universidade de franca programa de pós
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UNIVERSIDADE DE FRANCA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS “Obtenção de derivados semissintéticos de diterpenos, avaliação de suas atividades biológicas e estudos detalhados de alguns destes derivados por RMN” Aline Nazaré Silva Franca 2012 Aline Nazaré Silva “Obtenção de derivados semissintéticos de diterpenos, avaliação de suas atividades biológicas e estudos detalhados de alguns destes derivados por RMN” Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade de Franca como exigência parcial para a obtenção do título de Mestre em Ciências. Área de concentração: Química. Orientador: Prof. Dr. Vladimir Constantino Gomes Heleno Franca 2012 Catalogação na fonte – Biblioteca Central da Universidade de Franca S578o Silva, Aline Nazaré Obtenção de derivados semissintéticos de diterpenos, avaliação de suas atividades biológicas e estudos detalhados de alguns destes derivados por RMN / Aline Nazaré Silva; orientador: Vladimir Constantino Gomes Heleno. – 2012 88 f. : 30 cm. Dissertação de Mestrado – Universidade de Franca Curso de Pós-Graduação Stricto Sensu – Mestre em Ciências 1. Diterpenos. 2. Atividade antimicrobiana. 3. Atividade antiespasmódica. 4. Ressonância magnética nuclear. I. Universidade de Franca. II. Título. CDU – 547.913.6 Dedico este trabalho ao meu pai Carlos, minha mãe Neura e ao meu marido Fabricio por todo apoio, dedicação, paciência e principalmente por tanto amor. AGRADECIMENTOS Agradeço acima de tudo a Deus, porque sei que sem Ele, eu não teria percorrido nem a metade do caminho. A todos os meus familiares, que sempre me apoiaram nas decisões da minha vida. A todos os meus amigos de trabalho, que foram de importância ímpar, para o meu crescimento e desenvolvimento deste trabalho. A nossa amizade foi fundamental nesta minha jornada. Ao meu orientador Prof. Dr. Vladimir C. G. Heleno, por toda paciência, por toda dedicação, por todo apoio, incentivo, confiança, credibilidade, enfim, devo todo esse trabalho a você que nunca desistiu de me orientar. Ao Prof. Dr. Sérgio Ricardo Ambrósio, que fez com que os meus dias no laboratório fossem muito mais alegres, obrigado por fazer do nosso ambiente de trabalho uma alegria, que está em si instalada. E eu não posso me esquecer da sua serenidade, de seu caráter, companheirismo, dedicação e do amor com que você realiza as coisas. Aos meus avós João e Amélia, Claudionor ( in memoriam) e Altivina (in memoriam), por fazerem parte da minha vida. Porque toda sabedoria e garra de vocês me fizeram uma pessoa melhor. Aos meus amigos Marcela, Marilia, João Henrique, Ana Carolina, Marcela Bragatto, Felipe e Éder, por me suportarem no meu stress, na minha falta de paciência e na minha arrogância. Vocês sempre estiveram ao meu lado quando eu precisava, ou para me fazer sorrir ou para me mostrar que eu estava errada. Vou levar por toda minha existência, a lembrança da carinha de cada um de vocês. À minha sogra Maria Helena e ao meu sogro Miguel, pela ajuda prestada nos momentos em que precisei. Ao meu marido Fabricio por todo apoio, amor, compreensão e dedicação oferecidos na reta final do meu trabalho. Sei que muitas vezes deixei meu stress prevalecer, mas seu amor foi grande o suficiente para compreender e apoiar. Aos meus afilhados, que com a inocência de criança, fizeram com que meus dias fossem mais doces. Ao meu irmão Danilo, a minha cunhada Beatris e ao meu sobrinho-afilhado Gabriel, que me deram toda força e apoio necessário para seguir caminhando, quando muitas vezes eu pensava em desistir. Aos meus pais Carlos e Neura, que me deram mais essa oportunidade. Não tenho aqui palavras para descrever minha gratidão. Vocês fizeram o possível e o impossível, somente para ver em meu rosto um sorriso e prova de amor maior, não há. Vocês se anularam para que eu e o meu irmão pudéssemos brilhar. Toda a vida de vocês foi dedicada a nós e nada que eu fizer ou disser vai retribuir o que vocês fizeram por mim. À todos que fazem parte da minha vida, que me acompanharam, me deram força e contribuíram de alguma forma nesta etapa da minha vida. Muito obrigada a todos. Ao Prof. Dr. Antônio Gilberto Ferreira da Universidade de São Carlos (UFSCar), por colocar seu equipamento de Ressonância Magnética Nuclear a nossa disposição. À Daiane Sass da Universidade de São Paulo (USP-RP) por me ajudar na realização das reações de hidrogenação e a universidade por ceder o equipamento. Ao Prof. Dr. Antônio Eduardo Miller Crotti e Prof. Dr. Sergio Ricardo Ambrósio, que fizeram parte da banca de qualificação, obrigado pelo aceite ao convite e pelas dicas que foram valiosas para a conclusão deste trabalho. À minha prima-irmã Patrícia Nazaré Miranda, simplesmente pelo que tu és. O seu jeito de ser e sua presença na minha vida são o suficiente para que minha felicidade esteja completa. Obrigada por me apoiar tanto e por escutar várias vezes as minhas apresentações. Seu otimismo e admiração me deixaram confiante. Aos meus padrinhos Ana Claudia, Claudinei (in memoriam), Daniela e Claudinei pelo companheirismo e por acreditarem que eu era capaz. À todos os professores do programa de pós graduação da Universidade de Franca (UNIFRAN). E por fim agradeço a FAPESP pelo apoio financeiro, que foi imprescindível para a minha formação e conclusão deste trabalho. SUMÁRIO_____________________________________________________________________i SUMÁRIO Lista de Abreviaturas ii Resumo iii Abstract iv 1. Introdução 1 1.1. Produtos Naturais: Biodiversidade e Descoberta de Substâncias 1 1.2. Diterpenos 3 1.3. Modificação Estrutural 7 1.4. Ressonância Magnética Nuclear 9 2. Objetivos 11 3. Materiais e Métodos 12 3.1. Procedimento Experimental 12 3.1.1. Equipamentos e Materiais 12 3.1.2. Isolamento dos Materias de Partida 13 3.1.3. Modificações Estruturais 19 3.1.4. Atividade Biológica 24 4. Resultados e Discussões 28 4.1. Identificação das substâncias obtidas por re-isolamento 28 4.2. Identificação das substâncias obtidas por semi-síntese 37 4.2.1. Derivados do Ácido Caurenóico 37 4.2.2. Derivados do Óleo da Copaiba 44 4.2.3. Estudos detalhados de diterpenos por RMN 59 4.2.4. Atividade biológica dos derivados obtidos 77 5. Conclusões 83 6. Referências Bibliográficas 84 LISTA DE ABREVIATURAS________________________________________________________ii LISTA DE ABREVIATURAS Abreviatura Significado AcOEt Acetato de etila ATCC American Type Culture Collection CCC Cromatografia em Coluna Clássica CCDC Cromatografia em Camada Delgada Comparativa CH2N2 Diazometano CIM Concentração Inibitória Mínima CLAE Cromatografia líquida de alta eficiência CLV Cromatografia Líquida à Vácuo COSY Correlated Spectroscopy d Dubleto dd Duplo dubleto dddd Duplo duplo duplo dupleto ddt Duplo duplo tripleto dddt Duplo duplo duplo tripleto dq Duplo quadrupleto dt Duplo tripleto HMBC Heteronuclear Multiple Bond Correlation HMQC Heteronuclear Multiple-Quantum Coherence Hex Hexano I.C. Isolado Clínico J Constante de acoplamento m Multipleto MeOH metanol NCI National Cancer Institute, USA NCTC National Collection of Type Cultures LISTA DE ABREVIATURAS________________________________________________________ii NOE Nuclear Overhauser Effect RMN Ressonância Magnética Nuclear PN Produtos Naturais qd Quarteto de dupletos s simpleto Van. Vancomicina RESUMO____________________________________________________________________iii RESUMO Silva, A. N. Obtenção de derivados semissintéticos de diterpenos, avaliação de suas atividades biológicas e estudos detalhados de alguns destes derivados por RMN. 2012. 88 p. Dissertação de Mestrado – Universidade de Franca, Franca – SP. Neste trabalho, cinco diterpenos foram reisolados, sendo quatro deles da classe dos labdanos: ácido copálico (7), acetato do ácido copálico (8), ácido copálico hidroxilado (9) e ácido ent-agático (10) e um da classe dos cauranos: ácido caurenóico (4). Os labdanos foram isolados do óleo da copaíba de Copaifera langsdorffi e o ácido caurenóico foi extraído de Mikania glomerata. COOH COOH AcO H COOH COOH COOH HO COOH 4 7 8 9 10 Os diterpenos acima, obtidos em quantidade, foram posteriormente submetidos a uma série de reações químicas, visando sua modificação estrutural. Com isso foram obtidos vários derivados semissintéticos: 16 labdanos (21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 34, 35, 36) e 6 cauranos (12, 13, 16, 18, 19, 20). COOH R2 COOMe R2 R1 21. R1=CH3; R2=H 22. R1=CH3; R2=OAc 23. R1=CH3; R2=OH 24. R1=COOH; R2=H COOMe R2 R1 25. R1=CH3; R2=H 26. R1=CH3; R2=OAc 27. R1=CH3; R2=OH 28. R1=COOMe; R2=H COOMe R2 R1 29. R1=CH3; R2=H 30. R1=CH3; R2=OAc 31. R1=CH3; R2=OH 32. R1=COOMe; R2=H R1 33. R1=CH3; R2=H 34. R1=CH3; R2=OAc 35. R1=CH3; R2=OH 36. R1=COOH; R2=H RESUMO____________________________________________________________________iii H COO-Na+ H COOMe 12 13 H CH2OH H R 18. R=COOH 19. R=COONa 20. R=COOMe 16 Todos estes novos derivados foram submetidos à atividade antimicrobiana frente a um conjunto de 13 micro-organismos (Staphylococcus haemolyticus (29970 ATC), Enterococcus faecium (NCTC 717), Enterococcus faecalis (NCTC 775), Staphylococcus capitis (27840 ATCC), Staphylococcus aureus (I.C.153), Enterococcus faecalis (I.C.179), Staphylococcus haemolyticus (I.C.213), Staphylococcus aureus (I.C.180), Staphylococcus Staphylococcus capitis aureus (I.C.207), (I.C.222), Staphylococcus Staphylococcus aureus (I.C.223), epidermidis (I.C. 177), Staphylococcus epidermidis (I.C. 254)), sendo que um derivado re-isolado (7) e um derivado modificado (21) apresentaram resultado interessante frente a estes microorganismos e um conjunto deles foi testado quanto à atividade antiespasmódica por nossos colaboradores. Este trabalho também inclui um estudo detalhado por Ressonância Magnética Nuclear (RMN) de duas substâncias: um derivado, éster metílico do ácido caurenóico (13) e outro isolado de Copaifera langsdorffi, acetato do ácido copálico (8). Este parte do trabalho incluiu a realização de experimentos de RMN de 1H, RMN de 13 C {1H}, COSY, HSQC e HMBC, o que levou a uma atribuição completa dos dados de RMN de 1 H e de 13 C de ambas as substâncias, havendo também a confirmação total da atribuição pelos resultados de RMN de 2D. Palavras-chave: diterpenos, atividade antimicrobiana, atividade antiespasmódica, Ressonância Magnética Nuclear. ABSTRACT___________________________________________________________________iv ABSTRACT Silva, A. N. Semi-synthetic diterpenes obtention, the evaluation of their biological activities and the detailed NMR studies for some of those derivatives. 2012. 88 p. Master Dissertation – Universidade de Franca, Franca – SP. In this work, five Diterpenes were re-isolated. Four of them are labdanes isolated from Copaifera langsdorffi oilresin: copalic acid (7), copalic acid acetate (8), 3hydroxy-copalic acid (9), ent-agatic acid (10) and one is a kaurane, isolated from Mikania glomerata: kaurenoic acid (4). COOH COOH AcO H COOH COOH COOH HO COOH 4 7 8 9 10 The isolated diterpenes, showed on the figure above, were obtained in sufficient amounts to be submitted to several transformations. This structural modification work yielded 16 labdane derivatives (19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 30, 31, 32, 33, 34, 35, 36, 37) and 6 kauranes derivatives (10, 12, 14, 27, 28, 29). COOH R2 COOMe R2 R1 R2 R1 21. R1=CH3; R2=H 22. R1=CH3; R2=OAc 23. R1=CH3; R2=OH 24. R1=COOH; R2=H COOMe COOMe R2 R1 25. R1=CH3; R2=H 26. R1=CH3; R2=OAc 27. R1=CH3; R2=OH 28. R1=COOMe; R2=H H COO-Na+ H COOMe 10 12 R1 29. R1=CH3; R2=H 30. R1=CH3; R2=OAc 31. R1=CH3; R2=OH 32. R1=COOMe; R2=H H CH2OH 14 33. R1=CH3; R2=H 34. R1=CH3; R2=OAc 35. R1=CH3; R2=OH 36. R1=COOH; R2=H H R 27 : R=COOH 28 : R=COONa 29 : R=COOMe ABSTRACT___________________________________________________________________iv All derivatives were conducted into anti-microbial assays agaist a group of 13 microorganisms: Staphylococcus haemolyticus (29970 ATC), Enterococcus faecium (NCTC 717), Enterococcus faecalis (NCTC 775), Staphylococcus capitis (27840 ATCC), Staphylococcus Staphylococcus aureus haemolyticus (I.C.153), (I.C.213), Enterococcus faecalis (I.C.179), Staphylococcus aureus (I.C.180), Staphylococcus aureus (I.C.222), Staphylococcus aureus (I.C.223), Staphylococcus capitis (I.C.207), Staphylococcus epidermidis (I.C. 177), Staphylococcus epidermidis (I.C. 254). A considerable number of these derivatives were also evaluated for their anti-spasmodic activity. Structure-activity relationship works can be carried out with these results. This work also includes a detailed Nuclear Magnetic Ressonance (NMR) study of two derivatives: a semi synthetic one (12) and an isolated one (8). Experimets such as 1H, NMR of 13 C {1H}, COSY, HSQC and HMBC were performed which allowed a complete and unequivocal assigments of all 1H and 13C NMR data. Keywords: diterpenes, antimicrobial activity, anti-spasmodic activity, Nuclear Magnetic Resonance. INTRODUÇÃO__________________________________________________________________ 1. INTRODUÇÃO 1.1. Produtos Naturais, Biodiversidade e Descoberta de Substâncias Bioativas O Dictionary of Natural Products descreve dados químicos, estruturais e bibliográficos para 100.000 produtos naturais (PN) e substâncias relacionadas (Morais et al., 2007), o que proporciona compreensão sobre a importância desta fonte de substâncias. Estas substâncias, classificadas como PN, são de inúmeras classes diferentes e apresentam variadas atividades biológicas e terapêuticas de importância elevada para a humanidade (Braz-Filho, 1994; Pinto et al., 2002; Simões et al., 2003). Dentre os reinos da natureza, os vegetais têm contribuído de forma bastante significativa, fornecendo substâncias aplicáveis na profilaxia e tratamento de doenças que acometem os seres humanos (Montanari&Bolzani, 2001; Newman et al., 2003). A variedade e complexidade dos metabólitos secundários biossintetizados por plantas têm atraído grandes investimentos em pesquisas de bioprospecção, com o objetivo de obter novas entidades químicas farmacologicamente ativas (Montanari&Bolzani, 2001; Rates, 2001). Apesar das plantas serem uma fonte importante de novos compostos ativos, somente uma pequena porcentagem delas tem sido fitoquimicamente investigada (Soejarto, 1996; Fabricantand Farnsworth, 2001) e avaliada com relação ao seu potencial farmacológico (Ambrosio et al., 2006; Tirapelli et al., 2008). Se considerarmos que só no Brasil, maior biodiversidade genética vegetal do mundo, existem mais de 55.000 espécies catalogadas (Dias, 1996), de um total estimado entre 350.000 a 550.000 (Simões et al., 2003), podemos ter uma noção da variedade de substâncias que ainda podem ser obtidas de fontes naturais. Devemos considerar também que, além de plantas, organismos marinhos (Hay&Fenical, 1997; Michl, 1993) e micro-organismos (Pinto et al., 2002) contribuem consideravelmente para obtenção de produtos naturais. Com isto pode-se estimar o potencial da variedade estrutural de 1 INTRODUÇÃO__________________________________________________________________ substâncias a serem identificadas e, consequentemente, a variedade de atividades que se espera. O estudo para a descoberta de produtos naturais bioativos é importante não apenas pela necessidade de caracterização das propriedades farmacológicas das moléculas em questão, mas também pelo conhecimento de novas substâncias que possam servir de modelos (protótipos) para originar análogos estruturais com propriedades farmacológicas mais promissoras (Montanari&Bolzani, 2001; Barreiro, 2002, Vuorela et al., 2004). Atualmente, uma tendência multidisciplinar para o desenvolvimento de novas drogas inicia-se pelo conhecimento de substâncias naturais bioativas, associado com a obtenção de análogos estruturais por metodologias sintéticas, biotecnológicas ou isolamento de novas fontes naturais. A avaliação de suas atividades farmacológicas tem demonstrado grandes perspectivas na descoberta de moléculas de grande interesse terapêutico (Barreiro, 2002; Vuorela et al., 2004). O desenvolvimento de novos fármacos de origem natural envolve um longo, caro e multidisciplinar processo (Rates, 2001), sendo necessários altos investimentos, medidos aos milhões de dólares, e um mínimo de 10 anos de trabalho (Montanari&Bolzani, 2001; Tirapelli et al., 2008). Apesar de todas as dificuldades, os produtos naturais ainda desempenham papel fundamental para o fornecimento de substâncias aplicáveis no tratamento de doenças que acometem os seres humanos (Vuorela et al., 2004). Como exemplo, podemos citar o NCI (National Cancer Institute, USA) que avaliou mais de 50.000 extratos de plantas para a atividade anti-HIV e mais de 33.000 para a atividade anti-tumoral (Rates, 2001), além de diversos quimioterápicos eficazes como vimblastina (Velban®), vincristina (Oncovin®) e taxol (paclitaxel; Taxol®) que tiveram suas origem a partir do metabolismo secundário vegetal (Tirapelli et al., 2008). Fundamentada nestes exemplos de sucesso, a indústria farmacêutica vem realizando grandes investimentos em pesquisas de bioprospecção, 2 INTRODUÇÃO__________________________________________________________________ mesmo tendo em conta que a pesquisa de novos fármacos é um mercado de alto risco (Montanari&Bolzani, 2001; Barreiro, 2002). Com isso, é importante ressaltar que o acesso a novas substâncias com novos potenciais biológicos pode se dar de duas maneiras distintas: Uma delas seria a partir do estudo de novas espécies, contando com o fato de isolar novas substâncias e com o fato delas serem ativas. Vários grupos nacionais estão envolvidos com a busca de princípios bioativos de plantas (Montanari&Bolzani, 2001). Outro caminho seria o de re-isolar substâncias já conhecidas, de fontes botânicas também já estudadas e que podem ser transformadas quimicamente em novas estruturas. Ambas as formas possibilitam obter novas substâncias que podem apresentar novas atividades, ou mesmo maior potencial em uma dada atividade. Vale ressaltar que o estudo de novas espécies forneceria um número bem mais limitado de novas estruturas para serem testadas. 1.2. Diterpenos Os diterpenóides possuem uma vasta gama de atividades biológicas e ecológicas. Atividades biológicas como antimicrobiana, antiparasitária (Trypanosoma cruzi), citotoxidade com relativa seletividade para células cancerígenas, atividade antiHIV, hipotensora, antiinflamatória, entre outras (Ghisalberti, 1997). Atividades ecológicas como redução de larvas de insetos herbívoros(De Carvalho et al., 1997), e atividade inseticida, foram demonstradas por alguns diterpenos do tipo clerodano em Leptinotarsa decemlineata (besouro da batata), uma peste que desenvolveu resistência a um grande número de inseticidas sintéticos (Lopes-Olguín et al., 1998). Um exemplo de diterpenóide utilizado como fármaco anti-cancerígena é o paclitaxel, extraído de Taxus brevifolia Nutt. 3 INTRODUÇÃO__________________________________________________________________ A utilização de plantas que contêm esta classe de compostos na medicina popular mexicana como agentes contraceptivos, estimulantes da menstruação e abortivo (Gallegos, 1983), somada à utilização de diterpenóides como marcadores quimiotaxonômicos (Figueiredo et al., 1995) reiteram a importância dos diterpenos. 1.2.1. Potencial Antiespasmódico dos diterpenos Trabalhos recentes têm apresentado novos testes com resultados promissores para substâncias desta classe de Produtos Naturais, como significante atividade antiespasmódica e relaxante da musculatura lisa (Ribeiro et al., 2007). Em outro trabalho, Ambrosio e seus colaboradores evidenciaram que o ácido pimaradienóico (ácido ent-pimara-8(14)-dien-19-óico) (1) (figura 1) inibe a contração de artéria carótida de rato induzida por fenilefrina e KCl (Ambrosio et al., 2002), enquanto que Tirapelli e seus colaboradores (Tirapelli et al., 2002) demonstraram o efeito inibitório desse metabólito em aorta de rato. Estudos recentes mostraram que o mecanismo de ação desta inibição é devido ao bloqueio do influxo de Ca2+ extracelular (Ambrosio et al., 2006; Tirapelli et al., 2008). De forma geral, os antagonistas do cálcio causam uma dilatação arteriolar generalizada, o que resulta em queda da pressão arterial (Rang et al., 1997). Devido a isto, foi formulada uma hipótese de que este metabólito poderia apresentar atividade anti-hipertensiva in vivo (Ambrosio et al., 2006), o que foi confirmado por Tirapelli e seus colaboradores. Isso coloca os diterpenos como uma nova promessa para o tratamento de doenças cardiovasculares (Tirapelli et al., 2008). H COOH (1) HO H (2) HO H CH2OH (3) Figura 1: Exemplos de diterpenos pimaranos. 4 INTRODUÇÃO__________________________________________________________________ Além de observar que os diterpenos apresentam significativo potencial antiespasmódico (Ambrosio et al., 2006), estudos comparativos entre metabólitos de estruturas análogas, demonstraram que pequenas alterações estruturais são capazes de influenciar significativamente esta atividade (Ambrosio et al., 2004; Tirapelli et al., 2005). A partir destes dados, pode-se concluir que a obtenção de vários diterpenos com diferenças estruturais pode proporcionar um consistente estudo de atividade biológica, podendo resultar em uma descoberta de compostos bem mais ativos. Além disso, um estudo de várias estruturas análogas certamente proporciona resultados para futuras investigações sobre a relação estrutura-atividade, mostrando eventuais grupos farmacofóricos e abrindo um novo caminho para a obtenção de um potencial fármaco, através de síntese ou semi-síntese. 1.2.2. Potencial Antimicrobiano dos Diterpenos Outros resultados bastante interessantes e recentes dos diterpenos estão relacionados à atividade antimicrobiana significativa destes metabólitos. Trabalho recente realizado em nosso grupo de pesquisa (Ambrosio et al., 2008), mostrou um potencial antimicrobiano bastante promissor para o ácido caurenóico (ácido ent-caur16-en-19-óico) (4) (figura 2), um diterpeno da classe dos cauranos. OH H COOH (4) H COOH H COOH (5) OH (6) Figura 2: Exemplos de diterpenos cauranos. 5 INTRODUÇÃO__________________________________________________________________ Testes antimicrobianos foram realizados frente a patógenos da cavidade bucal e estes resultados, em conjunto com outros testes realizados com outras estruturas de diterpenos, foram importantes para a elaboração de uma patente recentemente depositada (Vinholis et al., 2008). Nestes casos, assim como na atividade antiespasmódica, percebem-se diferenças no potencial antimicrobiano de compostos de diferentes estruturas. Isto deixa claro que a obtenção e avaliação de estruturas análogas também abre a possibilidade de alcançar substâncias com potencial promissor. Copaifera é um gênero arbóreo pertencente à família Leguminoseae, a qual abrange mais de 30 espécies nativas da América Latina, distribuídas entre Honduras e o sul do Brasil (Tappin et al., 2004). Os trabalhos realizados com esse gênero estão em sua maioria relacionados com óleo extraído do tronco dessas árvores, o qual demonstra uma grande variedade de propriedades farmacológicas, podendo-se destacar o seu significante potencial antiinflamatório, analgésico e antimicrobiano (Veiga Jr. & Pinto, 2002; Tappin et al., 2004; Veiga Jr. et al., 2007; Lima Neto et al., 2008). Dos Santos e colaboradores (Dos Santos et al., 2008), avaliando a atividade antimicrobiana de óleos de diferentes espécies de Copaifera do Brasil sugerem que esses bálsamos sejam uma promissora fonte para a descoberta de novos e seletivos agentes para o tratamento de importantes doenças infecciosas. Apesar da publicação de diversos artigos científicos demonstrando o potencial farmacológico do óleo-resina de copaíba, ainda pouco se conhece as principais substâncias responsáveis por tais atividades (Veiga Jr. & Pinto, 2002; Tappin et al., 2004; Veiga Jr. et al., 2007; Lima Neto et al., 2008). Uma revisão do metabolismo secundário presente nas espécies de Copaifera demonstra que os sesquiterpenos e os diterpenos da classe dos labdanos e clerodanos são os constituintes majoritários do óleo-resina dessas árvores (Veiga Jr. & 6 INTRODUÇÃO__________________________________________________________________ Pinto, 2002; Tappin et al., 2004; Veiga Jr. et al., 2007; Lima Neto et al., 2008), já tendo sido caracterizados aproximadamente 30 diferentes estruturas químicas de diterpenos. De todos os diterpenóides isolados e identificados, o ácido ent-8(17)-13E-labdadieno15-óico (ácido copálico (7); Figura 3) foi o único metabólito encontrado em todos os óleos analisados (Veiga Jr. & Pinto, 2002), o que o torna o principal marcador químico dos exsudatos das espécies de Copaifera. Em trabalho recente de nosso grupo de pesquisas (Souza et al., 2009), foram isolados como componentes majoritários de Copaífera langsdorffii Desf., o ácido copálico (7), dois derivados funcionalizados na posição 3, sendo um o grupo acetato (8) e o outro uma hidroxila (9) e um outro com uma função carboxila na posição 19 (10) . No mesmo trabalho foi constatada interessante atividade antimicrobiana de diterpenos deste esqueleto contra patógenos bucais. Estes resultados, juntamente com o que foi exposto sobre atividades dos óleos extraídos de espécies de Copaifera, evidenciam o considerável potencial desta outra classe de diterpenos. COOH H COOH AcO (7) H HO (8) COOH COOH H COOH H (9) (10) Figura 3: Estrutura química dos Labdanos constituintes do óleo de copaiba. 1.3. Modificação Estrutural Uma quantidade expressiva de derivados de cauranos já foram quimicamente obtidos por transformação de diterpenos obtidos de fontes naturais, como mostram os resultados da literatura (Boeck et al., 2005; Batista et al., 2007). A realização de modificações deste tipo (como os exemplos da figura 4) em diterpenos naturais, isolados em quantidades expressivas, é uma das formas mais 7 INTRODUÇÃO__________________________________________________________________ eficientes de se obter derivados, também em quantidade, para realização de ensaios biológicos. É interessante destacar que a combinação de várias modificações pode resultar em interessante variabilidade estrutural. OMe H COOH H COO-Na+ 18 H COO-Na+ 12 15 H2 NaOH NaOH Pd/C H2SO4 OMe H CH2OH H COOH 17 MeOH 4 OMe H COOH 11 CH2N2 H2SO4 MeOH H2SO4 LiAlH4 H CH2OH 16 H COOMe 13 MeOH OMe H COOMe 14 Figura 4: Exemplos de reações com ácido caurenóico (4). Pode ser observado em estudos de atividade biológica que a atividade varia consideravelmente conforme as diferenças estruturais. Esta informação é marcante a ponto de estruturas muito semelhantes apresentarem atividades muito diferentes, ou mesmo dois compostos com estruturas similares fornecerem resultados como: um ativo e um inativo. Isto é uma boa justificativa para promover tais mudanças estruturais. Além disso, o resultado da realização de testes de atividade biológica com um conjunto significativo de substâncias análogas é certamente um subsídio importante para estudos de relação estrutura-atividade. 8 INTRODUÇÃO__________________________________________________________________ 1.4. Ressonância Magnética Nuclear A Ressonância Magnética Nuclear é hoje, sem dúvida, imprescindível na elucidação estrutural de produtos naturais (PN) e de substâncias orgânicas sintéticas. A evolução contínua dos equipamentos de RMN e o desenvolvimento de novas técnicas (Claridge, 2009), têm possibilitado análises muito mais detalhadas de substâncias de estruturas complexas. Valores de deslocamentos químicos e de constantes de acoplamento podem ser medidos, atualmente, com exatidão muito maior e, além disso, um conjunto cada vez maior de informações pode ser obtido por análises de RMN. Devido a isto, é crescente a possibilidade de elucidação estrutural completa e inequívoca de substâncias, com esta ferramenta. É grande o número de compostos de classes variadas que apresentam problemas de esclarecimento total de estrutura, bem como escassez de dados confiáveis na literatura. Pode-se constatar tal informação, observando as várias publicações recentes com revisão de estruturas químicas (Velandia et al., 1998; Costa et al., 2000; Delfourne et al., 2000; Heleno et al., 2004; Heleno et al. 2008), o que deixa claro que há muito a ser feito na área. O fato de um grande número de produtos naturais terem sido isolados e caracterizados antes do desenvolvimento de várias técnicas de RMN hoje disponíveis faz com que seja comum encontrar dados incompletos, inexatos ou, em alguns casos, até errados. Os diterpenos constituem uma classe de compostos que merece atenção no que diz respeito ao estudo por RMN. Os dados de RMN encontrados na literatura para esta classe de substâncias, apresentam uma série de sinais de hidrogênio não atribuídos e vários deles sem esclarecimento de multiplicidade devido à grande superposição de sinais entre 0,5 e 2,5 ppm e à grande complexidade dos acoplamentos destes sinais que são relativos aos vários grupos CH2. Como a atribuição de todos os sinais destes grupos e o esclarecimento de suas multiplicidades 9 INTRODUÇÃO__________________________________________________________________ não são normalmente utilizados para a determinação estrutural, feita por comparação com dados da literatura, é comum encontrar o re-isolamento destas substâncias, mas sem este esclarecimento. Portanto, o entendimento de toda esta complexidade para este grupo de substâncias é um importante alvo para estudos de RMN. Além disso, estudos em andamento para determinação da Estereoquímica utilizando técnicas de RMN, certamente necessitarão destes dados mais detalhados. Valores de constantes de acoplamento (J) são de extrema importância para estudos de estereoquímica e conformação de moléculas orgânicas, fornecendo informações relevantes sobre a geometria molecular. Com isso, é clara a importância da medida de constantes de acoplamento homonuclear de hidrogênio. 10 OBJETIVOS____________________________________________________________________ 2. OBJETIVOS Os objetivos deste trabalho foram: Re-isolar os constituintes de duas fontes botânicas diferentes: o óleo da copaíba (Copaifera langsdorffi), contendo quatro constituintes majoritários (ácido copálico (7), acetato do ácido copálico (8), ácido copálico hidroxilado (9) e ácido ent-agático (10)) e o guaco (Mikania glomerata), contendo uma substância majoritária (ácido caurenóico (4)). COOH AcO H COOH 4 COOH COOH COOH HO COOH 7 8 9 10 Realizar modificações estruturais a partir dos diterpenos isolados, a fim de obter uma quantidade considerável de derivados semi-sintéticos. Realizar a avaliação destes derivados frente às atividades biológicas: antimicrobiana e antiespasmódica. Realizar de estudos detalhados de RMN com alguns derivados, visando o esclarecimento total dos dados de RMN de 1H e de 13C. 11 MATERIAIS E MÉTODOS__________________________________________________________ 3. MATERIAIS E MÉTODOS 3.1. Procedimento Experimental 3.1.1. Equipamentos e Materiais As análises por CLAE foram realizadas em cromatógrafo CBM-20A Shimadzu modelo Prominence-LC-6AD, equipado com injetor manual, degasser DGU-20A5 acoplado a detector UV-Vis (modelo SPD-20A) operando em =210 e 254 nm, e a microcomputador com software LCSolution para processamento dos dados. Nas análises por CLAE foi utilizada coluna de fase reversa (C18) Shimadzu (4,6 mm x 250 mm, 5 μm) e loop de 20 μL. A fase móvel utilizada foi acetonitrila/H2O (9:1) com 0,1% de ácido fosfórico e fluxo de 1mL/min. Os espectros de RMN foram registrados em espectrômetro Brucker modelo AVANCE DRX400, operando a 400 MHz para 1H e a 100 MHz para 13 C. Os experimentos foram realizados no laboratório de RMN da UFSCar (Departamento de Química) do Prof. Dr. Antônio Gilberto Ferreira, que colocou seu equipamento à disposição e estes foram estudados detalhadamente em nosso laboratório. As amostras foram, preparadas em clorofórmio deuterado (Aldrich) e metanol deuterado (Aldrich), para o sal, a uma concentração de 20-25 mg/mL. As análises por cromatografia em camada delgada comparativa (CCDC) foram realizadas em placas de alumínio Merck (art 107730), recobertas com uma camada de sílica gel 60 GF254 de espessura 0,25 mm. As separações por cromatografia em coluna clássica (CCC) foram realizadas em colunas de vidro de tamanhos selecionados conforme a quantidade de amostra, equipados com torneira de silicone na parte inferior e contendo sílica gel 60, 70-230 mesh (0,063-0,200 mm) Merck como fase estacionária, na proporção de 160 g/g de amostra. As amostras foram aplicadas ao topo da coluna incorporadas à sílica. 12 MATERIAIS E MÉTODOS__________________________________________________________ As separações por cromatografia líquida a vácuo (CLV) foram realizadas em colunas de vidro de tamanhos selecionados conforme a quantidade de amostra. Contendo sílica gel 60, 70-230 mesh (0,063-0,200 mm) e sílica gel 60H, 70-230 mesh (0,040-0,063 mm) Merck como fase estacionária, na proporção de 200 g/g de amostra. As amostras foram aplicadas ao topo da coluna incorporadas à sílica. Os solventes utilizados como meio reacional e como fases móveis nas análises por CCDC e CCC foram de grau P.A. (marca Synth). Os solventes empregados como meio reacional foram previamente tratados conforme recomendações da literatura (Perry, J. A, 2009). Na revelação de placas cromatográficas foram utilizados irradiação com luz ultravioleta, revelação com cristais de iodo resublimado em sistema fechado e vanilina sulfúrica, preparada conforme descrito a seguir. Em um frasco de vidro de 1 L foram adicionados 450 mL de água destilada em 100 mL de H2SO4 e, posteriormente, 450 mL de MeOH. Após agitação, 30 mL desta solução foram utilizados para a solubilização de 0,3 g de vanilina. Este sistema foi agitado vigorosamente até completa solubilização dos cristais de vanilina. Para secagem dos produtos obtidos foram utilizados Mg 2SO4 (sulfato de magnésio), da marca Merck; Para as análises por CLAE foram utilizados reagentes ultrafiltrados da marca J. T. Backer e água ultrapura (milliQ®). 3.1.2. Isolamento dos Materiais de Partida Para o isolamento dos materiais de partida, foram utilizados métodos cromatográficos comuns, tais como cromatografia líquida a vácuo e cromatografia em coluna clássica. Neste caso, como se trata de um re-isolamento direcionado à substância majoritária de interesse, não há interesse de análise detalhada de todas as frações, apenas aquelas nas quais foi detectada a presença de ácido caurenóico (4), 13 MATERIAIS E MÉTODOS__________________________________________________________ ácido copálico (7), ácido copálico acetilado (8), ácido copálico hidroxilado (9) e ácido ent-agático (10). Tal detecção foi realizada por comparação com padrão da substância desejada, o qual já havia sido isolado e mantido como padrão pelo nosso grupo. COOH AcO H COOH 4 COOH COOH COOH HO COOH 7 8 9 10 Figura 5: Caurano e Labdanos a serem isolados. 3.1.2.1. Isolamento e Purificação do Ácido Caurenóico As partes aéreas de Mikania glomerata foram adquiridas da empresa Nutri Ervas, localizada em São Paulo. Lote GUA0310FS. Porções das partes aéreas de Mikania glomerata (guaco) foram colocadas no ultrassom com diclorometano por 15 minutos. Em seguida, uma filtração foi realizada e o solvente foi removido utilizando evaporador rotativo sob pressão reduzida. Foram obtidos de 1kg de planta, 42 g de extrato bruto. O extrato foi suspenso em 300 mL de uma mistura de MeOH/H2O 9:1 (v/v) e filtrada em papel de filtro. A parte solúvel foi particionada com n-hexano (4 x 300 mL) e diclorometano (2 x 300 mL). Após análise por CCDC das frações obtidas com padrão de ácido caurenóico deixou claro que a fase hexânica da partição continha grande quantidade desta substância. Com isso, esta fração foi submetida a uma cromatografia liquida a vácuo (CLV) com gradiente crescente de polaridade, obtendo-se assim 12 frações, que estão descritas na tabela 1. Essas frações foram analisadas por CCDC utilizando como fase móvel (Hex/AcOEt 9:1). KA.2, KA.3 e KA.4 mostraram a presença de ácido 14 MATERIAIS E MÉTODOS__________________________________________________________ caurenóico sendo então purificadas por CCC (Hex/AcOEt 9:1), resultando em 900 mg de ácido caurenóico. Tabela 1: Esquema de eluição utilizado no fracionamento do guaco Fase Móvel Utilizada Volume (mL) Fração Hex 400 KA.1 Hex/AcOEt 9:1 400 KA.2 Hex/AcOEt 8:2 400 KA.3 Hex/AcOEt 7:3 250 KA.4 Hex/AcOEt 6:4 250 KA.5 Hex/AcOEt 1:1 250 KA.6 Hex/AcOEt 4:6 250 KA.7 Hex/AcOEt 3:7 250 KA.8 Hex/AcOEt 2:8 250 KA.9 Hex/AcOEt 1:9 250 KA.10 AcOEt 250 KA.11 MeOH 250 KA.12 Hex: n-hexano; AcOEt: acetato de etila; MeOH: metanol 3.1.2.2. Isolamento e Purificação dos Diterpenos Labdanos. O óleo-resina de Copaifera langsdorffii Desf. (codificado como O.C) foi adquirido da empresa de fitotérapicos Apis Flora, localizada na cidade de Ribeirão Preto. (Lote 0790310 Fabricação 09/2010) O isolamento dos constituintes químicos de C. langsdorffii iniciou-se realizando uma cromatografia líquida à vácuo (CLV) de acordo com adaptações da metodologia 15 MATERIAIS E MÉTODOS__________________________________________________________ (Pelletier et al., 1986). 30 gramas do material vegetal foram incorporados em 32 gramas de sílica gel 60. O material foi fracionado utilizando-se uma coluna de vidro e 380g de sílica gel (½ 60 e ½ 60H). O empacotamento dessa coluna foi realizado com auxílio de vácuo e n-hexano. (Pelletier et al., 1986). Durante o processo, foram coletadas 7 frações, sendo empregado como fase móvel um esquema de eluição com gradiente crescente de polaridade, como pode ser observado na tabela 2. Tabela 2: Esquema de eluição utilizado no fracionamento do O.C. Fase Móvel Utilizada Volume coletado (L) Fração Massa obtida (g) Hex 1 O.C1 17,46 Hex/AcOEt 9:1 1 O.C2 6,19 Hex/AcOEt 8:2 1 O.C3 3,46 Hex/AcOEt 7:3 1 O.C4 1,73 Hex/AcOEt 1:1 1 O.C5 1,58 AcOEt 1 O.C6 0,66 MeOH 1 O.C7 0,27 Hex: n-hexano; AcOEt: acetato de etila; MeOH: metanol As análises foram feitas por CCDC e as frações que apresentaram manchas majoritárias de interesse foram O.C3, O.C5 e O.C6. Estas então foram escolhidas para dar continuidade ao isolamento. 3.1.2.2.1. Fração O.C3 Com essa fração (3,46g) foi feito novamente uma CLV utilizando-se 130 g de sílica gel 60 (½ 60 e ½ 60H). O empacotamento da coluna foi realizado sob vácuo, 16 MATERIAIS E MÉTODOS__________________________________________________________ utilizando-se como solvente o n-hexano, sendo a amostra incorporada em sílica gel 60. Foram coletadas 8 frações e o esquema de eluição em gradiente crescente de polaridade de acordo com a tabela 3. Tabela 3. Esquema de eluição utilizado no fracionamento da fração O.C3. Fase Móvel Utilizada Volume Utilizado (mL) Fração Massa obtida (g) Hex 250 O.C3.1 0,09 Hex/AcOEt 24:1 250 O.C3.2 0,12 Hex/AcOEt 23:2 250 O.C3.3 1,3 Hex/AcOEt 22:3 250 O.C3.4 1,2 Hex/AcOEt 21:4 250 O.C3.5 0,4 Hex/AcOEt 4:1 250 O.C3.6 0,2 AcOEt 250 O.C3.7 0,1 MeOH 250 O.C3.8 0,03 Hex: n-hexano; AcOEt: acetato de etila; MeOH: metanol Todas as frações foram analisadas primeiramente por CCDC, utilizando como faze móvel (Hex/AcOEt 8:2). As frações O.C3.4 e O.C3.5 foram analisadas posteriormente por CLAE, utilizando fase móvel acetonitrila/H2O (9:1) com 0,1% de ácido fosfórico. Estas frações foram analisadas por CLAE fazendo comparação com um padrão, porque eram as frações que evidenciavam a presença do ácido copálico. 3.1.2.2.2. Fração O.C5 Com essa fração (1,58g) foi feito novamente uma CLV utilizando-se 130 g de sílica gel 60 (½ 60 e ½ 60H). O empacotamento da coluna foi realizado sob vácuo, 17 MATERIAIS E MÉTODOS__________________________________________________________ utilizando-se como solvente o n-hexano, sendo a amostra incorporada em 18g de sílica gel 60. Foram coletadas 8 frações e o esquema de eluição em gradiente crescente de polaridade de acordo com a tabela 4. Tabela 4. Esquema de eluição utilizado no fracionamento da fração O.C5. Fase Móvel Utilizada Volume Utilizado (mL) Fração Massa obtida (g) Hex/AcOEt 3:1 250 O.C5.1 0,11 Hex/AcOEt 7:3 250 O.C5.2 0,77 Hex/AcOEt 13:7 250 O.C5.3 0,49 Hex/AcOEt 3:2 250 O.C5.4 0,01 Hex/AcOEt 11:9 250 O.C5.5 0,04 Hex/AcOEt 1:1 250 O.C5.6 0,03 AcOEt 250 O.C5.7 0,04 MeOH 250 O.C5.8 0,16 Hex: hexano; AcOEt: acetato de etila; MeOH: metanol Todas essas frações foram analisadas através de CCDC utilizando-se como fase móvel uma mistura de (Hex/AcOEt 7:3). A análise desse procedimento demonstrou que a fração O.C5.2 e O.C5.3 eram constituídas por uma mancha principal. 3.1.2.2.3. Fração O.C6 Esta fração foi analisada por CCDC utilizando fase móvel (Hex/AcOEt 6:4) e mostrou que esta era constituída por uma mancha majoritária. Esta fração foi 18 MATERIAIS E MÉTODOS__________________________________________________________ analisada por CLAE utilizando fase móvel acetonitrila/H2O (9:1) com 0,1% de ácido fosfórico e confirmou-se que a substância principal já estava isolada. 3.1.3. Modificações Estruturais 3.1.3.1. Reações com Ácido Caurenóico 3.1.3.1.1. Reação com Diazometano – reação 1. Diazometano Temp. Ambiente H COOH (4) H COOMe (13) Esquema 1: Reação de ácido caurenóico com diazometano. Em um erlenmeyer de 100 mL foi preparada uma solução de 50 mg de substrato em 5 mL de éter etílico e a ela foi adicionada, aos poucos, uma solução etérea de CH2N2 (diazometano) recém-preparada. Após cada adição, a mistura foi agitada por alguns segundos até cessar a liberação de gás (N2). O processo foi repetido até que não houvesse mais liberação de gás com nova adição de diazometano. Ao final, retirou-se o solvente, por evaporação rotativa, obtendo o éster metílico do substrato com rendimento de 92%. Preparação diazometano Em um balão de fundo redondo de 125 mL dissolveu-se 2,416 g de N-metil -Nnitroso-p-toluenesulfonamide (Diazogen) em 30mL de éter etílico anidro. A solução de Diazometano foi colocada em um balão de fundo redondo de 125 mL, sob banho de gelo, e verteu-se através de gotejamento a solução de hidróxido de potássio. Posteriormente, o balão fechado foi transferido para um banho de óleo de 19 MATERIAIS E MÉTODOS__________________________________________________________ silicone para aquecimento e acoplado a um condensador reto contendo na saída um erlenmayer com 10 mL de éter etílico anidro em banho de gelo (figura 01). O sistema foi aquecido até 100°C e o diazometano produzido foi recolhido. 3.1.3.1.2. Redução com LiAlH4 – reação 2. LiAlH4 THF, 100°C H H COOMe (13) CH2OH (16) Esquema 2: Reação do éster do ácido caurenóico com LiAlH4. Em um balão de 3 bocas de 25 mL contendo 7,5 mg de LiAlH4 foram adicionados 5 mL de THF anidro, a mistura foi colocada em banho de gelo e adicionadas à ela, gota à gota, uma combinação de 30 mg ácido caurenóico em 2,5 mL de THF anidro, retirou-se então do banho. A mistura foi colocada em refluxo por 8 horas. Após cessada a reação, esta foi adicionada à 20 mL de água e foi acidificada com H2SO4. Esta fase aquosa foi extraída com 3 porções de 20 mL de acetato de etila. A fase orgânica foi seca com MgSO4 e o solvente foi retirado por evaporação rotativa, obtendo-se um rendimento de 76%. 3.1.3.1.3. Formação do sal de sódio – reação 3. 20 MATERIAIS E MÉTODOS__________________________________________________________ NaOH H H COO-Na+ COOH (4) (12) Esquema 3: Reação da formação de sal de sódio de ácido caurenóico. Em um erlenmeyer de 50 mL, foi preparada uma solução de 100 mg do substrato em 5 mL de hexano, à esta foram adicionados 5 mL de uma solução aquosa de NaOH 0,5 M. A mistura foi agitada vigorosamente por 3 minutos e filtrada à vácuo em funil de Büchner. O sólido retido no papel de filtro foi lavado com água gelada e seco em estufa à 50ºC, obtendo um rendimento de 80%. 3.1.3.1.4. Reação de Hidrogenação – reação 4. H2 Pd/C H R 4 : R=COOH 12 : R=COONa 13 : R=COOMe 2 atm H R 18 : R=COOH 19 : R=COONa 20 : R=COOMe Esquema 4: Hidrogenação de ácido caurenóico e seus derivados Em um frasco especial (tubo de vidro), foram colocados 70mg da substância a ser hidrogenada, 20 mL de etanol absoluto e uma quantidade catalítica de paládio sobre carbono ativado. O tubo foi fechado em uma autoclave para hidrogenação à alta pressão. Através dos controles de entrada e saída de gases, foi passado hidrogênio no sistema para eliminação de ar. A pressão de hidrogênio foi regulada em 2 atm e a mistura reacional foi agitada à temperatura ambiente por 2 horas. Ao final deste tempo, a mistura reacional foi filtrada em Celite® e o solvente foi eliminado por 21 MATERIAIS E MÉTODOS__________________________________________________________ evaporação rotativa, obtendo-se um rendimento de 95% a 98% para todas as substâncias hidrogenadas. 3.1.3.2. Reações com os derivados de Copaifera langsdorffi 3.1.3.2.1. Reação de Hidrogenação – reação 5. COOH H2 Pd/C R2 COOH R2 2 atm R1 7. R1=CH3; R2=H 8. R1=CH3; R2=OAc 9. R1=CH3; R2=OH 10. R1=COOH; R2=H R1 21. R1=CH3; R2=H 22. R1=CH3; R2=OAc 23. R1=CH3; R2=OH 24. R1=COOH; R2=H Esquema 5: Hidrogenação dos labdanos. Para as reações de hidrogenação dos labdanos, foi adotada a mesma metodologia utilizada na reação com o ácido caurenóico (item 3.1.3.1.4, página 21). 3.1.3.2.2. Reação com Diazometano – reação 6. COOH Diazometano Temp. Ambiente R2 R1 COOMe R2 R1 7. R1=CH3; R2=H 8. R1=CH3; R2=OAc 9. R1=CH3; R2=OH 10. R1=COOH; R2=H 25. R1=CH3; R2=H 26. R1=CH3; R2=OAc 27. R1=CH3; R2=OH 28. R1=COOMe; R2=H Esquema 6: Reação dos labdanos com diazometano. 22 MATERIAIS E MÉTODOS__________________________________________________________ COOH R2 COOMe Diazometano Temp. Ambiente R2 R1 R1 21. R1=CH3; R2=H 22. R1=CH3; R2=OAc 23. R1=CH3; R2=OH 24. R1=COOH; R2=H 29. R1=CH3; R2=H 30. R1=CH3; R2=OAc 31. R1=CH3; R2=OH 32. R1=COOMe; R2=H Esquema 7: Reação dos labdanos hidrogenados com diazometano. Para a formação do éster metílico dos labdanos novamente foi utilizado os mesmos procedimentos realizados com ácido caurenóico (item 3.1.3.1.1, página 19). 3.1.3.2.3. Reação de metoxilação – reação 7. OMe COOH MeOH H2SO4 R2 R1 COOH R2 R1 7. R1=CH3; R2=H 8. R1=CH3; R2=OAc 9. R1=CH3; R2=OH 10. R1=COOH; R2=H 33. R1=CH3; R2=H 34. R1=CH3; R2=OAc 35. R1=CH3; R2=OH 36. R1=COOMe; R2=H Esquema 8: Obtenção dos labdanos metoxilados. Em um balão de 25 mL, foi preparada uma solução 100 mg da substância a ser metoxilada em 4 mL de metanol. Em seguida, 4 gotas de ácido sulfúrico foram adicionadas lentamente, à esta solução sob agitação, permanecendo assim em temperatura ambiente por 18 horas. A mistura reacional foi, então, colocada em um funil de separação contendo 40 mL de água destilada e esta foi extraída utilizando-se 23 MATERIAIS E MÉTODOS__________________________________________________________ de 3 porções de 20 mL de acetato de etila. A fase orgânica foi seca com MgSO 4 e o solvente foi retirado por evaporação rotativa, obtendo um rendimento de 89%. 3.1.4. Atividade Biológica 3.1.4.1. Atividade antimicrobiana O estudo da atividade antimicrobiana dos derivados obtidos foram realizados no LAPEMA - UNIFRAN, sob responsabilidade do Prof. Dr. Carlos Henrique Gomes Martins, colaborador para realização dos ensaios. A atividade foi determinada pela concentração inibitória mínima (CIM). A CIM é definida como a menor concentração do agente antimicrobiano capaz de inibir completamente o crescimento bacteriano. O procedimento utilizado para determinação da CIM foi baseado na metodologia preconizada pelo Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI. Performance Standards for Antimicrobial Susceptibility Testing; Nineteenth Informational Supplement (M100-S19). Clinical and Laboratory Standards Institute,2009). A determinação da concentração inibitória mínima (CIM) para cada microrganismo foi realizada em triplicata utilizando-se o método de microdiluição em microplacas. Um miligrama de cada diterpeno foi dissolvido em 125 μL de dimetilsulfóxido (DMSO) e 1875 μL de caldo Mueller Hinton será adicionado. A concentração final de DMSO não foi superior a 5% e a solução nesta porcentagem foi utilizada como controle negativo. Com o auxílio de uma alça de platina esterilizada, culturas de 24 horas dos microrganismos foram transferidas para tubos contendo 10 mL de solução salina esterilizada. A suspensão será padronizada comparando-a com o tubo 0,5 da escala de McFarland (0,1 mL de uma solução 1% de BaCl2 em 9,9 mL de uma solução 1% de 24 MATERIAIS E MÉTODOS__________________________________________________________ H2SO4). Em seguida, foram realizadas diluições sucessivas em solução salina e por fim no meio Mueller Hinton, de modo a fornecer um inóculo de 5 x 105 UFC/mL (Unidade Formadora de Colônia/mL). Em microplacas esterilizadas de 96 orifícios, foi adicionado um total de 100 μL contendo meio Mueller Hinton, as suspensões dos microrganismos e as soluções dos metabólitos a serem avaliados. Os diterpenos foram avaliados em diferentes concentrações permitindo determinar a concentração necessária para inibir o crescimento dos microrganismos a serem avaliados. Em um dos orifícios de cada placa foi feito o controle da cultura, a qual deve apresentar crescimento bacteriano devido à ausência de agentes antimicrobianos. Em outro orifício foi feito o controle de esterilidade do meio Mueller Hinton e em outro o controle do solvente (DMSO) utilizado para a solubilização dos diterpenos. Como controle positivo, foi utilizado a vancomicina. As placas foram incubadas a 37°C por 24 horas. Posteriormente, foram adicionados em cada orifício 30 μL de uma solução aquosa 0,02% de resazurina, sendo as placas reincubadas por 3 horas. A presença da coloração azul (coloração da solução de resazurina) será interpretada como ausência de crescimento bacteriano. Para a determinação da atividade antimicrobiana das substâncias isoladas, foram utilizadas as cepas padrão e os isolados clínicos: Staphylococcus haemolyticus (29970 ATC), Enterococcus faecium (NCTC 717), Enterococcus faecalis (NCTC 775), Staphylococcus capitis (27840 ATCC), Staphylococcus aureus (I.C.153), Enterococcus faecalis (I.C.179), Staphylococcus haemolyticus (I.C.213), Staphylococcus aureus (I.C.180), Staphylococcus Staphylococcus capitis aureus (I.C.207), (I.C.222), Staphylococcus Staphylococcus aureus (I.C.223), epidermidis (I.C. 177), Staphylococcus epidermidis (I.C. 254). 25 MATERIAIS E MÉTODOS__________________________________________________________ 3.1.4.2. Atividade antiespasmódica O estudo da atividade antiespasmódica dos derivados obtidos foram realizados sob responsabilidade do Prof. Dr. Sergio Ricardo Ambrósio, colaborador para realização dos ensaios desta atividade. Ratos da linhagem Wistars, com idade média entre 50-75 dias, pesando entre 200- 250g, foram anestesiados e eutanasiados, de acordo com o Comitê Ético Animal da Universidade de Franca - UNIFRAN. Para o estudo da reatividade vascular, os segmentos da artéria aorta foram expostos e removidos, e separados em anéis com (4mm) de aorta, sendo que após a retirada e o isolamento da artéria, dois ganchos de metal foram inseridos no lúmem da mesma para produzir tensão. Os anéis foram inseridos em uma cuba de órgão isolado (10,0 mL) contendo solução de Kreb’s cuja composição é (mM): NaCl :118,00; KCl : 4,7; KH2PO4 : 1,2; MgSO4 : 1,2; NaHCO3 : 15,00; C6H12O6 : 5,5; CaCl 2 : 2,5; pH = 7,4, sendo mantidos à uma temperatura constante de 37ºC e gaseificados com mistura carbogênica (95% O2 e 5% CO2). Um dos ganchos foi conectado a um suporte fixo ajustável e o outro a um transdutor isométrico de força visando detectar modificações do tônus muscular. Os registros foram realizados através de sistema de aquisição de sinais (Insight® EFE 321A) e processado pelo programa Windaq32 (DATAQ® INSTRUMENTS). Antes do início dos protocolos experimentais, as preparações permaneceram em repouso sob tensão de 0,75g durante 60 minutos para estabilização. A viabilidade do endotélio vascular foi verificada, sendo utilizadas apenas as artérias com endotélio vascular íntegro. Para tanto, as preparações isoladas foram pré-contraidas com fenilefrina (Phe, 10-8 M) e posteriormente submetidas à ação da acetilcolina (Ach, 10-8 M). A ausência de relaxamento induzida pela Ach foi considerada indicativo de ausência de endotélio vascular íntegro. 26 MATERIAIS E MÉTODOS__________________________________________________________ Posteriormente ao desenvolvimento das etapas descritas, realizou-se uma curva de contração destas artérias utilizando-se concentrações de Phe que variaram de 10-11 a 10-5 M, que serviram de controle para os experimentos. Após a realização desta curva, as preparações foram lavadas exaustivamente até retornarem ao seu tônus inicial, sendo então incubadas com os diterpenos na concentração de 100 μM por período de tempo de 60 minutos como previamente descrito na literatura (Ambrosio et al. 2002). Após esse período de tempo foi construído novamente uma curva de contração com estas artérias utilizando-se Phe (10-11 a 10-5 M), o que permitiu avaliar o potencial de inibição dos metabólitos avaliados. Para cada diterpeno testado foram realizadas 8 experimentos independentes (n = 8). Os resultados foram analisados utilizando o programa graph pad prisma® versão 5.01 Graph Pad software Inc. (San Diego, CA, USA), onde foram expressos como a média ± o e.p.m. e analisados estatisticamente utilizando-se o teste “one-way” e “two-way” seguido do teste de Bonferroni, onde valores p < 0,05 foram considerados significantes. Como parâmetro farmacológico foi utilizado o efeito máximo de inibição produzido pelo diterpeno (Emax). 27 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 4.1. Identificação das Substâncias isoladas. Nos casos aqui descritos, a identificação se deu por comparação com dados de espectroscopia previamente publicados na literatura. Como se trata de re-isolamentos, todas as substâncias já são produtos naturais conhecidos e previamente identificados. 4.1.1. Ácido caurenóico (4) de Mikania glomerata. A identificação de ácido caurenóico (4) também se deu por comparação de dados de RMN obtidos para a substância isolada com os dados de RMN da literatura (Nascimento & Oliveira, 2001). Os espectros de RMN, tanto de RMN de 1H quanto de RMN de 13 C {1H}, feitos a partir da amostra de ácido caurenóico (4) obtida neste procedimento, estão nas figuras 6, 7 e 8 respectivamente, nas páginas 28 e 29. Desta forma foi identificada a amostra de ácido caurenóico (4) obtida de Mikania glomerata. Ác.Caurenóico_1.001.esp 1.0 0.9 20 2 3 0.8 11 1 10 4 5 9 6 12 8 13 16 14 TMS 17 15 18 7 COOH 19 1.24 18 0.6 20 0.95 0.5 0.4 17a 17b 13 0.3 0.2 0.1 2.64 4.80 4.74 Normalized Intensity 0.7 0 1.00 1.03 7.0 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 1.02 4.0 3.5 3.0 Chemical Shift (ppm) 2.5 3.06 2.94 2.0 1.5 1.0 0.5 0 Figura 6: Espectro de RMN de 1H de ácido caurenóico (4). 28 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ 16 19 19 0.80 43.82 155.88 0.85 184.62 Normalized Intensity 17 0.75 21.80 19.06 18.41 15.56 COOH 18 15 7 33.08 28.94 0.90 6 8 39.65 4 5 44.21 3 9 41.25 43.73 37.76 10 17 13 16 14 48.93 1 2 12 57.04 55.09 0.95 11 102.98 20 1.00 77.30 76.68 Ác.Caurenóico_1.002.esp 0.70 0.65 0.60 0.55 180 160 140 120 100 Chemical Shift (ppm) 80 60 40 20 Figura 7: Espectro de RMN de 13C de ácido caurenóico (4). 1.00 Ác.Caurenóico_1.002.esp 20 11 13 14 e 10 10 4 5 9 6 8 18 15 7 19 0.75 11 2 20 15.56 21.80 18 28.94 33.08 3 19.06 18.41 6 12 37.76 41.25 40.67 7 1 17 COOH 39.65 44.21 3 1 13 16 14 4 43.73 15 48.93 0.80 9 55.09 Normalized Intensity 0.85 2 8 5 57.04 0.90 43.82 0.95 12 0.70 0.65 0.60 0.55 55 50 45 40 35 Chemical Shift (ppm) 30 25 20 15 Figura 8: Espectro de RMN de 13C de ácido caurenóico (4) expansão 1. 29 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ Tabela 5: Dados de RMN 1H da substância 4. H Da Costa et al., 1996 13 2,62 s(l) 17b 4,73 s 17a 4,78 s 18 1,25 s 20 0,96 s Tabela 6: Dados de RMN 13C da substância 4. C Da Costa et al., 1996 1 40,7 2 19,0 3 37,7 4 43,8 5 57,0 6 21,8 7 41,3 8 44,2 9 55,0 10 39,7 11 18,4 12 33,0 13 43,9 14 39,7 15 48,9 16 155,8 17 103,0 18 29,0 19 185,0 20 15,5 Substância 4 2,64 s(l) 4,74 s 4,80 s 1,24 s 0,95 s Substância 4 40,7 19,1 37,8 43,7 57,0 21,8 41,3 44,2 55,1 39,6 18,4 33,1 43,8 39,6 49,0 156,0 103,0 28,9 184,6 15,6 4.1.2. Constituintes de Copaifera langsdorffii Todo o trabalho de re-isolamento dos constituintes C. langsdorffii foi realizado seguindo um roteiro da literatura (Souza et al., 2010). Durante este trabalho, nossa amostra de óleo mostrou-se mais rica em derivados que outras. Desta forma, seria possível isolar quatro constituintes majoritários, ao invés de dois, planejados inicialmente. Isso possibilitou, no decorrer do trabalho, aumentar o número de derivados obtidos. 30 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ Durante este processo, as amostras foram analisadas por CLAE, utilizando-se o padrão das substâncias. O conjunto dos cromatogramas obtidos por CLAE estão apresentados a seguir (figuras 9 a 16) e mostram a comparação de cada padrão com uma fração obtida composta por ele, evidenciando a presença dos quatro componentes no óleo. 14.043 mV(x1,000) SPD-20A Ch1:210nm 1.00 0.00 2.5 5.0 7.5 10.0 12.5 15.0 28.891 17.123 16.000 12.679 6.975 6.121 0.25 4.583 3.548 0.50 8.058 0.75 17.5 20.0 22.5 25.0 27.5 30.0 min Figura 9: Padrão do ácido copálico (7). 14.044 mV(x1,000) SPD-20A Ch1:210nm 2.5 2.0 0.0 5.0 10.0 15.0 20.0 32.480 22.114 17.225 0.0 15.167 0.5 12.629 13.184 6.241 7.020 1.0 8.206 1.5 25.0 30.0 35.0 min Figura 10: Fração O.C3.4 6.777 mAU 3500 Extract-190nm,4nm (1.00) 3000 2500 2000 -500 0.0 2.5 5.0 9.892 5.493 4.893 4.225 0 3.199 500 2.240 1000 6.189 1500 7.5 10.0 12.5 15.0 min Figura 11: Padrão do acetato do ácido copálico (8). 31 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ 6.923 mAU Extract-190nm,4nm (1.00) 400 300 0 0.0 2.5 5.0 6.421 5.077 100 5.675 3.849 200 7.5 10.0 12.5 15.0 min Figura 12: Fração O.C5.2 5.186 mAU 3500 Extract-190nm,4nm (1.00) 3000 2500 2000 1500 -500 0.0 2.5 5.0 10.675 8.833 0 7.211 500 5.945 3.598 4.186 1000 7.5 10.0 12.5 15.0 17.5 min Figura 13: Padrão do ácido copálico hidroxilado (9). 5.077 mAU Extract-190nm,4nm (1.00) 750 500 0.0 2.5 5.0 6.906 7.5 18.115 0 5.711 3.584 4.128 250 10.0 12.5 15.0 17.5 20.0 min Figura 14: O.C6 32 mAU 3500 Extract-190nm,4nm (1.00) 3000 4.217 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ 2500 2000 10.919 1500 -500 0.0 2.5 5.0 9.184 7.522 7.5 10.205 0 6.245 6.795 500 5.249 3.101 1000 10.0 12.5 15.0 min Figura 15: Padrão do ent-agático (10). 4.218 mAU Extract-190nm,4nm (1.00) 2500 2000 1500 0.0 2.5 5.0 7.5 9.895 0 8.712 500 6.973 5.170 5.824 1000 10.0 12.5 15.0 17.5 20.0 22.5 min Figura 16: Fração O.C5.3 Assim o trabalho de isolamento forneceu quatro diterpenos da classe dos labdanos que, para confirmação de suas estruturas, foram submetidos a análises por RMN. Os dados de RMN obtidos para cada substância isolada foram comparados com os dados de RMN da literatura (Souza et al., 2010). Os espectros de RMN estão nas figuras de 17 a 20. Desta forma foram confirmadas as identificações dos quatro constituintes majoritários do óleo de copaíba utilizado. 33 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ 1.0 SRA_OC38.001.esp 16 20 0.9 12 11 13 14 1 0.8 10 2 3 5 4 9 6 17 8 COOH 15 7 0.7 0.6 0.87 0.80 0.68 16 0.5 2.16 Normalized Intensity 18 19 20 19 18 0.4 17a 14 0.3 17b 0.1 4.49 4.84 5.67 0.2 0 1.00 0.25 7.5 7.0 6.5 6.0 5.5 1.00 1.01 5.0 4.5 3.51 4.0 3.5 3.0 Chemical Shift (ppm) 2.5 4.50 3.87 3.45 2.0 1.5 1.0 0.5 0 Figura 17: Espectro de RMN de 1H do ácido copálico (7). 2.05 acetato do ácido copálico.001.esp 1.0 16 11 13 0.9 14 3 21 O 0.7 8 5 7 6 17 COOH 18 20 16 15 19 2.16 18 4 9 0.87 0.8 22 10 2 0.85 1 O 0.6 0.4 14 17a 4.88 4.88 0.5 5.67 17b e 3 0.3 0.2 4.52 Normalized Intensity 19 22 12 0.72 20 0.1 0 1.01 7.0 6.5 6.0 5.5 1.01 2.18 5.0 4.5 3.40 3.20 4.0 3.5 3.0 Chemical Shift (ppm) 2.5 2.0 3.55 3.50 3.24 1.5 1.0 0.5 0 Figura 18: Espectro de RMN de 1H do acetato do ácido copálico (8). 34 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ 19 18 20 13 14 1 3 HO 0.7 9 10 2 5 4 COOH 17 8 15 7 6 2.16 0.9 Normalized Intensity 16 12 11 1.00 20 0.69 16 1.0 0.8 0.77 ácido copálico hidroxilado.001.esp 19 18 0.6 0.5 14 17a 0.4 17b 3 3.26 3.25 4.51 0.2 4.87 5.67 0.3 0.1 0 1.01 7.5 7.0 6.5 6.0 5.5 1.00 1.37 5.0 4.5 1.18 4.0 3.5 3.0 Chemical Shift (ppm) 3.20 2.5 4.23 3.79 3.85 2.0 1.5 1.0 0.5 0 16 1.0 20 1 10 2 12 3 4 5 9 6 18 13 16 8 17 COOH 20 15 7 COOH 18 19 0.6 0.5 14 17a 17b 4.51 0.3 4.88 0.4 5.67 Normalized Intensity 0.7 11 14 0.9 0.8 2.16 vlad_ans1_12o.001.esp 0.62 1.25 Figura 19: Espectro de RMN de 1H do ácido copálico hidroxilado (9). 1.00 1.00 1.29 0.2 0.1 0 7.0 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 0.36 4.0 3.5 3.0 Chemical Shift (ppm) 3.02 1.21 2.5 2.0 4.17 1.5 3.11 1.0 0.5 0 Figura 20: Espectro de RMN de 1H do ácido ent-agático (10). 35 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ As estruturas dos componentes do óleo isolados estão agrupadas na figura 21. COOH COOH AcO COOH COOH HO COOH 7 8 9 10 Figura 21: Estruturas dos labdanos isolados. As quantidades destes diterpenos obtidas foram: 900 mg de ácido copálico (7), 770 mg do acetato do ácido copálico (8), 660 mg de ácido copálico hidroxilado (9) e 490 mg de ácido ent-agático (10). Isso a partir de 30mL (praticamente 30g) do óleo. Tabela 7: Dados de RMN 1H da substância 7 H Ohsaki et al., 1994 14 5,67 s 16 2,17 s 17b 4,49 s(l) 17a 4,85 s(l) 18 0,87 s 19 0,80 s 20 0,68 s Substância 7 5,67 s(l) 2,16 s 4,49 s(l) 4,84 s(l) 0,87 s 0,80 s 0,68 s Tabela 8: Dados de RMN 1H da substância 8 H Ohsaki et al., 1994 3 -------------------------------------14 5,67 s 16 2,17 s 17b 4,49 s(l) 17a 4,85 s(l) 18 0,87 s 19 0,80 s 20 0,68 s 22 -------------------------------------- Substância 8 4,51 dd 5,66 tq 2,16 s 4,52 d 4,87 ddt 0,87 s 0,84 s 0,71 s 2,05 s 36 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ Tabela 9: Dados de RMN 1H da substância 9. H Justicia et al., 2005 3 3,22 dd (J2a-3 = 4,2 e J2b-3 = 11,5) 14 5,62 s 16 2,13 s 17b 4,49 s(l) 17a 4,84 s(l) 18 0,97 s 19 0,75 s 20 0,66 s Tabela 10: Dados de RMN 1H da substância 10. H Zdero et al., 1991 14 5,65 s 16 2,15 s 17b 4,50 s(l) 17a 4,86 s(l) 18 1,22 s 20 0,59 s Substância 9 3,26 dd (J2a-3 = 4,7 e J2b-3 = 11,2) 5,87 s(l) 2,16 s 4,51 s(l) 4,87 s(l) 1,00 s 0,77 s 0,69 s Substância 10 5,67 s(l) 2,16 s 4,51 s(l) 4,88 s(l) 1,26 s 0,62 s 4.2. Identificação das substâncias obtidas por semi-síntese 4.2.1. Derivados de ácido caurenóico (4). Com as reações descritas no item 3.1.3. (página 19) foram obtidos, inicialmente, três derivados do ácido caurenóico (figura 22). Todos foram identificados por comparação dos dados de RMN de 1H com nossos dados obtidos anteriormente para estes mesmos derivados obtidos. H COOMe 13 H CH2OH 16 H COO-Na+ 12 Figura 22: Derivados obtidos de ácido caurenóico (4). 37 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ 4.2.1.1. Produto da reação com diazometano . Neste caso, temos a transformação de um ácido carboxílico em éster metílico. 20 11 12 0.8 2 10 5 4 6 8 21 15 7 18 COOMe 18 19 21 0.5 20 0.83 Normalized Intensity 0.6 3 9 17 1.17 0.7 1 13 16 14 3.64 Ác.Cau.Metoxilado_2.001.esp 0.4 0.3 17a 17b 13 0.1 2.63 4.79 4.73 0.2 0 1.00 1.02 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 2.84 4.0 3.5 3.0 Chemical Shift (ppm) 0.99 2.5 2.96 2.0 1.5 3.22 1.0 0.5 0 Figura 23: Espectro de RMN de 1H da substância 13. Foi feita uma comparação dos espectros de RMN de 1H do material de partida (4) e do produto (13). Nota-se que a diferença visual entre os espectros da substância 4 figuras 6 (página 28) e da substância 13 (figura 23, acima): é o sinal em 3,64 ppm que aparece apenas no espectro da figura 23 e não no da figura 6 (substância 4). Isto é prova suficiente de que ocorreu a transformação desejada, conforme o esquema 1 (página 19). 38 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ 4.2.1.2. Produto da redução com LiAlH4 . Neste caso, temos uma análise interessante, baseada nos resultados de RMN. Inicialmente, nota-se que se trata de uma mistura de isômeros. 1.0 Vlad_KARed.001.esp 0.7 3 18 1 10 4 5 9 6 12 16 13 14 8 7 20 17 + 2 3 15 CH2OH 18 19 1 10 4 5 9 6 12 8 17 13 16 14 15 7 CH2OH 19 16a 16b 0.6 0.4 1.04 0.5 1.69 Normalized Intensity 11 0.94 2 0.8 11 2.04 20 0.9 0.3 2.30 2.64 0.1 3.88 5.05 4.79 4.73 4.20 0.2 0 1.01 0.40 0.37 1.68 1.63 7.0 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 0.37 1.08 4.89 3.56 4.0 3.5 3.0 Chemical Shift (ppm) 2.5 2.0 1.5 4.70 6.75 1.0 0.5 0 Figura 24: Espectro de RMN de 1H do produto da reação 2. Com isso, analisando o espectro e, baseado nos sinais encontrados principalmente nos sinais de hidrogênios ligados a carbono sp2 - foram propostos dois isômeros obtidos, mostrados na figura 25. H CH2OH 16a H CH2OH 16b Figura 25: Isômeros 16a e 16b obtidos na reação 2. 39 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ A análise da expansão dos sinais de hidrogênios ligados a carbono com dupla ligação possibilitou inclusive a determinação da proporção de isômeros obtida. Vlad_KARed.001.esp 20 0.30 2 3 1 10 5 4 11 9 6 12 13 14 16 8 7 20 17 + CH2OH 0.25 18 18 19 16a 10 4 5 9 6 12 8 13 16 14 17 15 7 CH2OH 19 16b 0.20 2.30 2.64 4.79 4.73 0.05 3.88 0.10 4.20 0.15 5.05 Normalized Intensity 2 3 15 1 11 0 1.01 5.0 0.40 0.37 1.68 4.5 1.63 4.0 3.5 Chemical Shift (ppm) 0.37 3.0 1.08 2.5 Figura 26: Espectro de RMN de 1H do produto da reação 2 (expansão 1). Nota-se, neste espectro, o sinal de um hidrogênio ligado à dupla ligação para o composto 16a (5,05 ppm) e de dois sinais relativos a dois hidrogênios ligados à dupla ligação do composto 16b (entre 4,73 e 4,79 ppm). Os sinais entre 3,88 e 4,20 ppm são relativos aos grupos –CH2–OH dos dois isômeros, mas que foram facilmente diferenciados pelas suas integrais. Com esta análise se confirma as estruturas apresentadas na figura 25 como sendo as estruturas dos dois isômeros obtidos por esta reação de redução de ácido caurenóico com LiAlH4. As integrais dos sinais entre 2,2 e 5,2 ppm, mostrados na figura 26 (acima), possibilitaram a determinação da proporção dos isômeros obtidos (75% de 16a para 25% de 16b). Verifica-se ainda, no espectro, a existência de cinco sinais de metilas no espectro (três relativos ao composto 16a e dois relativos ao composto 16b), o que está 40 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ de acordo com a proposta, inclusive com as integrais dos mesmos coincidindo com a quantidade relativa dos dois isômeros. 4.2.1.3. Formação do sal de sódio . Para este caso, temos inicialmente que considerar que outro solvente, mais polar, foi necessário para a dissolução da amostra e subseqüente realização do experimento de RMN. O solvente utilizado aqui é metanol deuterado, enquanto que o do espectro do material de partida é clorofórmio deuterado. Sal Ác.Caurenóico_3.001.esp 0.45 0.40 2 4 10 5 6 8 17 13 16 14 18 15 7 COO-Na+ 18 19 1.04 Normalized Intensity 0.30 3 9 12 1.89 0.35 1 11 1.10 20 0.25 20 0.20 0.15 17a 17b 13 2.58 0.05 4.76 4.76 4.70 0.10 0 15.33 1.00 0.88 4.5 1.76 4.0 3.5 0.80 3.0 1.55 2.5 2.0 Chemical Shift (ppm) 3.01 3.60 1.5 1.0 0.5 0 Figura 27: Espectro de RMN de 1H do sal de sódio do ácido caurenóico (12). Com isso, devemos ignorar os sinais em 3,31 e 4,87 ppm que são relativos ao solvente. A integração do sinal em 1,89 ppm, outra diferença visual, mostra que não se trata de sinal da amostra. Desta forma, a comparação dos espectros da substância 12 (figura 27) e da substância 4 (figura 6, página 28), considerando as pequenas diferenças relativas à mudança de solvente, mostra que os dois espectros são praticamente idênticos, o que 41 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ era de se esperar, uma vez que o sinal do grupo –OH do ácido não foi observado para a substância 4. A análise do espectro de RMN, aliada ao teste de solubilidade provam a estrutura proposta para 12. Os derivados obtidos nesta fase inicial foram fornecidos para estudos de atividade antimicrobiana por nossos colaboradores, junto com outras substâncias de outras pesquisas (Andrade et al., 2011). 4.2.1.4. Produtos obtidos da hidrogenação. 4.2.1.4.1. Hidrogenação do ácido caurenóico. Todos derivados do ácido caurenóico foram, em seguida, submetidos à hidrogenação com Pd/C, para fornecer outro conjunto de derivados, cujas obtenções foram descritas no item 3.1.3.1.4 (página 21, esquema 4). 1.23 18 ANS_KAH.001.esp 20 0.9 1 2 Normalized Intensity 0.7 4 18 5 9 6 12 8 13 16 14 17 15 20 7 COOH 19 17 1.01 0.8 10 3 11 0.94 1.0 0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 0 1.00 7.0 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0 Chemical Shift (ppm) 2.5 2.0 2.79 3.21 3.09 1.5 1.0 0.5 0 Figura 28: Espectro de RMN de 1H do ácido caurenóico hidrogenado (18). 42 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ Uma comparação entre o espectro de RMN de 1H do substrato (figura 6, página 28 e do produto (figura 28, acima) foi realizada. A partir desta comparação verifica-se que na verdade temos ausência de sinal na região entre 4,7 e 4,8 ppm referentes aos hidrogênios da dupla ligação, o que confirma a formação do produto desejado. 4.2.1.4.2. Hidrogenação do éster metílico do ácido caurenóico. 11 12 1 2 0.7 4 18 5 6 8 17 21 15 7 18 COOMe 21 19 0.5 0.4 20 0.82 1.57 Normalized Intensity 0.6 10 3 9 13 16 14 1.16 20 0.8 3.64 éster metilico do KA hidrogenado(b) ok.001.esp 17 0.3 0.2 0.1 0 3.00 7.0 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0 Chemical Shift (ppm) 2.80 3.89 2.50 2.60 4.39 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 0 Figura 29: Espectro de RMN de 1H da substância (20) reação 4, esquema 4. Uma comparação entre o espectro de RMN de 1H do substrato (figura 23, página 38 e do produto (figura 29, acima) foi realizada. A partir desta comparação verifica-se que na verdade temos ausência de sinal na região entre 4,7 e 4,8 ppm referentes aos hidrogênios da dupla ligação, o que confirma a formação do produto desejado. 43 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ 4.2.1.4.3. Hidrogenação do álcool obtido na reação com LiAlH4. No caso com este substrato, a hidrogenação não ocorreu. A intenção era hidrogenar ambos os isômeros (figura 25, página 39), de forma que se obtivesse um único produto, eliminando a dificuldade de separação dos mesmos. Como estes isômeros apresentaram sempre praticamente o mesmo RF em cromatografia em camada delgada para algumas misturas de solventes testadas, a separação de ambos parece bastante improvável. Para os ensaios biológicos não nos interessam misturas, portanto a hidrogenação, levando ambos isômeros ao mesmo produto, resolveria o problema. No entanto, a reação não ocorreu nas condições testadas e este estudo foi preterido, priorizando-se a obtenção de mais derivados a partir dos labdanos. 4.2.1.4.4. Hidrogenação do sal de sódio do ácido caurenóico. 0.9 20 2 3 0.8 10 4 5 9 6 12 8 13 16 14 17 18 7 17 COO-Na+ 18 20 15 19 1.01 Normalized Intensity 0.7 1 11 0.94 1.0 1.23 sal do ácido caurenóico hidrogenado ok.001.esp 0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 0 3.00 3.58 4.68 7.0 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0 Chemical Shift (ppm) 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 0 Figura 30: Espectro de RMN de 1H da substância (19) reação 4, esquema 4. Novamente realizou-se uma comparação com o espectro de RMN de 1H do substrato figura 27 (página 41) e do produto figura 30 (acima). A partir desta 44 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ comparação verifica-se que, na verdade, temos ausência de sinal na região entre 4,7 e 4,8 ppm referentes aos hidrogênios da dupla ligação, o que confirma a formação do produto desejado. 4.2.2. Derivados do óleo da copaíba As quatro substâncias isoladas do óleo de copaíba (Copaífera langsdorffi) foram todas submetidas a quatro tipos de reações: hidrogenação, formação do éster metílico a partir dos Labdanos e dos Labdanos hidrogenados e a reação de adição de metoxila. 4.2.2.1. Produtos da reação de hidrogenação. As quatro substâncias derivadas do óleo de copaíba foram submetidas à reação de hidrogenação, conforme procedimento descrito no item 3.1.3.2.1, página 22. 1.0 ácido copálico hidrogenado.001.esp 16 0.9 20 12 11 13 14 1 0.8 10 2 3 4 5 9 6 8 17 COOH 15 7 0.7 Normalized Intensity 18 19 0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 0 7.5 7.0 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0 Chemical Shift (ppm) 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 0 Figura 31: Espectro de RMN de 1H da substância (21) reação 5, esquema 5. 45 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ Podemos fazer uma comparação com o espectro de RMN de 1H do ácido copálico (figura 17, página 34) e do produto (figura 31, acima). A partir desta comparação verifica-se a ausência de sinais na região entre 4,7 e 4,8 ppm referentes aos hidrogênios da ligação dupla, o que confirma a hidrogenação completa do substrato. 2.05 16 1.0 20 11 12 13 14 0.9 1 10 2 0.8 17, 18, 19 e 20 0.85 21 acetato do ácido copálico hidrogenado.001.esp 3 4 AcO 5 9 6 8 COOH 17 15 7 21 19 18 16 0.6 0.5 0.98 Normalized Intensity 0.7 0.4 3 0.3 4.46 0.2 0.1 0 0.09 7.0 6.5 6.0 5.5 1.00 5.0 4.5 3.07 4.0 3.5 3.0 Chemical Shift (ppm) 2.5 2.0 4.60 11.39 1.5 1.0 0.5 0 Figura 32: Espectro de RMN de 1H da substância (22) reação 5, esquema 5. Podemos fazer uma comparação com o espectro de RMN de 1H do acetato do ácido copálico (figura 18, página 34) e do produto (figura 32, acima). A partir desta comparação verifica-se a ausência de sinais na região entre 4,7 e 4,8 ppm, referentes aos hidrogênios da ligação dupla, o que confirma a hidrogenação completa do material de partida. O sinal em 4,47 ppm que aparece no espectro acima (figura 32) é relativo ao H-3, que é o hidrogênio ligado ao carbono que está diretamente ligado ao grupo acetato. O sinal em 5,3 ppm não faz parte da amostra, conforme verificado por sua integral relativa. 46 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ 0.97 ácido copálico hidroxilado hidrogenado.001.esp 16 1.0 20 11 12 13 0.9 3 0.8 10 2 HO 18 4 9 5 6 8 17 0.77 14 1 COOH 15 7 19 Normalized Intensity 0.7 0.6 0.5 0.4 3 0.3 3.19 0.2 0.1 0 7.5 7.0 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0 Chemical Shift (ppm) 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 0 Figura 33: Espectro de RMN de 1H da substância (23) reação 5, esquema 5. Realizou-se novamente uma comparação com o espectro de RMN de 1H do ácido copálico hidroxilado (figura 19, página 35) e do produto (figura 33, acima). A partir desta comparação verifica-se a ausência de sinais na região entre 4,7 e 4,8 ppm referentes aos hidrogênios olefínicos, o que confirma a hidrogenação do substrato. O sinal em 3,2 ppm é o sinal referente ao H-3, que está diretamente ligado ao carbono do grupo OH. 47 7.27 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ ans_agath1.001.esp 1.0 16 20 11 12 13 0.9 14 1 10 0.8 3 0.7 18 4 9 5 6 8 7 17 COOH 15 COOH 19 0.6 0.5 1.23 Normalized Intensity 2 0.4 0.3 0.2 0.1 7.5 7.0 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0 Chemical Shift (ppm) 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 0 Figura 34: Espectro de RMN de 1H da substância (24) reação 5, esquema 5. Novamente uma comparação com o espectro de RMN de 1H do ácido entagático (figura 20, página 35) e do produto (figura 34, acima) foi realizada. A partir desta comparação verifica-se a ausência de sinais na região entre 4,7 e 4,8 ppm referentes aos hidrogênios da ligação dupla, confirmando a hidrogenação. Os produtos obtidos a partir da hidrogenação geram uma sobreposição de sinais na região de 0,5 e 2,5 ppm mais complexa que a original. Essa sobreposição dificulta as análises nos espectros, mas a ausência dos sinas na região dos hidrogênios olefínicos comprovam que a reação realmente aconteceu conforme o esperado. 4.2.2.2. Produtos da reação com diazometano Para esta reação temos a transformação do ácido carboxílico em éster metílico. Os produtos das reações com diazometano foram identificados por RMN de 1H por comparação com os espectros do material de partida. 48 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ 16 20 1 10 2 3 0.8 12 13 5 6 8 17 15 COOMe 15 7 18 19 20 19 0.80 0.68 0.87 18 4 9 16 0.6 2.16 Normalized Intensity 11 14 0.9 0.7 3.69 éster metilico do ácido copálico.001.esp 1.0 0.5 0.4 14 17a 17b 4.84 5.65 0.2 4.49 0.3 0.1 0 1.00 7.0 6.5 6.0 5.5 1.09 1.06 5.0 4.5 3.05 4.0 3.5 3.0 Chemical Shift (ppm) 2.95 2.5 2.0 3.24 3.26 3.15 1.5 1.0 0.5 0 Figura 35: Espectro de RMN de 1H da substância (25) da reação 6, esquema 6. A diferença notável entre os espectros de RMN de 1H do ácido copálico (figura 17, página 34) e 35 (acima): é o sinal em 3,69 ppm que aparece apenas no espectro da substância 25 (figura 35). Isto é prova suficiente de que ocorreu a transformação desejada, conforme o esquema 6 (página 22). 49 16 1.0 12 0.9 21 15 13 0.8 3 AcO 4 5 9 6 8 17 COOMe 19 18 20 15 7 21 0.7 18 0.87 0.85 10 2.15 1 2 19 16 14 0.71 11 1.74 20 Normalized Intensity 3.69 éster metilico do acetato do ácido copálico.001.esp 2.05 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ 0.6 0.5 14 0.4 17a 17b e 3 4.52 0.2 4.87 5.64 0.3 0.1 0 1.00 7.0 6.5 6.0 5.5 1.02 2.19 5.0 4.5 2.84 4.0 3.5 3.0 Chemical Shift (ppm) 3.12 2.17 3.67 2.5 2.0 2.99 2.69 2.54 1.5 1.0 0.5 0 Figura 36: Espectro de RMN de 1H da substância (26) reação 6, esquema 6. Neste caso também fizemos a comparação dos espectros de RMN de 1H do acetato do ácido copálico com o espectro do produto obtido. Nota-se que a diferença entre os espectros das figuras 18 (página 34) e 36 (acima): é novamente o sinal em 3,69 ppm que aparece neste espectro. Com isso comprova-se que ocorreu a transformação desejada. . 50 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ 3.69 3.62 1.26 18 éster metilico do ácido copálico hidroxilado.001.esp 16 20 1 10 2 0.055 3 H3CO 18 13 15 21 5 6 17 8 7 COOMe 15 16 20 19 0.040 0.51 2.15 0.035 0.030 0.025 14 1.73 Normalized Intensity 0.045 4 9 19 12 14 0.060 0.050 11 1.18 0.065 17a 17b 0.020 4.87 4.50 0.010 5.64 0.015 1.00 1.07 1.14 0.005 0 7.0 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 3.04 1.41 3.30 4.0 3.5 3.0 Chemical Shift (ppm) 3.09 2.5 2.0 3.20 3.38 1.5 1.0 2.96 0.5 0 Figura 37: Espectro de RMN de 1H substância (27) reação do esquema 6 (página 22). Novamente foi realizada uma comparação de dados com de RMN de 1H da figura 37 (acima) com o espectro do ácido copálico hidroxilado (figura 19, página 35). A comparação leva a conclusão que a diferença entre os espectros é o sinal em 3,68 e 3,61 ppm, que pode ser verificado no espectro acima, figura 37 e que estão ausentes na figura 19 (página 35). De acordo com espectro temos duas metilas de éster, que para este caso era esperado apenas uma. Com isso pode-se concluir que a reação aconteceu em dois pontos reativos da molécula, no ácido e no álcool. 51 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ 3.62 1.0 éster metilico do ácido ent-agático.001.esp 16 12 11 13 14 1 10 2 3 4 0.7 6 8 7 17 COOMe 18 19 15 15 COOMe 18 16 19 20 0.51 0.6 2.15 Normalized Intensity 5 9 1.18 0.8 1.67 20 3.69 0.9 0.5 0.4 14 17a 17b 0.3 5.64 4.87 4.50 0.2 0.99 0.98 1.00 0.1 0 7.0 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 3.32 0.47 3.30 4.0 3.5 3.0 Chemical Shift (ppm) 3.42 2.5 2.0 9.86 1.5 3.55 1.0 3.33 0.5 0 Figura 38: Espectro de RMN de 1H da substância (28) reação 1, esquema 2. Neste caso também realizamos a comparação com o espectro de RMN de 1H do produto obtido (figura 38) com o espectro da figura 20 (página 35). Para este caso nota-se a presença de duas metoxilas uma em 3,62 e outra em 3,69, o que já era esperado porque a substância possui duas funções ácidas na sua estrutura. Isto comprova que a reação ocorreu como o esperado. 4.2.2.3. Éster metílico dos produtos hidrogenados. Os derivados do óleo de Copaífera langsdorffi sofreram uma modificação estrutural, onde as ligações duplas foram hidrogenadas, obtendo assim 4 novos produtos. Estes produtos foram, então, submetidos a uma nova modificação estrutural, pela reação com diazometano, objetivando-se a obtenção de éster metílico a partir dos labdanos hidrogenados. 52 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ 1.0 éster metílico ácido copálico hidrogenado.001.esp 16 0.9 20 11 12 13 14 1 0.8 10 2 3 4 9 5 6 8 17 COOMe 15 7 0.7 19 0.6 15 0.5 3.66 Normalized Intensity 18 0.4 0.3 0.2 0.1 7.0 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0 Chemical Shift (ppm) 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 0 Figura 39: Espectro de RMN de 1H da substância (29) reação 6, esquema 7. Verifica-se neste caso quando comparado com o espectro de RMN de 1H da figura 31 (página 45) com o espectro da figura 39 (acima) o surgimento de um sinal em 3,66 ppm. Este sinal refere-se à metila do éster, o que indica que a reação realmente aconteceu. 53 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ 1.0 éster metílico ácido copálico acetilado hidrogenado.001.esp 16 20 11 21 12 13 2.04 0.9 14 0.8 1 10 2 3 0.7 AcO 4 5 9 6 8 17 COOMe 15 7 15 19 18 3.66 Normalized Intensity 21 0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 4.46 3 0.1 0 1.00 7.0 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 3.59 4.0 3.5 3.0 Chemical Shift (ppm) 3.06 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 0 Figura 40: Espectro de RMN de 1H da substância (30) reação 6, esquema 7. Verifica-se neste espectro acima que, quando comparado com o espectro de RMN de 1H da figura 32 (página 46), nota-se o surgimento de um sinal em 3,66 ppm. Este sinal refere-se à metila do éster, o que indica que a reação realmente aconteceu. No caso abaixo, verifica-se novamente comparando o espectro de RMN de 1H da figura 33 (página 47) com o espectro da figura 41 (abaixo) o surgimento de um sinal em 3,65 ppm. Este sinal refere-se à metila do éster, o que indica que a reação realmente aconteceu. 54 éster metílico ácido copálico hidroxilado hidrogenado.001.esp 16 1.0 20 11 12 13 15 14 0.9 1 3 HO 9 10 2 0.8 3.66 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ 4 5 6 17 8 COOMe 15 7 19 18 Normalized Intensity 0.7 0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 7.0 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0 Chemical Shift (ppm) 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 0 Figura 41: Espectro de RMN de 1H da substância (31) reação 6, esquema 7. 16 1.0 12 20 1 10 2 3 0.8 18 Normalized Intensity 11 13 15 14 0.9 0.7 3.66 3.63 éster metílico ácido ent-agático hidrogenado.001.esp 4 5 9 6 8 7 17 COOMe 18 15 COOMe 19 0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 7.0 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0 Chemical Shift (ppm) 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 0 Figura 42: Espectro de RMN de 1H da substância (32) reação 6, esquema 7. 55 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ No caso da substância 32, também realizamos a comparação com o espectro de RMN de 1H da figura 42 com o espectro da figura 34 (página 48). Para este caso nota-se a presença de duas metoxilas: uma em 3,63 e outra em 3,66. Isto comprova que a reação ocorreu como o esperado. 4.2.2.4. Adição de metoxila nos diterpenos isolados do óleo. Com esta reação esperava-se obter um éter pela adição do grupo metoxila (-OCH3) do metanol no carbono da ligação dupla, catalisada por ácido, conforme já havia sido realizado para o ácido caurenóico. Com a análise dos espectros concluiu-se que na verdade não foi isso que ocorreu, a conclusão obtida é que os produtos formados são os ésteres metílicos (resultantes da esterificação dos grupos ácidos) e não os éteres. Nestes casos também realizamos a comparação com os espectros de RMN de 1 H das quatro substâncias isoladas, que são os espectros das figuras 17,18, 19 e 20 (páginas 34 e 35) com os quatro espectros das figuras 43, 44, 45 e 46 (a partir da próxima página). Para estes casos nota-se exatamente a mesma coisa que para os ésteres metílicos: a presença das metilas entre 3,6 e 3,7 ppm. Esses espectros comprovam a nossa suspeita, visto que todos os sinais das duplas ligações aparecem no espectro. A comparação destes espectros com os espectros dos ésteres metílicos obtidos anteriormente (figuras 35 a 38, páginas 49 a 52), deixa claro que são as mesmas substâncias, exceto para os casos das substâncias (9) e (10), que neste caso apresentam apenas uma metila de éster. 56 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ 1.0 16 20 0.9 11 12 13 14 10 0.8 3 0.7 18 4 9 5 6 COOMe 17 8 18 15 15 7 19 20 16 19 0.87 0.80 0.68 1 2 0.6 2.16 Normalized Intensity 3.69 ácido copálico metilado.001.esp 0.5 0.4 17a 17b 14 4.84 5.65 0.2 4.49 0.3 0.1 0 1.01 7.5 7.0 6.5 6.0 1.25 1.22 5.5 5.0 4.5 2.97 3.06 4.0 3.5 3.0 Chemical Shift (ppm) 2.5 2.0 3.38 3.30 3.26 1.5 1.0 0.5 0 3.68 Figura 43: Espectro de RMN de 1H da substância (33) reação 7, esquema 8. 15 16 20 0.9 11 19 18 16 12 13 14 0.8 3 AcO 6 COOMe 15 7 20 19 0.68 18 5 17 8 0.6 0.5 14 0.4 17a 17b 3 3.24 4.86 0.2 4.50 0.3 5.63 Normalized Intensity 0.7 4 9 0.98 10 2.15 1 2 0.76 ans_acetm2.001.esp 1.0 0.1 0 1.03 0.15 7.0 6.5 6.0 5.5 1.05 1.05 5.0 4.5 3.27 1.18 4.0 3.5 3.0 Chemical Shift (ppm) 3.03 2.5 2.0 3.01 2.96 2.86 1.5 1.0 0.5 0 Figura 44: Espectro de RMN de 1H da substância (34) reação 7, esquema 8. 57 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ 1.0 ácido copálico hidroxilado metilado.001.esp 16 11 12 13 10 0.8 3 15 7 6 15 19 18 19 18 0.6 20 0.77 16 0.68 0.99 0.5 2.15 Normalized Intensity 0.7 COOMe 17 8 5 4 HO 9 3.69 14 1 2 1.25 20 0.9 0.4 14 0.3 17a 17b 0.1 4.51 4.86 5.64 0.2 0 1.04 7.5 7.0 6.5 6.0 0.99 1.02 5.5 5.0 4.5 3.16 4.0 3.5 3.0 Chemical Shift (ppm) 3.56 2.5 2.0 13.04 3.46 3.51 3.07 1.5 1.0 0.5 0 -0.5 Figura 45: Espectro de RMN de 1H da substância (35) reação 7, esquema 8. 16 20 12 13 15 14 0.9 1 10 2 3 0.8 18 4 5 9 6 8 COOMe 17 15 7 18 COOH 16 19 20 0.4 14 0.68 0.5 1.25 2.15 0.99 0.6 17a 17b 0.2 4.86 0.1 4.51 0.3 5.64 Normalized Intensity 11 0.77 1.0 0.7 3.68 ácido ent-agático metilado.001.esp 0 1.00 7.0 6.5 6.0 5.5 0.97 0.99 5.0 4.5 3.11 4.0 3.5 3.0 Chemical Shift (ppm) 3.17 2.5 2.0 7.81 3.40 3.06 3.04 1.5 1.0 0.5 0 Figura 46: Espectro de RMN de 1H da substância (36) reação 7, esquema 8 58 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ A reação não ocorreu conforme o esperado, mas produziu um resultado consideravelmente interessante, uma vez que a reação com diazometano é mais perigosa e complicada que esta com metanol e ácido sulfúrico. Desta forma, este último procedimento passa a ser uma alternativa mais fácil, mais barata e mais segura de se obter os ésteres. Além disso, é comum hoje em dia ter certa dificuldade em comprar o diazogen (reagente para gerar diazometano). Por problemas de segurança, várias empresas não entregam mais o produto. Desta forma, além de apenas uma alternativa, esta passa a ser uma nova opção para possibilitar a reação em questão Outros fatores que merecem ser comentados são a seletividade da esterificação nos casos das substâncias 9 e 10, gerando respectivamente 35 e 36. No caso da substância 10, com duas funções ácido, apenas uma foi esterificada. Já na substância 9, a esterificação ocorreu normalmente, o que parece não ter ocorrido com ela no caso de diazomentano. Desta forma, podemos ver esta reação (com ácido sulfúrico e metanol) não só como alternativa, mas como forma de obter diferentes ésteres. 4.2.3. Estudo detalhado de diterpenos por RMN. 4.2.3.1. Estudo da substância 12. Para o início dos estudos de RMN de diterpenos, devido à grande complexidade encontrada nestes espectros de 1H causada pela sobreposição de sinais, foram iniciados os estudos com o éster metílico do ácido caurenóico (12). Este trabalho foi realizado em colaboração com outro estudante – Eder Henrique da Silva – de nosso grupo de pesquisas. O estudo proposto de elucidação estrutural completa por RMN dos diterpenos tem uma motivação um tanto diferente daquelas envolvidas em algumas outras 59 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ propostas. Para algumas substâncias que apresentam sinais bem separados no espectro de RMN de 1H, as medidas de constantes de acoplamento e a verificação das multiplicidades são facilitadas pela pouca sobreposição dos sinais. No caso dos diterpenos acontece ao contrário: o excesso de sobreposição dos sinais dificulta o estudo detalhado dos mesmos. É por isso que é muito comum serem analisados apenas os sinais de hidrogênios olefínicos, carbinólicos e de metilas. Nossa dedicação foi em elucidar um pouco mais que estes sinais, em busca de um método que possa chegar à elucidação completa. Inicialmente, ao se observar o espectro de RMN de 1H da substância em questão, pode-se perceber a grande sobreposição de sinais na região entre 0,5 e 2,0 ppm. 1.0 20 0.9 2 0.8 1 10 4 5 9 6 12 21 17 13 16 14 15 8 7 18 COOMe 18 19 21 0.6 1.17 20 0.5 0.83 Normalized Intensity 0.7 3 11 3.64 Ác.Cau.Metoxilado_2.001.esp 0.4 0.3 15a, 15b 17a 17b 13 2.04 0.1 2.63 4.79 4.73 0.2 0 1.01 1.03 7.0 6.5 6.0 5.5 5.0 4.5 2.94 4.0 3.5 3.0 Chemical Shift (ppm) 0.99 2.5 1.97 2.0 3.03 3.14 1.5 1.0 0.5 0 Figura 47: Espectro de RMN de 1H da substância 12. Nota-se, inicialmente, os sinais já citados como facilmente identificáveis e que já são devidamente atribuídos na literatura, como os sinais das metilas H-18 e H-20. Além disso, o sinal em 3,64 ppm também pode ser facilmente atribuído à metoxila da 60 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ posição 21. Os demais sinais, em comparação com dados da literatura para o ácido caurenóico (Da Costa et al., 1996), que tem a estrutura muito semelhante, estão com deslocamentos químicos muito próximos da literatura, mas aqui apresentam maior detalhamento em suas definições. Este é o caso, por exemplo, do sinal de H-13, um hidrogênio de CH da cabeça de ponte e perto da ligação dupla. 0.045 HH13 13 Ác.Cau.Metoxilado_2.001.esp 20 0.040 2 3 0.035 1 10 4 5 11 9 6 12 13 16 14 8 17 J 13, 14b 15 7 J 13, 12b COOMe 18 19 J 13, 14a 21 J 13, 17a Normalized Intensity 0.030 J 13, 17b 0.025 0.020 0.015 0.010 0.005 2.67 2.66 2.65 2.64 2.63 Chemical Shift (ppm) 2.62 2.61 2.60 2.59 Figura 48: Espectro de RMN de 1H da substância 12 – expansão 1. Diferentemente do apresentado na literatura (ver tabela 11, página 67), este sinal não é um singleto, e apresenta características de ter acoplamentos ainda mais complexos do que somente um tripleto. Ao verificar os experimentos 2D, percebe-se que este sinal apresenta correlação H-H (COSY) com outros quatro sinais: dois deles são com os sinais H-17a, H-17b, H-14a, H-14b e H-12b. Desta forma, sua multiplicidade na tabela aparece como ”multipleto”, mas deve ser resultados de uma 61 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ combinação de valores de constantes de acoplamento, como num duplo, duplo, duplo, tripleto (dddt), que foi confirmada pelo espectro simulado no programa SimEsp_NMR. X(H)= Freqüênc ia: 400 MHz Largura a meia altura: 2,5 H z Intensidade mínima: 0,01 2 3 4 5 6 +4,40 +1,90 +0,90 +0,90 J(2,X)= +1,70 +11,40 +4,00 +2,00 J(3,X)= +4,00 +2,00 0,00 J(4,X)= 0,00 -2,00 J(1,X)= +5,00 1402,7 Tí tulo: D efault (H1) = 1402,68 (H2) = 602,68 (H3) = 800 (H4) = 1045,32 (H5) = 2554,68 (H6) = 2522,68 -4,00 1398,8 J(5,X)= H1 Espectro Simulado Curv a Combinada: 50% Lorentziana + 50% GaussianaS imEsp_NMR (LS O - FFCLRP - USP) Figura 49: Sinal de RMN de 1H simulado para H-13, da substância 12. Sinais mais complexos, como o caso dos sinais dos hidrogênios da posição 17, também foram detalhadamente estudados, conforme mostram as figuras 50 e 51 a seguir. 0.11 Ác.Cau.Metoxilado_2.001.esp H 17a 0.10 20 11 12 0.09 0.08 2 3 1 10 4 5 9 6 13 16 14 8 17 J 17a, 15b 15 7 J 17a, 15a Normalized Intensity 0.07 0.06 COOMe 18 19 J 17a, 17b 21 0.05 J 17a, 13 0.04 0.03 0.02 0.01 0 -0.01 -0.02 4.825 4.820 4.815 4.810 Chemical Shift (ppm) 4.805 4.800 4.795 Figura 50: Espectro de RMN de 1H da substância 12 – expansão 2. 62 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ Ác.Cau.Metoxilado_2.001.esp H 17b 0.11 20 0.10 0.09 Normalized Intensity 0.08 2 3 1 10 4 5 11 9 6 12 13 16 14 8 17 J 17b, 15b 15 J 17b, 15a 7 COOMe 0.07 18 19 J 17b, 17a 21 0.06 0.05 J 17b, 13 0.04 0.03 0.02 0.01 0 4.765 4.760 4.755 Chemical Shift (ppm) 4.750 4.745 4.740 Figura 51: Espectro de RMN de 1H da substância 12 – expansão 3. Uma análise inicial leva a conclusão de que os sinais devem ser resultado de uma combinação complexa de acoplamentos, no entanto se percebe facilmente que não se trata de singletos, como na multiplicidade da literatura (tabela 11). Ambos os sinais foram detalhadamente estudados, com uma série de medidas visando encontrar cada uma das constantes de acoplamento. Medidas realizadas nos demais sinais de hidrogênios acoplados com estes foram de grande utilidade, confirmando alguns valores de J. Simulações de sinais realizadas com o programa SimEsp_NMR (SimEsp_NMR, 2011) foram indispensáveis para o total esclarecimento. Os resultados destas simulações estão nas figuras 52 e 53. A semelhança de cada sinal simulado com o experimental, incluindo aparência e o deslocamento químico de cada pico individualmente é que atestam a veracidade das medidas efetuadas. 63 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ X(H)= Freqüênc ia: 400 MHz Largura a meia altura: 0,75 H z Intensidade mí nima: 0,11 12 Tí tulo: D efault 20 17 11 13 (H1) = 1916 16 14 (H2) = 1892 1 9 8 15 2 10 (H3) = 834 5 7 3 (H4) = 820 6 4 2 3 4 5 +2,20 +2,60 +0,90 J(2,X)= +2,20 +2,60 +1,50 J(3,X)= 0,00 0,00 J(1,X)= +1,50 0,00 J(4,X)= 1912,5 1913,9 1918,1 1916 1917,2 21 1919,6 19 1913,4 COOMe 18 1914,9 (H5) = 1052 H1 Espe ctr o Sim ula do Curv a Combinada: 50% Lorentziana + 50% GaussianaS imEsp_NMR (LS O - FFCLRP - USP) Figura 52: Sinal de RMN de 1H simulado para H-17a, da substância 12. X(H)= Freqüênc ia: 400 MHz Largura a meia altura: 1,2 H z Intensidade mí nima: 0,1 12 Tí tulo: D efault 20 17 11 13 (H1) = 1895 16 14 (H2) = 1918 1 9 8 15 2 10 (H3) = 834 5 7 3 (H4) = 820 6 4 2 3 4 5 +2,20 +2,60 +0,90 J(2,X)= +2,20 +2,60 +1,50 J(3,X)= 0,00 0,00 J(1,X)= +1,50 J(4,X)= 0,00 21 1893,9 19 1896 COOMe 18 1895,1 (H5) = 1052 H1 Espe ctr o Sim ula do Curv a Combinada: 50% Lorentziana + 50% GaussianaS imEsp_NMR (LS O - FFCLRP - USP) Figura 53: Sinal de RMN de 1H simulado para H-17b, da substância 12. O programa simulador (SimEsp_NMR, 2011) é utilizado da seguinte forma: Uma vez de posse das constantes de acoplamento e dos deslocamentos químicos dos sinais, estes dados são inseridos e o programa calcula o espectro. O importante é que ele leva em consideração todas as interações que levam às distorções do espectro chamado de segunda ordem. Isto é exatamente o problema dos diterpenos: não só os sinais estão sobrepostos, como eles são de hidrogênios que acoplam entre si, o que causa mais distorções e torna a interpretação dos sinais e as medidas de constantes 64 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ de acoplamento extremamente difíceis. Por isso é que são poucos os dados na literatura. Após este detalhado estudo com os sinais dos hidrogênios da posição 17, pôde-se concluir que se tratava de sinais com quatro constantes de acoplamento diferentes, ou seja, de duplos duplo duplo dubletos (dddd), como mostrado na tabela 11. Outros sinais que demandaram considerável trabalho para elucidação foram os sinais de H-15a e H-15b. 0.12 Ác.Cau.Metoxilado_2.001.esp 0.11 20 H 15a H 15b 11 12 0.10 2 0.09 3 1 10 4 5 9 6 13 H 16 8 7 15 H Normalized Intensity 0.08 COOMe 0.07 18 J 15a, 15b 19 21 0.06 J 15b, 15a 0.05 0.04 J 15a, 17a J 15b, 17a 0.03 J 15a, 17b 0.02 J 15b, 17b J 15a, 14(?) 0.01 0 2.13 2.12 2.11 2.10 2.09 2.08 2.07 2.06 Chemical Shift (ppm) 2.05 2.04 2.03 2.02 2.01 Figura 54: Espectro de RMN de 1H da substância 12 – expansão 4. Inicialmente, parecia que era um único sinal e estava aproximadamente em 2,05 ppm. As medidas de integral relativa foram feitas, em sua maioria entre 2,09 e 2,04 ppm. A não coincidência dos valores de integral com o que deveria ser esperado para esta primeira proposta, deixou claro que se tratava de algo diferente. Análises mais detalhadas levaram a percepção de que os sinais em 2,11 e 2,02 ppm não eram simples impurezas, mas sim parte dos sinais de H-15a e H-15b que, por sua proximidade de deslocamento químico e acoplamento entre si, geraram grande 65 17 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ distorção. Desta forma, outras medidas mais detalhadas foram realizadas e os dados alcançados foram utilizados no simulador SimEsp-NMR, resultando no sinal da figura 55. X(H)= Freqüênc ia: 400 MHz Largura a meia altura: 1,5 H z Intensidade mí nima: 0,01 20 2 3 1 10 4 5 11 9 6 12 +2,60 +2,60 0,00 0,00 J(4,X)= 15 8 0,00 7 21 H1 Espe ctr o Sim ula do 805,3 807,7 810,2 845,3 843,3 847,3 849,4 832,7 821,9 830,6 19 0,00 J(3,X)= COOMe 18 5 +2,20 J(2,X)= 17 13 16 14 4 +2,20 824,4 = 834 = 820 = 792 = 1920 = 2080 828,5 (H1) (H2) (H3) (H4) (H5) 3 +2,20 826,8 Tí tulo: D efault 2 J(1,X)= +16,80 H2 Curv a Combinada: 50% Lorentziana + 50% GaussianaS imEsp_NMR (LS O H3 - FFCLRP - USP) Figura 55: Sinais de RMN de 1H simulados para H-15 (a e b), da substância 12. O resultado obtido foi muito bom, levando ao esclarecimento da multiplicidade dos sinais e proporcionando a medida das constantes de acoplamento. O ponto mais intrigante desta proposta é o fato de um dos hidrogênios apresentar 3 valores de constantes de acoplamento e o outro apresentar 4 valores. Apesar de serem hidrogênios de CH2 diferentes (acoplam entre si), não é muito comum apenas um deles ter um acoplamento a mais. Um estudo detalhado do modelo tridimensional da molécula nos levou a encontrar um acoplamento em W. O hidrogênio 15a, acopla com o hidrogênio da posição 14 pelo fato das ligações entre eles estarem no plano, formando um W (mostrado na figura 54). Isto não ocorre para o hidrogênio H-15b, o que explica esta diferença. 66 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ Os dados de RMN obtidos neste estudo para a substância 12, juntamente com os dados da literatura foram reunidos na tabela 11. Tabela 11: Dados de RMN de 1H da substância 12. C CLIT. C H HLIT. (ppm) H Constantes de acoplamento (Hz) (ppm) Mult. Mult. Lit. Exp. (ppm) (ppm) 1 40,7 41,0 2 19,0 19,4 3 37,7 38,3 4 43,8 5 57,0 57,3 5 1,03 (1H) m 6 21,8 22,1 6a 1,82 (1H) m 6b 1,76 (1H) m 1a 1,87 (1H) m 1b 0,78 (1H) m 2a 1,85 (1H) m 2b 1,42 (1H) m 3a 2,17 (1H) m 3b q 7 41,3 41,5 7 8 44,2 44,4 q 0,98 (1H) --- m --- --- --- 1,52 (2H) --- m --- --- --- --- --- 9 55,0 55,3 9 10 39,7 39,9 q 11 18,4 18,6 11 1,58 (2H) m 12 33,0 33,3 12a 1,63 (1H) m 12b 1,50 (1H) m 13 43,9 44,0 13 1,06 (1H) --- 2,62 m --- 2,63 (1H) J(13,12b)=4,4;J(13,14a)=1,9;J(13,14b)=5,0;J(13,17a)=0,9; s(l) dddt J(13,17b)=0,9 14 15 39,7 48,9 39,6 49,2 14a 1,96 (1H) J(14a,13)=1,9;J(14a,14b)=11,4 dd 14b 1,13 (1H) J(14b,14a)=11,4;J(14b,13)=5,0 ddt 15a 2,08 (1H) J(15a,14b)=1,7;J(15a,15b)=16,8;J(15a,17a)=2,2; 15b 2,05 (1H) --- dq --- dt J(15a,17b)=2,2 J(15b,15a)=16,8;J(15b,17a)=2,6;J(15b,17b)=2,6 16 155,8 156,1 q --- --- --- --- 17 103,0 103,2 17a 4,79 4,79 (1H) J(17a,13)=0,9;J(17a,15a)=2,2;J(17a,15b)=2,6;J(17a,17b)=1,5 --- s(l) dddd 17b 4,79 4,73 (1H) J(17b,13)=0,9;J(17b,15a)=2,2;J(17b,15b)=2,6;J(17b,17a)=1,5 s(l) dddd 18 29,0 29,0 18 1,24 1,16 (3H) --- s s 19 185,0 178,3 q --- --- --- --- --- 20 15,5 15,6 20 0,95 0,82 (3H) --- s s 21 --- 51,3 21 --- 3,64 (3H) --20 2 3 1 10 4 5 11 9 6 12 13 16 14 8 s 17 15 7 COOMe 18 19 21 67 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ 4.2.3.2. Estudo da substância 8. 2.05 acetato do ácido copálico.001.esp 22 1.0 19 16 20 11 12 13 3 22 21 O 5 4 6 17 8 COOH 16 15 7 19 18 0.6 9 0.87 Normalized Intensity 0.7 10 2 0.85 O 2.16 0.8 20 18 14 1 0.72 0.9 0.5 0.4 17a 17b e 3 14 4.52 0.2 4.88 4.88 5.67 0.3 0.1 0 1.01 7.0 6.5 6.0 5.5 1.01 2.18 5.0 4.5 3.40 3.20 4.0 3.5 3.0 Chemical Shift (ppm) 2.5 2.0 3.55 3.50 3.24 1.5 1.0 0.5 0 Figura 56: Espectro de RMN de 1H da substância 8. Os sinais já citados como facilmente identificáveis e que já são devidamente atribuídos na literatura, como os sinais das metilas H-16, H-18, H-19 e H-20, foram atribuídos em primeiro lugar. Da mesma forma, o sinal em 2,05 ppm também pode ser facilmente atribuído à metoxila da posição 22. Os sinais de H-3, H-14, H-17a e H-17b estão descritos na literatura (Ohashi et al., 1994), o que facilitou a atribuição. No entanto, apresentamos aqui alguns detalhamentos não ressaltados naquela publicação, como multiplicidade e valores de constantes de acoplamento. Este é o caso, por exemplo, do sinal de H-14, o hidrogênio de uma das ligações duplas. 68 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ acetato do ácido copálico.001.esp 16 20 11 13 0.20 22 21 10 2 3 Normalized Intensity J 14, 12a 14 1 O 0.15 14 12 O 4 18 9 5 6 8 7 17 COOH 15 J 14, 12b J 14, 15 19 0.10 0.05 0 5.675 5.670 5.665 Chemical Shift (ppm) 5.660 5.655 5.650 Figura 57: Espectro de RMN de 1H da substância 8 – expansão 1. Diferentemente do apresentado na literatura (ver tabela 12, página 76), este sinal não é um singleto, e apresenta características de ter acoplamentos ainda mais complexos do que somente um tripleto ou quadrupleto. Ao verificar os experimentos 2D, percebe-se que este sinal apresenta correlação H-H (COSY) com outros três sinais: dois deles são com os sinais H-12a e H-12b;e o outro com H-16. Desta forma, sua multiplicidade na tabela aparece como ”multipleto”, mas deve ser resultados de uma combinação de valores de constantes de acoplamento, como sendo um tripleto de quadrupletos. O sinal foi simulado com o programa SimEsp_NMR, resultando no espectro calculado da figura 58, página seguinte. Para os cálculos, foram inseridos no programa o valor do deslocamento químico e os valores das constantes de acoplamento homonucleares de hidrogênio (J). Observando-se que a aparência do sinal calculado é muito semelhante ao sinal experimental, pode-se concluir que os valores obtidos para as constantes de acoplamento estão corretos. 69 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ X(H)= Freqüênc ia: 400 MHz Largura a meia altura: 1,2 H z Intensidade mí nima: 0,01 Tí tulo: H 14 20 J(2,X)= 12 11 13 3 4 5 6 +1,30 +1,20 +1,20 +1,20 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 -2,00 J(3,X)= 14 1 O 3 O 21 22 10 2 9 8 5 4 17 7 6 COOH 15 J(4,X)= 2263,4 = 2264 = 924 = 792 = 864 = 864 = 864 2264,6 (H1) (H2) (H3) (H4) (H5) (H6) 2 J(1,X)= +1,30 16 J(5,X)= -4,00 19 18 H1 Espe ctr o Sim ula do Curv a Combinada: 50% Lorentziana + 50% GaussianaS imEsp_NMR (LS O - FFCLRP - USP) Figura 58: Sinal de RMN de 1H simulado para H-14 da substância 8. Sinais mais complexos, como o caso dos sinais dos hidrogênios da posição 17a, também foram detalhadamente estudados, conforme mostram as figuras 59 e 60 a seguir. 17a acetato do ácido copálico.001.esp 16 20 0.25 O 22 Normalized Intensity 13 14 1 21 10 2 3 0.20 J 17a, 17b 12 11 O 18 4 5 9 6 8 7 17 COOH J 17a, 9 15 J 17a, 7b J 17a, 7a 19 0.15 0.10 0.05 4.890 4.885 4.880 4.875 Chemical Shift (ppm) 4.870 4.865 4.860 Figura 59: Espectro de RMN de 1H da substância 8 – expansão 2. 70 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ X(H)= Freqüênc ia: 400 MHz Largura a meia altura: 2,3 H z Intensidade mí nima: 0,01 20 Tí tulo: H 17a 11 J(2,X)= 13 O 3 22 21 10 2 O 18 4 5 9 6 8 17 7 COOH 15 3 4 5 +3,80 +2,40 +2,40 0,00 0,00 +4,00 0,00 +2,00 J(3,X)= 14 1 1947 = 1948 = 1808 = 612 = 792 = 964 2 J(1,X)= +1,20 1949,1 (H1) (H2) (H3) (H4) (H5) 16 12 J(4,X)= 0,00 19 H1 Espe ctr o Sim ula do Curv a Combinada: 50% Lorentziana + 50% GaussianaS imEsp_NMR (LS O - FFCLRP - USP) Figura 60: Sinal de RMN de 1H simulado para H-17a da substância 8. Este sinal também era apresentado na literatura (ver tabela 12, página 76), como sendo um singleto, mas este apresenta características de ter acoplamentos ainda mais complexos. Ao verificar os experimentos 2D, percebe-se que este sinal apresenta correlação H-H (COSY) com outros quatro sinais: sendo eles H-17b, H-9, H7a e H-7b. Fazendo a simulação do sinal no SimEsp_NMR utilizando as constantes de acoplamento que estão na tabela 12 para este hidrogênio, obtém-se um sinal simulado (figura 60) extremamente semelhante ao sinal experimental. Desta forma, conclui-se que as constantes de acoplamento utilizadas na simulação estão corretas e que a multiplicidade do sinal pode mesmo ser denominada como um duplo duplo tripleto (ddt). 71 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ 16 12a acetato do ácido copálico.001.esp 20 0.09 11 12 13 14 J 12a, 12b 0.08 J 12a, 11a 22 21 O 4 18 J 12a, 11b 9 10 2 3 0.07 5 17 8 6 COOH 15 7 19 J 12a, 14 0.06 Normalized Intensity 1 O 0.05 0.04 0.03 0.02 0.01 2.36 2.35 2.34 2.33 2.32 2.31 2.30 Chemical Shift (ppm) 2.29 2.28 2.27 2.26 2.25 Figura 61: Espectro de RMN de 1H da substância 8 – expansão 3. X(H)= Freqüênc ia: 400 MHz Largura a meia altura: 2 H z Intensidade mí nima: 0,01 Tí tulo: H 12a 20 11 16 2 3 5 +4,20 +1,30 0,00 0,00 +4,00 0,00 +2,00 J(2,X)= 12 13 J(3,X)= J(4,X)= 14 O 938,7 18 4 5 6 7 17 0,00 COOH 15 19 910,3 21 8 914,3 3 22 10 2 920,9 O 9 924,5 1 928 = 924 = 792 = 648 = 664 = 2264 934,7 (H1) (H2) (H3) (H4) (H5) 4 J(1,X)= +14,00 +10,50 H1 Espe ctr o Sim ula do Curv a Combinada: 50% Lorentziana + 50% GaussianaS imEsp_NMR (LS O - FFCLRP - USP) Figura 62: Sinal de RMN de 1H simulado para H-12a da substância 8. O sinal do H-12a também teve sua multiplicidade esclarecida e confirmada através do simulador de espectros. Com os valores de constantes de acoplamento, o sinal foi simulado e a grande semelhança deste sinal com o experimental novamente 72 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ atestam a veracidade dos valores. A multiplicidade deste sinal foi determinada como sendo duplo duplo duplo dupleto. acetato do ácido copálico.001.esp H3 16 20 11 12 13 14 0.20 1 O 3 22 21 10 2 O 4 5 9 6 8 17 COOH J 3, 2a 15 7 J 3, 2b 18 19 H 17b 4.52 Normalized Intensity 0.15 0.10 J 17b, 17a 0.05 0 2.16 4.57 4.56 4.55 4.54 4.53 4.52 4.51 4.50 Chemical Shift (ppm) 4.49 4.48 4.47 4.46 4.45 Figura 63: Sinal de RMN de 1H da substância 8 – expansão 1 No espectro acima (figura 63) mostra o sinal de H 17b e H 3 que estão com o mesmo deslocamento. A multiplicidade de H 3 fica claramente definida como sendo um duplo dupleto e H 17b como um dupleto. 73 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ 0.065 acetato do ácido copálico.001.esp 0.060 H 7a 0.055 0.050 J 7a, 7b 0.045 J 7a, 17a Normalized Intensity 0.040 J 7a, 6 0.035 0.030 0.025 0.020 0.015 0.010 0.005 0 1.13 2.445 2.440 2.435 2.430 2.425 2.420 2.415 2.410 Chemical Shift (ppm) 2.405 2.400 2.395 2.390 2.385 Figura 64: Sinal de RMN de 1H da substância 8 – expansão 2. A figura 64 (acima), trata-se do H-7a, o qual também foi possível esclarecer a sua multiplicidade facilmente como sendo um duplo duplo dupleto. acetato do ácido copálico.001.esp 0.15 H 1a H9 Normalized Intensity 0.10 H 2b H 2a + H 6a H 11a + H 11b 0.05 0 1.20 1.80 2.22 1.75 2.37 1.70 1.65 Chemical Shift (ppm) 2.91 1.60 1.55 1.50 Figura 65: Sinal de RMN de 1H da substância 8 – expansão 3. 74 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ A figura 65 (página anterior), mostra uma expansão de 1,50 a 1,80 ppm. Na figura temos vários sinais de hidrogênio, não com multiplicidades esclarecidas, mas todos os deslocamentos químicos esclarecidos. Temos também o sinal do H 1a como sendo um duplo tripleto e H 9 como sendo também um duplo tripleto. acetato do ácido copálico.001.esp 0.15 H5 H 6b Normalized Intensity 0.10 J 6b, 7a H 1b J 6b, 5 0.05 0 1.47 1.45 1.40 2.42 1.35 1.30 Chemical Shift (ppm) 1.25 1.25 1.20 1.15 Figura 66: Sinal de RMN de 1H da substância 8 – expansão 4. A figura 66 (acima), também mostra uma expansão de vários hidrogênios na região de 1,15 a 1,45 ppm, com a multiplicidade do H- 6b, sendo ele um quarteto de dupletos e também a multiplicidade do H- 5, como sendo um duplo dupleto. Todos os dados obtidos de forma mais detalhada para esta substância foram organizados na tabela 12, abaixo. 75 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ Tabela 12: Dados de RMN de 1H da substância 8. C 1 2 C (ppm) 37,9 24,3 H (ppm) 1,78 (1H) Constantes de acoplamento (Hz) 1a HLIT. (ppm) --- 1b --- 1,24 (1H) 2a --- 2b --- H J(1a, 1b)=13 Mult. Lit. --- Mult. Exp. dt J(1b, 1a)=13 --- m 1,74 (1H) --- --- m 1,56 (1H) --- --- m 4,52 (1H) --- J(3, 2a)=4,5; J(3,2b)=11,8 --- ----- dd --dd 3 80,6 3 4 36,7 --- ----- 5 54,6 5 --- 1,17 (1H) --- --- 6 23,8 6a --- 1,72 (1H) J(6a, 6b)=4,2 --- m 6b --- 1,39 (1H) J(6b, 6a)=4,2; J(6b, 7a)=12,9 --- qd 7a --- 2,41 (1H) J(7a, 7b)=4,2; J(7a, 6b)=12,9; J(7a, 17a)=2,4 --- ddd 7b ----- 1,96 (1H) --- J(7b, 7a)=4,2 --- --- m --- 7 38,0 8 147,4 --- 9 55,7 9 39,2 --- ----- 1,54 (1H) --- J(9, 17a)=3,8 10 --- ----- ddd --- 11 21,6 11a --- 1,66 --- --- m 11b --- 1,61 --- --- m 12a --- 2,31 (1H) J(12a,12b)=14;J(12a,11a)=10,5;J(12a,11b)=4,2;J(12a,14)=1,3 --- dddd 12b m --- 12 39,9 163,6 --- ----- 2,01 (1H) --- J(12b,12a)=14 13 --- --- 14 115,0 14a 5,67 5,66 (1H) J(14,15)=1,2;J(14,12a)=1,3;J(14,12b)=1,3 s(l) tq 15 171,9 --- 16 19,2 2,17 --- 2,16 (3H) --- J(15,14)=1,2 --- S --- d --- 17 107,0 17a 4,49 4,87 (1H) J(17a,17b)=1,2;J(17a,9)=3,8;J(17a,7a)=2,4;J(17a,7b)=2,4 s(l) ddt 17b 4,85 4,52 (1H) J(17b,17a)=1,2 S d 18 0,87 0,87 (3H) --- S s 0,80 0,84 (3H) --- S s 18 28,2 19 16,5 20 14,5 20 21 171,0 21 0,68 --- 0,71 (3H) --- ----- S --- s --- 22 21,3 22 --- 2,05 --- --- s 16 20 11 12 13 14 1 O 3 22 21 10 2 O 18 4 5 9 6 8 7 17 COOH 15 19 Foi alcançada para esta molécula uma atribuição muito mais completa e detalhada dos sinais de RMN de 1H e de 13C. 76 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ 4.2.4. Atividade biológica dos derivados obtidos 4.2.4.1. Atividade Antimicrobiana Os derivados obtidos foram enviados para a avaliação de seu potencial biológico antimicrobiano frente a alguns micro-organismos resistentes e algumas cepas padrão. O conjunto de micro-organismos utilizados inclui: Staphylococcus aureus wb81 (M1); Staphylococcus aureus ic180 (M2); Staphylococcus aureus w7749 (M3); Staphylococcus capitis ic207 (M4); Staphylococcus epidermidis ic177 (M5); Staphylococcus haemolyticus ic213 (M6); Enterococcus faecalis ic179 (M7); Staphylococcus aureus ATCC 29213 (M8); Staphylococcus capitis ATCC 27840 (M9); Staphylococcus epidermidis ATCC 14990 (M10); Staphylococcus haemolyticus ATCC 29970 (M11); Enterococcus faecalis NCTC 775 (M12) e Enterococcus faecium NCTC 717 (M13). De M1 a M7 são isolados clínicos multirresistentes. As estruturas das substâncias testadas estão na figura 67 (abaixo) e os resultados obtidos para as substâncias estão na tabela 13 e 14 (próxima página). COOH COOH AcO H COOH COOH COOH HO COOH 7 4 8 H COO-Na+ H COOMe 12 13 COOH R2 21. R1=CH3; R2=H 22. R1=CH3; R2=OAc 23. R1=CH3; R2=OH 24. R1=COOH; R2=H 10 H CH2OH H R 18. R=COOH 19. R=COONa 20. R=COOMe 16 COOMe R2 R1 9 COOMe R2 R1 25. R1=CH3; R2=H 26. R1=CH3; R2=OAc 27. R1=CH3; R2=OH 28. R1=COOMe; R2=H COOMe R2 R1 29. R1=CH3; R2=H 30. R1=CH3; R2=OAc 31. R1=CH3; R2=OH 32. R1=COOMe; R2=H R1 33. R1=CH3; R2=H 34. R1=CH3; R2=OAc 35. R1=CH3; R2=OH 36. R1=COOH; R2=H Figura 67: Substâncias testadas para atividade antimicrobiana. 77 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ Tabela 13: Resultados de atividade antimicrobiana (CIM) – Parte 1. Microrg Substâncias - Resultados µg/mL 7 8 9 10 16 18 19 20 21 22 23 24 Van. M1 100 400 >400 >400 >400 >400 >400 >400 12,5 >400 >400 >400 1,47 M2 50 400 >400 >400 >400 >400 >400 >400 12,5 >400 >400 >400 1,475 M3 50 >400 >400 >400 >400 >400 >400 >400 >400 >400 >400 >400 1,475 M4 50 400 >400 >400 >400 >400 >400 >400 * >400 >400 >400 0,737 M5 50 >400 400 >400 >400 >400 >400 >400 >400 >400 >400 >400 1,475 M6 50 400 >400 >400 >400 50 >400 >400 12,5 >400 >400 >400 1,475 M7 50 >400 >400 >400 >400 >400 >400 >400 12,5 >400 >400 >400 >5,9 M8 50 400 >400 >400 >400 >400 >400 >400 12,5 >400 >400 >400 0,737 M9 200 400 >400 >400 >400 >400 >400 >400 25 >400 >400 >400 0,737 M10 6,25 >400 >400 >400 >400 >400 400 >400 6,25 400 >400 >400 0,737 M11 25 >400 >400 >400 >400 >400 >400 >400 >12,5 >400 >400 >400 1,475 M12 50 >400 >400 >400 >400 >400 >400 >400 12,5 >400 >400 >400 0,737 M13 50 >400 >400 >400 >400 >400 >400 >400 12,5 >400 >400 >400 >5,9 Concentrações das substâncias testadas = 400 µg/mL a 0,195 µg/mL; Concentrações do controle positivo testado (Vancomicina) = 5,9µg/mL a 0,0115µg/mL. *Não cresceu Tabela 14: Resultados de atividade antimicrobiana (CIM) – Parte 2. Microrg Substâncias - Resultados µg/mL 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 Van. M1 >400 >400 >400 >400 > 400 >400 >400 400 >400 >400 >400 400 1,47 M2 >400 >400 >400 >400 > 400 >400 >400 >400 >400 >400 >400 400 1,475 M3 >400 >400 >400 >400 > 400 >400 >400 >400 >400 >400 >400 >400 1,475 M4 >400 >400 >400 >400 > 400 >400 >400 >400 >400 >400 >400 >400 0,737 M5 >400 >400 >400 >400 >400 >400 >400 >400 >400 >400 >400 >400 1,475 M6 >400 400 >400 >400 > 400 >400 >400 >400 >400 200 50 200 1,475 M7 >400 >400 >400 >400 >400 >400 >400 >400 >400 >400 >400 >400 >5,9 M8 >400 >400 >400 >400 > 400 >400 >400 100 >400 >400 >400 >400 0,737 M9 >400 >400 >400 >400 >400 >400 >400 * >400 >400 >400 >400 0,737 M10 100 >400 >400 >400 >400 >400 >400 >400 >400 200 200 200 0,737 M11 >400 >400 >400 >400 >400 >400 >400 >400 >400 >400 >400 >400 1,475 M12 >400 >400 >400 >400 >400 >400 >400 >400 >400 >400 >400 >400 0,737 M13 >400 >400 >400 >400 >400 >400 >400 >400 >400 400 >400 400 >5,9 Concentrações das substâncias testadas = 400 µg/mL a 0,195 µg/mL; Concentrações do controle positivo testado (Vancomicina) = 5,9µg/mL a 0,0115µg/mL. *Não cresceu 78 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ Nota-se nos resultados que, de uma maneira geral, as substâncias em sua esmagadora maioria apresentaram uma concentração inibitória mínima de 400 ou >400 para todos os micro-organismos. As únicas substâncias que foram diferentes disso foram as substâncias 7 e 21 (figura abaixo). COOH 7 COOH 21 Figura 68: Labdanos que mostraram atividade contra os micro-organismos Segundo Rios e Récio (Rios, J.L.; Recio, M.C. J., 2005) uma substância pode ter seu potencial antimicrobiano considerado como promissor, para valores de CIM≤10g/mL. Para um extrato ou fração, são considerados promissores valores de CIM≤100g/mL. No entanto, dependendo da importância e resistência do microorganismo, comparadas com a eficiência do agente antimicrobiano disponível no mercado, alguns valores maiores de CIM podem ser considerados interessantes. À luz dessa observação, podemos considerar bons os resultados obtidos para a substância 7 para a maioria dos micro-organismos, com CIM=50g/mL para nove casos e CIM=25g/mL para um. Além disso, pode-se considerar promissor o resultado da substância 7 contra S. epidermidis - ATCC 14990, com CIM=6,25g/mL. A substância 21 também apresentou resultados muito bons, com CIM=12,5g/mL para oito casos e CIM=6,25 g/mL para S. epidermidis ATCC 14990. 79 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ 4.2.4.2. Atividade Atiespasmódica Objetivando estudar a relação entre a estrutura química de diterpenos e o potencial antiespasmódico (Ambrósio et al., 2006) demonstrado por esta classe de produtos naturais na artéria aorta de ratos, foi investigado 4 diterpenos do tipo labdano e um diterpeno do tipo caurano. Nas Figuras 66 a 71 estão apresentados as substâncias testadas e os resultados obtidos com os diterpenos investigados. COOH COOH COOH HO COOH 7 9 10 COOMe H COO-Na+ 12 25 Figura 69: Estrutura das substâncias testadas. Figura 70: Gráfico do resultado para substância 7. Figura 71: Gráfico do resultado para substância 9. 80 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ Figura 72: Gráfico do resultado para substância 10. Figura 73: Gráfico do resultado para substância 12. Figura 74: Gráfico do resultado para substância 25. 81 RESULTADOS E DISCUSSÕES______________________________________________________ Por meio da análise de dados da literatura científica (Ambrósio et al., 2006) é possível verificar que diversos diterpenos da classe dos pimaranos e cauranos são capazes de inibir a contração da artéria aorta de ratos quando induzida por fenilefrina (Phe), o que demonstra o potencial antiespasmódico desta classe de produtos naturais. Pelos resultados obtidos com estes estudos, nota-se claramente que nenhum dos diterpenos do tipo labdano avaliados foi capaz de inibir a resposta contráctil da artéria isolada quando estimulada com Phe. É interessante observar que, apesar das estruturas do tipo labdano testadas até o momento não apresentarem potencial antiespasmódico significante, estes resultados permitirão uma comparação entre os esqueletos químicos dos diterpenos, o que certamente será fundamental para uma análise futura da relação entre a estrutura química desta classe de metabólitos e seu potencial em inibir a contração da artéria aorta de ratos. Por outro lado, o sal sódico do ácido caurenóico na concentração de 100 µM inibiu a contração da artéria em aproximadamente 39%, apresentando diferença estatisticamente significativa em relação ao controle (P<0,05). Comparando-se com a literatura para o ácido caurenóico (Tirapelli et al., 2005), que apresentou na mesma concentração uma inibição de aproximadamente 56%, é possível concluir que a modificação do grupamento ácido pelo seu respectivo sal sódico, reduz o efeito inibitório anteriormente apresentado por este diterpeno (Tirapelli et al., 2005). Futuramente, novos diterpenóides serão investigados e uma correlação mais abrangente a respeito da relação entre a estrutura química desta classe de metabólitos e a atividade antiespasmódica na artéria aorta será obtida. 82 CONCLUSÃO___________________________________________________________________ 5. CONCLUSÃO A preparação de todos os materiais de partida foi realizada com sucesso através do isolamento dos diterpenos caurano e labdanos. As modificações estruturais em ácido caurenóico foram realizadas e resultaram nos derivados esperados, com exceção de um dos derivados. Por outro lado, a obtenção de derivados de labdanos foi expressivamente maior do que o planejado inicialmente pela inclusão de mais duas estruturas como materiais de partida nas transformações. Com isso, foi obtido com sucesso um variado grupo de estruturas de diterpenos, todos com estruturas identificadas. As avaliações de atividades biológicas mostraram resultados consideravelmente interessantes. Visto que a modificação estrutural pode potencializar a atividade de uma substância. Quanto aos estudos de Ressonância Magnética Nuclear, pode-se verificar neste trabalho que uma quantidade considerável de atribuições de dados para os diterpenos foram atingidas. O esclarecimento dos sinais do éster metílico do ácido caurenóico e do acetato do ácido copálico rendeu um conjunto de dados ainda não existentes na literatura. 83 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS____________________________________________________ 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Ambrosio, S.R.; Tirapelli, C.R.; Bonaventura, D.; De Oliveira, A.M.; Da Costa, F.B. Pimarane diterpene from Viguiera arenaria (Asteraceae) inhibit rat carotid contraction. Fitoterapia 2002; 73: 484-489. Ambrosio, S.R.; Tirapelli, C.R.; Coutinho, S.T.; De Oliveira, D.C.R.; De Oliveira, A.M.; Da Costa, F.B. J. Role of the carboxylic group in the antipasmodic and vasorelaxant action displayed by kaurenoic acid . Pharm. Pharmacol. 2004; 56: 1407-1413. 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