caixa aberta 22

Transcrição

caixa aberta 22
Nº22 | NOVEMBRO 2009
3
sindical
Reformas, pré-reformas,
reformas antecipadas...
... prudência na decisão!
3
contratação
PROPOSTAS DE REVISÃO
CONTRATUAL
7
entrevista
ZÉ OLIVEIRA
Cartoonista,
Presidente da FecoPortugal Associação de Cartoonistas
10
formação
SINDICAL PARA
DELEGADOS SINDICAIS
WORKSHOPS DE FOTOGRAFIA
EM LISBOA, PORTO E
COIMBRA
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BOLETIM INFORMATIVO DO SINDICATO DOS TRABALHADORES DAS EMPRESAS DO GRUPO CGD
Nº22 | NOVEMBRO 2009
índice
CAIXA ABERTA Nº22
NOVEMBRO 2009
3
caixa sindical
• REFORMAS, PRÉ-REFORMAS,
REFORMAS ANTECIPADAS... PRUDÊNCIA NA DECISÃO!
3
caixa contratação
• PROPOSTAS DE REVISÃO CONTRATUAL
4
caixa com direitos
• ESTATUTO DO TRABALHADOR-ESTUDANTE
7
caixa entrevista
• ZÉ OLIVEIRA
CARTOONISTA,
PRESIDENTE DA FECOPORTUGAL
- ASSOCIAÇÃO DE CARTOONISTAS
10
caixa formação
• ACÇÃO DE FORMAÇÃO PARA DELEGADOS SINDICAIS
• WORKSHOPS DE FOTOGRAFIA EM LISBOA, PORTO E
COIMBRA
12
caixa com história
• BARBEAR-SE OU NÃO... UMA QUESTÃO !
14
caixa horas livres
• PRORROGAÇÃO DE PRAZOS DE INSCRIÇÕES IV CONCURSO DE FOTOGRAFIA DO STEC, E
IV PRÉMIO LITERÁRIO DO STEC
15
caixa protocolos
• PROTOCOLOS
16
• INSÓLITO
• CONT(R)A-CORRENTE
editorial
UM NOVO GOVERNO…
Em 27 de Setembro o país foi a votos e o resultado
dessas eleições ditou uma nova distribuição das
forças politicas e em sequência o aparecimento
de um novo governo, agora sem maioria absoluta.
O que se pode esperar da atitude deste novo governo é a
pergunta dominante em Portugal, cada um imaginando naturalmente que a prática governativa possa corresponder ao
que deseja.
Para uma organização que representa trabalhadores importa
saber se o novo governo vai: primar pelo diálogo, em detrimento da sobranceria; optar pelos interesses dos mais desfavorecidos ou, ao invés, dos detentores da riqueza; apostar no
combate às desigualdades ou continuar a perfilhar as teses
ultraliberais que tantos males sociais já provocaram a Portugal
e aos portugueses.
Para o STEC, como Sindicato dos trabalhadores do Grupo
Caixa, é, para além disto, importante saber se o novo governo
vai assegurar a continuidade e o fortalecimento das empresas
de capital público, ou se, pelo contrário, volta a trilhar um caminho de privatizações, entregando aos privados aquilo que
é público, aquilo que é de todos nós.
Por conseguinte, sem alimentarmos quaisquer expectativas
fantasiosas sobre se o governo que aí vem vai conseguir
responder eficazmente aos males que afligem a sociedade
portuguesa e aos grandes desafios que o país enfrenta, é
legítimo esperarmos que o facto de não dispor na Assembleia
da República de uma maioria absoluta, possa condicionar pela
positiva a sua acção. É legítimo esperarmos, nomeadamente,
pelo abandono da «estratégia de silêncio» e da «política de
gaveta», que pautou nos últimos anos a sua acção. É ainda
legítimo exigirmos uma nova postura de diálogo e de aproximação aos interlocutores, nomeadamente às organizações
sindicais.
Na situação de crise económica, social e de valores em que
nos mergulharam, pode não ser fácil encontrar os melhores
caminhos para dela sairmos. No entanto, uma coisa é certa:
aqueles que pelas suas teorias e pela sua prática para ali nos
empurraram não são de certeza quem dali nos vai tirar. Daí
que, respeito institucional, diálogo efectivo, participação dos
vários actores e partilha responsável dos objectivos a atingir,
sejam as premissas que aqui deixamos quanto a uma avaliação positiva da acção futura do novo governo.
A ver vamos!
2
CAIXA ABERTA
sindical
Entramos no último trimestre do ano e lá
começam as conversas e os "convites" para
aqueles que já atingiram as condições de
reforma... não se esquecerem disso!
Não fosse passar-lhes pela cabeça, algumas
“ideias” como, por exemplo, ficarem a trabalhar
- como a lei permite - até aos 70 anos!
REFORMAS, PRÉ-REFORMAS,
REFORMAS ANTECIPADAS ...
PRUDÊNCIA NA DECISÃO!
Esse é o único momento do ano, para além dos efusivos
cumprimentos de Natal, em que algumas chefias descem
do seu pedestal para "conversar" ou melhor para
"convencer" os subordinados, que o melhor para eles
seria... irem andando.
Por parte dos trabalhadores, as emoções são díspares.
Para uns, a ansiedade com que aguardam esse contacto há
tanto tempo desejado.
Para outros, a frustração com que recebem um convite que não
esperavam e que lhes mostra não serem afinal tão importantes
como pensavam!
Para outros, ainda, a perturbação causada por uma conversa inesperada, a que não sabem o que dizer e muito menos
como reagir.
A decisão quanto a um tema tão fundamental para a vida de
cada um, como é a passagem à reforma, necessita de muita
ponderação, de muitas contas de cabeça, de muitas conversas
familiares, às vezes mesmo de muitas noites sem dormir. Esta
é portanto uma decisão que não pode ser tomada de forma
precipitada e muito menos decidida sob pressão.
Os sindicatos devem ser também um espaço fundamental de
apoio aos seus associados, para este tipo de questões. Ouvindo-os, ajudando-os na reflexão e aconselhando-os na decisão.
Esta é a prática que o STEC tem vindo a cultivar desde a sua
fundação e muitos são os sócios que a ela têm recorrido.
Com esta nota, que mais não visa do que alertar e despertar
aqueles que nos lêem para a questão da sua reforma, o STEC
coloca-se mais uma vez à disposição de todos os seus sócios
que, porventura, tenham sido ou estejam na expectativa de
serem contactados nesse sentido, para os ajudar nas suas
dúvidas, chamando a atenção para a importância de não tomarem decisões imediatistas e de não se deixarem impressionar
por quaisquer conversas mais intimidatórias.
Antes de uma decisão consultem o STEC!
Estamos no quarto trimestre do ano e é
altura de preparar as propostas de revisão
contratual que o STEC irá apresentar à CGD
e às Empresas do Grupo.
Reconhecendo, embora, as
condições adversas em que esta
revisão contratual se irá desenrolar,
não podemos, no entanto, deixar de
considerar que, inquestionavelmente,
o Grupo CGD regista níveis de
rentabilidade extremamente
significativos, em linha, aliás, com os
expressivos resultados de exercício
que nos últimos anos sempre tem
atingido - largas centenas de milhões
de Euros de lucro!
Depois, estamos a falar de revisão contratual, de uma matéria que tem directamente a ver com os trabalhadores, com
os seus direitos e expectativas; de algo
que determina se vai haver evolução ou
regressão social nas Empresas do Grupo
CGD. Ora, neste âmbito, um facto é in-
contratação
questionável - por parte dos trabalhadores do Grupo, naquilo que depende directamente do seu trabalho e capacidade,
os resultados têm continuado a crescer.
Por conseguinte, quaisquer quebras de
lucro que se tenham verificado ou que
possam vir a ocorrer, são o resultado directo de operações bancárias decididas
ao mais alto nível da gestão, como é o
caso das aplicações financeiras nos mercados bolsistas internos e internacionais,
que, ultimamente, se têm vindo a revelar,
em muitos casos, desastrosas.
Então, uma evidência não pode deixar de
ressaltar neste período de revisão contratual que se aproxima - aqueles que
diariamente contribuem decisivamente
para que se atinjam os objectivos e que
têm continuado a assegurar o aumento
dos resultados de exercício - os lucros
- não podem depois ver todo esse trabalho e esforço malbaratados pela via
de aplicações financeiras de risco ou de
menos prudência, a que são alheios e
muito menos virem ainda a ser afectados
por isso.
Mas que culpa têm disso, desses erros
de gestão, os milhares de trabalhadores
que todos os dias dão o seu melhor para
que os lucros do Grupo CGD continuem
em alta? Obviamente nenhuma!
Convictos de que a razão está do nosso
lado, estamos certos de que contaremos
com a unidade e determinação dos trabalhadores para lutarmos por uma revisão
contratual justa.
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BOLETIM INFORMATIVO DO SINDICATO DOS TRABALHADORES DAS EMPRESAS DO GRUPO CGD
Nº22 | NOVEMBRO 2009
direitos
ESTATUTO DO
TRABALHADOR-ESTUDANTE
Os direitos e obrigações do trabalhador-estudante
perante a sua entidade patronal encontram-se regulados,
actualmente, nos artigos 89º a 96º do Código do Trabalho,
aprovado pela Lei nº 7/2009, de 12 de Fevereiro.
Para além desse regime legal, os trabalhadores-estudantes d) Seis horas semanais, nos casos em que o período normal
beneficiam ainda dos direitos mais favoráveis estabelecidos
de trabalho semanal do trabalhador seja igual ou superior
na respectiva convenção colectiva de trabalho.
a trinta e oito horas.
Por outro lado, foram estabelecidos, recentemente, através do
artigo 12º da Lei nº 105/2009, de 14 de Setembro, importantes ► Impossibilidade do ajustamento do horário ao regime
de turnos a que o trabalhador esteja afecto
direitos do trabalhador-estudante no âmbito dos respectivos
estabelecimentos de ensino.
O trabalhador-estudante cujo período de trabalho seja impossíEsse conjunto de direitos e obrigações, que enunciaremos de vel ajustar, de acordo com as alíneas anteriores, ao regime de
turnos a que está afecto, tem preferência na ocupação de posto
seguida, constituem o estatuto do trabalhador-estudante.
de trabalho compatível com a sua qualificação profissional e
com a frequência de aulas.
I. NOÇÃO DE TRABALHADOR-ESTUDANTE
► Casos em que o horário de trabalho ajustado ou a
Considera-se trabalhador-estudante o trabalhador que frequendispensa de trabalho para frequência de aulas comta qualquer nível de educação escolar, bem como curso de
prometa manifestamente o funcionamento da empresa
pós-graduação, mestrado ou doutoramento em instituição de
ensino, ou ainda curso de formação profissional ou programa Nestes casos, que podem ocorrer nomeadamente por causa
de ocupação temporária de jovens com duração igual ou su- do número de trabalhadores-estudantes existentes na empreperior a seis meses.
sa, o empregador está obrigado a promover um acordo com o
trabalhador interessado e a comissão de trabalhadores ou, na
A manutenção do estatuto de trabalhador-estudante depende
sua falta, a comissão intersindical, comissões sindicais ou dede aproveitamento escolar no ano lectivo anterior.
legados sindicais, sobre a medida em que o interesse daquele
pode ser satisfeito.
II. DIREITOS DECORRENTES DO
CÓDIGO DO TRABALHO
Na falta de acordo, o empregador decide fundamentadamente,
informando o trabalhador por escrito.
► Horário de trabalho
► Trabalho suplementar
O horário de trabalho do trabalhador-estudante deve, sempre
que possível, ser ajustado de modo a permitir a frequência das O trabalhador-estudante não é obrigado a prestar trabalho suplementar, excepto por motivo de força maior.
aulas e a deslocação para o estabelecimento de ensino.
Porém, quando esse ajustamento não for possível, o trabalha- O trabalhador-estudante que preste trabalho suplementar tem
dor-estudante tem direito a dispensa de trabalho para frequên- direito a descanso compensatório de igual número de horas.
cia de aulas, se assim o exigir o horário escolar, sem perda
de direitos e contando o tempo de dispensa como prestação ► Trabalho em regime de adaptabilidade, banco de
efectiva de trabalho.
horas ou horário concentrado
A dispensa de trabalho para frequência de aulas pode ser O trabalhador-estudante não é obrigado a prestar trabalho em
utilizada de uma só vez ou fraccionadamente, à escolha do regime de adaptabilidade, banco de horas ou horário concentrabalhador-estudante.
trado quando o mesmo coincida com o horário escolar ou com
prova de avaliação.
► Dispensa de prestação de trabalho
Ao trabalhador-estudante que preste trabalho em regime de
O tempo de dispensa de prestação de trabalho depende do período adaptabilidade, banco de horas ou horário concentrado é asnormal de trabalho, e tem a seguinte duração semanal máxima: segurado um dia por mês de dispensa, sem perda de direitos,
contando esse dia como prestação efectiva de trabalho.
a) Três horas semanais, nos casos em que o período normal
de trabalho semanal do trabalhador seja igual ou superior
► Faltas para prestação de provas de avaliação
a vinte horas e inferior a trinta horas;
b) Quatro horas semanais, nos casos em que o período O trabalhador-estudante pode faltar justificadamente por motivo
normal de trabalho semanal do trabalhador seja igual ou de prestação de prova de avaliação, nos seguintes termos:
superior a trinta horas e inferior a trinta e quatro horas;
a) No dia da prova e no imediatamente anterior;
c) Cinco horas semanais, nos casos em que o período normal b) No caso de provas em dias consecutivos ou de mais de uma
de trabalho semanal do trabalhador seja igual ou superior
prova no mesmo dia, os dias imediatamente anteriores são
a trinta e quatro horas e inferior a trinta e oito horas;
tantos quantas as provas a prestar;
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CAIXA ABERTA
c) Os dias imediatamente anteriores referidos nas alíneas anteriores incluem dias de descanso semanal e feriados;
IV. CESSAÇÃO E RENOVAÇÃO DE DIREITOS
O direito a horário de trabalho ajustado ou a dispensa de trabad) As faltas dadas ao abrigo das alíneas anteriores não podem lho para frequência de aulas, a marcação do período de férias
exceder quatro dias por disciplina em cada ano lectivo.
de acordo com as necessidades escolares ou a licença sem
retribuição cessa quando o trabalhador-estudante não tenha
O direito a faltar justificadamente nos termos atrás referidos só
aproveitamento no ano em que beneficie desse direito.
pode ser exercido em dois anos lectivos relativamente a cada
disciplina.
Os restantes direitos cessam quando o trabalhador-estudante
não tenha aproveitamento em dois anos consecutivos ou três
Consideram-se ainda justificadas as faltas dadas por trabainterpolados.
lhador-estudante na estrita medida das deslocações necessárias para prestar provas de avaliação, sendo retribuídas até Os direitos do trabalhador-estudante cessam imediatamente
10 faltas em cada ano lectivo, independentemente do número em caso de falsas declarações relativamente aos factos de
de disciplinas.
que depende a concessão do estatuto ou a factos constitutivos de direitos, bem como quando estes sejam utilizados para
outros fins.
► Conceito de prova de avaliação
Considera-se prova de avaliação o exame ou outra prova, es- O trabalhador-estudante pode exercer de novo os direitos no
crita ou oral, ou a apresentação de trabalho, quando este o ano lectivo subsequente àquele em que os mesmos cessaram,
substitua ou complemente e desde que determine directa ou não podendo esta situação ocorrer mais de duas vezes.
indirectamente o aproveitamento escolar.
V. PROCEDIMENTO PARA O
EXERCÍCIO DOS DIREITOS
► Férias e licenças de trabalhador-estudante
O trabalhador-estudante tem direito a marcar o período de férias de acordo com as suas necessidades escolares, podendo
gozar até 15 dias de férias interpoladas, na medida em que tal
seja compatível com as exigências imperiosas do funcionamento da empresa.
O trabalhador-estudante deve comprovar perante o empregador
o respectivo aproveitamento, no final de cada ano lectivo.
III. CONCESSÃO DO ESTATUTO DE
TRABALHADOR-ESTUDANTE
a) Quarenta e oito horas ou, sendo inviável, logo que possível,
no caso de um dia de licença;
O controlo de assiduidade do trabalhador-estudante no âmbito
do estabelecimento de ensino pode ser feito, por acordo com o
trabalhador, directamente pelo empregador, através dos serviO trabalhador-estudante tem direito, em cada ano civil, a licen- ços administrativos do estabelecimento de ensino, por correio
ça sem retribuição, com a duração de 10 dias úteis seguidos electrónico ou fax, no qual é aposta uma data e hora a partir
ou interpolados.
da qual o trabalhador-estudante termina a sua responsabilidade escolar.
► Promoção profissional de trabalhador-estudante
Na falta de acordo o empregador pode, nos 15 dias seguintes
O empregador deve possibilitar ao trabalhador-estudante pro- à utilização da dispensa de trabalho para esse fim, exigir a
moção profissional adequada à qualificação obtida, não sen- prova da frequência de aulas, sempre que o estabelecimento
do todavia obrigatória a reclassificação profissional por mero de ensino proceder ao controlo da frequência.
efeito da qualificação.
O trabalhador-estudante deve solicitar a licença sem retribuição com a seguinte antecedência:
O trabalhador-estudante deve comprovar perante o emprega- b Oito dias, no caso de dois a cinco dias de licença;
dor a sua condição de estudante, apresentando igualmente o
c) 15 dias, no caso de mais de cinco dias de licença
horário das actividades educativas a frequentar.
O trabalhador-estudante deve escolher, entre as possibilidades
existentes, o horário mais compatível com o horário de trabalho,
sob pena de não beneficiar dos inerentes direitos.
Considera-se aproveitamento escolar a transição de ano ou a
aprovação ou progressão em, pelo menos, metade das disciplinas em que o trabalhador-estudante esteja matriculado, a
aprovação ou validação de metade dos módulos ou unidades
equivalentes de cada disciplina, definidos pela instituição de
ensino ou entidade formadora para o ano lectivo ou para o período anual de frequência, no caso de percursos educativos organizados em regime modular ou equivalente que não definam
condições de transição de ano ou progressão em disciplinas.
Considera-se ainda que tem aproveitamento escolar o trabalhador que não satisfaça os requisitos atrás referidos devido
a acidente de trabalho ou doença profissional, doença prolongada, licença em situação de risco clínico durante a gravidez,
ou por ter gozado licença parental inicial, licença por adopção
ou licença parental complementar por período não inferior a
um mês.
VI. DIREITOS DECORRENTES
DA CONTRATAÇÃO COLECTIVA
As normas que respeitem ao regime do trabalhador-estudante
só podem ser afastadas por instrumento de regulamentação
colectiva de trabalho que, sem oposição daquelas normas, disponha em sentido mais favorável aos trabalhadores (art. 3º, nº
3, al. e), do Código do Trabalho).
Os direitos estabelecidos para os trabalhadores-estudantes
nas respectivas convenções colectivas de trabalho que sejam
mais favoráveis para os trabalhadores do que os estabelecidos
no Código do Trabalho prevalecem, portanto, sobre estes.
O trabalhador-estudante não pode, porém, cumular os direitos
previstos no Código do Trabalho com quaisquer regimes que visem os mesmos fins, nomeadamente no que respeita a dispensa de trabalho para frequência de aulas, licenças por motivos
escolares ou faltas para prestação de provas de avaliação.
continua
5
BOLETIM INFORMATIVO DO SINDICATO DOS TRABALHADORES DAS EMPRESAS DO GRUPO CGD
Nº22 | NOVEMBRO 2009
continuação
Assim, importa ter presentes os seguintes direitos estabeleci- ► No ACTV celebrado entre o STEC e as Seguradoras
FIDELIDADE – MUNDIAL, CARES e VIA DIRECTA,
dos nas convenções colectivas de trabalho negociadas pelo
do Grupo CGD, Publicado no Boletim do Trabalho e
STEC:
Emprego nº 45, 1ª Série, de 8/12/2003
► No Acordo de Empresa celebrado entre o STEC e a
Caixa Geral de Depósitos, S.A., publicado no Boletim
do Trabalho e Emprego nº 47, 1ª Série de 22 de
Dezembro de 2007
Se o curso frequentado pelo trabalhador for no interesse e a
pedido da empresa, esta suportará os respectivos custos e
concederá ao trabalhador todo o tempo necessário para a sua
preparação.
Os trabalhadores estudantes têm direito a beneficiar de horá- Se o curso for do interesse exclusivo do trabalhador, poderá
rios de trabalho diferenciados ou flexíveis para a frequência este obter sempre a passagem a horário diferenciado ou a
das aulas e inerente deslocação para os respectivos estabe- trabalho a tempo parcial.
lecimentos de ensino.
O trabalhador disporá, sem perda de vencimento, em cada ano
Os horários previstos no parágrafo anterior não podem iniciar-se escolar, e para além do tempo de prestação de provas, até 15
antes das 8,00 horas nem terminar depois das 20,00 horas.
dias úteis, consecutivos ou não, para preparação de exames
As faltas dadas pelo trabalhador-estudante para prestação de ou para quaisquer outros trabalhos de natureza escolar.
exames ou provas de avaliação não determinam perda de ven- No período de encerramento dos estabelecimentos escolares,
cimento ou de qualquer outro direito ou regalia previstos no o gozo do direito consignado no primeiro e no segundo paráAcordo de Empresa.
grafo, será interrompido.
Em alternativa às opções previstas no regime legal sobre “faltas
para prestação de provas de avaliação”, o trabalhador-estudante
VII. DIREITOS DO TRABALHADOR-ESTUDANTE
pode optar pelo direito a faltar dois dias úteis por disciplina,
NO ÂMBITO DO RESPECTIVO
até ao máximo de dez por ano, para preparação de provas
ESTABELECIMENTO DE ENSINO
de avaliação de conhecimentos ou exames, os quais podem
ser utilizados, quer para uma só disciplina, quer para todas O trabalhador-estudante não está sujeito:
ou para o conjunto de algumas delas, mais um dia para prestação de cada exame, acrescido do tempo necessário para a a) A frequência de um número mínimo de disciplinas de determinado curso, em graus de ensino em que isso seja possídeslocação.
vel, nem a regime de prescrição ou que implique mudança
Os trabalhadores que não tenham tido aproveitamento escode estabelecimento de ensino;
lar, num máximo de 2 anos seguidos ou 3 interpolados, têm
direito a ausentar-se, sem perda de vencimento ou qualquer b) A qualquer disposição legal que faça depender o aproveitamento escolar de frequência de um número mínimo de
outro direito ou regalia previstos neste Acordo, para prestação
aulas por disciplina;
de exame, no dia em que este tiver lugar, acrescido do tempo
necessário para a deslocação.
c) A limitação do número de exames a realizar em época de
recurso.
Os trabalhadores-estudantes beneficiam do pagamento da importância correspondente ao valor das propinas ou mensalidaCaso não haja época de recurso, o trabalhador-estudante tem
des do ensino oficial.
direito, na medida em que seja legalmente admissível, a uma
No caso de só ser possível a matrícula em estabelecimento época especial de exame em todas as disciplinas.
particular, por motivo não imputável ao trabalhador, a Empresa
O estabelecimento de ensino com horário pós-laboral deve aspagará o valor das respectivas propinas ou mensalidades.
segurar que os exames e as provas de avaliação, bem como um
Os trabalhadores-estudantes têm direito a um subsídio de es- serviço mínimo de apoio ao trabalhador-estudante decorram,
tudo no valor fixado no Anexo IV do Acordo de Empresa, que na medida do possível, no mesmo horário.
é devido de Setembro de cada ano a Agosto inclusive, do ano
O trabalhador-estudante tem direito a aulas de compensação
seguinte.
ou de apoio pedagógico que sejam consideradas imprescindíveis pelos órgãos do estabelecimento de ensino.
► No Acordo Colectivo de Trabalho celebrado entre o
As especificidades da frequência de estabelecimento de ensino
STEC e as Empresas CAIXA LEASING E FACTORING,
por trabalhador-estudante atrás referidas, não são cumuláveis
FUNDIMO, CAIXAGEST, CGD PENSÕES, CAIXA
com qualquer outro regime que vise os mesmos fins.
CAPITAL, CAIXANET, IMOCAIXA e SOGRUPO IV, do
Grupo CGD, Publicado no Boletim do Trabalho e
Este regime aplica–se também ao trabalhador por conta próEmprego nº 48, 1ª Série, de 29 de Dezembro de 2007
pria, bem como ao trabalhador que, estando abrangido pelo
As Empresas promoverão, pela forma que considerem mais estatuto do trabalhador-estudante, se encontre entretanto em
adequada, nomeadamente por afixação nos locais de trabalho, situação de desemprego involuntário, inscrito em centro de
informações sobre os direitos conferidos pela legislação res- emprego.
peitante ao regime dos trabalhadores-estudantes.
As empresas concedem aos trabalhadores estudantes um subsídio de estudo mensal no valor de €18,50, desde que a frequência do curso seja considerada pela empresa como de interesse para o serviço, considerando-se sempre de interesse os
níveis de ensino até ao 12º ano de escolaridade, inclusive.
O subsídio de estudo é devido de Setembro de cada ano a
Agosto do ano seguinte, inclusive, desde que o trabalhador
reúna as condições legais para beneficiar do estatuto de trabalhador estudante.
6
CAIXA ABERTA
entrevista
Há muito por fazer
para cumprir os ideais de Abril
ZÉ OLIVEIRA
Cartoonista,
Presidente da FecoPortugalAssociação de Cartoonistas
ZÉ OLIVEIRA
Cartoonista de reconhecido mérito.
Presidente da FecoPortugal-Associação de Cartoonistas, Zé Oliveira foi nomeado Embajador Nonorário de Granada. Foram-lhe atribuídos diversos
prémios, nacionais e internacionais.
Zé Oliveira é o autor do "Contra Corrente"
do Caixa Aberta e de alguns cartazes
editados pelo STEC com cartoons.
De onde vem o gosto pelo cartoon,
ao ponto de se transformar em
profi ssão?
ZO: Começa por ser efectivamente um
gosto, como penso que acontece com todas as actividades que tenham uma componente artística. Mas é um gosto que
começa por ser uma necessidade. Sendo
filho único, fui um garoto que tinha de passar o tempo sem ter irmãos com com quem
brincar. A somar a isso, a circunstância
de ser filho de ferroviários que mudavam
de terra volta e meia. Quando acabava de
criar o meu círculo de amigos, ia de malas
aviadas refazer amizades noutro sítio. E
enquanto me não reintegrava, a solução
era inventar maneiras de passar o tempo
sozinho. Lá por casa havia sempre umas
folhas de papel que sobravam das coisas
do meu pai, do expediente da vida profissional dele. Algumas folhas tinham poucas
palavras impressas e, por terem grandes
zonas brancas, guardava-as quando deixavam de ter interesse profissional para o
meu pai. Pela minha parte eram promovidas a papel de desenho!
Foi assim que realmente nasceu o gosto pelo desenho, nasceu da necessidade
de ocupar o tempo.
Agora... como é que se transforma um
gosto em actividade profissional? Antes
de mais nada é necessário também ter o
gosto de comunicar. Porque o cartoon é
uma forma de comunicação. E eu sempre
gostei de falar com as pessoas; provavelmente isso é consequência da tal contingência de enfrentar novos vizinhos a cada
passo, pessoas de outros sítios, com outros hábitos, outro vocabulário, com quem
se conversa, que não conhecemos de antemão mas que se ficam a conhecer a partir daquele momento. Essa comunicação
com as pessoas proporcionava uma certa
desinibição. Eu viajava um pouco mais do
que era habitual naquela altura, por isso
me criei um pouco menos inibido do que
era usual. E a desinibição é uma das fer-
ramentas com que se faz um cartoon de
apreciação crítica.
Uma actividade é profissão quando
proporciona rendimento a quem a exerce.
Ora, os meus primeiros tostões para, sei
lá, comprar uma camisa a meu gosto, uma
camisola, beber umas cervejas, foram justamente ganhos a publicar desenhos na
imprensa. Tinha eu dezoito anos, mais
ou menos, quando publiquei os meus primeiros desenhos remunerados. Foi numa
revista chamada “Flama”, que era muito
conhecida. Era uma revista ligada à Igreja,
feita numa perspectiva pretensamente de
contestação ao regime - contestação ligeira obviamente, porque na altura, a maior
parte dos jornais não tinha possibilidade
de fazer uma contestação muito determinada. Portanto, e sintetisando, começou
por ser por necessidade que um gosto se
transformou numa profissão.
Era regular?
ZO: A revista era semanal, mas a minha colaboração era irregular. Aliás nesse
tempo quase não havia colaborações regulares, tirando casos especiais de jornais
satíricos, como “Os Ridículos”, onde vim
a colaborar logo a seguir. Aí sim, publicava dois, três, quatro cartoons por semana.
Eram publicados praticamente todos os
que enviava.
Ser cartoonista é apenas uma
profi ssão ou, acima de tudo, uma
grande paixão?
ZO: É uma paixão. Porque um cartoo-
nista, no sentido nobre do termo, não é
um simples ilustrador nem um produtor
de sorrisos ingénuos, é um comentador
da actualidade, é um agitador de consciências. Estou a falar daquele que faz
cartoon efectivamente editorial, cartoon
com ideias dentro. Isso não pode ser produzido mecanicamente, tem de ser feito
apaixonadamente.
Por exemplo, há pouco tempo estive
com um amigo, reputado cartoonista, que,
numa das maiores revistas nacionais, fazia um cartoon de página inteira ou quase,
chamado “puro veneno”. Era uma rubrica
que vinha desde o nº1 da revista e essa
colaboração, muito antiga, já vinha de "O
Jornal". Foi dispensado, não pela direcção
redactorial mas pela administração da revista e até agora não conseguiu espaço
para publicar. Regressou à arquitectura,
já que ele é arquitecto - aliás de sucesso
- mas confessa-se cheio de vontade de
voltar ao cartoon. Não por necessidade,
sim por paixão.
Como se vê, não se trata de uma paixão
fácil de alimentar. Há jovens que querem
começar e, nestas coisas como em todas,
é a experiência que faz a mão, que traz
capacidade e segurança, e os jovens não
têm onde publicar. E quando aparece uma
ou outra rara hipótese de publicação, os
jovens são por vezes convidados a publicarem gratuitamente, com o argumento indecente de que a contrapartida é a divulgação do seu trabalho. Como se o homem
do talho nos oferecesse os bifes de borla,
para divulgação da sua loja!
Nós temos desde há um ano a "FecoPortugal - Associação de Cartoonistas",
que faz os possíveis por sensibilizar os
associados de que não se deve trabalhar
gratuitamente. A não ser que haja uma
justifi cação plausível, designadamente de
carácter humanitário.
Mas, voltando à pergunta, o cartoon é
uma paixão. Aliás, o exercício da comunicação é sempre uma paixão, seja a publicação
de um romance, a construção de uma notícia, a escrita de uma crónica. E o cartoon é
isso mesmo: uma crónica. Sob a forma de
desenho, e de teor socio-político.
O que é ser cartoonista?
ZO: Como acabámos de ver, ser cartoonista é ser cronista. Porque ele pega num
facto autêntico e transforma-o numa peça
continua
7
BOLETIM INFORMATIVO DO SINDICATO DOS TRABALHADORES DAS EMPRESAS DO GRUPO CGD
Nº22 | NOVEMBRO 2009
entrevista
continuação
criativa, tem liberdade para iventar, embora
sempre em torno da realidade. Mas inventa exagerando, não inventa mentindo. Ser
cartoonista é, também, ser intérprete dos
interesses das populações, é ser uma espécie de provedor sócio-político dos leitores do jornal. Porque há uma identifi cação,
há uma cumplicidade entre os leitores e
o autor. Tem de haver essa cumplicidade,
se não não tinha graça nenhuma. É por
isso que eu costumo afirmar (é claro que
às vezes engano-me) que o trabalho dos
cartoonistas é, em regra, de posicionamento crítico em relação ao poder; por outras
palavras e agora: é de esquerda. Naturalmente alguns não o são, mas mesmo esses
fazem um humor de esquerda. Porque não
faz sentido fazer humor de bajulação.
Ser cartoonista não é ser o maluquinho
do grupo, o que faz rir. O cartoon não é necessariamente, nem se pretende que seja,
um veículo de passagem do riso apenas,
riso pelo riso, riso gratuito. Se o for, até
pode ser interpretado como coisa reaccionária. Porque o riso alarve, riso que não
leva a lado nenhum, esse não vale a pena,
não merece atenção. Havia uma canção latino-americana que dizia que “é preferível
rir do que chorar”. Realmente, uma gargalhada no mínimo oxigena os pulmões até lá
mais ao fundo, nas zonas pulmonares onde
o ar não renova com tanta facilidade. Mas a
gargalhada sem sentido crítico não oxigena
o cérebro, antes pelo contrário.
No entanto, até esse humor brejeiro nos
estão a roubar. Antigamente existia um veículo de comunicação humorística popular,
que era a anedota. O pessoal chegava de
manhã ao emprego e dizia: -então já sabes
a última? E contava uma piada. Por vezes
não tinha um grande sentido crítico, era de
carácter pornográfico ou quase, ou erótico
no mínimo. Divertia, já não era mau. E aproximava as pessoas, tornava-as cúmplices
umas das outras. Mas ocupar com isso um
espaço de jornal, ou fazer disso um programa
de televisão, não está certo. Por uma razão,
esses programas de televisão, assentes em
interpretações cénicas de anedotas populares, não apenas são coisa inútil, como pior
do que isso, são coisa que tem um carácter
perverso: matam a atitude de contar uma
anedota. Apossaram-se de uma coisa que
não era deles, era um valor popular.
Dantes ia-se ao café, (agora até isso se
perdeu, tira-se a bica em casa), contava-se
uma anedota, ouvia-se mais três ou quatro
do grupo. Agora a gente até tem medo de
contar, porque a piada que a gente sabe
já deve ter passado na televisão, toda a
gente viu. Portanto, as anedotas na TV não
só são coisas inúteis, como matam uma
componente da nossa convivência social.
A televisão vive a vida em nosso nome. Por
outras palavras: vivemos a vida por interposição da televisão.
8
Retomando o fio da conversa: a função
nobre do cartoon é desmascarar tartufos, é
por o dedo na ferida, é dizer que o rei vai
nu. Às vezes, basta que o cartoon faça a
alusão a um problema, para se tornar relevante; mesmo que lhe falte a solução do
gag, a piada. De uma forma consciente ou
apenas intuitiva, o leitor sabe que às vezes
um tipo quer fazer passar uma mensagem
mas não lhe surge o click do humor. E a
edição tem horas para fechar. Além de que
normalmente a gente guarda para perto do
fecho das edições fazer a piada, porque
pode ocorrer um acontecimento qualquer
que tenha uma relevância que exija abordagem e, em jornalismo, é essa actualidade
que se deseja. Os jornais vivem de actualidade, e então hoje em dia mais do que antigamente porque hoje têm a concorrência de
meios muito mais poderosos na atitude de
comunicar, que é a televisão e a rádio, que
conseguem lá estar em directo. E vão aos
sítios mais incríveis. De preferência reportar
acontecimentos de faca e alguidar, aí numa
aldeia recôndita e põem aquilo no ar, em
directo. Para os jornais, sobra a tarefa de
fazerem a análise e o comentário crítico ao
acontecimento. Por vezes sem tempo sufi ciente para fazer as devidas confirmações
ou exercer o contraditório. O cartoon é um
pouco mais livre, tem outro tipo de ingredientes. Quando eu tinha uma colaboração
mais regular com a imprensa, chegavam a
pedir-me que tratasse determinada informação num cartoon, porque não havia tempo
para obter elementos concretos de algo que
se conhecia de modo difuso. Além disso,
num cartoon inclui-se, mais rapidamente do
que numa crónica escrita, um conteúdo que
tem, de modo condensado, a informação e
a análise crítica.
O cartoon deve ridicularizar atitudes,
não deve ridicularizar pessoas; e deve ter
um respeito claro, evidente, para com todos os credos, sejam políticos ou religiosos. Mas isso não invalida que o cartonista
tenha uma posição, uma opção política, e
que trabalhe de uma forma militante. Não
estou a dizer que não deva trabalhar de
uma forma militante em função dos ideais
que tem. Pelo que conheço, em regra, os
cartoonistas aqui em Portugal são independentes politicamente, embora tenham
ideias bem defi nidas, porque trabalham
justamente com isso, com as ideias, e no
combate de outras ideias que eles não perfi lham. Mas normalmente não têm fi liação
partidária. E isso compreende-se. É um
pouco como acontece com os jornalistas
em geral, a maioria deles também não tem
filiação partidária. Porque são profi ssionais
que têm de ser isentos, trabalhar o mais
possível na equidistância. No entanto têm
opções, são coisas diferentes.
Convém ter algum cuidado com as susceptibilidades, e nós temos o exemplo daquelas caricaturas que ridicularizavam a
figura de Maomé, é complicado tomar opções que mexam com as convicções das
pessoas.
Com um percurso profi ssional
tão vasto – topógrafo e jornalista,
em que sentido essas vivências
influenciaram o cartoonista?
ZO: Para já não é assim tão diversifi cado
como pode parecer. Fui topógrafo durante
trinta anos, mas atenção que topografi a é
grafia. Foi a necessidade que eu tive, quando regressei de cumprir o serviço militar em
Angola, de iniciar uma vida de trabalho e
família. Terminou naturalmente aquela altura da juventude em que a gente idealiza
que é capaz de revolucionar o mundo e
acredita que a solução para as difi culdades
do dia-a-dia vem sempre ter connosco. Há
um momento em que a gente tem que assentar os pés no chão, e dizer assim: - “Alto
lá, que por este caminho eu não vou ser
capaz de sustentar a família”. Estávamos
em 1971, os jornais vegetavam, não estavam a admitir colaboração nenhuma, não
havia sequer liberdade de expressão, (era
ilusória a pretensa liberdade da primavera marcelista), não me pareceu que fosse
forma prudente de encaminhar a vida do
ponto de vista profi ssional. Praticamente
ninguém o fez. Quase não há cartoonistas
que tenha feito profi ssão surgindo naquela
época. Portanto fui para outras grafi as, de
carácter técnico, porque a topografi a, ainUm simples cartoon pode
da hoje, com outras ferramentas é certo,
desencadear, por si só, um conflito
é uma actividade gráfi ca, só que do ponto
grave. Quais as fronteiras do
de vista técnico, cartográfi co. Eu passava
cartoonista Zé Oliveira?
ZO: O respeito para com os outros, mes- os meus dias de muitas horas a desenhar
mo o respeito para com o caricaturado, o plantas de aldeias, plantas de terreno para
projectos de linhas de alta tensão, trabaobjecto da crítica.
CAIXA ABERTA
Zé Oliveira
lhei sempre por conta própria, muito para
a EDP, para projectos de abastecimento
de água, redes de saneamento, estradas,
tanto para autarquias como para gabinetes
privados que me encomendavam a topografi a. E fundei uma empresa de projectos,
com mais três sócios, que chegou a ter um
sector de construção de linhas de electricidade. É certo que não se tratava de uma
actividade criativa, não se estava a inventar, até porque em topografia se persegue
a exactidão. Contudo está a utilizar-se a
técnica do desenho. Ainda assim, do ponto de vista estético há a possibilidade de
intervir, não digo com criatividade mas sim
com beleza plástica. Depois, a caricatura
é um género jornalístico. Portanto, se há
afinidades entre a topografia e a caricatura,
também as há entre a caricatura e o jornalismo. E eu escrevo para a imprensa desde jovem. Afi nal, eu colaboro escrevendo
para um jornal há quarenta e dois anos. No
caso desse jornal foi mais fácil começar a
escrever do que a desenhar. Naquela altura, publicar desenhos em jornais de pouca
capacidade fi nanceira não era fácil, mesmo que os desenhos fossem gratuitos. Os
jornais tinham de pagar as gravuras, que
eram feitas em zinco, assentes num calço
de madeira e isso fi cava caro. Hoje não.
Hoje é tão caro para um jornal publicar uma
caricatura como publicar um texto.
Eu continuo a desenhar predominantemente à mão, embora às vezes faça o desenho integralmente no computador. Mas
prefi ro conjugar as duas coisas, sobretudo utilizo muito o computador para colorir.
São ferramentas novas que não devem ser
desperdiçadas. Mas também seria asneira
atirar para o lixo uma capacidade que se
tem de desenhar à mão. Devem-se utilizar
as ferramentas de forma conjugada, as antigas e as modernas.
O que define um bom cartoon?
ZO: O bom cartoon é aquele que inventa
uma história em torno de uma informação
de actualidade e a comenta, com um suporte gráfi co plasticamente efi caz, possuindo
uma componente crítica.
Sendo um artista tão premiado
e reconhecido em Portugal e
no estrangeiro, Presidente da
FecoPortugal – Associação de
Cartoonistas, o que pensa do
estado actual do cartoonismo, tendo
em conta também o universo da
internet?
ZO: Nesta altura, acontece o mesmo com
o cartoon ou com a imprensa escrita, que é
estarmos perante o aparecimento de uma
nova forma de comunicação. Em que é que
isso influi? Dá outras possibilidades. Quem
hoje pretende comunicar pela via do desenho satírico e se não consegue publicar no
jornal, pode publicar via internet, porque
hoje existe uma grande facilidade em criar
um espaço, nem necessita de criar a estrutura de um site, basta um blogue ou – ainda
mais modernamente – um face-boock. Os
blogues, como toda a gente sabe, são sites, digamos assim, já pré-fabricados, de
utilização fácil, que permitem uma divulgação universal e imediata. Isso vem competir com as edições de papel? Não creio.
Há quem ache que sim, que os jornais em
papel estão condenados, mas não me parece. Não prevejo isso, porque ao longo
da história do homem, nunca nenhum meio
de expressão matou outro. O cinema não
matou o teatro, a televisão não matou a
rádio, portanto, por que é que os meios
electrónicos de divulgação de conteúdos
hão-de matar os tradicionais? São outros
meios que vêm, pois que venham, é óbvio
que ninguém terá coragem para recusar a
enorme vantagem que existe nestes novos
meios de comunicação. Agora não sou catastrofista no sentido de imaginar que eles
venham prejudicar os tradicionais. O que
vai sendo urgente é que cada um encontre
o meio de expressão mais adequado ao
seu público e descubra a sua capacidade
de sobreviver.
Quanto ao estado actual do cartoonismo, eu estou convicto de que vem aí o
mesmo tipo de cartoon que já hoje existe
em Espanha: o chamado “humor blanco”.
Embora seja fácil a tradução para “humor
branco”, nós não temos cá a expressão,
porque também ainda não utilizamos esse
género de humor. Chama-se “humor branco” porque não tem conteúdo crítico. Os
espanhóis têm muito humor, têm publicações periódicas humorísticas regionais e
nacionais e cultivam bastante aquele tipo
de humor.
Aqui em Portugal, quanto a mim, também vamos evoluir (é mais “involuir”) para
o “humor branco”. Vamos, porque, como já
falámos no começo, os humoristas muito
críticos estão a ser afastados exactamente
porque a força das suas mensagens não
convém aos macro-interesses. Estamos
a assistir a um paulatino “fazer a cabeça”
dos jovens cartoonistas. Mas isso também
acontece do ponto de vista da escrita,
preparam-se jovens jornalistas de “cabeça limpinha” isenta de capacidade crítica,
que se subordinam de uma maneira natural
para fazerem o tipo de serviço que interessa à administração. Cada vez mais as
características dos jornais são determinadas, não pelas redacções, mas sim pelas
administrações. Mas, dir-se-á: - foi sempre
assim! Agora é mais assim. Não era assim
completamente. Uma administração convidava um chefe de redacção para constituir
um grupo, talvez o ouvisse (traz-me lá a
lista desses indivíduos), mas ainda assim,
a administração tratava principalmente das
contas, dos investimentos, das estratégias
e dos contratos, não tinha interferências
directas no modo de fazer os jornais. Hoje
em dia, essa ingerência é feita despudoradamente à vista de todos. Por exemplo, na
TVI, independentemente da opinião que se
tenha sobre o trabalho da Manuela Moura
Guedes, não podia ser a administração a
despedi-la, não faz nenhum sentido, até
porque ela tinha a solidariedade da equipa
que a chefiava, é uma intromissão inaceitável. Agora, cada vez mais, estas intromissões se estão a verifi car e se está a assistir
a uma despolitização, não no sentido dos
partidos mas sim do sentido crítico das pessoas. Estamos a despolitizar a classe de
profi ssionais da comunicação social. Hoje
em dia os jornais são feitos por estagiários.
Porque é mais barato e porque a fragilidade deles os torna mais dóceis. E também
no cartoon. Há excelentes desenhadores
que não estão a desenhar. Não têm onde.
Porque quem tiver hoje cinquenta anos ou
mais já tem difi culdade em publicar .
Portanto, estamos de facto a caminhar
para o “cartoonismo branco”, com o seu
quê de alienante.
Como autor do Contra Corrente da
revista CaixaAberta do STEC, quer
deixar uma mensagem aos seus
habituais leitores?
ZO: Antes de mais nada, quero deixar
um grande agradecimento à minha musa
inspiradora que é o Arnaldo Carvalho, porque sem ele me dar os tópicos era impossível fazer aquilo. Porque este tipo de humor
que é tão circunscrito a uma actividade profissional é impossível para quem não tiver
o conhecimento concreto da realidade. E
então, eu limito-me a dar boneco a uma
ideia e a dar-lhe às vezes, digo eu, se não
for pretenciosismo da minha parte, um pouco de técnica satírica.
O desejo para os leitores: - que sejam
cúmplices com os autores, no sentido de
entenderem o que lá vem dito e o que lá
não vem dito mas que se torna implícito no
conteúdo, quero dizer: - leiam também as
entrelinhas!
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BOLETIM INFORMATIVO DO SINDICATO DOS TRABALHADORES DAS EMPRESAS DO GRUPO CGD
Nº22 | NOVEMBRO 2009
formação
FORMAÇÃO SINDICAL ACÇÃO DE FORMAÇÃO PARA
DELEGADOS SINDICAIS
A Direcção do STEC iniciou um conjunto de acções
de formação, dirigidas aos Delegados Sindicais, com
o objectivo de os apetrechar com os conhecimentos
necessários para um melhor desempenho da sua
actividade, quer no local de trabalho, quer nas reuniões
de delegados e também como forma de enriquecimento
pessoal.
Começámos pela “Comunicação oral”, para o que contámos
com a colaboração da formadora, Drª Anabela Dinis, no âmbito do protocolo de colaboração celebrado entre o STEC e
a CGTP.
As acções realizaram-se em 21 e 22 de Outubro, na Sede do
STEC, que reúne as condições ideais para este tipo de realizações, e contou com um total de trinta e sete participantes,
Delegados Sindicais Efectivos.
Melhor do que qualquer apreciação da nossa parte, fica aqui o
testemunho de alguns dos participantes sobre a sua avaliação
desta acção de formação.
Maria João Ferreira
Agência CGD Nazaré
"A formação sindical de técnicas de comunicação oral,
levada a cabo pelo STEC, responde às necessidades
dos Delegados na sua actividade sindical. Numa altura
tão complexa, com tantas alterações nos meios e locais
de trabalho, torna-se necessário que nos adaptemos às
novas mudanças e exigências. Por conseguinte, torna-se
fundamental uma comunicação sindical mais interactiva
e por isso mais efi caz."
Alícia Freitas
Santa Cruz – Madeira
"Esta acção de formação foi excelente. Foi uma oportunidade, não só de aprender um pouco mais sobre as técnicas de comunicar, como de conhecer um pouco melhor
o sindicato, saber o que é que ele é, os valores que defende e os nossos direitos, para os podermos transmitir
de forma mais efi caz aos nossos colegas.
O convívio e a troca de ideias entre todos foi também
para mim muito importante, tanto mais que eu sou nova
nesta função de Delegada Sindical, fui eleita há pouco
tempo, é como começar do zero, é um desafi o.
Espero que o Sindicato nos continue a apoiar neste objectivo de abrir um bocado os olhos, conhecer melhor os
nossos direitos, para afastar este medo que toda a gente
sente e lutarmos, porque quanto mais unidos melhor nos
defendemos."
10
Amarelinho Ferreira
BAC – Cacilhas
"Considero esta formação bastante útil e penso que cumpriu bastante bem os seus objectivos.
Estas acções são sempre necessárias e importantes,
sendo uma mais valia para a função de Delegado Sindical, para aperfeiçoar a capacidade de interpretar uma
mensagem e para a fazer chegar nas melhores condições aos colegas destinatários.
Em conclusão, foi uma acção bastante enriquecedora."
CAIXA ABERTA
As inscrições de sócios do STEC e familiares,
nos Workshops de Fotografia promovidos pelo
sindicato tiveram uma grande adesão.
WORKSHOPS DE FOTOGRAFIA EM
LISBOA, PORTO E COIMBRA
O primeiro workshop, que se realizou em Lisboa em dois
fins-de-semana – dias 17, 18, 24 e 25 de Outubro, juntou
dezoito participantes, com idades muito variadas, mas
todos com um objectivo comum: desenvolver e aprofundar
os seus conhecimentos na área da fotografia.
Partindo da parte teórica da história da fotografia e da explicação dos conceitos, o monitor, o fotógrafo Vítor Garcia,
soube manter a atenção dos participantes e motivá-los, de
tal forma que saíram da Sede do STEC às oito da noite e
levaram trabalho para casa, a apresentar no dia seguinte, às
dez da manhã. Isto confirma o entusiasmo pelo curso e pelos
resultados da aplicação dos conhecimentos, até porque “quem
corre por gosto não cansa”!
O que é certo é que todos saíram deste workshop habilitados
a pensar primeiro na fotografia que pretendem tirar, analisar
a forma de abordar o objecto a fotografar, a luz, o tempo de
exposição, a sensibilidade adequadas, etc, e só depois disparar. Deixaram de fotografar no automático para passarem a
fotografar no modo manual.
Mas nada melhor do que a opinião dos formandos:
Conceição Sequeira:
Marco André Novo:
"Gostei muito. Eu nunca tinha feito um workshop de
fotografia, tiro fotografias há muitos anos porque gosto
e por carolice, mas não sabia tirar fotografias. Ainda
não sei, mas aprendi muita coisa e fiquei a saber que
a máquina tem funções que eu desconhecia. A partir
de hoje fiquei com o “bichinho” da fotografia mais activo. Quero ainda acrescentar que considero o professor
espectacular; soube dar atenção e apoio a todos, sendo
que, no grupo, o grau de conhecimentos de cada um
dos participantes era diferente."
"Sinceramente achei muito bom. O professor, fotógrafo, é sabedor. Gostei muito da parte teórica, da parte
conceptual da fotografia, da história da fotografia, como
começou e saio daqui com outra visão da forma de fotografar, não tanto disparar, mas pensar bem a fotografia
que na realidade queremos fazer. Valeu muito bem a
pena, e não foi caro."
Para os interessados relembramos que os workshops
do Porto e de Coimbra têm já datas marcadas.
Na delegação do Porto será nos dias 7, 8, 14 e 15 de
Novembro e na Delegação de Coimbra, nos dias 28
e 29 de Novembro, 5 e 6 de Dezembro.
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BOLETIM INFORMATIVO DO SINDICATO DOS TRABALHADORES DAS EMPRESAS DO GRUPO CGD
Nº22 | NOVEMBRO 2009
história
BARBEAR-SE OU NÃO...
UMA QUESTÃO !
O termo “barba” é de origem latina. Apesar do uso
de barba ter sido, durante muito tempo, associado à
sensatez, virilidade e sabedoria dos homens que a
usavam, o termo “bárbaro” foi também associado, noutras
épocas e regiões, a povos de outros costumes (apelidados
de infiéis, selvagens), neste caso, sem barba.
Sendo uma característica secundária de identificação masculina, o crescimento de pêlos
faciais acontece também, com
menor intensidade, em algumas mulheres, especialmente
na menopausa.
O barbeiro, como profissional
que apara, corta e rapa cabelos, barba e bigode, era, desde
tempos remotos, o homem mais
importante da comunidade (tribo, aldeia, etc). Era ao mesmo
tempo curandeiro, médico, dentista e líder religioso. Isto, no tempo em que se acreditava que
os espíritos entravam pelo cabelo e outras pilosidades. Assim,
os maus espíritos só poderiam sair cortando os mesmos.
Ainda hoje os judeus ortodoxos são ciosos da sua
barba.
Na Grécia, a importância
dos barbeiros remonta ao
século V a.C. As barbearias
eram o centro de convívio
por excelência onde todas
as novidades sociais, políticas e desportivas eram
discutidas.
Parece que várias derrotas de Alexandre o Grande perante os
Persas foram relacionadas com as barbas dos Macedónios, o
que levou este imperador a ordenar às suas tropas que rapassem a barba (ainda hoje esta prática é adoptada ou mesmo
imposta às tropas da maioria dos exércitos). Logo, os civis
seguiram a moda.
Em Roma não há notícia de barbeiros até ao séc. 296 AC,
quando Ticinius trouxe a moda da Sicília. A partir de então
os romanos foram dos povos que mais tempo passavam em
cortes de cabelo, de barba, massagens, manicure e aplicações
de óleos.
Quando Adriano se tornou imperador, a barba regressou à
moda pela simples razão de que ele próprio tinha a cara cheia
de cicatrizes, escondendo-as com a barba. Mais tarde, César
tinha a cara barbeada.
Na antiga Ásia, onde houvesse lendas e superstições sobre
cabelo e barba, os barbeiros floresciam. Há indícios, em monumentos e papiros do antigo Egipto, muitos séculos antes
de Cristo, de que já se rapava barba e cabelo. Os sacerdotes
egípcios chegavam mesmo a depilar o corpo inteiro, de três
em três dias.
Muitas passagens na Bíblia se referem à arte e conveniência
de fazer a barba. José foi barbeado antes de se apresentar
ao Faraó para não o ofender com uma “cara suja”. Também
Moisés, por razões de higiene e saúde pública, terá recomenEm intermitências temporais, a tendência foi oscilando através
dado a todos os leprosos que se barbeassem.
dos séculos, seguindo a preferência dos líderes.
Nesses tempos, os objectos
Nos primeiros séculos da era cristã a maioria das pessoas, inde corte disponíveis eram o
cluindo a nobreza, não sabia ler nem escrever. Os mais instrusílex e moluscos (navalhas,
ídos eram os monges e eclesiásticos que também se tornaram
ostras).
os físicos na idade das trevas. Como não havia médicos, as
doenças eram fatais e as sangrias eram a forma mais usual de
tentar a cura. Os barbeiros foram a classe que protagonizou
12
CAIXA ABERTA
esta prática médica, especialmente depois do século
XII, quando o Concílio de
Tours considerou sacrilégio
os eclesiásticos retirarem
sangue do corpo humano.
Duraria ainda mais 600 anos
a acumulação de funções
barbeiro-cirurgião, cuja ordem profissional regulava o
exercício da actividade. Uma lei de Henrique VIII estabeleceu
a doação, todos os anos, de quatro cadáveres de criminosos
executados para estudo ao mester barbeiros/cirurgiões.
Esta aliança das duas profissões foi abolida em 1745 no parlamento inglês, com aprovação do rei.
A separação das duas profissões e a moda do uso de perucas em França nos séculos XVIII e XIX levou ao declínio do
prestígio dos barbeiros, tendo as barbearias passado a ser
lugares mal frequentados.
Na actualidade, os homens entre os 20 e os 70 anos de idade
barbeiam-se cerca de 20.000 vezes durante a vida, o que dá,
em média, cerca de 5 meses!
Depois de 1901, ano em que
a Gillette fabricou uma lâmina segura oferecendo-a aos
soldados da I Grande Guerra,
tornou-se muito raro, até 1960,
deixar crescer a barba, até pelo
aspecto lucrativo da questão.
Actualmente, no site internet
desta empresa, pode-se efectuar o up-load de uma foto da
face e simular vários tipos de
bigode ou barba.
Após os anos 60, na vida política, intelectual e académica,
notabilizaram-se muitos barbudos, cuja imagem estava associada à rebeldia, coragem, romantismo, superação e determiNo tempo de Pedro o Grande, da velha Rússia, os homens nação ou excentricidade. Guerrilheiros e activistas, como Che
Guevara, Fidel Castro ou Lula da Silva são disso um exemplo.
chegaram a pagar uma taxa pelo uso de barba.
E quem não se lembra, usou ou conviveu com os barbudos
Já quanto à moda de uso ou do Maio de 68, dos Beatles e de uma geração pós 25 Abril
não de bigodes e barbas e em Portugal?
seu significado pode dizer-se
A antiga profissão de barbeiro
que tem havido para todos os
evoluiu para os actuais salões
gostos, sendo que a sociedade cabeleireiros e de beleza,
de actual é bem uma amostra
em separado ou unissexo, prode diversidade.
liferando toda uma indústria
Quantos barbudos famosos
associada de produtos capilaconhecemos, quantas aposres, colorantes e cremes.
tas foram feitas de deixar
Nestes espaços, para além da
crescer barba ou bigode, ou
tradicional barba e/ou cabelo,
de os rapar, conforme o clube
absolutamente tudo se pode
de futebol preferido ganhe o
depilar, homem ou mulher,
tal campeonato… Há clubes
provisória e regularmente ou
e campeonatos de barbas e
mesmo definitivamente.
bigodes um pouco por todo
o mundo.
Entre muitas curiosidades
do ter ou não ter barba refira-se uma deliciosa história
sobre Abraham Lincoln, no
tempo em que, não havendo televisão, um candidato
a presidente era conhecido,
ocasionalmente, por um folheto impresso. A sua cara
esquálida e magra fez com
que uma menina de 12 anos
lhe escrevesse uma carta sugerindo que deixasse
crescer a barba e assim
convenceria os irmãos a votar nele. Influenciado ou não
pela carta ele deixou crescer
a barba.
Traduzido e adaptado dos sites:
http://www.whitehouse.gov/about/presidents/abrahamlincoln/
http://www.boltbarbers.com
http://suitupp.wordpress.com/2009/09/15/men-shave-or-go-unshavenwhy-we-shave-and-whether-you-should-part-i/
http://menshealth.abril.com.br/edicoes/30/imagens/barba.jpg
http://www.barberpole.com
http://www.worldbeardchampionships.com/History/history.htm
http://very.net/pears/520_beards.shtml
http://www.beards.org
13
BOLETIM INFORMATIVO DO SINDICATO DOS TRABALHADORES DAS EMPRESAS DO GRUPO CGD
Nº22 | NOVEMBRO 2009
horas livres
Novo prazo
de entrega dos
s
trabalhos, para ambo
!
os concursos
IV CONCURSO DE FOTOGRAFIA DO STEC
Novo prazo de entrega dos trabalhos
27 Novembro. 2009
Prémios:
• 1º - 500,00 Euros *
• 2º - 250,00 Euros *
• 3º - 150,00 Euros *
* em cheque brinde
de empresa do ramo
fotográfico
a) Para além destes, será atribuído um prémio especial de
€150,00 para a melhor foto a preto e branco, que poderá
ser acumulado com qualquer dos restantes prémios.
Ch am a-s e a
ra
es pe cia l ate nç ão pa do
um a co ns ult a ate nta
ad am en te
reg ula me nto , no me to da s
qu an to ao for ma
em
fotos , sit ua çã o qu e, ou à
, lev
es
ior
ter
an
es
içõ
ed
alg un s
de sc las sif ica çã o de
tra ba lho s.
Hard folio
O STEC leva a efeito mais uma edição do Concurso
de Fotografia, aberto a sócios do STEC e familiares
directos.
A presente edição será dedicada ao tema “Tradições”,
podendo os concorrentes apresentar até um total de cinco
trabalhos, a cores e/ou a preto e branco.
As fotos a apresentar, nos formato entre 20x25 e 25x35
cm, deverão ser enviadas para a Sede do STEC ou para as
Delegações do Porto e Coimbra, cumprindo os preceitos
contidos no regulamento, sob pena de poderem ser
desclassificadas (não serem aceites a concurso).
Tema: "Tradições"
Modalidades: Preto e Branco e/ou Cores
Formato: Entre 20x25 e 25x35 cm
Inscrição: Gratuita
O Regulamento e a ficha de inscrição podem ser
consultados em www.stec.pt , na Sede do STEC,
ou nas Delegações do Porto e de Coimbra.
Para mais informações é favor contactar:
STEC – Pelouro dos Tempos Livres
IV PRÉMIO LITERÁRIO DO STEC
Novo prazo de entrega dos trabalhos
27 Novembro. 2009
O STEC organiza a quarta edição do Prémio Literário,
aberto a sócios e familiares directos.
As obras, em prosa, na modalidade de conto, deverão dar
entrada até ao dia 27 Novembro, na Sede do STEC ou nas
Delegações do Porto e Coimbra.
O tema é livre, podendo cada concorrente, apresentar o
máximo de duas obras, devendo as mesmas obedecer às
normas contidas no Regulamento.
Prémios:
Ao vencedor do Prémio Literário será atribuído um prémio
no valor de 500 Euros, na modalidade de vale de compras;
às menções honrosas, se as houver, será atribuído, a cada
uma, um prémio no valor de 150 Euros.
Contamos com a vossa participação!
14
Hard folio
Tema livre
Modalidade: Conto
Inscrição: Gratuita
O Regulamento e a ficha de inscrição podem ser
consultados em www.stec.pt , na Sede do STEC,
ou nas Delegações do Porto e de Coimbra.
Para mais informações é favor contactar:
STEC – Pelouro dos Tempos Livres
CAIXA ABERTA
Apresentamos os novos protocolos
estabelecidos entre o STEC e outras entidades.
Para qualquer esclarecimento complementar
é favor contactar a Sede, em Lisboa, ou as
Delegações de Coimbra e Porto.
protocolos
DESCONTOS E CONDIÇÕES ESPECIAIS
PARA ASSOCIADOS DO STEC
desporto e saúde
hotéis
PRESENTE COM FUTURO - Clínica Social, Lda
Rua Vilarinho de Baixo, 270 4475-730 AVIOSO S. PEDRO
Tel. 229 824 514 Fax. 229824515
www.presentecomfuturo.pt [email protected]
NATURA IMB HOTELS
www.naturaimbhotels.com
Concede aos associados do STEC e seus familiares, um desconto de 10% em todos os serviços prestados na Clínica.
CASA SONOTONE - Centro Audio-Optico, Lda
Poço do Borratem, 33 S/L
1100-408 LISBOA
Tel. 351 218 865 978
E-mail. [email protected]
www.casasonotone.com
Atribui um desconto de 20% aos sócios do STEC e familiares
sobre a tabela de preços de venda ao público dos produtos, cuidados e serviços técnicos, no âmbito da reabilitação auditiva.
cultura e lazer
FÓRMULA DO SABER - Noerus, Consultadoria, Lda
Praça Raínha D. Filipa, 3 - 1º
1600-681 LISBOA
Tel. 213 048 045 / 919 593 960
E-mail. [email protected]
www.noerus.pt
Proporciona 10% de desconto aos sócios do STEC e familiares directos, no preço de:
- Formação individual personalizada para seniores na área
de informática;
- Apoio escolar a alunos de todos os níveis de ensino.
outros
GIL OCULISTA, Lda
Rua da Prata, 138
110-420 LISBOA
Tel. 218 879 829 / 913 103 765 Fax. 218 879 191
E-mail. [email protected]
Proporciona os seguintes descontos aos sócios do STEC
e familiares:
- 20% em óculos graduados;
- 15% em óculos de sol, lupas e microscópios;
- 10% em lentes de contacto e produtos de manutenção.
Os associados e seus familiares directos, bem como os trabalhadores do STEC, beneficiam dos seguintes descontos:
- Desconto de 10% sobre o tarifário de Balcão dos seguintes
hotéis:
H2OTEL CONGRESS & MEDICAL SPA
- Sociedade Termal Unhais da Serra, SA
Av. das Termas 6215-604 UNHAIS DA SERRA
Tel. 275 970 020 Fax. 275 970 029
www.h2otel.com.pt
HOTEL VANGUARDA
- HVG, Hotelaria e Turismo Lda *** Sup
Av. Monsenhor Mendes do Carmo
6300-586 GUARDA
Tel. 271 208 390 Fax. 271 208 029
COVILHÃ PARQUE HOTEL
Av. Frei Heitor Pinto, Bloco A
6201-909 COVILHÃ
Tel. 275 329 320 Fax. 275 329 328
HOTEL TURISMO DA COVILHÃ, SA *** Sup
COVILHÃ, Acesso à variante
Tel. 275 330 400 Fax. 275 330 440
Central de Reservas
COVILHÃ, Acesso à variante
Tel. 275 330 406 Fax. 275 330 441
E-mail. [email protected]
N.º Azul: 808 20 03 07
Chamada Local de todo o País para comunicação telefónica
N.º Verde: 800 20 28 74
Chamada Local de todo o País para comunicação fax
CLUBE PINHAL DA FOZ - ESPOSENDE
Aldeamento Pinhal da Foz
4740-270 ESPOSENDE
Costa Verde - MINHO
Tel. 253 961 098 Fax. 253 965 937
E-mail. [email protected]
www.clubepinhaldafoz.com
Oferece descontos em apartamentos Turísticos de 30%, 20%
e 10% nas Épocas Baixa, Média e Alta respectivamente, aos
associados do STEC e seus familiares directos.
Época Baixa, meses de:
Janeiro/Fevereiro/Março/Abril/Novembro e Dezembro
Época Média, meses de: Maio/ Junho/Setembro e Outubro
Época Alta, meses de: Julho e Agosto
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BOLETIM INFORMATIVO DO SINDICATO DOS TRABALHADORES DAS EMPRESAS DO GRUPO CGD
Nº22 | NOVEMBRO 2009
insólito
CENTRALIZA, DESCENTRALIZA, CENTRALIZA...
O VAI E VEM dos «BAC» NÃO PÁRA!
Se é uma moda quem a dita e quem a segue? Será uma fatalidade?
Será esta dança útil, necessária e adequada aos tempos que correm?
Apenas lembramos e questionamos, alguém responda!
No princípio era natural, a centralização. Isto aí pelos anos 80,
do século XX, em que os despachos eram apenas decididos na
capital, em que um processo de crédito demorava vários meses,
em que apenas três instituições bancárias (Montepio, Crédito
Predial Português e CGD) financiavam habitação. Estes anos
trouxeram um impressionante crescimento, muito conhecimento
técnico adquirido. Os clientes aumentaram significativamente, a
CGD ganhou grande visibilidade.
Agora, quase à beira de nova década, parece ir voltar tudo à
forma original (como o pecado) e os serviços estão a ser (Re)
centralizados, numa operação (conforme newsletter nº 16/2009)
PTD de MBO na DSO que integrará largas dezenas de recursos
de muitas outras D´s.
Como é (?) natural a história vai repetir-se, nomeadamente quanto à criação de lugares de Direcção - uma resultante óbvia desta
medida. Os felizes contemplados perfilam-se e em breve serão
Mais tarde, nos anos 90, começou a delapidação de parte deste conhecidos. E a tão exaustivamente apregoada necessidade de
capital de conhecimento e prestígio com a descentralização, preci- proximidade com o cliente?
pitada, com a criação de uma que se pretendeu valorizada – o operador de crédito – e que muitas expectativas e frustrações gerou. Os trabalhadores, ontem juntos, depois separados e agora outra
vez agrupados, não se sabe por quanto tempo, parecem ser o
Vem o século XXI e o novo Milénio e entra em funcionamento que menos conta para quem centraliza ou descentraliza. A dança
uma nova estrutura – semi-descentralizada: os BAC - Habitação. de local de trabalho e as consequências que isso acarreta na
Implantados em várias zonas do país e gerindo os processos sua vida pessoal e familiar são questões que nada preocupam...
de um número específico de agências, dão novamente lugar à os mandadores deste baile.
criação de mais alguns lugares de chefia.
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Sede STEC - LISBOA
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fax 23 982 6802
Boletim Informativo Caixa Aberta Nº 22 , Novembro de 2009 - Periodicidade: Trimestral - Tiragem: 6500 Exemplares
Direcção e Redacção: Departamento de Comunicação do STEC - Concepção Gráfica: Hardfolio - Impressão: Ligrate - Atelier Gráfico, Lda.
CAIXA ABERTA

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