Dimensão psicosocial do trabalho social œ ferramentas

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Dimensão psicosocial do trabalho social œ ferramentas
URBAIN- AF
Dimensão psicosocial do trabalho social –
ferramentas psicológicas
Intervenção da Cécile Bizouerne1,
2a jornada da oficina sobre o Acompanhamento das famílias. 19.12 2002
Participantes e relator*
Preâmbulo
Questões : Como despertar nas famílias « apáticas » a vontade de mudar? (questão que
colocam vários outros : a questão da selecção e da integração das famílias, a questão de
motivação das famílias, e a questão das expectativas da equipa)
Quais são as chaves para desbloquear uma situação?
O que fazer face ao alcoolismo?
Exemplos de ferramentas « psicológicas »?
Exemplos de « case work »?
Como é que a abordagem psicológica leva em conta o contexto e a cultura local?
Em Manila, -me posicionei de imediato como psicóloga, face a equipa de acompanhamento
familiar muito esperançosa no domínio psico social e que colocava a questão : Além da
resolução de problemas e para fazer face a algumas responsabilidades fracassadas, como
ir mais longe com as famílias?
A abordagem sistémica
As diferentes escolas de psicologia propõem modelos teóricos e práticas diferentes. A terapia
familiar sistémica, que é uma, se adapta- bem aos contextos dos programas A.F da Inter Aide.
AVISO IMPORTANTE
As fichas e contos de experiências « Praticas » são difundidas no âmbito da rede de trocas de ideias
e de métodos entre as ONGs signatárias da « convenção Inter Aide ».
É importante sublinhar que estas fichas não são normativas e não pretendem em nenhum caso
« dizer o que se deveria fazer »; elas contentam-se em apresentar experiências que produziram
resultados interessantes no contexto onde elas foram desenvolvidas.
Os autores de « Pratiques » não vêm nenhum inconveniente, que estas fichas sejam reproduzidas,
pelo contrário, à condição expressa que as informações que elas contém sejam dadas incluindo este
aviso .
1
Cécile Bizouerne é psicóloga e trabalhou com a Inter Aide em Manila durante vários meses, em apoio a
associação Filipina Lingap que desenvolve acções de acompanhamento de famílias (AF) e de luta contra o
fracasso escolar. Ela trabalha actualmente na Acção Contra Fome como psicóloga encarregada do projecto
sobre saúde mental e malnutrição severa nos contextos de urgência e aceitou participar nesta oficina a pedido
de Gaspard Schlumberger (Inter Aide Sector Asia-Tana social).
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No acompanhamento das famílias, apercebemo-nos logo que se trabalhamos com uma única
pessoa da família (que é geralmente a mãe) a situação pode bloquear-se relativamente
rapidamente : para desbloquear as situações, é preciso introduzir o pai, ou as crianças - ou
então, nos contextos muçulmanos a madrasta… (Entretanto, as agentes de saude, geralmente
jovens, não estão sempre bem à vontade com os homens ou para falar de problemas de casais).
A abordagem sistémica leva em conta as relações familiares2 : para ser mais breve, a família é
considerada como um sistema em equilíbrio. O membro da família que é identificado como
« paciente designado » permite a manutenção do equilíbrio pelo problema que ele leva para a
família. Se trabalhamos apenas com o « paciente designado », sua evolução ou as mudanças
que ele vai operar vão desestabilizar toda família. Está deverá ajustar-se e encontrar um novo
equilíbrio, com risco que um outro membro da família torne-se portador de dificuldades
familiares. O acompanhamento da família inteira tem por objectivo mudar a dinâmica familiar
para passar para uma situação de equilíbrio mais satisfatória para os membros da família
individualmente assim como para toda família em conjunto. Também tomo em consideração a
dimensão individual (intra-física) : cada indivíduo considerado na sua história e no seu
inconsciente. E importante não isolar a família do seu contexto : mesmo se considerarmos que
a família é actriz do seu próprio desenvolvimento, o contexto influencia de maneira mais ou
menos favorável.
! Para levar em conta as relações familiares nas vistas domiciliares, pensar em colocar
questões bem concretas :
• Quem acorda as crianças?
• Quais são os horários da família (da mãe, da madrasta…),
• Quem traz o dinheiro, como ele é redistribuído?
• Quem cozinha, quem lava as crianças, quem leva para escola ?
• Importância de olhar e compreender a disposição da casa : quem dorme onde ? Onde se
lavam, existem lugares de intimidade (cortinas,…).
• Nas entrevistas, quem fala : a mãe? a madrasta? o pai?
Tudo isso dá muita informações sobre a organização da família e sobre a dinâmica familiar. As
vezes temos tendência de querer interrogar as famílias directamente sobre as suas relações
interpessoais e sobre a dinâmica familiar. Pedimo-lhes que se distanciem do seu quotidiano :
geralmente obtemos representações gerais que não correspondem sempre a realidade. As
questões sobre o quotidiano são concretas e simples para as famílias : a seguir compete
ao profissional compreender a partir das informações recolhidas do quotidiano, a
dinâmica familiar, crenças e valores que guiam cada um dos membros da família. Mas
atenção, é importante fazer validar pela família ou pelo membro da família em questão,
nossa compreensão da situação (a « hipótese »). Isso também passa pelo quotidiano…
O conceito de hipótese parece primordial : com uma família que não aproveita os serviços
sociais ou médicos disponíveis, vamos tentar compreender quais podem ser os bloqueios. Para
2
Ver também « Formação sobre a abordagem familiar sistémica realizada para LINGAP » por Sandrine
Coutancier e Gwen Dorflinger, os Amigos de Sœur Emmanuelle, Dezembro 99 em linha no site Pratiques :
http://www.interaide.org/pratiques/pages/urbain/santesocial/asefrench.htm
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isso, a compreensão da dinâmica familiar esclarece-nos por exemplo, sobre o desafio de uma
mudança ou de uma nova tomada de decisão no seio da família. A minha leitura do nó de
bloqueio ou da dificuldade de mudar vai constituir uma hipótese de trabalho. E como toda
hipótese, é necessário validar-la ou refutar-la com a família, não necessariamente directamente
mas as vezes repassando pelo quotidiano. Uma situação familiar não corresponde a uma única
hipótese : Somos mais complicados do que isso. Mas é como seguir um caminho com a
família : avançamos na compreensão da situação e depois encontramos-nos num cruzamento
com várias possibilidades. Temos sempre nesse caso, uma hipótese preponderante e me engajo
com a família nesse caminho. Mas se calhar vou aperceber-me, logo ou não, que esta hipótese
não se confirma e que se trata de um beco sem saída. Então volto ao cruzamento e tomo um
novo caminho e novamente, texto a pertinência desta nova hipótese e assim em diante…e
assim em diante….até o próximo cruzamento…
Exemplos de ferramentas :
O desenho da casa
Podemos fazer este exercício individualmente ou em família. Quando o desenho é feito em família, é
interessante observar as interacções (quem desenha, quem se lembra, quem decide, quem talha…)
Para os adultos, pode ser « desenhar a casa da vossa infância » : através deste exercício, aprenderemos
mais sobre a infância da pessoa do que perguntando-lhe « fale-me da sua infância ». No âmbito dos
programas de acompanhamento das famílias, isso pode dar informações sobre a aldeia de origem,
história da família, êxodo para cidade : quem se mudou, quando, quem ficou, porquê…
No âmbito dos nossos programas (onde as famílias vivem geralmente num só compartimento), o
exercício pode ser « desenhar a casa enquanto dormem ».
Com pessoas iletradas, ou pouco hábeis com o desenho, podemos fazer o mesmo exercício com cubos,
em 3 dimensões, ou com areia. É difícil fazer com crianças se elas ainda não estiverem
(pré)escolarizadas.
Um outro exercício pode consistir em pedir a pessoa que desenhe sua família. É interessante com uma
criança, mas é uma ferramenta que só pode ser feita individualmente (mesmo se isso se fizer ao longo da
sessão com toda família).
O desenho da casa é apenas uma ferramenta, assim como os questionários de inquérito, as entrevistas
no domicílio… É um meio de ter informações que talvez não teríamos de outra maneira.
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O genograma
Definição : « O genograma é a representação gráfica de uma família, reunindo no mesmo esquema os
membros destas, geralmente sobre 3 gerações, os laços que as unem, a qualidade da relação e as
informações medicinais psico sociais que se ligam ».3
Utilizamos o genograma para apresentar a filiação e para ter em conta a estrutura familiar alargada,
sem entrar no segundo nível de leitura (que inclui as relações entre os membros da família) porque esse
primeiro nível já dá muitas informações. Isso permite ter a história da família. O limite da ferramenta, é
o limite dado pela sua interpretação.
Utilizo sempre esta ferramenta na presença da família : faço perguntas e desenho o genograma enquanto
a pessoa « conta » a família. O facto de desenhar apazigua a situação : não faço perguntas para ser
intrusa mas para fazer o desenho. Desenhar coloca a distância da representação. A utilização do
genograma com uma pessoa / uma família iletrada não é necessariamente um problema porque é uma
ferramenta muito « figurativa ». São implementados códigos de figuração nos casos das famílias
polígamas, ou se existem muitos falecimentos, ou novos casamentos …
O genograma é uma boa ferramenta de conhecimento da família : ele ajuda a fazer perguntas :
evitamos sempre o « porquê » nas entrevistas psicológicas. É muito difícil como questão. Dizemos
antes : « Ah, tem o mesmo nome que a sua tia? », « Esta irmã não é casada? », « O que é que
aconteceu com esta criança?» (em caso de morte da criança).
O genograma permite abordar temas íntimos : Datas de nascimento das crianças que podem permitir
falar dos intervalos dos nascimentos, e compreender os valores e tradições da família sobre o assunto.
O genograma dá informações que não teríamos tido necessariamente de outra maneira (por exemplo
sobre os abortos, as doenças, a escolha dos nomes…). Daí a importância de fazer perguntas sobre as
crenças e valores da família (por exemplo falando dos casamentos, dos enterros, dos abortos, das
celebrações que rodeiam o nascimento…).
Interessante anotar no genograma as pessoas que vivem sob o mesmo teto (cercando com um círculo).
É como ferramenta de conhecimento das famílias que ele pode ser utilizado no âmbito das
intervenções no acompanhamento familiar (para utilizar como ferramenta de análise do tipo terapêutico,
é preciso estar especificamente formado para isso). As acompanhantes podem apropriar-se se isso tiver
sentido para elas, e se não for muito complexo a utilizar no terreno. Ou então, podemos utilizar no
trabalho de equipa, no estudo do caso : isso permite a acompanhante ver as coisas que lhe escaparam. É
também uma oportunidade para habituar e formar a equipa para sua utilização (sem para isso
apresenta-la como ferramenta « mágica »).
Documentos entregues na altura da oficina : Fiche 1 : os símbolos do genograma,
Ficha 2 : ficha para um genograma
Ficha 3 : questionário relativo ao estabelecimento de um genograma
Ficha 4 : Categoria para interpretar um genograma
Ficha 5 : o genograma da família Freud
3
Ver também no genograma efectuado pela Sandrine Coutancier, Gwen Dorflinger, (Les Amis de Sœur
Emmanuelle) para Lingap, Manila, e as referencias bibliográficas e ligações Internet :
http://www.interaide.org/pratiques/pages/urbain/santesocial/genofrench.htm
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Questão : Essas ferramentas (desenho da casa, genograma…) são ferramentas de
conhecimento da família. Mas o que é fazemos desse conhecimento?
Esta compreensão da família é necessariamente uma compreensão visada. Nas primeiras
entrevistas com a família, definimos juntos 1 número de objectivos a atingir para melhorar as
suas condições de vida no aspecto sanitário e social precisamente (âmbito de acompanhamento
familiar). Ainda ai, é útil manter-se nos objectivos concretos e visíveis.
Se o objectivo de trabalho era de ser mais feliz : deveríamos começar por fazer um trabalho a
volta de « o que é ser feliz para si/vocês ? Isso significaria o quê no seu quotidiano? O que
seria diferente de hoje? ». Procuramos compreender a família mas não é o objectivo do
acompanhamento, isso faz parte do processo de acompanhamento. É compreendendo a
família mas acima de tudo apoiando-la na sua própria compreensão que nós
ajudaremos a ultrapassar os bloqueios/resistências e a atingir (ou a renunciar ou a
redefinir) os objectivos que ela tinha fixado no início do seguimento.
Parece muito importante sublinhar que não se pretende aqui atingir objectivos a todo custo.
Por vezes tomar consciência que os objectivos definidos não eram os mais importantes ou não
correspondiam aos valores e crenças da família, ou eram a transferência de outro problema,
são saliências tão essenciais para família do que atingir os objectivos iniciais. No entanto, esses
pontos não são tomados em consideração nas taxas de sucesso dos seguimentos do
acompanhamento familiar…
As etapas do acompanhamento :
" Diagnóstico
Diagnóstico
Relação de confiança
Definição dos objectivos
Compreensão visada da família (não é um fim em si, não precisamos de
saber tudo)
# Seguimento
A fase de seguimento : estamos numa dinâmica de mudança (fase
pontuada de momentos de análise dos resultados, fracassos,
sucessos…)
A compreensão visada prossegue em função das hipóteses que fazemos
na medida em que o tempo passa
$ Fim
Avaliação e fim do seguimento
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A supervisão
Existem geralmente 3 diferentes tipos de reuniões nas estruturas psico-sociais :
1. Reunião de organização da equipa, de manejamento (organização do tempo de
trabalho…).
2. Reunião de síntese.
3. A supervisão exterior.
A reunião de supervisão ou de síntese : Essas reuniões ditas de síntese servem para cruzar
os olhares na família dos diferentes intervenientes que se relacionam com ela. Isso permite
ajudar a pessoa que segue a família avançar, desbloquear uma situação.
Por vezes esse tipo de reunião transforma-se em reunião de supervisão controle e permite ao
superior hierárquico assegurar-se que o trabalho foi bem feito : a acompanhante familiar foi a
entrevista prevista, preencheu o formulário. Nesse âmbito, o benefício da supervisão
desaparece porque o julgamento feito sobre as tarefas efectuadas inibe toda evocação das
dificuldades enfrentadas ou questões da acompanhante.
O cenário da reunião deve explicitar que não julgamos a animadora mas que tentamos
compreender melhor juntos o que se passa para e com essa família e que estratégia podemos
aplicar para desbloquear a situação…
Quando cheguei a Manila, esse tipo de reuniões de síntese em equipa não se fazia para decidir
a saída da família. Quando implantei essas reuniões quinzenalmente, por equipa geográfica (+
metade do dia de supervisão no terreno), era difícil para as acompanhantes falar de casos que
lhes causavam problemas. Mas progressivamente, as acompanhantes compreenderam que elas
podiam aprender umas com s outras porque elas não usavam todas as mesmas estratégias em
situações semelhantes.
Era também difícil retraçar a história de uma família de maneira concreta, completa mas
também humana ( elas tinham tendência a ler o Dossier ou a relatar as entrevistas « ele disseme…. Então eu lhe respondi …. Então ele me disse… »). Para ajuda-los, podemos dar-lhes um
cenário : falaremos primeiro da história da família, dos objectivos que foram fixados com ela,
(pela família / com a família / sobre os conselhos da animadora…) depois falaremos do
seguimento, depois…
! As agentes devem compreender a importância da preparação das entrevistas feitas nas
visitas no domicílio : a visita tem um objectivo (ligado a uma hipótese de trabalho geral; é já
um mínimo) mas podemos ir mais longe na preparação da entrevista.
! A restituição da entrevista (ou « retorno ») é importante : a restituição junto ao
supervisor, junto da equipa. Ela permite a agente lembrar-se do que se disse, do que se passou,
reflectir nisso. A questão é a seguinte : « o que é que vão colocar no processo da família para
sintetizar esta entrevista ». Ajuda também a agente a preparar a próxima entrevista.
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A supervisão exterior é individual ou colectiva : discutem-se situações familiares que
gerimos e as nossas próprias dificuldades em relação a certas famílias a um « psicólogo »
externo a equipa. Sua posição de exterioridade confere-lhe uma certa distância e autoriza por
vezes a anunciar mais facilmente os seus problemas ou fracassos ou ainda dificuldades
relacionais no seio da equipa. Pela mediação que ele oferece e como garante do cenário, ele
permite geralmente trabalhar mais nas contra-transferências, dificilmente elaboráveis em
equipa. Por exemplo, em quê é que esta família me desestabilizou e me perturba porque ela vai
ao encontro dos meus próprios valores? Tomando consciência das minhas dificuldades em
relação a esta família, serei capaz de realizar o meu acompanhamento separando o meu juízo
de valor do seguimento, por vezes aceitar os meus limites e solicitar a transferência do apoio a
esta família para uma outra agente…
Que fazer quando a situação está bloqueada ?
Nos casos de resistência, quando a família parece bloqueada no seu encaminhamento, existem
geralmente duas possibilidades :
•
Antes de mais nada, é preciso colar a seguinte questão : o objectivo no qual estamos
bloqueados é de facto um objectivo da família?
Revela-se de facto que o objectivo que bloqueia era um objectivo da equipe e não da família.
Por exemplo, no caso do planeamento familiar que afecta as tradições culturais, religiosas,
locais e familiares : mesmo que a mãe queira realmente distanciar as gravidezes (ou não ter
mais filhos), elas não podem deixar de ter filhos por causa das pressões sociais ou familiares.
% Não é um fracasso da agente,
% Estamos numa matéria complexa de mudança de comportamento, intima, pessoal...
Isso requestiona os objectivos iniciais fixados com a família :
! Os objectivos iniciais são geralmente negociados. Os programas de acompanhamento das
famílias desenvolvidos pela Inter Aide tem um objectivo : melhorar as condições de vida das
famílias na área da saúde, da higiene e educação. Não são necessariamente objectivos da
família no início, mas incitamo-las também a ir nessa direcção. Toda via, a acompanhante deve
velar para não impor seus próprios objectivos à família, com risco de se encontrar alguns
meses mais tarde numa situação bloqueada.
! É preciso apresentar o acompanhamento familiar e seus limites : apresentar o que se
pode fazer (na área da saúde, da higiene e da educação…), e o que não se poderá fazer (as
áreas onde não daremos apoio : melhoria dos rendimentos, alcoolismo, handicap…). Precisar
também os limites no tempo (propomos um acompanhamento que dura 6 meses, durante esse
tempo, o que é que podemos fazer…).
Ainar bem objectivos e apresentação do programa com equipa, para ficar tudo bem claro.
É preciso que a equipa (agentes,supervisores) aceitam os limites do acompanhamento…
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•
Interpretar as situações bloqueadas como sinais de alerta :
Se depois de 3 visitas a mãe não tiver ido ao centro de saúde, consulta pediátrica, vacinar o
filho, ou consulta pré natal, enquanto era o objectivo da visita, quer dizer que o problema
está algures.
Não é necessariamente um problema de ordem psicológica : pode ser um problema de
organização de tempo (horários de trabalho, sobrecarga de trabalho…), ou de negligência…
Pode ser também que a mãe não tenha vontade de fazer o balanço psicomotor ao seu filho e
ouvir dizer que ele está retardado, ou ir pesar sua criança e ouvir que não é bem alimentada…
Ou então pode ser que o marido ou a sogra não queira que ela saia do bairro…
! Pequenos jogos podem ser utilizados como técnicas de ajuda a mudança :
- a « questão milagre » ou a « questão pesadelo » : « se um milagre acontece durante a noite e o seu
problema se resolve : como é que se apercebe no dia seguinte? É você ou outra pessoa que se
apercebe? ». Isso permite visualizar s mudança.
- técnicas de antecipação : você inicia uma formação profissional amanhã : a que horas se levanta de
manhã, quanto precisa para comprar o bilhete do onibus? Tem dinheiro? E para o almoço? Quem vai
acordar as crianças no seu lugar?…
Vai ao centro de saúde a consulta planeamento, a que horas se levanta? Tem dinheiro para o onibus?
Para pagar a consulta? Os medicamentos? Quem ficará as crianças no seu lugar?
Se é um problema de ordem psicológica, pode ser importante identifica-lo (mesmo que não o
possamos resolve-lo) : uma pessoa deprimida não pode ser lutadora :
% Não é falha da acompanhante.
% Para ir em frente com esta família, é preciso que ela ultrapasse a sua depressão. Os
acompanhantes não tem competências específicas para isso, mas não é por isso que elas
se devem sentir responsáveis da depressão dessa pessoa.
% Por outro lado, não se pode subestimar a capacidade de escuta…
É preciso que a equipa aceite também os limites do acompanhamento :
! Treinamento e trabalho de equipa (inclusive supervisão) : como aceitar deixar uma
família quando chegamos ao limite das nossas competências? Como aceitar esse « luto »
sem culpabilizar?
% Se referir ao contrato passado com a família
% Referir a família a organismos especializados se possível
% A família poderá encaminhar-se a permanência social.
Nos casos difíceis, é importante distanciar-se (e claro se possível, referir as famílias que estão
muito aflitas aos organismos caritativos ou organismos especializados se existirem…).
Exemplo de situação onde uma jovem equipa que inicia deixou-se levar numa situação de
urgência (concessão de um empréstimo que a família não pôde reembolsar…)
A trabalhar em equipa nas reuniões de supervisão :
! O que é que ressentiram diante da situação desta família? Porquê? Porquê reagiram dessa
maneira? ( porque isso nos lembra..... / porque somos uma equipa jovem, é uma das
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primeiras famílias com as quais trabalhamos, e não estamos prontos para assumir um
fracasso neste momento na nossa história, da nossa existência como equipa).
! Depois : como evitar estas situações futuramente? Quais os limites ecuidados tomar no
nosso trabalho para balizar as intervenções? (% Os limites podem evoluir com a aquisição
de novas competências / habilidades no seio da equipa).
Bibliografia :
Titulo da obra
Aïe mes aïeux!
Carnets d'un psy dans
l'humanitaire
Le creuset familial
Autor / Editor
Anne AncelinShützenberg, Coll. La
Méridienne, Desclée de
Brouwer 2001
Francis Maquéda
Préface de René Kaës,
éditions Érès, 1998.
Napier & Whitaker,
Laffont 1997
La Compétence des familles
Ausloos, Erès
Du désir au plaisir de changer
Kourilsky-Belliard
Le deuil à vivre
L'enfant et la mort
L'enfant et son milieu en
Afrique noire
L'enfant réfugié
Introduction à la psychologie
anthropologique
Comentários
Sobre a transmissão transgeracional
(Francis Maquéda trabalha na Handicap
international)
Retranscrição de uma terapia familiar.
Terapia familiar sistémica. (O autor parte
do princípio que as famílias só criam
problemas que elas podem resolver)
Dá técnicas de ajuda a mudança
Bacqué, 2000, Poche
Odile Jacob
Rainbault, Dunod 2000 A criança confrontada a morte
Erny, l'Harmattan 1987
Pelo autor de "l'enfant et le jeu".
Sylvie Mansour, Syros Anexos interessantes sobre o traumatismo
(e sua utilização abusiva actual)
Antropologia aplicada à infância (França,
Stork, Ed. Armand
Japão, África negra...). 1 capitulo é
consagrado a ligação entre a malnutrição
Colin 1999
e psicologia.
Interventions
psychothérapeutiques parents- Guéderey-Lebovici
jeunes enfants
Capítulos interessantes sobre as relações
pais / filhos
Oedipe africain
Ortigus
Psiquiatria transcultural : onde podemos
transpor os sistemas psicanalíticos às
outras culturas?
Les secrets de famille mode
d'emploi
Tisseron, éditions
marabout
Tintin et les secrets de famille
Tisseron
Vivre et revivre au camp de
Kao-I-Dang. Une psychiatrie
humanitaire
Obras de etnopsiquiatria sobre o projecto
HIEGEL J.P., HIEGELde saúde mental nos campos de
LANDRAC C., Paris,
refugiados na Tailândia em relação com
Fayard, 1996.
os praticantes tradicionais
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Le voile noir
Annie Duperey, Point
Seuil 1992 (
A criança confrontada a morte dos seus
pais
*
Lista de participantes
Pascale Quelfennec, ASMAE [email protected]
Virginie Toussaint, ASMAE Madagascar, [email protected]
Jean Copreaux, lutte contre la TB à Bombay (Inter Aide) [email protected]
Anne-Claire et FX Hay, Pune social & crédit (Inter Aide) [email protected]
Lydia Adelin, Bombay social et crédit (Inter Aide) [email protected]
Isabelle Roche, Antsirabe, Madagascar (Inter Aide) [email protected]
Thierry Vincent, Secteur Malawi, Inter Aide [email protected]
Anne Carpe et Nadine Larnaudie (C.A. d’Entrepreneurs du Monde), Franck Renaudin (Asie-Tana, EdM) et
Marion Bourreau (IA) ont également participé à quelques uns des ateliers.
Les intervenantes :
Emmanuelle Six-Razafinjato [email protected] (atelier du 18 décembre 2002 sur le travail social)
Cécile Bizouerne [email protected] (19 décembre 2002)
Alexandra Lesaffre, programme d’ éveil à Antananarivo [email protected] (atelier du 20 décembre 2002 sur
la petite enfance)
L’organisateur : Gaspard Schlumberger, Secteur Asie-Tana, Inter Aide [email protected]
Rapporteur : Anne Carpentier, réseau d’échanges d’expériences Pratiques, (IA) [email protected]
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