Clipping Fenep 03-11 Clipping 03/11

Transcrição

Clipping Fenep 03-11 Clipping 03/11
Clipping Nacional
de
Educação
Terça-feira, 03 de Novembro de 2015
Capitare Assessoria de Imprensa
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FOLHA DE SÃO PAULO
03/11/15
TENDÊNCIAS & DEBATES
Em busca dos pequenos gênios
MARCELO CRIVELLA
Carl Friedrich Gauss (17771855) é considerado o maior
matemático de todos os tempos.
Foi para a escola com oito anos.
Na primeira aula assombrou o
professor
ao
solucionar
rapidamente um problema que
deveria manter a turma ocupada
durante toda a manhã: somar os
números entre um e cem.
Em vez de fazer as operações
aritméticas, como era esperado, o
pequeno Gauss notou que somando
os extremos da série –1 mais 99,
2 mais 98, e assim por diante–
sempre obtinha cem. Montou de
relance uma fórmula e entregou o
resultado correto. Nasceram ali as
teorias das progressões aritmética
e geométrica, dos arranjos, das
permutações e das combinações,
que hoje nos permitem escolher
sem repetições as placas de
trânsito e os números de celulares,
por exemplo.
O professor solicitou e obteve
uma bolsa de estudos para o
menino. Graças a isso, o talento
de Gauss floresceu. Morreu com
77 anos, deixando uma obra
extensa. Era um superdotado e foi
reconhecido como tal, no momento
certo.
Evariste Galois (1811-1832),
ao contrário, foi expulso da escola
e teve uma adolescência marcada
por diversas prisões. Era
voluntarioso e indisciplinado.
Desprezava os livros didáticos,
mas nunca abandonou a paixão
pela matemática. Com 20 anos, foi
desafiado para um duelo.
Sabendo de antemão que não
sairia com vida, dedicou suas
últimas horas a pôr no papel as
ideias que tinha, às quais ninguém
prestara atenção. Deixou somente
algumas dezenas de páginas,
escritas de maneira quase
ininteligível.
Onze anos depois, Joseph
Liouville anunciou ao mundo que
o jovem Galois resolvera um dos
grandes problemas da história da
matemática, tendo descoberto um
método novo, que veio a
revolucionar a álgebra. Galois
também era um superdotado, mas
não foi reconhecido como tal, em
vida.
Dois destinos que mostram a
importância de um tema atual: a
necessidade de criar mecanismos
para
identificar
alunos
superdotados para as ciências, as
artes, a literatura e os esportes,
para que possam desenvolver seus
talentos
e
não
sofram
discriminações.
Os superdotados podem ser
indisciplinados e hiperativos, por
isso diagnosticados erroneamente
e submetidos a tratamentos
inadequados. Têm facilidade para
aprender, mas podem demonstrar
desinteresse nas aulas e nas lições
de casa.
Nem sempre um superdotado é
um excelente aluno. Por isso, o
reconhecimento de sua condição
não é trivial. Somente testes
aplicados por psicólogos podem
fazer o diagnóstico correto. A
identificação precoce é muito
importante, especialmente em
crianças de baixa renda. Isso exige
uma capacitação específica dos
profissionais da educação.
A OMS (Organização Mundial
da Saúde) estima que cerca de 5%
da população possui algum tipo de
alta habilidade. Isso equivale a 2,5
milhões de crianças que
frequentam o nosso sistema público
de educação básica. No entanto, o
Censo Escolar de 2014 reconhece
apenas 13 mil alunos nessa
03/11/15
condição.
A escola brasileira não está
preparada para identificar os
alunos superdotados e nem é capaz
de lhes proporcionar serviços
pedagógicos suplementares.
Uma população de 200 milhões
de habitantes deve ter cerca de 10
milhões de superdotados.
Precisamos descobrir quem são,
como quem garimpa ouro. Esse é
o objetivo de um projeto de lei de
minha autoria, que agora vai à
sanção da presidente Dilma
Rousseff.
Ele estabelece que o Estado
brasileiro definirá procedimentos
para identificar, cadastrar e
atender alunos com altas
habilidades todos os níveis.
Os brasileirinhos que podem
vir a ser um Gauss, um Mozart, um
Guimarães Rosa ou um Messi
merecem a chance de realizar seus
talentos. A nação só tem a ganhar.
MARCELO CRIVELLA, 58, é
senador pelo PRB-RJ. Foi ministro
da Pesca e Aquicultura (governo
Dilma)
CORREIO BRAZILIENSE
03/11/15
OPINIÃO
Brasília sequestrada
» CRISTOVAM BUARQUE
Professor emérito da UnB e
senador pelo PDT-DF
Na semana que passou,
Brasília assistiu ao injustificável
fato de professores sendo
espancados na rua, durante ação
da polícia para liberar uma
avenida ocupada. Espancar
professores é espancar o futuro.
São lamentáveis a greve de
professores e a interrupção do
trânsito, impedindo o ir e vir das
pessoas. Mesmo assim, o governo
tem que usar o diálogo, nunca a
violência.
A sensação é de que Brasília
está sequestrada pela falta de
diálogo do governador com as
lideranças da cidade. Os
professores querem o cumprimento
de aumentos salariais concedidos
pelo governo anterior, que o atual
diz não ter recursos para cumprir.
Sendo assim, a capital do país está
paralisada pela falta de recursos
que impediria o atual governo de
pagar os salários concedidos pelo
governo anterior e sem recursos
para investimentos em novos
projetos que a cidade precisa em
seu crescimento e evolução.
Desde o primeiro dia de seu
mandato,
o
governador
Rollemberg tem deixado claro que
não há recursos para manter os
compromissos
autorizados
irresponsavelmente por seu
antecessor.
O governo fala em falta de
recursos e os sindicatos, alguns
parlamentares e outras autoridades
afirmam
que
haveria
disponibilidade de recursos.
Sindicalistas dizem que o
pessimismo do governador
decorre dele não conhecer a
realidade ou manipular os dados
com intenções políticas para
desvalorizar o governo anterior. É
como se a verdade fosse
sequestrada. O governador nunca
levou adiante a sugestão, feita logo
nos primeiros dias de seu governo,
de criar uma Comissão da Verdade
Fiscal, com nomes da máxima
credibilidade técnica e moral,
capaz de se debruçar sobre nossas
contas e passar a realidade com
credibilidade.
Aparentemente, o governador
conhece tão bem os números e está
tão seguro deles que não vê
necessidade de convencer a
população. Além disso, a sensação
é que ele adotou uma estratégia do
sequestro da falta de recursos,
como desculpas para o
acomodamento da máquina do
governo, para a falta de
criatividade para projetos que não
exijam muitos recursos financeiros.
Tanto ele quanto os secretários
parecem sentir que o “não temos
dinheiro” é suficiente para
justificar a paralisia da máquina.
Como alguém que, ao não ter
dinheiro para pagar o resgate,
aceita a continuidade do sequestro.
Isso não quer dizer que Brasília
estaria livre de greves, depois de
se conhecer os números reais;
porque estamos sequestrados pelo
corporativismo. Se uma Comissão
da Verdade Fiscal mostrasse que
o governador está equivocado e
que nossas contas estão
equilibradas, no dia seguinte
começariam greves por aumentos
de salários, porque toda a
sociedade brasileira está
sequestrada pela visão de que o
Brasil não existe como entidade
unificada. Existem apenas os
grupos, corporações com seus
interesses. Além de que prevalece
a ideia de que os recursos dos
governos são ilimitados, como
pareciam durante as ilusões dos
tempos da inflação.
Da mesma forma que a inflação,
Brasília foi sequestrada pelas
facilidades das transferências de
recursos que o Brasil nos envia
todos os meses; e também pelo
imenso patrimônio recebido no
início e colocado à disposição da
Terracap. Estes recursos criaram
um sentimento de facilidades,
como uma fantasia onde tudo é
possível para o governo, para os
empresários e para os servidores.
Quando a crise torna impossível o
governo federal atender nossas
demandas, o governo do Distrito
03/11/15
Federal está considerando a
possibilidade
de
vender
patrimônio para pagar custeios,
como salários. Como se o
patrimônio pudesse ser reposto
indefinidamente. Para o servidor,
isso se justificaria, uma vez que
estes terrenos serviram para fazer
aqui algumas das maiores fortunas
do Brasil, e para políticos
fisiológicos ganharem votos com
a distribuição da terra pública em
troca de votos.
Brasília precisa libertar-se das
amarras que a sequestram,
adaptando-se à realidade da
aritmética financeira, ou perderá o
direito de se autogovernar quando
o Brasil perceber que estamos
custando demasiado. Nossa
máquina governamental custa
anualmente R$ 9 mil por habitante,
enquanto todas as máquinas
governamentais, federal, estaduais
e municipais do Brasil, custam R$
4.350 a cada brasileiro. Autonomia
exige responsabilidade na gestão,
com credibilidade sobre os
números que indicam a realidade
e com diálogo. Os três estão
faltando.
CORREIO BRAZILIENSE
03/11/15
CIDADES
CRISE NO GDF »
Paralisações ganham adesão de metroviários
A fim de resolver o impasse
com categorias que não aceitam
dialogar, o governador Rodrigo
Rollemberg (PSB) busca apoio
político para abrir um novo canal
de negociações com os sindicatos.
(Leia mais na coluna Eixo Capital,
na página 18). Várias categorias,
no entanto, têm se colocado
irredutíveis
em
suas
reivindicações.
Representantes do Sindicato dos Auxiliares e Técnicos em
Enfermagem do DF montaram barracas em frente à Secretaria de
Saúde para fazer pressão e tentar abrir novas negociações
A população pode voltar do
feriado com o transporte público
comprometido. Professores
devem
continuar
greve,
enfermeiros
montaram
acampamento em frente à
Secretaria de Saúde, servidores de
DER e Detran permanecem de
braços cruzados
» CAROLINE POMPEU
» GUILHERME PERA
Depois de quase um mês com
diversas categorias do serviço
público de braços cruzados, o
Governo do DF divulgou ontem um
comunicado à população em que
pede “bom senso” aos grevistas.
A tônica do discurso é a falta de
dinheiro — o que impede, segundo
o Executivo, o pagamento de
reajustes salariais a 32 categorias.
Mas o apelo não deu certo: 70%
da frota da Companhia do
Metropolitano (Metrô-DF) não
devem rodar a partir de hoje e
outras paralisações, como as dos
professores, dos médicos e de
autarquias de trânsito, continuam.
Para pagá-los, porém, o Executivo
alega precisar aprovar projetos na
Câmara Legislativa, que segue com
a pauta obstruída.
A paralisação iniciada pelos
metroviários hoje é fruto de
decisão em assembleia realizada
em 25 de outubro. Segundo o
Sindicato dos Trabalhadores em
Empresas de Transportes
Metroviários do DF (SindMetrôDF), a greve tem três motivações:
o não pagamento do reajuste
salarial de 8% à categoria,
estipulado em abril; a não
convocação dos aprovados no
último concurso; e o suposto
excesso de comissionados nos
quadros da empresa. “Faltam
funcionários e isso causa vários
problemas: existe uma sobrecarga
de trabalho e o limite mínimo nas
estações não é respeitado”,
reclama o diretor do SindMetrô
Webert da Costa. Um terço da frota
— oito trens — continua a rodar.
O presidente do Metrô-DF,
Marcelo Dourado, disse que está
trabalhando para tentar evitar a
paralisação no sistema.
03/11/15
"Além do pagamento do
reajuste, nossa paralisação é
para o fim dos ataques aos direitos
dos trabalhadores, afrontados
desde o início do ano”
Claudio Antunes, diretor do
Sinpro
Na saúde, a situação permanece
complicada. O Sindicato dos
Auxiliares e Técnicos em
Enfermagem do DF (Sindate-DF),
há 25 dias de greve, continua sem
acordo com o governo. A categoria
montou ontem acampamento em
frente à sede da Secretaria da
Saúde, na Asa Norte. Hoje, às 9h,
uma assembleia será realizada no
local. O sindicato exige a redução
da carga horária de 24 para 20
horas semanais. “Se um
profissional que trabalha 24 horas
semanais, reduzir a carga para 20,
vai continuar recebendo seu
salário. A situação é complicada,
a gente foi colocado em um bolo
em que o governo fechou a porta
para todo mundo”, disse. Os
médicos também continuam
paralisados. Segundo o presidente
do Sindicato dos Médicos do DF
(SindMédico-DF), Guthemberg
Fialho, representantes sindicais
“visitarão vários hospitais para
arrebanhar mais grevistas”.
Seguem o mesmo caminho as
autarquias de trânsito. A
paralisação do Departamento de
Estradas de Rodagem do DF
(DER-DF) já entra em seu 26º dia,
com adesão de 90% da categoria,
de acordo com o Sindicato dos
Servidores e Empregados da
Administração
Direta,
Em clima de guerra com o governo, professores farão nova
assembleia amanhã para discutir rumos do movimento
Fundacional, das Autarquias,
Empresas Públicas e Sociedade de
Economia Mista do DF (SindserDF). “Serviços de fiscalização de
trânsito e manutenção de vias estão
parados. Com as chuvas, as
estradas ficam muito prejudicadas.
E a culpa é do governo”, atacou o
presidente da entidade, André Luiz
Conceição.
O Departamento de Trânsito do
DF (Detran-DF) também continua
parado. “Exigimos o pagamento do
reajuste de 5% do salário; das
licenças; o retorno da data de
pagamento para o dia 30; melhores
condições de trabalho e de
segurança; e resolução para
problemas de infraestrutura”,
listou o presidente do Sindicato
dos Servidores do Detran
(Sindetran-DF), Fábio Medeiros.
A categoria fará nova assembleia
para discutir os rumos da greve.
Embate com professores
Após a confusão da semana
passada, em que professores foram
algemados por policiais militares
depois de fecharem o Eixão Sul, a
categoria decidiu continuar a
greve. Segundo o Sindicato dos
Professores do DF (Sinpro), hoje
serão realizadas reuniões em todas
as 14 regionais de ensino e
amanhã, às 10h, haverá uma
assembleia geral na Praça do
Buriti. “Além do pagamento do
reajuste, nossa paralisação é para
o fim dos ataques aos direitos dos
trabalhadores, afrontados desde o
início do ano”, afirmou o diretor
do Sinpro Claudio Antunes.
O Sindicato dos Urbanitários
do DF (STIU-DF) realiza hoje, às
17h30, uma assembleia geral com
os servidores da Companhia
Energética de Brasília (CEB),
onde será analisada uma
03/11/15
contraproposta da empresa.
Funcionários exigem reajuste
salarial de acordo com a variação
do Índice Nacional de Preços ao
Consumidor (INPC), cerca de
10%.
A falta de dinheiro continua a
ser a posição do GDF, que alega
precisar da aprovação na Câmara
Legislativa de projetos que
garantam aumento de arrecadação.
Os distritais, no entanto, continuam
a obstruir a pauta. O acordo era
votar as matérias após o governo
apresentar um cronograma para o
pagamento dos reajustes. Desde a
repercussão negativa entre os
servidores pelo embate entre
policiais militares e professores,
porém, os projetos permanecem
parados nas comissões.
CORREIO BRAZILIENSE
03/11/15
CIDADES
Três perguntas para...
Igor Tokarski, secretário
adjunto de Relações Institucionais
Nomeado recentemente pelo
governador Rodrigo Rollemberg
(PSB) para ser o responsável pelas
negociações com a Câmara
Legislativa e com os sindicatos, o
secretário adjunto de Relações
Institucionais, Igor Tokarski, tem
uma missão difícil. Até então
administrador regional do Plano
Piloto, Tokarski — que concorreu
a uma vaga de deputado federal
pelo PSB, conseguiu 7.151 votos,
e não se elegeu — assumiu a
função até então desempenhada
por Marcos Dantas, hoje secretário
de Mobilidade, em meio a uma
greve geral dos servidores
públicos e obstrução da pauta de
interesse do GDF no parlamento
local. Precisa convencer políticos
e servidores de que o momento
não é de benefícios por falta de
condições financeiras.
O GDF divulgou um
comunicado à população no qual
pede "bom senso" aos grevistas.
O que o governo quer dizer com
isso?
Greve não gera dinheiro.
Estamos abertos ao diálogo, mas
só vamos colocar na mesa de
negociação o que pudermos
cumprir. É necessário aprovar 11
projetos na Câmara Legislativa
para termos condições de pagar os
reajustes.
Como o senhor avalia a
relação com a Câmara, que
continua a obstruir a pauta de
interesse do Executivo?
O momento, com greves e
obstrução, é muito delicado. A ação
do Legislativo é legítima. Cabe a
nós sensibilizar os distritais e
mostrar que os projetos são
importantes para a cidade e,
consequentemente, para os
servidores.
E a relação com os
professores, como ficou após o
enfrentamento com a Polícia
Militar?
Lamentamos profundamente que
alguns professores, representados
pelo
sindicato,
tenham
radicalizado e interditado vias em
horário de pico. Os excessos da
Polícia Militar, que sempre agirá
nesses casos, serão investigados e
combatidos.
JORNAL DE BRASÍLIA
03/11/15
Sistema sócio-educativo
Pressão por indicações
POLÍTICA
03/11/15
JORNAL DE BRASÍLIA
03/11/15
POLÍTICA
JORNAL DE BRASÍLIA
03/11/15
CIDADES
Material escolar também em alta
03/11/15
JORNAL DE BRASÍLIA
03/11/15
CIDADES
JORNAL DE BRASÍLIA
03/11/15
CIDADES
JORNAL DE BRASÍLIA
03/11/15
CIDADES
04/11/15
AS MELHORES
DO MIDDLE MARKET
Tecnologia para educar
Melhor do setor educação - Grupos privados, como a Rede La Salle,
adotam ferramentas eletrônicas para ampliar a participação
dos pais na vida acadêmica dos filhos
AUnesco apresentou dados
preocupantes sobre a educação no Brasil.
De seis metas sobre o avanço no ensino
estabelecidas em 2000, o País cumpriu
só duas, em 15 anos. De acordo com o
relatório, o acesso à educação primária
e a igualdade de gênero foram os
objetivos alcançados. Os problemas
relacionados à primeira infância, ao
acesso de jovens e adultos, o combate
ao analfabetismo e a qualidade da
educação apresentaram dados
insuficientes.
Enquanto o governo patina nos
avanços ligados à educação, o setor
privado tenta se espelhar nas melhores
práticas internacionais. Uma delas é
aproximar os pais das atividades dos
filhos, com o uso de ferramentas
eletrônicas. A Rede La Salle, vencedora
do ranking setorial de AS MELHORES
DO MIDDLE MARKET, desenvolveu
um aplicativo que permite que os
familiares tenham todas as informações
sobre a vida acadêmica do aluno, desde
o resultado das avaliações à freqüência
na sala de aula. A ideia é evitar que o
desempenho acadêmico fique restrito
apenas às reuniões trimestrais. Presente
em 11 estados brasileiros, a La Salle
atende 50 mil crianças, jovens e adultos
em 48 unidades.
FOLHA DE SÃO PAULO
02/11/15
TENDÊNCIAS & DEBATES
Reprovados em matemática
FLAVIO COMIM
A população brasileira adulta
não sabe o mínimo de matemática
para tomar decisões adequadas no
cotidiano. Essa é a conclusão
principal de estudo feito pelo
Instituto TIM/Círculo da
Matemática do Brasil, que
entrevistou 2.632 pessoas acima
de 25 anos em 25 cidades.
Resultado: 32% dos entrevistados
não sabem fazer operações
básicas de multiplicação e 75%
não sabem fazer médias simples
ou entender frações.
De fato, 63% não conseguiram
realizar contas básicas com
percentuais, do tipo "o que é três
quartos como percentual?". A
pesquisa avaliou também
habilidades
básicas
no
planejamento de tempo em um
trajeto de ônibus (70% errou), no
uso de regra de três para fazer um
bolo (59% errou) e mesmo no
entendimento básico de risco –na
situação de "qual número
representa o maior risco de um
tratamento médico dar errado? 1
em 100, 1 em 10.000 ou 1 em
10?"– na qual 50% errou.
Isso mostra que uma má
interpretação de números básicos
pode levar as pessoas a tomarem
decisões práticas equivocadas na
vida.
Nesse contexto, 69% não
souberam fazer contas básicas com
taxa de juros. Em um momento de
crise econômica, vemos que os
brasileiros estão mais fragilizados
simplesmente por não saberem
matemática básica. Pouco ou nada
se discute sobre a educação dos
adultos no Brasil e na maior parte
das vezes a conversa se limita ao
analfabetismo (10,2% entre
adultos em 2013).
Parece natural que foquemos a
atenção da política educacional
somente nas crianças e jovens.
Mesmo quando isso é feito, os
resultados são aterradores,
principalmente na matemática: já
no terceiro ano do fundamental
temos 57% das crianças com
aprendizado
inadequado,
percentual esse que ultrapassa os
90% no final do ensino médio.
O 58º lugar do Brasil no último
teste Pisa (Programa Internacional
de Avaliação de Estudantes) de
matemática é apenas reflexo de um
problema maior: o baixo valor que
se dá à matemática na formação de
nossas crianças e jovens.
Problemas como a baixa
produtividade da economia
brasileira, o baixo nível de
educação financeira e alto
endividamento das pessoas, o
modesto desenvolvimento de
ciência e tecnologia parecem ser
influenciados não apenas pelo
baixo nível de escolaridade dos
adultos no país (49% dos
brasileiros não concluíram o
ensino fundamental segundo o
último Censo do IBGE), mas em
particular pela matemática básica
que as pessoas não aprenderam.
Precisamos reforçar o ensino de
matemática nas escolas públicas
brasileiras. Mas precisamos
também encontrar novos modos de
voltar a ensinar matemática aos
adultos que já deixaram a escola.
Na pesquisa, 60% das pessoas
disseram que não gostavam de
matemática na escola; 65%
afirmaram que nunca tiveram
facilidade com a matéria. É preciso
encontrar meios de motivar e
educar adultos.
A OCDE (Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento
Econômico) tem intensamente
02/11/15
trabalhado em programas para
avaliar e prover competências dos
adultos. No Brasil é ainda mais
urgente superarmos as deficiências
de conhecimento da população,
principalmente na matemática. Ou
continuaremos sendo socialmente
injustos e "inútil".
FLAVIO COMIM, 49, professor
da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul e da Universidade
de Cambridge, foi economista
sênior do Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento
(Pnud)
*
O ESTADO DE S. PAULO 02/11/15
METRÓPOLE
Colégios põem robótica a serviço de
projetos e soluções
02/11/15
O ESTADO DE S. PAULO 02/11/15
METRÓPOLE
‘Há alfabetização científica e tecnológica’
02/11/15
O ESTADO DE S. PAULO 02/11/15
METRÓPOLE
Columbia abre bolsa de jornalismo
na área de Educação
02/11/15
O ESTADO DE S. PAULO 02/11/15
ECONOMIA
CORREIO BRAZILIENSE
02/11/15
OPINIÃO
À flor da pele
Marcelo
Agner
[email protected]
A última quarta-feira foi
marcada por cenas que precisam
ser guardadas na memória da
cidade para que nunca mais se
repitam. A ação truculenta da PM
contra professores acirrou o
embate entre o governo e a
categoria, em greve para receber
os reajustes salariais concedidos
na gestão de Agnelo. E a invasão
do ginásio do Caseb por
sindicalistas mostrou também uma
inaceitável intolerância dos
representantes da categoria contra
docentes que não aderiram à
paralisação. A falta de diálogo é
o erro mais evidente nesse quadro.
Brasília está praticamente
parada à espera da negociação
entre as diversas categorias do
funcionalismo público e o GDF.
Há escolas fechadas e hospitais
sem atender quem procura
socorro. O cidadão que paga toda
essa estrutura com seus impostos
é o mais prejudicado. Quem
precisa dos serviços do Estado tem
que ter paciência e esperar. As
ameaças de corte de ponto e de
salários não amedrontam os
grevistas — até porque a medida
raramente é aplicada.
Para piorar, há disputa política
entre sindicatos e GDF, o que
dificulta qualquer acordo. O
governador diz não ter recursos
para pagar os reajustes e
benefícios concedidos. Propôs um
calendário para quitar os débitos,
mas não agradou as categorias.
Nem a decretação da ilegalidade
das greves pela Justiça arrefeceu
os ânimos dos sindicalistas.
O resultado desse impasse é a
radicalização, de ambos os lados.
Rollemberg paga um preço alto
pela intervenção da PM contra
professores que, numa ação do
Sinpro, tentaram fechar o Eixão. O
governador foi criticado até por
aliados e terá trabalho para
recuperar o apoio. Cometeu os
mesmos erros do tucano Beto
Richa, do Paraná, que hoje amarga
baixos índices de popularidade.
Mas há também que se
questionar a atitude do sindicato.
Fechar rodovias, invadir escolas
e confrontar professores sob os
olhares de jovens estudantes não
são atitudes nem estratégias de
representantes de uma categoria
que simboliza a educação. Invasão
e truculência dentro de uma escola
não combinam com democracia.
A cidade espera bom senso de
todas as partes.
CORREIO BRAZILIENSE
02/11/15
CIDADES
RECORDAçõES »
40 anos de amizade e união
Agora, pensam em tornar o
encontro, que ocorre a cada cinco
anos, mais frequente. “A enorme
maioria está viva. Mas, como
alguns amigos têm viajado sem
avisar para onde vão e não voltam
mais, tem gente que quer fazer o
encontro de três em três anos”,
conta o pediatra Jansen Melo.
O grupo de 100 médicos participou de uma festa a fantasia na
noite de sábado e ontem homenageou professores
Colegas da terceira turma de
medicina da UnB passaram o fim
de semana em comemoração pelas
quatro décadas de formatura, com
lembranças sobre o passado e
avaliações a respeito do futuro da
profissão. Eles nunca perderam a
afinidade
» MATHEUS TEIXEIRA
Quatro décadas se passaram,
mas o tempo não foi suficiente para
afastar os amigos de uma das
primeiras turmas de medicina da
Universidade de Brasília (UnB).
O grupo com cerca de 100
médicos ingressou no curso em
1970 e se reúne, até hoje, para
recordar os tempos de estudante e
matar a saudade dos antigos
colegas. Neste ano, eles
prepararam uma programação
especial para comemorar os 40
anos de formados. A turma,
batizada de “Barra 70”, passou o
último fim de semana reunida.
Visitaram a UnB, fizeram uma festa
a fantasia, discutiram o futuro da
profissão e homenagearam os
professores da época.
Eles sempre marcam a festa com
antecedência para garantir que
todos estejam presentes, até os que
não moram mais na capital. A
média de idade é de 65 anos. Da
turma original, 18 já morreram.
O ponto alto do fim de semana
foi a festa a fantasia, no Hotel
Nacional. Todos entraram no clima
e alugaram ou improvisaram suas
fantasias. “Impossível estarmos
juntos e não nos divertirmos. São
muitos anos de amizade, somos
entrosados até na hora de fazer
festa. Como todo mundo tem a
mesma idade, ninguém pagou
mico”, brinca Benedito Neto. Ele
acredita que é raro encontrar uma
turma tão unida há tantos anos.
“Nossa faculdade favorecia, fez
com que nos uníssemos. A gente
tinha aula de manhã, à tarde e, à
noite, estudávamos juntos. Todos,
até hoje, sabem os nomes
completos uns dos outros”, diz.
Futuro da medicina
O encerramento do encontro,
ontem pela manhã, começou com
uma homenagem a três professores
da UnB que ensinaram um pouco
de medicina para a turma. Depois,
discutiram o futuro da profissão.
Um dos colegas especializou-se em
genética e falou dos avanços dos
estudos na área. “Acho que nós não
vamos pegar essa fase, mas
02/11/15
estamos prestes a viver uma
mudança de paradigma na
medicina. Com a evolução da
genética, poderemos ver as
alterações que determinam as
doenças que as pessoas têm
tendência a ter. Vamos passar a ter
um acompanhamento mais genético
do que clínico. Foi muito legal
discutirmos temas da nossa área,
como ocorria 40 anos atrás”, conta
Ana
Maria
Tillmann,
endocrinologista.
Todos entraram juntos na
faculdade em 1970. A turma, no
entanto, se dividiu. Metade se
formou no fim de 1975 e a outra,
no meio de 1976. Não bastasse o
coquetel na sexta-feira, a festa no
sábado e as homenagens no
domingo pela manhã, o pediatra
Jansen Melo e outros três
integrantes do Barra 70 saíram do
encontro e foram almoçar juntos.
Esse grupo mais restrito costumava
se encontrar todos os meses. Nos
últimos anos, eles não conseguiram
manter a periodicidade, mas a
amizade segue a mesma. “A turma
é muito unida, mas se dividiu, cada
um tem seus compromissos. Fomos
divididos pelo tempo, mas não no
coração”, diz.
Ingresso mais salgado
Quem visitou ontem a Água
Mineral, no Parque Nacional de
Brasília, sentiu no bolso a nova
tarifa que passou de R$ 8 para R$
12. A portaria, editada em outubro
pelo Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade
(ICMBio), que definiu o aumento
de 50%, passou a vigorar neste
domingo. Os preços são ainda mais
salgados para os visitantes
estrangeiros: de R$ 16, os turistas
que vêm de outro país agora vão
ter que desembolsar R$ 24. O
empresário João Geraldo
Nascimento, 39 anos, aproveitou
o domingo para levar os filhos,
Elisa Nascimento, 9, e Érico
Vinícius, 12, para nadar em uma
das piscinas de águas naturais. Ele
se surpreendeu com os novos
valores. “O aumento foi grande,
não teve tantas melhorias para
justificar esse preço. Por enquanto
não pago entrada das crianças, mas
daqui a uns tempos vou ter que
pagar o ingresso do mais velho”,
comentou João. No caso da Água
Mineral, o aumento da entrada foi
maior do que em outros parques
sob a justificativa de ser
considerado um dos parques mais
estruturados do país. O último
reajuste para entrada no Parque
Nacional de Brasília ocorreu em
setembro de 2014, segundo o
ICMBio. A área tem capacidade
máxima para três mil pessoas e
dispõe de duas piscinas de água
natural. Apesar do tempo nublado,
com chuva, de ontem e do aumento
dos ingressos, o parque estava
lotado. (Thiago Soares)
04/11/15
PÁGINAS AMARELAS
William MacAskill
A melhor maneira de ajudar
Mariana Barros
O professor de Oxford e autor
de um estudo que comprova que
nem todos os programas sociais
são eficientes diz que prioritário
mesmo é acabar com a pobreza
No ano passado, mais de 17
milhões de pessoas, entre elas
bilionários e celebridades,
fizeram o "desafio do balde de
gelo", em que convocavam
conhecidos para que se
autoinfligissem um banho de água
fria ou doassem dinheiro a
pesquisas sobre a esclerose lateral
amiotrófica. A maioria fez as duas
coisas, dando publicidade global
à causa do combate à doença. O
filósofo William MacAskill, 28
anos, foi uma das poucas vozes
contrárias à onda. Segundo ele, o
dinheiro doado àquela campanha
salvaria muito mais vidas se fosse
empregado em outras frentes,
como o combate à malária em
países pobres. MacAskill se
esforça para difundir a ideia de
que a melhor forma de fazer o bem
não é agir por afeto, impulso ou
boa vontade, mas com base em
estudos científicos, o que ele
chama de "altruísmo eficiente".
Professor
associado
da
Universidade Oxford e cofundador
das ONGs Giving What We Can e
80000 Hours, que juntas
obtiveram mais de 400 milhões de
dólares em doações, ele prioriza
as diferentes iniciativas de acordo
com os resultados práticos que
conseguem alcançar. Seus dados e
argumentos distinguem programas
que salvam vidas daqueles que só
servem, em última análise, para
aliviar a culpa de quem doa.
Segundo MacAskill, o combate à
extrema pobreza deve ser
prioridade, pois ela está na raiz de
outros problemas, como falta de
saúde ou educação. Ele falou a
VEJA de Londres.
Se tivéssemos de escolher uma
única causa a que nos dedicar e
contribuir, qual seria?
A erradicação da pobreza, pois
ela está na raiz da maioria dos
nossos problemas. Na África
Subsaariana, muitos vivem com
menos de 1,50 dólar por dia.
Quando a gente tenta entender
como essas pessoas vivem com tão
pouco, a verdade é que não vivem.
Morrem muito antes e com maior
frequência do que quem mora em
países ricos. Um africano vive até
os 56 anos. Um americano, até os
78 anos.
O escocês Angus Deaton,
vencedor do Nobel de Economia
deste ano, afirma que o dinheiro
dos programas de ajuda externa
a países pobres é prejudicial
porque não fortalece as
instituições, perpetuando as
mazelas. O senhor concorda?
É algo complexo. Talvez seja
verdadeiro em relação a algumas
instituições de nações em
desenvolvimento, mas não à
caridade em geral. O dinheiro
destinado a países pobres ou a
ONGs desses locais pode acabar
por sustentar regimes corruptos; no
entanto, o ponto central das minhas
análises é que a eficiência das
instituições varia muito. Um estudo
do americano David Anderson
mostra que esses programas, em
sua maioria, não são avaliados. E,
dos que são, 75% surtem pouco ou
nenhum efeito. Mas é possível
identificar as ONGs sérias. As
instituições mais confiáveis
expõem quanto gastam na área
administrativa, qual o salário do
diretor e qual o porcentual de
doações que de fato será aplicado
nos programas — o ideal é que
pelo menos 75% do total seja
investido diretamente nisso, e o
restante no custeio. A transparência
é fundamental para a eficiência dos
projetos.
Qualquer ajuda é melhor do
que nenhuma ajuda?
Sim. Algumas formas de ajudar,
porém, permitem fazer um bem
muito maior do que outras. Se você
escolher pagar por uniformes para
as crianças do Quênia,
estatisticamente isso surtirá efeito
na educação dessas crianças. No
entanto, se você colaborar em
programas que combatem as
infecções intestinais causadas por
parasitas, poderá reduzir em 25%
a abstenção dos estudantes
quenianos e assim contribuir muito
mais para a educação. Isso já foi
feito. Cada dia que uma criança
04/11/15
passa na escola livre dos vermes
que a fariam ficar em casa sai por
5 centavos de libra (30 centavos
de real). A relação entre o custo e
o benefício é a melhor possível.
O senhor recomenda não dar
dinheiro a pedintes com a
justificativa de que não são os
que mais necessitam de ajuda.
Quem são, então?
Uma pessoa que vive abaixo da
linha de pobreza nos Estados
Unidos ganha 11000 dólares por
ano, o que a torna mais rica do que
85% da população mundial. Os
20% mais pobres do mundo, ou
1,22 bilhão de pessoas, vivem com
menos de 1,50 dólar por dia. Se
você leu o meu livro, posso estimar
que faça parte dos 10% mais ricos
do mundo. Portanto, deveria tentar
ajudar os 20% mais pobres, que
estão em países como Etiópia e
índia ou, no caso do Brasil, em
locais bem mais ermos do que as
avenidas das grandes cidades.
Assim, seria mais eficiente doar a
abrigos que possam cuidar dos
sem-teto.
Qual é o maior exemplo de
sucesso nessa área?
O programa que levou à
erradicação da varíola, em 1977.
Essa doença matou mais de 300
milhões de pessoas apenas no
século XX. É mais gente do que o
total de vítimas de todas as
guerras, atentados e genocídios das
últimas décadas. Se somarmos os
mortos nos genocídios do Camboja
e de Ruanda, nas duas guerras do
Congo, nos atentados de 11 de
setembro e nas guerras do
Afeganistão e do Iraque, teremos
cerca de 12 milhões de vítimas.
Por ano, a varíola matou até 3
milhões de pessoas. Desde que
deixou de existir, há quarenta anos,
foram poupados de 60 milhões a
120 milhões de vidas. É mais gente
do que seria possível salvar se
tivéssemos conseguido a paz
mundial no mesmo período.
O senhor diz que investir no
combate à malária tem um
impacto muito maior do que
destinar dinheiro à luta contra o
câncer. Por quê?
A cada ano, 7,6% das mortes
por doenças no mundo são
causadas por câncer, um total de
8,2 milhões de vítimas. O
investimento no combate a essa
doença é de 217 bilhões de
dólares. Já a malária tem um
impacto menor: ela é responsável
por 3,3% dos óbitos por doença,
ou seja, um pouco menos que a
metade das mortes por câncer. Se
a luta contra a malária recebesse
proporcionalmente os mesmos
recursos que a batalha contra o
câncer, seriam cerca de 100
bilhões de dólares por ano. Mas a
verdade é que apenas 1,6 bilhão
de dólares são gastos com malária
por ano. Isso acontece porque só
os países pobres sofrem com a
malária. Nesse sentido, programas
contra a malária podem beneficiar
mais gente e ser mais eficientes do
que o dinheiro investido contra o
câncer.
O senhor também defende a
tese de que não devemos dar
dinheiro a vítimas de desastres.
Por quê?
Existe algo que os economistas
chamam de "lei dos retornos
declinantes", que explica por que
faz muito mais sentido doar às
melhores entidades de caridade
que lutam contra a pobreza do que
doar a vítimas de um desastre. É
como um bolo. A primeira fatia é
ótima, mas lá pela terceira você já
está um pouco enjoado. Ou seja, a
depender da quantidade, tem muito
menos utilidade. Quanto mais
atenção da mídia uma causa recebe,
mais vultosas serão as doações.
Seguindo essa lógica, o ideal é
optar pelas causas que passam
batido no noticiário.
Devemos ficar de braços
cruzados diante das tragédias?
Depende de qual tragédia você
está falando. Para traçar uma
comparação, cada vítima do
terremoto do Japão recebeu, via
organizações internacionais, 330
000 dólares em doações. E cada
pessoa que morre de causas
decorrentes da pobreza equivale a
15 000 dólares em doações. O
terremoto do Japão matou 15000
pessoas. Mas, a cada dia, 18000
crianças morrem devido a fatores
relacionados à pobreza. É uma
tragédia muito maior. A eficiência
da doação passa por considerar em
que situação seu dinheiro vai valer
mais, e não em contribuir para o
que chama mais a sua atenção.
Ajudar os outros é algo
essencialmente bom ou há algum
aspecto negativo?
Se a ajuda for efetiva, é claro
que é bom. Mas não é a regra.
Psicólogos descobriram um
fenômeno chamado "licença
moral", de acordo com o qual as
pessoas que fazem uma boa ação
frequentemente compensam isso
depois, chegando a ponto de
praticar ações condenáveis. Um
experimento com pessoas que
compraram produtos "verdes", que
04/11/15
não agridem o meio ambiente,
revelou que, após adquirirem esses
itens, elas se mostravam mais
propensas a mentir e até a furtar
dinheiro.
Por essa lógica, também há
quem ajude os outros apenas
como forma de aliviar a culpa?
Ah, sim. Quando as pessoas
agem movidas pela culpa, não se
importam com o destino da doação.
O que quer que aconteça com
aquele dinheiro, elas já se sentirão
bem pelo simples fato de tê-lo
passado adiante. É como entrar em
um shopping e comprar alguma
coisa apenas para se sentir melhor.
Como assim?
Imagine entrar em uma loja onde
todos os produtos estão sem preço.
Você informa ao vendedor quanto
quer gastar e ele lhe entrega uma
seleção de itens feita da cabeça
dele. E você leva aquilo para casa
sem saber direito o que está
levando. É isso que acontece com
a caridade. Com a diferença de
que, em vez de comprar para você,
está comprando para terceiros.
Como podemos ter certeza de
que o dinheiro que doamos será
bem empregado?
Procure saber quais são os
programas financiados por aquela
instituição e como ela realmente
trabalha. Analise o custo dos
resultados obtidos, ou seja, a
relação entre o investimento feito
e a eficiência do programa.
Pesquise quais são as evidências
que comprovam que aquele
programa é o melhor possível para
determinado problema. Verifique
como ele é implementado e se os
responsáveis já tiveram sucesso
em outras áreas. Por fim, questione
se a instituição depende de
investimentos adicionais para
obter resultados e por que não
conseguiu doações suficientes
para custear tudo.
Boicotar produtos de grandes
confecções que exploram mão de
obra barata é uma maneira
eficiente de fazer o bem?
As condições de trabalho que
esses locais oferecem são
horríveis. Mas o que eles revelam
é a extrema pobreza. Se você
boicotá-los, tirará daquelas
pessoas a melhor oportunidade de
emprego que elas poderiam ter. Eu
tenho dúvidas quanto à eficácia
desse tipo de boicote.
Além
da
falta
de
transparência, as ONGs cometem
erros estratégicos?
Muitos. É comum os programas
partirem de pressupostos que não
se confirmam. Nos anos 1990, o
sul-africano Trevor Field criou
uma bomba para extrair água do
subsolo. Muitas bombas na África
funcionam com energia eólica, o
que faz com que os moradores
dependam do vento para pegar
água. Já a invenção de Field,
batizada de PlayPump, tinha a
forma de um gira-gira e convidava
as crianças a brincar ali e, assim,
obter a energia necessária para
extrair a água. Parecia genial. Nos
anos 2000, ela foi escolhida pelo
Banco Mundial como a criação
mais inovadora do ano, entre 3000
concorrentes. O sucesso rendeu
show beneficente do rapper Jay Z,
além de um prêmio de 16,4
milhões de dólares, concedido
pela então primeira-dama
americana Laura Bush e pelo expresidente Bill Clinton. Foi quando
a Unicef e a Skat, uma importante
organização suíça, começaram a
divulgar relatórios sobre casos de
crianças com membros quebrados,
porque, depois das primeiras
voltas, a estrutura continuava
girando sozinha. Os pequenos
caíam, vomitavam e ficavam
exaustos de tanto girar. Verificouse que a PlayPump extraía menos
água do que as demais bombas e
seu uso era considerado
degradante pelas mulheres adultas,
as principais responsáveis por
buscar água. Ou seja, ninguém
levou em conta os aspectos
práticos da invenção.
O marketing social ou
ecológico das empresas surte
efeito?
Há companhias com uma clara
missão social fazendo doações ou
adotando políticas benéficas, como
oferecer emprego aos mais
necessitados. Em outros casos,
porém, a tal responsabilidade
social das empresas não passa de
marketing.
Como distinguir quando isso
ocorre?
Basta ver o que está sendo
financiado. Muitas empresas não
investem no que é mais
socialmente necessário, e sim
naquilo que casa com sua
estratégia de marketing. Gastar rios
de dinheiro não quer dizer nada, a
questão é se elas estão escolhendo
projetos que podem fazer diferença
na vida das pessoas.
02/11/15
IDEIAS
Ideologias atrapalham a educação?
A prova do Enem deste ano
levantou duas discussões: se
as questões embutem uma
visão de mundo esquerdista
e se isso afeta a formação dos
alunos
Flávia Yuri Oshima
Durante muito tempo,
educadores criticaram os
livros didáticos por não
tratarem adequadamente de
questões sociais e por
ignorarem civilizações que
não compõem a história do
Ocidente. As provas do
Exame Nacional do Ensino
Médio (Enem), segundo
alguns críticos, mostram que
a educação pode ter caído no
extremo oposto. Elas citavam
abundantemente autores de
esquerda, deixando de lado
autores liberais. A falta de
pluralismo não seria
prejudicial aos alunos?
Desde 2009, quando o
exame ganhou importância ao
virar mecanismo de seleção
para a faculdade, a crítica em
torno de um enviesamento do
conteúdo para a esquerda
ocorre todos os anos. Naquele
ano, o protesto foi causado
por questões sobre programas
do governo federal, do PT. Em
2011, os críticos acharam que
a prova pregava contra a
religião. Neste ano, além da
predominância de autores de
esquerda, alguns viram uma
pregação feminista. O tema da
redação foi "a persistência da
violência contra a mulher".
Em um dos livros mais
usados nessas discussões,
Sociologia da educação, os
educadores ingleses Roland
Meighan e Clive Harber
afirmam que toda análise
depende de um conjunto de
crenças e ideias de quem
comenta os fatos. A questão
sempre é quanto essa
interpretação dá espaço ao
contraditório e ensina o aluno
a duvidar, criticar, refletir e
debater.
02/11/15
IDEIAS
Sim
Fernando Schuller
Resolvi conferir por conta
própria. O país anda meio
nervoso, pensei cá comigo, vai que
haja certo exagero neste barulho
todo em função da "ideologização"
da prova do Enem. Lá fui eu,
lembrar os velhos tempos de
professor de cursinho prévestibular (faz tempo...) e fazer a
prova. Concentrei-me na prova de
"Humanidades e suas tecnologias",
e fui de espírito aberto. Nada de
procurar pelo em casca de ovo. O
resultado foi o seguinte: das 45
questões, 11 me pareceram
claramente ideológicas. Um
punhado de lugares-comuns feitos
de citações de Paulo Freire, David
Harvey, Slavoj Zizek, além de
artigos opiniáticos em revistas
como Caros Amigos e
Diplomatique.org.
histórica. Estou calejado demais
para acreditar nessas coisas. Penso
que é possível, sim, certo cuidado
acadêmico. O respeito a fontes, a
análise ponderada dos argumentos
e das séries estatísticas.
Haver 25% em questões
ideológicas não é propriamente
uma tragédia, e seguramente não
foi a primeira vez que aconteceu.
Mas é inaceitável. Por óbvio,
100% desses 25% pendiam para
o lado das ideias do partido do
governo. Dito isso, deixo claro
que acharia igualmente patético se
houvesse 25% de questões
ideológicas com sinal invertido.
Mas ninguém precisa se preocupar
com isso. Não encontrei nenhuma.
O truque mais comum de quem
defende a ideologização do ensino
é dizer que, no final das contas,
tudo
é
ideologia.
Isso
simplesmente não é verdade. O que
há, por exemplo, de ideológico em
mostrar imagens de um calendário
medieval, como faz a questão 5, e
perguntar sobre a concepção de
tempo que elas expressam? Tratase simplesmente de um exercício
de interpretação histórica. Bem
elaborado, diga-se de passagem.
Para ser claro: ao criticar o
viés ideológico, em uma prova,
não estou sugerindo nada parecido
com a existência de uma verdade
O caráter ideológico da prova
não está em citar Milton Santos,
dizendo que a globalização é
perversa e geradora de
Sigo o caminho de Max Weber,
em seu memorável discurso sobre
a "Ciência como vocação", na
Universidade de Munique, em
1917, para quem a sala de aula
jamais deveria abrigar o "profeta"
e o "demagogo". Que a ciência
perseguisse um tipo especial de
neutralidade: quanto à oferta do
"sentido". O sentido pertence ao
indivíduo, em última instância. O
professor que não use sua posição
de poder para impor visões de
mundo aos alunos. Fazer isso não
passa de ato de covardia.
desemprego. O problema é a
"naturalização" da afirmação:
apresentar como um fato aquilo que
é apenas a opinião política do
autor. Algo próximo a um valor, no
sentido weberiano. E isso,
infelizmente, é o que se passou na
prova do Enem.
Outro dado inquietante é
perceber uma prova feita a partir
de citações de segunda mão,
retiradas da internet ou de livros
de claríssimo viés político, sem
referência a fontes (confiáveis ou
não). É o caso da questão 20, em
que Zizek refere-se a um "fato"
cuja única "comprovação" é a
própria falação de Zizek. No livro
mencionado, ele não revela sua
fonte. Não tenho a menor ideia se
o evento citado é ou não
verdadeiro. Imagino que nem os
autores da pergunta. Eles parecem
simplesmente acreditar em Zizek.
E isso não pode ocorrer em uma
prova oficial como o Enem.
Há uma série de questões
simplesmente mal formuladas.
Exemplo: a questão 34 traz um
misterioso texto, do site
Diplomatique.org, tratando da
proibição de um "aplicativo de
compartilhamento de carros" (seria
o Uber?) na Alemanha e de
serviços "americanos" de
informática (o Google? O
Outlook?) pelo governo chinês.
Com base nessas menções,
pergunta-se qual é a preocupação
02/11/15
dos países com a "espionagem",
obrigando o pobre aluno a marcar
a resposta "segurança de dados".
Tentei entender que relação
poderia haver entre algo como o
Uber e a segurança de dados, na
internet, mas logo desisti.
Sobre a polêmica questão
acerca do "conceito de mulher",
tenho uma opinião eventualmente
distinta da maioria dos críticos do
exame. Não a coloquei na minha
lista de questões ideológicas. Não
o fiz exatamente por ela não
"naturalizar" a posição de Simone
de Beauvoir.
O texto, retirado do livro
Segundo sexo, diz que o
"feminino" surge como o "produto
intermediário entre o macho e o
castrado". Ok, a frase é esquisita.
Daria boas discussões, talvez uma
boa performance, ou quem sabe
não signifique coisa nenhuma. Mas
é a opinião de Beauvoir. Qualquer
aluno mais esperto marcaria a
opção "c". Mesmo sem ter (como
eu, reconheço) a mais remota ideia
do que venha a ser essa meia
distância entre o macho e o
castrado.
Em resumo, penso que o Inep,
responsável pela avaliação, e o
Ministério da Educação deveriam
rever o modo de elaboração da
prova. Não acredito, sinceramente,
que os profissionais do Inep, a
começar pelo seu presidente,
desejassem fazer uma prova
ideológica ou de menor qualidade.
Acho apenas que as coisas por
vezes saem do controle. E é
preciso verificar o que está
acontecendo.
Não me alinho entre aqueles que
imaginam existir uma guerra do fim
do mundo no Brasil. Erros como
esse foram cometidos, igualmente,
em outros governos. Haja vista a
proliferação de livros didáticos
perversamente ideológicos, ao
estilo dos Nova história crítica e
História e vida integrada, que já
circulavam, com a chancela do
MEC, muito antes do atual
governo. E acho que seria
igualmente ruim, para o Brasil, se
algum grupo ideologicamente
oposto ao atual resolvesse "dar o
troco", uma vez no poder,
produzindo uma educação
politicamente orientada do seu
próprio jeito.
Há um bocado de gente boa, na
Academia Brasileira, querendo
ajudar. Preocupada com o rigor
acadêmico. Disposta a não se
deixar levar por pequenos apetites
políticos e ideológicos, e fazer
uma prova que dê orgulho ao
Brasil. Que sirva de referência a
nossos professores e estudantes.
Que acabe, de uma vez por todas,
com esse contínuo exercício de
"simulação intelectual", segundo o
qual nossos estudantes devem
imaginar qual a melhor resposta
"de esquerda" para cada pergunta
de um exame público.
02/11/15
IDEIAS
Não
Christian Ingo Lenz Dunker
O Enem deste ano reservou um
"generoso espaço para tópicos e
autores caros à esquerda", dizem
os críticos liberais. Para os
calculistas, 31% dos autores da
prova de humanas (7,8% da prova
total) jogam no time da esquerda.
Para os puristas, 31% é demais. A
educação deveria, para eles, ter
por objeto saberes constituídos e
laicos,
consensualmente
científicos e universalmente
acessíveis, neutros do ponto de
vista ideológico. Nossas crianças
não devem ser dirigidas ou
doutrinadas para orientações de
mundo particulares, seja de
direita, seja de esquerda. Essa
atitude presume que sabemos
reconhecer facilmente o que é uma
ideologia e o que é neutralidade
na ciência.
É possível contar mentiras
dizendo apenas a verdade. Ainda
que os números, eles mesmos, não
mintam jamais, somos nós que
escolhemos quais são os números
que contam. Se 31% da prova é
de esquerda, isso significa que
69% é de direita? Nesse caso,
temos claro desequilíbrio e
flagrante parcialidade. Pelo
princípio de neutralidade
matemática, faltaram ainda 19%
para que a esquerda tivesse seus
justos 50% do Enem.
Não obstante, podemos
prescindir
de
qualquer
contabilidade desse tipo. Primeiro
porque os autores não são em si
ideológicos ou neutros. Um Slavoj
Zizek por dois Edmund Burke?
Que dizer de um pensador como
Jesus Cristo? Ele está na direita
com a Renovação Carismática ou
na esquerda com a Teologia da
Libertação? E os que viraram
casaca? Na juventude libertários,
na maturidade liberais e na velhice
colaboracionistas nazifascistas?
Fazer o mapa da ideologia já
presume uma geografia ideológica.
Ela fica ainda mais ridícula se
ignoramos que o trabalho crítico é
justamente a construção e a
desconstrução dessas fixações
imaginárias. Ajudar nossos alunos
a tomar posição diante da
ideologia é muito melhor do que
querer protegê-los dela. Para isso,
eles devem mostrar ser capazes de
analisar textos, conceitos e
discursos com os critérios de rigor
que são os das ciências humanas.
O leitor se insurgirá: mas nem
tudo é esquerda ou direita. Há os
neutros e os sem partido. Portanto,
nosso problema é reconhecer a
fronteira entre política e ideologia,
os gostos humanos e os fatos.
O argumento de que o Inep
devia buscar uma neutralidade
ideológica representa um erro de
conceito. Há muito tempo não se
considera mais que podemos
distinguir conteúdos ideológicos,
politicamente tendenciosos, de sua
contrapartida científica, neutra e
factual. A ideologia está nas
articulações, nas relações, no
recorte dos fatos, na escolha dos
números, nunca apenas nos autores
brutos ou em suas escolas de
pensamento.
Toda definição de ideologia é
ela mesma ideológica. As ciências
humanas caracterizam-se por
assumir isso como traço imanente
de seu objeto. Não estudamos
apenas fenômenos, mas as
interpretações que fazemos deles.
Nesta época de crescente oferta de
informação, torna-se crucial
desenvolver, em nossos alunos, a
capacidade
para
operar
criticamente com interpretações. O
truque básico, contra o qual eles
devem estar advertidos, é a crença
na existência de discursos neutros,
imparciais e científicos, que se
destacam angeli-calmente de todos
os interesses humanos. Esse é o
sonho de toda ideologia: infiltrar
interesses políticos como se
fossem fatos.
A esquerda tende a politizar os
fatos, enquanto a direita tende a
despolitizá-los. A esquerda dirá
que a direita faz política por baixo
dos panos (é o conceito clássico
de ideologia), enquanto a direito.
dirá que a esquerda torna
políticos assuntos técnicos (é o
conceito ofensivo de ideologia,
aquela que corrompe, seduz e
manipula). Resultado: há mais
ideologia no Enem do que se pode
02/11/15
imaginar, nos pesos das provas,
nos conteúdos e nos temas. A boa
novidade neste ano é que a prova
fez transparecer e colocou isso em
discussão.
A ingenuidade que move os que
querem a política fora da educação
é imaginar que essa petição, ela
mesma, não é parte de uma política.
Uma política que trata o
conhecimento de maneira
simplória, pois não lida com o fato
de que o que há para ser lido e
compreendido é a diversidade e o
conflito de opiniões. Disso
decorre o quadro atual de
entendimento médio do debate
público no Brasil. Pensamos por
filiação simples, presumindo que
educar é impor conteúdos que os
alunos devem repetir, para
reproduzir o mundo como ele é.
Depois, esperamos que as novas
gerações tragam soluções para os
problemas que nós não
conseguimos resolver. É desleal:
propor uma prova insossa
ideologicamente e depois exigir
deles alternativas para nossa falta
de imaginação política e cognitiva.
Nunca deveríamos pensar a
ideologia como inclusão das ideias
e autores, mas a partir da
articulação de suas ideias em
contexto. Nesse caso, todas as
questões do Enem 2015 exigiam
interpretação de textos, ou domínio
de conceitos, critérios de rigor em
ciências humanas. Bizarro que a
direita pregue a suspensão da
oposição entre direita e esquerda
para recorrer a ela quando
considera estar perdendo (como na
prova do Enem 2015).
Desconhecer a diferença entre
militância e manipulação com a
crítica de conceitos e o estudo de
textos é inaceitável para quem quer
tratar de educação. O tema da
redação do Enem foi a violência
contra a mulher. Se o equívoco
anterior era considerar que alguém
é um autor de esquerda, antes de
ser pensador ou cientista, o erro
subsequente é deslocar esse
raciocínio para temas. Como se os
temas sociais fossem propriedade
da esquerda.
A avaliação não é uma
competição para hierarquizar
vencedores e perdedores. Seu
propósito não é aumentar o
ressentimento social ou gerar
métricas. A avaliação é um
momento de aprendizagem, e a
prova tem um sentido pedagógico.
Ela instrui o aluno. Ela o convida
a pensar, dirigi-damente, sobre um
problema. A escolha do tema não
é a determinação anódina de um
tópico. A violência contra a mulher
é um desses problemas que
carecem de visibilidade. É um
tema que incomoda porque não
sabemos bem como falar sobre ele,
ou seja, uma escolha acertada para
provocar alunos aderidos à
servidão curricular e desacomodar os "entendidos em
educação" que tirariam nota
vermelha no Enem deste ano.
04/11/15
BRASIL
Tudo pelo pessoal
O deputado que tenta cortar
recursos do Bolsa Família
defende que haja mais impostos e
aprova na Comissão de
Constituição e Justiça um aumento
de R$ 600 milhões no repasse de
dinheiro público para os partidos
políticos
Uma emenda aprovada pela
Comissão de Constituição e Justiça
da Câmara mostra com precisão
que boa parte dos parlamentares
está muito mais empenhada em
atender a interesses pessoais do
que em buscar alternativas que
tirem o País da crise. Preocupados
com os efeitos que a Operação
Lava Jato deverão trazer para suas
campanhas, uma vez que as
principais empreiteiras do Brasil
deverão fechar os dutos que
tradicionalmente irrigam as
disputas políticas, a CCJ aprovou
emenda ao orçamento de 2016 que
tenta triplicar o volume de
dinheiro público destinado aos
partidos. A proposta partiu do
relator do orçamento, deputado
Ricardo Barros (PP-PR) e estipula
um aumento de R$ 600 milhões no
fundo partidário. Trata-se do
mesmo parlamentar que, na
semana passada, propôs cortar
cerca de R$ 10 bilhões do Bolsa
Família com a justificativa de que
o governo precisa suportar o
necessário ajuste fiscal. A
proposta apresenta por Barros
elevando os gastos com o fundo
partidário revela ainda o
gigantesco abismo que há entre seu
discurso e sua prática. “Meu papel
é fechar o orçamento que apresenta
um déficit. Então, cortes precisam
ser feitos”, disse o relator do
orçamento na segunda-feira 26,
sobre a redução de despesas no
maior programa social do governo.
DESFAÇATEZ
Para fechar o orçamento Barros quer
cortar do social e ampliar impostos
Em sua jornada para garantir
novos recursos aos partidos
políticos, o deputado Barros
parece ter trocado o bordão do
“tudo pelo social” para o “tudo
pelo pessoal”. Além de procurar
retirar dinheiro do Bolsa Família,
o parlamentar planeja medidas
que vão esvaziar ainda mais os
bolsos dos contribuintes e provocar
aumento no índice de inflação. Uma
das propostas de Barros para
aumentar a receita do governo é
aumentar em R$ 0,40 a Cide,
imposto que incide sobre cada litro
de gasolina consumido no Brasil.
Hoje a taxa é de R$ 0,10, e o
deputado quer elevar o tributo para
R$ 0,50. “Não há mágica para ser
feita. Precisamos cortar despesas
e aumentar receitas”, disse Barros
na terça-feira 27, se recusando a
fazer qualquer comentário sobre o
aumento de recursos para os
partidos políticos.
O “tudo pelo pessoal”
defendido por Barros é, na
verdade, uma continuidade a uma
ação que teve início em abril desse
ano. Na ocasião, a presidente
Dilma Rousseff aprovou o
orçamento de 2015 sem fazer veto
a um aumento no repasse aos
partidos políticos que saltou de R$
308,2 milhões em 2014 para R$
867,5 milhões esse ano (leia
quadro ao lado). Se a proposta de
Barros for aprovada em plenário,
os partidos praticamente dobrarão
sua participação no orçamento,
passando dos R$ 867,5 milhões
para R$ 1,4 bilhão.
O GLOBO
01/11/15
EDITORIAL
Em questão a qualidade do
ensino de escolas privadas
Aproverbial baixa qualidade do ensino público
básico, sempre aquém do rendimento apresentado
pelos estabelecimentos privados, pode induzir ao erro
de se considerar o ensino particular de bom nível em
si. Mas não é esta a realidade quando ele é comparado
com a educação privada em outros países. O mesmo
acontece, em certa medida, no âmbito das
universidades, em que a USP e a UFRJ, por exemplo,
são bem situadas em rankings nacionais, porém nem
tanto em avaliações internacionais.
A escola privada do ensino básico não é um oásis
no mar revolto da problemática educação brasileira.
Tabulações do Pisa, teste internacional de que
participam jovens de mais de 60 países - e no qual o
resultado médio dos brasileiros mantém o país nos
últimos lugares -, mostram, por exemplo, que, em
certas disciplinas, a qualidade do setor privado do
ensino brasileiro não é tão superior à da escola
pública de sociedades desenvolvidas (congregadas
na OCDE). Isso aconteceu no exame de 2012. E
quando comparadas com os estabelecimentos
particulares desses países, as escolas privadas
nacionais aparecem em situação inferior.
Se é uma visão distorcida condenar todo o ensino
público, trata-se do mesmo enaltecer o universo na
rede particular em sua totalidade.
Afinal, há problemas comuns a ambos segmentos.
Um deles, a formação dos professores. É ilustrativo
que 39% dos professores da rede pública, no ensino
médio, deem aulas sem ter a devida formação, e que
o mesmo aconteça com 35% dos que trabalham nas
escolas particulares, índices não muito diferentes,
segundo O GLOBO. Parte da explicação para, mesmo
assim, haver um aproveitamento melhor do aluno da
rede privada é que, pelo seu nível de renda e social,
ele tem uma base de formação na família melhor que
o aluno da rede pública.
Como, apesar de tudo, o ensino público básico
evolui, na atual geração é normal os filhos de famílias
mais pobres alcançarem um nível educacional
superior ao dos pais. O que não significa que seja o
nível ideal, dadas todas as mazelas conhecidas no
ensino básico. Mas a distância entre o nível de
instrução dos filhos e o dos pais é, nesta geração,
obstáculo insuperável, por óbvio.
Um dado a se avaliar são os índices de reprovação
nas escolas privadas brasileiras, superiores aos
verificados na Europa - embora se aconselhe, por
motivos técnicos, a não se fazer comparações rígidas
entre os números.
Para se ter uma ideia de ordem de grandeza,
enquanto, no ensino médio, na rede particular
brasileira, a taxa de reprovação é de 5,5%, na Europa
chega a 2,7%. E nos países com os melhores sistemas
educacionais do mundo, a reprovação é zero. É
preciso, portanto, cuidado com a ideia de que muita
reprovação é sinal de ensino de boa qualidade. Não
necessariamente, se considerarmos que o propósito
da Educação é a inclusão e não a exclusão.
O GLOBO
01/11/15
O PAÍS
Levy diz que gasto com bolsa
família deve ser mantido
Em evento no marrocos,
ministro diz que ajuste "avança"
Ganhos sociais. Para Levy,
Bolsa Família traz benefícios e
"não custa muito"
BRASÍLIA
O ministro da Fazenda,
Joaquim Levy, disse ontem, em
evento no Marrocos, que o Bolsa
Família "não custa muito
dinheiro", se comparado com os
benefícios que oferece à população
brasileira. O ministro reconheceu
que os gastos com o programa
social subiram nos últimos anos,
mas destacou que ele ainda
corresponde a uma parcela de
apenas 0,5% do Produto Interno
Bruto (PIB) nacional. Ele disse
que a redução do programa
poderia até vir a dificultar a
aquisição de roupas pelas
famílias, dificultando o acessos
das crianças às escolas.
- Essas coisas pequenas fazem
uma diferença gigante - disse Levy
no seminário Atlantic Dialogues,
em Marrakesh.
O relator da Lei Orçamentária
de 2016 no Congresso, deputado
Ricardo Barros (PP-PR) pretende
cortar R$ 10 bilhões do Bolsa
Família para o próximo ano, ou
35% do montante previsto.
Levy comentou a dificuldade
que o governo vem tendo em
promover o ajuste fiscal junto ao
Congresso, mas avaliou que as
medidas estão "avançando". O
ministro disse que o governo tem
de rever a efetividade de outros
impostos e voltou a defender a
recriação da CPMF, por ser um
imposto transparente e simples em
sua aplicação.
- É doloroso, mas o Brasil não
tem opção que não elevar
impostos no curto prazo e focar nas
despesas obrigatórias.
Levy disse ainda que, apesar da
queda do petróleo no mercado
internacional, a situação da
exploração do pré-sal é positiva.
Reconheceu, no entanto, a
possibilidade de o governo rever
a exigência de que a Petrobras seja
a operadora exclusiva do pré-sal,
com pelo menos 30% dos
consórcios que atuam na região.
- O pré-sal é feito com todo tipo
de parceiro. Shell, Total e chineses
estão em Libra. O operador não
opera sozinho. Podemos dar mais
liberdade para isso. Mas a
Petrobras não está fazendo tudo
isso sozinha. (Danilo Fariello)
O GLOBO
01/11/15
ECONOMIA
Transporte escolar é pouco disciplinado
Avaliação da Proteste mostra
que falta padronização de regras.
Obrigatoriedade de cadeirinha
fica sem data
a instituição, por exemplo, se
houver um acidente no trajeto —
diz Janaina Alvarenga, advogada
especialista em direito do
consumidor.
Thalita Pessoa
Cintos de três pontos, monitor,
lista de passageiros, limitadores
de abertura de janelas,
identificação do motorista/
cadeiririhas para as crianças
menores. Esses são alguns itens
que, na avaliação da Proteste
(Associação Brasileira de Defesa
do Consumidor), deveriam ser
obrigatórios no transporte escolar
para garantir a segurança dos
estudantes. A associação analisou
33 itens, de 28 empresas que fazem
o translado de alunos de 28
escolas nas cidades de São Paulo,
Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
E verificou que não há unidade
entrç as legislações dos três es
tados. Apenas em São Paulo, por
exemplo, a exibição da lista de
passageiros é obrigatória;
De acordo com a lei, as escolas
não têm responsabilidade pelo
transporte oferecido pelas
empresas. A unica exceção é
quando o serviço é oferecido pela
própria escola.
— A escola só pode ser
responsabilizada se tem um
transportador exclusivo ou quando
ela mesma faz o transporte. Nos
demais casos, não dá pra vincular
No Rio, onde o responsável por
coordenar e fiscalizar o serviço é
a Secretaria Municipal de
Transportes do Município
(SMTR), foram avaliadas dez
empresas responsáveis pelo
transporte de estudantes de dez
instituições de ensino das zonas
Sul, Norte e Oeste da cidade.
Todos os veículos analisados
tinham a faixa amarela de
identificação
e
estavam
devidamente cadastrados na
prefeitura. Também dispunham de
dispositivos de quebra e remoção
de vidros e janelas. Mas 30% não
colocam à disposição dos alunos
um auxiliar acompanhante, uma
espécie de monitor, que auxilia o
embarque e atende às necessidades
das crianças durante o percurso,
conforme previsto em lei
municipal, aponta a Proteste,
DENATRAN ADIOU PRAZO
PARA CADEIRINHAS
E apenas 30% dos prestadores
do serviço tinham afixada no
veículo a identificação do
motorista e do monitor. Vale
destacar que esta não é uma
exigência legal no Rio, apesar de
garantir aos pais a tranqüilidade
de uma identificação clara e
precisa da pessoa a quem entregam
os filhos,
— Falta uma legislação mais
rigorosa para garantir a segurança
aos estudantes. Por isso,
encaminhamos os resultados do
nosso estudo ao Ministério da
Educação
(MEC)
e
ao
Departamento Nacional de
Trânsito (Denatran), pedindo uma
norma federal que tome
obrigatória a presença de monitor
escolar e o uso apenas de veículo
micro-ònibus, com adequação
para transporte de crianças com
deficiência — diz Maria Inês
Doici, coordenadora institucional
da Proteste.
Entre as solicitações feitas pela
associação estão questões
polêmicas, como o uso de
cadeirinha para crianças menores
de sete anos e meio. Na semana
passada, o Denatran suspendeu a
obrigatoriedade de uso do
cadeirinha, que estava prevista
para entrar em vigor em fevereiro
do ano que vem. O adiamento foi
justificado pela necessidade dos
fabricantes de ter mais tèmpo para
adaptar as cadeirinhas aos cintos
de segurança de dois pontos.
Nas empresas avaliadas no Rio,
apenas três (SK Transporte, RT
Transporte e RGR Transporte) já
oferecem as cadeirinhas.
— Nós queremos cumprir a
01/11/15
legislação, mas sentimois falta de
um discussão mais profunda,
estudando a viabilidade das novas
soluções apresentadas pelos
órgãos competentes — afír-ma
Dielmo Lima, presidente do
Sindicato das Empresas de
Transporte Escolar e afins do
Estado do Rio (Sinterj).
Uma explica que outro clamor
da sociedade, a adoção do cinto
de três pontos em vans e
microônibus que fazem o
transporte escolar, também é de
interesse dos profissionais do
setor.
Sem dúvida é mais seguro, mas
não se pode fazer a adaptação em
veículos que vêm de fábrica com
cinto de dois pontos, pois as
estruturas dos assentos e do
assoalho não suportam esse tipo de
modificação em caso de acidente
— argumenta, justificando o fato
de todos os prestadores de serviço
analisados pela Proteste terem sido
reprovados neste quesito.
Os prestadores do serviço
foram unânimes em afirmar que
uma possível mudança nas regras
sobre o cinto de três pontos teriam
de afetar, antes de tudo, a indústria
automobilística. Segundo eles, não
existe carro fabricado ou à venda
no Brasil que seja permitido para
o transporte escolar e tenha este
cinto em todos os assentos.
José
Carvalhedo,
da
transportadora de mesmo nome,
ressalta que não exibe o nome da
empresa porque a medida não é
prevista porlei. Ele também
explica que não fixou a
identificação do monitor e do
motorista no carro por orientação
da SMTR, que considera que expor
esses dados compromete a
segurança, Ja a School Bus e a RT
Transportes alegam que tal cartão
de identificação está nos carros,
mas em poder dos profissionais.
MAIORIA DAS INFRAÇÕES
É POR VISTORIA VENCIDA ;
Sobre pastas e mochilas nãq
estarem acondieif onadas em
porta-malas, o que reduziria o
riscd| de lesões em caso de
acidente, José Garvalhel do,
Schqól Bus, CooperUpa e RT
Transportei justificam que os
carros não têm espaço para
acomodação da bagagem e, por
isso, o material fica embaixo dos
assentos, no corredor ou na|
poltrona ao lado do motorista.
Todas as empresas dizem ter a
lista de passageiros, ainda que;
não em mãos do motorista ou do
monitor durante o trajeto.
A empresa Jorge Luiz
Transporte Escolar afirmou que não
comentaria o teste. A Transportei
Legal Renata e Garriga não
responderam ao GLOBO. A
reportagem não conseguiu contatar
a RGR Transportes e a empresa
Tio Roberto e Tia Solange.
Segundo a SMTR, em 2014,
foram registradas 624 infrações
referentes a transporte escolar nol
município do Rio, a maior parte
por vistoria; vencida. Em março
deste ano, quando ocorreu; o
retorno às aulas, fiscais da
secretaria estiveram em 28 escolas
e aplicaram 26 multas, 13 veículos
foram rebocados para depósito e
27 foram! lacrados por estarem
com a vistoria vencida.
FOLHA DE SÃO PAULO
01/11/15
TENDÊNCIAS & DEBATES
Enem, instrumento de cidadania
FRANCISCO SOARES
Nos primeiros seis meses de
2015, a Central de Atendimento à
Mulher em Situação de Violência
do governo federal registrou 179
relatos diários de agressão contra
as mulheres. Foram mais de 32 mil
ligações de todas as 27 unidades
da federação, envolvendo 55%
dos municípios brasileiros.
Recente pesquisa do Ipea
(Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada) revela que, entre 2001
e 2011, o Brasil registrou mais de
50 mil mortes de mulheres por
agressões. Muitos desses crimes
foram cometidos por homens com
quem as vítimas tinham ou tiveram
vínculo afetivo.
escolha segue a direção de temas
de anos anteriores: "publicidade
infantil em questão no Brasil"
(2014) e "os efeitos da implantação
da Lei Seca no Brasil" (2013).
Ao colocar tais questões para a
reflexão dos mais de 7,7 milhões
de inscritos no Enem, o Inep
(Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira) contribui para que os
jovens que aspiram a uma vaga nas
universidades brasileiras reflitam
e posicionem-se.
Os dados mostram que, apesar
dos avanços alcançados pela Lei
Maria da Penha, uma cultura de
violência contra as mulheres está
ainda muito presente em nosso
país.
A discussão em torno do tema
da redação do Enem não se encerra
com o término das provas. Ele
torna-se assunto de debate nos
diversos
grupos
sociais
envolvidos com o exame, tais como
grupos familiares, sistemas
educacionais, veículos de
comunicação,
governo
e
movimentos sociais.
Diante disso, a discussão da
"persistência da violência contra
a mulher na sociedade brasileira"
é necessária e oportuna. Por isso,
foi justamente esse o tema da
redação do Enem (Exame Nacional
do Ensino Médio) de 2015. A
Em relação ao tema deste ano,
pode-se buscar os motivos da
persistência das agressões contra
mulheres, apesar das leis já
aprovadas e do protagonismo
feminino em nossa sociedade em
várias áreas. Por exemplo, 60%
dos participantes do Enem são
mulheres.
A elaboração de propostas de
redação para os exames do Inep
segue uma metodologia colegiada.
Docentes de universidades, que
assessoram o órgão na produção
dos testes, submetem assuntos
inéditos e pertinentes à temática de
ordem política, social, cultural ou
científica.
Esses professores, pertencentes
a diversas áreas do conhecimento,
colaboram com distintas opiniões
sobre o mesmo tema. Os assuntos
escolhidos devem possibilitar ao
estudante produzir um texto em
prosa, do tipo dissertativo
argumentativo.
O Enem não é apenas o grande
caminho de oportunidades para o
acesso à educação superior no
Brasil. Pelo tema da redação, ele
estimula a reflexão em torno de
assuntos fundamentais para a
consolidação da democracia e para
o aprimoramento da cidadania.
O próprio fato de que alguns
sustentem que o tema da redação
do Enem deste ano seria
inadequado ou pouco importante
01/11/15
mostra, infelizmente, que ainda não
chegamos a um respeito unânime
aos direitos das mulheres.
Levando 7 milhões de
candidatos e dezenas de milhões
de brasileiros a discutir violência
e liberdade, o Ministério da
Educação contribui para que este
assunto seja, sim, priorizado no
debate e na ação dos nossos
cidadãos. Isso também é educar.
FRANCISCO SOARES, 64, é
presidente do Inep e professor da
Universidade Federal de Minas
Gerais
FOLHA DE SÃO PAULO
01/11/15
COTIDIANO
Em creches públicas VIP, bebês têm solário,
cinco refeições e até massagem
JAIRO MARQUES
DE SÃO PAULO
A fila por uma vaga nas 1.828
creches municipais de São Paulo
já bate nos 146 mil inscritos. Mas,
um privilegiado grupo de 1.300
crianças conseguiu, além de
vencer a espera de meses, ficar em
uma unidade pública VIP, com
direito a massagem, cinco
refeições diárias e professores
com formação permanente.
Ao todo, são 362 unidades de
atendimento a bebês de zero a três
anos geridas por várias
organizações sociais.
Na creche Jardim Edite, na zona
sul, semanalmente, massagistas do
hotel Sheraton fazem shantala nos
bebês, técnica indiana para aliviar
cólicas e que tem poder de
relaxamento nos pequenos.
O local conta com enfermeiros,
mobiliário
desenhado
exclusivamente para crianças,
participação ativa dos pais nas
atividades dos filhos e fornece
cinco refeições por dia.
A mantenedora da creche é a
organização Liga Solidária, que
também administra outras oito
unidades, totalizando 1.300
alunos. A instituição afirma
aplicar R$ 742 mil por mês nas
nove creches. O acesso à unidade
é via cadastro único da prefeitura.
"O dinheiro é importante, mas
o segredo da qualidade está em
uma boa gestão. Só detectar um
problema não adianta. É preciso
saber como agir diante dele",
afirma
Nancy
Coutinho,
coordenadora-geral das unidades.
Em outra creche mantida pela
Liga, a Casa da Infância do Menino
Jesus, perto da rodovia Raposo
Tavares, zona oeste, a arquitetura
favorece a integração, a saúde e a
segurança dos 260 alunos.
A cada duas salas de aula, que
têm no máximo 14 alunos cada, há
um banheiro. Além disso, todas as
salas —equipadas com livros,
aparelho de som e brinquedos—
têm acesso direto a um solário.
Completa o pacote uma área
coletiva de lazer com 200 m², piso
emborrachado, triciclos, balanços
e jogos.
Pai dos gêmeos João Pedro e
Matheus, de dois anos, o
comerciante Edson dos Santos, 46,
diz que, até hoje, fica
"boquiaberto" com o tratamento
que os filhos e ele recebem na
unidade.
"Procurei creches particulares
perto da minha casa [na região do
Rio Pequeno] e nenhuma tinha essa
estrutura. Até gente de classe média
tenta vaga aqui. Gosto também do
contato que eles têm com os pais.
Ajudam dando dicas de saúde,
alimentação", diz.
A busca presencial por vaga na
Menino Jesus —504 pedidos até
setembro—é maior do que em
outras creches públicas da mesma
região, como Rio Pequeno (194) e
Itaim Bibi (214).
Para "adotar" uma creche, a
Secretaria Municipal da Educação
exige que a instituição não tenha
fins lucrativos —o serviço deve
ser gratuito— e não esteja entre os
devedores do município. A
organização precisa ainda ter ao
menos três anos de registro e não
ter servidores públicos entre seus
dirigentes.
As atividades são monitoradas,
e são exigidos relatórios semanais
de desempenho, despesas e
estoques.
Segundo a secretaria, para
atingir a meta de atendimento de
100% da demanda por vagas até
2025, "a parceria com a sociedade
civil continuará sendo uma
estratégia importante".
O ESTADO DE S. PAULO 01/11/15
METRÓPOLE
Adultos não sabem matemática
básica, segundo pesquisa
PAULO SALDAÑA - O
ESTADO DE S. PAULO
Levantamento em 25 cidades do
País mostra que 75% não sabem
médias simples e 63% não
resolvem porcentuais
SÃO PAULO - A matemática
não é desafio só para quem está
na escola. Pesquisa realizada em
25 cidades brasileiras com adultos
de mais de 25 anos mostra que a
maioria não sabe fazer operações
matemáticas simples: 75% não
sabem médias simples, 63% não
conseguem responder a perguntas
sobre porcentuais e 75% não
entendem frações, entre outros
resultados dramáticos.
Em avaliações similares em
países ricos, o resultado é em
média quatro vezes melhor. O
estudo ainda aborda a rejeição que
o tema provoca. A matéria mais
detestada foi matemática, com
43% das respostas. A memória que
os adultos têm do assunto é até
pior: 65% dizem não ter tido
facilidade com a disciplina na
escola.
Segundo o coordenador do
estudo, Flavio Comim, docente da
Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS) e
professor visitante de Cambridge,
no Reino Unido, os dados
reafirmam os diagnósticos de que
o ensino de matemática tem falhas.
“Essas deficiências acarretam
impactos econômicos e sociais”,
diz ele. “Uma sociedade que sabe
pouco de matemática é pouco
competitiva, como mostra a
comparação
internacional.
Também mexe muito com a
sobrevivência das pessoas, porque
define o que você compra, se fará
um financiamento”, afirma. Outro
resultado do levantamento indica
que 69% não sabem fazer contas
com taxas de juros.
O estudo foi encomendado pelo
Instituto Círculo da Matemática do
Brasil, iniciativa da TIM, e 2.632
pessoas foram ouvidas, com idade
média de pouco mais de 40 anos.
A amostra não foi organizada por
renda, mas pelo número médio de
anos de estudo, que ficou em torno
de 8,3 anos de escolaridade.
Perfis. Há diferenças quando se
olha para quem estudou mais ou
menos. Enquanto 28% dos adultos
com mais de 15 anos de estudo não
sabem fazer regra de três, o índice
é de 71% entre quem tem até 8 anos
de escola.
No geral, 60% das pessoas
tinham matemática entre as
disciplinas que não gostavam na
escola. Para Katia Stocco Smole,
diretora do grupo Mathema, de
formação e pesquisa em ensino de
matemática, o dado não
surpreende, “mas incomoda
bastante”. “As pessoas não gostam
porque nunca fez sentido para elas.
A escola não ensinou a entender o
01/11/15
sentido desses conceitos básicos.
Quando aprendem, gostam.”
prontas. Mas tem de saber fazer a
leitura daquilo”, diz.
Segundo dados do Sistema
Nacional de Avaliação da
Educação Básica (Saeb) de 2013,
apenas 9,3% dos jovens terminam
o ensino médio com o nível
adequado na disciplina. Além das
falhas na escola, a visão das
crianças
acaba
também
influenciada pela ojeriza dos
adultos. “Tem um efeito
intergeracional e essa aversão vai
passando de pai para filho”, diz
Flavio Comim.
Trauma. Ao saber do tema da
conversa, a enfermeira Simone
Pavani, de 48 anos, já titubeia.
“Sempre foi a disciplina que tive
de me esforçar mais. Às vezes
estou fazendo uma compra e tem
um desconto de 10%. Fico me
perguntando ‘será que foi isso
mesmo?’”, comenta, rindo. “No
trabalho me viro bem, mas
percebo colegas mais novos com
dificuldades.”
O representante de vendas
Bruno Singer, de 36 anos, diz usar
com certa facilidade os conceitos
básicos da matemática no trabalho,
mas recorre à calculadora nas
tarefas mais complexas. “Tenho a
impressão de que muito do que
estudei na escola eu não uso no dia
a dia”, diz ele, formado em
Administração. O estudo mostra
que 89% das pessoas dizem que
nem sequer usam a matemática no
dia a dia.
Para o também vendedor Bruno
Costa, de 28, a tecnologia ajuda.
“No trabalho, as projeções chegam
Coordenador-geral
da
Olimpíada
Brasileira
de
Matemática das Escolas Públicas
(OBMEP), Claudio Landim diz
perceber uma lacuna na formação
dos professores, mas é mais
otimista com as novas gerações.
“Nós vivemos em um mundo cada
vez mais tecnológico e a
matemática está por trás dos
programas, do aplicativo de
celular. Isso tem despertado
interesse cada vez maior”, diz
Landim, que é diretor adjunto do
Instituto Nacional de Matemática
Pura e Aplicada (Impa). “Há uma
melhora, mas não será da noite
para o dia.”
O ESTADO DE S. PAULO 01/11/15
ECONOMIA
01/11/15
CORREIO BRAZILIENSE
01/11/15
ECONOMIA
CONJUNTURA »
Levy e o Bolsa Família
Ministro da Fazenda defende
o principal programa do governo
retribuindo os afagos que vem
recebendo de parte do PT. “O
custo é pequeno”, diz
Marrakesh, Marrocos — O
ministro da Fazenda, Joaquim
Levy, resolveu retribuir os afagos
que passou a receber de uma parte
do PT, que inclui o ex-presidente
Lula. Ele fez ontem um elogio ao
principal programa social do
governo, o Bolsa Família, ao
classificá-lo como importante por
“fazer a diferença” para uma
parcela menos favorecida da
população a um custo “pequeno”.
Segundo ele, no geral, o custo do
programa não é um problema, pois
“traz milhões de pessoas para um
diferente passo na vida” e permite
que os beneficiários “participem
da economia de mercado,
especialmente no interior”. Disse
mais: “É extremamente valioso. É
pequena coisa que faz grande
diferença. Representa 0,5% do
Produto Interno Bruto (PIB)”.
Na opinião do ministro, mais
do que o Bolsa Família, que
precisa ser bem monitorado, o
governo deveria se preocupar com
a aposentadoria rural, cujas
despesas não param de crescer,
pondo em risco a sustentabilidade
das contas públicas. Estima-se que
o rombo com esses benefícios
encostará nos R$ 100 bilhões em
2016, deixando o Tesouro
Nacional em situação difícil, pois
é obrigado a cobrir o buraco no
caixa do Instituto Nacional do
Seguro Social (INSS). “Nesse
segmento pode-se ter uma
economia maior para o governo”,
afirmou.
Enquanto o ajuste na
Previdência não vem, Levy
defendeu o aumento de impostos
para fazer o ajuste fiscal. Ele
reconheceu que esse caminho não
é “muito desagradável”, mas, neste
momento de crise, não há outra
saída. “Temos de consertar nosso
fiscal. Esse é o primeiro e
essencial passo. Criar imposto é
muito desagradável, mas foi o que
outros países fizeram”, disse, ao
lembrar que o governo inglês
aumentou o imposto sobre consumo
para reagir à crise. “E é isso que
estamos fazendo, ao mesmo tempo
em que tentamos vender ativos”,
emendou.
O ministro defendeu ainda a
flexibilização das regras de
exploração do pré-sal, que prevê
presença obrigatória da Petrobras
em todos os projetos. No entender
dele, é necessário dar mais
“liberdade” à estatal. “Nós
podemos rever isso, podemos dar
mais liberdade (à empresa)”,
afirmou, ressaltando que as
grandes petroleiras internacionais
já estão nos campos brasileiros de
exploração do pré-sal.
CORREIO BRAZILIENSE
01/11/15
Educação
A greve dos professores está
longe de ter um desfecho. Não é
para menos. Quem não se
revoltaria com as agressões das
forças de segurança do Estado?
A violência perpetrada contra os
docentes é algo absurdo. A
paralisação não se dá por birra
ou por motivos ideológicos. Se foi
acertado ou errado, eles não
foram os responsáveis pela
aprovação de uma lei sem o
correspondente
respaldo
financeiro. Lutam para que a lei
seja cumprida. O candidato
Rollemberg deveria saber de tudo
que o esperava, se vencedor, como
foi, da corrida pelo Palácio do
Buriti. Passar quase um ano
choramingando a falta de
dinheiro já não convence. E é
inaceitável que os movimentos
sejam reprimidos à moda tucana.
Ficou feio para o Executivo, que
revelou incapacidade de negociar
uma trégua com a categoria.
» Paulo Augusto Fonseca,
Lago Norte
SR. REDATOR
» A PM, sob o comando de
Rollemberg, desceu a borracha
nos professores. Os distritais
tentam, agora, tirar proveito da
situação. Mas a Câmara
Legislativa é um dos pivôs do
conflito entre os servidores e o
Executivo. Não é possível
esquecer que a lei que assegurou
aumento a 32 categorias
profissionais foi aprovada na
Casa do Espanto. É muito
oportunismo — e não se poderia
esperar nada diferente — querer
responsabilizar o governo
isoladamente pelo caos em que o
DF se encontra. Nenhum
deputado é capaz de apresentar
proposta que tire o DF da crise
que enfrenta. A agilidade dos
deputados é para elevar os gastos,
como consumo inexplicável de
combustível, viagens, verba
absurda de gabinete e outros
benefícios que não fazem o menor
sentido.
» Maria Marta Pires,
Sudoeste
CORREIO BRAZILIENSE
01/11/15
Educação
Em 2015, passamos aqui no DF
pela maior prova de que os tempos
bárbaros voltaram. E voltaram
fantasiados de policiais, tendo
hoje balas de borracha e escudos,
enquanto as vítimas estão de
mãos limpas e bolsos vazios. Não
há motivação alguma para se
defender o direito de ir e vir às
custas do sagrado sangue do
trabalhador mais importante
deste país: o professor.
Rollemberg parece ter lido o
manual Beto Richa de como
proceder em casos assim.
Manifestações por melhorias
salariais, de carreira e de
estrutura na sucateada rede
pública de ensino brasiliense
deveriam merecer reflexão
sensata do GDF e saída criativa
desta crise. Contudo, o trocatroca de secretários parece ser o
único desafio do governador
,passados 10 meses da gestão
socialista. Os alunos estão sem
aula, os professores, sem
garantias de melhorias, e a nação
sem rumo. Parece que ,quanto
mais o tempo passa, menos
inteligência nossos governantes
possuem. Ações como essa só
demonstram que regredimos no
tempo e evoluímos para o que não
gostaríamos, ou seja, bípedes
truculentos!
» Rodrigo de Sousa Leitão,
Sobradinho
SR. REDATOR
O GLOBO
31/10/15
OPINIÃO
Cristovam Buarque
É a educação, gente!
O debate político brasileiro
está dominado por duas visões
maniqueístas: uns não percebem
os custos institucionais da
derrubada de uma presidente
eleita, mesmo dentro da
Constituição, nem os riscos dos
anos seguintes, mesmo com novo
presidente; outros ignoram o
esgotamento da credibilidade do
atual governo e sua presidente,
desmoralizada por falsas
promessas, incompetência na
gestão
da
economia
e
contaminação pela corrupção ao
redor. Ambas visões não percebem
os riscos de o Brasil ingressar em
um período de decadência, seja em
função da continuidade de um
governo que já nasceu condenado
por seus erros, seja devido a um
governo com um nome novo mas
sem novidade para os rumos do
Brasil.
Este debate imediatista está
custando ao Brasil não enfrentar
os grandes desafios de um país que,
mais uma vez, perde a chance de
usar seu maior recurso, sua
população educada, para fazer-se
uma nação eficiente, justa,
democrática, com protagonismo
no cenário mundial.
No lugar de avançar,
entendendo a realidade do mundo
global (economia baseada no
conhecimento, limites ao
crescimento, cooperação entre
setores público e privado, fontes
alternativas
de
energia,
responsabilidade
fiscal),
continuamos no velho modelo protecionismo fiscal à indústria,
desprezo à inovação, consumo em
vez de poupança e investimento,
ocupação depredadora do
território, antagonismo entre
Estado e setor privado, governos
quebrados. Em consequência, no
lugar de enfrentarmos a crise,
estamos caminhando para uma
decadência histórica.
As indicações dessa decadência
estão na violência generalizada
que já começa a desagregar o
tecido social brasileiro; está em
uma política sem partidos, sem
propósitos, sem ética, onde a
juventude não vê políticos como
líderes admirados, mas como
aproveitadores de recursos
públicos; está em uma economia
que se desindustrializa, sem dar os
passos para um PIB baseado na alta
tecnologia, sem competitividade,
produtividade e capacidade de
inovação; está nas finanças
públicas condenadas pela própria
Constituição a gigantescos déficits
provocados por gastos com o
passado: os pobres que não
emancipamos, um sistema de
aposentadoria insustentável, uma
dívida financeira impagável; um
país sem recursos financeiros para
construir seu futuro.
Cada um destes problemas
exige reformas profundas, mas
todos eles dependem de educação
de qualidade para todos. Por isso,
ao assistirmos ao debate atual entre
impeachmistas
e
antiimpeachmistas, vale a pena
lembrar o que disse James
Carville, chefe da assessoria do
então candidato Bill Clinton, ao
interromper a discussão entre
assessores sobre qual era o
principal problema dos EUA: "É
a economia, estúpido!". A
continuação ou a interrupção do
mandato da presidente Dilma não
será suficiente para trazer saída à
crise e evitar a decadência, se não
entendermos que, para o Brasil: "É
a educação, gente!"
O GLOBO
31/10/15
SOCIEDADE
Argentina aprova lei que extingue
prova para acesso à faculdade
Segundo a legislação,
qualquer aluno que concluir o
ensino secundário poderá
requisitar vaga na universidade
[email protected]
O Senado argentino aprovou uma
lei que garante o ingresso
universal nas universidades
públicas do país. A reforma na Lei
de Educação Superior extingue os
exames de acesso às universidades
e garante a gratuidade dos cursos
nas instituições públicas. Esta não
é a primeira vez que o governo
federal argentino adota esta
medida. Na gestão de Juan
Domingo Perón (1946-1955), os
vestibulares também foram
extintos e retornaram tempos
depois. Atualmente, cada
universidade possui autonomia
para escolher a forma de acesso
de seus futuros alunos.
— O livre acesso, na prática,
já existe e divide opiniões. Alguns
acreditam que o ensino
secundário, que seria o ensino
médio no Brasil, é muito fraco e,
sem um exame, o aluno não tem
motivação para estudar. Outros
dizem que a Argentina caminha
para oficializar o que acontecia na
realidade e consideram isso bom.
O problema não são as provas de
acesso, mas as de nivelamento —
analisa Norberto Herreras, doutor
em Educação pela Universidade de
Buenos Aires.
Os exames de nivelamento são
utilizados por faculdades,
principalmente as de Medicina,
para buscar um equilíbrio entre o
fraco aprendizado que os alunos
trazem do ensino secundário e o
conhecimento necessário para se
cursar o ensino superior. De
acordo com a nova lei, como não
podem ser aplicadas provas para
o acesso, o exame de nivelamento
não existiria.
— Isso deve acarretar
problemas nos anos iniciais das
universidades. Existe o risco até
de os currículos mudarem para
atender o aluno que chega com
defasagem. Mas são escolhas
políticas. Acredito que o livre
acesso pode ser positivo —
pondera Herreras.
A nova alteração na lei de
acesso ao ensino superior deixa
claro que “todas as pessoas
aprovadas na educação secundária
podem ingressar de maneira livre
e irrestrita na educação superior”.
A legislação, que ainda precisa ser
sancionada pela presidente
Cristina Kirchner, confirma ainda
que o Estado fica responsável por
financiar, supervisionar e fiscalizar
as universidades nacionais, além
de fiscalizar e supervisionar as
instituições privadas. O governo
argentino também não poderá
retroceder
em
qualquer
investimento no ensino superior. A
lei também deixa expressa a
proibição de qualquer tipo de taxa,
tarifa ou imposto sobre os cursos
de graduação das universidades
públicas. Atualmente, em geral, as
instituições cobram pelo ensino à
distância, além da pós-graduação.
A nova legislação também
flexibiliza os critérios para que um
estudante seja considerado aluno
regular de uma universidade. Até
o momento, somente universidades
com mais de 50 mil alunos podiam
estabelecer seus critérios — como
ter aprovação em pelo menos uma
ou duas matérias por ano. Agora,
qualquer instituição poderá fazêlo.
FOLHA DE SÃO PAULO
31/10/15
COTIDIANO
Gestão Alckmin descumpre distância e
envia alunos a 2,5 km de escola 'fechada'
ANA CAROLINA NEIRA
DO "AGORA"
O governo Geraldo Alckmin
(PSDB) desrespeitou a distância
máxima de 1,5 km prometida para
remanejar estudantes entre uma
escola que será "fechada" com a
reorganização da rede estadual e
outra que os receberá.
Esse limite foi anunciado pelo
Estado com a justificativa de
atenuar os impactos para os alunos
que serão transferidos de colégio
em 2016.
A reportagem identificou,
porém, um caso na zona norte da
capital em que estudantes
precisarão percorrer 2,5 km a pé
ou 3,3 km de carro.
Com a mudança, 94 colégios
serão "fechados" no Estado inteiro
–deixarão de integrar a rede, mas,
segundo a gestão Alckmin, terão
seus prédios utilizados para
alguma finalidade educacional.
Desses 94, 25 estão na capital.
A reportagem percorreu nesta
sexta (30), a pé, a rota entre as
duas
escolas
alvo
do
remanejamento. Com base no
aplicativo Waze, foram 2,5 km de
caminhada, em 25 minutos, com
obstáculos para crianças, como
calçadas quebradas e vias
movimentadas.
alaga tudo", afirma Sebastião
Leite, enfermeiro de 46 anos.
O percurso de ônibus até a
escola pode ser feito em 12
minutos, após uma caminhada de
150 metros até um ponto. Depois
de desembarcar, as crianças terão
de enfrentar longa subida de 650
metros.
O outro colégio que vai receber
alunos da Lotufo –Professor Júlio
Cesar de Oliveira, também em
Pirituba– está dentro do limite de
distância, 1,3 km a pé ou de carro.
OUTRO LADO
Os alunos da Professor Lotufo
são do ciclo fundamental 1 (1º ao
5º ano), com idades entre 6 e 11
anos.
Essa é a distância que vai afetar
a rotina de parte dos 207 alunos
da escola Professor João Nogueira
Lotufo, de Pirituba, devido ao
remanejamento para a escola
Professor Otto de Barros Vidal.
Um dos pontos mais críticos é
uma ponte sem nenhum tipo de
proteção nas laterais, na altura do
número 1.890 da estrada Turística
do Jaraguá.
A reorganização da rede visa
dividir as escolas estaduais por
ciclos de ensino –atenuando a
mistura de alunos do ensino médio
e dos anos iniciais e finais do
fundamental na mesma unidade.
"Tem gente que nem passa aqui
sozinha porque tem medo de
assalto", diz Mariana Cristina, 18.
O córrego que passa por baixo da
ponte preocupa. "Sempre que
chove a água transborda rapidinho,
A Secretaria de Estado da
Educação afirma que usa outro
sistema de localização para
verificar a distância entre as
escolas, mas não disse qual. Por
esse sistema, diz, a escola
Professor Lotufo estaria a 1,5 km
da Otto de Barros.
A pasta informou também que
os pais dos alunos poderão
escolher para qual das duas
escolas seus filhos serão
transferidos –e, posteriormente,
ainda poderão trocar de colégio.
O ESTADO DE S. PAULO 31/10/15
METRÓPOLE
Cresce diferença de nota entre
escolas públicas ricas e pobres
LUIZ FERNANDO TOLEDO O ESTADO DE S. PAULO
Considerando os 20% com
nível socioeconômico mais baixo
e os 20% de nível mais alto, a
desigualdade saltou 139% em
Matemática
A diferença de desempenho
escolar entre as escolas públicas
mais pobres e mais ricas no Brasil
aumentou desde 2005. É o que
mostra a comparação no
rendimento dos estudantes de nível
socioeconômico (NSE) mais baixo
e mais alto na Prova Brasil,
avaliação oficial do governo
federal que mede desempenho em
Língua Portuguesa e Matemática a
cada dois anos.
O NSE é calculado pelo
Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira (Inep), com base em
dados de escolaridade, ocupação
e renda fornecidos para a
avaliação. Em 2005, a diferença
de desempenho na prova entre os
20% com nível socioeconômico
(NSE) mais baixo e os 20% de
nível mais alto para o 5.º ano em
Língua Portuguesa foi de 20,34
pontos. Em 2013, dobrou: 42,7
pontos, um salto de 110%. O
mesmo problema é observado em
Matemática: a diferença avançou
de 20,03 pontos para 47,97, um
acréscimo de 139%. A prova de
2015 ainda não foi feita.
A desigualdade também cresceu
no 9.º ano, mas em menor
proporção. Em 2005, a diferença
entre a média das escolas de nível
socioeconômico mais baixo e mais
alto para Português foi de 24,39
pontos. Em 2013, subiu para 27,77,
um salto de 14%. Já em
Matemática, a diferença cresceu
16%.
Apesar disso, tanto o nível mais
baixo quanto o mais alto tiveram
notas aquém do esperado. O
movimento Todos pela Educação
considera que, nos anos iniciais,
os estudantes deveriam ter obtido,
no mínimo, 200 pontos em Língua
Portuguesa e 225 em Matemática as notas ficaram em 182,72 e
205,10 pontos, respectivamente.
Nos finais, as notas mínimas
deveriam ter sido 275 pontos em
Português e 300 em Matemática,
mas alcançaram 237,78 e 242,35,
respectivamente.
A redução desta diferença
precisará estar no topo das
prioridades do Ministério da
Educação, de Estados e municípios
nos próximos anos. É o que prevê
o novo Plano Nacional de
Educação (PNE). Faltam, no
entanto, estratégias concretas para
isso. Desde que o ministro da
Educação, Aloizio Mercadante,
assumiu a pasta, em setembro, o
MEC tem afirmado que vai alterar
os programas que atendem
unidades mais carentes.
Os dados da Prova Brasil ainda
mostram que o aumento na
diferença das notas ocorre
31/10/15
principalmente pela dificuldade de
as escolas com alunos mais pobres
progredirem. No 5.º ano, a nota de
Português da faixa de NSE mais
baixo praticamente não variou de
2005 a 2013 - foi de 168 para
168,99 (1%). Já os alunos de NSE
mais alto variaram 12% - de
188,34 para 211,69. Em
Matemática para o mesmo ano, o
NSE mais baixo melhorou a nota
em 4% e o mais alto, em 18%.
A situação é mais complicada
em Matemática no 9.º ano, em que
os alunos mais pobres tiveram uma
piora no desempenho: no mesmo
período, as notas caíram 2% e
foram de 231,6, em 2005, para
227,35 em 2013.
Ideb. A mesma lógica é
observada em outro levantamento
apresentado pelo Inep em
setembro. Na ocasião, houve
comparativo do Índice de
Desenvolvimento da Educação
Básica (Ideb), principal indicador
de qualidade educacional, entre
escolas com NSE baixo e alto, sob
as mesmas condições de gestão
(número de alunos e ciclos). A
diferença é de 62,2%: 3,3 para o
NSE baixo e 5,3 para o alto.
Para a pesquisadora do Centro
de Estudos e Pesquisas em
Educação e Ação Comunitária
(Cenpec) Vanda Mendes Ribeiro,
as ações do MEC, mesmo quando
buscaram a melhoria na educação,
não focaram nos níveis
socioeconômicos. De acordo com
ela, uma das formas de combater a
desigualdade é ter alunos de
diferentes origens na mesma sala.
“As crianças têm de caminhar
juntas.”
Superação. Apesar das
dificuldades financeiras, um
pequeno grupo de escolas
brasileiras superou barreiras e já
atingiu, desde 2013, a meta de
qualidade da educação esperada
do País em 2021 nos anos finais
do ensino fundamental.
Levantamento feito pelo
eduLab21, do Instituto Ayrton
Senna, constatou que 500 escolas
de redes municipais já atingiram
ou ultrapassaram a nota 5,5 no Ideb.
Dessas, 136 têm nível
socioeconômico considerado
baixo.
O Ceará foi o Estado com mais
escolas nesta situação: 47. São
Paulo tem 11 unidades, todas no
interior.
31/10/15
O ESTADO DE S. PAULO 31/10/15
METRÓPOLE
O ESTADO DE S. PAULO 31/10/15
METRÓPOLE
31/10/15
O ESTADO DE S. PAULO 31/10/15
METRÓPOLE
CORREIO BRAZILIENSE
Cilada
Massa de manobra. Esse tem
sido o principal papel desempenhado
pelas
diversas
categorias
profissionais ao longo da maioria
das greves nos últimos anos. Joguete
na mão dos sindicatos, os servidores
públicos parecem não perceber que,
como peões num imenso tabuleiro
se movem de acordo com as
estratégicas e maquinações de
lideranças que nem mesmo
conhecem e, não raro, são postos
em situações constrangedoras e de
perigo de vida.
Para justificar a própria
existência, turbinados ainda pelo
imposto fácil, abundante e
compulsório tungados de cada um
dos trabalhadores, só restam aos
múltiplos sindicatos, por meio de
seus braços tentaculares presentes
em cada repartição pública, atiçar as
diversas categorias, lançando-as na
aventura das paralisações.
Contradição ou não, é apenas nas
paralisações que os sindicatos
trabalham. Para essas lideranças,
eleitas, na sua maioria, sem a efetiva
participação das categorias, a
militância sindical é usada como
ponto de passagem e ensaio para
voos individuais mais altos, não
importando os meios que possam
usar para este fim.
Curioso é constatar que mesmo
usando e abusando de manobras
manjadas, que, em resumo se
restringem a deslocar as peças
(grevistas) para pontos sensíveis da
cidade e causar grandes transtornos
— como foi visto na última quartafeira quando professores e grevistas
profissionais bloquearam a saída dos
eixões Norte e Sul, na hora de pico
—, conseguem atrair as forças de
segurança para um conflito
31/10/15
anunciado.
Para
esse
modelo
de
sindicalismo, controlado com mão
de ferro por franjas do Partido dos
Trabalhadores, interessa muito o
confronto direto com as autoridades,
embora a infantaria precursora seja
formada apenas pelos soldados
rasos, representados, neste caso,
pelos servidores públicos e
anônimos que trabalham todos os
dias antes das contendas.
Confortavelmente instalados em
seus escritórios, esses generais da
estrela vermelha assistem, pela
televisão, às tropas cegas serem
pisoteadas pelas forças de segurança.
Esse tipo de estratégia, transforma o
professor em espécie de marionete,
que é arremessado para o centro do
conflito, apanhando da polícia,
sendo agredido física e moralmente.
A repetição da trama e a falta de
inteligência criativa, que produza
resultados efetivos, só mostram que
os professores, mergulhados em
tanto desprezo, são usados pela falta
de escrúpulos e por interesses
carimbados.
A dignidade de profissionais,
como professores, médicos e outras
categorias, passa antes pela recusa
em se transformar em massa de
manobra. Às lideranças sindicais
interessa muito a construção de
vítimas e mártires que sustentem seus
intentos. Para essa gente, tanto faz
que a população fique sem escola,
médicos ou transportes. O
importante é agitar as massas, ficando
na proteção da retaguarda. Se
possível, a muitos quilômetros da
pancadaria.
A frase que não foi pronunciada
“Os políticos brasileiros
estão em cadeia nacional
ARI CUNHA
fora do tempo de eleições!”
Horário do político em tempo real
Notinha
» Fernando Varanda, prefeito
comunitário do Lago Norte, convida
a comunidade para a reunião do
Conselho Comunitário do Lago
Norte, às 20h, do próximo dia 5, na
sede da Prefeitura Comunitária. Em
pauta, a ocupação da orla do Lago
Norte. Com a presença do
administrador Leandro Casarin, a
comunidade espera ter algumas
dúvidas esclarecidas sobre o
assunto.
Lago Norte
» Varanda informa ainda que
comunicará, na reunião marcada, que
a visita feita a Celina Leão rendeu
alguns frutos para as reivindicações
dos moradores da região.
Apoie
» Romário Farias lança a
campanha para que os deputados
federais aprovem o ensino da
Constituição Federal nas escolas. “A
difusão do conhecimento sobre
direitos sociais, assim como do
sistema político, do exercício da
cidadania, de valores éticos e
cívicos, pode revolucionar nossa
sociedade. Salvando toda uma
geração e provocando as mudanças
sociais e políticas que tanto
queremos”, justifica o autor da
proposta.
História de Brasília
Pouco antes de embarcar no
aeroporto militar, o sr. Jânio Quadros
estendeu a mão aos presentes, sendo
que ninguém ali sabia de sua
renúncia, e do momento histórico que
estava vivendo. (Publicado em 26/8/
1961)
CORREIO BRAZILIENSE
31/10/15
CIDADES
CRISE NO GDF »
As greves e a falta de diálogo continuam
Polícia Militar, ou pelo menos 5
mil, para a liderança do
movimento, estiveram reunidos
para a assembleia. Nos discursos,
o tom era de insatisfação. O
embate entre professores e
policiais, ocorrido na quarta-feira
e que resultou na detenção de cinco
participantes da obstrução da via,
voltou a ser o motivo da revolta.
“O responsável por essa violência
é o governador. Mas, com isso,
percebemos a solidariedade da
população”, afirmou Washington
Dourado, diretor do Sindicato dos
Professores do DF (Sinpro-DF).
Segundo a polícia, cerca de 3 mil pessoas estiveram na Praça do
Buriti e votaram pela continuidade da paralisação da categoria
Dois dias após confrontos com
a polícia, professores decidem
manter
a
paralisação.
Metroviários e funcionários da
CEB devem cruzar os braços na
próxima semana. Quem procura
os hospitais ainda sofre com a
falta de médicos e técnicos em
enfermagem
» JOÃO GABRIEL AMADOR
Mais problemas à vista para a
população. Servidores de
empresas como o Metrô e a CEB
devem entrar em greve na semana
que vem. Enquanto isso, os
professores decidiram ontem, dois
dias após o confronto com
policiais militares no Eixão Sul,
pela continuidade da paralisação
por tempo indeterminado. E,
apesar da volta ao trabalho de 150
categorias da Saúde, médicos e
técnicos em enfermagem seguem
de braços cruzados. Para
representantes do governo, não há
como pagar os reajustes salariais
antes do ano que vem. “Queremos
pagar. Não se trata de falta de
vontade
política,
mas
incapacidade financeira. Trabalho
com fatos, e o fato é que
conseguiremos quitar as dívidas
apenas em 2016”, afirmou o
secretário da Casa Civil, Sérgio
Sampaio.
Na manhã de ontem, a Praça do
Buriti, mais uma vez, se tornou
palco de manifestantes. Cerca de
3 mil professores e alunos de
escolas públicas, segundo a
Movimentos
estudantis
marcaram presença. Um grupo
entregou rosas para professores e
demais participantes da assembleia
— algumas flores chegaram a
alguns policiais que faziam a
segurança na praça. Além da
violência, a acusação da falta de
diálogo por parte do governo teve
destaque nos discursos. “Nenhuma
proposta concreta chegou até o
momento. Quanto à ilegalidade da
greve, quem decide o fim da
paralisação é o movimento. E só
voltaremos às atividades quando
tivermos negociação”, reforçou
Dourado. Com a insatisfação geral,
os professores decidiram em
votação por manterem a greve por
tempo
indeterminado
e
intensificação de manifestações.
Uma nova assembleia geral da
classe foi marcada para quartafeira.
31/10/15
Sobre o confronto, o secretário
Sérgio Sampaio afirmou que os
atos
serão
investigados.
“Analisaremos as imagens dos
professores, mas também de outros
cidadãos e da própria polícia para
verificar se houve uso de força
excessiva”,
esclareceu
o
secretário, que rebateu a afirmação
de que o governo não tem diálogo
com os grevistas. “Nós
convidamos todos os sindicatos
que tragam equipes técnicas para
abrirmos as contas e mostrarmos
que não há condições de atender
as demandas de reajustes agora.
Mas outras ações que não
envolvam aporte financeiro serão
debatidas.”
Adesão
Em sala de aula, a adesão da
greve chega a 85%, segundo o
movimento. Mas não são apenas os
estudantes que sofrem com as
paralisações. Nos hospitais, a
situação ainda é crítica. Apesar da
suspensão da greve do Sindicato
dos
Empregados
em
Estabelecimentos de Serviços de
Saúde do DF (SindSaúde), outros
grupos mantiveram os braços
cruzados — caso do Sindicato dos
Médicos (SindiMédicos) e do
Sindicato dos Auxiliares e
Técnicos em Enfermagem do
Distrito Federal (Sindate).
O motorista Alex Beserra
Alves, de 30 anos, levou a irmã,
Analice Beserra Alves, 26, e o
irmão, Abimael Beserra Alves, 28,
para o pronto-socorro do Hospital
Regional da Asa Norte, na
esperança de ser atendido, mas
ficou decepcionado. “Meus irmãos
estão passando mal, com sintomas
de dengue. Fomos ao Hospital
Regional de Ceilândia, mas lá não
tinha médico e me disseram para
vir aqui. Mas também não tem
médico. Só um cirurgião e ele
estava ocupado.” A situação
encontrada por Alex é semelhante
em outros centros médicos, que
atendem apenas casos de
emergência.
Os funcionários do Detran
seguem em greve. O DFTrans, por
sua vez, reabriu os postos de
atendimento, retomando serviços
como emissão de cartões, recargas
de passagens e atualizações de
cadastro.
Mas a situação do cidadão não
vai melhorar. Os metroviários
entram em greve na terça-feira.
Serão mantidas apenas 30% das
operações: oito trens vão rodar no
horário de pico. Diariamente, 160
mil pessoas dependem do meio.
De acordo com o Sindicato dos
Trabalhadores em Empresas de
Transportes Metroviários do DF
(Sindmetrô), as motivações para a
paralisação
são
o
não
cumprimento do Acordo Coletivo
de Trabalho, a não convocação dos
aprovados no último concurso e o
excesso de comissionados na
empresa. A Assessoria de
Comunicação do Metrô afirmou ter
se reunido com a categoria e
oferecido R$ 382 de verba
indenizatória transformado em
auxílio alimentação até atingir o
limite da Lei de Responsabilidade
Fiscal.
Outra categoria que pode
suspender atividades é a dos
trabalhadores da Companhia
Energética de Brasília (CEB).
Uma assembleia está marcada para
terça-feira.
Manifestantes entregaram flores
a PMs que faziam a segurança
CORREIO BRAZILIENSE
31/10/15
Palavra de especialista
Atrasos na lei
O direito de greve é garantido pela Constituição,
referente ao artigo 37, mas existem limites. Uma lei
de greve da iniciativa privada, prevista em 1989,
estabeleceu algumas regras para o exercício desse
direito. Para acontecer, a paralisação deve ser
aprovada em assembleia. Para os servidores
públicos, a lei regulamentadora também está na
Constituição, mas diferentemente da rede privada,
nunca foi concebida. É uma omissão não regulamentar
esse direito de greve no serviço público. Com uma
lei pensada em 1988, somente durante o governo Lula
existiu algum progresso. Alguns projetos entraram em
tramitação, mas até hoje nada. A situação vista nos
últimos dias é reflexo desse atraso. O direito é
legítimo, mas é preciso bom senso. Os limites no
serviço público não podem inviabilizar o próprio
serviço. E é natural que o poder público desobstrua
as vias impedidas pelos movimentos. Acredito que,
com essa atitude, as organizações possam até perder
o apoio popular porque isso acaba gerando um
transtorno na vida do outro. E, infelizmente, no calor
da situação, existem abusos por parte dos
manifestantes e também das autoridades, como vimos.
O ideal seria que as manifestações permanecessem
nas ruas, mas sem impedir a passagem por inteiro do
restante dos cidadãos. Talvez se não fechassem todas
as pistas, por exemplo, mas, ainda assim, acredito
que seja muito complicado equilibrar essa situação.
O que resta é ter bom senso.
» Mamede Said,
especialista em direito
constitucional e professor da Universidade de
Brasília
CIDADES
CORREIO BRAZILIENSE
31/10/15
PROGRAMA
Jovens do DF vão aos EUA
Dois estudantes da rede pública
do DF foram selecionados para o
programa Jovens Embaixadores
2016. Os alunos de escolas em
Ceilândia e no Recanto das Emas
viajam a Washington, em 8 de
janeiro, e retornam no dia 31 do
mesmo mês. Ao todo, 50 pessoas
foram selecionadas em todo o país.
Os participantes serão divididos
em grupos e enviados para
diferentes cidades, onde ficarão
hospedados em casas de famílias
voluntárias. Como representantes
da juventude brasileira nos
Estados Unidos, os jovens vão
fazer apresentações sobre o Brasil
e a cultura do país. No fim da
viagem, farão um plano de ação
na área de voluntariado, que será
implementado nas comunidades
onde vivem após o retorno para o
Brasil. O projeto existe desde
2003. A partir de 2012, passou a
ser reproduzido em todos os países
do continente americano. Desde o
lançamento, 417 jovens brasileiros
da rede pública de ensino já
participaram do programa.
CIDADES
JORNAL DE BRASÍLIA
31/10/15
BRASIL
JORNAL DE BRASÍLIA
31/10/15
CIDADES
JORNAL DE BRASÍLIA
31/10/15
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