Sistema_Economico_Antigo

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Sistema_Economico_Antigo
SISTEMA ECONÔMICO ANTIGO
História Econômica. In: REZENDE, Cyro, pp 12 a 23.
No decorrer do período neolítico (entre 7.000 e 3.000 a.C.)  novo comportamento do homem em
relação à natureza. De comportamento predatório (caça, pesca e coleta) e nomadismo, passou a
produtor, interferindo na seleção natural de vegetais e animais que mais lhe convinham. A atividade
agrícola e pastoril permitiu a sedentarização, o trabalho coletivo e regular e o crescimento
demográfico com conseqüente diferenciação do trabalho.
A especialização do trabalho possibilitou o desenvolvimento de novas técnicas – cerâmica,
tecelagem, instrumentos de pedra polida, que gerou progresso e um sistema de trocas, precursor da
atividade comercial. (Se eu não tenho carne, mas faço um bom machado...)
Liberação de braços das atividades voltadas à sobrevivência material das comunidades, aliada à
progressiva diferenciação social do trabalho, levou à formação de diferentes ritmos de produção e
acumulação de bens econômicos e isso acabou por produzir o conceito de propriedade e a
diferenciação de diversos segmentos, de acordo com suas posses. Por fim, a difusão do conceito de
propriedade levou à necessidade de demarcar os limites dos lotes, o tamanho de rebanhos e a
mensuração da produção a ser estocada ou trocada. Para isso, inventaram-se códigos que se
consolidaram na escrita. A partir daí é que se pode falar de história, ou seja, a partir dos registros
dos acontecimentos dos grupos sociais. O primeiro alfabeto que se conhece é do século XII a.C.,
pertencente aos fenícios, povo que pautou seu desenvolvimento no comércio. Ou aos
mesopotâmicos, como os assírios, civilização considerada hidráulica.
AS CIVILIZAÇÕES HIDRÁULICAS
Com o aparecimento da agricultura  fixação em locais adequados a seu desenvolvimento, ou seja,
junto às margens dos rios. Primeiras civilizações nasceram próximas aos rios Tigre e Eufrates, na
Mesopotâmia; ao Nilo, no Egito; ao Ganges e Indo, na Índia; e ao Amarelo, na China.
No Oriente Médio, na região que englobava a Mesopotâmia e o Egito, também conhecida como
Crescente Fértil, as cheias periódicas fertilizavam as terras adjacentes, permitindo colheitas
abundantes, as quais não prescindiam de muito trabalho coletivo para a construção e manutenção de
diques, barragens, canais e reservatórios. Nestas áreas se formaram monarquias teocráticas.
MESOPOTÂMIA
Densamente povoada (atual Iraque). Urbanização crescente, desde finais de 4000 aC., em CidadesEstado. Os maiores impérios da região foram: Lagash (2500 a 2360 aC.); Agade (2350 a 2230 aC.);
Assur (1800 a 1275 aC.); Babilônia (1728 a 1680 aC.).
Características gerais:
1. Dualidade palácio / templo
2. Dependiam de mão-de-obra abundante para sua produção.
3. Por viverem cercadas de populações hostis, necessitavam de exércitos bem preparados.
4. Dependiam de comércio externo par obtenção de matérias-primas como madeiras, pedras e
metais. Geravam produção artesanal para que fossem trocadas por estas mercadorias.
Como era fundamental garantir a sobrevivência e o conforto de camadas urbanas (burocratas,
militares, artesãos, comerciantes e sacerdotes) o sistema econômico baseou-se em períodos de
trabalho compulsório e requisição de produção artesanal das aldeias e toda uma estrutura produtiva
de estábulos, granjas, celeiros, oficinas e rebanhos mantidos pelo trabalho mais sob a forma
compulsória do que escrava.
A escravidão tinha seus limites, além do alto custo de manutenção de um escravo. A escrava que
procriava, com a morte de seu senhor, conseguia a liberdade para si e para sua prole. Além disso, a
escravidão por dívidas era limitada a três anos.
Adotaram o uso de moedas desde o fim do 4º milênio aC., como medida comum de valor e
instrumento de troca. Da cevada, passou a utilizar metais com ouro e prata.
O primeiro banco que se tem notícia surgiu por volta de 3400 aC., no Templo Vermelho de Uruk,
emprestando o recurso que recebiam de donativos e oferendas a juros para agricultores e
comerciantes. Por volta do ano 800 aC. praticavam, inclusive, transferências para outras praças.
Profundamente rurais, baseando-se na produção de cevada, trigo e centeio, tinha o artesanato como
uma atividade complementar à economia agrícola. Faziam cerveja, vinho, cestas, móveis, esteiras e
outros objetos de palha, óleo de sésamo, tecidos de lã e linho, além de laticínios. Seu material de
construção típico foi o tijolo de argila e palha picada, pois não possuíam madeiras, pedras, nem
minérios.
Da África, traziam marfim e ouro; da Síria e Líbano, madeiras, mármores e basalto; da Ásia Menor
(parte asiática da Turquia), prata, cobre e ferro. Da Pérsia e do Elam (oeste do Irã) cobre, estanho e
lápis-lazuli; da Arábia e da Índia, ouro, pedras preciosas e marfim.
Internamente, seus bazares proviam os habitantes de alimentos, ferramentas, utensílios de uso
cotidiano.
EGITO
Era a dádiva do Nilo, segundo Heródoto. Correndo por cerca de 1.200 km no platô desértico do
norte da África e desaguando no Mediterrâneo, o Nilo torna agricultável uma faixa de cerca de 20
km de largura em seu curso, chegando a 150 km na região do delta, composta de canais e pântanos.
Suas cheias anuais (de julho a novembro) fazem o rio transbordar, depositando húmus e
transformando suas margens em oásis cercados por vastos desertos.
Por esta regularidade e constância, as cheias menos destruidoras do que as da Mesopotâmia, o que
exigia menos atenção e mão-de-obra para construção de sistemas de irrigação artificial. Os desertos,
por sua vez, protegiam a região de inimigos e possíveis invasores. O Egito também não era tão
dependente do comércio exterior, já que dispunha de matérias-primas e isso não estimulou o
artesanato, como na outra civilização hidráulica, nem a monetarização da economia.
O Egito não se originou de Cidades-Estado que disputavam entre si, mas em um Estado unificado,
desde 2850 aC., o que fez com que o sistema econômico desta civilização fosse centralizada na
corte do faraó, rei-deus dos egípcios. Precedendo a urbanização e a completa divisão de trabalho,
este arranjo produtivo baseou-se no trabalho coletivo e ordenado, com pouco espaço para iniciativas
individuais.
Todo o esforço social foi orientado para manutenção do faraó, sua família, sacerdotes e funcionários
administrativos. Todas as terras pertenciam ao faraó e eram concedidas por ele a alguém durante
sua vida. Poucos eram os escravos, supérfluos num sistema tão bem organizado com camponeses
livres que entregavam grandes parcelas de sua produção e seu trabalho ao Estado. Não existia
propriedade privada e nem templos as detinham: apenas administravam áreas como um órgão
estatal. Não havia o dualismo palácio / templo, típico da Mesopotâmia.
Sua economia era, pois, altamente estatizada e de base agrária. Produziam trigo e cevada, frutas,
verduras e legumes, linho e papiro. A exigüidade de terras férteis resultou em pequeno rebanho
bovino, prevalecendo os animais de menor porte, como suínos, ovinos e caprinos, além de patos,
gansos, pombos e codornas.
Seu artesanato era limitado a algumas cidades como Tebas, Mênfis e Tamis e totalmente destinado
ao Estado, para decoração de palácios e templos ou ao consumo da família real e da alta
administração. A economia egípcia foi não-monetarizada, baseando-se em trocas (escambo) e o
Estado remunerava seus funcionários em espécie. O comércio interno também não prosperou por
não haver uma diversificação regional que o justificasse. O comércio externo era reduzido
limitando-se a madeiras fenícias e mercadorias de luxo, como ébano, marfim e incenso da Somália
e ouro, pedras preciosas e marfim da Núbia (Sudão).
As Civilizações Comerciais
Outras civilizações antigas, devido a condições geo-climáticas, pouco adequadas à agricultura,
foram obrigadas a voltarem-se para o exterior. Isso as forçou a uma urbanização precoce e uma
economia artesanal das poucas matérias-primas que dispunham em abundância, voltada ao
comércio de exportação. Dois tipos principais, cujos modelos foram seguidos por outros povos da
região mediterrânea: Creta e Fenícia.
Creta
Localizada no Mediterrâneo Oriental, a ilha de Creta era rica em madeira e cobre e possuía uma
localização favorável em termos de correntes marítimas e ventos favoráveis que a tornaram a
primeira economia concentrada na produção artesanal voltada à exportação. Desde o neolítico
suplementava a alimentação de seu povo com pesca, dada a exigüidade de terras férteis para outras
culturas, além de vinhas e oliveiras.
Assim organizada economicamente, a civilização minóica privilegiou o estabelecimento de
comunidades urbanas próximas aos portos naturais. Essas cidades habitadas por artesãos, ferreiros e
carpinteiros passaram a produzir vinho e azeite, além de potes, jarros e ânforas para seu
acondicionamento e exportação para outras ilhas do mar Egeu, para a Grécia continental, o Egito e
outros portos da Ásia Menor.
Sua história não é totalmente conhecida, pois seu alfabeto não foi plenamente decifrado, mas sabese que iniciaram seu desenvolvimento por volta de 1600 aC. e contava com várias cidades na costa
leste.
Seu período áureo foi entre 1570 e 1425 aC., quando Cnossos predominou sobre as demais cidades,
estabelecendo a hegemonia marítima na região, suprimindo a pirataria e eliminando a concorrência
de outros mercados.
Em cerca de 1400 aC. foram invadidos pelos aqueus e destruídos.
As cidades fenícias
No início do 3º milênio aC. populações semíticas ocuparam a costa do Líbano atual. Com poucas
terras férteis, relevo acidentado e poucas chuvas esse povo basicamente ocupou áreas rapidamente
urbanizadas que se dedicavam à pesca e à navegação.
Pelo relevo, as comunidades permaneceram isoladas em regiões de portos naturais, constituindo-se
em cidades-Estado jamais unificadas. Cultivando vinhas e oliveiras – pouco exigentes de solo e
irrigação – desenvolveram uma ampla atividade artesanal voltada à exportação e à aquisição de
alimentos não produzidos em suas terras.
Ugarit, Aradus, Trípoli, Biblos, Sidon e Tiro eram centros manufatureiros que se aproveitavam do
desaparecimento da civilização minóica para dominar o comércio no Mediterrâneo.
Além de vinho e azeite, produziam objetos de cerâmica e metal, quase em série, e um corante muito
desejado: a púrpura (um molusco, muréx). Mais do que exportadores de seus produtos, no entanto,
os fenícios tornaram-se intermediários, comercializando e transportando mercadorias de toda a
região mediterrânea. Para aumentar seus lucros, estabeleceram feitorias, que eram pontos de apoio
ao seu comércio, que se espalharam por toda a costa do Mediterrâneo, chegando, inclusive à região
que hoje é a Espanha e o Marrocos. A feitoria de Cartago, na costa da atual Tunísia, fundada no
século IX aC. tornou-se a maior potência da região até ser derrotada por Roma, no século III aC.
Apesar do intenso comércio, os fenícios só monetarizaram sua economia na segunda metade do
século V aC. utilizando-se mais do escambo que da compra em venda.
Todas estas civilizações, sejam hidráulicas ou comerciais, desenvolveram-se a contento, produzindo
sociedades nas quais os governantes confundiam-se com as divindades, e que tenderam a
permanecer inalteradas no tempo, mesmo depois de dominadas por outros povos estrangeiros.