adoremos! - Portal IAP

Transcrição

adoremos! - Portal IAP
2014
Vinde,
adoremos!
O que Jesus espera
daqueles que vêm
adorá-lo
ENTENDIMENTO
CORAÇÃO
ESSÊNCIA
OFERTA
PERDÃO
PROCLAMANDO
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da Igreja Adventista da Promessa.
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Revisão de textos: Eudoxiana Canto Melo
Capa e editoração: Farol Editora
Sumário
Apresentação............................................................................... 4
Sábado, 1 de março
Adore com entendimento (João 4:20-24).................................... 6
Sábado, 8 de março
Viva além da aparência (Marcos 11:12-20)............................... 15
Sábado, 15 de março
Reconcilie-se com seu irmão (Mateus 5:21-26)......................... 22
Sábado, 22 de março
Ofereça o seu melhor (Lucas 2:1-4)........................................... 30
Domingo, 30 de março
Adore com o coração (Marcos 7:6-7)......................................... 38
Apresentação
Eis em suas mãos, pregadores e pregadoras adventistas da
promessa, mais uma série de sermões para serem ministrados
aos quatro primeiros sábados do mês de março de 2014, nos
cultos da manhã, e no último domingo desse mês, no culto da
noite. São pregações preparadas com esmero espiritual pela
equipe do Departamento de Educação Cristã – DEC –, em cumprimento ao que fora planejado e aprovado pela Junta Geral
Deliberativa, no início da atual gestão administrativa da IAP.
O foco principal dessas séries de pregações é A D O R A Ç Ã O.
O objetivo principal é conscientizar os salvos da necessidade de
apresentarem àquele que os salvou uma adoração que possa
ser reconhecida e aceita por ele. Uma adoração genuinamente
espiritual e verdadeira.
O que se quer dizer com adoração que Jesus reconheça e
aceite é que o adorador aprenda a adorar com entendimento e
com o coração, tenha uma vida que se distancie da aparência,
viva em paz com seus irmãos da fé e dê a Deus o seu melhor.
Estes princípios espirituais práticos de adoração foram todos
ensinados por Jesus e são aqui detalhados para ensino e prática dos adventistas da promessa.
Como reforço a essas virtudes espirituais, acrescenta-se
a rica experiência de adoração narrada em Marcos 14:3-9,
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também vivenciada e ensinada por Jesus, diante de uma mulher desprezada, mas que impactou o Salvador do mundo
com sua adoração sincera e prática, ao ponto de o Mestre
afirmar que ela seria lembrada em todos os lugares onde o
evangelho dele fosse pregado. Jesus reconheceu e aceitou a
adoração dela! E não deveria ser esse o alvo que todo adorador sincero deveria buscar?
Sim, Marcos 14:3-9 ensina que é dever de todo salvo por
Jesus adorá-lo com simplicidade, de forma que possa expressar uma adoração que tenha os ingredientes espirituais da informalidade, da qualidade, da praticidade e da compreensão
da hora certa e oportuna para adorar a Deus. Esses caminhos
da adoração excelente, oferecidos pela palavra de Deus, devem ser absorvidos, valorizados e praticados pelos adoradores
do único digno de adoração, o Deus Trino da Bíblia Sagrada.
Aproveite esta rica oportunidade, pregador e pregadora,
para incutir nas mentes e corações dos adventistas da promessa estes ensinamentos que Cristo Jesus, nosso Salvador e
Senhor, viveu e ensinou a todos aqueles que nele creem, em
todos os tempos e em todos os lugares do mundo.
Para terminar, destaco o maravilhoso fato contido em todos os cinco sermões desta série: todas as pessoas que tiveram a sua adoração reconhecida e aceita por Jesus estavam
bem perto dele. Por isso, pense: a que distância está Jesus da
sua adoração?
Ao Salvador e Senhor Jesus Cristo sejam a honra e a glória
pelos séculos dos séculos!
Pastor José Lima de Farias Filho
Presidente da Convenção Geral da IAP
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Sábado, 1 de março
ADORE COM ENTENDIMENTO
João 4:20-24
INTRODUÇÃO
Hoje, estamos dando início à série de sermões do mês de
março: “Vinde, adoremos! – O que Jesus espera daqueles que
vêm adorá-lo”. Dentro desse assunto, trataremos, a partir de
agora, do tema: “Adore com entendimento”. Para isso, vamos
ler o Evangelho de João, capítulo 4, versículo 22. Na versão Revista e Atualizada, está escrito assim: Vós adorais o que não
conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus. A adoração deve ser espiritual e racional.
Contudo, não é sempre que isso acontece.
Alguém já disse que “todos neste mundo adoram alguma coisa. Do mais religioso até o mais cético, todos reverenciam uma
entidade superior a ponto de construir a vida em torno dela –
mesmo inconscientemente”.1 Alguns adoram o dinheiro; outros,
algum outro ídolo. Há, ainda, os que adoram a si mesmos. Além
destes, há os que professam adorar a Deus. Porém, nem todos
os que fazem tal afirmação o adoram com entendimento. Muitos o adoram de qualquer maneira, sem o conhecimento necessário a respeito da adoração e sem o conhecimento de Deus. Os
samaritanos, como veremos, são exemplos disso.
1. Piper (2008:114).
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A vontade de Cristo é que os seus adoradores saibam verdadeiramente a quem e como adorar. Com base no diálogo dele
com a mulher samaritana, em Jo 4:20-24, discorreremos sobre
três lições significativas que nos ajudarão a adorar com entendimento. Vamos à primeira.
1. Para adorar com entendimento, conheça o
destinatário da adoração
A adoração segundo o coração de Deus é inteligente. Ao
criar o ser humano segundo a sua imagem e semelhança, deu-lhes Deus a capacidade de adorar de modo consciente. Portanto, adorar o que não se conhece é, no mínimo, uma atitude
insensata e incoerente. Deus não se agrada de tal atitude. Sobre isso, veja o que disse Jesus à mulher samaritana, no v.22a
do capítulo 4 de João: Vós adorais o que não conheceis. As
palavras de Jesus são duras. Ele afirmou, literalmente, que a
adoração da mulher e dos demais samaritanos era incompleta.
Havia algo de errado com ela.
Os samaritanos adoravam a pessoa certa, mas de modo errado. Sem dúvida, Deus é o único que é digno de receber adoração e, por certo, os samaritanos sabiam disso, já que a crença
no único Deus fazia parte de seu credo2 ou conjunto de regras.
A propósito, é importante entendermos que Deus merece exclusividade. Somente ele deve ser adorado. Este é o primeiro
dos dez mandamentos da lei: Não terás outros deuses diante de
mim (Êx 20:3). Contudo, Jesus estava afirmando que o objeto
da adoração daquela mulher e dos demais de sua nação era impessoal, pouco compreendido e vago. Não existe uma adoração
genuína baseada na ignorância ou no que não se conhece.3
2. Douglas (1986:1472).
3. Earle et al (2006:58).
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Deus quer ser conhecido por seus adoradores. Ele quer que
todos saibam que ele é espiritual em sua essência, que não é
uma divindade de pedra ou madeira, nem uma montanha divina (Gerizim). Ele é um ser pessoal, incorpóreo e independente;4
não se limita a um templo construído por mãos de homens (At
7:48). Por isso, Jesus disse: Deus é espírito (v.24a). Mas é possível conhecer a Deus? Não somente é possível como é preciso
conhecê-lo. Ele mesmo se revela à humanidade por meio de
seu Filho e de sua palavra (Hb 1:1). Com base nesta, podemos
conhecer coisas verdadeiras sobre Deus. Tudo o que as Escrituras dizem a seu respeito é verdadeiro.5 Além disso, é por conhecer o Senhor que o homem deve se gloriar, não por suas
próprias forças, riquezas e poder (Jr 9:23-24).
Deus não pode ser conhecido de modo pleno por nós, pois
sua grandeza é insondável (Sl 145:3), mas podemos conhecê-lo na medida em que a sua revelação nos permite, e isso é
um privilégio. Podemos ter um relacionamento pessoal com
ele (1Jo 2:13). Falamos com Deus em oração, e ele fala conosco
pela sua palavra. Temos comunhão com ele na sua presença,
entoamos seus louvores e temos consciência de que ele habita pessoalmente no meio de nós e dentro de nós, para nos
abençoar (Jo 14.23).6 Ao fazermos isso, podemos afirmar: ...
nós adoramos o que conhecemos (Jo 4:22).
Para adorar com entendimento, conheça o destinatário da
adoração. Essa foi a primeira lição transmitida por Jesus, em
seu diálogo com a mulher samaritana sobre a adoração. Vamos
à segunda.
4. Hendriksen (2004:226).
5. Grudem (1999:103).
6. Idem, p.104.
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2. Para adorar com entendimento, conheça o manual
da adoração
A adoração dos samaritanos era falha por causa de sua ignorância sobre a pessoa de Deus. Jesus disse que eles adoravam o que não conheciam (Jo 4:22). Isso acontecia também
por outro motivo: eles haviam rejeitado os livros proféticos
e poéticos do Antigo Testamento. Desse modo, não podiam
conhecer a Deus conforme revelado nessas partes importantes das Escrituras.7 Só aceitavam como regra de fé e prática o
Pentateuco Samaritano, composto pelos cinco primeiros livros
da Bíblia (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio).
Hoje em dia, atitude semelhante parece ser comum. Muitos
cristãos aceitam com facilidade o Novo Testamento e menosprezam o Antigo. Isso é um grave erro, pois o Novo complementa o Antigo. Ambos são inspirados.
Quando não aceitamos as Escrituras por completo, arriscamo-nos a adorar de modo equivocado, como fizeram os samaritanos. Veja, por favor, o que diz a mulher samaritana, no
v.20 do capítulo 4 de João: Nossos pais adoravam neste monte;
vós, entretanto, dizeis que em Jerusalém é o lugar onde se deve
adorar. O que essas palavras têm a ver com o Pentateuco Samaritano? O simples fato de que este sugeria o Monte Gerizim
como o lugar de adoração, não Jerusalém. Ele “substitui Ebal,
em Deuteronômio 27.4, pelo Monte Gerizim. Os judeus, por
outro lado, enfatizavam Jerusalém como o local único e central
de adoração”.8 Além disso, o Pentateuco Samaritano “difere do
Pentateuco Judaico em cerca de 6000 passagens, embora grande parte das diferenças não seja muito significativa”.9
7. Hendriksen (2004:224).
8. Idem.
9. Champlin (2001:64).
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Os samaritanos erraram muito em observar somente o
Pentateuco Samaritano como Escritura Sagrada, pois os demais livros do Antigo Testamento são inspirados. Rejeitá-los
é o mesmo que rejeitar a inspiração divina. O próprio Jesus
utilizou-os em seus ensinos (Mt 3:3, 12:39; Lc 20:42). A ignorância bíblica fez que os samaritanos tivessem um conceito
errado e superficial acerca de Deus, da adoração e do Messias.
Eles acreditavam, por exemplo, na volta de Moisés como restaurador (algumas vezes, semelhante ao Messias).10 Isso seria
uma espécie de reencarnação. Que absurdo! Não foi à toa que
Jesus disse que a salvação vem dos judeus (v.22), não dos samaritanos. Jesus, não Moisés, restauraria a humanidade, pois
ele é o Messias aguardado (v.25).
Portanto, mediante tudo que foi dito, tenhamos o devido
cuidado de não menosprezar o manual da adoração, a Bíblia.
Se não conhecermos ou não aceitarmos o que dizem as Escrituras, estaremos fadados a cair nos laços do engano. Sem
entendimento, adoraremos de modo incorreto. É vontade de
Deus que a pregação seja bíblica, que as letras dos louvores
sejam bíblicas, que os adoradores sejam bíblicos, que a igreja
tenha respeito pela Bíblia, que todo o conteúdo do culto esteja respaldado na Bíblia. Você que é instrumentista, estude
as partituras e as cifras, mas estude também, a Bíblia! Você,
que canta, aprimore o seu talento vocal, sem menosprezar
a Bíblia. Você, que não lida com música, mas que também é
adorador, faça da leitura da Bíblia um hábito. Se quisermos
conhecer o jeito certo de adorar, bem como o SER a quem
devemos adorar, recorramos à Escritura; ela nos orientará a
adorar com entendimento.
10. Idem.
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Para adorar com entendimento, conheça o manual da adoração. Esta foi a segunda lição ensinada por Jesus, em seu diálogo com a mulher samaritana, sobre o adoração entendida.
Vamos à terceira e última.
3. Para adorar com entendimento, conheça a
essência da adoração
Além de não adorarem corretamente, por não conhecerem
a pessoa de Deus, nem as Escrituras completas do Antigo Testamento, os samaritanos eram ignorantes também quanto à
essência da adoração. Na visão dos samaritanos e dos judeus, a
essência da adoração estava no lugar físico. Enquanto aqueles
diziam que Gerizim era o lugar de adoração, estes defendiam
Jerusalém como tal (Jo 4:20). Não nos enganemos: a adoração
bíblica não se limita a uma liturgia de culto ou a um templo
físico. Em outras palavras, é inútil estarmos no templo nos dias
combinados, participarmos dos ritos do culto, enquanto a nossa vida estiver fora do centro da vontade de Deus.
Por isso, disse Jesus no v.23: Mas vem a hora e já chegou,
em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito
e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus
adoradores. Os samaritanos e os judeus não sabiam o que isso
significava. Faltava-lhes conhecimento acerca da essência da
adoração, pois, até então, imaginavam que o local era o que
determinava a verdadeira adoração. Jesus observa que a questão não está no lugar, mas na maneira de adorar.
A palavra “adoração” é uma tradução do termo grego
proskunéo. Ela é composta de duas palavras gregas: “pros”,
que significa “para”, e “Kunéo”, que significa “beijar”.11 Se traduzida literalmente, a palavra pode significar “beijar a mão
11. Vine et al. (2009:374).
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ou o piso diante de”. Shedd diz que, entre os gregos, beijar a
terra ou a imagem, em sinal de adoração, acompanhava o ato
de prostra-se no chão.12 Quando Jesus introduz uma palavra
que também significa beijo, está ensinando que a verdadeira
adoração tem a ver com aproximação, contato. Beijo denota
isso. Na adoração, a intimidade com o criador é relevante.
Além de Senhor, ele é nosso amigo (Jo 15:15). Amigos conversam e têm intimidade.
O significado primário de “adoração” (gr. proskunéo) é abaixar o corpo, dobrá-lo, prostrar-se, literal ou simbolicamente,
fazer reverência a alguém superior. Em outras palavras, descreve o gesto de alguém se curvar diante de uma pessoa. Este
gesto traduz o ato de reconhecer a insuficiência do adorador e
a superioridade do ser ou objeto adorado, colocando-se a sua
inteira disposição.13 Portanto, a adoração exige entrega. Esse
ato significa perder o controle da própria vida, e pouca gente
aceita isso. Essa entrega não se limita a um momento emocionante do culto, mas se estende à rotina diária da vida. Uma
das implicações desse conceito de adoração é que ela se aplica
à vida inteira.14 Em tudo que fizermos, seja comendo ou bebendo ou fazendo outra coisa qualquer, devemos fazê-lo para
glorificar ao Senhor (1 Co 10:31).
CONCLUSÃO
Chegamos ao final deste sermão. A Palavra do Senhor muito
nos ensinou nesta manhã. Adoremos ao Senhor, mas com entendimento! Conheçamos ao nosso Deus. Paulo expressou seu
desejo de que os colossenses crescessem nesse conhecimento
12. Shedd (2007:19).
13. Idem 12.
14. Piper (2008:113).
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(Cl 1:10). E nós devemos fazer o mesmo. O adorador precisa
saber que Deus é grandioso e não tem limites, que ele é único,
singular e mui digno de ser louvado (Sm 48:1). Peçamos como
o salmista: Faze-me, SENHOR, conhecer os teus caminhos, ensina-me as tuas veredas (Sl 25:4). A propósito, está escrito que a
intimidade do Senhor é para os que o temem (Sl 25:14a).
Se quisermos adorar com entendimento, não podemos menosprezar o manual da adoração, a palavra de Deus revelada.
Ela é útil para o ensino, para a repreensão, para a correção,
para a educação na justiça (2Tm 3:16). Quando isso não é levado a sério, acontecem aberrações e não adoração no culto.
A ignorância bíblica produz adoração ignorante. Sejamos adoradores firmados na Palavra! Se quisermos adorar com entendimento, atentemos para a essência da adoração. Procuremos
adorar com proximidade e com entrega no templo e fora dele.
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BIBLIOGRAFIA
CHAMPLIN, Russel Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e
Filosofia. Vol. 6. São Paulo: Hagnos, 2001.
DOUGLAS, J. D. (ed. e org.). O novo dicionário da Bíblia. Vol. 2.
São Paulo: Vida Nova, 1986.
EARLE, Ralph. (et al). Comentário bíblico Beacon. Volume 7.
Tradução: Degmar Ribas Júnior. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
GRUDEM, Wayne A. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida
Nova, 1999.
HENDRIKSEN, William. O Evangelho de João. Tradução: Elias
Dantas e Neuza Batista. São Paulo: Cultura Cristã, 2004.
PIPER, John. O que Jesus espera de seus seguidores: mandamentos de Jesus ao mundo. Tradução: Maria Emília de Oliveira.
São Paulo: Vida, 2008.
SHEDD, Russell. Adoração Bíblica: os fundamentos da verdadeira adoração. 2 ed. São Paulo: Vida Nova, 2007.
VINE, W. E. et al. Dicionário Vine: o significado exegético e expositivo das palavras do Antigo e do Novo Testamento. Rio de
Janeiro: CPAD, 2009.
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Sábado, 8 de março
VIVA ALÉM DA APARÊNCIA
Marcos 11:12-20
INTRODUÇÃO
Jesus e seus discípulos estavam na região de Betfagé, que
quer dizer “casa dos figos”. O nome foi dado, justamente, porque este era um lugar onde se cultivava figos. O figo era a fonte
de alimento mais barata em Israel. Jesus estava nesta região e
teve fome. Este episódio aconteceu na última semana de Jesus
aqui na terra. Nos dias que se seguiriam, ele seria capturado,
julgado, condenado e morto. Esta última semana foi intensa e
angustiante para ele. Até por isso, ele tomou algumas atitudes
bem incisivas, como a que acabamos ler. Sinceramente, você
não acha estranho o que Jesus fez? Por que amaldiçoar uma
figueira sem fruto, se não era tempo de dar fruto?
A resposta a essa pergunta é a chave desta reflexão e tem
muito a nos ensinar hoje. A atitude de Jesus só parece ser estranha, mas não é. Na verdade, com essa sua atitude, Jesus
estava combatendo a vida cristã de fachada, uma vida apenas
de aparência. Para nós, que estamos, neste mês, pensando
em adoração, isso é importantíssimo. Adoração não se restringe aos momentos que passamos na igreja; adoração é uma
vida. Nós aprendemos com este texto bíblico que é impossível adorar a Deus com uma vida de aparência, uma vida de
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encenação religiosa. Neste texto, Jesus nos ensina a vivermos
uma vida além da aparência, pois somente assim poderemos
adorá-lo de maneira agradável. Jesus nos traz três lições sobre
isso. Vejamos:
1. Precisamos viver além da aparência, pois somos
alvos da atenção de Jesus
Há uma verdade muito clara neste texto: Jesus é um excelente observador. No versículo 11, lemos: Jesus entrou em Jerusalém, e foi ao templo. Tendo visto tudo ao redor. A Nova
Versão Internacional diz assim: ... tendo observado tudo a sua
volta. Pois bem, depois de observar tudo, Jesus foi para Betânia com seus discípulos. No outro dia, quando voltava para
Jerusalém, de novo observou algo. Veja o que diz o versículo
13: Vendo de longe uma figueira que tinha folhas .... Esses dois
versículos mostram o quanto Jesus é observador. A palavra
“vendo”, do v. 13, traz a ideia de “prestar atenção”. Essa figueira foi alvo da atenção de Jesus.
A informação de que aquela figueira tinha folhas é a chave
para entendermos o texto. Existem duas épocas para a frutificação de figos. No final do outono e no início da primavera. Os
figos pequenos, que crescem dos brotos da última safra, começam a aparecer no início do outono, final do mês de março. Os
figos pequenos surgem com as folhas. Em alguns casos, surgem
antes das folhas. Lembra-se do texto? “Uma figueira que tinha
folhas ...”. É por isso que Jesus vai até ela. Se ela tinha folhas,
obviamente, deveria ter, também, fruto.
Nós já lemos todo o texto, e você já sabe que esta figueira não tinha frutos. Então, o que está acontecendo aqui é: ela
estava fazendo uma propaganda enganosa de si mesmo. Esta
figueira só tinha aparência; maquiava sua falta de frutos. Qualquer um que olhasse de longe, passando por ali, imaginaria: ali
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está uma figueira frutífera. Qualquer um, menos Jesus! E quer
saber de mais uma coisa? Jesus não estava realmente preocupado com comida. A figueira era símbolo de Israel. Vocês lembram que Jesus tinha ido ao templo e o observado? O que Jesus viu é que Israel aparentava ser muito dedicado a Deus, mas
não tinham fruto algum para mostrar. Podia enganar a todo
mundo, menos a Cristo! Jesus só foi até a figueira e fez o que
fez para que essa história ficasse registrada, e, hoje, entendêssemos que de nada adianta viver uma vida de aparência, pois
o olhar de Jesus nos enxerga além de qualquer exterioridade.
Não adianta ouvir música gospel, colar adesivos evangélicos no carro, ter inúmeras bíblias guardadas em casa, usar
camiseta com o nome de Jesus, levantar as mãos na hora do
louvor ou ir, com frequência e regularidade, a igreja, se isso
for apenas uma aparência que, em nada, condiz com a realidade do coração e da vida do crente. A verdadeira adoração que
Jesus requer é livre de encenação. Ele não deseja um teatro
em que atuamos, fingindo ser crentes, quando não vivemos de
uma maneira que condiga com isso. Não adianta chorarmos no
culto, se, no dia-a-dia, não choramos por nosso pecado! Este
texto nos ensina que a adoração de que Jesus se agrada passa
primeiro pelo abandono de uma vida de aparência. Jesus observa nossa vida. Não podemos enganá-lo.
2. Precisamos viver além da aparência, pois somos
alvos da inspeção de Jesus
Na sequência da narrativa, Jesus, aproximando-se dela não
achou senão folhas (v.13). Observe a palavra “achou”. Ela deve
ser entendida como: achar pela averiguação, pelo exame, pela
reflexão. Jesus viu e foi inspecionar. Ele procurou fruto. Nós já
sabemos que existem duas épocas para a frutificação de figos.
E, nesta época em que Jesus vai até a figueira, os primeiros bro-
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tos já deveriam ter nascido! O mestre sabia disso. Jesus não foi
ver se “acharia alguma coisa”, sem razão ou sem motivo. Lembra-se do texto? Jesus não achou senão folhas. Essa figueira é
uma exceção às demais, pois estava enferma.
A figueira aparentava ser o que não era. Prometia muito,
mas não tinha nada. Mostrava ser uma coisa, e, na realidade,
era outra. Isso desagradou o mestre em extremo. Não esqueça
que a figueira é símbolo de Israel. Este povo recebeu as revelações de Deus, mas, devido ao exagero no cerimonialismo,
no tradicionalismo, tinha muita exibição e poucos frutos. Jesus já havia dito: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu
coração está longe de mim (Mc 7:6). Israel era comprometido
com os rituais, mas não era comprometido com Deus. Só tinha
uma aparência religiosa, que é incapaz de enganar Jesus. Infelizmente, há muito crente assim.
Em Israel, Jesus achou apenas folhas verdes. Havia muitas
obras religiosas, “muitas pessoas carregando as suas Bíblias”,
mas nenhum sinal de frutos. Jesus não está nenhum pouco
interessado em folhas verdes. Ele está atrás de fruto. Não importa sua aparência religiosa, sua credencial da igreja, se você
toca ou canta no culto. Jesus está mesmo é à procura de fruto
em sua e em minha vida! Fruto é compromisso com Deus. Diz
respeito ao nosso caráter e a nossa conduta cristã. Sua vida
precisa glorificar a Deus! Isso é fruto. E Jesus quer encontrar
fruto em sua vida. Não brinque com Deus. Não brinque de ser
cristão. Não há como você fingir ser algo que não é diante de
Deus. Todos nós somos alvos de sua inspeção.
Há muito cristão que faz parte da equipe de louvor, que é
diretor de departamento na igreja, que é um consagrado, que
é líder de um ministério, que é reconhecido como o santarrão
da igreja, mas que vive sabe Deus como, na faculdade, em casa,
no emprego; que é imoral e promíscuo, em seus pensamentos
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e em seu coração. De que adianta a aparência religiosa? Somos
alvos da inspeção de Jesus Cristo, diariamente, e não há vida
cristã de aparência capaz de enganá-lo. Há muita gente que
pensa que pode adorar a Deus, na hora do culto, vivendo uma
vida de aparência apenas. Adoramos a Deus com nossos frutos. É isso que ele espera de nós.
3. Precisamos viver além da aparência, pois somos
alvos da avaliação de Jesus
O que toda avaliação tem em comum? A resposta é bem óbvia. Toda avaliação, aprova ou reprova. Qual foi a avaliação de
Jesus, com relação à figueira? Por favor, observe o versículo 14:
Nunca, jamais coma alguém fruto de ti. A maldição da figueira
é um tipo de maldição para Israel. Jesus reprovou a atitude de
Israel! A adoração de “folhas” foi condenada por ele! Mas por
que Jesus estava sendo tão duro assim? A continuação do texto explica. Ao continuar seu caminho, rumo a Jerusalém, Jesus
chegou à cidade e foi até o templo, assim como no dia anterior
(Mc 11:15-16). O que ele encontrou ali? Um triste espetáculo,
uma adoração desprezível.
No pátio exterior do templo, lugar dedicado aos gentios,
havia vendedores de pombos, de bois e de ovelhas. Era época da páscoa e o negócio estava no seu ponto mais alto de
lucratividade. Com os vendedores, sentados atrás de suas
bancas repletas de moedas, estavam os cambistas. Como,
na área do templo, não se aceitava dinheiro estrangeiro,
os cambistas o trocavam por dinheiro judaico, e é claro que
cobravam uma taxinha. Que miséria! Essa foi à cena com a
qual Jesus se deparou: a casa da adoração tornou-se casa da
corrupção e da exploração religiosa. Para esses, ele disse: A
minha casa será chamada casa de oração. Mas vocês fizeram
dela um covil de ladrões (v.17). Os responsáveis por tudo isso
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achavam que adoravam a Deus, mas só tinham aparência.
Foram duramente reprovados.
Depois disso, Jesus saiu do templo e da cidade: No outro
dia, pela manhã, quando os discípulos passaram pela figueira
que ele havia amaldiçoado, viram que ela tinha secado desde
as raízes (v.20). Que triste fim este da figueira. Atenção: Eu e
você também estamos sujeitos à avaliação de Jesus. Ele pode
aprovar-nos ou reprovar-nos. Desculpe: é pesado, mas nós precisamos entender quem é Deus. Ele é o mesmo que salvou Israel, quando este era uma nação pequena com a qual ninguém
se importava. Ele a escolheu, a protegeu, só que, à medida
que ela cresceu, ficou arrogante, tornou-se egoísta e deixou
de adorar a Deus devidamente; pensou que poderia adorar a
Deus do seu próprio jeito: com a vida toda “torta”. Israel imaginou que Deus gostava de rituais religiosos; mas a adoração de
que Deus se agrada vai além da religiosidade.
Você já imaginou que, enquanto estamos na igreja, sentados, ouvindo a pregação, estudando a lição na Escola Bíblica,
orando de olhos fechados, levantando as mãos em adoração,
enquanto o grupo de louvor canta, Jesus está nos avaliando,
olhando para a nossa vida fora da igreja, perscrutando o mais
íntimo de nosso coração? Não é que ele seja um Deus mesquinho, que fica o tempo todo procurando nossas falhas; claro
que não. É que ele se importa mesmo é com o nosso coração;
deseja que sejamos sinceros, verdadeiros. Ele despreza uma
adoração cheia de aparência religiosa, mas desprovida de frutos para a sua glória.
CONCLUSÃO
Como vimos, é inútil tentarmos adorar a Deus com uma
vida cristã de aparência apenas. O ritual religioso não o encanta; a encenação “espiritual” não o engana; o choro, na hora
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do culto, não o comove, se não for verdadeiro e sincero. “Eu
conheço suas obras”, disse Jesus à igreja de Éfeso (Ap 2:2). E
ele conhece mesmo! Sabe se o que você canta, na igreja, é o
mesmo que você vive fora dela. Ele sabe os vacilos que você
dá, os pecados nos quais incorre, os vícios que tenta vencer
semanalmente. O que fazer, então? Arrependa-se e corra para
os braços de Jesus, nesta manhã.
Rasguem o coração, e não as vestes, disse Joel (Jl 2:13). O
convite gracioso de Jesus é que você decida viver além da aparência religiosa, viver uma vida cristã de verdade! Jesus entregou a vida por você, naquela cruz, há dois mil anos, por uma
única razão: ele ama você. Ele realmente o ama muito, mais
do que você consegue imaginar! Hoje mesmo, ele está de braços abertos esperando você. Adore-o com o coração sincero.
Chega de viver apenas de aparência! Chega de “faz de conta”!
Somente assim sua adoração será agradável a ele. Que Deus
nos ajude nisso!
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Sábado, 15 de março
RECONCILIE-SE COM
SEU IRMÃO
Mateus 5:21-26
INTRODUÇÃO
Pela graça de Deus, chegamos, hoje, ao terceiro sermão da
série s deste mês cujo título é:“Vinde, Adoremos: o que Jesus
espera daqueles que vem adorá-lo”. Hoje, aprenderemos que
a reconciliação é algo a ser levado muito a sério por todos nós,
cristãos, e que, ao contrário do que alguns pensam, tem tudo a
ver com adoração. O texto que lemos nos ensina isso. Os rabinos, nos dias de Jesus, estavam restringindo a aplicação do sexto mandamento da Lei de Deus – “Não matarás” – apenas ao
ato literal de homicídio. Jesus discordou deles, dizendo: Vocês
ouviram o que foi dito aos seus antepassados: “Não matarás”,
e “quem matar estará sujeito a julgamento”. Eu, porém, lhes
digo que qualquer que se irar contra seu irmão estará sujeito a
julgamento (vv.21-22).
Para Jesus, o sexto mandamento não diz respeito apenas
ao ato literal de cometer um homicídio, mas também ao sentimento de ira e ódio que nutrimos contra alguém. O apóstolo
João, que aprendeu isso com o próprio Jesus, asseverou, mais
tarde, que: “Todo o que odeia seu irmão é homicida” (I Jo 3:15).
O que Jesus está nos ensinando, então, é que Deus não pode se
agradar da adoração daquele que se enraivece com seu próxi22 | Igreja Adventista da Promessa
mo, que odeia e insulta seus irmãos (v.22). Essa é a razão pela
qual Jesus propõe a reconciliação, neste texto que acabamos
de ler. Ele espera que seus adoradores abandonem o ódio, rejeitem as discussões e façam as pazes com seus irmãos.
Para Jesus, a reconciliação é imprescindível para uma verdadeira adoração. Neste texto de Mateus 5:21-26 Jesus nos
traz três ensinos preciosos sobre isso. Com a Bíblia aberta, vejamos o primeiro deles:
1. A necessidade de reconciliação para a adoração
Lendo as palavras de Jesus, neste texto, talvez alguém diga:
“Isto não é pra mim. Eu não tenho me desentendido com ninguém nos últimos tempos”. Entretanto, é justamente esse
pensamento literalista que Jesus está criticando aqui. Ele está
nos ensinando que podemos pecar não apenas com atitudes
concretas, mas também com intenções e sentimentos errados,
como, por exemplo, o ódio, o rancor, o ressentimento. Além
disso, Jesus também está condenando o insulto e a ofensa ao
próximo: Qualquer que disser a seu irmão: “Racá”, será levado
ao tribunal. E qualquer que disser: “Louco!”, corre o risco de ir
para o fogo do inferno (v.22). Veja que, para Jesus, a ofensa ou
o insulto a alguém é algo seríssimo.
John Stott, citando A. B. Bruce,1 diz que o primeiro insulto,
“Racá”, expressa desprezo pela cabeça da pessoa (ou por sua
inteligência). É como se dissesse: “Você, seu estúpido!”. Já o
segundo insulto expressa desprezo pelo coração e pelo caráter
e poderia ser traduzido como: “Você, seu patife!”. O que Jesus
está ensinando é que, talvez, seu ódio e seus insultos a outras
pessoas nunca o levem à consumação do ato homicida, mas,
1. (2001:79).
Comunhão & Adoração – Mensagens de Março 2014
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diante de Deus, são equivalentes.2 A lógica é: Se o homicídio é
algo terrível, o ódio também o é. Ambos, sentimentos e ações
homicidas, serão julgados por Deus, no último dia, e os que
viveram nesses pecados rotineiramente poderão ser lançados
no fogo do inferno, disse Jesus (v.23).
Agora, pense na importância da reconciliação. Como alguém pode querer adorar a Deus com um coração “entupido”
de ódio e rancores? Como ofertar a ele um coração enlameado de ira e ressentimentos? Precisamos atentar, portanto,
para a necessidade de reconciliação na adoração; do contrário, oferecemos a Cristo um louvor desprezível. Infelizmente,
são muitos os que, culto após culto, levantam suas mãos, no
momento do louvor, mas possuem o coração encharcado de
ressentimentos, ódio e raiva de outras pessoas. Assim como
usam a boca para cantar hinos, também a usam para insultar
o próximo. É interessante a ênfase que Jesus dá ao coração do
adorador, neste texto. O cristianismo é, essencialmente, uma
religião do coração.
Jesus Cristo não vê apenas aquilo que é superficial ou aparente; ele não se impressiona com performances religiosas,
atuações ou encenações espirituais, choro e “lágrimas de crocodilo”. Neste texto, Jesus lança a luz sobre a interioridade daquele que se propõe a adorar a Deus. Ele pede que abramos
o porão de nossos corações – o lugar mais secreto e íntimo
de nós mesmos –, à procura de sentimentos e intensões pecaminosas. Se existem em nós esses sentimentos ou se temos
ofendido alguém, precisamos buscar a reconciliação, pois ela é
fundamental para uma verdadeira adoração.
2. Idem.
24 | Igreja Adventista da Promessa
2. A prioridade da reconciliação para a adoração
Além de nos ensinar que a reconciliação é necessária, na
adoração a Deus, Jesus também nos diz que ela é prioritária.
A reconciliação deve anteceder a adoração, de acordo com o
Mestre. Portanto, disse ele, se você estiver apresentando sua
oferta diante do altar e ali se lembrar de que seu irmão tem
algo contra você, deixe sua oferta ali, diante do altar, e vá primeiro reconciliar-se com seu irmão; depois volte e apresente
sua oferta (vv.23-24). É interessante notar que Jesus não diz se
você se lembrar que tem algo contra seu irmão, mas, se você se
lembrar que seu irmão tem algo contra você.
Jesus sabia que temos uma imensa facilidade de lembrar a
ofensa que alguém praticou contra nós e uma enorme dificuldade de lembrar da ofensa que praticamos contra os outros.
Somos rápidos em exigir o perdão daqueles que pecaram contra nós e lentos demais para nos desculparmos com aqueles
contra os quais pecamos. Facilmente reclamamos, quando somos machucados, mas dificilmente atentamos para as feridas
que causamos nas pessoas com as quais nos relacionamos. O
ensino de Jesus é simples e objetivo: Antes de oferecer a Deus
a sua adoração, você precisa oferecer perdão ao seu irmão.
Não há dúvidas de que, para o Senhor Jesus, a reconciliação
tem proeminência. Ele a coloca em primeiro lugar, pois antecede a adoração. Diz, basicamente, que, se, na hora do culto,
enquanto você estiver adorando, lembrar que seu irmão ou
irmã possui algum ressentimento contra você, deve ir primeiramente e reconciliar-se com ele ou ela. Por quê? Porque precisamos nos reconciliar com nosso irmão para oferecer a Deus
a adoração de que ele se agrada. Os dois verbos utilizados por
Jesus no versículo 23 nos deixam claro o sentido prioritário da
reconciliação. Primeiro vá reconciliar-se, diz o texto, e, depois,
venha e adore. Não há como inverter essa ordem.
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É importante ressaltar que para Jesus a iniciativa deve
ser sempre nossa. Somos nós que devemos ir e nos reconciliar, de acordo com o texto. Esperar que nosso irmão decida
reconciliar-se conosco destoa do ensino do Mestre e revela um
coração cheio de orgulho e arrogância. Sem a reconciliação, a
adoração se tornará hipócrita, fajuta e cínica. Tragicamente,
muitos crentes pensam que podem adorar a Deus, sem, antes,
se reconciliar com aqueles com quem estão de “relações cortadas”. Estão tremendamente enganados! Não existe a mínima
possibilidade disso ocorrer, pois, para Jesus, a reconciliação antecede a verdadeira adoração.
3. A urgência da reconciliação para a adoração
Ao analisarmos o texto, percebemos que Jesus utiliza duas
ilustrações para exemplificar a importância da reconciliação
na adoração a Deus. A primeira ilustração é a de um adorador
em direção ao altar da oferta (v.23-24); a segunda é a de um
devedor e seu credor em direção ao tribunal (v.25-26). As ilustrações são diferentes: uma é extraída da igreja; a outra, do
tribunal. Uma diz respeito a um “irmão” (v.23) a outra se refere
a um adversário (v.25).3 A primeira diz respeito à prioridade da
reconciliação – justamente a que acabamos de tratar –; a segunda – que iremos tratar agora – diz respeito à urgência da
reconciliação.
Para Jesus, quando o assunto é reconciliação não pode haver demora. Veja só o que ele diz no texto bíblico: Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho
com ele (v.25). Percebeu a urgência? Concilia-te depressa, disse
o Mestre. Então, ele continua: Para que não aconteça que o adversário te entregue ao guarda, e sejas lançado na prisão. Em
3. Idem, p. 80.
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verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali enquanto
não pagares o último centavo (v.25-26). No mundo antigo, isso
era comum. Os devedores eram presos, até que conseguissem
pagar toda a sua dívida ao seu credor.
Essa ilustração utilizada por Jesus, tão comum em sua própria cultura, é muito forte. Ela ratifica a seriedade e a urgência
que a reconciliação exige. Não se pode adorar a Deus verdadeiramente sem isso. A ideia é mais ou menos esta: “Reconcilie-se
logo com esta pessoa com quem você tem alguma desavença,
‘porque, se você passar desta vida com um coração ainda em
desacordo com o seu irmão, condição que ainda não tentou
mudar, essa falha testificará contra você no dia do juízo”4. Sim,
o julgamento de Deus é certo sobre aqueles que, no decorrer
desta vida, cultivaram ódio e rancores no coração, insultando e
ofendendo pessoas e pensando, em vão, que uma vida religiosa os salvaria no último dia (v.23).
O que Jesus espera é uma ação imediata. Seu ensino é:
“Pare o que está fazendo imediatamente e vá o quanto antes
reconciliar-te; não demore a fazer as pazes com aquele com
quem você se desentendeu; peça perdão logo; e, perdoe imediatamente”. Muitas pessoas estão na igreja, mas sequer participam da ceia, por causa de desavenças e discussões; outras
nutrem rancores de parentes, de outros cristãos etc. Que coisa
horrível! Para Jesus, passou da hora de pedir perdão e demorou demais para perdoar. Mas ainda há tempo. Faça isso urgentemente! A razão é simples: não existe adoração aceitável a
Deus de um coração cheio de raiva e ódio.
4. Hendriksen (2001:422).
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CONCLUSÃO
Não poderíamos chegar ao fim desta mensagem bíblica sem
nos permitir sermos confrontados por Jesus. Quantos crentes
guardam, por anos e anos, rancores e animosidades no coração; estão na igreja regularmente, são assíduos, contribuem
financeiramente, levantam as mãos, enquanto cantam no culto, e até choram, mas somente Deus conhece as quantidades
enormes de raiva e rancores que carregam dentro de si. Como
pudemos ver, adoração e ressentimento são palavras opostas
no cristianismo; louvor a Deus e insulto ao próximo são incompatíveis; declaração de amor a Deus, com ódio às pessoas, não
tem nada a ver com o ensino de Jesus.
Por meio desta palavra, somos desafiados a olhar para nós
mesmos. Jesus pede que ascendamos a luz do quarto mais secreto de nossos corações, a fim de o vasculharmos, à procura
de possíveis sujeiras. Às vezes, varremos poeira para debaixo do
tapete de nossos corações. Jesus deseja que levantemos esse
tapete e varramos para fora de nós toda essa sujeira. Somente
assim poderemos adorá-lo. Portanto, se perceber que precisa
pedir perdão a alguém hoje, faça isso. Se entender que precisa
perdoar, então, libere perdão. Se constatar que tem ofendido
pessoas, mude. Se compreender que possui desavenças, resolva todas elas. Somente assim Deus aceitará sua adoração.
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BIBLIOGRAFIA
STOTT, John R. W. A mensagem do Sermão do Monte: contracultura cristã. 3 ed. Tradução: Yolanda M. Krievin. São Paulo:
ABU, 2001.
HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento: Mateus: vol. 1. Tradução: Valter Graciano Martins. São Paulo: Cultura Cristã, 2001.
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Sábado, 22 de março
OFEREÇA O SEU MELHOR
Lucas 2:1-4
INTRODUÇÃO
Ela fazia parte do chamado quarteto da vulnerabilidade:
órfãos, estrangeiros, pobres e viúvas. Assim Deus exorta, por
diversas vezes, em sua palavra, do Antigo ao Novo Testamento,
que devemos cuidar desses grupos de vulneráveis. O Senhor
disse: ... não oprimais a viúva, nem o órfão, nem o estrangeiro, nem o pobre, nem intente cada um, em seu coração, o mal
contra o seu próximo (Zc 7:10).1 Mesmo estando nesse grupo
frágil na sociedade, a viúva pobre foi ao templo, ao átrio das
mulheres, local em que ficava o gazofilácio “onde havia treze
caixas de ofertas, com formato de trombetas. Cada uma tinha
uma inscrição que indicava para qual uso seu conteúdo seria
dedicado.”2 Ali, depositou sua oferta.
Veja que o texto ressalta a pobreza daquela mulher. Aliás, a
palavra usada por Lucas em relação a essa viúva pobre (gr. penichra) aparece somente no Novo Testamento e está ressaltando a total miséria vivida por ela.3 Sairemos mais ricos hoje, daqui, porque aprenderemos de Jesus ensinamentos, a partir das
1. Keller (25:2013)
2. Morris (276:1983).
3. Idem.
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atitudes dessa viúva. Diante de quem devemos nos oferecer?
Com qual intenção e qual atitude? Iremos saber as respostas a
essas perguntas e, assim, oferecer-nos melhor a Deus.
Primeiro ensino: ofereça o seu melhor, diante da
pessoa certa
Templo lotado, todos estão ali para adorar o Senhor. Cada
um em sua função, do seu jeito. Se por costume ou desejo profundo, não sabemos, mas uma coisa é certa: Jesus sabe! Ele
observa, vê o que cada um faz no culto. É o que Lc 21:1-2 nos
relata: Estando Jesus a observar, viu os ricos lançarem suas
ofertas no gazofilácio. Viu também certa viúva pobre lançar ali
duas pequenas moedas (grifo nosso). Preste atenção nas palavras observar e viu presentes no texto bíblico. Elas expressam
a atenção de Jesus àquele momento. Devemos, então, ter a
consciência de que é para ele que nos oferecemos.
No Evangelho de Marcos 12:41, temos uma informação
mais detalhada dos ofertantes: ... observava Jesus como o
povo lançava ali o dinheiro. Ora, muitos ricos depositavam
grandes quantias. O v.42 é ainda mais específico sobre a oferta
da viúva: ... e colocou duas moedinhas (BV). Ele observa o que
ricos e pobres fazem ao ofertar. O Senhor observa a oferta do
homem e da mulher. Ofereça-se consciente de que você está
diante de um Deus que contempla a cada um.
Antes de Lucas mencionar da oferta da viúva pobre, relata
o exibicionismo espiritual praticado pela elite religiosa (20:4547). Mateus, por sua vez, registra a acusação de Jesus a eles: ...
praticam todas as suas obras para serem vistos pelos homens
(23:5a – AS21). Não devemos seguir esse caminho. Cristo nos
chama à atenção para nos colocarmos diante dele. Ele é a Pessoa certa. É assim que Paulo diz para nos apresentarmos: ...
apresenteis o vosso corpo como sacrifício vivo, santo e agradá-
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vel a Deus, que é o vosso culto racional. (Rm 12:2 – AS21). Deus
é a plateia e todos os que participam do culto são aqueles que
se oferecerão a ele.
Todos nós, que participamos das celebrações comunitárias,
devemos atentar para uma coisa: Jesus nos vê, e é para ele
que devemos nos apresentar. Por isso, devemos ter uma postura sincera, um interesse correto e uma entrega consagrada a
Deus. Devemos ter cuidado com nossos pensamentos e ações,
pois Deus vê a verdade no íntimo do nosso coração (Sl 51:6).
Tudo para Deus precisa ser feito com zelo e respeito, com temor e tremor. Tome cuidado com o que fala no culto: nada de
piadas maldosas e comentários desnecessários sobre as pessoas. Antes, envolva-se, adore, e não esqueça: Deus nos vê!
Diante dele, devemos nos oferecer. Esse é o primeiro ensino
que aprendemos. Vamos agora ao segundo.
Segundo ensino: ofereça o seu melhor, com a
intenção certa
Ao observar a oferta da viúva pobre, ele: Verdadeiramente,
vos digo que esta viúva pobre deu mais do que todos (Lc 21:3
– grifo nosso). Como assim, se ela deu apenas duas moedas, ao
contrário dos ricos, que deram bastante? Vamos analisar qual
foi a oferta da viúva pobre. Já citamos, aqui, que ela ofertou
duas pequenas moedas (v.2). Segundo estudiosos, essas duas
pequenas moedas eram “(lepta [moeda] de cobre). A palavra
denota uma pequena moeda judaica (aliás, a única moeda judaica mencionada no Novo Testamento). Seu valor monetário
era baixo (...)”.4
Esse é um contraste com a oferta dos ricos, como já lemos
em Mc 12:41, que depositavam grandes quantias. E não há ne4. Morris (276:1983).
32 | Igreja Adventista da Promessa
nhum pecado nisso. Mas Jesus percebeu a intenção diferente
no coração daquela mulher, a ponto de dizer que sua oferta
foi maior (Mc 12:43): “Os ricos depositavam grandes quantias
(..) [na visão dos pobres]. Mas depositar o que lhes ‘sobrava’
era algo que nada lhe custava, pelo que, na realidade, não lhes
servia de crédito”.5 Esse texto mostra-nos claramente que: “A
questão não é o quanto damos, mas o quanto retemos, a questão não é a porção que damos, mas a proporção”.6
Deus sabe o que está por dentro de nosso coração. Ele sabe
o tamanho e a qualidade do nosso sacrifício. Aquela mulher
deu mais porque sacrificou o seu sustento. Às vezes, ofertamos, cantamos, pregamos, estudamos, trabalhamos para Deus
de maneira avarenta, achando que estamos arrasando, achando que nossas ofertas gigantes vistas pelas pessoas vão impressioná-lo; mas tudo que ele deseja é que nossas intenções
sejam puras. Assim como Deus amou ao mundo de tal maneira
que deu o seu Filho unigênito (Jo 3:16), devemos entregar-lhe
o que temos de melhor. E a nossa intenção deve brotar de um
coração amoroso; afinal, “o princípio do amor deve governar
todas as nossas ações (...) (1 Co 13)”.7
Ele não quer apenas as nossas ofertas, a nossa música, a
nossa frequência nos cultos; com estas coisas, ele quer que entreguemos a nossa vida por completo. Como diz certo cristão:
“O orgulho no viver e no ofertar é pecado e deve ser evitado a
todo custo”.8 Você poderia analisar, neste momento, como tem
vindo aos cultos, nos últimos dias? Qual a intenção da sua última apresentação? Com que coração cantou ou pregou pela última vez? Por que resolveu doar roupas e cestas básicas? Faça
5.
6.
7.
8.
Champlin (199:1980).
Lopes (524:2006).
Champlin (199:1980).
Wiersbe (198: 2006).
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de coração para Deus! Oferecemos melhor para Deus quando
temos uma intenção certa. Agora que aprendemos este segundo ensino, vamos ao último.
Terceiro ensino: ofereça o seu melhor, praticando
a atitude certa
Estamos aprendendo ensinos preciosos para nos oferecermos em adoração a Deus da melhor maneira. Vimos que nos
oferecemos melhor quando o fazemos à pessoa certa: Deus, e
com a intenção certa: de coração. Em último lugar, refletiremos
sobre a atitude correta de desprendimento da viúva pobre.
Veja o que diz o texto de Lc 21:4: Porque todos estes deram
como oferta daquilo que lhes sobrava; esta, porém, da sua pobreza deu tudo o que possuía, todo o seu sustento. Que atitude
nobre ela teve! Para muitos, poderia a ter ser loucura, mas, na
verdade, mostra um desapego.
Jesus contrasta a oferta dos ricos, que deram daquilo que
lhes sobrava, com a da viúva pobre, que deu tudo o que possuía, todo o seu sustento. Isso nos ensina muito: “... para os ricos, suas ofertas não passavam de uma pequena contribuição,
mas para aquela viúva, sua oferta foi uma verdadeira consagração de todo o seu ser”.9 Precisamos imitar-lhe o comportamento. A atitude dessa mulher convida-nos a viver nossa vida cristã
de uma nova maneira: “... [sua oferta] certamente ultrapassou
a todos eles, pois eles deram daquilo que lhes sobrava e, portanto, ainda tinham muito dinheiro. Ela deu tudo quanto tinha.
Este é sacrifício real”.10
Temos de priorizar as coisas de Deus. O primeiro lugar precisa ser de Deus em nosso coração: “A Bíblia ensina a trazer a
9. Idem.
10. Morris (277:1983).
34 | Igreja Adventista da Promessa
Deus as primícias”.11 Jesus nos chama ao desapego, à confiança em sua provisão. Ele nos diz: ... buscai, pois, em primeiro
lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas (Mt 6:33). Temos que descobrir o valor de
viver uma vida de oferta, de doação; precisamos encarnar as
palavras de Jesus: Mais bem-aventurada coisa é dar do que
receber (At 20:35).
Doemos, mesmo que soframos o dano. Façamos como os
cristãos macedônios que, no meio da mais severa tribulação,
a grande alegria e a extrema pobreza deles transbordaram em
rica generosidade (2 Co 8:2 – NVI). Fazendo assim, viveremos
melhor. Dominar a renda é parte da alegria do cristão. Quando
nos oferecemos a Deus, servimos o próximo e agimos como
a viúva pobre, cuja oferta foi reconhecida como grande para
Deus, à vista dos homens. Sendo ricos ou pobres, homens, mulheres, crianças, jovens ou idosos, devemos nos oferecer mais
e melhor a Deus.
CONCLUSÃO
Chegando ao fim de mais um sermão da série “Vinde, adoremos! O que Jesus espera daqueles que vêm adorá-lo!”. Este
é o penúltimo sermão da série, na qual já aprendemos muito,
para adorar mais e melhor. Hoje, fomos edificados pela história de uma viúva pobre e sua oferta (Lc 21:1-4) e refletimos
sobre ensinos riquíssimos para a nossa vida. Podemos, após
meditar na palavra de Deus, orar com Jesus o que aprendemos,
falar com Deus sobre a necessidade que temos de oferecer-lhe
um culto melhor, no templo ou em casa.
É certo que, quando nos oferecermos melhor a Deus, seja
na família, na escola, no trabalho, nos momentos de lazer, Deus
11. Lopes (525:2006).
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será glorificado. Peçamos a ele que façamos tudo para a sua
glória. Peçamos a ele que nos ajude a lhe oferecermos nossa
vida, pois ele é a pessoa certa Peçamos a ele que sonde nosso
coração para que nos ofereçamos com a intenção certa e que
sejamos um sacrifício agradável a ele! Peçamos a ele que sejamos desprendidos, para lhe oferecermos nossa vida com uma
atitude certa. Que o Espírito nos ajude a viver esses ensinos.
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BIBLIOGRAFIA
CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado:
versículo por versículo: vol. II. São Paulo: Milenium, 1983.
KELLER, Timothy. Justiça generosa: a graça de Deus e a justiça social. Tradução: Eulália Pacheco Kregness. São Paulo: Vida
Nova, 2013.
LOPES, Hernandes Dias. Marcos: o evangelho dos milagres. São
Paulo: Hagnos, 2006.
MORRIS, L. L. Lucas: introdução e comentário. Tradução: Gordon Chown. São Paulo: Vida Nova, 1983.
WIERSBE, Warren W. Comentário bíblico expositivo: Novo Testamento: vol. 1. Tradução: Susana E. Klassen. Santo André:
Geográfica, 2006.
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Domingo, 30 de março
ADORE COM O CORAÇÃO
Marcos 7:6-7
INTRODUÇÃO
Chegamos ao último sermão de nossa série de mensagens
do mês de março: “Vinde, adoremos! – O que Jesus espera daqueles que vêm adorá-lo”. E, como fizemos ao longo da série,
neste sermão, vamos expor mais um desejo do mestre para
aqueles que o adoram: que o façam de coração sincero. Mas
será que é possível alguém estar na igreja, pregar, cantar, fazer
visitas, enfim, estar profundamente envolvido com as atividades e, ainda assim, não o fazer de coração? Sim, infelizmente, é
possível. Jesus acusou alguns líderes religiosos de sua época de
se apresentarem diante de Deus com aparente devoção, mas
com o coração longe dele.
Ouça o que ele disse: Hipócritas, bem profetizou Isaías
acerca de vós, como está escrito: Este povo honra-me com os
lábios; seu coração, porém, está longe de mim; em vão me
adoram (Mc 7:6-7). Que dura palavra esta de Jesus: “Em vão
me adoram”. Já pensou ouvirmos isto dele? A expressão grega
traduzida por “em vão” traz a ideia de uma procura mal-sucedida ou inútil. Esses líderes até estão tentando adorar a Deus,
mas de forma equivocada. Os métodos que estão empregando
para agradar a Deus são inúteis, não têm valor. Sua adoração é
38 | Igreja Adventista da Promessa
apenas de “lábios”, isto é, exterior, aparente. O “coração” está
longe de Deus. Coração, aqui, é usado no sentido de centro da
vontade, das aspirações, dos desejos, dos pensamentos, das
motivações por trás das ações dos homens. No íntimo, então,
aqueles líderes não honravam a Deus.
Com base em Marcos 7:1-23 aprendemos que a adoração
que Deus deseja é aquela que brota da sinceridade do coração,
isto é, do nosso interior. O que precisamos fazer, se quisermos
adorar a Deus assim? Este texto oferece três direcionamentos,
neste sentido:
1. Se quisermos adorar com o coração,
não podemos supervalorizar rituais!
Supervalorizar rituais era um dos problemas dos religiosos
da época de Jesus. Essa era uma das razões pelas quais sua
adoração era vã. O capítulo 7 de Marcos começa mostrando
que os fariseus e alguns escribas “repararam” que alguns dos
discípulos de Jesus comiam pão com as “mãos impuras”, isto
é, sem lavá-las (v. 2). O autor do evangelho não tem em mente
uma situação específica, mas um hábito. O modo de vida dos
discípulos de Jesus era diferente do modo de vida dos escribas
e dos fariseus. Diante desse fato, eles questionam o Senhor:
Por que os teus discípulos não vivem segundo a tradição dos
anciãos, mas comem pão sem lavar as mãos? (v.5).
É óbvio que essa acusação tinha como propósito atingir a
Cristo. Como um rabino que não ensina os seus seguidores a
seguirem a tradição dos anciãos pode ser levado a sério? Eles
seguiam rituais vazios e ainda queriam que os outros fizessem
o mesmo. Um absurdo! E que tradição eles estavam mencionando? É importante mencionarmos que a acusação nada tinha a ver com higiene pessoal. Não era o simples fato de lavar
as mãos, antes de comer, mas um modo particular de lavar as
Comunhão & Adoração – Mensagens de Março 2014
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mãos, antes de comer, que torna a pessoa ritualmente impura:
mais um fardo pesado de ser carregado, inventado por esses
líderes para sobrecarregar o povo.
O texto explica que os fariseus e todos os judeus que guardavam a tradição dos anciãos não comiam sem lavar as mãos
cuidadosamente (v. 3). Chegavam ao extremo de, a cada vez
que iam às praças ou ao mercado, purificar a si mesmos, ao voltarem para casa. Por “ser a praça um centro de reunião de muitas pessoas, julgavam impura; além do mais, podiam esbarrar
num gentio impuro”.1 Assim, os judeus precisavam purificar-se,
toda vez que chegavam em casa: executavam uma curta cerimônia de lavar as mãos e os braços de uma forma específica;
no caso dos essênios, seita judaica ainda mais radical, tomavam um banho completo, antes de cada almoço.2 Quem, dentre os judeus, desprezasse a lavagem das mãos, era excluído
do convívio e rebaixado à altura de prostitutas.3 Por que eram
tão rigorosos com suas tradições? Porque pensavam que Deus
se agrava delas e que estas os tornavam mais santos, diante
dos homens e diante de Deus. Jesus os chama de “hipócritas”,
pessoas cuja vida é uma atuação, sem nenhuma sinceridade.
Além de honrar a Deus apenas de lábios, ainda condenavam os
que se diziam povo de Deus e não praticavam suas tradições.
Cuidemos para não cairmos nos mesmos erros dos escribas e dos fariseus. Quantas vezes nos dividimos na igreja, por
causa dos nossos rituais e formas exteriores de culto. Uns gostam de hinos mais animados; outros, de hinos mais lentos, e
fazem disto motivo para iniciar uma guerra na igreja. Outros
são contrários a “bater palmas”, à bateria, a instrumentos de
percussão, e fazem disto motivo para desavenças com os que
1. Lopes (2006:333).
2. Pohl (1998:223).
3. Idem, p. 223.
40 | Igreja Adventista da Promessa
são favoráveis. Outros, ainda, literalmente, racham a igreja,
por causa da possibilidade de mudar algum aspecto da liturgia. Será justo nos digladiarmos por essas questões periféricas?
Será que Deus realmente se agradará mais de nós por causa
do nosso gosto musical? É óbvio que não! A Bíblia não define
o estilo musical que mais agrada a Deus, os instrumentos que,
obrigatoriamente, devem ser usados nos cultos, as expressões
corporais que são imperativas para a igreja, um modelo litúrgico divinamente inspirado! Nós criamos isso, e não podemos
fazer com que a salvação das pessoas dependa disso! Deus
quer que nos preocupemos em honrá-lo de coração, independentemente dessas formas. Isto, sim, deve fazer parte da nossa
agenda de preocupações! A supervalorização de rituais pode
transformar-nos em meros atores. Se quisermos adorar a Deus
de coração, fujamos desta cilada!
2. Se quisermos adorar com o coração,
não podemos desvalorizar a Escritura!
Além de supervalorizar rituais, baseados na “tradição dos
anciãos”, os religiosos da época de Jesus, com os quais ele se
defronta, no texto de Marcos 7, estavam se relacionando de
maneira inapropriada com a Escritura. Esta é mais uma razão
por que sua adoração era de “lábios” e vã, segundo Jesus. O
zelo deles “não era em preservar e proclamar a palavra de
Deus, mas em manter a tradição dos anciãos”.4 Os rituais supervalorizados não tinham como origem a palavra de Deus,
mas ensinos de homens. Jesus responde a esses religiosos citando a palavra de Deus: Is 29:13; Êx 20:12,17. Ele os questiona
e os censura com base nas Escrituras.
4. Lopes (2006:333).
Comunhão & Adoração – Mensagens de Março 2014
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Jesus faz três acusações aos escribas e fariseus, em Marcos
7: Abandonais o mandamento de Deus, e vos apegais à tradição dos homens (v. 8); Sabeis muito bem rejeitar o mandamento de Deus para guardar a vossa tradição (v. 9); invalidais
a palavra de Deus pela vossa tradição (v. 13). Em nome da tradição, eles haviam “abandonado”, “rejeitado” e “invalidado” a
palavra de Deus. São três acusações graves! Esta última palavra
(invalidais), por exemplo, é a tradução do termo grego akuroo,
com o sentido de “cancelar”, “privar de força ou autoridade”.
Além de censurar, o mestre apresenta, de modo claro, o que
estava censurando. Ele apresenta uma prova de como eles estavam enfraquecendo, e até mesmo passando por cima, da autoridade dos mandamentos divinos.
O exemplo escolhido diz respeito ao quinto mandamento:
Pois Moisés disse: Honra teu pai e tua mãe; e: Quem amaldiçoar
seu pai ou sua mãe certamente morrerá (v. 10). Eis um mandamento da Escritura que os rabinos deturpavam para liberarem
os filhos avarentos de ajudar seus pais na velhice. “Honrar” pai
e mãe não era, e não é, um mandamento aplicado somente a
filhos pequenos, mas a qualquer filho cujos pais estejam vivos.
É muito mais que obedecer. Tem a ver com amor e alta consideração. Honrar pai e mãe na velhice, no judaísmo, significava em
termos práticos, “dar-lhe comida e bebida, roupa e cobertor,
levá-lo e trazê-lo e lavar-lhe o rosto, mãos e pés. Havia regras
específicas sobre a parte que deveriam receber dos cereais,
do vinho e dos demais rendimentos”.5 Como os filhos maus e
avarentos que não queriam ajudar os pais faziam para quebrar
essa lei? Pela aplicação errada da lei do Corbã (vv. 11-12), palavra que quer dizer “dedicado a Deus”. Era uma lei pela qual
uma “pessoa podia dedicar alguma coisa a Deus para seu uso
5. Pohl (1998:225).
42 | Igreja Adventista da Promessa
exclusivo, impedindo que ela fosse utilizada de forma comum”.6
Contudo, por causa de um acordo com os sacerdotes israelitas,
uma pessoa podia dedicar seu dinheiro ou propriedade ao templo, ao mesmo tempo que desfrutava dele, durante sua vida.7
Então, um homem que não quisesse ter de ajudar seus pais, poderia declarar que seus bens eram “Corbã” e ficaria legalmente
isento de socorrê-los, ao mesmo tempo que não precisava, necessariamente, dedicar essas ofertas a Deus.
Isso estava acontecendo, e Jesus censura os religiosos. Ainda disse que este era só um exemplo, pois eles faziam “muitas
outras coisas semelhantes” (v.13). Seu coração realmente estava longe de Deus, e isto se evidenciava pelo desprezo à Palavra.
O culto só é verdadeiro quando é governado pela verdade de
Deus. Cuidemo-nos, para não cairmos, também, nesta armadilha: de acharmos que estamos adorando a Deus, enquanto
negligenciamos sua palavra. Que a palavra de Deus seja valorizada e continue tendo valor e destaque, na igreja e em nossos
cultos. Ela é nossa regra de fé e prática. Então, é o Senhor quem
diz o que devemos cantar ou não cantar. Quantas canções com
conteúdos heréticos estão sendo cantadas nas igrejas, no nosso tempo! Se a palavra é nossa única regra de fé e prática, é ela
quem diz a maneira, os objetivos, o objeto e o lugar da nossa
adoração! Não deixemos que nossas observâncias religiosas –
às vezes, até úteis e bem intencionadas –, tenham mais autoridade do que a palavra de Deus. Se isso acontecer, estaremos
com os dois pés no caminho dos fariseus. Nossa adoração será
vã e apenas de lábios.
6. Grangeão & Libório (2009:234).
7. Lopes (2006:337).
Comunhão & Adoração – Mensagens de Março 2014
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3. Se quisermos adorar com o coração,
não podemos distanciá-lo do senhor!
Por fim, além de não podermos supervalorizar rituais, nem
desprezar a palavra de Deus, se quisermos agradar ao Senhor
com o coração, não podemos distanciá-lo dele. Nosso “coração” precisa estar “próximo” do Senhor. Vamos checar, novamente, o texto-base deste sermão: Este povo honra-me com
os lábios; seu coração, porém, está longe de mim; em vão me
adoram (Mc 7:6-7). Jesus foi claro, ao dizer que o coração dos
religiosos estava distante dele. Ele cita um texto do profeta Isaías e aplica-o aos escribas e fariseus. Fica subtendido, então, na
citação feita por Jesus, que Deus espera que o honremos com
o coração, e que, para isso acontecer, nosso coração deve estar
perto dele. Mas o que significa ter o coração perto de Deus?
Já afirmamos, na introdução deste sermão que coração,
aqui, é usado no sentido de centro da vontade, das aspirações,
dos desejos, dos pensamentos, das motivações por trás das
ações dos homens. Falar de alguém que tem o coração longe
de Deus é falar de alguém que ainda tem motivações, desejos,
pensamentos e aspirações impuras, ao se aproximar de Deus.
E falar de alguém que tem o coração “perto de Deus” é falar de
alguém que tem motivações, aspirações, pensamentos puros,
ao se apresentar a Deus, em seu dia-a-dia. Deus busca a verdade no íntimo. Ele não está tão preocupado com o que fazemos
exteriormente quanto está com as motivações que nos levam
a fazer isso ou aquilo. O que estamos querendo quando nos
apresentamos a ele? De fato, nosso objetivo é agradar a Deus
ou ser vistos e aplaudidos pelos outros?
Lembremo-nos disso, quando formos adorar a Deus, no
templo ou fora dele. E tratando da adoração pública, não nos
contentemos em levar os nossos corpos à igreja e deixarmos
44 | Igreja Adventista da Promessa
os nossos corações em casa.8 O que formos apresentar a Deus,
que seja de verdade, com sinceridade! Segundo Ryle,9 o olho
humano pode não detectar nenhum defeito em nossa adoração, o ministro da igreja poderá olhar-nos com aprovação, os
nossos vizinhos poderão pensar em nós como modelos daquilo
que um crente deve ser, a nossa voz pode ser a mais ouvida
no louvor a Deus e na oração; contudo, tudo isso será “pior do
que nada, aos olhos do Senhor, se os nosso corações estiverem
distantes dEle”. Ryle também lembra que essa verdade deve
ser lembrada em nossas devoções particulares. Proferir “palavras bonitas não devem nos satisfazer, se o nosso coração e os
nossos lábios não estiverem em harmonia”.10
Na parte final do trecho que estamos estudando (Mc 7:1423), Jesus mostra que a fonte de toda iniquidade está no coração. E por que, do centro da nossa vontade, procedem os maus
desígnios e vários outros pecados terríveis? Porque todos nós
somos pecadores, e nascemos com uma natureza caída. O mal
não vem de fora somente, mas, principalmente, de dentro.
É por isso que o remédio para adorarmos a Deus de modo a
agradá-lo é a transformação desse coração mau. O remédio é
um novo coração, coisa que só Deus pode nos dar (Ez 36:26) e
que, de fato, tem dado àqueles que receberam a Cristo como
Senhor. Para que nossas intenções e aspirações sejam verdadeiras e puras, quando o adorarmos, precisamos manter o nosso coração perto dele, sempre!
8. (1994:85).
9. Idem.
10. Idem.
Comunhão & Adoração – Mensagens de Março 2014
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CONCLUSÃO
Jesus espera que aqueles que vão até ele para adorá-lo
façam-no com um coração puro. Esse é o desafio que nos foi
apresentado hoje, diante do enfrentamento que o mestre teve
com os líderes religiosos do seu tempo, em Marcos 7. Em outro
enfrentamento com estes mesmos líderes, Jesus disse: Como
podeis falar coisas boas sendo maus? Pois a boca fala do que
o coração está cheio (Mt 12:34). O que saía da boca deles não
era o que realmente o seu coração pensava ou queria. Não
havia harmonia entre boca e coração, exterior e interior. Eles
“falavam” coisas boas, mas o seu coração era “mau”. E Jesus
garante que ninguém consegue ser ator a vida toda: “A boca
fala do que o coração está cheio”. Uma hora o ator acabará
se revelando! Se não acontecer aqui, no dia do juízo ninguém
escapará: ... os homens terão de prestar contas de toda palavra
inútil que proferirem (v. 36). Aqui, as palavras “inúteis” são as
palavras falsas, de fachada, para manter aparências. No dia do
juízo, elas serão reveladas.
Mas é muito pesado o que está sendo tratado? É mesmo.
E nós precisamos reconhecer que não dá para ficar brincando
de ator com Deus. Não dá para fingir ser algo que não somos:
em vão estamos adorando! Se não for de coração, não serve!
Por isso, amemos o Senhor de todo coração (Mc 12:30,33). Façamos este amor virar louvor: cantando e louvando ao Senhor
no coração (Ef 5:19). Lembre-se: só há uma maneira de fazer
que o nosso coração (vontades e intenções) honre a Deus com
sinceridade: mantendo-o perto do Senhor. Se você entregou
sua vida a Jesus, ganhou um novo coração! Viva em comunhão
constante com Deus, e não haverá espaço para intenções impuras da adoração a Deus. Além disso, cuidado com a supervalorização de rituais e com a desvalorização da palavra de Deus.
O culto que agrada a Deus é o culto feito com verdade.
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Vamos orar:
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BIBLIOGRAFIA
GRANGEÃO, Anderson; LIBORIO, Miriam (Eds.). Comentário do
Novo Testamento: aplicação pessoal: vol. 1. Tradução: Degmar
Ribas. Rio de Janeiro: CPAD, 2009.
LOPES, Hernandes Dias. Marcos, o evangelho dos milagres. São
Paulo: Hagnos, 2006.
POHL, Adolf. O Evangelho de Marcos. Tradução: Hans Udo
Fuchs. Curitiba: Esperança, 1998.
RYLE, J. C. Meditações no Evangelho de Marcos. São José dos
Campos: Fiel, 1994.
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ANOTAÇÕES
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ANOTAÇÕES
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e Princípios do
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Adventistas da
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