cadeia metal-mecânica, ameaça da china e desindustrialização no

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cadeia metal-mecânica, ameaça da china e desindustrialização no
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
CADEIA METAL-MECÂNICA, AMEAÇA DA CHINA E
DESINDUSTRIALIZAÇÃO NO BRASIL
Regis Bonelli1
SUMÁRIO
Apresentação (p. 2)
1. Introdução
1.1 As estratégias de desenvolvimento manufatureiro do Brasil desde 1990 (p. 3)
1.2 Políticas de competitividade (p. 5)
1.3 Desindustrialização no Brasil? (p. 8)
2. Mudanças nas Estruturas do PIB e da Indústria de Transformação
2.1 Evolução dos componentes do PIB: nível de atividade, emprego, produtividade,
exportações, importações (p. 12)
2.2 Mudanças na composição setorial da indústria e na produtividade industrial (p. 18)
2.3Mudanças no comércio internacional: exportações, importações e saldos comerciais
— volumes físicos e preços (p. 22)
2.4 Mudanças no padrão de especialização do comércio (p. 23)
2.5 Mudanças na participação das exportações por setores e pelo conteúdo tecnológico
das atividades produtivas(p.26)
2.6 Origem e destino do comércio exterior do setor industrial e vinculação com a
China. (p. 28)
3. Desempenho Produtivo da Cadeia de Valor da Indústria do Aço
3.1 Desempenho da cadeia de valor da indústria do aço (nível de atividade, emprego,
investimento) e sua composição (p. 31)
3.2 Penetração das importações em relação ao consumo aparente (p. 33)
3.3 Descrição da cadeia de valor da indústria siderúrgica (p. 36)
3.4 Mudanças no comércio internacional: exportações, importações e saldos
comerciais;volumes físicos e preços. (p. 37)
3.5 Determinantes da trajetória: políticas públicas ou vantagens naturais? (p. 42)
4. O Avanço da China e seu Impacto sobre o Brasil
4.1 Tipos de manufatura que a China exporta para o Brasil. (p. 45)
4.2 Existe competição com a indústria nacional? (p. 45)
4.3Tendências do comércio indireto de aço com a China. (p. 47)
5. Conclusão e Recomendações de Políticas Públicas
5.1 Sumário de conclusões (p. 50)
5.2 Recomendações de políticas em relação à primarização da economia (p. 53)
5.3Recomendações de políticas em relação à indústria Metal Mecânica (p. 55)
5.4Recomendações de políticasem relação ao avanço da China (p. 57)
Bibliografia(p. 59)
Anexos(p. 61)
1
Consultor da FUNCEX e Pesquisador Sênior do Instituto Brasileiro de Economia — IBRE, Fundação Getúlio
Vargas, Rio de Janeiro. Estudo elaborado para o ILAFA — Instituto Latinoamericano Del Fierro y del Acero em
abril de 2011 e revisto em maio de 2011. O autor agradece os comentários e sugestões de Germano Mendes de
Paula, Ricardo Markwald e Rudolf Bühler a versões anteriores sem, contudo, responsabilizá-los por eventuais
erros ou incorreções do texto.
1
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
Apresentação
A rápida ascensão da China ao status de potência econômica mundial tem
representado vantagens e colocado desafios para seus parceiros comerciais. Isso é
especialmente verdadeiro para países emergentes, como o Brasil, devido aos distintos estágios
de desenvolvimento em que se encontram os dois países e às políticas econômicas com
características também muito diferentes entre eles. E embora o forte crescimento da Chinaseja
um dos principais responsáveis pelo aumento dos fluxos de exportação dos emergentes, o tipo
de mercadorias por ela demandadas tem sido responsável por significativas mudanças na
pauta de exportações do mundo em desenvolvimento. Entre essas mudanças destaca-se o
aumento da demanda por produtos ―básicos‖, ou ―primários‖, que tem acarretado uma reprimarização da pauta de exportações de diversos países. No caso do Brasil, essas mudanças
têm, inclusive, geradotemores de desindustrialização na medida em que a mudança também
pode se aplicar à estrutura de produção.
A manutenção de uma taxa de câmbiodesvalorizada na China está na raiz de uma das
principais dificuldades experimentadas pelo Brasil, ao lado de uma taxa de câmbio muito
valorizada neste país.2 Outras dificuldades, mas que frequentemente não merecem tanto
destaque no debate, dizem respeito às deficiências na logística de transportes (portos,
rodovias, ferrovias, aeroportos),3 nos excessivos e ineficientes processos burocráticos
relacionados às atividades de exportação e importação4 e na carga tributária muito elevada em
termos internacionais.5
A expansão das exportações brasileiras de produtos básicos, impulsionada por
crescentes preços de commodities, tem ajudado a formar superávits comerciais que, embora
decrescentes nos últimos anos, atuam na direção da valorização do câmbio. No entanto,
também existem fatores internos em ação (entre os quais cabe destacar a manutenção de taxas
de juros muito elevadas, que atraem capitais do exterior) que agem no sentido de valorização
da taxa de câmbio do Brasil. Esse é, sabidamente, um processo de difícil solução a curto e
médio prazos. Um dos resultados, do ponto de vista da indústria, tem sido o aumento das
importações muito acima do aumento das exportaçõesde manufaturas. Em outras palavras, de
perda de competitividade.
Embora dotada de uma estrutura industrial diversificada e sofisticada, a valorização do
câmbio observada nos últimos anos tem levado a indústria brasileiraa dificuldades na
competição com as importações. Esse aspecto adquire especial importância em relação ao
desempenho da cadeia metal-mecânica, área em que a penetração das importações de
produtos chineses no consumo interno tem sido assustadoramente crescente. É precisamente
dessa ameaça que se ocupa este trabalho, cujo objetivo é analisar a crescente inserção chinesa
no mercado da indústria metal-mecânica doméstica à luz da experiência brasileira no passado
recente. A finalidade é, além de montar um diagnóstico da evolução recente desse tema,
2
As razões da valorização do câmbio são várias e complexas, como será analisado ao final. Mas é oportuno
destacar que em parte se deve à reação dos países da OCDE à Grande Recessão de 2008 em termos de expansão
da liquidez internacional. No caso dos EUA essa expansão é fruto dos afrouxamentos quantitativos, que
injetaram fartas doses de dólares nos mercados financeiros mundiais.
3
Aspecto repetidamente registrado em relatórios internacionais como, por exemplo, o World Competitiveness
Report.
4
Idem.
5
A carga tributária brasileira, da ordem de 35% do PIB, é semelhante à média da União Européia e
substancialmente mais alta que a dos demais países da América Latina.
2
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
propor medidas de política econômica que poderiam ajudar a defender a indústria local
contrauma penetração ―excessiva‖ de bens importados.
Para tanto, o texto compõe-se de cinco seções. Uma primeira introduz o tema pela
descrição das estratégias de desenvolvimento manufatureiro do Brasil nas duas últimas
décadas, destacando o papel do desempenho macroeconômico, das políticas de
competitividade e da ameaça de desindustrialização. A seção seguinte ocupa-se dasmudanças
nas estruturas do PIB e da Indústria de Transformação nesse período. A terceira seção avalia o
desempenho produtivo a jusante da cadeia de valor da indústria do aço, ao passo que a quarta
lida com o avanço da China e seu impacto sobre o Brasil em relação a essa cadeia. A quinta
seção conclui o texto com recomendações de políticas públicas.
Introdução
1.1 As estratégias de desenvolvimento manufatureiro do Brasil desde 1990
O Brasil não tem uma estratégia explícita de desenvolvimento da indústria, que seja
coordenada ou executada por instituição governamental. Ainda assim, a experiência dos
últimos anos sugereque existem linhas de ação que autorizamsupor a existência deuma linha
de ação governamental voltadapara apoiar o setor. Na verdade, a política econômica em
relação à indústria oscilounas duas últimas décadas, parte das quais vividas sob a pressão de
crises internacionais e/ou sob a ameaça de descontrole fiscal/inflacionário e das medidas
adotadas para lidar com elas. Devido a isso, o desempenho macroeconômico e, especialmente,
da indústria não foi brilhante na maior parte do tempo.
As duas últimas décadas foram de notáveis transformações para a economia brasileira.
No início o país passou por um triênio de recessão durante a frustrada tentativa de controle da
inflação no governo do Pres. Collor (1990-92). Uma recuperação cíclica teve lugar logo após,
alimentada por um bem sucedido plano de estabilização implementado em 1994.
Mas em seguida o país teve que lidar ao longo de quase dez anoscom choques
externos adversos e com ameaças de contágio doméstico devido às crises do México (199495), Ásia (1997), Rússia (1998) e Argentina (2001), bem como choques domésticos devidos
a: mudança no regime cambial (1999); escassez de energia (2001); o espectro de uma vitória
eleitoral de um candidato que se esperava que fosse mudar o regime de política econômica
vigente (Pres. Lula) — expectativaque provocou uma interrupção temporária dos fluxos de
capital para o Brasilno 2º semestre de 2002 e forte desvalorização cambial.6 A sequência das
reações a esses eventos implicou desvalorização cambial, aumento da taxa de inflação,
elevação dos juros internos e descontinuidade do crescimento. O fato de que o governo que
tomou posse em janeiro de 2003 tenha mantido o arcabouço de política macroeconômica
preexistente não só acalmou os mercados, mas, especialmente, forneceu as bases para uma
nova fase de crescimento a partir de 2004.7
Exceto pelo plano de estabilização e pela reforma do Estado na primeira metade da
década, a mais importante reforma individual dos anos 1990 ocorreu em 1999, quando o país
adotou um novo modelo de política macroeconômica, baseado no tripé representado por: uma
6
A taxa de câmbio, que é atualmente de cerca de R$ 1,6/US$, chegou a aproximadamente R$ 4,0/US$ em
outubro de 2002.
7
A recuperação teve início um pouco antes devido ao forte crescimento das exportações, em boa medida
estimuladas pelo câmbio desvalorizado pós-1999. A pujança da economia internacional foi outro fator de
estímulo.
3
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
taxa cambial flutuante; limites nos déficits fiscais (dados pela necessidade de gerar superávits
primários capazes de reduzir a dívida líquida do setor público ou, ao menos, mantê-la sob
controle); e um regime de metas de inflação administrado por um Banco Central independente
de facto, mas não de jure.
O crescimento econômico ganhou força, apoiado pelas reformas estruturais adotadas
desde o final dos anos 1980 — como a liberalização comercial e dos investimentos e os
ganhos de produtividade que essas medidas permitiram8 —, e especialmente depois de 1993.
Mas foram (brevemente) interrompidos pela crise de 2008.9 A recuperação do crescimento do
PIB observada em 2010, de 7,5% em relação a 2009, foi baseada em forte recuperação da
demanda doméstica de consumo e investimento e da capacidade utilizada em um contexto em
que os preços de exportação e os termos de troca foram especialmente favoráveis ao Brasil.
As perspectivas para o futuro, no entanto, apontam para taxas bem mais modestas no médio
prazo, da ordem de 4 a 4,5% ao ano.
A sequência histórica do crescimento econômico dessas últimas duas décadas é
ilustrada no Gráfico 1, a seguir, que mostra as taxas anuais de crescimento do PIB e,
superimposta a elas, sua média móvel quinquenal de modo a permitir uma visualização das
tendências de prazo mais longo.
Gráfico 1: Brasil — Taxas Anuais de Crescimento do PIB e Média Quinquenal
1990-2010 (%)
8
6
Taxa crescimento PIB
Média quinquenal
4
2
-2
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
0
-4
-6
Fonte: Contas Nacionais do Brasil; IPEADATA.
A indústria foi profundamente afetada pela sequência de eventos citados. A
combinação de liberalização comercial e recessão no começo dos anos 1990 foi especialmente
severa para a produção industrial, que passou por um ajuste tanto em termos de redução nas
quantidades produzidas (principalmente na recessão de 1990) quanto, especialmente, na perda
dos postos de trabalho. Como resultado, a produtividade manufatureira apresentou
crescimento muito elevado em diversos anos, como se visualiza no Gráfico 2, logo em
8
A década de 1980 havia sido caracterizada por estagnação da produtividade agregada e industrial.
No caso do Brasil, o canal de transmissão da crise internacional foi a reversão e estrangulamento dos influxos
de capital, que atingiram a atividade econômica de forma especialmente forte. A severidade da recessão pode ser
avaliada pelo fato de que a produção industrial diminuiu 19% em apenas três meses, de setembro a dezembro de
2008 (dados dessazonalizados).
9
4
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
seguida.10 É contra esse pano de fundo que devem ser analisadas as tentativas de elaboração
de estratégias de desenvolvimento e as políticas de competitividade no Brasil, efetivas ou
virtuais.
Gráfico 2: Brasil — Taxas Anuais de Crescimento da Indústria de Transformação:
Produção, Emprego e Produtividade, 1990-2010 (%)
15%
Produção (PIB)
Produtividade
Emprego
10%
5%
2010
2009
2008
2007
2006
2005
2004
2003
2002
2001
2000
1999
1998
1997
1996
1995
1994
1993
1992
1991
-5%
1990
0%
-10%
-15%
Fonte: IPEADATA, com base em dados do IBGE.
1.2 Políticas de competitividade
Os anos 1970 foram a década de ouro das políticas de competitividade no Brasil. Mas,
abatidas pela crise da dívida externa e pelas novas orientações de política econômica e
sugestões visando reformar o Estado nos anos 1980, as políticas industrial e de comércio
exterior passaram por uma fase de relativo descrédito no Brasil por cerca de uma década. Seu
ressurgimento se deu algo timidamente ainda na década de 1990,11 em um momento em que a
abertura comercial e financeira, a privatização e a desregulamentação ocupavam o centro dos
debates em relação à atuação do Estado. Registre-se que pouco antes, em 1988, o Brasil havia
divulgado, em meio ao quase-caos institucional do final do governo do Pres. Sarney (março
1985- março 1990), uma Nova Política Industrial — que, no entanto, acabou não passando de
um conjunto de intenções.
Em 1990 (dezembro) foi criado o PCI — Programa de Competitividade Industrial, um
dos três pilares da política de competitividade do governo Collor (1990-92), os outros dois
sendo o PBQP (Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade) e o PACTI (Programa de
Apoio à Capacitação Tecnológica da Indústria). Mecanismos consultivos como as Câmaras
Setoriais foram criados em 1992 com a missão de propor medidas de política industrial e
comercial que, porém, nem sempre foram concretizadas.
Diversas iniciativas se sucederam, mas esse ressurgimento das então assim chamadas
políticas de competitividade não representou, inicialmente, um retorno às práticas do passado
— embora no Brasil medidas setoriais de apoio à indústria automobilística tenham ressurgido
10
Os ganhos de produtividade na segunda metade dos anos 1990 estão provavelmente superestimados devido às
subestimativas dos níveis de emprego. A razão para isso é provável perda de substância das amostras do IBGE
naqueles anos pela saída de informantes e não reposição na amostra.
11
Ver Bonelli (2001) e Bonelli e Motta Veiga (2003), passim.
5
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
em meados dos anos 1990 como reação ao forte aumento das importações de automóveis
então registrado.
A política industrial e de comércio exterior de 1990 apoiava-se em dois pilares: uma
política de competição (concretizada com as reformas do começo da década, especialmente a
abertura comercial) e uma política de competitividade. Na perspectiva de hoje em dia, a
primeira teve muito maior êxito do que a segunda.
Uma tentativa de inflexão no sentido de retorno a um papel mais ativo para o Estado
na área de competitividade e sob a forma de políticas setoriais, ou verticais, ocorreu em 199596, quanto o governo lançou uma Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior.
Embora não tenha sido executada plenamente, ela foi o embrião de iniciativas posteriores,
além de caracterizar simbolicamente que existia uma política formal. Além disso, as Zonas de
Processamento de Exportações (ZPEs) continuaram a existir como projeto e a Zona Franca de
Manaus como realidade (periodicamente renovada).12
Por trás dessas iniciativas — que, como mencionado, muitas vezes não passaram de
intenções — ficou em parte a herança do vácuo ―liberal‖, representado pela idéia que vinha
sendo difundida desde o começo dos anos 1990 de que as novas políticas deveriam procurar
principalmente ―nivelar o campo de jogo‖ na correção das falhas de mercado — isto é, igualar
as oportunidades para todos os agentes econômicos.
A par disso, que sugeria maior ênfase em políticas horizontais, uma nova variável
entrou em cena, a partir do reconhecimento (algo tardio) de que as inovações tinham um papel
crucial no crescimento e diversificação industrial. Ao lado das inovações e difusão de
tecnologia, os esforços formais focaram também a promoção das exportações (com destaque
para o financiamento), de longe o grupo de medidas mais importante, e apoio às pequenas e
médias empresas (menos importante). Isso tudo viria a ser acelerado a partir de 1998 com a
criação dos Fundos Setoriais. Destaque-se que o estímulo à inovação é uma das formas de
medidas horizontais mais promissoras, onde se destaca o papel de agências como a
Financiadora de Estudos e Projetos — FINEP e o Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social — BNDES.13
As mudanças na primeira metade dos anos 2000 revelam a criação de diversas
iniciativas e políticas sem que, no fundamental, a antiga dicotomia entre intenções e
resultados tenha sido resolvida no caso das duas primeiras citadas abaixo. Ainda assim
destacam-se desde 2003 três linhas de política, com graus variados de êxito:
1.
A Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE) em nova
versão (2003).
2.
A Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP) de 2008, com a adição de
diversos setores a serem (potencialmente) apoiados.14
3.
O Programa de Sustentação dos Investimentos (PSI), lançado em julho de 2009
na esteira da eclosão da crise de 2008 e objeto de seguidas prorrogações (no momento, até o
fim de 2011).15
12
Não deve ser ignorado que outro exemplo de política vertical foi o Acordo da Indústria Automobilística de
1995.
13
Veja-se, a propósito, Canêdo-Pinheiro (2010), passim.
14
Na estrutura de governança desta última, aliás, se destaca a complexidade da teia de instituições para executála. Em outras palavras, trata-se aparentemente de mais um caso de muito ativismo e pouca eficiência.
6
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
Outras importantes exceções caracterizam a área de financiamento, especialmente a
partir de 2008: o novo papel do BNDES16 e o financiamento ao comércio exterior.
Para entendermos as raízes dessa não trivial mudança pós-2008 é preciso levar em
conta que uma das heranças da Grande Recessão foi uma tendência ao aumento da
participação direta e indireta dos Estados nacionais na esfera econômica. Esse fenômeno é
particularmentevisível nas áreas de política industrial e de comércio exterior devido a três
razões principais (Reis e Farole, 2010): primeiro, a crise levou a certo descrédito nos
mecanismos de mercado e no laissezfaire antes prevalecentes em relação ao comércio
exterior; segundo, ela destacou a importância da diversificação (de setores produtivos,
produtos e parceiros comerciais) como forma de reduzir os riscos associados à volatilidade do
crescimento; terceiro, diversos países em desenvolvimento não alcançaram os benefícios nem
conseguiram explorar as potencialidades do comércio liberalizado dos 25 anos anteriores
devido à baixa produtividade, altos custos associados ao comércio internacional
(principalmente devido à logística deficiente) e dificuldades de se beneficiar das economias de
escala internas e externas.
O aumento do ativismo estatal em matéria de políticas industrial e de comércio
exterior também caracteriza o Brasil, depois de uma longa fase em que a atuação do Estado
foi menos presente, a partir do começo da Grande Recessão das economias desenvolvidas na
qual o episódio do Lehman Brothers foi o ponto de maior visibilidade. Essa escolha vem
sendo revelada em várias frentes, com algum grau de superposição: na política fiscal, na
política creditícia — com destaque para a expansão do crédito pelos bancos públicos —, no
financiamento do desenvolvimento pelo BNDES, na criação (ou tentativa de) de novas
empresas estatais, na política de compras (inclusive das estatais), nas tentativas de
subordinação das agências reguladoras aos ministérios setoriais das áreas respectivas, etc.
Desnecessário dizer que muitas dessas orientações revertem a opção do governo anterior, do
Pres. Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), claramente mais afinada com o uso de
mecanismos de mercado na alocação de recursos.
Parte do arsenal de iniciativas e intenções do governo do Pres. Lula (2003-2010) foi
posteriormente apresentada à sociedade como uma resposta à crise de 2008. Mas algumas
medidas contra-cíclicas — que, de fato, se revelaram bastante eficazes — já estavam em vigor
anteriormente, ou em vias de serintroduzidas, independentemente de a crise existir ou não.
Trata-se de uma evidência adicional de que existe uma tendência no interior do governo no
sentido de ampliar o papel do Estado na economia e parece indicar um retorno às orientações
de política econômica já adotadas no passado.
Retoma-se, portanto,a velha dicotomia entre intenções e resultados que tem marcado a
política industrial e de comércio exterior brasileira desde o fim do regime militar, mas nos
últimos anos com um simplificador: a convergência entre o BNDES e Ministério da Fazenda
na consecução de objetivos. Quanto à atuação do primeiro destes, chama a atenção que, na
prática, o apoio à criação de campeões nacionais tenha significado o investimento em setores
tradicionais, como os de alimentos e bebidas, por exemplo, em contraste com a retórica
15
Financiamentos do BNDES a taxas favorecidas para a aquisição de equipamentos, caminhões, tratores, ônibus,
máquinas agrícolas e projetos no setor de energia. Os desembolsos efetivos deste programa são testemunhas do
seu êxito.
16
Esse banco de desenvolvimento obteve recursos de cerca de R$ 230 bilhões repassados pelo Tesouro desde
2009 a juros inferiores aos de mercado.
7
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
oficial, que advoga mudanças na estrutura produtiva na direção de setores mais intensivos em
tecnologia, face a uma crescente primarização da pauta exportadora.17
Além disso, outra inovação na área de comercio exterior foi a política de
financiamento às exportações, cuja relevância para o sucesso exportador até 2004 é inegável.
Mais recentemente existem evidências de que depois da crise de 2008 ela voltou a ter
importância.
Nenhum instrumento de política comercial foi muito significativo. Mudanças na
estrutura de proteção tarifária não foram relevantes e a defesa comercial, com uso mais
intenso em 2008, é uma área em relação à qual o atual governo tem demonstrado grande
preocupação. A desoneração tributária e o uso do instrumento do drawback ocupam uma
posição ainda mais distante.18 Para o futuro espera-se contribuições importantes nessas duas
últimas áreas.
Especula-se também em relação a uma nova rodada de aumentos das tarifas de
importação devido ao forte crescimento das compras externas e as ameaças à posição
competitiva da indústria nacional, mas a lista de exceções à Tarifa Externa Comum do
MERCOSUL não permite grandes avanços neste campo. O forte aumento das importações,
que será detalhado mais adiante neste trabalho, tem imposto muita concorrência à produção
doméstica, especialmente na metal-mecânica. Somado a isso— e apesar do câmbio valorizado
(ver evidência mais adiante) —, o boom nos preços internacionais de diversas commodities e a
existência das vantagens competitivas do agronegócio brasileiro têm mudado a composição da
pauta de exportações do país em favor dos produtos básicos.
1.3 Desindustrialização no Brasil?
A primarização da pauta exportadora nos remete, naturalmente, à questão da
desindustrialização. A desaceleração do crescimento das exportações de produtos
manufaturados, combinada com a rápida expansão das importações associada à apreciação
cambial, tem implicações para o debate e formulação de políticas públicas de apoio à
competitividade no Brasil, particularmente da indústria metal-mecânica—tema que ocupará a
parte final deste texto.
No que toca à apreciação cambial, Rios e Iglesias (2010) notam que as opiniões não
são unânimes, existindo um grupo que minimiza os impactos da apreciação sobre o
desempenho exportador do Brasil.19 Esse grupo defende que a queda observada a partir de
2007 nas quantidades exportadas de manufaturados está associada ao excessivo grau de
proteção à indústria doméstica, que garante elevadas margens de retorno no mercado
doméstico e não estimula investimentos em inovação. Outra corrente de analistas vê na
combinação do alto nível de proteção com o rápido crescimento da absorção doméstica nos
últimos anos a principal causa do fraco desempenho das exportações de manufaturados. De
qualquer forma, o receituário de soluções para a correção da apreciação cambial não é simples
(ver adiante análise de estimativas da defasagem cambial).
Com o aumento da integração comercial, países com elevada produtividade e
vantagens comparativas na produção de bens primários (indústria extrativa, agropecuária)
tendem a atrair recursos para esses setores em detrimento da indústria. Mesmo sem contar
17
Esse ponto mereceu destaque na análise de Almeida (2009).
Rios e Iglesias (2010).
19
Ver também Iglesias, Rios e Ribeiro (2011) e Motta Veiga (2011).
18
8
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
com as possíveis implicações em relação ao câmbio, os efeitos do comércio internacional
podem influenciar o padrão de especialização e o próprio crescimento econômico.
De qualquer forma, cresce entre os analistas a preocupação quanto ao risco de que o
descompasso entre os ritmos de crescimento das exportações e importações leve à rápida
deterioração do saldo da balança comercial sem que a taxa de câmbio se desvalorize devido
aos fortes ingressos de recursos pela Conta de Capital do Balanço de Pagamentos.20 Essa
evolução poderia impor limites à sustentação do crescimento econômico brasileiro, havendo
um grupo de analistas que credita à taxa de câmbio a principal responsabilidade por essa
tendência. Novamente, introduz-se aqui a preocupação com a re-primarização da pauta de
exportações e, eventualmente, com a ameaça de um processo de desindustrialização no Brasil.
Apesar da aparente simplicidade, o conceito de desindustrialização não é unânime
entre os analistas. Segundo uma linha de autores, a desindustrialização seria um fator negativo
porque, identificado não apenas com a perda de importância relativa da indústria no PIB e no
emprego total — que é o entendimento mais usual do termo, inclusive em termos
internacionais — produz mudanças indesejáveis nas estruturas de exportação e produção
dentro da indústria. Emparticular, pelo aumento da participação de setores mais intensivos em
recursos naturais e com menor capacidade de encadeamentos produtivos e tecnológicos vis-àvis setores mais intensivos em capital, conhecimento e tecnologia. 21 Esse ponto será
explorado em uma seção mais adiante neste trabalho. Por ora, é conveniente citar os
resultados e conclusões de recente pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) a
partir da taxonomia proposta pela OCDE que divide a indústria em setores de alta, média-alta,
média-baixa e baixa tecnologia. Essas conclusões são importantes por que qualificam a noção
de que está em curso no Brasil um processo de desindustrialização ao apontar para
desempenhos acima da média para setores mais intensivos em tecnologia:
―Nos últimos sete anos, os setores tradicionais e de baixa intensidade tecnológica
perderam espaço tanto na geração de emprego como na produção da indústria. Entre 2003 e
2010, os setores mais intensivos em tecnologia apresentaram desempenho superior aos
demais. O setor com melhor desempenho entre 2003 e 2010 foi ‗Outros equipamentos de
transporte‘ (aeronaves, embarcações, motocicletas, etc.) – de alta intensidade tecnológica. De
um modo geral, os setores de intensidade tecnológica média-alta apresentaram desempenho
acima da média, com destaque para Veículos Automotores e Máquinas e Equipamentos.
Setores de baixa intensidade tecnológica como Madeira, Couros e Calçados, Vestuário e
Têxtil – tradicionais na economia brasileira – apresentaram desempenho inferior à média da
indústria e perderam espaço na estrutura industrial. Outro setor com situação preocupante é o
de Material Eletrônico e de Comunicação (média-alta intensidade tecnológica), com queda na
produção e baixo crescimento do emprego no período.‖ (CNI, 2011)
20
Esses ingressos são estimulados por diversos fatores, entre os quais devem ser mencionados: (1) taxas de juros
domésticas muito elevadas em termos reais e pequena possibilidade de uma desvalorização cambial acentuada
no curto e médio prazos; e (2) fortes ingressos de investimento direto, estimulados por perspectivas de
crescimento favoráveis.
21
Ou, em uma versão ampliada: ―No período mais recente, a persistente valorização cambial da moeda
doméstica e as condições favoráveis de demanda e de preços para a produção e exportação de commodities
agrícolas, metálicas e minerais, somadas às vantagens competitivas já existentes estariam agravando o quadro de
desindustrialização. A elevada competitividade desses setores permitiria a geração de expressivos superávits
comerciais que, combinados com a entrada de fluxos de capitais na conta financeira, reforçariam a apreciação da
moeda doméstica, expondo os demais setores industriais menos competitivos à concorrência externa.‖ (Sarti e
Hiratuka, 2011, p. 7-8)
9
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
Uma interpretação baseada em informações empíricas construídas para discutir o tema
da desindustrialização da economia brasileira é a de Bonelli e Pessôa (2010), cuja avaliação
permitiu separar duas ordens de questões. Por um lado, analisou-se o que aconteceu com a
participação da produção, do emprego e do investimento na Indústria de Transformação em
relação ao total do país aproveitando-se ao máximo os dados disponíveis. Em seguida, qual
foi o desempenho da indústria no PIB do Brasil comparando nosso país com um amplo
conjunto de países e em uma perspectiva de longo prazo (de 1970 a 2007).
A conclusão central da primeira questão apontou para os seguintes fatos: (i) a
participação da Indústria de Transformação no PIB brasileiro aumentou no longo prazo até a
segunda metade da década de 1970 e caiu a partir daí; (ii) essa queda não foi contínua, mas foi
especialmente rápida em alguns sub-períodos; em geral, períodos de recessão e/ou crise
externa; (iii) em períodos de crescimento do nível de atividade a participação da indústria
tende a aumentar; (iv) não existe tendência nítida de redução da participação do emprego
industrial no total desde 1992; (v) idem no que diz respeito ao emprego formal (segundo
registros administrativos) desde 1996; (vi) a participação do investimento industrial na FBCF
do país aumentou entre 1996 e 2008 (último ano disponível).
Das conclusões da segunda questão, para a qual foi especialmente desenvolvida uma
base de dados internacionais, destacam-se as seguintes: (i) a indústria mundial perdeu
participação no PIB mundial nas quatro décadas analisadas (de 24,9% para 16,6%, entre 1970
e 2007), conclusão que encontra poucas exceções nacionais; (ii) a análise da evolução da
posição brasileira em relação a um padrão internacional mostra que o país estava muito acima
desse padrão nos anos 1970; isto é, tinha uma indústria muito maior do que seria justificado
por um conjunto de variáveis indicativas do grau de desenvolvimento econômico,
tecnológico, dotação de fatores e tamanho físico e populacional; (iii) o Brasil tendeu
progressivamente para o padrão internacional com o passar do tempo, estando atualmente
pouco abaixo dele — isto é, tem uma participação da indústria no PIB um pouco menor do
que aquela justificada pelo seu nível de desenvolvimento, dotação de fatores naturais,
tecnologia, mão de obra e capital.
Subjacente à discussão relacionada à suposta desindustrialização brasileira — ou
receio de que venha a ocorrer/se aprofundar brevemente — estão vários aspectos já
mencionados acima: (i) a evolução recente da taxa de câmbio (nominal e efetiva real), que
tem apontado para valorização do Real superior às taxas de diversos países em
desenvolvimento, pode provocar um deslocamento da demanda doméstica em direção aos
bens importados, pondo em risco a sobrevivência de parte da indústria, com perda de
empregos; (ii) a re-primarização da pauta de exportações, em parte devida ao item anterior,
em parte à forte demanda por produtos primários observada em escala global, que deslocaria
recursos para a produção desses bens em detrimento dos manufaturados.
Mas note-se que ―... a desindustrialização não está necessariamente associada a uma
‗re-primarização da pauta de exportação‘... a participação da indústria no emprego e no valor
adicionado pode se reduzir em função da transferência para o exterior das atividades
manufatureiras mais intensivas em trabalho e/ou com menor valor adicionado. Se assim for, a
desindustrialização pode vir acompanhada por um aumento da participação de produtos com
maior conteúdo tecnológico e maior valor adicionado na pauta de exportações. No entanto, se
a desindustrialização vier acompanhada de uma ―re-primarização‖ da pauta de exportações,
então isso pode ser sintoma da ocorrência de ―doença holandesa‖, ou seja, da
10
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
desindustrialização causada pela apreciação da taxa real de câmbio resultante da descoberta
de recursos naturais escassos num determinado país ou região.22
Do anterior deduz-se que desindustrialização pode significar mais de uma coisa,
dependendo da abordagem de cada autor. Deduz-se também que, possivelmente, as
implicações também podem variar, dependendo do aspecto que se leve em conta.
O restante desta seção aprofunda essa questão pela atualização de dados usados em
Bonelli e Pessôa (2010) para levar em conta informações recentes. As seções seguintes
retomam a discussão utilizando coeficientes específicos de penetração das importações nas
atividades industriais, devido à óbvia relevância dos aumentos de importação para a discussão
sobre desindustrialização. As seções seguintes ocupam-se também da questão da reprimarização da pauta de exportações e de aspectos correlatos, mais diretamente relacionados
à interface da indústria com o comércio exterior.
Uma das medidas mais utilizadas para aferir a existência de desindustrialização é a
participação da Indústria de Transformação no PIB. É comum dizer-se que existe
desindustrialização quando ocorre uma perda sistemática de peso da indústria no total da
atividade econômica de um país. A dúvida surge quanto ao intervalo de tempo após o qual se
pode dizer algo de afirmativo.
Neste sentido, o Gráfico 3 mostra a participação relativa do Valor Adicionado (a
preços básicos) da Indústria de Transformação no VA total da economia por trimestres entre o
começo de 1996 e o final de 2010 a preços correntes e a preços constantes de 1995.
A forma irregular das curvas originais do gráfico sugeriu que os resultados fossem
aplainados por meio de médias móveis. No caso em tela, optamos por médias de dois anos. As
tendências que aparecem desses resultados são bastante claras: em ambos os casos, depois de
um aumento de peso no triênio 2000-2002 até o começo de 2005 tem-se uma redução até o
final de 2010, em um período que dificilmente poderia ser classificado como de turbulência
— com a exceção da curta (e profunda) queda da produção industrial e do PIB no final de
2008 e começo de 2009.
Baseando-se na curva a preços constantes, como é mais correto, conclui-se das médias
móveis que entre o 1º trimestre de 2005 e o último de 2010 a participação da indústria no VA
total da economia diminuiu dois pontos de percentagem: de 17,4% para 15,3%.23
Portanto, a perda de peso da indústria na economia nos últimos cinco anos é visível,
segundo esses resultados. Mas, quão duradoura? Essa é uma pergunta em aberto. Outra, que
motiva o restante deste trabalho, é a qualificação dessas mudanças a partir do desempenho de
variáveis que lhe estão associadas e, especialmente a partir da relação comercial com a China.
É a esses aspectos que nos dedicamos em seguida.
22
Oreiro (2009), p. 2.
Observe-se que a medida do texto resume os resultados em termos de Valor Adicionado. Como tem havido
substituição da produção nacional por insumos importados, essa nos parece a medida mais correta para a
avaliação das tendências recentes. No entanto, medidas baseadas no desempenho da produção bruta (como os
índices de quantum da produção manufatureira) em relação ao crescimento do PIB fornecem resultados que
apontam para a mesma direção.
23
11
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
Gráfico 3: Participação da Indústria no VA Total do Brasil a preços Correntes e
Constantes, por Trimestres, 1996-2010 (%)
21%
Participação da Indústria de Transformação no VA total (preços básicos) a preços correntes e constantes
de1995 por trimestres e média móvel de oito trimestres, em % (1996.1 a 2010.4)
20%
Preços de 1995
19%
18%
17%
16%
15%
Preços correntes
2010.I
2010.III
2009.I
2009.III
2008.I
2008.III
2007.III
2007.I
2006.III
2006.I
2005.III
2005.I
2004.III
2004.I
2003.III
2003.I
2002.I
2002.III
2001.I
2001.III
2000.I
2000.III
1999.I
1998.I
1998.III
1997.III
1997.I
1996.III
1996.I
13%
1999.III
14%
Fonte: IBGE, Contas Nacionais Trimestrais.
2. Mudanças nas Estruturas do PIB e da Indústria de Transformação
2.1 Evolução dos Componentes do PIB: Nível de Atividade, Emprego, Produtividade,
Exportações eImportações
O crescimento do nível de atividade agregado no Brasil foi apresentado no Gráfico 1.
Subjacentes às mudanças de desempenho econômico nele evidenciadas estão alterações nas
estruturas do PIB e dos setores. Começando pelas primeiras, uma ilustração está no par de
tabelas seguintes.24Iniciando-se a análise pela taxa de investimento fixo(FBCF/PIB), registrese que o aumento entre o triênio inicial e o quadriênio 1993-96 era de se esperar, devido ao
fim da recessão dos anos 1990-92. Mas o recuo seguinte sugere que as perspectivas de
crescimento não melhoraram, apesar da estabilização. Em boa medida isso se deveu aos
efeitos das crises externas naqueles anos, em um contexto em que o balanço de pagamentos
ainda se encontrava fragilizado.
Outro aspecto que chama atenção é o esperado aumento das importações de bens e
serviços não fatores no PIB, fruto da liberalização comercial e financeira. As exportações, por
sua vez, não reagiram devido à valorização cambial até 1999. Destaque-se ainda o aumento
no consumo, tanto do governo quanto privado, outro resultado da estabilização.
24
Deve-se registrar que o Sistema de Contas Nacionais do Brasil passou por significativas reformas nas duas
últimas décadas. Isso obrigou que utilizássemos tanto quanto possível informações de sistemas homogêneos. O
texto chama a atenção para esse aspecto, sempre que necessário.
12
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
Estrutura do PIB pela Ótica da Despesa (%) - Médias
anuais, 1990-2000*
Tabela 1.a
Períodos
1990-92
1993-96
1997-2000
Produto Interno Bruto
100,0%
100,0%
100,0%
Consumo final
78,9%
78,9%
80,8%
Despesa de consumo das famílias
60,8%
60,5%
62,0%
Despesa de consumo das adm. públicas
18,1%
18,4%
18,9%
19,6%
21,6%
21,1%
Formação bruta de capital fixo FBCF
19,1%
20,0%
19,4%
Variação de estoque
0,6%
1,6%
1,6%
9,2%
8,7%
9,0%
Formação bruta de capital
Exportação de bens e serviços
Importação de bens e serviços (-)
7,8%
9,2%
Fonte: IPEADATA. * Baseadas em valores a preços correntes.
10,9%
Os resultados para a década seguinte estão na tabela abaixo que, como mencionado,
estão baseados em metodologia revisada em relação à anterior.As principais mudanças são:
1. O aumento no consumo do governo no triênio final da década;
2. A recuperação do investimento fixo verificada também no último triênio;25
3. A queda das exportações de bens e serviços não fatores entre 2004-07 e 2008-10, em
forte contraste com o aumento das importações — em parte devida à valorização
cambial dos últimos anos.
Tabela 1.b
Estrutura do PIB pela Ótica da Despesa (%) - Médias anuais, 2000-2010*
Períodos
2000-03
2004-07
2008-10
PIB
100,0%
100,0%
100,0%
Consumo total
82,6%
79,9%
81,5%
Consumo privado
62,9%
60,1%
60,4%
Consumo do governo
19,7%
19,9%
21,1%
FBCF
16,4%
16,5%
18,2%
Var. estoques
0,7%
0,6%
0,6%
Exportações
12,8%
14,8%
12,0%
Importações
12,5%
11,8%
12,3%
Fonte: IBGE – Contas Nacionais trimestrais. * Baseadas em valores a preços correntes.
Do ponto de vista das perspectivas de crescimento importa sobremaneira o exame do
crescimento do investimento. Neste sentido, as variações no investimento (Formação Bruta de
Capital Fixo) a preços constantes refletiram e estimularam as do nível de atividade agregada
nos ciclos observados nas duas décadas. Isso é o que mostra o gráfico seguinte, onde se
destaca a extrema volatilidade dessa variável: após forte queda durante a recessão de 2009, a
recuperação do investimento fixo em 2010 foi representada pelo crescimento de quase 22%
em relação ao ano anterior. Essas são taxas que dificilmente se repetirão no futuro próximo.
25
Apesar da recuperação, a taxa de FBCF atingiu 18,4% do PIB em 2010, contra 19,1% imediatamente antes da
crise, em 2008.
13
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
Gráfico 4: Taxas de Variação da FBCF no Brasil a Preços Constantes
(%), 1990-2010
24%
20%
Crescimento Anual da Formação Bruta de Capital Fixo (% a.a.)
16%
12%
8%
4%
-4%
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
0%
-8%
-12%
Fonte: Contas Nacionais, IPEADATA.
Outra mudança notável nos anos 1990foi a mudança na composição dos
investimentos, especialmente entre equipamento nacional e importado, como se vê a seguir.
Tabela 2: Formação Bruta de Capital Fixo - Máquinas e Equipamentos,por
Origem:Nacional e Importado - 1990-2000 (% a preços correntes)
Anos
% nacional
% importado
1990
89,4
10,6
1991
78,6
21,4
1992
74,9
25,1
1993
75,5
24,5
1994
74,7
25,3
1995
68,7
31,3
1996
65,1
34,9
1997
58,7
41,3
1998
59,2
40,8
1999
54,7
45,3
2000
71,0
29,0
Fonte: Contas Nacionais do Brasil (sistema antigo)
A liberalização comercial explica o forte aumento do conteúdo importado do
investimento até 1999 — que ajudou na substancial recuperação da produtividade então
observada — enquanto a desvalorização cambial de 1999 explica a redução no componente
importado no ano seguinte.26
Do ponto de vista da composição setorial da produção as mudanças também foram
significativas (ver detalhes setoriais no Anexo A.1), como se observa do gráfico
26
Como mencionado, a comparabilidade entre as décadas não é estritamente possível devido às substanciais
mudanças na contabilidade nacional de 2007, que não retroagiram a série histórica até 1990, mas só até 2000.
Algumas variáveis foram re-estimadas para trás até 1995, mas não todas. A partir de 2004 o componente
importado da FBCF voltou a crescer aceleradamente devido à valorização cambial, mas essa informação não é
mais disponível nas Contas Nacionais.
14
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
resumoseguinte. Os ganhos da agropecuária até meados da década foram revertidos
posteriormente, mas os da indústria foram significativos: na saída da recessão (1993) e no
final da década, entre 1998 e 2000. Já os serviços tenderam a perder peso na década como um
todo.
Gráfico 5: Estrutura da Produção (VA) por Macro-setores, 1990-2000 (%)
70%
60%
50%
Agropecuária
Indústria
Serviços
40%
30%
20%
10%
0%
19901991199219931994199519961997199819992000
Fonte: tabela anterior.
As mudanças na estrutura das ocupaçõesnessa década estão apresentadas no Anexo
A.2. No gráfico seguinte se mostra a estrutura percentual por macro-setores. A agropecuária e
a indústria perderam postos de trabalho tanto em termos relativos quanto absolutos na década
analisada, continuando a tendência histórica, sendo que no caso da indústria as perdas se
concentraram especialmente nos anos iniciais da década — que, como vimos, são de recessão
industrial e de liberalização do comércio.
Gráfico 6: Estrutura do Emprego por Macro-setores, 1990-2000 (%)
70%
60%
50%
40%
Agropecuária
Indústria
Serviços
30%
20%
10%
0%
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000
Fonte: tabela anterior.
Já os serviços viram sua participação no emprego aumentar continuamente entre 1990
e 2000, em quase 10 pontos de percentagem. Dentro dos serviços os ganhos não foram
uniformes, beneficiando alguns ‗modernos‘ (serviços prestados às empresas, cuja participação
no total dos serviços aumentou de 4,9% para 7,3%) e outros ‗tradicionais‘ (o peso dos
serviços privados não-mercantis aumentou de 13,7% para 15,6% em dez anos). As principais
perdas ocorreram nas administrações públicas (19,1% para 15,2%) e nos intermediários
financeiros (de 3,4% para 1,9%). No primeiro caso, um resultado direto da reforma do Estado
15
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
nos anos do Pres. Fernando Henrique Cardoso; no segundo, um resultado também direto da
estabilização monetária, que gerou profundas mudanças e reorganização na área de
intermediação financeira.
Como resultado das distintas modificações nas estruturas de produção e emprego
observam-se diferentes mudanças nos ganhos de produtividade entre setores. Esse aspecto é
ilustrado no gráfico seguinte. Os ganhos da agropecuária e da indústria são os destaques
nesses anos. No primeiro caso, a partir de 1993; no segundo, até 1994 e, novamente, a partir
de 1996.
Gráfico 7: Produtividades relativas, 1990-2000 (total da economia = 100)
200%
180%
160%
140%
120%
100%
80%
60%
Agropecuária
Indústria
Serviços
40%
20%
0%
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000
Fonte: elaboração do autor
Sabendo-se que a produtividade na economia brasileira aumentou 15% entre 1990 e
2000 (em média, a 1,4% ao ano), segue-se que a da agropecuária cresceu 4,9% anuais, a da
indústria 4% ao ano,27 e a dos serviços decresceu, em média, 0,7% ao ano.
Os resultados para os anos 2000 são analisados em seguida. Neste caso, porém, a
disponibilidade de dados cobre até o ano de 2008, apenas. Começando pela estrutura do VA, a
Tabela A.3 do Anexo permite concluir que a indústria como um todo manteve a participação
no total devido à expansão da extrativa mineral. No caso da indústria manufatureira nota-se
perda de peso desde 2004-05, coerentemente com a análise realizada na seção inicial deste
estudo. Essa redução continuaria até os dias de hoje, como vimos. Já as mudanças na estrutura
do VA dos serviços foram de pequena expressão e privilegiaram um pequeno conjunto
composto das atividades: comércio e intermediários financeiros.
A Tabela A.4 do Anexo registra as mudanças na estrutura das ocupações, as quais
acompanharam, com algumas exceções significativas, as da produção. A principal exceção é a
agropecuária, que continuou perdendo postos de trabalho — e aumentando significativamente
a produtividade. A redução relativa da agropecuária foi compensada pelos serviços e, em
menor medida, pela indústria. No interior desta aumentaram seu peso no emprego tanto a
indústria de manufaturas quanto a construção civil.
27
Mais adiante obtivemos resultados um pouco menos favoráveis para a produtividade da indústria, da ordem de
3% ao ano. A diferença se deve ao fato de que aqui supusemos o mesmo deflator para os três setores (igual ao do
VA a preços básicos), apenas como aproximação. Como o deflator da indústria cresceu mais do que o total, o
resultado deste gráfico superestima o crescimento real.
16
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
Os ganhos de produtividade são o resultado dessas distintas mudanças nas estruturas
da produção (VA) e emprego, e são mostrados na Tabela 3. Aqui esses ganhos foram
calculados indiretamente, a partir das produtividades relativas de cada setor ou atividade.28
Tabela 3: Crescimento da Produtividade Média por Setores, 2000-08 (% ao ano)
Total
1,0%
Agropecuária
4,6%
Indústria
0,2%
Extrativa Mineral
10,1%
Indústria de transformação
-0,4%
Produção e distribuição de eletricidade, gás, água, esgoto e
0,2%
Construção Civil
-1,2%
Serviços
0,3%
Comércio
2,9%
Transporte, armazenagem e correio
0,3%
Serviços de informação
-0,6%
Intermediação financeira, seguros e previdência complementar e 3,7%
Atividades imobiliárias e aluguéis
-2,8%
Serviços de manutenção e reparação
-1,7%
Serviços de alojamento e alimentação
1,3%
Serviços prestados às empresas
-0,9%
Educação mercantil
-4,8%
Saúde mercantil
-1,8%
Serviços prestados às famílias e associativas
-1,9%
Serviços domésticos
0,6%
Educação pública
0,8%
Saúde pública
1,6%
Administração pública e seguridade social
0,9%
Fonte: Elaboração do autor; ver tabelas anteriores e do Anexo.
A produtividade da mão de obra na economia brasileira aumentou em média a 1,04%
ao ano entre 2000 e 200829 — menos, portanto, do que os 1,4% da década de 1990. Mas notese que parte da diferença entre o desempenho nas duas décadas se deve à recessão de 199092, que fez de 1990 um ano de baixo nível de atividade (logo, de produtividade). Parte
substancial, porém, decorre dos resultados das reformas estruturais dos anos 1990.
Entre os macro-setores, os maiores ganhos ocorreram na agropecuária, com 4,6% ao
ano — taxa semelhante à da década anterior (4,9% ao ano). Esse desempenho extremamente
favorável da agropecuária está por trás do sucesso exportador dos últimos anos. De fato, os
ganhos de competitividade (baseados na produtividade) e os preços internacionais em alta de
diversas commodities agropecuárias explicam o sucesso exportador do setor.
A surpresa ocorre com a indústria, onde a produtividade, após ter crescido cerca de 4%
ao ano na década anterior, agora aumentou a apenas 0,2% anuais, em média. No interior da
indústria destaca-se a extrativa mineral, com elevadíssimos ganhos anuais de 10%. Na
indústria de manufaturas observa-se redução de produtividade, considerando-se os anos
28
O Anexo A.5 contém as taxas de variação do Valor Adicionado entre 2000 e 2008 por atividade.
O aumento da produtividade agregada entre 2008 e 2010 foi maior do que essa taxa. Como o PIB cresceu em
média a 3,4% ao ano (2009 foi ano de recessão) e a ocupação aumentou cerca da metade dessa taxa, a
produtividade aumentou aproximadamente 1,7% ao ano no biênio 2009-2010.
29
17
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
extremos.30 Nos serviços, por sua vez, tem-se modestos ganhos de produtividade, da ordem de
0,3% ao ano (após redução na década anterior). Esses ganhos foram concentrados em
praticamente dois setores: intermediação financeira (revertendo a tendência da década
anterior) e comércio.
Uma nota de alerta deve ser feita neste ponto, e se refere ao fato de que os dados das
Contas Nacionais levam em conta não apenas as atividades formais, mas também as informais
(trabalhadores sem carteira e autônomos). Isso é importante porque, no caso da indústria de
transformação, em 2008 cerca de 58% das ocupações podem ser caracterizadas como
‗emprego com vínculo formal‘. Na agropecuária a cobertura era de apenas 14% e nos serviços
de 53%.
2.2 Mudanças na composição setorial da indústria e na produtividade industrial
2.2.1 Os anos 1990-2000
As mudanças estruturais no interior da indústria na década de 1990 foram,
surpreendentemente, de intensidade apenas moderada. No caso da metal-mecânica o registro é
de pequena perda (de 21,3% do VA em 1990 para 20,7% em 2000), apesar do ganho na
mecânica e na automobilística. Já a fabricação de equipamento elétrico e de material
eletrônico sofreu perdas significativas.
Tabela 4: Mudanças na Estrutura do VA da Indústria, 1990-2000 (%)
Atividades
Indústria de Transformação
1990
2000
2000-1990
100,0%
100,0%
0,0%
Fabricação de minerais não-metálicos
3,70%
3,10%
-0,60%
Siderurgia
2,70%
3,50%
0,80%
Metalurgia dos não-ferrosos
1,50%
1,40%
-0,10%
21,30%
20,70%
-0,50%
Fabricação de outros produtos metalúrgicos
4,00%
3,20%
-0,80%
Fabricação e manutenção de máquinas e tratores
6,50%
8,20%
1,70%
Fabricação de aparelhos e equipamentos de material elétrico
2,60%
1,50%
-1,10%
Fabricação de aparelhos e equipamentos de material eletrônico
3,30%
2,30%
-1,00%
Fabricação de automóveis, caminhões e ônibus
1,70%
2,50%
0,90%
Fabricação de outros veículos, peças e acessórios
3,20%
3,00%
-0,20%
Serrarias e fabricação de artigos de madeira e mobiliário
2,80%
2,30%
-0,50%
Indústria de papel e gráfica
3,40%
5,00%
1,70%
Indústria da borracha
1,20%
1,20%
0,10%
Fabricação de elementos químicos não-petroquímicos
2,20%
3,10%
0,90%
Refino de petróleo e indústria petroquímica
8,00%
9,00%
1,00%
Fabricação de produtos químicos diversos
3,50%
2,80%
-0,70%
Fabricação de produtos farmacêuticos e de perfumaria
2,00%
2,60%
0,50%
Indústria de transformação de material plástico
2,20%
1,40%
-0,80%
Metal Mecânica
Indústria têxtil
4,40%
1,60%
-2,70%
Fabricação de artigos do vestuário e acessórios
3,00%
2,60%
-0,40%
Fabricação de calçados e de artigos de couro e peles
1,20%
1,00%
-0,20%
Indústria do café
0,50%
1,00%
0,50%
Beneficiamento de produtos de origem vegetal, inclusive fumo
2,20%
2,00%
-0,20%
Abate e preparação de carnes
1,40%
1,60%
0,20%
30
Novamente (embora os dados ainda não estejam disponíveis) deve-se ressaltar que no biênio 2009-2010 a
produtividade industrial cresceu muito acima da taxa média registrada entre 2000 e 2008.
18
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
Resfriamento e preparação do leite e laticínios
0,70%
0,80%
0,10%
Indústria do açúcar
0,60%
1,00%
0,30%
0,80%
0,90%
0,10%
Outras indústrias alimentares e de bebidas
3,00%
3,70%
0,70%
Indústrias diversas
2,00%
1,70%
-0,30%
Fabr. e refino de óleos vegetais e de gorduras para alimentação
Fonte: IBGE, Contas Nacionais do Brasil (sistema antigo)
Mas, no que se refere à produtividade (Tabela 5), o desempenho dos setores que
compõem a metal-mecânica foi muito bom na década de 1990, coma exceção dos ―outros
produtos metalúrgicos‖. Isso fez com que a competitividade desses setores melhorasse
substancialmente. Sem dúvida, a abertura comercial foi um dos fatores responsáveis pelo bom
desempenho.
Tabela 5: Crescimento da Produtividade na Indústria 1990-2000, % ao ano
Indústria
2,6%
Extrativa mineral (exceto combustíveis)
5,1%
Extração de petróleo e gás natural, carvão e outros combustíveis
2,6%
Fabricação de minerais não-metálicos
3,3%
Siderurgia
8,0%
Metalurgia dos não-ferrosos
4,5%
Fabricação de outros produtos metalúrgicos
1,7%
Fabricação e manutenção de máquinas e tratores
3,4%
Fabricação de aparelhos e equipamentos de material elétrico
7,8%
Fabricação de aparelhos e equipamentos de material eletrônico
3,9%
Fabricação de automóveis, caminhões e ônibus
7,9%
Fabricação de outros veículos, peças e acessórios
5,8%
Serrarias e fabricação de artigos de madeira e mobiliário
0,9%
Indústria de papel e gráfica
3,3%
Indústria da borracha
5,9%
Fabricação de elementos químicos não-petroquímicos
5,2%
Refino de petróleo e indústria petroquímica
9,6%
Fabricação de produtos químicos diversos
5,1%
Fabricação de produtos farmacêuticos e de perfumaria
1,8%
Indústria de transformação de material plástico
-1,7%
Indústria têxtil
2,0%
Fabricação de artigos do vestuário e acessórios
-1,5%
Fabricação de calçados e de artigos de couro e peles
-0,3%
Indústria do café
1,5%
Beneficiamento de produtos de origem vegetal, inclusive fumo
2,6%
Abate e preparação de carnes
0,6%
Resfriamento e preparação do leite e laticínios
2,5%
Indústria do açúcar
0,7%
Fabr e refino de óleos vegetais e de gorduras para alimentação
Outras indústrias alimentares e de bebidas
7,6%
2,7%
Indústrias diversas
0,5%
Serviços industriais de utilidade pública
9,0%
Construção civil
1,4%
Fonte: IBGE, Contas Nacionais do Brasil (sistema antigo)
2.2.2 Os anos 2000-2008
Se é verdade que o desempenho da Metal-Mecânica foi ligeiramente abaixo da média
da indústria na década de 1990, o registro da década seguinte foi muito melhor. As tabelas
19
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
abaixo registram: primeiro, a mudança estrutural amplamente favorável a este grupo de
indústrias entre 2000 e 2008, com poucas exceções em termos das atividades que o compõem
(Tabela 6); em seguida, os ganhos de produtividade no período (Tabela 7).
Tabela 6: Mudanças na Estrutura do VA da Indústria, 2000-2008 (%)
Atividades
Indústria de Transformação
2000
2008
2008-2000
100,0%
100,0%
0,0%
Alimentos e bebidas
10,1%
9,6%
-0,5%
Produtos do fumo
0,6%
0,4%
-0,2%
Têxteis
3,6%
2,6%
-1,0%
Artigos do vestuário e acessórios
4,1%
2,7%
-1,4%
Artefatos de couro e calçados
1,5%
1,3%
-0,2%
Produtos de madeira - exclusive móveis
1,9%
1,5%
-0,4%
Celulose e produtos de papel
3,4%
2,3%
-1,1%
Jornais, revistas, discos
4,1%
3,2%
-0,9%
Refino de petróleo e coque
1,9%
0,5%
-1,4%
Álcool
1,4%
1,7%
0,3%
Produtos químicos
2,3%
2,0%
-0,3%
Fabricação de resina e elastômeros
0,8%
0,6%
-0,2%
Produtos farmacêuticos
3,3%
2,7%
-0,6%
Defensivos agrícolas
0,3%
0,5%
0,2%
Perfumaria, higiene e limpeza
2,0%
1,1%
-0,9%
Tintas, vernizes, esmaltes e lacas
0,5%
0,5%
0,0%
Produtos e preparados químicos diversos
0,9%
0,6%
-0,3%
Artigos de borracha e plástico
2,7%
2,8%
0,2%
Cimento
0,8%
0,4%
-0,4%
Outros produtos de minerais não metálicos
2,2%
2,4%
0,1%
Fabricação de aço e derivados
3,0%
5,2%
2,1%
Metalurgia de metais não ferrosos
1,7%
1,5%
-0,2%
Metal-mecânica
19,0%
22,2%
3,2%
Produtos de metal - exclusive máquinas e equipamentos
3,6%
4,7%
1,1%
Máquinas e equipamentos, inclusive manutenção e reparos
3,8%
5,1%
1,3%
Eletrodomésticos
0,5%
0,6%
0,0%
Máquinas para escritório e equipamentos de informática
0,6%
0,5%
-0,1%
Máquinas, aparelhos e materiais elétricos
1,8%
2,2%
0,4%
Material eletrônico e equipamentos de comunicações
1,8%
0,7%
-1,1%
Aparelhos/instrumentos médico-hospitalar, medida e óptico
1,4%
1,4%
0,0%
Automóveis, camionetas e utilitários
1,5%
1,7%
0,1%
Caminhões e ônibus
0,6%
0,6%
0,0%
Peças e acessórios para veículos automotores
2,3%
3,3%
1,0%
Outros equipamentos de transporte
1,1%
1,4%
0,2%
Móveis e produtos das indústrias diversas
3,6%
3,1%
-0,5%
Fonte: IBGE, Contas Nacionais do Brasil (sistema novo)
De fato, o peso daMetal-Mecânica aumentou de 19,0% para 22,2% do VA da indústria
de manufaturas entre 2000 e 2008, com maiores ganhos nas indústrias de produtos de metal,
mecânica (novamente) e nas auto-peças. O mesmo não ocorreu no que diz respeito aos ganhos
de produtividade da mão de obra, onde apenas dois destaques foram registrados: produção de
caminhões e ônibus e autopeças (Tabela 7).
20
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
Tabela 7: Crescimento da Produtividade 2000-2008, % ao ano
Indústria - Total
2,9%
Petróleo e gás natural
-0,4%
Minério de ferro
-6,0%
Outros da indústria extrativa
-1,8%
Alimentos e bebidas
2,9%
Produtos do fumo
-1,5%
Têxteis
0,1%
Artigos do vestuário e acessórios
0,2%
Artefatos de couro e calçados
-5,3%
Produtos de madeira - exclusive móveis
-2,9%
Celulose e produtos de papel
-1,2%
Jornais, revistas, discos
1,9%
Refino de petróleo e coque
1,4%
Álcool
-5,2%
Produtos químicos
-6,2%
Fabricação de resina e elastômeros
-1,6%
Produtos farmacêuticos
0,5%
Defensivos agrícolas
1,6%
Perfumaria, higiene e limpeza
3,9%
Tintas, vernizes, esmaltes e lacas
0,7%
Produtos e preparados químicos diversos
-0,1%
Artigos de borracha e plástico
-4,3%
Cimento
-3,0%
Outros produtos de minerais não metálicos
0,6%
Fabricação de aço e derivados
-0,4%
Metalurgia de metais não ferrosos
-3,3%
Prod de metal - exc máquinas e equipamentos
-1,7%
Máquinas e equipamentos, inc manutenção e reparos
0,1%
Eletrodomésticos
0,7%
Máquinas para escritório e equipamentos de informática
0,5%
Máquinas, aparelhos e materiais elétricos
-1,7%
Material eletrônico e equipamentos de comunicações
-2,4%
Aparelhos, instrum. médico-hospitalar, medida e óptico
-5,0%
Automóveis, camionetas e utilitários
-0,8%
Caminhões e ônibus
7,2%
Peças e acessórios para veículos automotores
8,4%
Outros equipamentos de transporte
-1,4%
Móveis e produtos das indústrias diversas
0,3%
Prod. e distr de eletricidade, gás, água, esgoto, lixo
-0,2%
Construção Civil
0,8%
Fonte: IBGE, Contas Nacionais do Brasil (sistema novo)
2.3 Mudanças no Comércio Internacional: Exportações, Importações e Saldos
Comerciais — Volumes Físicos e Preços
O comércio internacional do Brasil ganhou extraordinário impulso a partir de 1999,
seguindo-se à desvalorização e adoção do novo regime cambial no começo daquele ano. A
rigor, o crescimento das exportações aumentou de ritmo depois de 2002, junto com a
aceleração do crescimento do nível de atividade mundial. O gráfico seguinte registra o
desempenho das exportações, importações e do saldo comercial de 1990 a 2010. Note-se que
21
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
as exportações cresceram 16,3% ao ano entre 2002 e 2010, ao passo que as importações
cresceram ainda mais: 18,3% anuais no período.O saldo comercial tornou-se superavitário a
partir de 2001, tendo chegado a US$ 46,5 bilhões em 2006. Com a aceleração do crescimento
das importações depois de 2003 o saldo diminuiu, chegando a US$ 20,3 bilhões em
2010.Parte dos ganhos das exportações em valor foi devido aos crescentes preços de
exportação, que foram responsáveis por aumento de 26% nos termos de troca a partir de 2005
(Tabela 8).
Gráfico 8: Exportações, Importações e Saldos Comerciais
1990-2010 (US$ milhões FOB)
250.000
Exportações
Importações
Saldo Comercial
200.000
150.000
100.000
50.000
2010
2009
2008
2007
2006
2005
2004
2003
2002
2001
2000
1999
1998
1997
1996
1995
1994
1993
1992
1991
1990
0
-50.000
Fonte: MDIC/SECEX.
Tabela 8: Índices de Preços e Relações de Troca (2006=100)
Anos
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
Pr Importação
106,5
98,7
93,7
85,6
82,9
84,8
85,2
80,9
76,6
77,0
77,1
74,5
72,1
76,6
84,2
93,6
100,0
108,2
132,1
117,1
Pr Exportação (impl.)
79,3
77,9
75,3
69,6
77,1
87,5
87,6
88,2
82,3
71,7
74,1
71,5
68,2
71,4
79,1
88,7
100,0
110,5
139,6
120,9
Termos de troca
74,5
78,9
80,4
81,3
92,9
103,2
102,8
109,1
107,4
93,2
96,1
95,9
94,6
93,2
94,0
94,8
100,0
102,1
105,7
103,2
22
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
2010
121,6
145,7
Fonte: FUNCEX, elaboração do autor.
119,8
Em termos de quantidades, no entanto, a evolução das exportações foi bem mais
modesta, o oposto ocorrendo comas importações (tabela seguinte): entre 2003 e 2010 o
quantum exportado aumentou 35%, ao passo que o quantum importado cresceu 137%. É
difícil não creditar à evolução do câmbio pelo menos parte desse aumento diferenciado entre
quantum exportado e importado.
Tabela9: Quantum de Exportações e de Importações, 1990-2010 (2006=100 e %)
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
Quantum deExportações
28,7
29,5
34,5
40,2
41,0
38,6
39,6
43,6
45,1
48,6
54,0
59,1
64,2
74,3
88,5
96,8
100,0
105,5
102,9
91,8
100,6
Quantum de Importações
21,2
23,3
24,0
32,3
43,7
64,5
68,5
81,0
82,5
70,1
79,3
81,7
71,7
69,1
81,7
86,1
100,0
122,0
143,6
119,3
163,5
Fonte: FUNCEX.
Taxa de crescimento quantum (%)
Exportações
Importações
2,5%
9,8%
17,0%
3,0%
16,5%
34,4%
2,1%
35,2%
-6,0%
47,7%
2,6%
6,3%
10,2%
18,2%
3,5%
1,8%
7,7%
-15,0%
11,1%
13,2%
9,5%
2,9%
8,6%
-12,2%
15,7%
-3,6%
19,1%
18,3%
9,4%
5,4%
3,3%
16,1%
5,5%
22,0%
-2,5%
17,7%
-10,7%
-16,9%
9,5%
37,0%
2.4 Mudanças no Padrão de Especialização do Comércio
Na sub-seção anterior vimos que a estrutura do comércio exterior brasileiro vem
passando por profundas mudanças. Isso é em parte reflexodo aumento no comércio com, e
também no Investimento Direto da China. No começo da década de 2000 o Brasil via a China
principalmente como um competidor em terceiros mercados, como os EUA — algo que ainda
é verdadeiro, mas mais fortemente e especialmente nos mercados da América Latina. Desde
então a participação dos EUA como destino das exportações brasileiras caiu à metade,
aproximadamente. A China compensou boa parte da queda.
As mudanças na estrutura da pauta de exportações, documentadas logo adiante,
refletem implicitamente essa alteração de importância dos parceiros comerciais. As rápidas
mudanças observadas indicam a extensão das transformações que a nova parceria com a
China tem implicado.
Uma avaliação das tendências de longo prazo ajuda na compreensão das mudanças
como introdução para a análise posterior. Como vimos, as exportações brasileiras (FOB)
aumentaram de US$ 31,4 para US$ 201,9 bilhões entre 1990 e 2010, revelando uma taxa
23
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
média de quase 10% ao ano (9,7%) quando medidas a preços correntes. O aumento anual
(real) a preços constantes foi de 6,46%, em média, tendo os preços médios crescido 3,1% ao
ano. Como as exportações representam, grosso modo, cerca de 10% do PIB, pode-se concluir
que elas responderam por um crescimento médio real de 0,6% ao ano nesses 20 anos
referidos. E como o PIB cresceu em média 3% ao ano nesses 20 anos, conclui-se que as
exportações responderam por 20% do crescimento de longo prazo.
Mas o crescimento das exportações não foi uniforme ao longo do tempo, destacandose a aceleração depois de 2002.31 Entre esse ano e 2010 as exportações cresceram em média a
16,3% ao ano. Em 2010 elas aumentaram 32% em um único ano, parte dos quais por causa
dos aumentos dos preços de exportação, como já mencionado.
Uma visão geral das mudanças no padrão de especialização do comércio aparece no
gráfico seguinte, onde é apresentada a estrutura da pauta de exportações dividida em produtos
básicos, semi-manufaturados e manufaturados (além das chamadas ―transações especiais‖).
Gráfico 9: Participações na Pauta de Exportações, 1990-2010
70%
60%
Produtos
básicos
50%
40%
Produtos semimanufaturados
30%
20%
Produtos
manufaturados
10%
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
0%
Transações
especiais
Fonte: FUNCEX
Três aspectos dominam o desempenho das exportações nesse gráfico, parte dos quais
associados à emergência da China como país de destino das exportações.
1. O primeiro é a perda de predomínio dos bens manufaturados na pauta, processo mais
nítido depois de 2004-2006 e consolidado em 2010. Os manufaturados detinham até bem
recentemente a maior fatia das exportações: em 2000 eles chegaram a representar 59,1%
do valor exportado, enquanto os semi-manufaturados (entre os quais se inclui a maior
parte dos produtos siderúrgicos) atingiam 15,4%. Em 2010 essas proporções atingiram
39,4% e 14,4%, respectivamente.
31
A taxa de câmbio funcionou como uma âncora para os preços durante o período crítico de estabilização. Entre
1994 e 1999 (fase em que o câmbio real atravessou uma forte valorização) as exportações aumentaram apenas
10% como um todo, apesar da desvalorização cambial (com overshooting) de 1999.
24
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
2. O segundo é, em contrapartida, a rápida ascensão dos produtos básicos (essencialmente
commodities), cuja participação aumenta rapidamente a partir de 2004-2006: de 29,2% do
total exportado em 2006 para 44,6% em 2010, ano em que superam os manufaturados.
3. O terceiro aspecto é o desempenho relativamente uniforme em termos de participação dos
semi-manufaturados. Sua participação na pauta flutua pouco no tempo, entre um mínimo
em torno de 13,5% (em 2005, 2007, 2009)e um máximo de 19,7% em 1995.
Por trás dessas mudanças se escondem significativas variações de preços e de
quantidades exportadas. Esse aspecto aparece mais claramente nas Tabelas 10 e 11 seguintes,
que mostram as taxas médias de crescimento dos preços e do quantum exportado por
categorias em quinquênios selecionados.
Tabela 10: Taxas Médias de Crescimento do Quantum de Exportações — Crescimento
Médio por Quinquênios Selecionados por Categorias (% ao ano)
Quantum
1990-1995
1995-2000
2000-2005
2005-2010
Total
Básicos
2,1%
7,8%
16,1%
6,4%
8,0%
Manufaturados
7,0%
7,8%
12,5%
-3,4%
5,8%
Semi-manufaturados
8,7%
3,4%
9,1%
0,9%
5,5%
Fonte: FUNCEX, elaboração do autor.
O quantum das exportações de todas as categorias cresceu mais rapidamente em 20002005 do que nos demais períodos devido ao câmbio desvalorizado que prevaleceu durante a
maior parte do período32 e, secundariamente, ao forte crescimento da economia mundial na
maior parte desse quinquênio. Já no quinquênio seguinte o crescimento do quantum exportado
também foi expressivo, mas, agora, apesar do câmbio crescentemente valorizado (com
exceção de curto período de setembro de 2008 a meados de 2009).
A principal razão para esse desempenho favorável é a demanda da China e de alguns
outros países asiáticos. De fato, apesar da recessão mundial desde 2007 em alguns países,
período em que a atividade econômica nos países da OCDE pouco cresceu, o quantum de
exportações de produtos básicos pode crescer a taxas elevadas em alguns anos: 12% em 2007,
3% em 2009 e 11% em 2010. Mesmo no ano crítico da recessão mundial, 2008, as
exportações de produtos básicos não caíram.
Esse aspecto do desempenho é também sugerido pelos resultados da Tabela 11, que
apresenta o crescimento dos preços de exportação por categorias.O forte crescimento dos
preços de básicos e, secundariamente, semi-manufaturados no último quinquênio é evidência
da pujança da demanda da China e de outros emergentes asiáticos.
Tabela 11: Taxas Médias de Crescimento dos Preços de Exportação — Crescimento
Médio por Quinquênios Selecionados (% ao ano)
1990-95
1995-2000
2000-05
2005-10
Total
Básicos
2,5%
-4,2%
5,6%
13,7%
4,2%
Manufaturados
1,4%
-2,6%
2,2%
7,7%
2,1%
Semi-manufaturados
3,4%
-5,3%
4,0%
11,0%
3,1%
32
Após a desvalorização de 1999 a taxa de câmbio retomou lentamente uma trajetória de valorização nos anos
seguintes. Ver mais adiante.
25
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
Fonte: FUNCEX, elaboração do autor.
O destaque dessa última tabela é o crescimento dos preços dos básicos e,
secundariamente, dos semi-manufaturados. Mas mesmo no caso dos manufaturados o
aumento dos preços em dólares foi significativo (em média, de quase 8% ao ano ente 2005 e
2010).
2.5 Mudanças na Participação das Exportações por Setores e pelo Conteúdo Tecnológico
das Atividades Produtivas.33
A estrutura da produção brasileira segundo o conteúdo tecnológico mostra mudanças
importantes nos últimos anos. O gráfico e a tabela abaixo permitem visualizar que o segmento
de baixa tecnologia, o mais importante individualmente, perde participação com o tempo —
as exceções sendo anos de crescimento lento ou de recessão (2009, por exemplo), quandoo
grupo ganha peso devido à menor elasticidade renda dos produtos que o compõem.
Os segmentos de média-alta e alta tecnologia são, em contrapartida, os que mais
aumentaram de peso no total desde 1995. Isso é especialmente nítido para o de alta
tecnologia, em que a participação passa de 3% para 10% entre 1995 e 2010. Já o grupamento
de média-baixa tecnologia caracteriza-se por uma participação aproximadamente constante na
produção total, em torno de 20%.
Gráfico 10: Estrutura da Produção por Conteúdo Tecnológico,* 1995-2010 (%)
45%
% Baixa
Teconologia
40%
35%
30%
% MédiaBaixa
Teconologia
25%
20%
% MédiaAlta
Teconologia
15%
10%
5%
2010
2009
2008
2007
2006
2005
2004
2003
2002
2001
2000
1999
1998
1997
1996
1995
0%
% Alta
Teconologia
Fonte: IBGE, elaboração do autor. * As atividades incluídas no gráfico representam, em média, 78% do total da
Indústria de Transformação, representatividade que varia pouco no período: entre 76,5% (1998) e 78,7% ( 2004).
Tabela 12: Estrutura da Produção por Conteúdo Tecnológico, 1995-2010
1995
1996
1997
1998
1999
2000
% Baixa Tecnologia % Média- Baixa Tecnologia
0,433
0,206
0,434
0,207
0,420
0,213
0,431
0,213
0,443
0,211
0,421
0,208
% Média- Alta Tecnologia
0,331
0,332
0,341
0,322
0,309
0,330
% Alta Tecnologia
0,031
0,027
0,025
0,033
0,037
0,042
33
Os gráficos seguintes não cobrem a totalidade da Indústria de Transformação devido à não existência de
informações para algumas atividades durante o período. Estão excluídas as seguintes: produtos de fumo,
mobiliário, farmacêutica, produtos de perfumaria, sabões e velas, material de limpeza, e indústrias diversas.
26
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
0,420
0,421
0,409
0,396
0,392
0,390
0,374
0,358
0,379
0,364
0,204
0,324
0,206
0,312
0,203
0,320
0,199
0,336
0,195
0,342
0,195
0,344
0,194
0,356
0,191
0,348
0,180
0,325
0,190
0,341
Fonte: IBGE, elaboração do autor.
0,052
0,062
0,068
0,069
0,071
0,072
0,077
0,104
0,115
0,104
As mudanças na estrutura das exportações por conteúdo tecnológico, mostradas no
gráfico e na tabela seguintes, refletem, até certo ponto, as observadas na estrutura de
produção: predomínio dos setores de baixa tecnologia, seguidos pelos de média-alta
tecnologia. A perda dos setores de baixa-média tecnologia é também visível.
Gráfico 11: Estrutura das Exportações por Conteúdo Tecnológico,* 1996-2010 (%)
45%
% Baixa
Tecnologia
no Total
40%
35%
30%
% BaixaMédia no
Total
25%
20%
% MédiaAlta no
Total
15%
10%
5%
% Alta no
Total
2010
2009
2008
2007
2006
2005
2004
2003
2002
2001
2000
1999
1998
1997
1996
0%
Fonte: IBGE e FUNCEX, elaboração do autor. * Os setores incluídos no gráfico representam, em média,91% do
das exportações totais da Indústria de Transformação. Essa representatividade varia um pouco no período: entre
92% em 1997 e 89% em 2009.
Tabela 13: Estrutura das Exportações por Conteúdo Tecnológico, 1996-2010
Data
% Baixa Tecnologia
% Baixa-Média Tecnologia
% Média-Alta Tecnologia
% Alta Tecnologia
1996
0,368
0,308
0,230
0,094
1997
0,348
0,275
0,272
0,105
1998
0,356
0,263
0,268
0,113
1999
0,386
0,271
0,229
0,114
2000
0,350
0,260
0,262
0,127
2001
0,403
0,233
0,254
0,110
2002
0,407
0,248
0,248
0,097
2003
0,405
0,241
0,270
0,084
27
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
2004
0,384
0,214
0,286
0,116
2005
0,373
0,205
0,313
0,109
2006
0,363
0,215
0,312
0,110
2007
0,368
0,204
0,304
0,123
2008
0,366
0,199
0,306
0,129
2009
0,437
0,211
0,256
0,096
2010
0,416
0,201
0,282
Fonte: IBGE e FUNCEX, elaboração do autor
0,100
2.6 Origem e Destino do Comércio Exterior do Setor Industrial e Vinculação com a
China
A crescente participação da China no comércio exterior do Brasil é claramente
evidenciada na tabela seguinte: partindo de 5,9% das importações brasileiras em 2004 (2,2%
em 2000) a China avançou até 14,1% em 2010. No que toca às exportações as proporções são
semelhantes: de 5,6% em 2004 (2,0% em 2000) para 15,2% em 2010, tornando a China o
maior mercado para os produtos brasileiros.
Como os saldos comerciais também aumentaram apreciavelmente (com exceção de
2007 e 2008) para valores de cerca de US$ 5,1 bilhões no último biênio, a participação da
China na formação dos saldos comerciais do Brasil também se elevou rapidamente: de 5% em
2004 para 26% em 2010.
Tabela 14: Comércio Exterior do Brasil e Participação da China (US$ bilhões e %)
Total de exportações e importações - Brasil
Importações
Exportações
Saldo
(FOB)
(FOB)
Comercial
Anos
Total comércio entre Brasil e China
Importações
Exportações
da China
para a China Saldo
Participação da China
Importações Exportações
China no
Saldo
2004
62.835
96.475
33.641
3710
5442
1731
5,9%
5,6%
5,1%
2005
73.606
118.308
44.703
5355
6835
1480
7,3%
5,8%
3,3%
2006
91.351
137.807
46.457
7990
8402
412
8,7%
6,1%
0,9%
2007
120.617
160.649
40.032
12621
10749
-1872
10,5%
6,7%
-4,7%
2008
173.107
197.942
24.836
20044
16523
-3522
11,6%
8,3%
-14,2%
2009
127.705
152.995
25.290
15911
21004
5093
12,5%
13,7%
20,1%
2010
181.649
201.915
20.267
25593
30786
5192
14,1%
15,2%
25,6%
19,4%
13,1%
38,0%
33,5%
Tx cresc.
Fonte: SECEX/MDIC.
No que diz respeito à Metal-Mecânica (MM), os totais estão a seguir. Mais adiante
serão destacados os resultados do comércio desse grupo de setores com a China segundo a
classificação NCM.Note-se que a MM respondia por 30% das exportações brasileiras em
2000, mas essa proporção chegou a apenas 18% em 2010. Quanto às importações, as
percentagens se mantiveram aproximadamente as mesmas: 46% em 2000 e 45% em 2010.
Observe-se da tabela seguinte a rápida deterioração do saldo da MM, fruto, principalmente,
do menor aumento das exportações face a importações que mais do que quadruplicaram entre
2003 (ano a partir do qual a aumentou a velocidade de crescimento) e 2010.
28
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
Tabela 15: Exportações e Importações e Saldos Comerciais da Metal-Mecânica
2000-2010 (US$ milhões correntes)
Período
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
Exp MM
Imp MM
Total
Total
dos
dos
setores
setores
16541
25.860
16756
27.165
15931
21.264
18276
20.486
25958
25.752
32620
31.728
35714
38.957
40057
50.581
45285
71.087
29152
58.135
36526
81.440
Fonte: FUNCEX, elaboração do autor.
Saldo
MM
-9320
-10409
-5333
-2209
206
892
-3243
-10524
-25802
-28983
-44915
Antes de detalhar o papel da China nas mudanças durante a última década sob o
ângulo dos setores da CNAE as tabelas seguintes apresentam as importações e exportações da
MM a partir da classificação da NCM tendo como origem e destino a China.34
Tabela16:Importações Metal-Mecânicas da China por Capítulos da NCM,20042010(US$ milhões e %)
Cap.
NCM
82
83
84
85
86
87
88
89
90
Importações Metal Mecânicas da China
em US$ milhões
Ferram, Artef Cut. de Metais Comuns
Obras diversas metais comuns
Reatnucl,caldeiras,maq mecânicos
Maqapar.mateletrpartes,etc
Veic e mat vias ferreas ,etc.
Veicautomoveis,tratores,etc.partes
Aeronaves e suas partes
Embarcacoes e estr flutuantes
Instraparoptica, fotografia
Total Metal Mecânica
Total das Importações da China
Participação da Metal-Mecânica
2008
118
112
3496
6237
8
533
0
0,8
1088
2005
25
26
705
2126
2
85
0
0,4
363
2006
45
42
1261
3122
4
132
0
0,8
432
2007
82
61
2321
4300
7
238
0
0,4
689
2144
3332
5039
7698 11593 9136 14082
24%
3710
5355
7990
12621 20044 15911 25593
23%
58%
62%
63%
61%
58%
2009
90
95
2768
5099
8
377
0
0,7
698
Tx cresc.
2010 md a.a. (%)
158
147
21%
34%
6577
21%
6098
2
-24%
651
31%
0
-0
5%
449
20%
2004
16
19
408
1386
36
47
0
0,3
232
57%
55%
Fonte: MDIC/ SECEX.
No que toca às importações, chama atenção a magnitude da taxa de crescimento de
quase todos os capítulos. Mas a concentração em valor nos capítulos 84 e 85 é bastante nítida.
O crescimento das importações de veículos automotores, tratores, etc., peças e acessórios
(cap.87) também é impressionante.
34
Não se incluem nesta apreciação os Capítulos 72 e 73 (ferro Fundido e Aço; Obras de Ferro Fundido ou Aço)
porque nos interessa examinar particularmente a MM a jusante da siderurgia.
29
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
Quanto às exportações (Tabela 17), destaca-se apenas, pelo crescimento, o capítulo 88
(aeronaves).35 O desequilíbrio entre importações da MM a jusante da siderurgia (US$ 14,1
bilhões) e das exportações respectivas (US$ 0,75bilhões) é notável.Um dos principais
determinantes do desempenho diferenciado de exportações e importações são a taxa de
câmbio bastante desvalorizada por parte da China e uma taxa muito valorizada no caso do
Brasil.
Tabela 17: Exportações Metal-Mecânicaspara a China, 2004-2010
(US$ milhões e %)
Cap
NCM Exportações para a China
82
83
84
85
86
87
88
89
90
Ferramentas, cutelaria,metais comuns
Obras div. metais comuns
Reatoresnuclcaldeiras,maq,mecanicos
Máqmateletrpartes,etc
Veiculosmat vias ferreas
Veicautom, tratores partes/acess
Aeronaves e outrosaereos, partes
Embarcacões
Instraparotica,fotografia,etc.
Total Exp Metal-Mecânica (MM)
Total das Exportações para a China
Part % da MM nas Exp. ParaChina
2004
1
5
193
59
0
113
35
13
10
429
2005
14
3
259
72
0
55
16
0
12
431
2006
3
3
277
102
0
65
7
0
12
469
2007
5
2
235
60
0
45
70
0
18
435
2008
4
3
293
88
0
25
250
0
16
679
2009
3
4
148
116
0
16
349
0
26
662
2010
3
6
238
79
1
25
376
0
22
750
5442
6835
8402
10749
8%
6%
6%
4%
Fonte: MDIC/ SECEX.
16523
4%
21004
3%
30786
2%
Tx cresc. md
a.a. (%)
3%
4%
5%
--22%
49%
-100%
14%
10%
33%
-18%
Como já assinalado, e comprovado pelo lado do comércio da MM, as vantagens
naturais existentes são claras no caso das commodities agropecuárias e minerais. Neste caso, o
bom desempenho de global players como a Cia. Vale do Rio Doce tem sido amplamente
reconhecido. Mas no caso das manufaturas isso não necessariamente se aplica. Na verdade, no
que se refere a esse setor o Brasil tem perdido mercado em termos mundiais e, especialmente,
na América Latina. A principal — embora não única — razão para isso é a taxa de câmbio
crescentemente valorizada, como repetidas vezes mencionado ao longo deste texto. Isso é
confirmado pelo exame da evolução da taxa de câmbio do Brasil em relação ao dólar dos
EUA, que indica de forma veemente a valorização dos últimos anos, como se depreende da
Tabela seguinte.36
De fato, levando-se em conta o período desde 2000 — quando o overshooting cambial
de 1999 já havia se dissipado, e antes do overshooting de 2002 (efeito devido à eleição do
Pres. Lula) — tem-se uma defasagem de 47%. Em relação a 2005 a defasagem é de 34%.
Em vista desses resultados não é difícil concluir que o desempenho das exportações de
manufaturados — e da cadeia metal-mecânica, em particular — não poderia ter sido brilhante.
E as políticas públicas não têm sido especificamente apropriadas para apoiar a atividade de
exportação de manufaturas, nem de proteger adequadamente a atividade produtiva doméstica.
As exceções, como sugerido na seção inicial, são as linhas de financiamento à exportação.
35
Os resultados com essa classificação da NCM diferem ligeiramente dos resultados quando se usa a CNAE.
Foram utilizados como deflatores nacionais os respectivos índices de preços por atacado de produtos
industriais.
36
30
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
Tabela18: Taxa de Câmbio em Relação aos EUA, 1995-2010 (Janeiro 1999=100)
Anos
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
Defasagem rel. 2000
Defasagem rel. 2005
Estados Unidos
76,7
79,8
79,0
79,5
108,3
97,2
111,9
117,0
101,4
92,8
77,8
72,4
64,5
58,1
57,8
51,7
-47%
-34%
Fonte: FGV, Centro de Estudos do Setor Externo.
Apesar da influência fortemente negativa representada pelo câmbio crescentemente
valorizado em relação às moedas de todos os principais parceiros comerciais, o quantum das
exportações totais aumentou 9% em 2010 (após um ano de forte queda, quando diminuíram
quase 11%). O que explica esse desempenho é a importância crescente do mercado latinoamericano, face à fraca demanda dos países da OECD nesses últimos anos. Mas mesmo nos
mercados da América Latina as exportações brasileiras vêm sendo substituídas pelas chinesas.
3. Desempenho Produtivo da Cadeia de Valor da Indústria do Aço
3.1 Desempenho da Cadeia de Valor da Indústria do Aço — Nível de Atividade e
Emprego e sua Composição
A produção da Metal-Mecânica evoluiu a taxas muito favoráveis no Brasil nas duas
últimas décadas, especialmente depois de 1999, como evidenciado no gráfico seguinte.37 A
taxa média de crescimento do grupo como um todo chegou a 6,2% ao ano nesse período de
onze anos, contra 3% para a indústria como um todo. Excluindo-se a Metalurgia Básica a taxa
foi ainda maior: de 7,0% ao ano.
Obviamente, o crescimento não foi uniforme para todos os setores, tendo sido liderado
pelos ―outros equipamentos de transporte‖ (aviões, embarcações, etc.) seguidos das
―máquinas de escritório e informática‖. Em terceiro lugar encontra-se a automobilística (e
auto-peças), com a indústria de máquinas e equipamentos em quarto lugar. A rigor, exceto
pelas indústrias de material eletrônico e de comunicações (e, em menor medida, pelos ―outros
produtos de metal‖), todos os setores do grupo tiveram bom desempenho na última década.
37
O Anexo apresenta os índices para os setores que compõem a metal-mecânica.
31
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
Gráfico 12: Produção da Metal-Mecânica e Total da Indústria, 1991-2010 (1991=100)
250
230
Metal Mecânica
210
190
Indústria de Transformação
170
Metal Mecânica ex-Metalurgia
Básica
150
130
110
90
70
2010
2009
2008
2007
2006
2005
2004
2003
2002
2001
2000
1999
1998
1997
1996
1995
1994
1993
1992
1991
50
Fonte; IBGE, elaboração do autor.
Ainda quanto ao desempenho da cadeia de valor metal-mecânica brasileira, a mudança
estrutural entre 1996 e 2007 pode ser avaliada através da tabela seguinte, 38 onde se destacam
os seguintes aspectos.
Tabela 19: Participação da Metal-Mecânica* no Emprego e no Valor Adicionado da
Indústria de Transformação e Produtividade Relativa**, 1996 e 2007 (%)
Emprego
Valor Adicionado
1996
2007
1996
2007
Fab produtos metal –excmáq&equip
5,50%
6,30%
3,90%
Fabricação de máquinas e equipamentos
6,50%
7,10%
7,00%
Fabmáq escritório, equip informática
0,30%
0,70%
Fab máquinas, aparelhos e mat elétricos
2,90%
Fabmat eletrônico, equip comunicações
Equipmédico-hospital ópticos automind
Produtividade
Relativa
1996
2007
3,70%
71%
59%
6,10%
107%
86%
0,50%
0,70%
183%
99%
3,00%
2,70%
2,50%
92%
84%
1,70%
1,20%
3,60%
1,90%
216%
161%
1,00%
1,10%
0,90%
0,90%
88%
82%
Fabrveícautom, reboques e carrocerias
5,80%
5,70%
8,30%
9,00%
144%
156%
Fab outros equip transporte
0,80%
1,60%
0,90%
2,10%
110%
135%
Total
24,50% 26,70%
27,80%
26,90%
113%
101%
Fonte: Pesquisa Industrial Anual, 1996 e 2007. * Exclusive Siderurgia e Não Ferrosos (Metalurgia Básica); **
Total da Indústria = 100
38
Registros abrangentes e comparáveis da atividade industrial no nível de detalhe requerido por essa análise só
estão disponíveis para os anos a partir de 1996. A PIA – Pesquisa Industrial Anual de 2008 utilizou uma
classificação CNAE (dita 2.0) diferente da até então utilizada (ver adiante). Para os anos posteriores a 2008 as
informações não estão disponíveis no mesmo formato e detalhe. O Anexo detalha informações no interior de
cada atividade.
32
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
1. A cadeia metal-mecânica, considerada como um todo aumentou sua participação entre
1996 e 2007 no emprego industrial (de 24,5% para 26,7%), mas não no valor adicionado
(de 27,8%para 26,9%). Como resultado, não foi capaz de manter os níveis de
produtividade em relação à indústria: a produtividade em relação ao totalda indústria caiu
de 113% para 101%.
2. A atividade com desempenho mais claramente negativo quanto ao VA foi a de material
eletrônico e de equipamentos de comunicações — onde a causa principal foi,
possivelmente, o avanço das importações.
3. A produtividade relativa aumentou na automobilística (144% para 156%) e na fabricação
de outros equipamentos de transporte (onde se destacam a produção de aviões e
embarcações: de 110% para 135% do total).
4. Quedas expressivas (até 2007) na produtividade só forem registradas na Fabricação de
Máquinas de Escritório e Equipamentos de Informática, apesar do aumento no VA, e em
equipamento eletrônico e de comunicações.
Para o biênio 2007-2008 a informação está em seguida. Como seria de se esperar, há
poucas mudanças estruturais significativas:
1. A participação da MM no emprego manteve-se praticamente inalterada, enquanto
aumentou de 26,1% para 27,0% o peso no VA industrial. Logo, a produtividade relativa
ao total da indústria também aumentou: de 105% do total industrial para 109%.
2. O principal aumento setorial ocorreu na automobilística.
Tabela 20:Participação da Metal-Mecânica no Emprego e no Valor Adicionado da
Indústria de Transformação e Produtividades Relativas*, 2007 e 2008 (%)
Fabrprod metal, excmáq&equip
Fabequipinform, prod eletrôn.& ópticos
Fabmáqaparmat elétricos
Fabricação de máquinas e equipamentos
Fabveícautom, reboques, carrocerias
Fab outros equiptransp, exc. veícautom
Total
Emprego
2007
2 008
7,00%
7,00%
2,30%
2,20%
2,90%
2,90%
5,10%
5,20%
6,40%
6,30%
1,20%
1,20%
24,90% 24,80%
VA
2007
2 008
4,10%
4,20%
2,90%
2,80%
2,70%
2,80%
4,70%
4,90%
9,80%
10,50%
1,90%
1,80%
26,10%
27,00%
Produtividade Relat.
2007
2 008
58%
60%
128%
126%
95%
95%
92%
94%
153%
166%
154%
149%
105%
109%
Fonte: Pesquisa Industrial Anual - Empresa, 2007 e 2008. * Total da Indústria = 100
Informações sobre o desempenho da MM (a jusante da metalurgia básica) na década
de 2000 são mostradas na tabela seguinte. O registro da tabela deixa claro, uma vez mais, que
o desempenho da MM foi superior ao da indústria e da economia com um todo no período
2000-2008. De fato, partindo de proporções da ordem de 11% para a relação com o emprego
industrial em 2000, a metal mecânica aumentou sua participação para valores próximos a 13%
em 2008. No que se refere à relação com o emprego total na economia as taxas vão de 2,1%
para 2,7%. Destaque-se que o emprego na economia como um todo aumento cerca de 22%
entre 2000 e 2008.39
39
Deve-se deixar registrado que, como dito no texto, os dados das Contas Nacionais, nos quais se baseiam a
tabela e as conclusões acima, referem-se ao total das ocupações. Logo, incluem empregos formais e informais.
33
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
Tabela 21: Evolução do Emprego — Total da Economia, Indústria de Transformação e
Metal Mecânica* — 2000-2008 (em 1000 pessoas)
Atividades: Total, Indústria e MM
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
Total
78 972
79 544
82 629
84 035
88 252
90 906
93 247
94 714
96 233
Indústria de Transformação
15 402
15 303
15 850
16 002
17 067
18 195
18 227
18 996
20 131
Metal Mecânica
1 691
1 681
1 754
1 801
2 005
2 171
2 225
2 406
2 570
586
585
607
599
650
749
718
769
821
347
359
374
383
425
449
473
518
570
Eletrodomésticos
44
40
35
41
49
48
49
54
53
Máq. escritório e equipamentos de informática
20
18
17
19
24
29
41
47
55
Máquinas, aparelhos e materiais elétricos
160
153
159
160
179
190
207
212
257
88
80
81
79
99
101
94
98
89
Ap. médico-hospitalar, medida e óptico
97
94
102
102
104
115
117
127
137
Automóveis, camionetas e utilitários
72
71
71
67
72
74
78
86
91
Caminhões e ônibus
19
19
18
19
25
25
21
23
25
Peças e acessórios para veículos autom.
203
206
220
252
283
289
310
349
346
Outros equipamentos de transporte
54
55
71
80
96
102
117
122
127
11,0%
2,1%
11,0%
2,1%
11,1%
2,1%
11,3%
2,1%
11,8%
2,3%
11,9%
2,4%
12,2%
2,4%
12,7%
2,5%
12,8%
2,7%
Produtos de metal - exclusive máq e equip
Máq e equipamentos, incl. manut. e reparos
Mat eletrônico e equipde comunicações
Metal Mecânica/ Indústria
Metal Mecânica/ Total da Economia
Fonte: Contas Nacionais. * Exclui siderurgia e não ferrosos.
3.2 APenetração das Importações em Relação ao Consumo Aparente
O aumento das importações no consumo aparente doméstico brasileiro não tem sido
uniforme por setores, como seria de se esperar, devido às vantagens comparativas de cada
setor individualmente. Os dados desta seção, calculados a partir de valores constantes de
2005, diferem dos dados divulgados regularmente pela FUNCEX, mas unicamente por um
fator de escala. Aqui optamos por partir dos valores setoriais de produção, importações e
exportações da matriz de insumo-produto do IBGE, aos quais aplicamos índices de quantum
da produção (IBGE), das exportações e das importações (índices de quantum da FUNCEX).
Calculamos também outro indicador, que retira do valor da produção o auto-consumo de cada
setor (na suposição, algo temerária, de que esta parcela da produção não pode ser importada
ou exportada). Os resultados, evidentemente, apontam para fatias de importações no consumo
aparente mais altas do que no caso do indicador tradicional (M/[M-X+P]). Mas as direções e
intensidade das mudanças é a mesma no caso dos dois indicadores. O período é 1996-2010.
Para efeito de análise dividimos a produção de bens em três grandes grupos na análise
seguinte. O primeiro é constituído pelos setores em relação aos quais o Brasil detém
tradicionalmente vantagens comparativas e onde, portanto, os coeficientes de importações em
relação ao consumo aparente são relativamente pequenos e aumentaram pouco – com exceção
da indústria Têxtil, um caso especial e crítico pelo forte avanço dos importados no mercado
doméstico. O segundo grupo é o dos setores nos quais a fatia das importações no consumo
interno são tradicionalmente altas devido à existência de vantagens comparativas, mas
limitadas a um sub-grupo de atividades. Ainda assim, observam-se no período analisado
aumentos expressivos em todas as atividades nele incluídas. O terceiro grupo é o da cadeia
metal-mecânica.
Começando pelo 1º grupo, a tabela seguinte deixa claro que na maioria dos setores a
penetração das importações é pequena (o que não significa que não possa estar afetando
severamente alguns produtores individuais). Em alguns casos, inclusive, tem-se diminuição
34
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
das importações ao longo do tempo: agropecuária e produtos alimentares. Como mencionado,
o avanço dos importados só se revela preocupante no caso da indústria Têxtil, onde a
penetração dobrou desde 2006 e já tinge 14% do mercado. E mesmo na indústria de
confecções têxteis (vestuário) a situação não parece calamitosa – apesar do coeficiente de
penetração ter triplicado entre 2004 e 2010, pois ainda é da ordem de 3% do consumo interno.
Tabela 22: Participação das Importações no Consumo Aparente, 1996-2010, 1º grupo de
setores (% baseadas em valores a preços de 2005)
Setor /
Período
Produtos
alimentícios
Agropecuária
e bebidas
Confecção
artigos
vestuário e
acessórios
Prep couros,
artefatos e
calçados
Produtos de
madeira
Celulose,
papel e prod
papel
Prod min
nãometálicos
Móveis e
indústrias
diversas
Têxtil
1996
3,8%
2,3%
1,3%
2,0%
1,3%
6,9%
2,4%
2,7%
6,5%
1997
3,7%
2,4%
1,2%
2,2%
1,7%
7,8%
2,9%
3,2%
6,9%
1998
4,5%
2,5%
0,9%
2,0%
1,9%
8,2%
2,8%
3,2%
5,8%
1999
3,8%
1,9%
0,7%
1,6%
1,2%
4,9%
2,2%
2,2%
4,9%
2000
4,0%
1,9%
0,6%
2,0%
1,4%
4,9%
2,6%
2,2%
5,5%
2001
3,4%
1,6%
0,7%
2,1%
1,3%
4,1%
2,7%
2,1%
4,1%
2002
3,1%
1,7%
0,5%
1,6%
1,1%
3,5%
2,5%
1,8%
3,6%
2003
3,1%
1,5%
0,6%
2,0%
1,0%
2,9%
2,8%
1,9%
4,1%
2004
2,1%
1,6%
0,9%
2,6%
1,2%
3,3%
3,4%
2,3%
4,6%
2005
2,3%
1,6%
1,3%
3,1%
1,3%
3,2%
3,7%
2,5%
5,2%
2006
2,5%
1,8%
1,7%
3,6%
1,7%
3,9%
4,2%
2,8%
6,9%
2007
2,6%
1,9%
2,0%
4,6%
2,1%
4,4%
4,9%
3,4%
8,9%
2008
2,4%
2,0%
2,4%
5,8%
2,6%
4,8%
5,5%
4,1%
10,6%
2009
2,5%
2,2%
2,5%
5,2%
2,5%
4,3%
4,6%
3,6%
10,5%
2010
2,3%
2,5%
3,1%
5,7%
3,1%
5,4%
7,1%
4,7%
14,0%
Fonte: IBGE e FUNCEX, elaboração do autor.
De qualquer forma, é importante destacar que mesmo nesse grupo de setores, em
relação ao qual o Brasil detém conhecidas vantagens competitivas há muito tempo, os
coeficientes de penetração das importações aumentaram bastante nos últimos anos em alguns
segmentos. Esse é o caso, por exemplo, do setor de celulose, papel e produtos de papel.
Tabela 23: Participação das Importações no Consumo Aparente, 1996-2010, 2º grupo de
setores (% baseadas em valores a preços de 2005)
Setor /
Período Extr mineral
Coque, refino de
petróleo, combustíveis
Químicos
diversos
Farmacêutica e
perfumaria
Borracha,
plástico
Ind.Transformação
1996
31,8%
5,5%
8,6%
7,7%
3,8%
6,5%
1997
30,6%
5,4%
10,0%
9,0%
4,7%
7,7%
1998
29,9%
5,6%
10,8%
9,3%
5,3%
8,2%
1999
28,9%
5,6%
10,1%
9,6%
4,4%
7,1%
2000
27,4%
6,2%
11,6%
10,9%
5,0%
7,7%
2001
28,2%
5,9%
12,7%
12,6%
5,3%
7,9%
2002
22,5%
5,7%
13,5%
11,6%
5,4%
7,0%
2003
21,9%
5,1%
15,8%
12,0%
5,8%
7,1%
2004
25,5%
5,2%
18,4%
12,3%
6,4%
7,8%
2005
20,3%
5,2%
15,4%
11,4%
7,6%
8,1%
2006
22,2%
6,0%
15,9%
12,3%
7,8%
9,2%
2007
20,4%
6,6%
19,3%
13,4%
8,6%
10,5%
2008
27,8%
7,5%
19,3%
14,0%
10,2%
11,9%
2009
18,8%
6,6%
13,6%
13,4%
9,2%
10,5%
35
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
2010
21,0%
9,7%
16,7%
16,3%
12,0%
13,1%
Fonte: IBGE e FUNCEX, elaboração do autor.
Os coeficientes de penetração deste grupo tiveram um comportamento menos nítido.
Em vários deles o Brasil tem dependência das importações (Extrativa Mineral, Produtos
Químicos Diversos, Farmacêutica, por exemplo), mas os coeficientes relativamente elevados
do começo do período não aumentaram muito. Incluímos neste grupo o total da Indústria de
Transformação pela magnitude dos coeficientes. Nesse caso tem-se um aumento contínuo do
coeficiente de penetração das importações, brevemente interrompido durante o ano de 2009,
de recessão econômica.Os casos realmente mais preocupantes são os da Metal-Mecânica,
como se visualiza na tabela seguinte.
Tabela 24: Participação das Importações no Consumo Aparente, 1996-2010, 3º grupo de
setores – Metal-Mecânica (% baseadas em valores a preços de 2005)
Veículos
automotores
Outros
equip.
transporte
10,1%
8,9%
24,4%
13,3%
12,5%
31,7%
11,9%
16,3%
16,9%
26,4%
18,7%
11,9%
19,1%
9,6%
23,0%
3,4%
16,3%
12,4%
20,6%
9,1%
22,9%
9,0%
3,9%
18,2%
14,3%
19,5%
9,3%
17,2%
7,4%
3,5%
16,4%
11,7%
20,3%
16,1%
5,8%
12,4%
2003
7,2%
3,4%
14,6%
10,0%
17,5%
17,9%
4,8%
11,0%
2004
7,3%
3,9%
14,5%
9,7%
16,4%
21,4%
4,0%
13,9%
2005
8,7%
4,6%
17,1%
10,5%
18,0%
23,1%
5,3%
14,8%
2006
10,1%
5,5%
18,6%
11,6%
16,2%
28,3%
8,5%
16,1%
2007
10,7%
6,8%
20,3%
11,2%
16,7%
30,0%
10,2%
17,7%
2008
12,5%
7,7%
23,9%
13,2%
20,8%
34,9%
13,8%
15,3%
2009
12,3%
7,7%
22,8%
14,3%
19,6%
34,0%
15,5%
10,8%
2010
16,8%
9,7%
26,4%
18,3%
21,6%
40,5%
18,3%
13,1%
Setor /
Período
Metalurgia
básica
Produtos de
metal
Máquinas e
equipamentos
Máq,apar e
matelétr
1996
6,4%
3,9%
17,7%
10,2%
1997
8,5%
3,8%
22,0%
11,7%
1998
9,9%
4,3%
22,0%
1999
8,2%
3,3%
2000
8,5%
2001
2002
Máq para
escritório e
informática
Material
eletrônico e
de comunic.
Fonte: IBGE e FUNCEX, elaboração do autor.
Nesse grupo estão os casos mais críticos de aumento do coeficiente de importações.
De fato, com a exceção da indústria de produtos de metal e de outros equipamentos de
transporte (aviões e embarcações, principalmente), todos os demais experimentaram forte
ameaça sob a forma de crescimento das importações no consumo, a ponto de as compras
externas representarem pelo menos 10% da demanda interna em praticamente todos os casos.
A situação é especialmente grave nas indústrias de material eletrônico e de
comunicações (41% do consumo suprido por importações em 2010, quadruplicando a fatia de
mercado de 1996!), máquinas e equipamentos (26%,mas onde o aumento foi menor do que no
caso anterior) e máquinas para escritório e equipamento de informática (22%; proporção
elevada, mas aproximadamente constante). O desempenho das indústrias de material
eletrônico e de comunicações foi o mais severamente atingido.
É possível visualizar também que o avanço dos importados ganhou força a partir de
2004-05 — não coincidentemente, momento em que a China aumenta suas importações para
o Brasil e a taxa de câmbio aprofunda a tendência à valorização, como vimos acima. Isso,
aliás, caracteriza também claramente o total da indústria, como mostrado na Tabela 23.
36
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
Mas além da penetração direta, importa também analisar o que vem ocorrendo com as
importações e exportações indiretas de produtos siderúrgicos, que é o tema da sub-seção
seguinte.
3.3 Descrição da Cadeia de Valor da MM a Jusante da Indústria Siderúrgica:
Tendências do Comércio Indireto de Produtos Siderúrgicos
A deterioração dos saldos comerciais indiretos de aço depois de 2005 é claramente
evidenciada na tabela seguinte. Depois de 2008, aliás, a balança indireta é deficitária.
Observe-se que parte da perda tem origem nas exportações indiretas — que, depois de
permanecerem praticamente estagnadas em 2004-08, diminuíram substancialmente em 2009
para recuperar apenas parte da queda em 2010. Mas a responsabilidade principal recai sobre
as crescentes importações indiretas de aço, que aumentam em termos físicos à elevadíssima
taxa média de pouco mais de 23% ao ano entre 2004 e 2010.
Tabela 25: Brasil: Exportações e Importações Indiretas de Aço
(Em 1000 ton. aço contido)
Exportações
Importações
Saldo
2000
1687
1106
581
2001
1637
1275
362
2002
1719
1101
618
2003
2282
1039
1243
2004
3282
1184
2098
2005
3439
1409
2030
2006
3382
1705
1677
2007
3583
2348
1235
2008
3433
3158
275
2009
2096
2648
-552
2010
2673
4201
Fonte: Instituto Aço Brasil.
-1528
Na tentativa de melhor identificar os setores mais diretamente responsáveis pelo
desempenho recente a tabela a seguir apresenta uma discriminação dos totais anteriores por
principais segmentos em 2009 e 2010. Os resultados indicam que, do ponto de vista
quantitativo, as máquinas e equipamentos (isto é, excluindo-se os eletrodomésticos, linha
branca, do primeiro grupo) foram o segmento mais prejudicado. Em segundo lugar situa-se a
automobilística, inclusive auto-peças, e em terceiro o segmento de outros artigos.
Tabela 26: Exportações, Importações e Saldos do Comércio Indireto de Aço, 2009-2010
(em 1000 toneladas e % de crescimento)
Exportações e Importações Indiretas de Aço, 2009 e 2010 (em 1000 ton. aço contido)
Discriminação
Exportações
Importações
Taxas de crescimento 2010-2009
Saldo
Exportações Importações
Saldo
2009
2010
2009
2010
2009
2010
2010/2009
2010/2010
2010/2009
Máquinas e equipamentos
786,4
994,1
1083,5
1756,1
-297,1
-762
26,4%
62,1%
156%
-- Eletrodomésticos (linha branca)
31,3
32,2
48,9
70,4
-17,6
-38,2
2,9%
44,0%
117%
-- Outros
755
962
1034,6
1685,7
-279,6
-723,7
27,4%
62,9%
159%
Autos, veículos comerciais, auto-peças
897,1
1229,5
1082
1644,6
-184,9
-415,1
37,1%
52,0%
124%
-- Autos e comerciais
466,7
677
655
965
-188,3
-288
45,1%
47,3%
53%
37
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
-- Autopeças
430,1
552,5
427
679,6
3,1
-127,1
28,5%
59,2%
-4200%
Estruturas, móveis, embalagens
100,5
76,2
81,3
121,4
19,2
-45,2
-24,2%
49,3%
-335%
Outros
313
372,9
400,9
679,2
-87,9
-306,3
19,1%
69,4%
248%
-- Aviões
0,5
0,5
0,2
0,4
0,3
0,1
0,0%
100,0%
-67%
-- Materiais aeronáuticos
0,8
2,5
2,5
4,2
-1,7
-1,7
212,5%
68,0%
0%
-- Art metais baseados em arames
81,3
108,2
182,4
301
-101,1
-192,8
33,1%
65,0%
91%
-- Outros artigos
230,4
261,7
215,8
373,6
14,6
13,6%
73,1%
-866%
Soma/ total
2097
2672,7
2647,7
4201,3
-550,7
-111,9
1528,6
27,5%
58,7%
178%
Fonte: Instituto Aço Brasil.
Uma consulta às tabelas mais desagregadas dos resultados do Instituto Aço Brasil
permite refinar a análise quanto à identificação das principais linhas de produtos afetadas.Do
ponto de vista dos valores absolutos das importações indiretas de aço registradas em 2010
tem-se a seguinte listagem dos itens com pelo menos 400 mil toneladas de importações
indiretas (taxas de crescimento da tonelagem em relação a 2009 entre parênteses):
1. 8703 Automóveis de passageiros: 671 mil toneladas (45%)
2. Item 8708 (exceto 8701.10, .21 e .29): 481mil toneladas (60%)
3. Equipamento Mecânico para manuseio e Máquinaspara Construção Civil: 464 mil
toneladas (75%)
4. Máquinas e Equipamentos: 447 mil toneladas (77%)
Essas são, portanto, as classes de produtos mais diretamente afetadas pelo aumento das
importações indiretas. O destaque é a indústria mecânica (máquinas e equipamentos).
3.4 Mudanças no Comércio Internacional —Exportações, Importações e Saldos
Comerciais;Volumes Físicos e Preços
Examinando-se pelo ponto de vista dos totais, as exportações da Metal Mecânica
brasileira a jusante da cadeia siderúrgica (metalurgia básica) apresentaram um desempenho
bastante razoável do começo da década de 2000 até a crise de 2008. Com efeito, partindo de
cifras da ordem de US$ 16,6 bilhões em 2000-2001, as exportações desse grupo de indústrias
chegaram a atingir US$ 42,3 bilhões em 2008. As principais indústrias responsáveis por esse
desempenho foram a Mecânica, as Máquinas Elétricas, a Automobilística e os Outros
Equipamentos de Transporte (Tabela 27).
A partir de meados da década, no entanto, o desempenho da Metal Mecânica piorou
substancialmente, em especial depois de 2008: as exportações desse segmento de indústrias
caiu de US$ 45,3 bilhões em 2008 para 36,5 bilhões em 2010. Como resultado desses
desenvolvimentos, a Metal Mecânica, que respondia por 30% das exportações brasileiras em
2000, viu essa proporção cair para 18% dez anos depois.
38
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
Tabela 27: Exportações da MM a jusante da Metalurgia Básica, 2000-2010 (US$
milhões)
Setores da Metal-Mecânica
Total
Produtos
Máquinas
e
Máquinas
para
de metal
equip
escritório e
de
Anos
Máquinas,
aparelhos
e
informática materiais
Material
eletrônico
e de
Equipamentos
Veículos
Outros
Total
médicohospitalares,
de
automotores equipamentos
Dos
automação
Setores
industrial
reboques e de transporte da MM
% MM
no total
Export.
55.119
58.287
60.439
73.203
96.678
118.529
137.808
160.649
197.942
152.995
elétricos
comunicações
e de precisão
carrocerias
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
611
615
547
718
1.014
1.268
1.358
1.702
2.178
1.679
2.872
2.878
3.115
4.084
5.948
7.170
7.869
9.143
10.317
6.682
490
397
237
273
335
481
501
388
354
306
974
1.059
1.008
1.192
1.498
2.017
2.713
3.279
3.851
3.047
1.862
2.034
2.016
1.882
1.731
3.290
3.519
2.822
2.835
2.055
363
384
352
342
436
540
671
773
859
722
5.466
5.457
5.590
7.265
9.473
12.596
13.841
14.317
15.463
9.414
3.902
3.934
3.067
2.521
5.522
5.258
5.242
7.633
9.428
5.246
16.540
16.758
15.932
18.277
25.957
32.620
35.714
40.057
45.285
29.151
30%
29%
26%
25%
27%
28%
26%
25%
23%
19%
2010
201.915
1.757
8.587
346
3.201
1.754
856
13.856
6.168
36.525
18%
Fonte: FUNCEX.
Movimento bastante diferente caracteriza as importações (ver tabela aseguir):as
importações da Metal Mecânica aumentaram quase que continuamente ao longo da década de
2000, passando de cifras da ordem de US$ 26 bilhões em 2000-2001 para US$ 81 bilhões em
2010 — ou seja, quasetriplicaram em valor corrente em uma década. Como as importações
totais também aumentaram apreciavelmente nesse período, tem-se o resultado de que a
participação das importações da Metal Mecânica no total importado pelo Brasil manteve-se
em proporções aproximadamente constantes em torno de 45% quando medidas a preços
correntes — registrando-se, no entanto, uma forte queda na participação entre 2001 e 2004, de
46% para 41%, e aumento depois deste ano até chegar a 45-46% em 2009-2010.
Deve-se destacar nesse aumento o papel de um conjunto de indústrias tais como:
Máquinas e Equipamentos (cerca de 24% do total das importações da Metal Mecânica em
2010),Veículos Automotores (cerca de 23% em 2010) e de Material Eletrônico e de
Comunicações (cerca de 17% do total das importações da Metal Mecânica em 2010; este,
como veremos é um setor industrial cujo desempenho foi criticamente afetado pelas
crescentes importações e, muito particularmente, pelas importações da China).
39
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
Tabela 28: Importações da Metal-Mecânica a jusante da Metalurgia Básica, 2000-2010
(US$ milhões)
Total
Produtos
Máq e
Imp
de metal
equip
Anos
Brasil
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
55.851
55.602
47.243
48.326
62.836
73.600
91.343
120.621
173.197
127.647
181.649
Máquinas
para
Máquinas,
escritório e
de
aparelhos
e
informática materiais
Material
5.759
6.406
5.567
5.264
6.042
7.563
8.845
12.197
17.676
14.321
20.237
1.976
1.843
1.424
1.337
1.585
2.059
2.756
3.391
4.188
3.615
4.914
comunic
precisão
Carr
eletrônico
elétricos
756
857
805
802
1.107
1.249
1.568
2.284
2.954
2.551
3.460
e de
Equip
médicohospit
autom
industrial
2.857
3.917
3.173
2.699
2.713
2.954
3.577
4.458
6.115
5.314
7.694
5.925
5.242
3.432
3.792
5.652
7.127
8.801
9.585
12.821
9.289
13.433
1.946
2.337
1.987
1.900
2.476
2.961
3.590
4.876
6.440
5.264
6.579
Veíc
Outros
Total
MM
Autom
Equip
dos
sobre
Reboques
transp
setores
total
MM
Brasil
25.861
27.166
21.266
20.485
25.752
31.728
38.956
50.581
71.087
58.134
81.440
46%
49%
45%
42%
41%
43%
43%
42%
41%
46%
45%
4.478
4.435
3.300
3.209
4.036
5.244
6.568
9.567
14.239
12.424
18.772
2.164
2.129
1.578
1.482
2.141
2.571
3.251
4.223
6.654
5.356
6.351
Fonte: FUNCEX.
Parte apreciável do desempenho das exportações e importações da Metal Mecânica na
década de 2000 deveu-se à participação da China. Nesse sentido, analisando-se inicialmente
as exportações desse grupo de indústrias para a China, os resultados da Tabela 29 permitem
concluir que o desempenho do Brasil esteve longe de notável.
Tabela 29: Exportações da MM a Jusante da Metalurgia Básicapara a China, 2000-2010
(US$ milhões)
Total
Setores da Metal Mecânica
Exportado Produtos Máqe Máquinas para Máquinas,
Para a
de metal equip escritório e de aparelhos
China
e
informática
materiais
Material
Veículos
Outros
Total
% MM
automotores
Equip
reboques e
transp
Dos
Setores
MM
no total
e de
Equipamentos
médicohospitalares, de
automação
industrial
eletrônico
das export.
elétricos
comunicações
e de precisão
carrocerias
2000
1.085
1
24
1
4
8
4
19
37
98
9%
2001
1.902
5
50
2
27
24
6
159
82
355
19%
2002
2.521
12
51
1
43
25
7
154
1
294
12%
2003
4.533
16
60
1
33
29
10
329
12
490
11%
2004
5.442
14
84
1
30
29
11
194
74
437
8%
2005
6.835
26
173
1
32
38
12
136
22
440
6%
2006
8.402
14
164
2
43
57
12
166
18
476
6%
2007
10.749
17
162
2
35
24
18
105
84
447
4%
2008
16.403
18
205
5
34
52
16
111
251
692
4%
2009
20.191
11
116
8
41
72
26
43
350
667
3%
2010
30.786
15
184
6
27
48
22
74
382
758
2%
Anos
p/ China
Fonte: FUNCEX.
Apesar da forte instabilidade nos valores das exportações daMetal Mecânica para
aquele país — que variaram em um intervalo de US$ 98 milhões (2000) a US$ 758 milhões
(2010) — o final da década foi marcado por uma proporção de apenas 2 a 3% no que se
40
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
refere às exportações da Metal Mecânica relativamente às exportações totais brasileiras para a
China. Ou seja, enquanto a Metal Mecânica respondia por 18% das exportações totais
brasileiras em 2010, no que se refere à China elas representaram apenas 2% em 2010.
Caracteriza-se assim, uma forte assimetria na pauta de exportações para a China em relação à
pauta em relação ao resto do mundo.
Um quadro totalmente distinto caracteriza as importações da Metal Mecânica com
origem na China. Os resultados principais estão na tabela seguinte. A proporção importada da
China sempre foi muito alta, mas aumentou ainda mais durante a década analisada. De fato,
em 2010 cerca de 63% das importações brasileiras da China eram constituídas de produtos da
Metal Mecânica (produtos a jusante da Metalurgia Básica).
Tabela 30: Importações da MM a Jusante da Metalurgia Básica da China
2000-2010 (US$ milhões)
Anos
Total
Import.
Setores da Metal Mecânica
Produtos
Máq e
Máquinas
para
de metal
equip
escritório e
de
aparelhos
informática
Máquinas,
Mat
Veículos
Outros
Total
% das
Elétron
Equip
médicohospitalares,
de
automotores
Equip
dos
e materiais
e de
Automação
industrial
Import.
da MM
da
reboques e
transp
setores
China
da China
elétricos
comunic
e precisão
carrocerias
2000
1.222
28
75
135
124
217
82
1
10
MM
672
55%
2001
1.328
26
119
108
174
181
62
2
13
685
52%
2002
1.554
32
87
112
126
312
86
5
18
778
50%
2003
2.148
34
108
150
188
502
120
7
21
1130
53%
2004
3.710
64
198
271
339
1.016
216
24
69
2197
59%
2005
5.355
99
366
491
454
1.626
342
46
66
3490
65%
2006
7.989
208
678
848
687
2.330
423
83
106
5363
67%
2007
12.618
347
1.253
1.289
1.073
3.006
737
128
174
8007
63%
2008
20.040
511
2.113
1.802
1.594
4.393
1.175
350
328
12266
61%
2009
15.911
419
1.874
1.586
1.375
3.581
783
270
208
10096
63%
2010
25.593
732
3.487
2.458
2.173
5.390
1.023
532
261
16056
63%
Fonte: FUNCEX.
Como não poderia deixar de ser, esse comportamento fortemente assimétrico de
exportações e importações daMetal Mecânica em relação à China reflete-se também nos
saldos comerciais com aquele país, aqui mostrados na Tabela 31.
No que diz respeito ao comércio total, a posição brasileira em relação à China foi
quase sempre superavitária. Em 2010, por exemplo, o superávit chegou a US$ 5,2 bilhões, em
boa medida devido aos produtos básicos. O mesmo não se pode dizer dos saldos da Metal
Mecânica. Partindo de um déficit de cerca de US$ 0,6 bilhão em 2000 o desempenho do saldo
foi crescentemente negativo, até atingir US$ 15,3 bilhões em 2010!
41
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
Tabela 31: Saldos Totais e da Metal-Mecânica com a China, 2000-2010, (US$ milhões)
Saldo
Anos
comercial
total
Setores da Metal Mecânica
com
Produtos
Máqe
a
de metal
equip
Máquinas
para
escritório e
de
Máq,
Material
eletrônico
e de
comunic.
Equip
médico-hospitalares,
de
Veículos
Outros
Saldo total
informática
aparelhos
e mat
elétricos
automação industrial
reboques e
de transporte
dos
setores da
MM
2000
-137
-27
-51
-135
-119
-209
-78
18
27
-574
2001
574
-21
-68
-105
-147
-157
-56
156
69
-329
2002
967
-20
-36
-111
-83
-287
-79
149
-17
-484
2003
2386
-17
-47
-149
-155
-473
-110
322
-9
-638
2004
1731
-50
-114
-270
-309
-988
-205
170
5
-1761
2005
1480
-74
-193
-490
-422
-1588
-330
90
-44
-3051
2006
413
-194
-514
-845
-644
-2273
-410
83
-87
-4884
2007
-1869
-330
-1091
-1287
-1038
-2981
-719
-23
-91
-7560
2008
-3637
-492
-1907
-1797
-1560
-4341
-1159
-238
-77
-11571
2009
4280
-408
-1758
-1578
-1333
-3508
-757
-227
142
-9427
2010
5193
-717
-3303
-2452
-2146
-5341
-1002
-458
120
-15299
China
Fonte:
automotores equipamentos
FUNCEX.
A seção seguinte detalhará aspectos dessa evolução. Por ora, convém adicionar
comentários sobre a evolução dos índices de preços e quantidades das exportações e
importações desse grupo de setores, aqui mostrados na Tabela 32.
Tabela 32: Preços e Quantum, Exportações e Importações da Metal-Mecânica,* 2000-10
Anos
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
Preços
Exportação
Média
Dos
Setores
MM
90,6
96,7
90,4
85,3
86,8
92,1
100,0
107,1
122,9
120,5
123,6
Quantum
Preços
Exportação
Importação
Média
Média
dos
dos
setores
setores
MM
MM
59,0
92,2
54,7
92,3
53,8
91,5
62,5
95,2
81,7
98,6
96,8
100,2
100,0
100,0
103,1
105,1
102,7
114,5
73,5
111,0
82,3
109,5
Fonte: FUNCEX. * Inclui a metalurgia básica
Quantum
Importação
Média
dos
setores
MM
68,2
73,2
58,9
54,7
66,1
79,2
100,0
126,2
160,6
133,7
191,7
Termos
de
troca da
MM
0,98
1,05
0,99
0,90
0,88
0,92
1,00
1,02
1,07
1,09
1,13
Os resultados atestam que o principal responsável pelo crescimento do valor das
importações da Metal Mecânica foram as quantidades, já que os preços de importação
variaram pouco nos últimos anos. Entre 2005 e 2010, por exemplo, os preços de importação
não chegaram a aumentar 10% (acumulado no quinquênio). Já o quantum cresceu quase
150% no mesmo período.
42
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
Já quanto às exportações tem-se que os preços se elevaram um pouco mais do que os
de importação (pouco menos de 40% entre 2005 e 2010), ao passo que o quantum flutuava
sem tendência clara nos últimos anos — mas com crescimento desde o começo da década.
Como resultado, o índice de relações de troca da Metal Mecânica revelou ganho entre 2005 e
2010, da ordem de 20%.
3.5 Determinantes da Trajetória: Políticas Públicas ou Vantagens Naturais?
A resposta à pergunta colocada nessa sub-seção admite diversos níveis. Sob um ponto
de vista microeconômico, e por tudo o que foi dito até este ponto, parece claro que as políticas
públicas tiveram um papel modesto no desempenho comercial do grupo dasindústrias da MM,
exceto no que se refere ao apoio às exportações em alguns segmentos da indústria pelos
mecanismos de financiamento. Mas como as exportações da MM a jusante da Metalurgia
Básica para a China não têm sido brilhantes — apenas US$ 758milhões em 2010 —,
dificilmente se poderia imputar às políticas públicas papel de algum relevo neste caso.
Como vimos, nem todos os componentes da cadeia Metal-Mecânica brasileira estão
submetidos à mesma trajetória. Do ponto de vista dos saldos comerciais da Metal Mecânica,
as vantagens naturais de alguns setores aparecem com mais clareza, com destaque para a
indústria aeronáutica. Esse aspecto é visualizado na tabela abaixo, para cuja leitura se deve
notar que as contribuições se referem sempre a saldos negativos.
Nesse sentido,os ―outros equipamentos de transporte‖ atuaram de forma a
reduzirligeiramente os saldos comerciais — revelando, portanto, a existência de vantagens
naturais (ou adquiridas ao longo do processo de desenvolvimento passado). O mesmo se
aplicaria aos veículos automotores. Mas observe-se que em praticamente todos os casos
(exceto outros equipamentos de transporte, do qual constam os aviões) o registro do triênio
2008-2010 foi de déficit.
Tabela 33: Contribuições para os Saldos Comerciais da Metal Mecânica a Jusante da
Metalurgia Básica (% médias ao ano, triênios 2000-02 e 2008-10)
Contribuições para os saldos comerciais da MM
2000-02
Produtos de metal
6%
Máquinas eequip mecânicos
13%
Máq para escritório e equip. de informática
29%
Máq, aparelhos e materiais elétricos
29%
Material eletrônico e de comunicação
54%
Equip médico-hosp., de automação industrial, etc.
18%
Veículos automotores
-27%
Outrosequip transporte
-7%
Fonte: FUNCEX, elaboração do autor.
2008-10
4%
19%
16%
14%
36%
8%
3%
-1%
Note-se que em alguns setores observam-se taxas elevadas de contribuição para a
formação dos déficits da MM, como o material eletrônico e de comunicação — caso em que,
a propósito, o desempenho da produção nesta década foi medíocre, como visto. Isso indica
que neste setor a produção doméstica vem sendo substituída pelas importações em volumes
crescentes, como também ficou evidenciado na análise da penetração das importações no
consumo aparente doméstico. O fato de que a contribuição para o saldo tenha diminuído entre
o começo e o final da década de 2000 não significa que o desempenho da produção tenha
melhorado. Apenas, que o déficit setorial cresceu menos do que o déficit total da MM. De
fato, este setor apresentou em 2010 um déficit comercial de cerca de US$ 5,3 bilhões — ou
43
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
seja, aproximadamente um terço do total —, partindo de pequenos déficits, da ordem de US$
200 milhões no começo da década de 2000.
O mesmo quadro caracteriza os setores de mecânica, máquinas e aparelhos elétricos,
de máquinas para escritório e equipamento de informática e o de equipamento médico
hospitalar — embora nesses dois últimos casos se possa argumentar que o nível tecnológico
dos equipamentos produzidos domesticamente esteja aquém do demandado, ou que nunca
foram produzidos no país equipamentos com tecnologia das últimas gerações. Esse pode ser
o caso do equipamento de informática, onde a lei de proteção dos anos 1980 impediu a
absorção de tecnologia moderna capaz de permitir a incorporação de tecnologias upto date.
Mas isso não se aplica ao caso talvez mais emblemático da deterioração do saldo
comercial da MM: a indústria mecânica, onde a velocidade de aumento das importações vem
despertando reações fortes entre os produtores domésticos devido, inclusive, ao fato de que o
Brasil revelou no passado alguma tradição na produção e exportação de máquinas e
equipamentos mecânicos. Não obstante, as importações da China aumentaram mais de 17
vezes em valor de 2004 a 2010, ano em que chegaram a US$ 3,5 bilhões.
A conclusão é que as importações desses bens estão muito baratas no mercado
nacional. E como os índices de preços em dólares das máquinas e equipamentos não têm
variado muito nos últimos anos — embora não se disponha de índices em relação às
importações chinesas, isso se aplica à totalidade das importações de máquinas e
equipamentos, vistas acima — deduz-se que o barateamento é resultado da valorização
cambial no Brasil.Portanto, as vantagens naturais que o Brasil detém em segmentos
industriais que no passado foram exportadores líquidos vêm sendo erodida pela valorização
cambial.
Não restam dúvidas que existem outros fatores que diminuem a competitividade da
produção nacional, como exemplificado pelas deficiências de infraestrutura, carga tributária
extremamente elevada e outros componentes do assim chamado ―custo Brasil‖. Mas esses
fatores não mudaram nos últimos anos o suficiente para justificar o desempenho
observado. Logo, deve-se creditar à diferença entre as taxas de câmbio do Brasil e dos
principais parceiros a responsabilidade maior pelo registro de déficits dos últimos anos. A
única exceção continua sendo a indústria de outros equipamentos de transporte (aeronaves e
embarcações, principalmente), onde as vantagens do Brasil (ainda) não parecem ter sido
erodidas.
4. O avanço da China e seu Impacto sobre o Brasil
O avanço da China no mercado brasileiro é parte importante do desempenho comercial
caracterizado nas seções anteriores. Nesta seção objetiva-se refinar a análise com informações
mais desagregadas e qualitativas tendo como foco o parceiro China. Como vimos, entre 2004
e 2010 as exportações do Brasil para a China passaram de 5,6% para 15,2% do total da pauta
de exportações brasileiras, enquanto as importações aumentavam de 5,9% para 14,1%. Já o
saldo comercial com a China, que chegou a ser deficitário em 2007 (US$ 1,7 bilhão) e 2008
(US$ 3,5 bilhões), voltou a ser superavitário no último biênio, com cifras da ordem de US$
bilhões por ano. Com isso, o peso da China na formação do saldo aumentou de 5% para quase
26%.
44
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
4.1 Tipos de Manufatura que a China Exporta para o Brasil
As manufaturas que a China exporta para o Brasil são majoritariamente de média-alta
tecnologia, como seria de se esperar da análise anterior (ver tabela a seguir). As proporções
em relação ao total das importações da China oscilam entre 58% e 70% em torno de uma
média de 64% para a década de 2000.
Curiosamente, uma tendência de queda parece existir a partir de 2005. Essa queda é
compensada pelo aumento concomitante das importações de produtos de média-baixa
tecnologia, cuja proporção no total dobra no período assinalado, passando de 12% em 2005
para 25% em 2010.
Tabela 34: Importações Brasileiras da China por Conteúdo Tecnológico, 2000-10
Anos
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
Importações
Brasileiras
da China
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
Agricultura
Baixa
Média
Pecuária
tecnologia
Baixa
Mineração
Tecnologia
3%
14%
11%
5%
17%
14%
8%
18%
10%
6%
20%
9%
2%
18%
10%
2%
12%
12%
1%
11%
15%
1%
12%
18%
2%
13%
20%
2%
12%
20%
2%
11%
25%
Fonte: FUNCEX, elaboração do autor.
Média
Alta
Tecnologia
65%
58%
59%
62%
67%
70%
69%
65%
63%
63%
58%
Alta
tecnologia
7%
6%
5%
3%
3%
3%
3%
4%
3%
4%
3%
As demais categorias variaram relativamente pouco ao longo da década, com a
exceção, talvez, dos produtos de baixa tecnologia, os quais diminuíram sua participação na
pauta entre 2002-04 e 2010 de 19% para 11%. Isso poderia causar certa estranheza nos
analistas devido às recorrentes reclamações de produtores brasileiros desses tipos de produtos
quanto à crescente penetração chinesa no mercado doméstico respectivo. Afinal, se a
proporção diminuiu tanto assim, a ameaça não poderia ter sido da magnitude estimada.
Parte da estranheza desaparece, no entanto, ao se levar em conta que as importações
brasileiras com origem na China aumentaram, nesse período, de US$ 2,5 para US$ 25
bilhões! Logo, as importações de produtos de baixa e média tecnologia aumentaram 6,3 vezes
em valores correntes (dólares dos EUA), uma proporção por todos os títulos apreciável.
4.2 Existe Competição com a Indústria Nacional? Ou Complementaridade?
A competição dos produtos chineses se dá principalmente nos produtos finais. Mas é
crescente a proporção de empresas que se utiliza de partes e insumos importados da China,
frequentemente substituindo a produção nacional. Uma recente pesquisa da Confederação
Nacional da Indústria é esclarecedora da situação no final de 2010 (CNI, 2011.b). 40O restante
desta sub-seção baseia-se nessa pesquisa. Ao final retoma-se o tema da pergunta em epígrafe.
40
A pesquisa foi baseada em uma amostra de 1.529 empresas, sendo 904 pequenas, 424 médias e 201 grandes. O
período de coleta foi o de 4 a 19 de outubro de 2010.
45
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
Para começar, destaque-se que mais de um quarto das empresas industriais brasileiras
concorrem com produtos chineses no mercado doméstico. Além disso, quando expostas à
concorrência, pequenas empresas perdem mais clientes para a China do que seus pares de
maior porte.
Desnecessário dizer, o quadro geral da concorrência com os produtores chineses não é
animador. O impacto sobre a indústria brasileira é claro: quase a metade (45%) das empresas
que competem com empresas da China perdeu participação no mercado doméstico. Entre
estas, 9% registraram que a participação diminuiu muito. 41% assinalaram que concorrem
com produtos chineses no mercado doméstico, mas mantiveram inalterada a participação de
seus produtos no mercado doméstico.
Em parte como reação a isso, e para se beneficiar dos salários e outros custos de
produção mais baixos na China, 10% das grandes empresas já produzem com fábrica própria
na China. Outra forma de enfrentar a concorrência que vem sendo privilegiada pelos
produtores brasileiros é pelo investimento em qualidade e design: 50% das empresas que
responderam ao inquérito da CNI definiram que uma estratégia para enfrentar a competição
com produtos chineses é pelo investimento na qualidade e/ou design de produtos.
Individualmente, essa é a estratégia mais adotada
A presença chinesa no mercado doméstico é mais intensa em seis setores industriais.
Nesses setores, pelo menos metade das empresas assinalou que concorrem com produtos
chineses: Material Eletrônico e de Comunicação, Têxteis, Equipamentos Hospitalares e de
Precisão, Indústrias Diversas, Calçados e Máquinas e Equipamentos. No caso das indústrias
de Material Eletrônico e de Comunicação e Têxteis, a competição é especialmente intensa:
mais de 70% das empresas desses setores competem com produtos chineses.
Embora as pequenas empresas estivessem menos expostas à concorrência com
produtos chineses, foi esse grupo de empresas que mais sofreu os impactos da concorrência.
Entre as pequenas empresas, o percentual de empresas que registrou queda na participação de
mercado de seus produtos alcançou quase metade das empresas: 49%. O percentual se reduz
para 32% entre as grandes.
Em quatro setores – Produtos de Metal, Couros, Calçados e Têxteis – mais da metade
das empresas brasileiras que concorrem com produtos chineses perderam participação nas
vendas no mercado doméstico. No setor Couros, 31% dos respondentes da indústria
registraram que a queda na participação foi significativa.
No que diz respeito às exportações, mais da metade das empresas exportadoras
concorrem com produtos chineses no mercado internacional. Além disso, 67% das empresas
exportadoras que concorrem com produtos chineses perderam clientes externos (esse
percentual aumentou sobremaneira nos últimos anos, pois em 2006 era de 54%).
A competição com produtos chineses é ainda mais acirrada no mercado internacional
do que no doméstico. Das empresas que registram que são exportadoras, 52% delas sofrem
concorrência com produtos chineses no mercado internacional. Das empresas que exportam e
concorrem com os produtos chineses,67% registram perda de clientes externos para a China,
4,2% das empresas deixaram de exportar por conta dessa concorrência e 27% mantiveram ou
até aumentaram o número de clientes, não obstante a concorrência chinesa.
A queda de participação de mercado é espalhada pela maioria dos setores industriais
exportadores. A perda de mercado no exterior para produtos chineses é significativa para os
46
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
setores Têxteis, Máquinas e Equipamentos e Produtos de Metal. Nesses setores, 80% ou mais
das empresas exportadoras registraram perda de clientes externos para a China. No setor
Calçados, 21% das empresas deixaramde exportar.
Os percentuais de empresas que importam matérias-primas, produtos finais ou
máquinas e equipamentos são mais elevados entre as empresas de grande porte. O percentual
de grandes empresas que importam matéria-prima mais do que dobrou, passando de 16% para
34% do total de empresas do porte. Os percentuais alcançam 18% no caso de produtos finais e
12% no caso de máquinas e equipamentos.
Entre as pequenas empresas, os percentuais de empresas que importam da China são
menores: 14% importam matérias-primas da China, enquanto 5% importam produtos finais e
5% importam máquinas e equipamentos.
A importação de matérias-primas advindas da China deverá crescer ainda mais nos
próximos seis meses. Praticamente um terço (32%) das empresas que importam da China
pretendem aumentar as compras de matérias-primas do país. Esse percentual se reduz para
23% entre as empresas de grande porte, mas aumenta para 38% das empresas de pequenas
empresas. Metade das empresas que importam produtos finais da China espera aumentar suas
compras externas nos próximos seis meses. 38% das empresas que importam máquinas e
equipamentos da China pretendemaumentar as compras.
Em termos setoriais, a penetração de produtos chineses se destaca nos setores Material
Eletrônico e de Comunicação e Farmacêuticos: nesses setores, mais de 60% das empresas
importam matérias-primas da China. Também em relação a esses setores, pelo menos 30%
das empresas pretendem aumentar suas importações nos próximos seis meses.
As empresas brasileiras que instalaram fábricas na China estão concentradas em
poucos setores industriais, sendo que metade delas pertence a quatro setores: veículos
automotores, máquinas e equipamentos, máquinas e materiais elétricos e material eletrônico e
de comunicação.
É difícil, a partir das informações disponíveis, afirmar mais concretamente em que
medida a implantação de unidades na China colabora para a redução do déficit comercial da
Metal Mecânica.
Dada os resultados da pesquisa anterior e a estrutura setorial das exportações chinesas
para o Brasil é possível inferir alguma coisa sobre a natureza do relacionamento comercial
com a China. Evidentemente que no que toca à MM a relação é distinta da do caso de
produtos não manufaturados. Essencialmente, no caso da MM a relação principal é de
competição, mesmo nos casos de importação de peças e partes. O avanço da China no
mercado brasileiro, analisado a partir da penetração das importações já havia deixado antever
esse aspecto. Ele é maior no caso de produtos finais e menor no caso de intermediários, como
produtos siderúrgicos, onde o Brasil detém sólidas vantagens competitivas.
4.3 Tendências do Comercio Indireto de Aço com a China
A tabela seguinte resume a evolução das importações indiretas de aço do Brasil com
origem na China expressas em valor e em toneladas nos anos de 2005 e 2010.41 Da leitura da
tabela conclui-se que:
41
Optou-se por apresentar no texto os anos de 2005 e 2010 por serem os anos limites disponíveis.
47
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
Tabela 35: Exportações da China para o Brasil por Categorias de Produtos e Conteúdo
de AçoIndireto, 2005-2010 (US$ milhões, toneladas e %)
Total Exp.da China para o Brasil
Categorias
2005
2010
Conteúdo
Conteúdo
USD mi
aço (t)
USD mi
aço (t)
% 2005
Em
% USD
ton.
% 2010
Em
% USD
ton.
Diferença %
2010-2005
% USD
Em ton.
Calderas y generadores de vapor
0,3
273
46,1
10777
0%
0%
1%
1%
1%
1%
Máquinas herramientas
21,9
3965
135,4
12596
2%
1%
2%
1%
0%
0%
Máquinas manuales, construcción
33,3
10045
573,5
122284
3%
4%
7%
13%
4%
9%
Máquinas de oficina
288,6
11619
1301,5
3583
25%
4%
16%
0%
-8%
-4%
Máquinas y equipos
170,1
38531
1840,8
52147
14%
15%
23%
5%
8%
-9%
Bombas y compenentes de máquinas
104,7
37085
633,9
137419
9%
14%
8%
14%
-1%
0%
Equipos de calefacción
0,0
2
0,1
23
0%
0%
0%
0%
0%
0%
Electro-domésticos
84,0
16558
450,3
78678
7%
6%
6%
8%
-2%
2%
Otras maquinarias eléctricas
125,3
17291
799,8
63516
11%
7%
10%
7%
-1%
0%
Estructuras
6,0
4250
67,4
45986
1%
2%
1%
5%
0%
3%
Maquinaria agricola y tractores
1,3
478
26,9
5531
0%
0%
0%
1%
0%
0%
Autos y vehículoscomerciales
79,8
6322
694,1
52175
7%
2%
9%
5%
2%
3%
Bicicletas y motocicletas
99,6
27664
312,7
12989
8%
10%
4%
1%
-5%
-9%
Ferrocarriles
3,4
820
3,5
139
0%
0%
0%
0%
0%
0%
Barcos y maquinaria naval
0,8
134
436,2
27093
0%
0%
5%
3%
5%
3%
Aviones
4,1
28
15,1
383
0%
0%
0%
0%
0%
0%
Muebles metálicos
1,4
953
18,4
2279
0%
0%
0%
0%
0%
0%
Latas y cajas de metal embalar
0,5
243
3,0
805
0%
0%
0%
0%
0%
0%
Toneles, tanques y tambores
1,3
774
8,5
3354
0%
0%
0%
0%
0%
0%
Articulos derivados de alambre
46,2
39299
219,6
163969
4%
15%
3%
17%
-1%
2%
Otros artículos de metal
101,6
48671
461,7
171961
9%
18%
6%
18%
-3%
-1%
Total
1174,2
265005
8048,4
967687
100%
100%
100%
100%
0%
0%
Fonte: ILAFA
1.
A tonelagem indireta de aço importado pelo Brasil da China total foi
multiplicada por 3,65no curto espaço de cinco anos, atingindo 968 mil toneladas de aço em
2010 (contra 265 mil em 2005).Em termos de valor, no entanto, o aumento foi muito maior:
de 6,85 vezes.
2.
A concentração tanto em valor quanto em tonelagem permaneceu elevada, com
quatrocategorias representando mais de 50% do total. Em termos de valor, em 2005 esses
itens são: Máquinas de Escritório, Máquinas e Equipamentos, Outras Máquinas Elétricas,
Bombas e Componentes de Máquinas. Em 2010 são:Máquinas e Equipamentos, Máquinas de
Escritório, Outras Máquinas Elétricas e Automóveis.
3.
A concentração continua a existir quando se mede pelo conteúdo de aço
importado indiretamente, mas não necessariamente nas mesmas categorias: Máquinas e
equipamentos, Bombas e componentes de máquinas, Artigos derivados do arame e Outros
artigos de metal, em 2005.Outros artigos de Metal, Artigos derivados do arame, Bombas e
componentes de máquinas e Máquinas manuais – Construção, em 2010.Em todos eles o
volume físico aumentou substancialmente entre 2005 e 2010. As diferenças entre as
proporções em valor e em tonelagem entre 2005 e 2010 mostradas nas duas últimas colunas
explicitam este aspecto.
4.
As Máquinas manuais foram a categoria que mais ganhou tanto em valor
quanto em peso. As Máquinas e equipamentos (Indústria Mecânica) foram as que mais
ganharam em participação em valor (tendo passado de 14% para 23% das importações da
48
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
Metal Mecânica), mas em termos da tonelagem a participação diminuiu também
substancialmente: de 15% para 5%.
Isso fornece uma indicação de que o Brasil está importando da China equipamentos
mecânicos de qualidade progressivamente melhor — se é aceito o critério, reconhecidamente
algo grosseiro (mas de uso difundido na Engenharia), de que o valor do equipamento dividido
pelo seu peso é um indicador de sofisticação tecnológica. No caso do equipamento mecânico
o coeficiente em valor por tonelada aumentou 700% entre 2005 e 2010. Ele só foi superado no
caso das máquinas de escritório, em que o aumento foi de 1360%!A tabela abaixo reproduz
esses indicadores para todas as categorias apresentadas na tabela anterior.
Tabela 36: Coeficiente de Sofisticação Tecnológica das Importações Brasileiras da China
2005 e 2010 (Em USD mil / kg e % de crescimento)
Categorias
USD 1000/kg
2005
2010
Calderas y generadores de vapor
Máquinas herramientas
Máquinas manuales, construcción
Máquinas de oficina
Máquinas y equipos
Bombas y compenentes de máquinas
Equipos de calefacción
Electro-domésticos
Otras maquinarias eléctricas
Estructuras
Maquinaria agricola y tractores
Autos y vehículoscomerciales
Bicicletas y motocicletas
Ferrocarriles
Barcos y maquinaria naval
Aviones
Muebles metálicos
Latas y cajas de metal embalar
Toneles, tanques y tambores
Articulos derivados de alambre
Otros artículos de metal
0,001
0,006
0,003
0,025
0,004
0,003
0,002
0,005
0,007
0,001
0,003
0,013
0,004
0,004
0,006
0,146
0,001
0,002
0,002
0,001
0,002
0,004
0,011
0,005
0,363
0,035
0,005
0,005
0,006
0,013
0,001
0,005
0,013
0,024
0,025
0,016
0,039
0,008
0,004
0,003
0,001
0,003
235%
95%
42%
1362%
700%
63%
164%
13%
74%
3%
79%
5%
569%
502%
180%
-73%
450%
79%
56%
14%
29%
Total
0,004
0,008
88%
Coef. sofisticação tecnológica
% crescimento
Fonte: ILAFA (tabela anterior)
Como o conteúdo de aço nas exportações indiretas do Brasil para a Chinafoi
relativamente pequeno em relação ao das importações (de 24,8 para 38,5 mil toneladas entre
2005 e 2010),42 os saldos comerciais seguiram de perto a evolução das importações indiretas.
A tabela seguinte evidencia esse aspecto ao apresentar a estrutura dos saldos das importações
indiretas líquidas em 2005 e 2010 e as mudanças estruturais entre esses anos.
42
Ver tabela no Anexo, onde se apresentam valores e toneladas das exportações da MM do Brasil para a China.
49
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
Tabela 37: Conteúdo de aço nas importações indiretas líquidas da China (M – X), em
toneladas, 2005 e 2010 – Diferenças na estrutura de crescimento físico (%)
Conteúdo em aço (t)
Importações Líquidas da MM do Brasil
Artículo
Calderas y generadores de vapor
Máquinas herramientas
Máquinas manuales, construcción
Máquinas de oficina
Máquinas y equipos
Bombas y compenentes de máquinas
Equipos de calefacción
Electro-domésticos
Otras maquinarias eléctricas
Estructuras
Maquinaria agricola y tractores
Autos y vehículoscomerciales
Bicicletas y motocicletas
Ferrocarriles
Barcos y maquinaria naval
Aviones
Muebles metálicos
Latas y cajas de metal embalar
Toneles, tanques y tambores
Articulos derivados de alambre
Otros artículos de metal
2005
272
-385
6.383
11.618
35.138
33.631
2
16.534
16.061
4.214
188
4.301
27.658
820
-2.578
22
953
243
732
38.051
46.350
Total
240.208
2010
10777
12504
116379
3579
51392
110471
23
78522
62855
45986
5459
50884
12983
138
26851
167
2271
805
3353
162818
170927
Diferença
2010-2005
Em % do total
10505
2%
12889
2%
109996
16%
-8039
-1%
16254
2%
76840
11%
21
0%
61988
9%
46794
7%
41772
6%
5271
1%
46583
7%
-14675
-2%
-682
0%
29429
4%
145
0%
1318
0%
562
0%
2621
0%
124767
18%
124577
18%
929145
688937
100%
Fonte: ILAFA.
As conclusões são semelhantes às anteriores, quando do exame das importações. Os
saldos líquidos são fortemente concentrados em poucos setores e aumentam a concentração
em diversos casos: artigos derivados de arames, outros artigos de metal,máquinas manuais,
bombas e componentes de máquinas e eletrodomésticos, todos eles com ganhos de
participação em peso acima de 10% entre 2005 e 2010.
Para finalizar acrescente-se que as tabelas do Instituto Aço Brasil referentes ao
comércio indireto de aço total em 2010 (para todos os países, não apenas a China) indicam o
reforço das tendências acima apontadas. Os déficits se ampliaram substancialmente nesse ano
e seus maiores crescimentos ocorreram nas indústrias mecânica e automobilística.
5. Conclusão e Recomendações de Políticas Públicas
5.1 Sumário de Conclusões
A evidência apresentada neste trabalho aponta para um sólido conjunto de conclusões.
Longe de repetir resumidamente os principais aspectos analisados, o que se segue procura tão
somente destacar itens que podem e devem orientar a tomada de decisão em matéria de
política econômica com vistas ao fortalecimento de um importante complexo produtivo
instalado no Brasil, cujo papel no processo de crescimento econômico é fundamental pelo
lado da criação de capacidade de produção. As recomendações de políticas que compõem essa
seção têm precisamente esse objetivo.
50
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
Como é bem conhecido, a baixa taxa de investimento é um dos principais obstáculos
ao crescimento mais acelerado da economia brasileira. Mas, recuperada a capacidade de
poupança doméstica, é importante que a oferta interna de bens de investimento aumente de
modo expressivo para atender à crescente demanda esperada. O papel da Metal Mecânica
nessa recuperação é de extrema importância.
A rigor, o desempenho agregado desse segmento industrial não tem sido ruim,
especialmente ao se levar em conta que a indústria brasileira passou por um período de
intenso ajuste estrutural nos anos 1990 como resultado de várias mudanças. Uma das mais
importantes foi a abertura comercial. Embora penosa do ponto de vista das perdas de postos
de trabalho, a indústria revelou musculatura e resiliência ao longo de todo o período que cobre
aproximadamente uma década, do começo da de 1990 à seguinte, caracterizado por crises
internacionais — e domésticas — cujo efeito sobre o desempenho industrial, como seria de se
esperar, foi de forte instabilidade. A perda de participação no PIB era, nessas condições,
inevitável. Ainda assim, a produtividade, que havia estagnado por um longo período nos anos
1980, recuperou-se rapidamente na década de 1990 até nossos dias — embora mais
recentemente a velocidades menores.
As políticas econômicas voltadas para o setor, no entanto, foram tímidas até bem
recentemente. Na maior parte das duas últimas décadas, toda a atenção, energia e esforço das
autoridades econômicas estiveram concentradas na criação de bases macroeconômicas sólidas
e estáveis para o crescimento futuro. Atualmente esse regime existe sob a forma de uma taxa
de câmbio flexível, busca contínua de equilíbrio fiscal e controle da inflação por um regime
de metas. O sucesso do atual regime macroeconômico é uma prova eloquente de quão bem
foram aplicados os instrumentos macro desde o governo do Pres. Cardoso.
No entanto, como fruto de: desenvolvimentos até certo ponto não antevistos no
cenário externo (a Grande Recessão);características do crescimento mundial (que levaram a
fortes elevações nos preços de produtos básicos de exportação); necessidade de elevar os juros
domésticos para combater a inflação; ou eventos, como o aumento da liquidez
mundial,exacerbados pela reação da política econômica de alguns países (EUA e China), o
Brasil passou a exibiruma taxa de câmbio real crescentemente valorizada a partir de
aproximadamente a metade da década de 2000. Esse tema ocupa atualmente o centro das
atenções das autoridades econômicas no país, como seria de se esperar.
Em parte relacionado com isso, a ascensão da China e o crescimento acelerado de um
significativo conjunto de países asiáticos provocou uma mudança bastante forte no padrão de
especialização do comércio exterior brasileiro, amplificada pelos ganhos dos termos de troca
desde 2004. Mudaram também, consequentemente, as estruturas de produção e de
exportações segundo o conteúdo tecnológico dos bens. Curiosamente, no primeiro caso
ganharam peso os bens de média-alta e alta tecnologia, a expensas dos de baixa tecnologia.
No segundo caso (estrutura de exportações), por sua vez, os ganhos dos segmentos de médiaalta tecnologia são menores e o grupo de alta tecnologia praticamente mantém sua
participação na pauta.
De qualquer forma, um aspecto importante a reter é que o desempenho da produção do
complexo Metal Mecânico no Brasil superou o do total da Indústria de Transformação a partir
de 1999. Logo, não se pode dizer que tenha havido perda relativa nesse caso — embora a
indústria brasileira como um todo esteja perdendo participação no PIB.
51
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
Concomitantemente a essas mudanças tem-se a entrada mais significativa da China no
cenário comercial brasileiro, especialmente a partir de 2004. Nesse ano a China respondia por
5,9% das importações brasileiras, proporção que passou para 14,1% em 2010. Do ângulo das
exportações a mudança foi ainda maior: de 5,6% para 15,2%. Nesse período o saldo comercial
total do Brasil caiu à metade. Parte da responsabilidade coube à valorização do câmbio real,
que estimulou as importações de uma ampla gama de bens.
No que diz respeito à Metal Mecânica, em particular, os saldos comerciais, que eram
moderadamente positivos em 2005-2006, passam a fortemente negativos no triênio 20082010. Em 2010 o déficit comercial da Metal Mecânica como um todo atingiu quase US$ 45
bilhões. Claramente,parte disso foi devidaà valorização do câmbio. Mas boa parte se deveu à
agressiva penetração chinesa no mercado brasileiro — sem esquecer da competição em
terceiros mercados, como em países da América Latina antes supridos por exportações do
Brasil — derivada da estratégia comercial e dos produtos relativamente mais baratos que a
China exporta.
Como resultado, a penetração das importações no consumo aparente apresentou
aumentos dramáticos no caso de diversos setores. Embora a economia brasileira ainda
continue sendo relativamente fechada, especialmente para os produtos de baixa tecnologia, a
análise deste texto revelou que em pelo menos um caso, a Têxtil, o aumento das importações
foi especialmente vigoroso no suprimento do consumo doméstico. E mesmo no que se refere à
Indústria de Transformação, as importações dobraram de peso no atendimento do consumo
aparente: de 6,5% em 2000 para 13,1% em 2010 (percentagens baseadas em valores
constantes de 2005).
É na Metal Mecânica que aparecem os exemplos mais expressivos de aumento no
coeficiente importado. Isso caracteriza todos os setores incluídos na análise. Inclusive a
Metalurgia Básica, onde o Brasil tradicionalmente detém claras vantagens competitivas. Mas
nenhum caso é tão extremo quanto o do setor de Material Eletrônico e de Comunicação, em
que o coeficiente de penetração das importações no consumo chegou a 40% em 2010. Em
segundo lugar registre-se o caso da Mecânica (Máquinas e Equipamentos), no qual a
proporção do consumo doméstico suprida por importações foi de 26% em 2010.
Um resultado esperado desses desenvolvimentos foi que as importações indiretas de
aço também cresceram rápida e expressivamente: de 1,1 milhão de toneladas em 2000 para
4,2 milhões de toneladas em 2010, sendo que a aceleração se dá depois de 2004 (ano em que
as importações indiretas foram de 1,2 milhões de toneladas).43
Outro resultado importante foi que as exportações da Metal Mecânica perderam peso
no total exportado na década de 2000: de 30% em 2000 para 18% em 2010. Já as importações
mantiveram aproximadamente o mesmo peso no tempo: cerca de 45% do total importado pelo
Brasil é de produtos da Metal Mecânica.
Mas o mesmo não se dá quando se singulariza a China. As exportações da Metal
Mecânica brasileira para a China caíram durante a década: haviam chegado a 19% das
exportações para aquele país em 2002 e foram de apenas 2% em 2010. O oposto caracteriza as
importações, onde a proporção da China chega a 63% em 2010. Com isso, o saldo da Metal
Mecânica com a China, que inclusive havia sido levemente superavitário em 2003, chegou a
43
Dados do Instituto Aço Brasil.
52
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
um déficit de US$ 15,3 bilhões em 2010. Isso é uma clara indicação de que a China exporta
para o Brasil principalmente produtos de alta e média alta tecnologia.
Dadas essas tendências, o comércio indireto de aço com a China também apresentou
déficits crescentes. O conteúdo de aço nas importações da Metal Mecânica da China chegou a
quase 1 milhão de toneladas em 2010, quase quadruplicando em relação ao registro de
2005.44Um aspecto possivelmente positivo desse comércio da Metal Mecânica com a China é
a presumível elevação do conteúdo tecnológico das importações, especialmente nos casos do
equipamento mecânico e das máquinas de escritório.
Com base nesse apanhado de conclusões passa-se, em seguida, às sugestões de política
econômica.
5.2Recomendações de Políticas em Relação à Primarização da Economia
Como deve ter ficado claro, o Brasil padece de um problema macroeconômico grave
e complexo — progressiva e persistente valorização da taxa de câmbio —, uma conseqüência
do qual é a tendência àprimarização da pauta de exportações. Esse processo vem sendo
acentuado há aproximadamente meia década. Curiosa e tragicamente, ele ganhou força em
uma fase do desenvolvimento brasileiro em que parecia que alguns dos mais graves
recorrentes e inter-relacionados problemas do passado (inflação, desequilíbrio externo,
desequilíbrio fiscal) pareciam ter sido adequadamente equacionados — mas não ‗resolvidos‘,
pois eles nunca o são.
Infelizmente, as possibilidades de reforma face à ameaçadeprimarização da economia
estão entre as de mais difícil execução. Além disso, os resultados não são alcançáveis a curto
prazo. Apesar disso, as principais medidas estruturais, que atingem os fundamentos
econômicos, situam-se em um conjunto que poderia ao menos reduzir a ameaça de
aprofundamento da primarização e suas consequências mais nefastas para a produção da
indústria.
A re-primarização da pauta de exportações brasileiras — e, em parte, da economia,
embora aqui a evidência seja menos clara, como vimos no texto — tem origem em fatores
operando pelo lado da oferta e da demanda. Começando pelos primeiros, este estudo
evidenciou os substanciais ganhos de produtividade que tem caracterizado a atividade
agropecuária e extrativa mineral brasileira nas últimas duas décadas.
No primeiro caso isso tem sido o resultado de vantagens competitivas naturais dadas
pela disponibilidade de recursos. Essas vantagens vêm sendo alavancadas ao longo do tempo
por duas ordens de fatores. Os primeiros são os investimentos em infraestrutura de transportes
e logística que, apesar de ainda possuírem gritantes carências, possibilitaram rápida expansão
da fronteira agrícola e pecuária desde os anos 1970 — em que pese as externalidades
negativas em relação ao meio ambiente de uma expansão por vezes desordenada. O segundo é
o resultado da bem sucedida experiência de pesquisa agropecuária da EMBRAPA – Empresa
Brasileira de Pesquisa Agrícola, que vem possibilitando o aproveitamento de terras que
historicamente eram julgadas impróprias para o plantio. Do lado da mineração a experiência
de empresas ex-estatais permitiu ganhos de produtividade e competitividade nunca antes
experimentados. A descoberta e possibilidade efetiva da exploração de petróleo na camada do
pré-sal é o último capítulo de uma série de possibilidades na direção de um aprofundamento
da primarização das pautas de produção e, talvez, de exportação.
44
Dados do ILAFA.
53
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
Essa potencialidade da oferta de produtos ‗básicos‘ e commodities encontrou nos
últimos anos uma demanda em forte crescimento devido ao desempenho mundial pré-crise de
2008 e de um grupo de países emergentesno qual se destaca a China mesmo depois da crise.
O apetite chinês por matérias primas agropecuárias e minerais encontrou no Brasil um
parceiro à altura de fornecê-las. Os crescentes preços de exportação de commodities
agropecuárias e minerais são um resultado desse bem sucedido desempenho comercial.
Tudo isso teria resultado em um ciclo mais virtuoso do ponto de vista da mudança
estrutural da economia brasileira — entendendo-se por virtuoso uma mudança menos
desequilibrada do ponto de vista da evolução da produção de tradables — se não fossem
quatro fatores causais que têm agido de forma simultânea: (1) a manipulação da taxa de
câmbio da China que, por manter sua moeda desvalorizada— e aumentar a produtividade de
forma forte e contínua —, é capaz de exportar agressivamente e a baixo preço um largo
espectro de manufaturas, e o ‗destino Brasil‘ não é exceção; (2) a política econômica dos
EUA, que desde a Grande Recessão tem aumentado fortemente a liquidez internacional, daí
resultado desvalorização da moeda daquele país; (3) o fato de que balanço de pagamentos do
Brasil tem sido superavitário,45 daí resultando pressão para a valorização da taxa de câmbio
apesar da acumulação de reservas pelo Banco Central (BC) para evitar valorização adicional
do Real; e (4) crescimento da demanda interna no Brasil, por consumo e investimento, acima
da capacidade de produção agregada, que pressiona a demanda de nontradables: o preço
destes bens eleva-se relativamente ao dos tradables, daí resultando valorização adicional da
taxa de câmbio.46
A longa citação seguinte resume esse último aspecto do ponto de vista teórico.
―A elevação da demanda para uma dada oferta produzirá um excesso de demanda por
ambos os bens (domésticos e transacionáveis).... O excesso de demanda pelo bem doméstico
promoverá elevação do preço do bem doméstico de sorte a equilibrar o mercado. O excesso
de demanda por bens transacionáveis... acarretará elevação da importação. Na posição final o
preço do bem doméstico elevou-se, e, portanto, o câmbio valorizou-se, a produção e o
consumo de bem doméstico se elevaram, a produção do bem transacionável reduziu-se (pois
fatores de produção se deslocaram desta indústria em direção à indústria de bens domésticos)
e a demanda do bem transacionávelelevou-se. Todo o excesso de demanda sobre a produção
do bem transacionável ocorrerá sob a forma de importações desse bem. Assim, para a
economia como um todo haverá, em um dado ponto do tempo, uma relação entre o excesso de
dispêndio doméstico sobre a produção e o preço relativo do bem transacionável. Quanto
maior for o excesso do dispêndio doméstico sobre a produção menor será o preço relativo do
bem transacionável e, portanto, mais valorizado será o câmbio.‖ (Pessôa, 2011, p. 3)
Essa tendência implica uma crescente valorização da taxa de câmbio, cuja reversão é
difícil a curto prazo. O BC vem tentando agir na direção de evitar uma valorização adicional
pelo uso de diversos instrumentos: leilões de câmbio, compras de câmbio à vista, imposição
45
As razões para isso são varias e incluem: perspectivas favoráveis de crescimento, que têm estimulado vultosos
ingressos de investimentos diretos; taxa de juros muito elevada em termos internacionais, que estimula a
aplicação de recursos no país apesar do câmbio valorizado (esperando-se que não ocorra uma desvalorização
imprevisível). Note-se que o custo de acumular reservas é muito alto. Ele é dado pela diferença entre a taxa de
juros doméstica, à qual o Tesouro coloca novos títulos no mercado, e a taxa à qual as reservas são aplicadas (em
títulos do Tesouro norte-americano, por exemplo).
46
A taxa de câmbio é a relação entre os preços dos tradables e nontradables, ou o preço dos bens
transacionáveis em relação ao preços dos bens domésticos (serviços, essencialmente).
54
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
(com alíquotas crescentes) de IOF – Imposto sobre Operações Financeiras sobre empréstimos
externos para encarecer os ingressos de recursos.
As recentes medidas de cortes orçamentários anunciadas pelo Ministério da Fazenda
agem na mesma direção ao esfriar (ou, ao menos, tentar esfriar) o crescimento da demanda
interna e a pressão sobre os nontradables. Os resultados não têm sido brilhantes até o
momento. Aumentos adicionais do IOF sobre as entradas de capital têm sido uma forma de
lidar com os excessivos ingressos de capital.47
A solução — óbvia, mas de implementação muito difícil — é promover uma
desvalorização sustentada do câmbio. Como? Via políticas monetária e fiscal. Em outras
palavras, pela redução da demanda, que agiria no sentido de permitir taxas de juros reais mais
baixas domesticamente no futuro. Isso porque a taxa de câmbio é um preço macroeconômico
e como tal deve ser tratado. Qualquer tentativa de agir no sentido de desvalorizar o câmbio
que não aja sobre os fundamentos da economia não trará os resultados desejados e poderá ter
consequências setoriais indesejadas.
Uma proposta menos ‗responsável‘ é a de diminuir a taxa de juros de referência (taxa
SELIC) de modo provocar uma diminuição da entrada de capitais e assim desvalorizar o
câmbio. Isso, no entanto, significaria abandonar o regime de metas de inflação, pois a taxa
SELIC é o instrumento monetário por excelência para fazer a inflação convergir para o centro
da meta perseguida pelo Banco Central.
Existem, no entanto, propostas alternativas visando pelo menos interferir no processo
de valorização cambial para evitar excessos. Duas ordens de medidas podem ser pensadas. A
primeira tem como foco a Conta de Capital do Balanço de Pagamentos, onde se destacam os
mecanismos e instrumentos de controle dos ingressos de capitais. As modalidades dentro
dessa opção são várias, incluindo: quarentena dos recursos na entrada, quarentena na saída,
tributação mais agressiva,48 exame mais rigoroso dos fluxos de entrada, exigência de
permanência por prazos mínimos no caso dos ingressos de capital pela conta financeira,
proibição de aplicação em títulos públicos (ou fundos constituídos de títulos públicos).
A segunda ordem de medidas é constituída do ‗confisco cambial‘ ou, mais
simplesmente, da tributação sobre as exportações de commodities cujos preços estejam
‗anormalmente elevados‘ no mercado mundial. As dificuldades de medidas desse tipo no
Brasil são de diversas ordens, indo da falta de tradição49 à forte oposição política esperada por
parte dos produtores. De fato, apenas no caso da estatal PETROBRÁS é que seria viável
pensar-se em tributação das exportações sem oposição muito aguda.50 Mas mesmo nesse caso
forças nacionalistas tenderiam a se opor.
Dada a dificuldade de agir mais diretamente e a curto prazo na direção da
desvalorização da taxa de câmbio, às esperanças se voltam para medidas mais focadas, por
um lado, na cadeia de valor da indústria do aço; por outro, em medidas que afetem
diferenciadamente o comércio com a China.
47
Analistas de mercado são positivos ao afirmar que todas as medidas restritivas que têm sido pensadas são
passíveis de serem contornadas de alguma forma.
48
Os ingressos de recursos externos no Brasil estão desde o ano passado sujeitos à tributação com o IOF –
Imposto sobre Operações Financeiras. No caso das aplicações em Bolsa de Valores, em 2%. No caso das
aplicações em renda fixa, em 6%. Os ingressos de IDE não são tributados.
49
As exportações de fumo e de couros já são tributadas.
50
Imagine-se, por exemplo, a possibilidade de tributar o petróleo da camada de pré-sal que vier a ser exportado.
55
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
5.3Recomendações de Políticas Públicas em Relação à Indústria Metal Mecânica
O desempenho explosivo das importações e a real ameaça de enfraquecimento da
produção doméstica, dada a fatia rapidamente crescente do consumo atendida por
importações, justificam especial atenção a uma indústria, como a Metal Mecânica brasileira,
que é estrategicamente fundamental para a expansão da oferta agregada na economia. A par
disso, o desempenho desse complexo no passado foi caracterizado por capacidade de inovar e
acrescentar sofisticação tecnológica a produtos e processos. É extremamente importante que o
esforço inovativo seja retomado, algo que pode ser conseguido, inclusive, em parceria com os
chineses.51
As sugestões apresentadas a seguir contemplam principalmente a área tributária. O
seguinte conjunto de medidas pode ser listadoespecificamente nesse caso:
1. Eliminação de incentivos estaduais aplicáveis às importações, medida que se
enquadra também no rol de recomendações em relação à ameaça da China.
2. Revisar a legislação tributária com vistas a eliminar desvantagens tributárias entre
bens e serviços nacionais eimportados pelo setor público.
3. De um modo geral, também é necessário implantar medidas visando a equiparação
total do bem nacional ao bem importado. Isso implica, por exemplo, informar
percentuais do valor importado nos bens de consumo; reforçar mecanismos de
verificação do conteúdo nacional (por exemplo, exigir a contabilização dos
insumos importados pelos fabricantes de sistemas que compõem o bem objeto da
FINAME; verificação do conteúdo importado nos veículos; em suma garantir que
os insumos importados sejam devidamente contabilizados nos bens objeto da
FINAME); incluir o ICMS na sistemática do drawback integrado,
4. Incentivos às compras de equipamentos, nos moldes dos empréstimos do PSI —
Programa de Sustentação dos Investimentos (atualmente o PSI tem linhas de
financiamento no valor de R$ 134 bilhões, ou cerca de US$ 75 bilhões, praticando
empréstimos com taxas que variam de 5% a 10% ao ano para diversos tipos de
equipamentos e para financiar a inovação) operado pelo BNDES.52Trata-se aqui de
expandir o âmbito do Programa de modo a atender a uma parcela maior dos
produtores.
5. Incentivos fiscais ao investimento, como a depreciação acelerada em relação às
compras de bens de capital produzidos no país tendo como finalidade o
investimento no complexo Metal Mecânico. Medidas como esta têm sido adotadas
no Brasil. Como no caso anterior, trata-se de ampliar seu uso, por exemplo, pela
concessão de depreciação acelerada integral no próprio ano de aquisição do
equipamento.
6. Desoneração dos investimentos, permitindo-se a utilização imediata dos créditos
tributários provenientes das aquisições de bens de capital.
51
A visita da Pres. Dilma Roussef à China na semana de 11 a 16 de abril de 2011 tem precisamente este como
um dos principais objetivos. Destaque-se que recentemente um alto dirigente chinês em visita ao Brasil
mencionou que o padrão de comércio entre seu país e o Brasil tornou-se viesado (o Brasil exporta produtos
básicos, a China exporta produtos da Metal Mecânica) porque atualmente a criação de tecnologia e capacidade
de inovação na indústria brasileira são escassas.
52
O PSI foi criado em julho de 2009, quando a recessão brasileira pós-crise de 2008 havia chegado ao seu ponto
mais agudo, para vigorar por um ano. Foi em seguida prorrogado até o fim de 2010 e, depois, até o fim de março
de 2011. É provável que venha a ser prorrogado até dezembro do ano em curso. O governo planeja, inclusive,
capitalizar o BNDES com mais R$ 55 bilhões neste ano.
56
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
7. Desoneração da produção de bens de capital pela desoneração do IPI, PIS e
COFINS na aquisição de matérias primas e componentes usados na produção de
equipamento; aprovar legislação instituindo o drawback investimento. Como caso
especial, mas extremamente importante, promover a redução do elevadíssimo
custo de energia para o setor industrial metal mecânico.
8. Desoneração tributária das exportações. A tributação incidente sobre as
exportações é uma anomalia do caso brasileiro — diz-se que o Brasil é um dos
únicos países onde se ―exporta imposto‖ — que cumpre corrigir o mais
rapidamente possível.
9. Desoneração da folha de pagamentos para as atividades da cadeia de valor que
venham a ser consideradas como parte da indústria Metal Mecânica, como forma
de elevar a competitividade. Essa medida, aparentemente sendo cogitada pelas
autoridades econômicas, contribuiria para reduzir o custo Brasil.
10. Intensificar os esforços de inovação pelo fomento aos laboratórios e às atividades
de Pesquisa e Desenvolvimento. Essa linha de política é extremamente importante
porque, segundo os representantes dos órgãos patronais da indústria, um dos
motivos da perda de competitividade é o progressivo afastamento tecnológico dos
processos de produção no Brasil em relação à fronteira tecnológica.
11. Manter sistema de monitoramento permanente de novas barreiras comerciais
criadas pelos principais parceiros comerciais que atinjam as exportações da metal
mecânica.
5.4Recomendações de Políticas em Relação ao Avanço da China
A análise anterior mostrou que a ameaça da China não é mais por conta das
importações de produtos de baixa qualidade e valor agregado, como se avaliava há até bem
pouco tempo atrás no Brasil. De fato, a China é atualmente o segundo maior fornecedor de
bens de capital para o Brasil, tendo superado a Alemanha (o primeiro são os EUA, ficando a
Alemanha em terceiro lugar) e sua participação nos mercados de bens duráveis de consumo
(automóveis, eletro e eletrônico-domésticos) tem sido fortemente crescente. Essa tendência
vem persistindo até meados de 2011.
As exportações de produtos tecnologicamente menos sofisticados vêm sendo
progressivamente terceirizada para países como Vietnam, Índia, Malásia, Sri Lanka e
Indonésia, onde o custo de mão de obra é ainda menor do que na China. Esse é um dos
motivos pelos quais as compras desses países pelo Brasil têm aumentado rapidamente: da
Índia, + 93% em 2010; da Indonésia, + 54%; do Vietnã, + 115%; da Malásia, + 43%. A
propósito, o MDIC — Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio está em vias de
aplicar legislação aprovada recentemente para impedir as importações por triangulação.
Mesmo empresas que não concorrem atualmente com os produtos chineses já possuem
estratégias de competição, como evidenciado pelo fato de que cerca demetade das empresas
industriais brasileiras já definiu uma estratégia para enfrentar a competição com produtos
chineses, segundo recente pesquisa da CNI — Confederação Nacional da Indústria. Esse
percentual é crescente de acordo com o porte: 70% das grandes empresas adotaram alguma
medida diante da concorrência com a China, ante 42% das pequenas. Essa questão vem
ganhando bastante importância para a indústria brasileira: o percentual é bem superior ao
registrado na pesquisa de 2006, de apenas 29%. Entre as medidas que visam enfrentar a
concorrência das empresas chinesas nos mercado doméstico e internacional, destacam-se o
investimento na qualidade e/ou design de produtos (assinalado por 48% das empresas) e
57
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
redução de custos e/ou ganhos de produtividade (assinalado por 45%). O investimento na
qualidade e design dos produtos foi uma das medidas adotadas por 64% das grandes
empresas, enquanto entre as pequenas o percentual é 45%. O investimento em redução de
custos, por sua vez, foi realizado por 57% das grandes empresas e 37% das pequenas. A
preocupação com design e qualidade ganhou importância entre as estratégias da indústria. Em
2006, a redução de custos era a medida mais adotada (48% de respostas), seguido por
investimento em qualidade e/ou design (40% das respostas).
Do ponto de vista da política econômica, o instrumento potencialmente mais eficaz é o
da defesa comercial:anti-dumping e salvaguardas. O Brasil,aliás, tem feito uso intenso e
crescente destes instrumentos em relação à China. Mas o alcance geral tem sido pouco
significativo até o momento. Impõe-se o fortalecimento do sistema de defesa comercial pelo
aumento do número de analistas qualificados do DECOM. De fato, a equipe responsável por
essa área de atividade no MDIC é muito pequena em comparação com a de países como os
EUA mesmo a Argentina.
A aplicação de direitos provisórios (para a qual deve ser orientado o órgão de defesa
comercial) e de direitos antidumping equivalentes à margem de dumping é outro gruo de
medidas.
Na verdade, o país já tem um poderoso instrumento que pode vir a ser usado como
defesa comercial quando dasnegociações junto à OMC em relação ao acesso da China como
uma economia de mercado: as Salvaguardas Transitórias, criadas pelo Decreto nº 5.556/05, de
05 de outubro de 2005.53
Este decreto, que regulamenta o uso das salvaguardas, permite que os setores que se
sintam prejudicados pela alta das importações chinesas entrem com petições junto ao
DECOM (Departamento de Defesa Comercial da SECEX – Secretaria de Comércio Exterior)
para a adoção de cotas ou tarifas sobre os produtos da China.
Essas medidas de salvaguarda provisória podem ser aplicadas pela imposição de um
adicional à TEC (Tarifa Externa Comum) sob a forma de uma alíquota "ad-valorem", de
alíquota específica ou na combinação delas (Capítulo V, artigo 19, § 4o do Decreto 5.556 de
2005). No caso da salvaguarda definitiva, podem ser consideradas, além das medidas acima
citadas, a imposição de restrição quantitativa e a combinação de todas as modalidades de
salvaguardas admitidas.O prazo de vigência do mecanismo de salvaguardas desse decreto não
poderá estender-se além de 11 de dezembro de 2013.
Um esforço mais recente na área da defesa comercial é do uso mais intensivo da
valoração aduaneira, pelo qual a receita Federal fixa um valor para tributar mercadorias que
ingressam no Brasil com preços ―excessivamente baixos‖.
Outras medidas possíveis são:
1. Aumento do imposto de importação (mas as regras do MERCOSUL impedem grandes
avanços nessa área, já que a lista de exceções brasileiras está quase esgotada).
2. Sobretaxas e barreiras técnicas (como a exigência de certificação de qualidade) e
ecológicas visando endurecer as condições de entrada de produtos chineses via normas
técnicas e sanitárias.
53
O decreto regulamenta as salvaguardas transitórias objeto do art. 16 do Protocolo de Acessão da China à
Organização Mundial de Comércio.
58
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
3. Aumento do esforço de promoção comercial.54
4. Certificação pelo INMETRO de equipamento eletro-eletrônico (em vias de ser
implantada).
O risco principal dessas medidas é que elas podem tornar o Brasil um alvo de
retaliação por parte dos chineses.55
54
Lideres de associações de classe (ABIMAQ, ABINEE) são céticos em relação ao sucesso de iniciativas desse
tipo enquanto o câmbio permanecer valorizado.
55
O exemplo das crescentes exportações de carne de frango do Brasil para a China é ilustrativo. Os chineses
abriram recente e subitamente esse mercado para o Brasil como retaliação a ações protecionistas dos EUA.
59
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
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61
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
Anexos
Anexo A.1
62
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
Anexo A.2
Tabela A.2: Pessoal ocupado na economia brasileira, 1990-2000
63
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
AnexoA.3
Tabela A.3: Estrutura do VA a preços básicos, 2000-2008
Participação no valor adicionado bruto a preços básicos (%)
Total
Agropecuária
Indústria
2000
100,0
5,6
27,7
2001
100,0
6,0
26,9
2002
100,0
6,6
27,1
2003
100,0
7,4
27,8
2004
100,0
6,9
30,1
2005
100,0
5,7
29,3
2006
100,0
5,5
28,8
2007
100,0
5,6
27,8
2008
100,0
5,9
27,9
Extrativa Mineral
1,6
1,5
1,6
1,7
1,9
2,5
2,9
2,3
3,2
Indústria de transformação
17,2
17,1
16,9
18,0
19,2
18,1
17,4
17,0
16,6
3,4
3,0
3,3
3,4
3,9
3,8
3,8
3,6
3,1
5,5
5,3
5,3
4,7
5,1
4,9
4,7
4,9
4,9
Prod e distribeletr, gás, água, esgoto
Construção Civil
Serviços
66,7
67,1
66,3
64,8
63,0
65,0
65,8
66,6
66,2
Comércio
10,6
10,7
10,2
10,6
11,0
11,2
11,5
12,1
12,5
Transporte, armazenagem e correio
4,9
5,0
4,8
4,7
4,7
5,0
4,8
4,8
5,0
Serviços de informação
3,6
3,5
3,6
3,6
3,8
4,0
3,8
3,8
3,8
6,0
6,8
7,5
7,1
5,8
7,1
7,2
7,7
6,8
Atividades imobiliárias e aluguéis
11,3
10,7
10,2
9,6
9,1
9,0
8,7
8,5
8,2
Serviços de manutenção e reparação
1,3
1,2
1,2
1,1
1,0
1,0
1,0
1,0
1,0
Serviços de alojamento e alimentação
1,8
1,8
1,8
1,6
1,6
1,6
1,8
1,8
1,8
Serviços prestados às empresas
4,7
4,4
4,4
4,5
4,5
4,6
4,8
4,7
4,9
Educação mercantil
1,5
1,3
1,4
1,4
1,4
1,2
1,2
1,2
1,1
Saúde mercantil
2,2
2,2
2,1
1,9
1,9
1,8
2,0
2,0
1,9
Serviços prestados às famílias
2,8
2,7
2,5
2,4
2,3
2,4
2,4
2,3
2,2
Serviços domésticos
1,2
1,2
1,2
1,2
1,2
1,2
1,3
1,2
1,2
Educação pública
3,8
3,7
3,8
3,6
3,2
3,3
3,4
3,6
3,8
Saúde pública
1,7
1,7
1,9
1,8
1,8
1,8
1,8
2,0
2,0
Administração pública e seguridade social
9,4
10,1
9,9
9,7
9,6
10,0
10,1
9,9
9,9
Intfinanc, seg, previdência compl
Fonte: Contas Nacionais, IBGE.
64
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
AnexoA.4
Tabela A.4: Estrutura das Ocupações, 2000-2008 (%)
Total
Agropecuária
Indústria
2000
100,0%
22,3%
19,5%
Participação no total de ocupações (%)
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
21,2% 21,0% 21,0% 21,4% 20,9% 19,7% 18,6% 17,8%
19,2% 19,2% 19,0% 19,3% 20,0% 19,5% 20,1% 20,9%
Extrativa Mineral
0,3%
0,3%
0,3%
0,3%
0,3%
0,3%
0,3%
0,3%
0,3%
Ind. de Transformação
12,0%
11,8%
11,7%
11,9%
12,2%
12,8%
12,5%
12,8%
13,0%
0,4%
0,4%
0,4%
0,4%
0,4%
0,4%
0,4%
0,4%
0,4%
6,7%
6,7%
6,8%
6,4%
6,4%
6,5%
6,4%
6,6%
7,2%
58,2%
59,5%
59,8%
59,9%
59,3%
59,1%
60,7%
61,4%
61,3%
Prod&disteletr gás, água, esgoto
Construção Civil
Serviços
Comércio
15,7%
16,0%
16,4%
16,6%
16,1%
16,3%
16,6%
16,7%
16,1%
Transp armazenagem e correio
4,1%
4,2%
4,3%
4,2%
4,1%
4,2%
4,2%
4,3%
4,5%
Serviços de informação
1,6%
1,6%
1,6%
1,7%
1,6%
1,7%
1,8%
1,9%
1,9%
Int fin seguros, prevcompl
1,1%
1,1%
1,1%
1,1%
1,0%
1,0%
1,0%
1,0%
1,0%
Atividades imobiliárias e aluguéis
0,7%
0,7%
0,7%
0,6%
0,6%
0,6%
0,6%
0,7%
0,7%
Serviços de manutenção e reparação
2,1%
2,1%
2,0%
2,0%
2,0%
2,0%
2,0%
2,1%
2,1%
Serviços de alojamento e alimentação
3,9%
4,2%
4,2%
4,2%
3,8%
3,8%
3,9%
3,9%
3,8%
Serviços prestados às empresas
4,3%
4,4%
4,5%
4,4%
4,7%
4,6%
4,8%
5,0%
5,2%
Educação mercantil
1,3%
1,3%
1,3%
1,2%
1,3%
1,2%
1,3%
1,4%
1,5%
Saúde mercantil
1,7%
1,8%
1,8%
1,8%
1,9%
1,8%
1,9%
1,9%
1,9%
Serviços prestados às famílias
4,6%
4,5%
4,3%
4,4%
4,5%
4,4%
4,8%
4,6%
4,6%
Serviços domésticos
7,0%
7,1%
7,3%
7,1%
7,4%
7,2%
7,4%
7,1%
7,2%
Educação pública
3,9%
3,9%
3,9%
3,9%
3,7%
3,7%
4,0%
4,1%
4,0%
Saúde pública
1,4%
1,4%
1,3%
1,4%
1,4%
1,4%
1,3%
1,4%
1,5%
4,9%
5,2%
5,2%
5,2%
5,2%
5,1%
5,2%
5,3%
5,2%
Adm pública e seguridade social
Fonte: Contas Nacionais, IBGE.
65
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
Anexo A.5
Tabela A.5: Variação anual do VA a preços básicos por setores e atividades, 1991-2000.
Valor adicionado a preços básicos (%)
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
Agropecuária
1,37
4,89
(-) 0,07
5,45
4,08
3,11
(-) 0,83
1,27
8,33
2,15
Indústria
0,26
(-) 4,22
7,01
6,73
1,91
3,28
4,65
(-) 1,03
(-) 2,22
4,81
2,42
(-) 5,46
1,69
4,72
5,16
1,04
3,25
(-) 0,69
(-) 8,22
7,49
Extração de petróleo e gás natural, carvão e outros
(-) 4,29
combustíveis(-) 0,42
1,48
7,40
2,42
11,00
6,57
13,00
11,75
11,54
Fabricação de minerais não-metálicos
1,15
(-) 7,19
5,27
4,58
3,24
5,48
6,18
(-) 1,36
(-) 2,47
3,80
Siderurgia
0,97
1,13
7,61
9,24
(-) 4,90
4,03
2,76
(-) 3,10
1,76
5,86
Metalurgia dos não-ferrosos
1,41
(-) 5,75
10,41
17,83
1,76
6,25
0,17
(-) 6,66
6,02
2,38
(-) 0,95
(-) 3,43
8,35
10,29
(-) 0,68
4,21
7,65
(-) 3,73
(-) 6,95
4,86
Fabricação e manutenção de máquinas e tratores
(-) 7,67
(-) 3,60
13,66
13,44
(-) 2,07
0,50
4,88
(-) 4,22
(-) 4,71
16,70
Fabricação de aparelhos e equipamentos de material
(-) 0,87
elétrico
Extrativa mineral (exceto combustíveis)
Fabricação de outros produtos metalúrgicos
(-) 3,73
8,62
14,45
8,98
(-) 1,52
3,52
(-) 2,41
(-) 8,65
16,26
Fabricação de aparelhos e equipamentos de material
(-) 4,38
eletrônico
(-) 23,79
22,29
32,46
15,14
7,09
(-) 6,08
(-) 22,20
(-) 18,12
(-) 0,36
Fabricação de automóveis, caminhões e ônibus 14,59
(-) 4,14
23,53
13,20
3,86
0,69
15,20
(-) 20,04
(-) 12,93
22,80
Fabricação de outros veículos, peças e acessórios
(-) 3,22
(-) 2,15
18,56
13,37
1,08
0,71
5,24
(-) 10,15
(-) 1,06
13,88
Serrarias e fabricação de artigos de madeira e mobiliário
(-) 7,71
(-) 5,36
11,91
0,63
1,51
3,74
1,02
(-) 2,04
1,79
10,07
Indústria de papel e gráfica
5,81
(-) 1,72
9,69
3,65
1,33
1,89
1,41
(-) 0,49
2,52
2,85
Indústria da borracha
0,78
(-) 1,03
8,91
2,66
(-) 1,42
0,80
2,56
(-) 6,55
0,24
11,74
Fabricação de elementos químicos não-petroquímicos
8,35
(-) 10,80
2,47
3,79
0,03
5,78
9,02
(-) 10,63
1,20
(-) 6,40
Refino de petróleo e indústria petroquímica
5,29
0,45
5,91
5,03
(-) 2,56
1,38
7,34
2,79
0,08
0,63
Fabricação de produtos químicos diversos
7,88
(-) 2,50
4,14
5,71
0,07
5,23
1,68
(-) 1,24
(-) 1,80
4,83
Fabricação de produtos farmacêuticos e de perfumaria
4,87
(-) 7,23
8,82
(-) 0,84
11,93
(-) 2,00
6,48
1,54
1,79
(-) 1,41
Indústria de transformação de material plástico (-) 1,03
(-) 10,49
7,60
1,82
8,93
9,65
1,31
0,60
(-) 13,12
(-) 7,30
(-) 5,08
3,47
1,93
(-) 5,84
(-) 5,64
(-) 6,65
(-) 1,58
(-) 4,79
2,07
(-) 7,13
4,00
2,91
1,50
(-) 1,65
(-) 7,73
(-) 1,94
(-) 0,49
11,18
Indústria têxtil
(-) 4,81
Fabricação de artigos do vestuário e acessórios
(-) 14,69
Fabricação de calçados e de artigos de couro e (-)
peles
7,93
4,53
15,27
(-) 8,16
(-) 6,17
2,25
(-) 7,31
(-) 6,22
(-) 0,27
9,12
17,12
0,93
(-) 3,74
(-) 7,93
0,48
(-) 1,93
0,30
21,52
(-) 0,25
Beneficiamento de produtos de origem vegetal, inclusive
1,49 fumo (-) 0,82
6,76
4,03
3,57
3,25
9,17
(-) 1,26
(-) 6,21
7,97
Abate e preparação de carnes
2,82
4,35
(-) 5,11
14,45
1,31
(-) 1,05
(-) 2,50
1,97
(-) 4,88
Indústria do café
(-) 2,20
3,17
Resfriamento e preparação do leite e laticínios (-) 6,28
2,99
(-) 5,85
(-) 2,84
22,58
6,13
0,26
(-) 0,47
(-) 4,23
13,66
(-) 9,74
(-) 7,26
8,81
11,51
(-) 0,67
7,86
2,51
16,28
(-) 21,10
Fabricação e refino de óleos vegetais e de gorduras
11,63
para alimentação
(-) 5,65
2,84
3,95
8,00
(-) 1,62
(-) 3,48
7,15
0,37
13,01
Outras indústrias alimentares e de bebidas
6,39
(-) 6,03
5,82
9,33
10,45
1,62
(-) 2,41
3,36
0,36
5,30
Indústrias diversas
2,52
(-) 1,86
3,60
7,21
0,12
(-) 0,57
2,35
2,30
3,47
2,86
Serviços industriais de utilidade pública
7,06
(-) 0,13
4,95
4,19
7,63
6,00
5,90
5,19
1,36
4,23
(-) 1,19
(-) 6,30
4,49
6,99
(-) 0,43
5,21
7,62
1,54
(-) 3,67
2,62
1,96
1,52
3,21
4,73
4,48
2,26
2,55
0,91
2,01
3,80
(-) 0,64
(-) 3,55
7,90
9,35
8,53
1,80
3,00
(-) 4,67
(-) 0,57
4,47
1,46
2,68
4,29
4,06
6,63
2,58
3,93
(-) 3,64
(-) 1,57
3,07
18,99
4,97
10,85
13,87
22,92
10,85
5,02
8,31
12,12
15,60
4,05
Indústria do açúcar
Construção civil
Serviços
Comércio
Transporte
Comunicações
Instituições financeiras
5,29
(-) 4,52
(-) 4,92
(-) 1,87
(-) 2,85
(-) 8,09
2,50
3,15
(-) 1,23
0,63
Serviços prestados às famílias
0,47
2,86
3,24
4,74
1,71
2,17
0,82
1,01
1,68
1,10
Serviços prestados às empresas
6,67
6,71
5,11
7,11
6,92
4,87
5,23
7,39
3,16
12,50
Aluguel de imóveis
3,02
2,33
(-) 0,32
5,39
2,83
2,51
2,57
2,62
2,32
2,62
Administração pública
1,64
1,95
2,21
0,44
0,81
1,36
1,71
1,47
2,31
1,47
Serviços privados não-mercantis
1,89
1,02
3,45
4,54
4,40
(-) 3,95
2,39
(-) 3,19
2,32
9,38
66
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
Anexo A.6
Tabela A.6: Exportações por fator gerador - preços correntes e preços constantes
Exportações a Preços correntes (US$ milhões FOB)
Produtos
básicos
Produtos semimanufaturados
Produtos
manufaturados
Transações
especiais
Total
Exportações
1990
8.747
5.108
17.011
549
31.414
1991
8.737
4.691
17.757
435
31.620
1992
8.830
5.750
20.754
459
35.793
1993
9.366
5.445
23.437
307
38.555
1994
11.058
6.893
24.959
635
43.545
1995
10.969
9.146
25.565
826
46.506
1996
11.899
8.614
26.411
821
47.747
1997
14.471
8.479
29.192
848
52.986
1998
12.970
8.114
29.380
656
51.120
1999
11.828
7.982
27.331
872
48.013
2000
12.564
8.499
32.559
1.498
55.119
2001
15.349
8.242
32.959
1.737
58.287
2002
16.959
8.966
33.069
1.445
60.439
2003
21.186
10.945
39.764
1.309
73.203
2004
28.529
13.433
53.137
1.585
96.678
2005
34.732
15.963
65.353
2.482
118.529
2006
40.285
19.523
75.018
2.981
137.808
2007
51.596
21.800
83.943
3.309
160.649
2008
73.028
27.073
92.683
5.158
197.942
2009
61.958
20.499
67.349
3.188
152.995
90.005
28.207
79.563
4.138
201.915
2010
Exportações a Preços constantes (base 2010)
Produtos básicos
Produtos semimanufaturados
Produtos
manufaturados
Total das Exportações
(exc. Trans. Especiais)
1990
1.889
1.655
5.882
55.553
1991
1.855
1.616
6.182
56.965
1992
1.993
2.368
9.207
66.671
1993
2.302
2.807
10.386
77.693
1994
2.793
3.516
12.205
79.298
1995
2.630
4.150
13.402
74.541
1996
2.924
4.012
14.533
76.475
1997
4.004
4.461
16.045
84.267
1998
3.831
4.356
16.741
87.187
1999
3.797
4.465
18.186
93.916
2000
4.375
5.608
20.163
104.338
2001
7.127
5.508
22.110
114.277
2002
9.073
6.300
25.284
124.139
2003
12.823
9.305
33.353
143.668
2004
19.559
14.398
47.776
171.087
2005
25.499
18.961
62.437
187.117
2006
31.368
23.690
74.202
193.362
2007
44.927
27.307
83.627
203.978
2008
63.719
32.218
91.518
198.951
2009
55.604
18.825
63.152
177.565
2010
90.005
28.207
79.563
197.775
67
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
Anexo A.7
Tabela A. 7: Índices de Quantum da Produção por Setores da Metal Mecânica e Total
da Indústria, 1991-2010 (baseados em valores a preços constantes de 2005)
Indústria
Produtos
Transformação de metal
Máq.E
equipamentos
Máquinas,
aparelhos e
materiais
elétricos
Máquinas para
escritório e de
informática
Material
eletrônico e de
comunicações
Veículos
automotores
Outros
equipamentos
de transporte
Anos
1991
100,0
1,000
1,000
1,000
1,000
1,000
1,000
1,000
1992
95,9
0,972
0,907
0,997
0,941
0,730
0,950
1,105
1993
103,7
1,038
1,080
1,058
1,060
0,903
1,198
1,101
1994
111,8
1,210
1,311
1,214
1,223
1,126
1,347
1,229
1995
113,7
1,216
1,266
1,304
1,248
1,305
1,442
1,096
1996
115,0
1,162
1,173
1,309
1,240
1,422
1,473
0,959
1997
119,1
1,209
1,254
1,443
1,298
1,330
1,675
0,920
1998
115,2
1,160
1,207
1,455
1,191
0,935
1,352
1,176
1999
113,4
1,148
1,136
1,357
1,132
0,754
1,227
1,305
2000
120,3
1,173
1,350
1,500
1,303
1,000
1,454
1,585
2001
121,9
1,200
1,407
1,804
1,375
0,972
1,455
1,968
2002
122,5
1,233
1,446
1,788
1,467
0,864
1,424
2,398
2003
122,3
1,166
1,523
1,820
1,584
0,868
1,485
2,617
2004
132,7
1,282
1,769
1,949
2,116
1,023
1,928
2,887
2005
136,3
1,280
1,745
2,102
2,481
1,168
2,060
3,047
2006
139,8
1,264
1,814
2,285
3,761
1,168
2,087
3,111
2007
148,3
1,337
2,136
2,605
4,303
1,156
2,400
3,545
2008
152,8
1,370
2,265
2,701
3,918
1,122
2,595
5,042
2009
141,6
1,169
1,845
2,163
3,659
0,836
2,274
5,161
2010
156,2
1,443
2,294
2,353
4,135
0,861
2,825
5,156
Fonte: IBGE.
68
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
Anexo A.8
Tabela A.8: Evolução do VTI (VA) da Metal-Mecânica, 2000-2007
Valor da transformação industrial (Mil Reais)
Ano
Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE)
2000
2007
Ind. de Transformação
247.457.251 581.362.230
Ano
2000
2007
Participação dentro do setor
27 Metalurgia básica
16.198.777
47.867.068
100%
100%
27.1 Produção de ferro-gusa e de ferroligas
6.508.074
4.828.561
40%
10%
27.2 Siderurgia
3.847.042
27.710.780
24%
58%
27.3 Fabricação de tubos - exceto em siderúrgicas
27.4 Metalurgia de metais não-ferrosos
27.5 Fundição
28 Fabricação de produtos de metal - exceto máquinas e
equipamentos
28.1 Fabricação de estruturas metálicas e obras de caldeiraria pesada
28.2 Fabricação de tanques, caldeiras e reservatórios metálicos
28.3 Forjaria, estamparia, metalurgia do pó e serviços de tratamento
de metais
28.4 Fabricação de artigos de cutelaria, de serralheria e ferramentas
manuais
28.8 Manutenção e reparação de tanques, caldeiras e reservatórios
metálicos
28.9 Fabricação de produtos diversos de metal
29 Fabricação de máquinas e equipamentos
29.1 Fabricação de motores, bombas, compressores e equipamentos de
transmissão
29.2 Fabricação de máquinas e equipamentos de uso geral
29.3 Fabricação de tratores e de máquinas e equipamentos para a
agricultura, avicultura e obtenção de produtos animais
29.4 Fabricação de máquinas-ferramenta
29.5 Fabricação de máquinas e equipamentos de uso na extração
mineral e construção
29.6 Fabricação de outras máquinas e equipamentos de uso específico
29.7 Fabricação de armas, munições e equipamentos militares
29.8 Fabricação de eletrodomésticos
29.9 Manutenção e reparação de máquinas e equipamentos industriais
30 Fabricação de máquinas para escritório e equipamentos de
informática
30.1 Fabricação de máquinas para escritório
30.2 Fabricação de máquinas e equipamentos de sistemas eletrônicos
para processamento de dados
31 Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos
31.1 Fabricação de geradores, transformadores e motores elétricos
31.2 Fabricação de equipamentos para distribuição e controle de
energia elétrica
31.3 Fabricação de fios, cabos e condutores elétricos isolados
819.949
2.365.809
5%
5%
4.533.725
10.869.157
28%
23%
489.986
2.092.761
3%
4%
7.904.649
21.629.391
100%
100%
1.048.469
3.769.424
13%
17%
319.688
1.232.915
4%
6%
1.246.930
5.023.915
16%
23%
1.583.317
3.619.564
20%
17%
-
286.851
---
1%
3.706.246
7.696.721
47%
36%
13.441.595
35.383.030
100%
100%
2.944.355
5.623.567
22%
16%
3.147.451
7.427.003
23%
21%
1.277.214
4.416.819
10%
12%
699.046
1.845.478
5%
5%
878.863
3.226.709
7%
9%
2.333.258
4.633.775
17%
13%
156.362
459.381
1%
1%
2.005.045
4.880.748
15%
14%
-
2.869.551
---
8%
2.823.701
3.813.206
100%
100%
1.395.206
120.813
49%
3%
1.428.496
3.692.393
51%
97%
6.164.319
14.750.762
100%
100%
1.465.620
3.563.642
24%
24%
990.749
1.687.867
16%
11%
918.430
2.296.743
15%
16%
31.4 Fabricação de pilhas, baterias e acumuladores elétricos
271.764
619.514
4%
4%
31.5 Fabricação de lâmpadas e equipamentos de iluminação
500.135
815.355
8%
6%
1.468.726
4.511.108
24%
31%
31.6 Fabricação de material elétrico para veículos - exceto baterias
69
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
31.8 Manutenção e reparação de máquinas, aparelhos e materiais
elétricos
31.9 Fabricação de outros equipamentos e aparelhos elétricos
-
337.709
---
2%
548.895
918.825
9%
6%
32 Fabr material eletrôn. e aparelhos e equip comunicações
8.565.108
11.086.455
100%
100%
32.1 Fabricação de material eletrônico básico
32.2 Fabricação de aparelhos e equipamentos de telefonia e
radiotelefonia e de transmissores de televisão e rádio
32.3 Fabricação de aparelhos receptores de rádio e televisão e de
reprodução, gravação ou amplificação de som e vídeo
32.9 Manutenção e reparação de aparelhos e equipamentos de
telefonia e radiotelefonia e de transmissores de televisão e rádio exceto telefones
33 Fabrequip instrumentação médico-hospitalares, instrumentos
de precisão e ópticos, equipamentos para automação industrial,
cronômetros e relógios
33.1 Fabricação de aparelhos e instrumentos para usos médicoshospitalares, odontológicos e de laboratórios e aparelhos ortopédicos
33.2 Fabricação de aparelhos e instrumentos de medida, teste e
controle - exceto equipamentos para controle de processos industriais
33.3 Fabrmáq, apareequip sistemas eletrônicos dedicados à automação
industrial e controle do processo produtivo
33.4 Fabricação de aparelhos, instrumentos e materiais ópticos,
fotográficos e cinematográficos
33.5 Fabricação de cronômetros e relógios
33.9 Manut reparação equip médico-hospitalares, instrumentos de
precisão e ópticos e equipamentos para automação industrial
34 Fabr e montagem de veíc automotores, reboques e carrocerias
1.203.362
2.221.322
14%
20%
5.600.216
5.597.007
65%
50%
1.761.530
2.759.287
21%
25%
-
508.839
---
5%
2.200.572
5.090.222
100%
100%
764.552
1.802.284
35%
35%
723.378
1.620.255
33%
32%
196.930
479.788
9%
9%
295.923
561.915
13%
11%
219.789
340.977
10%
7%
-
285.003
---
6%
17.387.520
52.112.309
100%
100%
34.1 Fabricação de automóveis, caminhonetas e utilitários
7.873.988
23.332.811
45%
45%
34.2 Fabricação de caminhões e ônibus
2.128.364
6.012.367
12%
12%
34.3 Fabricação de cabines, carrocerias e reboques
1.091.397
2.883.610
6%
6%
34.4 Fabricação de peças e acessórios para veículos automotores
6.133.080
19.580.899
35%
38%
160.691
302.622
1%
1%
34.5 Recondicionamento ou recuperação de motores
35 Fabricação de outros equipamentos de transporte
3.905.869
12.209.220
100%
100%
35.1 Construção e reparação de embarcações
206.076
2.110.672
5%
17%
35.2 Construção, montagem e reparação de veículos ferroviários
158.825
1.388.160
4%
11%
35.3 Construção, montagem e reparação de aeronaves
2.559.459
4.000.084
66%
33%
35.9 Fabricação de outros equipamentos de transporte
Fonte: IBGE - Pesquisa Industrial Anual Empresa
981.509
4.710.305
25%
39%
70
Ajudando o Brasil a expandir fronteiras
Anexo A.9
Tabela A.9: Importações da China com origem na Metal-Mecânica do Brasil
Importações da China (da MM do Brasil)
Categorias
Calderas y generadores de vapor
Máquinas herramientas
Máquinas manuales, construcción
Máquinas de oficina
Máquinas y equipos
Bombas y compenentes de máquinas
Equipos de calefacción
Electro-domésticos
Otras maquinarias eléctricas
Estructuras
Maquinaria agricola y tractores
Autos y vehículoscomerciales
Bicicletas y motocicletas
Ferrocarriles
Barcos y maquinaria naval
Aviones
Muebles metálicos
Latas y cajas de metal embalar
Toneles, tanques y tambores
Articulos derivados de alambre
Otros artículos de metal
Total
USD mi
2005
Conteúdo em aço (t)
USD mi
2010
Conteúdo em aço (t)
0,0
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Fonte: ILAFA.
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