uma empresa
de tomate de indústria ligada ao projecto METI (CAIA S.A.) e também por
ter conseguido alojamento gratuito em
casa de um casal emigrante alentejano
(que trabalhava na limpeza de vidros e
fachadas de arranha-céus!).
O local foi um campus antigo, o da
Universidade de Sidney. E a sessão de
abertura teve lugar na famosa Ópera
de Sidney, que todo o mundo conhece,
com as suas várias e amplas ogivas
brancas sobrepostas sobre a água.
Desde há muito que os Congressos
da ISHS se realizam em Agosto, quando das férias de Verão no hemisfério
Norte. Mas estávamos no hemisfério
Sul onde era Inverno, e no caso de
Sidney a chuva distribui-se pelas quatro estações e a memória que ficou foi
a de um campus citadino com instalações históricas em tijolo e alvenaria
e de relvado muito arborizado…, mas
com nevoeiro, nuvens baixas e chuva
durante os dias do congresso (o que
bem contrasta com a Lisboa do nosso
“mega”).
Este IHC teve uma particularidade:
o presidente da ISHS, Dr. W. F. Walker,
alto funcionário do governo da Tasmânia (grande ilha no mar e donde vieram
os nossos eucaliptos “glóbulos”, matéria prima de pastas brancas para papel que se tornaram famosas na nossa
exportação), não foi o seu presidente;
mas sim um director geral do Ministério
da Agricultura da Austrália, o M.Sc. M.
Gregory, especialista de Viticultura e
que no ano seguinte estaria em Portugal a visitar o Porto vinhateiro.
Na figura 4, pode observar-se o braço ao peito (ao lado o Dr. J. Skienkowsky, depois meu vice-presidente na
Secção de Hortaliças). Porquê? É que
há a acrescentar uma história de carácter pessoal
Quando da preparação do invited
paper, à saída do gabinete na Herdade da Mitra, pus um pé em falso num
degrau da entrada e estatelei-me com
o peso de vários livros que levava nos
braços. O diagnóstico dos resultados
da queda foi uma fractura exposta no
cotovelo esquerdo. Fui engessado e
durante um mês não pude fazer qualquer esforço com este braço. Entretanto aproximava-se a data e lá parti
com o braço ao peito, a conduzir com
a ajuda da Maria do Carmo e os três
filhos atrás, no velho Opel Record (com
livrete de seis lugares), alojados nas
pensões do “Stella Maris”, até Hamburgo. Mas estavam em jogo o Council e o
invited paper (fig. 5).
Figura 4 – A Polónia, Portugal e o meu braço partido!
Houve menos países presentes que
o esperado, cerca de meia centena (a
ISHS tinha então 48 países-membros),
vários asiáticos mas com forte ausência
da grande área de influência da China.
Os outros dois membros portugueses
do Council não compareceram.
Talvez o aspecto mais interessante
deste Congresso tivesse sido a organização das visitas de estudo, seguramente
a melhor nos aspectos técnico-científicos
em que até hoje participei. É que entre
os mais de mil congressistas, uma parte
vinha de outros continentes, nomeadamente da América do Norte e da Europa Ocidental. Assim eram em número
muito significativo os participantes de
países “desenvolvidos” 5. Como os bilhetes mais económicos correspondiam
a uma estadia de duas/três semanas,
também por isto as visitas de estudo
eram prolongadas e tiveram uma grande participação. Ficámos a conhecer
algumas das mais conhecidas regiões
agrícolas, como os enormes vales regados dos rios Murray e seu afluente
Murrumbidgee cujas águas vão desaguar no Pacífico junto a Adelaide (Austrália do Sul). Assim pude ter uma ideia
do que eram grandes vinhas regadas
(como são hoje muitas das nossas)
e grandes adegas com instalações
metálicas para uva e mostos (quando voltei ao nosso país para explicar
chamava-lhes “refinarias vitivinícolas”,
tipo Cabo Ruivo). Nas explorações
hortícolas as colhedoras mecânicas
funcionavam em pleno para variadas
hortaliças enquanto em Portugal se
apregoava o modelo chinês e as colhedoras que o Entreposto fabricou com
a colaboração do METI foram “socialmente” paradas para colher à mão...
O congresso seguinte foi o XXI em
1982, em Hamburgo (quadro 1), a velha cidade-estado da Liga Hanseática
com milhão e meio de habitantes, na
Alemanha (então) Ocidental. É presidido pelo já referido Prof. Dietrich Fritz
(Universidade Técnica de Munique).
Com grande surpresa e satisfação
pessoal, houve pela primeira vez uma
sessão dedicada à “horticultura para indústria” e eu fui o invited speaker (a minha estreia nestas funções). O Working
Group Vegetables for Processing tinha
sido criado no ano anterior. Este IHC
estava bem organizado e teve excelente nível científico e técnico.
É um congresso onde já estamos
cinco portugueses: António Almeida
Monteiro (ISA, já quase pronto o doutoramento), Maria Amélia Fragoso (EAN),
Maria da Luz Mendes (DRA Algarve),
António Calado (Universidade de Évora e METI) e eu (pude respirar fundo
pois a semente germinara… ).
Mas na recordação de um latino e
não tendo importância nenhuma em relação ao conteúdo, ficou o facto de que
se acabou a comida do “buffet” para
numerosos congressistas, que entretanto esperaram a sua vez em longas
filas (que contraste com o mega ibérico…).
5 A classificação do ponto de vista da riqueza material das nações era então: países desenvolvidos, países em desenvolvimento (por ex. Portugal) e países subdesenvolvidos.
Ao congresso de Hamburgo segue-se
nos EUA, em 1986, o XXII IHC (quadro
1) na Universidade da Califórnia, pólo
de Davis, no qual como eu dizia aos
alunos, se situava a “Meca da investigação hortícola herbácea”. Foi também um “mega”. Davis era uma cidade com 40 mil habitantes, vizinha de
Sacramento, capital da Califórnia.
O campus era muito bonito, com uma
área de 1 500 ha, 20 mil estudantes
(1/4 de pós graduados e ensinos tecnológicos) e 1 600 docentes, quase tudo
a andar de bicicleta naquela planície
aluvionar. “Dizia-nos” muito porque o
clima é mediterrâneo e as plantas as
nossas: os aloendros eram a principal
ornamental das estradas californianas
(a minha mãe era do Alandroal), uma
oliveira e um sobreiro estavam em frente ao edifício da Reitoria e as oliveiras
eram árvores de sombra nos passeios.
O alojamento era muito barato em residências de estudantes (eram as férias
grandes, de Agosto). Fui convidado
pela Comissão Organizadora que me
ofereceu a viagem.
Neste caso também o presidente do
IHC não foi o da ISHS, que era o Prof.
H. Tukey jr (horticultura ornamental),
mas o Prof. William Sims, do Departamento de Horticultura Herbácea (Vegetables) (um invited speaker do Simpósio do tomate de Évora (ver Simpósio
de Évora, 1979)). É um congresso com
cerca de quase quatro mil pessoas (incluindo acompanhantes), o maior congresso até hoje - mas não o de mais
países e mais abrangente em termos
geográficos. Participou uma delegação
Revista da APH N.º 103
21
tónio A. Monteiro e recomendei-lhe que
“avançasse”. Assim também se deu um
passo de gigante para um Congresso
na Península Ibérica, pois realizar um
congresso em Portugal só teria sentido
a nível da Península Ibérica.
Figura 5 – A Sessão de Abertura do XXI IHC em Hamburgo (1982).
portuguesa de relevo.
Esplêndida organização. Muitas visitas de estudo interessantes, que são
também um ponto alto. Estávamos
quase no centro daquilo que é uma das
principais áreas hortícolas do mundo e
uma das maiores de regadio. Também
dava para ver como são pequenos os
vales e lezírias do nosso país.
O congresso de Davis tem ainda
um outro aspecto pessoal a salientar:
António A. Monteiro, que já estava doutorado e era professor do ISA, participa
activamente. E os dois percebíamos
que sem se pertencer a órgãos directivos e executivos da ISHS não iríamos
longe e a nossa progressão dentro da
ISHS seria muito lenta. Não havia “almoços grátis” e só agora se iniciava o
trabalho de casa.
O IHC seguinte é o XXIII em 1990,
em Florença (quadro 1). É um congresso bastante organizado e tem como
presidente o Prof. F. Scaramuzi, especialista bem conhecido no domínio da
Olivicultura e de Viticultura. Ele tem
para Portugal interesse estratégico na
medida em que um português é eleito Chairmain da Secção de Hortaliças
(Vegetables), uma das mais importantes da ISHS. Foi uma eleição clara (no Business Meeting da Secção),
havendo outro pretendente, Dr. David
Gray de Wellesbourne, RU. Constituo
a minha direcção, escolhendo quatro
Vice-presidentes (América do Norte,
Ásia e Oceânia, Europa Ocidental e
Europa Oriental-Rússia).
Os colegas espanhóis são ago22
Revista da APH N.º 103
ra outros, pois surgira outra geração
(v.g., Luís Rallo, Vítor Galán Saúco,
Fernando Perez Camacho, Fernando
Nuez, etc.) na direcção da SECH. Já
tínhamos estado juntos no Council de
Leamington Spa em 1988 (RU) (quadro
1). A hipótese de actividades comuns a
nível da ISHS despontava.
Em 1994, tem lugar o XXIV IHC no
Japão, em Kyoto (quadro 1), uma cidade histórica (antiga capital imperial),
com cerca de milhão e meio de habitantes. O presidente foi o Prof. M. Iwata,
especialista de horticultura herbácea,
da Universidade de Tóquio (privada!).
Já disse que era um bom amigo desde
o Council da Austrália (visitei mesmo a
sua casa).
Foi um congresso bem organizado
mas não com muita gente. Nessa altura os países-membros da ISHS eram
cinquenta mas tinham descido os sócios individuais.
Para nós teve muita importância pois
no Council, o Prof. António A. Monteiro
foi eleito para o Board da ISHS.
Com o andamento da votação apercebemo-nos que tínhamos algumas
possibilidades de entrar. Trocando impressões em cima do acontecimento,
expliquei-lhe que por motivos pessoais
eu não tinha condições para entrar no
Board, visto ter cada vez maior dificuldade em sair frequentemente do país;
Ora ficaria com responsabilidades de
supervisão em qualquer das áreas
da actividade (publicações, finanças,
organização, etc.) e a sede do Board
era na Bélgica. Disse isto ao Prof. An-
Do congresso de Kyoto passamos
para o XXV IHC de Bruxelas, em 1998
(quadro 1), organizado pelos países da
Benelux (Holanda, Bélgica e Luxemburgo), com afluência pouco elevada,
embora a ISHS estivesse de novo em
expansão quanto a sócios individuais
(cerca de quatro milhares).
O Congresso já foi presidido de
acordo com as novas regras estatutárias que separaram a presidência do
IHC, pertencente ao país organizador,
da presidência da ISHS, eleito pelo
Conselho. Assim o presidente do XXV
foi o Prof. K. Verhoeff e o Presidente da
ISHS, que nele terminava o seu mandato, era o Prof. S. Sansavini, da Universidade de Bolonha e bem conhecido
especialista de Fruticultura.
A
delegação
portuguesa
no
Council fez o seu pleno com a presença do Prof. Bianchi de Aguiar (UTAD)
e da actual Presidente da Direcção da
APH, Dr.ª Maria Elvira Ferreira. Neste
mesmo Council, deixei a presidência
da Secção de Vegetables, pois cumprira os dois mandatos estatutários. O
novo chairman eleito foi o bom amigo
Prof. Daniel Cantliffe, da Universidade de Flórida – Campus de Gainsville;
que comigo havia recebido a honra de
Fellow da American Society for Horticultural Science, cerca de onze anos
antes.
Depois de vários IHC’s apercebi-me
que a sua estrutura era sempre semelhante, a abertura com uma breve sessão e um orador convidado, o “buffet”
ajantarado (se possível recepção ao ar
livre), depois os dias de trabalho e, finalmente, o “banquet”, um jantar de gala
sempre pago à parte, fora do congresso
em termos oficiais (vide XVII) IHC.
Nos primeiros Congressos a que fui
era normal a sessão de encerramento.
Mas as excursões pós-congresso logo
no dia seguinte de manhã, o consequente fazer das malas e o descansar
e relaxar um pouco para sair cedo na
manhã seguinte, acabaram com essa
sessão por falta de comparência.
Mas este XXV tem um sabor amargo para Portugal (APH) e Espanha
(SECH). É que nos tínhamos candidatado (uma candidatura bem preparada com textos explicativos, filme,
apoios públicos, etc.) à organização
do XXVII em Sevilha (Espanha). Esta-
vam presentes os principais responsáveis de ambos os lados da Península
e havia acordos acertados com outros
países-membros que pareciam seguros. Mas na hora da votação … ganhou
a Coreia (do Sul), ficando nós em segundo e a Turquia em terceiro.
Mas nem tudo se perdeu. O Prof. António Monteiro foi reeleito para o Board,
por mais quatro anos, podendo continuar a fazer o seu trabalho de “lobby”.
Decidiu-se trabalhar em nova candidatura conjunta APH-SECH a apresentar no Canadá, em 2002.
O XXVI IHC foi em 2002 em Toronto
(quadro 1), cidade capital do Ontário,
principal Estado do Canadá, com cerca
de três milhões de habitantes. Também
não foi um Congresso de muitos participantes, menos de dois mil, sobretudo
vindos dos EUA. Foi reduzido o número
de países dos outros continentes. Este
IHC era para nós muito importante,
havendo uma participação portuguesa
de grande qualidade. O seu Council foi
decisivo pois aprovam a nossa nova
candidatura, agora para Lisboa. Não
vou explicar porque é que os colegas
espanhóis desistiram de Sevilha, mas
estivemos de acordo de que Lisboa era
um sítio mais favorável (de facto aquela
já havia sido muito visitada quando da
Expo 82 e também o excessivo calor aí
sofrido para muitos colegas dos países
do Norte reduzia a vontade de voltar).
Na nossa delegação estiveram os
que trabalhavam activamente, entre
outros Isabel Mourão, Presidente da
APH, António A. Monteiro, Cristina Oliveira e eu. Do lado espanhol estiveram
entre outros Vítor Galán Saúco (idem
da SECH), Luís Rallo e Jaime Prohens.
Lisboa ganha a candidatura conjunta,
seguindo-se Austrália-Nova Zelândia e
a Turquia em terceiro lugar.
Sintomáticas dos novos costumes
foram as dificuldades que tivemos depois do jantar do Council, em celebrar
o triunfo. Primeiro os restaurantes, bares, cafés, encerravam quase todos às
21 horas. Depois não encontrávamos
um sítio onde pudéssemos fumar o
charuto da vitória (para portugueses e
espanhóis era uma maneira tradicional
de celebrar nas realizações da ISHS).
No smoking era a regra e o seu cumprimento bastante estrito, com “muito rigor por razões de saúde pública”. Acabámos por prescindir do “puro”, caso
contrário não havia festa (fig. 6).
Este congresso do Canadá não se
salientou pelas excursões e visitas de
estudo. Porque esta região do Canadá
é uma zona de florestas e pastagens,
estando as zonas hortícolas (sentido
Figura 6 – A celebração da vitória do “nosso” ibérico XXVIII IHC, sob a Lei anti-tabágica (Toronto, 2002).
lato) bastante longe da cidade o que
dificultava as excursões. Foram mais
as visitas de natureza cultural, nomeadamente ao Quebec, de expressão e
língua francesas.
australianos e neozelandeses. Foi bastante reduzida a presença da América
Latina tal como a de África.
É um congresso bem organizado,
mas num centro comercial. Também
não havia muitas novidades tecnológicas para visitar. Neste congresso
tivemos a reeleição do Prof. António
A. Monteiro para o Board, desta vez
ex-officio como co-Presidente do IHC
seguinte.
Entretanto Portugal já tinha um
historial de realizações na ISHS bastante significativo e pela primeira vez
ganhou-se uma Comissão: Comission
on Irrigation and Plant Water Relations
(2004) com a Prof. Isabel Ferreira,
(ISA) como Chairman.
O congresso seguinte é o XXVII, na
Coreia do Sul (República Democrática
da Coreia), em 2006 na grande cidade
capital Seul (quadro 1; fig. 7), com os
seus dez milhões de habitantes. É bastante importante do ponto de vista da
ISHS porque temos pela primeira vez
uma significativa delegação chinesa,
naturalmente favorecida pela vizinhança da Coreia do Sul (esquecido que foi
o grande conflito da Guerra da Coreia,
nos anos 70). São cerca de mil e novecentos congressistas. Coreia, Japão e
China registaram mais de metade dos
inscritos.
Começa a fortalecer-se a participação asiática e continuam estáveis
E assim chegamos aos nossos ibérico “mega” XXVIII IHC e Council de
Lisboa, aquele com os co-Presidentes,
António Monteiro e Vítor Galán Saúco.
Quadro 2 - Continentes, países e participantes.
Continentes
Total de países
Países presentes
Participantes
África
47
21
126
América do Norte
3
3
269
América Central e Sul
27
11
244
Ásia
50
25
708
Europa (inc. Rússia)
41
37
1729
Oceânia
2
2
110
Revista da APH N.º 103
23
Figura 7 – Crachá de participante no Council de
Seul, em 2006.
Comecemos pelo IHC que é de facto
um mega-congresso, para o qual desta
vez se utiliza o adjectivo “ibérico”, por
razões óbvias pois é nosso e espanhol.
Decorrendo do descrito do XXII na
Califórnia, o “ibérico” tem menos participantes. Mesmo assim é o único que
desde a década de 90 inscreve mais de
três mil participantes individuais.
Mas em número de países participantes o “ibérico” é o primeiro pois
101 países compareceram. Permiteme juntar o quadro 2 que os reparte
por todos os continentes e expressa
bem esta relevante globalização dos
24
Revista da APH N.º 103
países participantes, a qual acontece
pela primeira vez na história da ISHS
(relembrem-se com os números do
XXVII IHC de Seul).
De África e América Central e Sul estavam cerca de quarenta por cento dos
seus países, América do Norte e Oceânia fizeram o pleno, também Ásia quase
metade e a Europa quase o pleno.
Saudamos (com particular alegria)
a presença do Brasil, ultrapassando já
os 170 participantes e conseguindo depois ganhar o próximo Council para o
seu Nordeste, por bom voto de qualidade do novo Presidente da ISHS. O que
também compensa o esforço grande
que fizemos nos anos 90 com a presença regular de portuguesas nas actividades da Sociedade de Olericultura
do Brasil (SOB), onde conheci o actual presidente da ex-SOB do Counsil
e depois a realização de Congressos
Ibero-americanos de horticultura, quer
na América Latina, quer em Portugal e
em Espanha.
O “ibérico” é também um “mega”
congresso pela própria organização da
área científica, neste caso dirigida pelo
bom amigo Luís Rallo. Foi o de mais
elevada carga científica: v.g. 18 simpósios, 14 seminários, 17 sessões temáticas, 26 workshops, acima de 3000
comunicações e posters, etc.
Mas houve mais: o Council deu-nos
a grande alegria de eleger António A.
Monteiro para Presidente da ISHS, o
primeiro português e ibérico que desde sempre ocupa esta posição. O que
me permitiu dar-lhe um dos abraços
calorosos da minha vida científica! E
eu festejei os meus 34 anos de Council (fui o senior dos centena e meia de
membros presentes).
Tudo isto “tem sido obra” dos tantos
que estiveram envolvidos neste longo
percurso (homenagens específicas a
muitos que já passaram, como Weber de
Oliveira e Manuel Figueiredo). Em matéria de associativismo hortícola esses
muitos obreiros estarão de consciência
tranquila, nesta obra em construção desde há 44 anos que preenche parte essencial da vida internacional da APH. Por
mim...”deo gratias”.
A palavra à Comissão Executiva
Post Congress Technical Tours in Spain
Actividades en España del 28 Congreso
Internacional de Horticultura
Jaime Prohens1, Pedro Cermeño2, Joan Bonany3, Manuel Caballero4, Juan Cabrera4,
María del Carmen Cid4, Víctor Galán Saúco4, Adrián Rodríguez-Burruezo1
El 28 Congreso Internacional de Horticultura (28IHC), que reunió a más de 3000 congresistas en Lisboa durante los días 22 a 27
de agosto de 2010 (Monteiro et al., 2010), incluyó varias actividades en España, las cuales se desarrollaron con posterioridad a la
finalización del programa llevado a cabo en Lisboa.
Las actividades en España del 28IHC, en las cuales se registraron un total de 280 participantes, supusieron la posibilidad de que
los participantes en las mismas interactuasen con el sector hortofrutícola y la herencia cultural de España, y permitieron mostrar el
potencial de dicho sector. En total se realizaron tres visitas técnicas
y un workshop en diferentes regiones españolas, comprendiendo
Andalucía, Aragón, Cataluña, Islas Canarias y Valencia y con diferentes temáticas (ornamentales, fruticultura, horticultura, y mejora genética), que abarcaron un amplio rango de cultivos.
A continuación, se resumen y comentan los aspectos más relevantes de cada una de las actividades llevadas a cabo en España.
El texto de cada una de estas actividades ha sido elaborado por el
coordinador o coordinadores de las mismas.
Figura 1 - Uno de los invernaderos para cultivo de planta ornamental correspondientes a la visita “Horticultura ornamental en Andalucía”.
Visita técnica
“Ornamental Horticulture
in Andalusia”
Coordinador: Pedro Cermeño
En esta actividad participaron 42
investigadores y acompañantes del
28 IHC, procedentes de los cinco continentes. Durante el primer día de la
visita (viernes 27 de agosto), una vez
realizado el desplazamiento desde Lisboa, se visitó la ciudad de Sevilla, incluyendo la Catedral y Giralda, Reales
Alcázares y Centro Histórico, los cuales son monumentos declarados patrimonio de la humanidad.
El sábado 28 de agosto por la mañana se realizaron visitas técnicas (fig. 1).
Entre éstas se incluyeron invernaderos
de cultivos de flor cortada (crisantemo,
gerbera) y verdes de complemento en
la provincia de Sevilla. Posteriormente
se realizó un desplazamiento a la costa N.O. de Cádiz para visitar empresas
ornamentales dedicadas a plantas de
maceta (especies para interior) y cultivo de anthurium. Por la tarde se realizó visita y degustación de vino fino
manzanilla de Sanlúcar en las “Bodegas Argueso”. Posteriormente se llevó
a cabo una reunión sobre “Cultivos
ornamentales” con el sector productor
andaluz. Esta reunión se celebró en la
Fundación Eduardo Domínguez Lobato, Sanlúcar de Barrameda y constó del
siguiente programa:
I. Conferencia a cargo del Dr. Richard
Criley Presidente del Grupo de Ornamentales de la Sociedad Internacional
para las Ciencias Hortícolas, con el título “The promotion of flowers in the US”.
II. Mesa redonda con el tema “Pasado, Presente y Futuro del Sector
Ornamental en Andalucía”, con los siguientes participantes y presentaciones realizadas:
- Moderador: Pedro Cermeño Sacristán. IFAPA Las Torres-Tomejil.
Presidente del Grupo de Cultivos Ornamentales de la SECH. Profesor Universidad de Sevilla.
Revista da APH N.º 103
25
- Eladio López García de las Mestas. Jefe Departamento de Estructuras Agrarias y Pesqueras. Servicio de
Seguimiento de la PAC. Consejería de
Agricultura y Pesca. Presentación: “Situación actual del Sector Ornamental”.
- Manuel Ruíz. Jefe de ventas para
el sur de Europa de SAKATA- Empresa
obtentora de material vegetal. Presentación: “El sector ornamental en España: Jardinería y planta de maceta”.
- Miguel Ángel Galán. Gerente Cooperativa de Comercialización de Flor
Cortada “SANCHIFLOR”. Presentación: “Comercialización de flor cortada”.
- Rafael Pacheco. Técnico de Producción de RIVERAFLOR. Presentación: “Problemática y soluciones de la
flor cortada en Andalucía”.
- Carlos Carrascosa Ferrándiz. Gerente de Viveros Sevilla. Presidente de
la Asociación Andaluza de Viveristas y
Floricultores (ASOCIAFLOR-ANDALUCIA). Presentación: “Perspectivas desde el punto de vista de la producción”.
- Pedro Cermeño Sacristán. IFAPA Las Torres-Tomejil. Presidente del
Grupo de Cultivos Ornamentales de la
SECH. Profesor Universidad de Sevilla.
Presentación: “Trayectoria histórica del
sector ornamental”.
El último día de la visita (domingo 29
de agosto) se visitó el Parque Nacional de Doñana (fig. 2), de 543 km2 de
superficie en las provincias de Huelva
y Sevilla. Se recorrieron el conjunto
de ecosistemas (playa, dunas, cotos,
marisma...) que dotan a este Parque
de una personalidad propia, ya que
se trata de un lugar de paso, cría e invernada para miles de aves europeas
y africanas, y que también cuenta con
especies únicas, en serio peligro de extinción, como el águila imperial ibérica
y el lince ibérico. Después del almuerzo
los participantes regresaron a Lisboa.
Visita técnica
“Deciduous fruit production in the Ebro Valley”
Coordinador: Joan Bonany
El grupo estuvo integrado por 39
personas de distintas nacionalidades
(China, Taiwan, Australia, Canadá,
Sud África, Portugal, Brasil, Rumania
y España) que representaban distintas
disciplinas científicas en torno a la producción frutícola.
El primer día de la visita (sábado
28 de agosto de 2010) se visitaron las
instalaciones de investigación relacionadas con fruticultura del campus de
Aula Dei, la Estación Experimental Aula
Dei del Consejo Superior de Investiga26
Revista da APH N.º 103
Figura 2 – Imagen correspondiente al Parque Nacional de Doñana.
ciones Científicas (CSIC) y las instalaciones del Centro de Investigación y
Tecnología Agroalimentaria de Aragón
(CITA). Los doctores Marian Moreno
(CSIC) y Rafael Socías (CITA) expusieron las principales líneas de investigación en fruticultura de las respectivas
instituciones (fig. 3). A continuación el
grupo se desplazó a la zona de producción de fruta de Caspe en la provincia
de Zaragoza. A la llegada a Caspe, se
realizó una presentación sobre el sistema de regadíos del Ebro integrados en
el Plan Estratégico del Bajo Ebro Aragonés. En la misma zona, se visitaron
las fincas de las empresas FRUTARIA
y FRUTAS LÁZARO, dedicadas a la
producción principalmente de fruta de
hueso. La discusión se centró en las
variedades, sistemas de formación y
manejo de las plantaciones. Al final del
primer día y en la ruta hacia Lleida, se
visitaron también la zona de producción
de melocotón y nectarina de los nuevos
regadíos del Baix Segre en Lleida (fig.
4). Este primer día finalizó con una visita a una central de confección de fruta
de la empresa ESPAX.
El segundo día de la visita (domingo
29 de agosto 2010) se dedicó íntegramente a visitar distintas instalaciones
de investigación del Institut de Recerca
i Tecnología Agroalimentàries (IRTA) y
plantaciones comerciales de manzano
y peral en las comarcas del Segriá y
del Pla d’Urgell en la provincia de Llei-
da. Concretamente se visitó la finca de
Gimenells integrada en la Estación Experimental de Lleida del IRTA donde se
presentaron los programas de mejora
genética de variedades de manzano,
peral y melocotonero y los ensayos
de portainjertos y sistemas de formación en melocotonero. Posteriormente el grupo se desplazó a la finca de
Mollerusa de la misma Estación Experimental dónde se pudieron visitar los
ensayos en sistemas de formación de
manzano y el programa de introducci­
ón de nuevas variedades del IRTA. A
continuación, el grupo tuvo ocasión de
visitar una plantación de pera Conferencia y manzana Golden integrada en el
grupo NUFRI. La visita técnica finalizó
con una visita y una cata de vinos en
las bodegas EL CASTELL DEL REMEI.
Visita técnica “Canary
Islands Horticulture”
Coordinadores: Manuel Caballero,
Juan Cabrera, María del Carmen Cid
y Víctor Galán Saúco
Esta actividad congregó a 26 participantes de 13 países de los cinco continentes, siendo destacable la nutrida
representación de investigadores y especialistas de Australia.
La primera jornada técnica de la
visita (sábado 28 de agosto de 2010)
se inició con una breve exposición de
la situación del sector productor de
ornamentales de las Islas, efectuada
por el Dr. Manuel Caballero Ruano,
Director Científico del Instituto Canario de Investigaciones Agrarias (ICIA),
durante el trayecto a Güimar (Este de
Tenerife), para visitar Canary Cactus,
una de las mayores empresas productoras de cactus y plantas suculentas
de Europa. Allí fueron atendidos por
el fundador de la empresa, D. Norbert
Kropf, quien mostró a los asistentes la
gran variedad de especies y formatos
de que disponen (fig. 5), así como las
principales peculiaridades técnicas de
estos cultivos. A continuación el grupo
se desplazó a Guía de Isora (zona costera del Suroeste de Tenerife) para visitar la Finca “Cueva del Polvo” del ICIA;
durante este trayecto el Dr. Caballero
Ruano expuso las principales líneas de
investigación del ICIA. En dicha finca
experimental fueron atendidos por los
investigadores del ICIA D. Juan Cabrera Cabrera, D. Domingo Fernández
Galván y D. Pedro M. Hernández Delgado. Tras una degustación de fruta,
los participantes visitaron las colecciones de banana (57 cultivares), mango
(42 cultivares), litchi (29 cultivares) y
carambola (13 cultivares), así como
una amplia representación de otras especies frutales tropicales menos conocidas. La jornada concluyó con la visita
al Abama Golf & Spa Resort, ubicado
en la misma zona, donde los participantes pudieron conocer una de las más
recientes creaciones del paisajismo en
las islas, visitar los jardines del Resort,
con exuberante vegetación constituida
por más de 300 especies, y realizar un
trayecto a través del campo de golf,
proyectado por Dave Thomas, que
aparte de su magnífico diseño técnico y
esplendidas instalaciones, cuenta con
22 lagos conectados mediante cascadas y unas 25.000 palmeras, amén de
espectaculares vistas del Atlántico, la
isla de la Gomera y las laderas del Teide. Durante toda la jornada contamos
con la inestimable colaboración de D.
Carlo Morici, Biólogo especialista en
cultivos tropicales, que contribuyó a
enriquecedor la sesión con sus amplios
conocimientos y amenidad.
El domingo, 29 de agosto, se efectuó
una excursión turística, que comenzó
con una breve visita a la zona antigua
de la Villa de la Orotava, prosiguió con
un recorrido por el Parque Nacional de
las Cañadas del Teide, y comida en el
Parador Nacional, con magnificas vistas del espectacular paisaje volcánico
del Teide. A continuación se inició el
descenso hacia La Laguna. Allí, el grupo se dirigió al Parque de la Vega, que
Figura 3 – Sesión correspondiente a la exposición de las principales líneas de investigación en fruticultura
por parte del CSIC y CITA, en la estación Experimental de Aula Dei (foto cedida por J. García Brunton).
Figura 4 – Foto de grupo en la visita a nuevas plantaciones de melocotón y nectarina en la zona de nuevos
regadíos de Serós (Baix Segriá, Lleida) (foto cedida por J. García Brunton).
les fue presentado por D. Francesco
Salomone, Ingeniero Agrónomo de la
Unidad de Parques y Jardines, mientras el grupo disfrutaba de un refrigerio ofrecido por la Concejalía de Medio
Ambiente y Servicios del Ayuntamiento
de la ciudad. La excursión finalizó con
una visita guiada al casco histórico de
La Laguna, Patrimonio de la Humanidad y primera ciudad abierta no fortificada, que conserva su trazado lineal
original y es ejemplo vivo del intercambio de influencias culturales entre Europa y América, que ha continuado hasta
la actualidad.
La segunda jornada técnica, comenzó con la visita a la Finca La Laja,
propiedad de los hermanos Acevedo,
accionistas mayoritarios de SAVASA,
importante empresa local que ha trabajado en estrecha colaboración con
el ICIA para promover la diversificación
de los cultivos de frutales tropicales. La
proximidad al mar de la finca La Laja,
que se encuentra en la planicie costera de Buenavista (Nordeste de Tenerife) y la frecuente incidencia de vientos
hace necesario el cultivo protegido; por
ello la producción se lleva a cabo en
invernaderos de tipo “parral” diseñados inicialmente para plantaciones de
platanera. Además de las 25 hectáreas de cultivos de invernadero, la finca
cuenta con su propia infraestructura
de empaquetado de fruta para el mer-
cado local y de España peninsular. D.
Juan Antonio Acevedo y D. Juan Carlos
Conde, Ingeniero Técnico responsa­
ble de la finca, mostraron los distintos
cultivos, fundamentalmente platanera
(fig. 6), mango y piña tropical y, junto
a los investigadores del ICIA, Dr. Víctor
Galán Saúco, D. Juan Cabrera Cabrera y D. Pedro M. Hernández Delgado,
expusieron a los participantes las características y peculiaridades de este
sistema de producción intensivo. La
mañana finalizó con la visita los viñedos e instalaciones de Bodegas Monje,
en El Sauzal, donde tras una cata de
vinos los asistentes pudieron degustar
una comida típica de las Islas. Esta última jornada del tour concluyó con una
visita al Jardín de Aclimatación de La
Orotava, creado por Carlos III en 1788
con el fin de introducir y adaptar las
especies exóticas recolectadas en las
expediciones científicas a América. El
grupo fue recibido por su Director, D.
Manuel Fernández Galván, quien expuso a los asistentes la historia del Jardín y dirigió un recorrido por el mismo
mostrándoles los ejemplares de mayor
interés.
Revista da APH N.º 103
27
Workshop “XIVth EUCARPIA
Meeting on Genetics and
Breeding of Capsicum &
Eggplant, Valencia”
Coordinadores: Jaime Prohens y Adrián Rodríguez-Burruezo
Los “EUCARPIA Meeting on Genetics and Breeding of Capsicum &
Eggplant” son reuniones trienales del
grupo de mejora genética de pimiento
y berenjena de la sección “Vegetables”
de la “European Association for Research on Plant Breeding” (EUCARPIA).
Durante la XIII edición de esta reunión,
que tuvo lugar en Varsovia en 2007, se
acordó que la XIV edición se celebrase
en 2010 en Valencia. Posteriormente,
se decidió que este encuentro científico
también formase parte de las actividades en España del 28 IHC. Con esto se
facilitaba que los investigadores interesados en la mejora genética de pimiento o berenjena de distintas partes del
mundo pudiesen acudir a un congreso
general de horticultura, con un enfoque
más general, y a una reunión científica
especializada en España.
El “XIVth EUCARPIA Meeting on
Genetics and Breeding of Capsicum &
Eggplant”, que se celebró entre el 30
de agosto y 1 de septiembre de 2010,
congregó a 173 participantes de 30 países de los cinco continentes, y constituyó la mayor reunión en la Historia de
especialistas en mejora de pimiento y
berenjena (fig. 7). Un número importante de participantes habían asistido la
semana anterior al 28 IHC en Lisboa.
Un hecho importante es que alrededor
de un 30% de los participantes procedían de empresas de semillas, lo cual
muestra el alto interés despertado en el
sector. Asimismo, un 30% de los participantes procedían de países extraeuropeos, lo cual se vio en gran medida
favorecido por el hecho de tratarse de
una actividad satélite del 28 IHC.
El programa científico incluyó
81 contribuciones, de las cuales 27 se
asignaron a presentación oral y 53 a
Figura 5 - Participantes en la visita observando la gran diversidad de especies cultivadas en Canary Cactus.
Figura 6 – El grupo visitando las plantaciones de platanera bajo invernadero en la finca La Laja, propiedad
de los hermanos Acevedo, accionistas mayoritarios de SAVASA.
28
Revista da APH N.º 103
carteles. La presentación de ambos tipos de comunicaciones tuvo lugar en el
Paraninfo de la Universidad Politécnica
de Valencia. La conferencia invitada,
que trató sobre la historia y la difusión
de los pimientos, fue impartida por el
Prof. Dr. Paul Bosland. Las contribuciones presentadas a esta reunión abarcaron un amplio espectro de temáticas
relacionadas con la genética y mejora
de estos dos cultivos, y se dividieron en
6 sesiones: i. Diversidad, conservación,
y valorización de recursos genéticos; ii.
Mejora de la resistencia a estreses bióticos y abióticos; iii. Mejora de la calidad; iv. Mejora del rendimiento; v. Desarrollo de marcadores moleculares y
otras herramientas biotecnológicas; y,
vi. Nuevos objetivos de mejora, evaluación y liberación de material de mejora
y cultivares, y producción de semilla.
Todas las contribuciones presentadas
fueron revisadas por el comité científico internacional, siguiendo un proceso
similar al de la revisión por pares usual
en las revistas científicas de alto impacto, y se publicaron en la monografía
“Advances in Genetics and Breeding of
Capsicum & Eggplant”, la cual consta
de 540 páginas.
El programa científico también incluyó un workshop sobre la “Sol Genomics Network”, una importante iniciativa con numerosas implicaciones
en la mejora del pimiento y berenjena,
así como un mini-simposio del proyecto
europeo “SPICY”, que utiliza al pimiento como especie modelo para la mejora
del rendimiento.
La visita técnica consistió en una
exhibición de diversidad de pimientos
y berenjenas en la Finca Experimental
de la Fundación Rural, situada en la localidad de Paiporta, al sur de Valencia.
En dicha visita se pudieron observar y
evaluar plantas y frutos de más de 170
variedades locales, modernas y materiales silvestres de pimientos y berenjenas.
Además de las actividades científicas, tuvieron lugar varios actos sociales, como la recepción en el Jardín Botánico de Valencia, la visita y excursión
en barca en el Parque Natural de la
Albufera de Valencia, y la cena de gala,
en la cual hubo actuaciones de música,
bailes y cantos tradicionales.
En definitiva, este workshop se puede considerar como un éxito desde todos los puntos de vista, y ha permitido
que los participantes conozcan de forma más detallada el potencial investigador y empresarial español en mejora
de pimiento y berenjena.
Referencias
Monteiro A, Galán V, Ferreira E, Mira L, Oliveira
P,, Portas C, Prohens J, Rallo L, Riquelme F &
de la Rosa R. 2010. Reflections of the 28th International Horticultural Congress, Lisbon, 2010.
Chronica Horticulturae 50 (4): 4-11.
Instituto de Conservación y Mejora de
la Agrodiversidad Valenciana (COMAV),
Universidad Politécnica de Valencia,
Camino de Vera 14, 46022 Valencia.
2
Centro Las Torres-Tomejil, Instituto
de Investigación y Formación Agraria
y Pesquera (IFAPA), Apartado Oficial,
41200 Alcalá del Río, Sevilla.
3
Estació Experimental Mas Badia, Institut de Recerca i Tecnología Agroalimentàries (IRTA), Mas Badia, 17134 La
Tallada d’Empordà, Girona.
4
Instituto Canario de Investigaciones
Agrarias (ICIA), Apartado 60, 38200 La
Laguna, Tenerife.
1
Figura 7 - Participantes en el “XIVth EUCARPIA Meeting on Genetics and Breeding of Capsicum & Eggplant”.
Figura 8 - Exhibición de diversidad de berenjena y especies relacionadas en la visita a la finca experimental de la Fundación Ruralcaja en Paiporta.
Revista da APH N.º 103
29
A palavra à Comissão Executiva
IHC Lisboa 2010, um Congresso de Sucesso
Pedro B. Oliveira*
Secretário-Geral
Ao ser solicitado o meu contributo
para o número especial da Revista da
APH dedicado ao Congresso Internacional de Horticultura, o meu primeiro impulso foi o de declinar o convite,
crente que não tinha muito mais a dizer, para além do que outros já tinham
dito ou escrito. Acresce que para o
Secretariado Científico, a que também
pertenço, o trabalho ainda não está
terminado. Aguarda-nos a preparação
das 24 Actas do Congresso, tarefa que
se adivinha longa. No entanto, tendo
estado tão intimamente ligado à organização e realização do Congresso, não
deveria faltar com a minha perspectiva
pessoal dos acontecimentos e reforçar
a importância da equipa do Secretariado Científico, sediada em Oeiras, no
contributo que deu à organização para
que este Congresso fosse considerado
por todos um sucesso nacional e internacional.
Em primeira e última análise o sucesso fica a dever-se, sobretudo, ao
empenhamento e enorme esforço de
organização levado a cabo pelo Professor António de Almeida Monteiro e,
do inquestionável profissionalismo de
toda a equipa da PCO Meeting Point,
que esteve na sua organização desde
a primeira hora. O sucesso da organização como um todo deve-se apenas
ao grande entendimento, de longa
data, que o Prof. Monteiro mantém
com a equipa da Meeting Point que
vem desde a organização do primeiro
Congresso Ibérico de Ciências Hortícolas de Lisboa, em 1990.
A minha colaboração apenas teve
início no final de 2006, quando o Prof.
Monteiro me endereçou o convite para
participar na organização, como membro da Comissão Executiva, no cargo
de Secretário-Geral. A organização
do Congresso já estava em marcha,
a candidatura de Portugal tinha saído
vencedora em Toronto e divulgada no
Congresso de Seul.
Capa da 1.ª Circular do Congresso.
Capa da 2.ª Circular do Congresso.
Folhetos dos Simpósios, da Exhibition e do Pavilhão de Espanha.
Entrada para o Centro de Congressos em Lisboa onde decorreu o IHC Lisboa 2010.
30
Revista da APH N.º 103
A preparação
Todo o processo decisório esteve, e
ainda está, concentrado na Comissão
Executiva que dedicou o primeiro ano
de trabalho à elaboração da estrutura do
Congresso com a nomeação das diferentes comissões (Scientific and Programme Committee, International Advisory
Committee, Industry Committee e Local
Organizing Committee) e a escolha dos
“conveners” para os diferentes eventos
(Simpósios, Seminários, Sessões Temáticas e Workshops). Foram escolhidas
as empresas responsáveis, pela composição e execução de todos os trabalhos
gráficos do Congresso (a MHP Design)
e pela gestão dos resumos, Portal do
Congresso e restantes trabalhos informáticos, a Ponteiro Mágico.
A minha primeira tarefa foi a de criar
e preparar uma equipa forte, em Oeiras, para enfrentar o desafio que se
adivinhava, tornando-se imperioso formar uma equipa responsável pelo Secretariado Científico e para elaboração
do Programa. O primeiro convite foi,
desde logo, endereçado ao Francisco
Barreto do INIA-Oeiras uma vez que
sempre colaborou nos eventos já organizados pela equipa dos Pequenos
Frutos do INIA, a que pertenço. O conhecimento da sua dedicação, vontade
de bem-fazer e completa disponibilidade foram factores decisivos para que
fosse também convidado para secretariar a Comissão de Organização Local.
Nesta fase, ainda estávamos longe de
saber o número de simpósios, seminários, sessões temáticas e workshops
que teríamos que programar.
O ano de 2007 começa com a pre-
paração da 1.ª Circular onde se apresentou, publicamente, um primeiro esboço do que iria ser o 28.º Congresso
Internacional de Horticultura, IHC Lisboa 2010. A circular foi lançada no final
desse ano, onde constava já uma lista
de simpósios, a estrutura do programa
e o convite ao pré-registo. Foram impressos 15 000 anúncios, 200 cartazes e 15 000 marcadores de livro, bem
como centenas de emblemas de lapela. Para o envio da 1.ª Circular foram
solicitadas, à Sociedade Internacional
(ISHS), as listagens de moradas e endereços electrónicos dos participantes
em anteriores congressos da sociedade. A circular foi enviada a todos
os sócios da ISHS e foram realizados
acordos com as diferentes sociedades
internacionais de horticultura, de modo
a que esta fosse distribuída sob a forma de encartes e por correio electrónico a um grande número de potenciais
participantes. O Congresso foi também
publicitado em todas as reuniões científicas e técnicas entretanto realizadas
pela ISHS. Reunindo toda a informação
foi possível preparar uma base de dados para divulgação geral. O envio dos
15 000 exemplares da 1.ª Circular foi
realizado em Janeiro de 2008. Foi também publicado nesse ano o primeiro
artigo relativo ao Congresso na “Chronica Horticulturae”, revista da ISHS, e
lançado o Portal do Congresso, para o
qual o Secretariado Científico preparou
sempre os conteúdos. Neste ano foram estabelecidas as regras gerais de
patrocínio, tendo sido criadas diversas
categorias de acordo com os montantes entregues ao congresso.
Em 2008, foi decidido organizar uma
equipa responsável pela “Exhibition”
que teria lugar no Pavilhão do Rio. Esta
poderia albergar não só expositores de
empresas, de instituições públicas de
investigação, de transferência de tecnologia e de organizações autonómicas interessadas em fazer a divulgação
das suas regiões. Foram preparados
dois folhetos distintos, um para o Pavilhão de Espanha escrito em espanhol
e, um outro, em inglês para a “Exhibition”. Foram produzidas 3 000 cópias
de ambos os folhetos para divulgação
em Espanha e no resto do Mundo, tarefa que ficou entregue a uma empresa
espanhola, a Impronta Eventos.
No final do ano foi aprovada a listagem de simpósios (já em número de
18) e o folheto matriz que foi enviado
a todos os “conveners”, pelo que não
foram admitidos novos temas para simpósios. A partir desse momento, todas
as solicitações teriam de passar para
seminários ou workshops. A divulgação dos simpósios encontrava-se bem
encaminhada, com folhetos de divulgação próprios em que eram já descritos os temas em que os participantes
poderiam submeter resumos. Os folhetos foram enviados para todos os
participantes dos simpósios temáticos
que se realizaram ao abrigo da ISHS,
nos oito anos anteriores. Nesse final de
ano, foram também aprovadas a visitas
pós-congresso em Portugal e Espanha. Dado o elevado volume de correspondência, enviada e recebida, foi
necessário reforçar a equipa de Oeiras
com mais um elemento. É então solicitada a colaboração de Maria Francisca
Loureiro como elemento permanente
da equipa.
Capas do Programa e dos Livros de Resumos do Congresso.
Revista da APH N.º 103
31
Esquema da distribuição dos painéis no Pavilhão
do Rio.
O Professor António Monteiro em trabalho de organização, em pleno Congresso.
O programa científico
e a gestão dos resumos
seriam reuniões abertas sem programa
prévio e, portanto, abertos até ao dia
do Congresso. No final do ano é realizada uma reunião em Lisboa, com a
presença do Prof. Luís Rallo, no decurso da qual e durante três dias, se agruparam em definitivo todos os resumos
por eventos e foram excluídos os que
se encontravam fora da temática do
Congresso.
A recepção de resumos, que já se
tinha iniciado em Março de 2009, decorreu sempre a bom ritmo, tendo atingido no final do período de aceitação
o número de 5 779. Em Novembro,
iniciam-se as inscrições para o Congresso, e o período de validação dos
resumos submetidos. É neste momento que o trabalho mais importante e
delicado do Secretariado tem início.
Dado o elevado número de resumos
submetidos, tornou-se evidente que a
sua revisão teria que ser iniciada antes
da validação final pelos autores, uma
vez que não haveria tempo útil para a
realizar com rigor. Assim, a equipa de
Oeiras é reforçada com mais dois elementos do L-INIA, Teresa Valdiviesso e
Fernanda Vargues.
A decisão de corrigir os resumos
apresentados ao Congresso (para garantir que não haviam erros de escrita
científica) terá sido porventura a mais
crítica de todo o processo da organização científica. Estamos em 2010, a
apenas oito meses do início do Congresso e a preparação do Programa
(347 páginas) e Livros de Resumos
(com um total de 1091 páginas e 4467
resumos) tem que ser realizada sem
o apoio da base de dados informática
que a partir desta altura passa a estar
desactualizada. Para agravar a situação, a maioria dos Congressistas não
se encontravam familiarizados com o
processo de validação electrónica dos
resumos, pelo que também esta teve
que ser efectuada à mão, com o recurso a uma base de dados de inscrições
diferente da base de dados do progra-
O programa científico do Congresso
apenas fica estabelecido com a publicação do 2.º Anúncio, lançado em Março de 2009, dos quais foram impressos cerca de 30 000 exemplares. São
então fixos em 18 os simpósios e em
14 os seminários. É neste ano que o
Dr. Jorge Sampaio aceita o convite
para ser o orador convidado do Congresso, ficando acordado que após
a sua palestra terá lugar um colóquio
inaugural com dois convidados de renome internacional, Cary Fowler, Director Executivo do “The Global Crop
Diversity Trust”, Itália e Pere Puigdoménech, investigador do “Institute of
Molecular Biology, CID-CSIC”, Espanha. Foi também preparado um novo
número da “Chronica Horticulturae”
dedicado à Horticultura Espanhola e
Portuguesa a lançar em 2009. Faziam
ainda parte do programa científico as
sessões temáticas e os workshops. As
sessões temáticas foram estabelecidas
de acordo com os resumos submetidos
aos temas propostos e os workshops
Uma das folhas de Notícias, distribuídas diariamente durante o congresso
32
Revista da APH N.º 103
ma científico. O factor decisivo, nesse
momento, foi a rápida contratação de
mais três elementos para a equipa de
Oeiras, Cristina Reboredo, Filipe André
e Pedro Almeida Sérgio que diariamente corrigiram, compilaram e prepararam
os ficheiros a enviar aos paginadores
para preparação das provas finais. É
assim, graças a um esforço tremendo de toda a equipa de Oeiras, com o
apoio incansável do Prof. Monteiro e da
equipa da MHP Design que o programa e livro de resumos se encontram
finalizados a tempo (dois dias antes do
Congresso!).
O Congresso
O Congresso apresentou duas inovações importantes que em muito o valorizaram. A possibilidade de apresentação dos painéis em duplo formato,
papel e digital (e-posters). A inclusão
no programa científico de apresentações de curta duração (3 minutos), suportadas em sala com a versão digital
do respectivo painel foi uma forma importante de dar uma maior visibilidade
a esta forma de apresentação, já utilizada em congressos de outras áreas
do conhecimento científico mas, agora,
pela primeira vez utilizadas em Congressos de Horticultura. A segunda inovação foi a possibilidade de impressão
dos painéis pela organização. Esta iniciativa teve um sucesso tremendo, pelo
que o Secretariado teve que contratar
uma pessoa a tempo inteiro para levar
a cabo a tarefa de receber, confirmar
formatações, imprimir e expor mais de
700 painéis. Esta tarefa esteve a cargo
de Susana Farinha e da restante equipa de Oeiras durante o Congresso.
Ao Secretariado Científico foi atribuí­
da uma sala, no Centro de Congressos, onde esteve em permanência uma
equipa de três elementos, tendo sido
preciosa a colaboração da colega Mariana Mota da Comissão Organizadora
Local. Para esta “sala de crise” foram
encaminhados todos os assuntos de
última hora, relacionados com o programa científico ou com os problemas
de mais de 100 “conveners”. Foi ainda
preparada diariamente, ao final do dia,
a “News” com as últimas novidades do
programa ou com alterações não previstas, de forma a informar correcta e
atempadamente todos os Congressistas. Esta folha, elaborada depois do
encerramento das actividades do Congresso, mas impressa antes do final
do dia (23.00h), foi mais uma prova da
tenacidade da equipa do Secretariado.
O Pós-Congresso
Neste momento, a equipa do Secretariado Científico encontra-se reduzida
mas ainda com o trabalho importante
de fornecer a todos os editores das 24
Actas de Horticultura os 1600 trabalhos submetidos, bem como uma base
de dados de autores para que a tarefa
de revisão e publicação dos trabalhos
possa ser levada a bom termo.
Por último, gostaria de aproveitar a
oportunidade para agradecer publicamente ao Prof. António Monteiro o convite que me formulou há mais de quatro
anos para integrar a equipa que tornou
possível a realização, em Portugal, do
maior Congresso de Horticultura. O empenhamento da equipa do Secretariado
Científico, que tive o privilégio de chefiar, possibilitou a realização de um trabalho que, dadas as circunstâncias, se
apresentava como impossível. A todos
os que trabalharam no Secretariado, colegas do L-INIA e colegas contratados,
um bem-hajam pela forma desinteressada, profissional e companheira com
que desempenharam todas as tarefas
propostas. Só assim foi possível termos
ajudado na concretização de um IHC
Lisboa 2010 de grande sucesso.
Balcões de entrega de “onsite poster printings” e
do balcão de recepção dos artigos para as Acta
Horticulturae.
Zona reservada à visualização dos paineis, no
Pavilhão do Rio
* INRB/L-INIA, Oeiras, Portugal.
Revista da APH N.º 103
33
A palavra ao Ministro do MADRP
OPINIÃO DO Ministro da Agricultura,
Desenvolvimento Rural e Pescas (MADRP)
sobre o IHC Lisboa 2010
Neste número especial da Revista da APH inteiramente dedicado
ao 28th International Horticultural Congress, que teve por base o
tema genérico “Ciência e Horticultura para as pessoas”, não podíamos deixar de registar algumas palavras do actual responsável pela pasta da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas
(MADRP), Professor Doutor António Serrano. As suas considerações acerca deste tema e o balanço que foi possível fazer sobre a
organização, no nosso país, deste tipo de eventos são aqui apresentados.
APH – O 28th International Horticultural Congress (IHC Lisboa 2010)
foi um mega acontecimento científico na área da Horticultura, realizado pela primeira vez em Portugal.
De que modo pensa que os “frutos”
deste Congresso poderão ter repercussões no desenvolvimento do
Sector em Portugal?
Ministro da Agricultura – Este
Congresso foi um evento de grande
qualidade científica e um grande sucesso para Portugal, porque permitiu
envolver muitos países e divulgar também o trabalho que Portugal faz nesta
matéria, em termos de investigação
científica. Constituiu ainda uma oportu-
nidade para que os nossos cientistas,
investigadores e técnicos do Ministério,
das universidades e dos institutos politécnicos portugueses pudessem trocar experiências de investigação com
os participantes de todo o mundo. Foi
um congresso que valorizou Portugal e
que prestigiou toda a investigação do
sector hortícola nacional.
Portugal considera este sector muito
importante para o crescimento da agricultura portuguesa. Dentro da estratégia política do Ministério privilegia-se
um apoio muito forte ao desenvolvimento deste sector, de forma a incrementar a sua capacidade produtiva e
de exportação.
Sessão Inaugural do IHC Lisboa 2010. António Serrano (ao lado esquerdo) e Jorge Sampaio (ao lado direito).
34
Revista da APH N.º 103
APH – E que medidas, no quadro de políticas públicas e outras,
poderão ser implementadas para
a dinamização do sector junto dos
utilizadores/agentes
económicos,
utilizando-se o conhecimento técnico/científico existente?
Ministro da Agricultura – As políticas públicas que o Ministério tem
levado a cabo para desenvolvimento
deste sector inserem-se basicamente
no reforço da capacidade de organização do sector, muito disperso entre
dezenas de associações. Pretende-se
que essas associações se consertem
para que possamos estabelecer uma
força conjunta de promoção do sector
hortícola junto dos mercados internacionais, de forma a promover o aumento das nossas exportações. Considero
que a Horticultura e, em particular o
sector dos frescos em Portugal, incluindo também as flores, pode representar
um contributo crescente para o aumento das exportações. Hoje o sector dos
frescos representa cerca de 30% do
rendimento agrícola nacional.
Durante o mês de Dezembro vamos proceder ao lançamento de uma
nova estrutura de promoção das exportações que se vai designar ‘Portugal
Fresh’. Esta plataforma tem em vista o
crescimento das exportações de produtos frescos portugueses.
Também devo acrescentar que a
política pública neste sector, no quadro
dos apoios ao investimento, passará a
incentivar a promoção do investimento
privado com medidas mais direccionadas e enquadradas no actual quadro
comunitário de apoio. Neste âmbito,
e porque nos encontramos presentemente em avaliação intercalar, penso
que poderemos ter aqui uma oportunidade de ajustar melhor o actual programa PRODER para promover o aumento de investimento nesta área.
Para a APH foi um privilégio poder
contar com o contributo do Senhor
Prof. Doutor António Serrano para este
número da Revista da APH, o que muito se agradece. Fica desde já agendada uma entrevista mais completa para
o próximo número onde se procurará
dar a conhecer que políticas estão em
marcha no Ministério da Agricultura, do
Desenvolvimento Rural e das Pescas e
as que irão ser implementadas para fazer face aos desafios que a agricultura
mundial, e em particular a portuguesa,
têm pela frente, a curto e médio prazo.
Pormenor da assistência durante a Sessão Inaugural do IHC Lisboa 2010. Em primeiro plano, da esquerda para a direita: Fernando Riquelme (Presidente da SECH), Maria Elvira Ferreira (Presidente da
APH), António Serrano (Ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas), Jorge Sampaio
(Alto Representante das Nações Unidas para a Aliança das Civilizações) e Norman Looney (Presidente
cessante da ISHS).
Revista da APH N.º 103
35
Sectores da Horticultura
Uma Breve Visão sobre a Horticultura Herbácea
no 28.º Congresso Internacional de Horticultura
Maria da Graça Palha
Vice-Presidente da APH Horticultura Herbácea
De 22 a 27 de Agosto de 2010, a
comunidade hortícola mundial pôde
assistir em Lisboa ao maior congresso
internacional de Horticultura, o 28th IHC
International Horticultural Congress,
realizado sob a égide da International
Society for Horticultural Science (ISHS)
e numa organização conjunta de Portugal – Associação Portuguesa de
Horticultura (APH) e Espanha – Sociedade Espanhola de Ciências Hortícola
(SECH) cuja temática foi sobre “Horticultura e Ciência para as Pessoas”.
A passagem pelo IHC 2010 fez-nos
recordar um pouco a Expo 98, pela diversidade de pessoas e línguas ouvidas, pelo colorido dos expositores, dos
painéis e produtos hortícolas (fig. 1),
pela grandiosidade do evento (embora não comparável) e com a vantagem
de não ter que estar em “filas de espera” para assistir às sessões orais e
em painel. A participação de mais de 3
300 pessoas oriundas de 100 países,
com a apresentação de cerca de 4 500
comunicações, mostra bem que a co-
munidade Hortícola mundial respondeu aos esforços desenvolvidos pela
organização e que continua em franca
expansão e com uma dinâmica própria.
Portugal e Espanha estão de parabéns
pois souberam dar “conta do recado”.
O programa científico, bastante
extenso e diversificado, incluiu vários colóquios, simpósios, seminários,
sessões temáticas e workshops, permitindo aos participantes várias escolhas. Num congresso desta grandeza
fica-se, por vezes, desapontado por
não se conseguir assistir a apresentações que são da nossa área de investigação e/ou do nosso interesse profissional, dada a simultaneidade das
sessões. Mas a distribuição dos livros
de Programa e de Resumos permitiu
que, atempadamente, se fizesse uma
escolha criteriosa.
Neste texto daremos uma breve
visão sobre a horticultura herbácea.
Dado o elevado número de comunicações apresentadas, é nos completamente impossível relatar tudo do que
Figura 1 - Arranjo multicolor com produtos hortícolas, no stand da APH.
36
Revista da APH N.º 103
mais actual e inovador se passou nesta
área. Faremos, assim, uma descrição
sumária de partes do programa científico, algumas através da nossa passagem pelas sessões e outras pelo desfolhar do livro de resumos.
Os Colóquios (C), sob a forma de
sessões plenárias, debruçaram-se sobre várias áreas inovadoras e temas
abrangentes, das quais destacámos:
a nanotecnologia aplicada à horticultura (C02); o impacto das plantas e do
seu cultivo na saúde e bem-estar físico e psicológico (C03); a aplicação de
novas técnicas na sequenciação do
genoma da espécie Fragaria vesca,
do melão e do tomate; a genética e
sistemas de engenharia para automatizar e mecanizar culturas protegidas
e ao ar livre (C06); e as várias formas
de reduzir a dependência das culturas
hortícolas aos químicos de síntese.
Através do Colóquio sobre as trocas
de plantas hortícolas entre a América e
Ásia (C07), podemo-nos aperceber do
papel importante dos navegadores portugueses e espanhóis nos séculos 16
e 17 e que contribuíram não só para a
mudança das práticas agrícolas como
também na produção de alimentos e
hábitos culinários através do mundo
(fig. 2 e 3).
Os workshops (Ws) foram vários
(28) e debruçaram-se sobre diversas
áreas temáticas. Dois temas nacionais
e actuais foram abordados e discutidos,
um sobre as potencialidades da região
de Odemira para a horticultura (Ws03)
e o caso de estudo da Pêra Rocha
(Ws05). Pela actualidade e pertinência
do tema, assistimos ao Ws19 - Plásticos Biodegradáveis na Horticultura que
se focalizou em determinados aspectos sobre o uso dos filmes biodegradáveis na horticultura (um sector que utiliza grandes quantidades de plásticos
sintéticos) como estratégia para a sus-
tentabilidade dos sistemas de produção e a preservação do meio ambiente
(fig. 4). Nesta reunião, constatámos
que a procura de materiais plásticos utilizados em agricultura a nível mundial
se situa, actualmente, em 3,6 milhões
de toneladas, sendo a Ásia o maior
continente consumidor (60%) seguida
da Europa (19%). Constata-se, ainda, uma procura crescente por estes
materiais pela América do Sul e pelas
regiões mediterrânicas do Sul e Este.
Ao nível da Europa a procura cifra-se
em 700 000 toneladas, das quais 39%
são para a silagem, 40% para as culturas protegidas e 21% para cobertura
directa do solo. Vários ensaios comparativos entre o filme biodegradável
e o filme plástico convencional foram
descritos em diferentes culturas (vinha,
morango, mirtilos, framboesa, aboborinha, melão, melancia e tomate entre
outras) e em diferentes regiões (Itália,
Espanha, Canadá, França, Bélgica e
Alemanha). Nas operações e técnicas
culturais com o filme biodegradável, é
possível utilizar as mesmas máquinas
(por exemplo, para estender o filme e
transplantar), sistemas de fertirrega,
pesticidas e fertilizantes que se utilizam
com o plástico convencional.
Durante o debate, questionou-se
o custo dos materiais biodegradáveis
usados na cobertura directa do solo
comparativamente aos plásticos convencionais, sendo este factor um dos
grandes entraves para a expansão da
sua utilização, uma vez que é cerca de
2 a 3 vezes mais elevado que o plástico sintético. A durabilidade destes materiais, nomeadamente os hidrobiodegradáveis em cuja composição entra o
amido e que possuem baixa resistência
à água, foi igualmente discutida. A existência de estudos sobre a biodegrabilidade destes materiais no solo, cuja
Figura 2 - Jules Janick, convener e orador do Colóquio 07.
Figura 3 - Domigos Almeida (esq) e Victor Galá Saúco (direita), oradores do Colóquio 07.
taxa de degradação depende de vários
factores (composição, tipo e quantidade de microrganismos presentes no
solo, etc.), foi igualmente questionada.
Em relação aos simpósios que decorreram durante este evento foram 18
e versaram grandes temas actuais por
culturas e também transversais a diferentes culturas. Alguns destes simpósios serão relatados neste número da
Revista da APH.
O número de seminários foi de 14 e
as sessões temáticas de 18 e versaram
temas bastante diversificados desde
novas e inovadoras técnicas relacionadas com culturas sem solo, plantas
aromáticas e medicinais, protecção integrada, horticultura urbana até ao papel dos produtores e consumidores na
cadeia dos produtos hortícolas.
Através das diversas visitas técnicas (Tt) organizadas pelo IHC, os par-
ticipantes tiveram oportunidade de visitar uma das regiões mais importantes
de produção de pequenos frutos em
Odemira (Tt01) (fig.3), de observar os
progressos no desenvolvimento de novas estruturas de estufas e da cultura
hidropónica de várias hortícolas na região do Oeste (Tt03) e a produção de
diversas hortícolas ao ar livre (melão,
tomate, batata e outras) no Campo da
Golegã (Tt08).
Aguardamos com expectativa as
actas do congresso pois são o culminar não só da nossa aprendizagem
pelo congresso do IHC, bem como
da actualização dos nossos conhecimentos técnico-científicos. Entretanto,
os resumos podem ser consultados
na página da Internet do Congresso
(www.ihc2010.org).
Até daqui a 4 anos em Brisbane,
Austrália!
Figura 4 - Apresentação do Ws19 por Lluis
Martin-Closas.
Revista da APH N.º 103
37
Sectores da Horticultura
A Fruticultura no IHC Lisboa 2010
Raul Rodrigues
Vice-Presidente da APH Fruticultura
O sector da fruticultura esteve representado no 28.º Congresso Internacional de Horticultura (IHC Lisboa 2010)
através de Colóquios, Simpósios, Seminários e Sessões Temáticas.
Os oito colóquios realizados tiveram
um carácter transversal, não sendo
possível quantificar o peso de cada
sector em particular. Já ao nível dos
Simpósios, a fruticultura esteve representada em 12 dos 18 Simpósios
realizados, sendo três específicos:
pequenos frutos (162 comunicações),
frutos mediterrânicos e frutos secos
(161 comunicações) e bananas e outros frutos tropicais (123 comunicações) e os restantes de carácter mais
abrangente como a pós-colheita, onde
as comunicações sobre frutos totalizaram as 106 o que representou 24% do
total de comunicações apresentadas
neste simpósio. De salientar que entre
as comunicações orais (147) 64% estavam relacionados com pós-colheita de
frutos (quadro 1)
Dos 14 Seminários realizados, a fruticultura esteve representada em seis,
sendo dois específicos como Frutos de
Pomóideas sub-utilizados (18 comunicações) e Desenvolvimento dos Frutos
(45 comunicações), os restantes de
carácter mais generalista, em que as
comunicações relacionadas com a fruticultura estiveram em destaque quanto
ao seu número: Modelação em espécies perenes (53%), Fruticultura mediterrânica - pragas (57%) e Biologia
reprodutiva (64%) (quadro 2). Nestes
seminários foram apresentadas 204
comunicações, das quais 136 (74 orais
e 62 sob a forma de poster) alusivas à
fruticultura o que corresponde a 66,7%
das comunicações apresentadas nos
referidos seminários.
Das 18 Sessões Temáticas realizadas, 11 tiveram comunicações sobre
fruticultura, sendo duas sessões específicas: Citrinos (62 comunicações)
e Fruticultura: sistemas de produção
(39 comunicações). Nas sessões temáticas de carácter mais generalista,
38
Revista da APH N.º 103
Quadro 1 – Simpósios com comunicações alusivas à fruticultura.
Orais
Simpósio
Fruticultura
Nº
%
Nº
Posters
Nº
Fruticultura
Nº
%
Total de comunicações
Nº
Fruticultura
Nº
%
Pequenos frutos
83
69
83
215
93
43
298
162
54
Pós-colheita
147
94
64
303
12
4
450
106
24
Genómica
66
31
47
119
33
28
185
64
35
Hortícolas geneticamente modificadas
31
20
65
31
9
29
62
29
47
Fruticultura mediterrânica e frutos secos
41
41
100
120
120
100
161
161
100
Emergentes de saúde
43
11
26
98
21
21
141
32
23
Horticultura para o desenvolvimento
33
2
6
26
1
4
59
3
5
ISAFRUIT
62
57
92
104
28
27
166
85
51
Recursos genéticos
107
38
36
162
57
35
269
95
35
Horticultura biológica
65
18
28
109
25
23
174
43
25
Clima e água
31
5
16
74
24
32
105
29
28
Bananas e outros frutos tropicais
44
44
100
79
79
100
123
123
100
Quadro 2 – Seminários com comunicações alusivas à fruticultura.
Seminário
Nº
Orais
Posters
Fruticultura
Nº
%
Fruticultura
Nº
%
Nº
Total de comunicações
Nº
Fruticultura
Nº
%
Modelação em espécies perenes
8
5
63
7
3
43
15
8
53
Fruticultura mediterrânica: pragas
21
9
43
23
16
70
44
25
57
Aptidão para o melhoramento de
plantas
21
6
29
8
1
13
29
7
24
Frutos de Pomóideas sub-utilizados
15
15
100
3
3
100
18
18
100
Biologia reprodutiva
31
21
68
22
13
59
53
34
64
Desenvolvimento dos frutos
18
18
100
27
27
100
45
44
100
Figura 1 – Aspecto da assistência numa das sessões sobre fruticultura.
o número de comunicações relacionadas com espécies fruteiras, foi mais
relevante na Nutrição Mineral (40%),
Propagação e Viveiros (38%) e Micropropagação (32%) (quadro 3).
Todos os Simpósios, Seminários e
Sessões Temáticas relacionados com
a fruticultura, tiveram oradores convidados durante as sessões que constituíram estes eventos, investigadores
de referência cujas presenças em muito contribuíram para a dinamização das
sessões, sendo prova disso o número
sempre elevado de congressistas que
aderiam a estes eventos.
A problemática fitossanitária, associada às alterações climáticas, esteve
em destaque no Seminário Fruticultura mediterrânica: pragas e na Sessão
Temática Patologia Vegetal, dado o
número crescente de organismos nocivos, que nos últimos anos têm vindo
a consolidar-se como praga às escalas
mundial em geral e mediterrânica em
particular.
Em termos de síntese, foram apresentadas 1268 comunicações relacionadas com a fruticultura, sendo 598
orais e 670 sob a forma de poster, o
que corresponde a 31,4% das comunicações apresentadas no congresso,
evidenciando desta forma, o interesse
e o peso que a fruticultura representa
no seio da horticultura em geral.
Figura 2 – Joan Bonany, co-convener do Simpósio ISAFRUIT, a moderar a sessão sobre investigação
sensorial e preferências do consumidor.
Quadro 3 – Sessões Temáticas com comunicações alusivas à fruticultura.
Orais
Posters
Nº
Fruticultura
Nº
%
Nº
Fruticultura
Nº
%
Nº
Fruticultura
Nº
%
Sessão Temática
Total de comunicações
Citrinos
18
18
100
44
44
100
62
62
100
Fisiologia das culturas
23
5
22
38
6
16
61
11
18
Fruticultura: sistemas de
produção
26
26
100
13
13
100
39
39
100
Genética e melhoramento
47
8
17
41
10
24
88
18
20
Protecção integrada
21
4
19
16
1
6
37
5
14
Micropropagação
39
10
26
32
13
41
71
23
32
Nutrição mineral
25
10
40
3
2
67
30
12
40
Modelação
9
2
22
8
1
13
17
3
18
23
37
2
5
63
8
13
Patologia vegetal
26
6
Planta, solo e ciências do
ambientai
27
1
4
14
3
21
41
4
10
Propagação e viveiros
17
5
29
23
10
43
40
15
38
Revista da APH N.º 103
39
Sectores da Horticultura
A Viticultura no 28.º Congresso Internacional de Horticultura
Kátia Gomes Teixeira*
As alterações climáticas foram a
“pedra de toque” transversal a todos os
sectores com visibilidade neste Congresso.
A organização dedicou à Viticultura um Simpósio (S16) e um Workshop
(Ws28) sobre aquela temática, a saber:
- VITI & CLIMA: Efeitos das alterações climáticas na produção e qualidade dos produtos provenientes da vinha;
- A uva e as alterações climáticas:
Cooperação Internacional.
O Simpósio “VITI & CLIMA”, realizado sob a égide dos conveners Ben
Ami Bravdo (Israel) e Hipólito Medrano
(Espanha), com 6 sessões Orais e uma
sessão de Posters, dedicou três sessões ao problema da utilização eficiente
da água, duas sessões directamente
às alterações climáticas e apenas uma
sessão à salinidade e nutrição mineral.
O objectivo deste simpósio era permitir a reunião de investigadores das
diferentes regiões vitícolas do mundo,
Sessão de posters do Simpósio Viti & Clima (S16).
40
Revista da APH N.º 103
com climas diversificados, que fomentasse a discussão e o intercâmbio de
informação entre todo o mundo vitícola.
Assistiu-se em todas as sessões à
apresentação de uma comunicação por
um orador convidado, seguido de várias comunicações orais sobre o tema
abordado. Cada sessão terminava com
breves apresentações sobre os posters.
Assim, foram apresentadas 21 Comunicações Orais e 10 Posters.
Entre os oradores convidados estiveram alguns dos maiores especialistas
nestas temáticas, dos quais destacamos pelo impacto das suas comunicações na viticultura portuguesa:
Gregory Jones (USA) – orador convidado da 1.ª sessão dedicada ao tema
“Viticultura sob o efeito de mudanças
nas condições ambientais: clima, viticultura, uva e vinho”; que apresentou uma
comunicação muito bem sistematizada
sobre a sustentabilidade da viticultura
numa óptica de alterações climáticas e
apontou áreas de estudo e objectivos
que deverão ser prosseguidos no sentido de assegurar a sustentabilidade futura do sector vitícola;
Maria Manuela Chaves (Portugal)
– oradora convidada na 3.ª sessão subordinada ao tema ”Rega deficitária:
mecanismos fisiológicos e implicações
agronómicas”, que apresentou uma excelente comunicação sobre o trabalho
que o seu grupo de investigadores tem
feito em Portugal neste âmbito, principalmente dirigido às regiões vitícolas do
Alentejo e Península de Setúbal;
Hipólito Medrano (Espanha) – orador convidado na 4.ª sessão subordinada ao tema “A utilização eficiente da
água na vinha”, que apresentou uma
comunicação muito interessante, onde
contestou de modo bastante eficaz a
afirmação de que para produzir 1 L de
vinho são necessários aproximadamente 1000 L de água. Apontou vários
caminhos para aumentar a eficiência
do uso da água, como a utilização da
variabilidade das castas na escolha de
genótipos mais eficientes;
Andrea Shubert (Itália) – orador
convidado na 6.ª sessão subordinada
ao tema “Efeitos do aquecimento global
no aroma e sabor da uva e do vinho”,
que apresentou uma comunicação sobre o comportamento das substâncias
fenólicas face às mudanças ambientais,
e identificou os factores que influenciam
a síntese de antocianas e os genes envolvidos nesse processo, bem como as
diferenças entre castas relativamente à
presença do gene;
Relativamente aos trabalhos submetidos a apresentação oral assistiu-se
a comunicações que abordaram o impacto das alterações climáticas de um
modo mais generalista – na viticultura
francesa, ou na viticultura do NE Espanhol; comunicações que abordaram as
necessidades hídricas da planta, onde
se assistiu apenas a comunicações de
investigadores espanhóis. Na 3.ª sessão assistiu-se a duas comunicações
completamente diferentes, uma sobre
equipamentos de uniformização de rega
gota a gota e sua monitorização e outra sobre a influência de diferentes métodos de rega na composição de uma
casta regional italiana (Aleatico). Na 4.ª
sessão concentraram-se várias apresentações de muita qualidade, entre as
quais se destacou a comunicação de
Lopes, C. et al., onde se interroga sobre
a utilização de enrelvamentos e outras
coberturas em vinhas mediterrânicas,
face às alterações climáticas. Nesta
sessão houve ainda a apresentação
de uma comunicação sobre viticultura
de precisão utilizando “Wireless Sensor
Network”, outra sobre a capacidade de
adaptação de três castas a situações de
stress hídrico e de não stress, e ainda
uma comunicação sobre a alteração da
composição em hidratos de carbono da
casta Chardonnay sujeita a diferentes
condições de stress hídrico. As comunicações apresentadas na 5.ª sessão,
que abordou o tema da salinidade e
nutrição mineral, dirigiram-se na íntegra
à produção de uva de mesa com três
apresentações provenientes do Irão,
Grécia e Israel. Na 6.ª sessão, mais
dirigida à qualidade da uva e vinho,
pôde assistir-se a uma comunicação
de um investigador chinês que abordou
o papel da desfolha e da utilização de
filmes reflectores na composição da
uva; assistiu-se também nesta sessão
a mais duas comunicações que abordaram mais técnicas do metabolismo da
uva na pós-maturação ou a avaliação
da composição fenólica da uva com a
utilização de determinadas tecnologias.
Este simpósio pôs em evidência a expressão verdadeiramente global que neste momento a viticultura tem no mundo.
Na verdade, o mundo vitícola expandiu-se a todos os continentes e assume
importância crescente mesmo em países onde há poucos anos não existia.
Isto constituiu uma evidência pelos trabalhos de investigação apresentados
neste simpósio, como são exemplo as
comunicações provenientes da China
ou de Taiwan.
Refira-se também o peso das comunicações provenientes de Espanha que
representaram perto de 40% dos trabalhos apresentados oralmente.
Em nosso entender, as sessões de
Posters não se revelaram muito interessantes e registaram muitas ausências
de autores.
O Workshop, dirigido pelos mesmos
conveners Ben Ami Bravdo e Hipólito Medrano, tinha como principal objectivo reunir
os vários oradores convidados no sentido
de promover uma discussão sobre os efeitos do clima na viticultura e enologia.
Este Workshop reforçou sobretudo
a existência de uma cooperação internacional a nível da investigação, o que
transmite a ideia de que a comunidade científica demonstra capacidade de
enfrentar cabalmente o problema das
alterações climáticas. Deste modo o
sector vitivinícola estará à altura de enfrentar mais este desafio, como soube
enfrentar outras crises no passado, em
que a investigação foi crucial como garante da sustentabilidade da cultura da
vinha. Neste particular, é de enaltecer
o papel da Investigação Portuguesa,
nomeadamente do Instituto Superior de
Agronomia, pela acuidade e relevância
das intervenções feitas pelos seus investigadores.
* Direcção Regional de Agricultura e
Pescas de Lisboa e Vale do Tejo
Revista da APH N.º 103
41
Sectores da Horticultura
A fileira oleícola no 28th International
Horticultural Congress (IHC) Lisboa - 2010
Albino Bento
Vice-Presidente da APH Olivicultura
A sessão de “Tecnologias para a produção de
azeite de qualidade” do Simpósio Olive Trends,
moderada por R. Aparício.
A fileira oleícola, pela sua reduzida distribuição geográfica mundial, foi
naturalmente um dos temas de menor
dimensão no 28th International Horticultural Congress, que decorreu em Lisboa entre 22 e 27 de Agosto de 2010.
Mesmo assim, mereceu destaque bem
superior ao registado em congressos
anteriores, tendo sido realizado um
Simpósio “From the olive tree to olive
oil: New trends and future challenges
(Olivetrends)” e dois workshops temáticos “Genomics and breeding of olive”
e “Olive genetic resources: a legacy of
biodiversity”.
O Simpósio ”Olivetrends” decorreu
durante dois dias em cinco sessões
orais e em duas sessões de painéis, organizadas em torno das seguintes sessões temáticas: 1) environmental stress
and sustainable olive growing; 2) new
challenges for pest and diseases management; 3) production systems and mechanization; 4) genetic resources from
conservation to new cultivars; 5) olive
oil quality originates in the orchard.
Durante o Simpósio foram apresentados cinco comunicações plenárias, a
iniciar cada sessão temática, 16 comu-
nicações orais, 27 painéis com curta
apresentação oral (e-Poster) e 78 comunicações na forma de painel, num
total de 126 trabalhos.
Os temas discutidos no simpósio
cobriram, de um modo geral, toda a fileira. Todavia, predominaram os trabalhos científicos em torno da “rega, fertilização e produção sustentável”, com
34 trabalhos dos quais cinco apresentados como comunicações orais, cinco
como painéis com curta apresentação
oral e 24 como painéis, bem como dos
“recursos genéticos e melhoramento”,
com 29 trabalhos dos quais cinco apresentados como comunicações orais,
quatro como painéis com curta apresentação oral e 20 como painéis.
Os workshops temáticos contaram
com 12 oradores e animado debate
sobre a questão da conservação dos
recursos genéticos da oliveira, variabilidade genética e melhoramento.
No Simpósio e workshops temá­
ticos, foram apresentados trabalhos
de investigação realizados em mais
de 20 países dos 5 continentes, dos
quais 70% de países Europeus, principalmente de Espanha e Itália, que
A assistência durante uma das sessões do Simpósio Olive Trends.
42
Revista da APH N.º 103
totalizaram mais de metade dos trabalhos apresentados. De referir a reduzida participação da Grécia, face à
importância e dimensão desta fileira e
Portugal. Além dos países Europeus,
de salientar a elevada participação de
investigadores do Irão (8% dos trabalhos), Argentina (4% dos trabalhos),
bem como Israel, Austrália, Turquia e
Tunísia.
O 28th International Horticultural Congress foi também um marco importante
para a fileira oleícola mundial, na medida em que permitiu a reunião de um
grupo alargado de professores e investigadores, a discussão dos mais recentes
progressos técnico-científicos, o estabelecimento de contactos entre grupos
de diferentes regiões do mundo e a criação de novos grupos de trabalho.
Assim, estamos convictos que os resultados difundidos no ”Olivetrends” e a
discussão nos dois workshops temáticos serão motivadores de novas linhas
de trabalho para diferentes grupos, tal
como ficou expresso nos animados debates e que irão ter a devida ressonância no desenvolvimento e sustentabilidade da fileira oleícola mundial.
Luís Rallo, moderador do Workshop Olive genetic
resources: a legacy of biodiversity.
Sectores da Horticultura
A Horticultura Ornamental no Congresso Internacional
de Horticultura (IHC) Lisboa 2010: uma conversa de café
José António Monteiro
Vice-Presidente da APH Horticultura Ornamental
As piores pessoas para darem uma
ideia dos pontos altos dum evento,
como o Congresso Internacional, são
aquelas que além de participarem, estiveram na organização. Os imprevistos de última hora e as ocupações na
organização acabam sempre por nos
distrair um pouco da essência do encontro. Contudo, para mim, o principal
papel de um congresso não é necessariamente o intercâmbio de ideias novas
e o revisitar ou o actualizar das antigas.
Isso já se faz bastante bem, na sociedade de informação em que vivemos,
através das publicações existentes e
da Internet. O que julgo ser mais útil e
insubstituível é o contacto directo entre
as pessoas que trabalham na mesma
área do saber: apresentação de dú­
vidas, desmistificações, confronto de
opiniões contrárias, sugestões e também possibilidades de novas parcerias.
Nunca me esqueço de um encontro
onde fui na fase final do meu doutoramento, apresentar a minha investigação. No fim da minha apresentação,
um colega fez-me uma pergunta sobre
um aspecto que eu não tinha abordado
(e que tinha dados para o fazer), este
aspecto viria a revelar-se uma óptima
síntese para todo o meu trabalho.
A Horticultura Ornamental/Ambiental
esteve bem representada no IHC Lisboa 2010, nas suas várias vertentes,
tanto nas disciplinas mais clássicas
da horticultura (produção, protecção,
água, pós-produção (fig. 1),...) como
nas disciplinas menos clássicas e mais
transversais: ambiente biofísico, paisagem, sociedade,.... As comunicações
apresentadas nesta área rondaram
as 400, distribuídas por um colóquio
(C03 - Plantas, pessoas e lugares),
dois simpósios (S09 - Diversidade e
oportunidades em horticultura ornamental; S17 - Grupo internacional de
investigação em prótea), três seminários (Sm03 - Influência portuguesa e
espanhola nos jardins e na paisagem;
Sm14 - Aspectos ambientais no maneio dos relvados; Sm11 - Horticul-
tura ornamental e plantas invasoras)
e dois grupos de sessões temáticas
(T11 – Paisagismo (fig. 2); T18 - Horticultura urbana). Três workshops (Ws)
dedicaram-se também a aspectos relacionados com a Horticultura Ornamental (Ws04 - Plantas ornamentais e
poluição do ar interior e exterior (fig. 3);
Ws10 - Perspectivas Pacifíco-Asiáticas
para a paisagem e a horticultura urbana; Ws26 - Proteaceae na economia
global: intervenientes e desafios).
Embora seja difícil atribuir um país
específico a uma comunicação, porque numa mesma comunicação há por
vezes autores de países diferentes, as
comunicações nesta área provieram de
cerca de 47 países diferentes, representando todos os continentes. A Ásia
Oriental teve uma representação maciça, com a China apresentando cerca
de 57 (15%) comunicações, logo seguida pelo Japão com 37 (9%). Estes dois
países juntos perfizeram quase um
quarto das comunicações apresentadas. A Europa contribuiu com cerca de
um terço das comunicações, sendo os
países mais representados a Espanha
e a Itália (com cerca de 25 comunicações cada). Note-se a presença relevante da zona mediterrânica e a baixa
participação dos Países Baixos (Holanda), um país tradicionalmente ligado à
Horticultura Ornamental e cuja proximidade geográfica não colocaria graves
entraves a uma presença substancial.
Os temas abordados foram, como
se imagina, muitíssimos, a sua importância muito vasta e nem me atrevo a
referir nenhum em especial. Saí de lá
com uma dúvida existencial resolvida,
até porque é da minha área específica e
persistia há bastante tempo: a aspirina
(ácido acetilsalicílico) na água das jarras
para flor cortada, não prolonga a duração das flores e até pode encurtá-la.
Os contactos novos foram bastantes
e agora há que fazer opções sobre os
próximos trabalhos a realizar.
Figura 1 - Susana Carvalho moderando uma sessão sobre pós-produção de ornamentais.
Figura 2 - Gert Groening moderando uma sessão
sobre paisagismo.
Figura 3 - Um aspecto do Workshop 04 - Plantas
ornamentais e poluição (leia-se purificação) do
ar interior e exterior, conduzido por Jean-Claude
Mauget (à direita).
Revista da APH N.º 103
43
Simpósios
S01 - Berries: from genomics to sustainable production,
quality and health
Tt01 - BERRIES
Pequenos frutos: do genoma à produção sustentável,
qualidade e saúde
Pedro B. Oliveira1*, Luís Lopes da Fonseca* & Maria da Graça Palha*
1
Co-Convener
A realização de um simpósio dedicado aos pequenos frutos, integrado
no 28th International Horticultural Congress, resultou de uma conjugação de
esforços entre a equipa do Congresso
e a da acção COST 863 “Berries: From
Genomics to Sustainable Production,
Quality and Health”. Desde o início,
tornou-se claro que a realização da
reunião final da Acção COST durante
o Congresso seria uma mais-valia para
ambas as partes, possibilitando à Acção COST beneficiar da organização
do Congresso e este da presença de
um grupo alargado de investigadores
muito activos numa área e temas de
reconhecida actualidade. Foi assim
acordada na reunião da Comissão de
Gestão da Acção que se realizou em
Bordéus em 2007 e ratificada na reunião de Oeiras em 2009, que o simpósio final da Acção decorreria durante o
28.º Congresso de Horticultura com o
principal objectivo de apresentar a uma
vasta audiência os resultados da Acção
e lançar novos laços de entendimento
entre todos os parceiros ligados à produção, investigação e comercialização
de pequenos frutos no mundo inteiro.
O simpósio teve lugar no Centro de
Congressos de Lisboa com a designação de S01 – Berries: From Geno-
Margrit Laimer durante a sessão “Pequenos frutos e saúde dos consumidores”.
mics to Sustainable Production, Quality
and Health e decorreu durante quatro
dias. Foi organizado pelo secretariado
do Congresso com a colaboração do
Instituto Nacional dos Recursos Biológicos. Foram submetidos ao simpósio
297 comunicações, entre as quais; 7
por convite, 35 orais, 41 apresentações
orais de curta duração (short-orals) e
214 painéis. A inclusão no Congresso
permitiu contar com uma grande audiência de mais de 3 100 participantes de
100 países.
Para participar no simpósio dos Pequenos Frutos foram convidados 43 investigadores (pagos integralmente pela
Acção COST) e técnicos de empresas
ligadas à produção e comercialização,
em diferentes partes do mundo. O simpósio foi dividido em dez sessões orais
e três sessões de painéis.
Sessão I – Integração de recursos
genéticos, melhoramento, genoma e
biotecnologia.
Nesta sessão foi apresentada
uma comunicação por convite “Full
Genome Sequencing of the Woodland
Strawberry, Fragaria vesca” por Vladimir Shulaev dos Estados Unidos da
América e seis apresentações orais
sobre morango, amora, groselha,
uva-espim e framboesa.
Sessão II – Manipulação da floração
e da frutificação: ciência ou ficção?
Na sessão os participantes tiveram
a oportunidade de assistir à comunicação oral por convite “Flowering and
Fruiting on Command in Berry Crops:
Science or Fiction?” pela investigadora
Bernadine Strik, dos Estados Unidos
e a quatro apresentações orais sobre
framboesa, amora, morango e mirtilo.
A empresa “First Fruit” da Sérvia apresentada por S. Sredojevic.
44
Revista da APH N.º 103
Sessão III – Genética e fisiologia dos
pequenos frutos
Esta sessão foi especialmente dedicada à discussão de e-posters sobre
genética e fisiologia com 13 apresentações orais de curta duração durante 40
minutos e discussão em sala durante
os restantes 50 minutos. A sessão foi
conduzida por dois Chairmen Kevin
Folta (USA) e Fumiomi Takeda (USA),
com dois investigadores para liderarem
a discussão, Chad Finn (USA) e Anita
Sonsteby (Noruega) e com dois relatores, Beatrice Denoyes (França) e David
Neri (Itália).
As sessões de painéis foram sempre muito animadas e concorridas.
Sessão IV – Pode a produção de pequenos frutos contribuir para uma
agricultura sustentável?
A apresentação oral por convite, para esta sessão, foi “Berry: An
Example of the Transition from Fordistic to Post-Fordistic Food Production”
por Van der Schans, J. W. da Holanda. A sessão contou ainda com quarto
apresentações orais sobre estratégias
de mercado para pequenos frutos na
China, Holanda, Polónia e Turquia.
Sessão V – Pequenos frutos e alimentação humana: oportunidades
e desafios no desenvolvimento da
investigação e da produção
A sessão contou com uma apresentação por convite e sete orais.
A apresentação convidada teve por
tema “Berries and Human Health:
Opportunities and Challenges” dada
por Roger Hurst da Nova Zelândia. As
apresentações orais versaram a problemática das características nutracêuticas dos pequenos frutos.
Sessão VI – Controlo das pragas e
doenças dos pequenos frutos e segurança do consumidor
O orador convidado foi o Prof. Marvin Pritts, dos Estados Unidos da América, com a comunicação “Managing
Farming Systems, Landscapes, Pests
and Pathogens to Improve Consumer
Perception of Berries”. A sessão contou
ainda com mais quatro apresentações
orais sobre estratégias de controlo de
fungos, vírus e ácaros em mirtilo, framboesa e morango.
Sessão VII – Compostos bioactivos
nos pequenos frutos e controlo de
pragas e doenças
Esta sessão foi especialmente dedicada à discussão dos e-posters sobre “Bioactive and Pest & Diseases
Management”. Durante 40 minutos
efectuaram-se 13 apresentações orais
Aspecto da assistência durante a sessão sobre a indústria de pequenos frutos.
Aspecto de uma das sessões de painéis.
de curta duração, a que se seguiram 50
minutos de discussão geral. Esta sessão foi coordenada por Wilhelmina Kalt
(Canadá) e Paivi Parikka (Finlândia)
com dois investigadores a liderarem a
discussão, Ricardo Ferreira (Portugal)
e Gijs van Kruistum (Holanda) e dois
relatores, Margit Laimer (Áustria) e Catherine Baroffio (Suiça).
Sessão VIII – Genótipo, ambiente e
tecnologias de produção: como será
a produção de pequenos frutos no
futuro?
A sessão contou com seis apresentações orais e uma por convite. “Genotype, Environment and Cultivation
Systems: What will Berry Production
be Like in the Future?” foi o título da
comunicação convidada proferida por
Christoph Carlen da Suiça, a que se
seguiram outras sobre diferentes tecnologias de produção em amora, framboesa, mirtilo e morango.
Sessão IX – Definição de necessidades da indústria de pequenos frutos
Sessão dedicada à indústria. Dan
Legard, director da importante “CaliRevista da APH N.º 103
45
fornia Strawberry Commission” foi o
orador convidado com a apresentação
intitulada “Defining Needs of the Berry
Industry: Challenges and Solutions for
the California Strawberry Industry”.
Foram ainda apresentadas mais cinco
comunicações orais, desde redes de
ensaios e melhoramento em Espanha,
Itália e Brasil, até estratégias de comercialização em Portugal e na Sérvia
Sessão X – Cultivo de pequenos frutos e indústria
Esta sessão de e-posters foi dedicada aos sistemas de produção e indústria. Foram apresentadas catorze
comunicações orais de curta duração,
durante quarenta minutos com a discussão a decorrer durante os restantes
cinquenta minutos dedicados a esta
sessão. Esta foi liderada pelo Prof.
Adam Dale (Canadá) e José LopezAranda (Espanha), com dois investigadores a impulsionarem a discussão,
Rolf Nesby (Noruega) e Alessio Martinelli (Itália) e com dois relatores, Erica
Kruger (Alemanha) e Jeroen Kellers
(Bélgica).
Sessão de Painéis
O simpósio contou com três sessões
de painéis sobre os diferentes temas.
A primeira sessão com 86 painéis, foi
dedicada ao tema “Pequenos frutos –
genética e fisiologia”, a segunda ao
tema “Componentes bioactivos e con-
46
Revista da APH N.º 103
trolo de pragas e doenças de pequenos frutos” com 61 painéis e, na última,
“Cultivo e indústria de pequenos frutos”
foram apresentados 68.
Na terça-feira 24 de Agosto, teve lugar durante a tarde a última reunião da
Comissão de Gestão da Acção COST
863, decorreu o processo de avaliação,
com a presença de todos os delegados que estiveram em Lisboa. Bruno
Mezzetti, o coordenador da Acção e os
líderes dos grupos de trabalho apresentaram o relatório final de todos os trabalhos efectuados durante os quatro anos
em que decorreu a acção. No final teve
lugar uma importante discussão sobre
o interesse de se concorrer a uma nova
Acção COST em pequenos frutos.
Foi também durante o Congresso e
graças ao esforço do grupo de trabalho do COST863, que foi apresentado
o primeiro número do Journal of Berry
Research. Como o acordo do Editor Chefe do Jornal, o Dr. Maurizio Battino
e, com o suporte da IOS Press, ficou
decidido dar a maior visibilidade possível ao simpósio através do lançamento
de um número especial elaborado com
parte dos trabalhos apresentados.
O último dia do Congresso foi dedicado a uma visita técnica à mais importante região de produção de pequenos
frutos de Portugal, a zona de Odemira. Os participantes na visita tiveram
a oportunidade de visitar as diversas
quintas de produção e desenvolvimento experimental que a empresa
Driscoll’s possui em Portugal. Assim,
na “Maravilha Farm” foram visitados os
campos de produção de morango para
produção de Outono, e na “Herdade
das Bicas” houve a oportunidade de visitar os campos de produção de amora
e framboesa onde predomina a cultivar
de framboesa Maravilha, exclusiva dos
produtores Driscoll´s.
O almoço foi gentilmente oferecido
pela Fundação Odemira e decorreu ao ar
livre na Boavista dos Pinheiros. Os participantes estrangeiros puderam apreciar o
gaspacho alentejano a que se seguiram
sardinhas e febras assadas.
O programa total e os resumos
deste simpósio podem ser descarregados do portal do IHC Lisboa 2010
em
http://www.ihc2010.org/content.
asp?page=symposia
Os participantes no simpósio consideraram a realização da reunião final
da Acção COST 863 durante o Congresso de extrema utilidade quer para
a investigação, quer para a indústria,
uma vez que a audiência tão alargada
proporcionada pelo Congresso permitiu estabelecer novos contactos e desenvolver novas ideias, dentro do grupo europeu dos pequenos frutos.
* INRB / L-INIA, Oeiras, Portugal
Simpósios
S02 - POST-HARVEST TECHNOLOGY IN THE GLOBAL MARKET
Nota sobre o simpósio
Domingos P. F. Almeida*
Co-Convener
O registo
Com cerca de 590 resumos submetidos, o simpósio Postharvest Technology
in the Global Market foi um dos maiores de todo o Congresso Internacional
de Horticultura, que decorreu em Lisboa
entre 22 e 27 de Agosto de 2010. Os
trabalhos foram apresentados e discutidos durante quatro dias em 14 sessões
orais e em quatro sessões de painéis,
organizadas em torno dos seguintes
temas: 1) factores pré-colheita e maturação à colheita; 2) perdas pós-colheita
e gestão da cadeia de abastecimento;
3) tecnologia pós-colheita; 4) biologia
e percepção do flavor; 5) patologia e
entomologia pós-colheita; 6) fisiologia
pós-colheita; 7) IV gama e outros produtos de valor acrescentado; 8) tratamentos pós-colheita (com duas sessões
orais); 9) pós-colheita de plantas ornamentais; 10) avaliação não-destrutiva da
qualidade; 11) qualidade pós-colheita;
12) acidentes fisiológicos e 13) atmosfera controlada e atmosfera modificada.
Os temas discutidos no simpósio cobriram, de um modo geral, todo o âmbito da Ciência e Tecnologia Pós-colheita
modernas. Todavia, predominaram as
apresentações de estudos aplicados
em relação à divulgação de estudos
de carácter fundamental. A distribuição
das comunicações livres pelas ses-
sões temáticas foi desigual, com uma
elevada percentagem de trabalhos
sobre frutas e hortaliças minimamente
processadas, tratamentos pós-colheita
de frutas, hortaliças e plantas ornamentais, e sobre aspectos descritos
da qualidade e menos comunicações livres sobre o efeito de factores
pré-colheita na qualidade pós-colheita,
sobre perdas pós-colheita e sobre os
aspectos do aroma, uma das fronteiras
do conhecimento científico e tecnológico na área.
Um dos prémios de melhor poster do Congresso foi atribuído a um
trabalho apresentado no simpósio de
Pós-colheita. A distinção foi para o
trabalho intitulado “Kinetics of volatile
synthesis following cellular disruption
associated with masticated and cut
fresh apple fruit” da autoria de R. M.
Beaudry, N. Al Smairat e C. Contreras,
da Michigan State University (EUA).
Entre os participantes contou-se
com uma mistura equilibrada entre
cientistas séniores e jovens investigadores em formação ou início de carreira, entre cientistas académicos e técnicos ou investigadores de empresas
e uma representação de todas as regiões do globo proporcional à atenção
que os temas da Pós-colheita Hortícola
merecem em cada uma delas. As discussões foram participadas.
Uma das sessões do S02, com os conveners Marita Cantwell e Domingos Almeida, em primeiro plano.
Inserção do simpósio
no roteiro internacional
As reuniões científicas generalistas
sobre Pós-colheita no âmbito da ISHS
têm ocorrido com intervalos de dois
anos, alternando o simpósio organizado
no âmbito do Congresso Internacional de
Horticultura com o International Postharvest Symposium. A proximidade entre o
28.º Congresso Internacional de Horticultura e o 6th International Postharvest
Symposium que decorreu em Antalya,
Turquia, em Abril de 2009, em conjunto com a conferência sobre Atmosfera
Controlada e Atmosfera Modificada, e
fora do calendário normal, terá criado
alguma redundância nas apresentações
e reduzido o efeito surpresa em relação
a alguns temas. Acresce ainda o facto
de o Congresso Internacional de Horticultura reunir no mesmo ano da Gordon Research Conference sobre Fisiologia Pós-colheita, um evento que atrai
os melhores especialistas mundiais no
tema. Apesar do risco desta proximidade de eventos poder limitar o interesse
global do simpósio para os participantes
regulares nas reuniões internacionais de
Pós-colheita Hortícola, o simpósio acolheu um grande número de participantes
em todas as sessões e foi um palco importante para a divulgação de trabalhos
provenientes de países de África, Ásia e
América Latina.
Christian Larrigaudierre chairperson da sessão
de Fisiologia pós-Colheita.
Revista da APH N.º 103
47
Reflexão
S. Potton a apresentar uma comunicação.
A. Buston a apresentar uma comunicação moderada por Mustafa Erkan.
Assistimos na Pós-colheita Hortícola, como em diversas outras áreas das
Ciências Hortícolas e, mais genericamente, das Ciências Agrárias, a uma
desagregação dos temas centrais que
constituem a área disciplinar. Por exemplo, no 28.º Congresso Internacional de
Horticultura foram abordados temas de
pós-colheita em diversos simpósios,
seminários e workshops temáticos. Se
a necessidade dos interessados em
temáticas específicas da Pós-colheita
Hortícola reunirem separadamente não
pode ser questionada, sendo frequentemente indispensável e desejável, já
as consequências desta tendência merecem uma reflexão. A preferência dos
especialistas por reuniões temáticas
mais restritas cria uma força centrífuga
que leva à perda de foco na missão da
Pós-colheita Hortícola. A declaração de
missão desta área do conhecimento
pode, na minha opinião, ser enunciada
da seguinte forma:
A missão da Pós-colheita Hortícola é
1) reduzir perdas pós-colheita e assim
aumentar a disponibilidade para consumidor, contribuindo para expandir os
mercados e conservar recursos e o ambiente e 2) manter a qualidade e segurança dos alimentos durante manuseamento pós-colheita e assim, fornecer
aos consumidores frutas e hortaliças
mais nutritivas e mais agradáveis e aumentar a qualidade de vida.
Os conhecimentos necessários ao
cumprimento desta missão são de natureza multidisciplinar e pluriespecialidade. Se as reuniões restritas são eficazes
no aprofundamento do conhecimento
científico, as reuniões generalistas e
aglutinadoras são indispensáveis a uma
orientação para a missão.
Em contraponto com esta tendência,
notei que uma proporção apreciável dos
trabalhos propostos pelos autores para o
Simpósio de Pós-colheita incidiam sobre
órgãos colhidos mas não se dirigiam a
nenhuma das questões da Ciência e Tecnologia Pós-colheita actuais. Frequentemente, estes trabalhos são oriundos de
grupos de investigação de outras áreas
disciplinares que usam órgãos colhidos
de plantas hortícolas nos seus estudos.
Creio que as reuniões generalistas,
como o caso do Postharvest Technology
in the Global Market e do próprio Congresso Internacional de Horticultura, deverão assumir de forma mais explícita a
missão integradora das Ciências Hortícolas e procurar reduzir a força centrífuga que se faz sentir com uma intensidade crescente.
* Faculdade de Ciências,
Universidade do Porto, Portugal
48
Revista da APH N.º 103
Simpósios
S03 - Greenhouse 2010: Environmental Sound Greenhouse
Production for People
Tt03 - PROTECTED CULTIVATION
Estufas 2010
Jorge F. Meneses*
Co-Convener
O Simpósio S03 - Greenhouse 2010
foi um dos dezoito simpósios que decorreram durante o recente Congresso Internacional de Horticultura, IHC
Lisboa 2010, que teve lugar no Centro
de Congressos de Lisboa (CCL), de 22
a 27 de Agosto, com a participação de
cerca de 3 200 congressistas, vindos
de todos os continentes.
Este simpósio sobre estufas foi
co-organizado pelas seguintes três
comissões da International Society of Horticultural Science: Protected
Cultivation, Horticultural Engineering,
Plant Substrates and Soilless Culture
e, pela secção Vegetables.
A comissão organizadora foi constituída pelos Dr. Nicolas Castilla (Espanha), Dr. Sadanori Sase (Japão), Dr.
Olaf van Kooten (Holanda) e Prof. Jorge Meneses (Portugal).
As sessões técnicas decorreram nos
dias 23, 24 e 25. Foram constituídas
por oito sessões orais e três sessões
de posters. Dos trabalhos submetidos
foram aceites 226, dos quais 7 corresponderam a oradores convidados, 17 a
oradores e 60 a apresentações breves
como posters electrónicos (uma novidade nestes congressos). Foi afixado
um total de 186 posters (incluindo os
referentes aos e-posters). No fim de
cada apresentação oral havia um pe­
ríodo de discussão e as sessões decorreram todas no horário previsto.
As sessões de posters decorreram
da parte da tarde e foram bastante animadas, embora não tenham sido afixados alguns posters aceites.
No início do simpósio o Dr. Nicolas
Castilla dirigiu algumas palavras de
boas vindas aos participantes que enchiam o Auditório 2 do CCL (fig. 1).
Figura 1 - Abertura do simpósio pelo Dr. Nicolas Castilla.
Figura 2 - Entrega das medalhas da ISHS aos organizadores do simpósio, pelo seu presidente Prof.
António Monteiro.
Figura 3 - Visita às estufas do Sr. Victor Jorge
com o Eng.º Vasco Vital.
Figura 4 - Apresentação do Agrupamento de Produtores “Primores do Oeste S.A.” pelo Eng.º Jorge Camilo.
Revista da APH N.º 103
49
As diversas sessões, respectivos
presidentes de mesa, oradores convidados e outros temas abordados, foram os seguintes:
1 - Greenhouse Production System I.
Presidentes de mesa: Jung-Eek Son
e Nicolas Castilla. Gene Giacomelli (USA)
abriu a sessão com a excelente apresentação geral “Greenhouse production systems for people”. Abordou os vários tipos
de sistemas de produção em estufa existentes. Outras apresentações focaram as
“semi-closed greenhouses”, as “low energy
greenhouses”, coberturas para estufas, uso
de energia fotovoltaica, aeroponia, etc.;
2 - Greenhouse Production Systems
II - Environmental Impact. Greenhouse Residues and Wastes Recycling.
Presidiram à mesa: Gene Giacomelli
e Leo Marcelis. Juan Montero (Espanha) apresentou uma boa avaliação
do sistema de produção de tomate em
estufa holandês, com a apresentação
“Environmental assessment of tomato
crop production in a Venlo greenhouse”,
trabalho resultante de uma colaboração
internacional. Dentro dos temas abordados na sessão destacam-se a produção
sustentável em estufas, nomeadamente
a reciclagem de soluções nutritivas, reutilização de substratos e as culturas em
cascata. Esta sessão foi um bom complemento da sessão anterior;
3 - Integrated and Organic Systems Plant Protection.
Presidiram à sessão: Yuksel Tuzel e
Jorge Meneses. Cristine Poncet (Canadá) iniciou a sessão com a valiosa comunicação “The ecologic approach on
the greenhouse agro-ecosystem: practical interest for IPM”. De seguida foram
discutidos várias técnicas relacionadas
com o controlo de pragas e doenças
em estufa e a redução da aplicação de
pesticidas, como o controlo biológico
ou o bloqueio das radiações UV;
4 - Efficient Use of Inputs.
Presidentes de mesa: MeirTeitel e
Alberto Pardossi. Cecilia Stanghellini
(Holanda) fez uma estimulante apresentação oral com o título “Resource
use efficiency in protected cultivation:
towards the greenhouse with zero
emissions”. De seguida foram apresentados e discutidos trabalhos sobre economia do uso de água, de nutrientes e
de energia em estufa, uso de modelos
e maneio de estufas;
5 - Modelling I - Crop Growth Optimization and Quality.
Presidiram à sessão Stefania Pascale e Ep Heuvelink. Jung Son (Korea)
50
Revista da APH N.º 103
apresentou uma detalhada comunicação com o título “Lettuce growth and
morphology under different red blue
green LED spectra and analysis of LED
efficiency”. Diversas técnicas relacionadas com o crescimento de plantas, a
rega, o uso de nutrientes orgânicos ou
de síntese, a qualidade de frutos e flores obtidos ou uso de modelos, foram
outros dos temas abordados;
6 - Modelling II - Crop Growth Optimization and Quality – Consumers,
Markets, and Socio-Economics
Presidentes de mesa: Sadanori
Sase e Cherubino Leonardi. Olaf van
Kooten (Holanda) apresentou a comunicação “Greenhouse Horticulture
in the 21st Century”. As outras comunicações debruçaram-se sobre a optimização do crescimento e qualidade das
culturas com a apresentação de várias
técnicas de modelação seguidas de
discussões aprofundadas;
7 - Greenhouse Materials, Equipment
and Climate Control I.
Presidentes de mesa: Jorge Meneses e Constantinos Kittas. Josef Tanny
(Israel) abriu a sessão com a interessante comunicação “Screen constructions for environmentally sound crop
production”. No resto da sessão foram
apresentados trabalhos sobre aquecimento e arrefecimento de estufas, uso
de LEDs em horticultura, características
de materiais para cobertura de estufas.
No final da sessão, o novo Presidente
da ISHS, Prof. António Almeida Monteiro
atribuiu a medalha da ISHS aos Doutores Nicolas Castilla, Sadanori Sase, Olaf
van Kooten e Jorge Meneses (fig. 2) em
reconhecimento dos serviços prestados
na organização deste simpósio;
8 - Greenhouse Materials, Equipment
and Climate Control II.
Presidiram à sessão: Thierry Boulard
e Juan Montero. Esta sessão constituiu
a continuação da anterior. Foram apresentados e discutidos os seguintes temas: técnicas de poupança de energia
(integração de temperaturas, armazenagem de energia), ventilação e movimento do ar, modelação, monitorização
e controlo do clima das estufas. No final
da sessão o Prof. Jorge Meneses procedeu ao encerramento do simpósio, com
a apresentação de uma breve síntese
do decorrer dos trabalhos e um agradecimento a todas as pessoas envolvidas
na sua preparação e realização.
Visita Técnica Tt03 – Culturas Protegidas
Na sexta-feira dia 27 decorreram as diversas visitas técnicas do congresso IHC
Lisboa 2010, tendo os participantes do simpósio S03 optado, na sua grande maioria,
pela Tt03 Protected Cultivation. A visita foi
efectuada às culturas hortícolas em estufa
e ao ar livre da Região do Oeste. Os congressistas foram transportados em quatro
autocarros divididos em dois grupos, com
percursos distintos, um deles sob a supervisão do Eng.º Jorge Camilo e o outro da
Eng.ª Carla Miranda.
Integrámos o primeiro grupo e começámos pela exploração hortícola do
Sr. Victor Jorge, com uma área total de
20 ha e cerca de 13,5 ha de estufas de
plástico com tomate, 7,5 no solo e 6 em
lã de rocha, estas com plantas enxertadas. No local estava a receber-nos
o dono da exploração Sr. Victor Jorge
e o Eng. Vasco Vital que nos acompanharam durante a visita. O Eng. Vasco
começou por fazer uma apresentação
geral da exploração e depois mostrou
as culturas e foi respondendo a todas
as perguntas dos visitantes (fig. 3). O investimento total nesta exploração foi de
5x106 euros com 75% dos fundos provenientes da União Europeia. Em Dezembro, sofreram bastantes danos com
a passagem da tempestade, mas as
estufas já estavam todas recuperadas.
De seguida deslocámo-nos à Quinta
da Figueira da família Lino que tem uma
área total de 120 ha. Neste momento já
têm 20 ha de estufas em hidroponia, 16,5
com tomate e 3,5 com pepino. Prevêem
atingir os 75 ha de estufas em 2013. Estavam à nossa espera o Sr. Lino Santos e
outros técnicos. A visita, guiada pelo Eng.
Camilo, foi efectuada às estufas de pepino e à estação de fertirrega.
A manhã terminou com a visita ao
Centro de Embalagem do Agrupamento
de Produtores “Primores do Oeste S.A.”.
O Eng. Jorge Camilo começou por fazer
uma apresentação das actividades desta
associação de produtores (fig. 4). Esta
associação já conta já com 110 associados a que correspondem 125 ha de estufas. A produção prevista para este ano
inclui 18 000 toneladas de tomate e 3 000
toneladas de pepino. No final respondeu
a algumas perguntas colocadas pelos
participantes. De seguida visitámos as
instalações, incluindo a zona de exposição, calibragem e embalamento, tendo o
almoço decorrido no restaurante anexo.
A parte da tarde foi ocupada com
uma visita turística a Óbidos, muito
apreciada pelos congressistas, terminando a viagem com o regresso ao
Centro de Congressos de Lisboa, no
fim da tarde.
* ISA, Universidade Técnica de Lisboa,
Portugal
Simpósios
S08 – Olive Trends. From the olive tree to olive oil:
New trends and future challenges
Da oliveira para o azeite: novas tendências e desafios futuros
Pedro Fevereiro*
Co-Convener
O objectivo deste simpósio foi apresentar os avanços e inovações na olivicultura com foco na produção de azeite
de qualidade, considerando-se todos
os aspectos associados a este desiderato, desde o estudo e preservação dos
recursos genéticos até aos sistemas de
cultivo e gestão sustentada dos olivais,
tendo ainda em conta os benefícios
para a saúde humana e os impactos
ambientais. Os organizadores deste
evento foram os doutores Joan Tous do
IRTA-Mas de Bover, Espanha, Riccardo Gucci da Universidade de Pisa, Itália e Pedro Fevereiro da Universidade
de Lisboa e da Universidade Nova de
Lisboa, Portugal.
O simpósio acolheu mais de 150
participantes, oriundos de vários países da bacia mediterrânica (Espanha,
Itália, Grécia, Israel, Turquia, Tunísia,
Egipto, Chipre, Jordânia, Portugal e
Albânia), do Médio Oriente (Irão e
Kuwait), da América do Sul (Argentina,
Chile e Brasil), do México, dos EUA
(Califórnia) e da Austrália. O evento
reuniu 125 comunicações, distribuídas
por cinco sessões, tendo sido 23 delas
apresentadas oralmente e as restantes
sob a forma de painel.
Na primeira sessão, denominada
“Olivicultura sustentável e stresses
ambientais” foram apresentados dados
sobre a influência do stress por deficit
hídrico e do stress salino na fisiologia
da oliveira (características dos frutos,
condução e qualidade do azeite), sobre
a relação entre o fornecimento de azoto e a tolerância ao frio e ainda aspectos fisiológicos da alternância. Foram
apresentados ainda dados da expressão de genes associáveis à tolerância
a diferentes stresses abióticos. As comunicações reflectiram a singularidade
das respostas da oliveira às condições
ambientais e a importância de integrar
as diferentes respostas fisiológicas
para ser possível uma visão completa
do comportamento desta cultura em
Aspecto parcial da assistência numa das sessões do simpósio.
função dos stresses abióticos que lhe
são impostos.
Na segunda sessão, denominada
“Novos desafios para a gestão de pragas e doenças” foram discutidos vários
aspectos da protecção fitossanitária da
oliveira, em particular: a) a prioritização
do controlo efectivo do Verticillium e
a identificação de germoplasma com
formas de resistência à doença, bem
como o desenvolvimento de métodos
integrados do controlo biológico da
doença; b) a necessidade de controlos
específicos para pragas e doenças de
âmbito local ou regional (por exemplo
na Argentina e na Austrália), bem como
o uso de plantas certificadas para prevenir a disseminação de pragas ou patogénios em novos olivais; c) a necessidade de novas técnicas de detecção
precoce, como por exemplo o uso de
biosensores baseados em bionanotecnologia; d) a disponibilidade limitada de
pesticidas e a necessidade de novas
soluções menos contaminantes, como
os métodos biológicos de controlo, os
pesticidas biológicos e os indutores de
resistência; e) a grande variabilidade
na resistência a pragas e doenças pre-
sente nas diversas variedades e novos
genótipos, a qual deve ser considerada
no estabelecimento de novos olivais; f)
a necessidade de integração dos métodos de controlo com os sistemas gerais
de gestão da cultura e a percepção de
que as técnicas culturais determinam
muitas vezes a incidência de pragas e
doenças no olival.
Na terceira sessão, denominada
“Sistemas de produção e mecanização
do olival” foi apresentado o estado actual dos diferentes modelos de cultura
do olival, o tradicional (100 árvores/ha),
o intensivo (200-300 árvores/ha), o
super intensivo (500-800 árvores/ha)
e em sebe (mais de 1500 árvores/ha),
as suas vantagens e desvantagens e
a sua eficiência económica. Considerando os preços actuais no mercado
do azeite virgem extra, o modelo tradicional não é competitivo, sendo necessária mais investigação nos olivais
tradicionais mecanizáveis devido ao
seu interesse social nos países mediterrânicos. Nos últimos anos tem existido um grande esforço na pesquisa de
novas soluções para a mecanização
da colheita, sobretudo para os olivais
Revista da APH N.º 103
51
intensivos ou super intensivos (colectores laterais, colectores contínuos, etc.).
Também se efectuou investigação de
interesse nos sistemas de condução e
de poda mecânica nos olivais tradicionais e intensivos com a finalidade de
redução dos custos de cultivo.
Na quarta sessão denominada “Recursos genéticos: da conservação às
novas cultivares” foi discutida a distribuição actual das duas subspécies
de oliveira, a cultivada e a selvagem
(zambujeiro) e os aspectos chave a serem tidos em conta em programas de
melhoramento, realçando-se a necessidade de incorporação dos novos métodos moleculares e genómicos nestes
programas. A engenharia genética foi
considerada uma ferramenta possível,
em conjunto com outras técnicas, para
o melhoramento de características específicas. Foi apresentado um programa de conservação de germoplasma
desenvolvido em França, bem como o
trabalho realizado no IFAPA&UCO em
Córdova, na colecção mundial de variedades aí estabelecida.
A quinta sessão denominada “Tecnologias para a produção de azeite e
qualidade do azeite” foi marcada por
uma visão multidisciplinar das qualidades sensoriais do azeite virgem extra
(EVOO). Foi descrita a importância
de compostos minoritários, principal-
52
Revista da APH N.º 103
Homenagem da ISHS (Damiano Avanzato) aos conveners do Simpósio (Joan Tous, Ricardo Gucci
e Pedro Fevereiro).
mente fenóis e voláteis, na qualidade
– mas também na saúde e no desenvolvimento dos métodos extractivos.
Foi proposta a introdução do conteúdo
em polifenóis, tocoferóis e voláteis na
classificação de “Azeites virgem extra”.
Foram considerados de grande importância os estudos de rastreabilidade
e de caracterização química para a
protecção das denominações DOP e
de novas variedades resultantes dos
programs de melhoramento. Foram
apresentadas inovações tecnológicas
nos processos de centrifugação e de
gestão de sub-produtos.
* ITQB, Universidade Nova de Lisboa,
Portugal
Simpósios
S13 - Quality-chain management of fresh vegetables:
from fork to farm
Gestão da qualidade da cadeia de hortaliças in natura
Paulo César Tavares de Melo*
Co-Convener
O tema central do Simpósio 13
(S13) “Gestão da qualidade da cadeia
de hortaliças in natura”, realizado entre 23 e 25 de Agosto e integrante da
programação do IHC Lisboa 2010,
ancora-se nos aspectos que podem
influenciar a qualidade das hortaliças
frescas em todas as etapas da cadeia,
isto é, do local de produção, transporte, armazenamento, distribuição até a
chegada do produto à mesa do consumidor.
O simpósio foi estruturado em oito
sessões que contemplaram os temas:
“Gestão da qualidade e a influência e
percepções dos consumidores acerca dos produtos hortícolas”; “Práticas
de manejo sustentável na cadeia de
qualidade de hortaliças”; “Mudanças
climáticas e seus impactos na cadeia
de produção de hortaliças”; “Estresse
ambiental e seus efeitos na qualidade
de hortaliças” e, “Gestão da cadeia e a
influência na saúde humana dos compostos bioativos das hortaliças”. No início de cada sessão, um renomado especialista ministrou conferência sobre
esses temas. Um total de 32 trabalhos
foi apresentado oralmente, além de 24
apresentações curtas. Ademais, foram
apresentados 139 pôsteres em três
sessões.
O balanço do S13 foi altamente
positivo, uma vez que a partir dos trabalhos apresentados e dos debates
suscitados, os congressistas que o
prestigiaram, puderam ter uma visão
abrangente da situação atual e das
tendências mundiais sobre a produção
de hortaliças em bases sustentáveis.
Da mesma forma, foi uma oportunidade para os participantes tomarem
conhecimento dos avanços em pesquisa e inovação tecnológica que têm
contribuído para desenvolver o setor
em escala mundial. De acordo com o
que foi apresentado, fica claro que a
produção hortícola praticamente em
todo o mundo assume novos contornos
e ficou evidente que não se pode mais
postergar a implementação de ações
que contribuam para a sua sustentabilidade. Nesse contexto, alguns trabalhos apresentados no S13 mostraram
a necessidade de priorizar sistemas de
manejo sustentáveis, tanto em campo
aberto como em cultivo protegido, que
considerem a gestão dos recursos hídricos, as emissões de CO2, a preservação ambiental e o uso racional de
agroquímicos. Para fazer frente a tais
desafios, não há alternativa senão a de
rever as estratégias atuais de produção
de hortaliças visando ao aumento da
qualidade e da segurança do alimento
que chega à mesa dos consumidores.
Nesse sentido, uma ferramenta fundamental que vai de encontro às mudanças no perfil da produção de hortaliças
é o rastreamento de todos os processos da cadeia de produção. Em última
análise, o que se objetiva com os protocolos de rastreabilidade é a ampliação das garantias de inocuidade das
hortaliças comercializadas in natura e
processadas não só quanto à presença de resíduos de agroquímicos, como
também de outros contaminantes.
Outros trabalhos apresentados no
Audiência da sessão sobre gestão da qualidade e a influência e percepções dos consumidores.
Participante do S13 na sessão sobre estresse ambiental e seus efeitos na qualidade de hortaliças.
Revista da APH N.º 103
53
S13 alertaram que a horticultura do futuro terá de produzir mais com menos,
uma vez que disporá de menos água,
menos terra, menos fertilizantes, menos plásticos derivados de petróleo,
menos disponibilidade de agroquímicos, além de menos mão-de-obra. Para
enfrentar esse desafio, a horticultura,
especialmente dos países desenvolvidos, deverá se reinventar mediante a
incorporação de novas tecnologias nos
sistemas produtivos contemporâneos.
As mudanças climáticas e seus impactos na cadeia de produtos hortícolas foram focalizados nas Sessões 4 e
5. Nesse sentido, o emprego da modelagem como ferramenta de relevante
importância na predição dos efeitos
potenciais das mudanças climáticas na
produção de hortaliças foi o tema abordado pelo conferencista convidado e
por alguns dos trabalhos apresentados
nessas sessões.
As questões relacionadas ao interesse dos consumidores pelas propriedades bioativas dos produtos hortícolas
foi o foco da Sessão 8. As apresentações enfatizaram os compostos funcionais das hortaliças como um dos componentes que promovem qualidade de
vida mediante a prevenção de doenças
degenerativas não-transmissíveis e de
alguns cancros.
54
Revista da APH N.º 103
Da direita para esquerda, Dra. Silvana Nicola, em nome da diretoria da ISHS, entrega as Medalhas de Mérito
aos professores Eduardo Rosa e Paulo César Tavares de Melo, conveners do S13.
No encerramento do S13, a International Society for Horticultural
Science (ISHS) concedeu Medalha
de Mérito aos seus conveners, professores Eduardo Rosa (Universidade
Trás-os-Montes e Alto Douro, Portugal)
e Paulo César Tavares de Melo (Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”,
Piracicaba, SP, Brasil), em reconheci-
mento a dedicação à organização e à
coordenação do evento.
* Professor Doutor, Universidade de
São Paulo, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Departamento de Produção Vegetal, Piracicaba,
SP, Brasil ([email protected]);
Presidente da Associação Brasileira de
Horticultura (ABH).
Simpósios
S14 – Organichort. Organic horticulture:
productivity and sustanability
Horticultura Biológica - Produtividade e sustentabilidade
Isabel Mourão* & Uygun Aksoy**
Conveners
O Simpósio de Horticultura Biológica
que decorreu no âmbito do IHC2010,
foi organizado por Uygun Aksoy
(Univ. Ege, Turquia) e Isabel Mourão
(ESAPL/IPVC) e teve como parceiros
a FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations), a ISOFAR
(International Society of Organic
Agriculture
Research)
e
o
CIHEAM/IAMB (International Centre for
Advanced Mediterranean Agronomic
Studies/Mediterranean
Agronomic
Institute of Bari). Estes parceiros, conjuntamente com as personalidades que
integraram a comissão científica, e respectivas instituições que representaram,
foram de grande importância para a organização e para o envolvimento da comunidade científica, pois são instituições
que muito têm contribuído para o desenvolvimento e promoção da agricultura
biológica em todo o mundo (fig. 1, 2 e 3).
As sessões de trabalho do simpósio
decorreram de acordo com seis temas
que se encontram no quadro 1, tendo
sido apresentadas 253 comunicações,
das quais 35 foram apresentadas
oralmente, 48 em posters com curta
apresentação oral (e-Poster) e 170 em
posters. Os autores das comunicações
representaram 50 países dos 5 continentes (quadro 2), nomeadamente
48% da Europa (principalmente de Espanha, Portugal, Itália e Polónia), 24%
da Ásia (principalmente do Irão, Índia e
China), 20% da América (principalmente do Brasil), 7% de África e 1,6% da
Oceânia.
A maior parte dos trabalhos apresentados enquadraram-se no âmbito
do melhoramento e propagação de
plantas e nas estratégias para o controlo de pragas e doenças (quadro 1).
Foram abordados assuntos no âmbito
da prevenção dos danos causados por
pragas e doenças que assentam em
medidas preventivas, como a escolha
de espécies e variedades adequadas
(nomeadamente cultivares regionais),
a rotação das culturas, as técnicas de
cultivo e a protecção dos predadores
naturais. Sobre estes temas foram tam-
Figura 1 - Ulrich Köpke (Presidente da ISOFAR, Alemanha) moderador da sessão sobre “Fertilidade do
solo e gestão dos nutrientes”.
Quadro 1 - Temas das sessões do Simpósio de Horticultura Biológica e números de comunicações
Comunicações
Sessões
Total
Orais
e-Poster
Poster
1 - Fertilidade do solo e gestão dos nutrientes
4
7
7
18
2 - Melhoramento e propagação de plantas
7
18
76
101
3 - Rotações, consociações e culturas de cobertura
6
3
7
15
4 - Estratégias para o controlo de pragas e doenças
4
11
56
70
5 - Indicadores de sustentabilidade,
economia e tendências
7
3
9
18
6 - Pós-colheita e qualidade dos produtos
7
6
15
27
Total
35
48
170
253
Figura 2 - Franco Wiebel (Research Institute of Organic Agriculture, FiBL, Suiça) moderador da sessão
sobre “Estratégias para o controlo de pragas e doenças”.
Revista da APH N.º 103
55
bém apresentadas duas comunicações
de oradores convidados: ‘Estratégias
de diversificação agro-ecológica que
contribuem para o controlo biológico de
pragas em sistemas de produção hortícola’ por Miguel Altieri (Univ. California,
Berkeley, USA) (fig. 4) e ‘Comparação
entre diferentes rotações de culturas
no modo de produção biológico, na
produtividade e na gestão do azoto’
por Kristian Thorup Kristensen (Univ.
Aarhus, Dinamarca).
As ‘Tecnologias de armazenamento
para produtos biológicos’ foi o tema apresentado pelo orador convidado Robert
Prange (Agriculture and Agri-Food Canada, Canadá) e, na sessão de abertura
do simpósio, Helga Willer (FiBL, Suiça)
apresentou os principais indicadores sobre ‘A horticultura biológica no mundo’.
Na EU-27 a área de agricultura biológica
(AB) aumentou 7,4% entre 2007 e 2008
e representava 4,1% da SAU em 2007,
enquanto em Portugal, no mesmo ano,
a SAU no MPB era de 6,4% (233 475
ha). De acordo com Helga Willer, em
2008, a AB no mundo era praticada em
pelo menos 154 países, num total de 35
milhões de hectares dos quais 23,4% na
Europa, 34,6% na Austrália e N. Zelândia
e 23,1% na América latina. A área de culturas aráveis e de culturas permanentes
foi estimada em 8,2 milhões de hectares
e, cerca de 10%, estava dedicada à produção de culturas hortícolas (frutos das
regiões temperadas e tropicais, citrinos,
uvas, pequenos frutos e produtos olerícolas). Mais de metade da área de produção hortícola está localizada na Europa
(400 000 ha) e na América Latina
(175 000 ha) e os maiores produtores são
a Itália (121 000 ha), México (89 000 ha)
e EUA (86 000 ha).
Tendencialmente o consumo de produtos biológicos tem aumentado em
todo o mundo e o potencial de mercado
e de valorização por parte dos consumidores de produtos agrícolas provenientes do modo de produção biológico
(MPB), baseia-se essencialmente na
maior qualidade dos produtos, por garantirem uma maior segurança alimentar e serem mais aromáticos e saborosos. No entanto, a compreensão da
qualidade por parte dos consumidores
tem-se expandido para além das características químicas e organolépticas
dos produtos, abrangendo o conceito
mais vasto de valor integrado do produto, que engloba valores éticos e o
impacto ambiental do modo de produção, nomeadamente na maior eficiência na utilização dos recursos – solo,
água, atmosfera e biodiversidade.
Diversas comunicações realçaram o
MPB como um método que actua de
56
Revista da APH N.º 103
Figura 3 - Niels Halberg (International Centre for Research in Organic Food Systems, ICROFS, Dinamarca)
moderador da sessão sobre “Pós-Colheita e qualidade dos produtos”.
Figura 4 - Miguel Altieri (Univ. California, Berkeley, USA), orador convidado da sessão sobre “Estratégias
para o controlo de pragas e doenças”.
Quadro 2 - Países de origem dos autores das comunicações apresentadas no Simpósio de Horticultura Biológica.
África
Comunicações: 7%
Ásia
Comunicações: 24%
América
Comunicações: 20%
África do Sul (2)
Egipto (6)
Malawi (1)
Marrocos (1)
Nigéria (6)
Quénia (1)
Arábia Saudita (2)
China (13)
Índia (14)
Indonésia (2)
Irão (16)
Japão (4)
Jordânia (1)
Kuwait (1)
Malásia (1)
Paquistão (2)
Rep. da Coreia (4)
Tailândia (1)
Canadá (8)
México (6)
USA (7)
Argentina (4)
Brasil (20)
Peru (2)
Uruguai (1)
Venezuela (2)
Europa
Comunicações: 48%
Oceânia
Comunicações: 1%
Itália (14)
Letónia (1)
Polónia (11)
Portugal (16)
Reino Unido (2)
Roménia (7)
Rússia (2)
Sérvia (1)
Suíça (4)
Turquia (8)
Ucrânia (1)
Austrália (3)
Nova Zelândia (1)
Alemanha (4)
Bélgica (3)
Bulgária (1)
Dinamarca (3)
Eslovénia (2)
Espanha (25)
França (7)
Grécia (1)
Holanda (1)
Hungria (5)
Israel (1)
forma mais sustentável nos sistemas
agrícolas, melhorando a fertilidade dos
solos, promovendo o correcto uso da
água e preservando a biodiversidade.
A nível da emissão de CO2, estima-se
que o contributo do MPB resulte numa
diminuição que pode alcançar os 60%,
principalmente devido à não utilização
de fertilizantes e pesticidas químicos
de síntese. O solo é de facto um recurso essencial e, por exemplo, os efeitos
da aplicação de compostos ao solo no
MPB, foram também objecto de diversas comunicações apresentadas no
Simpósio, nomeadamente no que se
refere aos seus efeitos nas propriedades físicas e químicas do solo e na produtividade das culturas.
Salienta-se ainda os trabalhos apresentados no âmbito dos efeitos ambientais da produção até ao consumidor, na
medida em que, para muitos produtos,
os efeitos ambientais e o consumo de
energia na transformação, embalagem,
conservação, transporte e distribuição,
são muito superiores aos da produção.
Por este motivo, a agricultura biológica dá prioridade à proximidade entre
a produção e o consumo, que resulta
numa menor dependência da energia,
favorecendo as economias locais.
Em síntese, o simpósio foi um importante contributo para uma maior eficiência na utilização dos recursos naturais,
Figura 5 - Jantar de confraternização da Comissão Científica da Simpósio de Horticultura Biológica.
que asseguram uma produção de alimentos mais sustentável e uma melhor
protecção dos ecossistemas da Terra.
O simpósio foi também um marco
para a horticultura biológica na medida
em que permitiu a reunião de um grupo
alargado de investigadores em horticultura biológica sob a égide da ISHS
(International Society for Horticultural
Science) (fig. 5), a discussão de criação de novos grupos de trabalho e o
estabelecimento de ligações da Comissão ISHS sobre “Sustentabilidade através da Produção Integrada e Biológica”
com outras redes internacionais.
Por fim, agradecemos às três empresas que patrocinaram o Simpósio e
que contribuíram para que este fosse
um marco importante do desenvolvimento e promoção da horticultura biológica:
- BEJO Iberica (www.bejo.pt);
- TECNIFERTI, S.A. (www.tecniferti.com);
- ECOVEG CHEMICAL EUROPE, S.A.
(www.ecoveg.com)
* Escola Superior Agrária de Ponte de
Lima / IPVC, Portugal
** Faculty of Agriculture,
Ege University, Turquia
Revista da APH N.º 103
57
Simpósios
S15 - CLIMWATER 2010 - Horticultural use of water in
a changing climate
O uso da água em Horticultura e as alterações climáticas
Isabel Ferreira* & Enrique Fernández**
Conveners
O simpósio ClimWater 2010,
Horticultural use of water in a changing
climate (http://www.ihc2010.org/docs/
S15.Final%20Programme.pdf,) organizado no âmbito do IHC 2010 e cuja organização científica esteve a cargo do
Dr. Enrique Fernández, (Espanha) e da
Prof.ª Dra. Isabel Ferreira (Portugal) enquanto conveners, teve lugar nos dias
23 e 24 de Agosto, enquadrando-se nas
actividades da Comissão da Rega e Relações Hídricas (CMIR, vide www.ishs.
org) da International Society for Horticultural Science (ISHS).
A crescente competição pela água
disponível para usos agrícolas e ambientais implica maiores pressões nas
actividades dos agricultores, bem como
na dos cientistas, decisores técnicos e
políticos, para que se encontrem formas mais eficientes de usar a água.
Os cenários de aumento da população
e alterações climáticas sugerem uma
controvérsia crescente no destino dos
recursos de água disponíveis. Com
este simpósio pretendeu-se procurar
respostas por parte da comunidade
técnico/científica aos desafios colocados por este novo paradigma, oferecendo aos participantes uma visão
dos últimos avanços nas áreas de investigação que têm impacto no uso da
água pelas superfícies com vegetação
e na produtividade das culturas, não
esquecendo os impactos ambientais e
sócio-económicos, de forma a determinar o melhor uso do solo e da água.
O simpósio abriu com a comunicação: “Agricultural Water Management
in the Iberian Peninsula: New Solutions
for Old Problems?” pelos conveners,
Enrique Fernandez e Isabel Ferreira.
As outras contribuições científicas incluíram 7 palestras por oradores convidados (contribuição HUBEL), 21 comunicações orais, 3 comunicações orais
curtas e 69 posters, agrupadas em 5
sessões temáticas:
58
Revista da APH N.º 103
1) Rega Deficitária e Diagnóstico do
Stress Hídrico, moderada pelo Prof.
Arturo Alvino (Universidade de Molise,
Itália), vice-chairperson da Comissão
em Rega e Relações Hídricas da ISHS,
com a comunicação convidada “Remote Detection of Crop Water Stress and
Distinguishing it from Other Stresses”
por Hamlyn Jones;
2) Rega e Qualidade da Água: Desafios Mediterrânicos, moderada pelo
Dr. Kostas Chartzoulakis (Institute
for Olive Tree and Subtropical Plants,
Grécia) com a comunicação convidada
“Risk Assessment of Effects of Agrochemicals on Irrigation Water Quality”
por Paul Van den Brink;
3) Técnicas de Conservação da
Água, moderada pelo Prof. Samuel
Ortega-Farias, (Universidade de Talca,
Chile) com a comunicação convidada
“Different Ways of Facing Arid Conditions for Rainfed Agriculture” por Bernard Itier e co-autores (J. Albergel, E.
Malezieux, E. e F. Maraux);
4) Uso da Água para uma Horticultura Sustentável no quadro das Alterações Climáticas, moderada pelo Prof.
Peter Braun (Geisenheim Research
Centre, Alemanha) com a comunicação
convidada “Improving Water Use Efficiency: Joint Venture for Ecophysiology
and Biotechnology por Hipólito Medrano e co-autores (A. Pou, M. Tomas, S.
Martorell, J. Escalona, J. Gulias e J.
Flexas);
5) Uso da Água numa Agricultura
em Condições Restritivas, moderada
pelo Prof. Riccardo Gucci (Universidade de Pisa, Itália) com a comunicação
convidada “Innovative and Sustainable
Approaches for Small-Scale Irrigation
and Water Management in the Drylands of the Developing World” por Dov
Pasternak e co-autores (L. Woltering,
J. Ndjeunga e S. Wani).
A comissão científica do simpósio
incluiu investigadores de renome de
Portugal (ISA-Universidade Técnica
de Lisboa), Espanha (IRNAS-CSIC),
França (INRA, Station de Biometeorologie), Alemanha (Geisenheim Research Center e Berlin University of the
Arts), Itália (Università di Palermo e
Scuola Superiore Sant’Anna), Reino
Unido (East Malling Research), Israel
(The Hebrew University of Jerusalem
Sessão de abertura com os conveners Dr. Enrique Fernández e Prof. Isabel Ferreira e o Prof. Dr Arturo
Alvino (da esquerda para a direita).
e Agricultural Research Organization),
Marrocos (Institut Agronomique et Vétérinaire Hassan II), Nova Zelândia
(Plant & Food Research) e Estados
Unidos da América (USDA-ARS, Water
Management Research), tendo recebido valiosas contribuições científicas de
dezenas de países.
Registou-se uma audiência que
preenchia completamente a sala e discussões muito estimulantes apesar de
o tempo disponível ser escasso para o
nível e o número de contribuições recebidas. Referimo-nos designadamente
ao pouco tempo para apreciar o elevado número de posters, se bem que
parte destes pudesse ser consultada
através do sistema e-poster, uma inovação com apreciável utilidade.
Houve uma interacção entre este
simpósio e o “Viti & Climate: Effect of
climate change on production and quality of grapevines and their products”,
também em ligação com a CMIR, por
incorporar aspectos de gestão da água.
* ISA, Universidade Técnica de Lisboa,
Portugal
** Instituto de Recursos Naturales y
Agrobiología (IRNAS-CSIC), Espanha
Sessão de posters.
Aspecto da audiência durante uma das sessões.
Revista da APH N.º 103
59
Simpósios
S17 - X International ProteaS Research Symposium
Ws 26 - Proteaceace in a Global Economy: Role Players and
Challenges
Tt02 - Proteas
As proteas no 28.º Congresso Internacional de Horticultura
Maria José Leandro*
Co-convener
As actividades do International Protea Working Group no 28th International Horticultural Congress iniciaram-se
na tarde do dia 24 de Agosto com o
workshop Proteacea in the Global
Economy: Role Players and Challanges, no qual se debateu a competitividade da indústria das Proteacea a nível
internacional.
O workshop iniciou-se com uma pequena palestra do Eng. Mário Oliveira
que analisou as perspectivas passadas, presentes e futuras da produção
de Proteas na Europa. Outros inter­
venientes forneceram algumas informações breves sobre a produção nas
suas respectivas regiões, nomeadamente África do Sul (Denis Shaw), EUA
(Rua Petty), Austrália (Dra. Audrey
Gerber), Açores, Portugal (António Domingues), Zimbabué (Clive Wakefield)
e Chile (Flavia Schiapacasse).
A discussão foi interessante, no entanto, o tempo e o espaço curtos, não
permitiram a participação de todos os
interessados.
O X International Protea Working
Group Symposium decorreu na
quinta-feira, 26 de Agosto de 2010 e foram Conveners Maria José Leandro (Portugal) e Lynn Hoffman (África do Sul).
O simpósio foi aberto com uma palestra de Marco van Zijverden (Dutch
Flower Group), onde apresentou o seu
ponto de vista sobre a actual situação
da floricultura e quais os principais
desafios que se lhe colocam, a nível
mundial, com especial incidência nos
aspectos particulares do sub-grupo das
Proteaceae.
Seguiram-se onze apresentações
orais e nove apresentações de posters,
os quais abrangeram inúmeras áreas
científicas, nomeadamente nutrição,
gestão de biomassa, controlo da floração, propagação de plantas, sanidade,
biologia e tecnologia pós-colheita.
60
Revista da APH N.º 103
Protea ‘Venus’. Pormenor da flor no estado ideal para colheita.
Ave polinizadora em Protea mundii.
O simpósio foi encerrado com um
painel de discussão sobre a importância do transporte marítimo para o
crescimento e a sustentabilidade da
produção de Proteas a nível internacional, moderado pelo Prof. Marius Huysamer (Universidade de Stellenbosch,
África do Sul), e que contou com a participação de três dos principais importadores holandeses do sector. Foram
aqui focados os principais desenvolvimentos científicos da tecnologia de
pós-colheita que permite o transporte
marítimo intercontinental.
O simpósio cativou o interesse e
participação dos delegados o que se
reflectiu no número elevado de presenças no Auditório 1 do Palácio Burnay.
Os principais países e regiões produ-
Vista geral de plantação jovem de Leucospermum
‘Solei’.
Protea ‘Venus’ em plena floração.
Leucadendron procerum.
Leucospermum ‘Goldie’ na fase final de floração.
Leucadendron ‘Blush’, pormenor da haste na fase
de colheita.
Leucospermum ‘Solei’ em plena floração.
Membros da IPA (International Protea Association) na visita técnica ao Sudoeste Alentejano (Tt02 – Proteas).
tores, nomeadamente a África do Sul,
Zimbábue, Israel, Portugal Continental,
Açores, Madeira, Ilhas Canárias, Chile,
Austrália e EUA estiveram representados por um amplo espectro de agentes
do sector (viveiristas, cientistas, produtores, exportadores e importadores).
Em paralelo, decorreu entre os dias
21 a 23 de Agosto uma visita à Holanda organizada por Lennart Loven da
ASOCAN, das Ilhas Canárias, que incluiu uma agradável mistura de visitas
técnicas e turísticas guiadas.
Visitámos os principais pontos de interesse para a floricultura,
destacando-se, de manhã cedo, a paragem no Aalsmeer Flower Auction
(Leilão de flores de Aalsmeer), bem
como visitas a grossistas/exportadores/
importadores com relevância na área
do comércio de Proteas e centros de
investigação da região de Aalsmeer.
Encerrámos o programa no dia 27
com uma visita técnica ao Sudoeste
Alentejano (Tt02 – Proteas), a principal
região produtora de Proteas no nosso
país, a qual despertou grande interesse, tendo esgotado a lotação prevista
para a mesma.
O programa incluiu duas paragens
em produtores da região, a Flora United Farm, Lda. e a Europrotea, Lda.
Mais uma vez o tempo foi curto para
satisfazer por completo os participantes, no entanto, para além do indiscutível interesse técnico, desfrutamos de
um agradável convívio que teve o seu
ponto alto no almoço oferecido pela
Fundação Odemira, que nos juntou
com o grupo dos Berries que também
estava na região numa visita técnica
(Tt01 - Berries).
O International Protea Working
Group aguarda com entusiasmo o
seu XI encontro, em Abril de 2012, em
Santa Cruz no Chile, organizado pelos
Profs. Eduardo Olate e Flavia
Schiappacasse, para o qual aproveitamos desde já a oportunidade para convidar todos os interessados.
* Flora United Farm, Lda., Portugal
Revista da APH N.º 103
61
Seminários e Sessões Temáticas
Sm14 - environmental issues in turfgrass management
Tt06 - Turfgrass
Os relvados e o Congresso Internacional de Horticultura
IHC Lisboa 2010
José António Monteiro*
Co-Convener
A área dos relvados está inserida
na Horticultura Ornamental/Ambiental.
Na Sociedade Internacional de Ciências Hortícolas (ISHS) está incluída
na Comissão para a Paisagem e Horticultura Urbana, mas os eventos específicos só apareceram recentemente.
A primeira Conferência Internacional
de Relvados remonta a 2004 (Atenas,
Grécia) e a segunda foi realizada em
2008 (Pequim, China). A informação
técnico-científica já é, contudo, considerável e tem estado muito frequentemente ligada a publicações específicas,
principalmente as relacionadas com o
golfe, o sector que envolve mais meios
e para o qual a tecnologia está mais afinada. A importância dos relvados tem
também aumentado noutros sectores, e
compraz-me a existência de um evento
específico sobre relvados, num Congresso Internacional. Foi com todo o
gosto que dei a minha modesta colaboração nesse evento.
Tanto quanto consegui averiguar, o Congresso Internacional de Horticultura Lisboa
2010 (IHC Lisboa 2010) foi o primeiro IHC
que promoveu eventos dedicados especialmente aos relvados, nomeadamente:
um seminário “Aspectos Ambientais no Maneio dos Relvados (Sm14 – Environmental
issues in turfgrass management)” (fig. 1)
e uma visita técnica de 1 dia (Relvados:
Projecto, gestão e ambiente em campos
de futebol, golfe e relvados municipais na
zona de Lisboa). Nem em Toronto, Canadá
(2002), nem em Seul, Coreia do Sul (2006),
apareceram eventos específico para os
relvados. Nesta área o IHC Lisboa 2010 foi
inovador.
O seminário dos relvados no IHC
Lisboa 2010 teve, entre os seus oradores convidados, nomes sonantes na
área das relvas, como o Dr. Harivandi
da Universidade da Califórnia (EUA), o
Dr. Leinauer da Universidade de New
Mexico (EUA) ou o Dr. Cisar da Universidade da Florida (EUA). Nos seus
curricula constam várias distinções/
prémios, conferidos não só por institui62
Revista da APH N.º 103
Figura 1 - Seminário Environmental Issues in Turfgrass Management na sessão “Aspectos Ambientais
no Maneio dos Relvados.”
Figura 2 - Visita ao relvado do Sporting Clube de Portugal, com a Eng.ª Filipa Mateus de Almeida (ao centro).
Figura 3 - Visita ao Oitavos Dunes Golf Course, com o Eng.º João Nunes (primeiro à esquerda).
ções académicas mas também por organizações profissionais importantes,
como a United States Golf Association
– USGA, ou a Golf Course Superintendent Association of America – GCSAA.
Os seus nomes aparecem também
ligados a comissões importantes na
área dos relvados nos EUA e a bastantes publicações em revistas internacionais com arbitragem científica.
Na visita técnica, estivemos no Estádio José Alvalade, onde fomos simpaticamente recebidos pela Eng.ª Filipa
Mateus de Almeida (consultora, Global
Relva e Global Turf Network) que nos
explicou em profundidade a gestão do
campo (fig. 2).
No Oitavos Dunes Golf Course, na
Quinta da Marinha, o primeiro campo
de golfe na Europa e o segundo no
mundo, a ter o status “Audubon’s Gold
Signature Sanctuary” fomos prestavelmente acolhidos pelo Eng.º João Nunes (fig. 3). Aí, o tema principal, foi a
compatibilização de um campo de golfe com um santuário de vida selvagem,
com todas as implicações próprias,
tanto ao nível paisagístico como de
gestão do campo.
No golfe da Aldeia dos Capuchos,
cuja manutenção é assegurada pela
Área Golfe S.A., fomos recebidos pela
Eng.ª Mariana Anjos que gentilmente
Figura 4 - Visita ao Golfe da Aldeia dos Capuchos, com a Eng.ª Mariana Anjos (3.ª a contar da esquerda).
nos mostrou o único campo de golfe na
área de Lisboa com fertirrega (fig. 4).
Para terminar a visita, fomos amavelmente recebidos pela Eng.ª Ana
Lúcia Francisco, da Câmara Municipal
de Lisboa que nos mostrou os relvados
do Parque Eduardo VII e com quem
conversámos sobre os problemas da
gestão de um relvado público no qual
se organizam eventos, por vezes multitudinários, com montagem de estruturas pesadas, que implicam uma grande
resistência das relvas e exigem uma
grande capacidade de recuperação.
Os nossos agradecimentos a todos
os que ajudaram a preparar a visita
(Prof. Carlos Guerrero da Universidade do Algarve, Eng.ª Alexandra Canha,
da Câmara Municipal de Lisboa, Eng.ª
Susana Morais, representante da Audubon Society em Portugal, Eng.º José
Paulo Pina Manso, da Área Golfe S.A.)
e aos Administradores/Órgãos de Gestão dos referidos locais, que pela sua
disponibilidade e sentido de cooperação, nos autorizaram a visita.
* Universidade do Algarve, Portugal
Revista da APH N.º 103
63
Seminários e Sessões Temáticas
T03 - CROP PHYSIOLOGY
Sessão Temática de Fisiologia das Culturas
Manuela Chaves*
Convener
A sessão temática de Fisiologia das
Culturas teve lugar no primeiro dia do
28.º Congresso Internacional de Horticultura (23 de Agosto de 2010, das
10.30h às 18.00h) e compreendeu vinte e três comunicações orais e trinta e
oito em painel.
Foram tratados tópicos muito variados e em diversas escalas de análise,
abrangendo trabalhos de fisiologia vegetal (desde o nível da planta inteira
até aos da folha e do fruto), de bioquímica e de biologia molecular.
Relativamente à temática da biologia
molecular destacaram-se os estudos
realizados em plantas transgénicas,
como por exemplo o trabalho efectuado em tomateiro com sobre-expressão do ácido 5-aminolevulínico (ALA),
tendo-se observado um aumento da
eficiência fotoquímica (ao nível do PSII)
nas plantas transformadas (Zhang et
al.), confirmando assim a observação
já efectuada em diversas culturas de
que a aplicação exógena de ALA aumenta a actividade fotossintética.
Os efeitos dos stresses abióticos no
funcionamento das culturas foram também extensamente tratados, nomeadamente no respeitante ao stress salino,
às temperaturas supra- e sub-óptimas
e ao stress causado por deficiências
minerais. No que respeita à salinidade
foi apresentado, entre outros, um estudo em que se comparou a resistência
ao sal (avaliando o crescimento e a ca-
pacidade antioxidante) entre tomateiros selvagens, Lycopersicon chilense
Dun e cultivados tipo ‘cherry’, Solanum
lycopersicum var. cerasiforme L. (Martinez et al.). Concluiu-se que o tomateiro tipo ‘cherry’ aumentou a produção
de biomassa fresca em condições de
salinidade mediana (40 e 80 mM), mas
que os dois genótipos decresceram
a produção sob stress salino severo
(160 mM), todavia de forma mais drástica no caso do genótipo selvagem.
Quanto aos efeitos da temperatura,
destacou-se um trabalho que avaliou
os efeitos da aplicação de um stress de
baixa temperatura nas raízes de Asparagus, através da marcação com 13C e
15
N, permitindo concluir que as baixas
temperaturas promoveram a incorporação de azoto nas raízes (Yamasaki et
al.). Trabalho na mesma área foi realizado com Spinacia oleracea L. (Chadirin et al.): três dias de pré-tratamento
das raízes com temperatura elevada,
seguida de sete dias de baixa temperatura levaram a uma qualidade mais
elevada dos espinafres, com uma pequena redução no crescimento.
A identificação de germoplasma
de alface (Latuca sativa L.) resistente
às elevadas temperaturas (35-40 ºC)
foi realizada por um grupo de Pequim
(Han et al.). Os resultados obtidos com
o material estudado apontaram para a
existência de quinze genótipos resistentes e oito sensíveis.
Um trabalho apresentado por Glenn
e Campostrini mostrou que manipulações exercidas ao nível do coberto em
macieira (por exemplo, incisões anelares ou poda no verão) exerceram alterações importantes na repartição dos
fotoassimilados para o sistema radicular. Com efeito, a poda de verão levou
a um aumento da respiração do solo,
sugerindo morte de raízes e aumento
da decomposição das raízes pela população microbiana, concluiu-se assim,
que algumas práticas culturais levaram
a uma redução na função radicular.
Por outro lado, Glenn e Kim aplicando
caulino (Surround WP, NovaSource,
Phoenix, AZ, USA) na folhagem de
macieira (utilizado para reduzir o efeito
da queima dos frutos), observaram que
a biomassa dos frutos aumentou nas
modalidades tratadas com 3% e 12%
de Surround, relativamente ao controlo
não tratado com Surround, em quatro
dos cinco anos do ensaio, nas árvores
não regadas e em dois dos cinco anos,
nas macieiras regadas. Por outro lado,
a cor dos frutos aumentou nos cinco
anos de ensaios.
A aplicação do fungicida Flint (do grupo
químico estrobirulina e com trifloxistrobina
como princípio activo) em macieiras gerou uma interessante discussão sobre as
causas das alterações positivas observadas na qualidade dos frutos. Sabe-se que
o Flint influencia o metabolismo do cálcio
(Schmitz-Eiberger et al., 2002) e está envolvido na regulação das respostas das
plantas a factores de stress, incluindo o
stress hídrico. Também influencia a resposta dos frutos ao armazenamento, por
exemplo reduzindo o ‘bitter pit’.
A importância das micorrizas na
tolerância das plantas ao stress e os
efeitos das hormonas como moduladores do crescimento vegetal (ABA, GA,
etileno) foram também amplamente
discutidos.
Referências
Schmitz-Eiberger M, Haefs R, Noga G. 2002. Calcium deficiency - influence on the antioxidative
defense system in tomato plants. Journal of Plant
Physiology 159: 733-742.
Manuela Chaves (Convener), com um palestrante
64
Revista da APH N.º 103
* ISA, Universidade Técnica de Lisboa,
Portugal
Seminários e Sessões Temáticas
T09 - Genetics and Breeding
Genética e Melhoramento Genético
José M. Leitão*
Convener
Na sessão temática “Genética e Melhoramento Genético” foram incluídas
86 comunicações abrangendo uma
larga panóplia de culturas e de temas
de investigação. Maioritariamente direccionada para brássicas, solanáceas
e curcubitáceas, e para algumas espécies ornamentais e fruteiras, a investigação apresentada versou temas muito variados. A resistência a factores de
stress biótico e abiótico, a mutagénese
experimental e a indução de poliploidia,
o recurso à cultura in vitro e à variação
somaclonal no melhoramento genético, a utilização de recursos genéticos,
aspectos da citogenética e da gametogénese, e fenómenos da biologia floral
com largos reflexos nos estudos genéticos e no melhoramento de plantas
como a autoincompatibilidade, androesterilidade e a apomixia, assim como
o fenómeno da heterosis e estratégias
para obtenção de variedades híbridas,
foram alguns dos tópicos abordados.
Um total de oito comunicações orais
e 38 comunicações orais curtas (short
presentations) foram apresentadas em
dois dias consecutivos, divididas em
cinco sessões: 1) Resistência a factores de stress biótico; 2) Novas variedades e novas estratégias do Melhoramento de Plantas; 3) Biotecnologia
e Mutagénese no Melhoramento de
Planta; 4) Citogenética e Melhoramento; 5) Obtenção de variedades híbridas.
Quarenta comunicações em painel,
distribuídas por duas sessões, completaram as apresentações científicas
desta sessão temática.
As comunicações científicas provieram de 29 países, no entanto, o número das que tinham como origem a Ásia,
em particular a China, Coreia e Japão,
representaram um terço do total, testemunhando o forte desenvolvimento
económico e científico desses países
e, em particular, o enorme avanço registado pela China nessas áreas.
Digno de nota foi também a participação de investigadores brasileiros
que, com catorze comunicações, igualaram em número as apresentadas
pelo conjunto dos investigadores portugueses e espanhóis. A forte participação de investigadores brasileiros que,
em vários casos, deram a conhecer
resultados avançados de investigação
aplicada para obtenção de novas variedades híbridas, será certamente um
reflexo dos avultados investimentos
que têm vindo a ser feitos no Brasil nas
áreas da investigação científica e do
ensino superior.
No decorrer das sessões, registaram-se momentos interessantes de
discussão. A actividade das empresas
multinacionais produtoras de semente
e agroquímicos nos países em vias de
desenvolvimento foi objecto de larga
discussão na qual participaram alguns
congressistas representantes de empresas do sector. Um segundo momento de muito interesse registou-se
na troca de opiniões entre diferentes
grupos de investigadores dedicados ao
estudo do fenómeno da auto-incompatibilidade. Discussões muito elucidativas tiveram também lugar sobre a utilização da androesterilidade e de linhas
restauradoras de fertilidade na obtenção de semente híbrida em diferentes
tipos de culturas.
* Universidade do Algarve, Portugal
Sessão em “Biotecnologia e Mutagénese no Melhoramento de Plantas” da Sessão temática 9 - Genética
e Melhoramento de Plantas.
Grupo de participantes na Sessão temática 9 com o convener.
Revista da APH N.º 103
65
Seminários e Sessões Temáticas
T14 - Modelling
Sobre a sessão temática de
“Modelação dos Sistemas Hortícolas
José Paulo de Melo e Abreu*
Convener
A sessão temática sobre Modelação do 28.º Congresso Internacional
de Horticultura decorreu no dia 25 de
Agosto.
Foram apresentadas 15 comunicações, sendo nove orais, das quais uma
por convite e cinco apresentações curtas e seis em painel. Sete das comunicações eram de autores europeus,
quatro de americanos, três de asiáticos, uma do Canadá e uma da Austrália, ou seja estiveram representados
quatro continentes.
Esta sessão caracterizou-se também pela diversidade dos temas, sistemas de produção, culturas, escalas de
modelação e metodologias utilizadas.
Algumas comunicações apresentaram
estudos de pós-colheita.
O orador convidado (Dr. T. Boulard)
apresentou um estudo de co-autoria
que põe em evidência as consequências das alterações climáticas na produção em estufa, em particular na
cultura do tomate. Utilizando um modelo de crescimento simula a produção e qualidade em cenários moderados de alteração climática. Entrando
com o aumento da temperatura e da
concentração de dióxido de carbono,
chegou-se à conclusão de que nas
condições de Avignon (França) a quantidade da produção aumenta em cerca
de 20% e a qualidade é afectada negativamente. Os autores aconselham um
maior esforço na modelação da qualidade, visto que é o ponto em que há
maiores incertezas.
A comunicação de Daccache et al.
faz uma projecção da produção e das
necessidades hídricas da cultura da
batata no Reino Unido, para 2050, utilizando também cenários moderados.
Chega-se à conclusão de que a produtividade aumentaria 12-16%, mas
as necessidades hídricas também aumentariam em 15-16%. Conclui-se, assim, que em cerca de 50% dos anos os
actuais recursos utilizados para a rega
podem ser insuficientes, na maioria
dos anos.
66
Revista da APH N.º 103
Algumas comunicações apresentaram modelos estruturais, de crescimento e produção de culturas (macadâmia, tomate, cravo, rosa). Numa
escala mais reduzida, foi apresentado
um modelo para a geração virtual de
tecidos de frutos. Este modelo implementado em Matlab gera estruturas de
tecidos de frutos compostos por células
de forma e tamanhos aleatórios e espaços inter-celulares. Os tecidos virtuais podem ser aplicados para estudar
mecanismos dos tecidos e processos
de troca de importantes metabolitos.
Alguns modelos estatísticos e de
redes neurais foram utilizados para
prever datas de colheita de cenoura e
controlar a operação de estufas.
Um modelo simula a dinâmica do
azoto em zonas regadas por alagamento. Utiliza-se um modelo matemático para simular o azoto dissolvido na
água. As simulações do modelo apresentam respostas compatíveis com as
aplicações de azoto e outras práticas
culturais nesses campos. Duas apresentações, também, modelos de condicionamento ambiental de estufas, em
que são utilizadas abordagens mais
determinísticas.
A apresentação de Bienvenido &
Molina Chacond sobre os sistemas
hortícolas, em especial sobre a cultura protegida do tomate, existentes num
estado da Venezuela, além da descrição edafo-climática, sistemas de uso
da terra, trouxe factor humano e social
a esta sessão.
* ISA, Universidade Técnica de Lisboa,
Portugal
Apresentação de uma das comunicações na Sessão temática de “Modelação dos Sistemas Hortícolas”.
Sessão de painéis.
Visitas Técnicas
Tt03 - Protected cultivation
Tt09 - Maçã de Alcobaça
As Visitas Técnicas sobre Culturas
Protegidas e Maçã de Alcobaça
Maria do Carmo Martins*
No dia 27 de Agosto, integrado no
Congresso Internacional de Horticultura 2010, o COTHN colaborou na organização de algumas das visitas técnicas que decorreram na região Oeste.
Assim, o COTHN esteve directamente
envolvido nas visitas da Maçã de Alcobaça (Tt09) organizada pela APMA e,
na de Culturas Protegidas (Tt03) e indirectamente na visita da Pêra Rocha
do Oeste, organizada pela ANP (Tt06).
A visita da Maçã de Alcobaça contou
com a participação de cerca de 15 congressistas de diversas nacionalidades,
nomeadamente chineses, japoneses,
italianos e americanos e incluiu a visita
a 2 associados da Maçã de Alcobaça: a
Cooperfrutas e a Frubaça.
Após as boas vindas e visita à
“Cooperfrutas”, seguiu-se para os pomares de produtores da “Frubaça”.
A Cooperfrutas, CRL é uma Cooperativa de Produtores de Fruta e Produtos
Hortícolas que foi constituída em 1998
e conta, actualmente, com 125 produtores associados. Antes da constituição
da Cooperfrutas, os produtores estavam
integrados na Secção Hortofrutícola da
Cooperativa Agrícola de Alcobaça.
Com a extinção desta, os produtores
decidiram criar uma nova Cooperativa
com o objectivo especifico de conservar, seleccionar, embalar e comercializar a sua produção (fruta e produtos
hortícolas). Só através do processo de
Figura 1 - Visita à central fruteira da Cooperfrutas.
associação em cooperativa era possível reunir condições para dar resposta, quer em termos quantitativos quer
qualitativos, a um mercado cada vez
mais exigente. As motivações comuns
a todos os produtores resultaram da
necessidade de adquirir uma unidade
dimensionada à medida das suas capacidades produtivas e tecnicamente
apetrechada para manter a qualidade
dos produtos e corresponder às exigências de qualidade dos mercados.
Na Cooperfrutas, os congressistas
tiveram a oportunidade de percorrer o
circuito da fruta desde a zona de recepção até à zona de expedição, passando pela zona das câmaras de conservação, da zona de calibração e zona de
embalamento (fig. 1).
Actualmente, a Cooperfrutas tem
um projecto-piloto em conjunto com a
empresa portuguesa Calibrafruta. Este
projecto tem por objectivo automatizar
todas as operações dentro da central
minimizando a intervenção humana, aumentando desta forma a capacidade de
laboração e a minimização das perdas
por manipulação. A calibração da fruta
é feita de forma completamente automatizada, com o apoio de robots para a
movimentação dos palotes e caixas.
A visita à organização de produtores
Cooperfrutas, terminou no ponto de venda directa da organização – “O sítio da
Fruta”, situada em frente à central frutei-
ra. Os congressistas foram ainda presenteados com um saco de maçãs de Alcobaça oferecido pela Cooperfrutas.
Seguiu-se a visita aos pomares de
Fugi do associado da Frubaça.
A Frubaça nasceu pouco depois
da entrada de Portugal na Comunidade Económica Europeia. Um grupo
de agricultores da região de Alcobaça
percebeu que as alterações de mercado que se avizinhavam não seriam
fáceis de superar individualmente. Assim parecia fazer sentido criar uma organização que permitisse organizar e
concentrar a produção. Em 1992, após
aprovação de um projecto apresentado
ao Ministério da Agricultura, a Frubaça
iniciou a sua laboração.
A Frubaça dispõe de duas unidades
de calibragem com uma capacidade
conjunta de cerca de 10 toneladas/hora,
a capacidade de armazenamento é de
cerca de 6 000 toneladas das quais 5 000
são em atmosfera controlada.
A maçã representa cerca de 82%
da fruta comercializada pela Frubaça,
os restantes 18% dividem-se principalmente em pêra 15% e pêssego e ameixa nos restantes 3%.
A Frubaça comercializa o grosso da
sua produção através da grande distribuição, no entanto, tem sido estratégia
da empresa diversificar os canais de
escoamento. Entre outras opções, privilegiou-se o mercado escolar, assim
como o contacto directo com o consumidor através da abertura de nove
pequenos estabelecimentos de venda
directa ao público.
No pomar visitado, focaram-se alguns aspectos relacionados com métodos biotécnicos de controlo de pragas, tal como a confusão sexual para
o bichado e a captura em massa para
o controlo da mosca da fruta. Foram
ainda abordadas outras questões relacionadas com a rega, condução e
produtividades. Esta visita contou com
a colaboração do Eng.º Nuno Franco,
técnico da Frubaça e responsável pelo
apoio técnico a este associado.
Após um almoço com o típico ‘Frango na púcara’, o grupo partiu para uma
breve visita turística à vila de Óbidos,
local escolhido para se reunirem todos
os grupos que optaram por visitas à região Oeste.
A visita de Culturas Protegidas com
uma adesão de 175 congressistas foi
repartida por duas entidades: Primores
do Oeste S.A. e Hortorres.
O COTHN esteve directamente enRevista da APH N.º 103
67
volvido na visita que decorreu ao seu
associado “Primores do Oeste S.A.”
onde participaram 90 congressistas
das mais diversas nacionalidades,
destacando-se brasileiros, japoneses,
italianos, alemães, iranianos, norte
americanos e espanhóis (fig. 2).
A visita iniciou-se com uma breve
recepção nos “Primores do Oeste S.A.”
tendo o grupo iniciado a visita num dos
produtores da organização de Primores
do Oeste S.A. – Sr. Vítor Jorge Santos,
onde contou com o apoio do técnico o
Eng. Vasco Vital. Neste produtor, com
uma área total de 14 ha, foi possível ver
produção de tomate em solo e em hidroponia com plantas enxertadas e não
enxertadas. Este produtor no período
de Primavera-Verão ocupa toda a área
com a cultura de tomate e feijão verde
e no período de Outono-Inverno produz
principalmente alface no solo.
Os congressistas tiveram ainda
oportunidade de visitar a unidade de
produção da Quinta da Figueira do
grupo empresarial “Nova Primores do
Oeste e seus associados”.
A Quinta da Figueira tem uma área de
produção de ar livre com 40 ha divididos
em 20 ha com tomate e 20 ha com aboborinha. E ainda 20 ha (e mais 5 ha ainda
em construção) de estufas metálicas com
cultivo em hidroponia, repartidos actualmente pela produção de tomate e pepino
(fig. 3), onde se efectua o controlo biológico de acordo com o protocolo estabelecido com a Syngenta Bioline, tendo em
vista uma substituição gradual dos produtos fitofarmacêuticos, particularmente
insecticidas por auxiliares (fig. 4).
Este grupo empresarial tem ainda
mais 3 ha de estufas para produção de
alface em Santa Cruz.
Os congressistas passaram pela central de rega da exploração (fig. 5), tendo
tido a oportunidade de estarem no centro
de controlo de onde saem todas as directrizes técnicas necessárias ao acompanhamento do sistema hidropónico.
Nesta unidade produtiva de modo
a conseguir o alargamento do período
produtivo está previsto a implementação de sistemas geradores de energia
térmica com a utilização da cogeração.
Toda a produção é realizada atendendo aos sistemas de certificação
garantindo a máxima qualidade e segurança alimentar dos consumidores.
Antes do almoço, e para finalizar a
visita técnica, os congressistas tiveram
oportunidade de visitar a sala dos leilões e a central (fig. 6).
* Centro Operativo e Tecnológico Hortofrutícola Nacional (COTHN), Portugal.
68
Revista da APH N.º 103
Figura 2 - Eng.º Jorge Camilo da Organização Primores do Oeste a realizar uma breve apresentação
sobre a estrutura do produtor Vítor Jorge Santos que integra a organização de produtores “Primores do
Oeste S.A.”.
Figura 3 - Congressistas no módulo de produção de pepino na Quinta da Figueira.
Figura 4 - Apresentação pelas Eng.as Sandra Silva
e Cristina Lima do protocolo de controlo biológico
em pepino.
Figura 6 - Visita à central nos Primores do Oeste S.A.
Figura 5 - Central de rega da Quinta da Figueira.
Visitas Técnicas
Tt04 - ROCHA PEAR
Pêra Rocha do Oeste – Visita Técnica
Sofia Comporta*
A propósito do 28.º Congresso Internacional de Horticultura, a ANP organizou no dia 27 de Agosto uma visita
técnica à ‘Pêra Rocha do Oeste’, a qual
contou com a colaboração da Coopval,
Frutus, APAS (Associação de Produtores Agrícolas da Sobrena), Sociedade
Agrícola Terra da Eira e a Câmara Municipal do Cadaval.
Nesta visita participaram 80 congressistas que, para uma maior eficácia de organização, foram divididos
em três pequenos grupos. O esquema
adoptado permitiu que todos os participantes tivessem tido um contacto mais
directo com a realidade do sector, um
melhor acompanhamento por parte da
equipa técnica presente no campo e
uma resposta directa a todas as questões colocadas.
O itinerário da visita incluiu uma
abordagem a três diferentes pontos temáticos da cultura: tecnologias de produção, colheita e provas de pêra e por
último a central fruteira.
No respeitante às tecnologias de
produção a visita foi realizada num
campo experimental da Sociedade
Agrícola Terra da Eira e o acompanhamento efectuado pela técnica da
Coopval, Eng.ª Luisa Silva. Aqui foram
explicadas todas as tecnologias e práticas de produção aplicadas nos pomares de pereira Rocha.
O ponto temático sobre a colheita
foi também realizado num campo da
mesma exploração agrícola onde os
congressistas foram acompanhados
pelo técnico da APAS, Eng.º Alexandre
Pacheco. Nesta parcela os congressistas tiveram a oportunidade de observar duas técnicas distintas de colheita
(manual e mecânica). Foi permitido
observar a colheita manual em que os
trabalhadores colhem os frutos com o
auxílio de escadotes e a colheita mecânica a qual é auxiliada por plataformas
de colheita que se deslocam mecanicamente e elevam os trabalhadores à
altura da copa das árvores.
O Eng.º Alexandre Pacheco conduziu também as provas de degustação
de pêra Rocha, em que os frutos para
a prova se encontravam em diferentes
estados de maturação, uns mais verdes ou crocantes e outros mais maduros ou fundentes, o que permitiu aos
congressistas conhecerem as características desta pêra.
No terceiro ponto foi visitada a central fruteira Frutus, Estação Fruteira de
Montejunto, onde os participantes foram acompanhados pela técnica desta
central, Eng.ª Ana Garcia. Na central
os visitantes observaram o processo
de recepção da pêra após a colheita e
as respectivas análises de qualidade
realizadas durante este processo. Foi
ainda explicado aos congressistas todo
o processo de armazenamento e controlo atmosférico aplicado à pêra Rocha e foram visitadas as instalações da
central, desde as câmaras de armazenamento, passando pelo calibrador da
fruta e terminando na linha de embalamento e saída da fruta para o cliente.
A visita terminou com um almoço
típico, realizado nas instalações da
APAS, ao ar livre em contacto directo
com o campo, de forma a proporcionar
aos visitantes a possibilidade de poderem aproveitar o bom tempo que se
fez sentir e a magnifica paisagem da
região Oeste.
A ANP considerou que esta visita foi
muito bem sucedida com uma participação dos congressistas muito activa e
interessada no conhecimento da cultura. Foi também visível o agrado geral
durante toda a visita de campo e almoço o que muito agradou à ANP e a todos os colaboradores que participaram
na organização da visita técnica.
* Associação Nacional de Produtores
de Pêra Rocha (ANP), Portugal
Técnico da APAS numa breve apresentação de
um pomar de pêra rocha.
Acompanhamento dos participantes na colheita da
pêra rocha.
Início da visita à central fruteira Frutus, Estação
Fruteira de Montejunto.
Revista da APH N.º 103
69
Visitas Técnicas
Tt05 - From Fork to Farm
Do garfo à quinta
Inês Vilaça*
No âmbito do Congresso Internacional de Horticultura, realizado este ano
em Lisboa, o Pingo Doce organizou
um “One Day Technical Tour” intitulado
“From Fork to Farm”, com o objectivo
de dar a conhecer aos congressistas
toda a cadeia de distribuição de alguns
produtos nacionais, desde o campo até
às lojas Pingo Doce.
O ponto de partida deu-se no Centro de Congressos de Lisboa, às 8h
da manhã, com destino ao Verdelho
– Santarém para visitar os campos de
melão, meloa, melancia e pimento da
Hortomelão (fig.1), um dos grandes
parceiros do Grupo Jerónimo Martins.
Com a visita ao campo pretendeu-se
dar a conhecer aos Congressistas a realidade da produção nacional e alguns dos
produtos hortofrutícolas de grande consumo em Portugal, bem como o acompanhamento que os técnicos do Pingo Doce
efectuam aos seus fornecedores.
A visita continuou rumo à Central
Hortofrutícola do mesmo produtor onde
foram verificados os processos de calibragem, selecção e embalamento dos
melões, meloas e melancias. Foi ainda
realizada, com muito sucesso, uma prova de degustação para dar a conhecer os
diferentes sabores destes frutos (fig. 2).
Após um almoço tipicamente português (fig. 3), foi organizada uma visita ao
armazém de Fruta & Vegetais do Centro
de Distribuição do Grupo Jerónimo Martins, na Azambuja. Durante esta visita
foram explicados todos os processos de
recepção das mercadorias, controlo da
qualidade, execução de encomendas e
expedição para as lojas.
O culminar do dia ocorreu com a visita a duas Lojas Pingo Doce - Alverca
e Loures - onde foi possível aos congressistas observar o resultado final do
trabalho de uma vasta equipa, iniciado
a montante pelos técnicos do Pingo
Doce em parceria com os seus fornecedores, e que reflecte a dinâmica da
distribuição e a inovação do Grupo Jerónimo Martins, na exposição dos produtos, reposição, o ambiente de loja e
criação de novos negócios.
* Grupo Pingo Doce, Portugal
70
Revista da APH N.º 103
Figura 1 - Visita do campo de pimento da Hortomelão.
Figura 2 - Prova de degustação de melão, meloa e melancia.
Figura 3 - Participantes da visita técnica “Do garfo à quinta”.
Visitas Técnicas
Tt07 - Olive growing and vineyards in Alentejo
Olivais e vinhas no Alentejo
Gonçalo Pinheiro* & Maria Elvira Ferreira**
No âmbito das Visitas Técnicas
pós-Congresso de um dia do 28IHC
Lisboa 2010, os congressistas tiveram
à sua disposição uma com destino ao
Alentejo, com o objectivo de conhecer
a produção vitivinícola e oleícola da região de Évora.
Os participantes rumaram directamente do Centro de Congressos de
Lisboa para o Monte dos Pinheiros,
nas cercanias da bonita e emblemática
cidade de Évora, que pertence à Fundação Eugénio de Almeida (FEA).
O fundador da Fundação Eugénio de
Almeida, Vasco Maria Eugénio de Almeida nasceu a 30 de Agosto de 1913
e faleceu em Lisboa a 11 de Agosto de
1975. Estudou no Instituto Superior de
Agronomia, em Lisboa, tendo concluído a sua formação em 1936.
A Fundação Eugénio de Almeida é
uma instituição de direito privado e utilidade pública, criada em 1963. A missão
da Fundação está orientada para o desenvolvimento cultural, educativo e social da região onde se integra e do país,
de acordo com os valores humanistas e
personalistas que presidiram à sua criação. A actividade institucional desenvolve-se em vários domínios, da criação
artística à promoção do conhecimento e
à salvaguarda do património, passando
pela formação e qualificação das organizações do terceiro sector, e pela dinamização de projectos numa perspectiva
de investigação-acção, em particular no
campo do Voluntariado. Através de uma
estratégia proactiva de desenvolvimento
sustentável, a Fundação pauta-se pelo
sentido de serviço à comunidade e por
uma constante exigência de inovação e
excelência nas suas actividades e produtos. A Fundação assegura a gestão
directa do seu património rústico através
de uma exploração agro-pecuária e industrial de referência, que visa garantir a
auto-sustentabilidade económica da instituição e a prossecução dos seus fins.
O património fundiário da Fundação
Eugénio de Almeida é constituído por
Figura 1 - Visita ao Enoturismo Cartuxa.
Figura 2 - Vinha Nova de Pinheiros.
Figura 3 - Adega da Cartuxa.
Revista da APH N.º 103
71
cerca de 6500 ha de terras localizadas no concelho de Évora, distribuídos
por diversas herdades. Nas cercanias
da cidade, a Fundação possui ainda a
Quinta de Valbom, onde está instalado o Enoturismo (fig. 1) e a Quinta da
Cartuxa, onde se ergue o Convento da
Cartuxa de Santa Maria Scala Coeli.
Os congressistas começaram pela
visita às vinhas da FEA no Monte do
Pinheiro (fig. 2) que, conjuntamente
com as das herdades do Casito, Álamo
da Horta e Quinta de Valbom, formam
um total de 394,08 ha, em que as castas tintas representam cerca de 84%
(330,36 ha).
Os compassos utilizados vão desde as 2850 plantas/ha (2,8x1,2 m) até
(4000 plantas/ha (2,5x1 m), sendo a
maior área (219,68 ha) com 3333 plantas/ha (2,5x1,1m). As vinhas são conduzidas em cordão de Royat duplo,
com bardo constituído por 2 arames
fixos e 2 arames móveis e regadas por
gota-a-gota enterrada (119,04 ha) e à
superfície (275,04 ha).
O controlo de pragas e doenças é efectuado segundo as normas de protecção
integrada. O controlo de infestantes é efectuado por monda química na linha e corte
de ervas na entrelinha, onde não se fazem
mobilizações de solo. Esta tecnologia que
tem permitido aumentos significativos do
índice de M.O. e da actividade biológica do
solo, aumento da porosidade do solo, redução da perda de solo por erosão e uma
maior facilidade do trânsito das máquinas,
mesmo durante o período de inverno.
Em 2007, no Monte dos Pinheiros,
foram construídas as novas instalações
da Adega da Cartuxa (fig. 3), onde se
elaboram vinhos tintos, brancos e rosés
e onde os vinhos estagiam em barrica e
em garrafa. Aqui é também feito o engarrafamento e a expedição de produto
acabado. As antigas e históricas instalações da Adega da Cartuxa, na Quinta
de Valbom, destinam-se a estágio de
vinhos em madeira, em garrafa e à elaboração de vinhos espumantes.
A Adega da Cartuxa tem uma capacidade de laboração de 100 t uva/dia a
que corresponde uma produção anual
de 2 700 000 garrafas de 0,75 l.
A Fundação Eugénio de Almeida explora, actualmente, uma área de olival
com 288 ha, repartidos pela Herdade do
Álamo de Cima (224 ha) (fig. 4) e pela
Herdade do Álamo da Horta (64 ha).
A ‘Cobrançosa’ é a cultivar mais
representativa (129,65 ha), seguindo-se ‘Picual (43,90 ha), ‘Arbequina’
36,70 ha), ‘Koroneiki’ (26,08 ha), ‘Cordovil’ (13,74 ha), ‘Galega’ (12,87 ha),
‘Carrasquenha’ (9,00 ha), ‘Redondil’
(3,83 ha) e ‘Azeiteira’ (2,90 ha).
72
Revista da APH N.º 103
Figura 4 - Olival do Álamo de Cima.
Figura 5 - Um animado grupo de participantes durante o almoço.
Os compassos variam entre 8x4 m
(312 árvores/ha, em 241,3 ha) e 7x4 m
(357 árvores/ha, em 36,7 ha). Os olivais são regados por rega gota-a-gota.
As árvores são conduzidas a um pé
com uma cruz a cerca de um metro de
altura, de modo a ficarem preparadas
para a apanha mecânica.
O controlo de infestantes é efectuado por monda química na linha e corte
de ervas na entrelinha, onde não se
fazem mobilizações de solo, tecnologia
que tem permitido aumentos significativos do índice de M.O. e uma maior
facilidade do trânsito das máquinas,
mesmo durante o período de inverno.
Através do sistema de rega são
efectuadas as fertilizações necessárias com vista ao equilíbrio nutricional
das plantas, tendo como base as análises foliares efectuadas anualmente.
Aquando dos tratamentos fitossanitários podem também ser efectuadas algumas correcções por via foliar.
É na Herdade do Álamo da Horta que se situa o Lagar da Cartuxa,
que entrou em funcionamento na
campanha 2004/2005. Tem uma capacidade de laboração de 2 000 t de
azeitona/campanha e 555 000 l de
capacidade de armazenagem em depósito. Esta moderna unidade garante
uma total automatização do processo
industrial, assegurando a extracção do
azeite sem produção de águas-russas.
Com a preocupação de respeitar o ambiente, este lagar dispõe de uma unidade de tratamento de águas de lavagem
que permite a sua posterior utilização
na rega do olival.
Findas as vistas, os participantes
foram presenteados com um almoço
na Quinta do Valbom, gentilmente oferecido pelos anfitriões, onde puderam
degustar os típicos pratos da cozinha
alentejana e provar os vinhos e azeites
produzidos na Fundação (fig. 5).
Após o almoço, a visita à cidade de
Évora foi outro dos pontos altos desta
viagem, pelo rico e variado património
cultural que possui. Évora esconde o
encanto próprio das cidades antigas e
é Património Cultural da Humanidade
desde 1986. De entre os pontos de interesse visitados destacam-se a Praça
do Giraldo, a catedral de Santa Maria e
o Templo de Diana, ex-líbris da cidade.
Estamos em crer que os participantes encontraram muitas e boas razões
para quererem voltar e conhecer melhor esta bonita região alentejana.
* Director Agro-Pecuário da Fundação
Eugénio de Almeida
** Presidente da Direcção da APH
Visitas Técnicas
Tt08 – Vegetable production in the Tagus Valley
Visita Técnica à Região Norte do Vale do Tejo
Fernando Pires da Costa*
A visita Técnica à Região Norte do
Vale do Tejo, integrada no programa
do Congresso Internacional de Horticultura, decorreu no dia 27 de Agosto
de 2010 na Zona Agrícola do Concelho da Golegã. Esta visita contou com
uma participação de 50 congressistas
de várias nacionalidades (fig. 1), tendo
como objectivo o dar conhecer uma
das mais importantes zonas hortícolas
do nosso país.
A zona Norte do Vale do Tejo, onde
se insere o “Campo da Golegã”, é sem
dúvida uma das zonas de maior relevância no panorama agrícola nacional
sendo a cultura do milho, aquela que
assume maior peso na economia agrícola local, devido à sua grande área de
cultivo. Atendendo às excelentes condições edafoclimáticas existentes, esta
região, permite uma ocupação cultural
bastante diversificada, principalmente
no que diz respeito às espécies hortícolas, quer para consumo em fresco,
quer para processamento. Constitui
uma importante zona de fornecimento
de produtos hortícolas em abundância e em qualidade para as grandes
Agro-indústrias, desempenhando um
papel estratégico na logística de abastecimento de matérias-primas.
A visita técnica centrou-se essencialmente na chamada zona de “campo”, ou lezíria, situada na margem
direita do rio Tejo, onde se visitaram
algumas parcelas das culturas hortícolas em curso. Iniciou-se a visita a uma
parcela de batata para indústria, já na
fase final do seu ciclo produtivo, portanto muito próxima da colheita. Já na
segunda parcela de batata para indústria, foi possível observar o processo
de colheita mecânica.
A terceira parcela visitada, tratava-se
de uma parcela recém plantada de brócolo
para indústria, regada por aspersão. Numa
outra parcela vizinha pode-se observar a
cultura de tomate indústria, apresentando
uma maturação bastante concentrada,
adivinhando-se a colheita para breve. Por
último visitámos um produtor de pimento
tipo Califórnia para indústria, cuja colheita
se encontrava em curso (fig. 2).
Figura 1 - Participantes da visita técnica à Região Norte do Vale do Tejo, na Câmara Municipal da Golegã.
Figura 2 - Campo de pimento para indústria.
Figura 3 - Casa-Estúdio Carlos Relvas/ Museu
Fotográfico Carlos Relvas.
Após a visita às parcelas no campo,
o grupo dirigiu-se até ao Centro Hortofrutícola da Agromais – HORTEJO,
dedicado à recepção, concentração e
armazenagem dos produtos hortícolas dos seus associados. Esta central
dispõe de 6 câmaras frigoríficas para
a armazenagem de cebola, com uma
capacidade total de 4 400 toneladas, 3
câmaras para armazenagem de batata
a granel (3 750 ton) e outras 3 câmaras
para “stockagem” de outros produtos
hortícolas. Está também equipada com
linhas de preparação, corte e limpeza
de legume (cebola, brócolo, pimento
e batata), que permitem acrescentar
valor aos produtos agrícolas para posterior colocação no mercado ou fornecimento de matérias-primas para as
Agro-indústrias.
O final da manhã culminou com um
almoço “campero” ao ar livre junto à
Alverca da Golegã. Foi um óptimo espaço de convívio onde todos aproveitaram para descomprimir após uma semana de trabalhos do Congresso.
Após o almoço seguiu-se a vertente
cultural da visita, com visitas guiadas
ao museu Equuspólis/Museu Escultor
Martins Correia e à Casa-Estúdio Carlos Relvas/Museu Fotográfico Carlos
Relvas (fig. 3).
Agradecemos o apoio prestado pela
Câmara Municipal de Golegã, Agromais e Agrotejo, que sem o seu auxílio
seria impossível levar a bom porto este
evento que a Golegã soube acolher
com grande entusiasmo.
* Interadubo, Companhia Internacional
de Adubos, SA, Portugal
Revista da APH N.º 103
73
Visitas Técnicas
Pct01 - Oporto and Douro Valley
Visita Técnica Pós-Congresso
Porto e Vale do Douro - 27 a 29 de Agosto
Ana Paula Silva*
Integrada no Congresso IHC Lisboa
2010, teve lugar a visita à região do
Douro, uma das várias ao dispor dos
mais de 3300 participantes deste congresso, e que teve o mérito de ser a
primeira a esgotar (50 participantes),
deixando aos muitos interessados
mais distraídos, a alternativa de viajarem pelo Douro, em viatura alugada,
seguindo as sugestões da imparável
e competentíssima Isabel Silvestre da
Meeting Point.
A saída de autocarro com destino ao
Porto saiu à hora marcada, do Centro
de Congressos, com os participantes,
oriundos de todo o mundo, a mostrarem
já uma boa disposição que prometia
uma agradável e interessante viagem.
Com algumas paragens do costume a chegada ao Porto decorreu sem
percalços, a uma hora que convidava
ao almoço e, como previsto, o grupo
O Rio Douro.
74
Revista da APH N.º 103
dirigiu-se à zona da Ribeira, a zona
mais pitoresca desta cidade nortenha,
para dar inicio ao que seria uma viagem com uma componente gastronómica bem marcada.
A 1ª visita desta viagem técnica teve
lugar a uma das muitas caves de vinho
do Porto situadas do outro lado do rio
Douro, em Vila Nova de Gaia, e culminou com uma apreciada prova deste
“famoso néctar”. Seguiu-se um relaxante passeio pelos jardins de Serralves,
referência singular no património da paisagem em Portugal, e onde é possível
conciliar este espaço com várias manifestações culturais, bem conduzida por
duas monitoras do Serviço Educativo.
Como não se poderia perder a oportunidade de conhecer melhor a cidade
do Porto, uma das mais antigas da Europa e classificada como Património da
UNESCO em 1996, a meio da tarde,
realizou-se um passeio pela cidade
sempre com as sábias explicações do
Paulo Almeida, o guia que acompanhou, com grande simpatia e disponibilidade toda a viagem.
O dia estava a terminar e urgia continuar viagem para Vila Real até ao Hotel Miracorgo, local onde foi servido um
reconfortante jantar, e após um digestivo
passeio pelas redondezas, os participantes prepararam-se para uma noite de
descanso, pois o dia seguinte prometia.
O dia 28, iniciou-se com uma curta
viagem até ao Cais da Régua, onde
pelas 10.45h teve lugar o embarque
no “Douroazul” para os participantes se
deliciarem com as deslumbrantes paisagens que o cruzeiro, ao longo do rio,
proporciona. Durante o percurso, foram
dadas importantes informações sobre
a região Vinhateira do Alto Douro, área
com mais de 26 mil hectares, classificada pela UNESCO, em 14 de Dezembro de 2001, como Património da Humanidade, na categoria de paisagem
cultural. A longa tradição de viticultura
nesta região produziu uma paisagem
cultural de beleza excepcional, a que
ninguém ficou indiferente.
Depois do almoço, ainda no barco,
chegou-se ao Pinhão onde o autocarro já estava a postos, para conduzir
os viajantes até à próxima paragem, a
Quinta da Leda, uma das várias Quintas da empresa Sogrape. Esta quinta,
com os seus 85 ha de vinha, situada
no inóspito Douro Superior, possui os
mais modernos sistemas de plantação
e vinificação do Douro e, conduzidos
pelo enólogo António Braga, o grupo
teve oportunidade de visitar a adega,
recentemente construída em 2001,
com o que há de mais actual na tec­
nologia vinícola e onde se fabricam vinhos de grande complexidade e estrutura. O conhecimento profundo do Eng.
António Braga, sobre esta tecnologia
deu oportunidade a que muitas questões técnicas surgissem proporcionando um claro e correcto esclarecimento
sobre o tema.
O dia terminou no Hotel Turismo de
Trancoso, que ficava apenas a cerca
de 30 minutos da Quinta da Leda, com
um faustoso e muito apreciado buffet
de bacalhau.
Último dia da viagem, ainda havia que aproveitar a manhã e, como
previsto, a visita que se seguia era à
quinta de Ervamoira, a primeira quinta
totalmente plantada na vertical da Ramos Pinto, situada na zona do Douro
O barco no cais.
Superior, no Vale do Côa. Aqui tiveram
oportunidade, para apreciar a associação, bem conseguida, da vinha com as
artes. Nesta Quinta foi inaugurado em
1997 o Museu de Sítio de Ervamoira,
situado no coração do Parque Arqueo­
lógico do Vale do Côa, que protege
17 km de gravuras paleolíticas, classificado pela UNESCO como Património
da Humanidade. O almoço, um típico
arroz de pato, foi servido na própria
quinta, num local rodeado de uma paisagem única, que serviu como um postal ilustrado para futuras recordações.
A viagem, como se pode testemunhar por algumas citações descritas de
seguida, foi, sem sombra de dúvidas,
um êxito.
Os participantes na Quinta da Leda. (Paulo Almeida, Meeting Point)
Vinhas da Quinta da Leda. (Paulo Almeida, Meeting Point)
“Hi guys
Just wanted to thank you for organising everything the IHC – went
really well from my perspective, especial
thanks to Paulo - the three tour to Douro and the port wine region was pretty
spectacular and very, very enjoyable.
Prof. Peter J. Batt”
“Dear Meeting Point,
Thank you for the great job carrying
out on the 2010 Congress. A credit to
you and all staff involved.
Many were impressed with the leadership and knowledge of Paulo Almeida, who led the post congress tour to
your vineyards and wineries. Paulo did
a good job looking after all of us and
getting us on time to our destinations.
Almoço na Quinta da Leda. (Paulo Almeida, Meeting Point)
Regards
David Aldous”
* Universidade de Trás-os-Montes
e Alto Douro, Portugal
Alto Douro vinhateiro.
Aspecto das vinhas do Douro.
Revista da APH N.º 103
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Outras Realizações
Novos Dirigentes da International
Society for Horticultural Science (ISHS)
eleitos em Lisboa
Maria Elvira Ferreira*
De acordo com os Estatutos da
ISHS, a Direcção, o Comité Executivo
e o Conselho da ISHS reúnem-se de
quatro em quatro anos, coincidindo
com os congressos de horticultura,
para decidirem sobre o futuro da sociedade. Assim, efectuaram-se em Lisboa
reuniões da ISHS antes e durante o
Congresso Internacional de Horticultura, e uma Assembleia Geral (24 de
Agosto) em que puderam participar,
além dos associados, todos os congressistas.
Na Assembleia Geral foram aprovados: i) o relatório de actividades da sociedade; ii) as alterações aos estatutos;
iii) as decisões tomadas pelo Conselho
sobre os novos membros da Direcção e
do Comité Executivo e iv) o novo local
para o congresso de 2018. Foram também atribuídos quatro títulos de Fellow,
cinco de Honorary Member (aprovados
em Conselho) e o prémio Miklos Faust
Travel Award for Young Pomologists.
A Assembleia terminou com a tomada de posse dos novos Presidente e Directores para o quadriénio
2010-2014, momento alto para a Horticultura Portuguesa e, consequentemente, para a APH porque, pela
primeira vez, o Presidente da ISHS é
português e é sócio da APH. O Prof.
António Monteiro foi eleito, por maioria,
Presidente da ISHS na reunião do Conselho que decorreu no dia 21 de Agosto, tendo tido como seus concorrentes
duas personalidades de renome: uma
americana e outra australiana.
A nova Direcção da ISHS, presidida
pelo Prof. Dr. António Monteiro, contará ainda com a Dra. Kim Hummer dos
EUA, o Prof. Dr. Georg J. Noga da Alemanha, o Dr. Errol Hewett da Nova Zelândia, o Prof. Dr. Yves Desjardins do
O Prof. António Monteiro recebe a chave simbólica da ISHS do seu antecessor, o Dr. Norman Looney.
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Revista da APH N.º 103
Canadá e o Prof. Dr. Ian Warrington da
Nova Zelândia.
Desde 1977, que o Prof. António
Monteiro é sócio da APH e tem participado activamente na vida da nossa
associação. De 1979 a 1981, foi Secretário e de 1988 a 1992 Presidente da Direcção. De 2002 a 2004, foi
Vice-Presidente para as Plantas Ornamentais e de 2006 a 2008, foi Presidente da Mesa da Assembleia Geral.
Foi Editor da Revista da APH de 1988
até 2000. É membro do Conselho Consultivo da APH desde a sua criação.
Além destas participações nos Órgãos
Sociais da APH foi ainda Presidente e
membro activo das Comissões Organizadora e Científica de eventos nacionais e internacionais co-organizados
pela APH.
O novo Presidente foi membro do
Conselho da ISHS como representante
de Portugal, nomeado pela APH, desde
1990. A propósito desta representação,
recebemos do Prof. António Monteiro a
seguinte missiva que se transcreve:
’Venho por este meio apresentar a
minha demissão de representante de
Portugal no Council da International
Society for Horticultural Science, cargo
para o qual fui nomeado pela Direcção
da APH. Tendo sido eleito para Presidente da ISHS, considero haver um
conflito de interesses entre as minhas
O novo Presidente da ISHS no seu primeiro discurso oficial.
novas funções e a qualidade de membro do Council.
Tem sido, para mim, uma honra ter
representado Portugal no Council da
ISHS desde 1990, tendo essas funções
também só sido interrompidas quando
fui eleito para o Board da ISHS.
Espero, no desempenho do meu
mandato de Presidente, continuar a
promover a colaboração entre a ISHS
e a APH, que tão frutífera e recheada
de sucessos tem sido.
Com os melhores cumprimentos
António A. Monteiro
Sócio n.º 46 da APH’
Queremos aqui deixar expressos
os votos dos maiores sucessos para
o Presidente e os Directores recentemente empossados e esperar que as
relações entre as duas sociedades sejam fortalecidas.
O Presidente e os novos Directores da ISHS: Ian Warrington, Yves Desjardins, Errol Hewett, Georg
Noga, Kim Hummer e António Monteiro (da esquerda para a direita).
* Presidente da Direcção da APH
Revista da APH N.º 103
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Outras Realizações
A “EXHIBITION” no IHC 2010
Maria da Graça Barreiro *
Comissão Organizadora
“Ciência e Horticultura para as
pessoas” foi o foco central do IHC
2010 e, naturalmente, o mote para a
“EXHIBITION”.
À semelhança dos acontecimentos directamente ligados ao Congresso, a “EXHIBITION” teve lugar nas instalações do Centro
de Congressos de Lisboa em áreas adjacentes às salas das conferências e das zonas
destinadas à colocação de posters. Assim, a
“EXHIBITION” ficou implantada no Pavilhão
2 (Pavilhão do Rio), Pavilhão 4 e Foyer C.
Foram convidadas a participar na
“EXHIBITION” empresas fornecedoras de
produtos, serviços e equipamentos e instituições públicas e privadas envolvidas em
investigação & inovação, consultadoria e
formação relacionadas com a horticultura, nas vertentes industrial, científica e/ou
tecnológica. As empresas puderam alugar
stands simples ou múltiplos, em módulos de
3x3 m, ou espaços simples mais pequenos. No total marcaram presença na
“EXHIBITION” 38 empresas, da Alema­­
nha, Austrália, Bélgica, Estados Unidos,
Holanda, Indonésia, Nova Zelândia, Reino Unido e Tanzânia, além de Portugal e
Espanha, respectivamente com 12 e 8
empresas.
A International Society for Horticultural Science (ISHS), patrocinadora
do Congresso, e as duas Sociedades
co-organizadoras - Associação Portuguesa de Horticultura (APH) e Sociedade Espanhola de Ciências Hortícolas
(SECH) - ficaram representadas com
os seus stands no Pavilhão 4 e proporcionaram aos visitantes uma panorâmica das suas actividades e publicações.
O próximo IHC 2014, que irá decorrer
em Brisbane, Austrália, foi também revelado e publicitado no Pavilhão 4. O stand da
nova organização foi alvo de grande curiosidade, tanto pela recolha de informações
e de prospectos como pelos belos pequenos koalas em peluche que gentilmente
eram oferecidos aos visitantes.
No Pavilhão 4 ficou ainda representada a Fundação Odemira que, no seu
vasto stand, localizado estrategicamente na zona central, apresentou as
suas principais empresas e, com uma
oferta dinâmica de variados produtos
para degustação, proporcionou um espaço onde convergiam os Congressistas em alegre convívio.
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Revista da APH N.º 103
Catálogo da “Exhibition”
A Bayer CropScience, empresa
internacional de grande renome no domínio da protecção das culturas, foi representada na “EXHIBITION” ao mais
alto nível, com uma equipa chefiada
pela “casa mãe” da Alemanha. Esta empresa, patrocinadora Gold do IHC 2010,
teve oportunidade de apresentar os seus
mais recentes produtos e de divulgar as
suas novas estratégias empresariais.
A Agromariensecoop de Santa Maria, Açores apresentou um belo stand
com destaque especial para o seu,
muito bem conseguido, logótipo. Neste,
a palavra Azul, escrita em verde, representa o solo da ilha rodeada pelo azul
imenso do oceano. Com esta ambiência
armazenava-se, em câmara refrigerada,
a meloa típica de Santa Maria e a degustação apelava aos visitantes.
O stand das Associações de Produtores, com representação conjunta
da Associação de Produtores da Pêra
‘Rocha’ (ANP), Associação Portuguesa de Produtores de Plantas e Flores
Naturais (APPP-FN) e Associação
dos Produtores de Maçã de Alcobaça
(APMA), permitiu uma visão conjunta
de um sector de sucesso em Portugal
e que está preparado para novos desafios no quadro do Portugal Fresh, centrado na internacionalização das frutas,
hortícolas e flores portuguesas.
A Galp Energia, empresa que está
na vanguarda dos biocombustíveis,
apresentou no seu stand, focado no
tema “Energia positiva retirada da natureza”, uma panorâmica das suas actividades, com realce para as localizadas em países da América Latina e de
África, como o Brasil e Moçambique.
A Bejo Zaden Ibérica, com stand
próprio ainda no Pavilhão 4, deu par-
ticular destaque à sua representada
filial portuguesa. Os produtos expostos
e a divulgação das suas competências
foram alvo da atenção de muitos participantes do Congresso.
O Grupo Plastidom, com vasta
oferta de estruturas para acondicionamento dos produtos hortícolas e frutas,
mereceu também muita curiosidade.
Aos visitantes do seu stand foram oferecidas pequenas caixas, em cores
variadas, miniaturas de “palettes” para
armazenagem de fruta.
A Revista Frutas, Legumes e Flores criou um espaço muito apelativo
onde divulgou aos visitantes a sua actividade editorial e distribuiu algumas
das suas publicações mais recentes.
No Pavilhão 2, com dois dos maiores stands da “EXIBITION”, o Grupo
Pingo Doce, empresa patrocinadora
Gold do IHC 2010, e a Aralab, constituíram um dos pontos centrais da exposição e, naturalmente, foram dos locais
mais visitados.
No stand Pingo Doce recriou-se uma
área de frescos idêntica às existentes
nas lojas mais modernas da cadeia.
No stand da Aralab exibiram-se câmaras Fitoclima, com as mais evoluídas tecnologias, para crescimento de
plantas e conservação de frutas e hortícolas, em condições ambientais totalmente controladas.
Em espaço especialmente reservado no Pavilhão do Rio ficou implantado
o “Pavilhão de Espanha” que pretendeu ser uma mostra da bem sucedida
indústria hortícola e da ciência e tecnologia espanholas.
Os dias do Congresso foram sempre muito preenchidos e animados
e, por isso, muito naturalmente a
“EXHIBITION” fervilhava permanentemente de visitantes. Havia sempre vontade de visitar novos stands e muitas
vezes, no intervalo das conferências, de
vir degustar algum produto para reequilibrar energias. O stand da Indonésia, foi
também um dos mais exóticos e animados, localizado no Pavilhão 2.
A Arte em Horticultura esteve também presente no IHC 2010. No Foyer
C, com acesso directo ao Pavilhão 1,
no rés-do-chão, houve oportunidade de
admirar um conjunto soberbo de fotografias intitulado “Vineyards and olive
orchards photographs”, dos anos 20
e 30 do século passado, da autoria de
António Cézar d’Abrunhosa. A “FrutArt”
envolveu alunos das Escolas do Ensino Básico e Secundário da região da
Beira Interior, num concurso de pintura
de peças de porcelana em forma de
frutos que teve o objectivo de incutir
nos jovens o gosto pelo design e a sensibilização para o consumo regular de
fruta a bem da saúde.
No espaço destinado à promoção
do azeite português “Olive Oil Tasting”,
da responsabilidade da Casa do Azeite
e do Laboratório de Estudos Técnicos
do ISA foi possível saborear diferentes
tipos de azeites portugueses e conhecer alguns parâmetros que permitem
distinguir os azeites mais indicados
para cada paladar. A Mostra de Azeites
e a realização de provas sensoriais fez
ressaltar o bom nível qualitativo dos
azeites portugueses e fez notar a sua
grande versatilidade em termos de sabor, cor e intensidade luminosa. Ficou
bem demonstrado tratar-se de um valioso alimento em variadas ocasiões e
que os produtos à base de azeite, que
se encontravam à venda, têm propriedades específicas como fonte de rejuvenescimento, bem-estar e saúde.
No âmbito das actividades do Congresso, organizou-se no dia 24 de
Agosto, entre as 10.30 e as 17.30
horas, um “Dia Aberto” com acesso
livre à Exposição, para convidados
das empresas expositoras. Neste “Dia
Aberto” foi fornecido aos expositores
e visitantes um catálogo dedicado à
“EXHIBITION”, editado pela organização do Congresso.
A importância da representação portuguesa na “EXHIBITION” e o seu elevado nível deverá ser um forte estímulo
ao desenvolvimento da horticultura
nacional. Assim, é com o maior prazer
que deixamos quatro testemunhos dos
nossos expositores.
“A Aralab orgulha-se de ter marcado
presença no mais prestigiado evento de
Stand da APH.
Stand da ISHS, vendo-se em 1.º plano uma banca
de livros para venda (edições ISHS).
Stand da SECH.
Stand da Organização do IHC 2014 - Brisbane.
Vários stands de empresas nacionais. Em 1.º plano o
stand da Agromariensecoop de Santa Maria, Açores.
Vista geral do stand Pingo Doce, vendo-se em
1.º plano cestos de fruta para degustar.
Um dos aspectos do stand do Pingo Doce focalizado no Melão Verde. Vêem-se em 1.º plano as
assistentes preparadas para a degustação.
Revista da APH N.º 103
79
Horticultura do Mundo, o 28th International Horticultural Congress (IHC)… tendo
apresentado no espaço que lhe foi atribuído a sua mais recente gama de equipamentos para a área da Biotecnologia e
Conservação” (Alberto Araújo).
Aspecto parcelar da EXHIBITION, com particular
destaque para o stand da Aralab.
Aspecto geral do stand da Indonésia, um dos mais
exóticos e visitados na “EXHIBITION”.
Aspecto de pormenor do stand da Aralab.
Aspecto parcial da Mostra dos Azeites de Portugal.
“…. a ANP considerou que o espaço
de exposição durante o congresso foi
de extrema importância para demonstrar alguns exemplos da realidade
empresarial do país ligada ao sector
hortofrutícola. …que permitia um contacto directo com os congressistas. …
que o espaço conjunto com a Maçã de
Alcobaça e a APPP-FN foi muito bem
conseguido, pois proporcionou uma dinâmica de produtos muito interessante para os congressistas. Por último
achámos que a nossa presença neste
espaço de exposição foi de extrema
importância, pois permitiu-nos promover e dar a conhecer a pêra ‘Rocha’ à
comunidade científica, bem como realizar contactos importantes para a ANP”
(Sofia Comporta).
“…No stand Pingo Doce pretendemos
recriar uma área de frescos das lojas
mais modernas… Tivemos ainda cestas
com produtos hortícolas e degustadores
para que os congressistas pudessem
provar a nossa fruta. Para além do móvel de fruta, dos degustadores e das
cestas tivemos dois móveis refrigerados
para colocação de vegetais e produtos
de 4ª gama” (Bernardo Cruz).
“Para nós e como Casa do Azeite foi
uma oportunidade de promover o azeite
português num evento onde se encontravam pessoas de todo o Mundo. Estas
são sempre iniciativas que acolhemos
com muito agrado, dentro das nossas
possibilidades” (Teresa Zacarias).
Em conclusão, a “EXHIBITION”
constituiu uma grande oportunidade
para a apresentação de produtos e
serviços, de um alargado número de
países, a uma vasta audiência de especialistas de todo o Mundo em Ciência e Tecnologia Hortícolas.
Nestas páginas da Revista da APH,
cumpre-nos agradecer o esforço que
as várias empresas fizeram para se
representarem no IHC Lisboa 2010
e esperamos que esta presença lhes
permita, no futuro, um bom retorno. A
forma profissional da sua actuação e
o aspecto muito atractivo dos stands
contribuiu largamente para o sucesso
do IHC Lisboa 2010.
* INRB/L-INIA, Oeiras, Portugal
80
Revista da APH N.º 103
Outras realizações
Horticulture Brokerage Event
Parcerias tecnológicas entre entidades
do sistema científico e tecnológico e empresas
Luís Mira da Silva* & Rita Carvalho*
No final de Agosto realizou-se em
Lisboa o International Horticultural
Congress, uma iniciativa que juntou
mais de 3500 especialistas do sector, originários de todo o Mundo. A
INOVISA, em parceria com a Agência
de Inovação, o Cluster Agro-industrial
do Ribatejo e a Universidade de Évora, aproveitou este congresso para
organizar um Horticulture Brokerage
Event, que teve como principal objectivo a promoção de reuniões bilaterais
entre empresários e investigadores
ligados ao sector hortícola, a nível internacional, com a finalidade de se
estabelecerem parcerias estratégicas,
explorar resultados inovadores de I&D
e desenvolver novas tecnologias. O
Horticulture Brokerage Event teve
550 participantes inscritos e um total
de 779 reuniões marcadas. Os quadros
1 e 2 ilustram a distribuição geográfica
dos participantes.
O evento funcionou por meio de um
website especialmente desenvolvido
para o efeito, no qual os participantes registavam o seu perfil, incluindo
a oferta ou o pedido de uma determinada tecnologia. Posteriormente, os
perfis foram publicados em catálogo
no website do Horticulture Brokerage Event, facilitando a marcação de
reuniões de acordo com as intenções
expressas pelos participantes. Através dos pedidos de reunião foi criado
um calendário de reuniões, fazendo o
matching entre potenciais parceiros.
Entre os participantes do evento podiam encontrar-se investigadores,
técnicos e directores de pequenas,
médias e grandes empresas, de universidades e institutos de investigação,
de agências governamentais e instituições públicas e de empresas start-up.
O espaço do Horticulture Brokerage Event estava dividido em duas
zonas principais. Numa destas zonas
existiam três salas com cerca de 40
mesas, onde os participantes se reuniam com os seus potenciais parceiros,
nos horários marcados. Numa outra
Recepção do Hortuculture Brokerage Event.
Um dos eventos durante o Horticulture Brokerage Event.
zona, designada por Lounge, existiam
vários espaços onde se podia descansar entre as reuniões, fazer reuniões
mais informais de networking, ou simplesmente tomar um café. O espaço
Lounge acabou por tornar-se num local
nobre do congresso, onde as pessoas
se encontravam e podiam conversar
e relaxar entre as várias actividades
em curso, complementando assim as
reuniões mais formais (e com horários
marcados) do brokerage.
Em paralelo ao Horticulture
Brokerage Event a INOVISA organizou um Brainstorm meeting, dedicado
também ao tema da transferência de
tecnologia, para que os participantes
pudessem explorar parcerias interna-
Quadro 1 - Participantes no Horticulture
Brokerage Event, por continente.
Continente
Participantes
Pedidos de
reunião
África
41
89
América
do Norte
29
37
América Latina
50
78
Ásia
95
197
Europa
244
328
Médio Oriente
50
27
Oceânia
20
23
Total
529
779
Revista da APH N.º 103
81
Espaço do Horticulture Brokerage Event onde os participantes se reuniam com os seus potenciais parceiros.
Quadro 2 - Participantes no
Horticulture Brokerage Event, por país.
País
Participantes
Espanha
49
China
41
Itália
41
Brasil
28
Irão
26
Japão
24
Portugal
22
Estados Unidos
da América
21
Holanda
16
Alemanha
14
África do Sul
13
Índia
12
Outros
222
Total
529
Espaço Lounge do Horticulture Brokerage Event.
82
Revista da APH N.º 103
cionais, nomeadamente com instituições ou empresas Portuguesas. Organizou-se, ainda, um workshop com
o tema International Partnerships for
Technology Transfer: best practices in
business / research relationships in the
horticultural sector. Este workshop teve
uma elevada aderência de participantes, com backgrounds e perfis muito
distintos nas áreas de transferência de
tecnologia, clusters e comercialização
de tecnologia, conduzindo a uma larga
e produtiva discussão sobre modelos
de transferência de tecnologia.
Muitos dos participantes no brokerage e nas actividades a este associadas
reforçaram a importância desta iniciativa
no International Horticultural Congress e
a necessidade de continuar com actividades similares depois do congresso,
promovendo a transferência de tecnologia no contexto da International Society for Horticultural Science (ISHS).
Propôs-se mesmo o desenvolvimento
de uma plataforma online de brokerage
sempre activa, que pudesse promover
contactos entre potenciais parceiros
(investigadores, empresas,…) e servir
de base a futuros eventos de brokerage
organizados no âmbito de congressos e
seminários da ISHS.
* INOVISA - www.inovisa.pt
Instituto Superior de Agronomia www.isa.utl.pt
Outras realizações
Horticultura e arte
Maria Elvira Ferreira*
No Foyer C do CCL os congressistas
puderam apreciar duas exposições artísticas a que se deu o nome genérico
de ‘Horticultural Art’.
A primeira exposição intitulada ‘Fotografias de Vinhas e Olivais (1920-1930)’
era composta por 24 fotografias de Antonio Cezar d’Abrunhoza,
Antonio Cezar d’Abrunhoza (1881-1941)
era um agricultor da Beira Baixa que tinha
a paixão da fotografia. D’Abrunhoza era um
surdo-mudo e a sua deficiência pode ter aumentado o seu interesse no mundo visual,
um mundo que ele capturou com rara beleza. Foi na fotografia que encontrou o seu
espaço pessoal para se relacionar com o
mundo.
A sua obra relata não apenas as cenas do quotidiano da sua propriedade e
das aldeias, mas é também um documentário social de seu tempo. Artisticamente, as imagens de d’Abrunhoza são
modernas em termos de conceito, com
alguns grandes planos e uma excelente
utilização da luz.
A paixão de d’Abrunhoza pela fotografia é patente pelo elevado número
de negativos de vidro que deixou (mais
de 10000), sendo a maioria com temas
ligados à vida rural.
As fotos sobre a cultura da oliveira e
a produção de azeite foram apresentadas pela primeira vez em 2003, numa
exposição no Museu de Francisco Tavares Proença Júnior (Castelo Branco),
realizada no âmbito do III Simpósio Nacional de Olivicultura, que decorreu em
Castelo Branco. As fotos sobre a cultura
da vinha foram expostas no Porto em
2005, durante o V Congresso Ibérico de
Ciências Hortícolas/IV Congresso Iberoamericano de Ciências Hortícolas.
Os catálogos destas duas exposições, dois livros de rara beleza, estão
disponíveis para venda na APH.
As fotos expostas durante o Congresso pertencem ao espólio da APH
e de Maria Inês Mansinho que, gentilmente, cedeu alguns exemplares o que
muito se agradece.
A segunda exposição intitulada FRUTART, exibiu alguns das peças executadas por jovens do Ensino Básico e
Secundário da região da Beira Interior
e que participaram no concurso com o
mesmo nome que decorreu como actividade paralela ao 2.º Simpósio Nacional
Aspectos da exposição - Fotografias de Vinhas e Olivais (1920-1930).
Aspectos da exposição FRUTART.
de Fruticultura (Castelo Branco, 2010).
O principal objectivo deste concurso
foi consciencializar os jovens para a importância da produção de frutos e dos
benefícios do consumo de frutas.
No número 101 da Revista da APH
foi amplamente noticiado este concurso,
que mobilizou 30 escolas, tendo sido dis­
tribuídos 1930 frutos (maçãs, peras, pêssegos e cerejas) de porcelana, que os jovens decoraram/pintaram de forma livre.
No decorrer deste Congresso estiveram expostos, além dos frutos vencedores, cerca de 230 frutos para venda que
foram muito apreciados pelos congres-
sistas. Podemos afirmar que o concurso
FrutArt ultrapassou fronteiras, não só
com os lindos frutos decorativos adqui­
ridos pelos presentes, como também
pela disseminação da ideia que estamos em crer será aproveitada e adaptada noutros países.
Agradece-se à Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Castelo
Branco o ter possibilitado esta expo­
sição, que proporcionou uma onda de
juventude e de cor ao IHC Lisboa 2010.
*Presidente da Direcção da APH
Revista da APH N.º 103
83
Outras realizações
BM 11 - Ibero-american NATIONAL SOCIETIES FOR HorticulturE
Get-Together
Encontro das sociedades ibero-americanas de horticultura
Maria Elvira Ferreira*
O 28th International Horticultural
Congress foi uma excelente oportunidade para o segundo encontro
das sociedades ibero-americanas de
horticultura. Este encontro decorreu
no dia 25, das 18 às 20 horas e foi liderado por Ricardo Elesbão Alves,
Director-Executivo da Interamerican
Society for Tropical Horticulture (ISTH),
Fernando Riquelme, Presidente da
Sociedad Española de Ciencias Hortícolas (SECH) e Maria Elvira Ferreira,
Presidente da Direcção da APH (fig.1).
Este encontro surgiu no seguimento
de um outro que em 2007 reuniu em
Florianópolis (Brasil) membros de oito
sociedades de horticultura de países
ibero-americanos (Argentina, Brasil,
Chile, Colômbia, Espanha, Peru, Portugal e Uruguai). A iniciativa desta primeira reunião partiu da International Society for Horticultural Sciences (ISHS) e
decorreu durante o VIII Simpósio Internacional de Frutos de Zonas Temperadas nos Trópicos e nos Sub-Trópicos.
Nessa reunião cada um dos representantes apresentou um breve historial
da sua sociedade e as iniciativas levadas
a cabo pelas mesmas, para o desenvolvimento da Horticultura nos respectivos
países. Foi também discutido como actuar de uma forma mais regional, através
de actividades de interesse mútuo para o
desenvolvimento científico, tecnológico,
social e económico das regiões.
Actualmente, existem 21 países
ibero-americanos com sociedades de
Horticultura activas (fig. 2) e só nove
países têm representação no Conselho
da ISHS (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Espanha, México., Peru, Portugal e Venezuela).
A Agenda da reunião deste ano foi
a seguinte:
- Introdução e histórico;
- Apresentação dos representantes das
sociedades;
- Apresentação das sociedades e troca
de experiências com êxito;
- Interacção com a ISHS e representação dos países ibero-americanos no
84
Revista da APH N.º 103
Figura 1 - M. Elvira Ferreira (APH), Ricardo Elesbão Alves (ISTH) e Fernando Riquelme (SECH)
(da esquerda para a direita).
Figura 2 - Países Ibero-americanos.
Conselho da ISHS;
- Propostas de actuação conjunta;
- Temas gerais.
Na reunião estiveram presentes,
além de Peter Vanderborght, em representação da ISHS, representantes das
seguintes sociedades:
• Asociación Argentina de Horticultura (ASAHO) – www.asaho.org.ar;
• Asociación
Iberoamericana
de
Tecnología
Postcosecha
(AITEP)
www.aitepc.org;
• Associacão Portuguesa de Horti­
cultura (APH) – www.aphorticultura.pt;
• Associação Brasileira de Horticultura (ABH) – www.abhorticultura.com.br;
• Sociedad Colombiana de Ciencias
Hortícolas (SCCH) – www.soccolhort.com;
• Sociedad Española de Ciencias
Hortícolas (SECH) – www.sech.info;
• Sociedad InterAmericana de Horticultura Tropical (ISTH) – www.iasth.org;
• Sociedad Peruana de Horticultura (SPH);
• Sociedade Brasileira de Fruticultura
(SBF) – www.sbfruti.com.br;
O Director-Executivo da ISTH iniciou
a reunião agradecendo a presença de
todos e congratulou-se pelo elevado
número de participantes. Depois de fazer um breve resumo sobre a reunião
de 2007, apresentou a agenda do dia.
Iniciaram-se as apresentações das
sociedades que foram diversificadas e
Figura 3 - Participantes do Encontro das Sociedades Ibero-americanas de Horticultura.
promoveram a interacção com a assistência (fig. 3).
A pedido da Presidente da Direcção
a apresentação da APH foi a última e
nela constavam os objectivos da associação, os tipos e o número de associados, os tipos de publicações editadas,
os eventos realizados, com especial
ênfase para as parcerias com a ISHS
e com a SECH.
Desde 1979, que se têm realizado
em Portugal eventos co-organizados
pela APH, sob a égide da ISHS: Symposium the Production of Tomatoes for
Processing (1979); Symposium on Protected Cultivation of Solanacea in Mild
Winter Climates (1985); 1st International
Symposium on Brassica (1994); 8th International Symposium on Vaccinium
Culture (2004); III International Chestnut
Congress (2005); X International Pear
Symposium (2007); VI International
Symposium on Olive Growing (2008).
No caso das parcerias com a SECH
destacaram-se: as quatro edições das
Jornadas Ibéricas de Horticultura Ornamental; os cinco Simpósios Ibéricos
de Maturação e Pós-Colheita e os Congressos Ibéricos de Ciências Hortícolas, já com seis edições.
Foi feita também uma referência
especial aos Congressos Ibero-americanos de Horticultura, dos quais decorreram já duas edições em Portugal
- Vilamoura (1997) e Porto (2005) - em
simultâneo, respectivamente, com o
segundo e o quinto Congressos Ibéricos de Horticultura. No seguimento, foi
feita uma proposta para que a 6.ª edição voltasse a ser em Portugal em simultâneo com o VII Congresso Ibérico
de Ciências Hortícolas, que decorrerá
em 2013 em Portugal, mas ainda sem
local determinado.
Ao finalizar a apresentação a APH
propôs um brinde ao encontro e à união
das sociedades, com um dos ex-libris
da Horticultura portuguesa, o Vinho do
Porto, que foi gentilmente cedido pela
empresa Winemine, Unipessoal Lda., a
quem muito se agradece.
Esta reunião não poderia ter acabado da melhor forma, ficando em todos a
vontade de nos voltarmos a reunir.
Além das sociedades presentes nesta reunião de trabalho, outras há sobre
as quais se encontrou informação actual, mas que não participaram:
• Sociedad Agronómica de Chile
(SACH) – www.sach.cl;
• Sociedad Chilena de Fruticultura
(SOCHIFRUT);
• Sociedad Chilena de Horticultura
(SOCHIHORT);
• Sociedad Mexicana de Ciencias
Hortícolas (SOMECH) – www.somechmx.com;
• Sociedad Uruguaya de Horto-Fruticultura (SUHF) – www.suhfuruguay.org.uy;
• Sociedad Venezolana para Fruticultura (SOVEFRU) - www.ucla.edu.ve/
dagronom/sovefru;
• Sociedade Brasileira de Floricultura e Plantas Ornamentais (SBFPO)
– www.sbfpo.com.br;
* Presidente da Direcção da APH
Revista da APH N.º 103
85
Outras realizações
MESA REDONDA da Assembleia das Regiões
Produtoras de Frutas e Legumes da Europa - AREFLH
Maria do Carmo Martins*
No passado dia 25 de Agosto, integrada no Congresso Internacional
de Horticultura, decorreu uma mesa
redonda promovida pela AREFLH (Assembleia das Regiões Produtoras de
Frutas e Legumes da Europa), na qual
se debateram as necessidades de investigação e desenvolvimento para o
sector hortofrutícola.
Foram oradores nesta mesa redonda, moderada pelo Secretário-geral
da AREFLH Jacques Dasque, Jean
Jacques Vidal, Presidente do Sindicato
de Empresas e Organizações de Produtores de Frutas e Legumes do Languedoc-Roussillon (França), Luciano
Trentini do AREFLH’s Producers College (Itália) e Maria do Carmo Martins do
Centro Tecnológico Hortofrutícola Nacional (COTHN), como representante
de Portugal.
Jean Jacques Vidal lançou um desafio aos investigadores presentes,
dizendo-lhes o quanto a produção depende de inovações técnicas e tecnoló-
gicas para a resolução dos problemas
práticos com que se vai deparando. A
ênfase foi colocada em particular nos
riscos fitossanitários (limites máximos
de resíduos, usos não cobertos, as
alternativas não químicas) tanto em
pré-colheita como em pós-colheita.
Luciano Trentini salientou a importância da criação de novas variedades
mais adaptadas à IV Gama e com boas
características dietéticas.
Por seu lado, Maria do Carmo Martins referiu a necessidade de investigação em tecnologias pós-colheita.
Os investigadores presentes declararam a necessidade urgente de um
melhor diálogo entre a produção e a investigação para um frutífero intercâmbio da informação.
Foi proposto que a AREFLH fosse
o suporte de uma plataforma de intercâmbio entre a investigação e a produção, a nível europeu.
Jean Jacques Vidal e Luciano Trentini com o moderador da mesa redonda Jean Dasque (da esquerda
para a direita).
* COTHN, Portugal
Maria do Carmo Martins (COTHN) durante a sua
apresentação.
86
Revista da APH N.º 103
Homenagens
Títulos Honoríficos e Homenagem
No decorrer do Jantar de Encerramento do 28th International
Horticultural Congress a APH atribuiu dois títulos de Horticólogo
de Honra a Paulo César Tavares de Melo (Brasil) e a Frederick Bliss
(Estados Unidos da América) e dois títulos de Sócio Honorário a
Armando Torres Paulo (Portugal) e Heiko van der Borg (Holanda).
Foi também homenageado Carlos Alberto Martins Portas a quem
foi entregue uma prenda simbólica.
Antes da distribuição das placas comemorativas e da prenda, foram lidas umas breves notas biográficas sobre os homenageados
que a seguir se transcrevem.
A Direcção da APH recebeu a seguinte mensagem de agradecimento
do Prof. Paulo César Tavares de Melo:
Paulo César
Tavares de Melo
Horticólogo de Honra
É professor no Departamento de
Produção Vegetal da Escola Superior
de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo, no Brasil.
Desenvolve actividades de investigação em melhoramento de plantas
hortícolas (cebola, tomate e cenoura),
em horticultura herbácea, em produção
biológica de hortaliças e na produção
de sementes hortícolas.
É professor convidado de universidades do Brasil e de países
latino-americanos. É membro do Conselho Assessor Externo (CAE) da Embrapa Hortaliças e da Câmara Sectorial
Federal da Cadeia Produtiva de Hortaliças do MAPA e também do Comité
Latino-Americano de Incentivo ao Consumo de Frutas e Hortaliças.
É editor científico de revistas científicas do Brasil e da Colômbia.
É Presidente da Associação Brasileira de Horticultura (ABH) e membro
do Conselho da ISHS, como representante do Brasil.
Paulo Tavares de Melo recebeu a placa de Horticólogo
de Honra de Carlos Portas, Presidente da Assembleia-Geral da APH.
Em primeiro lugar, quero me desculpar pela demora em agradecer pelo
envio das fotos do Jantar de Gala no
Casino de Estoril. Aquele momento, registrado nas fotos, foi o ponto alto de
minha carreira que completa 40 anos
em Janeiro próximo e sou imensamente agradecido à APH pelo importante
título honorífico que me concedeu. O
IHC Lisboa 2010 foi, sem dúvida, um
evento memorável e com todos os colegas do Brasil que tive a oportunidade
de falar pós-congresso, a opinião foi
unânime quanto ao primor da orga­
nização e também sobre a agradável
estada em Lisboa. Na verdade, nos
sentimos em casa, pois só o fato de estarmos em um país que não temos dificuldade de comunicação e com o qual
temos afinidade cultural já faz muita
diferença.
O Horticólogo de Honra Paulo Tavares de Melo.
Revista da APH N.º 103
87
A Direcção da APH recebeu a seguinte mensagem de agradecimento
do Prof. Frederick Bliss:
Frederick Bliss
Horticólogo de Honra
É Professor Emérito do Departamento de Ciências Vegetais da Universidade
da Califórnia, Davis (EUA) e, recentemente, aposentou-se da Divisão de Vegetais da Monsanto, como Director.
Tem uma longa carreira científica
como melhorador de plantas hortícolas, em especial, feijão e tomate, de
árvores de fruto e porta-enxertos. Colaborou em projectos de investigação
de melhoramento no seu país, assim
como em vários países desde África
até à América Latina.
Recentemente, tem trabalhado com a
FAO na ‘Iniciativa Global para o Melhoramento de Plantas’ (Global Initiative for
Plant Breeding) e é responsável por um
projecto sobre ‘Formação de Jovens Melhoradores’, da Universidade de Davis.
Foi Presidente da Sociedade Americana de Horticultura e tem dois títulos
de ‘Fellow’ atribuídos pelas Sociedades Americana e Canadiana de Ciências Hortícolas.
No 28th International Horticultural
Congress foi Presidente da Comissão
de Indústria.
I want to thank you again for the Honor Horticulogist recognition that I received at the IHC dinner last month. The
entire evening was an event that both
my wife and I will remember with great
affection. It was indeed a highlight of the
conference and for me professionally.
A entrega da placa de Horticólogo de Honra a
Frederick Bliss por Graça Palha, Vice-Presidente
da APH para a Horticultura Herbácea.
O Horticólogo de Honra Frederick Bliss.
A Direcção da APH recebeu a seguinte mensagem de agradecimento
do Engenheiro Armando Torres Paulo:
Armando
Torres Paulo
Sócio Honorário
É Engenheiro Agrónomo e empresário agrícola na área da fruticultura no
Oeste. É fundador e membro de várias
organizações de produtores e de comercialização de fruta. É Presidente da
Direcção do COTHN (Centro Operativo
e Tecnológico Hortofrutícola Nacional)
e da ANP (Associação Nacional de
Produtores da Pêra Rocha). É membro
do Conselho da AREFLH (Assembleia
das Regiões Produtoras de Frutas e
Legumes da Europa).
Foi Presidente da Comissão Organizadora do Xth International Pear Symposium, que decorreu em Portugal em
2007, sob a égide da ISHS.
É membro do Conselho Consultivo
da APH desde a sua formação.
Em 2006, foi agraciado pelo Presidente da República de Portugal com a
Ordem de Mérito Agrícola, Comercial e
Industrial (Classe de Mérito Agrícola)
em reconhecimento como empresário
agrícola e do seu trabalho em prol do
associativismo, do desenvolvimento da
Região Oeste e da dedicação à Pêra
Rocha. É também Chanceler da Confraria da Pêra Rocha do Oeste.
88
Revista da APH N.º 103
Doutora Maria Elvira Ferreira, Presidente da Direcção da Associação Portuguesa de Horticultura
Armando Torres Paulo recebe a placa de Sócio
Honorário de Maria da Graça Barreiro, Vogal da
APH para as Relações Públicas.
O Sócio Honorário Armando Torres Paulo.
Agradeço à APH a honra de ter sido
homenageado na cerimónia de encerramento do XXVIII International Horticultural Congress. Sei quanto foi importante
para a APH e para a Horticultura portuguesa a realização em Lisboa deste Congresso, e do impacto que a sua impecável organização teve e terá. Sei também
a importância da decisão tomada pela
ISHS em ter escolhido um português
para a presidir - o Prof António Monteiro.
Sinto orgulho pelo Prof António
Monteiro, sinto orgulho pelo modo
como este Congresso foi realizado e
pelo apoio que as equipas técnicas do
COTHN e da ANP puderam dar, senti
imensa alegria e orgulho pela distinção
que me fizeram.
Quanto à APH, há que continuar a
caminhada, sabendo que “a recompensa de uma boa acção é tê-la realizado”
- Séneca
Heiko van der Borg
Sócio Honorário
(Título Póstumo)
Começou a trabalhar no Secretariado da ISHS (International Society
for Horticultural Science) em 1972,
tendo sido o primeiro editor da Acta
Horticulturae. Foi primordial a sua
acção para a criação de Secções,
Comissões e Grupos de Trabalho
dentro da ISHS. De 1982 a 1994, foi
Secretário-Geral-Tesoureiro da ISHS,
onde efectuou um excelente trabalho
em prol da expansão da sociedade em
várias partes do mundo, bem como no
reforço da Acta Horticulturae.
Além do seu trabalho na ISHS, fundou o OCDE ‘Programa Cooperativo de
Investigação sobre o Desenvolvimento
Sustentável de Recursos’ e a Cooperativa Germano-Holandesa de Banco
de Genes de Batata. Foi representante
da Holanda no Comité de Investigação
Agrária da União Europeia e Director
de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura da Holanda.
A placa de Sócio Honorário atribuída a Heiko van der
Borg foi entregue a António Monteiro (Presidente da
ISHS) que representou a família do homenageado.
Homenagem
Carlos Alberto Martins Portas
A Direcção da APH não quis deixar
passar esta oportunidade sem homenagear o seu fundador, sócio número
um e primeiro presidente, o Prof. Carlos Alberto Martins Portas, por todo o
seu trabalho, esforço e dedicação para
o desenvolvimento e progresso da APH
e na intensificação das relações com
outras sociedades congéneres, como
a ISHS e a Sociedade Espanhola de
Ciências Hortícolas (SECH).
É o congressista com maior número
de presenças nos Congressos Internacionais de Horticultura. A sua primeira
participação foi em 1966, no XVII IHC
em College Park, Maryland (EUA), e até
agora não deixou de participar em nenhuma das edições anteriores, sendo o Congresso de Lisboa o seu 12.º congresso.
Desde 1976 que é um membro muito activo do Conselho da ISHS como
representante de Portugal, tendo sido
também presidente do Working Group
‘Production of Vegetables for Processing’ de 1981 a 1990 e da Secção ‘Vegetables’ de 1990 a 1998.
Em 2006, foi-lhe atribuído o título de
Membro Honorário da ISHS e a APH já lhe
atribuiu os títulos de Horticólogo de Honra
(1985) e de Sócio Honorário (1990).
A Direcção da APH recebeu a seguinte mensagem de agradecimento
do Prof. Carlos Portas:
Para a Doutora Maria Elvira Ferreira, Presidente da Direcção da Associação Portuguesa de Horticultura
Com muita alegria e não sem emoção, venho agradecer à nossa APH,
corporizada na Direcção a que preside,
a homenagem que me foi prestada no
Jantar de Encerramento do XXVIII International Horticultural Congress, no
passado dia 26 de Agosto, assinalado
na oferta linda de cristal com mensagem gravada da APH.
O homenageado Carlos Portas.
Efectivamente tenho dado o que sei
e pude à sua existência e vida, para o
progresso da horticultura portuguesa
globalizada. Mas de nada isso serviria
se não fosse a notável série de colegas
que ao longo de 35 anos a têm dirigido
e animado.
Bem hajam pois!
Terminando à minha maneira, ‘até à
eternidade’ (no agradecimento).
Revista da APH N.º 103
89
INFORMAÇÃO AO LEITOR …
O “site” do IHC Lisboa 2010,
http://www.ihc2010.org, mantém-se
ainda activo. Os leitores interessados
em obter informações sobre qualquer
assunto do Congresso poderão continuar a aceder, na Internet, ao referido
“portal”.
Para maior destreza na recolha de
notícias deixamos aqui alguns “links”
que, facilmente, darão acesso aos
diversos eventos que ocorreram durante o Congresso, designadamente:
Colóquios, Simpósios, Seminários,
Workshops e Sessões Temáticas.
De igual modo, através dos “links”
sugeridos, ter-se-á acesso directo aos
e-posters e ao catálogo da “Exhibition”.
As listas de autores e de patrocinadores estão também disponíveis nos respectivos “links” directos.
Por último, e para ajuda ao registo
em memória, encaminham-se os leitores para a galeria de fotos onde certamente se poderão apreciar e mesmo
reviver os intensos e animados dias
vividos no IHC Lisboa 2010.
Revista da APH N.º 103
www.ihc2010.org/docs/Coloquia.Final%20Programme.pdf
Simpósios
www.ihc2010.org/content.asp?page=symposia
Seminários
www.ihc2010.org/content.asp?page=seminars
Workshops
www.ihc2010.org/docs/Workshops.Final%20Programme.pdf
Sessões Temáticas
www.ihc2010.org/content.asp?page=thematic_sessions
e-Posters
www.ihc2010.org/eposters/results.asp?posterId=&category=116
Exhibition
www.ihc2010.org/docs/Exibhitions.pdf
Listagem de autores
www.ihc2010.org/docs/List%20of%20Authors.pdf
Lista de Patrocinadores
www.ihc2010.org/docs/Sponsors.pdf
Fotos
picasaweb.google.com/ihc2010congress
- A. Pereira Jordão, Lda.
- ADP Fertilizantes, SA
- Alípio Dias & Irmão, Lda.
- António Silvestre Ferreira
- Associação da Maçã de Alcobaça
- Brasplanta, Viveiro de Plantas, Lda.
- Dow AgroSciences, SA
- Grupo Hubel
- Koppert, Comércio de Produtos Biológicos Lda.
- Lusosem, Produtos para Agricultura, SA
Secretariado
90
Colóquios
- José Manuel Macedo de Pitta-Simões
1834 Cadaval
- António Pedro Pereira Dias
1835
Moimenta da Beira
- José Feliz Crispim1836
Lorinhã
- Patrícia Mafalda Esteves Gomes
1837
Loures
- Ludgero C. Martins
1838
Lagoa
- Gemusering Portugal - Prod. Hort. Lda.
1839
Odemira
- Estevão José Pedro Kachiungo
1840
Casal de São Brás
- Cátia Sofia Pinto Bulas
1841
Batalha
- Conceição Boavida1842
Lisboa
- Sílvia de Fátima Barbosa Bulhões
1843
São Brás
NOVOS
SóCIOs
Sócios
Patrono
IHC Lisboa 2010 - Endereços na Internet
- Mercado Abastecedor da Região de Coimbra, SA
- Raul Patrocínio Duarte, Lda
- Sativa, Desenvolvimento Rural, Lda.
- SAPEC S.A
- Selectis, Produtos para a Agricultura, SA
- Sementíbrida, Lda.
- Soares & Rebelo
- Sugalidal, Indústrias de Alimentação, SA
- Tecniferti, Fertilizantes Líquidos
- Viveiros Mirajardim
Rua da Junqueira, n.º 299, 1300-338 Lisboa, Portugal
Horário de funcionamento: De 2.ª a 6.ª Feira, das 8.30 às 14.30h
Tel.: 213 623 094 / 213 633 719 Fax: 213 633 719
E-mails: Geral: [email protected]
Presidente: [email protected]
Tesoureiro: [email protected]
Editor da Revista: [email protected]
Calendário de eventos
Data
Evento
Local
Site
2/03
II Jornadas Técnicas da Batata
Santarém, Portugal
www.aphorticultura.pt
14-17/03
V International Symposium on Vegetable Nutrition
and Fertilization: Vegetable Farms Management
Strategies for Eco-Sustainable Development
Giza,
Egipto
[email protected]
14-17/03
I International Symposium on Sustainable
Vegetable Production in South-East Asia
Salatiga,
Indonésia
www.vegsea2011.ugent.be
19-23/03
I International Symposium on Wild Relatives of
Subtropical and Temperate Fruit and Nut Crops
Davis,
USA
wildcrops2011.ucdavis.edu
4-7/04
International Symposium on Organic Matter
Management and Compost Use in Horticulture
Adelaide,
Austrália
compost-for-horticulture.com
8-12/05
VIII International Workshop on Sap Flow
Volterra,
Itália
www.sapflow8th.sssup.it
15-19/05
II International Symposium on
Soilless Culture and Hydroponics
Puebla,
México
www.soillessculture.org
15-19/05
I International Symposium on Microbial Horticulture
Alnarp, Suécia
www.ishs-microhort.com/
16-19/05
VI International Symposium on Edible Alliaceae
23-26/05
Postharvest Unlimited 2011
Wenatchee, WA,USA
[email protected]
Maio
IV Encontro de Docentes de
Horticultura do Ensino Superior
Porto, Portugal
www.aphorticultura.pt
5-10/06
International Symposium on Advanced
Technologies and Management towards
Sustainable Greenhouse Ecosystems
Chalkidiki, Grécia
www.greensys2011.com
13-17/06
International Symposium on Responsible Peatland Management and Growing Media Production
Quebec, Canadá
www.peatlands2011.ulaval.ca
15-19/06
I International Mulberry Symposium
Turquia
[email protected]
20-24/06
XV International Symposium
on Apricot Breeding and Culture
Yerevan, Arménia
[email protected]
22-26/06
X International Rubus and Ribes Symposium
Zlatibor, Sérvia
[email protected]
27/06-1/07
II International Symposium on Underutilized Plants:
Crops for the Future - Beyond Food Security
Kuala Lumpur,
Malásia
festo.massawe@nottingham.
edu.my
29/06-3/07
III International Symposium on Landscape
and Urban Horticulture
Nanjing, China
www.luh2011.org
17-21/07
2nd International Conference on Quality Management of Fresh Cut Produce
Torino, Itália
www.freshcut2011.org
29/08-2/09
17th International Symposium GiESCO 2011
Asti e Alba, Itália
my.unito.it/unitoWAR/page/dipartimenti5/D046/GiESCO_2011
5-7/09
VI Congresso Ibérico de Agro-Engenharia
Évora, Portugal
www.ageng2011.uevora.pt
22-24/09
3.º Colóquio Nacional de Horticultura Biológica
e 1.º Colóquio Nacional de Pecuária Biológica
Braga,
Portugal
www.aphorticultura.
pt/3cnhb_1cnpab
28/09-1/10
17th Organic World Congress
Namyangju,
Coreia do Sul
www.kowc2011.org
13-15/10
V Jornadas Ibéricas de Horticultura Ornamental
Faro, Portugal
www.aphorticultura.pt/VJIHO
Fukuoka, Japão www2.convention.co.jp/isea2011
Revista da APH N.º 103
91