Educação Do Campo Resistência E Afirmação Da Identidade
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Educação Do Campo Resistência E Afirmação Da Identidade
CORREIA, D. M. N. ; BATISTA, M. S. X. ; BRITO, R. M. J. ;. Educação do Campo: resistência e afirmação da identidade camponesa. In: Anais 20º Encontro de Pesquisa Educacional do Norte e Nordeste: Educação, Culturas e Diversidades, 2011, Manaus. Anais 20º Encontro de Pesquisa Educacional do Norte e Nordeste: Educação, Culturas e Diversidades. Manaus: Valer, 2011. EDUCAÇÃO DO CAMPO: RESISTÊNCIA E AFIRMAÇÃO DA IDENTIDADE CAMPONESA1 Deyse Morgana das Neves Correia2 Maria do Socorro Xavier Batista3 Rosa Maria de Jesus Brito4 Resumo O presente artigo é fruto de estudos que vem sendo realizados em pesquisa que busca analisar as políticas de Educação Superior no Brasil voltadas para o desenvolvimento do campo brasileiro. Ele tem como objetivos analisar os elementos que compõem a identidade do campo e dos seus sujeitos, fazendo um breve panorama da construção dessa identidade, que se afirma na resistência ao processo de dissolução promovido pelo agronegócio e se pauta nos valores do trabalho com a terra e no enraizamento na cultura popular e abordar a educação do campo em seu papel na construção, afirmação e valorização da identidade dos povos do campo. Para tanto analisa o conceito de identidade, o papel da identidade nacional no apagamento e na resistência da identidade camponesa e a contribuição dos movimentos sociais no confronto das identidades atribuídas pelos processos de homogeneização e na formação de identidades de resistência que afirmem a cultura e a perspectiva política das classes trabalhadoras do campo. Destaca a cultura, a terra e o trabalho como constituintes da identidade camponesa e a contribuição da Educação do Campo e dos programas de formação superior para assentadas(os) da reforma agrária na afirmação da identidade camponesa. Palavras-chave: Educação do campo; movimentos sociais; identidade; Introdução O presente artigo, fruto de estudos e análises que vem sendo realizados em uma pesquisa sobre a as políticas de Educação Superior no Brasil voltadas para o desenvolvimento do campo brasileiro, busca analisar os elementos que compõem a identidade do campo e dos seus sujeitos, fazendo um breve panorama da construção dessa identidade, que se afirma na 1 Texto apresentado e publicado nos Anais do XX EPENN – Encontro de Pesquisa Educacional do Norte e Nordeste. Manaus, agosto, 2011. 2 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFPB, [email protected], Secretaria de Estado da Educação da Paraíba. Financiamento CAPES 3 Doutora em Sociologia, [email protected], professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFPB, Financiamento CAPES 4 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFPB, [email protected], Financiamento CAPES 2 resistência ao processo de dissolução promovido pelo agronegócio e se pauta nos valores do trabalho com a terra e no enraizamento na cultura popular. Num segundo momento, a educação é abordada em seu papel fundamental na construção e permanente afirmação e valorização da identidade dos povos do campo, enraizada na cultura e na memória camponesas. A compreensão sobre identidade social e cultural se torna importante no projeto de Educação do Campo, pois um de seus princípios é a valorização da diversidade cultural e da identidade dos povos do campo. As múltiplas faces do conceito de identidade O conceito de identidade tem se destacado no âmbito das Ciências Sociais na Psicologia, na Sociologia, na Antropologia e na Educação e tem adotado diferentes prismas de análise. Neste texto apresentamos brevemente as visões da Psicologia Social, dos estudos culturais e do materialismo histórico dialético. A identidade é entendida no âmbito da Psicologia Social (CIAMPA, 1990) como a dialética entre o indivíduo e a sociedade. Portanto, a formação da identidade sofre as determinações sociais e se auto-organiza no indivíduo a partir do confronto entre o que o meio social informa sobre seus modos de ser e o que o indivíduo vai internalizando a partir das referências externas. Ciampa (1977, p. 19), proclama: “compreender a identidade é compreender a relação indivíduo sociedade” considerando que “cada indivíduo encarna as relações sociais configurando uma identidade pessoal” (CIAMPA, 1990, p. 127). Assim, a identidade é pessoal, mas advinda das determinações sociais sobre o indivíduo. Na perspectiva dos estudos culturais, a identidade assume dimensão plural e histórica. Todos os indivíduos assumem várias identidades: a identidade pessoal, a identidade familiar, a identidade social. De acordo com Hall (2000), tais identidades são construções históricas, e, portanto ao largo das experiências sociais elas se modificam e se superpõem. Assim, as identidades não são fixas, rígidas ou estáticas, mas dinâmicas e mutáveis, como resultados transitórios e fugazes de processo de identificação, em constantes transformações. As identidades dos indivíduos são construídas de acordo com o ambiente em que estão inseridos, envolvendo, entre outras coisas, as estruturas sociais, a cultura e o histórico das relações. Essa característica da constituição da identidade também é expressa por Woodward (2008, p.9) ao afirmar que a construção da identidade se procede nos sentidos atribuídos às práticas e às relações sociais que se diferem relativamente a outras identidades pela marcação da diferença. “A identidade (...) depende, para existir, de algo fora dela: a saber, de outra identidade (...), de uma identidade que ela não é, que difere da [sua] identidade (...), mas que, entretanto fornece as condições para que ela exista”. Sob a ótica do materialismo histórico dialético, a compreensão da identidade é analisada em três aspectos: biológico, histórico e cultural. Bogo (2008) afirma que esses aspectos retratam a relação do homem com o meio social em que vive, desde as relações estabelecidas entre os sujeitos e dos sujeitos com os demais seres. É importante salientar, que tanto o biológico, como o histórico e a cultura são construções sociais que vão ratificando o tipo de identidade, desde o ser humano, o tipo de sociedade e a diversidade de seres. A identidade não emerge isoladamente ela se configura em meio a um conjunto de relações, nas quais vai assimilando uns elementos e esmaecendo outros a partir das contradições, que se 3 estabelecem num constante movimento dialético. Bogo (2008, p.34-5) reforça o papel das contradições na formação da identidade: A dialética, através do movimento dos contrários relaciona nesse processo a particularidade e a universalidade da contradição, elas evoluem por meio de constantes modificações; mantêm características e apresentam outras novas. Verificam que o homem faz parte da natureza com suas particularidades de gênero e, ao mesmo tempo, por ser necessidades humanas e sociais, transformam-na, transformando-se a si próprios. A discussão sobre o conceito de identidade se torna mais ativa no contexto de globalização no qual ocorre uma contradição marcada por uma realidade em que de um lado há uma tendência a um processo de homogeneização da cultura hegemonizada pelo movimento do capital e de outro, uma busca de afirmação das culturas locais, como resistência ao movimento homogeneizador. Esse processo do capital se apresenta num duplo movimento: em numa direção busca forjar uma cultura única, com status de cultura universal que alimentaria uma identidade coletiva de uma aldeia global em lugar de uma identidade nacional, ao passo que tenta realçar as culturas locais como pitorescas, folclóricas, exóticas, como identidades residuais, as quais passam também a entrar no circuito da indústria cultural global como mercadoria da indústria do turismo. Noutra direção, Benjamim (2000) propõe como princípios para a identidade nacional a soberania, a solidariedade, o desenvolvimento, a sustentabilidade e a democracia popular. Esse processo de globalização intenta formar uma identidade centrada na lógica do capital, do consumo, da unificação das economias, das sociedades e dos indivíduos dos vários países numa cultura única. Portanto, destacam-se na compreensão da formação da identidade coletiva as políticas de identidade como salienta Ciampa (2006, p. 1): “para falar de qualquer identidade coletiva, considero importante sempre levar em conta outra questão, a de políticas da identidade, que buscam normalizar ou, de certa forma, homogeneizar uma coletividade, influenciando-a no sentido de que seus membros compartilhem significados que são considerados relevantes para dar sentido à atividade de cada um”. Os movimentos sociais buscam confrontar as identidades atribuídas pelos processos homogeneizadores e formar identidades de resistência que afirmem a cultura e a perspectiva política das classes trabalhadoras do campo. Identidade nacional: apagamento e resistência da identidade camponesa Com a colonização implantada pelos portugueses, quando aqui aportaram e passaram a explorar as suas possessões, iniciou-se um processo de construção da idéia de identidade nacional fundada no monoculturalismo da cultura ocidental eurocêntrica, do branco, fundada na racionalidade do capital, ou seja, numa cultura universal. Essa idéia de uma cultura superior buscou impingir um processo de imposição civilizatória massacrando e obscurecendo as identidades dos índios, dos africanos e outros povos que aqui habitaram, negando as relações de classe e buscando apagar as diferenças. Fincado num território expropriado, o mito da nação busca formar uma identidade do povo como um todo orgânico num ideal de identidade cultural articulado por símbolos, valores morais, condutas, expectativas, compartilhados pelos povos que vivem no território. Esse ideal, no entanto tenta tornar natural algo que é socialmente construído e que dependendo da estrutura social e econômica, não é harmônico, mas conflitivo, posto que envolve interesses 4 contraditórios, disputas. Há, portanto uma tensão dialética entre identidade nacional e as identidades culturais e diversidade. Renato Ortiz (1999, p. 74) apresenta os elementos de constituição de uma identidade nacional: Ela pressupõe que no âmbito de um determinado território ocorra um movimento de integração econômica (emergência de um mercado nacional), social (educação de "todos" os cidadãos), política (advento do ideal democrático como elemento ordenador das relações dos partidos e das classes sociais) e cultural (unificação lingüística e simbólica de seus habitantes). Assim, a idéia de formação de identidade nacional entranhada no século XIX resulta do processo de modernidade e da revolução industrial que juntas tramam um processo de constituição da nação (Ortiz, 1999). O imaginário de uma identidade nacional se funda na idéia de que a modernidade, cuja expressão maior é ilustrada pelo modelo de sociedade capitalista precisava se consolidar tomando corpo numa representação de identidade nacional. Além disso, a cultura ocidental que os portugueses trouxeram era considerada superior, pois era moderna, fundamentada na racionalidade, na ciência e na técnica. Por isso foi necessário impor ao território brasileiro e ao seu povo como um projeto de todos, uma idéia de nação unificada pela mesma língua, por uma cultura brasileira composta de diferentes influências dos diferentes povos que contribuíram para a formação do povo brasileiro, para uma cultura brasileira condensada e amalgamada, que seria o sustentáculo de um projeto hegemônico de sociedade capitalista. Dos diferentes povos que compuseram a formação social brasileira temos como mais significativos os índios e os africanos. Os índios, os nativos, os verdadeiros donos do território, apresentavam uma diversidade cultural, com diferentes línguas, diferentes culturas, modos de produzir e viver. A lógica monoculturalista do projeto civilizatório moderno criou um processo de desterritorialização e de dizimação que quase extinguiu esses povos. A resistência os fez buscar novos territórios e até hoje com o avanço da ocupação da Amazônia esse processo perdura. Os africanos foram desterrados, arrancados das suas terras e de seus territórios, foram desenraizados de suas culturas e forçados brutalmente a produzir por meio do trabalho escravo toda a riqueza que alavancou o projeto de modernidade do capitalismo europeu nos séculos XVI, XVII e XVIII. Somente com a resistência e as lutas, os descendentes, os afrobrasileiros buscam ser reconhecidos e reparados pelos longos anos de exploração e tentativa de apagamento de sua cultura. A idéia de uma identidade nacional diante desses processos busca legitimar a dominação de um projeto civilizatório, que exclui e busca subjugar as diferenças culturais. Assim, índios e africanos alienados de seus territórios tiveram suas culturas originárias postas como alternativas e marginais à cultura dominante gerando nesse processo uma crise de pertencimento, uma desterritorialização que pela mão do Estado aliançado com projeto moderno da burguesia foram compelidos a se ajustar numa identidade cultural e nacional hegemônica, mas na qual se caracterizavam como periféricos. A sociedade colonial escravista negou aos índios, aos africanos e aos mestiços a sua identidade étnica e cultural. Do ponto de vista da política e das relações de trabalho, negou a identidade de classe, especialmente no tocante aos trabalhadores do campo. A esses sempre foram atribuídas múltiplas identidades marcadas por denominações pejorativas que variavam de acordo com a região, por exemplo: caipira, caiçara, tabaréu, caboclo, matuto. Essas diferentes identidades foram atribuídas pela 5 cultura hegemônica e recalcaram ou provocaram o encobrimento ou a ausência de uma identidade camponesa. Dessa maneira, a identidade nacional e o mito de uma democracia racial assumiram um papel significativo no mascaramento do preconceito racial e do desrespeito às culturas dos trabalhadores, o que segundo Santos (1997, apud OLTRAMARI e KAWAHALA, s/d) “tem na sua função política, mascarar os conflitos do passado escravocrata apaziguando assim a relação de desigualdade entre o negro e o branco, principalmente porque mostra a história de um vencedor que travou uma luta desigual e injusta”. Cultura, terra e trabalho: constituintes da identidade camponesa A identidade camponesa vem sendo construída pelos sujeitos mobilizados e organizados nos movimentos sociais do campo, ancorando-se na cultura e na especificidade presente nas relações sociais e produtivas dos sujeitos do campo. A afirmação da identidade camponesa a partir da valorização e do respeito aos costumes da tradição e aos modos de vida e de trabalho dos trabalhadores do campo se insere numa dinâmica de resistência ao processo de diluição das diferenças, reforçando-as pelo pertencimento a uma territorialidade. O território seria a base sobre a qual a cultura estabeleceria a interação, por exemplo, entre o rural e o urbano, de modo a garantir a manutenção das identidades, das diferenças. Nesse sentido a identidade camponesa se faz em oposição à identidade da agricultura capitalista, pois concebe a terra, o trabalho e a cultura do campo sob um olhar diferente. Enquanto sob a lógica do capital o campo é determinado pelo aspecto econômico, visto apenas como espaço de produção, de negócio, a identidade camponesa compreende o campo como espaço vivido, com seus sujeitos e suas tradições, espaço de cultura, de produção da vida, de democratização das relações sociais, de solidariedade, de justiça social. Essa distinção entre as identidades camponesa e da agricultura capitalista estão imbricadas de relações de poder, de disputa política e de projeto de sociedade. A constituição social da identidade sempre ocorre em uma conjuntura marcada pelo poder, em intersecção com as relações econômicas e políticas de sujeição e dominação (CASTELLS, 2001; WOODWARD, 2008; SILVA, 2008). A diferença é marcada, pois, por meio de uma oposição binária na qual as identidades em oposição recebem na sociedade uma importância diferencial, de forma que uma é sempre mais estimada, mais forte que a outra. Não se trata, entretanto, apenas do fato de que a definição da identidade e da diferença seja objeto de disputa entre grupos sociais assimetricamente situados relativamente ao poder. Na disputa pela identidade está envolvida uma disputa mais ampla por outros recursos simbólicos e materiais da sociedade. A afirmação da identidade e a enunciação da diferença traduzem o desejo dos diferentes grupos sociais, assimetricamente situados, de garantir o acesso privilegiado aos bens sociais. A identidade e a diferença estão, pois, em estreita conexão com relações de poder. O poder de definir a identidade e de marcar a diferença não pode ser separado das relações mais amplas de poder. A identidade e a diferença não são, nunca, inocentes (SILVA, 2008, p.81). A diferenciação entre essas identidades se coloca exatamente na luta entre o capital e a construção de experiências para a transformação da sociedade. E segundo uma leitura de Bogo (2008, p.59), ao referenciar-se em Castells, podemos classificar a identidade da 6 agricultura capitalista como uma “identidade legitimadora: produzida pelas instituições dominantes, com o objetivo de expandir e manter a dominação sobre as forças sociais dominadas” e a identidade camponesa como uma “identidade de resistência: produzida pela reação de atores que estão em posições dominadas e que erguem trincheiras de resistência com o objetivo de sobreviver”. Nesse sentido, os elementos constituintes da identidade camponesa são reconhecidos e valorizados pelos sujeitos do campo, dos movimentos sociais, e ao mesmo tempo, são desconsiderados e desqualificados pela lógica do agronegócio, da agricultura capitalista. A cultura, a história, os valores, o relacionamento com a terra e o trabalho, as tradições, os modos de vida dos que vivem no e do campo são alvos da afirmação ou da dissolução da identidade camponesa. A cultura implica, dessa forma, o princípio basilar da identidade camponesa ao engendrar o conjunto de práticas sociais e de experiências humanas que vão se organizando enquanto modo de vida que articula tradição, objetos, condutas, convicções, valores e conhecimentos característicos dos sujeitos que vivem no e do campo. Caldart (2000, p.49) acrescenta neste conjunto constituinte da identidade camponesa, o modo de vida produzido e cultivado na experiência dos movimentos sociais, do jeito de ser e de viver dos trabalhadores, do jeito de produzir e reproduzir a vida, da mística, dos símbolos, dos gestos, da religiosidade, da arte. A presença dos movimentos sociais na constituição da identidade do campo evidencia-se pelos conflitos, lutas sociais e organizações que estão mudando o jeito da sociedade olhar para o campo e seus sujeitos. Isto porque os movimentos sociais concebem uma dinâmica particular na construção da identidade individual e coletiva dos camponeses, construída como uma afirmação de condição social de ser sem-terra. (...) uma identidade que fica mais forte à medida que se materializa em modo de vida, ou seja, que se constitui enquanto cultura, e que projeta transformações no jeito de ser das pessoas e da sociedade, cultivando valores radicalmente humanistas, que se contrapõem aos valores antihumanos que sustentam a sociedade capitalista atual. Outro elemento constituinte da identidade camponesa configura-se na terra enquanto território da agricultura camponesa, ancorada no trabalho familiar, na diversidade de culturas. Isso porque os trabalhadores, na medida em que sua luta pela terra foi intensa, constroem um vínculo com o lugar, passam “a ter uma simbologia do sonho transformado em algo concreto: a sua terra, a sua casa, seu pedaço de chão, onde finca suas raízes” (BATISTA, 2007, p.175). Carvalho (2005, p.40) aponta a terra como um dos elementos mais importantes que caracterizam o campo e seus sujeitos. O “esforço de constituir um „território‟ familiar, um lugar de vida e de trabalho, capaz de guardar a memória da família e de reproduzi-la para as gerações posteriores” está no centro da relação entre o homem do campo e a terra de moradia, de trabalho, de vida. Nesse sentido, podemos afirmar que há uma relação intrínseca entre o homem do campo, a terra e seus frutos, não apenas com um significado real, social e econômico ou de sustentabilidade da vida humana, mas em especial com um sentido simbólico, que envolve sentimentos, cuidado, cumplicidade. Esse aspecto fica evidente no depoimento da camponesa Tina (PEREIRA, 2009, p.142): A terra tá ligado à minha vida. Quando falo da terra, eu tô falando de mim. Ela é a fonte de tudo. É a partir da terra que a gente começou a criar os 7 animais, a ter os frutos. É um sentimento muito forte. É um patrimônio que a gente deveria preservar, cuidar com carinho. A identidade camponesa presente nas nuances da vida no campo, nas relações sociais e produtivas, nos costumes e nas tradições dos sujeitos do campo configura-se como a particularidade, o vínculo com os sujeitos sociais concretos do campo, que se movimentam em determinadas condições sociais de existência. Por isso, a afirmação da identidade dos povos do campo está intrinsecamente articulada a interesses sociais, políticos, culturais e econômicos e, a educação, enquanto lócus de referência para processos pedagógicos precisa estar associada ao cultivo das identidades. “Educar é ajudar a construir e a fortalecer identidades; desenhar rostos, formar sujeitos. Isso tem a ver com valores, modo de vida, memória, cultura” (CALDART, 2004a, p.42). Nesse sentido, a identidade do sujeito do campo vincula-se às lutas e reivindicações dos movimentos sociais, que afirmando os traços da identidade camponesa passam a exigir do Estado uma educação que se identifique com suas diferentes identidades e com sua identidade comum, ancorada, na temporalidade e nos saberes próprios de cada povo, uma educação que considere o campo como um lugar de vida, de cultura, produção, moradia, lazer, e sobretudo, educação. Educação do Campo, identidade e os programas de formação superior para assentadas(os) da reforma agrária A literatura existente sobre as práticas educativas dos movimentos sociais revela que há no campo um expressivo movimento pedagógico, com experiências inovadoras coladas às raízes populares, às matrizes culturais dos povos do campo. No paradigma da Educação do Campo existe uma discussão sobre sua identidade. Como ratifica Caldart (2000), desde sua origem, o “do” da Educação do Campo tem a ver com o protagonismo dos camponeses; não é “para” nem “com”, é “dos” trabalhadores, “dos” camponeses. E esse protagonismo não é algo dado, mas construído no processo mesmo de formação dos sujeitos coletivos. Ao lado de outros direitos sociais a educação faz parte de uma nova consciência dos direitos reivindicados pelos movimentos sociais. Para Arroyo (1999), a educação somente pode se universalizar acompanhando esses avanços de direitos. A universalização da consciência dos direitos é o caminho para a universalização da educação. Os movimentos vêm efetivando várias experiências educacionais através de uma proposta pedagógica que contempla a identidade do campo e que reconhece os diferentes modos de vida dos vários sujeitos sociais que vivem e/ou trabalham no meio rural. Essa proposta tem assumido a educação como uma força propulsora que faz emergir o compromisso coletivo com as estratégias de desenvolvimento e de inclusão social e política ao oportunizar o acesso aos conhecimentos e inovações que são requisitadas para a transformação da realidade produtiva, ambiental, política e social. A partir desse processo, se pode reconhecer o papel fundamental que educação possui enquanto condição necessária para concretização do desenvolvimento em suas múltiplas dimensões. A Educação do Campo apresentada como novo paradigma de educação defendida pelos movimentos sociais do campo traz a marca da conquista de um movimento social educativo que vem se consolidando no Brasil. Os movimentos sociais do campo no seu conjunto ao constituírem a Articulação Nacional por Uma Educação do Campo têm defendido uma 8 educação pautada na luta pela terra e por condições dignas de vida e de afirmação de sua identidade. Tal identidade deve ser construída coletivamente pelos próprios sujeitos do campo, entendendo o campo como o lugar onde vivem os sujeitos; como sinal de vida, de trabalho, de cultura; de relações sociais; que não se faz sem os sujeitos do campo ou para os sujeitos do campo, mas com os sujeitos do campo a partir da idéia que os mesmos são os protagonistas de uma educação que quer expressar os interesses e necessidades de desenvolvimento dos sujeitos que vivem e trabalham no campo, e não meramente reproduzir os valores do desenvolvimento urbano. Essa Articulação deu início a uma ação organizativa, propondo e reivindicando do poder público uma política de educação para a população que vive no e do campo, na perspectiva de superar as concepções anteriores, que concebiam a educação para o meio rural vinculada ao modelo de desenvolvimento urbano-industrial capitalista e a uma estrutura agrária que usa a terra apenas como instrumento de exploração, subordinado ao modelo de acumulação do capital. Desse modo, vem buscando definir princípios que denotam um diferencial da Educação do Campo como expressão dos povos que nele vivem respeitando a diversidade que lhes caracterizam. Defendem que a educação esteja comprometida com a emancipação, que fortaleça a cultura e os valores das comunidades campesinas e que esteja vinculada ao projeto de desenvolvimento auto-sustentável. Propõem ainda um outro olhar sobre o papel do campo na economia e na sociabilidade, concebendo a terra como instrumento de democratização da sociedade brasileira. Defendem que os sujeitos do campo sejam reconhecidos como sujeitos de história e de direitos e que necessitam ter suas especificidades respeitadas e tratadas numa perspectiva de inclusão e alteridade. Para Caldart (2004a, p.16), a consolidação de um projeto de educação que considere as especificidades dos povos do campo nos dias de hoje, se coloca como desafio que na sua compreensão: (...) é o de construir o paradigma (contra-hegemônico) da Educação do Campo: produzir teorias, construir, consolidar e disseminar nossas concepções, ou seja, os conceitos, o modo de ver, as idéias que conformam uma interpretação e uma tomada de posição diante da realidade que se constitui pela relação entre campo e educação. Trata-se, ao mesmo tempo de socializar/quantificar a compreensão do acúmulo teórico e prático que já temos, e de continuar a elaboração e o planejamento dos próximos passos. Nesse sentido, os movimentos sociais reivindicam que a Educação do Campo apresente identidade própria, comprometida com os desafios, a história e a cultura dos povos que vivem nesse espaço. Exigem o desenvolvimento de projetos educativos que permitam construir a identidade da escola do campo. “A Educação do Campo pensa o campo com sua gente, seu modo de vida, de organização do trabalho e do espaço geográfico, de sua organização política e de suas identidades culturais, suas festas e seus conflitos” (MOLINA; FERNANDES, 2004, p. 64). Preocupada com a formação humana e arquitetada com a mobilização e a participação efetiva dos sujeitos do campo em favor de um novo modelo de desenvolvimento social e econômico sustentável e solidário, a Educação do Campo leva em conta os interesses dos sujeitos do campo, propiciando uma discussão em torno da realidade política, social e cultural deste grupo social, valorizando suas especificidades, suas condições de existência e o contexto sócio-histórico em que vivem, mas sem se desvincular da conjuntura nacional. 9 A declaração final da II Conferência Nacional Por uma Educação do Campo (ARTICULAÇÃO..., 2004) expressa de forma explícita a intenção de organizar, a partir da educação um projeto de sociedade que seja justo, democrático e igualitário, que contemple um projeto de desenvolvimento sustentável do campo, que se contraponha ao latifúndio e ao agronegócio atendendo diversas reivindicações; no qual a educação desempenhe um papel estratégico no processo de sua construção e implementação, respeitando a diversidade dos sujeitos do campo, e ao mesmo tempo, construindo uma unidade ao reafirmar um compromisso coletivo com uma visão de campo, de educação e de política pública que fortaleça um projeto popular de agricultura, que valorize e transforme a agricultura familiar/camponesa e que se integre na construção social de um outro projeto de desenvolvimento sustentável de campo e de país. Prega ainda um tratamento público e específico da Educação do Campo com dois argumentos básicos: 1. a importância da inclusão da população do campo na política educacional brasileira, como condição de construção de um projeto de educação vinculado a um projeto de desenvolvimento nacional, soberano e justo; e, 2. a diversidade dos processos produtivos e culturais que são formadores dos sujeitos humanos e sociais do campo precisam ser compreendidos e considerados na construção do projeto pedagógico da Educação do Campo (ARTICULAÇÃO..., 2004). Tal concepção ao revelar o seu vínculo com os processos de humanização mostra que sua finalidade enquanto o desenvolvimento mais pleno do ser humano atua na inserção crítica do ser humano na sociedade dinâmica em que vive, onde as condições materiais e relações sociais determinadas atuam nos processos de humanização e desumanização dos sujeitos. Dessa forma, não há como verdadeiramente educar os sujeitos do campo sem transformar as circunstâncias sociais desumanizantes, e sem prepará-los para ser os sujeitos destas transformações. A Educação do Campo deve servir às intencionalidades de formação de novas relações de trabalho e na formação de uma consciência política que atue na resistência cultural contra os processos de dominação e de degradação das condições de vida dos sujeitos do campo, propiciando um novo olhar para os indivíduos sobre sua origem e destino, além de uma nova visão sobre si mesmos. A ação educativa dos movimentos sociais do campo expressa nas experiências, nos encontros, nos documentos, etc., principalmente a partir do I Encontro Nacional e Educadores (as) da Reforma Agrária (ENERA), fortaleceu o processo da inserção da Educação do Campo na agenda política, na realização de duas Conferências Nacionais e na abertura de espaços públicos de debate e de formação política que adensam a construção de uma política, de fato, pública. A inserção da Educação do Campo no âmbito do poder público foi acompanhada pelo desenvolvimento teórico-metodológico, pela ampliação das discussões na agenda dos movimentos, das Universidades, dos governos, bem como pela efetivação de políticas públicas e ações direcionadas ao atendimento das demandas educacionais dos movimentos sociais, do campo. Destacam-se a instituição das Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo (Parecer n.36/2001 e Resolução n.1/2002 do Conselho Nacional de Educação) e a criação do Grupo Permanente de Trabalho de Educação do Campo no Ministério da Educação, que publicou um documento referência para a construção de políticas públicas de Educação do Campo e em 2008 foi transformado em Comissão Nacional de Educação do Campo. Destaca-se ainda a criação da Coordenação Geral de Educação do Campo, atuante na Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD). 10 No tocante aos projetos e programas governamentais de efetivação da Educação do Campo junto aos sujeitos das áreas de reforma agrária, o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA) incorpora as referências teórico-metodológicas e os princípios políticos e pedagógicos da Educação do Campo, e, nesse sentido, tem a afirmação e o fortalecimento da identidade própria do campo como pressuposto e objetivo: O PRONERA é operacionalizado de forma estratégica para contribuir com a elevação das condições de vida e de cidadania de milhares de brasileiros e brasileiras que vivem no campo, porque considera que a produção da existência do povo do campo se pauta por um jeito de viver, de se relacionar com o tempo, o espaço, o meio-ambiente, de organizar a família, a comunidade, o trabalho, a educação e o lazer que lhe permita a criação de uma identidade cultural e social própria (BRASIL, 2004, p.9). Dentre os princípios que orientam a prática educacional dos cursos do PRONERA, podemos destacar no princípio do diálogo e da transdisciplinaridade a perspectiva de valorização dos diferentes saberes, do respeito à cultura do grupo e a produção coletiva do conhecimento. Nesse processo, se enfatiza a constituição de uma proposta que contribua para a inter-relação e a articulação entre os conteúdos e os saberes locais, regionais e globais, tornando-se imprescindível que os sujeitos possam identificar suas necessidades e potencialidades e busquem estabelecer relações que contemplem a diversidade dos campos sociais, culturais, políticos, econômicos, de gênero, geração e etnia. Demonstrando identidade com as questões sociais e políticas dos movimentos sociais, o curso de Graduação em Ciências Agrárias, Licenciatura Plena UFPB/PRONERA, que visa a formação de professores capacitados pedagógica, política e tecnicamente para atuarem como docentes e/ou agentes de pesquisa-desenvolvimento comunitário abordando os diferentes aspectos da produção do campo, em seu projeto político pedagógico justifica a implantação da turma direcionada a grupos sociais do campo lembrando a fala do líder nacional do MST, João Pedro Stédile, “(...) que nos prestigiou no evento, ao apontar como prioridade a formulação de uma proposta de „Escola do Campo‟ que assumisse a identidade do meio rural, representando uma alternativa para o resgate da cidadania e integração do homem à produção agrária” (UFPB, 2004, p.5). O aporte teórico metodológico deste projeto de curso também referencia o fortalecimento da identidade camponesa, ao evidenciar que há avanços na legislação educacional possibilitando a garantia da “integração do ensino com as necessidades reais da população do campo, a implantação do conceito de agricultura camponesa e educação no campo em vez de meio rural, valorizando as lutas sociais e culturais dos grupos que hoje tentam garantir a sobrevivência e o valor desses trabalhadores” (UFPB, 2004, p.8). As propostas teóricometodológicas dos cursos e a presença dos (as) alunos (as) filhos (as) de camponeses(as) e militantes dos movimentos sociais do campo na universidade partilhando experiências e saberes reafirma e reforça a identidade política e cultural dos sujeitos do campo. Considerações De acordo com o exposto, é possível afirmar que a Educação do Campo se fortalece por meio de uma rede de atores e práticas que se mantém articulada mediante as demandas locais e nacionais. Expressando uma heterogeneidade de instituições, organizações e sujeitos coletivos que trabalham ou que dela se aproximam, ao mesmo tempo fortalece os processos de 11 formação da identidade camponesa e de um projeto de sociedade que se contrapõe ao modelo de sociedade capitalista. Sua inserção na agenda governamental foi fundamental no sentido de definir uma política educacional para fortalecer práticas e ampliar o acesso dos grupos sociais do campo à educação, contribuindo para a transformação da realidade educacional do campo. Uma prova decorrente disso são as políticas de educação superior para o campo consolidadas na forma de programas como o PRONERA, o qual tem sido o principal veículo de formação educacional e profissional destinado às populações das áreas de reforma agrária. Fruto das demandas dos movimentos e organizações sociais dos trabalhadores rurais, o PRONERA traz para a agenda da política educacional brasileira o debate da Educação do Campo e atrai os sujeitos que com ela trabalham, fortalecendo assim a sua própria atuação política no fomento de uma proposta pedagógica que valoriza a cultura camponesa e que questiona as relações de classe que marcam, particularmente, a realidade do campo brasileiro. Apesar do caráter singular e da iniciativa dessa política pública, o programa é marcado pelas pressões exercidas pelos movimentos sociais junto à esfera governamental para que se possa garantir a autonomia e o fortalecimento da identidade e dos interesses políticos e sociais das populações do campo. Espaços de formação como o PRONERA, que fomenta a pesquisa, a concepção de novas práticas sociais e a mudança nos processos educativos das populações do campo no Brasil mostram que a valorização do trabalho coletivo e cooperativo bem como a valorização da identidade e da cultura camponesa são pontos fundamentais para configurar a educação como espaço de resistência à dissolução cultural promovida pelos processos homogeneizadores atrelados ao projeto de sociedade capitalista, pois entendendo a educação como território de produção, movimento e consolidação de significados, como espaço singular de concretização da política de identidade, tem-se força para resistir e afirmar as suas representações, o universo simbólico de sua identidade. Esses programas representam conquistas que fortalecem a identidade camponesa e de resistência e luta política não obstante os múltiplos problemas e impasses na operacionalização e na manutenção remetem para a necessidade do fortalecimento da luta para que os programas se tornem políticas que garantam a efetivação do direito à educação dos povos do campo. Referências ARROYO, Miguel Gonzalez. Palestra sobre “Educação Básica e Movimentos Sociais”. In: ARROYO, Miguel Gonzalez; FERNANDES, Bernardo Mançano. A Educação Básica e o Movimento Social do Campo. Brasília: Articulação Nacional Por uma Educação do Campo, 1999. (Coleção Por uma Educação do Campo, caderno n. 2). ARTICULAÇÃO NACIONAL POR UMA EDUCAÇÃO DO CAMPO. Declaração Final. Conferência Nacional Por Uma Educação do Campo 2. Luziânia, 2004. Disponível em: <http://www.cnbb.org.br/documento_geral/IIConferenciaNacPorUmaE ducCampo.doc>. Acesso em: 20 abr. 2007. BARRETO, Rocio Stefson Neiva. Identidade Nacional e Globalização. 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