Dimensão psicosocial do trabalho social œ ferramentas
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Dimensão psicosocial do trabalho social œ ferramentas
URBAIN- AF Dimensão psicosocial do trabalho social – ferramentas psicológicas Intervenção da Cécile Bizouerne1, 2a jornada da oficina sobre o Acompanhamento das famílias. 19.12 2002 Participantes e relator* Preâmbulo Questões : Como despertar nas famílias « apáticas » a vontade de mudar? (questão que colocam vários outros : a questão da selecção e da integração das famílias, a questão de motivação das famílias, e a questão das expectativas da equipa) Quais são as chaves para desbloquear uma situação? O que fazer face ao alcoolismo? Exemplos de ferramentas « psicológicas »? Exemplos de « case work »? Como é que a abordagem psicológica leva em conta o contexto e a cultura local? Em Manila, -me posicionei de imediato como psicóloga, face a equipa de acompanhamento familiar muito esperançosa no domínio psico social e que colocava a questão : Além da resolução de problemas e para fazer face a algumas responsabilidades fracassadas, como ir mais longe com as famílias? A abordagem sistémica As diferentes escolas de psicologia propõem modelos teóricos e práticas diferentes. A terapia familiar sistémica, que é uma, se adapta- bem aos contextos dos programas A.F da Inter Aide. AVISO IMPORTANTE As fichas e contos de experiências « Praticas » são difundidas no âmbito da rede de trocas de ideias e de métodos entre as ONGs signatárias da « convenção Inter Aide ». É importante sublinhar que estas fichas não são normativas e não pretendem em nenhum caso « dizer o que se deveria fazer »; elas contentam-se em apresentar experiências que produziram resultados interessantes no contexto onde elas foram desenvolvidas. Os autores de « Pratiques » não vêm nenhum inconveniente, que estas fichas sejam reproduzidas, pelo contrário, à condição expressa que as informações que elas contém sejam dadas incluindo este aviso . 1 Cécile Bizouerne é psicóloga e trabalhou com a Inter Aide em Manila durante vários meses, em apoio a associação Filipina Lingap que desenvolve acções de acompanhamento de famílias (AF) e de luta contra o fracasso escolar. Ela trabalha actualmente na Acção Contra Fome como psicóloga encarregada do projecto sobre saúde mental e malnutrição severa nos contextos de urgência e aceitou participar nesta oficina a pedido de Gaspard Schlumberger (Inter Aide Sector Asia-Tana social). Janvier 2003 - 1/10 PRATIQUES Réseau d’échanges d’idées et de méthodes pour des actions de développement http://www.interaide.org/pratiques URBAIN- AF No acompanhamento das famílias, apercebemo-nos logo que se trabalhamos com uma única pessoa da família (que é geralmente a mãe) a situação pode bloquear-se relativamente rapidamente : para desbloquear as situações, é preciso introduzir o pai, ou as crianças - ou então, nos contextos muçulmanos a madrasta… (Entretanto, as agentes de saude, geralmente jovens, não estão sempre bem à vontade com os homens ou para falar de problemas de casais). A abordagem sistémica leva em conta as relações familiares2 : para ser mais breve, a família é considerada como um sistema em equilíbrio. O membro da família que é identificado como « paciente designado » permite a manutenção do equilíbrio pelo problema que ele leva para a família. Se trabalhamos apenas com o « paciente designado », sua evolução ou as mudanças que ele vai operar vão desestabilizar toda família. Está deverá ajustar-se e encontrar um novo equilíbrio, com risco que um outro membro da família torne-se portador de dificuldades familiares. O acompanhamento da família inteira tem por objectivo mudar a dinâmica familiar para passar para uma situação de equilíbrio mais satisfatória para os membros da família individualmente assim como para toda família em conjunto. Também tomo em consideração a dimensão individual (intra-física) : cada indivíduo considerado na sua história e no seu inconsciente. E importante não isolar a família do seu contexto : mesmo se considerarmos que a família é actriz do seu próprio desenvolvimento, o contexto influencia de maneira mais ou menos favorável. ! Para levar em conta as relações familiares nas vistas domiciliares, pensar em colocar questões bem concretas : • Quem acorda as crianças? • Quais são os horários da família (da mãe, da madrasta…), • Quem traz o dinheiro, como ele é redistribuído? • Quem cozinha, quem lava as crianças, quem leva para escola ? • Importância de olhar e compreender a disposição da casa : quem dorme onde ? Onde se lavam, existem lugares de intimidade (cortinas,…). • Nas entrevistas, quem fala : a mãe? a madrasta? o pai? Tudo isso dá muita informações sobre a organização da família e sobre a dinâmica familiar. As vezes temos tendência de querer interrogar as famílias directamente sobre as suas relações interpessoais e sobre a dinâmica familiar. Pedimo-lhes que se distanciem do seu quotidiano : geralmente obtemos representações gerais que não correspondem sempre a realidade. As questões sobre o quotidiano são concretas e simples para as famílias : a seguir compete ao profissional compreender a partir das informações recolhidas do quotidiano, a dinâmica familiar, crenças e valores que guiam cada um dos membros da família. Mas atenção, é importante fazer validar pela família ou pelo membro da família em questão, nossa compreensão da situação (a « hipótese »). Isso também passa pelo quotidiano… O conceito de hipótese parece primordial : com uma família que não aproveita os serviços sociais ou médicos disponíveis, vamos tentar compreender quais podem ser os bloqueios. Para 2 Ver também « Formação sobre a abordagem familiar sistémica realizada para LINGAP » por Sandrine Coutancier e Gwen Dorflinger, os Amigos de Sœur Emmanuelle, Dezembro 99 em linha no site Pratiques : http://www.interaide.org/pratiques/pages/urbain/santesocial/asefrench.htm Janvier 2003 PRATIQUES Réseau d’échanges d’idées et de méthodes pour des actions de développement http://www.interaide.org/pratiques 2/10 URBAIN- AF isso, a compreensão da dinâmica familiar esclarece-nos por exemplo, sobre o desafio de uma mudança ou de uma nova tomada de decisão no seio da família. A minha leitura do nó de bloqueio ou da dificuldade de mudar vai constituir uma hipótese de trabalho. E como toda hipótese, é necessário validar-la ou refutar-la com a família, não necessariamente directamente mas as vezes repassando pelo quotidiano. Uma situação familiar não corresponde a uma única hipótese : Somos mais complicados do que isso. Mas é como seguir um caminho com a família : avançamos na compreensão da situação e depois encontramos-nos num cruzamento com várias possibilidades. Temos sempre nesse caso, uma hipótese preponderante e me engajo com a família nesse caminho. Mas se calhar vou aperceber-me, logo ou não, que esta hipótese não se confirma e que se trata de um beco sem saída. Então volto ao cruzamento e tomo um novo caminho e novamente, texto a pertinência desta nova hipótese e assim em diante…e assim em diante….até o próximo cruzamento… Exemplos de ferramentas : O desenho da casa Podemos fazer este exercício individualmente ou em família. Quando o desenho é feito em família, é interessante observar as interacções (quem desenha, quem se lembra, quem decide, quem talha…) Para os adultos, pode ser « desenhar a casa da vossa infância » : através deste exercício, aprenderemos mais sobre a infância da pessoa do que perguntando-lhe « fale-me da sua infância ». No âmbito dos programas de acompanhamento das famílias, isso pode dar informações sobre a aldeia de origem, história da família, êxodo para cidade : quem se mudou, quando, quem ficou, porquê… No âmbito dos nossos programas (onde as famílias vivem geralmente num só compartimento), o exercício pode ser « desenhar a casa enquanto dormem ». Com pessoas iletradas, ou pouco hábeis com o desenho, podemos fazer o mesmo exercício com cubos, em 3 dimensões, ou com areia. É difícil fazer com crianças se elas ainda não estiverem (pré)escolarizadas. Um outro exercício pode consistir em pedir a pessoa que desenhe sua família. É interessante com uma criança, mas é uma ferramenta que só pode ser feita individualmente (mesmo se isso se fizer ao longo da sessão com toda família). O desenho da casa é apenas uma ferramenta, assim como os questionários de inquérito, as entrevistas no domicílio… É um meio de ter informações que talvez não teríamos de outra maneira. Janvier 2003 PRATIQUES Réseau d’échanges d’idées et de méthodes pour des actions de développement http://www.interaide.org/pratiques 3/10 URBAIN- AF O genograma Definição : « O genograma é a representação gráfica de uma família, reunindo no mesmo esquema os membros destas, geralmente sobre 3 gerações, os laços que as unem, a qualidade da relação e as informações medicinais psico sociais que se ligam ».3 Utilizamos o genograma para apresentar a filiação e para ter em conta a estrutura familiar alargada, sem entrar no segundo nível de leitura (que inclui as relações entre os membros da família) porque esse primeiro nível já dá muitas informações. Isso permite ter a história da família. O limite da ferramenta, é o limite dado pela sua interpretação. Utilizo sempre esta ferramenta na presença da família : faço perguntas e desenho o genograma enquanto a pessoa « conta » a família. O facto de desenhar apazigua a situação : não faço perguntas para ser intrusa mas para fazer o desenho. Desenhar coloca a distância da representação. A utilização do genograma com uma pessoa / uma família iletrada não é necessariamente um problema porque é uma ferramenta muito « figurativa ». São implementados códigos de figuração nos casos das famílias polígamas, ou se existem muitos falecimentos, ou novos casamentos … O genograma é uma boa ferramenta de conhecimento da família : ele ajuda a fazer perguntas : evitamos sempre o « porquê » nas entrevistas psicológicas. É muito difícil como questão. Dizemos antes : « Ah, tem o mesmo nome que a sua tia? », « Esta irmã não é casada? », « O que é que aconteceu com esta criança?» (em caso de morte da criança). O genograma permite abordar temas íntimos : Datas de nascimento das crianças que podem permitir falar dos intervalos dos nascimentos, e compreender os valores e tradições da família sobre o assunto. O genograma dá informações que não teríamos tido necessariamente de outra maneira (por exemplo sobre os abortos, as doenças, a escolha dos nomes…). Daí a importância de fazer perguntas sobre as crenças e valores da família (por exemplo falando dos casamentos, dos enterros, dos abortos, das celebrações que rodeiam o nascimento…). Interessante anotar no genograma as pessoas que vivem sob o mesmo teto (cercando com um círculo). É como ferramenta de conhecimento das famílias que ele pode ser utilizado no âmbito das intervenções no acompanhamento familiar (para utilizar como ferramenta de análise do tipo terapêutico, é preciso estar especificamente formado para isso). As acompanhantes podem apropriar-se se isso tiver sentido para elas, e se não for muito complexo a utilizar no terreno. Ou então, podemos utilizar no trabalho de equipa, no estudo do caso : isso permite a acompanhante ver as coisas que lhe escaparam. É também uma oportunidade para habituar e formar a equipa para sua utilização (sem para isso apresenta-la como ferramenta « mágica »). Documentos entregues na altura da oficina : Fiche 1 : os símbolos do genograma, Ficha 2 : ficha para um genograma Ficha 3 : questionário relativo ao estabelecimento de um genograma Ficha 4 : Categoria para interpretar um genograma Ficha 5 : o genograma da família Freud 3 Ver também no genograma efectuado pela Sandrine Coutancier, Gwen Dorflinger, (Les Amis de Sœur Emmanuelle) para Lingap, Manila, e as referencias bibliográficas e ligações Internet : http://www.interaide.org/pratiques/pages/urbain/santesocial/genofrench.htm Janvier 2003 PRATIQUES Réseau d’échanges d’idées et de méthodes pour des actions de développement http://www.interaide.org/pratiques 4/10 URBAIN- AF Questão : Essas ferramentas (desenho da casa, genograma…) são ferramentas de conhecimento da família. Mas o que é fazemos desse conhecimento? Esta compreensão da família é necessariamente uma compreensão visada. Nas primeiras entrevistas com a família, definimos juntos 1 número de objectivos a atingir para melhorar as suas condições de vida no aspecto sanitário e social precisamente (âmbito de acompanhamento familiar). Ainda ai, é útil manter-se nos objectivos concretos e visíveis. Se o objectivo de trabalho era de ser mais feliz : deveríamos começar por fazer um trabalho a volta de « o que é ser feliz para si/vocês ? Isso significaria o quê no seu quotidiano? O que seria diferente de hoje? ». Procuramos compreender a família mas não é o objectivo do acompanhamento, isso faz parte do processo de acompanhamento. É compreendendo a família mas acima de tudo apoiando-la na sua própria compreensão que nós ajudaremos a ultrapassar os bloqueios/resistências e a atingir (ou a renunciar ou a redefinir) os objectivos que ela tinha fixado no início do seguimento. Parece muito importante sublinhar que não se pretende aqui atingir objectivos a todo custo. Por vezes tomar consciência que os objectivos definidos não eram os mais importantes ou não correspondiam aos valores e crenças da família, ou eram a transferência de outro problema, são saliências tão essenciais para família do que atingir os objectivos iniciais. No entanto, esses pontos não são tomados em consideração nas taxas de sucesso dos seguimentos do acompanhamento familiar… As etapas do acompanhamento : " Diagnóstico Diagnóstico Relação de confiança Definição dos objectivos Compreensão visada da família (não é um fim em si, não precisamos de saber tudo) # Seguimento A fase de seguimento : estamos numa dinâmica de mudança (fase pontuada de momentos de análise dos resultados, fracassos, sucessos…) A compreensão visada prossegue em função das hipóteses que fazemos na medida em que o tempo passa $ Fim Avaliação e fim do seguimento Janvier 2003 PRATIQUES Réseau d’échanges d’idées et de méthodes pour des actions de développement http://www.interaide.org/pratiques 5/10 URBAIN- AF A supervisão Existem geralmente 3 diferentes tipos de reuniões nas estruturas psico-sociais : 1. Reunião de organização da equipa, de manejamento (organização do tempo de trabalho…). 2. Reunião de síntese. 3. A supervisão exterior. A reunião de supervisão ou de síntese : Essas reuniões ditas de síntese servem para cruzar os olhares na família dos diferentes intervenientes que se relacionam com ela. Isso permite ajudar a pessoa que segue a família avançar, desbloquear uma situação. Por vezes esse tipo de reunião transforma-se em reunião de supervisão controle e permite ao superior hierárquico assegurar-se que o trabalho foi bem feito : a acompanhante familiar foi a entrevista prevista, preencheu o formulário. Nesse âmbito, o benefício da supervisão desaparece porque o julgamento feito sobre as tarefas efectuadas inibe toda evocação das dificuldades enfrentadas ou questões da acompanhante. O cenário da reunião deve explicitar que não julgamos a animadora mas que tentamos compreender melhor juntos o que se passa para e com essa família e que estratégia podemos aplicar para desbloquear a situação… Quando cheguei a Manila, esse tipo de reuniões de síntese em equipa não se fazia para decidir a saída da família. Quando implantei essas reuniões quinzenalmente, por equipa geográfica (+ metade do dia de supervisão no terreno), era difícil para as acompanhantes falar de casos que lhes causavam problemas. Mas progressivamente, as acompanhantes compreenderam que elas podiam aprender umas com s outras porque elas não usavam todas as mesmas estratégias em situações semelhantes. Era também difícil retraçar a história de uma família de maneira concreta, completa mas também humana ( elas tinham tendência a ler o Dossier ou a relatar as entrevistas « ele disseme…. Então eu lhe respondi …. Então ele me disse… »). Para ajuda-los, podemos dar-lhes um cenário : falaremos primeiro da história da família, dos objectivos que foram fixados com ela, (pela família / com a família / sobre os conselhos da animadora…) depois falaremos do seguimento, depois… ! As agentes devem compreender a importância da preparação das entrevistas feitas nas visitas no domicílio : a visita tem um objectivo (ligado a uma hipótese de trabalho geral; é já um mínimo) mas podemos ir mais longe na preparação da entrevista. ! A restituição da entrevista (ou « retorno ») é importante : a restituição junto ao supervisor, junto da equipa. Ela permite a agente lembrar-se do que se disse, do que se passou, reflectir nisso. A questão é a seguinte : « o que é que vão colocar no processo da família para sintetizar esta entrevista ». Ajuda também a agente a preparar a próxima entrevista. Janvier 2003 PRATIQUES Réseau d’échanges d’idées et de méthodes pour des actions de développement http://www.interaide.org/pratiques 6/10 URBAIN- AF A supervisão exterior é individual ou colectiva : discutem-se situações familiares que gerimos e as nossas próprias dificuldades em relação a certas famílias a um « psicólogo » externo a equipa. Sua posição de exterioridade confere-lhe uma certa distância e autoriza por vezes a anunciar mais facilmente os seus problemas ou fracassos ou ainda dificuldades relacionais no seio da equipa. Pela mediação que ele oferece e como garante do cenário, ele permite geralmente trabalhar mais nas contra-transferências, dificilmente elaboráveis em equipa. Por exemplo, em quê é que esta família me desestabilizou e me perturba porque ela vai ao encontro dos meus próprios valores? Tomando consciência das minhas dificuldades em relação a esta família, serei capaz de realizar o meu acompanhamento separando o meu juízo de valor do seguimento, por vezes aceitar os meus limites e solicitar a transferência do apoio a esta família para uma outra agente… Que fazer quando a situação está bloqueada ? Nos casos de resistência, quando a família parece bloqueada no seu encaminhamento, existem geralmente duas possibilidades : • Antes de mais nada, é preciso colar a seguinte questão : o objectivo no qual estamos bloqueados é de facto um objectivo da família? Revela-se de facto que o objectivo que bloqueia era um objectivo da equipe e não da família. Por exemplo, no caso do planeamento familiar que afecta as tradições culturais, religiosas, locais e familiares : mesmo que a mãe queira realmente distanciar as gravidezes (ou não ter mais filhos), elas não podem deixar de ter filhos por causa das pressões sociais ou familiares. % Não é um fracasso da agente, % Estamos numa matéria complexa de mudança de comportamento, intima, pessoal... Isso requestiona os objectivos iniciais fixados com a família : ! Os objectivos iniciais são geralmente negociados. Os programas de acompanhamento das famílias desenvolvidos pela Inter Aide tem um objectivo : melhorar as condições de vida das famílias na área da saúde, da higiene e educação. Não são necessariamente objectivos da família no início, mas incitamo-las também a ir nessa direcção. Toda via, a acompanhante deve velar para não impor seus próprios objectivos à família, com risco de se encontrar alguns meses mais tarde numa situação bloqueada. ! É preciso apresentar o acompanhamento familiar e seus limites : apresentar o que se pode fazer (na área da saúde, da higiene e da educação…), e o que não se poderá fazer (as áreas onde não daremos apoio : melhoria dos rendimentos, alcoolismo, handicap…). Precisar também os limites no tempo (propomos um acompanhamento que dura 6 meses, durante esse tempo, o que é que podemos fazer…). Ainar bem objectivos e apresentação do programa com equipa, para ficar tudo bem claro. É preciso que a equipa (agentes,supervisores) aceitam os limites do acompanhamento… Janvier 2003 PRATIQUES Réseau d’échanges d’idées et de méthodes pour des actions de développement http://www.interaide.org/pratiques 7/10 URBAIN- AF • Interpretar as situações bloqueadas como sinais de alerta : Se depois de 3 visitas a mãe não tiver ido ao centro de saúde, consulta pediátrica, vacinar o filho, ou consulta pré natal, enquanto era o objectivo da visita, quer dizer que o problema está algures. Não é necessariamente um problema de ordem psicológica : pode ser um problema de organização de tempo (horários de trabalho, sobrecarga de trabalho…), ou de negligência… Pode ser também que a mãe não tenha vontade de fazer o balanço psicomotor ao seu filho e ouvir dizer que ele está retardado, ou ir pesar sua criança e ouvir que não é bem alimentada… Ou então pode ser que o marido ou a sogra não queira que ela saia do bairro… ! Pequenos jogos podem ser utilizados como técnicas de ajuda a mudança : - a « questão milagre » ou a « questão pesadelo » : « se um milagre acontece durante a noite e o seu problema se resolve : como é que se apercebe no dia seguinte? É você ou outra pessoa que se apercebe? ». Isso permite visualizar s mudança. - técnicas de antecipação : você inicia uma formação profissional amanhã : a que horas se levanta de manhã, quanto precisa para comprar o bilhete do onibus? Tem dinheiro? E para o almoço? Quem vai acordar as crianças no seu lugar?… Vai ao centro de saúde a consulta planeamento, a que horas se levanta? Tem dinheiro para o onibus? Para pagar a consulta? Os medicamentos? Quem ficará as crianças no seu lugar? Se é um problema de ordem psicológica, pode ser importante identifica-lo (mesmo que não o possamos resolve-lo) : uma pessoa deprimida não pode ser lutadora : % Não é falha da acompanhante. % Para ir em frente com esta família, é preciso que ela ultrapasse a sua depressão. Os acompanhantes não tem competências específicas para isso, mas não é por isso que elas se devem sentir responsáveis da depressão dessa pessoa. % Por outro lado, não se pode subestimar a capacidade de escuta… É preciso que a equipa aceite também os limites do acompanhamento : ! Treinamento e trabalho de equipa (inclusive supervisão) : como aceitar deixar uma família quando chegamos ao limite das nossas competências? Como aceitar esse « luto » sem culpabilizar? % Se referir ao contrato passado com a família % Referir a família a organismos especializados se possível % A família poderá encaminhar-se a permanência social. Nos casos difíceis, é importante distanciar-se (e claro se possível, referir as famílias que estão muito aflitas aos organismos caritativos ou organismos especializados se existirem…). Exemplo de situação onde uma jovem equipa que inicia deixou-se levar numa situação de urgência (concessão de um empréstimo que a família não pôde reembolsar…) A trabalhar em equipa nas reuniões de supervisão : ! O que é que ressentiram diante da situação desta família? Porquê? Porquê reagiram dessa maneira? ( porque isso nos lembra..... / porque somos uma equipa jovem, é uma das Janvier 2003 PRATIQUES Réseau d’échanges d’idées et de méthodes pour des actions de développement http://www.interaide.org/pratiques 8/10 URBAIN- AF primeiras famílias com as quais trabalhamos, e não estamos prontos para assumir um fracasso neste momento na nossa história, da nossa existência como equipa). ! Depois : como evitar estas situações futuramente? Quais os limites ecuidados tomar no nosso trabalho para balizar as intervenções? (% Os limites podem evoluir com a aquisição de novas competências / habilidades no seio da equipa). Bibliografia : Titulo da obra Aïe mes aïeux! Carnets d'un psy dans l'humanitaire Le creuset familial Autor / Editor Anne AncelinShützenberg, Coll. La Méridienne, Desclée de Brouwer 2001 Francis Maquéda Préface de René Kaës, éditions Érès, 1998. Napier & Whitaker, Laffont 1997 La Compétence des familles Ausloos, Erès Du désir au plaisir de changer Kourilsky-Belliard Le deuil à vivre L'enfant et la mort L'enfant et son milieu en Afrique noire L'enfant réfugié Introduction à la psychologie anthropologique Comentários Sobre a transmissão transgeracional (Francis Maquéda trabalha na Handicap international) Retranscrição de uma terapia familiar. Terapia familiar sistémica. (O autor parte do princípio que as famílias só criam problemas que elas podem resolver) Dá técnicas de ajuda a mudança Bacqué, 2000, Poche Odile Jacob Rainbault, Dunod 2000 A criança confrontada a morte Erny, l'Harmattan 1987 Pelo autor de "l'enfant et le jeu". Sylvie Mansour, Syros Anexos interessantes sobre o traumatismo (e sua utilização abusiva actual) Antropologia aplicada à infância (França, Stork, Ed. Armand Japão, África negra...). 1 capitulo é consagrado a ligação entre a malnutrição Colin 1999 e psicologia. Interventions psychothérapeutiques parents- Guéderey-Lebovici jeunes enfants Capítulos interessantes sobre as relações pais / filhos Oedipe africain Ortigus Psiquiatria transcultural : onde podemos transpor os sistemas psicanalíticos às outras culturas? Les secrets de famille mode d'emploi Tisseron, éditions marabout Tintin et les secrets de famille Tisseron Vivre et revivre au camp de Kao-I-Dang. Une psychiatrie humanitaire Obras de etnopsiquiatria sobre o projecto HIEGEL J.P., HIEGELde saúde mental nos campos de LANDRAC C., Paris, refugiados na Tailândia em relação com Fayard, 1996. os praticantes tradicionais Janvier 2003 - PRATIQUES Réseau d’échanges d’idées et de méthodes pour des actions de développement http://www.interaide.org/pratiques 9/10 URBAIN- AF Le voile noir Annie Duperey, Point Seuil 1992 ( A criança confrontada a morte dos seus pais * Lista de participantes Pascale Quelfennec, ASMAE [email protected] Virginie Toussaint, ASMAE Madagascar, [email protected] Jean Copreaux, lutte contre la TB à Bombay (Inter Aide) [email protected] Anne-Claire et FX Hay, Pune social & crédit (Inter Aide) [email protected] Lydia Adelin, Bombay social et crédit (Inter Aide) [email protected] Isabelle Roche, Antsirabe, Madagascar (Inter Aide) [email protected] Thierry Vincent, Secteur Malawi, Inter Aide [email protected] Anne Carpe et Nadine Larnaudie (C.A. d’Entrepreneurs du Monde), Franck Renaudin (Asie-Tana, EdM) et Marion Bourreau (IA) ont également participé à quelques uns des ateliers. Les intervenantes : Emmanuelle Six-Razafinjato [email protected] (atelier du 18 décembre 2002 sur le travail social) Cécile Bizouerne [email protected] (19 décembre 2002) Alexandra Lesaffre, programme d’ éveil à Antananarivo [email protected] (atelier du 20 décembre 2002 sur la petite enfance) L’organisateur : Gaspard Schlumberger, Secteur Asie-Tana, Inter Aide [email protected] Rapporteur : Anne Carpentier, réseau d’échanges d’expériences Pratiques, (IA) [email protected] Janvier 2003 - 10/10 PRATIQUES Réseau d’échanges d’idées et de méthodes pour des actions de développement http://www.interaide.org/pratiques