Salas de aulas versus espaços de aprendizagem

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Salas de aulas versus espaços de aprendizagem
Maio de 2009
Salas de aulas versus espaços de aprendizagem
Elisa Wolynec
[email protected]
A fim de atrair alunos, a maioria das IES
no YouTube, o professor antes escrevia no
particulares
quadro negro, depois passou a trazer o material
edifícios,
tem
com
investido
salas
de
em
aulas,
imponentes
bibliotecas
e
em transparências e utilizar um retro-projetor e,
laboratórios equipados com tecnologia de ponta.
mais
No tocante à infraestrutura de tecnologia o que
material na lousa inteligente, lendo o texto
está disponível varia bastante de uma para outra
para os alunos.
instituição. Mas
essa
infraestrutura
abaixo
recentemente,
a
projetar
o
mesmo
é
sempre utilizada como diferencial competitivo
Não basta modernizar espaços físicos e dotá-los
pelo
de tecnologia de ponta. É necessário investir na
marketing institucional, na captação
de
capacitação do corpo docente e redesenhar o
alunos:
currículo e os cursos.
• Bibliotecas com computadores disponíveis
É claro que o professor é peça chave na melhoria
para que os alunos pesquisem
• Lousas
inteligentes
e
interativas
que
promovem acesso à Internet
da
aprendizagem,
porém
os
espaços
físicos
limitam de forma dramática a atuação docente,
especialmente daqueles que querem aderir ao
ensino centrado no aluno.
• Laboratórios equipados com multimídia
• Redes Wireless
O problema é que se investe em tecnologia na
O ambiente de tecnologia é, a cada dia, mais
sala de aula, mas se mantém a arquitetura do
estratégico para atrair alunos.
ensino transmissional ultrapassado. As salas de
aulas são em sua maioria com as cadeiras
Esses edifícios novos ou renovados e a tecnologia
enfileiradas,
geralmente
neles
interligadas.
Essa
instalada
certamente
aumentam
a
presas
arquitetura
ao
chão
ou
destina-se
ao
satisfação do alunado. Entretanto, será que esses
ensino
espaços vão contribuir significativamente para
informações para a “audiência” de alunos. Até os
avanços na pedagogia e na aprendizagem?
nomes desses espaços traduzem a modalidade
Na
maioria
dos
significativamente,
casos,
ou
não
contribuem
proporcionalmente
ao
investimento efetuado. Um exemplo marcante é
em
que
o
professor
“transmite”
de ensino: auditório. Algumas IES até anunciam:
modernos auditórios, dotados de ar condicionado
e rede wireless.
o uso das lousas inteligentes pelos docentes,
O papel dessas tecnologias nas atividades de
para simplesmente projetar apresentações em
ensino-aprendizagem, nesses auditórios e salas
PowerPoint. Como comentado1 por alunos que
de
filmaram uma dessas aulas típica e a colocaram
desempenhado na vida social dos alunos e nas
aulas,
contrasta
com
o
papel
que
é
atividades
de
ambientes,
pesquisa
com
dos
sua
docentes.
estrutura
1. Criar ambientes de aprendizagem que
Esses
promovam
tradicional,
aprendizagem
ativa,
pensamento
crítico,
dificultam a interatividade, a colaboração, os
desenvolvam
trabalhos em equipe, a construção colaborativa
aprendizagem colaborativa e construção
do
de conhecimento.
conhecimento,
que
essas
tecnologias
propiciam.
2. Desenvolver
literacia
digital,
visual
e
informacional nos estudantes.
Na Educação Século 21 o currículo tem que ser
3. Atrair e motivar o aluno atual.
atual (e não de décadas atrás) e os papéis de
alunos e docentes podem inverter-se. O aluno
4. Inovar no ensino-aprendizagem com o uso
pode, em certos casos, ser o expositor, o criador
de tecnologia.
de conteúdo e mesmo um ativo planejador da
5. Promover o uso de tecnologia no ambiente
sua própria aprendizagem.
de ensino-aprendizagem em uma época de
crise (orçamentos reduzidos).
A atividade de ensino-aprendizagem deve ser
participativa
e
exige
novos
espaços
de
aprendizagem, adequados a essas atividades.
Inúmeros
estudos
têm
sido
efetuados
e
instituições de prestígio como MIT, Stanford,
Darmouth2
e
muitas
outras,
desenvolveram
novos espaços de aprendizagem que levam em
conta alguns princípios básicos:
Assim como a indústria fonográfica não retornará
ao modelo de negócios baseado nos discos de
vinil ou nos CD’s, não há possibilidade de retorno
ao ensino transmissional, onde o professor é o
expositor e o alunado mera audiência. As IES
necessitam reorganizar suas salas de aulas e
criar
• As atividades de aprendizagem ocorrem
em maior proporção fora da sala de aula.
novos
promovam
espaços
o
ensino
de
aprendizagem
centrado
no
que
aluno
e
encorajem uma nova postura pedagógica por
parte do corpo docente.
• A sala de aula deve ser flexível, com
mobiliário móvel, se possível sobre rodas,
para permitir configurações adequadas às
diferentes disciplinas e atividades.
• Os espaços de aprendizagem devem ser
pensados
como
um
ecossistema
interconectado.
• Deve-se
padronizar
a
tecnologia
para
facilitar a operação.
• Devem
ser
aprendizagem
criados
espaços
informais,
bem
de
como,
virtuais.
A
EDUCAUSE
(www.educause.edu)
realiza
anualmente uma pesquisa com as instituições
americanas
para
levantar
seus
principais
desafios. Para 2009, os cinco principais desafios,
segundo a pesquisa3 são:
1
Elisa Wolynec, “Ensinando para o passado ou
aprendendo para o futuro?” mai/2008
http://www.techne.com.br/artigos/Ensinando%20para%
20o%20passado.pdf
2
Chris Johnson and Cyprien Lomas, "Design of the
Learning Space: Learning and Design Principles,"
EDUCAUSE Review, vol. 40, no. 4 (July/August 2005),
pp. 16-28,
http://connect.educause.edu/Library/EDUCAUSE+Revie
w/DesignoftheLearningSpaceL/40557
3
(http://www.educause.edu/eli/Challenges) 

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