Rendimento, Ansiedade
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Rendimento, Ansiedade
Tiro desportivo I •••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• Rendimento, Ansiedade 30 Abril 2006 I AEM www.calibre12.pt Tiro desportivo e Frustra~iio no Tiro Autor: Miguel Soares e certeza que 0 leitor ja observou por alguma vez uma crianc;:a de 5 anos a jogar a bola. Geralmente consegue-se apreciar todo um grupo de miudos a perseguir um objectivo descontroladamente! Sabem porque isto acontece? Para as crianc;:as, a bola e naquele momento a unica conexao com o mundo. Nada mais importa. Agora SUgiIO que pensem no seguinte: Que sllcederia se um predador quando persegue a sua presa se preo cllpasse com a sua tecnica de correr? Que sucederia se este predador se questionasse sobre a velocidade eo angulo a empregar na slla pata es querda para melhor cac;:ar a sua presa? Que aconteceria se 0 mesmo predador se preocupasse com as preocupac;:6es da sua presa antes da possibilidade de esta ser comida? Que sllcederia a crianc;:a se esta pensasse que esta a ser observada por adultos?". Que sucede ria se a crianc;:a comec;:asse a pensar que a bola que outro miudo leva deveria estar com ele? Como se com portaria lima crianc;a se pen sasse que tinha de ser capaz de marcar? Acham que seria possivel manter uma conexao especial entre objectivo e quem 0 pretende obter? Creem que o predador seria capaz de apanhar a sua presa? Acham que a crianc;:a conseguiria desfrutar do seu jogo? Se 0 nosso predador nao se deixar levar pelo seu instinto de cac;:ador, a sua subserviencia estara compro metida. Quanto a crian<;:a, esta entre os seus jogos e com estes brincando. Existe algo mais importante do que a sua conexao com estes?? A resposta e NAO! A crianc;:a abstrai-se completamente do mundo exterior e cria 0 seu proprio mllndo, em volta das relac;:6es criadas s6 e somente com 0 seu brinquedo, ou jogo. _ este caso a sobrevivencia emotiva e a aprendizagem esta assegurada pela atitude natural da CJianc;:a. Entao, como e que nos afecta este processo enquanto atiradores? Devemos n6s atiradores estabelecer lim certo instinto de sobrevivencia desportiva que nos permita anular pensamentos estranhos no processo de execuc;:ao de urn disparo? Se n6s atiradores perdermos a conexao com 0 alvo, qual 0 resultado? Como e a atitude em geral dos nossos atlradores7 Nao sera que muitos dos nossos atiradores no momento do disparo comec;:am a fazer 0 que 0 nosso predador e as crianc;:as evitam? Avaliam emotivamente 0 seu rendi mento, somando pontos, comparando resultados, preocupando-se exagera damente na sua tecnica, recordando feitos passados ou imaginando g'l6rias futuras. Acc;:6es que s6 permi tern que se perca a relac;ao com 0 alvo e com 0 objectivo trac;ado, demolin do assim as nossas performances. o rendimento ao tornar-se diminuto comec;:a por gerar uma ansiedade diffcil de conter em alguns dos casos. Esta ansiedade s6 abre portas aos nossos fantasmas: impactos de baixa qualidade. A somar aos maus impactos nasce a frustrac;ao e mais uma compe ti<;:ao desperdic;:ada, que queremos concluir 0 rna is rapidamente pos sivel tentando acabar com 0 sofd mento rapidamente.• AEM 'I Abril 2006 31 Tiro Desportivo sua arma, fara que todo 0 processo se tome numa imagem perfeita. Este acto resume-se, exclusivamente, num acto de personalidade, numa vontade, que par uma determinada razao 0 atirador decide encontrar o centro do alvo. Este diagrama, talvez muito filosofico, nao impede porem que mantenha a lucidez em todo 0 processo. Devemos estar fisica e mentalmente optimizados, concentrados, com 0 centro do alvo. Nao somente como 0 alvo, devemos treinar para que 0 nosso objectivo seja somente 0 1/10.91/ Surgirao rendimentos fracos que darao lugar ao descontentamento. 0 ultimo tiro do descontentamento torna-se exponencialmente doloroso com a soma de todos os pontos perdidos. No tiro tern de haver seguran~a Interior o tiro, seja qual for a disciplina e um desporto de altissima precisao. atirador de bom nivel nao atira para 0 alvo. Dispara para 0 centro deste. o atirador de nivel sofrera a competir'? Posso assegurar que nao, pois estou convencido que um atirador de o , OS PERIODOS ENTRE DISPAROS DEVEM SER DE RELAXE TOTAL. bom nivel sente as mesmas conexoes e alegria que sente uma crian\:a a brincar. Qualquer outra circunstancia fora desta fara que 0 atirador perea a cone X30 com 0 seu objectivo. Nas minhas leituras sobre a modalidade, Ii algo sabre uma afirma\:ao de um dos grandes mestres do tiro e era mais ou menos assim: Num estado de concentra\:ao total, 0 atirador podera estar em qualquer parte do mundo e sera impossivel que qualquer coisa o perturbe. Ele disparara cada projec til como um acto isolado, individual mente preparado, concentrando-se durante 0 curto perfodo que requer para executar 0 disparo. Os perfodos entre disparos devem ser, sempre, perfodos de relaxe onde toda a tensao, muscular e mental, e dissipada e a mente fica Iiberta da execu\:30 anterior, preparando-se para 0 prOXi mo esfor\:o, 0 proximo I/tiro deve ser visto sempre como um acto isolado". (R. Genge 1976 p.2) Ora se nao vejamos: Um campeao mundial de tiro normal mente expressa-se assim acerca da sua conexao com 0 alvo: I/tudo 0 que me envolve se bloqueara, excepto 0 meu alvo e 0 meu olho. A arma se conver tera num prolongamento de mim. 32 Abril 2006 I AEM Toda a minha aten<;ao se limitara em alinhar miras com 0 centro do alvo. Esse momenta e 0 unico que vejo, sinto e oi\:o. Com a arma estabiliza da e as miras projectadas sobre 0 alvo, um rapido controle do meu corpo confirma-me que esta tudo bem. Se esta tudo correcto mantenho a minha aten\:ao sobre as miras e sim plesmente deixo voar 0 meu projectil. Como se eu fosse ao encontro do alvo. Se por acaso algo nao estava bem, baixo a arma e come\:o tudo de novo." Entao, e necessario concentrarmo-nos na concentra\:ao"? No meu entender, definitivamente nao. Entendo que o mais apropriado e ser capaz de man ter a conexao com 0 alvo natural mente e em cada treino, sem esfor\:o, podemos lentamente eliminar pensa mentos estranhos que nao fazem outra coisa do que desligar a sequencia mente - miras - centro do alva. Se pensarmos assim, certamente, sentiremos que a arma e um prolon gamento do nosso corpo. Este sentimento, se acontecer, seja qual for a personalidade do atirador, quando este se concentra sobre 0 centro do alvo e sempre que 0 seu disparo acontecer sem interferir sobre as miras, ou na estabilidade da - 1/ 10.9 and [ feel (ine". Assim como 0 predador nao avalia as circunstancias externas, mas sim plesmente a sua presa, 0 atirador so deve ver 0 centro do alvo, nada mais. lsto significa, por outras palavras, que podemos, uma vez apreendida a tecniea de tiro e a finalidade da modalidade, eneontrar nos nossos aetos uma forma certeira e reiterada sobre um objectivo pequeno. Par isso, ereio que esta e uma defilli\:ao importante, nos como atiradores devemos sentir que existe conexao directa com 0 nosso objectivo. Se essa conexao nao e de boa qualidade ou se interrompe constantemente com pensamentos estranhos, nunca, por mais que tentemos obter 0 sueesso, somos capazes de obter bons resultados. Sempre que tive a possibilidade de conversar com atiradores de sueesso, estes exprimiram-se de igual forma aquestao de como obtiveram os seus melhores resultados. Todos responde ram que os obtiveram com uma natu ralidade surpreendente, sem se senti rem em esfor\:o nas performances, onde os resultados passados e os futuros nao contavam. " .. .SOli apenGs /lin atirador... lim bom atirador..." (Alin Moldeveaun) www.calibre12.pt Tiro Desportivo • • • • It ,. It It It It It .. It It It .. It .. It It .. It It It It It .. It .. It It It .. It It It It It It .. It It .. It .. It It It It It It .. It It It .. It .. It .. It .. It It It sobre 0 alvo. Quem nunca teve? Mas por ter problemas de concen tra~ao, que e tao necessaria ao tiro, nao e necessariamente uma rmo para abandonar a modaLidade. Tao pouco, e necessario cair em frustra~ao. Acima de tudo e necessario que mudemos de atitude na nossa pratica do tiro, e segundo nos recomenda Lanny Bassham, campeao mundial e olfmpico em carabina, temos que ver que "0 nosso passado nao e uma prisao, ha que abordar os nossos problemas positivamente". Se existe urn problema como a falta ANSIEDADE E ESPECTATIVAS CONDUZEM MUITAS VEZES A UMA CONTRA-PERFORMANCE. 56 Ihes importa 0 tiro que esta por faz er, rna is nada importa no mundo, nao importa se era 0 primeiro, 0 15° ou 0 ultimo. Cada tiro e importante por si s6. "E sempre que estou em boa forma, mental e ffsica, e como sentisse que a minha mente se esvazia, mas por outro lade esta esta com pletamente conectada com as min has sensa~6es que se projectam sobre 0 centro do alvo. A rela~ao e absoluta. :£ algo em que tenho que acreditar, como se 0 meu inconsciente estivesse a fazer absolutamente tudo. 56 vejo e sinto a minha arma a estabilizar sobre 0 alvo como que se Ligassem entre si, 0 resto das sensa~6es surgiam automaticamente." o meu conselho e: NAO TENS COM o QUE TE PREOCUPAR!!! Como todos n6s atiradores sabemos, a ansiedade, expectativas de resultados, compara~ao de rendimentos e outros pensamentos alheios ao tiro s6 produzem uma performance mais fraca e consecutivamente resultados mais fracos. Entao com 0 que e que nos devemos preocupar, se disparar e competir nao e nada mais nada menos que uma actividade despomva de tempos livres, onde 0 nosso born-nome ou honra nunca ficam manchados? Muitos de n6s temos a experiencia previa de problemas de falta de concentra~ao de capacidade de concentra~ao sobre o problema alvo/miras, e, em vez de uma imagem clara existe urn ruido mental absoluto, nao te esforces, deixa que a conexao va surgindo naturalmente e sem ansiedade. Quando a ansiedade existir enquanto atiras senta-te calmamente, nao fa~as nada, simplesmente respira e a tua performance sera aquela para a qual treinaste.. 6s somos senhores de n6s pr6prios e podemos decidir: "dispara calmamente, nao abdiques de nada na tua tecnica, a tranqui lidade aparecera, a conexao crescera por si mesma". Assim como a crian~a joga despreo cupadamente desfrutando plena mente os seus momentos de lazer, n6s, como atiradores, devemos fazer que 0 tiro seja urn momenta de prazer. o tiro, definitivamente, nao deseja ser urn jogo, e regulamentado e existe como competi~ao, ere tern de ser urn jogo por si s6. Se come~as a jogar e desejas ser urn campeao, deves fazer que 0 teu jogo se tome uma realidade. o tiro nao da prazer s6 porque disparamos bern. Devemos disparar bern porque queremos fazer do nosso tiro urn prazer. • AEM I Abril 2006 33 It Ii