por Andrea Forlenza.
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por Andrea Forlenza.
Edição 01 – Setembro/2016 Fatores dietéticos e nutrientes no manejo da Síndrome Pré-Menstrual (SPM), pela Prof. Andrea Forlenza*. *Nutricionista e Farmacêutica. Diferenças significativas foram reportadas nos hábitos alimentares entre mulheres sem e com SPM. As que apresentavam sintomas da SPM consumiam 62% mais carboidratos refinados, 275% mais açúcar refinado, 79% mais produtos lácteos, 78% mais sódio, 53% menos ferro, 77% menos manganês e 52% menos zinco. 5,6 Vale ressaltar que, na SPM, as interações entre os hormônios ovarianos e os neurotransmissores (serotonina ou dopamina), as deficiências de minerais e vitaminas (principalmente vitamina B6 e cálcio) e os níveis reduzidos de serotonina, parecem estar envolvidos na sua etiologia. 7,8 Como consequência, muitas mulheres aumentam o consumo de carboidratos (açúcares refinados em particular) durante a fase pré-menstrual. Esta atitude pode estar relacionada a uma resposta psicológica à deficiência de serotonina no cérebro, uma vez que o consumo de carboidratos aumenta a captação cerebral de triptofano, aumentando desta forma a síntese de serotonina. Deve-se, entretanto, tomar cuidado com o consumo excessivo de carboidratos refinados. Se por um lado podem trazer um alívio transitório, por outro podem afetar a regulação sanguínea da glicose e outros mecanismos homeostáticos, potencialmente piorando os sintomas. Em geral, comer pequenas e mais frequentes refeições, incluindo alimentos com baixa carga glicêmica, mais nutritivos e integrais durante o período pré-menstrual, ajuda as mulheres a superar a avidez pelos carboidratos. 7,9 Evitar o consumo de cafeína, álcool e excesso de sal também são boas estratégias para beneficiar as mulheres que sofrem dessa síndrome. 10,11 Apesar da escassez de estudos clínicos nessa área, muitas mulheres referem que dietas com maiores teores de fibras (com grãos integrais, tubérculos, frutas e verduras) e de alimentos fermentados e com baixo teor de gorduras animais, ajudam a aliviar os sintomas da SPM. Existe um mecanismo biológico que suporta esta observação, uma vez que o estrogênio, que é eliminado nas fezes sob a forma conjugada, somente pode ser reabsorvido quando desconjugado por determinadas bactérias fecais. Estas bactérias estão presentes em maior concentração nas mulheres que têm dietas mais ricas em gorduras de origem animal e de carboidratos refinados. Uma vez que o excesso de estrogênio está associado à SPM, pode-se inferir que dietas com baixo teor de gorduras animais e carboidratos refinados serão benéficas para mulheres que sofrem dessa síndrome. 7,9 Um estudo realizado em 2003 por Shamberger evidenciou que mulheres com SPM apresentavam níveis sanguíneos mais baixos de cálcio, cobre, cromo e manganês e razões Mg/Ca e K/Na elevadas. Essa razão Mg/Ca elevada pode indicar uma relação mais complexa entre a SPM, o magnésio e o cálcio, do que em relação a cada elemento isoladamente. Destacaremos a seguir alguns nutrientes importantes no manejo não farmacológico da SPM. Cálcio O cálcio parece atuar modulando o efeito do estrógeno e de outros hormônios. O consumo de um suplemento à base de cálcio resultou em reduções estatisticamente significantes nos sintomas somáticos como dor de cabeça, dores articulares, e alguns sintomas emocionais como alterações de apetite, depressão e alterações do sono em mulheres com SPM. 12 Vitamina B6 (piridoxina) A vitamina B6 exerce inúmeros efeitos associados ao alívio dos sintomas da SPM. Além de reduzir alguns dos efeitos adversos do excesso de estrógeno, a vitamina B6 poderia aumentar as concentrações de serotonina, dopamina e progesterona, que se encontram mais baixas nas mulheres com SPM. 7,13 A vitamina B6 e o cálcio exercem ações essenciais na regulação do humor, sobre os descontroles psicológicos, particularmente nos sintomas depressivos. Esse efeito está relacionado à produção de serotonina e ao metabolismo do triptofano. 14 Os resultados de um estudo mostraram que a redução na pontuação dos sintomas da SPM foi maior no grupo que usou a terapia combinada (cálcio + vitamina B6), em comparação ao grupo que recebeu somente a vitamina 8 B6. Como a vitamina B6 em doses excessivas pode causar neuropatia, recomenda-se não ultrapassar doses diárias de 100mg. 9 Magnésio Alguns dos sintomas da SPM são similares aos relacionados à deficiência de magnésio, como: ansiedade, depressão, irritabilidade e dores de cabeça. Em alguns estudos, os níveis plasmáticos ou eritrocitários de magnésio estavam reduzidos em mulheres com SPM, quando comparados aos controles, entretanto, outros estudos não encontraram evidências de deficiência de magnésio em mulheres com essa síndrome. 7 O uso de suplementação de magnésio, vitamina B6 ou placebo em mulheres com SPM, demonstrou efeitos positivos do magnésio e da vitamina B6 na redução de todos os sintomas da SPM. A vitamina B6 foi mais eficaz na redução de sintomas relacionados à depressão, enquanto o magnésio controlou melhor os sintomas relacionados à ingestão alimentar (compulsão), retenção hídrica (edema) e ansiedade. 15,16 Vitamina B1 A vitamina B1 (tiamina) poderia reduzir os sintomas da SPM por atuar no funcionamento de coenzimas importantes do metabolismo de carboidratos e aminoácidos de cadeia ramificada, envolvidos no aparecimento dos sintomas físicos e psicológicos dessa síndrome. 17 Foi observada uma redução máxima na gravidade dos sintomas em um grupo de mulheres tratadas com vitamina B1, incluindo ansiedade (96%), depressão (80,4%), alterações do sono (80,24%), fadiga (73,88%), falta de concentração (70,51%), tensão (55,2%), entre outras. Em geral, a vitamina B1 é bem tolerada, mas pode causar dores de cabeça e algumas vezes, palpitações com o seu uso prolongado. 17 Vitaminas D e E O cálcio e a vitamina D podem influenciar o desenvolvimento da SPM por sua relação na modulação de estrógenos endógenos. Observou-se que há uma flutuação nos níveis de vitamina D durante o ciclo menstrual. Os níveis séricos da vitamina D de mulheres com SPM na fase lútea são menores do que os das mulheres que não apresentam a síndrome. 18 Pesquisadores demostraram que suplementos com vitamina E melhoraram de forma significativa os sintomas físicos e mentais de mulheres com SPM. Além disso, a vitamina E parece ser ligeiramente mais efetiva do que a vitamina D na redução dos sintomas, mas, não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos de um estudo específico. São necessários pelo menos 2 meses de intervenção com a vitamina E para que os efeitos terapêuticos possam ser observados. 19,20,21 Uso combinado de nutrientes Em vários estudos citados e na literatura, observa-se que o uso de nutrientes combinados tem efeitos melhores sobre o tratamento da SPM, do que quando usados de forma isolada. Desta forma, preconiza-se uma alimentação balanceada e equilibrada, rica em diversos nutrientes, bem como a suplementação de vitaminas e minerais, importantes para o bom funcionamento do organismo e da melhora dos sintomas da SPM, sempre que necessário, e com a orientação de um profissional da saúde qualificado. O que priorizar e evitar na SPM Evitar, principalmente na fase pré-menstrual: Carboidratos refinados (açúcar, alimentos à base de farinhas brancas, arroz branco, sem fibras); Longos períodos em jejum; Consumo de álcool, café e alimentos com cafeína (ex.: chás preto, mate, branco, verde); Excesso de sódio e sal (observar rótulos, principalmente de alimentos industrializados). A recomendação da OMS para adultos é de menos de 2g de sódio ou menos de 5g de sal por dia; Excesso de consumo de gorduras de origem animal (ex.: carnes vermelhas mais gordurosas, frango com pele, bacon, queijos amarelos, leite integral, sorvete, produtos congelados como lasanha, pizza, etc.); Industrializados (possuem em geral um alto teor de sódio, gorduras e açucares). Priorizar sempre, mas principalmente na fase pré-menstrual Carboidratos e alimentos integrais, com maior teor de fibras (ex.: arroz integral, massas integrais, pães integrais); Fracionamento das refeições (pequenas e mais frequentes); Alimentos com menor índice ou carga glicêmica; Alimentos fermentados, com probióticos (ex.: iogurte natural, missô, tempeh, chucrute, pickles); Alimentos naturais, in natura (frutas, verduras, oleaginosas como nozes, castanhas, amêndoas, leguminosas como feijões, lentilha e etc.); Carnes magras, frango sem pele e peixes. Além de uma alimentação colorida e variada, incluir o consumo de alimentos fontes de vitamina B1, B6, D e E, magnésio e cálcio ao longo do dia. Nutriente Vitamina B1 22,23 Exemplos de fontes de alimentos Ações na SPM Carne de porco grelhada (lombo), - castanha-do-Brasil, pistache, noz- coenzimas pecã, avelã, caju, aveia cozida, suco metabolismo de carboidratos e de laranja, batata assada com aminoácidos. casca, melancia, banana, carnes - Melhora de sintomas físicos e magras, cenoura, brócolis, feijão, mentais, iogurte natural, cereais integrais depressão, alterações do sono, (pão integral). fadiga, falta de concentração, dor de Atua no funcionamento de importantes do como cabeça, ansiedade, flatulência sensibilidade mamária. Vitamina B6 Bife de fígado, banana, salmão - Aumento nas concentrações de cozido, serotonina, influenciando frango (carne magra) e cozido, batata assada com casca, positivamente a regulação do suco de ameixa, avelã, camarão, humor. carne de boi, castanhas, nozes, abacate, manga, couve-de- bruxelas, melancia, feijão, abóbora, iogurte natural, arroz integral. Vitamina D É sintetizada no corpo com a ajuda - Pode estar reduzida em mulheres da com SPM (aumento do risco de luz solar. Alimentos: fortificado, manteiga, leite carne osteoporose). vermelha, gema do ovo, peixes - Modulação (arenque, salmão, sardinha) e seus estrógeno. óleos. - do Redução efeito nos do sintomas depressivos e ansiedade. Vitamina E Óleos vegetais (gérmen de trigo, - Melhora de sintomas físicos e girassol, amêndoa, canola, azeite mentais da SPM. de oliva), semente de girassol, - avelã, relacionados amendoim, castanha-do- Redução de à sintomas depressão, Brasil, amêndoa, pistache, gema do irritabilidade, estresse e compulsão ovo, vegetais de folhas verdes alimentar. (acelga, mostarda, brócolis, espinafre), abacate. Magnésio Sementes de abóbora, oleaginosas - Pode estar reduzido em mulheres (amêndoas, avelãs, caju, castanha- com SPM. do-brasil, - nozes, pistache), Melhora do humor, da amendoim, melado, semente de irritabilidade, girassol, compulsão alimentar e retenção acelga, espinafre, alcachofra, feijão, aveia cozida, ansiedade, hídrica. beterraba, chocolate sem açúcar, cacau, arroz integral, pão integral, gérmen de trigo, abacate, lentilha, ervilhas partidas cozidas, iogurte com pouca gordura. Cálcio Iogurte com baixo teor de gordura, - leite estrógeno, redução de sintomas e queijos, amêndoas, Modulação dor de do efeito cabeça, do espinafre cozido, tofu, feijão, couve como dores cozida, melado, sardinha (peixes articulares, alterações de apetite, pequenos, com espinhas) outras depressão e alterações no sono. hortaliças (brócolis, acelga, alface), beterraba, alcachofra, quiabo, mamão, laranja. OBS: para prescrição de alimentos ou dietas específicas é preciso avaliar se o paciente não possui alergias ou intolerâncias alimentares. Essa avaliação e a prescrição deverão ser feitas em conjunto pelo médico e pelo nutricionista. Referências bibliográficas 5. Abraham, GE. Nutritional factors in the etiology of the premenstrual tension syndromes. J Reprod Med, v. 28, p. 446-464, 1983. 6. Shamberger, RJ. Calcium, magnesium, and other elements in the red blood cells and hair of normal and patients with premenstrual syndrome. Biol Trace Elem Res, v. 94, n. 2, p. 123-129, 2003. 7. Gaby, AR. Nutritional Medicine. Epubbook. Chapter 227, 2011. 8. Masoumi, SZ; Ataollahi, M; Oshvandi, K. Effect of combined use of calcium and vitamin B6 on premenstrual syndrome symptoms: a randomized clinical trial. J Caring Sci, v. 5, n. 1, p. 67-73, 2016. 9. Maizes, V; Dog, TL. Integrative Women’s Health. Oxford University Press. 2010. p. 171-175. 10. Rossignol, AM; Bonnlander, H. 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