O sindicato ajudou muito a indústria farmacêutica

Transcrição

O sindicato ajudou muito a indústria farmacêutica
Sindusfarma
7 décadas
Ficha técnica
Realização
SINDUSFARMA
Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo
Apresentação ............................................................................................................................................................................ 05
Diretoria atual ........................................................................................................................................................................... 06
Laboratórios associados ....................................................................................................................................................... 07
Galeria dos Presidentes ........................................................................................................................................................ 08
Publicação
Sindusfarma, 7 décadas.
Coordenação geral
Lauro D. Moretto
Coordenação editorial
Finazzi Propaganda
1930
1933
1940
1950
1960
1970
1975
1980
1981
1989
1990
2000
Texto
Fernando Gomes
Valquíria Sganzerla
Entrevistas e transcrições
Isabel Regina Félix
Fernando Gomes
Apoio à pesquisa textual e iconográfica
Ana Elisa Antunes Viviani
Débora Escobar Gonçalves
Revisão de textos
Volnei Valentim
Projeto Gráfico
Jaime Finazzi
Aldi France Santana
Fotógrafo
Milton Akashi
Depoimentos
Omilton Visconde Júnior ................................................................................................................................. 47
Gianni Franco Samaja ....................................................................................................................................... 48
Ciro Mortella ......................................................................................................................................................... 49
Plínio Gilberto Spina ......................................................................................................................................... 50
Júlio Sanchez Gimenez .................................................................................................................................... 52
Décio Melhem ..................................................................................................................................................... 53
Pedro Zidoi ............................................................................................................................................................ 54
Lauro Moretto ...................................................................................................................................................... 56
Wilson Rodrigues Pereira ................................................................................................................................ 58
Tratamento de imagens
Rodrigo Curvo
Apoio operacional
Silvana Finazzi
Ronilda Alves Rosa
Raquel de Toledo
Fotolitos
Augusto Associados
Impressão
Gráfica Roma
Material iconográfico:
Agência Estado 12,16; Abril Imagens 16; Rhodia Farma 10, 13, 18; Bayer S/A 13;
MIS 15; Fontoura-Wyeth 16, 18, 19, 21; sites 11, 16; acerto pessoal 11 .
As demais imagens pertencem ao acervo Sindusfarma.
O surgimento da indústria farmacêutica .................................................................................................. 10
Os primeiros passos da indústria farmacêutica brasileira .................................................................. 12
Nasce o sindicato ................................................................................................................................................ 15
A II Guerra ajuda na formação da indústria farmacêutica brasileira .............................................. 16
Grupos estrangeiros querem participar de um mercado em ascenção ....................................... 19
O gosto passageiro da liberdade de preços ............................................................................................ 22
A indústria farmacêutica crescia com o dinheiro de fora ................................................................... 24
Um sonho a caminho da realização ............................................................................................................ 26
Laboratórios deixam o Brasil ......................................................................................................................... 28
Finalmente, a sede própria ............................................................................................................................. 31
A posse de Omilton Visconde ........................................................................................................................ 32
Modernização e novas regras para o mercado ...................................................................................... 34
A visão do futuro ................................................................................................................................................ 37
Publicações do Sindusfarma .......................................................................................................................... 38
Rua Alvorada, 1280 - Vila Olímpia - CEP: 04550-004 - São Paulo/SP - Brasil
Tel. +55(11) 3897-9779 - Fax +55(11)3845-0742
e-mail: [email protected] - Site: www.sindusfarma.org.br
As atas contam a história ..................................................................................................................................................... 59
Quadro de fusões .................................................................................................................................................................... 65
Homenagem ............................................................................................................................................................................. 70
Sumário
Apresentação
Compor e registrar a história
de uma entidade não é tarefa
fácil, mesmo tendo à
disposição livros de atas,
fotos, reportagens, artigos
escritos e também depoimentos de personagens que
acompanharam sua trajetória.
O Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos
no Estado de São Paulo — Sindusfarma, como é
atualmente conhecido, constituído em 26 de abril de
1933 — está completando 70 anos de existência,
fortalecidos por meio de seus atos contínuos em prol
do setor.
Fundado durante um período politicamente
conturbado, em que os produtores e importadores de
medicamentos reuniam-se para enfrentar os problemas
gerados pelo cenário da época, o Sindusfarma de hoje
certamente se mostra mais ativo e grandioso.
O propósito de editar um livro com alguns fragmentos
da história do Sindusfarma foi o de registrar os marcos
da evolução da indústria farmacêutica no Brasil.
A incansável tarefa de manter unida e congregada a
categoria em torno de seus ideais, somente foi possível
graças à nobreza dos produtos fabricados e aqui
distribuídos, bem como de sua importância para a saúde
da sociedade brasileira.
Os esforços no desenvolvimento de pesquisas, na
industrialização, na comercialização, na distribuição e
na regulamentação dos medicamentos têm contribuído
de forma incontestável para o bem-estar de todos.
O sucesso da indústria farmacêutica no Brasil, e muito
especialmente o segmento paulista, deve-se a alguns
“mitos” e líderes que se destacaram.
A José Cândido Fontoura foi outorgada a tarefa de
organizar e criar o primeiro Sindicato da Indústria
Farmacêutica, sendo também a ele concedida a honra
de ser o seu primeiro presidente. A Fausto Spina,
idealista e empreendedor, que além de liderar a categoria
durante 24 anos, em sucessivas gestões na presidência
da entidade, coube o mérito de construir esta sede, da
qual nos orgulhamos.
Finalmente, cabe conotação especial aos líderes de
destaque, dentre os quais incluo Omilton Visconde e
Gianni Franco Samaja.
Omilton Visconde propugnou por uma readequação
das entidades representativas de nossa categoria e do
papel de cada uma delas. Suas convicções e ações em
muito contribuíram para um novo processo de
relacionamento dentro do setor empresarial, assim como
de suas relações com outras entidades e com organismos
governamentais.
Gianni Franco Samaja atuou de forma planejada e
organizada, ampliando os serviços prestados ao corpo
associativo, criando as bases de um forte e estreito
relacionamento da categoria, com especial destaque para
os assuntos científicos, tecnológicos e regulatórios.
Quero agradecer a todos que contribuíram e
colaboraram para a confecção deste compêndio
Sindusfarma, 7 décadas, na certeza de que esse fato se
traduz em um marco na história da entidade.
São Paulo, 24 de abril de 2003.
Omilton Visconde Júnior
Presidente
Laboratórios associados
Diretoria atual
Omilton Visconde Júnior
Presidente
Gianni Franco Samaja
1º vice-presidente
José Tadeu Alves
2º vice-presidente
Diretores - Efetivos
André Ali Mére
Eneas Couto Júnior
Ernest Egli
Hagop Armênio Barsoumian
José Roberto Ramos Sanchez
Márcia de Carvalho Santos
Maurizio Billi
Olinto Mascarenhas Marques
Theo Van Der Loo
Diretores - Suplentes
Albert Ros
Elói Bósio
Fernando de Castro Marques
Gerard Libercier
Giuseppe Tedeschi
Marcos Cortês Martins
Mário W. Mendes Finatti
Ogari de Castro Pacheco
Patrice Zagamé
Reinaldo Aparecido Mastelaro
Rubens José Paulella
Conselho Fiscal - Efetivos
Adolpho Augusto Cesar Finatti
Irapuan Mauricio de Oliveira
Pietro Benedetto Mascaro
Conselho Fiscal - Suplentes
João Pedrinelli
Levi de Almeida Nunes
Miguel Giudicissi
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Sindusfarma, 7 décadas
Abbott Laboratórios do Brasil Ltda
Ache Laboratórios Farmacêuticos S/A
Ajinomoto Interam Indústria e Comércio Ltda
Alcon Laboratórios do Brasil Ltda
Allergan Produtos Farmacêuticos Ltda
Altana Pharma Ltda
Apotex do Brasil Ltda
Apsen Farmacêutica S/A
Ariston Indústrias Químicas e Farmacêuticas Ltda
Asta Médica Ltda
Aster Produtos Médicos Ltda
Astrazeneca do Brasil Ltda
Ativus Farmacêutica Ltda
Auad Química Ltda
Aventis Behring Ltda
Aventis Pasteur Ltda
Aventis Pharma Ltda
Baxter Hospitalar Ltda
Bayer S/A
Beker Produtos Farmaco-hospitalares Ltda
Biolab-Sanus Farmacêutica Ltda
Blausiegel Indústria e Comércio Ltda
Boehringer Ingelheim do Brasil Química e Farmacêutica Ltda
Braskap Indústria e Comércio S/A
Brasterápica Indústria Farmacêutica Ltda
Bristol-Myers Squibb Farmacêutica Ltda
Bunker Indústria Farmacêutica Ltda
Cardinal Health Brasil 402 Ltda
Cazi Química Farma Indústria e Comércio Ltda
Cimed Indústria de Medicamentos Ltda
Colbras Indústria e Comércio Ltda
Cristália Produtos Químicos e Farmacêuticos Ltda
DM Indústria Farmacêutica Ltda
Eli Lilly do Brasil Ltda
Eurofarma Laboratórios Ltda
Eversil Produtos Farmacêuticos Indústria e Comércio Ltda
Farmácia e Laboratório Homeopático Almeida Prado Ltda
Farmalab Indústrias Químicas e Farmacêuticas Ltda
Farmion Laboratório Brasileiro de Farmacologia Ltda
Fontovit Laboratórios S/A
Fresenius Kabi Brasil Ltda
Fresenius Medical Care Ltda
Fundação para o Remédio Popular
Galderma Brasil Ltda
Genon Farmacêutica Ltda
Genzyme do Brasil Ltda
Glaxosmithkline Brasil Ltda
Grupo EMS Sigma Pharma
Hexal do Brasil Ltda
Hisamitsu Farmacêutica do Brasil Ltda
ICN Farmacêutica Ltda
Igefarma Laboratórios S/A
Indústria Química e Farmacêutica Schering-Plough S/A
Inpharma Laboratórios Ltda
Instituto Terapêutico Delta Ltda
Itafarma Importação e Exportação Ltda
J.P. Industria Farmacêutica S/A
Janssen Cilag Farmacêutica Ltda
Johnson & Johnson Indústria e Comércio Ltda
Laboratório Americano Farmacoterapia S/A
Laboratório Centroflora Ltda
Laboratório Eutherápico Len Ltda
Laboratório Farmacêutico Elofar Ltda
Laboratório Farmaervas Ltda
Laboratório Hepacholan S/A
Laboratório Sanobiol Ltda
Laboratórios Baldacci S/A
Laboratórios Biosintetica Ltda
Laboratórios Ferring Ltda
Laboratórios Galenogal Ltda
Laboratórios Gemballa Ltda
Laboratórios Klinger do Brasil Ltda
Laboratórios Osório de Moraes Ltda
Laboratórios Pfizer Ltda
Laboratórios Wyeth-Whitehall Ltda
Laboratório Tayuyna Ltda
Laob Bioquímicos Ltda
Latinofarma Indústrias Farmacêuticas Ltda
Libbs Farmacêutica Ltda
Luper Indústria Farmacêutica Ltda
Marjan Indústria e Comércio Ltda
Medley S/A Indústria Farmacêutica
Meizler Comércio International S/A
Merck Sharp & Dohme Farmacêutica Ltda
Minancora & Cia Ltda
Natureza Nativa Indústria de Alimentos Medicamentos e
Cosméticos Ltda
Neckerman Indústria Farmacêutica Ltda
Novartis Biociências S/A
Novo Nordisk Farmacêutica do Brasil Ltda
Octapharma Brasil S/A
Organon do Brasil Indústria e Comércio Ltda
Pharmacia Brasil Ltda
Probem Laboratórios de Produtos Farmacêuticos e
Odontológicos S/A
Procter & Gamble do Brasil & Cia
Prodome Química e Farmacêutica Ltda
Prodotti Laboratório Farmacêutico Ltda
Produtos Farmacêuticos Gunther do Brasil Ltda
Produtos Roche Químicos e Farmacêuticos S/A
Ranbaxy Farmacêutica Ltda
Royton Química Farmacêutica Ltda
Sankyo Pharma Brasil Ltda
Sanrisil S/A Importação e Exportação
Santa Casa de Misericórdia de Bauru
Sanval Comércio e Indústria Ltda
Schering do Brasil Química e Farmacêutica Ltda
Serono Produtos Farmacêuticos Ltda
Sidepal Industrial e Comercial Ltda
Solvay Farma Ltda
TRB Pharma Indústria Química Farmacêutica Ltda
UCI Farma Indústria Farmacêutica Ltda
União Química Farmacêutica Nacional S/A
United Medical Ltda
Weleda do Brasil Laboratório e Farmácia Ltda
Zambon Laboratórios Farmacêuticos Ltda
Zodiac Produtos Farmacêuticos S/A
Sindusfarma, 7 décadas
%
Esta galeria é uma
homenagem aos ilustres
líderes que emprestaram
sua inestimável visão
empreendedora ao
Sindusfarma
Galeria dos
Presidentes
Cândido Fontoura
Umbelino Lopes
Arnaldo Lopes
Antonio Caio Ribeiro dos Santos
José Pires de Oliveira Dias
Renato Purchio
1933
1934 - 1935
1936 - 1937 / 1942 - 1943
1955 - 1956
1957 - 1958
1959 - 1961
Fausto Spina
Omilton Visconde
Gianni Franco Samaja
1964 - 1988
1989 - 1994
1995 - 2000
Maximino Pires Franco
1938 - 1939
Pedro Romero
Domigos Pires de Oliveira Dias
Jayme Torres
Paulo Ayres de Almeida Filho
1940 - 1941
1944 - 1945
1946 - 1951
1952 - 1954
Tarquinio José Barbosa de Oliveira
1962 - 1963
O surgimento da Indústria Pharmaceutica
O marco do surgimento da indústria farmacêutica pode ser considerado o dia 13 de
março de 1877, quando os irmãos farmacêuticos Wyeth registraram nos Estados
Unidos os compressed tablets, comprimidos fabricados na máquina inventada por
William Brockedon, em 1843, na Inglaterra.
Grande parte dos medicamentos conhecidos na época era caseiro, resultado da
iniciativa de algumas pessoas que elaboravam medicamentos geralmente para
contribuir no tratamento de enfermidades que atingiam os membros da família.
A primeira fase da evolução da indústria farmacêutica vai até a I Guerra, em 1914.
No Brasil essa fase se caracteriza por dois fatos importantes: a incipiente importação
de medicamentos através de agentes, representantes ou concessionários, e o
aparecimento de especialidades farmacêuticas nacionais, apregoadas pelos
farmacêuticos ou preparadas nas embrionárias indústrias no fundo das boticas.
No Brasil, na Farmácia Popular, localizada na pacata cidade de Bragança
Paulista, nascia o “Biotônico”, que se tornaria, em pouco tempo, a mais
conhecida especialidade farmacêutica brasileira da época. A Farmácia
Popular era do farmacêutico Cândido Fontoura, diplomado pela antiga
Escola de Farmácia e Odontologia de São Paulo. Em 1915, veio para a
capital de São Paulo com a fórmula que ele mesmo havia desenvolvido,
fruto de seus estudos terapêuticos, e fundou o Laboratório Fontoura, no
qual se deu uma produção em grande escala.
Anúncios de produtos no início do século XX.
Sindusfarma, 7 décadas
Sindusfarma, 7 décadas
A reconstrução econômica do período pósguerra imputou grandes desafios no
cenário mundial. A quebra da bolsa de
Nova York em 1929 teve reflexos
indissociáveis no Brasil, cuja sociedade
vivencia na década de 30 o rompimento
da estrutura de poder da Primeira
República e a emergência de um Estado
forte, autoritário e centralizador, sob a
marca do getulismo.
1930
Os primeiros passos
da indústria
farmacêutica
brasileira
No plano da política social foram aprovadas medidas que beneficiavam os trabalhadores,
como a criação da Justiça do Trabalho, do salário mínimo, da jornada de trabalho de
oito horas entre outros direitos. As estruturas de saúde pública passaram por várias
reformas com a criação e especialização de órgãos e ampliação de suas funções, com o
objetivo de melhorar a difícil situação na área. Getúlio Vargas convidou algumas
indústrias estrangeiras a virem para o Brasil, na tentativa de viabilizar a implantação
de uma política de medicamentos para uma crescente população.
As indústrias farmacêuticas acabaram sobrepujando as farmácias, principalmente por
causa da produção de medicamentos com nomes fantasia, levando em conta que seus
representantes comerciais agiam diretamente nos consultórios médicos. Os
farmacêuticos passaram a procurar emprego nessas indústrias ou a criar laboratórios
de análises clínicas.
Sindusfarma, 7 décadas
Apesar dos esforços do governo, a crise econômica pela qual
o país atravessa é considerada por muitas pessoas como a
pior da sua história. Começa uma verdadeira enxurrada de
leis e portarias que tendem mais a complicar do que a
esclarecer os problemas. As dificuldades de sobrevivência
continuam a condenar muitas empresas e, conseqüentemente, muitos empregos.
As greves pipocam aqui e ali nas cidades com maior concentração de população,
ao mesmo tempo em que cresce a ação sindical. No discurso dos governantes,
o país vive sob a bandeira da livre iniciativa e da competição própria do
mercado capitalista.
As atividades de certos setores, no entanto, são tolhidas
pelos órgãos do governo, prejudicando-lhes seu
desenvolvimento, como é o caso da indústria farmacêutica,
largamente deficitária em muitos de seus segmentos.
Contrariando todas as perspectivas, os laboratórios
Fontoura, Paulista de Biologia e Silva Araújo, entre outros, ao lado da
sucursal da Rhone Poulenc do Brasil, foram os responsáveis pela
liberação da importação de especialidades farmacêuticas, como
comprimidos, drágeas, injetáveis e xaropes, provenientes sobretudo da
França, Inglaterra e Itália.
Sindusfarma, 7 décadas
!
A primeira ata, datada de 26 de abril de 1933
"
Sindusfarma, 7 décadas
”Syndicato
dos Industriaes de Productos
Chimicos e Pharmaceuticos
Acta de Installação
Aos vinte e seis dias de Abril do anno de mil e
novecentos e trinta e tres, nesta cidade de São
Paulo (Estado de São Paulo) à rua Quintino
Bocayuva numero quatro, reunidos trinta e
dois industriaes de productos chimicos e
pharmaceuticos representando grande classe
digo parte da referida classe, o senhor
Valentim Giolito, convida os presentes a
designarem um Presidente para dirigir os
trabalhos da reunião, sendo acclamado o
senhor Decio digo Pharmaceutico Candido
Fontoura, que convida para constituirem a
meza os senhores Arnaldo Lopes e Jacomo
Pelosi, abaixo assignados, para Secretarios.
O senhor Candido Fontoura com a palavra,
communica aos presentes o fim da reunião e
mostrando as vantagens que decorrerão
para a classe com a sua organisação em
syndicato, de accordo com o decreto numero
dezenove mil setecentos e setenta, de dezenove
de Março de mil novecentos e trinta e um,
propõe seja considerado installado o
Syndicato de Productos Chimicos e
Pharmaceuticos sendo a sua proposta
unanimemente approvada.
Em seguida, procede-se à aprovação dos
estatutos, sendo os mesmos approvados,
artigo por artigo.
Nada mais havendo a tratar e nenhum
dos presentes querendo fazer uso da
palavra, o senhor Presidente dá por
encerrada a secção e eu, Jacomo Pelosi,
lavro a presente acta, que vae por mim
datada e assignada.
São Paulo, 26 de Abril de 1933.
Jacomo Pelosi, Secretario
C. Fontoura, Presidente
Arnaldo Lopes, secretario.”
1933
Indústria em crise,
crescem os
movimentos
populares, as greves
pipocam. Nasce o
sindicato
É neste cenário e sob essa conjuntura econômica que nasce
o sindicato da indústria farmacêutica, a primeira entidade
de classe do setor no Brasil. Inicialmente contava com
apenas 32 laboratórios associados.
Vamos então, lembrar sua
história
Rua Quintino Bocaiúva, local da primeira sede.
O Sindusfarma foi criado na década de 30, num momento
de plena discussão sobre a regularização das organizações
sindicais, por meio do Decreto-Lei nº 19.770, que definia o
sindicalismo como um órgão de colaboração e cooperação
do Estado.
No dia 26 de abril de 1933, um grupo de 32 representantes
da emergente indústria farmacêutica paulista se reunia na
rua Quintino Bocaiúva, nº 4, no centro de São Paulo, para
fundar o Syndicato dos Industriaes de Productos Chimicos
e Pharmaceuticos. O senhor Cândido Fontoura, respeitável
empresário do setor, proprietário do Laboratório Fontoura,
e responsável pelo conhecido e aclamado Biotônico Fontoura,
é eleito presidente da nova entidade. Espelhando-se na recente
criação de outras entidades semelhantes, Fontoura
demonstrou as vantagens de o setor farmacêutico se organizar
numa representação de classe.
Sindusfarma, 7 décadas
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1940
A II Guerra ajuda na
formação da indústria
farmacêutica brasileira
O pioneirismo de Cândido Fontoura
e seu espírito de luta ajudaram a
alavancar seus negócios, como
também o crescimento das
atividades e do quadro de
associados do sindicato.
O sindicato foi criado com o principal objetivo de estudar,
coordenar e proteger legalmente a categoria, assim como
colaborar com os poderes públicos e demais associações,
buscando a solidariedade social e o atendimento dos interesses
nacionais. Até 1939, a indústria farmacêutica no Brasil era
inexpressiva. Em sua maioria, os medicamentos vinham
prontos do exterior e, entre eles, estavam não só os produtos
considerados científicos, mas
também os populares, como, por
exemplo, o bicarbonato de sódio.
Com a explosão da II Guerra Mundial, os países
diretamente envolvidos no conflito suspenderam suas
exportações, dedicando-se à fabricação de material
bélico e, com isso, o mercado brasileiro passou a ter
dificuldades para atender às necessidades internas de
medicamentos. Foi então que algumas empresas
pioneiras decidiram fabricá-los, inicialmente de forma
acanhada e em seguida com crescente desenvoltura, até
ganhar mercado e estabelecer-se definitivamente.
O governo, por sua vez, foi proibindo a importação
de produtos acabados, o que levou muitas empresas
exportadoras a se estabelecerem no Brasil, trazendo
seu know-how e capital financeiro.
Desse modo, as mais recentes descobertas passaram a
ser lançadas simultaneamente com os seus países de
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Sindusfarma, 7 décadas
origem. A própria indústria de base sofreu
influências benéficas e o setor industrialfarmacêutico, que requer mão-de-obra
especializada, também foi impulsionado por efeito cascata. Isso quer dizer que houve mais
desenvolvimento para as indústrias subsidiárias, como as fábricas de ampolas, de frascos de vidro,
de material de embalagem entre outras.
Ainda revendo a história, após a queda de Getúlio Vargas, seguiu-se um intenso movimento de
entrada de capitais estrangeiros, inclusive das indústrias químico-farmacêuticas e de alimentos. Na
área de medicamentos, foi publicado o Decreto nº 20.397/46 para regulamentação da indústria
farmacêutica. Esse decreto continha normas para controle de produtos - especialidades farmacêuticas,
produtos artesanais e biológicos, disposições especiais sobre psicotrópicos e entorpecentes, normas
relativas a produtos químico-farmacêuticos, anti-sépticos, desinfetantes, de higiene e cosméticos - e
regras para o funcionamento dos laboratórios fabricantes, tais como a licença prévia e a responsabilidade
técnica. Apresentava, ainda, regras sobre propaganda, fraudes, análises fiscais, sanções para os infratores,
colisão do nome e da marca, além de cópia de fórmulas em produtos similares.
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1950
Grupos estrangeiros
querem participar de
um mercado em
ascenção
A penicilina purificada era
acondicionada
automaticamente em
condições de perfeita
esterilidade.
Com o surgimento dos antibióticos, a
partir de 1944, ainda durante a II Guerra
Mundial, os nossos principais laboratórios
passaram a ser concessionários dos
fabricantes de penicilina e de outros
antibióticos. Foi o começo de novas
associações entre empresas nacionais e
estrangeiras para a fabricação no mercado
brasileiro desses medicamentos.
A conveniência era recíproca: enquanto
os laboratórios nacionais queriam dominar uma nova tecnologia aplicada
aos fármacos - a das fermentações, hoje mais conhecida por biotecnologia -,
os grupos empresariais estrangeiros queriam participar de um mercado em
ascensão, com mais de 50 milhões de consumidores em potencial.
No início dos anos 50, a indústria farmacêutica brasileira já
produzia e exportava a penicilina
No início da década de 50, a Rhodia já fabricava a penicilina, dominando
a nova tecnologia de fermentação.
Nessa mesma época, Cândido Fontoura e seu filho Olavo, também farmacêutico
da antiga Faculdade de Farmácia e Odontologia de São Paulo, associaram-se
com os sucessores dos irmãos Wyeth para que surgisse a Indústria Farmacêutica
Fontoura-Wyeth. Em 1954, foi inaugurada a moderna fábrica de antibióticos
na Via Anchieta, em São Paulo, que contou, nesta cerimônia, com a presença
do descobridor da penicilina, Sir Alexander Fleming.
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Sindusfarma, 7 décadas
Sindusfarma, 7 décadas
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Em meados da década de 50 havia no país 525
indústrias farmacêuticas, sendo 31 grandes, 92
médias e 402 pequenas, distribuídas,
principalmente, entre os estados do Rio de
Janeiro e São Paulo. Na época, com a morte de
Getúlio Vargas, em 1954, o Brasil vivia nova e
intensa crise política.
desenvolvimento, com um nacionalismo latente que
abriu o país ao capital externo, promovendo a
transferência de indústrias e tecnologia para o Brasil.
Em 1956, porém, a eleição de Juscelino
Kubitschek para a presidência estabiliza a
situação e inaugura um período de grande
Novas indústrias farmacêuticas foram criadas e
outras ampliadas, novos e revolucionários
medicamentos foram descobertos. As características
do mercado se modificavam rapidamente, tendo
início uma fase de competição aguda.
Um programa de 30 metas era resumido num slogan
otimista – “50 anos em 5”. Em 19 de setembro de
1956 era sancionada a lei que autorizava o Executivo
a construir Brasília, a Capital da Esperança.
Os investimentos maciços da indústria de
base alavancaram o desenvolvimento fabril
e incentivaram novos investimentos por
outros segmentos.
Sindusfarma, 7 décadas
Sindusfarma, 7 décadas
Apesar do desenvolvimento empreendido por JK, e da
transferência de tecnologia por parte das empresas que
chegaram do exterior, a indústria farmacêutica continuou a
maior parte dos anos 60 e as duas décadas seguintes sob o
estigma do controle oficial de preços. Os anos 60 também se
caracterizaram por inúmeras fusões de laboratórios – os
maiores, internacionais, absorvendo os menores, nacionais.
Como registro da política de controle de preços, no princípio
dos anos 60 a Sunab não recua com o decreto de tabelamento
em todo o país. E, pouco antes da revolução de 1964, há
uma ameaça de intervenção oficial no setor.
Após 21 anos de dura vigilância o setor experimentou, no
período 1963-1965, o gosto da liberdade de administração
de preços. O descontrole nos reajustes, porém, provocou
muitas críticas da sociedade e colocou novamente os
laboratórios sob amarras do Conselho Interministerial de
Preços - CIP.
A indústria farmacêutica nacional sofreu mais as
conseqüências do longo período de crise gerada pela
Sindusfarma, 7 décadas
1960
O gosto passageiro
da liberdade de
preços
corrosiva inflação e controle de preços. Em 1969, os laboratórios europeus
e americanos detinham 82% das vendas no mercado nacional, contra 18%
das empresas nacionais.
De modo geral, porém, eram evidentes os sinais de desenvolvimento do mercado
que produzia, no final da década de 60, 98% dos medicamentos prescritos pela
classe médica no país. Haviam, então no Brasil, 450 empresas farmacêuticas.
Com o desenvolvimento do mercado, a questão das patentes torna-se cada vez
mais incômoda para o setor. Em 1969, Brasil, Itália, Eritréia, Turquia e Iraque
são os únicos países que não concedem patente de qualquer tipo para fins
farmacêuticos.
Fausto Spina, ao centro, com um grupo de convidados, entre eles Tarcílio Neubern de Toledo, João Baptista
Domingues, Renato Purchio e Júlio S. de Toledo.
Dr. Fausto Spina em companhia de Waldemar Bier e Renato Nogueira.
Convidados presentes à
solenidade de posse da
diretoria, em abril de 1966.
Sindusfarma, 7 décadas
!
1970
"
Sindusfarma, 7 décadas
Sob a ditadura militar, os anos 70 começam com grande otimismo
na economia, movimentada pelo tripé: empresas estatais, privadas
e estrangeiras. Em 1973 o país exportava US$ 6,2 bilhões, o que
correspondia a uma taxa anual de crescimento de 32%. O “milagre
brasileiro” das exportações era alimentado pela grande expansão
do comércio internacional, política cambial flexível, com
desvalorização continuada do cruzeiro. Mas, se a economia ia
bem, o povo ia mal, segundo comentário do próprio general
Garrastazu Médici. A indústria
famacêutica crescia com a entrada de
capitais estrangeiros, mas internamente
padecia das dificuldades de sempre,
aumentadas em 1975 com uma
resolução que exigia depósito prévio do
valor da importação por 12 meses.
A indústria
farmacêutica crescia
com o dinheiro de
fora, mas padecia de
males internos
Nesse ambiente, ainda otimista do
“milagre brasileiro”, é promulgada em
1976 a Lei nº 6.360 e depois editado o
Decreto nº 79.094, que revogaram os dipositivos estabelecidos
na legislação de 1946 sobre as indústrias farmacêuticas e sobre os
critérios de registro de medicamentos. O Decreto nº 79.094, com
uma série de requisitos extraordinários, especialmente pela
inclusão da faixa vermelha nas embalagens dos produtos de venda
sob prescrição médica, não contemplada na própria Lei nº 6.360,
quase gerou uma convulsão nos laboratórios.
Jantar de confraternização em
comemoração do 40º
aniversário da entidade em 26
de abril de 1973.
Sindusfarma, 7 décadas
#
Um sonho a caminho da realização
Diretoria do sindicato que aprovou a
compra do terreno.
Da esquerda para a direita, em cima:
Alcebíades Mendonça Athayde,
Arnor Gomes da Silva, Armando
Carnavale, Xerxes Rodrigues de
Carvalho, Mário
Carlos Monteiro,
Domingos Schiavo.
Em baixo, no
mesmo sentido:
Ary Fernandes,
Fausto Spina,
Waldir Sansoni e
Oswaldo Romano
Ato solene da assinatura do Dr. Fausto Spina, na compra do terreno da rua Alvorada, para a
construção da sede própria.
$
Sindusfarma, 7 décadas
Intimamente, desde que assumira pela
primeira vez a presidência do sindicato, Fausto
Spina se dedicou a realizar um projeto. Era
como um sonho que passou a ser embalado
diuturnamente até
transformar-se em
realidade no ano de
1981. Contando
com seus principais
instrumentos - o
idealismo e um
Livro de Ouro que
o acompanhou
desde 1975 -, ele foi angariando verba dos
associados mais participativos, até que foi
possível adquirir um terreno e posteriormente
executar a obra de construção da própria sede.
1975
O Livro de Ouro registrou a peregrinação do
presidente pelas empresas associadas, que
contribuíam com o que podiam.
Esse princípio de participação é em síntese a
razão da existência do sindicato. As partes,
juntas, têm mais força e poder de realização,
concentrando esforços em benefício comum.
Sindusfarma, 7 décadas
%
Nos anos 80 a retomada da democracia cria um ambiente de
extrema confiança na capacidade do país. Apesar das
perspectivas otimistas, o Plano Cruzado e o congelamento de
preços sufocam a indústria farmacêutica. Muitos laboratórios
estrangeiros foram embora, alguns foram vendidos para
indústrias nacionais. As
empresas que continuaram
em atividade pararam de
produzir matérias-primas,
pois tornou-se mais barato
adquiri-las no exterior.
1980
O mercado sofreu grande
oscilação. As 600 empresas
do setor farmacêutico existentes no Brasil em 1967 ficaram
reduzidas a cerca de 400 em 1982. Para exercer com mais força
sua representatividade, o sindicato continua a luta por seu
próprio espaço. Está próximo o dia em que terá sua sede, de
onde sairiam as principais decisões e conquistas da categoria
nas décadas seguintes.
&
Sindusfarma, 7 décadas
Laboratórios
deixam o Brasil.
O sindicato luta
para se fortalecer
À esquerda, Theobaldo de Nigris, na época presidente da Fiesp, e convidados.
Em fevereiro de 1980, o sindicato realizou
sua primeira reunião de posse de diretoria
na sede ainda em construção.
Sindusfarma, 7 décadas
'
23 de abril
1981
Finalmente, a sede própria
A partir de 1982, todos os eventos
do sindicato passaram a acontecer
num só endereço. O sindicato
sempre havia abrigado seus
associados em sedes alugadas, nem
sempre adequadas às suas exigências.
Primeiro a rua Quintino Bocaiúva,
depois a XV de Novembro,
posteriormente a dos Ingleses e a
alameda Ribeirão Preto. Somente
nesse ano de 1981 a entidade pôde
festejar a inauguração de sua casa própria, situada à rua Alvorada, 1280, Vila Olímpia, onde permanece até hoje.
No evento de inauguração, em 23 de abril de 1981, foi descerrada a placa inaugural que nomeou o prédio como
Edifício Fausto Spina, numa homenagem ao então presidente do sindicato, em reconhecimento aos relevantes
serviços prestados em várias gestões à frente da entidade, sobretudo o esforço pela construção da sede.
!
Sindusfarma, 7 décadas
Sindusfarma, 7 décadas
!
1989
Após 24 anos consecutivos de
mandato, Fausto Spina transmite a
presidência a Omilton Visconde, que
proporcionaria o início de uma
próspera fase, com profundas
mudanças no sindicato.
Omilton Visconde ao centro,
acompanhado de Roberto Santucci,
Adalmiro Dellape Baptista, Xerxes de
Carvalho e Basílio Scavarelli.
!
Sindusfarma, 7 décadas
Sindusfarma, 7 décadas
!!
1990
Com a liberação dos preços no início do governo
Collor, os anos 90 começaram com grande
otimismo e promessas de modernização da
indústria e novas regras para o mercado. Nesse
período em que surgiram os medicamentos
genéricos, o Sindusfarma teve um papel decisivo
no controle dos reajustes de preços por parte da
Modernização e novas
regras para o mercado
indústria, após um longo e duro período
de contenção oficial. Várias indústrias
começaram a voltar e ainda estão chegando
ao Brasil, atraídas principalmente pela
estabilidade da moeda e o controle da inflação.
Consciente da importância da nova fase iniciada
pelo Brasil, as empresas associadas ao
Sindusfarma adotaram em 1990 algumas
medidas visando contribuir com o pacto social
que se estabelecia, como a manutenção do nível
de emprego por 90 dias, manutenção de preços
relativos durante o mesmo período. Sem contar
ainda com a colaboração para a implantação de
um sistema de atendimento às necessidades
básicas de medicamentos da população sem
acesso ao mercado consumidor.
Finalmente, na década de 90 extingue-se o CIP
e surge a URV, precedendo o Real. Dá-se aí uma
nova fase da indústria farmacêutica, com
Posse de Omilton Visconde na
presidência para o triênio 1992 1994, com a presença de Orestes
Quércia e Michel Temer.
!"
Sindusfarma, 7 décadas
Cerimônia de posse de Gianni Franco Samaja, em 1998 com a presença do Sr. Eduardo Moreira Ferreira.
renovação do parque industrial, participação das entidades na
discussão dos regulamentos para a indústria farmacêutica no Mercosul.
Com o processo de globalização, inicia-se a internalização de
regulamentos emitidos pela OMS (Organização Mundial da Saúde)
para a fabricação de medicamentos com a nova edição das Boas Práticas
de Fabricação, assim como de outros regulamentos editados por
instituições internacionais, como o caso da ICH (International
Conference on Harmonisation), que influenciou e está influenciando
consideravelmente a legislação brasileira. É na década de 90 que surge
a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e a legislação
de medicamentos genéricos, alterando significativamente o sistema
de vigilância sanitária, e a introdução da categoria de medicamentos,
de acordo com critérios internacionais.
Sindusfarma, 7 décadas
!#
À esquerda, Gianni Samaja e
Roberto Campos. À direita,
Samaja e Adib Jatene, na
cerimônia comemorativa do
63º aniversário do sindicato,
em 26 de abril de 1996.
ATA DA REUNIÃO DE DIRETORIA DE 21.03.2000.
... 2. Decisão sobre a nova Logomarca do sindicato. Foi apresentado o conjunto de
impressos do SINDUSFARM, contendo a aplicação da nova logomarca. A manifestação da
diretoria foi unânime em considerar o material como muito distinto, elegante e ao
mesmo tempo atualizado em relação aos critérios em uso de comunicação. Desta
maneira, serão iniciados os trâmites para implementação do material gráfico. 3.
Novas instalações do sindicato. Dr. Gianni manifestou sua alegria ao recepcionar os
companheiros na nova sala da Diretoria, que foi projetada para oferecer maior
comodidade e conforto...
Engajado em constante processo de atualização, o Sindusfarm, como era chamado o
sindicato até 2000, necessitava superar-se, com o firme propósito de manter sua liderança
e eficiência nos serviços. Essa foi a tônica da entrada no novo século: uma visão de
futuro. E isso implicava mudanças. Inicialmente foi feita a reforma do prédio e a aquisição
de melhores equipamentos, seguidos de um novo
organograma para viabilizar serviços mais ágeis e eficazes.
Ficou decidido que seria necessária também a atualização
da imagem corporativa. Assim foram inseridos boletins
eletrônicos, sites e novos materiais de apresentação.
Roberto Santucci, Adib
Jatene, Gianni Samaja,
Rubens Macedo e
Lauro Moretto.
Novos programas de capacitação foram implementados,
como a criação do prêmio FCE-Sindusfarma, de
2000
O nome expresso no antigo
logotipo surgiu da simplificação
nas mensagens telegráficas, muito
utilizadas pelo sindicato.
A visão
do futuro
excelência no fornecimento de embalagens (primárias e secundárias), de matérias-primas
e de transportes de produtos acabados, para a indústria farmacêutica. O objetivo principal
foi o de fomentar a capacitação tecnológica dos produtos, serviços e recursos humanos
dos fornecedores da indústria farmacêutica e a adoção do "Manual de Qualificação de
Fornecedores", sob a coordenação de Lauro Moretto.
O prêmio Techno Plus Sindusfarma de excelência no fornecimento de máquinas é
outorgado aos melhores fornecedores de máquinas e equipamentos para a indústria
farmacêutica.
!$
Sindusfarma, 7 décadas
Sindusfarma, 7 décadas
!%
Publicações do Sindusfarma
À esquerda, os antigos
boletins impresso em
papel off set, copiado e
distribuído por correio.
À direita, o boletim
atual, eletrônico,
enviado pela web.
Roteiro de Inspeção em
Indústria Farmacêutica
Manual de Qualificação de
Fornecedores
Boas Práticas
de Fabricação
Denominações
Comuns Brasileiras
Boas Práticas
de Fabricação
Manual de Qualificação de
Fornecedores
1995
1995
1998
1998
1999
1999
Prêmio FCE-Sindusfarma, de excelência no
fornecimento de embalagens e prêmio
Techno Plus Sindusfarma de excelência no
fornecimento de máquinas.
Mercosul - Legislação para a
Indústria Farmacêutica
Farmacovigilância
2000
2001
!&
Sindusfarma, 7 décadas
Medicamento
Genérico
de Laboratório
Boas Práticas
Guia de Auto-Inspeção de BPF
na Indústria Farmacêutica
de Fabricação
Boas Práticas
2001
2001
2001
2001
Sindusfarma, 7 décadas
!'
A reforma do prédio e a aquisição de equipamentos possibilitaram ao sindicato prestar
serviços de melhor qualidade, abrigando eventos de grande importância e sediando reuniões
com os representantes dos órgãos públicos, associados e imprensa.
Em 2001, o Sindusfarma abrigaria em suas
instalações o Grupo Pró Genéricos. Criado em 24
de janeiro daquele ano, tinha como principal
objetivo estabelecer condições básicas para o
desenvolvimento, consolidação e ampliação do
mercado de produtos farmacêuticos genéricos no
país. Colaborou, também, com os poderes públicos
e demais associações e entidades ligadas ao setor.
"
Sindusfarma, 7 décadas
O novo auditório do Sindusfarma é um
importante centro de convergência e
divulgação de conhecimentos para a
indústria farmacêutica.
Sindusfarma, 7 décadas
"
Encontro com a Agência
Nacional de Vigilância
Sanitária.
Fevereiro de 2000.
Recentemente houve uma reordenação na forma de
representação do setor farmacêutico brasileiro com a criação da
Febrafarma - Federação Brasileira da Indústria Farmacêutica
(substituta da Abifarma), que assumiu o papel de porta-voz das
decisões coletivas da indústria farmacêutica. Com a mudança, o
Sindusfarma assumiu atribuições mais específicas, atuando com
uma estrutura mais ágil e dentro de um contexto federativo, dando
continuidade, porém, ao seu intensivo trabalho de contribuir para a evolução
permanente da qualidade dos produtos farmacêuticos e o atendimento das
expectativas da classe médica e da população. Nesse sentido, mantém seu
tradicional papel de contribuir tecnicamente para a qualificação da mão-de-obra
industrial. Essa visão representa um diferencial importante para o desenvolvimento
dos negócios, tanto dos seus associados como de toda a cadeia produtiva do setor
farmacêutico.
Posse de Omilton Visconde Júnior
na presidência em 2001, com a
presença de Gianni Samaja Franco,
Gonzalo Vecina Neto e Arlindo
Chinaglia.
Cerimônia da assinatura da Carta de Intenções entre o Ministério da Saúde, a Anvisa e o Sindusfarma, que
proporia um grupo de trabalho e novas atribuições para todo o setor farmacêutico e os órgãos públicos.
"
Sindusfarma, 7 décadas
Sindusfarma, 7 décadas
"!
Desafios
Entre os principais desafios do Sindusfarma está a busca de um novo
posicionamento para a indústria farmacêutica, de forma a permitir que o seu
relacionamento com os órgãos do governo e com toda a sociedade sejam
pautados pelo correto entendimento das características da sua atuação e da
sua importância para o país – seja sob a ótica da saúde pública, seja do ponto
de vista da sua contribuição para o PIB nacional.
""
Sindusfarma, 7 décadas
Sindusfarma, 7 décadas
"#
Omilton Visconde Júnior
Omilton Visconde Júnior, presidente do
Sindusfarma (período 2000-2003), é também
presidente dos Laboratórios Biosintética Ltda. e
membro do Conselho de Desenvolvimento
Social e Econômico criado pela Presidência da
República do atual Governo. Economista e
empresário, nasceu em Bauru, SP, em 1952.
Depoimentos
de quem viu e fez a história do sindicato
"$
Sindusfarma, 7 décadas
“O Sindusfarma foi fundamental
no processo de mudança
representativa”
“Após o mandato do Dr. Gianni Samaja,
assumi a presidência do Sindusfarma num
momento de grande transformação do setor. E
o sindicato teve intensa atuação nesse processo
de mudança como uma entidade de
representação dinâmica na busca de soluções
para o setor.
A mudança era fundamentalmente
necessária. Hoje o Brasil está inserido num
ambiente regulatório, legal, mercadológico,
totalmente diferente do passado e a procura de
uma nova postura nesse ambiente era questão
de sobrevivência.
Nosso setor sempre foi historicamente
representado por uma série de entidades que
tratavam de políticas muito específicas, e a
pulverização representativa nos tornava fracos
diante dos órgãos governamentais. Com a
criação da Febrafarma, as decisões coletivas hoje
são tomadas por toda a indústria, de forma
coesa, o que nos fortalece.
Com essa nova configuração houve uma reorganização de
atribuições das entidades e o Sindusfarma se estruturou de uma
forma diferente, definindo melhor suas atribuições dentro do
contexto da federação.
Hoje temos, por exemplo, um acordo com o Governo para
buscar resoluções novas, num diálogo aberto, que significa um
notável avanço. Se analisarmos a situação de um ano atrás, sob
controle de preços, estamos hoje numa posição que oferece
expectativas melhores para todos. O setor deve assumir uma
responsabilidade até maior de levar adiante novos projetos.
Com sua força, o Sindusfarma foi fundamental nesse processo,
sempre sob comando de pessoas de expressão política, sendo
também o grande balizador das mudanças. Se não tivéssemos
abraçado essa causa importante, não teríamos conseguido chegar
a um consenso. Vejo o sindicato como uma entidade facilitadora
de todo esse processo que inclui ações compartilhadas para
soluções integradas. E, sob essa visão, o Sindusfarma ganhou muito.
O Sindusfarma é uma entidade inserida dentro da discussão da
indústria farmacêutica, e seu papel no futuro será basicamente
identificar e buscar soluções para os problemas de amplitude
nacional, trabalhando juntamente com o governo e com a
sociedade, criando um ambiente saudável. Nosso setor é
pressionado em qualquer parte do mundo, mas num país desigual
como o Brasil, a relação custo-benefício do medicamento fica ainda
mais desequilibrada. As pessoas ficam doentes, tomam remédio,
curam uma doença, aliviam a dor, mas não conseguem fazer uma
relação efetiva entre o preço que se paga e o benefício que se tem.
Assim, a possibilidade que nós temos de construir algo novo
depende, entre outras coisas, de um setor forte trabalhando
conjuntamente, porque não podemos chegar a nenhuma solução
sustentável isoladamente.”
Sindusfarma, 7 décadas
"%
Gianni Franco Samaja
Gianni Franco Samaja tem uma história de longa
militância no Sindusfarma. Atualmente é vicepresidente da entidade, já ocupou outros cargos de
diretoria e foi presidente da entidade, por seis anos,
no período entre 1995 e 2001. Economista e
administrador de empresas, começou a trabalhar na
indústria farmacêutica em 1955. Em 1960 adquiriu
com mais dois sócios o Farmasa – Laboratório
Americano de Farmacoterapia S.A., onde trabalhou
por 40 anos e atualmente é presidente do Conselho
Deliberativo.
“Nossa organização está altamente
profissionalizada”
“Quando fui vice-presidente do Sindusfarma
entre 1993 e 1995, o presidente era Omilton
Visconde, uma pessoa fantástica. Ele conseguiu
aglutinar e mudar toda a orientação do sindicato e
para isso teve o apoio até o fim de seu antecessor
Fausto Spina, que havia comandado o sindicato por
mais de duas décadas. Conheci muitos dos
presidentes antigos - eles carregavam o sindicato
nas costas. Faziam tudo sozinhos ou traziam gente
dos laboratórios deles para fazer o serviço. Eram
abnegados.
As mudanças aconteceram em todos os níveis e
hoje nossa organização está altamente
profissionalizada. O sindicato serve de orientação, de
suporte científico, suporte técnico, principalmente
para os pequenos associados que não têm esses
recursos em sua estrutura.
As relações de trabalho com o sindicato dos
"&
Sindusfarma, 7 décadas
Ciro Mortella
trabalhadores são de excelente nível; nós ouvimos, eles nos
ouvem, discutimos num bom nível.
Temos gente capaz em todos os setores: o corpo jurídico é
muito bom, o corpo técnico é muito bom, a parte administrativa
é muito boa. Além disso, temos normalmente, uma vez por mês,
uma pessoa do exterior dando cursos sobre legislação,
mostrando o que está sendo feito fora do país.
Quando foram introduzidos pela ANVISA, os novos
regulamentos de Boas Práticas de Fabricação, as indústrias
tiveram necessidade de se adaptar rapidamente e o sindicato
assumiu a liderança em buscar especialistas no exterior, que em
muito contribuíram para solução dos caminhos a ser adotados
pela indústria. Adaptar-se aos novos critérios de fabricação de
medicamentos é imprescindível à indústria farmacêutica
brasileira. Espera-se, assim, que haja um nivelamento gradual
aos existentes na América do Norte e na Europa.
Ciro Mortella, presidente executivo da
Febrafarma, Federação Brasileira das Indústrias
Farmacêuticas desde que foi criada, em 14 de
junho de 2001, ex-presidente da Abifarma –
Associação Brasileira das Indústrias
Farmacêuticas, entidade que deu origem à
Federação. Nascido na Itália em 1957, na cidade
de Nápoles, veio para o Brasil com 6 anos de
idade. Em 1980 retornou ao seu país de origem
para atuar na indústria farmacêutica, voltando
oito anos depois para assumir a direção de uma
empresa italiana aqui estabelecida. Em 2000 foi
empossado na Presidência Executiva da
Abifarma. Estudou em Milão.
“Sindusfarma teve papel relevante
no processo de mudança
representativa”
implicará em maior nível de exigência por parte de seus ´clientes´.
Com a nova definição de papéis, a Febrafarma assume o papel de
encaminhar determinadas interlocuções, principalmente com o
governo e com a própria sociedade (poderes Legislativo e Judiciário,
consumidores, ONGs, comunidade acadêmica, imprensa etc), que
não entendia a razão da fragmentação representativa que existia
em nosso setor.
E hoje, que temos um governo que gosta da consulta à
sociedade, isso fica mais fácil. Não é à toa que um dos setores que
melhor conversa com o Governo atualmente é o setor farmacêutico.
Foi o primeiro setor a fazer um acordo com ele para resolver um
problema emergencial, que era a questão dos reajustes de preços
frente a uma inflação que poderia ser complicada logo no início do
mandato. Com essa nova postura o setor industrial de
medicamentos deve fazer a defesa dos seus interesses de uma
forma transparente, sem nenhum medo de dizer que temos e
defendemos esses interesses, permitindo que se desmistifique um
pouco essa idéia de que o fabricante de remédios é inimigo da
saúde, sendo que se dá exatamente o contrário.”
“Não foi fácil passar pelo processo de
transformação do setor representativo da
indústria farmacêutica. A história mostra que, se
as mudanças são significativas, elas costumam
ser difíceis de se realizar e de se consolidar. O
Sindusfarma teve um papel relevante nessa
passagem, principalmente devido a sua força,
sua estrutura organizacional e seus múltiplos
recursos de prestação de serviços ao setor. De
acordo com essa configuração representativa
mais contemporânea, a atuação de uma
entidade estadual estruturada como o
Sindusfarma será melhor direcionada e
potencializada, o que certamente também
Sindusfarma, 7 décadas
"'
Plínio Gilberto Spina
Plínio Gilberto Spina, paulistano, nascido em
1931, formado em farmácia, entrou para o
mundo farmacêutico aos 16 anos pelas mãos de
seu pai, Fausto Spina, ex-presidente do
Sindusfarma. Trabalhou em indústrias
farmacêuticas durante 50 anos. Foi membro de
uma comissão no sindicato e militou no
Conselho Regional de Farmácia e na União
Farmacêutica de São Paulo.
“Meu pai, devagarinho, começou a
pertencer ao sindicato como
secretário, depois foi indo até que
assumiu a presidência e ficou...”
“Meu pai nasceu em São Paulo, no Brás, o
bairro dos italianos. Meu avô era calabrês, tido
como muito “brabo”, como todos os calabreses.
Mas meu pai não era assim, era um homem
muito político, até o chamavam de “bagre
ensaboado”. Meu avô tinha uma pequena
indústria de calçados. Era lá na rua do Gasômetro,
no Brás. E, com muito sacrifício, deu a
oportunidade a meu pai de freqüentar um curso
superior e obter seu diploma na Faculdade de
Farmácia de São Paulo, que não cobrava
mensalidade.
E meu pai aí começou a trabalhar como
propagandista na Rhodia. Depois foi para o
Laboratório Torres, que era de um amigo dele, o
Jaime Torres, e que também foi presidente do
sindicato. E meu pai, “devagarinho”, começou a
#
Sindusfarma, 7 décadas
pertencer ao sindicato como secretário, depois foi indo até que
assumiu a presidência e ficou...
Como ele já tinha o Laboratório Yatropan, dividia seu tempo,
ficava um pouco no laboratório, um pouco no sindicato.
Devido à hipertensão, teve de diminuir sua atividade no
laboratório, quando eu gradualmente o substituí em seus afazeres,
mas sempre sob sua supervisão, porque ele conhecia muito.
Depois surgiu uma multinacional que comprou nosso
laboratório e papai teve uma vida mais tranqüila economicamente
e pôde então se dedicar integralmente ao sindicato. Isso foi nos
anos 60. E aí ele só se dedicava à entidade; viagem para cá, para lá,
reuniões nos sindicatos do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, com
grupos de professores de farmácia para troca de idéias sobre novos
fármacos que poderiam ser desenvolvidos, principalmente a partir
da nossa flora. O sindicato fez um convênio com esses professores
da USP de São Paulo para desenvolver alguns; fez também um
convênio com o Laboratório de Controle da Faculdade, para analisar
a matéria-prima e os produtos acabados da indústria farmacêutica.
Isso era feito para atender àquelas empresas que não tinham
condições de montar um laboratório de controle, que era uma coisa
muito cara para a época. Para as multinacionais, que vinham com
toda sua potência e sua pujança, não havia dificuldade em contratar
sete, oito ou mais farmacêuticos. Mas a indústria nacional lutava
muito e não tinha condições.
“E então meu pai
arrumou um
caderninho...”
Foi uma doação muito grande! Ele abriu o livro com 100 mil. E meu pai ia em todos os demais laboratórios com o
livrinho na mão... Parece que ele era uma pessoa talhada para o sindicato.
Ele se aposentou depois de várias gestões sucessivas, porque estava na hora. Faleceu com 89 anos! E no sindicato, acho
que ficou até um ano antes de nos deixar. No mínimo até 1986 ele ficou.
O sindicato ficava instalado
em prédios alugados. Um deles
era uma casa bonita na rua dos
Ingleses. Já o outro, na Alameda
Ribeirão Preto... Depois, o
sindicato já estava mais forte e
surgiu a idéia da sede própria.
Então papai arrumou um
caderninho e ia visitar os
laboratórios para angariar fundos,
porque o sindicato não tinha
muito dinheiro.
Quem iria ajudar? A indústria
farmacêutica, porque, afinal, era
para o bem dela ter um sindicato
forte, com sede própria. E aí,
então, ele ia com o caderninho e
me lembro que a primeira
doação foi de um laboratório em
que eu, depois de uns quinze,
vinte anos, fui trabalhar – o Byk
Química e Farmacêutica, um
laboratório alemão. Não me
lembro que moeda era, sei que
o Byk deu 100 mil.
“O sindicato ajudou muito a indústria farmacêutica”
O sindicato ajudou muito a indústria farmacêutica. Mantinha as comissões de Fiscalização, de Registro de Produtos, de
Farmacotécnica - técnica de fabricação de medicamentos. Essas comissões existiam para ajudar os associados que não
podiam pagar um corpo técnico de alta categoria.
Havia também uma comissão que auxiliava as empresas a preencher as planilhas e adaptar-se às portarias do CIP. O
sindicato participava da diretoria da Fiesp, tendo meu pai ocupado cargos de representação na mesma.
Era muito freqüente meu pai visitar as empresas associadas, prestando apoio. Suas visitas eram sempre cordiais, nunca
para fiscalizar. Era mais para mostrar solidariedade, muito especialmente nos momentos mais difíceis que seus associados
enfrentavam.
O velho Spinão era um emérito conciliador e negociador. Estava sempre envolvido em assuntos polêmicos, dando
sua contribuição para minimizar pontos de conflito, inclusive nas assembléias da categoria. E acho que meu pai
conseguiu isso.”
Sindusfarma, 7 décadas
#
Júlio Sanchez Gimenez
Julio Sanchez Jimenez, ex-diretor do
Sindusfarma e ex-conselheiro da Abifarma nos anos
80. Nascido na Espanha em 1940, naturalizado
brasileiro, formou-se em Direito e dedicou toda sua
vida profissional à indústria farmacêutica, tendo
passado quase toda a década de 70 trabalhando
para a Ciba no exterior – Colômbia, Angola,
Moçambique, Turquia e Suíça.
“Para evitar atritos decidiu-se que
patente era um assunto tabu”
“O sindicato teve duas fases diferentes. Uma, até
os anos 80. A outra, a partir dessa época. Quando
entrei na gestão do Fausto Spina (anos 80) ainda era
um grupo de amigos. Basicamente todos tinham
formação técnica, eram farmacêuticos. Na época do
Spina, as empresas nacionais sempre tiveram um
aliado muito forte no Sindusfarma. Então, quando
entramos lá, digo o Roberto Santucci e eu, as
multinacionais começaram a se interessar pelo
sindicato. Entre 1985 e 1986, o Spina comandava o
sindicato, que se preocupava com as questões
técnicas das pequenas empresas nacionais. Isso era
a base das nossas reuniões. Não tínhamos estrutura
definida.
Na Abifarma e no sindicato era proibido falar de
patentes, porque as duas entidades congregavam
empresas nacionais e internacionais. Para evitar
atritos, nas duas entidades decidiu-se que o tema
era tabu. Que cada grupo defendesse seus
interesses. Foi aí que nós criamos a Interfarma, que
é a entidade das empresas de pesquisa, as
#
Sindusfarma, 7 décadas
Décio Melhem
multinacionais, e a Alanac é a entidade das nacionais. Foi
somente a partir do momento em que as empresas maiores
decidiram entrar na diretoria é que começamos a profissionalizar
o sindicato. Os profissionais de multinacionais entraram na
composição da diretoria da Interfarma e Abifarma. Os grupos
americanos eram representados pelo Roberto Santucci, que
naquela época era presidente da Abbott, e eu representava o
grupo europeu. A primeira área profissionalizada foi a tesouraria.
Fora isso, ficou decidido que nós deveríamos dar outra cara ao
Sindicato. Não apenas na parte técnica e de legislação, mas
também na parte política. O Omilton Visconde foi convidado
para ser presidente. A partir de então o sindicato começou a ter
maior expressão nacional.
Nós achávamos que o Sindusfarma tinha que se virar, tinha
que se tornar uma coisa mais atual, a entender sua essência
como entidade, que também estava destinado a defender os
interesses da indústria farmacêutica no seu conjunto. Tanto que
nós, nas primeiras gestões, tardiamente, criamos a figura do
diretor executivo - um presidente e um vice. E o sindicato cresceu
muito até o início dos anos 90, com uma mudança de conceito
de atuação. E, naquele contexto, já existia a idéia de uma
federação. Hoje cada região tem um sindicato próprio e, apesar
das disputas internas dentro de cada grupo, com a Febrafarma
alcançamos num consenso, o de ser o porta-voz único do setor.”
Décio Melhem, consultor técnico da indústria
farmacêutica, atua no setor desde 1951.
Paulistano, formou-se em farmácia em 1950,
tendo lecionado na Faculdade de Ciências
Farmacêuticas da USP entre 1980 e 1998. Foi
secretário executivo do Sindusfarma durante
uma das gestões de Fausto Spina e integrante
de diversas comissões técnicas.
“O entrosamento com autoridades
sanitárias não era bom assim”
“Independentemente da parte política, havia
uma série de comissões no sindicato ligadas à
área técnica, na qual mais colaborei. Existia, por
exemplo, a Comissão de Legislação, pela qual
tínhamos contato direto com o Ministério da
Saúde. Naquela época, quando estavam sendo
elaboradas portarias, o sindicato recebia cópias
prévias para que fossem estudadas e
comentadas. Nosso grupo - geralmente todos
farmacêuticos de vários laboratórios – estudava
o assunto e oferecia contribuições para o
aperfeiçoamento daqueles atos regulatórios.
Até 1976, o órgão do Ministério da Saúde
responsável pelo registro de medicamentos
funcionava com apoio da Comissão de
Biofarmácia, que era uma comissão formada por
especialistas de diferentes unidades de ensino
de medicina e farmácia, que colaborava na
análise dos processos de registros de produtos.
Eu participei como representante do sindicato
nessa comissão por um período de quatro anos.
Após 1976 a Comissão de Biofarmácia foi denominada Câmara
Técnica de Medicamentos.
Embora a decisão fosse do órgão que atualmente é a ANVISA,
essas comissões participavam, estudavam e emitiam pareceres.
Sempre houve esse entrosamento entre o setor industrial e o
Ministério para atender à permanente evolução dos produtos e
desenvolver a legislação.
Esse procedimento continua em pleno vigor, pois é muito
freqüente a interação entre os representantes da ANVISA com os
profissionais das entidades associativas. Ainda na semana passada
houve movimento muito grande no Sindusfarma, porque os
representantes da ANVISA estavam demonstrando um novo
sistema eletrônico de escrituração dos produtos controlados. Estão
querendo fazer a escrituração não mais em livros, mas em meios
eletrônicos. Isso demonstra que há entrosamento com o setor
industrial. Não é mais aquela mentalidade policial de só fiscalizar e
punir, o objetivo é colaborar, trabalhar de comum acordo, dentro
de uma rotina. Isso é bom para todos. O setor melhorou e isso se
deve muito ao Sindusfarma, com sua capacidade de dialogar e
articular soluções.”
Sindusfarma, 7 décadas
#!
Pedro Zidoi
Pedro Zidoi, presidente do Sincofarma e da
ABCFARMA - Associação Brasileira do Comércio
Farmacêutico. Nascido em 11 de agosto de 1927, em
Dois Córregos, SP, integrou a diretoria do
Sindusfarma entre 1972 e 1982. Empresário do ramo
farmacêutico, aos 20 anos de idade iniciou sua vida
profissional como gerente de uma farmácia em São
Paulo.
“Conheci a indústria farmacêutica no
tempo em que se falava que era
laboratório de fundo de quintal”
“Existiam, principalmente no bairro Bela Vista,
vários laboratórios que fabricavam em tachos, quase
tudo de forma manual. Só depois veio a
modernização da indústria farmacêutica. Com a
chegada dos laboratórios multinacionais é que a
maioria dos laboratórios nacionais prepararam-se
para enfrentar a concorrência. Então, automatizaram
e passaram a ter o controle de qualidade que até
então não tinham.
As multinacionais começaram a entrar no Brasil
logo após o término da II Guerra. E foram comprando
alguns laboratórios. Um dos primeiros a ser vendido
foi o Vicente Amato, depois o Laboratório Torres, o Lafi,
o L.P.B. e outros. Tínhamos grandes laboratórios
nacionais. E existiam também os laboratórios mais
simples, localizados na Bela Vista. A indústria
farmacêutica brasileira já tinha um desenvolvimento
grande, mas não conseguiu segurar suas empresas
pela quantidade de dólares oferecida para que fossem
vendidas.
#"
Sindusfarma, 7 décadas
O encontro com Fausto Spina
Conheci Fausto Spina, que era proprietário do Laboratório
Yatropan, em 1964, e fizemos uma grande amizade. Ele era
presidente do Sindusfarma. Fui coordenador de uma convenção
nacional do comércio farmacêutico aqui em São Paulo e procurei
a indústria farmacêutica para colaborar conosco. Fausto Spina
foi o intermediário dessas negociações. Fizemos uma belíssima
convenção. Naquela época, o sindicato estava instalado na rua
dos Ingleses, ali no Morro dos Ingleses.
No começo tínhamos duas entidades no mesmo prédio, não
estou lembrado como se chamava essa entidade que
representava as empresas multinacionais e era dirigida por
Waldemar Bier. Depois, essa entidade que representava os
laboratórios multinacionais se transferiu foi para a av. Santo
Amaro e nós fomos para a alameda Ribeirão Preto.
“Devíamos ter casa própria”
Depois achamos que devíamos ter a casa própria. Como
proprietário do Laboratório Ducto, eu era diretor do Sindicato
da Indústria Farmacêutica, mas nunca deixei de ser diretor ou
presidente do Sincofarma São Paulo e da ABCFARMA. Na ocasião,
fomos verificar alguns terrenos, prédios antigos para demolir e
construir a sede do sindicato. Ouvindo outros companheiros,
optamos por este terreno onde está o sindicato hoje, porque
ficava próximo dos laboratórios, todos eles concentrados na
região de Santo Amaro.
A inauguração foi uma festa para nós, uma realização.
Algum tempo depois Fausto Spina deixou o Sindusfarma. Ele
já estava com bastante idade na ocasião. Devido às minhas
ações, eu tinha um apelido carinhoso que o Fausto Spina havia
me colocado – Diabo Loiro -, porque quando precisava, eu
entrava pra valer! E, como tinha
experiência política, sempre era
convidado para acompanhá-lo,
para abrir algumas portas, às vezes
ser irreverente – o Spina era muito
metódico, às vezes eu quebrava o
pau, depois ele acertava! Podemos
lembrar da época, no começo dos
anos 70, em que ele estava lutando
para que os laboratórios nacionais
pudessem fabricar medicamentos
por similaridade e não conseguia
uma lei para essa situação. Um dia
o Fausto Spina marcou uma
reunião com o Herbert Levi,
deputado federal, na rua Boa Vista.
Éramos uns 20, mais ou menos, da
indústria farmacêutica. O Herbert
Levi chegou e ficou a uma
distância de oito, dez metros de
onde estávamos sentados na sala
dele. Nem chegávamos até ele. E
quando o Fausto Spina expôs o
problema, a resposta dele foi: Verei
o que posso fazer, mas é muito difícil
o que vocês estão querendo. Saindo
de lá, na porta da rua, todos
decepcionados, eu disse para o
Fausto Spina: Posso encabeçar o
trabalho para conseguir essa lei? Ele
disse: Pode. Com quem? Respondi:
O problema é meu. E fui com o
deputado Cantídio Sampaio, com
quem eu tinha muita amizade e
que na ocasião era líder do governo na Câmara
Federal dos Deputados. Conseguimos a lei de
produtos similares. Propus ao Cantídio o prazo
de um ano para que os laboratórios nacionais,
ou qualquer laboratório, tivessem a permissão
para fabricar o mesmo medicamento – um ano
depois de registrado na Vigilância Sanitária – e o
Cantídio respondeu: Por que um ano? Desde que
esteja registrado, pode registrar o similar. A lei foi
sancionada e possibilitou a expansão da
indústria farmacêutica nacional.
responsável pelo estudo das leis, pela determinação de como
deveriam ser executadas. Orientava a indústria em relação ao que
ela tinha de realizar. Ao mesmo tempo fazíamos as reuniões,
ouvíamos a base e íamos às autoridades no Rio de Janeiro ou em
Brasília para propor mudanças, apresentar novas propostas, enfim,
tudo aquilo que pudesse favorecer, ou dificultar menos, a indústria
nacional. Na época da ditadura militar conseguimos fazer com que
a indústria farmacêutica tivesse crescimento e inclusive tivesse
condições de expandir-se com o capital estrangeiro.
“O sindicato não tinha visão de
entendimento com autoridades”
As reuniões do passado deixaram muita saudade. Em uma delas
o sindicato conseguiu a liberação de preços por 60 dias. Todos nós
estávamos colocando os preços que precisávamos e o Porta, que
era diretor executivo do Laboratório Carlo-Erba, assustado com
alguns preços, disse: Não! O meu Laboratório só vai colocar uma
importância ínfima. Passados mais ou menos uns 60 dias, estávamos
novamente numa reunião e veio o Porta pedir socorro, porque o
Laboratório Carlo-Erba estava em situação crítica, sem
rentabilidade. Diante disso, um senhor italiano, que era proprietário
do laboratório chamado Instituto Quimioterápico, deu um tapa
muito forte na mesa e disse: Pra mim chega! Há 60 dias, com toda a
arrogância, veio o senhor Porta e disse que só aplicaria uma
porcentagem mínima, porque não precisava de mais. E hoje ele vem
com uma bruta de uma disenteria econômica e quer que resolvamos
o problema dele!
Com a nova sede, o sindicato estruturou-se,
passou a ter uma assessoria técnica, jurídica.
Formaram-se comissões, cada laboratório
indicava uma pessoa especializada, em preços
de medicamentos, por exemplo. Outras
ofereciam seus advogados. Tínhamos espaço
para reuniões em que essas comissões
funcionavam.
O que verificamos durante uma época é que
a indústria farmacêutica, principalmente a
nacional, média e pequena, não tinha uma visão
do entendimento com as autoridades do país.
O sindicato recebia toda a incumbência das
indústrias farmacêuticas para representá-las
junto às autoridades, quer na Vigilância Sanitária,
quer na Sunab, quer no CIP e em todos os órgãos
que controlavam os medicamentos ou
controlavam os preços. O sindicato era o
“Reuniões deixaram saudade”
Sindusfarma, 7 décadas
##
Lauro Moretto
Lauro Moretto, vice-presidente executivo do
Sindusfarma desde 1992. Farmacêutico-bioquímico,
professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas
da USP, na disciplina de Supervisão da Produção.
Nascido em 1938 na cidade paulista de Bariri, atuou
na indústria farmacêutica entre 1961 e 1992,
exercendo cargos técnicos.
“O período mais nervoso foi o que se
seguiu à promulgação da Lei nº 6.360
e do Decreto nº 79.094”.
“Meu primeiro contato com o sindicato ocorreu
na década de 70, quando a sede tinha acabado de
se mudar para a al. Ribeirão Preto. Não cheguei a
conhecer a sede na rua dos Ingleses. Lembro-me das
modestas instalações em que se estruturava o
debate sobre portarias do SNFMF, sigla do Serviço
Nacional de Medicina e Farmácia, órgão que se
ocupava do registro de medicamentos, sediado no
Rio de Janeiro.
Minha interação com o sindicato era por
intermédio do Dr. Fausto Spina, que chamávamos
de Spinão, para diferenciá-lo de Spininha, seu
filho Gilberto. Todas as vezes que participávamos
de reuniões, lá estavam Décio Melhem, Dr. Siqueira,
Dr. Antenor Landgraf e mais alguns leais voluntários
que ajudavam o Spinão a debater os assuntos
regulatórios.
O período mais nervoso do sindicato foi o que
se seguiu à promulgação da Lei nº 6.360 e do
Decreto nº 79.094. Lá estavam os companheiros da
#$
Sindusfarma, 7 décadas
área regulatória para debater e até mesmo discutir como
implementar, no prazo concedido pelo decreto, a inclusão da
faixa vermelha nas embalagens dos medicamentos controlados.
Outro tema polêmico, simultâneo com o da faixa vermelha, era
a inserção de textos nos cartuchos, nos rótulos, nos blisteres,
nas fitas aluminizadas, nas ampolas etc. Chegamos, inclusive, a
aceitar a colagem de fita adesiva vermelha para aproveitar
cartuchos antigos.
O entusiasmo mesclado de idealismo e sonho do Dr. Spina
nos motivava a elaborar propostas para eventos. Recordo-me,
com nostalgia, quando subimos na laje onde está hoje nosso
auditório e juntos chegamos a fazer abstrações de como ele seria
e quais recursos seriam necessários para realizar nossos eventos.
Fiquei longos anos isolado em Itapecerica da Serra, ausente
da grande maioria dos eventos do sindicato, porém estive
presente na inauguração da sede.
Voltei ao sindicato em 1992, a convite de Omilton Visconde,
como substituto de Dr. Bandeira, que estava assumindo a
presidência da Abifarma. Cargo importante: eu iria ser vicepresidente executivo. Era para ficar dois anos e meio, ou seja,
até o final de 1994...
No sindicato, às vezes timidamente chamado de
Sindusfarm, recebi a incumbência de reorganizar as atividades
relacionadas com os assuntos técnicos e regulatórios da
Vigilância Sanitária.
O Mercosul tinha sido criado em 1991 e o pessoal da área técnica
tinha participado apenas de uma reunião. O Mercosul orientava
as atividades do sindicato, muito especialmente pelas reuniões
preparatórias que lá se realizavam, necessárias para enfrentar o
desafio das negociações fora do Brasil. Com os recursos eletrônicos
disponíveis no sindicato ficamos responsáveis pela consolidação
do Roteiro de Inspeção do Mercosul. Editar o texto final, após
harmonização, no sindicato, parecia impossível. Omilton facilitoume a tarefa, encaminhando-me para a Carmen, sua nora, que já
conhecia o pagemaker e diagramou
a primeira brochura do Sindusfarm.
O Roteiro de Inspeção, incluído
como anexo da Portaria da SNVS nº
16, de 6 de março de 1995, foi
editado com o material contido no
disquete que, junto com o recémeleito presidente da entidade, Gianni
Samaja, entregamos ao Dr. Carlini,
na Escola Paulista de Medicina.
Ainda na gestão do Omilton é
digno de destaque sua iniciativa
na organização da Oficina de
Trabalho no Conselho Nacional de
Saúde, realizada em outubro de
1994, que resultou na conversão
da Secretaria de Vigilância
Sanitária em autarquia, embrião
da ANVISA.
A análise de processos de
registro na SNVS, as freqüentes
alterações de secretários da
Vigilância Sanitária e as negociações
do Mercosul ocupavam nosso dia-adia. Para o Mercosul era necessário
juntar mais forças. Convidei um líder
emergente, identificado nas
reuniões preparatórias, achando
que tinha qualificação. Era um
pouco tímido, mas se saiu muito
bem. Quem era ele? Nada menos
que Ciro Mortella, que muito ajudou
nas negociações e muito contribuiu
com o sindicato.
Nas gestões de Gianni Samaja, entre 1995 e 2000, período tranqüilo, sem problemas de preços de medicamentos,
foi desenvolvido um grande número de atividades técnico-regulatórias. Reuniões, workshops, palestras, brochuras,
comissões, todas simultaneamente realizadas com a reforma da sede. Só esporadicamente se interrompiam as
“bateções” para não atrapalhar as reuniões. Em outras ocasiões, quando não eram tão intensas, o ruído da reforma era
fundo musical para nossas reuniões!
“Quero registrar minha satisfação em contribuir para a consolidação de alguns registros do
processo evolutivo do nosso Syndicato, Sindicato, Sindusfarm e agora Sindusfarma”
Insatisfeito com nosso material gráfico, timidamente desenvolvi uma logomarca para o Sindusfarm. A diretoria
não gostou de minhas sugestões e o Sálvio di Girólamo, companheiro de trabalho, ficou encarregado de desenvolvêla. Assumimos a mudança de Sindusfarm para Sindusfarma, que foi homologada pela diretoria. Parece que foi há
muito tempo, porém apenas três anos decorreram.
Quero registrar minha satisfação em contribuir para a consolidação de alguns registros do processo evolutivo do
nosso Syndicato, Sindicato, Sindusfarm e agora Sindusfarma. O primeiro ensaio, feito em 1996, com o livro 25 Janeiros,
com o apoio da diretoria e de Dr. Gianni Samaja, encheu-nos de orgulho. Agora, com muitas outras contribuições e,
incluindo novos fragmentos de nossa história, com o suporte e incentivo da diretoria presidida por Omilton Visconde
Júnior, certamente nos deixará ainda mais orgulhosos do nosso Sindusfarma.”
Sindusfarma, 7 décadas
#%
Wilson Rodrigues Pereira
Wilson Rodrigues Pereira, advogado,
administrador de empresas, profissional da
indústria farmacêutica entre 1953 e 1999,
encerrando a carreira como diretor corporativo
de uma empresa internacional. Militou no
Sindusfarma por longo período, integrando
diversas comissões de trabalho. Hoje é diretor
da APS – Consultores Associados.
“O sindicato foi importante na
difícil travessia dos anos 80”
“Desde que comecei a trabalhar no setor
administrativo da Fontoura-Wyeth, passei a
representar a empresa perante os sindicatos e
associações de classe, ligadas à indústria
farmacêutica e química.
A década de 50 foi a época romântica da
indústria farmacêutica... Alvim e Freitas, o grande
Joviano Alvim, com o Xarope São João. Quem
de nossa época não se lembra – Quem bate?... É
a dona Tosse! E o Rhum Creosotado – Veja ilustre
passageiro o belo tipo faceiro que o sr. tem a seu
lado... Quase morreu de bronquite... Salvou-o o
Rhum Creosotado. E o Biotônico Fontoura, do tio
Candinho, que começou em Bragança (SP).
Fontoura tinha lá uma namorada, com quem
veio a se casar. Na época ela estava doente, sem
apetite. Fontoura preparou então uma mistura
com ervas, óleos, vitaminas, vinho do porto. Ela
tomou e ficou curada. Estava criado o Biotônico
Fontoura, que em poucos anos se tornou uma
potência mercadológica. Há outras histórias
#&
Sindusfarma, 7 décadas
semelhantes na época. Foi também nesses anos, 40, 50, 60, que
chegaram as empresas estrangeiras, construíram suas filiais e
começaram a crescer.
Na década de 80 o Sindusfarma e a Abif, depois Abifarma,
tiveram um papel importante na travessia de um período muito
difícil, devido ao controle rígido de preços. Muitos laboratórios
saíram do país, alguns foram vendidos para empresas nacionais.
Os anos 90 foram positivos para a indústria farmacêutica. Em
92 Collor liberou os preços e o Sindusfarma foi de fundamental
importância no que diz respeito ao monitoramento dos reajustes
por parte das indústrias, mesmo porque durante muito tempo
sofreu controle oficial e teve que conviver com inflação alta. Ainda
havia problemas, mas as indústrias que saíram do Brasil começaram
a voltar e ainda estão voltando, principalmente após 96, com o
advento do Real e o controle da inflação, o que permitiu planejar e
fazer investimentos.”
As atas contam
a história
O Sindusfarma conserva todas as suas atas das assembléias gerais e extraordinárias e reuniões de diretoria,
desde o encontro dos 32 representantes que consolidaram a criação da entidade, em 1933, até os dias de
hoje. Como revelação dos tempos, a caligrafia caprichosa empregada para os relatos minuciosos das
primeiras décadas foi lentamente dando lugar a escritas menos elaboradas para relatos mais pragmáticos.
A consulta dessas encadernações representa uma visita ao passado da entidade e, em diversos aspectos, da
própria realidade do país, conforme está demonstrado na seleção de atas que se segue.
A fundação. 26 de abril de 1933. “(...) à rua Quintino
Bocayuva numero quatro, reunidos trinta e dois
industriaes de productos chimicos e pharmaceuticos
representando grande classe digo parte da referida
classe... sendo acclamado o senhor Decio digo
Pharmaceutico Candido Fontoura. (...) O senhor Candido
Fontoura com a palavra, communica
aos presentes o fim da reunião e
mostrando as vantagens que
decorrerão para a classe com a sua
Década
organisação em syndicato, de
accordo com o decreto numero
dezenove mil setecentos e setenta,
de dezenove de Março de mil
novecentos e trinta e um, propõe seja
considerado installado o Syndicato
de
Productos
Chimicos
e
Pharmaceuticos sendo a sua
proposta unanimemente approvadas.”
30
24 de fevereiro de 1938. Sob presidência de Jayme
Torres, pede-se “maior severidade na fiscalização dos
fabricantes, que muitas vezes não mantêm instalações
adequadas”. Também se manifesta descontentamento
em relação à cobrança de licença do Serviço Sanitário
apenas das indústrias de São Paulo e não das indústrias
do Rio de Janeiro. Comenta-se, ainda, o decreto italiano
sobre importação de produtos farmacêuticos.
19 de julho de 1938. Volta à tona a taxação discutida
quatro meses antes, relacionada ao decreto italiano. É
formada uma comissão que levaria um documento do
sindicato ao Governo, solicitando a revogação do
decreto que institui a taxa de fiscalização sanitária. Essa
questão vai adentrar pela década de 40.
29 de novembro de 1938. Em pauta a situação delicada
enfrentada pelo sindicato diante da ação do Sindicato
do Rio de Janeiro propondo ação no Juízo Federal contra
o Governo do Estado de São Paulo, pleiteando a anulação
do Decreto nº 9.278, por ser inconstitucional. A ação,
entretanto, havia sido agravada pelo Governo. O
problema se estenderia pela década seguinte,
prejudicando a “imagem” da indústria. “O Sr. João Silveira
Cruz falou sobre notícias que estavam sendo publicadas
nos jornais, atingindo a classe médica e os laboratórios.
Solicitou que o sindicato exigisse dos jornais a exibição
de um abaixo-assinado, defendendo, assim, os interesses
de seus associados.”
7 de outubro de 1940. O sindicato se enquadra na
“categoria econômica da indústria de produtos
farmacêuticos”, segundo o “Enquadramento Sindical
Brasileiro.” Isso implicou na mudança do nome de
Sindicato dos Industriaes de
Produtos Pharmaceuticos para
Sindicato da Indústria de
Produtos
Chimicos
e
Década
Pharmaceuticos”.
21 de julho de 1942. Discutese o decreto do Presidente da
República, que impõe o
racionamento de álcool em
todo o país, o que afeta as
indústrias farmacêuticas.
40
25 de agosto de 1942. Com a Segunda Grande Guerra,
o sindicato discute como enfrentar problemas causados
pela alta dos preços das matérias-primas importadas. O
repasse desses custos para os medicamentos ocasionou
uma série de ataques da imprensa, que acusa o setor de
“explorar abusivamente a economia popular”. A
indústria, por sua vez, conforme atestam as atas das
reuniões, procura se defender, lançando a Campanha da
Boa Vontade (10/9/1942), financiada com contribuições
dos sócios, com objetivo de melhorar a imagem da
indústria.
11 de maio de 1943. “Propaganda da indústria
farmacêutica... Vários oradores se fizeram ouvir, tendo
sido deliberado que o sindicato faria, na próxima Feira
Nacional da Indústria, um stand sobre a indústria
farmacêutica”. Outro assunto discutido na época diz
respeito à regulamentação e profissionalização dos
farmacêuticos, bem como à padronização do controle
de qualidade, pureza e concentração dos produtos. O
problema do tabelamento de
preços, que se estenderia até os dias
de hoje, se inicia nessa época.
Década
2 de junho de 1953. “Dando
absoluta preferência à matériaprima sobre o produto acabado,
temos lutado para conseguir maior
margem de dólares para a produção
farmacêutica. Ultimamente foi feito
um planejamento de matéria-prima
que atingiu quatro milhões e
quinhentos mil dólares, plano que foi baseado nos
cálculos da Cexim.”
50
14 de outubro de 1955. “O Sr. Fausto Spina declarou
que, conforme telegrama de convocação, a Assembléia
da entidade deveria estudar a proposta de acordo para
reajuste salarial com o Sindicato dos Trabalhadores nas
Indústrias Químicas e Farmacêuticas.” O sindicato, nesta
ata, mostra-se propenso a entrar em acordo com o
Sindicato dos Trabalhadores. É feita uma tabela de
reajuste de salários que não é aceita, conforme registra
a ata de 28/10/1955.
14 de junho de 1956. Parecer sobre os dois anos de
controle de preços:
“Fiscalizar a porta de saída resulta em muito pouca
eficiência. E é o que o Governo tem feito, observando
apenas a lista de preços final. O resultado nós assistimos
em todos esses 11 anos de COFAP que, inclusive, induziu
as firmas a praticar modalidades anormais de comércio.
As firmas preferem manter seus preços no nível de lista,
fazendo descontos e bonificações. Tudo isso menos por
culpa da própria indústria.
A prática dessas modalidades anormais de comércio
apresenta vantagens imediatas para alguns, mas
representa uma desmoralização para toda a atividade
com conseqüências danosas para toda a indústria. A
experiência realizada no campo dos antibióticos,
recebida inicialmente com alguma descrença,
demonstrou-se altamente frutuosa... Podemos assegurar
que o mercado está 90% regularizado e que as exceções
são mínimas”.
16 de agosto de 1956. Evidencia-se o descontentamento
do sindicato com as atitudes do Governo: “Vivemos uma
época paradoxal. De um lado, o Governo procura criar
novas indústrias, deseja atrair capitais estrangeiros, fala
em incentivo à produção, quer estimular as forças vivas
da Nação. O que vemos, porém, de outro lado, são
funcionários desse Governo procurando destruir uma
indústria que tem trabalhado nas épocas mais difíceis,
como na guerra, com todos os entraves que lhe são
postos em seu caminho”. Nessa mesma ata é relatado o
caso de um laboratório que envia amostra de matéria-
prima para ser avaliada pelo Instituto Adolfo Lutz e cujo
resultado é deplorável.
laboratórios gastam mais ou menos 2% de sua receita
em pesquisa” dos medicamentos.
14 de julho de 1960. Sinais de dissidências entre
segmentos do mercado. “As nossas viagens através do
Brasil nos têm permitido contatos mais íntimos, quer
com os sindicatos da indústria, quer com entidades do
comércio farmacêutico. O nosso
grande inimigo foi o comércio
varejista que insuflou e
Década
envenenou a opinião pública.
Um papel incompreensível
principalmente do comércio
varejista. Felizmente hoje se
estabeleceu um espírito de
colaboração entre a indústria e
o comércio farmacêuticos. O
nosso comércio varejista
atravessa uma fase difícil,
motivada sem dúvida pela multiplicação de
estabelecimentos que redunda numa diluição de
serviços. Esse comércio é demasiado nobre para ser
degenerado numa competição inglória. Daí julgar que
se torne indispensável com a ajuda da indústria uma
modificação da margem do comércio, margem esta que
é em si insuficiente. Essa situação de o comércio ganhar
na compra ao invés de auferir lucro na venda é altamente
prejudicial. A nossa venda começa na porta da farmácia
e termina nas mãos do consumidor.”
27 de julho de 1962. Setor alarmado com as declarações
do primeiro ministro Francisco de Paula Brochado da
Rocha (na época estava instalado o parlamentarismo),
que anuncia a “intervenção parcial na indústria
farmacêutica”. Isso ocorreu no contexto de um possível
aumento de preços dos produtos.
60
18 de maio de 1961. A imprensa, em rara ocasião,
aborda o tema dos investimentos da indústria
farmacêutica em pesquisa, contribuindo para o
esclarecimento da opinião pública, mesmo sem definir
valores, pois “na maior parte das empresas a pesquisa
não é um item em separado na contabilidade (...). Os
4 de dezembro de 1963. Fica demonstrado o interesse
do Sindicato em enquadrar-se no plano do Governo que
trata da Aliança para o Progresso. “Há aproximadamente
um mês a diretoria do sindicato enquadrou-se junto à
FIESP no sentido de que a indústria farmacêutica
pudesse ser beneficiada no Plano de Aliança para o
Progresso, dadas as várias peculiaridades da nossa
indústria. Na última reunião pudemos constatar que
infelizmente a FIESP, observando a grande complexidade,
resolveu que o Banco do Brasil assessorasse e definisse o
assunto. Para grande decepção, a indústria farmacêutica
não ficou enquadrada.”
10 de dezembro de 1963. Transferência da sede do
sindicato para a Rua dos Ingleses, 568, e reajuste das
contribuições dos associados. “Com a transferência de
nossa sede para a rua dos Ingleses, onde, em melhores
instalações, temos condições de prestar melhores serviços
às empresas associadas, as nossas despesas sofreram
considerável aumento. Além dessas despesas da nova
sede, sofremos ainda o impacto dos aumentos de salários,
tarifas postais e telegráficas, condução e transporte,
impressos, conservação etc... Assim, a nossa diretoria
elaborou, após minucioso estudo, uma nova tabela de
contribuições que permitisse a esta entidade meios de
enfrentar as despesas para o próximo exercício.”
Sindusfarma, 7 décadas
$
10 de dezembro de 1963. Decreto nº 53.584 do
Presidente da República fixa preços. Na ata de 2 de março
desse mesmo ano, a Sunab mostra-se irredutível diante
dos argumentos do sindicato quanto às dificuldades de
se tabelar os preços para todo o país. “O Dr. Jair
Mercadione disse que desde agosto de 1960 foi
incumbido pela Sunab de fazer um estudo sobre a
indústria farmacêutica, tendo se reunido com médicos,
veterinários, químicos, economistas e mais profissionais
da indústria farmacêutica. Ele lembrou, na ocasião, que
o prazo era curto, mas que a Sunab tinha obrigação de
fazer cumprir o decreto que havia sido assinado.”
2 de março de 1964. Além do problema dos preços,
Governo ameaça intervir no setor. “No momento o Governo
acha que deve intervir no campo da indústria farmacêutica
e segundo informações do Sr. Waldemar Bier, o projeto
ainda seria pior. Nos sentimos surpresos que o Governo
volte a insistir que a indústria farmacêutica apresente
análises de custo. Esse novo Governo, que acreditamos
democrático e honesto, tem interesse em que a classe
produtora possa ter meios de sobrevivência. A reação dos
membros da Sunab foi violenta e também o primeiro
ministro está de acordo com o ponto de vista dos assessores
econômicos da Sunab. Muitos laboratórios ao
apresentarem suas análises de custo obtiveram reajuste.
Pelo que fomos informados, aqui em São Paulo, os que
estiveram na Sunab e apresentaram análises de custo,
desde o mês de março lutaram para conseguir um reajuste,
e não conseguiram. A impressão que nós tivemos no
término daquela reunião é de que o que pretendem é ainda
que a indústria farmacêutica se subordine a uma
formulação que o próprio decreto houve por bem eliminar.”
8 de outubro de 1964. Comissão formada pelo
presidente do sindicato, médicos da Força Pública, do
$
Sindusfarma, 7 décadas
Exército e da Aeronáutica vão estudar, por exemplo, a
possibilidade das “Forças Armadas estabelecerem um
depósito central para aquisição de medicamentos, com
pagamento possivelmente à vista”.
21 de dezembro de 1966. É citado o grupo de trabalho
da FIESP que discutiu o Código de Propriedade Industrial
e que contou com a participação de dois membros
indicados pelo sindicato.
21 de dezembro de 1964. “Depois de 21 anos de
congelamento e de controle de preços, nós podemos
declarar em alto e bom som que, pelo menos neste
momento, a indústria farmacêutica terá o direito de
liberar a si mesma no tocante à política de preços.”
2 de outubro de 1969. Participantes da 6ª Conferência
Interamericana da Indústria Farmacêutica comparam
política de preços no Brasil em relação a outros países:
“Verificamos que em dois países, Chile e Venezuela, que
estão com presidentes eleitos pelo povo, se tem os piores
problemas na indústria farmacêutica, com seguro social
e com laboratório estatal do Governo, e abrindo
farmácias cooperativas. Enquanto isso, no Brasil, nós
estamos nos preocupando muito e quase
exclusivamente com o aspecto preços. Tenho chamado
a atenção para que não nos preocupemos apenas com
preços porque daqui a pouco nós
teremos preços e não teremos
como ou a quem vender. No Rio,
o ministro Jarbas Passarinho no
Década
momento está hoje numa
reunião, no I.N.P.S., de suma
importância para nós. Ele deseja o
reequipamento de todos os
laboratórios para atendimento à
medicina no terreno social”.
18 de junho de 1966. Plano desenvolvido pelo Banco
Nacional do Desenvolvimento Econômico incluiu a
indústria farmacêutica dentre os setores a serem
beneficiados por uma política de financiamento para
construção e aquisição de maquinário.
6 de dezembro de 1966. “Há dois anos obtivemos a
liberação de preços dos remédios a um preço muito
elevado, que foi a instituição da lista de medicamentos
essenciais. Após a publicação da Portaria 171, há
laboratórios que fizeram aumentos mensais. Em
fevereiro de 1965 a soma de reclamações de órgãos do
Governo, da Câmara de Vereadores, da Assembléia
Legislativa, do Ministério da Educação, foi assombrosa.
As reclamações começaram dentro do próprio Gabinete
do Presidente de República. Isso gerou, em primeiro
lugar, a 213, que instituiu preço nacional, e a Portaria GB
71, que instituiu a Conep – Comissão Nacional de
Estímulo à Estabilização de Preços. E isso representou
dificuldades para todos. O problema hoje é diferente. Há
o ponto de vista do Governo, no sentido de afirmar que
a inflação não será mais da mesma grandeza dos anos
passados. Mas, para quem viveu até agora num regime
de controle rígido, o problema é difícil.”
70
Janeiro de 1975. “A nossa
Diretoria... resolveu submeter aos
prezados associados nesta Assembléia, a conveniência
de se adquirir uma sede própria, com as alternativas de
se contrair um empréstimo na Caixa Econômica Federal,
como também, a exemplo de nossos colegas do
sindicato-irmão do Estado da Guanabara, ser autorizada
a aceitação de colaboração financeira, espontânea, dos
senhores associados.” Em 14 de agosto desse mesmo ano
é criado pela assembléia o Livro de Ouro, que registrará
a arrecadação de fundos destinados à construção da
sede. Em 11 de junho de 1979 é feito o contrato com a
empresa Antiqueira Landgraf Planejamento e
Construções Ltda. para o início das obras.
11 de dezembro de 1975. Debatidos o Decreto-Lei nº
1.427 e a resolução nº 354, que afligem os representantes
das indústrias, pois exigem o “depósito prévio do valor
da importação”, pelo prazo de 12 meses.
Setembro de 1976. Em seguidas reuniões os
representantes das empresas associadas discutem a Lei
Federal nº 6.360, que modifica totalmente os princípios
que regulam o funcionamento da indústria farmacêutica
nacional, substituindo a lei anterior, de 1946. As novas
exigências relacionadas a licenciamento de produtos,
produção, controle de qualidade, armazenamento,
comércio etc, estavam mal
dimensionadas para o setor e
acabaram
somando
novos
Década
problemas para uma indústria que
já sofria com a férrea política de
controle de preços. A obrigação de
colocar grandes tarjas vermelhas
nas embalagens, estabelecido pelo
Decreto nº 79.094, foi vista como
uma das medidas mais incoerentes
e desnecessárias. É grande a
indignação em todo o setor.
80
24 de julho de 1986. O Plano Cruzado e o congelamento
de preços dificultam a produção de medicamentos
devido “à falta de matéria-prima e de material de
acondicionamento”.
30 de junho de 1989. É debatida a necessidade imediata
de algumas alterações nos estatutos sociais do sindicato,
dando assim oportunidade de a atual diretoria atender
ao desenvolvimento a que se propõe em favor da
entidade e, ao mesmo tempo, aproveitar a liberalidade
sindical ocasionada pela nova Constituição Federal.
Nessa mesma ata é criado o 1º título
honorífico, destinado a Fausto Spina.
veiculados em jornais líderes nas principais capitais. Os
três primeiros textos do plano seriam:
• Remédios – não lhe dão nenhum prazer. Só a vida;
• Remédios – os laboratórios investem para que você não
precise deles;
• Remédios – Eles salvam vidas, mesmo de
quem fala mal deles.
Década
29 de outubro de 1990. “Esta presidência,
22 de abril 1993. Aparece pela primeira vez
ciente da magnitude de um entendimento
a questão do medicamento genérico
nacional, transmitiu a seus associados a real
(Decreto nº 793/93), levantando-se
importância da colaboração do setor industrial
argumentos para uma ação judicial contra
farmacêutico do Estado de São Paulo para esta
o decreto: “Para debater o assunto, o Sr.
nova fase que se pretende ver inaugurada no
Omilton convidou o Dr. Vicente Nogueira,
País e que visa, sobretudo colocá-lo na era da
que fez uma análise detalhada dos tópicos
modernidade, como também corrigir os
do referido decreto, tecendo considerações
grandes desequilíbrios sociais que afligem
acerca da exigência de autorização em nível federal
grande parte de nossa população... Assim os nossos
para as farmácias fracionarem medicamentos; a
associados reunidos em Assembléia Geral
ilegalidade da exigência de responsável técnico em
Extraordinária decidiram propor como subsídios: a)
distribuidoras; as dificuldades de caracterização da
manutenção do nível de emprego pelo período de 90
responsabilidade de profissionais farmacêuticos nos
dias, a contar da assinatura do acordo de entendimento
casos de fracionamento de embalagens de
nacional; b) manutenção de preços relativos durante
medicamentos; a falta de suporte legal da inclusão
igual período; c) manutenção da oferta de
dos medicamentos genéricos no Decreto nº 79.094/
medicamentos essenciais em níveis compatíveis com
97; a irregularidade do tratamento das marcas frente
o consumo; d) colaborar na implantação de um sistema
a Lei nº 5.772/71 da Propriedade Industrial e as
de atendimento das necessidades básicas de
irregularidades frente ao Código de Defesa do
medicamentos à população sem condição de acesso
Consumidor.”
ao mercado consumidor. Mas para que isso aconteça,
26 de agosto de 1993. Em decorrência da ação judicial,
o setor manifesta o desejo de que não fique exposto à
elabora-se uma estratégia para sensibilizar a imprensa,
greve e que o Governo colabore na desregulamentação
no sentido de reforçar a revisão do Decreto nº 793/93.
de preços.”
Com relação à questão dos genéricos, a ação da Abifarma
1º de março de 1993. Exposto o plano de comunicação
se integra à do Sindusfarma.
do sindicato e o conteúdo dos anúncios que seriam
90
Sindusfarma, 7 décadas
$!
21 de março de 1994. Expostos resultados das
conversações com o Governo no sentido de se converter
os preços em URV.
20 de julho de 1998. “As posições dos expositores e da
Assembléia são convergentes no sentido de definir uma
estratégia de comunicação com a imprensa, com vistas
a se transmitir aos consumidores, à própria imprensa e
às autoridades governamentais, segurança em relação
aos medicamentos industrializados. No que concerne às
medidas para se evitar falsificações, ficou evidente que
a proposta de selo holográfico ou assemelhado não
oferece garantia absoluta, uma vez que, em geral, o
consumidor não tem condições de discernir entre um
selo original e um falsificado. As críticas citadas na
imprensa com relação aos selos holográficos falsificados
ou copiados, recomendam não adotá-los nos cartuchos
dos medicamentos como único mecanismo distintivo.”
17 de novembro de 1998. Definida a verba para o
projeto de ampliação de área de escritórios e salas de
reunião na atual sede, e reforma do imóvel. Ainda nesta
década, é possível perceber um esforço para se
padronizar normas de inspeção das indústrias, visando
o Mercosul.
Nestes primeiros anos do terceiro milênio são
freqüentes as citações sobre medidas tomadas
pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária
e que serão amplamente debatidas no sindicato.
2 de janeiro de 2001. Votação para a diretoria realizar
medidas judiciais em defesa da categoria, devido a
Medida Provisória nº 2.063/2000, que estabelece
“critérios prejudiciais à categoria”.
24 de maio de 2001. Votação para medidas judiciais
contra a resolução RDC ANVISA nº 102 de 30 de
novembro de 2000. Esta resolução está ligada à
regulamentação das propagandas, divulgação e
mensagens publicitárias de medicamentos; e
também por causa da RDC
ANVISA nº 9 de 2 de janeiro de
2001, que “estabelece critérios
de padronização de embalagem
Década
e rotulagem das soluções
parenterais de pequeno volume
SPPV, tendo em vista os
gr avíssimos riscos que a
implementação do disposto na
mesma pode gerar aos
pacientes de medicamentos”.
00
10 de agosto de 2001. Deliberação sobre a aliança
estratégica SINDUSFARMA-ABIFARMA, visando
“diminuir a duplicidade de atividades e maximizar a
performance de ambas. Esse processo de atuação
integrado sempre foi objeto de debates, os quais se
justificam muito especialmente em função da
$"
Sindusfarma, 7 décadas
composição da Diretoria e do Conselho das entidades
a serem constituídos, em sua maioria, dos mesmos
diretores. Haveria trocas entre as duas instituições. Cada
uma cederia espaços em suas sedes para a realização
de reuniões. As atividades políticas, jurídicas, de
comunicação com a mídia, exercida simultaneamente
poderiam ser centralizadas na ABIFARMA. A proposta
foi aprovada unanimemente”.
12 de abril de 2002. Votação para providenciar medidas
judiciais a respeito de restrição ao uso de marcas em
vacinas de uso humano.
Fusões
As participações de
quem evoluiu para
acompanhar a história
De uma maneira simples e de fácil
visualização, conheça a história dos
laboratórios que, nas últimas décadas,
passaram por processos de fusão.
Fonte: Revista Grupemef
Sindusfarma, 7 décadas
$#
Abbott
Alcon / Asta Médica / Galderma / Roche / Darrow
Astrazeneca / Enila / Glaxo Smith Kline
$$
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Ache / Pfizer
Allergan
Bayer
Biosintetica
Bristol Myers Squibb
BYK
DM / Merk Sharp & Dohme / Prodome / Wyeth
EMS
Aventis
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$%
Boehringer Ingelhein
Haller
Cimed
Medley
Eurofarma
$&
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Pharmacia Brasil
ICN / Sanofi Synthelabo
Jamir Vasconcelos
Naturin / Sanus / União Química
Novartis
Zambon
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